Livro sobre o Grupo 1143, sua criação, relação com a J.L. e a direcção do SCP...
“...EM PORTUGAL CONTINENTAL E MADEIRA, MENOS UMA NOS AÇORES ESTA É A EDIÇÂO Das sete na rádio…” OFF… hora de acordar. Faltavam três horas para o avião. Levantei-me e dirigi-me à casa de banho para me aprontar, para o meu último duche em Lisboa…que não deveria ser apenas um duche mas sim um grande banho de imersão para me sentir de facto limpo, depois desses 5 anos vividos na capital do extremo ocidental da Europa. Não pela cidade que é extremamente bela, atraente, dinâmica e quente durante todo o ano, diferente da minha fria e cinzenta “Torino”, mas pela vergonha que me fazia sentir sujo por ter acompanhado de perto um vazio idealista chamado “claques”. Uma realidade distante daquela que vivi antes desta aventura, com personagens diferentes daqueles com quem cresci e que estarão comigo para toda a vida, os que acreditam em algo e que lutam diariamente por aquilo em que acreditam, os que não se rendem, os que jamais se curvarão, os que jamais dirão “sim senhor!”, os que nunca me traíram, os que como eu pensam “ULTRAS”. É uma condição, um estado de alma, um modo de vida que vivido na sua essência, na sua pureza, é imune a qualquer tentativa de alteração provocada pelo mundo exterior no decurso da nossa vida. É uma religião, é transcendente, é um princípio e é um fim, é fundamentalismo, é o sublime, é o etéreo, é uma elevação, …é o que há de mais genuíno no futebol. Somos os últimos românticos e puros de uma civilização nojenta que vê o ser humano como um produto com código de barras. Defender, proteger, servir e sacrificar. Acreditamos nestes verbos e tentamos honrá-los. É esta a base, a sustentação da nossa dignidade. Simplesmente…”ULTRAS”! – Foda-se!... (blasfémia típica portuguesa com um significado próximo do “vaffanculo” mas com um sentido mais lato porque serve para tudo, nunca soube como se escreve foda-se, fodasse ou fodace, mas seja como for é muito agradável pronunciá-la). Acabou! Não há mais nada para ver! – Pensei, enquanto me vestia e arrumava as malas e simultaneamente formatava o meu cérebro depois de cinco anos a receber ficheiros danificados e alguns com vírus que fui armazenando numa pasta que criei e que blindei para que não me afectasse directamente. Vesti a mesma t-shirt que trazia no dia em que cheguei. Aquela de que mais gosto, a dos grandes momentos que vivi, com a escrita “ ULTRAS GRANATA” na frente e nas costas “WE ARE THE ORIGINAL ULTRAS”. “Granata”…a minha cor, a cor do meu sangue. Tinha chegado o momento de partir, o momento em que tudo passaria a recordação…até a imagem dela…Beth… – “Pronto”?!…Bom dia! Por favor queria um táxi para o nº 129 da rua da Beneficência...Obrigado!
Despedi-me visualmente do espaço onde vivi os últimos tempos e de onde levava boas recordações, o meu pequeno quarto que era infinito quando passava tardes loucas de sexo com ela… …o táxi… – Bom dia! Leve-me ao aeroporto por favor. – Pedi enquanto colocávamos as malas na bagageira. – O senhor é espanhol? – Perguntou o taxista apercebendo-se do meu sotaque. – No…italiano! – Respondi com orgulho. Teria sido preferível ter respondido afirmativamente, porque assim que a viatura partiu fui “metralhado” com teorias. – AHHH! É conterrâneo do treinador do meu clube, o “Trapatone”, no domingo é que vai ser, vamos ser campeões e blá, blá, blá,…. Tive de desligar. Já não podia mais ouvir falar de futebol em Portugal, sobretudo os adeptos do Benfica. É uma doença. Não vêem mais nada. Eles nem gostam de futebol, só gostam do Benfica, mas o mais engraçado é que vão ver futebol ao estádio uma ou duas vezes por ano e a maioria nem nunca vai durante toda a vida…mas apercebi-me em pouco tempo que é um mal dos portugueses em geral. Gostam de discutir futebol nos cafés, nos empregos e na escola…mas não põem um pé num estádio, e quando sentem que a conversa está a atingir limites de irritação séria sai o tradicional “Estamo-nos a chatear para quê? Eles é que o ganham…”, isto depois de estarem a discutir e a provocarem-se mutuamente durante meia hora. – …não jogamos um futebol bonito, mas o “Trapatone” sabe e blá, blá, blá… – continuou o taxista. Eu agitava a cabeça em sinal afirmativo, embora não prestasse qualquer atenção àquilo que ele dizia. Foi todo o caminho a elogiar o Trapattoni, um tipo que é detestado por dois terços dos italianos e nos quais eu me incluo. Se a comunicação social portuguesa tivesse a noção do filão de escárnio que o Trapattoni proporciona em Itália pelas suas trapalhices quando abre a boca e pela sua fraca ou nula cultura, poderiam fazer programas inteiros que bateriam com certeza todos os records de audiências, mas apercebi-me que há um grave problema de idolatria exacerbada no que respeita aos jogadores e treinadores do campeonato português, que incompreensivelmente são postos em pedestais sem nunca terem feito qualquer boa acção, quanto mais milagres, basta-lhes apenas vestir a camisola de um dos denominados três grandes de Portugal para serem considerados “santos” e a imprensa empola ainda mais essa condição. É o negócio. – …o futebol de hoje é muito defensivo, eu sou do tempo do Eusébio. O senhor já ouviu falar no Eusébio é claro? – Perguntou o taxista. – Sim, sim foi um dos bons jogadores da Europa nos anos 60. – Respondi eu. – Dos bons?! Foi o melhor do mundo. Aquilo é que era futebol… – continuou ele. Eu continuei a responder com gesto positivo enquanto simpaticamente simulava um sorriso. O pobre desgraçado limitava o seu discurso ao próprio clube e a um jogador que havia desaparecido dos palcos há 30 anos. Eu poderia ter alimentado a conversa dizendo-lhe que a maior equipa do mundo de todos os tempos havia sido a minha, o “Grande Torino”, e defenderia essa posição utilizando o facto de haver sido inclusivamente um jogador do seu clube a sustentá-lo, poderia dizer que o melhor jogador do mundo foi Valentino Mazzolla, embora nunca o tenha visto jogar ou poderia até dizer que vi jogar o Maradona…mas para quê? Por certo que quando chegássemos ao destino ele diria “…não vale a pena zangarmo-nos, quem ganha o dinheiro são eles…”, por isso mantive-me calado com o mesmo sorriso na face a alternar os olhares no retrovisor interior com as ultimas visões de uma Lisboa que se despedia de mim, lentamente, à velocidade do transito caótico nas manhãs dos dias úteis na capital. Um ultimo olhar ao
estádio que albergou a minha ingenuidade de querer encontrar uma correspondência à minha necessidade de me apaixonar por uma equipa de futebol que me pudesse aliviar a dor de estar longe do “Toro”… – Estes, ontem foram para casa a chorar… – disse o taxista com ironia referindo-se aos adeptos do Sporting e apontando com o dedo indicador esquerdo na direcção do estádio “Alvalade XXI” – Ainda bem, porque senão ninguém os calava, apesar de terem perdido connosco no fim-de-semana, assim não ganham nada – continuou ele. Ignorei-o, apesar daquilo que ele tinha dito não me ter caído nada bem. O aeroporto estava próximo e não ia sujar o meu nome por causa daquele atrasado mental. Calma… – ordenei a mim próprio enquanto pensava – Ele falou assim porque julga que sou turista. Ele falou assim porém se eu fosse português, ele falaria sobre o trânsito e sobre a meteorologia, ou sobre o programa de televisão ou as coisas sem qualquer importância, costumeiras, que usam para poderem falar sobre qualquer coisa em Portugal. Ele falou assim porque se soubesse que eu “tifavo” pelo Sporting, ele diria que tinha pena e que é mau para o futebol português e outras tretas semelhantes que usam para justificar o “…não vale a pena zangarmo-nos, porque quem ganha o dinheiro são eles…”. Ele continuava a falar e eu desliguei mesmo. Faltava pouco para chegar ao aeroporto. Fingi que atendia o telemóvel, desculpando-me por interrompê-lo porque alguém me ligava. Preferi fazer a figura ridícula de falar sozinho do que continuar a aturar aquele sujeito. – Pronto! Andre…allora, tutt’ a posto... – iniciei uma conversa comigo mesmo que a partir daí, nada mais foi do que, todo o tipo de ofensas que conheço nos mais diversos dialectos itálicos, obviamente, dirigidos a ele. Foi bom. Aliviei. E assim passei os últimos minutos até chegar ao aeroporto. Faltava uma hora para o embarque. Estava ansioso…Lisboa-Madrid, Madrid-Torino… faltavam cinco horas para chegar a casa. Decidi então, comprar um jornal diário desportivo, para me ajudar a passar o tempo de espera. Comprei “a bola” cuja manchete referia, como não poderia deixar de ser, a desilusão que o Sporting havia sofrido na noite anterior. Seria a minha última recordação do último jogo que havia presenciado em Portugal. Também eu estava triste. Sentei-me enquanto folheava as páginas do jornal que comprei, não que tivesse por hábito fazê-lo, já que por norma preferia a consulta on-line de todos os jornais. Dessa forma não só poupava dinheiro, como também não alimentava os jornalistas terroristas desportivos que em Portugal proliferam, sobretudo os da imprensa desportiva escrita que fazem parte de uma comunicação social amestrada. São comandados pelos directores de comunicação dos clubes que no fundo são quem lhes garante o trabalho e o ordenado. Chegamos facilmente a essa conclusão considerando que é um país com cerca de dez milhões de habitantes, dos quais apenas uma pequena percentagem tem o hábito da leitura, onde existem três diários desportivos, que são exactamente o mesmo número de diários desportivos do meu país que tem cerca de sessenta milhões de habitantes. Só pode ser essa a justificação para que se compreenda um fenómeno curioso que acontece com as manchetes desses mesmos jornais, que nos revelam abordagens completamente diferentes dos mesmos factos e em grande parte das edições somos induzidos em erro pela primeira página. Mas esse é um problema que não é exclusivo de Portugal, já que os jornalistas desportivos italianos são a mesma merda. Protegem apenas Milan, Inter e a merda da “Juve”…sobretudo a merda da “Juve”… Comprei “a bola”, apenas pela homenagem que quis prestar à sorte deles (infortúnio meu… nosso), por terem sido o jornal que publicou a ultima entrevista dada pelo capitão Valentino antes de embarcar na viagem fatal, na viagem que teve como passageiro todo o povo “granata”, desde aquele fatídico 4 de Maio de 1949…Agora, também eu estava ali, no local onde provavelmente, pela última vez, haviam pisado terra os “imortais”. Era ali que começava a emergir tudo aquilo que, de facto, para mim era
importante. Voltava por momentos a encontrar-me, a identificar-me e a devolver-me ao misticismo e à paixão. Não posso esquecer os anos vividos. Posso esquecê-los, mas não para sempre. Porque constantemente me vejo obrigado a vasculhar o passado para conseguir enfrentar o presente. Não me consigo esconder do que vivi e são essas recordações que me colorem a vida. É esse veneno que me percorre o sangue, que me transformou em homem, essas fortes sensações destiladas, os cânticos de alegria e os gritos de raiva, o riso e o choro vividos em torno de um grande amor. As esperanças e as desilusões que mantinham o equilíbrio do sonho. O sonho chamado Torino Calcio. Uma história feita de nostalgia e ressurreição, ainda que débil. Uma história feita de glória e de lugares, feita sobretudo em dois lugares: “Filadélfia” e Superga. O eterno estádio Filadélfia, o templo dos deuses, o lugar dos meus encantos assim chamado carinhosamente por se situar na rua com o mesmo nome…nunca soube o porquê de não lhe chamarmos “campo torino”, sendo esse o seu verdadeiro nome…para nós era e será sempre o “FILA”, apesar de nunca termos visto nenhuma equipa subir àqueles metros de relva que se tingia de um verde ainda mais vivo quando sentia sobre si o peso dos colossos Bacigalupo, Ballarin, Maroso, Grezar, Rigamonti, Castigliano, Loik, Gabetto, Mazzolla, Ossola, Martelli, Menti…os espíritos que me invadiam e com quem divido a minha alma desde quando ainda criança passava junto ao que resta do “FILA”, agarrando com força a mão do meu pai que com o seu silêncio e a respiração calma e profunda servia de intermediário da energia emanada pelas visões e recordações daquele estádio. Eu acreditava no “Grande Torino” como uma história encantada. As minhas histórias infantis eram os livros e recortes de jornais que o meu pai, também ele, religiosamente guardava da sua infância. A maioria desses recortes era, precisamente, sobre o outro lugar, Superga, a colina que ostenta a esplêndida basílica, que é, infortunadamente, um monumento que para nós significa o fim da melhor equipa de futebol de todos os tempos. O lugar da tragédia, onde resta uma lápide com trinta e um nomes esculpidos, alguns ramos de flores e meia dúzia de cachecóis “granata” envelhecidos pelo sol e ensopados pela chuva e pela neve. O museu das gloriosas memórias, dos momentos de alegria, do vitorioso passado que não vivi…”Museo Grande Torino”… que está sempre a olhar para nós…e eu, contrariamente, tenho uma certa dificuldade em olhar para lá. O meu pai viveu “Superga”, ainda que muito novo, e talvez por isso se justificasse o brilho nos seus olhos quando, suave e pausadamente, me narrava os feitos e as conquistas dos deuses da colina, imortalizados na lápide e em todas as páginas escritas sobre os seus heróicos triunfos. Aquelas lágrimas que verteu nas várias noites em que, para me adormecer, fazia a ficha completa de jogos sempre diferentes. Quando se tratava de algum jogo mais importante, fosse por se decidir algum título ou por ser derby em que vencíamos estrondosamente, chegava a ter direito ao relato dos golos. Eu delirava e adormecia com o sorriso da criança mais feliz do mundo. O meu pai “pintava” os lances de jogo como de facto os imaginava e os sentia, e eu ficava estarrecido com o tom de voz grave do meu pai e as suas expressões faciais de raiva descarregada quando aumentava e agudizava um pouco o tom da sua voz para dizer “…GOOOL! VALENTINO MAZZOLLA! TORO BATE LA JUVE PER 3 A 0…”, e abraçávamo-nos…e gritávamos golo juntos. A minha mãe passava de vez em quando à porta do meu quarto abanando a cabeça e sorrindo, por nos ver a comemorar os golos de 30 anos atrás, e exclamava em dialecto piemontese “A-i-è nen ‘d pi bel che ‘na facia cuntenta!” (Nada é mais belo que uma cara alegre). Era bom partilhar com o meu pai, as lendas que também o fizeram sonhar e que me eram contadas como sendo super-heróis, salvadores do Universo, gigantes encantados aos quais rezava todos os dias, na
esperança que se erguessem da colina e repusessem a verdade e a justiça no que respeita à história do futebol, seja em Turim, em Itália, na Europa ou no Mundo. Hoje, tenho consciência dessa impossibilidade. O futebol daqueles tempos acabou. O dinheiro fala mais alto e o Torino não é uma equipa que interesse porque não tem as possibilidades de outrora. Sonho apenas com poder ver o meu “Toro”, sagrar-se campeão. Poder experimentar a alegria que o meu pai teve em 1976, quando 27 anos depois das cinzas da melhor equipa do mundo, voltou a sagrar-se campeão, arrecadando o 8º “scudetto” da sua história. Também ouvia as histórias desses heróis…Pulici e Graziani os “gémeos do golo”, 293 golos repartidos, Patrizio Sala e Cláudio Sala, Eraldo Pecci, Renato Zaccarelli e Castellini na baliza, o “giaguaro”…contemporâneos do meu pai. É essa a única vantagem que ele tem sobre mim porque, aparte esse título, tudo o resto foram desgraças. Adorava quando o esperava para jantar e ele chegava com uma prenda, das que eu mais gostava, que mais não era que a notícia da aquisição de mais um jogador para vestir “granata”. O meu pai sabia criar “suspense” e eu suplicava para que ele me revelasse por não aguentar a minha curiosidade e emoção que sentia a tentar imaginar quem seria a nova “estrela” (naquele tempo era difícil adivinhar-se porque não se noticiavam contratações). Mas continuo à espera de poder voltar a abraçar o meu pai e gritar golos reais e poder festejar com ele a conquista de um sonho vivido pelos dois ao mesmo tempo. Assim foi a minha infância, deliciado pela fantasia “granata” e por outro lado, porque uma coisa implica a outra, a fomentar o ódio e a repugnância por aquilo a que nós, “tiffosi del Toro”, atribuímos a responsabilidade de todo o mal e de toda a desgraça, não só a nossa, como também a de todo o mundo...a “Juve”! Também essa foi uma herança deixada pelo meu pai, mas penso que no fim de contas, é um sentimento que corre nas veias de qualquer “tifoso granata”. O bem e o mal, o positivo e o negativo, o belo e o horrível, o amor e o ódio…o Torino e a Juventus! Porém esse sentimento, ainda que inato, não transparece tanto na infância. Existe mas está adormecido, é com o crescimento, com a percepção, com o constatar da realidade para a qual nascemos que se vai desenvolvendo e aumentando até atingir níveis de intolerância que se traduzem pelo mero ouvir pronunciar o seu maldito nome. Foi na adolescência que a repulsa, o nojo e o ódio se agudizaram, tendo vindo a aumentar sempre ao longo da minha vida. Não me lembro do primeiro jogo que vi. Acompanhava o meu pai e os seus amigos que pertenciam e pertencem ainda ao primeiro grupo organizado, Fedelissimi Granata, que surgiu em Itália. Existe desde 1951 até hoje e, naturalmente, isso fez com que me apaixonasse por toda a cultura, toda a história e toda a fé “granata”. Passava a semana a aguardar o domingo para lá voltar, para namorar, para sentir as sensações que não conseguia encontrar em mais nada. Em casa, na escola, na rua quando brincava com os outros miúdos, o único pensamento era o “Toro”. E foi precisamente devido aos meus amigos que habitavam no mesmo “quartiere”, que teria inicio a experiência mais gratificante da minha vida. Habitávamos, desde o início das nossas vidas, no Lingotto, mesmo junto ao Filadelfia. O meu grupo de infância era constituído por rapazes que habitavam nas ruas que circundavam as ruínas do velho “Fila”. A diferença de idades dentro desse meu grupo era apenas de 2 ou 3 anos. Nós, naquele tempo, entre os 8 e os 11 anos de idade já funcionávamos hierarquicamente. Os mais novos olhavam para os mais velhos com alguma admiração e respeito porque ter três anos a mais nessa faixa etária era sinónimo de mais experiência e mais sabedoria, de ter acesso a algumas facilidades que os mais novos ainda não podiam ter, ou pelo menos com tanta frequência, como era o caso de poder
acompanhar os pais todos os domingos ao Comunale para ver o mágico “Toro”. Foi aí que comecei a ver futebol. Foi aí que comecei a experimentar as sensações de estádio e a magia em tons “granata”… e acinzentado pelas expressões nostálgicas do meu pai e dos seus contemporâneos que com a minha idade haviam experimentado o mesmo, porém no saudoso “Fila”, que ficou ao abandono desde 1959 e com ele, quase toda, a história e a identidade do “Toro”. Para nós, sempre foi justificável a amargura de ter de partilhar o “Comunale” com os “gobbi”. Sobretudo para os mais velhos que se viam agora num estádio que nada tinha a ver com a história gloriosa da nossa equipa e que era a casa da “Juve” desde os anos 30. Quando os jogos acabavam, iniciava-se outro ritual que era simplesmente o regresso a casa e o meu bombardear de perguntas, às quais o meu pai respondia sempre com paixão, quer ganhássemos, quer empatássemos, quer perdêssemos, com a mesma vontade e convicção para me fazer sentir que o mais importante era que nós, os “ultras”, saíssemos com a consciência de que estivemos sempre ao lado da equipa, e a culpa nunca era nossa. Se nós estávamos ali pela equipa, os jogadores também tinham que lutar por nós. Não somos nós que lhes devemos agradecer, mas sim eles que terão de nos agradecer sempre por vestirem aquela camisola, dizia ele enquanto nos dirigíamos para casa lentamente para fazer passar a hora que demorava a começar a transmissão de todos os resumos do campeonato na televisão. Quando essa acabava, por volta das 19 horas, eu saía novamente para a rua, até à hora de jantar, para ouvir as opiniões dos meus amigos relativamente à jornada. Fazia parte do ritual, festejávamos as vitórias do “Toro” entre nós e delirávamos quando, raramente, o “Toro” vencia e a “Juve” perdia. Era o domingo perfeito. Sim! Porque todos os meus companheiros “tifavam toro”. Nunca tive amigos da Juventus. Nem eu, nem nenhum dos meus amigos. Era proibido ser da “Juventus”. Era proibido dizer essa palavra. Aliás, nem era necessário estabelecer essa proibição, na medida em que era impensável num grupo de cerca de 30 miúdos que só pensavam no “Torino”, poder aparecer algum “gobbo”. E julgávamos ser, inclusivamente, os nossos heróis “granata” quando jogávamos futebol na rua. Encarnávamos as lendas ou recriávamos os jogadores daquele tempo, sonhando poder ser um deles e um dia poder envergar aquela sagrada camisola. Assim fomos crescendo e alimentando a nossa amizade e respeito mútuo guiados pelos princípios, pelo significado e pelo culto da história do símbolo que nos unia. Num tempo em que a amizade e a integração num grupo com regras próprias estabelecidas, eram fundamentais para a formação de qualquer um de nós, até porque o tempo que se passava em casa era quase nenhum, em virtude de, ou estarmos na escola ou estarmos na rua a jogar à bola. Sentíamos necessidade de nos relacionarmos. Num tempo em que não havia computadores, nem play-stations, nem Internet, nem tecnologia alguma que só contribui para o isolamento ou para relacionamentos virtuais que nunca possibilitarão o desenvolvimento de laços de amor ou de irmandade existente entre um grupo de crianças que só unidas poderiam crescer e enfrentar as dificuldades dum mundo muito complicado. Um mundo que nos acorrenta e nos força a seguir o caminho de ideologias e normas sobre as quais ninguém nos explica o porquê de ter de ser assim. Apenas dizem que tem de ser assim. E nós fomo-nos fechando, fomos apertando cada vez mais o nosso círculo. Nós que…só nos tínhamos a nós!... Nós… que acabávamos os trabalhos de casa à pressa, para irmos jogar à bola para a rua. … Que estávamos sujeitos à regra de guarda-redes rotativo ou “alguém quer ir à baliza?”. … ”Marcar golo de pontapé de saída vale?” “Vale!” Valia tudo!... … Quando se escolhiam as equipas, se éramos escolhidos primeiro sentíamo-nos os mais fortes, os mais importantes. … O último a ser escolhido estava seguramente destinado a ir para a baliza.
…Tínhamos uma alcunha passível de ser infamante mas, no entanto, não ficávamos ofendidos. … Mudava aos cinco e acabava aos dez. … Enquanto fingíamos não ouvir as nossas mães que nos chamavam quando chegava a hora de jantar, havia sempre algum que dizia “quem marcar ganha!”, apesar do resultado do jogo que provavelmente naquele momento era de 27-1. … Naquele tempo quem usasse ténis de marca sentia-se melhor jogador que o Maradona. … Conhecíamos o formato das bolas de couro porque as víamos apenas na televisão com hexágonos brancos e pretos. … Percebíamos o porquê dos equipamentos alternativos quando a televisão, ainda a preto e branco, transmitia MILAN-INTER. … Não nos podíamos sentar em cima da bola, porque esta ficava oval. … O proprietário da bola tinha que jogar sempre mesmo que não prestasse sequer para ir para a baliza. … Mesmo com a baliza feita com duas pedras, sem traves ou postes, não precisávamos de imagens, ou repetições, para percebermos se a bola entrou. Golos ou penalties, chegávamos sempre a um entendimento. … Ao terceiro canto era penalty. … Penalty em lance que é golo…é golo! … ”São número ímpar, posso entrar?”, “Não sei. A bola não é minha.” (no caso do pretendente ser um mau jogador). … ”Posso entrar?”,”Sim. Basta que arranjes mais um, não pode ficar uma equipa com um a mais.” … Reconhecíamos os jogadores no campo ou na televisão mesmo sem os nomes escritos nas camisolas. … O número 1 era o guarda-redes, o 2 e o 3 eram os defesas-laterais, o 4 e o 5 eram os centrais, o 6 era o “trinco”, o 7 era o ponta direita, o 8 era o médio centro, o 9 era o ponta de lança, o 11 era o ponta esquerda e o nº 10 era o médio centro com a braçadeira de capitão porque era obviamente o melhor jogador. … Para que um jogador naquele tempo fosse convocado para a selecção tinha que fazer 2 ou 3 épocas de alto nível. … Havia 2 estrangeiros por equipa e conhecíamo-los a todos. … Dormíamos com a caderneta de cromos debaixo da almofada. … Quando abríamos as carteiras de cromos, rezávamos para que não nos saíssem 3 ou 4 repetidos do “PILONI”, o mítico guarda-redes da “juventus” que nunca jogou um jogo por causa do “ZOFF”. … Futebol na televisão, só ao domingo e à quarta-feira. … No programa “Domenica Sportiva” víamos todos os resumos do futebol, o resumo do grande prémio de fórmula 1 e dois ou três resumos das outras modalidades sem ter de estar a aturar horas de conversa de merda para poder ver 4 golos. … Íamos ter com a amiga de coração daquela por quem estávamos apaixonados e pedíamos-lhe “pergunta à Maria se quer namorar comigo”, no dia seguinte quando ela voltava, dava sempre a mesma resposta “Ela disse que tem que pensar.”. … A Maria, ainda hoje, continua a pensar. … Nunca falhávamos aos encontros, mesmo sem telemóveis. … Hoje vivemos longe mas, quando saímos de casa e dobramos a primeira esquina, estamos sempre à espera de encontrar uma bola de futebol. … Hoje vivemos longe mas, quando saímos de casa e dobramos a primeira esquina, estamos sempre
à espera de encontrar um de nós!... Já na adolescência, todos os nossos hábitos sofreram alterações em virtude da mudança de estádio, a que o Torino se sujeitou uma vez mais. Devido à realização do mundial Italia 90, foi construído o “Stadio Delle Alpi”, o “estádio sem alma” como depressa foi apelidado porque nem nos agradava a nós, nem aos “gobbi”. Foi mais um duro golpe na nossa atribulada história, acrescentado ao facto de nessa época precedente, a de 89/90, termos sentido a frustração de nos arrastarmos pela série B, da qual sairíamos imediatamente e voltaríamos a disputar a série A agora numa casa nova, partilhada outra vez e vazia de recordações para ambos os clubes que a partilhavam. Outro defeito enorme que teve o “Delle Alpi” consistiu na sua localização fora da cidade que nada tinha a ver com a proximidade quer do “Fila”, quer do “Comunale” tendo esta mudança provocado um efeito devastador em pessoas como o meu pai, que a partir daquela época se deslocavam ao estádio apenas para ver os jogos contra a “juve”, ou algum jogo a contar para as taças europeias, como se verificou sobretudo no mágico ano de 1992, o ano da final da taça U.E.F.A contra o AJAX, que curiosamente foi o jogo que registou a maior afluência da história do futebol em Turim. O record mantémse em 65.000 espectadores desde essa noite. Foi essa a maior vitória que tivemos naquele estádio… Não era fácil para os mais antigos conseguirem resistir a duas mudanças de “casa”.Uma vez mais teríamos de partilhar o estádio com os “gobbi”. Teríamos de defender a nossa história à sombra dos interesses de quem comandava os rivais. Tinha chegado a nossa hora. Éramos uma nova geração que respondia ao chamamento do local mais mágico e sagrado dos estádios…a curva! Os nossos pais iam com menos frequência ao estádio. Tínhamos então cerca de 15 anos e o nosso bairro tornava-se cada vez mais pequeno. Haviam outros sítios para descobrir…haviam outras pessoas para conhecer, haviam outras pessoas que, como nós, amavam o “Toro e que frequentavam a “Curva Maratona” que seria a partir daí a nossa segunda casa. Todos adolescentes, todos habitantes do mesmo “quartiere”, todos amigos desde o berço, todos com o mesmo pensamento, todos com o mesmo código de relacionamento, todos com a mesma paixão, todos unidos! Alterámos todos os nossos hábitos e mentalidade. Era um mundo novo. Era um conjunto de cerca de 10 000 pessoas, divididas em 4 ou 5 grupos principais, alguns grupos mais pequenos e “cani sciolti”. Toda esta gente, não obstante a mentalidade própria de cada grupo que obedecia a hierarquias, a regras e a códigos de conduta por eles próprios estabelecidos, ensinaram-nos a beleza da harmonia que é possível apenas na “curva” independentemente de todos os aspectos pessoais de cada indivíduo que a componha. A “Curva Maratona” será sempre para nós o paraíso possível dentro da amargura orgásmica de um amor amaldiçoado… “…– Ultima chamada para o voo 7425 Lisboa – Madrid…” – Distraí-me...Adeus linda Lisboa! Adeus Portugal! Espero cá voltar para ver o Sporting…não sei quando…espero voltar cá…espero voltar a ver-te…Beth... Entrei no avião e sentei-me junto a uma janela do lado direito porque ele estava praticamente vazio. Passei os olhos pelo jornal que tinha comprado…”a bola”…a entrevista de Mazzolla…Superga… fechei
o jornal para impedir o avivar dos meus pesadelos de criança…fechei os olhos e surgiu a imagem da Beth para me aliviar, misturada com as memórias das tardes que passámos. Uma sequência de imagens que se empurravam entre elas como que a disputar o título de “qual a melhor?”. Recordações do mesmo contexto com cenários e figurinos diferentes…dum fogo que me queimou o coração… “– Atenção senhores passageiros, preparar para descolar!”… A voz do comandante fez-se ouvir no mesmo instante em que abri os olhos e vi dirigir-se a mim uma hospedeira com um cesto de rebuçados que me ofereceu. Eu recusei e agradeci. Ela esboçou um sorriso por me ver “falar” com as mãos. O seu sorriso era tão lindo e cristalino que transmitia uma confiança que fazia com que o meu coração batesse mais devagar e me fizesse sentir que a viagem correria bem. Virei a face para a janela para acompanhar o descolar do avião. No momento em que levantou voo, tentei a todo custo um enquadramento que me permitisse despedir visualmente do estádio – casa da paixão que manterei para toda a vida, mesmo estando longe… Continuarei a acompanhar e a “tifare”pelo Sporting. Ficarei feliz com as suas vitórias e espalharei esta fé verde e branca em que me envolvi, que foi a minha amante enquanto estive longe do “Toro. Não consegui avistar o estádio…também não o consegui ver de dentro do avião quando havia chegado seis anos antes… Cheguei a Lisboa em Novembro de 1999. Vim para o curso de Ciência Política e Relações Internacionais no âmbito do programa Erasmus. Tinha umas noções básicas da língua, da cultura e dos costumes portugueses. Conhecia um pouco da história mais recente de Portugal, porque me havia informado, bem como dos gloriosos séculos XV e XVI, o período dourado dos descobrimentos portugueses. Para além disto sabia que produziam bom vinho, bom azeite e eram afortunados por beneficiarem de condições climatéricas invejáveis por toda a Europa. O assunto sobre o qual eu dispunha de mais amplos conhecimentos era somente sobre o futebol português. Isto graças ao historial dos três emblemas de maior prestígio em Portugal e também ao Boavista, porque o defrontámos e o eliminámos nos dezasseis avos de final com empate 0-0 em Portugal e vitória 2-0 em Turim na mágica época 91/92. Achava engraçado o xadrez da camisola, era original e por isso nunca mais me esqueci. O conhecimento adquirido sobre o futebol forasteiro em geral é consequência lógica da necessidade de informação de que padecem os verdadeiros amantes do futebol espalhados por todo o mundo. Quanto mais não seja pela eventualidade de alguma vez defrontarmos essas equipas e estarmos preparados quer no campo, quer na bancada, para tudo o que possa acontecer. Acontece que, por motivos históricos, criei em mim uma total indiferença quer pelo Porto, quer pelo Benfica. A explicação resume-se ao facto de ter visto a Juventus vencer o Porto na final da taça das taças disputada em Basileia em 84 e mais tarde a mesma Juventus ter eliminado o Benfica na Coppa UEFA em 93. Não posso ter simpatia por clubes estrangeiros que não batam a Juventus! E por sorte viria a constatar que o Benfica é de facto a Juventus de Portugal estabelecendo a comparação entre os adeptos. Situação inversa passou-se com o Sporting, que em dois jogos “amigáveis” (contra a juventus nunca se pode chamar amigável), bateu os “gobbi”, em Lisboa e em Turim pelo mesmo resultado de 1-0. São estas as marcas que ficam num verdadeiro apaixonado antijuve. Desde esses anos de 94 e 95 que passei a ter uma preferência em Portugal…o Sporting. Outro motivo que pesava bastante, relacionava-se com a tragédia de Superga onde indirectamente esteve na sua história o nome do Benfica presente, pois foi no regresso de um jogo de “despedida” disputado no estádio do Jamor, entre a equipa de Lisboa e o Grande Torino, que ocorreu a tragédia. O jogo havia sido combinado num restaurante em Génova, após um encontro entre as selecções de Italia e
Portugal, no qual estavam presentes o capitão Valentino Mazzolla que aceitou o convite de Francisco Ferreira que faria o jogo da sua despedida dos relvados, pretendendo fazê-lo contra aquela que considerava a melhor equipa do mundo…e de facto era! O Grande Torino jogaria em Lisboa contra a equipa de Francisco Ferreira…e do taxista que me trouxe ao aeroporto…pela ultima vez… Todos estes factores determinaram seguramente a minha opção. Fui conseguindo as informações possíveis, visto que era muito difícil poder visionar ou obter alguma informação sobre o futebol português. As únicas fontes eram os jornais ou revistas sobre futebol que conseguia adquirir em Itália, e assim todas as segundas-feiras procurava na página de futebol estrangeiro da “gazzetta dello sport”, quais os resultados dos clubes que apreciava. Para além do Sporting, gostava do Hamburgo pelo facto de ter vencido a “Juventus” em 83 na final da Coppa Campioni (grande Magath!). Festejei ainda em 98 o golo de Mijatovic, que deu a Coppa Campioni ao Real Madrid contra a Juve…não pelo Real Madrid que tem uma história de “estranhas conquistas” nacionais muito semelhante à dos “gobbi”…mas apenas pelo facto de ser menos uma Coppa para aqueles. Com o passar do tempo e com a minha incessante busca de conhecimento sobre as equipas por quem nutro especial simpatia, pude ainda descobrir que ambos, Torino e Sporting, têm o mesmo ano de fundação ainda que essa tenha tido uma história diferente. O FC TORINO foi fundado por 23 sócios que se reuniam na “Birreria Voigt”, o actual “Bar Norman” na via Pietro Micca. Teve como primeiro presidente, um suíço, Hans Schoenbrod, e após cinco ou seis mudanças de presidente e atravessando os anos da 1ª Guerra Mundial, surge nos anos 20 o conde Maroso Cinzano que consegue lançar o Torino na sua primeira conquista. Uma curiosidade, na medida em que a génese do Sporting está ligada a uma figura com título de Visconde. Outra semelhança que me parece interessante prende-se com o facto de os anos 40 terem sido os anos dourados de ambos, visto que arrasaram em conquistas de campeonatos nos respectivos países. “Grande Torino” e “Cinco Violinos”. Pena foi que naqueles tempos não se disputassem competições europeias. Certamente que o “Toro” e o Sporting se haviam encontrado e teriam com certeza o palmarés bem mais recheado…aguardemos por dias melhores …”Apres a la neuit a-i ven `l dí”… (Depois da noite retorna o dia) …como o meu pai costuma dizer em dialecto “piemontese”. Era muita coincidência aliada à distância temporal em que ambos havíamos celebrado a última vitória nos correspondentes campeonatos. O meu clube em Portugal só podia ser o Sporting! Na verdade, a simpatia pelo Sporting foi factor determinante para a minha escolha académica ser Lisboa em detrimento das opções Praga ou Estocolmo. Sem dúvida que a língua também pesou na decisão, porque apesar de a não conhecer, seria sempre mais fácil por ser latina. Assumi assim um compromisso que ocuparia alguns anos da minha vida e estava consciente que não seria fácil estar longe da minha realidade, da minha cultura, daqueles que amo. O futebol ajudar-me-ia a superar a saudade que me invadisse, julgava eu… Chegado a Lisboa fiquei a residir, durante os primeiros tempos, num apartamento situado na Álvares Cabral, avenida no coração da cidade, cujo espaço era partilhado com outros três estudantes universitários que tal como eu eram estrangeiros. Uma era de origem belga, de Mouscron, chamava-se Mélanie e era tríbade. Foi o que soube dela enquanto partilhámos o apartamento porque raramente nos encontrávamos. Os outros dois eram um casal alemão, a Jenni e o Bastian, que todo o tempo que tinha disponível era passado a foder, como se o mundo acabasse no dia seguinte. Estávamos assim distribuídos
pelos três quartos que possuía aquela habitação. Foi um mês bizarro porque de noite era impossível dormir devido a toda a chinfrineira que se fazia sentir, fosse pelo volume da televisão ou da aparelhagem ou pela risada, gritaria, suspiros e gemidos que vinham do quarto dos alemães. De dia era difícil pelo ressoar das buzinas e o barulho dos motores constante naquela importante artéria da cidade. Os primeiros dias foram passados a girar, para me familiarizar com a capital que me acolheria nos tempos que vinham. Como não podia deixar de ser, o Estádio José de Alvalade foi dos primeiros sítios a receber a minha visita. Fiquei surpreendido com o imenso número de estádios e campos de futebol pertencentes a equipas profissionais que Lisboa consegue reunir. Mais surpreendido ficaria quando me apercebi que apenas duas equipas têm adeptos (Sporting e Benfica), e uma terceira (os Belenenses) com alguns, porém incomparável à grandeza dessas. A princípio julguei que todos esses campos fossem pertença de clubes vocacionados para a formação de jovens jogadores, mais tarde vim a constatar que são também clubes profissionais com a particularidade de toda a gente que os compõe, desde dirigentes, passando por funcionários, atletas, até aos “possíveis adeptos”, serem de facto adeptos dos dois grandes de Lisboa. Era caricato para mim. Passou a ser ridículo quando descobri que se estendia a todo o país, onde havia apenas mais um clube com elevado número de adeptos reais. O ponto máximo da minha incredulidade foi atingido quando me deparei com o seguinte esquema que esbocei mentalmente, quando estabeleci a comparação, número de equipas profissionais versus proporções populacionais: ITALIA PORTUGAL 57 Milhões de habitantes Serie A – 18 equipas Serie B – 20 equipas Serie C1 – Girone A – 18 equipas Girone B – 18 equipas
11 Milhões de habitantes I Liga – 18 equipas II Liga – 18 equipas II Divisão B – Zona Norte – 18 equipas Zona Centro – 20 equipas Zona Sul – 20 equipas III Divisão – Série A – 18 equipas
Série B – 18 equipas
Série C2 – Girone A – 18 equipas
Série C – 18 equipas
Girone B – 18 equipas
Série D – 18 equipas
Girone C – 18 equipas
Série E – 18 equipas Série F – 18 equipas
Série Açores – 10 equipas
TOTAL – 128 equipas
TOTAL – 212 equipas
Era estranho, era tudo muito estranho…sobretudo pela constatação de que os adeptos em Portugal se dividiam apenas por 3 equipas… Outra particularidade diferente da realidade italiana prendia-se com o facto dos clubes de futebol portugueses disputarem toda uma série de diversas modalidades desportivas, às quais chamam de modalidades amadoras e de terem sócios que pagavam uma quota mensal para além de pagarem ingressos para assistir a qualquer modalidade do clube. O primeiro jogo de futebol que poderia ter visto quando cheguei, era um jogo a contar para a taça de Portugal. O Sporting deslocava-se ao norte para defrontar uma equipa de um escalão inferior. Não fui porque não falava bem o português, não sabia onde se situava a localidade de Canelas, não fazia a mais pequena ideia da sua distância por não ter qualquer referência geográfica, e também por não conhecer suficientemente bem a forma de me deslocar. Precisava de um pouco mais de tempo para perceber como era a vida em Portugal, e aquele jogo também não era importante ao ponto de justificar uma aventura minha. Tinha chegado havia três dias. Tinha uma quantidade enorme de assuntos para começar a resolver no dia seguinte, relacionados com a minha permanência no país e com a minha condição de estudante. O meu primeiro dia de curso foi 16 de Novembro. Frequentei a Universidade Nova integrado num grupo de estudantes das mais diversas nacionalidades europeias e alguns sul-americanos. Pouco ou nada se interessavam por futebol e isso fez com que o meu relacionamento com eles fosse estritamente académico. Comunicávamos em inglês. Sempre que possível despendia algum tempo a desenvolver o conhecimento da língua portuguesa para mais facilmente poder comunicar no exterior. As primeiras semanas foram de grande exigência. 21 de Novembro de 1999. A data do primeiro jogou que presenciei “in loco” em Portugal. O Sporting jogava em Lisboa, no estádio do Restelo que tinha visitado no passeio de reconhecimento e com o qual ficara deliciado com a vista exterior que era proporcionada das bancadas. Foi sem dúvida um belo início acrescentado à vitória por 1-0. Vi o jogo numa perspectiva de análise ao comportamento dos adeptos … sentado do lado direito do sector visitante, que ocupava toda a curva norte. Estive até um pouco alheio ao que acontecia no relvado, na tentativa de tentar compreender uma série de coisas que via e que ouvia… e que eram estranhas. Inicialmente não compreendi o porquê da claque ser apenas um aglomerado de 300 ou 400 elementos, que representavam 10 % dos espectadores ligados ao Sporting que se encontravam na curva, por ser uma situação inversa à da realidade italiana. Outro aspecto estranho para mim foi sem dúvida o de, quase, não cantarem. O apoio era feito com base em palavras de ordem gritadas. Não havia comando vocal. Quem quisesse lançava o incentivo e por vezes acontecia que se atropelavam dois ou
três apoios vocais diferentes. Tambores não haviam…estandartes também não e as 3 ou 4 bandeiras médias foram agitadas somente aquando da entrada da equipa, no golo que aconteceu felizmente, e depois no final da partida. Reparei também na forma folclórica de se vestirem que me parecia exagerada em determinados casos. Vi pela primeira vez na minha vida pessoas usarem 6 ou 7 “sciarpe”( pensei na altura que fosse para que não restassem dúvidas de que clube eram adeptos), atadas a tudo o que é membro do corpo e também à cabeça. Esta última condição parecia-me ridícula. Faziam lembrar o personagem do cinema “Rambo”. Senti um desencanto quando regressava a casa, enquanto pensava naquilo que tinha visto. Pouco calor, pouco movimento na bancada e nenhuma organização…o adversário não tinha apoio, mesmo a jogar em casa…custava-me a acreditar que um jogo entre equipas da mesma cidade, um derby, levasse apenas 10 000 pessoas ao estádio…o que jogava em casa parecia que estava a jogar fora e vice-versa...era tudo muito frio…muito distante…pouca paixão… No dia seguinte comprei o jornal para tentar compreender mais daquilo que acontecia, da diferente realidade que agora vivia, e também para desenvolver o meu português. Apercebi-me que o clube estava num período de transformação, porque a direcção tinha sido substituída, bem como o treinador, pouco tempo antes, vítimas de maus resultados aliados ao facto da claque estar de costas voltadas à direcção, o que fez com que originasse uma onda de insatisfação geral. Continuava tudo a parecer estranho. Por um lado tinha visto no dia anterior uma passividade ou mesmo inexistência de “tifo”, por outro lado deparei-me com um acontecimento bem recente que chocava com os juízos que fiz logo após o meu primeiro contacto estabelecido com o ambiente da “curva”…que, ao contrário do que pensava, provavelmente teria algum poder. Iniciei investigações através da consulta de jornais desportivos dos meses anteriores, para poder identificar os nomes de todas as pessoas como auxílio ao estabelecimento da relação que me conduzisse à compreensão efectiva do que havia sucedido. No fim-de-semana seguinte fui pela primeira vez ver o Sporting jogar em casa contra a União de Leiria. Precisava de conhecer alguém da claque para facilitar a minha integração e para ouvir a explicação das ocorrências dos meses anteriores, que aos olhos da claque seriam por certo diferentes das interpretações jornalísticas. Cheguei ao estádio e dei uma volta de reconhecimento. É óptimo sentir o ambiente do exterior do estádio antes dos jogos. Ainda assim era diferente daquilo a que estava habituado. Estava tudo muito tranquilo, não havia qualquer tipo de tensão, ninguém esperava os adeptos adversários (viria a perceber mais tarde que só 3 ou 4 equipas têm numero suficiente de adeptos que se façam notar nos jogos fora), apenas um vaivém constante de pessoas que por certo se dirigiam às respectivas entradas ou bilheteiras. Entrei cedo no estádio. As portas abriram duas horas antes, diferente de Itália, não havia cultura de entrar cedo. O estádio esteve praticamente deserto até meia – hora antes do jogo e conseguiu ter uma assistência de apenas cerca de 20.000 espectadores...um clube que luta eternamente pelo título e que se pode orgulhar de ter 3 milhões de adeptos…era difícil de entender. Enquanto o jogo não começou, estive a observar com atenção todas as movimentações da suposta organização da claque na bancada Sul. As pessoas chegavam e ocupavam os lugares aleatoriamente. Não existia uma hierarquia de bancada como existia nas “curve” italianas. Para mim era impensável ver pessoas com menos de 30 anos nas filas da frente. Percebi depois que se devia ao facto de quase não existirem pessoas com mais de 30 anos…era estranho… Vi então entrar na “curva” um jovem que conhecia da Universidade e com quem já me tinha cruzado e o qual havia saudado algumas vezes e de imediato me posicionei para que me visse, e assim aconteceu. Ele decidiu ver o jogo ao meu lado e quando este acabou com a vitória do Sporting por 2-0 e depois de
mais um apoio medíocre, idêntico ao da semana anterior, saímos do estádio e trocámos impressões enquanto nos dirigíamos à estação de metro onde nos despedimos e combinámos encontro na Universidade já que poderia ser ele a minha porta de acesso aos segredos da bancada Sul. Eu não percebia nada do que via na bancada do Sporting… era tudo tão diferente do que eu estava habituado. Teria de entender a organização futebolística portuguesa que, certamente, condicionaria os métodos, as directrizes e consequentemente a identidade da claque. Tinha muita pesquisa pela frente, dificultada pelo meu fraco conhecimento da língua portuguesa que fui desenvolvendo paralelamente às lições a que assistia na Universidade, mas que ao fim de quatro meses transformou-se em perfeitamente inteligível apesar de sofrivelmente falada por mim. Segunda-feira, 29 de Novembro. Tal como tinha sido combinado, encontrei-me na Universidade com o Luís que frequentava o curso de História da Arte. Na sequência da conversa que tínhamos iniciado no sábado anterior, alertou-me para que acalmasse as minhas expectativas relativamente ao que procurava em Portugal, nas claques, que não se podia estabelecer uma comparação com Itália à luz de uma perspectiva “Ultras”, porque havia uma enorme falta de cultura nessa matéria. Ele sabia do que falava porque possuía um vasto conhecimento sobre todos os fenómenos de adeptos ligados aos clubes dos diversos países espalhados pela Europa e América do Sul como ficou comprovado na primeira troca de impressões que tivemos dias antes. Fiquei surpreendido com a sua cultura e mentalidade que, segundo ele, era uma exclusividade de apenas cinco ou seis pessoas ligadas à claque do Sporting, abstendo-se de se pronunciar sobre as claques de outros clubes pelo facto de não conhecer pessoalmente ninguém pertencente a essas e nem querer conhecer. É uma condição lógica da filosofia Ultras na qual ele se revia e com a qual se identificava e por esse motivo viajava muitas vezes até Itália para presenciar alguns jogos “quentes” em diferentes estádios mas particularmente em Firenze em virtude do conhecidíssimo “gemmellagio” existente entre a claque do Sporting e o Grupo Settebello da Fiorentina. Até nesta questão havia a coincidência do não menos internacionalmente conhecido e antigo “gemmellagio” existente entre o Torino e a Fiorentina, consequência do ódio comum denominado Juventus. Partilhámos histórias vividas em Itália até que virámos definitivamente o discurso para Portugal, como de facto me interessava. Explicou-me em traços gerais a origem da primeira claque surgida em Portugal que tinha sido precisamente a do Sporting. A claque do Sporting, segundo ele, não tem uma data precisa de fundação. Estima-se que os primeiros ajuntamentos datem de 1976 ainda que para acompanhar jogos das tais modalidades amadoras, mais especificamente uma excursão para um jogo de Hóquei em Patins. O apoio no pavilhão do Sporting estava muito em voga naquela época condicionado pelas excelentes equipas que o clube dispunha em todas essas modalidades que espalhavam categoria e coleccionavam títulos atrás de títulos nacionais e internacionais. Apenas na década de 80 teve de facto inicio e se intensificou o apoio no futebol que era caracterizado por um estilo manifestamente brasileiro em que eram sobretudo utilizadas bandeiras gigantes, confetis, rolos de papel higiénico e o apoio vocal baseava-se em palavras de ordem gritadas ou melodias simples. Eram espectáculos de efeito notório, criados graças à grande capacidade financeira e logística de que os líderes dispunham, mas nunca conseguiram atingir uma dimensão grandiosa por estarem confinados a um pequeno sector de bancada e também por aparecerem em força apenas em jogos chamados “grandes”, contra os dois principais rivais, ou em noites de competições europeias e nos jogos fora a sua presença não era notada. Foi a primeira geração da claque.
No final da década de 80, início da de 90, aconteceu a mudança de sector que a claque ocupava no estádio, bem como a mudança de liderança, forçada pelo abandono daqueles que compunham essa geração inicial, a única dinastia existente, o que influenciou decisivamente o rumo e o estilo da claque. Um “golpe militar” que intimidou e afastou a provisória estrutura dirigente, em funções nesse início de década, levou ao poder o chefe que se mantinha na liderança da claque desde então. Os anos 90 foram marcados pelo “tifo alla italiana” implantado na bancada sul pela nova geração que surgira e que crescera a acompanhar o desenvolvimento do panorama italiano, adquirindo ou trocando, através de envio pelo correio, material áudio e vídeo bem como peças de roupa identificativa com correspondentes estrangeiros e lendo a revista “Supertifo”. Não havia Internet. Importaram resíduos do movimento “Ultras”, baseado nas receitas que liam e no que lhes contavam os correspondentes, mas faltou sempre a essência que corre no sangue das curvas italianas, o paladar, o perfume, o arrepio sentido. É uma situação semelhante à dos restaurantes ditos italianos que proliferam em Portugal cujo cozinheiro é português ou brasileiro. Mas, ainda que de forma incompleta, a isso se deve o crescimento e a institucionalização das claques no seio dos clubes portugueses. O futebol português foi apanhado de surpresa por este novo fenómeno para o qual não estava preparado. O policiamento era praticamente inexistente e os estádios, que não eram divididos por sectores, não tinham fiscalização capaz de impedir as pretensões desses numerosos grupos que iam desde o não pagar bilhete, passando por fazer entrar nos estádios qualquer tipo de objecto que pretendessem até ao fácil envolvimento em situações de violência com adeptos adversários motivadas pela inexistência de separadores. Até mesmo os dirigentes e os restantes adeptos dos clubes tinham alguma dificuldade em entender esta realidade. De salientar ainda nesse período de início dos anos 90 que, pela primeira vez em Portugal, surgiu simbologia política nas bancadas, no caso do Sporting, ligada à extrema-direita e a partir daí assistiu-se a um surgimento e renovação constante de elementos na claque seguidores dessa linha política. Por outro lado verificava-se a agregação de indivíduos provenientes de bairros sociais de zonas desfavorecidas dos subúrbios da capital, trazidos por 3 ou 4 elementos que assumiam também eles um papel de importância no seio da claque, sobretudo nos jogos de mais importância, por serem o rosto visível nos confrontos violentos contra a recém formada claque do arqui-rival. Alguns desses eram recrutados especificamente para esses encontros apenas por serem temidos pelo seu historial criminal já que na maioria dos casos não se tratavam sequer de adeptos do Sporting. Nos finais da década de 90, essa facção enfraqueceu e até quase desapareceu devido à detenção do Nuno, o seu elemento mais importante, por motivos não relacionados com futebol (Assalto com arma de fogo). A claque sofria com os insucessos do clube, que se arrastavam, havia quase duas décadas e sentia, melhor que ninguém, o desencanto e a indiferença dos adeptos tendo como indicadores o fraco número de elementos com que se fazia representar nos jogos fora e o índice de adeptos residentes nas cidades distantes onde o clube jogava que escasseava cada vez mais tornando-se preocupante. Depois desta introdução questionei o Luís sobre as ocorrências que levaram à revolução que o clube vivia tendo ele respondido na primeira pessoa por ter presenciado tudo.
“Foi uma pré-época conturbada, motivada pela insegurança vivida causada pela contratação de mais um treinador sem currículo. Os adeptos levantavam muitas dúvidas apesar da excelente aquisição de um guarda-redes de calibre mundial, o melhor da história do clube, que seria a única conseguida por aquela estrutura dirigente que havia sido pela enésima vez reformulada e cujas relações com a claque continuavam azedas desde quando no ano anterior o presidente havia sido vaiado e insultado por elementos pertencentes a essa, na saída do estádio, após mais uma derrota europeia caseira contra o Bologna, uma equipa que tinha conseguido o acesso à Uefa através da Taça Intertoto que disputou por ter terminado na 8ª posição da classificação geral do seu país. Vivia-se um clima de tensão no início de mais uma época que, para agravar a situação, começava com um empate no terreno de um neo-integrante da 1ª divisão, Santa Clara, e continuaria com uma vitória sofrível e tangencial em casa ante um modesto adversário, V. Setúbal. Três dias antes da data daquele que, para a claque, era um dos mais aguardados encontros, recebemos a comunicação de que mais uma vez seria adiada a reunião que vinha sendo prometida, pela SAD, desde o período da pré-época em meados de Julho. Ao nono dia do mês de Setembro tivemos conhecimento por intermédio de alguém com determinada importância na direcção do clube que um dos objectivos dos responsáveis pela SAD seria o de extinguir a claque, já que, segundo essa fonte, éramos a única força com capacidade para pôr em causa as intenções dos dirigentes, porque a maioria dos sócios do clube viviam hipnotizados e adormecidos com a treta da gestão credível e a minúscula oposição era dominada e silenciada pela tríade que geria (mal) o futebol profissional e era comparticipada pela comunicação social que não podia morder a mão a quem lhe dá de comer. Estava tudo contra nós…Nos dois dias seguintes sucederam uma verdadeira chuva de telefonemas como também vários encontros para que fosse passada a mensagem de que queriam acabar com a claque. Abateu-se sobre nós o desencanto por um lado, mas por outro até seria engraçado entrar naquela guerrafria e mostrar a todos de uma vez por todas quem de facto sente e ama o Sporting sem qualquer interesse secundário. Gritaríamos bem alto contra tudo e contra todos…o Sporting somos nós!!! 12 de Setembro de 1999, 10 horas da manhã, 70 homens aguardavam ansiosamente em frente ao estádio a sucessão de rituais que era repetida todos os dias em que jogava o “mágico”, que começava com uns copos bebidos na tasca em frente, seguido da saída do autocarro que, desta vez, nos conduziria à cidade mais a Sul da 1ª Divisão do futebol português. Durante o percurso até Faro, o conflito com a SAD (Sociedade dos Amigos da Derrota ou Sociedade dos Amigos do Dinheiro) era o único tema de
conversa. Chegou-se às mais diversas conclusões, no somatório do este que conhece aquele e que ouviu o outro: O presidente do Clube não percebia nada, nem queria perceber, de futebol ou de desporto, concentrando o seu campo de acção apenas em negócios e questões financeiras. Os responsáveis pela SAD nem sempre acompanhavam a equipa nos jogos fora, inventando as mais esfarrapadas desculpas, fazendo-se substituir por “notáveis” do clube que gostavam de ser vistos junto aos jogadores. Alguns desses notáveis faziam vida disso na televisão, mas nunca contribuíram em nada para o engrandecimento do clube, bem pelo contrário. Vivem num constante jogo de cintura um dia dizendo e outro desdizendo apenas para agradar a quem comanda o clube para não perderem o estatuto de “notáveis”. O único empresário negociante de “carne humana” ligado à SAD comprava e vendia quem queria sem pensar no clube mas sim no seu bolso, aproveitando uma guerra existente entre o clube, que a queria evitar, e cerca de 1 dezena de, também, “vendedores de carne humana”. O nosso clube era gerido por um grupo de “amigos”, unidos por interesses comuns (os próprios interesses) em que iam sendo “eliminados” aqueles que pensassem o clube noutra perspectiva que não a deles. Por fim concluímos que naquela direcção ninguém tinha o mínimo conhecimento sobre futebol nem amor pelo Sporting e o nosso clube preparavase para mais um ano de fracasso, sendo o último da meta proposta pelo Presidente no início do seu mandato quando proclamou aos sete ventos que o clube seria um dos “mais fortes da Europa” e mais areia para os olhos deste género. Chegados a Faro depois das habituais “paragens para abastecimento” e de 5 cansativas e infernais horas de viagem fomos de imediato recebidos por um numeroso grupo de companheiros nossos que tinham optado pela deslocação em viaturas próprias e com os quais iniciámos a comemoração do regresso àquela cidade que tantas recordações nos trazia. Essa era a fase de refrescar as gargantas para que pudéssemos depois tirar o máximo proveito da sua condição ideal. Era uma espécie de cruzada leonina feita apenas por nós, todos os domingos, à qual também aderiu a gente sportinguista do Algarve. Depois de termos passado a tarde inteira a “mamar” (fazia também parte do ritual) dirigimo-nos às bilheteiras do estádio para adquirir o ingresso que custava … 5 contos! 5 mil escudos para ver um jogo num estádio sem casas de banho, com uma porta apenas, sem bar e com um policiamento situado junto à entrada que apelando constantemente à calma conseguia provocar o efeito contrário e que depois agredia quem estivesse na sua frente (que normalmente eram aqueles parvos que viam bola no estádio 1 vez por ano). Nós entrávamos sempre depois de toda a gente, quando a situação acalmava, porque o nosso lugar era aquele que nós quiséssemos e ponto final. Já lá dentro a formalidade passava pela colocação do nosso símbolo, a nossa bandeira, a nossa faixa na rede e aí começou a confusão… O sector por nós escolhido tinha já colocada na rede uma faixa, bem como em toda a bancada, não havendo por isso espaço para a colocação da nossa. Decidimos retirar uma das várias que estavam expostas não fazendo a mínima ideia de que mensagem continha, colocando a nossa no local dessa. Passados alguns minutos alguns funcionários do Farense vieram para retirar a nossa faixa e recolocar a que anteriormente estava exposta e a partir daí foi o descalabro. Foram arrancadas por nós todas as faixas que estavam expostas pelo simples motivo de terem tentado tirar a nossa. Não haviam negociações possíveis e o motivo foi uma simples birra empolada pelo estado ébrio da maioria de nós. A partir daquele momento todos eram culpados e que não nos dissessem mais nada. Ninguém queria saber se as faixas transmitiam solidariedade para com a causa timorense ou se tinha sido a direcção do Farense em acordo com a Liga, ou até mesmo se havia envolvimento do Sporting nisso. Isso ainda seria pior porque nem queríamos ouvir falar em dirigentes nem em fantochadas extra-futebol por eles patrocinadas…se nós não colocávamos a nossa faixa, mais ninguém colocaria o que quer que fosse!
As três equipas entraram em campo ostentando uma faixa na qual pretendiam demonstrar a sua solidariedade para com o mártir povo maubere e teve início o minuto de silêncio em memória das vítimas que não foi respeitado por alguns dos nossos elementos que simplesmente começaram a entoar “ A Portuguesa” e o trecho “Marcha Triunfal” da “Aida” de Verdi, simplesmente, porque estavam embriagados e rabugentos pelo episódio das faixas. Nos dias seguintes fomos bombardeados pela imprensa que “pintou o quadro” de acordo com o interesse da Direcção do clube. Foi lamentável não só o que inventaram como também todas as acusações falsas “encomendadas” que nos foram dirigidas. Nos jornais leram-se as coisas mais incríveis sobre o nosso comportamento: “de acordo com o que garantiu um elemento da PSP aos jornalistas, as faixas continham dizeres contra o povo timorense e pró – indonésia”, “Depois, esses mesmos elementos, em modos nitidamente neo-nazis, atacaram a bancada onde estavam os sócios do Farense, muitos deles apoiantes do Sporting.”, “ Na segunda parte, alguns elementos da claque decidiram sair da sua bancada e ir à bancada do topo sul desafiar os adeptos do Farense.”, “…de acordo com o que nos confidenciaram diversos espectadores que se encontravam naquela zona, invadiram a bancada munidos de facalhões.”,“ No entanto, são os clubes (no caso o Sporting) que dão cobertura a estas claques, autênticas organizações fascistas cuja propaganda política é a violência e o vandalismo nos estádios.”, etc. A verdade é que nenhum jornalista viu nada disto. Recorreram ao “segundo fontes”, “garantiram-nos” e “confidenciaram-nos” para tentar provar uma situação que não aconteceu. A imprensa desportiva (corde-rosa) portuguesa ajudou a criar uma tempestade num copo de água. O que aconteceu de facto foi o desrespeito pelo minuto de silêncio e a entrada na bancada adversária perpetrada apenas por 1 elemento nosso, tudo motivado pelo excesso de álcool, exibindo um canivete com três dedos de lâmina e não uma “espada samurai” como quiseram fazer crer, sem porém ter tido contacto com alguém e tendo sido de imediato detido pela polícia. No final do jogo, com uma vitória por 3-0, regressámos normalmente a Lisboa com a certeza de que os dias que se seguiriam seriam problemáticos porque tínhamos conseguido enfurecer os dirigentes. A imprensa estendeu o “folclore” durante alguns dias mantendo sempre o cenário dos elementos da claque serem “os maus da fita”, e a prova disso tivemo-la quando, na tentativa de podermos explicar o que de facto havia acontecido, fizemos chegar um comunicado de quatro páginas a todos os órgãos de imprensa escrita desportiva, inclusive o jornal do clube, dos quais apenas um (e não foi o jornal do clube) teve a dignidade de publicar uma pequena nota com 7 linhas na ultima página num dia em que a manchete dava conta de um inquérito disciplinar instaurado à claque pela direcção do clube, cessando dessa forma todos os apoios que até então haviam concedido. A 14 de Setembro era declarada “guerra” pela direcção do clube ao decretar o encerramento e despejo da sede cedida à claque situada no varandim da bancada nova, no exterior do estádio, que havia funcionado durante largos anos como “quartel-general”, ainda que a sua utilidade não fosse mais que um mero armazém. Outra “arma” utilizada foi uma entrevista de um jogador do clube, que estava em alta na estima dos associados porque vinha rubricando óptimas “performances”, atribuindo-nos a culpa da instabilidade vivida pela equipa, e a responsabilidade pela insatisfação manifestada por alguns adeptos ao apuparem algumas opções, do contestado treinador, nos jogos disputados antes dessa data. No rescaldo desses ataques perpetrados pelos dirigentes, decidimos também nós definir a estratégia que seria decidida numa reunião extraordinária marcada para a noite de 15 de Setembro, véspera de confronto europeu para o qual haviam viajado toda a equipa e a habitual comitiva de alguns “responsáveis”, que eram os mesmos notáveis do jogo anterior, entre os quais não figuravam, uma vez mais, o presidente e o vice-presidente da área do futebol. Para a reunião, que aconteceu na casa de um
elemento carismático da claque, foram convocados apenas dez elementos: o chefe da claque, um individuo que habitualmente o acompanhava fazendo de motorista particular e dois elementos de cada um dos quatro núcleos mais representativos que passariam a mensagem do que fosse deliberado. Desse encontro resultou que continuaríamos a apoiar incondicionalmente a equipa ainda que esta viesse jogando um futebol pobre, sendo a prova maior o facto de apesar de termos vencido por 3-0 no mais recente jogo disputado qualquer dos golos havia sido conseguido através de lances de “bola parada”. Em seguida ficou decidido que se tentaria o diálogo com a direcção do clube que até aí comunicava connosco através de “recados” deixados nos jornais, nunca se prestando para ouvir a nossa versão dos factos. Por fim, fazer sentir aos jogadores que o protesto não era contra eles porque no fim de contas eles não são culpados da sua incapacidade…culpado é quem os compra!!! Para além de todas as decisões tomadas ficou bem vincada a ideia que não baixaríamos os braços, nunca, nesta dura batalha contra mentalidades retrógradas e manipuladas por gente muito poderosa, situação esta que se revelaria a principal condicionante dos acontecimentos nos dias que se seguiriam. Éramos poucos, estávamos sós, mas éramos muito bons…fomos aqueles que passaram a adolescência sem celebrar a conquista de um campeonato e que resistimos, por vezes em número de apenas trinta ou quarenta a arrastarmo-nos nas últimas jornadas pelo 4º e 5º lugar sem nunca abandonarmos a equipa nos jogos em casa ou nos jogos fora. 16 de Setembro de 1999… o Sporting deslocava-se a Stavanger na Noruega para defrontar a equipa local, o Viking. A claque não estava presente, pela primeira vez em largos anos, e sofremos 3-0 ante uma equipa que não constava sequer do ranking da UEFA, com a agravante de mais uma prestação deplorável, na qual o guarda-redes deles, mineiro de profissão, não efectuou uma única defesa digna de registo. Humilhados por uma equipa de futebolistas amadores, porém profissionais da indústria, construção civil, agro-pecuária e um professor. Quando o jogo terminou foi convocada via telefone mais uma reunião de emergência para essa mesma noite na qual se decidiu esperar no aeroporto a chegada, prevista para as 3 da manhã, do avião que trazia a equipa e respectiva comitiva. Lá chegados, verificámos que houvera um atraso de 3 horas do voo proveniente da Noruega, passando a hora prevista de chegada para as 6 da manhã, contratempo que ainda assim não demoveu as três dezenas de homens que ocuparam as 5 horas de espera, divididos em pequenos grupos, transmitindo a todos os outros elementos todas as decisões tomadas no dia anterior, as possíveis consequências e a fantasiar sobre o futuro. Futuro que se apresentava negro com um presidente que não percebia e, mais grave, não gostava de futebol mas que se auto-intitulava o arauto da mudança, da transparência, da credibilidade e de outras anedotas deste género, rodeado de vários “yes man”, alguns desses com passagens estéreis por direcções anteriores, que não passavam de uma cambada de mercenários tal como os empresários que gravitavam em torno do clube chegando por vezes a terem mais poder nas decisões contratuais do que a entidade empregadora. Preocupava-nos sobretudo a passividade com que os sócios do clube estendiam a passadeira a esta gente que os “embriagava” com a ideia de um projecto anunciado que consistia na construção de um novo estádio e de um centro de estágio e formação, o que faria, segundo eles, com que num prazo de cinco anos fossemos um clube de topo na Europa (esta treta pega nos clubes de Lisboa). A nós parecia-nos óbvio que, após este investimento que seria brutal, teria de haver uma forma de retorno para suportar essa despesa e mais óbvia ainda era a questão do centro de formação servir de viveiro não para nosso beneficio, mas sim transformar o clube num Shopping Center dos clubes mais poderosos da Europa com quem nunca poderíamos competir em matéria de plataformas salariais e de quem nem nos poderíamos defender de eventuais aliciamentos aos atletas que, por nós, fossem “fabricados”. Na sequência desta constatação chegámos a lógica conclusão de que um clube para ser considerado de topo na Europa tem que forçosamente estar presente de forma constante
nas fases finais dessas provas, ou pelo menos entre os oito que chegam aos quartos de final, o que nos parecia inviável visto que sem jogadores de qualidade seríamos triturados sempre que nessas competições entrássemos. Nenhum clube do Mundo pode ser grande sem triunfar em campo, sem conseguir êxitos desportivos e por estarmos conscientes disso apenas queríamos ver o Sporting campeão, Sporting vencedor em todas as frentes em que participasse, Sporting primeiro em Portugal, na Europa e no Mundo, porém verificávamos que, cada dia que passava, o clube se distanciava mais dessa condição. Os dirigentes do clube não se apercebiam disso. Eram esses mesmos dirigentes que inventavam todas as situações para não comparecerem junto com a equipa nesses verdadeiros infernos em que se tornaram todos os estádios por esse Portugal fora. Nós, pelo contrário, apresentávamo-nos em todo o lado em número de 30, ou 40 no máximo, para enfrentar em nome do clube aqueles que nos tentassem gozar, ridicularizar ou enxovalhar, situação que de um modo geral acabava em carga policial para cima de nós. Se dentro do campo, os “representantes” do clube, deixavam que fosse envergonhado, o mesmo não se passava fora dele onde os verdadeiros, os que mais sofriam no fim dos jogos perdidos, no dia seguinte nos postos de trabalho, nos transportes públicos, enfrentavam de cabeça erguida os adversários repondo o nível de dignidade a que o nome do Sporting obriga. 5 Horas da manhã. Ainda a aguardar a chegada do avião. Lembrámos os verdadeiros heróis do clube, aqueles que faltavam ao trabalho ou que com muita dificuldade conseguiam programar os seus dias de folga para acompanharem o Sporting para todo o lado, ou aqueles que deixam mulher e filhos em casa, ou que trocavam comemorações de aniversários de familiares e amigos por verdadeiras torturas que eram as incontáveis horas passadas no carro, autocarro, comboio ou noutro transporte qualquer a caminho de chuvas, ventos, derrotas e cargas policiais. Sem esquecer aqueles que encontraram a morte no estádio, ou no trajecto até ele, nem aqueles que numa terra distante recebiam a noticia da morte de familiares e que entravam nos estádios alheios com lágrimas nos olhos mas que gritavam o nome do Sporting mais alto que todos os outros presentes e por fim aqueles que atravessavam momentos de dificuldade na vida mas que não deixavam de marcar presença nos jogos, mesmo no estrangeiro, graças à entreajuda existente que nos premiava com verdadeiras amizades. Em nome do Sporting transformávamos os desaires em paródia e as vitórias em orgasmos. Tínhamos a certeza que ninguém nos invejava porque não se pode invejar o que se desconhece, mas sabíamos que haveria alguém que entendia a nossa postura. Não queríamos protagonismo, apenas exigíamos respeito por todos os sacrifícios que fazíamos em nome do clube. O avião aterrou por volta das 6 Horas e deslocámo-nos para a porta das chegadas onde ficou combinado não dirigirmos ofensas aos jogadores. Os alvos seriam apenas os indesejáveis elementos da direcção e departamento de futebol. E assim foi. Surpreendidos que ficaram alguns dos jogadores e elementos da equipa técnica, por verificarem que a descarga da nossa insatisfação visava apenas membros da direcção que integravam a comitiva, desviaram-se momentaneamente do percurso normal que os levava ao autocarro que aguardava no exterior para se aproximarem de nós timidamente e tentarem justificar o injustificável. Pela primeira vez ouvimos da boca de quem interessava (jogadores) que não existia ligação, nem relação, entre todo o plantel e a direcção, porque esta entendia que assim fosse. Confidenciaram-nos ainda que havia dificuldade de comunicação com o treinador, por ser italiano, porque não existia tradutor que clarificasse a cem por cento a mensagem de um lado e do outro (inacreditável!). Os jogadores transmitiram uma sensação de mal-estar e de indignação face ao trabalho que vinha sendo desenvolvido pelo departamento de futebol, desabafo que nos soou como um pedido desesperado de ajuda. Confrontados com estas declarações, mais não fizemos que tentar reconfortá-los, transmitindo ao capitão e sub – capitão toda a nossa confiança e deixando bem perceptível que qualquer protesto nosso era apenas contra os órgãos dirigentes e contra a situação de naufrágio em que estavam a
deixar o Sporting. Os jogadores estavam em sintonia connosco. A imprensa não entendeu assim, porque não quis ou porque não convinha. Foi publicada uma peça assinada por um jornalista em que era notória a parcialidade neste conflito visto que repetidamente alegava que éramos os maus da fita. Não houveram tentativas de agressão, nem quaisquer atitudes precipitadas da nossa parte e a única atitude excessiva foi protagonizada por um membro da comitiva (a quem chamávamos “Logan” por fazer lembrar uma garrafa de whisky, por se apresentar sempre em estado ébrio, e que nunca percebemos qual era o papel dele no clube) que se insurgiu contra a presença das câmaras de televisão. O único jogador que teve tratamento diferente foi aquele que tinha proferido as declarações infelizes sobre nós no dia seguinte ao jogo de Faro, que simplesmente foi abordado por um elemento nosso que o relembrou que a passagem dele pelo clube era efémera e o alertou para a questão de ele ter criticado aqueles que o “alimentam”. 7 Horas da manhã. Terminada a bem sucedida missão no aeroporto, depois de mais uma noite sem dormir, abandonámos o local seguros e convictos de que tínhamos feito sentir aos que estavam contra nós que estávamos atentos e unidos como nunca e com a certeza de que também os dirigentes, que não tinham viajado até à capital do petróleo da Noruega, não ficariam nada contentes ao saberem desta ocorrência. 19 de Setembro de 1999. Se as coisas estavam más, piores ficaram depois do sucedido no aeroporto na véspera. A direcção do clube não voltou com a palavra atrás na decisão do despejo da sede e assim foi repartido todo o material que se encontrava no seu interior por vários elementos que dispunham de espaço nas próprias casas para provisoriamente o poderem guardar. A claque não se ressentiu, pelo contrário, aquele dia marcou o início do melhor período de sempre da história da claque. 20 de Setembro de 1999. O Sporting defrontava o Estrela da Amadora em casa. Na noite anterior aconteceram as habituais comemorações anuais de um núcleo sportinguista situado nos arredores da capital, às quais compareceram, como era habitual nestas comemorações pelo mundo fora, a comitiva que não faltava a uma única festa destas mas que durante uma época inteira apenas via 4 ou 5 jogos no estádio. Estas festas eram caracterizadas por “comidos e bebidos”, entregas de prémios por tudo e por nada, concursos de “Miss” e discursos de muita “areia para os olhos”. Dessa vez porém teve um atractivo extra, um suplemento à cantilena em voga naquela época (“ Está tudo bem! Não devemos nada a ninguém!”), um ataque cerrado à claque que quiseram culpabilizar pelo momento conturbado que o clube vivia, surgindo na imprensa da manhã seguinte os altos comandos do clube, fotografados em pose de sorrisos de vitória, declarando que seriam implacáveis e expulsariam a claque, contando para isso com a mobilização de todos os núcleos para suporte dessa decisão da estrutura directiva. Todavia essa estratégia nunca poderia resultar na medida em que esses núcleos se deslocam uma ou duas vezes por ano ao estádio somente para ver jogos mais importantes e com a gestão desportiva a revelar-se cada vez mais decepcionante agravava ainda mais a falta de motivação desses núcleos. A maior prova foi imediatamente dada nessa noite de 20 de Setembro em que na bancada, debaixo de intensa carga de água, estávamos nós e mais alguns “duros” já habituais ainda que tivessem sido impedidas as exibições de faixas ou bandeiras nossas, proibição decretada pela direcção enquanto decorresse o inquérito disciplinar atrás instaurado. Ocupámos o nosso sector como habitualmente sem contudo prestarmos o nosso apoio vocal como sinal de protesto e a única manifestação visível foi o virar as costas ao jogo (inédito e exclusivo em Portugal). Toda a gente que estava na bancada para além de nós sentiu o arrepio de estar num cemitério numa noite de temporal. Os únicos sons que se escutaram foram as vozes dos jogadores e isso forçosamente provocou o efeito por nós pretendido, como que um desafio no qual colocámos à prova aqueles que desvalorizavam a importância da claque. A equipa continuava a não jogar bem e nessa noite
preparava-se para obter mais um resultado embaraçoso, um empate caseiro (1-1) contra um modesto adversário, e a tensão começou a crescer nas bancadas atingindo o seu clímax quando o treinador decide, como que accionando um detonador, a poucos minutos do fim do jogo, retirar um avançado para colocar…um médio – defensivo! O protesto sofreu uma transformação imediata (inédita e exclusiva em Portugal). Após quase duas horas de silêncio absoluto, nem qualquer outro tipo de manifestação, levantámo-nos do nosso sector na bancada e dirigimo-nos até à rede divisória com a bancada central onde se situava a tribuna ocupada pelos dirigentes que se tornaram no alvo directo do nosso protesto, que passou a ser verbal, e ao qual se juntaram outros sócios e adeptos presentes nas bancadas que assim mostraram o seu descontentamento até ao apito final do árbitro e ainda durante alguns minutos que se seguiram. Os jogadores abandonaram o relvado sem qualquer reacção e para nós a noite, mais uma vez, viria a ser longa. A Direcção do clube convocou uma reunião de emergência logo de seguida e nós dirigimo-nos para a zona de saída da bancada central onde já havia sido montado um cordão de segurança pela polícia que impedia alguma atitude mais precipitada por parte de algum dos muitos adeptos que nos concentrámos naquele acesso. Até que depois de duas horas de reunião, de muita gritaria do lado de fora e de muita chuva, saiu a decisão de que “cabeças iriam rolar” e saíram os dirigentes protegidos pela polícia e respectivos animais de estimação debaixo de forte chuva de assobios e palavras de ordem. Nos dias que se seguiram aconteceram mudanças profundas no seio do Departamento de Futebol do clube tendo sido afastados alguns dos elementos mais indesejáveis como o administrador, o director e o assessor responsáveis pelo futebol, o que levou à reestruturação de toda essa área, situação que forçou o despedimento do treinador na semana seguinte no final de um encontro em que se registaria outro empate, outro 1-1, ante outra equipa modesta, dessa vez em campo neutro. O desmoronar da estrutura dirigente fez surgir as vozes de alguns preteridos anteriormente que gostam de surgir nestas ocasiões para tentar ocupar alguma vaga que reste ou algum cargo novo, daqueles cargos que ninguém percebe a razão da existência, que possam ocupar. O importante é aparecerem na imprensa para que se fale deles, para assim poderem ser opção constante para eventuais substituições que ocorram nos quadros dirigentes. Esses mostravam-se preocupados, não com a questão desportiva mas sim, com as consequências do comportamento das acções na bolsa e merdas desse género que, a quem sofre verdadeiramente com a carreira desportiva do clube, pouco importam… O importante disto tudo foi que alguma coisa mudou…” Magnífica explicação dada pelo Luís que assim me facilitou o entendimento da conjuntura. “… senhores passageiros, pedimos o favor de colocarem os cintos de segurança. Preparamo-nos para aterrar em Madrid no aeroporto de Barajas…”. Saí do avião e dentro do aeroporto dirigi-me ao balcão da Alitalia para fazer o check-in para Torino. Depois, para passar o tempo enquanto aguardava a hora do embarque, comprei a revista “Super Hincha” mas o meu pensamento continuava a filtrar aqueles cinco anos. Olhos na revista e o pensamento no final do ano de 1999. Dia 4 de Dezembro, o Sporting foi a Guimarães e eu fiz a deslocação pela primeira vez com a claque a convite do Luís. A vontade e a ansiedade sentidas dentro do autocarro eram idênticas às de qualquer outro grupo de adeptos de qualquer parte do Mundo. Naquele ambiente não faltava álcool nos lugares dianteiros do veículo nem as inesgotáveis pedras de haxixe, muita droga, na parte traseira. A música ouvida no rádio
durante o trajecto era somente interpretada por artistas portugueses. Sempre que se parava em qualquer área de serviço das auto-estradas, aconteciam os típicos furtos, tal como em qualquer “trasferta” de grupos italianos, com a diferença de serem muito espalhafatosos e pouco proveitosos em comparação com o que estava habituado a assistir em Itália. O que diferenciava de facto era o número de elementos que, ao contrário dos vários milhares a que estava habituado, aqui completavam apenas um autocarro chegando a um total de pouco mais de 70 elementos numa deslocação e não havia o hábito de viajar de comboio. Uma experiência nova para mim. Sentia-me como se pertencesse a um grupo Ultras duma qualquer “squadra” da C2 italiana. Naquele dia tive o primeiro contacto com os rapazes que fizeram a revolução. Eram na sua larga maioria jovens na faixa etária 20-30, tal como já tinha visto no jogo da jornada anterior disputado em casa. As conversas, apesar de sentir alguma dificuldade em entender algumas expressões do código próprio, eram como em qualquer outro círculo de adeptos de futebol, em viagem, de outra qualquer parte do Mundo. Eram conversas relacionadas com a vida do Clube e com as vivências semanais de cada um dos que ali iam, com especial destaque para uma viagem que um deles, o Almada, tinha feito a Itália nas semanas anteriores e onde teve o privilégio de, durante um mês, presenciar e avaliar as distintas essências Ultras de diferentes Curvas italianas. Essa viagem marcaria definitivamente a claque e o panorama geral em Portugal, visto que permitiu importar novos hábitos de apoio, nova cultura e sobretudo novos cânticos que até aí não existiam. Troquei algumas impressões com ele e identifiquei de imediato estar na presença de um, daqueles poucos com mentalidade diferente, dos quais o Luís havia referido. Travei conhecimento também com outros elementos bem diferentes que daquele dia em diante me reconheceriam como sendo um deles, entre eles o Mendes, o chefe da claque que, no primeiro contacto e nas primeiras breves conversas que tivemos, se revelou pouco conhecedor, tanto da história do clube como também da história dos movimentos de adeptos, comparativamente a outros elementos carismáticos que ali seguiam. Fiquei perplexo no inicio porque estava habituado ao modelo italiano em que o líder é, senão o mais informado, um dos mais conhecedores. O Mendes fez-me lembrar, fisicamente e em algumas atitudes e expressões, um companheiro meu, ultras do Toro, conhecido por “La Bamba” que percebia pouco de futebol, gostava de violência e adorava cocaína (daí a alcunha La Bamba). Naquele dia vi uma claque diferente do que havia visto nos jogos anteriores. Motivada pela 4ª vitória consecutiva que a equipa conseguia, daquela vez num campo muito difícil, a somar ao novo tipo de apoio que surgia impulsionado pelos novos cânticos, a claque regressou eufórica a Lisboa. A sequência resultou numa brilhante campanha da equipa que, duas semanas depois, recebeu importantes reforços para o seu plantel aquando da reabertura do “mercado de Inverno” que se revelariam determinantes para a espectacular sequência de 23 jogos sem perder no campeonato. A claque interagia com a equipa sempre em crescendo. No final dessa época o Sporting sagrou-se campeão. Foi evidente a importância daquela revolução no brilhante percurso que a equipa teve a partir dela pela influência dos novos dirigentes na estrutura do futebol do clube e no relacionamento com os adeptos. O clube quebrava um jejum de quase duas dezenas de anos graças à revolução protagonizada pela geração de 90 da claque. Dessa geração destacaram-se duas correntes, que estabeleciam uma notória separação de interesses e amizades dentro da claque. De um lado havia os “Drogados” que como o próprio nome indicava, aproveitavam a impunidade concedida pela incapacidade ou pelo desinteresse das autoridades no controlo de venda e consumo de drogas no seio da claque. Do outro lado estavam os “Carecas”, assim denominados por terem simpatia por políticas de extrema-direita e por entre eles existirem alguns “skinheads”. Foi precisamente este o lado mais preponderante e mais importante, nas decisões e atitudes
mais radicais e no que foi conseguido pela claque dali em diante. Esta facção reunia os elementos mais capazes nas áreas da defesa do nome da claque, ataque ao inimigo e organização interna. Foi na época seguinte que começou a ganhar forma aquele que se viria a transformar no grupo mais temido pelos inimigos do Sporting. Todos os clubes em Portugal tinham ou teriam claques, mas o Grupo 1143 só poderia pertencer a um clube. A memorável viagem a Madrid no jogo da Champions League, com cerca de 100 elementos da claque respectivamente divididos “drogados” e “carecas” por 2 autocarros, foi um belo indicador da capacidade destes últimos para enfrentar ambientes hostis. Ainda na fase de gestação, o núcleo duro que constituiria o Grupo 1143 teve uma prova de força que serviria como um teste e certificação da resistência e união desses elementos. Esse episódio, em pleno Estádio da Luz, que ficou para a história apelidado de “Cadeirada” e que foi a primeira vez e única situação que se conhecia em estádios portugueses em que os agentes da autoridade se sentiram impotentes por breves instantes. Tudo começou com o rebentamento de um petardo num sector dos adeptos da casa que estava separado apenas por um cordão policial do sector visitante onde se encontravam as claques do Sporting. Alguns dos agentes policiais de serviço naquele local iniciaram uma carga desmedida sobre os adeptos que se encontravam mais próximos daquela área que, sem entenderem o porquê de estarem a ser agredidos, se foram afastando abrindo um espaço que permitiu aos primeiros chegarem ao centro do sector da claque verde e branca na qual, alguns dos mais experientes elementos aproveitando a confusão, se tinham posicionado num plano superior daquela bancada empunhando e arremessando imediatamente um elevado número de cadeiras que obrigaram ao fim da investida e ao recuo das forças de segurança evitando assim um final trágico que poderia ocorrer em virtude da bancada se encontrar repleta de gente. Alguns dos agentes retiraram os coletes que os identificavam como polícias e misturaram-se no meio da multidão para evitar serem alvos, já que as cadeiras eram arremessadas na direcção desses. Essa prova de força protagonizada por alguns elementos dessa ala mais radical seria o ponto de partida para o diferenciamento de um reduzido grupo que se destacasse dos núcleos já existentes dentro da estrutura da claque. Na verdade não é possível precisar o momento exacto do seu nascimento. A primeira vez que se falou na hipótese de se formar o grupo 1143 foi durante a segunda volta da época 2000/2001, porém chegaram à conclusão de que não fazia sentido formar um grupo a meio da época, mas sim no início da seguinte e assim foi no período de defeso do ano 2001. Ficou estipulado o dia 1 de Julho de 2001 já que coincidia com o dia e mês da fundação do Sporting Clube de Portugal. Mesmo quando terminava a temporada esses elementos que compunham o Grupo tinham encontros, quase diários, com confraternizações bem “regadas” que aceleravam aquele que era apelidado de “período mais estúpido do ano” por não se disputarem provas que envolvessem o clube. A existência de um espaço comercial, sempre aberto até tarde e agregado ao estádio, como era o caso da Cervejaria, foi sem dúvida uma base fundamental para o surgimento do Grupo 1143. A pequena estrutura do Grupo foi determinada pelos 11 fundadores que por sua vez elegeram o Presidente, através de votação secreta (pedaços de papel enrolado com nome escrito e colocados dentro de um saco de plástico de onde foram seguidamente retirados e os nomes lidos em voz alta e nomeado presidente aquele que mais votos reuniu) ficando essa cerimónia marcada como a única eleição que alguma vez existiu na história das claques do Sporting.
GRUPO 1143. Não seriam “Ultras”, não seriam “casuals”, não seriam meros “supporters”, nem tão pouco “claqueiros”…seriam um estilo criado por eles próprios e aperfeiçoado internamente, cujas características correspondiam em quantidade moderada a cada um dos estilos e alicerçado nas diferentes preferências desses de cada um dos seus membros. Eram portugueses nacionalistas e, segundo eles como consequência lógica, eram Sporting. E foram apenas estas duas paixões que os uniram e que geraram o mais temível e respeitado grupo português que se movimentou no panorama dos adeptos de futebol em Portugal com reconhecimento além fronteiras. O GRUPO 1143 surgiu num tempo de vitória, de verdadeira glória vivida pelas conquistas de campeonatos e taças pelo Sporting no início do novo século. Foi uma necessidade sentida, por um número reduzido de elementos, de marcar uma posição de força no seio da Juventude Leonina que na sua história da quinzena de anos precedentes apresentara sempre um grupo hegemónico, utilizado quase sempre como “guarda pretoriana” do seu líder. Esses elementos, cujas idades rondavam os 25 anos, compunham, mesmo antes do nascimento oficial do GRUPO 1143, o núcleo mais carismático da claque em virtude da experiência adquirida com os anos de “bancada” que qualquer um deles tinha, como também pela influência “sportinguista” que exerciam nas suas diferentes zonas de residência. E essa era a sua grande força porque, ao contrário dos núcleos normais da claque que eram formados por motivos geográficos, este reunia pouco mais que uma dezena de elementos provenientes de diferentes zonas da área metropolitana de Lisboa e, mais tarde, também do Porto. O nome foi decidido numa noite após uma reunião da claque, junto à porta da Cervejaria. GRUPO, porque se tratava de um pequeno grupo e 1143 porque correspondia ao ano da celebração do tratado de Zamora no qual foi reconhecida a soberania portuguesa sendo a data que de um modo geral marca a fundação de Portugal. Foram criadas normas internas que desde cedo condicionariam e definiriam a forma de actuação, das quais se destacaram quatro: O Grupo 1143 funcionaria como um núcleo da claque. Para pertencer ao Grupo 1143 eram necessários requisitos como convite e proposta de elemento já integrante e ainda a aprovação dos restantes (Esta filtragem afastava a ideia errada que sempre prevaleceu na claque da aceitação de qualquer um, sendo que a importância real dada ao novo elemento que entrava na claque era quantificada pelo valor que pagava pela inscrição). Ficou decidido não se fazer politica na bancada, apesar da esmagadora maioria dos elementos seguirem ideologias de extrema-direita. O material relacionado com a indumentária do Grupo 1143 seria para uso exclusivo dos seus elementos, com a excepção de um único modelo de cachecol que seria colocado à venda para que com o lucro daí resultante se pudessem produzir faixas e estandartes (Esta norma defendia a importância dada à imagem do Grupo 1143 e à sua identificação que, ao contrário da claque, não estava ao alcance de qualquer um).
A época 2001/2002 começava com um novo emblema do clube nos equipamentos e com um novo grupo devidamente identificado na bancada, que se fazia também notar nas partidas fora de casa pelo seu atrevimento e pela constante procura de confronto. Marcaram posição inicialmente dentro da própria claque. Num dia de derby fora juntou-se à concentração da claque do Sporting um grupo de elementos provenientes do bairro periférico da capital, onde vivia o Nuno antes de ser detido, na sua maioria de origem africana ou afro – descendentes com a particularidade de apenas 4 ou 5 elementos serem adeptos do Sporting e os restantes simpatizarem com o adversário daquele dia. Por ser o único jogo a que assistiam durante o ano, funcionavam em grupo em nome do bairro onde viviam e não em nome do clube ou claque que defendiam. Eu nunca tinha conhecido ou ouvido falar de algo semelhante e imaginava a impossibilidade de tal situação na minha cidade. Tempos depois entendi que era condição imprescindível, para o chefe da claque, ser visto pelas claques do Benfica junto daqueles pelo poder intimidatório que transmitiam e como tal, ele próprio, lhes oferecia os ingressos especialmente para aquele encontro. Naquele dia porém a história foi outra. Esses indivíduos da periferia tiveram conhecimento da existência do Grupo 1143 e, por serem contrários àquela corrente, resolveram ameaçar os elementos que encontrassem para marcar também a sua posição e manter o estatuto que haviam alcançado anos antes nos tempos de liberdade do Nuno. Chegaram muito cedo à zona em frente à Cervejaria onde começava o habitual ajuntamento preparativo para o derby fora. Encontraram apenas um elemento pertencente ao Grupo 1143 habitante da cidade do Porto que não conseguira chegar a tempo de um almoço promovido pelo Grupo num famoso restaurante da localidade de Queluz de Baixo. Esse rapaz, apercebendo-se das movimentações do bando da periferia, refugiou-se dentro da Cervejaria e alertou de imediato o resto do Grupo 1143 via telemóvel que em menos de meia hora surgiu em número de cerca de 25 elementos prontos para confrontos. Os do Bairro, ainda que em número idêntico, perceberam de imediato a supremacia em poder e atitude demonstrados pelo Grupo e recuaram, aproveitando a chegada da polícia para justificar o facto de não se confrontarem. Aquele dia marcaria o início da mudança de poder na bancada. Nessa época, para além das habituais escaramuças contra o inimigo da capital, não só no futebol como também nos confrontos em jogos das modalidades chamadas amadoras, destacaram-se 2 viagens. A primeira foi a excelente deslocação a Milano numa partida a contar para a Taça Uefa contra o A.C. Milan. O Grupo 1143, viajando em conjunto com os restantes elementos da claque e depois das habituais peripécias dos roubos por essa consumados, em todos os locais em que paravam durante o trajecto entre Lisboa e a capital da Lombardia, que levou à sua breve detenção pelos “carabinieri” para identificação da totalidade dos elementos que no autocarro viajavam, teve pela primeira vez a honra da presença em conjunto de elementos dos Irriducibili Inter no “settore ospiti” de San Siro que marcaria o ponto de partida para uma relação que se estenderia mais tarde ao campo da política visto tratar-se de um grupo da “curva interista”, eterno rival do adversário do Sporting naquela noite, com fortes ligações à extremadireita italiana. A outra viagem foi numa partida a contar para a Taça de Portugal contra o modesto Vila Real, na qual se deslocaram apenas 25 elementos de Lisboa, num autocarro comandado pelos elementos
do grupo em virtude do chefe da claque não estar presente, situação que era habitual em jogos de menor importância, estando o Grupo 1143 em peso e mais 6 ou 7 elementos pertencentes à claque. Essa tarde ficou marcada como, uma das mais memoráveis da história da claque de Alvalade. Terminada a partida, na área exterior ao estádio, teve início um confronto motivado por ofensas fúteis entre ambos os lados, sendo que se de um lado se encontravam os 20 passageiros do autocarro, do outro tínhamos a população da cidade, sem conseguir precisar ao certo quantas pessoas seriam de facto. Não havia polícia naquela zona o que terá sido uma sorte para os forasteiros porque no tempo que passei em Portugal e nas deslocações em que participei percebi que a autoridade simpatiza mais com os da casa. Foi um “levantamento de poeira” que culminou com alguns amassados da parte dos de casa e com a retirada forçada do autocarro dos visitantes através de pressão feita ao condutor que não tirou o pé do acelerador até chegar aos limites daquela cidade. No final da época 2001/2002, o estatuto da claque atingiu o nível de intocável dentro do clube e tornou-se num motivo de grande admiração por parte de uns, inveja por parte de outros e respeito da parte de todos no panorama nacional. Foi o ponto máximo da história da claque. A grande visibilidade conseguida pela edição de um CD, com a transposição dos próprios cânticos entoados na bancada e transformados no maior êxito comercial no âmbito geral da paixão futebolística em Portugal, transformou a imagem da claque e estimulou as inúmeras entrevistas, reportagens e toda a espécie possível de diferentes abordagens pela positiva como até então nunca se havia verificado sobre uma claque em particular. Os alvos do assédio mediático eram o Mendes, por ser chefe da claque, e o Almada por ser responsável pela criação dos cânticos e pela produção do CD. Estes eram os dois mais emblemáticos elementos da direcção da claque aos quais se juntavam o João, indivíduo no qual o Mendes depositava toda a confiança, e ainda o Barraca que, tal como o Almada, pertencia ao Grupo 1143. À dimensão que a claque havia atingido no cenário nacional correspondeu a importância que o 1143 tinha conseguido dentro da própria claque, chegando até a sobrepor-se. Em todos os órgãos de comunicação em que surgiam matérias sobre a claque, encontrávamos fotos de vários elementos e até do líder com indumentária relacionada com o Grupo 1143, como por exemplo em pleno relvado do Estádio aquando da entrega do galardão “disco de platina” que assinalava a ultrapassagem de 40 000 unidades discográficas vendidas, ou ainda numa entrevista concedida pelo Mendes a um jornal semanário, tendo sido fotografado com o filho recém-nascido que vestia uma t-shirt do 1143, de reduzida dimensão, feita e oferecida pelos próprios. Também alguns jogadores do plantel, a quem foram pessoalmente oferecidas tshirts por elementos do Grupo, usaram-nas no dia da consagração do clube com o título de campeão nacional daquela época. Na semana que se seguiu o clube venceu a final da taça, conquistando assim o duplo troféu da época, apelidado de “dobradinha”, feito esse que não era conseguido haviam precisamente 20 anos. Tudo parecia perfeito. O clube vencia e a claque brilhava. Porém, por trás de toda aquela sumptuosidade existiam muitas falhas e muito descontentamento por parte de muitos elementos que compunham a claque e, devido a esse facto, a grandeza por ela atingida sofreria um revés irreparável que, aliado à mudança de estádio, determinaria o enfraquecimento e o fim do melhor “tifo” de todos os tempos em Portugal. Acompanhei pormenorizadamente todas as movimentações durante essa época, até porque via alguma identificação e algumas semelhanças com o fenómeno Ultras que me guiava. A claque nunca esteve tão
perto de se libertar, de se transformar e de modificar definitivamente o seu conceito de dependência do clube. No fundo seria deixar de ser Claque para passar a ser Grupo Ultras. Participei discretamente nas preparações de alguns jogos. Assisti, na “casinha”, a algumas das habituais reuniões das quintas-feiras à noite e fui em várias deslocações especialmente naquelas mais importantes. Apercebi-me que a claque girava em torno do Almada. Ele sabia do assunto como nenhum outro em Portugal, porque seguia linhas Ultras apesar de lhe faltar alguma experiência. A ele se deve a implementação em Portugal de expressões como “Curva”, “Trasferta” e outros vocábulos de origem italiana. Ele era referência por mérito próprio mas também pela ausência total do chefe Mendes que durante um período de 6 meses não deu qualquer sinal de vida, aparecendo apenas no final da época para recolher os louros no momento da glória. Para além de muitas outras demonstrações de relaxamento que começavam na sua ausência e terminavam na simples questão de não entregar sequer os cartões de membro a que tinham direito aqueles que se inscreviam na claque ou que renovavam a sua condição. Esta situação passava-se há já alguns anos. Havia gente que aguardava o cartão de 3 épocas anteriores. Sentia-se algum mal-estar e alguma desconfiança transmitida por muita gente da claque que não se revia minimamente na conduta e no desinteresse pelo clube manifestado pelo Mendes. O copo transbordou precisamente nessa final de Taça. Após uma época em que as coreografias foram inexistentes e disfarçadas pela propagação de estandartes na bancada motivada por um concurso proposto pelo Almada, chegou-se a um jogo de extrema importância no qual, como se não bastasse, uma vez mais, nada coreográfico ter sido preparado na bancada, haveria a acrescentar a enésima ausência do chefe Mendes, sem qualquer motivo justificável ou sem qualquer informação sobre o seu paradeiro, dessa vez com a agravante de nem se mostrar minimamente preocupado com os rumores da insatisfação crescente no seio da claque. A corda partiu e o Almada empurrado que foi por muitos desses insatisfeitos, assumiu-se naturalmente como o rosto da criação de um novo grupo e com ele levou cerca de 500 elementos. Muito influenciados pelo estilo italiano e pela experiência adquirida no relacionamento com elementos ligados a vários grupos Ultras, a nova claque apresentou-se inicialmente como uma alternativa credível porque se diferenciava da claque, existente até então, em quase todos os aspectos. A primeira e também lógica medida tomada foi a mudança de sector. Ocuparam a Superior Norte do estádio e iniciaram uma estrutura de grupo quase perfeita em virtude dos conhecimentos dos seus integrantes mais influentes que realmente delinearam um projecto muito ambicioso mas que se viria a revelar utópico face às vicissitudes provocadas pela cultura pouco exigente do clube e dos seus adeptos. Nos primeiros tempos assistiu-se a um constante vaivém de elementos que não entendiam bem o que estava a acontecer e como tal assistiam a reuniões de uma e de outra claque na mesma semana na tentativa de se enquadrarem. Uns por questões políticas, outros por questões geográficas e outros ainda pelas relações de amizade. Assisti a duas reuniões da nova claque, DUXXI, a claque da superior Norte, levado pelo Luís que foi um dos que mudou por razões de discordância com o rumo que a primeira claque, a JL, estava a tomar e por discordar essencialmente da postura do chefe Mendes na sua totalidade. Nas reuniões do DUXXI, denominadas “meetings”, tudo o que era deliberado, era sujeito a aprovação da maioria dos presentes. Criaram um organigrama que determinava uma Junta Directiva como responsável pela claque. Não tinham presidente nem chefe, porque defendiam que teria sido a inutilidade dessa figura hierárquica a grande responsável pelo surgimento daquele novo grupo. Criaram uma sede própria longe do estádio, nos arredores sul da capital, conta bancária, registaram a própria marca e desenvolveram uma linha de “merchandising”, criaram estatutos internos, “site” na internet, fanzine oficial, gravaram um CD com os próprios cânticos, contrataram advogado a tempo inteiro, compraram material coreográfico, mostraram o projecto aos dirigentes do clube, com uma campanha agressiva de propaganda conseguiram atrair novos elementos de todo o país e até adeptos espalhados pela Europa que até então tinham um vínculo com a JL
e, para culminar aquele período inicial de existência, apresentaram-se num jogo de estreia, uma partida amigável, em número 3 vezes superior à JL perante o olhar incrédulo de muita gente, inclusive o meu. Tudo isto conseguido, em menos de dois meses, apenas com o dinheiro das inscrições que superavam o meio milhar e com os proveitos da venda do diverso material por eles criado. Por outro lado na JL (na qual decidi ficar porque não tinha como me deslocar até à Margem Sul do Tejo e também porque não me sentia assim tão integrado no movimento “claqueiro” quanto deveria e por isso sentir ser indiferente para mim) quando o chefe Mendes comprovou a razia sofrida delegou especiais poderes ao Grupo 1143 para criar uma frente de combate que amedrontasse aqueles que, na sua maioria jovens, quisessem debandar. Decidiu ainda aumentar os proveitos dos chefes de núcleo que a JL possuía, oferecendo-lhes uma percentagem do dinheiro cobrado por cada inscrição de novo sócio na claque. A notoriedade e importância do Grupo 1143 aumentariam em contraste com a débil situação da organização a que pertenciam. Assumiram-se definitivamente como a guarda pretoriana do chefe Mendes que numa das várias reuniões que aconteceram na Cervejaria do estádio, em que estive presente, na tentativa de reacção ao desmoronar do império que fora a JL, após disparar dois tiros de pistola na direcção do tecto do estabelecimento já passando da meia-noite, havia jurado pela alma do seu pai que o DUXXI nem sequer começaria. Recusava assumir a culpa da cisão e o seu estado era de visível descontrolo reforçado pelo constante consumo de álcool e estupefacientes. 13 de Julho de 2002, o DUXXI fazia a sua apresentação oficial com um grande aparato, e a acrescentar ao superior número de elementos, apresentava ainda superior número de unidades de material de “tifo”, entre bandeiras, estandartes, faixa oficial e sistema de som. Na Sul, onde eu estava, reparei que, para além da inferioridade numérica, uma outra questão perturbava o ambiente e tratava-se da avaria no microfone do sistema de som instalado na Sul à qual foi atribuída a culpa ao Almada visto ser ele o responsável pela guarda daquele equipamento até à cisão da claque e de, desde essa data, não ter havido uma utilização daquele objecto que fora entregue dias antes daquele jogo de apresentação. O Mendes ordenou de imediato a alguns elementos mais novos da JL e do Grupo 1143, dando indicações sobre as características da viatura da qual o Almada era proprietário e que a procurassem e vandalizassem como sinal de retaliação ao sucedido. Nunca soube se o objectivo foi concretizado, mas fiquei a saber mais tarde por intermédio do Luís que de facto o microfone fora danificado propositadamente, porém a responsabilidade havia sido, não do Almada, mas de outros indivíduos pertencentes ao DUXXI que curiosamente alguns meses volvidos voltariam a integrar a JL. No meio de todas estas quezílias, o Mendes e o Grupo 1143 declararam guerra ao DUXXI. Começaram as intimidações e perseguições, colectivas em dias de jogo e individuais durante os dias da semana, através de ameaças telefónicas e rondas nocturnas por locais frequentados ou até mesmo zonas habitacionais de todos quantos estivessem conotados com aquela. Nos jogos de preparação que se seguiram o cerco apertou. Assim na tarde antecedente ao jogo de préépoca, disputado em casa com o eterno rival, realizado a 27 de Julho, a JL dirigiu-se em grupo, para as imediações da Superior Norte ali procurando elementos identificados com o DUXXI. Tinham perfeita consciência que àquela hora (17h) ainda não havia qualquer policiamento nas imediações da área norte do estádio e apenas avistaram, dentro de um estabelecimento comercial, alguns elementos do DUXXI, de imediato se lançaram no seu encalço. Ali entrados e perante os olhares estupefacto do dono do bar e dos clientes, desferiram vários golpes com os punhos fechados nas faces de dois rapazes, e também no corpo de uma rapariga. Roubaram-lhes alguns adornos relativos à claque a que pertenciam, nomeadamente cachecóis e chapéus e de imediato colocaram-se em fuga. A semana que se seguiu, de 28 de Julho a Sábado 3 de Agosto foi próspera em ameaças telefónicas
efectuadas por elementos da JL a diversos indivíduos membros do DUXXI. O objectivo era a intimidação e tentativa de dissuasão aos elementos da claque da Superior Norte a não fazerem a deslocação à Maia, onde no Sábado 3 de Agosto o Sporting jogava um amigável com os espanhóis do Bétis Balompié. Posteriormente, sabendo de antemão que o DUXXI faria a viagem à Maia, a JL, decidiu organizar uma “espera” particular, através de carrinhas alugadas deste modo poderiam não só passar despercebidos às forças da ordem, como também lhes conferia uma maior mobilidade, essencial à realização dos seus intentos. O DUXXI partiu de Lisboa e chegou à Maia perto das 20 horas. Assim que o autocarro entrou nas imediações do Estádio Municipal foi de imediato circundado por cerca de 20 a 30 elementos da JL, entre os quais se destacavam evidentemente o Mendes e elementos do Grupo 1143. Gerou-se um clima de elevada tensão e as ameaças aumentaram. De tal forma que levaram ao apercebimento da própria polícia presente no local, que conseguiu arrefecer um pouco os ânimos. Formou-se um cordão policial em redor dos elementos do DUXXI que apenas conseguiram entrar no estádio já com 15 minutos decorridos da primeira parte do jogo colocados num sector bem distante. Durante o jogo a JL continuou as ameaças dentro do próprio estádio direccionadas ao DUXXI, com expressões alusivas à morte como “Vão para o saco preto”, entre muitas outras, que foram substituídas pelos cânticos normais de apoio à equipa. Após o clima de hostilidade criado pelos elementos da JL, aos elementos do DUXXI também ali deslocados, antes, durante e após o jogo com os espanhóis, também a viagem de regresso a Lisboa viria a proporcionar um encontro inesperado mas desejável e assim chegados à estação de Pombal situada no sentido norte-sul da auto-estrada principal do país, os elementos do Grupo 1143 de imediato avistaram do outro lado da auto-estrada, na estação de serviço, um autocarro de adeptos do eterno rival da capital que regressava, em sentido contrário, de um jogo amigável envolvendo a sua equipa. Deparados com tal situação e depressa armados com bastões e ferros soltos que no mesmo local existiam devido a obras, não resistiram a atravessar toda a auto-estrada para agredir os adeptos do rival de Lisboa e assim foi. Alguns dias depois a equipa estreou-se oficialmente na pré-eliminatória da Champions League contra o Inter de Milano em Lisboa. Logo após o jogo um grupo de elementos da JL, liderado pelo Mendes, organizados de forma a buscarem o confronto pelo motivo da inveja resultante da incapacidade de atingir o nível alto em que o DUXXI colocara a fasquia da sua organização e da sua forma de actuar. Naquela noite a direcção do DUXXI oferecera, por sua iniciativa e assumindo o custo, cerca de 500 t-shirts alusivas àquela partida europeia, a sócios e adeptos do clube presentes no sector por ela ocupada na Superior Norte do estádio. Alguns deles que após o jogo, enquanto comiam junto a uma das muitas roulottes próximas da estação de metro do Campo Grande, e normalmente, continuaram a endossar as ditas t-shirts tiveram o azar de se cruzar com aquele grupo de irados elementos vindos do corredor estreito que liga a estação de metro ao estádio, e assim teve inicio um espancamento colectivo de cerca de 10 adeptos do próprio clube provenientes da cidade de Vila Real de Santo António. Lembro-me de ter visto depois na televisão que dessa situação foi perfeitamente identificado pelas vítimas, o chefe da claque Mendes. Dos actos resultaram vários ferimentos nas vítimas tendo uma delas, inclusivamente, entrado em estado de coma, vítima essa que, segundo foi dito naquela época, teria um tipo de deficiência. Na sequência destas ocorrências pude avaliar o poder que o Mendes tinha junto dos dirigentes do clube, precisamente pelas reacções destes ao sucedido nesses recentes acontecimentos que foram de total indiferença para com as vitimas e de proteccionismo dos agressores, tendo um deles, um tal de Menezes, proposto uma mediação que tinha como base o retirar da queixa apresentada na polícia pelas vítimas dando em troca um pedido de desculpas público por parte dos agressores. O tal Menezes cortou relações
do clube com esse núcleo pelo facto dos agredidos não terem acatado a proposta. Acabou tudo sem qualquer consequência para os agressores como seria de esperar. Por outro lado um dirigente, um tal de Zé Costa, evitou de imediato qualquer problema com o Mendes, justificando que se as agressões foram dos portões do estádio para fora significava que era um caso de polícia e que o clube não teria nada que ver com isso, mesmo envolvendo um núcleo, segundo confidenciou o próprio Mendes que na reunião seguinte da JL, afirmou sorridente que tinha os dirigentes bem controlados e como tal estava bem protegido estendendo e transmitindo assim confiança aos outros presentes envolvidos naquele caso. Exaltava as relações privilegiadas que tinha com um pequeno núcleo de dirigentes todos por diferentes motivos que não esclareceu, mas reforçava que o Menezes, o Zé Costa, um tal de Nutella, um Meiorreles e um Pedro Ribeiro lhe “comiam na mão”. Nunca soube quem eram estes indivíduos, excepto o último que pouco tempo depois viria a constatar tratar-se de uma pessoa bem próxima de mim… MSN Beth diz: Olá! RAGA diz: Bom dia, como vai? RAGA diz: Finalmente poderemos conversar assiduamente Beth diz: ah!...colocaste um anjinho!?!? Quero ver a tua foto! RAGA diz:
Aí está a minha figura Beth diz: Agora sim RAGA diz: Sou eu Beth diz: hummmmm... Beth diz: Lindo… RAGAdiz: Obrigado, mas bem mais linda é você Beth diz: Ah..está bem!... Obrigada RAGA diz: A sério…linda e discreta… Beth diz: Temos 1 hora de diferença de fuso. Aqui são 21:45. O meu nome é Elizabeth. RAGA diz: O meu nome é Andrea, sou italiano, tenho 25 anos, vim viver uma “aventura” em Portugal, sou solteiro, não tenho filhos e agradeço por você me ter adicionado à sua lista de amizades. Beth diz: Andrea será equivalente a André. Interessante! Julguei que vivesse em Itália. Não precisa de agradecer, é para isso que servem os “sites” de relacionamento. O que significa RAGA? RAGA diz: No perfil que tenho no Clube Virtual apenas indiquei a minha cidade natal. RAGA é a minha alcunha em Itália, chamam-me Raganelle. Fale-me de si… Beth diz: O que queres saber? MIGUEL diz: O que achar que me deve contar… Beth diz:
Não trabalho fora, cuido da minha casa, tenho dois filhos. Quanto à idade, tenho um pouquinho mais que tu… Moro em Lisboa, Portugal, Europa. RAGAdiz: Eu também vivo em Lisboa. É casada? Beth diz: É... sou. RAGA diz: Ah bom...caso contrário diria que os homens estão todos cegos aqui em Lisboa… Beth diz: Ah! Obrigada…Meu marido é director de um clube desportivo. RAGA diz: Uma pessoa importante… Beth diz: Sim. Como você me encontrou no Clube Virtual? RAGA diz: Honestamente, foi uma casualidade. Beth diz: Hummm RAGA diz: Por vezes faço pesquisas de perfis… Beth diz: Entendo… RAGAdiz: E vou confidenciar que tenho preferência por mulheres mais velhas. Quando encontro alguma mulher com perfil interessante convido para a minha lista de amizades. Beth diz: E comigo é o contrário… RAGA diz: O contrário como? Beth diz: Os homens mais novos são mais interessantes.
RAGA diz: Sobre isso não tenho opinião… Beth diz: Ah!..Com certeza. RAGA diz: Faço estes convites seguindo critérios de beleza, charme e maturidade. São escolhas feitas apenas com o auxílio de uma foto e um perfil que poderá não ser verdadeiro. Porém, interessa-me muito mais o interior do que a embalagem…não sei se me entende… Beth diz: Vejo que és bem sensato. RAGA diz: Obrigado. Tenho também plena consciência de que a maioria dos contactos com mulheres que estabeleço nunca passarão do virtual, umas pela distância, outras porque se revelam uma decepção após as primeiras impressões, outras ainda por motivos pessoais delas que inviabilizam qualquer aproximação como é o seu caso por ser casada… Beth diz: Não será por eu ser casada que deixaremos de nos conhecer realmente… Não misturo as coisas, tenho um espírito bem jovem. RAGA diz: Deduzo que o seu marido seja um homem mais novo. Beth diz: Não, o meu marido é bem mais velho e por isso hoje eu penso de forma diferente. RAGA diz: Diferente, como? Beth diz: Quando digo que os mais novos são mais interessantes! RAGA diz: Mas você tem quantos anos? 35, 36? Beth diz: Tem assim tanta curiosidade? RAGA diz: Peço desculpa, sei que não se deve perguntar a idade a uma senhora.
Beth diz: Sem problema, tenho 40. RAGA diz: Tem apenas mais 15 anos que eu. Beth diz: É verdade. O meu marido tem 55. Já pensaste em casar? RAGA diz: Sinceramente nunca pensei nisso. Não me sinto preparado para partilhar a minha vida. Adoro a minha liberdade sem prestar contas a ninguém. Não tenho sítio certo para estar, hoje estou aqui e amanhã já estou noutro lugar. Acho também que nenhuma mulher aturaria isso. Beth diz: Assim é difícil de facto. RAGA diz: Quando voltar para Itália talvez pense nisso… Beth diz: André (posso chamar-te André?), vou ter de sair porque o meu marido está a chegar. Falaremos noutra altura. Durante o dia estou quase sempre em casa. Adorei falar contigo. És um encanto de pessoa. RAGA diz: Eu também gostei muito de falar consigo e pode chamar-me André sem problema. Beth diz: Beijos, lindo. Falamos depois, foi um prazer mesmo. RAGA diz: O prazer foi todo meu. Pena você não ter webcam… Beth diz: Para já não tenho mas vou comprar em breve. Beijos. RAGA diz: Beijos.
No jogo seguinte, disputado na cidade de Setúbal, o clube conquistaria a Super Taça e no exterior do estádio registou-se nova caça ao homem, desta vez sem a participação de qualquer elemento do Grupo 1143, apenas protagonizado pelo Mendes conjuntamente com elementos da nova direcção da reestruturada JL nomeados após a cisão. Registaram-se agressões, antes do inicio do jogo, a elementos do DUXXI residentes na cidade de Setúbal que se deslocaram mais cedo para as imediações do estádio e também no final da partida sofridas apenas por um rapaz que curiosamente tempos mais tarde voltaria a integrar a JL, já que os restantes elementos que isoladamente abandonavam o estádio conseguiram reagir, e ainda um agente policial que tentou defender aquele rapaz, impedindo o ataque quando passava naquele local sem farda que o identificasse. Uma patrulha policial pôs fim à situação, identificando e detendo o Mendes que passou a noite na cela da esquadra de polícia tendo sido presente no dia seguinte ao juiz e depois libertado mas ficando a aguardar julgamento. O desfecho deste processo coincidiria com uma das melhores tardes da minha vida, sexualmente falando. 23 de Agosto de 2002, 6ª feira, o Sporting jogou a primeira jornada do campeonato contra a Académica em campo neutro, na cidade da Figueira da Foz. Nessa deslocação o Mendes não participou porque corriam rumores de que havia sofrido um acidente automóvel na noite anterior, motivado uma vez mais pelo consumo excessivo de substâncias ilícitas. Dessa forma estava entregue aos homens do Grupo 1143 o comando de todas as operações, já que aqueles que eram os “ajudantes” mais próximos do Mendes não tinham carisma nem experiência para enfrentar situações mais difíceis. Viajámos em carrinhas e antes do jogo houve um encontro num bar próximo do estádio entre elementos do Grupo 1143 e um grupo restrito de indivíduos pertencentes à claque adversária em consequência de um bom relacionamento já existente há algum tempo, o qual presenciei e percebi pela indumentária e conversa de ambas as partes que aquela afinidade era resultado de identificação política, ou seja, ambas ligadas à extrema-direita. Pouco antes da hora do apito inicial do jogo, junto à entrada, o alvoroço policial anunciava a chegada dos autocarros do DUXXI. Chegaram, uma vez mais, em número superior e saindo do interior dos veículos dirigiram-se à entrada na área de acesso à bancada visitante onde se encontravam ainda alguns elementos do Grupo 1143. Escapou aos olhares de quase toda a gente o cumprimento afável entre o Almada, comandante do DUXXI, e o Very, presidente do Grupo 1143, que discretamente se desviaram, trocaram umas palavras e com a mesma discrição com que se tinham afastado, voltaram a juntar-se aos respectivos grupos. Creio que apesar dos conflitos entre as partes, o Very reconhecia o Almada como amigo e vice-versa, até porque este pertencera ao Grupo 1143 e as razões do seu abandono não se prendiam com o Grupo mas sim com o Mendes ao contrário da grande maioria dos restantes elementos da claque Norte.
No final dessa partida os elementos do Grupo 1143 envolveram-se em violentos confrontos com adeptos do clube adversário deixando um destes entre a vida e a morte durante vários dias. Quase todos os elementos do Grupo 1143 presentes foram detidos, passado a noite na cela, onde experimentaram o velho estilo utilizado pela polícia para conseguir declarações que no entanto de nada serviu, tendo sido presentes ao juiz na manhã seguinte e liberados ficando a aguardar julgamento em liberdade. Dois dias passados já estavam a caminho de Milano para assistir à segunda mão da pré-eliminatória da Champions League. Essa foi uma “trasferta” pobre em quantidade. Entre os adeptos que partiram de Lisboa de avião, nos quais eu estava incluído, mais os adeptos do Sporting espalhados pelos países do centro da Europa, somando as 3 carrinhas do Grupo 1143 e o autocarro do DUXXI, não se contabilizavam muito mais que três centenas de adeptos no “settore ospiti” de San Siro. O DUXXI fazia a sua estreia numa partida oficial fora do país. Havia a novidade do autocarro ter sido pago pela claque permitindo assim que os seus membros viajassem gratuitamente numa “trasferta” ao estrangeiro, situação que era inédita em Portugal e que contribuiu decisivamente para se terem feito representar uma vez mais em número superior de elementos, situação que se sucedia desde o inicio da sua existência. Por sua vez a JL era composta na sua maioria por membros do Grupo 1143, com cinco ou seis excepções, que por terem chegado mais tarde ao estádio, tiveram alguma dificuldade em expor a faixa oficial da claque Sul que transportavam, pelo simples motivo da faixa do DUXXI, que chegara antes, ocupar todo o varandim que lhes fora reservado. Aquele dia poderia ter sido humilhante na história da JL que, cercada imediatamente pelos “cellerini”, aquando da sua entrada no estádio, nada mais poderia ter feito que não fosse acatar a proibição de colocação da faixa por parte das autoridades italianas que conseguiram impedir qualquer contacto entre as duas claques e que demonstraram estar muito bem informados sobre o fenómeno “claqueiro” português, mais até que a própria policia portuguesa. A situação resolveu-se graças à mesma cumplicidade verificada 4 dias antes, pelos mesmos dois protagonistas. O Grupo 1143 salvou a honra da JL colocando a faixa no varandim após uma breve troca de palavras entre o Very, que representava a claque da Superior Sul de Alvalade em virtude de mais uma habitual ausência do Mendes e apesar da presença de alguns dos medíocres recém-nomeados dirigentes, e o Almada que chegaram a um acordo lógico face às circunstâncias. Essa viagem ficou ainda marcada pelo estreitar de relações entre o Grupo 1143 e os Irriducibili Inter, grupo da curva “interista” ligado à extrema-direita italiana. A partir desse dia as viagens entre Lisboa e Milano seriam mais frequentes para encontros extra-futebol e a amizade entre os dois grupos foi crescendo. Sábado 14 de Setembro, o Sporting deslocou-se a Paços de Ferreira. A JL viajou em 2 carrinhas alugadas e em mais 4 carros particulares. Os elementos do Grupo 1143 viajaram nas carrinhas com os dirigentes da claque, entre eles o Mendes que regressou depois de um mês sem dar sinal de vida. No regresso, após o jogo, um dos rapazes da JL que viajava numa das 4 viaturas particulares, apedrejou em andamento em plena auto-estrada um dos dois autocarros, tendo partido um vidro, em que viajava o DUXXI, que uma vez mais se fazia representar em número 4 vezes maior de pessoas, novamente devido ao facto do transporte ter sido grátis. Quando esses autocarros fizeram a habitual paragem de regresso a Lisboa, na área de serviço da Mealhada da A1, e os rapazes da claque da Superior Norte de Alvalade se aperceberam de que elementos da JL ainda se encontravam dentro do estabelecimento comercial daquele posto, avançaram rapidamente até à entrada do estabelecimento onde agrediram esses elementos que ali se encontravam na parte de fora, sendo que os que se encontravam dentro daquele espaço comercial, quase todos do Grupo 1143 foram impedidos de sair por alguns elementos da polícia à civil que se encontravam também da parte de dentro, destacados por prevenção para evitar os anteriormente habituais
furtos aquando da passagem das claques por aqueles estabelecimentos. Aquela acção rápida, que surpreendeu todos quantos ali se encontravam, terminou com o prosseguir da viagem ordenado pelos polícias ali presentes, perante o olhar impotente e incrédulo do Mendes que talvez nunca tivesse visto a sua claque viver uma situação de tanto constrangimento, nem com claques de clubes adversários, que sentado numa pedra, qual “O Pensador” de Rodin, ficou a assistir à saída dos dois autocarros da claque Norte do parque de estacionamento daquela estação e à entrada desses nas vias da auto-estrada. Aquela noite mudaria definitivamente a história das claques do Sporting e consequentemente o rumo do Grupo 1143. No mês seguinte, Outubro, as claques seriam colocadas lado a lado na bancada Norte do estádio em virtude da demolição parcial da bancada Sul, condição essencial para a construção do novo estádio que surgiria alguns metros ao lado daquele existente. A supremacia do DUXXI era uma realidade. Melhores coreograficamente, melhores vocalmente e em maior número de elementos. Essa circunstância preocupava muita gente ligada ao clube, destacando-se em primeiro lugar os fundadores da JL, os da primeira geração, que viam arrastar pela lama um nome que criaram. Apesar de também nunca concordarem muito com a forma como o Mendes conduzia a gestão da claque, chegando inclusivamente a ter conflitos relacionados com a comercialização de material com o nome, a marca, por eles criada, decidiram interceder e tentar levantar o nome daquela, da única forma que podiam, devido ao facto de possuírem poder económico, que foi ajudar na elaboração de coreografias e na compra de algum material para disfarçar a diferença de qualidade que se verificava entre as duas claques. Ainda mais naquela fase em que seriam colocadas lado a lado fazendo com que se notasse ainda mais essa discrepância, já que em termos de conhecimentos de “tifo” o valor daqueles era nulo em comparação com a capacidade do grupo de criativos do DUXXI. Para o Mendes foi ouro sobre azul, já que poderia apresentar serviço sem mexer uma palha e sem gastar um cêntimo, do dinheiro que auferia com a claque, como sempre fora seu apanágio. Em segundo lugar os dirigentes do clube, preocupados que se mostraram estar com as possíveis sequelas que pudessem resultar daquela perigosa proximidade, decidiram marcar reuniões com os líderes das claques numa tentativa de apaziguar o ambiente escaldante vivido entre elas. Seria o início de um processo que culminaria com a assinatura de um protocolo, um ano depois, que acabaria definitivamente com qualquer réstia de esperança por parte de muita gente que fazia parte das claques, sobretudo as pessoas que integravam a claque recém formada na bancada Norte, de traçar o tal caminho independente que tinha sido o fundamento principal da sua criação. Na verdade, essa começou a perder a força com que tinha surgido, a partir desse momento, porque pela primeira vez surgiu um conflito interno que levou ao afastamento imediato dos tais elementos preponderantes que faziam a diferença, que não concordaram com “vender a alma ao diabo”, como eles próprios apelidaram a proposta apresentada pela direcção do clube relacionada com a cedência de bilhetes por parte do clube para as partidas disputadas em casa que até aí, o DUXXI, não havia ainda usufruído. Como contrapartida a proposta exigia que a claque Norte garantisse sempre o apoio à equipa inclusivamente nas modalidades ditas amadoras, que participasse em todas actividades promovidas pela área do clube responsável pala organização dos jogos e que não existisse nenhum sinal de contestação da parte da claque. Após uma votação interna, o resultado saiu favorável à proposta apresentada pelos dirigentes. Os que votaram NÃO abandonaram a claque Norte. Os que votaram NÃO eram os mesmos que tinham abandonado a claque Sul meses antes por se recusarem a pertencer a uma claque e como tal viram naquele dia morrer o sonho que
tinham de poder ter e pertencer a um Grupo ultras formado em Portugal. Naquele dia 18 de Outubro o Sporting passava a ter, oficialmente, 2 claques em vez de uma claque e um grupo Ultras. O abandono destes elementos revelou-se um duro golpe na estrutura da claque DUXXI que se viu forçada a alterar os nomes que constituíam a Junta Directiva. “Llamada para el vuelo 5760 destino Turin. Senõres passageros, embarque por la puerta…” Entrei no avião que me levaria até á minha cidade acompanhado pelo desfiar de recordações situadas num qualquer dia do mês de Novembro de 2002. A partir desse dia, o meu contacto com o DUXXI perdeu-se quase totalmente porque o meu colega Luís que me informava sobre o que se ia passando, também foi um dos que abandonou por ser contra a proposta que passaria a vigorar. Por sua vez, essas alterações, passadas algumas semanas, não agradariam a uma outra facção do DUXXI composta por vários “junkies”, que anteriormente faziam parte daquele núcleo dos “Drogados” da JL, que tinham já alguns anos de bancada, o que fez com que também abandonassem. Não agradaram a alguns porque sentiram que ali tinham perdido o estatuto Vip que levavam dos anos que passaram na JL. Não agradaram a outros que haviam trocado de claque com a esperança de encontrarem mulheres que neles reparassem, já que o DUXXI tinha integrado várias moças desconhecidas, tendo essas expectativas saído frustradas. Por fim a maioria destes, duplamente dissidentes, trocou novamente de claque devido ao facto dos mais importantes “dealers” de droga que frequentavam o estádio continuarem ligados à claque mais antiga e de não fazer sentido uma grande aproximação no exterior e depois uma separação na
bancada. Na JL, o Mendes que entretanto admitira o enfraquecimento da sua claque, mudava a sua estratégia decidindo aceitar de volta todos quantos que abandonassem o DUXXI e quisessem regressar. Lembro-me que nessa fase o seu estado era de facto lastimável. O consumo de drogas atingiu um ponto de exagero tal que, por vezes o víamos na bancada, perdendo a total noção da realidade. O seu físico sofria um desgaste tão grande, que se notava as suas bruscas alterações de peso, por vezes apenas numa semana. O seu comportamento era comprometedor até para quem o acompanhasse ou com ele convivesse como era o caso de alguns elementos do Grupo 1143. Numa dessas noites de convívio foi violentamente agredido por um dos mais influentes elementos do Grupo, na “Club House” do Motorcycle Club a que esse elemento também pertencia. O Grupo 1143 liderava a JL. Tinham a força e o prestígio que o chefe Mendes entretanto perdera e terminaram esse ano de 2002 a tentar reerguer e a limpar a honra da claque como se verificou em difíceis jogos fora, como aquele jogado contra o Guimarães em plena cidade do Porto e algumas semanas depois o derby principal em casa, em que só o Grupo 1143 aparecia e dava a cara para os confrontos com os adversários e aguentava o conflito leonino interno com o DUXXI. Entrou o ano de 2003 e com ele o regresso dos vários “junkies” que foi utilizado como trunfo pelo chefe Mendes já que poderia demonstrar aos seus seguidores, por um lado que o DUXXI enfraquecera e por outro que a criação dessa nova claque teria sido um erro (apesar de ele nunca nos explicar porquê). Paralelamente refira-se a importância do equilíbrio de poderes dentro da JL que poderia advir desses regressos, na medida em que a facção dos “drogados” aumentava podendo disputar algum nível de poder com o Grupo 1143. Este recuo do chefe Mendes não caiu bem no seio do Grupo 1143. Durante aquele primeiro mês de 2003 foi notória a ausência desses das reuniões da claque, alegando afastamento para reflexão sobre essas recentes decisões tomadas pelo chefe Mendes sem consultar ou avisar quem quer que fosse. Nesse período de tempo verificou-se a ascensão das elites da droga na JL. Um deles, a figura de referência desses fiéis seguidores, era um tipo que aparentava uns 40 anos (não consegui precisar a sua idade porque ele mais parecia um zombie) que anos antes estivera internado numa clínica de recuperação mas continuava a ser consumidor de topo. Esse individuo, a quem chamavam “Trolha”, havia também estado nas primeiras reuniões no inicio da fundação do DUXXI. Outros ainda, cujo mérito ou importância para os elementos da JL sempre fora nulo, tiveram um particular reconhecimento atribuído pelo Mendes em virtude das constantes relações e negociatas mantidas extra-futebol. Destes destacaram-se um tal de “compadre”, ligado ao tráfico de droga, assim chamado por ter convidado o Mendes para ser padrinho, do filho (existindo o boato de que o Mendes se esquecera de aparecer na cerimónia), um tal de “cigano”, assim chamado por ser dessa etnia, que surgiu dias depois num jogo frente á Académica em casa e que no final desse jogo, com uma navalha, agrediu um elemento do DUXXI e por fim, “cereja no topo do bolo”, um sujeito adepto do Benfica, chamado “Carabinas”, pertencente à claque mais odiada pelas claques do Sporting mas que era apresentado como melhor amigo do Mendes. Era no mínimo hilariante. Naquele período, e tendo conhecimento de todas estas vergonhas, decidi também afastar-me das questões internas da claque e passar a ver as coisas do lado de fora tentando não perder contacto com o Grupo 1143 por sentir que seria daqueles que poderia surgir algo digno de registo. Passei a dedicar-me a outras coisas que também gosto para além do futebol.
MSN Beth diz: Oi! RAGA diz: Olá linda! Beth diz: Ah! Tens a foto de um anjinho! RAGA diz: Quer que exiba a minha foto? Beth diz: Claro! RAGA diz: Se quiser eu envio para si… Beth diz: Quero sim. RAGA diz: Troco por uma sua, pode ser? Beth diz: Podes copiar as minhas fotos do meu álbum que está no “ Clube Virtual”. RAGA envia: 10_0028 (837 kb) Transferência de “10_0028.JPG” está concluída. Beth diz: Recebi… RAGAdiz: Ok.
Beth diz: Uau! Que lindo! RAGA diz: Obrigado… mas se você acha que sou, o que posso eu dizer de você? Beth diz: Está apaixonado por mim???? RAGA diz: Você agrada-me fisicamente, mas precisaria de conhecê-la um pouco melhor para poder afirmar tal coisa. Beth diz: Estou a brincar… RAGA diz: Eu sei. Mas, como lhe disse no nosso primeiro contacto, foi pelo facto de a considerar linda que decidi fazer o convite no Clube Virtual. Beth diz: Obrigada. RAGA diz: Não precisa de agradecer, visto que o mérito é todo seu. Beth diz: Você é muito gentil. Vive sozinho? RAGA diz: Sim… quer dizer, vivo num apartamento partilhado com outros estudantes estrangeiros que vivem em Lisboa mas quase nunca os vejo, portanto é como se vivesse sozinho. Beth diz: Não se sente só? RAGA diz: Não, já me habituei. Beth diz: Tem muitos amigos? RAGA diz: Em Itália sim…
Beth diz: Ainda bem! Falas com eles pela Internet? RAGA diz: Sim, ou pelo telefone…a saudade é muita. ………………………………………… Beth diz: Estás ocupado com algum trabalho ou com estudo neste momento? RAGA diz: Não, por acaso estava deliciado a ver as suas fotos. Beth diz: Depois coloco mais no álbum. Amanhã faço isso. RAGA diz: Óptimo, mas não precisa de ter pressa. Beth diz: Poderias colocar algumas, tu também, na tua página. RAGA diz: Não gosto muito de me expor. Prefiro dar esse privilégio a quem merecer (risos). Beth diz: Eu vou colocar para você ver mas depois vou tirar. RAGA diz: Amanhã de tarde não vou estar cá. Volto apenas à noite. Beth diz: Não há problema, quando chegares poderás ver. Eu tirarei somente depois de amanhã. RAGA diz: Ok. Beth diz: Tenho de ir agora a casa duma amiga minha. Falaremos noutra hora, pode ser? RAGA diz: Claro que sim, se você entrar e eu estiver online peço-lhe que me chame porque eu poderei estar ocupado com outra coisa e não reparar que você entrou.
Beth diz: Beijos. Tenha um bom dia. RAGAdiz: Beijos grandes e igualmente para si. Todos aqueles passos em falso dados pelo Mendes, como as provas de confiança dadas a sujeitos que para além de uns terem abandonado a claque, outros tratarem-se de meras amizades pessoais sem qualquer mérito que justificasse a repentina projecção e todos partilharem a antipatia e a inveja que sentiam pela posição que o Grupo 1143 assumia na claque, levaram a que no dia 17 de Fevereiro de 2003 fosse lançado um comunicado oficial: COMUNICADO GRUPO 1143 Vimos por este meio comunicar que por amor, abandonamos a JL quando aparentemente já não precisam de nós. Quando foi necessário, fomos sempre a fiel linha da frente, caluniados cobardemente pelas costas, numa altura em que se acumulam erros de gestão sucessivos talvez até deliberados, usaram-nos como bode expiatório para os males da claque quando fomos nós que sempre a defendemos a troco de nada. Não pretendemos acabar com a claque apenas queremos fazer ver às pessoas, as situações vergonhosas que se têm estado a passar. A JL é de todos nós, e quando referimos “nós” é apenas para os que sempre foram e continuarão a ser fieis ao nome e às amizades de muitos anos em vez do dinheiro fácil e do protagonismo. Nós como núcleo oficial da JL, recusamo-nos a ser equiparados a gente que não compreende o significado de palavras como honra e lealdade. Não basta dizerem que foram enganados por terceiros, quando foram eles que se autoenganaram pensando que iriam enriquecer e que agora decidiram regressar, tendo a coragem de se fazerem passar por vítimas duma conspiração. Cada regresso de escória arrependida, foi como uma facada que o chefe da claque fez questão de cravar nas nossas costas. Ele que jurou vezes sem conta que quem saiu nunca voltaria e que mudou totalmente de opinião, talvez porque outros valores pessoais falaram mais alto que os interesses da claque. A JL não é de uma só pessoa que pensa que se apropriou do nome para gerir uma marca de roupa que usa uma abreviatura do mítico nome da JL, não podemos continuar a permitir que andem pessoas a viver a custa da claque e que nada fazem para o bem dela. Se houver alguém que duvide das nossas intenções e do nosso amor pela JL, basta lembrar-se dos nossos sacrifícios ao longo dos
muitos anos de claque, as marcas no corpo e os vários processos com a justiça que a maior parte dos elementos do Grupo possui, todos resultados de situações ocorridas nos mais variados estádios de Portugal. Para todos deixamos um alerta, pessoas que se venderam a quem pagou mais na altura e que nos moveram uma guerra declarada, estão para regressar à nossa claque muito em breve. Talvez agora esse regresso seja até apressado e patrocinado pela presente direcção. Temos consciência que com este comunicado, seremos apelidados de traidores e passaremos a ser os novos inimigos da JL, pelo menos será essa a imagem que as pessoas que sentiram ameaçado o seu modo de vida fácil e lucrativo tentarão fazer passar. A decisão de nos afastarmos da JL não foi tomada de ânimo leve e foi a mais difícil de tomar, no entanto permaneceremos fiéis ao princípio de que enquanto esta direcção estiver no poder, continuaremos à parte da claque. Por último, lançamos um apelo a todos aqueles que lutaram a nosso lado nomeadamente durante esta difícil época, aos leais membros da JL que se mantiveram no barco quando os ratos o abandonaram, que se juntem a nós neste protesto para que juntos possamos retirar a claque do lamaçal em que se encontra e devolve-la aos seus verdadeiros donos, que somos todos nós, e à glória que em tempos foi sinónimo da JL. JL somos nós! e a partir de hoje, Orgulhosamente sós! Grupo 1143 Sporting SSempre! O chefe Mendes não reagiu nem se mostrou incomodado, pelo contrário ficou com liberdade total, como nunca tivera desde o “golpe militar” que perpetrara 10 anos antes, para fazer o que entendesse e
como entendesse sem sofrer qualquer pressão por parte de quem quer que fosse dentro da claque, já que controlava facilmente os “drogados” com umas ofertas de bilhetes para assistir aos jogos. Tinha ainda a vantagem de preparar o regresso do Nuno, o indivíduo que fora detido anos antes e que se preparava para voltar à claque no momento em que atingisse o fim da pena de prisão que cumpria e dessa forma eliminava o problema que havia criado com a elevação do Grupo 1143 dentro da claque e que nunca teria agradado ao Nuno conforme relatos de quem contactava com ele na penitenciária. A separação do Grupo 1143 assinalou o fim da capacidade bélica da JL que era o único argumento que lhe havia restado depois das várias fracturas que havia sofrido e dali em diante o Grupo 1143 afirmou-se como o mais perigoso que alguma vez existira em Portugal, conseguindo fazer frente, e sempre em números inferiores, a todos que se lhes opusessem começando pela própria claque que haviam abandonado dias antes. No dia 1 de Março de 2003 o Sporting jogou no Restelo, no primeiro estádio onde havia visto futebol pela primeira vez, quando cheguei a Portugal três anos e meio antes. Antes do jogo começar, ainda fora do estádio, tínhamos as duas claques do Sporting separadas por um cordão policial formado para evitar o contacto entre elas e administrar a entrada separadamente bem como o posicionamento de ambas dentro do estádio, tendo sido colocadas em cada extremidade da bancada visitante por detrás de uma das balizas a uma distância que não permitia qualquer contacto. Cerca de 10 minutos antes do início do encontro, entrou na mesma bancada o Grupo 1143 que se posicionou precisamente no centro dessa, entre uma e a outra claque, tornando-se o alvo de todas as atenções por parte de ambas e também da polícia que, pelo espanto evidenciado pelos agentes, demonstrava não entender o que sucedia. Alguns elementos da JL que, por desconhecimento, se demonstraram surpreendidos com aquela atitude de distanciamento manifestada, tentaram obter satisfações acabando por sofrer de imediato as primeiras agressões por parte do Grupo 1143 que prontamente demonstrou que, naquele caso de separação, a história e o fim seria diferente de todas as outras tentativas de separação ocorridas na claque até àquela data. No jogo seguinte a contar para o campeonato português, frente ao Boavista em casa, a situação repetiu-se mas com uma proporção maior, Começou fora do estádio com o espancamento de um “drogado” da JL que se dirigiu em tom desafiante a elementos do Grupo 1143 quando estes entravam no estádio, continuando depois com agressões a um outro “drogado” que se encontrava metros depois da porta de entrada do estádio e prosseguindo as agressões com chapadas e socos na cara a outros que se encontravam no percurso que passava pelas escadas, pelo varandim e até ao interior da bancada. Durante o jogo, o Grupo 1143 posicionou-se do lado direito da JL, alguns metros desviado, tal como havia feito no jogo anterior. Quando a partida se aproximava do final, e em resposta a algumas ofensas proferidas por alguém que se encontrava no seio da claque, o Grupo atacou com os seus 20 homens presentes naquele dia pondo em debandada os cerca de 300 elementos da JL que deixaram para trás cerca de 10 elementos que foram alvos, em plena bancada, de violentos socos no rosto e pontapés em toda a parte do corpo. Desses agredidos destacavam-se alguns líderes de tráfico de droga residentes nos arredores de Lisboa mais propriamente na Linha de Sintra que eram simultaneamente alguns dos indivíduos de maior relevância dentro da claque após a separação do Grupo. Ficara dado o aviso e o Grupo 1143 marcou assim a sua posição perante ambas as claques. O chefe Mendes soube, mas não presenciou, porque tal como sempre, segundo me apercebi durante aqueles 3 anos e meio, em situação de crise preferia afastar-se e manter-se longe dos conflitos, delegando apenas a venda de bilhetes a algum dos seus subordinados, tal como fez até à data do “derby” que teria lugar no mês seguinte. O derby foi disputado em campo neutro, apesar do mando de campo pertencer ao Benfica, no estádio nacional no Jamor, palco ideal para confrontos por se tratar de um estádio erguido no meio de um
matagal. Imaginei várias vezes como seria divertido se houvesse uma infra-estrutura semelhante em Itália. Ambas as claques do Sporting se concentraram e saíram separadamente, em diferentes horários, do estádio de Alvalade sob escolta policial, utilizando o Metro como meio de transporte e em seguida o comboio que os levou até à zona circundante do estádio nacional onde já se encontravam vários adeptos e “claqueiros” do inimigo. Aconteceram as normais escaramuças que nunca passavam de ameaças, insultos e arremesso de objectos nunca chegando a haver contacto físico devido à forte presença policial. Curiosamente assisti naquele dia, pela primeira vez, à colaboração entre as duas claques do Sporting relativamente à protecção do próprio material. O DUXXI em maior número naquele momento, por ter sido a primeira a chegar ao local, colaborou na defesa dos poucos elementos da JL que se deslocaram antecipadamente para transportar e colocar dentro do estádio o seu material de “tifo” e que poderiam ter sofrido uma investida, quando ainda se encontravam do lado de fora, não fosse a intervenção de alguns elementos da primeira a chegar. Alguns minutos depois e já com o DUXXI instalado no seu sector, chegou a JL à mesma zona de acesso ao estádio, comandada pelo regressado chefe Mendes, que no trajecto entre a estação de comboio e a entrada do estádio se desviou do cortejo para confraternizar com o seu tal amigo “Carabinas”, “claqueiro” do Benfica, que o aguardava no meio do percurso acompanhado de outros adeptos do clube rival e por ali se manteve até pouco antes da hora de início do jogo. Quando faltava cerca de um quarto de hora para o começo, chegou o Grupo 1143. Fortemente escoltados, os únicos com a honra de acompanhamento de policia montada mas que, ainda assim, nem isso os inibiu de tentar o confronto individualmente durante aquele trajecto. A situação mais caricata aconteceu precisamente quando o Very, líder do Grupo 1143, avistou o chefe Mendes no convívio com os inimigos. Era a primeira vez que o viam depois do comunicado e de imediato avançou na sua direcção tornando-o protagonista de mais uma situação de embaraço em que graças à pronta intervenção policial não se transformou na segunda humilhação sofrida às mãos de um elemento do Grupo 1143 no curto espaço de 6 meses. Quando o Grupo entrou no estádio teve de passar na frente de uma das extremidades da bancada, sector ocupado pela JL, agredindo violentamente alguns indivíduos que se atravessaram naquele curto acesso até ao sector inteiro que fora destinado ao Grupo 1143, uma vez mais entre as duas claques do Sporting. Depois do final do jogo foram os últimos a receber a ordem da polícia para abandonar o estádio e de novo fortemente escoltados até à estação de comboio onde o acompanhamento policial se manteve e continuou, sem cavalos, dentro da carruagem que lhes foi exclusivamente reservada para a curta viagem entre a estação da Cruz Quebrada e a estação de Santos onde saíram, sem acompanhamento policial, e subiram a pé até à “Tasca”, que se tornara a sede própria do Grupo, situada no bairro da Madragoa aproveitando para espancar uns quantos adeptos do clube rival que surgiram identificados durante o percurso. O fim da época chegou.
Beth diz: Oi anjinho. Raga diz: Já estava a ficar desesperado porque nunca mais vinha a minha namorada. Beth diz: Eu também estava a ficar desesperada. Beth diz: Chegaste agora? Raga diz: Sim. Raga diz: Cheguei há 10 minutos. Beth diz: Eu estava aqui a abrir e-mails. Raga diz: Eu recebi 2 seus. Beth diz: Pois foi, eu enviei-te. Raga diz: Querida, se você imaginasse a vontade que tenho de a ver. Raga diz: Quase fico louco. Beth diz: Viste o recado que te deixei ontem? Raga diz: Vi e passei toda a noite a ver as suas fotos e a imaginá-la deitada na minha cama. Beth diz:
Também te queria ver.....Hummmm.. Beth diz: Para variar, perdi o sono!!!! Raga diz: Porquê? Beth diz: Não sei...acordo durante a noite e penso em ti… Acho que estou apaixonada... Raga diz: Eu também… Beth diz: Passo a manhã a contar as horas para que chegue a tarde. O meu coração está batendo mais forte. Raga diz: Mande-me mais umas fotos por favor…assim acalmo-me. Beth diz: Está bem. Vou enviar já. ……………… Beth diz: Gostou? Raga diz: Adorei! Desejo-a muito! Beth diz: Meu lindinho, vou morrer de saudades tuas na próxima semana!!!! Raga diz: Eu também, mas os estudos assim o exigem…Época de exames … Beth diz: Sonhou comigo esta noite? Raga diz: Sonho todas as noites Beth diz: Eu também.
Raga diz: Disse-lhe antes que estive a ver as suas fotos durante muito tempo. Beth diz: Não se cansou? Raga diz: Não e hoje continuarei. Beth diz: Gostaste das fotos que te mandei? De biquini, posso tirar a partir do próximo fim-de-semana! Raga diz: Que pena, mas se você comprar uma webcam posso vê-la de bikini, ou não? Beth diz: Isso é difícil... porque sou tímida. Raga diz: Eu também. Beth diz: Fico envergonhada. Raga diz: Não tem motivos para ficar envergonhada… Beth diz: Pessoalmente não, mas desta forma fico e não sei explicar o porquê. Raga diz: Quando tiver a webcam nós falamos… Beth diz: Ok. Tens mais alguma foto que me queiras enviar? Este gato lindo de 1,95 e cabelo louro não me sai da cabeça. Tenho pensado em ti o dia inteiro! Raga diz: E eu só imagino você na mesma cama que eu… enrolados… Beth diz: Nem me fales! Isso deixa-me doida. Raga diz: Aqui vai outra foto.
Beth diz: Chegou! Beth diz: És muito alto mesmo! Raga diz: Gostou? Beth diz: Adoreeeeeeiii…que desperdício! Raga diz: O mesmo digo eu de você. Beth diz: Poderemos pensar em nos conhecer pessoalmente? Raga diz: É um dos meus objectivos. Beth diz: Agora fico na expectativa...Amanhã é fim-de-semana não poderemos falar. Raga diz: E durante toda a próxima semana também não. Beth diz: Vais para a Itália? Raga diz: Não. Seria bom…mas não. Beth diz: Então? Raga diz: Compromissos académicos, como lhe disse antes. Beth diz: Vais ficar com saudades de mim… Raga diz: Ainda estamos em contacto e já as tenho…
Beth diz: Tal como eu. Gosto muito de ti! Raga diz: Por favor compre a webcam. Beth diz: Vou providenciar. Raga diz: Terá tempo para isso na semana que vem. Beth diz: Certamente. Esta história toda está a fazer-me sentir uma adolescente. Meu louquinho! Hehe Raga diz: Isso é bom? Beth diz: Maravilhoooooooosooooo Beth diz: Esta tua foto sentado...hummm...como adoraria pedir-te um colinho! Raga diz: Eu dou-lhe...dou-lhe tudo… Beth diz: hummmm.... já estou excitada. Raga diz: Eu ando há vários dias. Beth diz: Acontece que eu também. Raga diz: Estou a pensar se não seria possível encontrá-la ainda hoje… Beth diz: Impossível. Não te esqueças que sou comprometida. Não tenho desculpas para dar. Raga diz: Eu sei mas quando eu puder ir aí como você conseguirá sair?
Beth diz: Combinado com antecedência não haverá problema. Tenho as tardes livres. Raga diz: E se o seu marido descobre? Beth diz: Não há perigo. Raga diz: Porquê? Beth diz: Porque ele passa a tarde toda no escritório ou em reuniões lá no clube e nunca chega antes das 20:00. Raga diz: E para onde poderíamos ir? Beth diz: Isso depois se vê. Combinamos um sítio onde eu te possa apanhar. Tenho carro que é só meu. Beth diz: ...esta conversa está a deixar-me doida! Raga diz: Também a mim. Beth diz: Vives num apartamento? Raga diz: Sim, partilhado com outros estudantes doutras nacionalidades. Beth diz: Estás muito quietinho! Raga diz: Estou com as mãos ocupadas… Beth diz: Ah! Não me digas isso! Não acreditooooo… Raga diz: É verdade…
Beth diz: menino...menino...assim eu não resisto. Raga diz: Não resiste a quê? Beth diz: Cada vez fico mais excitada… Raga diz: Eu desejo-a…muito… Beth diz: Que bom saber disso. Eu também. Raga diz: Se você estivesse aqui dava-lhe um banho de saliva. Beth diz: Seria maravilhoso. Ias me morder todinha? Raga diz: Não…morder só em alguns pontos do seu corpo… Beth diz: hummm Raga diz: O resto era com a língua. Beth diz: Nem me digas nada! Até já me estou a sentir molhada. Raga diz: Como eu gostaria de sentir isso… Beth diz: Se tu estivesses aqui não me escapavas! 1,95 de homem e ainda por cima bonito é tudo que eu queria!!!! Raga diz: Estou mesmo em êxtase. Beth diz:
Ainda estás com as mãos ocupadas? Raga diz: Já não, mas agora está o chão todo sujo. Beth diz: Vou te confessar uma coisa… Raga diz: Diga… Beth diz: Sinto-me muito carente, o meu marido não me liga. Raga diz: Porquê? Beth diz: Não quer nada só se eu tomar a iniciativa e mesmo assim é difícil. Problemas da idade. Raga diz: Como é que isso é possível com uma brasa dessas ao lado? Beth diz: E muito difícil. Não é tanto por não querer, é por não conseguir. Beth diz: Eu estou no meu auge, portanto é difícil para mim. Raga diz: Entendo… Beth diz: Por isso te disse que hoje penso diferente. A mulher tem de ser mais velha. Há dias em que quase “subo pelas paredes”. Raga diz: De desejo? Beth diz: Sim, parece que vou incendiar. Raga diz: Não tem nenhum homem que a assista?
Beth diz: Já tive um caso, mas era difícil porque trabalhava nas horas que eu tinha disponíveis, então não dava. Mas não me envolvo com qualquer um. Raga diz: O seu marido não soube, como é óbvio… Beth diz: Não soube. Mas tenho a certeza que, se soubesse, iria reclamar mas seria “fogo de palha”, passaria rapidamente. Raga diz: Porque você não se separa dele? Beth diz: Não posso. Tenho uma família estruturada. Muita coisa em comum. Vamos continuando assim. Raga diz: Ok. Sinto que estou prestes a ser o seu novo caso e passar da relação virtual para uma grande aventura…e talvez arriscada… Beth diz: Vai ser maravilhoso. São quase 20:00. Vou ter de sair, mas vou morrer de saudade....sniff... Raga diz: Beijos imensos. Beth diz: Não te esqueças que te adoro. Raga diz: Eu também te adoro. Beth diz: bjssssssssssssssssss meu amor. Raga diz: BEIJOS GRANDES. Boa semana.
O Sporting mudaria de casa na época seguinte, a época 2003/2004. Aqueles que vi serem o melhor público do país, a melhor claque do país e os melhores sócios do país…nunca mais se viram. Fiquei com a sensação de que o clube perdera um pouco a sua verdadeira identidade. Fez-me lembrar o meu “Toro” e como a nossa imagem foi fustigada com as duas mudanças de estádio a que nos sujeitámos. Os rostos dos adeptos do Sporting não transmitiam a mesma alegria que se verificava no estádio antigo. Senti uma frieza que me era familiar. A transformação teve repercussões na interacção entre adeptos e jogadores. O simples facto do acesso ao balneário passar a ser no meio do campo reduziu a euforia e energia das claques aquando da entrada da equipa e diminuiu o terror que os adversários sentiam ao ter de passar na frente da bancada do velhinho Alvalade. A privação do contacto com os jogadores, para o bem ou para o mal, na saída do estádio antigo no final dos jogos deixaria de existir, agravada pelo facto dos treinos serem disputados a 50 km de distância longe da vista, levando a desmotivação de muitos adeptos e à perda da cultura de exigência existente por parte desses que eu consegui constatar apesar do pouco tempo que tinha de Portugal. Outra característica da estrutura deste novo estádio que poderá ter prejudicado o ambiente de Alvalade foi a divisão em dois anéis de um público que durante 50 anos apoiara num sector de bancada sem qualquer divisão, agravando o facto de por ficarem no anel inferior (situação inversa à verificada em Itália com grupos de equipas que jogam em casa) as claques perderem potência. Por fim todas as palhaçadas que já vinham do estádio antigo como desfiles e apresentações de merdas sem qualquer sentido que iam desde as ridículas “cheerleaders” (criando um inconsequente ambiente americanizado), passando por convidados para contar anedotas (alguns deles até do clube rival que enxovalharam o Sporting na sua própria casa), um “Babbo Natale” verde, apresentação de um carro de umas corridas que ninguém sabe que existem, concursos de entregas de prémios com uns tipos a marcarem uns penalties (como se as pessoas que ali estivessem precisassem de ser estimuladas para estar) e, a “cereja no topo do bolo”, apresentadores do jogo, ou “speakers”, que para além de tudo o que diziam ser enervante tal como o seu timbre de voz ainda conseguiam assassinar completamente qualquer ambiente bom que se vivesse na bancada por sobreporem as suas arrepiantes vozes ao calor e à força transmitida pelo público presente. No dia da inauguração do novo estádio tínhamos as claques novamente separadas, em bancadas opostas como fora no inicio da época anterior, ocupando sectores dos anéis inferiores. O DUXXI na bancada Norte que se poderia sempre orgulhar de nunca ter mudado de sector e a JL de volta à bancada Sul que fora o seu segundo espaço de três (Ponta-Sul, Superior Sul e Superior Norte) em que existiu. O Grupo 1143 ocupava as primeiras filas do anel superior da bancada Sul, lugares especiais que foram adquiridos individualmente por um valor de 500 Euros cada um correspondendo a uma propriedade durante 20 anos. Antes do inicio desse espectáculo de inauguração, do lado de fora do estádio, o Mendes exibia o seu novo trunfo para essa época, o Nuno, que por estar perto do fim do cumprimento da pena teria autorização do juiz para passar alguns fins-de-semana fora da penitenciária e como tal acompanharia os
jogos do Sporting que lhe fossem possíveis acompanhar. A importância dele era tão grande que aquando das saídas da penitenciária era aguardado pelo “Cabeçudo” um dos sujeitos da confiança do chefe Mendes ou por ele próprio e durante aquele curto tempo de liberdade eram-lhe proporcionadas várias regalias, desde dormir em hotéis de luxo, passando por refeições nos melhores restaurantes e acabando com noitadas nas melhores discotecas e até casas de putas da capital. Essa apresentação não correu bem. Tudo começou na noite anterior quando aconteceu uma reunião na “casinha”, ainda no estádio velho que já estava parcialmente demolido, preparativa do jogo do dia seguinte. Um dos elementos do Grupo 1143 estava presente quando surgiram os do bairro da periferia. Foi uma situação semelhante à que acontecera dois anos antes com o outro elemento do Grupo 1143 que habitava no Porto. Se na outra situação, o rapaz do Porto se conseguira proteger dentro da cervejaria até à chegada do restante Grupo que em número igual aos do bairro e com muita presença policial nada conseguiram fazer, nessa noite foi bem diferente, porque apenas apareceu um elemento do Grupo para o seu resgate, depois de ter sido alertado via SMS, por alguém que estava presente naquela reunião, para as ameaças de agressão que o único elemento do Grupo 1143 ali presente sofria. “ Estes gajos do Grupo são bons quando estão juntos. Agora que estás aqui sozinho vais levar nos cornos quando saíres daí de dentro para dizeres aos outros como é”. Estas e outras ameaças pararam repentinamente, iniciando-se uma debandada de todos quantos se encontravam no exterior da “casinha”, cada um para seu lado. Essa fuga em massa foi provocada pelo tal elemento do Grupo 1143 que surgiu modestamente vestido com t-shirt, calção e chinelos mas bem acompanhado por uma shotgun, uma arma de calibre 6.35 e ainda um punhal, gritando o nome do seu companheiro de Grupo que se encontrava “refém” dentro daquelas instalações, ordenando para que ele saísse imediatamente. Ele saiu tranquilamente depois da fuga desesperada, na direcção do bairro de Telheiras, dos que antes o ameaçavam. No dia seguinte a festa começou cedo. Era previsível que aparecessem mais indivíduos da periferia para tentar vingar a noite anterior, como tal também o grupo 1143 conseguiu reunir todos os seus elementos e alguns conhecidos de outras batalhas extra-futebol, pagando com a mesma moeda o já esperado e habitual surgimento nestes importantes jogos dos rapazes da periferia que se faziam acompanhar de indivíduos para auxílio em eventuais conflitos que não eram adeptos do Sporting. O Grupo 1143 reuniu-se antes do jogo num bar próximo do estádio, em número diferente do habitual. Era ainda bem cedo quando se verificaram as primeiras escaramuças. Três elementos do Grupo 1143 que chegavam ao estádio encontraram três elementos da outra facção, quando passavam na bancada Sul junto à escadaria de acesso à “casinha” da claque, dos quais dois deles haviam estado na cena de ameaças da noite anterior. Os do Grupo 1143 atacaram com bastões, conseguindo atingi-los antes daqueles se colocarem em fuga como haviam feito na noite da véspera. Dirigiram-se de seguida para o mesmo bar onde teve lugar a concentração do Grupo 1143 que, algumas horas e cervejas depois, saiu em peso desse estabelecimento dirigindo-se novamente ao local da acção que acontecera antes. Os da outra facção tinham chegado também em número considerável mas sem qualquer capacidade de resposta para a organização que o Grupo 1143 havia preparado para aquela particular situação. Avançaram individualmente para cada um dos outros e não deram qualquer hipótese. O Nuno foi agredido por um deles, o Boniek, que em virtude da sua grande preparação de pugilista desferiu um golpe que deixou o outro abalado tendo-se posto em fuga tal como todos os outros que ali se encontravam ao reconhecerem a sua própria incapacidade. No meio desta confusão surgiu o Mendes que na tentativa de acalmar os ânimos, e para salvar o seu “convidado” de uma situação muito embaraçosa, agarrou um dos homens pertencentes ao Grupo 1143 e foi também agredido por outro que lá se encontrava e acabou por passar mais uma humilhação. Vários dos elementos presentes ligados ao Grupo 1143 desmobilizaram pouco antes do início do
espectáculo que teve lugar dentro do estádio, ficando apenas a vintena habitual acomodada na primeira fila, junto ao varandim do sector B da bancada Sul, correspondente aos lugares cativos previamente adquirido. Baptizaram o estádio com “saudação romana” enquanto soavam os acordes do Hino português causando um certo frenesim nas filas de bancada à sua volta. Mais tarde os da turma do Nuno, já com o jogo a decorrer, ressurgiram em maior número de indivíduos para uma tentativa de ajuste de contas que não foi possível porque os ingressos que eles possuíam apenas permitiam acesso aos sectores da bancada A correspondente ao anel inferior do estádio, contrariamente ao Grupo 1143 que se encontrava no anel superior do estádio. Para a história da inauguração do estádio ficou isto que descrevi. Aquela época de 2003/2004 serviu como preparação para a organização portuguesa do Campeonato Europeu. Foram testados os novos estádios e todas as novas estruturas a eles inerentes, como os centros comerciais, estacionamentos, segurança privada (stewards), sedes das claques, etc. Tudo se transformou incluindo as forças policiais. Aproveitando o embalo desse evento foi criado em Portugal, para acompanhamento único e exclusivo do fenómeno das claques, um departamento de policia (spotters) que durante essa época preparatória receberam uma formação das policias inglesas e holandesa que haviam sido as responsáveis pela segurança da organização das duas anteriores competições europeias de selecções. Esse departamento de polícia continuaria depois, especificamente responsável por todas as ocorrências em recintos desportivos, especialmente os estádios de futebol. O meu envolvimento com a Beth acentuava-se e por esse motivo afastei-me mais do futebol e aproveitava as tardes em que podia, algumas durante a semana mas sobretudo nos fins-de-semana, em dias de jogo que possibilitavam a ausência do marido, para me encontrar com ela num apartamento de sua propriedade situado no Rêgo na Rua da Beneficência, onde passei momentos loucos de sexo, saliva e suor com aquela mulher insaciável. Já não precisávamos de falar pelo MSN, nem de trocar mensagens através do telemóvel. Bastava estar atento ao calendário das provas de futebol e dirigir-me ao edifício onde ficava o apartamento e onde ela, umas vezes me aguardava no interior, outras chegava depois de mim no seu carro, topo de gama de marca luxuosa, oferecido pelo marido. Mais tarde ela conseguiria que eu me mudasse para esse apartamento passando eu a pagar bem menos do que pagava quando estive hospedado naquele da Avenida Álvares Cabral e com a vantagem de estar sozinho sem ter de aturar as loucuras dos outros com quem o partilhava. O marido dela nunca suspeitou de nada ou então teve medo de descobrir. Com certeza que ele teria relações por fora do casamento até porque ela, a Beth, que alguns tempos depois me confidenciaria, por vezes encontrava embalagens de medicamentos estimulantes sexuais que, segundo hipótese colocada por ela, certamente seriam utilizados para conseguir ter relações com outras mulheres ou até mesmo com outros homens, como também suspeitava, já que nela ele não tocava há muito tempo. O Grupo 1143, durante essa época, passeou a fama que granjeara e, fora do controlo policial por não pertencerem oficialmente a nenhuma claque, puderam levar a cabo todas as acções devidamente preparadas e todos os confrontos com claques de clubes rivais saindo quase sempre vitoriosos. Destacaram-se sobretudo contra a principal claque do eterno inimigo, nos jogos de futebol e na modalidade futsal disputados entre ambos os clubes, conquistando e ultrajando a faixa de um dos núcleos mais importantes daquela e apoderando-se de alguns estandartes numa batalha travada do estádio do
adversário, ainda que o Grupo 1143 se tenha apresentado em inferioridade numérica. Estes “troféus” foram depois exibidos através de fotos colocadas na internet. Os feitos do Grupo 1143 obtiveram reconhecimento por parte de outras organizações extremistas de direita nacionais e internacionais e também por parte de renomados grupos de adeptos do exterior, ligados a essa ideologia, como era o caso dos anteriormente citados Irriducibili (Inter) e também os míticos Ultras Sur (Real Madrid). Estas notícias corriam rapidamente no submundo “claqueiro” português e os candidatos a integrantes do Grupo 1143 aumentavam exponencialmente levando ao crescimento natural do próprio número de elementos e acompanhantes. Madrugada de 5 de Janeiro de 2004. O Sporting venceu o derby fora, por 3-1 num jogo que todos os elementos do Grupo 1143 assistiram pela televisão na “Tasca”, após decisão tomada por todos justificada pelo número insuficiente de bilhetes conseguidos que não permitiam que todos pudessem ver o jogo “in loco”. Este problema aconteceu porque o chefe Mendes conseguia apoderar-se de grande percentagem dos ingressos que eram cedidos pelos adversários, para serem vendidos aos adeptos do Sporting, passando por uma filtragem feita pelos funcionários do departamento de bilheteira que o clube possuía e com os quais o Mendes mantinha óptimas relações, fazendo do monopólio dos bilhetes o seu verdadeiro centro de poder na bancada. Ficou no ar uma sensação de vingança pelos acontecimentos do ano que havia passado, tanto mais que dentro do estádio pude constatar que muitos desses ingressos haviam sido, não podendo precisar se, dados ou vendidos ao Nuno e a elementos que o acompanhavam apenas nesses jogos importantes, como era normal, provenientes do seu bairro, sendo que muitos deles nem adeptos do Sporting eram e se encontravam ali para fazer a “guarda de honra”. Quando o jogo acabou, o Grupo 1143 saiu da “Tasca”. Estando todos os elementos embriagados e eufóricos pela vitória, distribuíram-se por 4 viaturas fazendo o acompanhamento de um deles à estação de Santa Apolónia onde deveria apanhar o comboio que o levaria ao Porto, cidade onde vivia. Assim chegados àquele local depararam-se com um comboio pronto para partir com bastantes adeptos do Benfica como passageiros. O estado de embriaguez dos elementos mais novos do Grupo 1143 levou ao desencadear de uma grande cena de pancadaria, começando com agressões a “lampiões” que se encontravam ainda fora das carruagens, na plataforma, em número igual de elementos que rapidamente triplicou com a aproximação de alguns que se encontravam do lado de fora da estação, reagindo ao barulho do confronto, e ainda de outros que saíram das carruagens para socorrer os agredidos também adeptos do seu clube, alguns empunhando objectos cortantes. Essa acção imponderada resultaria em 10 feridos. Três elementos do Grupo 1143 foram esfaqueados no confronto. Foram precisamente os elementos com menos experiência naquele tipo de situações, e com a agravante de se encontrarem mais ébrios que os restantes naquele momento, que saíram gravemente feridos. Do outro lado, dos sete benfiquistas que necessitaram de assistência médica, um deles esteve mesmo, durante algum tempo, entre a vida e a morte. Nos tempos que se seguiram a esse episódio o Grupo 1143 viu-se forçado a resguardar-se porque tinham todas as atenções para si viradas, sobretudo as da polícia através das investigações e acompanhamento das situações no âmbito da preparação para o Euro 2004 e que se prendiam também com as relações internacionais, que o Grupo 1143 mantinha, e que poderiam levar à ocorrência de encontros e concentrações perigosas durante o mês da disputa da prova como, de facto, veio a acontecer. Nesse inicio do ano de 2004, as claques do Sporting assinaram definitivamente o tal “pacto com o diabo” que tinha sido o motivo do abandono de muitos elementos do DUXXI.
Novembro de 2003 REGULAMENTO DOS GRUPOS ORGANIZADOS DE ADEPTOS (CLAQUES) DO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL A Lei nº 38/98, de 4 de Agosto, estabelece medidas preventivas e punitivas a adoptar em caso de manifestações de violência associadas ao desporto, proibindo aos promotores dos espectáculos desportivos qualquer tipo de apoio aos grupos organizados de adeptos que não cumpram os requisitos mínimos fixados naquela Lei e que se destinam, essencialmente, à possibilidade de imputação de responsabilidades individuais em caso de fenómenos de violência. Sabe-se que está em fase de estudo e preparação uma alteração legislativa que intensificará a responsabilização dos Clubes pelos actos praticados pelas claques (grupos organizados de adeptos) caso estas não se encontrem organizadas nos termos legais, impondo ainda outras medidas destinadas a evitar fenómenos de violência associados ao espectáculo desportivo, das quais cumpre realçar a aplicação do quadro legal punitivo a todo o itinerário percorrido pelas claques nas deslocações a estádios de outras equipas e bem assim a aplicação de medidas cautelares, como a obrigação de apresentação em esquadra policial de determinados adeptos às horas de realização dos jogos das suas equipas. Estas medidas inserem-se no quadro da preparação da realização em Portugal do Campeonato Europeu de Futebol, em 2004. Independentemente da entrada em vigor de medidas legislativas, o Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, ouvido o Conselho Fiscal e Disciplinar do Clube e o Conselho de Administração da Sporting – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD, deliberou nomear uma Comissão de Acompanhamento da Legalização e Enquadramento das Claques, que ficou incumbida de, ouvidas as mesmas, preparar um projecto de regulamento, criando um quadro regulamentar próprio, com o objectivo de consagrar soluções preventivas que permitam reconduzir as Claques à ideia original do conceito: grupos organizados de adeptos de um Clube desportivo, como tal imbuídos do espírito ético e desportivo que deve nortear a sua actuação. Isto sem descurar o aspecto punitivo, mediante a aplicação expedita de sanções disciplinares quando a actuação das Claques ou dos seus membros não se conforme com o quadro legal e regulamentar em vigor. Urge também promover a adopção pelas claques de um comportamento verdadeiramente ético e
desportivo, procurando libertá-las da actual imagem associada à violência e outros fenómenos antisociais. Na verdade, o espírito associativista que deve nortear a vida de um Clube como o Sporting não permite que uma minoria de adeptos – que a maioria das vezes nem sócios são, ponha em causa a imagem colectiva do Clube e dos seus sócios. Por outro lado, reconhece-se que as Claques, desde que obedeçam às regras de comportamento civilizado e pacífico preconizados pelo Estado e pelo Clube, podem constituir uma mais-valia para o espectáculo desportivo. Por último, a transição para o Novo Estádio José Alvalade afigura-se como o momento ideal para a implementação das medidas consagradas no presente regulamento. Criou-se, assim, um regulamento das claques de apoio do Sporting Clube de Portugal que assenta em quatro princípios fundamentais: reconhecimento e prestação de apoio às Claques que cumpram escrupulosamente o quadro legal e regulamentar aplicável, sob pena de lhes ser imediatamente retirado o apoio previsto no presente regulamento e da aplicação de medidas disciplinares ou o outras adequadas à situação; imperatividade da legalização e de registo no Clube das Claques do Sporting Clube de Portugal; obrigatoriedade dos filiados das Claques serem também sócios do Sporting Clube de Portugal; O princípio da auto-responsabilização das Claques, significando que o apoio que o Clube está disposto a prestar fica condicionado ao integral cumprimento, pelas Claques, seus Filiados ou aqueles que se integrem nas actividades por elas organizadas, do disposto na Lei e no regulamento acima referido. Espera-se assim, em especial dos responsáveis pelas Claques, que imponham e zelem pelo impecável comportamento cívico e desportivo de todos, em especial por ocasião dos jogos das competições de futebol profissional, no Estádio José Alvalade ou nos campos adversários, sob pena de ser suspenso qualquer apoio que estivesse a ser prestado à Claque. Em caso de prevaricação no incumprimento, os apoios poderão mesmo ser retirados definitivamente. Com as medidas ora tomadas espera-se contribuir para o desenvolvimento do espírito ético e desportivo dos adeptos, em prol da indispensável regeneração do Futebol Profissional em Portugal e, em especial, para o engrandecimento da imagem do Sporting. Nesta medida, ouvido o Conselho Fiscal e Disciplinar, foi aprovado pelo Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal e pelo Conselho de Administração da Sporting–Sociedade Desportiva de Futebol, SAD, o seguinte regulamento: Capítulo I Âmbito de aplicação. Definições Artigo 1º (Âmbito de aplicação) 1. O presente Regulamento aplica-se aos Grupo Organizados de Adeptos do Sporting Clube de Portugal, adiante designados Claque ou Claques, constituídos nos termos legais e do presente Regulamento, bem como aos seus filiados e adeptos. 2. Apenas as Claques que cumpram e façam os seus filiados e adeptos cumprir as regras legais e regulamentares aplicáveis poderão beneficiar do apoio previsto no regulamento, a prestar pelo Sporting Clube de Portugal, pela Sporting – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD ou outras empresas do universo empresarial do Sporting.
3. Em caso de infracção das normas legais ou regulamentares aplicáveis, pelas Claques, seus filiados ou adeptos, o Conselho Directivo, ouvido o Conselho Fiscal e Disciplinar, poderá ordenar a cessação imediata ou a suspensão temporária ou condicional de qualquer tipo de apoio ou ordenar outras medidas que entenda adequadas à situação. 4. Existindo mais de uma Claque registada, o apoio previsto no presente regulamento será prestado em condições de igualdade, atendendo ao número de filiados registados nos ficheiros de cada Claque. Artigo 2º (Definições) Para os efeitos do regulamento, as seguintes expressões significam: Claques: os grupos organizados de adeptos do Sporting Clube de Portugal, constituídos em associação e cumprindo os demais requisitos previstos na Lei nº 38/98, e que se apresentem regular e organizadamente a apoiar as equipas de futebol do Sporting (Sporting – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD) ou de outras modalidades do Clube nos jogos que estas disputem no Estádio de Alvalade e nas deslocações das equipas aos estádios das equipas adversárias; Filiados: Os membros das associações que personificam as claques e são simultaneamente sócios do Clube, como tal registados no ficheiro de filiados previsto na Lei e no presente regulamento. Adeptos das claques: aqueles que não sendo membros das associações que personificam as claques ou, sendo-o, não sejam sócios do Clube, e que integrem manifestações das Claques, dentro ou fora dos recintos desportivos ou campos de jogos, sob responsabilidade dos responsáveis das Claques. Apoio às Claques: o apoio principal consiste na afectação de metade da receita das quotas de sócio do Clube pagas pelos sócios da Claque em causa e na disponibilização de um espaço para sede. Pontualmente, o apoio a prestar às Claques, nos termos legais, poderá abranger a concessão de outros apoios a definir pelo Conselho Directivo do SCP em conjunto com o Conselho de Administração da Sporting – Sociedade Desportiva de Futebol, SAD, sob proposta da Comissão, podendo ser alterado em função da evolução do campeonato e das competições disputadas pela equipa do SCP. Responsáveis das Claques: os titulares dos órgãos sociais das associações que personificam as claques ou aqueles que assumam a direcção efectiva da claque num determinado evento ou situação pontual. Estádio de Alvalade: o recinto desportivo, área de competição, bancadas, acessos, edifício da sede do Clube, museu, zonas comerciais e de estacionamento, arruamentos particulares e edifícios envolventes ao Estádio José Alvalade e, em geral, o complexo desportivo do Sporting Clube de Portugal, designado de Alvalade XXI. Abrange igualmente o Centro de Formação e Estágio em
Alcochete e qualquer complexo desportivo utilizado para estágio, treino ou permanência das equipas do Sporting Clube de Portugal, no país ou no estrangeiro. Deslocações: Todo o percurso das Claques nas deslocações para assistir a jogos disputados fora do Estádio de Alvalade, incluindo concentração, o transporte, quaisquer paragens deste, designadamente em estações de serviço, estabelecimentos de restauração, hoteleiros ou outros, bem como o período de permanência antes, durante e após o jogo que motiva a deslocação, até ao regresso da Claque ao ponto de partida. Pessoas e Bens: Os dirigentes, funcionários e prestadores de serviços do Sporting Clube de Portugal ou das suas participadas, designadamente da Sporting – Sociedade Desportiva de Futebol, e quaisquer bens, móveis ou imóveis, propriedade daqueles. Abrange igualmente todas as pessoas, veículos ou outros bens móveis ou imóveis, que se encontrem no Estádio de Alvalade. Capítulo II (Organização Jurídica das Claques) Artigo 3º (Constituição em Associação e Registo) 1. O reconhecimento e apoio previsto neste regulamento apenas poderá ser concedido e prestado às Claques que demonstrem encontrar-se constituídas em associação nos termos gerais de direito e como tal registadas no Sporting Clube de Portugal. 2. O registo das Claques na Liga Portuguesa de Futebol Profissional, nos termos do disposto no artigo 6º da Lei nº 39/98, compete ao Clube ou à Sporting SAD, nos termos regulamentares. 3. A concessão de apoio previsto no regulamento está igualmente dependente da manutenção pela Claque – e respectiva disponibilização permanente ao Clube, de um registo organizado e actualizado dos seus filiados, com a indicação dos respectivos nomes, filiação, estado civil, morada, profissão e número de sócio do Sporting Clube de Portugal. Artigo 4º (Obrigatoriedade dos Filiados serem sócios do Sporting) OS Filiados das Claques terão obrigatoriamente de ser sócios do Sporting Clube de Portugal, pelo menos na Categoria C. Todos aqueles que constem dos ficheiros de sócios das Claques mas não sejam sócios do Clube serão considerados Adeptos e como tal irrelevantes para a contabilização do apoio a prestar nos termos do presente regulamento. Artigo 5º (Responsabilidade pelo actos dos adeptos) 1. A presença de Adeptos nas Claques em deslocações, no espaço reservados às Claques ou em qualquer outro evento protagonizado por aquelas terá carácter excepcional, e só poderá ser admitida mediante a prévia identificação dos adeptos.
2. As Claques e os responsáveis das Claques são inteiramente responsáveis pelos actos dos adeptos que se integrem nas deslocações, se encontrem no espaço reservados às Claques ou em qualquer outro eventos protagonizado por aquelas, podendo ser impostas sanções disciplinares às claques e aos seus responsáveis ou retirado o apoio previsto no presente regulamento por actos imputáveis àqueles adeptos. Artigo 6º (Órgãos sociais das Associações) 1. titulares do órgão de administração das Associações que Os personificam as Claques são, para efeitos do presente regulamento, considerados os responsáveis pelas Claques. 2. O ficheiro previsto no artigo 8º indicará, expressa e actualizadamente, a identificação dos Responsáveis pela Claque. 3. O apoio previsto no presente regulamento poderá não ser concedido ou ser retirado, caso por razões objectivas os responsáveis da Claque não mereçam a aprovação do Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal, ouvido o Conselho Fiscal e Disciplinar. Artigo 7º (Registos na Liga e no Clube) 1. Além do registo na Liga Portuguesa de Futebol Profissional, as Claques serão registadas no Sporting Clube de Portugal. 2. Serão obrigatoriamente registados no livro do Clube, além da data de constituição, a composição actualizada dos órgãos sociais, as respectivas alterações e os incidentes que venham a ser objecto de processo de inquérito, bem como as respectivas decisões e sanções aplicadas, para efeito do disposto no capítulo sobre sanções disciplinares. Artigo 8º (Ficheiro dos filiados) As Claques estão obrigadas a manter e disponibilizar ao Clube um ficheiro informático organizado e actualizado, contendo pelo menos, a indicação dos respectivos nomes, filiação, estado civil, morada, profissão e número de sócio do Sporting Clube de Portugal. Capítulo III Apoios às Claques Artigo 9º Categoria C (Claques) O Conselho Directivo criará uma Categoria C, Claques, com as seguintes características: a. destina-se exclusivamente aos filiados de Claques, que comprovem a sua inscrição numa das
Claques reconhecidas pelo Clube; b. Será concedida isenção do pagamento de jóia de inscrição no Clube, total ou parcial, em termos a definir pelo Conselho Directivo; c. O valor da quota mensal pago pelos Sócios Claque será distribuído, em partes iguais, pelo Clube e a Claque de que o sócio seja filiado. d. Poderão ser definidas outras regalias pelo Conselho Directivo, designadamente no que respeita à criação de bilhetes de época a preços especiais para estes sócios. Artigo 10º (Instalações para sede) 1. Cada uma das Claques poderá utilizar instalações, devidamente delimitadas no Estádio de Alvalade, para sede da associação, preparação e armazenagem de materiais relacionados com as suas coreografias, faixas e simbologia, realização de reuniões e preparação de eventos. É expressamente proibido o depósito ou armazenagem de quaisquer objectos proibidos ou susceptíveis de possibilitar ou agravar fenómenos de violência. 2. O Sporting Clube de Portugal e a Sporting – SAD realizarão as acções de fiscalização destinadas a assegurar o cumprimento da lei e do presente regulamento quanto à utilização das instalações, tendo os seus representantes acesso ilimitado às instalações, ainda que estas não se encontrem em utilização. Artigo 11º (Localização das Claques) 1. As claques terão a sua actuação limitada no Estádio José Alvalade aos locais para o efeito destinados e delimitados por determinação conjunta do Conselhos Directivo, Fiscal e Disciplinar do Sporting Clube de Portugal, Conselho de Administração da Sporting SAD e NEJA-Novo Estádio José Alvalade, S.A, sob proposta da Comissão. 2. Os locais destinados às Claques serão objecto de todas as medidas de vigilância permitida por lei, designadamente através da instalação de câmaras de vídeo. 3. Os filiados nas claques só poderão adquirir lugares especiais, bilhetes de época ou de sócio para tais lugares destinados à claque a que pertencem. Artigo 12º (Acompanhamento administrativo das Claques) Sem prejuízo da manutenção em funções de uma Comissão de Acompanhamento das Claques, que será indicada pelo Conselho Directivo, que supervisionará as questões relacionadas com as Claques, em ligação com o Conselho Directivo e Conselho de Administração da Sporting SAD, será criada uma estrutura de apoio administrativo, para acompanhamento das actividades das Claques a nível informático, manutenção de ficheiros, logística, instalações, jurídico, registo das Claques e, em geral, todas as matérias de processamento administrativo que resultem do presente regulamento.
Capítulo IV Obrigações das Claques e seus Responsáveis (Artigo 13º) 1. Os responsáveis pelas Claques são os lideres dos Grupos organizados de adeptos pelo têm por obrigação fundamental a promoção e incentivo do espírito ético e desportivo dos membros das Claques. Aos responsáveis pelas Claques cumpre, especialmente: a. Adoptar sempre um comportamento cívico exemplar, cumpridor das leis e regulamentos em vigor; b. Abster-se de quaisquer manifestações ou comportamentos que ponham em causa o bom nome e imagem do Clube e ou da Claque, designadamente enquanto em exercício das suas funções, mantendo uma postura sóbria de liderança das actividades da Claque. c. Colaborar activamente com as entidades de supervisão policial e com os responsáveis do Clube ou da Sporting Sociedade Desportiva de Futebol; d. Zelar pelo impecável comportamento dos restantes membros da Claque, pelo rigoroso cumprimento da lei e do presente regulamento e em especial que os cânticos, faixas e coreografias não sejam ofensivos, respeitem a lei e não utilizem palavras ou expressões desprimorosas ou impróprias para adversários, outros Clubes ou dirigentes. e. Zelar pela segurança dos membros da Claque, evitando situações de conflito, manifestações ou qualquer outras formas de violência que possam pôr em causa a integridade física dos membros das claques, dos restantes adeptos ou que qualquer pessoas e bens em geral. f. Para efeitos do disposto nos números anteriores, é especialmente vedado aos responsáveis das claques comparecer em aparente estado de embriaguês, de consumo de estupefacientes ou qualquer outra condição que impeça o normal discernimento exigível ao líder de um Grupo; As Claques cumpre: a. Adoptar sempre um comportamento cívico exemplar, cumpridor das leis e regulamentos em vigor; b. Abster-se de quaisquer manifestações ou comportamentos que ponham em causa o bom nome e imagem do Clube e ou da Claque, c. Colaborar activamente com as entidades de supervisão policial e com os responsáveis do Clube ou da Sporting Sociedade Desportiva de Futebol; d. Observar impecável comportamento no rigoroso cumprimento da lei e do presente regulamento e em especial que os cânticos, faixas e coreografias não sejam ofensivos, respeitem a lei e não utilizem palavras ou expressões desprimorosas ou impróprias para adversários, outros Clubes ou dirigentes. e. Evitar situações de conflito, manifestações ou qualquer outras formas de violência que possam pôr em causa a integridade física dos membros das claques, dos restantes adeptos ou que qualquer pessoas e bens em geral. f. Sempre que solicitado pelo Sporting Clube de Portugal as claques obrigam-se a estar presente nas competições das outras modalidades não futebol em que o clube participe. Capítulo VI
(Sanções e Poder Disciplinar) (Artigo 14º) As sanções aplicáveis ao abrigo do presente regulamento são: 1. Responsáveis e filiados das claques: admoestação, proibição de acesso ao Estádio José Alvalade, especialmente em dias de jogos, suspensão temporária ou definitiva de sócio do Clube, com a consequente perda de estatuto de filiado. 2. Adeptos das Claques: proibição de entrada no Estádio José de Alvalade e de acompanhar as claques nas suas deslocações. 3. Claques: Suspensão dos apoios previstos no regulamento, total ou parcialmente. Em caso de especial gravidade de comportamentos ou reiteração de violações do regulamento, poderão ser retirados definitivamente todos ou alguns dos apoios concedidos à Claque. As Claques e os responsáveis das Claques são inteiramente responsáveis pelos actos dos adeptos que se integrem nas deslocações, se encontrem no espaço reservados às Claques ou em qualquer outro eventos protagonizado por aquelas. 4. Não poderá beneficiar de qualquer apoio a Claque a quem tenha sido aplicada mais de uma sanção disciplinar ou retirado ou suspenso o apoio por mais de uma vez. Da mesma forma, a Claque a cujos responsáveis tenha sido aplicada mais de uma sanção disciplinar perde o direito à concessão de apoio, até que o responsável em causa venha a ser substituído. 5. As Claques e os responsáveis das Claques são inteiramente responsáveis pelos actos dos adeptos que se integrem nas deslocações, se encontrem no espaço reservados às Claques ou em qualquer outro eventos protagonizado por aquelas, podendo ser impostas sanções disciplinares às claques e aos seus responsáveis ou retirado o apoio previsto no presente regulamento por actos imputáveis àqueles adeptos. 6. Caso o Clube ou a Sporting Sociedade Desportiva de Futebol, SAD venham a ser condenados em multas por actos imputáveis a Claques, o montante das mesmas será deduzido da verba do apoio a prestar (quotização e apoios a jogos), até à concorrência da mesma. 7. A aplicação das sanções previstas, à excepção da dedução por multas referida no número anterior compete ao Conselho Directivo, ouvido o Conselho Fiscal e Disciplinar do Clube. Capítulo VII (Entrada em Vigor) O presente regulamento entra imediatamente em vigor.
Os únicos beneficiados com a assinatura deste protocolo foram os chefes das claques que ficaram legitimados para serem “claqueiros” profissionais, auferindo ordenado garantido (artigo 2, artigo 9 C,) e com a vantagem de não declararem rendimentos às finanças, foram também os dirigentes do clube que deixavam de ter preocupações com possíveis contestações da parte dos primeiros ao criar este género de chantagem (principio fundamental D, artigo 14) e por fim a nova força policial que nem teria o trabalho de investigar para conseguir exercer um controlo eficaz sobre os indivíduos que compõem as claques do Sporting (artigo 3, 8 e 13 C). No Capítulo I, artigo 2º a expressão “Apoio às Claques” indicava “a afectação de metade da receita das quotas de sócio do Clube pagas pelos sócios da Claque” e ainda “…a concessão de outros apoios a definir…” que mais não eram do que uma espécie de pagamento em “géneros”, mais especificamente pagamento de materiais para coreografias ou de autocarros para deslocações, criando uma verba de algumas dezenas de milhares de euros que seriam depois distribuídas percentualmente à razão do numero de sócios que cada claque apresentasse. Resumindo e supondo que uma claque apresentasse mil associados cada chefe de claque receberia mensalmente 6 euros por cada 1 dos sócios, já que a quota do clube eram 12 euros, o que faria um total de 6000 euros mensais, livres de impostos e ainda com o tal apoio em géneros onde poderiam auferir algo mais bastando para isso apresentar comprovantes de gastos em material. A lista de associados da claque poderia passar a incluir qualquer associado do clube, que era o que de facto interessava, podendo abdicar do recebimento da habitual jóia de inscrição de 25 euros visto que esse valor seria realizado em apenas 4 meses através do pagamento a que o clube se comprometia com o protocolo. Poderiam também as claques recorrer às suas próprias listagens de anos anteriores onde figurassem membros que fossem sócios do clube, utilizando os dados desses para aumentar o índice sobre o qual seria feito o pagamento. Nasceu assim um dos melhores “empregos” que tive conhecimento em toda a minha vida. Um ordenado principesco para não incomodar os dirigentes, denunciar os próprios companheiros à polícia, sem sequer precisar de comparecer no estádio e ainda o privilégio na venda de ingressos como vim a comprovar mais tarde.
24 de Abril de 2004. O Sporting jogava em Leiria e cerca de 10 elementos do Grupo 1143 concentraram-se ainda em Lisboa junto ao estádio do Sporting no Centro Comercial adjacente antes da deslocação para aquela cidade. Um deles, que chegou um pouco mais tarde, quando se dirigia sozinho para a entrada do edifício foi interpelado por um grupo de elementos do DUXXI, sendo alvo de ofensas e ameaças. Depois de passar aquela barreira intimidatória juntou-se aos outros elementos do Grupo 1143 que o aguardavam, aos quais relatou o que havia sucedido momentos antes no exterior. Saíram rapidamente do Shopping determinados a encontrar os que o tinham ameaçado, com quem se cruzaram de imediato e em quem bateram violentamente como forma de retaliação ao que acontecera antes. Após essa rixa seguiram pela A1 para Leiria, parando na primeira área de serviço, de Aveiras de Cima, situada nesse trajecto. Entraram e sentaram-se os 12 elementos do Grupo 1143, enquanto bebiam umas cervejas como já era hábito em todas as deslocações que faziam para acompanhar o clube. Passado algum tempo chegaram 2 autocarros, transportando cerca de 80 elementos do DUXXI. Um desses saiu na frente entrando no estabelecimento onde se encontravam os elementos do Grupo gritando em tom de ameaça, o que fez com que os elementos do Grupo 1143 ali presentes se levantassem e se preparassem para o confronto que aconteceu de seguida, visto que cerca de 40 elementos do DUXXI, entre os quais aqueles que haviam sido agredidos uma hora antes, seguiram aquele mais exaltado. O choque inevitável deu-se, para além do contacto físico, com o arremesso de tudo o que existia possível de ser atirado de um lado e do outro das partes daquela batalha, deixando porém o Grupo 1143 encurralado no interior da loja e em número bastante inferior. A luta terminou com a intervenção de um polícia que passava no local que, ao ver o desespero dos funcionários e sobretudo do gerente que assistiam impotentes à destruição total do local de trabalho, interveio erguendo a sua pistola e ordenando o fim daquela guerra. Os elementos do DUXXI saíram de imediato e refugiaram-se no autocarro que seguiu viagem rapidamente por se terem apercebido que tinham sido chamados reforços policiais que surgiram entretanto. Os elementos do Grupo 1143 que tinham ficado encurralados foram todos detidos e levados pelos polícias que apareceram até à esquadra daquela cidade, onde foram identificados e alguns “pressionados” por alguns agentes, que uma vez mais recorreram ao velho estilo da polícia e uma vez mais se revelou infrutífero, para narrarem o que tinha acontecido. A única resposta que saiu foi de que a culpa teria sido dos outros e por não se conseguir provar isso, esse processo acabaria por ser arquivado mais tarde como se concluiria que o Grupo 1143 já estaria na estação havia uma meia hora sem qualquer problema até chegarem os elementos da claque Norte e aí sim começaram os distúrbios sem ser possível determinar quem começou e quem fez o quê. A detenção daqueles seria devida ao facto da polícia não ter capacidade para deter 80 elementos e como tal optou por levar aqueles 12. A queixa apresentada pelos responsáveis pela estação de serviço em virtude do prejuízo provocado pelos estragos foi também arquivada porque era impossível imputar a cada indivíduo a responsabilidade da sua acção. Tempos depois ainda seriam chamados a prestar declarações em esquadras de Lisboa mas não deu em nada. Naquele dia foram libertados quando a partida em Leiria já decorria e como tal regressaram a Lisboa sem ver o jogo e com mais um processo movido contra alguns deles. 2 de Maio de 2004. O Sporting recebia o Benfica no seu estádio na penúltima jornada. Pela primeira
vez na minha vida assisti a uma invasão de campo…feita para nada! Como tal nem vale a pena descrevêla porque não há mesmo nada para dizer, excepto que foi mais uma ridícula aparição do Mendes que apenas serviu para que se questionasse a eficácia da segurança dos estádios e criar um enorme alarido um mês antes do inicio do Campeonato da Europa. A invasão foi contida por 1 polícia e por 1 dirigente do clube… Este acontecimento para mim teve uma importância diferente visto que devido às imediatas reacções na imprensa de alguns directores do clube fiquei a saber quem era o marido da Beth. Ele foi um dos que surgiu a condenar aquela atitude da claque anunciado a abertura de um inquérito e admitindo a possibilidade de lhe serem retirados os apoios. Reconheci-o depois de o ver na televisão e identificando-o com as fotos que ela trazia na sua carteira e que me havia mostrado nos primeiros dias em que contactámos fisicamente. No dia seguinte encontrámo-nos no meu/dela apartamento e por baixo dos lençóis, durante mais uma tarde de fervor sexual, contou-me que estranhava aquelas declarações do marido porque tinha a sensação de que as relações deste com alguns elementos das claques eram privilegiadíssimas confidenciando-me então aquela história dos estimulantes sexuais estabelecendo a relação da sua aquisição com um chefe de claque que lhos vendia porque os conseguia obter facilmente. Esta confissão foi sustentada por uma investigação paga por ela, com o intuito de perceber o porquê da inexistência de apetite sexual do seu marido, feita por um detective particular que o seguiu durante um período de tempo considerável e no qual descobriu não só esse negócio como também a compra esporádica de cocaína para consumo em festas que habitualmente frequentava numa conhecida discoteca da cidade juntamente com outros elementos ligados à claque JL. Junho de 2004, Campeonato da Europa jogado em Portugal. O grande atractivo dessa competição seria sem dúvida nenhuma, como em qualquer competição de selecções, os ingleses. A selecção italiana não tem qualquer apoio das facções Ultras e quem acompanha a selecção são de um modo geral os emigrantes. Eu tal como qualquer outro Ultras não me revejo minimamente na selecção, nem acompanho essas competições de selecções com a mesma paixão do futebol de clubes. Mas os ingleses merecem ser vistos antes, durante e depois dos jogos. Estive no Algarve propositadamente para ver o jogo de preparação disputado, algumas semanas antes do inicio do torneio, entre a selecção portuguesa e a inglesa. Foi um jogo amigável sem qualquer incidência, até porque a maioria dos ingleses presentes no estádio eram residentes naquela região a Sul de Portugal. A única novidade e que me deixou estupefacto, devido ao meu total desconhecimento da existência deste fenómeno, prendeu-se com a constatação da existência de uma claque da selecção. A minha perplexidade não esteve relacionada com a existência da claque em si, mas sim com os líderes que mais não eram que o chefe da JL do Sporting conjuntamente com os chefes das claque do Benfica, do Porto, da Académica de Coimbra e um tal de Barbas ligado ao DUXXI, a outra claque do Sporting. Para mim aquele cenário passou de surreal a infame quando verifiquei que utilizavam a palavra Ultras na sua denominação. Era o mesmo que chamar “profiteroles” a um balde de merda. Aquela situação é inimaginável nos princípios e nos códigos Ultras. Era notório que o principal objectivo daquele ajuntamento seria o de conseguir alguma verba, através de patrocínios ou de algum subsídio que porventura pudesse surgir em virtude da mais importante competição acontecida em Portugal. Não sei, nem quis saber, como aquilo acabou. Durante esse mês em que decorreu a competição foi promovida uma concentração de elementos ligados a um grupo skinhead de extrema-direita, numa localidade situada nos arredores de Lisboa e para a qual foram convidados congéneres de outros países europeus registando-se uma presença de 2 centenas de indivíduos, sendo em maior número os portugueses e em seguida os espanhóis que aproveitaram essa
deslocação para acompanhar também as partidas da sua selecção realizadas durante aquela prova. Esse grupo de skinheads crescera rapidamente e em bom número, dele fazendo parte alguns dos elementos do Grupo 1143. A noite desse evento foi recheada de peripécias. Começando pela tentativa de aproximação ao local por parte de alguns corajosos jornalistas que foram prontamente afugentados pela segurança do evento, constituída por elementos do próprio grupo, que se encontravam no exterior ainda bem afastados do recinto, passando depois pelo bloqueio por parte da polícia de todas as estradas de acesso ao local fazendo a identificação de todas os indivíduos que seguiam nas viaturas que por ali transitavam e acabando com uma intervenção policial já a meio da noite, digna de um filme de acção anti-terrorista, levando à detenção de 4 elementos que foram libertados no dia seguinte. A pressão sobre aquele movimento extremista acentuava-se e consequentemente os elementos mais carismáticos do Grupo 1143 eram alvo de atenção redobrada por parte das autoridades. O Grupo 1143 atingia o estatuto de elite, não só nos estádios de futebol mas também nos meandros dos grupos extremistas de direita europeus, face às notícias que corriam sobretudo pela internet no circuito de sites e fóruns relacionados com aquele movimento, contribuindo para que fossem solicitados até para reportagens e debates sobre as claques em vários canais televisivos portugueses e para várias entrevistas para publicações do exterior. TRADUZIDO DO INGLÊS O SCP inclui, entre os seus adeptos, um dos grupos mais assustadores num país onde estes comportamentos não são muitos habituais. NADSAT levar-vos-á a um dos lados mais negros do futebol… Quando e como foi criado o grupo 1143? – Foi criado a 1 de Julho de 2001 por 7 amigos que tinham em comum o serem fans do sporting e eram skinheads de extrema-direita… começámos a construir uma elite dentro dos apoiantes do Sporting. O que significa o número 1143? – O número representa o ano do nascimento de Portugal como país. O grupo é só formado por skinheads? Quantos são (mais ou menos)? – Tirando 4, somos todos skinheads. Neste momento somos 34 membros. Temos ainda 20 ou 25 elementos que viajam connosco. Qualquer pessoa pode ser um apoiante do vosso grupo? – Não. A maioria dos candidatos é recusada. Primeiro, têm de nos provar o seu interesse, depois têm um tempo em que estão à experiência e, só se todos os membros concordarem, são convidados a juntarem-se ao grupo. Ok. A maioria dos skins em Portugal é do SCP. Mas também existe um número significativo no SLB e no FCP. Conheces algum grupo similar ao vosso entre os apoiantes destes clubes? Se esse é o
caso, estás em contacto com eles? – Não existe nenhum grupo como o nosso em Portugal, mas alguns vão por um bom caminho. Ultimamente o grupo 1143 aparece muito na imprensa, pensas que isso é positivo? Não achas que pode atrair mais pressão policial? – Mesmo antes da existência do grupo, nós já éramos os que sofríamos mais com a pressão policial. Tem estado a piorar por causa do euro 2004, mas encaramos isso como mais um teste à nossa liderança no cenário nacional. Não nos preocupamos com a repressão policial. Ao governo apenas respondemos: A.C.A.B.! O SCP tem 2 grandes claques: JL e DUXXI. Qual é a tua opinião sobre eles? – JL – Já foram os maiores (a nossa formação começou dentro desta claque). Agora está cheia de parasitas e de drogados… – DUXXI – 6 ou 7 gajos a liderar uma centena de putos de 15 anos, nada de especial… Estás normalmente envolvido em pancadaria? Consideram-se hooligans? – Somos o grupo mais temido e mais respeitado no nosso país … tanto pelos grupos do Sporting como pelos grupos opositores e pela polícia. Nenhum grupo se considera a si mesmo como um grupo hooligan, nós somos uns street fighters. Sendo Skinheads ouvem R.A.C. e Oi! Music. Podes dizer algumas das vossas bandas favoritas? – Nacionalmente, gostamos de Guarda de Ferro, Ódio e Legião. Internacionalmente, os nossos preferidos são Nordic Thunder, Skrewdriver, Malnatt, Division 250, Evilskins, Landser, etc… Há alguma coisa que queiras acrescentar? Gostaríamos de agradecer por esta entrevista e esperamos que esta revista exista por muitos anos e que tenha a glória que todos os projectos, a que tens estado ligado, têm. Também queríamos agradecer ao grupo Skin Nation aqui de Lisboa por toda a sua ajuda. Eles sabem quem são. VIVA O SPORTING! Odiados por muitos, invejados por todos.
3 de Outubro de 2004. O Grupo 1143 teve a sua maior derrota. Faleceu o Boniek, um dos mais carismáticos elementos do Grupo 1143, supostamente por paragem cardíaca. Os seus últimos dias de vida foram muito agitados. Na quinta-feira anterior, dia 30 de Setembro, o Boniek encontrara-se com o Very, o presidente do Grupo, e ambos assistiram pela televisão, na Nova Cervejaria situada dentro do Centro Comercial integrante da estrutura do estádio, ao jogo disputado na Áustria a contar para a Taça UEFA entre Rapid Viena e Sporting. Quando o jogo terminou, e após o encerramento daquele estabelecimento, dirigiram-se para outro estabelecimento, dentro do mesmo Centro Comercial, e notando a presença de indivíduos que não eram adeptos do Sporting iniciaram uma cena de violência contra todos que ali se encontravam que foi desde arremesso de objectos até agressões físicas como socos e pontapés. A situação só acalmou com a chegada da polícia que prontamente foi chamada e acorreu ao local pondo fim à situação com a identificação de ambos os elementos. Depois, quando saíam do estádio, descendo a escada de acesso ao Centro Comercial, repararam que a porta da sede do DUXXI, localizada na parte lateral direita inferior dessa mesma escada, estava aberta e avançaram na sua direcção envolvendo-se de imediato com alguns elementos da claque que ali se encontravam pelo mesmo motivo, ver o jogo da Taça Uefa na televisão, que ali tinha levado o Very e o Boniek. Os mesmos polícias, que anteriormente os haviam identificado, puseram cobro à situação, dessa vez sendo detidos e apresentados ao juiz, depois de várias horas passadas na esquadra, e no dia seguinte colocados em liberdade. No sábado de madrugada, quando regressava a casa, o Boniek envolveu-se em confrontos com dois polícias que faziam segurança à casa do Presidente da Republica, localizada numa rua paralela à da sua habitação. Depois disso não se soube de mais nada em concreto. Soube-se apenas que faleceu no hospital no Domingo dia 3 de Outubro. Essa perda revelar-se-ia muito prejudicial para o Grupo 1143 que desde aí, somando as pressões das autoridades policiais e judiciárias ao afastamento de alguns dos elementos por motivos profissionais ou por maior importância dada aos grupos exteriores ao futebol a que pertenciam, perderia alguma união e o algum sentimento de pertença que os caracterizara durante aqueles três breves anos. O caminho seria outro dali em diante. Com o ligeiro afastamento da maioria dos elementos do Grupo 1143, ressurgiram elementos na bancada Sul ligados à 1ª geração da claque, que de imediato chamaram a si todas as atenções por serem um pouco mais velhos que a média etária dos restantes “claqueiros”, pela demonstração de poder financeiro, ao financiarem e elaborarem por sua conta panos gigantes e certo tipo de bandeiras melhorando o paupérrimo aspecto da bancada Sul tal como o haviam feito 2 anos antes, e ainda pelo respeito imposto e até algum receio criado sobre determinados elementos da claque Sul, incluindo o Mendes, por se tratarem na sua maioria de indivíduos ligados à segurança privada de discotecas ou a outras áreas ligadas à vida nocturna da capital. Esse reaparecimento aparentava ter o mesmo propósito que os havia feito ressurgir dois anos antes que mais não era que a salvação e revitalização da JL e manifestaram-no claramente ao assumir uma aproximação a muitos dissidentes, numa tentativa de recuperação, entre os quais ao Grupo 1143 por intermédio do seu presidente. O ano de calendário de 2004, acabou com o Grupo 1143 algo disperso, estando os seus elementos
divididos pelos dois anéis da bancada Sul e alguns outros que viam os jogos na bancada Central juntamente com o Almada, entretanto também ele dissidente do DUXXI em virtude da incompatibilidade com a assinatura do protocolo, com quem nunca deixaram de se relacionar. Deixavam-se ver apenas nos jogos mais importantes, nomeadamente nas partidas da Taça UEFA desse ano em que conseguiram agredir alguns adeptos do Feyenoord que se haviam deslocado a Lisboa e tentaram ainda o confronto com adeptos do Middlesbrough e Newcastle. Tudo no exterior do estádio e iniciado nas noites que precediam os jogos, em verdadeiros raides pelas zonas de maior agitação nocturna da capital, onde logicamente seria mais provável se encontrarem os adeptos adversários do estrangeiro. Era evidente a confirmação da adopção de um modo de actuar mais próximo do estilo britânico levado a cabo pelo Grupo 1143. Esse último ano da minha estadia em Lisboa, 2005, serviu apenas para que eu entendesse na totalidade a essência do fenómeno “Claques” existente em Portugal, a sua estrutura, o real propósito dos seus líderes e a envolvência dos seus dirigentes. Tornou-se tudo muito mais claro, apesar do meu progressivo afastamento, porque as notícias vinham ao meu encontro sem que eu precisasse de andar atrás delas. Quis aproveitar da melhor forma os meus últimos dias em Portugal na companhia da mulher com quem partilhei os melhores momentos vividos nesses 5 anos e sabia que essa era também a sua vontade. MSN Beth diz: Olá! Estás online? RAGA diz: Estou sim, meu desejo eterno. RAGA diz: Faltam menos de dois meses para regressar ao meu país.
Beth diz: Nem me lembres disso…fico com vontade de chorar… RAGA diz: Vai ser muito difícil para mim também. Você sabe que sim…Nunca senti com nenhuma mulher, aquilo que sinto consigo… Beth diz: Tu foste uma dádiva de Deus… RAGA diz: Quero que você venha todos os dias, até eu me ir embora, aqui ao meu (seu) apartamento… Beth diz: hummmmm... Beth diz: Sabes que não é possível… RAGAdiz: Sei…mas é o que eu desejo… Beth diz: Mas acho que no dia 7 do mês que vem podemos ter um dia maravilhoso… RAGA diz: Porquê? Beth diz: O meu marido vai estar o dia todo fora, garantidamente… RAGA diz: Que dia da semana calha? Beth diz: …uma 5ª feira. Tem de comparecer num tribunal, fora de Lisboa, para ser testemunha abonatória de um tipo qualquer das claques… RAGA diz: Não acredito!!! Aahahahaha Beth diz: A sério! Ele comentou isso aqui em casa ontem à hora de jantar. MIGUEL diz: Mas isso é muito bom…Depois de o ter visto ainda não há um ano atrás na televisão a criticar os “claqueiros” …aquela desconfiança que você demonstrou fazia sentido.
Beth diz: Eu disse-te! Eu sempre soube das relações estreitas dele e de outros dirigentes com alguns dos tipos das claques, sobretudo com o chefe, todos pelo mesmo motivo, mas como deves calcular eu não posso falar sobre isso com ninguém. Quero em primeiro lugar proteger a imagem dos meus filhos…imagina se isto se soubesse?! A vergonha que seria para eles… Se alguém investigasse profundamente as relações entre dirigentes e claques, digo-te que muitos deles ficariam em maus lençóis perante a justiça. RAGAdiz: Não se preocupe que eu não comento nada com ninguém…Então e os policias que agora fazem o acompanhamento das claques e que aparentam saber tudo da vida de todos, não poderão acabar com essa festa? Beth diz: …uma mão lava a outra…Só não podem haver flagrantes, porque aí serão obrigados a actuar… RAGA diz: Huummmm…você consegue saber quem é o indivíduo que ele vai “abonar”? Beth diz: Claro que sim. Amanhã já te digo. RAGA diz: Agradeço imenso. Esta história está a dar-me tesão… Beth diz: Pena não estares aqui que eu tratava já esse teu problema… RAGA diz: Eu adoro-a! Beth diz: Eu amo-te bebé! RAGA diz: Fica combinado o nosso dia de romance, mas amanhã não se esqueça de me dizer o nome do réu. Beth diz: Está combinado fofinho. RAGAdiz: Vou sair agora. Beijos…entre as suas coxas. Beth diz: Beijinhos…onde tu quiseres. Até amanhã.
No dia seguinte ela confirmou-me que o réu era o Mendes e que o processo estaria relacionado com agressões a alguém em dia de jogo de futebol. Pedi o especial favor a um ex-colega de faculdade, o Raul, que vivia na cidade onde ficava o tribunal para estar presente no dia em que a sessão estava marcada, para assim me poder relatar o que havia acontecido de importante. Foi graças a ele que a Beth pode evitar uma situação incómoda para ela naquele dia, já que a audiência foi adiada para semanas depois devido à não comparência de alguns intervenientes no processo. Ele ligou-me a alertar e ela pôde voltar para sua casa a tempo da chegada do seu marido e assim não levantar qualquer suspeita. Continuámos duas semanas depois, dessa vez sem qualquer contratempo porque nesse dia houve sessão e o marido dela foi ouvido como testemunha. O meu colega Raul fez-me o favor de estar novamente presente. No dia seguinte encontrámo-nos e tive a confirmação. O processo estava relacionado com a agressão ao agente, ocorrida 3 anos antes em Setúbal. Começou por me descrever a cena do Mendes de joelhos aos pés do polícia a suplicar e a multiplicar-se em desculpas. Em favor do Mendes depuseram o marido dela, tal como outros dirigentes do clube e ainda alguns elementos pertencentes à JL. De tudo o que foi dito destacou-se a frase proferida por um dirigente em sua defesa “Sempre manteve bom relacionamento com as forças de segurança pública com quem colabora na preparação dos jogos enquanto dirigente da claque”. Soube ainda que o réu já havia respondido por mais 5 vezes em tribunal e fora acusado nas 5 vezes e naquela tarde acumularia mais uma condenação daquela vez por injúria agravada e crime de ofensa à integridade física qualificada. Uma multa de 2000 euros e o problema ficou resolvido. Na mesma semana o Sporting deslocou-se a Moreira de Cónegos e o Mendes invadiu o campo sendo detido pela polícia e encaminhado até à esquadra para identificação sofrendo mais um tratamento de choque dado pela força da polícia de intervenção presente naquele estádio. Outro dirigente do clube, o Meiorreles, outro dos tais que “comia na mão” do chefe Mendes, foi até à esquadra e conseguiu a sua liberação tendo-o transportado na sua própria viatura até Lisboa. Chegou o mês de Maio, o meu último mês em Portugal, e com ele a hipótese do Sporting ficar a um passo de se sagrar campeão nacional num derby fora e da inédita conquista da Taça Uefa numa final disputada no seu próprio estádio, todas estas emoções separadas por 4 dias. Eu encontrei-me quase todos os dias desse mês com a Beth. Aproveitámos todo o tempo possível que, provavelmente, foram os últimos tempos, que passámos juntos, das nossas vidas. No dia 14 fui ao estádio da Luz ver o derby de Lisboa e integrei o tradicional cortejo das claques do Sporting em conjunto com o, meu colega de universidade, Luís. Reparei que os elementos do Grupo 1143 não se juntaram àquele aglomerado que foi escoltado pela policia durante todo aquele percurso. Foram à parte integrados num pequeno grupo composto por rapazes com alguma história e antiguidade na claque, que também não se reviam naquela “procissão”, para tentar confronto com a claque do Benfica. Em número bastante inferior atacaram um grupo da claque encarnada junto ao Centro Comercial vizinho ao estádio, batendo-lhes e retirando-lhes algum do material de apoio que possuíam, nomeadamente estandartes e cachecóis. Vi-os já dentro do estádio com sorrisos que não disfarçavam mais uma caçada
vitoriosa. Vi-os também a serem especialmente observados e filmados pelos agentes da unidade de polícia recém-criada. Pela atitude que vinha a ser demonstrada por alguns elementos do Grupo 1143 e pela postura de outros dissidentes do movimento “claqueiro”, que se aproximavam cada vez mais do Grupo, entendi que estava prestes a surgir uma transformação do movimento de adeptos do Sporting. Essa transformação seguiria o rumo do movimento “Casual”, o estilo britânico que foi também, durante esta década, adoptado por muitas franjas do “tifo” italiano, pelo simples motivo de escapar à cada vez maior repressão exercida pela polícia nos estádios e fora dele. Era evidente nos olhos dos agentes o incómodo causado pela minoria incontrolável. O Sporting perdeu e na saída do estádio uma vez mais os elementos do Grupo escaparam ao controlo policial e dispersaram, não integrando o “rebanho”, no qual eu segui, de regresso ao estádio do Sporting já perto da meia-noite, conjuntamente com o Luís com quem fui trocando impressões: – O campeonato ardeu… – disse eu. – É sempre a mesma merda. Nos momentos decisivos borramo-nos todos. – Respondeu ele. – O pessoal do Grupo 1143 escapou ao controlo – disse enquanto me virava para trás mesmo em andamento para perceber se avistava algum deles. – Foram à caça… é o costume – disse o Luís com um sorriso malandro no rosto. – Gostava de os entrevistar para um estudo que possa fazer no futuro…ou para uma tese…Tenho uma lista de questões preparada. Sabes se eles estarão dispostos a isso? – Perguntei franzindo o rosto como quem espera uma resposta negativa. – Não faço a mínima ideia. Sabes que não tenho qualquer tipo de relações com eles. – Acrescentou ele. – Acho também que já não tenho tempo disponível para fazer isso. Na próxima 5ª feira já me vou embora. Precisaria de muito mais tempo para isso. – Lembrei-me que quem te pode safar isso é o Almada. – Sugeriu ele – Ele dá-se muito bem com todos eles. Aliás eu diria que ele é um deles. – Não tenho relação privilegiada com ele. – Respondi. – Pensei que se davam bem por tu seres do Torino e ele fervoroso Viola. O Torino tem amizade com a Fiorentina, ou não? – Perguntou ele. – Amizade não! Têm “gemmelaggio” que é ainda mais forte. Sobre o Almada posso-te dizer que nos cumprimentamos quando nos vemos. Nunca calhou encontrarmo-nos fora do futebol e em relação à sua paixão pela Fiorentina devo-te lembrar que a Viola tem “gemmelaggio” mais antigo ainda com o Hellas Verona e ele é mais ligado a essa relação. Tu falas com ele? – Perguntei eu. – Sempre falei bem com ele, apesar de estarmos mais afastados ultimamente. – Respondeu o Luís. – Ele sabe de muita merda que se passa nas claques e até dentro do clube. – Então poderias falar com ele sobre a minha ideia e combinar para eu me encontrar com ele se for preciso para lhe explicar melhor. – Propus enquanto me virava para todas as direcções na tentativa, sem sucesso, de o encontrar para tentar resolver naquele momento – Não te esqueças que vou viajar na 5ª feira, tem de ser rápido. Seria bom passarmos agora no meu apartamento para eu te dar o questionário… consegues resolver isto até 4ª? – Não acredito que ele consiga isso em tão pouco tempo. De qualquer forma amanhã falo com ele e contacto-te de seguida. Queres combinar já o jantar de despedida na 4ª feira depois do jogo? – Perguntou o Luís enquanto nos aproximávamos do estádio do Sporting. – Sim. Fica combinado. Quando sairmos do estádio vamos comemorar a conquista da Coppa Uefa para uma cervejaria qualquer. – Rematei a conversa despedindo-me dele e em seguida dirigi-me à estação de metro localizada junto ao estádio.
Na 3ª feira, antevéspera da minha partida, fui até ao estádio durante a noite para ver as movimentações. Queria ver se havia algum preparativo para o jogo ou se haviam russos, adeptos do adversário, o CSKA, a circundar a área do estádio ou a procurarem confrontos. Não aconteceu nada do que eu previa. A “casinha” da claque tinha de facto muita gente mas o propósito era unicamente a compra de bilhetes. Nas bilheteiras estava tudo esgotado desde a semana anterior, altura em que comprei o meu bilhete. O chefe da claque era o único que tinha ingressos para venda, cedidos pelo clube, cerca de um milhar segundo vozes dos pretendentes que ali se encontravam. Muitos desses protestavam pelo valor que estava a ser cobrado. Os ingressos tinham a indicação de 35 euros e eram vendidos por 70 euros. O chefe, chantageando, respondeu rispidamente às vozes discordantes: – Se querem ver o jogo no estádio amanhã pagam esse valor, se não quiserem pagar vêem na televisão! Os protestos continuaram entremeados com algumas provocações, até que o Mendes já em estado alterado de irritação deixou escapar “É disto que eu vivo! Defenderei com a minha vida, se for preciso, contra quem me queira ou me tente tirar isto!”. Referia-se ao privilégio dos negócios feitos em nome da claque. Ninguém lhe respondeu. Afastei-me e dirigi-me à estação de Metro para apanhar o transporte, enquanto telefonava para o Luís para saber se me tinha conseguido as entrevistas. O telefone dele esteve sempre desligado nas várias tentativas que fiz até chegar ao meu apartamento. No último dia, recebi a Beth de manhã bem cedo para a despedida. Ela saiu de casa àquela hora, juntamente com o marido que ia trabalhar, justificando-se com o “acerto de contas do aluguer” com o miúdo, eu, que ia voltar para Itália. Passámos o dia a foder como se fossemos dois condenados à forca a viverem o último dia das suas vidas. Nem sequer almoçámos. Memorável. Antes de sairmos do apartamento, ela ajudou-me a arrumar a minha bagagem para a viagem. Despedimo-nos emocionadamente com um beijo interminável dentro do carro dela, com o motor e os quatro pisca-piscas ligados, em plena Avenida da República junto à escadaria da estação de Metropolitano do Campo Pequeno. Desci lentamente as escadas com o rosto virado na direcção do carro dela enquanto ela me olhava com a sua face lavada pelas lágrimas. Jamais a esquecerei. Apanhei o Metro e fui para o estádio. Dirigi-me ao local habitualmente frequentado pelos elementos do Grupo 1143, a tasca Boia Verde, que naquele dia tinham a companhia de muitos mais elementos. Foi notório o ajuntamento de muitos rapazes que eu me habituei a ver durante estes anos, com a particularidade de ontem, tal como se vinha verificando recentemente, vê-los sem qualquer indumentária relacionada com claques ou até mesmo com o clube, exceptuando um ou outro caso provavelmente mais desatentos ao evoluir da tendência. Os russos em número de cerca de cinco milhares não passaram naquela zona. Por certo foram conduzidos pela polícia para o sector correspondente do estádio que ficava precisamente no lado oposto ao local onde nos encontrávamos. Havia muita animação da rapaziada que ali estava no Boia Verde, pela excitação de se jogar uma final inédita e pelo rever muitas caras que não apareciam com tanta frequência. Por entre muito “jogo da moeda”, muita cerveja, muitas sandes de panado, muitas sandes de ovo e as normais trocas de informações e conversas de quem se conhece há muitas tardes e tem muitos kilometros feitos juntos para ver jogos de futebol. O Luís apareceu uma hora antes do jogo. – Grande Raga! Come va? – Perguntou-me ele em italiano. – Bene, bene! – Respondi. – Tentei ligar-te ontem à noite para saber se tinhas conseguido as entrevistas… – Não consegui ainda. Falei apenas ontem com o Almada e ele garantiu-me que conseguirá. Aliás ele deve estar a aparecer não tarda e podes falar com ele.
– Vamos festejar para onde no final do jogo? – Perguntei eu brindando com o Luís com as garrafas de cerveja média, que segurávamos, tal como o restante daqueles mais de uma centena de rapazes que ali se encontravam. – Acho melhor não estarmos já a fazer grandes planos. – Advertiu ele. – Não conheces este clube. Viste o que aconteceu no sábado passado. Não conhecia aquele clube mas conhecia e conheço o meu que nesses momentos é semelhante. O Almada apareceu momentos depois, entrando naquele aglomerado, cumprimentando todos e quando chegou até mim repetiu a promessa que fizera ao Luís na noite anterior. Trocámos algumas impressões tendo ele prontamente clarificado que apenas me facilitaria as entrevistas e que não falaria sobre mais nada, porque para ele já eram tudo águas passadas e que não se revia minimamente naquele “circo”, como ele próprio caracterizou a situação actual das claques. Acrescentou que continuava a ir ali apenas para estar com os amigos e para ver o “meu Sporting” na bancada central, como fez questão de frisar. Trocámos os endereços de e-mail, para me enviar as entrevistas depois de lhe serem devolvidas pelos rapazes do Grupo 1143 e desejou-me boa viagem para o dia seguinte. Pedi mais duas cervejas e seguimos, eu e o Luís, para a entrada da bancada Sul do estádio que teve no seu espaço, nesse jogo, todas as claques do clube reunidas, acabando assim com a coerência do DUXXI relativamente ao seu posicionamento que se mantinha desde o nascimento. O Sporting perdeu a final em casa. No final do jogo saímos do estádio, tal como havia combinado com o Luís, apanhámos um táxi até à Avenida de Berna e jantámos ali mesmo numa cervejaria. Não comemorámos nada como eu previa. Pelo contrário, foi uma despedida amarga. Por outro lado identifiquei-me ainda mais com o Sporting já que, tal como o meu Toro em 1992, perdeu a única final da Taça UEFA que disputou, ainda que naquele tempo fosse jogada a duas mãos, o primeiro jogo em casa e o segundo em Amesterdão contra o Ajax. Se dúvidas ainda houvessem de que os clubes são parecidos, essas foram dissipadas nessa noite. – Eu parecia que estava a adivinhar…é sempre a mesma merda! – Desabafou o Luís, depois de se acomodar apoiando os cotovelos na mesa e passando as mãos pelo rosto. – A vida continua. Não estás a sofrer nada que eu não tenha já sofrido anteriormente. – Disse eu tentando reconfortar. Pedimos dois bifes do lombo e duas canecas de cerveja. Quebrei o silêncio com uma breve análise ao comportamento dos adeptos verificado nos instantes finais do jogo que para mim era pouco comum. – Luís…nunca tinha visto uma situação tão anormal num estádio como nesta noite. – A que te referes? – Perguntou ele. – A equipa a jogar em casa, a perder uma final da segunda maior competição europeia, contra um clube sem qualquer prestígio e o público a bater palmas e a entoar um género de reza para os jogadores. – Expliquei. – Estes adeptos têm o clube que merecem. Somos pouco exigentes. Como costumamos dizer cá em Portugal, somos uns “conas de sabão”! – Exclamou com um ar de insatisfação. – Sabes que perder em 4 dias os dois títulos de maior importância que a equipa disputava no ano, em qualquer clube do meu país, os jogadores não saíam do estádio antes das 4 da manhã e mesmo depois de saírem teriam de ser escoltados até casa e escoltados nos dias seguintes. – Lembrei-lhe eu. – Eu sei. E tu também sabes que não existe qualquer comparação possível entre as duas realidades. Aliás apercebeste-te disso neste tempo que cá estiveste. Por falar nisso, diz-me lá, qual a tua opinião
sobre as claques? – Perguntou ele enquanto fazia sinal ao empregado com dois dedos da mão direita para que trouxesse mais duas canecas de cerveja. – Queres a minha opinião sobre hoje ou sobre tudo o que vi desde que cá estou? – Quero a tua opinião sobre o panorama geral, sobre hoje, sobre antes, sobre o que achas que acontecerá. Comecei por falar daquele dia, destacando três aspectos que me pareciam importantes para chegar às conclusões. O primeiro aspecto estava relacionado com a triste cena, que vi na véspera, da venda de bilhetes a um preço superior, o dobro do valor marcado no ingresso. Não era pela operação em si, mas sim porque quem adquiria aqueles ingressos deveriam ser considerados companheiros, também do Sporting, como tal mereciam outro tratamento, diferente do de verdadeiros clientes da direcção da claque. O segundo aspecto foi o ajuntamento de todas as claques do clube na bancada Sul do estádio sem se registar qualquer incidente, pelo contrário verificou-se até o contacto entre facções opostas da claque Sul, referindo-me aos elementos da periferia que acompanhavam o Nuno que saíra da penitenciária propositadamente para ver aquela partida e aos elementos do Grupo 1143 que viram, tal como todas as outras pessoas que estavam naquele sector incluindo eu, os seus líderes trocarem umas palavras e um aperto de mão um tempo antes do início do jogo. Essa situação só não foi vista pelo Mendes que como era habitual entrava sempre com o jogo já a decorrer. Sobre aquela situação expliquei ao Luís que, pelo que tinha entendido durante aqueles cinco anos, o Mendes terá sempre todo o interesse que essas facções estejam de costas voltadas, pelo simples motivo de “dividir para reinar” como sempre fizera. Fiquei com a sensação, pelas movimentações, de que quem estaria a promover aquela paz eram precisamente os elementos da primeira geração da claque que se vinham mostrando muito activos nesse sentido durante toda a época. O terceiro aspecto e o mais bizarro, que acabou por ser a explicação da ausência inicial do Mendes, foi a presença de elementos da direcção da claque do Porto que, não só estiveram presentes na bancada Sul na hora do jogo como também nas horas que antecederam o encontro em amena confraternização entre direcções num bar das imediações do estádio. Não consegui explicar o que sentia convenientemente ao Luís, porque era impossível de imaginar, a aberração de ver, por exemplo, “cappi romanisti” na Curva Maratona ou sequer nas imediações do Stadio Comunale em alegre convívio com qualquer “granata”. Depois sobre a claque em si, disse-lhe que não entendia muitas coisas do mundo “claqueiro” e que se algumas se me afiguravam ininteligíveis, como o facto do total desinteresse dos chefes da claque pela vida do clube espelhado no nulo conhecimento da sua história outras revelavam-se execráveis como por exemplo o já antigo relacionamento a todos os níveis com dirigentes do clube com o único fim de obter algum proveito pessoal ou a aproximação aos agentes da nova força policial que se vinha verificando ultimamente levando até a que se assistisse à presença desses dentro das instalações da claque, situação essa que nem nos meus mais profundos pensamentos pensei que pudesse ser possível. Era óbvio o propósito daquela aproximação na sequência do tal protocolo celebrado que, depois da capa protectora dos clubes, as claques através dos mais interessados que eram os seus chefes evitariam qualquer problema com as autoridades esperando em troca alguma tolerância que lhes permitisse, no mínimo, ir mantendo as negociatas em nome da claque que no fundo era o único modo de subsistência dos seus chefes. Sobre este último tema expliquei ainda ao Luís que a essa era mais uma enorme diferença entre os diferentes movimentos de adeptos dos nossos países e o que distinguia o movimento Ultras neste aspecto, ao contrário de Portugal, era o simples facto de a polícia ser inimigo público numero 1, chegando até a
haver acordos entre os diversos grupos para ataques somente às forças policiais como era do conhecimento geral. O mundo “claqueiro” reveste-se de muitas particularidades que culminam num único propósito que é o lucro e o proveito próprio apenas dos líderes, que vão gerindo as claques de forma que a sua liderança nunca seja posta em causa. Na bancada Sul tínhamos a melhor prova desse facto assente no protagonismo dado a indivíduos medíocres desde o “escaldão” apanhado em 2002 para que não voltassem a acontecer cisões. A direcção é composta normalmente pelo chefe e por dois ou três assessores que vão variando consoante os interesses daquele, mas a insignificância desses é de tal forma evidente que a determinada altura eu, por estar afastado durante alguns jogos devido à necessidade de estudar para uma fase de exames na faculdade, quando voltei ao estádio pensei que fossem meros candongueiros que ajudavam na venda dos ingressos da claque até que dias depois vi um tal de “Salpico” de megafone na mão a lançar cânticos na bancada. Tudo isto serviria para explicar o cada vez maior afastamento de pessoas da claque. Aquele número de elementos, que vimos no dia anterior na porta do Boia Verde, só teria tendência a aumentar. A mudança de estilo e forma de actuar seria inevitável, porque os que impunham essa transformação tinham história nas suas costas, eram respeitados e como tal tinham carisma para arrastar muitos outros elementos que se sentissem perdidos naquele marasmo obscuro da JL. Terminei com a recomendação de insistir com o Almada para conseguir as entrevistas, porque achava que alguns daqueles elementos do Grupo 1143 seriam as pontes para a transição. Sobre o DUXXI disse-lhe que não sabia muito, mas que aparentavam viver num pântano semelhante ao da outra, apenas mudavam as caras. O Luís ouviu-me durante todo aquele tempo, comendo o seu bife pausadamente, ainda abalado com o resultado do jogo. No final da minha explanação disse-lhe que a partir daquele dia apenas poderia acompanhar os desenvolvimentos se ele me fosse contando, por telefone ou por e-mail, deixando bem claro com um sorriso, que não sentiria muito a falta de notícias. Ele respondeu-me também com humor, prometendo que não me deixaria em paz e que me encheria a caixa do correio electrónico com notícias das bancadas de Alvalade. Despedimo-nos à porta da cervejaria com o convite que lhe fiz para ir até Torino, passar uns dias em minha casa, ver futebol sem claques, com Ultras, quando ele quisesse e segui a pé até ao apartamento para dormir essa minha última noite em Lisboa. “…Benvenuti a Torino, all’aeroporto di Caselle. Sono le ore…” A voz do comandante do avião fezme regressar à realidade. Estava em casa. De regresso à minha cidade. Depois de recolher a bagagem, já na saída do aeroporto, dirigi-me para o parque de Táxis e entrei num que me trouxe até ao Lingotto. O motorista tinha cara de “gobbo” e as minhas dúvidas dissiparam-se quando reparei no porta-chaves com o símbolo da Juventus que balouçava preso à chave metida na ignição. Antes que ele tivesse hipótese de meter conversa comigo, tal como havia feito naquela manhã o seu congénere de profissão e de clube em Portugal, tirei o telemóvel do bolso, liguei para familiares e enviei mensagens para alguns amigos para avisar que tinha chegado. Consegui gerir o tempo até o táxi chegar à rua onde vivo e onde os meus familiares me aguardavam junto à entrada do prédio e me receberam de forma emocionada. A grande festa preparada para o meu regresso continuou depois, num restaurante, com um jantar organizado pelos meus amigos de sempre e companheiros de “Curva”. Prolongou-se pela noite dentro perfumada pelo “Barbera” e pela “grappa”, ao ritmo do meu cântico favorito entoado pelas vozes roucas e calejadas dos presentes: “E il Toro, il Toro/ Il Toro l’è bello, l’è bello/ C’entra dentro il cervello, cervello/ Sale sopra la testa, e comincia la festaaaa!”.
Três dias depois da minha chegada estava de regresso ao “Comunale” a ver o Torino a bater a Triestina e a purificar-me ao rever outros companheiros de muitas tardes e noites de sofrimento. Dia 28 fui em “trasferta” a Terni com mais 4000 homens para retomar as sensações que perdera nos últimos 5 anos. No dia 5 de Junho estava novamente no Comunale a ver o Toro contra a Albinoleffe e fui na última jornada em “trasferta” a Treviso fazer a festa do apuramento para o Play-off de promoção da Serie B. No dia 16 de Junho fomos 6000 homens a Ascoli. Em menos de um mês renasci e retomei a minha rotina Ultras. Jurei que dali para a frente o meu contacto com o mundo “claqueiro” seria apenas virtual. No dia seguinte recebi o e-mail que tanto aguardava. Ano 2005
[email protected] Ciao Andrea, Desculpa este atraso. Seguem em anexo as entrevistas que me pediste. Como penso que já sabes, passaram vários rapazes pelo Grupo 1143 e outros ainda andam muito próximos apesar de não pertencerem oficialmente. Consegui reunir aqueles que de facto são importantes. Só faltou o grande Boniek. Vai por ordem alfabética. Está exactamente como eles responderam, sem qualquer correcção. Espero que corresponda às tuas expectativas. Em troca quero um bilhete para o jogo da final do Play-off do Toro contra o Perugia. Grande vitória em Ascoli!!! Estou a brincar contigo. Não preciso de bilhete. Mas podes contar comigo nesse jogo. Vou para Firenze depois de amanhã e vou com os fiorentini, a Perugia ver o Toro. Vamos 50. Encontramo-nos lá. FORZA TORO Abraccio. ALMADA
ALCÂNTARA Há quantos anos acompanhas o Sporting? Comecei a ver os jogos no estádio quando tinha 10 anos, mas acompanhar regularmente em casa e fora comecei com 14 anos, na época 92/93. Como encaraste o nascimento do grupo? Vi com bons olhos, uma vez que se tratava de um grupo de grandes adeptos do Sporting e muito amigos acima de tudo que partilhavam as mesmas ideias sobre o Sporting, que acompanhavam sempre a vida do clube e que tinham uma mentalidade diferente do resto da claque visto que a única preocupação do Grupo era o Sporting e não havia aquela história da preocupação com os convites e bilhetes à borla para as amizades como era o lema do resto da claque. Como vês as relações com as claques? Com as claques do Sporting, antipatizo com o Directivo porque já tive alguns problemas com eles e com o resto não existe qualquer tipo de amizade. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? A nossa forma de agir pautou-se sempre pela postura de acompanhar o clube e não andar com “bandeirinhas”, tambores e faixas para o show-off. A nossa postura era estar sempre onde a equipa estivesse sem apoios da direcção nem de que quem quer que fosse, sempre com o nosso dinheiro e é isso que nos diferencia seja das claques de Alvalade, seja de todas as outras que existem em Portugal. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Já se fez há alguns anos atrás mas neste momento não, apesar de poderem existir alguns elementos ligados à direita ou à esquerda. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não faço parte de partido nenhum. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Se alguém exibir uma bandeira do Che Guevara onde quer que seja, das duas uma, ou mostra a sua própria ignorância ou viu nalgum documentário que é bom ser revolucionário e não tem noção nenhuma da história. Chamar-lhe-ei ignorante, apenas isso. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Não tenho amizades oficiais nem dentro nem fora de Portugal, apesar de conhecer algumas pessoas. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? O meu ódio é sempre o mesmo, essa merda desse Benfica. A nível internacional nem me aquece nem me arrefece, para mim é tudo a mesma trampa. Sou Sporting e basta!!! Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Em Portugal não respeito nenhuma claque nem nenhum grupo. No estrangeiro tenho respeito pelas
curvas da Fiorentina, da Roma e imensas outras italianas e em Inglaterra apesar de não existir este modelo das claques e dos grupos, respeito-os porque têm uma boa mentalidade, porque eles gostam mesmo de futebol, do próprio clube e de o acompanhar para todo o lado. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? A nossa mentalidade é diferente porque o nosso pensamento é apenas o acompanhar o Sporting e não nos interessa o jogador A ou o jogador B. Só nos interessa o clube, estejamos em 1º, em 3º ou em último, o clube está sempre acima de tudo. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? O futebol português é uma anedota completa e é claro que os jogos são falseados. É como a política, se algum caso vai parar a justiça não dará em nada. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? As novas leis são para rir. Se estão preocupados com meia dúzia de petardos que rebentam é porque nunca saíram deste país para irem a sítios onde há público a sério e futebol a sério. As novas leis não mudarão rigorosamente nada. Até porque se eu quiser continuar a ir ao futebol não sou obrigado a legalizar-me, continuarei a comprar o meu bilhete e assisto aos jogos. Não tenho que estar LEGALIZADO em lado nenhum. Como é a vossa relação com a polícia? Evitar as relações ao máximo. São amigos da ocasião. Evitá-los sempre. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Federação e Liga é tudo igual. Uma é dirigida por um e outra é dirigida por outro mas é tudo a mesma coisa. É um grupo de amigos e continuará sempre a sê-lo enquanto não houver uma limpeza de cima a baixo, começando pelo presidente, passando pelo director financeiro…tem que se varrer tudo. O que pensas do Futebol Moderno? Em Portugal, onde apenas existem 3 clubes, penso que o que mudou foram os estádios. Em relação aos adeptos continua igual. São adeptos que vão para o estádio à hora do jogo, voltam muito contentes se o clube ganha e se não ganha assobiam…assobiam até ao fim e voltam para casa para no dia seguinte comprarem os jornais e discutirem nos cafés. O que pensas dos novos estádios? Os novos estádios foram bons para os 3 clubes que existem. Para os outros, que não têm adeptos, não faz sentido e não é preciso ser muito inteligente para prever o que viria a acontecer, apesar de terem boas condições. A questão dos lugares marcados tirou mística aos estádios. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? É péssimo. Num país em que existem poucos adeptos, ou melhor toda a gente gosta de bola mas não percebem nada, e acrescentando o valor do preço dos bilhetes penso que não favorece nada o futebol.
Qual a vossa relação com os jornalistas? Conheço alguns jornalistas mas não dou entrevistas, excepto esta (risos). Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Relações cordiais. Mero trato social. Nada mais que isso. Não vejo qualquer interesse para além do falar sobre o clube. Não tenho qualquer interesse extra-futebol. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? A Superior Sul já foi algo que me disse muito. Sentia orgulho em estar lá todos os domingos, neste momento a Superior Sul é apenas mais uma bancada igual à Superior Norte, composta pelas familiazinhas e pelos parvos com bandeirinhas e estandartes que nem sequer conhecem a história do clube. O que é para ti o Sporting? É a primeira e ultima paixão e continuarei sempre a apoiá-lo apesar do clube não estar bem. O que é para ti a selecção nacional? Um grupo de jogadores que se juntam para representar a federação e para se promoverem para conseguirem transferência para um clube no estrangeiro onde possam auferir melhores salários. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muito. Desde as condições dos estádios, os lugares sentados e as coberturas para protecção das intempéries, até aos adeptos actuais que não são tão fervorosos e às transmissões televisivas que transformaram o futebol português em fogo-de-vista. O que pensas do estado do país? Está como o futebol. Péssimo, não tem ponta por onde se pegue. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Recordo partidas nas modalidades amadoras, sobretudo contra o Benfica, em que nos conseguíssemos encontrar em número idêntico, sem cobardias de 50 contra 2. Recordo também Vila Real num jogo para a Taça de Portugal…éramos meia dúzia contra a população da cidade inteira com espetos de grelhar carne e garrafas de vinho na mão…foi muito engraçado (risos). Enfim, todos os jogos com o Grupo são uma diversão. Tudo o que envolve o jogo, antes, durante e depois, os jantares, os copos…quando nos encontramos durante a semana nos “pubs”…
ALFREDO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 16 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Fui um dos fundadores. Encarei como sendo um grupo necessário para juntar amigos que partilhavam os mesmos ideais. Como vês as relações com as claques? Acho que só devia existir uma claque. As relações são normais exceptuando as guerrilhas com o Directivo. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Nós preferimos funcionar como grupo e não sermos tão controlados como são as claques. Não somos claqueiros. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Sempre se fez. Desde o tempo em que a Torcida exibia faixas como “Não ao Racismo”. Isso era uma forma de se fazer política. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Não ligo, como não ligo se vir uma bandeira do Mário Soares, é só merda. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Oficialmente não existem amizades com grupos, mas pessoalmente posso dizer que sim. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? O Benfica. Representa tudo o que é mau no nosso país. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Respeito os Super Dragões pela forma como trabalham e os No Name pela forma como se relacionam
com a polícia e com os jornalistas…não dão “abébias”. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Mentalidade “casual”. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? São mais que falseados. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Serão cada vez mais um rebanho, controlados pelas direcções dos clubes e pela polícia. Como é a vossa relação com a polícia? Inexistente. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Cambada de chulos que só querem mamar dinheiro. O que pensas do Futebol Moderno? Vergonhoso. O que pensas dos novos estádios? Fizeram-se estádios a mais. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Estão a acabar com o futebol em Portugal. Qual a vossa relação com os jornalistas? Como não sou veterinário não me dou com abutres. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Os dirigentes passam e nós continuamos. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Já significou mais. O que é para ti o Sporting? É tudo, é o meu clube. O que é para ti a selecção nacional? Selecção do meu país com a qual não me identifico. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje?
Nos primeiros anos em que comecei a ir ao futebol não aconteciam os acompanhamentos da polícia, íamos como queríamos e quando queríamos, não é como agora que vai tudo enjaulado parecendo um rebanho. O que pensas do estado do país? Vergonha do costume desde o 25 de Abril. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Cada jogo é uma história. Com o Grupo, todos os jogos são diversão. Nos tempos da claque recordo o Bessa nos anos 90, quando as motas da bófia ficaram a arder, e já depois da formação do Grupo recordo o jogo da luz dos confrontos com a polícia em plena bancada e recordo também todas as excursões. Com o Grupo tudo é pura diversão. ÁLVARO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Acompanho o Sporting há 20 anos. O meu primeiro jogo foi Sporting – Braga, ganhámos 3-2. Como encaraste o nascimento do grupo? Vi com bons olhos. Um grupo de amigos que se juntaram para apoiar o Sporting e para engrandecer a claque. Como vês as relações com as claques? Há muita inveja de uns pelos outros e muita máfia, daí acontecerem os problemas e as guerras entre
elas. Temos boas relações com uns e com os outros não. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Irmos com o Sporting para onde quer que ele fosse. Almoçarmos, jantarmos, convivermos e fazermos do futebol uma festa. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Por vezes são os presidentes das claques que a fazem. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não, não faço. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Indiferença e desprezo. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Pessoalmente tenho alguns amigos nos Super Dragões, são uns gajos porreiros. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Não tenho ódios de estimação. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Desde que nos respeitem eu também os respeito. Se alguém nos faltar ao respeito…temos de partir para a luta. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Unidos com o único objectivo que é apoiar o Sporting e defendermo-nos conjuntamente. Estamos sempre de acordo uns com os outros…foi para isso que o Grupo foi formado. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Completamente falseados. Claro que são falseados. Não acredito no futebol português. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Isto é uma forma dos clubes retirarem poder às claques e penso que o futebol ficará mais pobre. Como é a vossa relação com a polícia? Compreendemos a missão deles mas por vezes eles não nos respeitam, talvez por saberem quem são as pessoas que fazem parte do Grupo. Por vezes parece que têm alguma coisa contra o Grupo e não compreendo o porquê… Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? É tudo uma merda. Querem tachos e não querem saber do futebol. Só querem ir para lá para mamar dinheiro.
O que pensas do Futebol Moderno? Penso que antes era mais atractivo. O que pensas dos novos estádios? As estruturas melhoraram bastante mas o calor do público diminuiu. Fizeram-se estádios grandes demais para o futebol que temos mas em termos de comodidade e modernidade é óbvio que melhorou. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? É mau para o futebol, são mais uns a mamarem dinheiro e não melhoram o futebol. Qual a vossa relação com os jornalistas? Aqueles que falaram connosco foram sempre bem recebidos. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Apoiam-nos, mas deveriam apoiar-nos mais um pouco, sobretudo quando aconteceu aquela situação que se passou em Alvalade com os jogadores do Benfica. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Paixão pelo futebol, Sporting, querer e vontade. Significava mais no estádio antigo do que neste. Com a separação das claques perdeu-se um pouco a força da Superior Sul. O que é para ti o Sporting? É tudo. É a minha família. Talvez goste mais do Sporting que da família toda. O que é para ti a selecção nacional? É uma merda. Aquilo não é a selecção nacional. Seleccionador e jogadores brasileiros…qualquer dia marroquinos, cabo-verdianos, angolanos, moçambicanos… Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? O preço dos bilhetes dispararam, o resto é igual. O que pensas do estado do país? Grande merda. É só desemprego e a vida está cada vez mais difícil. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. As coisas positivas foram os grandes almoços, as viagens ao estrangeiro, correr Portugal inteiro e a nossa grande amizade. As negativas foram as situações de que fomos vítimas de instituições que nos odeiam, talvez por inveja porque as pessoas que fazem parte do Grupo são pessoas honestas, trabalhadoras e respeitam o futebol. Uma situação que me marcou muito foi o falecimento do nosso amigo Boniek que marcou também o rumo do Grupo no meu entender. As coisas mudaram muito a partir daquele dia.
ANDRÉ Há quantos anos acompanhas o Sporting? Eu comecei a acompanhar o Sporting há 21 anos. Desde os meus 4 anos que comecei a ir regularmente a Alvalade, na companhia do meu pai, onde tínhamos lugar na bancada nova do estádio José de Alvalade. Desde que entrei para a claque Juventude Leonina, há 10 anos, comecei não só a acompanhar o Sporting em Alvalade mas também em todo o sítio. Como encaraste o nascimento do grupo? O nascimento do grupo aconteceu de forma muito natural. Foi a maneira encontrada de juntar num núcleo um grupo de elementos, unidos por uma enorme amizade que adveio de muitos anos em conjunto a acompanhar o Sporting por todo o mundo, e que queriam formar um núcleo apenas composto por verdadeiros amigos. Com o passar dos anos o Grupo acabou por ter um mediatismo até muito superior ao de algumas claques nacionais, e algumas dessas claques acabaram por ver no Grupo um exemplo não só de organização interna, como também de extrema coesão entre os seus elementos, o que faz com que seja
muito difícil passarem por cima de nós, seja qual for a situação. Como vês as relações com as claques? Penso que a única relação que existe é com a JL. Praticamente todos nós nos formamos como ultras e como homens dentro da claque, e isso é um facto que ficará para sempre marcado. Em relação às restantes claques existem amizades a nível particular com alguns elementos, e existe o ódio generalizado para com o Benfica, mas no meu entender, isso é um facto inerente a quem é verdadeiramente Sporting e defende as suas cores. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? As diferenças mais notórias são a amizade e a lealdade extrema entre todos os elementos, a organização muito acima da média em relação a todas as claques, e o facto de não termos qualquer relação com a polícia, nem sequer viajarmos com eles. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Em casos muito isolados poderá haver uma ou outra manifestação mas nada de significativo. Vendo os exemplos semanais do que se passa em Itália, nunca poderemos chamar política a isto. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não, o meu partido é o Sporting. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? É de desagrado, pois vai contra as minhas convicções políticas. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Existe uma boa relação de amizade com os IRRIDUCIBILI INTER. Nasceu devido aos sucessivos convívios em jogos e em concertos e a amizade que foi crescendo entre alguns elementos dos 2 Grupos. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Em Portugal existe um ódio de morte ao Benfica e a tudo o que está relacionado com ele. Além de ser o maior rival do Sporting, tem adeptos que nada têm a ver com o verdadeiro espírito do futebol antigo, e adeptos esses que sempre tiveram ligados a actos de enorme cobardia, o que faz com que nunca tenham honrado o nome “ultra”.Lá fora existe algum desagrado por alguns grupos, mas a maioria por divergências a nível de ideologia politica, como são os casos do Livorno, Celta de vigo, etc.… Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Existe o respeito que é normal haver entre dois adversários. Se são homens para se confrontarem connosco a todos os níveis temos respeito pela coragem demonstrada. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Somos a elite! É difícil encontrar outro Grupo 100% composto por elementos com mais de 10 anos de bancada. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português?
Acho que são falseados. Só não vê quem não quer, mas enquanto as autoridades competentes continuarem a fechar os olhos, toda esta vergonha que é o nosso futebol irá continuar. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Essas leis apenas vêm aumentar as repressões que já há alguns anos são aplicadas a todos os Ultras. Penso que alguns dos grupos menos organizados não vão conseguir sobreviver. Como é a vossa relação com a polícia? Inexistente! Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? È um sentimento de ódio profundo! São esses parasitas que têm levado, ano após ano, o nosso futebol a caminho do abismo. São eles que têm destruído a nossa paixão. O que pensas do Futebol Moderno? É um futebol no qual já não existe o amor à camisola e o respeito pelos adeptos. O futebol deixou de ser um espectáculo e uma paixão para virar única e exclusivamente um negócio. Os dirigentes actuais até as próprias mães venderiam se pudessem. O que pensas dos novos estádios? Que saudades dos antigos!!! Têm muito pior acústica, perderam todo o simbolismo, e raros são aqueles que continuaram com as cores do clube. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Fizeram com que os estádios estivessem cada vez mais vazios. Se a qualidade do nosso futebol já não ajudava a grandes enchentes, o facto de se jogar à sexta-feira e à segunda-feira à noite só veio piorar a situação. Qual a vossa relação com os jornalistas? É má! Os jornalistas apenas falam das claques pelas piores razões e são incapazes de enaltecer o que quer que seja. Fazem tudo para terem uma notícia, nem que a tenham de inventar. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não temos! Apenas servem os seus Próprios interesses, em vez dos interesses do clube e dos adeptos. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Um templo. É o local onde sempre quis viver, e onde espero ficar até à morte. É um local que marca inúmeras amizades e histórias de uma vida. O que é para ti o Sporting? A minha maior paixão. Nunca nada se irá sobrepor a este amor. O que é para ti a selecção nacional?
É apenas a equipa da Federação, não há ninguém que jogue com verdadeiro amor à camisola. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou quase tudo, desde o estádio, ao preço dos bilhetes, qualidade do futebol, relação adepto / jogador, etc… O que pensas do estado do país? Cada vez caminha mais para a ruína, já não haverá muito a fazer por Portugal. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo Todas.
AVÔ Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde sempre que acompanho mas por dentro apenas há 12 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Encarei bem porque era um grupo de amigos com quem me relacionava muito bem e me sentia muito bem com eles. Como vês as relações com as claques? Não faço comentários sobre isso. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Nós temos outra mentalidade. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Por vezes. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Sim, PNR. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Desprezo Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Apenas contactos pessoais, nada de relações em termos de Grupo. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Odeio todos desde o Benfica ao Alverca. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Não faço comentários. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? É uma mentalidade muito superior em relação ao resto do pessoal. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Sim, o futebol português é uma fantochada. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques?
Não, não vai mudar nada. Como é a vossa relação com a polícia? Indiferente Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Nojo. O que pensas do Futebol Moderno? Ainda não tenho uma opinião formada sobre isso. O que pensas dos novos estádios? Sou sincero, nem sequer gosto do estádio do meu clube. Tirando o do Braga tudo o resto é uma grande merda. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Acho bem. Para mim devia haver um canal de futebol 24 horas por dia com os campeonatos todos, campeonatos de Malta, Turquia, Grécia…concordo com todas as transmissões de jogos. Qual a vossa relação com os jornalistas? Da minha parte não existe. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Normal. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Para mim é um grande orgulho porque é aí que eu encontro o grande grupo de amigos que para mim representam por vezes a minha primeira família. O que é para ti o Sporting? É tudo. Troco um casamento, um namoro, o que quer que seja pelo meu clube. O que é para ti a selecção nacional? Não ligo à selecção. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou…o pessoal está mais velho. O que pensas do estado do país? Uma podridão completa, até já pensei em emigrar…com muita pena minha porque eu quero estar no meu país que é onde nasci, onde hei-de morrer e onde vivo, só que hoje em dia…está tudo podre. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo.
Os meus confrontos são na mesa com os copos de vinho e com a cerveja…tudo o resto ultrapassa-me. BALA Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 20 anos…por aí… Como encaraste o nascimento do grupo? Foi uma coisa porreira. Pertencíamos todos à Juventude e devido à grande amizade entre alguns membros surgiu o Grupo. Como vês as relações com as claques? Existem atritos com algumas pessoas apenas em termos individuais. Por vezes existe algum elemento que tem problemas com alguém, mas não quer dizer que todo o Grupo tenha. Por vezes um elemento do Grupo falava com pessoas que outro não falava e vice-versa. Em termos de relações gerais do Grupo existe apenas uma boa relação com a Juventude Leonina. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Nós somos um grupo de amigos. As claques não são grupos de amigos. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Já se fez mais do que agora. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. O meu partido é o Sporting. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Leva logo um “borracho” nos cornos que bate com a tromba no chão. Partia-lhe a boca toda e queimava a bandeira. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Boas relações com os Irriducibili Inter e contactos directos individuais com elementos dos Ultras Sur Real Madrid.
Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? A lampionagem, esses filhos da puta…Morte aos lampiões, palhaços! Quero sempre que percam, seja cá ou no estrangeiro, no bilhar, no berlinde, perder, perder, perder, derrota para cima deles em tudo. Odeio o Benfica!!!! Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Para os lampiões estou-me a cagar. Respeito os gajos do Porto, apesar das trafulhices deles. As claques do resto dos clubes resumem-se a 20 ou 30 gajos e por isso não têm expressão. No estrangeiro existem grandes claques, respeito a claque do Real Madrid a do Inter e adoro ver as grandes coreografias. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Somos um pouco diferentes do adepto comum. O Sporting é a nossa vida. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? São falseados. Tem sido uma vergonha, inclusivamente tivemos este ano exemplos disso. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Acho que não vai mudar nada. A cena Ultras continuará a existir e não é uma lei que fará mudar a mentalidade das pessoas, nem essa história da identificação dos adeptos mudará a forma de agir dos verdadeiros. Como é a vossa relação com a polícia? É um pau de dois bicos. Se lhes convir estar do nosso lado, estão. Se não, são os primeiros a carregar em cima de nós. Servem-se de nós. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? É tudo uma roubalheira e compadrio. É tudo máfia. O que pensas do Futebol Moderno? Segue a sua evolução. Para trás não volta. Os jogadores ganham cada vez mais e a tendência será evoluir a todos os níveis, seja ao nível de estádios, de espectadores, de apoios, etc. O que pensas dos novos estádios? Os estádios são bons, mas aqueles estádios como o do Leiria e o do Beira-Mar não têm uso nenhum e foi um desperdício apesar de terem que ser feitos por causa do EURO 2004. O Estádio de Alvalade gosto porque é o meu estádio, é o estádio do meu clube mas…eu preferia o antigo, sinceramente, passei lá grandes momentos, foi lá que vivi as grandes emoções e é o estádio que me ficará na lembrança. Em relação aos outros, o do Benfica é um galinheiro, é bom para os pombos quando passam ali em migração fazerem umas cagadelas para ver se aquela porcaria cai, ou para os americanos mandarem um míssil… mas com aquilo cheio de lampiões. O do Porto é bonito, o do Braga é “bacano” apesar de ainda lá não ter ido, à pedreira. De resto parecem-me quase todos idênticos.
O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? É uma situação que está espalhada por toda a Europa. Para mim é indiferente, eu prefiro ir ao estádio do que ver a bola em casa. Qual a vossa relação com os jornalistas? Os jornalistas querem sempre aproveitar-se de nós para poderem encher os jornais, sem aprofundarem as situações e na maioria das vezes é para queimar o pessoal. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Com alguns tivemos melhores relações do que com outros. Lembro-me bem duma acção do Presidente Sousa Cintra em Aveiro, em que estávamos 400 homens à porta do estádio e ele meteu-nos todos lá dentro pagando do bolso dele. Havia outros que nem sequer nos queriam na bancada, esquecendo-se que a equipa precisava de nós. As relações sempre existiram e a aproximação é cada vez maior. Agora as conversas estendem-se a quase todos os dirigentes e até a alguns funcionários. As relações nunca foram más. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? É um lugar mítico. Mexe com o meu sentimento e com o de todos. Está para o Estádio de Alvalade como o Vaticano está para Roma. É um monumento, é um sítio histórico, é um sítio a abençoar e a adorar para toda a vida, seja no estádio antigo ou no novo, sempre será a Sul. O que é para ti o Sporting? É tudo. É a minha vida. É uma aliança no dedo. Nasceu comigo e vai morrer comigo. Está no meu coração. O que é para ti a selecção nacional? Gosto que ganhem e identifico-me com a selecção do meu país mas há muita trafulhice e acho mal a história dos luso-brasileiros porque dá a sensação de que nós não temos jogadores nascidos em Portugal com capacidade para integrar a selecção. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muito. Vi a estreia do Meszaros quando era puto na central com o meu pai, no tempo em que vinha o homenzinho vender as almofadinhas para nos sentarmos… lembro-me bem desses dias…e continuei sempre a ir ao estádio, onde vivi as maiores alegrias da minha vida, até aos dias de hoje, dos placards electrónicos e dos plasmas gigantes. Antigamente é que era bom, era tipo tasca, havia o dia do clube e de resto não se pagava…agora é só negócio… O que pensas do estado do país? Vai de mal a pior. Cada vez está pior. Está cheio de ratos. Muitas misturas, muita gente a vir para cá que não é de cá. Andamos a reboque dos outros…isto é uma merda…a nossa identidade está a ir para o caralho…o que é uma pena. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo.
Recordo os bons momentos passados na Cervejaria Leonina…uma vez que saímos para esperar a equipa no aeroporto que vinha da Madeira depois de ter eliminado o Nacional para a Taça, tínhamos bebido uns copos valentes, e junto à Churrasqueira passou um homem que vestia um anorak com o emblema do Benfica enquanto nós esperávamos a abertura do semáforo situado na estrada entre a Churrasqueira e o Bingo. Assim que o avistámos saiu toda a gente do carro, excepto eu que estava a conduzir, e dirigiram-se a ele para lhe dar umas “pingas”. Eu vendo aquilo, saí de imediato para acalmar, até porque me parecia uma situação um pouco cobarde devido à nossa superioridade numérica. Foi mais fumo que fogo até porque o lampião saiu de lá a andar tranquilo tendo depois apresentado queixa na polícia na qual apenas foi identificado o meu carro. Passados uns anos fui chamado para responder por uma situação que havia sido o único a não ter feito nada e da qual mal me lembrava. Felizmente ele desistiu da queixa… Recordo a ida a Milão, San Siro, jogo contra o Inter. 5 dias de autocarro com a Juve Leo, foi inesquecível por tudo o que aconteceu durante a viagem. Recordo idas a Faro, a Braga, uma ida a Leiria (a detenção do nosso falecido Boniek) em que eu e o Alfredo “descascávamos grades atrás de grades de minis” e o Boniek comia caracóis crus… Recordo as nossas reuniões, os nossos encontros no dia a dia…e também me recordo bem quando levei nos cornos daqueles filhos da puta da bófia de Braga, em que o Bruno Queluz e o Thor se meteram à frente e também “mamaram” forte e feio com o cassetete (risos) … e recordo-me das minhas grandes bebedeiras com a rapaziada… A malta era unida e tudo sabia bem… BARCOLA Há quantos anos acompanhas o Sporting? Comecei acompanhar o Sporting nos jogos em casa desde pequeno com o pai. Aos 14 / 15 anos comecei a ir sozinho com o meu irmão onde começamos a ver a bola junto da JL. Aos 15 faço o meu primeiro jogo fora. Mas foi a partir dos 17 idade com que fui a primeira vez ao estrangeiro que comecei
acompanhar o Sporting para todo o lado. Como encaraste o nascimento do grupo? Eu entrei no final do segundo ano de existência do grupo. Durante quase uma época andei sempre com o grupo mas só no final da época comecei a fazer parte do mesmo. Para mim foi o nascimento de uma irmandade que durará para sempre, haja o que houver. Como vês as relações com as claques? Actualmente andamos um bocado a margem das claques. O próprio grupo já não é o que era. É claro que tenho um carinho especial por onde comecei mas a nossa forma de estar e actuar mudou, fruto dos tempos que correm. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? O grupo começou como um núcleo que fazia tudo o que os outros núcleos fazem dentro de uma claque. A principal diferença tinha a ver com a violência e a união que mais ninguém tinha ou tem como nós. Actualmente andamos à parte de tudo e todos apenas com o nosso grupo de amigos. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Não se faz política nas superiores de Alvalade, apesar de haver pessoas com os seus ideais. O ideal em Alvalade tem de ser o Sporting. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não faço parte de nenhum partido, apesar de poder apoiar iniciativas que se fazem ou se possam vir a fazer. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Nem penso nisso e também não acredito que alguém o faça. Caso acontecesse a reacção logo se viria na altura. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Em Portugal, o máximo que pode haver, são amizades pessoais com pessoas de outros grupos. Existe amizade com os Irriducibilli Inter devido a amizades pessoais que foram feitas e que se alargaram ao Grupo. Existem também amizades pessoais com elementos dos Ultras Sur. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Odiamos a merda do Benfica principalmente e tudo o que rodeia esse clube, as pessoas podem não perceber o porquê deste ódio mas é daquelas coisas que não perco tempo a explicar. E um ódio nosso que será sempre eterno a essa escumalha. No estrangeiro vamos ganhando algumas inimizades fruto de algumas situações que se viveram e vivem quando nos encontramos pelo caminho. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Em Portugal, nós é que temos de ser respeitados. Infelizmente poucos sabem o que significa lealdade por isso é difícil respeitar alguém. Todos nos odeiam e nós agradecemos por isso. Dá-nos um enorme prazer saber que estão sempre a falar de nós.
No estrangeiro existem grupos que merecem o nosso respeito por aquilo que são e pela maneira de actuar. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Muitas vezes não somos bem vistos por outros adeptos. Isso não nos importa. Ninguém é mais Sporting do que nós. Nós somos os verdadeiros!! A nossa mentalidade é apoiar e defender o Clube com tudo o que temos e com o que for preciso Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Penso que hajam jogos falseados, pela vergonha que se vê no nosso futebol, apesar de isso não servir sempre de desculpa para quando se perde. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Isso é uma questão que a mim não me afecta muito pois não estou por dentro de nenhuma claque, logo a mim não me vai afectar muito. Mas vai mudar, e para pior! Como é a vossa relação com a polícia? Por tudo o que passamos, fazemos e não fazemos tem de ser a mínima possível. Somos um alvo abater! Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Muitos dos que comandam o futebol português são uma cambada de chulos que nada fazem para melhorar o estado em que o nosso futebol se encontra. São instituições que a mim nada me dizem. O que pensas do Futebol Moderno? O futebol moderno só estragou o futebol. A paixão que havia pelos clubes que acaba cada vez mais, ninguém vai aos estádios, bilhetes a preços impossíveis. È um jogo de interesses que só tem tendência a piorar. Ódio eterno ao futebol moderno! O que pensas dos novos estádios? Penso que as condições dos novos estádios só trazem vantagens aos clubes mas com o tal jogo de interesses do futebol moderno os investimentos feitos não fazem sentido pois os estádios todos os finsde-semana continuam vazios, tirando os chamados 3 grandes. Mas é com saudade que recordo os momentos passados no velhinho Alvalade. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? É um dos expoentes do futebol moderno. Quando não haviam transmissões televisivas as pessoas iam aos estádios. Hoje preferem ficar sentadas no sofá. È uma situação que me dá pena, pois os estádios cheios têm mais encanto. Qual a vossa relação com os jornalistas? São como a polícia. Quando falam, falam mal e sem conhecimento. Se conhecessem a realidade talvez
a opinião mudasse e começassem a dar valor aos que realmente merecem. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não existem relações. Assistimos e participamos em tudo o que diz respeito ao clube na condição de sócios. Damos a nossa opinião sempre com o objectivo de melhorar e intervimos quando achamos que algo não está bem. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? A superior sul é o meu lugar em Alvalade. Os melhores e os piores momentos foram lá passados, foi lá que cresci e que conheci as pessoas que hoje chamo de IRMÃOS! Mais uma vez recordo os grandes momentos passados na mítica curva sul do verdadeiro Estádio de Alvalade. O que é para ti o Sporting? O Sporting para mim é tudo. Foi através do Sporting que sou o que sou hoje em dia. Cresci com o Sporting e vivo com o Sporting. É muito mais que um clube de futebol. O Sporting é uma família onde estou incluído e estarei até à minha morte. O que é para ti a selecção nacional? A selecção, a mim, pouco ou nada me diz. E é com pena que digo isto, mas não me revejo na selecção que dizem ser de todos nós. Não se pode chamar de Selecção Portuguesa mas sim de Selecção da Federação onde mais uma vez o jogo de interesses se sobrepõe ao amor pelo futebol e pelo País. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Muita coisa mudou desde os primeiros tempos em que comecei a ir ao estádio. Umas com muita pena minha e outras nem tanto. O importante é que desde que comecei nunca mais parei e tudo o resto passame ao lado. Amo o Sporting e estarei sempre presente mude o que mudar. O que pensas do estado do país? O país é o espelho da sociedade de hoje em dia. Chegou a um estado lastimável onde cada vez é mais difícil dar a volta. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo As histórias passadas com este Grupo são todas inesquecíveis, são momentos únicos que passei e que ainda vou passar junto destes Amigos que ficarão para sempre marcados na minha vida. Não vou contar nenhum confronto nem jogo em particular porque são muitos. Uns melhores, outros piores, mas todos bons… Porque ao meu lado estava sempre um elemento do Grupo 1143. E verde e branca é a bandeira Do meu orgulho que é também ser Português Somos do Sporting com altivez Somos o GRUPO1143!
BARRACA Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde pequeno que comecei a ver jogos na companhia do meu avô, mas só entrei para a Juve Leo na época 93/94. Como encaraste o nascimento do grupo? Foi o melhor que podia ter acontecido, sem palavras. Como vês as relações com as claques? Temos boas relações com a Juve Leo, claque à qual sempre pertenceram os elementos do Grupo. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? O que nos torna diferentes de todas as claques é a nossa forte amizade, a nossa união e daí vem a nossa grande força, por isso todos nos invejam e odeiam, mas todos nos querem igualar. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Não. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Indiferença. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Existem amizades com elementos de vários grupos nacionais e internacionais. Estas amizades resultam de amizades pessoais. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Ódio, como clube S.L.Merda, e como é claro, como pseudo-claque No Name Gays, é um ódio eterno. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Devemos sempre respeitar os nossos adversários nunca menosprezá-los.
Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? A nossa mentalidade? Somos simplesmente superiores. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? O futebol português não tem qualquer credibilidade, perdeu todos os seus valores e tradições, agora é regido apenas por interesses, dinheiro, corrupção, já não há amor. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Vai mudar tudo, a claque deixa de ter a sua autonomia deixa de ter a sua força de protesto, passa a reger-se por normas previamente estipuladas, passa a estar sob total controlo do clube, policia e CNVD, o que lhes vai tirar toda a sua liberdade, ou seja, é uma porta para o fim. Como é a vossa relação com a polícia? Nós no nosso lugar e eles no lugar deles. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Cambada de corruptos O que pensas do Futebol Moderno? Penso que pode levar ao fim do futebol O que pensas dos novos estádios? Vieram dar uma nova cor ao futebol, apesar da maioria deles serem totalmente desnecessários, tornando-se praticamente obsoletos, como por exemplo o do Algarve. Nada substitui o velhinho Alvalade. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Fim da paixão pelo futebol Qual a vossa relação com os jornalistas? Não há! Jornalistas terroristas! Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não temos qualquer tipo de relações, não é necessário, não precisamos deles, nós vivemos para o Sporting, não do Sporting, Sporting somos nós. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? A superior Sul tem duas vertentes para mim, a do velho estádio onde me tornei ultra, onde cresci, vivi e aprendi muitas coisas, muitas alegrias e tristezas, muitas emoções passadas naquela bancada, jamais sairá do coração. Aquele sim, era o verdadeiro topo sul. A outra vertente é esta nova sul que também é muito importante para mim, pois foi nela que encontrei a mulher da minha vida.
O que é para ti o Sporting? Um ideal, uma fé, uma crença, um modo de vida. O que é para ti a selecção nacional? É indiferente, mais dia, menos dia, são mais naturalizados que propriamente portugueses. É praticamente um clube não uma selecção. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Praticamente tudo, penso que só o meu amor não mudou O que pensas do estado do país? De rastos completamente de rastos, com tendência para piorar ainda mais. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Todos os momentos passados entre os elementos do grupo são inesquecíveis. BONIEK 1974 – 2004
BRUNO DO PORTO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde os 13 anos que venho à bola. Como encaraste o nascimento do grupo? Vi com bastante agrado. Naquela altura foi uma ideia pioneira. A partir daquele dia mudou tudo no Sporting. Como vês as relações com as claques? Umas vezes boas, outras más. Podiam ser mais trabalhadas. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? A forma de agir do Grupo é mais à inglesa. Vamos à bola e seja o que Deus quiser. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Já se fez mais. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não.
Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Não gosto. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Com os Irriducibili Inter. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Benfica. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Pelos No Name, apesar de tudo tenho que respeitá-los. Eles já nos fizeram muitas da mesma forma que nós lhas fizemos a eles. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Eu costumo dizer que existimos nós e depois os outros e para mim é essa a diferença, primeiro nós e depois os outros. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Claro que são falseados. Os exemplos são tantos. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Penso que vai mudar tudo. Ou andam como cordeiros, ou tem que ser como nós fazemos, ir de carro, cada um por si. Como é a vossa relação com a polícia? Não há relação. Eles conhecem-nos e nós conhecemo-los a eles. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Sinceramente… quero é que eles se fodam! Quero é que o Sporting ganhe. O que pensas do Futebol Moderno? Uma merda…jogos à segunda – feira, jogos à sexta – feira à noite… O que pensas dos novos estádios? São bonitos, mas não têm o uso que deviam. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Vem no seguimento da minha resposta ao futebol moderno. Jogos à segunda à noite e à sexta à noite… ridículo. Qual a vossa relação com os jornalistas? Qualquer Ultras que se preze não tem relações com jornalistas.
Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Tem momentos diferentes. É como a relação com uma mulher, há dias em que estamos bem, há outros em que estamos chateados. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Para mim a Superior Sul é a do antigo estádio onde vivi dias magníficos. Significava muito para mim, era muito importante. O que é para ti o Sporting? É a minha vida. O que é para ti a selecção nacional? Grupo de jogadores que representa muitas vezes mal o meu país. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Claro que mudou. Mudou muito…para pior. O que pensas do estado do país? Batemos no fundo e é impossível piorar. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Recordo com saudade as duas idas a Milão, contra o Milan e contra o Inter e a ida a Faro. BRUNO S. Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 14 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Com orgulho. Como vês as relações com as claques? Em geral boas.
Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Dedicação. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Sim. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Em princípio seria negativa, mas dependeria da ocasião, ou ainda de outros factores! Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Sim. Nasceu de forma natural ou seja na bola! Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Sim. Não consigo gostar de ninguém mas particularmente odeio o Benfica. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Sim. Pela dedicação evidenciada. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Perversa. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Gostaria de acreditar mas os factos são demasiado evidentes. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Sim. Como é a vossa relação com a polícia? Má. São todos do Benfica. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Idem aspas… O que pensas do Futebol Moderno? Mais negativo que positivo. O que pensas dos novos estádios? Confortáveis.
O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Mau para o espectáculo, deveria ser bom para a verdade desportiva mas também não é! Qual a vossa relação com os jornalistas? Pessoalmente é boa, e penso que enquanto grupo também o era! Enquanto clube é má… péssima! É tudo Benfica! Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não é boa nem má… inexistente! O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? É uma passagem…enquanto se está lá não se pensa em mais nada! O que é para ti o Sporting? Um dos grandes amores da minha vida! O que é para ti a selecção nacional? Simboliza, representa e retrata o futebol Português, não Portugal! Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Sim mudou. Mas e complicado explicar a mudança porque além das coisas mudarem, nós ao mudarmos também vemos as coisas de outra forma… O que pensas do estado do país? Podia ser muito bom se todos nós não fossemos corruptos ou se pelo menos não nos deixássemos corromper. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. …Milhares meu amigo! Mas não se pode falar destas coisas por escrito…. Espero que compreendas! O grande olho não dorme! CHELITAS
Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde os meus 6 anos porque tenho família ligada ao Sporting. Como encaraste o nascimento do grupo? Eu fazia parte da Juventude Leonina e naquela altura não me relacionava directamente com o pessoal do Grupo e por isso não acompanhei de perto o nascimento mas depois vi o surgimento com bons olhos. Como vês as relações com as claques? As relações com as claques do Sporting são muito más, para tristeza minha. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Nós damos mais nas vistas (risos), também sempre fizemos por isso. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Faz-se e sempre se fez. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Com desagrado. Já aconteceu… Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Apenas amizades pessoais com adeptos do Porto. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Sem duvida alguma os lampiões. Não são raça, não são gente, não existem… Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Respeito os Super Dragões devido a algumas amizades pessoais como disse antes. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? A nossa mentalidade é muito à frente, estamos muito acima da média em relação ao resto dos adeptos. Relativamente às claques penso que gostamos mais de futebol do que elas. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Acredito cada vez menos no futebol português devido a circunstâncias cada vez mais notórias. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Não acredito que venha mudar alguma coisa e se mudar será para pior. Estas leis vão convidar as pessoas a saírem desse mundo à parte e a que tenham outro tipo de atitudes.
Como é a vossa relação com a polícia? Nunca foi boa, nem nunca será mas está melhor actualmente que há tempos atrás. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Chulos! …não existem adjectivos para caracterizar estes órgãos. O que pensas do Futebol Moderno? Preferia o futebol à moda antiga. O que pensas dos novos estádios? Tenho saudades do meu velhinho estádio e de ir a outros estádios velhos. O ambiente era outro, muito melhor que agora que é tudo pormenorizado. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Eu gosto de ver jogos na televisão, mas apenas os do estrangeiro, em Portugal é para esquecer. Qual a vossa relação com os jornalistas? Não é a melhor. Acho que nenhum deles sabe ou tem noção do que é o Grupo e como tal associam sempre a coisas que nada têm que ver. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Já tivemos boas e más relações. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Neste momento não existe Superior Sul em Alvalade, ou seja existe porque é assim que se designa mas a verdadeira Superior Sul acabou, era a antiga. O que é para ti o Sporting? Tudo. Tudo. Sempre fiz tudo pelo Sporting e continuarei a fazer apesar de tudo o que já me aconteceu. Não voltaria atrás para corrigir o que quer que fosse. O que é para ti a selecção nacional? A selecção luso-brasileira? Para mim tem significado porque tenho família que joga e que jogou nela e devido a isso sempre acompanhei a selecção de perto, mas não encaro com bons olhos todas estas naturalizações porque com tão bons produtos das escolas de futebol portuguesas, não vejo necessidade disso. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muita coisa. Mudou praticamente tudo…menos o espírito do pessoal. Fazia-se muita coisa que neste momento é impossível fazer. As petiscadas continuam mas o resto é mais difícil. O que pensas do estado do país? Deprimente.
Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Todos os momentos que vivi com o Grupo. Tudo é inesquecível. Todas são grandes histórias. A mais marcante para mim foi o momento em que o Grupo abandona a Juventude Leonina, porque para todos nós, do Grupo, a Juventude Leonina até então significava quase tudo (TUDO é o Sporting), e na altura foi uma decisão muito difícil de tomar mas foi a mais correcta. Foi a atitude indicada face ao que sucedia e foi tomada em boa altura. Outro momento que não esquecerei, devido às marcas que ficaram, foi o dia 4 de Janeiro que depois de termos ganho 3-1 na Luz. O caso de Santa Apolónia ficará marcado como mais uma das páginas do Grupo. DEKA Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde os 14 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Encarei de forma positiva. Foi um grupo que nasceu de uma grande amizade que existia entre as pessoas que o fundaram e que, na altura, procuravam algo de diferente no panorama “ultra” nacional.
Como vês as relações com as claques? Eu pessoalmente não tenho relações com “claques”, mas sim com algumas pessoas de algumas claques, dentro e fora do Sporting. Mas, como toda a gente sabe, o Grupo 1143 nasceu dentro da Juventude Leonina, e por isso, apesar de tudo o que aconteceu, essa ligação estará sempre presente. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? A diferença estava principalmente na forma de estar e de actuar dentro e fora dos estádios. Procurávamos ser algo à parte do resto, diferente. Sabíamos que éramos auto-suficientes e que, mesmo sozinhos, impúnhamos tanto ou mais respeito que muitas claques que por aí andavam… Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Hoje em dia, penso que não. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Desprezo… Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Havia boas relações com alguns grupos em Portugal, principalmente aqueles que nos admiravam e tinham uma forma de estar parecida com a nossa. Por exemplo a Divisão 14 (Académica) e os Fanáticos (Belenenses) … Sabíamos que também éramos respeitados lá fora. Por exemplo, os Irriducibili Inter com quem mantemos uma relação muito próxima. Outro exemplo, há uns anos dois membros do Grupo estavam em Madrid por motivos não relacionados com futebol, e foram convidados pela direcção dos Ultras Sur, claque do Real, a assistirem a um jogo. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Os No Name Boys, por razões óbvias… Também houve problemas com outros grupos assumidamente de esquerda, como por exemplo o Gruppo, do Estoril. Bons velhos tempos… Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Eu pessoalmente respeito todos os grupos que se mantêm fiéis aos seus ideais e que lutam com honra pelas suas cores. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? É uma mentalidade diferente. É difícil explicar… Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Não acredito no futebol português tal como não acredito na política deste país. A podridão está instalada em todos os sectores da nossa sociedade, há muito tempo. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques?
Não sei do que constam as leis, nem me interessa. Não faço parte de nenhuma claque. Como é a vossa relação com a polícia? Eu não tenho, nem nunca tive, qualquer tipo de relação com alguma pessoa ligada à polícia. Penso que, enquanto Grupo, não houve nenhuma relação especial com a polícia, pelo contrário, sempre os evitámos. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Para mim, são lixo. O que pensas do Futebol Moderno? Desde que nasci que sempre convivi com o Futebol Moderno, portanto… É a lei natural da evolução. Hoje em dia é apenas mais um negócio, já não existe amor à camisola como no tempo do meu avô. O que pensas dos novos estádios? Gosto do nosso novo estádio, mas sinto falta do antigo. Perdeu-se muita mística… E isso notou-se dentro do nosso Grupo, infelizmente. Mas era natural que os clubes apostassem na melhoria das condições dos seus estádios, ainda para mais por causa do Euro 2004. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? É o negócio do futebol… Preferia quando os jogos eram todos Domingo à tarde e ouviam-se pela rádio. Qual a vossa relação com os jornalistas? Penso que sempre fomos um dos primeiros alvos deles, portanto a relação nunca pôde ser boa. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Normal. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Já significou muito… Hoje em dia é apenas o sítio onde vejo os jogos do Sporting e onde revejo alguns amigos e outras pessoas que conheci ao longo dos meus anos “de claque”. O que é para ti o Sporting? É algo sem o qual a minha vida não seria tão completa. O que é para ti a selecção nacional? É uma equipa de jogadores que têm o privilégio de ter o B.I. português, independentemente de serem portugueses ou não… Mas confesso que não fico indiferente aos sucessos e fracassos da Selecção. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Para mim mudou bastante. A melhor altura foi quando o Grupo nasceu e cresceu. Hoje em dia também já não posso dedicar tanto tempo ao futebol.
O que pensas do estado do país? Penso que já há muito tempo que enveredámos por um caminho que nos vai levar a um abismo do qual dificilmente sairemos. Já não existem valores… É a chamada “geração morangos com açúcar”. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Tenho bastantes momentos que recordo com saudade, como por exemplo todas as viagens que fizemos juntos por esse Portugal fora. Confrontos inesquecíveis… aquele que mais me marcou foi o episódio de Aveiras, com os Directivos. Ah, e também não posso esquecer os confrontos do futsal com os lampiões! LEITÃO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Acompanho o grande Sporting há 15 anos Como encaraste o nascimento do grupo? Encarei o nascimento do grupo de uma forma normal, em virtude de sermos todos amigos, embora estando todos em diferentes núcleos da Juve Leo. Como vês as relações com as claques? Na minha opinião pessoal não devia haver amizades com outras claques. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? A principal diferença entre nós e as claques, no meu ver, é que nós não vamos com qualquer objecto que nos identifica como sendo apoiantes do clube. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? A única política que se faz é a que diz respeito ao Sporting.
Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Ter pena de atrasados mentais que ainda acreditam que o comunismo é a salvação. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Não posso divulgar as nossas amizades, mas desde já afirmo que só é nosso amigo quem merecer tal privilégio. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? No que diz respeito ao panorama internacional, na minha opinião não tenho ódio por ninguém, mas no panorama nacional o ódio é mais dirigido aos NN devido ao facto de serem da merda do Benfica e pela sua cobardia. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Não tenho respeito por qualquer grupo que seja inimigo! Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? A nossa mentalidade está a anos-luz do adepto normal. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Se são falseados ou não, não sei… mas que há muitas coincidências, lá isso há! Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? O que vai mudar não sei, mas penso que os movimentos vão ser cada vez mais limitados. Como é a vossa relação com a polícia? Não há qualquer relação com essas pessoas Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? CHULOS!!! O que pensas do Futebol Moderno? O Futebol Moderno é apenas para os clubes ganharem mais dinheiro! O que pensas dos novos estádios? São bons, mas gostava mais dos antigos. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Só tiram pessoas dos estádios. Qual a vossa relação com os jornalistas?
Não temos qualquer relação com os jornalistas. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Boa. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Não tenho palavras para me expressar. O que é para ti o Sporting? O maior amor da minha vida. O que é para ti a selecção nacional? Um grupo de mercenários! Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Muita coisa mudou, desde dos estádios á forma de actuar da polícia passando pela mentalidade dos adeptos. O que pensas do estado do país? O país vai de mal a pior. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Todos os jogos têm a sua história, se aqui começasse a contar dava para fazer o 2º,3º,4º,5º e sexto volumes dos Lusíadas. MARINHO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 6 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Quando comecei a vir ao futebol o Grupo já existia. No inicio pensei que fosse uma coisa mais restrita, que se eu entrasse não me dariam muito confiança, mas depois vi que não era assim e que o pessoal era todo impecável.
Como vês as relações com as claques? Temos uma boa relação com a Juve Leo, com a Torcida é indiferente e com o Directivo não há confiança. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? O nosso aspecto “casual”, sem nada que nos identifique, o Grupo não é uma claque…somos como os velhos que vêm à bola, só que não dizemos disparates. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Não. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Vou-lhe pedir para retirar porque não se faz política na Superior. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Sei que existem amizades individuais… Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Benfica, é o ódio português e internacional. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Tenho um grande respeito por muitos grupos do estrangeiro, sobretudo pelo estilo britânico das “Firm”, o seu modo de actuar, a sua maneira de estar e porque não são parvos que vão para a bola gritar olé,olá… Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Penso que temos a melhor mentalidade… Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Por vezes acredito…outras claro que não…dá para ver que há muita “tanga”. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Não estou por dentro dessas novas leis…desconheço. Como é a vossa relação com a polícia? Não tenho relação nenhuma com a polícia. Não conheço nenhum “paisana”, nem conheço nenhum outro, apenas tento não “levar porrada”… Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol
português? Exceptuando o Sporting tudo o resto é merda. O que pensas do Futebol Moderno? Ódio eterno ao futebol moderno. O que pensas dos novos estádios? Acho que não valia a pena…estava bem como estava. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Retira adeptos aos estádios. Qual a vossa relação com os jornalistas? Indiferença. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não tenho relações com dirigentes nenhuns. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Onde comecei a ver futebol, é mítica. O que é para ti o Sporting? Penso sempre no Sporting excepto quando estou a fazer sexo…ou a cagar, porque aí penso no Benfica. O que é para ti a selecção nacional? Zero, ou melhor, menos cinco. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muita coisa. Os estádios, as claques, as leis, as transmissões, isto em apenas 6 anos… O que pensas do estado do país? Uma grande merda. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Na diversão posso falar do Alfredo que é o rei do deboche e estar com ele é estar sempre em festa. Nos confrontos não esqueço Santa Apolónia em que fui esfaqueado três vezes por uns merdas ligados ao Benfica que, ao que sei, nem faziam parte de nenhuma claque. Foi inesquecível porque nesse dia, se não tivesse sido esfaqueado, teríamos sido todos detidos porque mataríamos alguém com certeza. Como estávamos nesse dia teríamos arrasado com tudo e assim foi um mal menor…
MÁRIO MADRAGOA Há quantos anos acompanhas o Sporting? 25 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Quando o Grupo surgiu eu estava preso, mas fiquei contente porque sabia que tinha sido constituído por amigos meus de longa data. Como vês as relações com as claques? Só reconheço uma claque do Sporting que é a J L, tudo o resto não existe. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Éramos o braço forte da J L que deixou de ser devido a questões de dinheiro e também à conivência com outras questões por parte do presidente da claque, mas continuamos a ser superiores a qualquer grupo que exista lá dentro. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Alguma. Por exemplo o DUXXI está ligado ao Bloco de Esquerda. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Negativo. Não faço parte de nenhum movimento político. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? A minha atitude era retirar-lhe a bandeira. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Pessoalmente tenho amizade com pessoas do Millwall, do Chelsea e do Celtic Glasgow. Sei que outros elementos do Grupo têm amizades com elementos de outros clubes e não tenho nada contra isso.
Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Odeio o Benfica e os No Name. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Respeito pessoas a título individual. Não respeito nenhuma claque. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Somos os mais fanáticos pelo Sporting. Fanáticos apenas pelo Sporting, sem nada de ideologias partidárias ao contrário do que alguns afirmam. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Super falseados (risos), nem há dúvida nenhuma. Sempre em benefício de apenas duas equipas, o Porto e o Benfica. O Sporting está a pagar o que apontou o Dias da Cunha. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? É possível, mas o presidente da Juventude Leonina tal como o do Directivo e o da Torcida continuarão a fazerem aquilo que querem. Apesar de gostarem do clube e da claque vão tendo lucros e vão abandonando um pouco o trabalho que já tiveram com a claque, e nesse caso especifico falo do presidente da Juventude Leonina que no meu entender creio que a abandonou. Como é a vossa relação com a polícia? Eu não falo com a polícia. Um polícia é sempre um polícia e como para eles nós somos alvos a abater, o sentimento é recíproco. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Um mundo de cínicos. O que pensas do Futebol Moderno? Uma tanga. Não existe futebol moderno em Portugal, existem sim chulos modernos. O que pensas dos novos estádios? Foram bem construídos mas estão pouco utilizados, exceptuando os dos 3 grandes. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Retira espectadores aos estádios. Temos um bom exemplo nos jogos a contar para a Taça UEFA que não foram transmitidos em que todos eles tiveram “boas casas”. Qual a vossa relação com os jornalistas? Evito ao máximo. Estou a falar contigo porque és um amigo pessoal, senão não falava. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não pode haver relações estáveis na medida em que eles não apoiam em nada de importante. Desde
patrocinarem coreografias decentes até à simples saída em defesa dos sócios que são agredidos pela polícia injustificadamente, não se vê qualquer interesse dos dirigentes. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Sou do tempo da Juve Leo na bancada nova do antigo estádio e creio que foi o melhor sector. Gostei da Superior Sul quando tinha no megafone o senhor d’ Almada, mas após a divisão sem dúvida que enfraqueceu. Aconteceu muita rivalidade na Superior Sul originada por questões monetárias e por controlo do poder. O que é para ti o Sporting? A seguir aos meus filhos é tudo para mim. Representa mais que as amizades, exceptuando o Grupo que é superior a essas amizades. O que é para ti a selecção nacional? Será que se pode chamar selecção nacional? Sou contra naturalizações e jogadores estrangeiros a representarem a selecção portuguesa. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muita coisa. Desde o preço dos bilhetes, passando pelos stewards (que são uma fantochada porque continuam a entrar armas, drogas, pirotecnia e tudo o mais dentro dos estádios) …mudou tudo para pior ao contrário do que se possa pensar. O que pensas do estado do país? Muito mau. Governantes pedófilos e chulos que impedem que os processos judiciais desenvolvam quando são eles os próprios envolvidos e que criaram um país com justiça só para ricos. Estou seguro que, por exemplo, no final deste processo da Casa Pia ainda serão presos os miúdos e os advogados que os defenderam em vez dos políticos e dos gajos da televisão que se meteram naquilo. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Uma, triste, que me marcou foi a de Santa Apolónia em que os meus 3 companheiros foram esfaqueados. As boas recordações foram todas as viagens feitas desde que o Grupo surgiu e alguns confrontos em casa e fora.
MÁRIO MACHADO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde que me lembro, ou seja, a minha infância. Os meus avós paternos e maternos eram sócios, os meus pais também, sou leão de prata e os meus filhos também já têm o cartão. Como encaraste o nascimento do grupo? Ao princípio com alguma desconfiança, porque não conhecia nenhum dos seus elementos fundadores na altura da formação porque por motivos judiciais estive afastado durante algum tempo das idas ao estádio. Tive sobretudo algum receio que viessem politizar a curva e com isso fracturassem a Juventude Leonina, mas felizmente não era essa a intenção e tudo correu bem. Como vês as relações com as claques? Infelizmente custa-me saber que as duas maiores no Sporting estão de costas voltadas e que existem problemas constantes entre membros de ambas. Da nossa parte enquanto nacionalistas e ultras do Sporting tentaremos sempre ajudar na resolução dos conflitos. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? As claques lutam pelas cores dos clubes, defendendo a sua identidade, glorificando a sua história, e vão até às últimas consequências, pagando muitas vezes esse apelo mais efusivo com a morte ou a prisão…creio que a única diferença é mesmo uns lutarem por um clube desportivo e outros por uma Pátria. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Nas superiores não, mas por vezes os dirigentes desportivos aproveitam-se dos seus cargos mediatizados para se auto-promoverem com o intuito de arranjarem um tacho político ou apoiando candidatos e partidos, como temos visto na última década em vários clubes da primeira divisão e não só. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Pertenço ao Partido Nacional Renovador, o único partido nacionalista em Portugal e no qual eu deposito toda a minha fé na salvação de Portugal. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção?
Não gostava, se pudesse ou estivesse ao meu alcance evitaria tal situação, porque não considero o sítio indicado para fazer política, ainda para mais associando o nosso tão louvável clube a um sanguinário como foi esse sujeito. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Ao nível institucional, quer a Frente Nacional quer os Hammerskins não têm ligação com claques mas ao nível particular vários membros da nossa família fazem parte da Juventude Leonina, Super Dragões, Mancha Negra e das claques do Braga, Portimonense, Guimarães e no estrangeiro temos óptimas relações com adeptos do Glasgow Rangers, Irriducibili Inter, Ultras Sur Real Madrid, Huelva. UFC Berlin, etc. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Gostava que todos os nacionalistas fossem do Sporting mas principalmente que não fossem Benfica, mas como nem todos podemos ser perfeitos nós perdoamo-los. Nem chega a ser ódio, é mais pena. Porquê? Porque sim!!! Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Não temos inimigos à altura e como alguém dizia “ Precisamos de inimigos para odiar e não para desprezar” que é o caso. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Somos os mais fervorosos, os que têm à partida mais potencial porque fazemos da nossa vida um combate diário e não apenas no fim-de-semana futebolístico e infelizmente o sistema já percebeu isso. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Apitos dourados entre outros processos demonstram bem para quem tinha dúvidas que não existe unidade no futebol. O desporto é o reflexo também da nossa sociedade por isso a corrupção tem um meio que movimenta milhões, um caminho fértil, é triste mas é a realidade. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Não creio que mude alguma coisa, é mais burocracia e politiquice para acalmar uma certa opinião pública desinformada e os governantes receosos, que gostam de controlar todas as instituições que não estão sob a sua alçada, e por desconhecerem na sua essência o fenómeno das claques, tentam arranjar mil e um meios para conseguirem esse controlo. Como é a vossa relação com a polícia? Nós por princípio respeitamos a autoridade policial, infelizmente num governo sob ocupação maçónica, que nos persegue diariamente, essa mesma polícia é usada para perseguir e reprimir todos os que vão contra o politicamente correcto instituído. Por vezes isso leva-nos a desconfiar das polícias e dos seus homens quando devíamos centrar e culpabilizar as chefias. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Todos fazem parte do sistema e como tal não temos qualquer confiança num grupo de burgueses, políticos e corruptos que sobrevivem graças à nossa paixão clubista através da qual vão enriquecendo os
seus bolsos. O que pensas do Futebol Moderno? Demasiado capitalizado, com pouco fervor clubista e muito empresarial por parte dos seus protagonistas, jogadores e dirigentes, é também o resultado da evolução da nossa sociedade. O que pensas dos novos estádios? Acho que se exagerou na construção, penso que metade desses estádios nunca deveriam ter sido construídos e que foram uma cedência dos políticos aos grandes construtores civis que posteriormente apoiarão financeiramente as campanhas eleitorais. Um gasto inadequado face à pobreza actual que se vive no nosso país. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Na linha do que disse anteriormente, o que interessa é a capitalização do investimento dos patrocinadores e compromissos publicitários levando inevitavelmente a que os administradores das SAD prefiram 1 milhão no sofá a 50 Mil no estádio, o que é lamentável. Qual a vossa relação com os jornalistas? Eles usam-nos e nós usamo-los a eles, um dia somos a caça e no outro os caçadores. Não pode ser de outra maneira quando 99% dos jornalistas são ou de esquerda, ou pertencentes a algum lobby gay ou maçónicos. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não existe qualquer tipo de relação, o nosso amor é pelo Sporting e não pelos dirigentes que fazem parte do sistema. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? É emoção, é glória, são lágrimas, são gargalhadas, amizade, e outros tantos sentimentos e é sobretudo a formação da minha personalidade como homem. Na Superior Sul aprendi a amar algo superior à vida, conheci o nacionalismo através de outros Ultras e essa experiência transformou toda a minha vida. O que é para ti o Sporting? Depois do amor espiritual que me liga à minha Raça e Pátria é sem dúvida alguma a paixão que se segue. O que é para ti a selecção nacional? Com tantos estrangeiros a quem ofereceram um B.I. diz-me pouco. Tento abstrair-me disso mas é difícil. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Creio que a maior mudança foi a forma como os clubes se constituíram em SAD, porque mesmo com um novo estádio e com a evolução natural do clube e das pessoas, a paixão e o amor sentido por mim, bem como pelos meus amigos ultras, é inalterável. O que pensas do estado do país?
Temos um governo que foi ocupado por maçons, comunistas, pedófilos e paneleiros, logo o estado do país só podia ser este…miserável!!! Mas há que manter a esperança e sobretudo continuar a lutar para que se possa cumprir Portugal, devemo-lo aos nossos egrégios avós que lutaram 830 anos por este lema, cruzarmos os braços é sinónimo de traição e só os fracos desistem. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Como estou com problemas com a justiça e ainda não fui condenado não vou falar sobre isso para não inventarem mais um mega processo. O que posso dizer é que a nossa breve história é honrosa e que passámos momentos inesquecíveis. NELSON Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 20 anos que venho ao estádio assiduamente. Como encaraste o nascimento do grupo? Foi uma coisa muito importante e necessária, naquele tempo, formada por um grupo de amigos. Hoje em dia já não tem razão de existir. Como vês as relações com as claques? Sou muito amigo de alguns elementos da J L. Com o DUXXI não tenho relações. Tenho 3 amigos na Brigada e na Torcida não conheço ninguém. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Penso que amamos mais o Sporting que eles. Sempre que aconteceram problemas, sempre que houve violência, éramos nós quem surgíamos na frente, éramos os primeiros a avançar…o resto vinha por arrasto. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Hoje em dia menos do que já se fez mas ainda se faz. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Sou do PNR.
Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Neste momento ignoro. Se fosse há uns anos atrás teria uma reacção diferente. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Existem apenas amizades pessoais. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? O Benfica. Não posso com eles nem pela lei do caralho. Nunca me fizeram mal mas eu odeio-os, tenho mesmo um ódio de morte. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Respeito os No Name pela sua forma de agir. Admiro-os porque neste momento aquilo que fazem, fazem bem feito. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Somos um grupo à parte. Fomos Ultras, mas neste momento não o somos. Vamos ao futebol como um grupo de amigos. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Não tenho dúvidas de que são falseados e mais de 50% das partidas têm resultados combinados. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Acho que sim e tenho conhecimento de algumas claques que já estão a sofrer na pele, desde proibição de exibirem faixas até ao “levarem nos cornos”…estão a passar por grandes dificuldades. Como é a vossa relação com a polícia? Não existe apesar de haver alguns elementos do Grupo que falam “bem” com alguns deles. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Todos juntos não valem um caralho. São uma cambada de corruptos, responsáveis por toda a merda que existe no futebol português e pela situação que o futebol vive. O que pensas do Futebol Moderno? O futebol moderno é uma grande merda e em Portugal sente-se mais. O que pensas dos novos estádios? Alguns são bons e foram bem feitos, já outros serviram apenas para chuparem dinheiro ao estado. É inconcebível o facto de existirem estádios grandes construídos para levarem 1000 pessoas ao Domingo. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? É a maior vergonha no futebol português. Tenho saudades do futebol ao domingo à tarde, futebol de dia, com calor, quando eu almoçava e saía de casa a correr para ir para o estádio.
Qual a vossa relação com os jornalistas? Não existe. A alguns, se pudesse, cortava-lhes o pescoço. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não existem quaisquer relações com qualquer dirigente do clube. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Foi uma das maiores curvas. Neste momento isso não acontece porque está entregue à bicharada. O que é para ti o Sporting? É a minha religião e a minha namorada. O que é para ti a selecção nacional? Não existe. Creio que, dentro de pouco tempo, teremos 11 brasileiros a jogar na selecção nacional. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muito. Tenho saudades de quando vinha ao futebol há 20 atrás. Hoje em dia venho por vir, venho apenas porque gosto do Sporting. O que pensas do estado do país? Uma vergonha. Por este caminho seremos piores que muitos países do terceiro mundo. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Tivemos muitas histórias e a maioria não podem ser contadas aqui porque foram muito más (risos). Já levei muita porradinha e já fiquei muita segunda-feira sem ir trabalhar por estar todo fodido. Conheço alguns hospitais do país. Temos algumas histórias…nós somos um grupo de grandes amigos e temos uma coisa que nos distingue que é o facto de sermos amigos fora do futebol e temos também muitas histórias fora do futebol que eu acho que é muito importante.
ROMMEL Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 7 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? De forma natural… Foi o nascimento de um novo núcleo no seio da juventude leonina com o intuito de um grupo de amigos se juntar e tornar-se independente dos tradicionais núcleos por zona de habitação. Como vês as relações com as claques? Não existem… Amigos, amigos, negócios à parte. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Sempre houve uma autonomização em relação à juventude leonina. Criou-se um mito e o grupo era respeitado em todo o lado, não tanto pelo que fez mas pelo que poderia fazer. Em relação à indumentária, eram raras as roupas com conexões ao Sporting. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Não, pelo menos na Sul. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Peço para tirar porque na curva sul não se faz política, ali a única paixão é o Sporting. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Oficialmente e em termos de grupo não. Pessoalmente tenho amizade com alguns elementos de outras paragens, mas nada que influencie o grupo em si. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê?
Os No Name, são o maior grupo representativo do eterno rival do Sporting. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Novamente os NN, simplesmente pelo tal “ódiozinho” de estimação. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? À parte… infelizmente, talvez… Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Talvez, mas nem vale a pena pensar nisso…Já pouco se salva, tanto no futebol, como em Portugal. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Já tudo mudou nas claques portuguesas, com lei ou sei ela… Como é a vossa relação com a polícia? Não existe. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Não existem também, estão lá para servir os interesses de quem lhes convém. O que pensas do Futebol Moderno? Está tudo mal, desde os estádios à mentalidade, tanto dos adeptos como dos jogadores… Sinto nostalgia dos antigos estádios com aquele cheiro a mijo característico, sem ter este ar de sala de cinema onde todos se cruzam e ninguém se conhece. O que pensas dos novos estádios? Só vieram estragar o futebol a uns e encher os bolsos a outros… Sinto nostalgia dos antigos estádios com aquele cheiro a mijo característico, sem ter este ar de sala de cinema onde todos se cruzam e ninguém se conhece. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Descobriram a pólvora… Só vieram tirar pessoas dos estádios e mudar as horas dos jogos, por mim seriam todos à tarde como manda a tradição. Qual a vossa relação com os jornalistas? Não existe. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não existe. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Um mito…
O que é para ti o Sporting? Uma Paixão… O que é para ti a selecção nacional? Não é. Vejo por ver porque deixou de ter a mística de outros tempos, assemelhou-se a ser uma equipa, passou a ser “O Portugal” e não a Selecção… Espero que isso mude. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Tudo, para pior como é óbvio… O que pensas do estado do país? Está virado ao contrário, fomos ultrapassados por todos e cada um faz o que mais lhe convém sem escrúpulos absolutamente nenhuns. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. De entre muitos, talvez destaque o roubo da faixa de Oeiras aos NN, mas todas aquelas tardes passadas no futsal, à parte do tal futebol moderno, frente ao Benfica são recordadas de bom agrado e com uma enorme nostalgia. SÁ CARNEIRO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Desde criança, sendo que esse acompanhamento se tornou regular a partir dos 15 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Com natural entusiasmo e confiança no futuro como qualquer pessoa que ajuda a criar uma coisa nova. Como vês as relações com as claques? A relação com a J L tornou-se estável ao longo destes últimos tempos, até há algum tempo era bastante conturbada, neste momento existe respeito entre ambas as partes e esse respeito deve-se em parte como reconhecimento pelo nosso passado na claque. Não reconheço mais claques, no verdadeiro sentido da palavra, em Alvalade.
Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Uma ausência completa, de interesses de índole monetária e de emprego, da nossa parte bem ao contrário dos grupos organizados de adeptos. O nosso apoio não é condicionado por ordens vindas de assalariados do clube nem sujeito a vistoria por parte das chamadas forças de segurança. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Fazer-se política não se faz, o que acontece é que muitas pessoas demonstram a sua. No entanto apenas as demonstrações consideradas politicamente incorrectas, e contrárias à podridão que vigora no país, são alvo de repressão e censura. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Se sou filiado nalgum partido político, a resposta é não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Num estádio com capacidade para mais de 50000 pessoas, torna-se impossível qualquer ideia de policiá-lo politicamente, embora esse policiamento já tenha ocorrido num passado recente. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Enquanto grupo, temos boas relações com os Ultra Sur do Real Madrid e com os Irriducibili do Inter de Milão, tendo ambas surgido após concertos e convívios internacionais extra-futebol. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Obviamente que qualquer adepto do Sporting que se preze odeia a agremiação desportiva situada em frente ao Centro Comercial Colombo. Um ódio já centenário. A nossa única rivalidade europeia é com o grupo ultra do Rapid de Viena que já data longos anos. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Apesar do ódio que sinto pelo maior grupo de sócios do Benfica, como se auto-denominam os pertencentes à claque, sinto um profundo respeito pela sua mentalidade do “nós contra eles todos”, do secretismo que os envolve e da blindagem para o exterior que criaram ao longo dos anos. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? A nossa mentalidade tem a ver com fazermos o que queremos e quando queremos, sem termos laços com ninguém. Casualmente falando, e apesar das roupas discretas e de marca, não passamos despercebidos ao maior adversário de todos. Somos poucos e as nossas caras conhecidas. Relativamente a nossa mentalidade, a qualidade preferida a quantidade com todos os riscos que isso acarreta, mas a proximidade e cumplicidade torna-se maior entre nos. Continuaremos o nosso caminho, contra tudo e contra todos, mesmo contra os que se “consideram” da mesma cor. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? O futebol português é como toda a nossa sociedade, corrupto e feito de jogadas de bastidores. O caso apito dourado tem como único objectivo substituir uns corruptores por outros, só interessa realmente mudar a cor beneficiada.
Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Em relação às claques subsidiadas pelos clubes continuará tudo na mesma, estas “novas” leis são mais do mesmo que vigora actualmente em Portugal. Como é a vossa relação com a polícia? Esforço-me para que não exista qualquer tipo de relação. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Bons empregos… O que pensas do Futebol Moderno? Um mero negócio de uns quantos magnatas que se fartaram da sua vida quotidiana e pretendem um pouco de visibilidade pública que só o futebol lhes pode dar. O que pensas dos novos estádios? O que se ganhou em conforto perdeu-se em atmosfera. Nada têm que ver com o futebol mas sim com o negócio. Nos estádios novos, o adepto teve o seu novo papel clarificado… serve apenas para consumir futebol ao invés de o viver. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? A verdadeira razão, pela qual os estádios estão vazios. Qual a vossa relação com os jornalistas? Total indiferença, existem problemas bem maiores no futebol que os jornalistas. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? É má, pois somos contrários ao negócio que envolve o clube. Muitos milhões e muitos interesses de pessoas que se envolvem no dia-a-dia do clube de forma a retirarem dividendos para os seus negócios particulares. O adepto que segue a sua paixão desinteressadamente, deve exigir exactamente o mesmo daqueles que se oferecem para o dirigir. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? O verdadeiro Sporting e as suas gentes. O que é para ti o Sporting? Uma doença para a qual nunca haverá cura. Um sentimento que nasce connosco e que nos acompanha durante toda a nossa vida. O que é para ti a selecção nacional? Penso que te referes à de futebol, essa não é nada para mim. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de
hoje? Acho que desde o Euro2004, que houve uma mudança na mentalidade da maioria das pessoas. Se para mim, esse evento marcou a morte do verdadeiro futebol, para outros parece que foi o nascimento do futebol. O que pensas do estado do país? O país vem morrendo aos poucos desde há 31anos, ao seu povo quase milenar foi vendida uma mentira e desde então que lhe são pedidos sacrifícios em prol de uma elite politica que se vai governando. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Nunca gostei de me vangloriar dos meus feitos e obviamente que não o farei em nome de um grupo de amigos, os nossos feitos ficam para quem os praticou e/ou para os nossos adversários. Desde o acesso massivo às novas tecnologias, que cada um conta a sua versão dos acontecimentos mas nunca um grupo tão pequeno despertou tantos ódios e tanta publicidade em Portugal.
TELMO Há quantos anos acompanhas o Sporting? 1992. Sporting/ porto em que empatamos 1-1. Foi algo que ficará para sempre marcado em mim. O entrar naquela curva, sem conhecer ninguém, ver como era, sentir-me parte daquilo. Mudou a minha vida. Como encaraste o nascimento do grupo? Como algo de natural. Foi o tentar fazer um grupo mais coeso. Em vez de haver tanta gente dispersa por núcleos e amizades, formou-se um grupo para aglomerar quem se identificasse com os ideais do mesmo. Como vês as relações com as claques? A meu ver e, pela experiência que levo, não deveria haver qualquer relação com outras claques. Que haja, pontualmente, amizades, que as há, fruto de anos e anos de bola, tudo bem. Mas institucionalmente, sou contra. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Somos um grupo coeso. Vamos à parte. Mas porque é que se queremos ir a algum lado, temos de levar a polícia connosco? Não temos. Assim, vamos por nossa conta desde a formação do Grupo. Saímos de Alvalade quando queremos. Chegamos quando queremos. Instalamo-nos em terreno adversário e ficamos à espera de mostrarem o que valem. Muitos outros seguiram e estão a seguir este nosso exemplo. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? A única política é o Sporting. Sempre assim foi. Apesar de haver pseudo-intelectuais que dizem o contrário, todos nos juntamos ali pelo clube. Agora se quiserem sentir o pulso das várias pessoas que frequentam a superior, ela maioritariamente irá dizer que é de direita, ou nacionalista, como quiserem. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? PNR. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Não me lembro de tal ter acontecido… Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Como disse anteriormente, sou contra toda e qualquer relação de amizade. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Não gosto de ninguém, além do Sporting. Mas como é lógico gosto ainda menos do clube ali para os lados de Carnide, vulgo, slb. Devido a tudo. Não pensem que é inveja ou algo parecido, como tantos, sem
conseguirem outras explicações, apregoam. É pelo que representam, maioritariamente. O português mais básico. Aquele que não pensa, que vai atrás de tudo. Alias, basta ver, ganham um ou dois jogos, e tratam logo de dizer que já ganharam tudo. Que são a melhor equipa, têm os melhores jogadores. Os jornais, sabendo disso, em vez de, pedagogicamente tentarem educar e sensibilizar as pessoas, ainda ajudam mais, fomentando esse mesmo estado de espírito. Depois, jamais seria de um clube que teve uma operação coração, que tem um presidente que, todos os anos, diz que tem a melhor equipa, os melhores jogadores. Que diz que vai ter 300 mil sócios. Que agora diz que entrou para o Guiness( vão contar, efectivamente o numero de sócios pagantes…) e em que os seus adeptos permitem a aleivosia de, há coisa de 5 anos, ter dito que em 3 anos seria a melhor equipa do mundo…; Depois é o viver em Lisboa, em que amigos ou colegas de trabalho gostam de falar e esgrimir a força e a capacidade dos dois emblemas. Numa palavra o meu sentimento por aquela instituição é, ódio. A derrota deles é uma vitória minha. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Respeito, nós temos de ter sempre. Não somos invencíveis. Quando se facilita é quando dificilmente conseguiremos ganhar. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? A nossa mentalidade é o ir mais além. É termos incutida a mentalidade de ir à bola quando o Sporting não ganhava nada há anos e, em que íamos a todo o lado com as mais diversas condições atmosféricas e em que não havia ainda o conforto, que passou a haver, com a construção dos novos estádios. A nossa mentalidade é estar sempre presente e disposto a mostrar que estamos presentes na rua e no estádio. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Há jogos falseados. Aliás, basta ver tudo o que tem vindo a público. No entanto, o que mais me espanta, ou talvez não, é as pessoas serem culpadas e manterem-se no poder, qual país do terceiro mundo. Dir-me-ão que as pessoas são inocentes até prova em contrario. Contudo, há provas que são irrefutáveis. E quando se vê indivíduos a combinarem jogos, árbitros e a dizerem que favores estão incluídos, julgo que só a mentalidade portuguesa do facilitismo e do amorfismo, faz com que estas pessoas continuem nos mesmos cargos e que mandem no futebol português. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? No que a nós diz respeito não. Contudo prevejo uma maior repressão dos senhores que vestem de azul e que não têm respeito nenhum pelas pessoas que vão à bola. Mas a esses, um dia será tempo do ajuste de contas. Sonho com o dia em que adversários se possam juntar na rua e que consigamos varrer com essa escumalha que tanto mal faz aos adeptos. Vibro só de pensar que o que se passa por essa Europa e especialmente o que acontece em Itália possa suceder também em Portugal. Tenho pena que as nossas respostas perante os abusos semanais não sejam mais frequentes e com mais determinação. Gostava que houvesse alguém a filmar o que se passa nos estádios do país para realmente mostrarem ao povo português todos os abusos que os adeptos sofrem perante a impunidade dos senhores que parecem “robocops”. Porque é que os elementos do C.I. não têm identificação? Porque é que quando queremos apresentar queixa contra algum deles somos corridos com bastões por 10 ou mais atrasados mentais, que estão ali para bater e mais nada? Lembrem-se apenas que vocês passeiam, que andam na rua, frequentam os mesmo locais que nós e quando assim for não estarão protegidos por mais dos vossos.
Como é a vossa relação com a polícia? Como em tudo, há os que cumprem o seu serviço e os outros. Para uns, respeito, para os outros o maior dos ódios. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Um rico tacho, ou alguns já teriam saído, certo? Os interesses continuam lá. O que pensas do Futebol Moderno? O futebol moderno, é a evolução natural das coisas. O que não quer dizer que a evolução seja boa. O futebol moderno quer apenas dinheiro, qual sionismo. É o interesse das televisões, dos “lobbies” das grandes empresas. É os jogadores terem contrato com os clubes e ameaçarem não jogar porque querem ser transferidos. São os horários da T.V. Os dias dos jogos. Lá fora já algo se faz de bom, mas como nós aqui no burgo é que somos os mais inteligentes, continuamos a ter uma jornada que demora 5 dias e a horas indecentes para quem tem responsabilidades. O que pensas dos novos estádios? Vieram dar algum conforto e alguma segurança a todos quantos se deslocam aos estádios. Pessoalmente, penso que são grandes de mais. Mas, como digo, é mais do mesmo… a mentalidade portuguesa. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Não sou contra as transmissões televisivas. Sou contra os horários dos jogos. Qual a vossa relação com os jornalistas? Somos informados de muitas coisas, que os próprios dirigentes pensam que não sabemos. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Há amizade e respeito com algumas pessoas. Nada mais. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? A Superior é algo que me pertence. Algo que ajudei a construir. Tem muito de mim. Muito sacrifício. Muitas lágrimas. Muitas alegrias. Fiz muitas amizades ali. A Superior é algo de mítico. Como há uns anos foi dito numa entrevista a uma fanzine pelo símbolo do clube de Carnide, Rui Costa, a Superior de Alvalade é de facto a melhor de Portugal. O que é para ti o Sporting? Em todo o mundo por onde viajei, em todos os livros que já li, em tudo o que aprendi, ainda não consegui encontrar as palavras que consigam descrever para mim o que é o Sporting. Só posso dizer que amo orgulhosamente o Sporting Clube de Portugal O que é para ti a selecção nacional? Diz-me algo. Ia ver muitos jogos antigamente. Agora não. Quero que ganhem. Vibro quanto baste, mas jamais será igualado o sentimento que tenho pelo meu clube. E com esta proliferação de brasileiros
naturalizados, o meu sentimento e o de muitos outros amigos está a esfumar-se. Os objectivos da federação estão a ser postos em prática, e estão a afastar os adeptos. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou quase tudo. Desde logo os horários dos jogos. Depois tudo o que envolve o fenómeno, como as grandes concentrações que fazíamos no Saldanha, a caça aos lampiões pela baixa. As esperas aos barcos que vinham da outra margem. Certas coisas continuam, mas a repressão policial veio fazer com que tivesse de haver mudanças a todos os níveis. Depois as próprias pessoas começam a casar, ter filhos, mais responsabilidades. Havia honra nas lutas. Havia o mesmo ódio entre adeptos, mas havia mais respeito. Com o avançar dos tempos assistimos às classes mais baixas e imigrantes, que por acaso até são adeptos do Benfica, trazerem consigo o que de pior existe no ser humano. Porém, como temos muita personalidade, não seguimos a velha máxima, se não podes com eles junta-te a eles… Portanto, cá continuaremos na nossa luta honrando os valores mais tradicionais que fizeram de nós únicos. Lutar com bravura e com dignidade. O que pensas do estado do país? Temos os governantes que merecemos. Como é possível que se veja o quão mal certos deputados e governos têm feito ao país, e logo a seguir, como se passassem uma esponja na história, este povo lhes dê o governo ou até a maioria absoluta? Como é possível que ninguém abra os olhos e que não vejam, por vezes existe uma certa comunicação social que tem coragem de mostrar, a quantidade de ministros que pertencem à Opus Dei e à Maçonaria. Será obra do acaso? Será uma teia de interesses? Será alguma ordem mundial? Como é possível não se ver que de genuínos esses senhores nada têm? Somos um povo sem chama, sem ideias e que se acobarda quando tem de agir para o seu bem e para as futuras gerações. Este país, qual terceiro mundo, só lhe falta ser pertença de África. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Vou falar de um episódio que não é muito do conhecimento geral. Além do mais o grupo oponente, não o discute sequer, tentando calar a vergonha que foi a actuação deles. Benfica – Sporting, última jornada. Resultado final 3-3. Há uns dez anos. Sai a concentração da Juve Leo de Alvalade e alguns de nós, quisemos fazer uma gracinha. Assim, à pressa, conseguimos 13 amigos e a namorada de um deles. Fomos de metro. Até ao Alto dos Moinhos, praticamente, ninguém falou, para não sermos reconhecidos como grupo Sporting. Saímos e fomos ao café onde antigamente paravam os nn (no name) na parte de cima da casinha deles na continuação da rua dos Soeiros… debaixo de umas arcadas. Faltavam cerca de duas horas para o início do jogo. Estava lá sobretudo o núcleo dos “marginais” (julgo que agora já fechou o café…). E o que se passou foi que foram completamente corridos, tendo inclusive conseguido fechar o café e puxado a grade que o mesmo tinha. Outros que não tiveram tanta sorte, era vê-los a correr desalmados, por entre o descampado e os caniços que agora deram lugar a prédios de habitação. Isto só para mostrar que nunca precisamos de fazer alarido das nossas acções nem ir com muitos homens. O que interessa é que sejam válidos. Fomos à procura. Poucos, mas fomos. É isto que nos distingue. Enquanto os outros só avançam quando pensam que ganham, devido ao elevado número de elementos que têm, nós vamos porque gostamos do que fazemos e odiamos o inimigo. Não andamos com histórias na internet a dizer para trazerem 100 e blablabla (conversa da treta). Isto só demonstra que os adversários se fiam no número, que não têm aquela mentalidade que poucos conseguem ter. Por isso é que
por mais anos que vivamos, toda a gente se vai lembrar de nós. Nos fomos 13. Nós não vivemos de mitos falsos. Somos uma realidade. Muitas outras histórias haveria para contar, mas isso fica para quem as viveu. THOR Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há mais que devia. Como encaraste o nascimento do grupo? O grupo nasceu principalmente de um grupo de amigos, de um conjunto de ideias e ideais, de muita
quantidade de álcool, de uma maneira própria de estar na curva e nas atitudes e peso significativo na própria claque… mais simples nasceu de um grupo amigos que vivia muito um estilo de vida Sporting e que nunca deixava ficar mal a nossa reputação ultra em nenhum sentido. Como vês as relações com as claques? As relações entre claques são uma coisa, as relações entre indivíduos ou grupos de claques diferentes são outras. Mas ambas devem respeitar um certo código e acima de tudo, na minha opinião, o momento crucial que é “ o dia do jogo”estabelece as fronteiras entre claques de clubes diferentes, muito mais quando esses jogam entre si. Mas tudo depende da maneira de cada um estar no mundo das claques. As claques devem respeitar-se e até conviver em alguns (muito poucos) casos e situações mas nunca se misturarem. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Agora é injusto eu falar porque já não participo, mas o grupo nunca deu explicações nem precisou de agradar a ninguém e sempre soube ter uma postura muito ultra, ao contrário das claques do Sporting, e nisso se engloba saber quem é que devemos ter como inimigos e quem nunca devemos ter como aliados…ACAB! (All Cops Are Bastards) Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Na Superior Sul (não posso falar da outra porque nunca fiz parte dela e só lá assisti a jogos obrigado na mudança de estádio…o que não tem nada a ver com os que lá estão agora e que só assistem lá aos jogos também “obrigados”, a sonharem voltar a cantar na curva sul.) …mas como estava a dizer sempre se fez politica na curva sul de Alvalade: passiva, activa, de exposição, de acção, de toda a maneira e em todas as direcções. Se bem me lembro este foi estudo de algumas entidades e houve altura que foi falada e avaliada na televisão. O que é normal para uma curva forte e de renome na Europa. A curva sul de Alvalade é, por tradição, politica. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? …Sem resposta… Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Tenho amizade com alguns grupos ultras mas mais com elementos desses grupos ou claques. Isso nasceu de várias maneiras, não há uma linha a seguir para o surgimento dessas amizades, muitas vezes apenas maneiras semelhantes de estar nos grupos ou simplesmente por situações que levam a essa amizade. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? Claro que tenho ódio aos fulanos sem nome (NN) o porque… perdeu se há anos mas sei que serei velho e se os puder foder não vou perdoar (risos). E claro está (será difícil de alguns perceberem) mas tenho ódio àqueles que realmente jogam contra nós e que nunca estarão do nosso lado (também pessoalmente não quero) …ACAB! (All Cops Are Bastards)
Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Como em tudo na minha vida, só respeito quem gosto. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Amor ao futebol de um ponto de vista da classe operária… (Risos) Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Acho que o futebol é um negócio de milhões que tem de ser gerido…e que nós acabamos por ser “outsiders”. Sofrer pelo Sporting faz parte de mim e da minha paixão e não de quem gere o futebol em geral e do Sporting em particular. Mas também é o facto de o adepto não o controlar que faz o futebol ser o assunto de segunda a domingo no nosso país que vive à sua maneira intensamente o futebol. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? A legalização mudou! A partir desse momento tudo o resto são consequências. Que pague quem lucra e quem quis agradar, porque nunca se pode legalizar as atitudes de uma claque. A maneira de estar numa claque é, logo à partida, uma maneira de estar rebelde e “anti-social” e a violência faz ou devia fazer parte do dia-a-dia de uma claque, as coisas são assim e nunca deveriam de se render a pressões porque ninguém deveria controlar a mentalidade e as atitudes rebeldes de uma claque ou grupo. Não digo que agora se controle na totalidade mas a pressão e o poder dar e tirar benefícios é também uma forma de controlar. Como é a vossa relação com a polícia? Pessoalmente acho que já respondi a isso antes aqui e há quem ache necessário falar com eles, eu acho que eles nem são necessários. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? …sem resposta… O que pensas do Futebol Moderno? O futebol moderno é o nosso futebol, gostar de futebol é relembrar o passado mas também apreciar o presente. Os velhos do Restelo morrem nas bancadas apesar de o passado à sua maneira deixa sempre saudade. O trabalhar a matemática do futebol (a táctica) leva a apreciar e talvez até a descobrir talentos que se calhar passavam despercebidos. O que pensas dos novos estádios? São novos, (risos), continuam a ter um campo em relva, bancadas… mas têm também mais câmaras, mais polícia e mais controlo e até os parvos “stewards”. Quem disse que queríamos mais condições para ver futebol??? Quem disse que queríamos ver a bola sentados??? O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Os estádios estão lá com as condições todas para os parvos irem de fato e gravata, só não vai quem não quer ou quem não pode. O problema talvez seja mesmo a importância que os clubes dão aos
adeptos…que é cada vez menor… o preço dos bilhetes, a hora dos jogos, etc. Isso é que é realmente o problema. Qual a vossa relação com os jornalistas? Os jornalistas são apenas a seguir aos polícias algo que faz muito pouca falta ás claques. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Não vou falar da actualidade mais uma vez mas deveria ser muito pouca, eles significam na maior parte das vezes o oposto da claque. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? A Superior Sul de Alvalade para mim significa o Sporting e acima de tudo significa alguns amigos de anos que passamos por muitas histórias. Apesar da minha paixão pelo Sporting, a vitória da bancada é mais importante que a da equipa. O que é para ti o Sporting? Uma paixão estúpida e muitas vezes irracional. O que é para ti a selecção nacional? Mais uma equipa de futebol. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou muita coisa, porque tudo muda, mas as histórias ficam. A verdade é que são pessoas diferentes e tempos diferentes. O que pensas do estado do país? O país está a atravessar um momento de falta…falta de tudo. Falta de dinheiro, valores, emprego e de tempo. Tudo isto se reflecte na sociedade portuguesa. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Tenho histórias, muitas, acho que dão quase para fazer um livro. Tudo muda menos os laços que fizemos, como guerreiros, à nossa maneira. As histórias que nós passámos… ficam para outros contarem.
TÓ DA PÓVOA Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 17 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Não fiz parte da fundação do Grupo mas de imediato reparei na forma diferente de estar caracterizada pela grande união. Como vês as relações com as claques? Existem relações somente com a Juventude Leonina. Com as outras não existe qualquer tipo de relação. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? Modo “Casual”, apesar de por vezes transportarmos a nossa faixa ou um estandarte o que faz com que não seja “Casual” a 100%, mas no resto identificamo-nos com esse estilo na medida em que viajamos em meios próprios, sem acompanhamento policial, paramos onde queremos, vamos por onde queremos, ninguém nos impõe nada. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Na Sul de Alvalade não existe e na Norte desconheço. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não faço parte de nenhum partido e não gosto de política. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Não gosto porque penso que isso é estar a fazer politica na curva. Também não compreendo o porquê de uma bandeira com o Che Guevara poder aparecer e uma bandeira com uma cruz céltica não poder. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Conheço elementos de outras claques mas não existem amizades em termos de Grupo.
Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? O meu ódio ao Benfica…é idêntico ao amor pelo Sporting, nem todos os Sportinguistas pensam assim mas eu penso. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Respeito a Juventude Leonina por estar na génese do Grupo, para todas as outras estou-me a cagar. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Diferente. Os adeptos vão apenas para apoiar e nós vamos para outras coisas mais tais como defender a nossa dignidade, ou seja, se formos provocados, será dada uma resposta à altura…e se não nos provocarem mas nós não gostarmos deles é igual. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Não posso acreditar no futebol português porque surgem cada vez mais casos. São dossiers atrás de dossiers. São apitos dourados, avermelhados, azulados…acredito apenas no Sporting. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Vai mudar muita coisa. O controlo vai apertar e vão entalar o pessoal à mínima possível, vão identificar e avançar logo com o processo para que quem falhe não apareça mais na bola. Como é a vossa relação com a polícia? A mínima possível…eles bem tentam, mas não passa do “Bom dia” e “Boa Tarde”. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Nem compreendo para que servem. Acho que não fazem nada. O meu sentimento é de desprezo e por vezes ódio. Por exemplo nas finais das Taça de Portugal não consigo compreender o porquê da Federação ficar com o mesmo numero de bilhetes do que qualquer dos dois clubes finalistas. O que pensas do Futebol Moderno? O futebol moderno é a Sport Tv que é responsável pelo elevado preço dos bilhetes e que tira pessoas aos estádios. O que pensas dos novos estádios? Não deveriam ter sido feitos tantos estádios que apenas serviram para uma competição que durou um mês. Penso que existiam outras prioridades no país. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Não sou contra as transmissões televisivas, mas sim contra as mudanças de horários e de datas dos jogos por causa dessas. Qual a vossa relação com os jornalistas? Nula. Os “media” não são independentes e só servem para mandar abaixo. Servem para trocar informação com outros agentes.
Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Nem boa, nem má. Da minha parte não falo com nenhum. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Já representou mais do que aquilo que representa neste momento. Se eu não frequentasse a Superior Sul não teria conhecido a Juventude Leonina, se não conhecesse a Juventude Leonina não teria conhecido o Grupo e não teria feito parte desta “família”. Porque somos de facto uma família que se entreajuda. A Superior Sul foi abalada pela cisão que deu origem à outra claque, mas penso que melhores dias virão. Não acredito numa Superior Sul com todas as claques juntas porque penso que não cabem lá as 3. O que é para ti o Sporting? A minha segunda família e por vezes a primeira porque a coloco à frente da minha família, já chegou até a acontecer deixá-la na data do meu aniversário para ir assistir a jogos. O que é para ti a selecção nacional? Dantes gostava, hoje em dia acho que não existe. Parece que querem ainda naturalizar mais brasileiros…sinceramente, não me diz mesmo nada. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Sim. As coisas mudam. O ambiente dantes era mais alegre do que nos dias de hoje, mudaram os estádios, mudou a atitude dos jogadores que dantes vinham sempre agradecer quando jogávamos fora de casa e agora isso não se verifica, podíamos assistir aos treinos e estar mais próximos dos jogadores ao contrário do que se verifica hoje. O que pensas do estado do país? Péssimo. Sem mais comentários. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Recordo-me bem da ida à Madeira com 11 elementos do Grupo em Hotel de cinco estrelas tendo usufruído, à grande, a estadia. Recordo-me bem da viagem a Milão para a pré-eliminatória da Champions League contra o Inter. Lembro-me sempre das grandes “almoçaradas” feitas em quase todos os jogos fora em Portugal. No que diz respeito a confrontos destaco os nos jogos de Futsal, sobretudo contra o Benfica.
TÓ MECÂNICO Há quantos anos acompanhas o Sporting? Há 10 anos. Como encaraste o nascimento do grupo? Uma forte relação de amizade foi o motivo para o aparecimento do Grupo. Tínhamos uma relação mais forte do que a existente no resto da Juventude Leonina naquele tempo. Como vês as relações com as claques? Hoje em dia parece estar tudo bem… Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? O que nos distingue de facto é o nível de amizade existente entre nós que não se vê nos outros. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Acho que não. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político? Não. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? A minha reacção é de indiferença porque penso que devemos estar ali apenas para apoiar o Sporting e nada mais. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? Directamente não existe. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? É o Benfica o único ódio (risos). Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Temos boas relações com alguns elementos adeptos da Académica e com elementos dos Super Dragões. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Temos uma mentalidade própria que é incompreensível para o resto dos adeptos. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? São falseados. O caso do Apito Dourado, que nem ata nem desata é um bom exemplo.
Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Não acredito que mude alguma coisa. Dou-te um exemplo que foi um telefonema que recebi relacionado com a entrega do pedido de legalização da claque visto que, naquele tempo em que o processo foi iniciado, eu fazia parte da direcção. Já não tenho nada que ver com aquilo e continuam a ligar para mim. É a prova de que não sabem o que andam a fazer e de que há sempre forma de fugir a identificações. Como é a vossa relação com a polícia? Não tenho relações com polícia nenhuma e quanto menos melhor...eles dão palmadinhas nas costas quando está tudo bem, mas se houver hipótese de nos foder, são os primeiros. Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? Não me interessam nada. Sou apenas Sporting. O que pensas do Futebol Moderno? Onde é que está o futebol moderno em Portugal?... O que pensas dos novos estádios? Bons. Penso que trouxeram mais gente ao futebol. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? Sou contra. Sou a favor dos jogos realizados em horários decentes e sou contra a dependência das televisões para a definição dos horários. Qual a vossa relação com os jornalistas? Nenhuma. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? As melhores possíveis… O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? É aquele bichinho que ficou e que nos faz arrepiar quando recuamos no tempo e nos lembramos do que passámos juntos. O que é para ti o Sporting? Não tenho palavras para descrever o amor que sinto. O que é para ti a selecção nacional? A selecção nacional não me diz nada. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje?
Mudou sobretudo o sentimento de amizade que existia que não é tão intensa, apesar de perdurar nalgumas situações e dou-te o exemplo de continuar a viajar pelo país, sobretudo para o Algarve, para conviver com grandes amigos que conheci no futebol. O que pensas do estado do país? Caótico. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Lembro-me de muitas histórias em jogos contra o Benfica, mas a que mais me marcou foi aquela do jogo a contar para a Taça em Vila Real em que nós, apenas com 10 gajos, fizemos frente à cidade inteira…Aí é que se provou a união existente entre nós, que já não havia na Juventude Leonina porque na claque cada um puxa para o seu lado… VERY Há quantos anos acompanhas o Sporting? A primeira vez que vi o Sporting ao vivo foi na época 81/82; entrei para a Juve Leo na época 89/90. Como encaraste o nascimento do grupo? Encarei de maneira normal até porque os fundadores do grupo já eram amigos, quase todos da organização e direcção da Juve Leo; andavam quase sempre juntos fosse em dia de bola ou não. Inicialmente era um núcleo normal da Juve Leo. Como vês as relações com as claques? Com a J L temos uma boa relação; com a Torcida uma relação normal e com o DUXXI não temos relação. Quais as diferenças mais notórias entre a vossa forma de agir e a das claques? As diferenças mais notórias são que o grupo vive para o Sporting, enquanto as claques vivem do Sporting; somos completamente autónomos e dependentes unicamente de nós próprios. Faz-se política nas Superiores de Alvalade? Na minha opinião pessoal não se faz politica nas superiores de Alvalade. Fazes parte de algum partido dentro do teu movimento político?
Não tenho nenhuma filiação partidária. Se algum elemento das claques ou adepto do Sporting exibir uma bandeira do Che Guevara qual a tua reacção? Indiferença; o importante é o Sporting e não o que A, B ou C fazem. Têm amizade com alguma claque ou grupo português ou internacional, como nasceu? O Grupo não tem amizades institucionais com nenhuma claque ou grupo nacional ou internacional; o que existe são amizades pessoais entre elementos do grupo e elementos de outras claques ou grupos quer nacionais ou internacionais. Têm algum ódio de estimação português ou internacional, porquê? NN porque são do Benfica. Têm respeito por algum grupo ou claque apesar da inimizade existente, porquê? Para se ser respeitado tem que se dar ao respeito; deste modo quem se der ao respeito é respeitado pelo Grupo. Como classificas a vossa mentalidade no panorama de adeptos? Hoje em dia o Grupo encontra-se mais perto do estilo de uma “firm” inglesa do que de uma claque ou de um grupo ultra. Achas que os jogos são falseados ou acreditas no futebol português? Os jogos em Portugal são falseados, mas quando se chega ao fim do campeonato, os mais beneficiados são os três grandes e entre estes o Benfica é claramente o mais beneficiado e o Sporting o mais prejudicado. Com as novas leis que serão postas em prática a partir deste ano, achas que vai mudar alguma coisa em relação às claques? Em relação às claques vai ficar tudo na mesma. Agora em relação aos líderes que vivem das claques irá ser melhor porque assim podem roubar mais e fornecerem informações acerca de tudo o que se passa, além de esconderem o facto de as autoridades terem os dados pessoais de todos os sócios das claques. É inaceitável como as claques entram nestes pactos. Como é a vossa relação com a polícia? Não há relação…ACAB! Qual o vosso sentimento pela Federação, Liga e todos os órgãos institucionais do futebol português? São todos repugnantes, preocupam-se mais com o seu bem-estar e das suas famílias e amigos do que com o futebol português. O importante não é se o futebol está bem ou mal, mas sim o “tacho” que têm e o que pode vir a seguir, para além de ser mais importante aparecerem constantemente nos eventos sociais. O que pensas do Futebol Moderno? Sou contra o futebol moderno porque querem tirar o futebol ao povo e torná-lo num desporto elitista.
Querem “igualar” uma ida ao futebol com uma ida à ópera. O que pensas dos novos estádios? Penso que são uma actualização natural do Mundo. Claro que são muito mais confortáveis e funcionais, mas na minha opinião preferia ter uma equipa de nível mundial para lutar por todas as provas e jogar ainda no velho Estádio José de Alvalade, do que ter um grande estádio e uma equipa de valor só para provas internas. O que pensas das transmissões televisivas desenfreadas dos últimos anos? São a principal razão da morte do futebol português, uma vez que fica mais barato uma pessoa activar a sport tv e gastar cerca de 200€ e assim ter acesso a todos os jogos do campeonato e competições europeias. Pelo contrário, se uma pessoa for ao estádio, esse valor chega apenas para comprar uma gamebox, ir à Luz e ao Dragão. Porque será que nos jogos da última jornada todos os campos estão quase sempre cheios? Qual a vossa relação com os jornalistas? Não temos relação. Qual a vossa relação com os dirigentes do clube? Apenas queremos que dirijam bem o Sporting. O que é para ti a Superior Sul de Alvalade? Foi onde me fiz Homem e onde conheci as pessoas mais importantes da minha vida. O que é para ti o Sporting? O grande amor da minha vida…nasci Sporting e hei-de morrer Sporting. O que é para ti a selecção nacional? É a equipa da federação. Fico contente quando ganha jogos nos europeus e mundiais e indiferente quando perde. Não vejo a selecção ao vivo, não perco tempo com a selecção. Pensas que mudou alguma coisa desde os primeiros anos em que ias ao estádio até ao dia de hoje? Mudou tudo. No passado só existia uma forma de ver os jogos, que era ao vivo. Os jogos eram quase todos à mesma hora; o futebol era mais genuíno. O que pensas do estado do país? O país está atravessar uma fase difícil; o desemprego aumenta de dia para dia; pagam-se impostos por tudo e por nada; aumentam os crimes de colarinho branco e há cada vez mais uma diferença entre classes. Histórias inesquecíveis de confrontos ou de jogos ou de diversão com o Grupo. Na minha opinião todas as situações são inesquecíveis por esta ou pela aquela razão, no entanto destaco algumas delas: Jogos: Sporting x Porto (2001/2002) – primeiro jogo oficial do Grupo
Milão x Sporting (2001/2002) – jogo em que foi inaugurada a faixa do Grupo Confrontos: Sporting x Benfica (futsal) – ficámos com a faixa de Oeiras dos NN Diversão: Um almoço na Costa de Caparica, quando um elemento do Grupo 1143 (Almada), no final do almoço, disse que tinha feito uma música nova (“Só eu sei porque não fico em casa”). De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: segunda-feira, 27 de Junho de 2005 13:53:52 Para:
[email protected] Ciao Raga!! Está tudo bem por aí? Parabéns pelo acesso à serie A. Desculpa não ter contactado antes. Por cá tudo bem. Período de defeso e a malta vai para a praia e para as noitadas. Consegui descobrir que na noite seguinte à da final da Copa UEFA aconteceu um jantar, num restaurante anexo àquela discoteca que tu gostavas muito, onde estiveram presentes o Very e o Nuno que cordialmente se sentaram frente a frente para porem fim definitivamente às desavenças existentes entre as duas facções. Comprometeram-se que resolveriam pessoalmente qualquer diferendo entre as partes que existisse daquele dia em diante. O encontro foi promovido pelos homens da primeira geração da JL. Convidaram também o Almada e o Mendes que já tinham feito as pazes na semana anterior num jantar também por eles preparado numa churrascaria junto ao estádio. O Mendes faltou a este jantar da paz apesar de ter sido convidado insistentemente como me contou um amigo meu que é segurança da discoteca e que estava presente. Não foi mas mandou o joguete, aquele moço que o acompanhava constantemente, para registar tudo o que se passou. Durante o jantar descobriram uma série de contradições de coisas que dizia de uma maneira a uns e de outra maneira aos outros. Vai de encontro precisamente ao “dividir para reinar” que me disseste na noite antes de partires. A maior prova foi que, na noite imediatamente a seguir, o Mendes jantou apenas com o Nuno e com os seus dois joguetes, o rapaz que esteve presente na noite anterior e aquele cabeçudo que era o seu motorista particular. Foram vistos os quatro naquela cervejaria da Almirante Reis. Este encontro foi com o intuito de perceberem até que ponto o Nuno ficara influenciado, já que depois do jantar da noite anterior o Nuno, o Very e o Almada ainda ficaram, até altas horas da madrugada, na discoteca em confraternização. Não sei se te interessam muito estas notícias, mas vou continuar a chatear-te com elas para ver se vai acontecer o que tu previas.
Abraço. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: segunda-feira, 12 de Setembro de 2005 11:23:12 Para:
[email protected] Ciao Amico! Tudo bem no sopé dos Alpes? Soube recentemente da triste notícia da impossibilidade do Toro disputar a serie A por motivos de ordem financeira e fiquei chateado só por ti, mas por outro lado sei que não é por isso que vais deixar de ir a todas e como tal desejo-te boa sorte para esta época que agora começou. Escrevo-te para te contar o rescaldo do derby de Lisboa jogado no sábado passado e começo por te contar o que se passou no exterior. Estranhei a permissividade da polícia relativamente à concentração das claques do Benfica junto ao colégio alemão, sabendo da sua proximidade do estádio de Alvalade e sabendo que depois dos boatos que corriam na internet sobre a possibilidade de um encontro naquela zona, todos os elementos pertencentes a claques do Sporting estariam alerta. Nunca em anos passados se verificou tal situação, como tu também pudeste ver, e por isso não haviam sido registados problemas de maior. Verdade seja dita, que também este ano não chegou a haver contactos físicos entre as claques, mas esteve muito mais próximo de acontecer do que em anos anteriores. As ocorrências resumiram-se a confrontos entre pessoal do Sporting e polícia. Um dos carros da bófia ficou com um vidro partido e um deles ficou mal tratado. Em resposta dispararam balas de borracha na nossa direcção tendo acertado em 3 ou 4 dos nossos. A coisa foi mal preparada da nossa parte. Poderia ter sido memorável se tivesse sido organizado de outra forma. A maioria dos presentes era composta por dissidentes das claques que pela primeira vez se juntaram numa acção difícil como esta, alguns que já tinham saído da JL há algum tempo entre eles o pessoal do Grupo 1143, outros que se desligaram nestes últimos meses e que foram os que fizeram mais estragos e a novidade foi o aparecimento de uma nova vaga de alguns rapazes que estão descontentes com o andamento da claque DUXXI. Penso que tenha sido o início daquela situação de afastamento das claques que tu previste. A claque do Benfica preparou-se bem e atacou naquela zona junto aos cafés “Magriço” e “Dificil” onde apanharam apenas adeptos do Sporting ali presentes. Eles apareceram do cimo da Alameda das Linhas de Torres (aquela rua da Loja de Conveniência, lembras-te?) depois de terem andado a circular em carrinhas no perímetro circundante do estádio de Alvalade algumas horas antes nas barbas da polícia. Passando agora ao que se passou no interior do estádio digo-te que perdeste um grande festival de
“petardaria” como há muito não se via em Portugal (não penses que foi estilo Napoli, mas para o nível de cá já foi muito bom). Como sabes quem revista o pessoal nas entradas são os bananas da segurança privada, os stewards. Como te apercebeste enquanto cá estiveste, não apenas pelo facto de alguns elementos pertencentes aos quadros dessas empresas estarem devidamente controlados pelos líderes das claques mas também por nunca serem directamente responsabilizados por não detectarem a entrada de material que permitam acções que infrinjam a lei, as pessoas que integram essas empresas mostram-se totalmente indiferentes ao que quer que seja, querem é regressar a casa com o “pagamentozito” no bolso e para a próxima semana há mais. Ora, posto isto e acrescentando ainda o facto de haver a conivência de alguns dirigentes do clube no que concerne ao acesso ao estádio, seja a que horas ou em que dia for, aos líderes das claques com o intuito ou a desculpa de ir preparar a coreografia, ficaram assim reunidas as condições para se preparar a festa. No dia antes do jogo e sabendo de todos estes pormenores, o pessoal da JL comprou os petardos e introduziram no estádio aquando da preparação da coreografia que, como deves calcular, voltou a ser arremesso de rolos de papel higiénico, porque desta vez não houve nada na bancada preparado pelos da primeira geração da claque que “fecharam a torneira” de dinheiro ao Mendes. Na hora do jogo foi fácil. Bastou entrar, passar pelo empilhamento de rolos de papel, ter acesso aos petardos e depois atirá-los durante toda a partida como se verificou. Tem sido engraçada a reacção dos dirigentes do Sporting que dizem que a culpa é da polícia, sabendo nós que as condições são aquelas atrás descritas. O que interessa de facto foi a nossa vitória por 2-1, o resto não fica para a história. Abraço. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: quinta-feira, 20 de Outubro de 2005 21:20:42 Para:
[email protected] Ciao Raga!!!
Parabéns pelo bom inicio de campeonato do Toro. Já deu para perceber que vai subir apesar da grande competitividade da serie B. Podias perder um bocado de tempo e mandar-me uns e-mails com as histórias das cenas que tens vivido no “Planeta Ultras”. Por cá devo contar-te que a direcção do clube caiu simultaneamente ao despedimento do treinador. Demoraram 5 meses para concluir aquilo que nós comentámos antes de partires. Lembro-me bem de teres dito que se fosse aí o treinador não passaria daquela noite, mas o problema aqui é que já não há ninguém para fazer pressão. A revolução de que tiveste conhecimento em 1999 quando chegaste a Lisboa será impossível de se repetir. Até porque só caiu o presidente, ao contrário daquela vez, os restantes dirigentes continuam e pelo que parece sobem todos um lugar na estrutura piramidal e o mesmo se aplica ao lugar de treinador principal que passou a ser ocupado pelo treinador dos juniores (“Primavera” como vocês aí chamam). Quero contar-te mais uma. Não sei se te recordas daquele repórter de óculos que andou “a rebolar” por baixo dos carros que estavam à porta do antigo pavilhão numa noite de assembleia-geral há alguns atrás, mas o que interessa contar é que apareceu ontem no canal de televisão para o qual trabalha a dar tempo de antena ao Mendes precisamente na hora da reunião convocada de emergência, para tratar da questão da “sucessão”, por aquele Conselho Leonino, orgão do clube que tu dizias que não percebias para que é que serve…e eu também não. O curioso disto tudo é que umas noites antes um colega desse jornalista foi agredido pelo pessoal da claque junto ao acesso ao auditório onde se realizava a Assembleia Geral do clube. Por aqui se vê o companheirismo destes abutres. Escusado será dizer-te que o Mendes não consegue articular três palavras mas o que importa reter era o ar de confiança e de felicidade que o repórter transparecia como que a querer transmitir que a ele, ali, não lhe tocavam e ainda lhe concediam entrevistas. Isto está a tornar-se num circo completo. No que respeita à situação das claques propriamente constatamos a deterioração geral, de jogo para jogo são cada vez menos os elementos que se juntam às ditas claques, uns talvez pela carreira menos boa que o clube tem feito, mas outros e mais preponderantes afastam-se pela percepção que têm da podridão existente e da ruptura total de valores e princípios que existiram noutros tempos. Assim sobressaem agora elementos que conjugam a exposição e protecção que as faixas das claques lhes dão com vidas de crime paralelas relacionadas sobretudo com consumo e venda de droga. Um bom exemplo é aquele rapazito que se borrou todo quando levou aquele “aperto” do pessoal do Grupo 1143 no dia da inauguração do estádio. É “passador de droga” e habita junto ao estádio do Benfica onde fornece também a claque do rival mas faz-se passar como habitante do bairro do carismático Nuno, quando na verdade quem vive lá é a sua avó. É a paródia completa. O maior motivo do ressurgimento de sujeitos como este é sem dúvida o afastamento dos elementos do Grupo 1143 e o seu cada vez menor envolvimento na vida da bancada Sul. Abraço.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: terça-feira, 29 de Novembro de 2005 16:31:48 Para:
[email protected] Grande Raga!!!!! Tudo bem contigo? Toro em 2º!! Tenho acompanhado e fico contente. Nunca torci por nenhum clube estrangeiro mas começo a ficar contente quando vejo as vitórias do Torino. Escrevo-te para te contar uma situação incrível desta vez tendo como protagonista o DUXXI. Há duas semanas após o jogo frente a U. LEIRIA, dentro da sede dessa claque , houve um sequestro sucedido de agressões, ameaças e humilhações durante mais de 5 horas. As vítimas foram um grupo de cerca de dez miúdos que tu não conheceste. Tudo devido à criação de um fórum próprio na Internet no qual autoretratavam o funcionalismo do DUXXI, claque da qual também faziam parte, embora não concordassem com a forma de como estava a ser dirigida. Posto isto e sentindo-se incomodados com as criticas que lhes eram dirigidas, os dirigentes do DUXXI montaram um esquema aterrorizante tendo como alvo aqueles rapazes. Quando o jogo terminou, aliciaram-nos a irem até à sede para uma conversa sobre futuro. Estando estes já lá dentro foram cercados e forçados a fazer uma recriação ao vivo das conversas que tinham na Internet, dando-lhes inclusivamente folhas imprimidas por alguém ligado à direcção da claque que conseguia aceder a esse fórum. Enquanto a representação era feita foram constantemente agredidos e cuspidos. No fim da representação foram individualmente trancados na casa de banho e obrigados a pedir
desculpa para poderem sair. Quando saíam eram forçados a darem as carteiras para serem revistadas e ser retirado tudo o que fosse respeitante ao à claque Norte, aproveitando entretanto para lhes roubarem algum dinheiro que tivessem. No fim de tudo isto continuaram as agressões, ameaças com facas e avisos para não voltarem lá mais. Todos estes bizarros acontecimentos foram filmados com uma câmara de vídeo. No dia seguinte um daqueles rapazes, que foi vitima, ao sair de casa encontrou a sua viatura com um pneu furado. Poderia ser uma situação normal não fosse o facto de na segunda-feira seguinte terem furado outro pneu e na 3ª feira à noite terem incendiado por completo a viatura deste. Depois de tudo isto soube que continuam as ameaças telefónicas aos rapazes. O jogo seguinte foi em Penafiel, 15 dias após aquelas ocorrências, e aí nada de especial sucedeu, talvez devido ao forte policiamento que se fez notar no estádio 25 de Abril. Porém, 8 dias volvidos, o Sporting voltou a jogar em casa e os mesmos jovens, desta vez em menor numero, apenas 5, por terem forçosamente de assistir ao jogo na bancada Norte, em virtude do bilhete de época (abbonamento) que possuem indicar os lugares situados no sector ocupado pelo DUXXI, voltaram a sofrer na pele as consequências pelo mesmo motivo de duas semanas antes. Foi também cobardemente agredido um rapaz também pertencente à claque Norte que tentou interceder em defesa dos jovens que em número bastante inferior se sujeitaram a nova humilhação. Creio que chegaste a conhecer este rapaz, o Colmeia, uma personagem de referência no universo Sporting porque é um dos antigos, dos tempos anteriores à cisão, daqueles elementos de valor com muitos anos de bancada. Não conheces certamente os outros porque sempre foram do DUXXI. Soube disto através daquele rapaz, o Barbas, que também conheceste e que comentou ainda que algum pessoal do DUXXI tentou contactar pessoal da JL para que não abrigassem aqueles rapazes e não permitissem a sua presença no sector por eles ocupados. Cada vez estou mais convencido que isto caminha no sentido que previas. Como se não bastasse o pessoal abandonar as claques, agora até elas “eliminam” alguns dos poucos pertencentes que ainda lhes restam. Abraço para o “Planeta Ultras” aqui do “Satélite Claques”.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: sexta-feira, 3 de Março de 2006 14:54:35 Para:
[email protected] Ciao Raga!!!! Grande amigo, o que se passa com o “Mágico Toro”? 6º lugar quando entramos para o ultimo quarto de campeonato. Vai daqui a minha força para esta etapa final. Quero ver o Toro na serie A na próxima época para quem sabe se daqui a dois ou três anos nos encontramos nas provas europeias. Seria fantástico! Por cá, no “Gueto Claques”, tenho para te contar que percebi como funciona o esquema dos ingressos. No passado jogo contra o Nacional da Madeira, aqui em Alvalade, levei a minha namorada e comprei um bilhete para ela a um “candongueiro” que me foi apresentado pelo Salpico, aquele rapaz da JL que segura o megafone e que também vende bilhetes, que também tu conheceste. Andei a investigar e o esquema é simples. Um tal de Joaquim dos Bilhetes que é o responsável pelos ingressos cede algumas centenas destes às claques em virtude do protocolo estabelecido com o clube. O valor dos ingressos varia mediante a importância do jogo mas surge sempre com um preço inferior ao do custo normal de venda na bilheteira e são vendidos por um preço superior nos dias de jogo, na “casinha”, e caso não se consigam vender na sua totalidade existem 3 ou 4 “vendedores” aos quais são passados para que não sobrem bilhetes. Um desses vendedores clandestinos é precisamente aquele rapaz que não me disse o nome mas que, durante a breve conversa que tivemos, me disse que naquele dia já tinha “metido” 290 bilhetes. Sei que isto não é nenhuma novidade para ti que tiveste oportunidade de assistir a tudo mas a parte mais hilariante aconteceu passado uns dias quando por acaso ouvia um programa de rádio chamado “Sexo-Oral” e o convidado era nada mais nada menos que o Mendes. Foi uma entrevista pobre, igual a todas as outras, com as mesmas frases feitas que sempre responderam desde que estão na claque e que também tu te habituaste a ouvir e terminaram com a culpabilização da Liga Portuguesa pelo afastamento das pessoas dos estádios devido aos inadmissíveis preços praticados. Rebolei a rir enquanto pensava na real preocupação dos chefes das claques que seria a sua margem de lucro na taxa que somavam ao valor real dos ingressos e não o valor que os papalvos que os acompanham pudessem desembolsar. Grande abraço para ti e como vês pouco mudou aqui no “Gueto Claques”.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: sexta-feira, 8 de Maio de 2006 23:12:12 Para:
[email protected] Forza Toro!!! Grande Raga, tudo bem? Grande vitória ontem em Trieste. Falta 1 vitória para chegar à serie A e será já no próximo jogo com certeza. O Rimini é de caras e sabes que eu torço contigo. Tudo bem por aí? Como vai a tua vida profissional? Por cá acabou ontem para nós. Nada mau o 2º lugar depois de tanta irregularidade no inicio. Quero dizer-te, Grande Mestre, que faz agora exactamente 1 ano que partiste e o cenário que imaginaste acabou mesmo por se concretizar. Para que entendas bem a situação começo por te contar as aventuras do jogo em Guimarães no mês passado. Como comprovaste, Guimarães é neste momento o pior jogo fora para qualquer das claques dos 3 principais clubes portugueses. Aconteceu então que à parte das claques deslocou-se um grupo de 40 homens divididos por 4 carrinhas que chegaram bem cedo, por volta das 16.30, às imediações do estádio. Começaram os primeiros desacatos naquele café situado junto aos bombeiros que bem te lembras. Foi uma varridela geral que pôs a população toda em fuga. Cadeiras e mesas no ar, garrafas a voar, etc. Em seguida o mesmo grupo percorreu, compacto, as ruas circundantes do estádio tendo-se cruzado e agredido mais alguns adeptos do adversário. Lá dentro do estádio não se passou nada como é costume. Ganhámos 1-0. Quando saímos, verificaram-se novas agressões a alguns adeptos deles que passavam próximo do sector que nós ocupámos. A polícia de intervenção reagiu com uma forte carga sobre todos nós que precisámos de escolta policial para sair da cidade e assim evitar um grande aglomerado da população local que se juntou a alguns metros de distância do estádio para tentar vingar o acontecido. A saída da cidade foi um inferno. Apesar da escolta, tivemos os autocarros apedrejados ao passar numa zona habitacional quando estávamos a caminho da auto-estrada. Partiram alguns vidros. Viajei no autocarro da JL e a determinada altura vi a situação complicar-se quando a polícia não só bateu em todos os que tentavam sair do transporte para responder ao apedrejamento como ainda tentou entrar o que felizmente não aconteceu. O Mendes apanhou como um desgraçado e ainda descarregaram gás pimenta para cima de nós. O DUXXI que seguia no respectivo autocarro ficou com alguns vidros partidos mas não chegaram a confrontos. O pessoal do grupo que seguia nas carrinhas não teve nenhum problema com as viaturas. Este pessoal definitivamente não se revê no estilo “claqueiro”. São estes sem dúvida os elementos mais destemidos das bancadas do Sporting. São os mesmos elementos que no inicio desta época no jogo em casa contra o Benfica actuaram desorganizados em grupos separados e que agora se juntaram formando um bom grupo de 50 ou 60 homens. Como tu dizias “Mais vale ter 50 e 50 bons que ter 5000 e serem apenas 50 bons, já que os outros 4550 só atrapalham”. Auto denominam-se de “Casuais”, orgulham-se de ser independentes e auto-suficientes. Têm a interessante particularidade de terem uma boa posição social pela importância das profissões de alguns deles o que indicia o protótipo do “hooligan”. Os integrantes são os vários dissidentes da JL, aqueles miúdos do DUXXI que foram forçados a abandonar a claque como te contei e os rapazes do Grupo 1143 que tudo indica que hibernou como grupo e que segue agora um novo caminho. Os elementos são os mesmos portanto o fantasma do Grupo 1143 continuará a pairar aqui sobre o “Gueto Claques” chamado Portugal. Por falar nisso termino com uma que sei que vais gostar. No jogo seguinte a este de Guimarães defrontámos o Porto em casa e assisti, enquanto bebia uma cerveja no bar da “casinha”, à venda de
bilhetes com variação de preço consoante o horário em que é comprado. Explicando melhor, até duas horas antes do início do jogo custava 40 euros (15 euros a mais que o preço marcado), depois nas últimas duas horas o preço era inflacionado em mais 5 euros passando a custar 45. Sei que te estás a rir mas não julgues que eu fui um dos lorpas! Tenho “abbonamento” como vocês dizem. Para concluir mesmo informo-te que o presidente do clube que foi eleito (cá em Portugal os clubes têm eleições apesar de tu não teres apanhado nenhuma no nosso clube enquanto cá estiveste) na semana passada foi aquele que já lá estava, aquele que ficou no lugar do outro que se foi embora. Continuarei a manter-te informado. Abraço e força para quarta-feira contra o Rimini. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: terça-feira, 5 de Setembro de 2006 16:27:31 Para:
[email protected] Ciao Raga!!! Grande Torino na serie A e finalmente justiça foi feita com a juventus. Suponho que estejas a aguardar ansiosamente a chegada do próximo Domingo para veres o Toro nos palcos em que merece estar. Quero que me escrevas a contar o gozo que tem havido aí da vossa parte com a decisão judicial da despromoção da juventus. Por cá mais uma época começou. Nova direcção foi eleita, como te tinha dito no último e-mail que te mandei, e no que respeita às claques estão agora sob a supervisão de rapazes que faziam parte da primeira geração. Aquele tal de Nutella que me contaste que ouviste que “comia na mão dos chefes das claques” parece-me foi corrido apesar de ter andado desesperadamente a lamber o presidente agora eleito na tentativa de se pendurar e não perder aquela posição. Ainda não entendi bem mas creio que alguns deles integravam a lista que venceu as eleições e parece-me que a pasta das claques ficou com eles. Não te vou dizer que aquele último reaparecimento repentino e aquela colaboração voluntária nas coreografias, que tiveram quando ainda cá estavas, tenha sido com algum intuito de se promoverem e de se posicionarem para este fim mas é sem dúvida uma grande coincidência. O que te garanto é que aquela tentativa de aproximação e de reunião, que encetaram no ano passado entre todos os frequentadores da bancada Sul, foi toda por água abaixo porque esta nova onda “Casual” que se vive nas bancadas
demarca-se totalmente de claques, dirigentes e dos hábitos cada vez mais enraizados que, apesar da mudança na estrutura dirigente do clube com responsabilidade nessa área, continuarão por certo a ser levados pelas “técnicas de sedução” com que os chefes das claques sempre levaram os anteriores. Não creio que algo mude até porque há o tal protocolo celebrado que é o guia das relações entre ambas as partes e que como bem sabes é bom, somente, para ambos os lados. Vou acompanhando e depois te conto. Na próxima semana jogamos contra o Inter aqui em casa para a Champions League como deves saber. Gostaria que cá viesses mas se não vieres quero que pelo menos compareças em Milão para o jogo da volta no dia 22 de Novembro. Demoras pouco mais de 1 hora de carro de Turim a Milão não tens desculpas para não aparecer. Abraço e Força Sporting e Forza Toro!!! De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: quarta-feira, 29 de Novembro de 2006 23:04:21 Para:
[email protected] Ciao Raga!!! Já recuperaste das bastonadas que levaste a semana passada? Perdoo-te teres faltado ao nosso jogo em Milão porque deves ter mesmo ficado todo marcado. Nunca imaginei que odiassem tanto a Sampdoria. Vi as imagens na internet e fiquei impressionado com o inferno que foi. Percebi também que o vosso protesto contra a equipa continua cada vez mais incisivo e pelas duas vitórias consecutivas parece que está a resultar. Isso aí é mesmo outro mundo. Foste a Bergamo neste fim-de-semana que passou? Vi que também houve algazarra. Se foste conta-me o que se passou. Sabes que sou curioso. Estiveram aí em Turim, para ver o Toro, aqueles miúdos dissidentes do DUXXI que este ano evoluíram imenso. Tudo indica que abandonar as claques melhora o espírito do pessoal! Seguem também uma linha “Casual” apesar de actuarem como um pequeno grupo com a curiosa denominação luso-italiana “Bambinos”. São bravos e vão dar que falar. É natural que não te lembres deles porque nunca estiveste na bancada Norte. Eu conheci-os naquele curto período em que estive na claque Norte mas nunca me relacionei muito com eles, só agora os conheci melhor mas acho-lhes muita piada. Tive imensa pena que não tenhas podido ir a Milão. Perdeste um grande momento. Ao contrário da última vez em que o Sporting lá tinha jogado, desta vez quem pôs a faixa foi a JL, não sem antes terem havido umas quezílias de disputa de espaço no varandim entre as chefias das duas claques. Hilariante. Os elementos do DUXXI foram corridos para a parte superior da bancada. O mais importante foi sem dúvida a exibição na bancada do Inter da faixa “WELLCOME GRUPO
1143”. Não tinha ideia que a ligação fosse tão forte. Já no jogo de Alvalade em Setembro os adeptos do Inter que estiveram presentes levaram e exibiram uma faixa com a frase em bom português “GRUPO 1143 OS MELHORES” que a policia portuguesa de imediato confiscou. Por ter sido um aparecimento e desaparecimento tão rápido da faixa julguei naquela altura que se tratasse de alguma amizade pessoal, mas depois de na semana passada ter visto aquela outra fiquei de facto impressionado porque, que eu tenha conhecimento, é o primeiro reconhecimento público internacional, ainda que relacionado com motivos extra-futebol, de um grupo português vindo de adeptos de um clube com uma dimensão tão grande como é o Inter de Milão. Em relação ao jogo que certamente viste nada há a dizer. Não temos vida para esta competição e como tal já ficámos pelo caminho. Esperemos agora que pelo menos consigamos ir para a Taça UEFA depois de na próxima semana jogarmos com o Spartak Moscovo aqui em Alvalade. Basta o empate mas conhecendo o Sporting como conheço, já não digo nada… Forte abraço e boa recuperação para ti e sorte para o Toro que este ano bem precisa. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: sexta-feira, 16 de Fevereiro de 2007 09:44:53 Para:
[email protected] Ciao Raga!! Em primeiro lugar quero dar-te os parabéns pelo nascimento do teu filho e dizer-te que desejo para ele o mesmo que desejo para ti. Quero ver como vais fazer a partir de agora para ir ver o futebol… O Toro vai de mal a pior! Derrota em casa contra Reggina?! …assim é difícil! Boa sorte para domingo em Roma e porta-te bem se lá fores. Desde a passagem do ano que não falava contigo e hoje deixo-te este e-mail para te contar da grande bomba que explodiu no passado sábado no jogo da Taça de Portugal. Reacenderam-se os ódios entre as duas claques. Quando acabou a partida, alguns dos elementos pertencentes à JL e ao Grupo 1143 foram agredidos por uns pretos grandalhões que acompanhavam os cabecilhas do DUXXI, os mesmos que tinham sido os responsáveis pela cena das agressões na sede e expulsão daqueles rapazes e o posterior incêndio da viatura de um desses, que aproveitaram o facto de habitarem naquela cidade ou em zonas próximas e fizeram uma numerosa espera. Eram muitos. Dois dos agredidos foram levados ao hospital com graves contusões e traumatismos sofridos, enquanto os restantes aguentaram dificilmente um espancamento cujas proporções rondavam os 7 para 1. Não houve reacção de ninguém da JL, até o chefe se manteve imóvel talvez com algum receio dos 5 negros de dimensões fora do normal, que foram solicitados pelos homens do DUXXI para esta emboscada.
Depois mais tarde quando regressaram a Lisboa, junto às respectivas sedes no estádio e já em maioria, a conversa do Mendes já era outra, ameaçando o chefe do DUXXI que apenas conseguiu sair da sede sob protecção policial, visto que surgiram alguns elementos ligados à JL que não tinham comparecido ao jogo no Barreiro, e que fazem por certo a diferença, até porque um deles surgiu armado com uma arma de fogo. A guerra está aberta. Na JL só se fala de vingança e que irão recorrer a indivíduos extra-futebol, conhecidos de cada um e ligados a criminalidade violenta para, segundo palavras deles, responderem à altura à cilada que foi montada pelo DUXXI com a colaboração de indivíduos do mesmo calibre recrutados para aquele propósito. Nessa noite ficou marcada uma reunião extraordinária pela JL para analisar estes acontecimentos e preparar a melhor resposta. Essa reunião aconteceu ontem à noite, como é normal às quintas-feiras, e eu como não poderia deixar de ser estive presente. O Mendes, sóbrio, discursou durante meia hora e apelou à união de todos para juntos combatermos o DUXXI. Ficou definido que a partir de agora, sobretudo nos jogos caseiros será uma verdadeira caça ao homem. Vem aí, numa 4ª feira a Académica para a Taça de Portugal e no sábado a seguir o Desportivo das Aves para o campeonato. No próximo sábado em Paços de Ferreira, não creio que haja possibilidade de confrontos, até porque haverá como normal um forte dispositivo de segurança, porém há que ter sempre em conta o longo percurso e o excesso de álcool que poderá dar coragem para tentativas mais afoitas. Alvalade a ferro e fogo. Se acontecerem desenvolvimentos importantes eu informo-te. Abraço e quando chegares de Roma manda-me fotos.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: segunda-feira, 28 de Maio de 2007 22:17:28 Para:
[email protected] Grande Raga!!! Antes de mais congratulo-te pela sofrível época do Toro que conseguiu a manutenção e um brinde à conquista da Taça de Portugal conseguida pelo Sporting contra o Belenenses. Ontem, depois do jogo, fui jantar com a minha namorada à mesma cervejaria onde eu e tu jantámos há dois anos atrás na noite da final da Taça Uefa. Ontem ganhámos mas foi difícil, conseguimos o golo nos últimos instantes do jogo. Estamos condenados a sofrer. O estádio nacional estava completamente cheio e a divisão dos bilhetes nas finais é, como certamente te lembras, metade para cada clube. Notava-se uma mancha um pouco maior de adeptos do Sporting que talvez tenham conseguido bilhetes fora de Alvalade, porque aí foi a loucura e esgotaram completamente. Não se passou nada de significativo fora do campo tendo sido sempre um ambiente de festa que se prolongou durante a noite no estádio de Alvalade que abriu as portas para todos assistirem livremente ao desfile da equipa num palco montado no centro do relvado e à exibição do troféu. Mais uma época que acabou e relativamente às claques não se passou mais nada depois daquela última querela que te relatei num e-mail anterior. O que se tem verificado e que mais uma vez bate certo com as tuas previsões tem sido a aproximação e estreitar de relações, cada vez maior, dos líderes “claqueiros” aos agentes do subgrupo da polícia responsável pelo controlo sobre aqueles. Não estou a par do que se passa no DUXXI mas na JL, essa intimidade, revelou-se-me aquando da nossa ida a Leiria para o campeonato e vi, sentados na mesa de um restaurante dessa cidade, em grande confraternização, 3 desses agentes com o chefe Mendes e respectiva comandita da claque. É curioso constatar a profundidade das diferenças que separam os Ultras dos “claqueiros”. Não tive oportunidade de te perguntar sobre a morte daquele chefe de polícia naqueles confrontos em Catania ocorridos este ano e todas as consequências nos dias seguintes em actos praticados em todas as cidades italianas contra as autoridades cujas notícias passaram por aqui muito levemente. Aqui em Portugal temos em contraposição jantaradas em conjunto, noitadas em bares, discotecas ou strip-club não apenas em dias de jogo e a constante frequência desses agentes da policia dentro das sedes das claques que, apesar de presenciarem e terem conhecimento de tudo o que ocorre, assumem uma atitude de completa indiferença para com todas as condutas ilícitas que vão desde o tráfico e consumo de drogas, passando pela venda de bebidas alcoólicas sem licença para tal até à, já “oficial”, candonga de bilhetes. Em relação à venda das bebidas é no mínimo estranho que os agentes não incomodem os “claqueiros” mas levantem problemas a proprietários de alguns bares situados próximo do estádio, como é o caso daquele “Boia Verde” onde nos encontrávamos antes dos jogos, obrigando até a que encerrem em dias de competição. Embora no que concerne a este bar em particular creio que esteja relacionado com o facto de ser ali o ponto de encontro dos “Casuals” que, por serem “desalinhados” e não quererem entrar neste jogo de “Dar e Receber” jogado entre a polícia e as claques, serão perseguidos até mudarem de ideias. Termino com uma que sei que vais gostar. Um dos agentes desse subgrupo da polícia anda envolvido com uma rapariga da claque Sul. “Envolvido” significa isso mesmo que estás a pensar que em italiano se diz “Trombare”. Raga confesso-te que cada vez se torna mais difícil conviver com as situações que acabo de te descrever mas agora vêm aí as férias e pode ser que isto seja apenas algum cansaço da minha parte.
Eu gostava que neste verão saísses daí dos Alpes e viesses até cá apanhar sol na praia mas sei que és teimoso e será difícil fazer-te mudar de ideias. Manda-me as fotos de ontem de Milão. Abraço. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: quarta-feira, 30 de Janeiro de 2008 23:11:07 Para:
[email protected] Grande Raga! Desejo-te um excelente ano novo e que o teu Toro e o meu Sporting nos façam felizes que bem merecemos. Nunca mais falámos sobre nada. Espero que esteja tudo bem contigo e que o motivo do afastamento seja o mesmo que me leva a não te escrever com tanta regularidade e que se chama “excesso de trabalho”. Ainda cheguei a supor que em Outubro comparecesses em Roma no jogo da Champions League para veres o grande Sporting mas como vi que nesse fim-de-semana anterior o Toro jogava em Bergamo calculei que certamente chegarias a casa desgastado depois do mais que certo “convívio” com os atalantini ou com os polícias. E por falar em polícias, digo-te que presenciei um real convívio num restaurante da cidade eterna, onde também eu jantei, entre o Mendes e a polícia. Estarás a pensar que não é novidade nenhuma esta aproximação, porém, nessa noite era mais polícia para além da portuguesa meu caro…isso mesmo…a Digos romana! Elogiaram constantemente os polícias portugueses pela relação quase que intima que conseguiam manter com o chefe e respectivos co-adjuvantes da claque e lamentavam-se simultaneamente pelas dificuldades sentidas fruto da impossibilidade desse relacionamento aí no teu país. Eu comi uma pizza enquanto os ouvia a tentarem comunicar num dialecto
que misturava português, italiano e inglês. Não vale a pena dizer-te mais nada sobre este assunto. Esperei também que me escrevesses em Novembro a contar o sucedido quando aquele rapaz adepto da Lazio foi assassinado por um polícia e toda a repercussão desse caso… Bom, como tu não me escreves…escrevo-te eu. Por cá tivemos no mês passado jogo de futsal contra o Benfica e como seria de esperar os confrontos aconteceram. Antes devo contar-te um ataque cobarde protagonizado por dois fulanos ligados à claque do Benfica que foram esperar à porta de sua casa um rapaz que pertencia ao Grupo 1143 que não me consigo recordar se chegaste a conhecer. Esse rapaz saiu um dia de casa a caminho do trabalho e seguia pelo passeio junto ao qual estava estacionado um carro com esses dois indivíduos encostados do lado de fora. Quando se aproximou deles, e porque nunca deixou de os observar disfarçadamente antevendo que algo aconteceria, conseguiu evitar que fosse esfaqueado acelerando o passo e desviando-se ligeiramente já que um desses dois sacou uma navalha com a qual tentou furá-lo. De seguida desatou a correr com os outros dois igualmente a correrem em sua perseguição ainda de faca em punho. De repente surgiu uma viatura na qual seguia um homem que perante aquela bizarra situação parou o veículo para perguntar o que passava. O rapaz que era perseguido de imediato entrou dentro do carro tendo ainda sido alvo de um tentativa de esfaqueamento levada a cabo por um dos perseguidores que conseguiu introduzir o seu braço pela janela que tinha o vidro semi-aberto. A cena terminou ali porque o condutor da viatura era guardanocturno e sacou da arma que possuía dissuadindo assim os dois agressores que foram detidos momentos depois pela polícia que entretanto chegou. Soube-se que o rapaz não apresentou queixa às autoridades e que deixou claro que seria ele a resolver o assunto. Passados uns dias fomos ao pavilhão do Benfica ver o tal jogo de futsal. Enquanto estávamos lá dentro passou-se o habitual com a claque deles. Cortavam-nos a cabeça, matavam-nos, faziam e aconteciam, até crianças nos desafiavam, protegidas pela rede separadora como é lógico…enfim, a palhaçada do costume. Quando o jogo acabou, saímos e dirigimo-nos para a estação de metropolitano como é normal e fomos nesse transporte até à estação do Marquês de Pombal onde tivemos de mudar de linha. Saímos da carruagem e subimos as escadas demos de caras com alguns sujeitos da claque do Benfica. Avançámos para eles que se puseram em fuga desesperada conseguindo escapar sem que os apanhássemos, excepto 3 que foram detidos pela polícia. Depois quando chegámos às nossas viaturas decidimos rumar de novo até ao estádio deles. Assim que parámos os carros foi o pânico generalizado porque os apanhámos desprevenidos. Entre eles encontrava-se um dos que tentou a agressão cobarde dias antes, conhecido por Gordo, que se trancou dentro de um café e se ajoelhou implorando ao proprietário para que não abrisse a porta porque corria risco de vida. Entretanto o vidro do café foi partido com uma pedra seguida de uma tocha acesa arremessada e o Gordo não morreu porque entretanto ouviram-se as sirenes e o normal alvoroço da chegada da polícia. O pessoal teve tempo de dispersar no meio daquela confusão e sob as juras de vingança que ecoavam mas que provinham de local incerto. Devido a este motivo dirigimo-nos até ao estádio do Sporting e aí ficámos mais duas horas a aguardar a tal vingança que nesse dia não chegou. Aconteceu dias depois, durante a noite, com umas pinturas de parede da sede da claque e tiros disparados na direcção da porta sem que houvesse alguém por perto. Escusado será dizer-te que em toda esta acção não havia ninguém da claque. Sobre a claque conto-te uma que presenciei junto às “roullottes”, aquelas situadas por baixo da linha do metro a que íamos sempre no fim dos jogos em casa. Após um jogo estava eu descansado a comer uma bifana acompanhada com uma cerveja, bem próximo de alguns agentes do tal sub-grupo da polícia criado apenas para acompanhamento de claques. Já deu para perceber que existem três desses agentes que diferenciam os rapazes da bancada, considerando uns,
os pertencentes à claque, como amigos e segregando outros que por não pertencerem àquela, e não permitirem que sejam controlados, sejam até alvos a abater. Estavam assim dois rapazes da claque, que não me lembro se conheceste, o Salpico e o Barbas, elementos muito próximos do Mendes, em alegre e já habitual convívio junto a um desses estabelecimentos comerciais móveis, com cervejas por conta dos “claqueiros”, com os três agentes conhecidos no meio respectivamente pelos nomes de Escuteiro, Seboso e Toininho, Este ultimo indignou-se com uma abordagem feita por um rapaz, aquele Colmeia, que se aproximou e que perguntou aos dois “claqueiros” literalmente “Porque é que ainda davam trela àqueles gajos?”. O agente incomodado reagiu ordenando ao rapaz que se calasse e que não admitia ser tratado assim porque não eram amigos e não se conheciam de lado nenhum. O rapaz respondeu sorrindo que de facto não era amigo dele e isso representava um grande orgulho porque não se dava com gente da igualha do agente já que as suas habilitações permitiam desempenhar uma profissão de um nível bem superior. O bate boca acabou por terminar quando o rapaz reagiu a uma insinuação do agente, relacionada com uma ocorrência num qualquer jogo anterior, em que segundo este o primeiro também teria estado presente, sendo imediatamente rebatida pelo Colmeia defendendo que nesse dia estava a trabalhar e que se o agente mantivesse aquela história seria alvo de um processo de difamação por estar a levantar falsos testemunhos. Notou-se algum desconforto por parte do agente mas a reacção mais surpreendente veio dos dois “claqueiros” que se sentiram também incomodados com aquela situação e tentaram limpar a própria imagem alegando em voz alta que era preferível ter aqueles agentes do sub-grupo da polícia do lado da claque do que contra ela acrescentando ainda que já tinham sido bastante ajudados pela polícia em várias situações e que para além de tudo isso aqueles agentes eram seus convidados e como tal não deveriam ser incomodados. Num repente juntou-se muita gente a assistir a esta triste cena criando o momento ideal para eu me afastar. Esta tinha de te contar. Acho que isto aqui bateu no fundo. Abraço! De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: sexta-feira, 11 de Abril de 2008 12:01:47 Para:
[email protected] Ciao Raga! Hoje venho relatar-te os desenvolvimentos na sequência do último e-mail que te enviei. No dia 24 de Fevereiro, o Sporting jogou em Setúbal enquanto o Benfica defrontava em casa o Braga com uma diferença de 1 hora entre o início de cada jogo. Saímos de Setúbal rapidamente nas nossas viaturas em direcção a Lisboa, mais propriamente ao estádio da Luz, com o intuito de apanharmos alguns indivíduos da claque do Benfica que porventura ainda estivessem pelas imediações do estádio mesmo
depois do fim da partida. Conseguimos apanhar 3 perante a debandada de alguns outros surpreendidos que ficaram com aquele ataque inesperado. Depois da “caçada” separámo-nos. Uns foram para casa, que foi o meu caso, e outros foram ainda jantar fora e beber mais uns copos. Neste grupo dos que foram “bebemorar” estava o JB, um rapaz que pertencente ao Grupo 1143, que quando regressava a casa por volta das 3 horas da manhã foi alvo de um ataque de vários elementos da claque do Benfica que o aguardavam. O JB foi esfaqueado no peito e sofreu ainda queimaduras nas costas provocadas por uma tocha acesa que foi propositadamente lançada contra o seu corpo enquanto era pontapeado simultaneamente por todos os agressores quando se encontrava já estendido no chão. Este ataque surgiu como uma retaliação àquela investida na noite do jogo de futsal como te descrevi no e-mail anterior a este que te enviei. O tal Gordo que naquela noite fora presa, nesta noite tornou-se predador porque era um dos elementos agressores. Apesar da violência do ataque, o JB deu entrada no hospital e conseguiu recuperar totalmente sem ficar com qualquer sequela. Passado pouco mais de um mês, no dia 2 de Abril, foi a vez dos rapazes Casuals do Sporting tentar a sua sorte junto ao estádio do Benfica que, não encontrando ninguém por perto, atiraram cocktails molotov por umas janelas destruindo assim todo o interior da sede da claque. Foi a ofensiva com mais impacto no que respeita a destruição de material de que tenho memória. Como por certo tens vindo a reparar, pelo que te vou contando, são estes rapazes, os Casuals, que ainda vão fazendo alguma mossa e jus ao título de bravos, que outrora foi sinónimo de adeptos do Sporting, lavando de certa forma a honra emporcalhada pelo actual lodo em que se encontram as claques do Sporting. Forte abraço “amico mio” e força para esta recta final de campeonato que o Toro bem precisa! De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: terça-feira, 20 de Maio de 2008 22:37:08 Para:
[email protected] Ciao Raga!!!
Ganhámos a Taça novamente! Ao contrário da época passada em que jogámos contra ninguém durante toda a competição, esta época eliminámos o Benfica e batemos o Porto na final. Sobre esse mágico jogo da meia-final já falámos pelo telefone e aproveito para te voltar a agradecer a atenção que tiveste ao fazeres o telefonema nessa noite. Com a euforia com que eu estava nem me lembrei de te dizer que as claques do Sporting estiveram juntas na mesma bancada tal como no último jogo que viste em Alvalade na noite antes de partires para Itália. Sente-se um clima de insatisfação na claque devido a uma foto publicada num jornal na qual, acredites ou não, se via o Mendes juntamente com o chefe da claque do Porto a apelar ao fair-play para o jogo da final da Taça de Portugal…Sem comentários. Bem mas tu antes de te ires embora comentaste que achavas essa proximidade entre os dois como uma situação anormal, De resto tudo bem. Passou mais uma época. O teu Toro voltou a sofrer mas felizmente conseguiu a manutenção e o meu Sporting mais um segundo lugar… Esperemos que a próxima época seja melhor para os dois. Para terminar revelo-te que vou ser pai e que estou muito contente e ansioso por este novo acontecimento na minha vida. Tens um ano de avanço nesta matéria e como tal saberás por certo como me sinto. Forte abraço para ti e cumprimentos à tua esposa e ao bebé. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: quarta-feira, 15 de Julho de 2009 10:17:39 Para:
[email protected] Ciao grande Raga! Em primeiro lugar peço-te desculpas por não ter falado contigo com a assiduidade que gostaria. Como soubeste o meu filho nasceu em Outubro do ano passado e a minha vida mudou radicalmente. Deixei de poder acompanhar o Sporting para todo o lado como antes fazia. Agora tenho mais uma boca para alimentar e sei que estás a pensar que não é desculpa porque vives uma situação idêntica que porém
não te impediu de continuares a seguir sempre o Toro, mas, como tu mesmo dizes, eu não sou “Ultras”. Escrevo antes de mais para me solidarizar contigo e com todo o povo “granata” neste momento de dor e imagino como te sentirás ao ver o teu “Toro” cair na serie B. Por cá mais um segundo lugar, desta vez sem qualquer troféu conquistado. Esta época que passou definiu os elementos daquele subgrupo da polícia como os grandes protagonistas no movimento “claqueiro” português. Estiveram em destaque num episódio de censura ocorrido em Março em consequência de um protesto feito por uma franja de adeptos do Sporting. A polícia foi accionada pelos dirigentes do clube com o objectivo de retirar uma faixa que foi exibida em plena bancada como reacção à vergonhosa sofrida pelo clube na Champions League, de que certamente tiveste conhecimento porque todo o Mundo soube. Na faixa lia-se “VERGONHA” e, segundo o que foi dito por uma senhora que trabalha na polícia em explicação dada à comunicação social, teria sido uma ordem da direcção do clube que a polícia acatou porque supostamente, aquela faixa, incitava à violência e era injuriosa…Isto é verdade ainda que ridículo! Alguns agentes do subgrupo da polícia que acompanha as claques foram protagonistas recentemente por ver o seu nome referido na comunicação social aquando das detenções de alguns tipos da claque do Benfica acusados de tráfico de droga, posse de armas, roubos, etc. Mando-te em anexo as noticias que compilei sobre este assunto. Achei curioso o facto de serem só os da claque do Benfica a serem investigados quando todos sabemos, e tu também comprovaste enquanto cá estiveste, que se passa exactamente o mesmo em todas as claques de todos os clubes, sobretudo as dos 3 mais importantes. Neste final de época aconteceram eleições para determinar um novo presidente do clube e, como vem sendo habitual foi nos últimos anos, foi eleita uma pessoa que já pertencia à estrutura dirigente existente. Creio que te lembrarás de quem é, se te disser que se trata daquele dirigente que travou o Mendes naquela estéril invasão de campo no derby em casa a que assististe há 5 anos atrás. Mais uma curiosidade relacionada com o tempo em que cá estiveste foi que voltaram a integrar a estrutura dirigente aqueles tipos que tinham sido afastados precisamente no mês em que chegaste a Lisboa e em que nos conhecemos. Voltam 10 anos depois a ocupar um cargo no clube. Na verdade eles nunca estiveram fora, nem nunca estarão. A história repete-se. Tal como o deserto de conquistas de campeonatos em que o Sporting caiu a partir de 1982, agora temos um que teve inicio em 2002. Pena é que não se repita a mudança de estilo na bancada já no próximo ano de 2010 que cumprindo 8 anos de jejum coincidiria com a mudança de estilo na claque ocorrida em 1990 que igualava um jejum de igual duração. O presidente do clube mudou mas tudo o resto continua como está. O presidente substituído, dias antes de deixar o cargo, fez um jantar de despedida com as claques, que mais não foi do que um agradecimento pela colaboração e reciprocidade saudável proporcionada pelo tal protocolo existente. Certamente tudo continuará como dantes durante o mandato deste novo presidente e a vida segue. No fim do mês passado disputou-se o derby na Academia a contar para a final do campeonato de juniores. Não estive presente porque fui com a minha mulher e o bebé passar esse fim-de-semana a casa dos meus sogros na Nazaré, mas garanto-te que, pelas imagens que vi, foi das maiores cenas conseguidas pela claque do Benfica que pelos vistos não ficou enfraquecida com as detenções de alguns dos seus elementos. Eles prepararam-se muito bem e apareceram com cerca de 60 elementos já com o jogo a decorrer, apedrejando tudo e todos, conseguindo interromper o jogo, impossibilitar o retomar da partida e ainda escapar ilesos em número muito reduzido comparativamente com o número de adeptos do Sporting presentes. As claques do Sporting demonstraram bem a sua incapacidade de resposta a um ataque surpresa e ficou também bem patente a facilidade com que o subgrupo da policia pode ser driblado quando alguma claque pretender fazer alguma acção ou alguma investida, bastando apenas que
não revelem previamente as suas intenções para determinado dia, que foi no fundo o que fizeram aqueles integrantes da claque do Benfica, atacando de surpresa. O responsável pelo efectivo policial presente era o escuteiro, um daqueles três agentes de que te havia já falado anteriormente. A claque do Benfica deu-lhe bem a volta. Agora estou de férias e convido-te, tal como sempre e no caso de poderes, a vires até cá com a tua mulher e o teu miúdo para passarmos uns dias juntos na praia. Estou no Algarve, em Albufeira, e já que te falava dos polícias, por coincidência encontrei na 6ª feira passada esse subgrupo que supervisiona as claques, a patrulhar a praia da Oura com um estranho fardamento composto por calções e tronco nu. Eram 8 que vieram até cá para controlar as claques do Sporting, que por acaso nem apareceram, no jogo amigável disputado contra os ingleses do Nottingham Forest. Eu aproveitei o facto de estar aqui próximo e fui ver esse encontro colocando-me na bancada junto a uns rapazes pertencentes ao núcleo da claque desta região. Falando com um deles concluí que a relação com estes policias é tão intensa que quem tratou do aluguer dos apartamentos em que ficaram hospedados os agentes foi um tal de Óscar que creio que conheceste. Soube até que a promiscuidade é tanta que esses mesmos agentes haviam sido anteriormente convidados para a cerimónia de casamento desse Óscar que é um rapaz bastante influente na claque. Esse relacionamento de proximidade poderá estar relacionado com a viagem que fizemos a Glasgow para enfrentar o Rangers no jogo dos quartos de final da Taça Uefa do ano passado, na qual esse rapaz e outro também pertencente ao núcleo do Algarve da JL foram apanhados na posse de doses de cocaína pela polícia britânica tendo sido salvos e libertados daquela situação embaraçosa pelos agentes portugueses presentes no acompanhamento às claques efectuado nesse jogo no exterior do país. Uma mão lava a outra. Se tivesses ido a Roma terias visto estes dois “claqueiros” já que também eles estiveram presentes naquela confraternização entre a JL e os elementos das polícias portuguesa e italiana passada no restaurante em que também eu jantei como te tinha já contado. E é assim caríssimo Raga, protegem uns e tentam demover outros. Tem-se verificado um crescente número de queixas apresentadas contra os “não-claqueiros”, os desalinhados ou Casuals, com intuito de que reneguem aquele estilo e passem a ser controláveis e manipuláveis como o são os integrantes das claques. Essas queixas são feitas contra alguns indivíduos específicos, já marcados pelos agentes, mesmo que não tenham estado nas situações expostas. Os agentes têm noção do efeito que provocam com essa pressão constante e é essa a sua única intenção. Veremos o que a próxima época nos reserva. Espero sinceramente que o Toro regresse à serie A que é o seu lugar. Continuarei a manter-te informado. Abraço.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: terça-feira, 01 de Dezembro de 2009 22:14:39 Para:
[email protected] Grande Raga!!!! Os polícias do futebol são uma barrigada de riso!!!! Aquele polícia que era escuteiro tinha uma namorada que agora namora com um rapaz que também é polícia mas pertence a um sector mais elevado e que por acaso pertence à Associação de Adeptos do Sporting e também vai à bola e leva a namorada. O escuteiro já o tentou impedir de entrar no estádio devido ao porte de arma e já escreveu para o director dele a alertar para o facto dele andar envolvido com as claques e etc, mas pelos vistos não passam de ofensivas estéreis. Dor de corno. Mas passando ao mais importante e ao que de facto me levou a escrever-te foi a reunião que houve entre a Associação de Adeptos e o presidente do clube e dois assessores. Segundo me contaram a reunião durou mais de uma hora e meia e o motivo da reunião foi o facto do presidente ter declarado em público que a Associação de Adeptos teria sido responsável pelos acontecimentos no aeroporto e que ele se tinha sentido ameaçado. O presidente tentou sempre relativizar o assunto mas ficou claro que o incomodava mesmo era a questão do comunicado emitido pela Associação visando o treinador, coisa que ele nunca esperou. A intenção desse comunicado segundo a Associação de Adeptos seria simplesmente a de espicaçar o grupo, porém foi entendida pelo presidente como o acender do rastilho já que o próprio treinador sentia que estava com a dinamite na mão. Ficou incomodado porque o timming não era o melhor, devido a ser um período de várias decisões importantes, praticamente ainda ínicio da época e o maior problema era o clube não ter sinheiro para alterar o que quer que fosse na estrutura do futebol profissional. Ele acha que o problema principal está nos jogadores que se sentem muito pressionados, alguns apavorados, antes dos jogos não se concentram, temem por eles e até pelos familiares directos. A Associação de Adeptos defendeu que sentia que estava a haver uma utilização dos “spotters”, por parte da direcção do clube, como forma de repressão e que alguns deles estariam nos últimos tempos a ser mais incisivos nas suas acções, agravada pela questão que te contei antes, aquele “assunto de saias” que envolvia aquele rapaz e o escuteiro chefe dos spotters e que eles relataram ao presidente que mostrou algum desconforto e não lhe interessava tocar nela, rematando apenas com uma expressão “Parece o Sporting! Se não é por gajas, é pelo tacho, é pelas radiografias que já não são tiradas no consultório do clube e então amuam e passam para a oposição!” Falaram de outros assuntos, da SAD, da relação de prostituição com a imprensa, do melhoramento infraestrutural, nomeadamente a construção do pavilhão, do poder que a Associação de Adeptos tem pela capacidade de influenciar a massa anónima e conclusão que saiu dali foi a tentativa de apaziguamento das relações. Os dois assessores revelaram ainda algum incómodo com os “casuals” que promoveram algumas acções de protesto com faixas viradas ao contrário, apelo ao silêncio no estádio durante os jogos, pressão sobre dirigentes nas áreas comuns do estádio sobretudo no final dos jogos ainda que protegidos pelos spotters e como seria de esperar comentaram que sabiam que esses elementos não pertenciam às claques, já que segundo eles tinham perfeita noção de que as claques estariam controladas. Eles sentem que elas estão em estado vegetativo. Para atrair pessoal quase que “compram” a rapaziada que se afastou ao fazerem cartões com inscrição “VIP”. Poucos aceitam e os que o fazem depressa percebem que passados os primeiros dias de beijos e abraços de reconciliação ressurgem os problemas de egos que transformam de imediato o ambiente para um clima hostil e de suspeição. A situação está tão debilitada
que passou a ser norma oferecerem o jantar a quem ajudar na preparação de coreografias ou outras actividades. Na curva existem muitos sub-grupos compostos cada um por algumas dezenas de rapazes e isso favorece que a liderança da curva seja feita pela JL e consequentemente que a curva seja controlada pelos dirigentes do clube. Num destes últimos jogos o Nuno enfrentou o rapaz que lança os cânticos impondo que ninguém cantasse contra a direcção do clube e apesar dessa ameaça, no final do jogo, alguns jovens que pertencem a alguns desses novos sub-núcleos começaram com cânticos ofensivos e de imediato sofreram investidas dos líderes da JL, um tipo de arrastão na bancada com agressões para silenciar os que cantam e os que não cantam mas pensam em cantar. A conclusão a que chego sobre o comportamento intimidatório do Nuno e do Mendes, vai para além da proteção ao status perante a direcção do clube, prende-se sobretudo com o receio da perca de protagonismo na curva e de número de pessoas que integram a própria claque, visto que as novas gerações não aderem, preferem estas novas identidades destes novos grupos, e por exemplo nos jogos fora de casa resumem-se a uma carrinha ou dois carros, conseguindo encher um autocarro somente em deslocações ao Porto, mesmo com o controle dos bilhetes para os jogos fora que lhes é facultado pela direcção do clube. Essa questão do monopólio dos bilhetes nos jogos em casa levanta problemas só nos jogos grandes, sobretudo contra o Benfica como aconteceu recentemente, em que se assiste a uma verdadeira “candonga”, tendo o Mendes até sofrido na pele uma agressão por parte dum rapaz chamado Luis, como eu, pertencente ao núcleo da claque do bairro do Nuno, que está detido num estabelecimento prisional mas a quem foi concedida saída precária nesse fim de semana e que ele aproveitou para assitir ao derby, a quem havia sido prometido um número considerável de bilhetes para que ele distribuísse a pessoas ligadas ao seu núcleo, que não só não foi cumprida a promessa como foi descoberto por esse rapaz que o Mendes havia vendido mais de 100 bilhetes diretamente a algumas dessas pessoas para quem ele se incumbira de entregar e a outras ainda pelo valor de 15 Euros que depois repassavam para qualquer um pelo valor de 30 Euros, tendo inclusivamente chegado, alguns desses bilhetes que estavam identificados com um carimbo da claque, a indivíduos da claque do Benfica e isso foi constatado por várias pessoas e até motivo de chacota nas redes sociais na internet. É tudo uma tristeza… Forte abraço.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: terça-feira, 09 de Fevereiro de 2010 20:48:01 Para:
[email protected] Ciao Raga! Espero que esteja tudo bem contigo e que tenhas entrado neste novo ano com o pé direito. Escrevo-te para te pôr a par dos recentes acontecimentos. Sábado passado mais uma derrota em casa com a Académica como deves ter verificado… A claque cantou somente “O Sporting somos nós” e no final quando começaram os cânticos ofensivos direcionados ao presidente do clube o Nuno dirigiu-se ao foco de onde saíam os cânticos e acompanhado por outros membros do seu bairro e proferiu três frases enquanto subia a bancada: – Quem é que manda aqui caralho? – Quem diz quem protesta aqui sou eu! – Vocês só cantam o que nós mandarmos caralho! Chegado aquele sector deu um soco num que segundo ele seria o instigador dos cânticos e voltou a reafirmar o seu poder com uma pergunta: – Quem é que manda aqui sócio? Empurrou ainda um rapaz que proferiu “As pessoas têm o seu direito de opinião…” E afastou-se ligeiramente tendo empurrado um outro e gritando “Querem dar opiniões, vão dar opiniões para outro lado!” Depois de ter deixado tudo em silêncio desceu alguns degraus e foi interpelado pelo Tantum, aquele rapaz do megafone que era do DUXXI, que lhe perguntou se também devia aplaudir e se não podia assobiar ao que o Nuno respondeu que ali mandava ele: – Tu não mandas aqui nada e não puxas por cântico nenhum sem nossa ordem caralho! Reforçou que se quisessem protestar e ofender o presidente que mudassem de lugar. O Tantum respondeu de forma desafiante que era isso que faria e teve como resposta uma forte chapada na cara à qual reagiu com uma expressão de que não se sentia intimidado tendo sofrido por isso uma segunda bofetada e ficou por ali porque foram separados por alguns dos elementos que acompanhavam o Nuno. Todo este festival perante o olhar tranquilo, até sarcástico de alguns, dos spotters que ultimamente em número bastante superior ao habitual costumam confraternizar em amena cavaqueira com as lideranças da claque, antes, durante e depois dos jogos. O restante do pessoal receia, sente-se intimidado, afasta-se ou finge que não vê. Nos últimos tempos e depois daquela reunião que te relatei aconteceram encontros entre os assessores do presidente e as chefias da claque com o intuito de relembrarem o protocolo firmado, relembrarem o deve e o haver, relembrarem o apoio constante ao clube e protecção aos dirigentes em troca da defesa do “ordenado” salvaguardado nesse contrato. Vamos ver o que nos reservam os próximos tempos. Vi o empate do Toro contra o Brescia neste fim de semana, acredito que a subida à serie A seja possível. Abraço amigo. Forza Toro!
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: quinta-feira, 18 de Março de 2010 23:59:22 Para:
[email protected] Ciao Raga! Hoje, aqui em Alvalade, antes do jogo contra o Atlético de Madrid vivemos a maior sessão de pancada fora do estádio que eu me lembro. As claques juntaram-se todas e por volta das 18.30 à chegada dos hinchas da Frente Atlético que vieram em autocarros começou o arremesso de garrafas, pedras, tochas, petardos e etc, junto à escadaria no estádio que leva ao Shopping. Durou cerca de 15 minutos a batalha campal entremeada com tiros de balas de borracha disparadas pela Polícia que chegou depois. O efectivo policial era de cerca de 600 agentes. Os espanhóis que chegaram à cidade logo pela manhã deviam ser cerca de 3000 distribuídos por 14 autocarros e carros particulares. Tudo começou por volta da 1 da tarde, quando dois desses autocarros que chegaram sem escolta policial tentaram abordagem de surpresa à sede da claque do Sporting. Alguns elementos da claque que se encontravam dentro da sede saíram e houve troca de insultos e arremesso de pedras e ainda demorou algum tempo até que aparecessem alguns polícias do corpo de intervenção que puderam fim à situação naquele momento. Durante a tarde, no centro da cidade, um grupo dos espanhóis envolveram-se com adeptos do Sporting antes de entrarem no metro que os levaria ao estádio. Depois antes do jogo foi o que te relatei em cima. Cena digna de cenário italiano dos anos 80/90. Estes acontecimentos foram em consequência do jogo da primeira mão em Madrid no qual já se tinham registados distúrbios de vária ordem fora do estádio entre as claques de ambos os clubes. A agravar a situação para o jogo da segunda mão estiveram as declarações de um dos assessores do presidente do Sporting nas quais apelava à criação de um clima hostil na recepção ao Atlético de Madrid não só pelos acontecimentos verificados na semana anterior na capital espanhola, como também pelo facto de terem um jogador que era um produto da formação da escolas do Sporting mas que se tinha tornado num dos ídolos do maior rival. Concluindo…foi do melhor que vi, em exteriores, nestes anos todos em Portugal! Quatro detidos, dez polícias feridos, dezasseis adeptos feridos no total entre nós e eles e um carro de exteriores da televisão ficou danificado por levar com tochas em cima. Procura notícias ou imagens na internet que vais ver que vale a pena. Quanto ao jogo foi o costume, a triste sina… Abraço!
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: terça-feira, 01 de Junho de 2010 11:07:44 Para:
[email protected] Ciao Raga! Quero desejar-te toda a sorte do mundo para dia 9 e dia 13 nos jogos contra o Brescia e espero sinceramente que consigas a subida à serie A. Escrevo-te para te contar sobre a tolerância zero que a polícia decretou a partir deste ano. Os clubes já foram informados que as novas medidas entrarão em vigor logo a partir da primeira jornada do próximo campeonato que começa daqui a dois meses, em Agosto, e querem com isso mostrar que acabou a impunidade e qualquer incidente terá o respectivo processo, seja ele enquadrado como crime ou como contra-ordenação. Querem que os magistrados utilizem com mais frequência a sanção acessória de interdição de entrada nos estádios, ou seja o cerco está a apertar cada vez mais. Querem também responsabilizar mais os clubes baseados na nova lei que estabelece o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espectáculos desportivos. A polícia pretende fazer um acompanhamento cada vez mais apertado às claques para que estas deixem de ser cobertura para crimes mais graves como são a posse de armas ou o tráfico de drogas que durante esta época que acabou já teve os seus resultados práticos, como aconteceu há dias com a claque do benfica com treze membros condenados com pena de prisão efectiva, que oscilam entre os dois e os doze anos de detenção, por tráfico de armas e droga, incêndio, roubo e ofensas á integridade física e mais dezasseis cumprem pena suspensa. Um mês antes, elementos pertencentes às claques do Sporting num dia de jogo contra o Setúbal ficaram detidos dentro das sedes, não tendo entrado no estádio, na sequência de rusgas realizadas pela polícia numa acção que envolveu mais de 100 agentes, muitos com o rosto tapado, seriam agentes especiais de investigação criminal, que nas buscas apreenderam doze petardos, um bastão extensível, uma faca, um balde grande cheio de pedras da calçada e 35 gramas de haxixe, tendo identificado mais de 200 pessoas sem terem feito qualquer detenção. Eu estava presente, um pouco afastado mas consegui ver quase tudo. Formaram um cordão envolvente na zona perto das sedes das claques, onde ninguém entrava nem ninguém saía e encaminharam todos os presentes para dentro das sedes. Separaram as mulheres dos homens. Elas para foram para o local onde a claque guarda o material e eles foram para o WC. Soube que os revistaram todos um a um, tendo tirado toda a roupa, ficaram mesmo nus. O que achei estranho foi não estarem presentes nem o Mendes e nem o
Nuno e os spotters estavam afastados, perto de onde eu me encontrava… Ainda este ano prenderam também um líder da claque do Braga também por tráfico de haxixe, cocaína, heroína e cannabis. No inicio do ano o líder da claque do Porto também sofreu condenação em tribunal de um ano com pena suspensa por resistência e coacção a agentes da autoridade em virtude de, com mais 20 indivíduos desconhecidos da claque do Porto, terem impedido a actuação de agentes policiais a 12 de Outubro de 2005 junto de dois elementos, também arguidos condenados nesse processo, que se encontravam a proceder à venda ilícita de bilhetes. Nesse dia, junto à porta 22 do estádio do Dragão, um dos arguidos estava a interpelar transeuntes a quem propunha a venha de bilhetes para o jogo Porto-Benfica do dia 16 de Outubro ao preço de 50 euros, ou seja 30 euros mais caros do que o valor real. Esse acabou por fazer essa proposta a agentes da polícia à paisana que logo se identificaram e o informaram que teria de os acompanhar à esquadra por estar a vender bilhetes com preço superior ao indicado no bilhete. Os agentes levaram-no até uma carrinha tendo sido de imediato rodeados pela claque do Porto que, com alguma agressividade para com os agentes e com pancada na viatura ,conseguiram que o detido saísse da carrinha e, assim, não fosse levado até à esquadra. O cerco vai apertar cada vez mais em Portugal. Desejo-te boa sorte para o play-off da próxima semana. Forza Toro! Abraço! De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: segunda-feira, 15 de Novembro de 2010 21:27:38 Para:
[email protected] Ciao Raga!!!! Tudo bem por aí???? Nem tive de coragem de falar contigo depois da desilusão que foi a derrota do Torino no play-off. Mais uma época na série B e este ano já vi que começou bem porque acompanhei que no mês passado já
houve um ataque com uma carta-bomba contra a sede do clube devido à desilusão dos maus resultados deste inicio de campeonato. Escrevo-te para te informar que aqui, uma vez mais, o cenário muda de figura. É fácil fazer com que mudem de postura. Para isso bastam duas coisas que são ou ameaças ou aliciamento. Se a primeira não funcionar a segunda não falha. Falando primeiro sobre as intimidações começo por te explicar que aqueles assessores do presidente e um vice-presidente, pertencentes à primeira geração da claque, que estavam presentes naquela reunião que te relatei há uns tempos montaram um esquema de pressão na Assembleia Geral do clube que teve lugar na passada sexta-feira dia 29 de Outubro, apoiados pelos líderes da claque, que se estendeu desde sócios e ex-dirigentes que são contestatários desta direcção, passando pelo presidente da Associação de Adeptos até aos dissidentes da claque. Os desacatos começaram quando alguns sócios criticaram a política de contratações e a confusão a sério aconteceu quando decorria a votação do relatório e contas que levaram até à chamada da polícia de intervenção, apesar de dentro da sala já estarem 6 polícias à paisana (spotters), 5 polícias fardados, mais alguns seguranças particulares contratados por pessoas ligadas à direcção do clube e os chefes da claque acompanhados de alguns indivíduos amigos pessoais que ninguém conseguiu compreender como conseguiram entrar, já que não eram sócios e muitos deles nem sequer eram Sporting. Sobre essas manobras de intimidação consegui perceber várias vezes trocas de olhares cúmplices entre um dos vice-presidentes do clube com o Nuno que levou muitos desses seus amigos pessoais alheios ao clube, alguns que até costumam frequentar a bancada do estádio, e observei também várias vezes o piscar de olhos entre esse mesmo vice-presidente e o Mendes. Sobre as trocas de olhares com o Nuno a explicação está em que essa cumplicidade se consolida com a cedência de um advogado sem custos, também ele dessa primeira geração da claque, para defender nos inúmeros processos aos quais responde o Nuno relativos ao futebol e extrafutebol. E assim uma mão lava a outra. Mas o ponto alto dessas relações e essa ouvi com os meus ouvidos foi quando um dos chefes dos spotters de serviço naquela noite, um tal de Queijadas que creio que em tempos de juventude pertencera à JL, recomendou ao Nuno, enquanto este tentava agredir alguns dos presentes, “Leva-os lá para fora e faz lá fora…” Vou passar agora ao segundo ponto da forma de conversão dos que, após serem ameaçados ou até mesmo agredidos, precisam duma forma de persuasão que efectivamente era bem mais simples, para assumirem a sua falta de verticalidade, que mais não é que o simples aliciamento. Curiosamente todos os que foram agredidos voltaram para a JL mas os lugares de destaque conseguidos foram fruto de aliciamento. Para entenderes melhor o que se passou foi que depois dos acontecimentos dessa Assembleia Geral, houve uma tentativa do Nuno, que se assume cada vez mais como a figura principal da claque superando o Mendes cuja incapacidade aumenta cada vez mais, em tentar resgatar alguns elementos que se enquadram agora na postura “casual”, estilo que cresce cada vez mais em virtude das tendências que se afirmam um pouco por toda a Europa e que são abraçadas pelas novas gerações. O Nuno retratou-se em vários encontros que teve na última semana com vários desses que se afastaram mas que ele considera como “fundamentais” e que precisava que esses que segundo ele eram pessoas que pensavam o poderiam ajudar a reerguer a claque, já que segundo palavras dele só estaria rodeado de merda. Declarou que havia um grande interesse no regresso de quem ele considerava a malta da “mística”. Teria havido uma separação dos dinheiros que haviam a receber do clube e que ele agora seria o responsável pela área financeira e como tal estaria empenhado em reconstruir a “Curva Belíssima”.
Uma destas reuniões foi com um responsável por uma zona dos arredores de Lisboa que agregava muitos elementos e que se tinha afastado porque num jogo no Estádio Nacional no Jamor ao reivindicar com insistência uns cachecóis a que alegadamente teria direito com a compra dos bilhetes para aquele dia foi revidado pelo mesmo Nuno com dois socos na face. Outra reunião foi com aquele rapaz que lançava os cânticos que teve aquele problema com ele como te expliquei num e-mail anterior que lhe fez uma série de exigências como por exemplo não se relacionar com a polícia (como se isso fosse possível), abster-se na questão das frases elaboradas contra a direcção do clube(…) e ser ele a assumir o controle dos cânticos na curva (para retirar de lá o imbecil ao qual ninguém reconhece a mínima capacidade, muito menos talento, para ocupar um lugar de tanta importância) e as coreografias também passarem a ser da sua responsabilidade. O Nuno acedeu a todas essa exigências, não lhe restava outra saída. Quem não ficou muito contente com tudo isto foi o Mendes que sente cada vez mais que lhe estão a tirar o tapete, até porque já nem é tido nem achado nestas questões e as suas reacções de olhares intimidatórios quando se cruza com algum destes regressados e por vezes, talvez por estar como é habitual sob o efeito de drogas, toma atitudes do tipo de pegar em extintores e aponta contra pessoal que não aprova, atestam essa sua incompatibilidade. Neste fim de semana o Sporting foi a Coimbra jogar com a Académica e já pudemos ver em prática a nova revolução vivida pela claque. Alguns dos que antes se tinham afastado da JL voltaram a viajar de autocarro com a claque e ocuparam o lugar no sector que foi reservado no Estádio para todas as claques do Sporting. Por outro lado, alguns dos “casuals” que se mantiveram fiéis aos seus princípios, viajaram de carro como habitualmente e ocuparam outro local no Estádio por terem bilhetes para um outro sector. Assim que entraram começaram problemas entre outros adeptos do Sporting e apoiantes da Académica, tendo eles avançado na direcção dos de Coimbra ao que os “spotters”, com especial atenção naquele dia às transformações vividas na claque, responderam de imediato com a detenção imediata de dois dos “casuals” e outros dois foram bloqueados quando tentavam socorrer os dois detidos. O chefe dos “spotters”, o “Queijadas”, parou na frente desse dois e erguendo de imediato o cassetete que empunhava exclamou “Filhos da puta!” ao que os dois responderam exaltados “Filho da puta és tu! Anda cá cabrão! Vem sem nada! Vem só com as mãos!”. Ele afastou-se, acompanhando os outros dois agentes que detiveram os dois rapazes, e enquanto se encaminhava para uma sala no interior dos acessos do Estádio, sorria e passava a mão no símbolo da PSP cravado na farda e sussurrava entre dentes “Já vos fodo…”. Quando chegou ao compartimento interno para onde os agentes tinham levado de forma forçada os dois rapazes, dirigiu-se a um deles enquanto retirava o crachá da corporação da farda, ordenando “ Anda cá! Vá! Sem nada…como os teus amigos…” e desferiu-lhe uma cabeçada no rosto, com todos os outros policias a segurarem o rapaz. Na bancada, alguns elementos das claques que se aperceberam do reboliço tentaram invadir aquele sector em socorro sofrendo uma pronta resposta do Corpo de Intervenção da Polícia que impediu qualquer acção e detiveram ainda mais um ou dois rapazes da claque. Por esse motivo a claque retirou a faixa oficial da rede e abandonou o estádio ao intervalo em sinal de protesto e os restantes elementos dos “casuals” que não foram detidos saíram de imediato do estádio para evitar essa mais que certa detenção que ocorreria quando os “spotters” voltassem aquele sector. No regresso a Lisboa, ainda antes de saírem de Coimbra, o autocarro da claque sofreu uma vistoria por parte dos “spotters” que lhes retiraram toda a comida e bebida que estava dentro do autocarro e decretaram a proibição de parar nas áreas de serviço para abastecer. Contrariando as ordens da polícia, os elementos dentro do autocarro, forçavam o motorista a parar em todas as áreas e ocorreram vários
confrontos com elementos da polícia durante o percurso de cerca de 200 Km até Lisboa. A JL com o regresso de alguns dos elementos que viajavam com os “casuals”, habitualmente fora do controle, deu inicio a uma guerra contra a polícia que agora tem um problema a acrescentar à guerra que tinha somente contra os “casuals”. Vamos ver o rumo que isto vai tomar. Forte abraço! Forza Toro! De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: sexta-feira, 10 de Dezembro de 2010 22:04:54 Para:
[email protected] Ciao amico mio!!!! Depois do que te contei há 3 semanas, sobre a entrada dos “casuals” na claque e da integração daqueles que aceitaram contra exigências, tudo indica que o prometido não será totalmente devido. Como deves ter acompanhado jogámos contra o Porto na semana passada e parte da coreografia foi censurada e algumas faixas retirada pela Polícia, possivelmente a mando da direcção já que as faixas apreendidas tinham frases como “Passam jogadores, presidente e treinador”, “Mas só Sporting é o nosso grande amor”. Proibiram ainda a entrada de pessoal da claque com t-shirts onde se lia “Tripeiros…não obrigado!”. No passado dia 1, no jogo com o Lille para a Liga Europa, exibiram a faixa “Em 1999 por menos
fizemos mais! Preparem as malas!” (…esqueceram-se foi que em 1999 eram outras pessoas com outros propósitos que integravam a claque). A direcção do clube convocou imediatamente uma reunião com a claque para esclarecer alguns mal entendidos para que o presidente pudesse colocar um ponto final na polémica da censura das faixas e para pedir que continuassem a acreditar na direcção do clube e na equipa de futebol. Desculpou-se afirmando que não havia partido dele a ordem para retirarem as faixas e que considera muito importante o apoio da claque e que sempre foi um defensar das claques, e da JL em particular e se haveria alguma forma de chegarem a um entendimento... A direcção da claque que, antes da reunião, demonstrava um postura radical em razão da transformação recém-ocorrida, para satisfação das exigências dos retornados, em presença do presidente do clube, arrependeram-se e esclareceram que “não pretendiam intimidar ninguém com a mensagem e que queriam apenas vincar a sua posição” de cobrança de mais empenho e profissionalismo à equipa… Desculparam-se pela gaffe na inscrição das t-shirts “Tripeiros…não obrigado” já que essa generalização afectava também os muitos sportinguistas que vivem na cidade do Porto. Sairam da reunião garantido dali para a frente o apoio total ás equipas do Sporting. Em 3 semanas voltava tudo à estaca zero, ou à posição de onde nunca houve interesse real em sair, tendo por um lado reforçado o relacionamento com a direcção do clube e por outro conseguido aglomerar alguns ingénuos que, como esses, existirão sempre, fazendo assim aumentar o volume de pessoas no sector, o volume de encaixe e o volume de números nas contas com o clube. As exigências dos que voltaram esfumavam-se naquele dia e até o controle do microfone foi negado porque o cepo que lá estava, apesar de não conseguir criar um único cântico em quase uma dezena de anos, alega que deve ser ele quem segura no microfone porque ele nunca abandonou a claque, ao contrário do pretendente. É uma justificação que tem pouca sustentabilidade para os interesses do poder vocal da claque, mas essa sua relativa “antiguidade” estabelece uma posição hierárquica que o outro nada mais lhe resta que se vergar a essa imposição. Para que entendas, os “casuals” ficaram reduzidos a poucos irredutíveis e estão a integrar miúdos novos, sem vícios, que não pertencem a nenhuma claque, porque os mais velhos que voltaram para a claque são todos uns vendidos e querem agradar a todas as facções. Alguns desses estão a tentar levar o Nuno, nos dias dos jogos, antes do inico das partidas, até ao bar onde se concentram os poucos “casuals” remanescentes juntamente com alguns desses jovens da nova leva, para que em curtas abordagens de mais ou menos 5 minutos, numa espécie de “campanha eleitoral”, tente agregar esses restantes. Apesar dessas tentativas se mostrarem infrutíferas, há por outro lado os constantes boatos e os habituais avisos das campanhas e ameaças, por parte do Mendes (que se revelam estéreis a posteriori), sobretudo contra dois elementos que serão os responsáveis pela organização dos “casuals”. O circo continua, e é essa mesmo a designação para o que se passa na bancada agora, depois deste curto período de dias…Circo… Abraço amigo. Cumprimentos aí em casa. Se não falarmos mais, tem um bom natal com a tua família e que o próximo ano seja de feição para nós e para os nossos clubes. Forza Toro e Força Sporting!
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: segunda-feira, 28 de Março de 2011 12:44:50 Para:
[email protected] Ciao Raga! Eleito novo presidente do clube. Dizer novo não será muito correcto porque é um presidente na mesma linha dos antecessores e portanto não deverão acontecer muitas mudanças. O que tenho para te contar é que a eleição não foi nada tranquila, pelo contrário, houve muita confusão porque os resultados davam a vitória a um candidato por margem muito curta e após uma recontagem pedida pela outra lista, já a altas horas da madrugada, essa acabou vencedora e a confusão começou. Quando o candidato vencedor tentava fazer o discurso da vitória, foi impedido o seu acesso à sala de imprensa, onde alguns jornalistas foram entretanto agredidos por pessoal alegadamente pertencente ou simpatizante da lista derrotada. Houve muita confusão entre simpatizantes de ambas as listas também que só foi sanada pela intervenção policial. O ambiente está a ferro e fogo por aqui e as coisas não devem mudar. Sobre as claques e depois dos últimos desenvolvimentos que te tinha contado apenas há a acrescentar que a Associação de Adeptos por ultimamente ter pressionado os órgãos da direcção demissionária tem sofrido intimidação do Nuno e consequentemente da claque JL, que pelo facto de ter o advogado pago por um vice-presidente dessa direcção para auxílio na resolução dos seus processos pessoais anda com aquela lengalenga das ameaças e que a Associação de Adeptos é para acabar e etc. Esta informação só é importante para que percebas que o Nuno é quem neste momento comanda a JL. O Mendes acabou. E a partir de agora não poderá mais esconder a culpa da sua incompetência por detrás das mentiras com que se autojustificava de que o Monhé roubou a claque nos anos 90 e fugiu e depois o Almada roubou a claque no inicio do milénio e foi fazer outra claque e depois fulano roubou a claque e abriu um bar e beltrano roubou a claque e fugiu para o Norte e a história pega sempre há 20 anos. O Mendes é o funcionário mais antigo do Sporting. Essa importância vem-se acentuando e ficou bem visível há dois meses atrás, num dia de jogo do Sporting no Estoril, em que houve problemas novamente com aquele rapaz chamado Luis, que é do núcleo do bairro do Nuno e que há uns tempos atrás te contei que tinha batido no Mendes, desta vez com o Carabinas, aquele amigo intimo do Mendes que é do Benfica e que por isso é “persona non grata” na claque do Benfica.
Esse Carabinas sempre teve carta branca para andar por ali, apesar de nunca ninguém entender concretamente o porquê, já que ele era da claque do Benfica, até já teria no passado agredido pessoal da claque do Sporting e supostamente seria um dos autores do famigerado incêndio na sede da JL em 1992 que marcou o inicio da claque do Benfica. Uns dizem que a amizade dele com o Mendes era por causa de droga, outros por causa de outros negócios que eles teriam extrafutebol e alguns suspeitavam até que teriam uma relação homossexual, mas a verdade é que o tal rapaz Luis lhe bateu violentamente nesse dia, tendo até acertado um pontapé na cabeça que o deixou mal tratado. O Mendes tentou separar mas foi incapaz e pela primeira vez nenhum dos presentes esboçou qualquer reacção e até se posicionaram contra o facto do Mendes tentar separar, seguindo a atitude tomada pelo Nuno. Esse Carabinas nunca mais foi visto e nesse dia o Luis fez o que muita gente, quer da claque do sporting como também da claque do Benfica, já desejava ter feito antes. Naquele dia pude observar que o Nuno é de facto quem manda na claque. Vamos ver o desenvolvimento da situação com a nova direcção eleita e eu vou-te mantendo ao corrente. O Torino este ano acho que não vai sequer ao play-off que época terrível. Desejo-te boa sorte para estes últimos jogos. Abraço. De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: Quinta-feira, 29 de Setembro de 2011 23:20:11 Para:
[email protected] Ciao Raga! Tudo bem?
Não falei mais contigo. Mais um ano de série B para o Toro deve ser penoso para ti. Não te tenho escrito porque também não haviam muitas novidades até que hoje, dia de jogo contra a Lazio para a Liga Europa, foi feita mais uma rusga à sede da claque onde foram apanhados 28 potes de fumo e um petardo. Foram 9 detidos, um deles foi o Nuno e vão ser ouvidos já amanhã em tribunal. Segundo informações da Polícia dizem que há outros identificados para além destes 9. Foram realizadas também buscas domiciliárias e foram apreendidos 5,5 Kgs de haxixe e 65 gramas de cocaína. Só te estou a escrever pelo facto curioso da polícia ter afirmado que este processo de investigação conta com a colaboração…do Sporting… Esta introdução tem o propósito de te perguntar também se sabes do artigo 35º do Regulamento de Licenciamento de Clubes e Fair-Play Financeiro da UEFA de 2010 que introduziu a figura, sinistra, do OLA (Oficial de Ligação aos Adeptos). Os clubes passaram assim a nomear um individuo com vista a garantir um diálogo construtivo entre si e os seus adeptos (isto foi o argumento arranjado para justificar a inutilidade deste cargo… Mas qual diálogo, caralho?) Segundo pude perceber as funções deste cargo são: 1º – Estabelecer uma ponte entre os adeptos e o clube, ajudando a melhorar o diálogo entre as partes. 2º – Informar os adeptos sobre as decisões relevantes tomadas pela administração do clube e na outra direção, comunica os pontos de vista dos adeptos à administração do clube. 3º – A construção de relações tanto com grupos de adeptos e as suas iniciativas, como com a polícia e os oficiais de segurança. 4º – Relacionamento com os OLA de outros clubes antes dos jogos, para contribuir para que os adeptos se comportem de acordo com as directivas de segurança. Resumidamente arranjaram maneira de contratar um tipo que sirva de bombeiro para ir apagando o fogo ou evitando que ele não chegue aos dirigentes e ao mesmo tempo um bufo que passe todas as informações à polícia, não só do que sabe sobre o seu mas também do que sabe sobre os outros. Isto ainda é melhor que o protocolo!!! Escrevo-te hoje, falando sobre isto, para te dizer que não ponho mais os pés na bancada. Para mim é o extremo do limite da minha capacidade de aceitar o que vou vendo. A nova direcção do clube não mudou nada, como seria de esperar, apenas mudaram as caras e o mais curioso é que foram integrados na direcção alguns que se diziam contra, inclusivamente o que tinha sido candidato adversário da situação nas penúltimas eleições. Tenho de me desligar desta merda que isto é baixo demais. Volto a escrever se houver alguma coisa que ache digna de registo. Forte abraço.
De: LUIS LOPES (
[email protected]) Enviada: Domingo, 07 de Outubro de 2012 19:45:29 Para:
[email protected] Grande amigo! Há mais de um ano que não falamos! Espero que esteja tudo bem contigo e família. Parabéns pela subida tão ambicionada do Toro! Está finalmente onde merece estar. Este é o último email que te envio e faço-o só para te pôr a par da real situação da bancada das claques do Sporting e como ficou após este ano que passou e com a entrada dos novos órgãos dirigentes do clube que afundam ainda mais o clube do que ele já estava. Sobre a polícia, no inicio deste ano, houve um jogo em que 2 daqueles spotters que te falei, o Seboso e o Toininho, provocaram uma situação para arranjar conflito com alguns dos “casuals” que agrediram, e após um bate-boca no qual na troca de palavras afirmaram autoritariamente que não descansavam enquanto não acabassem com eles e que estavam fartos de ter trabalho com os “desalinhados”. Agrediram dois dos mais carismáticos elementos dos “casuals”, utilizando o mesmo método posto em prática naquele episódio de Coimbra que te contei mas desta vez no próprio estádio do Sporting. Levaram os dois separadamente para o interior da bancada, junto a umas escadas onde ninguém conseguiria ver nem existe sistema de monitoramento e com a ajuda de mais 3 agentes para cada um dos “casuals”, deram uns socos e uns pontapés por aproximadamente 10 minutos. As únicas pessoas presentes eram os spotters que os seguravam isoladamente, sem que houvesse campo de visão entre os dois “detidos”, não havendo assim testemunhas e a agressão era acompanhada de ameaças de que se houvesse reacção deles ou se revidassem iriam presos. Estes agentes estão a identificar e a abordar todos aqueles que não pertençam a nenhuma das claques organizadas. Assim estou em crer que, com essa repressão, será o fim de qualquer movimento extra-claque que em
Portugal, ao contrário de muitos outros países da Europa e do resto Mundo, é um interesse comum aos dirigentes dos clubes, à polícia e aos chefes das claques pelos motivos que estás tu também já cansado de saber e de ouvir. As claques do Sporting estão domesticadas, uma nova geração que pudesse surgir, e remar contra, não tem qualquer referência porque todos os que pudessem ser essas referências se afastaram pelos mais diversos motivos e já não acreditam que nada digno ou que seja motivo de orgulho dali possa sair. Estão dispersos por vários motivos. Uns mais carismáticos enveredaram por vias de maior responsabilidade seja por questões profissionais ou por questões familiares. Outros decidiram dedicar-se a projectos muito mais exigentes de ordem social e política como foi o caso das lideranças do Grupo 1143 ligados a movimentos de extrema-direita à escala mundial evitando assim a exposição neste circuito de brincadeira que são as claques portuguesas. Os líderes da primeira geração da claque estão mais preocupados com a entrada nos círculos de poder do clube. E outros ainda dessa geração mais antiga que ficaram perdidos continuam com um pé de fora e outro dentro da claque, tentando agradar a todos para não saírem chamuscados. Estes são um grande número e existirão para sempre porque não sabem para onde se virar em razão da falta de rumo alguns e outros movidos, ainda, por uma ínfima ambição que lhes permita, nem que seja, dar algum real sentido às suas vidas. São estes que dão número á claque mas não lhe dão a qualidade que ela precisa. O clube definitivamente não se endireita porque é um clube partido em várias facções e todas se odeiam, porque todas ambicionam o poder. Os episódios de confrontos reais em Portugal, nas ruas, com claques de outros clubes vão tender a desaparecer e ser substituídas pelo combate virtual na internet porque por um lado não há predisposição dos actuais membros e por outro lado o controle policial é cada vez mais eficaz e facilitado pelos próprios claqueiros pela substituição de propósitos da claque e pelos interesses pessoais. A legalização das claques fez com que as claques perdessem a própria identidade e agora todas as claques, de todos os clubes, são iguais porque são condicionadas, da mesma maneira, têm todos os movimentos controlados e todos sabem tudo sobre o funcionamento de cada uma. Para terminar este meu último e-mail vou deixar-te um texto que encontrei retirado de um blog, na íntegra e sem correcção, que não está assinado por motivos óbvios como compreenderás no final da leitura. “Boa tarde Caros Leões, ontem foi um dia muito longo e quero que toda a gente fique a par e sem qualquer dúvidas acerca do que se passa no Sporting! De manhã pintar a frase: “Esforço, Dedicação, Devoção... Eis o que vocês não são!!” Almoçar e aí vamos nós para o Solar do Norte encostar o engodinho lopes que já sabia que estavamos à espera dele não para lhe oferecer uma rosa e fez questão de fazer chegar num carro de alta cilindrada os seus 3 seguranças que chegaram cheios de peito a pensar que iam lidar com meninos mas saíram-se mal e rapidamente começaram a falar baixo e com serenidade antes que mamassem. O mal que fizemos foi não os mandar abaixo logo ali por tudo aquilo que nos tentaram fazer à noite! Mas ninguém ali é bruxo e pensavamos que apesar de tudo eram sportinguistas, mas não, é uma máfia paga pelo Sporting para proteger o topo gigio e companhia! Entretanto chega o engodinho, é vaiado, ouve umas verdades e vai embora. Antes de tudo isto começar, tentaram comprarnos a nós também para que tudo se silenciasse e aquilo parecesse uma manifestação de apoio... Até viagens ao estrangeiro ofereceram para ir ver o Sporting para a liga europa! só que a palhaçada acabou! Acabaram-se as claques compradas! O sistema desta direcção é pagar para silenciar os críticos! E sabem como funciona: os 3 seguranças (máfia) dizem à corja da JL a quem têm que bater! Isto passou-se no
dragão ao intervalo, um dos nossos foi para o hospital porque o Mendes, esse chulo que comanda a juve leo, andava com os macacos na bancada a tentar fazer a folha aos contestatários que estiveram de tarde com os seguranças do Sporting atrás! Depois disto do Solar do Norte, fomos então para o hotel do Sporting em Gaia dar continuidade à nossa luta porque isto não é o Sporting... e acreditem ontem fiquei a saber que estão a matar o Sporting à força toda e bem por dentro! Em Gaia apareceram uns super morcoes, leia-se cabeçudos, os primeiros vieram enganados e pensar que éramos meninos, levaram bem na tromba e depois vieram uns 15 e lá fomos nós rua abaixo com eles todos a correrem à nossa frente, depois vieram uns 50 e aí a coisa já foi mais pesada, de qualquer das formas vi o macaco a arrancar à velocidade toda do seu Q7 a pensar que a malta ia a correr para ele, mas a malta ia a correr era para o autocarro do Sporting! Fomos todos para o Dragão e já sabíamos que iam tentar fazer-nos a folha por termos feito rebentar a bomba no Sporting, e começa a perseguição aos nossos, com o Mendes e os seus macacos, alguns deles andam na bola há 2 dias e nem sabem o que é o Sporting, só andam ali para se drogarem à força toda porque a juve leo é uma maquina de vender droga e para receberem uns dinheiros do Sporting! Um dos nossos ainda foi para o hospital ao intervalo! Alguns levaram na bancada, com a polícia a ver (acredito PLENAMENTE que mesmo eles estão comprados) sempre a mando dos 3 seguranças! Depois vinham tentar buscar o pessoal à bancada para tentarem levar o pessoal pa zona da casa de banho e darem porrada (porque quando o chulo Mendes deu porrada a um na bancada a polícia disse: opah se querem fazer alguma coisa ao menos nâo façam à nossa frente). Isto com toda a gente na bancada incrédula... claro que eles em clara maioria são uns homens valentes! A gente pode não ir mais à bola mas a vingança será feita! O Sporting está completamente podre meus amigos, está tudo comprado, está tudo a chular o Sporting! tudo! Só que ninguém tem que ter medo dos macacos da JL... Nós somos bem mais do que eles, muitos mais! Só que não estamos organizados! Há muita gente na JL que não se revê nisto... e não se esqueçam que o dinheiro não dá para todos, é só para um grupinho de 20 e vai chegar a uma altura em que o feitiço se vai virar contra o feiticeiro! Não tenham medo desses gajos é só o que vos digo! Esses artistas da JL ainda se vão lembrar do que fizeram ontem... Mais não posso dizer! Vamos ser astutos... mas não se esqueçam que não se meteram com meninos! Somos Leões do Norte não somos cornos de lisboa!” Despeço-me com um abraço. A partir de agora comunicamos pelo Skype que já instalei.