Gramática Grega - Daniel B. Wallace

March 4, 2017 | Author: Pb Anderson Silva | Category: N/A
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Daniel B.

WALLACE

Gramática Grega Com índice Bíblico e Palavras Gregas

UMA DO

SINTAXE NOVO

EXEGÉTICA

TESTAMENTO

Daniel B.

WALLACE Digitalizado por: jolosa

G ram ática G rega: U m a Sin tax e E xeg ética do N ovo T estam ento D a n iel B. W aJlate Copyright © 1996 by D aniel B. W allace Zondervan P ublisbing H ouse G rand Rapids, M ichigan 49530 T ítulo em inglês: Greck Grammnr Beyond the Basics Tradução: R oque N ascim ento Albuquerque Revisão: M arcos Paulo Soares Supervisão de Produção: Edim ilson Lim a dos Santos Editoração e Capa: Edvaldo Cardoso M atos Prim eira edição em português: 2009 ISBN : 978-85-7414-023-0

O N ovo Testam ento Grego, ed itad o por B arbara A land, K urt Aland, J. K aravidopou los, Cario M. M artini, e B ruce M . M etzger. Q uarta Edição Revisada. © 1966, 1968, 1975, 1983, 1994 pela U nited Bible Societies. U sado com perm issão. N enhum a parte deste livro pode ser reproduzida, arm azenada em sistem a de processam ento de dados ou transm itida em qualquer form a ou por qualquer m eio - eletrônico, m ecânico, fotocópia, gravação ou qualquer outro - exceto para citações resum idas com o propósito de rever ou comentar, sem prévia autorização dos Editores.

Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela: EDITO RA BATISTA R EG U LA R D O BRA SIL Rua K ansas, 770 - Brooklin - CEP 04558-002 - São Paulo - SP Telefone: (011) 5561-3239 - Site: w w w .editorabatistaregular.com .br

Dois homens em particular tem im pulsionado em meu amor pelo Novo Testamento Grego, ambos por sua erudição e por seu exemplo de graça e hum ildade cristãs. A eles dedico este livro:

Dr. Buist M. Fanning

e em memória de

Dr. Harry A. Sturz

Conteúdo Prefácio à Edição B rasileira............................................................................................................. ix P re fá cio ................................................................................................................................................... xi Lista de Ilu straçõ es........................................................................................................................xxiii A b reviações...............

xxvi

Introdução A Abordagem Desse L iv ro .......................................................................................................1 A Língua do Novo T estam ento........................................................................................... 12 SINTAXE Sintaxe de Palavras e Locuções Parte I: Sintaxe dos Nomes e Formas Nominais Os Casos Os Casos: Introdu ção.................................................................................. 31 Caso N om inativo..........................................................................................36 Caso V ocativo.................................................................................................65 Caso G en itivo .................................................................................................72 Caso D a tiv o

.......................................................................................... 137

Caso A cu sa tiv o ........................................................................................... 176 O Artigo ................................................................................................................. 206 Parte I: Origem, Função, Usos Regulares eA u sên cia................... 206 Parte II: Usos Especiais e o Não Uso do A rtig o

......................255

A d jetivos................................................................................................................. 291 P ronom es................................................................................................................ 315 P rep o siçõ es

.............................................................................................. 355

Parte II: Sintaxe de Verbos e Formas Verbais Pessoa e Número .................................................................................................390 Voz ..............

407

A tiv a ............................................................................................................... 410 M éd ia P assiv a

.................................................................................................... 414 ............................................................................................. 431

M o d o ........................................................................................................................ 442 In d icativ o .......................................................................................................448 Subjuntivo......................................................................................................461 Optativo ....................................................................................................... 480 Im p erativ o ....................................................................................................485

v iii

T e m p o ......................................................................................................................494 Os Tempos: In tro d u ção ........................................................................... 494 P rese n te..........................................................................................................513 Im p erfeito ..................................................................................................... 540 A o risto ............................................................................................................554 F u tu ro .............................................................................................................566 Perfeito e M ais que P erfeito....................................................................572 O In finitivo.............................................................................................................587 O P articíp io..................

612

Sintaxe das Orações Introdução às Orações G reg as........................................................................................... 656 O Papel das C o n ju nçõ es...................................................................................................... 666 Estudos Especiais nas Orações Sentenças C ond icionais.............................................................................................. 679 Orações Volicionais (Ordem e P roibições)...........................................................713 Sumário Sintático .............................................................................................................726 índice de Assuntos................................................——.—...—.....—.——....—.....—.....—.—- 765 índice de Palavras G regas............................................................................................... 788 índice Bíblico

.........795

Prefácio à Edição Brasileira Alexandre, o Grande, foi o primeiro a patrocinar uma gramática de grego para en­ sinar estrangeiros. Pouco depois, a gramática passou a ser o livro para ensinar os próprios gregos a sua língua. Elaborada, é claro, pelo prisma prático para que o na­ tivo de outra língua aprendesse o grego de forma rápida. Daí vem a origem da gra­ mática descritiva, coisa muito familiar a nós estudantes da língua grega. As gramá­ ticas descritivas não se interessam nos porquês; simplesmente diz: aceite. Essa gramática descritiva serviu de base à gramática de Dionísio de Trácia. E é dela que alguns vícios de nomenclatura passaram para o latim e deste para o português. Por exemplo, quando usamos palavras como: pronomes do caso reto. Se é caso não é reto e se reto não é caso. E ainda: casos oblíquos. Ora se é oblíquo é caso; se é caso é oblíquo. Quando, e.g., denominamos um dos modos verbais de subjuntivo, nos esquecemos que o subjuntivo fala mais do que subordinação. Todos esses erros de nomenclatura fazem parte de nossas vidas há mais de 2.200 anos. E agora...? "O problema sobre o argumento é que ele move toda a batalha para o outro lado, para o campo do próprio inimigo. O inimigo também pode argumentar" (C.S. Lewis). Daniel Wallace nessa Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Tes­ tamento, cruzou as fronteiras e veio preparado para nos convidar a repensar o nos­ so conceito de exegese. De uma perspectiva lógica, orgânica, semântica e bíblica, a qualidade da exegese brasileira há de ser enriquecida. Essa gramática reconhece que temos diversos pro­ blemas de nomenclatura. Todavia, em lugar de simplesmente balbuciar novas no­ menclaturas, ela nos convida a pensar além das nomenclaturas, mesmo quando não pudermos fugir delas. Dr. Daniel B Wallace tem influenciado estudantes em vários países no mundo atra­ vés desse livro-texto sobre o grego intermediário que agora chega ao Brasil. Essa gramática grega é usada por mais de dois terços dos seminários no mundo que en­ sinam grego intermediário. Aqui nos Estados Unidos não conheço um único semi­ nário evangélico que não a use como livro texto. Estou certo de que a Teologia Bíblica e a Exegese do Novo Testamento em solo bra­ sileiro recebem uma contribuição essencial para seu desenvolvimento. Roque N. Albuquerque, Ph D [Cand] Central Seminary Minneapolis, MN Janeiro de 2009

xii

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

B. M otivação Minha motivação não mudou desde o princípio: encorajar os estudantes a irem além das categorias gramaticais e verem a relevância da sintaxe para a exegese. Como alguém que ensina tanto gramática quanto exegese, tenho sentido essa necessidade aguda. Normalmente, quando um aluno completa o grego interme­ diário, a desilusão e a desmotivação iniciam a "morte das categorias". A gramá­ tica grega tem uma forte tradição de dar listas infindáveis dos vários usos morfossintáticos e poucas ilustrações. Isso segue o modelo das gramáticas clás­ sicas, que discutem muitos conceitos lingüísticos (pois as expressões de qual­ quer língua têm que ser baseadas em exemplos claros).3 Entretanto, com tal abor­ dagem para o NT, o aluno terá facilmente uma impressão artificial de como a classificação sintática, quase que naturalmente, ligará a si mesma às palavras em determinada passagem. Isso dará à exegese a patente científica que merece. Quando o estudante do grego ficar frente a frente com qualquer exercício exegético, a impressão oposta (e igualmente falsa) surgirá: a exegese é a arte de importar a visão de alguém para dentro do texto, através da coleta seletiva de uma classificação sintática que esteja em harmonia com seu entendimento pré­ vio. A primeira atitude vê a sintaxe como uma tarefa exegética fria e rígida, tanto indispensável quanto desinteressante. A última pressupõe que o uso da sintaxe na exegese é simplesmente como um jogo wittgensteiniano feito pelos comentaristas. Assim, muito da exegese não está propriamente baseada na sintaxe, assim como muitas das obras sobre sintaxe mostram pouca preocupação exegética. O re­ sultado dessa dicotomia é: o estudante intermediário não vê a relevância sintá­ tica para a exegese e os exegetas, muitas veze-s, fazem mau uso da sintaxe em seu fazer exegético. Essa obra tenta oferecer uma proposta corretiva inicial para isso ao fundamentar a exegese nas expressões da língua e ao orientar a sintaxe de acordo com seu valor exegético.

C. D istintivos 1.

Exemplos exegeticamente significantes Depois que forem notadas as ilustrações claras de certa categoria particular, haverá muitos exemplos ambíguos e exegeticamente significantes. Tais pas­ sagens são usualmente discutidas com algum detalhe. Isso não somente da sintaxe algo mais interessante, mas também encoraja o estudante a começar a pensar exegeticamente (e a reconhecer que a sintaxe não elimina todos os problemas interpretativos).

3 Isso não significa que uma redução das categorias sintáticas deva ser preferível. Uma redução assim, embora seja pedagogicamente mais maleável, é de pouco valor exegetico para o aluno. A razão para a multidão das categorias nesse livro é discutida abaixo.

xiii

Prefácio 2.

Semântica e "Situação Semântica' Tanto a semântica quanto a "situação semântica" das categorias são freqüentemente desenvolvidas. Isto é, não só a mera definição para as clas­ sificações será analisada, mas também a nuança das categorias (semânti­ cas) e das situações semânticas (e.g., contextos, intrusões lexicais, etc)4 em que tal uso geralmente ocorre. Esse tipo de análise mostra que a descrição sintática não é um joguinho do Chapeleiro Maluco em Alice no País das Maravilhas e que as expressões da língua oferecem certos controles à exegese. As dicas estruturais que o estudante intermediário poderia con­ sultar, às vezes, são dadas (e.g., o presente histórico sempre está no indicativo e todos os exemplos claros do presente histórico no NT estão na terceira pessoa). Com freqüência, essa discussão pondera sobre a semânti­ ca de certa construção. Isso ajuda o estudante a alcançar o discernimento da importância exegética de vários padrões sintáticos.5

3.

Definições claras e de fácil captação Esta obra tenta dar definições claras e ampliadas, seguidas por um glossá­ rio conhecido como a "chave para identificação" (e.g., para entender o im­ perfeito ingressivo, o estudante deve traduzir o verbo grego com a expres­ sar "começou a..."; para o presente costumeiro, o advérbio "habitualmen­ te" antes do verbo).

4.

Plenitude de Exemplos Se só um ou dois exemplos fossem apresentados, seria possível que o estu­ dante focalizasse os elementos atípicos. Com vários exemplos tomados de uma abordagem relativamente equilibrada dos Evangelhos, Atos, o Corpus Paulino, as Epístolas Gerais e o Apocalipse, o estudante será exposto a vá­ rios tipos de literatura neotestamentária e será capaz de ver claramente a nuança de determinada categoria.6 Quando as ilustrações forem tomadas exclusivamente de determinado gênero, não será acidental, mas indicará que tal uso é restrito a tal gênero (e.g., o presente histórico ocorre somente em narrativas). Quase todos os exemplos serão traduzidos com palavras

4 A "Situação Semântica" é desenvolvida completamente na "Abordagem deste Li­ vro". 5 As vezes, tal discussão será classificada e, talvez, de modo muito avançado para determinada classe de grego intermediário. (A discussão semântica do genitivo de aposição, e.g., é longa, fugindo do normal). Na realidade, porém, se um professor quer que seus alunos pensem lingüisticamente em lugar de simplesmente memorizar categori­ as gramaticais, essa seção precisa ser "digerida" mentalmente. Por causa da falta de sen­ sibilidade lingüística, muitos alunos do grego cometem alguns tropeços. Sabendo como traduzir e/ou classificar sintaticamente uma construção não é a mesma que conhecer como articular os significados de uma construção assim. 6 Algumas gramáticas do NT poderiam receber apropriadamente um título como Uma Sintaxe de Mateus e Ocasionalmente Outros Livros do NT, pois não estão conscientemente tentando tomar exemplos de vários gêneros do NT.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

xiv

apropriadas e claras. Estudantes do nível avançado apreciariam as muitas variantes textuais (com seus testemunhos) que serão mencionados.7 \

5.

Estatísticas Gramaticais As freqüências de várias palavras destacadas morfologicamente e suas cons­ truções serão alistadas no início das principais seções.8 O estudante será in­ formado se dada construção é "rara" ou relativamente útil (e.g., o particípio futuro passivo ocorre uma só vez e o optativo aparece 68 vezes). Raro dá uma conotação mais precisa. Sem essa informação acrescentada, o estudan­ te poderia concluir que a condicional de primeira classe acha-se com mais freqüência que o tempo perfeito!

6.

Quadros, Tabelas e Gráficos Vários quadros, gráficos e tabelas serão incluídos na Sintaxe Exegética. Quanto mais quadros, gráficos e diagramas vem mostrando a relação lógica entre os conjuntos, a maioria dos estudantes será capaz de assimilar e reter tais informações. Tais auxílios visuais apresentarão o uso, a semântica, a freqüência etc. Uma tabela sobre a freqüência das várias preposições, e.g., revelará imediatamente ao estudante a importância de kv.

7.

Numerosas categorias sintáticas Um dos aspectos da obra é a quantidade de categorias sintáticas, algumas das quais nunca foram impressas antes. Algo precisa ser dito acerca disso, visto que vários gramáticos hoje estão abandonando grande quantidade de categorias sintáticas. Eles estão fazendo isso por três razões interligadas: Primeira, por meio das ferramentas da lingüística moderna, há uma cres­ cente apreciação e reconhecimento do significado básico de vários elemen­ tos morfossintático (o que chamaremos de significado não-afetado). Assim, de­ clarações tais como "de fato, todos os genitivos são subjetivos ou objetivos", ou "o aoristo é o tempo da omissão usado somente quando um autor deseja abster-se da descrição", estarão em alta.

7 Para fins estatísticos, o texto de Nestle-Aland26/27/UBS3/4 é usado. Comumente, esse texto também é usado para as ilustrações (com variantes relevantes ao ponto gramatical sob discussão). Quando a ilustração envolver uma leitura não encontrada nesse texto, isso será notado. E preciso dizer ainda algo sobre a forma dos exemplos usados. Ocasionalmente, as partículas ou outras palavras irrelevantes ao ponto sintático enfatizado são omitidos sem notificação (ou seja, ". . ."). O texto grego é, assim, conservado o mais conciso possível. Usualmente só o necessário do contexto será dado para demonstrar a propriedade da ilustração para sua categoria. 8 As estatísticas são inicialmente tomadas do acCordance, um programa de computa­ dor para Macintosh (comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que reali­ za pesquisas sofisticadas sobre uma classificação morfossintática do Grego do NT (NestleAland26), assim como o Hebraico do AT (BHS) e a LXX (Rahlfs).

Prefácio

xv Segunda, numerosas categorias específicas de uso restringem a si certas si­ tuações semânticas (tal como gênero, contexto, significado lexical de pala­ vras envolvidas, etc.). Isso gera, muitas vezes, más interpretações, v.g., sim­ ples aplicações do significado básico, e não legítima, por si só, as categori­ as semânticas. Comparando analogias e lexicologia, a tendência agora é tra­ tar tais categorias como não puramente gramaticais, e, portanto, indignas de descrição nas gramáticas.9 Terceira, muitas vezes, por razões pedagógicas, o número de categorias gra­ maticais tem sido reduzido. Várias dessas categorias têm sido amontoadas (e.g., em certa recente gramática, os dativos de modo, causa, agente e ma­ neira foram tratados como categorias indistintas10). Outras categorias, es­ pecialmente raras, serão ignoradas.11 Essa tendência tem utilidade até certo ponto, mas, eu aviso, é exagerada. A lógica para isso está na falta de nuanças. Embora nosso entendimento do significado não-afetado de certas categorias morfossintáticas seja crescen­ te, deixar a discussão da sintaxe no nível do denominador comum não é lingüisticamente sensível nem possui utilidade pedagógica. A natureza da língua é tal que a gramática não pode isolar-se de outros elementos como contexto, lexema ou outros aspectos gramaticais. Em lugar de trata-los como meras aplicações, preferimos vê-los como vários usos ou categorias do sig­ nificado afetado da forma básica. De fato, nossa abordagem sintática funda­ mental está em distinguir o significado não-afetado do afetado e notar os sinais lingüísticos que informam tal distinção. Ninguém, e.g., viu o tempo presente per si. O que vemos é um verbo que tem sete identificadores morfossintáticos diferentes para si (um dos quais pode ser o tempo presente), um identificador lexical (a raiz) - e tudo isso em dado contexto (tanto literário quanto histórico). Embora, estejamos, às vezes, tentando analisar o significado do tempo presente, todos esses ou­ tros aspectos lingüísticos aglomeram figuras. De fato, uma tese central dessa gramática é que outros aspectos lingüísticos afetam (e, portanto, contribu­ em) o significado da categoria gramatical específica sob investigação.

9 Por exemplo, em muitos estudos lexicais/lingüísticos, a diferença entre uma elocução e uma sentença será apontada. (Cf., e.g., a excelente obra de Peter Cotterell e Max Turner, Linguistics anã Bíblical Interpretation [Downers Grove, IL: InterVarsity, 1989] 22-23). Uma elocução é uma declaração única, singular. As mesmas palavras podem ser repetidas em diferentes ocasiões, mas não seria a mesma elocuação. Seria, porém, a mesma sentença. Aplicando isso aos estudos lexicais, uma distinção deve ser feita entre significado e exemplo, enquanto o corpus estudado, caso contrário, um dicionário teria de dar todas as ocorrências, classificando cada uma delas com um significado distinto. 10 S. E. Porter, lãioms of the Greek New Testament (Sheffield: JSOT, 1992) 98-99. 11 Para uma gramática intermediária (tal como a obra presente). Isso seria razão suficiente para não se alistar certas categorias.

xvi

Sintaxe Exegética do Novo Testamento As hipóteses dos gramáticos acerca do significado não-afetado12 de um ele­ mento morfossintático (tal como o genitivo, o tempo presente etc.) serão su­ postamente baseadas sobre uma amostragem descente dos dados e sobre uma grade lingüística apropriada para o exame. As obras mais antigas ten­ diam a obscurecer o significado não-afetado, pois os dados sobre os quais baseavam suas definições eram insuficientes. A idéia, v.g., de que a proibi­ ção no presente quer dizer, na sua essência, "para de fazer" é, na realidade, um uso específico que não pode ser aplicado de forma geral. Uma noção abs­ trata da proibição no tempo presente, primeiramente, precisa achar base tan­ to distintiva para a proibição no presente quanto capaz de explicar muitos dados. Contudo simplesmente reelaborar tais definições baseadas em uma amostragem mais ampla dos dados não as tornam mais avançadas. Os as­ pectos extragramaticais têm que ser examinados também caso as categori­ as importantes de uso sejam articuladas. Assim, o próximo passo é exami­ nar a proibição no presente em vários contextos, gêneros e lexemas. A me­ dida que certos padrões semânticos forem detectados, eles formarão o fun­ damento para as várias categorias. Uma ilustração extraída da sala de aula poderia ajudar. Em uma aula so­ bre sintaxe no segundo ano de grego no Seminário de Dallas, o departa­ mento de NT oferece atividades de tradução e análise sintática. À medida que passamos por uma passagem, o aluno traduz e analisa vários aspectos sintáticos. Em algumas ocasiões, a discussão na sala soa algo mais ou me­ nos assim: Aluno: "Eu acho que isso seja um genitivo possessivo". Professor: "E muito mais provável que seja um genitivo atributivo. Note o contexto: na linha anterior, Paulo diz..." Aluno: "Pensei que fosse uma aula de gramática grega. O que o contexto tem a ver com isso"? Professor: "Tudo". A partir desse ponto segue-se uma clara (pelo menos, eu espero) discussão sobre como a sintaxe não pode ser entendida à parte de outros aspectos da lin­ guagem. (Os alunos normalmente não estão preparados para tal, pois: após

12 Se a terminologia "significado não-afetado" for difícil de ser captada, você pode­ ria apelar a um exemplo particular disso. Aspecto verbal (como oposto a Aktionsart) é o significado não-afetado do tipo de ação que os vários tempos podem ter. Não é afetado pelas intrusões lexicais e contextuais. Aktionsart, por outro lado, é o significado afetado, moldado especialmente pelo lexema verbal. (Naturalmente, essa ilustração não ajudará àqueles que não têm mantido contato com o termo Aktionsart!). Estou simplesmente apli­ cando os achados e a categorização da pesquisa aspectual a uma área mais ampla, ou seja, a tudo da sintaxe. (Assim, v.g., quando o significado básico do genitivo for discuti­ do, será realmente uma figura abstrata, baseada em uma multidão de exemplos concre­ tos onde um denominador comum, em certo grau considerável, ocorrerá de forma re­ petida).

Prefácio

xvii completarem um ano de estudo e terem diversas formas gramaticais me­ morizadas, muitos acharão que não estão fazendo exegese, se lhes exigir­ mos que pensem também pelo contexto literário, e não somente pela gra­ mática. As categorias sintáticas específicas, na realidade, quase nunca são categorias meramente sintáticas. Sintaxe é, na verdade, uma análise de como certos aspectos repetitivos, predicáveis e "organizáveis" da comunicação (a situação semântica) impactam as discretas formas morfossintáticas. Não é útil nem possível simplesmente reduzir a sintaxe ao fio elementar que, em grande parte, percorrer todos os elementos de uma forma particular. Por experiência, vejo que muitos estudantes que aprendem o grego do NT não estão realmente interessados em gramática grega ou até mesmo em lingüística. Eles são interessados na interpretação e exegese. Assim, para abster-se de discutir as várias facetas, dizem: "o genitivo é o promotor de imprecisão exegética". No entanto, categorias compostas, sem a discussão das várias situações semânticas onde ocorrem, promove eisegese, não exegese. Desse modo, embora essas categorias sejam complicadas, às vezes, é mais proveitoso, pedagogicamente, entregá-las ao estudante do que o contrário, uma vez que ele está interessado em exegese e não só na gramática grega.

8.

Sem discussão de análise de discurso Diferente da tendência corrente, esta obra não traz nenhum capítulo sobre Análise do Discurso (AD). A razão é quádrupla: (1) a AD ainda está em seu estágio infantil de seu desenvolvimento, em que métodos, terminologia e resultados tendem a ser instáveis e, sobremodo, subjetivos.13 (2) Os métodos da AD, à medida que são considerados, tendem a não partir do contexto (i.e., não começam com a palavra, nem mesmo com a sentença). Isso de modo algum invalida a AD, mas torna sua abordagem muito diferente da investigação sintática. (3) No decorrer dessas linhas, visto que esta é declaradamente uma obra sobre sintaxe, a AD por definição somente funcionará no perímetro desse tópico e, assim, não será incluída.14 (4) Finalmente, a AD é um tópico muito significante para receber um tratamento parcial, anexado como se fosse o fim de uma gramática. Ela merece sua própria discussão mais acurada, tal qual se acham nas obras de Cotterell e Turner, D. A. Black e outros.15

13 Em um nível mais amplo, isso é análogo à crítica devastadora de Robinson, feita há duas décadas atrás, sobre a gramática transformacional de Noam Chomsky: "Estilos lingüísticos vêm e vão com uma rapidez que em si sugere algo suspeito sobre a vindicação essencial da lingüística, como ciência" (Ian Robinson, The New Grammarians' Funeral: A Critique ofNoam Chomsky's Linguistics [Cambridge: CUP, 1975] x). 14 P. H. Matthews, em sua maestral Syntax (Cambridge: CUP, 1981), Definiu sintaxe "como um assunto distinto da estilística. Esta estuda a 'sintaxe por trás da sentença' com ou sem significado" (xvix). Eu não iria tão longe, mas caminho na mesma direção. 15 Felizmente, encontrei Matthews de acordo com tal apreciação geral: "Estes campos [análise do discurso e estrutura de sentenças] são muito importantes, e seus métodos muito mais do que eles mesmos, para serem manuseados como um apêndice de um livro cujo assunto seja basicamente as inter-relações das frases e orações (Syntax, xix).

xviii

Sintaxe Exegética do Novo Testamento 9.

Prioridade Estrutural Uma outra tendência entre os gramáticos (seja de grego ou de outra língua) é de organizar o material a partir da prioridade semântica e não a partir da estrutural. O foco está em como o propósito, possessão, o resultado, a condi­ ção etc. são expressos, e não sobre as formas usadas para expressar tais no­ ções. As gramáticas de prioridade semântica são muito úteis para a composição em uma linguagem viva, não para a análise de um pequeno corpus de uma lín­ gua morta. Isso não significa que tal abordagem não apareça em uma gra­ mática de grego antiga, mas que uma gramática intermediária e exegética tem mais utilidade se organizada pelos aspectos morfossintáticos. Prevê-se que o usuário médio dessa obra terá pouca habilidade ou a incli­ nação em pensar que descobrirá o porquê de tal forma ter sido usada em certo texto grego neotestamentário. No entanto, esse usuário deve ser capaz de reconhecer tais formas à medida que ocorrem no NT Grego. Quando, por exemplo, encontrar-se com um Iv a ou um infinitivo articular genitivo no texto, a primeira questão a ser feita não deve ser: "Qual o propósito de isso ter sido usado no grego?", mas "Como essa palavra foi usada aqui?". As questões iniciais são quase sempre ligadas a forma. O valor de uma gramáti­ ca exegética está relacionado à sua utilidade exegética, pois a exegese co­ meça com as formas encontradas no texto, para depois se reportar aos seus conceitos. Isso é o que faz uma gramática exegética. Uma conseqüência prática de um esquema de prioridade estrutural é: a se­ ção sobre sintaxe das orações será relativamente pequena comparada à sin­ taxe dos substantivos e verbos.

10.

Breve Material Sobre Categorias Léxico-Sintáticas Certas categorias morfossintáticas envolvem considerável número de lexemas (tais como substantivos, adjetivos e verbos). Aqueles que possuem determinados lexemas são categorias léxico-sintáticas. E nossa convicção que as obras-padrão lexicográficas, v.g., tais como o BAGD, já têm tanto um tratamento admirável de tais categorias fáceis de localizar (ou seja, em ordem alfabética) quanto ricos dados bibliográficos, variantes textuais e discussões exegéticas (não obstante, concisas).16 Além do que, qualquer interessado em sintaxe exegética não precisa sentir-se desafiado a adquirir um léxico. Esta é (ou deveria ser) uma das ferramentas mais acessíveis na biblioteca de um exegeta.

16 Uma exceção é a introdução sobre o artigo. Visto que o artigo é, sem dúvida, a palavra mais importante no NT (ocorrendo cerca de duas vezes mais que seu competidor mais próximo, Kaí), ele requer um tratamento gramatical um tanto detalhado.

Prefácio

xix À luz dessas considerações, pareceu-me supérfluo duplicar todo o material já encontrado no léxico.17 Assim, nossa discussão sobre as categorias léxicosintáticas envolverá: (1) um esboço dos usos terminológicos consistentes com o resto da obra; (2) poucas discussões detalhadas de passagens exegeticamente significantes; e (3) princípios gerais úteis às maiores categorias sintáticas a que certa categoria específica léxico-sintáticas pertença (e.g., tipos de conjunções, observações gerais sobre preposições etc.).

11.

O Esquema Esse texto foi esquematizado para diversos usuários, desde o aluno inter­ mediário, que ainda percebem suas limitações de inexperientes, até pasto­ res experimentados que vivem sob o texto grego. • As ilustrações são dadas tanto no grego quanto em português, com re­ levantes formas sintáticas realçadas. • Há pelo menos três níveis de discussão em sintaxe exegética. 1)

O mais simples é o "Sumário Sintático". Quase todo o sumário sin­ tático inclui título da categoria, breve definição e glossário transicional (chamado de "Chave para Identificação".). Nenhum exemplo ou discussão exegética ou lingüística será encontrado aqui. Esse é um esboço do livro, feito para despertar a memória daque­ les que têm trabalhado as categorias.

2)

O nível intermediário é encontrado normalmente no corpo do li­ vro. Isso inclui especialmente definições e ilustrações, assim como as discussões da semântica de muitas categorias.

3)

O nível avançado se acha em menor escala. Isso inclui especial­ mente as notas de rodapé. Muitas destas ampliam as discussões ex­ tensivas da sintaxe. As discussões exegéticas de passagens seletas serão também colocadas nessa parte. O estudante intermediário é encorajado a lê-las (nem que seja de forma dinâmica) à medida que essas passagens sirvam de motivação como modelos da sintaxe exegética.18

17 As gramáticas mais antigas (tais como a de Robertson) gastam uma quantidade exorbitante de espaço em categorias léxico-sintáticas. Tal deve-se à inexistência de léxicos atualizados e compreensíveis. Curiosamente, muitas gramáticas recentes têm a mesma abordagem, mas sem a mesma necessidade. 18 Algumas discussões exegéticas, porém, são muito complexas. Essas discussões podem ser lidas de forma rápida pelo aluno intermediário.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

XX

• Finalmente, o índice bíblico preocupa-se especialmente com o trabalho pastoral. Em lugar de alistar simplesmente os textos encontrados no corpo da obra, aqueles que receberem amplo tratamento (especialmente de natureza exegética) serão destacados.

II. Como Usar Este Texto na Sala de Aula (ou, Uma Defesa da Extensão da Sintaxe Exegética) Não escrevi essa obra para lingüistas, embora use a lingüística. Não escrevi para aqueles cujo interesse no NT é simplesmente a tradução, embora deva ajudar nesse sentido.19 Eu escrevi para aqueles que estão preocupados com a interpretação, a exegese e a exposição do texto. Essa obra foi planejada visando à inclusão de uma variedade de usuários: estudantes de grego intermediário, avançado, expositores bí­ blicos e qualquer pessoa para quem o grego se tornou como um publicano ou um gentio! Em suma, essa obra é estruturada tanto para sala de aula quanto para os estudos pastorais. A tremenda intimidação pode passar a idéia prima facie que não tenho experiência de sala de aula! Alguns professores de grego intermediário se preocupariam sobre tal extensão, sentindo-se incapaz de cobrir todo esse material em um curso de um se­ mestre. Uma explicação sobre seu tamanho, bem como os indicadores de como pode ser usada em tempo tão curto, serão dispostos para verificação. Muito sobre a extensão da obra deve-se a vários aspectos, nem sempre achados em uma gramática de grego intermediário: •

1.

Abundância de exemplos, esboçados em formato de fácil leitura



2.

Notas de rodapé relativamente extensas



3.

Inúmeros quadros e tabelas



4.

Discussões de passagens exegeticamente significativas



5.

Análise do uso de categorias raras



6.

Discussões da semântica

Como você pode ver, nem tudo do extenso material extra gera dificuldade. Os qua­ dros e as ilustrações extras, em particular, devem tornar os esforços de sala de aula mais fáceis. (Por analogia, o livro Basics ofBiblical Greek de William Mounce [Funda­ mentos do Grego Bíblico, publicado pela Zondervan] é muito mais que uma gramá­ tica média para o primeiro ano e está cheia de muitas informações pedagógicas im­ portantes de maneira que seu tamanho ajuda nas instruções em vez de prejudicar.) A fim de cobrir o material em um semestre, devo encorajá-lo a seguir as primeiras duas sugestões. Se o semestre estiver cheio de outras tarefas, as sugestões três e quatro necessariamente seriam implementadas. 19 Geralmente, cursos de seminários são oferecidos tendo a exegese em sua grade, enquanto cursos em faculdades focam mais especificamente sobre a tradução (N.T.: Nos EUA, seminários ensinam cursos de pós-graduação; enquanto faculdades, graduação).

Prefácio

xxi

1)

O estudante intermediário precisa ignorar todas as notas de rodapé. Os rodapés foram planejados para professores e estudantes no nível avançado.

2)

O estudante pode ler rapidamente os usos de categorias mais raras. Algumas categorias são tão raras que é bom só saber da sua existência e usar a gramática como uma ferramenta de referência mais tarde. Não as discuta ou questione exageradamente. O estudante tem simplesmente que ler o material para exposi­ ção e parar por aí. Desse modo, o professor poderia dizer ao aluno que note os sumários e marque seus textos adequadamente.20 As categorias mais comuns serão notadas com uma seta na margem esquerda. Desenvolva o hábito de verificá-las.

3)

Alguns que ensinam o grego intermediário podem querer que os alunos igno­ rem ou leiam rapidamente as discussões exegéticas (Logo abaixo se acham mui­ tos exemplos). Pessoalmente, penso que isso é um importante aspecto que moti­ vará os estudantes. No entanto, você pode discordar fortemente de minha exegese e não quererá que seus alunos sejam expostos a ela.21

4)

Alguns professores (especialmente no nível universitário) desejarão que seus alunos ignorem tudo, menos as definições, as chaves para identificações e as ilustrações claras. O resto do material poderia ser usado como referência.22

A abordagem sugerida que implementa as primeiras duas sugestões acima é a seguinte. Os estudantes devem ler três vezes o material diário. A primeira leitura (ou leitura dinâmica) tem o propósito de adquirir uma visão do todo e familiarização com o material. A segunda leitura, a memorização das definições e de uma ou duas ilustrações. A terceira leitura, revisar e refletir, especialmente sobre as discussões mais profundas. Isso deve ser seguindo pela recapitulação semanalmente do material. Em suma, há muitas abordagens que podem tornar-se viável em um único semes­ tre. E possível que, no término do semestre, o aluno não domine, ou pense que não domina, completamente a Sintaxe Exegética, porém, mesmo assim, tal conhecimento ainda terá sido de algum valor no processo.23

20 Uma exceção geral a essa abordagem envolve as raras categorias que são muitas vezes requisitadas em comentários (e.g., dativo de agência, particípio imperatival). Tais deveriam ser reconhecidas se, e somente se, ajudarem o aluno a ser mais crítico dos usos exagerados em obras exegéticas. Muitas dessas categorias abusadas são destacadas por uma espécie de cruz na margem esquerda. 21 Cursos de faculdades que focalizam a tradução tipicamente lerão de forma rápida as questões exegéticas. 22 Ao usar a gramática desse modo, o aluno realmente apreenderá menos material do que é achado em algumas das gramáticas intermediárias mais abreviadas. 23 Uma das razões para o tamanho dessa obra tem a ver com seu amplo propósito. Este livro tem o propósito de resolver duas deficiências: a primeira entre os livros-texto do primeiro ano tal como Basics ofBiblical Greek e as referências-padrão, tais como o BDF, e a outra entre a sintaxe e a exegese. Tudo contribui para a extensão da obra. Qualquer abre­ viação significante teria prejudicado esse objetivo duplo.

xxii

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

III. Reconhecimentos Como esse texto tem sido usado, pelo menos em seu esboço, há mais de 15 anos, minha dívida de gratidão constitui-se em uma longa lista. Primeiro, sou grato a meus alunos que por anos trabalharam com esse material, res­ pondendo a provas e testes, e que, gentilmente, corrigiram muitos dos meus equí­ vocos, e me encorajaram a publicar tal obra. A lista inclui os alunos de grego inter­ mediário do Seminário de Dallas (1979-81), os alunos de grego intermediário do Grace Seminary (1981-83) e os alunos de gramática grega avançada do Seminário de Dallas (1988-94). Agradecimentos são também devidos à Pamela Bingham e à Christine Wakitsch que digitaram um arquétipo da obra no computador para o uso em sala. Sua pertinente exatidão me impulsionou a focalizar-me no conteúdo e não na forma. Kbôoç é devido aos seguintes "guerreiros" selecionados a dedo: Mike Burer, Charlie Cummings, Ben Ellis, Joe Fantin, R. Elliott Greene, Don Hartley, Greg Herrick, Shil Kwan Jeon, "Bobs" Johnson, J. Will Johnston, Donald Leung, Brian Ortner, Richard Smith, Brad Van Eerden, e "Benwa" Wallace. Esses homens buscaram ilustrações, checaram as referências, examinaram manuscritos fac-símiles e textos gregos para variantes, reuniram tanto dados primários quanto secundários, preparam os índi­ ces e ofereceram muitas críticas e contribuições valiosas. Muitqs desses alunos fo­ ram internos entre 1993 e 1996 no Seminário de Dallas. Outros foram amigos inte­ ressados que dedicaram seus esforços amorosos pela sintaxe e exegese no NT. Reconhecimentos também são devidos aos "atletas" que examinaram o penúltimo esboço durante o ano escolar de 1994-95. Especialmente destacam-se: Dr. Stephen M Baugh, Dr. William H. Heth e Dr. Dale Wheeler. Tenho recebido auxílio em cada passo do processo por bibliotecários e bibliotecas. No topo da lista estão: Teresa Ingalls (Bibliotecária de empréstimo entre bibliote­ cas) e Marvin Hunn (Bibliotecária assistente) da Biblioteca Turpin, Seminário de Dallas. Em adição, fui auxiliado consideravelmente pelas pesquisas na Tyndale House em Cambridge, Inglaterra, Biblioteca da Universidade de Cambridge, Bibli­ oteca Morgan do Grace Seminary (particularmente útil foi Jerry Lincoln, bibliotecá­ rio assistente), e mais que meia dúzia de outras escolas e bibliotecas. Essa gramática não teria sido possível sem o acCordance, um software para Macintosh (vendido pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que efetua pesquisas sofistica­ das sobre morfologia grega do NT (Nestle-Aland26), assim como a hebraica no AT (BHS) e na LXX (Rahlfs). Essa ferramenta de renome tem sido um sine qua non na escrita dessa gramática. Não somente providenciou muitas estatísticas, mas também se mostrou valioso ao trazer à tona várias ilustrações. Devo agradecer especialmen­ te a James Boyer, que lidou com o grego do NT. Paul Miller, o mentor do programa original do Gramcord para DOS e Roy Brown que desenvolveu a versão para Macintosh. Devo manifestar minha apreciação pelo falecido Philip R. Williams, cuja Grammar Notes on the Noun and Verb envolve, inter alia, definições cristalinas. De fato, origi­ nalmente meu esforço literário sobre sintaxe constitui-se apenas de notas de sala cujo

Prefácio

xxiii

objetivo era que servissem de suplemento às notas de William. Dr. Williams. Sua estabilidade no Seminário de Dallas sobrepujou a minha e impactou meu pensamen­ to sobre sintaxe substancialmente. A herança de William continua no Seminário de Dallas onde todo o Departamento de Estudos no NT tem sido configurado e reconfigurado em suas Notas de Sintaxe Grega (GSN - Greek Syntaxe Notes, em inglês) para uso em sala de aula. As contri­ buições para essa obra vieram de muitas mentes durante vários anos. O GSN tem sido parte inerente do grego intermediário no Seminário de Dallas por décadas pas­ sadas, bem como muitas das ilustrações e definições, tem feito seu caminho dentro da urdidura e trama da Sintaxe Exegética. Eu posso somente expressar minha dívida com o departamento por seu claro pensamento de grupo acerca da sintaxe do NT. A minha esposa, Pati, aquela que possui os pés no chão, eu sou muito grato por seu encorajamento em publicar minhas notas. Mais que qualquer outra pessoa, ela tem me estimulado, induzido e persuadido para que esse material atingisse confins além da sala de aula. Eu sou grato ao meu amigo de infância, Bill Mounce por seu entusiasmo contagiante e por suas sugestões a fim de que esse livro fosse publicado na série sobre grego bíblico da Zondervan. Agradeço também a Bill pela composição final deste livro. Sou grato também às ajudas graciosas oferecidas por todos da Zondervan Publishing House: a Ed Vandermaas, Stan Gundry e Jack Kragt, por seus incalculáveis encorajamentos desde o início; e especialmente a Verlyn Verbrugge, o editor da obra, cujos olhos de águia viram o projeto até seu fim. A capacidade de Verlyn como revi­ sor, editor, lingüista, erudito de grego e exegeta, felizmente ligado a seu afável com­ portamento, tem lhe concedido o caráter de editor ideal para me auxiliar, mesmo diante da minha, constante, mesquinhez. Pelo apoio financeiro que recebi para o término dessa obra, eu desejo agradecer espe­ cialmente a dois institutos: Seminário de Dallas, por me outorgar tanto um ano sabático quanto uma licença para estudo (1994-95); e ao Biblical Studies Foundation (Funda­ ção para Estudos Bíblicos), por sua contribuição um tanto generosa para com minha viagem para a Inglaterra na primavera de 1995. Além disso, muitos, muitos amigos têm nos sustentado financeiramente em todos estes anos, na esperança que este livro fosse finalmente publicado. A vocês, dedico uma palavra especial de gratidão. Finalmente, expresso minha mais profunda apreciação a dois homens que muito têm me instigado e me conscientizado dos ricos detalhes do grego do NT: Dr. Buist M. Fanning III e falecido Dr. Harry A. Sturz. Dr. Sturz, meu primeiro professor de grego (Biola University), guiou-me por vários cursos de gramática grega e criticismo textu­ al, incluindo um longo ano de estudo independente sobre solecismos do Apocalipse. Embora, muito amável, Dr. Sturz nunca falhou em criticar meu esforço, moderando minha imaturidade exuberante. Tal integridade foi somente igualada por seu pró­ prio espírito de humildade. E Dr. Fanning que me instruiu na gramática grega avan­ çada no verão de 1977, no Seminário de Dallas. Ele continua a exercer uma influência sóbria sobre mim visto que tem modelado tanto meu pensamento sobre sintaxe - sua marca é certamente sentida praticamente sobre cada página dessa obra. Embora ele se considere um simples colega, eu sempre o considerei meu mentor em assuntos gramaticais.

xxiv

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Alguém poderia ser tentado a pensar que com tamanha nuvem de testemunhas, essa obra deveria ser um marco, apontado uma nova era nos estudos gramáticas do Gre­ go! Um rápido exame do livro rapidamente dissipará essa noção. Eu não possuo tal ilusão de grandeza para esse volume. Enfim, a responsabilidade de dar forma e con­ teúdo a essa obra pertence a mim. Os maiores equívocos certamente são devidos à minha natureza obstinada e fragilidade mente. Essa teimosia lança meus defeitos em minha própria face. Tal fragilidade põe-me mais a par do que sou agora. No entanto, espero que essa Sintaxe Exegética traga alguma contribuição, encorajamento e moti­ vação àqueles que manuseiam o sagrado texto a fim de perscrutar a verdade - mes­ mo não considerando seu próprio prejuízo. á y G m a ca uepl rijç àÂr|0eí.aç

- Sirach 4:28

Lista de Ilustrações Tabelas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

Nível Literário de Autores do N T ..........................................................................30 Sistema de Cinco Casos vs. Sistema de Oito Casos.............................................34 Semântica da Construção Plural Pessoal ASKS..................................................283 Tipos de Substantivos Usado Na Construção Plural Pessoal [ASKS]..............283 As Funções do Adjetivo...........................................................................................292 Posições Atributiva e Predicativa do Adjetivo...................................................309 Como Agência é Expressa no N T .........................................................................432 A Semântica dos Modos Comparados.................................................................446 Tempo Verbal no Português no Discurso Direto e Indireto.............................457 A Semântica das Questões Deliberativas............................................................466 As Formas do Particípio Perifrástico................................................................... 648 A Estrutura das Condicionais............................................................................... 689

Quadro24 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

A Natureza Multiforme do Grego do N T ............................................................. 28 Freqüência das Formas de Casos no N T ............................................................... 31 Freqüência de Casos no NT (Nominativo)........................................................... 37 Relação Semântica do Sujeito e o Predicado Nominativo............................... 42 Freqüência de Casos no NT (Vocativo)..................................................................66 Freqüência de Casos no NT (Genitivo)..................................................................73 A Relação do Genitivo Descritivo com Vários Outros

Usos do Genitivo........................................................................................................ 80 8. A Semântica do Genitivo Atributivo.......................................................................86 9. Um Diagrama Semântico do Genitivo Atributivo e do Genitivo Atribuído..................................................................................................... 89 10. Genitivo de Conteúdo vs. Genitivo de Material...................................................93 11. Genitivo de Aposição vs. Genitivo em Simples Aposição..................................97 12. Diagrama do Genitivo Subjetivo e Objetivo........................................................118 13. Frequência de Casos no NT (Dativo)....................................................................138 24 Estamos usando o termo "Quadro" de forma solta, incluindo quadros, diagramas, figuras, e certamente tudo que não seja tabela. xxv

xxvi 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Frequência de Casos no NT (Acusativo)..............................................................179 A Semântica da Construção Objeto-Completo....................................................185 Os Casos Usados para Tempo................................................................................203 As Forças Básica do Artigo.....................................................................................210 O Artigo Individualizante vs. Genérico...............................................................227 As Relações Semânticas do Artigo Individualizante........................................ 230 Quadro do Fluxo do Artigo com Substantivos...................................................231 A Semântica dos NomesAnarthros...................................................................... 243 A Semântica dos Nomes Indefinidos.............................................................. 244 A Semântica dos Nomes Qualitativos............................................................ 244 A Semântica dos Nomes Genéricos................................................................. 244 A Semântica dos Nomes Definidos................................................................. 245 Os Diferentes Dados para a Regra de Colwell vs. A Construção de Colwell........................................................................................ 262 O Alcance Semântico do Nominativo Predicativo Anarthro......................... 263 Grupos Distintos, embora Unidos [Construção Pessoal Plural ASKS] 279 Grupos Justapostos [Construção Pessoal Plural ASKA] ...................................280 Primeiro Grupo Subconjunto do Segundo [Construção Pessoal Plural ASKS]......................................................................... 280 Segundo Grupo Subconjunto do Primeiro [Construção Pessoal Plural ASKS]......................................................................... 281 Grupos Idênticos [Construção Pessoal Plural ASKS].........................................282 O Alcance Semântico das Formas do Adjetivo...................................................305 Freqüência das Classes de Pronomes no N T....................................................... 320 Freqüência de Pronomes no N T ............................................................................ 354 Freqüência de Preposições no N T ......................................................................... 357 As Funções Espaciais das Preposições................................................................. 358 Justaposição Semântica entre Caso Simples e a Preposição + C ase................362 Justaposição nos Usos de ’Avtí e Y n ép ...............................................................387 O Escopo do "Nós" no N T....................................................................................... 394 A Direção da Ação nas Vozes Gregas.................................................................... 409 Estatística da Voz no N T ..........................................................................................410 Os Modos Visto em Dois Contínuos..................................................................... 446 Freqüência dos Modos no N T ................................................................................ 447 Justaposição Semântica do Subjuntivo e Optativo............................................. 462 Frequência Relativa de Tempos no N T ................................................................ 496 Semelhanças de Tempo-Aspecto no Presente & Imperfeito Indicativo 508 A Força do Presente Instantâneo............................................................................ 517 A Força do Presente Progressivo.............................................................................518 A Força do Presente Estendido doPassado............................................................520

Lista de Ilustrações 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78. 79. 80. 81. 82. 83.

xxvii

A Força do Presente Iterativo................................................................................ 521 A Força do Presente Costumeiro.......................................................................... 522 A Força do Presente Gnômico............................................................................... 524 A Força do Presente Histórico................................................................................528 A Força do Presente Perfectivo..............................................................................532 A Força do (Verdadeiro) Presente Conativo....................................................... 534 A Força do Presente Tendencial.............................................................................535 A Força do Presente CompletamenteFuturístico............................................... 536 A Força do Presente na Maior ParteFuturístico..................................................537 A Força Básica do Imperfeito.................................................................................541 A Força do Imperfeito Instantâneo.......................................................................542 A Força do Imperfeito Progressivo.......................................................................543 A Força do Imperfeito Ingressivo..........................................................................545 A Força do Imperfeito Iterativo.............................................................................547 A Força do Imperfeito Costumeiro.......................................................................548 A Força do (Verdadeiro) ImperfeitoConativo.....................................................550 A Força do Imperfeito Tendencial.........................................................................551 A Força do Aoristo Indicativo................................................................................556 A Força do Tempo Futuro.......................................................................................567 A Força do Perfeito...................................................................................................574 A Força do Perfeito Intensivo................................................................................. 576 A Força do Perfeito Extensivo................................................................................577 A Força do Perfeito Dramático............................................................................... 578 O Perfeito com Força do Presente......................................................................... 579 O Perfeito Aorístico e o Perfeito comForça do Presente Comparado 579 A Força do Mais-que-Perfeito................................................................................. 583 A Força do Mais-que-Perfeito Intensivo............................................................... 584 A Força do Mais-que-Perfeito Extensivo.............................................................. 585 O Alcance Semântico do Infinito........................................................................... 590 O Tempo nos Particípios.................................................. 614 O Alcance Semântico do Particípio.......................................................................616 Os Tempos dos Particípios Adverbiais................................................................. 626 A Justaposição Semântica dos Particípios de Propósito e Resultado.............. 638

Abreviações AB

Anchor Bible

Abel, Grammaire

Abel, F.-M. Grammaire du grec bíblique: Suive d'un choíx de papyrus, 2 ed. Paris: Gabalda, 1927.

acus.

acusativo

acCordance

Software Mac que realiza pesquisas sofisticadas no NT Grego m orfologicamente classificado (texto NestleA land26 text) com o tam bém AT Hebraico (BHS). Comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA, e programado por Roy Brown.

ACF

Almeida Corrigida Fiel

AJP

American Journal ofPhilology

ARA

Almeida Revista e Atualizada

ARC

Almeida Revista e Corrida

AT

Antigo Testamento

BAGD

A Greek-English Lexicon oftheN ew Testament and Other Early Christian Literature. By W. Bauer. Trans. and rev. by W. F. Arndt, F. W. Gingrich, and F. W. Danker. Chicago: University of Chicago Press, 1979.

BDF

Bib BNTC

Blass, F., and A. Debrunner. A Greek Grammar ofthe New Testament and Other Early Christian Literature. Trans. and rev. by R. W. Funk. Chicago: University of Chicago Press, 1961. Bíblica Black's New Testament Commentaries xxviii

Dois homens em particular tem impulsionado em meu amor pelo Novo Testamento Grego, ambos por sua erudição e por seu exemplo de graça e humildade cristãs. A eles dedico este livro:

Dr. Buist M. Fanning

e em memória de

Dr. Harry A. Sturz

Conteúdo Prefácio à Edição Brasileira..................................................................................................ix Prefácio................................................................................................................................... xi Lista de Ilustrações...........................................................................................................xxiii Abreviações........................................................................................................................ xxvi Introdução A Abordagem Desse Livro............................................................................................1 A Língua do Novo Testamento................................................................................. 12 SINTAXE Sintaxe de Palavras e Locuções Parte I: Sintaxe dos Nomes e Formas Nominais Os Casos Os Casos: Introdução......................................................................... 31 Caso Nominativo................................................................................ 36 Caso Vocativo...................................................................................... 65 Caso Genitivo.......................................................................................72 Caso Dativo....................................................................................... 137 Caso Acusativo................................................................................. 176 O Artigo ..................................................................................................... 206 Parte I: Origem, Função, Usos Regulares e Ausência................ 206 Parte II: Usos Especiais e o Não Uso do Artigo.......................... 255 Adjetivos..................................................................................................... 291 Pronomes.................................................................................................... 315 Preposições................................................................................................ 355 Parte II: Sintaxe de Verbos e Formas Verbais Pessoa e Número...................................................................................... 390 Voz ............................................................................................................. 407 A tiva................................................................................................... 410 Média.................................................................................................. 414 Passiva................................................................................................ 431 M odo........................................................................................................... 442 Indicativo............................................................................................448 Subjuntivo...........................................................................................461 Optativo ............................................................................................ 480 Imperativo......................................................................................... 485

viii Tempo......................................................................................................... 494 Os Tempos: Introdução................................................................... 494 Presente.............................................................................................. 513 Imperfeito.......................................................................................... 540 Aoristo................................................................................................ 554 Futuro................................................................................................. 566 Perfeito e Mais que Perfeito............................................................ 572 O Infinitivo................................................................................................. 587 O Particípio................................................................................................ 612 Sintaxe das Orações Introdução às Orações Gregas..................................................................................656 O Papel das Conjunções........................................................................................... 666 Estudos Especiais nas Orações Sentenças Condicionais.................................................................................... 679 Orações Volicionais (Ordem e Proibições).................................................... 713 Sumário Sintático ..............................................................................................................726 índice de Assuntos............................................................................................................ 765 índice de Palavras Gregas............................................................................................... 788 índice Bíblico......................................................................................................................795

Prefácio à Edição Brasileira Alexandre, o Grande, foi o primeiro a patrocinar uma gramática de grego para en­ sinar estrangeiros. Pouco depois, a gramática passou a ser o livro para ensinar os próprios gregos a sua língua. Elaborada, é claro, pelo prisma prático para que o na­ tivo de outra língua aprendesse o grego de forma rápida. Daí vem a origem da gra­ mática descritiva, coisa muito familiar a nós estudantes da língua grega. As gramá­ ticas descritivas não se interessam nos porquês; simplesmente diz: aceite. Essa gramática descritiva serviu de base à gramática de Dionísio de Trácia. E é dela que alguns vícios de nomenclatura passaram para o latim e deste para o português. Por exemplo, quando usamos palavras como: pronomes do caso reto. Se é caso não é reto e se reto não é caso. E ainda: casos oblíquos. Ora se é oblíquo é caso; se é caso é oblíquo. Quando, e.g., denominamos um dos modos verbais de subjuntivo, nos esquecemos que o subjuntivo fala mais do que subordinação. Todos esses erros de nomenclatura fazem parte de nossas vidas há mais de 2.200 anos. E agora...? "O problema sobre o argumento é que ele move toda a batalha para o outro lado, para o campo do próprio inimigo. O inimigo também pode argumentar" (C.S. Lewis). Daniel Wallace nessa Gramática Grega: Uma Sintaxe Exegética do Novo Tes­ tamento, cruzou as fronteiras e veio preparado para nos convidar a repensar o nos­ so conceito de exegese. De uma perspectiva lógica, orgânica, semântica e bíblica, a qualidade da exegese brasileira há de ser enriquecida. Essa gramática reconhece que temos diversos pro­ blemas de nomenclatura. Todavia, em lugar de simplesmente balbuciar novas no­ menclaturas, ela nos convida a pensar além das nomenclaturas, mesmo quando não pudermos fugir delas. Dr. Daniel B Wallace tem influenciado estudantes em vários países no mundo atra­ vés desse livro-texto sobre o grego intermediário que agora chega ao Brasil. Essa gramática grega é usada por mais de dois terços dos seminários no mundo que en­ sinam grego intermediário. Aqui nos Estados Unidos não conheço um único semi­ nário evangélico que não a use como livro texto. Estou certo de que a Teologia Bíblica e a Exegese do Novo Testamento em solo bra­ sileiro recebem uma contribuição essencial para seu desenvolvimento. Roque N. Albuquerque, Ph D [Cand] Central Seminary Minneapolis, MN Janeiro de 2009

ix

Prefácio I. Por que este livro? Quando Mounce, meio que brincando, nota em seu prefácio que "a proporção de gramáticas gregas para professores de grego é dez para nove",1 ele se refere a gra­ máticas do primeiro ano. A situação, até recentemente, tem sido muito diferente no nível intermediário. Esse tipo de gramática seria contado nos dedos. As últimas duas décadas contemplaram uma inversão nessa tendência. Existem, mencionando algu­ mas, obras de destaque feitas por Brooks e Winbery, Vaughan e Gideon em inglês, Hoffmann e von Siebenthal (inédito até no inglês), Porter e Young.2 Diante disso, uma pergunta surge: Por que este livro?

A. A pré-história deste livro Sem depreciar de alguma forma a obra de outros (de fato, tenho me beneficia­ do muito com eles), algumas justificativas para a existência dessa gramática, bem como um esclarecimento de seus distintivos, precisam ser feitas. Como uma nota preliminar, deve-se destacar que essa primeira edição é realmente a sexta versão. Esse livro iniciou-se em 1979 como um resumo de 150 páginas para o terceiro semestre de grego no Seminário de Dallas (na época foi chamado de Notas Selecionadas sobre Sintaxe Grega do Novo Testamento). Dentro de três anos passou por três versões, subindo o número de páginas para mais de 300. Mui­ tas das ilustrações, discussões exegéticas e categorias gramaticais estavam já presentes, ainda que de forma embrionária, desde 1982. Parte da motivação para publicá-lo tem sido o uso difundido de várias edições não-publicadas pelos pri­ meiros alunos, assim como outros. Eu não digo isso para "ficar sob os holofo­ tes", mas para corrigir as críticas de um professor neófito. Espero que a pre­ sente obra reflita em um julgamento sóbrio sobre a sintaxe do NT.

1 W. D. Mounce, Basics of Biblical Greek (Grand Rapids: Zondervan, 1993) x. 2 Veja lista de abreviações para dados bibliográficos completos à medida que essas obras forem mencionadas em outras partes neste livro. Embora tenha um pouco mais que duas décadas, a Gramática Iniciante-Intermediária de Funk não deveria ser desprezada por hora. xi

xii

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

B. M otivação Minha motivação não mudou desde o princípio: encorajar os estudantes a irem além das categorias gramaticais e verem a relevância da sintaxe para a exegese. Como alguém que ensina tanto gramática quanto exegese, tenho sentido essa necessidade aguda. Normalmente, quando um aluno completa o grego interme­ diário, a desilusão e a desmotivação iniciam a “morte das categorias". A gramá­ tica grega tem uma forte tradição de dar listas infindáveis dos vários usos morfossintáticos e poucas ilustrações. Isso segue o modelo das gramáticas clás­ sicas, que discutem muitos conceitos lingüísticos (pois as expressões de qual­ quer língua têm que ser baseadas em exemplos claros).3 Entretanto, com tal abor­ dagem para o NT, o aluno terá facilmente uma impressão artificial de como a classificação sintática, quase que naturalmente, ligará a si mesma às palavras em determinada passagem. Isso dará à exegese a patente científica que merece. Quando o estudante do grego ficar frente a frente com qualquer exercício exegético, a impressão oposta (e igualmente falsa) surgirá: a exegese é a arte de importar a visão de alguém para dentro do texto, através da coleta seletiva de uma classificação sintática que esteja em harmonia com seu entendimento pré­ vio. A primeira atitude vê a sintaxe como uma tarefa exegética fria e rígida, tanto indispensável quanto desinteressante. A última pressupõe que o uso da sintaxe na exegese é simplesmente como um jogo wittgensteíníano feito pelos comentaristas. Assim, muito da exegese não está propriamente baseada na sintaxe, assim como muitas das obras sobre sintaxe mostram pouca preocupação exegética. O re­ sultado dessa dicotomia é: o estudante intermediário não vê a relevância sintá­ tica para a exegese e os exegetas, muitas vezes, fazem mau uso da sintaxe em seu fazer exegético. Essa obra tenta oferecer uma proposta corretiva inicial para isso ao fundamentar a exegese nas expressões da língua e ao orientar a sintaxe de acordo com seu valor exegético.

C. D istintivos 1.

Exemplos exegeticamente significantes Depois que forem notadas as ilustrações claras de certa categoria particular, haverá muitos exemplos ambíguos e exegeticamente significantes. Tais pas­ sagens são usualmente discutidas com algum detalhe. Isso não somente da sintaxe algo mais interessante, mas também encoraja o estudante a começar a pensar exegeticamente (e a reconhecer que a sintaxe não elimina todos os problemas interpretativos).

3 Isso não significa que uma redução das categorias sintáticas deva ser preferível. Uma redução assim, embora seja pedagogicamente mais maleável, é de pouco valor exegético para o aluno. A razão para a multidão das categorias nesse livro é discutida abaixo.

xiii

Prefácio 2.

Semântica e "Situação Semântica" Tanto a semântica quanto a "situação semântica" das categorias são freqüentemente desenvolvidas. Isto é, não só a mera definição para as clas­ sificações será analisada, mas também a nuança das categorias (semânti­ cas) e das situações semânticas (e.g., contextos, intrusões lexicais, etc)4 em que tal uso geralmente ocorre. Esse tipo de análise mostra que a descrição sintática não é um joguinho do Chapeleiro Maluco em Alice no País das Maravilhas e que as expressões da língua oferecem certos controles à exegese. As dicas estruturais que o estudante intermediário poderia con­ sultar, às vezes, são dadas (e.g., o presente histórico sempre está no indicativo e todos os exemplos claros do presente histórico no NT estão na terceira pessoa). Com freqüência, essa discussão pondera sobre a semânti­ ca de certa construção. Isso ajuda o estudante a alcançar o discernimento da importância exegética de vários padrões sintáticos.5

3.

Definições claras e de fácil captação Esta obra tenta dar definições claras e ampliadas, seguidas por um glossá­ rio conhecido como a "chave para identificação" (e.g., para entender o im­ perfeito ingressivo, o estudante deve traduzir o verbo grego com a expres­ sar "começou a..."; para o presente costumeiro, o advérbio "habitualmen­ te" antes do verbo).

4.

Plenitude de Exemplos Se só um ou dois exemplos fossem apresentados, seria possível que o estu­ dante focalizasse os elementos atípicos. Com vários exemplos tomados de uma abordagem relativamente equilibrada dos Evangelhos, Atos, o Corpus Paulino, as Epístolas Gerais e o Apocalipse, o estudante será exposto a vá­ rios tipos de literatura neotestamentária e será capaz de ver claramente a nuança de determinada categoria.6 Quando as ilustrações forem tomadas exclusivamente de determinado gênero, não será acidental, mas indicará que tal uso é restrito a tal gênero (e.g., o presente histórico ocorre somente em narrativas). Quase todos os exemplos serão traduzidos com palavras

4 A "Situação Semântica" é desenvolvida completamente na "Abordagem deste Li­ vro". 5 Às vezes, tal discussão será classificada e, talvez, de modo muito avançado para determinada classe de grego intermediário. (A discussão semântica do genitivo de aposição, e.g., é longa, fugindo do normal). Na realidade, porém, se um professor quer que seus alunos pensem lingüisticamente em lugar de simplesmente memorizar categori­ as gramaticais, essa seção precisa ser "digerida" mentalmente. Por causa da falta de sen­ sibilidade lingüística, muitos alunos do grego cometem alguns tropeços. Sabendo como traduzir e/ou classificar sintaticamente uma construção não é a mesma que conhecer como articular os significados de uma construção assim. 6 Algumas gramáticas do NT poderiam receber apropriadamente um título como Uma Sintaxe de Mateus e Ocasionalmente Outros Livros do NT, pois não estão conscientemente tentando tomar exemplos de vários gêneros do NT.

xiv

Sintaxe Exegética do Novo Testamento apropriadas e claras. Estudantes do nível avançado apreciariam as muitas variantes textuais (com seus testemunhos) que serão mencionados.7 \ 5. Estatísticas Gramaticais As freqüências de várias palavras destacadas morfologicamente e suas cons­ truções serão alistadas no início das principais seções.8 O estudante será in­ formado se dada construção é "rara" ou relativamente útil (e.g., o particípio futuro passivo ocorre uma só vez e o optativo aparece 68 vezes). Raro dá uma conotação mais precisa. Sem essa informação acrescentada, o estudan­ te poderia concluir que a condicional de primeira classe acha-se com mais freqüência que o tempo perfeito! 6.

Quadros, Tabelas e Gráficos Vários quadros, gráficos e tabelas serão incluídos na Sintaxe Exegética. Quanto mais quadros, gráficos e diagramas vem mostrando a relação lógica entre os conjuntos, a maioria dos estudantes será capaz de assimilar e reter tais informações. Tais auxílios visuais apresentarão o uso, a semântica, a freqüência etc. Uma tabela sobre a freqüência das várias preposições, e.g., revelará imediatamente ao estudante a importância de eu.

7.

Numerosas categorias sintáticas Um dos aspectos da obra é a quantidade de categorias sintáticas, algumas das quais nunca foram impressas antes. Algo precisa ser dito acerca disso, visto que vários gramáticos hoje estão abandonando grande quantidade de categorias sintáticas. Eles estão fazendo isso por três razões interligadas: Primeira, por meio das ferramentas da lingüística moderna, há uma cres­ cente apreciação e reconhecimento do significado básico de vários elemen­ tos morfossintático (o que chamaremos de significado não-afetado). Assim, de­ clarações tais como "de fato, todos os genitivos são subjetivos ou objetivos", ou "o aoristo é o tempo da omissão usado somente quando um autor deseja abster-se da descrição", estarão em alta.

7 Para fins estatísticos, o texto de Nestle-Aland26/27/UBS374 é usado. Comumente, esse texto também é usado para as ilustrações (com variantes relevantes ao ponto gramatical sob discussão). Quando a ilustração envolver uma leitura não encontrada nesse texto, isso será notado. E preciso dizer ainda algo sobre a forma dos exemplos usados. Ocasionalmente, as partículas ou outras palavras irrelevantes ao ponto sintático enfatizado são omitidos sem notificação (ou seja, ". . ."). O texto grego é, assim, conservado o mais conciso possível. Usualmente só o necessário do contexto será dado para demonstrar a propriedade da ilustração para sua categoria. 8 As estatísticas são inicialmente tomadas do acCordance, um programa de computa­ dor para Macintosh (comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que reali­ za pesquisas sofisticadas sobre uma classificação morfossintática do Grego do NT (NestleAland26), assim como o Hebraico do AT (BHS) e a LXX (Rahlfs).

Prefácio

xv Segunda, numerosas categorias específicas de uso restringem a si certas si­ tuações semânticas (tal como gênero, contexto, significado lexical de pala­ vras envolvidas, etc.). Isso gera, muitas vezes, más interpretações, v.g., sim­ ples aplicações do significado básico, e não legítima, por si só, as categori­ as semânticas. Comparando analogias e lexicologia, a tendência agora é tra­ tar tais categorias como não puramente gramaticais, e, portanto, indignas de descrição nas gramáticas.9 Terceira, muitas vezes, por razões pedagógicas, o número de categorias gra­ maticais tem sido reduzido. Várias dessas categorias têm sido amontoadas (e.g., em certa recente gramática, os dativos de modo, causa, agente e ma­ neira foram tratados como categorias indistintas10). Outras categorias, es­ pecialmente raras, serão ignoradas.11 Essa tendência tem utilidade até certo ponto, mas, eu aviso, é exagerada. A lógica para isso está na falta de nuanças. Embora nosso entendimento do significado não-afetado de certas categorias morfossintáticas seja crescen­ te, deixar a discussão da sintaxe no nível do denominador comum não é lingüisticamente sensível nem possui utilidade pedagógica. A natureza da língua é tal que a gramática não pode isolar-se de outros elementos como contexto, lexema ou outros aspectos gramaticais. Em lugar de trata-los como meras aplicações, preferimos vê-los como vários usos ou categorias do sig­ nificado afetado da forma básica. De fato, nossa abordagem sintática funda­ mental está em distinguir o significado não-afetado do afetado e notar os sinais lingüísticos que informam tal distinção. Ninguém, e.g., viu o tempo presente per si. O que vemos é um verbo que tem sete identificadores morfossintáticos diferentes para si (um dos quais pode ser o tempo presente), um identificador lexical (a raiz) - e tudo isso em dado contexto (tanto literário quanto histórico). Embora, estejamos, às vezes, tentando analisar o significado do tempo presente, todos esses ou­ tros aspectos lingüísticos aglomeram figuras. De fato, uma tese central dessa gramática é que outros aspectos lingüísticos afetam (e, portanto, contribu­ em) o significado da categoria gramatical específica sob investigação.

9 Por exemplo, em muitos estudos lexicais/lingüísticos, a diferença entre uma elocução e uma sentença será apontada. (Cf., e.g., a excelente obra de Peter Cotterell e Max Turner, Linguistics and Biblical Interpretation [Downers Grove, IL: InterVarsity, 1989] 22-23). Uma elocução é uma declaração única, singular. As mesmas palavras podem ser repetidas em diferentes ocasiões, mas não seria a mesma elocuação. Seria, porém, a mesma sentença. Aplicando isso aos estudos lexicais, uma distinção deve ser feita entre significado e exemplo, enquanto o corpus estudado, caso contrário, um dicionário teria de dar todas as ocorrências, classificando cada uma delas com um significado distinto. 10 S. E. Porter, Idioms ofthe Greek New Testament (Sheffield: JSOT, 1992) 98-99. 11 Para uma gramática intermediária (tal como a obra presente). Isso seria razão suficiente para não se alistar certas categorias.

xvi

Sintaxe Exegética do Novo Testamento As hipóteses dos gramáticos acerca do significado não-afetado12 de um ele­ mento morfossintático (tal como o genitivo, o tempo presente etc.) serão su­ postamente baseadas sobre uma amostragem descente dos dados e sobre uma grade lingüística apropriada para o exame. As obras mais antigas ten­ diam a obscurecer o significado não-afetado, pois os dados sobre os quais baseavam suas definições eram insuficientes. A idéia, v.g., de que a proibi­ ção no presente quer dizer, na sua essência, "para de fazer" é, na realidade, um uso específico que não pode ser aplicado de forma geral. Uma noção abs­ trata da proibição no tempo presente, primeiramente, precisa achar base tan­ to distintiva para a proibição no presente quanto capaz de explicar muitos dados. Contudo simplesmente reelaborar tais definições baseadas em uma amostragem mais ampla dos dados não as tomam mais avançadas. Os as­ pectos extragramaticais têm que ser examinados também caso as categori­ as importantes de uso sejam articuladas. Assim, o próximo passo é exami­ nar a proibição no presente em vários contextos, gêneros e lexemas. A me­ dida que certos padrões semânticos forem detectados, eles formarão o fun­ damento para as várias categorias. Uma ilustração extraída da sala de aula poderia ajudar. Em uma aula so­ bre sintaxe no segundo ano de grego no Seminário de Dallas, o departa­ mento de NT oferece atividades de tradução e análise sintática. A medida que passamos por uma passagem, o aluno traduz e analisa vários aspectos sintáticos. Em algumas ocasiões, a discussão na sala soa algo mais ou me­ nos assim: Aluno: "Eu acho que isso seja um genitivo possessivo". Professor: "É muito mais provável que seja um genitivo atributivo. Note o contexto: na linha anterior, Paulo diz..." Aluno: "Pensei que fosse uma aula de gramática grega. O que o contexto tem a ver com isso"? Professor: "Tudo". A partir desse ponto segue-se uma clara (pelo menos, eu espero) discussão sobre como a sintaxe não pode ser entendida à parte de outros aspectos da lin­ guagem. (Os alunos normalmente não estão preparados para tal, pois: após

12 Se a terminologia "significado não-afetado" for difícil de ser captada, você pode­ ria apelar a um exemplo particular disso. Aspecto verbal (como oposto a Aktionsart) é o significado não-afetado do tipo de ação que os vários tempos podem ter. Não é afetado pelas intrusões lexicais e contextuais. Aktionsart, por outro lado, é o significado afetado, moldado especialmente pelo lexema verbal. (Naturalmente, essa ilustração não ajudará àqueles que não têm mantido contato com o termo Aktionsart!). Estou simplesmente apli­ cando os achados e a categorização da pesquisa aspectual a uma área mais ampla, ou seja, a tudo da sintaxe. (Assim, v.g., quando o significado básico do genitivo for discuti­ do, será realmente uma figura abstrata, baseada em uma multidão de exemplos concre­ tos onde um denominador comum, em certo grau considerável, ocorrerá de forma re­ petida).

Prefácio

xvii completarem um ano de estudo e terem diversas formas gramaticais me­ morizadas, muitos acharão que não estão fazendo exegese, se lhes exigir­ mos que pensem também pelo contexto literário, e não somente pela gra­ mática. As categorias sintáticas específicas, na realidade, quase nunca são categorias meramente sintáticas. Sintaxe é, na verdade, uma análise de como certos aspectos repetitivos, predicáveis e "organizáveis" da comunicação (a situação semântica) impactam as discretas formas morfossintáticas. Não é útil nem possível simplesmente reduzir a sintaxe ao fio elementar que, em grande parte, percorrer todos os elementos de uma forma particular. Por experiência, vejo que muitos estudantes que aprendem o grego do NT não estão realmente interessados em gramática grega ou até mesmo em lingüística. Eles são interessados na interpretação e exegese. Assim, para abster-se de discutir as várias facetas, dizem: “o genitivo é o promotor de imprecisão exegética". No entanto, categorias compostas, sem a discussão das várias situações semânticas onde ocorrem, promove eisegese, não exegese. Desse modo, embora essas categorias sejam complicadas, às vezes, é mais proveitoso, pedagogicamente, entregá-las ao estudante do que o contrário, uma vez que ele está interessado em exegese e não só na gramática grega.

8.

Sem discussão de análise de discurso Diferente da tendência corrente, esta obra não traz nenhum capítulo sobre Análise do Discurso (AD). A razão é quádrupla: (1) a AD ainda está em seu estágio infantil de seu desenvolvimento, em que métodos, terminologia e resultados tendem a ser instáveis e, sobremodo, subjetivos.13 (2) Os métodos da AD, à medida que são considerados, tendem a não partir do contexto (i.e., não começam com a palavra, nem mesmo com a sentença). Isso de modo algum invalida a AD, mas torna sua abordagem muito diferente da investigação sintática. (3) No decorrer dessas linhas, visto que esta é declaradamente uma obra sobre sintaxe, a AD por definição somente funcionará no perímetro desse tópico e, assim, não será incluída.14 (4) Finalmente, a AD é um tópico muito significante para receber um tratamento parcial, anexado como se fosse o fim de uma gramática. Ela merece sua própria discussão mais acurada, tal qual se acham nas obras de Cotterell e Tumer, D. A. Black e outros.15

13 Em um nível mais amplo, isso é análogo à crítica devastadora de Robinson, feita há duas décadas atrás, sobre a gramática transformacional de Noam Chomsky: "Estilos lingüísticos vêm e vão com uma rapidez que em si sugere algo suspeito sobre a vindicação essencial da lingüística, como ciência" (Ian Robinson, The New Grammarians' Funeral: A Critique ofNoam Chomsky's Linguistics [Cambridge: CUP, 1975] x). 14 P. H. Matthews, em sua maestral Syntax (Cambridge: CUP, 1981), Definiu sintaxe "como um assunto distinto da estilística. Esta estuda a 'sintaxe por trás da sentença' com ou sem significado" (xvix). Eu não iria tão longe, mas caminho na mesma direção. 15 Felizmente, encontrei Matthews de acordo com tal apreciação geral: "Estes campos [análise do discurso e estrutura de sentenças] são muito importantes, e seus métodos muito mais do que eles mesmos, para serem manuseados como um apêndice de um livro cujo assunto seja basicamente as inter-relações das frases e orações (Syntax, xix).

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

xviii 9 . Prioridade Estrutural

Uma outra tendência entre os gramáticos (seja de grego ou de outra língua) é de organizar o material a partir da prioridade semântica e não a partir da estrutural. O foco está em como o propósito, possessão, o resultado, a condi­ ção etc. são expressos, e não sobre as formas usadas para expressar tais no­ ções. As gramáticas de prioridade semântica são muito úteis para a composição em uma linguagem viva, não para a análise de um pequeno corpus de uma lín­ gua morta. Isso não significa que tal abordagem não apareça em uma gra­ mática de grego antiga, mas que uma gramática intermediária e exegética tem mais utilidade se organizada pelos aspectos morfossintáticos. Prevê-se que o usuário médio dessa obra terá pouca habilidade ou a incli­ nação em pensar que descobrirá o porquê de tal forma ter sido usada em certo texto grego neotestamentário. No entanto, esse usuário deve ser capaz de reconhecer tais formas à medida que ocorrem no NT Grego. Quando, por exemplo, encontrar-se com um Iv a ou um infinitivo articular genitivo no texto, a primeira questão a ser feita não deve ser: "Qual o propósito de isso ter sido usado no grego?", mas "Como essa palavra foi usada aqui?". As questões iniciais são quase sempre ligadas à forma. O valor de uma gramáti­ ca exegética está relacionado à sua utilidade exegética, pois a exegese co­ meça com as formas encontradas no texto, para depois se reportar aos seus conceitos. Isso é o que faz uma gramática exegética. Uma conseqüência prática de um esquema de prioridade estrutural é: a se­ ção sobre sintaxe das orações será relativamente pequena comparada à sin­ taxe dos substantivos e verbos. 10.

Breve Material Sobre Categorias Léxico-Sintáticas Certas categorias morfossintáticas envolvem considerável número de lexemas (tais como substantivos, adjetivos e verbos). Aqueles que possuem determinados lexemas são categorias léxico-sintáticas. É nossa convicção que as obras-padrão lexicográficas, v.g., tais como o BAGD, já têm tanto um tratamento admirável de tais categorias fáceis de localizar (ou seja, em ordem alfabética) quanto ricos dados bibliográficos, variantes textuais e discussões exegéticas (não obstante, concisas).16 Além do que, qualquer interessado em sintaxe exegética não precisa sentir-se desafiado a adquirir um léxico. Esta é (ou deveria ser) uma das ferramentas mais acessíveis na biblioteca de um exegeta.

16 Uma exceção é a introdução sobre o artigo. Visto que o artigo é, sem dúvida, a palavra mais importante no NT (ocorrendo cerca de duas vezes mais que seu competidor mais próximo, K m ) , ele requer um tratamento gramatical um tanto detalhado.

Prefácio

xix À luz dessas considerações, pareceu-me supérfluo duplicar todo o material já encontrado no léxico.17 Assim, nossa discussão sobre as categorias léxicosintáticas envolverá: (1) um esboço dos usos terminológicos consistentes com o resto da obra; (2) poucas discussões detalhadas de passagens exegeticamente significantes; e (3) princípios gerais úteis às maiores categorias sintáticas a que certa categoria específica léxico-sintáticas pertença (e.g., tipos de conjunções, observações gerais sobre preposições etc.).

11.

O Esquema Esse texto foi esquematizado para diversos usuários, desde o aluno inter­ mediário, que ainda percebem suas limitações de inexperientes, até pasto­ res experimentados que vivem sob o texto grego. • As ilustrações são dadas tanto no grego quanto em português, com re­ levantes formas sintáticas realçadas. • Há pelo menos três níveis de discussão em sintaxe exegética. 1)

O mais simples é o " Sumário Sintático". Quase todo o sumário sin­ tático inclui título da categoria, breve definição e glossário transicional (chamado de "Chave para Identificação".). Nenhum exemplo ou discussão exegética ou lingüística será encontrado aqui. Esse é um esboço do livro, feito para despertar a memória daque­ les que têm trabalhado as categorias.

2)

O nível intermediário é encontrado normalmente no corpo do li­ vro. Isso inclui especialmente definições e ilustrações, assim como as discussões da semântica de muitas categorias.

3)

O nível avançado se acha em menor escala. Isso inclui especial­ mente as notas de rodapé. Muitas destas ampliam as discussões ex­ tensivas da sintaxe. As discussões exegéticas de passagens seletas serão também colocadas nessa parte. O estudante intermediário é encorajado a lê-las (nem que seja de forma dinâmica) à medida que essas passagens sirvam de motivação como modelos da sintaxe exegética.18

17 As gramáticas mais antigas (tais como a de Robertson) gastam uma quantidade exorbitante de espaço em categorias léxico-sintáticas. Tal deve-se à inexistência de léxicos atualizados e compreensíveis. Curiosamente, muitas gramáticas recentes têm a mesma abordagem, mas sem a mesma necessidade. 18Algumas discussões exegéticas, porém, são muito complexas. Essas discussões podem ser lidas de forma rápida pelo aluno intermediário.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

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• Finalmente, o índice bíblico preocupa-se especialmente com o trabalho pastoral. Em lugar de alistar simplesmente os textos encontrados no corpo da obra, aqueles que receberem amplo tratamento (especialmente de natureza exegética) serão destacados.

II. Como Usar Este Texto na Sala de Aula (ou, Uma Defesa da Extensão da Sintaxe Exegética) Não escrevi essa obra para lingüistas, embora use a lingüística. Não escrevi para aqueles cujo interesse no NT é simplesmente a tradução, embora deva ajudar nesse sentido.19 Eu escrevi para aqueles que estão preocupados com a interpretação, a exegese e a exposição do texto. Essa obra foi planejada visando à inclusão de uma variedade de usuários: estudantes de grego intermediário, avançado, expositores bí­ blicos e qualquer pessoa para quem o grego se tornou como um publicano ou um gentio! Em suma, essa obra é estruturada tanto para sala de aula quanto para os estudos pastorais. A tremenda intimidação pode passar a idéia prima facie que não tenho experiência de sala de aula! Alguns professores de grego intermediário se preocupariam sobre tal extensão, sentindo-se incapaz de cobrir todo esse material em um curso de um se­ mestre. Uma explicação sobre seu tamanho, bem como os indicadores de como pode ser usada em tempo tão curto, serão dispostos para verificação. Muito sobre a extensão da obra deve-se a vários aspectos, nem sempre achados em uma gramática de grego intermediário: •

1.

Abundância de exemplos, esboçados em formato de fácil leitura



2.

Notas de rodapé relativamente extensas



3.

Inúmeros quadros e tabelas



4.

Discussões de passagens exegeticamente significativas



5,

Análise do uso de categorias raras



6.

Discussões da semântica

Como você pode ver, nem tudo do extenso material extra gera dificuldade. Os qua­ dros e as ilustrações extras, em particular, devem tornar os esforços de sala de aula mais fáceis. (Por analogia, o livro Basics ofBiblical Greek de William Mounce [Funda­ mentos do Grego Bíblico, publicado pela Zondervan] é muito mais que uma gramá­ tica média para o primeiro ano e está cheia de muitas informações pedagógicas im­ portantes de maneira que seu tamanho ajuda nas instruções em vez de prejudicar.) A fim de cobrir o material em um semestre, devo encorajá-lo a seguir as primeiras duas sugestões. Se o semestre estiver cheio de outras tarefas, as sugestões três e quatro necessariamente seriam implementadas. 19 Geralmente, cursos de seminários são oferecidos tendo a exegese em sua grade, enquanto cursos em faculdades focam mais especificamente sobre a tradução (N.T.: Nos EUA, seminários ensinam cursos de pós-graduação; enquanto faculdades, graduação).

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xxi

1)

O estudante intermediário precisa ignorar todas as notas de rodapé. Os rodapés foram planejados para professores e estudantes no nível avançado.

2)

O estudante pode ler rapidamente os usos de categorias mais raras. Algumas categorias são tão raras que é bom só saber da sua existência e usar a gramática como uma ferramenta de referência mais tarde. Não as discuta ou questione exageradamente. O estudante tem simplesmente que ler o material para exposi­ ção e parar por aí. Desse modo, o professor poderia dizer ao aluno que note os sumários e marque seus textos adequadamente.20 As categorias mais comuns serão notadas com uma seta na margem esquerda. Desenvolva o hábito de verificá-las.

3)

Alguns que ensinam o grego intermediário podem querer que os alunos igno­ rem ou leiam rapidamente as discussões exegéticas (Logo abaixo se acham mui­ tos exemplos). Pessoalmente, penso que isso é um importante aspecto que moti­ vará os estudantes. No entanto, você pode discordar fortemente de minha exegese e não quererá que seus alunos sejam expostos a ela.21

4)

Alguns professores (especialmente no nível universitário) desejarão que seus alunos ignorem tudo, menos as definições, as chaves para identificações e as ilustrações claras. O resto do material poderia ser usado como referência.22

A abordagem sugerida que implementa as primeiras duas sugestões acima é a seguinte. Os estudantes devem ler três vezes o material diário. A primeira leitura (ou leitura dinâmica) tem o propósito de adquirir uma visão do todo e familiarização com o material. A segunda leitura, a memorização das definições e de uma ou duas ilustrações. A terceira leitura, revisar e refletir, especialmente sobre as discussões mais profundas. Isso deve ser seguindo pela recapitulação semanalmente do material. Em suma, há muitas abordagens que podem tornar-se viável em um único semes­ tre. E possível que, no término do semestre, o aluno não domine, ou pense que não domina, completamente a Sintaxe Exegética, porém, mesmo assim, tal conhecimento ainda terá sido de algum valor no processo.23

20 Uma exceção geral a essa abordagem envolve as raras categorias que são muitas vezes requisitadas em comentários (e.g., dativo de agência, particípio imperatival). Tais deveriam ser reconhecidas se, e somente se, ajudarem o aluno a ser mais crítico dos usos exagerados em obras exegéticas. Muitas dessas categorias abusadas são destacadas por uma espécie de cruz na margem esquerda. 21 Cursos de faculdades que focalizam a tradução tipicamente lerão de forma rápida as questões exegéticas. 22 Ao usar a gramática desse modo, o aluno realmente apreenderá menos material do que é achado em algumas das gramáticas intermediárias mais abreviadas. 23 Uma das razões para o tamanho dessa obra tem a ver com seu amplo propósito. Este livro tem o propósito de resolver duas deficiências: a primeira entre os livros-texto do primeiro ano tal como Basics ofBiblical Greek e as referências-padrão, tais como o BDF, e a outra entre a sintaxe e a exegese. Tudo contribui para a extensão da obra. Qualquer abre­ viação significante teria prejudicado esse objetivo duplo.

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Sintaxe Exegética do Novo Testamento

III. Reconhecimentos Como esse texto tem sido usado, pelo menos em seu esboço, há mais de 15 anos, minha dívida de gratidão constitui-se em uma longa lista. Primeiro, sou grato a meus alunos que por anos trabalharam com esse material, res­ pondendo a provas e testes, e que, gentilmente, corrigiram muitos dos meus equí­ vocos, e me encorajaram a publicar tal obra. A lista inclui os alunos de grego inter­ mediário do Seminário de Dallas (1979-81), os alunos de grego intermediário do Grace Seminary (1981-83) e os alunos de gramática grega avançada do Seminário de Dallas (1988-94). Agradecimentos são também devidos à Pamela Bingham e à Christine Wakitsch que digitaram um arquétipo da obra no computador para o uso em sala. Sua pertinente exatidão me impulsionou a focalizar-me no conteúdo e não na forma. Kíiòoç é devido aos seguintes "guerreiros" selecionados a dedo: Mike Burer, Charlie Cummings, Ben Ellis, Joe Fantin, R. Elliott Greene, Don Hartley, Greg Herrick, Shil Kwan Jeon, "Bobs" Johnson, J. Will Johnston, Donald Leung, Brian Ortner, Richard Smith, Brad Van Eerden, e "Benwa" Wallace. Esses homens buscaram ilustrações, checaram as referências, examinaram manuscritos fac-símiles e textos gregos para variantes, reuniram tanto dados primários quanto secundários, preparam os índi­ ces e ofereceram muitas críticas e contribuições valiosas. Muitos desses alunos fo­ ram internos entre 1993 e 1996 no Seminário de Dallas. Outros foram amigos inte­ ressados que dedicaram seus esforços amorosos pela sintaxe e exegese no NT. Reconhecimentos também são devidos aos "atletas" que examinaram o penúltimo esboço durante o ano escolar de 1994-95. Especialmente destacam-se: Dr. Stephen M Baugh, Dr. William H. Heth e Dr. Dale Wheeler. Tenho recebido auxílio em cada passo do processo por bibliotecários e bibliotecas. No topo da lista estão: Teresa Ingalls (Bibliotecária de empréstimo entre bibliote­ cas) e Marvin Hunn (Bibliotecária assistente) da Biblioteca Turpin, Seminário de Dallas. Em adição, fui auxiliado consideravelmente pelas pesquisas na Tyndale House em Cambridge, Inglaterra, Biblioteca da Universidade de Cambridge, Bibli­ oteca Morgan do Grace Seminary (particularmente útil foi Jerry Lincoln, bibliotecá­ rio assistente), e mais que meia dúzia de outras escolas e bibliotecas. Essa gramática não teria sido possível sem o acCordance, um software para Macintosh (vendido pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA) que efetua pesquisas sofistica­ das sobre morfologia grega do NT (Nestle-Aland26), assim como a hebraica no AT (BHS) e na LXX (Rahlfs). Essa ferramenta de renome tem sido um sine qua non na escrita dessa gramática. Não somente providenciou muitas estatísticas, mas também se mostrou valioso ao trazer à tona várias ilustrações. Devo agradecer especialmen­ te a James Boyer, que lidou com o grego do NT. Paul Miller, o mentor do programa original do Gramcord para DOS e Roy Brown que desenvolveu a versão para Macintosh. Devo manifestar minha apreciação pelo falecido Philip R. Williams, cuja Grammar Notes on the Noun and Verb envolve, inter alia, definições cristalinas. De fato, origi­ nalmente meu esforço literário sobre sintaxe constitui-se apenas de notas de sala cujo

Prefácio

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objetivo era que servissem de suplemento às notas de William. Dr. Williams. Sua estabilidade no Seminário de Dallas sobrepujou a minha e impactou meu pensamen­ to sobre sintaxe substancialmente. A herança de William continua no Seminário de Dallas onde todo o Departamento de Estudos no NT tem sido configurado e reconfigurado em suas Notas de Sintaxe Grega (GSN - Greek Syntaxe Notes, em inglês) para uso em sala de aula. As contri­ buições para essa obra vieram de muitas mentes durante vários anos. O GSN tem sido parte inerente do grego intermediário no Seminário de Dallas por décadas pas­ sadas, bem como muitas das ilustrações e definições, tem feito seu caminho dentro da urdidura e trama da Sintaxe Exegética. Eu posso somente expressar minha dívida com o departamento por seu claro pensamento de grupo acerca da sintaxe do NT. À minha esposa, Pati, aquela que possui os pés no chão, eu sou muito grato por seu encorajamento em publicar minhas notas. Mais que qualquer outra pessoa, ela tem me estimulado, induzido e persuadido para que esse material atingisse confins além da sala de aula. Eu sou grato ao meu amigo de infância, Bill Mounce por seu entusiasmo contagiante e por suas sugestões a fim de que esse livro fosse publicado na série sobre grego bíblico da Zondervan. Agradeço também a Bill pela composição final deste livro. Sou grato também às ajudas graciosas oferecidas por todos da Zondervan Publishing House: a Ed Vandermaas, Stan Gundry e Jack Kragt, por seus incalculáveis encorajamentos desde o início; e especialmente a Verlyn Verbrugge, o editor da obra, cujos olhos de águia viram o projeto até seu fim. A capacidade de Verlyn como revi­ sor, editor, lingüista, erudito de grego e exegeta, felizmente ligado a seu afável com­ portamento, tem lhe concedido o caráter de editor ideal para me auxiliar, mesmo diante da minha, constante, mesquinhez. Pelo apoio financeiro que recebi para o término dessa obra, eu desejo agradecer espe­ cialmente a dois institutos: Seminário de Dallas, por me outorgar tanto um ano sabático quanto uma licença para estudo (1994-95); e ao Biblical Studies Foundation (Funda­ ção para Estudos Bíblicos), por sua contribuição um tanto generosa para com minha viagem para a Inglaterra na primavera de 1995. Além disso, muitos, muitos amigos têm nos sustentado financeiramente em todos estes anos, na esperança que este livro fosse finalmente publicado. A vocês, dedico uma palavra especial de gratidão. Finalmente, expresso minha mais profunda apreciação a dois homens que muito têm me instigado e me conscientizado dos ricos detalhes do grego do NT: Dr. Buist M. Fanning III e falecido Dr. Harry A. Sturz. Dr. Sturz, meu primeiro professor de grego (Biola University), guiou-me por vários cursos de gramática grega e criticismo textu­ al, incluindo um longo ano de estudo independente sobre solecismos do Apocalipse. Embora, muito amável, Dr. Sturz nunca falhou em criticar meu esforço, moderando minha imaturidade exuberante. Tal integridade foi somente igualada por seu pró­ prio espírito de humildade. E Dr. Fanning que me instruiu na gramática grega avan­ çada no verão de 1977, no Seminário de Dallas. Ele continua a exercer uma influência sóbria sobre mim visto que tem modelado tanto meu pensamento sobre sintaxe - sua marca é certamente sentida praticamente sobre cada página dessa obra. Embora ele se considere um simples colega, eu sempre o considerei meu mentor em assuntos gramaticais.

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Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Alguém poderia ser tentado a pensar que com tamanha nuvem de testemunhas, essa obra deveria ser um marco, apontado uma nova era nos estudos gramáticas do Gre­ go! Um rápido exame do livro rapidamente dissipará essa noção. Eu não possuo tal ilusão de grandeza para esse volume. Enfim, a responsabilidade de dar forma e con­ teúdo a essa obra pertence a mim. Os maiores equívocos certamente são devidos à minha natureza obstinada e fragilidade mente. Essa teimosia lança meus defeitos em minha própria face. Tal fragilidade põe-me mais a par do que sou agora. No entanto, espero que essa Sintaxe Exegética traga alguma contribuição, encorajamento e moti­ vação àqueles que manuseiam o sagrado texto a fim de perscrutar a verdade - mes­ mo não considerando seu próprio prejuízo. áY cú v iaca n ep l xfjç à lq G e ía ç

- Sirach 4:28

Lista de Ilustrações Tabelas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12.

Nível Literário de Autores do N T ..........................................................................30 Sistema de Cinco Casos vs. Sistema de Oito Casos.............................................34 Semântica da Construção Plural Pessoal ASKS.................................................283 Tipos de Substantivos Usado Na Construção PluralPessoal [ASKS] 283 As Funções do Adjetivo..........................................................................................292 Posições Atributiva e Predicativa do Adjetivo................................................... 309 Como Agência é Expressa no N T .........................................................................432 A Semântica dos Modos Comparados................................................................. 446 Tempo Verbal no Português no DiscursoDireto e Indireto.............................. 457 A Semântica das Questões Deliberativas............................................................ 466 As Formas do Particípio Perifrástico................................................................... 648 A Estrutura das Condicionais............................................................................... 689

Quadro24 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

A Natureza Multiforme do Grego do N T ............................................................. 28 Freqüência das Formas de Casos no N T ............................................................... 31 Freqüência de Casos no NT (Nominativo)........................................................... 37 Relação Semântica do Sujeito e o Predicado Nominativo................................. 42 Freqüência de Casos no NT (Vocativo)..................................................................66 Freqüência de Casos no NT (Genitivo)..................................................................73 A Relação do Genitivo Descritivo com Vários Outros Usos do Genitivo........................................................................................................ 80 8. A Semântica do Genitivo Atributivo.......................................................................86 9. Um Diagrama Semântico do Genitivo Atributivo e do Genitivo Atribuído..................................................................................................... 89 10. Genitivo de Conteúdo vs. Genitivo de Material...................................................93 11. Genitivo de Aposição vs. Genitivo em Simples Aposição..................................97 12. Diagrama do Genitivo Subjetivo e Objetivo........................................................118 13. Frequência de Casos no NT (Dativo)....................................................................138 24 Estamos usando o termo "Quadro" de forma solta, incluindo quadros, diagramas, figuras, e certamente tudo que não seja tabela. xxv

xxvi 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46.

Frequência de Casos no NT (Acusativo).............................................................179 A Semântica da Construção Objeto-Completo................................................... 185 Os Casos Usados para Tempo............................................................................... 203 As Forças Básica do Artigo.................................................................................... 210 O Artigo Individualizante vs. Genérico..............................................................227 As Relações Semânticas do Artigo Individualizante........................................230 Quadro do Fluxo do Artigo com Substantivos..................................................231 A Semântica dos Nomes Anarthros.......................................................................243 A Semântica dos Nomes Indefinidos..................................................................... 244 A Semântica dos Nomes Qualitativos................................................................... 244 A Semântica dos Nomes Genéricos........................................................................ 244 A Semântica dos Nomes Definidos........................................................................ 245 Os Diferentes Dados para a Regra de Colwell vs. A Construção de Colwell........................................................................................ 262 O Alcance Semântico do Nominativo Predicativo Anarthro.........................263 Grupos Distintos, embora Unidos [Construção Pessoal Plural ASKS] 279 Grupos Justapostos [Construção Pessoal Plural ASKA] .................................. 280 Primeiro Grupo Subconjunto do Segundo [Construção Pessoal Plural ASKS]..........................................................................280 Segundo Grupo Subconjunto do Primeiro [Construção Pessoal Plural ASKS]......................................................................... 281 Grupos Idênticos [Construção Pessoal Plural ASKS]........................................ 282 O Alcance Semântico das Formas do Adjetivo.................................................. 305 Freqüência das Classes de Pronomes no N T...................................................... 320 Freqüência de Pronomes no N T ............................................................................354 Freqüência de Preposições no N T .........................................................................357 As Funções Espaciais das Preposições................................................................ 358 Justaposição Semântica entre Caso Simples e a Preposição + C ase............... 362 Justaposição nos Usos de ’Auií e Yirép .............................................................. 387 O Escopo do "Nós" no NT.......................................... 394 A Direção da Ação nas Vozes Gregas...................................................................409 Estatística da Voz no N T .........................................................................................410 Os Modos Visto em Dois Contínuos.....................................................................446 Freqüência dos Modos no N T ............................................................................... 447 Justaposição Semântica do Subjuntivo e Optativo............................................ 462 Frequência Relativa de Tempos no N T ................................................................496

47. 48. 49. 50.

Semelhanças de Tempo-Aspecto no Presente & Imperfeito Indicativo 508 A Força do Presente Instantâneo...........................................................................517 A Força do Presente Progressivo.................. 518 A Força do Presente Estendido do Passado.........................................................520

27. 28. 29. 30. 31.

Lista de Ilustrações 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 76. 77. 78. 79. 80. 81. 82. 83.

xxvii

A Força do Presente Iterativo.................................................................................. 521 A Força do Presente Costumeiro............................................................................ 522 A Força do Presente Gnômico................................................................................. 524 A Força do Presente Histórico................................................................................. 528 A Força do Presente Perfectivo............................................................................... 532 A Força do (Verdadeiro) Presente Conativo......................................................... 534 A Força do Presente Tendencial.............................................................................. 535 A Força do Presente Completamente Futurístico................................................ 536 A Força do Presente na Maior Parte Futurístico.................................................. 537 A Força Básica do Imperfeito...................................................................................541 A Força do Imperfeito Instantâneo........................................................................ 542 A Força do Imperfeito Progressivo.........................................................................543 A Força do Imperfeito Ingressivo............................................................................545 A Força do Imperfeito Iterativo.............................................................................. 547 A Força do Imperfeito Costumeiro.........................................................................548 A Força do (Verdadeiro) Imperfeito Conativo..................................................... 550 A Força do Imperfeito Tendencial.......................................................................... 551 A Força do Aoristo Indicativo..................................................................................556 A Força do Tempo Futuro........................................................................................ 567 A Força do Perfeito.................................................................................................... 574 A Força do Perfeito Intensivo...................................................................................576 A Força do Perfeito Extensivo..................................................................................577 A Força do Perfeito Dramático.................................................................................578 O Perfeito com Força do Presente.......................................................................... 579 O Perfeito Aorístico e o Perfeito com Força do Presente Comparado 579 A Força do Mais-que-Perfeito...................................................................................583 A Força do Mais-que-Perfeito Intensivo................................................................ 584 A Força do Mais-que-Perfeito Extensivo............................................................... 585 590 O Alcance Semântico do Infinito.................................. O Tempo nos Particípios...........................................................................................614 O Alcance Semântico do Particípio........................................................................ 616 Os Tempos dos Particípios Adverbiais...................................................................626 A Justaposição Semântica dos Particípios de Propósito e Resultado...............638

Abreviações AB

Anchor Bible

Abel, Grammaire

Abel, F.-M. Grammaire du grec biblique: Suive â'un choix de papyrus, 2 ed. Paris: Gabalda, 1927.

acus.

acusativo

acCoráance

Software Mac que realiza pesquisas sofisticadas no NT Grego m orfologicamente classificado (texto NestleA land26 text) com o tam bém AT Hebraico (BHS). Comercializado pelo Instituto Gramcord, Vancouver, WA, e programado por Roy Brown.

ACF

Almeida Corrigida Fiel

AJP

American Journal ofPhilology

ARA

Almeida Revista e Atualizada

ARC

Almeida Revista e Corrida

AT

Antigo Testamento

BAGD

A Greek-English Lexicon ofthe New Testa­ ment and Other Early Christian Literature. By W. Bauer. Trans. and rev. by W. F. Amdt, F. W. Gingrich, and F. W. Danker. Chicago: University of Chicago Press, 1979.

BDF

Bib BNTC

Blass, F., and A. Debrunner. A Greek Grammar ofthe New Testament and Other Early Christian Literature. Trans. and rev. by R. W. Funk. Chicago: University of Chicago Press, 1961. Bíblica Black's New Testament Commentaries xxviii

xxix

Abreviações Brooks-Winbery

Brooks, J. A., and C. L. Winbery. Syntax o f New Testament Greek. Washington, D.C.: University Press of America, 1979.

BSac

Bibliotheca Sacra

BT

Bible Translator

Byz

Majority of the Byzantine minuscules

CBC

Cambridge Bible Commentary

CBQ

Catholic Biblical Quarterly

Chamberlain, Exegetical Grammar

Chamberlain, W. D. An Exegetical Gram­ mar o f the Greek New Testament. New York: Macmillan, 1941.

CTR

Criswell Theological Review

Dana-Mantey

Dana, H. E., and J. R. Mantey. A Manual Grammar o f the Greek New Testament. Toronto: Macmillan, 1927.

dat.

Dativo

EKKNT

Evangelisch-katholischer Kommentar 7.Um Neuen Testament

ExpTim

Expository Times

Fanning, Verbal Aspect

Fanning, B. M. Verbal Aspect in New Tes­ tament Greek. Oxford: Clarendon, 1990.

FilolNT

Filologia Neotestamentaria

Funk, Intermediate Grammar

Funk., R. W. A Beginning-Intermediate Grammar o f Hellenístic Greek. 3 vols. 2d, co rrected ed. M issoula, M ont.: Scholars, 1973.

gen.

genitivo

GKC

Kautzsch, E., and A. E. Cowley, editors. Gesenius Hebrezv Grammar. 2d English ed. Oxford: Clarendon, 1910.

XXX

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Gildersleeve, Classical Greek

Gildersleeve, B. L. Syntax o f Classical Greekfrom Homer to Demosthenes. 2 vols. New York: American Book Company, 1900-11.

Givón, Syntax

Givón, T. Syntax: A Functional-Typological In trodu ction . A m sterdam : Benjamins, 1984.

Goetchius, Language

Goetchius, E. V. N. The Language o f the New Testament. New York: Scribner's, 1965.

Gramcord

Software DOS que realize pesquisas sofisticadas no NT Grego m orfologicamente classificado (texto NestleAland text) como também o Hebraico do AT (BHS). Comercializado pelo Ins­ tituto Gramcord, Vancouver, WA, e programado por Paul Miller.

GTJ

Grace Theological Journal

Hoffmann-von Siebenthal, Grammatik

H offm ann, E. G., und H. von Siebenthal. Griechische Grammatik zum Neuen Testament. Riehen, 1985.

HTKNT

H erders theologischer Kom m entar zum Neuen Testament

ICC

International Criticai Commentary

Jannaris, Historical Greek Grammar

Jannaris, A. N .An Historical Greek Gram­ m ar C hiefly o f the A ttic D ialect. Hildesheim: Georg Olms, 1968 (reprint ed.).

JB

Jerusalem Bible

JBL

Journal ofBiblical Literature

JBR

Journal o f Bible and Religion

JETS

Journal o f the Evangelical Theological Society

xxxi

Abreviações JT

Journal of Theology

KJV

King James Version

KNT

Kommentar zum Neuen Testament

LSJ

Liddell, H. G., and R. Scott. A Greek-English Lexicon. 9th ed. with supplement. Rev. by H. S. Jones. Oxford: Oxford Uni­ versity Press, 1968.

LXX

Septuaginta

2JÍ

Majority of Greek witnesses, muitos dos quais são do tipo de texto Byzantino

Matthews, Syntax

Matthews, P. H. Syntax. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.

Metzger, Textual Commentary

Metzger, B. M. A Textual Commentary on the G reek New Testam ent. 2 d ed. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1994.

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Moulton, J. H., and G. Milligan. The Vocabulary o f the Greek Testament: Illustratedfrom the Papyri and Other Non-Literary Sources. Grand Rapids: Eerdmans, 1930.

Moule, Idiom Book

Moule, C. F. D. An Idiom Book ofNew Tes­ tament Greek. 2d ed. Cambridge: Cam­ bridge University Press, 1959.

Moulton, Prolegomena

Moulton, J. H. A Grammar ofN ew Testa­ ment Greek. 4 vols. Edinburgh: T. & T. Clark, 1908-76. Vol. 1 (1908): Prolego­ mena, by J. H. Moulton. lst ed. (1906); 3d ed. (1908).

Moulton-Howard, Accidence

Moulton, J. H. A Grammar ofN ew Testa­ ment Greek. 4 vols. Edinburgh: T. & T. Clark, 1908-76. Vol. 2 (1929): Accidence and Word Formation, by W. F. Howard.

xxxii

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Mounce, Basics o f Biblical Greek

Mounce, W. D. Basics of Biblical Greek. Grand Rapids: Zondervan, 1993.

MS(S)

manuscrito(s)

NAC

The New American Commentary

NASB

New American Standard Bible

NCBC

New Century Bible Commentary

NEB

New English Bible

Neot

Neotestamen taria

Nestle-Aland26

Novum Testamentum Graece. Ed. by K. Aland. M. Black, C. M. Martini, B. M. Metzger, A. Wikgren. 26th ed. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1979."

Nestle-Aland

Novum Testamentum Graece. Ed. by B. Aland, K. Aland, J. Karavidopoulos, C. M. Martini, B. M. Metzger. 27th ed. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1993.

NIBC

N ew In tern atio n al Commentary

NICNT

New International Commentary on the New Testament

NIGTC

New International Greek Testament Commentary

NKJV

New King James Version

NVI

Nova Versão Internacional

NIV

New International Version

nom.

nominative

NovT

Novum Testamentum

NRSV

New Revised Standard Version

B iblical

xxxiii

Abreviações NT

Novo Testamento

NTC

New Testament Commentary

NTD

Das Neue Testament Deutsch

NTS

New Testament Studies

Porter, Idioms

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Radermacher, Grammatik

Raderm acher, L. N eutestam entliche Grammatik. 2d ed. Tübingen: J. C. B. Mohr, 1925.

Robertson, Grammar

Robertson, A. T. A Grammar ofthe Greek New Testament in the Light o f Historical Research. 4th ed. New York: Hodder & Stoughton, 1923.

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Robertson, A. T., and W. H. Davis. A New Short Gram m ar o f the Greek Testament, for Students Familiar with the Elements o f Greek. lOth ed. New York: Harper & Brothers, 1958.

Rosenthal

Rosenthal, F. A Grammar o f Biblical Aramaic. Wiesbaden: Otto Harrassowitz, 1963.

RSV

Revised Standard Version

Schmidt, Hellenistic

Schmidt, D. D. Hellenistic Greek Gram­ mar and Noam Chomsky: Nominalizing Transformations. Chico, CA: Scholars Press, 1981.

Smyth, Greek Grammar

Smyth, H. W. Greek Grammar. Rev. by G. M. Messing. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1956.

xxxiv

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

TAPA

Transactions of the American Philological Association

TDNT

Theological Dictionary of the New Testa­ ment. Ed. by G. Kittel and G. Friedrich. 10 vols. Grand Rapids: Eerdmans, 1964­ 76.

TG

transformational grammar

THNT

Theologischer Flandkommentar zum Neuen Testament

Tischendorf

Tischendorf, C. Novum Testamentum Graece, 8th ed., 2 vols. Lipsiae: Giesecke & Devrient, 1869-72.

TNTC

Tyndale New Testament Commentaries

TS

Theological Studies

Turner, Insights

Turner, N. Grammatical Insights into the New Testament. Edinburgh: T. & T. Clark, 1965.

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Moulton, J. H. A Grammar ofN ew Testa­ ment Greek. 4 vols. Edinburgh: T. & T. Clark, 1908-76. Vol. 3 (1963): Syntax, by N. Turner.

Turner, Style

Moulton, J. H. A Grammar ofN ew Testa­ ment Greek. 4 vols. Edinburgh: T. & T. Clark, 1908-76. Vol. 4 (1976): Style, by N. Turner.

TynBul

Tyndale Bulletin

UBS

3

The Greek New Testament. Ed. by K. Aland. M. Black, C. M. Martini, B. M. M etzg er, A. W ik g ren . 3d ed., corrected . S tu ttg art: U nited Bible Societies, 1983.

Abreviações UBS

The Greek New Testament. Ed. by B. Aland, K. Aland, J. Karavidopoulos, C. M. Martini, B. M. Metzger. 4th ed., corrected . Stu ttgart: U nited Bible Societies, 1994.

Vaughan-Gideon

Vaughan, C., and V. E. Gideon. A Greek Grammar o f the New Testament. Nashville: Broadman, 1979.

VE

Vox Evangélica

v.l.(l)

Variante (s) textual (s)

voc.

vocativo

WBC

Word Biblical Commentary

Williams, Grammar Notes

Williams, P. R. Grammar Notes on the Noun and the Verb and Certain Other Items, rev. ed. Tacoma, WA: Northwest Baptist Seminary, 1988.

Winer-Moulton

Winer, G. B. A Treatise on the Grammar of New Testament Greek. Trans. and rev. by W. F. Moulton. 3d ed., rev. Edinburgh: T. & T. Clark, 1882.

Young, Intermediate Greek

Young, R. A. Intermediate New Testament Greek: A Linguistic and Exegetical Approach. Nashville: Broadman, 1994.

Zerwick, Biblical Greek

Zerwick, M. Biblical Greek Illustrated by Examples. Rome: Pontificii Instituti Biblici, 1963.

ZNW

Zeitschrift fü r Neutestamentliche Wissenschdft

,1,

Categoria Abusadas que o estudante deveria estar a par Categorias comuns que os estudantes de­ vem saber.

A Abordagem deste Livro À luz da influência, há mais de três décadas, da lingüística moderna nos estudos bíblicos e diante da discordância substancial entre vários especialistas em lingüísti­ ca quanto a: terminologia, metodologia e objetivos, é importante declarar desde o início da presente obra qual abordagem à sintaxe será seguida. A sintaxe do Grego do NT será examinada com oito considerações metodológicas em mente. Muitas destas parecerão auto-evidentes, contudo muitas surpreendentemente têm sido vio­ ladas pelos estudos gramaticais e exegéticos do século XX (alguns dos quais foram bem angariados).1 Outrossim, mantenhamos em mente que está é uma sintaxe exegética, assim, nosso alvo será descrever o valor da gramática para a interpretação do texto bíblico.2

1.

Dados Básicos Suficientes Qualquer declaração significante quanto à semântica de dada construção ne­ cessita de bases substanciais. Declarações do tipo: "Todos os exemplos claros de tal construção no NT significa X" são indignas de confiança em si mesmas. Di­ zer, e.g., que: "Não há aparamente nenhum, no NT, Infinitivo Aoristo no dis­ curso indireto usado de forma direta como Aoristo do Indicativo",3 ou então que: "yeuaa|j,[évoi)pr\aayf)72 X* AC K L P 1739 Byz; àpapucaç é encontrado em X2 BW et pauci; octtÒ apapríaç é encontrado em 1881 pauci. 101 Nesse sentido, as duas categorias são análogas ao perfeito extensivo e intensivo. 102 Ao mesmo tempo, o genitivo de separação parece mais comum que o genitivo de fonte ou origem. (Isso também ocorre com as construções prepositivas, pois a idéia de separação pode ser representada pelas preposições k ou áxó enquanto fonte ou origem é costumeira e restritamente usado com k .)

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

110 d. Ilustrações Rm 9:16

ou to ü Qékovxoç oúõè toü rpé/ovioç, âXXà toü ÍXeávzoç 0eoü Não depende de quem quer nem de quem corre, mas de Deus exerce misericórdia

Rm 10:3

àyuooüvTí ç z fv toü 0eoü ÕLKaiooúvqu alheios a justiça que vem de Deus

2 Co 3:3

éoxè èiuoTolt] XptOTOÜ Vós sois uma carta que vem de Cristo

Ap 9:11

exouotu èir’ auxcâu (iaaiXéa. zov ãyyeXov zf\ç ápúoaou Eles tem sobre eles, como rei, o anjo quem vem do Abismo É possível que este seja um gen. atributivo ou descritivo., mas o gen. de fonte indica origem mais que caráter e, por conseguinte, parece mais adequado neste contexto.

Cf. também Rm 15:18, 22 (Aqui, com um infinitivo como a palavra no gen.); 2 Co 4:7; 11:26; Cl 2:19 (possível).

3.

Genitivo de Comparação [que] a.

Definição O substantivo gentivo, quase sempre depois de um adjetivo comparativo, é usado para indicar comparação. O gentivo, então, é o padrão com quem a comparação é feita (i.e., em "X é maior que Y," o gen. é o Y). Este uso é relativamente comum.

b. Chave para Identificação A definição apresenta a chave: um genitivo depois de um adjetivo comparativo,que requer a palavra que antes do genitivo (em lugar do de usual). c.

Amplificação e Semântica Primeiro, note que o adjetivo comparativo não será adjetivo atributivo. Quer dizer, que ele não é achado na construção artigo-adjetivo-substantivo.103 Segundo, a comparação é muitas vezes feita entre o conhecido e o desconhecido, sendo que o substantivo no genitivo é o item conhecido. As vezes, porém, ambas as quantidades serão conhecidas, mas uma compração explícita entre eles envolve uma certa ênfase (quer seja retórica, suspense, ou uma colocação incomum). Terceiro, nem todo exemplo de um adjetivo comparativo (na posição predicativa) seguida por um genitivo

103 Ainda que eu não tenha realizado nenhuma pesquisa exaustiva sobre esse fenômeno na literatura grega extra-neotestamentária, é verdade que isso ocorra no NT. Ou seja, não há exemplos claros de uma seqüência genitiva (comparação-atributiva). Isso também parece, semanticamente, improvável, pois a fim de que o adjetivo comparativo faça uma comparação explícita, ele precisa afirmar algo sobre o substantivo com o qual está relacionado. Logo, ele precisa ser predicado, não atributivo.

Genitivo: ablativo (comparação)

111

necessariamente envolverá um genitivo comparativo, em parte porque nem todo adjetivo comparativo funciona de acordo com a forma: um adjetivo comparativo pode agir como um superlativo ou um comparativo.105 Finalmente, com raríssimas exceções o genitivo de comparação segue outro, a não ser o adjetivo comparativo (viz., um verbo que lexicalmente sugere comparação ou um advérbio comparativo). d. Ilustrações 1) Exemplos Claros M t6:25

oí)/l f] i[mj(f| TTÂeióu kaxiv ifjç ipotjtfjç Não é a vida mais que o alimento? Aqui a colocação de "vida" com "alimento" tem um poderoso efeito emotivo: a resposta pretendida da parte do ouvinte é algo do tipo, "Com certeza, minha vida é mais digna que o alimento! Você quer dizer que Deus sabe isto e deseja cuidar de mim?

Mt 10:31

iroÀA.(3u oipouGícov õia(j)épete üpeiç vós sois mais dignos que muitos pardais Aqui está um exemplo com um verbo e não com um adjetivo compara­ tivo. ÕLOtcpépco é talvez mais usado com verbo e gen. de comparação, ainda que seja raramente usado.106

Jo 14:28

ó ucmip petícou poú èotuv o Pai é maior que eu [sou] Neste contexto, é óbvio que Jesus está falando com referência a seu ofí­ cio, não sua pessoa. Quer dizer que o Pai tem uma posição maior, mas que o Filho não é menos divino que o Pai (cf. Jo. 14:8). Isto está ligado com um dos principais temas do Quarto Evangelho - mostrar de forma enfática a divindade do Verbo.

Jo 20:4

ó aXXoç, (ia0r|Tf|ç upoéõpa|ieu m y iov toü nétpou o outro discípulo correu mais rápido que Pedro Este é um exemplo raro de um gen. de comparação depois de um advér­ bio comparativo.

1 Co 1:25

xò [iGjpòv toü 0eoü aocjxáiepov tcôu ávGpcámau kazív a loucura de Deus é mais sábia do que os homens

Hb 1:4

KpetTTCJU yevópeuoç tcüv àyycXíúv [o Filho] tendo sido tomado melhor que os anjos

Hb 7:26

ápxiepeúç . . . üi|ir)ÂÓTcpoç t(5v oúpavcôv um sumo sacerdote . . . maior que os céus

104 Cf., e.g., 1 Co 12:23; 1 Cr 15:19 (genitivo partitivo); Fp 1:14 (partitivo); Hb 3:3 (o adjetivo comparativo modifica o nome genitivo [Também há um legítimo genitivo comparativo nesse verso]; similar ao que ocorre em Hb 7:19, 22). 105 Veja o capítulo onde se discute a respeito de adjetivos. 106 Cf. Lc 12:7 (embora o v. 24 adicione o adjetivo comparativo); talvez 1 Co 15:41 (mas isso é provavelmente um genitivo de separação); G14:1.

112 1 Pe 1:7

Sintaxe Exegética do Novo Testamento xò õ o K Í i i i o i ' ò p í â v x f j ç l ú o x e t o ç T T O À U T L p ó x e p o v xpwnou a genuinidade de sua fé que é muito mais preciosa que ouro O adjetivo comparativo refere-se a "genuinidade" (não a fé em si)W7 e é um adjetivo predicativo. A quantidade conhecido nesta declaração é a preciosidade do ouro - e uma fé genuína é muito mais preciosa que isso! Cf. também Hb 3:3; 11:26 (deve-se notar que o adjetivo comparativo exerce um amplo papel em Hebreus, pois o tema é construído em tomo da idéia de que Cristo é melhor que os profetas, anjos, a antiga aliança, Moisés, etc.). 2) Exemplos Disputáveis

Mc 4:31

(=Mt 13:32) - cf. discussão do adjectivo abaixo.

Ef 4:9

xò õè ’Auépq xí koxiv ei pf| òtt Kal Kaxépq eiç xà Kaxcóxepa péprj xfjç yfjç Ora que quer dizer "subiu"- senão que também desceu às regiões mais inferiores que a terra? Veja nossa discussão deste texto no "Genitivo de Aposição". Aqui simplesmente desejamos mostrar que alguns eruditos consideram o gen. como comparativo - "ele desceu às regiões mais inferiores que a terra" .108 Embora um gen. partitivo seja possível e um gen. de aposição seja provável, um gen. comparativo é sintaticamente improvável, para não dizer impossível: o adjetivo comparativo está na posição atributiva de |J.épr|. Se alguém igonar esse aspecto sintático dizendo que em Mt 23:23, o significado deveria ser "tendes negligenciados os preceitos que são mais importantes que a lei" (em lugar de "tendes negligenciados os preceitos mais importantes da lei").

C. Genitivo Verbal (te., Genitivo Relacionado a uma Forma Nominal do Verbo) Embora os subgrupos sob esta categoria realmente pertença ao "Genitivo Adjetival", há algumas vantagens em colocar estes usos sob o "Genitivo Verbal". Isto é parcial­ mente devido ao fato que os genitivos objetivos e os subjetivos são tanto cruciais quanto confusos, mas também pelo que incluído aqui é uma categoria não listada normalmente pelas gramáticas do NT. Os genitivos subjetivos, objetivos e plenários são usados com substantivos princi­ pais que involvem uma idéia verbal. Isto é, o substantivo principal tem um verbo como um cognato (e.g., fiucnÀeOç tem fiaoiÀeva) como cognato). A construção genitiva verbal, então, é uma sentença incrustada envolvendo, muitas vezes, uma idéia verbal no substantivo verbal. A ordem abaixo (subjetiva, objetiva, plenária) expõe a ordem de freqüência. \ 107 No mínimo, não gramaticalmente. Mas "genuinidade da fé" = "genuína fé"- logo, teremos um genitivo atribuído. Veja discussão. 108 Cf., e.g., Meyer, Ephesians (MeyerK) 213; F. Büchsel, “KatÚTepoç,” TDNT 3.641-43. Turner, Syntax, 215, também fala dessa possibilidade. 109 á(j)f|KaTe xà fkpútepa t o ü v ó p o u . Cf. também Hb 6:9.

Genitivo: verbal (subjetivo)

1.

113

Genitivo Subjetivo a.

Definição O substantivo no genitivo funciona semanticamente como o sujeito da idéia verbal implícita no substantivo principal. Isto é comum no NT.

b.

Chave para Identificação Se um genitivo subjetivo é suspeita, tente converter a forma nominal do verbo com a qual o genitivo se relaciona para uma forma verbal e transforme o genitivo para ser o sujeito. Assim, por exemplo, "a revelação de Jesus Cristo ..." em G11:12 toma-se "[O que/o fato que] Jesus Cristo revela ...

c.

Semântica/Amplificação 1)

Esta categoria é léxico-sintática,i.e., se relaciona com um significado léxi­ co específico com uma das palavras envolvidas (neste caso, o substanti­ vo principal). O substantivo principal, que aqui é chamado de uma "for­ ma nominal do verbo" 110 tem uma idéia verbal implícita. Palavras como "amor", "esperança", "revelação", "testemunha" e "palavra", podem implicar, em uma dada situação, uma idéia verbal. A perspectiva deve, é claro, ser a partir do grego, por exemplo (PaotleOç tem PaotÀeÚto), não necessariamente no português.

2) O genitivo subjetivo, por sua natureza, pode ocorrer em mais tipos de constmções que o genitivo objetivo. Isto se deve a força semântica de ambos: um sujeito pode ter um verbo transitivo ou intransitivo,111 en­ quanto um objeto pode somente ser objeto de um verbo transitivo. As­ sim, em rj trapouaía toü Xpioroü ("a vinda de Cristo") o genitivo não pode ser objetivo porque a idéia verbal não é transitivo, mas pode ser subjetivo ("[quando] Cristo vier").112 3) Onde ocorrer o genitivo objetivo e subjetivo na mesma construção portanto permitindo interpretações semanticamente oposta - o subs­ tantivo principal implica um verbo transitivo. Este é sem dúvida o tipo mais freqüente de forma nominal do verbo. Em um dado contexto, "amor de Deus" poderia significar "[meu/nosso/seu] amor por Deus" (objeti­ vo) ou "o amor de Deus por mim [ti/eles]." Desde que os aspectos léxi­ co sintáticos nesses exemplos sejam idênticos, o apelo precisa ser feito ao contexto, ao uso do autor, e as questões exegéticas mais amplas. Veja Quadro 12 abaixo para um diagrama dos genitivos subjetivo e objetivo.

110 Não deve ser confundido com um infinitivo, que é sintaticamente uma forma nominal do verbo. A expressão usada aqui é um título lexical. 111 Toma também um verbo equativo, mas o genitivo subjetivo não será usada em tais construções. O grego expressa cada idéia com genitivos predicativos e aposicionais. (Todavia, em Lc 9:43, por exemplo, "a majestade de Deus" pode ser lido assim: "como majestoso Deus é".) 112 Para ver uma exceção, veja a discussão abaixo sobre o "Genitivo Objetivo".

114

Sintaxe Exegética do Novo Testamento d. Ilustrações 1)

Mt 24:27

Exemplos Claros OUTGJÇ COTCCl T) TTttpOUOLtt TOÜ IHOÜ TOÜ KVOpCÓlTOU

Assim será a vinda do Filho do Homem (="assim será quando o Filho do Homem vier"). Mc 14:59

oúõè outcúç lar) rju f) papTupía aíiitôv

nem assim o testemunho deles era o mesmo (="nem testificaram a mesma coisa") At 12:11

èçeÍÂató pe fk x 6LP°Ç 'Hpcáõou Kal tráoqç TÍjç irpoaõoKÍaç to ü Laoü

Tovôaíwv [o anjo do Senhor] me livrou das mãos de Herodes e de toda expectativa do povo judaico (="tudo que esperava o povo judeu")

tcòv

Rm 8:35

TLÇ T]|iâç /upLOFL àlTO TÍjç àváTTqÇ TOÜ XpLOTOÜ',113

quem nos separará do amor de Cristo (= Quem nos separará do amor de Cristo por nós?) O contexto é muito claro que está em vista um gen. subjetivo. A ênfase não está no que nós fazemos para permanecer ligados ao céus, mas no que Deus tem feito em Cristo conduzindo nossa eleição a glória. Cf. vv. 30-39, em que a ênfase está na atividade passada, presente e futura de Deus. Verso 39, que supera o capítulo, especialmente fica assim: "[nada] será capaz de separar-nos do amor de Deus (TTjç toü 9foü) que está em Cristo Jesus nosso Senhor". 2 Co 7:15

TT|V TOVTCOV l)pO)V UTTaKOf)U

a obediência de todos vós (= "o fato que vocês obedeceram" Cf. também Lc 7:30; Rm 9:11; 13:2; 1 Co 16:17; 2 Co 7:6; 8:24; 1 Jo 5:9; Ap 3:14. 2)

Possíveis (e exegeticamente importantes) exemplos envolvendo II lotiç Xpioraõ A maior parte de grupos de textos debativeis envolve a expressão, ttÍotiç deve-se traduzir "fé em Cristo" (gen. objetivo gen.) ou "a fé/ fidelidade de Cristo" (gen. subjetivo.)?

XpLOTOÜ:

Rm 3:22

ôiKaiooúuri õè 0c-oü ò ià n íozeoç ’Ir|ooü Xpioroü mas a justiça de Deus pela fidelidade de Jesus Cristo

Fp 3:9

p/q fx(')V fp V ôiKaLoaúvqv tt|u fk vópou àA.Aà Tqv õià maTetoç Xpiatoü não tendo justiça própria que se baseia na lei, senão a que é mediante a fidelidade de Cristo

113 Ainda que poucos MSS tenham 0eoü em lugar de XpiaroO (e.g., N [B] 365 et pauci), a sintaxe não é afetada.

Genitivo: verbal (subjetivo) Ef3:12

115

Tqv TTappqoíav Kaí irpoaocY«YT)v . . . õià TÍjç ttlot6G)ç cciítoü temos ousadia e acesso com confiança, mediante a sua fidelidade.

Cf. também Rm 3:26; Gal 2:16 (2x), 20; 3:22, para um fraseado semelhante. Comentários mais antigos (provavelmente como um reflex luterano) vêem XpioToí) um gen. Objetivo, ficando, "fé em ". No entanto, mais e mais estudiosos estão considerando estes como um gen. subjetivo (ou "a fé de Cristo"114 ou "a fidelidade de Cristo"). Sem querer fechar a questão, nós simplesmente desejamos interagir com alguns dos argu­ mentos gramaticais usados para cada posição. 1) A favor do gen. objetivo, se argumenta que ttlotlç no NT toma um gen. objetivo quando ambos os substantivos são anarthros; Quando ttlotlç for gen. subjetivo ambos tem artigo.115 Em resposta a isso, os dados precisam ser enviesados para ter qualquer peso: muitos dos exemplos têm um pronome posessivo no lugar do gen., que quase sempre exige que o substantivo principal tenha um artigo.116 Além de que, todos os textos envolvendo ttlotlç XpLOTOÜ estão em locu­ ções prepositivas (onde o objeto da preposição, neste caso ttlotlç, é anarthro.117 Mesmo quando o objeto da preposição é definido.118 114 Cranfield, cujo primeiro sobre Romanos apareceu em 1975, denomina de visão genitiva subjetiva (em Rm 3:22) "juntos se fizeram inúteis", sem dar muito apoio para essa conclusão (Romans [ICC], 1.203). Ele cita somente uma abordagem anterior sobre a visão subjetiva, J. Haussleiter, "Der Glaube Jesu Christi und der christliche Glaube: ein Beitrag zur Erklãrung des Rõmerbriefes," NKZ 2 (1891) 109-45. Nas últimas duas ou três décadas, porém, a defesa da visão genitiva subjetiva tem encontrado muitos advogados, embora não tenham agido sem oposição. Leia, e.g., sobre a visão subjetiva: R. N. Longenecker, Paul, Apostle of Liberty (New York: Harper & Row, 1964) 149-52; G. Howard, "The 'Faith of Christ'," ExpTim 85 (1974) 212-15; S. K. Williams, "The 'Righteousness of God' in Romans," JBL 99 (1980) 272-78; idem, "Again Pistis Christou," CBQ 49 (1987) 431­ 47; R. B. Hays, The Faith of Jesus Christ: An Investigation of the Narrative Substructure of Galatians 3:1-4:11 (SBLDS 56; Chico: Scholars, 1983); M. D. Hooker, " I I lotlç XpLOTOÜ," NTS 35 (1989) 321-42; R. B. Hays, "TIILTIL and Pauline Christology: What Is at Stake?", SBL 1991 Seminar Papers, 714-29; B. W. Longenecker, "Defining the Faithful Character of the Covenant Community: Galatians 2.15-21 and Beyond," esboçado de forma preliminary, em Durham, England, 1995. Para o ponto de vista objetivo, leia, e.g., A. Hultgren, "The Pistis Christou Formulations in Paul," NovT 22 (1980) 248-63; J. D. G. Dunn, "Qnce More, M STIS XPIZTOY," SBL 1991 Seminar Papers, 730-44; como também todos os mais antigos comentários de Romanos e Gálatas. 115 Veja Dunn, "Once More," 732-34. Dunn considera isso como um dos três argumentos principais (ibid., 744). 116 Cf. BDF, 148-49 (§284). Dunn reconhece que a fraqueza desse argumento com úpwv, mas não com pou (Dunn, "Once More," 732), como se disse que um pronome agiria diferente (é claro que verdadeira lexical, mas a questão aqui é sintática). 117 Aqui mostraríamos que no corpus paulinium, há quase duas vezes mais preposições + construções nominais anarthras que preposições + artigos + construções nominais (1107 para 599). Quando ttlotlç é o objeto, a diferença é igualmente maior (40 para 17). 118 Veja depois discussão no capítulo sobre artigos.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

116

O argumento gramatical para o gen. objetivo, neste caso, é fraco.119 2) A favor do gen. subjetivo, é dito que "Pistis seguido pelo genitivo pessoal é muito raro; mas quando ele aparece é quase sempre seguido pelo genitivo não objetivo... ."120 Isto tem muita base (going for it), mas ainda envolve certa fraqueza. Há dois ou três exemplos claros de ttlotlç + gen. objetivo pessoal no NT (Mc 11:22; Tg. 2:1; Ap.2:13), assim como dois exemplos claros envolvendo um substantivo gen. impessoal (Cl 2:12; 2 Ts 2:13). No entanto, o uso predominante no NT é com um gen. subjetivo.121 Pragmaticamente falando, se a visão do gen. subjetivo é correta, estes textos (Quer ttlotlç seja traduzido "fé" ou "fidelidade")122 argumentam contra uma Cristologia implicitamente docética."123 Além disso, a fé/fidelidade de Cristo não é uma negação da fé em Cristo como um conceito Paulino (visto que a idéia é expressa em vários contextos iguais, somente com o verbo iucjtcÚG) e não com o substantivo), mas implica que o objeto da fé é um objetivo digno, pois ele mesmo é fiel. Embora a questão não seja resolvida via gramática, no pêndulo de considerações gramaticais parece ser a favor da visão gen. subjetivo

2.

Genitivo Objetivo a.

Definição O gentivo substantivo funciona semânticamente como objeto direto da idéia verbal implícita no substantivo principal. Isto é comum no NT.

119 Dunn ("Once More," 732-33) oferece quatro passagens nas quais vê o genitivo subjetivo, mostrando que, pelo contrário Rm 3:22, et al., envolve um ttlotlç articular (Rm 3:3; Tg 2:1; Ap 2:13; 14:12). O que ele, contudo, não menciona é que não somente há muitos textos altamente debatíeis, ou antes, a maioria certamente são exemplos de genitivo objetivo (Tg 2:1; Ap 2:13; 14:12) - mas, em cada um deles, ttlotlç é o objeto direto e, portanto, quase sempre articular. No mínimo, esperaríamos um artigo com ttÍ o t lç quando uma fé particular está em vista. 120 Howard, "The 'Faith of Christ'," 213. 121 Cf. Mat 9:2, 22, 29; Mc 2:5; 5:34; 10:52; Lc 5:20; 7:50; 8:25, 48; 17:19; 18:42; 22:32; Rm 1:8, 12; 3:3 (aqui, "a fidelidade de Deus"); 4:5, 12, 16; 1 Co 2:5; 15:14, 17; 2 Co 10:15; F1 2:17; Cl 1:4; 2:5; 1 Ts 1:8; 3:2, 5, 10; 2 Ts 1:3; Tt 1:1; Fm 6; 1 Pd 1:9, 21; 2 Pd 1:5. Além da fórmula ttlotlç Xpiaroú em Paulo, At 3:16 e Ap 14:12 são também debatíveis. F11:27 ("fé do evangelho") também é ambíguo. 122 Longenecker sugere que "fidelidade" é uma tradução melhor, desde que abrange ambos os conceitos e ajusta-se melhor com a teologia de Paulo ("Gallatians 2.15-21 and Beyond," 4, n. 14). 123 Hays, "IIISTIS and Pauline Christology," 728.

Genitivo: verbal (objetivo) b.

117

Chave para Identificação Quando um substantivo for suspeito, tente converter a forma nominal do verbo ao qual o genitivo está relacionado para uma forma verbal e transfor­ me o genitivo em objeto direto. Assim, por exemplo, "um demonstração de sua justiça" em Rm 3:25 torna-se "manifestar a sua justiça." Um método mais simples e menos tolo de prova é substituir a preposição de por para, a cerca de, concernente a, em torno de, ou às vezes contra.

c.

Semântica/Amplificação 1) Esta categoria é léxico sintática, i.e, ela se relaciona com um significado lexical específico com uma das palavras envolvidas (neste caso, o subs­ tantivo principal). O subsantivo principal, que é aqui chamado de uma "forma nominal do verbo" 124 deve ter uma idéia verbal implícita. Pala­ vras tais como "amor", "esperança", "revelação", "testemunho" e "pa­ lavra", pode implicar, em um dado contexto, um idéia verbal. A pers­ pectiva deve, naturalmente, ser à partir do Grego e não de outra língua: "King", por exemplo, não tem um cognato no inglês (não há nenhum verbo "to king) mas tem no Grego, assim como no português "rei" tem "reinar" (potoiA.eC)!; tem PaoiAe-óco). 2) O genitivo objetivo, em toda a sua natureza, pode ocorrer em menos tipos de construções que o genitivo subjetivo. Isto é devido à força se­ mântica de ambos: um sujeito pode tomar um verbo ou transitivo ou intrasitivo,125 enquanto um objeto somente pode ser objeto de um ver­ bo transitivo. Segue-se, então, que um genitivo objetivo somente pode ocor­ rer com formas nominais do verbo que implicam em um verbo transitivo.126 3) Onde o genitivo objetivo e subjetivo ocorrerem nas mesmas constru­ ções, e portanto permitir interpretações semanticamente opostas, o subs­ tantivo principal implica um verbo transitivo. Isto é, sem dúvida, o tipo mais freqüente de substantivo verbal. Em um dado contexto, "amor de Deus" poderia significar "o meu [o seu/o dele] amor por Deus" (objeti­ vo) ou " O amor de Deus por mim [você/eles]". Visto que os aspectos léxico-sintático nestes exemplos são idênticos, o apelo deve ser feito ao contexto, ao uso do autor, e às questões exegéticas mais amplas.

124 Não deve ser confundido com um infinitivo, que é sintaticamente uma forma nominal do verbo. A expressão usada aqui é um título lexical. 125 Também pode tomar um verbo equativo, mas o genitivo subjetivo não será usado em tais construções. Greek expresses such ideas with predicate genitives and with appositional genitives. 126 Assim, em f) Tíapouoía toO Xpioxot) ("o retomo de Cristo") o genitivo não pode ser objetivo, porque a idéia verbal não é intransitiva. Mas, é possível que estejamos diante de um genitivo subjetivo ("[quando Cristo retomar"). Lc 6:12 apresenta uma interessante exceção dentro dessa discussão: if| TTpoofUxÇl toí) Geoü significa "oração a Deus" (o genitivo é, logo, genitivo objetivo, porém depois de um nome verbal intransitivo). Igualmente, aqui, alguns escribas não ficavam confortáveis com essa construção (D, ib1omite toí) 9eou). Cf. também At 4:9; talvez Mt 1:12 (ainda que BapiAcivoç seria um genitivo de destino).

118

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Genitivo Subjetivo Deus ama | X

amor de Deus

/

= Genitivo Objetivo

amor /

X de Deus

ama |Deus

=

Diagrama Sintático

Diagrama Semântico

Quadro 12 Diagramas do Genitivo Subjetivo e Objetivo 127 d. Ilustrações128 1) Exemplos Claros Mt 12:31

i] ôè toü TTveúpatoç pA.aa4>T)pía oúk àcj)e0r|aeTai mas a blasfêmia do Espírito não será perdoada (= "blasfêmia contra o Espírito" ou "blasfemando ao Espírito")

Lc 11:42

o ím

ò p lu

t o iç

Ía p io a ío iç,

otl

. . . TrapépxcoQ e x q v K p ía iu K a l Tqv

à Y á trriv t o ô 0eoü

Ai de (contra) vós Fariseus! Pois tende negligenciado a justiça e o amor por Deus! Rm 3:25

ôv irpoéGexo ò 0eòç . . . elç euõr l£iv xfjç ôiKTTf|K00ç pé/pi Oaváxou, Gaváxou ôè oxaupoü tomando-se obediente até a morte, e morte em uma cruz E ste é u m exem p lo p ossível: p od eria igu alm en te se e n caixar sob o gen. de

141 A mesma ênfase parece ser vista em Ap 4:8. É bom acrescenta-se isso que a adora­ ção das quatro seres viventes continuou sem cessar. É possível que a expressão " dia e noite" seja uma frase estereotípica que perdeu suas originais nuanças gramaticais. Algo similar ocorre em Ap 20:10.

Genitivo: adverbial (meios)

125

meios ("por meio de uma cruz") ou, melhor, produção ("causada por uma cruz"). Veja discussão acima e abaixo. Cf. também 1 Co 4:5; 1 Pe 3:4 (ambos metafórico) para outros exemplos possíveis.142

4.

Genitivo de Meios [por] a.

Definição O substantivo no genitivo indica os meios ou instrumentalidade pela qual a ação do verbo (implícito no substantivo principal [ou adjetivo] ou explícito no verbo) é cumprida. Ele responde a questão "Como?" Este uso é raro. (Com a preposição I k é muito mais comum, mesmo que tecnicamente não seja um gen. de meio por causa da presença da preposição).

b. Chave para Identificação Muda-se o de pelo por. Este será seguido por um substantivo no caso genitivo que é impessoal, ou pelo menos concebido como tal. c.

Semântica/Amplificação O genitivo de meio parece ser, às vezes, levemente próximo a uma idéia causai que um dativo de meio tem (o dat. é o caso normal usado para indi­ car meio).143 A construção ck + genitivo é usada com mais frequência para meio que o simples genitivo.

d. Ilustrações R m 4 :ll

xf|ç òiK(uoaúur|ç tfjç níoxecaç A justiça por [meio de] fé

1 Co 2:13

a kocI ÀaÀoüpeu ouk kv ôtôaKTOtç áuGpamvriç oo(|)íaç Àóyotç as quais falamos-não em palavras ensinadas por sabedoria humana

Tg 1:13

ó yàp 9eòç áxetpaaTÓç éotiv KaKcâv

pois Deus não é tentado pelo [por + o] mal Fp 2:8

Gavcruou õè oxaupoô Morte por [meio de] uma cruz Este é um exemplo duvidoso. O genitivo aqui poderia, ser de lugar, seria melhor, de produção.

142 F12:10 deve também encaixar-se aqui (irâv yóvu Küi|ii];r| ÈTíoupaviwv Kal éTTLyeícov Kal Kara^Govícof) - logo temos a leitura, "se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra". Todavia, é mais comum que os genitivos sejam possessivos, referindose a esses cujos joelhos estão curvados. 143 Note, e.g., At 1:18 (€Kif|oato xwpíov ék gLO0oO tfjç àôiKÍaç) onde o genitivo conota "adquiriu um campo com o preço da iniqüidade". É difícil distinguir entre causa e produção aqui.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

126

5.

Genitivo de Agência [por] a.

Definição O substantivo no genitivo indica o agente pessoal por meio de quem a ação em vista é realizada. Ele quase sempre se relaciona com um adjetivo verbal que é muitas vezes usado como um substantivo e tem terminações tipicamente passivas -toç. O uso é razoavelmente raro.

b. Chave para Identificação Fique esperto com o adjetivo muitas vezes terminado em -toç, seguido por um subsantivo pessoal no genitivo. Troca-se o de pelo por. Desta forma, e.g., õiôaKtòç 0eoO, "ensinado de Deus," fica "ensinado por Deus." Procura com­ binações tais como áycnTiyuóç + genitivo, ôlôocktoç + genitivo, ckàgktÓç + genitivo. c.

Estrutura e Semântica O genitivo normalmente se relacionará com um adjetivo que (a) é subsantivado (i.e., no lugar de um substantivo), (b) termina em - t o ç , e (c) implica em uma idéia passiva.144 O g e n itiv o d e a g ê n c ia é m a is p r ó x i m o e m f o r ç a a Ú ttÓ +

o

g e n itiv o

(e x p re s s a n d o a g e n te ú ltim o ) q u e c o m õ t á + o g en itiv o (e x p re s s a n d o a g e n te in te rm e d iá rio ).

d. Ilustrações 1) Exemplos Claros Jo 18:16

ó pa0r|Tr)ç ò iíkXoç, ó yutootòç toO ápxiepétóç145 O outro discípulo que era conhecido pelo [por+o] sumo sacerdote

Jo 6:45

eoouToa TrávTcç õlôccktoI 0eoO todos serão ensinados por Deus

Rm 1:7

ttkolu tolç ouoiv kv ' Pcágr] áycciTqTolç 0eoO146 a todos que estão em Roma, amados por Deus

Rm 8:33

tíç èyKaA.éoeL «cruà eKÀeKTGJU 0eoô; Quem intentará acusações contra os eleitos por Deus?

144 Veja BDF, 98 (§ 183) para uma útil e sucinta abordagem. Contudo, BDF apresenta duas exceções para tríplice regra: (1) em 1 Co 2:13, o adjetivo modifica um nome; (2) em Mt 25:34, um particípio perfeito passivo (em lugar de um adjetivo) é usado com um genitivo. Mas Jo 6:45 também é uma exceção, envolvendo um predicativo do objeto. Assim também é Jo. 18:16 que tem um adjetivo atributivo. 145 Essa leitura é encontrada em BC * L et pauci; ó aXloç oç rjv yvcootòç tg) ápxicpet é encontrado em S A C 2 Ds W Y T A 0 A II T _fT 13 33 Byz. 146 év àyáiTTi Oeoü é encontrado em G et pauci.

Genitivo: adverbial (referência) 1 Co 2:13

127

kv ÔIÔOCKTOLÇ TTVeÚpaTOÇ em [palavras] ensinadas pelo [por +o] Espírito

2) Exemplos Disputados Rm 1:6

6.

kv olç éoxe kcíÍ úpelç KÀqxol 'ItjooÍ) XpiotoO através de quem sois também chamados por Jesus Cristo À luz do paralelo estrutural com v. 7 (áyairriToi Oeoü), é possível que esta expressão indique agência. Outra possibilidade é que seja um gen. possessivo: asss, "chamados para pertencerdes a JesusCristo".147 Primeiro, só raramente no NT é dito que Cristo faz o chamamento dos santos.148 Segundo, agência última está normalmente sob consideração pelo gen. de agência, enquanto só rara vezes Cristo é considerado ser o agente último.149 Terceiro, não freqüente encontrar um gen. possessivo depois de um adjetivo terminado com -toç, especialmente em Romanos.130 A sintaxe não resolve este problema de qualquer forma, mas pelo menos ajuda a colocar sobre a mesa algumas das evidência para cada posição.

Genitivo Absoluto Veja abaixo "Particípios Circunstanciais."

7,

Genitivo de Referência [com respeito a] a.

Definição O substantivo no genitivo indica que em referência ao que o substantivo ou adjetivo com o qual ele se relaciona é verdadeiro. Este uso não é comum.

b. Chave para Identificação Substitua a palavra de por com referência a, com respeito a. c.

Amplificação Este genitivo comumente modifica um adjetivo (embora raramente ele estará conectado a um substantivo), e como tal sua força de advérbio é auto-evidente. O genitivo limita a estrutura de referência do adjetivo.

147 Veja BDF, 98 (§183); NRSV. Contrário a essa posição, veja Cranfield, Romans (ICC) 1.68, o qual chama o ponto de vista possessivo de "doutrinário". 148 O chamado dos apóstolos (e.g., em Mt 4:21) é diferente. Mas cf. Mt 9:13. 149 Contudo esse argumento não é tão incontestável quanto poderia ser à luz de 1 Co 2:13 (onde TiveOpa indica agência). 150 Cf., e.g., Rm 1:20, 21; 2:4, 6:12; 8:11; 9:22; para exemplos não claros, cf. Mt 24:31; Lc 18:7; Rm 2:16; 16:5, 8, 9. Alguns desses exemplos deve também pertencer a outra categoria, porém é profundamente disputável que eles, no mínimo, sejam possessivos e não indique agência. Por outro lado, todos os exemplos claros envolvem o pronome possessivo, exceto Rm 1:6.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

128

Todos os casos oblíquos, assim como o nominativo (conhecido como nom. pendente), pode ser usado para indicar referência. Sem dúvida o mais comum é o dativo de referência. O genitivo de referência é o menos comum. d. Ilustrações 1) Com um Adjetivo Hb 3:12

KKpôía TTOvripà àiuaxíaç um coração perverso com referência a incredulidade

Hb 5:13

nâç ykp ó pexéxtav yáÂaKXOç auetpoç A.óvou ÔLKocLoaúvqç porque todos que se alimentam de leite é inexperiente com referência à palavra da justiça 2) Com um Substantivo

Mt 21:21

ou [ióvov xò xfjç ouKÍjç 7T0ir|0cxe não somente fareis o que foi feito com referência a figueira

Cl 1:15

oç eoxiv. . . upooxóxoKOç toot|ç Kxíoewç o qual é . .. o primogênito com referência a toda criação As outras possibilidades são partitivo e subordinação. Se fosse partitivo, a idéia seria que Cristo foi parte da criação, i.e., um ser criado. Paulo, porém, deixa claro em toda essa epístola que Jesus Cristo é o supremo Criador, Deus em carne - e.g., cf. 1:15a, 2:9. Na seção em que este verso se encontra, 1:9-20, ele dificilmente poderia ser mais enfático acerca da divindade de seu Senhor.151 No entanto, um gen. de subordinação é, com toda probabilidade, a melhor opção (veja discussão deste texto logo no começo).

8.

Genitivo de Associação [em associação com] a.

Definição O substantivo no genitivo indica aquele a quem o substantivo com o qual ele permanence associado. Este uso é um pouco comum, mas somente em certas colocações (veja abaixo).

b. Chave para Identificação Troca-se o de por com, ou em associação com. c.

Amplificação e Significância O substantivo principal a que este tipo de uso genitivo é conectado é normalmente prefixado ouv-, Esses substantivos compostos naturalmente

151 Um dos argumentos para a deidade de Cristo é ratificada aqui por um hino (1:15­ 20). Hinos eram entoados para divindades, não para meros mortais. Cf., e.g., R. T. France, "The Worship of Jesus-A Neglected Factor in Christological Debate?" VE 12 (1981) 19-33.

129

Genitivo: adverbial (associação)

emprestam a si mesmo à idéia associada. Também, alguns substantivos e adjetivos já envolvem a idéia lexical de "em associação com" e assim, pode tomar um genitivo de associação sem cuv- prefixado a eles. Este uso tem peso exegético particular nas cartas paulinas, pois ele muitas vezes explicitam algumas ramificações da formula kv Xpiotcã (visto ser dito que os crentes estão em Cristo, por causa de sua conexão orgânica com ele,152 eles agora se associam com ele de muitas e profundas formas).153 d. Ilustração 1)

Exemplos Claros

Mt 23:30

ouk aaúxcôv kolvcouoI kv tu aípaxi xãv tTpo^qtüu154 não teríamos comungado com eles no sangue dos profetas Este é um dos exemplos menos freqüentes envolvendo um substantivo/ adjetivo não prefixado por ocv-.

Rm 8:17

el

õè

T e K v a , K al KÀqpovópoi K Àqpovópoi

pèu

Geoü, o u y K À q p o v ó p o L

Ô€ XpLOTOÜ

mas se somos filhos, [somos] também herdeiros: herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo O primeiro gen. (Geoô) pode ser ou possessivo (Deus deveria então possuir os crentes) ou objetivo (o crente herda a Deus). O segundo gen., porém, segue um substantiv ouv-, e a herança que o próprio se alegre também em pertencer aos crentes por causa da sua associação com ele. Ef 2:19

ecxè c u p iro l i x a i tcâu à y íc a u

sois concidadãos dos santos Ef 5:7

pq oív yívecGe cuppéxoxoi aútúv Portanto, não vos tomeis participantes com eles

Cl 4:10

'ApLOtap/oç ò auuaixpáÂutóç pou Aristarco, prisioneiro comigo

Ap 19:10

Kal cueca epupooGev tcòv iroõcôv aúxou iTpooKuvqaai aúxop. Kal Àéyei p o i, ‘'Opa pq oúuóouÀóç ooú e lp i

E eu cair diante dos pés [do anjo] para adorá-lo. E ele me disse, "Veja não faças isso! Sou servo contigo" A reação do anjo para com a veneração do profeta a ele foi muito dife­ rente da reação de Jesus quando da exclamação de Tomé, "Senhor meu e Deus meu!" (Jo 20:28). Enquanto que o anjo a rejeitou porque ele e

152 E não só sua conexão legal ou forense: cf. especialmente Rom 5 onde ambas as conexões (a forense e orgânica) são feitas. 153 Cf. É muito comum encontrarmos verbos compostos com a preposição ow- seguidos por um dativo no corpus paulinum. 154 aütcôv é omitido em 0 E et pauci.

130

Sintaxe Exegética do Novo Testamento João eram iguais no serviço de Deus, Jesus a aceitou da parte de Tomé.

Cf. também Mt 18:29, 31, 33; At 19:29; Rm 16:3; Fm 24. 2) Exemplos Disputados Fp 3:17

aun|J,Lpr|Tp 93-96 (§§169-78) para uma lista desses verbos. Em lugar de apresentarmos listas e mais listas desses verbos em nossas notas de rodapé, o estudante é aconselhado a consultar BAGD sempre que desejar saber mais sobre certo verbo, desde que o genitivo é facilmente localizado no léxico.

132

Sintaxe Exegética do Novo Testamento d. Ilustrações Porque esta é uma categoria tão ampla, e devido ao uso liberal de um bom léxico facilmente revela este uso, somente uns poucos exemplos serão dados. 1) Sensação

Mc 5:41

Kpcmpaç rfjç x6lPÒÇ t o í ) t t c u ô ío u Aiyei aíiirj, TaÀiBa K oup Tomando a mão da menina, disse: "Talitá cumi!", Há uma nota de temura no gen., contrastado com o acus.: KpaTCG) + acus. Normalmente indica agarrando o todo de ou abraçando completamente (cf. Mt 12:11; 28:9; Mc 7:3; At 3:11), com freqüentes conotações negativas tais como agarrar ou detendo (cf. Mt 14:3; 18:28; Mc 3:21). Por contraste, xparéca + gen. é partitivo, com a implicação usual de um toque gentil (cf. Mt 9:25; Mc 1:31).160

Mc 7:33

ircúoccç pij/ato ifjç yXtáooTiç autoO depois de cuspir, ele tocou a língua dele ènrropou naturalmente toma um genitivo objetivo direto (exclusivamente no NT quando o significado é "tocar"161). A noção partitiva está imbu­ ída na força lexical do verbo. 2) Emoção/Volição

Lc 10:35

éTTi|ieÀr|9r|Ti, aútoü cuide dele

lT im 3 :l

et ziç CTTioKOTTÍjç ópéyeTcci, KaÀoO epyou ètuOupel. Se alguém aspira ao episcopado, boa obra deseja. Nada pode ser feito do gen. com èiuGupéa), pois ele sempre toma um gen. objetivo direto no NT, exceto quando ele é seguido por um infinitivo complementar. (A sua contrapartida no português seria: "ele é desejo de uma boa obra.") ^

3) Compartilhar Hb 12:10

ô õè cttI tò aupcjjépou elç xò pei;aÀa|klv irjç àyi.ÓTT|TOç aúioú Pois eles [nos corrigiam] para o nosso benefício para sermos participan­ tes da sua santidade Este é um exemplo do partitivo objetivo direto. (Falando de forma geral, se um verbo puder tomar um gen. ou acus. objetivo, o acusativo será usado quando o objeto é apreendido como um todo; O genitivo162 será usado quando o objeto é apreendido em parte.163) A participação que os

160 Talvez uma influência das peculiaridades da língua, pois ytíp é freqüentemente um nome genitivo. Assim, Hb 4:14 não se ajusta a esse quadro: o genitivo é usado, embora o conservar firme a confissão seja presumivelmente abraçá-la totalmente (como em Mc 7:3, 8; Cl 2:19; 2 Ts 2:15; Ap 2:13,14 - em todos esses exemplos temos acustivo). 161 O verbo pode também ter o sentido de "iluminar, acender", tomando sempre um acusativo. (cf. Lc 8:16; 11:33; 15:8; At 28:2). 162 Ou, mais freqüentemente no NT, 4 k + genitivo.

Genitivo: depois de certos verbos (objeto direto)

133

crentes podem tem a santidade de Deus não é completa, mas derivada e parcial. O gen. parece ser usado para refletir isto.1M At 9:7

oi ôè Ayôpeç oi ovvoòe-úoineç amLÒ eiarr)Keioay èveoí, CKoiorcfç pèu rfjç crucificando para si mesmos o Filho de Deus

Cf. também 1 Co 4:4; Tg 5:3; talvez Mc 13:9 também. 2)

Vantagem (Commodi)

1 Co 6:13

tà PpcópKta tf] KOtXía a comida é para [o benefício de ] o estômago

2 Co 5:13

cite yàp èÇèatrpev, 9eqA.iKi xaípeiv. Cláudio Lísias, a Félix, potentíssimo presidente, saudações.

1 Co 1:2

xq èKKA.qaía xoü 0eou xrj oilaq 4v KopívGw à igreja de Deus que está em Corinto

Fp 1:1

irâam xolç àYtoiç a todos os santos

25 Em lugar do dativo pupLoonv D* tem iiupíuv ayuav (corrigido para (rupiacm ayicjv em D2), fazendo o Kaí ligar 0eoO com àyyíkwv, e ambos subordinados a ttoàci (chegastes ao Monte Sião e à cidade do Deus vivo e das miríades de santos anjos). 2 Alguns preferem tomar o dativo em saudações como objeto indireto com verbo implícito tal como ypácjjoo (como "Paulo escreve aos Coríntios..."). Um verbo implícito, porém, não é mais necessário nas saudações do NT do que seria hoje. 27 Os dativos de destinatário e de recipiente são semelhantes, embora diferenciem-se em dois aspectos: (1) o destino é tipicamente impessoal enquanto o recipiente, pessoal; e (2) destino ocorre com verbos intransitivos, enquanto recipientes, em construções sem verbos.

Dativo: dativo puro (possessão) 1 Pd 3:15

149

KÚpLOi' ôè xòu Xpioxòv àyiáoaxe kv xaiç Kapôíaiç úpcâv, èxoi|ioi àei npo; àTOÀoyiai' nauxl xq> aíxoOvxt úpâç Àóyou iTepl xrjç kv úpiv èLtTÍõoç antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós.28

Cf. também Rm 1:7; 2 Co 1:1; G11:2; Jd 11.

7.

Dativo de Possessão [pertencente a] a.

Definição O dativo de possessão funciona como um genitivo de possessão sob certas condições. Veja discussão semântica abaixo. O nome dativo possui o nome com o qual se relaciona. Em outras palavras, o dativo de possessão é aquele a que o sujeito do verbo de ligação pertence. Isso ocorre com verbosde ligação como:elpí, yívopat eínrápxto. Ele possui o sujeito de tais verbos. Esse uso não é especialmente comum.

b

Chave para Identificação Em lugar da preposição para, use a expressão 'possuído por' ou ‘pertencente a'. As vezes (especialmente, se o dativo estiver na posição predicativa depois de verbo de ligação), é bom considerar o dativo como tendo o sentido equivalente a um nominativo sujeito e pôr o sujeito real no predicativo (e.g., trate como objeto direto). Por exemplo:

At 8:21

ouk eoxiv ooi peplç oúôè KÀfjpoç kv xcâ Àóyco xoúxu) nem parte nem sorte nesse ministério pertence a ti Essa construção pode ser vertida para: "Não tens parte nem sorte nesse ministério". (O dativo toma-se o sujeito e o sujeito, predicativo — aqui, como objeto direto).

At 2:43

'Eyívexo ôè iráoj) vjtuxt) ópoç, iTolÀá xc xépaxa Kai arpe ia õià xcov caToaxókjúu èyíuexo. E veio temor sobre toda alma, e muitos sinais e prodígios eram feitos pelos apóstolos. A primeira oração poderia ser vertida para: "cada alma tornou-se amedrontada". Mais uma vez, o dativo torna-se o sujeito e o sujeito, predicativo (nesse exemplo, ele torna-se um adjetivo predicativo).

28Talvez seja "defendei-vos de qualquer um". A construção com Trpòç àTTOÂoyíav parece ser o equivalente semântico de um verbo transitivo e, assim, traz implícito um objeto indireto. Para um exemplo similar, cf. 1 Co 9:3.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

150 c.

Semântica

1) Em geral, a diferença entre objeto direto e dativo possessivo tem a ver com o ato (como visto no verbo transitivo) e o estado resultantes (como visto no verbo de ligação). Por exemplo, eòcúKev tò Pifi/uou poi ("Ele me deu o livro") transforma-se em tò fhpÀíov èotí [101 ("o livro é meu "\). 29 2) Nessa conexão, a distinção da força entre genitivo de possessão e dativo de possessão pode ser analisada assim: "O genitivo será usado quando a aquisição for recente ou a ênfase estiver no possuidorf...] e o dativo [será usado] quando o objeto possuído for enfatizado".30 A razão para tal distinção parece estar mais relacionada com o verbo do que com o caso: o dativo de possessão é usado quase que exclusivamente com verbo de ligação e o objeto a ser possuído é tipicamente o sujeito do verbo. Conseqüentemente, visto que um estado e não um ato está em vista, a ênfase naturalmente cai sobre o objeto e qualquer noção de aquisição recente está ausente. d.

Ilustrações

Mt 18:12

T t ú|iiv òokcl; ikv yévritaí xivi áuSpcótru 'tKor.bv tTpópcrax O que pensais vós? Se cem ovelhas [pertencessem] a um certo homem

Lc 1:14

Kal ca ta i yapá ao i Kal àyaXXÍaaiç haverá prazer e alegria para ti (="prazer e alegria serão vossos")

Jo 1:6

ôvopa aútcâ 'Imávvqç O nome [pertecente] a ele era João (= "cujo nome era João")

Rm 7:3

èàv yé arpai àaôpl étépco se for para outro marido (= "se for possuído por outro homem")31

Jo 2:4

Àéyei aútfj ó Iqaoôç, T í èpol Kal ooí, yúvai; Disse-lhe Jesus: "mulher, o que para mim e para ti?"

Esse texto é problemático por várias razões, entre elas a classificação do dativo. A expressão inteira é idiomática e tem sido abordada de várias maneiras, como "Que tenho eu contigo?", "O que temos em comum? Deixe me em paz!".32 Se essa construção for dativo de possessão legítimo, 29 Cf. Dana-Mantey, 85. 30 BDF, 102 (§189). 31 BDF classifica esse texto como uma "exceção" à regra que o dativo possessivo não é usado para aquisição recente (Ibid.). Mas tal não é uma exceção ao padrão estrutural do verbo de ligação + dativo possessivo. Além disso, como afirmamos acima, a razão para o dativo não enfatizar, geralmente, a aquisição recente é a mesma usada com verbos de ligação (muitos dos quais falam de estado, não de ação). O uso do dativo, em Rm 7:3, para aquisição recente deve-se à força léxica de yívogai, não a qualquer confusão dos casos. Winer (264) está correto quando sugere que com eipí a idéia é "pertencer a" e com : '.'Ol- c l , " to r n a n d o -s e a p ro p r ie d a d e d e " .

Dativo: dativo puro (coisa possuída)

151

a idéia é "O que temos em comum?".33 Fora esse texto, ela ocorre em Mc 5:7; Lc 8:28; e com fplv por èpoí, em Mt 8:29; Mc 1:24; Lc 4:34. Cf. também At 8:21; 2 Pd 1:8.

8.

Dativo de Coisa Possuída (uma categoria debatível) [quem possui] a.

Definição

O substantivo dativo denota aquilo que é possuído por alguém (i.e., o nome com o qual o dativo se relaciona). Esse uso é muito raro e, de fato, é debatível se esse caso não passa de um simples dativo. b.

Chave para Identificação

Primeiro, lembre-se de que tal uso dativo é semanticamente oposto ao dativo de possessão. Segundo, lembre-se de que com + dativo, muitas vezes, expressa possessão no português. Terceiro, converta a preposição com na construção quem possui antes do nome dativo. c.

Esta Categoria é Legítima?

Não há exemplos claros no NT com dativo simples, embora kv + dativo, às vezes, ocorra nesse sentido (cf. Mc 1:23; Ef 6:2). Pelo menos, isso ilustra a diferença aspectual entre o simples dativo e o dativo depois de uma preposição. d.

Ilustrações

2 Co 1:15

K al Tautr) tf) ireiTOlOquei èpouÀÓpr|U tipótepou rrpòç úpâç 'úSòcxv E com esta certeza eu desejei ir ter convosco cedo. Outras possibilidades são: esfera, meio, adverbial (modo).

Similarmente, At 28:11.34

32 Cf. BAGD, s.v. èyú; BDF, 156-57 (§299.3). Embora seja, muitas vezes, considerado um semitismo, ele ocorre em todo o grego secular (conforme BAGD, ibid.; Smyth, Greek Grammar, 341 [§1479]). 33 Conforme Smyth, Greek Grammar, 341-42 (§1479-80). 34 Às vezes, 1 Co 4:21; 15:35; Fp 2:6 são oferecidos como exemplos, mas tudo pode ser explanado ao contrário.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

152

9.

Dativo Predicativo a.

Definição

O nome dativo faz uma afirmação sobre outro substantivo dativo, muito parecido com aquilo que um nominativo predicativo faz.35 A diferença, porém, é que com aquele, o verbo de ligação será um particípio (no dativo) em lugar de um verbo finito. Essa categoria é muito rara. b.

Chave para Identificação: veja definição

c.

Clarificação e Importância

Esse tipo de dativo é na realidade um tipo enfático de simples aposição no dativo (enfático devido à presença da forma participial do verbo de liga­ ção). d.

Ilustrações

At 16:21

rplv . . .'PcopaíoLÇ ofiaiv a nós . . . sendo romanos

At 24:24

AponaíAlr) tf) LòCa yuwhkI oíxjt) ’Iouôaía a Drusila, sua mulher, que era uma judia

G14:8

éôouA.6ijaatç tolç ávw é objeto indireto depois de ouCr|xcu [uma construção em que o objeto direto está somente implícito, mas cf. Mc. 9:10,16; Lc 22:231). BAGD nota que bem cedo no sexto século a.C., "o prefixo avv- teve o mais alto grau de consolidação" (s.v. auppaprupéco, 778). 56 Cranfield, Romans (ICC) 1.403 (itálicos originais).

Dativo: dativo instrumental (modo)

161

Em suma, Rm 8:16 fixa-se como um texto em que a segurança da salvação do crente está baseada no testemunho inerente do Espírito. As implicações disto para a soteriologia são profundas: Os dados objetivos tão úteis quanto são não podem em si mesmos prover segurança de salvação. O crente também precisa (e recebe!) um encontro existencial contínuo com o Espírito de Deus a fim de obter esse conforto familiar.57

2.

Dativo de Modo (Dativo Adverbial)58 [com, em (respondendo "Como?")] a.

Definição O dativo denota o modo como a ação verbal é realizada. Similar a muitos advérbios, esse uso responde a questão: "Como"? (e muitas vezes por meio de um "com" ou "em"). O modo pode ser uma ação adjunta, atitude, emoção ou circunstância. Assim, um nome dativo rotineiramente tem qualidade abstrata. Esse uso é relativamente comum,59 sendo suplantado pelo èv + dativo (ou petá + genitivo) no Koinê.

b. Chave para Identificação Coloque com ou em antes do dativo. Outra forma é tentar converter o dativo em um advérbio (e.g., "com ação de graças" toma-se "graciosamente"). Caso isso aconteça, muito provavelmente ele será um dativo de modo. (Note, porém, que nem sempre é possível converter esse dativo em um advérbio). c.

Clarificação A chave real é perguntar inicialmente se o nome dativo responde a questão: "Como"?, e, então perguntar se o dativo define a ação do verbo (dativo de meio) ou acrescenta cor ao verbo (modo). Na sentença: "Gamaliel andou com uma bengala com um brilho no rosto". A expressão "com uma bengala" expressa meio (ou meios), enquanto "com um brilho" expressa modo. Assim, uma das maneiras de distinguir meios de modo é: o dativo de modo tipicamente emprega nome abstrato enquanto que um de meio(s) comumente, nome mais concreto.

57 Talvez o fato mais negligenciado no debate evangélico moderno sobre soteriologia seja o papel do Espírito no processo. 58 Uma subcategoria do dativo de modo é o dativo cognato (discutido abaixo). 59 Se o dativo cognado for incluído. Muitos advérbios no Koinê devem ter começado como um dativo de modo. E.g., eÍKfj, Kpucjjfj, À.á0pçc, ktL, mas considerá-los como verdadeiros dativos seria anacrônico. No entanto, algumas palavras, tais como õrpooííx, continuam oscilando entre as funções adnominais (At 5:18) e adverbiais (cf. At 16:37).

162

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Jo 7:26

TrappT|oía k a k c l ele fala com ousadia (= ousadamente)

1 Co 10:30 el kyéh %ápLti peté/a) Caso se participo [da refeição] com ações de graças (= agradecidamente) Fp 1:18

eíxe -npofyáaci eíxe áÀT|0eía, Xpiaxòç Kaxayyékkcm i Quer por pretexto quer em verdade, Cristo está sendo proclamado

Mc 14:65

ol vmrpéxai. pcnríopaoiv aúxòv l Àapou os guardas o receberam com socos Nesse exemplo um substantivo concreto é usado, mas força ainda é de modo. A violência não era um meio necessário de "dar boas vindas" a Jesus, mas descreve a atitude e as ações que acompanharam a ação.

2 Co 7:4

ínrepTrepi.aacúop.ai xfj Xa P? éitI Tráaq xf| 0Âú|/ei rípcâv60 eu transbordo com alegria em todas as nossas aflições

Cf. também Jo 7:13; At 11:23; 16:37; 1 Co 11:5; Ap 5:12; 18:21.

3.

Dativo de Meio/Instrumento [por, por meio de, com] a.

Definição O nome dativo é usado para indicar o meio ou instrumento por meio do qual a ação verbal é cumprida. Esse é um uso muito comum, que abrange uma das idéias básicas do dativo (ou seja, instrumentalidade).

b. Chave para Identificação Antes do substanivo no dativo, coloque as palavras por meio de, ou simplesmente com. c.

Amplificação O substantivo dativo é tipicamente concreto, diferente de modo, onde o substantivo é comumente abstrato. O nome no dativo é concebido como impessoal. Porém, não precisa ser necessariamente assim. O dativo de meio ainda é distinto do de agência pessoal de duas maneiras: (1) personalidade não está em questão, e (2) meio envolve um agente que o usa (seja declarado ou implícito).

d. Ilustrações Mt 8:16

èCépaüev xà TTveúp.ocxa XóyCii ele expulsa espíritos por [meio de] uma palavra

60 O códice B tem èv antes xfj XaPà-

Dativo: dativo instrumental (agência)

163

Jo 11:2

€K\iáE,aoa

xouç iróõaç oaixoô xaíç 0p lÇlv aúxíjç ele enxugou seus pés com seus cabelos

At 12:2

àveiÀeu õe ’IáKco(lov xòv àôeA.(j)òv 'Icoáwou paxaípn e matou com uma espada,Tiago, irmão de João.

Rm 3:28

À.oyiÇópe9a ôiKmoüoGai tríoxet ávGputToy61 concluímos que uma pessoa é justificada pela fé

G12:8

ô yàp fuepyf|aaç Iléxpq) elç átToaxoÀqv xfjç uepLXopfjçèviípyqoev K al épol elç xà eGvr) Porque aquele que operou através de Pedro para o apostolado da circuncisão também operou através de mim para os gentios Embora Pedro e Paulo sejam pessoas, suas personalidades não estão em questão: ao contrário, eles são apresentados como instrumentos nas mãos de Deus.

Fp4:6

kv xauxl xfj Trpoaeuxf) Kal xfj ôeqaei pexà eij/apioxíaç xà alxrpaxa úptòv ywupiÇéoGu npòç xòv Geóu em tudo, pela oração e súplica com ações de graças, as vossas petições sejam conhecidas diante de Deus.

Cf. também At 12:6; 26:18; 2 Co 1:11; 8:9 (a menos que seja a causa); Hb 11:17; 2 Pd 3:5; Ap 22:14.62

+ 4.

Dativo de Agência [por, através de] a.

Definição O substantivo dativo é usado para indicar o agente pessoal por meio de quem a ação do verbo é cumprida. Esta é uma categoria extremamente rara no NT, assim como o era no grego antigo em geral.

b.

Chave para Identificação, Estrutura e Semântica (1) De acordo com a definição acima, se o dativo for usado para expressar agência, o nome no dativo não deve ser somente pessoal, mas também deve ser agente que pratica a ação. Existem muitas confusões entre estudantes do NT sobre essa categoria. Em geral, fala mais sobre o uso dessa 'categoria' do que de sua legitimação.63

61 Por níorei F G ler õià Tuaxetoç, uma v.l. que, pelo menos, confirma a noção de meios. 62Jo 8:6 (xcâ ôaKtú/lco Kaxkypa^ev) proporciona um exemplo concreto de meios, embora a perícope adulterae quase que certo não seja parte do texto original. 63 Mesmo pelos gramáticos, às vezes. Cf., e.g., Young, Intermediate Greek, 50 (seus exemplos de Rm 8:14 e 1 Tm 3:16 são duvidosos; veja discussão destes textos abaixo); Brooks-Winbery, 45.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

164

Há quatro chaves para identificação do dativo de agência: (a) Lexical: o dativo deve ser pessoal, (b) Contextual: a pessoa especificada pelo dativo é retratada como exercendo volição.64 (c) Gramatical: o único texto claro envolve verbo passivo perfeito,65 como na expressão idiomática clássica.66 (d) Lingüística: uma boa regra geral para distinguir entre o agente e meio é simplesmente: o agente de um verbo na passiva pode se tomar o sujeito ativo de um verbo, enquanto o meio normalmente não.67 (2) Quando o dativo expressa a idéia de meios, o instrumento é usado por um agente. Quando agente é indicado, ele será usado como o que pratica uma ação diretamente ou como o que usa um instrumento. Assim, um dativo de meio(s) pode ser (e freqüentemente é) usado com pessoas, embora sejam concebidas como seres impessoais (i.e., usado como instrumento por outro alguém). Por exemplo, na sentença: "Deus me disciplinou por meio de meus pais", "Deus" é o agente que usa os "pais" como o meio pelo qual ele realizou algo. Os pais são, naturalmente, pessoas! Mas eles são concebidos como impessoal no sentido que o foco não está em suas personalidades, mas na instrumentalidade deles usados por um agente. c.

Como no NT Expressa Agência A partir da nomeação do agente como o sujeito, há dois modos comuns para expressar agência no NT: úiró + genitivo é usado para o agente último; õitó + genitivo é usado para o agente intermediário. Por exemplo, em Mt 1:22 lemos que "Tudo isto aconteceu para que o que foi falado pelo Senhor (irrrò Kupíou) através do profeta (òia toú TTpoíjirpoi)) se cumprisse". O Senhor é o agente último, embora ele comunique sua mensagem através do profeta.68 Em suma, tal classificação é importante porque quando alguém ver um dativo usado com pessoa e algum tipo de instrumentalidade estiver implícito, ele deve procurar descobrir o agente que usa o instrumento (pessoal).

64 Lembre que em G1 2:8 (notado acima no "Dativo de Meios") Pedro e Paulo são tratados como instrumentos nas mãos de Deus; a vontade deles está sob consideração. 65 BDF (102 [§191]) pode ser muito pessimista ao ver Lc 23:15 como o "exemplo genuíno" solitário no NT. 66 Veja Smyth, Greek Grammar, 343-44 (§1488-94), para uma discussão prolongada. Smyth oferece a perspectiva que "a restrição usual do dativo para os tempos da ação completa parece ocorrer devido ao fato de que se representa o agente colocando-o na posição de ver a ação já completada à luz de sua relação consigo..." (ibid., 343-44 [§1489]). 67 Veja T. Givón, Syntax, 139, n. 7 (§ 5.3): "Pelo que conheço, não existe nenhum caso claro de instrumento ou modo que se tome sujeito de orações simples/ativa". Cf. também § 5.3.4 (142) e § 5.3.5 (143). Mas Givón dá exemplos que parecem contradizê-lo, tais como: "O martelo quebrou a janela" que ao ser convertido em passiva fica: "A janela foi quebrada pelo martelo" (143). 68 A questão de agência com preposições será desenvolvida plenamente nos capítulos sobre preposições e voz do verbo.

Dativo: dativo instrumental (agência)

165

d. Ilustrações 1) Exemplos Claros Lc 23:15

ueTTpaY|j.évov atkc? 69 por ele Como sempre é aparentemente o caso no NT, os únicos exemplos claros envolvem verbo perfeito passivo.

oòôèu ã^ iou Bavcruou e o ú v

n a d a d ig n o d e m o rte foi feito

Tg 3:7

nãou yàp (Jiúoiç 9r)pítúv . . . ôeôápccatai tf) (jmaei -cf) àvôpwTTÍvrj p o rq u e to d o tip o d e feras . . . sã o d o m a d a s pela humanidade

Cf. também Jo 18:15; Rm 14:18;70 2 Pd 2:19 (se w-1 for pessoal) para outros textos possíveis. 2) Exemplos Debatíveis Jd 1

tolç

kv 0€(Á> iTccipl

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Tijoou XpioTG)TexqpripéuoLç

K/LT]TOLÇ71

ao chamados, amados por Deus Pai, e guardados por Jesus Cristo Provavelmente é melhor considerar Trjoou X p L O iQ como dativo de vantagem ("guardados por Jesus Cristo"). Mas se for agência, ele se encaixa no padrão de um dativo depois de perfeito passivo. 1 Tm 3:16

G15:16

w0r| àyyk\c>\.ç v isto por anjos Este texto (assim como outros com w(f)0r| e verbos semelhantes) podem ser interpretados variadamente: ou "ele apareceu a anjos" ou "visto por anjos". Se o primeiro, o dativo seria recipiente (e o verbo na passiva poderia ser percebido como meramente intransitivo).72 Se o último, o dativo não se encaixaria no perfil de dativo claramente definível de agência, ou contextualmente (nenhuma volição é requerida no ato de ver) ou gramaticalmente (o verbo é aoristo, não perfeito). TrveúpatL iT ep m atelxe K al ém O upLav aapKÒç on pr) içÀéaryue a n d a i pelo Espírito e n ã o satisfarei os d esejo s d a carn e Tomar TT^eúpaiL como um dativo de agência é uma visão popular entre os comentaristas,73 mas há dois problemas básicos com isso: (1) Este uso é muito raro no NT (a menos que, naturalmente, aceitemos que TTVcijpaTL em muitas ocasiões tenha o mesmo sentido pretendido aqui!); (2) Tveúpocu não ocorre com verbo passivo, com exceção de um só perfeito

69 A adição de kv antes de não considerou o ser igual a Deus como algo a ser agarrado

1 Tm 4:15

Iv a aou f) upoKOiTT] (j)avepà rj uâaiv a fim de que o teu progresso seja manifesto a todos

91 Cf. Robertson. Short Grammar, 240.

Dativo: depois de certas palavras (preposições) Ap 2:18

175

ó ulòç toÍ) 9eoü . . . oi uóôeç aútou opoiot xa^K0^LP«v(4> o Filho de Deus . . . seus pés são semelhantes ao bronze polido

Cf. também Mt 20:12; Jo 18:15; At 7:13; 26:19; Tt 2:11.

4.

Dativo Depois de Certas Preposições a.

Definição e Chave para Identificação Certas preposições tomam o dativo depois de si. Veja o capítulo sobre as preposições para discussão. Para revisar quais preposições tomam dativo, cf. e.g., Mounce, Basics of Biblical Greek, 55-62.

b. Importância Quando um dativo for seguido por uma preposição, não tente identificar a função do dativo somente pelo uso do caso. Pelo contrário, consulte BAGD para o uso específico desse caso com essa preposição. Embora muitos dos usos dos casos justaponham-se a outros usos preposicionais + dativo (especialmente com kv + dativo), os paralelos são inexatos. Além disso, onde houver uso justaposto, não haverá geralmente justaposição de freqüência da ocorrência (e.g., embora tanto o dativo puro quanto kv + dativo sejam usados para expressar esfera, a freqüência do uso preposicionado é muito mais alta).92

92 Para uma discussão mais detalhada das diferenças entre caso simples e preposição + usos do caso, veja o capítulo sobre as preposições.

O Caso Acusativo Panorama dos Usos do Acusativo Usos Substantivais do Acusativo................................................................................. 179 1.

Acusativo Direto Objeto...................................................................................179

2.

Acusativo Duplo.............................................................................................. 181 a. Pessoa-Coisa.......................................................................................... 181 b. Objeto-Complemento.......................................................................... 182

3.

Acusativo Cognato (Acusativo de Objeto Inerente).................................. 189

4.

Acusativo Predicativo.......................................................................................190

5.

Acusativo Sujeito do Infinitivo.......................................................................192

6.

Acusativo de Objeto Retido........................................................................... 197

7.

Acusativo Pendente (Accusativum Pendens)................................................ 198

8.

Acusativo em Simples Aposição.....................................................................198

Usos Adverbiais do Acusativo...................................................................................... 199 1.

Acusativo Adverbial (Acusativo de Modo).................................................200

2.

Acusativo de Medida (ou Extensão de Tempo/Espaço).............................201

3.

Acusativo de Respeito ou de Referência.......................................................203

4.

Acusativo em Juramentos................................................................................204

Acusativo depois de Certas Preposições..................................................................... 205

Bibliografia Selecionada BDF, 82-89 (§148-61); Brooks-Winbery, 45-59; E. Crespo, "The Semantic and Syntactic Functions of the Accusative," In the Footsteps ofRaphael Kühner, ed. A. Rijksbaron, H. A. Mulder, G. C. Wakker (Amsterdam: J. C. Gieben, 1986) 99-120; Dana-Mantey, 91-95 (§96); A. C. Moorhouse, "The Role of the Accusative Case," In the Footsteps of Raphael Kühner, 209-18; Moule, Idiom Book, 32-37; Porter, Idioms, 88-92; Robertson, Grammar, 466-91; Smyth, Greek Grammar, 353-64 (§1551-1633); Turner, Syntax, 220­ 21, 244-48; Young, lntermediate Greek, 16-22; Zerwick, Biblical Greek, 23-26 (§66-74).

176

177

Acusativo: introdução

Introdução 1. O Acusativo no Grego Clássico No grego clássico, o acusativo era empregado como "o caso oblíquo por exce­ lência"1. Esse uso deve-se a duas razões: (1) sem dúvida, foi o caso oblíquo mais utilizado (até mesmo mais que o genitivo e o dativo);2 e (2) como o menos es­ pecífico dentre tais casos oblíquos, seu uso abrangia uma gama de circuns­ tâncias. Dada essa utilização, ele merece o apelido de o caso "sem marca" ou o o caso oblíquo. Assim, outro caso só seria utilizado se houvesse alguma exi­ gência muito grande para tal.

2. O Acusativo no N T grego Ainda que os gramáticos do NT grego pressupusessem a mesma situação para esse corpus,3 as estatísticas mostram uma história bem diferente. Diferente do clássico, no NT grego o nominativo é o caso mais usado (31% das formas de casos) que o acusativo (29%). Além disso, no grego clássico, o acusativo geral­ mente excede em número ao genitivo e ao dativo juntos. Mas no NT, embora haja mais acusativos que genitivos (25%) ou dativos (15%), a combinação dois casos (40%) é superior ao uso do acusativo. Qual a explicação para essas diferenças? Vários fatores parecem estar envolvidos. (1) muitos dos corolários da língua naturalmente começaram a ser retirados à medida que o grego clássico abria caminho para a supremacia do koinê, tornando-se esta a língua do comércio para muitos estrangeiros. Assim, por exemplo, embora mais abundante no grego clássico,4 os seguintes acusativos são raros ou inexistentes no NT grego:5 o de endereço, o pendente, o de exclamação, o usado em introduções, o apositivo ou o absoluto; (2) de acordo com o espírito helenístico pela busca de clareza, as preposições tomaram um papel decididamente mais proeminente no NT grego, i.e., onde um simples caso (em particular o acusativo) teria sido usado em tempos remotos passou-se a usar a preposição. Muitas destas tomaram um outro caso que não fosse o acusativo. (3) a grande ocorrência do genitivo foi, aparentemente, gerada, em parte, pela influência semítica (e.g., o genitivo "hebraico" ou atributivo).

1 Moorhouse, "The Role of the Accusative Case", 209. 2 Moorhouse (ibid., 211) observe que em "exemplos tirados de oito autores, varian­ do em tempo de Homero para Demóstenes, o número de acusativos excede até mesmo o de nominativos sem exceção; e pelo uso do caso oblíquo em si, os acusativos exce­ dem em número os genitivos e os dativos juntos com apenas uma exceção (em Tucídides)." Nossas comparações no parágrafo seguinte são baseadas nesse exemplo representativo. 3 Cf., e.g., Robertson, Grammar, 466-67; Porter, Idioms, 88. 4 Ver Moorhouse, "The Role of the Accusative Case", 212-17, para ver exemplos. 5 Esses usos são o ponto-pé inicial que incitou os gramáticos clássicos a considera­ rem o acusativo como um caso sem marca (também são conhecidos como acusativos independentes).

178

3.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Definição Geral Em suma, embora o acusativo pudesse, com justificativa, ser considerado o caso padrão no grego clássico, é necessário ainda definir seu papel no NT grego. É verdade que ele não possuía uma marca, pelo que seu uso como objeto direto confirma. No entanto, para seus outros usos, havia uma ênfase semântica maior, por isso não se pode simplesmente chamá-lo de caso indefinido. Pelo contrário, despertaríamos menos debates se o descrevêssemos como o caso da extensão ou delimitação. "O acusativo mede uma idéia com relação ao seu conteúdo, escopo, direção".6 Ele é, antes de tudo, usado para limitar a ação de um verbo quanto à extensão, direção ou alvo. Logo, ele freqüentemente respon­ de a questões como "Qual é a distância?"7 Em muitos aspectos, isso fluirá como uma idéia indefinida.8 A força precisa do acusativo é determinada pelo seu lexema e pela força do verbo.9

4.

Relação com Outros Casos Oblíquos Semelhante ao genitivo, no sentido em que ambos têm como parte da sua idéia básica a limitação, o acusativo limita transmitindo a idéia de quantidade, enquanto o genitivo, qualidade. Quanto ao dativo, o acusativo compartilha a primazia da relação com o verbo, antes de qualquer outro uso. Contudo, enquanto o dativo preocupa-se com a relação, situação ou cumprimento da ação do verbo, o acusativo está preocupado com a extensão e o escopo da ação do verbo.

6 Robertson, Grammar, 468. Isso não abrange todos os usos. Robertson nos lembra que Brugmann e Delbrück há muito tempo atrás "se desesperaram na busca por uma única idéia unificada" (Grammar, 467). Com respeito, em grande parte aos anteceden­ tes históricos formadores do Koinê (no geral e ao do NT em particular), podemos ape­ nas descrever os vários usos do acusativo sem atentar englobá-lo em uma unidade conceituai. Assim, a noção de extensão funciona bem com a maioria dos usos do acusativo, mas certamente nem todos. Em particular, os usos adverbiais do acusativo envolvem muitas exceções à noção de extensão. 7 Conforme Robertson, Grammar, 215-16. 8 Digamos ser esse o mais próximo ao significado não-afetado, ainda que haja aqui muitas exceções. 9 Crespo, "As Funções Semânticas e Sintáticas do Acusativo", 100-101. Há algumas exceções para isso, observando que, dependendo do tipo de verbo usado, o acusativo pode ser muito mais definido que o genitivo ou dativo. Ele parece sugerir que a nuança do objeto sintático é o significado não-afetado para o caso acusativo (115). Mas, desde que seus estudos se restringiram ao grego homérico e à realidade sincrônica do pri­ meiro século A.C., isso nos previne em tomar o mesmo caminho.

Acusativo: substantivo (objetivo direto)

179

Q u adro 14 F req ü ên cia d e C asos no N ov o T estam ento G reg ow

Usos Específicos As categorias do acusativo agrupam-se geralmente em tomo das seguintes classes gramaticais: substantivo, advérbio e regido por certas preposições. Essa é uma dica nem sempre explícita, embora seja útil.

Uso Substantivo do Acusativo 1. Acusativo Objetivo Direto a.

Definição Nesse uso, o acusativo indica o objeto imediato da ação de um verbo transitivo [direto], ou seja, ele recebe a ação verbal limitando a mesma a ação verbal. Além de tão comum, esse uso é também freqüente. Portanto, ao se encontrar um substantivo no acusativo, deve-se pensar em objeto direto e ao se pensar em objeto, deve-se lembrar, quase sempre, de acusativo.

b. Chave para Identificação: veja definição c.

Clarificação e Importância Em primeiro lugar, perceba a relação do acusativo com o verbo transitivo.11 Este é usado na voz ativa. E possível, também, que alguns verbos estejam

10 A estatística quanto às formas do acusativo é a seguinte: 8815 substantivos, 5009 pronomes, 5889 artigos, 957 particípios, 2435 adjetivos (totalizando 23.105). 11 Nem todos os verbos são consistentemente transitivos ou intransitivos. Nem sem­ pre os verbos transitivos têm um objeto direto explícito. Serão abordados outros aspec­ tos a respeito dos tipos de verbos no capítulo sobre vozes do verbo.

180

Sintaxe Exegética do Novo Testamento na voz média ou até mesmo na passiva (esse será um exemplo de verbo depoente) tomando um objeto direto (=O.D.). Segundo, além do acusativo, outros casos também funcionam como O.D. (alguns verbos tomam o genitivo ou o dativo como seu complemento verbal). Essa variação quanto ao caso que representa o O.D. é de suma importância exegética (Note quando um outro caso que não o acusativo for usado e não esqueça: o acusativo é o caso sem marca quando funciona como objeto direto). d. Ilustrações

Mt 5:46

èàv áyainíor|xe tovç áyaTrcôvTaç úpâç se amardes os que vos amam Assim como úpâç é objeto direto do particípio áya-câvxaç, àyamâvxaç é objeto direto do verbo finito: àyairriarixe.

Mc 2:17

ouk fjÀGov KKÀfoai ôucaíouç àXXà ápapxcjXoóç Eu não vim chamar justos, mas pecadores

Jo 3:16

fiyáirr|oev ó Geòç xòv KÓopov Deus amou o mundo

At 10:14

ttjayov nâv koivòv Ktu axáGaprov Jamais comi coisa alguma comum ou imunda

oiiô fTTc n c

At 14:24

ÕLeÀGóvxeç xr\v rhoiõíav Atravessando a Pisídia E possível, ocasionalmente, transformar um verbo intransitivo (como epxopai) em um transitivo, utilizando uma preposição (tal como ôiá, torna-se ÕLépxopai).12

Ef 2:7

'iva èvõcíipycai. . . tò òireppáMov nAoüxoç xt)ç xápLxoc autofi13 a fim de mostrar ... a suprema riqueza de sua graça

Tg 2:6

í)|ieiç õc f|xt|j.áaai6 xòv trxwxóv Mas vós menosprezastes o pobre

Rm 8:28

xoiç àyccrrGknv xòv Geòv irávxa auvepyel [ò Geòç] elçàyaGóv14 Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (literalmente se lê: "Deus faz todas as coisas cooperarem para o bem daqueles que amam a Deus".) E difícil, às vezes, dizer se uma determinada sentença tem um objeto direto. Nesse exemplo, essa dúvida é gerada por motivos textuais e sintáticos relacionados ao verbo, ovvepyéw é um dos verbos que tem uso transitivo e intransitivo. Se ó Qcóç for original, o verbo é transiti­ vo (e mvxa é acusativo objetivo direto). Uma vez que ò Gtóç é uma expressão textualmente duvidosa,15 é melhor a leitura onde o mesmo é omitido. Isso nos deixa com duas traduções possíveis: (1) "ele faz to­

12 Veja BDF, 83-84 (§150). BAGD chama-o de acusativo de lugar (s.v. ói.épxopai). 13 xòv ínTcppáAAovia ttXoüxov é encontrado em D1 E K L P Y Byz. 14 çp46 (-em 0 singular mv para Ttávxa. 15 ó Gfóç é encontrado em T46 A B 81 et pauci que, embora MSS formidáveis, são contra­ ditos por X C D F G 33 1739 e muitas outras testemunhas em uma região abrangente. Além disso, uma leitura maior poderia facilmente ser motivada pela tendência dos escribas por clareza.

Acusativo: substantivo (duplo acusativo)

181

das as coisas cooperarem para o bem" ou (2) "todas as coisas coope­ ram para o bem". No primeiro exemplo o sujeito está implícito no ver­ bo e "Deus" é subentendido, pelo menos contextualmente, como o res­ ponsável pelo mesmo (como em v. 29). No segundo exemplo, návia é tomado como o sujeito de um verbo intransitivo.16 Em ambos os ca­ sos, "é expressa verdadeira e bíblica confiança na soberania de Deus".17 E difícil analisar um verso como esse sem destacar dois outros itens: (1) o bem que é realizado é especificamente para os crentes; e (2) o bem se conecta com a conformidade de Cristo através do sofrimento (vv. 17-30). Dizer que (como é dito, com freqüência, até mesmo em círculos não-cristãos): "Tudo cooperará juntamente para o bem", como se as coisas agissem por si mesmas e o bem fosse o bem-estar humano, é algo, dificilmente, paulino ou mesmo bíblico. Essa cosmovisão foi corretamente ridicularizada por C. H. Dodd como o "otimismo revolucionário".

2.

Duplo Acusativo Há dois tipos de construção com duplo acusativo - i.e., construções em que um verbo toma dois acusativos. Como cada um possui carga semântica dife­ rente, é importante distinguir um do outro. a.

Duplo Acusativo de Pessoa e Coisa 1) Definição Certos verbos tomam dois objetos (um é uma pessoa [=p] e outro é a coisa [=c]). Como distingui-los? (1) O primeiro acusativo é a coisa; o segundo, a pessoa.18 (2) a pessoa é o objeto afetado, enquanto a coisa é o objeto efetuado. Esse uso é comum. 2) Amplificação e ilustrações Era de se esperar que o acusativo de pessoa seguisse a um dativo e não outro acusativo. Assim, "eu te ensino grego" significa também "eu ensino grego a você."19 No grego, porém, certos verbos tomam dois acusativos, e não um dativo de pessoa e um acusativo de coisa. Em muitos exemplos a pessoa recebe a coisa, assim como acontece com o dativo objetivo indireto que recebe um objeto direto (onde a pessoa é considerada o objeto mais remoto). O verbo usado com duplo acusativo

16 Isso é possível, é claro, porque sujeitos neutros no plural regularmente tomam verbos no singular. Para uma discussão do problema e apresentação de outras opiniões, cf. BAGD, s.v. ouvcpycu; Cranfield, Romans (ICC) 1.425-29. 17 Cranfield, Romans (ICC) 1.427. 18 Cf. Moule, Idiom Book, 33; Winer-Moulton, 284-85. 19 Ao mesmo tempo, pode haver uma diferença real entre estes dois. Smyth sugere que "Quando o dativo de pessoa é usado, alguma coisa é feita por..., não para ele..." (Greek Grammar, 363 [§1624]).

182

Sintaxe Exegética do Novo Testamento (ou de pessoa-coisa) subdivide-se, em peios menos, quatro categorias lexicais básicas. a) Os verbos ensinar e lembrar

Jo 14:26

eKelvoç úpâç òiôáçe-i irávua Ele vos [p] ensinará todas as

1 Co 4:17

coisas [c]

oç úpâç àva\xvr\aei iàç óõoúç pou O qual vos [p] lembrará os meus caminhos [c] b) Os verbos vestir e ungir

Mt 27:31

èíjéõuoav ocútòv rf|v xAnpúõa Kai èvrõuoav edrcàv xà Lprma aòioô Eles o [p] despiram de suas roupas [c] e vestiram suas próprias vestes [c] nele [p]

Hb 1:9

cxpLoév oe. . . êlaiov ele te [p] ungiu... com óleo [c] c) Os verbos inquirir e pedir

Mt 21:24

ép(i)Tr|0(j) úpâç Kavw hóyov eva Eu também te \p\ perguntarei uma coisa \cj

Mc 6:22

aliipóv pe ô kav 0éÀr)ç Pede-me [p] o que [c] queres d) Outros verbos com idéias causativas

yáltt úpâç ètrónoa

1 Co 3:2

Eu vos [p] dei leite [c] para beber Lc 11:46

b.

cfioptíCete t o u ç ávGpúnouç (t>opiia Sobrecarregais os homens [p] com fardos [c] Duplo Acusativo de Objeto-Complemento20 1)

Definição Essa é uma construção onde o primeiro acusativo é o objeto direto do verbo finito, enquanto o segundo (seja substantivo, adjetivo, particípio ou infinitivo) é o complemento do primeiro acusativo (M.T., parecido com um complemento nominal). O complemento será de natureza substantiva ou adjetiva. 21 Além de ser um uso comum do acusativo, ele só ocorre em certos contextos.

20 Para um estudo mais aprofundado, veja D. B. Wallace, "The Semantics and Exegetical Significance of the Object-Complement Construction in the New Testament," GTJ 6 (1985) 91-112. Essa seção resume os pontos salientes daquele artigo. 21 A palavra usada como objeto pode ser um substantivo, pronome, particípio, adjetivo ou infinitivo.

Acusativo: substantivo (duplo acusativo)

183

Com semelhante particularidade, a primeira parte dessa construção deveria ser chamada de "objeto da construção objeto-complemento"; e a segunda parte, "complemento da construção objeto-complemento", ou simplesmente "o complemento de um objeto". 22 2) Dicas estruturais e semânticas Esse uso é exegeticamente importante em muitos textos. Portanto, é necessário saber identificá-lo e interpretá-lo. Não há chave para identificação, entretanto vários aspectos da construção devem ser notados: a) O objeto direto que geralmente combina com o verbo formando uma nova idéia possui outro acusativo como objeto (ou complemento).23 b) Similar ao duplo acusativo de pessoa-coisa, o acusativo de objetocomplemento tem nuanças lexicais. Isto é, ele se relaciona, lexicalmente falando, com um tipo particular de verbo.24 Todavia, não significa que todo verbo que se enquadra nessa construção deve ser classificado assim.25 Criaríamos problemas especiais na exegese, se assim fosse, pois, não raramente uma questão textual crucial é decidida com bases na seguinte escolha: estamos diante de um acusativo aposicional ou objeto-complemento 26

22 Observe que a ausência do hífen indica o acusativo. O hífen (objeto-complemento) refere-se à construção completa. Isso ocorre por causa das distinções derivadas da semântica envolvida nessa construção. Assim, os acusativos objeto direto e predicado, respectivamente, não são específicos o bastante, desde que tais características não podem ser aplicados a outras categorias do acusativo. Para terminologia usada por outras gramáticas, veja Wallace, "Object-Complement Construction", 93. 23 Conforme W. W. Goodwin, Greek Grammar, rev. por y C. B. Gulick (Boston: Ginn & Co., 1930) 227. 24 Ente os verbos no NT que podem tomar objeto-complementos, citamos: àyiáQio, ctyco, aiTÉQ, àvaipé(|)co, àiroõeLKinjpi, ám)lÚG), doToaTéllo), yeúopai, yLvexjKO), õcxopoci., ÔLÔGqn, õokcw, èyeipcú, èicflálla), éidéyü), évÔ€iKvu|ii., èiriõcÍKVupi, CTiKaÀco), eèpíOKU, ’éxw> TiyéopaL, 0(1.0), 0€O)péo>, ixavóo), 'íorr|pL, KaGíaTTpi, Kaléo), KT|púooo), Kpívw, lapfSávo), léyo), loyí(opca, vopíÇa) (contra BDF, 86 [§157] and Robertson, Grammar, 480; cf. 1 Co 7:26; 1 Tm 6:5), olôa, ôpoloyéo), òvopá(o), ôpáo), irapalap(3ávco, irapéxu, irapíatripi., ircíGco, ircpiáyo), iucjtcÚo), iroiéo), irpoopí(o), Trpoo(j)épo), irpoiíGripi., irpoxei.píÇo), auvírpi,, owíoxripi (ouviatávco), tíGripi, WTOKpívopai., únovoéo), úvjróco, (jiáoKU, xp^patíCo). Para uma lista mais completa, veja Wallace, "Object-Complement Construction", 96, n. 23. 25 Veja E. V. N. Goetchius, The Language of the New Testament (New York: Charles Scribner's Sons, 1965) 141. Alguns verbos no NT, entretanto, regular ou quase exclusivamente tomam objetos-complementos (e.g., fiyéopai, óvop,á(w, 4>áaK0)). 26 Textos para debates, cf. Mt 27:32; At 11:20; 13:6, 23; Rm 10:9; 13:14; Fp 3:18; Cl 2:6; 1 Pd 3:15; Ap 13:17.

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Sintaxe Exegética do Novo Testamento c) Essa construção é marcada pela presença de elç ou còç antes do com­ plemento, ou eivai27 entre os dois acusativos. Assim, em 1 Co 4:1, Paulo diz, "importa que as pessoas nos considerem como servos de Cristo" (fpâç Àoyi(éo0G> avGpcoiroç a>ç úirnpétaç Xpioioü).28 Ainda que faltem esses elementos, deve-se normalmente traduzir a construção usando uma das seguintes expressões entre os dois acusativos: "como", "ser", ou "a saber". d) Freqüentemente, o complemento é um adjetivo. Quando esse for o caso, ele é sempre um adjetivo predicativo. O objeto é, nesses casos, usualmente articular. 3) Identificação e Semântica dos Componentes a) Identificação dos Componentes A identificação dos componentes na construção nem sempre é dada. Embora o objeto normalmente venha primeiro, cerca de vinte porcento dos exemplos invertem essa ordem. (Por exemplo, Paulo diz em Fp. 3:17: "vocês nos têm como um modelo" [?x6t€ tÚttov ripac].) É fácil determinar, pois a construção objeto-complemento é se­ manticamente equivalente à construção nominativa sujeito-predicativo.29 Isso acontece devido à natureza implícita da claúsula nominativa sujeito-predicativo.30 Assim, os princípios usados para distinguir o sujeito do predicativo podem igualmente ser usados aqui.31 Espe­ cificamente: • Se um dos dois for um pronome, ele será o objeto; • Se um dos dois for um nome próprio, ele será o objeto; • Se um dos dois for articular, ele será o objeto.32

27 Quando o infinitivo está presente, é igualmente possível chamar um acusativo de sujeito do infinitivo e o outro, um acusativo predicativo. Para uma discussão da se­ mântica de tais construções, veja "Sujeito de Infinitivo" e "Acusativo Predicativo." 28 Deve-se observar, entretanto, que nem todo exemplo de wç ou fie com um se­ gundo acusativo indica uma construção objeto-complemento (cf., e.g., Mt 9:38; Rm 6:22; 2 Jo 10). 29 Para provar, veja Wallace, "Object-Complement Construction," 101-3. 30 Há uma diferença significativa entre construções NS-NP e objeto-complemento. Enquanto no primeiro, a equação geralmente indica um estado ou classe, no último o relacionamento é freqüentemente uma relação de progresso em direção a um estado. Compreendamos isso não é como quaisquer diferenças inatas nas respectivas construções, mas ao controle do verbo. Assim, com os verbos fazer, enviar, apresentar etc., o objeto torna-se o complemento (e.g., èiToír|cev' tò uôwp olvov em Jo 4:46). 31 Veja o capítulo sobre o caso nominativo e o nominativo predicativo, para mais detalhes. 32 A hierarquia entre estes elementos parece ser a mesma da construção NS-NP: pronomes têm prioridade, seguidos por, aparentemente, nomes próprios, então substantivos articulares. Cf. At 5:42 para um exemplo em que o nome próprio é a segunda colocação, ainda que o substantivo articular seja o complemento.

Acusativo: substantivo (duplo acusativo)

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b) Semântica dos Componentes Em geral, diferente da identificação, a semântica do componente é guiada pela ordem das palavras. Variando entre as categorias definido-qualitativa ou indefinido-qualitativa, o objeto [=obj] normal­ mente entrará na primeira categoria, enquanto o complemento [=comp] na segunda.33 Assim, por exemplo, Mc 10:45 fala que o Fi­ lho do Homem veio "dar sua vida como [um] resgate" (ôoGvoa xf)v (j/uCTv aÚToíi Àvrpoi' àvxi itoA./U2v). Em At. 28:6, Paulo é aclamado como se fose "um deus" (kkcyov ccijtòv eivai 9eóv). Quando, porém, a ordem dos elementos for inversa, o complemento pertencerá à categoria definido-qualitativa.34 Sem dúvida, isso é fruto da primazia quanto à localização na oração. Quanto mais próximo do início da frase, mais específico ele será.

A Semântica da Construção Objeto-Complemento 4) Ilustrações Os principais verbos usados nessa construção são agrupados assim: a) Grupo I: chamar, nomear econfessar Mt 22:43

Aauiô kv irveúpoai Kalcl auxòv «úpiov35 Davi em espírito chama-o [obj] Senhor [comp]

Jo 5:18

iratépa tòiov eleycv xòv Geóv Ele estava chamando Deus [obj] seu próprio Pai [comp] Esse texto ilustra um conjunto de questões semânticas. O complemento

33 Muitos complementos são de fato adjetivos predicativos (cf. At 5:10; 16:15; Tg 2:5), mas até mesmo os substantivos parecem dotados da natureza indefinido-qualitativa. Cf. Jo 4:46; At 24:5; Rm 6:13, 19; Fp 3:7; Hb 1:7; 1 Jo 4:10, 14. 34 Isso é análogo às construções NS-NP, mas há muitas exceções em relação à cons­ trução acusativa. Para mais discussões, veja Wallace, "Object-Complement Construction", 106-8. 35 A construção objeto-complemento tem um número de variantes tais como: Kodcl KÚpioe aúxóv em xL Z 892; KÚpiov aúxòv Kató. em W E F G H K F A 0102 (0161) f 1’ 13 Byz.

186

Sintaxe Exegética do Novo Testamento vem primeiro e é anarthro. O objeto, em segundo lugar é articular. Aplicam-se aqui as mesmas regras para distinguir o sujeito do predicativo. Caso seguirmos apenas a ordem das palavras, teríamos: "ele estava chamando de seu próprio pai Deus!". Além disso, o complemento, por causa da ênfase, é direcionado para o início da claúsula tornado-o definido. Se ocupasse a segunda colocação, seu sentido seria mais indefinido-qualitativo ("chamando Deus de seu pai?''). Afim de esclarecer essa confusão, o evangelista poderia ter usado o artigo, mas outro problema surgiria: como distinguir o objeto do complemento? As palavras de Cristo formam aqui uma declaração teológica concisa.

Jo. 15: 15

oikéti Àéyw òpâç ôoúÀouç Não mais vos [obj] chamo servos [comp] b) Grupo II: os verbos fazer (incluindo no sentido de designar ou mudar a natureza)

M t4:19

iranjaM òpâç òAiclç àvGpúmov36 Eu vos [obj] farei pescadores [comp] de homens

Jo4:46

èrroíqoçv tò Yôwp olvov ele transformou a água [obj] [em] vinho [comp]

Jo 5:11

ò TTOif|aaç pe iiyifj Aquele que me [obj] que fez bem [comp] c) Grupo III: os verbos enviar e expelir

1 Jo 4:14

Tratfip àxéaxalKei' xòv uíòv ocotíjpa o Pai enviou o Filho [obj] como Salvador [comp]

Lc 6:22

òxav . . . ÍKfSá/.waLV tò ovopa úpwv wç TTOvt)póv Quando . . . expulsarem vosso nome [obj] como mal [comp] d) Grupo IV: os verbos considerar e reputar

Fp 3:7

totôta farpai. . . Çrpíav considerei estas coisas [obj] [como] perda [comp]

R m 6 :ll

ÀoyíÇeoBe èautouç eivai veicpoiiç tíj ápaptía Considerai- vos a vós mesmos [obj] como mortos [comp] para o pecado

Fp 2:6

oç éu popx ápiraypòv f)yf|oato tò etvai loa Oecô o qual, embora existindo em forma de Deus, não considerou o [estado de] ser [obj] Neste texto o infinitivo é o objeto e o termo anarthro, ãpTraypóv, é o complemento.37 A razão mais natural para o artigo com o infinitivo simplesmente é marcá-lo como o objeto.38

X D 33 et alii adiciona yevcoGoa antes de àiUeíç. 37 Isso acompanha o idioma grego, ãpiraypòv ti T)yeloeaL.

Acusativo: substantivo (duplo acusativo)

187

e) Grupo V: os verbos ter e tomar Mc 12:23

ol yàp eiruà kayov aòtriv yuvaiKa porque os sete [irmãos] a [obj] possuíram como esposa [comp]

Tg 5:10

ínróôeiypa Âápeic . . . touç upo^piaç como exemplo [comp] tom ai. . . os profetas [obj] f) Grupo VI: os verbos declarar e apresentar

Rm 3:25

ov npoéGexo ó 9eòç 'lAaoTrjpiov' o qual [obj] Deus o entregou como propiciação [comp]

Cl 1:28

iva uapaaTriowpev náuta ãvGpwrrov téA.eiov kv Xpioxco a fim de apresentarmos todo homem [obj] como perfeito [comp] em Cristo Evite a tentação de ver TeÀetOV como um adjetivo atributivo. (Lembre-se de que um complemento adjetival é sempre um predicativo do sujeito). Caso isso não fosse seguido, a tradução resultante seria radicalmente diferente: "a fim de apresentarmos todo homem perfeito. . ." A questão não é se em Cristo ou por causa de Cristo todo crente será apresentado como perfeito diante de Deus, mas que somente aqueles crentes que são perfeitos em Cristo serão apresentados! Obviamente, o modo como lida­ mos com teÀetou trará implicações teológicas profundas.

Cf. também Mc 1:3; Lc 6:22; Jo 7:23; 10:35; 14:18; At 10:28; 26:29; 1 Co 4:9; 7:26; Ef 5:2; Fp 2:20; 1 Tm 2:6; 6:14; 1 Jo 4:10. 5) Passagem Debatíveis Jo 4:54

toôto ôeútepov arpelov èiToí.r]aev ô Tr)aoôç Jesus fez este [obj] segundo sinal [comp] Muitas traduções tratam t o ú t o como se fosse sujeito e não objeto (cf. ARA, NVI, NIV, ASV etc.): "Foi esse o segundo sinal que fez Jesus, depois de vir da Judéia para a Galiléia . . .". Uma interpretação mais acurada veria a construção como objeto-complemento.39 Não é caso de pedantismo. Como um objeto-complemento, a ênfase do evangelista se torna mais clara: Jesus era tanto poderoso quanto soberano. Jo 2:11 possui uma construção semelhante (raÍTr\v èiroír|oeu âpxpv tQ>v orp.eíu>v ó Trjooôç ["Jesus fez esse (ser) o início dos (seus) milagres"]).40

Rm 10:9

kàv ópoÂovf|aqç kv tí| OTÓpcm aou KÚpiov Tqaoüu . . . aa)9f|ar| Se com a tua boca confessares a Jesus [como] Senhor . . . serás salvo (ou, "Se com a tua boca confessares [que] Jesus é Senhor . . . ".)

38 Contra N. T. Wright, "ápTTx àpiray^òv fiyqoato xò eluca loa 06cp o qual, subsistindo em forma de Deus, não considerou o [estado de] ser igual a Deus [como] algo a ser agarrado Este é um exemplo debatível. Wright defende que esse artigo é anafórico, reportando a popX O U T O Ç éoiiv Ó T O U x é K T O U O Ç ulóç; Não é este o filho do carpinteiro? Embora os leitores cristãos vissem o artigo como por excelência, o evangelista relata que os moradores de Cafamaum reconheciam a Jesus simplesmente como o descendente de José.

G1 4:22

xfjç 'naióCoKqç . . . xfjç èAeuBépaç a escrava . . . a livre Estas mulheres não eram as melhores nas suas respectivas categorias, mas eram bem conhecidas por causa da narrativa bíblica.

Tg 1:1

xofiç õoúôeKa cj)uA,alç xalç kv xrj ôiacnTopâ às doze tribos em [a] dispersão

2 Jo 1

'0

u p e a p ú x e p o ç êK À eK x fj K u p í a

K al to lç

t c k u o l ç a ú x f jç

O presbítero à senhora eleita e a seus filhos Quer a tradução seja "o ancião", "o presbítero" ou "o velho", o artigo quase e certamente é usado para indicar alguém de renome entre os leitores. 3 Jo 15

áamScÇovTaí ac ol íXoi. ctotráÇou xoòç (JÚÂouç Kax’ ôvopa. os amigos te saúdam. Saúda os amigos por o [=pelo] nome. O presbítero tinha seus associados (ol ( J h à o l ) e Gaio, os deles (xoòç (Jhàouç). Obviamente, nenhum dos dois grupos é único ou mais proe­ minente que o outro, mas o primeiro era muito conhecido pelos leitores dessa carta.

At 2:42

xrj õ i ô a x r j . . . xrj K O L u c m a , xrj K Í lá a e L A doutrina... a comunhão, o partir [do pão] Ou esse padrão de adoração era bem conhecido na igreja primitiva porque era a maneira comum de se fazê-lo, ou Lucas tenta considerar cada elemento da adoração como os únicos dignos de nomeação (por excelência).

Cf. também Mc 1:3; 2 Pd 2:1 (tcô Âaú); 3 Jo 1; possivelmente Mt 5:1.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

226

8) Abstrato (i.e., o Artigo com Nomes Abstratos) a) Definição Nomes abstratos, por sua própria natureza, focalizam-se na quali­ dade.39 Quando, porém, um nome for articular, essa qualidade será "afunilada". Assim, será definido mais cuidadosamente, distinto de outras noções. Esse uso é muito freqüente (nomes abstratos arti­ culares são mais freqüentes que os abstratos anarthros). b) Amplificação Ao traduzir tais nomes, o artigo raramente é usado (somente quan­ do o artigo também se encaixar em outras categorias individualizantes, tal como a anafórica). No entanto, na exposição, deve-se extrair a ênfase do artigo. Usualmente, artigo + nome abs­ trato encaixa-se nas categorias por excelência ou de renome, mas de um modo mais técnico. Logo, ele, freqüentemente, particulariza uma qualidade geral. O artigo + nomes abstratos, muitas vezes, tem certa afinidade com nomes genéricos + artigo, pois focalizam as características e quali­ dades. Há, no entanto, diferenças: um focaliza na qualidade por meio de seus lexemas (abstratos), enquanto o outro, na categoria grama­ tical (genérico). c) Ilustrações Mt 7:23

ol èpYoc(ó|ievoi xf|v áuopíav os que praticais a iniqüidade

Jo4:22

r) ocoiripta ck tcSu louôaítúv èoitu a salvação [vem] dos judeus Embora o artigo não precisasse de tradução, ele enfatiza ser esta a úni­ ca salvação digna de consideração e a que não precisa de esclarecimen­ to porque é bem conhecida.

At 6:10

oí>K layvov àuTiOTÍji-m xrj oocjiía Kal xú ttvc úpati cp Ikákci não podiam resistir a sabedoria e ao Espírito com que falava É possível também considerá-lo catafórico, pois o tipo de sabedoria mencionado é descrito cuidadosamente pelas orações relativas.

39 Estamos restringindo nossa definição de nomes abstratos, em grande parte, ao que Lyons chama de "entidades de terceira ordem"" (J. Lyons, Semantics [Cambridge: CUP, 1977] 2.442-46). Entidades de primeira ordem são objetos físicos; entidade de segunda ordem são "eventos", processos, estados de afazeres etc., que são definidos como "estado" e que, no português dizemos que eles ocorreram, e não que existem" (ibid., 444); entidades da terceira ordem não são "observáveis e não se pode dizer que ocorram ou existam no tempo-espaço . . . 'verdadeiro', em lugar de 'real', é mais natural predicar sobre eles. Podem ser afirmados ou negados, lembrados ou esquecidos; podem ser razões, mas não causas... Em resumo, eles são entidades do tipo que podem funcionar como objetos destas entidades assim chamadas atitudes proposicionais como crença, expectação e julgamento: elas são o que os estudiosos da lógica chamam objetos intencionais" (ibid., 443-45).

227

Artigos - Parte I: usos regulares (genérico) Rm 12:9

T] àycnTri àuinrÓKpiTOç. ctTTOGTuyoüvTeç xò novripóu, KolÀcópevoi xcô àyaBcS o amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal; apegai-vos ao bem. A língua portuguesa traduz naturalmente o artigo com os dois objetos porque são adjetivos e, portanto, são um pouco "concretos". Assim, to irovrpóv significa "aquilo que é mal".

Cf. também Lc 22:45; Jo 1:17; At 4:12; 1 Co 13:4:-13; G1 5:13; 1 Ts 1:3; Fm 9; Hb 3:6; 2 Pd 1:7. b.

Artigo Genérico (Artigo Categórico)

[c o m o u m a c la s s e ]

1) Definição Enquanto o artigo individualizante distingue ou identifica um objeto particular pertencente a uma classe mais ampla, o artigo genérico dis­ tingue uma classe da outra. Este é um pouco menos freqüente que aquele (que ocorre centenas de vezes no NT). O genérico categoriza em lugar de particularizar. 2)

Chave para Identificação A chave para determinar se o artigo é genérico ou não, é a inserção da frase "como uma classe" depois do nome que o artigo está modificando.

3) Amplificação a) Se ó ávGpumoç for entendido como artigo genérico, o sentido seria: "humanidade (i.e., seres humanos como uma classe)". O uso do ar­ tigo aqui distingue esta classe dentre outras classes (tal como "o rei­ no animal" ou "a dimensão dos anjos").

INDIVIDUALIZANTE

/ humanidadeX A T\ ^ 1 ° avGpwnoç V V (um ser \. humano

1

)

/

particular)

GENÉRICO

... / \ o avGpwiroç ^ hum anidade \ ►1 (a classe dos \

1

seres humanos como um todo)

Quadro 18 Artigo Individualizante x Artigo Genérico

b) Muitos gramáticos concordam com Gildersleeve que "o princípio do artigo genérico é a seleção de um indivíduo representativo ou nor­ mal" [itálicos meus].40 No entanto, isso só poderia ser verdade se o 40 Gildersleeve, Classical Greek, 2.255.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

228

artigo genérico fosse usado exclusivamente com nomes singulares, nunca com plurais. O exemplo de Dana-Mantey é plural (ai àlcotreKeç (j)COÀeouç cyouaLV - "as raposas têm covis"). Tal citação do Mestre não se refere a quaisquer raposas em particular que o Senhor sabia terem covis. Pelo contrário, ele está dizendo: "As raposas, como uma classe, têm covis". Portanto, é melhor ver o artigo genérico simplesmente como uma classe dentre outras, em lugar de lhe apontar como um representan­ te de uma classe. Essa visão concorda, de uma forma melhor, com os fatos, pois todos os gramáticos são unânimes em que o artigo plural possa ser usado em sentido genérico.41 c) À vezes, faz-se uma tradução mais fluente substituindo o artigo por um artigo indefinido, porque os nomes indefinidos e os genéricos partilham de certas propriedades: enquanto um categoriza ou realça as características de uma determinada classe (genérico), o outro aponta para um indivíduo dentro de uma classe, sem se dirigir a qualquer característica que distinguiria de outros membros (indefinido). 4) Ilustrações Mt 18:17

60X0) ooi uonep ó èüviKÒç Kai ò xetaávriç será [com referência] a ti como o gentio [como uma classe] e o publicano [como uma classe] Outra tradução possível é: "um gentio e um publicano". Porém, a tra­ dução anterior é possível pois a força do artigo genérico é qualitativa, visto que indica a classe a que alguém pertence (espécie), em lugar de identificá-lo como um determinado indivíduo. O artigo indefinido no português, às vezes, consegue realçar mais. Note também: caso os arti­ gos nesse texto não sejam tomados como genéricos, então Jesus estaria identificando o irmão que está pecando com um gentio ou um publicano em especial que tivesse em mente, embora não dê nenhuma dica de alguém em especial.

Lc 10:7

&£ioç ó epyáxqç toü pioOoü aúxoü o trabalhador é digno de seu salário

Jo 2:25

Kai oxt oú XP^Lav eí^eu 'iva t iç papxupqoi^ irep! xoü ctvOpGrnoi) aúxòç yàp çyívtooKev xí rjv év tü> ávOpútrcjL). E porque ele não precisava que alguém desse testemunho acerca do homem [como uma classe - humanidade], por ele mesmo sabia o que estava em o [no] homem [como uma classe] Embora, geralmente, o uso atual do masculino "homem" como um ge­ nérico para a humanidade seja inaceitável, não traduzir avBpMTioç como "homem" aqui é fugir do sentido pretendido pelo autor original. Logo após esse pronunciamento acerca da visão sobre o homem, o evangelista apresenta aos leitores um homem em particular que se encaixa nessa

41 A freqüente locução "todo o que", "maridos, amai vossas mulheres," "meus fi­ lhos" etc. são expressões genéricas.

Artigos - Parte I: usos regulares (genérico)

229

descrição de depravação (3:l:"Havia um homem) - cujo nome era Nicodemos.42 Rm 13:4

ov> 6 lkt) xqv páycapca' cjjopel ele não traz a espada debalde

Ef 5:25

ol avõpeç, àyairâxe xàç ywaiicocç Maridos [como uma classe], amai sua esposa A ordem não quer distinguir alguns maridos de Éfeso/Ásia Menor em detrimento a outros, mas distinguir os maridos na igreja em relação a esposas ou crianças. Eles são vistos como um todo, coletivamente.

1 T m 3 :2

ô e l v ò u è i r í o K o i r o v « n e T u A p p ir r o n e i v a i

é necessário que o bispo seja irrepreensível Gramaticamente falando, o artigo seria monádico (indicando que para cada igreja há um bispo) ou genérico (indicando os bispos como uma classe em vista). Quando outras considerações são trazidas à tona, é improvável, porém, que somente um bispo esteja em vista: (1) A visão monádico não lida facilmente com 1 Tm 5:17 ("os presbíteros que presi­ dem bem sejam considerados dignos de dobrados honorários") ou Tt 1:5 ("estabelecesse presbíteros em cada cidade"); e, (2) o contexto de 1 Tm 2:8-3:16 envolve um intercâmbio entre os nomes genéricos (singu­ lar e plural), sugerindo fortemente que o singular é usado como um nome genérico. Hb 7:7

xò elaixov utrò xoü Kpeíxxovoç euXoyelxai o inferior é abençoado pelo superior O autor indica aqui um princípio, aplicando-o à bênção de Abraão a Melquisedeque. Note que os termos são adjetivos e como tais não pos­ suem gênero fixo. O autor teria que colocá-los no masculino, como que apontando especificamente para Abraão e Melquisedeque. Ao usar o neutro, ele está indicando um princípio genérico: tudo que é inferior é abençoado por tudo que é superior.

42 A NRSV traduz: "[Jesus] não precisa que alguém desse testemunho acerca de qual­ quer [ô avGpuTroç]; pois ele mesmo sabia o que estava em todos [ò avGpuiroí;]. (3:1) Havia um fariseu cujo nome era Nicodemos, um líder dos judeus". ”Av9pwiroç em 3:1 não é traduzido e a conexão se perde. 43 Note os seguinte termos genéricos: xoòç avõpaç (2:8), y u v a i K a ç (2:9), y w o u i í í i ' (2:10), yuvfj (2:11), yuvaLKÍ, ávõpóç (2:12). Este é seguido pela referência singular a Eva/ mulher em 2:15, implícita no verbo ow0f|oexctL, logo, há uma referência plural genérica às mulheres implícita em p e í v w a t v . Nesse contexto, é difícil afirmar que c t t Í o k o t t o v em 3:2 seja monádico. Parte da questão aqui se volta para a data e autoria das Cartas Pastorais. Quanto mais tarde forem situadas as pastorais, é mais provável que a visão episcopal seja a monárquica. Certos paralelos são encontrados usualmente entre as Pastorais e Inácio (c. 117 AD). Mas se as Cartas Pastorais foram escritas por Paulo (e, conseqüentemente, den­ tro do primeiro século), elas são mais provavelmente coadunantes com a eclesiologia vista em outros lugares no NT, ou seja, deve haver muitos presbíteros na igreja. Cf. G. W. Knight, Commentary on the Pastoral Epistles (NIGNTC; Grand Rapids: Eerdmans, 1992) 175-77. As vezes, de fato, parte do argumento contra a autoria paulina envolve a pressu­ posição que 1 Tm 3:2 apóia a monarquia episcopal, descrevendo a eclesiologia das Pas­ torais diferentemente do resto das cartas de Paulo. Este argumento, na melhor das hipó­ teses é circular.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

230 1 J o 2 :2 3

ò àpvoúpevoç xòv ulòv oúõè xòv xtaxépa e^et, ò ópoÀoyójy xòv uiòv Kal xòv iraxépa e /e t.44

ttccç

Todo que nega o Filho não tem o Pai, o que confesse o Filho também tem o Pai. Este é um exemplo duplo, o primeiro exemplo envolve a fórmula ttccç ó usada com freqüência (cf. também Mt 5:22, 28, 32; Lc 6:47; 14:11; 20:18; Jo 3:16; 4:13; At 13:39; Rm 10:11; G1 3:13; 2 Tm 2:19; 1 Jo 3:6). Ap 2:11

ó

vlkúv

oi) pq áõiKq0r| 4k xoô Oaváxou xoô ôeuxépoo

o vencedor não receberá o dano da segunda morte Cf. também Mt 12:35; 15:11, 18; Lc 4:4; Jo 8:34; Rm 13:4; G1 2:10; Tg 2:26; 3:5; 5:6 (pos­ sível), 7; 1 Pd 1:24; 2 Jo 9; Ap 13:18; 16:15. O seguinte quadro descreve as relações semânticas do artigo individualizante. Ele foi formulado para mostrar ao estudante que as sete categorias deste artigo não são inteiramente distintas. Pelo contrário, eles estão relacionados, em grande parte, do geral para o específico. Logo, cada artigo monádico, em certo sentido, é um tipo de por excelência (no sentido que o único de uma classe é, ipso facto, o melhor de uma classe). E cada artigo por excelência é também de renome ou familiar (porém mais específico, pois ele é mais conhecido por ser o melhor de uma classe). E todo artigo de renome ou familiar é anafórico (no sentido mais amplo possível). Contudo, ele é mais específico que um artigo anafórico seria. Identificação Simples

Deíxico Quadro 19 As Relações Semânticas do Artigo Individualizante O quadro abaixo procura condensar o conteúdo acima. A fim de usá-lo, tente achar a categoria mais próxima a que um determinado artigo possa pertencer. Verifique 44 Os MSS bizantinos omitem descaracteristicamente uma oração inteira (ò ópoÂOYcâv xòv ulòv Kal xòv Traxépa exei), não devido à dúvida, mas a um homoioteleuton onde os olhos pularam o T/fi anterior e o escriba escreveu apenas o lyti que encerra a sentença. Dentre outras coisas, essa leitura oferece uma dica acerca das raízes do texto bizantino, pelo menos, nas cartas joaninas (ou seja, ela parece ter originado um único arquétipo).

Artigos - Parte I: usos regulares (como um substantivador)

231

até onde cada condição alistada recebe "sim" como resposta. Realize essa tarefa até que você descubra qual(is) categoria(s) mais se aproxima(m) ao artigo por você ana­ lisado.

Quadro do Artigo com Substantivos

3.

Como um Substantivador (Com Certas Partes do Discurso) a.

Definição O artigo pode transformar qualquer parte do discurso em um substantivo: advérbios, adjetivos, locuções prepositivas, partículas, infinitivos, particípios, e, até mesmo, verbos. Assim, o artigo transforma uma frase em uma forma nominal. Essa flexibilidade incrível é parte do gênio do artigo grego. Esse uso é mais comum com adjetivos e particípios que com outras partes do discurso.45

45 Embora os infinitivos articulares sejam comuns, nem todos são substantivados. Veja o capítulo sobre o infinitivo para uma discussão.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

232 b. Amplificação

O uso substantivador do artigo, no sentido mais estrito, pode ser conside­ rado uma categoria semântica, onde seu papel semântico essencial será o conceitualizar. Além disso, o artigo também individualiza ou categoriza, como faz com nomes. O uso com particípios e adjetivos é comum e nãomarcado, como muitos dos exemplos discutidos nas seções anteriores. c.

Ilustrações 1) Com Advérbios O uso com advérbios ocorre com muita freqüência. Alguns advérbios mais usados incluem aiSpLOU, éiraúpiov, vüv, népae, e i\h]oíov.

Mt 8:28

kkBóvxoç aíruoú elç tò irépae Quando veio para o outro lado

Mt 24:21

« r a i xóre G/Iijnç |ieyáA,r| oía oíi yéyoeee cot’ àpyrg KÓopou «oç toO vuv Então haverá uma grande tribulação a qual nunca aconteceu desde o princípio do mundo até o presente.

Mc 11:12

rf| èííaúpiov fçcÂ0óvi(üV aÔTcâu ccirò Br)0aeíaç èrreíeaaee no [dia] seguinte, quando vinham de Betânia, sentiu fome Cada exemplo do advérbio èiraúptoe no NT ocorre com um artigo dativo feminino (cf., e.g., Mt 27:62; Jo 1:29; At 21:8). Embora o advérbio em si signifique: "seguinte, próximo", seu uso no NT também traz implícito o nome ri|j.épa (assim, o artigo é feminino) e sugere que o evento ocorreu em um ponto de tempo (ou seja, o artigo é dativo).46

Jo 4:31

kv x ã pvraçíi f|pd>Tuv aúiòv ol paGrpa! Xkyoeieç papjií, tjtáye. Nesse ínterim, os discípulos perguntavam a ele, dizendo: "Rabi, come".

Jo 8:23

òpelç €K tú u kcctco koxk , èyd)

ck

tcôv» auto elpí

vós sois de [um lugar abaixo] baixo; eu sou de [um lugar] acima O artigo indica mais que um mero sentimento geral quanto à origem, a expressão céus e inferno está implícita. At 18:6

caro toC vuv elç xà cGuq TOpeúoopai47 de agora [desse ponto], eu irei para os gentios

46 Auptou é diferente em dois aspectos: (1) nem sempre tem artigo (cf. Lc 12:28; 13:32, 33; At 23:20; 25:22; 1 Co 15:32); e (2) a forma articular ocorre no dativo, ainda que ocorra também no nominativo (Mt 6:34), genitivo (Tg 4:14), e acusativo (Lc 10:35; At 4:3, 5). 47 D* tem àcj) ’ tique no lugar de £íttò toü.

Artigos - Parte I: usos regulares (como um substantivador) Cl 3:2

233

tà ai/Gj {jjpov-elte, (if| xà. cttI xf\c yíjç Pensai nas [coisas] de cima, não nas [coisas] da terra

Cf. também Mt 5:43; 23:26; Mc 12:31; Lc 11:40; At 5:38; Rm 8:22; 1 Co 5:12; 1 Tm 3:7; Hb 3:13. 2) Com Adjetivos Adjetivos, muitas vezes, são usados como nomes, especialmente quan­ do as qualidades de um grupo particular são enfatizadas. Exemplos no plural são especificamente genéricos, embora tanto singular quanto plu­ ral o artigo individualizante ocorra com muita freqüência. Mt 5:5

|iaKápioi ol npaelç, o t l aíruoi Klripouop.iíoouait' iqu yíjv Bem-aventurado os mansos, porque herdarão a terra

Mt 6:13

pif) eíoevéyKTiç rpâç elç neipaapóu, àAA.à pOaouffljâç áuò toO nouripou não nos deixe cair na tentação, mas livra-nos do mal [maligno] Embora a KJV traga "livra-nos do mal [mal em geral"], a presença do artigo indica, não o mal em geral, mas o maligno. No contexto do Evan­ gelho de Mateus, 'livra-nos do maT parece estar ligado à tentação de Jesus em 4:1-10: porque o Espírito o guiou a tentação pelo maligno, os crentes agora participam de sua vitória.

Mc 6:7

'npoaKaXclmi touç òcúòfKa ele chamou os Doze "Os Doze" é usado como termo técnico nos Evangelhos porque os discípulos eram bem conhecidos. Este artigo pertence à categoria " artigo de renome ou familiar". Cf. também Mt 26:14, 20; Mc 9:35; 10:32; 14:10; Lc 9:1; 18:31.

Lc 23:49

claTr|Keiaav irávTeç ol yvwoTol auTtô âtrò paKpóBeu ficaram longe todos que o conheciam

Rm 5:7

úirèp toíi àyaGoíj xó.yjx t i ç K a i TOÂpâ áuoGavelu pelo bom [pessoa] pode ser que alguém até morra

Hb 1:6

oxav elaayáyri TÒv TrpwxÓTOKOU elç Tqv olKoup.évriv quando introduziu o primogênito no mundo

2 Pd 3:16

a ol àpaGelç Kai áoTijpiKTOL orpepAmioiu . . . upòç rqu lõíav ailTGJV àTT(jáA.€LaU

coisas que os ignorantes e inconstantes deturpam . . . para a sua própria destruição Cf. também Mc 1:24; 3:27; Lc 6:35; 16:25; Jo 2:10; 3:12; At 3:14; 7:14; G1 6:10; Tt 2:4; Tg 2:6; 5:6; 3 Jo 11; Jd 15; Ap 13:16. 3) Com Particípios O uso com os particípios é um fenômeno comum. Semelhante aos adjetivos, o artigo + particípio classifica-se como individualizante ou genérico.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

234 Mt 2:23

òucoç nÀr|pco0fj xò pr|0èu õià xcôu Tipocj)r|TGÕu para que se cumprisse o que foi falado pelos profetas

Lc 7:19

ou eí ó êpxópeuoç; És tu o que havia de vir?

2 Co 2:15

Xpioxou eúwôía éapèv xw 0ewkv tolç awÇopéuoiç Nós somos um bom perfume de Cristo para com Deus entre nos que são salvos

Ef 4:28

ó KÀéirxGjy pqKéxi. KA.eTTxéxw O que furtava não furte mais

1 Jo 3:6

ttccç

ó ã p a p x á y ca u oux ècúpaKeu Todo o que peca não o tem visto

Ap 1:3

ptxKccploç ó àvcnau(úaKMU KKL 0L áKoúouxeç xouç Àóyouç xrjç Trpo(|jr|Tfíaç , kccI xTpoüuxeç xà kv aÚTfj yeypappéua;48 ■ Bem-aventurado o que lê e aqueles que ouvem as palavras desta profe­ cia e as guardam

aòxóu

Cf. também Mt 4:3; Lc 6:21; Jo 3:6; At 5:5; Rm 2:18; 1 Co 1:28; G1 5:12; Ef 1:6; lTs 2:10; Fm 8; Tg 2:5; 1 Pd 1:15; 2 Jo 9; Ap 20:11. _ 4) Com Infinitivos Embora o infinitivo, muitas vezes, seja articular, não é freqüente ver o artigo usado para transformá-lo em uma forma nominal. Esse uso é raro, embora seja um pouco mais comum nas epístolas que na literatu­ ra narrativa. (O infinitivo pode também funcionar como um substanti­ vo mesmo sem o artigo). O artigo sempre é neutro singular. Mc 10:40

At 27:20

ôe koc0loocl 4k õeÇiwv pou q kk, euuvúpcúy ouk « m u épòu ôoüuca o sentar, porém, à minha direita ou à minha esquerda não me compete conceder O infinitivo articular é o sujeito de eoTiv.



ttcpnpeâxo câttÍ ç

-rrâoa xoü aúçcoOai íipâc

Dissipou-se toda a nossa esperança de ser salvo O infinitivo genitivo articular é um genitivo objetivo que possui como sujeito um nome acusativo. Uma tradução literal e grotesca é: "toda esperança de ser salvo no que diz respeito a nós". Rm7:18

xò 0éÀeiu TTapáKeLiaí poi, xò õè KaxepyáCeo0aL xò o querer está em mim, porém o efetuar o bem não.

kccàòu

ou.

1 Co 14:39 Cqiloüxe xò TTpocj)r|Teúei.u Kal xò Àcdeiu pq kgúúc-tc- -//..(úcsoaiç49 procurai com zelo o profetizar e o falar em línguas não proíbais 48 Os minúsculos 2053 e 2062 trazem o c k o Úw u em lugar de ol íÍ k o ú o i ' t c ç , fazendo com o leitor o mesmo que ocorre com o ouvinte na construção que segue a regra de Granville Sharp. O artigo é omitido antes de À.aA.eiv em B 0243 630 1739 1881 pauci.

Artigos - Parte I: usos regulares (como um substantivador) Fp 1:21-22

235

xò Çf|V Xptoxòç Kal xò átroBavelv Kepõoç. (22) el ôe xò Çíjv kv oapKL . . . o viver é Cristo e o morrer é ganho. (22) mas se o viver na carne . .. Os infinitivos articulares no v. 21 são os sujeitos de suas respectivas orações, xò Çfjv é repetido no v. 22, com o artigo exercendo o papel tanto de um substantivador do infinitivo quanto agindo anaforicamente. Uma tradução mais polida do verso 22 é: "mas se for para viver na carne"; a forma mais literal, no entanto, torna a conexão mais forte com o v. 21.

As seguintes referências incluem outros exemplos de infinitivos articulares substantivados no NT: Mt 20:23; Mc 12:33; Lc 10:19; Rm 13:8; 14:21; 1 Co 9:10; 2 Co 1:8; 8:10-11; 9:1; Fp 1:24; 2:6; 2:13 (possível);50 3:21; Hb 2:15; 10:31; 1 Pd 3:10. 5) Com uma Palavra ou Locução Genitiva Um artigo não genitivo é muitas vezes seguido por uma palavra ou locução genitiva. Embora não haja acordo, o artigo pode ser visto como "colchetes" da palavra ou locução que segue. Duas das mais freqüentes expressões são: (1) o artigo masculino singular seguido por um nome próprio genitivo, onde o artigo implica "filho" (e o genitivo que o segue é classificado como genitivo de relacionamento), e (2) o artigo neutro plural com um genitivo, onde o artigo neutro implica "coisas". Mt 10:3

TáKcopoç ó xoô 'A lfaiou Tiago, o [filho] de Alfeu51

Mt 16:23

oii 4>poveiç xà xoô 9eoô àXXà xà xcôv àvOpwiTwy52 não cogitas as [coisas] de Deus, mas as [coisas] dos homens

Lc5:33

ol xcôv cbapioaícov os [d iscíp u lo s] d o s fariseu s

Rm 14:19

xà xí)ç

( ipr\vr\ç

s ig a m o s

1 Co 15:23

as

ôtcÓKwpev Kal xà xfjç olKOÕopf|Ç as [coisa] d e e d ifica çã o

[co isas] d e p a z e

ol xoô Xptaxou. . . Os [que são] de Cristo.

50 Se èvepycôv for transitivo, então o infinitivo com artigo xò 0éA.eiv e xò èvepyelv seria tomado como um objeto direto composto: "Por aquele que opera em vós tanto o querer quanto o realizar é Deus". 51 Isto poderia ser igualmente considerado como um artigo usado em lugar de um pronome relativo (na terceira posição atributiva). Ocasionalmente, a construção não tem nome próprio precedendo o artigo, como em Jo 21:2: "os [filhos] de Zebedeu" (ol xoô Zeffcôaíou). 52 D tem xoô p o v éíxe,

1 Jo 2:13

pr) xà èn! x q ç y q ç Pensai nas [coisas] de cima, não nas [coisas] da terra

éyvokaxe xòv àir’ ápxqç sabíeis o [que ou quem ele era] desde o princípio

Cf. também Lc 11:3; 24:19; At 13:13; Rm 3:26; G1 2:12; 3:7; Hb 13:24.

53 B omite o artigo. Um número de outros MSS tem o plural neutro.

Artigos - Parte I: usos regulares (como um substantivador)

23 7

7) Com Partículas As interjeições, as partículas enfáticas e negativas etc. estão incluídas na lista das partículas. 1 Co 14:16

ttcòç

épet tò áiirjv; como dirá o "Amém"?

2 Co 1:17

rj TTccp’ ep o l h aja e m m im

xò Noci, v a i o "s im , s im "

K aí x ò oú, ofj; e

o "n ã o ,

não"

r|T(j õè ò|i(3v xò v a i v a i K aí xò oü Seja, p o ré m , o v o s s o sim sim e o v o ss o

Tg 5:12

n ã o n ã o 54

Ap 3:14

xáôe Àéyei ô apóv . . . estas coisas dize o Amém . . .

Ap 11:14

t] oüai f] õeuxépa áiTÍjA.9ev Lõou q oúaí q xpíxq ep/exai xa/é55 O segundo ai passou; eis que, o terceiro ai vem depressa.

Cf. também 2 Co 1:20; Ap 9:12. 8) Com Verbos Este uso ocorre somente em uma frase encontrada em Apocalipse. Ap 1:4

%ápiç üpiv Kaí elpqvr) caro ó túó rjv Kaí ô êpxópeuoç graça a vós e paz daquele que é, era e o que há de vir A sintaxe aqui é duplamente bizarra: Não somente a preposição áno rege um nominativo,56 mas ainda há uma troca feita pelo apóstolo do verbo por um substantivo. O verbo imperfeito é usado de forma possí­ vel, visto que nenhum particípio perfeito estava disponível e o autor não queria usar o aoristo de yívo|iai. Se o autor deste livro for o mesmo evangelista que escreveu o Evangelho de João, o paralelo entre o rjv no prólogo joanino e o verbo similar aqui usado pode ser mais que uma coincidência: os dois estariam afirmando algo acerca da eternidade do Senhor.

Cf. também Ap 1:8; 4:8; 11:17; 16:5. 9)

Com Orações, Declarações e Citações O artigo neutro singular, às vezes, é usado antes de uma declaração, citação ou oração. Uma vez que, em algumas orações, o artigo precisa ser traduzido de formas variadas, somente o contexto poderá ajudar.

54 O dito dominical de onde isso é aparentemente derivado não usa artigo (cotg) úe ó hóyoç í)|i(âv vai vai, ou em Mt 5:37 [ainda que 0 213 o lecionário 184 et pauci incluam o artigo antes do primeiro vai e primeiro oü]). Poucos MSS recentes omitem o artigo antes de xpíxr| (1006 1424 1854 2050 2053 2329 2351). 56 Veja a discussão desse texto no capítulo sobre o "Caso Nominativo".

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

238

Para as declarações e citações diretas, geralmente, é bom acrescentar a "frase declarativa" depois do artigo seguindo por aspas. Mc 9:23

IqaoCç eíiTev aúxw tò ei õúur], vávxa òvvaxà xq> TTiaxeúonxL.57

Jesus disse a ele: "[Concernente ao seu pedido], 'se podes .. / todas as coisas são possíveis ao que crê. No v.22 um homem cujo filho esta endemoninhado fez um apelo a Jesus: "Se tu podes fazer algo, ajude-nos!" (eí xi ôúvr), pof|9ipov A resposta de Jesus capta o pedido do homem. O artigo funciona anaforicamente. Parafraseando: "Tu disseste: 'Se tu podes'. Deixe-me dizer, todas as coisas são possíveis ao que crê". L c 9 :4 6

EioíjMtev ôè ôiodoyta|j.òc; kv avxolc,, xò xíç àv ç’íq peíÇtúv oujtwv. Um debate surgiu entre eles, a saber, quem era o maior entre eles.

O artigo neutro aponta, de modo vago, para o masculino ôiaA.oyi.o)j,óç. Embora seja anafórico, é possível perceber sua força com as expressões: "no que diz respeito a", "com respeito a" etc. Rm 13:9

tò of) poixeúaen;, ou (Joeeúaei-ç, ov KA.éi|;ei.ç, ouk èTu9upf|CseiA.a Trpáçauieç elç àváoxaaw Kpíoeojç os que fizeram o bem, para a ressurreição da vida; mas os que fizeram o mal, para a ressurreição do julgamento

At 7:8

eôcoKeu caraâ õiaGijKqu irepiTopfjç Deu-lhe a aliança da circuncisão

Rm 1:18

áiTOKodúiTTeTai ópyri Geoô A ira de Deus é revelada

Cf. também At 1:19; 2:36; Rm 8:9; 1 Co 10:21; 1 Ts 2:13. b) Exemplos Ambíguos

1] Textos Envolvendo ctyyeA.0ç Kupíou Uma das construções mais significantes teologicamente falando é ãyyeXoç Kupíou (cf. Mt 1:20; 28:2; Lc 2:9; At 12:7; G1 4:14 [ayyeA.oç Geoü]). Na LXX esta é uma frase normal usada para traduzir mrr -]tÒí2 ("o anjo do Senhor").94 O NT exibe o mesmo fenômeno o que levou Nigel Turner a sugerir que “àyycloc Kupíou não é um anjo [do Senhor]."95 Entretanto, embora muitos eruditos tratem ãyycloç Kupíou no NT como "um anjo do Senhor",96 não há base lingüística para se fazer isso. A partir dos argumentos teológicos, é mais provável que àyyekoç Kupíou seja o anjo do Senhor no NT e deve ser identificado com o anjo do Senhor do AT.97 2] Outros Textos de Importância Teológica Outros textos teologicamente importantes incluem Mc 15:39; 1 Co 15:10; 1 Ts 4:15-16; 5:2.

94 Nem no hebraico nem na LXX ocorre a expressão com artigo, exceto quando a referência é anafórica. O mesmo é verdade no NT (compare Mt 1:20 com v 24). 95 Syntax, 180. Cf. ARA, ARC, NIV, muitos comentários e teólogos. 97 W. G. MacDonald ("Christology and 'The Angel of the Lord'," Current Issues in Biblical and Patristic Studies, 324-35) sente que o peso do argumento lingüístico em não reconhecer nenhuma diferença entre o uso da frase no AT e NT. Mas sua conclusão é: a tradução deverá ser "um anjo do Senhor" em ambos os testamentos. Concordo que a frase em ambos deve ser traduzida quase da mesma forma, mas considerações tanto a partir do Cânon de Apolônio quanto no Corolário, e mesmo a identificação do anjo do Senhor com o próprio YHWH (que me leva a pensar em muito mais que em uma mera representação ou deidade funcional [see L. W. Hurtado, One God, One Lord: Early Christian Devotion and Ancient Jewish Monotheísm (Philadelphia: Fortress, 1988)]) leva-me a pensar que um "anjo" particular está em vista.

Artigos - Parte I: ausência

253

9) Com um Adjetivo Pronominal Nomes com irâç, ÓÀoç,98 etc. não precisam de artigo para serem definido, porque formam uma classe especificadamente unificada ("todos") ou uma cujos elementos estão distribuídos ("cada").99 De qualquer modo, uma força genérica é dada para tais construções. Mt3:15

TTpfTTOi-' ècrdu qplu TT/Jipoioai Trâaau ôiKatoaúvr|V

nos convém cumprir toda justiça Lc3:5

trâv opoç Kai Pouvòç raTTeiuo)9f|atTai cada montanha e alto virão abaixo

Lc5:5

eiuotáTa, ôl’ óÀqç vuktÒç KOiuáaauTeç;100 Mestre, nós trabalhamos a noite toda

Rm 11:26

uâç lopariA. awOqaeToa todo Israel será salvo

Ap21:4

éÇot,A.eCrJjeu uâv ôaKpuou ck tmv ócj)9a/lp(5v airctôv ele enxugará toda lágrima dos olhos deles

Cf. Mt 23:35; Mc 13:20; Jo 1:9; At 1:21; 24:3; 2 Co 1:3; Ef 3:15; Tt 2:11; 1 Pd 1:24; 2 Pd 1:20; Jd 15. 10) Nomes Genéricos Os artigos genéricos nem sempre são necessários para que um nome tenha uma idéia genérica.101 Há uma pequena diferença semântica en­ tre genérico articular e genérico anarthro, embora seja verdade que al­ guns nomes usualmente tomem o artigo e outros, não. Da mesma ma­ neira que os genéricos com artigos, às vezes, é mais apropriado tradu­ zir o nome genérico anarthro com artigo indefinido (tendo em mente que a classe inteira ainda está em vista). a) Exemplos Claros Lc 18:2

Kptir|ç n ç rjy . . . SuOpcotrov pq èvTpeiTÓ|ieuoc;

havia certo juiz. . . que não respeitava homem algum 1 Co 1:20

oóoç; ttou ypappateüç; Onde está o sábio? Onde está o escriba?

ttou

98 Uma exceção com oloç se acha em Jo 7:23 (olov avOpcotrov úvifj çTroíqoa), onde a tradução é indefinida: "curei de todo um homem". 99 A questão da tradução de irâç + nome como "todo [nome]" ou "todo/inteiro [nome]" não será detalhada aqui. Basta dizer que "todo/inteiro [nome]" é exemplificado na literatura bíblica como uma construção anarthra (cf., e.g., 1 Cr 28:8; Am 3:1; Mt 3:15; At 1:21), de modo que permite esta tradução em Ef 2:21; 3:15; e 2 Tm 3:16. Cf. Moule, ldiom Book, 94-95. 100 A maioria dos MSS (em particular os posteriores) acrescentam xfjç antes de uuktÓç (C D X T A 0 A f 1'13 Byz). 101 Cf. Robertson, Grammar, 757.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

254 1 Co 11:7

r) yuvri ò ó ia ávôpóç ètmu A mulher é a glória do marido Aqui o artigo é usado com yuvf|; note, porém, que não é usado com àvòpóç, apesar de ambos os nomes serem genéricos.

1 Tm 2:11

yuvfi kv qau)áa [lavQavkzw A mulher aprenda em silêncio

Cf. também Mt 10:35; Jo 2:10; 1 Co 11:8, 9; 12:13; 1 Tm 2:12; 1 Pd 3:18. b) Exemplos Possíveis Ap 13:18

ápiOpòç ávOpcáuou ko~.iv é número de homem Se á v O p ú i T O i ) fosse genérico, então o sentido seria, "é [o] número de homem." E significante que esta construção se encaixe no cânon de Apolônio (i.e., tanto o nome principal quanto o genitivo são anarthros), sugerindo que se um destes nomes fosse definido, então o outro também seria. Gramaticalmente, os defensores da tradução “é [o] número de um homem" lidam com inúmeras provas desfavoráveis (uma vez que classificam o nome principal, àpiBpóç, como definido, e o nome genitivo, á v G p c ó i r o í ) , como indefinido - a mais rara de todas as possibilidades102). À luz do uso joanino, também podemos acrescentar Ap. 16:18, onde o apóstolo claramente usa o anarthro a v B p w i r o ç em um sentido genérico, significando "homem - humanidade". As implicações dessa possibilidade gramatical, falando de forma exegética, são simplesmente que o número "666" representa a humanidade. Naturalmente, um indivíduo está sob questão, mas seu número pode ser o número que representa todos da humanidade. Assim, o apóstolo está sugerindo aqui o anticristo, que é, ao mesmo tempo, o melhor representante da humanidade sem Cristo (e a melhor imitação de um homem perfeito que seu, senhor, a antiga serpente, poderia arregimentar), e o menos perfeito (para que pudesse ser representado pelo número sete).

102 Cf. nossa discussão acima sobre o Corolário de Apolônio.

Os Artigos - Parte II Usos Especiais e Ausência do Artigo A.

B.

C.

Predicativo Anarthro Pré-Verbal (Envolvendo a Regra de Colwell)........................................................................ 256 Introdução ....................................................................................................... 256 1. Descoberta da "Regra deColwell"............................................................ 256 2. Declaração da Regra...................................................................................257 3. O Que a Regra não d iz ...............................................................................257 4. Clarificação da Regra deColwell.............................................................. 259 a. Por H am er........................................................................................ 259 b. Por Dixon.......................................................................................... 259 c. Sumário............................................................................................ 260 5. Importância da Construção de Colwell para a Exegese.....................262 6. Aplicação da Construção de Colwell em Jo 1 :1 ...................................266 7. Apêndice da "Construção" de Colwell": E quando o verbo estiver ausente?............................................................ 269 O Artigo com Múltiplos SubstantivosConectados por Kaí (A Regra de Granville Sharp e ConstruçõesRelacionadas)........................... 270 Introdução ....................................................................................................... 270 1. A Descoberta da "Regra de Granville Sharp"..................................... 270 2. Declaração da Regra................................................................................... 271 3. Negligência para com a Regra de Sharp e Abusos comentidos contra ela................................................................... 272 4. Validade da Regra no NT.......................................................................... 273 a. Em Termos Gerais.......................................................................... 273 b. Em Textos Cristologicamente Significantes............................. 276 5. Construções Envolvendo Nomes Impessoais, Plurais e Próprios....................................................................................................... 277 a. Nomes Próprios............................................................................... 277 b. Construções Pessoais no Plural................................................... 278 c. Construções Impessoais................................................................ 286 6. Conclusão...................................................................................................... 290 Conclusão do Artigo - Parte I I .............................................................................. 290

255

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

256

Introdução Aqui serão consideradas duas construções: (1) Uma envolvendo a ausência do arti­ go e (2) outra, a sua presença. Em outras palavras, trabalharemos com: Nominativos Predicativos Pré-verbais Anarthros e com a Construção Artigo-Substantivo-Kaí-Substantivo. Tal material precisa de uma consideração mais ampla por causa de (do): (1) suas grandiosas implicações teológicas (especialmente quanto às afirmações explíci­ tas da deidade de Cristo no NT); e, (2) constante abusos praticados contra o NT. O material não tem igual. Há partes que podem ser lidas superficialmente e usados só como referência. O esboço do capítulo segue como mostrado anteriormente (note as seções mais relevantes aos estudantes intermediários em negrito e itálico).

A. Nominativo Predicativo Pré-Verbal Anarthro (Envolvendo a Regra de Colwell) Introdução 1)

Definição de Termos Primeiro, devemos rever algumas terminologias básicas por serem úteis. • Anarthro = sem artigo • Pré-Verbal = antes do verbo de ligação • Nominativo Predicativo (NP) = o nome que qualifica o sujeito está no mesmo caso que este último, ou seja, o nominativo (essa é uma definição aproximada). Portanto, um nominativo predicativo pré-verbal anarthro é um tipo de nominativo articular e precedido de verbo de ligação. Esse tipo de cons­ trução foi investigada por Ernest Cadman Colwell em seu famoso arti­ go de 1933. Em suma, consideraremos cada construção nominativa predicativa pré-verbal anarthra como uma "Construção de Colwell" (embora não necessariamente se encaixe na regra de Colwell).

2)

Nominativo Predicativo - Um Visão Geral Em geral, esse nominativo é anarthro segue o verbo copulativo, sendo também, costumeiramente, qualitativo ou indefinido.

1.

Descoberta da "Regra de Colwell" E. C. Colwell completou sua tese de doutorado sobre "O Caráter do Grego do Evangelho de João", em 1931. Sua intensa pesquisa na gramática do Quarto Evangelho o levou a essa descoberta.

Artigos - Parte II: nominativo predicativo pré-verbal anarthro

257

Em 1933, publicou um artigo intitulado: "Uma Regra Definida para o Uso do Artigo no NT Grego", no JBL 52 (1933) 12-21. Desde então, tal regra ficou conhecida como "Regra de Colwell". 2.

Declaração da Regra A regra de Colwell diz que: "Os nomes predicativos definidos que antece­ dem o verbo geralmente são anarthros... um predicativo precedendo um verbo não pode ser traduzido como indefinido ou qualitativo somente por causa da ausência do artigo. Se o contexto sugerir ser o predicativo defini­ do, então, ele deve ser traduzido como um definido .. ."l Colwell ilustrou esse princípio com Jo 1:49: áTTeKpL0r| aúxtô NaSttucoy, pafipí, aí) eí ó uiòç xoü 0eoü, aí) PaaiÀeuc; eí toO ’Iapar|À (respondeu-lhe Natanael: "Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel"). Colwell obser­ vou que o paralelo estrutural entre as duas declarações difere em dois pon­ tos: (a) na segunda declaração, o NP é anarthro enquanto o primeiro é arti­ cular; (b) na segunda declaração, o NP antecede o verbo; enquanto, na pri­ meira, segue o verbo. Ainda que o sentido gramatical seja o mesmo em ambas as declarações, o NP, em cada uma, deve ser considerado como defi­ nido. A partir disso, Colwell pressupôs que o caráter definido do NP pode­ ria ser visto quer pelo artigo quer pela inversão da ordem das palavras. Seu ensaio discorreu sobre o último. Em outras palavras, um NP precedente da cópula e, aparentemente, defini­ do, a partir do contexto, será sempre anarthro.

3.

O Que a Regra não diz a.

Segundo os Eruditos posteriores a Colwell Após a apresentação dessa regra, muitos eruditos (especialmente os mais conservadores) demonstraram incompreensão para com essa regra. Eles perceberam o benefício da regra para afirmar a deidade de Cristo em Jo 1:1. Mas pensavam estar Colwell dizendo o contrário da regra, não a regra em si. Ou seja, para eles a regra era: um predicativo anarthro pre­ cedente de verbo geralmente é definido. A regra não afirma isso nem dá margem para essa interpretação. O erro destes está, em grande parte, (1) no uso da citação de Colwell sem interagirem com o autor ou (2) na "leitura" do que a regra não declara. Niger Tumer, e.g., disse: "[Em Jo 1:1] não há necessidade de que nenhum significante ponto doutrinário dependa do artigo, pois é simplesmente uma questão de ordem de palavras."2 Quer dizer 9eÒç x\v ò ÃÓyoç é a mesma coisa que ó Ãóyoç rju ó 0eóç.3 Bruce Metzger resume: "Ao considerar Jo 1:1, a pesquisa de Colwell lança a dúvida

1 Colwell, "A Defini te Rule," 20. 2 Tumer, Grammatical Insights into the New Testament, 17. 3 Cf. também Zerwick, Biblical Greek, 56; L. Cignelli, e G. C. Bottini, "UArticolo nel Greco Biblico," Studium Biblicum Franciscanum Liber Annuus 41 (1991) 187.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

258

mais séria sobre o cuidado tomado pelas traduções como 'e o Logos era divino' (Moffatt, Strachan), 'e a Palavra era divina' (Goodspeed), e (a pior de todas) 'e a Palavra era um deus' (... Tradução do Novo Mun­ do)".4 Realmente, a regra de Colwell não trata dessa questão. 5 Walter Martin vai além ao dizer: A regra de Colwell claramente declara: "um predicativo definido... nunca toma um artigo quando preceder um ver­ bo. .. como em Jo 1:1."6 Embora Martin declare o inverso da regra (ape­ sar de muito dogmática, pois Colwell "nunca" disse isso), ele pressu­ põe o inverso da regra. Nossa tese é: a regra de Colwell tem sido mal entendida e sofrido abu­ sos pelos eruditos. Ao aplicar a regra de Colwell a Jo 1:1, eles saltaram da frigideira do arianismo e caíram na fogueira do sabelianismo. b. Segundo o Próprio Colwell Em seu artigo Colwell exagera seu caso: "falando de forma leve, este estudo, podemos dizer que aumentou a definição do predicativo anarthro antes do verbo .. ."7 De forma breve, explicarei como isso não é uma declaração muito acurada.8 Além disso, ele foi inconsistente em outro lugar quando disse:" [os da­ dos apresentados aqui] mostra que um nominativo predicativo prece­ dendo um verbo não pode ser traduzido como indefinido ou 'qualitati­ vo', apenas porque é anarthro. Se o contexto sugerir ser definido o predicativo, deve-se traduzi-lo como um definido a despeito de ser anarthro".9 Esta declaração acurada reconhece que o fator contextual precisa ser considerado ao se classificar um NP como definido. No en­ tanto, na página seguinte é dito: "a ausência do artigo não torna o predicativo indefinido ou qualitativo quando precedido de verbo. E

4 B. M. Metzger, "On the Translation of John i. 1," ExpTim 63 (1951-52) 125-26. 5 Afirmaremos, mais tarde, que as traduções de Moffatt, Strachan e Goodspeed (1) não devem ser postas no mesmo patamar que a Tradução do Novo Mundo; e, (2) a tradução de Goodspeed provavelmente é a tradução mais satisfatória da passagem. 6 Walter Martin, The Kingdom ofthe Cults: An Analysis of the Major Cult Systems in the Present Christian Era, ed. rev. (Minneapolis: Bethany Fellowship, 1968) 75, n. 31. Para outros que entenderam mal a regra, note, e.g., Moule, Idiom Book, 116; C. Kuehne, "The Greek Article and the Doctrine of Christ's Deity: II. ColwelPs Rule and John 1:1," Journal of Theology 15.1 (1975) 12-14; L. Morris, The Gospel According to John (NICNT) 77, n. 15. 7 Colwell, "A Definite Rule," 21. 8 Contudo, a partir de uma perspectiva é bastante aceitável, Colwell chamou a atenção dos estudantes do NT para notarem que o NP pré-verbal anarthro freqüentemente era definido. Ele apontou muitos exemplos incontestáveis e assim estabeleceu uma categoria clara do uso. Isso permitiu aos estudantes do NT verem o caráter de definido em muitas das construções onde não eram tão perceptíveis. 9 Colwell, "A Definite Rule," 20 (itálicos meus).

Artigos - Parte II: nominativo predicativo pré-verbal anarthro

259

indefinido nessa posição somente quando o contexto exigir".10 Na pri­ meira assertiva, Colwell mostrou que a quantidade de provas favore­ cem a visão do NP definido, mas na segunda, declara o oposto: o peso das provas pende para qualquer visão, menos para o NP definido! Ao fazer essas declarações, na realidade, cai-se no erro metodológico, pois Colwell declara no início de seu estudo ter examinado somente o NP definido. Mesmo depois de sua regra torna-se conhecidíssima e até mesmo abu­ sada, Colwell afirmou ser o inverso da sua regra tão válido quanto a própria regra.11 Ele declarou: "a regra sugere, a meu ver, que um NP pré-verbal anarthro deve ser normalmente definido". 4.

Clarificação da Regra de Colwell a.

Por Hamer O ensaio de Philip B. Harner foi publicado no JBL, 46 anos depois de Colwell ter descrito seu artigo no mesmo jornal. Harner falou de "Colwell estar tão preocupado com a questão da natureza definida ou indefinida dos predicativos anarthros, que não discutiu o problema da importância qualitativa dos mesmos."12 Provavelmente, fez ele isso devido ao fato de muitos antigos gramáticos não verem distinção entre nomes qualitativos e indefinidos.13 Segundo, Hamer demonstrou que o NP pré-verbal anarthro é normal­ mente qualitativo, não definido ou indefinido. Sua descoberta, em geral, dizia que 80% das construções de Colwell envolviam nomes qualitati­ vos e somente 20%, nomes definidos.

b. Por Dixon Paul Stephen Dixon14 inicia o 3S. capítulo de sua tese citando a declara­ ção crucial da regra de Colwell: "um nominativo predicativo defini­ do... é anarthro quando preceder um verbo". Dixon prossegue, porém, mostrando uma inferência inválida feita a partir dessa regra:

10 Ibid., 21 (itálicos meus). 11 Tomo isso emprestado de meu primeiro professor de Grego, o Dr. Harry A. Sturz. Ele foi um aluno de Colwell em Claremont e sugestivamente o perguntou, perto da morte de Colwell, se o inverso da regra era tão válida quanto a própria. 12 Philip B. Harner, "Qualitative Anarthrous Predicate Nouns: Mc 15:39 e Jo 1:1," JBL 92 (1973) 76. O ensaio completo está nas pp. 75-87. 13 Mesmo Kuehne, que é mais recente, pensa na equação qualitativo = indefinido (C. Kuehne, "A PostScript to Colwell's Rule and John 1:1," Journal of Theology 15 [1975] 22). 14 Paul Stephen Dixon, "The Significance of the Anarthrous Predicate Nominative in John" (Dissertação de Mestrado, Dallas Theological Seminary, 1975).

260

Sintaxe Exegética do Novo Testamento A regra não diz: um nominativo predicativo anarthro precedente de um verbo é definido. Isso é o inverso da regra e como tal não é uma inferência válida. (Partir da declaração "A implica B", é o contrário de dizer: "B implica A". Partir da declaração: "Nomes articulares são defi­ nidos", não implica em dizer "nomes definidos são articulares". As­ sim, partir da assertiva um "nominativo predicativo definido prece­ dendo um verbo será anarthro", não implica que "nominativo predicativo anarthro precedendo um verbo será definido").15 Dixon, também, sugere ser o nominativo predicativo pré-verbal anarthro (no Evangelho de João pelo menos) primariamente qualitativo em for­ ça.16 c.

Sumário 1) Colwell declarou: "um NP definido precedendo verbo é normalmente anarthro". Ele não disse o inverso, a saber, um NP anarthro precedendo verbo é normalmente definido. Porém, assim, interpreta-se a regra (diversos autores incluindo Colwell) aquele artigo no JBL. 2) Colwell restringiu seu estudo ao NP pré-verbal anarthro que era, até onde pôde afirmar, declarado como definido contextualmente. Ele não lidou com outros nominativos predicativos pré-verbais anarthros. No entanto, o mal entendimento surgiu do não reconhecimento do que Colwell atestou com essas construções. Ou seja, Colwell começou com uma categoria semântica e não com a estrutura. Seu ponto de partida não foi a pergunta: "O que a construção NP pré-verbal anarthra significa? Pelo contrário, a pergunta foi: "Um NP definido será articular ou anarthro?". E acrescentou: "Ele seguirá ou precederá o verbo?". Em sua questão inicial, pressupôs um significado particular (i.e., definição) para depois procurar-se as construções particulares envolvidas.17 Colwell, portanto, não pesquisou exaustivamente a construção sob consideração. Ele supôs o que muitos estudiosos desde então têm pensado que ele provou!18

15 Dixon, "Anarthrous Predicate Nominative," 11-12. 16 Ele concluiu que 94% desses predicativos joaninos eram qualitativos contra 6% definidos. 17 "É óbvio que a importância dessas figuras repousam sobre o cuidado com que os nomes predicativos definidos articulados têm sido identificados (Colwell, "A Definite Rule", 17). 18 Isso não quer dizer que sua regra seja inválida. Pelo contrário, ela é válida para o criticismo textual, e não para a gramática. O criticismo textual era a verdadeira paixão de Colwell (freqüentemente, ele é considerado como o pai do criticismo americano do NT). A validade da regra para o criticismo textual é a seguinte: Se for óbvio que o NP préverbal seja definido, os MSS onde o artigo estiver ausente serão provavelmente a leitura mais original. A questão de significado não está em foco; pelo contrário, a presença ou ausência do artigo é o xis da questão.

Artigos - Parte II: nominativo predicativo pré-verbal anarthro

261

3) Colwell teve um entendimento simplista dos nomes qualitativos e indefinido. Ele cria que o modo de dizermos se um nome é indefinido, qualitativo ou definido dá-se pela tradução. Mas como mostrou-se na Parte I desse capítulo, a tradução nem sempre demonstra se uma palavra é qualitativa, indefinida ou definida. Aparentemente, se para um nome não for natural ser articular, Colwell classificaria-o como definido. As línguas são diferentes aspectualmente, por isso deve se argumentar partindo do sentido, não da tradução. 4) Ilustremos a falha da declaração assim: (a) Suponha um estudo sobre o número de divórcios que teve o seguinte resultado: 90% dos casados na justiça se divorciam em 5 anos. A descoberta então embasaria a "regra": Se você for casado na justiça, você provavelmente (9 para cada 10) se divorciará em 5 anos. O inverso disso, porém, não seria verdadeiro: Se você é divorciado, provavelmente se casou na justiça. O inverso não ocorreria necessariamente pois o estudo foi feito somente com pessoas casadas na justiça, não com todos os divorciados. Somente quando todos os divorciados forem considerados, será feita qualquer declaração acerca da probabilidade de ser casado por um juiz de paz. (b) Uma ilustração simples: Suponha que um garotinho examinasse o relacionamento entre chuva e nuvens. Em cada chuva, ele correria para fora e notaria que havia nuvens no céu. Ele concluiria o seguinte princípio: Se chover, haverá nuvens no céu. Em tal declaração somente o céu foi examinado durante a chuva. O estudo não é exaustivo para concluir todas as ocasiões em que o céu estiver nublado. Se o garoto fosse elaborar o inverso da regra, veria a falácia lógica: Se há nuvens no céu, deve estar chovendo. Com respeito a regra de Colwell, somente o NP pré-verbal anarthro fora estudado previamente e determinou-se, pelo seu contexto, sem muita probabilidade, que ele seria definido. Nem todo NP pré-verbal anarthro foi estudado. No entanto, o inverso da regra, comumente adotado pela erudição do NT, pressupõe que todas as constuções foram examinadas. No estudo de Harner, a rede foi lançada com mais amplitude. Ele examinou todos os nominativos predicativos pré-verbais. Sua conclusão foi: "80% são qualitativos". Portanto, quando encontra-se um NP pré-verbal anarthro, deve-se considerar sua força provavelmente qualitativa. E, somente, se o contexto ou outros fatores fortemente sugerirem o contrário, ele será definido. Em suma, a regra de Colwell não prova nada acerca de definição. Seu valor não é gramatical em si. Mas, para o criticismo textual, ele prova algo acerca do artigo e da ordem das palavras.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

262

O quadro abaixo mostra os diferentes dados examinados por Colwell ("regra de Colwell") e Harner ("construção de Colwell").

/

Todos os Pred.

/

do Suj. definidos

/

\

(tanto pré-verbal \

quanto pós verbal \

articular e anarthrous)

Regra de ColwelTs

Todos os anarthrous

\

| pré-verbal Pred. do Suj.

|

(sem considerar

\ \

/

a força sem ântica)

/

Construção ColwelTs

Q u adro 26 O s D iferen tes D ados para a R egra de C olw ell x C onstru ção de C olw ell

Veja no quadro: os dados não foram os mesmos. A sobreposição de alguns gerou a confusão sobre a regra. 5.

O Significado da Construção de Colwell para a Exegese Os estudos de Dixon e, especialmente, Hamer mostram que o NP pré-ver­ bal anarthro está ainda mais próximo do definido do que um NP pós-copulativo anarthro,19 e que um NP anarthro que segue o verbo será geralmente quali­ tativo ou indefinido.20 Uma regra geral sobre a construção é: Um NP pré-verbal anarthro normalmente é qualitativo, às vezes, definido, e só raramente indefinido. Em nenhum dos dois estudos encontrou-se qualquer NP indefinido. Cremos que pode haver algum no NT, mas isso, no entanto, tem pouca força semântica atestada.

19 O próprio Dixon nega sua importância para a exegese, declarando: "Obviamente, essa regra tem pouquíssimo valor exegético" (14). Isso é verdadeiro quanto à regra, não quanto à construção. Especificamente, das 53 construções de Colwell encontradas por Dixon em Jo, nenhuma foi considerada indefinida. 20 Isso é claro, a menos que haja alguma outra base para considerar como definido (tal como um nome monádico).

Artigos - Parte II: nominativo predicativo pré-verbal anarthro

263

Quadro 27 Distribuição Semântica do Nominativo Predicativo Anarthro Perceba que o NP pré-verbal anarthro normalmente enquadra-se no campo semântico definido-qualitativo, enquanto o NP pós-verbal anarthro geralmente, no campo indefinido-qualitativo. Pressupõe-se, pois, que um NP pré-verbal anarthro será qualitativo se houver considerações textuais ou afins apontando ser ele definido ou, menos provável, indefinido. a. Nominativo Predicativo Definido Mt 27:42

áÀÀouç eocoacu, èauròu ou õúvarai acâaca PaaiÀeuç ’lapaf|Á kaziv, Kaiapáiü) v\>i> àirò roô otaupou Salvou outros, [mas] não pode salvar a si mesmo. Ele é o Rei de Israel; desça agora da cruz . . . Fica claro que o NP não poderia ser outro, a não ser definido, pois ha­ via somente um rei de Israel na época.21

Jo 1:49

oi) ei ó ulòç tou 0eoü, oi) paaiA.eòç ei tou 'IopaqA.22 tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel A resposta de Natanael a Jesus é uma identificação dupla. Na primeira construção o NP segue o verbo e é articular. Na segunda construção,

21 Ainda, deve-se observar que o NP possui um adjunto genitivo. O que é mais interessante acerca de muitas construções de Colwell é: aqueles NPs que realmente devem ser considerados definidos, freqüentemente têm algum outro aspecto (e.g., nome monádico, modificadores genitivos, nome próprio), sugerindo definição independentemente da construção de Colwell. Vários MSS colocam fiaaikevç depois do verbo e acrescentam artigo antes dele (e.g., ip66 N X T A 0 063 1241 f 13 Byz). Colwell apontou variantes assim como evidência para a validade da regra, ou seja: (1) um NP definido precederá o verbo e virá desprovido de artigo ou (2) seguirá o verbo e será articular.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

264

precede o verbo e é anarthro. Esse texto auxiliou na ilustração de Colwell para o seu principio. 1 Co 1:18

ó A.óyor|Tr\ç é um NP anarthro que aparece cinco vezes. O foco está sobre qualquer um que reivindica ser desse grupo de elite conhecido como profetas. Se um determinado indivíduo age de forma não condizente com esse grupo, é chamado falso profeta (iJ;euôoTTpo(J)f|Tr|ç). O foco da perícope está, então, sobre qual­ quer membro, sem especificar qual está em vista (separando-o de suas próprias ações). Isso é um NP indefinido.26 Para outros possíveis NPs indefinidos (muitos poderiam classificá-los como indefinidos-qualitativos ou vice-versa: cf. Mt 14:26; Lc 5:8; Jo 8:34; At 28:4; Rm 13:6; 1 Co 6:19. 6. Aplicação da Construção de Colwell a Jo 1:127 Em Jo 1:1, lemos:’Eu ap/rj rju ó ÀÓyoç, Kal ò Xóyoç rju irpòç tòv 0eóv, 0eòç rjv ó Âóyoç. Na última parte do verso, na oração K a l 0eòç fjv ô Àóyoç (Jo 1:1c), Qcóç é o NP, pois é anarthro e precede o verbo; encaixandose, portanto, na construção de Colwell (embora pudesse não se encaixar na regra, pois a mesma diz que a definição é determinada ou indicada pelo contexto, não pela gramática). Se é indefinido, qualitativo ou definido, a questão a será discutida. Kal

a.

É 0eóç em Jo 1:1c Indefinido? Se 0eóç fosse indefinido, teríamos a tradução: "um deus" (como a Tra­ dução do Novo Mundo [TNM]). Se for assim, a implicação teológica seria uma forma de politeísmo, talvez sugerindo que o Verbo fosse me­ ramente um deus secundário em um panteão de divindades. O argumento gramatical de que o NP aqui seja indefinido é fraco. Por várias vezes, aqueles que defendem essa posição (em particular os

26 É difícil, contudo, distinguir, às vezes, indefinido do qualitativo (da mesma forma que, outras vezes, é difícil distinguir o qualitativo do definido). Só o fato de qualquer membro de uma classe ser mencionado lança luz em certo grau a essa classe particular, conseqüentemente, fazendo algum tipo de declaração qualitativa. 27 Cf. também Mc 15:39 (e o artigo de Harner) para um texto teologicamente significante parecido.

Artigos - Parte II: nominativo predicativo pré-verbal anarthro

267

tradutores da TNM) assim o fazem somente baseados no fato de ser o termo anarthro. Eles, todavia, são inconsistentes, como R. H. Countess aponta: No NT há 282 ocorrências de 0fóç anarthro. Em 16 lugares, a TNM tem um deus, deus, ou deuses. Em 16 das 282 vezes, seus tradutores foram fiéis a seu princípio, somente seis por cento das vezes. . . . A primeira seção de Jo 1:1-18 oferece um lúcido exemplo da arbitrariedade do dogmatismo da TNM. 0eóç ocorre oito vezes, versículos 1, 2, 6, 12, 13, 18, das quais apenas duas vezes vem acompanhado de artigo, ou seja, os vv. 1, 2. Porém, a TNM seis vezes traduziu "Deus"; uma vez, "um deus"; e outra vez, "o deus".28 Se expandirmos a discussão a outros termos anarthros no Prólogo Joanino, observaremos outras inconsistências: E interessante que a Tra­ dução do Novo Mundo traduza 0eòç como "um deus" sobre a base simplista da ausência do artigo (o que, sem dúvida, é insuficiente). Se­ guindo o princípio "anarthro = indefinido", teríamos: àp/fj significaria "um princípio" (1:1,2); (wi), "uma vida" (1:4); trapà 9eoü, "de um deus" (1:6); Ttaáwqç, "um João" (1:6); 9eóv, "um deus" (1:18) etc. Todavia, nenhum desses anarthros foram traduzidos com artigo indefinido. O que resta é suspeitar-se fortemente das bases teológicas de tal tradução. Segundo Dixon, se 9eóç fosse indefinido em Jo 1:1, seria o único NP préverbal anarthro no Evangelho de João. Embora tenhamos discutido ser isso um tanto exagerado, o ponto geral é válido: A noção indefinida é atestadamente a mais pobre para o NP pré-verbal anarthro. Assim, gra­ maticalmente tal significado é improvável. O contexto também sugere essa improbabilidade, pois o Verbo já existia no princípio. Assim, é al­ tamente improvável, pelo contexto e pela gramática, que o Logos fosse, de acordo com João, "um deus". Finalmente, a própria teologia do evangelista milita contra esse ponto de vista, o que há é uma Cristologia exaltada no Quarto Evangelho, a ponto de Jesus Cristo ser identificado como Deus (cf. 5:23; 8:58; 10:30; 20:28 etc.). b. É 0eóç em Jo 1:1c Definido? Gramáticos e exegetas desde Colwell tomam 9eóç, em Jo 1:1c, como definido. Entretanto, sua base tem normalmente sido a má compreensão da regra de Colwell. Para eles, a regra diz: "um NP pré-verbal anarthro normalmente será definido (e não o inverso)". Mas a mesma regra indica: "um NP que é provavelmente definido, determinado pelo contexto e precedente de verbo será normalmente anarthro. Se verificássemos a

28 R. H. Countess, The Jehovah's Witnesses' New Testament: A Criticai Analysis of the New World Translation of the Christian Greek Scriptures (Philipsburg, N. J.: Presbyterian and Reformed, 1982) 54-55.

268

Sintaxe Exegética do Novo Testamento regra para vermos se ela se aplica aqui, diríamos que a menção prévia de 0eóç (em 1:1b) é articular. Portanto, se a mesma pessoa a que está se referido for chamada 0eóç em 1:1c, então, em ambos os lugares, ela será definido. Ainda que seja certa e gramaticalmente possível (apesar de não ser tão provável quanto o qualitativo), a evidência não é muito convincente. A vasta maioria dos NPs pré-verbais anarthros definidos são monádicos, vêm em construções genitivas, ou são nomes próprios. Nenhuma dessas classificações se encaixa aqui, diminuindo, então, a propabilidade de 0fóç ser definido em Jo 1:1c. Além do que, chamar 0eóç em 1:1c de definido é a mesma coisa que: caso o nome siga um verbo, ele será articular. Assim, teríamos uma pro­ posição conversível com ÀÓyoç (i.e., "o Verbo" = "Deus" e "Deus" = "o Verbo"). O problema dessa argumentação é: 0eóç em 1:1b refere-se ao Pai. Logo, dizer que 0eóç em 1:1c é a mesma pessoa de 1:1b é afirmar: "O Verbo era o Pai".29 Essa abordagem, segundo os antigos gramáticos e exegetas, não passaria de um sabelianismo ou modalismo embrioná­ rio.30 O Quarto Evangelho é o lugar menos provável para se encontrar o modalismo no NT.

29 Não significa que em um dado contexto Jesus não poderia ser identificado com ò 9eóç. Em Jo 20:28, e.g., onde o ápice do Evangelho chega à confissão de Tomé, Jesus é chamado de ó 9eóç. Não há nada, no entanto, nesse contexto que o identificasse com o Pai. 30 Antes de 1933, comentarista, do NT viam 9eóç como qualitativo. No comentário de João, v.g., por Westcott: "necessariamente é sem o artigo (9eóç não ò 9eóç) já que descre­ ve a natureza do Verbo e não identifica Sua Pessoa. Seria sabelianismo crasso dizer "o Verbo era ò 0eóç". Robertson, Grammar, 767-68: "ô 9fòç rjv ò ÀÓyoç (termos conversíveis) seria puro sabelianismo . . . . a ausência do artigo aqui não é sobre propósito e essência da verdadei­ ra idéia". O comentário de João de Lange: “Gcóc sem o artigo significa essência divina, ou a idéia genérica de Deus em distinção do homem e anjo. Como o á p f v. 14, significa a essência humana ou natureza do Logos. O artigo antes de 9eóç destruiria aqui a distin­ ção da personalidade e confundiria o Filho com o Pai". Chemnitz diz: "9eóç sine artic. essentialiter, cum artic. personaliter". Alford afirma: "A omissão do artigo antes de 0eóç não é mero uso. Poderia não ter sido expresso aqui, sem se importar com o lugar das palavras na sentença. Ô ÀÓyoç r\v ó 9cóç destruiria a idéia do ÀÓyoç completamente. 0eóç deve então ser tomado como implican­ do Deus, em substância e essência, - não ó 9eóç , 'o Pai', em Pessoa . . . . como em oàpÇ èyévexo [Jo 1:14], Eápi; expressa esse estado dentro do qual o Verbo Divino entrou por meio de um ato definido, assim em 9eòç rjv, 9eóç expressa essa essência que era dEle kv àpxfj: - que Ele era Deus verdadeiro. De modo que esse primeiro versículo fosse conectado assim: O Logos era desde a eternidade, - estava com Deus (o Pai), - e ele mesmo era Deus". Lutero declarou sucintamente: "'o Verbo era Deus' é contra Ario; 'o Verbo estava com Deus' é contra Sabélio".

Artigos - Parte II: nominativo predicativo pré-verbal anarthro c.

269

É 0eóç em Jo 1:1c Qualitativo? O candidato mais provável para 9fóç é o qualitativo. Este é tanto gra­ maticalmente verdadeiro (pois a vasta proporção de NPs pré-verbais anarthros se enquadram aqui) quanto teologicalmente verdadeiro (a teologia do Quarto Evangelho e a do NT a confirmam). Há um contra­ peso entre a deidade do Verbo, já presente no princípio (kv àpxtl ■ ■■ dcòç f\v [1:1], e sua humanidade, acrescentada depois (oàpíj lylvczo [1:14]). A estrutura gramatical dessas duas declarações espelha-se uma na outra. Ambas enfatizam a natureza do Verbo, e não sua identidade. Mas vale lembrar que 9eóç é sua natureza desde a eternidade (conse­ qüentemente, eípi' é usado) enquanto oápk, foi acrescentado na encarnação (sendo assim, yí^opat é usado). Tal opção não impugna de modo algum a deidade de Cristo. Pelo contrário, a enfatiza, pois, embora a pessoa de Cristo não seja a pes­ soa do Pai, a essência deles é idêntica. As possíveis traduções são: "O que Deus era, o Verbo era" (NEB), ou "o Verbo era divino (Moffat modificado). Na segunda tradução, "divino" seria aceitável somen­ te se fosse um termo aplicado apenas à verdadeira deidade. No en­ tanto, no português moderno, usamo-la para se referir a anjos, teó­ logos, até mesmo a uma refeição (N.T., Isso é um manjar dos deuses, ou divino!)! Assim, "divino poderia conduzir a uma interpretação errônea. A idéia de um 9eóç qualitativo aqui é: o Verbo tinha todos os atributos e qualidade que o termo "Deus" em 1:1b. Ou seja, parti­ lhava da essência do Pai, embora fossem pessoas diferentes. A cons­ trução escolhida para expressar essa idéia foi a maneira mais concisa que João poderia ter usado afim de declarar ser o Verbo Deus e ainda alguém distinto do Pai.31

7.

Apêndice à "Construção" de Colwell: E quando o verbo estiver ausente? Quando o verbo estiver ausente, um NP, é claro, não poderá ser apropria­ damente chamado de pré-verbal. No entanto, há uma construção em que um NP acopulativo (i.e., sem verbo) terá o mesmo valor semântico que um pré-verbal. Ou seja, isso ocorrerá quando ele preceder o sujeito. Assim, em­ bora haja diversas passagem em que falte o verbo, a importância desses textos poderá ser determinada pela ordem das palavras que constituem o NP e o sujeito.32 Quando o NP anarthro anteceder o sujeito, ele será qualitativo ou definido, pois (1) o verbo estará presente (é mais provável vir após o NP), e (2) ao

31 Embora eu creia que 6èÓç em 1:1c é qualitativo, penso na mais simples e mais direta tradução: "e o Verbo era Deus". Pode ser melhor afirmar claramente o ensino do NT sobre a deidade de Cristo e, então, explicar que ele é Deus, mas não é o Pai. 32 A razão disto é que sempre que uma palavra aponta para trás, ela tende a ser enfatizada. Desse modo, um NP pré-verbal anarthro, por meio desse deslocamento da ordem das palavras, forma a definição. Assim é um NP antes do sujeito não verbal anarthro.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

270

colocar o NP antes do sujeito, o autor está enfatizando aquele. Se ele for enfatizado, então, será qualitativo ou definido (já que é anormal conceber um NP indefinido como enfático, ainda que não seja inteiramente impossível). Em Jo 4:24, Jesus diz à mulher na fonte: nveüpa ó Geóç. O NP anarthro antecede o sujeito e não há verbo. Aqui, Ilueíjpa é qualitativo, enfatizando a natureza ou essência de Deus (a KJV lamentavelmente diz: "Deus é um espírito"). Em Fp 2:11, Paulo proclama: KÚpioç TqooOc; Xpuruóç ("Jesus Cristo é Se­ nhor"). Aqui, semelhante à Jo 4:24, não há cópula e o NP anarthro antecede o sujeito. O NP, nesse exemplo, é aparentemente definido: Jesus Cristo é o Senhor. Cf. também Fp. 1:8 (com Rm 1:9). Em suma, quando um NP anarthro preceder um sujeito sem verbo explícito, ele será qualitativo ou definido, o mesmo sucede ao NP pré-verbal anarthro.

B. O Artigo com Múltiplos Substantivos Conectados por Kaí (A Regra de Granville-Sharp e Construções Relacionadas)33 Introdução Em grego, quando dois nomes conectado com kai, e o artigo precede so­ mente o primeiro nome, haverá uma conexão entre os dois. Essa conexão sempre indica, pelo menos, algum tipo de unidade. Em um nível mais alto, pode conotar igualdade. Em um nível elevadíssimo pode indicar identidade. Quando a construção encontra três exigências específicas, então dois no­ mes sempre se referem à mesma pessoa. Quando a construção não encontrar esses requerimentos, os nomes podem ou não referirem-se à(s) mesma(s) pessoa(s)/objeto(s). 1.

Decoberta da "Regra de Granville Sharp" Granville Sharp, filho do diácono superior e neto de um arcebispo, foi um filantropo inglês e abolucionista (1735-1813). Ele é conhecido pelos estu­ dantes de história como "o Abraão Lincoln da Inglaterra", devido a seu papel-chave na abolição da escravatura. Sem treinamento teológico especí­ fico, foi um estudante das Escrituras. Sua forte convicção na Divindade de Cristo o levou a estudar a Bíblia no original a fim de defender mais habil­ mente essa convicção. Embora tal motivação o transformasse relativamente em um bom lingüista, capaz de lidar com os textos grego e hebraico.34 A medida que estudava as Escrituras, no original, notou certo padrão: quan­ do havia uma construção do tipo artigo-substantivo-Koú-substantivo (ASKS)

33 Para um tratamento compreensível desse sujeito, veja D.B. Wallace, "O Artigo com Múltiplos Substantivos Conectados pelo Kaí no Novo Testamento: Semântica e Significância" (Tese de Ph.D. Seminário Teológico de Dallas, 1995).

Artigos - Parte II: com múltiplos substantivos

271

envolvendo nomes pessoais singulares e que não eram nomes próprios, es­ ses sempre se refeririam à mesma pessoa. Sharp notou isso e aplicou-o em vários textos35 sobre a deidade de Jesus Cristo. Assim, em 1798, publicou um breve volume intitulado, Notas sobre o Artigo Definido no Texto Grego do NT, Contendo Muitas Novas Provas sobre a Divindade de Cristo, a partir de Pas­ sagens que são erroneamente Traduzidas na Versão do Rei Tiago [KJV].36 O volu­ me teve quatro edições (três na Inglaterra e uma na América do Norte).37 2.

Declaração da Regra Sharp realmente notou seis regras sobre o uso do artigo, contudo somente a primeira dessas é que ficou conhecida como a Regra de Sharp, por causa de sua importância para os textos que tratam da deidade de Cristo. Conse­ qüentemente, "ela possui mais resultados que as demais. . ."38 Essa regra declara: Quando a partícula Kaí conectar dois nomes no mesmo caso, [ou seja, nomes (substantivo, adjetivos ou particípios) de descrição pessoal, referindo-se a ofício, dignidade, afinidade ou conexão, atributos, propriedades, ou qualidade boas ou más], e se o artigo ó, ou qualquer uma de suas formas declináveis, preceder o primeiro nome ou particípio, e se não repetir-se antes do segundo nome ou particípio, o último sempre se relacionará à mesma pessoa expressa ou descrida pelo primeiro nome ou particípio. Ou seja, denotará outra descrição ao nome inicialmente citado . . 39 Embora Sharp incluísse aqui somente substantivos pessoais singulares, não havia base para se crer que ele pretendia restringir sua regra a isso. No entanto, a leitura de sua monografia revela que poderia aplicá-la, apenas e absolutamente, a nomes pessoais singulares e que não fossem nomes próprios.40 Em outras palavras, na construção ASKS, o segundo nome 41 refere-se à mesma pessoa mencionada com o primeiro nome quando:

34 Entre aproximadamente 70 volumes que Sharp escreveu (muitos dos quais tinham a ver com questões sociais, especialmente escravidão) estavam 16 obras sobre estudo bíblico. Um de seus primeiros livros, de fato, lida com o criticismo textual do AT e foi uma crítica da obra do grande erudito hebreu de Oxford Hebrew, Benjamin Kennicott. Sharp também escreveu um volume sobre pronunciação hebraica e sobre sintaxe hebraica na qual formulou regras acerca do ícaic-consecutivo ainda consideradas válidas hoje. Ele teve mais que as duas que aqui consideramos legítima. Seus demais textos envolviam variantes textuais que não consideramos como originais ou itens onde não encontramos o critério básico de Sharp à medida que ele as considerava. 36 Publicada em Durham por L. Pennington. 37 Para mais detalhes sobre a vida de Granville Sharp, veja Wallace, "O Artigo com Múltiplos Substantivos", 30-42. Todas as citações da monografia de Sharp são da última edição, a primeira edição americana (Philadelphia: B. B. Hopkins, 1807). 38 Sharp, Remarks on the Uses of the Definitive Article, 2. 39 Ibid., 3 (itálicos no original). 40 Veja Wallace, "O Artigo com Múltiplos Substantivos", 47-48, para documentação. 41 Por "nome" queremos dizer o que Sharp pretendia: adjetivo substantivado, particípio substantivado ou substantivo.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

272 (1) não for impessoal; (2) não for plural;

(3) não for nome próprio.42 Portanto, de acordo com Sharp, a regra será aplicada só e exclusivamente com nomes pessoais singulares e nomes que não são próprios. A importân­ cia desses requerimentos pode ser subestimada caso não se atente para o seguinte princípio: Sharp a aplicou quase, sem exceção, a nomes que deti­ nham essas três características. Más compreensões derivam-se da não familiarização com as restrições classificadas por Sharp. 3.

Negligência para com a Regra de Sharp e Abusos comentidos contra ela Um caso de ironia muito interessante na história dos estudos bíblicos é que a Regra de Sharp, que logo encontrou suporte massivo e bem documentado entre os gramáticos clássicos e eruditos da patrística, quase foi derrubada por uma nota de rodapé sem base. G. B. Winer, o grande gramático do NT do séc. XIX, escreveu: Em Tt 2:13... considerações derivadas do sistema de doutrina de Paulo leva­ ram-me a crer que acarípoç não é um segundo predicativo, coordenado a 9eou. [Na nota 2 na parte inferior da mesma página] Na observação acima, não foi minha intenção negar que, na questão gramatical, auTÍpot; rpwv deva ser considerado como um segundo predicativo, uma vez que é também depen­ dente do artigo tou. A convicção dogmática derivada dos escritos de Paulo, porém, faz-me aceitar que esse apóstolo não teria chamado Cristo o grande Deus. Isso levou-me a mostrar que não há obstáculo gramatical para tomar a oração Kal oux.. . .XpiatoO como uma referência a um segundo sujeito.43 Apesar de não ter avançado em nenhum argumento gramatical real, Winer foi um gramático altamente considerado, capaz de cancelar, por intimida­ ção de sua própria opinião, o uso da regra de Sharp em passagens como Tt 2:13 e 2 Pd 1:1. Essa declaração quase causou o fim da regra de Sharp.44 A partir desse ponto, vemos esses eruditos (1) incertos quanto à validade da regra de Sharp ou (2) inseguros acerca de seus requerimentos.45 Moulton, e.g., declara: "Não podemos discutir aqui o problema de Tt 2:13, por isso devemos deixar, como gramáticos, o assunto aberto [veja WM

42 Um nome/substantivo próprio é definido como um nome que não pode ser "transformado em um plural"- assim não inclui títulos. Um nome de uma pessoa, portanto, é próprio e, conseqüentemente, não se encaixa na regra. Mas Oeóç não é próprio porque pode ser posto no plural - então, quando Ocóç estiver em uma construção ASKS em que ambos os nomes são singular e pessoal, ele se encaixa na regra de Sharp. Visto que 9eoí é possível (cf. Jo 10:34), Geóç não é um nome próprio. Para uma discussão detalhada sobre o uso gramatical de 9eóç no NT, cf. B. Weiss, "Der Gebrauch des Artikels bei den Gottesnamen," TSK 84 (1911) 319-92, 503-38; R. W. Funk, "The Syntax of the Greek Article: Its Importance for Criticai Pauline Problems" (Tese Ph.D. Vanderbilt University, 1953) 46, 154-67; Wallace, "O Artigo com Múltiplos Substantivos", 260-63. 43 Winer-Moulton, 162. 44 Hoje, os eruditos tendem a rejeitar a autoria paulina das pastorais ou as afirmações da deidade de Cristo nelas. Você não pode ter ambos Paulo e Cristo, é o que parece. 45 Para documentação, veja Wallace, "O Artigo com Múltiplos Substantivos", 53-80, esp. 66-80.

Artigos - Parte II: com múltiplos substantivos

273

(Winer-Moulton) 162, 156n.].46 Dana-Mantey, cuja gramática de grego é bem conhecida por muitos estudantes americanos, realmente reproduz (quase que) literalmente a regra de Sharp, não especificou com mais clare­ za as limitações.47 O resultado disso sobre a Regra de Sharp foi: Ao se incluir nomes plurais e impessoais como parte da regra, mina-se a aplicação feita por Sharp em Tt 2:13, a respeito da Deidade de Cristo. A regra deixa de ser absoluta. Ou seja, as exceções da regra de Sharp fazem parte, na verdade, do enunciado da regra e estão realmente sobre o escopo da mesma. Logo, não são exceções, mas a regra. 48 4.

Validade da Regra no NT Não estabelecemos a validade do cânon de Sharp até agora. Temos, porém, advogado contra as péssimas interpretações feitas sobre a mesma. Nosso alvo, nessa seção, é demonstrar sua validade dentro das páginas do NT. a.

Em Geral Sem contar com as passagens cristologicamente importantes, há 80 cons­ truções no NT que se encaixam nos requerimentos da Regra de Sharp 49 Mas todas enquadram-se semânticamente dentro da regra, i.e., os subs­ tantivos sempre se referem à mesma pessoa? Em uma palavra: sim. Mesmo os opositores de Sharp não poderiam citar uma única exceção. Todos validam o estudo de Sharp no NT.50

46 Moulton, Prolegomena, 84 (itálicos acrescentados). 47 Dana-Mantey, 147. 48 A lista daqueles que entenderam mal a regra inclui eruditos notáveis como J. H. Moulton, A. T. Robertson, Dana-Mantey, M. J. Harris, F. F. Bruce, C. F. D. Moule, et al. 49 Esse número é disputado por alguns, devido a variantes textuais, inclusão de nomes impessoais e/ou nomes plurais, ou uma interpretação diferentes de certos particípios (isto é, aqueles que considero ser adjetivais são, às vezes, considerados como substantivados por outros e, conseqüentemente, incluídos na contagem deles). 50 O oponente mais formidável da regra de Sharp foi Calvin Winstanley (d Vindication of Certain Passages in the Common English Versíon of the New Testament: Addressed to Granville Sharp, Esq., 2d ed. [Cambridge: University Press-Hilliard and Metcalf, 1819]). Ainda que tenha concordado que os princípios de Sharp eram válidos, chega a dizer: "sua primeira regra tem um alicerce real na expressão da linguagem ..." (36). E muito além, dentro das páginas do NT, Winstanley reconhece: "Não há, tu dizes, nenhuma exceção, no NT, a tua regra; isto é, suponho eu, a menos que esses textos particulares [i.e., os que Sharp usou para defender a deidade de Cristo] sejam assim... nada é surpreendente que encontrar todos esses textos particulares em questão aparecendo como exceções a tua regra, e as únicas exceções... no NT..." (39-40)-uma concessão óbvia que ele não poderia encontrar nenhuma exceção, salvo àquelas que ele supôs existir nos textos cheios de significado cristológico. Por outro lado, no longo estudo de C. Kuehne, "The Greek Article and the Doctrine of Christ's Deity," Journal of Theology 13 (Setembro de 1973) 12-28; 13 (Dezembro 1973) 14-30; 14 (Março 1974) 11-20; 14 (Junho 1974) 16-25; 14 (Setembro 1974) 21-33; 14 (Dezembro 1974) 8-19, o erudito luterano resume seus achados: "... temos visto que no NT não há exceção alguma à regra!" (Journal of Theology 14.4 [1974] 10).

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

274

Abaixo estão alistadas várias passagens representativas da regra de Sharp, incluindo aquelas com substantivos, adjetivos e construções mistas. 1) Substantivos na Construção Pessoal na ASKS Mc 6:3

ofixóç kaxív ò t Úk t g w , ó uíòç xfjç Mapíaç Kal áôeÀcjjòç TaKGJpou51 este é o carpiteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago

Jo 20:17

xòv traxépa pou Kal TTatépa úpúv Kal Geóv pou Kal 0eòv íípcôv

meu Pai e vosso Pai e meu Deus e vosso Deus A construção aqui é incomum pois envolve quatro substantivos. Os pro­ nomes possessivos são usados para mostrar a diferença entre o modo como Jesus e seus discípulos se relacionam com Deus. Não implicam, contudo, que uma pessoa diferente está em mente. A primeira pessoa da Trindade é o referente em todos os quatro. E também significante que um dos substantivos seja 0eóç. Essa é uma boa ilustração a favor da identificação de Gcóç como um nome não próprio (da perspectiva gre­ ga). Sempre que um nome próprio aparecer na construção de Sharp, teremos duas pessoas diferentes. Todavia, sempre que Gcóç estiver nes­ sa construção, uma única pessoa está em vista. Ef 6:21

TuxlkÒç ó àyaTrr|TÒòç úpcôv Kal auyKOivcúvóç kv xrj 0Â.újfei K a l (3aaiA.eía eu, João, vosso irmão e companheiro na tribulação e reino Este texto envolve duas construções ASKS: (1) uma pessoal e (2) outra impessoal. É óbvio que a construção pessoal se encaixa com a regra (João é tanto o irmão quanto o companherio de seus leitores), enquanto a construção impessoal obivamente, não (a tribulação não é idêntica ao reino).

Cf. também Lc 20:37; Rm 15:6; 2 Co 1:3; 11:31; G11:4; Ef 1:3; 5:20; Fp 4:20; Cl 4:7; 1 Ts 1:3; 3:11, 13; 1 Tm 6:15; Hb 12:2; Tg 1:27; 3:9; 1 Pd 2:25; 5:1; 2 Pd 1:11; 2:20; 3:2, 18; Ap 1:6. 2) Particípios na Construção Pessoal ASKS Mt 27:40

ó KaxaA.úcov xòv vaov Kal kv xpialu rpi-pcuç olKoôopxôv, awaov aeauxóu [tu,] o que destrói o templo e em três dias edifica[-o], salva-te a ti mesmo

Jo 6:33

ó Kaxapaíucúv ck xoõ oúpavoô Kal ((apu ôtõoúç O que desce dos céus e que dá vida

51 S DL 892* acrescentam ò antes de àõeÂ,(j>óç; (0) 565 700 892comitem o Km, retendo desse modo a aposição.

Artigos - Parte II: com múltiplos substantivos

275

At 15:38

xòv aTToaxávxa àtr’ aòxwv áirò Ilap^U/Uaç Kai jj.fi auveÀGóvxa aüxólç Aquele que tinha se apartado deles desde a Panfília e não foi com eles

Ef 2:14

ó noiiíoaç xà àp^ótepa eu K a i xò peaóxotxov xoü (jjpaypoú Àúaaç O que fez de ambos um e que destruiu a barreira de separação Esse texto ilustra que mesmo havendo várias palavras intervindo, a construção não será invalidada.

Tg 1:25

ó ôè TTapaKÚt|raç elç vópov xéÀetou xòv xfjç êÀeu0epLair|p (Tt ii. 13); e não menos que várias milhares da forma ò Geò; K a l owxrjp (2 Pd i. l.)[,] e, em nenhum caso, tenho visto (onde o sentido poderia ser determinado) quaisquer deles usados, mas somente de uma pessoa" (ibid., 132). Portanto, até onde Wordsworth estava preocupado, as construções ASKS que envolvem a deidade de Cristo, no NT e pais gregos da igreja, nunca foram ambíguos, mas sustentaram plenamente a proposição de Sharp.

278

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Maria eram irmãs (Jo 11:19), Barnabé e Saulo eram parte de um em­ preendimento particular (A. 13:2). Há uma razão para um único artigo em cada exemplo, ou seja, ele conceitualiza um grupo coerente contextualmente definido. Mas, uma vez que são ambos nomes própri­ os, o artigo não identifica um com o outro. b. Construções Pessoais no Plural63 1) Semântica e Dados no NT Vários eruditos do NT que abraçaram a regra de Sharp assumiram, sem garantia, que ela se aplicava a substantivos plurais. Aqueles que entenderam os requerimentos de Sharp sobre os substantivos singulares, assumiram, não obstante, que os substantivos plurais devem ter o mesmo referente ou referentes inteiramente distintos. A abordagem semântica deles é inadequada visto que uma única questão é levantada: São dois grupos idênticos ou distintos? Uma questão assim para a construção pessoal singular é obviamente adequada, porém, a natureza absoluta de uma construção plural exige que várias outras questões sejam feitas se quisermos ver seu alcance semântico completo. Quer dizer, já que a construção plural trata com grupos, podem haver outras possibilidades além da distinção e identidade absolutas. Teoricamente, de fato, há cinco possibilidades semânticas para a construção plural ASKS: (1) grupos distintos, embora unidos; (2) grupos justapostos; (3) primeiro grupo como parte do segundo; (4) segundo grupo como parte do primeiro; e (5) ambos os grupos idênticos. No NT, todos os grupos são representados, embora não sejam igualmente distribuídos. Discutiremos as estatísticas depois de vermos alguns exemplos. 2) Ilustrações Ambíguas a) Grupos Distintos, embora Unidos Todas as vezes em que o artigo estiver sozinho na construção ASKS, isso sugerirá algum tipo de unidade. Um grande número de exemplos no NT não implica nada mais que isso. Esse é um fenômeno também visto no português. Na sentença: "Os senadores e deputados aprovaram o orçamento de forma unânime", os dois grupos políticos, embora distintos, estão unidos em uma questão determinada.64

63 Para uma discussão detalhada, veja Wallace, "O Artigo com Múltiplos Substanti­ vos", 136-63, 219-44. De modo mais embrionário, ainda que com as mesmas conclusões, veja D. B. Wallace, "The Semantic Range of the Article-Noun-Kaí-i\joun Plural Construction in the New Testament," GTJ 4 (1983) 59-84. 64 Talvez essa ilustração não seja tão verdadeira para a vida quanto pretendia!

Artigos - Parte II: com múltiplos substantivos

279

Quadro 28 Grupos Distintos, embora Unidos65 Mt 3:7

ttôv $ a p ia a ío )v Kai SaôôouKoáuv

os fariseus e saduceus Embora esses dois partidos fossem distintos, o artigo os une por uma razão específica. Essa é a primeira menção dos fariseus e saduceus em Mt, e pode ser significante o evangelista apresenta esses dois grupos em oposição ao precursor do Messias (Vale lembrar que historicamente foram desunidos, mas agora estão unidos). Os fariseus e saduceus são alistados juntos somente outras quatro vezes em Mt. Em cada exemplo, a estrutura é ASKS e os dois grupos estão juntos em oposição a Jesus.66 Mt 16:21

tcôv irpeapu iépcou

Kai á p x ie p é o v Kai y p ap p aT éw v os anciãos e principais sacerdotes e escribas Esses eram os três partidos distintos que formavam o Sinédrio. (Alguns têm erroneamente insistido que essa construção se encaixa na regra de Sharp porque esses três grupos se referem ao Sinédrio. No entanto, dizer que A + B + C = D não é a mesma coisa que A = B = C. Essa última equação representa o que é declarado na regra de Sharp.67)

At 17:12

tcôv»

. . . ywaiKcàv' . . . Kai áuôpcôv (as)... Mulheres . . . e homens

Cf. também Mt 2:4; Mc 15:1; Lc 9:22. b) Grupos Justapostos Os seguintes exemplos, em português, sugerem algumas ilustrações com grupos justapostos: "o pobre e doente", "o cego e ancião" etc. No NT, porém, isso é uma categoria escassamente atestada. Há apenas três exemplos.

65 Nessa e nas figuras seguintes, o artigo antes do primeiro substantivo e o K a í entre os substantivos são omitidos porque as figuras pretendem ilustrar a semântica, não as estruturas, da construção ASKS. 66 Veja Mt 16:1, 6, 11, 12. Veja também At 23:7 para o único exemplo desses dois grupos nessa construção. 7 A diferença entre as duas fórmulas é a diferença entre igualdade de status e iden­ tidade do referente. Somente se os escribas se referissem ao mesmo grupo a que os anciãos se reportavam é que o princípio de Sharp poderia ser invocado.

280

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Grupos Justapostos Ap 21:8

to lç ôè õetÀolç Kal áiríoioLç Kal épôeÀuyiiévoLç Kal (Jjoveüoiv Kal Trópvoiç Kal (jjappáKOLç Kal elôwÀoiáTpau; . . . tò pépoç aírucôv kv if| Àúpivri xf) KaiopéuT) xupl Kal Oeíu

Quanto, porém, aos covardes e incrédulos, e abomináveis, e assassinos, e impuros, e feiticeiros, e idólatras. . . a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre E óbvio aqui que o Lago de Fogo não está reservado somente para aqueles que se enquadram em todas as "qualificações", nem para aqueles que se encontram em somente uma delas. A idéia de grupos justapostos deve ser o significado aqui pretendido. Cf. também Mt 4:24; Lc 14:21. c) Primeiro Grupo como parte do Segundo Quando dizemos que o primeiro grupo é parte do segundo, significa que aquele está inteiramente incluído dentro do segundo grupo nomeado. A idéia seria "um X e [outro] Y". Por exemplo: "o surdo e aleijado", "os anjos e seres criados", "os cidadãos e residentes".

Primeiro Grupo como parte do Segundo Mt 9:11

tcâu TeA.G)V(ôv Kal àpapxa)A.(ôv os publicanos e [outros] pecadores

Lc 14:3

ò Iqaoôç c lttcu irpòç toíiç vopiKOÒç Kal Oapiaaíouç Jesus falou aos doutores da lei e [outros] fariseus

Cf. também Mt 5:20; 12:38; Mc 2:16; Lc 5:30; 6:35. d) Segundo Grupo como parte do Primeiro As vezes, a ordem entre os elementos é invertida do "primeiro como parte do segundo" para "o segundo como parte do prim eiro". Os termos, nas ilustrações, acima podem ser invertidos: "os seres criados e anjos", "O aleijados e surdo" etc. A idéia é "o X e [em particular] Y".

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Artigos - Parte II: com múltiplos substantivos

S egu n do G ru po com o p arte do P rim eiro

Mc 2:16

Lõóvxeç o tl èoBíei peià tcôv MV kv Kupíco TTCTTOiGÓTaç tolç õeopoLç pou TicpLoooTcpcaç TOÀpâv . . . [conseqüentemente] muitos dos irmãos, visto que estão confiantes no Senhor por causa das minhas cadeias, tanto mais desafio . . .

Çcâv ò ÀÓyoç

toü

0eoü

kocl

évepyfiç

k< x'l

Topokepoç üirèp -rrâoaa

p á ^ a Lp a u ÔLO Top ou

A palavra de Deus é viva e eficaz e mais cortante do que qualquer espa­ da de dois gumes Cf. também Jo 4:41; Rm 9:12; Hb 1:4; 1 Pd 3:7.

2.

Comparativo usado como Superlativo Embora relativamente raro, o adjetivo comparativo pode ser usado com sentido superlativo. Como Turner afirma, é importante para a exegese "a infiltração do comparativo no domínio superlativo, de modo que o tradutor atento não perderá a oportunidade de traduzir um pelo outro, se necessário. . . " 14

Lc 9:48

ò jHKpÓTepoç kv Ttãoiv üplu . . . koxtv péyaç o menor entre todos vós . . . é grandíssimo Note também que a forma positiva péyaç é usado em sentido relativo.

1 Tm 4:1

kv úcrcépoiç Kmpolç ánooTrioouTaL t l v ê ç Tfjç iríoTecaç nos últimos tempos alguns apostatarão da fé

1 Co 13:13

vuvi ôè péveL to Ó tco v f)

ttlo tlç ,

éÀiúç, àyáiTT), Tà Tpía Tcaruã peíÇoou õè

àyáirq

mas agora permanece a fé, a esperança, amor, estes três. Mas o maior destes é o amor As vezes, discute-se se (IclÇgjv funciona aqui como superlativo. A favor 14 Tumer, Syntax, 2-3.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

300

do "verdadeiro comparativo" está o fato de que embora haja um bom tratamento do alcance das funções dos adjetivos comparativos e superlativos no grego helenístico, é, no entanto, verdade que o comparativo usado como superlativo é relativamente raro no NT. WinerMoulton afirmam, e.g., que fé e esperança são uma unidade e, assim, amor é comparado somente a uma entidade: "fé-esperança".15 Um problema com essa visão é: as sutilezas da mesma e a falta de base gramatical: fé e esperança não se opõem ao amor; pelo contrário, todos agrupam-se.16 Mais recente, Martin considerou \ieíÇuv como um verdadeiro comparativo, afirmando que o sentido da passagem é "mas maior que estes [três] é o amor [de Deus]".17 Essa opção, também, falha por ser exageradamente sutil: Por que deveríamos acrescentar "de Deus"? O contexto não indica isso, e o artigo com (r;é~\\, na última oração do verso, é quase certamente anafórico. Se for, então o mesmo amor está em vista em todo o verso.18 Cf. também Mt 18:1; Mc 9:34.

3.

Comparativo usado como Elativo O adjetivo comparativo é, às vezes, usado com sentido elativo. Ou seja: a qualidade expressa pelo adjetivo é intensificada, mas não é feita uma comparação (e.g., ó Laxupóxepoç áuf|p poderia ser "o homem muito forte", e não "o homem mais forte que"). O sentido elativo no grego clássico normalmente era usado como uma forma superlativa. No Koinê, o comparativo transpassou o domínio do superlativo. a.

Exemplos Claros

At 13:31

oç dxt)0q éui riliépaç uXeíouç o qual foi visto por muitíssimos dias

At 17:22

Ktrax Tremia

úç ôetOLÔaipoueotépouç úpãç Oetoptú em tudo vos vejo muito religiosos A ACF tem "em tudo vos vejo um tanto supersticiosos". Tal tradução é lingüisticamente desnecessária, visto que o comparativo tem um uso bem estabelecido como um elativo no Koinê. Além disso, esse termo particular, ôçioiôoúpov, é freqüentemente usado com sentido neutro

15 "Devemos ficar com, o maior destes (entre) o amor; o comparativo sendo escolhido porque amor é contrastado com fé e esperança como uma categoria" (Winer-Moulton, 303 [itálico original]). 16 Além disso, esta visão quase sempre exige sentido diferente para ouioç nas duas metades do verbo ("estes três", "o maior que estes [dois]"), uma abordagem que, na melhor das hipóteses, não é natural. Todavia, Winer-Moulton tenta escapar do problema traduzindo: "o maior dentre estes é amor", que, de cara, é realmente uma noção superlativa! 17 Cf. R. R Martin, "A Suggested Exegesis of 1 Corinthians 13:13," ExpTi 82 (1970-71) 119-20. 18 Para outros argumentos contra a visão de Martin veja D. A. Carson, Shozving the Spirit: A Theological Exposition of 1 Corinthians 12-14 (Grand Rapids: Baker, 1987) 72-74.

Adjetivo: superlativo

301

em outras literaturas,19 e "na introdução laudatória do discurso de Paulo diante do Areópago . . . deve significar religioso...''.20 Cf. também At 21:10; 24:17; 2 Co 8:17. b. Mt 13:32

Um Exemplo possível e exegeticamente Importante o piKpÓTepov piv koxiv m v u ov xGw oiTeppcíTMv [o grão de mostarda. ..] que é menor que todos os grãos ou talvez que é muito menor entre todos os grãos A primeira tradução citada acima trata o adjetivo em seu sentido comparativo, enquanto a segunda, no elativo. Isso tem criado uma dificuldade teológica para o evangelicalismo: Jesus parece estar declarando que o grão de mostarda é menor que todos os outros grãos quando, de fato, não é o menor (a orquídea selvagem é a menor). Uma solução típica para isso é: o adjetivo é elativo. A justificativa para considerá-lo assim é dupla: (1) Como já tem sido estabelecido, o adjetivo comparativo ocasionalmente tinha sentido elativo no NT, e (2) o genitivo iráuTov x(òv OTTeppárcov, em lugar de ser um genitivo de comparação, poderia ser "dentre . . . ", como ocorre em Mt 23:11, Jo 8:7, At 19:35, 1 Co 2:11, G1 2:15 etc. No entanto, parece superficial, pois, embora seja possível tomar como elativo, não é provável. Fora de nosso conhecimento científico moderno, poucos entenderiam p n c p ó i e p o v como elativo. Semelhante a 1 Co 13:13, um adjetivo comparativo seguido por genitivo deveria ser tratado como comparativo. Em ambos os casos, a comparação ocorre entre mais que dois itens funcionando como superlativo. Outras abordagens (as que tratam pncpórepor' como superlativo) são: (1) o i r é p p c c é usado, indicando um grão semeado; o grão de mostarda é o menor de todos eles; 21 (2) dentro da cosmovisão dos agricultores palestinos, o grão de mostarda era a menor semente; (3) a declaração é proverbial (sendo assim Jesus alude ao provérbio para efeito retórico). A gramática não resolve esse problema, mas dá uma direção (ou seja, comparativo usado como superlativo). Parece que muitos têm feito tempestade em copo d'água (ou, árvore sombrosa de um grão de mostarda, como o texto sugere!)

p iK p ó r e p o v

C. O Uso do Adjetivo Superlativo 1.

Uso "Normal" No grego helenístico, a verdadeira noção superlativa havia alcançado um gran­ de avanço com o adjetivo superlativo. Essa noção era mais "normal" em nomes do que se sugere. Embora seja mais freqüente que outros usos, a margem é desprezível.

19 Veja BAGD, s.v. ôeioLÔaípcjv; Moulton-Milligan, s.v. õeujiõai|iovía, óeLOLÔaípwv. 20 BAGD, ibid. Cf. F. J. F. Jackson e K. Lake, The Beginnings of Christianity, Part I: The Acts of the Apostles (Grand Rapids: Baker, 1979 [reprint ed.]), vol. 4 (by K. Lake and H. J. Cadbury), 214, para outros argumentos. 21 Mc 4:31 acrescenta o qualificador: "quando é semeado, é a menor" (óxav a ira p fj è ifl t r j ç Ypç, (iL K p ó w p o v ). No entanto, o iré p p a também é a palavra típica para semente, quer semeada ou não.

302

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Esse uso "normal" é amplo devido aos exemplos de Típcôxoç e eo/aioç, que juntos contam por muitas das formas superlativas no NT. Essas duas necessida­ des precisam ser tratadas separadamente, visto que afetam os dados. Fora esses dois termos, aproximadamente metade das formas superlativas no NT funcio­ nam como superlativos.22

Jo 11:24

ávaoxfjoexca èv xf| ávaoxáoei èv xf| èo/áxq rpépa ele ressurgirá na ressurreição no último dia

At

ouxoi ol ctv0po)iTO L ôoôAoi xoô 0 e o ü xoô úi|fíoxou eloív estes homens são servos do Deus Altíssimo

1 6 :1 7

1 Co 15:9

èycò equ ó èAáxtoxoç xcôv àiTOOxóAcjv eu sou o menor dos apóstolos

Ef 3:8

èpoi xcô èAaxioxoxèpio návxcov áyítúv a mim, o menor de todos os santos Este é o comparativo do superlativo, talvez cunhado para a ocasião!23 Uma tradução mais literal seria: "menorzíssimo".24 Um argumento interessante para a autenticidade de Ef é essa nota autobiográfica em comparação a 1 Co 15:9. Esta epístola, sem dúvida, foi escrita antes de Ef. Lá, Paulo viu a si mesmo como o menor dos apóstolos; aqui, o círculo foi ampliado. Vários eruditos (e.g. Barth, Beare, Cruce, Wood) vêem nessa declaração o selo da autenticidade apostólica, pois seria improvável um charlatão fazer Paulo menor que o que ele mesmo já fizera de si. Lincoln argumenta contra: "mas essa intensificação também se encaixa na tendência das igrejas pós-apostólicas em acentuar a indignidade dos apóstolos a fim de destacar a grandeza da graça de Cristo em suas vidas cf. 1 Tm 1:15, onde Paulo toma-se o menos digno cristão e o principal dos pecadores...".25 Lincoln ainda pressupõe que as Pastorais não são autênticas (uma visão que está sendo abandonada hoje), fazendo seu argumento circular. Quando se comparam realmente as notas autobiográficas apostólicas encontradas no NT com os pseudepígrafos pós-apostólicos, vêem-se nestes os apóstolos tipicamente colocados em um pedestal. Nas cartas no NT, eles ficam maravilhados com a graça de Deus em suas vidas.26

Cf. também Mt2:6; 20:8; 21:9; 22:25; Mc 5:7; 9:35; 10:31; Lc2:14; 16:5; 20:29; At 26:5; 1 Tm 1:15; Jd 20; Ap 1:17; 4:7; 21:19; 22:13. 22 Muitos "verdadeiros" exemplos do superlativo (sem xpcôxoç e èaxccxoç) são usados com u ijf iO T O Ç , freqüentemente como um título para Deus (Lc 1:35, 76; 6:35; At 7:48; Hb 7:1). 23 Não há outra forma superlativo-comparativo no NT, embora um duplo comparativo ocorra em 3 Jo 4 (prL(oT('pav). 24 Ainda que Robertson suspeite que tenha sentido elativo (Grammar, 670). 25 Lincoln, Ephesians (WBC) 183. 26 Lincoln cita Barnabé 5.9 como uma ilustração da imagem denegrida pós-apostólim dos apóstolos. Mas essa afirmação não é autobiográfica, nem mesmo é típica de tmâns escritos pós-apostólicos (cf., e.g., Inácio, Efésios 12.1-2).

Adjetivo: superlativo

2.

303

Superlativo usado como Elativo Sem contar com irpókoç e layjizoç, o superlativo é usado tão freqüentemente pelo elativo quando este é usado pelo superlativo.27 Quando aqueles adjetivos são contados, porém, esta categoria fica com o menor número de ocorrências.28

Mc 4:1

o-üváyczai u p ò ç a trtò v ô^loç irXelotoç

Uma multidão muito grande reuniu-se a ele Lc 1:3

KpátiOTe ©eócjHÀe excelentíssimo Teófilo KpáfUJtoç era usado, muitas vezes, na literatura helenística como termo técnico para se referir a um oficial do governo.29 Cf. também At 23:26; 24:3; 26:25.

1 Co 4:3

ép ol

elç klÁ%ioxóv êotiv, Iv a útj)’ úpwu ele vos batizará com o Santo Espírito

Jo 3:16

pq àTTÓÁqiai àkX’ exq (toqv aiwuiov não pereça, mas tenha vida eterna

Fp 1:6

ó èuap^ápeuoç kv iifj.lv e-pyováyadòv

èiuTeÀéoei

Aquele que começou boa obra em vós há de completá-la Cf. também Mt 7:19; At 7:60; Rm 5:21; Ap 1:15; 19:17. c.

Segunda Posição Predicativa (Anarthra) Quando a mesma construção determina, a partir do contexto, expressar uma relação predicativa, o adjetivo estará na segunda posição predicativa (anarthra) com o nome (e.g., paotÀeuç àyaQóç = um rei é bom). Esse uso é relativamen­ te comum, especialmente nas orações predicativas.

Mt 13:57

oí)K eoitu 7TpocJ)riTr|c; áiipoç el pq kv iq Trcctpíôi Um profeta não é [alguém] sem honra a não ser em sua terra

Rm 7:8

Xwplç uópou àpocpua veicpá

à parte da lei, o pecado está morto Hb 9:17

ôuxGqKq eiu veKpolç PcPaía um testamento só é confirmado no caso de morte

Cf. Mt 12:10; Mc 6:4; Jo 9:1; 1 Tm 3:8; Hb 4:13; 1 Jo 3:3.

3.

Determinando a Relação do Adjetivo com o Nome nas Cons­ truções Anarthras: Algumas Diretrizes A regra geral é: em orações não-predicativas (i.e., uma oração que não tem como objetivo declarar algo sobre o sujeito e que seu verbo principal não é um verbo de ligação), um adjetivo anarthro relacionado a um nome anarthro é normal­ mente atributivo (cf., e.g., 1 Co 3:10; 2 Jo 1; Jd 6; Ap 3:3). Há algumas exceções, porém (cf. e.g., Hb 6:18; 10:4; Jd 14). Em orações predicativas (i.e., uma oração que tem como objetivo declarar algo sobre o sujeito e que seu verbo principal é um verbo de ligação [explícito ou implícito]), a regra geral é: um adjetivo anarthro relacionado a um nome anarthro normalmente é predicativo. Especialmente quando a ordem é nome-adjetivo.49

49 Nessa construção com orações predicativas, tenho descoberto 127 relações predicativas definidas e somente 40 relações atributivas.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

312

Para as relações predicativas, cf., e.g., 1 Co 12:17; Rm 7:8; Hb 9:17; Tg 1:12. Rm 7:8 é mais ilustrativo: óqiapTÍa veKpá ("o pecado está morto"). A relação atributiva, contudo, também ocorre, embora não com tanta freqüência (cf., e.g., Mt 7:15; Lc 5:8; Ef 6:2; Hb 12:11; 1 Jo 2:18).

4. Algumas Passagens Exegética e Teologicamente Importantes Nas construções anarthras, há algumas passagens que precisam ser discutidas devido à sua importante exegética e/ou teológica. Em todos esses textos, eruditos do NT têm visto os adjetivos em questão como ambíguos ou definitivamente atributivos. Algo, contudo, pode ser feito para que o adjetivo em questão seja predicativo. At 19:2

ouô’ eí irveOpa ayioi/ «tulv f|KOÚaap,ev50 Há três traduções possíveis para esse texto: (1) "não temos ouvido se há um Espírito Santo"; (2) "não temos ouvido se o Espírito Santo foi [dado]" (cf. Jo 7:39); ou (3) "não temos ouvido se um espírito possa ser santo". As primeiras duas opções estão tipicamente marcadas na literatura. Há, no entanto, boa defesa para a terceira tradução: (1) Não há artigo para definir a relação adjetivo-nome, assim, teremos um predicativo (de fato, em orações predicativas o segundo adjetivo predicativo anarthro exce­ de em número a quarta posição atributiva em três por um). (2) A ativi­ dade agitada dos espíritos maus nos dias de Jesus e no período apostó­ lico faz isso possível. (3) O fato que estes discípulos eram de Efeso, conhecidos por seitas exóticas, faz dessa uma tradução possível. Ain­ da, isso é só uma possibilidade que simplesmente precisa ser colocada na mesa exegética para discussões adicionais.

Tt2:10

-FTKoav t í l o t l v eyôeiKVupivouç áyaG ijv 51 Há duas possibilidades aqui: (1) "mostrando toda a boa fé" e (2) "mostrando toda fé [ser] boa". Novamente, a primeira tradução é encontrada na literatura. Contudo, os argumentos pela segunda são bons: (1) Em orações não-predicativas no NT, não há aparentemente nenhum exemplo de adjetivo seguindo nome é atributivo quando (a) o adjetivo antecede o nome e (b) existe uma palavra intervindo entre o nome e o segundo adjetivo. (2) Por ou­ tro lado, há quatro exemplos (dentre deste) que envolvem a construção adj.-nome-adj. em uma oração não-predicativa onde o segundo adjeti­ vo intercala uma palavra entre ele e o nome e possui a natureza predicativa (cf. Mc 7:2; 8:19; At 4:16; Ap 15:1). (3) Lexicalmente, o uso de ttlotlç nas Pastorais (se a fé foi vista como genuína) é uma fé que produz boas obras (cf., e.g., 2 Tim 3:15-17; Tt 1:13-16). (4) O verbo èvõeLKviJgL é um verbo que pede duplo acusativo objeto-complemento. Assim, quando um verbo se fizer acompanhar de nome e adjetivo acusativos, a razão parecerá estar no exemplo que tem o adjetivo atributivo e não o contrário (agindo assim como o complemento do nome

50 Poucos MSS, particularmente do Texto Ocidental, têm A.ag(3ávouaLV tlvcç por cotlv (Çp38,4l "]ç[g0 ouvimos se alguém tenha recebido o Espírito Santo". 51 Um número de MSS mistura a ordem das palavras e/ou substituem os termos nesse texto.

Adjetivo: relação com o nome

313

acusativo). (5) Contextual mente, considerar os textos, nessa linha de raciocínio, desvela um paralelismo sintético (ou sinônimo) entre as duas metades do v. 10: "Escravos sejam completamente sujeitos a seus se­ nhores . . . demonstrando que toda fé [genuína]52 é produtiva, com o resultado fíua ecbático] que adornarão completamente a doutrina de Deus". O texto, se esse entendimento for correto, é uma exortação aos escravos demonstrarem que sua fé é sincera e resulta em santo compor­ tamento. Caso seja assim, o texto parece sustentar a idéia que a fé salvífica não falha, mas resulta em boas obras. 2 Tm 3:16

iTâaa ypctc^fi BeÓTrueuatoç Kal axj)éÀi,|ioç toda53 Escritura é i n s p i r a d a e proveitosa Muitos eruditos defendem a tradução: "Toda escritura inspirada é também proveitosa". Esta provavelmente não é a melhor tradução pelas seguintes razões: (1) Contextualmente: (a) Entre os que vêem as Pastorais como autênticas, o argumento tem sido que Paulo não precisaria declarar a inspiração das Escrituras a Timóteo. Realmente, se o autor estiver fazendo isso, temos então um argumento contra a autenticidade. Mas é possível que as Pastorais sejam autênticas e, ao mesmo tempo, o apóstolo esteja fazendo tal declaração:54 Paulo tinha o hábito de lembrar a Timóteo das verdades que ele já sabia, e.g., a ressurreição de Cristo dentre os mortos e que Paulo era mesmo ministro do evangelho aos gentios. Como Fairbairn afirma: "não seria supérfluo imprimir nele um sentido do caráter divino das Escrituras do AT".55 (b) Se o autor estivesse meramente declarando a utilidade das Escrituras, então qual seria a base para sua forte ordem em 4:1-2? Ele poderia "solenemente, conjurar [Timóteo] na presença de Deus e Cristo, [para] pregar a palavra" se tivesse simplesmente declarado que a Escritura é proveitosa? 2) Gramaticalmente: (a) O fato de que o v. 16 é assindético (i.e., começa sem conjunção) não se dever a um novo assunto, mas à solenidade da declaração que o autor fez discutindo as sagradas letras no v. 15. Assim ver BeÓTTveuoxoç como predicativo se encaixa melhor com o tom solene estabelecido no início do verso. 9. b) Visto que está faltando o verbo de ligação, no português, ele precisa ser colocado. E o lugar mais natural para colocá-lo é entre o sujeito e a primeira palavra que o segue. E, de fato, importante que o autor deixe fora a cópula quando pressupõe que os ouvintes sabem onde ela naturalmente deveria está (c) O fato de que Kaí significa "e" doze vezes e, com a mesma freqüência, inclua o sentido de "também", e que é anormal traduzi-lo adverbialmente como

52 "Genuíno" pode ser implícito do fluxo do argumento ou pode ser considerado uma parte do campo do significado de m ç quando usado com substantivos abstratos (cf. BAGD, s.v. toç, l.a.õ.). 53 É possível traduzir, é claro, Tiâoa como "toda," mas o uso normal requer que o substantivo (ypacjnj) tenha artigo. 54 Embora a visão que as Pastorais não são autênticas tem feito muitos dos eruditos do NT cambalearem neste século, certo número de eruditos estão agora defendendo a autoria paulina. Cf. os comentários de Guthrie, Fee, Knight, Mounce, etc. 55 P. Fairbairn, Commentary on the Pastoral Epistles (Grand Rapids: Zondervan, 1956) 380.

314

Sintaxe Exegética do Novo Testamento "também" entre dois adjetivos no mesmo caso, argumentando por um Beóuwüoxoç predicativo.56 (d) Visto que o artigo pode ser anafórico quando aponta para trás, para um sinônimo, e que o autor tem discutido sobre as Escrituras com três sinônimos diferentes nesse contexto (vv. 15,16, e 4:2), parece provável que o artigo seja anafórico em 4:2 quando declara: " Prega a palavra!" (Ktjpuçov ròv Àóyov). Se o escritor tivesse dito que somente as escrituras inspiradas eram proveitosas em 3:16 e, depois, falasse para seu(s) leitor(es) que toda escritura (="a palavra") era inspirada, teríamos uma declaração equivocada, pois [Timóteo] inadvertidamente poderia pregar alguma escritura que não fosse inspirada. Mas já que o escritor deixa Xóyov não qualificado à parte do fato que anaforiza para ypacjíTÍ (v. 16), é, talvez, provável que ele queira fazer uma afirmação sobre toda a Escritura no v. 16, ou seja, que ela é inspirada.57 (e) Finalmente, o que gera a relação adjetivo-nome mais direta é: No NT, na LXX, no grego clássico e no koinê, a força semântica dominante de uma construção adj.-nome-adj. em uma oração predicativa é: (i) primeiro, o adjetivo será atributivo e o segundo, predicativo.58 Há quase 50 exemplos no NT e LXX onde o segundo adjetivo em uma construção assim é predicativo e o primeiro, atributivo (39 dos quais envolvem irctç antes do nome; muitos na LXX) e nenhum do outro jeito. A evidência é tão dominante que podemos sugerir uma "regra": Nas construções rrâç + nome + adjetivo em orações predicativas, o rrâç, sendo por natureza tão definido quanto o artigo, implica o artigo, assimfazendo o adjetivo seguir o nome alheio ao grupo artigo-nome implicado e, portanto, predicativo.59 Pelo menos, a evidência resulta na tradução desse verso tal como a ARC fez ("toda escritura divinamente inspirado é proveitosa") e que é altamente suspeita.

56 Há uma variante textual que omite o Kaí. Se original, então é quase certo que Geóirveixruoç é atributivo. Porém, o apoio para isso é fraco (nem Nestle27 nem Tischendorf alistam qualquer MSS grego que omita o kai, . Eles citam somente versões e escritores patrísticos). 57 Esse argumento, porém, pode ter menos do que ser apresentável. Mesmo se Geóirveucrroç fosse atributivo, não implicaria necessariamente que nem toda a escritura seja inspirada, pois este adjetivo poderia ser descritivo (de toda as escritura) e não restritivo. 58 Há possivelmente uma exceção no NT e nenhuma na LXX. Eu tenho encontrado talvez uma ou duas exceções no grego helenístico (um em Josefo, um no Didaquê) e embora nenhum até agora no ático. A pesquisa não tem sido exaustiva, mas as vanta­ gens estão contra ver Geóirvtuaioç como atributivo. 59 Para uma discussão mais estendida desse texto, cf. D. B. Wallace, "A Relação das Construções dos Adjetivos com os Substantivos Anarthros no NT" (Dissertação de Th.M., Seminário Teológico de Dallas, 1979) 51-61. O artigo em NT com o mesmo título é idên­ tico a dissertação, exceto que falta duas partes: (a) um apêndice alistando todos os ad­ jetivos definidos e predicativos questionáveis nas construções anarthras (73-102), e (b) uma discussão detalhada de alguns dos textos exegeticamente importantes (46-61).

Os Pronomes Panorama I.

Bibliografia Selecionada....................................................................................... 316

II. Notas Gerais ............................................................................................................ 316 III. Categorias Semânticas: Classes Especiais.......................................................... 319 A. Pronomes Pessoais........................................................................................ 320 B. Pronomes Demonstrativos..........................................................................325 C. Pronomes Relativos......................................................................................335 D. Pronomes Interrogativos............................................................................. 345 E. Pronomes Indefinidos..................................................................................347 F. Pronomes Possessivos (Adjetivos)............................................................. 348 G. Pronomes Intensivos.................................................................................... 348 H. Pronomes Reflexivos.................................................................................... 350 I. Pronomes Recíprocos................................................................................. 351 IV. Categorias Léxico-Sintáticas: Termos Especiais............................................... 352 A. àÀÀr|À(ov......................................................................................................... 352 B. a ú ió ç............................................................................................................... 352 C. èocuTOü............................................................................................................. 352 D. éy tl................................................................................................................... 352 E. èiceivoç............................................................................................................ 352 F. èpauTOü........................................................................................................... 352 G. ppeiç................................................................................................................353 H. 0Ô€.................................................................................................................... 353 I. o ç...................................................................................................................... 353 J.

o o tlç ................................................................................................................353

K. ouxoç................................................................................................................ 353 L.

ttoloç................................................................................................................353

M.

ttÓo o ç ...............................................................................................................353

N. aeauTOÜ...........................................................................................................353 O.

a ú .................................................................................................................. 353

R x í ç .................................................................................................................... 353 Q.

t l ç .................................................................................................................... 354

R. úpetç................................................................................................................ 354 315

316

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

I. Bibliografia Selecionada BAGD, suj.verb. várias descrições léxicais; BDF, 145-61 (§277-306); H. J. Cadbury, "The Relative Pronouns in Acts and Elsewhere," JBL 42 (1923) 150-57; Dana-Mantey, 122-35 (§133-43); Hoffmann-von Siebenthal, Grammatik, 194-211 (§139-44); W. Michaelis, "Das unbetonte kai. auvto,j bei Lukas," Studia Theologica 4 (1950) 86­ 93; Moule, Idiom Book, 118-25; Moulton, Prolegomena, 84-98; Porter, Idioms, 128-38; H. K. Moulton, "Pronouns in the New Testament," BT TI.2 (1976) 237-40; Robertson, Grammar, 676-753; Smyth, Greek Grammar, 298-311 (§1190-1278); V. Spottorno, "The Relative Pronoun in the New Testament," NTS 28 (1982) 132-41; Tumer, Syntax, 37­ 50; Young, Intermediate Greek, 71-80; Zerwick, Biblical Greek, 7-8, 63-71 (§16-21, 195­ 223).

II. Notas Gerais A. Definição Um pronome é uma palavra usada "para designar um objeto sem nomeá-lo. Isso se dará em dois contextos: seu referencial é: (1) conhecido pelo contexto ou uso, i.e., ele é mencionado ou indicado anafórica ou cataforicamente; ou, (2) desconhecido. No caso, ele será o sujeito ou objeto da investigação".1 Visto que os pronomes são repre­ sentações gramaticais, eles devem indicar, de alguma forma, o nome a que se refe­ rem. A regra básica para o pronome grego é: concordância com seu antecendente em gênero e número. Seu caso é determinado pela função do pronome na sua própria oração. Esse princípio, no entanto, possui várias exceções.

B. Um Luxo Lingüístico Em muitos aspectos, os pronomes são um luxo lingüístico. Eles são desnecessários porque, em grande parte, substituem um nome (numeral, adjetivo), um substanti­ vo ou uma frase nominal. Tais antecedentes podem ser facilmente repetidos. No grego, há uma segunda razão porque, pelo menos, alguns dos pronomes são, mui­ tas vezes, desnecessários: a força do pronome já está contida na estrutura da sen­ tença (e.g., terminações verbais) ou pode ser inferida de alguma outra maneira (e.g., adjetivos possessivos).

1 Oxford English Dictionary, s.v. "pronoun."

Pronomes: notas gerais

317

C. Redução de Redundância Diante desses fatores, alguém poderia pensar que os pronomes seriam escarçamente empregados. Mas ocorre o contrário. O NT tem cerca de 16.500 pronomes!2 Eles aparecem em 4/5 dos versículos. Por que os pronomes são usados com tanta fre­ qüência, uma vez que não passam de um luxo da linguagem? A razão é mais estilística que sintática, ou seja: já que temos que, com muita freqüência, substitui nomes, os pronomes são os meios de evitar a redundância monótona, mantendo o discurso em movimento.

D. Elucidação e Má Compreensão A extensão do uso pronominal também os tornam suscetíveis de má interpretação. Em Ef 2:8, e.g., temos xf) yàp x^pi-TÍ eoie aeacoapévoi óià rríarecoç Kai t o ü t o ouk kl, ò|i(ôv ("porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós"). Touro está se referindo a quê? A "graça", "fé" ou a algo completamente diferente? O antecedente pode ser qualquer coisa, menos óbvio. Por outro lado, os pronomes são freqüentemente usados para esclarecer. No diálogo entre Jesus e a Samaritana, v.g., o pronome pessoal é usado para distinguir a pessoa que fala e a que ouve (Jo 4:15-16): Aiyei. irpòç aikòv q yunq KÚpie, óóç poi touro rò uõcop, iva pq õu|kj pqòc ôiep^copai évBáõc avrlelv. Àéyei aurq ... ("disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me desta água para que não vem mais a ter sede nem venha aqui para tirá-la. Ele disse a ela ..."). Essa tendência, às vezes, causa o uso redudante (ou pleonástico) do pronome, como em Jo 5:11: ò TTOiqoaç pe úylí) eKeíuóç poL eiirev ("aquele que me curou, ele próprio me disse"). Em menor grau, os pronomes, no período helenístico, foram simplesmente usados para explicitação. Para um escritor desse período, uma explicitação assim poderia parecer redundância, visto que a noção pronominal já estava implícita na flexão verbal ou no contexto. A medida, porém, que a língua se espalhou para fora das fronteiras greco-macedônias, as sutilezas implícitas do dialeto ático foram substituídas por redundâncias (como vermos em Jo 5:11). O uso constante de pronomes era parte dessa tendência .3

2 Um pesquisa no acCordance mostrou 16.703 pronomes. Quando a pesquisa do acCordance foi feita por categorias, somente 16.298 foram encontrados (408 exemplos de riç não foram incluídos na categoria indefinido; três exemplos não foram contados). O resultado ainda é muito grande em nossa contagem. A diferença é de definição: O que acCordance/Gramcord considera como pronome, tratamos como adjetivo (e.g., acCordance considera èpoç, oóç, qp/repoç, e úpércpoç como pronome possessivo; nós, como adjetivos possessivos). 3 Zerwick, Biblical Greek, 63 (§196): "O uso muito freqüente com que os pronomes são usados é devido ao que se chama de tendência 'analítica' do discurso popular vivo, uma tendência em expressar explicitamente o que já está contido implicitamente na expressão usada ou na natureza do assunto em questão . . . "

318

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

E. Valor Conotativo Os pronomes são também usados, às vezes, exclusivamente com valor conotativo. O que eles denotam pode ser não só óbvio a partir do texto, mas também enfática ou contrastivamente etc. - o que ocorre com os pronomes pessoais. Mas nem tudo é um mar de rosa. Como dissemos, uma das marcas do Koinê foi a perda das sutile­ zas presente no grego ático. Assim, quando avxòç é usado com verbo na terceira pessoa, ele pode expressar ênfase ou elucidação. Não são poucos os debates exegéticos dependentes da ênfase do pronome em dado texto.

F. Relaxamento das Distinções Clássicas entre os Pronomes Houve uma justaposição do uso dos pronomes, ou seja, as distinções clássicas nem sempre foram mantidas. Os autores do NT, e.g., nem sempre mantiveram a dife­ rença entre os pronomes demonstrativos ouroç e ètcelvoç;.4 Em João especialmente, o demonstrativo é usado intercambiavelmente com pronomes pessoais e, às vezes, simplesmente significa "ele".

G. Antecedentes e Posteriores Finalmente, devemos mencionar algo sobre a terminologia. Quando uma palavra a que o pronome se refere preceder o pronome, será chamada antecedente do prono­ me (como em: "Depois que Adriel leu o livro, ele o entregou a Ruan"). Esse uso é muito freqüente. Quando um nome vier depois do pronome, será chamdo de pos­ terior (como em: "Depois que ele leu o livro, Adriel o entregou a Ruan"). No últi­ mo caso, classificamos o pronome de "proléptico".

4 Dana-Mantey sugerem, e.g., que èiceivoç é usado "para aquilo que é relativamen­ te distante na realidade ou na imaginação" (128), enquanto ouioç é usado "para aquilo que é relativamente perto na realidade ou pensamento" (127). Esta é uma boa descri­ ção de seus usos no grego ático, mas há muitas exceções no NT.

Pronomes: categorias semânticas

319

III. Categorias Semânticas: Classes Principais O número das classes pronominais em grego é difícil de avaliar, embora muitos gramáticos apresentem entre oito e doze classes.5 Uma parte importante da difi­ culdade em determinar o número de classes é: tal termo, em particular, é um adje­ tivo ou um pronome?6 No entanto, certas classes pronominais não apresentam essa divergência, sendo, portanto, classificados em: pessoais, demonstrativos, relativos, interrogativos, indefinidos, intensivos, reflexivos e recíprocos. Estes formam o cerne de nossa discussão. O pronome possessivo receberá atenção abaixo, mas não cons­ titui uma verdadeira categoria grega. A freqüência relativa das oito principais categorias pode ser vista no seguinte quadro.7

5 BDF alista pelo menos 10; Robertson, 11; Dana-Mantey, 9; Smyth menciona 10; Porter e Hoffman-von Siebenthal, 8; Young e acCordance apresentam 9. Nenhum, porém, desses alistados é idêntico. O correlativo, possessivo e idêntico são as categorias mais debatidas. Todas são consideradas como adjetivos nessa gramática (embora a classe possessiva requeira alguma explicação [veja discussão abaixo]). 6 Gramáticos não estão de acordo quanto ao que distingui pronome de adjetivo. De fato, muitos termos recebem duas classificações (adjetivo e pronome [i.e., substantivo]) em BAGD. Young (Intermediate Greek, 71) nota: "a distinção entre diferentes tipos de pronomes e mesmo entre pronomes e adjetivos é freqüentemente obscurecida... Adjetivos que funcionam como pronome concordam com seus antecedentes em gênero e número. Pronomes funcionam como adjetivos e concordam com o nome que modificam em gênero, número e caso." O problema com essa distinção é: não há nenhum critério para dizer se uma palavra é um pronome-âdjetivo ou um adjetivo agindo como um pronome. Os termos €(iòç, oòç, fuiérepoç e úpérepoç são adjetivos ou pronomes? Eles funcionam predominantemente como termos dependentes modificando um nome. Em todas as considerações sintáticas, se comportam como adjetivos, ainda que muitos gramáticos considerem-nos como pronomes. Os problemas quanto à definição são reais. De certo modo, então, a determinação daquilo que constitui um pronome é uma escolha arbitrária. Algumas palavras são claramente pronomes (e.g., èyú), outros são claramente adjetivos (e.g., àyaGóç), enquanto várias palavras classificam-se, em alguns lugares, como adjetivo pronominal ou como pronomes adjetivais, em outros. Em grande parte, estamos considerando essas palavras como pronomes, quando funcionam como substantivo e não tomam artigo. Adjetivos, por outro lado, regularmente são articulares quando substituem um substantivo. 7 As estatísticas são do acCordance com alguma modificação.

320

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Freqüência das Sabclasses Pronominais no NT

A. Pronomes Pessoais 1.

Definição e Termos Usados Os pronomes pessoais são êycã (r)pelç) da primeira pessoa, aú (úpelç) da segun­ da pessoa. No período helenístico, aòtóç é usado como terceira pessoa (e, às vezes, como primeira e segunda pessoas).8 Os pronomes pessoais são, sem dúvida, a subclasse pronominal mais usada no NT. Dois de cada três pronomes pertencem a essa categoria. Cerca da metade dos exemplos nessa classe envolve atrcóç. Quanto a seus usos, os pronomes pessoais podem ser divididos em: nominativo e não-nominativo (=oblíquo).9 Outros pronomes também usados como pronomes pessoais são eKeleoç e ouroç. Embora sejam tecnicamente demonstrativos, não é raro terem sua força demons­ trativa reduzida (veja "Pronomes Demonstrativos" para discussão).

8 Às vezes, alega-se que os pronomes da terceira pessoa do ático, o6 (genitivo singular, não há nominativo) e a(j)eiç (nominativo plural), foram substituídos no NT por tnnóç. Embora seja verdade, esses pronomes raramente eram usados até mesmo no ático: "Das formas do pronome da terceira pessoal somente o dativo ol e 0(jHai(v) são comumente usados na prosa ática, e, então, somente como reflexivos indiretos..." (Smyth, Greek Grammar, 92 [§326.d]). 9 O genitivo é o caso mais comum, somanto cerca de 40% de todos os pronomes pessoais. Muitos desses funcionam semanticamente como pronomes possessivos. Assim também, o genitivo é mais freqüente com cada forma do pronome pessoal, exceto com a segunda pessoa do plural (o dativo tem 608 contra 561 do genitivo), enquanto o nominativo é o menos freqüente em cada forma, exceto na primeira pessoa do singular.

Pronomes: categorias semânticas

2.

321

Função a.

Uso Nominativo10 1) Enfático O pronome pessoal nominativo é mais usado para ênfase que o nãonominativo. Essa ênfase pode envolver um tipo de contraste. Normal­ mente, em tais exemplos, há dois sujeitos explícitos, ou um explícito acompanhado de outro implícito. Esse contraste envolve a idéia de tipo (antitético) ou grau (comparação), v.g.: "Ele lavou e ela enxugou", per­ ceba o contraste comparativo (ambos fazendo algo com os pratos). Na sentença: "Ele dormiu e ela trabalhou", note o contraste "antitético". A ênfase pode também focalizar mais no sujeito do que no verbo. Fazese isso para identificar, dar proeminência, esclarecimento, etc.11 Nesses exemplos, o contraste com outros sujeitos não está necessariamente ausente, mas também não é preeminente. a) Contraste

M t2:6

Kai aí) Bq9Àée|i, yí) Toúôa, oúôa|ic5 irvçúpaxi (v. 13). Mas o pronome relativo masculino (v.l.) é facilmente explicado, não sendo em si um reforço à motivos teológicos. (Veja discussão abaixo, em "Pronomes Relativos"). Em 2 Ts 2:6-7, 7TV6Ü|ioe não é mencionado em nenhum lugar; xò Kaxè%ov/ó Kaxèxwv são freqüentemente considerados como referências ao Espírito Santo. Mas, sem mencionar o fato que há defensores para essa visão, certamente não é possível usar passagens claras de gênero natural a fim de sustentar tal posição. Nem é possível um argumento crux interpretum tornar-se a base para esse ponto sintático. 1 Jo 5:7 é talvez a mais plausível das passagens alistadas. O particípio masculino em xpclç cloiv ol papxupoôvxeç se refere a xò uvcipia Kal xò íjôwp Kal xò alga (v 8), todos substantivos neutros. Alguns vêem isso como uma referência oblíqua à personalidade do Espírito (corforme I. H. Marshall, The Epistles of John [NICNT] 237, n. 20), mas o fato que o autor personifique a água e o sangue, tornando-os em testemunhas com o Espírito, pode contribuir bastante com o genêro masculino. Essa interpretação também tem em seu favor a alusão a Dt 19:15 (a necessidade de "duas ou três testemunhas"), pois no AT somente o testemunho de homens era aceitável. Assim, o ancião pode estar subitamente indicando (via particípio masculino) que o Espírito, a água e o sangue são todos testemunhas válidas.

Pronomes: categorias semânticas

333

Embora o elemento catafórico ao qual t o Ú t c o v se refira seja o conteúdo da oração 'iva, o pronome é normalmente esperado no singular. Cf. também 1 Co 6:8 (v.l.); Hb 11:12. c) Anterior/Posterior Conceituai 0 neutro de outoç é costumeiramente usado para se referir a uma frase ou oração. Em casos assim, o objeto a que se refere não é um nome/substantivo específico. O singular é usado para se referir tanto a um elemento anterior (anafórico) quanto a um posterior (catafórico) sobre uma base regular, enquanto que o plural exclusivamente não declara nada sobre esses referenciais.45 Certas formas de frases são empregadas, muitas vezes, v.g., ô i à toüto, referindo ao argumento anterior (cf. Mt 6:25; 12:27; Mc 6:14; Lc 11:19; Rm 1:26; Hb 1:9),46 ou petà tairca, referindo a eventos por vir (Lc 17:8; Jo 5:1; 21:1; At 13:20; 1 Pd 1:11; Ap 4:1). 1] Ilustrações Claras Lc4:28

èrr/lqo0qoav náuteç 0upoü kv trj ouuaYcayfi aKoúouteç xauta47 Ao ouvirem eles estas coisas, todos na sinagoga se encheram de ira O que eles ouviram foram as palavras de Jesus. Embora lóyoç ("mensagem") ou Xóyoi ("palavra") naturalmente pudessem ser substituídas, o pronome neutro é o meio normal para se referir a um conceito grego não-especificado.48

Lc 14:20

y u rm ic a e y q p a K ai õ ià

Rm 6:6

to ü to

toüto o v õ ú v a p a i éA.0e!v49 Casei-me [recentemente] e, p o r isso, não p o s s o ir. Obviamente, o pronome deve se referir ao evento, i.e., o casamento, não à esposa!50

yivcóoKOVTeç otl ô TTaÀaiòç rpcõi' avOpwiTOç ouueoTaupúOq Sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado [com ele]

45 Conforme Young, lntermediate Greek, 78. Ele diz que "taCta parece somente apontar para o que precede", mas veja 3 Jo 4 (mencionado acima). 46 Nem todo exemplo é retrospectivo (cf. Mt 13:13; Mc 12:24; Jo 1:31; 1 Ts 2:13; Fm IS), 47 Em lugar de raüra, o códice 579 tem aitrá e o 827, aútoO. 4 8 Por extensão, isso pode ter implicações para t o lékt iov em 1 Co 13:10 (veja o capítulo sobre os adjetivos para uma discussão). 49 Em lugar de Kai õià t o ü t o D tem õ l ó ; 157 omite ÔLa t o ü t o . 50 Naturalmente, se o termo neutro yúuaLOV ("mulherzinha" [é um termo difícil de estima, embora normalmente seja de ridicularização]) foi usado, isso poderia dar a pausa para o intérprete!

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

334 1 Co 11:24

to ô tó |ioú koTiv to oó)|ia tò írnèp úpcâu to ô to TTOieiTe eíç Tqy 4nf|V áuáiivqaLV.

Este é o meu corpo [dado] por vós. Fazei isto em memória de mim. O segundo t o ô t o se refere ao ato de comer o pão, embora no contexto precedente um substantivo neutro (ocô|ia), junto com seu pronome ( t o ô t o ) , seja visto. Hb 9:27

kccQ’ óoou KTTOKf iTffi TOiç àvQpióvoiç avaE, ànoSaveiv, petà õe to ô to Kpúuç

Assim, aos homens está ordenado morrerem uma só vez, e depois disto o juízo Cf. também Lc 1:18; 4:18; 6:6; 7:32; 8:30; At 1:9; 4:7; Rm 5:12; 8:31; 14:9; 1 Co 4:6; 11:22; G1 3:2; Cl 3:20; 1 Ts 4:15; Hb 4:5. 2] Exemplo Debatível Ef 2:8

xfi yàp "/ápixí cate aeacoapéyot õià ttÍotcwç Kal toôto oòk éç òpmu, 9eob tò õwpou porque pela graça sois salvos mediante a fé;e isto não vem de vós, é dom de Deus Esse é o texto mais debatido em termos do antecedente do pronome demonstrativo t o ô t o . As interpretações comuns incluem: (1) "graça" como antecedente, (2) "fé" como antecedente, (3) O conceito salvação pela graça mediante a fé como antecedente, e (4) xm t o ô t o tendo uma força adverbial sem antecedente ("e especialmente"). A primeira e a segunda opções falham pelo fato de que t o ô t o é neutro, enquanto que xápixi e xríaxeuç são femininos. Alguns afirmam que o gênero trocado não causa problemas porque (a) há outros exemplos na literatura grega em que um neutro demonstrativo se refere a um subs­ tantivo anterior de gênero diferente,51 e (b) o xoôxo foi atraído para o gênero de õcôpoy, o nominativo predicativo. Tais argumentos precisam ser analisados juntos. Ainda que seja verdade que em raras ocasiões exista uma troca de gê­ nero entre o pronome e seu antecedente, o pronome quase sempre é encontrado em exemplos com substantivos de gêneros diferentes. Um é o antecedente; o outro é o nominativo predicativo. Em At 8:10, v.g., (ovzóç èotiv r) õúvapiç xoô 9eoô), o pronome é masculino porque seu antecedente é masculino, embora o nominativo predicativo seja femini­ no. Em Mt 13:38, a atração inversa acontece (o sujeito prominal é atraí­ do para o gênero do nominativo predicativo): T Ò õè xaLòv airéppa, ou t o Í eioiv ol uioí T Í j ç PaaiXeíaç ("a boa semente, e s t e s são os filhos do reino").52 A construção em Ef 2:8, porém, não é um exemplo paralelo,

51 Em particular, note R. H. Countess, "Thank God for the Genitive!" JETS 12 (1969) 117-22. Ele alista três exemplos áticos, afirmando que um fenômeno como esse ocorre com muita freqüência na literatura grega (120). Sua abordagem tem pontos fracos, porém, pois ele não somente não cita exemplos do NT, como duas de suas ilustrações clássicas são melhores vistas como se referindo mais a um conceito que a um nome. Além do que, o uso não é completamente freqüente e em cada exemplo seja necessessário explicação. 52 Cf. também Mt 7:12; Lc 2:12; 8:11; Jo 1:19; Rm 11:27; G1 4:24.

Pronomes: categorias semânticas

335

pois òwpov não é o nominativo predicativo de t o ü t o , mas sim do "ele" implícito na oração seguinte. Em certo nível gramatical, então, é duvi­ doso que "fé" ou "graça" seja o antecedente de t o ü t o . A visão mais plausível é a terceira, pois t o ü t o se refere ao conceito de salvação pela graça mediante a fé. Como j á vimos, t o ü t o regularmente tem um antecedente conceituai. Se a fé aqui ou em outro lugar no NT é vista como um dom, essa não é a questão que devemos tratar aqui.53 Uma quarta visão é que kccI t o ü t o é adverbial. Essa visão tem surpre­ endentemente feito pouco impacto na literatura exegética.54 Se temos aqui uma idéia adverbial, K a i t o ü t o é intensivo e significa: "e isso espe­ cialmente", sem ter qualquer antecedente. Ele focaliza sobre o verbo e não em qualquer substantivo. Em 3 Jo 5 vemos isso: i u o t Ò v T r o i e l ç 8 kkv cpyáor) e í ç t o u ç á õ e À c jr a u ç K a i t o ü t o í j é v o u ç 5 5 ("Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e especialmente [fazes isso] aos estrangeiros"). Se essa é a nuança de Ef 2:8, o texto quer dizer: "porque pela graça sois salvos mediante a fé, e [sois salvos] espe­ cialmente não por suas obras; é dom de Deus". A questão aqui é complexa e não se resolve gramaticalmente. Porém as considerações sintáticas giram em torno das duas últimas visões.56

C. Pronomes Relativos 1.

Definição em Termos Usados Pronomes Relativos (õç e ootlç) são chamados assim, porque retomam um ter­ mo anterior (antecedente) da oração, projetando-o numa outra oração. Assim ele participa da sintaxe anterior e, ao mesmo tempo, funciona também com suas particularidades na sua própria oração. Na sentença, v.g., "A casa que Zé construiu veio a pique", o que aponta para o seu antecedente (casa) e encabeça sua própria oração.

53 Em um nível exegético, estou inclinado a concordar com Lincoln que "no pensamento de Paulo fé nunca pode ser vista como uma obra meritória porque em conexão com justificação ele sempre contrasta fé com obras da lei (cf. G1 2:16; 3:2-5, 9,10; Rm 3:27, 28)" (A. T. Lincoln, Ephesians [WBC] 111). Se fé não é meritória, mas está em lugar da recepção do dom de salvação, então não é um dom em si. Uma visão assim não impede a noção que para a fé salvar, o Espírito de Deus deve iniciar o processo da conversão. 54 Cf, porém, BDF, 151 (§290.5), BAGD, s.v. o ü t o ç l.b.y. As duas auoridades assumem esta força em K a i t o ü t o em Ef 2:8 sem discussão. 5 5 T o ü t o é substituído por e l ç t o u ç no P Byz e por t o u ç em 81 et pauci. O pronome é solidamente estabelecido nas testemunhas mais antigas espalhadas(e.g., S A B C T 048 33vid 323 U 41vid 1739) 56 Por ser digno, um exame de todos os 22 exemplos de K a i t o ü t o no NT (não incluindo Ef 2:8) mostrou os seguintes resultados: 14 ou 15 tinham referente conceituai (e.g., Lc 3:20; 5:6; Jo 11:28; 18:38; Jo 20:20; At 7:60; 1 Co 7:37; Fp 1:9; Hb 6:3 [Fp 1:28 era provável]); quatro eram adverbiais (Rm 13:11; 1 Co 6:6, 8; 3 Jo 5 [Hb 11:12 é alistado no BAGD como adverbial, mas o plural é usado ( K a i r a í i r a ) , seguindo mais de perto o Ático]); três envolviam o mesmo gênero (Lc 2:12; 13:8; 1 Jo 4:3); nenhum exemplo claro envolvia gêneros diferentes (embora Fp 1:28 fosse possível).

336

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Convertendo a sentença para o grego, vemos alguns princípios básicos dos pro­ nomes relativos em ação: ó olkoç ov Eqcj) cÒKOòó[J.r|acv eueoe. O pronome relativo é singular e masculino porque olkoç é singular e masculino. Mas ov é acusativo, e não nominativo, porque é o objeto direto de MK0òópr]aev. Em ou­ tras palavras, o pronome relativo (PR) concorda com seu antecedente em gênero e número, mas seu caso é determinado pela função que exerce na sua própria oração.

2.

Funções O PR oç e ootlç são respectivamente definido e indefinido. Os dois precisam ser considerados separadamente, pois as principais questões exegéticas diferem de um para outro. a.

OÇ 1) Uso Regular "Oç rotineiramente é usado para ligar um substantivo ou outro nome à sua oração relativa, quer seja descritiva, explicativa ou restritiva.

Jo 1:26

péooç í)|id)v 'éoTqKev ôv úpelç ouk oiôaxe no meio de vós está [alguém] quem não conheceis

At 4:10

’Ir|oou Xpiotou . . . ov òpelç êoTaupcóoaie, ov ô Geòç ríyeipev veKpcâv Jesus Cristo... o qual crucificastes, a quem Deus ressuscitou dos mortos

Ef 2:2-3

tolç u L olç

Ap 1:1

’ATTOKáÀui[fLÇ ’Iqoot) Xp lotou qv eôo)Kev auttô ó 0eóç Revelação de Jesus Cristo, que Deus deu a ele

Mt 1:16

’IaK(à(J êyévvqoev tòv 'IaiafjtJj tov ãvõpa Mapíaç, éç fjçèyevvqGq Iqaoüç57 Jacó gerou a José, marido de Maria, de quem nasceu Jesus A tradução no português não indica o gênero grego: "de quem" (èç fjç) é

rrjç cbreiGeíaç, (3) èv oiç Kal fpelç vavrcç ávcatpácjjripév note . . . nos filhos da desobediência, entre os quais também nós todos vivíamos outrora A oração relativa nos vv. 2-3 providencia uma estrutura equilibrada: èv aiç, èv olç: caminhamos no pecado, vivíamos entre pecadores. A questão da depravação da humanidade e sua necessidade para a salvação nos vv. iniciais de Ef 2 é magistral e concisamente declarada.

57 A leitura do MS Siríaco Sinaítico, em que a paternidade de Jesus por José é sugerida ("José, o qual era noivo da virgem Maria, gerou a Jesus que é chamado o Cristo"), tem pouco a seu favor, não sendo achado em qualquer testemunho de texto grego e, muito provavelmente, sem apoio em qualquer outro lugar (para discussão, veja Metzger, Textual Commentary, 2-7).

Pronomes: categorias semânticas

33 7

feminino, referindo-se a Maria. Alistar mulheres indiretamente em uma genealogia era incomum (como foi feito com Tamar, Raabe, Rute, e "a esposa de Urias"), mas alistar uma mulher diretamente ligando-a ao descedente era surpreendente. O discurso segue com uma explanação: Jesus foi milagrosamente concebido (vv. 18-25). Cf. também Mc 14:71; Lc 2:11; Jo 1:13; At 17:3; Rm 1:2; 2 Co 7:7; Ef 1:6; Fp 3:8; 1 Pd 2:22. 2) Usos "Incomuns" Os PR's, não esporadicam ente, quebram as regras básicas de concordância. O gênero do PR, às vezes, não combina com o antecedente, geralmente por causa da concordância do sentido substituindo a concordância sintática (constructio ad sensum). Lembrese de que as regras de concordância não envolvem normalmente caso. Ainda que, às vezes, o caso do relativo seja atraído para o caso do antecedente (conhecido simplesmente como atração ou atração direta); em outras ocasiões, embora com menos freqüência, o antecedente é atraído para o caso do PR (conhecido como simplesmente inverso ou atração indireta). Para deixar o assunto mais complicado, a relação do PR com seu antecedente é, às vezes, complexa: (1) o antecedente pode estar ausente, ou (2) a frase relativa pode ser adverbial e, assim, não se referirá a um substantivo ou nome. Como acontece com os demonstrativos, a descoberta desses "problemas" sintáticos produz ocasionalmente questões exegéticas. a) Gênero 1] Ilustrções Claras Jo 4:22

ú p e lç u p o o K u u e lie

ô oíik o í õ a x e f|pe!ç upoaKUuoí)|J.cu ô OLÔapev vós [samaritanos] adorais o que não sabeis; nós [judeus] adoramos o que sabemos Na resposta de Jesus à mulher samaritana acerca da adoração, ele frisou, no v. 21, que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai (ò Trarip). Ele continua com o princípio articulado no v. 22, mas aqui usa o pronome neutro para descrever o objeto da adoração. A implicação parece ser esta: visto que ele está igualando-se com seu povo (não como verdadeiros adoradores de per si), ele outorga-lhes fidelidade doutrinária, mas não relação espiritual.58

Fm 10

uapaKcóUâ oe nepl x o ü è p o ú xêkvou, ov éyévvqaa kv x o l ç õeapoLÇ

Rogo-te com respeito a meu filho, de quem tenho me tomado um pai em minhas prisões Embora xéicvov seja neutro, o PR é masculino devido ao gênero natural. 58 Este texto também pertence ao ponto "Omissão do Antecedente", visto que o antecedente está contido no PR. No entanto, o PR aponta para trás, contextualmente, não sintaticamente, para "o Pai" no versículo anterior.

338 1 Co 15:10

Sintaxe Exegética do Novo Testamento X“PLTL elu-L ò elju pela graça de Deus sou o que sou O antecedente está implícito, mas naturalmente é masculino. Ao usar o neutro, Paulo não está afirmando tanto a sua pessoa, mas o seu ofício de apostolado.

Cf. também At 26:17; 1 Co 4:17; Cl 2:19; G14:19; 2 Pd 2:17; 2 Jo 1; Ap 13:14. 2] Exemplo Debatível Ef 1:13-14

èocj)po:YLa9r|Te tcô Trueúpait xfjç kuayycXíaç tcú àytu, (14) oç èaitu áppapcòu tf|ç KÀqpouojúaç fi|i(5u

fostes selados com o Santo Espírito da promessa, (14) que é o penhor de nossa herança A leitura oç, duvidosa segundo a crítica textual,59 é, às vezes, invocada como prova gramatical da personalidade do Espírito.60 Mas o PR masculino é simplesmente uma atração do genêro do nominativo predicativo: áppafStóv. Tal atração de gênero é bastante comum no NT (cf. Mc 15:16; G1 3:16; Ef 6:17; 1 Tm 3:15). Isso ocorre quando o foco do discurso está no predicativo: o gênero dominante revela a idéia dominante da passagem. Nem em Ef 1:14 ou qualquer outro texto há uma evidência sintática direta da personalidade do Espírito.61 Há, naturalmente, muitas linhas de evidência que demonstram isso, mas a tentativa em usar a gramática grega com tal objetivo embora fácil, muitas vezes, cria problemas teológicos que são maiores que a cura.62 b) Caso 1] Atração (ou Atração Direta) O caso do PR, diferente de seu gênero e número, geralmente não tem relação com o antecedente, visto que normalmente é deter­ minado pela função que exerce em sua própria oração. 59 UBS4 ler õ em lugar de oç. Várias questões deixam a decisão difícil. Não somente há um peso de MSS de ambos os lados (embora a antigüidade e a distribuição geográfica favoreçam o neutro), o potencial para uma alteração é grande. Como uma nota paralela, a evidência da ítala como alistada na UBS4 pode ser ambivalente devido à gramática inerente de cada língua: em grego o antecedente de irueOpa, é neutro, enquanto o nominativo predicativo é àppafiáv, que é masculino. No latim, o antecedente é masculino (;spiritus), enquanto que o nominativo predicativo (em muitos MSS) é neutro (pignus). Assim pode ser que o PR neutro em alguns MSS latinos reflitam um PR masculino numa pontinha do grego e o PR masculino, em outras testemunhas latinas reflitam o PR neutro em outra ponta do grego! 60 Antigos comentários especialmente afirmaram esse ponto, e mesmo Barth (Ephesians [AB] 1.96) viu esse motivo teológico como uma possível razão para o uso do masculino óç pelo autor. 61 Veja a discussão mais cedo de Jo 15:26 na seção sobre os pronomes demonstrativos. 62 O uso da regra de Colwell, v.g., para afirmar a deidade de Cristo em Jo 1:1 é um apoio inadvertido para o modalismo. Veja discussão desse texto em "O Artigo Parte II". Semelhantemente, note a discussão de G1 5:16 em: "O Caso Dativo: Dativo de Agência", e o argumento sobre 1 Co 12:13 na "Preposição: kv" (ambos têm a ver com a personalidade do Espírito).

Pronomes: categorias semânticas

339

às vezes, porém, é atraído para o caso do antecedente. Isso é especialmente comum com a atração do acusativo do PR para o genitivo ou dativo do antecedente. (Quer dizer, em lugares onde esperávamos ver um PR acusativo, às vezes, vemos um genitivo ou dativo por causa da atração). Mt 24:50

èv upa rj ou yivcóoKei em uma hora que não sabe

Jo 4:14

o; õ’ aoC èyw õcxjo auxw quem beber da água que eu lhe der

Hb 6:10

xfjç âyátiriç fjç èveôcííaoGe cíç tò õvopa aíiToü63 do amor que para com o seu nome mostrastes

1 Jo 3:24

4k to ü irveúpaToç ou T)[üv cõwKev pelo Espírito que ele nos tem dado

Cf. também Mc 7:13; Lc 5:9; 12:46; Jo 15:20; 17:5; At 2:22; 1 Co 6:19; Cl 1:23; Ap 18:6. 2] Atração Inversa (ou Atração Indireta) A atração inversa ocorre quando o antecedente é atraído para o caso do PR. Mc 12:10

ÀÍBov ov áiieõoKÍpaaav oi olkoôo|1 oüvxçç, ouxoç êyevf|0r| . . . a pedra que os construtores rejeitaram, esta se tornou . . .

1 Co 10:16

xòv Spxov ôv KÜcòpev, oúxi Koivcovía xoí> ocópaxoç xoü Xptoxoü èoxiv;

o pão, que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? A linha anterior diz: tò irotf|pi.ov xíjç ei)A.oyíaç ô eòLoyoOpcv, oir/i Koivcovía éoxlv xoí) aípaxoç toC XpLOtot); ("o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do corpo de Cristo?") Embora tò TTOtqpl o v possa ser nominativo, à luz da leitura paralela com xòv apxov, é mais provável ser acusativo. Cf. também Mt 21:42; Mc 6:16; Lc 1:73; At 21:16; Rm 6:17. c) Complexidades do Antecedente 1] Omissão do Antecedente O antecedente no grego pode ser omitido por uma variedade de razões. E.g., o PR pode incorporar um pronome demonstrativo, em casos onde o objeto é claro o bastante pelo contexto. Menos freqüente, mas não menos importante exegeticamente, são os 63

Uma variedade ampla de testemunhas têm o acusativo rjv, refletindo a tensão sobre a atração direta (cf. 'J?46 B2 1505 1739 1881 et pauci). O genitivo, porém, é a leitura mais difícil e a que tem melhor apoio (cf. S AB‘ CD 0278 33 31? ).

340

Sintaxe Exegética do Novo Testamento exemplos do material poético tecido na produção do discurso (veja discussão de 1 Tm 3:16 abaixo). a] Demonstrativo Implícito

Jo4:18

Tréute ávôpaç eoxeç Kal vOv ov e/eu; oúk eativ

aouávip Porque tiveste cinco maridos, e [o] que agoratens não é teu marido;

Hb 5:8

KaíiTep cocSv cuaGcv if|v unaKor|v

Embora sendo Filho, aprendeu obediência pelas [coisas] que sofreu Outros exemplos claros incluem Lc 9:36; Jo 7:31. 1 Pd 1:6

èv ü àyaA.ÀiâaOe64 Em que vos alegrais O contexto anterior diz: elç awrtpLav ètoípriv áuoKaÀixt>0f)voci év Kaipcô i-ayázc) ("para a salvação preparada para revelar-se no último tempo"). 0 texto de Nestle-Aland termina o v. 5 com um período, tornando o pronome relativo do v. 6 um demonstrativo implícito. Mas isso é raro e não seria mencionado quando a estrutura da sentença fosse clara, embora complexa. Além do mais, isso não é natural: A pontuação do texto de Nestle-Aland27 sugere que o PR é usado exclusivamente com demonstrativo, e não em uma dupla obrigação tanto como PR quanto como demonstrativo. Essa perspectiva parece ter impactado a Revista Atualizada e a NVI). As sentenças encontram-se mais abreviadas. Sobre uma grande escala, isso impacta várias questões gramaticais tais como: (1) a freqüência dos particípios imperativais, e (2) a hipótese das orações estarem em relacionamento hierárquico (i.e., uma subordinada a outra) ou coordenado.65 Há casos onde as questões são mais que gramaticais.: Se, por exemplo, 1 Pd 5:7 (nâoav rqv pépipvav íiptàv èTupíil/avreç èrr’ cojtov, o tl aúuw pélfL TTepl úpwv) é lido como uma oração independente, a idéia seria: "Lancem sobre ele toda a vossa ansiedade". Mas se o particípio for dependente do verso precedente ("humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus . . ."), a idéia é que o caminho para a humildade é encontrada ao lançar a ansiedade sobre Deus ("humilhai-vos ... lançando"). Pontuar o limite entre os dois versos obscurece essa conexão. b] Poesia Muitos eruditos vêem, com certa freqüência, fragmentos de hinos no NT, tais como Fp 2:6-11; Cl 1:15-20; 1 Tm 3:16; Hb 1:3­ 4 etc. Freqüentemente, textos assim começam com uma oração relativa que foi tecida dentro da sintaxe do discurso prosaico

64 Em lugar de èv ca àyaXXi&oQc, (P72 tem o particípio àyaXXiáouvxcç. O segundo corretor de C tira o èv c5, mas mantém o imperativo. 65 Outras sentenças abreviadas no texto de Nestle-Aland27 sem garantia suficiente incluem: 1 Pd 1:91-0,11-12 (1 Pd 1:3-12 é realmente uma sentença longa no grego); Ef 1:3­ 14 (também uma sentença no grego) é quebrada nos vv 3-6, 7-10,11-12,13-14 (cada nova seção começando com èv co); Ef 5:18-21 (quebra difícil não garantida em v 21).

Pronomes: categorias semânticas

l Tm3: 16

341

envolvido. De fato, um dos aspectos básicos da poesia grega é o uso introdutório do pronome relativo.66 As vezes, porém, o PR não tem antecedente, pois o fragmento de hino é introduzido sem conexão sintática. Kai Ó(íoã070U(íck(oç péya koxiv tò tf|ç eúaepeíaç puaippiou ôç è())auep(ó0r| kv oapKi 6ÕLKaitó0r| kv uveúpaTL, cxj)0r| àyykXoiç, CKT|pÚyv0Tl CV Ç0V6OIV, eiu crreú B ri kv KÓqito, àueÀr|p(t)0ri kv õóÇr). Evidentemente grande é o mistério da piedade: aquele que foi manifestado na carne, foi justificado em espírito, visto por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória. O padrão rítmico desse texto é óbvio: seis linhas de verbos passivos paralelos, seguidos pelas construções paralelas (kv +) dativo. Esses aspectos, conjugados com oç introdutório, são assinaturas da poesia.67 Entre outras coisas, as implicações de uma identificação assim são: (1) Procurar por um antecedente para oç fora do hino, como alguns têm feito, é um expediente desnecessário, que, de fato, interpreta mal o gênero e entende pior a força de tò rfjç còocpf íaç pootripi.ov.68 (2) A variante textual 9eóç no lugar de õç, tem sido inflexivelmente defendida por alguns eruditos, particularmente os do "texto majoritário". Não somente essa leitura é pobremente atestada,69 como também o argumento sintático de que '"mistério'

66 Veja especialmente R. P. Martin, "Aspects of Worship in the New Testament Church," VE 2 (1963) 16-18, para um critério lingüístico usado para detectar poesia. 67 P. T. 0'Brien sumariza bem o critério para detectar material de hinos no NT: "(a) estilístico: uma certa tonalidade rítmica quando as passagens são lidas em voz alta, a presenta de parallelismus membrorum (i.e., um arranjo em parelhas), a semelhança de métrica, e a presença de disposição retórica tais como aliteração, quiasmo e antíteses; e (b) lingüístico: um vocabulário incomum, particularmente a presença de termos teológicos, que difere do contexto circundante" (Commentary on Philippians [NIGTC] 188-89). Sobre a estrutura de 1 Tm 3:16, veja Fee, 1 and 2 Timothy, Títus (NIBC) 92-93. 68 Young, lntermediate Greek, 76, alista este como exemplo de gênero à parte, afirmando que "o mistério da piedade" se refere a Cristo visto ser seguido por õç. Muitos comentaristas preferem ver "o mistério da piedade" como se referindo à fé cristã. Conforme Conzelmann-Dibelius, Fee, Guthrie, Hanson, et al. 69 Em particular, é impossível explicar a leitura latina de um PR neutro como derivado de 9cóç, mostrando que õç era muito antigo. Nenhuma testemunha de primeira mão de qualquer texto grego antes do séc. VIII tem 9eóç. Visto que 9eóç era um nomen sacrum, contraiu-se em 0E por volta do quarto século e, devido a seu rico conteúdo teológico, acabou na vasta maioria dos MSS. (Veja a discussão em Metzger, Textual Commentary, 641.)

342

Sintaxe Exegética do Novo Testamento (p.voxr\piov), sendo um nome neutro, não pode ser seguido por pronome masculino (oç)"70 é destituído de peso. Tão atrativa teologicamente quanto a variante 0eo'ç pode ser espúria. Naturalmente, rejeitar não é a mesma coisa que negar a divindade de Cristo, mas sim simplesmente negar qualquer referência explícita disso no referido texto. 2] Usos Adverbiais/Conjuntivos O PR freqüentemente é usado depois de preposição. As ve­ zes, essas locuções prepositivas têm força adverbial ou conjuntiva. Nesses exemplos, o PR não tem antecedente ou seu antecedente é conceituai, não gramatical.72

Lc 12:3

dcv9’ cou oaa kv if| aKoxía eímxxe kv tcô (XKOuaBiíaerca portanto, o que quer que disseres nas trevas será ouvido na luz

At 26:12

kv oíç nopeuó|ieuoç elç iqu AapaoKÒu enquanto isso/portanto, indo para Damasco A expressão prepositiva poderia apontar anaforicamente para a oração precedente de um modo geral (="portanto," "por causa destas coisas"), ou poderia ser temporal ("enquanto isso", "nesse ínterim"). Cf. também, Lc 12:1 (onde kv olç é claramente temporal).

Rm 5:12

elç m v raç àvQp(Ótto u ç ó Sáuaxoç ôiíjÀGev, èc|j’ (5 uávxeç q p a p T o n a morte passou a todos, porque todos pecaram A locução prepositiva aqui é debatida com freqüência. É possível que c5 refira-se anaforicamente a "um homem" (evòç ávGpcáiroí)). Se for assim, a idéia é: "todos pecaram em um homem" ou "todos pecaram por causa de um homem". Contudo, a distância até èvòç àvGpúuou é tão grande de modo que isso seja uma leitura natural. Mas se ctj)’ c5 funcionar como conjunção, ela não se refere a qualquer antecedente, mas explica como a morte passou a todos: "A morte é universal pela razão clara que o pecado é universal".73 Esse uso encontra paralelos nos papiros e no resto do corpus paulinum (cf. 2 Co 5:4; Fp 3:12). As questões teológicas em jogo são profundas e complexas (e.g., se a pecaminosidade da humanidade é pessoal ou participatória no pecado de Adão). Assuntos assim são só parcialmente resolvidos pela gramática do PR.74 No

70 J. W. Burgon, The Revision Revised (London: John Murray, 1883) 426 (cf. também 497-501). Burgon acrescenta: "Uma expressão assim é semelhatemente detestável à gramática e à lógica, é intolerável, em grego e em inglês". Embora eloqüente em retórica, o argumento de Burgon é fraco em substância. Para um tratamento compreensível sobre referências explícitas a Jesus como 9cóç no NT, veja M. J. Harris, Jesus as God: The New Testament Use of Theos in Reference to Jesus (Grand Rapids: Baker, 1992). A discussão de 1 Tm 3:16 se encontra nas pp. 267-68. 72 Veja BAGD, s.v. bç, 1.11. (585). 73 S. L. Johnson, Jr., "Romans 5:12-An Exercise in Exegesis and Theology" New Dimensions in New Testament Study, ed. R. N. Longenecker e M. C. Tenney (Grand Rapids: Zondervan, 1974) 305. O ensaio inteiro (298-316) apresenta tratamento penetrante das questões exegéticas e teológicas envolvidas no verso. 74 Para uma discussão conveniente das opções interpretivas, veja Cranfield, Romans (ICC) 1.274-79. Sobre a base do contexto, ele rejeita a visão da independência do pecado persoal (de Pelágio), pois: "ela reduz o escopo da analogia entre Cristo e Adão na extensão e no verdadeiro esvaziamento do seu real significado" (277).

Pronomes: categorias semânticas

343

entanto, sem forçar as evidências do outro lado, a força de è, veja D. L. Turner, "Adam, Christ, and Us: The Pauline Teaching of Solidarity in Romans 5:12-21" (Tese de Th.D., Grace Theological Seminary, Winona Lake, Ind., 1982) 129-49, que opta, porém, por um uso preposicional normal, sem comprometer qualquer antecedente particular. 76 Freqüentemente é objetado que o Espírito Santo não pode estar em vista porque os dois dativos do v. 18 ( o a p K Í , uveú|i£m) deveriam, então, ter força sintática diferente (esfera, meio). Mas se 1 Pd 3:18 for um fragmento hiníco ou litúrgico, esse não pode ser uma objeção por causa da "licença poética": A poesia está repleta de exemplos de licença gramatical e léxica. Esse não é menor que o uso das mesmas categorias morfossintáticas, em linhas paralelas, com sentidos diferentes (note, e.g., as expressões dativas em 1 Tm 3:16). Para uma introdução à sintaxe da poesia, veja V. Bers, Greek Poetic Syntax in the Classical Age (New Haven: Yale University Press, 1984). 77 Isso é assim, a despeito da objeção de Selwyn que em nenhum lugar pneu,mati age como dativo de referência antes de PR (E. G. Selwyn, The First Epistle of Peter, 2d ed. [London: Macmillan, 1947] 197), porque, como W. A. Grudem (The First Epistle of Peter: An Introduction and Commentary [ÍNTC] 228) afirma: "é exegeticamente ilegítimo querer que exemplos paralelos de tão estreitamente especificados que sejam não possam apresentar muitos ou quaisquer exemplos. Assim, Selwyn tem baseado seu julgamento exegético em uma distinção artificial...". Essa não é uma questão sintática em si, mas estilística. É uma questão distintivamente petrina (BAGD alista somente esses textos como exemplos de um èv cã conjuntivo no NT). 9 De acordo com o acCordance, há cinco exemplos do genitivo na expressão fixa cwç o io i), um exemplo do acusativo otl (1 Jo 3 :2 0 ), e 1 3 9 nomitivos. BAGD também alista à(j)' o io i) ocorrendo em D em Lc 1 3 :2 5 .

344

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Clarificação e Subcategorias Embora tradicionalmente usado, "indefinido" não é a melhor forma de nomear tal pronome. A noção exata é: genérico comumente no sentido que o PR focaliza a classe inteira (assim, "qualquer que" = "todo que") ou qualitativo quando PR focaliza na natureza/essência da pessoa ou coisa em vista. No segundo sentido, é usualmente traduzido de forma intensiva ("aquele que certamente", "o que de fato").80 Distinguir entre os dois não é sempre fácil. a) Ilustrações do PR Genérico

Mt 5:39

ootlç oe paiúÇeL elç if|u ôcçuw o layóva oou, otpéij/ov aíiTcô kocl xqv ãAATiv qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra

Lc 14:27

ootlç oú paotá(eL xòv oxaupòv èauxoü Kai épyeiai òttÍoco pou, oú òúuatai clv aí pou paOrpriç qualquer que não tomar sua cruz e vir após mim não pode ser meu discípulo

G1 5:4

Katqpyf|0riTe ticTrò Xpioioü, oinueç kv uópcu ÕLKatoOoBe separados estais de Cristo, [todos] que vos justificais pela lei b) Ilustrações do PR Qualitativo

Mt 7:15

Típooéyexe áirò xtâu i|/euõoTrpo(()r|râu, oltlucç epyouxat Trpòç úpâç kv éuõúpaoiv Tipopátcau, eou0eu õé eLaiu ÀÚkol aptTayeç

Acautelai-vos dos falsos profetas, particularmente os que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes Rm 1:25

oÍTiveç pctf|ÁÂaçau iqu àA.f|06i.au toü 0eoü kv tíâ i|(cúõ6L Estes, de fato, mudaram a verdade de Deus em mentira

1 Pd 2:11

'napaKaÀtô . . . áTréyea0ai icôu oapKLKcâu èTTL0uptcôu aíxiveç oipaxcuouTaL Katà xf)ç i)íuyfiç

Rogo-[vos] . . . que [vos] abstenhais das concupiscências carnais, especialmente as coisas que militam contra a alma Confusão com OÇ Não é pouco freqüente ootlç funcionar como óç no NT, quando um referente definido está em vista. Em tais exemplos, há pouca ou nenhuma diferença quanto ao discernir a força dos dois pronomes. Isso é especialmente comum em Lucas e Atos.81 80 Para mais ocorrências das categorias, cf. BAGD. 81 Veja H. J. Cadbury, "The Relative Pronouns in Acts and Elsewhere," JBL 42 (1923) 150-57, para o estudo inovador.

Pronomes: categorias semânticas

345

Lc 9:30

ãuôpeç ôúo aw eX àX ow auxtô, omueç rjoav Mü>uaf|ç Kal ’HA,íaç82 dois homens falavam com ele, que eram Moisés e Elias

At

KamGev elç

1 6 :1 2

O làlttttouç,

rjxtç

è o x lv

TTpGÓTqç peplõoç

xqç

MaKeõovlaç

TTÓÀLÇ

e de lá para Filipos, que é cidade da Macedônia, primeira do distrito e colônia 2Tm 2:18

Ypévmoç Kal cI»lât]toç, (18) olxlvcç uepl xqv àÂr|9eiai' f|axóxr)aav Himineu e Fileto, os quais se desviaram da verdade

D. Pronomes Interrogativos 1. Definição e Termos Usados Esse pronome lida com questões. Os mais comuns são xíç, xí (mais de 500x), comumente questionam a identificação ("Quem?" ou "O quê?"). IIoloç, usado menos (só 33x), normalmente questiona qualitativamente ("Que tipo?"), enquanto iróooç (2 7 x ), quantitativamente ("Quanto?").

2.

A Função

d e tlç

T lç é usado para introduzir questões diretas e indiretas. Como tal, é usado substantivamente (como um verdadeiro pronome) e adjetivalmente. O neutro é também usado como advérbio ("Por quê?").83 Na maioria das vezes, ríç pergunta identificando, especialmente quando uma pessoa está em vista. Mas também questiona a categoria ou qualidade ("Que tipo?"), invade assim o domínio normalmente reservado para ttoloç. Mc 8:27

xíva pe A.éyoixnt' ol auOpamoi eluat; Quem as pessoas dizem que eu sou? O uso substantivai é o uso mais comum do pronome interrogativo. Cf. também Mt 6:3; Mc 2:7; 5:9; Lc 4:34; Ap 5:2.

Mc 9:34

TTpòç mUqÀouç ÕLeÀéxQqoau . . . t l ç pelÇou Discutiam uns com os outros . . . quem era o maior Este é um exemplo do pronome interrogativo usado em questão indireta. Cf. também Lc 1:62; Jo 4:10; At 10:17.

Mt 5:46

TLftt pLO0òu e^exe; Que recompensa tendes?

82 Em lugar de d í t L v e ç , rjv c á aparece em D, ol em C. 83 Veja BAGD Para exemplos de outros usos como: em (a) qual dentre dois (=TTÓtepoç), (b) como um substituto para o PR, e (c) como uma exclamação (tl = "Como!").

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

346

Temos aqui uma ilustração do uso adjetival do pronome interrogativo. Cf. também Mt 7:9; Jo 2:18; Rm 6:21; 1 Ts 3:9; Hb 12:7. Mc 1:27

è 9 a | ip iÍ 0 r | a a u c m a u T e ç

íóoxc

o u Ç q x e L V rr p ò ç é a u x o u ç

líyovm c, xí

éoxLV

TOUTO; ÕlÕOC^T) KOÍLVT)84

todos se admiraram, a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina!" Está aqui um exemplo de uma questão categórica (= "Que tipo de coisa é esta?"). Cf. também Lc 1:66; Ef 1:19; Cl 1:27; Hb 2:6. At 1:11

i í eaxr|KaTe épPÀ.éTT0vxeç eíç xòv oupauóu; Por que estais olhando para o céu? Para outros exemplos do uso adverbial de rí, cf. Mt 6:28; Mc 8:12; Lc 2:48; At 3:12; Rm 9:19; 1 Co 10:30; Cl 2:20.

3 . F u n ção d e ttoloç e ttoooç e ttoooç normalmente são pronomes qualitativos e quantitativos respectivamente: ttoloç pergunta: "Que tipo?" e ttÓooç, "Quanto?" Essa distinção quanto a ttoloç nem sempre é mantida, porém, raramente funciona com tlç (cf. Jo 10:32),85 em questões identificativas. I I o loç

Mc 11:28

kv ttoloç èÇouoía xaô xa rrotelç; Por qual tipo de autoridade fazes estas coisas?

Jo 12:33

toôto

eÀeyev arpcávcou ttolco Gaváxco qpeÀÀev

à íT O 0 u f| O K C L V

dizia isso para significar com qual tipo de morte ele haveria de morrer 1 Pd 1:11

èpauvcôvxeç elç xíva tjttoíov Koapòu éôrjÀou xò kv aúxotç TTveüpa XptoToO TTpopapxupópeuou xà elç X p lotou TTocOrpaTa indagando, que tempo ou qual tipo de tempo, indicado pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos de Cristo. É também possível ver tlvoc como substantivai no sentido de "quem" (RSV, NASB, NRSV ["indagando acerca da pessoa ou tempo"]).

Mt 15:34

ttÓoouç

Lc 16:7

ou Tróaou ó(j)eLAeiç; Quanto deves?

apxouç e /exe; Quantos pães tendes?

84 T l è o t L v t o u t o é omitido em D W. 85 BAGD também alista Mt 22:36, mas a tradução de ttolo: 4vtoA.T) \ityó.'kr\ como: "Qual é o grande mandamento?" não é completamente vindicada. Uma tradução igualmente plausível seria: "Qual dentre os mandamentos é o maior?" Mesmo Jo 10:32 pode não se encaixar. A lu ttolov aúnãu epyov eqr- /a0á(cTc; poderia ser: "Por qual dessas categorias de obras estais vós para me apedrejar?" 86 Para uma discussão das opções, veja a o sumário bem organizado em Porter, Idioms, 137.

347

Pronomes: categorias semânticas

E. Pronome Indefinido 1.

Definição e Termos Usados O pronome indefinido ( tiç , t i ) é usado para introduzir um membro de uma classe sem adicionar identificação. Seu uso é substantivai (como um verdadeiro pronome) e adjetival. Ele pode ser traduzido como qualquer, alguém, algum, ou simplesmente um (a).s?

2.

Funções a.

Mt 16:24

Usos Substantivados eí tiç 9éA.et óttÍoü) pou éA.9eiv, áuapvr)oáo9co èautòv se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo

Jo 6:51

êáv tiç cjjáyri èic toutou toü apxou Çqaei elç xbv alçava se alguém comer deste pão, viverá para sempre

Hb 3:4

uâç olkoç KaxaaKeuáCetaL ÚttÓ tivoç toda casa é construída por alguém

Cf. também Jo 3:3; At 4:35; Rm 5:7; Fm 18; Hb 2:9; Tg 1:5; 1 Pd 4:11; 2 Jo 10; Ap 3:20. b. Usos Adjetivais Lc 10:25

Rm 8:39

vopiKÓç tiç àvéoTr] êiciTeipáÇcov auxóv88 Um intérprete da lei se levantou, para prová-lo ouxe üijfcopa oüic páOoç oüxe '/topíoai

cítto ttjç

àYcnnr|Ç

toíj

tiç ktlolç

èxépa ôuvqaeTai ppccç

0eoO89

nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá nos separar do amor de Deus Fp 2:1

e’í tiç uapáKÀriaiç kv Xpuraô se alguma exortação em Cristo

Tg 1:18

elç xò elvat fpâç àxmpxhv t l Pa para que fôssemos um tipo de primícias

Cf. também Mt 18:12; Lc 8:27; 9:8; Jo 4:46; At 3:2; 27:8; G1 6:1; Hb 10:27; Jd 4.

87 Cf. BAGD para um tratamento detalhado de ziç, incluindo suas várias permutações. t i ç é omitido em 0211. 8 9 t i ç é omitido em íp46 D F G 1505, talvez devido ao homoiomeson como a palavra seguinte ( k t l o l ç ) . 88

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

348

F. "Pronomes" Possessivos (= Adjetivos) 1.

Definição e Termos Usados O grego não tem pronome possessivo distinto. Em lugar disso, geralmente emprega o adjetivo possessivo (4|ióç, aóç, rpéiepoç, upétepoç)90 ou o genitivo do pronome pessoal.91 Este lexicaliza a possessão (i.e., a noção de possessão é parte da raiz lexical); o outro gramaticaliza a possessão (i.e., a noção de possessão é parte da inflexão). Não é necessário nenhum tratamento detalhado aqui, visto que (a) o pronome possessivo não é uma categoria grega em si, e (b) a noção de possessão pode ser examinada via lexical ou outras seleções dessa gramática.

2.

Como a Possessão é Expressa A possessão pode ser expressa de quatro maneiras no NT: 1) pelos adjetivos possessivos 2) pelo genitivo do pronome pessoal 3) pelo artigo 4) por lõioç.

G. Pronome Intensivo 1.

Definição e Termo Usado O pronome intensivo, arruóç, é, sem sombra de dúvidas, o pronome mais usado no NT. Tecnicamente, porém, como intensivo (no sentido de - mesmo) é relativamente pouco freqüente. A função predominante de oorcoç é substituir o pronome da terceira pessoa oblíqua. A ilustração abaixo é exemplo do vocábulo outros que não é pronome pessoal.92

90 Os termos k\xóç, aóç, figcrepoç, e úperepoç são adjetivos ou pronomes? Eles predominantemente funcionam em um papel dependente, moficando um nome. Em todas as considerações sintáticas, comportam-se como simples adjetivo. Todavia, muitos gramáticos os tratam como pronomes. No NT quase sempre ficam na posição atributiva, usualmente dependente de nome, concordando com o mesmo em gênero, número e caso. Além disso, esses termos mesmo quando não modificam um nome, consistentemente tem artigo (uma dica estrutural para adjetivos, não para pronomes). 91 A inclusão, então, do adjetivo possessivo na categoria semântica de possessão realmente é uma maneira da nossa língua enxergar a realidade. 92 Veja BAGD, 122-24, para uma descrição detalhada dos vários usos de afrcóç.

349

Pronomes: categorias semânticas

2.

Funções a.

Como um Pronome Intensivo Quando avxóç funciona predicativamente com nome articular (ou nome próprio anarthro), traduz-se por de si mesmo, dele mesmo, dela mesma etc. ’ Auxóç age assim quando: (1) é usado sozinho, (2) como sujeito verbal, ou (3) em qualquer caso declinável. Em geral, o uso intensivo de aüxóç pre­ tende "enfatizar identidade. Ele é a força demonstrativa intensificada".93

Mc 12:36

aútòç Aaulõ eíneu kv icô iTueúpaTi Davi mesmo falou no Espírito

Jo2:24

aÚTÒç Tqaoüç oik êtiLOTeucu aúuòu aúioiç ôux xò aircòu yiváoK ziv uávtaç94 Jesus mesmo não confiava a si mesmo a eles, porque ele mesmo conhecia a todos os homens Esse texto proporciona um exemplo interessante e esclarecedor. E primeiro usado como intensificador do sujeito, e, então, como objeto direto (com ênfase adjetiva reflexiva). Superficialmente, os pronomes parecem redundantes, mas sua repetição, em especial, contrasta Jesus com o resto da humanidade, colocando-o à parte em sua impecaminosidade. kv K e À e ú o p a x t . . . K a i a P r i a e i o u o Senhor mesmo descerá dos céus com alarido

1 T s 4 :1 6

a í r r ò ç ó K Ú p io ç

Tg 2:7

oi)K aírcoi piaacjjqiioüaiu; não blasfemam eles mesmos...?

d ar’ o ò p a u o ü

Cf. também Mc 16:8; At 18:15; 1 Co 15:28; Ap 21:3. b. Como Adjetivo Identificador Quando modifica um nome articular na posição atributiva, ccijtoç é usado como adjetivo identificador. Dessa forma, ele é traduzido como mesmo. Lc 23:40

icâ ai)t(ô Kpípan no mesmo julgamento

1 Co 12:5

ó aúiòç KÚpioç o mesmo Senhor O refrão unidade-diversidade é repetida nesse capítulo, como foi mostrado pelo uso de tturóç como adjetivo identificador. Cf. também vv. 8, 9, 11 (todos com xò aírcò Ttveépa).

93 Dana-Mantey, 129. , 94 O segundo aèxóv é substituído por pronome reflexivo mais natural, ânflw , em íj\66 ^2 ^ w c 0 ip 050 083 f ' 13 33 Byz. ^ /:> 579 ef pmmci omitem o pronome completamente. O pronome pessoal é achado em textos decentes e é a leitura gramaticalmente mais difícil. Isso acrescenta um toque do poder retórico à declaração.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

350 Fp 2:2

xqv aútqv àyátrr|v ’ê%ovxíç tendo o mesmo amor

Tg 3:10

èk tou aóioô oiópatoç eÇépxeim eúÀoyía Kai Kaxápa da mesma boca procede bênção e maldição

Cf. também Mt 26:44; Mc 14:39; Rm 9:21; 2 Co 3:14; Hb 10:1; 2 Pd 3:7.

H. Pronomes Reflexivos 1.

Definição e Termos Usados Os pronomes reflexivos são èpauioü (de mim mesmo), aeatrroO (de ti mesmo), eauTOt) (dele mesmo), èauxGÕv (deles mesmos). A força do reflexivo freqüentemente indica que o sujeito é também o objeto da ação do verbo. O pronome assim "reflete" sobre o sujeito. Mas, visto que o pronome reflexivo também ocorre como objeto direto, essa descrição é incompleta.95 Em grande escala, o reflexivo é usado para destacar a participação do sujeito na ação verbal, como objeto direto, objeto indireto, intensificador etc. Embora, pre­ dominantemente, seja usado como objeto direto, essa não é sua única função. Especialmente comum é o pronome usado como objeto de uma preposição. Como é de se esperar, então, ele ocorre apenas nos casos "oblíquos". Assim, justapõe-se em certo grau ao pronome intensivo nos casos "oblíquos".

2.

Ilustrações

M t4:6

el ulòç ei xoô 0eoü, pále aeauxòv Kcrcu) se és o Filho de Deus, lança-te abaixo

Mc 5:30

ó Tqooü; èiTiyvoúç kv èauxoa96 Jesus sabendo de si mesmo

Lc 1:24

TTeptéKpupeu éautqv97 ele se escondeu

Lc 2:39

eiTéaxpeijfav . . . elç ttÓàlu èairaôv NaÇapéO98 voltaram . . . para sua própria cidade, Nazaré

95 Várias gramáticas padrões descrevem o pronome reflexivo como se ocorresse somente como objeto direto (cf. Dana-Mantey, 131; Porter, Idioms, 79). 96 A locução prepositiva kv èauicS é omitida no códice D. 97 Aircqv em lugar de éauxriv em L 118 205 209 579 700 716 1247 1579 2643 2766 et pauci. ' Eautqv é encontrado em testemunhas mais antigas e distribuídas. 98 Aútcõv se acha no TR e é sustentado por D2 H A et alii.

351

Pronomes: categorias semânticas Rm5:8

ouvíoxr\aiv iqv éauTOÚ áyátTr|v c i ç f)|iâç ó Oeóç Deus p ro v a o seu próprio a m o r p a ra co n o s co

Ef5:19

ÀctÀoúuicç

éauxoíç kv

ijjaÂpolç K al íjp voiç

e h in o s Aqui está um exemplo raro como pronomerecíproco. Cf. também 1 Pd 4:10.

fa la n d o entre vós c o m sa lm o s

F p 2 :7

eautòv c k é v w a e v (iop(J>qu ò o ú Â o u A .ap(ú v a si m esm o se esvaziou assumindo forma de servo

Hb 5:5

ò Xpiotòç oò/ éautòv eõóçaaeu Cristo não glorificou a si mesmo

Tg 2:17

f) ttlo tlç, é à v pif) é/q e p y a , v e K p á écmv K a 0 ’ èauir|V a fé, senão tiver obra, é morta [sendo] por si só

Cf. também Mt 8:4; 14:15; 16:24; Mc 5:5; 9:10; Lc 2:3; Jo 5:18; At1:3; 12:11;Rm 2:14; G11:4; 1 Tm 2:6; Hb 6:6; Tg 1:22; 1 Pd 3:5; 1 Jo 1:8; Ap 19:7.

I. Pronomes Recíprocos 1.

Definição e Termos Usados O pronome recíproco, àlÀqÀtav (uns aos outros), é usado para indicar intercâmbio entre dois ou mais grupos. E sempre plural e, como o reflexivo, ocorre somente com casos "oblíquos". Encontra-se, com freqüência, em contextos parentéticos, na exortação sobre a conexão orgânica que crentes têm com o Cristo ressurreto.

2.

Ilustrações

Mt 24:10

tÓtc OKavõaÂLO0f|OOVTaL iroÀÀol

K a l à/Âf|/.ouç TTapaôúaoimv nesse tempo, muitos hão de se escandalizar e trair uns aos outros;

Mc 9:50

e íp r|v e iJ € T e

êv á À À q ilo L Ç paz uns com os outros

Jo 13:34

àyaTrâTe àÃÂr|ÂoijÇ Amai-vos uns aos outros

Ef4:25

èopèv àA./\.qÀa>v pélq somos membros uns dos outros

Tg 5:16

eüycoOe irrcp akkr\kuw Orai uns pelos outros

Cf. também Mt 25:32; Lc 12:1; Jo 5:44; At 15:39; Rm 12:5; 2 Co 13:12; G1 6:2; Hb 10:24; 1 Pd 4:9; 2 Jo 5; Ap 6:4.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

352

IV. Categorias Léxico-Sintáticas: Termos Principais A seção passada tratou dos pronomes segundo a óptica da prioridade semântica. Essa seção começa com a prioridade formal. Qual a razão para isso? É mais fácil para o estudante reconhecer certas palavras no texto como pronomes, mas difícil de articular à qual categoria semântica eles pertencem. Essa seção, porém, é pouco mais que um esboço dos usos: Quando o estudante notar as várias opções semânticas para determinada forma, deveria voltar às discussões relevantes na seção anterior. Os usos semânticos são alistados em ordem de freqüência de cada palavra. A.

B.

C.

D.

E.

F.

’AAAt|Àgov 1.

Ocorrências: 100

2.

Uso: Pronome recíproco

Aúxóç 1.

Ocorrências: 5596

2.

Usos •

Pronome pessoal (geralmente terceira pessoa)



Pronome possessivo (caso genitivo)



Pronome Intensivo (incluindo o adjetivo identificador)

’E a u x o u

1.

Ocorrências: 319

2.

Uso: Pronome reflexivo

'E y có

1.

Ocorrências: 1804

2.

Usos •

Pronome pessoal



Pronome possessivo (caso genitivo)

’EKeivoç

1.

Ocorrências: 265

2.

Usos •

Pronome demonstrativo



Pronome pessoal

'E p a u t o ú

1.

Ocorrências: 37

2.

Uso: Pronome reflexivo

Pronomes: categorias léxico-sintáticas G.

'H|ieíç 1.

Ocorrências: 864

2.

Usos •

Pronome pessoal



Pronome possessivo (caso genitivo)

H. "Oôe

I.

J.

K.

L.

1.

Ocorrências: 10

2.

Uso: Pronome demonstrativo

"Oç 1.

Ocorrências: 1406

2.

Uso: Pronome relativo (definido)

"O otlç

1.

Ocorrências: 145

2.

Uso: Pronome relativo (indefinido)

Oíkoç 1.

Ocorrências: 1387

2.

Usos •

Pronome demonstrativo



Pronome pessoal

IIoloç 1.

Ocorrências: 33

2.

Uso: Pronome Interrogativo (qualitativo)

M. nóooç

N.

O.

P.

1.

Ocorrências: 27

2.

Uso: Pronome interrogativo (quantitativo)

Leautoü 1.

Ocorrências: 43

2.

Uso: Pronome reflexivo



1.

Ocorrências: 1067

2.

Usos •

Pronome pessoal



Pronome possessivo (caso genitivo)

T lç 1.

Ocorrências: 546

2.

Uso: Pronome Interrogativo

353

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

354 Q.

R.

Tu;

1.

Ocorrências: 543

2.

UsotPronome indefinido

'Ypeíç

1.

Ocorrências: 1840

2.

Usos •

Pronome pessoal



Pronome possessivo (caso genitivo)

A freqüência relativa desses pronomes é mostrada no quadro abaixo.

Quadro 35 Freqüência dos Pronomes no NT

As Preposições Panorama do Capítulo Bibliografia Selecionada................................................................................................ 356 Prefácio............................................................................................................................... 356 I. Considerações G erais....................................................................................... 356 A. A Natureza das Preposições..................................................................... 356 B.

Funções Espadais das Preposições ......................................................... 358 1. Em G eral................................................................................................358 2. Moção, Estado, Preposições e Verbos............................................... 358

C. Preposições e Construções de Caso Simples......................................... 360 1. As Preposições Governam ou Meramente Esdarecem?...............360 2. Preposições vs. Construções de CasoSimples................................. 360 D. Influência do Grego Koinê.........................................................................362 1. Uso Justaposto......................................................................................362 2. Falácia do Radical................................................................................363 II. Preposições Específicas.................................................................................... 364 ’Awx ...................................................................................................................... 364 ’Avtl ...................................................................................................................... 364 'Airó ...................................................................................................................... 368 Aiá E lç

......................................................................................................................368 .................................................................................................................... 369

’E k

....................................................... :............................................................. 371

’Ev

...................................................................................................................... 372

’EttÍ ...................................................................................................................... 376 Kará ...................................................................................................................... 376 Mera ...................................................................................................................... 377 Ilapá ...................................................................................................................... 378 Ilepí ...................................................................................................................... 379 ITpó ......................................................................................................................379 Ilpóç ......................................................................................................................380 Hw

...................................................................................................................... 382

'Yirép...................................................................................................................... 383 'Y ttó ......................................................................................................................389 355

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

356

Bibliografia Selecionada 110-25 (§203-40); M. J. Harris, "Prepositions and Theology in the Greek New Testament," New International Dictionary ofNew Testament Theology, ed. Colin Brown (Grand Rapids: Zondervan, 1978) 3.1171-1215; Howard, Accidence 292-332; E. Mayser, Grammatik der griechischen Papyri aus der Ptolemãerzeit (Berlin/Leipzig: Walter de Gruyter, 1933) II. 2.152-68, 337-543; Moule, Iãiom Book, 48-92; Moulton, Prolegomena, 98-107; Porter, Idioms, 139-80; Radermacher, Grammatik 137-46; Robertson, Grammar, 553-649; Young, lntermediate Greek, 85-104; Zerwick, Biblical Greek, 27-46 (§78-135).1 BD F,

Prefácio Este capítulo tem três objetivos modestos: dar um panorama geral das preposições, esboçar os usos básicos das várias preposições e discutir alguns textos exegeticamente importantes influenciados pelo uso da preposição. O estudante deveria sempre consultar o BAGD quando quiser determinar os aspectos especiais dessa classe de palavras, pois a discussão dessa obra é mais completa que a achada aqui.2

I. Considerações Gerais A. A Natureza das Preposições As preposições são, em certo sentido, extensões de advérbios, ou seja, elas modificam verbos com as circunstâncias como?, quando?, onde? etc. Diferente daquela classe, esta governa um nome e, assim, dá mais informação do que um simples advérbio faz. "Cristo habita em vós" é mais específico que "Cristo habita interiormente". As preposições mostram como o verbo conecta vários objetos. A idéia expressa por essas conexões assim é, às vezes, empolgante.

1 Veja também as obras alistadas em BAGD, s.v. àvá, 49; e a seleta bibliografia em Harris, "Prepositions and Theology," 3.1214-15. Para literatura sobre cada uma das várias preposições consulte as respectivas entradas em BAGD. 2 Embora várias gramáticas intermediárias tenham um capítulo detalhado sobre preposições, nossa convicção é que as gramáticas fazem repetições desnecesárias quanto aos léxicos. Visto que qualquer um que use esse texto não duvidaria do BAGD, sentimos que a melhor abordagem nessa obra seria providenciar algo normalmente não acessível em um léxico: princípios gerais, os usos básicos com classificação consistente com nossas categorias, e discussão exegética. Temos dado um tratamento altamente seletivo das categorias léxico-sintáticas para incentivar os estudantes a usarem BAGD e outras ferramentas.

Preposições: considerações gerais

357

Há exceções quanto à ênfase adverbial das preposições. Algumas funcionam como adjetivo. Em geral, as preposições que tomam objetos acusativo e dativo funcionam adverbialmente, enquanto as que tomam um objeto no genitivo, muitas vezes, fun­ cionam como adjetivo.3 Tudo isso está de acordo com os usos simples do caso. Entender bem as preposições é vital para a exegese. Muitos debates exegéticos gi­ ram em tomo de determinadas preposições.4 Para se ter idéia do valor do apren­ der os aspectos das preposições note a quantidade delas (mais de 10.000 no NT).5 As preposições são tão comuns que quatro em cada cinco versos têm pelo menos uma.6 Em geral, quanto mais a preposição é comum, mais complexo são seus usos.

Quadro 36 - Freqüências das Preposições no NT7

3 No entanto, as preposições que tomam um genitivo normalmente são adverbiais. E.g., 6K e cxtjó geralmente têm força ablativa e, assim, relacionam-se comumente a um verbo. 4 A discussão acessível mais sustentada do valor exegético teológico das preposições é a de Harris, "Prepositions and Theology." 5 10, 384 para ser exato (não incluindo preposições impróprias). 6 Elas ocorrem em 5728 versos. 7 Essa lista não inclui preposições impróprias, assim chamadas porque não podem ser prefixadas a um verbo.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

358

B. Funções Espaciais das Preposições 1.

Idéia Geral O seguinte diagrama é útil para entender as funções locais/espaciais que, às vezes, as preposições têm. O círculo representa o objeto da preposição.

ava + A unep +A

em +G,D

Quadro 37 As Funções Espaciais das Preposições

Esse diagrama tem como objetivo ajudá-lo(s) a ver as diferenças espaciais nas preposições. No entanto, há muitas exceções nos aspectos descritos (por causa dos significados coincidentes entre as preposições, a influência de verbos etc.) O quadro, portanto, tem seu valor primário no mostrar as distinções normais entre as nuanças dessa classe, mas não faz quaisquer declarações absolutas quanto ao uso constante dessas relações. A fim de determinar os usos potenciais de uma preposição especial, consulte o BAGD para ver as matizes que cada preposição espacialmente pode ter. 2.

Moção, Estado, Preposições e Verbos E importante observar se as preposições são estáticas ou transitivas, ou seja, determinada preposição sugere meramente um estado ou implica moção? O quadro acima indica preposições transitivas pelo uso de setas, enquanto as preposições estativas, pela ausência das setas.

Preposições: considerações gerais

359

Porém nem tudo é como parece ser. Uma preposição estática pode ocorre com verbo de moção do mesmo modo que uma preposição transitiva, com verbo estático. Nesses exemplos, como interpretamos os dado? Ilpoq + acusativo, e.g., indica movimento em torno do objeto como em Lc 6:47: iTctç ó èpyópeuoç irpóç fj.e ("todo que vem a mim"). O verbo e a preposição combinam-se: ambos implicam moção. Em Jo 1:1, contudo, Tipóç é traduzido por com: ò Arr/oç rjy TTpòç ròv Qeóv ("o Verbo estava com Deus"). Nesses exemplos, verbo e preposição não se combinam: o verbo é estativo e a preposição, transitiva.8 IIpóç não é a única preposição cuja força anula-se por causa do verbo. Consideravelmente todos os exemplos de verbos estativos com preposições de moção atuam assim.9 Note, e.g., os usos de elç com verbo estativo. Elç geralmente tem sentido de movimento de fora para dentro. No entanto, quando é usado com verbo estativo, v.g., iripéu, KÚ0r|[J.ou, eí|ií etc., a idéia de moção é negada pela natureza estática do verbo (cf., e.g., irpéca elç em At 25:4; Ká0r||j,ou elç em Mc 13:3). Temos aqui um princípio geral: Verbos estativos anulam a força transitivo das preposições. Quase sempre, quando um verbo estativo é usado com preposição transitiva, a força natural da preposição é neutralizada. Tudo se torna idéia estativa. Quando um verbo de moção for usado com preposição estativa, o verbo de novo, será normalmente dominante: a construção inteira indica moção. Ilioxeúu) + kv é, e.g., o equivalente de TTiOTeúw + elç (cf. Mc 1:15; Jo 3:15).10 A idéia é "depositar a fé para dentro de", embora kv seja usado.11 Qual é o valor disso para a exegese? Simplesmente muito do que freqüentemente as preposições analisadas simples, etim ológica e desconsideravelmente indicam deve-se ao verbo a que estão ligadas. As preposições são, muitas, vezes tratadas isoladamente, como se o significado ontológico delas estivessem ainda completamente intacto. Note, e.g, a ilustração abaixo.

8 Para outros exemplos de verbos estativos (especialmente elpí) com irpóç indicando estado, cf. Mt 13:56; 26:18, 55 (v.l.); Mc 6:3; 9:19; 14:49; Lc 9:41; At 10:48; 12:20; 18:3 (v.l); 1 Co 16:6-7; 2 Co 5:8; 11:9; G11:18; 2:5; 4:18, 20; 1 Ts 3:4; 2 Ts 2:5; 3:10; Fm 13; Hb 4:13; 1 Jol:2. 9 A exceção mais comum para essa regra é o uso de eípí com ck. Nesse exemplo, a preposição ainda retém sua força transitiva. E.g., 4k Naíapèi ôúvaraí t i áyaOòv eivar, ("Pode algo bom ser de Nazaré?") em Jo 1:46. Nessa expresão a combinação da preposi­ ção e verbos é equivalente a "Pode algo bom vir de Nazaré?" Cf. também Jo 3:31. 10 Porém, em alguns textos kv com t u o t c Ú w indica o lugar onde a crença ocorre, em lugar do objeto da crença (e.g., Rm 10:9; 1 Ts 1:7; 1 Tm 3:16). 11 Para ocorrências de luotewa elç (uma construção mais que comum no NT [esp. em Jo] que tuotcÓg) èv), cf. Mt 18:6; Mc 9:42; Jo 1:12; 2:11, 23; 3:16; 4:39; 8:30; 9:35; 11:25; 12:44; At 10:43; 1 Jo 5:10, 13.

360 Jo

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

1 :1 8

9eòç ó c jc Lç xòv k Óà it o v xoõ uaxpóç o Deus unigênito, que estava no seio do Pai Pode-se não perceber a idéia de moção aqui, como se o significado fosse: "que estava dentro do seio do Pai". Embora alguns eruditos tentem ver um conceito teologicamente rico aqui (quer um relacionamento dinâmico quer ativo entre Filho e Pai, ou a geração eterna do Filho); no Koinê, o intercâmbio de elç com kv, conjugado com a força dominante do verbo estativo + preposição transitiva, sugere o contrário. Não significa que o relacionamento do Filho com o Pai não fosse dinâmico ou ativo, mas que esse texto afirma somente o relacionamento afetuoso deles.

|í o v o y €VT]ç

Para outros textos influenciados por essa discussão, cf. Jo 1:1;12 Ap 3:10.

C. Preposições e as Construções de Casos Simples 1.

As Preposições Governam ou Meramente Esclarecem? Gramáticas mais antigas do NT geralmente negavam o governo das prepo­ sições sobre os casos. Dana e Mantey, v.g., dizem: É errado . . . dizer que as preposições governam os casos [itálicos meus], É verdade, no entanto, que os casos limitem e definam a relação verbosnome, assim também as preposições ajudam a expressar mais exata e efe­ tivamente as muitas distinções para as quais os casos foram criados . . . 13 Essa assertiva, de forma geral, é precisa no grego clássico, mas não no Koinê. Alguns dos usos dos casos, no período clássico, eram muito sutis. Como a língua progrediu no período koinê, essas sutilezas foram substituídas com declarações mais explícitas. O genitivo de separação, v.g., uma expressão comum no ático, é raro no Koinê. Foi substituída, em geral, por (rrró + genitivo. Assim também, 6K + genitivo substituiu, em grande parte, o genitivo de fonte. Conseqüentemente, a locução prepositiva nem sempre comunica mais explicitamente do que um simples caso normalmente comunicaria. Assim, é certo falar das preposições como regentes dos nomes.14

2.

Preposições vs. Construções de Simples Casos Baseado na discussão anterior, um método gramatical adequado separa as locuções prepositivas dos usos de casos simples. Sempre que qualquer um dos casos "oblíquos" seguir uma preposição, examine o uso da preposição, em lugar do uso do caso, para determinar a possível nuança envolvida.

12 Discutido brevemente acima. 13 Dana-Mantey, 97-98 (§101). Robertson escreve, "a noção, portanto, que as preposições governam os casos deve ser descartada definitivamente" (Grammar, 554). Cf. também Moule, Idiom Book, 48. Mais recentemente, Porter, Idioms, afirma esse mesmo ponto (140).

Preposições: considerações gerais

361

O exegeta iniciante tende a tratar o uso de um caso depois de uma preposição como se a preposição estivesse ausente. Quer dizer, ele tenta determinar a nuança do caso de acordo com as categorias com o caso, em lugar da nuança das categorias com a preposição. Isto é uma exegese imprecisa, pois presumese que a preposição não altera o modo como o caso é usado. Mas no grego helenístico, por causa de sua tendência à clareza, a preposição acentuadamente ganhou valor independente. Assim, a preposição não somente elucida o uso do caso, mas também, freqüentemente, o modifica. E verdade que há muitas coincidências entre o uso do caso e o uso da preposição + caso. Nessas ocorrências, cheque o uso do caso (descrito na gramática) para se entender melhor nuança envolvida, pois se erraria caso não houvesse atenção às possibilidades categóricas do respectivo caso. Se você se deparar, v.g., com kv + dativo, primeiro consulte o léxico para as nuanças de kv. Uma vez que se determine, via léxico, que a idéia de esfera é um candidato provável nesse exemplo, olhe para o dativo de esfera na gramática. As gramáticas elucidarão e expandirão o que os léxicos dizem de forma superficial. Não é papel da gramática, porém, dizer se a idéia de esfera é usada nesse exemplo. E algo errado voltar-se para a discussão do dativo em uma gramática a fim de determinar as possibilidades categóricas de kv + caso dativo. Reafirmemos e sumarizemos o que foi dito acima: As preposições + os casos para esclarecer, fortalecer ou alterar o uso básico do caso.’Ev + dativo, e.g., ocorre freqüentemente (e quase exclusivamente) para reforçar a idéia de esfera. ’Ek + genitivo freqentemente esclarece que a fonte é a idéia pretendida pelo autor (pois, no Koinê, o genitivo de fonte é escasso). Quando ( X T T Ó é usado para indicar nuança temporal, a idéia é radicalmente alterada do uso genitivo exposto para tempo (a primeira fala de extensão de tempo, enfatizando o início; a última, do tipo de tempo).15 Portanto, o uso de uma preposição particular + um caso particular nunca é exatamente paralelo - quanto

14 Young ofecere um insight útil, ele diz que há duas escolas de pensamento sobre as preposições: Uma as vê como simplesmente esclarecendo o significado dos casos; a ou­ tra, a preposição como elemento dominante, resultando em que as preposições reservam para si mesmas tratamento especial (Young, Intermediate Greek, 85). Young corretamente toma a úlüma posição, reconhecendo que "no Koinê, a preposição ganhou força mais independente, enquanto o caso perdeu algo de sua significância" (ibid). Um exemplo da última visão se encontra em Brooks-Winbery, 2-59, onde eles subsistematizam a discus­ são inteira das preposições e os casos (embora um apêndice isolando os usos seja acres­ centado [60-64]. Veja também Vaughan-Gideon, 30-77, que não têm um tratamento sepa­ rado das preposições. Note nossa discussão na seção seguinte. 15 De forma notável, mais de uma gramática recente misturou os usos dos casos com o uso das preposições. Brooks e Winbery, 9-10, e.g., alista sob " Genitivo Adverbial de Tempo" (1) O Substantivo sem Preposição, (2) O Substantivo com a Preposição ôlcí, (3) O Substantivo com a Preposição éiú e (4) O Substantivo com Preposições Adverbiais. Em­ bora declarem que esse uso do genitivo "geralmente indique tipo de tempo" (9), exem­ plos com €(jç, axpi, e [ié%pi não se encaixam completamente nisso. Nem deveria se usar cíttó. Essa abordagem leva somente a confusão.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

362

às possibilidades da categoria ou quanto à freqüência relativa da nuança-ao uso de um caso sem preposição.

1

2

3

4

5

6

7

8

Quadro 38 Contraste entre o Uso do Simples Caso e o da Preposição + Caso

D. Influência do Grego Koinê Em acréscimo ao que foi dito acima, o grego helenístico utilizava as preposições de outros dois modos: 1.

Usos Justapostos

Além da tendência em torno da elucidação (onde usa-se as preposições de forma crescente no Koinê, em lugar dos casos), há também uma tendência para a elasticidade do significado.

16 Veja Zerwick, Biblical Greek, 28-35 (§87-106) para um tratamento extensivo de vári­ os pares coincidentes (incluindo xaípr] Kal ó GepíÇcov a fim que o semeador e ceifeiro ambos se regozijem É significativo que nessas palavras do Senhor, é dada proeminência ao semeador. Esse é o que realmente se regozija! Que diferença há em relação à atitude de muitos evangelistas de, cujo critério para um ministério bem-sucedido está no número da lã, não da profundidade da tosa.

Jo 4:36

Iv a

At 16:31

iríoTeuaou êul tòu KÚptov Iqaouv Kal aa)0r|ari aí) Kal ó olkoç aou crê no Senhor Jesus e tu serás salvo, e a tua casa Algumas vezes, é argumentado que só o carcereiro filipense precisava exercer fé para que sua casa fosse salva. Isso é baseado no uso dos verbos singulares Tríareuaov e acoBqag. Uma noção assim é estranha ao grego, pois, em outros exemplos de sujeito composto com verbo singular, o segundo nominativo é o sujeito do verbo. Aplicado aqui, visto que os dois verbos estão ligados por K a í, não há razão para tratá-los de forma diferente: ttÍo tlç é requerida da família do carcereiro, para que recebam ouiripía. A razão para o uso do singular em todas as vezes é evidentemente porque o carcereiro está presente, enquanto sua família não está. (Paulo não poderia dizer: "Todos vocês creiam. . ." quando estivesse falando com uma só pessoa). Uma tradução expandida seria: "Crê no Senhor Jesus e serás salvo; e, se os membros de sua casa crerem, também serão salvos". A condição é a mesma tanto quanto a oferta é a mesma para ambos.

Cf. também Mc 8:27; 14:1; Jo 3:22; 4:53; At 5:29; 1 Tm 6:4.

D. O Plural Indefinido ("Eles" = "Alguém") 1.

Definição O plural indefinido é o uso da terceira pessoa do plural para indicar "alguém" em particular. Existem paralelos com a nossa língua. V.g., "Acho que eles descobriram uma cura para o câncer". Na sentença, "eles" = "alguém". Freqüentemente é melhor converter um plural indefinido em uma construção passiva em que o objeto se toma o sujeito (e.g., na sentença acima, seria = "Acho que uma cura para o câncer foi descoberta"). Algumas vezes, o plural indefinido é uma circunlocução para nomear Deus como sujeito.18

2.

Ilustrações a.

Mt 7:16

Exemplos Claros |ifjTi ouA.AÍYOimu áirà a.KavQâw ozafyhXáç, Porventura [eles] colhem-se uvas dos espinheiros? Jesus já havia declarado que os falsos profetas seriam reconhecidos por seus frutos. Visto que o verbo oiAAiyouoiv está de acordo com "falsos profetas" gramaticalmente é possível vê-lo com uma referência anterior

18 Conforme Zerwick, Biblical Greek, 1.

Número: o plural categórico

403

a eles. Mas semanticamente, é um absurdo: "[Falsos profetas] porventura colhem uvas do espinheiro?"! Um princípio está sendo sugerido ou requerendo um sujeito genérico. O ponto aqui é: "Uvas não são colhidas do espinheiro". Deve-se traduzir o verbo, então, como uma passiva de modo que dê a impressão errada de que os falsos profetas são o sujeito. Lc 12:20

taúxri tfj v u k ti Tqv i]íuj(r|v oou ánai/roOaiv íxitÒ oou esta noite, eles te pedirão tua alma Aqui, "eles" parece se referir a Deus. Não é legítimo, porém, inferir disso que a Trindade está em vista (como fazem alguns), pois esse mes­ mo uso se encontrava no grego clássico com referência a uma pessoa.

Cf. também Mt 5:15; 9:2; Lc 6:38; 12:48; 23:31; Jo 15:6. b. Passagem Debatível Mc 3:21

áKoúaavTeç ol iTap’ aútoô èçíjÂOov KpatíjoaL ocútóv eÀeyou yàp oti

è^éotr].

Quando os seus ouviram isto, eles saíram para prendê-lo; porque eles diziam: Está fora de si. Zerwick comenta: "nap’ ctüroO no v. 31, envolve 'tua mãe e teus irmãos'. Então era esse grupo que no v. 21 pensava que Jesus estava fora de si? Não completamente". O referido gramático classifica este como um plural indefinido, pois "[este] texto parece ofender a honra da Mãe de Deus. . .".20 Basta dizer aqui que, visto haver um antecedente perfeitamente natural, tanto gramatical quanto semanticamente, a prova substancial parece favorecer os que vêem um plural indefinido nesse texto.21 Além disso, a repreensão implícita a Jesus por sua família (incluindo sua mãe) em vv. 31-34 parece fazer mais sentido se lleyov tiver seu antecedente em ol irap’ ocôtoO.

E.

O Plural Categórico (Plural Generalizante) 1.

Definição Este plural é semelhante ao indefinido. Há três diferenças entre ambos: (1) a construção plural categórica não pode ser facilmente convertida em voz passiva; (2) o plural categórico pode ser substantivo enquanto o plural indefinido, pronome (declarado ou implícito);22 e (3) em lugar de eles ter o

19 Zerwick, Biblical Greek, 2. 20 Turner (um Protestante) também vê um plural indefinido em Mc 3:21 (Syntax, 292; ele traduz T p í são considerados ativos (e, incidentalmente, todos os 43, imperfeitos, e não aoristos). Nem todos os gramáticos concordariam com essa avaliação, muitos prefeririam não assinalar a voz para elpí ou (Jaipí. Curiosamente, o problemático KaTaprLO)j.éva em Rm 9:22 é colocado sem qualquer valor morfológico (tempo, voz, modo, número etc.).

Voz: ativa (simples)

411

A. Ativa Simples O sujeito pratica ou experimenta a ação. O verbo pode ser transitivo ou intransitivo. Esse é o uso normal e sem dúvida mais comum. Mc 4:2

èôíôaoKeu aúiouç kv TrapapoÀmç rroÂ/.á ele estava ensinando-lhes muitas coisas por parábolas

Jo 1:7

outoç qA.Gev elç paptuplva ele veio para que testificasse

At 27:32

àtréKoijiau ol arpar Luxai xà a%o tala os soldados cortaram as cordas

Tt 3:5

Katà rò aúrou eÂeoç eaoaaev fp âç segundo a sua misericórdia ele nos salvou

Jd 23

piaoOuteç Kal zov á rò xfjç aapKÒç éaiuÀco|iévov XLiüfa detestando até a roupa contaminada pela carne.

Ap 20:4

èpaoÍÀeuaay perà tou XpiatoO %ÍXux. erq eles reinaram com Cristo por mil anos

B. Ativo Cansativo (Ativo Ergotivo) 1.

Definição O sujeito não está diretamente envolvido na ação, mas pode-se dizer que é a fonte última ou causa dele. Essa causa pode ser volitiva, mas não necessariamente. Como poderia ser esperado, muitas vezes, a idéia causativa é parte do lexema (especialmente com verbos -óu> e -iÇor), embora outros verbos podem ser também ergotivos sem qualquer ajuda da raiz verbal (como em muitos exemplos alistados abaixo). Esse uso é bastante comum se levarmos em conta as nuanças lexicais dos verbos.

2.

Chave para Identificação As vezes, com verbos simples, pode ser usado antes do verbo e seu objeto. Em casos assim, geralmente é melhor converter o verbo para a passiva (e.g., Eleo batizou). Porém, nem sempre é o melhor. A chave mais segura é entender a semântica envolvida: o sujeito não é o agente direto do ato, mas a fonte por trás dele.

3. Mt 5:45

Ilustrações tou r\kiov aúioO ávoaéM.ei èni TOmpouç Kal àyaOouç Kal Ppéxei éirl òLKaíouç Kal úõÍkouç ele faz o seu sol se levantar sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.

412

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Jo3:22

rjÀ9eu ô 'lipoüç Kal ol |i,a0r|ial aíjxoú elç xr)u 'Iouòaíav yf)v Kal ÉK6L õ ié tp ip e v p ex’ aúxcâv K al êpáiTTLÇgv

Jesus e os seus discípulos vieram para a terra da Judéia; e permaneceu ali com eles, e estava batizando. O contexto imediato não indica se temos aqui um causativo, mas, em 4:1-2, os evangelistas mencionam que os fariseus tinham entendido errado, ou seja, que Jesus estava diretamente ligado aos batismos, pois "Jesus não estava batizando, mas seus discípulos estavam" (v. 2). Jo 19:1

è|iaotíyo)oev ele [o] açoitou. Pilatos mandou Jesus ser açoitado, mas não praticou o ato em si.

A t21:11

Táõe A.éyei tò Trveüpa xò ayiou, Tòv ávôpa ou kaxív f] (aW| aüxq oüxtoç ôr)oouoiv kv TepouaaA.r)|i ol Touòaloi Kal napaôwaouaiv' elç

Xelpaç èBucõu. Assim diz o Espírito Santo: "Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é este cinto, e o entregarão nas mãos dos gentios." A profecia de Agabo (já identificado como um profeta verdadeiro em At 11:28) foi cumprida em At 21:33 (onde um Tribunal Romano capturou Paulo e ordenou sua prisão) e no resto do livro (onde Paulo é trazido com sucesso, como um prisioneiro, pelo alto comando até chegar a Roma). Paulo não foi, estritamente falando, preso pelos judeus, mas pelos romanos pois um motim havia sido levantado no templo contra ele. E ele não foi, estritamente falando, entregue pelos judeus aos romanos, mas foi de fato capturado e, mais tarde, protegido pelos romanos por causa dos judeus que tramavam matá-lo. O que devemos dizer dessa profecia? Por causa da ação dos judeus, Paulo foi aprisionado e entregue aos gentios. Eles foram a causa inconsciente, mas foram a causa.9 1 Co 3:6

ky ò ècjmxeuaa, Attoààcuç éiTÓtiaev, àXXà ó dc-òç r\vE,av€v eu plantei, Apólo regou, mas Deus fez crescer. O verbo itotÍ( g), como muitos outros, é lexicalmente causativo (note a terminação -í.(w).

Cf. também At 16:3; G1 2:4; Ef 4:16; 1 Pd 1:22; Jd 13; Ap 7:15; 8:6.

C. Ativo Estativo 1.

Definição O sujeito existe no estado indicado pelo verbo. Esse ativo inclui os verbos de ligação (copulativos) e os que são traduzidos com um adjetivo no

Recentemente alguns eruditos têm afirmado que a profecia de Ágabo não "acertou o alvo" e que não poderia ter sustentada sua acurácia pelo verbo causativo. O argumento é: verbos causativos implicam volição por parte do agente último. Veja discussão de At 1:18 abaixo. Note também 1 Jo 1:10 ("Se dissermos que não temos pecado, fazemo-lo mentiroso").

413

Voz: ativo (reflexivo) predicativo (e.g., uXoutI m -"eu sou rico"). Esse uso é bem comum. 2. Chave para Identificação

(E u S o u "X ")

A chave é simples: ocorrerá com verbo de ligação ou por meio da construção ser + predicativo. 3. Ilustrações Lc 16:23

ú u á p x c ú v év f k a á v o i ç

[o rico] existindo em um estado de tormento Jo 1:1

’E

p

ctpxr] q v ó ló y o ç

No princípio era o Verbo At 17:5

(TiXoksavTeç oi Touôatoi os judeus era invejosos

1 Co 13:4

r) âyáuri paKpoôupel, xpqoTeúeiai. f) áyáiTri O amor é paciente, é benigno

2 Co 8:9

éimóxeuaev' ttào ijo lo ç ôv Embora fosse rico, fez-se pobre

2Jo7

o lit Ó ç

êoTtv ó TÜáfoç Kai ó âuTÍxpicn;oç este é o enganador e o anticristo

Cf. também Mt 2:16; Lc 1:53; 15:28; Fp 2:6; 1 Ts 5:14; Hb 6:15; 2 Pd 3:9; Jd 16; Ap 12:17.

D. Ativo Reflexivo 1.

Definição O sujeito age sobre si. Em casos assim naturalmente o pronome reflexivo é o objeto direto (e.g., èautóv). Na voz média reflexiva, omite-se o pronome. Esse uso é relativamente comum. No grego clássico, essa idéia seria freqüentemente expressa pela voz mé­ dia.10 Porém, devido à tendência do Koinê para formas claras e o enfra­ quecimento das sutilezas clássicas, a voz ativa com um pronome reflexivo

10 Alguns gramáticos do NT sugerem que a média direta era norma no clássico. Mas mesmo aqui, a ativa reflexiva é predominante (Smyth, Greek Grammar, 391 [§1723]: "Em lugar da média direta, a voz ativa com a reflexiva é empregada geralmente").

414

Sintaxe Exegética do Novo Testamento substitui amplamente a média reflexiva (direta).11 Qual o motivo? As suti­ lezas de uma língua que são facilmente dominadas por seus nativos, ten­ dem a desaparecer quando essa língua é aprendida por não-nativos. A mé­ dia direta é uma das sutilezas gregas que não é partilhada por outras lín­ guas.12 2.

Ilustrações

Mc 15:30

owaou aeauxov salve a si mesmo

Jo 13:4

/lapScàv Xévxiov ôiéÇcoaev éauxóv Tomou uma toalha, cingiu a si mesmo13

1 Co 11:28 ôoKipaÇéxa) avGpoiroç eauxóv Examine o homem a si mesmo G1 6:3

cL òOKfi xíç eiv ai xl pqòèy i úv , (JjpeuaiTaxç eauxóu Se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo engana

lT m 4 :7

yúpvaÇe oeaoxòu trpòç eúaépeLocv Exercita a ti mesmo na piedade

1 Pd 3:5

ou céyuu yuvaLK6o|i(u não estão alistadas com ofuscante distinção no NT, visto que a forma média não ocorre. Em qualquer evento, a força técnica de ypá(j)0|ioci. como trazer para juízo não seria achada em muitas ocasiões de uso no NT, e mesmo onde fosse apropriado (e.g., 1 Co 6) o verbo ypctij>w - em qualquer voz - não é usado completamente.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

416 Ativa alp éu - eu tomo

ávoqnpvfiaKW - eu lembro cnroõíõcúiai - eu devolvo cnróA.A.u|J,i - eu destruo ôaoeLÇcú - eu empresto èuepyéco - eu trabalho 6'TTiKaA.éw - eu chamo, invoco - eu tenho, possuo KÀipóto - eu aponto, escolho KopíÇü) - eu trago Kpíuo) - eu julgo ttkÚgo - eu paro (transitivo) •neíBu - eu persuado, convenço tjn)A.áooa) - eu guardo

Média aipéopai - eu escolho, prefiro àvapipvfiaKopaL - eu me lembro KTTOÔtõopttt - eu vendo àtrólAupai - eu pereço18 ôaueíÇopoa - eu tomo emprestado èvepyéopaL - eu trabalho (só impessoal)19 èiuKaAio|icu - eu apelo e^opai - eu me apego a KÀripóopat - eu obtenho, possuo, recebo Kopí(opaL - eu obtenho, recebo xpLuopai - eu processo uaúopai - eu cesso (intransitivo) Treí0op.ai - eu obedeço, confio20 (j)i)XáooopaL - eu vigio

■f A. Média Direta (Reflexiva ou Reflexiva Direta) 1.

Definição Com a média direta, o sujeito age sobre si. Aqui o gênio da média pode ser visto com mais clareza. Mas, por causa de suas muitas sutilezas, o nãonativo tendia a substituí-lo por formas mais familiares.21 Desse modo, embora a média direta fosse usada com freqüência no grego clássico, por causa da tendência helenística em torno de maior clareza, esse uso foi consideravelmente substituído pela ativa reflexiva. No NT, a média direta é bastante rara, usada quase exclusivamente com certos verbos cuja nuança inclui noção reflexiva (tais como vestir roupas), ou em uma expressão que se tornou cristalizada na língua22

18 Com àiróAAi)|ii, a mudança da ativa para a média é mais pronunciada: a média agora tem força na passiva (cuja forma não ocorre no NT). 19 No NT e na literatura patrística antiga, a diferença no significado entre as duas vozes não é lexical, mas sintática. Embora um sujeito impessoal ocorra com o ativo com bastante freqüência (cf. Mc 14:2; 1 Co 12:11; Ef 2:2 [provável]), a média ocorre somente com sujeitos impessoais. Desse modo, em 1 Ts 2:13, o sujeito de èvepyfiTcu aparentemente é Aóyoç não 0eóç. 20 Essa distinção, às vezes, é obliterada no NT, especialmente com as formas do perfeito e mais-que-perfeito (onde a voz ativa é usada para: eu confio, eu persuado). Mas cf. Rm 2:8; G1 5:7. 21 De fato, a média direta não era o modo mais comum para expressar a idéia reflexiva no período clássico. A ativa reflexiva era a mais comum naquele tempo (Smyth, Greek Grammar, 391 [§1723]). 22Assim também, tais médias indiretas geralmente são restritas a "atos externos e naturais" (ibid., 390 [§1717]).

Voz: média (direta)

417

Alguns gramáticos disputam se a média direta ocorre na NT,23 mas tal posição é exagerada. Embora seja rara e nem todos proponham exemplos claros, há um número suficiente para estabelecer seu uso. 2.

Chave para Identificação (verbo + p r o n o m e r e fle x iv o [como objeto direto]) Ele é semanticamente equivalente a um verbo na ativa com um pronome reflexivo como objeto: simplesmente acrescentamos si, etc. como objeto direto do verbo.

3.

Ilustrações a.

Exemplos Claros

Mt 27:5

áirny^ato ele se enforcou Moulton considera que esse é o melhor exemplo no NT, mas ainda questiona, dizendo que o significado é "ele se estrangulou."24 Mas áiráyxoiica regularmente trazia a força de 'enforcar-se' no período clássico25 e isso aparentemente tornou-se uma convenção no Koinê.

Mc 14:54

rjv . . . Qeppaivópevoç irpòç xò (jxâç [Pedro] estava aquentando-se ao fogo.

Lc 12:37

iTepiíoáaeToa ele cingirá a si mesmo

At 12:21

6 'Hpcóõqç èuõuoápevoç èaBfjxa [ka âiKf|i-' Herodes vestiu-se com roupas reais Visto que o aoristo tem formas distintas para média e passiva, isto dificilmente pode significar "Herodes estava vestido."26

Ap 3:18

úyopáoai uap’ épob . . . Ipáxia ÀeiKà \va irepi.pá/lr| compres de mim . .. vestes alvas para te vestires

Cf. também Mt 6:29; 27:24; Mc 14:67; Lc 7:6 (possível); 12:15 (possível); Jo 18:18; 1 Co 14:8 (possível); 2 Cor 11:14 (possível); 2 Ts 2:4 (possível). b. Rm 9:22

Passagem Debatível e Exegeticamente Significante OKeúq ópyíjç KatripxLopéva elç àm/Açiov vasos de ira, preparados/tendo preparado a si mesmos para destruição A visão que o particípio perfeito é médio, e portanto médio direto, encontra sua raiz em Crisóstomo, e é ecoado mais tarde por Pelágio.

23 Veja especialmente Moulton, Prolegomena, 155-57. 24 Moulton, Prolegomena, 155; Moule, Idiom Book, 24. 25 Veja LSJ, 174; Smyth, Greek Grammar, 391 (§1723). 26 Esse texto é um exemplo de média direta com pronome reflexivo implicado em uma construção implícita de duplo acusativo. Ocasionalmente, o pronome reflexivo também ocorre com ativa reflexiva e média redundante nas construções de duplo acusativo.

418

Sintaxe Exegética do Novo Testamento A idéia seria que estes vasos de ira "preparam a si mesmos para a destruição". Nesse sentido, também é, às vezes, dito que tais vasos podem mudar seu curso: embora eles tivessem preparado a si mesmos para destruição, tinham a habilidade de inverter esse desastre.27 Tomar o verbo como uma passiva significaria que eles "tinha sido preparados para destruição", sem uma menção específica do agente. A visão média tem pouco a seu favor. (1) Gramaticalmente, a média direta é muito rara e é usada quase exclusivamente em certas expressões idiomáticas, especialmente onde o verbo é usado consistentemente com essa noção (e.g., vestir-se). Isso decididamente não é o caso de Karotp tÍÇgj: em nenhum outro lugar no NT, ele realmente ocorre na média direta.28 (2) No perfeito, a forma média passiva sempre deve ser tomada como passiva no NT (Lc 6:40; 1 Co 1:10; Hb 11:3)) - um fato que, pelo menos, argumenta contra o uso idiomático desse verbo como média direta. (3) A nuança léxica de KarapríÇo, no perfeito, sugere algo "feito". Embora alguns comentaristas digam que o verbo significa: os vasos estão prontos para destruição,29 as nuanças léxica de preparação completa e gramatical do perfeito são contra isso. (4) O contexto defende fortemente a favor de uma passiva e de uma noção completa. No v. 20, o vaso é preparado pela vontade de Deus, não por sua própria (Pode porventura o que é moldado dizer: Por que me fizeste assim?" No v. 21, Paulo faz uma pergunta com o u k (esperando assim uma resposta positiva): O destino do vaso (um vaso para honra, outro para desonra) não é inteiramente predeterminado por seu Criador? O v. 22 é a resposta para essa questão. Argumentar, então que KarripiLopéna é média direta parece boiar na superfície gramatical (o uso normal da voz e tempo), lexema, e contexto.30

B. Média Redundante 1.

Definição A média redundante é o uso reflexivo da voz média com pronome reflexivo.31 Sob esse ponto de vista, esse uso poderia ser considerado como uma subcategoria da média direta. Todavia, enquanto esta é inerentemente

27 Para o argumento, veja Cranfield, Romans (ICC) 2.495-96. 28 O verbo ocorre 13 vezes no NT, sete como uma forma média ou passiva. Desses sete, dois são definitivamente média e aoristos (Mt 21:16; Hb 10:5), e ambos são obviamente média indireta. As outras quatro (Rm 9:22 sendo excluída da conta) são quase todas certamente passivas (Lc 6:40; 1 Co 1:10; 2 Co 13:11; Hb 11:3). 29 Conforme B. Weiss in MeyerK and Cranfield (ICC), loc. cit. Contra isto, G. Delling nota que a noção léxica de maturidade para destruição não tem "justificativa filológica" (TDNT 1.476, n. 2). 30 Cranfield argumenta contra essa visão ao apontar que no v. 23, Paulo usou um verbo ativo com prefixo T i p o - para a preparação divina do vaso de misericórdia. Embora verdadeiro, a razão para mudança em verbos parece ser que o foco da passagem está sobre o benefício que se presta ao eleito (note oração com lvcí- no início do v. 23 ["a fim de fazer conhecido a riqueza de sua glória sobre os vasos de misericórdia"], indicando o propósito do tratamento de Deus com os vasos de ira em v. 22. Além disso, essa visão ignora o contexto onde a vontade predeterminante de Deus para ambos os tipos de vasos é declarada (vv. 20-23).

Voz: média (indireta)

419

reflexiva, a redundante requer pronome explícito para transmitir sua noção reflexiva.32 Esse uso é incomum no NT, pois é substituído pela reflexiva ativa. 2.

Chave para Identificação A presença de um pronome como objeto direto do verbo é a chave.

3.

Ilustrações

Lc 20:20

à-rréaTeiÀav èvKaOéTOUç únoKpiuopévouç éautoijç õucaíouç cinca subornaram emissários, que se fingissem de justos.

Rm 6:11

A.oyíÇea0e éauiouç eíuai neKpouç irj àpapTÍa Considerai-vos mortos para o pecado

2 Tm 2:13

àpvx\aao%ai èauxòn oi) ôúvarai ele não pode negar a si mesmo A expressão "negar-se a si mesmo" também é encontrada no chamado de Jesus ao preço do discipulado, com a mesma voz - combinação do pronome (cf. Mt 16:24; Mc 8:34; Lc 9:23).

Tg 1:22

TTCtpaÀoyl£ópeno i êauioúç Enganando-vos a vós mesmos

C. Média Indireta (Reflexiva Indireta, Benefectiva, Intensiva, Dinâmica33) 1.

Definição O sujeito age a favor de (ou, às vezes, por) si mesmo, ou em seu próprio interesse. Ele mostra assim um interesse especial na ação verbal. Esse é um uso comum no NT. Entretanto, a média depoente é muito mais comum. Além disso, é o conceito mais próximo da definição geral da média sugerida por muitos gramáticos. Robertson, v.g., diz que "a média chama a atenção

31 Alguns exemplos de verbos médios com pronome reflexivo funcionam reciprocamente e não se encaixam nessa categoria, embora geralmente tenham o pronome em uma locução prepositiva (cf. Mc 11:31; Lc 20:5). 32 Outra distinção é: a média redundante normalmente é usada com verbos que não têm formas ativas (e.g., ápvéo|iai). Alguns desses poderiam indiscutivelmente ser classificados como depoentes, embora o envolvimento pessoal do sujeito (um teste lídimo para média) geralmente parece ser inerente no lexema. 33 Alguns gramáticos tratam a média dinâmica e a média depoente como termos sinônimos.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

420

especial para o sujeito. . . o sujeito agindo em relação a si mesmo de certo modo".34 Essa é uma boa descrição. 2.

Clarificação e Semântica A média indireta é considerada como uma categoria ampla e amorfa em nosso tratamento. Algumas gramáticas, porém, distinguem a média intensiva da média indireta, argumentando que aquela focaliza a atenção sobre o sujeito, como se o pronome intensivo (auxóç) fosse usado com o sujeito,35 enquanto a média indireta é como se o pronome reflexivo, no dativo, tivesse sido usado. Essa é uma distinção útil. Temos as tratado juntas pois, praticamente, são muito semelhantes para distinguir em muitas situações.

3.

A Voz Média e a Natureza do NT Grego A visão que temos da natureza do NT Grego implica fortemente no uso da voz média. Caso pensarmos que o NT Grego tem abandonado as regras do grego clássico, então não se deve enfatizar o uso da média em determinada passagem. Moule, e.g., diz que "como uma regra, está longe de resolver facilmente um problema exegético, se ele depender da voz."36 Porém, a menos que se pense ter o NT Grego, em grande parte, retido as regras clássicas, mais importância será dado ao uso da média. Por outro lado, Zerwick escreve: "O uso da voz média 'indireta'... especialmente mostra que os escritores têm retido um sentimento de distinção até mais tênue entre o sentido das formas ativa e média."37 E nossa contenção que um exame cuidadoso do uso de uma determinada voz media do verbo no Grego Helenístico lançará luz sobre o quanto pode ser feito da voz. O que frequentemente está em jogo, gramaticalmente falando, é se a media deve ser considerada indireta ou depoente.38 O estudante é exortado a examinar tanto esta seção sobre a média direta quanto a seção sobre a média depoente para diretrizes ao fazer uma decisão.

34 Robertson, Grammar, 804. 35 Há realmente poucos exemplos em que uma média "intensiva" ocorre com um aírróç intensivo. Esses exemplos poderiam ser classificados como média redundante indireta? Cf. At 27:36; 28:28; Hb 5:2. 36 Moule, Idiom Book, 24. 37 Zerwick, Biblical Greek, 75. 38 Outros fatores que afetam a visão de alguém de determinado verbo particular são: expressões idiomáticas, raízes verbais com nuanças lexicais e um dado contexto literário e sutilezas do autor. Winer-Moulton nota: "mesmo no grego clássico o uso dessa voz parece ter dependido da cultura e do tato individual do escritor individual" (322). Nesse sentido, posso concordar com a avaliação de Moule, pois a dificuldade repousa não no poder da voz média em si, mas na apreensão do intérprete de sua força.

Voz: média (indireta) 4.

421

Ilustrações a. Exemplos Claros

Mt 27:12

kv xcô KaxqYOpeia0at aòxòv uttò tgòv àpxiçpéoov Kal TTpeapuxépwv oúõèv àireKpívaxo

Quando ele foi acusado pelos principais sacerdotes e anciãos, ele nada respondeu [em sua própria defesa]. àiroKpívopaL quase sempre é colocado no aoristo passivo no NT e na forma que tem uma força depoente. Na média (sete exemplos no aoristo ) o verbo conota um discurso solene ou legal.40 Isso está em acordo com o gênio da voz média. Em uma defesa legal, isso é mais que uma mera resposta - envolve um interesse por parte do emissor . Cf. também Mc 14:61; Lc 3:16; 23:9; Jo 5:17, 19; At 3:12. Mt 27:24

ó ÍIiMxoç . . . áiTevíi|/aTO xàç xetpaç . . . Xéyuw àOÓjáç elpi àrò

tou aípaxoç xoúxou Pilatos lavou suas mãos dizendo: "sou inocente do sangue deste justo". A força da média de àTTovíiTTü) coloca um foco especial sobre Pilatos, como se este ato pudesse absorvê-lo. Lc 10:42

At 5:2

MapLÒcp xqv áYa0T]v pepíõa kE,eXé(azo Maria escolheu [para si] a melhor parte A idéia é que Maria escolhe para si mesma a melhor parte.’EkAÍym não ocorre com verbo ativo no NT e, no grego helenístico, não deve ser, geral e conseqüentemente, tomado como um depoente. Kal êvoacf) Coaxo ànò xíjç xtpfjç

E reteve [parte] do preço, [para si mesmo] Ef 1:4

k^Xk£,axo qpãç ele nos escolheu [para si mesmo] Deus escolheu para si mesmo, por si mesmo, ou para seu próprio interesse. Isso não implica, naturalmente, que Deus precisou dos crentes. Pelo contrário, como o alvo final do ser humano é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre, Deus está agindo para glorificar a si mesmo. E como é mencionado três vezes em Ef 1, o eleito pertence a Deus "para o louvor da sua glória". Sobre kKÃéyio em geral, veja a discussão acima em Lc 10:42.

Ef 5:16

é^aYopaÇópevoi xòv KaLpóv Remindo o tempo [para vós mesmos]

Tg 1:21

ôé£ao0e xòv ejujjuxov ÂÓyov recebei [para vós mesmos] a palavra implantada Embora õéxopoci. nunca ocorra como ativo, não deveria ser tratado como um verbo depoente. A noção léxica de receber, dando boas vindas conota um interesse especial por parte do sujeito.

Cf. também Mt 10:1; 20:22; At 10:23; 25:11; 27:38; Rm 15:7; 2 Co 3:18; G1 4:10; Fp 1:22; Cl 4:5; Hb 9:12. 39 O presente também ocorre, mas visto que não há distinção em forma entre a média e passiva no presente, não é fácil dizer qual voz é pretendida. 40 Conforme BAGD.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

422

b. Um Texto Debatível e Exegeticamente Importante 1 Co 13:8

gire írpo(j)r|TÉ-iai, KatapyTiSriaovTai eítf y k éò o o a i, iraúaovtai eíte yvakriç;, KaTapyr]0TÍaeTOL Havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão [por si mesmas]; Havendo ciência, passarão. Se a voz do verbo aqui for importante, então Paulo está dizendo que línguas cessarão por si (média direta) ou, mais provável, cessarão por seu próprio uso, i.e., "morrer" sem um agente interveniente (média indireta). Pode ser significante que com referência à profecia e ao conhecimento, Paulo usou um verbo diferente (KKTapyéw) e o coloca na voz passiva. Em vv. 9-10, o argumento continua: "porque em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando porém vier o que é perfeito, o que era em parte será aniquilado [Kaxapyr|0f|oovtaL]." Aqui novamente, Paulo usa o mesmo verbo passivo que usou com "profecia" e "conhecimento". Todavia, ele não fala que línguas cessarão: "quando vier o que é perfeito". A implicação pode ser que as línguas iriam "cessar" por si mesmas antes da vinda do perfeito. A voz média nesse texto, então, precisa ser encarada caso se deseje chegar a quaisquer conclusões sobre o cessar das línguas. A opinião dominante entre os eruditos do NT hoje, porém, é que navaovTai não é uma média indireta. O argumento é: iraúu no futuro é depoente e a mudança entre os verbos é meramente estilística. Se for assim, então esse texto não faz comentário sobre as línguas cessando por si, à parte da intervenção do "perfeito". Há três argumentos contra a visão depoente. (1) Se mxúaovxca for depoente, então seria a segunda das partes principais (forma futura) não ocorreria na voz ativa no grego helenístico. Mas ele ocorre, e ocorre com freqüência.41 Conseqüen­ temente, o verbo não pode ser considerado depoente. (2) As vezes, Lc 8:24 é discutido: Jesus repreendeu os ventos e o mar e cessaram (kvaiouvTO, aoristo médio) de sua turbulência.42 O argumento é que objetos inanimados não podem cessar por si; portanto, a média de ttccÚw é equivalente a uma passiva. Mas isso é um entendimento errado das características literárias da passagem: Se o vento e o mar não podem cessar voluntariamente, por que Jesus os rep reen d ei E por que os discípulos falam do vento e mar como tendo obedecido a Jesus? Os elementos são personificados em Lc 8 e o cessar da turbulência é, portanto, apresentado como obediência volitiva a Jesus. Se há qualquer volição, Lc 8:24 sustenta a visão média indireta. (3) A idéia de um verbo

41 Uma pesquisa do TLG database revelou centenas de exemplos assim, normalmente trazendo o sentido de "parar algo." Em adição, o futuro médio de iraúu) era consistentemente usado no mesmo período como sentido de "parar" ou "cessar". (Obrigado a Ronnie Black por sua pesquisa sobre esse tópico feito para o curso avançado de Gramática Grega no Dallas Seminary, Spring 1992). É um tanto surpreendente que a "visão depoente" é pressuposta tão freqüentemente sem investigação antes no grego extra NT. Visto que a segunda das partes principais ocorre na voz ativa no grego helenistico, dizer que naúaovrai é depoente implica que a linguagem do NT é um dialeto único. Muitos eruditos que o chamam depoente, porém, são igualmente inflexíveis quanto ao grego do NT ser uma parte do língua helenistica. 4 Novamente o TLG database revelou que a terceira das partes principais, como a segunda, era uma forma ativa no grego Koinê.

Voz: média (causativa)

423

depoente é assim descrita: um verbo tem forma média, mas significado ativo. Mas iraúoovTCU é cercado por passivas em 1 Co 13:8, e não ativas.43 A força real de itcíugo na média é intransitiva, enquanto na ativa é transitiva. Na ativa tem a força de parar algum outro objeto; na média, ele cessa a partir de sua própria atividade. Em suma, a visão depoente é baseada nas seguintes falhas pressuposições: (a) o classificar iraúaovTou como depoente; (b) o paralelo com Lc 8:24, e (c) o significado dado a depoência. Paulo escreve algo mais que estilístico na mudança dos verbos. Mas isso não quer dizer que a voz média em 1 Co 13:8 prova que as línguas já cessaram! Esse verso não diz especificamente quando as línguas cessariam, embora ele dê um terminus ad quem: quando o perfeito vier.44

D. Média Causativa 1.

Definição O sujeito faz algo para si. O sujeito pode estar por trás da ação feita em benefício de si. Esse uso, embora raro, envolve alguns textos exegeticamente importantes.

2.

Chave para Identificação Veja definição

3.

Semântica A semântica da média causativa precisa ser vista à luz de três pólos: (1) volição vs. causa involuntária, (2) ativa causativa vs. média causativa, e (3) média causativa vs. média permissiva. •

A causa pode ser volitiva, mas não necessariamente. Volição, às vezes, pressupõe incorretamente tratar-se de uma parte essencial de um verbo causativo. Certamente é um tipo de fonte por trás da ação, mas o sujeito pessoal e o impessoal agem involuntariamente, às vezes, e, de tal maneira, que se tomam a fonte inconsciente de outra ação.

• A diferença entre as causativas ativa e média causativa é: enquanto esta implica fonte e resultado, aquela implica simplesmente a fonte por trás da ação: A ação na voz média foi causada por alguém que também era o recipiente, em certo sentido, de seus resultados. A média causativa é tanto uma média indireta quanto, ocasionalmente, uma direta. 43 Embora seja verdade que o futuro médio ocasionalmente é usado em um sentido passivo: Smyth, Greek Grammar, 390 [§1715]; Winer-Moulton, 319), é aparentemente assim com certos verbos por causa de expressão idiomática. Isso não é o caso de ttccÚü). 44 Como dissemos no capítulo sobre adjetivos, não há boa razão para tomar to xkktiov como fechamento do cânon. Infelizmente, a visão apresentada acima sobre iraúaovTca tipicamente é associada com a visão que o "perfeito" é o cânon. Talvez isso seja devido à pouca aceitação.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

424 •

4.

A média causativa está muito próxima da permissiva. A primeira implica fonte e, com freqüência, volição. A última sugere que o feito repousa em outro lugar e, somente, com consentimento, permissão ou tolerância será extraído do sujeito. Algumas das ilustrações abaixo concebivelmente pertenceriam a uma outra categoria, dependendo dos aspectos extragramaticais (e.g., contexto, contexto histórico etc.)

Ilustrações

Lc 11:38

ó 3>apioatoç lôtau èGaúpaoev otl ou -rrpcâToy èpaircLaaTO Tipò tou âp lotou45 Vendo os fariseus isto, eles se admiraram porque [Jesus] primeiro não se lavava antes da refeição Este é um exemplo de uma média (não incomum com banhar), e, prova­ velmente, é causativa: Jesus como um convidado na casa de um fariseu deveria ser lavado por outro.

At 21:24

toÚtouç v a p a X a fiò v . . . Kal õanáyqooy ctt' aírtolç iv a ÇupqaoyTai

Tqy Kec]>aA.qy toma estes . . . paga por eles para que tenham a cabeça raspada; G15:12

õcjjeÂou Kal áTTOKÓi|/ouTai ol auaoTaToDuieç òpâç46 Tomara até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia. Este é um exemplo de uma média causativa direta.

Ap 3:5

ò ulkcôu irepLpaA.eLTaL eu IpaTLOLç ÀeuKolç O que vencer será vestido a si mesmo de vestes brancas, Semelhante a G1 5:12, este é um exemplo de uma média causativa di­ reta. A média indireta é incomum com verbos significando "vestir a alguém".

At 1:18

eKTTjaaTO ^caprou ele comprou um campo [para si mesmo] O texto parece sugerir que o próprio Judas comprou o campo onde foi sepultado. Porém, Mt 27:7 especificamente declara que os principais sacerdotes compraram o campo depois da morte do mesmo. Seria difícil conciliar esses dois textos segundo nosso ponto de vista. Mas conforme o grego, é fácil ver 6KTf|0aT0 como uma média causativa, indicando que no final Judas comprou o campo, adquirido com o "dinheiro do sangue" dele. Outra possibilidade aqui é: visto que esse verbo nunca teve uma forma ativa, ele poderia ser depoente, tendo a força de uma ativa

43 A leitura épaiTTLaaTO se encontra em p 45 700, enquanto quase todas as outras testemunhas têm é(3aiTTLa9r|. Provavelmente o passivo é original, sendo melhor atestado externamente e até mais difícil (visto que a admiração do fariseu seria presumivelmente devido a Jesus intencionalmente não lavar suas mãos). 46 áiTOKÓijm)VTaL é encontrado em p 46 D E F G et alii.

Voz: média (permissiva)

425

causativa.47 Porém, parece que ele retém uma força média do grego clássico para o Koinê e, assim, seria considerado uma verdadeira média. No grego clássico (especialmente em Sófocles, Eurípides e Tucídides), Kráopon freqüentemente tem a nuança causativa de "trazer desgraça sobre si" (cf. LSJ, BAGD). Algo assim pode ser apropriado em um papel secundário no "adquirir" de At 1:18. Cf. também Mt 5:42; 20:1.

E. Média Permissiva 1.

Definição O sujeito permite que algo seja feito por ou para si. Esse uso, embora raro, envolve alguns textos exegeticamente importantes. Com freqüência, um verbo particular será usado em uma expressão, dando margem à noção de que a média permissiva (ou causativa) se deve à força léxica da raiz verbal. paiTTÍ(c) é muitas vezes citado como um verbo assim. Mas, visto que o mesmo verbo é usado sem qualquer noção de permissão, é melhor considerar isso como uma expressão ocasional não intrinsecamente relacionada ao lexema. No entanto, se um verbo particular tem exemplos estabelecidos de média permissiva, isso auxilia o caso nas passagens debatíveis.

2.

Chave para Identificação Além de reler a definição acima, há também um teste: traduzir o verbo como uma passiva. Se fizer sentido - e se a noção de permissão ou licença parecer também implicada - o verbo é um candidato à média permissiva. (Deve-se notar que muitas das médias permissivas geralmente são melhor traduzidas como passivas. Veja uma ilustração disso nos exemplos abaixo.)

3.

Semântica A semântica da média permissiva pode ser vista à luz de três outras catego­ rias gramaticais:49 •

A média permissiva está muito próxima da média causativa. A última implica fonte final e, muitas vezes, volição; a primeira sugere que o feito repousa em outro lugar e, somente por consentimento, permissão ou tolerância será extraído do sujeito. Algumas ilustrações abaixo per­ tenceriam a essa categoria.

47 Se assim, então ele forma um paralelo com o ativo causativo involuntário em At 2:11 mencionado acima. 48 Conforme Robertson, Grammar, 808. 49 Veja a semântica da média causativa acima para comparação.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

426 •

A média permissiva tem certa afinidade com a direta: em ambas o sujeito é o receptor da ação. Mas, enquanto na média direta o sujeito também é o ator, na permissiva o sujeito não pratica a ação.



A média permissiva também atua como passiva: o sujeito é o receptor da ação, mas difere da passiva, pois a média sempre implica reconhecimento, consentimento, tolerância ou permissão da ação verbal. A passiva normalmente não implica cognição. Uma exceção a esse princípio é a passiva permissiva. E importante notar que apesar das duas categorias serem raras (gramáticos até mesmo disputam a legitimidade da passiva permissiva), o elemento volitivo quase sempre é parte da voz média enquanto sempre falta • 50 na passiva.

4.

Ilustrações

Lc 2:5

ávépr) ’Iü)af|(j) áuò tfjç PaLi/maç . . . (5) dnToypáiJfaaGai ai)v Mapiáp José subiu da Galiléia . . . (5) para ser alistado com Maria A idéia parece ser que José "permitiu a si ser alistado". Apermissividade dessa média evidencia-se nos vv. 1,3. A passiva é usada aparentemente (àTTOYpá(j)eo0ai). Esse tipo de média explicita a noção volitiva que não nasce naturalmente da passiva.

At 22:16

àvaaxàç pátrcioai Kai àwóXovoai. xaç, ãpapxíaç oou Levanta-te, recebe o batismo e permite os teus pecados serem lavados, invocando o nome dele. Se permeai fosse média direta, a idéia seria "batiza-te" - um conceito completamente antibíblico.51 Se árróÀouoaL fosse indireta, a idéia seria "lava os teus pecados por ti mesmo" - também completamente extrabíblico. Esse verbo particular ocorre como média causativa ou permissiva em 1 Co 6:11 (veja abaixo), a única outra ocorrência dela no NT. A força da voz aqui parece ser causativa ou permissiva para páimoa i e a média permissiva direta para justificados, pois mediante a fé, temos paz com Deus.

1 Co 12:13

kv évl imeúpocti ijpelç ttccvteç eíç eu acôpaêpaTTTLo8r)peu . . . Kai iTávTeç eu trueupa èiroTta0r|pev107 Todos fomos batizados por um Espírito em um corpo .. . e a todos foi dado beber [de] um Espírito Alguns sugerem que o batismo com pelo Espírito é normalmente um evento pós- conversão (como no Pentecostes), mas a ênfase dupla sobre "todos", conjugada com os verbos passivos, sugere que isso ocorreu no ato da conversão. A analogia com o Pentecoste falha, também, porque os discípulos não imaginavam nem compreenderam completamente os eventos daquele dia no momento em que eles ocorreram (note os verbos passivos em Atos 2:3,4).

Hb 3:4

Trâç o l k o ç KaTaaKeuxÇeiai irrró t i u o ç toda casa é construída por alguém

Cf. também Lc 1:4; Jo 12:5; At 1:2; 2:3; 4:9; Rm 1:13; 2:13; 7:2; 1 Co 5:5; 2 Co 1:6; G11:12; 3:1, 16; Fp 1:29; 2:17; Cl 2:7; Fm 15; Tg 2:7; 1 Pd 2:4; 3 Jo 12; Jd 13; Ap 7:5. 2.

Passivo Causativo/Permissivo a. Definição O passivo causativo/permissivo, semelhante suas contrapartes médias, implica consentimento, permissão ou causa da ação do verbo por parte do sujeito. Esse uso é raro,108 geralmente confinado ao imperativo (como seria de se esperar, visto que o imperativo intrinsecamente envolve volição).109 E difícil decidir se um determinado passivo é causativo ou permissivo,110 assim, as duas categorias combinam-se por razões práticas.

107 Códice A tem oúpa eoxiv em lugar de irveOpa ètTOiioBriqev. 108 Nem todos os gramáticos vêem isso como uma categoria legítima (e.g., Robertson, Grammar, 808). 109 Nem todo o passivo imperativo seria classificado como causativo/permissivo, porém. Em Mc 1:41, v.g., a ordem de Jesus para o leproso: "fica limpo!" (KaOapíaOryui.), dificilmente seria: "permita a você mesmo ser limpo". Pelo contrário, é um pronunciamento (declaração performativa) expressa em termos imperativos. Cf. também Mt 21:21; Mc 7:34; 11:23; Rm 11:10. Dos 155 imperativos passivos alistados no acCordance, a maioria é passiva depoente (e.g., iropeuGuati em Mt 8:9; õef|0r|T€ em Mt 9:38; àiTOKpí0r|te em Mc 11:30) ou declarações performativas dadas como imperativo para efeito retórico. Em adição, os imperativos passivos causativo/ permissivo freqüentemente são proibições (e.g., |ii] (Jofloü em Lc 1:13) ou ordens dirigidas a estados emocionais, para efeito de "estar em controle de si mesmo" (e.g., nejiíiitooo em Mc 4:39; cf. também Jo 14:l;Rm 11:20).

441

Voz: passiva (depoente) b. Lc 7:7

Ilustrações laOlÍTG) Ô TTttLÇ |iOUnl

que o meu servo seja curado « b a p L o a lo ç lô c à v c B a ú p a o e v o t l oii i r p o k o v 4(3airuía0T| TTpò r o ô ’ ' 11?Z apUJTx 'l pâAAov áôiKetoQe; òià tl oúxi (lâÃÂov áiraaT€peía0e; Por que não permitis a vós mesmos o serdes injustiçados? Por que não permitir a vós mesmos o serdes defraudados?

Ef 5:18

|if| pe0úoKeo0e olvw . . . àXXà uXTipoGo0e éu TTveúpaxi Não estejam embriagados com vinho... mas sede cheios com o Espírito.

1 P d 5 :6

x a n e i voáOqTe írriò t q v K p a T a ic a ’ x e~LP a

t0 4 ) 9 e o 0

Permiti a vós mesmos o serdes humilhados sob a poderosa mão de Deus. Cf. também Mc 10:45; 16:6; Lc 15:15; 18:13; At 2:38; 21:24, 26; Rm 12:2; 14:16; Cl 2:20; Hb 13:9; Tg 4:7, 10. 3.

Depoente Passivo Um verbo que não tem forma ativa pode ser ativo em significado embora passivo em forma. Dois dos passivos depoentes mais comuns são cyeuriQqu e ftTTCKpiOqy. Veja a discussão da média depoente para o material relevante sobre o passivo depoente.

110 Muitos desses textos podem ser traduzidos com "permita", mas isso não resolve o problema. E mera tolerância em vista ou é um pedido por parte do sujeito implícito? E.g., em At 2:38 PocTTTLaQqTa) eKaatoç íiqcjy significa: "cada um de vós, permitam-se ser batizados" ou "cada um de vós, peça para ser batizados"? 111 ioíBipeiou é encontrado em uma maioria de MSS, incluindo N ACDWA 0 'P/1,1328 33 565 579 700 892 1292 1424 Byz. O imperativo passivo é encontrado em (f f 75v,d B L 1241 ef pauci. 112 A leitura epauxíoaxo se acha em (P45 700, enquanto quase todas as outras testemunhas lêem èpaTTTLoOr). Muito provavelmente o passivo é original, sendo melhor atestada externamente e até mais difícil (visto que a admiração do fariseu seria presumível ser devido a Jesus intencionalmente não lavar sua mãos).

Modos Panorama do Modo e seus Usos O Modo Indicativo................................................................................ A. Definição .................................................................................... B. Usos Específicos.............................................................................. 1. Indicativo Declarativo....................................................... 2. Indicativo Interrogativo.................................................... 3. Indicativo Condicional...................................................... 4. Indicativo Potencial........................................................... 5. Indicativo Exortativo (de Ordem, Volitivo)................... 6. Indicativo com [ ''Oti........................................................ a. Orações Substantivas com [''O t l ........................ b. Epexegética.............................................................. c. Causai (Adverbial).................................................. O Modo Subjuntivo.............................................................................. A. Definição .................................................................................... B. Usos Específicos.............................................................................. 1. Nas Orações Independentes............................................... a. Subjuntivo Exortativo............................................ b. Subjuntivo Deliberativo (Duvidoso)................... c. Subjuntivo em Negação Enfática......................... d. Subjuntivo Proibitivo............................................. 2. Nas Orações Dependentes (Subordinadas)...................... a. Subjuntivo nas Sentenças Condicionais.............. b. "Iva + o Subjuntivo.................................................. c. Subjuntivo com Verbos de Cautela...................... d. Subjuntivo nas Questões Indiretas...................... e. Subjuntivo em Orações Indefinidas Relativas .... f. Subjuntivo em Orações Temporais Indefinidas . O Modo Optativo.................................................................................. A. Descrição.......................................................................................... B. Usos Específicos.............................................................................. 1. Optativo Voluntativo (de Desejo Alcançável, Volitivo) 2. Optativo Oblíquo............................................................... 3. Optativo Potencial.............................................................. 4. Optativo Condicional........................................................ 442

448 448 449 449 449 450 451 452 453 453 459 460 461 461 463 463 464 465 468 469 469 469 471 477 478 478 479 480 480 .481 .481 .483 .483 .484

Modos: introdução

443

IV.

485 485 485 485 487 487 488 489 492 492 493

+

O Modo Imperativo.... A. Descrição.......... B. Usos Específicos 1. Ordem 2. Proibição........................................................................ 3. Pedido (Solicitação, Ordem Polida).......................... 4. Imperativo Permissivo (Imperativo de Tolerância) 5. Imperativo Condicional.............................................. 6. Imperativo Potencial (categoria debatível)............. 7. Imperativo de Pronunciamento 8. Como uma Saudação Convencional

Bibliografia Selecionada BDF, 181-96 (§357-87); J. L. Boyer, "The Classification of Imperatives: A Statistical Study," GTJ 8 (1987) 35-54; idem, "The Classification of Optatives: A Statistical Study," GTJ 9 (1988) 129-40; Burton, Moods and Tenses, 73-143 (§157-360); Chamberlain, Exegetical Grammar, 82-87; Dana-Mantey, 165-76 (§160-65); Moule, Idiom Book, 20-23, 142-47; Moulton, Prolegomena, 164-201; Porter, Idioms, 50-61; Robertson, Grammar, 911-1049; Smyth, Greek Grammar, 398-412 (§1759-1849); Young, Intermediate Greek, 136-46; Zerwick, Biblical Greek, 100-24 (§295-358).

Introdução A. A Questão de Definição 1.

Definição Geral Da mesma forma que o tempo e a voz, o modo é um aspecto morfológico do verbo. Voz indica como o sujeito se relaciona com ação ou estado do verbo; tempo é usado primariamente para retratar o tipo de ação. Em geral, o modo é aspecto do verbo que representa a ação verbal ou estado com referência a sua realidade ou pontecialidade. As gramáticas mais velhas se referem a ele como "modo".1

1 E.g., Robertson, Grammar, 911; Chamberlain, Exegetical Grammar, 82.

444

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Outros chamam-no de "atitude".2 Há quatro modos no grego: indicativo, subjuntivo, optativo e imperativo.3

2.

Crítica de Definições Simplistas do Modo As gramáticas tendem a descrever o modo de forma simplista (até mesmo como temos feito acima).4 Essa linguagem truncada, porém, pode ser uma armadilha. Dois tipos de definições precisam ser criticadas. Primeiramente, algumas gra­ máticas falam do modo como possuidor de uma correspondência objetiva com a realidade. Isso particularmente ocorre em suas definições do modo indicativo. Algumas dessas definições classificam-no, por exemplo, uma descrição de um "fato simples".5 Mas isso, categoricamente não é verdade: mentiras são geral­ mente declaradas no indicativo; falsas percepções estão no indicativo; exageros e narrativas fictícias aparecem no indicativo. As frases a seguir usam o modo: "Os duendes vivem em caixinhas de frente ao bosque", "eu não mais peco" e "Guga é o maior jogador de futebol vivo". Em nenhuma delas, há uma realidade objetiva ou completamente correspondente a mesma.6 O segundo tipo de definição é mais sofisticado, ainda que equivocado. Muitas gramáticas falam do modo como indicando uma percepção que o emissor tem da realidade. Dizer, porém, que o modo "mostra como o emissor considera o que ele está dizendo com respeito ao caráter factual da enunciação",7 parece sugerir que o emissor está tentando descrever cuidadosamente a ação verbal.8 Ele pode ter falhado nessa tentativa, mas a acurácia foi seu alvo. Novamente, esse não é o caso.

2 E.g., Moulton, Prolegomena, 164: "Os modos em questão são caracterizados por um elemento subjetivo comum, representando uma atitude da mente por parte do emissor" (itálicos meus). Porter, Idioms, intitula seu segundo capítulo "Modo e Atitude", e define modo como "as formas que indicam a 'atitude' do emissor em torno do evento" (50). 3 Muitas gramáticas não incluem o infinitivo ou particípio sob a rubrica do modo, e por boas razões. Como formas nominais do verbo dependente, a atitude em tomo da certeza é dependente de algum verbo finitivo. Conseqüentemente, visto que uma afirma­ ção assim é derivativa, isso não afirma terem elas modo, em si mesmas. No entanto, por propósito gramatical, essas duas formas nominais do verbo geralmente são classificadas como infinitivo e particípio em uma espécie de "tolerância modal". 4 Em nossa simples definição temos evitado não indicar por que um emissor usa a forma gramatical da forma que o faz. 5 Dana-Mantey, 168 (§162). Embora eles acrescentem qualificação, a impressão é que o indicativo é um tanto objetivamente conectado à realidade. Veja também Burton, Moods and Tenses, 73 (§157). Não estamos afirmando que esses gramáticos entendem mal a força do modo, só porque eles não o têm articulado claramente como poderiam fazer. 6 De fato, tem sido apontado por toda essa gramática que: não há necessariamente qualquer correspondência ponto por ponto entre a linguagem e a realidade. Os dois, natu­ ralmente, se cruzam, mas não em cada ponto. Reivindicar uma correspondência assim significaria que, por exemplo: (1) os escritores do evangelho sempre citaram Jesus ipsi literis; (2) as parábolas são narrativas verdadeiras quanto aos fatos ocorridos (e não ape­ nas verdadeiras quanto às lições que trazem para a vida). Não há virtualmente justaposi­ ção no campo lexical ou gramatical (porque só um tipo de descrição de um evento seria possível), e a linguagem figurativa não existe! Obviamente, uma visão assim da lingua­ gem é absurda. Em suma, tudo na linguagem é uma atitidade interpretativa. 7 Young, Intermediate Greek, 136 (itálicos meus).

Modos: introdução

445

Ao contrário, má informação, sarcasmo, hipérbole, ficção, cosmovisão dualística etc. nunca poderiam ser comunicados. Considerando o subjuntivo, por exem­ plo, seria possível dizer: "Eu acho que o Flamengo poderá ganhar a Libertadores esse ano", se eles já estiverem eliminados da competição? Eu poderia dizer isso por sarcasmo. Tal frase necessariamente não indicaria minha percepção. O im­ perativo poderia ser usado com efeito retórico, como nas frases que expressam uma ordem impossível: “Dê uma descrição detalhada do universo em três sen­ tenças ou menos" e "Vote no candidato que concorde com você em tudo". Ocasionalmente, essas duas declarações (ou seja, que os modos ou correspondem à realidade ou à percepção que alguém tem da realidade) coexistem na mesma gramática. Assim, o modo indicativo, dizem, é objetivo, enquanto os outros modos são subjetivos.9 Não é de admirar que um gramático disse que o modo era "sem dúvida o tema mais difícil na sintaxe grega!"10

3.

D e fin iç ã o D e ta lh a d a Uma definição mais acurada, à luz da discussão acima, é a seguinte: O modo é o aspecto morfológico de um verbo usado pelo emissor para descrever sua afirmação quanto à certeza da ação ou do estado verbal (seja uma realidade ou potencialidade). Os elementos-chave nessa definição são que o modo (a) não necessariamente corresponde à realidade, (b) nem mesmo indica a percepção que o emissor tem da realidade, mas (c) realmente indica uma descrição ou representação do emissor.11

B. Semântica dos Modos Cinco ponto adicionais precisam ser considerados para entendermos a força dos modos. •

Primeiro, a semântica geral dos modos pode ser comparada assim:

8 Young afirma isso quando diz que os modos "expressam a percepção do emissor da ação ou estado em relação à realidade.. (ibid.). Veja também Moulton, Prolegomena, 164; Robertson, Grammar, 911-12; Zerwick, Biblical Greek, 100 (§296). 9 E.g., Dana-Mantey (166, [§161]) falam do modo como envolvendo dois pontos de vista, "o que é real e o que é possível". 10 Robertson, Grammar, 912. 11 Em justiça a outros, todos os gramáticos têm de recorrer a definições abreviadas vez por outra a fim de evitar definições desajeitadas. A mudança, então, é entre acurácia pedântica e simplicidade pedagógica. Sem dúvida essa obra será percebida como um típi­ co erro do primeiro, embora não esteja imune a este último.

446

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

M od os

In d ica tiv o

S u bju n tivo

O ptativ o

E xem p lo G rego

ÀL>61Ç

Xúr\c,

A.úoiç

D escrição

ce rto / a sseg u rad o

p ro v á v e l/ desejável

possível

p reten d id o

T radução

tu estás soltan do/

que tu solte

A h! Se tu estivésseis

Solte!

tu soltas

Im p era tiv o

soltan do

Tabela 8 - S em ân tica d os M od os C om p arad os

Deve-se ter em mente que essa tabela é super-simplificada. Ela intenciona somente dar ao estudante uma dica sobre as forças básicas dos vários mo­ dos. Há muitas exceções à semântica geral, como um resultado de outros fatores (veja discussão abaixo). •

Segundo, os modos precisam ser visto à luz de dois pólos. (1) eles afirmam vários graus de certeza. Eles estão em "contínua certeza na apresentação do emissor",12 da realidade à pontecialidade. Em geral, o modo indicativo é dis­ tinto de outros, pois ele é o modo, normalmente, usado para se reportar à realidade, enquanto os outros - coletivamente conhecidos como os modos oblíquos - normalmente falam de potencialidade.13 Conseqüentemente, vis­ to que os modos oblíquos não se reportam à realidade, eles não envolvem um elemento cronológico. (2) O imperativo normalmente é usado para des­ crever volição, enquanto o optativo, subjuntivo e, especialmente, o indicativo falam de cognição. Em outras palavras, o imperativo apela à vontade, en­ quanto os outros modos apelam mais freqüentemente à mente.

Q u adro 43 Os M od os Vistos de F orm a d u plam en te C ontínua



Terceiro, a importância dessa matriz dual está no fato de que o autor freqüentemente não tem escolha quanto ao modo usado.14 A narrativa, por exem­ plo, quase sempre requer o indicativo. Além disso, quando uma ação po­ tencial está sob consideração, certos modos (indicativo e em grande medi­ da, o optativo) são removidos caso se enderecem à vontade de alguém. Mas

12 O crédito deve ser dado ao Dr. Hall Harris por essas excelentes expressões. 13 Há, naturalmente, exceções a essa generalização. As condicionais de primeira classe falam de um aumento a partir da certeza (ou seja, "se X" significa "pressupor, por causa do argumento, a verdade de X"). Mas a partícula ct tem influenciado o modo em tais exemplos: E essa combinação que dá à oração seu gosto.

447

Modos: introdução

quando a ação potencial for endereçada à cognição de alguém, o imperati­ vo não será mais a opção (normalmente) viável. •

Quarto, o indicativo é, sem dúvida, o modo mais usado, embora seja talvez um exagero dizer que é o "modo não-marcado".15 Outros fatores estão en­ volvidos e limitam severamente a escolha do modo em um determinado exemplo (veja discussão anterior). As estatísticas da ocorrência dos modos no NT são as seguintes:

1600& V

15618

14000­ 12000- ' 10000­ 8000­ 6000­ 4000­

1858

2 0 0 0 ->

0Su bju n tivo

Im p erativ o

O p tativ o

Q u adro 44 F req ü ên cia d os M o d o s no N T U



Quinto, mesmo quando há uma escolha, o modo usado nem sempre segue sua força geral. Por exemplo, na oração, quando se pronuncia uma bênção (tal como “Que Deus ti conceda. . ."), o optativo é virtualmente requerido. To­ davia, isso não significa que o emissor pensa ser tal bênção pouco prová­ vel de acontecer se tivesse usado o subjuntivo. As proibições são, muitas vezes, dadas no subjuntivo, em lugar do imperativo. Não significa, porém, que o emissor pensou que seria mais obedecido caso tivesse usado o im­ perativo. Além disso, o imperativo, às vezes, é usado na prótase de uma

14 Contra Porter, Idioms, 50: "A escolha da atitude [modo] provavelmente é a segunda escolha semântica mais importante por quem usa a língua para a seleção de um elemento verbal no grego. Perdendo apenas para o aspecto verbal". Embora haja certamente algu­ ma coincidência no uso dos modos (e.g., as condicionais de primeira e segunda classes [indicativo e subjuntivo], orações volitivas [imperativo, subjuntivo, futuro indicativo]), em muitos exemplos, a escolha já é largamente predeterminada por outros fatores (tais como tempo verbal nas orações volitivas, uma declaração de propósito com uma oração com 'iva). Parece que um emissor tem mais liberdade, falando de forma geral, na voz do modo. 15 Contra Robertson, Grammar, 915; Porter, Idioms, 51. 16 A contagem é baseada no texto da UBS3 como classificada no acCordance. Há alguma dúvida sobre a análise gramatical de algumas formas (e.g., quer certos formais plurais da 2- pessoa sejam indicativo ou subjuntivo, quer algumas formas tais como õúr| sejam con­ sideradas optativo [õcóri] ou subjuntivo [ôcór|]). Além disso, o texto não está correto em todos os lugares. A proporção global e a contagem geral, porém, não são afetadas por essas questões.

448

Sintaxe Exegética do Novo Testamento oração condicional (e.g., em Jo 2:19, Jesus diz: Destruirei este templo e o reconstruirei em três dias"). Não estamos dizendo que o emissor percebe ser o cumprimento disso uma possibilidade remota. Assim, na era helenística, o optativo estava morrendo e o subjuntivo ampliava seu do­ mínio (veja discussão abaixo). Portanto, mesmo em lugares onde o optativo teria sido bem colocado, o subjuntivo se encontra com freqüência, porque o autor se sentia mais confortável com essa forma. O uso do subjuntivo, então, não indica necessariamente que um emissor viu o evento como mais possibilidade de ocorrer do que se tivesse usado o optativo. Por outro lado, o subjuntivo é (geralmente) exigido depois de iva, mas nem sempre indi­ ca que o emissor viu o evento como meramente provável. A importância exegética aqui é: os modos precisam ser examinados espe­ cialmente à luz de outras intrusões, quer sejam características lexicais, contextuais ou gramaticais. É algo perigoso simplesmente afirmar que um determinado modo é não-afetado por outras características da língua. Fe­ lizmente, as várias situações semânticas de muitos usos dos modos ge­ ralmente são distintivas. Isso significa que a proporção de passagens debatíveis com os modos é menor que a muitas outras categorias morfossintáticas.

C. Categorias dos Modos Esse capítulo tratará somente das principais categorias de uso. Para um estudo de­ talhado, veja especialmente Burton, Moods and Tenses; Robertson, Grammar; e Moulton, Prolegomena.

I. O Modo Indicativo A. Definição O modo indicativo é, em geral, o modo da declaração, ou apresentação da certeza. Não é correto dizer que é o modo da certeza ou realidade. Isso pertence à área da apresentação (i.e., o indicativo pode apresentar algo como sendo certo ou real, em­ bora o emissor poderia não acreditar nisso). Chamá-lo de o modo da certeza ou fato deveria implicar (1) que não se pode mentir no indicativo (mas cf. At 6:13), e (2) que é impossível enganar-se no indicativo (cf. Lc 7:39). E mais prudente decla­ rar que o indicativo é o modo da asserção, ou apresentação da certeza.

Modos: indicativo (declarativo)

449

B. Usos específicos 1.

Indicativo Declarativo a.

Definição O indicativo rotineiramente é usado para apresentar uma afirmação como uma declaração não-contingente (ou não-qualificada). Esse é, sem dúvida, o uso mais comum.

b. Ilustrações Mc 4:3

êÇfjA.Gei' ô otrcípcav cnrelpá o semeador saiu a semear

Jo 1:1

’Ev ápxíl *nv ó ÀÓyoç No princípio, era o Verbo

At 6:8

Eiécjjauoç. . . ênoíei repara Kai arpeía pcyáÀa kv tcô Âaq) Estêvão. . . fazia sinais e grandes maravilhas entre o povo

Rm 3:21

X^pU vópou ÕLKaLoaí)ur| 0eoí> Tre^avépwiaL Sem lei, a justiça de Deus foi manifesta.

Fp 4:19

ô 0eóç pou irXrípcóaei. v&oav X9^av úpwv17 meu Deus suprirá cada uma de vossas necessidades

1 Pe 4:7

mvxíov ôè xò réXoç ríyytKeu o fim de tudo está próximo

Cf. também At 27:4; Fp 3:20; Hb 1:2; Tg 2:18; 2 Pe 1:21; 1 Jo 3:6; Ap 1:6.

2.

Indicativo Interrogativo a.

Definição O indicativo pode ser usado em uma pergunta. A questão espera uma afirma­ ção a ser feita. Ela espera um indicativo declarativo na resposta. (Diferente do subjuntivo que pergunta se algo é uma obrigação moralou se algo é possível.) O indicativo interrogativo tipicamente procura por informação. Em outras palavras, ele não pergunta como ou o por que, mas o que.K

17 O optativo íTÂripúoai é encontrado em vários MSS, incluindo D H G T 075 33 69 81 1739 1881 1962 et alii. 18 Isso não exclui o uso retórico dessa pergunta. Com freqüência, nenhuma resposta é antecipada (cf., e.g., Tg 2:4; Ap 7:13-14).

450

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Freqüentemente uma partícula interrogativa é usada com o indicativo, especialmente para distinguir o uso do indicativo declarativo.19 O indicativo interrogativo é comum, embora o indicativo futuro normalmente não seja usado dessa forma (cf. subjuntivo deliberativo abaixo).20 b.

Ilustrações

Mt 27:11

oi) eí ô paoiAeuç tcjv Touõaítúu; Tu és o rei dos Judeus?

Jo 1:38

Xéyei auioíç, T í ÇiyreÍTe; 0i ôè eíuau airucS/Pappí, . . . ttoí» liéueiç; Disse-lhes: "O que procuras?" e eles lhe disseram: "Rabi, . .. onde mo­ ras?"

Jo 11:26

ttccçò

(cav Kal TTiOTeÚQU elç épè oú pr] dtiTO0ávq elç tou TriOTeúeiç toôto; Todo que vive e crê em mim jamais morrerá. Crês tu nisto?

auôva.

Rm 11:2

oí)K o i ô a i e . . .

Tg2:5

oi)/ ó Geòç èÇetóptto xoi)ç irao/ouç t q KÓopw ttIouoÍouç kv Tríoxei; Não escolheu Deus os pobres deste mundo [para se tomarem] rico na fé?

t l Aiyet f] ypcccpr|; Não conheceis o que dizem as Escrituras? Aqui há uma questão dentro de outra. Ela antecipa uma afirmação den­ tro da outra: "vós realmente conheceis o que dizem as Escrituras . . ."

Cf. também Mt 16:13; 21:25; 27:23; Mc 8:23; 15:2; At 12:18 (interrogativa indireta); Jo 9:17; Rm 2:21-23; 1 Co 1:13; Tg 2:7; Ap 7:13.

3.

Indicativo Condicional a.

Definição O indicativo é usado na prótase da sentença condicional. O elemento condi­ cional é explicitado pela partícula ei. Esse é um uso relativamente comum do indicativo, embora muito mais com a condicional de primeira classe (acima de 300 exemplos) do que com a de segunda (menos que 50 exemplos). A condicional de primeira classe indica a pressuposição da verdade por causa do argumento, enquanto a condicional de segunda classe indica a pressuposi­ ção de uma não verdade por causa do argumento.21

19 Robertson, Grammar, 915-16. Ele alista 1 Co 1:13 e Rm 8:33-34 como textos potenci­ almente ambígüos. 20 Mas cf. Mc 13:4. 21 Para um tratamento detalhado, veja o capítulo sobre orações condicionais.

Modos: indicativo (potencial) b.

451

Ilustrações Os primeiros dois exemplos são condicionais de segunda classe; os últimos três, condicionais de primeira classe.

Jo 5:46

eí yàp èntoTeúeTe Mwüoet, ènioTeúere áv èpoí Porque se crêsseis em Moisés, creríeis mim A condição de segunda classe pressupõe o contrário da afirmação. A idéia é "se crêsseis em Moisés - mas vocês não creram . .

1 Co 2:8

6L yàp kyvaaav, ovk kv ròv Kvpiov tt)ç òóír\ç koxaípcooav Porque se conhecêsseis, não teriam crucificado o Senhor da glória.

Mt 12:27

ei èvco kv BeeÀÇePoiú. scpállo) xà ôaipóuia,ol ulol upcâu kv

tlul

èKpáÂÀouoiv; Se eu expulso demônios por Belzebu, por que quem expulsam vossos filhos? A condição de primeira classe pressupõe ser verdadeira a afirmação por causa do argumento. Não signfica, porém, que o emissor necessari­ amente creia ser verddade. A força nesse verso é "se eu expulso demô­ nios por Belzebu - e suponhamos que seja verdade por causa do argu­ mento - então por quem expulsam vossos filhos?" 1 Co 15:44

ei eotiv ocòpa i]n>XLKÓu, koviv Kai TrueupauKÓu Se há um corpo físico, [então] há também um [corpo] espiritual.

Ap 20:15

d n ç ovx eópéGr) kv ir) pí[3Âop rrjç Çwrjç yeypappéyoç, épA.fj0r| elç iqu Xí\ivr\v toü uupóç Se [o nome de] alguém não foi achado escrito no livro da vida, ele foi lançado no lago de fogo.

Cf. também Mt 23:30 (segunda classe); Lc 4:9 (primeira classe); 6:32 (primeira); At 16:15 (primeira); Rm 2:17 (primeira); 9:29 (segunda; G1 2:18 (primeira); 1 Ts 4:14 (primeira); Hb 4:8 (segunda); Tg 2:11; 2 Jo 10 (primeira); Ap 13:9 (primeira).

4.

Indicativo Potencial a. Definição O indicativo é usado com os verbos: obrigar, desejar ou querer seguidos por um infinitivo. A natureza da raiz verbal, difere do indicativo, é o res­ ponsável por deixá-lo semanticamente parecido como um modo potencial. Esse uso é bastante comum. Especificamente, verbos que indicam obrigação (como ôtJcíXco, ôeí), desejo (e.g., poúA.o|iai), ou querer desejo (e.g., GéLco) são usados com um infinitivo. Eles limitam lexicalmente a afirmação global, tornando-a uma ação poten­ cial. É importante entender que a força normal do indicativo não é nega­ da. Pelo contrário, a afirmação simplesmente está no querer, não no afetuar. Assim, esse uso é realmente uma subcategoria do indicativo declarativo.22

22 Com o imperfeito, porém, o desejo em si é, muitas vezes, tendencial; cf., e.g., Rm 9:3.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

452 b. Ilustrações Lc 11:42

Tcaka eõet uoifioca Devíeis fazer estas coisas.

At 4:12

ouôè òvo\lá kaxw exepov vnò xòv ovpavòv xò òeòopkvov kv áu0ptómHç kv ca õei au)0fjvat f]páç Nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa [lit., é necessário para nós] que sejamos salvos.

1 Co 11:7

Ãvqp oí)K ó^eíXei KataKaÂúcTieoBaL tt]v KC(j)aÀf|V O homem não deve cobrir a cabeça

1 Tm 2:8

(k>úlopca 7Tpooc-úxeo0aL touç ávôpaç Quero que homens orem

Ap 2:21

eòojKa aòrfi xpóvov Iva peTanor|or), Kal oí) 0éÀet petauofjaaL23 Idei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se.

Cf. também Mt2:18 (9éha); At 5:28 ((k>úA.opai,); Rm 15:1 (ó^eíXca); 1 Co 11:10 (ò^eíXca); Jd 5 ((JoúXopai); Ap 11:5 (0éÂoi; aqui, em uma oração de primeira classe).

5.

Indicativo Exortativo (de Ordem, Volitivo) O indicativo futuro, às vezes, é usado como uma ordem, quase sempre em cita­ ções do AT (devido à tradução literal do hebraico).24 Ele, porém, era pouco usa­ do mesmo no grego clássico. Fora de Mateus, esse uso não é comum.25 Sua força é muito enfática, favorecendo a natureza combinada do indicativo e do futuro. "Ele não é imperativo gentil ou moderado. Uma predição pode implicar poder irresistível ou indiferença fria, compulsão ou concessão" 26

Mt 19:18

ou c()Oueúo€iç, oü poixeúoetç, oú kAÍi]íçiç, ou il/euôopapxupqaeiç Não matarás, não adulterarás, não furturás, não dirás falso testemunho Os paralelos de Mc 10:19 e Lc 18:20 têm o subjuntivo aoristo depois de pij, um subjuntivo proibitivo.

Mt 6:5

oí)K eoeoOc cóç ol uuoKpiTOcí.27

Não serás como os hipócritas Esse é um exemplo do indicativo exortativo que não é uma citação do AT.

23 Em lugar de oi) 9éA.ei, alguns MSS (ou seja A 1626 2070) têm o ò k r)0éÀr|oev. 24 Veja também o capítulo sobre o futuro para uma discussão. 25 Para uma discussão sucinta, veja BDF, 183 (§362). Gildersleeve, Classical Greek, 1.116 (§269). 27 Numerosos MSS lêem cot) aqui, uma variante que, no entanto, não atrapalha o ponto gramatical em questão.

453

Modos: indicativo (com "Oti) 1 Pd 1:16

ayiOL eaeoGc, o tl eyà ayióç, eí|ii28 santos sereis, porque eu sou santo

Cf. também Mt 4:7, 10; 5:21, 27, 33, 43, 48; 21:3; 22:37, 39; Mc 9:35; Rm 7:7; 13:9; G1 5:14.

6,

O Indicativo com °O tl O indicativo ocorre em orações independentes ou dependentes. Uma das ora­ ções mais freqüentes e complexas com indicativo ocorre quando este vem acom­ panhado de otl. Tecnicamente, as subcategorias incluídas aqui não são restritas à sintaxe do indicativo, mas envolvem a função da oração com otl (+indicativo). O indicativo, porém, ocorre com tanta freqüência depois de otl que uma descrição dessa construção será proposta adiante. Há três grupos amplos dessas: as substanti­ vas, as epexegeticas e as causais. 7 a.

Orações Substantivas com "Otl Um otl (+ indicativo) freqüentemente funciona como substantivo. E conhe­ cida como oração substantiva (ou nominal), oração de conteúdo ou, às ve­ zes, oração declarativa (embora preferimos usar este último termo para orações com discurso indireto). Em exemplos assim, a tradução de otl ge­ ralmente é "que". Como substantivo, a oração com otl funcionam como sujeito, objeto direto ou como aposto de outro nome. A fim de ver melhor a função substantiva da oração, colchetes são colocados nas ilustrações abaixo. Se você suspeitar que determinada oração com otl é substantiva, substitua a oração inteira por uma conjunção integrante (que). Se fizer sentido, a oração com otl provavelmente é substantiva. Como essa conjunção funciona na sentença? Sua resposta dirá qual substantivo a oração otl substitui. 1) Oração Subjetiva Em uma rara ocasião a oração

o tl

funciona como sujeito.

Mc 4:38

oú prÁCL ool [ otl áiToAAúpeOoc;] Não se te dá [o fato] que perecemos?

Jo 9:32

ck toü aicâvoç oòk íiKoúa0r|

[ otl

fiuéo^éu tlç òtjiOaÂpoijç TixjiÀoí)

YeYewrpéuou] [Que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença] jamais se ouviu30

28 Vários MSS têm yéveo&t em lugar de earoGe (tais como K P 049 1 323 1241 1739), enquanto a maioria dos MSS têm yívcoQc. 29 Os usos discutidos aqui são os usos principais da oração Òtl com indicativo. Para outros, consulte BAGD, 588-89. 30 E possível tratar essa construção como um acusativo de objeto preservado depois de um verbo na passiva.

454

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

At 4:16

[ otl yucoaiòv ar||ieiov yéyouev õl’ auiôv] TTâoty tolç KaTotKoüaiy TepouaaÀr]p fyavepóv [Que um sinal notório tem ocorrido através deles], é manifesto a todos os habitantes de Jerusalém.

Cf. também Jo 8:17 (possivelmente). 2)

Oração Objetiva Direta A oração objetiva direta envolve três subgrupos, os últimos dois são comum no NT: objeto direto propriamente dito, discurso direto e discurso indireto. Nem sempre é fácil distingui-los. Na mente grega certamente havia muitas justaposições. No Koinê, porém, com sua tendência à clareza, o discurso direto estava em ascenção, embora o discurso indireto ainda fosse freqüente. a) Objeto Direto Próprio A oração otl, como continuaremos a chamar, ocasionalmente funci­ ona como objeto direto de um verbo transitivo que não seja um verbo de percepção (tal como dizer, ouvir, ver). Alguns exemplos são debatíveis.

Lc 20:37

[o u eysípoutccL oi ueicpoí], Kai Mcouorjç èpqviwcy Moisés o mencionou [que os mortos são ressuscitados] Esse bem pode ser uma oração otl declarativa.

Jo 3:33

ó Àa(3còu airuoü tqv paptupían éa^páyLaev [o u ó Qeòç àA.q0f|ç éoiLv] Aquele que recebe o testemunho dele certifica [Que Deus é verdadeiro].

Ap 2:4

exco Kaxà ooü [o u tqy âyáiTqy aou zr\v TTptÓTqv á^fjKeç] Tenho contra ti [que deixaste teu primeiro amor],

Cf. também Lc 10:20b; Ap 2:20. b) Discurso Direto (Oração com "Otl Recitativo, "Otl Recitativum) 1] Definição Este é um uso especializado da oração objetiva direta depois de um verbo de percepção. E um uso muito comum da oração otl na era helenística. No discurso direto, o otl não deve ser traduzi­ do (em seu lugar coloque aspas). 2] Clarificação Deve-se ter em mente que o uso de aspas com otl é uma forma moderna de pensar sobre tais construções. Não se deve pressu­ por daí que essa citação seja uma tradução literal. Várias orações poderiam ser tomadas como orações declarativas [discurso indi­ reto], mas somente quando a pessoa verbal se relaciona com a pes­ soa do discurso direto (veja discussão abaixo).

Modos: indicativo (com "On)

455

3] Ilustrações Lc 15:2

òicyó'f/\)Ç ov ol

Jo 6:42

iTGàç víiu Aiyei [o t l ck toô oúpauou Katapépr|Ka;] Como, pois, diz: [Desci do céu?"]?

Jo4:17

àTT€Kpi0r) T] yuvf) Kal c in c v aúxú oòk e/co auôpa. Àévei aiirr) ô Ttjoouç KaÀxuç eíiraç [orí ávõpa oi)K e/w] A mulher respondeu, e disse-lhe, "não tenho marido". Disse-lhe Jesus: "Disseste bem, ['não tenho um marido.'] ". Nesse texto Jesus cita as palavras da mulher, mas a ordem das palavras foi invertida. Uma mudança na ordem das palavras não a transforma em discurso indireto. Se isso ocorresse, seria exigida a concordância pessoal entre o verbo principal (eímç) e o verbo secundário (cycic seria usado em lugar de éxw). A tradução, pois, ficaria assim: "disseste bem que não tens um marido".



ue apiaaioi Kal ol ypappaTelç kcyovzcc, [ otl oÍítoç àpapxwlouç npoaõéxeiai K a l aw eaSíei aírrolç.] Tanto os Fariseus quando os escribas murmuravam, dizendo, ["Este ho­ mem recebe pecadores e come com eles."]

Há muita ênfase retórica na ordem alterada das palavras, pois ao colo­ car na frente ávôpa, a ênfase fica sobre o que a mulher não tem (“Um marido eu não tenho"). É como se Jesus dissesse: "Mulher, estás correta: tens alguém em casa, mas ele não é teu marido!". O verso seguinte indi­ ca que é exatamente essa a razão da inversão das palavras ("por que cinco maridos já tiveste, e o que tens agora não é teu marido. O que disseste era verdade".) Ocasionalmente, estudantes intermediários consideram inconfortável chamá-la de oração recitativa O T I, pois eles têm a noção equivocada do que o discurso direto envolve. Escritores antigos e oradores, em grande parte, não se preocupavam sobre as palavras exatas. Eles não escreviam dissertação de mestrado. Precisão verbal nem sempre era essencial (embora geralmente sua reocupação fosse refletir cuidadosamente conceitos). Isso pode facilmente ser visto no NT. Note, por exemplo, como vários escritores citam o AT ou como os sinóticos narram os ditos de Jesus, ou ainda mesmo como se fala de João Batista citado a si mesmo (Jo 1:15,30). O desconforto que muitos estudantes intermediários sentem sobre um texto como esse foi partilhado pelos primeiros santos. Os escribas dos dois unciais mais antigos MSS, K eD, aparentemente sentiram que algo estava errado, e assim alteraram a ordem das palavras. Não as de Jesus, e sim, as palavras da mulher. Era como se dissessem: "Jesus não as citou incorretamente. Foi ela quem errou primeiramente!".31

Cf. também Mt 2:23 (talvez); 4:6; 16:7; 19:8; Mc 1:15, 37; 3:28; 5:23; Jo 1:20; 8:33; Rm 3:10; 2 Co 6:16; Hb 11:18; Jd 18; Ap 18:7 (o segundo o t l ) . 31 Vários MSS também mudam o cyoi na declaração de Jesus para cyyiç (R C* D L pauci): muitos MSS da ítala retêm a primeira pessoa do verbo em ambos os lugares, mu­ dando a ordem das palavras do discurso da mulher. Entre outras coisas, isso ilustra que os escribas antigos - mesmo os não bizantinos - cumpriram seu dever piedosamente. Burgon acusa aos cinco grandes unciais (X A BC D), chamando-lhes de subproduto heré­ ticos em face da evidência.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

456

c) Discurso Indireto (Oração com "Otl Declarativo) 1] Definição Este é um uso especial da oração objetiva direta depois de um verbo de percepção. O oração o t l contém um discurso dirigido ou pensado. Aqui ele faz contraste com o o t l recitativum, o qual envolve fala direta. O uso declarativo de o t l é um uso muito comum. O o t l , nesses, casos deve ser traduzido pela conjunção integrante que. 2] Clarificação/Semântica Como o o t l recitativo, este tipo de o t l ocorre depois de um verbo de percepção (e.g., dizer, pensar, crer, conhecer, ver, ou­ vir). E possível pensar nele como uma reformulação de um pen­ samento ou dito original de um tipo de declaração, onde o se­ gundo tem primazia sobre o primeiro. Primeiramente, em muitos exemplos não há declaração original que precise ser reformulada. Por exemplo, "quando os apóstolos ouvi­ ram que Samaria tinha recebido a palavra de Deus" (aKoúoauTeç oi . . . àuóoTOÀOL otl ôéõeKTKL f] Sapápeta tòv Àóyou TOU 0eoú [At 8:14]), é desnecessário formular uma declaração direta: "Os samaritanos ouviram a palavra de Deus". Lucas está suma­ riando o que estes ouviram. E quando a samaritana diz a Jesus, "vejo que és um profeta" (Becopcõ otl Trpo(j)f|n]ç eí o ú [Jo4:19]), não há necessidade de formular a declaração original ("Tu és um profeta") que antecipe a enunciação. Em Mt 2:16 ("quando Herodes viu que ele tinha sido enganado pelos magos" [' H p ú ò q ç Lõcàv otl eveircúx9r| mrà tqv pávcou)), não devemos supor que havia uma declaração original: "tenho sido enganado pelos ma­ gos". O discurso indireto, então, nem sempre pressupõe a exis­ tência de um discurso direto subjacente.32 Segundo, por outro lado, há várias orações que seriam conside­ radas ou como declarativas ou recitativas. A ambigüidade vem quando o falante e a pessoa do discurso direto são o mesmo indi­ víduo. Desse modo, por exemplo: em Jo 4:35, lemos oú% ò p e i ç X éyeTe

otl

ctl

T e ip á p r |v ó ç

4o t l v

kocÍ

ó

G e p u jp ò ç

ep^ eTcu;

("Não dizeis vós: 'Há ainda quatro meses para a ceifa'?" ou "não dizeis vós que há ainda quatro meses para a ceifa?"). Em muitos exemplos, naturalmente, pouco importa. Novamente, devemos lembrar que os escritos antigos não pensam em termos de cita­ ção precisa.

32 De fato, o discurso indireto tem algum erro de nomenclatura. Talvez ele deveria ser chamado "formulação percebida", "oração objetiva de opinião sintetizada.

457

Modos: indicativo (com "Oti) 3] Diferenças da Tradução entre o Grego e o Português

Um último ponto precisa ser mencionado. Falando de forma geral, o tempo verbal do verbo grego no discurso indireto é retido do discurso direto.33 Isso não ocorre no português: no discurso indireto geralmente mudamos o tempo para o pretérito. E bom lembrar que a mudança do tempo verbal não implica a mudança do tipo de ação desejada no discurso direto. Note o uso no português na tabela abaixo.34 Discurso Direto

Discurso Indireto

Ele disse: Eu vejo o cachorro

Ele disse que viu o cachorro

Ele disse: Eu vi o cachorro

Ele disse que vira o cachorro

"Eu estou fazendo minha parte"

Eu disse que estava fazendo minha parte

"Eu fiz minha parte"

Eu disse que tinha feito minha parte

Tabela 9 Tempos Verbais no Português no Discurso Direto e no Indireto

Em grego, porém, o tempo da oração original geralmente é pre­ servado no discurso indireto. Note as ilustrações abaixo. 4] Ilustrações Mt 2:23

TTÂqpcjOfj tò pqGèv ô ià zéôv Típo^rpaiu [ o n N aíoipaloç KÀriGrjaeica]

o que foi dito pelos profetas se cumprisse [que ele seria chamado um Nazareno] Embora normalmente tratado como um oti recitativum, o ort aqui po­ deria facilmente ser considerado como um declarativo. Isso resolveria o problema da citação do AT (ou seja, que passagem está no pensamen­ to do evangelista?). Cf. também At 6:14 para um oração declarativa o t l com indicativo futuro. [ otl qA.0ov KcaaUma ~'ov vò[Lov q] Não penseis [que eu vim para destruir a lei ou os profetas]. Isso resume a visão dos oponentes de Jesus. O suposto discurso direto seria: "Ele veio para destruir a lei".

Mt 5:17

pr] vo|iíoT)Te

Mc 2:1

r)KOÚO0q [OTL kv OLKCO ko\LV]

Foi ouvido [que ele estava em casa]. Note que, embora o verbo de ligação koxív seja traduzido como um 33 Há exceções a essa regra geral, especialmente com o imperfeito em lugar do pre­ sente. Veja Burton, Moods and Tenses, 130-42 (§334-56). 34 Veja também Burton, Moods and Tenses, 136-37 (§351-2), para mais exemplos.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

458

pretérito, ele não é um presente histórico. A semântica do presente histórico é muito diferente do presente com discurso indireto. Em particular, o verbo elpí não ocorre como presente histórico no NT ou, em qualquer outro lugar, na literatura grega. Jo 4:1

áç eyvcj ó

Triooüç

n o te i

P a ir x ííe i

K a i

[ o t l q K o u o a v o l < t> a p ia a io i [ o t l

’Ir|ooüç t r l e L O v a ç

p a G q tà ç

q ]]

Quando, pois, Jesus soube [que os fariseus tinham ouvido [que Jesus fa­ zia e batiza mais discípulos do que João]] Este texto envolve discurso indireto implícito dentro de outro discurso indireto. Ele oferece uma boa ilustração da diferença entre o português e grego. O grego retém os tempos verbais do discurso direto, enquanto o português transforma todos em passado, mesmo que seja presente no grego. Assim, qKouoav é traduzido ouviram, embora seja aoristo (o enunciado geral também foi no aoristo: “os Fariseus tinham ouvido. . .”). E tanto trotei quanto pairríÇet, embora estejam no presente, são traduzidos como se fossem imperfeitos (o enunciado original teria sido “Jesus está fazendo e batizando mais discípulos que João”). Mais uma vez, é importante distinguir o presente histórico do tempo presente retido no discurso indireto. Uma coisa é que os presentes históricos são mais “estáveis” - isto é, eles são traduzidos exatamente como o aoristo, como um simples tempo passado. Mas t t o l c l e PatriíCet são naturalmente traduzidos como se fossem imperfeitos. Jo 5:15

At 4:13

ò avGpootroç ávqyyeLA,ev tolç 'Iouôaíoiç [ o t l ’Iqaoüópou o’Íkco O Senhor vos conceda misericórdia sobre a casa de Onésimo! Este é um exemplo de um pedido polido. Há uma expectativa evidente de cumprimento no pedido.

2 Pd 1:2

yvápiç úpü' Kal eípriu1! nA.qOwOcíq kv cmvuGÓaei xoG 0eoG Kal TqaoG xoG Kupíou ripwa Graça e paz sejam multiplicadas no conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor Há probabilidade de que o autor esperasse tais bênçãos para seus ou­ vintes. A linguagem, além de não tomar emprestado qualquer dúvida do corpus paulino, acrescenta ao optativo mais clareza.

Cf. também Mc 11:14; Lc 1:38; At 8:20; Rm 15:5,13; 1 Ts 5:23; 2 Ts 2:17; 3:5,16; 2 Tm 1:18; Fm 20; Hb 13:21; 1 Pd 1:2; Jd 2, 9 (provável).

2.

Optativo Oblíquo a.

Definição Esse optativo pode ser usado em questões indiretas depois de um tempo secun­ dário (i.e., que tem aumento - aoristo, imperfeito, mais-que-perfeito). O optativo substitui o indicativo ou subjuntivo da questão direta. Isso ocorre cer­ ca de doze vezes, dependendo das variantes textuais,91 mas só nos escritos de Lucas.

b. Ilustrações Lc 1:29

óteÀoyíCexo TTOxaTròç eií) ò áouaapòç ouxoç Ela estava ponderando o que poderia ser este tipo de saudação. A questão direta seria: Ela se admirou: "Que tipo de saudação é [koxiv] esta?'"

Lc 8:9

èiTqpcáitou auxòv ol pa0qxal aòxoG xíç auxq cíq q irapa(3aA.q Seus discípulos começaram a perguntá-lo o que esta parábola significaria. A questão direta seria: "O que significa esta parábola?"

At 21:33

éTTW0ávexo xíç etq lhe perguntou quem seria.

Cf. também Lc 18:36; 22:23; At 17:11; 25:20.

3.

Optativo Potencial Esse optativo ocorre com a partícula ãu na apódase de uma condicional de quarta classe incompleta.92 E usado para indicar uma conseqüência no futuro de uma

91 Especificamente, quer ãv seja usado quer não. A presença de av muito provavelmente é o critério de julgamento. 92 Veja o capítulo sobre as sentenças condicionais para uma discussão mais completa.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

484

condição improvável. Não há no NT condicionais de quarta classe completas. A prótase (que também usa o optativo) precisa ser providenciada. A idéia é: "Se ele pudesse fa z er algum a coisa, ele deveria fa zer isto". Há um punhado de exemplos que ocorrem no NT, todos nos escritos de Lucas. Lc 1:62

At 17:18

évéveuov xcâ naxpl oarcoü xò xí 0éA.oi KaM.a9at auxó E perguntaram, por acenos, ao pai do menino como queria que lhe cha­ massem. A prótase implícita é: "Se ele tivesse sua voz de volta para que pudesse lhe dá um nome". eÀçyov xí GéÀot ó aneppoÀóyoç ouxoç A.éyeiv; alguns [dos filósofos] estavam dizendo: "O que esse tagarela quer dizer?" A prótase implícita é: "Se ele pudesse dizer qualquer coisa que fizesse sentido!"

xlucç

Cf. também At 5:24; 8:31.

4.

Optativo Condicional Esse é o uso do optativo na prótase de uma condição de quarta classe (a partícula condicional usada é cí). Ela é usada para indicar uma condição possível no futu­ ro. Geralmente, uma possibilidade remota (tais como: "Se ele pudesse fa zer algu­ ma coisa, talvez isso ocorreria"). Não há condicionais de quarta classe completas no NT. Às vezes, a oração condicional é mista, sem optativo na apódose (e.g., At 24:19). Em outras ocasiões, nem a apódose é suprida, a prótase funciona como um tipo de parênteses estereotipado (e.g., 1 Co 15:37).93 Esse uso, como o optativo potencial, é muito raro.94

At 20:16

ecmuõev e i ôuvaxòu eír) aúxco xqv rpepav xfjç ireuxr|Koaxf|ç yevéa9ai elç 'Iepooó^upa Apressava-se, pois, para estar, se fosse possível, em Jerusalém no dia de Pentecostes.

1 Pd 3:14

e i Kai uáaxoixe õià õiKaioaúvriv, paKápLoi mas se sofrerdes pela justiça [serieis] bem-aventurado. Esse texto chega bem perto de qualquer condicional de quarta classe completa no NT. À primeira vista, os leitores dessa carta ainda não ti­ nham sofrido por causa da justiça, e a possibilidade de tal acontecer logo parece remota. O autor reforça esse ponto no v. 17, novamente, com um optativo condicional: "E melhor sofrer por fazer o bem que por fazer o mal, se assim for a vontade de Deus (e i QkXoi x ò G r À r i p a t o ü 0eou). Embora a ocasião de 1 Pedro seja, muitas vezes, envolvida por suposto sofrimento por parte dos leitores, esse texto parece contrariar isso. Provavelmente, é melhor ver o autor no meio do sofrimento, de onde sua experiência lhe permite oferecer conselho aos crentes que es­ tavam distante dele.

Cf. também At 17:27; 20:16; 24:19; 27:12,39; 1 Co 14:10; 15:37; 1 Pe 3:17. 93 Boyer, "Optatives," 135. 94 Veja o capítulo sobre as sentenças condicionais para uma discussão mais completa.

485

Modos: imperativo (ordem)

IV. O Modo Imperativo A. Descrição O modo imperativo é o modo da intenção. É o modo mais distante da certeza. (Aque­ les que têm crianças hiperativa entendem isso!) Ontologicamente, como um dos modos potenciais ou oblíquos, o imperativo move-se na dimensão de volição (envol­ vendo a imposição da vontade sobre outro) e possibilidade. Há muitas exceções a esse duplo "sabor" do imperativo no uso real, embora em quase todos os exemplos o poder retórico do imperativo possa ainda ser sentido. Assim, quando Paulo diz: "Se o incrédulo quer se separar, que se separe (xwpiÇéaGtú)" (1 Co 7:15), o imperativo permissivo é mais enfático aqui do que na frase: "Se o in­ crédulo se separar, tudo bem!" Em Tg 4:7, o imperativo condicional não perdeu seu sabor injuntivo: "Se resistir (àuTLOTqxe) [e você deveria!], ele fugirá de você". Tecni­ camente, então, não é melhor chamar esse de o modo da ordem, porque ele pode ser usado para outros ações que não seja uma ordem. Essa força volitiva, no entanto, ainda permanece subentendida, mesmo quando o emissor não está dando ordens.

B. Usos Específicos ^ 1.

Ordem a.

Definição O imperativo é mais comumente usado para ordens,95 excedendo em número o imperativo proibitivo cerca de cinco por um. Como uma ordem, o imperativo parte, geralmente, de um superior para um inferior. Ele ocorre freqüentemente com o aoristo e presente (somente raras vezes com o tempo perfeito96). A força básica do imperativo de ordem envolve algumas nuanças diferentes com cada tempo. Com o aoristo, a força geralmente é ordenar a ação como um todo, sem focalizar na duração, repetição etc. De acordo com sua força aspectual, o aoristo enfatiza uma ordem sumária. Com o presente, a força geralmente é o comando de uma ação como um processo contínuo. Isso está de acordo com o aspecto do presente, que retrata uma perspectiva interna. Muito mais pode ser dito sobre a interação entre os tempos e o modo imperativo (veja capítulo sobre orações volitivas para discussão detalha).

95 Veja o capítulo sobre orações volitivas para uma discussão mais detalhada. 96 Cf. Mc 4:39 (tr«j)í(iwoo); At 15:29 (eppuoOc); 23:30 (eppwoGc [variante encontrada em P 1241], eppcooo [variante encontrada em X Byz et plu]); Ef 5:5; Hb 12:17; Tg 1:19. Nesses últimos três textos, íoxe seria imperativo ou indicativo perfeito ativo.

486

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Por hora, o mais importante a lembrar no momento é: o imperativo é mais usado com freqüência para se dar uma ordem. Uma nota final: O imperativo, na terceira pessoa, normalmente é traduzido como faça ele, etc.97 Sem considerar como é traduzido, o expositor é responsável em observar e explicar a forma grega destacada. b. Ilustrações

Mc 2:14

àKoA.oú0€i |J.oi Siga-me!

Mc 6:37

ôóxe ocüxoiç úpeiç cfxr/eiv Dai-lhes [algo] de comer.

Jo 5 :1 1

Co

1 :3 1

2 Co

1 3 :5

1

Hb 13:17 Tg 1:5

âpov x ò v K p á(3axxó v a o u Kal ueptirátet Toma o teu leito e anda. kv Kupícp KauxáaGa) Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. A ênfase dessa nuança não é uma opção. Aquele que se gloria deve gloriar-se no Senhor.

ó Kauxúpeuoç

iTetpáÇeue e l è a x è kv x f) T r ía x e t Provai a vós mesmos [para ver] se estais na fé.

éauxouç

ireí0ea0e xolç f)YOU|iévoLÇ í)|i(5v Obedecei àqueles que vos lidera. el xtç úqúv Xeítrexai aotjjíaç, alxelxca Tiapà xoõ . . . 9eoô Se qualquer um de vós tem falta sabedoria, peça a Deus. A força do imperativo provavelmente não é uma mera exortação ou permissão, mas uma ordem mesmo. Em outras palavras, a falta de sabedoria (no meio dos sofrimentos [vv 2-4]) não é uma opção de procurar a Deus, mas uma obrigação.

Cf. também Mc 6:10; Lc 12:19; Jo 2:5, 16; At 5:8; Rm 6:13;2 Co 10:7; G1 6:1; 2 Tm 1:14; Hb 12:14; Jd 21; Ap 1:19; 19:10.

97 Um número de passagens seria facilmente confundido como mera permissão em muitas das nossas versões. Alguns desses exemplos envolvem a ambigüidade sobre o fato de "quem é referido, embora seu sabor imperativo ainda seja evidente. Por exem­ plos, em 1 Tm 4:12 ["Ninguém despreze a tua mocidade"] significa: "Não deixe nin­ guém desprezar tua mocidade" ou "Eu ordem aos outros que não desprezem tua mocida­ de"? A primeira tradução teria um verbo na segunda pessoa; a segunda, uma terceira pessoa, como está no grego [KatatJpwcí.Tw]). O grego é mais forte que uma mera opção, empregando a volição e colando um requerimento sobre o indivíduo: Mt 5:31, 37; 11:15; 13:9, 43; 16:24; 18:17; 19:12; Mc 4:9; 8:34; Lc 16:29; At 1:20; 2:14; Rm 14:5; 15:11; 1 Co 1:31; 3:18; 4:1; 7:3, 9 (provavelmente); 11:6; 2 Co 10:17; G1 6:4; Ef 5:33; Fp 4:5, 6; Col 2:16; 1 Tm 2:11; 3:10; 4:12; 5:16, 17; Hb 1:6; 13:1; Tg 1:4-6, 9; 5:14, 20; Ap 2:7; 3:22; 13:18.

487

Modos: imperativo (proibição)

2.

Proibição a.

Definição O imperativo comumente é usado para proibir uma ação.98 E simplesmente uma ordem negativa (veja discussão acima), pij (ou um cognato) é usado antes do imperatvio para tornar a ordem em uma proibição. Quase todos os exemplos no NT envolvem o tempo presente. O aoristo é encontrado como um subjuntivo proibitivo.99

b. Ilustrações Mt 6:3

fiT] ywÓtoo q ápiorepá aou xí uoiel qõçÇiá aou Não saiba a tua mão esquerda o que está fazendo a tua direita.

Mc 5:36

jur? o|3oü, [íóvov TTÍaxeue. Não temas, somente creia.

At 10:15

íx ó Oeòç èKaBápiaen, au /ur] Koívou O que Deus purificou, não tome impuro. A força dessa proibição é fortalecida pelo pronome oú. A idéia é "Não suje o que Deus purificou!"

Rm 6:12

firj pomA.euéra q «papua kv x õ Ourprcô úpíân Não reine o pecado em vosso corpo mortal.

Ef5:18

jJ.r) pe0úoKeo0e oívw Não vos embriagueis com vinho.

ooSpait

1 Tm 5:16 /ur] (3apeía0O) q èKKÀ.qaía Não sobrecarregue a igreja. O português capta bem esse tipo de imperativo permissivo. Cf. Lc 10:4; Jo 2:16; 5:14 (com pqKeiL); 20:17; At 1:20; 27:24; 1 Co 3:18; G1 6:17; Cl 2:16; 1 Ts 5:19-20; Hb 12:5; 1 Jo 2:15; Ap 5:5.

3.

Pedido (Solicitação, Ordem Polida) a.

Definição O imperativo é, muitas vezes, usado para expressar um pedido. Normal­ mente, visto quando o emissor se endereça a um superior. Os imperativos

98 Veja o capítulo sobre as sentenças condicionais para uma discussão mais detalha­ da, particularmente do uso dos tempos em proibições. Há, em minhas contas, 8 exemplos somente do imperativo aoristo em proibições. Todos com Jesus falando (Mt 6:3; 24:17,18; Mc 13:15 [bis],16; Lc 17:31 [bis], Essa evidência múltipla, conjugada com o critério de dissimilaridade (em que nenhum outro usa essa convenção morfossintática) sugere que tais ditos sejam autênticos.

488

Sintaxe Exegética do Novo Testamento (quase sempre no aoristo) dirigidos a Deus em oração se encaixam nesta categoria. O pedido pode ser positivo ou negativo (por favor, não. . .). Nes­ ses casos, a partícula |ir| precede o verbo. As vezes, o imperativo de petição será usado por um superior quando se dirigir a um inferior, especialmente, quando for um apelo da autoridade. A dificuldade aqui surge, porque estamos tratando de uma língua escrita. Assim, não podemos ouvir o tom do emissor. b. Ilustrações

Mt 6:10-11

èXOeTCd f] paoiAeía oou yeuqGqTCú tò GeÀqpá oou . . . tòu apxou qpa) v xòv éTTioúaiov ôòç qplv arpe pou Venha a nós o teu reino, seja feita tua vontade . . . o pão nosso de cada dia dai-nos hoje

Lc 11:1

KÚpie, ôíôa^ou qpáç TTpoaeú^eaOai Senhor, ensina-nos [como] a orar

Lc 15:6

ouyKaM. touç ([ráouç Kai touç ye ÍTO u a ç Aéytov auiolç auyxápqxé poi Ele reúne seus amigos e vizinhos, dizendo-lhes, "Regozijai-vos comi­ go!"

Jo 4:7

icyei oarcrj ò Tqaoüç, Aóç pot neiv Disse-lhe Jesus:"Dá-me [água] de beber"

Jo 4:31

qpÚTCou autòu ol paOqxal /iyo u teç, 'Pappí, «jjáye.

Seus discípulos começaram a rogar-lhe, dizendo: "Rabi, come". O verbo introdutório ("rogar ou perguntar" [qpcÓTCDv]) indica que um pedido está sendo feito, não uma ordem. 2 Co 5:20

õeópeOa úirèp X p lotou, KaTalláyqte tcú 0ecô Rogamos por Cristo, reconcilai-vos com Deus.

Cf. também Mt 6:9; 26:39, 42; Mc 9:22; Lc 7:6 (com pq), Lc 7:7 7; 17:5; Jo 17:11; Jo 19:21 (com pq); At 1:24; 2 Co 12:13; Fp 18; Ap 22:20.

4.

Imperativo Permissivo (de Tolerância) a.

Definição O imperativo raramente é usado para conotar permissão ou, melhor, tole­ rância. Também não implica, normalmente, que algo seja opcional ou apro­ vado. Ele vê o ato como um cumprimento do fato. Em tais exemplos, é possí­ vel até denominá-lo de "imperativo de resignação". Em geral, é melhor tratálo como uma afirmação de permissão, concessão ou tolerância. As conotações de "permissão são, geralmente, capazes de enquadrar de modo adequado as nuanças envolvidas.

Modos: imperativo (condicional)

489

b. Ilustrações Mt 8:31-32 eí èKpáUeic; fpâç, k^ óoxcilov fpâç eíç Tqv àyéÀ.r|v twv x°Lpw^(32) Kaí eiTiey aútoiç úiráyeie. "Se nos expulsas, envia-nos para a manada de porcos." (32) E disselhes: "Ide!" Nesse exemplo o imperativo traz dupla nuança: O Senhor está expul­ sando-os (assim, uma ordem) e concedendo-lhes o pedido de entrar nos porcos (permissão). 1 Co 7:15

eí ó cnucrtoç /MptCetcu, xwpiíéaôo) Se o incrédulo separar, que se separe.

1 Co 7:36

éàv rj ímépaKpoç Kai otkcoç òcjteUet yíveaQai, ô Oé/let troteÍTCo, oúy àpapxávei, yapeíxcooav se tiver passado na flor da idade, e se for necessário, que íaça o que quiser; que se casem.

Cf. também Mt 23:32; 26:45 (possível);100 2 Co 12:16 (possível).101

5.

Imperativo Condicional a.

Definição O imperativo pode, às vezes, ser usado para declarar uma condição (prótase) sobre a qual o cumprimento (apódase) de outros verbos depende. Há pelo menos 20 desses imperativos no NT.102

b. Estrutura e Semântica O imperativo sempre ou quase sempre se acha na construção imperativo + Kaí + futuro indicativo.103 A idéia é "Se X, então Y acontecerá". Há poucas construções em que o verbo, na apódase, seja também imperativo104 ou Ot) litj + subjuntivo,105 embora sejam todos exemplos disputados.

100 yeja Robertson, Grammar, 948. 101 Também poderia ser considerado como um imperativo condicional. 102 Boyer, "Imperatives," 39. 103 Todos os textos incontestáveis descobertos por Boyer envolvem essa construção ("Imperatives", 39). Cf. Jo 1:46; 7:52; etc. para outras referências e discussão, veja D. B. Wallace,"’OpyíCeo0e em Ef 4:26: Ordens e Condições?" CTR 3 (1989) 352-72, especificamente 367-71. (Esse ensaio foi reimpresso em The Best in Theology, vol 4, ed. J. I. Packer [Carol Stream, 111.: Christianity Today, 1990] 57-74. Todas as páginas citadas são as do artigo original da CTR.) 1 E.g., Lc 6:37. Burton, Moods and Tenses, 81 (§183) afirma que nesse texto o "impe­ rativo [está] sugerindo uma hipótese . . ." Em meu estudo anterior sobre imperativos condicionais, eu inadvertidamente ignorei a possibilidade do subjuntivo na apódase (Wallace, "Efésios 4:26").

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

490

Mesmo se essas construções disputadas forem válidas, é significante que em cada uma delas o verbo principal seja semanticamente equivalente a um futuro indicativo. Tomemos Jo 1:46, por exemplo: ç íir e v

aúxcâ

N a 0 a v a f|X

é ic N a í a p è x

ô ú v a x a í

t l

á y a B ò v

elvo t u ;

XéyeL

aèxcô

ó

Q 0269 /■*'13 28 Byz et plu). Outros têm àvéazr] (A K Y 110 220 302 465 474). 12 K tem o aoristo êyuojv em lugar de cyuwKav; semelhantemente, eyvcooav se acha e m C Ü X f / 13 33 429 700 1241. 13 Como contrastado com Àéyet, que parece enfatizar a aplicabilidade imediata da palavra. 14 Féypainm é usado ética e escatologicamente. Ou seja, tanto introduz mandamentos que ainda estão ligados (e.g., Mt 4:4, 7,10; 21:13; Lc 2:23; 19:46; Jo 8:17; At 23:5; 1 Co 1:31; 9:9; 1 Pd 1:16) quanto cumpre a profecia (e.g., Mt 2:5; 11:10; 26:24; Mc 1:2; 9:12; Lc 3:4; At 1:20; 13:33; Rm 9:33;11:26). réypaiTTOu ocorre 67 vezes no NT, 16 destas em Romanos. O uso de yéypaTrtai em Jo 20:31 é um pouco incomum pois não introduz uma citação do AT, mas uma observação conclusiva no Evangelho em si.

577

Tempo perfeito (extensivo)

-► B. Perfeito Extensivo (Consumativo) 1.

Definição O perfeito é aqui usado para enfatizar a ação completa de uma ação passada ou o processo a partir do qual um estado presente emerge. Em português, normalmente, traduz-se pelo pretérito perfeito composto. Esse uso é comum.

2.

Semântica/Chave para a Identificação A ênfase está no evento completo no tempo passado em lugar dos resultados presentes. Como acontece com o perfeito intensivo, isso não significa que a outra "metade" de seu aspecto desapareceu, mas sim que não recebeu a ênfase maior. Por exemplo, evit/epicci "TI ''lhW "TI tpíxq ("ressuscitou ao terceiro dia") em 1 Co 15:4, embora extensiva, a citação ainda envolve implicações correntes para os ouvintes de Paulo. (Muitos perfeitos ainda têm em aberto a interpretação e poderiam ser tratados como intensivo ou extensivo.) Uma chave para identificar é que freqüentemente os verbos transitivos pertencem a essa classe. Presente

Passado



(-

Futuro

------------- )

Quadro 72 A Força do Perfeito Extensivo 3.

Ilustrações

Jo 1:34

èwpaica Kcà p,ep,apTÚpriKa oti om óç koxiv ó éKleKtòç tou 9eoü.15 Tenho visto e testificado que este é o escolhido de Deus A descrição do testemunho de João parece enfatizar mais o evento com­ pleto no passado que os resultados presentes. Em outras palavras, há muita ênfase no que ele tem visto sobre Jesus [ação completa] suficiente para uma narrativa confiável.

At 5 :2 8

Lõoi) TTeiTA,r)pcÓKaTe tqv TepoucaA-qp T q ç ôiõocxíjç úpwv16 eis que, tendes enchido Jerusalém de vossa doutrina

Rm 5 :5

f| à y á i r q

t o u 0 6oO èio cé^ U T C ii kv r a i ç K a p ó u u ç q p w v o amor de Deus tem sido derramado em nossos corações Esse verso está no meio da seção de Rm 5 que trata da obra salvífica de Deus, fundamentando a santificação. A ênfase, levemente, parece estar mais sobre o que a obra final de Cristo realizou na cruz e que se consti­ tui na sólida base para a santificação presente do crente.

Cf. também Mc 5:33; Jo 5:33, 36; 19:22; Rm 16:7; 2 Co 7:3; 2 Tm 4:7; Hb 2:8; 2 Pd 2:21; 1 Jo 1:10; Jd 6. 15 Embora muitos MSS tragam ulóç aqui em lugar de èidlcKTÓç, internamente kKÃeKTÓç é uma leitura superior (embora apoiada só por x e poucas versões). Nem mesmo a leitura afetada como perfeito deve ser tratado. 16 Em lugar do perfeito TreTTÀTpcáKaTe, o aoristo èirA,r|púaon;e é encontrado em ip74 X A 36 94 307 1175 et pauci.

Sintaxe Exegética áo Novo Testamento

578

C. Perfeito Aorístico (Dramático ou Histórico) 1.

Definição O indicativo perfeito raramente é usado de forma retórica para descrever um evento de modo preciso quanto à sua vividez. O perfeito aorístico/dramático é "usado como um simples passado sem se preocupar com conseqü­ ências presentes . . ."17 Nesse caso, ele tem parentesco com o presente histórico. Há apenas um punhado de exemplos dessa categoria no NT apenas em contextos narrati­ vos.18 Assim, esse uso é influenciado por intrusões contextuais (narrativa). A chave para identificar um perfeito dramático é a ausência de qualquer no­ ção de resultados existentes.19

2.

Clarificação Robertson sugeriu que "uma ação completada no passado é concebida em termos do tempo presente por causa da vivacidade" ,20 Sua escassez no NT torna difícil a percepção de sua força. É melhor pensar nele como um per­ feito intensivo extensivo usado em narrativa (i.e., é um uso intensivo do per­ feito extensivo). Quer dizer, ele focaliza tanto o ato que não há nenhum espaço para os resultados. Ele ocorre em contextos onde a pessoa esperaria o aoristo, dando origem à especulação no início do século XX de que o per­ feito foi pobremente compreendido por alguns escritores sobre o NT.21 Passado

Presente

Futuro

• Q u adro 73 A F orça do P erfeito D ram ático

3. At

7 :3 5

Ilustrações io O to v

ô 0 eòç.

. . ã r ía x a X K e v

este [Moisés] Deus . . . enviou

17 Fanning, Verbal Aspect, 301. 18 Isso não significa que ele deve ocorrer somente nos Evangelhos e Atos. Os exemplos em 2 Coríntios, v.g., estão implícitos nas narrativas históricas da carta. 19 Cf. Burton, Moods and Tenses, §80, 88. Burton duvida que qualquer exemplo genuíno realmente ocorra no NT. Veja agora a discussão em Fanning, Verbal Aspect, 299-303. Porter aparentemente não admite exemplos do perfeito aorístico (Verbal Aspect, 264-65). 20 Robertson, Grammar, 896. 21 Cf. discussão em Moulton, Prolegomena, 143-47. O Vidente de Apocalipse está especialmente suscetível a essa instrução (ibid., 145-47).

579

Tempo perfeito (com força presente) 2 C o 1 1 :2 5

x p l ç é p p a (3 ô í.o 0 r|V , cn ra£ è A .i0 á o 0 r | v , T jp lç é w u á Y r | o a ,

kv

TC3 @1)0(3 1T€1TOLriKO£

três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei na voragem do mar22 Paulo não indica nenhuma mudança no referente temporal do aoristo precedente do perfeito. O perfeito parece ser usado com vivacidade, quase como se ele tivesse dizendo: "Eu mesmo gastei um dia e uma noite à toa no mar!". O apoio para a conclusão retórica é sua posição na sentença (vindo em último na frase). Cf. também Mt 13:46; 2 Co 2:13 (narrativa dentro de uma epístola); Ap 5:7; 7:14; 8:5; 19:3.

D. Perfeito com Força Presente 1.

Definição Certos verbos acontecem freqüente ou exclusivamente no tempo perfeito sem a preocupação com o aspecto. Simplesmente são usados como verbos presentes.23 Esse uso é comum. Passado

Presente

Futuro

Quadro 74 O Perfeito com Força Presente 2.

Semântica/Chave para Identificação Tanto na semântica per si como no próprio contexto semântico, esse uso é o fim oposto do perfeito aoristo. A oristo Perfeito

Perfeito Regular

Perf. c / Força Pres.

Passado

Passado Presente I • (— )

Presente

• Intrusão contextu al (narrativa)

Intrusão lexical (ger. estativo)

Quadro 75 Comparação entre Perfeito Aorístico e Perfeito com Força Presente Comparada Olócc é o verbo mais comumente usado nessa categoria. Mas outros verbos parecem também ser usados assim: eaTT|Ka, tTeiroiGa, |ié|iur||i(u. Isso ocorre, pois esses perfeitos têm o mesmo sentido, mas, freqüentemente, são pouco 22 A tradução eu estava à deriva por iTÇTroí.r)KO' é contextualmente condicionado. Com acusativo de tempo, ele pode significar passei, gastei (veja BAGD, s.v. t t o i Í cú, I.l.e.õ. [682]). 23 Deve-se notar que esses perfeitos não são exclusivos ao indicativo ao demonstrarem sua colocação temporal.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

580

distintos entre o ato e seus resultados. São verbos estativos. O resultado de procurar o conhecimento é aprender. Quando alguém se levanta, fica em pé. Quando persuado alguém desejo vê-lo persuadido. Logo, esse uso ocorre especialmente com verbos onde o ato desliza sobre os resultados. São perfeitos consecutivos de um ato que, em si, já ocorreu. Os resultados tornamse o ato. Em suma, é importante lembrar que (1) esse uso sempre é lexicalmente influ­ enciado (i.e., só ocorre com certos verbos); e (2) que um número muito grande de perfeitos deve ser tratado como presentes sem atentarmos para seu as­ pecto. (Olôa representa um quarto de todos os perfeitos do NT!) 3.

Ilustrações

Mc 10:19

xctç cvzo/mc oiõaç sabes os mandamentos

Jo 1:26

péaoç uptòv eaxr)Keu ou òpelç oòk oíõaie24 no meio de vós está um a quem vós não conheceis

At 26:27

TTLaieúetç, PccotÀd) 'AypLTnra, xolç irpoc|)r|Tcaç; oiõa o t l Acreditas, ó rei Agripa, nos profetas? Bem sei que crês.

Hb 6:9

treTreíopeGa irepl ò p t ò v , à Y a T r r | T o í, xó K p e í o o o u a estamos convencidos quanto a vós, amados, das coisas que são melhores

T T io T e ú e iç .

Cf. também Mt 16:28; Mc 5:33; Lc 4:34; 9:27; Jo 3:2; Rm 8:38; 2 Co 2:3; Fm 21; Tg 3:1; 2 Pd 1:12; Ap 19:12.

E. Perfeito Gnômico 1.

Definição Com força gnômica, o tempo perfeito fala de uma ocorrência genérica ou pro­ verbial. A força do aspecto do perfeito fica normalmente intacta, mas agora com valor distributivo, ou seja, algo é pressentido em muitas ocasiões ou por muitos indivíduos. Exemplos nessa categoria são raros.

2. Jo3:18

Ilustrações ô ôè |if| TTioxeúcou pôr) icéicpixai mas o que não crê já está julgado Aqui o perfeito gnômico também é extensivo, pois o sujeito genérico está em vista. Ele é extensivo porque o foco está no ato decisivo do julgamento concluído.

24 Em lugar de eoxriKeu, B L 083 /1 et pauci têm arriei; 6Ícrrf|Kei é a leitura do ?p75 (X G [ambos têm êcmÍKei]) 1071 et pauci. 25 Para discussão, veja Fanning, Verbal Aspect, 304.

Tempo perfeito (futurístico) R m 7:2

581

f] y à p ü iTa vô p o ç y u u r] x w Ç to v x i á v ô p l õéôexca y ó p w è à v õè á n o 9 á v r) ô à v rip , KocTTÍpyr|Tca à u ò xo ü v ó p o u xo b â v ô p ó ç .

Porque a mulher casada está ligada pela lei ao marido enquanto ele viver. Mas se o marido morrer, está livre da lei do marido. O perfeito gnômico nesses exemplos também é intensivo. Cf. também Jo 5:24; 1 Co 7:39; Tg 1:24.

F.

Perfeito Proléptico (Futurístico) 1.

Definição Usa-se o perfeito para expressar estado resultante de uma ação antecedente futura em relação ao momento da fala. (Essa é similar a uma das peculiari­ dades do aoristo proléptico). Esse uso acontece na apódose de uma oração condicional (quer explícita ou implícita) e depende do tempo verbal na prótase. O perfeito proléptico é raro.26

2.

Ilustrações

R m 13:8

ó áycoTcôv xòv exepov vópoy ireirA.ijpoúKev

aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei Tg 2:10

óoxiç yàp óA.ov xòv vópov xqpf|ori ttxoúoti õé kv k v í, yéyovev v 97 evoxoç.

TTávxcov

Porque qualquer que guardar a lei, mas tropeçar em um ponto, tem se tomado culpado de todos os demais. Consideramos esse exemplo como perfeito proléptico, pois a condição (implícita) é equivalente a uma condição futura provável. É, também, possível tratá-lo (bem como todos os demais exemplos) como perfeito gnômico, visto que o pecador é tratado genericamente. 1 Jo

2:5

oç ô’ ctt€TeA.eí(OTca

Mas aquele que guarda sua palavra, nele, verdadeiramente, o amor de Deus é aperfeiçoado. Cf. também Jo 20:23; Rm 14:23.

G. Perfeito Alegórico 1.

Definição Em referências a eventos do AT, o perfeito é tal que o evento é visto em

26 Para discussão, veja BDF, 177 (§344). 27 Em lugar de yéyovev, ¥ traz éaxai.

582

Sintaxe Exegética do Novo Testamento termos alegóricos ou aplicativos. Ele é raro, embora o autor de Hebreus o admire muito. 2.

Clarificação Chamar um perfeito de alegórico necessariamente não significa dizer que o autor bíblico está falando alegoricamente. As vezes, o foco está na importância do paradigma contido no evento do AT. “Como se essa interpretação cristã tomasse a narrativa do AT como 'contemporânea', e dissesse: "tal e tal incidente aconteceu". E, na realidade, uma extensão lógica do perfeito grego usado no evento ainda que relativamente".29

3.

Ilustrações

Jo 6:32

el-rrev ouv aòxolç ó TqooOç ápriv ápqv A.éyco úplv, oí) McjCafjç õéôtòKev ú|iiv xòv apxov 4k xoO oupavoü, àXX’ ó iraxrip pou ôÍõgkjiv òpiv xòv apxov ék xoü oòpavoO xòv áA,r|0ivóv.30 Disse-lhes, pois, Jesus: Na verdade, na verdade vos digo: Moisés não vos tem dado o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu. O uso do pronome da 2- pessoa como objeto direto de ôéôwKev indica que este perfeito é alegórico, em paralelo com o presente (õíõooaiv) na segunda metade do versículo, com o Pai como sujeito.

Hb 7:6

ó õè pr| yeveaÀoyoúpevoç, . . õeôeKáitóKev ’Appaàp Kal xòv ejcovxct xàç knayycXíaç eòA.óyriKev. Mas aquele que não tinha genealogia... recebeu dízimos de Abraão e abençoou aquele que tinha as promessas.

Hb 11:28

TTioxei irenoír|Kev xò xao/a pela fé, celebrou a Páscoa

Cf. também At 7:35 (possível);31 G1 3:18; 4:23; Hb 7:9; 8:5; 11:17.

28 Veja as discussões em BDF, 176 (§342.5); Fanning, Verbal Aspect, 305; e especialmente Moule, Idiom Book, 14-15. 29 Moule, Idiom Book, 15. 30 Em lugar de ôéõuKev, poucos MSS têm o aoristo êôuKev (so B D L W et alii). 31 Conforme Moule, Idiom Book, 14. Temos considerado este anteriormente como perfeito dramático.

583

Tempo mais-que-perfeito: introdução

II. O Tempo Mais-Que-Perfeito Introdução Como foi dito na introdução geral ao perfeito e mais-que-perfeito, em grande parte, tais tempos são idênticos em aspecto, embora diferentes na cronologia. Ou seja, ambos falam do estado resultante de um evento prévio - o perfeito fala de resultados exis­ tentes no presente (com referência ao emissor), o mais-que-perfeito, de resultados existentes no passado (já que esse tempo verbal só ocorre no indicativo). Assim, podese dizer que o mais-que-perfeito combina os aspectos do aoristo (para o evento) com os do imperfeito (para os resultados).32 Falando de outra forma, a força do MQP descreve um evento que, completo no pas­ sado, tem resultados existentes também no passado (em relação ao tempo do enunciador). O mais-que-perfeito não faz nenhum comentário sobre os resultados existen­ tes no tempo da fala. Esses resultados podem existir no tempo da enunciação, ou não. O MQP não extrapola essa função. (Freqüentemente, porém, é possivel verificar, a partir do contexto, se os resultados, de fato, existem ou não no tempo da enunciação.) Passado

Presente

• ( ---------------------- ) Q u adro 76 A F orça do M ais-q u e-p erfeito

Note: O símbolo (------- ) indica os resultados de uma ação. Há somente 86 mais-que-perfeitos simples no NT. Há certo número de construções do mais-que-perfeito perifrástico (i.e., eivmi, no indicativo + particípio perfeito).33

32 Conforme BDF, 177 (§347). 33 Cf., e.g., Mt 9:36; Mc 15:26; Lc 2:26; 4:16; 5:1, 18; 8:2; 15:24; 23:51, 55; Jo 3:24; 12:16; 18:18; 19:41; At 8:16; 13:48; 14:26; 18:25; 22:29; G14:3. O número exato do MQP perifrástico é difícil de analisar porque (1), às vezes, o verbo finito distancia-se do particípio; e (2) um número de particípios perfeitos em tais exemplos poderia ser tratado como particípio adjetival predicativo em lugar de perifrástico. A diferença de sentido impacta a seqüência temporal vista no discurso.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

584

Usos Específicos A. Mais-Que-Perfeito Intensivo (Consecutivo) 1.

Definição Esse uso enfatiza os resultados que existiram no passado. Essa força encontra representação, no português, ao ser, geralmente, traduzido por um pretérito simples. Ele difere, respectivamente, do aoristo e do imperfeito assim: (1) o aoristo não é usado para indicar um estado resultante do evento;34 e (2) difere do imperfeito, pois este descreve o evento, em si, como progressivo. O MQP descreve o estado resultante do evento como algo em continuidade. Esse uso é relativamente comum. Presente

Passado . ( ------------------------- )

Quadro 77 A Força do Mais-que-perfeito Intensivo Similar a outras formas intensivas (e.g., o perfeito intensivo), alguns dos seguintes exemplos parecem pertencer mais ao uso extensivo, visto que a diferença entre os dois reside apenas na ênfase. 2.

Ilustrações

Mt 9:36

íÔwv

ôè toíiç ôxXouç èonÀayxvLaGri irepl aíruQu, otl r\aotv 4aKuA.|iéuoi Kal 4ppi|j.|j,évoL cõael Trpópata pf| exovxa 'noL[aéua. E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. Os particípios perifrásticos são usados para indicar o estado corrente das multidões quando Jesus as viu. Há a possibilidade de que o uso por Mateus desse tempo verbal, especialmente, indique que essa situação desapareceria logo.

Lc4:29

r\yttyov avròe

ew ç

ócjjpúoç

tou

opouç ècj)’ ou q

t o X iç

tÔKOÔÓ|iqTO

ocijtwv

e o levaram até ao cume do monte em que a cidade deles estava edificada Esse é um bom exemplo do que o MQP não declara: comentário sobre o presente (da perspectiva do emissor). Sendo essencialmente um tempo narrativo, o MQP não pode ser empregado aqui para dizer que a cida­ de não estava mais de pé!

34 BDF, 178 (§347).

585

Tempo mais-que-perfeito (extensivo) Jo 6:17

■tpXOVTO trépocv x f] ç 0aÀ.áaor|ç e l ç Kacjrapvaoúp. Kai O K O x ía q5r| êyeyóueL Kai outioo èÀ r)À ú 0 eL iT p ò ç aúiouç ò Tpaoüç35 passaram para o outro lado, rumo a Cafarnaum. Já se fazia escuro, e Jesus ainda não viera ter com eles. O primeiro MQP nesse texto é intensivo (como é evidente pelo f|õr|). O segundo, extensivo (eA,r|A,í>9ei,).

G1 4:3

oxe rjpev viynioi, m rò xà cruoixeia t o O k Óo j io u fjpeGa ôeôoulcopévoi Quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo. Essa construção perifrástica evidentemente é intensiva, mostrando o estado que era simultâneo à afirmação principal (oxe rjpiev vq-irim). Uma implicação a se extrair do contexto (mas não do MQP sozinho) é: a es­ cravidão era passada. Logo, o MQP descreve-se melhor assim, mas lem­ bre que sozinho ele não age assim.

Cf. também Mc 15:7; Lc 4:17; Jo 11:44; At 14:23; 19:32.

^ B. Mais-Que-Perfeito Extensivo (Consumativo) 1.

Definição O Mais-Que-Perfeito enfatiza o cumprimento de uma ação no passado, sem focalizar tanto nos resultados existentes. Geralmente é melhor traduzi-lo como pretérito perfeito. (Alguns exemplos parecem pertencer mais à cate­ goria intensiva). Esse uso é relativamente comum, especialmente no Quar­ to Evangelho.36 Passado

Presente

* ( ---------------------- ) Quadro 78 A Força do Mais-que-perfeito Extensivo 2.

Ilustrações

Mc 15:46

e0r|K6v aúxòv kv purpelu) ô qv A.eÀaTO|j,r||iévov €K uéipaç Ele o depositou em um sepulcro que tinha sido lavrado na rocha

Lc 22:13

enpou Ka0càç eípiÍKei aüiotç Acharam-no como lhes havia sido dito

Jo4:8

ol pa0qial aikoô àueÀr|A,ú0eiaav elç iqu Seus discípulos tinham ido à cidade

ttÓàiu

35 Em lugar de Kai OKOxía f|ôr| èyeyóueL, X D têm Kaxélapev õè aíixoíiç q oKOxía. 36 "João trata, como uma questão de fato, o uso do perfeito passado [mais-que-perfeito] com mais freqüência que os Sinópticos. Ele o usa para levar o leitor 'para trás da cena' e, muitas vezes, o lança de, em certo modo, em parênteses" (Robertson, Grammar, 904-5). Gramáticos mais recentes descreveriam esse uso como um uso do tempo verbal contextualiz ante.

586

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Jo 9:22

tÍõt)

yàp ouvexeGeivio ol JouôcâoL Porquanto já os judeus tinham resolvido

At 8:27

lôoi) Aí9íoi|/ eúvoOxoç . . . éA.r|A.iJ0ei upooKi)vr|aGOV eíç Tepouacdr||i eis que, um etíope, um eunuco . . . viera para adorar em Jerusalém O Mais-Que-Perfeito descreve assim a narrativa: Filipe estava para en­ contrar esse homem que viera e ainda estava lá em Jerusalém.

Cf. também Mc 14:44; Lc 8:2; Jo 1:24; 11:13; At 4:22 (possível); 9:21; 20:38.

C. Mais-Que-Perfeito com uma Simples Força Passada 1.

Definição Certos verbos ocorrem freqüente ou exclusivamente no perfeito ou maisque-perfeito sem nenhuma importância aspectual. OLôa (f|õeit') é o verbo mais usado nessa categoria. Mas outros verbos também são usados desse modo: toippi, etwGa, ueí9a), mxpí arruai.37 Esses são verbos tipicamente estativos. Em todos os casos, o MQP decorre da intrusão lexical. Há exem­ plos comuns no NT (constituindo o grupo mais amplo do MQP). (Veja tra­ tamento na forma similar apresentada no tempo perfeito, "Perfeito com uma Força Presente", para mais discussão). As construções perifrásticas, muitas vezes, são mais similares, na tradução, ao imperfeito do que ao aoristo.

2.

Ilustrações Tyjjiev kakdv xà Saipovia, ou fjõeiaav autov. Ele não deixava os demônios falarem, porque o conheciam.

Mc 1:34

oúk

Mc 10:1

Óç 6ÍÚ061 TOÀIV éÔÍÔaOKCV CtÚtoÚç tomou a ensiná-los, como estava acostumado.

Jo 1:35

r fj

At 1:10

áv5peç õáo xapeiar(|Keiaav aúiotç dois varões se puseram ao lado deles

êiraúpLOv tiúXiv elorf|K6i ó ’Iuávvr|ç Kal (k t ú v |aa0r|T(3v aírrou ôúo No dia seguinte João estava outra vez ali, e dois dos seus discípulos;

At 16:9

ávrp MaKcôúv uç rjv èanóç38 um certo homem da Macedônia estava em pé

Ap 7:11

xávxeç ol aYyeloi ciaTqKeiaav kÚkXu toô Gpóvou Todos os anjos estavam de pé ao redor do trono

Cf. Lc 5r1; Jo 1:33; 5:13; 6:6, 64; 7:37; 18:18; At 23:5.

37 Veja Fanning, Verbal Aspect, 308-9. Ele nota que o MQP de olòa ocorre 32 vezes, de 'íarr)|iL 14, de eícaBa 2, de ireíGo) e irapícrrrip.i 1. 38 O Imperfeito rjv é omitido em D* E 3 90 209* 463 et pauci.

O Infinitivo Bibliografia Selecionada................................................................................................ 588 Introdução.......................................................................................................................... 588 Definição e Características Básicas........................................................................ 588 Estrutura Vs. Semântica? ........................................................................................ 589 Categorias Semânticas.................................................................................................... 590 I. Usos Adverbiais................................................................................................. 590 A. F in al.......................................................................................................... 590 B. Consecutiva............................................................................................. 592 C. Temporal.................................................................................................. 594 1. Antecedente .......................................................................................594 2. Simultâneo.......................................................................................... 595 3. Subseqüente....................................................................................... 596 D. Causai....................................................................................................... 596 E. Meio/Modal............................................................................................. 597 F. Complementar (Suplementar)..............................................................598 II. Usos Substantivados........................................................................................600 A. Sujeito....................................................................................................... 600 B. Objeto Direto........................................................................................... 601 C. Discurso Indireto.................................................................................... 603 D. Apositivo.................................................................................................. 606 E. Epexegético.............................................................................................. 607 III. Usos Independentes.........................................................................................608 A. Imperatival...............................................................................................608 ■|>

B. Absoluto................................................................................................... 608

Categorias Estruturais..................................................................................................... 609 I.

Infinitivo Anarthro............................................................................................ 609 A. Infinitivo Sim ples......................................................................................... 609 B. IIpív (q) + Infinitivo..................................................................................... 609 C. ' Qç + Infinitivo.............................................................................................. 609 D. "Qoxe + Infinitivo..........................................................................................610

II. Infinitivo Articular............................................................................................610 A.

Sem Preposições Dominantes...................................................................610 1.

Infinitivo Nominativo Articular........................................................ 610

2.

Infinitivo Acusativo Articular............................................................ 610 587

588

Sintaxe Exegética do Novo Testamento 3.

Infinitivo Genitivo Articular

610

4.

Infinitivo Dativo Articular...

610

B. Com Preposição Dominante.....

610

1.

Aià xó + Infinitivo...............

610

2.

E lç xó + Infinitivo...............

611

3.

’Eu xtí + Infinitivo..............

611

4.

Mexà xó + Infinitivo...........

611

5.

IIpòç xó + Infinitivo...........

611

6.

Usos Preposicionais Mistos

611

Bibliografia Selecionada BDF, 196-212 (§388-410); J. L. Boyer, "The Classification of Infinitives: A Statistical Study," GTJ 6 (1985) 3-27; Brooks-Winbery, 119-29; Burton, Moods and Tenses, 143-63 (§361-417); Dana-Mantey, 208-20 (§187-94); K. L. McKay, A New Syntax ofthe Verb in New Testament Greek: An Aspectual Approach (New York: Peter Lang, 1994) 55-60; Moule, Idiom Book, 126-29; Moulton, Prolegomena, 202-21; Porter, Idioms, 194-203; Robertson, Grammar, 1051-95; Smyth, Greek Grammar, 411, 437-54 (§1845-49, 1966­ 2038); Turner, Syntax, 134-49; C. W. Votaw, The Use of the Infinitive in Bihlical Greek (Chicago: by the Author, 1896); Young, Intermediate Greek, 165-78; Zerwick, Bihlical Greek, 132-36 (§380-95).

Introdução Definição e Características Básicas O infinitivo é um substantivo verbal indeclinável, uisto que participa de alguns aspectos do verbo e do nome. Como um verbo, tem tempo e voz, mas não pessoa nem modo. Ele pode ter um objeto e ser modificado por advérbios. Seu número sempre é singular. Como os modos oblíquos (i.e., os não-indicativos), o infinitivo normalmente é negado por pq em lugar de ou. Como um nome, é utilizado em muitas das funções do caso (e.g., sujeito, objeto, aposto). Pode funcionar como objeto de uma preposição, ser anarthro ou articular, e ser modificado por um adjetivo. Embora tecnicamente, não tenha gênero, muitas vezes o artigo neutro singular é ligado a eles. Assim, de uma perspectiva estrutural, seria apropriado falar de infinitivos como neutro (tal "gênero" não é, contudo, assunto de estudo em nenhuma classe gramatical).

589

Infinitivo: introdução

O artigo neutro realmente não tem nenhuma outra importância senão a de uma ligação formal (embora o caso do artigo, às vezes, possa ser importante se observar1): o caráter impessoal não deve ser associado ao infinitivo simplesmente porque este usa artigo neutro! O infinitivo freqüentemente ocorre depois de preposições, sendo assim sempre articular. No entanto, seria incorreto atribuir-lhe sempre função substantiva quando isso ocorrer. Pelo contrário: As locuções preposicionais rotineiramente são ligadas aos verbos e, conseqüentemente, são adverbiais por natureza. Quando o infinitivo ocorrer depois de uma preposição, esta combina-se com aquele para expressar uma força adverbial.

Estrutura Vs. Semântica? Nossa primeira abordagem é tratar o infinitivo de acordo com suas categorias se­ mânticas (e.g., final, consecutiva, causai, temporal etc.). Discutir sobre essas catego­ rias ajudará o estudante discriminar suas diferentes nuanças, a fim de que se en­ tenda, de modo geral, o funcionamento do infinitivo. É melhor, porém, não iniciar­ mos essa abordagem com textos. Suponha que você estivesse estudando 1 Tessalonicenses e cruzasse com eíç xò ávauÀripuacn em 1 Ts 2:16. Como abordar esse infinitivo? Conhecer bem suas ca­ tegorias semânticas não limita o campo de sua abordagem. Quais possibilidades normais essa estrutural pode ter? Outra abordagem é necessária. No fim desse capí­ tulo há um esboço das possíveis nuanças semânticas de cada estrutura. Focalizar a estrutura como prioridade é mais útil à pessoa que trabalha com certo texto.2 Começaremos priorizando a semântica do infinitivo, definindo-lhe. Uma vez que dominados os significados básicos, porém, é muito provável que se priorize à es­ trutura ao realizar a exegese.

1 Todavia, mesmo aqui Boyer afirma: (1) visto que muitos infinitivos substantivados são nominativos ou acusativos, o artigo neutro não tem valor no caso de identificação, e (2) O infinitivo genitivo articular "é usado em cada função de caso" (Boyer, "Infinitives," 24-25 [aqui citando 25]). Porém, seu único exemplo de um infinitivo genitivo articular como sujeito (Atos 10:25 ["Infinitives", 4, n. 9]) é melhor tratado como se fosse chamado de tempo simultâneo. 2 Muitas gramáticas que contam o infinitivo pelas categorias estruturais possuiem dois grupos grandes: anarthro e articular. Isto segue o esquema de Votaw. (Ele notou, por exemplo, que há 1.957 infinitivos anarthros e 319 infinitivos articulares no NT [Infinitive in Biblical Greek, 50]; acCordance revelou outros 15 infinitivos, exagerados ou não por Votaw no texto de Westcott-Hort; Boyer, usando o GramcordjacCordance [baseado na UBS3], contou 1977 infinitivos anarthros e 314 deles articulares). Isto é útil, mas não é o bastante. Temos organizado-o de forma diferente. Veja a seção sobre as "Categorias Estruturais".

590

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Categorias Semânticas O infinitivo, como notamos acima, faz parte do substantivo e do verbo, por isso podemos organizá-lo em torno dessas duas partes do discurso. Quando o infinitivo tiver ênfase verbal, é normalmente dependente - i.e., terá uma natureza adverbial. Em raras ocasiões, ele poderá desempenhar a função de um verbo independente. Quando sua ênfase for nominal, sua natureza sera dependente (adjetival) ou independente (substantivado). Veja essa categorização semântica no quadro abaixo. (Porém, por causa da relativa raridade dos usos independentes (verbal e adjetival), seguiremos um padrão diferente de organização.) Verbal (Verbal) Independente

Im peratival

N om inal

(Substantivai) Subjeito, objeto, etc.

Absoluto (Adverbial) D ependente

Final, Consecutiva,

(Adjectival) Epexegético

Causai, Meio, etc.

Quadro 79 O Alcance Semântico do Infinitivo

I. Usos Adverbiais Há seis usos básicos adverbiais do infinitivo: final, consecutivo, temporal, causai, meio, e complementar.

A. Final [para, a f im de que, para que] 1.

Definição O infinitivo é usado para indicar o propósito, o alvo da ação ou estado de seu verbo controlador (ou regente). Ele visualiza o resultado antecipado e pretendido, sendo assim responde a questão "Por quê?". É um dos usos mais comuns do infinitivo.3 Algumas vezes, é difícil distingui-lo uso do consecutivo. Não são poucos textos influenciados por essa decisão.

3 Votaw conta 294 infinitivos finais no NT, 261 dos quais são anarthros (Infinitíve in Biblical Greek, 46-47). O infinitivo simples conta 211 destes. Ele trata os infinitivos regidos por preposições em uma categoria diferente, mas estes também podem indicar propósito (especialmente elç ró + infinitivo).

Infinitivo: adverbial (final) 2.

591

Dicas Estruturais O infinitivo final pode ser expresso por um dos padrões estruturais seguintes: a) Infinitivo Simples (geralmente antecedido por um verbo de moção [intransitivo]) b) t o ü + Infinitivo 4 c) eíç xó + Infinitivo d) irpòç tó + Infinitivo As duas construções seguintes raramente expressam propósito no NT: e) coaxe + Infinitivo ° f) oúç + Infinitivo

3.

Chave para Identificação Embora a simples idéia de finalidade esteja presente em muitos exemplos (que é a tradução mais apropriada), um teste mais adequado é verificar se o infinitivo em questão não se encaixa em outra categoria. Caso você suspeite que esteja diante de um infinitivo final, insira a expressão afim de ou para cjue ou afim de que.

4.

Ilustrações

Mt5:17

pq yopíoqxe otl rjlGov KaxaÀüoca xòv vópov Não penseis que eu vim para destruir a lei Esse texto ilustra também alguns dos aspectos do infinitivo de propósito. Vemos um simples infinitivo antecedido de um verbo de moção intransitivo. Perceba também que é possível expandir a tradução para: ". . . eu vim afim de destruir", sem mudar o significado.

Mt 27:31

áTífjYayoy auxòv eíç m oxaupwaai eles o levaram para crucificá-[lo]6

Jo 1:33

ó TTéjarJrccç pe pociTTÍÇeiv aquele que me enviou para batizar Esse texto ilustra: (1) que o verbo que rege o infinitivo não é,

4 Os 33 exemplos do infinitivo genitivo articular usados como propósito notados por Votaw ocorrem quase que exclusivamente em Mateus, Lucas e Atos (Votaw, lnfinitive in Biblical Greek, 21). 5 Sete dos oito exemplos de coaxe/coç + infinitivo para indicar propósito (Mt 10:1 [bis]: 15:33; 27:1; Lc 9:52 [còç]; 20:20 [coaxe; variante de leitura é elç xó]; At 20:24 [wç]) são disputados por Boyer, "Infinitives," 11-12. Ele crê que estes provavelmente indicam resultado. O único exemplo de woxe + infinitvo com a idéia de propósito, de acordo com Boyer, se encontra em Lc 4:29 (com uma variante de leitura e elç xó). Takamitsu Muraoka, "Purpose or Result? 'Qaxe in Biblical Greek," NovT 15 (1972) 205-19 (esp. 210-11), está aberto à possibilidade de vários outros. 6 O leitor cuidadoso notará o que parece ser uma discrepância no uso de itálicos no grego para preposições e conjunções e palavras em negrito na tradução portuguesa da ACF (como nesses exemplos de Mateus). Na realidade, o elç xó é meramente um auxiliar do infinitivo; o infinitivo axaupcSacti, em si, significa crucificar. Somente quando uma locução prepositiva carregar um significado que não esteja também implicado pelo infinitivo, colocaremos este na tradução, em itálicos, (veja exemplos no infinitivo de tempo).

592

Sintaxe Exegética do Novo Testamento necessariamente, o verbo principal da sentença (nesse caso, há um particípio substantivado); e (2) que a expressão a fim de serve apenas para verificar ser há também a idéia de propósito. No entanto, não ficaria boa a tradução final ("aquele que me enviou a fim de batizar").

Ef 6:11

èuôúoaoGe tqv uavoiTÀLav toú 0eou irpòç fo ôúvaoGoa ópâç aif|vca Revesti-vos de toda a armadura de Deus para que possais resistir firmes

1 Pd 3:7

o l ãvõpeç òpoítoç, a uvo iK o O vTeç Koaà '{ v ã a i v

■ ■ - c í ç rbpq 4yKÓin:eo9ai

m ç Tipooeuyàç qatôv

maridos, semelhantemente, vivei a vida comum [com vossas esposas] de acordo com o conhecimento . . . a fim de que vossas orações não sejam impedidas O que o texto realmente diz; (1) O propósito do entendimento do marido é que suas orações passe do telhado? (2) ou o fato de suas orações passarem do telhado é um resultado de seu entendimento? elç to + infinitivo pode ser usado para propósito ou resultado. Outras considerações exegéticas precisam ser levadas sobre a questão. Cf. também Mt 6:1; Mc 14:55; Lc 4:16, 29; 22:31; Jo 4:9; At 3:2; 7:19 (ou consecutivo), 42; Rm 4:11; 1 Ts 2:12; Tg 3:3.

B. Consecutiva [de modo, resultando em que, como resultado de] 1.

Definição7 O infinitivo consecutivo indica o resultado produzido pelo verbo controlador. Sendo assim ele é semelhante ao infinitivo final, mas o primeiro coloca sua ênfase na intenção (que pode ou não culminar no resultado desejado), enquanto o último coloca a ênfase sobre o efeito (que pode ou não ter sido pretendido). Esse uso é relativamente comum.

2.

Clarificação O infinitivo consecutivo pode ser usado para indicar um resultado real (indicado no contexto como tendo ocorrido)ou natural, (o que pressupostamente ocorre em um tempo subseqüente ao indicado no contexto). Um número de exemplos (especialmente onde o resultado natural está potencialmente em vista) são difíceis de distinguir do infinitivo final, deixando margem para discussão exegética.8 Como um

7 Há realmente dois tipos de infinitivos consecutivos: Um é o real, cronologicamente resultado seqüencial do verbo controlador. O outro é a implicação ou significância que o verbo controlador realmente cumpre (quase uma idéia epexegética, mas não muito semelhante ao infinitivo epexegético. Essa expressão seria "isso é o que o verbo controlador significa" ou "aqui está o que quero dizer quando digo X" [cf. Hb 11:8; Rm 6:12 para exemplos]). 8 Boyer alista Mc 7:4; Lc 1:25; 24:16, 45; At 7:19; 10:47; 15:10; 20:30; Rm 1:24, 28; 11:8 {bis), 10; 2 Co 10:16 (bis); G1 3:10; 1 Ts 3:3; Ap 16:9,19 (Boyer, "Infinitives," 12, n. 25). Isso é só a ponta do iceberg. Ele sugere, o que chamamos de oração iva correspondente, que o infinitivo poderia, às vezes, duplicar a obrigação (ibid., 25).

Infinitivo: adverbial (resultado)

593

guia geral, porém, se houver dúvida, classifique o infinitivo como final (este ocorre cerca de três vezes mais que o consecutivo).9 3.

Dicas Estruturais a) Infinitivo Simples (geralmente antecedido por um verbo de moção [intransitivo]) b) xou + infinitivo c) elç xó + infinitivo 10 d) coaxe + infinitivo (estrutura muito freqüente vista como infinitivo consecutivo)11 e) c jç + infinitivo (raro) f) kv xcO + infinitivo (raro)12 Observe a semelhança dos três primeiros tipos de infinitivo consecutivo com os primeiros do infinitivo final.

4.

Chave para Identificação Diferente do infinitivo final, conjunção "para" é insuficiente em muitos contextos. De fato, será confundido freqüentemente (até causando confusão na tradução). A locução de modo que, resultando em etc. traduzem melhor a força desse infinitivo.13

5. L c 5 :7

Ilustrações enÀr|Gca' ápcjjótepa t à irÀota ofoze puGíÇeoGat aúxá

eles encheram ambos os barcos de modo que começaram a afundar Este texto ilustra a diferença entre consecutivo e final. Os barcos não pretendiam afundar (final). Mas o resultado foi que eles estavam tão cheios de peixes que começaram a afundar. 14 9 Votaw alista 294 infinitivos finais e 96 infinitivos consecutivos (Infinitíve in Biblical Greek, 46-47). Isso não inclui os infinitivos depois de preposições, muitos dos quais podem ser incluídos ou não. 10 Isso é disputado por obras antigas, mas é uma expressão estabelecida tanto no NT quanto na literatura extrabíblica. Veja I. T. Beckwith, "The Articular Infinitíve with elç," JBL 15 (1896) 155-67. 11 Veja Boyer, "Infinitives," 11; Votaw, Infinitíve in Biblical Greek, 14. 12 Hb 3:12 aparentemente é o único exemplo de kv Xfc3 + infinitivo indicando resultado noNT. 13 Por exemplo, no português, de modo que também, às vezes, indica propósito. 14 O exemplo de woxe + infinitivo aqui também ilustra outro aspecto da linguagem (que em certo grau, foi perdido no período helenístico): w[ste + infinitivo no grego clássico indicava resultado natural (um resultado antecipado, não proposto; mas que pode ou não ser desfrutado), enquanto cioxe + indicativo indicava resultado real (um resultado que definitivamente ocorre, embora normalmente não antecipado). No Koinê uoxe + infinitivo faz dupla obrigação, enquanto woxe + indicativo, a construção mais rara, é usada como no grego ático (ela ocorre só duas vezes, no NT, nas orações subordinadas, em Jo 3:16 e G1 2:13).

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

594

xk yàp áópcrca carroü íxttÒ Kiíoeuç KÓopou. . . vooúpeva KaOopcnm.

Rm 1:20

. . elç vò eiv ai aínrouç ávaTTOÀoyf|Touc; porque seus atributos invisíveis desde a criação do mundo... claramente têm sido percebidos . . . resultando em que eles são indescupáveis

1 Co 13:2

kkv exw TT&aca' xx\v ttÍgtiu áíare opq peGiaiávca

se tiver tamanha fé aponto de transportar montanhas

Esse infinitivo seria chamado de um "implicacional", no qual o resultado não é cronologicamente subseqüente ao fato de Paulo ter toda a fé, mas é uma implicação derivada dela. Vários infinitivos finais se encaixam nessa subcategoria. Cf. também Mt 13:32; Mc 1:45; 3:20; Rm 1:24 (talvez final); 7:3; Ef 6:19; 1 Ts 2:16 (ou final); Hb 6:10; 11:8; 1 Pd 3:7 (ou final); Ap 2:20.

C. Tempo Cronológico Esse infitivo indica uma relação temporal entre sua ação e a do verbo controlador. Ele responde a pergunta: "Quando?". Há três tipos, todos cuidadosamente definidos estruturalmente: antecedente, simultâneo e subseqüente. E melhor distingui-los entre si, em lugar de classificá-los meramente de infinitivos "temporais".15 Geralmente, o uso temporal do infinitivo é relativamente comum. Cada subcategoiras deve ser aprendida.16 1.

Antecedente (peià xó + infinitivo) [depois . . . ]

A ação do infinitivo de tempo antecedente ocorre antes da ação do verbo controlador. Sua estrutura é pexà xó + infinitivo e sua melhor tradução é: depois de + um verbo finito apropriado.17 Há confusão em algumas gramáticas sobre a adequada classificação dos infinitivos temporais. E quase comum encontrarmos um infinitivo antecedente tomado como um subseqüente, e vice-versa.18 Essa confusão é lógica, vejamos: Se chamamo-lo de infinitivo antecedente, por que então traduzimo-lo pela locução depois de? Atente para a seguinte frase: "Depois de entrar no barco, esse afundou". O infinitivo explicitamente diz quando a ação do verbo controlador ocorre. Nessa sentença, "ele entrou" é o infinitivo e "afundou" é o verbo principal. O afundar vem depois do entrar, ou o 15 Por conveniência, as dicas estruturais, as chaves para identificação, e todas as ilustrações serão agrupadas, sob cada tipo de infinitivo temporal. 16 O uso do infinitivo simultâneo é, sem dúvida muito comum. O infinitivo antecedente é relativamente raro, por exemplos, mas deveria ser aprendido em conjunto com outros usos (conseqüentemente, todos os três são marcados por memorização). 17 Uma pesquisa no acCordance revelou que os únicos tempos verbais usados nessa construção são aoristos (14 vezes, incluindo uma variante de leitura, em Mc 16:19) e perfeito (uma vez - Hb 10:15). 18 Cf., e.g., Williams, Grammar Notes, 43; Brooks-Winbery, 123-24; Young, Intermediate Greek, 166-67.

595

Infinitivo: adverbial (tempo)

inverso: o entrar vem antes do afundar. Assim, a ação do infinitivo ocorre antes do verbo controlador. Estudantes confundem com freqüência essas idéias. Alguns têm até mesmo perguntado: "Então por que não deveríamos traduzir a sentença como: 'Antes do barco afundar, ele entrou?'". Não fazemos isso porque: (1) o vocábulo antes não encontra-se na sentença; e (2) o verbo não está na locução prepositiva (onde encontramos a palavra depois de).19 Uma dica para lembrarse disso é a frase: D e p o is do infinitivo vem o verbo. Mt 26:32

/jerà ôè rò èyepGfjvaí pe irpoá^co úpâç eiç xfv FaÀtAaíav. E depois de ter sido ressuscitado, irei adiante de vós para Galiléia.

Mc 1:14

/ueràSk rò Trapaôo0f|vai xòv looáuvqu fjAGev ó Tryjoíx; eiç xr|v raA.tA.aiau Ora depois que João foi preso, Jesus veio para Galiléia.

Hb 10:26

qcoixjlcoç

qaapxavóuxwv fyujv jaerà rò Aa(3etv Tqv èrnyvGXJiv xíjç áAq0eí.aç se pecarmos deliberadamente depois de receber o conhecimento da verdade

Cf. também Mc 14:28; Lc 12:5; 22:20; At 1:3; 7:4; 10:41; 15:13; 19:21; 20:1; 1 Co 11:25. 2.

Simultâneo

(kv

xc3 + infinitivo)

[e n q u a n to , à m e d id a q u e , q u a n d o . . . ]

A ação do infinitivo de tempo simultâneo ocorre contemporaneamente à ação do verbo controlador. Sua estrutura é kv ttô + infinitivo.20 Sua tradução em português ocorre pelo uso de enquanto (para o infintivo presente) ou quando (para o infinitivo aoristo) + um verbo finito apropriado.21 Mt 13:4

èp> v á oueípetv cortou a pèv eiteoev uapà xx\v óõóv enquanto semeava, algumas cairam no caminho

Lc 3:21

èu rcô PatmaGíjwu atra via ròu Àaòu quando todos foram batizados

Hb 2:8

èv rcô yàp tmo-uáÇai auxá) tà návm ovôkv ácjrf|Kev porque quando ele sujeitou todas coisas a ele, nada deixou

Cf. também Mc 4:4; Lc 1:8, 21; 11:37; 17:11; 24:51; At 2:1; 8:6; 11:15; Rm 3:4; 1 Co 11:21; Hb 3:15. 19 É um pouco surpreendente encontrar algumas gramáticas confusas sobre esse ponto, visto que reconhecem que o particípio antecedente é traduzido depois de. O problema é levantado, porém, quando definem o tempo do verbo controlador em relação ao infinitivo, em lugar do infinitivo em relação ao verbo controlador ("a ação do verbo ocorre antes da ação expressa pelo infinitivo" [Young, Intermeãiate Greek, 166]). Uma definição assim pressupõe que o verbo controlador é o objeto da preposição! 20 Há, pelo, menos um exemplo no NT de õià xó + infinitivo (Hb 2:15) e uma do infinitivo genitivo articular (At 10:25) de tempo simultâneo. Também, o infinitivo dativo articular em 2 Co 2:13 se encaixaria aqui (ou talvez, causai). 21 Um exame dos dados, no acCordance, não revelou nenhum outro tempo usado como tempo simultâneo. O presente ocorre cerca de três vezes da mesma forma que o aoristo nessa construção. Fora de Lucas-Atos e Hebreus, essa categoria é rara no NT.

596

Sintaxe Exegética do Novo Testamento 3.

Subseqüente (upò toC, npív, ou irpiu r\ + infinitivo)

[a n te s d e . .

.]

A ação do infinitivo de tempo subseqüente ocorre depois da ação do verbo controlador. Sua estrutura é upò to D, upíu, ou upiv fj + infinitivo. A construção que o traduz é: antes de + um verbo finito apropriado. Há confusão em algumas gramáticas sobre a classificação desses infinitivos. E quase comum encontrarmos um infinitivo subseqüente tomado como um antecedente, e vice-versa.22 Expliquemos essa confusão: Se chamamo-lo de infinitivo subseqüente, por que o traduzimos pela expressão: antes de? Atente para a sentença: ''O pássaro já estava morto, antes de apontarmos o estilingue". A oração "ele apontou" é o infinitivo e "(já) estava morto" é o verbo principal. O morrer vem antes do apontar, ou inversamente, o apontar vem depois do morrer. Assim a ação do infinitivo ocorre depois da ação do verbo controlador.23 Mt 6:8

oiôev ó mxqp úpcâv uv x p eía v exexe irpò tou òpâç cárqacu auxóv vosso Pai sabe do que vós necessitais antes de vós pedirdes a ele.

Mc 14:30

Trpiw rfiic, c í v o v ia i, o u x o i iA ol 9co ú e l a i v .

Porque todos quantos são guiados pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus. Esta é uma condicional implícita (sem o "se" formal), não obstante. O

686

Sintaxe Exegética do Novo Testamento inverso pode ou não ser verdadeiro, mas a gramática não nos fala: "Se sois filhos de Deus, sois guiados pelo Espírito de Deus". Se o inverso é verdadeiro, precisa ser estabelecido com outra base, e não com a sintaxe da condicional. O pensamento claro nessa área o capacitará a evitar interpretações falhas das Escrituras em várias passagens. 4.

O Inverso da Condição (Semanticamente) Por inverso da condição, quero dizer o oposto da condicional. O inverso da condicional: "Se A acontece, B acontece" é "Se A não acontece, B (ainda) acontece". O ponto importante para lembrar é: o inverso da condição não é necessariamente falso. A razão para isso é: (1) Nem toda condicional é do tipo causa-efeito, e (2) mesmo entre os tipos causa-efeito, a causa declarada não tem que ser necessária e exclusivamente uma condicional. Quero dizer que, se a condicional não for cumprida, isso não significa necessariamente que a apódase não venha a ser verdade. •

Na declaração: "Se você colocar a mão no fogo, poderá se queimar"; a negação não é necessariamente verdadeira. Ou seja, "se você não colocar sua mão no fogo, você não se queimará", pois bem, você poderia colocar seu pé no fogo (ou a mão no forno etc).

• Ou: "Se eu morrer, minha esposa ganhará R$10.000."Negativa: "Se eu não morrer minha esposa não ganhará R$10.000." (Isso não é necessariamente verdade: ela pode ganhar na loteria...) Biblicamente, considere os seguintes exemplos. 1 Tm 3:1

eí u ç èiU0K0irf|Ç òpéyexai, K a À o u epyou ètuOupeí. Se alguém aspira ao episcopado, excelente obra deseja. Obviamente, isso significa que se alguém não aspira ao episcopado, ele não deseja uma obra excelente.

Tg2:9

ei TTpoawíTOÀr||i7Trflie, àpaptíau êpyáÇeaGe Se vos mostrardes parcialidade, cometeis pecado. E possível, é claro, pecar de outra maneira que não seja por parcialidade.

Rm 10:9

èàu ó|ioA.oyqaflç kv tcâ axópcm aou KÚpiou 'IqaoOu KaituotçÚot|ç év rí) Kapôía oou otl ó Oeòç aircòu fjyeípcu ck yçKptôu, ou8f|oq

Se confessares com a tua boca que Jesus é [o] Senhor e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Uma maneira de ver esse texto é considerando a confissão com a boca como o contexto ou a evidência sobre a qual a inferência "será salvo" está baseada. Mas não é a causa. A causa está na segunda parte da condicional, "Se creres em teu coração...". Não é necessário tratar cada prótase como tendo a mesma relação com a apódase.

Sentenças condicionais: no grego 5.

687

Sumário Se o inverso da condicional não é necessariamente falso e o contrário não é necessariamente verdade, então o que a condicional significa? Vamos colocar isso de outro modo, se a apódase da condicional não é necessariamente em cada caso depende do cumprimento da prótase a fim de ser cumprida, então qual é o propósito de uma oração condicional? A resposta está relacionada à apresentação. Até onde é apresentada, embora, às vezes, a apódose pode ser verdadeira sem que a prótase seja, ou a apódose deve ser verdadeira quando a prótase for. Isso quer dizer que, até onde a descrição diga respeito, se a prótase é cumprida, a apódose será verdade. Como o exemplo da mão no fogo: "Se você pôr sua mão no fogo, você se queimará", aqui você diz que se você cumprir a condicional, a conseqüência é verdadeira. Vejamos o resumo abaixo: a) Declarações condicionais se referem ao retrato da realidade e não à realidade em si. Porém, dentro desses parâmetros, pode-se dizer o seguinte: b) Se A, então B 4 se B, então A (o inverso não é necessariamente verdadeiro). c)

Se A, então B 4 se não-A, então não-B (o inverso não é necessariamente falso).

d) Se A, então B não nega se C então B (condicional não necessariamente exclusiva ou não necessariamente causai).

III. Sentenças Condicionais no Grego (especialmente no NT) Agora que temos de olhar a função lógica das condicionais. Estamos em uma me­ lhor posição de interpretar as várias estruturas condicionais gregas.

A. Modos de Examinar a Idéia Condicional no Grego As condicionais podem ser vistas implicitamente (i.e., sem as marcas estruturais formais) ou explicitamente (i.e., com marcadores estruturais formais). 1.

Implicitamente a.

Particípios Circunstanciais Os particípios circunstanciais podem ser usado para indicar condição.

Hb2:3

ttcôç ppelç èK(j)euçópe0a xr)ÀiKaÚTqç ápelqoauteç aarnipíaç; Como escaparemos nós se negligenciarmos uma tão grande salvação?

688

Sintaxe Exegética do Novo Testamento Particípio Substantivai Não há categoria sintática do "particípio condicional substantivai", mas a noção da condição pode ainda ser implicada dos particípios substantivados. Freqüentemente, ele segue a fórmula ò + particípio + futuro indicativo (veja exemplos abaixo).

Mt 5:6

paKápLOL ol Ttfivuwzeç Kal ÔLiJiwutfç tt]v ôtKatoawqv, OTI aUTOL XopxaaOqaovxai..

Bem-aventurado os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos. Declarado como uma condição explícita: "Bem-aventurado sois se tiverdes fome e sede de justiça, pois serão fartos." Mc 16:16

ó TTiOTeúoaç Kal PairxiaBelç au)8fjaexai

O que crê e for batizado será salvo. Esta é uma parte do final mais longo de Mc, um texto muito provavel­ mente não original (mas ainda valioso na ilustração). Declarado como condicional: "Se creres e fores batizado serás salvo." Este texto pode ilustrar outro ponto sobre as condicionais. Como você deve lembrar, as duas condicionais na prótase não necessariamente têm a mesma relação com a apódase. Uma poderia ser a causa, a outra, a evidência. Se esse for o caso aqui, "se creres" é a causa e o cumprimento da apódase depende dele. "e fores batizado" é a evidência da fé e a apódase não depende dele para o cumprimento. Isso explicaria a sentença seguinte: "o que não crê será condenado". c.

Imperativo O imperativo pode indicar condição.

Jo 2:19

A.úoaxe xòv vaòv xobxov Kal kv xpiolv qpépaiç èyepú ahxóv.

Se destrulrdes este templo, em três dias o edificarei. d. Uma Oração Relativa Esta geralmente envolve um indefinido relativo, mas nem sempre. Mt 5:39

óoxtç oe paTríÇei elç xpu õc^iàv aiayóua aou, oxpétjíov aíittô Kal

xqv aAAqv Se alguém te bater na face direita, dá a ele o outro lado também. 1 Co 7:37

oç òc 'éoxqKev kv xfj Kapôía aúxoü èôpaioç . . . Kalcôç TT0if|O(T. Mas qualquer que (= "se qualquer que") permanecer firme em seu coração .. . bem fará. Uma Questão Em raras ocasiões, uma questão direta pode ser usada com força condicional.

Sentenças condicionais: no grego Mt 26:15

689

u BkXexk poi ôoüvtu, Kayth ligír1 Trapaôcóacj ocírcóv; Os que querem me dar se eu vo-lo entregar? f.

As Semânticas Envolvidas As condicionais implícitas normalmente são equivalentes às condicionais de terceira classe. Essa tem peso exegético em várias passagens.8

2.

Explicitamente Explicitamente, as condicionais expressam-se com o se declarado na prótase. O grego tem duas palavras "se" usadas com freqüência - ei e káv. O resto do capítulo focalizará as condicionais explícitas.

B. Categorias Estruturais das Sentenças Condicionais As sentenças condicionais explícitas seguem quatro padrões estruturais gerais no NT Grego.9 Cada padrão é conhecido como classe. Logo temos: primeira classe, segunda classe, terceira classe e quarta classe. Veja a seção sobre semântica para o significado que cada caso cobre. Tipo

Prótase ("se")

Apódase ("entao")

1- Classe

ei + modo indicativo qualquer tempo (negativo: oú)

qualquer modo qualquer tempo

2- Classe

el + modo indicativo

(av) + indicativo

tempo passado aoristo . . . imperfeito . . . (negativo: pq)

tempo passado .. . aoristo (cronologia passada) . . . imperfeito (cronologia presente)

3a Classe

káv + modo subjuntivo qualquer tempo (negativo: pq)

qualquer modo qualquer tempo

4a Classe

c l + modo optativo presente ou aoristo

av + modo optativo presente ou aoristo

Tabela 12 A E stru tu ra das C ondicion ais

8 Veja discussão nos particípios condicionais no capítulo sobre particípios. 9 Estamos aqui combinando a condicional de terceira com a quinta classe, pois a quinta classe é uma subcategoria da terceira estruturalmente falando. Se fôssemos distingui-las estruturalmente, deveríamos também distinguir os dois tipos de condicional de segunda classe.

690

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

C. Categorias Semânticas das Sentenças Condicionais 1.

Condicional de Primeira Classe (Assumida como Verdadeira por Causa do Argumento) a.

Definição A condicional de primeira classe indica pressuposição da verdade por causa do argumento. A idéia normal, então, é s e - e assumamos que isso seja verdade por causa do argumento - então... Essa classe usa a partícula ei. + indicativo (em qualquer tempo verbal) na prótase. Na apódase, qualquer modo e qualquer tempo verbal. Essa é uma oração condicional freqüente, ocorrendo cerca de 300x no NT.10

b. Amplificação 1) Não " Visto que" Há duas visões que devem ser evitadas no estudo da condicional de primeira classe. Evite dizer muito sobre seu significado. Popularmente, essa condicional é tida como a da realidade ou da verdade. Muitos já ouviram do púlpito: "No grego, essa condicional significa visto que".n Isso não é totalmente verdadeiro: (1) essa visão assume uma correspondência direta entre a linguagem e a realidade, já que o indicativo é o modo do fato. Por outro lado, essa visão é empiricamente falsa, pois as sentenças condicionais: (a) Em só 37% dos exemplos apresentam uma correspondência com a realidade (daí a tradução visto que12), (b) Além disso, há 36 exemplos dessa no NT que não podem ter essa tradução. Isso pode ser visto especialmente com as declarações condicionais.13 Note as seguintes ilustrações.

10 Boyer ("First Class Conditions," 76-77, n. 5) tenta contar 306 condicionais de primeira classe, embora cautelosamente note que uma contagem precisa é difícil, pois "algumas misturam-se (parte da primeira e da segunda classes); algumas são incompletas (onde a prótase ou apodáse não são expressas); e algumas são incertas (onde o verbo não é expresso).'' 1 Gramáticos como Gildersleeve, Roberts, Robertson, BDF, etc., têm examinado as condicionais à luz do modo usado e afirmam que o indicativo em condicionais de primeira classe é significante. Mas a linguagem deles têm sido mal entendida: "pressuposição da verdade" tem sido interpretado como "verdade". 12 Mostraremos que a condicional de primeira classse nunca deveria ser traduzida como visto que (veja a terceira seção, "Pressuposição da Verdade por causa do argumento"). 13 Para uma discussão detalhada desses pontos, veja Boyer, "First Class Conditions," especialmente 76-80.

Sentenças condicionais (primeira classe)

691

Mt 12:27-28 ei. kyò kv BeeÀÇePoi)A. eKpáA.A.ü) za õoapóvux, ol ulol òpcâv kv ~Lvi ètcpá/UouGin; . . . (28) ei ôè kv iTveú|i ev BeeÀÇePouA. êKpáÀÀco xà ôca|jxma, ol uiol úptòu kv xLvi èKpáÀA.ouoLu; . . . (28) eí õè kv iTueúpaxi 0eot> èyw CKpáÂÀu xà õca|iótaa, apa ecj)0aaev ècp’ úpâç f) PaaiÀeía xou 0eoü. Se eu expulso demônios por Belzebú, por que expulsam vossos filhos? . . . (28) Mas se eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, então é chegado o reino de Deus. Já vimos com esta parelha de versos que a partícula não pode ser consistentemente traduzida por visto que. Mas tratá-la como se fosse uma simples condição não é suficiente. A força é "Se - e assumamos que seja verdadeiro por causa do argumento - eu expulso demônios por Belzebú, então por quem vossos filhos os expulsam? . . . Mas se - assumindo por outra razão que torne isso verdadeiro - eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, então o reino de Deus é chegado". Com isso, temos um resultado satisfatório para as duas metades. Mt5:30

el f| ôeÇux aou xelp OKauõaÀÍÇei ae, ancorou aúxqv Kal páÀe cnrò aoô Se tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti! Jesus vez após vez lançou um número de desafios à ortodoxia judaica da época, como aqueles que escravizam as pessoas. Lendo o texto à luz daquilo que motiva a força seguinte: "Se - assumamos que isso seja verdade por causa do argumento - tua mão direita te faz tropeçar, então cortá-a e lança fora de ti!" Alinha seguinte somente reforça a interpretação ("Por isso é melhor que um dos seus membros pereça que seu corpo inteiro seja lançado no inferno"). Assim, Jesus traz a visão dos fariseus à sua conclusão lógica. E como se ele dissesse: "Se você realmente crê que a raiz do pecado está na anatomia, então comece cortando algumas partes do corpo! Afinal de contas, não seria melhor ser chamado de 'maneta' no céu que fritar no inferno de corpo inteiro?" A condicional tem um poder provocativo visto nessa exposição. Ele tenta fazer com que os seus ouvintes analisem com cuidado a inconsistência de suas próprias posições. Não são as mãos e os pés que fazem as pessoas pecarem, mas o coração.

Lc4:3

eim v aúxcô ó ôi,áfSoA.oç el ulòç el xoô 0eoô, eLuè xú Àú0co xoúxco Iv a yévrixai ãpxoç. Disse-lhe o diabo: Se és o Filho de Deus, dize a estas pedras que se transformem em pães. A força disto é "Se - e assumamos que seja verdade por causa do argumento - tu és Filho Deus, dize a estas pedra que se transformem em pães."

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

694 1 Ts 4:14

eí yàp TTLatfúo|ifi/ o tl TqaoOç àuéQavcv Kai àuéarq, oÍjtioç Kai ò Qeòç toiiç KOL(ir|0f:yTaç õ ià toCi ’Ir|ooíj a£et, o b v a m Q .

Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus trará em sua companhia aqueles que dormiram através dele. Muitas traduções mordemas inglesas traduziram ei como visto. Embora certamente é fato que Paulo admitiu isso como verdade, traduzimos se por visto que, mantém os ouvintes à distância. A sentença se torna uma palestra no lugar de um diálogo. Traduzindo como se, os ouvintes são levados para dentro do argumento da apódose. As suas reações seriam algo como: "Você está perguntando se nós acreditamos que Jesus morreu e subiu novamente? Claro que nós acreditamos nisso! Você quer dizer que isso indica que o morto em Cristo não perderá o arrebatamento?". Em tais exemplos a dúvida não está na prótase, mas na apódose. (Além disso, dizer que a conexão é meramente lógica não faz jus ao texto.) Geralmente, o emissor atrai o seu ouvinte por uma conexão, baseando seu argumento no que ambos já admitiram como verdade. Esses exemplos possuem importância exegética. Cf., e.g., Rm3:29, 30; 5:17; 2 Co 5:17; G1 3:29; 4:7; 2 Tm 2:11; Fm 17; Hb 2:2-3; 1 Pd 1:17; 2:2-3; 2 Pd 2:4-9; 1 Jo 4:11; Ap 13:9; 20:15. Rm 8:9

òpelç ôè o u k koxk kv oapKl ÂXXh kv irvcupatL, eiirep irveüpa 0covi I k CL kv ò|ilu. Mas não estais na carne, mas no Espírito, se de fato o Espírito de Deus habita em vós. Aqui a partícula condicional é semelhante a ei, fortalecendo a força ascensiva. Isto se parece muito com 1 Ts 4:14 - i.e., é muito parecido com uma condicional "responsiva". Os ouvintes provavelmente responderia assim: "Se o Espírito de Deus habita em nós? Clara que sim! Isso significa que não estamos na carne, mas no Espírito? Formidável!"

o

Cf. também Mc 14:29; Lc 4:9; 6:32; 19:8; Jo 10:24; 18:23; At 5:39; 16:15; 25:5; Rm 2:17; 4:2; 6:5; 7:16, 20;2Co 3:7, 8; 11:15; G1 2:18; 5:18; Fp 2:17; Cl 3:1; 1 Tm 5:8; Flb 12:8; Tg 4:11; 2 Jo 10; Ap 14:9.21 2.

Condicionais de Segunda Classe (Contrário ao Fato) a.

Definição Esta condicional indica a suposição de uma inverdade (por força do argumentoJ.22 Daí é chamada de condição "contrária ao fato" (ou irreal). Poderia melhor chamá-la de pressuposição contrária ao fato, porém, visto que, algumas vezes, apresenta condição que é verdade, ainda que o emissor a pressuponha como não verdadeira (e.g, Lc 7.39). Na prótase, a estrutura é el + indicativo em um tempo secundário (geralmente aoristo ou imperfeito). A apódase geralmente tem a v (mas alguns exemplos não possuem a partícula),23 e o tempo verbal secundário no indicativo. Há cerca de 50 exemplos da condicional de segunda classe no NT.24

21 Para uma lista completa, com grego e textos em inglês, veja Boyer, "First Class Conditions," 83-114.

Sentenças condicionais (segunda classe)

695

b. Amplificação: Passado e Presente Contrário ao Fato Há dois tipos de condicionais de segundS’classe: presente contrário ao fato e passado contrário ao fato.25 A primeira condicional usa o imperfeito na prótase e na apódase.26 Ela se refere a algo que não é verdadeiro no presente (a partir da descrição do emissor). Uma tradução típica seria: Se Xfosse ... então Y seria (como em "Se você fosse uma boa pessoa, então não estaria aqui agora mesmo"). A segunda usa o aoristo na protáse e na apódase. Essa se refere a algo não verdadeiro no passado (a partir da descrição do emissor). Uma tradução típica seria: Se X tivesse acontecido . . . então Y teria acontecido (como "Se você estivesse aqui ontem, teria visto um grande jogo"). c. Lc 7:39

Ilustrações o u to ç

e í.

fju

TTpopf|ar)T€, usado por um dono ao referir-se ao cachorro antes do mesmo latir, e no parágrafo 21A: gr] OopuPelrc, depois que o animal havia latido.3 Em outras palavras, um inglês aprendendo grego moderno notou que o aoristo em proibições significava não começar, enquanto o presente, parar de fazer. Ele

1 Este capítulo focaliza a combinação tempo-modo usada em ordens e proibições. Ele não fala da modalidade em qualquer detalhe. Par uma discussão, veja o capítulo "Os Modos".

Orações volitivas: introdução

715

olhou rapidamente em sua cópia de Platão e achou que a mesma distinção era verdadeira no grego clássico. Essa visão foi divulgada dois anos mais tarde nas Prolegomena de Moulton,4 onde o mesmo fala do aoristo como proibindo uma ação não começada ainda e o presente, uma ação em progresso. De lá para cá, essa visão de "já/ainda não" nas proibições presente e aorista encontrou abrigo nas gramáticas do grego NT por várias décadas seguintes e expandiu-se por analogia para as ordens positivas.5 De lá até recentemente, essa visão foi a hipótese aceita como o significado essencial das proibições no NT Grego.

B. A Correção de McKay e Outros Em 1985, K. L. McKay desafiou essa visão em seu importante ensaio: "Aspect in Imperatival Constructions in New Testament Greekf'.6 Ele argumentou que "parece axiomático que o sistema aspectual encontrado no imperativo e nos usos das ordens com subjuntivo sejam essencialmente os mesmos que se acham no indicativo...".7 Qual é esse sistema aspectual encontrado no indicativo?". A diferença entre os aspectos aoristo e imperfeito [incluindo presente e imperfeito] é que o último representa uma atividade como processo contínuo, com o foco 2 "Prohibitions in Greek," Classical Review 18 (1904) 262-63. A sugestão encontrada aqui já tinha sido comunicada por Jackson a Walter Headlam, que o notou ao passar pelo ensaio anterior ("Some Passages of Aeschylus and Others," in Classical Review 17 [1903] 295, n. 1). A fonte de Jackson foi mal entendida, provocando a explicação de Jackson em Classical Review 18. No ano seguinte, Headlam expandiu sobre o tópico mais complementarmente ("Greek Prohibitions", Classical Review 19 [1905] 30-36). Mas Headlam e Jackson não foram os primeiros a sugerirem tais diferenças entre o aoristo e o presente em proibições. Com Headlam nota em seu primeiro ensaio, Gottfried Hermann tinha feito, bem perto do século passado, a observação que deveria ter se tornado popular (em seu Opuscula [Lipsiae: G. Fleischer, 1827] 1.269), embora ele leve Headlam e Jackson a ressuscitar a noção e colocá-la em moldes ingleses. (Por causa da precisão histórica, seria notado que Jackson não pegou a idéia de Hermann, embora Hermann tivesse sugerido antes de Jackson). Ironicamente, o protesto de H. D. Naylor ("Prohibitions in Greek," Classical Review 19 [1905] 26-30) - cujas visões foram mais moderadas - foi descuidado. 3 Jackson, "Prohibitions in Greek," 263. 4 Moulton, Prolegomena (primeira edição de 1906) 122. A menos que sejam específicas, todas as outras referências à Prolegomena neste livro são da terceira edição (1908). 5 Dana-Mantey são representativos. Eles dão como sua definição básica para cada uso do tempo o seguinte: "(1) Assim uma proibição expressa com o tempo presente exige a cessação de algum ato que já está em progresso" 301-2); "(2) Uma proibição expressa no tempo aoristo é um aviso ou exortação contra o fazer uma coisa ainda não-começada" (302). Similares são Brooks e Winbery, 116; Chamberlain, Exegetical Grammar, 86. Robertson, também, recomenda o cânon de Moulton sobre uma página, mas retrata para três mais sobre exceções (Grammar, 851-854). Para tramentos semelhantes, cf. also Turner, Syntax, 76-77; H. P. V. Nunn, A Short Syntax ofNew Testament Greek, 5th ed. (Cambridge: University Press, 1938) 84-86. 6 NovT 27 (1985) 201-26. 7 Ibid., 203.

Sintaxe Exegética do Novo Testamento

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no seu progresso ou desenvolvimento".8 McKay então produz numerosos exemplos que extrapolaram que "no imperativo a diferença essencial entre o aoristo e o imperfeito é que o primeiro afirma uma atividade como a ação inteira e o último afirma-o como estando em processo."9 O ter ou não começado é algo que não parte da ontologia do imperativo. Este entendimento mais básico do imperativo pavimentou o caminho para outros.10 Em rápida sucessão, as obras de James L. Boyer, Stanley E. Porter e Buist M. Fanning defenderam essencialmente o mesmo ponto que McKay. A visão tradicional tem se mostrado falha. No entanto, obras gramaticais mais antigas (antes de 1985), que têm muito material proveitoso, precisam ser usadas com cautela quando tratarem sobre ordens e proibições.11

C. Uma Crítica da Visão Tradicional Os problemas com a visão tradicional são os seguintes. Primeiro, isso não foi baseado no grego helenístico. Uma dica do grego moderno foi rapidamente tida como válida em um texto (!) no grego clássico. Depois, empurrado sobre vários textos no NT. Esta é uma abordagem diacrônica da língua do pior tipo, pois é anacrônica desde seu ponto de partida. Segundo, como McKay apontou, a visão tradicional não abordou o imperativo da estrutura mais ampla do significado do tempo verbal não-afetado. Ele isolou imperativos indicativos, infinitivos, particípios etc. como se as idéias básicas sobre os tempos verbais precisassem ser suspensas nesse caso. Pressupõe-se que os imperativos, por sua natureza, eram exceções à regra.12 Terceiro, o problema fundamental está com a abordagem tradicional sobre as diferenças essenciais entre aoristo e presente. Uma hipótese mal baseada foi promovida à regra. Quando certas passagens não se encaixam na visão, foram ignoradas, abusadas ou, convenientemente, chamadas de exceções. Quarta, como o ditado diz: "O gosto da comida está no tamanho da fome". Os resultados da abordagem tradicional são quase cômicos. A literatura exegética e expositiva nas várias décadas passadas está cheia de declarações que são menos que toleráveis. Aplicando o cânon tradicional à Ef 5:18 resulta em: "Parem de estar embriagados com vinho, mas continuem ser cheios com o Espírito" (jur/ 8 Ibid., 203-4. 9 Ibid., 206-7. 10 McKay não foi o primeiro a romper com a idéia de Jackson-Moulton. J. P. Louw, "On Greek Prohibitions," Acta Classica 2 (1959) 43-57, tinha defendido uma visão similar. Deve-se dá crédito a McKay por fazer disso uma abordagem lingüística bem fundamentada e atrair à atenção dos estudantes do NT. 11 Por essa razão, nossa bibliografia inclui somente dois itens antes de 1985. 12 Como vimos, uma inconsistência semelhante tem influenciado à escolha de Goodwin com respeito às orações condicionais. 13 Veja nossa discussão de significado afetado vs. Não-afetado na introdução sobre tempos verbais e sobre o tempo presente.

Orações volitivas: introdução

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irÀrjpoDade). Sobre essa visão, pode-se perguntar: "Por que parar de se embebedar se isso não impede alguém de está cheio do Espírito? Além disso, se Efésios é uma carta circular, por que os julgamentos são específicos nela? Note, por exemplo: "Parem de provocar seus filhos à ira" (|if| TrapopyíÇf te em 6:4); "Parem de entristecer o Espírito Santo" (pi) Àvneívc em 4:30); "Parem de ser tolos" (jjrj YÍucaOc em 5:17).14 Ou considere Jo 5:8: "Toma [aoristo: ápov] teu leito e continua andando [presente: TT€pLTráveL\.” Mas como o aleijado continuaria andando se há trinta e oito anos ele não fazia?15

pcdúoK Code,

Em suma, a força básica do aoristo em ordens/proibições é: ver a ação como um todo, enquanto a força básica do presente em ordens/proibições, ver a ação como em processo. Isso pode, naturalmente, ser dado em certo contexto a fim de se encaixar, por assim dizer, a uma idéia ingressiva do aoristo. Desse modo, se as condicionais estiverem corretas, o aoristo de proibição pode bem ter a força do: "Não comece". Esse é um significado afetado ou uso específico. Chamar isso de idéia essencial não é correto.

14 Veja em particular Kenneth Wuest. Word Studies in the Greek New Testament, para exemplos de uma aderência servil a esse cânon. 15 Outros textos são igualmente absurdos, se o cânon tradicional for seguido. Os seguintes exemplos incluem traduções que são patentemente ridículas. Para o presente, note, e.g., Mt 4:10 ("Continue a ir, Satanás"); 5:44 ("Continue a amar vossos inimigos" [quando o ouvinte não havia ainda começado]); Mt 7:23 ("Continue a se apartar de mim"); Mc 5:41 ("Continue a levantar"); 7:10 ("aquele que fala mal de seu pai ou de sua mãe continue a morrer"); Lc 8:39 ("Continue a voltar para tua casa"); Jo 10:37 ("Se eu não fizer as obras do Pai, pare de crer em mim"); 19:21 ("Pare de escrever" os título da placa dado a Jesus - v. 19 declara que isso já era um ato completo). Para o aoristo, note, e.g.,Mc 9:43 ("Se tua mão te faz tropeçar, começa tu a cortá-la"); Lc 11:4 ("Comece a perdoar-nos os nossos pecados"); Jo 3:7 ("não comece a se admirar" [Nicodemos já estava se admirando]); Hb 3:8 ("não comecem a endurecer os vossos corações" [os corações deles já estavam se calcificando]). Freqüentemente o aoristo é usado para uma ação que ainda não tem ocorrido, mas o todo é exortado (e.g., o expulsar os demônios por Jesus, "Sai dele" em Mc 9:25; cf. Mc 9:22, 47; 10:37, 47; 14:6; Lc 3:11; 4:9, 35; 7:7; 11:5; Jo 4:7, 16; 10:24; 11:44).

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Usos Específicos I. Ordens Ordens são normalmente expressas em um dos três tempos verbais gregos (cada um tendo nuança diferente): futuro, aoristo e presente16

A. Indicativo Futuro (Indicativo Exortativo, Imperativo Futuro) O indicativo futuro é usado, às vezes, para uma ordem, quase sempre em citações do AT (devido à tradução literal do hebraico).17 Porém, foi usado até no grego clássico, embora não muito freqüente. Fora de Mateus, esse uso é incomum.18 A sua força é muito enfática, de acordo com a natureza combinada do indicativo e tempo verbal futuro. Ele tende a ter uma força universal, atemporal ou solene. (Mas novamente, isso se deve amplamente às citações do AT na literatura legal). "Não é um imperativo moderado ou polido. A predição pode implicitamente ser irresistível ou indiferentemente fria, compulsão ou concessão".19 M t4:10

KÚpiov tÒv Qcóv oou irpooKUViíoeiç Kal aurcâ póva) Àaxpeúaeiç. Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele darás culto.

16 O imperativo perfeito ocorre raramente no NT. Cf. Mc 4:39 (irejHiiwao); At 15:29 (eppcooGc); 23:30 (eppcocsGe [v.l., encontrada em P 1241], cppuoo [v.L, encontrada em X Byz et plu]m , a falta de um "adeus", embora a leitura de alguns poucos MSS [A B 33 et pauci], seja obviamente superior, visto que as variantes de leitura são previsíveis nesse contexto]); Ef 5:5; Hb 12:17; Tg 1:19. Nesses últimos três textos, lo te poderia ser imperativo ou indicativo perfeito ativo. Mesmo com tais exemplos, nem todos são imperativo de ordens (note os exemplos em At). O imperativo perfeito também é raro na LXX, ocorrendo somente vinte vezes (cf. 2 Mac 9:20; 11:21, 28, 33; 3 Mac 7:9 [todos têm cppwoGe]; e 15 outros imperativos perfeitos, tais como KÉKpaíjov em Jr 22:20; 31:20; 40:3 [33:3], No último texto, ele funciona como um imperativo condicional: "Clama a mim e eu te responderei"). Em adição, há outras maneiras de expressar uma ordem no grego: iva imperativo, infinitivo imperativo e particípio imperativo. Todos estes são raros no NT. Assim também, ordens indiretas são encontradas em outras construções, tais como infinitivos complementares com verbo de desejo e exortação (como em "eu quero te conhecer"), os particípios de circunstância atendente com imperativos, optativo de desejo alcançável, e várias construções do discurso indireto depois de verbos de exortação. Para discussão de todos esses fenômenos, veja as respectivas seções morfossintáticas em todo esta gramática. 17 Veja também o capítulo sobre o tempo futuro para uma discussão. Essa seção simplesmente duplica os pontos principais do material relevante nesse capítulo, por conveniência. 18 Para uma discussão sucinta, veja BDF, 183 (§362). 19 Gildersleeve, Classical Greek, 1.116 (§269).

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Orações volitivas: ordens (aoristo) Mt 22:37

áyairnoeiç KÚpiov tò v 0cóv aou kv oLt) irj Kapòía oou

kk I

(V ôÁ.r|xfj

oou Kal kv 0À13 tf) ô ia u o ía oou

Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. 1 Pd 1:16

ayioi êoeoGe, o ti èyd) ayióç eipi20 Sereis santos, porque eu sou santo.

Cf. também Mt 5:33, 48; 22:39; Mc 9:35; G1 5:14.

B. Imperativo Aoristo A idéia básica do imperativo aoristo é uma ordem em que a ação é vista como um todo, sem considerar o foco interno da ação. Isso ocorre em vários contextos onde seu significado tenha sido afetado especialmente por aspectos éticos ou contextuais. Conseqüentemente, muitos imperativos aoristos podem ser colocados em uma ou duas categorias amplas: ingressivo ou constativo. Em adição, o aoristo é usado com muita freqüência para uma ordem específica, em lugar de um preceito geral (normalmente o domínio do presente). Assim, “em preceitos gerais .. . com respeito a atitudes e conduta há uma preferência para o presente, com ordens relacionadas à conduta em casos específicos (menos freqüentes no NT) para o aoristo".21 Por que o aoristo é separado para ordens específicas? "Uma ordem específica normalmente vê a ação como um todo único ou em sua inteireza, por isso é natural encontrar o aoristo".22 1.

Ingressivo Essa é uma ordem para começar uma ação. E um uso comum. A ênfase está sobre a urgência da ação. Isso pode ser dividido em duas subcategorias. a. Ato Momentâneo ou Singular Aqui uma situação específica geralmente está em vista, em lugar de um preceito geral.

20 TéveoBe é encontrado em lugar de ecseaOe em K P 049 1 1241 1739 et alii; yíveaOe é o verbo de escolha em L Byz et alii. 21 BDF, 172 (§335). Cf. também Fanning, Verbal Aspect, 327-35. 22 Fanning, Verbal Aspect, 329. Fanning apresenta uma tabela mostrando o uso dos tempos verbais em quinze livros do NT (Lucas, Atos até Tt, Tiago e 1 Pedro). De forma geral, as estatísticas são as seguintes: 449 presentes e 145 aoristos (3 para 1 média); para ordens específicas: 280 aoristos e 86 presentes (3,3 para 1). Assim, essa regra é meramente um guia, embora as exceções realmente caem nos padrões definíveis (ibid., 332).

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Sintaxe Exegética do Novo Testamento

Mc 9:25

eyct) êtTixáooü) ooi, e^elQe k£ ca>xoú eu te ordeno, saia dele!

Jo 19:6

oxaúpwaov oxaúpwoov23 Crucifica[-o], Crucifica[-o]! A ênfase está na urgência da ação e é vista como um evento único, ou seja, a parte que outros executam ao crucificar um homem é um evento único, enquanto seu tempo pendura na cruz é durativo.

Mt 6:11

Tòu a pxou furtou xòv èirioúoiov ôòç qpivarpepou. O pão nosso de cada dia dai-nos hoje. Esse é tanto urgente quanto momentâneo. O aoristo é o tempo comumente usado em orações e petições.24 b.

Ingressivo Puro A ênfase está no começo de uma ação em que o contexto geralmente deixa claro não ser uma ação momentânea.

Rm 6:13

pr|õè iTapioxávçxe xà péXr| úptòu oiTÀa áÔLKtaç irjàpapxía, àXXà iTapaaxiíaaxe èauxouç xtò 9eô Não apresenteis [presente] vossos membros como instrumentos de injustiça ao pecado, mas apresentai [aoristo] vós mesmos a Deus.

Fp 4:5

xò eTneiKtç úpcâv YUO)a0f|XM toolv àu0pwTtOLç. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens.

Tg 1:2

1\àaav ~/aphv fjyr|oceo0e, àõelcjjoí. pou, oxau TrcipaapolçiTepiiTÉor|xe TTOLKLÀOIÇ Considerai tudo como motivo de alegria, meus irmãos, quando passardes por várias provações.. . . A idéia aqui parece ser: "Comece a considerar. . . ."

2.

Constativo Essa é uma ordem solene ou categórica. A ênfase não está no "comece uma ação", nem "continue a agir". A ênfase, porém, está na solenidade e urgência da ação. Assim, "Eu solenemente conjuro-te a agir e faço-o agora!". Esse é o uso do aoristo em preceitos gerais. Embora o mesmo esteja aqui transgredindo o papel do tempo presente, ele acrescenta certo gosto. É como se o autor dissesse: "Faça disso sua prioridade número um". Como tal, o aoristo é freqüentemente usado para ordenar uma ação que está em estado de processo. Nesse caso, tanto a solenidade quanto a urgência destacada são sua força.25

Jo 15:4

peíuaxe èv êpoí, kít/w kv ípiv. Permanecei em mim, e eu em vós.

23 O segundo imperativo é omitido em ?P66* 1010 et pauci. 24 Os paralelos em Lucas têm o presente õíõou. 25 ’ A diferença entre o indicativo aoristo e futuro é tal em preceitos gerais que parece ser que a urgência é usada com o aoristo enquanto o indicativo futuro não enfatiza tal elemento.

Orações volitivas: ordens (presente)

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Obviamente a ordem não é ingressiva: "Comece a permanecer em mim". Nem é momentânea e específica. Esse é um preceito geral, mas a força do aoristo está na urgência e prioridade. 1 Co 6:20

f)vopáa0r|Te TLpfjç õo^áoocte õf| ròu Oeòu kv tô aoópaii v p ú u . fostes comprados por um preço. Portanto, glorificai a Deus em vossos corpos.

2 Tm 4:2

Krjpu^ou zòv Àóyou Prega a palavra! A idéia aqui dificilmente seria: "Comece a pregar a palavra", mas "eu solenemente convoco-te a pregar a palavra. Faça essa sua prioridade!" (Como o contexto seguinte claramente indica). Em sumário sobre o imperativo aoristo constativo, pode ser dito como uma regra geral que essa ordem nada fala sobre o começar ou continuar uma ação. Ele basicamente tem a força de: "fazer de algo sua prioridade número um". Nosso conhecimento sobre o autor e o contexto nos ajudará a ver se os ouvintes têm feito qualquer prioridade quanto a isso, ou se eles o têm negligenciado completamente.

C. Imperativo Presente O imperativo presente olha a ação de um ponto de vista interno. E usado, em grande parte, para preceitos gerais, i.e., hábitos que caracterizariam a atitude e comportamento de alguém, e não de situações específicas.26 A ação pode ou não já ter começado. Pode ser progressivo, iterativo ou costumeiro. Às vezes, o tempo presente também é usado para ordens específicas. Em contextos assim, ele será geralmente ingressivo-progressivo. 1.

Ingressivo-Progressivo A força aqui é começar e continuar a. Ele é diferente do aoristo ingressivo puro em que se enfatiza tanto a incepção quanto o progresso de uma ação ordenada, enquanto o imperativo aoristo ingressivo puro enfatiza somente a incepção, não fazendo comentário sobre o progresso da ação.

Mt 8:22

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