Glendon Grober - Doutrina Bíblica da Igreja.pdf

July 19, 2019 | Author: José de Oliveira | Category: Batismo, Igreja cristã, Jesus, Santo, Novo Testamento
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Doutrina Bíblica da Igreja 5ª EDIÇÃO

Glendon Grober

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Todos os direitos reservados. Copyright © 1984 da JUERP

Anteriormente publicado publicado sob o título: Cristo, Sim, Igreja, Sim.

260.01 Gro-Cri

Grober, Glendon A doutrina bíblica da Igreja. 5ª edição. Rio de Janeiro, Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1987. 58 p. 1. Igreja — Doutrina da 2. Novo Testamento — Igreja — Doutrina da 3. Eclesiologia Batista l. Titulo. CDD - 260.01

Capa de Raphael

3.000/1987

Nº de Código para Pedidos: 22.232 Junta de Educação Religiosa e Publicações da Convenção Batista Brasileira Caixa Postal 320 20.001 — Rio de Janeiro, RJ, Brasil

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SUMÁRIO 1. Cristo, Sim, — Igreja, Sim ........................................... .............................................................. .......................................6 ....................6 2. Você Sabe o Significado de Eclesiologia?...................... Eclesiol ogia?.......................................... .....................................8 .................8 3. A Igreja — Corpo que Cresce .................... ... ..................................... .......................................... ...................................11 .............11 4. A Igreja — A Família de Deus .............................................. ................................................................. .............................15 ..........15 5. A Igreja — Os Santos no Mundo ............................................. ......................................................................18 .........................18 6. A Igreja — O Povo Adquirido ...........................................................................21 ...........................................................................21 7. A Igreja — Os Discípulos de Cristo .......................................... ...................................................................24 .........................24 8. A Igreja — Templo de Deus .................... .. ........................................ .......................................... ...................................28 ...............28 9. A Igreja — Cooperadora da Verdade.................................... Verdade.............................................................. .......................... 31 10. O Desenvolvimento Histórico da Estrutura Organizacional da Igreja ...........34 11. Um Conceito da Igreja Batista ............................................. ................................................................ ..........................37 .......37 12. Artigos de Fé das Igrejas Batistas no Brasil — l ........................................... .............................................40 ..40 13. Artigos de Fé das Igrejas Batistas no Brasil — II ............................................45 ............................................45

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APRESENTAÇÃO Multiplicam-se os movimentos que procuram exaltar a pessoa de Cristo em detrimento de sua Igreja. Este modo de pensar é completamente estranho ao ensino do Novo Testamento. A Igreja é o corpo de Cristo e como tal deve ser considerada. Não se trata de uma alternativa entre Cristo e a sua Igreja como se alguém pudesse dizer: Cristo, Sim! Igreja, Não! O ensino global do Novo Testamento concorda com outra atitude: Cristo, Sim! Igreja, Sim! Daí o surgimento desta revista, que contém estudos sobre a doutrina da Igreja. Os estudos estão fundamentados nas Escrituras Sagradas, com ênfase especial ao Novo Testa obra da Igreja de Jesus Cristo, destacando a importância do envolvimento pessoal de cada membro para que o Corpo de Cristo seja realmente um corpo dinâmico, vivo e atuante numa época conturbada como a nossa. Ao final, dois estudos sobre os Artigos de Fé adotados pelos Batistas foram incluídos, visando o aprimoramento doutrinário dos crentes. Doutrina Bíblica da Igreja foi escrita pelo Pr. Glendon Grober, de reconhecida competência. competência. A revista poderá ser utilizada como opção para o estudo de um trimestre na Escola Bíblica Dominical ou na Escola de Treinamento. Os estudos podem ser utilizados com proveito em classes especiais, também, como base para sermões e palestras dentro do programa de pregação e estudo bíblico do Pastor. Com o lançamento desta revista a Junta de Educação Religiosa e Publicações novamente reafirma o seu ideal de servir a Cristo servindo às igrejas. Nosso desejo sincero e oração ao Senhor da Igreja é que esta publicação possa ser utilizada para instrução, edificação e equipamento dos santos para a obra do ministério. Departamento de Publicações Gerais

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Estudo 1

CRISTO, SIM - IGREJA, SIM Cristo em primeiro lugar. A ordem é esta. Cristo, sim — Igreja, sim. Ninguém deve colocar a Igreja antes de Cristo. Ele é antes de todas as coisas. A Cristo cabe a preeminência (leia Col. 1:1519). Estas sublimes afirmações de Paulo encontram sua verdadeira significação no relacionamento estreito entre Cristo e a Igreja. A verdadeira exaltação de Cristo ocorre no contexto a respeito de sua Igreja. Cristo, sim — Igreja, não, é completamente estranho ao Novo Testamento. Desonra a obra salvífica de Cristo. Na Bíblia há um relacionamento dos mais estreitos entre Cristo e SUA Igreja. Examinemos seu ensino. 1 - A ORIGEM DA IGREJA NA MENTE DE JESUS A data da organização da Igreja é matéria difícil. Alguns acham que a Igreja começou com a chamada e chegada do primeiro apóstolo a Jesus. Outros indicam o momento da chamada dos doze apóstolos e a relação de seus nomes numa lista. Outras ocasiões destacadas como o início da Igreja são: 1. Quando Jesus levou os discípulos seus a batizar outros. 2. Quando os setenta foram enviados para pregar. 3. Quando se observou a Ceia do Senhor. 4. Quando Jesus proferiu a Grande Comissão. 5. Antes do Pentecostes, quando houve a eleição de Matias. 6. O dia de Pentecostes, com a chegada do Espírito Santo. 7. O tempo de Atos 2 no registro de atividades típicas de uma igreja. Ainda outros, baseando-se nos textos gregos, pensam que o próprio Lucas somente encontrou condições de chamar "o grupo" dos crentes de "igreja" em Atos 5:11. Parece-nos certo que a forma da igreja primitiva surgiu por um processo natural de crescimento. O esforço para perpetuar os ensinos de Jesus fez a Igreja tomar forma. Jesus não se preocupou com a organização ou governo em si da Igreja, mas a dita Igreja nasceu na mente de Jesus. Ainda mais, foi iniciada na pessoa de Jesus e os apóstolos. O Evangelho de Mateus conta o acontecimento ocorrido em Cesaréia de Filipos, onde a primeira menção da palavra "igreja" ocorre no Novo Testamento. Conforme Mateus, foi Jesus que aplicou o termo aos seus seguidores. A ideia surgiu na sua mente. "Edificarei a MINHA igreja." Este texto bíblico insiste: Cristo, sim — Igreja, sim. A Igreja é uma edificação realizada por Cristo. Ele mesmo afirmou: "edificarei". A Igreja é de Cristo. Jesus disse: "Edificarei a ______________ igreja. A afirmação mais certa é Cristo, sim — Igreja, ____________________________________. Em sua Carta aos Efésios, Paulo afirma o relacionamento estreito entre Cristo e a Igreja. Os versos 19-21 do capítulo 2 apresentam três figuras da Igreja. A Igreja é um grupo de pessoa santas iguais (concidadões). A Igreja é a família de Deus. A Igreja é um edifício que cresce para templo santo. A última frase sugere o crescimento natural que forma uma igreja. Mas o ensino principal é que o fundamento — o ponto de partida — é Jesus e os discípulos (leia Ef. 2:20, 21). O alicerce da Igreja é o ministério de Jesus com os apóstolos. Conforme o Novo Testamento, a Igreja nasceu na mente de Jesus e é criação sua. 6

2 - A LIGAÇÃO DINÂMICA DE CRISTO COM A IGREJA O Novo Testamento não limita a relação de Jesus com a Igreja ao ministério terreno do Mestre. Existe, hoje, uma ligação dinâmica constante entre Cristo e sua Igreja. Este relacionamento vital é apresentado por meio de diversas figuras literárias. O Novo Testamento reconhece a dificuldade sempre presente no descrever relações divino-humanas, ou realidades espirituais. A Igreja é apresentada em l Coríntios 3:9 como um edifício vivo (leia l Cor. 3:9). Os crentes da igreja em Corinto, além de serem lavoura de Deus, são de Deus. A figura do edifício enfatiza o processo de edificação muito mais do que a ideia do prédio construído. Faz-nos lembrar de Mateus 16:18: "Edificarei a minha igreja." Cristo continua até o presente momento edificando o edifício de Deus — a Igreja. Além de ser edificador, Jesus é a pedra de esquina do edifício (Ef. 2:20, 21). Trata-se duma metáfora, que procura afirmar a inter-relação de Jesus com a Igreja. Outra vez não é apenas a ideia do começo do edifício (embora esta ideia esteja presente). A pedra de esquina sustenta o prédio, a Igreja. Sem a presença de Cristo, o edifício cairia em ruínas. Cristo é o elemento principal que sustém a Igreja hoje. A Bíblia fala de Jesus em Col. 1:18 como a cabeça da Igreja. Pode haver relacionamento mais vital do que este? A figura pode encontrar várias aplicações para a vida da Igreja, mas um fato sempre está presente: Cristo e a Igreja estão ligados como a cabeça está ligada ao corpo. Um homem é cabeça e corpo. Uma Igreja é Cristo e os crentes batizados. 3 - A ATITUDE ATUAL DE CRISTO PARA COM A IGREJA O Novo Testamento apresenta a atitude contínua de Jesus para com a Igreja. Afirma que as igrejas de hoje são objeto de atenção especial do Mestre. O livro de Apocalipse apresenta Jesus no meio de suas igrejas nos capítulos 2 e 3. As sete igrejas representam todas as igrejas de Deus em qualquer tempo. Está claro, nesses capítulos, que Jesus se preocupa com CADA igreja. Importam a Cristo as igrejas. Este mesmo cuidado aparece outra vez em Apoc. 22:16, onde Jesus manda um anjo testificar a favor de suas igrejas. Uma mensagem intempestiva do Apocalipse é a da presença de Cristo nas igrejas e seu cuidado constante para com elas. Nas instruções aos maridos em Efésios, Paulo usa como ilustração o fato do amor de Cristo para com a Igreja. A tradução da IBB dá-nos a entender que Cristo nutre e preza a Igreja (Ef. 5:29). Pode um seguidor de Cristo fazer menos? É possível amar a Cristo e ignorar e desprezar a Igreja? 4 - MINISTÉRIO: A UNIÃO DE CRISTO COM A IGREJA Ef. 5:32 fala de um grande mistério. Este mistério é a união entre Cristo e a Igreja. A ilustração que Paulo inclui é de duas pessoas no casamento, assim formando uma só carne. Uma realidade se destaca na ilustração: Existe uma união verdadeira, dinâmica, entre Cristo e sua Igreja. Cristo desprezar a Igreja seria como um homem desprezar sua esposa ou desrespeitar sua própria carne. CONCLUSÃO Cristo, sim — Igreja, sim. Ninguém pode amar a Cristo sem amar a Igreja. Ninguém pode pertencer à Igreja sem conhecer a Cristo. A opção é: Cristo, não; Igreja, não, ou Cristo, sim; Igreja, sim. 7

Estudo 2

VOCÊ SABE O SIGNIFICADO DE ECLESIOLOGIA? O título deste capítulo menciona um termo técnico. Eclesiologia é o estudo da Igreja. A pergunta formulada cria a necessidade de estudar o próprio termo "igreja". Uma das maneiras de se fazer tal estudo é através do exame do sentido etimológico da palavra. O vocábulo igreja é a tradução para o português da palavra grega eclesia. Ela aparece 119 vezes no Novo Testamento grego. A sua significação, porém, não é sempre a mesma. Este fato se deve a duas forças atuantes no uso histórico do termo eclesia. 1 - A SIGNIFICAÇÃO CLÁSSICA DO TERMO ECLESIA (IGREJA) O emprego clássico grego do termo foi "assembleia". A ideia central ou básica do termo é "chamar para" ou "chamar de". O seu emprego comum foi com referência a grupos cuja função principal era legislativa. Nas cidades-estados da Grécia antiga certas pessoas qualificadas pertenciam a este grupo como membros. Quando convocadas e reunidas, estas formavam a "eclesia", ou "assembleia". A significação do uso clássico para o Novo Testamento se encontra na ideia de eclesia ser um grupo de pessoas possuidoras de determinadas qualificações, reunidas ou organizadas, a fim de realizar certos atos pelos processos democráticos. A fim de entendermos melhor, esboçamos a significação clássica do termo assim: 1. Uma assembleia ou grupo. 2. Os membros são pessoas que possuíam certas qualificações. 3. Havia certa forma de organização. 4. Os seus processos eram democráticos. 5. Cada "assembleia" era autônoma. Sem dúvida, o Novo Testamento foi influenciado no seu conceito de eclesia (igreja) pelo uso clássico grego. 2 - A SIGNIFICAÇÃO HELENISTA DO TERMO QAHAL (CONGREGAÇÃO) A palavra eclesia foi usada na tradução do Velho Testamento para o grego. Esta tradução, chamada a Septuaginta, teve grande influência entre os primeiros crentes. Era sua Bíblia. A Septuaginta emprega a palavra grega eclesia para traduzir o vocábulo hebraico qahal. Deste feita, o termo, eclesia aparece mais de 95 vezes no Velho Testamento grego. O conceito básico de quahal é congregação ou ajuntamento. Entretanto, notam-se variações de sentido no emprego do termo. Qahal é encontrado cinco vezes como ajuntamento de pessoas sem qualquer vestígio de significação religiosa. Salmos 26:5 apresenta uma qahal (assembleia) de mundanos: "odeio o ajuntamento (qahal no hebraico e eclesia na Septuaginta) de malfeitores." Nota-se que é possível, no sentido semântico puro, até uma "igreja" do diabo. 8

Há treze ocasiões em que o termo indica um grupo local reunido para algum propósito específico. Veja, por exemplo, II Crônicas 20:5, onde a palavra "congregação" é a tradução de qahal. Qahal é empregado 25 vezes no sentido de um ajuntamento local para fins de adoração do Senhor (veja Sal. 22:22 e 70:9). A significação predominante no uso de qahal é com referência ao ajuntamento solene de todo o povo de Israel perante o Senhor. O termo 77 vezes se refere ao ajuntamento de Israel como nação. Possui a significação de todo o Israel no sentido genérico sete vezes no Velho Testamento. Embora empregado no sentido amplo (lato senso), sua aplicação pode ou não ser local (veja Deut. 23:3). Conforme H.E. Dana, três fatos são importantes quanto ao vocábulo Qahal para o nosso estudo da Igreja: 1) A assembleia de Israel, como possessão peculiar do Senhor, foi contemplada como ideal, mas sempre conservando o seu aspecto literal numa reunião verdadeira do povo. 2) A assembleia (qahal) nunca é contemplada como um fato espiritual independente de suas limitações temporais e espaciais. 3) O termo veio a significar, especialmente no período interbíblico, o ajuntamento local para fins de adoração. 3 - O EMPREGO DO TERMO ECLESIA NO NOVO TESTAMENTO O termo eclesia ocorre mais de uma centena de vezes no Novo Testamento grego. Há pelo menos quatro aplicações ou significações diferentes para o mesmo vocábulo no Novo Testamento. 1. Pelo menos três vezes o uso do termo é puramente clássico. Não há implicação religiosa (alguma). Todas as três se encontram no capítulo 19 de Atos. Nos versos 32 e 41 o termo indica uma massa de pessoas. No verso 39 ele se refere a uma assembleia reunida para finalidades  judiciárias. É provável que Hebreus 12:23 contenha também o uso clássico ao falar de "assembléia". 2. Duas vezes o emprego é puramente judaico. O termo eclesia é uma tradução direta de Qahal. A tradução da IBB é boa (veja At. 7:38 e Heb. 2:12 nesta versão). 3. O uso principal do termo eclesia no Novo Testamento é no sentido de um grupo local. O Novo Testamento emprega o termo 85 vezes no sentido de igreja local. Duas evidências estabelecem este fato como absolutamente certo. 1) O uso da forma plural "igrejas" indica a natureza local de cada igreja. 2) Frases como "a igreja de Deus que está em Corinto" (l Cor. 1:2) e "a igreja em Antioquia" constituem provas indisputáveis do uso local do termo eclesia (igreja). 4. Há duas dúzias de passagens onde a significação do termo admite interpretações variadas. É precisamente nestas que surgem as interpretações diferentes quanto à natureza da Igreja. Um exemplo em apreço é a interpretação da frase "igreja de Deus". Muitos intérpretes atribuem um sentido universal a esta frase cada vez que a encontram no Novo Testamento. Um estudo cuidadoso das onze vezes que ela aparece resultará em outra opinião. Cada vez ela se refere a uma igreja local. Deus é universal, mas a assembleia dele nestas passagens não o é. As cartas aos Efésios e Colossenses apresentam, em 11 das 13 vezes que emprega eclesia, um conceito que não pode ser apenas de igreja local. Paulo, com sua formação judaica, empregou 9

profusamente a palavra com o sentido genérico que vem do conceito do Velho Testamento de qahal como assembleia de todo o Israel. É bom lembrar que a Igreja no sentido genérico existe em conceito, e não em concreto. É subjetiva, e não objetiva. Seria semelhante ao homem brasileiro. Há estudos sobre o "homem brasileiro", mas existe realmente ele em si? Ele é conhecido somente através de indivíduos brasileiros; e podem ser até mulheres. Assim é o termo a Igreja. É puramente um conceito, certo e útil, mas quem quiser vê-la ou examiná-la ou mesmo pertencer a ela deve procurar uma igreja local. Em resumo, há três conceitos de eclesia no Novo Testamento (não incluímos a tradução pura de qahal): 1. O uso puramente clássico duma assembleia ou ajuntamento de pessoas para qualquer fim. 2. O uso predominante no sentido local. A igreja local é a igreja de Deus. 3. A concepção genérica da Igreja. Nota-se, porém, que uma eclesiologia (estudo da Igreja) que apresenta quase exclusivamente esta concepção é falha. A proporção no Novo Testamento é de onze vezes no sentido local para uma vez no sentido amplo. Ressalte-se que, mesmo nestas poucas citações, o sentido é o genérico. 4 - A ETIMOLOGIA DEFINE ECLESIOLOGIA? Voltamos à indagação do início. O estudo da origem do termo eclesia ajuda a compreensão. É, porém, um conhecimento limitado. O estudo do termo igreja não é suficiente para se entender "a Igreja". O Novo Testamento apresenta figuras, metáforas e descrições figurativas que completam o conceito de igreja. O turista que chega à cidade de Amsterdã pode consultar um mapa e através dele conhecer a cidade. Ele observaria que a cidade é uma meia roda com a estação do trem no ponto do eixo. As ruas são os raios. Se o turista almeja um conhecimento melhor, ele pode caminhar nestas ruas. São as artérias do movimento principal. Deve conhecê-las. Há, porém, no referido mapa, uma série de linhas azuis concêntricas. Elas representam os canais da cidade. Muitas casas pitorescas e lojas e museus estão nas margens dos canais. Se o turista navegar neles, lucrará muito mais no seu conhecimento da cidade. Eis a parábola do estudante de eclesiologia. Ele é semelhante ao turista de Amsterdã. Pode apanhar livros e panfletos sobre a Igreja e ganhar algum conhecimento. Pode estudar na Bíblia o termo “igreja”. Assim ele caminhará em algumas das ruas principais. Mas o conhecimento íntimo exige andar e demorar nos becos e canais. Este passeio se faz através do estudo pessoal das imagens provocadas pelas figuras de linguagem aplicadas à Igreja nas páginas do Novo Testamento. É o propósito deste livro servir de guia para indicar ao leitor o essencial a fim de que ele chegue a um conhecimento mais profundo e adequado. É de esperar que ele não se limite ao papel de turista, que apenas consulta mapa de Amsterdã.

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Estudo 3

A IGREJA - CORPO QUE CRESCE Entre as descrições figurativas da Igreja em o Novo Testamento, a predileta de Paulo foi a Igreja como o corpo de Cristo. Esta figura recebe destaque em Romanos, l Coríntios, Efésios e Colossenses. Leia: Rom. 12:4, 5, l Cor. 12:12, 27, Ef. 4:11, 12, Col. 2:18, 19. Conforme o Novo Testamento, a Igreja é um corpo em Cristo ou o corpo de Cristo. Esta comparação serve para destacar (1) a diversidade de funções dos membros; (2) a solidariedade entre os membros; (3) a participação vital em Cristo; (4) a soberania de Cristo; (5) a necessidade de crescimento. A figura da Igreja como corpo já perdeu algo de sua significação. A Igreja, no conceito atual, é uma sociedade composta de pessoas que se ajuntam (por batismo ou carta) a ela. Assim elas se organizam em ou formam a Igreja. Fazem-no por sua vontade, tornando-se sócios dela. No pensamento de Paulo, a Igreja não é uma sociedade. É um corpo. Os seus membros são ligados dinamicamente a Cristo. Pertencem a ele como os dedos pertencem à mão. O poder de Cristo transforma os membros da Igreja em Seu corpo. Os crentes não são os criadores do corpo, ele é obra de Cristo. 1 - O CORPO É UM As últimas palavras de l Coríntios 12:12 são: "todos os membros do corpo, embora muitos, formam um só corpo: assim também é Cristo." A figura do corpo afirma a unidade essencial da Igreja. Paulo descreveu a igreja em Corinto como o corpo de Cristo porque conhecia o espírito grego de rivalidade e divisão. Os gregos dificilmente agiram em união. O emprego da figura da Igreja como corpo demonstrava a necessidade de unidade e cooperação nos propósitos e trabalhos da mesma. Um corpo não pode se alimentar se a boca resolver se manter fechada, se a mão recusar pegar a comida e o pé se arredar da mesma. Esta ilustração parece, talvez, exagerada, mas acontece nas igrejas. O membro que ignora a cooperação e age independentemente viola o conceito de sua igreja como corpo de Cristo e desmembra o mesmo. Há muitos membros do corpo que não são vistos, mas são vitais. Os membros de igreja que funcionam como coração, pulmões, veias e artérias não são vistos, mas ninguém ignora sua importância. O corpo possui saúde quando cada membro está exercendo sua função específica. O corpo não pode ter uma existência plena se alguns membros não trabalham. Cada crente, membro de uma igreja, pertence àquele corpo de Cristo. Ele deve fazer o possível para o bem geral do corpo inteiro, sua igreja (local). 11

2 - O CORPO... TEM MUITOS MEMBROS Há diversidade na unidade do corpo de Cristo (leia de novo l Cor. 12:12), a vida do corpo depende do funcionamento de seus diversos membros. Cada membro pode realizar sua função melhor do que qualquer outro. O pé não enxerga. A mão nada ouve. A cabeça não pode correr. Mesmo assim, quem desejaria um corpo sem pés, mãos e cabeça? Como o corpo humano necessita de muitos membros, também a Igreja. O corpo de Cristo precisa de pessoas com capacidades espirituais diferentes. Se não existem diferenças, não há corpo (leia l Cor. 12:18-20). Na Igreja, Deus determina as funções que são necessárias ao bem do corpo. Ele concede dons espirituais para esta finalidade — o bem do corpo inteiro. Conforme l Cor. 12:7, "a cada um, porém, é dada a manifestação do espírito para o proveito comum". É triste observar como o movimento carismático torce e ignora o principal ensino bíblico acerca dos dons espirituais com relação ao corpo. Os carismáticos magnificam o valor pessoal de suas experiências ao ponto de ignorar a coletividade. Enfatizam o efeito dos dons na vida pessoal. O Novo Testamento é muito claro em ensinar os dons do Espírito Santo serem concedidos para o aproveitamento do corpo total, e não para o membro individualmente. A preocupação egoísta é estranha ao conceito de solidariedade neotestamentário. A preocupação do membro é para com os outros membros. Não há vida espiritual isolada. Nem dons espirituais (leia l Cor. 12:26) A doutrina do corpo de Cristo é uma negação categórica da doutrina pentecostal ou renovacionista, que insiste o dom de língua ser para todos os crentes. O resultado deste ensino seria desfazer o corpo. O corpo não é um membro, mas muitos (leia l Cor. 12:17). É precisamente na distribuição de dons diferentes que CRISTO CRIA A IGREJA e a transforma em seu corpo. O ensino que não reconhece isto peca contra Cristo e seu corpo. 3 - O CORPO É DE CRISTO A frase é de Col. 2:16 (leia os versos 16 e 17). Os membros da Igreja são participantes de Cristo. A união do crente com Cristo encontra uma explicação simples na figura do corpo, conforme Col. 12:6-17. O crente pertence ao corpo, cuja cabeça é Cristo. A relação do crente é nada menos do que aquele que existe entre o corpo e a cabeça. Realmente são UM. Este trecho bíblico indica a conversão como elemento principal que permite o homem participar do corpo de Cristo (leia Col. 3:13-15). Somente o homem perdoado, justificado perante Deus está em condições de pertencer a Cristo. Há menção de um outro símbolo da participação em Cristo: o batismo. Ele é o retrato fiel da identificação pessoal do crente com a morte e a ressurreição de Cristo. Neste passo, o crente se torna parte do corpo, que é de Cristo. Paulo rejeita todos os ritos da filosofia e do judaísmo e apenas menciona o batismo neste contexto. Está Paulo ensinando que a participação no corpo de Cristo é por meio do batismo? Uma coisa é certa, aquele que rejeita o batismo e a Igreja limita grandemente sua participação em Cristo. 4 - CRISTO, A CABEÇA DO CORPO A figura da Igreja como corpo inclui como essencial o senhorio de Cristo. Ele é a cabeça da Igreja. A cabeça orienta e determina a ação do corpo. O mesmo deve acontecer entre Cristo e a Igreja. Os processos democráticos duma igreja existem para demonstrar com mais precisão a vontade e as ordens de seu soberano Senhor. A ideia de Cristo como cabeça excede a simples relação entre cabeça ligada por um pescoço ao corpo. O falar em Cristo como cabeça é reconhecê-lo como o principio, o criador da 12

Igreja, o primogénito de toda a criação, o autor da vida, o primogênito entre os mortos, o preeminente e aquele que conseguiu a paz pelo seu sangue, assim reconciliando todas as coisas em seu corpo (veja Col. 1:18-22). A figura da cabeça exalta a pessoa de Cristo na Igreja. A palavra em si é um culto. É uma confissão daquilo que Cristo fez por nós e de submissão à sua autoridade. Conforme Efésios 4:12, o desejo da cabeça, Cristo, é a edificação do corpo. Concluímos, portanto, que, conforme o plano de Deus... 5 - O CORPO... VAI CRESCENDO A frase em letras de forma é de Colossenses 2:19 (leia os versos 18 e 19). Nesta carta Paulo está combatendo um movimento que desliga Cristo da Igreja. Tal procedimento é impossível porque o crescimento da Igreja depende de sua obediência à cabeça, Cristo. Deus não concederá desenvolvimento àqueles que não retêm, não respeitam a Cristo. Torna-se claro, neste contexto, que o crescimento deve ser normal na igreja que honra (e se orienta por) Cristo. A figura do corpo, então, chama nossa atenção para o fator do crescimento. É normal que a Igreja cresça. Se não há crescimento, há doença, função anormal do corpo. É desejo da cabeça que o corpo cresça. Se a igreja à qual você pertence não está crescendo, tanto em qualidade como em quantidade, deve ser motivo de grande preocupação. Os crentes estão crescendo em espiritualidade? Há decisões sempre? Será que o corpo está doente? O corpo está inerte por falta de exercício e atividade? O livro de Atos é um relato do crescimento das igrejas. Uma característica importante da Igreja em Atos é o crescimento. Uma igreja neotestamentária é um corpo que cresce. Não adianta falar numa igreja como neotestamentária se ela não mostra crescimento tanto na vida espiritual dos membros como no aumento numérico pelo batismo de novos crentes (leia e note a presença da palavra número em Atos 6:1, 2:41 e 6:7). Os primeiros seis capítulos de Atos registram o crescimento da igreja em Jerusalém. Terminaremos este capítulo comentando ligeiramente os fatores que contribuíram para o crescimento, conforme aparecem no relato. 1. O primeiro capítulo destaca o lugar prioritário da liderança. A igreja do Novo Testamento percebeu que o segredo elementar de crescimento é hábil liderança. Melvin Hodges afirma, comentando o crescimento: "A característica primária do clima neotestamentário está em seus líderes." 2. O capítulo 2 enfatiza o movimento indispensável do Espírito Santo Os capítulos 2 e 4 ligam a manifestação de seu poder à prática de oração. Foi na plenitude de sua presença que, "com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus... e naquele dia agregaram-se quase três mil almas". 3. Os capítulos 3 e 4 salientam a pregação sobre Jesus e sua ressurreição. A pregação que produz crescimento possui como tema constante o nome de Jesus — sua obra. Somente no capítulo 4 a frase "o nome" é empregado oito vezes. 4. O quarto fator foi destemor na exortação à salvação (leia At. 2:40). O contexto do verso é o dia de Pentecostes. Naquele dia a presença poderosa do Espírito Santo levou os pregadores a insistir no apelo; "os exortava", afirma o texto. Não sabemos a duração do apelo, mas foi suficientemente longo para haver 3.000 decisões. 5. Cultos fora do templo foi o quinto fator relacionado ao crescimento. Até o fim do capítulo 5 os discípulos realizaram seu trabalho na área do templo, principalmente no pórtico de Salomão. Era lógico, o templo era a casa de Deus. Houve crescimento lá, em 5:42 aparecem dois 13

tipos de trabalhos: "no templo" e "de casa em casa". Quando a Igreja começou a realizar trabalhos de casa em casa, experimentou maior índice de crescimento. Não bastam cultos no templo só. 6. O último elemento foi a participação dinâmica de leigos. O trabalho era dos apóstolos quase, se não exclusivamente. Embora fossem escolhidos para ajudar apenas no servir mesas, o Espírito Santo levou os elementos leigos a romper os moldes fechados do trabalho da Igreja. Tornaram-se missionários, envolvidos ativamente no crescimento, que explodiu de Jerusalém para Samária, Judéia e os confins da terra.

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Estudo 4

A IGREJA - A FAMÍLIA DE DEUS Os crentes são chamados a casa de Deus em Heb.3:6. A ideia principal do termo "casa" é a família. O livro de Hebreus insiste na significação velhotestamentária do termo casa (leia Heb. 3:36). A casa de alguém são as pessoas de sua linhagem, as que o têm como pai. Um exemplo clássico é Josué 24:15: "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor." No Velho Testamento, porém, não é somente carne e sangue que criam parentesco. Muito mais importante é o caráter comum. No caso de Josué, citado acima, os da casa de Josué são os que serviram ao Senhor, não os da linhagem sanguínea. "Os da casa" são aqueles que vivem em harmonia com o exemplo do fundador da casa. A família de Deus é patriarcal. Ele é o fundador e exemplo. Cada igreja forma uma família, cujo pai é Deus. Há diversas figuras no Novo Testamento que ilustram e explicam este conceito da Igreja como casa ou família de Deus. As mais importantes são: (1) irmãos, (2) filhos de Deus, (3) herdeiros e (4) fiéis. 1 - A IGREJA - UM GRUPO DE IRMÃOS Descrever a Igreja como irmãos é reconhecê-la como uma comunhão ou fraternidade. O título irmão se tornou o mais popular para descrever o crente. Semelhantemente, é grande seu uso na forma plural "irmãos" para falar de igreja. O termo encontrou sua razão de ser no exemplo de Jesus. Ele, conforme Hebreus 2:11, "não se envergonhou de lhes chamar irmãos". Foi também Jesus que nos ensinou a chamar a Deus "Pai". Ora, os filhos do mesmo PAI são "irmãos". Devemos encarar a Igreja como uma comunidade em amor fraternal. Não se trata de um amor de emoção superficial, porém, profundo e ativo. Leia l João 3:14, onde João identifica a igreja como os que se amam. O amor fraternal pode ser descrito como o amor "que tudo sofre, tudo suporta e tudo espera". Tal manifestação de amor honra a Cristo pessoalmente (veja Mat. 25:40). O considerar cada membro de sua igreja como seu irmão deve evitar intrigas, discórdias e brigas na igreja. 2 - A IGREJA - FILHOS DE DEUS É possível que você estranhe a aplicação desta frase à Igreja. Muitos pensam no termo como sinônimo de cristão. Isto até certo ponto está certo, mas, além disso, o termo em si traz certa significação familiar. Aquele que é realmente filho e membro de uma unidade familiar. O filho pertence a uma família. No Velho Testamento, os "filhos dos profetas" foram aqueles que se submeteram ao profeta. Nesta ação de se entregar, criaram uma comunidade familiar. A natureza de tal comunidade era determinada pela própria natureza do fundador, ou seja, pai. Deus é amor, e a natureza de sua família é o amor. A nova aliança que oferece ao homem a salvação, a possibilidade de se tornar filho de Deus, é uma expressão concreta do amor divino. A Igreja como família é uma comunidade que obedece a Deus em amor, tanto para com ele como 15

para com os irmãos. É neste contexto familiar que a própria disciplina de Deus, ocorre (leia Heb. 12:7, 8). O emprego constante do plural nos textos escolhidos sugere que são aplicáveis à igreja como "os filhos de Deus". Na realidade, os filhos são aqueles que: 1. Servem pelo amor, e não pela lei (Gál 4:5). 2. São amados e andam pelo amor (Ef. 5:1). 3. São vestidos da fé e do amor (l Tess. 5:8-10). 4. São servos por amor, e não por causa do medo da morte (Heb. 2:14, 15). 5. São confiantes no grande amor de Deus (l João 3:1, 2). 6. São os que amam os outros (1 João 3:10, 11). 7. Fazem a vontade do Pai Celestial (Mat. 12:50). Nota-se, mais uma vez, que cada item nesta lista não está no contexto individual, mas de uma comunidade — família, filhos. Sempre a forma é plural, não singular. A ação é da família da Igreja através de cada membro que realmente pertence, pelo amor, a ela. Você deve lembrar que a aplicação e significação do termo igreja é PREDOMINANTEMENTE local, mesmo quando se trata da família de Deus. Cada igreja local compõe em si a família de Deus. 3 - A IGREJA - CO-HERDEIROS COM CRISTO A participação na morte e ressurreição de Cristo pela fé cria laços de irmandade mesmo entre pessoas de raças diferentes (leia Ef. 3:6). Este conceito mostra a dependência total da Igreja. A Igreja existe "em" ou "com" Cristo somente. Paulo Minear destaca o uso da preposição "com" como muito significativa para a vida da Igreja. Mortos com Cristo — vivos com ele. Crucificados com Cristo — ressuscitados com ele. Sofrer com Cristo — glorificados com ele. Plantados com ele — reinar com Cristo. Parece, sem dúvida, que a ideia de coerdeiros magnifica o vínculo indestrutível com Cristo, que garante à Igreja "que as portas do inferno não prevalecerão contra ela". 4 - A IGREJA - OS FIÉIS A família de Deus existe pela fé em Cristo. Ela vem a existir e continua com vida somente pela fé. Não é, portanto, de admirar que o Novo Testamento considera a Igreja os "fiéis". A igreja dos colossenses é descrita como "fiéis irmãos" (veja Col. 1:2). A raiz dos termos "os fiéis", "os crentes", "os que confiam em seu nome", é a palavra fé. Afirmamos que "os fiéis" é uma figura descritiva da Igreja Atos 2:44, 4:32, 5:14, l Cor. 14:22 e Apoc. 7:14). A própria crença no Fiel (Cristo, conforme Apoc. 19:11), coloca o crente numa família onde ele é filho de Abraão, o grande exemplo de CRENTE (Gál. 3:9) e na mesma linhagem dos heróis da fé enumerados em Heb. 11. Desta forma, qualquer igreja está ligada ao passado e futuro total da obra de salvação pela fé em Cristo. Quais as implicações práticas da vida pela fé na comunidade dos fiéis, a Igreja? Dois exemplos bíblicos servirão para responder e também terminar este capítulo. A igreja em Jerusalém, conforme os primeiros capítulos de Atos, é o primeiro exemplo. Atos recorda, com detalhes, a harmonia que havia na Igreja. Ela é apresentada como uma 16

multidão que possuía "um coração e uma alma". Uma igreja unida em amor, lealdade, propósito e coragem. Em todas as suas atividades, seja oração, seja no cuidado dos irmãos, seja na pregação do evangelho, evidencia grande poder e abundante graça. O Novo Testamento não quer dizer que esta condição é automática numa igreja. A igreja em Jerusalém mais tarde será dividida quanto à questão do ministério entre os gentios (capítulos 10 a 15 de Atos). Tensão entre os fiéis, desarmonia, podem surgir em qualquer igreja. Ananias e Safira são o aviso deste perigo constante. Mesmo assim, a igreja em Jerusalém é um exemplo daquilo que os fiéis devem ser em doutrina e ação evangélica e social. O grande contraste com a igreja em Jerusalém é a igreja em Roma. Conforme a carta aos Romanos, havia dissensões e discórdias naquela igreja cosmopolitana. A família de Deus, a casa de Deus, estava em briga. Os fiéis não podiam concordar quanto ao dia de adorar, não podiam comer juntos e, ainda guando se ajuntavam, uns condenavam os outros de tal modo que a comunhão familiar se desmanchava (veja Rom. 14:3-11). O capítulo 14 de Romanos é um forte apelo ao amor fraternal na família de Deus. Paulo ofereceu diversos conselhos para o restabelecimento da Igreja como família em amor. 1. Romanos 14:3 — Não julga nem despreza por questão de comida. 2. Romanos 14:5 — Cada crente deve ter suas convicções pessoais sem, porém, tentar impor as mesmas sobre os outros. 3. Romanos 14:10-12 — O crente é responsável somente a Deus na questão de sua conduta ou maneira de viver. 4. Romanos 14:13 — O crente como mordomo é responsável diretamente a Deus. Deve evitar a atitude de julgar, bem como a prática daquilo que atrapalha (faz tropeçar) ou afasta (escandalizar) seu irmão da família de Deus. 5. Romanos 14:15 — A pedra de toque na questão de conduta deve ser o amor para com os irmãos — seu bem espiritual. 6. Romanos 14:19 — O esforço principal do crente deve ser fazer aquilo que edifica e fortalece a espiritualidade e o amor mútuo. 7. Romanos 15:1 — Não cabe ao crente ser egoísta, somente agradar a si mesmo, É seu dever ajudar a conservar a família em amor. Ele se sacrifica pelo bem da Igreja como o Cristo (15:3). 8. Romanos 15:5-7 — O segredo da harmonia é receber outros irmãos à medida que Cristo os salva, sem impor convicções pessoais sobre a conduta deles. A harmonia na Igreja exige que o crente não confunda doutrina com conduta, especialmente na vida alheia. Eu, como crente, não devo procurar medir a fé de meu irmão pelas minhas convicções pessoais quanto à conduta. Cabe a mim respeitar a liberdade de ação que caracteriza a fé cristã. Esta liberdade, no entanto, é caracterizada por uma espécie de compromisso coletivo de comportamento na Igreja, gerado pela subordinação de todas as partes do corpo a uma mesma cabeça, de onde provém a ordem (Mat. 18:15-18; l Cor. 8:9-13, Rom. 14:13-18). O conceito de Igreja como família reconhece que surgirão problemas em seu meio. Qual a família sem problemas? Adverte, porém, ao mesmo tempo procurar soluções imediatas em amor sacrificial. Onde reina o espírito de Cristo aí não há confusão.

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A IGREJA - OS SANTOS NO MUNDO A Igreja é uma comunidade de santos. A Igreja são os santos. Romanos e l Coríntios, cartas a igrejas locais, são dirigidas aos que “são chamados para ser santos". As de Efésios, Filipenses e Colossenses são dirigidas simplesmente "aos santos". Há em o Novo Testamento mais de 100 passagens, em 18 livros, que descrevem os crentes como santos. O uso do verbo santificar, em muitos casos, está ligado à formação da Igreja pela criação de novos santos em Cristo. Seis escritores em o Novo Testamento consideram a Igreja a comunidade dos santos (Paulo, Lucas, João, Pedro, Judas e o autor de Hebreus). O emprego constante do plural enfatiza a coletividade, mais do que o indivíduo. O Novo Testamento ignora a possibilidade duma vida santa — como Deus é santo — fora do contexto plural da comunhão na Igreja. O uso do singular é com referência a Jesus. Ele é o SANTO que cria os santos pela sua morte (leia Heb. 2:11 e depois Heb. 13:12). "É nesta vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre ”. A santidade da Igreja é um dom que é uma tarefa: "como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo vosso procedimento" (l Ped. 1:15). É missão da Igreja dar testemunho pelo seu andar santo. O cumprimento desta ordem abrange a vida inteira da Igreja, pessoal e coletivamente. Isto torna-se possível somente pela presença do Espírito Santo: "Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito" (Cal. 5:25). O segredo é "Cristo em vós". A vida santa não pode ser descrita por regras. É sublime demais, é o aspecto da vida cristã que mais se aproxima de Deus. Alguns afirmam que todas as exortações de l Pedro orientam o crente no cumprimento de 1:16: «Sereis santos.» Há outras sugestões, como vestir o novo homem, ser os verdadeiros ramos da videira. Acima de tudo, o ser santo é participar da Igreja, porque é nela que todos os santos vêm a ser aquilo que o Espírito Santo os fez — santos. 1 - A IGREJA - CARTA DE CRISTO Esta figura enfatiza a natureza da Igreja como testemunha de Cristo. A Igreja em si deve anunciar o evangelho. Ela é a mensagem de Cristo escrita pela tinta da presença do Espírito Santo nos corações convertidos. Não é que cada crente seja uma carta, mas que cada igreja deve apresentar-se como uma mensagem de Cristo para ser lida por todos os homens (leia II Cor. 3:3). 2 — A IGREJA - O NOVO HOMEM O conceito paulino do novo homem possui muita afinidade com a ideia de santidade A conduta da Igreja como novo homem inclui requisitos específicos. O perguntar: "Como anda o novo homem?" equivale a indagar como agem os santos. Paulo faz referência ao Novo Homem em Col. 3:10 e Ef 4:24. Conforme 4:25-5:2, a, conduta que "convém aos santos" inclui: 1. Falar a verdade (4:25). A mentira não cabe no falar do crente. Ninguém acreditará na pregação do crente se sua conversa for sempre ou frequentemente torpe. 18

2. Ter domínio próprio (4:26, 27). Os santos devem ser tardios em irar-se. Mesmo irados, não permitem o diabo ganhar uma vitória em sua vida. 3. Viver honestamente (4:28). Roubar é contra a própria natureza de Cristo, que procura ajudar os outros, nunca explorá-los. 4. Falar aquilo que edifica (4:29). Palavras sujas, inconvenientes, são incabíveis numa boca considerada um instrumento que Deus usa para a evangelização e edificação. 5. Obedecer ao Espírito Santo (4:30). O entristecer o Espírito Santo pode ocorrer por fazer algo que ele proibiu. Também por não fazer aquilo que ele manda. 6. Andar em amor (4:31-5:2). O ápice da vida santa é amar como Deus, como Cristo. De fato, toda a consagração se resume em amar a Deus e amar o próximo. 3 - A IGREJA - OS DO CAMINHO No livro de Atos a comunidade dos santos — a Igreja — foi identificada absolutamente com "o caminho" (veja Atos 9:2, 19:9 e 22:14,22). O emprego do termo caminho é ambíguo: há duas significações presentes. Primeiro os do caminho são aqueles que estão identificados com Jesus. O leitor da Bíblia aprende este fato juntamente com Paulo no caminho a Damasco. Paulo perseguiu os do caminho (9:2), mas Jesus pergunta: "Por que me persegues?" A frase "os do caminho" localiza a Igreja. Está escondida naquele que disse: "Eu sou o caminho". Em segundo lugar, o caminho se refere à maneira de viver. O termo identifica a maneira de ser agradável a Deus e testemunha perante os homens. Paulo afirma que ele "vivia conforme este caminho". A comunhão na Igreja sustenta a consagração do crente como a roupa retém o calor do corpo no tempo frio. A relação entre o batismo e a santificação aparece em Romanos 6:6. O simbolismo do batismo inclui a morte do velho homem e o início da santificação (Rom. 6:19, 22). A referência ao batismo em Col. 12:12 deixa margem para considerar o batismo como a porta de entrada da Igreja. Somente nela há possibilidade de vida santa. A forma do batismo é a imersão. A própria palavra original quer dizer imergir em água. As circunstâncias do batismo no Novo Testamento indicam imersão. Basta mencionar João 3;23, com o destaque de «muitas águas», e Atos 8:38, onde Filipe e o eunuco “desceram ambos à água". O terceiro argumento forte pela imersão é a própria significação simbólica da ordenança. O batismo simboliza o sepultamento do crente, que já morreu em Cristo, para o pecado Simboliza também a ressurreição com Cristo para a nova vida de instrumentos e servos de justiça — vida santa (Rom. 6:4-18). O problema da realidade Batista Brasileira é a hora do batismo. Quanto tempo deve alguém ser crente antes de ser batizado? O candidato deve provar sua salvação antes? Há uma certa instrução indispensável para o batismo? Quais são as condições mínimas para o batismo? O âmago do problema está no fato de o Novo Testamento nunca comunicar a ideia de que a Igreja pode ajudar um crente a ser santo pelo demorar no batismo. Aliás, ele implica a impossibilidade fora da comunhão da Igreja. Paulo batizou o carcereiro de Filipos (não era judeu) antes do café daquela manhã. A ordem do Mestre em Mat. 28:19, 20 deve possuir alguma força. Cristo ensinou, a: (1) fazer discípulos, (2) batizá-los e (3) depois ensiná-los a observar todas as coisas. A maneira de a Igreja ajudar na santidade é pela disciplina, e não pelo atraso no batismo. É necessário que a Igreja seja a comunidade dos santos. Assim pode dar testemunho. Paulo insiste que os devassos, avarentos, maldizentes, beberrões e roubadores não devem participar da Igreja (l Cor. 5:11). A disciplina é o meio bíblico de advertência forte para o crente que permanece no erro. Disciplina não é castigo apenas para punir. Seu propósito é corrigir. A disciplina em o Novo Testamento procura, em primeiro lugar, o bem do irmão em apreço. Erramos quando pensamos 19

no bom conceito da coletividade antes de pensarmos na recuperação do indivíduo em amor (leia II Tess. 3:14, 15). A segunda consideração é a Igreja em si, a totalidade dos membros. Não é possível que uma igreja neotestamentária ignore completamente sua responsabilidade disciplinar. A fim de a Igreja ser conhecida como «os santos», há necessidade de orientação na vida cristã, e de uma disciplina rigorosa, sempre, porém, em amor para com o irmão. A disciplina da igreja compreende três fases em escala, isto é, cada fase só pode ser ligada depois de ligada a precedente: 1. Disciplina preventiva. É a motivação, o doutrinamento e a cooperação para que todos tenham uma vida santa. 2. Disciplina terapêutica (curativa). Quando um membro do corpo fica enfermo, todo o corpo padece e coopera para vê-lo curado (l Cor. 12:25, 26; Mat. 18). 3. Disciplina corretiva (cirúrgica, dizem alguns). É a amputação de um membro espiritualmente necrosado, para que o restante do corpo não seja contaminado. O exercício de disciplina na Igreja torna possível “... resplandeça a vossa luz diante dos

homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus. «... sois o sal da terra». «... sois a luz do mundo».

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Estudo 6

A IGREJA - O POVO ADQUIRIDO O estudo anterior procurou descrever a Igreja como a comunidade que revela Deus pelo seu viver. Neste capítulo estudaremos a Igreja como a proclamadora de Cristo. É possível que alguém afirme que neste capitulo temos deixado o estudo da natureza da Igreja, para examinarmos sua missão. De certa forma este pensamento tem fundamentos, mas ao mesmo tempo é conveniente lembrar que a missão da Igreja faz parte de sua natureza. A boa árvore dá seu devido fruto. O bom manancial jorra água doce. Exatamente assim, a igreja verdadeira proclama o testemunho de Cristo. Em o Novo Testamento há três figuras que descrevem a Igreja como a comunidade que proclama a mensagem de Cristo. São as seguintes: 1. A Igreja é a geração eleita (l Ped. 2:9). 2. A igreja são os embaixadores de Cristo (II Cor. 5:20). 3. A Igreja são os que mantêm o testemunho de Jesus (Apõe. 12:17). 1 - A GERAÇÃO ELEITA Conforme l Pedro 2:10, os leitores da carta, pelo menos em sua maioria, são gentios. Pedro diz que "não éreis povo". Agora salvos, estão colocados na herança do povo de Deus do Velho Testamento. Ela doravante representa os eleitos de Deus. A eleição no Velho Testamento foi para serviço. O próprio rei Ciro foi, conforme a Bíblia, um eleito de Deus. Ele nunca foi salvo; portanto, o termo se refere ao serviço prestado a Deus. Realizou-se a vontade divina através de seu eleito. Como eleitos a Igreja é o meio pelo qual Deus realiza a sua vontade. Deus lhe confiou a responsabilidade de ser o veículo da mensagem das boas-novas. Em l Pedro 2:10, Pedro escreve à Igreja: "agora sois povo de Deus". Deus escolheu seu povo no Velho Testamento para ser uma benção ao mundo. Foi eleito para manifestar Seu nome às nações. A Igreja herdou esta eleição. Este mesmo pensamento encontra expressão na identificação da Igreja como "os filhos de Abraão." É evidente a ligação com o Velho Testamento. A escolha de Abraão e seu descendente teve um propósito: a glória de Deus. A Igreja se torna o cumprimento da promessa feita a Abraão (veja Gál. 3: 29). Paulo entendia que a igreja dos Gálatas continuava o povo escolhido por Deus para anunciar a promessa de Deus e encorajar a fé. A Igreja é chamada "Israel de Deus" em Gál. 3:16. Uma coisa parece estranha porque neste Israel, conforme Gál. 3:15, nem a circuncisão nem a incircuncisão é alguma coisa. A única coisa que importa para pertencer a Israel é ser nova criatura. É importante frisar que Paulo não chama a Igreja de o novo Israel. Não há dois «Israel». Israel sempre é o povo que crê no Messias e dá testemunho dele conforme a eleição divina. Paulo Minear sugere que onze termos em o Novo Testamento alicerçam esta figura. Alistamos, pois, sete, para a consideração do leitor estudioso. 1. Israel (Ef. 2:12; Heb. 8:8-10; Apoc. 2:14). 2. A nação santa (l Ped. 2:9). 21

3. As doze tribos (Tiago 1:1) 4. Os pais e seus descendentes (Rom. 15:8-10; l Cor. 1:1-10). 5. Filhos de Abraão (Cal. 3:29; Rom. 4:16). 6. A circuncisão (Rom. 15:8-10; Col. 2:11, 12; Rom. 2:25-29). 7. Os eleitos (Rom. 11:4-6; l Tim. 1:4; Co'l. 3:12; Ef. 1:4-6). 2 - EMBAIXADORES POR CRISTO Há uma identificação indiscutível da Igreja como embaixadores de Cristo em II Coríntios 5:20. O contexto enfatiza o recado dos embaixadores: "Rogamo-vos, pois, por Cristo, que vos reconcilieis com Deus.”

Sem dúvida, o termo embaixador inclui a ideia de autoridade do mandatário (rei). O sentido principal é de alguém escolhido (eleito) e enviado para executar um certo ministério — o da reconciliação. É o dever dum embaixador apresentar, da melhor maneira possível, o recado de seu Rei. Cabe, portanto, à Igreja, os crentes congregados em qualquer lugar onde o rei os colocar, dar testemunho de Cristo. Falar de sua morte e ressurreição. Pregar a justificação pela fé. 3 - OS QUE MANTÊM O TESTEMUNHO DE JESUS Nos escritos joaninos, a Igreja é uma comunidade que testemunha de Jesus. Duas passagens chamam nossa atenção: Apõe. 12:17 e l João 1:1-3. O capítulo 12 do Apocalipse interpreta Israel nos mesmos termos que indicamos neste capítulo. Não há nenhuma confusão na mudança da mesma mulher do Israel judeu para o Israel crente. Foi exatamente isto que ocorreu, conforme a eleição de Deus. O capítulo apresenta uma guerra mundial entre Israel e o Dragão (Satanás). O diabo está furioso por causa do testemunho de Jesus. A sua meta na guerra é destruiu este testemunho. Se o diabo consegue acabar com o testemunho, sairá vitorioso. A guerra está travada entre Satanás e a comunidade dos santos. Ela personifica o desafio. A Igreja ameaça a autoridade do Diabo. Ele, portanto, a odeia e guerreia contra ela. Paulo também menciona esta guerra numa passagem não apocalíptica (Ef. 6:11, 12). Não é fácil testemunhar de Jesus. Satanás se opõe e procura sempre atrapalhar. Ele é o adversário forte do crente que procura testificar de Cristo. Mesmo que custar caro, até a própria vida, a Igreja, o crente, deve dar seu testemunho. Conforme Apocalipse 12:11, a vitória sobre o diabo depende de a Igreja não amar "as suas vidas até a morte". Circunstâncias difíceis não são uma desculpa para não testemunhar de Jesus. A Igreja são os que mantêm o testemunho de Jesus a qualquer custo, ou então, deixa de ser Igreja de Cristo. O testemunho é a base da comunhão na Igreja, conforme l João 1:3 (leia o verso). O Novo Testamento, em diversos lugares, ecoa a mesma ideia de que a Igreja é a comunhão dos que confessam Cristo como Senhor. Cada membro da Igreja tem o testemunho em si, conforme l João 5:10. Não há nenhuma dúvida quanto a este testemunho (leia l João 5:10-12). O próprio Evangelho de João magnifica a suprema importância do testemunho. Há um fio significativo e exemplar para a Igreja no desenvolvimento do quarto Evangelho. Trata-se de testemunhos que merecem repetição através de nossos lábios. João 1:29: «Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.» João 1:40: «Havemos achado o Messias.» João 1:45: «Acabamos de achar aquele de quem escreveu Moisés na lei e os profetas, Jesus de Nazaré.» João 1:49: «Tu és o Rei de Israel.» 22

João 4:52: «Sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do Mundo.» João 20:28: «Senhor meu e Deus meu!» João 20:31: (Este é do próprio autor do Evangelho e revela que ele considerava o Evangelho todo seu testemunho pessoal de Cristo): "Estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome". A força acumulativa de todas as passagens bíblicas examinadas leva à conclusão inevitável: É a gloriosa tarefa da Igreja proclamar o evangelho a toda criatura. Ela é o povo adquirido por Deus para proclamar ao mundo que experimentou da graça de Cristo.

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Estudo 7

A IGREJA - OS DISCÍPULOS DE CRISTO O nome mais antigo da Igreja é, provavelmente, "os discípulos". Foi o título que Jesus aplicou aos seus seguidores. Discípulos, aqueles que seguem e aprendem de alguém. Discípulos do Mestre Jesus. No livro de Atos, Lucas emprega como sinônimo exato de igreja o termo discípulo (veja as seguintes passagens em Atos 6:1, 2; 9:1, 26; 11:26; 14:27, 28) Estas passagens apresentam o ensino como elemento tão importante no ministério da Igreja que alguns autores chamam-na de "a escola de Cristo ”. A Grande Comissão de Mateus 28:19, 20 descreve o trabalho dos discípulos (Igreja) como evangelização (fazer discípulos), integração (batismo) e instrução (ensinar). Nesse programa, a atividade que durará mais tempo com cada pessoa é a terceira, o ensino. É o programa de longo alcance. A importância do ensino encontra um apoio, às vezes ignorado, na própria natureza do Novo Testamento. Ele foi escrito, em grande parte, se não totalmente, para servir de base para o ensino dos discípulos. Seu propósito é ensinar como entrar, aprofundar-se e aperfeiçoar-se na vida cristã. Paulo reconheceu as Escrituras como base do ensino em II Timóteo 3:16. A inspiração da palavra divina a torna proveitosa, em primeiro lugar, para o ensino (leia II Tim. 3:16). A própria Bíblia enfatiza o papel do ensino da parte do líder principal — o pastor. A lista de suas qualificações, em l Timóteo 3:2, inclui, em primeiro lugar, depois de qualificações pessoais, a expressão "apto para ensinar". O ministério do ensino é o principal dever do líder da Igreja. O ensino não é, portanto, apenas a missão da Igreja, é parte integrante de sua natureza. É a sua garantia de vida e continuidade. Não há igreja sadia que não seja evangelística, missionária e educadora. O livro de Atos menciona atividades didáticas em 4:2,18, 5:21 e 15:35. Transpira, em Atos, como atividade principal de Paulo, o ensinar. Ele passou um ano e meio em Corinto, ensinando os discípulos, conforme Atos 18:11. O próprio livro de Atos termina descrevendo a liberdade que Paulo gozava em Roma para falar. Esta oportunidade ele aproveitou para pregar e ensinar "as coisas concernentes ao Senhor". A ênfase didática na vida de Paulo não deve ser motivo de admiração. Paulo foi preparado para ser professor. Sua formação educacional era de rabi (mestre). Sempre foi pesquisador, e muito mais depois de se tornar crente. É mui provável que o conceito da Igreja como discípulos, que aparece em Atos, reflita e influência de Paulo no pensar de Lucas. Paulo parece encarar a Igreja como uma escola de vida cristã. Em l Coríntios 14 há diversas matérias que devem constar no currículo. O discípulo de Cristo deve aprender não apenas a definição, mas como praticar: 1. O amor, 2. O servir, 3. O adorar, 4. O orar, 5. O perdoar, 6. O ser gentil, 7. O humilhar-se. 24

A ordem dos líderes na Igreja, conforme l Coríntios 12:28, coloca em terceiro lugar os "mestres". Somente apóstolos e profetas os precedem. Também esta ordem reconhece a necessidade de o evangelismo preceder a instrução na fé. Reflete mais a situação real do que a ordem de importância, porque somente o crente pode aprender coisas espirituais (l Cor. 2:14). O apóstolo Pedro não teve a formação de Paulo, mas percebeu claramente a ordem de ensinar na frase: "apascenta os meus cordeirinhos." Quando escreveu sua primeira carta, insistiu  junto aos pastores: "apascentai o rebanho de Deus" (5:2). Nesta altura, o conteúdo e a finalidade do ensino surgem como questão importante. Os discípulos aprendiam o que? Por que a Igreja ensinava? A filosofia da educação insiste que quem educa deve educar para algum fim. A atividade educacional das igrejas do Novo Testamento visava, pelo menos, a três finalidades. 1 - ENSINAR E ANUNCIAR JESUS O pregar e o ensinar parecem gêmeos em certas passagens em o Novo Testamento. Sem tentarmos distinguir entre os dois, podemos encontrar a razão de os termos andarem juntos. A Igreja quis anunciar os fatos concernentes a Jesus. Ao mesmo tempo desejava que fossem lembrados pelos ouvintes. A combinação dos termos visa à aprendizagem dos tatos que em si mesmos possuíam o poder de converter o homem. As igrejas de hoje ainda precisam compartilhar fatos. É verdade que se ensina pessoas, e não fatos. Mesmo assim, há muita matéria que a melhor educação procura colocar na mente. A matéria principal do ensino neotestamentário é Jesus. A Igreja percebeu que a maneira de ensinar Jesus era contar a história dele. O ensino destaca os atos importantes no ministério de Jesus: sua encarnação, sua vida sem pecado, sua busca dos perdidos, seu divino amor, sua morte pelo pecado, sua ressurreição, sua exaltação e sua posição à destra de Deus. Estes fatos a Igreja queria que os homens guardassem na mente. As igrejas de hoje devem tomar a sério os ensinos no nível de conhecimento de fatos bíblicos. É lamentável a grande falta deste entre os membros das igrejas batistas. Não faz muito tempo que o autor apreciou um seminarista procurando no índice a localização de um livro da Bíblia. Há grande necessidade de ensinar a Palavra de Deus. A Palavra de Deus é digna de conhecimento. Ela é o leite que possibilita o crescimento do crente (veja l Ped. 2:2). O contexto deste verso chama nossa atenção para a proximidade entre Jesus e a Palavra de Deus. Nada é mais importante para a Igreja do que ensinar ao mundo, crentes e descrentes, Jesus. A maneira indicada por Deus para obter êxito neste sentido é anunciar e ensinar a Bíblia. A igreja primitiva percebeu a força das palavras de Jesus: «Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim» (João 5:39). Se Jesus considerou o Velho Testamento assim, quanto mais o Novo Testamento deve revelar sua pessoa. Os homens jamais conhecerão a Cristo sem o conhecimento bíblico. O conhecimento de Cristo aumenta na proporção direta da aprendizagem do texto sagrado. É ordem do Novo Testamento: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." A fim de cumpri-la, a Igreja deve ensinar constantemente a matéria bíblica a todos os discípulos. O verdadeiro discípulo procura seguir mais de perto o Mestre e aprender dele com mais intimidade. O papel da Igreja é encorajá-lo e ajudá-lo pelo ensino da Bíblia. 2 - INSTRUIR EM JUSTIÇA O ministério do ensino da Igreja procura mudar o comportamento do discípulo. Na nomenclatura moderna, o ensino tem o objetivo de instruir, ou, em outras palavras, o ensino modifica a conduta. 25

Jesus expressou esta ideia na Grande Comissão. Ordenou: "ensiná-los a observar todas as coisas". Ele queria mudança de vida. Não era seu desejo que alguém decorasse, para repetir como papagaio: "Amo meu irmão", ao mesmo tempo que lhe batesse com um pau. O elemento que faz isso não compreendeu o amor e, em consequência, muito menos se comporta em amor. A fim de observar, há necessidade de perceber o sentido do ensino. A Igreja tem que explicar e esclarecer os preceitos bíblicos. Um crente novo não pode orar, se ele apenas rezar. Cabe à Igreja levá-lo a uma compreensão daquilo que é a oração. Ele não conseguirá obedecer Efésios 6:12 e tomar "toda a armadura de Deus" se não tem o mínimo conhecimento disto. Note-se porém, que mesmo a Igreja o levando a compreender a significação de oração ou da armadura de Deus, o compreender não é observar. Muitos crentes sabem o que é oração, mas não oram. Muitas irmãos podem explicar a armadura de Deus, mas nunca a tomaram e usaram para orar. Houve, nestes casos, compreensão, mas não conduta. Faltou o devido comportamento, a aplicação do ensino na vida. A palavra grega traduzida "instruir" na frase "instruir em justiça" (II Tim. 3:16) aparece também em Efésios 6:4. A tradução do mesmo vocábulo é reveladora na versão da IBB. Ela o traduz, no contexto sobre filhos, como «criai». A tradução é boa. Feliz. Criar um filho é instruí-lo em como viver. A igreja deve fazer exatamente isso no seu ministério de ensino. Através do ensino, ela disciplina e ordena a vida cristã. Via de regra, as igrejas batistas criaram mal os filhos de Deus quanto: 1. à oração (comunhão com o Pai) 2. à adoração (exaltação à glória do Pai) 3. à mordomia (reconhecimento dos direitos de propriedade do Pai) 4. à liberdade cristã (responsabilidade pessoal perante o Pai) 5. a testemunhar pessoalmente (cumprir a vontade do Pai, obedecer-lhe) 6. a estudar a Bíblia (ler e aprender a vontade de Deus). «É chegada a hora» para os batistas, através dos cultos, organizações e estudos especiais, instruírem cada discípulo no caminho em que deve andar (veja Prov. 22:6). 3 - O APERFEIÇOAMENTO DOS SANTOS Efésios 4:12 indica o nível do ensino mais alto. O contexto é importante porque relaciona a liderança com o crescimento da Igreja (leia Ef. 4:11-13). De acordo com esta passagem, a Igreja deve ter um ministério de ensino que prepara seu próprio povo para ser líderes. O crente deve dominar aquilo que aprendeu de tal maneira que possa ensiná-lo a outros. O compartilhar o ensino está muito acima de conhecer ou compreender. Para que a Igreja chegue à medida da estatura da plenitude de Cristo, ela deve agir como uma escola superior, que prepara todos os membros para compartilharem a sua fé conforme seu dom, com os outros. O movimento atual de institutos e cursos por extensão pode ajudar as igrejas nesta tarefa. O problema que existe se prende ao fato de o ensino não ser, normalmente, da igreja local, mas de uma instituição. Alunos assistem às aulas e voltam para as igrejas. Eles desenvolvem seus dons no trabalho na Igreja. O problema é que o Novo Testamento quer que todos os discípulos sejam aperfeiçoados. Os elementos que recebem instrução fora devem ensinar aquilo que aprenderam a toda a Igreja. Em outras palavras, o programa de ensino por extensão tem que chegar ao nível da igreja local. 26

O ensino na Igreja tem como meta final capacitar o crente a ensinar a outros seus conhecimentos. O programa do ensino na igreja não pode estacionar num nível inferior. A finalidade do ensino é "o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo".

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Estudo 8

A IGREJA  – TEMPLO DE DEUS Paulo afirma, em II Coríntios 5:17, que para o crente "tudo se fez novo". Esta transformação é evidente na diferença entre a Igreja e o povo de Deus do Velho Testamento. O povo de Deus do Novo Testamento está na linha do povo de Deus do Velho Testamento. A Igreja é herdeira do Velho Testamento, mas, por estar «em Cristo», tudo é novo. Uma bela ilustração disso é a adoração que a Igreja oferece a Deus, a maneira diferente de prestar o culto. 1 - A IGREJA - O NOVO TEMPLO DE DEUS O lugar central no Velho Testamento foi o templo. A presença de Deus estava nele. A presença de Deus continua em seu templo, mas o templo é NOVO. l Coríntios 3:16 afirma que os crentes, a Igreja, são o templo de Deus: "Não sabeis vós que sois santuário de Deus?" A igreja em Éfeso é também identificada como um edifício que "cresce para templo santo no Senhor”. Neste sentido, l Pedro 2:5 diz aos crentes leitores: «Vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual». O termo templo não se refere ao prédio onde os crentes se reúnem. Este templo não é tijolos, mas, telhas e mosaicos. O templo de Deus no Velho Testamento era assim. O templo no Novo Testamento é vivo, de "pedras vivas". Conforme Efésios, "cresce continuamente". No livro de Atos, a Igreja anda com Paulo e Barnabé pela estrada entre Antioquia e Jerusalém (15:3). Um punhado de figuras que acompanham a do templo como elementos de adoração do Velho Testamento que são transformados no Novo Testamento. Elas podem nos ajudar a conhecer melhor a Igreja como os verdadeiros adoradores de Deus. 2 - O NOVO SACERDÓCIO "Mas vós sois geração eleita, o sacerdócio real", segundo l Pedro 2:9. Não ensina esta passagem que a Igreja tem sacerdotes, mas que cada membro é sacerdote. A lição central é sobre o trabalho do sacerdote, que tomava parte ativa no templo. Assim o crente deve ser participante ativo nos trabalhos da Igreja, especialmente no culto. A função da Igreja como sacerdotes é dupla: 1. Oferecer sacrifícios espirituais aceitáveis a Cristo (l Ped. 2:5). 2. Anunciar as grandezas de Cristo (l Ped. 2:9). 3 - OS NOVOS SACRIFÍCIOS O sistema sacrificial do Velho Testamento está completamente transformado em o Novo Testamento. A razão é o sacrifício de Jesus. Seu sacrifício foi único. Hebreus emprega todos os recursos literários a fim de exaltar Seu sacrifício como perfeito, eterno e todo-poderoso. O exemplo de seu sacrifício é normativo para o da Igreja. A essência de seu sacrifício foi submeter seu corpo totalmente à vontade de Deus (leia Heb. 10:5-10). A única vítima foi ele mesmo. Acabou com animais, farinha, azeite e incenso. Os sacrifícios tiveram o seu fim pelo supremo sacrifício de Jesus. 28

O sacrifício nosso não é para a redenção do mundo, somente Cristo tira o pecado, mas tem que ser pessoal e do corpo inteiro (leia Rom. 12:1). A grande diferença é que a vida predomina no pensamento sacrificial do crente, e não na morte. A Carta aos Hebreus apresenta mais dois sacrifícios novos que "são aceitáveis a Deus por Cristo Jesus". 1. O sacrifício de louvor (glorificar a Deus com os lábios) (Heb. 13:15). 2. Fazer o bem aos outros (serviço é culto) (Heb. 13:16). 4 - O NOVO CULTO O culto da Igreja deve ser uma participação de todos (cada crente é um sacerdote) pessoalmente e totalmente (dedicação total do corpo) na adoração do Senhor (sacrifício de louvor e no serviço aos outros). Esta definição encaixa nas palavras de Jesus em Mateus 5:10: "Ao Senhor teu Deus adorarás e só a ele servirás. Em outras palavras, a verdadeira adoração (1) tem como objeto o Pai, (2) como participante, cada crente, (3) como meio, expressões de louvor, e (4) como resultado, serviço, em nome de Jesus, aos outros. 5 - A NOVA FESTA (CALENDÁRIO RELIGIOSO JUDAICO) O calendário religioso judaico foi cumprido em Cristo. Atividades religiosas na vida da Igreja hoje são determinadas por Cristo, não pela lei. As festas judaicas perderam sua razão de ser perante o sacrifício de Cristo e os resultados do mesmo. Uma festa continua na Igreja, mas numa forma e significação completamente nova. A Festa da Páscoa foi transformada por Jesus mesmo em a Ceia do Senhor. A festa velhotestamentária lembrava a libertação do povo de Deus da escravidão no Egito. Ela passou a ser a lembrança da libertação dos crentes do domínio do pecado pelo sacrifício de Cristo. Como a Festa da Páscoa foi coletiva, assim é a Ceia. De acordo com as suas raízes velhotestamentárias, ela é simbólica. É uma lembrança do já realizado. O povo passou uma só vez pelo Mar Vermelho. A Páscoa era a recordação do evento, não uma repetição. Cristo morreu uma vez pelo pecado. A Ceia do Senhor não é uma recrucificação de Cristo. É uma lembrança daquele ato único, perfeito, suficiente. As festas judaicas perderam seu efeito porque seu propósito foi possibilitar aos filhos uma experiência semelhante àquela que os pais, em tempos remotos, tiveram. Como crentes, cada membro da Igreja possui sua própria experiência, não depende da experiência dos antepassados (pais). A experiência da morte e ressurreição de Cristo, a presença do Espírito Santo são possessão de cada crente. Somente o crente pode participar da Ceia porque é um ato de fé. Um descrente não pode ser "batizado". Mesmo que for imerso em água, não passa de um banho. É a fé que faz do ato um batismo. Assim o incrédulo pode comer pão e tomar vinho, mas tomar a Ceia é um ato de fé, impossível para ele, pois não pode lembrar aquilo que nunca experimentou. A Ceia é um ato de culto coletivo para os crentes. Há diferenças de posição quanto à administração da Ceia. Há três práticas entre igrejas com o nome batista. 1. Ceia livre. Nesta posição a Ceia é para os crentes. Qualquer crente pode participar. O único requisito é fé. 2. Ceia restrita. Há diversas formas desta posição, que tem como requisito o batismo. A Ceia é para a Igreja e o batizado pode participar. O primeiro grupo aceita qualquer tipo de batismo. O segundo grupo insiste em que o único batismo válido é a imersão dum crente como 29

ato de obediência. O terceiro grupo considera somente o batismo batista legítimo. Estes convidam "os da mesma fé e ordem" para participar da Ceia. 3. Ceia fechada. Esta posição é chamada às vezes de Ceia ultra restrita. A crença deste grupo é que a Ceia é para os crentes batizados, em comunhão com a Igreja. Baseando-se em l Coríntios 5:11, ela considera a disciplina essencial à Ceia. É dever da Igreja não permitir certos crentes, embora batizados, participarem da Ceia. O requisito é comunhão com a igreja local. 6 - O SÁBADO CRISTÃO O poder transformador da morte de Jesus atingiu todos os dias religiosos judaicos, incluindo o sábado. Jesus nunca rejeitou o sábado. Como, porém, fazia parte integral da lei, foi cumprido na cruz de Cristo. Continua o princípio estabelecido na criação. Um dia em sete é para o descanso e a adoração. Deixaram de vigorar as exigências do Velho Testamento quanto ao sábado. Muitos crentes encontram dificuldades na hora de alguém citar Lev. 23:3 (leia o verso). Note-se que o contexto manda observar a Páscoa (23:4-8), as primícias (23:9-25), o Dia da Expiação (23:26-32) e a Festa dos Tabernáculos (23:33-44). Nenhum crente observa estas festas, embora não haja nenhuma palavra específica, no Novo Testamento, afirmando que não há necessidade de guardá-las. Elas perderam sua significação perante a morte de Jesus e a libertação dos crentes da lei. Como a Ceia tomou o lugar da Páscoa, assim o domingo cumpre o sábado. O sábado é o dia da lei; o domingo é o dia da graça divina manifesta no Cristo Morto-Vivo. O domingo ficou conhecido muito cedo com o Dia do Senhor. Tomou o lugar do sábado como o dia de ser terminada a obra de Cristo para a nova criação, espiritual. Jesus ressurreto apareceu aos discípulos no domingo (veja Luc. 24:13-15). Quando ele apareceu outra vez, foi no domingo (João 20:19). Exatamente oito dias depois, Jesus apareceu outra vez aos seus no domingo (João 20:26). Ainda a revelação de Cristo a João na ilha de Patmos foi dada no domingo (Apõe. 1:10). O domingo deve ser separado por todo crente no Senhor Jesus para a comunhão na Igreja, e o louvor e a adoração a Deus como comunidade e o testemunho de Cristo. Todos estes elementos examinados contribuem para indicar a importância da adoração coletiva para o crente. Cada crente deve manter sua devoção pessoal. Ele próprio é também templo do Espírito Santo. O impacto total das Escrituras chama a atenção para a adoração com o povo de Deus. A necessidade do crente quanto à adoração em conjunto, na igreja, é central em Hebreus. Termine este capítulo com uma leitura cuidadosa de Hebreus 10:19-25.

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Estudo 9

A IGREJA - COOPERADORA DA VERDADE O Novo Testamento não apresenta nenhuma organização de igrejas. A própria natureza da Igreja impossibilita união orgânica de igrejas. As Igrejas do Novo Testamento gozam de autonomia, sua autoridade é Cristo e a ele unicamente estão sujeitas. Cooperação entre igrejas, porém, aparece diversas vezes em o Novo Testamento. Esta inter-relação é observável em pelo menos três áreas de atividade: 1. Em questões de administração e doutrina. 2. No ministério de assistência social. 3. Nos trabalhos evangelísticos e missionários. 1 - EXEMPLOS DE COOPERAÇÃO ENTRE IGREJAS EM O NOVO TESTAMENTO 1 — A Conferência em Jerusalém (At. 15 e Gál. 2) Conforme a história em Atos, a igreja em Antioquia indicou certos membros para subirem a Jerusalém como seus representantes. A escolha dos elementos foi feita pelos membros da igreja (At. 15:2). A igreja ainda acompanhou os mensageiros até certo ponto na viagem, possivelmente simbolizando, assim, sua participação com eles. Quando Paulo, Barnabé e os outros irmãos chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja (At. 15:4). Logo a seguir, deram relatório do trabalho sendo feito em Antioquia. Aconteceu que a igreja em Jerusalém não gostou do relatório. Houve discórdia, e o assunto foi encaminhado a um grupo pequeno, para maior discussão (em termos de hoje este grupo seria semelhante a uma comissão para dar parecer). Ainda no grupo, conforme At. 15:7, houve grande discussão antes de chegarem a uma conclusão. O importante é notar que a decisão final foi da igreja em Jerusalém. Não foi dos apóstolos, nem dos anciãos, nem de Pedro. Nem tampouco de Tiago, embora sua sugestão prevalecesse. O verso 23 deixa bem claro que a decisão escrita em carta é dos apóstolos e os anciãos e dos irmãos. "Os apóstolos e os anciãos irmãos aos irmãos dentre os gentios." A carta, portanto, representa o pensamento da igreja em Jerusalém. É conveniente destacar que ela originou-se do fato de Antioquia consultar a Jerusalém. Em Gálatas 2, Paulo fala dos mesmos acontecimentos. Na hora de mencionar as conclusões, estas não foram as mesmas. Paulo não repete exatamente a decisão de Jerusalém. A mudança, provavelmente, ocorreu devido ao fato de Paulo indicar a decisão nos termos igreja em Antioquia. Ninguém, a não ser Cristo, dava ordens a uma igreja. Antioquia acolheu a carta e suas sugestões, e, baseada nelas, tomou sua própria posição. Não há nenhuma indicação de reação forte por parte da igreja em Jerusalém. Cabia a cada igreja procurar orientação de outra, porém apresentar sua própria redação final quanto à decisão. A história serve para tirar as seguintes conclusões: (1) Uma igreja pode consultar e discutir com outra questões pertinentes ao trabalho geral. (2) Seus representantes podem ser ouvidos sem coação. (3) Cabe a cada igreja dar encaminhamento a qualquer sugestão vinda de tal encontro nos termos que ela achar por bem. Por isso concordamos com Dana, que uma assembleia ou convenção pode fazer recomendação à igrejas. As igrejas, porém, não têm nenhuma obrigação de aceitar ou se submeter 31

a tais recomendações. Ainda mais, seu direito de rejeitar ou modificar deve ser sempre respeitado. 2. A Oferta Fraternal para os Crentes Necessitados de Jerusalém Em sua correspondência aos coríntios, Paulo escreve sobre uma oferta para Jerusalém. Ele insiste, em 16:1-4, que a igreja comece a arrecadar a oferta aos domingos, antes de sua chegada. Ainda ele incentiva a igreja a levantar uma generosa oferta, suficientemente grande para merecer uma viagem a Jerusalém por parte do apóstolo. Alias, Paulo diz que, caso ela não fosse boa, ele não a levaria pessoalmente a Jerusalém. As igrejas da Galácia estavam participando na oferta. Elas foram incentivadas por Paulo neste sentido. Tomaram parte como igrejas. Em II Coríntios capítulos 8 e 9, Paulo louva as igrejas da Mecedônia nos primeiros cinco versos porque elas pediram para participar da oferta. Mais do que uma igreja quis cooperar por sua livre vontade. Em 9:2 Paulo externa sua satisfação ao saber que a igreja em Corinto estava com sua oferta pronta. Como podia saber que estava completa? Houve um alvo determinado, uma quantia de dinheiro que era desejável levantar? De alguma maneira a oferta da «Acaia» estava pronta «desde o ano passado". Mais do que uma pessoa foi responsável pelo levantamento e administração da oferta. O nome do irmão escolhido, conforme II Cor. 8:18-20, não nos é conhecido. O importante é notar que várias igrejas tomaram parte em sua indicação. Ele foi «escolhido pelas igrejas». Houve algum tempo de cooperação entre as igrejas neotestarnentárias, na escolha do "irmão", como houve na oferta. 3. O Ministério Missionário em Corinto Uma das igrejas mais importantes em o Novo Testamento é a de Corinto. A cidade recebeu uma porção bem grande do tempo do apóstolo Paulo. Ele ficou uns 20 dias em Tessalônica. Demorou menos em Beréia. Em Corinto, Paulo ficou um ano e seis meses. Quando Paulo chegou a Corinto, começou a exercer sua profissão. Lucas destaca, em 18:3, a natureza do ofício de Paulo como de fazer tendas. Paulo trabalhava com tendas em todos os lugares. Por que Lucas o menciona com detalhes neste trecho? Está nos preparando para o verso 5. No verso 5 ocorre uma mudança no ministério de Paulo. Parece que Lucas mencionou as tendas para dar mais ênfase ao verso 5 (leia At. 18:5). Paulo deixou o trabalho das tendas e "dedicou-se inteiramente à palavra". Será que Paulo deixou de comer e de se vestir? Como passou a sustentar-se? A resposta está incluída por Lucas no mesmo verso. Silas e Timóteo chegaram de onde?  ________________________. A igreja mais conhecida da Macedônia foi a de Filipos (leia agora Fil. 4:1). Paulo fala do "cuidado" que recebera anteriormente da igreja. Este «cuidado» foi ajuda financeira para a obra missionária, conforme Fil. 4:15, 16. Foi no "dar e receber" que ajudaram a Paulo O texto de Atos nos leva a perceber que Paulo foi sustentado no ministério de tempo integral pelas ofertas da igreja em Filipos. Paulo ainda ensina que tais ofertas não eram dádivas para o missionário, como tal, mas se tornaram frutos missionários perante Deus na vida daqueles que as enviavam (leia Fil. 4:17). Fil. 4:15 acrescenta ainda que o caso de uma igreja somente sentir o desejo de cooperar financeiramente ocorreu no "princípio do evangelho". A conclusão lógica é que, no tempo da Carta aos Filipenses, outras já seguiam o exemplo dos filipenses. Havia, portanto, cooperação 32

financeira por parte das igrejas do Novo Testamento na obra missionária. Vejamos o seguinte caso: 4. O Caso dos "Estranhos" em III João A terceira carta de João reflete exatamente a situação apresentada como conclusão lógica da investigação de Fil. 4:15. Havia entre as igrejas um desejo de ajudar missionários. Houve também em o Novo Testamento membros de igreja que não queriam mandar dinheiro para fora. Estes somente enxergavam as necessidades locais (veja a conduta de Diótrofes em III João, vr. 9 e 10). Note que para João tal atitude está muito errada. O irmão Gaio e outros desejavam ajudar «os irmãos», mesmo quando nem os conheciam pessoalmente (Veja o verso 5). Quem eram esses irmãos? João identifica-os no verso 7. Eram aqueles que viajavam por toda parte para anunciar o nome de Jesus ao mundo gentio. Quem eram os estranhos? Tinham que ser missionários que a igreja nem conhecia de face, mas, sabendo de seu trabalho, quis participar em sua atividade missionária. Não queremos afirmar que se tratava de uma junta de missões nesta altura em o Novo Testamento, mas que alguma forma de cooperação desenvolvida já estava funcionando entre as igrejas. João faz Gaio e a igreja da qual fazia parte verem que era desejável cooperar com os missionários. Dois tipos de cooperação são possíveis. No verso 6 a igreja pode "os encaminhar na sua viagem". Gaio e sua igreja podiam ajudar nas despesas de viagem e no desenvolvimento da obra, custeando-as por meio de dinheiro, sempre de "modo digno de Deus". Conforme o verso 8, o "acolher" estes é também obra de cooperação da verdade. A ideia da palavra "acolher" é de sustento com carinho. Inclui outra vez o dinheiro, sendo, porém, mais importante o sustento espiritual, que é possível através de oração intercessória. Uma igreja neotestamentária deve orar pelos trabalhos missionários. Isto não é somente para as senhoras. III João ensina com clareza que as igrejas que cooperam na obra missionária através de ofertas e de oração se tornam “cooperadoras de verdade". Observa que a preposição "de" nesta frase não quer dizer "realmente" cooperadores, mas tem a força de "com". Através da oferta, o doador trabalha ao lado, com o missionário, sendo participante na promulgação do evangelho de Cristo. 2 - IMPLICAÇÃO PARA AS IGREJAS DE HOJE 1. A cooperação entre as igrejas está em perfeita harmonia com o Novo Testamento. 2. A cooperação financeira cria a necessidade de elementos responsáveis pela recepção e administração de dinheiro. Cabe às igrejas a indicação ou escolha destas pessoas. 3. Uma igreja pode cooperar na pregação do evangelho num país ou lugar desconhecido através de uma pessoa completamente estranha a ela. A igreja envia sua oferta na base de fé mútua, ou seja, cooperação. Desta forma, os crentes, a igreja, se tornam cooperadores da verdade. 4. O sustento do missionário não é somente através de cooperação financeira. A oração intercessória envolve a igreja pessoalmente em missões. O pedido do missionário é sempre Efésios 6:19, 20. 5. Os batistas encontram base escriturística para convenções, juntas, ofertas especiais e o plano cooperativo nestes exemplos do Novo Testamento.

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Estudo 10

O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA IGREJA Em 1905, E.C. Dargan lançou a segunda edição de sua conceituada Eclesiologia. No início desta obra, ele escreve: "O método apropriado para um estudo de Eclesiologia é uma combinação do escriturístico, histórico e prático”. Neste capítulo empregamos o método histórico. Procuraremos traçar no aspecto mais geral o desenvolvimento da política da Igreja. O sentido do termo político de organização. O estudo visa a destacar mudanças que ocorreram na estrutura das igrejas. Optamos por um esboço histórico de cinco pontos. 1 - DE INÁCIO ATÉ CONSTANTINO (106-325 d.C.) A característica principal deste período foi o aumento da autoridade do bispo. No início, o bispo era líder entre iguais. Ficava no mesmo pé de igualdade com os outros membros. No fim do período, ele decide se qualquer pessoa pode ou não tornar-se membro da Igreja. A ideia de uma igreja universal tomou forma definida no decorrer deste período. O conceito da Igreja como católica (universal) começou a apagar a ideia de igreja local. Tertuliano da África foi um forte expoente do termo. A definição mais exata se deve a Cipriano, no ano 251 d.C. Os sínodos e concílios do 3° século concretizaram a ideia de uma só igreja no mundo. A necessidade de cooperação resultou na convocação de sínodos, que evoluíram, transformando-se em conselhos poderosos. O edito de Milão, em 313 d. C., deu cabo da perseguição da Igreja pelo Estado. Laços estreitos entre a Igreja e o Estado se desenvolveram num prazo de dez anos. Assim, o Estado começou a exercer grande autoridade sobre a Igreja. Nunca conseguiu isso pela perseguição. Esta autoridade tornou-se tão intensa que o Imperador Constantino convocou e presidiu primeiro concílio ecumênico, o de Nicéia, em 325 d. C. Foi um concílio de bispos. 2 - DO CONCÍLIO DE NICÉIA A GREGÓRIO l (325-590 d.C.) O assunto principal de Nicéia foi a cristologia, mas o concílio estabeleceu certas regras para o governo das igrejas. Foi estabelecido o princípio de um grupo pequeno legislar por todos os membros das igrejas. O patriarcado surgiu nesse período e se tornou poderoso. Os bispos de igrejas em cidades maiores tomaram a si o título de "bispos metropolitanos". Havia quatro cidades de suma importância, por serem as capitais das quatro províncias do Império Romano. Eram Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Roma. Os seus bispos queriam possuir um título melhor do que os metropolitanos. Foram, assim, indicados cinco "Patriacas". Jerusalém foi incluída por causa de seus lugares sagrados. Desde que o número era ímpar, alguém deveria ser o líder dos cinco. No fim Roma sobressaiu nessa luta e o papado começou a nascer. Sua vitória se deve (1) à tradição forte que ligou Paulo e Pedro com Roma; (2) à interpretação lançada por Leão l, de Pedro com a pedra de Mat. 16:18; (3) ao fato de Roma ser a única cidade ocidental das cinco; e (4) à mudança da capital 34

do Império Romano para Constantinopla, assim deixando o Patriarca de Roma como autoridade máxima em todo o oeste. 3 - DE GRECÓRIO l A GRECÓRIO VII (590-1073 d. C.) Durante esta época das Trevas, a Igreja Romana conseguiu aumentar sua autoridade. Isso se deve, em primeiro lugar, à sua expansão territorial. A Igreja fez muitos novos adeptos. Não é que houvesse realmente conversões, mas submissão às ideias de Roma. Povos inteiros, como bárbaros e britânicos, foram simplesmente anexados à Igreja. O segundo fator foi expansão política. A Igreja conseguiu restabelecer o Santo Império Romano através dos francos. Começando com Pepino, o Breve, e Carlos Magno, o conceito de Igreja-Estado alcançou novas perspectivas. O crescimento hierárquico da Igreja de Roma pode ser visto da seguinte maneira: Gregório l declinou, com ênfase, do título de "Papa" ou "Bispo Supremo". Hildebrando (Gregório VII) toma para si os poderes da Igreja e do Estado. O Papa possui autoridade igual a dos poderes civis e superiores a de qualquer eclesiástico. Foi durante este período que a Igreja Oriental (Grega Ortodoxa) separou- se de Roma. Não concordava com o bispo de Roma ser autoridade eclesiástica acima de todas as outras. Esta divisão criou duas comunidades cristãs distintas. Cada uma insiste ser "a única igreja católica e apostólica". A Igreja Oriental nunca desenvolveu um conceito de Papa. Possui quatro «patriarcas» como suas autoridades. 4 - DE GRECÓRIO VII À REFORMA (1073-1571 d.C.) O apogeu do papado ocorreu neste período. O Papa se considerava superior a toda autoridade no mundo. Houve uma identificação absoluta da Igreja com o Papa. É possível neste período escrever a história da Igreja Romana, descrevendo seus papas. As ordens monásticas contribuíram para o poderio do papado. No inicio, seu zelo e p iedade os tornou missionários. Infelizmente, os seus votos, que os ligaram ao Papa, prejudicaram sua contribuição. O monasticismo era um protesto contra erros na Igreja Romana. Não conseguiu, porém, êxito. Por último, houve uma multiplicação de seitas e "heresias" nesse período. É difícil explicar seu aparecimento. Também os resultados ou efeitos delas não são conhecidos Sua presença, porém, através dos séculos, é evidência irrefutável de grupos obscuros que não aceitaram a política da Igreja que Roma esposava. Em 1517 o monge Martinho Lutero pregou, na porta da Igreja de Wittenberg, suas 95 teses contra a Igreja Romana. Nascera a Reforma protestante. É mister lembrar que Lutero criticava certas doutrinas e práticas da Igreja Romana. Não discordava de sua organização hierárquica. Criou o termo "igreja invisível" numa hora de aperto, e nunca definiu bem seu conceito de igreja em si, para contrastar com a política de Roma. 5 - O DESENVOLVIMENTO DESDE A REFORMA ATÉ O PRESENTE A Igreja Romana não aceitou a Reforma sem agir. Lançou o movimento chamado a contrarreforma. O movimento valeu-se da ordem dos jesuítas, da Inquisição e do Concílio de Trento. Até hoje a Igreja Romana é a Igreja de Trento, onde a autoridade da tradição e do Papa foi canonizada. A própria Confissão de Fé Tridentina afirma obediência ao Papa. Queira ou não, a eclesiologia romana reconhece o Papa como a Igreja. 35

Quatro formas de política ou governo de igreja apareceram nessa época. São: (1) a luterana; (2) a presbiteriana (da Reforma); (3) a anglicana; e (4) a congregacional. A Luterana adaptou-se ao sistema Igreja-Estado. O Estado tem voz ativa, no governo da Igreja. Na Alemanha, o Estado paga os superintendentes das igrejas. Em outros países, o governo indica os bispos. A política luterana modifica-se em países como o Brasil, mas favorece cooperação entre a Igreja e o Estado. A Anglicana considera a Igreja como parte do domínio político. O soberano do Estado e o parlamento dirigem a Igreja, mas dois arcebispos promulgam leis para a mesma. O governo indica os bispos e eles têm assento na casa dos Lords. Fora da Inglaterra, a Igreja Episcopal mistura seu sistema de governo com o presbiteriano. A Presbiteriana. Este movimento está identificado com Calvino. O termo igreja é sinónimo de denominação. O seu governo é representativo. O povo elege seus anciãos. Estes governam, através do presbitério, todas as igrejas locais. Nem o presbitério pode tomar decisões finais. Este direito cabe à Assembleia geral, composta dos representantes dos sínodos. A Congregacional. Este conceito não surgiu propriamente da Reforma. Já apareceu em forma de "seitas", cuja história, possivelmente, foi, em grande parte, apagada pela Igreja de Roma. Sua política reconhece a Igreja como congregação local. Não há hierarquia de pastores ou bispos. Não há assembleias que governam por representação. Cada igreja local resolve seus assuntos. Ela é autoridade máxima. É responsável somente a Cristo. Os batistas se identificam com os congregacionais quanto ao governo. A Igreja é superior a qualquer associação, convenção estadual, convenção nacional ou aliança mundial. A posição batista de separação entre Igreja e Estado garante a liberdade da Igreja e do crente em Cristo. Devemos sempre lembrar que ela é uma posição histórica, e não teológica. A aquisição de poder político sempre corrompeu a Igreja nas páginas da história.

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Estudo 11

UM CONCEITO DA IGREJA BATISTA Descrever a doutrina batista da Igreja é difícil porque não existe uma posição oficial, nem pode haver. Há um consenso geral, mas não determinação oficial. Este capítulo apresenta um conceito — o do autor batista. Somente isto é possível, na questão de política ou organização batista. 1 - DEFINIÇÃO DO TERMO A palavra igreja é empregada em cinco sentidos principais. Ela se refere ao templo (prédio), a uma denominação (a Igreja Presbiteriana), à igreja invisível (todos os crentes de todos os tempos), ao conceito genérico (Igreja e Estado) e ao ajuntamento local. Os batistas rejeitam o conceito da denominação como igreja. As igrejas batistas não formam a Igreja Batista, nem, tampouco, são agências dela. Cada igreja é a Igreja de Cristo, seu corpo. Enfim, a igreja batista é uma congregação local de crentes batizados, mediante sua profissão de fé em Cristo, que voluntariamente se reúnem a fim de glorificar a Deus e magnificar o nome de Jesus pelo crescimento espiritual dos crentes e a evangelização dos perdidos. 2 - GOVERNO Dentro do conceito local, cada igreja batista é autônoma. Ela administra e governa a si mesma. Ela pode aceitar alguma orientação de fora, como as igrejas do Novo Testamento receberam de Paulo, Barnabé, Apoio, Timóteo e Tito. Também os pode rejeitar. O governo da igreja é democrático, e cabe aos membros tomar as decisões e julgar seus atos. O voto da maioria resolve qualquer caso. A igreja encontra no Espírito Santo a competência para dirigir seus atos. O líder principal da igreja possuía três títulos no Novo Testamento. Além de pastor (Ef. 4:11), ele é chamado ancião (At. 20:17; Tito 1:5) e bispo (Tito 1:7; l Tim. 3:2). O trabalho dele inclui administrar, pregar e ensinar (l Tim. 5:17). A outra classe de oficial são os diáconos. As qualificações destes se encontram em I Tim. 3:8-12. A sua função não é bem evidente em o Novo Testamento, mas inclui assistência social e pregação. 3 - COMPOSIÇÃO Uma igreja batista é composta de crentes batizados. Não estão incluídos os parentes ou os filhos dos membros. Há cinco maneiras de se tornar membro da igreja: 1. Pelo batismo administrado pela própria igreja. 2. Por carta de uma outra igreja batista onde o candidato é membro em plena comunhão. A igreja pede a transferência. 3. Por reconciliação, se a pessoa foi membro e disciplinada pela igreja. É mediante o pedido de perdão por parte do candidato. 4. Por declaração, quando o requerente não pode conseguir carta. 37

5. Por relação, quando alguém se apresenta como crente vindo de outra denominação que proclama os princípios evangélicos do Novo Testamento. Em muitos casos, estas pessoas são recebidas somente "pelo batismo". Cabe à igreja estudar cada caso em particular e determinar as providências a serem tomadas à luz dos ensinos do Novo Testamento. 4 - FUNÇÃO Uma igreja batista justifica a sua existência pelas seguintes atividades: 1. Evangelização e missões. A igreja existe para apresentar Jesus ao homem perdido. Deve ser sua Paixão levar o mundo ao conhecimento pessoal de Jesus. 2. Ensino cristão. É a responsabilidade da igreja de incentivar e estimular todos os crentes a desenvolver a vida cristã. O ensino adequado e constante é o meio indicado na Bíblia para crescimento espiritual. 3. Adoração pública. Os cultos servem para fortalecer os crentes e apelar aos incrédulos. Cada crente deve praticar sua vida devocional particular, mas sempre necessita de adoração coletiva no culto com os irmãos. O culto deve encorajar participação e decisão. 4. Assistência aos necessitados. Uma igreja deve, em primeiro lugar, ajudar os da própria congregação. Além disso, ela não deve ignorar outros pedidos de irmãos e incrédulos. Ela ajuda, nestes casos, conforme a orientação do Espírito Santo e suas posses. 5 - AS ORDENANÇAS Não há sacramentos numa igreja batista. Duas cerimônias simbólicas ficaram com a igreja. Estas se chamam ordenanças e são o Batismo e a Ceia do Senhor. Uma discussão do batismo deve incluir: (1) sua significação: (2) sua forma; (3) o candidato; e (4) o administrador. A significação do batismo é simbólica. Ele demonstra a identificação do crente com a morte e a ressurreição de Jesus. A forma do batismo é imersão total em água. O simbolismo de sepultamento e ressurreição não existe em outra forma. O Novo Testamento não reconhece qualquer outra forma. O candidato é uma pessoa crente, que confessa sua fé em Cristo como Senhor. Se a pessoa não morreu em Cristo para o pecado, não deve ser batizada. "Não se sepulta vivos, mas mortos." Quanto ao administrador, deve ser pessoa idônea, de preferência um ministro ordenado e em pleno exercício do pastorado. Na ausência de um pastor e quando for muito difícil conseguir a visita de um, a Igreja pode eleger alguém dentre os seus obreiros para ministrar o batismo. A Ceia do Senhor é uma lembrança da morte de Cristo. Os batistas rejeitam a transubstanciação, a consubstanciação e a presença mística como interpretação da Ceia. Cristo mesmo não estava de nenhuma forma presente no pão e no vinho que deu com suas próprias mãos aos discípulos. A finalidade da Ceia não é uma benção espiritual para o participante através dos elementos, mas um memorial dedicado ao Senhor, para Sua glória. As posições quanto a distribuição e administração da Ceia já foram apresentadas no Estudo 8 (Templo de Deus). 6 - AS DOUTRINAS A doutrina fundamental dos batistas é da autoridade das Escrituras. O único credo das igrejas batistas é o Novo Testamento. Há interpretações dele que são distintivas dos batistas. Nos dois estudos seguintes, examinaremos a declaração de fé que as igrejas da CBB aceitam como 38

linhas gerais da doutrina. É importante reconhecer que mesmo entre estas pode haver alguma diferença de batista para batista. Segue-se agora , para terminar, uma lista e ligeira explicação de algumas doutrinas muito queridas pelos batistas. A lista serve em parte para recordação do estudo já feito. 1. Cristo é Senhor da Igreja e dos crentes. O objetivo de toda a atividade é glorificar o nome de Jesus. Ele é Senhor pessoal e a cabeça da Igreja. 2. A autoridade suficiente das Escrituras. A Bíblia é a única autoridade, acima de qualquer outra. A regra de fé das igrejas batistas é o Novo Testamento. Os batistas creem na inspiração da Bíblia toda, mas reconhecem que a orientação da Igreja está em o Novo Testamento. 3. O batismo é a imersão de um crente como ato de obediência. Não são únicos nesta crença, mas bem firmes na posição. 4. A liberdade religiosa. Os batistas creem no princípio de separação entre a Igreja e o Estado. São contra uma igreja estadual ou ligada ao governo. Creem, dentro deste princípio, na liberdade de consciência. O homem tem que procurar a Deus de livre vontade, porque ele quer; nunca poder ser forçado ou obrigado a crer. Deus mesmo não obriga o homem a comungar com ele, muito menos deveria o homem impor sobre seu semelhante aquilo que Deus recusa fazer. O princípio de liberdade religiosa é «o troféu dos batistas». 5. A perseverança dos crentes. Creem os batistas que a salvação é uma vez para sempre. Deus guarda o salvo pelo poder divino. Os crentes hão de perseverar na graça, não perdendo a salvação. É da natureza de fé salvadora se manter firme até o dia de Cristo. 6. A igreja é autônoma. Creem os batistas na política congregacional. Nenhuma igreja está submissa à outra. Os batistas praticam a cooperação entre as igrejas em amor, nunca por constrangimentos. 7. A salvação é pela fé em Jesus Cristo. Ele é o único caminho. Seu o único nome entre os homens que o homem pode invocar para ser salvo. Os batistas rejeitam, como meio de salvação , a lei, a igreja, as ordenanças (sacramentos) e as obras. A salvação é um dom que Deus concede àquele que pessoalmente põe sua fé em Jesus Cristo. A ele seja glória na Igreja por todos os séculos, para todo o sempre. Amém.

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Estudo 12

ARTIGOS DE FÉ DAS IGREJAS BATISTAS - l ARTIGO l — Acerca das Escrituras Sagradas Cremos que as Escrituras Sagradas foram escritas por homens divinamente inspirados e que são um rico tesouro de instrução celestial (II Tim. 3:16, 17; II Ped. 1:21; At. 1:16; 3:21; João 10:34; II Sam. 23:2; Luc. 16:29-31; Rom. 3:1, 2); que têm Deus como seu verdadeiro autor e a salvação dos homens como fim (II Tim. 3:15; l Ped. 1:10-12; João 5:37-40); que todo o seu conteúdo é a verdade sem mescla de erro (Prov. 30:5,6; João 17:17), que revelam os princípios pelos quais Deus há de julgar-nos (Rom. 2:12; João 12:47,48; l Cor. 4:3,4; Luc. 10:16); e que por isso são e continuarão sendo, até o fim, o verdadeiro centro da união cristã (Fil. 3:16; Ef. 4:3-6; Fil. 2:2; l Cor. 1:10); e o padrão único infalível pelo qual a conduta humana, os credos e as opiniões devem ser julgados (l João 4:1; Is. 8:20; l Tess. 5:21,22; II Cor. 13:5; At. 17:11; Jud. 3; Ef. 6:17; Sal. 119:59,60). Qual é o assunto central deste artigo ________________________________________  ________________________________________________________________________________. Leia de novo o artigo e marque as ideias importantes, sublinhando a palavra-chave de cada uma. Escreva a ideia mais importante. _______________________________________________. Escreva mais duas ideias cuja significação merece destaque.  __________________________________________________________________________  ________________________________________________________________________________. ARTIGO II — Acerca do Deus Verdadeiro Cremos que há um, e somente um, Deus vivo e verdadeiro, um Espírito infinito e inteligente, cujo nome é Jeová, o Criador e Governador supremo do céu e da terra (João 4:24; Sal. 147:5; Sal. 83:18; Heb. 3:4; Rom. 1:20); glorioso em santidade (Ex. 15:11; Is. 6:3; Apoc. 4:8); e digno de toda a honra, confiança e amor (Mar. 12:30: Apoc. 4:11; Jer. 2:12,13); que na divindade há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mat. 28:19; João 15:26; l Cor. 24:4-6); igualmente perfeitas (João 10:30; 5:17; 14:23; At. 5:3,4; João 17:5; l Cor. 2:11; Fil. 2:5,6); e executando ofícios distintos, se bem que harmoniosos, na grande obra da redenção (Ef. 2:18; II Cor. 13:13). Qual é o assunto central? _____________________________________________________. Marque as ideias mais importantes, ou enumerando-as no texto ou sublinhando a palavrachave das ideias. Escreva duas ideias importantes.  __________________________________________________________________________  ________________________________________________________________________________. Deus é________________________.(consulte João 4:24). ARTIGO III — Acerca da Queda do Homem Cremos que o homem foi criado em santidade, debaixo da lei do seu Criador (Gên. 1:27,31; Ecl. 7:29; At. 17:24,26,27); mas por transgressão voluntária caiu daquele estado santo e feliz (Rom. 5:12,14, 15); em consequência de que todos os homens são pecadores (Rom. 5:19; João 3:6; Sal. 40

51:5; Rom: 8:7); não por força, mas livre escolha (Is. 53:6; Gên. 6:12; Rom. 3:10-12); sendo por natureza de todo destituídos daquela santidade requerida pela lei de Deus, e positivamente propensos para o mal; e por isso estando debaixo da justa condenação eterna (Ef. 2:1,2; Rom. 1:18; Rom. 2:5; Ez. 18:20); sem justificativa ou escusa (Rom. 1:20; 3:19; Cal. 3:22). Escreva o assunto central _____________________________________________________. Quais os três efeitos do pecado de Adão. (1) ____________________________________________________________ (Rom. 3:23). (2) ____________________________________________________________ (Rom. 3:12). (3) _________________________________________________________ (Apoc. 20:12-15). ARTIGO IV — Acerca do Caminho da Salvação Cremos que a salvação de pecadores é inteiramente de graça (Rom. 3: 24; At. 15:11); por meio da obra meritória do Filho de Deus (João 3:16; 1:12, 13; Heb. 4:14; 12:22,24); o qual por decreto do Pai tomou voluntariamente sobre si a nossa natureza, exceto o pecado (Fil. 2:5,6; Heb. 2:11; II Cor. 5:21; Gál. 3:10); o qual guardou a lei divina por obediência pessoal (Is. 42:21; Fil. 2:8; Gál. 4:4,5; Rom. 3:21,22); o qual pela sua morte fez uma expiação completa pelos nossos pecados (Is. 53:5; Mat. 20:28; Rom. 4:25; 3:25; l João 2:2; l Cor. 15:1,3,4; Heb. 9:14); e, tendo ressuscitado dentre os mortos, está entronizado no céu (Heb. 1:8; 1:1-3; Col. 3:1,4); e, unindo em sua pessoa maravilhosa as simpatias mais ternas com a divina perfeição, ele é, em todos os sentidos, um Salvador idóneo, compassivo e suficiente (Heb. 7:25; Col. 2:9; Heb. 2:18). O assunto central é a _________________________ dos pecadores. Escreva a ideia mais importante. _______________________________________________. Aliste aquilo que Jesus fez por você. (1)  _____________________________________________________________. (João 1:14). (2) _____________________________________________________________. (Mat. 5:17). (3) _____________________________________________________________. (Col. 1:22). (4) ___________________________________________________________.(Heb.4:14-16). Três adjetivos descrevem a salvação em Cristo. São:________________________________  ________________________________________________________________________________. ARTIGO V — Acerca da Justificação Cremos que a grande bênção evangélica que Cristo concede a todos os que nele creem (João 1:16; Ef. 3:8) é a justificação (At. 13:39; Is. 53:11; Rom. 8:1); que a justificação abrange o perdão dos pecados (Rom. 5:9 Zac. 13:1; Mat. 9:6; At. 10:43); e a promessa da vida eterna, de acordo com os princípios de justiça (Rom. 5:17; Tito 3:7; l Ped. 2:6,7; l João 2:25; 5:12); a qual é concedida não em consideração a qualquer boa obra que tenhamos feito, mas unicamente pela fé no sangue do Redentor (Rom. 4:5,5; 6:23; Fil. 3:8,9); em virtude da qual a sua justiça perfeita nos é imputada gratuitamente por Deus (Rom. 5:19; l João 2:12); que ela nos traz a um estado de paz bendita e de favor com Deus, e nos garante todas as outras bênçãos necessárias nesta vida, e também eternamente (Rom. 5:1,2; l Cor. 1:30,31). Leia Romanos 5:3-6. Há quatro verbos nestes versos que descrevem a maneira de Deus dar a sua justiça aos homens. O primeiro é proporcionar. Os outros três são: ________________(v. 3),  ________________________ (v. 5), e ________________________ (v. 6). Quais são os dois efeitos da justificação? (1) _____________________________________________________________. (At. 10;43). (2) _____________________________________________________________. (Rom. 5:9). 41

Escreva mais uma ideia que você acha importante neste artigo. ______________________  ________________________________________________________________________________. ARTIGO VI — Acerca da Gratuidade da Salvação Cremos que a salvação é concedida gratuitamente a todos, segundo o evangelho (Is. 55:1; Apoc. 22:17; l Tim. 2:3,4); que é o dever imediato de todos aceitá-la por meio duma fé sincera e ardente (Rom. 16:25,26; Mar. 1:15; Rom. 1:16); que não há impedimento nenhum à salvação do maior pecador que exista sobre a terra, a não ser a sua própria perversidade e rejeição voluntária dela (João 5:40; Rom. 9:31,32; At. 13:46); que essa rejeição da parte do ingrato pecador trará sobre ele a mais severa condenação (João 3:18,19, Mat. 11:20); posto que inteiramente justa (II Tess. 1:8). Qual é o assunto principal? ___________________________________________________. Explique em uma sentença a significação da frase "gratuidade da salvação".  _______________________________________________________________________________.

Quem pode ser salvo? _______________________________________________________. Aliste os três adjetivos que descrevem a verdadeira fé. (1) : ______________:_______________________________________________________. (2) : ______________:_______________________________________________________. (3) : ______________:_______________________________________________________. Volte às três palavras e escreva ao lado de cada uma sua significação. Quais são as duas ações que aumentam a condenação do descrente? (1) ______________________________________________________________________. (2) ______________________________________________________________________. ARTIGO VII — Acerca da Graça da Regeneração Cremos que os pecadores precisam ser regenerados, ou nascidos de novo, para poderem ser salvos (João 3:3; l Cor. 2:4; Apoc. 21:27; João 3:7); que a regeneração consiste em dar à mente uma disposição santa (II Cor. 5:17; Ef. 36:26, 27; Deut. 30:6; Rom. 2:28,29; 5:5); que isto se efetua de uma maneira além da nossa compreensão, pelo poder do Espírito Santo e em conexão com a verdade divina (João 3:8; 1:13; Tiago 1:18; Fil. 2:13); produzindo como resultado a nossa obediência voluntária ao evangelho (l Ped. 1:22-25; l João 5:1; Ef. 4:21-24; João 3:5); que a evidência dessa transformação se manifesta nos frutos do arrependimento, fé e vida nova e santa (Ef. 5:8,9; Rom. 8:9; Cal. 5:22-24; Mat. 3:8; 7:29; l João 5:4,18). Qual é a frase que descreve regeneração? _______________________________________. Escreva a ideia principal de regeneração._________________________________________  ____________________________________________________________(Leia Rom. 12:2). A regeneração é operação poderosa do _________________________________________. Aliste as duas evidências de alguém ser regenerado. (1) ______________________________________________________________________. (2) ______________________________________________________________________. ARTIGO VIII — Acerca do Arrependimento e da Fé Cremos que o arrependimento e a fé são deveres sagrados e graças inseparáveis, operados em nossa alma pelo Espírito regenerador de Deus (Mar. 1:15; Ef. 2:8; l João 5:1; At. 11:18; 20:20,21); que por elas somos convencidos profundamente da nossa culpa, perigo e impotência, e 42

do caminho da salvação em Cristo (João 16:8; At. 16:30,31; Luc. 15:7); voltamos para Deus com contrição e confissão sinceras, pedindo misericórdia (Luc. 18:13,14, II Cor. 7:10; Rom. 10:13); recebendo, ao mesmo tempo, de coração, o Senhor Jesus Cristo como nosso Profeta, Sacerdote e Rei, confiando somente nele como o único e todo suficiente Salvador (Rom. 10:9-10; At. 3:22,23; Heb. 1:8; 4:14; 7:24). Qual é o sentido em que Arrependimento e Fé são como "cara e coroa"?  ________________________________________________________________________________. O arrependimento e fé convencem o homem de quatro fatos. Eles são: (1)_______________________ (2)________________________ (3)____________________ (4)_______________________. O Espírito Santo, através do arrependimento e fé, leva o homem a praticar três ações. São: (1) _______________________________________________________________________. (2) _______________________________________________________________________. (3) _______________________________________________________________________.

ARTIGO IX — Acerca do Propósito da Graça de Deus Cremos que a eleição é o propósito eterno de Deus, segundo o qual ele misericordiosamente regenera, santifica e salva pecadores (II Tim. 1:8,9; Ef. 1:3-14; l João 4:19; João 15:16; Rom. 11:5,6); que ela, sendo perfeitamente coerente com o livre arbítrio do homem, inclui os meios de que Deus se serve para levá-la a efeito (II Tess. 2:13,14; At. 13:48; João 10:16; At. 15:14); que é uma manifestação por excelência gloriosa da soberana bondade de Deus, sendo infinitamente livre, sábia, santa e imutável (Êx. 33:19; Jer. 31:3; II Tim. 1:9; Tiago 1:18; Rom. 9:23,24; Ef. 1:11); que ela exclui totalmente a jactância, e promove humildade, amor, oração, louvor, confiança em Deus e uma imitação ativa da sua misericórdia (l Cor. 4:7; 1:26-29; Col. 3:12,13; l Cor. 15:10; l Ped. 5:10; Luc. 18:7); que ela nos estimula a empregar todos os meios ao nosso alcance para realizar os nosso propósitos (II Tim. 2:10; l Cor. 9:22; João 6:37,39; At. 18:9,10);que ela pode ser conhecida pelos seus efeitos naqueles que verdadeiramente creem no evangelho (l Tess. 1:4,5); que é a base da nossa confiança (Rom. 8:30,31; 11:28,29); e que, em relação a nós mesmos, devemos procurar com diligência fazer cada vez mais firme a nossa vocação e eleição (II Ped. 1:10,11; Fil. 3:12). Qual é o assunto principal nesta longa sentença? _________________________________  ________________________________________________________________________________. Marque as ideias mais importantes, sublinhando a(s) palavra(s) - chave(s) de cada uma: Qual é a ideia mais importante?________________________________________________  ________________________________________________________________________________. Qual é a base de Deus salvar, santificar e regenerar o homem?_______________________  ________________________________________________________________________________. A eleição exclui a __________________. A eleição promove ________________________. Ela encoraja ___________________________. Se um homem tem certeza de sua eleição, ele também pode ter certeza de que mais? Leia II Ped. 1:10 e responda.____________________________________________________________. ARTIGO X — Acerca da Santificação Cremos que a santificação é o processo pelo qual somos feitos participantes da santidade de Deus segundo a sua vontade (l Tess. 4:3; 5:23; II Cor. 7:1; Ef. 1:4); que ela é uma obra 43

progressiva (Prov. 4:18; Heb. 6:1; II Ped. 1:5-7; Fil. 3:12, 13,14); que começa na regeneração (l João 2:29; Rom. 8:5; João 3:6; Fil. 1:9,10); e que é levada avante nos corações dos crentes pelo poder e operação do Espirito Santo, o Confortador e o Penhor da herança eterna, e pelo uso contínuo dos meios designados, especialmente a Palavra de Deus, exame próprio, abnegação própria, vigilância e oração (Fil. 2:12,13; Ef. 4:11,12,30; Ef. 6:14-19; II Ped. 3:17,18; II Cor. 13:5; Luc. 9:23; Mat. 26:41). O assunto principal é a__________________________________________. Leia l Tess. 4:3. A palavra mais importante para descrever santificação é __________________________. A santificação depende da ____________________ e do _______________________ do Espírito _________________________. Aliste os meios de santificação. (1) _______________________________________________________________________. (2) _______________________________________________________________________. (3) _______________________________________________________________________. (4) _______________________________________________________________________. (5) _______________________________________________________________________. Há, entre estes, alguns que você precisa cultivar em sua vida?

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Estudo 13

ARTIGOS DE FÉ DAS IGREJAS BATISTAS - II ARTIGO XI — Acerca da Perseverança dos Santos Cremos que só são crentes verdadeiros aqueles que perseveram até o fim (João 8:31; l João 2:27,28); que o seu apego constante a Cristo é o indício certo que os distingue dos crentes superficiais (l João 2:19; Mat. 13:20,21; 7:22,23); que uma Providência especial vela sobre o seu bem-estar (Rom. 8:28; Jer. 32:40; Heb. 13:5); que eles são guardados pelo poder de Deus para a salvação mediante a fé (Fil. 1:6; Jud. 24; Heb. 1:14; l João 4:4; João 10:27,28). Qual a diferença principal entre o crente verdadeiro e o superficial? ___________________  ________________________________________________________________________________. Se o indício de ser crente é perseverar na fé, a indicação de não estar convertido é fracassar? Leia l João 2:16 e responda. _______________________________. A salvação eterna está garantida para o crente por três motivos. Complete a lista abaixo. (1) Ele possui uma nova natureza (II Cor. 5:17). (2) _______________________________________________________________.(Ef. 4:30). (3) _________________________________________________.(Rom. 8:38,39 e l Ped.1:5). Leia João 10:28-30. ARTIGO XII — Acerca da Concordância da Lei com o Evangelho Cremos que a Lei de Deus é a base eterna e imutável do seu governo moral (Rom. 3:31; Mat. 5:17; Luc. 16:17; Rom. 3:20); que essa Lei é santa, justa e boa (Rom. 7:12); que a incapacidade dos homens decaídos, da qual falam as Escrituras, para cumprirem os seus preceitos, provém unicamente do seu amor ao pecado (Rom. 8:7, 8; Jos. 24:19: Jer. 13:23; João 6: 44); que um dos principais objetivos do evangelho é o de libertar os homens do pecado e restaurá-los em Cristo a uma obediência sincera dessa santa Lei, concorrendo para isso os meios da graça proporcionados em conexão com a igreja visível (Rom. 8:2-4; Heb. 8:10; 12-22-25). Quais são os três adjetivos que descrevem a lei? __________________________________  _______________________________________________________________________________. Marque agora os elementos mais importantes no artigo. Aliste três na ordem de sua importância. 1º _______________________________________________________________________. 2º_______________________________________________________________________. 3º_______________________________________________________________________. ARTIGO XIII — Acerca duma Igreja Evangélica Cremos que uma igreja visível de Cristo é uma congregação de crentes balizados (l Cor. 1:12,13; Mat. 18:17,18; At. 8:1; 13:1; l Cor. 4:17; III João 9-11); associados uns aos outros, sob um pacto, na fé e na comunhão do evangelho (At. 2:41,47; l Cor. 5:12,13; II Cor. 8:5); observando as ordenanças de Cristo (l Cor. 11:12; l Tess. 3:6; Rom. 16:17-19; l Cor. 11:23; II Cor. 2:17; l Cor. 4:17); governados pelas suas leis (Mat. 28:20; João 14:15, 21; l Tess. 4:2; II João 6); e exercendo os dons, 45

direitos e privilégios concedidos a eles pela vontade de Cristo (Ef. 4:7, l Cor. 14:12; Fil. 1:27), que os seus únicos oficiais, segundo o Novo Testamento, são bispos ou pastores, e diáconos (Fil. 1:1; At. 14:23; 20:17,18,28); cujos predicados, direitos e deveres são definidos nas Epístolas a Timóteo e Tito (comp. l Tim. 3 com Tito 1). Uma igreja é uma ___________________________________________________________. Leia o pacto das igrejas batistas na capa deste livreto. Quem governa a Igreja? ______________________________________________________. Os oficiais duma igreja são _______________________ e ___________________________. Onde se encontram os deveres do bispo (pastores)?_______________________________ . ARTIGO XIV — Acerca do Batismo e da Ceia do Senhor Cremos que o batismo cristão é a imersão do crente em água (At. 8:36, 38; Mat. 3:6; João 3:23); em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mat. 28:19; At. 10:47,48); para simbolizar, num emblema solene e belo, a sua fé no Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado, e a sua morte para o pecado e ressurreição para uma nova vida (Rom. 6:4; Col. 2:12); que este ato deve preceder à sua entrada na igreja como membro e comungante da Ceia do Senhor (At. 2:41,42), na qual os membros das igrejas, pelo uso sagrado de pão e vinho, comemoram juntos a morte de Cristo (l Cor. 11:26); ato esse precedido sempre por um solene exame próprio dos que tomam parte (l Cor. 11:28). O Batismo e a Ceia são chamados Há cinco elementos importantes no batismo verdadeiro. Aliste-os. (1) em ____________________________________________________________________. (2) de um__________________________________________________________________. (3) em ____________________________________________________________________. (4) em _________________ do ___________, do ______________ e do _______________. (5) para ___________________________________________________________________. O simbolismo do batismo é duplo. Ele simboliza: (1) _______________________________________________________________________. (2) _______________________________________________________________________. O batismo é pré-requisito para (1)_______________________________ e (2)___________  _________________________________. A Ceia comemora o quê? _____________________________________________________. ARTIGO XV — Acerca do Dia de Descanso Cristão Cremos que o primeiro dia da semana é o Dia do Senhor ou o dia de descanso cristão (At. 20:7; Col. 2:16,17; Mar. 2:21,22; João 20:19; l Cor. 16:2); que deve ser consagrado a fins religiosos (ÊX. 20:8; Sal. 118:24; Is. 58:13,14); por abster-se de todo trabalho secular e divertimentos pecaminosos (Apoc. 1:10); pela observância piedosa de todos os meios da graça, tanto particulares (Sal. 118:5), como públicos (Heb. 10:25; At. 11:26); e pela preparação para aquele descanso que resta para o povo de Deus (Heb. 4:11). Qual o dia do culto público para os crentes? ______________________________________. Descreva a conduta desejável da parte do crente no primeiro dia da semana.___________  ________________________________________________________________________________. Escreva o outro nome do primeiro dia da semana._________________________________. ARTIGO XVI - Acerca do Governo Civil 46

Cremos que o governo civil é uma instituição divina, estabelecida por Deus, para promover os interesses e bem-estar da sociedade humana (Rom. 13:1,3; Ex. 18:21); que é nosso dever orar pelos magistrados, os quais devem ser conscienciosamente honrados e obedecidos (Mat. 22:21; Tito 3:1; l Ped. 2:13; l Tim. 2:1,2); exceto nas coisas contrárias à vontade de nosso Senhor Jesus Cristo (At. 5:29; Mat. 10:28; At. 4:18-20); que é o único Senhor da consciência e o Príncipe dos reis da terra (Mat. 23:10; Rom. 14:4; Apoc. 19:16; Sal. 2:10). Responda a cada pergunta com um sim ou não. 1. O governo civil é ordenação divina? __________. 2. O crente deve orar pelos líderes políticos? __________. 3. Os crentes devem obedecer às leis sociais? __________. 4. Se houver conflito da lei com a vontade expressa de Deus, o crente deve obedecer a Deus? __________. 5. O Senhor da consciência é Jesus? __________. ARTIGOS XVII — Acerca dos Justos e dos ímpios Cremos que há uma diferença radical e essencial entre os justos e os ímpios (Mal. 3:18; Prov. 12:26; Is. 5:20; At. 10:34,35); que somente são realmente justos à vista de Deus aqueles que foram justificados pela fé em nome do Senhor Jesus, e santificados pelo Espírito do nosso Deus (Rom. 1:17; 7:6; l João 2:29); ao passo que todos aqueles que continuam na incredulidade e impenitência são ímpios à vista de Deus e estão debaixo da maldição (l João 5:19; Gál. 3:10; João 3:36; Is. 57:1: Sal. 10:4); e que essa diferença conserva-se não só durante esta vida, mas também na vida além-túmulo(Prov. 14:32; Ecl. 3:17; João 8:24; Luc. 12:4,5; 9:24; Mat. 7:13,14). Qual o assunto principal do artigo?_____________________________________________. O que é um justo? __________________________________________________________. Como é o ímpio? ___________________________________________________________. Qual é a condenação do ímpio? _______________________________________________. Qual é o efeito da morte na condição do ímpio? __________________________________  ________________________________________________________________________________. ARTIGO XVIII — Acerca do Mundo Vindouro Cremos que o fim do mundo está se aproximando (l Ped. 4:7; l Cor. 7: 31; Heb. 1:11,12; Mat. 28:20; 13:41-43; II Ped. 3:13); que no último dia Cristo descerá do céu (Apõe. 1:7; Heb. 9:28; At. 1:11); e ressuscitará os mortos para receberem a retribuição final (l Cor. 15; João 5:28,29; 11:25 At. 24:15), que então se realizará uma separação solene (Mat, 13:49; 24:31; 25:32); que os ímpios serão condenados ao castigo eterno, e os justos recompensados com a bem-aventurança eterna (Mat. 25:46; Apoc. 22:11; l Cor. 6:10); que este julgamento fixará para todo o sempre o estado final dos homens no céu e no inferno, feito segundo os princípios da justiça (Rom. 3:5,6; II Ped. 3:12,12; Apõe. 20:11,12,15). Na volta de Cristo, o que acontecerá com os mortos? (1)_______________________________________________________________________. (2)_______________________________________________________________________. Qual será o resultado do julgamento do ímpio?___________________________________  _______________________________________________________________________________. Há dois lugares de estado final para o homem. Eles são o __________________________ e o _____________________________.

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OBRAS CONSULTADAS Dargan, E.C. — Ecclesiology — Doutrinas de Nossa Fé Alberto Augusto — Manual de Doutrinamento Eqttown, M.F. — Verdades Fundamentais Kittel, Cerhard — A Igreja no Novo Testamento Saulo Miranda — Assim Temos Sido Chamados Blauw, Johannes — A Natureza Missionária da Igreja Smart, J.D. — The Teaching Ministry' of the Church Hebert, A C — The Form of the Church Dana, Sipes — A Manual of Ecclesiology Kazee, Buell H. — The Church and the Ordinances Forsyth, P.T. — The Church and the Sacraments Robinson, John A.T. — Liturgy Corning to Life Ebenézer Soares Ferreira — Vade Mecum do Obreiro e da Igreja Minear, Paul S. — Images of the Church in The New Testament Carrol, B.H. — Christ and His Church McGavran, D.A. — Church Grovvth and Christian Mission Edge, Findley B. — A Quest for Vitality in Religion

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TESTE — Veja Se Aprendeu — Pr. João Alves Feitosa Nome do Aluno:  ________________________________________________________________Curso nº________ Endereço:  ________________________________________________________________________________ Livro - A DOUTRINA BÍBLICA DA IGREJA Primeiro, leia e estude o livro. Depois, responda ao teste. Não responda a olho. Responda sabendo o que está dizendo. O teste visa verificar aprendizagem e gravar ou fixar para a vida o que se prendeu. Quem sabe e sabe que sabe, sabe... E quem vive na sabedoria é sábio na vida... l — Combine as colunas, pela numeração dos parênteses: (1) Ordem na Igreja cristã ( ) Como todo corpo é estruturado, a igreja estruturou-se e tomou diversas estruturas de governos: papal; patriarcal; anglicano; luterano; presbiteriano; congregacional. (2) Ekklesía

( ) Corpo de Cristo

(3) Figura predileta de Paulo para Igreja

( ) Permanece estruturada no sentido de congregações locais autônomas, conforme o Novo Testamento

(4) Igreja de Cristo — significado de base, consoante o Velho e o Novo Testamentos (Conclua da leitura dos textos indicados nos estudos 1 a 9)

( ) Corpo de Cristo; corpo dinâmico, vivo e atuante de cristãos; continuadora da obra de Cristo; seguidores de Cristo; grupo de pessoas santas (separadas do mundo); conciliados em Cristo; família de Deus; corpo que cresce; templo vivo e santo; os santos no mundo; o povo adquirido; os discípulos de Cristo; cooperadora da verdade; edifício vivo; esposa de Cristo; povo de Deus; assembleia dos salvos; rebanho do Senhor; filhos de Deus

(5) Igreja Estruturada

( ) Primeiro Cristo (Col. 1:15-19)

(6) Igreja batista

( ) Assembleia; congregação ou ajuntamento; grupos de crentes

(7) Igrejas batistas

( ) Seus artigos de fé resumem a 49

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