May 10, 2017 | Author: Henrique Soares | Category: N/A
, GEOFíSICA de exploração
,
GEOFISICA de exploração Philip Kearey I Michael Brooks
tradução I Maria
I
Ian Hill
Cristina Moreira Coelho
,
GEOFISICA de exploração Philip Kearey I Michael Brooks I lan Hill
tradução I Maria
Cristina Moreira Coelho
Copyright original © 2002 by Blackwell Science Ltd, a Blackwell Publishing Company, UK Copyright da tradução em português © 2009 Oficina 'de Textos Capa e projeto gráfico MALUVALLIM Diagramação CASAEDITORIALMALUHY& Co. Preparação de figuras DOUGLASDAROCHAYOSHIDA Revisão técnica ADALBERTODASILVA Revisão de textos GERSONSILVA Tradução MARIA CRISTINAMOREIRACOELHO
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Kearey, Philip Geofísica de exploração / Philip Kearey, Michael Brooks, Ian Hill ; tradução Maria Cristina Moreira Coelho. - São Paulo: Oficina de Textos, 2009. Título original: An introduction Bibliografia ISBN 978-85-86238-91-8
to geophysical exploration
L Geologia 2. Prospecção - Métodos geofísicos !. Brooks, MichaeI. II. Hill, Ian. II!. Título. 09-06213
Índices para catálogo sistemático: L Geofísica da exploração: Mineração 622.15
Todos os direitos reservados à Oficina de Textos Trav. Dr. Luiz Ribeiro de Mendonça, 4 CEP 014LO-040 São Paulo-SP - Brasil teI. (11) 30857933 fax (11) 30830849 site: www.ofitexto.com.br e-mail:
[email protected]
CDD-622.15
Apresentação
Os estudantes, professores e profissionais de geofísica no Brasil sempre estudaram os métodos geofísicos por apostilas de cursos e livros em outros idiomas. Ainda não se dispunha de um livro em português que abrangesse todos os métodos geofísicos para auxiliar esses estudantes e profissionais a seguir a carreira degeofísico. O livro Geofísiea de Exploração, em tradução para o português, tem como objetivo suprir a deficiência de material didático na área de exploração geofísica, que vem crescendo muito nos últimos 20 anos. A leitura deste livro é indicada principalmente a profissionais da área de geofísica aplicada, bem como a alunos dos cursos de Geofísica e Física. Este material é uma excelente referência em todas as áreas de geofísica aplicada, para professores e profissionais atuantes. Neste volume são abordados vários métodos geofísicos, como sísmica de reflexão e refração, eletromagnéticos, gravimétricos e de poços. Contém tanto a carga teórica de que o aluno pode precisar para consulta, quanto exercícios que fornecerão a ele a confiança na aplicação das técnicas geofísicas nas áreas de aquisição, processamento e interpretação de dados. A tradutora não poupou esforços em adequar os termos técnicos do inglês para o português, que podem, a partir daqui, ser cada vez mais consagrados e utilizados entre os profissionais de geofísica brasileiros. Estou certo de que o empenho e a dedicação investidos pelos autores em anos de trabalho árduo certamente foram compensados. Ganhamos todos: os estudantes, os professores, empresas e as instituições de geofísica brasileiras.
os profissionais,
as
Marcos Antônio Gallotti Guimarães Geonunes
Prefácio à edição brasileira
o livro
Geofísica de Exploração, de Kearey, Brooks e Hill, agora em sua primeira edição em português, é um texto básico clássico de Geofísica, adotado em inúmeras escolas mundo afora e que vem ocupar um espaço importante no contexto brasileiro em particular, e dos países lusófonos em geral, pela escassez de literatura técnica específica em nossa língua. A tradução baseou-se em sua terceira edição, do ano de 2002, que contou com a participação de Ian Hill, ausente nas versões anteriores, o qual contribuiu para a ampliação do conteúdo e dos ternas tratados na obra. Infelizmente, também representou a última edição revista por Philip Kearey, que faleceu no ano seguinte, aos 55 anos de idade. Este livro é destinado a todos os estudantes e profissionais de áreas técnicas e científicas que, de um modo ou de outro, utilizam aplicações geofísicas em seu trabalho. Evidentemente, os geocientistas encabeçam essa lista de usuários e executores, mas diversas áreas, que abrangem desde a Arqueologia até as Engenharias, passando pela Física e pela Matemática, compõem esse conjunto de interessados nos assuntos aqui tratados. A recente expansão dos cursos de graduação em Geofísica no país e o crescente interesse na área, impulsionado pela indústria do petróleo e pelas aplicações ambientais, demonstram a propriedade em editar este livro. Para os alunos de graduação e pós-graduação, é um texto introdutório que cobre adequadamente os principais temas da Geofísica de Exploração; para os profissionais que atuam nessa área, é um livro de consulta ágil e abrangente. Corno se trata de um campo do conhecimento que tem suas bases e aplicações fundadas na multidisciplinaridade, há sempre o risco de, por um lado, afugentar os leitores cujo domínio em Matemática ainda é
8 I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
pouco desenvolvido e, por outro, provocar a sensação de incompletude naqueles mais afeitos aos procedimentos comuns ao Cálculo. Contudo, essa armadilha foi habilmente desarmada por Kearey e seus coautores, simplesmente não cedendo às simplificações que comprometem o conteúdo e apoiando a introdução dessas ferramentas em um contexto conceitual e qualitativo de fácil apreensão. Essa estratégia resultou em um texto que, ao mesmo tempo que atrai os leitores para seu desenvolvimento nas peculiaridades matemáticas, introduz a todos o cenário geológico no qual a aquisição geofísica é praticada. Grande parte do livro é dedicada ao método sísmico, uma vez que ele é, ainda hoje, a ferramenta geofísica mais difundida e que envolve a maioria dos profissionais da área. Entretanto, cada um dos métodos geofísicos principais são tratados ao longo dos capítulos, mostrando um quadro abrangente da atividade exploratória. Cabe destacar a organização adotada pelos autores, a qual, logo de início, estabelece os princípios e a discussão fundamental que permeiam e embasam a aquisição geofísica: a natureza do objeto de estudo e a ambiguidade intrínseca aos seus métodos de investigação. Imediatamente, ao contrário de muitos livros que normalmente mostram o tratamento de dados geofísicos de maneira compartimentada para cada método específico, o livro segue com uma revisão desse aspecto fundamental, aplicando a ótica do tratamento de sinais, demonstrando a universalidade dessa metodologia no estudo e na investigação dos fenômenos naturais que são objeto da Geofísica. A leitura dos dois capítulos iniciais deste livro já mostrará aos usuários a riqueza de aplicações e explicará o encantamento que a Geofísica exerce sobre cada um que pretende se dedicar ao seu exercício. E, certamente, o leitor não irá resistir à compulsão de acompanhar até o fim o roteiro elaborado por Kearey, Brooks e Hill, revisitando-o inúmeras vezes como um livro de consulta ao longo da sua vida profissional.
Adalberto da Silva Universidade Federal Fluminense
[N.T]
_-\ideia de traduzir este livro surgiu em razão da escassa bibliografia em :?Qrtuguês na área de Geofísica Aplicada, quer para a graduação, quer para pós-graduação. Assim, esperamos que este livro, organizado de forma oa tante didática, possa vir a ser de grande utilidade para os estudantes 'a área, ou mesmo adotado como livro texto nos cursos de graduação em geofísica em todo o país, tal como ocorreu com o original no Reino Cnido. _'o trabalho atual, procurou-se trazer para o português termos e conceitos _empre que uma escolha traduzisse bem a ideia original, mas manteve-se o termo em inglês quando a tarefa não foi possível ou quando o termo é de uso corrente na área de geofísica de exploração. No primeiro caso ::nanteve-se, ainda, o termo em inglês entre parênteses para facilitar a busca na literatura corrente, mesmo quando o equivalente em inglês arecia óbvio. Os termos em itálico correspondem a conceitos essenciais que, na maioria das vezes, poderão ser encontrados no índice remissivo. O texto traduzido passou por uma extensa e minuciosa revisão, executada por profissionais solidamente ligados aos assuntos tratados, pesquisadores e professores, com larga formação nas áreas afins, cujo trabalho foi de imenso valor na apresentação deste livro. _-\ssim, gostaria de agradecer a Adalberto da Silva, do Laboratório de Geologia Marinha da Universidade Federal Fluminense, pesquisador e professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Geofísica, e a Paulo Buarque de Macedo Guimarães, da RFL Geologia e Informática itda. - ME, cujas leitura, corrrções e sugestões muito acrescentaram tradução da obra.
à
Também muito contribuíram com suas discussões os Professores Jean :VIarie Flexor, do Observatório Nacional, Luiz Geraldo Loures, do
10 I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
Laboratório de Engenharia e Exploração de Petróleo da Universidade Estadual do Norte Fluminense, Marco Antonio Cetale Santos, também do Laboratório de Geologia Marinha da Universidade Federal Fluminense, e Sidney Luiz de Matos Mello, atualmente na Pró-Reitoria de Assuntos Acadêmicos da Universidade Federal Fluminense, com suas sugestões.
Prefácio
::ste livro apresenta uma introdução geral aos métodos mais importantes ~e ::\..-ploração geofísica. Esses métodos representam a principal ferramenta :- ra investigação de subsuperfície e são aplicáveis a uma grande variedade ":e problemas. Embora sua principal aplicação ocorra em prospecção de =-~cursosnaturais, são também utilizados, por exemplo, como um auxílio pesquisa geológica, como um meio de obter informações a respeito propriedades físicas internas da Terra, no campo das investigações queológicas e naquelas voltadas à engenharia. Consequentemente, a exploração geofísica é importante não somente para geofísicos, mas - mbém para geólogos, físicos, engenheiros e arqueólogos. O livro abrange os princípios físicos, a metodologia, os procedimentos de interpretação e os campos de aplicação dos vários métodos de aquisição. A ênfase principal foi colocada nos métodos sísmicos porque estes representam as técnicas mais largamente utilizadas, sendo empregados ampla e rotineiramente • ela indústria de petróleo na prospecção de hidrocarbonetos. Como este é um texto introdutório, não tentamos esgotar completamente o assunto. Os leitores que necessitarem de informações adicionais sobre quaisquer dos métodos descritos devem se reportar aos textos mais avançados listados ao final de cada capítulo. Esperamos que o livro sirva como texto para um curso introdutório para estudantes das disciplinas acima descritas e também como um guia útil para especialistas que estejam cientes do valor da aquisição geofísica para suas próprias disciplinas. Na preparação de um livro para esse leque de possíveis leitores, é inevitável o surgimento de problemas relativos ao nível de tratamento matemático a ser adotado. A geofísica é um tema altamente matemático e, embora tenhamos tentado mostrar que nenhum grande conhecim,ento matemático é necessário para uma compreensão geral da aquisição geofísica, uma completa compreensão das técnicas mais avançadas de processamento e interpretação de dados requer uma habilidade matemática considerável. Abordamos esse problema mantendo a matemática tão simples quanto possível e restringindo a
12
I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
análise matemática completa a casos relativamente simples. Entretanto, consideramos importante que qualquer usuário de levantamentos geofísicos deva estar a par das técnicas mais avançadas de análise e interpretação de dados geofísicos, uma vez que elas podem aumentar consideravelmente a quantidade de informações úteis obtidas a partir desses mesmos dados. Na discussão de tais técnicas foi adotada uma abordagem semiquantitativa ou qualitativa, o que permite ao leitor avaliá-Ias em toda a sua extensão e importância sem entrar nos detalhes de sua implementação. As edições anteriores deste livro foram adotadas como livro-texto padrão em exploração geofísica por numerosas instituições educacionais superiores na Grã-Bretanha, América do Norte e em muitos outros países. Nesta terceira edição o conteúdo foi atualizado, levando em conta os recentes desenvolvimentos nas principais áreas da exploração geofísica. Nós estendemos a abrangência dos capítulos de sísmica, incluindo novos materiais sobre sismologia de três componentes e sísmica de reflexão 4D, apresentando também uma nova seção sobre tomografia sísmica. Ampliamos também o leque de aplicações de sismologia de refração para incluir o relato de uma investigação voltada para a engenharia de fundações.
Sumário
capítulo 1 - Os Princípios e as Limitações dos Métodos de Exploração Geofísica, 19 .:2.1
Introdução
19
:.2 Os métodos de aquisição
20
:.] O problema da ambiguidade na interpretação geofísica
27
:.-j A estrutura deste livro
29
Capítulo 2 -
O Processamento de Dados Geofísicos, 31
2.1
Introdução
31
_.2
Digitalização de dados geofísicos
32
_.] Análise espectral
35
-.4 Processamento de formas de onda
40
2.5
Filtragem digital
_.6 Imageamento e modelagem
46 50
Problemas
51
Leituras Adicionais
51
Capítulo 3 -
Elementos de um Levantamento
Sísmico, 53 '.1 Introdução
53
].2 Tensão e deformação
54
Ondas sísmicas
56
].3
14 I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
3.4 Velocidades de ondas sísmicas nas rochas
61
3.5 Atenuação da energia sísmica ao longo da trajetória do raio
64
3.6 Trajetórias de raio em meios estratificados
65
3.7 Levantamentos sísmicos de reflexão e refração
71
3.8 Sistemas de aquisição de dados sísmicos
74
Problemas
88
Leituras Adicionais
89
Capítulo 4 -
Levantamento
sísmico de reflexão, 91
4.1 Introdução
91
4.2 Geometria das trajetórias do raio refletido
91
4.3 O sismograma de reflexão
100
4.4 Projeto de levantamento de reflexão multicanal
105
4.5 Correções de tempo aplicadas a traços sísmicos
114
4·6 Correção estática
114
4.7
Análise de velocidade
119
4.8
Filtragem de dados sísmicos
121
4.9
Migração de dados de reflexão
131
4.10 Levantamentos sísmicos de reflexão 3D
138
4.11
Levantamentos sísmicos de reflexão de três componentes (3C) ...
143
4.12
Levantamentos sísmicos 4D
150
4.13
Perfilagem sísmica vertical
152
4.14
Interpretação de dados sísmicos de reflexão
155
4.15
Perfilagem marinha de reflexão monocanal
166
1
4.16 Aplicações de levantamentos sísmicos de reflexão
173
Problemas
179
Leituras Adicionais
180
SUMÁRIO
Capítulo 5 _-.1
Levantamento
sísmico de refração, 183
Introdução
183
:-._ Geometria das trajetórias dos raios refi'atados: interfaces planas .. 184 _-.3 Geometrias de perfis para planas
o
estudo de problemas de camadas 193
5.4 Geometria de trajetórias de raios refratados: interfaces irregulares
(não planas)
195
_ _ Construção de frentes de onda e traçado de raios
202
_-.6
Os problemas de camadas ocultas e de camadas cegas
203
_-.7
Refração em camadas com variação contínua de velocidade .....
205
:.8 Metodologia de perfilagem de refração
205
_-.9 Outros métodos de levantamento de refração
212
_-.10 5.11
Tomografia sísmica
214
Aplicações dos levantamentos sísmicos de refração
216
Problemas
222
Leituras Adicionais
224
Capítulo 6 -
Levantamento
gravimétrico,
227
Introdução
227
6.2 Teoria básica
227
6.1
6.3 Unidades de gravidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 228 6.4 Medição da gravidade
229
6.5 Anomalias de gravidade
235
6.6 Anomalias de gravidade de corpos de formas simples
236
6-7
Levantamento gravimétrico
239
6.8 Redução gravimétrica
240
6.9 Densidades de rochas
247
6.10
Interpretação de anomalias gravimétricas
250
6.11
Teoria do potencial elementar e manipulação do campo potencial
259
6.u Aplicações dos levantamentos gravimétricos
263
I
15
16
I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
Problemas
268
Leituras Adicionais
272
Capítulo 7 -
Levantamento
magnético, 273
71 Introdução
273
72 Conceitos básicos
273
73 Magnetismo de rochas
279
74 O campo geomagnético
280
75 Anomalias magnéticas
283
76 Instrumentos para
285
o
levantamento magnético
77 Levantamentos magnéticos terrestres
289
78 Levantamentos aeromagnéticos e marinhos
290
79 Redução de observações magnéticas
290
710
Interpretação de anomalias magnéticas
293
711
Transformações de campo potencial
302
712
Aplicações dos levantamentos magnéticos
305
Problemas
312
Leituras Adicionais
313
Capítulo 8 8.1
Levantamento
elétrico, 315
Introdução
315
8.2 Método de resistividade
315
8.3 Método de polarização induzida (IP)
340
\
8.4 Método de potencial espontâneo (SP) Problemas
350
Leituras Adicionais
353
SUMÁRIO
Capítulo 9 -
Levantamento
eletromagnético,
355
9·1 Introdução
355
9.2 Profundidade de penetração dos campos eletromagnéticos
356
9.3 Detecção de campos eletromagnéticos
357
9.4 Métodos de ângulo de inclinação (tilt-angle)
357
9.5 Sistemas de medição de fase
363
9.6 Levantamento eletromagnético no domínio do tempo
366
91
370
Medição de condutividade sem contato
9.8 Levantamento eletromagnético aerotransportado
372
9.9 Interpretação de dados eletromagnéticos
376
9.10 Limitações do método eletromagnético
378
9.11
Métodos de campos telúrico e magnetotelúrico
378
9.12 Radar de penetração de solo 9.13
382
Aplicações do levantamento eletromagnético
386
Problemas
387
Leituras Adicionais
390
Capítulo 10 -
Levantamento
radiométrico,
391
10.1
Introdução
391
10.2
Decaimento radioativo
392
10.3
Minerais radioativos
393
10.4 Instrumentos para medição de radioatividade
393
10.5 Levantamentos de campo
396
10.6 Exemplo de levantamento radiométrico
398
Leituras Adicionais
398
Capítulo 11 -
Perfilagem geofísica de poço, 399
11.1
Introdução à perfuração
399
11.2
Princípios de perfilagem de poço
400
I
17
18
I
GEOFíSICA
DE EXPLORAÇÃO
11.3
Avaliação de formação
401
11.4
Perfilagem de resistividade
402
11·5
Perfilagem de indução
409
11.6
Perfilagem de potencial espontâneo
411
11.7
Perfilagem radiométrica
411
11.8
Perfilagem sônica
414
11·9
Perfilagem de temperatura
417
11.10
Perfilagem magnética
11.11
Perfilagem gravimétrica
'
417 418
Problemas
418
Leituras Adicionais
420
Apêndice: unidades no SI, C.9.s e Imperial (usual dos EUA) e fatores de conversão, 421
Referências bibliográficas, índice remissivo, 431
423
Os Princípios e as Limitações dos
Métodos
de Exploração Geofísica
1.1 Introdução Este capítulo é dirigido aos leitores sem qualquer conhecimento prévio dos métodos de e:h.'Ploraçãogeofísica e que se encontram num nível elementar. Pode ser ignorado por leitores já familiarizados com os princípios básicos e as limitações dos levantamentos geofísicos. A ciência geofísica aplica os princípios da física ao estudo da Terra. A investigação geofísica do interior da Terra envolve realizar medidas em sua superfície ou próximo a ela, medidas estas que são influenciadas pela distribuição interna das propriedades físicas da Terra. As análises dessas medidas podem revelar como as propriedades físicas do interior da Terra variam vertical e lateralmente. Trabalhando em diferentes escalas, os métodos geofísicos podem ser aplicados a uma ampla gama de investigações, do estudo de toda a Terra (geofísica global; por ex. Kearey & Vine, 1996) à exploração de uma região localizada da crosta superior para fins de engenharia ou outros propósitos (por ex. Vogelsang, 1995; McCann et aI., 1997). Nos métodos de exploração geofísica (também chamados de levantamentos geofísicos) discutidos neste livro, as medidas tomadas em áreas geograficamente restritas são usadas para determinar as distribuições das propríedades físicas a profundidades que reflitam a geologia de subsuperfície localmente. Um método alternativo para se investigar a geologia de subsuperfície é, naturalmente, perfurar poços, mas este é um método caro e somente fornece informações localizadas. Os levantamentos geofísicos, embora algumas vezes passíveis de grandes ambiguidades ou incertezas na interpretação, proporcionam um meio relativamente rápido e barato de se obter informações distribuídas em área da geologia de subsuperfície. Na exploração de recursos de subsuperfície, os métodos são capazes de
20
I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
detectar e delinear características locais de interesse potencial que não poderiam ser descobertas por nenhum programa de perfuração realista. O levantamento geofísico não dispensa a necessidade de perfurações, mas, corretamente aplicado, pode aperfeiçoar
2.500 2.000
1. A velocidade de onda compressiva aumenta com a pressão confinante (muito rapidamente no intervalo de Oa 100 MPa). 2. Velocidades de arenitos e folhelhos mostram um aumento sistemático com a profundidade de soterramento e a idade, por causa dos efeitos combinados de compactação e cimentação progressivas.
1.500 1.000 ~~---~I 1\100% ----I----~I 1.000 1.500 2.000
---2.500
3.000
Densidade em kg m-3 Fig. 3.6 Relação entre a velocidade sísmica e densidade-porosidade, calculada para sólidos granulares monominerálicos: círculos claros - arenito, calculada para uma matriz quartzos a; círculos escuros - calcário, calculada para uma matriz calcítica. Pontos identificados pelo valor da porosidade correspondente, de O a 100%. Tais relações são úteis na interpretação de perfis de poço (ver Capo 11)
64
I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
Tab.3.1 Velocidades de ondas compressivas em materiais terrestres
Materiais
inconsolidados
Areia (seca) Areia (saturada
em água)
0,2 -1,0 1,5- 2,0
1,0- 2,5
Argila Till glacial
(saturado
em água)
Permafroste
1,5- 2,5 3,5 - 4,0
Rochas sedimentares
Anidrita
2,0 2,0 4,0 5,5 2,0 2,0 3,0 5,0 2,5 4,5 4,5
Gipso
2,0 - 3,5
Arenitos Arenito
terciário
Arenito
Pennant
Quartzito
(Carbonifero)
cambriano
Calcá rios Greda cretácea Oólitos
jurássicos
Calcário
e calcá rios bioclásticos
carbonifero
Dolomitos Sal
-
6,0 2,5 4,5 6,0 6,0 2,5 4,0 5,5 6,5 5,0 6,5
Rochas igneas/metamórficas Granito Gabro Rochas ultramáficas Serpentinito
5,5 6,5 7,5 5,5 -
6,0 7,0 8,5 6,5
Fluidos dos poros Ar
0,3
1,4 - 1,5
Água Gelo
3,4
Petróleo
Outros
1,3 -1,4
materiais
Aço
6,1
Ferro
5,8
Alumínio
6,6 3,6
Concreto
3. Para uma ampla gama de rochas sedimentares, a velocidade das ondas compressivas está relacionada à densidade, com curvas publicadas de velocidade-densidade muito bem fundamentadas (Sheriff & Geldart, 1983; ver Seção 6.9, Fig. 6.16). Consequentemente, as densidades de camadas inacessíveis em subsuperfície podem ser preditas se suas velocidades forem conhecidas com base em levantamentos sísmicos. 4. A presença de gás nas rochas sedimentares reduz os valores dos módulos elásticos, da razão de Poisson e da razão vv/vs. Razões vv/vs maiores que 2.0 são características de areia inconsolidada, enquanto valores menores que 2.0 podem indicar tanto um arenito consolidado quanto uma areia inconsolidada saturada com gás. O potencial de Vs na detecção de sedimentos saturados com gás explica o interesse atual em aquisição sísmica de ondas de cisalhamento. A Tab. 3.1 apresenta valores e intervalos de velocidade de ondas compressivas típicos para uma ampla variedade de materiais terrestres.
3.5 Atenuação da energia sísmica ao longo da trajetória do raio Quando um pulso sísmico se propaga através de um meio homogêneo, a energia original E transmitida pela fonte distribui-se segundo uma envoltória esférica, a frente de onda, com um raio que se expande com o tempo. Se o raio da frente de onda for T, a quantidade de
3
ELEMENTOS
DE UM LEVANTAMENTO
energia contida em uma unidade de área da casca será Ej 4ny2. Com o aumento da distância ao longo da trajetória de um raio, a energia nele contida decai em função de y-2 por causa do efeito de espalhamento geométrico (geometrical spreading) da energia. A amplitude de onda, que é proporcional à raiz quadrada da sua energia, decai, assim, segundo y- I. Uma outra causa da perda de energia ao longo da trajetória de um raio deve-se ao fato de que, mesmo com as baixas tensões envolvidas, o terreno é imperfeitamente elástico em sua resposta à passagem das ondas sísmicas. A energia elástica é gradualmente absorvida pelo meio, em razão das perdas friccionais internas, levando, finalmente, ao desaparecimento total da perturbação sísmica. Os mecanismos de absorção da energia são complexos, mas a perda de energia é comum ente vista como sendo uma fração fixa da energia total para cada oscilação das partículas de rocha envolvidas, tempo durante o qual a frente de onda terá se movido um comprimento de onda à frente. O coeficiente de absorção (absorption eoeffieient) cx exprime a fração de energia que se perde durante a transmissão através de uma distância equivalente a um comprimento de onda À completo. Os valores de cx para materiais terrestres comuns variam de 0,25 a 0,75 dE À -I (para a definição de decibéis, dE, ver Seção 2.2). Para o intervalo de frequências utilizado em aquisição sísmica, o coeficiente de absorção é normalmente assumido como sendo independente da frequência. Se o valor de absorção por comprimento de onda for constante, conclui-se que ondas de frequências mais altas sofrem atenuação mais rapidamente que as de frequências mais baixas, como uma função de tempo ou de distância. Para ilustrar esse ponto, considere duas ondas, com frequências de 10 Hz e 100 Hz, propagando-se através de uma rocha em que vp = 2, O km S-I e cx = 0,5 dE À -I. A onda de 100 Hz (À = 20 m) será atenuada em função da absorção em 5 dE para uma distância de 200 m, enquanto que a onda de 10 Hz (À = 200 m) será atenuada em somente 0,5 dE para a mesma distância. Consequentemente, a forma de um pulso sísmico com um amplo conteúdo de frequências muda continuamente durante a propagação, devido à perda progressiva das frequências mais altas. Em geral, o efeito de absorção produz um alargamento progressivo do pulso sísmico (Fig. 3.7). Esse efeito da absorção é familiar, pois se aplica às ondas P no ar - o som. O estalido agudo de um relâmpago próximo é ouvido ao longe como o distante ribombar prolongado de um trovão.
3.6 Trajetórias de raio em meios estratificados Numa interface entre duas camadas de rochas, há geralmente uma mudança na velocidade de propagação resultante das diferentes propriedades físicas das duas camadas. Em tal interface, a energia contida num pulso
SÍSMICO
I
65
66 I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
Entrada spike 20 ms
1--1
apósls
após 2s após 35
após 4s
Fig. 3.7 Alteração progressiva da forma de um pulso curto original durante sua propagação devido aos efeitos de absorção. (Baseado em Anstey, 1977)
através do solo,
sísmico incidente é dividida em pulsos transmitidos e refletidos. As amplitudes relativas dos pulsos transmitidos e refletidos dependem das velocidades e densidades das duas camadas e do ângulo de incidência sobre a interface. 3.6.1
Reflexão e transmissão
de raios sísmicos normalmente
incidentes
Considere um raio compressivo de amplitude Ao, incidindo normalmente em uma interface entre dois meios de diferentes velocidade e densidade (Fig. 3.8). Um raio transmitido de amplitude A2 atravessa a interface na mesma direção do raio incidente, e um raio refletido de amplitude AI retoma, seguindo a mesma trajetória do raio incidente. A energia total dos raios transmitido e refletido deve ser igual à energia do raio incidente. As proporções relativas da energia transmitida e refletida são determinadas pelo contraste em impedâncía acústica (acoustic impedance) Z na interface. A impedância acústica de uma rocha é o produto de sua densidade (p) por sua velocidade de onda (v); assim,
Z = pv É difícil relacionar
a impedância acústica a uma propriedade tangível da rocha mas, em geral, quanto mais rígida a rocha, mais alta é sua impedância acústica. Intuitivamente, quanto menor o contraste em impedância acústica em uma inte,rface, maior é a proporção da energia transmitida através da interface. Obviamente, toda a energia é transmitida se o material rochoso for o mesmo de ambos os lados da interface, e mais energia é refletida quanto maior o contraste. De experiências corriqueiras com som, os melhores ecos provêm de rochas e paredes de tijolos. Em
3
ELEMENTOS
DE UM LEVANTAMENTO
termos de teoria física, a impedância acústica é análoga elétrica e, assim como a transmissão máxima de energia uma combinação das impedâncias elétricas, o máximo de energia sísmica requer uma combinação das impedâncias
SÍSMICO
I
67
à impedância elétrica requer transmissão da acústicas.
o
coeficiente de reflexão (reflection coeffieient) R é uma medida numérica do efeito de uma inter-
Raio incidente, amplitude Ao
face sobre a propagação de onda, e é calculado como a razão entre
Raio refletido, amplitude A,
a amplitude Ai do raio refletido e a amplitude Ao do raio incidente Raio transmitido, amplitude
A2
Relacionar essa medida simples às Fig. 3.8 Raios refletido e transmitido associados a um raio propriedades físicas dos materiais normalmente incidente sobre uma interface de contraste de na interface é um problema comimpedância acústica plexo. Como já vimos, a propagação de uma onda P depende dos módulos elásticos de volume e de cisalhamento, assim como da densidade do material. Nesse limite, a tensão e a deformação nos dois materiais devem ser consideradas. Uma vez que os materiais são diferentes, as relações entre tensão e deformação serão diferentes para cada um deles. Também se torna importante a orientação da tensão e da deformação com relação à interface. A solução formal para esse problema físico foi deduzida no início do século XX e as equações resultantes são conhecidas como equações de Zoeppritz (Zoeppritz, 1919; para uma explicação acerca de suas deduções, ver Sheriff & Geldart, 1982). Para a nossa finalidade, simplesmente aceitaremos as soluções dessas equações. Para um raio normalmente incidente, as relações são bastante simples e podem ser expressas por:
R
=
P2V2 P2V2
PiVi
+ PiVi
onde P1>Vi, Zi e P2, V2, Z2 são os valores da densidade, da velocidade das ondas P e da impedância acústica nas primeira e segunda camadas, respectivamente. Dessa equação segue-se que -1 ~ R ~ + 1. Um valor negativo de R significa uma mudança de fase de 7t (180°) no raio refletido.
o coeficiente
de transmissão (transmission coefficient) T é a razão entre a amplitude A2 do raio transmitido e a amplitude Ao do raio incidente
T=AdAo
68
I
GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
Para um raio normalmente incidente, isso é dado, a partir da solução das equações de Zoeppritz, por
Os coeficientes de reflexão e transmissão são, às vezes, expressos em termos de energia, e não de amplitude de onda. Se a intensidade de energia I for definida como a quantidade de energia fluindo através de uma unidade de área normal à direção de propagação de onda numa unidade de tempo, de tal forma que Ia, I) e 12 sejam as intensidades dos raios incidente, refletido e transmitido, respectivamente, então
e
onde R I e T I são os coeficientes de reflexão e transmissão termos de energia.
expressos em
Se R ou R I = O, toda a energia incidente é transmitida. Esse é o caso quando não há nenhum contraste de impedância acústica em uma interface, mesmo que os valores de densidade e velocidade sejam diferentes nas duas camadas (i.e. Z) = Z2). Se R ou W = + 1 ou -1, então, toda a energia incidente é refletida. Uma boa aproximação dessa situação ocorre na superfície livre de uma coluna d'água: raios que se deslocam para cima a partir de uma explosão em uma camada de água são quase totalmente refletidos de volta por sua superfície com uma mudança de fase de 7T (R = -0.9995). Os valores do coeficiente de reflexão R para interfaces entre diferentes tipos de rocha raramente excedem ±O, 5 e são geralmente muito inferiores a ±O, 2. Assim, a maior parte da energia sísmica incidente numa interface de rocha é transmitida, e somente uma pequena porção é refletida. Pelo uso de uma relação empírica entre velocidade e densidade (ver também Seção 6.9) é possível estimar o coeficiente de reflexão com base na velocidade somente (Gardner et al., 1974; Meckel & Nath, 1977):
Tais relações podem ser úteis, mas devem ser aplicadas com cuidado, uma vez que as litologias são altamente variáveis e lateralmente heterogêneas, como apontado na Seção 3.4.
3
3.6•2 Reflexão e refração de raios obliquamente
ELEMENTOS
DE UM LEVANTAMENTO
SÍSMICO
I
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incidentes
Quando um raio de onda P incide obliquamente sobre uma interface de contraste de impedância acústica, os raios P refletidos e transmitidos são gerados como no caso de incidência normal. Adicionalmente, alguma energia compressiva incidente é convertida em raios de onda S refletidos e transmitidos (Fig. 3.9), que são polarizados num plano vertical. As equações de Zoeppritz mostram que as amplitudes das quatro fases são uma função do ângulo de incidência 8. Os raios convertidos podem atingir uma magnitude significativa para Fig. 3.9 Raios de ondas P e S refletidos e refratados, gerados grandes ângulos de incidência. Pode por um raio P obliquamente incidente sobre uma interface de contraste de impedância acústica ser difícil, numa aquisição sísmica, a detecção e identificação de ondas convertidas, mas elas têm potencial de fornecer maior discriminação das propriedades físicas dos meios separados por uma interface. Aqui, as considerações se limitarão às ondas P. No caso de incidência oblíqua, o raio de onda P transmitido percorre a camada inferior com uma mudança na direção de propagação (Fig. 3.10) e é denominado raio refratado (refracted ray). O caso é diretamente análogo ao comportamento de um raio de luz obliquamente incidente numa interface entre, digamos, ar e água, e a Lei de Refração de Snell (Snell's Law ofRefraction) aplica-se igualmente à áptica e à sísmica. Snell definiu o parâmetro do raio p = sen i/v, onde é o ângulo de inclinação do raio em uma camada em que se propaga a uma velocidade v. A forma generalizada da Lei de Snell afirma que, ao longo de qualquer raio, o parâmetro do raio permanece constante.
i
Então, para o raio de onda P refratado mostrado na Fig. 3.10 sen
82
V2 sen V2 V1 sen8281
V2> VI
sen 81VI
V1
Note que, se Vz > v}, o raio é refratado, distanciando-se da normal à interface; assim, 8z > 8}. A Lei de Snell também se aplica ao raio refletido, donde se segue que o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência (Fig. 3.10).
Fig. 3.10 Raios de onda P refletido e refratado associados ao raio P obliquamente incidente sobre uma interface de contraste de impedância acústica
70 I
GEOFÍSICA
3.6.3
A v, V2
DE EXPLORAÇÃO
Refração crítica
Quando a velocidade for mais alta na camada inferior, há um ângulo característico de incidência, conhecido como ângulo crítico (critical angle) Se, para o qual o ângulo de Trajetórias Onda frontal de raios refração é 900. Isso gera um raio gerada na criticamente refratado que viaja camada superior I ao longo da interface a uma velocidade mais alta V2. Para qualB quer ângulo de incidência maior > v, haverá reflexão interna total da Frente de onda na camada \ em expansãoinferior
Fig. 3.11 Geração de uma onda frontal na camada superior associada a uma onda propagando-se através da camada inferior
sen Se
energia incidente (exceto para raios de ondas S convertidas em uma gama de ângulos maiores). O ângulo crítico é dado por
1
VI
assl1ll, que
A passagem do raio criticamente refratado ao longo do topo da camada inferior causa uma perturbação na camada superior que se propaga a uma velocidade V2, que é maior que a velocidade sísmica VI da camada superior; A situação é análoga à de um projétil que se desloca no ar, a uma velocidade maior que a velocidade do som no ar, e o resultado é o mesmo, a geração de uma onda de choque. No caso da sísmica, essa onda é conhecida como onda frontal (head wave), e percorre obliquamente a camada superior em direção à superfície (Fig.3.11). Qualquer raio associado à onda frontal apresenta-se inclinado segundo o ângulo crítico Se. Devido à onda frontal, a energia sísmica retoma à superfície após a refração crítica em uma camada inferior de velocidade maior. 3.6.4
Difração
Na discussão acima sobre reflexão e transmissão da energia sísmica em interfaces com contraste de impedância acústica admitiu-se, implicitamente, que as interfaces eram contínuas e aproximadamente planas. Em interfaces que apresentam descontinuidades abruptas ou em estruturas cujo raio de curvatura é menor que o comprimento de onda das ondas incidentes, as leis de reflexão e refração não mais se aplicam. Tais fenômenos geram uma difusão radial da energia sísmica incidente conhecida como difração (dijfraction). Fontes comuns de difração no terreno incluem as bordas de
3
,~-//"'\"I
'.f de onda Frente
/
\\
---------~ --I \// I/I\,-\"" ,1 ~"'\ "\ 1~ " Frente T
\
~/
\ T T I \\ "-
"
"
I
...••.
/
ELEMENTOS
DE UM LEVANTAMENTO
~
\,.-........ /'?
de ond arefletid
difratada Fig. 3.12 Difração causada pelo truncamento
de uma camada falhada
camadas falhadas (Fig, 3,12) e pequenos objetos isolados, como matacões, em uma camada que, de outra forma, seria homogênea. Fases difratadas são comumente observadas em registros sísmicos e, algumas vezes, difíceis de ser diferenciadas de fases refletidas e refratadas, como discutido no Capo 4.
3.7 Levantamentos sísmicos de reflexão e refração Considere a seção geológica simples mostrada na Fig. 3.13, com duas camadas homogêneas de velocidades sísmicas, v) e V2, separadas por uma interface horizontal a uma profundidade z, a velocidade de onda compressiva sendo mais alta na camada inferior (i.e. V2 > v)). A partir de uma fonte sísmica S logo abaixo da superfície, há três tipos de trajetória de raio pelas quais a energia sísmica atinge a superfície em uma determinada distância da fonte, onde poderá ser registrada por um detecto r apropriado, como em D, a uma distância horizontal x a partir de S. O raio direto (direct ray) viaja ao longo de uma linha reta através da camada superior, desde a fonte até o detector, à velocidade v). O raio refletido (reflected ray) incide obliquamente sobre a interface e é refletido de volta para o detector através da camada superior, deslocando-se ao longo de todo o seu trajeto à velocidade v) da camada superior. O raio refratado (refracted ray) propaga -se para baixo e obliquamente à velocidade v), depois ao longo de um segmento da interface à velocidade mais alta V2, e de volta para cima através da camada superior à velocidade v). O tempo de percurso de um raio direto é dado simplesmente por
que define uma linha reta de inclinação I Iv), passando pela origem do gráfico de tempo-distância.
SíSMICO
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72
I
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,I
I
GEOFÍSICA
I = i
II
I
1
DE EXPLORAÇÃO
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0=-.
>'
®t
x Xcrit
Xcros
5
z
v,
Fig. 3.13 (A) Sismograma
mostrando os traços em função do tempo de 24 geofones distribuídos ao longo da superfície da Terra; (B) Curvas do tempo de percurso para raios direto, refletido e refratado, no caso de um modelo simples de duas camadas; (C) Trajetórias dos raios direto, refletido e refratado a partir de uma fonte próxima à superfície até um detectar na superfície, no caso de um modelo simples de duas camadas
3
o tempo
ELEMENTOS
DE UM LEVANTAMENTO
de percurso de um raio refletido é dado por (x2 trefl == ------
+ 4Z2)I/2 VI
o qual, como discutido no Capo 4, é a equação de uma hipérbole.
o tempo
de percurso de um raio refratado (para dedução, ver Capo 5) é
dado por x trefr == -
V2
2z cos Se
+ ----
VI
que é a equação de uma linha reta cuja inclinação é l/v2 e sua intersecção com o eixo do tempo é dada por 2z cos 8e VI
Curvas de tempo de percurso ou de tempo-distância para raios diretos, refratados e refletidos são ilustradas na Fig. 3.13. Por meio de análises apropriadas da curva de tempo de percurso para raios refletidos ou refratados é possível calcular a profundidade da camada inferior. Isso nos dá dois métodos independentes de levantamento sísmico para localizar e mapear interfaces em subsuperfície, o levantamento sísmico de reflexão (reflection surveying) e o levantamento sísmico de refração (refraction surveying). Estes possuem suas próprias metodologias e campos de aplicação e são discutidos separadamente, em detalhe, nos Caps. 4 e 5. Entretanto, algumas considerações gerais acerca dos dois métodos podem ser feitas aqui, com em relação às curvas de tempo de percurso e ao sismograma da Fig. 3.13. As curvas são mais complexas no caso de um modelo multiestratificado, mas as considerações a seguir ainda se aplicam. A primeira chegada da energia sísmica num detectar de superfície a uma determinada distância da fonte superficial é sempre um raio direto ou um raio refratado. O raio direto é ultrapassado por um raio refratado à distância de cruzamento (crossover distance) Xcros. Acima dessa distância de afastamento, a primeira chegada é sempre um raio refratado. Como os raios criticamente refratados viajam para baixo em direção à interface segundo o ângulo crítico, há uma distância dentro da qual a energia refratada não atingirá a superfície, conhecida como distância crítica (critical distance) Xerit. À distância crítica, os tempos de percurso de raios refletidos e refratados coincidem porque seguem efetivamente a mesma trajetória. Raios refletidos nunca são primeiras chegadas; eles são sempre precedidos por raios diretos e, além da distância crítica, também por raios refratados.
SÍSMICO
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GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
As características acima das curvas de tempo de percurso determinam a metodologia dos levantamentos de reflexão e de refração. No levantamento de refração, os intervalos de registro devem ser grandes o suficiente para assegurar que a distância de cruzamento tenha sido efetivamente ultrapassada, de forma que os raios refratados possam ser detectados como primeiras chegadas de energia sísmica. Na verdade, alguns tipos de levantamento sísmico de refração consideram somente essas primeiras chegadas, as quais podem ser detectadas por sistemas pouco sofisticados de registro de campo. Em geral, essa abordagem significa que, quanto mais profundo um refrator, maior é o afastamento em que as chegadas refratadas precisam ser registradas. Por outro lado, no levantamento sísmico de reflexão, busca-se que as fases refletidas nunca sejam primeiras chegadas e que sejam normalmente de amplitudes muito baixas, pois os refletores geológicos tendem a possuir coeficientes de reflexão pequenos. Consequentemente, as reflexões são normalmente mascaradas, nos registros sísmicos, por eventos de amplitudes mais altas, como ondas de corpo diretas ou refratadas, e por ondas de superfície. Os métodos de levantamento sísmico de reflexão, portanto, devem ser capazes de distinguir entre energia refletida e muitos tipos de ruídos sincrônicos. Os registros são normalmente restritos a pequenas distâncias de afastamento, bem menores que a distância crítica para as interfaces refletoras de maior interesse. Entretanto, em levantamentos de sísmica de reflexão multicanal, os registros são convencionalmente realizados dentro de um intervalo significativo de distâncias de afastamento, por razões posteriormente discutidas no Capo 4.
3.8
Sistemas de aquisição
de dados sísmicos
O objetivo fundamental dos levantamentos sísmicos é precisamente registrar os movimentos do terreno causados por uma fonte conhecida, de localização também conhecida. O registro do movimento do terreno no tempo constitui um sismograma (seismogram) e é a informação básica utilizada para interpretação tanto por modelagem quanto por imageamento (ver Capo 2). Os requisitos instrumentais essenciais são: • gerar um pulso sísmico, com uma fonte (source) apropriada; • detectar as ondas sísmicas no solo por meio de um transdutor (transducer) apropriado; • registrar e apresentar as formas de onda sísmicas num sismógrafo (seismograph) apropriado.
3
ELEMENTOS
DE UM LEVANTAMENTO
A metodologia usual de exame de estruturas não visíveis, pelo estudo de seus efeitos sobre ondas acústicas ou sísmicas geradas artificialmente, tem uma enorme gama de aplicações, cobrindo um largo intervalo de escalas espaciais. Talvez, a menor escala ocorra no imageamento de ultrassom em medicina, e também pode ser aplicado industrialmente no exame de estruturas de engenharia. No âmbito das aplicações geofísicas, as escalas variam desde profundidades de um metro ou menos em engenharia, pesquisas ambientais ou arqueológicas, a dezenas de quilômetros nos estudos crus tais ou do manto superior. Para cada aplicação existe um limite com relação à menor estrutura que pode ser detectada, conhecido como a resolução de um levantamento. A resolução é determinada basicamente pelo comprimento do pulso: para um pulso de um dado comprimento, há uma separação mínimª, abaixo da qual haverá uma sobreposição dos pulsos no tempo, no registro sísmico. Embora o comprimento do pulso possa ser encurtado no estágio de processamento por deconvolução (ver Seção 4.8.2), isso somente será possível se os dados forem de boa qualidade, e é um complemento, não um substituto, para um bom modelo de levantamento sísmico. A duração (comprimento) do pulso é determinada pela frequência máxima e pela largura de banda do sinal registrado. Uma vez que os materiais terrestres absorvem energia sísmica seletivamente segundo as frequências (Seção 3.5), a forma de onda ótima será específica para cada levantamento. Uma importante característica de todos os levantamentos geofísicos e, particularmente, dos sísmicos, é que eles devem ser planejados individualmente para cada caso específico. Os aspectos gerais do equipamento utilizado nos levantamentos sísmicos são revisados aqui; as variações específicas para levantamentos de sísmica de reflexão e de refração são descritas nos Caps. 4 e 5. 3.8.1
Fontes sísmicas e a gama de aplicações sísmicas/acústicas
Uma fonte sísmica é uma região localizada, dentro da qual a repentina liberação de energia produz uma rápida tensão sobre o meio circundante. Uma explosão é uma fonte sísmica arquetípica. Mesmo que ainda sejam usados explosivos, há um número crescente de modos mais eficientes e sofisticados (e mais seguros!) de coletar dados sísmicos. Os principais requisitos da fonte sísmica são: • energia suficiente através do mais amplo intervalo de frequências possível, estendendo-se às frequências mais altas registráveis; • a energia deve se concentrar no tipo de energia de onda necessário a um levantamento específico, ou seja, onda P ou onda S, e gerar um mínimo de energia de outros tipos de onda. Essa energia indesejável
SÍSMICO
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GEOFÍSICA
DE EXPLORAÇÃO
degradaria
os dados registrados
e seria classificada como ruído
coerente;
• a forma de onda da fonte deve ser repetível. Levantamentos sísmicos quase sempre envolvem comparação de sismogramas gerados por uma série de fontes em diferentes localizações. Variações nos sismogramas devem ser diagnósticas da estrutura do terreno, e não de variações aleatórias da fonte; • a fonte deve ser segura, eficiente e ambientalmente aceitável. A maior parte dos levantamentos sísmicos são operações comerciais regidas pela segurança e pela legislação ambiental. Eles devem ser tão econômicos quanto possível. Às vezes, os requisitos para a eficiência levam, por si só, a padrões de segurança pessoal e ambiental maiores que os exigidos por lei. Acidentes são chamados de "acidentes com perda de tempo", quer envolvam danos pessoais ou não. A segurança auxilia na eficiência, sendo também desejável sob muitos pontos de vista. A gama de aplicações sísmicas/acústicas completa é mostrada na Fig. 3.14. Há uma variedade muito ampla de fontes sísmicas caracterizadas por diferentes níveis de energia e por características de frequência. Em geral, uma fonte sísmica contém uma grande variedade de componentes de frequência dentro do intervalo de 1 Hz até umas poucas centenas de hertz, embora a energia esteja frequentemente concentrada numa banda de frequência mais estreita. As características da fonte podem ser modificadas por meio do uso de várias fontes similares num arranjo planejado, por exemplo, para melhorar o espectro de frequência do pulso transmitido. Esse assunto será tratado no Capo 4, quando discutirmos os parâmetros para o projeto de levantamentos sísmicos de reflexão. ----Ecobatimetros ---
Pingueres
-------Boomers ------
Centelhadores
----Canhões
de ar
----Vibroseis ------------I 10-2
Cargas de dinamite Ondas de corpo de terremoto
Ondas superficiais de terremoto I
I
I
10-1
101
102
Frequência (Hz) (escala logarítmica) Fig. 3.14 A gama de aplicações sísmicas/acústicas
I
1