Gênero Democracia e Sociedade Brasileira

September 30, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Universidade Federal do Sul e Sudeste do Para Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Faculdade de Ciências Sociais do Araguaia Tocantins Disciplina: Teoria Antropológica II Professora: Gisela Macambira Villacorta Discente: Jesusmar Sousa Teixeira

GÊNERO: QUESTÕES PARA A EDUÇÃO Nos anos 60 e 70 as teorizações educacionais inspiradas no marxismo ganhava força e representavam “a vanguarda do pensamento educacional brasileiro”. Na contramão de tais teorizações, legitimadas pelos governos

autoritários, estavam as perspectivas tecnicistas e comportamentalista. Nesse período surgiu a chamada “pedagogia crítica”. Ainda nessa época surge o

conceito de gênero.  A luta de classe classe era tida como como priorida prioridade de e não o debate debate de gênero, sendo necessário muitas discussões, pesquisas, embates, pesquisa, artigos entre outras manifestações e trabalhos. Uma das dificuldades para o avanço, legitimação e imposição do conceito de gênero foi a falta de unidade na compreensão do conceito. conceito. Gênero trazia a baila as relações de po der “que se davam entre homens e mulheres enquanto sujeitos de sociedade e de tempos e históricos determinados“. Não se trata de análises e teorias sobre as mulheres e

sim apontar tais relações de poder.  A escola também é considerada um espaço que produz desigualdades sociais, inclusive no que tange a linguagem sexista dos textos, a ideologia patriarcal e o androcentrismo do conhecimento. Desta forma o trabalho do docente ganha atenção no intuito de oferecer novos textos e estratégias para a promoção da igualdade social.  As teorias pós-críticas, segundo a autora “irão representar mudanças epistemológicas profundas”. Os vários campos teóricos compreendidos de modo articulado “participam da chamada ‘política de identidade’, o movimento cultural em que grupos

tradicionalmente secundarizados (tais como as mulheres, os sujeitos negros, as

 

chamadas minorias sexuais, os vários grupos étnicos) levantam sua voz, reclamando o direito de se auto representar, de falar, por si e de si”.  

Os espaços culturais como a mídia, a televisão, os jornais, os currículos das escolas e universidades e os livros tem sido ferramentas importantes para os grupos sexuais, étnicos, raciais ou classes, que eram marginalizados por esses meios e agora tem vez e voz.  As identidades dos sujeitos culturais não podem ser compreendidas apenas como uma única identidade. “O sujeito é constituído muitas identidades”. Segundo a autora “as identidades são vividas, frequentemente, com tensões e conflitos”. 

Dentro da perspectiva de identidade, são identificados dois tipos: identidade referência ou não problemática e as identidades marcadas. No Brasil, o homem branco heterossexual de classe média urbana é tido como uma identidade referência. Já as mulheres, os sujeitos homossexuais, as pessoas não brancas e os grupos rurais são exemplos típicos de identidades marcadas.  A proposta levantada pelos profissionais da educação referente as instâncias culturais, quais sejam, a televisão, as revistas, ou os videogames, desenhos animados, revistas em quadrinhos, quadrinhos, entre outros, outr os, é a de questionar as imposições feitas sobretudo a jovens e crianças sobre as representações de masculino e feminino. Grupos sexuais minoritários têm ganhado força se tornando mais visíveis, contando inclusive com a exposição nos meios artísticos, na música, na moda entre outros setores, além de contarem com eventos públicos nas grandes cidades brasileiras tais como Parada do Orgulho Gay, Mix Brasil e outros.  A autora faz menção de diferentes propósitos nas lutas dentro dos grupos minoritários sexuais: Multiplicaram-se os movimentos e os seus propósitos. Enquanto alguns grupos lutam por reconhecimento e legitimação e buscam sua inclusão, em termos igualitários, ao conjunto da sociedade, outros estão preocupados em desafiar as fronteiras tradicionais de gênero e sexuais, pondo em xeque a própria divisão masculino/feminino, homem/mulher, heterossexual/homossexual; outros ainda não se contentam em atravessar as divisões mas decidem viver a ambiguidade da própria fronteira. (LOURO, 2002).

 

 A chamada teoria

queer ,

não denota estritamente indicação de gays,

lésbicas, transexuais e etc., e sim colocar-se contra a normalização, venha ela de onde vier.  A pedagogia queer  é   é vista por algumas estudiosas como uma proposta que deve ir além da inclusão dos temas no currículo, “mas implica, fundamentalmente, colocar em questão os processos de normalização ou de normatividade que usualmente estão em funcionamento”.  Uma meta importante para a pedagogia é o combate à homofobia, além de uma ampliação do senti do de “normalidade” onde os sujeitos homossexuais e bissexuais sejam igualmente contemplados contemplados..  A VINGANÇA DE CAPITU: DNA, ESCOLHA E DESTINO NA FAMÍLIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

O que anteriormente era uma dicotomia absoluta na ideia précontemporânea que fazia divisão entre filhos legítimos e bastardos, entre filhos de esposas e filhos de concubinas tem sido substituído ou pelo menos tem perdido força para a divisão entre parentes “eletivos” e os consanguíneos. 

 A noção de escolha escolha pode ser observada observada no que chamam de “família pós moderna”. Exemplo claro é o “descasamento”, que anteriormente era sinônimo

de crianças infelizes.  As escolhas por afeição também podem ser destacadas nesse contexto.  A autora cita as cita os filhos adotados que antes era considerado um relacionamento infame e atualmente existe uma valorização, em determinados casos, comparado a filhos nascidos dos seus pais. Parceiros do mesmo sexo também ganham destaque nesse cenário, fugindo da limitação de relacionamentos heterossexuais. Segundo a autora “é evidente que as concepções modernas da família, com a ênfase crescente na afeição e escolha, afrouxaram os elos que amarravam impreterivelmente o parentesco aos fatos ‘naturais’ das relações consanguíneas e reprodução biológica ”.  

Entretanto, os laços de relações sanguíneas não podem e não são desprezados. Uns exemplos de como tais laços ainda influenciam é a busca de filhos adotivos em busca de descobrir quem são seus pais biológicos e até

 

parceiros do mesmo sexo desejosos por terem crianças vinculadas biologicamente a eles.  A autora cita uma gama de novos termos que se atrela a família “pós moderna”, quais sejam: “Produção independente”, “descasamento”, “família de escolha”. Tais termos ganham tons pejorativos quando direcionados para

famílias mais pobres, tais quais: “mães solteiras”, “famílias desestruturadas”, “filhos abandonados”, entre outros.   Os testes de DNA tem sido uma ferramenta científica que trouxe mudanças nas estruturas familiares. O que antes ficava na dúvida ou no contexto de especulações em se tratando de incertezas quanto a paternidade, graças aos exames de DNA é possível atualmente ter 99,9999% de certeza. No Brasil o exame os testes de DNA são feitos em grande quantidade e não só por pessoas que tem padrões de vida alto, também por pessoas mais pobres. A inclusão dos testes pela “justiça gratuita” e até empréstimos realizados

para custear os exames faz com que mais pessoas tenham acesso. Na realidade os testes de DNA têm se tornado um negócio lucrativo e possivelmente causa mudança nos valores nas novas estruturas familiares.  A procura pelos testes de DNA levanta levanta a questão da motivação da busca pelo conhecimento da paternidade, se por amor ou por dinheiro, principalmente quando os envolvidos são homens ricos. Entretanto, não é possível afirmar com certeza o dinheiro seja o motivo principal, pois há casos em que os filhos somente querem saber quem realmente são seus pais não tendo necessidade de provisões financeiras. O que antes era decidido por meio de testemunhas e outras provas perante juízo, agora é decidido pelo avanço tecnológico da ciência através dos testes de DNA. Anteriormente quando se havia uma contestação do pai sobre a “legitimidade” de seu filho, o juiz j uiz podia, munido de vários subsídios, decidir se o

homem era o pai ou não. Atualmente se torna inviável, haja vista que os testes de DNA trazem a resposta com precisão, vinculando assim a decisão judicial. Questões de gênero dentro do avanço da ciência tem colocado em xeque alguns contextos que anteriormente eram tidos co mo “natural” ou biológico, tais como a visão “natural” da mulher estar ligada ao lar e a “natural” promiscuidade

do homem, por exemplo

 

 As novas tecnologias reprodutivas abalaram os alicerces do que a maioria de nós considera como sendo a “naturalidade” da reprodução biológica, rompendo as analogias usuais e trazendo algo daquilo que muitos feministas da academia estão chamando de uma era “pós natureza”, e não de pós modernidade. (FONSECA, 2002,

apud STRATHERN, 1992, p. 289-290).

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA BRUSCHINI, Cristina. Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: FCC: Ed. 34, 2002. p. 227-241. p. 269-291.

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