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Fuzil de Assalto: o panorama atual
Fuzil de Assalto: o panorama atual em duas partes
por Alexandre Beraldi
2ª Parte
Junho 2006
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Fuzil de Assalto: o panorama atual
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Fuzil de Assalto: o panorama atual Em duas Partes
Conteúdo 1ª Parte 1 - O cenário atual 2 - Os trilhos “Picatinny” integrados: a origem da modularidade 3 - Fuzis de Assalto M-16/M-4 com funcionamento por êmbolo de gases: a solução de um problema de longa data. 2ª Parte 4 - Novos Fuzis de Assalto 5- Ressurgimento dos calibres “pesados” 6 - Sistemas Óticos de Pontaria 7 - Créditos, referências e contato
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Parte 2: Fuzil de Assalto: o panorama atual
por Alexandre Beraldi
4 - Novos Fuzis de Assalto
Enquanto o Exército Norte-Americano testava o Heckler e Koch XM-8, o Comando de Operações Especiais dos EUA (USSOCOM) emitiu um requisito para um fuzil de assalto leve e modular, com confiabilidade e precisão maior do que aquela do fuzil de assalto M-4 A1 configuração SOPMOD utilizado até então, que pudesse ser convertido em menos de 20 minutos, e pelo próprio operador, através da troca de alguns poucos componentes modulares, para utilizar as munições 5,56x45mm OTAN, 7,62x51mm OTAN, 6,8x43mm SPC e 7,62x39mm M43, esta última do AK-47, bem como ser compatível com os carregadores padrão M-16 e AK-47, além de algum carregador de fuzil de assalto calibre 7,62x51mm em grande disponibilidade no mercado e de uso e distribuição mundial. Eram também requisitos a serem atingidos: uma confiabilidade de pelo menos 15 mil disparos sem falhas atribuíveis à arma, sendo o desejável 35 mil disparos; uma vida útil de 90 mil disparos para a arma e de 15 mil disparos para o cano; e uma precisão capaz de produzir um agrupamento de 75 mm à uma distância de 300 metros, utilizando as munições calibre 5,56x45mm e a 7,62x51mm padrão OTAN.
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Acima: no apoio, um Fuzil de Assalto FN SCAR-H CQC em calibre 7,62x51mm OTAN, com cano CQC (Close Quarters Combat, ou Combate de Curto Alcance). Apesar do alojamento do carregador diferente e do retém de liberação do mesmo similar àquele do M-16/M-4, esta arma utiliza carregadores do FN FAL. Na mesa um Fuzil de Assalto FN SCAR-L S em calibre 5,56x45mm OTAN, com cano “padrão” de 14 ½ polegadas. Note que, nas duas armas, o retém do carregador é ambidestro, sendo esta uma exigência dos combatentes do USSOCOM para agilizar a recarga. Isto se consegue adaptando-se um botão tipo “gangorra” na haste oposta ao botão liberador do carregador para uso de atiradores destros. Fica a sugestão para aplicação no IMBEL MD 97.
Pareciam requisitos difíceis até para qualquer Fuzil de Assalto, até que no dia cinco de novembro de 2004 o contrato foi vencido pela FN USA, uma subsidiária da Fabrique Nationale Herstal (FN Herstal) belga, que produz o Fuzil de Assalto M-16 A2/A3 e as metralhadoras M-249 (Minimi) e M-240 (MAG) para as Forças Armadas dos EUA. O fuzil de assalto vencedor da competição foi o SCAR, uma abreviatura para “Special Operations Capable Assault Rifle”, ou Fuzil de Assalto Apto a Operações Especiais, sendo que a palavra SCAR em inglês significa “cicatriz”.
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Acima: duas vistas do FN SCAR-H CQC em calibre 7,62x51mm OTAN. Esta arma faz uma bela dupla com as novas Metralhadoras Leves da FN em calibre 7,62x51mm OTAN, a FN MINIMI 7,62 e a FN Mk. 48 Mod. 0. De fato, a dupla Fuzil de Assalto FN SCAR-H e Metralhadora Leve FN Mk.48 Mod. 0, todos em calibre 7,62x51mm OTAN, são o novo armamento de uso geral do US Navy SEAL.
O SCAR nada mais é do que uma metade superior melhorada do fuzil de assalto FNC, combinada com a metade inferior melhorada de um M-16 ou M-4. A metade superior utiliza um mecanismo de recuo curto por pistão de gases, solucionando assim o maior problema de confiabilidade da família M-16, combinado com um mecanismo de ferrolho rotativo. Mas é justamente no ferrolho rotativo que está o “pulo do gato” no que diz respeito à confiabilidade: ao invés de utilizar de sete de trancamento como na família M-16, no AR-18, no H&K G36, no XM-8 e até no MD-97, o SCAR utiliza apenas dois ressaltos de trancamento, como na família AK-47, que lhe confere muito mais rusticidade, resistência e confiabilidade em ambientes que vão desde a neve até as areias do deserto, passando por selvas e lamaçais. É justamente o mecanismo presente no fuzil FN Herstal FNC, testado nos mais diversos ambientes, e comprovadamente com as qualidades e características similares às do robusto AK, tendo sido adotado pelos Exércitos da Bélgica, Suécia e da Indonésia. A maior melhoria desta metade superior consiste em uma cobertura integral, que vai desde a parte posterior da caixa de culatra até a parte frontal do êmbolo de gases, cobrindo também todo o cano, sobre a qual encontra-se um enorme trilho de acessórios padrão “Picatinny”, no qual encontra-se afixada a alça de mira regulável e dobrável.
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Acima: vista lateral do FN SCAR-L S cal. 5,56x45mm OTAN. Note que a coronha, além de rebatível, é também
Aregulável metade inferior utiliza uma configuração similar à da família M-16, porém com em comprimento. O apoio de rosto, sobre a coronha, é regulável em altura.
A metade inferior utiliza uma configuração similar à da família M-16, porém com as seguintes diferenças: o seletor de tiro e segurança tem um curso bem menor, de apenas 90º, ao invés dos 180º do M-16 e do FAL; o retém do carregador é maior e ambidestro; a empunhadura é a mesma utilizada na Metralhadora Leve M-249 e no fuzil FNC; e, por fim, a coronha tem um design similar à do XM-8, com regulagem de comprimento e apoio plástico para o rosto, e pode ser dobrada para a direita, como em nosso PARA-FAL. Este apoio plástico para o rosto, apesar de parecer cosmético, é extremamente vantajoso, pois permite um ajuste melhor na hora da visada e a manutenção da posição nos tiros subseqüentes, conceito este chamado “cheek weld” ou “bochecha colada” pelos atiradores de arma longa. O fato de apoiar-se o rosto numa peça plástica é também vantajoso para aqueles que combatem em ambientes muito frios ou na neve, pois apoiar a bochecha na coronha metálica congelada de um PARA-FAL não deve ser uma experiência agradável, principalmente quando ela começa ir pra frente e para trás violentamente durante os disparos. A arma é oferecida em duas versões básicas o SCAR-L, de “light” ou “leve”, nos calibres 5,56x45mm OTAN, 7,62x39mm M43 ou 6,8x43mm SPC, utilizando carregadores padrão M-16. E o SCAR-H, de “heavy” ou “pesado”, nos calibres 7,62x51mm OTAN, sendo que neste caso a arma usa carregadores padrão do FAL! Isto vai ao encontro dos requisitos das Forças Especiais Norte-Americanas de utilizarem a munição e os carregadores encontrados no campo, para dependerem menos de apoio logístico externo. A arma também é oferecida com três comprimentos de cano, sendo o SCAR-H SV, com cano longo e pesado de 20 polegadas, o novo fuzil padrão dos Caçadores das Forças Especiais daquele país.
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Acima: Fuzil de Assalto FN SCAR-H CQC em calibre 7,62x51mm ao lado de uma pequena mochila de combate para fins de comparação de tamanho. Note como esta arma é compacta.
Na realidade serão produzidas três subvariantes dos fuzis SCAR-L e SCAR-H: o SCAR S, de “Standard” ou “Padrão”, o SCAR CQC, de “Close Quarters Combat” ou “Combate de Curto Alcance” e o SCAR SV, de “Sniper Variant” ou “Modelo para Caçadores”. O SCAR L modelo Standard mede 850 mm com a coronha estendida e 620 mm com a coronha dobrada, pesando em torno de 3,5 kg vazio. Ele usa carregadores de 30 cartuchos padrão M-16 para as munições 5,56x45mm OTAN ou 6,8x43mm SPC, e ainda carregadores de 30 cartuchos padrão AR-15/M-16 adaptados para as munições 7,62x39mm russas, tendo uma cadência de fogo teórica de 600 disparos por minuto. Já o SCAR-H modelo Standard mede 997 mm e 770 mm com a coronha estendida ou dobrada, respectivamente. Pesa vazio 3,86 kg e dispara a uma cadência teórica de 600 TPM. Utiliza carregadores de 20 cartuchos padrão FAL para as munições 7,62x51mm OTAN. O contrato assinado é para 84.000 SCAR-L Standard, 28.000 SCAR-L CQC, 12.000 SCAR-L SV, 15.000 SCAR-H Standard, 7.000 SCAR-H CQC e 12.000 SCAR-H SV. A produção mensal será de 2.000 SCAR L e 500 SCAR H. Como se pode perceber, estas quantias são suficientes para armar todas as FFAA brasileiras, mas na realidade destinam-se tão somente ao Comando de Operações Especiais dos EUA (USSOCOM). Destaque, então, para o FN SCAR, consolidando, em sua última versão, a expressão máxima em termos de modularidade em uma arma desta categoria. Este Fuzil de Assalto já passou pelos últimos ajustes de engenharia, resultantes das opiniões colhidas junto aos seus futuros usuários, que são os combatentes do USSOCOM, após testes de campo no qual foram detectadas melhorias na ergonomia passíveis de serem feitas. Ele inicia agora sua produção em escala para distribuição a todas as Unidades de Operações Especiais dos EUA.
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O Sig Sauer SIG 556, sucessor do famoso SIG 551/552, que é considerado por muitos como sendo um dos melhores e mais completos Fuzis de Assalto, e que é, inclusive, a arma de dotação das unidades PARASAR da Força Aérea Brasileira, foi finalmente apresentado. Ele mantém toda solução mecânica, mudando apenas seu aspecto externo, incorporando as principais tendências para esta classe de armas: trilhos “Picatinny”, miras dobráveis para não interferir com os equipamentos óticos, servindo apenas como “back-up”, coronha telescópica ajustável em comprimento e empunhadura estilo AR-15/M-16.
Acima: Fuzil de Assalto SIG556 equipado com mira de visada rápida EO Tech 553, lanterna Surefire M910A e miras mecânicas rebatíveis. Note os dois carregadores de polímero presos lado a lado, o que se consegue com um pequeno clip plástico da própria Sig Sauer.
Acima: mais duas vistas do Fuzil de Assalto SIG556. Note a empunhadura ErgoGrip, a coronha regulável do tipo M-4 e a ponte com trilhos “Picatinny” sobre a caixa da culatra. Pode-se optar por trilhos afixados diretamente na caixa de culatra, sem o espaçador visto em detalhe na foto da esquerda.
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Acima,à esquerda: guarda-mão com trilhos “Picatinny” do Fuzil de Assalto SIG556. Note os trilhos afixados diretamente na caixa de culatra, alinhados com os do guarda-mão. Acima, à direita: duas versões do novo SIG556, a de cima com mira EO Tech553 e lanterna Surefire M910A tem os trilhos “Picatinny” por todo o guarda-mão, devidamente alinhados com aqueles da caixa de culatra. A de baixo com trilhos “Picatinny” sobre a caixa de culatra com um espaçador, mira Trijicon ACOG e empunhadura vertical frontal ErgoGrip, afixada no trilho sob o guarda-mão. Além deste trilho de acessórios que corre sob todo o guarda-mão, nesta peça só há mais dois pequenos trilhos, sendo um à esquerda e outro à direita, ambos à frente e próximos da massa de mira.
5 - Ressurgimento dos calibres “pesados” Nos combates ocorridos no Afeganistão e no Iraque notou-se uma característica interessante dos Fuzis de Assalto M-16 e M-4 utilizados pelos norte-americanos: somente quando a munição 5,56x45mm OTAN modelo SS109 “capotava” e fragmentava-se ao atingir o alvo é que eram obtidos bons índices de “stoppingpower” ou “poder de parada”. Quando este efeito de tombamento e fragmentação não ocorria, o projétil simplesmente atravessava o alvo, causandolhe poucos danos, sendo necessário, por vezes, três a quatro disparos para incapacitar o inimigo. Ocorre que, ao ser disparada pelo Fuzil de Assalto M-16, com cano de 20 polegadas raiado à razão de uma volta a cada 7 polegadas, esta fragmentação só ocorre até os 200m. Quando disparada do Fuzil de Assalto M-4, com cano de 14 ½ polegadas raiado num passo de uma volta a cada 9 polegadas, a munição SS109 só atingia esta performance até os 75m. E quando disparada de um Fuzil de Assalto M-4 Commando, com cano de 10 ½ polegadas e raiamento de uma volta a cada 9 polegadas, só se obtinha fragmentação até os 25m. Para os soldados que compõe o grosso da infantaria isto não faz diferença, pois a estatística demonstrou que a vasta maioria dos combates foram travados em distâncias de até 50m. Porém ficou demonstrado que os integrantes do USSOCOM engajavam seus alvos em distâncias de 300m a 600m, principalmente no terreno montanhoso do Afeganistão e nas largas planícies do Iraque.
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Acima: o ainda protótipo Heckler & Koch HK417 em calibre 7,62x51mm OTAN, nada mais é do que um HK416 no maior calibre.
Isto levou, inicialmente, os combatentes destas unidades especializadas, bem como de algumas unidades de infantaria engajadas nos combates de montanha no Afeganistão, a recolocarem em uso o Fuzil M-14, calibre 7,62x51mm OTAN, sendo feitas algumas modernizações em armas distribuídas para o USSOCOM, que incluíam um cano mais compacto, coronha de fibra, guarda-mão com trilhos de acessórios e miras de visada rápida. Estes M-14 SOCOM rapidamente tomaram o lugar de muitos fuzis M-16 e M-4, porém alguns insistiam em usar a mais leve e mais moderna arma, assim sendo, para estes foi criada a munição 5,56x45mm Mk262, com um projétil “hollow-point” de 77 grains que resolvia os problemas de “stopping-power” deste Fuzil de Assalto. O efeito negativo era que o poder de penetração em obstáculos caía drasticamente com a nova munição, sendo determinado também que ela exigia um cano com raiamento de uma volta a cada 8 polegadas para obter a precisão máxima.
Acima: Fuzil de Assalto AR-10 da P.O.F. USA em calibre 7,62x51mm. A arma utiliza o confiável mecanismo com êmbolo de gases, similar ao do DSA Z4 GTC. Alguns destes Fuzis de Assalto foram comprados pelo US Army e pelo Exército Canadense para testes em campo visando uma possível adoção, principalmente para uso em cenários como o Afeganistão. A arma da foto tem uma mira de visada rápida EO Tech 551, mira mecânica traseira rebatível e empunhadura vertical do fabricante, sendo a coronha retrátil do tipo M-4.
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Pensou-se então em um novo calibre, intermediário entre os dois, e que pudesse, com poucas modificações, ser disparado dos M-16/M-4, para os quais já havia toda uma logística instalada. Chegou-se então ao 6,8x43mm SPC (Special Purpose Cartridge), para o qual a empresa Barret Rifles, produtora dos famosos Fuzis de Precisão em calibre 12,7x99mm BMG, criou um “upper” que incorporava as modificações necessárias para o adequado funcionamento com a nova munição, surgindo daí o Fuzil de Assalto M468, que foi adquirido em pequenas quantidades pelo USSOCOM, sendo ainda utilizado no Afeganistão.
Acima: outro Fuzil de Assalto da P.O.F. USA em calibre 7,62x51mm, com mira de visada rápida EO Tech 552, visor noturno AN/PVS-14, quebra-chamas/amortecedor de recuo Krink e coronha retrátil modular VLTOR.
Começaram, então, a aparecer no mercado norte-americano Fuzis de Assalto AR10 atualizados com a mais nova tecnologia em materiais, design e acessórios. Estes eram praticamente Fuzis de Assalto M-4 no calibre mais pesado, o que de pronto chamou a atenção dos militares. Pensou-se, então, o seguinte: para que inventar uma nova munição se o 7,62x51mm OTAN funciona tão bem? Daí a recente aquisição de Fuzis de Assalto AR-10 dos fabricantes Bushmaster, Armalite e P.O.F. USA para testes pelas forças armadas dos EUA e Canadá. O USSOCOM, que cansou das constantes trocas de calibre e munição, optou pelo FN SCAR, totalmente modular e apto a funcionar com qualquer munição com pequenas alterações feitas pelo próprio combatente, sem necessidade de um armeiro. Vale destacar a recente onda de calibres pesados para Combate de Curto Alcance (CQC), tais como o .458 SOCOM e o .50 Beowulf. Estas munições baseiam-se na idéia que as tradicionais munições de Fuzil de Assalto têm projéteis muito rápidos e com muito poder de penetração em alvos “moles” – leia-se: seres humanos –, deixando de usar boa parte de sua energia devido à transfixação do alvo. Criaram-se, então, calibres que pudessem ser usados no AR-15/M-16 com uma simples troca de canos, e que produzissem um enorme poder de incapacitação a curta distância. Destes, o mais famoso no momento é o já citado .50 Beowulf.
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Acima, à esquerda: carregador padrão do tipo AR-15/M-16 municiado com cartuchos .50 Beowulf. Este carregador comporta 30 cartuchos de munição 5,56x45mm OTAN ou 10 cartuchos do poderoso .50 Beowulf. Acima, à direita: caixa de munição “hollow-point” do calibre .50 Beowulf.
Esta munição é oferecida com projéteis com pesos que vão de 300 a 400 grains, nos modelos ogival jaquetado, ‘hollow-point”, ou frangível, para as mais diversas aplicações. Com uma velocidade inicial na casa dos 610 m/s, produz uma energia de 3533 Joules. Para efeitos de comparação, uma munição 5,56x45mm OTAN modelo SS109 é carregada com um projétil de 62 grains que viaja a 945 m/s, produzindo uma energia de 1794 Joules. O recuo percebido ao disparar um Fuzil de Assalto M-4 transformado para o poderoso calibre equivale àquele de uma espingarda de caça no calibre 20. O carregador bifilar para 30 cartuchos de 5,56x45mm OTAN transforma-se em monofilar ao receber munições .50 Beowulf, comportando um máximo de 10 cartuchos.
Acima: exemplo de montagem de um “upper” em calibre .50 Beowulf em um fuzil M-16.
Recentes testes demonstraram que esta munição é capaz de destruir um bloco de concreto utilizado em construções pré-fabricadas a uma distância de 50m. Nesta mesma distância destrói uma parede dupla de tijolos, pára um utilitário 4x4 com um único disparo no bloco do motor ou imobiliza uma embarcação de médio porte com casco simples de aço. Por isto está sendo adotado por uma
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série de unidades de SWAT para a função de combate CQC e para servir de “aríete” de longo alcance, abrindo portas com um único disparo na região da fechadura. Foi comprado pela US Coast Guard e pelo US Navy Seals para servir de arma de tomada de embarcações, pois é capaz de imobilizar imediatamente um agressor com um único disparo, mesmo que este esteja protegido pela estrutura metálica de um navio.
6 - Sistemas Óticos de Pontaria Foram apresentadas as versões mais recentes das miras de visada rápida dos dois fabricantes que praticamente monopolizam o mercado militar e policial: a Aimpoint com seu novo modelo CompM3, e a EO Tech, com o modelo 553, evolução da série 551/552, que vem a cada dia conquistando mais contratos militares, dadas suas inúmeras vantagens.
Acima, à esquerda: a nova EO Tech 553 utiliza para sua fixação nos trilhos “Picatinny” um sistema chamado “Throw Lever” da A.R.M.S. que garante que mesmo após várias montagens e desmontagens do acessório na arma não se perca o alinhamento da mira. Isto se deve a um sistema de molas que mantém o acessório preso sob pressão. Outro modo de prender os acessórios aos trilhos “Picatinny” de uma arma é através de parafusos, como no sistema utilizado nos modelos anteriores das EO Tech (510/520/551/552), que não garante a precisão após um grande número de montagens/remontagens. Acima, à direita: o novo modelo 553 utiliza duas pilhas do tipo “N”, como algumas máquinas digitais e os mais novos OVN (Óculos de Visão Noturna), como o ENVG do US Army. A autonomia é de 1200 horas de uso contínuo na regulagem de brilho para tiro diurno, assim sendo, com um jogo de pilhas reserva guardado dentro de uma coronha VLTOR, por exemplo, tem-se energia para três meses de uso contínuo, ou para nove meses, com oito horas de uso por dia.
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Acima, à esquerda: na parte traseira, os simples comandos do EO Tech 553, que são os mesmos de suas versões anteriores, assim, o botão da direita liga e aumenta o brilho, o da esquerda diminui, o do centro muda para o modo de uso com OVN e, para desligar, pressiona-se o da esquerda e o da direita ao mesmo tempo. Acima, à direita: na parte inferior, detalhes do sistema de fixação “Throw Lever” da A.R.M.S.
Acima: uma EO Tech 551 (preta) e uma nova EO Tech 553 (bege) afixadas em um Fuzil de Assalto Bushmaster M-4 com “upper” da VLTOR, para fins de comparação. Note que o modelo antigo é preso por um grande parafuso horizontal, ao passo que o novo utiliza “Throw Levers” de montagem/desmontagem rápida. Este fuzil está ainda equipado com empunhadura anatômica anti-deslizante e empunhadura vertical, ambas da Tango Down.
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A Elcan, tradicional fornecedora de miras óticas para os Exércitos NorteAmericano e Canadense, lançou a Specter DR, que é interessante por poder funcionar como mira de visada rápida, como as Aimpoint e EO Tech, e como mira ótica com ampliação de imagem, como as famosas Trijicon ACOG. Utiliza uma alavanca no lado esquerdo do corpo que altera a ampliação da imagem de 1x para 4x, funcionando para combate aproximado (CQB) ou para combate a médias distâncias, possuindo ainda miras mecânicas de emergência no topo do tubo de visada. É o compromisso ideal para os Fuzis de Assalto, porém é três vezes mais cara que uma EO Tech de visada rápida, e duas vezes mais cara do que uma Trijicon ACOG com ampliação de imagem.
Acima: a nova Aimpoint CompM3 vem com capas de proteção de borracha substituíveis e em várias cores, sendo a da esquerda bege e a da direita “foliage green”, ou “verde folhagem”, a cor predominante do novo fardamento do US Army, conhecido como ACU (Advanced Combat Uniform). A autonomia da bateria tipo “N” nesta mira de visada rápida, quando regulada para tiro diurno, é de mais de 50 mil horas de uso contínuo, ou seja, mais de três anos de uso ininterrupto!
Acima, à esquerda: nova Specter DR da ELCAN, que também utiliza montagem por “Throe Levers”. Note a alavanca sobre o referido mecanismo de montagem: ela possui duas posições, sendo para trás a posição de aumento de 1X, e para frente a posição de aumento de 4X. Também são visíveis na foto as miras mecânicas de emergência. Acima, à direita: uma das excelentes miras com ampliação de imagem Trijicon ACOG, com uma mira de visada rápida DOCTER 55701 acoplada sobre a mesma.
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Em um próximo artigo analisaremos como estas tendências podem ser aplicadas ao nosso IMBEL MD-97, tornando-o mais atualizado e mais compatível com o conceitos de ergonomia e modularidade, além de analisar, dentre os vários acessórios disponíveis, quais os melhores para o Fuzil de Assalto nacional.
7 - Créditos, referências e contato Algumas das fotos apresentadas no trabalho são de autoria de SMG Lee, para o website www.ar15.com, e outras, do website www.militarymorons.com Mais informações sobre alguns dos materiais apresentados podem ser adquiridas nos seguintes websites: http://www.ar15.com/ http://www.militarymorons.com/ http://www.armsmounts.com/index.html http://www.uws.com/PICATINNY/HomePage.html http://www.hkdefense.us/ http://www.dsarms.com/ http://www.colt.com/ http://www.troyind.com/ http://www.aresdefense.com/index.html Para entrar em contato com o autor:
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