Fundamentos Da Ergonomia

June 6, 2018 | Author: Robertson L. Noronha | Category: Human Factors And Ergonomics, Physics, Physics & Mathematics, Knowledge, Sociology
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Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar.

CADERNO 1 FUNDAMENTOS DE ERGONOMIA

Grupo Ergo&Ação/UFSCar  Junho de 2003

Capa: Katarzyna Smogorzewska, Krzystof Kokalski Terceiro premiado no Concuros de Posters Mistério do Trabalho e Política Social Polônia, 2000

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Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar.

Sumário

1

2

3

4.

Ergonomia Ergonomia

4

1.1. Definição e especialidades 1.2. Limites e recortes no campo do trabalho 1.3. Considerações Finais

4 5 7

Fundamentos Conceituais para a AET

8

2.1. Ergonomia e Trabalho 2.1.1. Trabalho prescrito 2.1.2. Trabalho real 2.1.3. Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real 2.2. Variabilidade 2.3. Carga de trabalho 2.4. Regulação e modo operatório 2.5. Considerações Finais

8 10 13 15 15 17 19 22

Método de ação ergonômica

22

3.1. Análise da demanda 3.2. Análise da tarefa 3.3. Análise da atividade 3.4. Diagnóstico 3.6. Considerações Considerações finais

23 25 27 29 30

Bibliografia Fundamental

30

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Sumário

1

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4.

Ergonomia Ergonomia

4

1.1. Definição e especialidades 1.2. Limites e recortes no campo do trabalho 1.3. Considerações Finais

4 5 7

Fundamentos Conceituais para a AET

8

2.1. Ergonomia e Trabalho 2.1.1. Trabalho prescrito 2.1.2. Trabalho real 2.1.3. Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real 2.2. Variabilidade 2.3. Carga de trabalho 2.4. Regulação e modo operatório 2.5. Considerações Finais

8 10 13 15 15 17 19 22

Método de ação ergonômica

22

3.1. Análise da demanda 3.2. Análise da tarefa 3.3. Análise da atividade 3.4. Diagnóstico 3.6. Considerações Considerações finais

23 25 27 29 30

Bibliografia Fundamental

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1. Ergonomia

Para estabelecer um sentido comum do que é ergonomia será utilizado como referência a definição e os domínios de especializações estabelecidos pela  Associação  Associação Internacional Internacional de Ergonomia Ergonomia (IEA)1. Na seqüência serão estabelecidos limites para a delimitação da ação ergonômica no campo do trabalho. 1.1. Definição e especialidades

Ergonomia  (ou fatores humanos) é a disciplina científica interessada com a  compreensão das interações entre os humanos e outros elementos de um  sistema, e a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar  para aperfeiçoar o bem-estar humano e o desempenho do sistema global. Ergonomistas contribuem na concepção e avaliação de tarefas, trabalhos, produtos, ambientes e sistemas para os fazer compatível com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Derivada dos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (leis), denotando a ciência  do trabalho, a ergonomia é uma disciplina sistêmica que na atualidade se estende  por todos os aspectos de atividade humana. Ergonomistas praticantes têm que ter  uma compreensão global da extensão da disciplina. Quer dizer, a ergonomia  promove uma aproximação holística na qual são levadas em conta considerações  de fatores pertinentes aos aspectos físicos, cognitivos, sociais, organizacionais, ambientais e outros. Ergonomistas trabalham freqüentemente em setores  econômicos ou domínios de aplicação particulares. Domínios de aplicação não  são mutuamente exclusivos e eles constantemente evoluem; são criados novos e  velho assumem novas perspectivas. Existem domínios de especialização dentro da disciplina que representam  competências aprofundas em atributos humanos específicos ou características da  interação humana. Domínios de especialização dentro da disciplina de ergonomia  são amplamente caracterizados como os segue.

Ergonomia física  está preocupada com características humanas anatômicas, antropométricas, fisiológicas e biomecânicas e como estas relacionam-se com as  atividades físicas. Tópicos pertinentes incluem posturas, manuseios de materiais, movimentos repetitivos, Desordens muscoesqueléticas relacionadas ao trabalho, layout dos postos de trabalho, segurança e saúde.

Ergonomia cognitiva  está relacionada aos processos mentais, como percepção, memória, raciocínio, e resposta motora, como eles afetam interações entre os  humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos pertinentes incluem carga  de trabalho mental, tomada de decisão, qualificação, interação homem-  computador, confiabilidade, stress e treinando, integrando-os na concepção da  relação homem-sistema.

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http://www.iea.cc/ 3

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Ergonomia organizacional  está relacionada com a otimização do sistema  sociotécnico, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas, e processos. Tópicos pertinentes incluem comunicação, administração de recursos, projeto do  trabalho, jornada de trabalho, trabalho em equipe, projeto participativo, ergonomia  de comunidades, trabalho cooperativo, novos paradigmas de trabalho, organizações virtuais, teletrabalho, e administração de qualidade.

 A definição e os domínios estabelecido pela IEA são amplos e devem ser  compreendidos à luz das diferentes especialidades e correntes metodológicas que estão reunidas no interior da associação, englobando o conjunto de abordagens teóricas e práticas que hoje constituem a ergonomia mundial. 1.2. Limites e recortes no campo do trabalho

No sentido atual do termo, a ergonomia surge nos anos 40, reunindo em seu escopo uma diversidade de escolas com diferentes abordagens tanto no campo da pesquisa como da ação. No que pese tal diversidade, existe uma convergência entre os ergonomistas em dois pontos fundamentas: a) a busca da adaptação do trabalho ao homem em contraposição à adaptação do homem ao trabalho, preceito este vigente no período do surgimento da ergonomia e presente ainda hoje em algumas abordagens de áreas do conhecimento que atuam sobre o trabalho; e, b) a ergonomia integra conhecimentos acerca do homem e utiliza tais conhecimentos agindo sobre a relação homem-trabalho.

 As diversas escolas dentro da ergonomia podem ser explicadas e entendidas a partir da consideração de duas correntes distintas: uma corrente de origem anglo– saxônica (abordagem clássica), de natureza experimental, onde os conhecimentos gerados acerca do ser humano são disponibilizados para aplicação na concepção de produtos e postos de trabalho; e, uma corrente francofônica (abordagem situada) associada à Análise Ergonômica do Trabalho , centrada na Análise da Atividade  e fundamentada no estudo de situações de trabalho singulares e socialmente situadas. No primeiro caso, os conhecimentos acerca do homem são colocados num primeiro plano e a situação de trabalho num plano secundário. No segundo caso, a situação específica de trabalho é colocada em destaque, recorrendo-se posteriormente aos conhecimentos acerca do homem no trabalho.  Assumindo a perspectiva da AET, destaca-se que as situações de trabalho são únicas e socialmente contextualizadas. Assim, ao recorrer aos conhecimentos acerca do homem em atividade a ergonomia transforma estes conhecimentos adaptando-os a uma realidade específica. O ponto de partida é a situação de trabalho. A partir da compreensão da situação e da confrontação das diferentes interpretações dos atores sociais envolvidos, os ergonomistas buscam construir  um novo consenso acerca da realidade em estudo, condição sine qua non  para a implementação de mudanças positivas no trabalho.

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Para melhor entendimento, considere a Figura 1. Nela estão representados os três campos de especialidade da ergonomia, que em última instância representam diferentes dimensões de uma situação de trabalho. Em outras palavras, toda atividade de trabalho, comporta uma dimensão física, indicando a necessidade de uma mobilização do corpo biológico do sujeito; uma dimensão cognitiva, associada aos conhecimentos e raciocínios necessários para o desempenho do trabalho, e, uma dimensão organizacional, caracterizando o caráter social do trabalho, inserido numa relação de interdependência com outras atividades, com as quais interage e se complementa. A atividade de trabalho representa a intercessão destas três dimensões sendo irredutível a uma ou outra.

FÍSICA

  O   R   G   A   N  I     Z   A   C  I     O   N   A   L 

     A       V     I      T     I       N      G      O      C

Figura 1: Campos de especialização da ergonomia.

Dentro da perspectiva clássica, o ponto de partida é o da existência de conhecimentos generalizáveis acerca do homem, de forma mais ou menos independente da situação de trabalho em questão. Considere o exemplo que segue 2. Observe um trabalhador sentado em uma cadeira diante da tela e do teclado de  um terminal de computador. Ele sente dor nas costas. O ergonomista conhece  bem os problemas relacionados com a coluna e pode ajudar na concepção de  cadeiras melhores adaptadas. O mesmo trabalhador queixa-se de dor de cabeça. A tela do vídeo reflete a luz e tem pouco contraste. O ergonomista sabe muitas  coisas sobre os olhos e a visão, e pode dar elementos para se fazer telas menos  ofuscantes. O trabalhador apresenta sinais de fadiga. Há quatro horas ele  trabalha diante do seu terminal e ele não é mais tão jovem. O ergonomista detém  conhecimentos dos efeitos de duração do trabalho sobre o organismo humano. Logo, pode contribuir para melhor organizar os horários e as pausas. Este  trabalhador não está sentado sem fazer nada. Ele executa uma atividade, interpreta informações que aparecem na tela, resolve problemas e talvez cometa  erros. O ergonomista sabe muitas coisas sobre o raciocínio desse trabalhador, podendo ajudar na melhor formulação dos problemas e do treinamento. Este  2

Montmollin, 1986; citado por ABRAHÃO, 1981, p.2. 5

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trabalhador considera seu trabalho repetitivo e isolado. O ergonomista detém  conhecimentos sobre o interesse das tarefas e as comunicações na equipe. Ele  pode ajudar a conceber uma organização mais satisfatória, e portanto mais eficaz.

Todas as questões apontadas na relação de um sujeito e o computador são importantes e a ações sugeridas pelo ergonomistas irão contribuir para a melhoria de qualquer situação de trabalho deste tipo. No entanto, dependendo da forma de condução da ação, o processo não teria fim, pois para cada variável específica, ou seja, para cada condicionante, pode ser gerada, a partir dos conhecimentos acerca do homem no trabalho, uma resposta parcial. Nada nos garante que, no conjunto, tais soluções parciais não sejam conflitantes. Dentro da perspectiva da ergonomia situada, considera-se que as atividades de trabalho não são determinadas unicamente por critérios ergonômicos. A organização do trabalho, a concepção de máquinas e ferramentas, a implantação de sistemas de produção são, também, determinadas por outros fatores, tanto técnicos como econômicos e sociais. Assim, a prática da ergonomia consiste em emitir juízos de valor sobre o desempenho global de determinados sistemas homem–trabalho. Como tais sistemas normalmente são complexos, envolvendo diferentes perspectivas, procura-se apoiar a avaliação sobre o desempenho global no princípio de análise/síntese . Este princípio baseia-se na decomposição da situação de trabalho em apreciações de dimensões parciais e a sua recomposição posterior, confrontando as diferentes dimensões e construindo uma nova representação para a situação global.  Assim, frente a uma demanda, por exemplo, uma queixa acerca de um instrumento de trabalho, o ergonomista deve resistir ao instinto de usar os seus conhecimentos de imediato, forjando uma resposta pontual. Ele deve abstrair  estes conhecimentos e olhar para a atividade de trabalho como um todo, buscando compreendê-la. É a partir desta compreensão que ele decompõe a atividade em dimensões parciais e produz suas análises. Em ergonomia a análise é sempre parcial, sobre variáveis identificadas e isoladas, porém, a resposta deve ser global, integrando variáveis e respondendo para aquela situação específica, quais são os elementos determinantes . 1.3. Considerações

 Assumir a perspectiva da AET significa colocar a atividade de trabalho no centro da análise e a partir da compreensão desta, buscar a formulação de respostas às demandas que surgem no interior das situações produtivas. Compreender a situação de trabalho significa analisá-la detalhadamente em suas dimensões físicas, cognitivas e organizacionais. Significa também reconhecer as outras racionalidades presentes, como a da produção, da medicina do trabalho e da engenharia ocupacional, por exemplo, e ao confrontá-las, produzir um consenso negociado acerca das ações a serem realizadas.

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2. Fundamentos conceituais para a AET

Como já estabelecido a ergonomia integra conhecimentos de diferentes especialidades. Os fundamentos ou pressupostos conceituais da ergonomia caracterizam aquilo que é próprio desta disciplina, aquilo que constitui o olhar da ergonomia e orienta tanto a pesquisa como a aplicação. São quatro os conceitos básicos a serem compreendidos. O primeiro deles trata da distinção entre tarefa e atividade. Tarefa é aquilo que a organização do trabalho estabelece ou prescreve para o trabalho a ser realizado.  A atividade, aquilo que o sujeito realmente faz para atingir os objetivos prescritos. O esclarecimento destes termos leva necessariamente ao conceito de trabalho e sua relação com a ergonomia. O segundo pressuposto está associado ao conceito de variabilidade. Esta é associada tanto às características e condutas do homem que trabalha, bem como, às características da empresa. Trata-se de reconhecer a diversidade no interior  das situações produtivas. O terceiro pressuposto trata do conceito de carga de trabalho. Este está associado as diferentes dimensões humanas mobilizadas pelo o sujeito que trabalha, englobando sua dimensão biológica, cognitiva e subjetiva. Finalmente o conceito de modo operatório que decorre dos conceitos anteriores e representa a resposta individual às determinantes de uma situação de trabalho. Estes conceitos serão apresentados em maior profundidade na seqüência. Ao final será apresentada uma síntese conclusiva da perspectiva da ergonomia sobre o estudo do trabalho. 2.1. Ergonomia e Trabalho

Enquanto disciplina a ergonomia tem necessariamente que estabelecer um conceito para o termo trabalho. Esta é uma tarefa difícil na medida que, enquanto construção social, o sentido do trabalho se altera e modifica no decorrer da história humana. Dentro de uma perspectiva antropológica, Maus 3 propões conceitos para a técnica e derivado desta, para o trabalho, que têm validade histórica, no sentido que estabelece uma compreensão para o significado dos artefatos de uso e de trabalho. Considere a figura 2. Na figura os três pólos do triângulo representam o sujeito (ego), os outros sujeitos com que nos relacionamos (outro) e o mundo, cenário e contexto desta relação (Real). O conceito de técnica é assumido enquanto um Ato Tradicional Eficaz . O primeiro termo da definição (ato) nos 3

Mauss, 1934; citado por Dejours, 1997,p.23. 7

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indica que todo artefato pressupõe um ato do corpo, ato este que faz parte de uma cultura.

REAL

 Ato

EGO

Eficaz

Tradicional

OUTRO

Figura 2: Conceito de técnica.

Isto pode ser facilmente compreendido se olhamos para artefatos simples como uma caneta, um isqueiro um pedaço de giz. Em todos eles, estão embutidas ações humanas sem as quais os efeitos esperados do uso não seriam possíveis. O segundo termo (tradicional) trata da inserção social do artefato. Um artefato é reconhecido enquanto técnica pela incorporação de sua pertença a uma cultura e a um contexto social. Para que haja tal reconhecimento, necessitamos recorrer ao que nos diz o terceiro termo da definição (eficaz). A eficácia de um artefato, condição para o seu reconhecimento no interior de uma cultura, passa necessariamente por um julgamento, que pode ser em consonância ou dissonância com a tradição. O conceito estabelece que na relação do sujeito com o mundo interpõem-se artefatos, nos quais estão pressupostos atos do corpo humano. Estes atos assumem significado para os outros, que de uma forma ou de outra, julgam este atos, segundo critérios de eficácia. Considere a agora a figura 3. Nela está representado o conceito de trabalho, no mesmo triângulo e pólos. O conceito de trabalho é definido enquanto Atividade  Coordenada Útil  e pode ser compreendido como uma categoria mais restrita da técnica. O que distingue é que o trabalho sempre estará inscrito sob o julgamento da sua utilidade social. A utilidade social do trabalho implica a necessidade de coordenação. Ou seja, o trabalho sempre se dá pela interação dos sujeitos e pressupõe uma divisão tarefas. Disto resulta que a atividade será sempre condicionada por prescrições que a integram no conjunto de outras tarefas interrelacionas.

REAL

 Atividade

EGO

Útil

Coordenada Figura 3: Conceito de trabalho.

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OUTRO

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Conceituar trabalho desta maneira é importante porque a partir de tal definição pode-se compreender tanto um grupo pré-histórico caçando, quanto o trabalho contemporâneo. Tanto lá quanto cá, o trabalho constitui-se de uma atividade realizada sob um conjunto de prescrições, está inserido num contexto social e os seus resultados são julgados segundo critérios de utilidade.  Assumir tal definição é útil para a ergonomia por possibilitar esclarecer a distinção entre trabalho prescrito (tarefa) e trabalho real (atividade), no interior da própria definição de trabalho. O trabalho prescrito é aquilo que resulta das características de coordenação e dos critérios de utilidade adotados, prescritos em termos de uma tarefa. O trabalho real, aquilo que o sujeito realiza a fim de atender aos objetivos das prescrições. 2.1.1. Trabalho prescrito

Os achados históricos e arqueológicos atestam que os homens primitivos criavam ferramentas muitas bem adaptadas para o seu próprio uso. Observe na Foto dos remos indígenas, como as pegas com ressaltos aumentam a área de contato e proporcionam uma melhor empunhadura, o diâmetro dos cabos, a forma das pás e a harmonia estética do conjunto.

Foto 1: Remos de tribos amazônicas pré-colombianas.

 A mais antiga fábrica de ferramentas do mundo4 foi encontrada no sítio aqueológico de Lokalalei, perto do lago Turkana no Quênia. Instrumentos de pedra lascada, fabricados no local por homens pré-históricos tem cerca de 2,34 milhões de anos . É muito tempo quando comparamos com o tempo histórico. Não é absurdo supor que existisse ali algum nível de especialização e de divisão de tarefas, assim como é provável que tais homens pré-históricos fabricassem instrumentos para o uso próprio. Como ironizou o ergonomista Munipov 5, nos  tempos pré-históricos, a comodidade e a correspondência exata dos instrumentos  de trabalho às necessidades do homem eram questão de vida ou morte, posto  que uma arma mal confeccionada com a qual não se podia agir com suficiente  eficácia, significava ao mundo, a perda de um mal designer . Com isto, denota-se

4 5

Na Folha de São Paulo, em 09 de Maio de 1999. Munipov, 1985. 9

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a importância dos instrumentos de trabalho no desenvolvimento técnico e cultural da humanidade. O homem sempre buscou melhorar suas ferramentas, tanto no sentido estético e de conforto, bem como, no que se refere à eficácia. Durante um longo período a coordenação, o julgamento de utilidade e as atividades de trabalho configuravam-se enquanto deliberações do grupo.  A partir XI destaca-se um processo de desenvolvimento técnico, com a expansão do uso de moinhos, aperfeiçoamento dos tornos, aparecimento da roda d’água e das prensas à parafusos. Deu-se início um processo de normalização técnica dos produtos, tanto do ponto de vista da fabricação quanto da qualidade. Ao final deste processo, já no do século XV, configura-se a passagem do reino das  ferramentas ao reino das máquinas 6 . No que pese o distanciamento que começa a se estabelecer entre concepção e uso dos artefatos de trabalho, até meados do século XVIII, a forma de organizar o trabalho, ou da sua coordenação, ainda era muito diferente de como se estruturam as situações produtivas nos diais atuais. Sejam nas sociedades agrárias, sejam nas comunidades artesãs, não se estabelecia uma separação entre tempo de trabalho e de ócio, trabalho e moradia, trabalho e vida pessoal, trabalho e cultura. É a partir da metade do século XVIII, com o crescimento da indústria, que se processam transformação importante no sentido do trabalho. Primeiro porque, os artefatos de trabalho definitivamente já não estão mais sobre o controle de quem os usam. Segundo porque o julgamento utilidade do trabalho passa pela intermediação do salário. As mudanças das relações entre sujeitos, artefatos e a forma de julgamento da utilidade do trabalho, engendram novas formas de coordenação. É na metade do século XIX, quando emerge a indústria como a conhecemos hoje, onde a coordenação adquire o status  de disciplina científica por meio da  Administração e Engenharia de Produção. O legado de Frederick Taylor 7 é bastante conhecido, em particular suas idéias associadas às técnicas de padronização do trabalho e dos modos operatórios, do tipo one best way . Isto é o que se chama Modelo Taylorista. Além do modelo, hoje superado em sua essência 8, a mais importante construção abstrata de Taylor, foi a separação promovida por ele entre sujeito (planejador) e o objeto (produção). Ao faze-lo, reivindicando-se do método científico, confere à coordenação do trabalho e por  conseqüência às prescrições, o caráter de conhecimento científico, dentro de um modelo de racionalidade produtiva. Nas palavras de Zilbovicvius, A dissociação entre sujeito e objeto (promovida por  Taylor) é absolutamente coerente com o paradigma e o método científico  positivista, vigentes no final do século XIX. Para a aplicação (do método), o objeto  - os fatores de produção, incluindo o trabalho - deve estar completamente  separado do sujeito - o engenheiro. A vinculação entre o sujeito e o objeto se  estabelece a partir do projeto do trabalho, produto da ação do engenheiro. O  6

Guille, 1981, citado por Santos et al, 1995. Taylor, F. Princípios da Administração Científica, Atlas, 1978. 8 Zilbovicius, 1999. 7

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projeto é um instrumento de prescrição, àqueles que executam o trabalho direto, das ações a serem executadas. Fica estabelecida uma divisão no interior do  processo de produção, entre o trabalho de geração de projetos, isto é, o trabalho  dos indivíduos que operam com variáveis simbólicas, abstratas, articuladas  segundo uma abordagem teórico/científica, e o trabalho que, a partir das  prescrições geradas pelos primeiros, realiza a fabricação.

Taylor não é o inventor do trabalho prescrito. O trabalho, enquanto atividade originalmente social, sempre comportou uma divisão social e uma divisão técnica. No entanto, coube a ele legitimar do ponto de vista da racionalidade científica, os métodos que orientam a ação dos planejadores na concepção e na coordenação das situações produtivas.  A partir de então, as situações produtivas passam a operar segundo modelos de racionalidade produtiva. O conjunto das prescrições passa a ser integrado, dentro de uma certa racionalidade, englobando critérios de julgamento de utilidade, bem como uma certa lógica de coordenação, manifestos nas prescrições que irão condicionar as atividades de trabalho. Nas palavras de Taylor 9, A idéia da tarefa é o mais importante elemento da  administração científica. O trabalho de cada operário é completamente planejado  pela direção, pelo menos, com um dia de antecedência e cada homem recebe, na  maioria dos casos, instruções escritas completas que minudenciam a tarefa de  que é encarregado e os meios usados para realiza-la. Na tarefa é especificado o  que deve ser feito e também como faze -lo, além do tempo exato concebido para a  execução. A administração científica, em grande parte, consiste em preparar e  fazer cumprir essas tarefas.

 Assim, dentro deste modelo, um analista (planejador) define a partir das diferentes formas que uma atividade é executada aquilo que seria a melhor  maneira de realiza-la. Posteriormente, decompõe-se a atividade em movimentos elementares, estuda-se cada movimento, estabelecendo seu ótimo. A tarefa emerge da recomposição dos estudos elementares, assumindo o status  de modelo otimizado e universal.A noção de tarefa dentro da perspectiva de Taylor, buscava iguala-la à atividade. Pressupondo portanto, a possibilidade de um sujeito externo ao trabalho conhecer  a priori , o conjunto de condicionantes de uma situação de execução. Estas práticas, senão superadas, tiveram sua importância reduzida dentro da racionalidade produtiva atual. Seja na sua forma original (modelo japonês) seja na versão ocidentalizada (produção enxuta), é reconhecida uma certa Engenharia do  Cotidiano à qual é delegada a resolução das questões não previstas . O recuo que se dá no sentido das prescrições ou da noção de tarefa 10, decorre das novas exigências de flexibilidade e de uma compreensão que a eficiência da produção se daria da mobilização dos sujeitos para agirem sobre a variabilidade das situações.

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Taylor, 1978; citado pro Salerno, 2000, p. 54. Salerno, 2000.

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É por isto que não se deve confundir o método de Taylor com o seu modelo. Enquanto o modelo foi paulatinamente sendo questionado e criticado frente aos conhecimentos acumulados sobre o homem no trabalho, o método continua sendo referencial para a teoria e prática das ciências da administração. A figura 4, representa o processo de institucionalização dos modelos de racionalidade produtiva, propondo um relacionamento triangular entre: modelos, práticas e ambiente.

Figura 4: Relacionamento entre ambiente, prática e modelo. Extraída de Zilbovícius, (1999).

Dentro da perspectiva representada na figura, os modelos constituem acima de tudo, representações que orientam as práticas do engenheiro. Na gênese de um modelo encontram-se as técnicas e práticas que têm origem no interior das situações produtivas e cujos resultados são valorizados, em dado contexto ou ambientes. Tal valoração contextualizada da eficácia produtiva em um ambiente econômico, social e cultural, dará legitimidade para os modelos e reforço às práticas. Das considerações, identifica-se em primeiro lugar que as práticas constituem as bases para a construção de modelos. Segundo, os modelos têm sua vida determinada pela representação da eficácia produtiva, que se altera quando o ambiente se modifica, exigindo novas práticas, as quais deverão ser  geradas no interior das situações produtivas. Independente de qual modelo de racionalidade produtiva se adota, o que resulta deste modelo é um conjunto de prescrições. No nível geral, o trabalho prescrito constitui-se de tudo aquilo que é estabelecido a priori  para que uma atividade de trabalho aconteça. Engloba tanto as condições materiais do trabalho, envolvendo o ambiente e os dispositivos de produção, bem como, os aspectos imateriais, em particular a organização prescrita do trabalho. 2.1.2. Trabalho real

O trabalho real é a antítese do trabalho prescrito e não necessariamente o seu contrário. Constitui-se naquilo que o sujeito faz para atingir os objetivos da tarefa. Existe uma razão fundamental para a distinção destes conceitos 11. Se por um lado, aspectos significativos da tarefa estão previstos e inscritos nos  11

Obredame & Faverge; citado por Wisner, 1994. 12

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ensinamentos da formação e no treinamento profissional; outros há, em número  indefinido, que não estão previstos e sujeitos à descoberta do trabalhador. O

imprevisto decorre em parte, da variabilidade, seja do homem seja dos dispositivos técnicos e organizacionais de produção. De outra parte, porque o novo sempre se manifesta nas interações entre um sujeito e o real da sua situação de trabalho. Numa dada atividade de trabalho, o sujeito sempre descobre coisas novas. Estas descobertas que o sujeito faz e incorpora ao seu trabalho, é o que chamamos de macetes  de ofício  e que irão constituir o saber fazer próprio, tácito , de uma profissão.

 A constatação da existência de elementos no trabalho não previstos na tarefa levará a ergonomia a uma construção conceitual que distingue o trabalho prescrito (tarefa ) e o trabalho real (atividade ). Tal distinção não pode ser  entendida com uma falta de prescrição ou debilidade na formulação da tarefa, cuja conseqüência seria estudar o trabalho real para incorporar os achados na prescrição da tarefa. Pelo contrário a identificação da distância entre tarefa e atividade assinala para a ergonomia a necessidade de evidenciar a mobilização subjetiva do sujeito que trabalha. Para compreender a mobilização necessária nas atividades de trabalho, deve-se proceder à distinção conceitual entre real e realidade. A realidade é um estado de coisas. O real é a parte da realidade que resiste à simbolização, ou seja o real no mundo das coisas e no mundo social 12 é  aquilo que no mundo se faz conhecer  por sua resistência ao domínio técnico e ao conhecimento científico...é aquilo no  mundo que nos escapa e se torna, por sua vez, um enigma a decifrar. O real, então, é sempre um convite a prosseguir no trabalho de investigação e de  descoberta. Mas tão logo dominada pelo conhecimento, a nova situação faz surgir  novos limites de aplicação e de validade, assim como novos desafios ao  conhecimento e ao saber. Se o real é inatingível, ou seja, nunca podemos

conhecê-lo em sua plenitude, o que é o trabalho real ou atividade? A atividade condensa aquilo que no trabalho é apreendido, das manifestações do real. Nas palavras de Dejours, a atividade condensa, então, de certa forma, o sucesso do  saber e o revés ocasionado pelo real, em um compromisso que contém uma  dimensão de imaginação, inovação e invenção.

 À inteligência mobilizada no trabalho, os gregos, designavam métis , significando astúcia ou inteligência da prática. Assumir a existência de uma inteligência da prática, leva ao reconhecimento de um paradoxo no interior das situações de trabalho. Toda atividade, qualquer que seja, implica uma execução fora da  tradição e fora da norma 13. Isto significa ao mesmo tempo, uma vantagem e um sofrimento. Vantagem porque o sujeito, a partir das suas descobertas, engendra novas formas de execução que, via de regra, vantajosas, no sentido que reduzem a carga de trabalho necessária para atingir o objetivo da tarefa. Sofrimento, porque encerra na solidão o sujeito que trabalha . Não resta ao sujeito que trabalha, outra alternativa senão tornar público os seus achados. Sem a publicidade, a responsabilidade pesa apenas sobre uma cabeça  como também, e sobretudo, falta ao achado técnico o julgamento pelo outro, 12 13

Dejours,1997, p. 41 a 51. Idem. 13

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aquele sem o qual o achado fica condenado a manter-se fora da tradição e não  ser reconhecido como parte integrante do ato técnico; aquilo que faz o sujeito  perder o benefício do reconhecimento e de suas competências, de seu savoir-  faire, de sua habilidade, de seu talento ou de sua engenhosidade .

2.1.3. Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real

O itinerário percorrido até o momento, coloca de um lado a lógica do trabalho prescrito derivada de um modelo de racionalidade produtiva e estabelecida a  priori  pela organização prescrita do trabalho, e de outro, a lógica da atividade, decorrente dos reveses da situação, e decorrente da mobilização subjetiva dos sujeitos e em particular do uso da inteligência da prática, o que resulta numa organização real do trabalho. O reconhecimento e a conceituação teórica destas duas categorias de racionalidades impõe para a ergonomia a necessidade de estuda-las separadamente para posteriormente confronta-las. Dado o caráter integrador das atividades de trabalho, que condensam questões determinadas pelo que é produzido e as condições técnicas e organizacionais para a sua realização, as questões postas pelo ponto de vista da atividade produzem uma tensão com a lógica de racionalidade produtiva ao disputar o espaço de articulação entre os bens e serviços produzidos e as atividades de trabalho necessárias para a sua realização. Em última instância esta disputa se dá em torno de qual será a organização prescrita do trabalho, ou seja, os mecanismos de coordenação e os dispositivos técnicos e organizacionais que irão atuar no interior das situações produtivas. A Figura 5 expressa esta relação.

Bens e Serviços Ponto de Vista da Atividade

Racionalidade Produtiva Processos de Trabalho

Figura 5: Tensão entre o ponto de vista da atividade e a racionalidade produtiva.

2.2. Variabilidade

 A variabilidade está presente nas situações produtivas e decorre tanto dos sujeitos como do dispositivo técnico e organizacional. Conceitualmente a variabilidade está associada ao imponderável, ou aquilo que não foi previsto, manifesto dentro das situações produtivas. O estudo de suas fontes e os seus efeitos sobre as situações de trabalho busca por meio da AET, compreender 

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como os trabalhadores enfrentam as diversidades e as variações de situações e  quais conseqüências elas acarretam para a saúde e para a produção 14.

No referente à variabilidade dos sujeitos, a ergonomia classifica uma variabilidade intra-individual , que busca considerar as alterações que o indivíduo sofre ao longo do tempo, e a variabilidade inter-individual 15, que considera as diferenças biocognitivas e histórias de vida de cada um. Por exemplo, o tempo de serviço numa dada atividade provoca mudanças na forma que um sujeito realiza o seu trabalho (intra-individual). Quanto mais experiências ele experimenta mais ele desenvolve a sua competência. Por outro lado, dois sujeitos com o mesmo tempo de trabalho não necessariamente realizam suas atividades da mesma forma. Eles desenvolvem competências especificas (inter-individual).  A consideração da variabilidade no projeto do trabalho do ponto de vista físico, se dá por meio de princípios de projeto como o projeto para indivíduos extremos 16 , que busca atender às variações antropométricas e biomecânicas por meio da utilização dos valores mínimos e máximos das variáveis em questão, para uma dada faixa da população, em contraposição ao uso das médias. No campo cognitivo e psíquico, a ergonomia trata da variabilidade por meio do conceito de espaço de regulação, buscando dar margem à manifestação de diferentes modos operatórios e reconhecendo as habilidades tácitas postas em  jogo no trabalho. No tocante à variabilidade da empresa, relacionada aos materiais, equipamentos e organização, destacam-se duas categorias: a variabilidade  normal 17 , decorrente das características intrínsecas do trabalho executado e que podem ser do tipo sazonal ou periódica; e a variabilidade incidental , decorrente de eventos aleatórios e desconhecidos antes da sua revelação pelo revés. Por exemplo, a existência de um conjunto de moldes, com diferentes tamanhos e graus de complexidade é uma variabilidade normal. Ela implica para o ergonomista estabelecimento tipologias e a definição de um conjunto de características representativas das situações de trabalho deste tipo. A escolha aleatória de uma atividade pode implicar na desconsideração de aspectos significativos que inviabilizarão, posteriormente, a solução proposta. Por outro lado existem variabilidades incidentais, que exigem investigações mais detalhadas. Por exemplo, porque peças fabricadas no mesmo molde apresentam porosidades diferentes e implicam em cargas de trabalho totalmente distintas, tanto em termos de duração como de conteúdo? A investigação de fatos deste tipo pode nos remeter para nos remeter para o intrincado relacionamento entre tarefas e setores produtivos. Pode ser que nada se possa fazer, no entanto, reconhecer a ocorrência de tais variações implicará em buscar responde-las na formulação de soluções do tipo ergonômica. 14 15

Gerin et al., 1991. Santos et al, 1997. 16 Iida, 1992 17 Gerin, et al, 1991. 15

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Outro aspecto fundamental da variabilidade é a existência de diferentes níveis de percepção que os atores presentes no processo produtivo têm das suas manifestações. Normalmente a variabilidade é pouco considerada ou subestimada nos processos de projeto de situações produtivas 18, bem como, no planejamento da produção. A forma clássica, na Engenharia Industrial, de tratar a variabilidade é através dos índices de desempenho, do estudo de tempos médios de execução e do rendimento de fábrica, os quais mascaram as flutuações e os aspectos desconhecidos da realidade da atividade. No que se refere ao planejamento da produção, Crawford, estabelece duas diferentes representações para a atividade dos planejadores. Uma primeira que descreve a atividade como rotineira e situada no campo da resolução de problemas, e outra que revela um comportamento baseado no conhecimento e nas habilidades tácitas. Tal distinção nas representações revela de fato a existências de dois diferentes níveis de planejamento: o planejamento que estabelece os meios e metas de produção a serem atingidas (planejamento agregado e planejamento mestre), com um caráter formal e estruturado e normalmente relacionado a uma dimensão temporal de médio e longo prazo; e a sua reelaboração no chão de fábrica, cujo caráter desestruturado é condicionado pelas diferentes fontes de variabilidade envolvidas. A isto, o modelo de racionalidade produtiva em voga denomina Engenharia do Cotidiano . No tocante à AET , o reconhecimento da variabilidade implica na necessidade reconhecer a instabilidade implícita, no sistema homem-trabalho . O conhecimento de suas fontes não permite a eliminação global das mesmas, porém permite introduzir tal conhecimento na concepção dos dispositivos técnicos de produção e na organização do trabalho. Os efeitos da variabilidade sobre a carga de trabalho implicam na sua elevação ou diminuição e determina a necessidade de uma reelaboração constante pelos trabalhadores do seu modo operatório. 2.3. Carga de Trabalho

O conceito de carga de trabalho está associado em ergonomia à fração da  capacidade de trabalho que o operador investe na tarefa 19 . Tal idéia pressupõe um modelo de homem com capacidade de trabalho limitada, o qual regula sua carga de trabalho, dentro dos limites da sua capacidade disponível, por meio da modificação do seu modo operatório. Para efeitos de análise, a carga de trabalho é dividida em uma parcela física e outra mental, sendo a última subdividida em cognitiva e psíquica. Esta divisão da carga de trabalho em dimensões é puramente teórica. A atividade assim como o homem é um ser único, não podendo ser reduzido a uma ou outra dimensão. Podemos analisar individualmente cada uma destas dimensões, porém a síntese conclusiva do que é a carga de trabalho em uma atividade deve ser global. É fácil compreender isto considerando, por exemplo, um sujeito unindo peças com rebites e usando um martelete pneumático. Se considerados constantes, o rebite, o instrumento e uma determinada postura, pergunta-se: seria a carga de trabalho 18 19

Crawford et al, 1998 Millot, 1988 16

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física a mesma para qualquer situação deste tipo? A resposta é não. Dependendo da relevância da união específica em execução a carga cognitiva se altera. Quanto maior a importância relativa da tarefa, maior serão as exigências em termos de raciocínio e de atenção. Numa junção crítica o sujeito intuitivamente realizará movimentos mas refinados e precisos, o que altera as demandas físicas.  Ainda, a tentativa de uma quantificação absoluta para a carga de trabalho, esbarra no setor da carga psíquica, diretamente associada e determinada pela organização do trabalho. Tal componente é sobretudo qualitativa e socialmente contextualizado, decorrendo da vivência e portanto, da percepção subjetiva do sujeito. Dejours20 apresenta um modelo quantitativo que o denomina de abordagem econômica do funcionamento psíquico. Dentro deste modelo a parcela correspondente à parte psíquica, funciona como um regulador que pode atuar no sentido do aumento ou da diminuição da carga de trabalho. Para o autor  o  trabalho torna-se perigoso para o aparelho psíquico quando ele se opõe a sua  livre atividade. O bem estar, em matéria de carga psíquica, não advém só da  ausência de funcionamento, mas pelo contrário, de um livre funcionamento, articulado dialeticamente com o conteúdo da tarefa, expresso por sua vez, na  própria tarefa e revigorado por ela . A figura 6 representa este modelo. Psíquica 1 o ã ç a ut

Cognitiva Física

i

S

Carga de trabalho global

Física Cognitiva

a ut

2 o ã ç

Psíquica Negativa

i

S

 Acr éscimo na capacidade de realizar trabalho.

Figura 6: Setores da Carga de Trabalho e regulação psíquica.

Na figura estão representadas duas situações de trabalho. A situação 1 é representada com carga psíquica positiva. Isto pode ser decorrente de uma divisão mais intensa de tarefas, dos relacionamentos conflituosos entre chefia e operadores... enfim, aspectos decorrentes da organização do trabalho. Na situação 2, é apresentada uma situação hipotética de carga psíquica negativa. Considerando que o sujeito tem uma capacidade limitada para a realização da sua carga de trabalho, o modelo regulador indica que, em uma situação de carga psíquica negativa, não só é liberado espaço para uma maior carga física e cognitiva, como a possibilidade realizar trabalho se amplifica 21. Na realidade industrial, inexistem situações deste tipo. 20

Dejours, 1994. O conceito de carga psíquica negativa e a conseqüente amplificação na capacidade de realizar  trabalho, são demonstrados pelo autor com estudos sobre pilotos de caça. Ele mostra que dado as 21

17

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Qualquer quantificação da carga de trabalho, sob o ponto de vista da ergonomia, é entendida como a busca de indicadores, dentro de uma situação produtiva específica, e não a busca de valores absolutos. Tais indicadores, baseiam-se na identificação dos aspectos físicos e cognitivos presentes na atividade, sob um contexto organizacional que condiciona a carga psíquica. No que pesem as dificuldades de serem estabelecidos valores absolutos para a carga de trabalho, o estabelecimento do que constitui a carga de trabalho e os seus determinantes ocupa lugar central na AET. Considere a figura 7. Nela é apresentado o modelo integrador da atividade de trabalho.No modelo é considerado de um lado a empresa, de outro o trabalhador. Esta relação é intermediada por um contrato de trabalho. O trabalhador impõe uma série de condicionantes para a realização da atividade: suas características físicas, sexo, idade; sua qualificação e experiência e competência; seu estado momentâneo; e, sua vida pessoal. Por outro lado, a empresa também impõe suas condicionantes: as exigências cognitivas da tarefa; as máquinas, ferramentas e o meio ambiente; os movimentos e posturas pressupostos; e, a divisão de tarefas, hierarquia e o regime de trabalho.  A carga de trabalho constitui-se na síntese que resulta da confrontação destes dois níveis de condicionantes. De um lado a empresa com a tarefa e de outro o trabalhador com a atividade. O resultado da carga de trabalho realizada por sua vez, retorna sobre ambos. Retorna sobre o trabalhador o que se manifesta sobre seu estado de saúde, retorna sobre a empresa, o que se manifesta em termos de produção e produtividade. Normalmente é este retorno que se dá sobre o sujeito e sobre a empresa que está na origem de uma demanda para a intervenção de ergonomia. Portanto, a solução do tipo ergonômica só poderá ser efetiva se equacionar os dois lados do modelo.

características estes sujeitos e do seu trabalho, eles retornam de suas missões num estado físico e mental superior ou melhor daquele do início da missão. A isto chama-se trabalho estruturante. 18

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Trabalhador

Contrato

Empresa

Tarefa Dados do Sujeito

Complexidade da tarefa

Nível de Fromação

Exigências físicas

Estado instantâneo

Organização do trabalho

Vida fora do trabalho

 Atividade

Dispositivos técnicos

Carga de trabalho

Saúde

Física Cognitiva Psíquica

Produtividade

Figura 7: Modelo integrador da situação de trabalho.

É por isso que frente a um conjunto de condicionantes a ergonomia não pode agir  indistintamente sobre as mesmas, como apresentado no exemplo do homem com um computador. Faz-se necessário estabelecer, a partir da AET, os determinantes da situação, sejam físicos, cognitivos ou psíquicos e integra-los numa solução do tipo ergonômica. 2.4. Regulação e modo operatório

Os conceitos apresentados até o momento demonstraram a existência de uma distância irredutível entre o trabalho prescrito e trabalho real e uma instabilidade no funcionamento das situações produtivas, decorrente da variabilidade do homem e das condições técnicas e organizacionais. Demonstrou-se ainda que uma situação qualquer, a carga de trabalho é resultante das condicionantes humanas e daquelas advindas da empresa. Finalmente, com a apresentação do conceito de regulação e modo operatório, pretende-se demonstrar como é garantida a eficácia no trabalho. Para a compreensão destes conceitos, considere o apresentado na Figura 8 22, onde é apresentado o Modelo Operante 23 da ergonomia. Nela está representado que toda atividade comporta uma confrontação entre: os objetivos da tarefa; os meios disponibilizados; os resultados obtidos pela realização da atividade; e o estado interno do sujeito. Numa situação de trabalho, e frente a um dado contexto onde estão fixados os objetivos e disponibilizados os meios, o sujeito elabora uma representação da situação e a partir desta, qual constrói seu modo operatório. Em 22

adaptada de Guerin et al, 1991. Capacidade de revelar os aspectos obscuros de uma atividade de trabalho e indicar rumos para a ação, transformando as compressões dos efeitos da carga de trabalho sobre a saúde e sobre a produção. A isto se chama em ergonomia de caráter operante dos seus modelos. Daniellou, 1996, p. 187. 23

19

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decorrência deste, resultados são alcançados e o sujeito assume um determinado estado. Resultados

Objetivos

Regulação

Modo Operatório

Meios

Estado

Figura 8: Modelo Operante.

Numa situação idealizada, considerando os resultados obtidos e o estado em que se encontra, o sujeito constrói uma nova representação e define um novo modo operatório. O conceito de representação24 define uma construção mental circunstanciada, feita num contexto particular e com fins específicos, para fazer face às exigências da tarefa em curso . É portanto a partir de uma representação da realidade ou de um estado das coisas, que o sujeito direciona a sua ação. A eficácia do trabalho não provém, portanto, do puro e simples respeito às instruções mas sim graças à  capacidade de regulação  da atividade desenvolvidas pelos sujeitos atuantes, de  uma parte para gerenciar as variações das condições externas e internas da  atividade e de outra para levar em conta os efeitos da atividade 25 .

Modo operatório é um termo próprio da ergonomia que visa caracterizar as

diferentes maneiras de se executar uma mesma tarefa. A escolha pelo sujeito de um modo operatório específico, deriva de uma representação da situação das possibilidades de regulação que ela apresenta e de uma competência. Tal competência, se por um lado deriva da formação do sujeito e da sua preparação para o trabalho, envolve também as habilidades tácitas que  não são sempre  simbolizadas... a inteligência do corpo e do pensamento engajada nessas  atividades muitas vezes antecipa-se à consciência e à simbolização desses atos  práticos 26 . Tais habilidades representam aquilo que não pode ser ensinado e que

não deriva do conhecimento formal. Elas são inerentes a uma profissão, a um metier .  A exposição ficará mais clara a partir do exemplo que segue. Imagine um sujeito laminando uma peça ( objetivo). Ele está usando uma determinada espátula (meios) e percebe que não consegue acessar uma certa parte do molde o que resulta na não aderência das camadas (resultado). Ele pensa (estado), se eu 24

Richard, citado por Santos et al.1997, p. 341. Terssac & Maggi, 1996, p. 89. 26 Dejours, 1997, p. 44 25

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trocar de espátula poço acessar aquela porção (representação), ele pode trocar  de ferramenta (regulação) e escolhe uma espátula que lhe permite movimentos mais finos (modo operatório ).  A situação como descrita representa uma situação ideal de trabalho. O sujeito pode regular sua carga de trabalho escolhendo sua ferramenta e adotou um novo modo operatório. Uma pequena modificação pode nos levar a outro resultado. Considere que ele não disponha de uma ferramenta mais apropriada. Ele executará os mesmos passos, e frente ao revés da situação, pensa: se eu girar o punho, posso acessar aquela porção ( representação). Ele gira o punho (regulação) e por conseguinte a ferramenta, e passa a executar a operação nesta condição (modo operatório ). Pode-se imaginar dois desfechos para esta história. Considere que depois de alguns minutos o sujeito passa a sentir um desconforto no punho ( estado): a) ele gira o molde (regulação) e passa a laminar em uma nova posição ( modo operatório ); e, b) ele não pode girar o molde (regulação) e mantém a mesma postura na operação ( modo operatório degradado). Resultados

Objetivos

Regulação

Modo Operatório Degradado

Meios

Estado

Figura 9: Modelo Operante em estado degradado.

 A Figura 9 apresenta o Modelo operante para a segunda situação. Nela observase que o estado do sujeito não alimenta o mecanismo de regulação. Ele passa a adotar modos operatórios degradados por conta da falta de um espaço de regulação.  A situação exemplificada é hipotética e visou apenas firmar os conceitos de regulação e modo operatório. Entre uma situação onde o sujeito possui amplos espaços de regulação e outra extrema, onde os condicionantes são tais que comprimem os espaços de regulação e a possibilidade de reelaboração dos modos operatórios, existirá um conjunto de possibilidades que só a análise da situação de trabalho em seu contexto irá nos revelar. 2.5. Considerações finais

Os conceitos apresentados são fundamentais para a compreensão da AET e irão constituir a base da linguagem a ser adotada no decorrer da Análise Ergonômica do Trabalho das situações em estudo. Considerando tais conceitos, pode-se estabelecer o que significa o sucesso de uma intervenção de ergonomia. São dois

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os critérios: a) ampliação dos espaços de regulação; e, b) redução da carga de trabalho.

Considera-se portanto, que no desenho do trabalho deve-se buscar ampliar as possibilidades de adoção dos distintos modos operatórios frente às circunstâncias da situação de trabalho. Porém tal ampliação deve significar concomitantemente uma redução da carga de trabalho. Frente a tais objetivos a ergonomia não parte de um modelo definido a priori  para o desenho das situações de trabalho. Ao contrário, é a partir da realidade da atividade e das hipóteses explicativas da carga de trabalho contextualizadas numa situação específica, que a ergonomia buscará por meio da sua base conceitual revelar as representação dos diferentes atores envolvidos e negociar  ações que objetivam fundamentalmente adequar a situação produtiva ao homem. Na seqüência será explicitado o método de como faze-lo.

3. Método para Análise Ergonômica do trabalho

Nos itens anteriores foram apresentados os fundamentos e os objetivos da ergonomia. Na seqüência é apresentado o método de Análise Ergonômica do Trabalho (AET). De uma forma geral, um método significa um conjunto de procedimentos que orientam um pesquisador ou um prático na condução do seu trabalho. O método deve conferir racionalidade ao conjunto de procedimentos adotados. Como apresentado na Figura 10a, o método AET configura-se em dois grandes blocos. O primeiro representa a fase de análise subdividida em três etapas: análise da demanda, análise da tarefa e análise da atividade. O Segundo, a fase de síntese, subdividida nas etapas de diagnóstico e de implementação. Em cada uma destas etapas, o ergonomista colhe dados da situação sob investigação e confronta com os conhecimentos acerca do homem no trabalho. Desta confrontação, surgem hipóteses que irão direcionar o prosseguimento do estudo. O resultado de uma ação ergonômica desemboca, em primeira instância, na proposição de mudanças na situação em estudo, em segunda instância, novos conhecimentos acerca de homem no trabalho.

22

Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Situação de Trabalho

 ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO   o    h    l   a    b   a   r    t   o   n   m   e   m   o    h   o    d   a   c   r   e   c   a   o    t   n   e   m    i   c   e    h   n   o    C   :   a    i    f    á   r   g   o    i    l    b    i    B   a   s    i   u   q   s   e    P

 Análise  Análise da Demanda: Contexto Hipóteses Dados

 Análise da Tarefa: Condicionantes Hipóteses

 Análise da Atividade: Determinantes

Dados

Hipóteses Dados

Diagnóstico: Modelo Operante

Implementação: Caderno de Encargos

Hipóteses Dados

Síntese

Figura 10a: Meto de Análise Ergonômica do trabalho.

O método como estabelecido, não faz a distinção clássica entre teoria e aplicação. No entendimento da AET este é um processo que se dá de forma conjunta. Considera-se que numa situação específica, os conhecimentos acerca do homem não podem ser aplicados de forma direta e passam necessariamente por uma reinterpretação. Isto não quer dizer que não existam conhecimentos válidos e generalizáveis sobre o homem no trabalho, mas sim que, é a situação de trabalho quem condiciona a aplicação destes. Na seqüência serão apresentados em linhas gerais os conteúdos de cada etapa, bem como, as principais técnicas utilizadas. 3.1. Análise da Demanda

O ponto de partida de toda intervenção ergonômica é a delimitação do objeto de estudo, definido a partir da formulação da demanda. A demanda, em ergonomia, é uma demanda social, expressa em um quadro institucional, por um mais dos atores sociais envolvidos com a situação de trabalho, cujos pontos de vistas não são, necessariamente, coerentes. Ao contrário, às vezes, eles são até contraditórios. Assim, a demanda deve ser devidamente analisada, para evidenciar todas as dimensões de um mesmo problema. Independente da relação que o ergonomista tenha com a situação em estudo, seja ele um pesquisador ou um profissional vinculado à empresa, a análise da 23

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demanda deve ser realizada. A Formulação da demanda, ou seja, identificados os problemas no campo da ergonomia que deverão ser estudados, permite estabelecer as possibilidades e limites para a intervenção, bem como, definir as técnicas a serem utilizados no processo de análise/síntese. São fundamentais nesta fase os dados do serviço médico e os indicadores gerais de produção, produtividade e absenteísmo. Via de regra  a demanda surge de questões relacionadas com a saúde ou com a produtividade. Para compreender a demanda, o ergonomista deve estudar, ou estar  familiarizado, com os aspectos técnicos, econômicos e sociais da empresa. Para não se afastar da realidade da situação de trabalho, é preciso conhecer a tecnologia que os homens operam e a linguagem correspondente que adotam. É necessário igualmente, considerar os fatores econômicos que delimitarão, em parte, as soluções que serão propostas. Finalmente deve-se levar em conta os dados sociais: a caracterização da população de trabalhadores, o tempo de serviço na profissão, o grau de escolaridade e as condições gerais de vida. Estas informações serão importantes para situar os problemas formulados pela demanda, dentro do contexto da situação de trabalho a ser analisada. Paralelamente, a abordagem de qualquer situação exige, por parte do analista, a realização de uma revisão bibliográfica a respeito do objeto em estudo. Deve-se consultar as revistas e periódicos especializados, os livros clássicos e atuais da área, relatórios de trabalhos anteriores realizados em situações próximas ou análogas e na atualidade, explorar as informações disponibilizadas na internet, em particular em empresas do setor.  A análise da demanda no seu contexto social e organizacional constitui-se numa fase preliminar onde o analista de ergonomia confronta os conhecimentos adquiridos sobre a situação concreta de trabalho com aqueles que possui sobre o homem em atividade. Desta confrontação surge um certo número de hipóteses explicativas para a carga de trabalho, as quais, irão orientar o prosseguimento do estudo. Na realidade em cada fase da análise estas hipóteses irão sendo refinadas e aprofundadas, na media que o estudo avança.  Ainda, durante a análise da demanda, os ergonomistas buscam construir as condições ideais que deveriam ser alcançadas para a condução da análise: a) discutir os objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas (direção da empresa, serviços funcionais, gerências, supervisores, trabalhadores e suas organizações). b) obter a aceitação dos trabalhadores que ocupam o posto (ou postos) a ser  estudado. A participação destes trabalhadores é, de fato, indispensável para realizar uma boa análise das atividades. Para julgar a pertinência das variáveis e ajudar na interpretação dos resultados; e, c) esclarecer as respectivas responsabilidades, tanto do analista, quanto da direção da empresa, dos trabalhadores e das organizações destes, em relação ao desenvolvimento do estudo e da utilização dos resultados.

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 Ao final da análise da demanda, o ergonomista deverá ter reunido dados acerca da situação englobando, englobando a empresa, o sistema produtivo, a população de trabalhadores envolvida e a situação de trabalho. O quadro 1 apresenta os principais dados requeridos. Categoria

Dados

Setores de Atividade. Importância sócio-econômica. Objetivos no curto, médio e longo prazo. Tecnologia utilizada. Modo de gestão do pessoal. Estrutura e funcionamento do processo global de produção. Sistema Produtivo Interações e inter-relações entre os sub-sistemas. Efetivo População Repartição por idade e sexo. Tempo de serviço na empresa e no posto. Nível de formação. Nível de qualificação. Posição da situação dentro do sistema global de produção. Situação de Trabalho Condições ambientais de trabalho. Condições organizacionais de trabalho. Índices de produção e produtividade. Indicadores de saúde e  Absenteísmo. Produtividade Rotatividade.  Afastamentos médicos. Quadro 1: Dados a serem levantados na análise da demanda. Empresa

 A análise da demanda é uma análise global. Ela indica para o prosseguimento do estudo quais as situações que deverão ser priorizadas, bem como, orienta a pesquisa bibliográfica a ser realizada em paralelo. 3.2. Análise da Tarefa

 A análise da tarefa é o estudo daquilo que o trabalhador deve realizar e as condições ambientais, técnicas e organizacionais desta realização. é fundamental conhecer como o trabalho é organizado e prescrito no interior da organização pela engenharia de métodos. Também, realiza-se uma descrição o mais precisa possível da situação, observações e medidas sistemáticas de variáveis. Nesta fase, as interações se dão fundamentalmente entre os analistas de ergonomia e o corpo técnico e gerencial da empresa (supervisores, gestores, gerentes). A análise da tarefa encerra-se com o refinamento de hipóteses acerca das condicionantes do trabalho, indicando as situações onde o estudo deverá ser  aprofundado e quais variáveis deverão ser investigas com maior rigor. Dois tipos de instrumentos são fundamentais nesta etapa. Um primeiro, visando conhecer o trabalho prescrito e as condicionantes para a sua realização. Outro, que visa captar a percepção dos trabalhadores acerca dos problemas na execução da tarefa. Particularmente, neste projeto, serão utilizados os instrumentos apresentados nas figuras 11 e 12. O instrumento apresentado na Figura 11 é um protocolo desenvolvido pelo Instituo Finlandês de Saúde Ocupacional e objetiva uma primeira aproximação do

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ergonomista com a situação em estudo. O ponto de partida é uma descrição detalhada da tarefa. A partir desta, são identificadas as variáveis presentes e subjetivamente, o ergonomista faz uma análise de aproximação de risco. Na realidade existe uma infinidade de instrumentos deste tipo. A escolha do EWA deve-se a sua amplitude, bem como a possibilidade de serem introduzidas novas variáveis em função das circunstâncias da situação em estudo.

Figura 11: EWA, Ergonomics workplace analisys.

O instrumento apresentado nas figuras 12a a 12c, foi desenvolvido pelo grupo Ergo&Ação em projetos anteriores de ergonomia. O ponto de partida do instrumento é a descrição da tarefa desenvolvida no EWA. O instrumento busca estabelecer com maior precisão as tarefas executadas pelos operadores e o tempo dedicado a elas. TEMPO (em minutos) ATIVIDADE ecepção e descarregamento xas com as amostras bertura das caixas e cação eparação dos lotes e o das amostras olocar as amostras na estufa nsaio de determinação da cia à abrasão: preparação stras

Não Até 5 Participa

+5 até 30

+30 até 60

+60 até 8 horas

POSIÇÃO Em pé Sentado

Andando

Agachado

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Figura 12 a: Tarefas e tempo de execução.

Num segundo momento o instrumento capta a percepção dos operadores acerca das exigências das tarefas. Trata-se de considerar o que o trabalhador considera penoso do ponto de vista físico, cognitivo e/ou psíquico.

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Questão 2: Das atividades que você marcou na questão 1, assinale 2 (duas) que sejam mais pesadas ou cansativas fisicamente: 01 14 27

? ? ?

02 15 28

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03 16 29

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04 17 30

? ? ?

05 18 31

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06 19 32

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07 20 33

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08 21 34

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09 22 35

10 23 36

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11 24 37

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12 25

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13 26

Figura 12 b: Queixas associadas às tarefas executadas.

Finalmente o instrumento procura correlacionar as queixas com os diferentes seguimentos corporais. Isto é feito por meio de um boneco adaptado do meto de Corlet27. TIPO DE DESCONFORTO REGIÃO

GRAU DE INTENSIDADE Insupor -tável

Pes o

Formigamento

Agulhada

Dor

01 – Cabeça

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1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

02 – Pescoço 03 – Ombro Direito

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2 2

3 3

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6 6

7 7

8 8

9 9

10 10

04 – Ombro Esquerdo 05 – Coluna Alta

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3 3

4 4

5 5

6 6

7 7

8 8

9 9

10 10

06 – Coluna Baixa 07 – Nádega Direita 08 – Nádega Esq.

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1 1 1

2 2 2

3 3 3

4 4 4

5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

09 – Braço Direito 10 – Braço Esquerdo

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2 2

3 3

4 4

5 5

6 6

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9 9

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11 – Cotovelo Dir. 12 – Cotovelo Esq.

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2 2

3 3

4 4

5 5

6 6

7 7

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13 – Antebraço Dir. 14 – Antebraço Esq. 15 – Punho Direito

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2 2 2

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5 5 5

6 6 6

7 7 7

8 8 8

9 9 9

10 10 10

16 – Punho Esquerdo 17 – Mão Direita

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1 1

2 2

3 3

4 4

5 5

6 6

7 7

8 8

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10 10

18 – Mão Esquerda 19 – Coxa Direita

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1 1

2 2

3 3

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20 – Coxa Esquerda 21 – Joelho Direito 22 – Joelho Esquerdo

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23 – Perna Direita 24 – Perna Esquerda

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25 – Pé Direito 26 – Pé Esquerdo

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L ev e

Moderado

Forte

Figura 12 c: Desconfortos e graus de intensidade nas tarefas.

 A confrontação entre a percepção dos trabalhadores, as variáveis identificas pelos ergonomistas e a revisão da literatura, possibilita ao final desta etapa estabelecer  quais tarefas deverão analisadas com maior profundidade. O que se realiza na etapa de análise da atividade. 3.3. Análise da atividade

 A análise da atividade, é o que o trabalhador, efetivamente, realiza para executar a tarefa. É a análise das condições reais de execução e das condutas do homem no trabalho. Assim como na fase anterior, deve-se proceder a uma descrição o mais detalhada possível das atividades de trabalho. Medidas devem ser realizadas, sejam sobre as pessoas que trabalham (medidas fisiológicas do esforço), sejam sobre as atividades desenvolvidas (variação dos modos e dos tempos operativos), sejam, ainda, sobre o meio ambiente (dimensões do espaço e do local de trabalho, níveis de iluminação, ruído, temperatura, vibração). No geral são avaliadas as posturas, ações, gestos, comunicações, direção do olhar, movimentos, verbalizações, raciocínios, estratégias, resolução de problemas, 27

Corlett, e. m., et al, 1976. 27

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modos operativos, enfim, tudo que possa ser observado ou inferido das condutas dos indivíduos. Ainda, tal descrição é obtida a partir da interação com os operadores, em entrevistas pessoais ou coletivas. Os resultados destas entrevistas devem ser retornados aos mesmos, realizando o que se chama em ergonomia de autoconfrontação, verificando se a descrição realizada pelo analista corresponde à representação que os operadores possuem da atividade de trabalho. Do ponto de vista instrumental são duas as principais técnicas utilizadas nesta fase. Uma voltada para estabelecer as diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real. Outra para aprofundar as análises do ponto de vista fisiológico e biomecânico.  A figura 13 ilustra os resultados obtidos com a técnica de entrevistas coletivas. Para cada tarefa, são identificados as prescrições, as atividades realizadas, as causas destas distinções e os seus efeitos, sobre os sujeitos e sobre os indicadores de produção. Prescrição

Real

Causas

Efeitos

Os objetos chegam Pode chegar misturado Economia de espaço nos separados em containers em um mesmo container veículos por categoria. objetos registrados, transportadores. simples e malotes desde que facilmente identificáveis. Todos os objetos registrados que entram na unidade devem ser conferidos.

Alguns veículos são responsáveis pela entrega de malotes e telegramas, enquanto outros pela entrega de malote e encomendas.

A preparação dos DAs deve preceder o ordenamento do resto dos objetos.

A equipe encarregada do descarregamento entra mais cedo (8:15) e saem mais cedo (17:15).

A composição das equipes deve ser alterada de tempos em tempos.

Não é feito o registro (escaneamento) dos objetos contidos nas malas. A conferência consiste em confrontar a quantidade recebida com a registrada na LR. Conforme o caso, os veículos entregam qualquer coisa dentro do seu percurso. Os motoristas se organizam para dividir melhor a carga de trabalho dentre eles. Muitos carteiros ordenam todos os objetos antes de prepararem os DAs.

Isso exige uma atividade a mais, uma vez que as cargas desses containers são separadas, antes de serem transferidas para os setores correspondentes. Grande diversidade de Economiza tempo, atividades simultâneas e permitindo adiantar o volume imprevisível de trabalho no registrado e objetos a serem tratados. liberar pessoal para ajudar nas atividades dos outros setores. As quantidades de encomendas e telegramas variam muito de um dia para outro.

Essa atitude é justificada pelo fato de haver muito “gato” em função da mau elaboração dos CEPs e do desbalanceamento entre distritos. Assim, pode ocorrer do carteiro já ter preparado o DA e só depois chegarem cartas daquele trecho, ocasionando um retrabalho. Nem sempre quem entra O horário de saída mais cedo saí mais cedo. depende da quantidade Pode ocorrer de outro de objetos que tem para carteiro que entrou mais entregar. tarde ter menos carga e sair mais cedo. As pessoas permanecem Dificuldade por falta de por muito tempo em tempo para treinar um uma mesma equipe. A novo funcionário na equipe de função.

Balanceamento da carga de tra balho. Se fosse seguido o prescrito, no mesmo dia haveria alguns motoristas super ocupados enquanto outros estariam ociosos Esse fato pode ser um dos responsáveis pelo atraso da entrega dos DAs nos locais pré estabelecidos . Uma vantagem de colecionar tudo primeiro é conseguir visualizar melhor a quantidade..

Há a possibilidade desses carteiros estarem sobrecarregados. “Não gostaria de fazer parte da equipe que entra mais cedo” Algumas atividades são muito desgastantes. Alguns funcionários podem estar

Figura 13: Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real.

Paralelamente, análises cinesiológicas e biomecânicas das atividades são realizadas. Tais análises consistem em descrições detalhadas das posturas assumidas pelos sujeitos e das exigências sobre os seguimentos corpóreos em termos de cargas e posturas. A figura 14 ilustra a técnica.

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Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Segmento corporal ETAPA 1: pega do objeto simples

ETAPA 2: leitura do ETAPA 3.1: objeto simples escaninho lateral Alto

Pescoço Tronco

Flexão 30 graus Ereto

Rotação 50 graus Ereto

F lexão 50 graus

Abdução 90 graus

Posição neutra Flexão 100 graus e pronação do antebraço Flexão 110 graus e supinação do antebraço Flexão 10 graus e desvio radial Extensão 10 graus Pinça Pega

Posição neutra Flexão 30 graus e supinação do antebraço Flexão 90 graus

Ombro Dir. Ombro Esq. Cotovelo Dir.

Flexão 20 graus Flexão 10 graus e inclinação lateral Abdução 40 graus e rotação medial Posição neutra Flexão 20 graus e pronação do antebraço

Cotovelo Esq.

Flexão 70 graus posição neutra antebraço

Punho Dir.

Posição neutra

Posição neutra Punho Esq. Mãos e Dedos Dir. Pega ampla Mãos e Dedos Esq. Posição neutra

Extensão Extensão Pinça Pega

Figura 14: Análise cinesiológica e biomecânica.

Os dados colhidos devem ser confrontados, de um lado, com os conhecimentos científicos, derivados das ciências que se debruçam sobre o estudo do homem no trabalho, e de outro lado, com as diferentes interpretações identificadas no interior  da organização acerca da situação de trabalho em estudo. Ao final da análise da atividade, os analistas refinam as hipóteses explicativas da carga de trabalho, corrroborando ou refutando as hipóteses anteriores, e encaminhando a análise para uma discussão ampla entre os atores envolvidos no estudo.  A análise da atividade é encerrada com a formulação de uma explicação global para a atividade de trabalho, para a qual, utiliza-se o Modelo Integrador da  Atividade de Trabalho, apresentado no item 2.3 e Figura 7. 3.4. Diagnóstico

 A etapa de síntese da análise ergonômica do trabalho, inicia-se com o diagnóstico da situação de trabalho que fundamentará o caderno de encargos de recomendações ergonômicas. O diagnóstico representa a recomposição das análises parciais realizadas. Os dados levantados nas análises anteriores servirão nesta fase como argumentos a serem confrontados e integrados numa síntese que reflita os aspectos determinantes da situação de trabalho. Utiliza-se para tanto o Modelo Operante, apresentado no item 2.4 e na Figura 8.  As conclusões de uma análise ergonômica, apresentadas na forma de hipóteses para a ação, devem conduzir e orientar modificações para melhorar as condições de trabalho em específico e da situação de trabalho, em termos mais gerais, atuando sobre os pontos críticos que foram evidenciados, equacionando os critérios de saúde e produtividade. As soluções apontadas no diagnóstico deverão ser testadas, seja na forma de protótipos, seja em ambientes virtuais.  A aprovação de uma solução deve obedecer dois critérios. Dever ser adequada à atividade, sob o ponto de vista dos trabalhadores e dos gestores envolvidos, segundo, sobre critérios ergonômicos. Para tanto são utilizadas as mesmas técnicas apresentadas na Figura 14 do item 3.3.

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3.5. Caderno de encargos

 As propostas testadas e aprovadas, passam a constituir um caderno de encargos, tornando-se referência para projetos futuros e das práticas cotidianos no posto (postos) estudados. Os cadernos de encargos, no geral deverão conter: a) b) c) d) e)

uma descrição geral do setor ao qual se destina; uma descrição dos principais problemas encontrados no setor; uma revisão da literatura acerca das questões evidenciadas; uma listagem dos princípios que orientam o projeto do trabalho no setor; e, os dispositivos técnicos e organizacionais recomendados para cada atividade.

3.6. Considerações Finais

 A apresentação geral do método AET e das principais técnicas a serem utilizadas no decorrer do projeto visa estabelecer um referencial comum no interior da rede de relacionamentos necessária para o sucesso do estudo. No decorrer do projeto, serão discutidas em detalhes etapas apresentadas, bem como, serão aprofundados os conteúdos técnicas a serem utilizadas. Neste momento, é importante construir uma visão do todo. Ergonomia, como qualquer outra disciplina, torna-se simples a partir do momento que se compreenda seus métodos e pressupostos. 4. Bibliografia Fundamental

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