Fundamentos da Arte: Elementos e Princípios
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O que é arte? A arte é geralmente entendida como uma criação humana com valores estéticos (beleza, equilíbrio, harmonia...) que sintetizam as suas emoções, sua história, seus sentimentos e a sua cultura, com o objetivo de estimular essas instâncias de consciência em um ou mais espectadores. É um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras, e no qual aplicamos nossos conhecimentos. O artista precisa da arte e da técnica para se comunicar.
A arte tem variadas formas de ser expressa, tais como: artes visuais (desenho, pinturas, escultura, cinema, etc), a música, o teatro, a dança, a literatura. Atualmente alguns tipos de arte permitem que o apreciador participe da obra.
Arte é um fenômeno cultural. Regras absolutas sobre arte não sobrevivem ao tempo, mas em cada época, diferentes grupos (ou cada indivíduo) escolhem como devem compreender esse fenômeno.
O que é arte visual? A arte visual é o tipo de expressão artística que é captada pela visão Ela também é definida conforme seu meio, ou sua mídia, como o desenho, a pintura, a escultura, a arquitetura, a fotografia, o cinema e o vídeo.
Ela pode ser útil, como a cerâmica e a tecelagem ou pode ser feita apenas para apreciação, como as esculturas e pinturas.
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Ela também pode ser encarada como uma manifestação natural, parte do desenvolvimento humano, pois as crianças e os povos primitivos utilizam desenhos e pinturas para expressar seus sentimentos e o que apreendem do mundo a sua volta.
Pintura rupestre em Traful, Argentina.
A arte visual é uma linguagem? A arte visual também é definida como uma linguagem. Existe um conjunto de elementos que estrutura a arte visual e que pode ser ensinado e aprendido. Esses elementos carregam consigo interpretações e significados que estão ligados aos sentimentos humanos. Eles não estão ligados ao discurso lógico e racional da linguagem escrita ou da matemática, pois são ambivalentes e cada pessoa pode interpretar a seu modo uma obra de arte visual criada pelo homem. O estudo da História da Arte fica mais completo quando dominamos a linguagem, pois o que diferencia a produção de arte de determinada civilização ou período da História é também o uso que os homens fazem dos elementos da linguagem. A compreensão dos mais diferentes modos de se utilizar a linguagem é uma chave para um baú de tesouros chamado Cultura.
Bateria de escola de samba do Carnaval, no Rio de Janeiro, manifestação cultural tipicamente brasileira que envolve arte visual, dança e música.
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É a compreensão da linguagem que nos ajuda a reconhecer a produção cultural de um povo.
O que é composição visual? Todos os trabalhos de arte visual são composições, e para compreendê-las é necessário conhecer os elementos que estruturam a linguagem e os princípios que regem a combinação desses elementos. A composição é a organização ou arranjo dos elementos da arte visual de acordo com os princípios da arte visual.
Elementos da linguagem visual Os elementos que estruturam a linguagem visual são chamados de ELEMENTOS
FORMAIS. Estes elementos fazem parte de objetos de arte visual, como as imagens, esculturas e edifícios, e transmitem muitos sentimentos e sensações. Os elementos formais são:
Ponto
Valor
Linha
Forma
Textura
Figura
Cor
Espaço
Princípios da linguagem visual Podemos organizar os elementos da linguagem seguindo alguns princípios. Os artistas visuais utilizam os elementos a fim de criar um trabalho especial e pessoal, que resulta em
expressão. Os princípios da linguagem visual são:
Equilíbrio
Ritmo
Ênfase
Padrão
Proporção
Harmonia
Movimento
Variedade
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Elementos Formais Ponto - o elemento mais simples O ponto é o elemento mais simples da linguagem visual. Quando batemos com a ponta do lápis no papel estamos fazendo um registro, uma marca. Este registro pode ser feito com materiais diferentes em suportes diferentes e, por isso, pode ter características peculiares e ter diversas interpretações. Por exemplo: um ponto feito com carvão ou giz pastel é mais seco, e deixa registrado o gesto do artista, a intensidade da força de sua mão ao desenhar. Pontos feitos com bico de pena e nanquim são delicados e suaves, e podem criar texturas. Pontos feitos com uma goiva na madeira criam texturas que podemos sentir ao tocarmos em relevos entalhados. Pequenos furos feitos na argila criam texturas nas cerâmicas e podem caracterizar a produção artesanal de um povo.
Pintura corporal Ianomâni
Observe a pintura corporal deste índio ianomâni. Ela representa sua tribo. Pontos coloridos pintados numa superfície, um ao lado do outro, podem criar uma ilusão de ótica que une as cores para criar outra cor. Essa técnica de pintura é chamada de Pontilhismo, e seu criador foi Georges Seurat, pintor francês pós-impressionista .
“Um domingo de verão na ilha da Grande Jatte” (1884 -1886), de Georges Seurat
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Pontos feitos com tinta respingada numa tela guardam um momento, uma ação que o artista quis deixar registrada para sempre. Observe esta tela de Jackson Pollock, artista plástico americano expressionista abstrato. Seu trabalho é chamado de action paint, paint, “pintura de ação”.
“Branco e negro” (1948), de Jackson Pollock
Linha - unidade expressiva Na linguagem visual, as linhas podem ser usadas literalmente, como na tecelagem, nos bordados ou nas esculturas de arame.
Um grupo de artesãs guatemaltecas confecciona, em teares
Esta peça, produzida em Nuremberg em princípios do século XVIII,
tradicionais, mantas e tecidos de colorido brilhante com fibras
serve como uma aula de bordado. Os diversos tipos de bordado
naturais, em alguns casos previamente tingidas c om tinturas naturais.
aparecem especificados nos cinco retângulos da parte inferior.
Tipos de linha Na linguagem visual, as linhas podem variar de direção, tamanho, espessura e cor. Por
exemplo,
uma
linha
reta
pode
ser
Ou pode ser horizontal, curta, fina e azul. Elas podem ser: 5
inclinada,
longa,
grossa
e
amarela.
Linha e expressão Esses elementos da linguagem visual também podem expressar sentimentos e sensações. Por exemplo:
Linhas horizontais e verticais são estáveis e seguras. Observe esta tela de Piet Mondrian, pintor holandês, criador do movimento da Arte Moderna De Stjil. Ele usou linhas retas negras, horizontais e verticais para nos transmitir segurança, estabilidade, solidez.
“Composição em vermelho, azul e amarelo” (1930),
de Piet Mondrian
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Linhas quebradas não estão nem na vertical nem na horizontal, e, portanto estão em movimento. Elas nos passam uma sensação de raiva e força.
Linhas diagonais são confusas, vibrantes. Nas composições bidimensionais linhas diagonais indicam profundidade, criando uma ilusão de perspectiva.
Linhas curvas e espirais criam movimento, fluidez e passam a sensação de sonho. Linhas sinuosas são sensuais e suaves, e podem transmitir uma sensação de sonho. Observe este trabalho de Van Gogh, pintor holandês pós-impressionista. Ele usou linhas curvas para desenhar a textura do campo de trigo e das plantas, e também para desenhar as montanhas e as nuvens, transmitindo uma sensação de movimento, de alucinação.
“Campo de trigo e ciprestes” (1889), de Vincent Van Gogh
Alguns desenhos podem ter linha de contorno, e o tipo de linha usada pode tornar o desenho mais delicado ou mais pesado. Observe esta xilogravura do Sutra do Diamante. Seus traços são delicados e suaves.
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Textura - sensação e sentimento Algumas coisas têm um relevo em sua superfície, a que chamamos de textura. Nós podemos perceber a textura dos objetos ao tocá-los ou apenas observando a sua superfície atentamente. A textura pode ser macia, áspera, lisa, enrugada etc. A textura pode nos transmitir sensações e sentimentos, como:
Textura lisa: tranquilidade, suavidade, fria. Textura áspera: raiva, calor. Textura macia: conforto, aconchego. Textura enrugada: tristeza, umidade.
Cactus do deserto de Nova Califórnia, Estados Unidos
Textura desenhada desenhada Na linguagem visual, a textura pode ser trabalhada de diversas maneiras. Nós podemos desenhar texturas usando pontos, linhas retas, curvas, sinuosas ou quebradas. Observe esta litografia de Honoré Daumier, pintor e caricaturista francês do século XIX. Usando apenas linhas e pontos ele fez uma crítica da sociedade da época.
"Os prazeres da vida no campo", de Honoré Daumier
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Outra maneira de desenharmos texturas é fazendo frottage. É uma técnica que foi valorizada por um pintor surrealista chamado Max Ernst. Consiste em rabiscar, com grafite, num papel sobre uma superfície que tenha uma textura característica, como por exemplo, um chão de madeira. Então, como mágica, a textura da madeira passa para o papel, e é justamente essa força do acaso e das infinitas possibilidades de reprodução que encantou os surrealistas. Para eles, a arte tinha a função de representar o inconsciente, o acaso; eles buscavam a arte pura dos loucos e das crianças. Alguns artistas modernos e contemporâneos trabalham com texturas como tema em si. Suas pinturas e esculturas enfocam a sensação que as texturas causam nos espectadores, seja por meio do olhar ou do tato. São múltiplas mídias, ideias e suportes. A imagem e seu simbolismo são revalorizados em todas essas linguagens.
Colagens e relevos Para conseguirmos o efeito de textura num desenho, podemos colar objetos texturizados numa superfície ou usar materiais como massa corrida e gesso, que dependendo de como os trabalhamos, quando secam ficam rugosos ou ásperos. Observe a capa desse manuscrito do século XI, onde foram incrustados pedras e objetos entalhados:
Capa de um manuscrito do século XI
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Nós podemos tocar os relevos e as esculturas e sentir a textura dos materiais com que foram feitos. Podemos criar texturas entalhando a madeira ou a pedra, vincando o metal ou marcando a argila. Observe estes relevos:
A aspereza morna da madeira:
A suavidade gelada do mármore:
Talha medieval, procedente da porta de uma igreja norueguesa
Baixo-relevo em mármore do fim do século VI a.C - arte etrusca.
– arte viking.
Observe nestas esculturas:
A superfície lisa do metal:
A delicadeza gelada do mármore:
O David (1430-1435) (1430-1435) de bronze, de Donatello, é o primeiro
Coquille baillante (1964-65) é uma escultura realizada pelo escultor e poeta
nu na escultura renascentista.
dadaísta francês Jean Arp. Criada em mármore, é uma cópia de um estuque ou gesso original. Arp, que foi um dos primeiros escultores a c riar formas deste tipo, as denominou "concreções".
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Cor - um mundo expressivo Nós vemos as cores por causa da luz. Cada coisa neste mundo, quando iluminada, emite ondas que nos fazem ver determinada
cor. Cada pessoa percebe a cor diferentemente de outra pessoa, pois a cor também depende do olho de quem vê. Muitas vezes uma mesma cor pode mudar quando está perto de outra cor, pois a nossa percepção cria uma terceira cor entre elas. Observe como a mesma cor parece diferente dependendo da cor do fundo do desenho:
Os artistas visuais estudam as cores e os efeitos que elas causam umas nas outras quando estão juntas. Eles experimentam várias combinações de cores como forma de estudo e também para escolher a sua paleta. Algumas cores quando estão juntas criam um conjunto harmonioso, suave, delicado. Observe esta pintura de Gino Severini, pintor italiano fundador do Futurismo, movimento da arte moderna.
“Trem suburbano” (1883 -1966), de Gino Severini
Algumas cores quando estão juntas criam um efeito vibrante, contrastante. Observe este quadro de Rosso Fiorentino, pintor italiano maneirista.
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“Descida da cruz” (1521), de Rosso Fiorentino
Propriedades da cor As cores têm três propriedades:
Tom ou matiz: É o nome da cor.
Amarelo
Intensidade: É a característica de pureza ou de mistura de uma cor.
Amarelo azulado
Amarelo avermelhado
Valor: É a característica de claridade ou escuridão de uma cor, ou a quantidade de preto ou de branco que uma cor tem.
Amarelo escuro
Amarelo claro
Tanto a gradação suave de intensidade quanto a gradação suave de valor de um tom ou matiz nos dão a sensação de luz, de iluminação.
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Gradação de intensidade de tom é do amarelo ao azul
Gradação de valor é do amarelo ao preto
Gradação de tom e de valor
Cores primárias, secundárias e terciárias As cores primárias são três cores que, quando misturadas, criam todas as outras cores. Existem dois tipos de cor: cor luz e cor pigmento. Aqui falaremos das cores pigmento. A partir do final do século XIX o vermelho pigmento aceito como primário é o vermelho magenta, pois esse pigmento puro só foi desenvolvido nessa época. As cores primárias são: Vermelho magenta Azul e Amarelo
Elas são chamadas primárias porque com elas fazemos todas as outras cores. As cores secundárias são aquelas que conseguimos com a mistura de duas cores primárias em partes iguais:
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Amarelo + Vermelho =
Laranja
Amarelo + Azul
=
Verde
Vermelho +Azul
=
Roxo
O preto é mistura de todas as cores, e o branco é a ausência de cor, de pigmento.
Este é o círculo cromático. Ele auxilia o estudo das cores, pois podemos ver o resultado da mistura das cores primárias.
As cores terciárias, que conseguimos com a mistura das cores secundárias entre si, criam o marrom e seus tons e são as chamadas cores terrosas. +
=
A mistura do preto e do branco cria os mais variados tons de cinza.
Tintas Na linguagem visual, de modo geral, para pintar nós precisamos das tintas. As tintas são formadas pelo pigmento, pelo aglutinante e pelo solvente. Os pigmentos, que dão a cor às tintas, em geral são encontrados na natureza, como os minerais e as plantas, e são utilizados em pó.
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Processo industrial de fabricação de tintas.
O aglutinante é a liga da tinta. Ele une o pó do pigmento, e dá as características da tinta: - A tinta óleo tem como aglutinante óleo de linhaça, - A tinta guache tem como aglutinante goma e gesso, - A tinta aquarela tem como aglutinante água, - A tempera tem como aglutinante a gema de ovo. O solvente é o líquido que dissolve a tinta. Por exemplo: o solvente da tinta óleo é a terebentina; o solvente do guache, da têmpera e da aquarela é a água.
Cores complementares As cores complementares são aquelas que ocupam lugares opostos no círculo cromático. A cor primária que não faz parte da mistura da cor secundária é chamada de cor complementar. As cores complementares são:
Vermelho e verde Laranja e azul Amarelo e roxo 15
Tanto as cores complementares quanto o preto e o branco, quando estão juntos, criam um efeito contrastante, vibrante, dando força e equilíbrio ao trabalho.
Observe esta tela de Stuart Davis, artista americano expressionista abstrato. Ele usou cores puras, vibrantes, contrastantes, como as cores complementares, o preto e o branco.
Abstraction (1937), de Stuart Davis
Cores análogas São as que aparecem lado-a-lado no gráfico. São análogas porque há nelas uma mesma cor básica. Pôr exemplo o amarelo-ouro e o laranja-avermelhado tem em comum a cor laranja. As cores análogas, ou da mesma "família" de tons, são usadas para dar a sensação de uniformidade. Uma composição em cores análogas em geral é elegante, porém deve-se tomar o cuidado de não a deixar monótona.
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Cores frias e cores quentes Chamamos de cores quentes aquelas que têm amarelo na sua composição.
Chamamos de cores frias aquelas que têm azul na sua composição.
É uma gama muito extensa de cores e tons, portanto o que importa é a sensação que as cores passam para nós e não uma regra específica sobre quais são as cores frias e quais são as quentes. O conjunto das cores em uma pintura, por exemplo, pode ser mais frio ou mais quente dependendo da maioria das cores do quadro. As cores frias e quentes também podem estar associadas aos sentimentos, como alegria e tristeza. As cores quentes são cores mais alegres, e as cores frias são cores mais tristes. Observe esta pintura de Pieter Brueghel, o Velho, pintor renascentista flamengo. As cores desta pintura são predominantemente frias.
Uma vila de Bruxelas, de Pieter Brueghel, o Velho
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Agora observe esta outra pintura de Pieter Brueghel. Esta tela tem cores quentes.
A Torre de Babel (1563), de Pieter Brueghel, o Velho
Valor - luz e sombra A passagem gradativa de um valor a outro nos dá a sensação de luz, de iluminação, e por consequência de volume (isto também serve para os desenhos em preto e branco). As figuras de um desenho que têm cores mais claras e mais vibrantes são as mais iluminadas, enquanto as que têm as cores mais escuras e pastéis são as menos iluminadas. Observe a Mona Lisa, de
Leonardo da Vinci, pintor italiano renascentista.
Monalisa – Leonardo Da Vinci
Forma - representação Na linguagem visual, as formas podem estar nas imagens, como nos desenhos, pinturas, fotografias, vídeos e filmes.
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The Other Side of Midnight, 2000, de Kenneth Noland, pintor americano expressionista abstrato.
Ou podem ser construídos, como as esculturas, os objetos, os relevos e os edifícios.
Coluna maquete (1923), de Naum Gabo, artista c onstrutivista russo.
Formas figurativas Tanto as imagens das formas quanto as formas construídas podem ser figurativas, representações de coisas conhecidas, verdadeiras cópias da realidade. Observe esta tela de Jan
Vermeer, pintor holandês barroco. Ela é quase uma fotografia, e registra um momento do dia-adia de uma holandesa do século XII.
A leiteira (1659-1660), de Vermeer
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Formas figurativas estilizadas As formas figurativas podem ser estilizadas, pois o artista pode interpretar as coisas do mundo com seu traço particular. Observe esta tela de Fernand Léger, pintor francês cubista, onde a figura humana estão geometrizadas.
Mulher com gato gato, 1921 Fernand Léger ( França,1881-1955).Óleo sobre tela, 65 x 92 cm
Formas abstratas As formas também podem ser abstratas. As formas abstratas podem ser orgânicas,
geométricas, ornamentais ou simbólicas.
Formas abstratas orgânicas Formas orgânicas são formas irregulares e assimétricas. Observe esta obra de Barbara
Hepworth, escultora inglesa moderna. Ela usava o espaço vazio em suas obras.
Hieroglyph, de Barbara , Hepworth
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Formas abstratas geométricas Formas geométricas são aquelas que correspondem às figuras geométricas como os quadrados, retângulos, triângulos. Observe este exemplo de arquitetura contemporânea.
Finlândia Hall, em Helsinki, Finlândia.
Formas abstratas ornamentais Formas ornamentais são usadas como padrões ou estampas de tecido, por exemplo. Observe este tapete:
Este tapete foi feito para a mesquita-mausoléu do xú Tahmasp, em Ardabil, Irã. O motivo central, em forma de medalhão, é típico dos tapetes das mesquitas.
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Formas abstratas simbólicas Outro tipo de formas são as simbólicas. São formas figurativas que perdem seu significado original porque o artista lhes deu outro significado. Observe esta instalação de
George Segall, escultor americano contemporâneo. Ele utilizou elementos do cotidiano para expressar solidão.
Instalação. A cortina (1974), de George Segal
Figura positivo e negativo –
Na linguagem visual, quando pensamos em formas, imaginamos que elas existem em relação a um fundo, um espaço, que pode ser o plano do papel ou mesmo o espaço real, no caso de uma escultura.
Formas positivas e negativas figura e fundo -
A relação entre a figura e o fundo nos traz outra definição de forma:
Forma positiva: É a figura. Forma negativa: É o fundo. Observe esta tela de Franz Kline, pintor americano expressionista abstrato. Ele pintava grandes formas de cor negra que parecem flutuar sobre a brancura da tela.
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Meryon (1960-1961), de Franz Kline
O reconhecimento do que é figura e do que é fundo é um grande passo no aprendizado da linguagem visual. A percepção de figura e fundo está condicionada por nosso instinto de colocar ordem e significado nas informações visuais. Quando olhamos para uma imagem tendemos a finalizar uma conclusão sobre o significado, e ignoramos as outras possibilidades. É difícil perceber as outras imagens. Treinar o olho a perceber depois da primeira impressão é um desenvolvimento crucial na alfabetização visual. Observe este desenho que utiliza formas bidimensionais:
Afinal, o que é figura e o que é fundo neste desenho?
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Espaço - arte em três dimensões O espaço, na linguagem visual, pode ser definido como:
Tridimensional: É o espaço real, onde as obras de arte tridimensionais estão situadas.
"Trowel" (1971-1976), de Claes Oldenburg
Bidimensional: É a representação do espaço tridimensional em uma superfície bidimensional, como a superfície do papel ou a tela da pintura.
"Cenas urbanas", de Debret
Num desenho, quando a figura e o fundo se separam, temos a impressão de que existem vários planos e de que as formas são tridimensionais. Por exemplo: pinturas, imagens de fotografias, imagens da tv, do cinema, dos cartazes, das revistas e dos livros estão em superfícies bidimensionais e mesmo assim representam formas tridimensionais.
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Formas
côncavas,
convexas,
planas
e
vazadas. As formas tridimensionais podem ser convexas. Por exemplo: nosso corpo tem formas convexas, e as esculturas figurativas realistas utilizam formas tridimensionais convexas.
A Vênus de Milo (150?-100 a.C.), descoberta em Milo em 1820, É a escultura clássica produzida em mármore mais conhecida do mundo antigo. Mede 2,05 metros de altura e representa Afrodite (Vênus, na mitologia romana), a deusa grega do amor e da beleza.
As formas tridimensionais podem ser côncavas, como nos objetos utilitários de cerâmica.
Artesão trabalhando a argila no torno.
Podem ter espaços vazios ou serem furadas. Observe esta escultura de Henry Moore, escultor inglês moderno. Ele usava o espaço vazio em suas obras. 25
"Figura reclinada no. 2" (1963), de Henry Moore
As formas tridimensionais podem ser planas. Observe este detalhe de uma escultura de Anthony Caro, escultor minimalista inglês. Ele utilizou formas planas em sua obra.
Detalhe "Early One Morning" (1962), de Anthony Caro
Espaço bidimensional - formas desenhadas Podemos desenhar as formas no espaço bidimensional com pontos, linhas retas, linhas curvas, linhas sinuosas, linhas quebradas, com cores, com texturas, com todos esses elementos juntos ou com cada um separadamente. separad amente. Num desenho, quando unimos as linhas, criamos as formas. As linhas fechadas criam formas. Observe esta tela de Roy Lichtenstein, pintor americano da Pop Art. Seus desenhos têm uma linha de contorno bem marcada, pois têm inspiração nas histórias em quadrinhos.
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"Whaam!" (1963), de Roy Lichtenstein
Já nesta tela de Pierre Bonnard, pintor francês impressionista, as formas são feitas com
massa de cor, sem linha de contorno, criando uma atmosfera cheia de luz e tranquilidade.
"Café da manhá", de Pierre Bonnard
Nesta tela de Gustav Klimt, pintor austríaco que pertenceu ao grupo dos Nabis, as formas são definidas pelas texturas e padrões criados pelo artista.
"O beijo" (1907-1908), de Gustav Klimt
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Ilusão
de
três
dimensões
no
espaço
bidimensional As formas desenhadas em superfícies bidimensionais podem criar a ilusão de ter três dimensões. Para isso podemos usar os seguintes recursos:
Sobreposição Quando duas formas estão sobrepostas em um desenho, àquela que tem o contorno completo é a que está na frente, e isso nos dá a impressão de existirem vários planos. Observe esta pintura de Renê Magritte, pintor belga surrealista. Sabemos que o homem está atrás da maçã porque seu rosto está incompleto, e sabemos que o homem está na frente do muro de pedras, porque o desenho do muro está interrompido, incompleto.
"O filho do homem", de Magritte
Tamanho das formas Em um desenho, as formas maiores parecem estar mais perto de nós e as menores, mais distantes. Observe esta gravura de Toulouse-Lautrec, pintor francês pós-impressionista. As pessoas maiores parecem estar mais próximas de nós e as menores mais distantes, criando uma ilusão de profundidade.
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"La Goulue entrando no Moulin Rouge", de ToulouseLautrec
Perspectiva linear Refere-se à ilusão na qual os objetos parecem convergir para um ponto de fuga (PF) em relação à linha do horizonte (LH). O ponto de convergência pode estar em diversos lugares no plano, dependendo do ponto de vista do observador, e ele pode ser visível ou imaginário. Observe esta tela de Rafael, pintor renascentista. O ponto de fuga está no centro do quadro, e a convergência nos dá a impressão de profundidade.
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Perspectiva atmosférica Na perspectiva atmosférica o que está mais perto tem mais detalhes, contraste, textura e está desenhado na metade inferior do desenho. Normalmente a maioria dessas qualidades é usada em combinação e nos dão a impressão de profundidade, de três dimensões. Observe esta paisagem do pintor romântico espanhol Carlos de Haes.
"Los picos de Europa" (1876), de Carlos de Haes
Registro da luz e da sombra Para ressaltar o volume de um objeto retratado e dar-lhe tridimensionalidade precisamos criar uma atmosfera de luz incidente usando a gradação de tons e valores, para ressaltar suas sombras. Observe este retrato feito por Lucian Freud, pintor alemão contemporâneo.
"Francis Bacon" (1952), de Lucian Freud
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Transparência O uso de formas transparentes em desenhos ou pinturas é um recurso para criar a ilusão de vários planos. Em geral, as formas transparentes parecem estar na frente de formas opacas. Observe como o círculo parece estar mais próximo de nós.
Princípios da Linguagem Visual Visual Podemos organizar os elementos da linguagem seguindo alguns princípios. Os artistas visuais utilizam os elementos a fim de criar um trabalho especial e pessoal, que resulta em Expressão. Não existe nenhum modo de julgarmos o que é certo ou errado numa composição visual. Mas o aprendizado dos princípios da linguagem nos auxilia tanto na nossa produção de arte quanto no reconhecimento do estilo de um artista ou de um povo. O aprendizado dos princípios da linguagem também nos ajuda na tarefa de decifrar as mensagens que as obras de arte visual carregam. Os princípios da linguagem visual são: •
Equilíbrio
•
Ritmo
•
Ênfase
•
Padrão
•
Proporção
•
Harmonia
•
Movimento
•
Variedade
Equilíbrio O equilíbrio cria uma sensação de estabilidade ao olharmos para uma obra de arte visual. Podemos citar dois tipos de equilíbrio para uma composição: Equilíbrio simétrico e assimétrico. 31
Equilíbrio simétrico É a distribuição dos elementos do quadro de ambos os lados de um ponto ou eixo central, de modo a que umas partes estejam em correspondência com outras. A composição simétrica leva em si mesma a expressão de ideias como a religiosidade, a severidade, a solenidade, a grandiosidade, o luxo e força. O equilíbrio simétrico, também denominado de "formal".
Equilibrio Simétrico
O homem vitruviano – Leonardo Da Vinci.
Equilíbrio Assimétrico É bem caracterizado pela distribuição de objetos com "pesos" visuais diferentes, contrabalançando um e outro, produzindo informalidade e tensão na composição. Não existe o equilíbrio que se possa dizer correto, ambos apresentam diferentes vantagens e propostas. As formas e cores equilibram-se de maneira informal. Nossos olhos passeiam pela tela até conseguir decifrá-la, causando uma sensação de ansiedade.
Equilíbrio Assimétrico 32
A Vênus do Espelho – Velázquez, Nacional Gallery
Ênfase Ênfase é quando o artista usa elementos contrastantes da linguagem para exagerar um sentimento, uma opinião, uma sensação. Observe esta tela de Goya, pintor espanhol do romantismo, onde ele usou o contraste do claro e escuro das cores para nos mostrar o desespero do condenado.
Três de maio de 1808 – Francisco Goya
Proporção A proporção é o uso de formas de tamanhos contrastantes. Ela pode ser usada para dar impressão de profundidade ou para expressar sentimentos. Esta é uma página do manuscrito Livro dos Mortos. Ela mostra o uso da proporção característica da arte egípcia, onde quanto maior fosse o desenho de um homem em relação aos outros homens, mais poder ele tinha.
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Livro dos mortos, Egito Antigo
Movimento É o princípio da linguagem visual que cria a sensação de dinâmica e de velocidade.
Movimento literal Acontece quando as obras de arte têm movimento real, físico. Existem esculturas que se movimentam de forma eletrônica ou mecânica. Este Móbile de Alexander Calder, artista americano da arte cinética, movimenta-se com o vento.
The box in the air" (1945), de Calder
Representação do movimento Os artistas podem usar em desenhos e pinturas as linhas diagonais para representar o movimento. Podem colocar as formas em posições diagonais e conseguir a impressão de movimento. Observe esta tela futurista de Frank Kupka, pintor checo.
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The Drilling Machine (1925), de Frank Kupka
As imagens congeladas sugerem inúmeras maneiras de representar o movimento. Observe esta tela de David Hockney, pintor pop americano.
A Bigger Splash (O grande mergulho, 1967), de David Hockney
A repetição das formas também sugere o movimento. Observe esta tela de Marcel Duchamp, pintor francês dadaísta.
Nu descendo uma escada (1912), de Marcel Duchamp
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Ritmo Nossos olhos se movem quando olhamos para uma composição, criando um ritmo. O ritmo é a velocidade na qual o espectador percebe os componentes da composição. Os artistas podem, intencionalmente, levar os nossos olhos a passearem pela tela usando cores e formas. Observe esta gravura de Daniel Hopfer, artista renascentista. Nossos olhos caminham acompanhando as formas.
Dança na aldeia, gravura do século XVI, de Daniel Hopfer
Padrão Na linguagem visual, o padrão é a repetição de unidades de forma ou figura, de linhas, de pontos e de cores. Nós vemos padrões nos mosaicos, nas estampas das roupas e nas estampas dos tapetes, por exemplo. Os padrões carregam muita simbologia. Eles sugerem espiritualidade, pois existem muitas religiões que usam padrões como símbolos, como as mandalas hindus. Observe este mosaico romano. Ele tem padrões característicos que nós reconhecemos como romanos.
Este chão de mosaico, que se acha na vila romana de Fishbourne (West Suex), foi construído entre 71 d.C. e 80 d.C. e representa um tema aquático: um menino que monta em um delfim aparece rodeado por cavalos marinhos e panteras. 36
Observe esta tela de Dante Gabriel Rossetti, artista inglês, criador do movimento PréRafaelita. Observe como a riqueza de padrões desta pintura nos transmite a delicadeza de sentimentos dos dois amantes.
Roman de la rose (1864), de Dante Gabriel Rossetti
Harmonia A harmonia de uma obra de arte visual está no equilíbrio entre todos os elementos, criando uma unidade coerente e suave. Observe esta construção de Niemeyer e a harmonia de suas formas e cores.
Palácio do Itamaraty (1962), de Oscar Niemeyer
Variedade A variedade é a harmonia pela diferença, pelo desequilíbrio. Observe esta tela expressionista abstrata de Hans Hofmann, artista americano. Quantas linhas gestuais, cores vibrantes e figuras disformes.
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Flight (Voo), de Hans Hofmann
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Sites e livros recomendados Pesquise na Internet: www.artlex.com Dicionário de termos de arte virtual (em inglês). www.artchive.com Galeria de arte virtual (em inglês), com informações sobre artistas e movimentos. www.artcyclopedia.com Enciclopédia virtual das artes plásticas (em inglês). www.art-bonobo.com Site sobre arte brasileira contemporânea.
Leituras recomendadas: CÊSAR COLL; ANA TEBEROSKY. Aprendendo Arte. Arte. São Paulo: Ática, 2000. DONIS A . DONDIS. Sintaxe da linguagem visual . São Paulo: Martins Fontes, 2000. EDITH DERDYK. Formas de pensar o desenho. São Paulo: Scipione, 1989. RUDOLF ARNHEIM. Arte e Percepção Percepção Visual. Visual. São Paulo: Livraria Pioneira, 1997. STAN SMIT; H. F. TEN HOLT. Manual del del artista. Madrid: H. Blume, 1982.
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