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DELTA - FORMAÇÕES DISCURSIVAS E PROCESSOS IDENTIFICATÓRIOS NA AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS
DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada Print ISSN 0102-4450
DELTA vol. 13 n. 1 São Paulo Feb. 1997 1997
FORMAÇÕES DISCURSIVAS E PROCESSOS IDENTIFICATÓRIOS NA AQUISIÇÃO DE LÍNGUAS (Discursive Formations and Identifications Process in languages Acquisition)
Silvana SERRANI-INFANTE (Universidade Estadual de Campinas)
ABSTRACT: This paper discusses discusses theoretical results of the the research project "Linguistic "Linguistic Identity and Identification: Identification: A Study Study of Functions of Second Second Language in Enunciating Enunciating Subject Constitution". Non-cognitive Non-cognitive factors that have a crucial incidence in the degree of success and ways of accomplishment of second language acquisition process are focused. A transdisciplinary perspective is adopted, mobilising categories from Discourse Analysis and Psychoanalysis. The most relevant ones are: discursive formation, intradiscourse, interdiscourse, forgetting n° 1, forgetting n° 2 (Pêcheux, 1982), identity, identification (Freud, 1966; Lacan, 1977; Nasio, 1995). Revuz’s views (1991) are discussed. Her main claim is that during the process of learning a foreign language, the foundations of psychical structure, and consequently first language, are required. After examining how nomination and predication processes work in first and second languages, components of identity and identification processes are focused on, in an attempt to show how second language acquisition strategies depend on them. It is stated that methodological affairs of language teaching, learner’s explicit motivation and the like are subordinated to the comprehension of deeper non-cognitive factors that determine the accomplishment of the second language acquisition process. It is also pointed out that those factors are to be approached, questioning the bipolar biological-social conception of subjectivity in the study of language acquisition and use and including in the analysis symbolic and significant dimensions of the discourse constitution process. RESUMO: Este artigo apresenta apresenta uma discussão de de resultados de natureza predominantemente teórica, teórica, decorrentes do andamento andamento do projeto de pesquisa" Identidade Identidade e
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Identificação Lingüístico - Cultural: Estudo das Funções da Segunda Língua na Constituição do Sujeito de Enunciação". Focaliza-se o funcionamento de fatores não cognitivos, que têm uma incidência crucial no grau de sucesso e forma de acontecimento do processo de aquisição de segunda língua dentro de abordagem transdisciplinar, a partir de perguntas provindas da Lingüística Aplicada, mobilizando categorias da Análise do Discurso e da Psicanálise. As mais relevantes são: formação discursiva, intradiscurso, interdiscurso, esquecimento n° 1, esquecimento n° 2 (Pêcheux, ed. bras. 1988), identidade, identificação (Freud, 1966; Lacan, 1977; Nasio, 1995). Discute-se a perspectiva de Revuz (1991) sobre o processo de aquisição de segunda língua, que diz que, durante o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira, as bases da estruturação psíquica são solicitadas e, portanto, a primeira língua. Examina-se o funcionamento dos processos de nominação e predicação em L1 e L2 e destaca-se a importância dos processos de identidade e identificação, conforme caracterizados na teoria psicanalítica. Conclui-se afirmando que questões metodológicas do ensino de línguas, motivações explícitas do aprendiz e outros tópicos semelhantes estão subordinados, em grande parte, à compreensão dos profundos fatores não cognitivos discutidos, os quais determinam o modo de acontecimento do processo de aquisição de segunda língua. Propõe-se que esses fatores sejam abordados, problematizando-se a concepção bi-polar biológico-social de sujeito de linguagem, pela inclusão, na análise, das dimensões simbólica e significante do processo de constituição do discurso. Key words: Second language acquisition; Discourse analysis; Discursive formation; Identity; Unconscious subjectivity. Palavras-chave: Aquisição de segunda língua; Análise de discurso; Formação discursiva; Identidade; Subjetividade inconsciente.
0. Introdução O propósito deste artigo é apresentar a discussão de resultados teóricos, decorrentes do andamento do projeto de pesquisa "Identidade e Identificação Lingüístico-Cultural: Estudo das Funções da Segunda Língua na Constituição do Sujeito de Enunciação" 1. Focalizarei a caracterização de fatores correspondentes à dimensão não-cognitiva que, a rigor, situam-se antes do processo de aquisição de segunda língua propriamente dito, mas que têm uma participação crucial e condicionam medularmente o sucesso, insucesso e modo de acontecimento desse processo. A caracterização a ser apresentada resulta de um percurso transdisciplinar, mobilizando-se conceitos da Análise do Discurso e da Psicanálise. Quanto a preocupações sobre o processo de aquisição de segunda língua, surgidas de perguntas produzidas no escopo da Lingüística Aplicada (LA), é pertinente levarmos em conta que, como qualquer outro corpo de conhecimento, a LA tem dois focos: um predominantemente particularizador e um outro generalizador (M. Saville-Troike, 1988). Existe, de um lado, o interesse em resolver problemas práticos que envolvem questões de linguagem2 e, de um outro lado, a preocupação com a formulação de conceitos e teorizações
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de natureza geral que sejam o fundamento global das pesquisas particulares. Assim, o projeto mencionado acima, encontra-se vinculado ao foco generalizador, isto é, à procura de aprofundar categorizações teórico-metodológicas que abordem o encontro de um sujeito com a segunda língua, tomando como referência a concepção de linguagem baseada nos princípios da Análise do Discurso3, trabalhando-se com uma concepção não subjetivista da subjetividade, ou seja, uma concepção de sujeito enquanto posição-efeito de regularidades enunciativas, historicamente constituídas, e possuidor de um inconsciente. Como já disse, foi concretizado um trabalho na perspectiva transdisciplinar, partindo de perguntas da área de aquisição de segunda língua visando a aprofundar a densidade explicativa desse processo. Lembremos que não se trata de incluir "contribuições" de diferentes domínios, mas de evidenciar que o objeto de estudo atravessa as fronteiras das disciplinas, as quais não participam aditivamente, como meras fornecedoras de subsídios, mas cujos campos são, por sua vez, problematizados nesse cruzamento (cf. S. Serrani, 1990; A. Kleiman, 1992; A. Celani, A., 1995; L.P.Moita Lopes, 1995 e I. Signorini, 1996). Antes de apresentar a discussão específica deste trabalho, gostaria de mencionar um fato que, embora tenha dificultado em certa medida -sobretudo no início - o desenvolvimento desse percurso transdisciplinar, tem posto em evidência a necessidade de aprofundar o estudo do tema na perspectiva indicada. Dentro da literatura consagrada no domínio clássico de aquisição de segunda língua, tal como ele se constituiu na Lingüística Aplicada, são muito escassos ou quase inexistentes os estudos que, ao se ocuparem de "fatores afetivos/emocionais", incluam a consideração do inconsciente, tal como é concebido no escopo da teoria discursiva articulada à categorização lacaniana. Por outro lado, no campo psicanalítico, não são abundantes os trabalhos que tenham como foco o processo de aquisição de segundas línguas (o que predomina nesse campo é o tratamento da aquisição de primeira língua). Entretanto, depois de insistência na procura, foi possível o acesso a referências pertinentes para o tipo de abordagem salientado. A discussão das mesmas será exposta no decorrer do trabalho. 1. Aquisição de Segundas Línguas e Língua Materna Considerando-se que falar é sempre um processo cuja complexidade estrutural supera o mero exercício de habilidades visando à" comunicação" de mensagens ou à resolução de "problemas" operacionais4, minha proposta é que o eixo da abordagem do processo de aquisição de uma L2 esteja no estudo do desafio subjetivo para o enunciador. Para tanto, é indispensável a mobilização de categorias teórico-metodológicas que possibilitem estudar essa complexidade própria da produção de linguagem, em geral, e aquela que é específica à situação de produção em L2, em termos de inscrição do sujeito de enunciação em discursividades da língua alvo. Para desenvolver essa afirmação, começarei fazendo referência a um ângulo incomum para descrever esse desafio, apresentado por C. Revuz (1987, 1991). A autora observa que o processo de falar em L2 tem implicações tão profundas para o sujeito de enunciação porque, nesse processo, são solicitadas, simultaneamente, três esferas existenciais básicas na constituição da subjetividade. Uma delas diz respeito à relação do sujeito com o saber:
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trata-se do componente relativo à aprendizagem de regras lingüísticas e regularidades enunciativas, isto é, da língua enquanto objeto de conhecimento. Uma outra esfera existencial diretamente envolvida é o corpo. Chamo a atenção para o fato de que "corpo" aqui não deve ser entendido meramente em sua dimensão biológica, mas enquanto suporte da subjetividade, que é predominantemente inconsciente. O aparelho fonador e a movimentação muscular são requeridos pela quebra de automatismos fonatórios e de expressão gestual que acontece ao se tentar pronunciar sons, entoações e ritmos desconhecidos antes, ou ao realizar gestos novos. E é solicitada, também, a relação do sujeito com ele próprio, pois está em jogo a afirmação do eu enquanto sujeito que se autoriza a falar em primeira pessoa. Isso, no meu entender, tem implicações, tanto para a constituição do sujeito (enquanto posição de enunciação, pois não estou operando com a noção de indivíduo falante) e, também, à representação desse sujeito enquanto ego, que se apresenta como locutor" dono de seu dizer"5 em uma outra língua. Na próxima parte voltarei a esta questão. Agora, lembremos a hipótese fundamental da referida autora: "(...) durante o processo de aprendizagem de uma língua estrangeira6 são as bases mesmas da estruturação psíquica que são solicitadas e, com elas, aquilo que é, a um mesmo tempo, o instrumento e a matéria dessa estruturação: a linguagem, a língua chamada materna." (C. Revuz, 1991: 26) 7
Cabe salientar que, nesta perspectiva, língua materna não é necessariamente aquela falada pela mãe, mas aquela que "teceu o inconsciente" (Ch. Melman, 1992:45), isto é, a língua que para cada um constitui a língua da estrutura simbólica fundamental8 que o faz sujeito. Entretanto, como observa C. Calligaris9, a língua materna acaba se confundindo com a língua nacional porque "(...) a estrutura simbólica que nos faz sujeitos -por ser singular- não deixa de ser tomada numa rede maior, cultural, que é privilegiadamente a rede que uma história nacional organiza; [e] porque se cada um dispõe de um pai singular, este pai sempre vale na medida em que se ilustre de alguma maneira na rede social, que também é privilegiadamente nacional." (1993:16-7)
Como contra-exemplo, Calligaris menciona as dificuldades de organização subjetiva com as quais se depara o sujeito cujo pai não encontra no social nenhum tipo de reconhecimento, por exemplo, no caso de achar-se em uma miséria real que o priva de cidadania. Assim, desta perspectiva não se entende a língua enquanto código (códigos são explícitos) mas enquanto estrutura verbal simbólica, cujas marcas formais ganham sentido ao se realizarem em processos discursivos, historicamente determinados, e determinantes na constituição do sujeito. Portanto, como já disse, operar-se com a noção de formação discursiva certamente possibilitará superar a mera descrição de realizações lingüísticas e levará a formular hipóteses explicativas sobre jogos de implícitos e efeitos de sentido no processo de produção em L2, entendido como processo de inscrição do sujeito de enunciação em discursividades da língua alvo. 2. As Formações Discursivas enquanto Condensações de Regularidades Enunciativas
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Como foi mencionado anteriormente, interessa-me pensar, à luz da teoria do Discurso, deslocamentos de posição subjetiva na ligação específica do sujeito com sua língua materna, trazidos à tona pelo encontro com a língua estrangeira. Vejamos em que consiste a operacionalização da noção de formação discursiva, no tocante ao tema que nos ocupa. Coincido com C. Revuz, quando diz que na aprendizagem de uma língua estrangeira há um momento no qual o que aparece com maior evidência é a operação lingüístico-discursiva de nominação. Se levarmos em conta a processualidade do dizer (M. Pêcheux e C. Fuchs, 1975, em F. Gadet e T. Hak, 1990; E. Orlandi, 1983) e suas não-coincidências (J. Authier-Revuz, 1995), compreendemos que esse nomear deve ser entendido sempre como uma operação prenhe de mediações. Na Análise do Discurso, essas mediações decorrentes da opacidade da linguagem são trabalhadas em diversos" momentos" da teoria. Um deles é na re-elaboração das categorias de análise que descrevem o "ato enunciativo". Assim, por exemplo, o termo "objeto do discurso" substitui o tradicional "referente" para designar "o quê" da nomeação. Destaca-se, assim, que o mundo não é dado, mas também construído pelo dizer (cf. E. Orlandi, 1988:15-21). Portanto, uma constatação é que a nominação é sempre, simultaneamente, operação de predicação. Nos termos de C. Revuz: " Muito tempo antes de poder falar, a criança é falada intensamente pelo seu ambiente, e não há uma palavra que não seja, a um só tempo10 , designação de um conceito e discurso sobre o valor atribuído a esse conceito pelo ambiente. Esse sistema de valores impregna completamente o sistema lingüístico" (1991:27). É para depreender o funcionamento desses "sistemas de valores" que, a meu ver, é operativo entendê-los em termos de formações discursivas, pois elas são as que determinam o que se pode dizer e aquilo que não se poderia, manifestando uma relação com a discursividade, com a língua mesma, e com os diversos domínios de saber que ela permite construir. Como detalhei em um trabalho publicado em 1994, entendo as formações discursivas como condensações de regularidades enunciativas no processo - constitutivamente heterogêneo e contraditório - da produção de sentidos no e pelo discurso, em diferentes domínios de saber . Distancio-me, portanto, das perspectivas que concebem as formações discursivas como espaços discursivos fechados, constituídos a partir de posições homogêneas e excludentes 11. Desenvolverei estas afirmações de imediato, ilustrando, também, com um exemplo relativo a estratégias argumentativas diferentes em duas línguas próximas. Do meu ponto de vista, operar com a noção de formação discursiva permite melhor descrever e explicar o funcionamento de um dos dois momentos cruciais para observar como a língua estrangeira vem incidir na relação amplamente inconsciente que mantemos com a língua fundadora, a saber: os modos diferentes de construir as significações em línguas distintas12. O que se pode explicar melhor é a preponderância de tal ou qual modo de construção de sentido, em relação a condições de produção discursiva determinadas. Para esclarecer melhor este ponto, ilustrarei fazendo referência a um trabalho em que analisei modos de construir significações em português brasileiro e espanhol riopratense13. Nesse estudo, foi realizada a análise de ressonâncias discursivas em micro-cenas experimentais (de imediato, sintetizarei a conceituação das noções que sustentaram essa
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análise), em seqüências discursivas formuladas em condições de produção com diversos traços relativamente equivalentes, quanto à profissão, classe social, grau de instrução e posições institucionais de enunciadores falantes nativos de ambas as línguas. Foi possível observar que apesar da proximidade sistêmica, os modos preponderantes de construir as estratégias de recusa diferiram notavelmente. (A ilustração tratou especificamente da recusa a um pedido de carta de recomendação solicitada por um ex-funcionário demitido por justa causa). As diferenças mais significativas foram: a) a escolha da estrutura com modalização de possibilidade/capacidade: agente determinado + verbo poder em negativo + infinitivo [não podemos dar (a carta) / no podemos darle (la carta)] ressoou em 60%14 das seqüências discursivas de enunciadores brasileiros do corpus, e somente em 6% das seqüências dos enunciadores falantes nativos de espanhol riopratense. Estes preferiram respostas lacônicas, do tipo "su solicitud ha sido denegada", quase sem marcas amenizadoras para a recusa. Entretanto, essas marcas, ocorreram em quase 40% das seqüências em português. Quando as seqüências eram mais extensas em espanhol, predominaram expressões de indignação pela existência da solicitação ou modalizações apreciativas no sentido de fazer mais conclusiva a recusa. E nas fundamentações para a negativa apareceram também diferenças significativas. A construção subordinada mais freqüente, quase a única, com a qual os enunciadores em espanhol fundamentaram a negativa foi a iniciada por conjunções ilativas, tais como" después de/luego de", utilizadas para expressar a conseqüência de um antecedente, neste caso o motivo da saída ["Dígale que es imposible hacer ese certificado, luego de lo que pasó"]. Nas seqüências em português, o modo mais freqüente de construir a fundamentação da negativa foi com estruturas causais com" dado que", "já que" ou explicativas com "pois": ressoaram, assim, explicações, causas, mas não enunciados punitivos. E, finalmente, um tipo de fundamentação que ocorreu em várias seqüências em português, e que inexistiu na parte do corpus em espanhol, foi aquela em que a causa para a negativa esteve desvinculada do acontecimento, do tipo: ["Diga-lhe que no momento é impossível ajudá-lo pois estou de viagem ao exterior e que volto logo, que não se preocupe. Como só eu posso assinar esse atestado, prá ele ir ligando."]. Quanto aos enunciadores em espanhol, cabe assinalar que, se perguntados especificamente, eles mencionaram a possibilidade dessa estratégia, porém, na resposta espontânea não houve ocorrências desse tipo. Caracterizamos, assim, duas formações discursivas: uma, denominada de abrupção, mais freqüente nas seqüências discursivas em espanhol riopratense, marcada por enunciações nas quais podem predominar construções com indeterminação de agente, frases curtas, categóricas e que, no grau mais marcado de abrupção, podem conter enunciados de indignação, que produzem um efeito de sentido punitivo para o destinatário. Na outra formação discursiva, marcada pela enunciação de transições, predominam construções modalizadas com agente determinado, marcas amenizadoras, subordinadas causais e coordenadas explicativas. No grau mais marcado de transição, a enunciação da negativa é produzida por inferência a partir de numerosas transições que decorrem de causas desvinculadas do evento em questão. Como foi dito, essa análise esteve baseada na noção de ressonância discursiva de significação. Esta noção foi elaborada a partir de um estudo que realizei de funcionamentos discursivos do fenômeno parafrástico15. Entendo que há ressonância de significação quando duas ou mais unidades lingüísticas específicas (itens lexicais, frases nominais) ou dois ou mais modos de dizer (construções indeterminadoras, de tom casual, causativistas, e assim por diante) encontram-se ligados no discurso, para produzir um efeito de vibração semântica
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mútua, que, consideradas as condições de produção, tende a construir a realidade (imaginária) de um "mesmo" sentido. A partir da análise de ressonâncias podem ser elaborados esquemas interdiscursivos de repetibilidade, visando a representar mais do que a forma do repetido, o efeito de sentido produzido pelas relações entre as formas lingüísticas localizáveis na cadeia. O esquema é da ordem do interdiscurso porque sua elaboração é possível somente depois de analisar as seqüências discursivas como integrantes de domínios de memória, de atualidade e de antecipação, tal como definidos, por exemplo, por J. J. Courtine (1981). Mas o que, concretamente, penso que é de interesse para o presente artigo é que, no fundamento dessa elaboração da noção de ressonância, esteve a conceitualização de formação discursiva enquanto espaço de reformulação-paráfrase, onde se constitui a ilusão necessária de uma" intersubjetividade falante" (M. Pêcheux, 1988). Essa ilusão há de entender-se como sendo da esfera do chamado esquecimento n° 2, isto é, do processo de seleção entre o dito e o não dito na produção de linguagem. Importa destacar aqui, sobre o funcionamento dessa ilusão, que aquilo que um locutor diz não está fora do campo daquilo que ele está resolvido a não dizer. O outro esquecimento formulado na teoria é o denominado n° 1, que pode ser entendido como a inacessibilidade - estrutural -, para o enunciador, daquilo mesmo que determina "seu" sentido. Nas formulações de Pêcheux (ibid.), encontramos que a seleção correspondente ao esquecimento n° 2 acontece "no interior da formação discursiva que o domina". Essa formulação ainda correspondia a uma visão da noção de formação discursiva como espaço autônomo de significação 16. O próprio autor já observou isso em trabalhos posteriores. Na verdade, essa impressão de realidade para o locutor que "sabe o que está dizendo", "sabe do que está falando" nada mais é do que a retomada de uma representação verbal consciente pelo processo inconsciente, chegando à formação de uma nova representação, que aparece conscientemente ligada à primeira, embora sua articulação real com ela seja inconsciente. E nas palavras de N. Leite: "o conceito de formação discursiva nomeia a matriz simbólica na qual ganham sentido as representações imaginárias ligadas a uma dada posição na estrutura." (1994:128)
É preciso insistir-se em que a abordagem discursiva do sentido sustentada aqui comporta um questionamento radical do "sujeito intencional [entendido como] fonte individual de um sentido que lhe seria transparente" (cf. J. Authier, 1995:87). Essa é, a meu ver, uma questão crucial ao repensar-se, da perspectiva conceitual apontada, o processo de enunciação em segunda língua; pois, até onde tenho conhecimento, na maior parte dos trabalhos dedicados ao estudo específico desse processo, predomina a concepção desse sujeito intencional como "dono" de seu dizer, no tratamento de situações de enunciação em primeira ou segunda(s) língua(s). Penso que os processos de produzir e compreender em L2 devem também ser abordados levando em conta os dois níveis de análise decorrentes da operacionalização conceitual dos esquecimentos descritos acima, isto é, os níveis intradiscursivo e interdiscursivo de análise, com todas as suas implicações teórico-metodológicas. Como se sabe, o nível intradiscursivo diz respeito à dimensão horizontal do dizer, ao fio do discurso - o que digo agora, o que disse antes e o que direi depois (Pêcheux, 1988). E o interdiscurso remete à exterioridade da/na linguagem (cf. J. Authier, 1995). Como sintetizei anteriormente (cf. Serrani, 1993: 28-31), nos desenvolvimentos mais recentes da Análise do Discurso, tanto no nível intradiscursivo,
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como no interdiscursivo, tem-se como eixo o papel estruturante do discurso outro. Ele pode ser entendido: a) como discurso de um outro (interlocutor/leitor) posto em cena pelo enunciador ou discurso do enunciador colocando-se em cena como um outro; b) como interdiscursividade que desestabiliza o lugar onde o ego se instala no dizer, onde a estratégia de seu discurso foge ao seu controle17. 3. Segunda Língua e Processos Identificatórios Para aprofundarmos a compreensão do processo de aquisição de (inscrição na) segunda língua, a meu ver, é crucial que seja focalizada, tendo como referência o quadro teórico sintetizado acima, a consideração de questões identitárias em jogo nesse processo. Conseqüentemente, uma primeira observação a ser feita é que o termo "identidade", em sua concepção tradicional, sugere uma idéia de unidade e de estabilidade, conflitante com o descentramento que a descoberta do inconsciente e a concepção heterogênea da linguagem, própria à Análise do Discurso, introduzem (cf. O. Souza, 1994). Por isso, é preciso ter presente que sempre que esse conceito for usado no escopo da perspectiva aqui adotada, estará implícita a seguinte restrição: a identidade opera na dimensão da representação (portanto, imaginária) de unidade do locutor (ou interlocutor), enquanto ego18. Um conceito de grande relevância, mobilizado no seio da Psicanálise e retomado na Análise do Discurso, é o de identificação. Importa salientar aqui que a concepção de identificação que estamos tomando como referência é aquela que, a partir do pensamento freudiano, não se estuda ficando no âmbito das relações intersubjetivas (uma pessoa X transforma-se por identificação em Y). Trata-se, porém, da imbricação de duas instâncias inconscientes: o eu e o objeto. Por "objeto" não deve entender-se a pessoa exterior do outro, ou aquilo em sua pessoa que me é dado perceber conscientemente, mas a representação psíquica inconsciente desse outro (cf. J. Nasio, 1995). No desenvolvimento lacaniano, pode-se dizer, de um modo sintético e seguindo O. Souza, que a identificação é entendida enquanto marca simbólica a partir da qual o sujeito adquire, não sua unidade, mas sua singularidade. Enquanto a identidade é entendida como representação do ser , a identificação enfatiza a referência ao dizer 19. Minha proposta é que a categorização teórico-metodológica exposta acima seja mobilizada na procura de aprofundar a descrição e explicação do processo de aquisição de L2 entendido como inscrição do sujeito na - L2, pensando-se as relações de preponderância nas condensações discursivas definidoras para o sujeito. Observe-se que estou preferindo falar em preponderância e não em dominância, como acontecia antigamente na teoria do discurso ao serem caracterizadas as relações entre formações discursivas. As primeiras formas de descrever essas relações aludiam, em certos casos, às relações de dominação de aparelhos ideológicos, concepção que não subjaz à proposta que estou expondo aqui. Entendo que as condensações discursivas preponderantes na primeira língua do sujeito do discurso são os materiais através dos quais se estrutura sua relação com o Outro, com a interdiscursividade constitutiva, com o mundo e também consigo (sempre clivado) e enquanto ego enunciador que formula seqüências intradiscursivas. A meu ver, um dos processos fundamentais que acontece quando o sujeito desenvolve uma "aquisição" bem sucedida de segunda língua (isto
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é, quando acontece o "desarranjo" subjetivo que possibilita um" re-arranjo" significante 20) é a inscrição do sujeito em relações de preponderância na discursividade nova da segunda língua. A relação contraditória do sujeito com ressonâncias discursivas novas, que a segunda língua introduz, possibilita essa alteração na preponderância de suas formações discursivas fundamentais21. É verdade que a relação com a nova rede de prevalências significantes acontece filtrada pelas regularidades enunciativas preponderantes na primeira língua. E, emprestando uma imagem de C. Revuz (1987), podemos dizer que estas últimas são as que "dão as cartas". Mas, isso não quer dizer que não sejam possíveis mobilizações profundas na subjetividade "propiciadas" pela aquisição de uma segunda língua. Essas mobilizações são cruciais e definidoras para o sujeito e, também, determinantes do grau de sucesso e modo de acontecimento do processo de aquisição da - inscrição na - L2 . Observe-se que, em decorrência dos pressupostos epistemológicos mobilizados, preferimos a expressão" acontecimento" e não "desenvolvimento" do processo 22. Por isso, não nos parece muito feliz a seguinte afirmação de C. Melman, tal como aparece formulada na edição brasileira que reproduz algumas de suas conferências: "Quando falamos uma língua estrangeira, (...) o retorno do recalcado na língua estrangeira não poderá mais ser escutado como a expressão de um desejo, mas apenas como a expressão de erros gramaticais, sintáticos, lexicais etc." (C. Melman, 1992:45.)
A meu ver, as novas ressonâncias interdiscursivas e a materialidade lingüística que as conforma podem "prender" o sujeito em novas condensações de significância, estruturando novos modos de significar e significar-se, não possíveis nas condições de produção discursiva preponderantes na L1. Dessa forma, pensamos que a segunda língua não está livre das manifestações dos processos inconscientes, denominados primários por Freud: "A língua de adoção não é a de um saber desencarnado. Como a língua materna, ela está marcada pelo desejo." (C. Revuz, 1987: 62) Também, de um ponto de vista predominantemente discursivo, poder-se-ia acrescentar: a segunda língua não é independente das redes de memória ou das filiações sócio-históricas de identificação. Instanciada em ressonâncias discursivas, a produção em segunda língua, por esse processo ressonador, marca a possibilidade de uma desestruturação-re-estruturação dessas redes e filiações pois, como diz M. Pêcheux (1990b), "não há identificação plenamente bem sucedida". A interdiscursividade, pela sua natureza, é desestabilizadora e prenhe de processos de transformação de sentidos. Mas, no caso específico da inscrição numa segunda língua, até mesmo nos contextos formais de aprendizagem, esse processo diz respeito sempre ao estrangeiro, ao estranhamento. Estranhamento que nos defronta com outros modos de estruturar as significações "do" mundo, que se apresenta" tangivelmente" como múltiplo e construído. Mas o estranhamento fundamental é aquele que acontece, principalmente, em relação a nós mesmos. A partir da concepção de subjetividade como "um estranho país de fronteiras e de alteridades
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incessantemente construídas e desconstruídas" (J. Kristeva, 1988:283), a partir da concepção da linguagem como interdiscursividade heterogeneamente constituída, o estrangeiro está em nós, "ele é a face oculta de nossa identidade" (J. Kristeva, 1983: 9). Mas, como observa C. Revuz, nem todos estão prontos para a experiência do próprio estranhamento. Ela representa para alguns aprendizes "um perigo que evitam... evitando aprender a língua" (1991:31). Como mencionei antes, além dos modos de construir as significações, um outro momento no qual também se pode observar privilegiadamente a importância do desafio de falar em uma segunda língua é o do encontro com as diferenças entre os universos fonéticos. Ora, aqui é importante salientar-se que as "dificuldades" para pronunciar tal ou qual som novo, de produzir tal ou qual entoação não dizem respeito a questões meramente articulatórias. Justamente porque a perspectiva aqui sustentada considera insatisfatória a mera articulação dual do biológico com o social devido à exclusão do simbólico e do significante (cf. M. Pêcheux, 1990b)23. Especificamente em relação à segunda língua, C. Melman (1992) realiza, nesse sentido, observações interessantes: "(...) a fala se desenvolve para cada um de nós sobre uma dupla escala. Uma que é sustentada pela significância, e a outra, à qual estranhamente não damos seu lugar merecido, é a música, o que chamamos de entoação. (...), quando se aprende uma língua estrangeira, o canto é o que recusamos abandonar. Queremos mudar de língua, mas queremos guardar a música da outra. E(...) por que temos a impressão de conservar nossa identidade24 , pois é evidente que falar uma língua estrangeira é despersonalizante, por que então acreditamos conservá-la ao conservar a música da língua precedente? Isto poderia querer dizer que um dos elementos que asseguram a identidade daquele que fala uma língua é ligado à música? Por que não?" (51-2)
Assim, este enfoque permite abordar a questão dos" insucessos" nos casos de ensino/aprendizagem formal de língua estrangeira como estratégias do aprendiz, ligadas ao desafio de lidar com o estranhamento e as novas possibilidades de significância. Essas estratégias, na verdade, representam, no nível imaginário do intradiscurso, o jogo de identificações simbólicas determinantes do sujeito. Algumas das estratégias serão: imitar imediatamente mas guardando quase nada; repetir frases estereotipadas, "dar um jeito" em domínios, tais como o vocabulário técnico, mas sem se autorizar autonomia alguma na compreensão ou na expressão; deixar a língua estrangeira como um amontoado de termos impossíveis de serem organizados por regra alguma; ou até rejeitar todo contato direto com a língua estrangeira, tentando reduzir a aquisição da língua a procedimentos lógicos, e tendo como condição para compreender um enunciado em língua estrangeira, que ele seja traduzido à língua materna e, para produzir, partir da tradução de um enunciado formulado antes em primeira língua (cf. Revuz, 1991: 31). A partir dessa ótica, inverte-se um tipo de abordagem freqüente para o caso de aquisição de língua estrangeira em contexto pedagógico. O lugar central dado, muitas vezes, à discussão sobre implementação de métodos, escolha de material didático, táticas de ensino, interações em sala de aula, objetivos de cursos, motivações e interesses explícitos dos alunos é deslocado aqui. Essas questões - que não são desprovidas de importância - estão, no meu entender, subordinadas às questões processuais apontadas anteriormente e a abordagem daquelas não pode estar desvinculada da consideração destas.
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4. Uma observação final Para concluir, gostaria de chamar a atenção para a impossibilidade de estabelecer paralelismos simplificadores ou determinações lineares sobre alguma forma dada de aprendizagem da língua estrangeira e algum tipo específico de relação com a língua materna. Também, gostaria de alertar sobre o fato de que as considerações expostas neste trabalho não se propõem a incentivar nos profissionais dedicados ao ensino de língua estrangeira a emitirem quaisquer "interpretações" sobre pressupostas organizações do psiquismo dos aprendizes25. No caso de pesquisa anterior à situação de sala de aula (ou concomitante com ela, mas estando bem delimitados os processos de pesquisa e de ensino), insisto na importância de abordar no estudo do processo de aprendizagem de L2, a inscrição histórica do sujeito de enunciação, a relação com a L1 e a interdiscursividade fundadora. Isso, a meu ver, possibilitará o enriquecimento das propostas de pesquisa na área de aquisição de segunda língua26. Quanto ao ensino, no caso específico de aprendizes concretos, o único possível de fazer-se é mobilizá-los para que cada um procure, se assim o quiser, decifrar sentidos postos em jogo pela(s) sua(s) relação(ões) com as línguas que o habitam27. (Recebido em 22/07/1996. Aprovado em 12/09/1996)
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1 Meu reconhecimento ao CNPq pelo apoio para a execução do projeto. 2 Cf. Strevens, (1980) e M. Cavalcanti (1986). 3 Tomando como uma das referências mais significativas a perspectiva introduzida por M. Pêcheux.
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4 Sobre as limitações de entender a produção de sentidos na e pela linguagem verbal como mera
comunicação, ver Pêcheux (1988:24-5). O autor focaliza a contradição - da livre comunicação propiciada pela uniformização da língua nacional e a não comunicação definida pelas relações sociais - que impõe "na linguagem" barreiras de classe. Mesmo pensando que essas barreiras podem ser entendidas em outros termos além dos de classe social, salientamos a importância das afirmações de Pêcheux para aprofundar a compreensão da natureza e funcionamento da linguagem. Para um levantamento sobre a utilização do conceito de comunicação no escopo da Lingüística Aplicada, ver P. Franzoni, 1992. 5 Obviamente, as aspas indicam que consideramos essa afirmação válida somente no registro da ilusão
necessária à existência da discursividade.
6 Aqui a expressão "língua estrangeira" está usada de modo genérico, incluindo também a situação de
imersão, denominada freqüentemente como "segunda língua".
7 Quando não houver indicação da versão em português nas referências bibliográficas, a tradução é minha. 8 Aqui, estou usando a expressão estrutura simbólica, no sentido que esse termo tem na categorização
lacaniana, que distingue os registros imaginário, simbólico e real. Não é objeto deste trabalho descrever em detalhe esses registros. Dentre as referências que, no escopo da Ciência da Linguagem, se ocupam dessas categorias, destacamos J.-C. Milner, 1983. Em N. Leite (1994) encontra-se uma discussão interessante utilizando essa categorização. Retomando um seminário de Ch. Melman "A propósito da Conferência em Israel" (1988), cujo texto encontra-se reproduzido em Melman, 1992. 9 Agradeço a Maria Fausta P. de Castro a cessão deste material bibliográfico. 10 O grifo é meu 11 Em Gadet e Hak (1990) e Maingueneau (1996) há panoramas da evolução no modo de conceber a noção
de formação discursiva, nas três épocas da Análise do Discurso.
12 O outro momento é o de encontro com a diferença nos universos fonéticos (Cf. C. Revuz, 1991). 13 Trata-se de "Análise de Ressonâncias Discursivas em Micro-Cenas para Estudo da Identidade
Lingüístico-Cultural", 1994.
14 Como observei no referido trabalho, embora a abordagem proposta não seja de cunho quantitativo e as
conclusões não decorram dessas porcentagens, considerei de interesse ilustrar o grau de incidência das construções em cada língua, porque elas indicam tendências, a meu ver, significativas. 15 Um tratamento detalhado da noção de ressonância, bem como ilustrações de uma análise específica
podem encontrar-se no trabalho que publiquei, em 1993 (ver Referências Bibliográficas).
16 Assim, caracterizavam-se, de modo excludente, formações discursivas, tais como" patronal", "operária"
etc.
17 Estas questões foram inicialmente introduzidas por M. Pêcheux, 1988, 1990a, b. Também, no trabalho de
J. Authier-Revuz (1995), está magistralmente desenvolvido o tema das não-coincidências do dizer. 18 Ao tratar desse assunto, M. Pêcheux (1988:167) diz "unidade (imaginária) do sujeito", mas essa
formulação deve ser retificada, como o próprio autor observa no Anexo III, acrescido na edição inglesa e reproduzido na brasileira. No quadro de uma perspectiva predominantemente psicanalítica, a questão encontra-se retomada em Leite, 1994. 19 Nesse quadro teórico são distinguidos três tipos de identificação: simbólica, imaginária e fantasística. Para
um tratamento detalhado, ver J. Nasio, 1995.
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20 Em um trabalho anterior (1994a) dedicado a salientar o papel da análise interdiscursiva em registros de
aulas de alfabetização de adultos, abordei o processo de aprendizagem como desarranjos-re-arranjos subjetivos, em diferentes domínios de saber
21 A noção de contradição, que estamos mobilizando aqui, é a desenvolvida por M. Foucault, exposta na
Arqueologia do Saber .
22 Boa parte da compreensão desse deslocamento devo-a a Cláudia De Lemos. Foi particularmente
iluminadora uma apresentação da referida autora no Encontro da ANPOLL, acontecido em Caxambu em 1994. 23 Na área de aquisição de primeira língua, o trabalho de C. De Lemos merece ser mencionado
especialmente pela singularidade de incorporar nas análises a dimensão simbólica da/na produção de linguagem (cf. De Lemos, 1992). 24 Os grifos são meus. 25 Sobre este ponto, agradeço as observações feitas pessoalmente por Christine Revuz, Paris, 1995. 26 No trabalho "Discurso e Aquisição de Segundas Línguas: Proposta AREDA de Abordagem" (Porto
Alegre, no prelo), apresento um modo de implementação prática de pesquisa a partir do embasamento teórico aqui discutido. 27 Agradeço a Maria Inês Leal sua paciente revisão de minha expressão em português.
©1998 DELTA.
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