Fichamento Questão Social - Josiane Santos e Elaine Behring
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SANTOS, Josiane S. Questão social: particularidades no Brasil. Cortez: 2012. (Biblioteca básica do S. S. - v. 6). (Cap 4...
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Escola de Serviço Social Curso de Graduação em Serviço Social Docente Douglas Barboza Disci!lina Questão Social no Brasil Discente Ana Souza Pereira
Particularidades da “questão social no Brasil” SANTOS, Josiane S. Questão social: particularidades no Brasil. Cortez: 2012. Bi!lioteca !"sica do S. S. # $. %&. Cap '& (ala$ras c)a$es: dese*pre+o -uestão social ordis*o / !rasileira
" o#$etivo do ca!%tulo & alcançar o desem!re'o em sua !articularidade no (rasil) no conte*to de mundiali+ação do ca!italismo, Dessa -orma) !!, ./01./2 3 “trata-se de situar os traços do desemprego como resultantes do caminho percorrido através da particularização 4)))5 em 6ue se inserem mediaç7es centrais 4,,, 6ue emer'em da estrutura5 6uais se$am) a constituição do 8mercado de trabalho’ e do ‘regime de trabalho’ 9o 9o 6ue inclui os mecanismos mecanismos de !roteçã !roteçãoo social e re'ulação do tra#al:o; no (rasil. " desem!re'o & a6ui com!reendido como uma e*!ressão da questão questão social social ) !or isso) & !reciso a!reender as mediaç7es 6ue con-i'uram sua !articularidade na :istuma !ol%tica #aseada na !ro!osta de um Estado social autorit=rio 6ue #uscava sua le'itimação em medidas de cun:o re'ulatal&m de uma cultura !ol%tica de su#servincia e 8naturali+ação da su!ere*!loração do seu tra#al:o 4,,,5 de!aravam1se os sindicatos com um modo de re'ulação do tra#al:o cor!orativista) atrav&s da -orte intervenção estatal) 6ue !arecia 8dar1 l:es de !resente o recon:ecimento do seu direito de or'ani+ação,? Krata1se de uma cultura !ol%tica #aseada em relaç7es anti'as entre ca!italtra#al:o escravocrata) 6ue mesmo tendo trans-ormado o tra#al:o em assalariado) se re!rodu+em atrav&s do !aternalismo e mandonismo, !, .0 3 > o famoso marco do pós 1!"# segundo o qual a “questão social$ teria dei%ado de ser ‘caso de pol&cia’ e se tornado ‘caso de pol&tica’ não pode ser tomado ao ‘pé da letra’' Isso si'ni-ica di+er 6ue a instituição de direitos tra#al:istas e de uma re'ulação
estatal das relaç7es de tra#al:o não e*cluiu o recurso da re!ressão aos tra#al:adores no !rocesso :istOor meio da restrição do acesso aos direitos !romul'ados na le'islação) 6ue somente !odiam ser usu-ru%dos !elos tra#al:adores -iliados aos sindicatos o-iciais 4,,,5 o 'overno aumentava a vi'ilPncia e a in'erncia ideo!ol%tica so# tais entidades) atrav&s do minist&rio do Kra#al:o, Nesse sentido) !or !ressão 'overnamental) os !rdesde 6ue a le'islação !romul'ada não c:e'asse ao mundo a'r=rio) a oli'ar6uia ca-eeira não l:e o!un:a o#st=culos, Orova disso & a a!rovação da Lei EloH C:aves) em .@/) criando a cai*a de a!osentadoria e !ensão dos -errovi=rios) em#rião do 6ue viria a ser a Orevidncia Social, claro 6ue a criação dessas cai*as) e de!ois dos Institutos tin:a relação direta com o 'rau de or'ani+ação e !ressão e*ercidos !elas cate'orias !ro-issionais, 4,,,5 Kam#&m & do !er%odo 4,,,5 a medida 6ue con-ere aos tra#al:adores esta#ilidade no em!re'o a!certidão de nascimento c%vico?, Koda essa le'islação tra#al:ista -oi re-erendada !ela Constituição de ./0, !, .0/ 3 >A constituição do re'ime democr=tico 4!Se a re'ulação do tra#al:o era restrita) a re!ressão) entretanto) !ermanece universal, Ela atin'e 4,,,5 a !arcela da !o!ulação 6ue não tem acesso Q cidadania re'ulada) ou se$a o contin'ente de tra#al:adores rurais 4,,,5 mas tam#&m !arte dos tra#al:adores ur#anos 8in-ormais, 4,,,5 Oara esse contin'ente !o!ulacional) a re!ressão -unciona) !redominantemente) !or meio da sutile+a das estruturas do mandonismo local e do assistencialismo) medidas 8!reventivas em relação Qs !ossi#ilidades de sua or'ani+ação,?
!, .0 3 > +nquanto mundialmente se consolidam as pol&ticas ,enesianas associadas aos mecanismos de negociação coletiva# o (rasil distava muito desse processo' Kivemos uma re'ulação do tra#al:o 6ue) em#ora essencial !ara moldar a su#$etividade das classes tra#al:adoras at& os dias atuais) não !ossi#ilitou uma reversão do !adrão :ist!ode1se di+er 6ue) mesmo 6uando o (rasil se a!ro*ima) na se'unda -ase da 8industriali+ação !esada) da tecnolo'ia da se'unda Revolução Industrial) a 8ausncia de suas revoluç7es !reliminares) no !lano !ol%tico e cultural) mantiveram as relaç7es entre ca!ital e tra#al:o distantes dessa moderni+ação) 6ue tem na democracia um im!ortante com!onente civili+acional?, 1.2 As relaç7es ca!ital * tra#al:o no (rasil na se'unda -ase da industriali+ação !esada
!, .2 3 >Nesse momento) re'istra1se o au'e de um modelo de desenvolvimento !ro!osto desde ) !ossi#ilitando em -ace de um conte*to internacional -avor=vel Qs e*!ans7es mono!olistas dos 8trinta anos 'loriosos do ca!italismo) somado a uma decisiva intervenção do Estado) re'ulando os sal=rios) concedendo cr&ditos) isenção de tri#utos etc,? !!, .21.2. 3 >a !ro-unda associação com o ca!ital internacional o -e+ so-rer todas as vicissitudes da crise ca!italista desencadeada em meados dos anos ., 4,,,5 Um dos traços mais destacados do 8mila're econmico & a sua associação com o a!ro-undamento da concentração de renda e das desigualdades regionais?, !, .2. 3 >tanto a concentração de ri6ue+a 6uanto a desi'ualdade re'ional tm) na ação do Estado) uma causalidade comum, " 'rau de com!rometimento do Estado com a 8moderni+ação conservadora !autada nos interesses das elites nacionais res!onde) em #oa !arte) !ela centrali+ação de incentivos -iscais e investimentos industriais na re'ião Sudeste) es!ecialmente em São Oaulo) centro econmico decisivo no !a%s no au'e da !rodução ca-eeira,? Ianni coloca em c:e6ue a ideia de >dois #rasis?) a desi'ualdade re'ional & !rodu+ida) uma ve+ 6ue := o desenvolvimento desi'ual e com#inado) !rEntre as re'i7es mais a-etadas !ela desi'ualdade re'ional) o Nordeste 4,,,5 continuou tendo seu desenvolvimento im!actado !ela ausncia de re-ormas estruturais) destacadamente) da re-orma a'r=ria) $= 6ue sua economia se a!oiava #asicamente em atividades a'r%colas de su#sistncia,? >Kais re-ormas) :istoricamente interditadas !elo 'rau de com!rometimento da ação estatal com o lati-Jndio) -oram) mais uma ve+) adiadas durante os 'overnos militares 4,,,5 8indicando 6ue o 6ue se deve -a+er !ara a$udar o Nordeste &) !arado*almente) incentivar a emi'ração !ara a Ama+nia?, !!, .2/1.20 3 4o T*odo Rural5> é um dos determinantes da reprodução de uma dualidade )* conhecida no regime de trabalho brasileiro. a que se e%pressa entre o emprego formal e o informal# com as repercuss/es que este 0ltimo traz em termos de precariedade e ‘desproteção’ social'?
!, .20 3 >Some1se a isso a con:ecida !ol%tica de 8arroc:o salarial 3 !raticada !elos 'overnos militares) en6uanto estrat&'ia de !olitica econmica 4,,,5 3 e teremos um !anorama da distri#uição de renda no (rasil,? !, .22 3 >o -ato & 6ue a concentração de renda e seus -undamentos) derivados da concentração de !ro!riedade) associada ao !er-il da intervenção do Estado em termos de medidas de !roteção social) !rodu+iu assim) indicadores sociais descom!assados com o !anorama de !ros!eridade econmica,? !, .2 3 >nesse !er%odo) marcado !elo arroc:o salarial e a insu-iciente intervenção estatal nas =reas de saJde) educação e saneamento) aumenta a demanda !elas !ol%ticas sociais com!ensatao contr*rio do que aconteceu no fordismo cl*ssico# a ausncia de democracia no caso brasileiro inviabilizou o reconhecimento da interlocução com o modelo sindical' 4,,,5 Nos !er%odos de ditadura) e es!ecialmente no !8Se !or um lado o re'ime militar !erse'uiu e desarticulou o movimento sindical) !or outro) a!ro-undou a industriali+ação e a ur#ani+ação) assalariou e moderni+ou o cam!o)
e*!ulsando seus tra#al:adores) e*!andiu o a!arel:o estatal e os serviços) asse'urando novas e am!liadas #ases ur#anas e rurais) industriais e de classe m&dia !ara um am!lo movimento sindical em escala nacional, 9MAKK"S";?
!!, ./1.0 3 >Uma das medidas mais decisivas nesse sentido -oi a centralização# no 3mbito do +%ecutivo# da definição dos percentuais de aumento do sal*rio m&nimo# através de c*lculos aparentemente ‘técnicos’# eliminando a interferncia sindical no plano das reivindicaç/es salariais' 4,,,5 " 'overno alcançava) desse modo) dois de seus
o#$etivos de uma s< ve+ ao tem!o em 6ue des!oliti+ava as relaç7es entre ca!ital e tra#al:o 4,,,5 controlava a in-lação e as condiç7es macroecmicas) mantendo1as atrativas aos investimentos estran'eiros,? !, . 3 >Foi acentuando a intervenção do Estado nos rumos da 8moderni+ação conservadora e no conte*to da e*!ansão mono!olista so# o re'ime de acumulação -ordista) 6ue o ca!italismo retardat=rio #rasileiro rea-irmou a caracter%stica 8e*clusão da maioria da !o!ulação tanto das decis7es !ol%ticas) 6uanto dos -rutos do crescimento econmico,? !, . 3 > 8 4ssim a caracter&stica b*sica do direito do
trabalho brasileiro é a heteronomia e a preponder3ncia da regulamentação do direito individual do trabalho sobre o direito sindical# da intervenção do +stado 5que o transforma em protagonista e%clusivo das relaç/es de trabalho6’$
9NEK"; 1.# $ Flexibilidade e precariedade no regime de trabalho brasileiro e suas conexões com o desemprego como expressão da %&uestão social'
!, .. 3 >8Oara ser desem!re'ado o não tra#al:o deve ser resultado da não concreti+ação do ato de venda e com!ra da -orça de tra#al:o em uma sociedade ca!italista? 9Costa;
!, .@ 3 >o desem!re'o 4,,,5 tem sua 'nese no mesmo conte*to sele resulta) nesse momento) de uma si'ni-icativa 6uantidade de -orça de tra#al:o Q dis!osição do ca!ital) mas) -undamentalmente) do a!ro-undamento da !recariedade e insta#ilidade dos v%nculos) caracter%stica do re'ime de tra#al:o 6ue emer'e na se'unda -ase da 8industriali+ação !esada?,
!, .2 3 >nos par3metros dominantes da ‘cidadania regulada’# as medidas de proteção social ao desempregado estiveram praticamente ausentes 4,,,5 o se'uro1desem!re'o) !or e*em!lo) 4,,,5 s< -oi institu%do no (rasil na se'unda metade da d&cada de .B,? !, . 3 >No (rasil) a -le*i#ilidade !retendida encontra seu camin:o $= !reviamente a#erto) dada a ine*istncia de esta#ilidade no re'ime de tra#al:o e sua in-luncia en6uanto determinante do desem!re'o estrutural,?
"#press$es pol%ticas da crise e as no&as con'igura$es do "stado e da sociedade ci&il (ERING) Elaine Rosseti, E*!ress7es !ol%ticas da crise e as novas con-i'uraç7es do Estado e da Sociedade civil, In CFESSA(EOSS, Direitos Sociais e com!etncias !ro-issionais, (ras%lia CEFESSA(EOSS) @
Oalavras 3 c:ave WWW (ntrodução
!, 3 >A o-ensiva #ur'uesa dos anos B e do s&culo XX at& os dias de :o$e) tendo em vista a recu!eração e manutenção das ta*as de lucro se deu em trs direç7es centrais 4,,,5 a reestruturação !rodutiva e a recom!osição da su!er!o!ulação relativa ou e*&rcito industrial de reserva como sua condição sine qua non 4,,,5W a mundiali+ação do ca!ital 4,,,5W e na contrarre-orma neoli#eral 4,,,5 marcados !ela e*tensão dos direitos e !ol%ticas sociais e !elo com!romisso com o >!leno em!re'o -ordista1eHnesiano, No (rasil 4,,,5 tivemos a6ui a crise do Estado desenvolvimentista) 6ue am!liou o mercado interno de tra#al:o e de consumo) sem nunca c:e'ar Q som#ra do !leno em!re'o,? !!, 1. 3 >o Estado ca!italista modi-icou1se ao lon'o da história deste modo de !rodução) a 6ual se -a+ na relação entre luta de classes e re6uisiç7es do !rocesso o#$etivo de valori+ação e acumulação do ca!ital 4,,,5, Nesse sentido) o Estado acom!an:a os !er%odos lon'os do desenvolvimento do ca!italismo de e*!ansão e esta'nação e modi-ica :ist= com a mundiali+ação) uma tendncia Q diminuição do controle democr=tico 4,,,5) nesse sentido) a :e'emonia #ur'uesa no interior do Estado rea-irma1se de -orma contundente com o neoli#eralismo) cu$as !ol%ticas en'endram uma conce!ção sin'ular de democracia? !,0 3 >o modelo de a$uste estrutural !ro!osto !elo (anco Mundial e o FMI !ara a !eri-eria re-orça ainda mais essa !erda de su#stPncia dos Estados nacionais, Estes 4,,,5 reorientam a !arte mais com!etitiva da economia !ara a e*!ortação) o 6ue im!lica um lar'o !rocesso de desindustriali+ação e a volta a certas >vocaç7es naturais? 4,,,5 contm o mercado interno e #lo6ueiam o crescimento dos sal=rios e dos direitos sociais,? !!, 012 3 4A crise -iscal do Estado5 & o es'otamento do eHnesianismo) com sua es!ec%-ica com#inação entre ca!italismo e social1democracia, "corre 6ue) entre os as!ectos da intervenção estatal) -oram am!liadas) no ciclo e*!ansivo) as -ronteiras da !roteção social) se$a !or !ressão dos se'mentos de tra#al:adores e*clu%dos do !acto 9efareano 3 setores não mono!olistas 3 !ela universali+ação dos 'astos sem contra!artida) se$a dos inclu%dos no mesmo !acto 4,,,5 com correç7es de #ene-%cios maiores 6ue a in-lação 4,,,5, "s tra#al:adores dos !a%ses de ca!italismo central) estimulados !ela condição do !leno em!re'o) reivindicaram uma co#ertura maior e mais !ro-unda no Pm#ito do 7elfare 8tate, No conte*to da reversão do ciclo econmico) a renda nacional & contida en6uanto aumenta o 'asto !J#lico em -unção das estrat&'ias eHnesianas de contenção do ciclo de!ressivo 9d&-icit !J#lico;) lar'amente utili+adas 6uando estourou a crise a % reside a ra+ão mais !ro-unda da crise -iscal,? !,2 3 >Oara David eald 4,,,5 a crise -iscal & indu+ida não a!enas nem !rinci!almente !elas !ress7es dos tra#al:adores !or maior !roteção social, Este -oi) na verdade) um ar'umento !ara a de-esa neoli#eral do corte dos 'astos sociais) escamoteando as intenç7es reais de diminuição do custo do tra#al:o) ao lado da im!osição de derrotas aos se'mentos mais or'ani+ados dos tra#al:adores?
!, 3 > A !ulveri+ação da 'rande indJstria e o crescimento do mundo da in-ormalidade desencadeiam a !erda do ‘po9er of enforcement’ do Estado e di-iculdades de arrecadação !elas -ontes da se'uridade social 4,,,5, A re'ulação eHnesiana se !re!arou !ara um conte*to de desem!re'o con$untural, Diante do 6ual & admiss%vel o déficit !J#lico !ara estimular a demanda e-etiva) se'undo a luma cultura !ol%tica da crise recicla as #ases da :e'emonia do ca!ital) mediando as !r=ticas sociais das classes e -ormando um novo consenso, "u se$a) ainda 6ue o ca!ital este$a vivendo uma crise or'Pnica) de lar'a duração) esta não 'era mecanicamente uma crise de :e'emonia,?
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