Fichamento - Orientalismo - Edward Said

May 16, 2018 | Author: grazieadio | Category: Byzantine Empire, Western World, Orientalism, Europe, Arabic
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Descrição: fichamento de leitura da obra de Edward Said...

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SAID. Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

A obra tem por objeto o estudo do orientalismo, entendido como um conju conjunto nto de div divers ersas as reali realidad dades es inter interdep depend enden entes tes,, nas quais quais se destac destacaa a const construç rução ão acadêmica e doutrinária desenvolvida, precipuamente pelos povos ocidentais, em relação ao Oriente.  No primeiro capítulo, denominado “O âmbito do Orientalismo”, o autor disserta sobre o alcance do Orientalismo, trazendo a visão ocidental acerca do Oriente. Inicia seu relato voltando-se ao pensamento europeu durante o século XIX (e também nos  primórdios do século XX). Primeiramente, através da exposição do discurso proferido por  Arthur James Balfour à Câmara dos Comuns, no ano de 1910, denota a condição de superioridade auto-proclamada pela comunidade européia (essencialmente os ingleses) em detrimento às civilizações orientais – no caso descrito, os egípcios. Isto porque o Egito, conquanto colônia da Inglaterra, havia sido, durante os anos anteriores, administrativamente subordinado aos britânicos. As idéias de dominação intelectual advinham de uma linha de  pensamento desenvolvida pelos próprios colonizadores, baseados em sua visão pessoal, e no convívio com os colonizados. Ao empreender contato com sua raça, cultura, tradições, história e caráter, e lançar juízos de valor, estabelecendo comparação com sua própria realidade, terminavam terminavam por conceituar conceituar o oriental sob títulos por vezes degradante. Para Para o estu studios diosoo, o home homem m ori orient ental era semp empre contido e representado por estruturas dominantes. Destas estruturas, nasceram os juízos que compõem o conceito de orientalismo. Embora o autor saliente que se trata de conceito extremamente vago, é dele que derivam as noções do Oriente grafadas pelos manuais, livros e demais  produções do Ocidente. Defende o autor, assim, que a acepção pela qual se divide o mundo em “oriente” e “ocidente”, embora resguardada sob inocente desígnio de mera distinção, serve, serve, na realid realidade ade,, para para int intens ensifi ifica carr as difere diferenç nças as e obsta obstarr quais quaisque querr tentat tentativ ivas as de aproximação entre as culturas. A tradição orientalista, ao apontar a existência de tantas diferenças, constitui-se num convite à subjugação oriental.

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Expl Explic icaa que que um conc concei eito to mais mais rest restri riti tivo vo de “ori “orien enta tali lism smo” o” conceituaria o termo como um campo de estudos eruditos, fundados na unidade geográfica, cultural, lingüística e étnica do Oriente. Geograficamente, é como se houvesse uma linha imaginária a dividir o continente europeu do asiático com linhas muito mais profundas. Culturalmente, a própria literatura e arte produzida no Ocidente tende a corroborar este  pensamento. O autor cita, como exemplo, passagens da  Divina Comédia, do italiano Dante Alighieri, em que o profeta Maomé é visto como “morador do inferno”, dentre outras obras. Desta forma, o estudioso explicita que não pode ser adotado de forma plena, filosoficamente, o pensamento e visão orientalista, sob risco de tomar por  realidade o que constitui, tão somente, uma visão distorcida. Para ele, do ponto de vista  psicológico, o orientalismo é uma “paranóia”, resultado de conceitos e idéias traçados desde o século XIX. A grande verdade é que o desenvolvimento das idéias sobre o mundo oriental sempre foi processo eivado de preconceitos.O autor cita, como exemplo, a biografia do  profeta Maomé, escrita por Humphrey Prideaux, que tinha como subtítulo “A verdadeira natureza de uma impostura”. Não se tratava de um “ataque” verbal ao profeta, mas ao próprio  berço cultural que o gerou. Outra situação apontada pelo autor, quanto à visão trazida pelo Orientalismo, diz respeito, essencialmente, ao Islã. A referência de Oriente que temos, quan quando do não não incu incuti tida da de exot exotis ismo mo ou dist distân ânci cia, a, volt voltaa-se se para para o isla islami mism smoo em suas suas manifestações culturais e de religiosidade. Anteriormente ao século XVIII, aliás, toda a conce conceit ituaç uação ão de Orient Orientee vinha vinha im impre pregn gnada ada de referê referênci ncias as ao “ame “ameaça açadore dores” s” árabes árabes,, islâmicos islâmicos e otomanos. Tal idéia só passou a ser modificada quando do surgimento de trabalhos científicos que se voltavam à cultura e aos costumes ali perpetrados sob ótica diversa daquela exclusivamente européia. Como exemplo, o trabalho desenvolvido pelo estudi estudios osoo Abraha Abraham-H m-Hyac yacint inthe he Anquet Anquetil il-Du -Dupe perro rron, n, e també também m por Willia illiam m Jones Jones,, que igualmente interferiram na forma com que se via o “mundo oriental”. Graças a eles, o sâns sânscr crit ito, o, a reli religi gião ão e a hist histór ória ia indi indian anaa pass passar aram am a ser ser admi admiti tido doss como como font fontes es de conhecimento científico. Todavia, explicita o autor que O conhecimento apropriado do Oriente começava por um completo estudo dos textos clássicos e só depois passava a aplicação desses textos ao Oriente moderno. Em face face da óbvia óbvia decre decrepitu pitude de e imp impotê otênci nciaa pol políti ítica ca do orient oriental al modern moderno, o, o orient orientali alista sta europe europeuu consid considera erava va como como dever dever dele dele resgata resgatarr urna urna parte parte de urna urna   per perdi dida da gran grande deza za c1ás c1ássi sica ca do pass passado ado orie orient ntal al,, de mane maneir iraa a "fac "facil ilita itarr os melhoramentos" no Oriente do presente. O que o europeu tomava do passado clássico oriental era urna visão (e milhares de fatos e artefatos) que apenas ele  podia empregar com maior vantagem; para o oriental moderno ele dava íacilitacóes

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e melhoramentos - e, também, o benefício do seu julgamento sobre o que era melhor para o Oriente moderno. (p. 88)

As incursões de Napoleão ao Egito, embora visassem a dominação do local, também foram de grande valia aos projetos orientalistas. O imperador, fascinado  pelo Oriente, solicitou trabalhos de muitos sábios, destacando-se aqueles desenvolvidos desenvolvidos pelo conde de Volney, para desenvolver seu conhecimento sobre o local. Assim, ao iniciar seus  projetos de conquista, intentou a dominação pela conquista da confiança dos habitantes, inclusive misturando-se a eles em suas manifestações culturais e desenvolvendo relações  próximas com muçulmanos. Napoleão tinha, entretanto, muitos outros objetivos: pretendia “instruir” o Oriente, dentro das maneiras do Ocidente, subordinar seu poderio militar e reformular a cultura, identidade e definição do Oriente, alocando-o dentro da história de “glórias” do próprio imperador. Todavia, o fracasso das pretensões napoleônicas não foi capaz de destituir a importância de suas notáveis contribuições de cunho artístico, textual e cientifíco. Ademais, seguiram-se novas missões ao Oriente, em busca de um período de “novos  projetos, novas visões, novas empreendimentos que combinassem partes adicionais do velho Oriente com o espírito conquistador europeu” (p. 96). O século XIX trouxe, assim, novas  possibilidades e perspectivas, inda mais depois da histórica conquista de De Lesseps, ao atravessar o Canal de Suez. Surgiram novos estudiosos e farta produção acadêmica. Neste sentido, salienta que Para o Ocidente, a Ásia representara outrora a distância silenciosa e a alienação: o Islã era a hostilidade militante ao cristianismo europeu. Para superar essas temíveis const constant antes, es, o Orient Orientee precis precisava ava primei primeiro ro ser conhec conhecido, ido, depoi depoiss inv invadid adidoo e  possuído, e entáo recriado por estudiosos, soldados e juizes que desenterraram línguas, histórias, raças e culturas esquecidas, de maneira a situá-las - além do alcance do oriental moderno - como o verdadeiro Oriente clássico que poderia ser  usado para julgar e governar o Oriente moderno. (p. 103)

O autor, no entanto, critica estes trabalhos porque, em sua maioria,  baseavam-se tão-somente em perspectivas não-empíricas, como aquelas a embasar a proposta  Napoleônica. Identifica, no orientalismo ao longo do século XIX, dois traços principais: a autoconsciência científica, baseada na importância lingüística do Oriente para a Europa, e a inclinação a interferir no tema sem, no entanto, mudar de opinião sobre o Oriente como algo imutável, uniforme, embora peculiar (p. 107). O Oriente era apenas “olhado”, observado, como como salie salient ntara ara Flaub Flaubert ert.. O orient orientali alista sta modern moderno, o, assim, assim, disfa disfarça rçava va sua antip antipat atia ia de conhecimento profissional, e rigorosismo científico. O Oriente era visto apenas dentro de uma concepção técnica, que, após a Primeira Guerra, perderia parte de seu encanto. Assim

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O campo de ação do orientalis orientalismo mo correspond correspondia ia exatamente exatamente ao campo de ação do império, e foi essa absoluta unanimidade entre os dois que provocou a única crise na história do pensamento ocidental sobre o Oriente e nas suas tratativas com este. E a crise continua até hoje (p. 113).

 No século seguinte, a crise agigantar-se-ia, a ponto de estudiosos de renome passarem a referir-se ao Islã como mera “tenda e tribo” (p. 114). Outras atitudes orientalistas contemporâneas passaram a existir, evidenciando a nova ordem. Surgem as figuras figuras dos chinese chinesess pérfidos, pérfidos, indi indianos anos seminus seminus e muçulman muçulmanos os passivos passivos,, considera considerados dos mesmo como “abutres” à generosidade ocidental. O homem ocidental passou a analisar, esmiuçar e julgar todo o comportamento oriental. Conforme ressaltado pelo autor, os textos orientalistas não poderiam, mesmo com tanta riqueza de “detalhes”, preparar seus leitores ao grandes conflitos que se   principiaram na região após o final da Segunda Guerra Mundial. O mundo passaria a questionar, chocar-se e aumentar a distância, mais que física, entre os extremos. Como solu soluçã çãoo para para isto isto,, apon aponta ta a nece necess ssid idad adee de trab trabal alho hoss desp despid idos os dos dos velh velhos os e novo novoss   preco preconce nceit itos. os. Para Para o estudi estudioso oso,, “Inves “Investi tigar gar o orient orientali alismo smo é també também m propor propor modos modos intelec intelectuai tuaiss de tratar os problemas problemas metodológi metodológicos cos a que a história história deu origem, origem, por assim assim dizer, em seu tema de estudos, o Oriente” (p. 119). Deste modo, no segundo capítulo, intitulado “Estruturas e estruturas orientalistas” o autor busca destrinchar, cronologicamente, as principais obras e produções sobre o Oriente, indicando os mecanismos utilizados em sua produção e, ao mesmo tempo, trazen trazendo do uma farta farta expla explanaç nação ão sobre sobre como como se deu o desen desenvol volvi vimen mento to,, e també também m as transformações, transformações, das visões acerca do Oriente.  Neste capítulo, inicia evocando, precipuamente, a necessidade de se retraçar as fronteiras e redefinir as questões de estudo. Indica que, no orientalismo moderno,  permanecem ainda os elementos de correntes de pensamento inerentes ao século XVIII – a expansão, o confronto histórico, a solidariedade e a classificação. Sem a presença de tais elementos, aponta que, muito provavelmente, a concepção moderna do orientalismo não teria existido, mas se constituiria de ideais libertadores, amplos e realmente “modernos”. O orientalista se autodenominava como um herói, um desbravador, mas, na opinião do autor, não o era. Isto porque não deixava o Oriente “falar por si” (p. 131). Dois estudiosos, neste aspecto, foram de fundamental importância, ainda no século XIX: Silvestre de Sacy e Ernest Renan. Sacy, em suas obras, tomava um tom pessoal, isolando o Oriente e, de maneira didática, passava a exibi-lo, em suas partes mais representativas. Deste modo, trazia à tona seu poder, como autoridade no assunto, de significar o Oriente, buscando 4

decifrá-lo e, a seguir, seguir, disponibilizando seu conhecimento. É, por isto, considerado o “pai” do Orientalismo Orientalismo – embora aqueles que o seguiram, ao interpor suas próprias visões pessoais, não  puderam desenvolver com tanta maestria. Renan, Renan, noutr noutroo senti sentido, do, desen desenvol volveu veu seu seu trabal trabalho ho associ associand andoo o Orie Orient ntee às mo mode dern rnas as disc discip ipli lina nass comp compar arat ativ ivas as,, como como a filo filolo logi gia, a, conf conferi erind ndoo maio maior  r  visibilidade às estruturas do Orientalismo. Utilizava-se, assim, ao se referir ao Oriente, de uma li lingu nguage agem m extrem extremame amente nte enraiz enraizada ada em li linha nhass filol filológi ógica cas, s, que era empol empolgad gadaa e romântica. Entretanto, por motivações pessoais, Renan havia substituído sua fé cristã pelo estudo do semítico e, ao fazer afirmações sobre povos judeus ou muçulmanos, o fazia sempre s empre com severas restrições. Assim, “todo o esforço de Renan foi para negar a cultura oriental o direito de ser gerada, a não ser. artificialmente artificialmente no laboratório filológico” (p. 156). Mas Renan não era o único. Os orientalistas, como muitos pensadores do início do século XIX, concebem a humanidade como grandes termos coletivos ou como generalidades abstratas. Os orientalistas nem estão interessados nem são capazes de discutir indivíduos; em vez disso, disso, o que predomin predominaa são as entidad entidades es artifi artificia ciais, is, talvez talvez com com raízes raízes no  popul  populism ismoo herder herderian iano. o. Há orient orientais ais,, semita semitas, s, asiáti asiáticos cos,, rnuçul rnuçulman manos, os, árabes árabes,,  judeus, raças, mentalidades, nações e coisas do gênero, algumas delas o produto de operações eruditas do tipo encontrado na obra de Renan. Do mesmo modo a distinção, velha de séculos, entre a "Europa" e a "Ásia", ou "Ocidente" e "Oriente" carrega, sob rótulos muito abrangentes, todas as variações possíveis da plu plural ralida idade de humana humana,, reduzi reduzindondo-aa no proces processo so a urna urna ou duas duas abstra abstraçõe çõess coletivas terminais. (p. 163).

O autor cita, como embasamento, obras e pensamento de Marx que trouxeram considerações de grande importância sobre o tema. Destaca, então, o trabalho de Lane, estudioso inglês que reprogramava e re-situava essencialmente o Oriente quando escrevia sobre ele. Utilizava-se da prosa normativa européia para descrever, de maneira acessível ao Ocidental, as excentricidades do oriental, com seus calendários diversificados, as diferenças lingüísticas e até mesmo a ausência do decoro moralista típico do povo europeu. Salienta ainda que, ao longo do séc século XIX, houve um enriquecimento destas idéias por ser o Oriente um grande núcleo de roteiros turísticos. A  população estava ávida pelo Oriente, embora buscasse mais um aspecto externo que interno. O orientalista, neste cenário, se via como um observador, escritor. Absorvia e exalava conhecimento, dentro da poesia, da atmosfera e das possibilidades que tanto encantavam o mero mero obse observ rvad ador or,, viaj viajan ante te em busc buscaa de exot exotis ismo mo.. Chat Chatea eaub ubri rian and, d, fran francê cês, s, em suas suas expedi expediçõe ções, s, també também m parti particip cipou ou deste deste momen momento, to, retran retransmi smitin tindo do suas suas experi experiênc ência iass e impressões.

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Inúme Inúmero ross estu estudi dios osos os segu seguir iram am-se -se,, busc buscan ando do reco recolh lher er nota notass e construções acadêmicas pessoais acerca do Oriente. Destacam-se, para o autor, os esforços de Burton, que, desenvolvendo um trabalho intermediário entre o intenso subjetivismo e a imparcialidade extrema, que eram características marcantes em seus antecessores, trouxe documentação documentação farta e gerou uma produção bem fundamentada fundamentada e rica em detalhes. O terceiro capítulo, cognomizado “O orientalismo hoje”, inicia-se com um retorno às explanações iniciais, tendo por objeto reiterar o desígnio indicado pelos capítulos anteriores. O autor explica que, pela utilização de obras dos grandes escritores, filósofos e poetas que usaram o Oriente como referencial, construiu uma caricata figura, que representa o Orientalismo em suas vertentes, conquanto direcionamento direcionamento científico. E, sobre a forma com que foi concebido, aduz: O Oriente que aparece no orientalismo, portanto, é um sistema de representações enquadrado por todo um conjunto de forças que introduziram o Oriente na cultura ocidental, na consciência ocidental e, mais tarde, no império ocidenta1. Se esta definição do orientalismo parece mais  polít  política ica que out outra ra coisa, coisa, isso isso aconte acontece ce apenas apenas porque porque acredit acreditoo que o própri próprioo orientalismo foi um produto de certas forcas e atividades políticas. O orientalismo é urna urna esco escola la de inte interp rpre reta taçã çãoo cujo cujo mate materi rial al,, por por acas acaso, o, o Orie Orient nte, e, suas suas civilizações, seus povos e suas localidades. (p. 209)

Por tal expediente, o autor traz que o orientalismo não é apenas doutrina doutrina positiv positiva, a, mas uma realidad realidadee de caráter caráter mult multifa ifacetá cetário, rio, servindo-se servindo-se conquant conquantoo orientação acadêmica e área de interesse para curiosos e interessados dos mais diversos campos de atuação. Conclui que, no século XIX, o europeu tinha visão puramente racista do Oriente, por enxergar o mundo de forma etnocêntrica. Foram precisos esforços e pressões de cultura geral para que, diferenciando-se diferenciando-se corretamente Leste e Oeste, se pudesse construir construir uma ciência despida dos preconceitos anteriormente vigentes. O autor distingue o orientalismo latente, formado por concepções inconscientes e intangíveis do Oriente, do orientalismo manifesto , que é este conjunto de visões e idéias que se encontram declaradas, impressas, transmitidas. Expl Explic icaa que que o inte intere ress ssee euro europe peu, u, e depo depois is o amer americ ican ano, o, pelo pelo Ociden Ocidente, te, princi principi piouou-se se por mot motiv ivaç ação ão de ordem ordem histór histórica ica (pelas (pelas lut lutas as e conqu conquis istas tas territoriais, territoriais, por exemplo), mas que a cultura foi quem, de fato, intensificou intensificou o interesse, interesse, ainda que agindo em conjunto com as fundamentações políticas, econômicas e militares. Assim, misturando-se no cenário aquilo que é manifesto àquilo que é puramente insinuado, o autor  indica que o orientalismo foi se descortinando em todas as suas ramificações, erros e acertos.

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E, no enta entant nto, o, apes apesar ar dos dos seus seus fraca fracass ssos os,, da sua sua lame lament ntáv ável el lingu linguag agem em especi especiali alizad zada, a, do seu mal ocultad ocultadoo racism racismoo e da fragil fragilida idade de do seu seu aparat aparatoo intelectual, o orientalismo floresce hoje nas formas que tentei descrever. De fato, há urna razáo para alarme no fato de a sua influência ter se estendido ao próprio Oriente; as páginas dos lívros e jornais em língua árabe (e sem dúvída ern japones, em div divers ersos os dialet dialetos os ind indian ianos os e em out outras ras língu línguas as orient orientais ais)) estáo estáo cheias cheias de análíses de segunda categoria feitas por árabes sobre "a mente árabe", "o islã” e outros mitos. (p. 326)

Ao fina final, l, alud aludin indo do ao desl desloc ocam ameento nto da hege hegemo moni niaa dos dos país países es europeus à América, e mais intensamente aos Estados Unidos, conquanto potência potência altamente altamente infl influe uenc ncia iado dora ra,, volt voltaa-se se para para as real realid idad ades es inte intele lect ctua uais is e soci sociai aiss do orie orient ntal alis ismo mo  predominantes no “Novo Mundo”. Ressurgem, ainda que de forma disfarçada, o dirigismo intelectual, a supremacia auto-proclamada e muitos preconceitos velados. O autor explicita que os americanos mantém sob constante vigilância, e até mesmo sob sua dominação, a economia do Oriente – e cita, além da questão do petróleo, o crescente consumismo dos   pov povos os orie orient ntai ais, s, que que dige digere rem m os prod produt utos os da nova nova cult cultur uraa de form formaa ávid ávida. a. Há um umaa desvalorização, pouco percebida, da própria cultura. E tais considerações são explicitadas quando o autor diz que Há todo tipo de outras indicações de como é mantida a dominação cultural, tanto  por consentimento consentimento oriental quanto por pressões pressões econômicas econômicas diretas diretas e grosseiras grosseiras  por parte dos Estados Unidos. Faz-nos mais moderados descobrir, por exemplo, que, ao passo que existem dúzias de organizações nos Estados Unidos para estudar  o árabe e o Oriente islâmico, não existe nenhuma no próprio Oriente para estudar  os Estados Unidos, de longe a maior influencia influencia econômica econômica e política na região. região. Pior, Pio r, mal existe existem m quaisq quaisquer uer instit instituiç uições ões,, até mesmo mesmo de estatu estatura ra modest modesta, a, no Oriente, devotadas ao estudo do Oriente. (p. 328)

O auto autorr apon aponta ta,, assi assim, m, solu soluçõ ções es a sere serem m cons consid ider erad adas as para para a comp compen ensa saçã ção, o, e a tran transm smut utaç ação ão,, dest destes es fenô fenôme meno nos. s. Indi Indica ca a poss possib ibil ilid idad adee de um umaa “descolonização”, lançando-se mão, igualmente, da individualização das culturas, postura  passível de trazer, como conseqüência, o fim do “narcisismo” e das hostilidades em relação ao outro. Embora acredite que a erudição nos discursos, e a maneira sempre intelectual, ideológica, fantasiosa e política com que o orientalismo se propaga, não possam ser de todo sanadas, Said acredita que, amoldando-se às vivências e sendo estas iluminadas   pel peloo estu estudo do,, será será poss possív ível el atin atingi girr pata patama mare ress mais mais elev elevad ados os de cons consci ciên ênci cia. a. E, por  por  conseguinte, conseguinte, lançar mão de todas as construções equivocas que até então se fizeram, a fim de  produzir uma nova realidade. Encerra, sob tal interesse, indicando que, se porventura “(...) o conhecimento do orientalismo tem qualquer sentido, é como um lembrete da sedutora

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degrad degradaçã açãoo do conhec conhecim iment ento, o, qualqu qualquer er conhe conheci cimen mento to,, em qualqu qualquer er lugar lugar,, a qualq qualquer  uer  momento. Hoje em dia talvez mais que antes”. (p. 332) Fato Fato é que que são são evid eviden ente tess os esfo esforç rços os do auto autorr no sent sentid idoo de decompor o orientalismo sob todas as figuras que se impõe a título de conceito, e analisar, de maneira pormenorizada, os erros e acertos que o construíram, ao longo do tempo, até adquirir  a forma que possuía quando da produção de sua obra. Embora de forma repetitiva e, por  vezes, até confusa, no tocante à (des)construção histórica que antecede suas considerações crític críticas, as, o autor autor denota denota franca franca insat insatisf isfaçã açãoo com com a reali realidad dadee int intele elect ctual ual e doutri doutrinár nária ia  propagada à sua época, mas esperanças de transformação, ainda que vagarosa.  No intróito da obra, o autor salienta sua vontade de realizar um “desaprendizado”, “desaprendizado”, ou seja, um trabalho trabalho inverso, visando limpar limpar do “sendo comum” tudo o que se divulgou, ensinou e propagou acerca do Oriente quando fundado em proposições que não possuíam o necessário embasamento fático. É visível que, quando propaga seus maiores temores voltados às imprecisões e distorções, o autor quer reforçar este desejo de encontrar caminhos para corrigir as falhas, ou ao menos sanar seus efeitos. O prob proble lema ma é enco encont ntra rarr um pont pontoo de equi equilí líbr brio io.. Ou, Ou, mais mais corretamente, uma fórmula suficiente para, correndo contra o tempo ao apagar todas as impressões errôneas até então construída, não se omitissem as novas concepções, sendo  possível, igualmente, corrigi-las antes mesmo de se propagarem. A verd verdad adee é que, que, num num mu mund ndoo glob global aliz izad ado, o, o conh conhec ecim imen ento to é transmitido transmitido em proporções inimagináveis, inimagináveis, e velocidade vertiginosa. vertiginosa. Não é apenas o ambiente que sofre alterações, mas a visão que dele se têm. A “moda” surge como termo e sentido para explicar tamanha maleabilidade nos pensamentos e vontades humanas; porém, não é capaz de descrever por qual motivo surgem e somem tão rapidamente ídolos, arquétipos e, também, opiniões. Em seu prefácio à edição de 2003, o autor declara que permanecem surgindo mudanças, conflitos e controvérsias no Oriente. E de fato, estas é que tornam sua obra, ainda que pautada muito mais em fenômenos históricos que num “futurismo” ficcional, sempre atualizada e utilizável. Por certo que, ao encerrar o estudo já prenunciando uma visão oriental burlesca - que padeceria dos vícios da teatralidade e da comicidade com que os americanos desenham as outras sociedades - o autor sequer vislumbrava realidade tão difusa

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e completamente distante das propostas que trouxera, em que o modo de vida do “outro” seria analisado por óticas pessoais e a cultura alheia termina como objeto de depreciação. Os muitos conflitos no Oriente Médio; o surgimento de líderes religiosos e políticos que, de certa forma, ameaçaram a “invasão cultural” americana; as ações de grupos terroristas radicais e, com muito maior propriedade, o ataque às Torres Gême Gêmeas as,, no fatí fatídi dico co 11 de sete setemb mbro ro,, ineg inegav avel elme ment ntee fize fizera ram m ress ressur urgi girr, com com maio maior  r  intensidade, os preconceitos ocidentais atribuídos ao século XVIII. O oriental deixou de ser  um factóide e tornou-se uma ameaça. Do dia para noite, indivíduos de origem islâmica se viram alvos de  perseguições das mais diversas searas. Prisões infundadas, agressões, tudo era meio para externar a intolerância, que, sob a justificativa do medo, talvez escondesse pretensões muito mais densas. Transcorridos Transcorridos tantos anos, e já com o anúncio do novo presidente americano da saída progressiva de suas tropas do território oriental, poderia um perfeito otimista imaginar  que o pensamento “dominante” ocidental estaria prestes a dar uma trégua ao oriental. A verd verdad adee é que, que, aind aindaa que que não não haja hajam m mais mais perse persegu guiç içõe ões, s, o  preconceito continua, sempre velado, subentendido, maquiado. Talvez alvez,, ao anali analisar sar com com maior maior acuid acuidade ade tod todas as as progre progressi ssiva vass edificações históricas da obra de Edward W. Said, e transportá-las à nossa realidade, o leitor  fique com a impressão de que, no fundo, não houve uma “evolução”, mas apenas o surgimento de novos pontos de vista que não excluíram, em momento algum, aqueles crendices dos colonizadores. colonizadores.  Não foi o colonialismo quem criou, sozinho, a idéia imperativa de Orie Orient nte. e. Ante Antess mesm mesmoo de ir ao seu seu enco encont ntro ro,, o Ocid Ociden ente te já havi haviaa se apro apropr pria iado do,, intelectualmente, intelectualmente, do Oriente, por suas produções ideológicas e míticas. E a própria sociedade sociedade moderna, mesmo possuindo meios para obter conhecimento adequado, limita-se a aceitar e fazer reviver estes ideais, tão imprecisos quanto os vigentes no século XVIII. Mesm Mesmoo pert perten ence cend ndoo a um país país dito dito “ter “terce ceir iroo mu mund ndo” o”,, somo somoss convidados, diariamente, pela TV, pelos filmes, pela internet, e por todos os demais meios de comunicação, comunicação, a desbravar um Oriente que ainda é visto como fonte de exotismo, imoralidade e primitivismo. Sua cultura, seus costumes, suas vestimentas, sua religião, não nos são mostrados de maneira respeitosa, parcial, equânime. Somos convidados a não apenas julgar, como também a condenar, arbitrariamente, os povos ali instalados. E estes cedem, cada vez mais, espaço aos “ocidentalismos”.

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O que falta à obra de Said quiçá seja a presença de discurso mais acessível – embora não lhe falte atualidade. Porque, embora tão divulgada, traduzida e   pro propa paga gada da,, sofre ofre do mes mesmo mal mal que gran grande dess prod produç uçõe õess li lite terá rári rias as univ univer erssais: ais: a impossibilidade de atingir, fundamentalmente, o público a que se destina. Seu discurso, por  vezes vezes recaindo recaindo em preciosi preciosismos smos e circunló circunlóquio quioss filosóf filosóficos icos,, embora embora recheado recheado de boas intenções, por vezes chega muito próximo à erudição que tanto condena ao longo da obra. Claro que, alterar-lhe a forma ou o conteúdo, inda mais sem a presença física do autor e,  portanto, sem o seu expresso consentimento, poderia implicar em empobrecê-la. A solução seria, talvez, acrescer-lhe novos exemplos práticos, práticos, dentro das sociedades sociedades para onde o livro é traduzido, possibilitando sua utilização até mesmo fora dos meios acadêmicos, fazendo com que se tornasse representação viva daquilo que apregoa. E se, a título de ideação, optamos por tal proposição, é justamente  por acreditar, sinceramente, que obra de tão grande valor merece lugar de destaque não apenas nas bibliotecas, mas também nas livrarias. Se a cultura de massa orienta que todos adqui adquiram ram,, leiam leiam e apliq apliquem uem em sua sua viv vivên ência cia produç produções ões vol voltad tadas as ao enriqu enriqueci ecimen mento to subjetivo, sob o tema da “auto-ajuda”, porque não seria possível propagar obras de interesse continental, mundial? Deste modo, poderia a leitura trazer perspectivas perspectivas ponderadas sobre o Oriente mesmo ao indivíduo desprovido de recursos, que não poderia jamais se deslocar às suas expensas e, partindo rumo ao Oriente como estudioso e não como breve turista, “ver   para crer”. Este indíviduo é quem, hoje, vem sendo o grande alvo da contracultura, e seu maior maior divulgad divulgador or..

Fornecendo Fornecendo-lhe -lhe novas visões visões poderia abandonar abandonar aqueles aqueles conceitos conceitos

errôneos, e, quem sabe, substituir substituir os juízos de valor até então construídos. construídos. Seria lícito, deste modo, não apenas ao erudito, mas a qualquer   pessoa, construir concepções modernas modernas e seguras sobre as fronteiras geográficas a separar tão díspares, e tão idênticas, porções da Humanidade. E, permitindo que o conhecimento fosse semeado, o Oriente não seria mais objeto de temores, nem de confabulações infundadas, mas, ao menos, de respeito. No fundo, cremos ser esta a pretensão de Said, em suas inúmeras tentativas tentativas de chamar a atenção do leitor, leitor, ao longo de toda a discussão, para a injustiça injustiça que se   perfa perfazia zia não tanto tanto dos compor comporta tamen mentos tos ociden ocidentai tais, s, mas com maior maior gravi gravidad dadee de seus seus   pensa pensame mento ntos. s. Consi Consider derand ando-s o-see as recen recentes tes produ produçõe çõess artíst artística icass vol volta tadas das ao Orient Oriente, e, e divulgada nos meios de massa, temos que este escopo, embora implícito, não poderia ser  mais apropriado.

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