Fichamento O imaginário da magia

January 17, 2019 | Author: Mayra | Category: Inquisition, Rituals, Heresy, Witchcraft, Love
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Se descontarmos a misoginia dominante na época (inspirada, como vemos, na narrativa do pecado original), o fato é que po...

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Universidade Estadual de Santa Cruz Departamento de Filosofia e Ciências Humanas

Fichamento

As Práticas 1. O conh conhecim ecimento ento das coisas coisas ocul ocultas tas “Se descontarmos a misoginia dominante na época (inspirada, como vemos, na narra narrati tiva va do peca pecado do orig origin inal) al),, o ato ato é !ue !ue podem podemos os cons consta tatar tar nos nos proc process essos os de in!uisi"#o como o destino individual mo$ili%ava $oa parte dos pro$lemas colocados &s eiticeiras por uma clientela largamente diversiicada' (p. ). “A adivinha"#o n#o implica apenas invoca"#o, técnica na escolha e manipula"#o dos materiais, interpreta"#o dos resultados o$tidos* o sacriicio está tam$ém presente em alguns dos procedimentos detectados, so$retudo na!ueles em !ue se procura inclinar  o destino, mais do !ue prever' (p. +). “A li$erta"#o da pris#o constitui outro o$-eto de adivinha"#o e devo"#o'. “A escolha dos materiais, dos espa"os e dos tempos n#o é casual e o$edece, muitas ve%es, a um cdigo sim$lico comple/o, ligado pela tradi"#o mas adaptado e renovado pela e/peri0ncia' (p. +1). “A capacidade atri$uda & eiticeira n#o se circunscrevia ao conhecimento do uturo terreno, estendendo2se a previs#o do destino do além da morte' (p. +3). “4m “4m todo todo caso, caso, a eiti eiti"ar "aria ia tinh tinhaa uma uma orm ormaa prp prpri riaa de sa$er sa$er os desti destino noss individuais depois da morte !ue a apro/imava do nigromante' (p. +5). “A desorgan desorgani%a" i%a"#o #o amilia amiliarr provoc provocada ada pela pela e/pans# e/pans#o o e/plica e/plica a prous# prous#o o de  pedidos para determinar a sorte de maridos, amigos, ilhos ou genros desaparecidos havia vários anos' (p. +).

“A comunica"#o com as almas parece constituir uma prática mais ou menos corrente, !ue e/travasava a compet0ncia especica das eiticeiras e assumia as ormas mais variadas' (p. +6). “7omo vemos, esses procedimentos nem sempre se desligavam da ortodo/ia catlica, veriicando2se algumas práticas “supersticiosas' !ue aproveitavam elementos do sagrado crist#o para eetuar ritos considerados ilegtimos pela hierar!uia da 8gre-a' (p. +9). “O conhecimento das coisas ocultas, portanto, podia ser alcan"ado por revela"#o direta, através de sonhos e vis:es, sem o recurso a con-uros e ritos propiciatrios' (p. 3). 3. O domnio so$re o corpo “O corpo era, antes de mais nada, vivido como um instrumento produtor e reprodutor, su-eito &s deorma":es constantes impostas pela alimenta"#o deiciente, a aus0ncia de condi":es sanitárias, a guerra, a $riga, a gravide% e o parto' (p. 5). “;essa perspectiva, o corpo era sentido como algo e/posto, a$erto ao e/terior, o$-eto da intromiss#o de or"as ocultas' (p. nea, a-uda a compreender a import>ncia da eiti"aria ertica em Portugal' (p. 99). “O poder das palavras encantatrias ultrapassava por ve%es o >m$ito dos sentimentos e das vontades para ter um eeito material imediato e visvel' (p. 15). “A invoca"#o dos dem@nios era tida como mais audaciosa, n#o s pela transgress#o !ue implicava, como tam$ém pela potencialidade dos seus eeitos' (p. 1ncias e/pelidas pelo corpo num momento de passagem capital permite2nos compreender a valori%a"#o, no mundo dos vivos, das matérias mais ntimas segredadas pelos corpos dos amantes, so$retudo no ato se/ual' (p. 19). “;#o s os elementos segredados pelo corpo !ue assumem uma grande import>ncia na eiti"aria amorosaD os elementos com os !uais o corpo está em contato tam$ém ad!uirem, em parte, suas caractersticas, podendo ser o$-eto de eiti"os' (p. 113).

“Os atos de eiti"aria s#o, por nature%a, am$guos !uanto &s suas inten":es e eeitos, pois os ritos !ue avorecem o amor podem provocar simultaneamente o desamor  no caso do envolvimento de terceiros' (p. 11). “As práticas descritas, propiciadoras do amor ou do desamor, podiam atingir um elevado nvel de viol0ncia sim$lica' (p. 119). “4m todos esses casos temos uma série de ases pereitamente deinidas* o sintoma (impot0ncia, rigide%, esterilidade, marginali%a"#o diante dos -ogos amorosos)D o sentimento de estar ligadoD a procura da eiti"aria para o$ter o desligamentoD desligamento !ue implica a identiica"#o do responsável e um procedimento mágico destinado a sanear o anterior' (p. 133). “A sociedade do Antigo Cegime é uma sociedade !ue se sente amea"ada, n#o s  pelos inimigos e/teriores, como tam$ém pelos inimigos interiores. ;este Eltimo caso, as rela":es interpessoais s#o particularmente tensas diante do risco cotidiano do mau2 olhado, do a$orrecimento ou do ligamento por magia. A eiti"aria, além de manipular  vontades, podia ainda dar corpo a um dos sentimentos mais temveis, o dio' (p. 13). As 7ren"as
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