Fichamento Livro Sociedade Rede Castells

February 15, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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A sociedade em rrede ede http:/ p:/// estudos udosdec decomun omunic icac acao ao.blogs .blogspot. pot.c c om/ om/20 2007 07// 09 09// soc ociedad iedadee-em-rede.ht em-rede.html ml  

A era da informação: economia, sociedade e cultura - volume 1: A soc ocieda iedade de em rred ede e (Ma (Manu nuel el C Cast astells ells - 1999) Prólogo: a Rede e o Ser 

O capitalismo passa por um processo de profunda reestruturação, caracterizado por maior flexibilidade de gerenciamento; descentralização das empresas e sua organização em redes tanto internamente quanto em suas relações com outras empresas; considerável fortalecimento do capital face o trabalho, com declínio concomitante da influência dos movimentos de trabalhadores; individualização e diversificação cada vez maior das relações de trabalho; incorporação maciça das mulheres na força de trabalho remunerada, geralmente em condições discriminatórias; intervenção estatal para desregular os mercados de forma seletiva e desfazer o estado de bem-estar social com diferentes intensidades e orientações, dependendo da natureza das forças e instituições políticas de cada sociedade; aumento da concorrência econômica global em um contexto de progressiva diferenciação dos cenários geográficos e culturais para a acumulação e gestão de capital; integração global dos mercados financeiros. Devido a essas tendências, houve também uma acentuação do desenvolvimento desigual, desta vez não apenas entre o Norte e o Sul, mas entre todos os segmentos e territórios dinâmicos das sociedades em todos os lugares e aqueles que correm o risco de tornarem-se não pertinentes sob a perspectiva da lógica do sistema. Na verdade, observamos a liberação paralela de forças produtivas consideráveis da revolução informacional, e a consolidação de buracos negros de miséria. Além disso, um novo sistema de comunicação que fala cada vez mais uma língua universal digital tanto está promovendo a integração global da produção e distr dis tribui ibuiçç ã o de palavr pa lavra a s, ssons ons e image imagens ns de nos nosssa c ultur ultura a , como c omo os pers persona onalilizza ndo ao gosto das identidades e humores dos indivíduos. As redes interativas de computadores es estão tão c res escc endo ex expo ponencialm nencialmente, ente, cri criando ando novas for formas mas e c ana anaiis de c omun omuniic aç ã o, moldando a vida e, ao mesmo tempo, sendo moldadas por ela. Simultaneamente, as atividades criminosas e as organizações ao estilo da máfia de todo o mundo também se tornaram globais e informacionais. As mudanças sociais são tão drásticas quanto os processo de transformação tecnológica e econômica, indo desde a condição feminina até a consciência ambiental. Os sistemas políticos estão mergulhados em uma crise estrutural de legitimidade, periodicamente arrasados por escândalos, com dependência total de cobertura da mídia e de liderança personalizada, e cada vez mais isolados dos c idad idadã ã os os.. O Oss movi movimentos mentos soc iais tende tendem m a ser fr fra a gmentad gmentados, os, lloc oc a is, is, ou c om o objeti bjetivos vos únicos, efêmeros. Nesse mundo de mudanças confusas e incontroladas as pessoas tendem a reagruparem-se em torno de identidades primárias: religiosas, étnicas, territoriais e nacionais. Em um mundo de fluxos globais de riqueza, poder e imagens, a busca da identidade, coletiva ou individual, atribuída ou construída torna-se a fonte básica de significado social. É a principal e talvez única fonte de significado em um período histórico caracterizado pela ampla desestruturação das organizações, deslegitimação das insti ins titui tuiçç ões õe s, enfr e nfra a que quecc imento imento de impo imporrtante tantess m movimentos ovimentos ssoc oc iais e expres expresssõe õess cultur cultura a is

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efêmeras. Cada vez mais, as pessoas organizam seu significado não em torno do que fazem, mas com base no que elas são ou acreditam que são. Enquanto isso, as redes globais de intercâmbios instrumentais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países, de acordo com sua pertinência na realização dos objetivos processados na rede, em um fluxo contínuo de decisões estratégicas. Segue-se uma divisão fundamental entre o instrumentalismo universal abstrato e as identidades particularistas historicamente enraizadas. Nossas sociedades es estão tão c a da vez m ma a is es estr trutu uturra das da s em uma o opo possiçã ição ob bipolar ipolar entr entre e a Red ede ee oS Ser. er. Tec ecnologia nologia,, soc ocieda iedade de e tr transf ansform ormaç aç ão históric órica a 

O dilema do determinismo tecnológico é, provavelmente, um problema infundado, dado que a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas. Ass Assim, quando na déc ad ada a de 1970 u um m novo pa parrad adigm igma a tecnológico tecnológico,, or orga gani nizzad ado o c om base na tecnologia da informação, veio a ser constituído, foi um segmento específico da sociedade norte-americana, em interação com a economia global e a geopolítica mundial, que concretizou um novo estilo de produção, comunicação, gerenciamento e vida. E é provável que esta origem no contexto californiano dos anos 70 tenha tido grandes conseqüências para as formas e a evolução das novas tecnologias da inform informaç aç ão ão.. Ap esa Apes a r do pa pel pe l iimport mportante ante do financ financ iamento mil milit ita a r nos pri primeir meiros os es estágios, tágios, o g grrand ande e progresso tecnológico que se deu a partir de então pode ser relacionado de certa forma à cultura da liberdade, da inovação individual e iniciativa empreendedora oriunda dos campi norte-americanos da década de 60. A ênfase nos dispositivos personalizados, na interatividade, na formação de redes e na busca incansável de novas descobertas tecnológicas, mesmo quando não faziam muito sentido comercial, não c ombin ombinava ava c om a tr trad adiiç ão c autel autelos osa ad do o mun mundo do c or orpo porrati ativo. vo. No entanto, logo que estas tecnologias se propagaram, foram apropriadas por diferentes países, várias culturas, organizações diversas e diferentes objetivos, explodindo em todos os tipos de aplicações e usos, mas guardando certas c a ra c terí teríssti ticc a s or originais iginais.. Algo que também deve ser guardado para o entendimento da relação entre tecnologia ieda de tecnológica éq que ue o p pap apel do fator Es Estado tado, , sseja eja int inter errrompendo ou promov promovendo endo e liderandoeasoc inovação éelum decisivo no processo geral, à medida que expressa e organiza as forças sociais dominantes em um espaço e uma época determinados. A tecnologia expressa a habilidade de uma sociedade para impulsionar seu domínio tecnológico por intermédio das instituições, e o processo histórico em que esse desenvolvimento de forças produtivas ocorre assinala as características da tecnologia e seus entrelaçamentos com as relações sociais. E não é diferente na revolução tecnológica atual. Ela originou-se e difundiu-se, não por acaso, em um período histórico da estruturação global do capitalismo, para o qual foi uma ferramenta básica. Portanto, a nova sociedade emergente deste processo de transformação é capitalista e também informacional, embora apresente variação histórica considerável nos diferentes países. Este livro estuda surgimento nova manifestada formas for mas co confor nforme me ao diver divers sidad idade e de de uma c ultur ultura a s e ins inestrutura stitui tituiçç õe õesssocial, em tod todo o o plane planeta. ta.sob Es Esssavárias nova

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estrutura social está associada a um novo modo de desenvolvimento, o informacionalismo, historicamente moldado pela reestruturação do modo capitalista de produçã o no fi final nal do séc ulo ulo XX XX.. C ap apit italismo alismo e inf inform ormac acionalismo ionalismo 

Cada modo de desenvolvimento é definido pelo elemento fundamental à promoção da produtividade no processo produtivo. No modo agrário consegue-se excedente por incremento de mão-de-obra e recursos naturais; no modo industrial, a principal fonte de produtividade reside na introdução de novas e baratas fontes de energia; no modo informacional, a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e de comunicação de símbolos. Conhecimento e informação são cruciais em todos os modos de produção, mas o novo no informacionalismo é a ação de conhecimentos sobre os próprios conhecimentos como a principal fonte de produtividade. E os modos de desenvolvimento modelam toda a esfera de comportamento social, inclusive a comunicação simbólica. Portanto, devemos esperar o surgimento de novas formas hi hisstór tórica icass de in inter tera a ç ã o, c ontr ontrole ole e trans transfor formaç maç ã o soc social. ial. A reestruturação capitalista foi o fator histórico mais decisivo para a formação do paradigma da tecnologia da informação, porque a tecnologia possibilitou as reformas que o novo c a pitali pitalissmo exi exigia. gia. Após o fim do sucesso do modelo com crisesdas do petróleo e inflação de 1974 e 1979,keynesiano uma série de de crescimento, reformas, tanto noas âmbito instituições como no do gerenciamento empresarial, visavam quatro objetivos principais: aprofundar a lógica capitalista de busca de lucro nas relações capital/trabalho; aumentar a produtividade do trabalho e do capital; globalizar a produçã o, cciirc ulaç ulaç ão e merca mercado doss, aprovei aproveitando tando a s c ondiçõ ondições es mais vantajos vantajosas as para a obtenção de lucros em todos os lugares; e direcionar o apoio estatal para ganhos de produtividade e competitividade das economias nacionais, freqüentemente em de detr trim imento ento d da a proteç proteção ão soc ial e da s norm normas as de inter interes essse p públi úblicc o. A inovação tecnológica e a transformação organizacional com enfoque na fl flex exiibilidade bilidade e a da daptabil ptabiliida dade de for foram am c ruciais par pa ra gar ga ranti antirr a vel veloc oc idade da de e a efic efic iênc ênciia da rees ee str trutu uturra ç ã o. Po Porrtanto, o inform informa a c ionali ionalissmo e esstá tota totalm lmente ente liliga gado do à expa expans nsã ão e a o rejuv rejuvenesciment enescimento o do c ap apit ita a lilissmo. O Ser na sociedade informacional

Os primeiros passos históricos das sociedades informacionais parecem caracterizá-las pela preeminência da identidade como seu princípio organizacional. Mas afirmação de identidade não significa necessariamente incapacidade de relacionar-se com outras ou abarcar toda a sociedade sob esta identidade, como aspiram os fundamentalismos. Para Alain Touraine, numa sociedade pós-industrial em que os serviços culturais substituíram os bens materiais no cerne da produção, é a defesa da personalidade e da cultura do sujeito contra a lógica dos aparatos e mercados que substitui a idéia da lut luta a de c las lassses. É significativo que fundamentalismos de todos os tipos tenham se difundido por todo o mundo momentoindivíduos em que as de riqueza poder conectam pontos nodais enovalorizam emredes todoglobais o planeta, emboraedesconectem e excluam

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grandes segmentos das sociedades, regiões e até países inteiros. Parece haver uma lógica de excluir os agentes da exclusão: o processo de desconexão torna-se recíproco após a recusa, pelos excluídos, da lógica unilateral de dominação estrutural e ex e xc lu lussã o soc social. ial. 1) A Revolução da Tecnologia da Informação  Que revoluçã o?  revolução?

No final do século XX estamos vivendo um intervalo cuja característica é a transformação de nossa "cultura material" pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico tecnológic oq que ue sse eo orrga gani nizza em tor torno no da tecnologia d da a inf nfor ormaç mação ão.. O proce processso a tu tual al de transformação tecnológica expande-se exponencialmente em razão de sua capacidade de criar uma interface entre campos tecnológicos mediante uma linguagem digital comum na qual a informação é gerada, armazenada, recuperada, processada e transmitida. Vivemos em um mundo que se tornou digital. Esse é um evento histórico da mesma importância da revolução industrial do século XVIII, induzindo um padrão de descontinuidade nas bases materiais da economia, sociedade e cultura. Diferentemente de qualquer outra revolução, o cerne da transformação que estamos vivendo na revolução atual refere-se às tecnologias da inf nform ormaç aç ão ão,, pr proc oc es esssamento e c omun omuniic aç ão. ão . O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentospara e informação, mas conhecimentos a aplicação desses conhecimentos informação geração de e de dispositivos e edessa de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. Os usos das novas tecnologias de telecomunicações nas duas ultimas décadas passaram por três estágios distintos: a automação de tarefas, as experiências de usos e a reconfiguração das aplicações. Nos dois primeiros estágios, o progresso da inovação tecnológica baseou-se em aprender usando. No terceiro estágio, os usuários aprenderam a tecnologia fazendo, o que acabou resultando na reconfiguração das redes e na descoberta de novas aplicações. O ciclo de realimentação entre a introdução de uma nova tecnologia, seus usos e seus desenvolvimentos em novos domínios torna-se muito mais rápido ao novo paradigma tecnológico. Conseqüentemente, a difusão da tecnologia amplifica seu poder de forma infinita, "à medida que os usuários apropriam-se dela e a redefinem". Dessa forma, os usuários podem assumir o controle da tecnologia como no caso da Internet. Pela primeira vez na história, a mente humana é uma força direta de produção, não apenas um elemento decisivo no sistema produtivo. As novas tecnologias da informação difundiram-se pelo globo com a velocidade da luz em menos de duas décadas, entre meados dos anos 70 e 90, por meio de uma lógica que é a característica dessa revolução tecnológica: a aplicação imediata no próprio desenvolvimento da tecnologia gerada, conectando o mundo através da tecnologia da informação. Na verdade, há grandes áreas do mundo e consideráveis segmentos da pop popul ulaç aç ão que e esstão d des escc onec onectado tadoss do novo ssiistem tema a tec tecnol nológic ógico. o. A Ass áreas desconectadas são cultural e espacialmente descontínuas. A seqüência histórica da Revolução da Tecnologia da Informação 

A breve, porém intensa, história da revolução da tecnologia da informação foi contada noslis últimos anos que é desnecessário  Tod  T odavia, avia, tantas é út útiil vezes pa parra aná análi se nos lem lembr brarm armos os do doss pri principa ncipaiisrelatá-la eix eixos os dacompletamente. tr trans ansfor formaç mação ão

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tecnológica em geração/ processamento/ transmissão da informação, colocando-os na seqüência que se deslocou rumo à formação de um novo paradigma sociotécnico. Macromudanças da microengenharia: eletrônica e informação 

Foi durante a Segunda Guerra Mundial e no período seguinte que se deram as principais descobertas tecnológicas em eletrônica, o primeiro computador programável e o transistor, fonte da microeletrônica, o verdadeiro cerne da revolução da tecnologia da informação no século XX. Porém, defendo que só na década de 70 as novas tecnologias da informação difundiram-se amplamente, acelerando seu de dessenvolvi envolvimento mento ssin inérgi érgicc o e c onvergi onvergindo ndo em um novo p pa a rad adigma. igma. divisor O divis or tec ecnológic nológico o dos anos 70 

Esse sistema tecnológico, em que estamos totalmente imersos nos anos 90, surgiu nos anos 70. As descobertas básicas nas tecnologias da informação têm algo de essencial em comum: embora baseadas principalmente nos conhecimentos já existentes e desenvolvidas como uma extensão das tecnologias mais importantes, essas tecnologias representaram um salto qualitativo na difusão maciça da tecnologia em aplicações comerciais e civis, devido a sua acessibilidade e custo cada vez menor, com qualidade cada vez maior. Podemos dizer que a Revolução da Tecnologia da Informação propriamente dita nasceu na década de 70, principalmente se nela incluirmos o datas surgimento e a difusão paralela da engenharia genética mais ou menos nas mesmas e locais. Tec ecnologias nologias da vida 

No ini inicc io da déc ada de 70 70,, a ccombi ombinaç nação ão genéti genéticc a e a recombi recombinaç nação ão do DNA, bas base e tecnológica da engenharia genética, possibilitaram a aplicação de conhecimentos cumulativos. Daí para frente, houve uma corrida para a abertura de empresas comerciais. Dificuldades cientificas, problemas técnicos e obstáculos legais, oriundos de justi ustifi ficc ad adas as pr preoc eoc upaç ões éti éticc as e de segur eguranç anç a, ret retardaram ardaram a louvada revolu evoluçç ão biotec biot ecnol nológica ógica dur durante ante a déc ada de 80. Um ccons onsiderável iderável valor em inv inves esti timentos mentos de c a pital de risc isc o foi pe perrdido e a lgum lguma a s da s empresas mais inovadoras foram absorvidas por gigantes farmacêuticos. Porém, no final da década de 80 e durante os anos 90, um grande impulso científico e uma nova geração de cientistas ousados earia empreendedores revitalizaram com um enfoque enfoque d dec ec isivo em enge engenh nhari a genéti genéticc a, a tecnologia d da a vida via dabiotecnologia ver verda dade deiiramente revolucionária nesse campo. Devido à sua especificidade científica e social, a difusão da engenharia genética progrediu de forma mais lenta que a eletrônica entre as décadas de 70 e 90. Mas, nos anos 90, mercados mais abertos e maiores recursos educacionais e de pesquisas em todo o mundo estão acelerando a revolução biotecnológica. Todas as indicações apontam para uma explosão de aplicações na virada do milênio, que desencadeará um debate fundamental na fronteira, atualmente obscura, entre a naturez natur eza a e a soc ieda de. de . O contexto social e a dinâmica da transformação tecnológica 

Os caminhos seguidos pela indústria, economia e tecnologia são, apesar de relacionados, lentos e de interação descompassada. A emergência de um novo sistema tecnológico na década de 70 deve ser atribuída à dinâmica autônoma da

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descoberta e difusão tecnológica, inclusive aos efeitos sinérgicos entre todas as várias principais tecnologias. O forte impulso tecnológico dos anos 60 promovido pelo setor mili militar tar pr prepa epa rou a tecnologia nor norte-amer te-america icana na p para ara o grande grande ava avanço nço.. A primeira Revolução em Tecnologia da Informação concentrou-se nos Estados Unidos, e até certo ponto, na Califórnia nos anos 70, baseando-se nos progressos alcançados nas duas décadas anteriores e sob a influência de vários fatores institucionais, econômicos e culturais. Mas não se originou de qualquer necessidade preestabelecida. Foi mais o resultado de indução tecnológica que de determinação pessoal. Até certo ponto, a disponibilidade de novas tecnologias constituídas como um sistema na década de 70 foi uma base fundamental para o processo de reestruturação socioeconômica dos anos 80. E a utilização dessas tecnologias na década de 80 condicionou, em grande parte, seus usos e trajetórias na década de 90. O surgimento da sociedade em rede não pode ser entendido sem a interação entre essas duas tendências relativamente autônomas: o desenvolvimento de novas tecnologias da infor nformaç mação ão e a tent tentativ ativa a da anti antiga ga soc ieda de de reapa ea parrelh elharar-sse c om o uso uso d do op pod oder er da tec nol nologia ogia p para ara sserv erviir à tecnologia d do op pod oder er.. Sem Sem nec neces esssidade de render-se ao relativismo histórico, pode-se dizer que a Revolução da Tecnologia da Informação dependeu cultural, histórica e espacialmente de um conjunto de circunstâncias muito específicas cujas características determinaram sua futura evolução. Modelos, atores e locais da Revolução da Tecnologia da Informação 

Se a pri primeir meira a Revo evolu luçç ã o Indus Industr trial ial foi br brit itânic ânica a , a pri primeir meira a Revoluç evoluçã ão d da a Tec nologia d da a Infor Informaç maç ã o foi nort norte-a e-amer merica icana, na, c om tendê tendênc ncia ia c a lifor liforni nia a na. No Noss dois do is c a sos os,, cient c ientis istas tas e industriais de outros países tiveram um papel muito importante tanto na descoberta como na difusão das novas tecnologias. A França e a Alemanha foram fontes importantes de talentos e aplicações da Revolução Industrial. As descobertas científicas originadas na Inglaterra, França, Alemanha e Itália constituíram a base das novas tecnologias de eletr eletrôni ônicc a e b biiologia, a c ap apac ac idade da de das da s empr empres esas as jjap apones onesas as ffoi oi decisiva para a melhoria do processo de fabricação com base em eletrônica e para a penetr penetraç aç ão da dass tecnologias da infor nformaç mação ão na vida c oti otidiana diana mundi mundial. al. O setor como um todo evoluiu rumo a interpenetração, alianças estratégicas e formação de redes entre empresas de diferentes países. As empresas, instituições e inovadores norte-americanos não só participaram do início da revolução da década de 70 como também continuaram a representar um papel de liderança na sua expansão, posição que provavelmente se sustentara ao entrarmos no século XXI. Mas, sem d dúvi úvida da , tes testemun temunharemos haremos uma p prres esenç enç a c a da vez maior de e empr mpres esa a s japo japones nesa a s, chinesas, indianas e coreanas, assim como contribuições significativas da Europa em biotecnologia e telec telec omuni omunic aç õe õess. O desenvolvimento da Revolução da Tecnologia da Informação contribuiu para a formação dos meios de inovação onde as descobertas e as aplicações interagiam e eram testadas em um repetido processo de tentativa e erro: aprendia-se fazendo. Esses ambientes exigiam (e na década de 90 ainda exigem, apesar da atuação online) concentração espacial de centros de pesquisa, instituições de educação superior, empresas de tecnologia avançada, uma rede auxiliar de fornecedores, provendo bens e serviços e redes de empresas com capital de risco para financiar novos empreendimentos. Umatende vez que um meio Vale do Silício nainvestimentos década de 70,e ele a gerar sua esteja própriaconsolidado, dinâmica ecomo atrairo conhecimentos, talentos de toda todass a s pa rtes do mun mundo do.. S Será erá q que ue e essse p pa a drão soc ial, cult cultur ural al e es espa pacc ial 6

 

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de inovação pode ser estendido para o mundo inteiro? Nossas conclusões confirmam o papel decisivo desempenhado pelos meios de inovação no desenvolvimento da Revolução da Tecnologia da Informação: concentração de conhecimentos c ient ientíf ífico icoss/ tec tecnológic nológicos os,, in inssti titui tuiçç õe õess, empres empresa a s e mão de ob obrra qua qualilifi ficc a da sã o a s for forjas jas da inov novaç aç ão da Era da Infor nformaçã maçã o. Porém, esses meios não precisam reproduzir o padrão cultural, espacial, institucional e espacial do Vale do Silício ou de outros centros norte-americanos de inovação tecnológica, como o sul da Califórnia, Boston, Seattle ou Austin. Foi o Estado, e não o empreendedor de inovações em garagens, que iniciou a Revolução da Tecnologia da Informação tanto nos EUA como em todo o mundo. Mas, sem esses empresários inovadores que deram inicio ao Vale do Silício ou aos clones de PCs em Taiwan, a Revolução da Tecnologia da Informação teria adquirido características muito diferentes e é improvável que tivesse evoluído para a forma de dispositivos tecnológicos flexíveis e descentralizados que estão se difundindo por todas as esferas da ativ ativiidade da de humana. Na realidade, é mediante essa interface entre os programas de macropesquisa e grandes mercados desenvolvidos pelos governos, por um lado, e a inovação descentralizada estimulada por uma cultura de criatividade tecnológica e por modelos de sucesso pessoais rápidos, por outro, que as novas tecnologias da informação prosperam. No processo, essas tecnologias agruparam-se em torno de redes de empresas, organizações e instituições para formar um novo paradigma sociotécnico. paradigma adigma da tec ecnol nologia ogia da in inffor ormaç mação ão  O par

* A primeira característica do novo paradigma é que a informação é sua matériaprima: são tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia, como foi o caso das revoluções tecnológicas anteriores. * O segundo aspecto refere-se à penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias. Como a informação é uma parte integral de toda atividade humana, todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados (embora, (embor a, c om c ertez erteza, a, nã não o determ determiinado nadoss) pe pello novo meio tecnológico tecnológico.. * A terceir terce ira a c a rac ter terís ísti ticc a refere-s efere-se e à lógica de red edes es em qualquer ssis istema tema o ou u cconjun onjunto to de relaç õe õess, us usa a ndo e esssa s novas ttec ec nologias da infor informaç maç ão ão.. * Em quarto lugar, referente aos sistemas de redes, mas sendo um aspecto claramente distinto, o paradigma da tecnologia da informação é baseado na flexibilidade. Não apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições podem ser modificadas, e até mesmo fundamentalmente alterada, pela reorganização de seus componentes. * Uma Uma q qui uint nta a c arac aracter teríísti ticc a des desssa revolu evoluçç ão tecnológic tecnológica a é a c res escc ente cconver onvergênc gênciia de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado, no qual trajetórias tecnológicas antigas ficam literalmente impossíveis de se distinguir em separado. A dimensão social da Revolução da Tecnologia da Informação parece destinada a cumprir a lei sobre a relação entre a tecnologia e a sociedade proposta de algum tempo atrás por Melvin Kranzberg: "A primeira lei de Kranzberg diz: A tecnologia não é nem boa, nem ruim, e também não é neutra." É uma força que provavelmente está, mais do que nunca, sob o atual paradigma tecnológico que penetra no âmago da vida e da mente. Mas seu verdadeiro uso na esfera da adição social consciente e

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complexa matriz de interação entre as forças tecnológicas liberadas por nossa es espé pécc ie e a es espé pécc ie em ssii ssã ão q ques uestões tões m ma a is de in inves vesti tiga gaçç ã o q que ue d de ed des esti tino. no. 2) A nova economia: ec onomia: inf informac ormacionalis ionalismo, globaliz globalizaç ação ão,, func funcionament ionamento em em rede rede  Introdução 

Uma nova economia, informacional e global, surgiu nas duas últimas décadas. É informacional, porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa dependem basicamente suaem capacidade de os. gerar, processar e ap apllic areconomia de for forma ma e efi ficc iente a infor nf ormaç mação ão bas ba sda ea eada da cconhec onheciiment mentos . É gl globa oba l por porque que as principais atividades produtivas estão organizadas em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos.É informacional e globall po globa porrque a prod produt utiivi vida dade de é g ger erad ada a e a c onc oncor orrrênc ênciia é fei feita ta em um uma a rede globa l de interação. odutividade, ividade, c ompet ompetit itividade e a ec economia onomia infor informal mal  Produt

O eni enigma gma da prod produt utiivi vida dade de Foi por meio do aumento da produção por unidade de insumo no tempo que a raça humana conseguiu comandar as forças da Natureza. Os caminhos específicos do aumento da produtividade definem a estrutura e a dinâmica de um determinado sis istema tema ec onômic onômico. o. Se houver uma nova economia informacional, deveremos identificar as fontes de produtividade que distinguem essa economia. O aumento da produção por hora de trabalho não era resultado de adição de mão-de-obra e apenas ligeiramente de a diç diçã ão d de e c a pital, m ma a s vi vinha nha d de eo out utrra fonte, expr express essa a c omo um rres esidual idual es estatí tatísstic tic o e em m sua equação da função de produção. Economistas, sociólogos e historiadores econômicos não hesitaram em interpretar o "residual" como sendo correspondente a transformações tecnológicas. Nas elaborações mais precisas, "ciência e tecnologia" er eram am c ompr ompreendida eendidass em ssenti entido do amplo: a tec nol nologia ogia vol voltada tada par pa ra o g ger erenc enciiamento foi cons co nsiiderada tão impor mportant tante e quanto o gerenciament gerenciamento o da tecnologia. Afirmar que a produt Afirmar produtiivi vida dade de gera c res escc iment mento oe ecc onômi onômicc o e que ela é um uma a fu funçã nçã o d da a transformação tecnológica equivale a dizer que as características da sociedade são os fatores cruciais subjacentes ao crescimento econômico, por seu impacto na inovação tecnológica. A produtividade baseada em conhecimentos é específica da economia Demonstrou-se papel fundamental desempenhado pela tecnologia informacional? no crescimento da economia,o via aumento da produtividade, durante toda a história e especialmente na era industrial. A hipótese do papel decisivo da tecnologia como fonte da produtividade nas economias avançadas também parece conseguir abranger a maior parte da experiência passada de crescimento econômico, permeando diferentes tradições intelectuais em teoria econômica. Houve uma proporção significativa da desaceleração da produtividade, que é resultado da crescente inadequação de estatísticas econômicas ao captarem os moviment movi mentos os da nova e ecc onomi onomia a infor nformac maciional, ex exata atament mente e devido a o a mpl mplo oe essc opo de suas tr trans ansfor formaç mações ões ssob ob o impac to da tecnologia d da a inf nform ormaç aç ão e das da s mu muda dança nça s organizacionais conexas. Pode ser que a produtividade não esteja desaparecendo, e sim aument aumenta a ndo po porr vias vias par pa rc ialm ialmente ente o obscur bscura a s em c írc írc ulos ulos em expans expansã ã o. A tecnologia e o gerenciamento da tecnologia poderiam estar se difundindo a partir da produçãoem dagrande tecnologia telecomunicações serviçosempresariais. financeiros, alcançando partedaa informação, atividade industrial e depois os eserviços

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Mas o quadro ainda é confuso, pois no momento os dados são insuficientes para estabelecer uma tendência. Estes podem servir de base para a compreensão da ec onomia in infor formac mac ional, mas n nã ã o c ons onseg eguem uem in infor formar mar a his histór tória ia rea real. l. Inform ormac ac ionalismo e cap c apit italismo, alismo, produti odutivida vidade de e lucr lucratividade Inf

A longo prazo, a produtividade é a fonte da riqueza das nações.E a tecnologia é o principal fator que induz à produtividade. Mas esta não é um objeto em si. E o inves nvesti timent mento oe e em m ttec ec nol nologia ogia também não é fei feito to por ccaus ausa inovaç ão tec tecnol nológica ógica . Empresas nações são ta osmbém verdadeiros agentes doa da crescimento econômico. Comportam-se em um determinado contexto histórico, conforme as regras de um sistema econômico. Assim, as empresas estão motivadas não pela produtividade, e sim pela lucratividade. E as instituições políticas estarão voltadas para a maximização da competitividade de suas economias. A lucratividade e a competitividade são os verdadeiros determinantes da inovação tecnológica e do crescimento da produtividade. O processo de globalização realimenta o crescimento da produtividade, visto que as empresas melhoram seu desempenho quando encaram maior concorrência mundial. A via que conecta a tecnologia da informação, as mudanças organizacionais e o c res escc iment mento od da a prod produt utiivi vida dade de pas pa ssa pela c onc oncor orrrênc ênciia globa global. l. Foi dess desse e modo que a busca da lucratividade pelas empresas e a mobilização das nações a favor da competitividade induziram arranjos variáveis na nova equação histórica entre a tecnologia e a produtividade. No processo, foi criada e moldada uma nova economia global que pode ser considerada o traço mais típico e importante do c a pitali pitalissmo infor nformac mac ional. A repolitização do capitalismo informacional 

Os interesses políticos específicos do Estado ficam diretamente ligados ao destino da concorrência econômica das empresas. A nova forma de intervenção estatal na economia une a competitividade, a produtividade e a tecnologia. A política e a produtividade ficam interligadas, tornando-se instrumentos fundamentais para a competitividade. Por causa da interdependência e abertura da economia internacional, os Estados de devem vem empenharempe nhar-sse e em m promover o de dessenvolvi envolvimento mento de es estr traté atégias gias em nome d de e seu empresariado. A economia informacional global é uma economia muito politizada, e a grande administrado. concorrência de em escala global em ocorre sob condições de comércio A mercado nova economia, baseada reestruturação sócioeconômi ec onômicc a e rev revol oluçã ução o tec tecnol nológica ógica será erá mol moldad dada, a, a até té ccer erto to pont ponto, o, de ac or ordo do c om os processos políticos desenvolvidos no e pelo Estado. A ec onomia global: global: gênese, estrutura e dinâmic dinâmica a 

Uma economia global é uma economia com capacidade de funcionar como uma unidade em tempo real, em escala planetária. No final do século XX a economia mundial conseguiu tornar-se verdadeiramente global com base na nova infraestrutura, propiciada pelas tecnologias da informação e comunicação. Essa globa glob a lilida da de envolve o oss pri princ ncipais ipais proc proces esssos e elementos do sistema istema ec onômic onômico. o. As novas tecnologias permitem que o capital seja transportado de um lado para o outro entre economias em curtíssimo prazo, de forma que o capital está in inter tercc onec tad tado oe em m odo o mun mundo do.. vi Os fflu lux xoso de a pitalnho ttornam-s ornam-se eg globa is,, e a ao mesmo o tempo, c ad ada a vez m ma attod is aoutônomos vis s-à-vis de descsempe empenho real da slobais ec ono onomi mia aos.mesm A mais

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importante transformação subjacente ao surgimento da economia global diz respeito ao gerenciament gerenciamento o da prod produçã ução o e dis distr triibui buiçç ão e ao próp próprrio proce processso produt produtiivo. O que é fundamental nessa estrutura industrial é que ela está disseminada pelos territórios em todo o globo e sua geometria muda constantemente no todo e em cada unidade individual. O mais importante elemento para uma estratégia administrativa bem sucedida é posicionar a empresa na rede, de modo a ganhar vantagem competitiva para sua posição relativa. mais is nova divis divisão ão intern ernac ac ional do trab abalho alho  A ma

A economia global resultante da produção e concorrência com base informacional caracteriza-se por sua interdependência, assimetria, regionalização, crescente diversificação dentro de cada região, inclusão seletiva, segmentação excludente e, em conseqüência de todos esses fatores, por uma geometria extraordinariamente variável que tende a desintegrar a geografia econômica e histórica. arquitetu A ar eturra e a geomet geometrria da ec economia onomia inf infor ormac macional/ ional/globa globall 

A estrutura permanente um mundo econômicas

dessa economia caracteriza-se pela combinação de uma estrutura e uma geometria variável. A arquitetura da economia global apresenta assimétrico interdependente, organizado em trono de três regiões principais (Europa, América do Norte e região do Pacífico asiático) e

cada vez mais polarizado ao longoede eixoempobrecidas, de oposição entre as áreas prósperas produtivas e ricas em informação asum áreas sem valor econômico, e atingidas pela exclusão social. A interligação dos processos econômicos entre as três regiões torna seu destino praticamente inseparável. A mais nova divisão internacional do trabalho está disposta em quatro posições diferentes na economia informacional/global: produtores de alto valor com base no trabalho informacional; produtores de grande volume baseado no trabalho de mais baixo custo; produtores de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais; e os produtores redundantes, red eduz uzidos idos ao tr tra a balh ba lho o des de svalori valorizza do. do . A questão crucial é que essas posições diferentes não coincidem com países. São organizadas em redes e fluxos, utilizando a infra-estrutura tecnológica da economia informacional. A posição da divisão internacional do trabalho depende das características de sua mão-de-obra e de sua inserção na economia global. A mais nova divisão internacional do trabalho está organizada com base em trabalho e tecnologia, mas é implementada e modificada por governos e empreendedores. 3) A empresa empresa em em rede: ede: a c cult ultura, a as s instituiç ituiçõe ões s, e as orga organiz nizaç aç ões ões de ec ec onomia informal 

A economia informal é caracterizada por cultura e instituições específicas, onde tal c ul ultu turra nec neces esssá ria p pa a ra o d des esenvolvi envolvimento mento e c ons onsti titui tuiçç ã o d de e um ssis istema tema e ecc onômico é realizada nas lógicas organizacionais, de acordo com o conceito de Nicole Biggart: "...po ...porr lóg lógica icass organiz organiza a c ionais ionais,, rrefir efiro-me o-me a um pri princ ncípi ípio o legit legitim ima a do dorr elabo elaborra do em uma série de práticas sociais derivativas. Em outras palavras, lógicas organizacionais são as bases ideacionais para as relações das autoridades institucionalizadas."Minha tese então parte do princípio que a economia informacional surge do desenvolvimento de uma um a lógi lógicc a organi organizzac ional e d da a atual tr trans ansfor formaç mação ão tec tecnol nológica ógica . A respeito disso podemos citar a trajetória do industrialismo para o informacionalismo na reestruturação econômica dosalanos causada proc pr oces essso de ac um umul ulaç aç ão de c apit apital da déc d 80, écad ada ad de e7 70 0.pela crise de lucratividade do

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Como principais pontos dessa reestruturação: o divisão na organização da produção e dos mercados na economia global; o as transformações organizacionais interagiram com a difusão da tecnologia de informação, mesmo sendo independentes uma da outra; o essas transformações organizacionais visavam lidar com a incerteza causada pelas velozes mudanças no ambiente econômico, institucional, tecnológico da empresa; o introdução do modelo de "produção enxuta", visando economizar mão-de-obra, eliminar tarefas e suprimir camadas administrativas, mediante automação. Muitas foram as transformações organizacionais, cada uma seguindo uma certa tendência que ao todo deram impulso para a reestruturação do capitalismo vigente nos anos 70. Uma das principais tendências da evolução organizacional foi a passagem da produção em massa; norteada pela integração vertical, seguida da divisão social e técnica de trabalho; para a produção flexível, a qual se adequava melhor a imprevisível demanda do mercado, qualitativa ou quantitativa, ou ainda as transformações tecnológicas e as diversificações dos mercados. Portanto essa flexibilidade na produção traz consigo a idéia de adequação ao mercado (flexibilidade do produto) e transformação tecnológica (flexibilidade do processo). Como segunda tendência a ser estudada, temos o vigente aumento do poder econômico das pequenas e médias empresas, bem compatíveis com o processo de produção flexível. Mesmo estando ainda sob o controle tecnológico e financeiro das grandes empresas estão dando essas últimas o dinamismo necessário na nova conjuntura econômica global. A terceira tendência diz respeito aos novos métodos de gerenciamento empresarial, o "toyotismo", adaptado à economia global e à produç ã o fl flexí exível. vel. Suas bases são: o sistema de fornecimento "Kan-Kan" (just in time), no qual os estoques são eliminados ou reduzidos substancialmente no exato momento da solicitação e com características especificas do comprador; o controle de qualidade total ao longo do processo produtivo; o envolvimento dos trabalhadores no processo produtivo; o mão-de-obra multifuncional, sem especialização em uma única função; o prêmios por po r tr tra a balh ba lho o e po pouc ucos os ssím ímbo bolos los de status na vida da empres empresa a. Dessa forma, caracterizamos o "toyotismo" como um sistema de gerenciamento que mais red eduz uz as iinc ncert ertezas ezas do que es esti timul mula a a adanos da pta ptalilida da dde, dd e, um ""pó pós s-for -fordis dismo" mo" ba sdanos ea eado do nos "5 zeros" (zero defeitos de peças, zero nas máquinas, estoque zero, zero e burocracia zero). Citaremos também a formação de redes entre pequenas empresa empres a s c om g gerenc erenciia mento da s grande grandess empres empresa a s e a s a lia lia nças nç as entr entre ee empr mpres esas as de grande porte em relação à parte do mercado. Sendo essas duas tendências resultado da interação entre as mudanças organizacionais e a tecnologia da informação (digitalização das telecomunicações, transmissão em banda larga e melhoria nos computadores em rede), uma mistura que gerou a "empresa em rede", que processa e ger ge ra inf infor ormaç mações ões pa parra melhor ad adap aptaç tação ão pa parra o mer mercc ad ado o mun mundial. dial. Sabendo que a organização econômica baseia-se na cultura, história e nas instituições; a economia fundada na "empresa em rede" encaixa-se como "uma luva" nos moldes asiáticos, a ponto de distinguirmos três tipos de rede no leste asiático: o a rede japonesa: grandes empresas que são donas umas das outras, onde as empresas principais são dirigidas por administradores; o a rede coreana baseada nas "zaibatsus" ondetrading as empresas são controladas por uma holding por bancos japonesas, e companhias governamentais, pertencentes a uma  financiada pessoa ou

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família; o a rede chinesa: empresas familiares, rede de empresas de diversos setores onde ond e o lema é "famíl família ia c res escc e, e empr mpres esa a c res escc e" e".. A difer diferenç enç a bá sica entr entre ee essses m mod odelos elos de empres empresa a s em rede es está tá funda fundamentalm mentalmente ente no pa pel do Estado na e ecc onomi onomia. a. Por ex exempl emplo: o: no J apã ap ã o o Estado foi rres espons ponsável ável pelo início da industrialização (zaibatsus de origem feudal) e hoje dá um suporte a es esssa in indús dústr triia a travé travéss da fac ililiitaç ão de emprés emprésti timos mos banc ba ncá á rios ios,, po polílíti ticc a de a po poio io fi fissc a l e a c or ordo doss int nter ernac nac ionais onais,, ssendo endo o J ap apão ão o grande grande inf nflluenciad uenciador or de C oréi oréia a eT Taiwan; aiwan;  já na C hi hina na o Estado sempr empre e teve um pa papel pel inco ncons nstant tante, e, onde or ora a requis equisiitava a indústria ora impelia a ela rigorosos impostos, dando pouco incentivos às indústrias e fazendo essas últimas voltarem-se para as famílias, apesar de muitos progressos atuais serem devido devidoss a plano planoss ec onômic onômicos os governamentais governamentais.. Mas até que ponto as empresas em rede modificaram a economia global, e as multinacionais? A resposta é simples, hoje as multinacionais fugiram do seu antigo modelo vertical, e apresentam-se ou como a principal dentre outras empresas em rede, ou formam alianças de cooperação entre elas, o que mesmo assim não mais lhe dão o título de centro da economia global, pois o mercado voltou a ser imprevisível movido por estratégias e descobertas redirecionadas por redes globais de informação. Portanto, po Portanto, pode demos mos defi de fini nirr que o a tual es estág tágio io do c a pitali pitalissmo é d defini efinido do po porr a lteraç lteraç õe õess causadas pelo informacionalismo, surgido a partir das mesmas necessidades que norteiam até hoje a vida do capitalismo: espírito empresarial de acumulação, e o constante apelo ao consumismo, e tudo isso acompanhado pela evolução tecnológica, seja nas telecomunicações ou nos softwares; concorrência global de mercado, grau de intervenção estatal; características das 3 últimas que regem o coração da atual economia mundial, "empresa em rede". 4) A tr transform ansformaç aç ão do trabalho abalho e do mer merc ado ado de trabalho: balho: trabalha abalhadores dores ativos ativos na na rede, desempregados e trabalhadores com jornada flexível  evoluç lução ão histórica da es estrutura ocupac oc upacional ional e do empr empreg ego o nos pa país íses es cap capit italist alistas A evo avanç ava nçad ados: os: o G7 G7 de 1920 a 2005 2005 

Para o autor, em qualquer processo de transição histórica, uma das expressões de mudança é a transformação da estrutura ocupacional, ou seja, a transformação das categorias ocupacionais e do emprego. O próprio pós-industrialismo detecta o aparecimento de uma nova a partir daemudança de produtos para serviços, pelo surgimento de estrutura profissõessocial administrativas especializadas, pelo fim do emprego rural e industrial e pelo aumento do conteúdo de informação no trabalho das economias mais avançadas. Porém, o problema é que essas formulações trazem uma espécie de lei natural das economias e sociedades que devem seguir um único c amin aminho ho na tr trajetór ajetóriia da modern moderniida dade de liderada s pela soc ieda de nor norte-amer te-ameriic ana ana.. O autor traz uma abordagem diferente, já que ele enxerga uma variação histórica de modelos de mercado de trabalho segundo as instituições, a cultura e os ambientes po pollíti ticc os es espec pec ífi ficc os de c ada ad a pa paíís. Para is isto, to, el ele ee ex xamin aminou ou a evolu evoluçç ão do mer mercc ad ado od de e trabalho dos paises do G-7 entre 1920 e 1990. Todos eles estão num estagio avançado de transição para a sociedade informacional, e logo podem ser vistos com o surgimento de novos modelos de mercado de trabalho; ao mesmo tempo possuem cultura e sistemas institucionais muito diferentes, o que nos permite, segundo o autor, verifi veri ficc ar a dita va varriaç iaçã ã o his histór tórica ica.. A pa rti tirr des desta ta a náli nálisse, o a utor c ond onduz uz a sua pes pe squis quisa a no sentido de mostrar que outras sociedades outros níveis de desenvolvimento não necessariamente teriam que seguir a trajetóriaem dos países do G-7.

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pós-indus strialis ialismo, mo, a ec economia onomia de serv erviç iços os e a soc ocieda iedade de infor ormac macional ional  O pós-indu

O autor analisa e faz ressalvas a três afirmações da teoria clássica do pósindustrialismo: (a) A fonte de produtividade reside na geração de conhecimento mediante o processamento de informação. (b) A atividade econômica mudaria de produção de bens para prestação de serviços. Quanto mais avançada a economia, mais seu mercado de trabalho e sua produção seriam concentrados em serviços. (c) A nova economia aumentaria sobremaneira a importância de profissões com grande conteúdo de informação: administrativas, especializadas e técnicas. Para o autor, a distinção entre as economias dentro do processo histórico deve ser vista não como a distinção entre uma economia industrial e uma pós-industrial, mas entre duas formas de produç ão indus industr trial, ial, rrur ura al e d de e ser servi viçç os basead baseada a s em c onhec imentos imentos.. Em outr outra a s palavr pa lavra a s o c onhec im imento ento sempr sempre e foi e será impr impres escc indível indível na e evoluçã volução o das da s economias; o que acontece é que o seu uso em diferentes épocas gera diferentes processsos ec onômi proce onômicc os os.. J á a segunda afir afirmaç mação ão (b), o autor reba te co com m o fato de que muitos serviços dependem de conexão direta com a indústria e também com a importância da atividade industrial no PNB dos países ricos. Além disso, para ele o conceito de serviços é ambíguo, se não errôneo, já que este conceito abarca tudo o que não é agricultura, mineração, construção, empresas de serviços público ou indústria. E muitos processos cruciais da era da informação não permitem a distinção entre "bens" e "serviços agregados", como por exemplo softwares, agropecuária com base em biotecnologia dentre outros. O terceiro prognóstico pós-industrialista requer, segundo o livro, alguma restrição, na medida em que simultâneo a esta tendência há também o crescimento das profissões em serviços mais simples e menos qualificados, profisssões profis õe s que teri teria a m um ccrrescimento mais lento, ma mass c ontínuo. Para Manuel Castells, é preciso se fazer um exame mais aprofundado no conteúdo real destas classificações antes de caracterizar o nosso futuro como uma república da elite instruída. No entanto, o argumento mais importante contra esta versão simplista do pós-industrialismo é a crítica à suposição de que as três características examinadas se unem na evolução histórica e que essa evolução leva a um modelo único da sociedade informacional. É preciso separar o que pertence à estrutura da sociedade informacional daquilo que é especifico à trajetória histórica de determinado país.  Tr  Trab abalhando alhando nes nesta ta dir direç eç ão ão,, o autor ccompil ompila a div diver erssos da dados dos do setor de serv erviiç os dos países ricos na tentativa de diferenciá-los. A tr tra ans nsfor forma maç ç ão na est estrrutur ura a do do emprego emprego - 192 1920-70 0-70 e 19701970-90 

De 1920-70 e 1970-90 podemos ter uma distinção analítica entre os dois períodos. Durante o primeiro período, as sociedades em exame tornaram-se pós-rurais, enquanto no segundo período elas tornaram-se pós-industriais. Ou seja, houve queda do emprego rural no primeiro caso e queda do emprego industrial no segundo. Em seguida o autor faz uma análise na evolução histórica do setor de serviços nesses paises do G-7, essencial apra entendermos todo este processo. Serviços relacionados à produção: são considerados estratégicos dentro da nova economia, fornecem informação e suporte para o aumento da produção, portanto, sua expansão deverá seguir de mãos da dada dass c om o a um umento ento da sofis ofisti ticc aç ão e p prroduti odutivi vida dade de da ec onomi onomia. a. E de fato nos dois períodos (1920-70 e 1970-90), observamos uma expansão significativa do emprego nestas atividades em todos os países considerados. Serviços sociais: além de caracterizar as sociedades pós-industriais, representam entre 1/5 e 1/4 do total de empregos dos países do G-7. Mas a sua expansão está mais relacionada ao impacto dos movimentos sociais do que ao advento do pós-industrialismo, princc ipa prin ipalmente lmente no noss a nos 6 60. 0.

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No geral, podemos dizer que, embora o alto nível de expansão do emprego em serviços sociais seja uma característica de todas as sociedades avançadas, o ritmo dessa expansão parece depender mais diretamente da relação entre o Estado e a sociedade do que do estágio de desenvolvimento da economia. Serviços de distribuição: combinam transportes e comunicações - atividades relacionadas de todas as economias avançadas - com o comércio no atacado e a varejo, atividades supostamente típicas do setor de serviços das sociedades menos industrializadas. Igualmente aos serviços sociais, os serviços de distribuição representam entre 1/5 e 1/4 do total de empregos. Serviços pessoais: ao enfocar os empregos ligados a "bares, restaurantes e similares", encontramos uma expansão significativa desses postos de tr tra a ba lho no noss úl últi timos mos vi vinte nte a nos. A principal observação a ser feita sobre o mercado de trabalho do setor de serviços pessoais é que esses empregos não estão desaparecendo nas economias avançadas. Portanto, é possível afirmar que as mudanças da estrutura social/econômica dizem res espe peiito mais a o tipo de serv erviço içoss e a o tipo de emprego do que à s ativi ativida dade dess em ssi. i. Em resumo, para Manuel Castells, o que acontece com o pós-industrialismo é uma diversidade cada vez maior de atividades que torna obsoletas as categorias de emprego. Mas não parece que grande produtividade, estabilidade social e competitividade internacional estejam diretamente associadas ao mais alto nível de emprego em serviços ou processamento de informação. Desse modo, quando as sociedades de decc retam eta m o fim do emprego indus industr trial ial ao invés invés da mode moderrniz niza ç ã o das da s indús indústr trias ias,, não é porque necessariamente são mais avançadas, mas porque seguem políticas e es estr tra a tégias es espe pecc íf ífica icass bas ba sea eada da s em sseu eu p pa a no de fun fundo do c ultur ultura a l, soc ial e po polílíti ticc o. A nova estrutura ocupacional 

O autor ressalta alguns pontos importantes da nova estrutura ocupacional dentre eles a diversidade do emprego, dentro deste fator uma ressalva importante é a variação da proporção da mão-de-obra semi-qualificada no setor de serviços, principalmente nos EUA, C ana anadá dá e na Alemanha, bem menor no J ap apão ão,, Fr Franç a e It Itáli ália, a, pa íses que de certa forma preservam mais as atividades tradicionais como a rural e comerciais. Isso se deve ao fato do modelo norte-americano caminhar para o informacionalismo mediante a substituição das antigas profissões pelas novas. O modelo japonês também caminha para o informacionalismo, mas segue uma rota diferente: aumenta o número de novas profissões, mas as antigas são redefinidas; já os países europeus seguem um misto das duas tendências. Por falar em tendência, uma aponta para o aumento do peso relativo das profissões mais claramente informacionais (administradores, profissionais especializados e técnicos), bem como das profissões ligadas a serviços de escritório em geral (inclusive funcionários administrativos e de vendas). Tendo primeiro falado da diversidade, Manuel Castells também aponta uma outra tendência que é a maior presença de c onteúdo inf inform ormac ac ional na es estr trut utur ura a oc upac ional d das as ssoc oc ieda des de s ava avança nça das da s, ap apes esar ar de seus sistemas culturais/sociais. Dessa forma, o perfil profissional das sociedades informacionais, de acordo com sua emergência histórica, será muito mais diverso que o imaginado pela visão seminaturali eminaturalissta da s tteo eorrias pó póss-in -indust dustrrialis ialistas, tas, direc direciona ionada da s po porr um etno etnocc entri entrissmo nortea mer merica icano no q que ue nã não o repres representa enta tod toda a a experi experiênc ência ia d dos os E Esstad tados os U Uni nido doss. O da sociedade informacional: projeções de emprego para o seculo XXamadurecimento I 

O autor anali analissou os E EU UA e o J ap apão ão em ter termos mos de suas proj projeç eç ões de e empr mprego ego e p para ara 14

 

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os EUA a estrutura futura do mercado de trabalho combina intimamente com o projeto original da sociedade informacional: o o emprego rural está sendo eliminado pouco a pouco; o o emprego industrial continuará a declinar, embora em ritmo mais lento, sendo reduzido aos elementos principais da categoria de artíficies e tr trab aba a lh lha a dor do res do ssetor etor de e engenha ngenharria. A maior parte do impacto da produção industrial sobre o emprego será transferida aos serviços voltados para a indústria: o os serviços relacionados à produção, bem como a saúde e educação lideram o crescimento do emprego em termos percentuais, também se tornando cada vez mais importantes em termos de números absolutos; o os empregos dos setores varejista e de serviços continuam a engrossar as fi filleir eiras as de a ti tivi vida dades des de b baix aixa a quali qualifi ficc aç ão na nova ec onomi onomia. a.  J á no c aso do J apão ap ão,, proj projeta-s eta-se e um a um umento ento impr mpres esssionante no setor d de e servi erviçç os os,, revelando o crescente papel das atividades que fazem uso intensivo de informação na economia japonesa. Os dados também parecem indicar o aumento crescente da profissionalização dos trabalhadores de nível médio e a especialização das tarefas relativas ao processamento da informação e a geração de conhecimentos. Pelas projeções, as categorias de operadores e artífices declinarão, mas ainda representarão mais de 1/4 da força de trabalho em 2005. Dessa forma, nas projeções do mer mercc ad ado o d de e tr trab abalho alho nos EUA e no J ap apão ão par pa rec em cconti ontinu nuar ar as tendênc tendênciias observadas para o período de 1970-90. São nitidamente duas diferentes estruturas ocupacionais e do emprego correspondestes a duas sociedades que podem ser igualmente rotuladas de informacionais, mas com crescimentos bem distintos na produtiivi produt vida dade de,, competi co mpetiti tivi vida dade de e ecc onômi onômicc a e c oes oesão ão soc ial. 5) A cultura da virtualidade real: a integração da comunicação eletrônica, o fim da audiência de massa e o surgimento de redes interativas 

Uma transformação tecnológica de dimensões históricas similares à invenção do alfabeto na Grécia está ocorrendo: a integração de vários modos de comunicação em uma rede interativa. Ou, em outras palavras, a formação de um hipertexto e uma metalinguagem que, pela primeira vez na história, integra no mesmo sistema as modalidades escrita, oral e audiovisual da comunicação humana. O espírito humano reúne suas dimensões em uma nova interação entre os dois lados do cérebro, máquinas e contextos sociais. Apesar de toda a ideologia da ficção e da publicidade em torno da chamada infovia, não podemos subestimar sua importância. A integração potencial de texto, imagens e sons no mesmo sistema – interagindo a partir de pontos múltiplos, no tempo escolhido, em uma rede global, em condições de acesso aberto e de preço acessível – muda de forma fundamental o caráter da comunicação. E a comunicação, decididamente, molda a cultura. Como a cultura é mediada e determinada pela comunicação, as próprias culturas, isto é, nossos sistemas de crenças e códigos historicamente produzidos estão sendo transformados de maneira fundamental pelo novo sistema tecnológico. galáxia láxia de de Gut G utenbe enberrg à galá galáxia xia de Mc McL Luhan: o sur surgiment gimento o da c ultura dos dos meios meios de Da ga comunicação de massa

A difusão da TV nas três décadas após a Segunda Guerra Mundial (em épocas diferentes e com intensidade variável dependendo da região), criou uma nova galáxia de comunicação. Não que os outros meios de comunicação desaparecessem, mas foram reestruturados e reorganizados, adaptando-se. O conceito de cultura de massa, originado da sociedade de massa, foi uma 15

 

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expressão direta do sistema de mídia resultante do controle da nova tecnologia de comunicação. Uma mensagem similar era enviada ao mesmo tempo de alguns emissores centralizados para uma audiência de milhões de receptores. Desse modo, em geral o conteúdo e formato das mensagens eram personalizados para o denominador comum mais baixo. A audiência era considerada homogênea ou pa ssív ível el d de e ser homog homogeneiz eneiza a da . Mas o que a TV trouxe de novidade não foi tanto seu poder centralizador e potencial como instrumento de dominação, já que o rádio, por exemplo, já tinha sido usado para isso. O que a TV representou, antes de tudo, foi o fim da galáxia de Gutenberg, ou seja, de um sistema de comunicação essencialmente dominado pela mente ti tipog pogrráfica e pe pela la or ordem dem do alfabeto fonéti fonéticc o. Ass Assim ccomo omo M Mcc Luhan, o es estu tudios dioso o de c omun omunica icaçç ão Neil Pos Postm tman an també também m ac ha q que ue a televisão representa uma ruptura histórica com o espírito tipográfico: “Possivelmente, a tipografia tem a tendência mais forte para a elucidação: capacidade sofisticada de pens pensar ar de manei maneirra c onc onceit eitual, ual, deduti dedutiva va e seqüenc eqüenciial; alt alta a valor valoriizaç ão da razão e ordem; aversão à contradição; grande capacidade de desligamento e objetividade; e tolerância à reação atrasada. O entretenimento é a supra-ideologia de todo o discurso. Não importa o que seja representado nem seu ponto de vista, a presunção a brange brangente nte é a de que a TV est está á lá pa ra nos nosssa d div ivers ersã ã o e prazer prazer”. ”. Os estudiosos concordam em pontos básicos sobre a TV: tornou-se o epicentro cultural de nossas sociedades, a modalidadepela de comunicação televisão sensorial é um meio fundamentalmente novo,e caracterizado sua sedução, da estimulação da realidade, e fácil comunicabilidade, na linha do modelo do menor esforço psicológico. Entretanto, sabe-se que a audiência da mídia de massa não é uma desamparada pe perra nt nte e a todo todo-pod -poderos erosa a, e o oss es estudos tudos ttêm êm rel rela a tivi tivizza do seu p pod oder, er, e lilimi mitad tado o os efeit efeitos os inclusive da publicidade, incluindo outras variáveis na recepção, e superando as teorias apocalípticas de Marcuse a Habermas, que viam as pessoas como receptáculos passivos de manipulação ideológica. Mas enfatizar a autonomia da mente humana e dos sistemas culturais individuais não implica que os meios de comunicação sejam instituições neutras, ou que os efeitos da mídia sejam desprezíveis. A mídia audiovisual, em nossa cultura, continua sendo o material básico dos processos de comunicação, e a maior parte dos nossos estímulos simbólicos vêm dela. E é por isso que anunciantes e políticos não prescindem de aparecer através da TV. Em uma sociedade organizada em torno da grande mídia, a existência de mensagens fora da mídia mídia fi ficc a res estr trit ita a a red edes es inter interpe pesssoa oais is,, po porrtanto d des esa a par pa rec e do inc inc ons onscc ient iente e c oleti oletivo. vo. É um sistema de  fe   fee e d b ac ks: a mídia é a expressão de nossa cultura e nossa cultura funciona principalmente por intermédio de materiais propiciados pela mídia, mesmo que de comunicação de massa passasse a ser mais segmentada conforme a tecnologia e as empresas permitiram iniciativas de identificação com o público. A diversificação das mensagens e expressões da mídia não implica perda de controle da televisão pelas principais empresas e governos. A tendência oposta tem sido verificada, com formação de megagrupos e alianças para conseguir fatias de um mercado em transformação. A televisão se tornou mais comercializada do que nunca e cada vez mais oligopolista no âmbito global. Mas nem por isso estamos vivendo numa “aldeia global”: estamos em domicílios sob medida, globalmente produzidos e loca loc a lm lmente ente dis distr tribuídos. ibuídos.

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A galáxia de McLuhan tem uma lógica unidirecional que não permite um real feedback da audiência: é um mundo de mão única, e não de interação. Ela não expressa a cultura da informação. Só após a recepção se misturar à emissão e poder c onvers onversa a r ent entrre si si,, ccom om a galáx ga láxia ia d da a Inter Internet, net, iissso c omeç ou a mudar. A constelação da Internet 

Apes Ap esa a r de a Inter Internet net tende tenderr a se d dif ifundir undir c a da vez m ma a is por po r todo todoss os pa país íses es,, não de deix ixa a de ser importante que quem teveconteúdo acesso primeiro, porque os Assim, consumidores aqui também são produtores, fornecem e dão forma à teia. o momento de chegada tão desigual das sociedades à Internet terá conseqüências duradouras no futur futuro op pad adrrão da c omun omunica icaçç ão e d da a c ultu ulturra mu mundi ndiais ais.. A Inter Internet net sse ep pa a rec e ma mais is c om uma fe feir ira a do que c om o oss monótonos sshopp hoppin ing g c enter enterss. Parte considerável das comunicações que lá acontecem é espontânea, nãoorganizada e diversificada em finalidade e adesão. Quanto maior a diversidade de mensa mens a gens ge ns e de pa rti ticc ipantes ipantes,, mais a lt lta a será a mas masssa c rítica ítica da red ede e e ma mais is alto va valor lor.. A coexistência pacífica de vários interesses e culturas na Rede tomou a forma da World Wide Web, uma rede flexível formada por redes dentro da Rede. Apesar da tecnologia militar utilizada na criação da Internet em seus primórdios, a orige origem m uni univer verssitári tária a da Red ede e sempre foi d dec ec is isiiva par pa ra o des de senvolvi envolvimento mento e difus difusã ã o da CMC: o processo de difusão começou em todo o mundo nas universidades, lugares propícios inovações sociais que serão levadas à sociedade em geral. O processo de formação e difusão da Internet moldou de forma definitiva a estrutura do novo veí veícc ul ulo o de c omun omuniic aç ão ão.. A a arrqui quitet tetur ura a da d a rede é e c onti ontinuar nuará á sen sendo do aber ab erta ta sob o ponto de vista tecnológico, possibilitando amplo acesso público e limitando seri eriame amente nte a ass res estr triçõ ições es gove goverrnamentais ou ccomerciais omerciais,, embo emborra a de dessigualda igualdade de soc ial se manifeste de maneira poderosa no domínio eletrônico. A abertura do sistema resulta de seu propósito inicial, do processo inovador constante e da livre acessibilidade imposta pelos primeiros hackers de computador. O esforço constante e multifacetado para melhorar a comunicabilidade da rede constitui um notável exemplo de como a produtividade de cooperação tecnológica através da rede ac abou ab ou por aperf aperfei eiçç oá-l oá -la. a. O que permanece das origens contraculturais da rede é a informalidade e a capacidade auto-reguladora de comunicação, a idéia de que muitos contribuem para muitos, mas cada um tem a sua própria voz e espera uma resposta individualizada. As redes de CMC cada vez mais refletirão interesses comerciais à medida que estenderem a lógica controladora das maiores organizações públicas e privadas para toda a esfera da comunicação. Mas, diferentemente da mídia de massa da galáxia de McLuhan, elas têm propriedades de interatividade e individualização tecnológica e culturalmente embutidas. Essas potencialidades se transformam em novos padrões de c omuni omunicc a ç ã o, e tra tra zem a tribut tributos os ccul ultur turais ais pr próp óprrios ios..  A soc ocieda iedade de interat erativa iva

Estão emergindo on-line novas formas de sociabilidade e novas formas de vida urbana, adaptadas ao nosso novo meio ambiente tecnológico.Na definição de Howard Rheingold, comunidade virtual é uma rede eletrônica autodefinida de comunicações interativas organizadas redoria de interesses ou es fins embora às à s vez vezes es a c omun omuniiec aç ão se torn torne eao a própr própri met meta. a. Ai A inda não está tá em c lar laro ocomum, p por orém ém

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o grau de sociabilidade que ocorre nessas redes eletrônica nem quais as conseqüências culturais desta inovação. C rít ítico icoss soc iais c ond ondena enam m a de dessumani umanizzaç ão da s relaç ões õe s soc iais que nos troux trouxeram eram os computadores, pois a vida on-line parece ser uma maneira fácil de fugir da vida real. Domenique Wolton convocou os intelectuais a resistirem à ideologia dominadora e tecnocrata contida na Internet. Além disso, pesquisas indicam que sob certas c ondiçõ ondições es,, o us uso od da a Inter Internet net aument aumenta a as chanc es de solidã olidão, o, ssens ensaç aç ão de alienaç alienaç ão , ou mesmo depressão. Por outro lado, numa pesquisa empírica, Wellman e Gulia demonstram que, assim como nas redes físicas pessoais, a maioria dos vínculos das comunidades virtuais são especializados e diversificados. Os usuários da Internet ingressam em grupos ou redes com base em interesses comuns, e valores, e já que têm interesses multidimensionais, também os terão em suas afiliações on-line . Não obstante, muitas redes que começam como instrumentais e especializadas acabam oferecendo apoio pessoal, materia materi a l e afe afeti tivo. vo. Uma distinção fundamental na análise da sociabilidade é entre os laços fracos e os laços fortes. A Rede é especialmente apropriada para a geração de laços fracos múlti múl tiplos plos,, útei úteiss no fo forrnec im imento ento de infor informaç maç õe õess e na a ber be rtur tura a de nova novass op oport ortuni unida da de dess de baixo custo. Laços fracos com desconhecidos, num modelo igualitário, no qual as características sociais são menos influentes na estruturação ou mesmo no bloqueio da comunicação. Os estudos também indicaram que não há uma constante sobre enfraquecimento ou fortalecimento de vínculos sociais por meio da Internet - tanto um como o outro podem ocorrer. As comunidades virtuais são reais, porém não físicas, e seguem outros modelos, mas também capazes de gerar de gerar reciprocidade e apoio. Analisando os usos, deve-se enfatizar que a esmagadora proporção das atividades de CMC ocorre no trabalho ou em situações a ele relacionadas. A política também é uma crescente área de utilização, como propaganda, com possibilidades de interação e até participação eletrônica dos cidadãos na democracia local ou organização de movimentos como o de Seattle. As pessoas moldam a tecnologia para adaptá-la às suas necessidades. O modo de comunicação eletrônica multipessoal representado pela CMC tem sido usado de formas diferentes para diferentes finalidades. O denominador comum da CMC é que ela não substitui outros meios de comunicação nem cria novas redes, mas reforça os pa drões drõe s soc soc iais preexi preexisstentes. Como o acesso à CMC é cultural, educacional e economicamente restritivo, seu impacto cultural mais importante poderia ser o reforço potencial das redes sociais culturalmente dominantes, bem como o aumento de seu cosmopolitismo e globalização, apesar de sua utilidade para movimentos sociais. A grande fusão: a multimídia como ambiente simbólico 

O controle empresarial dos primeiros estágios de desenvolvimento dos sistemas de multimídia terá conseqüências duradouras sobre as características da nova cultura eletrônica. Apesar de toda a ideologia do potencial das novas tecnologias em educação, saúde e cultura, a estratégia dominante visa o desenvolvimento de um enorme sistema eletrônico deindicações entretenimento, considerado o investimento maisqueiram seguro e rentável. Embora algumas questionem o fato de que as pessoas

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apenas videogames sádicos, eventos esportivos e musicais - o padrão de demanda seria eria mais c omp omplex lexo. o. Mas a característica mais importante da multimídia é que ela capta em seu domínio a maioria das expressões culturais em toda sua diversidade. Seu advento é o equivalente ao fim da separação e até da distinção entre mídia audiovisual e impressa, cultura popular e erudita, entretenimento e informação, educação e persuasão. 7) O limiar do eterno: tempo intemporal 

O tempo passou no contexto histórico, desde um simples marcador de datas comemorativas ou simbolizador de tipos no horóscopo babilônico, para o principal motivador da alta produtividade, já que cada segundo perdido pode custar milhões no mercado global. É comum observarmos hoje que programas cada vez mais sofisticados comandam as tomada tomad a s de dec de c is isõe õess ec onômic onômicas, as, ssendo endo a lilinhad nhada a s c om fus fusos os h horári orários os dif diferent erentes es pa parra possibilitarem em tempo real, seja qual for a parte do mundo, o ganho da empresa. Nesse contexto é que a "empresa em rede" vivencia o tempo não como uma maneira cronológica de produção em massa, mas sim como algo a ser processado e utilizado como termômetro de suas inovações. Exemplos: o ajuste das empresas às novas necessidades do mercado em um curto intervalo de tempo; a contratação de profissionais cada vez mais flexíveis, ou seja,decapazes direcionar bem suas trabalho, e ainda a diminuição no tempo serviçode dos funcionários, bemhoras comode a contratação de mais mão-de-obra para distribuição das horas de produção diária. O aspecto do ritmo biológico ou ciclo biológico foi quebrado pela "sociedade em rede", que desde já muda a fisionomia do meio em que vive, seja fazendo mudar o tempo tem po de ser servi viçç o, ccrriand ando o uma nova c ama amada da da ter tercc eir eira a ida idade de c ontendo vel velhos hos não só cronologicamente, mas pessoas ditas impossibilitadas de se flexibilizarem em relação ao mercado, transformando a reprodução como algo possível em qualquer idade, mediante as modernas técnicas de fertilização, ou ainda pelo grande avanço da medicina, tentando colocar a morte como algo controlável e distante, uma luta ba bassead eada a na pr prevenção evenção e na e essper peranç ança. a. Sobr ob re a s guerr guerra a s, cconform onforme e os ap apa a ra tos béli bélicc os for fora a m evo evolu luiindo c om a rmas nu nucc leares e demais meios de destruição em massa, mais difícil se tornou o confronto armado entre as nor nações desenvolvidas, que os, passaram asnte guerras doexército seguinte ponto del, vista: vis ta: me menor númer número o po posssível de mort mortos, uti utililizza ç ãaover some omente d de e um profis profiss siona ional, um conflito rápido, longe dos olhos da mídia e com o menor gasto possível. Para a sociedade informacional que visa o lucro, as guerras há muito deixaram de ser lucrativas, a não ser quando as potências exploram conflitos menores, dentro de nações menos desenvolvidas, funcionando agora como fornecedores, sem perdas humanas e com muitos ganhos financeiros. Portanto, desde as transações de capitais realizadas em segundos, indeterminado ciclo de vida, busca da eternidade pela negação à morte até guerras instantâneas, são todos fatos que acabam por caracterizar a "sociedade em rede" como a responsável pela mistura do tempo, através da simultaneidade de fatos e a int ntemporal emporaliidade da de da infor nformaç mação ão.. C onclusão: onclusão: A sociedade sociedade em em rede 

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Como tendência histórica, as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes. Redes constituem a nova morfologia social de nossa sociedade e a difusão da lógica de redes modifica de forma substancial a operação e os resultados dos processos produtivos e de experiência, poder e cultura. Tudo isso porque elas são estruturas abertas capazes de expandir expand ir de for forma ma ili ilimi mitad tada a , in integrando tegrando novos nós de dessde que c ons onsigam igam c omuni omunicc a r-se -se dentro da rede, ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação (por exemplo, valores ou objetos de desempenho). Nesse contexto é que a rede é um instrumento apropriado para a economia capitalista voltada para a inovação, globalização e concentração descentralizada; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas para a flexibilidade e adaptalidade; para uma cultura de descontrução e reconstrução contínuas; para uma política destinada ao processamento instantâneo de novos valores e humores públicos; e para uma organização social que vise à suplantação do espaço e invalidação do tempo.

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