Fichamento Bauman

March 17, 2019 | Author: Lana Carolina Paula | Category: Modernity, Sociology, Liberty, State (Polity), Sociedade
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Mudanças Sociais Contemporâneas Fichamento Lana Carolina de Paula Ferreira  –  97908

BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. P 07-37

Nesse fragmento do texto, o autor elucida o quanto a pós-modernidade não apresenta a solidez que antes se verificava na modernidade. A realidade desse momento histórico tem como característica essencial a liquidez das relações sociais (o termo

„modernidade líquida‟ será utilizado pelo autor em produções posteriores). Fazendo sempre um preâmbulo entre a modernidade e a pós-modernidade, Bauman coloca as condições da vida social do homem nesses períodos. O autor coloca que a modernidade faz-se em contexto de beleza, limpeza e ordem. Entretanto sempre que se ganha algo, se perde algo também. E o homem moderno ao instituir uma ordem para a sociedade, com fortíssima coerção dos indivíduos, perde a liberdade de ação dos seus próprios atos. Ou seja, em prol de segurança se impõe uma ordem que restringe a liberdade e aumenta o mal-estar na/da vida social. Bauman: Os mal-estares da modernidade provinham de uma espécie de segurança que tolerava uma liberdade pequena demais na busca da felicidade individual. Os mal-estares da pós-modernidade provêm de uma espécie de liberdade de procura de prazer que tolera uma segurança individual pequena demais. (BAUMAN, 1998, p: 10)

A ordem seria a regulamentação e a estabilização das relações sociais para criar e manter a beleza/pureza no interior de uma determinada sociedade. Portanto cada sociedade cria sua própria ordem, sua própria pureza e suas próprias estratégias de limpeza, para que aquele meio social seja seguro para os indivíduos que o constitui. Nessa perspectiva, o elemento estranho que se adentra em outro contexto social diferente do seu, é considerado um perigo à manutenção da ordem desse contexto, já

que ele não compartilha dos mesmos códigos de conduta social que os „nativos‟ daquela sociedade compartilham, ele passa a ser considerado „sujeira‟ /desordem  /desordem no meio social.

Isso porque a unidade social de um „grupo‟ se dá por dois fatores: o homem nasce e se forma em um ambiente social previamente estabelecido, com uma carga de significações já construídas que são transferidas a ele; e o que Schütz define como

“perspectivas recíprocas”; e o „de fora‟ de determinada sociedade não detém nenhum desses fatores. A era moderna será marcada pela introdução de uma nova ordem social que rompe com a ordem tradicional anterior. Cada ordem produz sua desordem/sujeira, sua pureza e suas maneiras de limpeza do estranho. A ordem moderna se caracteriza principalmente pela alta definição do estranho e estratégias de seu combate massivo, a exemplo dos totalitarismos no século XX. Já a ordem pós-moderna se condensa na afirmação do livre mercado, assegurado pelo Estado, e na inconstância de outras esferas da sociedade. A pureza é aderir ao jogo consumista e o estranho é justamente o que não se adapta a esse jogo, são os

„consumidores falhos‟. O papel de limpeza já não é estatal, há uma privatização dessa tarefa, e cabe ao poder de Estado manter o „consumidor falho‟ distante das relações do livre mercado ao menor custo possível. Dessa forma criminaliza-se a desordem/a sujeira/o estranho criada pela própria lógica da ordem pós-moderna. O estranho ao contrapor-se às determinações da ordem causaria o mal-estar da sociedade já que ele é o oposto do padrão de pureza/beleza determinado no meio social. Então se estabelece duas formas de tratamento do estranho: antropofágica, assimilação do estranho pela e na sociedade; e antropoêmica, a exclusão total do estanho na sociedade. A questão da construção da identidade do homem se transformou drasticamente da modernidade para pós-modernidade, enquanto naquela era uma questão de atribuição da ordem social, nessa é uma realização individual, uma questão de projeto de vida em um meio social instável, pouco seguro, em que a única certeza é a lei do livre mercado.

Quatro fatores configuram o „medo ambiente‟ causado pelas incertezas da pós modernidade, são eles: a nova desordem do mundo, em que as posições no cenário mundial já não são bem definidas; a desregulamentação universal das relações de mercado; a privatização das redes de segurança social; e a exaltação do efêmero, a indeterminação e a maleabilidade do mundo.

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