Fichamento a Ordem Do Discurso Foucault

May 7, 2019 | Author: andrezanoronha86 | Category: Michel Foucault, Truth, Ciência, Cognition, Psicologia e ciência cognitiva
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Fichamento do livro A Ordem do Discurso...

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UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul Programa de Pós-graduação em Educação - Mestrado em Educação

EDUCAÇÃO, VIOLÊNCIA E NÃO-VIOLÊNCIA ro!" Dr" #der da Silva Silveira Si lveira $estrando %a&' Andreza Esteva( Noron)a *IC+A$ENO FOUCAULT, M. A ordem do discurso: aula inaugural no Collge de France, !ronunciada em " de de#em$ro de %&'(. )ão Paulo* Ediç+es Loola, %&&.

io-.i.lio/ra!ia do autor % ascid ascido o em uma /am0li /am0lia a tradic tradicion ional al de m1dico m1dicos, s, Mic2el Mic2el Fouca Foucault ult /rustr /rustrou ou as e3!ectati4as de seu !ai, cirurgião e !ro/essor de anatomia em Poitiers, ao interessar-se !or 2istória e /iloso/ia. A!oiado !ela mãe, Anna Mala!ert, mudou-se !ara Paris em %&56 e antes de conseguir ingressar na 7cole ormale da rue d8Ulm, /oi aluno do /ilóso/o 9ean :!!olite,

;ue

l2e

a!resentou

<

o$ra

de

:egel.

Em %&5= conseguiu entrar na 7cole ormale. )eu tem!eramento /ec2ado o /e# uma !essoa solit>ria, agressi4a e ir?nica. Em %&5, a!ós uma tentati4a de suic0dio, iniciou um tratamento !si;ui>trico. Em contato com a !sicologia, a !si;uiatria e a !sican>lise, leu Platão, :egel, Mar3, iet#sc2e, :usserl, :eidegger, Freud, @ac2elard, Lacan e outros, a!ro/undando-se em ant, em$ora criticasse a noção do suBeito en;uanto mediador e re/e re/er rnc ncia ia de toda todass as cois coisas as,, B> ;ue, ;ue, !ara !ara ele, ele, o 2ome 2omem m 1 !rod !rodut uto o das das !r>t !r>tic icas as discursi4as. Dois anos de!ois, Foucault se licenciou em Filoso/ia na )or$one e no ano seguinte /ormou /ormou-se -se em !sicol !sicologi ogia. a. Em %&6( %&6( entrou entrou !ara !ara o Partid Partido o Comuni Comunista sta Franc Francs, s, mas a/astou-se

de4ido

a

di4ergncias

doutrin>rias.

o ano de %&6" cursou o nstituto de Psc2ologie e o$te4e di!loma de Psicologia Patoló Patológic gica. a. o mesmo mesmo ano ano tornou tornou-se -se assist assistent ente e na Uni4e Uni4ersi rsidad dade e de Lille. Lille. Foucau Foucaultlt lecionou !sicologia e /iloso/ia em di4ersas uni4ersidades, na Aleman2a, na )u1cia, na Tun0sia, nos Estados Unidos e em outras. Escre4eu !ara di4ersos Bornais e tra$al2ou dura duran nte muit muito o tem! tem!o o como !sicó icólogo logo em 2os 2os!ita !itais is !si;u i;ui>tr i>tric icos os e !ris !ris+e +ess. 1

Texto Texto sobre bio-bibliografia completamente retirado do site http://educacao.uol.com.br http://educacao.uol.com.br/biografias/paul-m /biografias/paul-michelichelfoucault.jhtm (acesso 16 de setembro de 201!

iaBou o mundo /a#endo con/erncias. Em %&66, mudou-se !ara )u1cia, onde con2eceu Dum1#il. Este contato /oi im!ortante !ara a e4olução do !ensamento de Foucault. Con4i4eu com intelectuais im!ortantes como 9ean-Paul )artre, 9ean Genet, Canguil2em, Gilles Deleu#e, Merlau-Pont, :enri E, Lacan, @insHanger, etc.  Aos " anos !u$licou IDoença Mental e PsicologiaI J%&65K, mas /oi com I:istória da LoucuraI J%&=%K, sua tese de doutorado na )or$one, ;ue ele se /irmou como /ilóso/o, em$ora !re/erisse ser c2amado de Iar;ueólogoI, dedicado < reconstituição do ;ue mais !ro/undo e3iste numa cultura - ar;ueólogo do silncio im!osto ao louco, da 4isão m1dica JIO ascimento da Cl0nicaI, %&=K, das cincias 2umanas JIAs Pala4ras e as CoisasI, %&==K,

do

sa$er

em

geral

JIA

Ar;ueologia

do

)a$erI,

%&=&K.

Este4e no @rasil em %&=6 !ara con/erncia < con4ite de Gerard Le$run, seu aluno na rue dUlm em %&65. Em %&'% ele assumiu a cadeira de 9ean :!!olite na disci!lina :istória dos )istemas de Pensamento. A aula inaugural /oi Ia Ordem do discursoI.  A o$ra seguinte, Iigiar e PunirI, 1 um am!lo estudo so$re a disci!lina na sociedade moderna, !ara ele, Iuma t1cnica de !rodução de cor!os dóceisI. Foucault analisou os !rocessos disci!linares em!regados nas !ris+es, considerando-os e3em!los da im!osição, lise

tradicionais.

Dei3ou inaca$ado seu mais am$icioso !roBeto, I:istória da )e3ualidadeI, ;ue !retendia mostrar como a sociedade ocidental /a# do se3o um instrumento de !oder, não !or meio da re!ressão, mas da e3!ressão. O !rimeiro dos seis 4olumes anunciados /oi !u$licado

em

%&'=

so$

o

t0tulo

IA

ontade

de

)a$erI.

Em %&5, !ouco antes de morrer, !u$licou outros dois 4olumes* IO Uso dos Pra#eresI, ;ue analisa a se3ualidade na Gr1cia Antiga e IO Cuidado de )iI, ;ue trata da Noma Antiga. Foucault te4e 4>rios contatos com di4ersos mo4imentos !ol0ticos. EngaBouse nas dis!utas !ol0ticas nas Guerras do rã e da Tur;uia. O 9a!ão 1 tam$1m um local de discussão !ara Foucault. >rias 4e#es este4e no @rasil, onde reali#ou con/erncias e /irmou ami#ades. Foi no @rasil ;ue !ronunciou as im!ortantes con/erncias so$re IA erdade e as Formas 9ur0dicasI, na PUC do Nio de 9aneiro.

O.0etivos, (etodolo/ia e !unda(enta12o te3ri4a do autor e a5re4ia12o 5essoal da o.ra' O o$Beti4o de Mic2el Foucault nesta o$ra, me !areceu ser, não sim!lesmente /alar  discurso é isto, mas sim !ro$lemati#ar do ;ue ele 1 /eito, como se articula, ;uais seus as!ectos 2istóricos e seu /uncionamento atra41s dos tem!os e como, na d1cada de %&( isto era 4isto. ão e3iste um método foucaultiano de descre4er a o$ra dele. Mas !enso ;ue muitas leituras de Canguil2em, ant, :egel, Dum1#il e !rinci!almente 9ean :!!olite deram lu# na ordem das leisS ;ue 2> muito tem!o se cuida de sua a!ariçãoS ;ue l2e /oi !re!arado um lugar de 2onra mas o desarmaS e ;ue, se l2e ocorre ter algum !oder, 1 de nós, só de nós, ;ue ele l2e ad41m. J!. 'K ...!ode ser ;ue essa instituição e esse deseBo não seBam outra coisa senão duas r1!licas o!ostas a uma mesma in;uietação* in;uietação diante do ;ue 1 o discurso em sua realidade material da coisa !ronunciada ou escritaS in;uietação diante dessa e3istncia transitória destinada a se a!agar sem dQ4ida, mas segundo uma duração ;ue não nos !ertence J!. '-K

...su!on2o ;ue em toda sociedade a !rodução do discurso 1 ao mesmo tem!o controlada, selecionada, organi#ada e redistri$u0da !or certo nQmero de !rocedimentos ;ue tm !or /unção conBurar  seus !oderes e !erigos, dominar seu acontecimento aleatório, es;ui4ar sua !esada e tem04el materialidade J!. -&K Em uma sociedade como a nossa, con2ecemos, 1 certo, !rocedimentos de exclusão . O mais e4idente, o mais /amiliar  tam$1m 1 a interdição. )a$e-se $em ;ue não se tem o direito de di#er tudo, ;ue não se !ode /alar de tudo em ;ual;uer  circunstncia, ;ue ;ual;uer um, en/im, não !ode /alar ;ual;uer  So4iedade da coisa J!. &K 5rodu12o dos ... as regi+es onde a grade 1 mais cerrada, onde os $uracos dis4ursos negros se multi!licam, são as regi+es da se3ualidade e as da %5ro4edi(entos& !ol0tica* como se o discurso, longe de ser esse elemento neutro no ;ual a se3ualidade se desarma e a !ol0tica se !aci/ica, /osse um dos lugares onde elas e3ercem, de modo !ri4ilegiado, alguns de seus mais tem04eis !oderes JK o discurso não 1 sim!lesmente a;uilo ;ue tradu# lutas ou sistemas de dominação, mas a;uilo !or  ;ue, !elo ;ue se luta, o !oder do ;ual nos ;ueremos a!oderar J!. %(K Escuta de um discurso ;ue 1 in4estido !elo deseBo, e ;ue se cr... carregado de terr04eis !oderes. )e 1 necess>rio o silncio da ra#ão !ara curar os monstros, $asta ;ue o silncio esteBa alerta, e eis ;ue a se!aração !ermanece J!. %K Os 4ontroles dos Tal4e# seBa arriscado considerar a o!osição do 4erdadeiro e do dis4ursos /also como um... sistema de e3clusão... Como se !oderia ra#oa4elmente com!arar a /orça da 4erdade com se!araç+es como %e84lus2o& 9 !alando dos a;uelas, se!araç+es ;ue, de sa0da, são ar$itr>rias, ou ;ue, ao 5ro4edi(entos menos, se organi#em em torno de contingncias 2istóricasS ;ue não são a!enas modi/ic>4eis, mas estão em !er!1tuo e8ternos deslocamentoS ;ue são sustentadas !or todo um sistema de instituiç+es ;ue as im!+es e recondu#emS en/im, ;ue não se e3ercem sem !ressão, nem sem ao menos uma !arte de 4iolncia J!. %-%5K Mas se nos situamos em outra escala, se le4antamos a ;uestão de sa$er ;ual /oi, ;ual 1 constantemente, atra41s de nossos discursos essa 4ontade de 4erdade ;ue atra4essou tantos s1culos de nossa 2istória, ou ;ual 1, em sua /orma muito geral, o ti!o de se!aração ;ue rege nossa 4ontade de sa$er, então 1 tal4e# algo como um sistema de e3clusão ;ue 4emos desen2ar-se. J!. %5K Js1culo K ... um s1culo mais tarde, a 4erdade a mais ele4ada B> não residia mais no ;ue era o discurso, ou no ;ue ele fazia, mas residia no ;ue ele dizia* c2egou um dia em ;ue a 4erdade se deslocou do ato rituali#ado, e/ica# e Busto, de enunciação !ara o !ró!rio enunciado* !ara seu sentido, sua /orma seu o$Beto, su relação a sua re/erncia. Entre :es0odo e Platão uma certa di4isão se

esta$eleceu, se!arando o discurso 4erdadeiro e o discurso /alsoS se!aração no4a 4isto ;ue, dora4ante, o discurso 4erdadeiro não 1 mais o discurso !recioso e deseB>4el, 4isto ;ue não 1 mais o discurso ligado ao e3erc0cio de !oder. J!. %6K ...as grandes mutaç+es cient0/icas !odem tal4e# ser lidas, como conse;uncias de uma desco$erta, mas !odem tam$1m ser lidas como a a!arição de no4as /ormas na 4ontade de 4erdade J!.%=K  A 4ontade de 4erdade, como os outros sistemas de e3clusão, a!oia-se so$re um su!orte institucional* 1 ao mesmo tem!o re/orçada e recondu#ida !or todo um com!acto conBunto de !r>ticas como a !edagogia, 1 claro, como o sistema dos li4ros, da edição, das $i$liotecas, como as sociedades de s>$ios outrora, os la$oratórios 2oBe. Mas ela 1 tam$1m recondu#ida, mais !ro/undamente sem dQ4ida, !elo modo como o sa$er 1 a!licado em uma sociedade, como 1 4alori#ado, distri$u0do, re!artido e de certo modo atri$u0do J !. %'K ...essa 4ontade de 4erdade assim a!oiada so$re um su!orte e uma distri$uição institucional tende a e3ercer so$re os outros discursos... uma es!1cie de !ressão e como ;ue um !oder de coerção. J!. %K Como se !ara nós a 4ontade de 4erdade e suas !eri!1cias /ossem mascaradas !ela !ró!ria 4erdade... J!.%&K ...o ;ue est> em Bogo, senão o deseBo e o !oder8 O discurso 4erdadeiro, ;ue a necessidade de sua /orma li$erta do deseBo e li$era do !oder, não !ode recon2ecer a 4ontade de 4erdade ;ue o atra4essaS e a 4ontade de 4erdade, essa ;ue se im!+e a nós 2> $astante tem!o, 1 tal ;ue a 4erdade ;ue ela ;uer não !ode dei3ar  de mascar>-la. J!. "(K ... só a!arece aos nossos ol2os uma 4erdade ;ue seria ri;ue#a, /ecundidade /orça doce e insidiosamente uni4ersal. E ignoramos em contra!artida, a 4ontade de 4erdade, como !rodigiosa ma;uinaria destinada a e3cluir todos a;ueles ;ue, !onto !or !onto, em nossa 2istória, !rocuram contornar essa 4ontade de 4erdade e recoloc>-la em ;uestão contra a 4erdade, l> Bustamente onde a 4erdade assume a tare/a de Busti/icar a interdição e de/inir a loucuraS J!. "(K Os 4ontroles dos Procedimentos internos, 4isto ;ue são os discursos, eles mesmos, dis4ursos9 ;ue e3ercem seu !ró!rio controleS !rocedimentos ;ue /uncionam, so$retudo, a t0tulo de !rinc0!ios de classi/icação, de ordenação, de !alando dos 5ro4edi(entos distri$uição, como se tratasse, desta 4e#, de su$meter outra internos" dimensão do discurso* a do acontecimento e do acaso J!."%K Co(ent:rio, autor""" ... não 2> sociedade onde não e3istam narrati4as maiores ;ue se contam JK conBuntos rituali#ados de discursos ;ue se narram, con/orme circunstncias $em determinadasS coisas ditas uma 4e# e ;ue se conser4am, !or;ue nelas se imagina 2a4er algo como um

segredo ou uma ri;ue#a. J!. "%-""K ...!ode-se su!or ;ue 2>, muito regularmente nas sociedades, uma es!1cie de desni4elamento entre os discursos* os discursos ;ue se di#em no correr dos dias e das trocas, e ;ue !assam com o ato mesmo ;ue os !ronunciouS e os discursos ;ue estão na origem de certo nQmero de atos no4os de /ala ;ue os retomam, os trans/ormam ou /alam deles, ou seBa, os discursos ;ue, inde/inidamente, !ara al1m de sua /ormulação, são ditos, !ermanecem ditos e ainda estão !or di#er J!. ""K 7 certo ;ue esse deslocamento não 1 est>4el, nem constante, nem a$soluto. ão 2>, de um lado, a categoria dada uma 4e# !or  todas, dos discursos /undamentais ou criadoresS e, de outro, a massa da;ueles ;ue re!etem, glosam e comentam JK em$ora seus !ontos de a!licação !ossam mudar, a /unção !ermaneceS e o !rinc0!io deum deslocamento encontra-se sem cessar re!osto em  Bogo. O desa!arecimento radical desse desni4elamento não !ode nunca ser senão um Bogo, uto!ia ou angQstia J!. "K gostaria de me limitar a indicar ;ue, no ;ue se c2ama glo$almente um coment>rio, o desn04el entre o te3to !rimeiro VOdiss1iae4angel2oW e te3to segundo VBur0dicoW desem!en2a dois !a!1is ;ue são solid>rios. Por um lado !ermite construir Je inde/inidamenteK no4os discursos JK !or outro lado, o coment>rio não tem outro !a!el JK senão o de di#er enfim o ;ue esta4a articulado silenciosamente no texto primeiro J!. "5-"6K O coment>rio conBura o acaso do discurso /a#endo-l2e sua !arte* !ermite-l2e di#er algo al1m do te3to mesmo, mas com a condição de ;ue o te3to mesmo seBa dito e de certo modo reali#ado JK O no4o não est> no ;ue 1 dito, mas no acontecimento de sua 4olta J!. "6-"=K O autor não entendido, 1 claro, como indi40duo /alante ;ue !ronunciou ou escre4eu um te3to, mas o autor como !rinc0!io de agru!amento do discurso, como uma unidade e origem de suas signi/icaç+es, como /oco de sua coerncia J!. "=K Mas nos dom0nios em ;ue a atri$uição a um autor 1 de regra JK 4-se $em ;ue ela não desem!en2a sem!re o mesmo !a!elS na ordem do discurso cient0/ico, a atri$uição a um autor era, na dade M1dia, indis!ens>4el, !ois era um indicador de 4erdade. JK Desde o s1culo X esta /unção não cessou de se en/ra;uecer, no discurso cient0/ico* o autor só /unciona !ara dar nome a um teorema, um e/eito, um e3em!lo, uma s0ndrome. J!. "'K Vocorre o o!osto com a literaturaW O autor 1 a;uele ;ue d> < in;uietante linguagem da /icção suas unidades, seus nós de coerncia, sua inserção no real J!. "K ...o indi40duo ;ue se !+e a escre4er um te3to no 2ori#onte do ;ual

!aira uma o$ra retoma !or sua conta a /unção do autor* a;uilo ;ue ele escre4e e o ;ue não escre4e, a;uilo ;ue desen2a, mesmo a t0tulo de rascun2o !ro4isório, como es$oço da o$ra, e o ;ue dei3a, 4ai cair como con4ersas cotidianas J!. "-"&K )eria !reciso recon2ecer tam$1m no ;ue se denomina, não as cincias, mas as disci!linas, outro !rinc0!io de limitação... ;ue tam$1m V1W relati4o e mó4el J!. "&-(K

Dis4i5lina e sua o5osi12o ao autor e ao 4o(ent:rio

A organi#ação das disci!linas se o!+e tanto ao !rinc0!io do coment>rio como ao do autor. Ao do autor, 4isto ;ue a doisci!lina se de/ine !or um dom0nio de o$Betos, num conBunto de m1todos, um cor!us de !ro!osiç+es consideradas 4erdadeiras, um Bogo de regras e de de/iniç+es, de t1cnicas e de instrumentos* tudo isto constitui uma es!1cie de sistema an?nimo < dis!osição de ;uem ;uer ou !ode ser4ir-se dele, sem ;ue seu sentido ou sua 4alidade esteBam ligados a ;uem sucedeu ser seu in4entor. Mas o !rinc0!io da disci!lina se o!+e tam$1m ao do coment>rio* em uma disci!lina, di/erentemente do coment>rio, o ;ue 1 su!osto no !onto de !artida, não 1 um sentido ;ue !recisa ser redesco$erto, nem uma identidade ;ue de4e ser re!etidaS 1 a;uilo ;ue 1 re;uerido !ara a construção de no4os enunciados. Para ;ue 2aBa disci!lina 1 !reciso, !ois, ;ue 2aBa !ossi$ilidade de /ormular, e de /ormular  inde/inidamente, !ro!osiç+es no4as. J!. (K o interior de seus limites, cada disci!lina recon2ece !ro!osiç+es 4erdadeiras e /alsasS mas ela re!ele, !ara /ora de suas margens, toda uma teratologia do sa$er JK uma !ro!osição de4e !reenc2er  e3igncias com!le3as e !esadas !ara !oder !ertencer ao conBunto de uma disci!linaS antes de !oder ser declarada 4erdadeira ou /alsa, de4e encontrar-se, como diria M. Canguil2em, no 4erdadeiro. J!. -5K 7 sem!re !oss04el di#er o 4erdadeiro no es!aço de uma e3terioridade sel4agemS mas não nos encontramos no 4erdadeiro senão o$edecendo na ordem do discurso se não satis/i#er a certas e3igncias ou se não /or, de in0cio, ;uali/icado !ara /a#-lo... nem todas as regi+es do discurso são igualmente a$ertas e !enetr>4eisS algumas são altamente !roi$idas... en;uanto outras !arecem ;uase a$ertas a todos os 4entose !ostas, sem restrição !r14ia, < dis!osição de cada suBeito ;ue /ala J!. =-'K Ela redu# a uma só /igura todas as coerç+es do discurso* as ;ue limitam seus !oderes, as ;ue dominam suas a!ariç+es aleatórias,

as ;ue selecionam os suBeitos ;ue /alam J!. 'K A /orma mais su!er/icial e mais 4is04el desses sistemas de restrição 1 constitu0da !elo ;ue se !ode agru!ar so$ o nome de ritualS o ritual de/ine a ;uali/icação ;ue de4em !ossuir os indi40duos ;ue /alamS JK de/ine os gestos, os com!ortamentos, as circunstncias, e todo o conBunto de signos ;ue de4em acom!an2ar o discursoS /i3a, en/im, a e/ic>cia seu e/eito so$re a;ueles aos ;uais se dirigem, os limites de seu 4alor de coerção J!. -&K Com /orma de /uncionar !arcialmente distinta 2> as sociedades de discurso, cuBa /unção 1 conser4ar ou !rodu#ir discursos, mas !ara /a#-lo circular em es!aço /ec2ado, distri$u0-los somente segundo regras estritas, sem ;ue seus detentores seBam des!ossu0dos !or essa distri$uição J!. &K 7 certo ;ue não e3istem tais sociedades de discurso, com esse  Bogo am$0guo de segredo e de di4ulgação. Mas ;ue ningu1m se dei3e enganar. Mesmo na ordem do discurso 4erdadeiro, mesmo na ordem do discurso !u$licado e li4re de ;ual;uer ritual, se e3ercem ainda /ormas de a!ro!riação de segredo e de não!ermuta$ilidade J!. 5(K

;so4iedades de dis4urso<

Y !rimeira 4ista, as doutrinas Jreligiosas, !ol0ticas, /ilosó/icasK constituem o in4erso e uma sociedade de discurso JK  A!arentemente, a Qnica condição re;uerida 1 o recon2ecimento das mesmas 4erdade e a aceitação de certa regra  de con/ormidade com os discursos 4alidados J!. 5%-5"K A doutrina reali#a uma du!la suBeição* dos suBeitos ;ue /alam aos discursos e dos discursos ao gru!o, ao menos 4irtual, dos indi40duos ;ue /alam J!. 5K

Edu4a12o e dis4urso

... os rituais da !ala4ra, as sociedades do discurso, os gru!os doutrin>rios e as a!ro!riaç+es sociais. A maior !arte do tem!o eles se ligam uns aos outros e constituem es!1cies de grandes edi/0cios ;ue garantem a distri$uição dos suBeitos ;ue /alam nos di/erentes ti!os de discurso e a a!ro!riação dos discursos !or certas categorias de suBeitos J!. 55K )a$e-se ;ue a educação, em$ora seBa, de direito, V1W o instrumento ao ;ual todo indi40duo, em uma sociedade como a nossa, !ode ter acesso a ;ual;uer ti!o de discurso JK. Todo sistema de educação 1 V!ortantoW uma maneira !ol0tica de manter  ou de modi/icar a a!ro!riação dos discursos, com os sa$eres e os !oderes ;ue eles tra#em consigo. J!. 5-55K O ;ue 1 a/inal um sistema de ensino senão uma rituali#ação da !ala4raS senão uma ;uali/icação e uma /i3ação dos !a!1is !ara os suBeitos ;ue /alamS senão a constituição de um gru!o doutrin>rio ao menos di/usoS senão uma distri$uição e uma a!ro!riação do discurso com seus !oderes e seus sa$eres8 J!. 55-56K

Su0eito !undante e Su0eito !undador 

O suBeito /undante, com e/eito, est> encarregado de animar  diretamente, com suas intenç+es, as /ormas 4a#ias da l0ngua JK a sua relação com o sentido, o suBeito /undador dis!+e de signos, marcas, traços, letras. Mas !ara mani/est>-los, não !recisa !assar  !ela instncia singular do discurso J!. 5'K )e o discurso e3iste, o ;ue !ode ser, então, em sua legitimidade, senão uma discreta leitura8 As coisas murmuram, de antemão, um sentido, ;ue nossa linguagem !recisa a!enas /a#er mani/estar-seS e esta linguagem, desde seu !roBeto mais rudimentar, nos /alaria B> de um ser do ;ual seria como a ner4ura J!. 5K O discurso nada mais 1 do ;ue a re4er$eração de uma 4erdade nascendo diante de seus !ró!rios ol2osS e, ;uando tudo !ode, en/im tomar a /orma do discurso, ;uando tudo !ode ser dito a !ro!ósito de tudo, isso se d> !or;ue todas as coisas, tendo mani/estado e intercam$iado seu sentido, !odem 4oltar < interioridade silenciosa da conscincia de si J!. 5&K

... o discurso nada mais 1 do ;ue um Bogo, de escritura , de O =ue talvez se0a leitura... e de troca..., e essa troca, essa leitura e essa escritura o dis4urso  Bamais !+em em Bogo senão os signos. O discurso se anula, assim, em sua realidade, inscre4endo-se na ordem do signi/icante J!. 5&K Ora, !arece-me ;ue so$ esta a!arente 4eneração do discurso, so$ essa a!arente logo/ilia, esconde-se uma es!1cie de temor. Tudo se !assa como se /osse interdiç+es, su!ress+es, /ronteiras e limites ti4essem sido dis!ostos de modo a dominar em !arte, a grande !roli/eração do discurso. J!. 6(K E se ;uisermos... analis>-lo VdiscursoW, 1 !reciso... o!tar !or trs decis+es as ;uais nosso !ensamento resiste um !ouco...* ;uestionar nossa 4ontade de 4erdadeS restituir ao discurso seu car>ter de acontecimentoS sus!ender, en/im, a so$erania do signi/icante. J!. 6%K ... intervenção: ...1 !reciso recon2ecer o Bogo negati4o de um recorte e de uma rare/ação do discurso J!. 6%-6"K

Os 5rin4>5ios de interven12o, des4ontinuidade, es5e4i!i4idade e ...  descontinuidade: JK Os discursos de4em ser tratados como !r>ticas descont0nuas, ;ue se cru#am !or 4e#es, mas tam$1m se e8terioridade ignoram ou se e3cluem J!. 6"-6K

... especificidade:  não trans/ormar o discurso em um Bogo de signi/icaç+es !r14iasS JK De4e-se conce$er o discurso como uma 4iolncia ;ue /a#emos tica ;ue l2es im!omos em todo o casoS e 1 nesta !r>tica ;ue os acontecimentos do discurso encontram o !rinc0!io de sua regularidadeS J!. 6K ... exterioridade* não !assar do discurso !ara seu nQcleo interior e escondido, !ara o mago de um !ensamento ou de uma signi/icação ;ue se mani/estariam neleS mas, a !artir do !ró!rio discurso, de sua a!arição e de sua regularidade, !assar lise* a noção de acontecimento, a de s1rie, a de regularidade, a de condição de !ossi$ilidade... se o!+es termo a termo* o acontecimento < criação, a s1rie, < unidade, a regularidade < originalidade e a condição de !ossi$ilidade < signi/icado J!. 65K ... 1 1 !or esse conBunto de an>lise dos discursos so$re a ;ual estou !ensando se articula, não certamente com a tem>tica tradicional ;ue os /ilóso/os de ontem tomam ainda como a 2istória 4i4a, mas com o tra$al2o e/eti4o dos 2istoriadores J!. 6'K Certamente o acontecimento não 1 nem su$stncia nem acidente, nem ;ualidade nem !rocessoS o acontecimento não 1 da ordem dos cor!os. Entretanto, ele não 1 imaterial J!. 6'K 7 !reciso aceitar introdu#ir a casualidade como categoria na !rodução dos acontecimentos J!. 6&K ... o conBunto cr0tico, ;ue !+e em !r>tica o !rinc0!io da in4ersao* !rocurar cercar as /ormas de e3clusão, da limitação, da a!ro!riação de ;ue /ala4a 2> !oucoS mostrar como se /ormaram, !ara res!onder a ;ue necessidades, como se modi/icaram e se deslocaram, ;ue /orça e3erceram e/eti4amente, em ;ue medidas /oram contornadas J!. =(K ... o conBunto genealógico, ;ue !+e em !r>ica os trs outros !rinc0!ios* como se /ormaram, atra41s, a!esar, ou com a!oio desses sistemas de coerção, s1ries de discursosS ;ual /oi a norma es!ec0/ica de cada uma e ;uais /oram suas condiç+es de a!arição, de crescimento, de 4ariação J!. =(-=%K

Os 4on0untos ;4r>ti4o< e ;/eneal3/i4o<

Entre o em!reendimento cr0tico e o em!reendimento genealógico, a di/erença não 1 tanto de o$Beto ou de dom0nio mas, sim, de !onto de ata;ue, de !ers!ecti4a e de limitação J!. ='K O estudo só !oder> ser /eito, !ortanto, con/orme !luralidades de s1ries nas ;uais inter/iram interditos ;ue, ao menos em !arte, seBam di/erentes em cada uma delas J!. ='-=K 7, contudo, a !artir deles ;ue uma no4a regularidade se /ormou, retomando ou e3cluindo, Busti/icando ou descartando alguns dos seus enunciados J!. =K ... a an>lise do discurso, assim entendida, não des4enda a uni4ersalidade de um sentidoS ela mostra < lu# do dia o Bogo da rare/ação im!osta com um !oder /undamental de a/irmação. Nare/ação e a/irmação, rare/ação, en/im, da a/irmação e não generosidade cont0nua do sentido, e não monar;uia do signi/icante J!. '(K

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