Fevereiro 2021

April 11, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
Share Embed Donate


Short Description

Download Fevereiro 2021...

Description

 

MAGLIANO: UM HOMEM À FRENTE DE SEU TEMPO MAGLIANO:

10 TENDÊNCIAS TEN DÊNCIAS P  PAR ARA  A 

 

ESG NO BR BRASI ASIL L EM 2021 2021 por GUSTA GUSTAVO VO PIMENTEL PIMENTE L

RELAÇÕES COM INVESTIDORES  www.revista  www.r evistaRI RI.com.br .com.br

EM PAUTA

 AGEND  A GENDA A POSITIVA  POSITIVA 

DE GOVERNANÇA  A INFLUÊNCIA DOS LÍDERES PA R A UMA GOVE GOVERNA RNANÇ NÇA A QUE QUE INSPIRA, INCLUI E TRANSFORMA por DANIELA ROCHA

nº24 248 8 FEV 2021    0    0    0    0  , ,    0    0    2    2    $    $    R    R

 

Impacto Positivo: Positivo: Performance a favor da tr transformação ansformação.. Nossos resultados ganham um novo signicado quando investidores e sociedade se desenvolvem juntos. Conheça algumas das nossas iniciativas: mais de

mais de

18

38

9

100 %

bilhões captados para projetos de clientes com indicadores sociais e ambientais positivos (green e socialbonds).

bilhões

em crédito para empresas lideradas por mulheres até 2024.

bilhões disponibilizados em crédito para empresas que geram impacto positivo.

de energia renovável no funcionamento de todas as nossas noss as operações.

 

Somos feitos de pessoas que têm o poder de transformar o mundo e estimular

outras a participar dessa transforma transformação. ção. Saiba mais em:itau.com.br/sustentabilidade em: itau.com.br/sustentabilidade

Aponte a câmera do seu celular e saiba mais.

 

nº 248 • Fevereiro 2021

06 Homenagem  06 Homenagem 

28 AMEC Opinião 28 AMEC

Magliano: um homem à frente de seu tempo

Governança Corporativa n  no o contexto do boom dos dos IPOs

POR JURANDIR SELL MACEDO E CRISTIANE MORAES

46 Governança  Governança 46 Corporativa

56 Melhores  Melhores 56 Práticas

POR FÁBIO HENRIQUE DE SOUSA COELHO

Com incertezas de 2021, Governança Corporativa se torna fundamental

Como o ISE inspirou a M. Dias Branco na jornada da

10 10 Ponto  Ponto de Vista

30 30 Sustentabilidade  Sustentabilidade

POR MARCOS RODRIGUES E OLAVO RODRIGUES

Sustentabilidade

10 tendências para ESG no Brasil em 2021

Economia & Meio Ambiente: esperança de uma relação menos conturbada

48 48 Conselho  Conselho Fiscal

58 58 Registro  Registro

POR GUSTAVO PIMENTEL

14 Em Pauta  Agenda Positiva Positiva d de e Governança: a influência dos líderes para uma Governança que inspira, inclui e transforma POR DANIELA ROCHA

POR EDUARDO WERNECK

36 36 Espaço  Espaço APIMEC O Brasil precisa respirar: 20 anos de terceiro milênio POR CÉLIO FERNANDO B. MELO E HELENA TEÓFILO

42 Orquestra  Orquestra 42 Societária  A Evolução da Tecnologia Evolução Tecnologia gerará benefícios à sociedade e ao meio ambiente? POR CIDA HESS E MÔNICA BRANDÃO

Composição do Conselho Fiscal frente a complexidade do ambiente de Governança POR CLÓVIS PEREIRA

52 Forum  Forum 52  ABRASCA Os riscos de se alterar a Lei Societária por medida provisória

POR FABIO CEFALY C EFALY

 XVI I Seminário  XVII Internacional CPC POR RODNEY VERGILI

63 63 IBRI  IBRI Notícias 1º. Prêmio  APIMEC IBRI destaca os vencedores POR JENNIFER ALMEIDA

79 79 Opinião  Opinião

POR EDUARDO LUCANO DA PONTE

55 IBGC  IBGC Comunica 55

Gênero e CÀSSIA Corrupção POR RITA DE BIASON

Carta ao mercado: Diversidade na renovação dos Conselhos POR B3, IBGC, IFC, SPENCER SUART E WCD

REVISTA RI © É uma publicação mensal da IMF Editora Ltda. Av. Erasmo Braga, 227 - sala 511 20020-000 - Rio de Janeiro, RJ Tel.: (21) 2240-4347

[email protected]

www.revistaRI.com.br

Publisher e Diretor Editorial: Ronnie Nogueira | Presidente do Conselho: Ronaldo A. da Frota Nogueira (1938-2017) Conselho Editorial:Raymundo Antônio Castro, EdisonFilho, Arisa,Ricardo Eduarda La Rocque, Fábio Henrique de Sousa Coelho,Tosta Héliode Garcia, Marcelo Mesquita, Magliano Amorim, Roberto Teixeira da Costa e Thomás Sá Jurandir Macedo, Projeto Gráfico: DuatDesign Gráfico: DuatDesign

Os artigos aqui publicados não pretendem induzir a nenhuma modalidade de investimento. Os dados e reportagens são apurados com todo o rigor, porém não devem ser considerados perfeitos e acima de falhas involuntárias. Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores. É proibida a reprodução desse volume, ou parte do mesmo, sob quaisquer meios, sem a autorização prévia e expressa da IMF Editora.

HOMENAGEM  

MAGLIANO UM HOME HOMEM M À FRENTE FRE NTE DE SEU TEMPO TEM PO  Uma frase atribuída ao legislad legislador or grego Sólon Sólon afirma que um homem só pode ser considerado venturoso após sua morte. Sim, Magliano Filho Fi lho foi um homem venturoso, Sólon. Raymundo Magliano um homem que viveu uma vida que valeu a pena ser vivida. E nos deixou, aos 78 anos, vítima da Covid-19, no dia 11 de janeiro de 2021. por JURANDIR SELL MACEDO e CRISTIANE MORAES

Raymundo, ou Raimundinho, como era carinhosamente chamado, fazia parte do conselho editorial desta revista revist a desde o lançamento. Na primeira reunião, ele pediu a palavra, olhou demoradamente para todos os membros, então, perguntou: “O que é isto? Quem nós somos?”. Com a impressionante oratória oratória que lhe era peculiar, o R Raymunaymundo perguntou: “Em que mundo nós vivemos? Não tem nenhum nen hum negro, nenhuma mulher – será que o mercado de capitais é um mundo só para homens brancos?” bra ncos?”.. Hoje, diversidade dos conselhos é uma pauta comum; naquela época, não. Por qualquer ângulo que se olhe para a vida do seu Raymundo, vamos ver um homem que sempre esteve além do seu tempo, alguém que pautou a vida pela ética, pela inclusão e pelo bem comum. Para alguns, algu ns, ele poderia parecer um sonhador, já que a filosofia era uma das suas grandes paixões. Nas aulas particulares particula res semanais que ele fazia, fa zia, estudava muitos pensadores como Norberto Bobbio, Hannah Arendt e Antonio Gramsci, o que lhe rendeu muitas ideias, projetos e livros, como “A Força das Ideias para um Capitalismo Sustentável” e “Um Caminho para pa ra o Brasil”.

 Um dos grandes cases de sucesso da carrei carreira ra dele foi o Movimento de Popularização da Bovespa (2001-2008), que democratizou o acesso aos investimentos e deu a base necessária para o mercado de capitais que vemos hoje, também inspira-

6

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

do nos conceitos conceitos dos filósofos que Magliano admi admirava. rava. Esse homem revolucionário, simples e gentil era um verdadeiro diplomata. Levou a Bolsa à praia e aproximou sindicatos, mulheres, estudantes e os mais diferentes públicos daquela entidade que parecia ser para poucos, mas que podia ser de muitos. muito s. De bermudão, jornal embaixo do braço e sorriso la rgo, Magliano tinha sempre tempo e disposição para falar sobre os conceitos conceitos de gra grandes ndes pensadores e levantar bandeiras que mostravam a importância da diversidade –assunto que nem estava em voga na época – e da democracia para que as ideias sejam sustentáveis para a sociedade. Para ele, a concentração bancária, o machismo e a falta de direitos iguais ainda faziam com que a sociedade precisasse evoluir muito. Magliano, o descendente de italianos e capitalista herdeiro, por definição de Ma x Weber, muito muito citado por nosso amigo, gostava de promover o diálogo e cutucar a importância e a força da sociedade. Em um dos seus a rtigos, escreveu “Não é nenhum segredo que o mercado financeiro, mesmo em 2017, é extremamente machista. A estigmatização da mulher e sua consequente exclusão nesse cenário, no entanto, possuem uma razão histórica, cujo conhecimento é indispensá vel para avançarmos em direção a uma sociedade mais igualitária”. Encerrou o mesmo texto com uma defesa brilhante: bri lhante: “A força das ideias para um agir transformador depende do conhecimento da história social das nossas instituições, institu ições, seus limites e suas v irtudes”.

 

Fevereiro 2021

REVISTA RI

7

 

HOMENAGEM

Histórias, reflexões e ensinamentos não faltaram ao longo desses 78 anos de vida, mas a verdade é que ele não tinha medo de dizer o que pensava. Sua transparência sempre foi algo admirável. admi rável. Mesmo com toda bagagem no mercado, costumava dizer que não entendia de Bolsa e que gostava mesmo era de pessoas. Viveu boa parte de sua vida em outra époépo -

Depois de muitos ciclos, diferentes crises econômicas e mais 90 anos de história, em 16 de julho de 2020, o sonho de popularizar a Bolsa de Valores, nascido com o fundador da Magliano Invest, ganhou um novo impulso. A fintech Neon Pagamentos comprou a corretora, encerrando um ciclo e dando início a outro, em que os ensinamentos se-

ca, mas não deixou de usar os recursos para se comunicar.

guiriam rumo a um novo mercado com a Neon. O desejo de Raymundo Magliano de tornar o mercado de capitais acessível ao cidadão comum foi então expandido e ga nhou novos rumos.

Pouco antes de ser internado, decidiu decidiu entrar no Instagr Instagram. am. Ele estava ani mado, tinha melhorado de uma longa temporada de crises de asma. Est ava disposto a desvendar outras tecnologias. Mas ele nunca precisou estar nas redes socia is. Mesmo fora delas, era um comunicador com uma disposição e disciplina de dar i nveja a qualquer jov jovem. em. Lia sempre todos os jornais, com frequência ligava para jornalistas para elogiar uma reportagem. Ele era um porta-voz fantástico, falava de todos os assuntos, buscava entender de tudo. Ao fala r de política era reservado, não falava de nomes, não criticava pessoas e seus erros. Ele discutia ideias sobre o futuro. Poucos sabem, mas Magliano seguiu muitos passos do pai, Raymundo Magliano, que fundou a corretora número 1 da Bolsa e também motivou a criação de uma entidade de classe das corretoras de valores. O pai chegou a presidente da Bolsa. Nessa época, o filho deu continuidade aos negócios e, uma década depois do falecimento do pai, assumiu a liderança da Bovespa. Dizem que o fruto não cai longe do pé e, na família Magliano, a paixão pelo mercado de capitais chegou na terceira geração. Raymundo Magliano Neto também ouvia com atenção as histórias do avô e, antes de assumir a gestão da corretora da família, famí lia, criou um projeto de educação financeira, a Expo Money, o evento itinerante que percorreu muitas capitais brasileiras. Foi nessa época que os caminhos dos autores deste artigo se cruzaram, dando início a uma amizade.

Com o acontecimento, Magliano Filho concedeu uma série de entrevistas para a i mprensa e uma em especial para uma jovem repórter do Estadão. Ele ficou tão encantado pela forma como a história foi contada pela jornalista, que ligou para ela e para o editor, para agradecer. Quem faria isso? Alguém que dava valor às palavras e s abia que elas escritas valem ainda mais, pois ficam gravadas para a eternidade. Raymundo Magliano Filho foi um homem capaz de questionar o status quo e de confrontar confr ontar verdades estabelecidas. Sempre com um cativante sorriso no rosto e u ma bondade imensa no coração. Raymundo nos deixou, porém temos a sua obra. Temos um mercado de capitais muito mais democrático, temos muitas empresas preocupadas com a responsabilidade socia l e a diversidade. Ainda vivemos cercados de muitas injustiças neste país, porém temos a obra desse grande brasilei ro para nos guiar na construção de um mercado de capitais e um Brasil mais justo, mais inclusivo e mais sustentável. Com este artigo, pretendemos fazer um tributo não apenas ao querido amigo Magliano, mas a todos aqueles que perderam a vida para esta terrível pandemia. Queremos homenagear a todos aqueles que hoje enfrentam a dor da saudade de seus entes queridos. RI

JURANDIR SELL MACEDO é doutor em Finanças Comportamentais, com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva pela Université Libre de Bruxelles (ULB) e professor de Finanças Pessoais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

 jurandir  jura ndir@ed @edufina ufinancei nceira.or ra.org. g.br br

8

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

CRISTIANE MORAES é jornalista, assessora de imprensa, especialista especialista em comunicação e marketing e fundadora da CM Comunicação Corporativa.

[email protected]

PONTO DE VISTA

10 TENDÊ TENDÊNCIAS NCIAS PARA 

 

ESG NO BR BRAS ASIIL EM 2021 2021

 Após furar a bolh  Após bolha a em 2020 2020,, no no Brasil Brasil e no no mund mundo, o, em 202 2021 1 o movimento ESG terá que provar que veio para ficar. Nesse sentido, sentid o, identificamos identificamos quais quais tendências vão emergir emergir ou solidificar no mercado financeiro e de capitais brasileiro neste ano. por GUSTA GUSTAVO VO PIMENTEL PI MENTEL

 As tendênci as 1 a 4 mostram os produtos e abordagen s ESG que mais devem ganhar tração. As tendências 6 a 8 debatem o ambiente político e regulatório, e como os próprios investidores e empresas têm ajudado a moldá-lo moldá-lo..  As tendênci tendências as 9 e 10, por sua vez, sugere sugerem m como a goverg overnança das empresas vai se adaptar a estes novos tempos. E a tendência 5 argumenta que os recursos com mandato ESG começarão a causar impacto real, movendo capital entre setores e empresas.  Afin al de conta s, se não é para apoiar a cons  Afinal constr trução ução de um mundo melhor, melhor, para que serve o movimento ESG?

1) INSTRUMENTOS DE DÍVIDA BASEADOS EM DESEMPENHO ESG FICAM MAIS POPULARES QUE OS BASEADOS EM USO DE RECURSOS Desde o último trimestre de 2020, observamos um apetite crescente de emissores de dívida brasileiros pelos chamados Sustainability-Linked Bonds (SLB) ou  Loans  Loans.. O instrumento é uma opção de captação de recursos com rótulo de sustentabilidade para aqueles emissores que não desejam restringir sua alocação em projetos ou usos específicos, mas sim a metas ambientais, sociais ou de governança, com impacto no spread no  spread.. Com o crescente apetite de investidores por dívida rotulada, os instrumentos baseados em desempenho ganham tração e podem superar as emissões de Green, Social e Sustainable Bonds no Bonds no Brasil em 2021.

10

REVISTA RI

Fevereiro 2021

 

2) BANCOS SE TORNAM EMISSORES RELEVANTES DE TÍTULOS E EMPRÉSTIMOS ESG Os dois primeiros green bonds do mundo foram emitidos por bancos de desenvolvimento em 2008 e, desde então, estes atores e os bancos comerciais pelo mundo todo são emissores relevantes. No Brasil, o mercado se desenvolveu a partir de emissões de empresas não-financeiras, mas começamos a ver uma inflexão em 2020 com emissões de Banco BV, BTG Pactual e BNDES (segunda emissão) e diversos bancos elaborando frameworks que permitem múltiplas emissões.  As emissões em issões rotulada rotuladass de ba bancos ncos permitem que os recursos sustentáveis cheguem às pequenas e médias empresas atra vés do crédito bancário. Em 2021, 2021, com a nova T Taxonomia axonomia de Finanças Verdes da Febraban, apostamos nos bancos brasileiros como emissores relevantes.

3) FUNDOS SUSTENTÁVEIS CRESCEM, SE DIVERSIFICAM DIVERSI FICAM E ATRAEM A ATENÇÃO DOS INSTITUCIONAIS Há duas décadas foi lançado o primeiro fundo de investimento com rótulo ESG do Brasil, focado em ações. Após um período sem muitas novidades, diversas gestoras lançaram fundos ESG em 2019-20 e outras o farão em 2021. Nest Neste e ano, os fundos serão testados pelos investidores em relação a seu retorno ajustado ao risco e quanto à qualidade da integração ESG realizada. A prateleira deve ganhar em diversificação em abordagens, passando a incorporar com mais força a lente do impacto positivo, bem como em classe de ativos, como private equity, infraestrutura, imobiliário e crédito estruturado puxando as novas ofertas.

4) A AVALIAÇÃO DE IMPACTO ESTARÁ CADA VEZ MAIS PRESENTE NOS FRAME WORKS DE ANÁLISE ESG O investimento de impacto, aqui definido como o investimento com intenção de gerar impacto socioambiental positivo e mensurável juntamente com retorno e econômico conômico,, vem sendo um importante promotor do movimento ESG no Brasil desde 2018. Mas, apesar de os produtos de impacto ainda ai nda serem raros entre as gestoras tradicionais, a análise e medição do impacto nos investimentos como um todo vêm ganhando ga nhando força. Uma vez que os procedimentos para integração ESG nas gestoras estejam cada vez mais desenvolvidos e robustos, esperamos uma demanda crescente para que elementos de avaliação e mensuração de impacto i mpacto sejam também incluídos nos processos de investimento.

RECUR SOS ESG 5) AUMENTO DO VOLUME DE RECURSOS COMEÇA A MOVER CAPITAL E PREÇOS NA ECONOMIA REAL

Neste ano, os fundos serão testados pelos investidores em relação a seu retorno ajustado ao risco e quanto à qualidade da int i ntegração egração ESG realizada.  A prat pratel eleira eira deve deve ganhar em em diversificação em abordagens, passando a incorporar com mais força a lente do impacto positivo, bem como em classe de ativos, como private equity equ ity,, infraestrutura, imobiliário e crédito estruturado puxando as novas ofertas. “Siga o dinheiro”. A expressão popularizada pelo jornalismo jornali smo investigativo e combate à corrupção agora pode ter uma conotação positiva: no momento momento em que recursos recu rsos com mandatos ESG começam a ganhar massa crítica, o custo de capital sobe para os setores e negócios com impacto socioambiental negativo, e cai para os de impacto positivo. No mercado de dí vida já se verifica o greenium, e esse efeito efeito chegará com mais força em 2021 na renda variável listada, no private equity (saídas) e no crédito bancário. bancár io.

CAMINHO NHO DO 6) MUDANÇAS CLIMÁTICAS A CAMI COMPLIANCE DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS  A partir part ir de 2014, com o estabeleciment estabelecimento o da Resolução 4.32 4.327 7 do Conselho Monetário Nacional, as instituições financeiras brasileiras aceleraram políticas e processos para incorporar questões ambientais e sociais na gestão de riscos. Um ano depois, impulsionado pela crescente demanda de investidores por informações consistentes sobre riscos climáticos, o FSB (Financial Stability Board) desenvolveu a Força-Tarefa para Divulgações Financeiras relacionadas às Mudanças Climáticas (TCFD). Com a evolução da agenda global de economia  verde, o Banco Central do Brasil está na iminência de in-

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

11

 

PONTO DE VISTA

corporar as recomendações da TCFD nas demandas de compliance das instituições financeiras. Outros reguladores nacionais do setor financeiro também sinalizam interesse no tema. Portanto, 2021 será o ano do “como” - não mais “se” - as instituições farão para atender esta demanda e integrar as mudanças climáticas em seus procedimentos e divulgações.

7) EMPRESAS BRASILEIRAS RE SPOND SPONDEM EM À PERDA DE PRESTÍGIO AMBIENTAL DO BRASIL  BRASIL  O aumento no número de incêndios florestais e áreas desmatadas, reforçado pela postura do governo federal quanto a fiscalização e multas, colocou em dúvida a efetividade da avançada legislação ambiental brasileira. Somado a diminuição da ambição do Compromisso Nacionalmente Determinado (NDC) frente ao Acordo de Paris, seria o cenário ideal para diminuição da ambição das empresas brasileiras no tema ambiental. Por outro lado, como como partic participantes ipantes de cadeias de valor globais, as empresas brasileiras estão expostas a pressões de seus investidores e clientes. Em 2020, algumas empresas deram importantes passos para evoluírem suas práticas de combate ao desmatamento na cadeia de suprimentos. Em 2021 outras grandes empresas devem seguir esse caminho e isso deve influenciar que seus fornecedores também melhorem suas práticas. As empresas serão mais vocais em relatar suas práticas para se dissociarem da imagem negativa do país.

8) POSICIONAMENTO DE INVESTIDORES FRENTE  AOS DESAFIOS DESA FIOS SOCIOAMBIE SOCIOAM BIENTAIS NTAIS E CLIMÁTICOS CLI MÁTICOS  

O movimento de agrupamento e posicionamento conjunto de investidores frente a desafios socioambientais e climático cli máticoss ganhou  bastant  bas tante e forç força: a: em 2019 2019 investidores internacionais se posicionaram quanto ao desmatamento da Amazônia e em 2020 empresas brasileiras fizeram o mesmo. de, e até mesmo nas dívidas baseadas em desempenho ESG.  Após dois dois anos em que que mui muitas tas empresas assumiram assumira m comprocompromissos públicos com a sustentabilidade, o passo lógico é que seus executivos e gestores tenham tenh am os incentivos econômicos alinhados a agenda.

O movimento de agrupamento e posicionamento conjunto de investidores frente a desafios socioambientais e climáticos ganhou bastante força: em 2019 investidores internacionais se posicionaram quanto ao desmatamento da Amazônia

10) TEMAS ESG ENTRAM DE FORMA ESTRUTURADA ESTRUTURA DA EM CONSELHOS E COMITÊS COMITÊS 

e em 2020 empresas brasileiras fizeram o mesmo.ociosos, Pela sua função magna de alocação produtiva de recursos o mercado financeiro é essencial para o enfrentamento enfr entamento dos desafios que já se apresentam e se intensificarão nos próximos anos. Investidores pelo mundo já vêm entendendo entendendo sua inser inser-ção nesta dinâmica, enquanto os investidores brasileiros estão sendo cobrados por posicionamentos posicionamentos mais transpar transparentes entes quanto aos temas ESG nas políticas públicas, pressionando governos em torno de uma agenda positiva.

determina o rumo dos negócios. O tema se tornou rente nas pautas dos conselhos e deve ganhar aindamais ma isrecormais força por conta de sua relevância na gestão de riscos. Vale a reflexão se a frequência do assunto ampliará a ambição da organização na agenda de sustentabilidade. Os comitês de sustentabilidade podem protagonizar a qualificação qual ificação do debate, o oferecendo ferecendo insumos técnicos ao conselho e atuando como guardião da temática na organização. Nesse sentido, são instâncias com papel relevante e cada vez mais reconhecido. r econhecido. RI

9) ALINHAMENTO DA REMUNERAÇÃO EXECUTIVA ÀS METAS DE SUSTENTABILIDADE

O conselho de administração direciona a tomada de decisão e

GUSTAVO PIMENTEL

 Vincular a remuneração variável de executivos a metas de sustentabilidade não é uma prática nova: há anos as empre-

é diretor executivo da SITAWI, provedora de consultoria e research ESG. Colaboraram para este

sas utilizam métricas de saúde e segurança, retenção de colaboradores ou satisfação do cliente como component componentes es dos bônus. A novidade é a tração que o tema ganhou na agenda de investidores, nos ratings ratings ESG  ESG e índices de sustentabilida-

 Maciel,  Macie Guil Guilherm herme T eixeira eira, , Carla Car Sc Schuch huchmann mann, ,  Felipe  F elipel,Nestr Nestrovsky ovsky ,eTatian TTeix atiana a Ass Assali, ali,laC Cristóv ristóvão ão Al Alves, ves,  Isabela  Isab ela Couti Coutinho, nho, A Ander nderson son N Neto, eto, R Rachel achel Bess Besso, o,  Rafael  Rafa el Ger Gersely sely,, Marina Marina B Brian riant, t, Biano Biano B Batist atista, a, Da Daniela niela  Lima e Fr Fred ed Se Seifert ifert,, todo todoss da e equipe quipe da Si Sitawi  tawi .

artigo Maurício Barbeiro, Gustavo Pimentel, Beatriz

[email protected]

12

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

SUA ASSESSORIA DE RI PODE SER:

UMA QUE APARENTA APARENT A SER S ER MAIS BARATA

 UMA QUE TEM FOCO EXCLUSIVO EM TI

UMA ESPECIALISTA APENAS EM DESIGN

OU PODE SER A GLOBALRI Tudo o que você precisa em um só lugar, e bem feito.

ASSESSORIA DE RI: Pré IPO • IPO • Divulgação • Estudo de percepção • Análise pós conferência • Compliance   • • Benchmark  •  • Estudos diversos • RI para empresas de capital fechado e familiares

TECNOLOGIA:  Website  •  • Mailing  •  • Voto à distância

COMUNICAÇÃO:

Relatório de sustentabilidade, anual e de administração • Criação • Consultoria GRI • Relato integrado

um passo à frente em consultoria

www.globalri.com.br   [email protected] www.globalri.com.br

 

EM PAUTA

 AGENDA  A GENDA P POSITIV OSITIVA  A  DE GOVERNANÇA  A INFLUÊNCIA DOS DOS LÍDERES PAR A UMA UM A GO GOVER ERNANÇA NANÇA QUE INSPIRA, INCLUI E TRANSFORMA

14

REVISTA RI

Fevereiro 2021

 

De que forma os líderes empresariais empresariais deve devem m fazer frente f rente às rápidas transformações tran sformações,, com foco em uma u ma sociedade mais justa e no respeito ao meio ambiente? ambiente? O  IBG  IBGC C  Instituto  Insti tuto Brasilei Brasileiro ro de de Governança Governança Corpora Corporativ tiva a - junto com outras ou tras entidades e especialistas - indicam os pilares dessa mudança e propõem uma série de medidas práticas. por DANIELA ROCHA

Os fatores ESG não são algo a lgo novo, são abordados há décadas, mas o que mudou na conjuntura atual é que a percepção sobre a sua importância e as pressões para medidas efeti vas têm aumentado de forma significativa. significat iva. A sociedade demanda - com mais urgência - que as empresas assumam corresponsabilidade para solucionar os principais desafios que limitam a prosperidade, geram desigualdade social e prejudicam o planeta.

portância das empresas considerarem os princípios ESG em seus negócios e colocando a sustentabilidade como padrão para os investimentos.

Mais do que nunca questões ESG -ou, cujaem sigla significa En vironmental, Social as and Governance portug português, uês, Ambiental, Social e Governança - estão sob os holofotes. Alguns eventos foram responsáveis por colocar essa pauta em evidência. Em 2019, a organização Business Roundtable, que reúne CEOs de 181 das maiores companhias dos Estados Unidos, que  juntas empregam mais de 15 milhões mi lhões de pessoas e contam com um faturamento anual acima de US$ 7 trilhões, tri lhões, comunicomunicaram a mudança de propósito corporativo do grupo, na verdade, uma ruptura com a política adotada há mais de 20 anos, que colocava a maximização dos lucros dos acionistas como prioridade. Assim, a nova diretriz é que as empresas passem a se comprometer também com seus colaboradores, clientes, fornecedores e demais comunidades envolvidas. No ano passado, Larry Fink , CEO da BlackRock , a maior gestora do mundo, que conta com US$ 7,8 trilhões em ativos sob gestão, escreveu uma carta ressaltando a im-

LARRY FINK, BlackRock

Fevereiro 2021

REVISTA RI

 

EM PAUTA

Sempre trabalhamos Sempre proativamente e constatamos que deveríamos organizar e colocar em único documento os conceitos fundamentais e diversas medidas, de natureza prática para que os líderes empresariais não fiquem só na teoria e contribuam mais para uma sociedade mais justa. HENRIQUE LUZ, IBGC

 A BlackRock BlackRoc k logo partiu pa rtiu para a prática, promovendo várias alterações nas estratégias de seus fundos oferecidos no mercado, seguindo esse critério.

Conforme Henrique Luz, presidente do Conselho do IBGC, os seis pilares, listados a seguir, podem ser adotados por todos os tipos de organizações, de qualquer porte ou setor:

Também em 2020, no Fórum Econômico Mundial ( World

INTEGRIDADE DADE: é um imperativo moral – e um 1) ÉTICA E INTEGRI

 Economic Forum - WEF ), chegou-se à conclusão de que os cinco

fator para a continuidade os líderes decisivo das organizações promovam dos umanegócios cultura –deque integridade, em que as pessoas pratiquem a confiança, confia nça, o respeito, a empatia e a solidariedade.

principais riscos com probabilidade probabilidade de ocorrência até 2030 são s ão de natureza ambiental, destacando a importância da gestão de riscos pelas corporações. E, agora no início do ano, o WEF divulgou um relatório dos principais riscos globais, baseado em uma ampla pesquisa, confirmando a alta chance desses riscos ambientais – que lideram por probabilidade e por impacto, além de mencionar as intercorrências da pandemia da Covid-19, como aumento da disparidade social e fragilização da economia ainda nos próximos três a cinco anos. Diante desse cenário, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), ao completar 25 anos como influenciador de boas práticas e melhores processos para a administração das empresas no país – reconhecido por difundir a transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa, lançou a Agenda Positiva de Governança, aprofundando os aspectos ESG.

2) DIVERSIDADE E INCLUSÃO: uma cultura corporativa baseada na diversidade e inclusão, além de assegurar um  valor humano fundamental fundamenta l – o respeito à diversidade –, é fonte permanente de criatividade e longevidade. Os líderes devem agir com urgência e comprometer-se a assegurar tratamento justo e oportunidades iguais para todos, sobretudo na promoção de equidade de gênero e raça. 3) AMBIENTAL E SOCIAL: a atuação dos líderes na gestão dos impactos ambientais e sociais deve ir além da agenda institucional. É fundamental integrar essas questões ao modelo de negócio e promover a articulação da organização com os diversos setores da sociedade.

15

16

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

4) INOVAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO: a inovação deve ser a base de uma visão vi são de futuro que objetiva o desenvolvimento sustentado da organização. Os líderes devem tomar decisões coerentes com o propósito e a estratégia do negócio, gerenciar os riscos do processo e ter disciplina para colher

naqueles relacionamentos entre o público e o privado.   4. Identificar e divulgar divulga r ao mercado indicadores e a  justificativa econômica (business case) para a adoção de práticas ligadas às questões ambientais, sociais e de

15 MEDIDAS PARA UMA GOVERNANÇA QUE INSPIRA, INCLUI E TRANSFORMA

governança corporativa.   5. Contribuir para a elaboração de leis, regulações, regul ações, políticas públicas e padrões que estimulem as organizações a adotar melhores práticas em relação a questões sociais, ambientais e de governança corporativa.   6. Estimula Estimularr o mercado e o consumo de produtos produtos e serviços sustentáveis por meio de investimento em inovação, pesquisa e desenvolvimento.   7. Promover aabert bertura ura a novos modelos de decisão baseados na experimentação, adotando instrumentos que permitam maior tomada de riscos na inovação.   8. Fortalecer o esfo esforço rço de inovação por por meio de parcerias com centros de estudos e academia e do fomento ao empreendedorismo e ao ecossistema de startups.   9. Capacitar pessoas para que a organização organiz ação se desenvolva desenvolva em um novo contexto de negócios: mais íntegro, transparente, sustentável, diverso e inovador.   10. Adotar os princípios básicos da governança corporativa nas atividades que devem nortear a gestão e o diálogo da organização com as partes interessadas.

1. Garantir Garanti r com atitudes e medidas de conscientização que líderes e colaboradores fundamentem suas decisões na identidade da organização (propósito, missão,  visão, valores e princípios) pr incípios) e compreendam compreendam como seus comportamentos diários impactam a organização e a sociedade.   2. Integrar os seis pilares da Agenda Positiva de Governança (ética e integridade; diversidade e inclusão; ambiental e social; inovação e transformação; transparência e prestação de contas; e conselhos do futuro) ao propósito, à cultura organizacional e aos modelos de negócio e de geração geraç ão de valor.   3. Zelar para que os relacionamentos da organização organizaç ão com seus colaboradores, clientes, fornecedores, sócios e demais partes interessadas sejam baseados nos mais sólidos princípios de integridade, principalmente

  11. Evidenciar a forma como a organização gera valor ao longo do tempo, por meio da divulgação de informações integradas de natureza econômico-financeira, social, ambiental e de governança corporativa com igual nível de qualidade e confiabilidade.   12. Garantir que as informações divulgadas sejam comunicadas, tanto para o público interno quanto para o externo, de forma completa, clara e concisa, considerando a percepção das partes interessadas sobre os impactos causados pela organização.   13. Implantar processos seletivos e programas de incentivo que reconheçam e desenvolvam líderes empáticos – que demonstrem capacidade de escuta ativa, vontade de servir, liderança horizontal, colaboração e abertura ao dissenso.

os resultados das ações no tempo certo e gerar valor para todas as partes par tes interessadas. interessadas.

5) TRANSPARÊNCIA E PRESTAÇÃO DE CONTAS: os líderes devem promover a transparência e prestar contas de sua atuação a partir de um diálogo aberto com as diferentes partes interessadas, identificando seus interesses e expectativas, a fim de obter mais confiança e melhores resultados. CONSELHOS DO FUTURO: 6) CONSELHOS FU TURO: para que atuem como agentes de transformação e catalisadores da adaptabilidade e da agilidade das organizações, os conselhos devem ser compostos com maior foco em diversidade e competências socioemocionais. Disposição para questionar, ouvir ativamente, respeitar outras visões, ousar, desaprender e reaprender são condições essenciais para explorar ex plorar novas formas de gerar valor e viabilizar as transformações necessárias. “Sempre trabalhamos proativamente e constatamos que de veríamos organizar organiz ar e colocar em e m único ú nico documento doc umento os conceitos fundamentais e diversas medidas, listadas a seguir, de natureza prática para que os líderes empresariais não fiquem só na teoria e contribuam mais para uma sociedade mais justa”, explica Luz.

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

17

 

EM PAUTA

Participei de inúmeros conselhos de empresas e algum tempo atrás, por exemplo, exemplo, quando eu abordava ética e integridade, havia constrangimento, diziam que ali não era o lugar para falar desse tipo de pauta e que era preciso concentrar a agenda nos projetos e nos resultados. RICARDO YOUNG, Instituto Ethos

  14. Criar um ambiente de confiança e segurança psicológica para que as pessoas possam divergir entre si, reportar erros e irregularidades, manifestar dúvidas e preocupações e oferecer suas contribuições abertamente.   15. Constituir um programa de diversidade e inclusão com alocação de recursos financeiros e pessoas dedicadas a pôr em prática um plano com ações intencionais para ampliar a diversidade e fomentar a cultura inclusiva na organização, bem como no conselho de administração. De acordo com Henrique Luz, a elaboração da Agenda Positiva de Governança envolveu mais de 50 pessoas entre especialistas em governança e sustentabilidade, acadêmicos, agentes do mercado e representantes diversas entidades, entre elas, a Associação A ssociação Brasileira Brasileira das Companhias Companhias Abertas (Abrasca), Associação Brasileira de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Instituto Brasileiro de Relações com In vestidores (IBRI), Instituto Inst ituto Capitalismo Consciente Brasil e o Instituto Ethos.

O entendimento é que os conselheiros de administração e os gestores executivos têm o papel de fortalecerem a cultura cult ura das empresas com base em princípios éticos e sustentáveis.  A transição do capitalismo de shareholders para o capitalismo de  stakeholders  está acontecendo. Nesse sentido, está mudando também o patamar de consciência do que significa ser líder de uma companhia e das suas responsabilidades, avalia Ricardo Young, presidente do Conselho do Instituto Ethos. “Participei de inúmeros conselhos de empresas e algum tempo atrás, por exemplo, quando eu abordava ética e integridade, havia constrangimento, diziam que ali não era o lugar para falar desse tipo de pauta e que era preciso concentrar a agenda nos projetos e nos resultados. O que aconteceu é que a complexidade do nosso tempo passou a exigir uma outra qualidade de liderança empresarial com uma visão sistêmica, incorporando e sustentando os valores ESG“, diz.  Young afirma a firma que nos últimos anos, os escândalos de corrupção envolvendo grandes companhias como a Petrobras e Odebrecht, alvos da Operação Lava-Jato, geraram clima de desconfiança, prejudicaram o ambiente de negócios e

18

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

levaram a muitas discussões sobre a necessidade de uma legislação mais forte e punitiva para acabar com o crime. “As leis são ferramentas importantes, mas na verdade, ficou claro que é a cultura da organização que dá sustentação e fundamentação tanto à estratégia ESG quanto ao compliance para que não haja corrupção. É essencial que os gestores disseminem com clareza os valores da organização para que os colaboradores e comunidades envolvidas entendam e ntendam como agir diante dos dilemas éticos e desafios que surgem a todo momento. Ilustrando com uma situação, se houver um incêndio em uma sala de cinema, todas as pessoas que estão lá se unem imediatamente em torno do mesmos objetivo que é sair do local e combater o fogo, apesar das suas diferenças. Da mesma forma, em uma empresa, os funcionários e demais stakeholders devem se mobilizar em torno de um objetivo e valores comuns e verdadeiros – que eles entendem e acreditam - não meramente protocolares”, comenta o presidente do Conselho do Instituto Ethos. “O termo deveria ser GSE, com Governança em primeiro lugar, por conta da necessidade de uma estruturação de empresas humanizadas, que têm propósitos e líderes conscientes”, defende Hugo Bethlem, presidente do conselho do Instituto Capitalismo Consciente no Brasil. Estudos mostram que companhias que têm propósito, que são as causas pelas quais elas existem, muito mais do que simplesmente gerar lucros, conseguem manter alta reputação, aumentar a fidelidade dos clientes e ter resultados consistentes ao longo do tempo. De acordo com Bethlem, essas empresas conquistam o share of heart , ou seja, criam um laço afetivo com o consumidor e despertam o respeito e admiração por outras partes envolvidas.  Aqui no Brasil, o Instituto Instit uto Capitalismo Consciente liderou uma pesquisa chamada “Empresas Humanizadas”, ao longo de 2018 e 2019, 2019, revelando as vantagens competitivas competitiva s e a performance positiva das companhias humanizadas. O estudo envolveu 1.11 1.1155 empresas de todos os tamanhos ta manhos e segmentos, sendo que 22 participaram de todas as etapas, entre elas, a Natura, Boticário, Reserva, Klabin, Hospital Israelita Albert Einstein e Jacto. Esse levantamento mostra que retorno sobre o patrimônio (ROE) das empresas humanizadas foi 6 vezes maior do que a média das 500 maiores companhias do país em um período de 20 anos. As empresas com propósito têm um nível de satisfação dos colaboradores 225% superior do que a média das 500 maiores companhias e um índice de satisfação de clientes (NPS) 248% superior. O estudo resultou no livro

HUGO BETHLEM, Capitalismo Consciente

O termo deveria ser GSE, com Governança em primeiro lugar, por conta da necessidad necessidadee de uma estruturaçã estr uturação o de empresas humanizadas, que têm propósitos e líderes conscientes consc ientes..

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

EM PAUTA

Não é como um interrupto interruptorr que liga e desliga, que só porque o ESG não está na agenda da empresa que ela irá quebrar quebrar amanhã, aman hã, mas ao longo do tempo, as coisas tendem a piorar para ela.

FABIO ALPEROWITCH, Fama Investimentos

“Empreendedorismo Consciente: Como Melhorar o Mundo e Ganhar Dinheiro”, lançado no ano passado. Agora, outro levantamento está em andamento, com um número maior de companhias interessadas.

 AGOR A VAI? MOTI  AGORA MO TIVOS VOS NÃO FALTAM FAL TAM E HÁ PRESSÕES POR TODOS OS LADOS Na visão de Fabio Alperowitch, sócio-fundador e gestor de portfólio da Fama Investimentos, muitas empresas ainda não acordaram e acham equivocadamente que ESG é uma pauta de conformidade. Desse modo, essas companhias acreditam que precisam ser responsáveis ambientalmente para não tomarem multas e serem responsáveis socialmente para não se tornarem alvos de processos trabalhistas, o que é básico a ser feito, enquanto ESG diz respeito à criação de valor. Então, segundo ele, uma empresa que não defende a diversidade e inclusão e que não seja expressamente anti-racista e anti-homofóbica, terá dificuldade para atrair e reter talentos. As companhias que não se preocupam com questões ambientais, serão cada vez mais rejeitadas pelos consumidores, e as empresas pouco diversas dificilmente tomarão as melhores decisões. “Não é como um interruptor

da empresa que ela irá quebrar amanhã, mas ao longo do tempo, as coisas tendem a piorar para ela”, destaca. Hugo Bethlem, do Instituto Capitalismo Consciente, ressalta que existe uma forte pressão dos consumidores e dos colaboradores Millennials e, principalmente, da Geração Z, que  valoriza m mais o respeito ao meio ambiente e a diversidade  valorizam do que as gerações anteriores. “A nova geração mais enga jada, quer ter orgulho orgul ho das empresas onde trabalham” trabal ham”,, diz. Segundo Henrique Luz, do IBGC, há um movimento crescente de empresas aderindo aos pilares ESG. Contudo, ainda existe um universo considerável de companhias que ainda não se mobilizaram ou onde vigora o descolamento entre o discurso e a prática, isto é, nos relatórios e comunicações aparecem muitas coisas que não são lastreadas em ações. “A distância entre o discurso e a prática não pode ser um abismo. Infelizmente, muitas empresas vão entrar fazendo greenwashing, mas certamente a sociedade e os investidores vão depurar depura r isso ao longo do tempo”, avalia. Conforme ele, aos poucos, ganha força o ativismo dos inves-

19

que liga e desliga, que só porque o ESG não está na agenda 20

REVISTA RI

tidores institucionais, seguindo as iniciativas da BlackRock

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

Não temos ainda um padrão sobre aplicação do ESG, mas as casas mais sofisticadas nessa pauta têm adotado práticas de engajamento com as emp empresas resas iinve nvestidas, stidas, exercido o vot voto o nas assembleias assembleias e feito manifestaçõe manifestaçõess públicas de cobrança de práticas de negócios alinhados aos valores. FABIO COELHO, AMEC

Para Fabio Coelho, presidente da Associação de Investido-

Mas a mudança é inevitável. Na avaliação de Flávia Mouta, diretora de Emissores da B3, como as questões ESG se comprovam relevantes tanto para imagem e reputação das organizações quanto para seus resultados, os investidores estão ficando mais atentos. Ela comen-

res no Mercado de Capitais (Amec), os agentes não têm agido de forma homogênea, são muito diferentes entre si. Analisando a indústria de gestão de recursos no Brasil, há casas tradicionais que estão sendo desafiadas por modelos de negócios mais dinâmicos de assets independentes, há gestoras com cultura estrangeira e aquelas com cultura de bancos. “Não temos ainda um padrão sobre aplicação do ESG, mas as casas mais sofisticadas nessa pauta têm adotado práticas de engajamento com as empresas investidas, exercido e xercido o voto nas assembleias e feito manifestações públicas de cobrança de práticas de negócios alinhados aos valores”, afirma.

ta, por exemplo, que a ausência de determinados compromissos ambientais e sociais podem, em última instância, interferir em acordos comerciais, prejudicando exportações e importações. “Tendo em vista esse tipo de impacto, investidores institucionais, dado o seu de ver  ve r fiduc fi duc iári iá rio, o, es estã tãoo ca cada da vez mais ma is ex igente ige ntess e cr ite iteri rioosos em relação a esses compromissos de transparência e avanços em boas práticas ESG. Mas vale ressaltar que esse comportamento também começa a ser observado em outras classes de investidores, como os de varejo”, diz.

Na visão de Fabio Alperowitch, o ativismo dos acionistas é incipiente e aborda ESG de forma reducionista. “O ativismo, quando existe, diz respeito principalmente à redução da emissão de CO2 e existe também pressão pela equidade de gênero, como se tudo se resumisse a isso. Porém, as questões ambientais e

Sonia Consiglio Favaretto, especialista em sustentabilidade, conselheira de administração e SDG Pioneer pelo Pacto Global das Nações Unidas, diz que a pandemia da Covid-19 é mais um fator que colocou a sustentabilidade na linha de frente das empresas, desafiando

e de outras grandes gestoras, que estão demandando aos conselhos e CEOs das empresas onde aportam recursos uma gestão mais efetiva dos impactos ambientais e sociais.

sociais são muito mais amplas e complexas , afirma. afir ma.

os CEOs e conselhos. Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

EM PAUTA

Segundo especialistas, a crise do coronavírus tem levado um olhar mais social e humanizado. Nessa linha, diante das medidas de distanciamento para conter o vírus e de outros desafios, a Ambev (ABEV3), (ABE V3), por exemplo, exemplo, criou uma diretoria de Saúde Mental, Diversidade e Inclusão e Bem-estar. A responsável é Mariana Ma riana Holanda, que tem formação em psicologia. Outro driver   de transformação destacado é que o governo americano, a partir da entrada do presidente Joe Biden, coloca a sustentabilidade como prioridade e se manifesta em prol à diversidade. Logo L ogo que tomou posse, Biden anunciou o retorno dos Estados Unidos ao Acordo de Paris, tratado no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que rege medidas de redução de emissão de gases do efeito estufa. “Com a vitória de Biden, a sustentabilidade avançará, afinal os Estados Unidos exercem liderança e influência e irá pressionar não só o Brasil, mas o mundo todo. Certamente, as questões ESG vão ganhar velocidade e importância”, conclui Favaretto. B3 FLÁVIA MOUTA MOUTA, B3

Investidores institucionais, dado o seu dever fiduciário, estão cada vez mais exigentes ea esses criteriosos em relação compromissos de transparência e avanços em boas práticas ESG. Mas  vale ressaltar ressaltar que esse esse comportamento também começa a ser observado em outras classes de investidores, como os de varejo. va rejo.

 Joe Biden, informou no seu primeiro dia de governo: “Os Estados Unidos voltarão ao Acordo de Paris e começarei imei mediatamente a trabalhar com meus colegas em todo o mundo para fazer tudo o que puder, incluindo convocar os líderes das maiores economias para uma cúpula do clima em meus primeiros 100 dias no cargo.”

 AS ATR ATRIBU IBUIÇÕES IÇÕES DO R I NESSE NES SE CENÁRIO CENÁ RIO Os executivos de relações com Investidores têm se dedicado em prol do aprimoramento contínuo dos relatos empresariais na perspectiva ESG, para assegurar mais transparência. “Um dos principais desafios dos RIs é a elaboração do Relato Integrado, já que nas divulgações periódicas das S/As existem muitos elementos elementos de criação cr iação de valor que são importantes para os investidores, mas que não são adequadamente capturados nas demonstrações financeiras”, destaca  Andr  Andréé Vasconcellos Vasconcello s, RI na Eletrobras e diretor-adjunto no Rio de Janeiro do IBRI. Ele também avalia que os RIs têm defendido essa agenda ESG no ambiente intraorganizacional. O IBRI já conta com uma comissão ESG para acompanhar a evolução dessas questões e disseminar conhecimento entre os profissionais e contribuiu para a Agenda Positiva de Go vernança. “A Agenda Positiva tem como objetivo criar c riar um ambiente favorável ao investimento de longo prazo. A boa governança é fundamental na atração de capital”, afirma Rafael Mingone, RI na Gerdau e coordenador da comissão

21

ESG do IBRI. 22

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

Com a vitória de Biden, a sustentabilidade avançará, afinal os Estados Unidos exercem liderança e influência e irá pressionar não só o Brasil, mas o mundo todo. Certamente, as questões ESG vão ganhar  velocidad  vel ocidadee e importância. importância. SONIA FAVARETTO, Especialista em Sustentabilidade

COPO MEIO CHEIO E MEIO VAZIO DA GOVERNANÇA Segundo especialistas a construção de uma boa governança é uma jornada. Nos últimos anos, houve avanços, mas muitas questões ainda precisam ser resolvidas, há muito espaço para avançar.

últimos 20 anos. “Houve avanço no número de conselheiros independentes, a criação de comitês técnicos mais sofisticados para apoiar as decisões, além das avaliações feitas por consultores externos. Diversos temas como a transformação digital e a diversidade entraram na pauta e se intensificou a preocupação com a gestão de riscos e c ompliance”, enfatiza.

Em 2020, a participação de mulheres em conselhos de administração foi de 11,5%, segundo o Spencer Stuart Board Index Brasil. O avanço foi de um ponto percentual em relação ao ano anterior. Ainda é uma fatia pequena, mas em um passado não muito distante, as mulheres não tinham quase nenhuma voz nessa área. “Vejo uma tendência dos conselhos serem mais diversos, com diferentes experiências e visões, tanto em relação às formações, que incluem agora profissionais de sustentabilidade e de variados segmentos - não somente os tradicionais como economia, direito e administração, quanto com a presença de mais mulheres. Eu sou um exemplo, sou jornalista e especialista em sustentabilidade e, hoje, faço parte do conselho do BNDES”, diz Sonia Favaretto. Favar etto.

Para Alexandre Silva, outro aspecto que também ganhou relevância é a inovação, que faz parte da Agenda Positiva de Governança. “A inovação é um pilar da governança. As transformações do mundo são cada vez mais rápidas, com o progresso da tecnologia tecnologia e de materiais. materiais. Então, a inovação inovação deve permear todas as áreas da empresa: os produtos, os processos produtivos, serviços, estrutura comercial e de recursos humanos. Isso é essencial para o diferencial competitivo, melhor desempenho, trata-se mesmo de uma questão de sobrevivência dos negócios.”

 Atuante no IBGC, Alexa  Alexandre ndre Silva, presidente do Conselho de Administração da Embraer, diz que houve grande me-

Flávia Mouta, da B3, diz que uma forma de ver a evolução da governança no Brasil é acompanhar acompanha r o histórico do segmento de listagem no Novo Mercado, que passou por aperfeiçoamentos. Diante dos grandes escândalos e crises no mercado, houve demanda por medidas mais efetivas de proteção aos

lhoria na governança das companhias como um todo nos

investidores. “O Novo Mercado se adaptou com atualizações Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

EM PAUTA

 Um dos dos principais principais desafios desafios dos RIs é a elaboração do Relato Integrado, já que nas divulga div ulgações ções periódicas das S/As existem exi stem muitos elementos elementos de criação de valor que são importantes para os investidores, mas que não são adequadamente capturados nas demonstrações financeiras.  ANDRÉ VASCONC VASCONCELLOS, ELLOS, IBRI

em seu regulamento em 2006, 2011 e, mais recentemente, em 2018”, 2018”, destaca Flávia. F lávia. Ao longo do tempo, conforme des-

pega um horizonte temporal maior. O mercado financeiro é muito mais sofisticado hoje do que nos anos 2000, quando nem

taca, foram incorporadas regras como a exigência de que ao menos 20% do conselho seja formado por conselheiros independentes e a vedação à sobreposição de cargos do conselho de administração e de diretor presidente ou principal executivo da empresa. As companhias também passaram a ter que divulgar sua política de negociação de valores mobiliários liár ios e um código de conduta. Em 2018, 2018, o foco escolhido na evolução das regras do Novo Mercado foi o gerenciamento de risco e controles internos. Essas mudanças serão integralmente implementadas pelas companhias até 2022.

havia o Novo Mercado. No entanto, ele acredita que há um certo paradoxo no ar neste momento. “Toda vez que o mercado de capitais local dá dois passos para a frente em termos de crescimento das operações, temos a impressão que ele dá um passo para trás em termos de governança. Na Amec, falamos que bons anos, com atividade mais intensa de IPOs, geram também desrespeito às práticas consagradas de governança”, governança”, ressalta.

“Ainda há muito a ser feito. Questões mais recentes, como a agenda ESG e um forte apelo social pela ampliação da di versidade de gênero e raça são alguns algun s dos desafios que se impõem no ambiente empresarial e que ainda precisam ser enfrentados pelas organizações”, acrescenta Flávia.

Entre os pontos de retrocesso apontadas por ele, a discussão sobre a possibilidade de criação de ações com direitos diferenciados de voto (Super ON), a questão de conflito de interesses em operações entre partes relacionadas, o exercício de voto conflitado em casos de benefícios particulares. “E mais, assistimos no último ano algumas empresas testando o mercado para fazer seus IPOs mesmo sem reunir condições mínimas de governança. governa nça. Tudo Tudo isso gera uma visão negativa, cujas consequências só deverão ser sentidas daqui

23

Fábio Coelho, da Amec, diz que o saldo é positivo quando se 24

REVISTA RI

alguns anos”, afirma o presidente da Amec.

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

Também com uma posição crítica, Fabio Alperowitch, da Fama Investimentos, diz que adoção de bons princípios de governança depende dos participantes e que os investidores devem acompanhar isso de perto. Conforme ele, a criação do Novo Mercado deve ser reconhecida como algo positivo, um importante passo, mas esse segmento de listagem não pode ser considerado um fator de proteção definitivo aos minoritários.  A JBS (JBSS3) ( JBSS3) é do Novo Mercado, Merc ado, e esteve envolvida envolvid a em um esquema de corrupção, com a atuação dos irmãos ir mãos Joesley e  Wesley Batista. Bati sta. Ele afirma que em um período mais recente, o país voltou a ter algumas situações inadequadas semelhantes às ocorridas na década de 90. “Há muito o que se fazer mesmo, estou falando de escândalos de 2020”, diz. Ele cita o IRB-Brasil Resseguros (IRBR3), que teve irregularidades em suas práticas contábeis e fez a divulgação falsa de que a Berkshire Hathaway, gestora americana de Warren Buffett, teria participação na empresa. E ele fala ainda da aquisição da Linx pela Stone, que colocou os acionistas minoritários em des vantagem. Considerando as a s iindenizações ndenizações por competição e contrato de trabalho, os principais executivos da empresa receberam R$ 46 por ação, um prêmio de 35% sobre o valor que os sócios minoritários receberam. Em tese, isso poderia ter sido derrubado em assembleia, uma  vez que os fundad f undadores ores tinham uma participação participação de somente somente 15% na empresa, mas a votação dos minoritários acabou sendo “coibida” com o estabelecimento de multas. “O problema é que no contrato de compra/venda tinha condicionantes. Haveria multa caso a operação não fosse aprovada, o que colocou os minoritários em situação difícil. difíci l. Além disso, se os minoritários trouxessem outra empresa para comprar a Linx, mesmo que por um valor maior, haveria multa ainda ai nda maior”, maior”, explica. Outro caso emblemático foi da CVC (CVCB3), que no início do ano passado, antes pandemia de Covid-19, teve escancaradas distorções contábeis em suas demonstrações financeiras e falhas nos controles internos. A confusão levou à saída do então CEO, do presidente do conselho da companhia companhi a e de outros executivos. Em agosto, a CVC informou que, após investigações, encontrou R$ 362,3 milhões em erros e distorções contábeis e, assim, concluiu a reconciliação das demonstrações financeiras de 2019, incluindo valores referentes aos anos anteriores, causando redução nos resultados. “É bom lembrar que os executivos tinham ganhado bônus com base nos resultados apresentados de forma distorcida ao longo

 ALEXANDRE SILVA SILVA, Embraer

Houve avanço no número de conselheiros independent indepen dentes, es, a criação de comitês técnicos mais sofisticados para apoiar as decisões, além das avaliações feitas por consultores consulto res ex externos. ternos. Diversos temas como a transformação digital e a diversidade entraram na pauta pau ta e se intensificou a preocupação com a gestão de riscos e compliance.

desses anos”, destaca Fábio Alperowitch. RI Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

EM PAUTA | ENTREVISTA ENTREVIS TA

“Governança é uma jorn jornada ada.. ....”

Henrique Luz Presidente do Conselho de  Administração  Admi nistração do IBGC RI:  Qual

é a importância da Agenda Positiva de

Governança e o que se espera a partir dela?

Henrique Luz: Ao longo de sua história, o IBGC conquistou relevância, trouxe o conceito de governança e os princípios de Transparência, Equidade, Prestação de Contas e Responsabilidade Corporativa, e sempre agiu com coerência. Isso é um pouco falar de nós mesmos, mas é interessante. Fizemos uma pesquisa há um ano e meio com

 stakeho  sta keholde lders rs e vimos que eles reconhecem que o IBGC é um

bom curador, considera diversos pontos de vista para a construção e gestão do conhecimento e é um mobilizador, que trabalha em rede e com proatividade. A partir parti r desse resultado, constatamos que deveríamos organizar e colocar em único documento os conceitos conceitos fundamentais e diversas d iversas medidas de natureza prática para que os líderes empresariais contribuam mais para uma sociedade mais justa. É uma agenda para ajudá-los a pensar conosco o futuro da governança no país. RI:  Qual

o papel hoje dos líderes no mundo que

passa por profundas e rápidas transformações? 

Henrique Luz: Quando falamos de liderança aqui nos refe-

Quando falamos de liderança aqui nos referimos aos conselhos de administração e as gestões executivas das empresas, que são profissionais capazes de inspirar e estruturar novas maneiras de fazer coisas. É com essas pessoas que estamos nos comunicando, as pessoas que vão liderar e inspirar os processos de mudanças nas empresas e

25

rimos aos conselhos de administração e as gestões executi  vas das da s empresas, empresa s, que são profissionai profi ssionaiss capazes capaze s de inspira ins pirarr 26

REVISTA RI

nas entidades. entidades.

Fevereiro 2021

 

e estruturar novas maneiras de fazer coisas. É com essas pessoas que estamos nos comunicando, as pessoas que vão liderar e inspirar os processos de mudanças nas empresas e nas entidades. RI : Como

o senhor vê a evolução da Governança

no Brasil?

Henrique Luz:  Teve uma enorme evolução. O Brasil não é um país de corporações, que são empresas que não têm controle definido – há atualmente apenas 14 organizações companhias nessa categoria como a Embraer, Lojas Renner e Burger King. E, em 1995, o país não tinha nenhuma corporação pura e a maior parte dos conselheiros escolhidos pelas companhias abertas não eram independentes, eram amigos e conhecidos dos donos ou pessoas que ocuparam altos cargos como ex-ministro para dar “placa” para as empresas. O fato é que, 25 anos depois, não é bem o que acontece. Tivemos a criaçãomais de diversos segmentos de listagem na Bolsa demandando informações e transparência. Em 2016, saiu o Código Brasileiro de Governança Corporativa de Companhias Abertas, resultado de um movimento que o IBGC liderou envolvendo 11 entidades e que teve muita base no código do próprio IBGC. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) assumiu esse código e alterou a resolução 480, incluindo o Informe Anual de Governança. Esse informe inclui questões definidas no código e tem a metodologia de reporte “aplique ou explique” (“comply or explain”). O regulador brasileiro optou por esse modelo europeu por não ser impositivo como nos Estados  Unidos. Assim, Assi m, ou a empresa aplica ou explica expl ica o motivo porque não faz. Todo país que segue essa linha tem um processo de aprendizado, o que é mais saudável. E não é o regulador que exige, na verdade, é o mercado que lê e precifica as empresas. Eu diria que o Brasil teve um progresso gigantesco, mas existe uma máxima que diz: “governança corporativa é uma jornada”. Então, o que importa não é  você ter tudo funciona f uncionando ndo hoje, mas é estar est ar em e m progresso. prog resso. Tem uma frase de Abraham Lincoln que diz “Eu sou um caminhante lento, mas eu nunca fui para trás”. Essa história é importante em governança. Aqui no Brasil, de forma geral, tivemos aprimoramento, mas ainda temos um longo caminho pela frente. RI : Quais

são suas principais atividades e

realizações a frente do conselho do IBGC, além da Agenda Positiva de Governança?

Então, o que importa não é você ter tudo funcionando hoje, mas é estar em progresso. Tem uma frase de Abraham Lincoln que diz “Eu sou um caminhante lento, mas eu nunca fui para trás”. Essa história é importante em governança. Aqui no Brasil, de forma geral, tivemos aprimoramento, aprimoramen to, mas ainda a inda temos um longo caminho pela frente. estratégico para os próximos cinco anos. Na verdade, contamos com um programa de pensamento estratégico permanente. Então, definimos definimos os caminhos camin hos a perseguir para pa ra o IBGC continuar sendo uma entidade relevante no contexto da sociedade vis v is a v is seu propósito. Temos Temos cumprido uma série de etapas e mudanças nas configurações internas para termos sucesso nessa missão. Nós reunimos reun imos hoje mais de 2,5 mil pessoas em todo o Brasil, formamos conselheiros de administração e oferecemos outros tipos de capacitações e comissões técnicas em diversas áreas como inovação e transformação. Inovamos bastante, o nosso Congresso em 2020 com o tema “Governança que Inspira, Inclui e Transforma” foi 100% online e teve a participação de mais de 3 mil pessoas. No evento, eu entrevistei alguém que dificilmente no mundo físico eu conseguiria, que foi o John  W. Thompson, presidente do Conselho Consel ho de Administ Admi nist ração da Microsoft. Nesse Congresso, a participação de  vár  vários ios palestra pales trantes ntes estrangei estr angeiros, ros,tivemos além de grandes gra ndes nomes do país. Enfim, temos trabalhado bastante e o IBGC está

Henrique Luz: Quando eu assumi a presidência do Conselho em abril abri l de 2019, o objetivo foi organizar o novo plano

saudável financeiramente, o que nos retroalimenta para cumprir o nosso plano estratégico como queremos. RI Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

27

AMEC OPINIÃO  

GOVERNANÇA CORPORATI V A no contexto do boom dos dos IIPOs POs O ano de 2020 será histórico para IPOs em todo o mundo. Se antes da pandemia a perspectiva dos investimentos era de maior seletividade na escolha das empresas, o excesso de liquidez, a busca por retornos mais atrativos e o senso de oportunidade transformaram o ano com a surpreendente quantidade de ofertas. Apesar de todo esse frenesi, quando as condições que trouxeram as entrantes ao mercado se dissiparem, aspectos sólidos como a governança serão testados no relacionamento entre inve i nvestidores stidores e empresas. por FÁBIO HENRIQUE DE SOUSA COELHO No Brasil, onde a taxa básica atingiu a mínima histórica de 2 por cento ao ano e o número de investidores individuais se aproxima de 4 milhões, os IPOs registraram regist raram números impressionantes. No ano fechado, dados da B3 mostram que foram captados mais de 40 bilhões de reais nas 28 ofertas de IPOs, o segundo maior volume da história. Se incluirmos os follow-ons  na análise, análi se, os números de captação captação de recursos se aproximam de R$ 100 bilhões. Entre as estreantes, há empresas de setores não antes disponíveis no mercado local, como a fintech de cashback Méliuz, a rede de pet shops Petz, a administradora de estacionamentos Estapar e a empresa de manejo de resíduos Ambipar. Ao contrário do passado, quando muitos diziam que -empresas estreantes diminuíam os recursos disponíveis classificando as operações até mesmo como a “morte da bolsa” - a ampliação dos setores do mercado

 Ao con contrári trário o do do pas passa sado do,, quando muitos diziam que empresas estreantes diminuíam os recursos disponíveis - classificando as operações até mesmo como a “morte da bolsa” - a ampliação dos setores do mercado  bras  br asil ileir eiro o tem tem si sido do vista vista co como desenvolvimento benéfico do

brasileiro tem sido vista como desenvolvimento benéfico do mercado de capitais. 28

RE REVI VIST STA A R RII

mercado de capitais.

Fever everei eiro ro 20 2021 21

 

Outro destaque positivo é a realização de captações com tickets menores, inferiores a R$1 bilhão, o que reforça o mercado de capitais como fonte alternativa ao crédito bancário para esses volumes de capital. Além disso, é motivo de comemoração o fato de que 26 das 28 estreantes aderiram ao Novo Mercado, o mais alto a lto segmento de governança corporativa da B3 - sem contar a migração de companhias  já listadas, listad as, como TIM TI M e GPA - o que indica i ndica apelo dos invesi nvestidores pela preservação de seus direitos como acionistas minoritários e boas práticas de gestão. Vale lembrar que o assunto vem sendo cada vez mais discutido no Brasil e no exterior, em meio à ascensão dos critérios de investimentos baseados em Ambiente, Social e Governança - ou ESG. É verdade que alguns projetos não se concretizaram por questões relacionadas ao valuation ousado ou pela baixa demanda dos investidores, argumentos mais comuns para se justificar a interrupção de novas ofertas. Pouco tem sido explorado com relação àmínimos incapacidade de muitas empresas em atender requisitos de governança exigidos pela bolsa brasileira. Muitas operações nem chegam ao mercado por conta da fraca estrutura de governança das empresas, que carregaram até o último minuto suas estruturas familiares famil iares e os relacionamentos relacionamentos conflituosos com outras empresas do próprio fundador, f undador, com a promes promessa sa de que tudo será diferente a partir da oferta pública inicial. Há relatos de empresas que nem mesmo tinham balanços auditados para os últimos anos, ou que nem mesmo possuíam Conselho de Administração estruturado quando do envio dos primeiros documentos da estruturação da operação. Mas além dos requisitos check the box, fica a sensação de que a ausência de cultura cu ltura de compliance, controles internos e segregação de funções fará com que algumas empresas tenham dificuldade no relacionamento com investidores. Até porque é fácil imaginar i maginar que mesmo empresas melhor preparadas passam por uma curva de aprendizado no amadurecimento de suas áreas de Relações com Investidores (RI). Nesse contexto, é natural que novas companhias listadas comecem com o básico e evoluam suas práticas com o tempo, mas é nesse momento de estruturação das entrantes que “aumenta a responsabilidade das empresas já listadas em ser exemplo de melhores práticas”, como apontou recentemente o presidente do Conselho do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Henrique Luz.  Justamente por isso, o escrutínio escrut ínio da governança gover nança corporati-

O fato de que muitas empresas aceleraram seus processos de IPO para pa ra aproveitar aproveitar a janela de oportunidades é algo pra lá de positivo, e a presença de pontos de atenção não desmerece o momen momento to do mercado brasileiro. Em perspectiva mais geral, outros aspectos dos IPOs também precisam de aperfeiçoamentos. Uma pesquisa do capítulo brasileiro do 30% Club, movimento que visa ampliar o equilíbrio de gênero no comando das empresas, mostra que mulheres ocupavam apenas 11,2 por cento dos vagas nos conselhos das empresas que realizaram IPOs até setembro último. O conselho de apenas uma empresa era presidido por uma mulher e oito das estreantes não tinham sequer uma mulher no board. A situação é mais preocupante preocupante ao se pensar que, no IBRX 100, índice que compila as 100 maiores empresas da bolsa brasileira, a proporção de mulheres no board é ainda menor: somente 10 por cento. O fato de que muitas empresas aceleraram seus processos de IPO para aproveitar a janela de oportunidades é algo pra lá de positivo, e a presença de pontos de atenção não desmerece o momento do mercado brasileiro. Avalio que a prova de fogo que se colocará para todas essas mudanças será a próxima temporada de assembleias, prevista para ter início em março. Será o momento em que investidores institucionais e estrangeiros buscarão interlocução maior com as companhias dentro do espírito de engajamento, e será, portanto, o teste de fogo das áreas de RI. Seguimos na torcida para um desfecho positivo. RI

FÁBIO HENRIQUE DE SOUSA COELHO é presidente-executivo da Amec - Associação de Investidores no Mercado de Capitais.

[email protected]

 va envolvendo empresas do segmento Novo Mercado deve continuar sendo bastante elevado. Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

29

SUSTENTABILIDADE  

ECONOMIA

& ESPER SPERA A NÇA DE DE UMA UMA REL RE L AÇÃO

MEIO ME IO AM AMBI BIENT ENTE: E:

MEN ME NOS CO CONTUR URBA BAD DA   Há á duas man ane eir iras as de ve verr a vi vid da: ac acre redi ditar tar qu que e nã não o po pod de “ H  ha  h ave verr mi millagr gres es ou acr cred ediita tarr qu que e tu tud do é um gr gran and de mi millagr gre e.”  Albert Einstein

30

REVISTA RI

Fevereiro Fev ereiro 202 1

 

Compreender que durante 1 bilhão de anos a vida foi se moldando mol dando lentamente lenta mente desde desde a criação c riação do oxigênio, dos primeiros seres unicelulares até este mega ecossistema único até onde nossas super lentes telescópicas enxergam. De fato, é um esforço tão grandioso que para nós seres humanos, a vida é um milagre que se fez e refez várias vezes em espaços de milhões de anos entre os eventos. por EDUARDO WERNECK

Depois dessa mega construção, sem participação pa rticipação do Homem, comprometê-la compro metê-la parece estar sendo fácil e certamente certa mente não ha verá milagre milag re na sua reconstituição reconstit uição com a nossa presença. O que está acontecendo? Desde que o homem se organizou economicamente, as relações com a Natureza foram mudando. As primeiras organizações econômicas não reconheciam a natureza entre seus fatores de produção. Esta fase foi de ampla exploração da madeira, importante, por exemplo, para as descobertas marítimas. Posteriormente, na era pós descobrimentos, o Homem se apropriava dos recursos naturais, reconhecendo o seu direito de explorar em benefício da sociedade (Francis Bacon), a partir de um sistema circular aberto, ainda com a premissa de infinitude dos recursos naturais. A Revolução Industrial turbinou esse sistema, a partir do uso dos combustíveis fósseis em larga escala.  A poluição começou começou a se tornar tornar um problema, o que foi foi alertado por Arthur Pigou no início do Século XX, quando che-

Desde que o homem se organizou as relaçõeseconomicamente, com a Natureza foram mudando. As primeiras organizações econômicas não reconheciam a natureza entre seus fatores de produção. Esta fase foi de ampla exploração da madeira, importante, por exemplo, exemp lo, para as desco descobertas bertas

tado por Arthur Pigou no início do Século XX, quando che gou a defendeu o que se chama atualmente o “Princípio do Poluidor Pagador”.

marítimas. Fevereiro 2021

REVISTA RI

31

 

SUSTENTABILIDADE

Na área social, economistas como John Stuart Mills levantaram questões importantes como justiça social e desigualdade desigua ldade de renda. Mills defendia em seu livro liv ro Princípios da Economia Política - 1848, que o crescimento econômico econômico tinha uma condição estacionária provocada pela tendência de estabilização estabili zação da população. Foi o primeiro a colocar a questão do crescimento em discussão.  Alfr ed Marshall, pai da economia neoclássica consolido  Alfred consolidou ua dimensão humana de seus fundamentos. Para entender seu pensamento sobre o Meio Ambiente, ele entendia entendia que água e ar não exigem esforço de trabalho para sua produção e, portanto, não geram valor. Para o ar ter valor precisava da ação do trabalho humano. huma no. Além do mais ma is “era abundante”. abundante”. Foi Nicholas Georgescu-Roegen ( Analytical  Analytical Economics, 1966, The Entropy Law and the Economic Process, 1971, entre outros) quem defendeu claramente que os paradigmas econômicos não poderiam funcionar em e m um sistema como a TTerra erra e pro pro-pôs uma terceira alternativa, a do sistema circular fechado em que a Natureza entra como o terceiro elemento da circucir cularidade. Nada mais entra, a menos que soframos bombardeios sistemáticos de meteoros. Para ele o planeta tem recursos finitos com perda de energia no processo de transformação da matéria (Lei da Entropia), apesar dos esforços de melhoria de produtividade por progresso técnico. Além disso, a recomposição dos recursos naturais no tempo requerido pelo sistema econômico circular aberto nem sempre era possível e criou cr iou um problema problema até agora sem solução. Georgescu introduziu assim o conceito de eficiência energética e desperdício criticando a ineficiência dos processos econômicos que geravam perdas irreversíveis de energia.  Apesar do reconhecimento de de muitos muitos economistas economistas quanto ao brilhantismo do trabalho acadêmico de Georgescu-Roegen, entre eles Paul Samuelson, era difícil, e ainda é, discutir os limites do crescimento e suas implicações. E assim a produção acadêmica continuou majoritariamente convencional, o que acabou transformou a bandeira do Meio Ambiente em um problema geopolítico.

Se esta questão já é complexa por si só, entramos em um processo tecnológico que robotiza a economia, economia, gerando ainda mais stress na substituição do fator trabalho por capital físico, resultando em mais pressão pressão sobre os recursos naturais.

Economia e Meio Ambiente aumentou muito depois da 2ª guerra mundial, com um stress crescente entre política econômica e política ambiental até os dias atuais.  André Lara Resende destacou que a Economia não se preocupou com essa questão até o século XX. Edmar Bacha foi taxativo, “..estamos “..estamos falando de uma Função de Produção cuja escassez ambiental não está incorporada na análise econômica”.. Eduardo Giannetti mica” Gia nnetti aponta que “o sistema de preços..... não é capaz de detectar detecta r todos os custos envolvidos na produção de bens e serviços serv iços - tem um ponto cego grave. g rave.”” (a respeito desses autores ver “O que os economistas pensam da sustens ustentabilidade”,, Arnt, tabilidade” Ar nt, Ricardo, Ricar do, org, 2008).

Se esta questão já é complexa por si só, entramos em um processo tecnológico que robotiza a economia, gerando ainda

Por essas razões, além de Arthur Pigou, Georgescu-Roegen, lembrando ainda mais recentemente dos economistas Prêmio Nobel 2018, William Nordhaus e Paul Romer (mudanças climáticas e tecnologia) e da importante produção acadêmica da Economia Ambiental e Economia Ecológica (que não conversam muito com as demais áreas econômicas) e sem o apoio da economia convencional, temos de reconhecer a

mais stress na substituição do fator trabalho por capital físico, resultando em mais pressão sobre os recursos naturais.

iniciativa do Terceiro Setor pressionando os Governos e os agentes econômicos econômicos para reconhecer a importância da NatuNat u-

Está claro clar o que a função de produção básica da economia não foi estruturada para resolver esse problema. A tensão entre 32

REVISTA RI

reza. Desde os anos 60, elas têm tido papel estratégico para o sucesso da Eco-92, quando o setor privado começou a se aproximar institucionalmente.

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

RELAÇÃO AÇÃO ENTRE ENT RE ECONOMI A E MEIO  A REL  AMBIENT  AMBI ENTE E HISTOR ICAME NTE FOI E TEM TE M SIDO UMA RELAÇÃO CONTURBADA O conceito de Desenvolvimento Sustentável “atender as necessidades das gerações presentes sem comprometer as necessidades das gerações futuras” continua sem o devido debate intergeracional. O que a menina Greta Thunberg está fazendo é exatamente exata mente isso. Chamando para esse debate, para resolvermos qual o padrão de consumo e de investimentos que as gerações atuais têm de construir para permitir às gerações futuras o acesso aos mesmos benefícios. Seremos capazes de fazer esse trade-off intergeracional? A Previdência Social exigiu de nós decisões amargas que foram tomadas. O problema ambiental agora está colocado de forma objetiva e escolhas têm de ser feitas com amplo conhecimento de suas consequências. É nisso que temos de nos dedicar no futuro, seja no nível macro como também micro nas esferas ambiental, social, socia l, econômica e política. Está tudo interconectado. i nterconectado.  A Amazonia e o Centro Oeste foram mais desmatados nos últimos 50 anos do que em toda a sua existência. Não é porque os países do Norte desenvolvido se devastaram e, no caso do Brasil, devastaram a Mata Atlântica, que vamos segui-los no mesmo erro. Destruir a maior biodiversidade do mundo, de alto valor agregado, quando mantida em pé e viva, para  vender ilegalmente madeira e colocar colocar gado de baixa produti vidade agride ao bom senso pois é muito muito mais caro refazer a  vegetação natural quando essas terras são abandonadas. O Brasil (200 milhões habitantes) tem um território desmatado superior ao da índia (1,3 bilhões habitantes). Não se justifica desmatar mais. Devemos buscar eliminar os pontos cegos, que poderão, em alguma medida, comprometer no instante zero alguma fatia dos lucros empresariais, mas essa internalização de custos terá compensações, pois não fazer isso será gerar custos sociais, que terão de ser pagos por alguém ou por elevação da carga tributária, tr ibutária, o que impacta os lucros do mesmo jeito jeito..

O problema ambiental agora está colocado de forma objetiva e escolhas têm de ser feitas com amplo conhecimento de suas consequências. consequências. É nisso que temos de nos dedicar no futuro, seja no nível macro como também micro nas esferas esfer as ambie ambiental, ntal, soc social, ial, econômica e política. Está tudo interconectado. NÃO HÁ COMO NOS DESCONECTAR COMO SOCIEDADE DO MEIO AMBIENTE POIS SOMOS PARTE DELE.  DELE.   Apesar dessas barreiras barrei ras estruturais, estrutu rais, o tema Sustentabilidade Sustentabilidade avança, a integração ASG à análise de investimentos avança, a Governança do Clima avança, apesar dos eventuais retrocessos, como os que vivemos recentemente. Desde a Eco-92 até a eleição do atual presidente dos Estados Unidos o processo avança. A China C hina é hoje o maior produtor produtor de equipamento eólicos e solares do mundo sendo também é o maior produtor dessas fontes de energia. Os Estados Unidos já voltaram ao Acordo de Paris. A esperança voltou.

Reduzir o impacto dos eventos extremos do Clima é mais do que urgente e a Amazonia tem papel vital para o equilíbrio do clima e redução das emissões. É comum nestes tempos

Temos instrumentos Temos instr umentos robustos – TCFD focado no Clima, Gestão  ASG alinha alinhando-se ndo-se institucionalmente a nível regulatório e auto regulatório integrando interesses entre setor produtivo e investidores, as ODS criando cria ndo força como referência de objetivos estratégicos e oportunidades sendo um forte indutor na orientação de parcerias público-privadas.

difíceis do novo Coronavirus, dizer que o “Meio Ambiente ficou um pouco esquecido por causa da pandemia”. Ao con-

O Laboratório de Inovação Financeira, uma iniciativa ABDE/

trário, desmatamento e comercialização irresponsável de animais selvagens vivos estão no centro do problema desde os tempos de várias outras pandemias.

BID/CVM/C ooperação Alemã por meio de GIZ com quase 200 BID/CVM/Cooperação instituições participantes, está fazendo um trabalho de alto nível orientado para o desenvolvimento da Gestão ASG nas Fevereiro 2021

REVISTA RI

33

 

SUSTENTABILIDADE

 Temoss esperan  Temo esperança ça de que o Br Brasil asil será será um país país sane sanead ado o até até 2030. De que vamos caminhar para uma agropecuária com modelos de produção mais modernos, mais eficientes na melhoria da produtividade com consumo racional de água e sequestro de carbono c arbono;; vamos continuar avançando para uma matriz matr iz energética mais eficien eficiente te e llimpa. impa. Que seja seja possível possív el avançar para a construção de modais de transporte e de modernos; que continuemos no caminho da inovação tecnológica tecnol ógica para alivia a liviarmos rmos a pressão pressão sobre o meio ambiente ambiente na geração de valor adicionado para o PIB.

empresas e como apoio ao processo decisório dos investidores, além de debater soluções para o funding de setores estratégicos saneamento, agropecuária, energia, transportes e mobilidade urbana, entre outros. Nesse sentido, destacamos a sua contribuição para pa ra edição do Decreto Decr eto nº 10.387 10.387 que dispõe sobre o incentivo aos projetos de infraestrutura que proporcionam benefícios sociais e ambientais. Destacamos ainda a instituição do sandbox regulatório, fundamental para o desenvolvimento de projetos inovadores entre outras iniciativas. O LAB mudou a discussão, aproximando convertidos e não convertidos, mostrando que não é uma questão de opinião, mas de decisão de investimentos. Temos esperança de que o Brasil será um país saneado até 2030. De que vamos caminhar para uma agropecuária com modelos de produção mais modernos, mais eficientes na melhoria da produtividade com consumo racional de água e sequestro de carbono; vamos continuar avançando para uma matriz energética mais eficiente e limpa. Que seja possível avançar para a construção de modais de transporte e

TEMOS ESPERANÇA DE UMA RELAÇÃO MADURA ENTRE ECONOMIA E MEIO AMBIENT E. O MERCADO DE CAPITAIS É UM AMBIENTE IMPORTANTE PARA A SUA CONSTRUÇÃO Precisamos de mais transparência na discussão sobre os fundamentos do crescimento econômico, do acesso aos ser viços ambientais e da justiça social soci al - direitos humanos e distribuição de renda e oportunidades. Precisamos reformular o conceito conceito de receitas, custos e lucros econômicos considerando-se a internalização das externalidades geradas pelo processo produtivo e estrutura de mobilidade social. Esse é o nosso desafio. Não existe milagre, mas urgência nas decisões. RI

EDUARDO WERNECK é vice presidente da Apimec Brasil e sênior advisor da Resultante.

de modernos; que continuemos continuemos no caminho da inovação i novação tecnológica para aliviarmos a pressão sobre o meio ambiente na geração de valor adicionado para o PIB. 34

REVISTA RI

[email protected]

Fev Fevereiro ereiro 202 1

  

 

a n  o  o  i  t o  o |     n º   5  1    |   |  m  a r  ç  o  /     a b  r  i  l  2  20    1 6    R  $    1 0  ,0 0   A Ç   Ã  O   |  C I   D  A  w  w   D  A  N   w  . I   |    A   p l    A M   u r   B I  E   a l   N  T   e . E   c o  m . b r  

M   A  M  E   R   A N   M   I   D    A  T   Ó  R   I   A   A   R    A   S    ,   A R   G  É  D   A   I   I  N  É   T   I   G  D  I  T   O  O   S  I   L H   S     V   A  A S   E   M   N   U  T   É  X  I   A  C  O    

 A  C   I  N  C  R   D I   A M  H   A  Í    V   A N  P   A D E  L   T   A  I   N   A   

5 R$ R$ 10,00 10,00 mbro201 o2015 ro/  deze  dezembr  |no vemb vembro/ nº50 |no anoo ito| nº50

MBIEN TE  A|A MBIEN  A|A  ÇÃO|CID ADANI  A ÇÃO|CID w w w . p l ur a l e . c o m . b r

   )    S    E        M    O    C    E    S    (    O    R    I    E    R    U    O    L    D    E    R    F    E    D    O    T    O

   F      )    S    E    (    S    E    R    A    H

   N    I    L      A    I    C    N     Ê    G    E    R      E    C    O    D    O    I    R    O    D    Z    O    F

ES  DA   ÇÕES LIÇÕ IA DE ÉDIA  TRR A GÉD  T NA IAN MARIA

ESPE ESP ECIA CIAL L  S:    ANO NOS: OITO A OITO

ITOS, OS,  INÉDIT  A RTIGOS RTIGOS INÉD MOS A S BELAS, BE LAS, FA MOS E ENGA J ADAS

AUSA SA   CAU AL   ANIMAL ANIM

FORÇA  RÇA  GA NHA NHA FO

PLURALE EM REVIST REVISTAA E PLURALE EM SITE: TREZE ANOS DE INFORMAÇÃO PLURAL SOBRE SUSTENTABILIDADE

      )      A          B(       A       N         T I      A   N         A M          D I     A        A   D        A P         H      C     –          IO           ÁC           I   I N        P  A           DO      O         R  R      O      M      –         D  O          R E        N   C      T    A     A       A   N        C   I         L  U         D   E         T  O          F O

Plurale: Plural até no nome

www.plurale.com.br www.plur ale.com.br twitter @pluraleemsite e-mail soniaararipe@plurale [email protected] .com.br

anos

ESPAÇO APIMEC  

O BRASIL PR  PREC ECISA  ISA 

R S P IR R RESPIRAR

20 ANO A NOS S DE DE TERC TE RCEI EIR RO MILÊ MIL Ê NIO

Muitas foram aprendidasem nos últimos 20 anos. A economia oscilou,lições com alta volatilidade, todos em seus principais iindicad ndicadores ores macroeconômicos macroecon ômicos,, asfixiando asfixiando a atividade produtiva no Brasil. Embora possamos comemorar as baixas taxas de juros, nos dias de hoje, e uma inflação em patamares também menores, ainda não temos o controle do processo inflacionário. por CÉLIO FERNANDO B. MELO e HELENA TEÓFILO

 A instabilidade na economia brasileira demonstra a nossa falta de resiliência. Hiatos de produção são frequentes, com altas taxas de desemprego e distanciamentos cada vez maiores na pirâmide social. Esse desequilíbrio acaba por exigir frequentemente medidas compensatórias e pouco estruturais para o desenvolvimento socioeconômico. Além disso, o tamanho dos gargalos da infraestrutura é combinado com a falta de integração da logística logíst ica intermodal de menor custo e produtividade. E, recentemente, foram aprofundadas as crises nas dimensões ambientais e de governança.

CONJUNTURA O ano de 2020 foi repleto de desafios e trouxe para 2021 a oportunidade de entrarmos novamente em um ciclo de prosperidade. A pandemia da Covid-19, apesar de ainda fortemente presente, começa a dar indícios de controle, com vacinas já em aplicação em diversos países. Os lockdo wnss  propostos pela Inglaterra e muitos outros países são  wn a garantia da retomada das atividades produtivas. O momento é de focar na aceleração do ambiente tecnológico.

 A sustentabilidade tem sido a exigência número um dos capitais internacionais no terceiro milênio, tratando, em con-

 As dis rupções rup ções são inú mera s e tra zem a li nguage ng uage m do Great Reset da economia mundial. O home office, o home  sch ool , e-commerce , o crescimento no mundo das  star  st artu tups ps  e

 junto, os resultados da geração de lucros das empresas com as preocupações Ambientais, Sociais e de Governança, ga-

o salto na adesão de novas tecnologias são apenas alg uns exemplos das tendências que vieram para f icar. Tudo exemplos Tudo isso

rantindo a maximização do valor aos acionistas e benefícios para a sociedade. Os novos paradigmas ESG completaram uma maior maturidade matur idade global nos últimos 20 anos.

36

REVI REVIST STA A RI

aliado a gestões mais sustentáveis, o que antes era mero diferencial mercadológico agora virou necessidade nos mercados.

Fev ever erei eirro 2021 2021

 

No Brasil, o novo ano não conseguiu conseguiu deixar para pa ra trás o cenário político-institucional e econômico turbulento. O atraso  vivido pelo país na luta contra a Covid-19 ainda não reflete suas consequências nas expectativas de mercado.

 ANÁL ISE DOS ÚLTIMOS ÚLT IMOS 20 ANOS A NOS Em 1999, o Brasil adotou o Sistema de Metas para inflação, assim como mudou o regime de câmbio para o câmbio flutuante. O Banco Central passou a determinar periodicamente uma meta para taxa ta xa básica de juros da economia (Selic) (Selic) compatível, principalmente, com o objetivo de combater a inflação. Em uma análise anál ise histórica dos últimos 20 anos, é possível observar que a Selic se encontra em uma mínima histórica e a inflação apresenta um patamar teoricamente menor nos anos recentes. A política monetária brasileira conta com poderosos mecanismos de controle. No entanto, cabe ressaltar que excessos podem resultar em artificialismo, que não são suportados pelo contexto econômico brasileiro, resultando em distorções macroeconômicas e aumento no risco país. Nossa inflação com características claramente inerciais no começo da série, passou a receber componentes mais rele vantes como aumento aumento de custos ou , em alguns períodos re-

centes, pela força da demanda. Do outro lado da moeda, o crescimento da economia e a taxa de câmbio são, direta ou indiretamente, influenciados às diretrizes impostas pelo governo. Após uma profunda recessão  vivida entre 2015 2015 e 2 201 016, 6, o Bras Brasil il começou começou a ttomar omar fôlego fôlego dedemonstrando recuperação lenta e gradual. Mas, como todo processo cíclico e seus choques, a Covid-19 imergiu, colocando não só o Brasil, mas o mundo, em uma nova recessão. Nosso pico cambial, corrigido pelo IPCA, IPC A, chegou a um número superior a R$ 10, hoje hoje estamos em um patamar, patama r, bem inferior, na casa dos R$ 5. As instabilidades no campo político-institucional foram as principais causas das grandes gra ndes vo volatilidades. latilidades. Em um sistema de câmbio flutuante, sem controle sistemático do governo, incertezas econômicas e políticas impactam diretamente em uma maior variabilidade nessa conversão.  Aumento  Aumen to do risco-p risco-país aís e a queda na Selic desestim desestimularam ularam in vestimentoss direto  vestimento diretoss no Brasil, Brasil, resultando resultando em fuga d dee cap capital ital e aumento no câmbio. A forte desvalorização cambial de moedas emergentes em 2020 teve o Brasil como protagonista. Nesse momento, moment o, há um intenso fluxo de capitais para a Bolsa brasileira, proporcionado pelo excesso de liquidez mundial.

*Valores ajustados com base no IPCA anualizado. Fontes: IBGE e Banco Central

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

37

 

ESPAÇO APIMEC

Mesmo impactadas com a pandemia, as reservas cambiais brasileiras demonstraram estabilidade. No atual contexto brasileiro, com o risco-país elevado elevado e fuga de capitais, as reservas internacionais têm gerado conforto para a autoridade monetária atuar no câmbio.

O termômetro econômico da corrente de comércio, saldo da balança comercial, vem demonstrando altas expressivas. Desde 2000, o Brasil tem crescido seu resultado ano a ano, menos no ‘famigerado’ 2014. A pandemia da Covid-19 afetou as importações brasileiras em maior escala do que as exportações, o resultado foi um saldo positivo de US$ 51 bilhões em 2020. Por outro lado, segundo a Secretaria de Comércio Exterior, a corrente de comércio que desde 2000 apresentava forte alta, foi impactada com a Covid-19, sofrendo uma queda de 8,4% em 2020, quando comparado ao ano anterior, puxada pela queda nas importações. As perspectivas atuais proporcionam um bom ambiente para exportações, com o real desvalorizado e as commodities em alta.  As reservas reserva s internacionais que são representadas pelo montante de moeda estrangeira que dispõem as autoridades monetárias de um país, têm se mantido relativamente estáveis. Historicamente, as reservas brasileiras saltaram em u Historicamente, um m curto espaço de tempo, de uma média de 4,5% do PIB em 2000, para 14,6% em meados de 2008, diante da alta das commodities. No último ano, mesmo impactadas com a pandemia, as re-

Fontes:

38

Governo Federal, Banco Central e CVM.

RE REVI VIST STA A R RII

Fever everei eiro ro 20 2021 21

 

servas cambiais brasileiras demonstraram estabilidade. No atual contexto brasileiro, com o risco-país elevado e fuga de capitais, as reservas internacionais internac ionais têm gerado conforto para a autoridade monetária atuar no câmbio. O estoque de reser vas cambiais forneceu, forneceu, mais uma vez, um seguro anticrise, o que permitiu ao Brasil Bra sil liquidez em u um m momento de cola colapso pso e crise de confiança. Se por um lado a desvalorização do real rea l torna a saída de recursos menos interessante, pelo outro, a entrada de novos recursos pode se tornar atrativa. No médio-longo prazos tem se gerado efeitos animadores no saldo da balança comercial que poderão encontrar uma nova rota, em uma agenda econômica positiva, diante de avanços no controle da dívida pública e das reformas. Nos últimos 20 anos, os termômetros da economia têm oferecido antecedentes importantes na avaliação dos ciclos. Os que mais se destacam são o Nasdaq Composite index, o Dow  Jones Industrial Average index e o S&P 50 500, 0, refer referências ências no mercado global. Os movimentos observados nesses índices seguiram uma u ma trajetória similar, demonstrando forte crescimento a partir de meados de 2003. O movimento de queda, em 2008, refletiu o auge da crise financeira global, causada pela bolha imobiliária nos Estados Unido Unidos, s, alcançando o res-

Nos últimos 20 anos, os termômetros termôm etros da economia economia têm oferecido antecedentes importantes na avaliação dos ciclos. Os que mais se destacam são o Nasdaq Composite index, o Dow Jones Industrial Average index e o S&P 500, referências no mercado global.

Fonte: Investing.

*Valores ajustados com base no IPCA anualizado.

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

ESPAÇO APIMEC

to do mundo. Após uma forte recuperação, as bolsas americanas se viram v iram novamente em seu pior ano, desde 2008, durante a crise sanitária, causada pela Covid-19 em 2020, mas conseguiram superar suas marcas históricas após o anúncio da chegada das vacinas. O mercado de capitais brasileiro, via B3, referenciado refer enciado pelo Ibovespa sofreu muito neste ano, mas a partir de novembro retomou a trajetória ao seu maior patamar nominal, de janeiro de 2020. Em uma economia globalizada as oscilações nos mercados estão interconectadas ao contexto internacional. Prova disso é a série de movimentos similares aos índices americanos observados em toda a trajetória dos últimos 20 anos, com certa similaridade e correlação com os movimentos do Ibovespa. Somados aos fatores externos, os desafios enfrentados pelo mercado de capitais brasileiro ainda são muito grandes, dada também a alta concentração de papéis. Nosso ambiente macroeconômico e político-institucional se reveste de turbulências desnecessárias de uma democracia em consolidação. No entanto, emergiram grupos econômicos fortes e altamente profissionalizados, conferindo uma força motriz para a atividade econômica, mesmo em ambientes turbulentos

Em 2020, o Brasil se manteve firme e forte como celeiro do mundo. Commodities como a soja, a carne e o ferro colocaram nossa balança comercial viva e competitiva, mesmo em momentos de crise como os vividos recentemente. A demanda mundial por alimentos aumentou, assim como os preços da soja e da carne.

39

Fonte: Investing.

40

RE REVI VIST STA A R RII

Fever everei eiro ro 20 2021 21

 

e instáveis no direcionamento de um projeto estruturalmente mais sólido e sustentável. Em 2020, o Brasil se manteve firme e forte como celeiro do mundo. Commodities como a soja, a carne e o ferro colocaram nossa balança comercial v iva e competitiva, mesmo em momentos momen tos de crise como os vividos recentemente. A demanda mundial por alimentos aumentou, assim como os preços da soja e da carne. Alguns setores também experimentaram esses aumentos, aumentos, face a uma excessiva liquidez, com a iinjeção njeção de US$ 8 trilhões na economia mundial, que deve aumentar, hoje quase quatro vezes superior à expansão da crise cr ise de 2008. Os metais também foram favorecidos e no caso brasileiro, como carro chefe, o minério de ferro.  Assim, como outras commodities agrícolas, o trigo também foi impactado, fazendo parte dos aumentos da inflação no globo, diante do repasse dos produtores. Em um primeiro momento, houve mudança nos hábitos alimentares, a inflação alcançou a todos os preços de alimentos, com leve tendência ao equilíbrio na cesta de consumo e a reversão para os padrões anteriores à pandemia. No novo Ano, com o atual preço do câmbio e preços internainter nacionais das commodities agrícolas e dos minerais, poderemos manter o avanço no saldo da balança comercial, com ligeiro crescimento. A demanda interna será o grande divisor desse equilíbrio, considerando a elevada taxa de desemprego  versus algum programa programa de renda mínima, ainda a ser definido pelo Governo Federal.

No novo Ano, com o atual preço do câmbio e preços internacionais das commodities agrícolas e dos minerais, poderemos manter o avanço no saldo da balança comercial, com ligeiro crescimento.

 A agroindústria deverá naturalmente crescer, mas concomitantemente a indústria 4.0 poderá revelar um outro País, com interconexões e tecnologias em ebulição. Podemos desenvolver uma indústria cada vez mais competitiva e inovadora atrelada a logística e inovação com maior produtividade, capazes de fazer frente aos países desenvolvidas. Ampliar a observação de nossas vocações nas Energia Renováveis e em toda a sua cadeia produtiva. Além de aproveitarmos melhor as novas fronteiras atlânticas com as Zonas Econômicas Exclusivas, trazendo mais riquezas com o Hypercluster da Eco-

CONSIDERAÇÕES FINAIS  Após os primeiros primeiros 20 anos do milênio, milênio, o que esperar esperar para os próximos 20 anos? A consolidação das commodities agrícolas e minerais, em um pensamento bem cartesiano, nos levaria a um único ponto no cenário, diante das vantagens competitivas do País continental e da maior zona agrícola global, o oxigênio serviria servi ria para definir defin ir nosso País como eterno Celeiro do Mundo. Mundo. Essa situação seria fruto dos desequilíbrios desequilíbr ios constantes dos indicadores econômicos e, novamente, tudo mais constante.

nomia Mar, definidos pelos riquezas minerais rinhas,do robótica e tecnologia dePortos, água s profundas, águas a pesca,maos fármacos de algas marinhas e muitos outras outras possibilidade possibilidades. s. Chegamos à Década dos Oceanos, de 2021 a 2030, 2/3 do Planeta Terra, um futuro espetacular se encontrarmos líderes que ofereçam direcionamento nessas dimensões ao nosso País e, assim, encontrarmos encontrar mos na inovação e na ciência, novos caminhos como o da  blue economy. RI

CÉLIO FERNANDO B. MELO

HELENA TEÓFILO

é economista, mestre em negócios internacionais (UNIFOR), doutorando

é economista e bacharel em Comércio Exterior, Pós-graduada em Gerenciamento Sustentável

em RI (UL/ISCSP), Conselheiro Apimec Brasil, Member Council CDP LatAm, Sócio-Diretor BFA.

(Conestoga-CA), MBA em Finanças (IBMEC), Mestranda em Economia (UFC), Consultora  Associada  Associa da BFA. BFA.

[email protected]

helena.teofi[email protected]

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

41

ORQUESTRA SOCIETÁRIA  

 A EV EVO OLUÇÃO DA

TECNOLOGIA GERAR ER ARÁ Á BENEFÍC BENEFÍCIIOS À SOCIEDADE E AO MEIO AMBIENTE? O artigo anterior, publicado nesta prestigiada revista, dedicou-se ao tema E  En nvir vironme onmen nta tal, l, Soc ocia iall and Gov Governa ernanc ncee - ES ESG G: Modismo, Sobrevivência ou Conscientização? Ao final deste artigo, perguntamos aos nossos leitores leito res se estes concordam que a evolução evolução da tecnologia gerará gera rá resultados positivos às empresas, que poderão adotar processos mais conscientes em relação à preservação do meio ambiente e à sociedade, resultando em um ciclo virtuoso para os seres humanos. por CIDA HESS e MÔNICA BRANDÃO

Na verdade, recebemos poucas contribuições e entendemos que isso não se deu em função da relevância do tema e, sim, devido ao tempo escasso para os leitores se dedicarem à elaboração de suas opiniões. Especialmente em um contexto agravado pela pandemia COVID-19, em que todos os esforços estão canalizados às soluções para a crise, sendo que al-

da tecnologia já gerou benefícios, e continuará gerando, à sociedade e ao meio ambiente. Alguns leitores enfatizaram os pontos que elencamos no artigo anterior e outros acrescentaram novos insigths. Transcrevemos os benefícios do artigo anterior:

guns de nossos principais leitores e fervorosos contribuintes e críticos, neste momento, estão com problemas de saúde. Compartilhamos, mesmo assim, as contribuições recebidas, que afirmaram, com muita convicção, que a evolução 42

RE REVI VIST STA A RI RI

• otimização dos p processos, rocessos, gerando condições favoráveis para produzir produtos e serviços com maior qualidade, agilidade e menor custo, o que impactou positivamente positiva mente toda a cadeia de valor, inclusive a sociedade;

Fever everei eiro ro 20 2021 21

 

• simplificação da gestão gestão corporativa, corporativa, com com disponibilidade das informações estratégicas de forma automatizada e em tempo real para tomada de decisões mais eficientes; • redução ddoo retrabalho, com a substituição de de processos processos rígidos e ineficient i neficientes, es, pela automatização das atividades manuais, possibilitando o monitoramen monitoramento to e acompanhamento contínuo de cada atividade do negócio; • transformação (jornada) digital, com um cenário de maior autonomia, produtividade e inteligência na gestão de processos, transformando as relações com os consumidores, que prontamente aderiram às novas tecnologias de consumo; e • benefícios significativos alcançados pela área de saúde, saúde, através de diagnósticos mais precisos, aprimoramento do atendimento, gestão mais eficiente, integração das informações, exatidão nas técnicas cirúrgicas, foco na prevenção e redução de erros.

De com que foi acordo afirmado emo nosso artigo anterior, somado às contribuições dos leitores, sobre os benefícios e os resultados para a sociedade e meio ambiente trazidos pela evolução tecnológica, podemos afirmar que a resposta à pergunta perg unta desse desse artigo parece ser sim.

E destacamos as contribuições contribu ições dos leitores, que foram: • comunicação em real time, através de ferramentas que revolucionaram seus processos – soluções interativas através de vídeos para treinamento, disponibilização de material técnico, comunicados, reuniões reun iões com a participação de profissionais do mundo mu ndo inteiro e também de clientes, no mesmo momento. Isso facilitou e continua facilitando muito o alinhamento dos objetivos e estratégias das organizações, entre os conselhos de administração, diretoria executiva e profissionais responsáveis pela materialização dos mesmos em resultados sustentáveis; • mobilidade, permitindo a adoção do home office e, com isso, a redução de custos (não discorremos discorre mos aqui sobre os fatores negativos aos profissionais e respectivas respectiva s famílias), divulgação das atualizações de métodos e estratégias de vendas a todos os envolvidos no mesmo momento, independentemente independentemente de onde estejam localizados, com a disponibilidade de informações em cloud computing . E com isso extinguindo a necessidade de deslocamento dos profissionais para terem acesso

demandas não atendidas de clientes, cl ientes, incorporação de novas metodologias de produção e respostas eficientes e ficientes às solicitações dos mesmos, em tempo reduzido, com o objetivo de fidelização, satisfação e, por consequência, aumento do net promoter score; e, • ferramentas, adotadas pelas empresas e sociedade, qque ue litaram a geração desses benefícios, data & analytics, possibi cloud computing , inteligência artificial, robotic process automation,  softwares  sof twares  mais sofisticados de comunicação

e impressão 3D entre outras.  Ainda  Ai nda que tenham ten ham sido s ido poucas pouca s contribuiçõ contr ibuições es recebidas, rec ebidas, eses tas foram abrangentes e reforçaram os benefícios possibilitados pela evolução tecnológica. De acordo com o que foi afirmado em nosso artigo ar tigo anterior, somado às contribuições dos leitores, sobre os benefícios e os resultados para a sociedade e meio ambiente trazidos pela evolução tecnológica, podemos afirmar que a resposta à pergunta desse artigo parece ser sim .

às atualizações e material técnico; desta forma, otimizando seu tempo; • criação de modelos de de negócios negócios mais flexíveis, ágeis, o que facilitou a captura das opiniões, críticas e

 A evolução tecnológica tecnológ ica e seus benefícios benef ícios são debatidos na academia e no mundo corporativo e sua importância pode ser observada através do crescimento significativo das empresas de desenvolvimento de novas tecnologias, das Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

ORQUESTRA SOCIETÁRIA

consultorias, que analisam a viabilidade e os resultados da implantação dessas soluções em seus clientes – inclusive, estão criando soluções próprias, através de seus centros de excelência de desenvolvimento de tecnologias, com parcerias com IBM, Microsoft e Google (citando apenas alguns

 players  playe rs  estratégicos).

 A relevâ r elevância ncia do tema pode ser observada obser vada também tamb ém através dos investimentos públicos e privados. Como exemplo, citamos, a criação de cidades inteligentes –  smar t citie c itiess – que são mais criativas e utilizam estrategicamente a tecnologia, visando a melhoria da infraestrutura, otimização da mobilidade urbana, implantação de soluções sustentáveis, que geram mais qualidade de vida a seus moradores. É impensável viver sem celular, internet ,  smar t  TV,  TV, Google,  WhatsApp;  What sApp; isso, sem contar outras outra s soluções, que estão difundidas no mundo inteiro. Desde 2010, identifica-se a geração alfa, 100% digital, que não imagina o mundo analógico. Tal geração tem o conhecimento internalizado pelo acesso a múltiplas tecnologias desde o nascimento e tratam as soluções de modo muito intuitivo. Ajudam, inclusive, as gerações anteriores a solucionarem problemas e dúvidas sobre o uso das soluções disponíveis, sem que estes possam sequer acompanhar como essa geração soluciona problemas e equaciona as dúvidas, devido à velocidade com que executam suas tarefas. Acreditamos que vocês já tiveram essa experiência em casa. É muito comum os pais afirmarem que seus filhos são muito inteligentes e já nascem sabendo tudo, pois rapidamente absorvem o conhecimento sobre as ferramentas tecnológicas disponíveis.  Até aqui aqu i destacamos desta camos somente os o s aspectos asp ectos positivos. positi vos. No entanto, segmentos clássicos industriais e de prestação de serviços ainda não aproveitaram todo o potencial e benefícios oferecidos pelas ferramentas tecnológicas citadas, para adotarem processos mais avançados em relação àqueles que empregam atualmente.  Além disso, di sso, impactos impacto s negativos podem pode m ser gerados pelo uso intenso dessas ferramentas nas pessoas, sociedade, meio

Segmentos industriais eclássicos de prestação de serviços ainda não aproveitaram todo o potencial e benefícios oferecidos pelas ferramentas tecnológicas citadas, para adotarem processos mais avançados em relação àqueles que empregam atualmente.

das tecnologias do mundo contemporâneo? Segue abaixo uma pequena relação, não exaustiva: 1. acesso restrito às camadas mais favorecidas da população, agravando a disparidade entre as classes sociais; 2. substituição da mão-de-obra, muitas vezes especializada, por inteligência artificial, robotic process automation, que traduz o conflito entre a importância do homem e da mulher e das máquinas; 3. poluição do ar, água, geração de calor e poluição sonora, devido aos seus processos produtivos; 4. utilização de recursos não renováveis; 5. descarte inadequado e excessivo ddee materiais, causando problemas irreversíveis ao meio ambiente, por não serem biodegradáveis; 6. seu uso intensivo causa dependência, dep depressão, ressão,

43

ambiente e economia. Os quais não foram diagnosticados em sua totalidade, devido ao tempo de uso das mesmas não ser suficiente para que as pesquisas pesqui sas sejam conclusivas. O que é de domínio público sobre os impactos negativos 44

RE REVI VIST STA A R RII

alienação e redução da atenção desde cria nças até adultos; 7. além dos danos psicológicos, há danos físicos à saúde da população;

Fever everei eiro ro 20 2021 21

 

8. adiamento do desenvolvimento de soluções que impeçam os impactos i mpactos negativos, como a economia circular, fundamental ao tratamento dos resíduos, através da redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia; e 9. ausência de definição, implantação e monitoramento monitoramento de penalidades eficazes pelo governo aos setores públicos e privados, responsáveis por estes impactos i mpactos negativos.  A part pa rtir ir das d as infor i nformações mações compartil compar tilhadas hadas acima, acim a, volta mos à pergunta inicial deste artigo: a evolução da tecnologia gerará benefícios à sociedade e ao meio ambiente? Desta feita, a resposta parece ser não, já que as novas tecnologias provocam um intenso impacto negativo à sociedade e ao meio ambiente, ainda que agreguem resultados positivos. Sim   e Não:

duas respostas coexistentes. Sendo assim, o que é necessário para mudar o jogo e intensificar os benefícios para todos, reduzindo-se substancialmente os efeitos nefastos das tecnologias contemporâneas existentes e daquelas que ainda estão por vir?

riadas tecnologias sobre o meio ambiente e os seres humanos, incentivando-se, desta forma, o crescimento de uma sociedade comprometida com a vida, a saúde e a responsabilidade social. Entretanto – e conforme argumentam alguns a lguns de nossos leitores –, o caminho para a conscientização pode ser mais complexo do que parece e, neste sentido, elaborar e buscar responder a boas perguntas pode ser produtivo, tais como (não exaustivas): 1. Quais são os países mais sustentáveis do mundo e o que eles fazem na prática? 2. Como esses países levam suas organizações à adoção de Modelos de Gestão Sustentáveis (MGS´s), (MGS´s), os quais são o cerne das organizações sustentáveis – as Orquestras Societárias? 3. Como a legislação e a regulamentação regula mentação dos países mais sustentáveis podem contribuir para a conscientização pretendida? 4. Como o enforcement  –  – o cumprimento das regras estabelecidas – dá sua contribuição?

 A resposta resp osta que q ue nos pa rece fazer f azer mais mai s sentido sent ido é: conscienti cons cienti-zação e implantação de processos produtivos e prestação de serviços que analisem tanto os benefícios, quanto os riscos e impactos negativos. A conscientização é um bom ponto de partida para que as novas soluções sejam muito mais

5. Os órgãos governamentais fiscalizam as práticas ambientais com rigor?

positivas do que negativas.

7. Como equilibrar o trabalho humano e a utilização de tecnologias inteligentes?

Como transformar e conscientizar os governos e a sociedade?  Uma forte for te possibilid poss ibilidade ade é a da educação educ ação ambiental a mbiental desde a infância, reforçada por pesquisas que demonstrem não só os benefícios, mas também os impactos negativos das va-

CIDA HESS é economista e contadora, especialista especialista

6. Quais soluções os cidadãos visualizam para ampliação da consciência de todos?

Finalizamos, como temos frequentemente procurado fazer, convidando os leitores a participar das nossas reflexões, formulando novas perguntas que enriqueçam a lista acima. Teremos satisfação em receber suas contribuições. RI

MÔNICA BRANDÃO

em finanças e estratégia, mestr mestre e em contábeis pela PUC SP, doutoranda pela UNIP/SP em Engenharia de Produção - e tem atuado como executiva executiva e consultora de organizações. [email protected] 

é engenheira, especialista especialista em finanças e estratégia, mestre mestre em administração pela PUC Minas e tem atuado como executiva e conselheira de organizações e como professora. [email protected]

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

45

 

GOVERNANÇA CORPORATIVA

COM INCERTEZAS DE 2021, GOVER GOVE R NANÇA CORPOR CORPORA ATI TIV VA DEIX EIXA A DE DE SER DIF DIFER EREN ENCIA CIAL LE

SE TORNA TORNA FU FUNDAM NDAME E NT NTAL AL O encerramento do desafiador ano de 2020 parece ainda estar longe de trazer a tranquilidade desejada. A cada hora de 2021 o cenário parece se transformar. O entusiasmo pelo início da  vacinaç  vac inação ão é lo logo go rev revertid ertido o em apreen apreensã são o quand quando o as auto autorida ridade dess sanitárias falam em mutações do vírus. As ações das companhias sobem e descem no ritmo das notícias e há poucos sinais de que este cenário vai mudar no curto prazo. OLAVO O RODRIGUES RODRIGUE S por MARCOS RODRIGUES e OLAV

Esse ambiente por si só já seria complicado para as empresas em qualquer tempo, mas no início desta nova década tudo ficou ainda mais difícil. O capitalismo mudou e agora não é mais somente a propensão a ter mais ou menos lucro que conta como atividade fim das organizações. As empresas estão sob avaliação constante dos  stakeholder s. Não basta mais fazer somente uma autoavaliação em termos de ASG (Ambiental, Social e Governança), Governa nça), é preciso obter uma visão independente, isenta e crítica para entender onde estão os pontos críticos que levam aos riscos de imagem e elevadas

 A necessidade necessidade de aumento significativo de inv investimentos estimentos em políticas ASG torna a governança corporativa um aspecto ainda mais crucial, pois ela desempenha um papel transversal em relação às dimensões social e ambiental. Afinal, é a governança que transforma a empresa de forma a evitar que a sustentabilidade se torne apenas marketing, mas seja um fim, de fato.  A adoção de boas práticas de governa governança nça corporativa pelas empresas proporciona melhor gerenciamento de riscos,

perdas financeiras. Caso contrário o resultado resu ltado pode ser desde boicotes de clientes a perda de fornecedores, fuga de colaboradores e empréstimos mais caros, tudo t udo isso acompanhando a queda das ações. 46

REVISTA RI

maior transparência das informações financeiras, sistema de compliance mais robusto e maior alinhamento das diretrizes e políticas entre os sta stakeholders, keholders, com com foco em adaptação às mudanças do macroambiente e do setor onde atuam. Esses aspectos contribuem para o aumento da confiança dos

Fevereiro 2021

 

Companhias que zelam pelos seus consumidores, funcionários, acionistas, fornecedores e tem sólida governança, no geral, apresentam muito mais resiliência, justamente por entenderem como a complexa relação com seus  stakeholders, pode se tornar mola propulsora para o sucesso e uma rede de proteção nas dificuldades.

investidores e redução de risco, o que beneficia o valor da organização e sua melhor classificação classi ficação de crédito. Os investidores preferem alocar recursos em empresas com um bom sistema de governança, ao mesmo tempo em que elas são beneficiadas com maior capacidade e condições de tomada de crédito. Isso porque o capital observa os riscos do negócio, e acaba por boicotar empresas não-sustentáveis. Somente em 2019, US$ 20,6 bilhões migraram para fundos de investimento que explicitamente se desfazem de organizações tidas como “não sustentáveis” sustentáveis”,, volume dez vezes maior que o de uma década atrás. A v isão é de que apoiar empresas com fortes práticas de sustentabilidade pode ser um investii nvestimento de longo prazo mais rentável. Outra pesquisa de uma consultoria internacional revelou que o número de investidores que fazem uso de métricas não-financeiras em suas decisões aumentou de 27% para 43% entre 2016 e 2020. Apenas 9% dos investidores não usaram o desempenho não-financeiro como parte de sua tomada de decisão. Mesmo assim, o descasamento entre o discurso de sustenta-

na um castelo de cartas. A pandemia de 2020 trouxe à tona inúmeros casos assim e as perdas de valor de mercado de algumas levaram gestores ao redor do mundo a reavaliar suas prioridades. Companhias que zelam pelos seus consumidores, funcionários, acionistas, fornecedores e tem sólida governança, no geral, apresentam muito mais resiliência, justamente por entenderem como a complexa relação com seus  stakeholders , pode se tornar mola propulsora para o sucesso e uma rede de proteção nas dificuldades.  Avaliar e qualificar o sistema de Governança Corporativa, além de identificar aspectos positivos e melhorias, permite orientar investimentos e atrair a participação de conselheiros ou membros de comitês, além de compreender como a administração está promovendo os interesses dos acionistas e das partes par tes interessadas. O passado foi marcado por empresas falando que eram por fora, mas por dentro nada tinha mudado. Ainda há muito a ser feito porque muito foi falado. A transformação iniciada em 2020 deve se consolidar, de fato, em 2021. RI

bilidade ao público e as ações para implementar implementar uma política efetiva é enorme. Entre as principais barreiras destacam-se o custo, a complexidade da análise e a falta de capacitação dos colaboradores. Tal situação amplia os riscos da gestão, pois sem bases sólidas de governança, a organização se tor-

MARCOS RODRIGUES E OLAVO RODRIGUES são sócios fundadores da BR Rating, primeira agência de classificação de risco e avaliação dos sistemas de governança corporativa do Brasil. [email protected]

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

47

CONSELHO FISCAL

CONSELHO

 

FISCAL E SUA COMPOSIÇÃO FRENTEDE A COMPLEXIDADE DO AMBIENTE GOVE GO VERNA RNANÇA NÇA DOS DIAS ATUAI ATUAISS

48

REVI RE VIST STA A RI

Fev ever erei eirro 2021 2021

 

O Conselho Fiscal é regulado pelo disposto no capítulo  XIII da Lei 6.404 6.404 de 15 de de d dez ezem embr bro o de de 197 1976. 6. A expo exposi siçã ção o de motivos, a qual reflete as justificativas e intenção do legislador por ocasião da preparação da Lei, nos faz refletir se os objetivos e a intenção do Legislador, por ocasião de sua preparação e submissão para aprovação, foram e ainda continuam sendo alcançados. por CLÓVIS PEREIRA

 Adicionalmente, as a s práticas de Governança Gover nança Corporativa no Brasil e no Mundo, muito evoluíram em relação àquela àquelass praticadas por ocasião da promulgação da Lei, no ano de 1976, as quais tiveram grande evolução como resultado, principalmente, de escândalos financeiros ocorridos nos Estados  Unidos, como por exemplo: exemplo: a. Promulgação da Lei Sarbanes Oxley nos Es Estados tados Unidos em 2002, refletindo em outros mercados de capitais ao redor do mundo; b. Criação de diferentes níveis de listagem e de exigência de boas práticas de Governança pelas Companhias na Bolsa de  Valore  Val oress Brasi Brasileir leiraa – B3 (No (Novo vo Mercado Mercado fo foii cri criado ado em 2000 2000); ); c. Maior transparência na divulgação de informações pelas Companhias abertas, com a implementação pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM do Formulário de Refe-

 As práticas de Governança Corpora Corporativa tiva no Brasil e no Mundo, muito evoluíram em relação àquelas praticadas por ocasião da promulgação da Lei, no ano de 1976, as quais tiveram grande evolução evol ução como resultado,

rência (ICVM 480 de 2009); d. Criação do Código Brasileiro de Gov Governa ernança nça Corporativa das Companhias Abertas e a divulgação, por estas, daquelas práticas que adota e a explicação dos motivos pelos quais não adota as práticas nele recomendadas.

principalmente, de escândalos financeiros ocorridos nos Estados  Unidos.  Unido s. Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

49

 

CONSELHO FISCAL

Destaco a seguir os principais temas que constam da Legislação atual e que devem ser objeto de novas reflexões, dentro do atual cenário:

ELEIÇÃO DOS MEMBROS Na maioria das companhias existentes na ocasião da promulgação da Lei 6.404/76, todos os membros do Conselho Fiscal eram eleitos pelos mesmos acionistas que escolhiam os administradores. A exposição de motivos menciona que problema constatado era de que o funcionamento do órgão quase sempre se reduzia a formal ismo vazio de qualquer significação prática, o que justificava reiteradas críticas crít icas que lhe eram feitas e as propostas para sua extinção.  A experiência experiênci a revelava, todavia, a importânci importânciaa do órgão como instrumento de proteção de acionistas dissidentes, sempre que estes usavam do seu direito de eleger em separasepa rado um dos membros do Conselho e desde que as pessoas eleitas tivessem os conhecimentos que lhes permitiam utilizar com eficiência os meios, previstos na lei, para fiscalização dos órgãos da administração.

Por se tratar de órgão de fiscalização dos atos dos administrado administ radores, res, estes estes nomeados pelos acionistas controladores, apenas conselheiros nomeados por acionistas não controladores teriam independência necessária nece ssária para exercer e xercer as funções f unções de fiscalização da administração pelo Conselho Conselh o Fiscal.

REFLEXÕES a) Eleição de um dos membros do Conselho Fiscal em separado  A eleição eleição de apenas um dos membros membros do Conselh Conselho o Fiscal em separado, apesar de trazer para o Conselho a opinião de representante dos acionistas não controladores, não altera a situação fática de que a maioria dos seus membros sejam eleitos pelos mesmos acionistas que escolhem os administradores.

Muito embora as competências de fiscalização e denúncia possa ser realizada de forma individual, por qualquer dos membros do Conselho Fiscal, as competências de opinar acerca dos assuntos abaixo, dentre outras atribuições, são exclusivas do colegiado: i. Emitir parecer so sobre bre o Relatório anual da administração (demonstrações (demo nstrações fin financeiras); anceiras); e ii. Emitir sua opinião acerca das propostas dos órgãos da administração a serem submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição, planos de investimen-

eleito pelos minoritários discorde de seus pares, o teor do parecer a ser emitido pelo Conselho Fiscal irá refletir a opinião da maioria, formada por membros eleitos pelos mesmos acionistas que escolhem os administradores. admin istradores. Neste cenário, a crítica que existia por ocasião da promulgação da Lei 6.404/76 e constante em sua exposição de motivos, permanece sendo reali zada nos dias de hoje. Por se tratar de órgão de fiscalização dos atos dos administradores, estes nomeados pelos acionistas controladores, apenas conselheiros nomeados por acionistas não controladores teriam independência necessária para exercer as funções de fiscalização da administração pelo Conselho Fiscal. Dessa forma, este deveria ser formado, em sua maioria, por membros eleitos pelos acionistas não controladores, sendo garantido aos acionistas acionista s controladores a eleição de representantes em número que não representem, a sua maioria.  b) Eleição de pessoas com conhecimentos conh ecimentos

to ou orçamentos de capital, dist ribuição de div idendos idendos,, transformação, incorporação, fusão ou cisão. Levando-se em consideração que a maioria dos membros do Conselho Fiscal é eleita pelos mesmos acionistas que escolhem os administradores, mesmo que o Conselheiro

50

RE REVI VIST STA A R RII

que órgãos lhes permitam efetuar a fiscalização dos da administração administ ração Para assegurar a eficiência do seu funcionamento, a Lei 6.404/76 prevê requisitos de competência aos seus membros, em que somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas diplomadas em curso de nível universitário, ou que tenham

Fever everei eiro ro 20 2021 21

 

exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de administrador de empresa ou de conselheiro fiscal. Prevê, ainda, que nas localidades em que não houver pessoas habilitadas, em número suficiente, para o exercício da função, caberá ao juiz dispensar a companhia da satisfação desses requisitos. Levando-se em consideração os meios digitais para realização de reuniões por ferramentas de vídeo-conferência e troca de informações in formações por meio de n nuvem, uvem, não é mais justificável a nomeação de membros que não cumpram requisitos r equisitos mínimos de qualificação profissional para exercer as atribuições de Conselheiro Fiscal, mesmo que não sejam residentes no mesmo domicílio da sede da Companhia.  Adicionalmente, como já mencionado anteriormente, de 1976 para os dias atuais o ambiente de Governança Corporativa tornou-se mais complexo. Ademais, as normas de auditoria e as práticas contábeis adotadas no Brasil foram alinhadas às normas internacionais de contabilidade (International Financial Reporting Standards - IFRS) e às Normas Internacionais de Auditoria. Consequentemente, apenas a formação eem Consequentemente, m nível un universitário, iversitário, principalmente em disciplina que não é inerente ao desempenho das funções e responsabilidades de um conselheiro Fiscal, não se demonstra ser suficiente, sendo requerido, no mínimo, que o membro do Conselho Conselho Fiscal tenha exper experiência iência em assuntos de contabilidade societária, uma vez que o Conselho Fiscal deve opinar sobre as demonstrações financeiras anuais (prestação de contas) contas) elaboradas pela administ administração ração da Companhia e submetidas a aprovação pela Assembleia Geral.  A Instrução CVM C VM 509 de 16 de de novembro d dee 2011 2011 reconhece o profissional com experiência em assuntos de contabilidade societária, como aquele que possua: I.

conhecimento dos princípios contábeis geralmente aceitos (que envolve envolve as normas internacionais i nternacionais de contabilidade – IFRS) e das demonstrações financeiras;

O Conselho Fiscal necessita receber, neste momento, suporte para que tenha condições de executar as suas atividades e cumprir com suas responsabilidades. Para tanto, requer alteração na Legisla Leg islação ção Societária Brasileira.

 V. conhecimento de controles internos e procedimentos procedimentos de contabilidade societária. Levando-se em consideração a função eminentemente fiscalizadora do conselho Fiscal, com a emissão de parecer sobre a prestação de contas da administração ao final fina l do exercício social, a totalidade de seus membros deveria possuir experiência comprovada em assuntos de contabilidade societária. O Conselho Fiscal necessita receber, neste momento, suporte para que tenha condições de executar as suas atividades e cumprir com suas responsabilidades. Para tanto, requer alteração na Legislação Societária Brasileira. Entendo que, passados 35 anos do início de vigência da Lei 6.404/76, cumpre-nos rea valiar e revisar seus termos, para assegurar que os objetiv objetivos os previstos pelo Legislador L egislador continuem sendo atendidos, atendidos, prezando pela manutenção de um ambiente de maior transparência entre os atos dos administradores, admi nistradores, eleitos pelos acionistas ma joritários,  jori tários, e os acio acionistas nistas não controlad controladores ores.. RI

II. habilidade para avalia avaliarr a aplicação desses princípios em relação às principais estimativas contábeis; III. experiência experiênc ia preparando, auditando, analisando anal isando ou

CLÓVIS PEREIRA

é Contador, Auditor com experiência de

avaliando demonstrações financeiras que possuam nível de abrangência e complexidade comparáveis aos da companhia; IV. formação educacional educacional compatível com os conhecimentos de contabilidade societária; e

31 anos atuando em Big4, Conselheiro Fiscal certificado pelo IBGC e membro de Conselhos Fiscais de Companhias Abertas - Novo Mercado. Coordenador de Comitês de Auditoria de Companhias Abertas - Novo Mercado.  Associ  Ass ociado ado ao IBGC IBGC e ao IBR IBRACO ACON, N,ond onde e atua em Comissões e Grupos de Trabalho. [email protected] 

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

51

 

FÓRUM ABRASCA

OS RI RISC SCOS OS DE DE SE ALTE ALTER RAR

 A LEI LEI SO SOCIET CIETÁ ÁRI A

POR MEDIDA PROVISÓRIA

No final do ano passado começaram a ser debatidas diversas propostas de alteração na Lei nº 6.404/76, com o objetivo de melhorar a posição do Brasil no ranking do Do  Doin ing g Busine Business ss do Banco Mundial e aperfeiçoar a proteção aos minoritários. Como a questão foi tomando proporção cada  v  vez ez mai maior or,, a Ab Abra rasc sca ad deci ecidi diu u rreu eunir nir,, n no ofi final nal de de deze zem mbr bro od de e 20 2020 20,, u um m grupo de experientes juristas para discutir essas possíveis alterações. por EDUARDO LUCANO DA PONTE  A pauta do  webinar , que teve mais de 600 inscritos, foi construída com base nos seguintes temas: conflito de interesses em assembleias e operações com partes relacionadas; litígios para tutela de minoritários; e membros independentes do Conselho de Administração. Foram convidados para debater esses tópicos Nelson Eizirik, ex-presidente do CAF, ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e professor da Escola de Direito da FGV/RJ; Mariana Pargendler, doutora doutora pela Yale Law L aw School professora professora de direito da FGV/SP; Gustavo Gonzalez, diretor da CVM; e Marcelo von Adamek, professor da Faculdade de Direito da  USP.. Os debates foram coordenados por Renato Berger, fun USP f undador do Berger Advogados.

Ficou explícito o consenso dos participantes sobre um ponto específico: medida provisória (MP) não é a forma adequada para se alterar a Lei das S.A, tendo em vista a ausência de urgência e, em muitos casos, tampouco de relevância,

O propósito encontro não eramuito chegarmenos a uma discutir conclusão se a lei deve oudonão ser alterada, uma nova redação para algum artigo, mas sim debater as questões no plano conceitual – e foi o que ocorreu. No entanto, ficou explícito o consenso dos participantes par ticipantes sobre um ponto específico: medida provisória (MP) não é a forma adequada 52

REVISTA RI

requisitos necessários e intrínsecos no regime de tramitação das medidas provisórias.

Fevereiro Fevereiro 2021 202 1

 

para se alterar a Lei das S/A, tendo em vista a ausência de urgência e, em muitos casos, tampouco de relevância, requisitos necessários e intrínsecos no regime de tramitação das medidas provisórias. Cabe destacar que, ao longo dos dois primeiros anos do atual atua l governo, o Ministério da Economia vem buscando introduzir aprimoramentos à Lei nº 6.404/76, com objetivo de impulsionar o mercado de capitais. Algumas ideias foram debatidas na tramitação da MP 881/19, transformada na Lei nº 13.874/19, popularmente conhecida como Lei da Liberdade Econômica, e da MP nº 892/19, que não foi aprovada pelo Congresso e perdeu pe rdeu sua validade val idade em dezembro de 2019.  A MP 881/19, 881/19, originalmente origina lmente em seu artigo a rtigo 8º, pretendia incluir o novo art. 294-A na Lei 6.404/76, destinando à CVM atribuição para, em regulamentação própria, dispensar exigências Lei dasportes, S.A. para companhias definidaso como deprevistas pequenonae médio o que poderia facilitar acesso dessas sociedades ao mercado de capitais; entretanto, entr etanto, tal dispositivo d ispositivo não foi mantido na Lei 13.874/2019. 13.874/2019.  Já a MP 892/19 892/19 extinguia a obrigato obrigatoriedad riedadee de publicação publicação de atos societários em diários oficiais e jornais impressos de grande circulação, a fim de passarem a ser feitos somente por meio eletrônico, visando à redução do custo e burocracias relacionados à rotina administrativa e societária das empresas, demanda antiga de todo o mercado, tendo em vista o seu anacronismo nos dias atuais. No entanto, a medida teve seu prazo de vigência expirado e perdeu a validade – não chegou a ser analisada pelo plenário da Câmara nem pelo do Senado.  Algumas medidas provisórias são relevantes para as companhias abertas, como a MP nº 881/19, que atendia um antigo pleito da Abrasca. No entanto, tudo indica que a forma como essas propostas são conduzidas seja a razão de encontrar tantos obstáculos no Congresso. A título de exemplo, vale citar que, nos últimos dois anos, o Governo Federal emitiu 149 medidas provisórias, sendo que grande parte par te foi rejeitada ou sequer analisada. anal isada. Só em 2020 foram 101, o maior número em quase duas décadas, e nem todas foram destinadas a combater a pandemia da d a Covid-19.

 Algumas medidas provisórias provisórias são relevantes para as companhias abertas, como a MP nº 881/19, que atendia um antigo pleito da Abrasca. No entanto, tudo indica que a forma como essas propostas são conduzidas seja a razão de encontrar tantos obstáculos no Congresso. A título de exemplo, vale citar que, nos últimos dois anos, o Governo Federal emitiu 149 medidas provisórias, sendo que grande parte foi rejeitada ou sequer analisada. citada, como exemplo, a chamada “Lei Lobão”, que intentou tirar o direito de recesso da incorporação, esquecendo-se de que havia outro artigo que tratava dessa questão – o que resultou em uma grande insegurança jurídica. Outra mudança problemática foi a reforma implementada através da Lei nº 10.303/01, 10.303/01, que alterou vários aspectos da Lei das S.A. e foi malsucedida na construção const rução de alguns conceitos, como é o caso do preço justo, que até hoje se discute do que se trata. “O Artigo 254 A tentou construir uma definição do que seja alienação de controle, que é absolutamente circular e termina dizendo que alienação de controle é alienação de

MUDAR A LE I DAS S/A EXIGE DEBATE

controle , exemplificou Nelson Eizirik E izirik..

Nelson resumindo o pensamento participantes, destacouEizirik, que ninguém é contra alterar a dos Lei das S/A, desde que isso ocorra de forma transparente e que seja fruto de um grande debate. Há uma razão para esta preocupação: as últimas mudanças na Lei L ei nº 6.404/76 são passíveis de críticas por deficiências técnicas. Durante os debates do webinar foi

No entender do professor, esses exemplos não devem servir de inspiração para tentativas de novas mudanças. Por isso, afirmou temer o “voluntarismo jurídico”, ou seja, a ideia de que mudando a lei vai se alterar altera r a realidade econômica e conômica – quando, na prática, o que se consegue é criar mais insegurança jurídica. Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

53

 

FÓRUM ABRASCA

O que se discute disc ute agora? Com o intuito de melhorar a pontuação do Brasil no  Doing Bussiness do Banco Mundial, o governo estuda fazer alguns ajustes. Entre as 190 economias avaliadas pelo BIRD, o país caiu de 109ª para a 124ª posição em 2020. Nações como México (60º), Índia (63º) e África do Sul (84º) estão à nossa frente. O que motiva todo esse debate é a possibilidade de o governo editar uma MP alterando os artigos 122 e 124 da Lei nº 6.404/76, que trata das assembleias gerais – o que exigiria também uma nova redação para o artigo 115, sobre voto do acionista em situação de potencial conflito de interesses, bem como nos artigos 138 e 140 da mesma lei, que dispõem sobre o Conselho de Administração e sua composição. A avaliação é que operação “relevante” entre partes relacionadas poderá ter de ser submetida à assembleia, e que, que, nas companhias aber abertas, tas, será vedada a acumulação acu mulação de cargos de presidente do Conselho de Administração Administ ração e diretor presidente por uma mesma pessoa, além de passar a ser obrigatória a participação de conselheiros independentes no conselho em proporção a ser estabelecida pela CVM, sem nenhum limite estipulado na própria lei. São temas complexos que não encontram apoio generalizado do mercado, inclusive dentro da própria Comissão de  Valores Mobiliários. Mobiliá rios. A maioria maior ia alerta aler ta para a possibilidade possibil idade de promover insegurança jurídica em lugar de funcionar como propulsora de mais negócios e segurança para os acionistas minoritários, podendo criar entraves desnecessários para as companhias, em especial aos grupos societários de maior porte.  As discussões avançaram no início i nício de dezembro, quando a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou o relatório sobre meios privados de tutela dos direitos de acionistas. O relatório “ Private Enforcement Enfo rcement of Shareholder Rights” é o resultado da segunda fase do projeto realizado pelo Grupo de Trabalho formado entre a CVM e o Ministério da Economia, E conomia, juntamente juntamente com a OCDE. Segundo a OCDE, o objetivo do material é recomendar a adoção de medidas que possam robustecer o arcabouço ar cabouço de ações derivadas e arbitragem a rbitragem no Brasil, tendo como base uma revisão comparativa das estruturas de nove países: França, Ale-

São temas que não encontram enco ntramcomplexos apoi apoio o generalizado do mercado, inclusive dentro da própria Comissão de  Val  V alor ores es Mo Mobi biliári liários os.. A maiori maioria a alerta para a possibilidade de promover insegurança jurídica em lugar de funcionar como propulsora propulso ra de ma mais is negócios e segurança para os acionistas minoritários, podendo criar entraves entrav es desn desnecessários ecessários para as companhias, em especial aos grupos societários de maior porte. adoção de medidas do Banco Mundial para deter a inflação em diversos países da América Latina, inclusive o Brasil. Ninguém discorda de que o mercado de capitais precisa de aperfeiçoamentos, tampouco que as regras para as companhias abertas podem ser flexibilizadas e atualizadas. Vivemos um processo disruptivo, o que pressupõem agregar valor a um sistema já existente. ex istente. Portanto, se necessário for que a Lei das S.A., sancionada em 1976, deva ser atualizada, mas que isso ocorra como fruto de um amplo debate entre as parpar tes regidas pela lei. RI

manha, Israel, Itália, Portugal, Cingapura, Espanha, Estados  Unidos e Reino Unido. Unido. Ocorre, porém, que a simples transposição de uma regra bem-sucedida em um país não garante que repetirá o mesmo efeito em outro, o que exige, portanto, muita cautela. Isso está explícito em vários estudos est udos da década de 1990 sobre 54

REVISTA RI

EDUARDO LUCANO DA PONTE é presidente Executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA). [email protected]

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

IBGC COMUNICA

Carta ao mercado

Diversidade na renovação dos conselhos Prezados e prezadas, Estamos nos aproximando do período de renovação dos conselhos de administração e, por isso, gostaríamos de convidar a todos os conselheiros, investidores e tomadores de decisão para se juntarem a nós na missão de aumentar a diversidade nesses colegiados. É comprovado que a diversidade impacta positivamente no desempenho da empresa e traz capacidade de inovação para os negócios. Mas ainda se observa que a maior parte dos conselhos é pouco plural e as demandas da nossa sociedade exigem respostas a partir de novas perspectivas que a diversidade ajuda a trazer. Vale ressaltar que apenas 11,5% das posições em conselhos das empresas abertas brasileiras são ocupadas por mulheres – 9,3% considerando-se apenas as titulares – segundo o estudo Board Index 2020 da Spenc Spencer er Stuart. Precisamos mudar esta realidade. Como atores importantes nesse cenário e engajados com a causa, neste período em que os profissionais começam a ser selecionados para conselhos, pedimos que considerem promover mais diversidade (de gênero, cor, etnia, orientação sexual, formação, idade, região, etc.) para os  boards em que atuam, assim como gostaríamos que provocassem essa reflexão nos ambientes de governança pelos quais circulam.   Nós, do Programa Diversidade em Conselho (PDeC), colocamo-nos à disposição para ajudar na busca por mulheres com o perfil desejado para as posições a serem preenchidas, disponibilizando os bancos de conselheiras do PDeC e da WCD (WomenCorporateDirectors) e o banco de profissionais do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), que contam com centenas de conselheiras e profissionais preparados e com uma grande variedade de perfis e experiências. O PDeC é uma iniciativa conjunta entre B3, IBGC, International Finance Corporation (IFC), Spencer Stuart e WCD para ampliar a diversidade em conselhos.  Acredita mos que somente somando esforços seremos  Acreditamos se remos capazes de provoc provocar ar mudança mudançass efetivas no mer mercado cado com relação a esse tema tão importante para a governança das organizações e para a sociedade. Gilson Finkelsztain, CEO B3 Pedro Melo, diretor-geral do IBGC Carlos Leiria Pinto, country manager da IFC Fernando Carneiro, sócio da Spencer Stuart

Marienne Coutinho, co-chair da WCD  no Brasil e sócia da KPMG no Brasil

Realização:

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

REVISTA RI

55

MELHORES PRÁTICAS

COMO O

ISE E INSPIROU A   IS

M. DIA DIAS S BRA BRANCO NA JORNADA DA SUSTENTABILIDADE

Em janeiro de 2021, a M. Dias Branco, empresa na qual trabalho como diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios, passou a integrar o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3, ao lado de outras 38 companhias abertas. Integrar o ISE não foi uma linha de chegada, mas a reafirmação de um compromisso de sustentabilidade ambiental, governança corporativa e responsabilidade social que, ao longo dos anos, tem mudado a cultura da empresa. por FABIO CEFALY

Nossa jornada foi iniciada oficialmente em 2014, quando estruturamos uma agenda de sustentabilidade e criamos oito grupos de trabalho comprometidos com as mudanças almejadas. Naquele mesmo ano, apresentamos ao mercado o primeiro relatório de sustentabilidade no padrão GRI (Global Reporting Initiative). Esta metodologia ajudou a companhia a trilhar um caminho muito claro em relação às mudanças relacionadas às questões na esfera ambiental, social e da governança corporativa e a mensurar os impactos de todas as ações. Também utilizamos o ISE e outros instrumentos disponíveis

 A agenda agenda de mudan mudanças ças climáticas cli máticas já estava em nossas preocupações, mas com as métricas propostas pelo ISE passamos a fazer inv i nventário entário de gases de efeito estufa e a

para criar um u m conjunto de referências que ajudou ajudou a alimentar

envolver os colaboradores da

o trabalho. Ter metas claras de onde se deve chegar é fundamental. A agenda de mudanças climáticas já estava em nossas preocupações, mas com as métricas propostas pelo ISE passamos a fazer inventário de gases de efeito estufa e a envolver os colaboradores da M. Dias Branco. E trouxemos especialistas de mercado para dialogar com os nossos colaboradores. colaboradores.

M. Dias Branco. Branco. E trouxemos especialistas de mercado para dialogar com os nossos colaboradores.

56

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

Desde o início, os controladores da companhia patrocinaram a causa e apoiaram essa jornada, trazendo a visão do que é relevante para a empresa e a sociedade e buscando o equilíbrio entre a agenda de sustentabilidade e os resultados financeiros. E é importante que seja assim. Nessa jornada, tomamos decisões bastante ousadas, mas que rapidamente foram absorvidas pelos investidores. Um bom exemplo é o fato de uma companhia que consome anualmente milhares de toneladas de ovos na produção de massas alimentícias ter decidido assinar, em maio de 2019, 2019, o compromisso pelo bem-estar animal cage-free. Nos comprometemos a utilizar em todos os nossos produtos apenas ovos de galinhas 100% livres de gaiolas, completando a transição até 2025. Sabemos que a produção brasileira de ovos de galinhas livres ainda é marginal, não suprindo nem de longe a demanda da indústria. Mas, como líderes brasileiros em massas e biscoitos, entendemos entendemos que é nosso papel patrocinar patrocina r esta mudança, trabalhando em parceria com os fornecedore fornecedores. s. Outro ponto que olhamos com muita atenção desde a abertura de capital, em 2006, é a governança. É claro que as companhias com governança robusta e transparente não apenas atraem os investidores, como engajam colaboradores e parceiros. Como reconhecimento, recebemos em 2020, pelo quarto ano consecutivo, o Troféu Transparência concedido pela Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Por fim, procuramos fazer ações sociais no dia a dia, não nos restringindo a doação de recursos financeiros e alimentos a dezenas de entidades sociais próximas às 15 unidades industriais da companhia espalhadas pelas regiões reg iões Nordeste, Nordeste, Sudeste e Sul. Um projeto do qual nos orgulhamos imensamente é o Projeto Escola, que reflete muitas das crenças do fundador da companhia, Sr. Ivens Dias Branco, e que já trouxe milhares de crianças cria nças à sede da M. Dias Branco, em Fortaleza. Neste programa, as crianças passam um dia divertido e educativo na fábrica e têm a oportunidade de entender o processo de produção de massas, biscoitos e torradas e participar de ações educativas sobre meio ambiente e cidadania. Para muitas delas, isto se torna uma inspiração para o futuro profissional.

Nessa jornada, tomamos decisões bastante ousadas, mas que rapidamente foram absorv absorvidas idas pelos investidores. Um bom exemplo é o fato de uma companhia que consome anualmente milhares de toneladas de ovos na produção de massas alimen ali mentícias tícias ter decidido decidido assinar, em maio de 2019, o compromisso com promisso pelo bem-esta bem-estarr animal cage-free. lação entre a sustentabilidade empresarial e a avaliação de risco das companhias. Investidores estrangeiros e brasileiros olham com atenção para a agenda ambiental brasileira e já são capazes de separar o joio do trigo, buscando, por exemplo, aquelas aquelas capazes de neutralizar o carbono que produzem, que respeitam seus colaboradores colaboradores e consumidores, consum idores, que abrem suas portas para a diversidade e tomam decisões em prol da sociedade, olhando sempre para o longo prazo. É importante importa nte ressaltar que a entrada no ISE faz com que nossos colaboradores fiquem ainda mais confiantes de que estamos no caminho certo e devemos seguir nessa jornada. RI

Integrar o ISE da B3 não é apenas uma conta de chegada. Hoje o trabalho de sustentabilidad su stentabilidadee que vem sendo feito diariamente está no DNA da empresa. Tanto que, também em 2020, aderimos aos dez princípios do Pacto Global da OrganiOrgan ização das Nações Unidas. Acreditamos que a régua vai subir continuamente no Brasil e no mundo e já ficou clara a correcorre -

FABIO CEFALY é diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios da M. Dias Branco. [email protected]

Fevereiro 2021

REVISTA RI

57

REGISTRO

XVII SEMI SEMIN NÁRIO  

INTERNACIONAL

CPC DEBATE DEBA TE NORMAS CONT CONTÁBEIS ÁBEIS INTE INTERNACI RNACION ONAI AIS S

& REL RE L ATO IN INTEG TEGR R A DO Zulmir Ivânio Breda, presidente do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), realizou a palestra de abertura do XVII Semin Seminári ário o Internacional CPC (Comitê de Pronunciamento P ronunciamentoss Contábeis), na manhã do dia 25 de novembro de 2020, pela primeira vez em plataforma digital, destacando que o evento tem o objetivo de proporcionar uma visão prática do atual estágio de adoção, no Brasil, das normas internacionais de relatórios financeiros (IFRS  International Financial Financ ial Reporting Report ing Standards, na sigla em inglês) e das

alterações alteraç ões relevantes em andament andamento, o, conforme as agendas do CPC e do IASB ( International  International Accounting Standards Board Board). por RODNEY VERGILI

58

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

“O estágio avançado da adoção das normas IFRS no País é resultado do eficiente trabalho conduzido pelo CPC em seus 15 anos de atuação”, afirmou Zulmir Breda. “O CPC é fruto de um esforço conjunto das entidades que o compõem, com início in ício marcado pela edição da Resolução CFC nº 1.055/2005 e progredindo para um modelo hoje consolidado consolidado””, declarou. declar ou. O presidente do CFC parabenizou todos os membros atuais e anteriores, que “ajudaram a formatar e dignificar o trabalho do CPC e a promover o debate sobre Contabilidade no Brasil”. Em 2019, o CFC editou a Resolução nº 1.567/2019, alterando a nº 1.055/2005, de forma a aperfeiçoar as regras de Governança do CPC. Entre outras mudanças, ampliou o grupo de entidades que compõem o Comitê. “Por mais de dois anos, nós discutimos as alterações, com a finalidade de trazer mais ma is transparência às à s atividades do CPC e de adequar o Comitê às demandas atuais”, afirmou. Zulmir Breda discorreu sobre os principais pontos da atuação do CPC em 2020. “Foram produzidos trabalhos de alta rele vância, sendo sendo d dois ois destaques: destaques: a minuta d dee Orientação Técnica OCPC 09, equivalente ao Framework emitido pelo IIRC ( Inter International Integrated Reporting Council), Council), e a minuta de Pronunciamento Técnico Entidades em Liquidação” Liquidação”,, declarou. decla rou. O presidente do CFC agradeceu, também, o apoio do CPC nas nomeações brasileiras em organismos internacionais, como a de Alexsandro Broedel, como trustee trustee da  da IFRS Foundation, entre outros. Breda fez menção, também, a outros trabalhos realizados pelo CPC, como reuniões, eventos, revisões e envios  International Accounting Standards de contribuições ao IASB ( International  Board).  Board ). Ele destacou a atuação recente do CFC em temas tema s como: NBC TSP (Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público), Relato Integrado, Norma sobre Entidades em Liquidação; Auditoria de Informação Contábil Histórica Aplicável ao Setor Público; revisões da Norma de Contabilidade para Entidades Desportivas, da NBC de Contabilidade para PMEs; das Normas de Perícia Contábil e da Norma sobre Exame de Qualificação Técnica para Auditor. Breda citou a emissão em issão de Comunicados Técnicos para auditores independentes e aproveitou aproveitou para agradecer ao IBRACON (Insti-

ZULMIR BREDA

 Valdir Coscodai  Valdir Coscodai, diretor Técnico do IBRACON IBR ACON (Instituto dos  Auditores Independentes do Brasil); e de Patrick Oliveira Matos, diretor de Práticas Contábeis da Natura.

EESG No segundo painel, foi debatido o crescente interesse dos in vestidores pelas informações EESG ( Economic,  Economic, Environmental, Environmental , Social and Governance, Governance, em português, port uguês, Econômico Econômico,, Ambiental, Social e Governança).

Geraldo Soares, superintendente de Relações com Investidores do Itaú Unibanco e conselheiro de Administração do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores), moderou o segundo painel sobre “Relato Integrado e EESG com foco na visão de investimentos”, que teve como palestrantes: Rafael Mingone, Relações com Investidores da Gerdau, coordenador da Comissão C omissão ESG do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e conselheiro CDP (Carbon Disclosure Project) Latin America; e Fabio Alperowitch, portfolio manager da FAMA Investimen-

tuto dos Auditores Independentes Independentes do Brasil) pela parceria.

tos e conselheiro da GRI (Global (Global Reporting Initiative). Initiative).

No primeiro painel, pa inel, houve debate sobre “Combinações “Combinações de negócios com foco em Combinações de Entidades sob Controle Comum”,, tendo como moder Comum” moderador ador Guillermo Braunbeck , vice-coordenador Técnico do CPC (Comitê de Pronunciamentos P ronunciamentos Contábeis) e diretor financeiro da d a FACPC (Fundação de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis), e palestras de

 A programação do primeiro dia do even evento to foi foi encerrada com palestra, diretamente da Argentina, de Jorge Gil, presidente do GLENIF/GLASS (Grupo (Grupo Latinoamericano de Emisores de Normas de Información Financiera / Group of Latin American Accounting Standard Setters), Setters), sobre os mais recentes debates a respeito da convergência convergên cia das normas contábeis internacionais. Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

REGISTRO

HAROLDO LEVY NETO, GERALDO SOARES, RAFAEL MINGONE  E FÁBIO ALPEROWITCH

MARCELO BARBOSA

 AGENDA REGU LATÓR IA  AGEN DA REGULATÓR Marcelo Barbosa, presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), realizou a palestra de abertura do segundo dia do evento, na manhã de 26 de novembro de 2020. Barbosa

 A agenda regulatória da CVM para 2021 sobre normas contábeis tem 14 temas incorporados. “A produção normativa contábil obedece obedece a uma dinâmica dinâm ica particula particular, r, como resultado resultado da nossa adesão plena à convergência aos padrões internacio-

59

discorreu sobre a atenção da autarquia para diversos temas destacados no evento, por exemplo, a emissão de norma so-

nais , declarou Marcelo Barbosa, lembrando que as rodadas de discussões começam no IASB e, depois da emissão das

bre atividades reguladas, cujo modelo está em andamento no IASB  International  (International Accounting Standards Board); Board); a normatização sobre Combinação de Negócios sob Controle Comum, em análise pelo IASB – Discussion –  Discussion Paper  (DP)   (DP) 2020/1 – Business –  Business Combinations: Disclosures, Goodwill and Impairment ; e a regulamentação da agenda ESG ( Environmental,  Environmental, Social and and Governance). Governance).

IFRS, entram no process processo o do CPC e dos reguladores nacionais.

60

REVISTA RI

No terceiro painel houve debate sobre “Hedge Accounting”, que contou com palestras de Fernando Chiqueto, senior vice president do Credit Suisse (Londres); e de Eduardo Flores, membro do CPC/CNI (Comitê de Pronunciamentos Contábeis/

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

, coordenador geral do XVII  AL FR IE DCPC; P PLÖG LÖGER ER  (in memoriam); HAROLDO LEVY NETO Seminário CLAUDIA PLÖGER , esposa de Alfried Plöger e ELISEU MARTINS (FEA-USP)

Confederação Nacional da Indústria) e recentemente nom nomeado eado para o Conselho Consultivo da IFRS IF RS Foundation. O moderador do painel foi Edison Arisa Pereira, coordenador Técnico do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e presidente da FACPC (Fundação de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis).

HOMENAGEM EM A ALF RIED PLÖGER HOMENAG Haroldo Levy Neto, coordenador geral do XVII Seminário Internacional, conduziu a homenagem a Alfried Plöger, ex-coordenador de Relações Institucionais do CPC, que faleceu, no dia 12 de abril de 2020, vítima da COVID -19 -19..

Luiz Murilo Strube Lima, gerente de Políticas e Procedimentos Contábeis da Petrobras. A moderação do debate foi realizada por Leandro Ardito, sócio de Auditoria da PwC.

ENCERRAMENTO  Alexsandro Broedel  Alexsandro Broedel, trustee da IFRS Foundation, realizou palestra destacando a importância importânci a crescente de se debater o desen vo  volvim lviment ento o de padrões padrões globais globais de relató relatórios rios de susten sustentab tabilida ilidade. de. Edison Arisa Pereira, coordenador técnico do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) e presidente da FACPC (Fundação de Apoio ao Comitê de Pronunciamentos Contábeis), comentou comento u as principais conclusões do evento.

Eliseu Martins, Professor Emérito da FEA (Faculdade (Faculd ade de Economia, Administração e Contabilidad Contabilidade) e) da USP (Universidad (Universidadee de São Paulo), em São Paulo (SP) e em Ribeirão Ribei rão Preto (SP), falou sobre a amizade que teve com o empresário de origem alemã e que foi, por 15 anos, representante da ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas) no CPC. Bastante emocionado, Martins relembrou alguns momentos da vida pessoal que compartilhou com Plöger e destacou o respeito que havia entre ambos. “Nem sempre concordamos, mas esse é o genuíno respeito”, disse o professor. Martins fez a entrega virtual

Haroldo Reginaldo Levy Neto, coordenador Geral do XVII Seminário Internacional CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), encerrou o evento agradecendo participantes, apoiadores e patrocinadores. O evento contou com os patrocínios: Master (B3, Deloitte, FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos, Grant Thornton Brasil, Itaú Unibanco, KPMG, PwC e SMS Latin America; Sênior (Cielo e EY); Pleno (C&A, FBC – Fundação Brasileira de

de uma placa à esposa de Plöger, Claudia Plöger .

Contabilidade e Luz Publicidade) e apoio institucional: ABEL /  ABRACICON / ABRAPP / ABVCAP / AMEC / ANBIMA / ANCORD

O tema do quarto painel foi “Demonstrações Financeiras Primárias”, que contou com palestras de  Tadeu Cendón Ferreira , Board Member do IASB ( International  Internat ional Accounting Standards Board), Board), em Londres; Paulo Roberto Gonçalves Ferreira , superintendente de Normas Contábeis e de  Auditoria da CVM (Comissão de Valores Mobiliários); e

/ ANEFAC / APIMEC-SP / CRA-SP / CRC-SP / FEA–RP/USP / FECONTESP / FGV-Instituto de Finanças / IBEF SP / IBGC / IBRI / SESCON-SP / SINDCONT-SP SINDICONT-Rio. Mais informações, in formações, vídeos e apresentações:  www.ev  www. even ento tos. s.fa facpc cpc.o .org rg.b .br/ r/ap apres resen enta tacoe coes/XVII s/XVIISem Seminar inarioC ioCPC PC Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

Leia na

Revista RI.

REVISTA RI

61

 Assine já! e tenha acesso a todas as edições da Revista RI.

 www.revistaRI.com.br/assinatura

 

1º PRÊM PRÊMIO IO APIMEC IBRI DESTA DEST ACA OS VENCEDORE V ENCEDORES S PREMIAÇÃO AGRACIOU OS MELHORES PROFISSIONAIS DE RI, ANALISTA E CASA DE ANÁLISE, ALÉM DAS INICIATIVAS DE DESTAQUE DEST AQUE DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES I NVESTIDORES JENNIFER ALMEIDA PÁGINA 64 por

Bruno Brasil e

IBRI Mulheres debate

Comissão ESG

Ricardo Rosanova a no realizamRosanov palestras Programa TOP TOP XXIII XX III

como aumentar presença feminina no Mercado de capitais

do IBRI aborda Criação de Valor em Sustentabilidade

PÁGINA 67

PÁGINA 70

PÁGINA 72

Fevereiro Fevereiro 202 1

REVISTA RI

 

IBRI Notícias

APIMEC IBRI

1º PRÊMIOOS VENCEDORES  DESTACA PREMIAÇÃO AGRACIOU OS MELHORES PROFISSIONAIS DE RI, ANALISTA E CASA DE ANÁLISE, ALÉM DAS INICIATIVAS DE DESTAQUE DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES A entrega da primeira edição do Prêmio APIMEC IBRI aconteceu no dia 7 de dezembro de 2020, em solenidade virtual. A premiação foi realizada pela APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores). A escolha foi feita por meio de votação online e com abrangência nacional. POR  JENNIFER

ALMEIDA

 A votação foi direta e realizada rea lizada por analistas an alistas “Pessoa Física” credenciados e associados pela APIMEC Nacional, além de associados efetivos do IBRI. VENCEDORES Os vencedores de cada uma das cinco categorias foram: (a)  Melhor Analista de Valores Mobiliários: EDUARDO WHITAK ER DE ASSUMPÇÃO MATTOS ROSMAN; ROSMAN; (b) Melhor Casa de AnáPACTUAL; (c) Melhor lise de Valores Mobiliários:  BANCO BTG PACTUAL;  Profissional de Relações com Investidores Investidores: GERALDO SOARES; SOARES;  Melhor Prática e Iniciativa de Relações com Investidores Small/  Middle Cap: BANCO ABC BRASIL; BRASIL; (e) Melhor Prática e IniciaUNIBANCO. tiva de Relações com Investidores Large Cap: ITAÚ UNIBANCO.

63

 A seguir, os cinco mais mais votados em cada categoria: MELHOR ANALISTA DE VALORES MOBILIÁRIOS Domingos Toledo Toledo Piza Falav Falavina ina Eduardo Nishio Eduardo Whitaker de Assumpção Mattos Rosman (Vencedor) Marcos Moreno Chagas Assumpção Thiago Bovolenta Batista

64

REVISTA RI

GERALDO SOARES, RI DO ANO

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

 ANASTÁCIO FERNANDES FERNANDE S FILHO

RICARDO RICA RDO TADEU M MARTI ARTINS NS

MELHOR CASA DE ANÁLISE DE VALORES MOBILIÁRIOS Banco BTG Pactual (Vencedor) Banco J.P. Morgan Bradesco Credit Suisse Itaú Unibanco   MELHOR PROFISSIONAL DE RI

Bruno Brasil Carlos Firetti Geraldo Soares (Vencedor) Leandro De Miranda Araujo Rodrigo Maia   MELHOR PRÁTICA E INICIATIVA DE RI – SMALL/MIDDLE CAP Banco ABC Brasil (Vencedor) Banrisul Embraer Movida

1º PRÊMIO APIMEC IBRI  Anastácio  Anast ácio Fer Fernandes nandes Filho F ilho,, presidente do Conselho de Administração do IBRI, disse na abertura do evento que “o ob jetivo do prêmio é estimular o desenvolvimento desenvolvimento do mercado de capitais, disseminar boas práticas e iniciativas, além de  valorizar os profissionais. Com a premiação, almejamos ter um mercado de capitais cada vez mais forte, ativo e com regras claras c laras em sintonia com as melhores práticas”. práticas”.

 Anastácio Fernandes Ferna ndes ressaltou o esforço da comissão organizadora do prêmio para a sua efetivação. “Teremos um período de grandes desafios. Convoco os profissionais do mercado a superarem os próximos desafios”, desafios”, enfatizou. O voto foi secreto (criptografado) e auditado. A solenidade de premiação ocorreu em plataforma digital, por causa da pandemia de COVID-19. COVI D-19. “A primeira edição do Prêmio A APIMEC PIMEC IBRI 2020 registra regis tra quem

Randon   MELHOR PRÁTICA E INICIATIVA DE RI – LARGE CAP Bradesco Itaúsa Itaú Unibanco (Vencedor) Magazine Luiza  Vale

se destacou em período desafiador com a pandemia e com a presença crescente de pessoas físicas como investidores, o que exigiu uma comunicação mais didática e assertiva”, afirmou Ricardo Tadeu Martins, Martins, presidente da APIMEC Nacional.  A solenidade contou com a participação de Juca Andrade,  vice-presidente de Produtos e Clientes da B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), que salientou os desafios enfrentados por analistas

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

IBRI Notícias  Unibanco, compartilhou o prêmio com sua equipe. “Agrade Unibanco, “Agradeço à minha família, pois sem ela não chegamos a nenhum lugar e desejo que o prêmio tenha vida longa”, longa”, acrescentou.

 A primeira edição do do Prêmio  APIMEC IBRI IBR I 2020 registra quem se destacou em período desafiador com a pandemia e com a presença crescente de pessoas físicas como investidores, o que exigiu uma comunicação com unicação mais didática e assertiva. e profissionais de Relações com Investidores no ano de 2020. “O ano foi marcado pela pandemia, mudanças no mercado, mas, também, por movimentos movi mentos positivos positivos,, como a redução da taxa de juros e o aumento da base de investidores pessoa física, que continua crescendo”, crescendo”, declar declarou. ou. Lucy Sousa, Sousa, presidente da APIMEC São Paulo, citou as transformações no mercado decorrentes da pandemia. “Fizemos esforço para transformar as reuniões presenciais em videoconferências e foi um sucesso” sucesso”,, ressaltou. OS VENCEDORES DO 1º PRÊMIO APIMEC IBRI Eleito o melhor analista de valores mobiliários, Eduardo  Whitaker  Whit aker de Assumpção Mattos Rosman disse Rosman  disse estar muito feliz com o prêmio e agradeceu a todos pelo reconhecimento. Analista no BTG Pactual, Pactual, ele observou que tem acompanhado as transformações tran sformações do mercado financeiro.

 Ao receber o prêmio de melhor casa de análise anál ise de valores mobiliários, Carlos Eduardo Palhares, Palhares, chefe da divisão de

Sergio Ricardo Borejo Borejo, vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores do Banco ABC Brasil, Brasil, recebeu o prêmio por melhor prática e iniciativa in iciativa de Relações com In vestidores Small/Middle Cap. “É uma honra participar de um grupo tão qualificado de finalistas. Gostaria de agradecer a todos os colaboradores colaboradores do Banco ABC Brasil. Brasi l. Esse prêmio vai muito além da área de RI”. Na categoria melhor prática e iniciativa de Relações com In vestidores Large L arge Cap, o vencedor foi o Itaú Unibanco. Unibanco. Renato Lulia Jacob, Jacob, diretor de Relações com Investidores no Grupo Itaú Unibanco, “em um ano marcado por grandes mudanças,observou em que que todos foram forçados a se reinventar, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal, é uma grande satisfação saber que o Itaú Unibanco foi reconhecido duplamente no 1º Prêmio Apimec IBRI. Fomos premiados nas categorias “Melhor Prática e Iniciativa de RI” e “Melhor Profissional de RI” com Geraldo Soares, superintensuperi ntendente de RI, a quem direciono meus parabéns em nome de todo o time de RI”. SOBRE O PRÊMIO APIMEC IBRI O Comitê de Premiação é formado por representantes da APIA PIMEC (Ricardo Martins, Eduardo Werneck e Lucy Sousa) e do IBRI (Geraldo Soares, Fernando Ferna ndo Foz e Rodrigo Maia).

 A primeira edição do Prêmio APIMEC APIM EC IBRI teve o patrocínio das empresas: B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) Ba lcão),, BNY Mellon, Innova, Shearman & Sterling, e MZ. O Prêmio APIMEC IBRI tem como objetivo reconhecer por  votação direta dos analistas a nalistas Pessoa Física credenciados e associados pela APIMEC Nacional e associados efetivos do IBRI: companhias, profissionais de Relações com Investidores, analistas de valores mobiliários e casas de análise de investimento, com o objetivo de estimular o desenvolvimento das

65

Pactual, destacou que o ano de 2020 foi deanálise do BTG Pactual, safiador, e, ao mesmo tempo, foi recorde para o mercado de

áreas, disseminar dissemin ar melhores práticas e iniciativas, além de valorizar os profissionais do mercado escolhidos para receber

operações, o quefelizes geroucom demanda das esquipes de análise. “Estamos muito a premiação, é uma honra”, comemorou.

a  Premiação. Para assistir na íntegra a premiação, acesse o link:  link:   www.you  www. youtube. tube.com/wa com/watch?v=7 tch?v=7Gn-dAKyW Gn-dAKyWco&f co&feature=yo eature=youtu.b utu.bee   Mais informações i nformações:: ww www. w.premioapimecibri.com. premioapimecibri.com.br/ br/

 Vencedor na categoria melhor profissional de Relações com  Vencedor Investidores, Geraldo Soares, Soares, superintendente de RI do Itaú

66

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

Grupo de Relações com Investidores de Estatais do IBRI promove confraternização O Grupo de Relações com Investidores de Estatais do IBRI (Instituto Brasileiro Brasilei ro de Relações com Investidores) Investidores) promoveu, em 17 de dezembro de 2020, a partir das 18:30, confraternização de final de ano. O Happy Hour virtual virt ual teve a coordenação de André de André Vasconcellos e Vasconcellos e Cairê Moura Franco do Franco do Grupo de RI de Estatais do IBRI, além de Luiz Roberto Cardoso, superintendente do IBRI.  André Vasconcellos, coordenador coordenador do Grupo Grupo de RI de Estatais do IBRI, agradeceu o apoio para uma série de iniciativas durante todo o ano e debateu com os participantes vários pro jetos para 2021. 2021. O evento contou com participação especial de Geraldo Soares, membro do Conselho de Administração do IBRI, superintendente de Relações com Investidores do Itaú Unibanco, vencedor do Prêmio APIMEC IBRI 2020 como “Melhor

Profissional de RI” e único brasileiro na lista dos 30 profissionais de Relações com Investidores de destaque no mundo das últimas três décadas da IR Magazine. Geraldo Soares reSoares relatou sua experiência como profissional e discorreu sobre a evolução da área de Relações com Investidores I nvestidores e do mercado de capitais. Houve depoimentos, também, de apoiadores das iniciativas do Grupo de RI de Estatais como Emerson Drigo, Drigo, subcoordenador da Comissão Técnica do IBRI e sócio do VDV Advogados; Rafael Wajnsztok , Head de Novos Negócios da TEN Sistemas e Redes; João Redes; João Marin Mari n, sócio do MZ Group; e Ronnie Nogueira,, diretor da Revista RI. Nogueira O Happy Hour virtual virtua l do Grupo de Relações com Investidores de Estatais do IBRI contou com patrocínio do iFood e apoio do MZ Group, Revista Revista RI R I e TEN Sistemas e Redes.

Bruno Brasil e Ricardo Rosanova realizam palestras no Programa TOP XXIII da CVM Bruno Salem Brasil, Brasil, diretor-presidente do IBRI, e Ricardo Rosanova Garcia, Garcia, diretor técnico do Instituto, realizaram palestras, em 17 de dezembro de 2020, no Programa TOP  XXIII  XXI II da CVM CV M (Comissão de Valores Valores Mobiliários), evento evento promovido pelo Comitê Consultivo de Educação da autarquia. Pela primeira vez, o evento aconteceu de forma online no período de 07 a 18 de dezembro de 2020. O Programa TOP é voltado para professores vinculados a instituições de ensino de nível superior, de graduação ou pós-graduação, que lecionem ou tenham lecionado disciplinas relacionadas ao mercado de capitais.

Os executivos do IBRI abordaram temas como o trabalho do

BRUN UNO O SALE SALEM M BRASI RASIL L

profissional com de Investidores, como é sua rotina de trabalho de e aRelações importância interagir com seus públicos estratégicos, como analistas, investidores, órgãos reguladores e autorreguladores, mídia, dentre outros.

rios conhecimento sobre o trabalho que o IBRI realiza desde sua criação, cr iação, em 1997, 1997, e as opções que a entidade oferece para docentes, como a Área do Professor, que oferece material exclusivo para esse público, disponível no site do Instituto:  ww w.ibri.com.br/professor. w.ibri.com.br/professor.

 Além disso, d isso, compartilharam compartilh aram com os professores universitá-

RI RICA CARD RDO O ROSAN OSANO OVA

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

IBRI Notícias

 debate IBRI Lei Geral deLGPD Proteção de Dados organizacional para lidar O IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investido- pessoais, e todo o arcabouço organizacional tema”, relatou. res) promoveu webinar “LGPD: impactos para RI” por com o tema”, meio do canal do Instituto I nstituto no YouT YouTube, ube, no dia 15 de dezembro de 2020. Na ocasião, Gustav Gustavoo Carr Carrijo ijo Duarte Duarte,, PH Zabisky discorreu sobre captura e proteção de damembro da Comissão Técnica do IBRI e RI do Banco dos em sites de RI, plataforma de  webcast , sistemas de Pine, deu boas-vindas a todos e disse que o evento faz mailing   e ferramentas de CRM (Customer Relationship parte de uma série de iniciativas in iciativas para o aprimoram aprimoramenen-  Management ).). Ele elencou fontes de capturas de dados, to do conhecimento de assuntos técnicos e regulatórios como: o formulário “Fale com o RI”, acesso ao webcast, termos de cookies. “É preciso ter um termo de aceite do mercado de capitais. com português claro, para que todos consigam com“Contamos “Con tamos com a participação de um time especial especializaiza- preender. É preciso mostrar a política de uso de dados do no tema para esclarecer uma um a série de questões sobre e de privacidade da empresa”, detalhou. a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) no mundo de Relações com Investidores”, anunciou Duarte, que tam- Zabisky ressaltou que a fonte de captura de dados pela base acionária é “crítica, pois detalha dados pessoais e bém moderou a videoconferência. até o poder de compra das pessoas”. Realizaram palestras no evento: Daniel de Paiva Gomes,, sócio do VDV Advogados; Marina Gelman, Gomes Gelman, Diana Troper falou sobre integridade e guarda de diretora de Relações com Investidores da Ânima dados de acionistas e investidores na Central DepoEducação; PH Zabisky , CEO do MZ Group, Diana sitária. “Essa discussão sobre segurança já acontece  Trope  Tr operr, gerente jurídica da B3 (Brasil, (Brasil , Bolsa, Balcão). há algum tempo”, comentou. No que diz respeito à Os palestrantes compartilharam compartilharam suas experiências e atividade da Central Depositária, a executiva da B3  vi  visões sões em di difere ferentes ntes camp campos os da Lei Gera Gerall de Prote Prote-- declarou que “os sistemas são autorizados e constanção de Dados, que entrou em vigor em 18 de setem- temente fiscalizados pelos reguladores. Tudo isso faz com que a estrutura da B3 seja muito robusta e está bro de 2020. sendo construída há muito tempo”, acrescentando  Ao abordar os principais aspectos jurídicos da LGPD e que mesmo já tendo toda essa estrutura houve a neeventuais penalidades, Gomes destacou que a lei é apli- cessidade de se preparar para a LGPD. cável a qualquer operação de tratamento realizada por Gustavo avo Carrijo pessoa natural ou pessoa jurídica de direito público ou Em nome da Comissão Técnica do IBRI, Gust ag radeceu aos palestrantes e participantes, enprivado, independentemente do meio, do país de sua Duarte agradeceu

67

sede ou do país onde estejam localizados os dados.

cerrando o evento.

Marina Gelman tratou dos impactos na rotina de RI, O evento foi uma realização do IBRI com apoio da além de falar sobre as mudanças que a Lei trouxe para TEN Sistemas e Redes; Revista RI; MZ Group; e VDV a área de Relações com Investidores. “A área de RI par-  Advogados. ticipou intensamente na construção do programa de privacidade, gestão e governança, estabelecendo a po- Link para acessar a videoconferência na íntegra: lítica corporativa de privacidade e proteção de dados https://youtu.be/62fQNHKqznw  68

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

IBRI homenageia Magliano Filho Raymundo O Conselho de Administração, a Diretoria Executiva e os associados do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) homenageiam  faleceu,, Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da Bovespa, que faleceu em 11 de janeiro de 2021, vítima de COVID-19. Esteve diretamente envolvido em diversas iniciativas relevantes, tais como: Programa “Bolsa vai até Você”, fusão da Bovespa com a BM&F, Bolsa Social, Mulheres na Bolsa, entre outras. Raymundo Magliano Filho foi presidente da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), conselheiro do Instituto Ethos, membro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e de diversas entidades com atuação nacional e internacional. Foi autor de livros e de diversos artigos sobre o mercado de capitais publicados em jornais etuto revistas. Estudioso Filosofia, que fundou o Insti-a Norberto Bobbio,deinstituição se dedica divulgar os conceitos de Cultura, Democracia e Direitos Humanos. Formado em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Getul io V Vargas, argas, Magliano Filho Fil ho sucedeu o pai no comando da corretora que leva o sobrenome da família, a mais antiga da Bolsa e que foi fundada em 1927.

Raymundo Magliano Filho foi um visionário, deixando legado de relevantes contribuições para o desenvolvimento e popularização do acesso ao mercado de capitais brasileiro. É uma enorme perda para os amigos e deixa dei xa saudades de momento momentoss agradáveis na memória de todos que o conheceram pessoalmente por sua simpatia, dinamismo e liderança.

Magliano sempre teve relacionamento bastante próximo ao IBRI, tendo em sua gestão na Bovespa realizado realiz ado o primeiro convênio com o Instituto. Ele participou com brilhantismo por diversas vezes no Encontro de Relações com Investidores e Mercado de Capitais e, também, como Conselheiro Editorial da Revista RI. Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

IBRI Notícias

IB IBR RI Mulheres Mulheres debat debate e como aumentar aumentar  presença feminina no mercado de capitais EVENTO CONTOU COM A PRESENÇA DE EXECUTIVAS QUE FALARAM SOBRE COMO CONECTAR MULHERES QUE DESEJAM ATUAR NO MERCADO FINANCEIRO POR  JENNIFER

ALMEIDA

O último evento do ano de 2020 do IBRI Mulheres Mul heres aconteceu no dia 8 de dezembro de 2020 por meio de webinar, que se propôs a debaterde “Como aumentar engajamento mulheres no mercado capitais”. CarlaoAlbano Millerde Miller, , diretora regional do IBRI Rio de Janeiro e moderadora do evento, e Sandra Calcado, Calcado, coordenadora do Grupo IBRI Mulheres, deram as boas-vindas aos participantes. “Os eventos que realizamos este ano focaram os quatro pilares do grupo que são: grandes referências femininas; desenvolvimento; equilíbrio e saúde mental; e networking ”, ”, comentou.   Bruno Salem Brasil, Brasil, diretor-presidente do IBRI, destacou a robustez da iniciativa do grupo, que conta com pluralidade de ideias.

CARLA CA RLA ALBAN ALBANO O MILLER MILLER

SANDRA SANDRA CALC CALCAD ADO O

Diferente de outros eventos virtuais do grupo, a videoconferência não teve o formato tradicional das lives, em que somente é possível ver as palestrantes e enviar perguntas. Desde o início, os participantes foram convidados a ligar suas câmeras, ampliando assim a interação.  A conversa conversa foi conduzida por Carolina Cavenaghi, Cavenaghi, cofundadora Fin4she, responsável por liderar e implementar as iniciativas para promover o protagonismo e a independência financeira feminina, e também colunista do InvestNews; e Olivia Ferreira, Ferreira, fundadora e CEO da Enlight e copresidente

 A mulher é colocada colocada à prova quando volta de licença maternidade, quando na verdade é preciso oferecer

69

do 30% Club Chapter Brazil.

suporte a ela.

 Antes das palestrantes palestra ntes inicia iniciarem rem o bate-papo com os participantes, Zabisky  , CEO MZIBRI Group, parabenizou iniciativa e PH as realizações reali zações do Grupo Gdo rupo Mulheres. “Estamosa honrados de patrocinar o Grupo IBRI Mulheres”, destacou Monique Skruzny , CEO do InspIR Group. Monique Skruzny fez algumas reflexões sobre sua carreira carre ira e salientou a importância da educação para as mulheres.

70

REVISTA RI

 As exec e xecuti utiva vass fi zer zeram am breve br eve rela r elato to de sua s uass histór hi stór ias ia s e experiências profissionais e também responderam a questões que foram surgindo ao longo da videoconferência.  Uma questão ques tão lev levant ant ada dur durant antee o evento eve nto foi com re relala-

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

ção a formas para atrair e reter mulheres nas empresas. Carolina Cavenaghi sugeriu algumas ações que podem ser eficazes para a retenção de mulheres nas empresas como: troca de experiências sobre maternidade, processo de mentoria e suporte de executivos do sexo oposto que validem a causa. “É preciso começar agora com pequenas ações que podem gerar grande impacto na organização”, apontou.  Ao complementar complementar a fala da colega, Olivia Ferreira Ferrei ra reforçou o discurso e disse que o comprometimento deve partir da alta liderança da empresa. “É preciso entender que tem que se fazer boa gestão gest ão do capital humano, pois os investidores vão cobrar”, acrescentou.

OBSTÁCULOS PARA AS MULHERES  Ao serem indagadas indagadas sob sobre re qual é o maior maior obstácu obstáculo lo para a asce ascennsão da mulher na carreira, ambas concordaram ser o desafio de conciliar a maternidade com a carreira. “A mulher é colocada à prova quando volta de licença maternidade, quando na verdade é preciso oferecer suporte a ela”, observou Carolina Cavenaghi.

Olívia Ferreira destacou que uma prática muito comum é que as mulheres sejam demitidas após voltarem da licença maternidade. Antes de encerrar o evento, Carla Albano salientou a importância do suporte da família. O evento foi uma realização do Grupo IBRI Mulheres e contou com o apoio do InspIR Group; do iFood e do MZ Group.

Comitê de Educação da CVM promove 1ª edição virtual do Programa TOP

Planejamento Financeiro Pessoal

O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores participa do Comitê Consultivo de Educação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que vai realizar o Programa TOP II Planejamento Financeiro Pessoal Virtual. Curso gratuito para professores será realizado em fevereiro de 2021. O Comitê Consultivo de Educação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) vai realizar o Programa TOP II Planejamento Financeiro Pessoal Virtual. Será a primeira edição online do curso gratuito. As aulas serão realizadas de 22/02/2021 a 26/02/2021. O Instituto Brasileiro de Relações com Investidores participa do Comitê Consultivo de Educação da CVM. O Programa TOP é voltado para professores vinculados a instituições de ensino de nível superior, de graduação ou pós-graduação, que lecionem ou tenham lecionado disciplinas relacionadas ao mercado de capita capitais. is. A leitura do livro “TOP Planejamento Financeiro Pessoal” é recomendada para a participação no curso. A versão eletrônica gratuita está disponível no Portal do Investidor:

www.investidor.gov.br/publicacao/LivrosCVM.html#PlanejamentoFinanceiro. O Programa objetiva apresentar os diferentes elementos do planejamento financeiro em uma visão integrada; cada financeiro um dos componentes prática do detalhar planejamento integrado. do planejamento financeiro; e introduzir uma visão O TOP XXIV Virtual de 08 a 19 de fevereiro de 2021 os participantes receberão certificados de conclusão do curso, desde que compareçam a todas as atividades. Link para Inscrições:  Inscrições:  https://bit.ly/35 https://bit.ly/35Sxo4z Sxo4z  

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

IBRI Notícias

Comissão ESG do IBRI aborda  criação de valor valor em sustentabilidade sustentabilidade A comissão ESG do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) promoveu, em 27 de novembro de 2020, webinar “Criação de valor em sustentabilid sustentabilidade: ade: as métricas do World Economic Forum”, transmitido no canal do Instituto no YouTube. A falta de comparabilidade das métricas e de consistência nos relatórios ESG (do inglês Environmental, Social and Governance ; em português, ASG – Ambiental, Social e Governança) tem causado problemas para os agentes de mercado, especialmente no que diz respeito a preocupações com a transparênci transparênciaa nas in informações formações prestadas. POR  JENNIFER

ALMEIDA

Pensando nessa questão, o World World Economic Forum emitiu dodo cumento com um conjunto conjunto de métricas e as divulgações div ulgações recomendadas com o objetivo de padronizar os principais temas ESG, com vinculação a métricas mais utilizadas. utili zadas. O evento organizado pelo IBRI serviu para abordar os principais pontos do documento, dividido em quatro painéis, e contou com a colaboração da Deloitte, Deloitte, KPMG, EY e PwC. PwC . “É um prazer recebê-los neste primeiro webinar da Comissão ESG do IBRI”, destacou Rafael Mingone, Mingone, RI da Gerdau e coordenador da Comissão ESG do Instituto. Inst ituto. Ele explicou que os debates ocorreriam em quatro painéis para analisar os pilares: planeta, pessoas, prosperidade e governança. PILAR PLANETA  Ao falar do pilar planeta, Natasha Utescher, Utescher, subcoordenadora da Comissão ESG do IBRI, ressaltou a necessidade das empresas mensuraram os riscos ambientais não só de seus negócios, mas de toda cadeia de valor. Leonardo Dutra, diretor de Sustentabilidade da EY, disse que ao se abordar as

PILAR PESSOAS  Ana Carolina Carol ina Gomes G omes,, gerente de ESG da KPMG, elencou os temas que fazem parte desse pilar como: dignidade e igualdade, saúde e bem-estar e  skills  para o futuro. No início de Faria, RI da Porto Seguro e membro da sua fala, Emerson Faria, Comissão ESG do IBRI, chamou cha mou atenção para que não se confunda a questão da filantropia com a estratégia do negócio. “A filantropia é considerada muito importante, importa nte, mas o principal ponto para os investidores é o quanto está alinhada com a estratégia estratég ia do negócio”, negócio”, disse.

De acordo com a executiva da KPMG, as métricas de dignidade e igualdade focam temas como diversidade e inclusão, equidade salarial, trabalho análogo ao escravo. “São métricas que esperamos que todas as empresas abordem de alguma forma”, salientou. PILAR PROSPERIDADE  Fábio de Lucena, Lucena , membro da Comissão ESG do IBRI, destacou que ao se olhar o pilar de prosperidade, ob-

71

questões ESG sempre há o desafio de se encontrar uma métrica comparável e que seja universal, “mas há, também, a percepção de valor, ou seja, a partir de que momento essas

serva-se, também, o c rescimento econômico, econômico, “por meio de emprego, dos meios sustentáveis de subsistência, i ncremento de renda, proteção social e acesso a serviços

questões a terde valor seja para o investidor, negócio, sociedadepassam e as a s esferas governo”. governo” .

financeiros para todos”. Em sua visão,se não há prosperidade e desenvolvimento econômico a empresa não desenvolve uma Governança Corporativa robusta, se não olha para as pessoas e se não entende o que está fazendo em benefício do planeta com a sua atividade econômica.

Para Dutra, o World Economic Forum lança uma visão para os recursos naturais, natu rais, uso racional do território e a capacidade que tem de suportar uma atividade produtiva.

72

REVISTA RI

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

“Existe uma demanda muito grande para uma sociedade mais justa e inclusiva. É fundamental que se tenha um pensamento integrado a esses temas”, comentou Mauricio Colombari,, sócio da PwC. Para ele, deve-se levar em conta o lombari que é essencial para criar valor sustentável e reportar essas informações de maneira clara e com métricas relevantes. PILAR GOVERNANÇA CORPORATIVA CORPORATIVA   “O pilar governança é uma consolidação de tudo que estamos discutindo hoje”, afirmou Odair Oregoshi, Oregoshi, diretor da SPIC Brasil e membro da Comissão ESG do IBRI. De acordo com ele, é preciso ter uma forma de expressar e, de forma muito autêntica, mostrar ao mercado se os indicadores divulgados estão em linha com o propósito de governança da empresa, ou seja, “se ela está comprometida comprometida com o meio ambiente e as

questões sociais” socia is”.. Odair Oregoshi apontou alguns questionamentos que devem ser feitos com relação ao tema, como: a empresa realmente se preocupa com os indicadores de risco e um ambiente ético de compliance ? Quantas vezes o responsável

por riscos vai até o Conselho de Administração? Admin istração? E quantas  vezes o Conselho Consel ho de Admin Ad ministr istração ação abre esta pauta de forma autêntica para discutir os indicadores relacionados e a relevância dos temas?  Ansel mo Bonservizzi  Anselmo Bonserv izzi,, sócio da área de Risk Advisory da Deloitte, mencionou que ao se falar do “G” de ESG, a Alta  Administração  Administ ração da companhia precisa, prec isa, de fato, ter um compromisso com a governança. “Ao observarmos o índice do ISE nos últimos 15 anos, perceberemos valorização acima do Ibovespa, mas, muitas vezes, ainda esbarramos esbar ramos em questões como: é muito caro resolver essas questões que discutimos hoje”, concluiu. Para Rafael Mingone, as provocações feitas por Odair Oregoshi e Anselmo Bonservizzi sobre governança são fundamentais, o coordenador da comissão ESG do IBRI agradeceu a presença e participação pa rticipação de todos e encerrou encerr ou o evento. Para acompanhar o evento na íntegra, acesse:  ww w.youtube.com/watc w.youtube.com/watch?v= h?v=yYM yYMWX WXRAGFgo RAGFgo  

IBRI d  divulga ivulga podcast sobre melhores melhores práticas das empresas do Dow Jones Sustainability Sustainabili ty Index No segundo episódio do Podcast do IBRI, foram recebidos dois convidados para discutir o tópico “As melhores práticas das empresas e mpresas que integram o Dow Jones Sust Sustainabi ainability lity Index” Index”.. Lançado em 1999, o índice de sustentabilidade da Dow Jones Jone s é um dos mais conhecidos do mundo. Em 2020, 11 11 empresas brasileiras b rasileiras entraram na carteira, seja no nível global ou de mercados emergentes. Roberto Pezzi Pezzi,, diretor do IBRI, moderou a discussão entre Camila Nogueira, Nogueira, gerente executiva de Relações com

Schmal, gerente executivo de Sustentabilidade da EDP Brasil. Investidores da Suzano, e Dominic Schmal, Foram discutidos temas como: o papel da área de Relações com Investidores no processo proces so de seleção para o índice; adeintegração de RI com sustentabilidade; e o crescente interesse de investidores por temas ambientais, sociais e governança. Para ouvir o podcast na íntegra, clique nos links abaixo:

Spotify: https://open.spotify.com/show/5kPl3zKifuDpIHrUJvqCrh https://open.spotify.com/show/5kPl3zKifuDpIHrUJvqCrh

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

 

IBRI Notícias

Executivo que obteve a certificação CPRI do IBRI relata como foi a preparação e os desafios do profissional profissional de RI RI Mário Westrup, sócio da Nello Investimentos, fez a prova e obteve a certificação do profissional de RI do IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) CPRI nível 2. O profissional de Relações com Investidores enfrenta muitos desafios ao longo de sua carreira, passando desde a necessidade de visão estratégica sobre os objetivos da organização até a adaptação a novas tecnologias, frisa. POR  JENNIFER ALMEIDA

 Westrup entende  Westrup entende que no topo dos desafios desafios está o relato tempestempestivo, de forma a atender com eficiência e eficácia a crescente demanda de informações por parte dos investidores, principalmente quando se trata de indicadores não-financeiros. Ele relata que disseminar a cultura de empresa orientada ao mercado de capitais é a base para pa ra que as atividades do profissional de Relações com Investidores sejam desempenhadas, da melhor forma, em empresas de capital aberto aber to ou fechado. Segundo ele, manter um bom relacionamento com todas as áreas da empresa é fundamental para superar os desafios. “Procuro, inclusive, transitar nas áreas sem distinção de ní veis hierárquicos. hierár quicos. Isso permite perm ite ter a visão holística holíst ica necessária para atender a demandas dos investidores”, investidores”, afirma. afir ma. “Quando tomei tomei conhecimento da certificação cert ificação do Instituto Brasileiro de Relações com Investidores não tive dúvidas de que de veria obtê-la obtê-la””, descreve descreve sobre sobre sua decisão decisão de fazer fazer a prova. prova. Mário Westrup conta que sempre acreditou em autorregulação, e entende que as certificações profissionais são importantes”.

MÁRIO WESTRUP, Nello Investimentos

73

É um incentivo para manter o profissional em um processo contínuo de aprendizagem e atualização” atualiz ação”,, ressalta.

de Informações ao Mercado), embora, em geral, sejam direcionados a empresas listadas” li stadas”,, destaca.

Segundo Westrup, os temas exigidos na prova de certificação costumam fazer parte do dia a dia do profissional de Relações com Investidores, mesmo mesmo para quem não tenha atuação em uma empresa de capital aberto. “Direcionei o foco dos estudos para suprir os aspectos regulatórios, regul atórios, como como as Instruções da CVM CV M (Comissão de Valores Mobiliár Mobiliários) ios) e os Pronunciamentos do CODIM (Comitê (Comitê de Orientação para Divulgação

74

REVISTA RI

 A certificação do profissional profissional de RI é oferecida oferecida pelo IBRI desde 2013 e tem as opções: CPRI nível 1, com exigência de até cinco anos de experiência em RI ou acima de três anos em cargo gerencial de qualquer área e a CPRI nível 2, que exige experiência acima de cinco anos em RI ou acima de oito anos em cargo gerencial de qualquer área.

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

De acordo com Westrup, a prova é bem equilibrada entre os temas exigidos, que contemplam o mercado de capitais, investimentos, ambiente corporativo e a prática de Relações com In vestid  ves tidore ores. s. “O profissi profissional onal que que aatua tua co como mo RI não não deve deve eenco ncontrar ntrar dificuldades na aprovação, uma vez que a experiência prática tem relação direta com os temas da prova”, acrescenta. A PROFISSÃO DE RI EM 10 ANOS Por ser uma profissão dinâmica, dinâm ica, Westrup vê em um cenário para os próximos 10 anos que o profissional de RI terá enfrentado três movimentos: a mudança do perfil dos investidores; alterações estruturais e tecnológicas; e uma expansão e consolidação das competências da atividade. “A mudança no perfil dos investidores com um maior número de pessoas físicas participando da Bolsa de Valores pode culminar em

guês, ASG – Ambiental, Social e Governança) na alocação de recursos por parte dos gestores. Em sua opinião, as exigências dos investidores serão cada vez maiores. “Os encontros presenciais foram reduzidos. E as iniciativas digitais (como webcasts, podcasts, aplicativos e assembleias  virtuais)  vir tuais) foram potencializadas pela pandemia da CO VID-19  VID -19””, enfatiza. Segundo ele, pelo lado do mercado, no mémédio e longo prazo, ocorrerá a aplicação de outras tecnologias, como a inteligência artificial, nas decisões de investimento, que poderão ser cada vez mais automatizadas. Para Mário Westrup, a função de Relações com Investidores tende a exigir que o profissional seja multidisciplinar. Haverá, também, a necessidade de gerar o correto alinha-

um maior ativismo e demandar cada vez mais agilidade e assertividade assertiv idade na comunicação com os acionistas”, acionistas”, observa.

mento do feedback  do  do mercado com a estratégia da empresa, e mpresa, conclui.

Ele cita a crescente relevância de incorporação das práticas ESG (do inglês Environmental, Social Soci al and Governance ; em portu-

Mais informações sobre a certificação do profissional de RI, acesse: ww acesse:  ww w.cpri.com.br

Prepare-se Prep are-se para a 22ª edição do Encontro

Internacional de RI e Mercado de Capitais  Nos dias 28 e 29 de junho de 2021 acontece a 22ª edição do Encontro Internacional de Relações com Investidores e Mercado de Capitais, no WTC, em São Paulo (SP). Promovido anualmente pelo IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) e pela ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas), o evento foi postergado para este ano devido à pandemia da COVID-19. No ano passado, o IBRI e a ABRASCA decidiram realizar o 1º Web Summit RI & Mercado de Capitais, evento 100% online e gratuito direcionado aos profissionais de RI e do mercado de capitais. Na ocasião, foram quatro dias de evento com palestras para fomentar o debate sobre temas como: perspectivas da

foram quatro dias de evento com palestras para fomentar o debate sobre temas como: perspectivas da economia frente à pandemia, novas estratégias de RI, desafios de comunicação, além de divulgação de resultados de pesquisas sobre “Tendências Globais de RI” (BNY Mellon) e “O RI como guardião do valor em tempos de crise” (IBRI e Deloitte). O 22º Encontro de RI e Mercado de Capitais já conta com o patrocínio das empresas: B3 (Brasil, Bolsa, Balcão); blendON; BNY Mellon; Cescon Barrieu; Datev; Gerdau; Itaú Unibanco; MZ Group; Petrobras, S&P Global; TheMediaGroup; e Valor Econômico. Mais informações: https://encontroderi.com.br/ 

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

75

 

IBRI Notícias

XX IV virtual está IBRI: Programa TOP IBRI: Programa TOP XXIV com inscrições abertas para professores O IBRI (Instituto Brasileiro de Relações com Investidores) participa do Comitê Consultivo de Educação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que promoverá o Programa TOP XXIV  Virtual de 08 a 19 de fevereiro fevereiro de 2021 2021.. Os profe professore ssoress têm até 22 de janeiro de 2021 para se inscrever. As vagas são limitadas. l imitadas. O Programa TOP de Treinamento de Professores dissemina informações sobre o mercado de capitais. O Programa TOP XXIV promovido pelo Comitê Consultivo de Educação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) é uma oportunidade para professores que querem começar começar 2021 com uma capacitação gratuita. O curso é voltado para professores vinculados a instituições ins tituições de ensino de nível superior, de graduação ou pós-graduação, que lecionem ou tenham lecionado nos últimos dois anos disciplinas relacionadas ao mercado de capitais. As aulas online serão realizadas de 08 a 19 de fevereiro de 2021, 2021, no turno da man manhã. hã. Todas as informações de acesso serão enviadas enviad as aos professores que tiverem a solicitação de inscrição confirmada. Haverá certificado de participação para os inscritos insc ritos que tiverem presença integral no curso.

São os seguintes os objetivos objetivos do Programa TOP XXI XXIV V Virtual Virtu al do Comitê Consultivo de Educação: promover atualização de conhecimentos sobre mercado de capitais, aliando prática à teoria; criar cria r canal permanente per manente de comunicação comunicação e relacionamento entre as instituições do Comitê e os professores, divulgando a atuação de cada entidade e o apoio que pode ser prestado ao docente; contribuir para o desenvolvimento de multiplicadores  juntoo às instituições  junt instituições de ensino de nível superior superior,, repassando aos alunos as informações recebidas recebidas no Programa; e part participar icipar de outras iniciativas educacionais. O Formulário Inscrição e o Regulamento do Programa estão disponíveis node Portal do Investidor: /www.investido /w ww.investidor.gov r.gov.br .br

 A particip participação ação do IBRI no Programa TOP XXIV Virtual ocorrerá ocorrerá no dia 18 de fevereiro de 2021, das 09 horas às 11 ho horas, ras, quando serão apresentados os seguintes temas: o papel do RI (Relações

SOBRE O COMITÊ CONSULTIVO DE EDUCAÇÃO O Comitê Consultivo de Educação é formado pelas seguintes instituições, além da CVM (Comissão de Valores Mobiliários):  ABRASCA (Associação (Associação Brasileira Brasileira das Companhias Companhias Abertas); Abertas);  ABVCAP (Associaçã (Associaçãoo Brasileira Brasileira de Private Private Equity e Venture Venture Capital); ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais); ANCORD (Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias); APIMEC (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) Nacional; B3 (Brasil, Bolsa, Balcão); IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa); IBRI (Instituto Brasileiro de Rela-

com Investidores); Investidores); o impacto da cultura c ultura de capital aberto; aber to; o RI nas pequenas e médias empresas; desafios na comunicação da empresa; agregação de valor com práticas de RI; e importância do RI no relacionamento com provedores provedores de capital. c apital.

ções com Investidores); e PLANEJAR (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros). O objetivo principal é promover e apoiar projetos educacionais que contribuam para a melhoria dos padrões de educação financeira da população brasileira.

Novos Associados do IBRI Bruno Alexandre de Moraes Lolli (BRB Lolli (BRB - BANCO DE BRASÍLIA S.A.); Diogo Barral (MOURA DUBEUX Pinho (ITAÚSA); Gustavo Vinícius dos Santos Silva (ITAÚSA); Silva (ITAÚSA); Hugo Andreolly ENGENHARIA S.A.); S. A.); Guilherme Pinho (ITAÚSA);

 Albuquerque Costa Co sta Santos (BRB - BANCO DE BRASÍLIA S.A.); Lucas S.A.);  Lucas Henrique Sobrinho; Maria Izabel Ramos (PETROBRAS); Ramón Pérez Arias Filho (TEGMA GESTÃO LOGÍSTICA S.A.); e William Estrela Santos (TEGMA GESTÃO LOGÍSTICA S.A.).

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO: Presidente: Anastácio Presidente:  Anastácio Ubaldino Fernandes Filho (AEGEA SANEAMENTO) | Vice-Presidentes: Vice-Presidentes: Diego  Diego Carneiro Barreto Conselheiros: Eduardo (IFOOD); e Guilherme Setubal Souza e Silva (DURATEX) | Conselheiros:  Eduardo Pavanelli Galvão (GRUPO ULTRA - ULTRAPAR); Fernando Foz de Macedo; Geraldo Soares Leite Filho (ITAÚ UNIBANCO HOLDING S.A.); Guilherme Luiz Nahuz (HAPVIDA); Phillipe Casale (COSAN); José Sálvio Ferreira Moraes; Renata Oliva Battiferro; Rodrigo dos Reis Maia (GERDAU); e Rodrigo Lopes da Luz. DIRETORIA EXECUTIVA:  EXECUTIVA: Presidente: Presidente: Bruno Paulo: André Luiz Gonçalves (JSL LOGÍSTICA)  Bruno Brasil (ITAÚSA) | Diretor Vice-Presidente e Diretor Regional São Paulo: André Diretor Regional Minas Gerais: Matheus Gerais: Matheus Torga (HERMES PARDINI) | Diretora Regional Rio de Janeiro: Carla Janeiro: Carla Dodsworth Albano Miller (PETROBRAS) Diretor Regional Sul: Roberto Pezzi (FRAS-LE) | Diretor Técnico: André Técnico: André Vasconcellos (ELETROBRAS); Diretora de Comunicação e Eventos: Marilia Barbosa Nogueira (EDP ENERGIAS DO BRASIL). Rua Correia Dias, 184 / 11º andar - Paraíso - 04104-000 - São Paulo, SP Tel.: (11) 3106-1836 e (11) 96649-7101 Website: www.ibri.com.br | Email: [email protected] [email protected]

 

WEBSITES DE RELAÇÕES COM INVESTIDORES, CORPORATIVO E DE SUSTENTABILIDADE Equipe especializada em produção de sites de RI, com ferramentas de acessibilidade (acessíveis para todos os públicos), sites confiáveis e seguros (HTTPS), com tecnologia responsiva e CMS para gerenciamento de conteúdo. Qualidade, atendimento ágil e autonomia para atualizar informações com ferramentas próprias e customizáveis, que otimizam o tempo de manutenção e enriquecem a experiência dos visitantes. FERRAMENTAS PRÓPRIAS DE RI

TECNOLOGIA RESPONSIVA

HTTPS

FERRAMENTAS DE RI PRÓPRIAS E CUSTOMIZADAS

CUSTOMIZAÇÃO

SEO

Gráficos interativos, simulador de investimentos, evolução das ações, séries históricas, histórico de cotações,, plataforma de webcast, gestão e disparo de mailings com relatório de envios, entre outras. cotações

ACESSIBILIDADE Adoção das principais recom recomendações endações de acessibilidade do WCAG.

• aatb.com.br/bridge • 55 (11) 3047.5940

 

 

Todas as soluções de comunicação que uma companhia aberta precisa Formad Formada a por profissionais ampla experiência na cobertura do mercado financeiro e em assessoria com de imprensa, a Compliance, em parceria com a Haven, dispõe das melhores ferramentas para atender às necessidades de comunicação das empresas. Confira Confira nossos cases no site!

Transparência e Engajamento de Emgajamento de destaque na Stakeholders Stakeholders imprensa A divulgação na imprensa, quando realizada de forma estratégica, é a maneira mais efetiva de uma empresa transmitir seus valores e mensagens aos públicos que pretende atingir.

Relações com Investidores

A história da Companhia

Presença na Web

C o m u n i c a ç ã o Auxílio na elabo- Apuração, reda- Desenvolvimencontínua e estratégica com seus públicos de interesse.

ração informaçõesderelevantes e posicionamento da companhia com relação ao mercado de capitais.

ção e edição de relatórios anuais, livros corporativos e publicações customizadas.

to sites, geraçãodede conteúdo, gestão de mídias sociais e otimização dos motores de busca SEO.

Saiba mais: www.compliancecomunicacao.com.br www.haven.com.br Estr Es trat atég égia ias s qu que e ge gera ram m va valo lor r

Cone Co nect ctan ando do em empr pres esas as ao Mu Mund ndo  o 

 

OPINIÃO

Gênero e Corrupção Nos últimos anos a nos tem havido um u m esforço concentrado, concentrado, em diversos países e organizações internacionais, para aumentar a participa par ticipação ção das mulhere mulheress na vida púb pública. lica. Os defenso defensores res dessas reformas sugerem que as mulheres podem fazer escolhas diferentes dos homens e, de fato, há vários estudos ( World Bank,

 2001; Eng  2001 Engende enderin ringg Dev Devel elopme opment nt;; Worl Worldd Val Values ues Su Surve rveyy; Gende Genderr Ine Inequa qualility ty  Índex - PNU PNUD D) que demonstram demonstra m essa proposição. por RITA DE CÁSSIA BIASON

Dentre as várias justificativas para a participação da mulher na política temos uma afirmação provocativa: as mulheres seriam menos corrupto corr uptoras ras do que os homens. Logo, o aumento da presença de mulheres na vida pública contribuiria para a redução dos níveis de corr upção. Para entender a correlação entre participação feminina e os baixos índices de corrupção na vida pública é necessário considerar três fatores: primeiro, refere-se a própria natureza feminina, as mulheres teriam uma maior preocupação com uma melhor qualidade de vida do que os homens, que seriam mais inclinados a competitividade e de ganhos financeiros; segundo, as mulheres teriam menor propensão a aceitar subornos, portanto a participação feminina reduziria a in-

Dentre as várias  jus  justifica tificativas tivas para a particip part icipação ação da mulher na política temos uma afirmação afir mação provocativa: provocativa: as mulheres seriam menos

cidência de subornos, por exemplo, no legislativo; terceiro, ministros e secretários, que compõem o gabinete dos governos estariam mais vulneráveis a aceitar subornos do que as mulheres, hipoteticamente falando. Na primeira proposição, sobre a natureza feminina, destaca-se o papel das mulheres (àquele da área privada do lar) como uma qualificação positiva para a ocupação da vida pública, há uma feminização do espaço público e uma tentativa de colocar as mulheres como reguladoras da probidade e da integridade na política.

corruptoras do que os homens. Logo, o aument au mento o da presença de mulheres na vida v ida pública pública contribuir contribuiria ia para a redução dos níveis de corrupção.

Fev Fevereiro ereiro 202 1

REVISTA RI

79

 

OPINIÃO

Se as mulheres exibem preferências por comportamentos proboss na política probo política ou se é um mito, mito, pode estar na justificativa de que mulheres são excluídas de oportunidades o que dificulta a avaliação sobre uma menor propensão às práticas corruptas. Para além, a associação a menor menor corrupção corr upção e participa part icipação ção feminina na arena pública depende de outras questões mais complexas como educação, vida familiar, igualdade e qualidade da democracia, que divergem de um país para outro.

Essa abordagem honesta, do caráter feminino, esclarece as segunda e terceira proposições, uma vez que as mulheres trariam para a política um conjunto diferente de valores e experiências que enriqueceriam a vida política. Desses argumentos apresentados, apresentados, decorrem algumas inquietações: primeiro: governos com propensão a práticas corruptas tenderiam a afastar as mulheres da arena pública para manter a estrutura de ganhos ilícitos; segundo, consideran considerando do que a arena pública é um local corruptor isso pode resultar result ar no afastamento das mulheres com medo de comprometer-se em “negócios “negóci os sujos”; sujos”; e terceiro, refere refere-se -se ao estigma que recaí sobre as mulheres como “saneadoras” da vida pública enquanto os homens teriam uma tendência natural à improbidade. Esta ideia de associar a virtude vir tude feminina com incorruptibilidade não é nova, baseia-se na natureza moral “superior” das mulheres e sua propensão a tra zer sua boa moralidade para influenciar a vida pública e, principalmente, a condução da política. Se as mulheres exibem preferências por comportamentos

são democracias estáveis e que orientam-se pela boa governança. No Peru, em 1998, o presidente Fujimori, anunciou que a força policial de trânsito de 2.500 homens em Lima teria a participação feminina dado que as mulheres seriam mais honestas e moralmente confiáveis do que os homens (Goetz, Anne Marie. Political Cleaners: Women as the New Anti-Corruption Force?, 2007). 2007). Após uma década desta iniciativa de feminização, uma pesquisa de acompanhamento revelou uma redução dos subornos e pagamentos de propina no trânsito local ( Karim,  Karim, Sabr ina. Madame of officer, ficer, 201 2011 1). Nesta mesma linha, El Salvador, Panamá, Equador e Bolívia incorporaram mulheres em suas divisões de trânsito ( Karim,  Karim,  2011).  2011 ). A ideia de “feminizar” os tomadores de decisão também foi posta em prática em Uganda, onde o presidente Yo weri Museveni at atribuiu ribuiu a maioria dos cargos ca rgos do tesouro às mulheres (Goetz, (Goetz, 2007). 2007).  Verifica-se, pois, que há div  Verifica-se, diversas ersas iniciativas iniciativas nos países para auaumentar da presença de mulheres na política e demais setores, comumente justificado com base na igualdade de gênero e redução da pobreza, podendo haver uma recompensa de eficiên-

probos na política ou se é um mito, pode estar na justificativa de que mulheres são excluídas de oportunidades o que dificulta a avaliação sobre uma menor propensão às práticas corruptas. Para além, a associação a menor corrupção e

cia que é a redução da corrupção na arena are na pública. RI

participação feminina na arena pública depende de outras questões mais complexas como educação, vida familiar, igualdade e qualidade da democracia, que divergem de um país para outro. Nos países nórdicos, por exemplo, há evidências de que a participação feminina reduz r eduz às práticas de corrupção, porém

80

REVISTA RI

RITA DE CÁSSIA BIASON é Cientista Política e Professora na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP/Franca.

[email protected]

Fev Fevereiro ereiro 202 1

 

O Valor PRO oferece os dois e muito mais.

Com notícias dos bastidores do mercado, ferramentas analíticas e informações completas sobre finanças e negócios, o Valor PRO é um serviço de informações em tempo real que une

toda a velocidade que o mercado exige à credibilidade do Valor Econômico.

SOLICITE UMA DEMONSTRAÇÃ DEMONSTRAÇÃO. O.   valorpro.com.br | 0800-003-1232

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF