Felipe Relatório de Estágio

July 28, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA  NÚCLEO DE PSICOLOGIA PSICOLOGIA APLICADA

Luiz Felipe Alves Ribeiro

ENFRENTAMENTO DE SI POR SI: Relatório de estágio obrigatório em Psicologia Clínica (abordagem fenomenológico-existencial)

SÃO LUÍS-MA 2018 

 

 

LUIZ FELIPE ALVES RIBEIRO

ENFRENTAMENTO DE SI POR SI: Relatório de estágio obrigatório em Psicologia Clínica (abordagem fenomenológico-existencial)

Relatório de Estágio Obrigatório I do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Maranhão, realizado no Núcleo de Psicologia Aplicada  –    NPA, com duração de 360 horas. Supervisor Técnico e Docente: Prof. Dr. Jadir Machado Lessa.

São Luís 2018

 

 

 

1 APRESENTAÇÃO O presente relatório tem como proposta descrever as vivências e experiências do aluno estagiário Luiz Felipe Alves Ribeiro durante o seu estágio da graduação do curso de Psicologia – Psicologia  – UFMA,  UFMA, realizado na cadeira de Estágio Disciplinar Obrigatório I. 

1.1.

Do campo de estágio O Estágio Disciplinar Obrigatório I se deu dentro da própria Universidade

Federal do Maranhão - UFMA, no prédio do Centro de Ciências Humanas (CCH), nas dependências do Núcleo de Psicologia Aplicada (NPA), a clínica escola.

1.2.

Do estagiário Minha escolha pelo estágio na clínica fenomenológica existencial se deu por

afinidade com a abordagem e a vontade de aprender mais sobre a análise existencial heideggeriana com o Professor doutor Jadir Machado Lessa considerando sua vasta experiência prática nesse assunto.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os atendimentos realizados por mim no Estágio Disciplinar Obrigatório I tiveram como fundamentação a análise existencial heideggeriana somadas a noções de afetos trazidas por Spinoza/Nietzsche/ Deleuze. Durante os atendimentos, tentei trazer a noção de que aquilo não era um processo meu, enquanto terapeuta, quando o cliente trazia suas questões. Vi, durante toda a prática, as aulas do professor Jadir sobre Heidegger perpassando e guiando o que eu estava fazendo, no sentido que fui afetado por todas elas e isso criou alguma mudança em mim. Tanto nesse ponto de q que ue aquele não é

 

 

um processo meu e sim do outro, assim, tentei manter esse afastamento das minhas questões com as questões do cliente, entendendo que ele é uma pessoa diferente, com questões diferentes, valores diferentes e uma história totalmente diferente da minha, que até então eu nã não o tinha acesso, ent entendendo endendo que ex existia istia uma diferença muito grande e que aquilo ali não era um lugar para julgamentos e imposições de minhas crenças e valores para a vida do cliente, até porque eu não deveria me colocar num lugar de como se eu soubesse o que é melhor para ele e, com isso, anular sua voz. Tentei seguir as instruções dadas e fazer com que o cliente se sentisse acolhido e não julgado, pois deve-se fazer com que ele perceba que ele tem uma voz e uma vontade e que essas coisas devem ser respeitas. Assim, devemos também buscar ter uma atitude muito mais compreensiva do que uma atitude que busque explicações e buscar culpados para as coisas que são trazidas. Cabe ressaltar que busq busquei uei fazer o q que ue diziam os textos e as aulas e, a partir da conversa, buscar compreender o que cliente trazia, através da articulação de suas preocupações pessoais. Desse modo, busquei situá-las num contexto, procurando compreender os significados pessoais e a importância que o cliente atribuía a elas.

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

 As atividades realizadas durante o Estágio Disciplinar Obrigatório I foram: os atendimentos dos clientes e as supervisões feitas pelo professor Jadir, com a presença de todos os estagiários.

3.1 Supervisões

 As supervisões com o professor Jadir aconteceram todas as semanas, às quintas-feiras, das 16 horas até as 19 horas, em uma das salas de supervisão do NPA.

 

 

Participavam dessas supervisões: Luiz Felipe, Ray Anderson, Francisco de Assis, Matheus Padilha, Nicolau e Luanda Isna. Todos os estagiários levavam informações sobre os atendimentos que tinham realizado durante a semana, bem como dúvidas e suas questões que apareciam do confronto com os próprios clientes.

3.2 Atendimentos

Tentei fazer cinco triagens. Dessas cinco, só pude realizar três, porque as outras duas pessoas desistiram antes mesmo da entrevista de triagem. Uma justificouse dizendo que estaria viajando e só voltaria em janeiro; a outra não apresentou  justificativa. Das três pessoas triadas por mim, continuei o atendimento de apenas 2 (duas), um homem que aqui chamarei de Bruno e uma mulher que chamarei de Lílian. Bruno

relatou

que

fora

abandonado

pelos

pais,

que

era

carente

emocionalmente, e em suas relações amorosas sempre procurava ser maltratado e desvalorizado e não mantinha as relações onde era valorizado. Destaca-se que Bruno faltou no dia marcado para a entrevista de triagem, remarcando-a para a semana posterior, tendo comparecido. Mais uma vez, na semana de assinar o contrato, ele faltou sem avisar, assinando-o na semana seguinte, ocasião em que ficou ciente de suas obrigações. Todavia, na semana posterior faltou novamente sem avisar, comparecendo apenas uma vez depois de assinar o contrato. Convém apontar que Bruno faltou outras vezes, mesmo sendo avisado que seria encerrado seu atendimento como constava no contrato. O caso foi levado para a supervisão e, por ordem do professor orientador, foi dado encerramento. Por outro lado, Lilian, anteriormente já mencionada, teve atitude diferente, só faltou uma vez, inclusive, avisando antes. Lilian relatou sua frustração por não conseguir passar no vestibular, destacou seu distanciamento em relação aos pais, disse se sentir sem rumo na vida e inferiorizada, e mais, sentindo “burra burra””.

 

 

Os atendimentos foram feitos sempre se fazendo intervenções sobre suas hipostasias sobre si mesma e sobre a vida. A cliente relatou mudanças em sua vida desde que começaram as sessões.

4 CONCLUSÃO

O conceito mais importante que aprendi durante meu Estágio I foi que a clínica era, na verdade, enfrentamento, tanto para pessoa do cliente quanto para a pessoa do terapeuta. Pude comprovar isso na prática, quando observei certas reações dos clientes e as minhas próprias. Cabe destacar que para que haja terapia é preciso que haja o encontro entre as pessoas e os afetos, e havendo esse encontro necessariamente há também o enfrentamento, o que não necessariamente é algo ruim. A terapia precisa do conflito/ enfrentamento para ir adiante, uma vez que viver é conflitar-se com o mundo e enfrentar as situações que a vida possibilita. Viver é uma luta pela autenticidade e pela liberdade, luta essa que não se vence sem o enfrentamento.  A clínica é um encontro de si por si, na medida em que a pessoa se depara com suas próprias questões e aqui não se fala somente do cliente, mas do próprio psicólogo também, que lidando com o outro também lida consigo próprio, possibilitando o que Foucault (2006) chamava de “ética do cuidado de si”, si”, que é voltarse para si mesmo e debruçar-se sobre a própria vida. Nesse sentido, é conflitar-se de si por si. “Uma relação da força consigo, um poder de se afetar a si mesmo, um afeto de si por si”, nas palavras de Deleuze (2005).  Assim, a clínica possibilita esse encontro, esse confronto, esse enfrentamento que muitas vezes postergamos porque o enfrentamento conosco mesmo pode ser doloroso e também angustiante. Quanto à prática de atender, de receber orientações pelo Professor Jadir e até mesmo à disciplina como um todo, tenho plena certeza de que foram bem enriquecedoras para a formação em Psicologia e para a minha própria formação como pessoa, uma vez que todas as experiências de contatos com o outro tendem a nos

 

 

humanizar e possibilizar o enfrentamento de si por si e também do outro, assim como de contribuir nesse processo de tornar-se autêntico.

Referências

 

 

DELEUZE, Gilles. Foucault . São Paulo: Brasiliense, 2005. FOUCAULT, Michel. A Her menêutic menêutica a do S ujei to. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes. 2006. HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 5ª ed. São Paulo: Editora Vozes. 2011. LESSA, Jadir Machado. A clínica como exercício ético dos encontros afetivos . Maranhão: EDUFMA. 2014. LESSA, Jadir Machado. Solidão e Liberdade. Rio de Janeiro: SAEP. 2003.

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