Fabio Herrmann - O Que É Psicanálise

April 23, 2019 | Author: lorencdt | Category: Psychoanalysis, Dream, Sigmund Freud, Language Interpretation, Mind
Share Embed Donate


Short Description

Psicanálise...

Description

Editora Brasiliense – São Paulo Este livro foi digitalizado sem fins comerciais para uso exclusivo de pessoas com deficiência que necessitem de leitores de tela para aceder ao seu conteúdo, não devendo ser distribudo com outra finalidade, mesmo de forma gratuita!

"

" # $ %$%E&'$ () PS*+)&-*SE $s seres .umanos são pessoas muito estran.as estran.as e at/ absurdas! Se você 01 o percebeu, ac.o que andou a ter2a parte do camin.o para se tornar psicanalista! $ segundo ter2o do camin.o consiste em aprender algumas coisas3 o m/todo, a teoria e a t/cnica psicanalticos, de que l.e vou falar um 4pouco neste livrin.o! 5uanto 6 última e mais difcil etapa, que / a de você mesmo descobrir que / tamb/m uma pessoa estran.a e absurda, isto /, que / um ser .umano, lamento não poder a0ud1#lo a percorrer, pelo menos escrevendo3 talvez fosse preciso fazer an1lise! 'oda 'odavia via,, como como esta estava va dize dizend ndo, o, os .ome .omens ns são são pess pessoa oass estr estran an.a .ass e absurdas! Enquanto outros bic.os têm relativamente pouco trabal.o em construir sua residência, porque parecem satisfeitos com o mundo que encontram 7 o que os cientistas c.amam 8sistemas ecol9gicos: 7, os .omen .omenss têm passa passado do seu tempo tempo tenta tentando ndo constr construir uir uma casa casa para para si, gastando nisso um trabal.o insano, sem nunca ficarem contentes com o resu resultlta ado! +on +onstru strur ram am inst instru rume ment nto os de oss sso o e de eletr letric icid ida ade; de; domesticaram as plantas, os primos animais e at/ seu pr9prio pensamento selvagem selvagem;; edificara edificaram m cidades, cidades, sistemas sistemas filos9fico filos9ficos, s, ciência ciência e tecnolog tecnologia! ia! 'udo fizeram para ter um mundo sob medida, quer dizer, um mundo na medida .umana! %as não desprezemos os .omens por causa disso! +oitados, eles talvez não tivessem outro 0eito de sobreviver< Em primeiro lugar, quando os bebês .uma .umano noss nasc nascem em e por por long longo o temp tempo o depo depois is são são muit muito o inde indefe feso soss e inca incapa paze zess para para a vida3 vida3 não não cons conseg egue uem m comi comida da sozi sozin. n.os os,, não não sabe sabem m defender#se do frio, queimam#se com a pr9pria urina etc! -ogo, era mesmo necess1rio viver em grupo, construir abrigos e um sistema social! Por outro lado, os .omens divertem#se demais com os pr9prios pensamentos! São os únicos bic.os, ao que se sabe, tão estúpidos que podem ficar imaginando e esquecer#se de comer; e, o que / pior, quando pequeninos e famintos, parece que conseguem ficar son.ando que estão a comer e contentar#se algum tempo com isso 7 coisa a que os psicanalistas c.amam 8satisfa2ão alucin alucinat9 at9ria ria do dese0 dese0o:! o:! )lgun )lgunss talve talvezz at/ morram morram de fome, fome, son.a son.ando ndo,, son.ando! Por fim, enquanto os animais ferozes quase nunca matam os de sua esp/ci esp/cie e 7 8inibi 8inibi2ão 2ão da agress agressivid ividad ade e intra# intra#esp espec ecfic fica:, a:, / como como os estudiosos do comportamento animal =ou et9logos> c.amam a essa prova elementar de sensatez 7, os .omens c.egam a gostar de fazê#lo! Para sobr sobrev eviv iver er,, entã então, o, ou pelo pelo meno menoss para para se pode podere rem m domi domina narr e mata matarr civilizadamente, foi preciso que os .omens domesticassem a natureza! ?

Por Por que, que, entr entret etan anto to,, esse esse trab trabal al.o .o não não tem tem fim fim e nem nem / cons consid ider erad ado o satisfat9rio@ Bem, se você pertence a uma famlia mais ou menos rica, provavelmente 01 mudou de casa algumas vezes! (e cada vez, a casa era perfeita, não / verdade@ 7 construda sob medida para o dese0o de sua famlia, com tantos quartos, garagens e televisAes quantos bastassem para fazê#los felizes 7, por/m, quando l1 moravam, descobriam que ainda não esta estava vam m sati satisf sfei eito toss nem nem feli felize zes! s! ) muda mudava vam, m, refo reform rmav avam am a casa casa ou compravam um videocassete; e, insatisfeitos ainda, tornam a mudar ou instalam uma mesa completa de som! Se esta / sua .ist9ria .abitacional, não se culpe, nem a seu pai3 culpe a casa, e estar1 bem integrado com o resto da .umanidade!  que a casa que construram, como a grande casa que a .umanidade vem construindo para si, representa bem demais a realiza2ão de seu dese0o! $ra, o problema / que n9s não dese0amos o que queremos, nem tampouco fica ficamo moss sati satisf sfei eito toss de enco encont ntra rarr o que que dese dese0a 0amo mos! s! &a verd verdad ade, e, n9s, n9s, .umanos, não sabemos bem o que dese0amos! Ce0a um exemplo! )ntes de mais nada, n9s somos aquilo que dese0amos ser!  f1cil entender, 01 que dese0o / o nome daquilo que faz com que a gente pense, fa2a, se0a! Ele parece vir de dentro da alma, mas / criado na vida vida soci social al e biol biol9g 9gic ica, a, de sort sorte e que que se pode pode dize dizerr at/ at/ que que 8som 8somos os dese dese0a 0ado dos: s: dest desta a ou daqu daquel ela a mane maneir ira! a! Somo Somoss dese dese0a 0ado doss ativ ativos os ou ented entediad iados, os, cru/is cru/is ou compa compassi ssivos vos,, apavo apavora rados dos ou distra distrado dos! s! )li1s, )li1s, a .umanidade dese0a#se como /; e, dizia, constr9i#se e constr9i o seu mundo de acordo com tal dese0o! S9 que não acredita que, de fato, se ten.a dese0ado como /! )ssim, tendo transformado o mundo a fim de l.e servir de casa casa,, ac.a ac.a que que não não est1 est1 aind ainda a bem bem feit feito, o, que que sobr sobram am muit muitas as cois coisas as desumanas a .umanizar! $ c/u / muito alto, o tempo / longo demais, as guerras muito freqDentes! $ra, se o tempo e o espa2o são infinitos demais, / que os .omens têm em si uma aspira2ão em desacordo com seu taman.o e dura2ão de vida! 5uanto 6s guerras, quem as faz@ &uma palavra, ao domesticar o mundo, os .omens irritam#se ao ver que construram uma casa que os retrata maravil.osamente bem, que exprime seu dese0o, tanto naquilo que gostam, como naquilo que odeiam 7 a esta última parte de seu dese0o c.amam desumana, dizem que não / deles, que / um resto que deve ainda ser dominado! 'alvez por esta última razão, a constru2ão do mundo .umano se ten.a ultr ultrap apas assa sado do!! Cocê Cocê 01 viu viu algu algu/m /m faze fazerr uma uma li2ã li2ão o com com m1 vont vontad ade, e, pensando que quer realmente fazê#la bem! )parecem erros a cada lin.a, 

manc.as de tinta, lapsos de português, e o estudante come2a a escrever adoidado, obsessivamente, errando e copiando errado! )ssim, a esp/cie .uman .umana a adqu adquiriu iriu uma uma estra estran.a n.a obses obsessão são de domes domestic ticar, ar, familia familiariz rizar, ar, educ educar ar!! Se seus seus pais pais o educ educar aram am assi assim, m, você você prov provav avel elme ment nte e ser1 ser1 exatamente como eles o dese0aram; e, no entanto, tanto eles como você mesmo terão a impressão de que tudo saiu 6s avessas, pela simples razão que que ambo amboss igno ignora ram m boa boa part parte e do mode modelo lo que que foi foi impr impres esso so e não não o recon.ecem depois de pronto! (omesticar significa adaptar 6s normas da casa =que em latim se diz domus>; familiarizar significa tornar algo familiar, como que 8da famlia:! %as, como os .omens negam#se a admitir grande parte de seu dese0o, quanto mais dom/stico e familiar vai ficando o mundo que constroem, mais estran.o e desumano l.es parece! (esumano, que calúnia< Sucedeu então que este grande pro0eto de construir um mundo 6 medida .umana, que / o de todas as culturas, acelerou#se subitamente e estreitou# se! Fma das maneiras de realiz1#lo parece dominar todas as outras; e, não tendo contra quem competir, pGs#se a tentar ser mais veloz que a pr9pria sombra! &em / preciso dizer que a maneira dominante / a civiliza2ão tecnol9gica, a qual se vale de uma racionalidade exacerbada, de c1lculo, medi medida da,, das das +iên +iênci cias as &atu &atura rais is,, tend tendo o a Hsi Hsica ca por por mode modelo lo!! 5uan 5uanto to 6 sombra, / o que veremos mais adiante! Por enquanto, basta observar que o mundo onde vivemos, sobretudo nas grandes cidades, tornou#se tão construdo, tão fabricado, que uma crise muito muito curios curiosa a se desen desencad cadeou eou!! )s pesso pessoas as come2a come2aram ram aos aos pouco poucoss a duvidar de que o lugar onde vivem se0a mesmo real! )ntes, quando o contato com a natureza era mais estreito, nos tempos em que qualquer crian2a podia ver, digamos, orden.ar uma vaca, a sensa2ão de realidade vin.a diretamente desse tipo de experiência3 podia#se dizer real como uma pedra ou como uma 1rvore!!! (e repente, contudo, os fatos come2am a vir pelos 0ornais, depois pela televisão, e você tem de se perguntar, a cada momento, se o que ouve e vê / assim mesmo, se / uma interpreta2ão ou se / uma tentativa de engan1#lo! 5uer dizer, a realidade come2ou a perder confiabilidade!  )s m1quinas funcionam .o0e quase como gente, as pessoas quase como m1quinas! ) cada a2ão que você pretende executar, fica sempre a dúvida se não não est1 est1 serv servin indo do a um prop prop9s 9sitito o que que igno ignora ra e que que talv talvez ez ac.e ac.e abomin1vel! Se você quer ser original, se quer recusar tudo o que est1 por a, acabar1 provavelmente descobrindo que faz parte duma indústria da originalidade, originalidade, usando um uniforme de original! I

Pois bem, a ruptura com a natureza e a fabrica2ão excessiva da nossa vida cotidiana constituem exatamente o êxito completo da constru2ão da casa dos .omens! %as o .omem mesmo não se sente 6 vontade na casa que crio criou! u! Esse Esse retr retrat ato o que que vê no seu seu mund mundo o pare parece ce#l. #l.e e absu absurd rdo! o! Ele se pergunta3 8Sou assim@:! E responde3 8+laro que não; / que falta dominar, organizar e calcular uma última coisa, a mente .umana:! Ce0a que estran.o! ) loucura do nosso mundo / simplesmente o resultado da maneira pela qual o construmos! Por/m, preferimos dizer que essa esp/cie de sombra, a irracionalidade das rela2Aes entre os .omens e a irrealidade do mundo cotidiano, cotidiano, / produto de outra coisa, não da razão, mas da falta de razão, da loucura! )ssim, l1 pelos fins do s/culo passado, fez#se um grande esfor2o para compreender a loucura para medi#la, para dividi#la em tipos e explic1#la cientificamente! &o come come2o 2o isso isso não não deu deu muit muito o resu resultltad ado! o!  verd verdad ade e que que surg surgiu iu uma uma classifica2ão das doen2as mentais que at/ .o0e / bastante útil! %as, em mat/ria de cura, pouco avan2o .ouve! Principalmente, a loucura do dia#a# dia permanecia inexplic1vel e intrat1vel! E foi assim que nasceu a Psican1lise! )s +iências Exatas tiveram de pedir a0uda a uma esp/cie de primo pobre3 a interpreta2ão! S9 a interpreta2ão era capaz de abarcar os son.os, as emo2Aes, a loucura etc! )t/ a, tudo bem! Entretanto, ao procurar elucidar a loucura 7 domnio que se l.e .avia concedido 7, o m/todo interpretativo acabou tendo de ir mais longe, por descobrir que aquilo que não parecia ser loucura, a vida comum, não era tamb/m muito diferente! Posta em movimento, a interpreta2ão não se soube deter, nem / bom que se deten.a, como veremos no pr9ximo captulo, que trata do m/todo interpretativo da Psican1lise! 'udo se passa como numa .ist9ria de fadas, quando depois de c.egar ao limite da pobreza a princesa recebe o prncipe e o reino, ou quando depois de gozar da maior felicidade, ao abusar um pouquin.o mais da sorte, um .omem se desgra2a! Camos c.amar a isto 8princpio do absurdo:3 quando algo c.ega ao limite e ultrapassa#o, transforma#se em seu contr1rio! Em nosso caso, o pro0eto de tornar bem racionais todas as coisas, quando pret preten ende deu u domi domina narr uma uma fran fran0i0in. n.a a que que falt faltav ava, a, a louc loucur ura, a, crio criou u um instrumento capaz de entender e curar a loucura, / certo, mas que, 0unto com ela, entende e mostra irracionalidade e loucura onde não se suspeitava que .ouvesse! ) .ist9ria das id/ias / assim3 irGnica e, 6s vezes, vingativa! Cingan2a foi fazer ver ao .omem que, no descon.ecimento de seu pr9prio dese0o, criava o que queria e o que não queria, sendo portanto absurdo para si mesmo! E isto quando ele pretendia erradicar os restin.os de J

absurdo e loucura de seu mundo!  )li1s, a atmosfera de +onto de fada não p1ra a! S9 nas .ist9rias infantis / que uma pessoa isolada inventa algo que modifica o mundo, e o faz quase sozin.o! &ossa ciência infelizmente sugere que o impossvel aconteceu! +om efeito, Hreud, praticamente s9, inventou um m/todo para interpretar o lado irracional, ou mel.or, o lado da mente que obedece a regras duma racionalidade diferente daquela da consciência! (igo infelizmente, porque isso aumenta muito a dificuldade que temos, os psicanalistas, de continuar e, eventualmente, vir a superar sua obra! Penso que os grandes psicanalistas estão, quase sempre, come2ando de novo!  claro que Hreud não estava interessado originalmente, em denunciar toda a loucura da crise do real de que .1 pouco eu falava! +omo um m/dico .onesto, ele queria curar doen2as! Hoi assim que se dedicou a tratar doentes .ist/ricos 7 pessoas que sofriam de ataques de angústia, de paralisias ou dores sem causa orgKnica =fsica> e outros sintomas parecidos! Pode#se dizer que, ao tentar fazê#lo, foi como se puxasse o gatil.o do 8princpio do absurdo:, pois dos sintomas .ist/ricos teve de passar aos son.os, dos son.os aos atos fal.os 7 por exemplo, esses escorregAes de linguagem, inoportunos, que nos fazem dizer a verdade quando não queremos 7 e da 6 vida mental como um todo! *sso, por/m veremos ao longo de nosso livrin.o! &o momento, apenas dese0o que você guarde a id/ia central! $ mundo edificado por nossa cultura .umanizou#se tanto, no sentido de ser tão fabricado, que sua sombra, o lado descon.ecido do dese0o .umano, acabou por aparecer mais do que devia, $ real come2ou a ficar um tanto duvidoso e o .omem a ver#se, malgrado seu, cada vez mais absurdo para si mesmo! $ra, se a Psican1lise foi inventada por uma pessoa c.amada Hreud, no fim do s/culo, em Ciena, a id/ia psicanaltica 7 isto /, o m/todo interpretativo 7 não foi inventada por ningu/m! Ela era a resposta certa para o problema da loucura de nosso tempo! Por assim dizer, quando o momento estava maduro, saiu do lugar onde esta guardada, no grande dep9sito das id/ias que não são dominantes numa dada /poca, para vir a .abitar a ciência que Hreud fundou! Sua missão, portanto / apresentar ao .omem o absurdo que o constitui e, se possvel, a0ud1#lo a reconciliar#se com ele, com o absurdo, e consigo mesmo! ? # $ %'$($ () PS*+)&-*SE $ que / que um psicanalista faz@ Ele aplica o m/todo psicanaltico! 'alvez este0a tratando um paciente, talvez um grupo de pessoas, uma famlia, uma comunidade! 'alvez não este0a tratando ningu/m, mas tentando interpretar L

algum acontecimento! (esde uma notcia de 0ornal, at/, por exemplo, a curiosa tendência atual a desmantelar a casa .umana, que se revela no acúmulo de armas atGmicas ou na prolifera2ão dos atentados! Pode querer compreender o sentido de um palavrão, de uma piada ou de uma grande obra de arte! $ que ele estuda não / tão importante 7 desde que se0a um fenGmeno .umano 7, / importante sim, para saber se / um psicanalista, que este0a interpretando psicanaliticamente, quer dizer, que empregue o seu m/todo pr9prio! &a verdade, como Hreud mesmo escreveu, o termo 8psican1lise: tem três sentidos3 / o m/todo interpretativo, mas significa tamb/m uma forma de tratamento psicol9gico =ou psicoterapia analtica> e igualmente / o nome do con.ecimento que o m/todo produz =ou teoria psicanaltica>! Fm pouquin.o confuso, não@ Bem, para evitar a confusão, e como o m/todo vem primeiro e / o essencial, costumo escrever o nome do m/todo e o da ciência inteira com letra inicial maiúscula, 8Psican1lise:; e, com minúscula inicial, 8psican1lise:, grafo o nome da terapia, disto que o analista faz em seu consult9rio! Então, a ciência e seu m/todo c.amam#se 8Psican1lise:, a terapia denomina#se 8psican1lise:, ou simplesmente 8an1lise: 7 quanto 6 teoria, não .1 problemas, sempre dizemos 8teoria psicanaltica:! Para que você entenda o que / o m/todo psicanaltico, vou usar agora, como exemplo, a terapia analtica, e tudo ficar1 claro! Cer1 que entenderemos a Psican1lise atrav/s da psican1lise! Supon.a, por conseguinte, que você se converteu em analista 7 por artes m1gicas ou depois de uns "J anos de estudo! Cocê estar1 decentemente tra0ado, sentado numa confort1vel poltrona, em um consult9rio de bom gosto, tendo 6 frente, deitado no divã, um cliente que o freqDenta algumas vezes por semana! *sso, pelo menos, / o comum! 'odavia, não / impens1vel que estivesse nu, no meio do mato, com seu paciente trepado no gal.o da 1rvore a seu lado, se as condi2Aes sociais fossem outras! (ou# l.e essa imagem alternativa, não porque ten.a algo contra roupas e consult9rios, por/m para que compreenda a diferen2a entre moldura e quadro, $ divã, a freqDência das sessAes, o pagamento etc! emolduram a an1lise, servem s9 para sustentar e delimitar aquilo que se faz! )li1s, como com o quadro que você tem na sala, / bom que a moldura não se0a tão pesada e rococ9 a ponto de embaral.ar a cena retratada! =Cocê 01 reparou como, nos 0ornais e nas discussAes públicas, quase que somente se fala das correntes, associa2Aes e brigas entre psicanalistas@ Pois este / um exemplo da moldura atrapal.ando a visão do quadro, porque, afinal, isso tudo não / realmente importante!> M

(igamos, por/m, que você este0a sentado na poltrona e o paciente deitado 6 sua frente! Ele estar1 falando!!!  )s palavras são trai2oeiras! 5uando falamos, dizemos o que queremos dizer, por/m, ao mesmo tempo, dizemos tamb/m muitas outras coisas de que nem suspeit1vamos! %esmo se algu/m diz algo tão simples como 8est1 c.ovendo:, refere#se a um estado do tempo, mas comunica simultaneamente uma por2ão de outras coisas! Halar1 com agrado ou com raiva, e saberemos 01 se tin.a ou não certo pro0eto que a c.uva atrapal.ou! 8Est1 c.ovendo: pode ser um convite a que permane2amos aconc.egados num abrigo, talvez conten.a a id/ia de uma esp/cie de vitalidade tal qual a da terra bem regada etc! $ que / garantido, no entanto, / que 8est1 c.ovendo: não significa apenas que est1 c.ovendo! N1 sempre, no mnimo, o fato de que isso foi dito para uma outra pessoa e com alguma inten2ão con.ecida 7 com alguma inten2ão con.ecida e com v1rias inten2Aes mal con.ecidas! &a verdade, são tantos os sentidos simultKneos das nossas palavras, que seria virtualmente impossvel uma conversa civilizada caso não se reduzissem tais sentidos a alguns poucos! 5uero dizer que / necess1rio um acordo t1cito entre as pessoas que se comunicam, a fim de limitar drasticamente a abrangência do que se diz!  como se combin1ssemos3 não vamos prestar aten2ão a, digamos, OO dos significados possveis do que estamos dizendo, para que o resto possa ser bem entendido! Em particular, na vida cotidiana, procuramos diligentemente ignorar tudo aquilo que, nos ditos, refere#se ao interlocutor e não ao referente externo; isto /, no 8est1 c.ovendo:, procuramos esquecer todo o con0unto de insinua2Aes acerca de nossa convivência =do tipo, 8c.ove, portanto fiquemos aconc.egados no quentin.o:>, e nos concentramos no estado do tempo, o referente externo deste caso =isto /, 8c.ove, portanto não faz sol:>!  ) tão violenta redu2ão costumo c.amar 8redu2ão consensual dos sentidos do discurso:, porque / fruto de um acordo ou consenso entre as pessoas que se comunicam, ou c.amo#l.e 8rotina:! Esta / uma grande tarefa, importantssima e difcil! Sem ela, não se poderia conversar, est1 visto! Cocê 01 observou a confusão que se cria numa discussão acalorada, quando, de repente, parece que ningu/m fala mais a mesma lngua do outro! ) cada momento / preciso explicar3 8&ão foi isso que eu disse, não foi isso que eu quis dizer, eu quis dizer s9 que!!! 8! (1#se simplesmente que, por causa da animosidade dos espritos, perdeu#se um pouquin.o do acordo consensual, foi violado o acordo sobre o tema, por exemplo, e alargou#se um bocadin.o o sentido permissvel das palavras! Q

$ra, se você est1 sentado detr1s de seu paciente, escutando#o, talvez pense que deva descobrir sentidos muito complicados, 8psicanalticos:, no que ele diz!  um engano! Para fazer an1lise, basta que consiga ouvi#lo de maneira que se v1 suprimindo aos poucos a redu2ão consensual ou rotina! *sto se consegue assim3 seu paciente conta#l.e algo do que fez ontem, depois comenta um detal.e novo do consult9rio, faz uma piada, tosse, lembra#se de um son.o etc! Se você fosse uma pessoa bem educada, numa situa2ão cotidiana, interessar#se#ia polidamente por cada assunto em separado, responderia, riria com ele! ! ! e perderia o sentido de con0unto! Hazer an1lise / uma esp/cie de falta de educa2ão sistem1tica! )tr1s do paciente, você estar1 calado, procurando 0untar os peda2os da conversa, sem se deter no que, de .1bito, significaria mudan2a de assunto! )o contr1rio, prestar1 a m1xima aten2ão 6s mudan2as de assuntos, perguntando#se3 8Se se trata de um s9 assunto, qual / ele e que se diz agora a respeito@:! Em outras palavras, você eliminou uma referência consensual importantssima, aquela que afirma que cada dito tem de ser entendido no assunto a que o interlocutor se pretende ater! +omo um c.ato que /, você se pergunta3 8+asa, mais consult9rio, mais piada, mais son.o, o que tudo 0unto me comunica agora@ $ que quer dizer@:, ainda que o paciente não o queira dizer, conscientemente! 5uando, pois, você descobrir um sentido geral, da forma que mencionei, e comunic1#lo a seu paciente, ele se surpreender1 muito!  plausvel que afirme nunca ter pensado nisso e que certa mente não foi o que quis dizer! 'alvez então você sorria com superioridade, por/m não se esque2a de que ele tem razão3 com certeza não pensara e menos ainda quisera dizer o que estava contido em suas palavras 7 você / que o ouviu fora da rotina!  )lguns nomes mais! (esculpe, mas / importante saber nomear o que se passa na an1lise, se quer vir a ser analista e poder conversar acerca de seu trabal.o! ) esse tipo de aten2ão um pouco extravagante, que viola todas as regras da boa educa2ão cotidiana, Hreud c.amava 8aten2ão flutuante:! Esse termo você 01 con.ece, não / mesmo@  ) comunica2ão feita ao paciente, que serve para romper os limites do assuntos que ele pensava poder tratar em separado, c.ama#se interpreta2ão psicanaltica! $utro nome con.ecido! Hinalmente, 6quilo que d1 sentido ao que se diz e que o limita =8est1 c.ovendo: que faz referir#se a um estado do tempo e não, por exemplo, a um estado da rela2ão entre duas pessoas> c.amaremos 8um campo da comunica2ão: ou simplesmente 8campo:! Portanto, ao interpretar, o que você fez, essencialmente foi quebrar os limites que a rotina o dia a dia impusera aos significados do O

paciente; isto /3 você produziu uma 8ruptura de campo:! +onsidero o efeito de ruptura de campo o processo fundamental do m/todo psicanaltico, tanto no que diz respeito 6 produ2ão de con.ecimentos, como no que concerne 6 produ2ão da cura! +ostuma#se crer que a interpreta2ão psicanaltica mostra ao paciente um tipo especial de sentido, atrav/s de suas associa2Aes, das id/ias que nos comunica3 os remanescentes da sexualidade infantil, os processos de recalcamento e outros conteúdos semel.antes, que atrav/s deste livrin.o iremos discutindo, *sto / certo, de algum modo! Esses esquemas interpretativos constituem a teoria Psicanaltica, a qual norteia as interpreta2Aes! Semel.antemente, .1 normas para bem interpretar; condi2Aes de tempo propcias, ordem precisa em que certas emo2Aes podem ser patenteadas, formas preferenciais para a formula2ão de interpreta2Aes etc! Em con0unto, constituem a t/cnica psicanaltica! 'eoria e t/cnica 0untas ensinam, pois, como fazer bem a an1lise; não explicam, entretanto, o que vem a ser a interpreta2ão em si mesma 7 isto /, que ato / este, a interpreta2ão, que pode eventualmente ser bem ou mal feito! Fma coisa / saber que 0ogo estamos 0ogando; outra / saber 0og1#lo bem! &o momento, estou apenas querendo ensinar#l.e a essência do 0ogo, que /, penso, a opera2ão de ruptura de campo! 5uando você escutou seu paciente dessa maneira estran.a, desrespeitando os limites dos assuntos que ele pensava abordar, e comunicou#l.e um sentido geral que ele não sabia recon.ecer nas pr9prias palavras, o resultado ter1 sido, / prov1vel, bastante surpreendente! $ cliente talvez reclame de não ter sido compreendido, ao mesmo tempo em que experimentar1 uma sensa2ão algo vaga de que o que você l.e disse tem tudo a ver com ele! E .1 algo ainda pior 7 ou mel.or, quem sabe!  que, dos sentidos outros que suas palavras contêm, os quais se cancelam geralmente no cotidiano, você ter1 selecionado expressamente aqueles que definem a rela2ão que os dois mantêm no momento! possvel fazê#lo porque tudo o que dizemos e pensamos sempre nos define; o que nos / al.eio, em algum momento, não / pens1vel sequer! )ssim, você estar1 procurando o sentido geral, includo despercebidamente no discurso =nas palavras do paciente>, que mostra quem / ele nesse momento, e em particular como / ele na rela2ão com você! Por fim, como este 8ser na rela2ão: ap9ia#se com for2a sobre um estado afetivo, numa emo2ão, você ter1 descoberto para ele como / que se sente, sem o saber, em rela2ão a você!  concebvel 7 brinquemos um pouco do 0ogo analtico 7 que ao constatar a c.uva seu paciente este0a a "R

l.e propor que você / algo assim como uma nuvem, c.ovendo sobre ele, que, na .orizontal, se faz de terra, fertilizando#o, mas fazendo brotar lembran2as irritantes de .umil.a2Aes infantis! Estran.o@ Estran.ssimo! E, no entanto, se a interpreta2ão tiver sido bem feita, se a compreensão tiver sido cuidadosa, tal sentido estar1 de fato contido nos ditos do paciente =a que c.amamos 8material:>! )ssim, ser#l.e#1 difcil negar pura e simplesmente que a interpreta2ão tin.a razão de ser! $s muitos sentidos das palavras .umanas, se tomados em con0unto, poderiam levar#nos para quase qualquer lugar! Sucede, por/m, que durante uma sessão eles se cruzam e descruzam, determinando pontos de convergência ou n9s, para onde se encamin.am por2Aes consider1veis dos sentidos marginais do discurso! ) essas mal.as damos o nome de fantasias! Seguimo#las atrav/s dos fios, interpretamo#las ao recon.ecê#las, produzindo uma sensa2ão de ter completado algo que faltava, para uma inteligência diversa do material, que inclui agora seu 8sentido geral inconsciente:! Então, o paciente 01 não sabe, momentaneamente, o que est1 fazendo com você! Pensava estar contando coisas importantes, e, de c.ofre, ouve que est1 a ser c.ovido< +omo isso parece#l.e tão estran.o quanto bem encaixado, perde os limites dos assuntos de que pensava tratar, percebe#se diferente, não um relator de id/ias, mas um não#sei#quê apto a ser fecundado! Sente#se estran.o, sem saber o que pensar! &a verdade, diria, sem saber como fazer para pensar, porque o pensamento cotidiano respeita cuidadosamente os limites dos temas, dos assuntos; quer dizer, ap9ia#se em campos bem definidos, como os p/s sobre tapetes! E se l.e retirou, com uma interpreta2ão, o tapete debaixo dos p/s do esprito! &esse estado de confusão, aparece algo que, de .1bito, est1 bem coberto!  )parece aquilo que faz com que algu/m, o paciente no caso, pense, sinta e fa2a o que faz, e que ele crê ser sua vontade soberana! Puro engano! Esses sentidos estran.os, como o de ser c.ovido, impulsionam nossa mente sem que nos possamos dar conta; manifestam aquilo que denominamos 8dese0o:!  o dese0o que produz nossas emo2Aes!  ele uma esp/cie de matriz, que permite e obriga algu/m a possuir certo repert9rio de emo2Aes e não outras quaisquer! $ analista, interpretando, vai formando,  0unto com seu paciente, o esbo2o lento do desen.o de seu dese0o! Hundamentalmente, por romper o campo da rotina e assim propiciar um espa2o em que o dese0o se pode mostrar, ainda que de forma indireta! 'udo se passa como naquele 0ogo em que se coloca um papel de seda sobre uma moeda! isca#se e, devagar, vai aparecendo a efgie da moeda ""

no papel superposto! 'al qual a moeda, o dese0o não / visvel diretamente 7 adiante saber#se#1 que ele / inconsciente, e poderemos discutir o que isto quer dizer! Seu desen.o aparece, não obstante, nas sucessivas interpreta2Aes, pois, de tanto desen.ar como / o paciente em rela2ão a você, surgir1 a forma que seu dese0o adquire em rela2ão a qualquer outra figura! 'al tipo de escuta, que apreende o paciente em rela2ão a seu analista, responde tamb/m a um nome bastante con.ecido3 transferência! 'ransferência, como a da moeda para a superfcie do papel, entendeu@ +aso não ten.a ficado claro, sugiro que experimente, mas primeiro com a moeda e o papel; ou na situa2ão analtica, tendo a você mesmo como paciente e algu/m mais experimentado a fazer de analista! &esse 0ogo / preciso algum cuidado, uma vez que o dese0o, que vai mostrando sua face, / aquele absurdo a que antes eu me referia! $ sentimento de ser absurdo 7 c.ovido, por exemplo 7 mexe com toda a constitui2ão psquica do su0eito!  uma coisa s/ria realmente, / o lado que determina o que somos, mas descon.ecemos! Sentir#se absurdo / muito parecido com estar louco! &a verdade, sentir#se absurdo sem prop9sito e sem a expectativa de voltar a recuperar o sentido de si mesmo pode levar 6 loucura! &a an1lise, o sentido de absurdo / provis9rio, o paciente recupera a si mesmo depois, tendo includo na consciência de si algumas auto#representa2Aes de que antes não dispun.a! Por tal razão, e porque pretende curar#se de sintomas 7 isto /, para tratar#se e con.ecer#se 7, ele pode tolerar o absurdo provis9rio, na expectativa de reencontrar#se ampliado! %as, no trKnsito duma representa2ão de si mesmo para outra =na 8expectativa de trKnsito:>, a consciência em condi2ão de an1lise experimenta uma s/ria angústia, uma impressão de se desagregar, de não saber o que /, ou de não ser nada! ecomendo que comece com moedas e um peda2o de papel!!!  # $ *&+$&S+*E&'E &ão l.e quero mostrar como os conceitos foram criados ao longo da .ist9ria da Psican1lise! Para isso, .1 bons textos, come2ando pelos de Hreud e seguindo com a introdu2ão de quase qualquer livro sobre a Psican1lise! Prefiro, ao contr1rio, deixar#l.e clara a maneira pela qual os conceitos psicanalticos são criados constantemente pela aplica2ão do m/todo, estudado no captulo anterior! Para tanto .1 uma forte razão!  que o sentido de um conceito te9rico est1 dado, em grande parte, por sua produ2ão3 a teoria significa o processo que a cria e a utiliza2ão que se l.e d1! -endo este captulo sobre o inconsciente, ten.a isso em mente! "?

Ce0amos! 5uando um analista produziu inúmeras situa2Aes de ruptura de campo com seu cliente, foram surgindo aspectos diferentes do dese0o! Esquemas emocionais 7 como o de ser c.ovido 7, se comparados uns aos outros, vão devagar compondo um desen.o caracterstico! Em primeiro lugar, tal desen.o / pr9prio desse paciente, em particular! ) forma especial que algu/m tem de gostar, por exemplo, repete#se tanto nos grandes amores, como nas pequeninas amizades! %as, por outro lado, como nosso repert9rio não / tão vasto, a forma de gostar / tamb/m, um pouco mais abstratamente, a forma de detestar, de brincar, de comer! Nomens meticulosos amam, odeiam, brincam ou comem por partes, organizadamente odiando cada pormenor de quem os ofendeu, saboreando cada mordia, mastigando cada pormenor! São pessoas que dizem3 8E al/m de tudo, ele ainda por cima me fez isso: 7 e tal regra emocional vale para qualidades de sentimentos diversos, da partida de futebol ao ban.eiro! $ra, o repert9rio .umano / mesmo bastante limitado! Tustamente quando cremos ser mais originais, mais repetimos certas formas de ser que nos igualam a grupos inteiros de pessoas; d1#se apenas que o ignoramos cuidadosamente! Por causa disso, depois de interpretar v1rios materiais diversos, de v1rios pacientes, descobrimos que, no plano do dese0o, .1 similitudes de esquemas que se repetem com not1vel regularidade! E estes dizem respeito precisamente aos aspectos mais fundamentais dos sentimentos .umanos, de suas a2Aes e pensamentos! U constKncia de certas formas do desen.o do dese0o .umano corresponde então uma formula2ão geral que os psicanalistas podem fazer, referindo#se a tipos de emo2ão, a tipos de pacientes, ou 6s pessoas todas! +.amamos a isso3 teoria psicanaltica!  )gora podemos entender mel.or algo que talvez o preocupasse no captulo anterior! Cocê se perguntava3 se as palavras podem ter tantos sentidos diversos, bastar1 mostrar qualquer um deles, dizer qualquer coisa@ &a verdade, não! N1 um guia para as interpreta2Aes psicanalticas, guia que procede do pr9prio produto das interpreta2Aes anteriores! 5uer se trate do desen.o deste paciente em particular, quer saibamos de antemão certas caractersticas te9ricas pr9prias desse tipo de emo2ão que experimenta ou do tipo de pessoa que /, sempre estaremos em busca de decifrar algo mais ou menos determinado3 queremos completar o desen.o do dese0o!  ) esta altura você talvez se este0a perguntando3 8Essas regras que compAem o desen.o do dese0o e que vão orientando o trabal.o de decifra2ão psicanaltica, compreendo que este0am na cabe2a do analista, mas não estarão tamb/m na psique do paciente@:! 'em razão, "

estão sim! Estão, no sentido de limite; isto /, da mesma forma que uma m1quina de estampar tecidos s9 produz certo tipo de desen.o, .1 uma matriz para nossas emo2Aes, a que c.amamos dese0o, que nos limita a cumprir com certas regras emocionais! N1, de fato, uma esp/cie de l9gica das emo2Aes .umanas bem diversa daquela que as pessoas usam para explicar os motivos de suas a2Aes! )li1s, nada .1 de tão cuidadosamente ignorado como o lugar de onde provêm tais regras limitantes; e você 01 deve ter desconfiado que tal lugar / o inconsciente! 5ue significa .aver o inconsciente@ Em primeiro lugar, exatamente aquilo que eu dizia no come2o3 uma certa forma de descobrir sentidos, tpica da interpreta2ão psicanaltica! $u se0a, tendo descoberto uma esp/cie de ordem nas emo2Aes das pessoas, os psicanalistas afirmam que .1 um lugar .ipot/tico donde elas provêm!  como se supus/ssemos que existe um lugar na mente das pessoas que funciona 6 semel.an2a da interpreta2ão que fazemos; s9 que ao contr1rio3 l1 se cifra o que aqui deciframos! Ce0a os son.os, por exemplo! (ormindo, produzimos estran.as .ist9rias que parecem fazer sentido sem que saibamos qual! +.egamos a pensar que nos anunciam o futuro, simplesmente porque parecem anunciar algo, querer comunicar algum sentido Hreud tratando dos son.os, partia do princpio de que eles diziam algo e com bastante sentido! &ão, Por/m, o futuro! (ecidiu interpret1#los! Sua t/cnica interpretativa era mais ou menos assim! 'omava as v1rias partes de um son.o, seu ou al.eio, e fazia com que o son.ador associasse id/ias e lembran2as a cada uma delas! Hoi possvel descobrir assim que os son.os diziam respeito, em parte, aos acontecimentos do dia anterior, embora se relacionassem tamb/m com modos de ser infantis do su0eito! *gualmente, ele descobriu algumas regras da l9gica das emo2Aes que produz os son.os! Ce0amos as mais con.ecidas! +om freqDência, uma figura que aparece nos son.os, uma pessoa, uma situa2ão, representa v1rias figuras fundidas, significa isso e aquilo ao mesmo tempo! +.ama#se este processo condensa2ão, e ele explica o porquê de qualquer interpreta2ão ser sempre muito mais extensa do que o son.o interpretado! $utro processo, c.amado deslocamento, / o dar o son.o uma importKncia emocional maior a certos elementos que, quando da interpreta2ão, se revelarão secund1rios, negando#se 6queles que se mostrarão, realmente importantes! Fm detal.ezin.o do son.o aparece, na interpreta2ão, como o elo fundamental! (igamos que o son.o, como um estudante desatento, coloca erradamente o acento tGnico =emocional, / claro>, criando um drama diverso do que deveria narrar; como se dissesse! squilo por esquilo!!! Fm terceiro processo de forma2ão do son.o consiste em que tudo / "I

representado por meio de smbolos e, um quarto, reside na forma final do son.o que, ao contr1rio da interpreta2ão, não / uma .ist9ria contada com palavras, por/m uma cena visual! Essas e outras propriedades da linguagem onrica =$nrico V do son.o> constituem os mecanismos de forma2ão dos son.os! %as 7 preste aten2ão< 7 como con.ecemos tais mecanismos@ (o con0unto de associa2Aes que partem do son.o, o int/rprete retira um sentido que l.e parece razo1vel! Para Hreud, e para n9s, todo son.o / uma tentativa de realiza2ão do dese0o! ) interpreta2ão, por conseguinte, mostrar1 uma .ist9ria que cont/m um anseio satisfeito; tal como3 8Eu queria ter isto ou fazer aquilo:, 8) culpa do que fiz não / min.a:, 8*sto realmente não aconteceu:, 8Ce0o#me assim: etc! ) .ist9ria reconstruda pela interpreta2ão c.ama#se 8conteúdo latente do son.o:, em oposi2ão 6quilo que o son.o efetivamente mostra, que / seu 8conteúdo manifesto:! $s mecanismos onricos, portanto, são a medida da transforma2ão de um texto em outro, são o que traduz o conteúdo latente em conteúdo manifesto! Fma c.arada, onde certas regras l9gicas permitem transformar uma frase noutra, cu0o sentido / obscuro, at/ que o c.aradista a mate! Pois, bem, como na c.arada, os mecanismos para cri1#la não são outra coisa senão o inverso daqueles que usamos para resolvê#la! Se n9s fizemos associa2Aes ramificadas a partir de cada elemento do son.o, / natural que cada figura possa condensar v1rias figuras, tantas pelo menos quantas tivermos associado! Se descobrimos assim um outro valor afetivo para o son.o, segue#se que o conteúdo manifesto acentuou diferentemente 7 em rela2ão ao conteúdo latente 7 tais valores, realizou 8deslocamentos:! Se cremos ter encontrado o sentido verdadeiro do son.o, este o exibia falso, ou simb9lico! Se, por fim, ao interpret1#lo, transformamos a linguagem visual do son.o em palavras, s9 nos resta dizer que o son.o .avia transformado as palavras do conteúdo latente nas imagens do conteúdo manifesto! Simples, não /@ $ inverso do processo interpretativo, o camin.o de ida, se a fosse o de volta, atribui#se ao inconsciente 7 são os processos psicoprim1rios, por oposi2ão aos da consciência, os processos psicossecund1rios! Ser1 tudo apenas um brinquedo, uma c.arada que se inventa para resolver@ &ão, por certo; e 01 veremos por quê! )penas você deve compreender que o inconsciente psicanaltico não / uma coisa embutida no fundo da cabe2a dos .omens, uma fonte de motivos que explicam o que de outra forma ficaria pouco razo1vel 7 como o medo de baratas ou a necessidade de autopuni2ão! *nconsciente / o nome que se d1 a um sistema l9gico que, por necessidade te9rica, supomos que opere na mente das pessoas, sem, no entanto afirmar que, em si mesmo, se0a assim ou "J

assado! (ele s9 sabemos pela interpreta2ão! 'odavia, se não / por puro amor 6 c.arada, para que servem os disfarces do son.o@ $s psicanalistas pensam que têm bastante utilidade! 'eoricamente, supomos que .a0a uma s/rie de for2as impulsionando a vida mental! Em que forma existem, não se sabe ao certo! Por/m, imaginamos que se0am for2as que operam de permeio entre o fsico e o psquico! =&ão / dizer muito, sei, mas / o m1ximo a que podemos c.egar!!!> Essas for2as ou pulsAes representam as necessidades do organismo .umano e de seu psiquismo, tais como fome, sexo, curiosidade =diga 8epistemofilia:, se quiser surpreender os seus amigos com uma palavra difcil, que significa 8adi2ão ao con.ecimento: ou 8curiosidade de saber:>etc! (essas pulsAes quase nada sabemos, são .ip9teses te9ricas! Entretanto, elas se fazem representar na vida mental por uma esp/cie de corpo diplom1tico 7 os representantes psquicos da pulsão 7 que induz a psique a satisfazê#las! Eu posso não saber exatamente o que / a fome fisiol9gica, mas sei bem o que significa sentir fome! $ra, pois; se eu sinto fome durante o sono, / possvel que acorde, o que viria pre0udicar outra necessidade, a de repouso; então son.o que como e me engano por algum tempo! Pode suceder, não obstante, que me ocorra um dese0o menos aceit1vel, como o de redecorar a sala de visita de casa com uma pintura de fezes! &ão se espante, as criancin.as têm vontades desse tipo, e infelizmente as realizam, se não .ouver quem l.as impe2a! (ese0os de tal monta, contr1rios frontalmente 6s aquisi2Aes duma boa educa2ão, feririam os pudores da consciência 7 al/m de ferirem outros sentidos que não o est/tico 7; têm de ser disfar2ados, .1 uma censura interna que l.es probe o acesso 6 consciência! (e forma an1loga são censurados certos dese0os sexuais, agressivos e outros! %uito daquilo que nossa vida infantil permitia, na fase adulta 01 não pode mais nem ser pensado, ou porque viole as normas de socializa2ão, ou porque contraria outros impulsos mais importantes! Seria 9timo viver de brisa, a pregui2a o diga, mas as necessidades de manuten2ão pessoal ficariam muito contrariadas com tal regime! Para con0ugar tendências tão opostas, a psique lan2a mão de um truque! (e um fado, ela não permite que c.eguem a ser representadas cons cientemente as pulsAes muito contr1rias ao con0unto da vida mental duma fase qualquer da vida! &ão se representam, por/m nem por isso desaparecem 7 em alguma parte do cora2ão temos sempre ?R anos, em outras partes, J ou L meses de idade! U proibi2ão de se representar conscientemente uma pulsão denomina#se repressão3 se ela / muito "L

completa, recalcamento! ) repressão, portanto, impede que a id/ia =ou representa2ão> dum impulso aceda 6 consciência; contudo, o prazer ou o desprazer ligado 6 representa2ão não d1 para sufocar! $s afetos passam! S9 que passam 7 e a est1 o truque 7 disfar2ados, ligados a outra representa2ão ou id/ia, simbolizados! (a a utilidade dos processos de forma2ão do son.o, segundo Hreud, pois despertaramos desgostosos caso tiv/ssemos contato com as id/ias originais! $s son.os, os atos fal.os =a que 01 me referi>, os sintomas neur9ticos =que veremos 6 frente> funcionam pois como v1lvulas de escape para o reprimido! %ais do que isso! São verdadeiras obras de arte, fundindo, numa mesma id/ia, pulsAes obstadas e a censura que as probe! +omo se os son.os dissessem3 85uero isto, mas isto não / isto, nem sou eu que o quero!!! 8! +uidado, pois, ao negar de muitas maneiras diferentes a mesma coisa< Camos rever esse esquema te9rico! N1 pulsAes =ou impulsos>! )lguns deles não se podem realizar, nem se representam conscientemente, pois contrariam o equilbrio da vida mental, gerando desprazer! T1 que a mente tende ao prazer, a id/ia que os representa / recalcada! +omo o afeto não o pode ser, este aparece, mas disfar2ado, como se se manifestasse em outra id/ia! Esparramar as fezes pela sala / incompatvel com uma pessoa bem educada; pintar um quadro 7 por mais feio que se0a, c.eira menos mal 7 / compatvel, / at/ merit9rio! %odificou#se o fim do impulso, transformado em algo mais elevado culturalmente, mais sublime3 denomina#se isto 8sublima2ão:! $u então, o impulso aparece menos disfar2ado 7 todavia disfar2ado ainda 7 num son.o, num ato fal.o, num sintoma! Entendeu@ (ecerto s9 ficamos sabendo de tudo isso atrav/s de interpreta2Aes! -ogo, o processo de encobrimento / apenas o reverso do processo de interpreta2ão! $ inconsciente, por assim dizer, / uma interpreta2ão ao contr1rio! $ra, se alguma coisa parece irracional, depois de interpretada, ela fica bem explic1vel! Se algu/m teme um bic.in.o inofensivo, sempre se pode dizer que este, o bic.in.o, representa impulsos autodestrutivos inconscientes! E os impulsos autodestrutivos, / 0usto temê#los! Ser1 certo pensar assim@ Bom, não muito! Senão, como se costuma dizer, Hreud sempre explica! +ontudo, .1 muitas pessoas que pensam que a Psican1lise / bem isso; e .1 outras pessoas que a xingam por ser desse 0eito, exatamente como não /! Pois, para a Psican1lise, tanto o que / incompreensvel quanto o que / bem compreensvel 6 luz da vida cotidiana merecem igualmente que se "M

interprete! )s pessoas comuns costumam explicar o que fazem da seguinte maneira! Eu fiz isso assim porque tin.a motivos! Se os motivos não me ocorrem, entretanto, / possvel que se0am motivos descon.ecidos, inconscientes, que 0ustifiquem min.as id/ias e a2Aes! $ importante, você vê, / manter a proporcionalidade entre motivo e a2ão! &em que, para tanto, ten.amos de inventar motivos inconscientes ou atribuir qualidades e defeitos aos outros, como faz o .omem preconceituoso! =Se você não o fez, fê#lo seu pai ou tio, ou pelo menos você poderia tê#lo feito etc!> &ada mais diferente dessa psicologia motivacional prim1ria do que a Psican1lise! $ m/todo psicanaltico não se vale da l9gica cotidiana, da propor2ão entre motivo e a2ão! Por que s9 o irracional .averia de ter motivos inconscientes; e o resto@ $ inconsciente não / um sistema de explica2Aes para o inexplic1vel, mas uma l9gica diferente! 'ais explica2Aes  0ustificam, o porquê duma id/ia ou a2ão, quando ela 01 se deu3 são racionaliza2Aes! ) interpreta2ão psicanaltica visa demonstrar o processo que torna possvel uma id/ia ou a2ão, a maneira pela qual n9s as concebemos, a l9gica da concep2ão! &ão a l9gica superficial do que 01 foi concebido! -9gica da concep2ão, l9gica das emo2Aes ou l9gica inconsciente são nomes da mesma coisa3 mostram o como, não se det/m no porquê! )l/m disso, a interpreta2ão, como 01 vimos, parte da no2ão de que .1 sempre inúmeros sentidos, e não um s9 sentido verdadeiro! Por essa última razão, d1#se algo curioso com a teoria psicanaltica! Ela poderia explicar quase tudo, / claro! Por isso, preferimos us1#la para não explicar nada, a não ser o pr9prio processo de concep2ão! )ssim, quando se usa uma teoria psicanaltica para interpretar, mesmo que se0a uma teoria tão respeit1vel como a do complexo de dipo, estamos sempre procurando refut1#la! &o mnimo, estamos abertos a que a pr1tica a refute! +.amo a isso 8princpio de risco: do processo interpretativo!  )li1s, se uma teoria qualquer entra no come2o duma interpreta2ão concreta 7 feita a um paciente, por exemplo 7, / de se esperar que ela saia modificada na outra ponta da interpreta2ão! +aso contr1rio, se sai igual, direi que apenas encontramos o que 01 tn.amos colocado, que a interpreta2ão foi teoricamente indiferente 7 conquanto talvez at/ possa ter sido clinicamente útil! Se a teoria se modifica, se se especifica ou / corrigida, a sim penso que se tratou duma interpreta2ão teoricamente significativa! ) teoria, por conseguinte, arrisca#se, de cada vez que a empregamos de forma legtima na pr1tica analtica! Sempre estamos 6 "Q

procura de outra coisa, de que algo novo sur0a! Essa possibilidade sempre presente de dissolu2ão da teoria faz com que devamos considerar a pr1tica psicanaltica não como conseqDência simples das nossas teorias, por/m como uma atividade te9rica muito perigosa e radical! +om efeito, a pr1tica analtica / o ponto de fusão de sua pr9pria teoria! I # $ )P)E-N$ PSW5F*+$ Se você entendeu o camin.o ou m/todo pelo qual o inconsciente se descobre e a utiliza2ão legtima da teoria psicanaltica, podemos passar agora ao exame das teorias do aparel.o psquico e da libido!  ) Psican1lise não trata de fatos materiais, nem respeita os limites das conven2Aes a respeito deles! Sempre que se l.e antepAe uma divisão bem estabelecida, ela deve perguntar3 8Em que campo tal distin2ão se assenta@:! E, em seguida, experimenta rompê#lo! Poucas certezas .1, que tão fortemente este0am calcadas em nosso esprito, quanto aquela da existência dos indivduos .umanos3 eu, ele, você, são referências naturais de toda senten2a! Pois bem, ao estudar o mais individual de todos os atributos do indivduo, seu aparel.o psquico, / onde, precisamente, a Psican1lise amea2ar1 romper a unidade individual! Pois o termo 8indivduo: não evoca indivisvel, aquele que não pode ser dividido@: %as a teoria psicanaltica do aparel.o psquico come2ar1  0ustamente por a, dividindo#o e mostrando que ele não se centra onde pensava, em sua consciência! 'amb/m, e talvez at/ mais escandalosamente, a Psican1lise, embora comece a investigar o aparel.o psquico em pessoas distintas, confunde um pouco os limites estabelecidos, de forma que o psiquismo poderia ser tamb/m coletivo, social, ou mesmo mais abstrato! 'alvez as obras .umanas conten.am seu pr9prio psiquismo, talvez se0am elas a psique .umana, mais at/ que as pessoas isoladas! +om efeito, uma teoria geral do aparel.o psquico, da m1quina espiritual de pensar, sentir, agir, deveria principiar pela distin2ão, 01 estabelecida p1ginas atr1s, entre l9gica do concebido e l9gica da concep2ão! &9s todos temos muitas explica2Aes a dar sobre as razAes que 0ustificam o que fazemos e sobre a ordem que .1 no que pensamos; por/m, nada sabemos dizer, na vida comum, a respeito das razAes e ordem de concep2ão em si mesma; da concep2ão que nos faz gr1vidos de sentimentos, de id/ias, de a2Aes! &o m1ximo, fazemos uma atribui2ão indevida, afirmando que c.egamos a pensar, sentir ou agir por causa dos efeitos que visamos obter!  como dizer3 meu carro anda por causa do lugar aonde quero ir 7 erro que recebe, "O

dos fil9sofos, o nome pomposo de fal1cia teleol9gica, isto /, engano =fal1cia> por confundir origem e eficiência com finalidade =teleologismo>!  ) razão dessa fal1cia / muito simples! )contece que a l9gica da concep2ão / inconsciente; e mais, o inconsciente psicanaltico a ela pertence! 'odavia, não se pode limit1#la arbitrariamente aos indivduos isolados3 .1 id/ias e a2Aes sociais, .1 significados que abrangem toda a .umanidade, .1 concep2ão nas obras mesmas, no interior delas e não s9 no dos seus autores! Para compreender mais facilmente o aparel.o psquico, entretanto, comecemos com as pessoas comuns, onde tudo come2a! N1 a consciência! (isso ningu/m duvida, pelo menos no tocante 6 sua 7 que .a0a a dos outros, / sempre um problema delicado! ) consciência / um desses entes difceis de definir, mas que, por outro lado, felizmente, não requerem defini2ão! &9s a con.ecemos; ou mel.or, não a con.ecemos, por/m tudo aquilo que con.ecemos / consciência! Se você disser3 8Estou sofrendo um terrvel sentimento inconsciente de culpa:, desconfio que me est1 tentando enrolar! +omo ficou sabendo disso@ ) percep2ão que temos do mundo / consciência; as lembran2as, inclusive a dos son.os e devaneios, são consciência! ) mem9ria / consciência e s9 .1 mem9ria de fatos mentais conscientes! =Por outro lado, s9 .1 esquecimentos onde pode .aver mem9ria 7 o inconsciente não se lembra, nem se esquece!> 'udo o que se concebe, numa palavra, / consciência, menos o pr9prio processo de concep2ão!  )o investigar os processos de concep2ão, a Psican1lise interessa#se por todos, mas centra sua aten2ão na questão dos conteúdos muito carregados de afeto, de prazer ou desprazer! $ princpio b1sico do funcionamento mental, segundo Hreud, / o de evitar desprazer! &9s 01 vimos que id/ias capazes de gerar desprazer ou dor psquica são impedidas de emergir 6 luz da consciência! $ inconsciente, portanto, / o lugar te9rico das representa2Aes recalcadas ou daquelas que nunca puderam c.egar 6 consciência, das pulsAes sem representa2ão consciente! &o inconsciente, segundo Hreud, .1 energia pulsional livre e representa2Aes que podem ser carregadas com essa energia, provocando as maiores confusAes 7 se, por exemplo, o ato de escrever for excessivamente carregado com libido =ou 8energia sexual:>, algu/m poder1 sentir vergon.a de escrever em público como se fora um exibicionista tmido! *nconsciente / tamb/m o pr9prio processo de recalcamento, que impede certas id/ias de emergir!  )s id/ias recalcadas, todavia, não ficam inertes! Sempre estão a 0ogar entre si, usando como moeda a energia livre do sistema inconsciente, al/m de ?R

influrem no funcionamento da consciência! U medida que nossa vida consciente se desenrola, .1 uma esp/cie de entrela2amento entre certas representa2Aes =ou id/ias> e núcleos ou complexos inconscientes! Estes podem estimul1#las, inibi#las, fazê#las penosas ou agrad1veis! =) prop9sito, 8complexo:, na Psican1lise, significa simplesmente um con0unto complexo de id/ias carregadas afetivamente 7 como se diria um 8complexo industrial:! &em tem sentido pe0orativo, nem .1 razão para se dizer que fulano est1 8complexado:!> E mais, como o sistema inconsciente descon.ece o tempo e o esquecimento, suas representa2Aes permanecem ativas para sempre! Entre o inconsciente e a consciência medeia um outro sistema psquico, que / o pr/#consciente! 8Pr/#consciente: c.ama#se o lugar onde, teoricamente, estariam as representa2Aes que, não sendo conscientes, podem vir a sê#lo, bastando para isso que o su0eito se interesse por elas!  o lugar do esquecido, do guardado, daquilo que /, no m1ximo, um tanto incGmodo, mas não demais! $ processo de relegar uma id/ia ao pr/#consciente c.ama#se 8repressão:; /, por assim dizer, menos 8forte: que o recalcamento! ) verdadeira barreira da censura est1, por conseguinte, onde .1 o recalcamento, entre o pr/#consciente e o inconsciente 7 pois os conteúdos do primeiro ainda mantêm acesso 6 consciência, acesso f1cil ou mais difcil! $ que l.es / essencial, por/m, / que 01 se exprimem por palavras, enquanto que os conteúdos inconscientes encontram vedado precisamente esse passo b1sico para c.egarem 6 consciência! Fm dos esquemas de funcionamento da psique, pois, con0uga esses três sistemas3 consciente, pr/#consciente e inconsciente! $ modelo / simples, muitssimo útil e pr1tico, sobretudo quando se quer entender os diferentes tipos de l9gica operantes em nossa mente! $s sistemas possuem caractersticas l9gicas diversas ou, como se diz tamb/m, princpios diversos de funcionamento! ) consciência toma em conta a realidade consensual, o inconsciente trabal.a s9 de acordo com o princpio do prazer#desprazer, como uma esp/cie de m1quina de reduzir tensAes mentais, porque o excesso de tensão / experimentado como desprazer! Por/m, pese sua ineg1vel utilidade, esse modelo / apenas isso3 um modelo! 'anto / verdade, que Hreud mesmo criou outro modelo do aparel.o psquico, tamb/m claro e útil! Este segundo esquema, ou segunda t9pica =de topos V lugar>, não se funda na disposi2ão dos conteúdos mentais em rela2ão 6 consciência, mas toma em conta as fun2Aes que a psique perfaz e as estruturas por elas respons1veis! Cocê talvez 01 con.e2a os nomes dessas três estruturas psquicas3 ego, id, superego! ?"

$ id 7 que nas palavras#cruzadas tem como conceito3 8substrato instintivo da mente: 7 / exatamente assim3 uma esp/cie de substrato, de onde provêm as pulsAes! Seus conteúdos são os representantes psquicos das pulsAes, se0a os que nunca c.egaram a se tornar conscientes, se0a os que foram recalcados! (essa forma, / f1cil compreender que o id / a instKncia original da psique! )o nascer, o indivduo psicol9gico seria, para Hreud, puro id! )os poucos, todavia, o contato com as pressAes da realidade iria provocar uma esp/cie de organiza2ão secund1ria da periferia do id, fazendo que parte de tal massa indiferenciada se estruturasse 7 mais ou menos como a crosta dum pão que est1 assando! ) essa casca organizada d1#se o nome de ego! $ ego / a sede de quase todas as fun2Aes mentais! 'oda a consciência cabe ao ego, que se responsabiliza portanto pelo contato com o ambiente, com a realidade externa, $ ego, nesse sentido, / um simples feixe de fun2Aes3 percep2ão, atividade, 0uzo =ou 0ulgamento do que / real e dos fins a perseguir> etc! etc! %as o ego não / s9 consciência! N1 fun2Aes inconscientes do ego, os famosos mecanismos de defesa, que serão visitados por n9s quando estudarmos as neuroses! Por conseguinte, se o id / puro inconsciente, o ego liga#se estreitamente ao sistema pr/#consciente# consciência, mas, como todas as boas famlias, tamb/m tem seu p/ na cozin.a!  ) terceira instKncia ou estrutura psquica, o superego, nada mais / do que uma parte bastante diferenciada do ego! 'ão diferenciada, que seus interesses separam#se daqueles do ego e podem se l.es contrapor! $ superego / uma esp/cie de censor das fun2Aes do ego, estimula o que se deve processar, probe o resto! Para realizar essa tarefa ingrata 7 ingrata para o ego 7, ele se baseia nas normas morais que se fixam a partir dos primeiros anos de vida! N1 uma pequena discussão, entre os psicanalistas, para saber quando exatamente se forma o superego 7 para n9s ela não / importante, basta observar que, como seus crit/rios são fundados em normas muito precoces, o 0uzo moral do superego / freqDentemente primitivo, c.ocando#se com as aquisi2Aes mais elevadas do ego!  um 0uiz, mas não / um bom 0uiz! Us vezes probe coisas que o ego mais desenvolvido poderia fazer com perfeito sucesso, s9 porque não o poderia ter feito nos tempos de sua origem! $ superego age como uma consciência moral e, no entanto, / fundamentalmente inconsciente e bastante imoral, eis o paradoxo! Essas três estruturas, por/m, tão esquem1ticas, nem sempre se diferenciam! &o funcionamento adequado do psiquismo, quando tudo vai bem, formam antes um todo .armonioso! $ id supre energia pulsional, que ??

o ego, autorizado pelo superego, transforma em pensamentos conscientes, pro0etos, a2Aes, a servi2o dos fins das pulsAes!  s9 quando eclode um conflito que se fazem realmente notar as discrepKncias entre as estruturas! (iante de uma pulsão do *d que o superego desaprova, o ego vê#se prensado entre exigências impossveis de serem inteiramente satisfeitas! Se a pulsão / aceita, representada conscientemente e posta em a2ão, a condena2ão do superego ir1 se expressar sob forma de dor psquica, angústia, sentimento de culpa! Se o acesso da pulsão / inteiramente proibido, esta continuar1 a insistir, a pedir passagem! Por isso, o ego acaba por bargan.ar3 aceita parcialmente a pulsão, por/m modificada, disfar2ada! 'rata#se de um acordo de compromisso3 o superego fec.a um pouco os ol.os, o id cede quanto 6 forma, e todos ficam felizes! Helizes@ &em tanto! Para poder impedir que uma pulsão penetre na consciência, os processos defensivos eg9icos, o recalcamento em particular, necessitam usar um tanto de energia para se opor! %as onde encontr1#la@ ) solu2ão / tão elegante quanto insatisfat9ria! E necess1rio enganar o princpio do prazer, que domina o inconsciente, para dele mesmo retirar for2as que se oporão 6 sua satisfa2ão! (iante de uma pulsão proibida, cu0a satisfa2ão daria prazer se o superego não se opusesse, .1 que convencer o princpio do prazer de que suceder1 dor! Para efetivar esse truque, o ego aciona uma esp/cie de alarma, um pequeno sinal de angústia, sempre que tal tipo de pulsão se l.e apresenta 6 porta! +omo se dissesse ao id3 ve0a como isso que parece bom, na verdade, d9i! E o id, enganado at/ certo ponto, cede energias para contrariar seus pr9prios fins pulsionais! Basta então ativar os mecanismos de defesa, carregados dessa energia, conseguida com um truque que envolve angústia, como se vê! &o fim, portanto, todos ficam mais ou menos insatisfeitos 7 mas o que se .1 de fazer, a poltica mental, pelo menos, / a arte do possvel! Pois bem, definido para você o modelo estrutural 7 id, ego, superego 7 e exercitado com este exemplo de conflito padrão, ficar1 provavelmente a id/ia de uma esp/cie de organograma de empresa3 certos departamentos respons1veis por tais ou quais fun2Aes! %odelos são sempre ingratos, são formas muito secas de pensar! Para dissipar um pouco a impressão de esquematismo rgido, vale a pena tratar de imediato da origem dessas instKncias, em rela2ão ao desenvolvimento da libido! -ibido, você sabe, / o nome usado por Hreud para designar a energia sexual! +omo podemos con.ecê#la, por/m, se energias mentais não são mensur1veis@ ) questão est1 longe de admitir uma resposta simples! Para ?

n9s, entretanto, basta considerar que a sexualidade sofre transforma2Aes3 o ob0eto de interesse sexual varia bastante ao longo da vida .umana, mas tamb/m variam as maneiras pelas quais se satisfaz a sexualidade! (isso sabemos todos! E se tanto pode mudar o interesse sexual, que / que se satisfaz =ou não> em formas tão diversas@ esposta3 a quantidade de energia sexual, se0a l1 o que isso signifique, pois satisfeita de um modo qualquer, observa#se uma diminui2ão da necessidade de satisfazê#la de outro! ) tal constante nas mudan2as Hreud c.amou 8libido:, que / como em latim se diz dese0o!  ) libido, para a Psican1lise, / a energia que pode experimentar os maiores desvios e contra tempos em sua utiliza2ão; ao contr1rio, por exemplo, da energia ligada 6s pulsAes alimentares! Por isso, interessa#nos mais! &ão por ser a única, mas por ser a mais complicada, digamos! *nicialmente, nos come2os da vida mental, a libido aparece como um 8algo a mais: ligado 6s fun2Aes de nutri2ão! $ bebê que se alimenta retira do ato de sugar um prazer a mais, er9tico, que se expressa no ato de c.upar o dedo! +.upando o dedo não se alimenta, decerto; todavia, consegue algo assim como um suporte para suas fantasias de estar mamando 7 engana a fome e a si mesmo! ) primeira fase da libido caracteriza#se por esse tipo peculiar de satisfa2ão, em que o ob0eto sexual / ainda o pr9prio corpo infantil3 o 8auto#erotismo:! &a fase de auto#erotismo não .1 ob0eto externo, nem .1, para Hreud, estruturas mentais outras que o id, esse reservat9rio indiferenciado de pulsAes! -ogo em seguida, por/m, o psiquismo come2a a organizar#se! Surge o ego, primeiro como um feixe embrion1rio de fun2Aes 7 tais como motilidade, percep2ão, 0uzo de realidade 7, depois como uma estrutura bastante coerente! )contece então que o pr9prio ego se torna ob0eto de libido, de interesse amoroso, o que con.ecemos pelo nome tão difundido de 8narcisismo:! ) libido então se voltar1 para ob0etos externos de amor, primeiro para a mãe, seguindo#se depois toda a s/rie de escol.as sexuais que veremos no pr9ximo captulo! Por ora, quero apenas que você guarde a id/ia de um equilbrio, que ademais seguir1 pela vida afora, entre quantidades de libido dirigidas a ob0etos externos de amor e quantidades voltadas para o pr9prio ego! *sto / normal! Fma decep2ão com os ob0etos externos, com a pessoa amada, com a profissão etc, leva ao aumento do investimento libidinal do ego; uma paixão, ao contr1rio, faz diminuir tal investimento, exigindo que o amor que o ego perde por si mesmo se0a compensado por uma retribui2ão provinda do ob0eto! $ ego, vê#se então, não / apenas um feixe de fun2Aes, um ?I

departamento empresarial, mas, por igual, um ob0eto muito estran.o, fonte de interesse pelo mundo e recept1culo de amor! (os amores do ego, o caso mais desesperan2ado /, sem dúvida, o superego! Pois o superego nasce =sempre para Hreud> como um .erdeiro da resolu2ão do complexo de dipo! 'amb/m isso se ver1 mel.or no captulo seguinte! &o momento, / suficiente reter que a crian2a, que se resignou a não ser ob0eto sexual dos pais, s9 aceita essa desilusão ao pre2o de identificar#se com os aspectos mais proibitivos das figuras paternas, que se encarnam numa parte especializada do ego! Essa parte, o superego, seguir1 doravante dizendo muito mais não do que sim, dando amor a troco de obediência, mesmo a exigências extremamente irracionais! Ser1 o modelo da aceita2ão social, do conformismo 6s normas externas, 6 lei do castigo! Ser1 vigilante, e como todo vigilante exigir1 que se l.e engane a aten2ão! &o conflito por causa de um impulso proibido, vimos bem como se faz para burl1#lo! (esde sua origem, as instKncias psquicas  0ogarão entre si um 0ogo de pequenas e grandes burlas, tendo como prêmio a saúde mental3 quando tudo vai bem, quase que não se distinguindo uma das outras; lutando entre si quando fracassam as tentativas do ego de .armonizar#l.es as exigências!  preciso ter pena do ego! Ele est1 dividido a servi2o do id, do superego e das exigências do mundo externo!  um equilibrista! &o indivduo normal ou passavelmente neur9tico, contudo, sobra ao ego .abilidade para 0ogar com as for2as tão discrepantes das pulsAes, da censura do superego, da realidade externa! E ainda l.e sobra .abilidade para construir a vida, procriar, produzir a civiliza2ão e suas obras! 'en.amos pena do ego, mas respeitemos suas man.as! J # ) SEXF)-*()(E * Se a libido desempen.a o papel de motor de inúmeros processos psquicos psicanaliticamente relevantes, você pode compreender facilmente como deve ser importante definir com toda a exatidão o conceito de sexualidade! &ão pode ser tão estreito que não cubra todos os fenGmenos correlacionados, nem .1 de ser tão amplo e geral que se descaracterize!  )ntes da Psican1lise, considerava#se em geral a sexualidade, de forma algo restrita, como o con0unto de atos ligados 6 rela2ão sexual ou coito, e em especial 6 reprodu2ão! ) descoberta freudiana da sexualidade infantil, a extensa teoriza2ão que dela os psicanalistas fizeram, foi o ponto de partida para um alargamento radical do conceito! ?J

Por vezes, este se alarga demais! Pareceria que todos os sentimentos que se pudessem vincular ao amor =ou ao 9dio> seriam 8sexuais: pela única razão de se poder deriv1#los interpretativamente de diferentes destinos do amor sexual! Simplismo, / claro! $ sentido forte do alargamento da no2ão de sexualidade não / o de que toda a vida / um derivado da sexualidade, mas o de que toda a vida / vida sexual, no sentido estrito3 isto /, todos os movimentos vitais tanto tendem 6 conserva2ão do indivduo, como comportam um quantum de satisfa2ão er9tica ou de nega2ão dessa forma de prazer! N1 libido investida em todos os atos psquicos, de uma ou de outra forma! Por esta razão diz#se que a mente e sua evolu2ão individual / um processo psicossexual! +ompreendê#lo fica mais f1cil quando se pensa no desenvolvimento infantil! Fma das descobertas fundamentais da Psican1lise freudiana foi a sexualidade infantil! $ que Hreud descobriu, de fato, foi uma lin.a de continuidade sexual, desde a infKncia at/ a maturidade; onde se pensava .aver um aparecimento súbito, quase sem antecedentes, brusco e inesperado, durante a puberdade!  )quela satisfa2ão extra, que vimos ligar#se 6 amamenta2ão, vai modificar# se grandemente at/ c.egar 6 forma que costumamos recon.ecer da sexualidade adulta! Primeiro / a fase oral! $ prazer est1 então vinculado essencialmente 6 recep2ão dos alimentos! ) atitude dominante do su0eito nessa fase consiste numa relativa passividade, como a de uma boca aberta para engolir o mundo circundante! 'amb/m não .1 no2ão que distinga o si mesmo do outro3 o seio materno =ou seu substituto> / considerado como parte do su0eito infantil, tudo est1 para ser engolido ou, eventualmente, re0eitado! T1 com o aparecimento da denti2ão, .1 uma modifica2ão profunda nessa atitude passiva, pois a crian2a adota uma postura mais agressiva3 morde, mastiga, dilacera! (a que se distinga, na fase oral, um perodo oral# receptivo e outro perodo oral#canibalstico ou s1dico#oral! (urante a fase oral, predominam sentimentos muito violentos em rela2ão ao ob0eto de amor =o seio materno>! %elanie Ylein e sua escola estudaram profundamente essas primeiras rela2Aes de ob0eto! %ostraram que o seio nutriente / experimentado, pelas fantasias infantis, como o eixo de todas as bondades possveis3 / alvo de uma paixão que não encontra paralelo na vida afetiva posterior, $ seio bom, como ela o c.amava, tanto representa o modelo de toda boa rela2ão subseqDente, como / tamb/m o núcleo do desenvolvimento do ego infantil! Por outro lado, e são dois os lados na ?L

psican1lise Zleiniana, a experiência de sentir fome, sem que o seio materno acorra para aplac1#la, / 9dio puro, um inferno sem atenuantes! $ ob0eto primeiro / assim louvado ou atacado ferozmente, em fantasia, sem que .a0a possibilidade alguma de conceber unificadamente esses dois elementos polares da vida mental 7 que s9 para o observador coincidem no seio materno! (ominam então processos mentais bastante simples e um tanto brutais! ) rela2ão entre o bebê e o mundo d1#se principalmente atrav/s de um par de mecanismos c.amados 8pro0e2ão: e 8intro0e2ão:! Entende#se por pro0e2ão a tendência a atribuir certas qualidades do su0eito a seu ob0eto! *ntro0e2ão ser1 o contr1rio, um engolir psquico, pelo qual partes ou qualidades do ob0eto são internalizados pelo su0eito! $ entre0ogo de tais mecanismos faz com que, num dado momento, tudo o que .a0a de bom ou aprazvel na vida mental se0a propriedade do seio idealizado =muito bom>, ou que, ao contr1rio, este se transforme em seio p/ssimo, com caractersticas diab9licas! $ que não existe, claro est1, / um seio mais ou menos! $ ego infantil, por seu lado, tamb/m pode oscilar entre os mesmos extremos, bastando que se intro0ete um seio bom ou um seio mau!  como se .ouvera dois ob0etos e dois egos, bons e maus, irreconcili1veis! ) isso c.amamos 8cisão:! &aturalmente, esse modelo do pensamento infantil da fase oral, você compreende, / apenas uma tentativa de compreensão! 5uais são exatamente os conteúdos mentais das criancin.as, n9s não o podemos saber com certeza3 os bebês não falam, e, se falassem, n9s não os entenderamos!  verossmil que as primeiras experiências mentais se0am muito fragment1rias, lampe0os de consciência ainda desconectadas entre si, que s9 con.ecem emo2Aes extremas! $ra, uma linguagem que exprimisse tais extremos .averia de ser incompreensvel para nossos .1bitos adultos!  ) evolu2ão psicossexual infantil, todavia, levar1 a crian2a paulatinamente a modos mais compreensveis de funcionamento mental! Fma aquisi2ão importantssima, segundo %elanie Ylein, ser1 o recon.ecimento do 8ob0eto inteiro:, vale dizer, a dura descoberta de que o seio adorado e o seio odiado são um e de[ que este / parte duma totalidade pessoal c.amada mãe! +onsciência penosa esta, pois que a crian2a capacita#se de ter atacado com 9dio precisamente sua mais preciosa fonte de vida! +ulpa e remorso acompan.am tal fusão, que servir1 de base a todas as vivências depressivas posteriores! Por isso, c.ama#se a esse momento 8posi2ão depressiva:! (a para a frente, muito da nossa vida mental ter1 por meta consertar, reparar, proteger, aqueles bens que tememos ter destrudo pelo nosso 9dio! E, ve0a, estamos ainda tão#somente no come2o do segundo ?M

semestre de vida p9s#natal! Pelo Kngulo da evolu2ão da libido, .aver1 tamb/m uma modifica2ão importante, embora um tanto mais tardia! ) primazia da zona oral de satisfa2ão, depois do primeiro ano de vida, ceder1 o passo lentamente para a questão do controle muscular e, especialmente, do controle das excre2Aes anais! ) fase anal / o momento da evolu2ão infantil onde cobra importKncia o dar, expulsar, reter! Hezes são de incio muito mais do que uma su0eira a ser escrupulosamente escondida! São presentes ou são instrumentos agressivos, pro0/teis perigosos! ) criancin.a / recompensada por evacuar em .ora e local devidos, punida por não o fazer! Tunto com a posi2ão depressiva, a primazia anal introduz o drama da culpa, o esfor2o por um bom comportamento! $ prazer de soltar e de reter, que durante a vida toda se mant/m 7 embora não s9 necessariamente em rela2ão 6s fezes 7, 01 não / tão puro; acompan.am#no todos os estmulos e san2Aes que a sociedade utiliza para promover a educa2ão!  )li1s, a significa2ão das fases do desenvolvimento libidinal não se esgota nesses passos primeiros de sucessivas supera2Aes! +omo a vida mental / neles formada, fica sempre a marca caracterstica das primeiras fases e de como elas foram vividas! N1 prazeres orais, o comer, o fumar, o bei0o; e, mais agressivamente, a mordida, o prazer de atacar, destruir, conquistar! 'amb/m o prazer de evacuar permanece representado nos atos de expulsão, tanto na doa2ão, no presente e na produ2ão, como na sensa2ão de se livrar de coisas ruins e perigosas, na expulsão violenta e aliviadora que certos 0ogos encarnam 6 maravil.a! ) vida econGmica, por exemplo, quanto tem de avidez, de domnio, de satisfa2ão em reter!!! +om efeito, são mais que restos o que sobra das fases iniciais do desenvolvimento da libido! Sobra a forma mesma de nossa vida adulta, o car1ter! Cocê 01 ouviu falar seguramente de fixa2ão e regressão; agora, poder1 compreendê#las! +ada est1gio do crescimento infantil, cada fase, apenas pode ser superada, se o prazer que nela se obtin.a for obtido na fase ulterior, conquanto em forma diversa! 5uando .1 problemas mais graves, se, por exemplo .1 muita frustra2ão da oralidade ou exigência extrema na educa2ão para a .igiene anal, o acesso 6 fase seguinte estar1 comprometido! ) crian2a então passar1 a repetir a última forma libidinal que l.e proporcionou adequada satisfa2ão!  como se ficasse em parte l1, onde foi bom! +.ama#se a isso3 um ponto de fixa2ão! Se porventura ocorre mais tarde na vida uma insatisfa2ão maior com as circunstKncias reais, o su0eito tentar1 a tornar aos padrAes que l.e foram satisfat9rios, isto /, regridir1 aos pontos de fixa2ão 01 marcados! ?Q

$ selo dos pontos de fixa2ão fica visvel no car1ter do indivduo! $ car1ter oral receptivo alia uma certa passividade ao dese0o perene de receber, como se o mundo sempre l.e estivesse a dever as primeiras satisfa2Aes! &o car1ter oral s1dico, .1 uma constante voracidade agressiva, insaci1vel, sempre atacando para conseguir, mas destruindo ou desaproveitando o que consegue! ) primeira fase anal, onde o prazer expulsivo domina, leva a um car1ter especialmente violento, que despreza o outro, que tende a expulsar de si todos os aborrecimentos, intolerante a frustra2Aes e a limites! ) marca da fase anal#retentiva, a segunda, / ao contr1rio uma esp/cie de cautela excessiva, timidez, respeitoso temor por ordens e .ierarquia, meticulosidade exagerada! (ito assim, parecer1 talvez que se trate de doen2as! &ão! São feitios de car1ter normais, ou quase, onde os desvalores apontados comportam igualmente certas boas qualidades! Ser cordato ou empreendedor, ser agressivo ou meticuloso, quando não se est1 nos extremos, pode apresentar utilidade para a vida pessoal e social! $ importante /, por/m, que você note como as fases do desenvolvimento da libido não são realmente abandonadas! Supera2ão, nesse caso, significa apenas integra2ão!  como se para construir uma figura come21ssemos com um lado, a fase oral, 0untando#l.e outro depois, sendo o Kngulo formado a fase anal! Se agora 0untarmos um terceiro, teremos um triKngulo, representando a fase f1lica, que veremos em seguida! &essa analogia, a vida psicossexual dos adultos representar#se#ia por uma pirKmide de base triangular! *sto /, passamos dum segmento a um Kngulo, deste a uma figura plana e a um s9lido tridimensional! Nouve integra2ão numa estrutura de ordem superior; não aboli2ão da estrutura anterior! +ompreendeu@ Esse quadro dos come2os da sexualidade na crian2a .o0e nos parece mais ou menos comum! &ão era assim, por/m, quando Hreud o expGs pela primeira vez, no come2o do s/culo! Hoi um tremendo escKndalo! E se as fases oral e anal escandalizaram nossos av9s, que dizer da fase f1lica@ Pois a fase f1lica 01 / 8sexual:, mesmo para o mais obtuso! &ela, por volta dos  aos J anos, o interesse er9tico concentra#se nos 9rgãos genitais3 no pênis, no menino, na vulva, clit9ris e vagina, na menina! E .1 masturba2ão, assim como fantasias sexuais com pessoas reais! EscKndalo puro, 01 se vê, para uma sociedade que cria nascer o sexo apenas na puberdade, e ol.e l1! $s ob0etos de amor, agora, como todos sabem, são os pais! Se o primeiro ob0eto externo / sempre a mãe, na fase oral, agora ser1 o genitor de sexo oposto ao da crian2a, geralmente! $ menino anseia por possuir ?O

sexualmente a mãe, a menina o pai, e ambos consideram o genitor de mesmo sexo como um rival perigoso! $deiam#no! E aqui surge o problema; tamb/m o amam carin.osamente, pelo que dele recebem de afei2ão e cuidados! ) ambivalência, 9dio e amor simultKneos, / o grande problema da fase f1lica! Essa rela2ão triangular, carregada de ciúmes, con.ece#se como 8+omplexo de dipo: 7 nome daquele rei mtico de 'ebas, que, tendo matado o pai, sem o saber, acabou desposando a pr9pria mãe!  )cresce ao drama da crian2a edipiana, al/m da ambivalência, o fato 9bvio de sua incapacidade efetiva para concretizar uma rela2ão sexual! Pobre pequeno com son.os tão ambiciosos< Sente que sua incapacidade prov/m da proibi2ão dos pais, sente cada puni2ão como um castigo pelos dese0os proibidos, como castra2ão, numa palavra! )s fantasias edipianas dão culpa, os limites e frustra2Aes impostos pelos pais parecem castigos por tais culpas! Por fim, vence o dese0o de paz! ) crian2a aceita renunciar ao ob0eto de amor sexual, por medo da rivalidade poderosa do genitor de mesmo sexo, e pelo repúdio que experimenta de seu amado! $ menino, por temer a perda do precioso 9rgão genital, que cada reprova2ão ou castigo parece amea2ar, concorda, digamos, em ser provisoriamente castrado, isto /, em renunciar ao uso do pênis por um certo tempo! Em troca, não pretendendo permanecer em luta com o pai, trata de imit1#lo, identifica#se com as qualidades do pai castrador, torna#se um .omenzin.o! +om a menina d1#se algo mais complicado, em teoria! Primeiro, seu amor inicial pela mãe, a primeira a prodigalizar#l.e satisfa2Aes genitais, durante os cuidados de .igiene corporal, tem de mudar de dire2ão! Provavelmente isso se consegue por uma decep2ão pr/via! ) menina, que constata as diferen2as sexuais com um irmão ou amiguin.o, estabelece uma teoria infantil, segundo a qual falta#l.e esse 9rgão tão valorizado, o pênis, não por não o ter, mas porque o perdeu ou ainda não se ter desenvolvido! esponsabiliza a mãe por tão desagrad1vel condi2ão, rompe com ela, e passa a dirigir seu amor ao pai! Por isso, costumamos dizer que o menino sai do complexo de dipo atrav/s da castra2ão, enquanto a meninin.a pela castra2ão nele penetra! (e qualquer modo, em ambos os sexos, .1 uma aceita2ão for2ada da castra2ão e renúncia provis9ria da satisfa2ão genital, que permite voltar o interesse mental para atividades outras, como o brinquedo e o estudo, no perodo con.ecido como de latência! Em ambos os sexos, tamb/m, a fase f1lica =de falo V pênis> / riqussima em R

fantasias, ocorrendo curiosas teorias a respeito da sexualidade e reprodu2ão! )s teorias infantis postulam que os bebês nascem pelo Knus, como as fezes, imaginam castra2Aes fant1sticas, onde um simples corte no dedo, uma extra2ão de amdalas etc, têm sentido muito agourento! +om base nessas fantasias edipianas / que se estabelecerão os tipos de ob0eto de amor da vida adulta! epresentarão os pais; por/m, de maneira mais ou menos disfar2ada, não raro recaindo a escol.a em figuras francamente opostas aos primeiros ob0etos de amor! $ temor 6 castra2ão pode ser tão terrvel, ali1s, que um menino talvez renuncie precipitadamente ao genitor de sexo oposto, oferecendo#se, por medo, 6quele de mesmo sexo como ob0eto de amor! &ão me castre, não me mate, mas ame#me, que me ofere2o, seria a forma do dipo invertido, fundamento de quadros posteriores de .omossexualismo! $ mecanismo dominante na fase f1lica, durante a resolu2ão do complexo de dipo sobretudo, / pois a repressão! %ais forte ou menos forte, ser1 um .erdeiro para toda a vida! +ompreende#se então que a intro0e2ão das proibi2Aes paternas, causa primeira da repressão, fixe#se nessa fase, e que a identifica2ão com o genitor de mesmo sexo deixe um ideal e uma fonte de censura! +omo 01 vimos, essa fonte de ideal e censura consolida#se numa estrutura permanente con.ecida como superego! $ perodo de latência dura at/ a puberdade! enascem a, com violência, os interesses er9ticos, 01 voltados entretanto para substitutos dos pais! Esta / a fase genital propriamente dita, onde muito do que importa 01 est1 determinado! $ que se disse at/ aqui deve ter formado em você uma id/ia bastante difundida e que, 0usta mente, gostaria de desfazer! 'alvez l.e pare2a que a sexualidade segue um camin.o bastante tormen toso at/ c.egar, com sorte, ao porto seguro da genitalidade, ou normalidade sexual! um erro! &ão existe tal sorte e se existisse talvez não fosse sorte! ) imagem do adulto normal, que se satisfaz exclusivamente com o coito, / por si uma esp/cie comum de perversão! +omo o adorador de ob0etos fetic.ista, de sapatos ou calcin.as, como o exibicionista ou como aquele que s9 encontra prazer em rela2Aes s1dicas, o 8supernormal:, que renuncia a tudo menos ao coito, reduz excessivamente a riqueza da rela2ão sexual! Perversão /, na verdade, qualquer versão restritiva da sexualidade =ou do real, em sentido mais amplo>! ) vida sexual normal, se isso tem sentido, / uma arte pr1tica, de fantasias vvidas, de son.os, de 0ogos, difundida pelos atos todos da vida e não s9 os da cama, embora comportando tamb/m renúncia e sublima2ão!  )s cenas que alimentam as fantasias sexuais vão#se acumulando no "

transcorrer do desenvolvimento infantil! Hundamentais são, por exemplo, as fantasias de sedu2ão, provindas dos primeiros contatos com a mãe! $s estmulos genitais que acompan.am o trato da crian2a pequena marcam#na com uma intui2ão, talvez não de todo errGnea, de ser por ela amada e dese0ada sexualmente, que, no futuro, ser1 preenc.ida por experiências com compan.eiros de brinquedo e adultos! E isto / normal! $utra fantasia dominante / a de ter presenciado rela2Aes sexuais entre os pais! $ isolamento em que a crian2a vive, quando os pais estão fec.ados no quarto, / vivido sexualmente, mesmo que nunca a visão do coito paterno .a0a ocorrido! $ simples 0ogo da presen2a e ausência da mãe, na primeirssima infKncia, com todo o peso da frustra2ão que carrega, as fantasias sexuais, o dese0o de ser capaz de operar magicamente o controle desse ir e vir, que foi sofrido passivamente! 'odas essas fantasias podem ter um efeito traum1tico, isto /, marcar, dar forma especial, conformar a um n9 o dese0o! Para existir o trauma não / preciso que algo terrvel ten.a sucedido! )o contr1rio! São pequenos fatos, pequenas sedu2Aes, frustra2Aes minúsculas que se somam e se organizam em fantasias prevalentes, diversas para cada indivduo! &ão .1 que tanto as temer!  falsa a imagem comum que opAe pulsão a trauma, como se a pulsão tivesse um camin.o natural, que os traumas impedem ou desviam! $ trauma / antes a forma da pulsão, da maneira em que um n9 / apenas a 4forma do barbante em que se deu! +aber1 6 an1lise desfazer alguns n9s, / claro, mas não / sequer possvel pensar o barbante pulsional sem forma alguma, mesmo que esta se0a embara2osamente nodal! L # ) SEXF)-*()(E ** &os três últimos captulos, tratei de resumir para você algumas das teorias psicol9gicas mais tradicionais, mais b1sicas e universalmente aceitas da Psican1lise! São instrumentos, ferramentas que todos os psicanalistas empregam para organizar teoricamente o que descobrem nas sessAes! Pensa#se geralmente que tais ou quais teorias constituem artigos de f/! &ão constituem! Se, como instrumentos, deixam de ser úteis, abandonamo#las como facas embotadas ou alicates com ferrugem! Pelo menos, / o que se deveria fazer! Pois o único instrumento perene, tão duradouro ao menos como a pr9pria Psican1lise, / seu m/todo, tal como o estudamos no segundo captulo, o processo mesmo pelo qual as teorias são criadas! Para que você entenda o que / a Psican1lise, ttulo e prop9sito deste opúsculo, não basta, por conseguinte, ter uma id/ia vaga das teorias mel.or estabelecidas; / necess1rio tamb/m acompan.ar o processo de expansão ?

te9rica, o camin.o que leve 6 produ2ão de novos interpretantes! +onvido#o, pois, a brincar de te9rico 0unto comigo, tomando por tema a psicologia dos sentimentos e como ponto de partida a pr9pria sexualidade! )inda que não c.eguemos a grandes conclusAes 7 o que, ali1s, não se pode garantir de antemão 7, ou que não depositemos confian2a excessiva nos resultados, o simples percurso, o esfor2o de pensar teoricamente, ensinar1, muito mel.or do que um relato de esquemas 01 estabelecidos, como se fabricam os conceitos da Psican1lise! +reio que você 01 percebeu, na investiga2ão da sexualidade, quão preocupados estão os psicanalistas em determinar a seqDência que gera a sexualidade adulta, a partir de alguns poucos princpios e pulsAes vigentes na primeira infKncia! (enomina#se gen/tico esse ponto de vista =de gênese V origem>, e 01 deixei dito que ele / muito útil! Em sua versão mais radical, a de %elanie Ylein, basta considerar dois grandes ir afetivos inatos, 9dio e amor, ou, se preferir, instinto de morte e instinto de vida! )crescentando# l.es dois mecanismos b1sicos, pro0e2ão e intro0e2ão, 01 temos os alicerces da vida mental rudimentar! )mor pro0etado d1 ob0eto bom, reintro0etado d1 um self =ou 8si mesmo:> bom etc! etc! E como o bom e o mau não se misturam, de incio, deles deriva#se tamb/m o mecanismo de cisão, a idealiza2ão =o muitssimo bom, o bom demais>, os temores persecut9rios =do muito mau, do mau demais>, e 01 se anuncia o drama depressivo, quando o que est1 ainda separado vier a se 0untar etc! etc! etc!  )t/ aqui, tudo bem! Camos supor, todavia, que por um motivo qualquer você não simpatiza com a id/ia de instintos fundamentais e mecanismos primitivos! =&a verdade, a questão não / bem de simpatia; d1#se simplesmente que a no2ão de instintos prim1rios / um tanto obscura e afirmativa demais!> 'udo estar1 perdido, o m/todo não mais se poder1 usar@ )bsolutamente! $ que teremos de fazer ser1 tomar como ponto de partida alguma tendência geral mais simp1tica =ou menos obscura>, progredindo não tanto pelos camin.os da gênese infantil, mas pesquisando, ao contr1rio, a forma pela qual os sentimentos se afinam e gan.am especificidade em qualquer altura da vida! Cale isso dizer que estaremos interessados em con.ecer a gênese l9gica, da l9gica das emo2Aes!  um camin.o! Ce0amos se presta! Fm sentimento b1sico, bastante con.ecido de todos n9s, / o dese0o de ser inteiro, de bastar#se a si mesmo! ) pr9pria teoria do narcisismo afirma algo assim! )demais, todos os son.os de grandeza e imortalidade levam#nos a pensar que, no fundo, bom mesmo seria fec.ar#se em si mesmo, num amor autocentrado, cu0o excedente apenas se pudesse esparramar pelos outros, como o dos deuses nas religiAes monotestas! 

$ra, a posse integral de si pr9prio / infelizmente impossvel 7 ou felizmente, caso contr1rio, posto que, satisfeito, cada .omem seria o último .omem na 'erra, nem .averia obras ou civiliza2ão! Somos muito dependentes do meio e da sociedade e, al/m disso, não nos conseguimos con.ecer diretamente3 s9 no confronto com os outros / que sabemos de n9s! +onformar#se com isso@ Bem, não .1 outro 0eito! Por/m, mesmo aceitando a indispens1vel abertura para o outro, resta sempre um sentimento de perda, b1sico e inevit1vel, como que uma saudade de si, embora referente a um estado de posse absoluta que nunca .ouve ou .aver1! Ser1 irracional talvez, mas os .omens são assim, nost1lgicos precisamente do que tão#somente imaginaram ter possudo! +.amemos, a esse estado de perda, 8luto primordial:! +omo em qualquer estado de luto, existe, pois a tendência a procurar outros ob0etos ou pessoas que substituam o bem perdido! Em nosso caso, sendo o bem perdido essa integridade absoluta e independente, os ob0etos substitutos serão nada menos que o mundo inteiro, o mundo externo, a pessoa amada, o trabal.o, os amigos, o lar etc! 5uer dizer que não .1 propriamente ob0etos prim1rios, todos são ob0etos substitutivos, inter cambi1veis, representantes sempre do pr9prio su0eito!  como se, para o mundo, .ouvesse uma fuga constante do .omem, descontente com sua incompletude!  ) concep2ão acima, que semel.a, 6 primeira vista, um 0ogo de id/ias, descomprometido e brincal.ão, depressa mostra, no entanto, ser mais que isso! (e fato, / pr9prio das rela2Aes de ob0eto psicanalticas, ou se0a, dos vnculos emocionais com pessoas e coisas, esse car1ter de fuga em dire2ão a figuras eminentemente inter cambi1veis! %esmo o sentimento de perder#se nas rela2Aes externas / verdadeiramente universal 7 demonstr1# lo, por/m, seria um pouco longo!  suficiente que você reflita em como se sente um tanto vazio e ansioso por se recol.er, ap9s um perodo de muito contato pessoal numa festa, por exemplo! &ão / raro que pessoas terminem a alegria em c.oro! $u, pelo menos, pense na necessidade peri9dica de sono! Se / assim, se no outro vou buscar a mim mesmo, perdido, pareceria l9gico que min.as rela2Aes tendessem 6 fusão total! Se não me posso fundir comigo mesmo, que o fa2a com o outro! *sso existe, com efeito, mas decepciona! ) fusão total e violenta com o outro anula#o, destr9i#o e não satisfaz!  o princpio te9rico do sadismo, que pretende invadir o parceiro, comê#lo ou penetr1#lo at/ a alma! &a pr1tica, o sadismo / uma arte mais sutil! Se o s1dico aniquila a sensibilidade do parceiro, fica com as mãos vazias! Seu intuito cumpre#se mel.or parando na metade, dominando apenas na medida certa, que l.e mostre poder produzir efeitos not9rios, I

ineg1veis, sobre a outra pessoa! $ra, quase todos os estmulos sensoriais podem ser negados ou disfar2ados por quem os sofre, menos, / claro, a dor! (a, quem sabe, a paixão toda especial que tem o s1dico por infligir dor3 a dor, fsica ou moral, sendo ineg1vel, sustenta a ilusão de estar fundido, como uma parte ativa numa outra, feita s9 de passividade! 5uantas rela2Aes .umanas duradouras, quantas amizades e casamentos não são mais que atos s1dicos prolongados, fervendo sempre no seu pr9prio caldo@ Enquanto o ob0eto de apego s1dico não se deteriora, seu apelo mant/m#se e mant/m#se a rela2ão! São, em geral, pequenas vit9rias e pequenas concessAes que a alimentam3 a rela2ão s1dica raramente explode em violência! $ apelo s1dico consiste numa esp/cie de atra2ão dum ob0eto que oferece a possibilidade de ser constantemente vencido, sem se considerar derrotado de vez, sem parar de resistir e morrer! Pois bem, você 01 deve ter entendido que o apelo s1dico constitui o mais eficiente e prim1rio lenitivo para a perda de si mesmo =ou luto primordial>! &o entanto, a fuga para os ob0etos, ao passar pelo sadismo, por sorte não precisa a estagnar#se!  possvel que o su0eito aceite uma troca de influências, uma reciprocidade!  um acordo complicado, sem dúvida! Perco#me em você e em você me recupero, permitindo, como contrapartida, que você elabore em mim seu pr9prio luto! Empresto#l.e min.a sensibilidade em troca da sua, os dois samos mais ou menos satisfeitos! Se / assim, a rela2ão não precisa fundar#se no irrecus1vel =na dor>, por/m no interesse de conserva2ão recproca e no prazer! ) partir desse ponto, 01 se deve falar de elabora2ão sexual da perda de si mesmo, pois a fusão, bastante equilibrada, ap9ia se num apelo provindo das fantasias aprazveis! Entretanto, para que isso aconte2a, ser1 preciso antes franquear a verdadeira porta de entrada da sexualidade, que o apelo s1dico constitui! %as reciprocidade não quer dizer necessariamente simetria! 'omemos o exemplo do vo\eurismo! +onsidera#se o vo\eurismo uma perversão 7 mas logo veremos o que significa tal 0uzo 7, consistente em que o prazer se obt/m principal ou unicamente pela contempla2ão do corpo al.eio! &ão / preciso, no entanto, que o vo\eur se arme de bin9culos ou freqDente um cabar/! ) vida cotidiana oferece margem suficiente para tal tipo de prazer3 assim como oferece seu complemento, no exibicionismo!  um encontro de prazeres! Hundamental, todavia, para o prazer vo\eur, assim como para o exibicionismo, / a existência do quadro correto! Podemos figur1#lo materialmente como a 0anela do pr/dio fronteiro, onde uma 0ovem se prepara para dormir! Por/m, mais geral e mais simples, serve ao vo\eur e J

ao exibicionista qualquer parte limitada do real que separe sua experiência da vida rotineira! Seria, isso sim, de imenso mau gosto, se a 0ovem, sub# repticiamente admirada, tocasse a campain.a do apartamento e se oferecesse abertamente ao vo\eur! $ quadro do real / o fundamento de seu atrativo, conv/m não o esquecer!  ) sexualidade, então, .1 de ser entendida pelas qualidades do apelo que seu ob0eto exerce! 'rata#se, em primeirssimo lugar, de um recorte apropriado do real, duma 1rea bem delimitada e especial, compar1vel ao quadrado da 0anela al.eia, no caso do exibicionismo#vo\eurismo! Em segundo lugar, para que o apelo gan.e m1xima eficiência, para que alcance o fascnio, ser1 requerido um equilbrio adequado dos componentes do atrativo! E estes são dois! $ fascnio obt/m#se por uma adequada mistura de 8mesmo: e de 8outro:! Explico! Para que a fuga em dire2ão ao ob0eto se0a satisfat9ria, você entende, / essencial que este, o ob0eto de prazer sexual, se0a bastante pr9ximo do su0eito, se0a o mesmo! Pedras, nuvens, espirros, dificilmente fascinam sexualmente! Se eu devo me encontrar ali, eu que me perdi de min.a inteireza, .1 de ser num igual, numa esp/cie de mim mesmo! +ontudo, o sentimento de absoluta identidade e interioridade no encontro com o ob0eto sexual / paradoxalmente desagrad1vel! +omo se algo de interno sasse para fora, e, l1 encontrado, tivesse de ser posto para dentro de novo! *magine pGr para fora a saliva e voltar a engoli#la3 / cuspo, eno0a! Pois esta emo2ão, o no0o, representa com perfei2ão o sentimento que nos desperta o encontro com aquilo que / demasiadamente igual e interno! Por outro lado, estar diante do al.eio, do estran.o, suscita um sentimento de parecido desagrado! )lgo que semel.a a forma .umana, sem ter seu estofo, provoca o riso, faz#se ridculo!  a marionete, o autGmato, o macaco ensinado! Estes não dão asco, são distantes, fazem rir! $ra, / 0ustamente da adequada composi2ão entre identidade e outridade, entre fusão e aliena2ão, isto /, entre no0o e ridculo, que nasce o apelo mais forte da sexualidade3 o fascnio! *nteressa#nos, dentro dessas especula2Aes, pGr em relevo a impropriedade de se crer numa lin.a reta e ascendente de transforma2Aes, que desemboca na sexualidade adulta ou genitalidade! &ão .1 aperfei2oamento, não .1 normalidade final! (esenvolvimento .1, decerto; mas não se coroa numa integra2ão final; o estado final constr9i#se a cada momento, / feito do equilbrio de contr1rios, duma mistura s1bia de elementos desagrad1veis, como na composi2ão de um bom coquetel ou L

perfume! *sto, quanto 6 composi2ão do fascnio! Por/m .1 mais! )t/ certo ponto, os esquemas emocionais, como este, do apelo sexual, independem da qualidade especial dos afetos envolvidos3 a regra / mais geral do que a substKncia! 'omando como exemplo o fascnio 7 muitos outros exemplos de regras seriam utiliz1veis, fiquemos neste 7, sua composi2ão explica tanto o apelo sexual, como tamb/m o apelo exercido pelos delrios, talvez a fascina2ão das aventuras, talvez certas propriedades do apelo artstico! +omo podem ver, nossa investiga2ão duma regra te9rica leva#nos, de imediato, 6s portas de v1rias descobertas, ramifica#se inesperadamente! Por fim, um último resultado desta investiga2ão diz respeito 6 pr9pria no2ão de realidade! 'radicionalmente, cremos que exista uma realidade normal, pre0udicada apenas nas doen2as psquicas! $ra, a constata2ão de que .1 tão#somente quadros mais ou menos satisfat9rios do real, para cada estado de emo2ão, pAe em dúvida tal certeza do senso comum! +om bastante certeza, temos o direito de afirmar que diversas constitui2Aes do apelo sexual 7 apelo s1dico, vo\eur, apelos .omossexuais =de v1rios tipos>, muitas formas de monogamia ou poligamia etc! etc! 7 exigem, para sua satisfa2ão, quadros diferentes do real, correspondentes 6s fantasias dominantes em cada caso! Se a satisfa2ão s9 se pode obter num quadro muito exclusivo, se o indivduo / uma esp/cie de profissional altamente especializado num quadro apenas, se0a este feito de sapatos 6 meia#luz, ou de correntes e c.icotes, ou de televisão e cama, com 0usti2a c.amamo#lo perverso! Posto que a perversão / s9 uma versão restritiva da sexualidade, o real onde se cumpre, restrito, ser1 o de uma perversão do real! Se .1 sentido em aludir 6 normalidade, ser1 ela simplesmente um tipo de muitos tipos, multiplicidade e variedade de condi2Aes tidas como satisfat9rias pelo su0eito dito normal! +ada sentimento, por conseguinte, constr9i uma esp/cie algo distinta de real! Ce0amos! $ real saudoso, por exemplo, / curiosamente fluido! )s coisas, as pessoas, não se individualizam por completo! São como ondas os fatos, nada / inteiramente presente ou inexistente, pois .1 um lugar, de que o presente / s9 um resto, que guarda o sentido todo de ser real! ) ele c.amamos relic1rio!  uma parte pequenina do mundo, centro imagin1rio onde est1 representado o bem perdido, a situa2ão ou pessoa amada, e que mant/m a fusão do su0eito consigo mesmo! Pode ser um quarto, um panorama, uma música! $ resto est1 ali fora, não / negado, todavia s9 existe como uma esp/cie de flutua2ão das ondas que provêm do relic1rio! T1 o real teimoso consiste numa coagula2ão!  duro, feito exatamente de M

coisas concretas, ordenadas, por/m numa seqDência l9gica, em rela2Aes de causa e efeito! $ real da teimosia / pura extensão! Seu centro / o teimoso, claro, mas cada elemento teima tamb/m3 teima em ser s9 isso que /, pedra / pedra, branco / branco 7 ou / preto, se o teimoso assim o quer! &ão .1 como comparar os dois, não se fundem, nem são miscveis! ) única  0un2ão possvel, mas difcil, / quando a saudade afeta a teimosia! &esse caso ocorre algo raro e maravil.oso3 o teimoso pode curar#se da pr9pria teimosia, a teimosia sara na saudade! Segundo o modelo que 0untos desenvolvemos neste captulo, as regras emocionais criam formas especficas do real3 reais diversos de diversos apelos sexuais, real saudoso, real teimoso e inúmeros outros reais que deveriam ser descritos! ) realidade, então, s9 se resume a ser uma esp/cie de redu2ão, atrav/s da rotina, de campos muito diferentes entre si; cu0a an1lise pode restituir sua diferen2a, por evidenci1#los, no processo c.amado ruptura de campo! +omo você est1 vendo, nossa teoria, al/m de mostrar como se produz uma concep2ão psicanaltica geral, est1 perfeitamente de acordo com aquilo que verific1ramos ser o m/todo psicanaltico =no segundo captulo>! Sendo assim, diz#se que / uma teoria legtima, ou se0a, tem propriedades que correspondem bem ao m/todo que a criou!  )inda que um pouco mais difcil que outros captulos, posto que trata de coisas menos con.ecidas e popularizadas, este deve ser lido e relido com cuidado, 01 que a única maneira de compreender a teoria psicanaltica / n9s mesmos experimentarmos fazer trabal.o te9rico! +omo qualquer 0ogo ou arte, a teoria da Psican1lise s9 se aprende fazendo! M # PS*+$P)'$-$]*) $ desenvolvimento da personalidade pode culminar em estados mentais diferentes! C1rios desenlaces possveis, predomnio maior de tra2os orais ou anais, diversos destinos da resolu2ão do complexo de dipo, múltiplas rea2Aes individuais a perdas, cabem nos limites da psicologia normal! E tamb/m existem anormalidades psquicas, ob0eto de estudo da psicopatologia psicanaltica! Existe o anormal, a doen2a psquica, ou como quer que se l.e c.ame! &o entanto, a Psican1lise renovou o sentido do patol9gico! Hil.a do princpio do absurdo, nossa ciência quer encontrar nos estados patol9gicos um instrumento precioso para a compreensão da vida mental, recusando, ao mesmo tempo, a estrita distin2ão entre normal e doentio! (a dois exageros Q

de sua populariza2ão!  )lguns popularizadores da Psican1lise anunciam, felizes, que não existe mais doen2a no campo psquico 7 o que seria 9timo, caso os pacientes tivessem a gentileza de não mais sofrer! $utros, mais simplistas ainda, preferem esvaziar a distin2ão, afirmando que não .1 normalidade, que somos todos, no mnimo, neur9ticos! 'olices! Para superar os preconceitos contra as doen2as mentais, / necess1rio primeiro admitir sua existência, depois compreendê#las e, s9 por fim, tra2ar as lin.as de continuidade com a vida comum!  )s neuroses, por exemplo, existem 7 e doem muito! 'odavia, o sintoma neur9tico tem equivalentes pr9ximos nos son.os, nos atos fal.os e no resultado de certos conflitos cotidianos mais fortes! (iferenciam as neuroses a persistência e intensidade de suas manifesta2Aes, a especificidade dos conflitos geradores (ir#se#ia que o neur9tico =ou o psic9tico> especializou#se num certo padrão, enquanto a normalidade / feita de variados conflitos, de inúmeras fixa2Aes parciais, de pequenos sintomas dispersos! Se, ao ler este captulo, você se encontrar um pouquin.o em cada quadro descrito, não se assuste demais3 a normalidade psicol9gica aproximada, a que existe, / feita dum mosaico psicopatol9gico inespecfico! &a raiz das neuroses encontra#se uma disposi2ão inata pouco con.ecida!  )s pessoas nascem diferentes, tanto no corpo como no esprito! 5uanto 6 constitui2ão, cremos que se0a importante, mas sabemos pouco a respeito!  fato que certas crian2as toleram menos as frustra2Aes que outras; contudo, quando podemos estud1#las, 01 viveram, 01 enfrentaram um meio ambiente bastante especial e dificilmente compar1vel mesmo ao de seus irmãos! Pois o meio inclui precisamente os irmãos, as id/ias e sentimentos que os pais têm a seu respeito e que, em parte, 01 derivam tamb/m da pr9pria forma de ser da crian2a! $ que, pois, / inato@ +omo descontar a complicada reciprocidade das rela2Aes afetivas nos primeiros meses de contato com os pais@ Por conseguinte, desprezando distin2Aes impossveis, vamos nos contentar em descrever algumas formas caractersticas de neuroses e psicoses, assinalando os tipos de conflito, os mecanismos de defesa e os sintomas mais comuns! +omecemos pela .isteria! $ ponto de fixa2ão te9rico da .isteria / a fase f1lica! T1 não se acredita que um grande trauma, isoladamente, responda pela origem das neuroses; são pequenos incidentes traum1ticos, frustra2Aes acumuladas de um mesmo tipo, que dão forma de n9 aos impulsos, impedindo que se satisfa2am medianamente! $ra, o drama edipiano, carregado de ambivalência, de O

experiências de incapacidade e .umil.a2ão afetiva, constitui um ponto especialmente delicado da evolu2ão psicossexual! &ão / difcil, portanto, que a crian2a fique emocionalmente paralisada, temendo agudamente as amea2as fantasiadas de castra2ão, enquanto persiste em orientar seu amor e sua rivalidade para as figuras originais do conflito3 pai e mãe! 'alvez não dê mostras disso! Pode mudar de assunto, por assim dizer, interessar#se normalmente pelos amiguin.os ou pela escola; por/m, quando o interesse sexual recrudescer, na puberdade, enfrentar1 um problema complicado! +ada escol.a amorosa ulterior .aver1 de manter o mesmo sabor incestuoso e proibido, a mesma sensa2ão de incapacidade e ciúmes da rela2ão f1lica com os pais! Então, ser1 preciso reprimir as pulsAes sexuais, não .aver1 experiências novas e aprendizagem afetiva; numa palavra, a sexualidade ser1 traduzida em desprazer e no0o! %as a repressão não funciona totalmente! $ aparecimento na consciência de impulsos sexuais toma então um car1ter de angústia, como se avisasse o su0eito de que algo doloroso est1 por vir! E vem, pela a2ão condenat9ria do superego, que continua vendo em cada pessoa atraente uma nova versão dum genitor e age, ele mesmo, como se fora o outro! Predomina, na .isteria, o mecanismo de defesa con.ecido como recalcamento! $s sintomas são, geralmente, manifesta2Aes de angústia! N1 quadros em que domina uma angústia flutuante, ora mais moderada, ora mais intensa, quase sem representa2Aes que l.e indiquem a origem! $utra forma comum de sintoma de angústia são as fobias! Situa2Aes como estar encerrado em espa2os limitados, um elevador, por exemplo, ou encontrar# se 6 beira de um lugar alto, ou em meio 6 multidão; pequenos animais não muito perigosos, baratas, ratos, aves; situa2Aes sociais particulares, como festas ou entrevistas; em suma, condi2Aes não especialmente graves provocam um medo extremo, insuport1vel, como se simbolizassem perigos internos, impulsos de autopuni2ão suicida, fantasias violentas de penetra2ão sexual etc! $u a angústia manifesta#se por crises intensas, 8ataques: de ansiedade em que o paciente se debate, c.ora e ri descontrolado, parecendo representar um grande drama afetivo, terminando numa esp/cie de desmaio, onde não .1, entretanto, completa perda de consciência! %as .1 tamb/m formas sintom1ticas onde a angústia parece estar ausente! Paralisias de membros, dores ou insensibilidade localizadas, tosse, tiques etc! Sempre, por/m, inexistem lesAes orgKnicas que  0ustifiquem os sintomas e, o que / mais importante, os sintomas representam simbolicamente a pulsão proibida e o esfor2o de control1#la!  )ssim, uma paralisia com contratura dum bra2o pode significar um impulso a se masturbar, con0untamente com a proibi2ão de fazê#lo3 um gesto IR

interrompido!  que o afeto ligado 6 pulsão sexual não pode ser reprimido! eprimida a representa2ão, o ato sexual, esse afeto extravasa#se como angústia, ou alimenta movimentos convulsivos, gestos paralisados etc! ) tais manifesta2Aes som1ticas, fsicas, da pulsão reprimida c.amamos 8conversAes:! T1 a neurose obsessiva / fruto de um equvoco! Sabe quando algu/m se engana a respeito do fundamental, e, com a sensa2ão de que .1 algo errado, fica procurando atormentadamente acertar os pormenores@ Se, na avenida Paulista, ao inv/s de se dirigir para os lados de Perdizes, você virou o carro para o Paraso, / prov1vel que estran.e cada esquina e tente resolver o enigma da ordem invertida em que aparecem os pr/dios con.ecidos! S9 que o obsessivo .onesto se perguntar1, talvez, quem trocou as penas da perdiz pelas dos an0in.os!!! *sso porque a dúvida obsessiva / uma dúvida simb9lica! $ ponto de fixa2ão da neurose obsessiva localiza#se na segunda fase anal ou fase anal retentiva! Por/m, a 01 existe o engano b1sico! $ candidato 6s obsessAes c.egou a penetrar na fase f1lica, experimentou o complexo de dipo; todavia, não suportando a ambivalência edipiana, regrediu imediatamente para a fase anal retentiva! $u mel.or, / como se tivesse vivido o conflito edipiano num registro anal, tentando reter tudo, principalmente os sentimentos, e provando a paixão libidinal como se fora agressividade! $ mais perigoso para ele / portanto o amor! Este sim destr9i! ) agressividade anal que cobre seus pensamentos tamb/m produz angústia, / fortemente proibida, porque no fundo se dirige contra os ob0etos mais preciosos, os pais! %edidas defensivas são empregadas contra a destrutividade, / claro! ) mais comum c.ama#se forma2ão reativa, mecanismo de defesa que inverte o sentido dos afetos, exagerando muito o p9lo oposto ao original; isto /, o 9dio do obsessivo transforma#se num cuidado extremo, num medo supercauteloso de ferir algu/m! Ele se examinar1 dez vezes antes de dizer algo, pois pode c.atear o interlocutor; o que vai torn1#lo, / 9bvio, muito cansativo e c.ato! Sobretudo, .1 que se acautelar contra a perigosa descoberta do amor! N1 uma forte impressão de que o amor mata, razão que o leva a ensaiar uma manobra obscurecedora! 5uando uma id/ia ou um acontecimento s carregados de forte valor er9tico ou agressivo, ocorre uma esp/cie de distra2ão, uma pausa no pensamento que permite desligar o afeto experimentado da representa2ão que o motivou; em seguida, um gesto ritual, ato ou pensamento, anula o sentimento proibido! Exatamente como I"

um .omem supersticioso pretendendo isolar a urucubaca! )li1s, a pr9pria id/ia de azar / obsessiva! 5uando sinto que meu amor destr9i o outro, devo substituir amor por raiva, que / menos perigosa; depois raiva por cuidados para protegê#lo, e a mim, dos efeitos dela! %as como cada novo sentimento recobre um sentimento oposto, tamb/m o representa simbolicamente; resulta que em cada id/ia ou emo2ão oculta#se, amea2adora, a marquin.a azarenta da destrutividade! Por conseguinte, enganado quanto ao fundamental, ignorando que os cuidados representam raiva e que a raiva representa um perigoso amor, o obsessivo, como aquele motorista equivocado, tem de ol.ar duas vezes cada id/ia, repeti#la, examin1#la ao microsc9pio, para certificar#se que não entrou nela, sub#repticiamente, um sinal do afeto proibido! E / uma cata2ão infind1vel, porque aquilo que ele procura entre as letrin.as miúdas constitui o papel mesmo em que o texto foi escrito!!! (a provêm os sintomas obsessivos! Fm 0ogo de esconde# esconde! Sob o cuidado, a agressão; sob a agressão, oculta, a sexualidade proibida! Então o paciente tem, de súbito, uma id/ia .orrvel 7 matar uma criancin.a, defecar na igre0a etc! 7, algo que mostra o gosto pela su0eira anal sob a mania de limpeza, a destrutividade sob os cuidados filantr9picos, a sexualidade =anal> sob um puritanismo desmedido! São pensamentos obsessivos3 ele sente como se não fossem seus, vêm 6 for2a! preciso contra# atac1#los com rituais protetores3 nomes#do#padre, bater em madeira, pensar ou dizer três vezes uma f9rmula m1gica, repetir um pequenino gesto! $ contra#ataque não pode ser sustado, / compulsivo realiz1#lo! (eve tomar ban.os demoradssimos, se a tendência 6 su0eira o domina; se quer envenenar a famlia, .1 de verificar cinco vezes se o g1s est1 fec.ado!  )ssim / a vida obsessiva! %eticulosa, filantr9pica, boazin.a, repetida, c.eia de supersti2Aes racionalizadas! &o fundo, o impulso anal que deve ficar oculto, sobretudo porque / um impulso amoroso sexual! $ equvoco fundamental leva#o a uma auto#observa2ão constante que, por/m, escrutinando os detal.es, não enxerga o essencial! ) vida do obsessivo / o rodopiar dum cão atr1s da pr9pria cauda, que ele suspeita, não sem razão, ser uma cobra atr1s do Knus 7 cobra, smbolo da sexualidade e do veneno, do toque fascinante e mortal! Pois bem, isso / a neurose! $u antes, eis aqui uns pequenos esbo2os de dois quadros neur9ticos caractersticos! T1 c.ega, contudo, para compreender que neuroses são produto de conflitos pulsionais, em que a satisfa2ão fica proibida pela censura do superego, desconectando#se então a representa2ão prazerosa =geralmente sexual> do afeto correspondente, o qual / desviado para a constitui2ão de sintomas! *sto / Hreud!  uma teoria bastante tradicional e que provou ser utilssima! E at/ verdadeira! I?

Para as outras doen2as psquicas, no entanto, as teorias psicanalticas são menos categ9ricas! N1 uma boa teoria geral das neuroses na Psican1lise; mas um paciente pode escol.er, digamos, uma perversão, uma psicopatia, uma psicose! PerversAes e psicopatias são uma forma de enlouquecer sem ficar louco3 louco fica quem tem de lidar com elas! &as perversAes, o su0eito realiza de fato o impulso proibido! 'rate#se de um vo\eur, de um s1dico, de um comilão compulsivo ou de qualquer outra especialidade, o indivduo pAe em a2ão 0ustamente aquilo que l.e est1 vedado pelo superego! &as psicopatias d1#se algo parecido! $ que est1 comprometido, por/m, / a rela2ão com a sociedade, o respeito e as inibi2Aes impostas pela vida em comunidade!  uma solu2ão pr1tica! Em vez de reprimir o impulso, executo#o, anulando a instKncia repressora !!! e danem#se os outros! Superficialmente ao menos, parece não .aver angústia, os atos estão em sintonia com o ego, como se o superego estivesse ausente! &a verdade, este, o superego, / tão forte e tão exigente que toda a rela2ão com ele se torna impossvel! $ resultado / que os atos psicop1ticos e perversos acabam procurando sua puni2ão não na vida interna, mas na externa! São pessoas que se fazem desprezar, que roubam, mas se deixam prender etc! $ problema da psicopatia, 01 se vê, liga#se profundamente com a vida social! &ossa sociedade / um tanto psicop1tica e perversa! Somos estimulados a enriquecer por quaisquer meios, somos tentados ao consumo indiscriminado, se andamos na rua ou fol.eamos uma revista, convidam#nos ao vo\eurismo! $ sado#masoquismo est1 vigente no seio das institui2Aes, o oper1rio padrão ser1 um masoquista, a polcia, s1dica! )ssim, nas perversAes e psicopatias aparece, em nvel pessoal, o retrato quase puro de certas instiga2Aes sociais, das que o neur9tico foge por seus sintomas! Esse princpio do 8deixar que saia tudo:, sem se importar muito com o meio, est1 ligado, teoricamente, 6 fase anal expulsiva 7 como vocês 01 devem ter suspeitado! E .1 por fim as psicoses! Primeiro, a melancolia, que / um estado de luto permanente e exageradssimo, e a mania, nome que se d1 6quele quadro em que a depressão extrema / substituda subitamente por uma sensa2ão de exalta2ão, de felicidade esfuziante! )o melanc9lico, o superego cobre de insultos, acusando#o de ser o culpado pelas perdas de ob0etos, por mortes, por todo tipo de desgra2as! $ resultado / que o su0eito, identificado com o ob0eto perdido, passa a sentir#se alvo das desgra2as todas, cu0a responsabilidade o superego l.e atribui! Ele est1 arruinado, sua famlia morta, a sociedade o despreza! 'anta / a persegui2ão interna que, esgotado, pode dar uma volta de "QR^, considerando#se vitorioso, vencendo o superego! Est1 c.eio de amigos 7 que importa a perda sofrida 7, nem I

mesmo precisa de considera2ão externa, ele se basta, / bom, / 9timo! Seu pensamento voa, ao contr1rio do melanc9lico, que se arrasta, as id/ias mal c.egam a formar#se e 01 são ditas, o conteúdo / confuso e pueril, mas por que se preocupar@ Ele sabe que / o mel.or! Psicanaliticamente falando, tanto a melancolia quanto a mania ligam#se, de diferentes modos, 6 fase oral e 6 posi2ão depressiva Zleiniana! (1 para ver!  sempre o problema de ter atacado ob0eto de amor, e se se o tem inteiro, perde#se inteiramente o que se tem! (entre as psicoses, .1 um último grupo que a Psican1lise tem estudado bastante, mas que compreenderemos mel.or no último captulo deste livro, o das psicoses em que predominam id/ias e cren2as muito estran.as, que fogem 6 compreensão comum, c.amadas 8delrios:! N1 delrios nas melancolias 7 delrios de runa, por exemplo 7; .1 delrios nas psicoses epil/ticas, causadas por distúrbios cerebrais mais ou menos con.ecidos; algu/m pode delirar por ter ingerido drogas ou por sofrer de alguma doen2a infecciosa! +ontudo, as esquizofrenias e paran9ias são as doen2as onde mel.or se pode recon.ecer a atividade delirante! &o fundo, / como se o delirante vivesse num mundo diferente do das outras pessoas, um mundo que est1 encoberto pela rotina do cotidiano! E isso / que tentaremos compreender no último captulo! Por ora, basta saber que essas psicoses repetem as primeiras experiências mentais da vida .umana! $ paciente retira seu interesse libidinal do mundo externo, volta#o para dentro de si, ou se0a, regride em dire2ão ao narcisismo dos primeiros meses de vida!  o narcisismo secund1rio! +omo, por/m, não consegue permanecer encerrado numa vida mental sem ob0etos emocionais, trata de recri1#los, reinventa o mundo, mas um mundo diverso do dos seus semel.antes! Cive grandes persegui2Aes, sente#se engrandecido e famoso, / um .er9i, um rei, um deus! 'odos o inve0am e atacam! Ele controla as id/ias al.eias, mas os outros tamb/m controlam as suas, impAem#l.e sentimentos que não quer, dominam seus pensamentos, con.ecem seus pro0etos mais escondidos! Tustamente por se ter separado do mundo cotidiano, parece que o resultado / ter perdido a no2ão de distKncia entre o dentro e o fora 7 exatamente como uma criancin.a ao nascer! Essas psicoses relacionam#se, por conseguinte, com a primeira fase oral e com a posi2ão esquizoparan9ide de %elanie Ylein! São reedi2Aes paralisadas da experiência de aprender a pensar! Por fim, de nosso percurso pelo meio das doen2as psquicas, podemos verificar duas coisas! Primeiro, que .1 doen2as, e que o termo 8doen2a: at/ II

que est1 aqui bem empregado! Segundo, que as doen2as não diferem totalmente da vida mental c.amada normal, continuam#na, exageram certas caractersticas, são, antes de tudo, como 01 vimos no come2o, especializa2Aes indevidas! -ogo, não / preciso ter medo de usar o termo doen2a, desde que se o fa2a sem preconceitos! Q # ) +F) PS*+)&)-W'*+) Se algu/m nos procura para fazer an1lise, pode acontecer que sofra de uma das doen2as descritas no captulo precedente! Pode ser que não, que dese0e con.ecer#se mel.or, que ten.a o pro0eto de libertar#se, ou at/ que alme0e se tornar um terapeuta!  importante con.ecer as diferen2as das expectativas, por motivos clnicos e diagn9sticos, mas o processo de cura psicanaltica ser1, não obstante, sensivelmente parecido num caso ou no outro!  )n1lise / an1lise, e nossa id/ia de cura não / assimil1vel 6 dos crit/rios m/dicos mais comuns! Estar curado significa para n9s curar si mesmo, isto /, cuidar de seu dese0o, atingir um estado semel.ante ao de uma fruta madura ou de um quei0o bem curado, no ponto! $s pontos variam, como para os quei0os, de uma pessoa para outra, mas ainda assim / possvel saber o que / estar curado3 uma .armonia realizada das potencialidades caractersticas nos quei0os, nas pessoas! Por isso, e porque a an1lise come2ou como um tratamento de distúrbios neur9ticos, o processo de cura psicanaltico pode ser descrito como o de uma .ist9ria neur9tica! S9 que a .ist9ria da neurose / a narrativa de como se formou um n9, e o de cura, a de como esse n9 foi desfeito! Se0a um indivduo mais ou menos normal, um neur9tico ou certos pacientes psic9ticos, sua vida compreende dois tempos! N1 uma experiência cotidiana, que nos parece bastante corriqueira; mas, de repente, um ol.ar cruzado na rua, um encontro numa festa, um trabal.o ou um son.o revelam algo assustador e estran.o! 'alvez se0a uma paixão que nasce e morre no entrecruzar de ol.ares, pode ser uma angústia intoler1vel ao se ver sozin.o, quem sabe uma dúvida incompreensvel e fulminante! Pode ser qualquer coisa, por/m ser1 sempre uma diferen2a, um corte, como se outra vida estivesse a ser vivida no interior do cotidiano! E, em geral, o paciente quer curar#se dela, pois tem medo! $ analista sabe, ao contr1rio, que deve conduzir seu cliente a curar#se dela 7 não a erradic1#la 7, que tal estran.eza / um come2o de consciência e uma porta entreaberta que pede explora2ão! %as mesmo assim aceita#o para tratamento! IJ

 tal qual um calend1rio! &ossa vida / feita de dias pretos, iguais, de trabal.o, algum prazer, um pouco de esperan2a; se somos neur9ticos, .aver1 trabal.o, um pouco menos de prazer e um certo desespero! &ada que c.ame a aten2ão! Por/m, no meio dos dias em preto, na seqDência dos atos costumeiros, destacam#se os dias em vermel.o, as festas religiosas e cvicas! +orrespondem a celebra2Aes bastante convencionais! ) Nist9ria celebrada nos feriados nacionais nada tem que ver com a verdadeira Nist9ria do pas; ou por outra, tem3 / sua perfeita contrafa2ão! N1 um sentido convencional que se ensina 6s crian2as na escola, onde sempre o .er9i / o do nosso lado, nossa / a causa 0usta, a lei e a 0usti2a vencem! $s portugueses, nessa Nist9ria, sempre enfrentam bravamente os batavos e covardemente massacram os .er9is da *ndependência! $ra, assim como os dias em vermel.o celebram a Nist9ria convencional da p1tria, que oculta sua Nist9ria real, os acontecimentos perturbadores, sintomas no meio do cotidiano, celebram a .ist9ria convencional da neurose! E como / ela@ 5uando Hreud come2ou a estudar as neuroses, atribuiu#as a um trauma sexual, baseado nas .ist9rias que suas pacientes l.e contavam! Esse trauma seria uma sedu2ão, praticada por pessoa adulta com a crian2a que .averia de se tornar neur9tica! No0e pensamos que os traumas são pequenos, repetidos, mantendo entre si uma rela2ão de .omologia, ou semel.an2a formal!  parte da .ist9ria convencional atribuir tudo a uma sedu2ão ou a outra cat1strofe original! (e qualquer modo, por/m, o tempo da neurose celebra o trauma; os dias em vermel.o repetem, de maneira convencional e muito reduzida, o modelo das situa2Aes que deram forma aos representantes pulsionais! Pois o trauma / isso! Fma certa estrutura de relacionamento, mais do que fatos isolados, por fortes que se0am, conforma o dese0o, cria um 0eito especial de se arrumarem impulso e defesa! Em todos n9s / assim! S9 que em alguns setores da vida mental, e mais intensamente em certas pessoas, a forma do dese0o semel.a um n9! &ão ata este setor aos outros setores da personalidade, nem se desata espontaneamente! epete#se, ou mel.or, / celebrado em epis9dios c.amados sintomas! Cindo 6 an1lise, o cliente fala de sua vida comum! 'odavia, a interpreta2ão do analista rompe o campo onde se assentava o tema comum, deixando surgir, no aqui e agora da sessão, a situa2ão especial onde o dese0o se mostra em seus n9s traum1ticos! &o calend1rio da terapia analtica, todos os dias tendem a ser vermel.os! N1 uma concentra2ão das celebra2Aes IL

neur9ticas, vividas agora em rela2ão ao analista! S9 que, enquanto no dia# a#dia os sintomas são polidamente ignorados, na an1lise eles são tomados em considera2ão! )n1lise3 deixar que sur0a e tomar em considera2ão! eproduz#se então de incio a .ist9ria convencional da neurose, essa em que o paciente crê, concentradamente, envolvendo o analista, naquilo a que c.amamos 8neurose transferencial:! E de que serve tudo isso@ Se fosse apenas uma celebra2ão a mais, de nada serviria! )contece, por/m, que a celebra2ão / acol.ida, torna#se assunto, e /, em seguida, interpretada! 5uando, pela interpreta2ão, rompe# se o campo onde se apoiava a .ist9ria convencional da neurose, algo de peculiar ocorre com a dupla terapêutica! $ que era celebra2ão isolada e sempre igual transforma#se em comemora2ão! +omemorar e recordar são as c.aves da mudan2a! ompido o campo da conven2ão neur9tica a respeito da pr9pria .ist9ria, as situa2Aes traum1ticas são convidadas a voltar do exlio convencional ao cora2ão da mente =recordadas>, isto /, são revividas emocionalmente em seu sentido profundo, e recordadas numa reedi2ão partil.ada com algu/m, comemoradas =com memoradas>! 'al como se pud/ssemos reproduzir as situa2Aes mesmas que compuseram uma .ist9ria, e não sua versão posterior, / possvel agora elucid1#la, test1# la, pG#la em questão, tentando atingir seu sentido verdadeiro! $u, a rigor, os muitos sentidos possveis da .ist9ria do paciente, que ele foi paulatinamente reduzindo a uma conven2ão! 'alvez o aspecto mais grave da conven2ão neur9tica se0a reduzir uma pessoa a ser apenas uma possibilidade dentre todas que estariam a seu alcance! $ trabal.o de recupera2ão da multiplicidade / o que se c.ama transferência; atrav/s dela, no campo transferencial, deixa#se que sur0am e tomam#se em considera2ão as muitas pessoas que vivem em cada um! Pense de novo no calend1rio! 5uando, l1 pelos fins do s/culo ***, a festa de &atal foi antecipada de 0aneiro para ?J de dezembro, procurou#se cobrir, com a mudan2a, a celebra2ão da festa pagã do solstcio de inverno =no Nemisf/rio &orte>! )contece, por/m, que mesmo essa festa parece ter sido celebrada em data equivocada! Por a se vê como se acavalam as diferentes ordens de sentido, como as muitas cren2as são ac.atadas na Nist9ria oficial! &a .ist9ria pessoal tamb/m! +ampo transferencial / o lugar onde convivem paciente e analista! %aterialmente, eles estão numa sala! Sua comunica2ão, por/m, / um complicado tecido de emo2Aes que, apesar da violência, não carecem de sutileza e têm de ser pacientemente recon.ecidas, desfiadas e IM

recosturadas! Pois o paciente neur9tico sofre de uma restri2ão3 ele / s9 isso que o n9 traum1tico determina! Em outras palavras, o neur9tico identificou# se com algo bem definido =não para ele, l9gico>, com essa .ist9ria convencional que celebra nos sintomas! Ce0a você! Se uma pessoa apenas usasse uma roupa, durante toda a vida, poderia dar a impressão de que seu corpo tem a forma da veste! Fma mul.er com saia rodada pareceria ter as coxas em forma de sino! Fma identifica2ão / isso3 uma veste sobre o corpo do dese0o! &o entanto, diferentemente do corpo fsico, que pode ser despido e revelar seus contornos, o corpo do dese0o, o inconsciente, nunca / capaz de aparecer por si mesmo! +omo seria algu/m cu0o corpo fosse invisvel e impalp1vel, como se o con.eceria@ esposta3 mudando de roupa! C1rias roupas, de corte diverso, sobre seu corpo determinariam tra2os comuns; eliminando as diferen2as, portanto, teramos uma id/ia do que l.e / peculiar! ) isso c.amo desen.ar o desen.o do dese0o! $ campo transferencial / aquele em que, com a a0uda do analista, uma pessoa pode experimentar v1rias roupas, isto /, descobrir diversas identifica2Aes! 5uem s9 se enxerga vtima, ver1 tamb/m que / carrasco, espectador, amigo, amante etc! 5ue / muitos! *sso / possvel porque o analista vive as celebra2Aes convencionais 0unto com seu cliente, comemora, decifra o sentido dos n9s que o amarravam a uma s9 representa2ão de si mesmo e mostra#l.e a quantidade de fantasias que sob ela se ocultavam! Em vez de uma fantasia dominante, o paciente pode ter muitas, muitas id/ias que o representam! E mais! )os poucos, ele vai assimilando o 0ogo do campo transferencial, vai adquirindo a capacidade de, por si s9, experimentar vestes diferentes, de ter mobilidade de fantasias! Pois a regra do campo transferencial / que qualquer id/ia que nele ocorra sofre ruptura de campo, perde o c.ão, e, como no exemplo anterior =da c.uva>, revela v1rios sentidos simultKneos! (e tanto experimentar identifica2Aes diferentes, então, o paciente come2a a con.ecer o que não muda sob elas! Seu dese0o toma forma! T1 não / necess1rio parar de viver o cotidiano para celebrar um acontecimento traum1tico! &ão / propriamente que aquela identifica2ão neur9tica ten.a desaparecido! )s pessoas que procuram an1lise temem que se perca sua originalidade, pensam que serão reduzidas a uma esp/cie de ser m/dio, medocre, ou que s9 viver para 8cuidar de sua neurose:! S9 um terapeuta muito incompetente estimularia tal redu2ão! )s identifica2Aes neur9ticas são, bem ao contr1rio, integradas a muitas outras da vida comum, e a outras ainda que simplesmente não estavam antes disponveis! &ão / IQ

preciso mais parar de viver uma vida cotidiana para entrar no tempo da neurose, nos dias vermel.os! Se a pessoa pode se representar de muitos modos, se tem mobilidade de fantasias e se .abita seu pr9prio dese0o, o corpo invisvel, a distin2ão entre dias pretos e vermel.os tamb/m cai!  como o .istoriador que con.ece bem o passado de seu pas! Ele não mais acredita que .ouve um passado .er9ico, sabe que mesmo os grandes feitos ocorreram no meio de coisas pequenas, entre o comer e o dormir, que os .er9is não prescindiam de ban.eiro! $ paciente que abandona sua f1bula de origem encontra#se no seio dum drama, pode ver como o mundo comum / tr1gico, fabuloso, m1gico e .er9ico, sem deixar de ser comum! Pois como .1 muitos .omens num s9, tamb/m .1 muitos reais! Cimos como / diverso o real da saudade do da teimosia; veremos, no pr9ximo captulo, como / diferente o real autorit1rio! N1 inúmeras condi2Aes do real! &a verdade, somos iludidos para crer que os dias da semana são iguais,  0ustamente porque .1 os fins de semana!  o destino das diferen2as! 'oda a diferen2a se encontra no lazer de fim de semana, esvaziando os dias de trabal.o de seu prazer! 'alvez assim as f1bricas produzam mais, por/m, decerto, as pessoas são menos felizes!  ) cura psicanaltica equivale, portanto, a integrar na personalidade algo como o campo transferencial, da resultando que a pessoa não mais este0a aprisionada pela dualidade tempo da neurose#tempo do cotidiano! ) an1lise do social deveria, por analogia, romper o campo que nos aprisiona entre trabal.o e lazer, mandar e obedecer, produzir e consumir!  como se devêssemos voltar a viver em cores o que estava em preto e branco! $u mel.or, recon.ecer que .1 inúmeros campos do real onde pens1vamos .aver uma realidade única! Para tanto, .1 que imaginar um campo =um lugar de sentido> onde todos os ditos, id/ias, sentimentos, a2Aes etc! valessem apenas por terem o destino de sofrer ruptura de campo! ), nada tem sentido único, tudo vale por querer dizer outra coisa tamb/m! $ tamb/m / importante! &ão se perde, no processo analtico, o sentido original; este não / falso, / exclusivista, logo, neur9tico! &esse campo onde tudo vale como ruptura de campo, o pr9prio sentido neur9tico, que antes era celebrado nos sintomas, tamb/m tem seu lugar 7 rompido seu campo, o da exclusividade ou n9, ele se integra a muitas outras formas que agora são vivveis! $ra, o campo onde tudo o que ocorre s9 vale como possibilidade de ruptura /, nada mais, nada menos, o +ampo Psicanaltico ou campo transferencial! 'udo o que l1 se diz vale como fantasia, serve para produzir outras id/ias; IO

at/ a neurose, quando nele se d1 =neurose de transferência>, vale apenas para produzir outras formas de ser! %as não ser1 um pouco egosta ter essa experiência em car1ter privado@, você me perguntar1! 'alvez, s9 que ainda não sabemos bem como generaliz1#la 7 por enquanto, preservar o m/todo dentro dos limites da rela2ão bipessoal / muito mel.or que nada! Entretanto, no último captulo, pensaremos 0untos um pouquin.o em como se pode aplicar o +ampo Psicanaltico para o con.ecimento dos campos do social! O # ) PS*5FE E $S +)%P$S ($ E) ) ttulo de eplogo deste nosso passeiozin.o pela Psican1lise, voltemos 6 frase inicial do primeiro captulo3 os .omens são pessoas muito estran.as e at/ absurdas! 'udo o que vimos at/ aqui talvez o ten.a convencido disso! +aso contr1rio, pense em como organizam seu mundo e compare isso com as explica2Aes que encontram para tal organiza2ão! 5uando os soci9logos e os economistas procuram nos fazer entender a confusão em que vivemos, baseada em guerras de tiros e guerras comerciais, em explora2ão e domina2ão, e na produ2ão enlouquecida de bens perfeitamente inúteis, responsabilizam os interesses discordantes dos grupos sociais pelo atual estado de coisas! E têm razão! $s interesses dos grupos, das classes, das na2Aes, estão mesmo em conflito permanente!  )contece, por/m, que toda explica2ão sociol9gica inclui uma passagem pela Psicologia 7 e esta geralmente não se menciona, nem / sequer percebida! &este caso, por exemplo, existe a suposi2ão de que, se os grupos .umanos lutam por interesses, / que cada um deles tenta defender o seu! Esta 01 / uma afirma2ão psicol9gica! Se um .omem, um grupo, uma classe ou pas têm interesses, / 9bvio que os defendam!  9bvio que sim, como / 9bvio, para qualquer pessoa que ol.e para cima, o fato de que o Sol gira em torno da 'erra! $u se0a, / 9bvio, mas / falso! ) afirma2ão correta seria3 se algu/m tem interesses, luta por eles ou contra eles, de acordo com a orienta2ão de seu dese0o! $ que se aplica a pessoas, grupos ou 6 .umanidade em geral! Se você se interessa pela Sociologia, portanto, aconsel.o#o a buscar descobrir quantas dessas afirma2Aes psicol9gicas simplistas ocultam#se nos raciocnios mais bem construdos; creio que ficar1 atGnito! =&a verdade, .1 tamb/m inúmeras afirma2Aes sociol9gicas pueris ocultas nas teorias JR

psicol9gicas, mas este / outro problema!> $s soci9logos freqDentemente pensam que não estão a usar Psicologia, por/m, cada vez que ligam um comportamento a uma causa qualquer, usam#na sem perceber, e o resultado / que a usam mal! Calem#se do senso comum, o que / um grave pecado! $ra, a Psican1lise não pode e não deve fazer Sociologia, mas / capaz de mostrar algumas coisas que interessam aos estudiosos da sociedade! $ ob0eto do estudo psicanaltico c.ama#se psique! +omo vimos, a psique não / uma coisa que existe na cabe2a do indivduo nem na cabe2a coletiva! Ela simplesmente não tem lugar material! Psique / o que produz sentido nas coisas .umanas, se0am individuais ou coletivas! Fm autom9vel / fabricado numa lin.a de montagem, seu sentido / fabricado pela psique; a infla2ão, a guerra ou o nacionalismo são produzidos inteiramente por causas concretas, seu sentido / psique! Sendo assim, estudar a psique não / um passa tempo, nem / egosmo elitista de gente rica! )contece apenas que s9 aos poucos come2amos a tatear essa 1rea obscura e complicada do universo .umano! +laro que não s9 a Psican1lise o faz! ) )ntropologia e sobretudo a Hilosofia, al/m de outras +iências, tamb/m se interessam pelas razes do sentido das coisas .umanas! ) Psican1lise tem seu quin.ão, que pode ser grande, pois a psique / um ser muito estran.o, como os .omens! )li1s, / a psique a estran.eza dos .omens! $ motivo principal de se saber tão pouco a respeito da psique / que ela não pode ser compreendida! &ossa compreensão alcan2a 0ustificar rela2Aes entre os v1rios comportamentos dos .omens e sociedades; mas aos campos que as determinam, a psique, s9 se c.ega pela interpreta2ão! ) interpreta2ão opera uma ruptura de campo que permite deixar surgir os sentidos psquicos; depois, / tom1#los em considera2ão! Ce0a um exemplo! &9s todos vivemos num reino a que c.amamos realidade! 'odavia, a realidade / produto duma esp/cie de acordo entre os .omens, que necessitam de algo comum para poder falar! E, falando, acabam por cri1#lo! *sso não significa a inexistência de ob0etos materiais3 a materialidade das pedras e dos carros est1 a, atropela#nos; mas, e sua realidade@ Penso que se0a assim! N1 muitos campos do real! eal 7 real .umano, que / o único que con.ecemos 7 / o mesmo que o dese0o, mas visto no mundo! 'rata#se dum con0unto de regras muito loucas, como as dos son.os, das emo2Aes, da psicopatologia, o real / onde se produz a experiência .umana, uma esp/cie de c.ão sobre o qual vivemos! Civemos J"

nele mas sem o enxergar! N1, felizmente, uma outra s/rie de regras de bom#tom, a que c.amo 8rotina:, que se encarrega de organizar aquilo que pode ser visto sem ofender os ol.os! &ossa cegueira ao real / importante e at/ certo ponto ben/fica! Permite# nos, entre outras coisas, pensar com l9gica, falar, construir a civiliza2ão! Pois a l9gica do real não / a mesma l9gica da realidade! Esta / a organiza2ão dos produtos do pensamento, a maneira pela qual se ordenam e ligam as id/ias, emo2Aes, atos .umanos! T1 a l9gica do real, embora este0a embren.ada no mundo, / da mesma ordem que a l9gica da concep2ão, a que produz nossas id/ias e atos, inconsciente e totalmente diversa! Por isso não se a compreende, apenas interpreta#se! Então, os .omens vivem num mundo absurdo sem o saber! _timo! 5uando algu/m toma contato de repente com o c.ão absurdo, sob o tapete da realidade cotidiana, fica louco! $ delrio / exatamente isto! Fm mergul.o indevido no absurdo, que tem de ser depois retraduzido, em linguagem comum! N1 duas condi2Aes psicol9gicas para algu/m c.egar a ser delirante, ou para não o ser!  ) primeira / a possibilidade de sentir#se fortemente o mesmo, atrav/s das v1rias mudan2as de identifica2ão que a vida traz! $ mesmo ator em v1rios pap/is!  ) segunda condi2ão decisiva consiste na capacidade maior ou menor de distinguir entre reais e possveis!  possvel que .a0a seres inteligentes entre as estrelas, / menos possvel que 01 ten.amos entrado em contato e menos ainda que meu vizin.o se0a um deles, por mais que pare2a! Por/m, se a distin2ão entre o que / e o que / possvel se desfaz, posso transformar o fato de que muitas coisas não são o que parecem na certeza delirante de ser eu mesmo um extraterreno! S9 que, para isso, / necess1rio tamb/m que o sentido de permanecer o mesmo, condi2ão anterior, este0a tamb/m pre0udicado 7 caso contr1rio, sempre .aver1 a no2ão de ser algu/m que pensa ser marciano, o que invalida o bom delrio! $ra, se eu me perco com certa facilidade nas mudan2as de condi2ão que a vida obriga e não consigo discriminar bem a .ierarquia dos possveis, pode acontecer que um súbito desvio da lin.a de vida fa2a colar#se a mim uma identifica2ão nova, tomada agora por mim como se fosse uma nova identidade total! S9 que tal identidade .1 de corresponder a meu pr9prio dese0o para ter eficiência, sendo assim um mergul.o profundo na ordem absurda do mundo! (epois disso, por/m, .aver1 um esfor2o para reconstituir o mundo rotineiro, para explicar as coisas incrveis, para me J?

acertar com os outros .omens! 'alvez por causa disso o louco que delira se0a um narrador compulsivo! Ele precisa traduzir sua experiência absurda para si mesmo, em primeiro lugar, para a l9gica e para as imagens da vida cotidiana! Por duas razAes incluo o delrio entre os campos do real! *nicialmente, porque nossa dificuldade geral de ter uma compreensão psicanaltica tão boa dele quanto das neuroses, por exemplo, deve#se quem sabe ao fato de ser o delrio um contato indevido com o solo da vida .umana rotineira! E os estudos psicanalticos da constitui2ão do real .umano apenas se iniciam! (epois, não / s9 o indivduo que pode delirar! N1 formas sociais bastante equivalentes 6 dos delrios individuais para que os possamos comparar! =)final, a psique não / individual nem social, em si mesma!> $ processo autorit1rio / uma de tais formas! Pode ocorrer num pas ou numa casa, numa escola ou num grupo de amigos! +omo recon.ecê#lo@ H1cil, você dir1, se algu/m manda pela for2a, a gente fica sabendo! Bem, você est1 certo pela metade! $ uso de algum tipo de for2a para constranger a obediência al.eia / evidentemente parte do processo autorit1rio! %as .1 algo mais caracterstico! Fm estudo psicanaltico do processo autorit1rio mostra que, .avendo ou não uso de for2a, ele se define mel.or por sua rela2ão com a verdade! &o autoritarismo, existe um descr/dito profundo pelo con.ecimento!  como se todas as coisas que se diz pudessem ser ou não verdadeiras, por que, supAe#se, nada / certo, nem se pode con.ecer! $ra, se tudo pode ser ou não, / possvel afirmar uma id/ia qualquer como sendo a única correta, desde que se ten.a meios para sustent1#la! $ grupo dominante afirma como verdadeira e única a id/ia que l.e parece; e, quando se defronta com alguma oposi2ão, não a atribui a outra maneira de ver os fatos, mas a uma inten2ão maligna e p/rfida de quem a sustenta! (essa maneira, os fatos deixam de ser o que são, não contêm uma solidez implcita; enquanto que as id/ias tornam#se espessas, pesadas como fatos3 não exprimem uma verdade, são uma esp/cie de sintoma de inten2Aes ocultas! $ autoritarismo, pois, funda#se num apego apaixonado 6 mentira como sistema! esulta que suas .ist9rias não necessitem apoiar#se na experiência concreta3 constituem uma esp/cie de delrio, portanto! Fm delrio coletivo, que leva a todo tipo de atrocidades! 5uando, por/m, o processo autorit1rio domina totalmente um grupo, vai#se tornando paulatinamente impossvel pensar e argumentar! Se a cada ob0e2ão que fa2o a uma dada id/ia, respondem#me que a fa2o porque sou mau 7 e não porque penso diferente 7, depois de certo tempo 01 não J

encontro camin.o para pensar e dizer! Pode suceder então que grupos inteiros de indivduos, sociedades ou partes delas, passem a confiar inteiramente na for2a da a2ão! +ontra o regime autorit1rio, volta#se então uma esp/cie de regime de a2ão pura =ou 8regime do atentado:, como prefiro c.amar>, que 01 não / um sistema organizado por id/ias mentirosas, mas por ausência de id/ias! Sendo impossvel pensar, a comunica2ão d1#se quase que s9 pela via de atos concretos e smbolos materiais convencionados! Por exemplo, para saber que estou alegre devo beber um usque, ou para sentir#me livre devo matar algu/m! &ovamente, como você pode ver, trata#se do equivalente duma loucura pessoal 7, no caso, uma 8psicose de a2ão: 7 no seio dos campos do social! E isso vai s9 como exemplo! ) Psican1lise dos campos do social dever1 revelar muito mais ampla mente a forma da psique .umana! Sempre seguindo o mesmo procedimento3 ruptura de campo, que deixa 6 mostra o absurdo do que parecia costumeiro! Se0a com uma pessoa, se0a com um acontecimento social, o absurdo nada mais / que a presen2a da psique .umana, que sempre se esconde por tr1s de seus produtos! $ absurdo / o mais .umano do .omem, quando tem a oportunidade de mostrar#se! ) Psican1lise, exibindo#o, serve então 6 sociedade, convidando#a a enxergar# se tal como /, ainda que ela se assuste com isso! "R – *&(*+)`ES P)) -E*'F) Provavelmente, a mel.or introdu2ão 6 Psican1lise continue sendo a obra de Hreud! (esta obra complexa, creio que vale a pena, inicialmente, ler as 8+onferências *ntrodut9rias:, curso que Hreud preparou para um público leigo =em "O"M, continuadas, em ?, com as 8&ovas +onferências *ntrodut9rias:>! )l/m delas, sugiro que se estude um dos casos clnicos de Hreud, o 8+aso (ora: ou o do 8Nomem dos -obos:, por exemplo =a edi2ão 8Standart: das obras completas de Hreud foi publicada em português pela Ed! *mago>! São claros, extraordinariamente bem escritos e com um sabor quase detetivesco! )os poucos você ler1, se isso l.e interessar, os trabal.os te9ricos principais, mas sugiro que a conte com a a0uda de alguma pessoa que o oriente! 5uanto 6 obra de %elanie Ylein, uma introdu2ão pequena encontra#se em Nanna Segall, *ntrodu2ão 6 obra de %elanie Ylein +omp! Ed! &acional, "OLL! (epois, ser1 procurar seus escritos traduzidos, mas sempre com orienta2ão! $ mesmo vale para todos os outros grandes psicanalistas3 JI

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF