EXPANSIONISMO SOVIÉTICO NO MUNDO

February 8, 2019 | Author: André Filipe | Category: Soviet Union, Política internacional, Japan, Industries, Warsaw Pact
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1. EXPANSIONISMO SOVIÉTICO NO MUNDO

Após a Segunda Guerra Mundial, a URSS foi responsável pela implantação de regimes inspirados no modelo soviético, por todo o mundo. Tendo por base a doutrina Jdanov que, em 1947, defendia um campo “anti“anti -imperialista” apoiado “nos partidos comunistas irmãos” e “nos movimentos de libertação dos países coloniais”, a URSS estendeu rapidamente a sua influência à Europa, à Ásia e a África. EUROPA  – Na Europa, a URSS supervisionou, através do KOMINFORM (Secretariado de Informação Comunista), a constituição de democracias populares (regimes em que o partido único – único  – sempre de ideologia comunista – comunista  – governava o país e os seus membros controlavam o aparelho de Estado e a administração). Os seguintes países aderiram ao modelo soviético: - 1945: Bulgária - 1946: Albânia - 1947: Roménia e Polónia - 1948: Hungria e Checoslováquia 1949: República Democrática Alemã – Alemã – RDA (e Berlim Oriental) Assim, 1950, a “cortina de ferro” entre o mar Báltico e o mar Adriático que Churchill anunciara em 1946 estava solidamente implantada. Em 1955, em resposta à entrada da RFA para a NATO, a URSS cria o Pacto de Varsóvia com objetivos idênticos: a assistência mútua entre os o s países membros “em caso de agressão armada”.

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A preponderância militar foi, aliás, um dos principais meios de que se serviu o regime soviético para manter as repúblicas populares sob controlo: em 1956, na Hungria, e em 1968, em Praga (Checoslováquia), a URSS reprimiu, com os tanques militares do Pacto de Varsóvia, os levantamentos sociais que contestavam o poder soviético e, em 1961, construiu-se o muro de Berlim. Na Jugoslávia, Tito pretendia formar uma federação balcânica com caráter aduaneiro, o que desagradou a Estaline. Tito com o apoio popular construiu um Estado centralmente planeado por um sistema de empresas cooperativas autónomas. Tendo rompido com Moscovo em 1948, manteve uma via socialista autónoma e liderou o Movimento dos Não-Alinhados. ÁSIA  – em 1945, apenas a Mongólia era comunista; em 1949, porém, o líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-Tung, proclamou a República Popular da China, vencendo Tchang Kai-Chek, líder apoiado pelos EUA que havia perseguido os comunistas desde a década de 20. Em 1950, a China assinou com a URSS um tratado de amizade, paz e assistência mútua, ficando assim integrada no bloco socialista. Entre 1950 e 1953 desenrolou-se, na Coreia, uma guerra civil entre o Norte comunista apoiado pela URSS através da China, e o Sul capitalista, apoiado pelos EUA. O final da guerra não unificou o país que continuou dividido pelo paralelo 38, República da Coreia do Norte e República da Coreia do Sul, tornando-se, atualmente, uma das questões por resolver da Guerra Fria. No Vietname chegou-se a um acordo ficando dividido em dois Estados. Os EUA permaneceram no Vietname do Sul porque, segundo o presidente Johnson, “estamos lá porque temos uma promessa a cumprir”, “estamos lá também para reforçar a ordem mundial”, “estamos lá também porque há grandes apostas em jogo na balança. (…) Devemos afirmar no Sudeste Asiático, como já fizemos na Europa, segundo a fórmula bíblica: “Irás além mas não para além””. AMÉRICA LATINA  – Cuba assumiu, pela proximidade em relação aos EUA, um importante papel estratégico. Em 1959, Fidel Castro e Che Guevara derrubaram o governo de Baptista, apoiado pelos EUA. Depois da vitória Castrista, em 1961, os EUA apoiaram uma tentativa de tomada do poder próamericana (desembarque da Baía dos Porcos), fracassada. Em 1962, a crise dos mísseis de Cuba fez com que o presidente dos EUA, Kennedy, exigisse a retirada dos mísseis russos instalados em território cubano com alcance para atingir o território dos EUA. A URSS de Kruchtchev retirou os mísseis mediante a promessa, por parte dos EUA, de não se imiscuírem no governo de Fidel Castro, apesar do bloqueio decretado por Kennedy. ÁFRICA  – a adoção de regimes pró-soviéticos coincidiu com uma nova vaga de descolonizações, a partir dos anos 70.

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2. OPÇÕES E REALIZAÇÕES DA ECONOMIA DE DIREÇÃO CENTRAL Depois da Segunda Guerra os soviéticos precisavam de reconstruir o país para consolidar o lugar de superpotência conquistado com a vitória. Assim, os planos quinquenais foram retomados. A reconstrução económica foi definida no IV Plano Quinquenal que apostou, sobretudo, na indústria pesada (siderurgia) e nas infra-estruturas. A URSS registou um crescimento industrial tão significativo que ascendeu à segunda posição da indústria mundial. Estaline, nesta altura, anunciou também o desenvolvimento, a mais longo prazo da produção de carvão, de petróleo e de aço, para fortalecer a URSS. No entanto, a par destas realizações, as economias de direção central evidenciavam fraquezas estruturais que comprometiam, a longo prazo, o seu sucesso: -a prioridade concedida à indústria levou à falta de investimento em vários setores da economia, tais como a agricultura, a produção de bens de consumo e a construção civil. - a planificação económica tornou-se um entrave ao progresso, pois reduzia o risco do investimento. - os elevados índices industriais não foram acompanhados por uma elevação dos níveis de vida das populações, pois a URSS era uma grande potência industrial, mas com desequilíbrios, sobretudo sentidos no mundo rural. A produção de bens de consumo e de artigos domésticos era insuficiente provocando um acesso condicionado. -a direção de todas as atividades económicas pelo Estado criava uma pesada burocracia que funcionava como obstáculo ao desenvolvimento. Destes bloqueios resultou a estagnação da economia do bloco soviético. Para a contrariar, a partir de 1959, Kruchtchev, num contexto de desenvolvimento da coexistência pacífica, conduziu um plano de reformas económicas, investindo na agricultura, na produção de bens de consumo e na melhoria das condições sociais; contudo, nos anos 70, numa onda de descolonizações e de corrida ao armamento, sob a liderança de Brejnev, a corrupção e a burocracia avolumaram-se, o que se traduziu pelo agudizar da estagnação. No período 1960-1985, a agricultura continuou a ser, como sempre havia sido desde a fundação da URSS, a área mais débil da economia. Mesmo com grandes investimentos sem capital e força de trabalho, a URSS sempre teve grandes dificuldades para alimentar sua população, sendo obrigada a importar trigo, milho e outros géneros. As razões para esse fracasso eram, essencialmente, a burocracia, o centralismo, a falta de responsabilidade e iniciativa dos camponeses e outros fatores que geravam ineficiência e desperdício, além da contínua transferência dos recursos do campo para outras áreas.Com relação à indústria, a situação era de estagnação. Depois de um período de expansão notável, dos anos 1940 aos 60 (na casa dos 400%), a taxa de crescimento da produção industrial, e da economia como um todo, declinou continuamente. Além disso, apesar da economia soviética superar a norte-

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americana, por exemplo, em aço, ferro, cimento e outros produtos, ela era incapaz produzir chips, computadores, robôs e outros produtos da era pós-industrial. Assim, vista no seu conjunto, a economia soviética vivenciou uma queda constante da sua taxa de crescimento, que se tornou insuficiente para acompanhar o da Europa, Japão e Estados Unidos, o que provocou um declínio da influência soviética na economia mundial. Essa, já nos anos 70, dependia da exportação de petróleo e gás para comprar, no mercado internacional, os artigos de consumo e maquinaria de que necessitava. Lentamente, a URSS ia se tornando um produtor de energia para economias mais desenvolvidas e também para os seus aliados do Leste Europeu.

3. A AFIRMAÇÃO DE NOVAS POTÊNCIAS “O Milagre Japonês” Após a derrota na guerra, o Japão enfrenta uma situação extremamente grave: -a derrota do Japão teve custos humanos e materiais elevadíssimos: as populações das cidades de Hiroxima e Nagasáqui foram arrasadas pela bomba atómica e o restante território, embora em menor escala, também sofreu a destruição da guerra; o Japão perdeu a soberania, ficando sob a autoridade dos EUA. Esta ocupação transformou as estruturas políticas, sociais e culturais do país. Tendo como objetivo o desarmamento, a desmilitarização e a democratização do país, a reforma política fez-se com base nos princípios liberais da democracia americana; - sendo um país pobre em recursos naturais, o Japão tinha de importar a quase totalidade de carvão, petróleo e gás para a indústria; -a área cultivável do Japão era reduzida; - o sistema social era rigidamente hierarquizado, submetido ao imperador e à nobreza. Como se explica que o Japão, 30 anos após a guerra (nos anos 70), ocupasse o terceiro lugar (após os EUA e a URSS) na economia mundial? Fatores explicativos: 1. A ajuda americana: enquanto ocuparam o Japão, os EUA prestaram auxilio económico (através do Plano Dodge), aboliram a nobreza, fizeram aprovar a Constituição de 1945, incentivaram o controlo da natalidade e o acesso ao ensino. Esta intervenção provocou rápidas transformações na sociedade e na economia, permitindo aos EUA, dispor de um aliado para conter a expansão do comunismo na Ásia (ex: Coreia e Vietname). 2. A estabilidade política: assegurada pelo Partido Liberal-Democrata no Poder desde 1955. 3. Investimento privado na indústria. Os setores que registaram um maior desenvolvimento foram, numa primeira fase (1955-1961), a indústria pesada e de bens

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de consumo e, numa segunda etapa (1966-1971) a siderurgia, a indústria automóvel e a produção de televisores. Entre 1966 e 1971 há um boom económico. O valor dos investimentos industriais privados triplica e a produção industrial duplica. Agora o progresso assenta na introdução de novos produtos: circuitos integrados, televisões a cores, automóveis, climatizadores e petroquímica. 4. O incentivo do Estado nos anos 60, à formação científica , que se traduziu, em curto prazo, num extraordinário avanço tecnológico, por exemplo no campo da eletrónica. Refira-se que em 1973, mais de 80% das câmaras de filmar, perto de 60% das máquinas de calcular e mais de 40% das máquinas fotográficas produzidas no mundo eram de fabrico japonês. Hoje, falamos de material informático, telemóveis, jogos… 5. O papel protetor das empresas em relação aos seus funcionários, o que permitiu a melhoria da produtividade e fracos índices de contestação social, apesar dos baixos salários. Além dos fatores internos, já referidos, entre 1955 e 1961, juntam-se outros, como os elevados níveis de poupança e de investimento e as poucas despesas militares. Consideramos também fatores externos, como o crescimento do comércio internacional, a crise do Suez… Neste período, o Japão consegue um ritmo de crescimento tão rápido que foi designado de “milagre japonês”. Este crescimento tão rápido trouxe desequilíbrios a nível interno, com problemas de poluição extremamente graves, e a nível externo, pois os EUA, os maiores fornecedores e os maiores clientes do Japão, sofrem uma concorrência e insistem para que o Japão abandone as medidas protecionistas.

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