ERGONOMIA E A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO Nursing Job and the Concept of Ergonomics David Godinho Ribeiro
Graduado em Enfermagem – Faculdade Estácio de Sá Avenida Presidente João Goulart, 600 – Cruzeiro do Sul – Juiz de Fora/ JF Telefone: (32) 8839-1097 email:
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Ms. Dayanne Cristina Mendes Ferreira Tomaz
Mestre em Enfermagem do Trabalho – UNIRIO Rua Noel Rosa, 440, Quinta da Barra – Teresópolis/RJ email:
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RESUMO:
O trabalho é fator intrínseco a vida do homem produtivo, ocupando horas do seu dia, contribuindo para a formação da sua identidade e subjetividade. Além de inseri-lo na vida social com um peculiar olhar para o mundo. Os profissionais de enfermagem exercem suas atividades laborais em locais onde a insalubridade é evidente, estando expostos a riscos ocupacionais causados por fatores biológicos, químicos, físicos, mecânicos, psicossociais e ergonômicos, os quais podem ser prejudiciais à saúde levando-os a predisposição de acidentes no trabalho e a desenvolverem doenças ocupacionais, como lombalgias, devido à postura corporal incorreta. O objetivo deste artigo é apresentar reflexões, apoiadas em fundamentos empíricos e teóricos, sobre a relação entre a ergonomia e a qualidade de vida no trabalho. Os fundamentos empíricos baseiam-se tanto em dados contemporâneos do mundo do trabalho, quanto em resultados específicos de estudos e pesquisas em ergonomia. A fundamentação teórica, por sua vez, engloba aspectos históricos, objeto e objetivos da ergonomia. Palavras Chave: Trabalho; Chave: Trabalho; Ergonomia; Qualidade de vida.
ABSTRACT:
The work is intrinsic factor production man's life, taking hours of your day, contributing to the formation of identity and subjectivity. In addition to inserting it into the social life with a unique look at the world. Nurses carry out their work activities in places where the unhealthiness of course, being exposed to occupational hazards caused by biological, chemical, physical, mechanical, psychosocial and ergonomic, which can be harmful to health making them prone to accidents at work and occupational diseases develop, such as back pain, due to incorrect body posture. The objective of this paper is to present ideas, supported by empirical and theoretical, on the relationship between ergonomics and quality of work life. The foundations are based on empirical data both in the contemporary world of work, the results of specific studies and research in ergonomics. The theoretical foundation, in turn, includes historical aspects, objects and objectives of ergonomics. Keywords: Keywords: Labor, ergonomics, Quality of life.
1 INTRODUÇÃO O trabalho é fator intrínseco a vida do homem produtivo, ocupando horas do seu dia, contribuindo para a formação da sua identidade e subjetividade. Além de inseri-lo na vida social com um peculiar olhar para o mundo (PEREIRA, 2005). Para o autor citado em cima, torna-se um trabalhador é toda pessoa que executando um esforço físico ou intelectual no desempenho de uma atividade ou profissão, realiza um empreendimento, promove uma obra ou obtém um resultado, tendo em mente satisfazer uma necessidade economicamente útil. Entende-se assim, que o trabalho subsiste na vida do homem como fator primordial a sua existência social. Diversos estudos afirmam que são vários os fatores de riscos laborais existentes nos estabelecimentos organizacionais, dentre eles os físicos, químicos, biológicos, ergonômicos, psicossociais, mecânicos e acidentais. Tais riscos predispõem os trabalhadores a enfermidades ocupacionais, fazendo-se necessário na ambiência do trabalho identificar os riscos existentes no local, para a prevenção desses agravos (MANETTI, et. al., 2006). Diversos grupos de pesquisa destacam que os profissionais de enfermagem formam um grupo de risco para problemas dorsais e estabelece a ergonomia como estratégia fundamental para evitar essas complicações. Sendo assim, procura-se estudar os determinantes no desenvolvimento de doenças (PEREIRA, 2005). Os profissionais de enfermagem exercem suas atividades laborais em locais onde a insalubridade é evidente, estando expostos a riscos ocupacionais causados por fatores biológicos, químicos, físicos, mecânicos, psicossociais e ergonômicos, os quais podem ser prejudiciais à saúde levando-os a predisposição de acidentes no trabalho e a desenvolverem doenças ocupacionais, como lombalgias, devido à postura corporal incorreta (COUTO, 2002). Os trabalhadores de enfermagem, especialmente os que estão inseridos no ambiente hospitalar, permanecem ininterruptamente nos cuidados aos pacientes e, consequentemente, expõem-se a diversos riscos, podendo desenvolver doenças ocupacionais, além de lesões decorrentes dos acidentes de trabalho (CASTRO e FARIAS 2008). O interesse de se pesquisar sobre a atuação do enfermeiro do trabalho na prevenção dos riscos ergonômicos no ambiente hospitalar surgiu por meio da necessidade de melhorar as condições do trabalhador na área da saúde em relação à postura. Enquanto que os agentes ergonômicos podem ser caracterizados como esforço
físico intenso, postura inadequada, situações de estresse físico e psicológico, ritmo excessivo de trabalho, jornadas de trabalho ininterruptas, podem provocar distúrbios psicológicos e fisiológicos ao trabalhador prejudicando sua vida produtiva (CASTRO e FARIAS 2008). A ergonomia se constitui na principal forma de prevenção de lombalgias e dorsalgias no trabalho. Estima-se que a adoção de medidas ergonômicas de baixo custo no ambiente de trabalho é capaz de reduzir cerca de 80% a incidência de dores lombares (COUTO, 2002). Não apenas o trabalhador de enfermagem está sujeito a esses riscos ergonômicos, mas todos aqueles que desenvolveram suas atividades laborais. Diante disso, faz necessário disponibilizar ao trabalhador mobiliário ergonomicamente adaptados, tecnologias que diminuam o esforço físico, menor carga de trabalho, ou seja, melhores condições de trabalho. Neste sentido, ressalta-se a necessidade de realizar trabalhos buscando pesquisar o papel da enfermagem na melhoria dos aspectos ergonômicos do trabalho, na tentativa de transformar a realidade atual nas organizações laborais. Dessa forma, compreender os riscos ergonômicos que podem afetar o trabalhador é de suma importância para promover a prevenção e/ou diminuição dos riscos inseridos no processo de trabalho e ambiência dos serviços. O objetivo deste artigo é apresentar reflexões, apoiadas em fundamentos empíricos e teóricos, sobre a relação entre a ergonomia e a qualidade de vida no trabalho (QVT). Os fundamentos empíricos baseiam-se tanto em dados contemporâneos do mundo do trabalho, quanto em resultados específicos de estudos e pesquisas em ergonomia. A fundamentação teórica, por sua vez, engloba aspectos históricos, objeto e objetivos da ergonomia Essa pesquisa permitirá adaptação das condições de trabalho e as características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. Quanto à metodologia utilizada, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que é desenvolvida com base em material já elaborado, construído principalmente de livros e artigos científicos. .
2 ERGONOMIA A ergonomia, embora relativamente desconhecida do grande público, tem cerca de meio século de existência. Ela surgiu oficialmente na Inglaterra, ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1948, na criação da Research Ergonomics Society. O fato que, segundo os manuais de ergonomia (IIDA, 2005; MORAES & MONT'ALVÃO, 1998) está na origem da disciplina foi a consequência da atuação conjunta de engenheiros, psicólogos e fisiologistas para remodelarem o cockpit dos aviões de caça ingleses. Assim, surgiu formalmente a ergonomia – "filha da guerra" como assevera Teiger (1993) – cujo estereótipo de "ciência do posto de trabalho" ou, pejorativamente "cadeirologia", permanece forte no imaginário social de leigos. Ocorre que, de início, a preocupação da ergonomia estava centrada, segundo Abrahão e Pinho (2002), na "(...) a compreensão das exigências do trabalho, especialmente entre os autores da língua francesa, estava centrada basicamente: a) no gestual; b) no agrupamento das informações; c) nos procedimentos adotados no sistema de produção; e d) nos processos de pensamento". Passado mais de meio século de existência a ergonomia desenvolveu-se teórica e metodologicamente e, hoje, os postos de trabalho são tão-somente um dos objetos de análise da ergonomia. A revisão de textos clássicos em ergonomia (DANIELLOU, 2004) mostra que a identidade científica dessa disciplina está em construção. Isso não é por acaso, pois com apenas meio século de existência formal, ela pode ser considerada uma jovem ciência se comparada, por exemplo, com a física. A definição pioneira do engenheiro inglês Murrel (1969), um dos fundadores da ergonomia na Europa, começa a desenhar a identidade científica da disciplina: “Estudo científico da relação entre o homem e seu ambiente de trabalho.” Nesse sentido, o termo ambiente não se refere apenas ao contorno ambiental, no qual o homem trabalha, mas também a suas ferramentas, seus métodos de trabalho e à organização deste, considerando-se este homem, tanto como indivíduo quanto como participante de um grupo de trabalho Entretanto, a definição mais recente, adotada em agosto de 2000, pela Associação Internacional de ergonomia (IEA) é a seguinte: “A ergonomia (ou o estudo dos fatores humanos) tem por objetivo a compreensão fundamental das interações entre os seres humanos e os outros componentes de um sistema.” Ela busca agregar ao processo de concepção teorias, princípios, métodos e informações pertinentes para a melhoria do bem-estar do humano e a eficácia global dos
sistemas. A análise da evolução das definições de ergonomia coloca em evidência algumas de suas características, que autorizam inferir sua importância para uma abordagem de qualidade de vida no trabalho preventiva. De acordo com Daniellou (2004) cabe destacar: o caráter multidisciplinar e aplicado, convocando outros saberes e profissionais para produção de conhecimento sobre um mesmo objeto; o foco no bem-estar dos trabalhadores e na eficácia dos processos produtivos; a adaptação do contexto de trabalho a quem nele trabalha; a transformação dos ambientes de trabalho, buscando conforto e prevenção de agravos à saúde dos trabalhadores. Ainda de acordo com o autor citado, o mais importante: o objeto de estudo, análise e intervenção da ergonomia da atividade é a interação entre os indivíduos e um determinado contexto de trabalho. Ao longo de sua história, a produção científica em ergonomia da atividade tem, insistentemente, mostrado que a distância entre o trabalho prescrito e o trabalho real constitui uma descontinuidade fundamental, fundadora de um conflito de duas lógicas: (a) do modelo da realidade em geral e da (b) atividade em particular (HUBAULT, 1995, 2006). Como distância a ser identificada e analisada, ela é uma fonte produtora de conhecimento em ergonomia. Nesse sentido, estudos e pesquisas (WEILL-FASSINA, RABARDEL & DUBOIS, 1993) colocam em evidência o caráter de imprevisibilidade da atividade, pois ela requer a cada instante a inteligência criadora dos trabalhadores. A atividade não pode, portanto, ser interpretada automaticamente como sinônimo de interesse ou de satisfação no trabalho, posto que os sentimentos de fadiga, monotonia e insatisfação podem estar presentes num mesmo posto de trabalho. Em conseqüência, o foco na análise da atividade em situações reais de trabalho evidenciou o papel estratégico do conhecimento sob a forma de savoir-faire dos trabalhadores, que é construído no dia-a-dia de trabalho para garantir os clássicos imperativos empresariais de produtividade, eficiência e qualidade e, ao mesmo tempo, suas condições de saúde. Assim, cabe destacar que o foco do olhar teórico-metodológico da ergonomia da atividade está voltado para a singularidade do ato de trabalhar de cada ser humano em contextos assemelhados ou diferentes, salienta Motta (1997). Tais características habilitam a ergonomia como uma área científica, mesmo uma "ferramenta", para atuar na temática de qualidade de vida no trabalho. Pode-se depreender que a razão de ser da ergonomia é compreender os problemas (contradições) que obstaculizam a interação (mediação) dos trabalhadores com o ambiente de trabalho, cuja
perspectiva é promover o bem-estar de quem trabalha e o alcance dos objetivos organizacionais.
3 A ERGONOMIA DA ATIVIDADE A análise da literatura em ergonomia da atividade, para além dos aspectos mencionados anteriormente, permite identificar alguns de seus principais traços teóricos que marcam sua identidade científica no campo das ciências do trabalho. Tais traços se reportam às dimensões analíticas centrais da ergonomia da atividade e que são conformadores do próprio objeto de investigação sobre o qual repousa sua produção de conhecimentos. Assim, um esforço de síntese aponta para as seguintes dimensões conceituais (FERREIRA e MENDES, 2003): - Contexto de trabalho: designa o meio físico, instrumental e social onde se realiza a atividade de trabalho. Ele pode ser designado genericamente como um contexto de produção de Bens ou serviços (CPBS), no qual se encontram os parâmetros estruturadores da ação humana. - Indivíduo: Em ergonomia da atividade, o indivíduo é sujeito ativo que pensa, age e sente; por meio de sua atividade de trabalho, constrói e reconstrói sua experiência de trabalho cotidianamente. - Trabalho: Em primeiro lugar, o trabalho assume um sentido macro em função de seu caráter histórico e antropogenético como traço distintivo da espécie humana. Em segundo lugar, o trabalho é ação humana de mediação adaptativa (regulação) por meio do qual os trabalhadores respondem às contradições (problemas, dificuldades, limites, indicadores críticos) existentes nos contextos de trabalho com o objetivo (finalismo) de cumprir as tarefas prescritas e, ao mesmo tempo, garantir o próprio bem-estar. Ainda de acordo com os autores , desse modo, a distinção conceitual "contexto de trabalho", "indivíduo" e "atividade" (trabalho) é, antes de tudo, recurso didático de distinção teórica para melhor compreender os elementos básicos que são constitutivos e constituidores do mundo do trabalho.
4 A ERGONOMIA E A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DO TRABALHO Diante das inadequadas condições de trabalho oferecidas aos trabalhadores principalmente os de enfermagem, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), desde a década de 40, tem considerado o problema como tema de discussão e tem feito recomendações referente à higiene e segurança com a finalidade da adequação das condições de trabalho desses profissionais (COUTO, 1995). Essas condições insatisfatórias estão relacionadas aos fatores biológicos, físicos, químicos, psicossociais e ergonômicos, os quais podem causar danos à saúde dos profissionais que ali atuam (MARZIALE, 1990). Segundo Cavassa (1997), os fatores ergonômicos são aqueles que incidem no comportamento trabalho-trabalhador. São eles o desenho dos equipamentos, do posto de trabalho, a maneira que a atividade é executada, comunicação, o meio ambiente (grau de insalubridade, iluminação, temperatura, etc.). Segundo Couto (1995), através da aplicação dos princípios da Ergonomia pode ser propiciada uma interação adequada e confortável do ser humano com os objetos que maneja e com o ambiente onde trabalha e ainda melhorar a produtividade, reduzir os custos laborais que se manifestam através de absenteísmo, rotatividade, conflitos e pela falta de interesse para o trabalho. No entanto, acreditamos que a mobilização dos trabalhadores e de seus sindicatos também sejam necessárias para que efetivas e profundas mudanças ocorram nas condições de trabalho. As autoras Estryn – Behar e Poinsignon (1989) mencionam o desenvolvimento rápido e contínuo da tecnologia, a grande variedade de procedimentos e exames realizados, o aumento constante do conhecimento teórico e prático exigido na área da saúde, a especialidade do trabalho, a hierarquização e a dificuldade de circulação de informação, o ritmo e o ambiente físico, o estresse e o contato com o paciente, a dor e a morte como elementos que potencializam a carga de trabalho, ocasionando riscos à saúde física e mental dos trabalhadores do hospital. Segundo Estryn – Behar (1996), a análise ergonômica tem sido utilizada para a adaptação dos equipamentos usados no cuidado à saúde e os estudos ergonômicos constituem-se em um caminho para a obtenção de informações específicas e relevantes sobre a melhoria da qualidade do cuidado e da qualidade de vida do trabalhador no trabalho. No Brasil, Mauro et. al. (1976) foram os pioneiros em utilizar os princípios
ergonômicos para analisar o trabalho de enfermagem e na última década houve uma maior utilização da referida abordagem e um número crescente de estudos tem sido realizados. Marziale (1990), estudou através da abordagem ergonômica a fadiga mental entre enfermeiras que atuavam em hospital em esquema de turnos alternantes, constatando que o referido esquema de horários era responsável pela inadaptação das enfermeiras as condições de trabalho. Benedito (1994) estudou as exigências cognitivas das atividades executadas pelo pessoal de Enfermagem em um hospital escola de Santa Catarina. Faria (1996), investigou as fontes geradoras de sofrimento psíquico para técnicos e auxiliares de Enfermagem de um hospital público com vistas a conhecer o processo e forma de organização do trabalho através da utilização da metodologia ergonômica. Estudos ergonômicos têm sido realizados para analisar as posturas físicas adquiridas na execução das atividades de trabalho de Enfermagem buscando a adequação dessas atividades respeitando os princípios da Biomecânica (BENEDITO e CONTIJO, 1996). Alexandre e seus colaboradores tem direcionado a atenção para estudos abordando aspectos ergonômicos e posturais no transporte de paciente e em relação à ocorrência de cervicodorsolombalgias entre a equipe de Enfermagem (ALEXANDRE, et. al.1991; ALEXANDRE e ANGERAMI, 1993; ALEXANDRE, 1998). Através dos referidos estudos foi constatado que grande parte das agressões à coluna vertebral estão relacionadas à inadequação de mobiliários e equipamentos utilizados nas atividades cotidianas de Enfermagem e com a adoção de má postura corporal adotadas pelos trabalhadores. Desta forma consideramos a aplicação dos princípios ergonômicos na Enfermagem condizentes com a fase de desenvolvimento em que esta profissão se encontra, onde o corpo de conhecimento científico, embora ainda em formação, está sendo construído, vislumbrando não apenas a técnica, mas o embasamento teórico engajado nos modelos assistenciais contextualizados no atual momento sócio-político e econômico.
5 CONSIDERAÇÃO FINAL Durante a elaboração deste trabalho pode-se conhecer e analisar a produção científica de enfermagem acerca dos aspectos ergonômicos do trabalho, como surgiu à
história do trabalho e as dificuldades ao longo dos anos na tentativa de introduzir melhor qualidade de vida nos ambientes de trabalhos, através dos aspectos ergonômicos. O trabalhador é a variável de ajuste – ele é quem tem que ser flexível – e o poder de decisão de quem trabalha cotidianamente permanece restrito, vigiado e, na maior parte dos casos, proibido. Nessa ótica, a reestruturação produtiva tem sido muito mais um obstáculo para o pleno exercício do autêntico sentido do trabalho humano e está na origem da produção e do agravamento de um rol de indicadores críticos que cobrem: a produção de serviços e mercadorias; os efeitos nocivos sobre a saúde dos trabalhadores; e a satisfação de usuários dos serviços públicos e clientes/consumidores do setor privado. É com base nesse contexto macro e micro conjuntural que a questão da qualidade de vida no trabalho se apresenta como prioridade de agenda de trabalho e intervenção para as ciências do trabalho, em especial para a ergonomia da atividade. A ergonomia da atividade acumulou ao longo de meio século uma experiência analítica dos ambientes de trabalho bastante consistente, que a autoriza a ser uma das protagonistas da promoção da qualidade de vida no trabalho nos cotidianos das organizações. O objetivo deste estudo foi identificar a atuação do enfermeiro do trabalho na prevenção dos riscos ergonômicos. Assim a adequação ergonômica dos postos de trabalho e do sistema de produção são necessidades imediatas para diminuir e prevenir dores posturais principalmente as musculoesquélitas, complicações físicas e mentais, fadiga e acidentes. O enfermeiro do trabalho, dentre todas as suas atribuições, poderá contribuir de forma relevante junto com uma equipe multidisciplinar, no planejamento e acompanhamento de medidas preventivas que visem em primeiro lugar à saúde, segurança e satisfação do trabalhador, orientando e conscientizando os profissionais de enfermagem.
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