Equivalência e Transformação de Estruturas
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Equivalência e transformação de estruturas 1. 2. 3. 4. 5.
Paralelismos sintático e semântico O sentido da frase: a ordem pode alterar o produto Do discurso direto ao indireto e vice-versa Transformações de orações em termos nominais Vozes verbais - transformações
1. Paralelismo sintático e paralelismo semântico
PARALELISMO: consiste em uma sequência de expressões com estrutura idêntica. PARALELISMO SINTÁTICO: ocorre paralelismo sintático quando a estrutura de termos coordenados entre si é idêntica. Esclarecendo: termos coordenados entre si são aqueles que desempenham a mesma função sintática dentro do período. Podem aparecer expressões nominais ou orações coordenadas em uma frase.
Vejamos os exemplos: Ela vende balas e biscoitos.
Os termos coordenados são: “balas” e “biscoitos”. Veja que esses termos estão unidos pela conjunção “e” e apresentam a mesma função sintática na sentença: ambos são objetos do verbo “vender”.
O paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados: veja que tanto a palavra “balas” quanto a palavra “biscoitos” são expressões nominais simples, ou seja, elas se apresentam, na sentença, em uma estrutura sintática idêntica.
Ela pensou na carreira, isto é, no futuro.
Os termos coordenados são: “na carreira” e “no futuro”. Veja que esses termos estão separados pela expressão “isto é” e apresentam a mesma função sintática: ambos são complemento do verbo “pensar”, que rege a preposição “em”(“pensar em algo”).
O paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados: veja que tanto a expressão “na carreira” quanto a expressão “no futuro” são formadas pela preposição “em” mais um substantivo, ou seja, elas se apresentam, na sentença, em uma estrutura sintática idêntica.
Eu li todos os livros, mas não entendi tudo.
Os termos coordenados são: “Eu li todos os livros” e “não entendi tudo”. Veja que esses termos são duas orações unidas pela conjunção “mas”.
O paralelismo sintático encontra-se na semelhança das orações coordenadas: ambas apresentam estruturas sintáticas equivalentes, e os verbos estão flexionados adequadamente.
Prefiro um grupo de estudos pequeno a uma turma de cursinho lotada.
Os termos coordenados são: “um grupo de estudos pequeno” e “uma turma de cursinho lotada”. Veja que esses termos são separados pela preposição “a” e apresentam a mesma função sintática: são complementos do verbo “preferir” (“preferir isso a aquilo”).
O paralelismo sintático encontra-se na semelhança dos termos coordenados: veja que tanto a expressão “um grupo de estudos pequeno” quanto a expressão “uma turma de cursinho lotada” são estruturas que têm como núcleo uma substantivo, ou seja, apresentam uma estrutura sintática idêntica.
Agora veja: Prefiro estudar em casa a aulas particulares.
Da mesma forma como na frase anterior, temos dois termos coordenados entre si: “estudar em casa” e “aulas particulares”. Veja que esses termos também são separados pela preposição “a” e desempenham a mesma função sintática de complementos do verbo “preferir”.
Nessa frase, porém, temos um problema de paralelismo sintático: veja que a primeira expressão estrutura-se em forma de oração reduzida “estudar”, já a segunda expressão é um termo nominal, isto é, tem como núcleo um nome: “aulas particulares” = núcleo: “aulas”. Essa diferença de estrutura sintática determina o problema de paralelismo.
PARALELISMO SEMÂNTICO: consiste em uma sequência de expressões simétricas no plano das ideias. É a coerência entre as informações. Vejamos os exemplos: João gosta de uva e de maçã verde.
Sem dificuldade podemos entender a relação semântica entre as expressões “uva” e “maçã verde”: são frutas de que João gosta.
Agora veja: Ele gosta de livros de ficção e de ovo mexido.
Nesse exemplo, os termos “livros de ficção” e “ovo mexido” não constituem uma sequência lógica e esperada na frase. Temos dificuldade de relacionar a presença de ambos os termos na forma como foram apresentados. Esse é um exemplo de falta de paralelismo semântico.
Vejamos um texto retirado da Folha.com: Português: Falta de paralelismo semântico cria efeito de estilo
THAÍS NICOLETI DE CAMARGO da Folha de S.Paulo
Já tratamos neste espaço da importância do paralelismo sintático para a clareza da expressão. Em: "Ele hesitava entre ir ao cinema ou ir ao teatro", falta simetria no plano sintático. O uso da preposição "entre" pressupõe a existência de dois elementos de mesmo valor sintático ligados pela conjunção "e". Como a conjunção "ou" indica alternativa, é possível ocorrer confusão num contexto como esse.
É preciso lembrar, entretanto, que a preposição "entre" delimita um intervalo entre dois pontos definidos. Daí o motivo de reger dois elementos ligados por "e".
Mas, atenção. Embora claro do ponto de vista do paralelismo sintático, um enunciado como "A diferença entre os alunos e as carteiras disponíveis na sala é muito grande" contém um problema semântico. Alunos e carteiras não são elementos comparáveis entre si. A diferença a que se refere a sentença é numérica. Então, o ideal é dizer: "A diferença entre o número de alunos e o de carteiras é muito grande". Agora, sim, a informação ganhou precisão. Faltava na frase o que chamamos paralelismo semântico, ou seja, a simetria no plano das idéias.
Esse é o mesmo problema verificado em construções do tipo: "O time brasileiro vai enfrentar a França nas quartas-de-final". Ora, um time não pode enfrentar um país. Então, entre outras possibilidades: "O time brasileiro vai enfrentar a seleção da França" ou "O Brasil vai enfrentar a França".
Preservar o paralelismo semântico é tão importante quanto preservar o paralelismo sintático. Mas, na pena de um bom escritor, a quebra da simetria semântica pode resultar em curiosos efeitos de estilo. Não foi outra coisa o que fez Machado de Assis no conhecido trecho de "Memórias Póstumas de Brás Cubas", em que, irônica e amargamente, o narrador diz: "Marcela amou-me durante 15 meses e 11 contos de réis". No mesmo livro: "antes cair das nuvens que de um terceiro andar".
O uso desse artifício parece ser uma das marcas estilísticas do autor. Na abertura de "Dom Casmurro", o narrador diz: "(...) encontrei (...) um rapaz (...), que eu conheço de vista e de chapéu".
No conto "O Enfermeiro", ao anunciar que vai relatar um episódio, o narrador adverte que poderia contar sua vida inteira, "mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel". O elemento "papel", disposto nessa seqüência, surpreende o leitor e instala o discurso irônico.Ter ou não papel para escrever é algo prosaico. A falta de ânimo, um problema pessoal, está em outro patamar semântico.
Essa interpenetração de planos é um dos articuladores do tom irônico do discurso machadiano.
Thaís Nicoleti de Camargo é consultora de língua portuguesa da Folha
Para finalizar, vejamos um texto retirado da Wikipédia: PARALELISMO O que se denomina paralelismo sintático é um encadeamento de funções sintáticas idênticas ou um encadeamento de orações de valores sintáticos iguais. Orações que se apresentam com a mesma estrutura sintática externa, ao ligarem-se umas às outras em processo no qual não se permite estabelecer maior relevância de uma sobre a outra, criam um processo de ligação por coordenação. Diz-se que estão formando um paralelismo sintático.
Paralelismos frequentes e; sem Ele conseguiu transformar-se no Ministro das Relações Exteriores e no homem forte do governo. Não adianta invadir a Bolívia sem romper o contrato do gás. não só... mas também O projeto 'não só será apreciado, como também será aprovado. mas Não estou descontente com seu desempenho, mas sim com sua arrogância. ou O governo ou se torna racional ou se destrói de vez. " Maria Rita, ou seja amiga dos alunos ou perca o emprego." tanto... quanto Estávamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los. isto é, ou seja Você deveria estar preocupado com seu futuro, isto é, com sua sobrevivência. ora...ora Ora a desejava, ora a ignorava.
2. O sentido das frases: a ordem pode alterar o produto
“A ordem dos fatores não altera o produto.” Isso pode ser verdade na matemática, mas não na língua portuguesa. Vamos provar. Começaremos mostrando uma característica do adjetivo. Essa palavra, cuja função é qualificar, geralmente fica depois do substantivo modificado por ela: casa bonita, cidade maravilhosa, mulher charmosa. “Bonita”, “maravilhosa” e “charmosa” são adjetivos e estão na ordem natural, depois do substantivo. E se a ordem for alterada – bonita casa, maravilhosa cidade, charmosa mulher –, mudará alguma coisa? Mudará sim, a frase ficará mais forte, ou seja, a ideia será expressa de modo mais enfático. A ênfase não é o único resultado da alteração da ordem de um adjetivo. O sentido é outro componente da história: “amigo velho” é um amigo idoso, “velho amigo” é uma amizade antiga, “oficial alto” é um militar de estatura alta, “alto oficial” é um militar importante, “mulher pobre” é uma mulher de poucas posses, “pobre mulher” é uma mulher digna de pena. A mudança de sentido causada pela ordem não é exclusiva dos adjetivos. Com as conjunções adversativas, ocorre algo parecido: “O carro é caro, mas é bonito” é diferente de “O carro é bonito, mas é caro”. No primeiro caso, prevalece a ideia de que o carro é bonito, logo a pessoa deve comprá-lo; no segundo, é mais forte a ideia de que o carro é caro, logo a pessoa não deve comprá-lo. Isso ocorre porque o trecho iniciado pela conjunção adversativa é sempre mais forte opinativamente que o anterior. Com esses casos, provamos que na língua portuguesa, algumas vezes, a ordem dos fatores altera sim o produto.
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