Emanuele Coccia - A Vida Das Plantas_ Uma Metafísica Da Mistura (2018, Cultura e Barbárie)

March 15, 2019 | Author: DanielPiamolini | Category: Life, Metaphysics, Plants, Nature, Física e matemática
Share Embed Donate


Short Description

fsdfs...

Description

EMANUELE COCCIA 

A V ID A D A S P L A N T A S UMA METAFÍSICA DA MISTURA 

Matteo tteo Coccia Coccia (1976-2001 (1976-2001)) in memoria iam

 Dos catorze ao aos dezenove an anos, fui fui aluno de um colé olégio agrícola ola do inte nterio rior, isolado nos campos ampos da Itál Itáliia central. Estav tava ali ali para para aprender um “verdade dadeiro ofí ofício”. As A ssim, em vez de me me dedic dedicar ao estudo studo das línguas cláss ássicas, as, da li literatura, ratura, da históri história a e da mate matemáti mática como todos todos os meus amig amigos, passe passei minha ado adollescência lendo li livros vros debotâni tânic ca, pat patolog ologia vegetal tal, quím química agrária, rária, horti horticult ultura e entomologia.  As plantas, suas ne necessidades e su suas do doenças eram os obje objetos pri privil vilegiados de estudo studo nessa escola. ola. Essa exposição cotidi otidia ana eprolong prolongada a seres ini inic cialm almente nte tão afastados afastados de mim marc arcou de maneira defini finittiva meu olhar olhar sobre sobre o mundo. Este livro é a te tentati ntativa va de ressuscitar as ide ideias nasc nascidas desses cinco anos anos de conte ontempla plação de sua nature natureza, deseu sil silêncio, desua apare aparente nte indif ndiferença a tudo aquil aquilo a que chamam hamam cultura.

 É evide idente que há somente uma subst substânci ância, que é comum náo náo some somente nte a todos odos os corpos, orpos, mas ta também a todas as alm almas e espí spíritos ritos,, e que que elã náo é outra utra coisa senão De Deus. A subst substânci ância de de onde vêm todos todos os corpos orpos se chama hama matéria; a substânci substância de de onde vem tod toda a al alma se chama razão razãoou esp espíírito. rito. E éevide vident nte eque  Deus é a ra razão de todos os espíritos e a matéria detodos odos os os corpos. rpos. David de Dinant

This is a blue blue plane planet, t, but it is a gree reen world. Karl J. Niklas

1

Das plantas, ou da da ori origem gem do noss nosso o mundo mundo Pouco Pouco fa falamos delas e mal sabe sabemos mos se seus nomes. nomes. A filoso ilosoffia as negl negligencio genciou desde sempre, sempre, com com desprezo sprezo mai mais do que que por por distraçã distração o.1S .1 São o ornam ornamento ento cósm cósmico ico,, o acidente inesse inessencial ncial e colo colorido rido relegado às ma margens rgens do do campo campo cog cogniti nitivo vo.. As As metrópoles etrópoles contemporâne contemporânea as as consid considera eram os bibelôs bibelôs supérf supérfluos luos da decoração ção urbana urbana.. Fora dos dos muros muros da cidade, cidade, são para parasitas sitas —ervas ervas danianinhas —ou objetos objetos de produção produção em ma massa. As As plantas plantas são a ferida ferida sempre sempre aberta aberta do esnobismo esnobismo metaf metafísi ísico co que defin define e nossa nossa cultura. cultura. O reto retorno rno do reca recalcado, lcado, de que é nece necessá ssário nos li livrarmos rarmos para nos considera considerarmos rmos dife diferentes: rentes: home homens, ns, racio racionais, nais, sere seres espiri espiritutuais. Ela Elas sã são o tumor tumor có cósmico smico do humanismo humanismo,, os dejetos que o espíri espírito to absoluto bsoluto não conse conseg gue eli eliminar. minar. As ciências da vida vida também as negl negligenci genciam. am. “A bio biologia logia atual, concebi concebida da com base no que sa sabemos bemos sobre sobre o animal, animal, praticame praticament nte e não leva em em conta conta as plantas”;2“a plantas”;2“a literatura teratura evo evoluci lucion onista ista padrão drão é zoo zoocêntrica”. cêntrica”. E os manuais de bio biologia abordam bordam “de má má vontade as plantas plantas como como ornamento rnamentos s sobre a árvore rvore da vida, mai mais do que como como as formas que permi permiti tiram ram a essa ssa árvore rvore sobreviver sobreviver e cresce crescer” r”.3 .3

EMANUELE COCCIA 

11

Não se trata simplesmente simplesmente de uma insuf insufiiciência ciência epi epistemol stemoló ógica: “enquanto “enquanto anima nimais, is, nos identif identificam icamos os muito muito mais ime imedi dia atamente tamente co com os outros outros animais do que com as as plantas”.4 plantas”.4A Assim, os cienti cientistas, stas, a ecolo ecologia radical e a socieda sociedade civ civil estão stão engajados jados há década cadas s na na libera liberação ção dos animai animais, s,5 5e a denúnci denúncia a da separa paração ção entre homem homem e animal (a máquina máquina antropo ntropoló lóg gica de de que fala a filosof ilosofia ia)6se )6setornou tornou um lugar lugar comum do do mundo intelectua intelectual. l. Mas parec parece e que que ninguém ninguém jamai amais quis contestar contestar asuperiorid superioridade ade da vida animal sobre a vida vida vegeta vegetall e o direito direito de vida e de mo morte da primeira sobre a segunda: vi vida sem sem personali personalidade dade e sem sem dignid dignidade, ade, esta não não merece rece nenhuma nenhuma empatia empatia benevo benevolente lente nem o exercício exercício do morali moralismo smo que os seres vivos vivos superio superiore res s conseg conseguem mobi mobillizar. zar. Nosso chauvini chauvinismo smo animali animalist sta8se a8se recusa recusa a ir além além de “uma linguagem nguagem de ani animais mais que não se presta ao relato de uma verdade verdade  ve  vegetal”.9Nesse sentido, o animalismo antiespecista não passa de um antropocentrismo antropocentrismo que interio interioriz rizo ou o darwini darwinismo smo estende estendendo ndo o narcisi narcisism smo o huma humano no ao reino reino anima nimal. l. Mas Mas elas não não se deixam deixam abalar abalar por por essa essa prol prolongada ngada negligê negligênncia: demonstram demonstram uma indif ndiferença erença sobe soberana pelo pelo mundo humano mano,, pela cult cultura dos dos povo povos, s, pela pela alternânci alternância a dos rei reinos nos e das épocas. épocas. As As plantas plantas parece parecem m ausentes, como como que extravi extraviada adas s num long longo o e surdo surdo sonho quími químico co.. Não têm se sentidos, ntidos, mas não não estã estão o trancadas trancadas em si, longe longe disso: nenhum outro outro vi vivente adere mais do que elas ao mundo circundante. circundante. Não têm olhos olhos nem nem ouvidos ouvidos que lhes permitam disti distingui nguirr as form forma as do do mundo e multi multipl pliicar sua imagem imagem na iri iridescência descência de core cores s e sons que atri atribuí buímo mos s a ele.1 ele.10 Participam Participam da da totali totalidade dade do mundo em tudo que enco encontram. ntram. As plantas plantas não não corre correm, m, não não podem podem voa voar: não são capa capazes zes de pri privilegi egiar um luga lugarr espec específ ífico ico em relação ao resto resto do espaço, spaço, devem devem

permanecer permanecer onde estão. estão. O espaç espaço, o, para elas, náo se esmigal esmigalha num tabuleiro tabuleiro heterogêneo heterogêneo de de dif difer erença ençass geog geográ ráfficas; o mundo se condensa condensa no pedaço de chão chão e de céu céu que ocupam ocupam.. Diferente iferente mente mente da mai maioria ria dos dos anima animaiis superio superiores res,, elas elas não não têm nenhuma relação relação seleti seletivva com com o que as rodeia: rodeia: estão estão, e só podem podem estar estar,, constantemente constantemente expo exposta stass ao ao mundo que as circunda. circunda. A vida veg vege tal tal éavida vida enqua enquanto nto exposiçã xposição o integ integra ral,l, em conti continui nuidade dade absolu bsolu ta eem comunhão global lobal com com o ambient ambiente. e. É com o fim fim de aderir aderir o máx máximo possíve possível ao mundo que desenvol desenvolvem vem um corpo corpo que privil privileg egia ia a superf superfíci ície e ao vol volum ume: e: “A proporçã proporção o muito muito elevada elevada da superfíc superfíciie em em rela relação ção ao vo volume nas nas plantas plantas é um de seus seus traços traços mais mais cara característi cterísticos. cos. É através através dessa dessa vasta superf superfíci ície, e, literalmente literalmente espalhada pelo ambient ambiente, e, que as plantas abso absorv rvem em os recu recursos rsos di di fusos usos no espaço espaço necessá necessário rioss a seu seu cresciment crescimento o”.11Sua ausênci ausência a de movi movimento é apenas penas o revers reverso o de sua sua adesão desão integra ntegrall ao que lhes acontece contece e a seu seu ambient ambiente. e. Não se pode separar separar —nemfisi fisic cament nte e nem metafsic sicament nte e —a planta planta do mundo mundo que a acolhe. colhe. Elã é a form rma a mai mais intensa, intensa, mai mais radical, mai mais paradi paradigmá gmáti tica ca do esta estarrno-mu no-mundo. ndo. Interroga nterrogar as as plantas é compreender compreender o que signifi signifi ca estar-no-mundo. A planta encarna o laço mais íntimo e mais elementar elementar que a vida pode estabe estabelecer lecer com o mundo. mundo. O inve inverso também também é verdadeiro erdadeiro:: elã é o obse observatóri rvatório o mais mais puro para con con templar o mundo mundo em sua totali totalidade dade.. Sob o soi ou ou sob as nuvens, nuvens, misturando-se misturando-se à água água e ao vento, vento, sua vida é uma interminável interminável contem contempl pla ação ção cósmica cósmica,, sem sem dissociar dissociar os objetos objetos e as as substâncias substâncias,, ou, dit dito o de outra outra forma, orma, aceitando ceitando toda todass as as nuances, nuances, até se fundir undir com o mundo, até coin coincid cidiir com sua sua substânc substância. ia. Nunca podere podere mos compreende compreenderr uma plant planta a sem sem ter compreendid compreendido o o que é o mundo.

EMANUELE COCCIA 

13

2  A extensão do domínio da vida

Ela Elas vive vivem a distâ distâncias siderais siderais do mundo humano humano,, como a quase quase tot totalidade alidade dos outro outross vivent viventes. es. Essa segreg segrega ação ção ná náo é uma simples simples ilusão cult cultural, ural, é de natureza mais mais pro proffunda. Sua rai raiz se encontra no metabolismo.  A sobrevivência da quase totalidade dos seres vivos pressupõe a existência existência de outros outros viv vive entes: ntes: toda toda form forma a de vida exi exig ge que que já haj haja  vi  vida no mu mundo. Os ho homens pr precisam da vida produzida pelos animais animais e pelas plantas. plantas. E os ani animais mais superio superiore ress náo náo sobrevi sobrevivveriam sem sem a vida que troc troca am recipro reciprocam camente ente gra graça çass ao ao processo processo de ali alimentaçã mentação. o. Vive iver é essenci ssencia almente viver viver da vida ida de outrem: utrem: viver viver na e através través da vida vida que outros outros soube soubera ram m construi construirr ou inve inventar. Há uma uma espé espécie cie de para parasit sitismo ismo,, de canib caniba alismo unive universal, rsal, própria própria ao domín domínio io do vivente: vivente: ele se alimenta alimenta de si mesm mesmo o, só contem contem-pla pla a si mesm mesmo, o, precisa disso para outras outras forma formass e outros outros modos de ex existência stência. Co Como mo se a vida em em sua suas fo form rma as mai mais complexa complexass e articul articuladas adas nunca nunca pa passasse de uma imensa tauto tautologia logia cósmica: elã pressupõ pressupõe e a si mesma, mesma, só pro produz duz a si mesma. mesma. É por por isso que que a  vi  vida parece só poder se explicar a partir de si me mesma. As plantas repres represe entam a única única brecha na autorre utorrefferenci erenciali alidade dade do viv vive ente.

Nesse Nesse sentido sentido,, a vida superior superior pare parece ce nunca ter tido tido relaç relações ões imediatas com com o mundo sem sem vida: o primeiro ambi ambiente ente de todo  vi  vivente é o do dos indivíduos de sua espécie e de outras espécies.  A vi vida parece dever dever ser seu própri próprio o meio, seu própri próprio o lug lugar. Só ar. Só as plantas contra contrav vêm a essa regra topo topológ lógica de autoin autoinclusão. clusão. Náo precisam da mediação de outros outros sere seres vivo vivos s para para sobre sobrev viver. iver. Nem Nem a desejam. Tud Tudo o o que exige exigem é o mundo mundo,, a realidade realidade em seus compo componentes nentes mais el elementares: ementares: pedras, pedras, água, ar, luz. luz. Vee eem mo mundo antes que ele seja habitado bitado por por forma formas de vida superio superio res, res, veem o rea real em suas forma formas s mais mais ancestrais. Ou, antes, en contra contram m vida vida lá onde nenhum outro outro org organismo anismo conse conseg gue isso. isso. Transf ransfo ormam rmam tudo tudo o que tocam em vida, fa fazem da matéri matéria, a, do ar, da luz sol solar o que será para o resto resto dos seres seres vivos vos um espaço espaço de habit habita ação, ção, um mundo. A autotrof utotrofia - é o nome nome dado dado a esse poder de Midas Midas que permite permite transf transformar em alimento alimento tudo o que se toca toca e tudo o que se é —não é simplesment simplesmente e uma fo forma radical radical de autono autonomia mia al alimentar, imentar, é sobretudo a capacid capacida ade que que elas têm de transfo transformar rmar a energia solar solar dispersa dispersa pelo pelo cosmos em corpo vivo vivo,, a matéria matéria disfo disforme e dispara disparatada tada do mundo em reali reali dade dade coerente, ordenada ordenada e unitári unitária. a. Se é às plantas plantas que devemos devemos perguntar perguntar o que é o mundo mundo,, é porque porque são elas elas que “fa “fazem mundo mundo”. O mundo mundo é, para a grande grande maio maioria ria dos organismos, rganismos, o produto produto da vida vegetal, vegetal, o produto produto da coloni colonizaçã zação do plane planeta ta pelas pelas plantas, desde desde tempos tempos imemoriais. Não apenas “o org organismo anismo animal animal é inteiram nteiramente ente consti constituí tuído do pelas pelas substânc substâncias ias orgânicas orgânicas produzi produzida das s pelas pelas plantas”, plantas”,1co 1como mo também também “as “a s plantas superiores superiores represent representa am 90% da bioma biomassa ssa eucariot eucariota do planeta”.2 planeta”.2O O conjunto conjunto dos obje objetos e dos uten utensíli sílios os que nos nos cerca cercam vem das plantas (os ali alimento mentos, s, o mobi mobili liário ário,, as roupas, roupas, o

combustív combustível, el, os medicam medicamento entos), s), mas, sobretudo, a totali totalidade dade da  vi  vida animal superior (que tem caráter aeróbico) se se alimenta das troca trocas s org orgânicas ânicas ga gasosas sosas desse sses se seres (o oxigê xigênio nio). Noss Nosso o mundo mundo é um fa fato veg vegetal antes de se ser um fa fato anima animall. O aristotelismo ristotelismo foi foi o primeiro alevar em conta conta aposição posição li limi mi nar das plantas, descre descrevendovendo-a as como um pri princí ncípi pio o de anima nimaçã ção o e de psiqui psiquismo smo univ universa ersal. l. A vida vege vegetativa tativa (psychétro trophik phikê) não não erasimplesm simplesmente, ente, para para o aristo aristoteli telismo smo daAnti ntiguidade e da Ida Idade de Média, Média, uma clas classe se disti distint nta a de fo forma rmas de vida espe específ cífica icas s ou ou uma unidade unidade taxonô taxonômic mica a separa separada da das outras outras,, e sim um luga lugarr par tilh tilha ado por todos todos os se seres vivos, vivos, indif indifer erente enteme mente nte da disti distinçã nção o entre plantas, animais e home homens. ns. Um princí princípi pio o através través do do qual “a vida pertence pertence a todos” todos”.3 .3 Pela Pe las s pla plantas, ntas, a vida vida se def define ine inici nicialment almente e como como circulação dos seres vivos vivos e, por por causa causadisso, disso, seconst constiitui na dissem dissemiinação nação das formas, ormas, na dif diferença erença das espécies, spécies, dos reinos, reinos, dos modo modos s de vida vida.. Cont Contudo udo,, elas náo são interme intermedi diário ários, s, agentes do li limiar miar cósmi cósmi co entre vivo vivo e não não-vivo ivo, espí espírit rito o e matéria. Sua cheg chega ada à terra terra firme e sua sua mult multip ipli lica caçã ção o permitira permitiram m produzir produzir a quanti quantidade dade de de matéria matéria e de massa orgâni rgânica ca de que a vida superior superior se compõe compõe e se alimenta. alimenta. Mas Mas também, e sobre sobrettudo, udo, elas elas transfo transformara rmaram m para para sempre sempre o rosto do nosso planeta: planeta: foi foi através da fotossíntese tossíntese que nossa atmosf tmosfera era passou passou a ter ter mais oxigê xigêni nio o;4 é ainda nda graças ças às às plantas plantas e a sua vida que os organi organismos smos anima animais is superi superio ores podem produz produziir a energia energia necessá necessária ria a sua sobrevivênci sobrevivência a. E por por e através través del delas que nosso pl planeta produz produz sua atmosf tmosfera era e faz respirar respirar os seres que cobrem sua pele. A vida das plantas plantas é uma cosmogoni cosmogonia a em ato, to, a gênese const consta ante de nosso cosm cosmos. os. A botâni botânica, ca, nesse sse senti sentido do,, deveria deveria reenco reencontrar ntrar um tom tom hesió hesiódico dico e descr descre ever todas todas

as forma formas de vida capazes pazes de fotossíntese otossíntese como div divin indade dades s inu inu mana manas s e materiais, materiais, titãs titãs doméstico domésticos s que náo precisam precisam de violên cia para para fundar novos mundos. Desse ponto ponto de vista, as plantas plantas abalam um dos pilare pilares s da bio biolog logia edas das ciências naturais naturais dos último últimos s sécu século los: s: a prima primaz zia do meio meio sobre o viv vivente, do mundo sobre a vida, do espa espaço ço sobre sobre o sujeito. sujeito. As As plantas, plantas, sua sua história, história, sua evoluçã volução, prova provam que os vi vi  ve  ventes produzem o meio em que vivem, em vez de simplesmente serem obrigado obrigados s a se adaptar adaptar a ele. Ela Elas modi modifficaram para sem pre a estrutura meta metaffísica ísica do mundo. mundo. Conv Convid idam am--nos nos a pensar o mundo mundo físico como o conjunto conjunto de todos os objetos, objetos, o espaço que compreende a totali totalidade dade de de tudo o que foi, oi, é e será será: o horiz horizont onte e definiti definitivo vo que já náo tolera tolera nenhuma nenhuma exteriorida exterioridade, de, o conti continente nente absoluto. bsoluto. Tornando possível possível o mundo de que são parte e con teúdo, teúdo, as plantas plantas destroem a hierarqui hierarquia a topo topoló lógica gica que parece parece reinar reinar sobre o cosmos. Demonstram emonstram que a vida é uma ruptura da assimetria assimetria entre conti continente nente e conteúd conteúdo o. Quando uando há vida, o continente continente jaz no conteú conteúdo do (e é, porta portanto nto,, contido contido por ele) ele) e  vi  vice-ve -versa. O paradigma dessa imbricação re recíproca é o que os antig ntigos já já nome nomea avam sopro (pneumà). So  Soprar, prar, respirar, respirar, significa significa de fato fazer esta esta experiência: periência: o que nos contém, contém, o ar, se torna torna conteúdo conteúdo em nós, e, inv inversa ersamente, mente, o que estava estava conti contido do em nós nós se torna torna o que nos contém contém.. Respira Respirarr significa significa estar estar imerso imerso num meio meio que nos penetra com a mesma mesma intensi ntensidade dade com que nós o penetram penetramos. os. As plantas plantas transfo transformara rmaram m o mundo na reali realidade dade de um um sopro, e é a parti partir dessa dessa estrutura topo topoló lóg gica que a vida ida deu ao cosm cosmos que que tentaremo tentaremos, neste neste liv livro, descrever descrever a noção de mundo.

17

3 Das plantas, plantas, ou da vida vida do espíri espíritto

Ela Elas náo náo têm má máos para manejar o mundo mundo,, e, no entanto entanto,, se se ria difícil encontrar agentes mais hábeis na construção de formas.  As  As plantas náo sáo apenas os artesáos mais fin finos de nosso cosmos, sáo sáo também as as espécies espécies que abri abriram ram para a vida o mundo mundo das das for for mas, a forma de vida vida que fez do mundo o lugar da figura figurabil bilid idade ade inf infinita. nita. Foi através das das plantas plantas super superio iore ress que a terra firme firme se afirmou como o espaço e o laboratório cósmico de invenção de formas e de modelagem da matéria.1  A au ausência de mãos não assinala uma fal falta, ma mas antes a con sequência sequência de uma imersão imersão sem sem resto resto na própri própria a matéri matéria, a, que elas elas modelam modelam incessanteme incessantemente. nte. As plantas plantas coin coincid cidem em com com as formas ormas que inv inventam: entam: todas todas as fo formas rmas são para para elas declinaçõ declinações es do ser e não não apenas apenas do fa fazer e do agir. Criar riar uma forma signif significa ica atravestravessá-l sá-la co com todo todo seu seu ser, ser, como como se atrav ravessam essam idades idades ou etapas da própri própria a exi existência. stência. À abstração bstração da criação criação e da técnica técnica —que são capa capazes zes de transfo transformar rmar as as forma formass sob a condi condição ção de ex exclui cluirr o cria cria dor dor e o produto produtorr do process processo o de transf transforma ormaçã ção o - a planta planta opõe a imediatez imediatez da da metam metamorf orfo ose: se: engendrar engendrar significa significa sempre sempre se transtrans-

18

 A VIDA DAS PLAN TAS : UM A META FÍSICA DA MISTU RA 

formar. ormar. Aos para paradoxos doxos da co consciência que só só sabe sabe figura figurarr forma formas sob a condi condição ção de dist distiinguingui-las de si mesma mesma e da realidade de que são os modelo modelos, s, a planta planta opõe opõe a inti ntimidade midade absolut bsoluta a entre sujeito sujeito, mat matéria e imaginação: nação: imaginar maginar é se tornar tornar o que se imagi magina. Não se trata exclusiv xclusivam amente ente de inti ntimidade midade e de imediatez: a gênese nese das forma formas atinge atinge nas plant plantas as uma intensi intensidade dade inacessív inacessível el a qualquer qualquer outro viv vive ente. Dife iferentem rentemente ente dos ani anima mais is superio superio res, cujo cujo desenvo desenvolv lvimento imento se interr interro ompe assim que o indi indiv víduo chega chega a sua maturi maturidade sexual, sexual, as plantas plantas nã não param de se desen desen  vo  volver e crescer, ma mas, so sobretudo, nã não param de construir novos órgã órgãos e nova novas partes partes de seu seu próprio próprio corpo (fo (folhas, flores, ores, parte do tron tronco, co, etc.) de que foram foram priv privadas das ou ou de que elas elas própri próprias as se li liv vrara raram. m. Seus corpos sã são uma indústri indústria a morfo morfogenéti enética ca inint ninter er rupta. rupta. A vida vegeta vegetati tiv va é o alambique alambique cósmico cósmico da me metamorf tamorfo ose univ universal, a potênci potência a que permite permite a toda toda forma forma nasce nascerr (se cons titui tituirr a partir de indi indiv víduos duos que têm uma forma dif diferente), erente), se dese desenvolv nvolve er (modif (modificar icar sua própria própria forma forma no tempo), tempo), se reprodu zir zir dife diferenciand renciandoo-se se (multip (multipli licar car o exi existe stente nte sob a condiçã condição o de o modifica modificar) r) emorrer morrer (deixar (deixar o dife diferente rente triunfa triunfar sobre sobre o idêntico idêntico). ).  A planta é um transdutor que transfor forma o fato biológico do ser  vi  vivo em problema estético e faz desses problemas uma questão de  vi  vida e de morte. E por iss isso o também também que, que, antes da moderni modernidade dade cartesiana que reduzi reduziu u o espírito espírito a sua sombra antropo ntropomórf mórfic ica a, as pla plantas foram oram consi considera deradas por por séculos como como a forma paradigmá paradigmáti tica ca da existênc istênciia da ra razão. zão. De um espírit spírito o que se exerce na modelagem desi mesmo. A medida medida dessa coin coinci cidênci dência a era a semente. semente. Na se mente, de fa fato, to, a vida vegeta vegetati tiv va demonstra toda toda sua raci racio onali nali dade: de: a produçã produção o de uma determin determinada ada reali realidade dade ocorre ocorre a parti partir

de um modelo formal rmal e sem sem o meno menorr erro. erro.2 2 Tratarata-se de uma racionali racionalidade dade anál análoga à da prá práxi xiss ou da produção. Poré Porém, m, mais mais prof profunda e radical, radical, pois pois concer concerne ne ao ao cosmos cosmos em sua totali totalidade dade e náo náo exclusivamente exclusivamente a um indi indivvíduo vivo: vivo: é a racio racionali nalida dade de que que engaj engaja o mundo no dev devir de um vivente vivente singular. Em Em outros ter mos, na seme semente, nte, a raci racio onali nalidade náo náo é ma mais uma simples simples funçã função o do psiquismo psiquismo (seja ele ani animal mal ou humano humano)) ou o atributo atributo de um único único ente, mas mas um fa fato cósmico cósmico.. É o modo de ser ser e a reali realidade dade material material do cosmos. cosmos. Para Para exi existi stir, r, a planta planta deve deve se se conf confundi undirr com o mundo mundo,, e só pode fa fazer isso isso na fo forma da sement semente: e: o espaço espaço em que o ato ato da razão razão coabit coabita a com o devi devirr da matéria. matéria. Essa ideia deia estoi stoica se torno tornou, u, através través das das medi mediaç açõ ões de PloPlotino tino e de Agostinho, stinho, um dos dos pila pilares res da filo filosof sofia ia da nature natureza za no no Renascime Renascimento nto.. “O intelecto univer universa sal” l”,, escr escre evia Giorda iordano no Bru no, “preenche “preenche tudo, ilumina umina o unive universo e conduz conduz a natureza natureza a produz produzir ir suas suas espéc espécies ies como conv convém ém;; e é para a produção das das coisa coisass naturais o que nosso int intelecto electo é para a produção produção ordenada ordenada das das espécies spécies racio raciona nais is [... [...]. ]. Os Mag Magos o dizem fecu fecundíssi ndíssimo mo em sementes, sementes, ou mesmo mesmo o semeado semeador, r, porque porque é ele que impregna impregna a matéria matéria de toda todas as as fo formas rmas e, e, segundo segundo a razão razão e condi condição ção destas,  ve  vem a fig figurá-la -la, for formá-la -la, entretecê-la -la em ordens tão admiráveis que não não se pode pode atribuí atribuí--las nem ao ao acaso caso nem nem a qual qualquer prin prin cípio cípio que não não saiba saiba disti distinguir nguir e ordena rdenarr [... [...]. ]. Plo Plotino tino o diz pai pai e proge progeni nito tor, r, po porque dist distri ribu buii as seme sementes ntes no campo campo da naturez natureza ae é o mai mais próxi próximo mo dispensador dispensador de formas. ormas. Para nós, ele é o artista artista interno interno,, porque porque forma a matéri matéria a e a conf configura igura do int interio erior, r, assim como do interio nteriorr do germe germe ou da raiz raiz faz sair sair e dese desenvo nvolv lve e o tron tron co, do tronco, tronco, os primeiros galho galhos, s, dos ga galhos lhos princip principa ais, os deri deri  va  vados, destes, os botões; do interior, ele for forma, config figura, inerva, de algum modo, modo, as folhas, as as flore flores, s, os frutos; e, e, do interio interior, r, em

s-

determinadas determinadas épo época cas, s, traz de volta lta se seus humores das fol folha hass e dos frutos aos aos galho galhoss derivados, dos ga galhos lhos derivados aos prime primeiro iross galhos, destes ao tronco, do tronco à raiz.”3 Náo basta basta reconhece reconhecer, r, como fez a tradição aristo aristotélica, télica, que a razáo razáo é o lugar lugar das das formas formas (lócusformarum), o depósito de todas as forma formass que o mundo mundo pode pode abri abriga gar. r. Elã também é sua causa causa formal rmal e ef eficien iciente. te. Se exi existe ste uma razáo razáo é a que defi define a gênese de cada cada uma das das forma formass de que o mundo se compõe. compõe. Inversa nversa mente, mente, uma seme semente nte é o exato exato oposto oposto da da simples simples exi existênci stência a vir tual de uma forma com a qual qual é freq frequentem uentemente ente conf confundi undida. da. O grão rão é o espaç espaço o metaf metafísi ísico co onde a forma já náo náo defin define e uma pura aparência aparência ou o objeto objeto de uma visã visão o, nem o simples aci acidente dente de uma substância, substância, mas um destino: destino: ao mesmo mesmo tempo o horizo horizonte nte específ specífico ico —mas int integ egral ral e abso absoluto luto —da existência existência de tal tal ou qual indi indivvíduo íduo e o que permite compre compreende enderr sua sua exi existência stência e todos todos os acontecimento acontecimentoss de que el elã se compõe compõe como fatos tos cósmic ósmicos e náo náo puramente puramente subj subjetiv etivos. os. Imaginar maginar náo náo signif significa ica colo colocar uma image imagem m inerte inerte e imaterial diante diante dos olhos, olhos, mas contemplar contemplar a força que permite permite transfo transformar rmar o mundo e uma porção de sua sua vida singular. ular. Imag matéria em uma vida  Imagin inando ando,, a semente semente torna torna ne ne cessá cessária uma vida, deixa deixa seu seu corpo seemparelhar com o curso do mundo. A semente é o lugar onde a forma não é um conteúdo do razáo é uma mundo, mas o ser ser do mundo, mundo, sua forma de vida. vida. A ra semente, pois, dif diferente rentemente ntedo que quea moderni rnidade dadeseobstinou obstinou em pensar, não é o espa espaço ço da da contempl contemplaçã ação o estéril, estéril, não não é o espaço espaço

da existência intenci intencio onal das das forma formas, s, mas a força força que faz exi existir stir umaimagem imagem como destino espec específífico ico de tal ou ou qual qual ind indiv ivíd íduo uo ou ou objeto. objeto. A razão razão é o que permite permite a uma uma imagem imagem se ser um destino destino, espa spaço de vida ida total, total, horizo horizonte nte espacial espacial e tempo tempora ral.l. É necessida necessidade de cósmica e não capricho individual.

E M A N I H E C OC OC CI CI A  

21

4 Por uma uma fi filosofi osofia da natureza natureza

Estelilivro vro pretende rea reabri brirr aquestão questão do mundo apartir partir davida vida das planta plantas. s. Fazer Fazer isso isso signif significa reatar reatar co com uma tradição antiga antiga.  Aqu  Aquilo a que, de de maneira mais ou menos arbitrária, ch chamamos fililoso osoffia nasce nasceu u e se compreendia, compreendia, na na origem, rigem, como uma uma internterrogação sobre a natureza do mund mundo o, como um discurso sobre a física (feri têsphys sphyse eôs) ou sobre o cosmos (peri kosmou). E u). Essa ssaescoescolha nada tinh tinha a de casua casual: l: fazerda natureza e do do cosmos cosmos os os objetos objetos privil privileg egiados do pensa pensamento mento significava significava afirmar irmar implici implicitame tament nte e que o pensam pensamento ento só se se torna torna fil filoso osoffia ao seconf confro rontar ntar com ess esses objeto bjetos. s. E em face do mundo mundo e da natureza que o homem homem pode pode  ve  verdadeiramente pensar. Essaidentidade entre mundo e natureza está longe longe de ser banal. banal. Pois Pois natureza designava natureza designava náo náo o que precede cede a ativ tivida idade do do espírito espírito humano humano,, nem nem o oposto oposto da cultura, mas o que permite a tudo nasce nascerr e devir, devir, o princí princípi pio o e a força respo responsá nsáveis veis pela pela gênese ênese e pela pela transfo transformação ção de todo todo e qualquer qualquer objeto, objeto, coisa, coisa, entidade entidade ou ideia ideia que existe e existirá existirá.. Identificar dentificar natureza e cosmos signif signific ica a antes ntes de tudo tudo fazer da natureza natureza náo náo um princí princípi pio o separa separado, do, mas aqui aquilo lo que se exprime prime em tudo o

22

 A VID A DAS p l a n t a s : UMA METAFÍSICA DA MISTURA 

que é. Inve nversamente, mente, o mundo náo é o conj conjunto unto lóg lógico de todos todos os objetos, objetos, nem uma total totaliidade meta metaffísica ísica dos seres, res, mas mas a força física sica que atravessa atravessa tudo tudo o que se engendra e se transfo transforma. rma. Náo há nenhuma nenhuma sepa separa ração ção entre a matéri matéria a eo imaterial, material, a histó históri ria a ea física. ísica. Num plano mais mais microscópico, microscópico, a natureza natureza éo que permite estar estar no mundo mundo,, e, inv inversa ersamente, tudo tudo o que liga liga uma co coisa ao mundo faz parte de sua na natureza tureza.. Há vários vários séculos, culos, salvo raras exceç exceções, ões, a fililoso osoffia náo contempla templa mais mais a natureza: o direit direito o de tratar tratar e de falar do mundo das coisa coisas e dos sere seres vivo vivos s náo huma humano nos s cabe cabe princi principalment palmente e e exclusiv xclusiva amente mente a outras discipli disciplinas. nas. Planta Plantas, s, anima animais, is, fenôme nômenos atmosf tmosféricos éricos comuns comuns ou ou ext extraordi raordinário nários, s, os elemento elementos s e suas combin combinações, ações, as co constelações, nstelações, os planetas e as estrela strelas fo foram ram definit initiv iva amente mente expulsos expulsos do catálogo catálogo ima imaginário ginário de seus seus objetos de estudo studo priv privil ileg egiados.1A iados.1A partir do século culo XI XIX, uma imensa imensa parte parte da experiência de cada cada indi indiv víduo íduo se torno tornou u objeto objeto de uma certa certa censura censura: desde desde o ideali idealismo smo alemão, tudo tudo o que é chamado de ciências humanas anas foi  foi um esfo esforç rço o po poli licial, cial, ao mesmo smo tempo tempo desessesperant perante e e desesper desesperado, ado, para fa fazer desaparecer parecer o que prov provém do natura naturall do domíni domínio o do cognosc cognoscív íve el. O “fisio “fisiocídio cídio” ” —para para usa usar apalavra palavra forja orjada por por Ia Iain Hamilto milton n Grant2 rant2—teve —teve consequênci consequência as mais mais nefastas nefastas que a simples simples divisão divisão dos conhecimentos conhecimentos entre as as difer diferentes entes corpo corpora rações ções de estudiosos. studiosos. Hoje Hoje é muito muito natural para alguém lguém que se se pretende filósof ilósofo o conhecer nhecer os mais insi insignif gnific ica antes ntes aco acontecimento ntecimentos s do passado de sua nação enquant enquanto o ignora gnora os nome nomes, s, avida vida ou a histó históri ria a das das espé espécies cies anima nimais is e vegetais etais de quesealiment alimenta a coti cotidi dianame anament nte.3Mas, e.3Mas, além desse sse analfabeti nalfabetismo smo por por desuso, desuso, a recusa de reco reconhecer nhecer qualquer dignidade dignidade fililosó osóffica à natureza e ao cosm cosmos os produz produz um estranho estranho

EMANUELE COCCIA 

23

bova bovarismo: a fil iloso osoffia busca busca a todo custo custo ser humana e huma nist nista, a, ser incl ncluída uída entr entre e as ciências ciências humanas e sociai sociais, s, ser uma ciênci ciência a —mais ainda, uma ciênci ciência a normal —como como todas todas as outras. outras. Misturand Misturando o fa falsos pres pressupostos, supostos, veleidade veleidades s superf superfici icia ais e um momorali ralismo smo repugnante, repugnante, os fil filósof ósofos os se transfo transformara rmaram m em ade adepto ptos s radicais do credo protag  protagórico rico: “O home homem m é a medida medida de toda todas s as cois coisas.”4 as.”4Pri Priv vada de seus obj objetos supremos, supremos, amea ameaçada çada por por outra outras s forma rmas de sa saber (pouco (pouco impo import rta a que se se trate das ciências ciências so sociais ou das das ciências naturai naturais), a fil ilosof osofia ia se se transf transformou ormou numa espé espécie de Dom Quixot uixote e dos dos conhecimento conhecimentos s contemporâne contemporâneos, os, enga engajada numa luta uta imagi maginária nária contra contra proj proje eções do seu seu espírito espírito;; ou ou num Narciso fecha echado nos espe espectros ctros do seu seu passa passado, transfo transformados dos em em suvenires vazios vazios de museu prov provinciano. nciano. Forçada a náo náo tratar tratar do do mundo, mundo, mas das das ima image gens ns mais ou ou menos menos arbit arbitrárias dele que os home homens ns produz produzir ira am no passad passado, o, elã se se torno tornou u uma forma de ce ce ticism ticismo, o, amiúde amiúde morali moralizado zado e ref reformista.5  As  As consequências vão ma mais lo longe. Foram principalmente as ciências ciências ditas ditas “naturais” que sofre sofrera ram m com esse sse exíli exílio. Reduzindo Reduzindo a natureza natureza unicame unicament nte e ao que é anterio nteriorr ao espírito espírito (que, que, assim, é quali qualifficado de humano) e que náo náo parti partici cipa pa de maneir maneira a alguma de sua suas propri proprieda edades, des, essa essas disci discipl pliinas se obriga brigaram ram a transfo transfor mámá-la num objeto objeto purament puramente e residual, opo oposici sicio onal, para para sem sempre incapaz de ocupar a posição posição de sujeit sujeito o. Natureza seria o espa espaço  va  vazio e incoerente de tudo o que precede a emergência do espírito bigbang, a noi e se segue segue ao big noite sem luz e se sem verbo que impedi impediri ria a qualquer qualquer cinti cintillação ação e qualquer proje projeção. ção. Esseimpasseéo resultado resultado de um recalc recalca amento obsti bstinado: nado: o do  vi  vivente, e do fato de que todo conhecimento é já uma expressão do ser da vida. Nunca pode podemos mos interroga interrogarr e compreender compreender o

mundo de modo modo imediato, imediato, pois o mundo mundo é o sopro sopro dos viventes. viventes. I odo conhecimento cósmico é umpont ponto o de vida vida (e náo apenas um ponto pont o de vista), vista), to  toda verdade é o mundo mundo no espaço de medi mediaçã ação do vivente. vivente. Nunca se sepoder poderá áconhecero mundo enquanto tal tal sem passa passar pela media mediaçã ção o de um vivente vivente.. Ao Ao contrário contrário,, encontrá encontrá--lo, lo, conhecê-lo conhecê-lo,, enunciá enunciá-lo significa significa sempr sempre eviver viver de de acordo com com cer certa ta forma rma, a parti partirr de certo certo esti estilo lo.. Para conhecer o mundo é preciso preciso escolher em que grau davida, em que al altura tura eaparti partir de que fo forma se quer quer olhá olhá-lo e, portanto portanto,, vivêvivê-lo lo.. Precisa Precisam mos de um me mediador, um olh olha ar capaz de de ver e viver viver o mundo lá onde não não conseguimos conseguimos chegar. A física ísica cont contempo emporânea rânea não não esca escapa dessa dessa evidência: evidência: seus seus medi mediado adores res são as máquinas máquinas que elã erigiu erigiu em posiçã posição o de sujeitos sujeitos suplementare suplementares s e prot protéticos éticos para para imediatament mediatamente e ocultáocultálos, los, recusa recusando reconhecê reconhecê--los los como a proj projeç eçã ão dos olhos olhos da física ísica, capazes, portanto portanto,, de observ observar o mundo tão some somente nte de uma única perspe perspectiv ctiva a.6O .6 Os microscó microscópio pios, s, os telescópio telescópios, s, os satélit satélites es,, os acelera celeradores dores de partículas partículas são olho olhos s inani inanimados mados e materi materiais ais que lhe lhe permit permitem em observar observar o mundo, mundo, ter um olhar sobre sobre ele. Mas as máqui máquinas nas de que a física sica faz uso são são mediado mediadores res que sofre sofrem m de uma presbit presbitia, estão estão sempre atrasa atrasadas das e afastadas stadas demais das profundeza profundezas s do cosmos: não não vee veem m a vida que as habita, habita, o oIho oIho cósmico cósmico que elas elas própria próprias encarnam encarnam.. A fil iloso osoffia, aliás, sempre sempre escolheu escolheu medi mediado adores res míopes, míopes, capa capazes zes apenas de se se concent concentrar rar unica unicame mente nte sobre a porção porção de mundo imediata imediatamente mente limít limítro roffe. Perguntar Perguntar ao home homem m o que significa significa estarestar-no no--mundo —co —como fe fez Heidegger7 er7e toda a filosof filosofia ia do do século culo XX —significa significa reproduzi reproduzirr uma imagem imagem extremamente extremamente parcial do cosmos. cosmos. Tampouco ampouco basta basta (como (como nos ensino ensinou u Uexküll Uexküll)8 )8 deslocar deslocar o olhar olhar para para as form forma as mais el elementares da vida ani animal: mal: o carrapato carrapato,, o cacho cachorro rro e a

EMANUEIE COCOA 

25

águia uia têm já abaixo baixo deles deles uma inf infinid inidade ade de outros outros observa observadores dores do mundo. mundo. As planta plantas são os verdadeiro verdadeiros s medi mediadores: adores: sáo os prime primeir iro os olho olhos s que se colo coloca cara ram m e abrira briram m para o mundo mundo,, são o olhar queconseg consegue percebêpercebê-lo em toda todas as suas fo forma rmas. O mundo é antes ntes de tudo o que as as plantas plantas soubera souberam m fa fazer del dele. Fora Foram m el elas  fize eram nosso mundo que fiz mundo,, ainda ainda que o estatuto dess desse e fa fazer sej seja bem bem difer diferente ente do de qual qualquer outra outra ativi tivida dade de dos dos vivente viventes. s. E, pois, pois, às plantas que este este livro livro vai colo colocar car a questão questão da da natureza do do mundo, mundo, da sua sua extensão xtensão e da sua consist consistência. ência. Assim Assim ta também, a tentativa tentativa de de ref refundar undar uma cosmolo cosmologia —a única única fo forma rma de de fil filosof osofia ia que pode ser ser consi considera derada da co como legí egítima tima —dev deverá come começa çarr por uma exploraçã xploração da vida vegetal etal. Postulare Postularemos mos que o mundo tem a consi consistên stênci cia a de uma atmosf tmosfera era, e que sã são as fo folhas has que podem podem atestar atestar iss isso. o. Pedirem Pediremo os às raízes para expl explicar a verdadei erdadeira naturez natureza da Terra. erra. Finalrnent Finalrnente, e, é a flor lor que nos ensinará ensinará o que é a raci racio onalidade nalidade,, defin definiida náo náo mais mais como capaci capacidade dade ou potênci potência a univers universa al, mas como força cósmica. cósmica.

Il TEORIA DA FOLHA  AATMOSF  AATMOSFERA ERA DO M UNDO

5 Folhas

Firme, imóvel, imóvel, exposta xposta aos fen fenôme ômenos nos atmosf atmosfé éricos ricos a ponto de se conf confundi undirr com eles. eles. Suspensa no ar sem nenhum esforço, esforço, sem preci precisar sar cont contrair rair um só múscul músculo o. Ser pássaro sem sem poder poder voar.  A fo folha é a primeira grande reação à conquista da terra fir firme, o princi principal pal resultado resultado da terrestri terrestriz zação ção das plantas, plantas, a expressã expressão de sua paixã paixão pela pela vida aérea. Tudo concorre para sua existência, xistência, da estrutura anatô anatômica mica do tronco à fisio isiolog logia geral da planta, planta, passa passando por por sua sua histó história, a de todas todas as escolha escolhas s da evoluçã evolução ao lo longo ngo dos milênio milênios. s. Tudo está pressu pressuposto posto e teleolo teleologicame gicamente nte conti contido do ness nessa a supe superf rfíci ície e verde que se se abre para o céu. A chegada chegada ao ao espaço aéreo obrigo brigou u as plantas plantas a uma brico bricolagem lagem inf infini inita de forma formas, de estruturas estruturas e de soluç soluções ões evolut volutiv iva as. A estrutura estrutura baseada num tro tronco nco é antes de tudo a invençã invenção de um “mezanino “mezanino” que permite vencer a força gravita itacio cional sem perder perder a relaçã relação o com o solo solo e com a umidade umidade terre terrestre. stre. A exposiçã xposição o direta direta e consta constante ao ao ar e ao soi tornou tornou necessá necessária ria a const construção rução de uma est estrut rutura ura resi resistente stente e permeável.

EMANUELE COCCIA 

29

É sobre as folh folha as que repo repousa usa náo náo apenas penas a vida do do indiv ndivíduo a que elas pertencem, mas mas também a vida do reino de que sã são a expre expressão ssão mais típi típica, ca, e mesm mesmo o de toda toda a bio biosf sfer era a. “O mundo inteiro nteiro dos se seres res vivos, vivos, sej sejam plantas plantas ou animais, animais, se sustenta e está rigidamente condicionado pela energia que os plastídios arranca arrancam m do soi para para construi construirr as as lig ligaçõ ações que mantêm uni unida a molécula molécula de glucose lucose.. A vida sobre sobre a terra terra —a vida, autôno autônoma ma,, do mundo veg vegetal etal náo náo menos menos que aquela, aquela, parasit parasitária, ária, do mundo animal —é — é, portanto, portanto, torna tornada da possív possíve el pela exi existência stência e pela capacida capacidade de operató operatória ria dos plastídios plastídios cloro cloroffilianos” ilianos”1pre 1prese sente ntess nas nas folha olhas. s. As As fol folha hass impusera impuseram m à grande maio maioria ria dos sere seress vivos vivos um mei meio único único: a atmosfe tmosfera. ra. Costumam Co stumamo os identi identifficar as plantas com as as flo flore res, s, sua suas expre expresssões sões mais mais fa fastuosa stuosas; s; ou ou ao ao tronco tronco das árvo árvore res, s, sua for forma mação ção mai mais sóli sólida. da. Mas Mas a planta planta é antes e acima de tudo fo folha.2“As ha.2 “As fol folha hass não não são simpl simplesm esmente ente a parte parte princi principal pal da planta. planta. As As fol folha hass são a planta: planta: tronco tronco e ra raiz são partes partes da folha, folha, a base base da folha olha,, o simple simples prolo prolonga ngame mento nto por meio meio do qual as as folhas folhas,, permane permanecendo cendo altas no ar, se sustentam sustentam e se abastece bastecem m do alimento alimento do solo. solo. [... [...]] A planta planta inteira inteira se se identif identifica na fol folha ha,, de que os outros órg órgãos não não passa passam m de apêndices: são são as fol folhas has que fo formam rmam a flor, lor, as sépa sépallas, as pétalas, pétalas, os estame estames, s, os pisti pistilos; e cabe cabe também às às fol folha hass fo formar rmar o fruto fruto.”3 .”3A Apreend preender er o mistério das das plantas plantas signif significa ica co compreenmpreender —de todo todoss os ponto pontoss de vista e não apenas apenas das das perspectiv perspectiva as genét genétiica e evolu evoluti tivva—as fo folhas. Nelas Nelas se sedesvela o seg segredo daqui daquilo a que chama chamamos: mos: clima. clima. O clima não é o conjunto dos gases que envolvem o globo terre terrestre stre.. É a essência ssência da flui fluide dezz cósm cósmica, ica, o rosto mai mais profundo profundo do nosso nosso mundo, o rosto que o revela revela como a infi infinita nita mistura de

toda todass as as coi coisa sas, s, presentes, presentes, passa passada das, s, futuras. O cli clima é o nome nome da estrutura estrutura metaf metafísi ísica ca da mistura. Para que haj haja clima, clima, todos todos os elementos no interior de um espaço devem a um só tempo estar mistura misturado doss e ser ser reconh reconhecív ecíveis eis —uni —unido doss náo náo pela substância, pela forma, rma, pela cont contiiguidade, guidade, mas mas por uma mesma mesma “atmosf “atmosfera era”. ”. Se o mundo é uno, náo náo o é por por haver haver uma única única substância substância ou morfomorfolog logia univ unive ersal. rsal. No âmbito climá climáti tico co,, tudo tudo o que é e foi constit constitui ui um  mundo. Um cl clima é o ser ser da unidade unidade cósmica. Em Em todo clima clima a relaçã relação o entre conteúdo e conti continente nente é constantemente constantemente revers reversív ível: el: o que é lugar se se torna torna conteúdo, conteúdo, o que é conteúdo conteúdo se torna torna lugar. lugar. O meio meio se faz suj sujeito ito e o suj sujeito ito meio meio.. Todo odo clima clima pressu pressupõe põe ess essa a inver inversã são o topo topoló lógica gica constante, constante, essa ssa oscilaç scilação ão que desfa desfazz os contornos contornos entre sujeito e meio meio,, que inver inverte te os papéis. papéis.  A mistura náo é simplesmente a composição dos elementos, mas essa ssa relação relação de troca troca topo topológica. lógica. É el elã que defin define e o estado estado de fluidez. luidez. Um fluido fluido náo náo é um espa espaço ou um corpo corpo defini definido do pela pela ausênci ausência a de resi resistência stência. Náo tem tem nada a ver com com os estado estadoss de agrega regaçã ção o da matéri matéria: a: os só sólidos lidos também podem podem ser ser fluido luidos, s, sem sem precisar precisar passa passarr ao ao estado estado gasoso gasoso ou ou líqui líquido do.. Flui Fluida da é a estrutura da circulação circulação univer universa sal,l, o luga lugarr onde tudo vem ao contato contato de tudo, tudo, e semistur mistura a sem sem perder sua sua forma formae suasubstância substância própri própria. a.  A fol folha é a for forma paradigmática da abertura: a vida capaz de ser ser atravessa atravessada da pelo mundo mundo sem ser ser destruí destruída da por por el ele. Mas é tamtambém bém o laboratório laboratório cli climáti mático co por por excelência, excelência, a retort retorta a que fabrica e libera libera no espa espaço o oxig xigênio, ênio, o elemento elemento que torna torna possíveis possíveis a  vi  vida, a presença e a mistura de uma variedade infin finita de sujeitos, corpos, corpos, histó histórias rias e existências mundanas. mundanas. Os Os peque pequenos nos limbos limbos  ve  verdes que povoam o planeta e capturam a energia do so solo são o tecido tecido conec conecti tivo vo cósmico que, há mil milhõ hões es de anos, permite permite às

EMANURE COCCIA 

31

 vi  vidas mais diversas se entrecruzar e se misturar sem se fun fundir re cipr cipro ocament camente e uma umas nas outras outras..  A origem do nosso mundo náo está num acontecimento, infi fi nitamente nitamente dista distante no tempo tempo e no espa espaço, ço, a milhões milhões de anosnos-luz luz de nós —e tampo tampouco uco num espaço espaço de que já náo náo tem temo os mais mais ne nhum ves vestí tíg gio. io. Elã está está aqui, agora. A origem rigem do mundo é sazo nal nal, rítmica, rítmica, int intermitent ermitente e como tudo o que existe. Ne Nem substân substân cia cia nem fund fundame ament nto o, náo está está nem no chão chão nem no céu; mas mas à meia-di meia-distânci stância a entre um e outro. utro. Nossa Nossa origem náo náo está em nós interio riore homine - mas fora - in inte fora de nós, nós, ao ar ar livre. livre. Não é algo de está estável vel ou de ancestral, ncestral, um astro astro de dimensõ dimensões es desmesura desmesuradas, das, um deus, deus, um tit titã ã. Náo é úni única ca.. A orig origem do do nosso mundo são as fol folha has: s: frá fráge geis, is, vuln vulnerá eráveis e, e, no entanto entanto, capa capazes zes de volta ltar e reviv reviver após terem atravessado a má estação.

6 Tiktaalik Tiktaalik rosea e

Em 2004, uma equipe equipe de paleontó paleontólog logos estaduni estadunidenses denses des des cobre, numa rocha formada por sedimen sedimento tos s do devoniano devoniano na ilha ilha de Ell Elles esme mere, re, os restos, restos, com algo entre 375 e 380 milhõ milhões es de anos, de uma espécie de peixe peixe ósseo ósseo da clas classe dos sarcopt sarcopterígio erígios, s, um animal que tem a aparência de um híbri híbrido do entre o peixe peixe e o jacaré. jacaré. Esse animal, cujo nome nome científ científico é Tiktaali taalik k roesae,' associa ef efetivam etivamente as característi cterísticas cas anatô anatômicas micas de um peixe e as dos tetrápodes, tetrápodes, e pode pode ser consi considerado derado uma das provas provas da origem origem marinha da vida vida ani animal mal sobre a Terra. A maio maiori ria, a, senáo a totali totalidade, dade, dos dos se seres vivos vivos superiores superiores é result resultante ante de um proces processo so de adaptaçã adaptação o a partir partir de um um meio meio fluido luido.. Desde sde a célebre célebre e controversa controversa experiência de Mi Mill llerer-U Urey em 1953 19 53,2 ,2a a ideia ideia de que o meio meio primo primordi rdial al de toda forma forma de vida vida seja seja o mar mar —ou, —ou, de acordo com a fórmula fórmula habitual, habitual, uma “sopa primordial”3primordial”3- pare parece ce ter se imposto. imposto. Ainda inda que a verdade bio bio lóg lógica e zool zoológica ógica dessa hipó hipótese náo tenha sido prov provada, vale vale a pena fazer zer dela o objeto objeto de uma experiência experiência metafísi tafísica. ca. Um Um bre  ve  ve Gedanke prolonga ngando aquil aquilo o que, que, por por enqua enquanto nto,, dankenexperim riment prolo

EMANUELE COCCIA 

33

náo náo passa passa de uma simples simples hipótese hipótese bio biológica lógica numa experiência experiência da imaginação maginação fil filosó osóffica. O result resultad ado o provavel provavelme mente nte estará mais próximo próximo de uma escrit escrita a mit mito ográf ráfica do que de um tratado tratado cien cien tífico tífico de cosmolo cosmologia. Mas Mas o mundo físico só pode ser visto visto e por por  ve  vezes compreendido através de um esforço de imaginação como esse. Tomemos memos a sé sério essa ssa hipó hipótese tese,, ao menos menos por por um instante, instante, a fi fim de a radicalizar, trata-se trata-se de transfo transformar rmar o que se se apresenta como uma simples co constataçã nstatação empí empírica rica sobre um elo elo signif significati icati  vo  vo, mas contingente, entre vida e meioflui fluido do num  numa a relação relação cosmológica necessári ssária.4 Suponhamos, uponhamos, então, que a vida vida surgiu surgiu de um meio físi físico co flui fluido do (pouc (pouco o import importa a aqui seu conteúdo, conteúdo, moléc oléculas ulas de água ou de amoníaco amoníaco)) não por por um simples simples acaso e sim sim porque porque a vida é um um fe fenôm nômeno possível exclusiv xclusiva amente mente em em me meios ios fluidos. fluidos.  A passagem dos seres vivos do mar à terra firme deveria então ser interpretada interpretada não não como como uma transfo transformaçã rmação o radi radical, cal, nem como uma revo revollução ução da natureza natureza da vida e de sua relaçã relação com com o meio meio que a aloj aloja, mas como como uma mudança mudança de grau grau de densidade densidade e de estado estado de agrega gregação de um mes mesmo mo meio flui luido (a matéria) que pode assumir conf configur iguraç açõ ões dife diferentes. rentes. Nesse Nesse sentido sentido,, fazer da relaçã relação o entre fo forma rmas (no plural) plural) de vida vida e meio fluido uma nece neces s sidade significa significa postul postula ar duas duas hipó hipótes teses es princip principa ais. Uma, conce concer r nente à real realidade do mundo e da matéria, matéria, a outra, à do vivente. vivente. Trata-se rata-se em em primeiro primeiro lugar ugar de reconh reconhe ecer cer que do ponto ponto de vista do vive vivente nte, e independentemente independentemente de sua natureza objetiv bjetiva a, a matéria, que const constiitui o mundo habitado, habitado, apesa pesar da dife diferença de seus elemento elementos s eda descont descontin inuid uidade ade físi física ca,, é ontolo ntolog gicam icamente ente unitá unitári ria a e homo homogênea, e que essa uni unidade dade consi consist ste e em sua na na tureza flu  fluid ida a.  A flui luidez náo é um estado estado de ag agregação da ma

téria: téria: é a maneira maneira pela qual qual o mundo se consti constitui tui no viv vivente ente e em face dele. Flui Fluida da é toda toda matéria que, independent ndependenteme ement nte e de de seu seu esta estado do sóli sólido, lí líqui quido do ou ga gasoso, prolo prolonga sua suas form forma as numa imagem imagem de si; si; seja seja sob a for forma made uma percepção percepção ou ou de uma con con tinui tinuidade dade física. Se Se todo todo vivente vivente só pode existir existir no interio interiorr de um meio fluido, luido, é porqu porque e a vida vida contribui contribui para para consti constitui tuirr o mundo mundo como como tal, sempre sempre instável, semp sempre re tomado tomado por por um mov movimento imento de multi multiplicação plicação e difere diferenciaçã nciação o de si. si. O peixe peixe é, a partir partir de então, então, náo apenas uma das etapas da evoluçã evolução dos sere seres vivos, vivos, mas o par paradi adigma de de todo ser vivo. vivo. As sim como como o mar, que que já não não deve ser ser considera considerado unicamen unicamen te como um ambiente ambiente específ específico ico a certos certos sere seres s vivos, vivos, mas como uma uma metáfora táfora do próprio mundo. O estarestar-no no--mundo de todo ser  vi  vivo precisaria então ser compreendido a partir da experiência de mundo do peixe. Ess Esse estarestar-no no--mundo, que é, port porta anto, nto, também o nosso, nosso, é semp sempre re um estarestar-no no--marmar-do do--mundo. E uma forma de imersão. Se a vida sempre sempre é e só pode pode ser ser imersão imersão, a maioria ria dos con con ceito ceitos s edivisõ divisões es que aplicam aplicamo os à descrição descrição da da anatomi anatomia a e da fisio fisio log logia, assim como o exercício exercício ativo ativo das potências potências co corporais que nos permitem permitem viver —em suma, a fenome enomeno nolo logia gia da existência existência concreta de todo ser vivo vivo - merece erece ser reesc reescrit rita. a. Para todo todo ser imerso, imerso, a oposição oposição entre moviment movimento o e repouso não existe existe ma mais; o repouso pouso é um dos resultados dos movimento movimentos s e o moviment movimento o é, como para uma águia guia que plana, plana, uma uma consequênc consequência ia do repouso. repouso. Todo ser que já não não pode pode separar rar repouso repouso e moviment movimento o tam bém bém nã não pode pode opor contempl contemplaçã ação e ação. ção. A contempl contemplaçã ação pres pres supõe supõe o repouso; repouso; é somente postul postulando ando um mundo mundo fixo, ixo, estável, estável, repouso, que sólido, sólido, que se se encontra encontra diante diante de um sujeit sujeito o em re que se se

[MANUELE COCCIA 

35

pode falar de objeto, e, e, po portanto rtanto, de um pensame pensamento nto ou de uma  vi  visão. Ao contrário, o mundo para um ser imerso —o mundo em imersão imersão —, propri propriame ament nte e falando, falando, não não contém contém verdade dadeiros obje bjetos. Tudo é fluido nele, tudo nele existe em movimento, com, con tra ou dentro do sujeito sujeito. Esse Esse mundo se def define como eleme elemento ou fluxo que se se aproxi proxima ma,, se afasta ou aco acompanha mpanha o ser vivo vivo,, ele me mesmo smo fluxo fluxo ou parte parte de um fluxo. fluxo. É um um universo, propri propria a mente falando, sem coisas enorme campo campo de aco aconteci ntecimento mentoss oisas, um enorme de intensi intensidade dade variável. Assim, Assim, se o estarestar-no no--mundo é imersão, pensar e agir agir,, trabalhar rabalhar e respirar, respirar, se mexer, mexer, criar, criar, sent sentiir serã serão o inseparáv inseparáveis, pois pois um ser ser imerso imerso tem uma relaçã relação o com com o mundo não não calcada na que um sujeit sujeito o mantém com um objeto objeto,, mas mas na que uma águaágua-vviva iva mant mantém ém com o mar mar que lhe lhe permite permite ser ser o que elã é. Ná Náo há nenhuma nenhuma dist distin inção ção material entre nós e o resto resto do mundo. O mundo da imersã imersão é uma extensão xtensão infi nfinita nita de matéri matéria a flui lui da em em gra graus us de velocid elocidade ade e de lentidão entidão variáveis, variáveis, mas tam também, bém, e sobre sobretudo tudo,, de resistência resistência ou de permeabili permeabilidade dade.. Pois, Pois, no mov movi ment mento o, tudo visa visa a penetrar o mundo e a ser ser penetrado penetrado por por ele. ele. Permeabi Permeabililidade dade é a palavra-chave: palavra-chave: neste mundo, mundo, tudo está em tudo. tudo. A água água de que o mar é const constit ituíd uído o não não está apenas penas dian dian te do peixe-sujeit peixe-sujeito o, mas nele, atravessa  atravessandondo-o, o, entrando e saindo saindo del dele. Essa Essa interpenetração interpenetração do mundo e do sujeito sujeito confe confere ao es paço uma geo geometria metria compl complexa exa em mutação perpétua. perpétua. Essa maneira maneira de abo abordar rdar o mundo mundo como como ime imersão rsão pa parece um modelo cosm cosmol oló ógico surreal; surreal; contudo contudo,, fa fazemos zemos a experiência xperiência dis dis so com maio maiorr freq frequência uência do que se se imagin imagina. a. De fato, revi revivem vemos os a experiên experiênci cia a do peixe peixe a cada vez que escutamos escutamos música. música. Se, em  ve  vez de desenhar o universo que nos rodeia a partir da porção de

reali realidade dade a que a visã visão nos dá ace acesso, deduzíssem deduzíssemos a estrutura strutura do mundo mundo com com base em nossa experiênci experiência a musical, musical, deveríamos deveríamos descre descrevêvê-lo lo como como algo que se compõe compõe náo náo de obj objetos, etos, mas de fluxos que nos penetram eque penetram penetramo os, ondas de intensidade intensidade  va  variável e em perpétuo movimento. Imagine magine ser fe feito ito da mesmasubstância que o mundo que o ro deia. Ser da mesma mesma naturez natureza a que a músic música, a, uma série série de vibra vibraçõ ções es do ar, como como uma uma águagua-viva iva que náo pas passa sa de um espess espessa amento da água. gua. Vo Você teria teria assim uma uma imagem muito muito precisa do que que é a imersão. Se escutar música música num espaç espaço o exclusi exclusiv vamente amente def definid inido o para essa ssa ativ atividade (co (como mo uma discot discoteca eca) nos dá tanto prazer, prazer, é porque porque isso nos permite permite capt captar ar a estrutura mais prof profunda do do mundo, mundo, aquel aquela que os olhos, olhos, por por veze vezes, s, nos impedem impedem de de perce rce ber. ber. A vida vida enquant enquanto o imersão imersão é a vida vida em em que nossos nossos olhos olhos são são ouvi ouvidos. dos. Sent Sentiir é sempre tocar tocar a um um só só tem tempo po em si mesmo e no universo que nos nos rodeia. Um mundo onde ação ção e contemplaçã contemplação o já já não se disti distinguem nguem é també também m um mundo onde matéria matéria e sensibi sensibili lidade dade - oIho oIho e luz —se amalgamam gamam perfeit perfeitam amente. ente. Corpo Corpos s eórgãos órgãos de sensibil sensibilid idade ade  já  já não podem ser separados. Já náo sentiríamos com uma única parte parte do nosso corpo corpo,, mas com a totali totalidade dade do nosso ser. Sería ría mos um imenso órg órgão ão de sentidos ntidos que seconf confunde unde com o objeto objeto percebido percebido.. Um ouvi ouvido do que é o som que escuta, escuta, um oIho oIho que se banha constantem constantemente ente na luz que lhe dá vida vida.. Se a vida está indisso ndissoluv luvelmente elmente liga ligada da aos meios flui fluidos dos é porque porque a relaçã relação o entre vivent vivente e e mundo nunca nunca pode pode se ser reduzi reduzida da nem nem à oposi oposiçã ção o (ou (ou objetiv objetiva ação) nem à incorpo incorpora raçã ção o (que ex ex perimentamos na alimentaçã alimentação o). A relaçã relação o mais origin originária ária entre  vi  vivente e mundo é a da projeção recíproca: um um movimento gra-

EMANUELE COCCIA 

37

ças ao qual o viv vivente delega ao mundo o que que ele deveria deveria rea realiza izar com se seu própri próprio o corpo e, e, ao contrá contrário rio,, em que o mundo conf confia ia ao vi vivente a realização zação de um mov movimento que deveria ser exterio xteriorr nica é um movimento a ele. Aqui Aquillo a que se chama técnic movimento desse sse tipo. tipo. Graças ças a elã o espír espírit ito o viv vive e fora fora do corpo do viv vivente ente e se faz alma do mundo; mundo; inv inver ersa same mente, nte, um movimento movimento natural natural encontra encontra sua sua orig origem e sua forma últi última ma numa ideia ideia do do viv vive ente. Essa Essa proje projeção ção recípro recíproca ca ocorre também também porque porque o viv vivente se identi identiffica com o mundo no qua quall está imerso. imerso. Todo lar é fruto desse desse movime movimento nto.. Proj Projetamoetamo-no nos s no espaço espaço mais mais pró próximo ximo de nós nós e fazemos zemos dessa porçã porção de espa espaço ço algo de ínti ntimo, mo, uma porçã porção o de mundo que tem uma relação particul articular ar com com nosso nosso corpo corpo,, uma espécie deextensão mundana e materi material al do nosso nosso corpo. A rel relação ção com nosso nosso lar é justame ustament nte e a de uma imersã imersão o: não não estamos diant diante e del dele como como diante diante de um objeto, objeto, viv vive emos nele nele co como um peix peixe e no mar, mar, como como as moléculas moléculas orgânicas rgânicas origin originárias árias em sua sopa primo primordi rdial. al. Na  ve  verdade, nunca deixamos de ser peixes. Tiktaalik lik roseae é apenas uma das forma formas s que dese desenv nvol olv vemos para transf transfo ormar rmar o universo universo num mar onde nos imergir.

n

7

 Ao  Ao ar livre: ontologia da atmosfera  A vida nunca abandonou o espaço flu fluido. Qua Quando, num tem po ime imemori morial, al, elã deixo deixou u o mar, mar, encontrou ncontrou e crio criou u ao ao redor dela dela um fluido luido de cara característi cterística cas s —consistência, consistência, composi composiçã ção, o, natureza natureza —dife diferentes rentes.. Co Com a coloniz coloniza ação ção do mundo terrestre,1 terrestre,1ffora do meio meio marin marinho ho,, o mundo seco se se transfo transformou num ime imenso nso cor cor po fluido fluido que permit permite e à grande rande maioria maioria dos vive viventes vive viver numa relaç relaçã ão de troca troca recíproca recíproca entre sujeito sujeito e meio meio.. Não som somos habi habi tantes tantes da terra; habitamo habitamos s a atmosf tmosfera era.. A terra fi firme é apenas penas o li limite mite ext extre remo mo dess desse e fluido cósmico cósmico no se seio do qual tudo tudo comu comu nica, nica, tudo se toca toca e tudo se estende estende.. Sua conqui conquista sta foi foi,, antes e acima de tudo, tudo, a fabricaçã abricação desse desse fluido.2 uido.2 Centenas Centenas de milhõ milhões es de anos atrás, atrás, num lapso lapso de tempo tempo com preendido entre o fim do cambriano e o início do ordoviciano, grupos de organi organismos smos saíram do mar e deixaram deixaram na terra os pri ri meiros vestígios vestígios de vida ani animal mal de que temos temos testemu testemunho nho:: tratata-se, com toda probabil probabilid idade ade,, de artrópodes homopo homopodes des,3 ,3isto isto é, sere seres equip equipados ados de patas patas e de um apêndice apêndice caudal po pontudo ntudo

EMANU ELE COCCIA  COCCIA 

39

—o télso télson. n. Sua presença na terra é ain ainda ef efêmera e experiment experimental: al: apare aparecem cem no meio aéreo éreo para para buscar comid comida a ou se reproduz reproduziir.4 O mundo que se abre diante diante deles deles foi foi modelado por por outros outros seres  vi  vivos. O universo que habitamos é fruto de uma catástrofe de po luiçã luição o conhecida como como grande oxida oxidaçã ção, o, holoca holocausto usto do oxigê oxigênio nio ou catástrof catástrofe e do ox oxigêni gênio o.5Causa .5 Causas ge geológ lógicas e bioló biológ gicas pare pare cem cem ter se se associa ssociado e alt altera erado do defi definiti nitiv vament amente e a face do plane planeta. ta. O dese desenvo nvolv lvimento imento dos primeiros primeiros organismos capa capazes zes de fotossíntese —as cianobac cianobactérias térias —e o fluxo de hidrog hidrogênio proveniente proveniente da super superffície ície da Terra provo provocara caram m a acumulação cumulação de oxigê oxigênio nio,, num primeiro momento imediatame imediatament nte e oxidado oxidado pelo pelos s elemen elemen tos presentes presentes nas nas águas marinhas marinhas ou na na superfí superfície cie terrestre (o fe fer ro, por por exem exemplo plo,, ou as as rochas rochas calcárias calcárias). ). Com Com o dese desenvo nvolv lvime imento nto e a difusã difusão o das plantas plantas vasculares, vasculares, a atmosf tmosfe era se estabi estabillizo izou: a quantidade quantidade de oxig xigênio livre livre ultrapassou ultrapassou o li limiar miar de oxidaçã oxidação oe se acumulo acumulou em fo forma livre. livre. Por Por sua vez, vez, a presença presença maciça de oxig xigênio acarretou rretou a extinção extinção de um grande grande número de organi organis s mos anaeróbi anaeróbicos cos que pov povoavam a terra e o mar, em prove proveito de formas ormas de vida aeróbic eróbicas.6 as.6  A instalação sedentária e defin finitiva dos se seres vivos na na terra firme coin coinci cidi diu u com com a transforma transformaçã ção o radical radical do espaço aé aéreo reo que rodeia rodeia eenvol nvolve ve a crosta terrestre terrestre:: aquilo aquilo a que, a partir partir do século século XVII, chama chamamos atmosf atmosfe eramudou de composiçã composição o interna.7G interna.7Gra ra ças às às planta plantas, s, a Terra setorna torna def definiti nitiv vamente amente o espa espaço ço metafísi metafísi co do sopro. Os primeiros a co coloniz loniza ar e a tornar a terra terra habitável foram ram os organi organismos smos capa capazes zes de fotossíntese tossíntese: os primeiro primeiros s seres  vi  vivos integralmente terrestres são os maiores transfor formadores da atmosfera tmosfera. Inve nversame rsamente, nte, a fotossíntese tossíntese é um grande labora laborató tório rio atmosf tmosfé érico rico no qual a energia solar solar é transfo transformada rmada em matéria

viva. De ce certo ponto ponto de vista vista,, as plantas nunca a abandon bandona aram ram o

mar: trouxera trouxeram-no m-no para onde ele ele náo náo existia. existia. Tra Transf nsfo ormara rmaram mo unive universo num num ime imenso mar mar atmosf atmosfé érico e transmi transmiti tiram ram a todos os se seres se seus hábi hábito tos s marin marinho hos. s. A fotossíntese tossíntese náo náo é outra outra coisa coisa senã senão o o proce processo sso cósm cósmico ico de fluidif luidificaçã icação do universo, universo, um dos dos movimentos através dos quais o fluido do mundo se constitui: o que fa faz o mundo mundo respirar respirar e o mant mantém ém num estado de tensão dinâmica.  As  As plantas nos fazem compreender assim que a imersão nã não é uma simpl simples es determinação determinação espacial: espacial: estar imerso nã não se reduz reduz a se encont encontrar rar dentro de alguma co coisa que nos rodeia rodeia e que nos nos penetra. penetra. A imersã imersão, como vimos, vimos, é em primeiro lugar uma ação de compene compenetraçã tração recíproca recíproca entre sujeito sujeito e ambiente, mbiente, corpo e espaço, vi vida e meio meio;; uma impossib impossibiilida lidade de de os disti distinguir nguir físi física ca e espacialmente: espacialmente: para que haja haja imersão imersão, sujeito sujeito e ambiente ambiente devem se inte nterpenetrar rar ati ativamente-,  caso caso co contrário, ntrário, falaríamo laríamos simples mente mente de justapo ustaposição sição ou ou de conti contiguidade entre dois corpos que se tocam tocam em suas ex extremidades. tremidades. O sujeit sujeito o e o ambient ambiente e agem um sobre o outro outro e sedefin definem em a parti partir dessa dessaação recí recíproca proca.. Observ bserva parte e subje ubjecti, ti, essa da ex part  essa simul simultanei taneidade dade se se traduz pela pela identi dentidade formal entre entre passiv passividade idade e ativi atividade: penetrar o meio meio ambi ambiente ente é  fazer  ser penetrado penetrado por por ele. Portanto Portanto,, em todo espaço espaço de imersão imersão, fa esofrer, agir e padecer se conf confundem undem segundo a forma. Fazemos Fazemos a experiênci experiência a disso, disso, por por exempl exemplo o, a cadavez que nadamo damos. Mas Mas o estado estado de imersã imersão o é sobretudo o lugar lugar metaf metafís ísic ico o de uma identi identidade dade ma mais radical, radical, a identi identidade dade entre entre o ser/ ser/ estar e o fazer. Nã Não se pode pode estar  num espa espaço flui fluido do sem modificar modificar ipso  fa  facto a reali realidade dade e a forma do ambiente ambiente que nos rodei rodeia a. A vi vida das das plantas plantas const constiitui a evidência evidência mais marcante disso, disso, dadas dadas as

EMANUELE COCCIA 

41

consequências cosmogônic  que elas elas tiv tiveram sobre nosso mundo. mundo. ônicas que  A ex existência das plantas é por si mesma uma modific ficação global do meio cósmico, cósmico, isto é, do mundo que elas penetram penetram epelo pelo qual qual são são penetradas. penetradas. E simplesme simplesment nte e por existire as plantas plantas mo stirem que as dific dificam am gl globalmente balmente o mundo mundo, sem sem seque sequerr se se me mexerem, xerem, sem sem nem mesmo mesmo co começare meçarem m a agir. agir. Ser signi signiffica para elas fa  fazer zer mundo, e, inver inversa same mente, nte, construi construirr (noss (nosso) o) mundo, fazer mundo não não pass passa a de um um sinô sinônimo nimo do ser. ser. As As plantas plantas não não são são os únicos únicos sere seress vivo vivoss a experimentar experimentar essacoi coincidênci ncidência: a: outro outross organismos organismos a mani maniffestam estam de maneira ai ainda nda mai mais ev evidente. idente. É preciso, preciso, pois, pois, genera generallizar izar essa ssa constatação e concluir que a existência de de todo ser vi vivo é necessasempre simul simultta riamente nteumato cosmogônic ônico, e que um mundo é sempre neame neamente nte uma condiçã condição o de possibi possibillidade e um produto produto da vida vida que ele aloj aloja. To Todo organismo rganismo é a invenção invenção de uma maneira de de produzir o mundo {awayofi retomar, r, desvia desvianayofivo vorl rldm dmak akiing, para retoma dodo-a, a expressã xpressão de Nelson Nelson Go Goodman) dman),, e o mundo é semp sempre re espa spaço de vida vida,, mundo-damundo-da-vi vida da.. Dessa perspecti perspectivva, podem podemos os avali avaliar ar os limit limites es das das noções noções de meio ou de ambiente que continuam a representar a relação entre ser ser vivo vivo e mundo mundo exclusi exclusivvamente amente sob o aspec aspecto to da contiguidade e da ju  justaposição e a pensá-los como ontológica e formalmente autôno autônomos em relação relação ao ao org organismo anismo viv vivo o que os habita. habita. Se todo todo  vi  vivente é um ser/ estar no mundo, todo ambiente é um ser/ estarnos-se nos-sere ress vivo vivos. s. Mundo Mundo e ser ser vivo vivo não não passa passam de um halo, halo, um eco da relação que que os une. Nunca poder poderem emos os estar materi materialment almente e sepa separa rados dos da matéri matéria a do mundo mundo:: todo todo ser vivo vivo se constró constróii a parti partir dessa dessa mesma mesma ma téria téria que desenha as as mont montanhas anhas e as nuvens. A imersão mersão é uma coincidência material, que come começa ça deba debaiixo da nossa pele. É por por

isso que os orga organismo nismos s náo preci precisam sam sair de si mesmos para para rede senhar o rosto rosto do mundo; mundo; náo náo precisa precisam agir, agir, nem se voltar para seu seu “ambient “ambiente”, e”, nem nem percebêpercebê-llo: é pelo simples simples ato de estar estar que que modelam já o cosmos. Estarstar-no no--mundo signif significa neces necessa sariam riamente ente  fa  fazer zer mundo: toda ativid ivida ade dos seres res vivo vivos s é um ato ato de design n design na a carne carne viva viva do mundo. mundo. E, invers inversa amente, mente, pa para construi construirr o mundo, mundo, náo náo há há nenhuma necessidade necessidade de fa fabrica bricarr um objeto objeto dif diferente de si (derra (derrama mando ndo matéria matéria fora fora de sua pele) nem de percebe perceber, r, de re conhece conhecer, de visa isar direta direta e consci conscientemente entemente uma uma porção porção do mun mun do e querer  mudá  mudá--lo. lo. A imersã imersão é uma uma re relação mais prof profunda que a ação ção e a consci consciênci ência a —que apráxis práxis e o pensame pensament nto o. Um design design silencioso, mudo, ontológico. E ontológico. E essa essa “plasmabi “plasmabillidade”, dade”, que náo náo é outra coisa coisa senã senão o a ausência usência de resist resistência ência à vida, essa essa fa  facil ilid ida ade da matéri matéria a cósmica cósmica de se metamorf metamorfo osear em sujeito sujeito vivo vivo,, de devir devir corpo atual atual de al alguns orga organismo nismos s (sem sequer sequer precisar precisar chegar chegar ao ato de englo englobam bamento ento repre represe sentad ntado o pela nutriçã nutrição). Nisso Nisso as plan plan tas tas nos dão a ver a forma mais radical do estarestar-no no--mundo. Ade rem a ele intei inteira ramente, mente, sem sem passividade ssividade.. Ao contrário contrário,, exerce xercem m sobre o mundo, mundo, que nós todo todos vivem vivemos os por por nosso nosso simples ato de ser/ estar, a inf influênci luência a ma mais intensa intensa e mais mais rica rica de consequê consequênci ncia as, e isso numa escala glo global, bal, e náo náo lo local cal: mudam o mundo, mundo, não não ape ape nas nas seu seu meio meio ou seu nicho ecoló cológico. Pensar as plantas significa significa pensar um estar-no-mundo que é imediat diatame amente nte cosmogônic ônico. A o. A fotossíntese otossíntese - um dos principais fe fenômenos cosmogônicos, cosmogônicos, que seconf confunde unde com com o própri próprio o ser ser das plantas plantas —não é nem da ordem da contemplação contemplação nem nem da ordem da ação (como (como po poderia ser ser a construçã construção de um dique dique por um ca castor). stor). Assim, Assim, as as plantas plantas im im põem à bio biolog logia, à ecolo cologia, mas também também à fil iloso osoffia, repen repensa sarr do do zero as as relações relações entre mundo mundo e ser vivo. vivo.

EMANUELE COCCIA 

43

De fato, to, náo náo é possíve possível interpr interpretar etar a rel relação ção das plantas com o mundo utilizando o modelo, profundamente idealista, concebido cebido pelo pelo naturali naturalista sta alemão Ja Jakob kob von von Ue Uexküll. küll. Seguindo o ensinam ensinamento ento de Kant, e afirmando que a todo todo animal animal deve ser reco reconhecido o estatuto estatuto de sujeit sujeito o sober soberan ano o sobre sobre seus seus órgãos,8 rgãos,8 Uexkül Uexkülll conce concebe be o mundo mundo como “uma espé espécie cie de bolh bolha a de sabã sabão o [cheia] [cheia] de toda todas s as cara característi cterísticas acessíveis cessíveis ao sujeit sujeito o”:9 ”:9 “P “Pudeudemos const constata atarr co com Kan Kantt que não há um espaço spaço absolut absoluto o sobre o qual nosso sujeit sujeito o ná náo possa possa exercer xercer uma influ nfluência, ência, pois pois a matématéria ria específ specífica ica do espa espaço, ço, isto isto é, signo signos s de lugar ugar esignos de direção direção, assim como sua forma, orma, é um produto subjetivo. subjetivo. Sem as qualidaqualidades espaciais espaciais e sua sua síntese em em fo forma uni univ versal produz produzid ida a através través da apercepção, não não haveria haveria espaço, espaço, mas apenas apenas um amont monto oado de qualidades qualidades sensori sensoriais ais como cores, cores, sons, cheiros, cheiros, etc., que teriam riam sua suas fo formas específ específicas icas e suas leis, leis, mas aos quais faltaria altaria um lugar ugar de encont encontro ro.” .”1 10Isso sso porque porque “todo “todo sujeito sujeito tece tece, como como teias teias de aranh aranha, a, suas relações relações com certas característ característiicas das das coisa coisas se as entrelaça entrelaça para fa fazer uma rede que sustenta sustenta sua exi existênci stência”. a”.1 11 O meio é, pois, “um “um produto psíquico (psychoidal hoidale es Erz rze eugnis) nis) e não não pode pode ser deduzi deduzido do a partir partir de fatores físicos ou fisioló isiológ gicos. icos. Todo meio é sustentado sustentado por por um quadro espac espacial ial e temporal que consi consiste ste numa numa série série de caracteres percepti perceptivo vos s e de si signos nos de ordem”. dem”.12Esse 2Essemodelo é insufi insuficiente ciente por ao ao menos enos duas ra razõe zões. Em primeiro primeiro luga lugar, concebe a re relação lação com o mundo mundo sob a forma da cognição cognição e da açã ação o: o acesso ao mundo mundo só se daria daria por por esse sses dois dois canais, canais, como seo “re “resto da vida” de um indi indiv víduo estives stivesse se fechachado em em si mesmo, mesmo, e não não, também ele, jog jogado no mundo, mundo, exposto exposto a ele, obriga brigado a se aliment alimentar ar del dele, a se const construi ruirr a parti partir de se seus eleme elementos. ntos. Além Além disso, disso, mas se trata de uma consequência consequência dessa dessa

limit limitaçã ação princi principal, pal, o modelo de Uexküll Uexküll prevê prevê que o acesso sso ao ao mundo seja de de naturez natureza a orgânica, orgânica, iisto sto é, que ocorra ocorra num órgão órgão e através dele (po (pouco impo importa rta que se trate de um órgã órgão cogniti cognitiv vo ou práti prático co)). As pl plantas náo apenas apenas não agem agem enão percebem —ao orgânica,, iisto sto é, aparti partir de partes partes do corpo menos nos não de manei maneira raorgânica especificamente consagrada radas s a ess esse e fim fim - como também não não se expõem expõem ao mundo mundo no seio seio de um órgão específ específico ico.. E com a tota tota lidade lidade do seu corpo e do seu ser, ser, sem sem disti distinção nção de forma nem de de função unção, que as plantas plantas se abrem para para o mundo e se se fundem nele. Tampo ampouco uco é possível possível concebe conceberr a relação relação das das plantas plantas com o mundo pela teoria teoria da construção construção dos nichos. nichos. Essa teoria, teoria, cuja cuja formulaç ormulaçã ão mais detalh detalhada ada devem devemos a John Odlingdling-S Smee, mee, Kevin N. Laland e Ma Marcus W. W. Feldman,1 Feldman,13a 3affirma que que em em vez vez de se se limi mi tarem a sofre sofrerr a pressão ambi ambiental, ental, os orga organismo nismos s são capazes de modif modificar seu seu próprio próprio nicho de existência existência ou o dos outros atra através de seu seu meta metabo bolilismo smo e de sua ativ atividade.1 dade.14A ideia deia de uma ação ção do ser vivo vivo sobre o meio meio ambiente remonta remonta ao último último liv livro ro publi publi cado cado em vida por por Charles Darwin, Darwin,1 15no qual, à contra contracorrente corrente de suas tese teses s sobre sobre a seleção natural natural,, demonst demonstra ra que “as minho minho cas desempenhara desempenharam um papel papel na histó história ria do mundo muito muito mais importante importante do do que a mai maioria ria das pessoa ssoas s pode imaginar. inar. [... [...]] A cada ano, no, tonel tonelada adas s de terra terra seca passam passam através de seus corpos corpos e são trazidas trazidas de de novo novo à superfíc superfíciie”: e”:1 16sua ação é, portanto portanto,, decisiva decisiva para a desagreg gregação das rochas, rochas, a erosão do sol solo, a co conservaçã nservação das das ant antiigas gas ruí ruínas1 nas17 e a preparação preparação do solo solo com com vistas vistas ao cres cimento cimento das plant plantas.1 as.18“P “Praticamente raticamente desprov desprovid ida as de órgãos dos sentidos” sentidos” e, e, portanto portanto,, incapa incapazes de de aprender prender do mundo exteri exterior, elas elas demonstr demonstra am uma grande grande períci perícia a na construçã construção o de galerias lerias e, sobretudo sobretudo,, “dã “dão o prova provas claras de certo certo grau de intel inteliigência, gência, em

EMANUEIE COCCIA 

45

 ve  vez de de simples impulso in instintivo, na na maneira como ta tampam a entrada entrada de suas galerias”. alerias”.1 19As modif dificações icações que “essa “essas criaturas criaturas tão pouco pouco orga organiz nizadas” adas” produze produzem nos estra estrato tos s superio superiore res s do glo glo bo náo náo se limit limitam am a inf influir navida ida dos outros se seres vivos vivos (anima (animais is e plantas), plantas), mas também no estado estado de se seu própri próprio o habitat, habitat, que é modif modificado de manei maneira ra vantajo vantajosa sa para as gerações rações futura futuras. s. A teo ria ria da construçã construção dos nicho nichos s retoma retoma as constata constatações ções darwiniana darwinianas s para subl sublinhar nhar como como os seres vivo vivos, s, mesmo os mais mais elementares, não não são simpl simplesme esmente nte víti vítimas mas da se seleção natural, natural, e como a adap tação tação ao meio não é seu seu único único desti destino:2 no:20também são capazes de modif modificar o espa espaço que os rodeia rodeia e de transmiti transmitirr o novo novo mundo às gera erações que que os sucede sucedem. m. Nesse Nessesentido sentido, produz produzin indo do modif modifica ica ções permanentes permanentes e transmis transmissí sív veis de geração eração em geração, geração, os seres portanto,, não não é uma prerrogati prerrogativa va  vi  vivos produzem cultura,21que, portanto humana humana esim, sim, antes, ntes, uma espécie de herança não não anatô anatômica mica ma mas ecoló ecológica,22uma hera herança nça exossomátic xossomática.2 a.23No 3No entanto entanto, embo embora ra te te nha permitid permitido o superar os dualismos dualismos própri próprios os à teoria teoria clássica clássica da evolução, evolução, a teoria teoria da construçã construção dos dos nichos nichos não não permit permite e pensa pensarr a inti intimid midade ade pró própria à imersã imersão. Pois Pois o conceito de nicho é oper opera a dor dor de umadupl dupla a sepa separaç ração. ão. Elabora laborado do para expressa expressarr a realidade realidade do princíp princípio io de exclusã xclusão compe competi titi tiva va (ou (ou princípio princípio de Ga Gause),2 ),24 isto isto é, a tendência tendência de duas populações populações que divid dividem em o mesmo smo espa espaço ço a elimi eliminar nar a outra outra para goza ozar plename plenament nte e dos recurs recursos os presentes presentes,, o conceit conceito o parece considera considerarr a relaçã relação o entre mundo e ser ser vivo vivo em termos termos exclusivos: exclusivos: o mundo é, ao menos tendencialtendencialmente, mente, o espa espaço ço de uma única única espé espécie, cie, o habi habitat tat de uma fo formade  vi  vida específic fica (como era o caso também para Uexküll). Aco Acontece que estar star no mundo significa significa se se encontra encontrarr na impossibi impossibili lidade dade de de não não div dividir dir o espaço ambiente ambiente com outras fforma ormas de vida, de não não

46

 A VIDA DAS

p l a n t a s : u m a m e t a f í s i c a d a m is is t u r a

estar star exposto à vida vida dos dos outros. Como Como já já vimos, vimos, o mundo é por def definiçã inição o a vida vida dos outros: outros: o conjun conjunto to dos outros outros se seres vivos. vivos. O mistério mistério que deve deve ser expli explicado é assim o da incl inclusão usão de todos num mesm mesmo o mundo, mundo, e náo náo a exclusáo xclusáo dos outros outros se seres vivos vivos que é sempre sempre instá instável, ilusó lusóri ria a e efêmera efêmera.. Al Além disso, disso, através través do do conceito de nicho, nicho, limitaimita-se se a esfera sfera de infl influênci uência a e de existênc xistência ia mundana ao espa espaço li limítro mítroffe ou ao ao conj conjunt unto o dos dos fa fatore tores ou dos recursos imediatamenteem relaçã relação com com o sujeito sujeito viv vivo. o. Reco Reconhe cer cer que o mundo é um um espa espaço ço de imersã imersão significa, significa, ao contrário contrário,, reconhecer que não não existem existem fro frontei nteira ras s estáve estáveiis ou reais: reais: o mundo é o espaço que que nunca nunca se deix deixa reduzi reduzir a uma casa, ao pró própri prio o, ao lar, lar, ao ao imediato imediato.. Esta Estarr-no no--mundo mundo significa significa,, pois, pois, exer exerce cerr inf influên cias sobretudo fora do lar, fora de seu seu próprio próprio habitat, habitat, fora de seu próprio próprio nicho nicho.. Sempre empre se habita habita a totali totalidade dade do do mundo, mundo, que é e sempre sempre será será infestada infestada pelos pelos outro outros. s. Finalrnente, Finalrnente, a infl influência uência25de todo todo ser ser vivo vivo sobre seu meio meio não pode pode ser ser medida medida simpl simplesme esment nte e pelos ef efeitos eitos que sua existênci existência a produz produz no exterior exterior de si: a própri própria a existência xistência —na medi medida da em em que não não é outra utra co coisa senã senão o uma modelag modelagem em inéd inédiita da ma matéria téria anôni nônima ma do mundo mundo —é a inf influência maior ior do ser ser vivo sobre sobre o mei meio. Se o meio não come começa ça além da pele pele do ser vivo vivo,, é porque porque o mundo mundo já já está está dentro del dele. Nesse Nesse senti sentido do,, a ação ção do ser vivo vivo sobre o mundo não não pode pode ser ser consid considera erada como como uma fo forma de engenharia engenharia de de ecossistema.2 ecossistema.26 “Os “Os vegetais” vegetais”,, escre escreveu veu Cha Charles Bonnet, Bonnet, “estã “estão o plantado plantados s no ar mai mais ou ou menos nos como como estão estão plantado plantados s na na terra”:27a atmosfera tmosfera, mais do que o sol solo, o, é seu primeiro primeiro meio meio,, seu mundo. mundo. A fotossíntes síntese e é então a expressã expressão mais radical radical de seu seu estar-no estar-no--mundo. mundo.  An  Antes de ser reconhecida como o mecanismo pr principal da da pro-

duçã dução de energ energia ia vital, vital, a fotossíntes otossíntese e foi compree compreendi ndida da como um dispositivo natural de air-conditioning. “P “Posso osso me gabar” gabar”,, escre escre  ve  veu Joseph Priestley em 1772, “de ter inventado acidentalmente um méto método do para para a restaura restauração do ar pol poluído uído pela pela co combustão de uma vela, e de ter descoberto descoberto que ao menos nos um dos disposit dispositiv ivo os reconsti reconstitui tuint ntes es empreg empregados dos pela pela natureza com es esse se fim é a vege vegetaçao taçao . Teólo eólogo unitari unitarist sta, a, célebre por por suas pesquisas pesquisas sobre a eletri eletri cida cidade, Priestley Priestley colocou colocou um pé de menta dentro dentro de uma uma redo redo ma de vidro vidro contendo contendo ar oriundo oriundo da co combustão mbustão de uma uma vela. vela. E observ observou que, vinte nte e sete sete dias dias depois, depois, outra vela já era era ca capaz paz de queimar queimar perfeit perfeitam amente ente al ali dentr dentro o.29Segundo Priestl Priestley, ey, iss isso o se expl explica pelo fato de que as plantas plantas se se embebem embebem dos gases ses produz produzi i dos pela respiraçã respiração o e pela putrefaç putrefação ão animal animal (a matéria matéria flog logísti ística, ca, na linguage linguagem m da da época). época). Ela Elas os absorv bsorvem em e os inco incorpo rporam ram a sua própria própria substância.3 substância.30 Essa descober descoberta ta o levou levou à fo formulaçã rmulação o do princí princípi pio o de complementaridade complementaridade entre mundo mundo veg vegetal etal e mundo mundo animal: animal: “Em “Em vez de af afetar etar o ar da mesma mesma maneira maneira que a respira respira ção animal, animal, as plantas plantas invertem invertem os efeitos do sopro sopro e tendem tendem a manter sua suave e salubre a atmosf tmosfera era, que, do contrário contrário,, tenderia tenderia a se tornar tornar tóx tóxica por por causa da vida, da respiraç respiração ão ou ou da morte morte e da putref putrefação ção dos animais que vivem vivem nela.”31O estarestar-no no--mundo das das plantas plantas reside em em sua capacidade capacidade de (re)c (re)cri riar ar a atmosf tmosfera era.. De um certo certo ponto ponto de vista, vista, o próprio próprio ser vivo vivo - quai quaisquer que sejam sejam a ordem e o reino reino a que pertence —é consi considera derado do em função do tipo de atmosfe tmosfera que que produz, produz, como como se estar estar--nono-mundo sig signifi nifi casse sse sobre sobretudo tudo “fa “fazer atmosfera atmosfera”, e não não o contrário contrário..  Alg  Alguns anos de depois, um um médico ho holandês, Jan Jan Ing Ingenhousz, prolo prolonga ngando a intui ntuição ção de Priestl Priestley ey,, descobri descobriu u que a capac capacidade idade

das das plantas plantas de “purif “purificar icar o ar ar ruim ruim e melho melhorar rar o ar bom”3 bom”32 era devida devida exclusiv exclusivamente amente às folha olhas. s. “U “Um m dos grandes randes laboratório laboratórios da natureza natureza para limpar e purifi purificar o ar ar da nossa atmosfer atmosfera”, a”, es creve, “está situado situado na substância das das fol folha has s e é acionado cionado pela inf influência luência do do soi; soi; o ar ass assim im purificado, purificado, mas, nes nesse estado, stado, nocivo para a planta, planta, é lançado lançado em grande grande parte pelo pelos s canais canais excretórios, excretórios, situa situado dos s princi principalment palmente, e, ao menos na maiori maioria a das das plantas, plantas, na face inf inferio eriorr da folha”.3 lha”.33 Ingenhousz nhousz desco descobri briu u verdadeirame verdadeirament nte e a fotossí otossíntes ntese e (e náo unicamente unicamente seus efeito efeitos) s) quando compreendeu compreendeu que esse sse trabalho trabalho de purificaçã purificação o e de air-conditioning estava estava inti ntimament mamente e lig ligado à presença presença da luz sola solar. “As plantas plantas produzem produzem ar ar deflo deflogisti gistica cado do somente sob a luz do di dia ou ao ao crepúsculo, crepúsculo, e come começam çam sua sua ope raçã ração o após terem si sido prepa preparada radas s de certa maneira maneira pela pela infl influên cia cia dess dessa a mesma mesma luz”. uz”. 34Mergul Mergulhando hando as plantas num recip recipiente iente cheio cheio de água, Ingenhousz nhousz constata constata que o ar ar “prepa “prepara rado do nas fo fo lhas pela infl nfluência uência da luz do soi log logo aparece sobre sobre a superf superfíci ície e das das fol folhas has,, em forma rmas dif diferentes, erentes, mais geralmente geralmente sob a forma de bolha bolhas s redondas que, que, aumentando aumentando de dimensão gradualment gradualmente, e, e sesepara separando das fol folha has, s, sobem sobem e seposici posicio onam no fundo fundo oposto do recipi recipiente; ente; são seguidas uidas por por novas bol bolhas, até que as folha olhas s que não não pudera puderam m obter obter novo novo ar atmosf atmosfér érico ico ficam ext extenua enuadas”. das”.3 35 O fato de se encontrar encontrar debaixo d água náo náo tem nada de anti ntinatural: tural: “P “Po oder-seder-se-ia ia objetar objetar que as folha olhas s da das plantas nunca nunca estão num estado estado natural quando se encontra encontram m env envo olvid lvida as pela água corrente, corrente, e que, que, dessa dessa maneira, poderia poderia hav haver elemento elementos s de incer incer teza quanto quanto a se a mesma mesma opera operação das fol folhas has oco ocorreria em em sua situaçã situação o natural. natural. Mas não posso consi considerar derar que as plantas plantas postas debaixo ixo d’ág d’água ua estejam estejam numa situa situação ção cont contrária rária a sua natureza natureza a

EMANUELE COCCIA 

49

ponto ponto de perturbar sua sua opera operação ção habitual. habitual. A água náo náo é nociva nociva para as plantas se o contato contato náo náo durar muito muito tempo. A água se limita mita a co cortar a comunicaçã comunicação o com o ar ext exterio erior”. r”.3 36  As  As experiências e descobertas de Priestley e Ing Ingenhousz (s (se guidas guidas pelas pelas de Jean Seneb Senebiier37, Ni Nicol colas Théo Théodo dore re de Saussure38,  Jul  Julius Robert Mayer39e Robin Hil Hill40, para citar apenas os maio res res cienti cientistas que estão estão na na origem rigem da desco descoberta berta da verdadeira erdadeira na tureza do do processo processo de fotossí otossíntese ntese) foram important importantes es náo náo apena apenas s porque porque permiti permitiram ram dar um eno enorme rme pass passo o à frente rente na na compree compreen n são da fi fisiolo siolog gia vegetal, vegetal, mas porque porque impuseram mpuseram uma mudança mudança radical radical de nosso ol olhar sobre a atmosf tmosfer era. a. O ar que respiram respiramos os não é uma reali realidade dade puramente puramente geo geológica lógica ou mineral mineral —não —não está está simplesmente simplesmente al ali, náo náo é um ef efeito da Terra enquanto enquanto tal - mas sim o sopro de outros outros seres vivos. vivos. Ele Ele é um subpro subproduto duto da “vida “vida dos outros”. No No sopro - o primeiro primeiro,, o mais mais bana banall e inconscie inconsciente nte ato de vida para uma imensa imensa quanti quantidade de organismo organismos s —, de pende pendemos mos da vida dos outros. Mas, Mas, sobretudo, a vida de outrem utrem e suas manif nifestaçõ estações es são a pró própria pria realidade, realidade, o corpo corpo e a matéria daquilo daquilo a que chama chamamos mundo ou meio meio.. O sopro é, já, já, uma prime primeira ira forma forma de canibalismo canibalismo:: alime limentam ntamo o-nos nos dia diariamente riamente da excreçã excreção o gaso gasosa sa dos vegetai vegetais, s, só podem podemo os viv viver da vida dos outros. outros. Inver nversa same mente, nte, todo todo ser vivo vivo é em primeiro luga lugarr o que torna torna possível possível a vida vida dos outros, produz vida vida transitiv transitiva capaz paz de circular circular por toda toda parte, parte, de se ser respirada respirada por outrem outrem.. O ser vivo vivo não se cont contenta enta em dar dar vida vida à porção restrita restrita de matéri matéria a a que chamamo chamamos s seu seu corpo, corpo, mas também, também, e sobretudo sobretudo,, ao espaço espaço que o rodeia. rodeia. Aí Aí está a imersã imersão o, o fa fato de avida ser sempre sempre ambiente ambiente de si mesma mesma e, po por isso, de circul circular ar de corpo em corpo, de sujeito sujeito em sujeito sujeito,, de lugar em lugar. lugar.

Por outro outro lado, do, a fotossíntese fotossíntese demo demonstra que, que, sea obser observam vamos numa escal scala global, global, a relaç relaçã ão fundam undamental ental entre vida e mundo é muito muito mais complexa complexa do que a que imagin imaginam amo os através através do con con ceito de adaptaçã daptação o. “A adaptaçã daptação o é uma noção noção duvido duvidosa sa,, pois pois o ambiente ambiente ao qual os organi organismos smos se adapt adaptam am é determinado determinado pe las ativ tivida idades de seus vizin izinho hos s mais do que exclusiv clusivamente amente pelas forças orças ceg cegas da quími química ca e da física. [... [...]] O ar que respi respira ramos, mos, os oceanos e as rochas sã são todos todos produto produtos s diretos diretos de organismos organismos  vi  vivos e for foram massivamente modific ficados por sua presença”.41Em 1Em  ve  vez de de se revelar co como o es espaço da da competição e da exclusão recí recíproca proca, o mundo mundo se abre neles como o espaço espaço metafísi metafísico co da forma mais mais radical da da mistura, mistura, a que permite permite a coexi coexistênci stência a do incompossív incompossíve el, um labora laborató tório rio alquímico lquímico em que tudo parec parece e poder poder mudar de natureza, natureza, passa passar do orgâ orgânico nico ao ino inorgâ rgânico nico e  vi  vice-ve -versa. A imersão torna possíveis a simbiose e a simbiogênese: se os org organismos anismos chega chegam a def definir nir sua ident identiidade gra graça ças s à vida vida de outros outros sere seres vivos, vivos, é porque todo todo ser vivo vivo viv vive já, desde desde sem sempre, pre, na vida dos outro outros.42  As  As plantas são a sopa primordial da Te Terrra que permite à ma téria se tornar tornar vida e à vida volt volta ar a se se transf transfo ormar em “matéria “matéria brut bruta”. a”. Chama Chamaremos remos de atmosf tmosfera era essa mistu mistura ra radi radical cal que fa faz tudo coexi coexisti stirr num mesmo mesmo luga lugarr sem sem sacrif sacrificar icar forma formas s nem subs subs tâncias. Mais que uma parte do mundo, mundo, a atmosf tmosfera era é um lugar me me taf tafísico em que tudo depende depende de todo o resto, resto, a quintessência quintessência do do mundo compreendido compreendido como espa espaço onde onde a vida de cada cada um está está misturada misturada àvida dos dos outro outros. s. O espa espaço ço em que que vivemos vivemos náo é um simples simples cont contiinente nente ao qual deveríam deveríamo os nos adaptar. adaptar. Sua forma e sua existênci existência a são inseparáveis veis das das forma formas s de vida vida que el ele alb alberg erga

EMANUELE COCOA 

51

e torna torna possíveis. O ar que res respiram piramos, os, a natureza natureza do solo, solo, as li li nhas da superfí superfície cie terrestre, as fo formas rmas que se desenham no céu,4 céu,43 a cor de tudo que nos nos rodeia rodeia sáo os ef efeitos ime imedi dia atos tos da vida, no mesmo mesmo sentido sentido e com com a mesm mesma a intens intensiidade que são são seus seus princ princíí pios. pios. O mundo náo náo é umaentidade entidade autô autôno noma ma e independente da  vi  vida, é a natureza flu fluida de todo meio: clima, atmosfera. Elã nos nos rodeia rodeia e nos penetra, penetra, mas mal mal temos temos consci consciência ência dela. dela. Náo é um espaço: spaço: é um corpo suti sutill, transparente, quase imper ceptív ceptível para o tato tato ou ou para a vista. vista. Mas Mas é desse desse fluido que tudo envolve, envolve, tudo tudo penetra epor por tudo é penetrado, que temos temos as as cores cores,, as form rma as, os cheiro cheiros, s, os os gostos ostos do do mundo. mundo. Nesse Nesse mesmo mesmo flui fluido, do, podem podemos os encont encontrar rar as coisas coisas e nos deixar deixar tocar por tudo tudo o que existe e náo náo existe. existe. É o flui fluido do que nos fa faz pensar pensar,, é o flui fluido do que nos fa faz viver viver e amar. mar. A atmosfer tmosfera a é nosso nosso primeiro primeiro mundo, mundo, o mei meio no qual qual estamos stamos integra integrallmente ime imersos: rsos: a esfe sfera do sopro. sopro. Elã é o médium absoluto  absoluto,, aquil aquilo em que que e através través do que o mun mun do se dá; aquil aquilo em que e através do que nos da damos mos ao mundo. mundo. Mais Mais que o conti continente nente abso absoluto luto,, é o rem remexerexer-se se de tudo, a maté maté ria, o espa espaço ço e a força da inf infinit nita e univ universal rsal compene compenetraçã tração o das das coisa coisas. s. A atmosfe atmosfera não não é apenas penas a parte do do mundo dist distiinta nta e se se parada parada das das outras outras,, mas o princ princíípio pio através través do qual o mundo mundo sefaz habitável, habitável, se abre a nosso sopro, tornatorna-se se ele própri próprio o o sopro das das coisa coisas. s. A gente está está sem sempre pre de maneira atmo atmosf sférica érica no mundo, mundo, pois pois o mundo existe xiste como atmo tmosfe sfera. ra. O termo termo atmosfer atmosfera a é moderno. E um neo neolog logismo smo inventa inventado do no século século XVTI XVTI para dar um aspe aspecto cto clássico à expressã expressão o ho holan vaporum sphae sphaera, ra, desa dampcloot, elã própria tradução do latim vaporum vaporosa, a região expressã expressão o que designava em em Gali Galilleu a regione vaporosa,  va  vaporosa.44Ma 4Mas antes de ser a região aérea imediatamente supe

rio rior à crosta crosta terre terrestre, stre, quente por por causa causa da reflexã reflexão da luz solar solar e úmida úmida por por causa causa dos dos vapo vapores res que se exalam da terra, a atmosf tmosfera era também foi foi por por séc século ulos s o espa espaço ço de circulaçã circulação o dos el elemento ementos se das fo forma rmas, o espaço metafísi tafísico co de sua sua conj conjunção unção,, a unidade unidade de toda todas s as coi coisa sas, aferida aferida pela coi coincidênci ncidência a do sopro e não não da subs subs tância tância e da forma forma.. Os estoicos stoicos fo foram os prime primeiro iros s a pensar a unidade unidade do mun mun do em termos termos atmosfér atmosférico icos. s. Interrogando nterrogando--se sobre as difer diferentes entes formas que a unidade unidade pode pode revestir revestir e sob sobre re a forma de unidade unidade própri própria a ao mundo mundo em sua sua totalidade, totalidade, o estoicismo estoicismo desen desenvo volv lve eu seu seu conceito conceito de mistura tota total. Pode-se Pode-se imagin imaginar ar,, de fato, to, três formas de união união produzi produzidas das pela interação nteração de difer diferentes entes subs subs tâncias ou objetos: objetos: a simples simples justaposição {parathesis), {parathesis), em que as dif diferentes erentes coi coisas sas compõ compõem em uma única única massa mas conservam os limit limites es de seu seus corpos sem parti partilhar nada, nada, como é o ca caso de um mont monte e de grãos; a fusão (sugchysis) (sugchysis), em que a qualidade qualidade de cada uma das das componentes componentes é destruída destruída para produz produzir ir um novo novo objeto bjeto,, que tem uma natureza e uma qualidade qualidade dif diferentes erentes da das dos el elementos ementos origin originário ários, s, como acontece acontece com com os perf perfume umes; e, e, finalrnente, inalrnente, a mistura total (krásis, krásis, di'holôn antiparektasis), antiparektasis), em que corpos ocupam ocupam o luga lugarr um do outro outro,, mas preservam sua sua qualidade qualidade e sua indi indiv viduali idualidade.4 dade.45Ora, ra, aquilo a que chama chamamos mundo não não pode pode ser pensa pensado do como como simples amo amonto ntoado ado de ob  je  jetos sem outra relação além de um contato de de superfíc fície, ne nem como a fus fusã ão integra integrall dos corpos que dá lugar a um hipero hiperobj bjeto eto4 46 disti distinto nto por essê essência ncia e qualidade qualidade dos dos componentes componentes originár originário ios. s. “Algum “A lguma as misturas”, escre screve Alexandre de Afrodísias rodísias,, resumindo resumindo a doutri doutrina na de Crísip Crísipo o, “se produzem por justaposiç justaposiçã ão, quando duas duas substâncias ou ou mesmo mesmo mais são adicio adicionadas entre si e justa-

EMANUELE COCCIA 

53

postas umas umas às outras, como ele diz, diz, ‘por ‘por ajunt ajuntamento amento’, cada uma del delas conse conservan rvando do em seu conto contorno, rno, quando quando dess dessa a justaposição, a substância e a qualidade qualidade que lhe são são própri própria as, como no caso caso de favas vas ou grãos de trigo, trigo, quando justapost justaposto os uns aos outros; outros; outra outras s misturas misturas se produz produzem em por por fusã fusão o, quando quando de parte em em part parte e as própri próprias as substânci substâncias as,, assim como como as as quali qualidades dades que estão estão nelas, são recipro reciprocamente camente co codestruídas, como como acon acontece tece,, diz ele, ele, no caso caso das das droga drogas s medicinais medicinais por por codestruição codestruição dos dos ingr ingrediente edientes s mistura mistura dos, outro corpo corpo sendo sendo engendrado engendrado a parti partir deles; há ai ainda nda outras mistura misturas, s, diz ele, que se se produz produzem em quando de parte parte em parte certas certas substânci substâncias, as, assim como como suas qual qualidades, se coestendem coestendem umas às outr outras, as, mas preservam preservam nessa mist mistura ura as substânci substâncias as e as qualidades qualidades do iní iníci cio o, e é esta, esta, entre entre as mis misturas, turas, que ele diz diz ser a mescla mescla propri propriam amente ente di dita.”47 Pensar Pensar a atmosf tmosfera era como espaço spaço da mistura mistura signif significa ica ir além da ideia ideia de composição composição e de fusã usão. Há entre os elemento elementos s do mesmo smo mundo uma cumpli cumplicidade cidade e uma inti ntimidade midade muito muito mais prof profundas undas do que as pro produzidas duzidas pela cont contiguid iguida ade físi física ca;; além disso, disso, essa ligação gação não se identi dentiffica a um amál amálgama gama nem a uma redução redução da variedade das das substâncias, substâncias, das das cores, cores, das fo formas ou das espé espécies cies numa unidade unidade mono monolílíti tica. ca. Se as coi coisa sas fo formam um mundo, mundo, é porque porque elas elas se mist misturam uram sem perder perder sua identi identidade. dade.  A un unidade da mistura, po por sua vez, na nada tem de mecânica: “Uma Uma substância substância é unif unificada porque porque é inteiramente nteiramente atravessada vessada por ce certo sopro por meio meio do qual qual o todo todo é manti mantido do junt junto o, per per manece nece junto unto e pode estar estar em simpatia simpatia consigo consigo mesmo” mesmo”.. MistuMisturarrar-se se sem sem se fundi undir signific significa a parti partilhar o mes mesm mo sopro. sopro. E preciso preciso prestar atenção à uni unidade de um corpo vivo vivo:: os órgãos náo náo estão simplesm simplesmente ente justaposto justapostos, nem materialmente materialmente liquef liquefeito eitos s uns uns

orpo é porque nos outros. Se consti constituem tuem um corpo porque partil partilham o mesm mesmo o sopro. O mesmo esmo acontece acontece com o cosmos: cosmos: estar no mundo mundo si signignifica sempre sempre parti partilhar náo náo uma identi identidade, dade, mas um mesmo mesmo sopro (pneuma). “Há “Há um sopro que move a si mesmo mesmo rumo a si mesm mesmo o e por por si si mesmo” mesmo”:4 :48essa é a dinâmi dinâmica ca do do mundo, mundo, seu seu ritmo ritmo imanente. O sopro é aarte da mi mistura, o que permit permite e a todo todo objeto objeto se mistu misturar rar ao resto das das coisas, se imergir nele. A atmosfera, a esfera esfera do sopro, seu seu horiz horizonte onte extremo, extremo, é essa ssa forma de inti intimi midade dade e de unidade que se define náo pela homogeneidade da substância ou da forma, rma, mas pela partil partilha do mes mesmo mo sopro, sopro, de um ar  de  de fa família mília a propó propósit sito o de uma coleçã coleção o de el elemento ementoss que náo é a simples simples combinaçã combinação o de objetos objetos dispa dispara ratados. tados. A atmosfera tmosfera,, o cli clima, ma, é essa ssa unidade que náo precisa de redução à unidade de qualidades e formas. O que confere unidade confere também forma, visibilidade, consi consistênci stência. a. É esse esse mesmo mesmo ar de famíli amília que nos permite permite recoreconhecer a real real ident identiidade de uma coleçã coleção, e é a atmosf tmosfera era que torna torna para para nós um luga lugarr visív visíve el em sua totali totalidade, dade, pa para além além dos objetos objetos que o ocupam. O sopro não é apenas penas ar ar em em mo movimento imento: é clarão, clarão, desvelame desvelamento nto,, mei meio de revelaçã revelação. o. Se o mundo é unificado unificado por por um sopro comum comum e univ universal ersal é porque porque o sopro é a essência essência origin riginária ária do que os os greg regos denomin denominavam avam logos, linguagem ou razão. É, portanto, o logos que produz a mistura mistura universa universal,l, ele é o que permite permite a tudo se mistu misturar rar na extensão extensão com toda toda outra utra coisa coisa sem sem perder perder sua própri própria a identi identidade. dade. Se o sopro dá uma unidade unidade ao mundo é porque porque ele ele consti constitui tui também também a raiz raiz últi última ma de sua  vi  visibilidade e de sua racionalidade: o sopro é o verdadeiro logosdo mundo, mundo, sua linguagem, nguagem, sua fala, o órgão órgão de sua revelaçã revelação.

EMANUELE COCCIA 

O mundo é a matéria, a forma, o espa espaço ço e a real realidade do so vivos, o mundo mundo enq nqua uannpro. As As plantas sã são o sopro detodos osseres vivos, to sopro. Inve nversamente, mente, todo todo sopro é a evidência evidência do do fato de que estar-no star-no--mundo é uma experiência de imersão. Respirar significa significa estar mergulh mergulhado ado num meio que nos penetra do mesmo mesmo modo e com a mesma mesma intensi ntensidade dade co com que o penetramo penetramos. Todo ser é um ser mundano se está imergido no que se se imerge merge nele. A planta planta é assim ssim o paradigma paradigma da ime imersão rsão.

8

0 sopro do mundo

Ele Ele está no fundo de toda todass as as nossas nossas exp experiênci eriências. as. Náo é uma substância: substância: ná náo encerra em si a naturez natureza a das das coisa coisas. s. Também Também náo é um eco eco tardio que se seacrescenta uma vez consumada consumada aexperiên experiên cia. É um um movimento movimento ritma ritmado do,, regular regular e incansá incansável, vel, uma onda sem sem ruído que vai vai até o extremo extremo do horiz horizo onte e volt volta a a nós para para se quebrar sobre sobre nossos corpos e ex explo plodir dir em nossos pulmões. pulmões. Sem ele, ele, nada seria seria possível em nossa vida. da. Tudo o que nos acontece contece deve deve se mist misturar urar aele, ter lugar em seu seu recinto recinto. O sopro é a primeira primeira ativi atividade de todo ser vivo vivo superio superior, r, a única única que pode pretender pretender se se conf confundi undirr com o se ser. É o único único trabalh trabalho o que náo náo nos ca cansa, nsa, o único único movimento movimento que náo náo tem outro fim se senão não ele mesmo. smo. Nossa Nossavida co começa meça com um (pri (primeiro meiro)) sopro e termina termina com um (úl (últi timo mo)) sopro. Viver iver é: respi respira rarr e abarca abarcarr em em seu seu pró prio sopro toda a matéria do mundo. Ele Ele náo náo é apenas penas o moviment movimento o mai mais elementar de todo todo corpo humano, humano, é também o primeiro primeiro e o mai mais simples simples dos dos ato atoss do ser ser  vi  vivo. Se Seu paradigma, su sua forma transcendental. O so sopro é sim plesmente o primeiro nome do estar-no-mundo. A intelecção é

EMANUELE COCOA 

57

sopro: a ideia, ideia, o conceito conceito,, e aquilo aquilo que desde desde a escol escolá ástica sticachama chama mos de forma forma intenci ntencio onal náo náo sáo sáo mai mais que parce parcelas de mundo no espíri spírito to,, até que o verbo, o desenho desenho ou a açã ação o restituam restituam ess essa as intensid intensida ades ao ao cosm cosmos. os. A visã visão o é respira respiraçã ção o: acolh colher er aluz, as co res res do mund mundo o, ter a forçade se se de dei deixar trespassar trespassar por por suabeleza, de escol scolher uma porçã porção o, e uma porçã porção o unicamente, unicamente, para criar uma form forma a, para inici niciar ar uma vida a partir do que arra arrancam ncamo os ao ao continuum do mundo. Tudo no ser ser vivo vivo não não passa passa de articulaçã rticulação o do sopro: da per per cepçã cepção o à digestão, digestão, do pensa pensame mento nto ao gozo, ozo, da fa fala à locomoção. locomoção. Tudo é repetição, repetição, intensif intensificaçã icação o, variação variação do que tem luga lugarr no no sopro. É por por isso que os sabe sabere ress mai mais diversos, diversos, da medi medici cina na à teolog teologia, da cosmolog cosmologia à filosof ilosofia ia,, fizeram izeram dele dele o nome próprio próprio da vida, em sua suas mais mais dif diferentes erentes forma formas, s, nas nas mai mais dive diversas rsas lín língua guass reconhecer nhecer seu seu estatuto estatuto,, fez-se z-se del dele (spiritus ritus, pneuma, Geist). Para reco uma substância substância separa separada da das das outras, outras, pela pela forma, rma, pela pela matéri matéria ae pelo pelo ser ser —o espírito espírito. Mas Mas o primeiro primeiro e ma mais parado paradoxal xal atributo atributo do sopro é sua insub insubstanc stanciialidade: alidade: ele não não é um obj objeto separa separado do dos outros, outros, mas a vibração bração pela pela qual qual toda todass as as coisa coisass se abrem abrem à vida e se misturam misturam com com o resto resto dos objeto objetos, s, a oscilaç scilação ão que, por por um instante, instante, anima anima a matéria do mundo. mundo. Ele é uma vibraçã vibração o que toca toca simul simultaneame taneament nte e o ser ser vivo vivo e o mundo que o cerca cerca.. No sopro, pelo pelo tempo tempo de um instante, instante, o animal animal e o cosmos se reúnem e sel selam uma uni unidade difere diferente nte da que o ser ser ou a fo forma marcam marcam.. E, no entant entanto o, com com e nesse nesse mes mes mo movimento movimento que viv vivente e mundo consag consagra ram m sua sepa separa raçã ção. o.  Aqu  Aquilo a que chamamos vida é precisamente esse gesto at através do qual uma porçã porção o da matéri matéria a se dist distiingue do mundo mundo com a mesma mesma força que util utiliza para seconf confundi undirr com ele. ele. Soprar éfazer

mundo, mundo, se fundi undir nele, e desenhar desenhar de novo novo nossa nossa forma num exercício exercício perpétuo. Respira Respirarr é conhece conhecer o mundo, mundo, penetrápenetrá-lo e se fazer penetrar por por ele ele e por por seu seu espíri espírito to.. Atravessá travessá--lo e se tornar tornar por por um instant instante, e, com com esse sse mesmo elã, o luga lugarr onde onde o mundo se faz experiência indi indiv vidua idual. l. Essa Essa operação nunca é def definiti initiva: va: o mundo, mundo, assim co como o ser ser vivo vivo,, não é ma mais que o reto retorno rno do sopro e de sua possibi possibillidade. idade. Espírito. Espírito. O sopro sopro não se limita mita à ativ tividade do ser ser vivo vivo:: def define também também,, e sobretudo sobretudo,, a co consistênci nsistência a do mundo. mundo. O espa espaço ço que ele traça coin coincide cide com com os limites mites do mundo de que po podemos demos ter ter a expe riência. riência. Chegamos mos até até onde onde cheg chega a nosso sopro. Invers nversa amente, mente, um mundo sem sem sopro sopro não não passa passaria ria de um amon amonto toa ado confuso confuso de objeto bjetos s em decompo decomposi sição. ção. Se é graças a ele que estamos estamos no mundo, mundo, é nele nele que o conhe conhecemos cemos e manejamos. manejamos. E é ao sopro que devem devemos os perg pergunt untar ar pela natureza natureza do mundo: mundo: é nele que o mundo se revela, é nele que o mundo mundo existe existe para nós. Das forma formas inf infini initas tas do sopro, os seres inumeráveis inumeráveis que po po  vo  voam o cosmos, as co coisas ma mais díspares, mais incomparáveis, os instant instantes es e os espaços spaços mais mais dis distant tantes, es, as reali realidades dades ma mais in in compa compatí tív veis ex extraem traem sua unidade. unidade. Ela Elas s se se fundem num mundo mundo.. Enquanto nquanto unidade unidade supe superio riorr de tudo o que é difer diferente, ente, unidade unidade suprema e insuperá insuperáv vel do que é e do que que náo náo é, ele só só existe existe no e enquanto sopro. O espa espaço ço metaf metafísico ísico do sopro sopro é anterior anterior a toda toda contradição: contradição: a respiraçã respiração preced precede e qualq qualquer uer distin distinção ção entre entre al alma e co corpo, entre espírit espírito o e objeto, bjeto, entre ideali idealidade dade e reali realida dade. de. Não basta basta procla procla mar a facticidade acticidade do sentido sentido e seu seu primado primado sobre a existência. existência. Sentido entido e existênci existência a viv vivem sem sempre como e no sopro: sopro: não não passa passam de vibra vibraçõ çõe es espe específ cíficas icas do sopro. sopro. O mundo é sopro e tudo o

EMANUELE COCCIA 

59

que existe xiste nele nele exi existe ste co como tal. A existência istência do do mundo náo náo é um um fato de ordem lóg lógica: ica: é uma uma questão questão pneuma pneumato toló lógica. gica. Só o sopro pode toca tocarr eexperimentar o mundo, mundo, dar dar existência existência a ele. O mun do só pode pode ser respi respirado. rado. Os Antig ntigos náo náo fo foram os os único únicos s a ter feito do sopro sopro a uni uni dade transcendental transcendental do mundo e a prova prova de que ele é, enquanto enquanto tal, uma realida lidade de viva. viva. Num Num fra frag gmento inédito inédito,, Isaac New Newton ton escrevia: escrevia: “Ess “Essa a Terra se se parece parece co com um grande grande animal animal,, ou antes antes uma planta planta inani nanimada que toma toma seu sopro etér etéreo eo como como renov renova a ção ção e fe fermento rmento vital, tal, e que expira expira com grandes ex exalações.” lações.”1 1 Mas será será preciso preciso esperar esperar o debate, mais recente, recente, em torno torno da hipó hipótese tese de Gaia Gaia para recon reconhece hecerr à atmosf tmosfera era a unidade unidade viva viva do do mundo, mundo, a prova prova de que o plane planeta ta é determinado pela pela vida vida.. Uma de sua suas primeiras fo formulações, rmulações, a do artigo artigo que Lovelo Lovelock ck e Margulis gulis publi publicaram caram em em 1974 na revi revista sta Icarus, afirma afirma que a própria própria exist existênci ência a da atmo atmosf sfera era é a evidênci evidência a de uma “home “homeostase em escala planetária”,2 planetária”,2pelo pelo fato de que “a vida vida determino determinou u o fluxo fluxo de energia energia e de massa sobre a superfíci superfície e planetári planetária”. a”.3A 3A atmosfer tmosfera a é o sopro vi vital que ani anima ma a Terra em sua sua totali totalidade dade..  A ideia é muito antiga. Lamarck foi foi provavelmente o pr pri meiro a defin definiir o espa espaço atmo atmosfé sférico e climá climáti tico co como o lugar lugar dinâmic dinâmico o de intercon interconexão exão entre matéria e vida, vida, entre mundo e subjetiv subjetividade. O tratado tratado consagrado rado à ciência ciência de desse sse espaço li limi mi nar, que ele chama de hidrogeologia, se abre com esta pergunta: pergunta: “Qual “Qual é a infl influência uência dos dos corpos vivo vivos s sobre as matérias matérias que se encontram encontram na superf superfíci ície e do glo globo bo terre terrestre e que compõ compõem em a crosta crosta de que ele está está revestido revestido,, e quais são os resultados resultados gerais gerais dessa dessa inf influência? uência?”4 ”4A A possib possibililid idade ade de pensar pensar a camada camada de maté ria ria mais superfici superficial al da da crosta crosta terre terrestre stre e o conj conjunt unto o das das matérias matérias

gasosas e líqui líquidas das que pairam pairam sobre o pl planeta como um ime imenso fluido luido de circulação do ser ser é motiv motivada ada pela descob descoberta erta de que “as “a s matérias térias minerais minerais compostas compostas de todo todos s os gêneros êneros e de todos todos os tipo tipos que compõem compõem a crosta crosta externa do glo globo bo terrestre, terrestre, que  ve  vemos nela como amontoados isolados, filões, camadas paralelas, etc., e que aí fo formam planíci planícies, es, costas, vales e mo montanhas, são são exclusiv exclusivamente amente o produto produto dos ani anima maiis e dos vegetais etais que viv vive ram ram sobre essa ssas partes partes da superf superfíci ície e do globo globo” ”.5Essa .5 Essa unidade unidade é engendrada, engendrada, segundo Lamarck, rck, pelo estado de agregação, e as formas de toda toda a matéria superf superfici icial al têm têm por causa causa direta direta ou in in diret direta a de sua exist existênci ência a as fa faculdade culdades s orgâ orgânicas nicas dos seres res vivo vivos. s. Como Como já já tinha tinha escrito escrito em sua suas Me  Memórias, “todos “todos os compostos compostos que observam observamos sobre nosso globo lobo são devidos, devidos, direta direta ou indi indi retamente, retamente, às fac faculdades uldades orgâni orgânicas cas dos se seres dotados dotados de vi vida. De fato, to, esse sses seres res fo formam todos todos os materiais materiais do gl globo, bo, tendo a fa culdade culdade de compo comporr eles eles mesm mesmos sua própri própria a substância, substância, e para a compor, compor, uma parte deles deles (os veg vegetais) etais) têm a faculdade culdade de forma formar combina combinações ções primeiras primeiras que assimil ssimilam a sua substância. substância.”6 ”6N Não se trata simplesmente simplesmente da inf influência sobre sobre a co composição mposição química. química. A presença dos sere seres vivo vivos s não se limit mita a determi determinar nar a agregação da ma matéria, téria, mas mas defin define e também seu estatuto estatuto.. O mundo só existe xiste ali onde há ser vivo. vivo. E a presença presença da vida transfo transforma a própria própria natureza do espa espaço. ço. Tratarata-se de um movimento movimento que opera de maneira maneira oposta oposta ao descrit descrito o por por Lam Lama arck em sua sua Fi  Filosofia zoológica-, náo  náo cabe mais ao  vi  vivente se adaptar às circunstâncias ambientais, as circumfusa d circumfusa da a medici medicina neohip neohipo ocrática, e sim ao ambiente mbiente em sua total totaliidade torna tornarr-se se eco, eco, halo, halo, auréo auréola da massa dos vivos. vivos. Sua atmosfera tmosfera.

EMANUELE COCCIA 

61

O invers inverso o também éverdadeir erdadeiro o: seestam estamos os atmosf atmosfericamente ericamente conectados ao que nos rodeia, rodeia, é porque porque aatmosf tmosfe era é aquilo aquilo que, que, const constantemente, antemente, engend engendra ra o vivo vivo.. É a essa ssa concl conclusão usão que cheg chega a uma das das pri primeiras meiras análises análises das das relações quími químicas cas entre entre os sere seress  Ensaiodeestática química de Dumas  vi  vivos e o ambiente, o Ens umas e Boussinga ssingaul ultt publi publicado em 1844. Os autore utoress partem partem da consta constataçã tação o de que as plantas plantas funcio funcionam nam “ponto “ponto por ponto ponto de uma maneira maneira inve inversa à dos ani animais”: mais”: “S “Se o reino anima nimall consti constitui tui um imenso imenso apare parelho lho de combustão, combustão, o reino veg vegeta etal,l, por sua vez, vez, constit constitui, ui, pois, pois, um imenso imenso aparelh aparelho o de redução. redução.”” Sua Sua perfeita perfeita integ integra raçã ção o não não é o simples simples efeito efeito supranumerário supranumerário de uma harmo harmoni nia a prees prees tabelecida, nem o result resultado ado do gov gove erno div divino ino que se exprime na eco econo nomia mia natural, natural, mas a consequênci consequência a do fato de que a vida das das plantas plantas e dos animais animais depende intei inteirame rament nte e da atmosf atmosfe era: ra: “O que uns uns dão dão ao ar, os outros outros retoma retomam m do ar, de sorte qu que, e, considerando considerando esse esses fatos do ponto ponto de vista mais mais elevado elevado da da física ísica do globo globo,, seria seria preciso diz dizer que, no que tange a seus seus el elemento ementoss  ve  verdadeiramente orgânicos, as as plantas e os animais derivam do nsado. [... ar, não são são senão senão ar condensado. [...]] As As plantas plantas e os animais vêm, vêm, pois, pois, do ar e a ele retornam; retornam; são são verda verdadeiras deiras dependências dependências da at mosfe mosfera. ra. As As plantas plantas reto retoma mam, m, pois, pois, incessantem ncessantemente ente ao ao ar o que os ani anima maiis fo fornecem rnecem a ele.”8 ele.”8N Não habi habitamos tamos a terra, terra, habita habitamos o ar através através da atmosf tmosfera era.. Estamos stamos imersos imersos nele nele exatament exatamente e como o peixe peixe está está imerso imerso no mar. E aqui aquillo a que chama chamamos mos respi respiraç raçã ão não é senã senão o a agri agricu culltura da atmo atmosf sfera era.. Tentar conj conjug uga ar os dois dois movimentos movimentos —o —o que vai dos dos se seres res  vi  vivos ao ambiente e o que vai do ambiente aos seres vivos —sig nif nifica ica pensar pensar a atmosf tmosfera era como como um sistem sistema a ou um espa espaço ço de cir cir culação de vida, de matéria matéria e de energ energia. ia. É a abordag abordagem em radical

62

 A VIDA DAS PLANT AS: UM A METAFÍS ICA DA MISTU RA 

do natura naturalilista sta ru russo sso Vl V ladimi adimirr Ver Vernads nadski. ki. Ele Ele reconhece reconhece que “a atmosf tmosfe era náo náo é uma reg região independente de vida”,9 da”,9 mas sim uma expressã expressão o da da vida. De fato, to, as plantas plantas verdes criara criaram m um dium transparent novo médium  transparente e para para a vida, a atmosf atmosfera era:1 :10 “A vida vida cria cria o oxi oxig gênio livre livre sobre a crosta terre terrestre stre,, mas tam também bém o ozôozônio que pro protege tege a biosf biosfer era a da radiaçã radiação o nociv nociva a de onda curta dos corpos celestes celestes””.11 Inve nversame rsamente, nte, a vida se const constiitui a parti partirr da atmosfer tmosfera: a: “A matéria viva constrói constrói os corpos dos orga organismos nismos a partir dos ga gases ses atmosféricos atmosféricos com como o oxi oxig gênio, o dióxi dióxido do de carcarbono e a água, água, junto junto com compostos de nitro nitrog gênio e de enxofre enxofre,, conv convertendo ertendo esse esses gases ses em em líqui líquido doss e sóli sólidos combustí combustívveis que reco recolhem lhem a energia energia cósmica cósmica do Soi”. Soi”.1 12Vernadski 2Vernadski chama de biosfera era “a camada camada ext exterio eriorr da Terra”, Terra”, consid considera erada da não não apenas penas como uma reg região materi material, al, mas sobretudo como como “uma “uma reg região de energia e uma fonte de transf transfo ormaçã rmação o do planeta planeta.. As força forçass cósmicas cósmicas modelam modelam o rosto da da Terra e, como resultado, resultado, a biosf biosfer era a dife difere histo historic ricam amente ente das das outras outras partes partes do pl planeta”.1 aneta”.13  A fonte principal de dessa região é a que Ver Vernadski ch chama de matéria matéria viva viva: o conj conjunto unto dos organ organismos ismos e dos dos corpos vivos, vivos, resresponsáveis ponsáveis pela pela criaç criação ão de novos novos compost compostos1 os14e capa capazes zes de “perturbar poderosa poderosa e contin continua uamente mente a inércia quí quími mica ca na supe superf rfíci ície e do pl planeta”. aneta”. É a matéria matéria viva viva que “cria “cria as cores e as formas formas da natureza, as associ associa ações dos dos animais animais e das das plantas, plantas, como como o trabatrabalho criativo da humanidade civilizada, e nisso se torna uma parte dos processos ssos químico químicoss da superf superfície ície terre terrestre. stre. Não Não há equilí equilíbrio brio substancial quími químico co sobre a crosta em em que a infl nfluência uência da vida vida náo náo sej seja evidente evidente e em em que a quími química ca não não mostre o traba trabalh lho o da  vi  vida. A vida, ne nesse sentido, nã não é um fen fenômeno exterior ou acidental da superf superfíci ície e terres terrestre. tre. Está estreitamente liga ligada da à estruestru-

EMANUELE COCOA 

63

tura tura da crosta, crosta, é uma parte de sseu eu meca mecani nismo smo e cumpre cumpre funç funções ões de import mportânci ância a primári primária a para para a exist existência ência desse desse mecanismo. nismo. Sem a vida, o mecanis mecanismo mo da da superf superfície ície terrestre terrestre náo existi existiri ria”. a”.1 15Nes sa massa viva, as as plantas plantas desempenham desempenham um papel ffundament undamental: al: “Toda “T oda a matéria matéria viva viva pode ser ser vista vista como como uma única ent entid ida ade no mecanismo mecanismo da biosf biosfera era, mas apenas apenas uma parte da vida, a vegeta egeta ção verde, verde, os portadores de clorof clorofil ila, a, fa faz uso uso direto direto da radiaçã radiação o sola solar [.. [...] .].. O mundo vivo vivo em sua totali totalidade dade está li lig gado a essa ssa parte parte verde da vida ida por um laço laço direto e indisso indissolúv lúvel. el.””  A atmosfe ferra náo é algo que se acrescentaria ao mundo: elã é o mundo enquant enquanto o reali realidade dade da mist mistura ura dentro da da qual tudo tudo respi respi ra. Se as ciências ciências naturais têm dif dificul iculdade dade em pensar pensar a imersá mersáo o ea mistura mistura como a verdadeira natureza natureza do cosm cosmos, os, as ciências huma huma nas, nas, por por suavez, se obstin bstinam am em em compreender compreender aatmosf tmosfera era,, assim como o clima clima,, de um lado lado como como um fato purame puramente nte natural, natural, e, port portant anto, o, excluído uído do seu dom domínio, nio, de  de outro, utro, como como uma reali realidade dade puramente humana humana ou um fa fato exclusiv exclusivamente amente estético, stético, que ná náo tem, pois, pois, nenhuma nenhuma relaçã relação com com tudo o que provém provém do mundo não não-humano humano.. Assim, Assim, a parti partirr do célebre célebre escrito scrito de Hipócra Hipócrates, tes,  Are  Ares, ág águas, lugares,16se desenvo desenvollveu uma vasta tradição que vai de Aristótele ristóteles s a Mont Montesquieu, esquieu,1 17 de Vitrúvi itrúvio o a Herder,1 Herder,18 e que aliment alimentará ará a geograf rafia polí políti tica ca de de Ratz Ratzel el ou ou a geografia meta metaffísica ísica de Watsuji Watsuji Tetsurô.1 etsurô.19 Na extrema extrema diver diversidade sidade da das abordag bordagens, das doutri doutrinas nas e dos contextos contextos histó histórico ricos, s, essa essa tradição seconcen concen tra tra em duas duas ideias. ideias. Trata Trata--se, em primeiro lugar, de reconhece reconhecer, r, como como escreverá escreverá o abade Dubo Dubos, s, que “a máquina máquina humana humana náo é meno menos s dependente dependente das quali qualidades dades do ar de uma região região,, das das va riações que sobrevêm sobrevêm nessa nessas s qualidades, qualidades, numa numa pal palavra, de todas as mudanças que po podem dem atrapalhar atrapalhar ou ou fa favorecer orecer as assim assim cha cha

64

 A VID A DAS PLA NTA S: UM A METAF ÍSICA DA MISTU RA 

madas operaçõ operações es da natureza, natureza, do que que o são os própri próprio os fruto frutos” s”.2 .20 O clima clima é aqui sinôni sinônimo mo de nãonão-hum huma ano. A esfera sfera humana humana a cultura cultura,, a histó história, ria, a vida do espírito —nã —não o é autô autôno noma ma,, tem tem um fundam fundamento ento no não-huma não-humano no;; os eleme elemento ntos s apare aparentem ntemente ente não não espirituais espirituais —o ar, ar, a água, gua, a luz, os ventos ventos —não —não engendra engendram m espíri espírito to,, mas podem inf influenciar luenciar o home homem, m, seus seus compo comportam rtamen en tos, sua suas atitudes atitudes e sua suas ideias. ideias. Os climas climas engendram engendram e fundam a plurali pluralidade dade dos homens e em m seu seu aspecto specto fí físico, sico, e ainda ainda mais mais em seus seus costumes. costumes. Como Como escreve screve Edme Guyot, uyot, “a natureza natureza da terra terra, a qualidade qualidade de seus seus fruto rutos s e a difere diferença nça dos climas climas contri contribuí buíram ram para a variedade das core cores s e para a diversid diversidade ade das fi figuras uras e dos temperam temperamento entos s de todos todos os homens”. homens”.2 21O não-humano não- humano é a causa causa da multi multipl pliicidade cidade das forma formas de vida, não não apena apenas s no espaço, espaço, mas também também no tem tempo po e na história, história, Radicali Radicaliz zando a abordag bordagem herderiana, que faz da histó história, como dirá dirá Ka Kant, uma espécie spécie de “climato “climatolo logia gia das das fa faculdade culdades s in in telectuais e sensív sensíve eis da humanidade”, humanidade”, a socio sociologia de Simmel fará do conceito conceito de atmosf tmosfer era a o médium dium absoluto  absoluto da perce percepçã pção o soci social: al: a percepção percepção da da “atmosfera “atmosfera de alguém alguém é a percepção percepção mais ínti ntima de sua sua pessoa pessoa””.22A ideia ideia da atmosf atmosfe era como dinam dinamismo ismo originário riginário de toda toda socializ socializa ação ção terá um gra grande nde sucess cesso. o. Por exem exem plo plo, Peter Sloterd Sloterdjjik concebe a atmosf tmosfe era a um só só tempo como como o produto originário da co coexistência humana e como como o paradi paradigm gma a de toda toda vida vida cult cultura urall enqua enquanto nto tal. tal. “A clima climatiz tiza açáo çáo simbólica simbólica do espaço spaço comum comum é a produçã produção o origin riginária ária de toda toda socieda sociedade. de. Os ho mens”, escreve escreve Sloterd Sloterdjjik, “são “são as as criaturas criaturas vivas vivas que se se atribu atribuem em por por meta meta [.. [...] .] estar estar liga ligadas das aambiências mbiências partil partilhadas e a press pressupos upos tos comuns.”2 comuns.”23 Ess Esse meio meio partilhado partilhado é o que Sloterdji terdjik nome nomeia ia esfera, a figura figura geo geométrica da interio nteriori ridade dade absolut bsoluta. a. “Esta “Estarr nas

EMANUELE COCCIA 

65

esferas consti constitui tui parao home homem m asitua situaçã ção o fundament undamental al [atal tal ponponto que] que] os home homens ns nunca nunca ainda ainda vivera iveram numa relaçã relação o imedi imediata ata com com o que chamamos natureza natureza e, sobretudo sobretudo,, suas suas culturas culturas nunca nunca pisara pisaram o chã chão dos chamado chamados s fa fatos tos brutos: brutos: eles eles levara levaram sempre sempre e exclusiv exclusivamente mente sua existência existência num espa espaço insuf insuflado, lado, partilhado, partilhado, aberto e restaurado.” restaurado.”2 24 Os homens “só prospera prosperam na estufa estufa de sua atmosfe tmosfera autóge utógena”. na”. Viv Viver er em socieda sociedade significa significa partici partici-par da const construção rução dessa dessas atmosf tmosfera eras. Inversa nversamente, a atmosf tmosfera era é sempre sempreum fa fato cultur cultural. al. E ma mais: elã encarna encarna aimpossib impossibiilida idade de um estado stado de natureza: natureza: climatiz climatiza ação, para para Sloterdi Sloterdijjk, signif significa ica a impossibil impossibilidade idade de de um mundo mundo natural. natural. As plantas plantas dem demo onstram, nstram, pelo pelo contrário, contrário, que a clima climatiz tiza ação ção, o air-designing é o ato mais simples simples de existênci existência a do ser vivo vivo,, sua natureza mais element elementar. ar. O reducio reducionismo nismo cultura culturall é próprio próprio a uma longa longa tradiçã tradição o que faz da atmosfe tmosfera “o conceito conceito fundamental de uma nova nova estética”.  Atm  Atmosfera seria “a realidade comum entre aquele que percebe e o que ele ele percebe, percebe, a realidade realidade do do percebido enquanto enquanto esf esfera de suapresença ea realidade realidade daquele daquele que percebe na medida medida em que está presente presente de uma certa manei maneira”. ra”.2 25 Essa interpr interpretaçã etação o, que remo remonta a Léon Daudet, faz da atmosfe tmosfera “o conhecimento  conhecimento da pele, pele, tangencial tangencial como o conhec conhecimento imento do espíri espírito to,, e que utili utiliz za as célul célula as do epitélio epitélio da mes mesma ma maneir maneira a que o conhecimento conhecimento do espírito espírito util utiliza as raíze ízes dos vocá vocábulo bulos”. s”.2 26 Essa Essa faculdade de de conhecimento conhecimento sintético sintético “englo “engloba ba o espa espaço e o tempo, emana emana ao mesmo mesmo tem tempo po do univ universo e de nós; e está está em nós, consciênci consciência as, pess pessoa oas s e povos, povos, como como uma uma inclusã inclusão o do univ universa ersal, como o algo algo que reúne reúne após ter espec especif ificado, icado, que não não é nem nem quantitati quantitativ vo nem qual qualitativ tativo e que partici participa pa dos dois de uma só vez, e que tem, tem, na vida vida,, uma vida ida própria, própria, dissimulada dissimulada,, entretanto entretanto revelá revelável, vel,

66

DAS

S:

METAFÍSIC

MISTU

análo análog ga à do rádio rádio,, ou das ondas, ondas, no seio seio cripto criptoid ide e da nature natureza za inani nanimada”. mada”.2 27Essa emanação, “a um só tempo tempo moral moral e orgâni rgânica, ca, ligada gada ao conj conjunt unto o do ser ser sob sob seu aspecto specto moral, e aos tecidos, tecidos, epiteli epitelial al e endo endoteli telial, al, sob seu aspe aspecto cto org orgânico ânico”2 ”28se funda num acordo cósm cósmico ico.. “T “To oda a superf superfíci ície e cutânea faz de nós nós os parti parti-cipantes do equilíb equilíbrio rio univer universa sal, l, os adaptados daptados do fora ao dentro {adaequati quatio re rei et sensus) .” .”29 Essa Essa redu reduçã ção o psico psicollógica e gnose noseo ológico lógico da atmo atmosf sfera era parec parece e esquecer que aatmosfera atmosferaé fundamentalment fundamentalmente e um fa fato ontológico que concerne concerne ao estatuto e ao modo de ser das das coisas coisas e não à maneira neira como elas sã são percebidas. Se todo ato de conhecimento conhecimento é, em si si mesmo, um fa fato atmosfé atmosférico, rico, já já que é um ato ato de mistura mistura de um sujeito com um objeto, bjeto, a extensã xtensão do domín domínio io atmosfé tmosférico  va  vai bem além de todo e qualquer ato de conhecimento.

EMANUELE COCOA 

67

9 Tudo está em tudo udo

Se viver é respirar respirar é porque porque nossa relação relação com com o mundo mundo náo náo é a do estarestar-llançado nçado ou do estarestar-dentro-dodentro-do-mundo, mundo, nem nem me mesmo smo a do domíni domínio o de um um sujeito sujeito sobre sobre um objeto objeto que está está dia diante del dele: estarestar-no no--mundo signif significa ica fa fazer zer a experiência de uma imer são são transcendental. A imersã imersão —de —de que o sopro é a dinâmica dinâmica originári riginária a —se define define como uma inerência inerência ou uma imbrica imbricaçã ção o recíproca recíproca.. Estamos stamos em al alguma coisa coisa com a mesm mesma a intensi intensidade dade e a mesma força com com que elã está está em em nós. É a recip recipro roci cidade dade da inerência que que faz do do sopro uma condiçã condição o sem saí saída: da: impossível impossível seliberar liberar do do mei meio no qual seestá está imerso, imerso, impossív impossível el purif purific icar ar esse sse mesmo mesmo meio de nossa presença presença.. Inspir nspirar ar é fazer o mundo mundo entrar entrar em nós —o mundo mundo está está em em nós - e expira xpirarr é se projeta projetarr no mundo que somos somos.. EstarEstar-nonomundo náo náo é simplesme simplesmente nte se encontra encontrarr dentro de um horizonte últi último mo que contém contém tudo o que podemos podemos e poderemos poderemos perce percebe ber, r,  vi  viver ou sonhar. Des Desde que começamos a viver, pensar, perceber, sonha sonhar, respirar, respirar, o mundo em seu seuss detalhes detalhes inf infin init ito os está está em nós, penetra material material e espiri espiritualment tualmente e nosso nosso corpo corpo e nossa nossa alma, alma, e dá

68

 A VID A DAS PLAN TAS! UM A METAFÍS ICA DA MISTU RA 

forma, orma, consist consistência ência e real realidade idade a tudo o que somos. somos. O mundo náo náo é um luga lugar; r; é um estado estado de ime imersã rsão o de de toda toda coisa coisa em toda toda outra coi coisa sa,, a mist mistura ura que inverte inverte instantaneamente instantaneamente a relaçã relação o de inerência topológica.  Ana  Anaxágoras foi foi o primeiro a defin finir com rigor a mistura como pant ntii). a forma própria própria do do mundo: tudo está em tudo {part en pa  A im imersão nã não é a condição te temporária de um corpo em outro corpo. corpo. Também náo náo é uma relaçã relação o entre entre dois dois corpos. Para que de eve estar star em tudo. tudo. Por um lado, a imersã imersão sej seja possível, possível, tudo d como já já vimos, vimos, estar estar imerso é fa fazer a experiência experiência de estar estar em al guma coisa coisa,, que por sua vez está está em nós. nós. Por outro outro lado, do, segundo  An  Anaxágoras, es essa mistura absoluta e recíproca que pa parece fa fazer de toda toda coisa coisa o luga lugarr de toda toda outra coisa coisa náo náo é uma condição condição limitada mitada no espaço e no no tempo, mas a forma rma do mundo e de todo estar estar--no-mu no-mundo. ndo. Pa Para ra que haja mundo, mundo, o particular particular e o univer univer sal, sal, o singul singular ar e a total totaliidade devem devem se se compenetrar compenetrar recípro recíproca ca e totalmente: totalmente: o mundo é o espa espaço da mistura univ universa ersal, onde toda toda coisa coisa contém contém toda toda outra outra coisa coisa e é cont contiida em em toda outra  outra coisa. coisa. Inve nversame rsamente, nte, a interi interio oridade ridade (o estar estar dentro de algo, algo, o inesse) é a relaçã relação o que liga liga toda toda coisa coisa a toda outra  outra coi coisa sa,, que def define o ser ser das coi coisas sas mundanas.' Dize izer que tudo está está em tudo e, portanto portanto,, que a imersã imersão o éa forma eterna eterna e a condição de possib possibil ilidade idade do do mundo, mundo, signifi signifi ca em primeiro lugar af afirmar irmar que que todo acontecimento contecimento físico ísico se se produz produz como como ime imersã rsão o e a parti partir da imersão. Assim, Assim, a luz que me permite permite ver a página página que escre escrevo é o mar mar em que me banho banho.. Elã está está no int interrupto erruptor, r, no cabo que a liga àluminári uminária a e- de mane maneira ira embrio embrionária nária—em minha minha mão que o acio aciona. na. E, po por suavez, a mã mão que aciono cionou u o interrupt interrupto or está conti contida da na luz que agora a ilumilumi-

EMA NUEIE COCCIA  COCCIA 

69

r r 

na. na. Tudo está em tudo. tudo. Essa Essa mistura mistura faz do mundo e do espa spaço a reali realidade dade de uma uma transmissibil transmissibilid ida ade e de uma traduti tradutibi billidade idade universa universal das forma formas. s. Mas Mas o que que chama chamamos mos de transmissão transmissão náo é ma mais que o eco eco dessa dessa inerênci inerência a recí recípro proca ca de toda toda co coisa em em toda toda outra coisa coisa: o mundo mundo é um contágio contágio perpétuo perpétuo.. Se tudo está em tudo é porque porque no no mundo mundo tudo deve deve poder circular, se transmitir, transmitir, se traduzi traduzir. r. A impenetrabilid impenetrabilida ade que que fre re quentemente quentemente se imagino maginou ser ser a forma paradigmá paradigmáti tica ca do espa espaço náo passa passa de uma ilusã ilusão o: ali onde há um obstáculo obstáculo à transmissão transmissão e à interpenetraçã nterpenetração o, produz-se produz-se um um novo plano que permite permite aos corpos reverter reverter a inerência nerência de um ao outro numa numa interpenetraçã interpenetração o recíproca recíproca.. Tudo no mundo produz mistura mistura ese produz na mistu ra. Tudo entra e sai de toda toda parte: parte: o mundo é abertura, abertura, liberda liberdade de de circulaçã circulação o absoluta, bsoluta, não não la lado a lado, mas através dos corpos e dos outros. Viv Vive er, experienciar experienciar ou estar estar--nono-mundo, signif significa ica também se fazer atravessa travessarr por por toda toda coisa coisa.. Sai Sair de si si é sempre sempre entrar entrar em em alguma alguma coi coisa de outro outro,, em sua suas fo formas e em sua sua aura; aura;  vo  voltar para dentro de si signific fica sempre se preparar para encon trar todo todo tipo tipo de formas, de objetos, objetos, de image magens, ns, as mes mesma mas que  Ago  Agostinho se espantava de encontrar na memória, pr produtora de mistura mistura e esplêndida esplêndida ev evidência idência dessa ssa compe compenetra netraçã ção o total. total.2 2  A ciência e a filosofia fia se dedicaram a classific ficar e defin finir a essência essência das coisa coisas s e do vi vivente, sua suas forma formas e sua sua ativ tividade, mas permanecem cega cegas quant quanto o à sua sua mundanidade, isto  isto é, sua natureconsiste na capacid capacidade ade de de ent entrar rar em toda toda outra outra coisa coisa e de  za  za, que consiste serem serem atravessa travessado dos s por por el elã. O mesmo mesmo sedá com a matéri matéria: a: elã não não é o que que sepa separa ra edist distiin gue as coisa coisas, mas mas o que permite permite seu encontro encontro e sua mistura. mistura. Elã Elã não se reduz simplesment simplesmente e ao espaço da inerênci inerência a de uma forma forma

0

no mundo. mundo. Atra Através vés dela, dela, iss isso sim, tudo está em tudo, tudo, nada pode se separar separar do destino destino do resto resto,, e tudo tudo se deix deixa atrav ravessar pelo pelo mundo e pode, pode, pois, pois, o atravess atravessa ar. Fazer do mund mundo o a realilidade dade dessa reversã reversão o perpétu perpétua a da ine ine rência de tudo em tudo signif signific ica a fazer do do espaço náo o nome nome da exterio exteriorid ridade ade genera generallizada izada, mas mas o da interio nteriori ridade dade universa universal: te ter emsi tudo tudo o que nos co contém. A extensã extensão, a corpo corporeidade, reidade, não não é o espa espaço ço onde o ser ser é exterio exterior a toda toda outra outra coisa coisa[[partesextraparte partes) com uma intensidade intensidade que coincid coincide e com seu conat onatus sese conservandv, o espa espaço ço é, ao cont contrário rário,, aexperiência experiência em que toda toda co coisa se expõe expõe a ser ser atr atra avessada essada por por toda toda out outra ra coisa coisa e se se esfo esforça para atra  ve  vessar o mundo, em em todas suas formas, su suas consistências, su suas cores, seus seus cheiros. cheiros. O espaço e a extensão são, são, port portanto anto,, as força forças que permitem permitem a toda toda coisa coisa respirar, seestender e seentremi entremist sturar urar no sopro: sopro: respirar respirar é se deixar deixar penetrar penetrar pelo pelo mundo para fazer do mundo algo que é feito ito também do também do nosso nosso sopro. Tudo Tudo respira respira e tudo é sopro, sopro, já que tudo secompenetra compenetra.. Uma nova nova geo geometria deve, deve, po portanto, rtanto, ser pensada pensada,, pois pois o cos cos mos náo náo desenha mais nem uma esf esfera nem um plano. plano. O cosmos enquanto enquanto natureza natureza não não é um horizo horizonte que inclui nclui em si si todos todos os seres (a (a esfera sfera), não é tampouco a total totaliidade das coisa coisas (ta pantd), o pantd), ou u uma total totaliidade transcendente transcendente a seus seus elementos ntos (o (o Um Um ou Deus Deus). ). Mas Mas negar sua transcendência transcendência para para fazer del dele a potên potên cia originária, o fu  fundamento ou a raiz (groundo (ground ou Grand), como Grand), como imagin imagino ou uma tradição tradição que culmino culminou u no idea ideali lismo smo alemã alemão, náo basta. basta. Assim Assim como como nã não basta basta pensar pensar esse sse fundamento como sem sem fundamento (U (Ungrund).3Afirmar rund).3Afirmar que tudo udo está stá em tud tudo o {pan en panti) não não significa significa simplesmente simplesmente imag imaginar inar a existência existência de tudo num substra substrato único. O cosmos - isto é, é, a natureza natureza - não é a

EMANUEIE COCCIA 

71

fundação undação das coisa coisas, s, é sua mistu mistura, ra, sua respi respiraçã ração o, o mov movimento imento que anima sua compenetra compenetraçã ção. o. Dito de outro modo, o conceito de imanênci manência não basta para para pensar pensar a exist existência ência do mundo mundo, nem para radicalizá-la fazendo coincidir Deus e mundo —como pôde fazer o panteísmo panteísmo —, imag imagiinando nando a inerênci inerência de toda toda co coisa em em Deus eus (e pensa pensando ndo sua coinci coincidênci dência a somente somente atra através vés de de De Deus). A  ve  verdadeira imanência é a que faz existir toda coisa no interior de toda toda outra coi coisa sa:: tudo está em tudo signif significa ica que tudo é imanen te em em tudo. tudo. A imanênci manência já não é a relaçã relação o entre uma coisa coisa e o mundo mundo, é a relação que que liga liga as coi coisas sas entre entre si. si. É essa relação elã própria que que constitui constitui o mundo.  Ass  Assim, a totalidade defin fine uma relação de interioridade radi cal cal e abso absolut luta, a, que torna torna caduca caduca qualquer distin distinção ção entre con teúdo e conti continente. nente. Pois, Pois, se tudo está está em em tudo, tudo, não não apena apenass toda toda coisa coisa cont contém ém toda toda outra utra coisa coisa,, mas uma coisa coisa deve deve se encont encontrar rar em qualq qualquer uer outra outra e, e, mais, mais, naquelas naquelas que que elã co contém. O fato de estar star conti ontido em alg alguma coisa oisa coexiste  coexiste com o fa fato de conter conter ess essa a mesm mesma a coisa coisa.. O cont contin inente ente é também também o conteúdo conteúdo do que ele ele contém. contém. Es Essa identi identidade dade náo náo é lóg lógica, é topo topoló lóg gica e dinâmica. dinâmica. Todo objeto objeto é um lugar lugar para para todo todo outro outro objeto objeto e, inversa inversame mente, nte, ser ser um lugar lugar é achar seu seu mundo em toda toda outra utra coisa coisa.. De uma certa manei maneira, ra, toda toda coisa coisa éum mundo onde o mundo mundo não não é ma mais o horiz horizo onte últi último inalcançá inalcançávvel que se dá unicame unicament nte e no fim fim dos tempos tempos e na ext extrem remidade idade do espaço, spaço, mas a identi identidade dade intensiv intensiva a com qualquer de seus seus objeto objetos. s. Estar-no star-no--mundo mundo já já náo náo é se se achar char num espa espaço ço inf infinit inito o que co contém toda toda outra coi coisa sa,, mas não não poder poder mai mais fa fazer a experi experiênci ência a de estar num lugar lugar sem sem reencont reencontrar rar ess esse e lugar ugar em em si si mesmo mesmo e se tornar, tornar, port portanto anto,, o luga lugarr de nosso lug lugar. O mundo é essa essa força que reverte toda toda inerênci inerência a em em seu seu con-

72

trário trário,, transf transfo orma todo todo ingrediente ngrediente em em lugar, lugar, e todo todo lug lugar ar num elemento do mesmo composto.  A cosmologia da mistura se fun funda, portanto, numa ontologia difere diferente nte da ensinada pela pela tradição. Pois Pois toda toda ação ção é intera interaçã ção o, ou melhor, interpe interpenetra netraçã ção o e influência influência recíproca recíproca.. A física —a ciênci ciência a da natureza natureza —deveria, —deveria, portanto portanto,, ser ser inteiramente inteiramente reescrireescrita. Se o mundo mundo está em em todos todos se seus entes, entes, isso signif signifiica que todo todo ente é capa capazz de transfo transformar rmar radi radicalmente calmente o mundo. mundo. A mistumistura universal encarna o fato de que o mundo é constantemente exposto à transfo transformaçã rmação o operada perada por seus seus componentes. componentes. Nã Não é preciso espera esperarr o antro antropo poceno ceno para se se depara depararr com com ess esse eparado paradoxo xo:: são as plantas plantas que, que, há milhõ milhões es de anos, transfo transformara rmaram m o munmundo produzindo produzindo as condições condições de possibil possibilidade idade da vida animal. O “fitoceno”4é a prova mais evidente de que o mundo é mistura, e de que todo todo ser mundano mundano está no mundo mundo com a mesm mesma a inintensidade tensidade com que o mundo está está nele. nele. Na mistura mistura univer universa sal,l, o efeito efeito é sempre sempre capaz capaz de modi modifficar suacausa, causa, que sempre sempre jaz nele próprio próprio.. Nesse Nesse sentido, sentido, a imersã imersão é a destruição do sentido sentido único que antepõe a totalidade ao indivíduo, o anterior ao posterior. A causali causalidade dade na mistura mistura é sempre sempre bidirecio bidirecional: nal: a mistura mistura é sempr sempre e um hysteronproteron. proteron. A retroação, que foi considerada como uma propri proprieda edade de da vida, vida, é o ritmo ritmo próprio próprio do sopro, sopro, a respiraç respiração ão da mist mistura. ura. É também po por essa essa razão que as noções noções de mei meio e de mundo ambiente ambiente dev devem ser ser rejeitada rejeitadas: s: o ser ser vivo vivo é um meio para o mundo mundo, do mesm mesmo o modo que o resto resto das das coisas coisas do mundo mundo é o meio do indivíduo vivo. As influências vão sempre nas duas direções. direções. A retroação retroação é um ef efeito da imersão, imersão, e a imersão mersão é um fato cósm cósmico ico:: elã consti constitui tui a forma e a condiçã condição o de possibil possibilidaidade do cosm cosmos, os, não o efeito efeito de algumas algumas ações ações humanas. A noção noção

EMANUEIE COCCIA 

73

de amropo mropoceno tra transf nsfo orma o que define define a própria própria existência xistência do mundo numa numa ação ção única, única, hist histó órica e nega negativ tiva: faz da natureza natureza uma exceçã xceção cul culttural5e ural5e do homem homem uma causa causa extra extranatura natural.l. Ne gligencia, sobretudo, sobretudo, o fato de que que o mundo é sempre sempre a rea realida lidade de do sopro sopro dos sere seres s vivos. vivos.  A co cosmologia, ne nesse sentido, é uma pneumatologia, ou ou me lhor, lhor, é sua sua forma suprema suprema.. Conhecer Conhecer o mundo é respirárespirá-lo lo,, já já que todo sopro é uma produção do mundo: mundo: o que parece parece estar estar separa separado se reúne numa unidade unidade dinâmi dinâmica. ca. Respirar Respirar signif significa ica sa sa borear borear o mundo. mundo. E o mundo é para todo todo ser vivo vivo e para todo objeto bjeto o que se se dá através do e graça raças s ao sopro. sopro. O mundo tem o sabor do sopro. Se todo todo espírito espírito faz mundo é porque porque todo todo ato de respi respira raçã ção o não não é a simples simples sobreviv sobrevivência ência do animal animal que que está está em nós, mas a fo forma e a consi consistênci stência a do do mundo de que somos somos a pulsação. Essa Essa coin coincid cidência ência entre pneuma pneumato tolo logia gia e cosmol cosmolo ogia não tem nada de metaf metafóri órica ca ou arbi arbitrária. trária. Interrogar nterrogar o mundo, mundo, sua for ma, ma, seus lilimi mites tes e sua consi consistênci stência a diretament diretamente e no sopro sopro que nos nos permite permite conhecêconhecê-lo e aderir aderir a ele torna possível possível encontra encontrarr uma evidência evidência que toda a cosmolog cosmologia clássica clássica nunca poderá poderá obter obter.. Na imanênci manência a do sopro, sopro, o mundo se revela revela algo de mais mais próxi próximo mo e de extrem extremam amente ente difere diferente nte do que imag imagina inamos. E o rosto inédito inédito que as plantas plantas nos permitem permitem contemplar. contemplar.

74

 A VID A DAS PLA NTA S: UM A META FÍSIC A DA MISTURA 

TEORIA DA RAIZ

10 Raízes

 In  In Sneffels Yoculiscrateremkemdelibat umbra ScartarisJu Jullii intra cale alendas descende, audas viator, viator, et te terre rrestre strecent ntru rum matti atting nges. Kodfe odfeci.  Am  A meSaknussemm

 Jú  Júlio Verne Ela Elas estã estão o escondidas escondidas e invisí invisíveis veis para a grande grande maiori maioria a dos dos organismos animais que disputam disputam o prota protagonismo no palco da terra firme. irme. Fincada Fincadas s num mundo separa separado e crípt críptic ico o, passa passam a vida sem sem sequer sequer suspeit suspeitar da explosão explosão de de fo formas e de acont conte e cimento cimentos s que borbu borbulh lham am ent entre re a terra e o céu. As As raíz raíze es são as as formas mais enigmáticas enigmáticas do mundo vegetal etal. Frequentemente sseu eu corpo é infinitamente maior, infinitamente mais complexo que seu seu gêm gêmeo eo aéreo, aquele que que as plant plantas as deixam deixam aparecer aparecer à luz luz do dia: a superf superfíci ície e total total do sistema radicular radicular de uma planta planta de cen cen teio pode pode chegar chegar a quatro quatrocento centos s metros tros quadrado quadrados, s, isto é, uma superf superfíci ície e cento cento e tri trinta nta vezes maio maiorr que a de seu seu corpo aé aéreo reo..1 Na histó história ria davida vegetal etal, chega chegaram relativam relativamente ente tarde: tarde: por milhões milhões de anos, as plantas prescindira prescindiram m delas delas - tanto no mar

EMANUELE COCCIA 

77

 Primum vegetari de dein ind de radiçarr. a vida como na terra.2 Pri vida vegetal vegetal parece pareceria ria náo náo precisar precisar de raíze ízes para para se defi definir nir ou existi existir, r, ou, ao menos, nos, sobrevi sobreviver. ver. Sua orige rigem m éobscura e náo náo é fá fácil cil desti destilar sua suas forma ormas. O prime primeiro iro testemunho testemunho fóss fóssil il remo remonta a 390 milhões milhões de anos. Como Como toda todas s as forma formas s de vida desti destinada nadas a perdurar mil milê nios, nios, sua orig origem deriv deriva a mais da inv invenção fortuita rtuita e da bricolag bricolagem em que da elaboraçã elaboração metódi metódica ca e consci consciente: ente: as primeir primeiras as forma formas s de de raíze ízes sã são modificaç modificações ões funcio funciona nais is do tronco tronco ou rizo rizom mas horiz horizon tais tais despr desprov ovidos idos de fo folhas.3 Sua mo morfo rfologia logia e sua fisiolo siolog gia sã são extrema extremamente variávei variáveis: sua suas funções funções mudaram mudaram com com o tempo e náo náo podem podem lhes ser at atri ri buída buídas de maneira unív unívo oca; ca; por por veze vezes s —como é o caso das das micormicorriz rizas —sã —são delega delegadas a outros utros orga organi nismo smos s que entram entram em em relação relação simbió simbiótica tica com a pla planta.

Parecem Parecem viver sepa separa rada das s da multi multipl pliicidade cidade dos sere seres s vivo vivos; s; no entant entanto o, é graças raças a elas que as plantas plantas chega chegam a ser conscientes conscientes do que se passa passa ao seu redo redor. r. Platã Platão o já já tinh tinha a comparado nossa cabeça, cabeça, e port portanto anto a razão, razão, a uma “raiz” “raiz”: o homem homem,, escreve screve ele, é “pl “planta anta do céu e não não da terra”, com com as raízes no al alto, to, uma espécie espécie de planta inv invertida.4 ertida.4Ma Mas s a versã versão que se tornará tornará canô canônic nica a foi elaborada por por Aristó ristóteles em se seu Tratado ratado sobre a alm alma\  “O  “O alto lto e o baixo baixo não não são idênt idêntiicos cos para todos todos os seres res e para o univ universo: o que a cabeça cabeça épara os animai animais, s, as raízes o são para para as plant plantas, as, se é pelas pelas funções que sedeve deve disti distinguir ou ou identif identificar icar os órgã rgãos.”5“A os.”5“A ação ção dos dois”, dois”, glo glosa sará rá Averrói verróis, s, “é “é idênti idêntica.”6 ca.”6A A analo analogia gia entre cabeça cabeça e raiz funda a entre entre homem homem e planta, planta, que terá terá um suce sucesso sso extraordinár extraordinário io na tradição tradição filosóf ilosófica ica e teoló teológica medieval, medieval, até a modernidade modernidade (Francis (Francis Bacon Bacon ainda ainda a util utiliza izará). rá). Assi ssim, em se seu tratado tratado de filosof ilosofia, ia, detalhando detalhando esse sse para paraleli lelism smo o, Gui G uill lla aume de

Conches expli Conches explica ca que “as “as árvo árvore ress enfi enfiam sua sua raiz raiz,, que é sua suacabeça cabeça,, para bai baixo, xo, na terra terra,, de onde onde tiram tiram seu seu ali alimento mento.. O homem homem,, ao contrário contrário,, exibe sua cabeç cabeça a, que é como sua ra raiz, iz, no ar, pois pois vive vive de seu espírito.”7Lineu8inverterá o sentido da analogia e falará da plant planta a como de um ani animal mal de cabeça cabeçapara baix baixo o. Mas Mas o adág adágio quemadmod admodum um caput est anim animali alibus ita ita radic radices plan planti tis s (“a  (“a raiz é para as plant plantas as o que a cabeça cabeça é para os animai animais” s”)) parece nunca nunca ter perdido sua eficácia. icácia. Assim, Assim, na concl conclusã usão o de se seu livro livro sobre a faculdade motriz motriz nas plantas, plantas, Darwi arwin escrevi escrevia a que “mal “mal cheg chega aa ser ser exag exagero dizer dizer que a pont ponta a radicular, radicular, [... [...]] possuindo possuindo o poder poder de diri dirigir gir as as partes partes vizi vizinh nhas, as, age age como o cérebro cérebro de de um ani animal mal inf inferior: de fato, esse sse órgã órgão, situa situado do na parte parte ant anterio eriorr do do corpo, recebe recebe as impressões dos órg órgã ãos dos dos sent sentiidos dos e diri dirige ge os divers diversos os movime movimento ntos”.9 s”.9T Também Frantisek Baluska Baluska,, Stefano Mancuso Mancuso e  Ant  Antony Tr Tre ewavas10pr 0prolongam essa intuição co com pesquisas em torno do conceito conceito de int inteli eligê gênci ncia a vegeta vegetall e tentam demonstrar demonstrar que a rai raiz corresponde corresponde perfeit perfeitam amente ente ao ao que o cérebro cérebro é nos anianimai mais: ambos têm têm as mesma mesmass capaci capacidades. dades. É, de de fa fato, to, através do do sistema radicular radicular que uma planta obté obtém a ma maioria ria das inf info ormarmações sobre sobre seu estado estado e o do meio em que está está imersa imersa;; é ainda ainda através das das raíz raíze es que el elã entra entra em contato contato com os outros outros in indidi ví  víduos limítrofes fes e gere coletivamente os riscos e dific ficuldades da  vi  vida subterrânea.11As raízes fazem do solo e do mundo subterrâneo neo um espa espaço ço de comunic comunicaçã ação o espir espirit itual. ual. A parte parte mai mais sóli sólida da terra se transf transfo orma então, então, graças raças a elas, num num imenso cérebro cérebro pl planetário netário1 12onde circul circulam am a matéria matéria e as informações informações sobre a idenidentidade tidade e o estado estado dos orga organi nismos smos que povoam povoam o meio ambi ambiente. ente. Como Co mo sea noit noite e eterna, eterna, em que imagi imaginamos mergulh mergulhada adass as as profundezas undezas da terra, terra, fosse osse tudo menos menos um longo longo e surdo surdo sono. sono. Na

EMANUELE C0CC1A 

79

imensa e silencio silenciosa sa reto retorta rta do subsolo subsolo, a noite noite é uma uma perce percepçã pção o sem órgãos, órgãos, sem sem olho olhos s e se sem ouvi ouvidos, dos, uma percepçã percepção o que se faz com o corpo intei inteiro ro.. A intel inteliigênci gência, a, gra graças ças às ra raíze ízes, existe existe sob uma forma rma mi mineral, neral, num mundo mundo sem sem soi e sem sem mo movime vimento nto.. Tanto na lingua linguag gem comum comum co como na literatura literatura e nas nas arte artes, s, as raíz raíze es são muit muitas vezes vezes o emblema e a alegori alegoria a de tudo o que há de mais fu  fundamental e originário, originário, do que é obstin bstinada adamente mente estável stável e sólido sólido,, nece necessário ssário.. São o órg órgã ão vegeta vegetall por por excelência. E, no entanto entanto,, seria seria difí difícil encontrar uma forma rma mais ambí ambíg gua entre as que que avida cri crio ou e adoto adotou ao ao lo longo de sua sua histó história. ria. Ela Elas não não são são mais necess necessá árias àsobrevi sobreviv vência do indiv ndivíduo que as outra outras s partes partes do organismo organismo;; de um ponto de vista vista estritamente estritamente evo evoluti lutivo vo,, não estão stão na origem origem do do produto produto veg vegetal - como está está a função fotossint sintéti ética. ca. As vantagens antagens que trazem trazem são as as do netioorkinge netioorkinge não não as do isolame isolamento nto e da distinção distinção.. Mas Mas seria seria ingênuo ingênuo conside considerá rá--las por por isso isso como um apêndice apêndice secundário secundário e deco decora rati tivo vo.. As As raíze ízes não são o que se acredit acreditou que que eram, eram, mas expressam e encarnam encarnam mesmo assim uma da das s caracterí característi sticas cas mais marcantes marcantes da exist existên ên cia veg vegetal: a ambi ambig guidade uidade,, a hibridez, hibridez, o cará caráter anf anfíb íbio io edúplice. dúplice. Tratarata-se em primeiro lugar de uma uma hibridez hibridez ecológica ecológica.. Graças a elas, úni única ca entre todos todos os organismos organismos vivo vivos, s, a plant planta a vascular habita simultaneamente dois dois meios, ios, radic radica almente mente dife diferentes rentes por sua textura, textura, sua estrutura, estrutura, sua organiz rganizaçã ação o e a natureza natureza da vida que al ali habita: habita: a terra e o ar, ar, o solo solo e o céu. céu. As As plantas plantas não não se con con tentam tentam em roçá roçá-los, fincam-se ncam-se em cada um deles co com a mesma obsti bstinação nação, a mesma capacidade capacidade de imaginar maginar e de modelar modelar seu seu corpo com com as fo formas mais inesperadas. inesperadas. Mediadores Mediadores cósmico cósmicos, s, as plant plantas as são seres ontolog ontologicamente nte anfí anfíbi bios os::13cone onectam ctam os meios, os espaços, espaços, mostrando mostrando que a rel relação ação entre ser vivo vivo e mei meio não pode pode

ser ser concebi concebida da em em termos exclusivo usivos (os da teoria dos nichos ou os de Uexkül Uexkülll), mas sempre sempre inclusiv inclusivos. os. A vi vida é sempre sempre cósmica cósmica e náo uma questão de nicho; nunca está isolada num único meio, mas irradi irradia a em todos todos os mei meios; fa faz dos me meios ios um mundo, um cosmos cuja cuja unidade unidade é atmosf tmosférica. érica. Essa dupl duplicidade cidade eco ecoló lógica gica é acompanhada, e como como que des des dobrada dobrada,, por por umadupli duplici cidade dade dinâmica dinâmica eestrutural. estrutural. Embora em comunic comunicaçã ação o e compenetra compenetração ção recíproca recíproca—como tudo no cosmos —os dois dois meio meioss não estã estão o apenas apenas justaposto ustapostos um ao ao outro outro,, mas se estruturam estruturam de manei maneira ra especular especular e oposta. oposta. Co Como mo se as plan plan tas vivesse vivessem m simul simulttaneamente duas vidas: idas: uma aére aérea, a, banhada banhada e imersa na luz, feita de visibi sibilidade lidade e de uma intensa intensa interaçã interação o interespe interespecíf cífica ica com com outra outrass plantas, plantas, outros animais animais - de todos os tamanhos; outra ctônica, mineral, latente, ontologicamente no turna, turna, ci cinzelada nzelada na carne carne de pedra do planeta, planeta, em comunhão sinérgic sinérgica a com com todas todas as formas formas de vida que a pov povoam. Essas duas duas  vi  vidas não se alternam, nã não se excluem: sã são o ser de um mesmo indi indivvíduo, duo, o único único que chega chega a reunir reunir em em seu seu co corpo e em em sua sua experiên experiênci cia a a terra e o céu, a pedra e a luz luz, a água água e o soi, soi, a se ser imagem imagem do do mundo em sua sua totali totalidade dade.. É já no corpo da planta que tudo está está em em tudo: tudo: o céu está está na terra terra, a terra é impeli impelida da para o céu, o ar se faz corpo e extensão, a extensão extensão é um laborató laboratóri rio o atmosférico.  As  As plantas são seres ecológica e estruturalmente duplos: mas é anatomicament nte egemina minado. do. A rai antes de tudo tudo seu seu corpo que éana raiz é como um seg segundo corpo, corpo, secre secreto to,, esot esotér érico ico,, latente: latente: um anti antico cor r po, uma ant antiimatéria anatô anatômic mica a queinver inverte te de maneira espe especula cular, r, ponto ponto por ponto, ponto, tudo o que o outro corpo corpo fa faz; e que que impele a planta planta numa numa direçã direção o exatament exatamente e contrári contrária a àquela para onde vão

EMANUELE COCOA 

81

todos todos os se seus esf esforços orços na superf superfíci ície. e. Imag magine ine que para para cada cadamovi movi ment mento o do seu seu corpo haja haja um outro em sentido sentido inverso; inverso; imagine magine que se seus braços, braços, sua boca boca, seus seus olhos olhos tenham um correspon correspondente dente antitético numa matéria perfeitamente especular àquela que defi ne a textura textura do do seu mundo: mundo: você você teria teria uma ideia, ainda ainda quevaga vaga, do que signif significa ica ter raíz raíze es. Foi isso o que Juli ulius Sachs Sachs chamou chamou de anisotropia nisotropia do do corpo corpo vege vegetal tal - dito de outro modo, a antitrop ntitropia ia própri própria a a suas suas extremi extremidades1 dades14. Co Como mo se o corpo corpo das das plantas plantas esti esti  ve  vesse dividido em dois. Cada uma de suas partes se estruturando de acordo cordo com com uma força e uma textura textura radi radicalmen calmente te oposta opostass uma à outra. A raiz raiz é um um aparelho aparelho de desconst desconstruçã rução o minucio minuciosa das das fo form rma as e das das geomet geometri rias as da superfí superfície cie terrestre, a come começar çar pela força força que parec parece e determinar determinar inteiramente inteiramente nossa vida, a dos animais animais móveis: móveis: a gravidade. gravidade.1 15 “Faremos “Faremos uma idei ideia a ma mais exata de desse órgão rgão”, escrevi escrevia a Augusugustin tin Pyra Pyramu muss de Candol Candolle no sécu século lo XI XIX, “dize “dizendo que a rai raiz é essaparte da plant planta a que, desde o seu nasci nascimento mento,, tende tende a descer descer rumo ao centro da Terra com mais ou ou menos menos energia. energia. É a essaca racteríst racterístiica domi dominante nante das das raíz raíze es que alguns alguns naturalistas naturalistas aludiram aludiram quando designaram a ra raiz de uma uma manei maneira ra geral geral sob o nome nome de de descensus.” .”'6Ela Elas são são a essê essênci ncia a da desci descida: da: o caminho caminho parabaixo, baixo, o mergulho mergulho geoló eológico da vida. Sua existência xistência - como se fosse ossem Ottos ttos Lidenbrock, Lidenbrock, ou melhor, Arne Arness Sa Saknussemm knussemm não não huma nos —é uma perpétua via viagem gem ao ao centro centro da Terra Terra,, uma tentativ tentativa de se confundir confundir com com ele. ele. Thom Thoma as Andrew Knight, no início início do século século XI XIX, já tinha tinha constatado constatado que “não “não pode esca escapa parr a nenhum observador, observador, mesm mesmo o o mais desatento desatento,, que em em qualquer qualquer posição posição que se se a col coloque, a semente, semente, para engendrar engendrar sua ra raiz, fará invaria nvaria  ve  velmente o esfor forço de descer rumo ao centro da Ter Terra, ao passo

82

 A VID A DAS PIA NTA SI UM A META FÍSICA DA MIST URA 

que o germe germe alonga alongado do tomará tomará a direção direção exatame exatament nte e oposta”. oposta”.1 17 Prolongando as pesquisas de Julius Sachs,18Charles Darwin, com seu seu fil filho ho Franci Francis, s, situa situa a orige origem m dessa dessa força na extremidade extremidade da das raí raízes: “É “É na extremid extremidade ade que se localiz caliza a faculdade de sofre sofrerr a ação ção da da grav gravidade. [.. [...] As As divers diversa as partes partes do mesmo mesmo veg vegetal, etal, e as diversa diversass espécies espécies de plantas” plantas”,, escreve escreve el ele, “são afeta afetadas das pela gragra vi  vitação de maneiras bem difer ferentes e em diversos graus. Al Alguns órgãos órgãos e al algumas gumas pl plantas mostram mostram apenas apenas vestígio vestígioss dessa ação. ção. [... [...]] No que concerne às radíc radículas ulas de mui muitas tas seme sementes, ntes, e prova prova ve  velmente de todas, a sensibilidade à gravitação está localizada na extremidade, que transmite a influência recebida à parte imediatamente tamente superior, superior, e determina determina seu seu encurvamento encurvamento para para o centro centro da Terra.” erra.”1 19 Seri Seria a um erro erro ver ver nesse nesse amo amor pela terra o simples simples ef efeito eito da da grav gravidade: a rai raiz não se limi limitta a perceber perceber e sofre sofrerr passivam passivamenente a força gravitacio ravitacional, nal, como fa faz todo corpo na superf superfíci ície e da da Terra. Por Por certo certo,, a grav gravidade idade é “a força mai mais const constante ante e ma mais permanente entre todas as forças ambientais que agem sobre as plant plantas” as”,,20 mas mas sua reação reação à gravidade gravidade não é a mesma que encontra contramos mos nos corpos animais. Não é simplesme simplesmente nte o ef efeito do peso, peso, é uma uma atração tração difere diferente, nte, uma força de crescimento crescimento diri dirigid gida a para para o centro centro do plane planeta. ta. Darw rwin in observo observou u isso: isso: “O geotropi otropism smo o [.. [...] determina determina o encurv encurvam amento ento da radí radícul cula a para para baix baixo; o; mas ess essa a força, orça, muito muito pouco considerável, considerável, é insufici insuficiente ente para para perfurar perfurar a terra. terra. Essa Essapenetração penetração seefetua efetua porque porque aextremid extremidade ade afiada (pro(protegida pela pilorri pilorriza) za) é pressionada pressionada para bai baixo em consequênci consequência a da expansão longitudinal ou do crescimento da porção terminal rígida; esta última se vê ainda ajudada pelo crescimento transversal, sal, e a ação ção cumulati cumulativva das das duas duas força forçass é considerá considerávvel.”2 el.”21Co Como mo

83

se a rai raiz redobrasse redobrasse a fraca fo força de gravi gravidade dade que a impele impele para bai baixo. xo. Co Como mo se a planta, planta, em sua sua totali totalidade, dade, empreg empregasse todos todos os seus seus meio meioss para vencer a resist resistênci ência a a sua descida descida —com uma intensi ntensidade dade igual à que o talo talo emprega emprega para se elevar. Sería ríamos tentados a ver na na raiz raiz a mais mais perfeit perfeita a rea realliza ização do amor fati fati  nietzschia programa do amo  nietzschiano no:: “Eu os conjuro, conjuro, meus ir mão mãos, permaneçam permaneçam fiéis fiéis à Terra e não não creiam naqueles naqueles que lhes lhes falam de espera esperanças nças al além da Terra!”2 erra!”22A rai raiz não é simpl simplesmente esmente uma base base sobre a qual se fundaria undaria o corpo corpo superior superior do tron tronco, co, é a inve inversão rsão si simultânea multânea do do impulso impulso para para o alto alto e para o soi que anima anima a planta: planta: elã elã encarna “o senti sentido do da Terra”, erra”, um amo amorr ao ao solo intrí intrínsec nseco o a todo ser ser vegeta vegetal.l. Já no DepD ntis pseudoaristotélico télico se fazia zia do ví vínculo nculo com a terra um dos elemento elementoss esse essenciais nciais da natureza natureza das plantas: plantas: “a planta planta jaz como que  jaz na te terra, está co presa nela”; nela”; é a razão razão pela pela qual qual “não não precisa dormi dormir” r”.2 .23Mas isso isso seria apenas apenas uma parte da verdade e equiv equivaleria aleria a ignorar gnorar o que a ra raiz traz traz a toda toda planta: planta: seu seu cará caráter ter híbri híbrido do e anfíbi nfíbio o. A raiz raiz é só a metade metade do corpo corpo geminado geminado da da plant planta a —a rela relaçã ção o com a terra é apenas uma das das duas vidas vidas de todo todo organi rganismo smo veg vegetal. etal. E só pode pode ser ser compreend compreendid ida a em relaçã relação o com com sua outra utra met metade: o geo geotropi tropismo smo é apenas apenas uma das das direções direções deum elã elã que tem outros outros objetivo objetivoss além além da fidelidade delidade à Terra. erra. É um um ef efeito e um resultado resultado do heli helio ocentrismo que def define a própria própria essê essência ncia da vida vegeta vegetal.l. Se é prec preciso iso se enfi enfiar no no corpo corpo mineral mineral da Terra, Terra, é para melh melho or conectá-lo conectá-lo ao fogo ogo que decide decide inteiramente inteiramente as as forma formass e os mo movi mentos da planta.

11

0 mais ais prof profun undo do são são os astr astros os Mal conseguimos conseguimos imaginar seu seu ambi ambiente. ente. A luz quase náo chega aqui. qui. Os sons sons e o ba barulho do mundo superior sáo sáo um tre mor surdo surdo e contí contínuo nuo.. Quase uase tudo que se se pass passa a no alto alto, ali liás ás,, existe existe e se traduz debaixo debaixo da terra em em sismos sismos e estremecime cimento ntos. s.  A água se infil filtra, como todo líquido que provém do mundo de cima cima,, e, como como tudo tudo aqui, aqui, se esf esforça para descer descer rumo ao centro. Tudo está está em contato contato com tudo, tudo, e uma lenta lenta circulação circulação das ma ma térias e dos sumos sumos permit permite e a todos todos viver viver bem além dos limit limites es de seus corpos. Tudo respira, respira, mas de maneira difere diferente nte do mundo aéreo. éreo. O sopro dos corpos, corpos, aliás, aliás, ná náo precisa precisa passar passar por por pulmões —nem por por órgã órgãos: todo corpo é def definido inido por por se seu sopro, sopro, todo cor cor po é um porto aberto à circulação circulação da matéri matéria a - dentro e fora fora de si. O organismo rganismo náo náo é mais mais que a invençã nvenção de uma maneira nova nova de se mistu misturar rar com o mundo mundo e de permiti permitirr ao mundo se misturar misturar dentro de dele. Respirar aqui embaix embaixo o significa significa dar a si mesm esmo um corpo tentacul tentacular, ar, capaz capaz de abri abrirr uma passa passagem ali onde o cami nho está barrado pela pedra, pedra, multi multipl pliicar seus apêndi apêndices ces e seus braços braços para para abarcar abarcar o máx máximo de terra possível possível,, expor-se expor-se a elã como a folha lha ao céu.

EMANUELE C0CCIA 

85

Mas se se as raízes sáo órgãos órgãos ativo tivos s da mist mistura cósmica, cósmica, náo é apenas porque porque colo colocam cam em comunicação comunicação os dif diferentes elemento ementos s da bio biosf sfe era pedoló pedológica —o mundo subterrâ subterrâne neo o que habi habitam tam — ou os outros outros org orga anismos veg vegetais. Ao Ao contrário contrário,, sua função é de ordem cósmica cósmica —seu —seu sopro impli mplica náo náo some somente nte as substâncias substâncias col coloidais idais a que aderem e a fauna que ali vive, vive, mas também também as re re lações entre a Terra e o soi. soi. “A plant planta”, a”, escrevia escrevia um dos dos maiore iores s botânico botânicos s do século século passa passado, do, “desempenha “desempenha o papel papel de mediador mediador entre o soi e o mundo animal. A planta, planta, ou ou antes antes,, seu seu órgã órgão mais típi típico co,, o cloroplas cloroplasto to,, é o elo elo que une aativi tivida dade de de de todo o mundo orgâni rgânico co —tudo aquil aquilo a que chama chamamos mos vi vida —ao centro de ener gia de nosso sistema sistema sola solar: essa ssa é a funçã função cósmica cósmica da plant planta.” a.”1 1  A raiz é o que permite à planta implicar nessa mediação cósmica a Terra em sua dim dimensão plane planetári tária.  a.  Se elã gira fi fisicame sicamente nte ao ao redor redor do Soi, é nas plantas  plantas egraças egraças à  às plant plantas as que esse sse elo produz produz  vi  vida, ma matéria que existe sempre em formas inéditas. As As plantas são a transfigura transfiguração ção metaf metafísica ísica da rota rotação ção do planeta planeta ao ao redor redor do Soi, a solei soleira ra que transfo transforma um fenômeno enômeno puramente me mecâni cânico co em acont contecimento ecimento metafísi tafísico co.. E ma mais: elas fazem o So Soi morar morar na Terra erra: transforma transformam o sopro sopro do Soi - sua energ energia, ia, sua sua luz, seus raios ios —nos —nos própri próprio os corpos que habit habitam am o pl planeta, aneta, fazem da carne carne viva viva de todos todos os org organismo anismos s te terrestre rrestres s uma matéria matéria solar. solar. Graça raças s às plantas, plantas, o Soi se torna torna a pele daTerra, sua camada ma mais superfic superficiial, e a Terra se se torna torna um astro que se se aliment alimenta a de Soi, se constrói constrói com sua luz. luz. Ela Elas metamorf metamorfo osei seiam a luz em substân cia cia orgânica rgânica e fazem da vida um fato princi principalmente palmente solar. “A natureza atr atriibui buiu a si si mesma mesma a tarefa”, tarefa”, escre escreveu veu Juli ulius Mayer na metade metade do século século XIX, “de capturar capturar em em pleno ar a luz que abun abun da sobre a Terra e guardar guardar a ma mais móvel das força forças s após após fixá ixá-la

numa form forma a sóli sólida. da. Para obter obter esse fim, cobriu cobriu a superf superfíci ície e terterrestre restre com organismos organismos que tomam tomam a luz sola solar em em si e, util utiliz izando ando essa ssa força, orça, produzem produzem uma soma soma cont contíínua de dif diferenças erenças químicas. químicas. Ess Esses organismos rganismos são as as plantas. O mundo vegetal vegetal const constiitui um reser reservatóri vatório o em que os voláteis voláteis raio raios s sol sola ares res são habi habillmente mente fix fixa ados e depositados para todo todo uso.”2 uso.”2D De certa certa ma maneira, por por ca causa das plantas, o heli heliocent ocentrismo rismo se transf transforma de problem problema a erudito e especulati especulativo vo em questão questão de vida: vida: por por conta conta delas, delas, a vida é tão tão somente somente a forma rma por por excelência do heliocentri heliocentrismo. smo. Não é uma uma questão questão de opin opinião ião ou verda verdade: de: to todo ser vivo vivo é apenas penas o efeito efeito e a express xpressã ão do helio heliocentrismo, centrismo, do fato de que tudo na Terra existe xiste graça raças s ao ao Soi. A raiz permite permite ao ao Soi —e à vida —penetrar até a moela do planeta, planeta, levar a inf influênci luência a do Soi Soi até sua suas cama camadas ma mais profunda profundas, s, inf infil iltrar trar o corpo corpo metamorf tamorfosea oseado do da estrela estrela que que nos nos engendra engendra até o centro da Terra. erra. “Houv “Houve e um tempo em que a blas blasffêmia êmia cont contra ra Deu Deus s era a maio maiorr blasfêm blasfêmia, ia, mas Deus Deus está está mort morto o e mort mortos os com com ele todos todos os se seus sac sacril rilég égios. ios. O mais terrív terrível el agora agora é blasfem blasfemar ar cont contra ra a Terra e situ situar ar ma mais al alto que o senti sentido do da Terra as entranhas entranhas do inexplo inexplorá rável!”3Se vel!”3Seria ria dif difícil encontra encontrarr palavra palavras s que resum resuma am, com com maio maiorr prec precisão, isão, o espíri espírito to da nova religião que define define o mundo mundo contempo contemporâ râneo. neo. O apego à Terra —em sua dimensão pl planetária e ambiental ambiental —nã —não o é apenas penas o fundamento fundamento da maioria ria das práticas práticas e das das teori teorias as da deep ecolog ology: é também  também o espíri espírito to que anima anima a nova nova polí políti tica ca glo global bal que se se delinei delineia a há algumas lgumas décadas. das.  A Te Terrra é a única ins única instânc tânciia suprema, em nome da qual volt volta a a ser ser possível possível af afirma irmarr decisões decisões universais, universais, que ná náo concernem concernem apenas apenas a uma naçã nação o específi específica ou a um povo, povo, mas ao gênero humano humano em sua totali totalidade dade —tanto no presente presente quanto no futuro. futuro. Esse culto, culto,

EMANUELE COCCIA 

87

assim como a fid fideli elidade dade à Terra invo invoca cada da por por Nietzsche, Nietzsche, é bem bem menos novo que se imag magina: ina: substi substitui tuirr a div divindade indade pessoa ssoall das reli relig giõe iões anti antiga gas s do Mediterrâneo Mediterrâneo pelo plane planeta ta Terra significa, significa, mais mais uma vez, esquecer squecer o que há de literalment teralmente e mais evidente, idente, claro, claro, luminoso luminoso:: o Soi. oi. O helioce heliocentrismo ntrismo def define há muito tem po a auto autoco consciênci nsciência a declarada declarada da das ciências naturais; naturais; no entanto, entanto, está longe longe de ter marcado marcado a consci consciência ência comum. comum.  Ape  Apesar das numerosas celebrações e inúmeras declarações de conve conversão, rsão, a filosof losofia, ia, assim assim como nosso se senso comum, pare parece ce nunca ter abandonado bandonado a fé no geo geocentri centrismo. smo. Nunca fomos fomos real real mente mente heliocêntrico heliocêntricos: s: o geo geocentrismo centrismo éa alma mais prof profunda dos dos sabe sabere res ocid ocidentais. entais.4 4A prova disso é a exclusão xclusão que a astrolo strolog gia sofre sofreu u desde o Renascimento Renascimento:: a modernidade se se identif identifico icou u ao ao chamado chamado da Terra Terra e ao esquecimento dos astros, astros, com com a af afir irma ma ção ainda ainda ma mais prof profunda da Terra como o horizo horizonte nte def definitiv initivo o de nossa nossa existência existência e de todo conhecime conhecimento nto.. Antes de tudo, tudo, esestar-na-T Terra, medir medir tudo o que é e acontece contece a tar-no-mundo é estar-naparti partir de forma formas s e fig figuras uras própri própria as ao ao planeta planeta que se se supõe dever dever nos abri abriga gar. A Terra se torna torna assim o espa espaço ço métrico métrico definitivo-. a ciênci ciência a do lugar lugar e do espaço spaço se chama geo geometria, medida medida da Terra. erra. A Terra é o lugar últi último onde tudo deve deve fig figurar. urar. Só existe aquil aquilo que assum assume e aformados elemento elementos s presente presentes s nes neste te plane planeta. ta. Essa Essaobsessã ssão geo geométri métrica ca fica fica ex explíc plícit ita a na fenomenol fenomenolo ogia hus serliana serliana.. Num célebre frag ragmento mento em que tenta tenta inverter inverter os resul resul tados tados de Copérnico Copérnico,, Husserl Husserl mostra como como a Terra não não é nem nem pode ser ser o objeto objeto da exp experiência eriência por por ser ser sua estrutura fundame fundamen n tal: todo todo corpo “está antes de tudo ref referido erido ao chão de todos os corposcorpos-chã chão os rela relativ tivos os à Terraerra-chão”. chão”.5A 5Antes ntes de ser ser um corpo, elã é o fa fato mesmo de que haja haja um chão chão, uma base base,, aquilo aquilo a parti partir do

que sepode represe  representar ntar o mundo, mundo, os corpos, corpos, seu seu mov movimento e se seu repouso: repouso: “A pró própri pria a Terra, erra, na forma formaoriginári riginária a de repre represe sentaç ntaçã ão, náo se move move nem está em repo repouso; uso; é em relação a elã elã que mov movi mento e repouso ganham sentido.”6E o geocentrismo ocidental parece parece ter a ver com uma estranha nostal nostalgia gia pelo pelo mundo mundo da raiz. iz.  A Ter Terra náo é e não pode ser um astro, deve antes de tudo ser o todos nós, nós, a Terra é chão e não corpo em sen sen chão: “Mas, para todos tido pleno.”7É, aliás, graças à possib possibililid ida ade de considerar considerar a Ter ra como chão, como raiz possível raiz, orig origem, base unive universal, rsal, que é possível afirmar irmar a unidade da humani humanidade dade.. Todo objeto objeto da experiência experiência só pode ser ser “relati “relativvo ao arco arco Terra Terra--chão, à ‘esfera ‘esfera--Terra’ erra’, a nós, homens terrestre terrestres, s, e a objetiv objetivid ida ade se ref refere ere à humanidade humanidade uni uni  ve  versal”.8É exclusivamente porque “a Ter Terra é para todos a mesma Terra, [porque [porque]] sobre elã, nela, nela, acima dela dela reinam reinam os mes mesmos mos corpos, ‘sobre elã’, elã’, etc., os mesmos esmos sujeito sujeitos encar encarnados, nados, sujeito sujeitoss de carne que para todos e num sentido modificado são corpos” que “a totali totalidade dade de nós, dos home homens, ns, dos ‘animais’ ‘animais’ é, ness nesse e sen tido tido,, terrestre”:9 terrestre”:9“N “Nã ão há mais mais que uma humanidade humanidade e que uma Terra —a el elã pertencem todos todos os fra fragm gmento entoss que estão estão ou ou sempre sempre estiv estiveram eram separados. separados.””10 Continuamos a nos conceber pelo prisma de um modelo fal samente radical, conti continuamos nuamos a pensa pensar o ser ser vivo vivo e sua cultura cultura a parti partir de uma falsa imagem imagem das das raíz raízes es (poi (poiss isol isola adas das do resto). resto). Como Co mo se, se, à força de pensar pensar a raiz raiz como como razão, razão, tivésse tivéssemos mos trans formado a própri própria a ra razão e o pensamento pensamento numa força força cega cega de enraiz enraiza amento, na facu faculdade ldade da construçã construção o de um laço laço cósm cósmico ico com aTerra. erra. Nesse Nesse sentido, sentido, a substitui substituição ção do modelo do sistema radicular radicularclássico clássico pelo modelo do riz rizoma oma não não representa representa umaver dadeira mudança mudança de paradigma paradigma:: o pensamento pensamento cont contin inua ua sendo sendo

EMANUELE COCCIA 

89

o que nos permite permite pensa pensarr a Terra, erra, e unicame unicament nte e a Terra, erra, como chão e afirmar: “a Terra náo é um el elemento emento entre os outros, outros, elã reúne todo todos s os elemento elementos num num mesmo mesmo enlace, enlace, mas seserve serve de um ou de outro outro para para desterrito desterritorializ rializar o territó territóri rio o”11. A fidelidade idelidade à Terra, erra, o geo geotropismo tropismo extrem xtremo o de nossa nossacultur cultura, a, sua vontade e sua sua mania de “radicali radicalidade” dade” tem um preço enorme: signif significa ica fa fadar-se r-se à noit noite, e, escol escolher her pensa pensar se sem soi soi.. A filosof ilosofia ia parece rece ter ter escolhido scolhido,, faz alguns século séculos, s, a via da escurid escuridã ão. O geocentrismo eocentrismo é o engodo da falsa imanência: imanência: náo náo há Terra autôno utônoma ma.. A Terra é insepará inseparáv vel do soi. Ir em em direção direção à terra, afundaraf undar-se se em seu seio seio signif significa ica sempre sempre se elevar em direçã direção o ao soi. Ess Esse duplo tropismo tropismo é o próprio sopro do do nosso mundo, seu seu dinam dinamiismo primário primário.. E ess esse mesmo smo tropi tropism smo o que anima anima e estrutura a vida das pla plantas e a exi existência stência dos astros: astros: náo náo há Terra Terra que não esteja, int intri rinsecame nsecament nte, e, li ligada gada ao So Soi, não não há Soi que não não esteja torna tornando possíve possível a anima nimação ção superfici superficia al e profunda profunda da da Terra. Ao Ao reali realism smo o lunar lunar e noturno noturno da filo filosof sofia ia moderna e pósmoderna seria seria preciso preciso opor opor um novo heliocentrismo; heliocentrismo; ou, ainda inda melh melho or, uma extrem xtremiz iza ação ção da astrolo strolog gia. Não se trata, ao menos menos não não simplesmente, simplesmente, de a affirmar que os os astros nos inf influenci luencia am, que eles governam nossa vida, mas de aceitar aceitar isso acrescentand acrescentando o que nós també também m inf influenciamos luenciamos os astros, pois pois a Terra, erra, elã própria, própria, não não passa passa de um astro entre os outros, outros, e tudo o que vive vive sobre elã (e em seu interi interio or) é de naturez natureza a astral. O que há é céu, por por toda toda parte, parte, e aTerra é uma uma porçã porção o dele, um estado de de agregação parcial. “No meio de tudo jaz o Soi. oi. Quem Q uem,, de fato, poderia poderia colocá colocálo em outro lugar ou numa numa posição posição melh melho or de onde ele ele possa possa iluminar uminar tudo de uma só vez? vez? E ma mais, ele foi foi chama chamado de luz ou

espíri espírito to ou go governado vernadorr do mundo. mundo. Trismeg Trismegist isto o o chama de deus deus  vi  visível, Só Sófoc focles de luz qu que tudo vê vê. Co Como se se estivesse sentado no trono rég régio o Soi reina sobre a famíli amília dos astros astros que giram giram em torno dele. [... [...]] A Terra é fecundada ecundada e concebida concebida pelo pelo Soi através através de um parto anual. Sob esta ordenação rdenação encont encontra ramos mos uma admirável simetria simetria e um vínculo nculo de harmoni harmonia a estável stável entre o mov movimento e a grandeza ndeza dos orbe orbes s que náo náo podem podem se ser encontra ncontrados de outro modo modo”.1 ”.12 Foi com ess essa as pal palavras que Copérnico Copérnico tentou tentou rev revoluci lucionar a maneira como nos relacionam relacionamo os com o mundo. mundo. O que estava stava em  jo  jogo pa para Copérnico ná náo er era simplesmente a afir firmação da da centralidade tralidade do Soi Soi.. Pôr o Soi Soi no meio de tudo tudo é levar a cabo cabo vários vários deslocamentos cognitivos e metafísicos. Postular Postular que no no centro do Universo Universo está está o Soi signif signific ica, a, em primeiro lugar, unive universali rsalizar o movi ovimento. A Terra tem necessida ssida-redorr do So Soi para poder poder existir: existir: toda toda sua reali realidade dade de degirar  rar ao redo deve deve ser compreendi compreendida da e obse observada rvada a partir partir dess dessa a fonte onte inf infin init ita a de luz e de energ energia. ia. O núcleo de nosso nosso mundo mundo não não é um ponto estável estável e fi fixado para sempre, sempre, é algo que tem a natureza de uma efervescê efervescênci ncia a cont contíínua nua de energia e a que temos acess acesso o some somente nte através través do mov movimento, imento, de que que o próprio próprio Soi é a caus causa a. Tudo exisxiste graças raças a essa fonte. Inversa nversamente, nosso nosso corpo, corpo, os rochedos, rochedos, as pedra pedras, os ani animais mais são o ponto ponto extre xtremo mo do céu. céu. Nosso coraçã coração mundano mundano é o Soi, um golf olfo cósmico cósmico que produz e exala aquil aquilo o de que nossos nossos corpos corpos são a um só tem tempo po os capt captadores, adores, os arquiv arquivos os e os espe espelho lhos. s. Comer Comer já é reconhecer reconhecer,, com nossos nossos ato atos, s, a centrali centralidade do Soi e de sua energia, energia, procurar procurar sobre a Terra uma relação relação indi indireta reta com ele: ele: todo co   composto orgânico rgânico é, de maneira maneira direta direta ou indi indireta reta,, o resultado resultado da influência influência da energ energia ia solar capturada capturada

EMANUELE COCCIA 

91

pelas pelas pl plantas etransfo transformadaem massaorgâni rgânica, ca, em matéri matéria a viva viva. Cada vez que comemos, comemos, tentam tentamo os compensar nossa incapa incapaci cidade dade de absorver absorver imediatame mediatament nte e ess essa a energi energia que as plantas plantas ex explo ploram. ram. Noss Nosso o corpo náo náo pass passa a do do arquivo rquivo do que o Soi ofe oferece rece à Terra. erra.  Afi  Afirmar que a Te Terrra gira ao re redor do Soi signific fica, ta também, negar negar a sepa separa raçã ção o onto ntológica ent entre re o espa espaço terrestre, terrestre, humano, humano, e o espa espaço celeste, celeste, náo náo humano, humano, e portanto portanto transfo transformar a pró pria ideia de céu. O céu náo náo é ma mais uma atmosf tmosfera era acident acidental al que envolv nvolve e o chão, é a única única substância substância do univ universo, a natureza natureza de de tudo o que exi existe. ste. O céu náo é o que está está no alto alto. O céu está em toda toda parte: parte: é o espaço e a real realidade da mistura mistura e do movimento movimento,, o horiz horizont onte e def definit initiv ivo o a partir do qual qual tudo deve deve se dese desenha nhar. r. Só há céu, por por toda toda parte; e tudo, tudo, mesmo nosso planeta planeta e o que el ele alberga alberga, náo passa de uma porção porção cond condensada ensada dessa dessa matéria matéria ce leste leste infin infinit ita a e univer universa sal. l. Tudo o que ocorre é um acontecime contecimento nto cel celeste, este, tudo o que se se passa passaé um feito feito div divino ino. Deus eus náo náo está mais alhures, ele coi coincide ncide com a rea realidade das fo forma rmas e dos aci acidentes. dentes.  As  As plantas fiz fizeram da vida um devotamento perpétuo ao céu, ao que aco acont ntece ece ali ali, sem deix deixarem arem de estar bem enraiza enraizadas na terra. Isso sso quer diz dizer que graça raças s às às plantas plantas a vida náo é um fa fato purapuraquímico, mas também, e so sobretudo, bretudo, astrológico. mente químico,  Afi  Afirmar uma cont ontinuidade materialentr material entre e a Terra e o resto resto do universo universo significa significa alt alter era ar a própria ideia de Terra. A Terraé corpo corpo cel celeste, este, e tudo é céu céu nela.1 nela.13O mundo humano náo náo é aexceçã exceção de um univer universo so náo humano humano;; nossa existênci existência, a, nossos gesto estos, s, noss nossa a cultu cultura, ra, nossa linguag linguagem, em, nossas aparê aparênci ncia as são celestes de celestes de ponta ponta a pont ponta. a. Recon Reconhecer hecer a naturezaastral natureza astralda da Terra Terra é fazer fazer da astro astrolo lo gia - a ciência ciência dos dos astros astros —náo —náo uma ciência ciência loca local, l, mas a ci ciência global obal e unive universalpara rsal para melho melhor revirárevirá-lla: náo náo se trata trata mais mais de com-

preender a domi dominação nação dos astros sobre sobre nós —seu —seu governo erno —mas de compree compreender nder o céu como espaço dos fluxo fluxos s e das das inf influências. luências. Náo apenas a biolo biologia, gia, a geologia logia e a teolo teologia náo são mais que ramos ramos da astro strologia, logia, mas a astro strologia logia se torna torna por sua vez uma ciência da conti contingê ngência, ncia, da irregularidade, irregularidade, do imprevi imprevisto. sto. O céu céu náo náo é o lug lugar ar do reto retorno rno do idêntico idêntico.. O universali universalism smo o astrológ strológico implic implica a assim ssim a destruição destruição da própri própria a ideia deia de de uma imanência imanência absoluta absoluta e a afirmação irmação de al algo como como uma flutuaçã lutuação inf infinit inita a em que todo corpo e todo todo ser ser já não sedeixa deixa ancorar ancorar em lugar algum, em que, de fato, to, não existe existe mais chão, chão, base estável, ground. A ground. A fonte últi última ma de nossa nossa existência xistência é o céu. céu. A Terra e sua extensão extensão não não são a base, se, o substrato universa universal de nossa nossa existência, existência, mas sim a superf superfíci ície ee ext xtrem rema, a, a tela últi última e menos substancial substancial do univers universo o do rea real: a prof profundidade undidade sã são os astros; stros; a Terra e o céu sã são a extensã xtensão infi nfinita nita de nossa pele. Essa Essa destruição da idei ideia a tradi tradici cio onal do chão perm permit ite e também também supera superar o horizont horizonte e ordinário da ecol ecologia. ogia. Desde sua origem, rigem, a ecol ecologia ogia consi considera dera sempre e exclusi exclusiv vamente amente o ambient ambiente e em termos termos de ha bitat, bitat, de chão chão que alberga alberga e acolhe colhe:: elã fa faz do mundo mundo a univer univer salizaçã lização da da ideia deia de habitabi habitabillidade. Reduz o grande grande espa espaço, ço, o univer universo so do céu céu a terra habitável. habitável. E é por por causa causa da concepção concepção do mundo como chão, chão, espa spaço de acolh colhimento imento,, habit habitabil abilid idade ade,, que elã pode pode co considera nsiderar a coa coabitaçã bitação o dos seres vivo vivos s como conj conjun un to ordenado e ordenado e normatizado. Reconhecer ou to tomar mar consciência consciência de que a Terra é um um espaço espaço astral, stral, que elã não passa de uma porção condensada condensada do céu, é reconhecer que há inabitável, qu inabitável, que e o espa ço nunca poderá poderá ser habitado habitado de maneira maneira defi definiti nitiv va.14A gente atravessa, travessa, penetra penetra um espaço, spaço, se mistu mistura ra ao mundo mundo,, mas nunca nunca poderá poderá se estabe estabelecer lecer aí. Toda habitaçã habitação tende a se tornar tornar inabiinabi-

EMANUELE COCCIA 

93

tável, tável, a ser ser céu e náo náo casa casa.. É o que a rai raiz dem demo onstra - elã que que a lingua linguage gem m ordi ordinári nária a consid considera era como o exemplo exemplo mais mais acabado cabado de habitaçã habitação o: a rai raiz é a extremidade de uma máqui máquina na de conj conjunção unção da Terra Terra ao ao céu, a astúcia astúcia que permit permite e transfo transformar rmar a Terra em em astro celeste at até em em seu seu centro. centro. Fazer Fazer da Terra um corpo celeste celeste é tornar tornar novam novamente ente cont contiin gente o fa fato de queelã represe represent nta a nosso nosso habitat. habitat. Elã náo náo é habitá habitá  ve  vel por defin finição, assim como a maioria dos astros. O cosmos não é o habitável em si - não não é um oikos—, é um um ouranos: a eco ecolo logia gia é uma recusa recusa da uranolo uranologia. gia.

12 Flores

Fixar Fixar--se na superfíc superfíciie da Terra para melh melho or penetrar o ar ar e o chão. chão. Amarra marrarr-se se a um ponto ponto aleatório tório para depo depois is se expor xpor e se abrir brir a tudo o que está está no mundo circundante, circundante, sem sem distinção distinção de forma rma ou de natureza. natureza. Nunca se desl deslo ocar car para para melho melhorr permiti permitirr ao mundo se engo engolfa lfar em em seu seu seio. io. Nunca unca se se can cansa sarr de construi construirr canai canais, abrir abrir buraco buracos s para que o mundo possa cair, cair, esco escorre rreg gar, se insi nsinuar nuar em si. Para seres res sésse sésseis, o encont encontro ro com com o outro outro — indif indifer erentem entemente ente da quali qualifficação icação desse sse outro —nunca pode poderia ria ser ser uma simples simples questão de espera espera e de acaso. caso. Ali onde nenhum nenhum movimento movimento,, nenhuma nenhuma ação ção, nenhuma nenhuma escolha scolha são possíve possíveis, en contrar contrar alguém alguém ou ou al algo é possív possíve el exclusiv xclusivam amente ente atravé através s da me me tamorfo rfose de si. E só só no interio nteriorr de si que o ser ser se sem mo movimento pode pode encontrar encontrar o mundo. mundo. Não há geograf rafia, não não há espaço spaço int inter er mediário que possa possa acolh colher er o corpo corpo de um e de outro e tornar tornar possíve possível o encontro encontro.. Todo ser ser sé séssil ssil deve deve se se fazer mundo para o mundo, mundo, const construi ruirr em si si o lugar ugar para parado doxal xal de um meio para o mundo. Além disso, diante diante de um um ser séss séssil il,, o mundo não não se dá a conhece conhecer como uma multi multipli plicidade cidade de substâncias sepa separa rada das s

por contorno contornoss que poderíam poderíamos os toca tocarr ou percorrer percorrer co com o oIho, oIho, há apena apenass uma substânci substância a de intensi ntensidade dade e densidade densidade variáveis. variáveis. Distinguir significa filtrar, destilar esse fluxo contínuo da essên cia cia das das coisas, coisas, abreviábreviá-llo numa imagem imagem.. Perceber  o mundo em profundidade é ser tocado e penetrado a ponto de ser alterado, modif modificado por por ele. ele. Para um ser ser séssil, séssil, conhece conhecerr o mundo coi coin cide cide com uma variação variação de sua própri própria a fo forma—uma metam metamorf orfo ose provo provocada cada pelo exterio exterior. r. É isto isto o que chamamos chamamos de sexo: sexo: a forma suprema suprema da sensibi sensibilidade, aquela que permite permite conceber conceber o outro outro no mesm mesmo o mome momento nto em que o outro modif modifica ica nosso modo modo de vir outro. A flor é o apêndice ser ser e nos obri obriga ga a ir, a mudar, a devir que permite permite às plantas plantas —ou, —ou, mais mais precisam precisamente ente às às plantas plantas ma mais evol evoluídas, uídas, as angio angiosperma spermass —l —levar evar a cabo cabo esse sse processo processo de abso absor r atrattor cósmico, um corpo ção ção e de de captura captura do mundo mundo. Elã é um atra efêmero, mero, instável, que permite permite perce percebe berr —isto é, absorver bsorver - o mundo e filtrar ltrar suas fo form rma as m ma ais precio preciosa sass para ser ser mo modif dificado por por el elas, para prolo prolonga ngarr seu seu estarestar-aí aí lá ao aonde sua forma náo náo po po deria conduzi-lo.1 Elã é, antes de tudo tudo, um atrator. em vez vez de ir ir em direção direção ao mundo, mundo, atrai o mundo para si. Graça raçass às flo flore res, s, a vida vegetal etal se torna torna o luga lugarr de uma explosáo explosáo inéd inédiita de cores cores e de forma formas, s, e de conquista conquista do domín domínio io das das apa aparê rências ncias.. Na flor, flor, sexo, sexo, forma ormas e aparênc aparênciias se se conf confund undem. em. Assi Assim m também as as fo formas rmas e as apa apa rências rências sã são libera liberadas das de toda toda lóg lógica ica expre expressiva ssiva ou identi dentitária: tária: elas náo náo devem devem expre expressa ssarr uma verdade verdade ind indiividual, nem defin definiir uma natureza nem nem comuni comunicar car uma essênc essênciia. “O modo de estrut estrutura ura da planta planta tem também algo de puramente demo demonstrati nstrativvo [e] náo náo tem nenhuma relação com sua utilidade.”2As formas e as apa rências rências náo náo devem devem comuni comunicar car senti sentido do ou um conteúdo conteúdo,, devem devem

pôr pôr em comunicaçã comunicação o sere seres s difere diferentes ntes —difere —diferentes ntes náo náo apenas penas em número (o macho macho e a fêmea da mesma mesma espécie), espécie), mas na na espécie, espécie, no reino reino,, no domínio domínio onto ontoló lóg gico (planta (plantas s com insetos, insetos, cachor cachor ros, homens...). homens...). Na flor, a form forma a é o laborató laboratório rio da conjunçã conjunção, o, o espa espaço ço da mistu mistura ra do díspa díspar. Entre os modos odos de multip multipli licaçã cação o de si, a reproduçã reprodução o sexua sexuall é aquele que transf transforma orma um proce process sso o de divisão divisão e multip multipli licaçã cação o de um só indi indiv víduo íduo num process processo o coletiv coletivo o de invençã invenção e variaçã variação de form forma as. Na flor, flor, a reproduçã reprodução o deixa de ser instrumento instrumento do narcisismo narcisismo indi indiv vidual ou ou espe específ cífico ico pa para se tornar tornar uma uma ecol ecologia ogia da condensaçã condensação o e da mistura mistura,, já já que que o indi indiv víduo íduo fa  mundo e o  faz  mundo mundo inteiro inteiro dá à luz o novo indiví indivíduo. duo. A rela relaçã ção o entre indiví indiví duos duos da mesma espécie deve pas passar sar através através da relação co com m outros outros indiv indivíduo íduos s de outros outros reino reinos. s. Não apenas nas náo náo há nada de priva do ou ou de oculto culto no ato sexual (é o que se expressa expressa no conceito conceito de fane faneróga rógamo) mo) como também, para consumar consumar um um ato ato sexual, sexual, é preciso preciso passa passar pelo mundo: mundo: o sexo sexo é o que há de m ma ais mundano mundano e cósmico. cósmico. O encont encontro ro com com o outro é sempre sempre necessa necessariamente riamente união com o mundo mundo, em sua divers diversidade idade de formas, de estatu to, de substância. substância. Impossível fec fecha harr-se se numa identid identidade ade,, seja de de gênero, seja de espécie, spécie, seja de reino reino.. O sexo sexo é, aliás, aliás, a práti prática ca originária de descontração da identidade. Nesse Nesse sentido sentido, a pres presença ença e a importânci importância a bio biológica lógica e ecoló coló gica das das flore flores s torna tornam m im impossível qualquer discurso discurso que li limite mite a função cósmica cósmica das das plantas plantas a uma simples simples questão questão de produçã produção o de energia ou de transfo transformação rmação de energia em massa. A esco esco lha evo evoluti lutiva va da via via flora florall é a escol escolha ha do primado da forma forma e de suas variações sobre sobre todo todo o resto.3 resto.3A A cosmol cosmolo ogia é sempre uma cosméti cosmética ca,, e só pode pode se se const constit itui uirr atra através vés de uma uma plurali pluralidade dade de

EMANUELE COCOA 

form rma as:4o equil equilíbrio brio e os fluxos fluxos de energia energia náo náo bastam bastam para para cons tit tituir uir um cosmos. A mistura mistura —de queo sexo sexo é talvez a fo forma mais mais univer universa sall para para o ser vivo vivo —é sempre sempre uma uma força força de de multipl multipliicação cação e de variação das formas rmas e não um um mecanismo mecanismo para sua redução. redução. Elã Elã é o instrume instrumento nto ativo tivo da mistura: mistura: todo encontro e toda união com outros indi indivvíduos íduos se se fazem por meio meio del dela. Mas Mas uma flor não não é, propri propriame ament nte e falando, alando, um órgão: órgão: elã elã é um ag agrega regado de dife diferentes rentes órgã órgãos modif modificado icadoss para para torna tornar possível a reproduçã reprodução o. Há um víncul vínculo o prof profundo entre o aspe aspecto cto efêm efême ero e instável dessa dessa formação e o da superação do horizonte propriamente “orgâni co” co”. Enquanto Enquanto espa espaço ço de elaboraçã elaboração o, de produçã produção o e de engen engen dramento de novas identidades individuais e específicas, a flor é um dispositivo que inverte a lógica do organismo individual: elã é o últi último mo limiar miar em em que o indi indivvíduo e a espécie spécie se abrem brem aos possíveis da mutação, mutação, da transf transformaçã rmação o, da morte. No seio seio da flor, flor, a total totaliidade do org organismo anismo e a totali totalidade dade da espécie espécie são a um só só tempo tempo decompostas decompostas e recomposta recompostas através através do proces so meiótico. As flores são por isso um lugar fora da totalidade, para além do todo todoss por por um. É o que se se expressa também também em seu seu número: enquanto enquanto os ani animais mais superio superiores res dispõ dispõem em de órgãos órgãos re produto produtores res estáveis estáveis e único únicos, s, a planta planta constró constróii seus seus apêndices de reprodução em massa inumerável e logo logo se desf desfa az deles. deles. Por Por causa causa desse desse excesso xcesso —que, —que, por por sua vez, causa causa outro: outro: o das legiõ legiões es de poliniz poliniza adores dores (animados (animados ou inanima inanimados) dos) - , seria seria difíci difícill reduzir reduzir o sexo sexo veg vegetal etal a uma simpl simples es estratégia estratégia de dupli duplicação cação de si. Mas Mas há outros outros eleme elemento ntoss ai ainda nda que impedem de ver no instrumento instrumento princi principal pal da repro reproduçã dução o ve vegetal umasimples simples ema emanaçã nação o subjetiva subjetiva. Os estoicos stoicos imagi imaginavam que, que, imedi imediatame atament nte e após o nascimento nascimento,, todo todo ser ser vivo vivo percebe percebe a si mesmo mesmo e, com com base base nessa nessa percepção, percepção,

10 0

is t u r a A V I D A d a s p l a n t a s : u m a m e t a f í s i c a d a m is

se apropri apropria a de si, si, se acostuma acostuma a si si. Chamavam Chamavam esse esse processo processo de devirrpróprio, próprio, apropriação apropriação e de familiari amiliarizzação ação de si: si: oikeiosis —um devi seu, do ser vivo. vivo. “D  “Deve-se ve-se saber saber””, escre escrevi via a Hiérocl Hiérocles, es, “que “que um ani ani mal, desde desde que nasce, nasce, percebe percebe a si si mesmo mesmo”5e ”5e “uma “uma vez que rece rece beu a primeira primeira perce percepçã pção o de si, torna torna--se imediatame mediatament nte e famili amiliar a si mesm mesmo o e a sua própria própria estrut estrutura”.6 ura”.6A A flor lor mostra com gra grande nde frequência requência um mecanismo mecanismo inve inverso: o da da desapro desapropriaçã priação o de si, do devir estranho estranho a si mesmo. É o que acontece contece co com a fertili rtilizaçã zação o: a maiori maioria a das das flores flores herma hermaffroditas roditas dese desenvo nvolv lve e um sistema de auautoimuni toimunizzação ação para para evitar evitar a autofertil autofertiliização ação, uma def defesa esa contra contra si mesma mesmass que lhes permite permite melho melhor se abrir abrir ao ao mun mundo do..7 Se uma flor flor não pode pode ser ser considerada consideradacomo um simples simples órgã órgão é princi principal palmente mente porque porque elã é o luga lugarr da produçã produção o do org organismo anismo futuro e, portanto portanto,, da total totaliidade dos órgã órgãos de que um corpo corpo se nauseam que compõe. Repetindo ad nause  que os seres seres viv vivos são são seres seres orgânicos, frequentem requentemente ente se se esquece squece que todo todo organi organismo smo participa participa também também de um horizo horizonte metaorgâ metaorgâni nico co,, aquel aquele que permite permite a construção de todos os órgãos de que ele se compõe. A flor (junto com com a semente) semente) é, desse desse pont ponto o de vista, vista, o órgão órgão dos órgãos, órgãos, não não apenas porque instala o canteiro de obras originário a partir do qual a construção org orgânica ânica é concebida concebida e executada, executada, como como tam tam bém porque, para para fazer isso, isso, elã deve deve reduzir a identi identidade dade atual atual do org organismo anismo a um simples simples código, código, um esboço esboço abrev abreviado e remanej manejado, reduzi reduzido do à metade metade,, uma imagem imagem ativa ativa que contém contém o conjunto dos procedimentos técnicos e materiais necessários para produz produzir ir outros outros indi indivvíduo íduos. s. Elã Elã é em si si a expre expressã ssão perfeit perfeita a da coinci coincidência dência abso absoluta entre vida vida e técnica, técnica, matéria matéria e imag imagina inação ção, espírito e extensão.

EMANUELE COCCIA 

101

13  A razão é o sexo

Por Por sécu século los, s, as as plantas fo foram ram considera consideradas co como o luga lugarr onde a matéria matéria estava estava animada animada por por uma espécie espécie de imagin maginaçã ação o transcendental: mais mais que de uma faculdade faculdade pessoal, pessoal, capa capaz z de dar dar forforma à reali realidade dade impalp mpalpá ável do psiquismo, psiquismo, estar estaríam íamo os diante diante de uma potência potência el elástica stica que mo modelaria imediatame imediatament nte e a matéria matéria do mundo. mundo. A “alma vegetativ vegetativa” a” náo náo seria seria uma vida sem fa faculdade imaginativ imaginativa, mas a vida cuja ima imag ginaç inação ão produz efeitos itos sobre a totali totalidade dade do corpo corpo do org orga anismo —a ponto ponto de lhe lhe dar dar fo forma—e cuja cuja matéri matéria a é um sonho sem sem co consciência, nsciência, uma fantasia fantasia que náo náo precisa de órgã órgãos ou de sujeito sujeitos s para para se consuma consumar. r. Toda planta planta pare parece ce inv inventar e abrir um plano có cósm smico ico onde náo náo há há oposição oposição entre matéri matéria a e fantasia, imag imaginaçã inação o e desenvol desenvol- vi  vimento de de si. A ideia de uma esfera de coincidência absoluta entre corpo e conhecimento conhecimento,, entre imag imagem e matéria, matéria, nunca nunca foi estranha estranha à bio biolog logia. De fato, to, a noção de gene é sua formulação rmulação moderna moderna.1E .1Elã lã era muito difundi difundida da na filosof ilosofia ia e na medici medicina na do do Renascimento. Renascimento. Em sua forma mais radi radical, cal, inspi inspiro rou u as reflexões lexões de William Harvey sobre sobre a geração do ser vivo vivo,, assim como as de

 Jan  Jan Marek Marci de Kro Kronland2ou de Peder Soerensen3sobre os semina e as de Franci Francis s Gl Glisson isson sobre a percepção percepção natur natural. al.4 4Para expressa expressarr isso isso por por meio meio de uma analogia analogia relativ relativamente amente comum, comum, trata-se trata-se de pensar pensar o processo processo de engendramento engendramento dos seres seres vivos vivos (a concepçã concepção do ser vivo vivo que ocorre no útero, a concept ptiio ute uteri) ri) como perfeitame perfeitamente nte isomorf isomorfo o à maneira como o cére cérebro bro opera ptiio cerebrt)brt)-. a matéria do (iconcept do mundo se torna torna na planta planta (ou (ou na  vi  vida vegetativa de todo ser vivo) um um cérebro, on onde opera como tal. al.5Em outras palavras, ras, há há um cére cérebro bro material e não não nervoso, nervoso, um espíri espírito to imanente à matéria matéria orgâni orgânica ca enquant enquanto o tal. Por meio meio da vida, a matéri matéria a pode se se tornar tornar espírito espírito —começa —começando ndo a viver. viver. A mani maniffestação estação mai mais ev evidente idente dessa dessa forma elementar elementar de “cerebrali “cerebrali-dade” é encarnada pela pela semente. semente. As operações de que a semente semente é capaz só se deix deixam expl explicar se se apressupomos equi equipad pada a de uma forma de sabe saber, um conheci conhecimento mento,, um progra programa para para a ação, ção, umpattern que não não existe existe à maneira maneira da consci consciênci ência, a, mas que lhe permite permite realiza izar tudo o que faz faz sem erros.6 erros.6S Se no homem homem ou no animal o conhecimento conhecimento é um um fa fato acidental acidental e efêmer efêmero, o, na sem semen en te (e se se poderia poderia diz dizer er no no códig código genéti genético) co) o saber saber coin coinci cide de com com a essênc essência, ia, a vida, a potênc potência ia e a própri própria a ação.7O .7 Os genes são os cére cérebros bros da matéri matéria, a, seu seu espírito espírito.. Se um grã grão o pode ser consi considera dera do como como um cérebro cérebro é porque porque este este é uma forma de sem semente. ente. O interesse dessa dessas especulações analó analógicas gicas resid reside e na possi possibi billidade idade de chegar chegar a uma defini inição não anatômi anatômica ca do cérebro: cérebro: o cérebro cérebro não não é um órgão órgão humano humano,, não é sequer um órgão, mas um segme segment nto o da matéri matéria a que detém saber e conhecime conhecimento nto.. Tratarata-se, se, no fundo, de ampl ampliiar o senti sentido do das das noções noções de saber saber e depensamento pensamento,, numa direçã direção oposta oposta à do aristotelism aristotelismo. o. Não fa fazer zer do intelec intelecto to um ór gão separa separado do e sim fa fazê-lo zê-lo coi coincidi ncidirr co com a matéri matéria. a.

EMANUELE COCCIA 

103

Francis Gli Gliss sson on foi o prime primeiro iro a formula formularr ess essa a hipótes hipótese e da manei maneira ra mais radi radical, cal, a ponto ponto de postular postular a animação animação de todo o unive universo. Segundo Gli lisson, sson, a própri própria a matéri matéria a deve deve ser ser defi definida nida a partir partir de uma espécie spécie de afetivid etivida ade natural (perceptio ptio naturali naturalis) e origin riginária, ária, separada separada e dif diferente da sensa sensação ção ou ou da exp experiênci eriência, a, pois pois incapa incapaz de erro. Essa afetivid etivida ade radical é a ação ção imediata mediata da vida substancial substancial (immediat diatam am acti actione onem vita vitae esubstantial stantialiis). O que a matéri matéria a percebe percebe é, portanto portanto,, a forma do própri próprio o ser vivo vivo.. O exempl exemplo o dessa dessasensibi sensibillidade idade elementar elementar é o de um grão rão de trigo capa capaz z de perceber perceber a forma da plant planta a que se desenvol senvolverá a part partir ir dele.8 dele.8Co Como mo se, graça raças s à semente, semente, o ser ser vivo vivo conseg conseguisse uisse perceber perceber a si mesmo. Nesse Nesse sentido sentido,, a imagin maginaçã ação o não defin define e um espaço de so soberania: não não é possív possíve el se desvi desvia ar do obj objeto eto que el elã con con templa, a percepç percepçã ão natural é uma uma afetivid etivida ade sem soberania.9A forma do orga organi nismo smo que é objeto bjeto de percepçã percepção não não se apresenta presenta na indif indiferença erença da escolha scolha ou do jul julga gamento: mento: a perce percepçã pção o natural natural não não escolhe seus seus objetos, objetos, não não delibera delibera. Na imanência imanência da seme semente, nte, toda toda forma deix deixa de ser um fa fato estético estético ou material e se torna torna o testemunho testemunho de um psiquismo psiquismo subterrâneo, de uma psicol psicologia inconsciente inconsciente e material. material. Onde há uma forma, há há um espíri espírito to que estrutura a matéria; matéria; va vale diz dizer que a ma matéria téria exi existe ste evive vive enquan enquan to espírito. spírito. A vida vegeta vegetall nunca nunca é um um fa fato puramente puramente bioló biológico: ico: elã é o luga lugarr de indif indiferença erença entre o bio biológ lógico e o cultural, cultural, o ma terial e o cul cultural, tural, o logos logos e a extensã extensão. “Se quisermos quisermos compara compararr a flor —para além da relação relação sexual sexual —com um órgão no animal” animal”,, escre escrevi via a Lore Lorenz nz Oken Oken em em se seu mo numental Man com o órgão nervo  Manual defilo ilosofia natural, “é “é só co so ma mais impo importante rtante que podemos fa fazê-lo zê-lo.. A flor lor é o cére cérebro bro das das plantas, plantas, o que correspon corresponde de à luz, luz, que perma permanece nece aqui no plano plano

do sexo. PodePode-se se dizer dizer que o que que é sexo na planta planta é cérebr cérebro o para o animal, animal, ou que o cére cérebro bro é o se sexo do animal animal.” .”1 10A opinião pinião de Oken, discípul discípulo o genial de Schell Schellin ing g e de Goethe, está está long longe e de de ser ser parado paradoxal xal;; podepode-se se dizer dizer que éapenas ageneraliz neralização e a radi radi caliz calização da da anti antiga tese estoi estoica segundo a qual a razão {Lo Logos) t ) tem em a forma forma da semente. mente. Pensar a razão como semente semente permiti permitia a libeliberárá-la da silhueta silhueta humana e transformá transformá-la em em fa faculdade cósmica e cósmica e natural (que existe xiste no mundo físico e nã não no corpo do homem, homem, e que coinc coincid ide e com com o curso natural natural das coisa coisas) de mo modelagem delagem da matéri matéria: a: a ra razão é o que dá fo forma a tudo tudo o que existe; seguindo regras ras preestabelecida preestabelecidas, elã é o que go governa o mundo mundo e seu devir devir do interior. rior. Pensar a razão zão como como flo florr —ou, —ou, inversa nversamente, mente, pensa pensarr a flor lor como forma paradigmática paradigmática de existênci existência a da ra razão zão - leva a conceber conceber esta como como a faculd faculdade ade cósmica cósmica da variaçã variação das das fo forma rmas. O pensamento, pensamento, assim, ssim, não não é mais a força que dá ao real uma identid identidade ade que que determina o destino de uma vez por toda todas, s, mas, ao contrár contrário io,, o ponto ponto de encontro com o resto do cosmos, cosmos, o espaço metaf metafísi ísico co onde ele ele próprio próprio se mistura mistura com o mundo e se deixa deixa afetar etar pela mistura, mistura, a força de desvi desvio o que transfo transforma a identi identidade dade ma mais prof profunda de um se ser. A razão zão - a flor do cos mos —é uma força de multip multipli lica caçã ção o do mundo. mundo. Nunca resti restitui tui o existente existente a si mesmo mesmo, a sua unidade unidade numérica, a sua histó história, ria, a sua genea enealog logia, antes multi multipl pliica os corpos, renov renova a o possível, possível, faz faz tábul tábula rasa rasa do passa passado, abre o espa espaço a um futuro futuro inco inconcebív ncebível. el.  A razão-fl -flor, finalrnente, não reconduz o múltiplo da experiência a um eu eu único único, não não reduz reduz a difere diferença nça de opini pinião ão à unici unicidade dade de de um suj sujeito; eito; elã multi multipl pliica e difere diferencia ncia os sujeitos, sujeitos, torna torna as expe riências riências incompa incomparáveis ráveis e incompossí incompossívei veis. s. A razão não não é mais a reali lida dade de do idênti idêntico co,, do imutável imutável,, do mesmo; mesmo; é a força e a estru estru

EMANUELE COCCIA 

105

tura tura que obri obriga ga todas todas as coisa coisas s a semistu misturarem rarem a seus seus semelhant semelhantes es pela via via do dessemelhante, dessemelhante, para mudar mudar seu rosto: rosto: é a força que deixa deixa ao mundo mundo e aos encontro encontros s casua casuais o cui cuidado dado de rede redesenha senharr do int interio eriorr o rosto de seus compone componentes. ntes.  náo foi foi preciso espera esperar o homem, homem, nem nem os  A ra razão é umaflor lor. ná animais superiores, superiores, para que a força técnica técnica de mo modelagem delagem da matéria se tornas tornasse se uma faculdade faculdade indi indiv vidual. Foram as planta plantas s que domara domaram m essa essa força para fazê-la zê-la vibrar no próprio próprio ritmo ritmo da  vi  vida e de suas gerações. Foi graças a elas que avida se fez o espaço por por ex excelência celência da ra razão; é pelas pelas plantas que mundo e vida coin coin cidem cidem sem sem resto.  poderíamos expressa xpressar essa ssa equivalênc equivalênciia di di  A razão é umaflor lor: poderíamos zendo que tudo o que é racio cional é sexua sexual e tudo o que que é sexual sexual é raci racio onal. A racional racionaliidade é uma questão stão de forma formas, s, mas a forma ésempre sempre o resultado resultado da da agitaçã itação o de uma uma mistura mistura que produz produz uma  va  variação, uma mudança. In Inversamente, a sexualidade não é mais a esfe sfera mórbi mórbida da do inf infrarra rarracio cional, nal, o luga lugarr dos af afetos turvos e nebuloso nebulosos. s. E aestrutura e o conj conjunt unto o dos encont encontros ros com o mun mun do que permitem permitem a cada coisa coisa se se deixar toca tocarr por por outra, outra, prog progre dir dir em em sua sua evoluçã evolução, o, se reinventa reinventar, r, torna tornar-se r-se outra no corpo corpo da seme semelhança hança.. A sexuali sexualidade dade não não é um fato puramente puramente bio biológ lógico, ico, um el elã da vida enquant enquanto o tal, mas um movime  em movimento do cosmos em sua totali totalidade: dade: não não é uma técnica técnica melho melhora rada da de reproduçã reprodução o do ser vivo vivo,, mas a ev evidência dência de que a vida vida não é senã senão o o process processo o através do qual qual o mundo mundo pode pode prolo prolongar e renovar renovar sua existênci existência a unicam unicamente ente reno renovando vando e inv inventando entando novas fórmulas fórmulas de mist mistura ura.. Na sex sexualidade, ualidade, os sere seres s vivo vivos s se fazem agentes ntes de mesti mestiçag çagem em cósmic cósmica a, e a mist mistura ura se torn torna a um meio de de renovaçã renovação dos sere seres se das identid identidade ades. s.

razão náo é nem nunc nunca a poderá poderá ser ser um  A ra razão é umaflor lor. a razão órgão órgão de fo form rma as bem def defini inidas, das, estáveis. stáveis. É uma corpora corporaçã ção o de órgão órgãos, uma uma est estrut rutura ura de apêndice, apêndice, que que recolo recoloca em discussão discussão o org orga anismo inteiro inteiro e sua lóg lógica. Elã é, princi principalmente, palmente, uma estrutu trutura ra ef efêmer êmera a, sazo sazona nall, cuj cuja a existência existência depende depende do clim clima, a, da atmosfer tmosfera, a, do mundo em que se está. stá. É risco, invenção, invenção, experimentação.  A flor é a fo forma pa paradigmática da da ra racionalidade: pensar é sempre se impl mplicar na na esfera esfera das das aparênc aparênciias, náo para para expressar expressar sua interio nteriori ridade dade oculta, oculta, nem para falar, diz dizer alguma coisa coisa,, mas para pôr pôr em comunic comunicaçã ação o sere seress dife diferentes. rentes. A razão razão não não é ma mais que essa essa plural pluraliidade das estrut estruturas uras de at atração ração cósmicas cósmicas que permitem mitem aos aos sere seress perceber perceber e absorver bsorver o mund mundo o, e ao ao mundo mundo estar estar inteiramente nteiramente em em todos todos os orga rganismos nismos que o habitam. habitam.

107

EPÍLOGO

14

Da autotrofia especulativa Há algum tempo, na república república das ciências, reina uma eti eti queta muito muito severa severa: essa regra de ouro náo náo escrita escrita impõe impõe uma, e apenas uma, disci discipl pliina apro apropri priada ada para cada objeto de conheci conheci mento mento e, inv inversam ersamente ente,, afirma que que cada disci discipl pliina tem um nú mero definido e limitado de objetos objetos e de ques questõ tões es que convém conhecer. conhecer. Como Como toda toda forma rma de disci discipl pliina, essa ssa etiqueta etiqueta també também m tem uma natureza natureza e, sobretudo, uma fin finali alidade dade especificam specificamente ente náo gnoseoló gnoseológicas: cas: serve para limi limitar tar a vontade vontade de saber saber,, moraise náo castigar seus seus excessos, refreá refreá-los los náo do exterio exterior, r, mas do do int interio eriorr do sujeito. sujeito. Aqui A quilo lo a que se chama especialismo compree  compreende nde um educaçã ção o cogniti cognitiv va e sentime sentimental ntal oculta culta trabal tra balho ho sobre si,  uma educa ou, no mais mais das das vezes, vezes, esquecid esquecida a e recalcada. recalcada. Essaascese scesecognit cognitiv iva a náo náo tem nada nada de natural; pelo pelo contrário contrário,, é o resultado instável e incerto de longos e penosos penosos esf esforços, o fruto envenenado envenenado de um exercício exercício espiritual espiritual praticado praticado sobre si mesm mesmo, o, de uma uma prolo prolongada castra castraçã ção o da própri própria a curiosidade. curiosidade. O especialismo não não define define um excesso xcesso de sabe saber, r, mas uma renúnci renúncia a consci consciente ente e voluntária untária ao ao saber saber dos “outro “outros” s”.. Náo Náo é aexpressã expressão de uma curiosid curiosidade ade desme-

EMANUELE COCCIA 

111

dida dida por por um objeto, objeto, mas o respe respeito ito timo timorato rato e escrupu escrupulloso de um um tabu tabu cognitiv cognitivo. E todo convite convite a considera considerar os diversos diversos conhe cimentos humanos como ontológica e ontológica e categoricamente separados dos em disci discipl pliinas é a expressã expressão de um verdadeiro verdadeiro kashrut co kashrut cog gnitivo: nitivo: “Considera “Considerareis reis impuro todo conhec conhecimento imento que náo provi provier er do mesmo smo objeto objeto e do mesmo smo méto método do que o voss vosso o.” Esse Esses tabus tabus náo têm têm nada de nov novo1nem de especif especific ica ament mente e moderno. Impusera mpuseramm-se se há séculos, séculos, já já com a fundaçã undação o da uni uni  ve  versidade na Ida Idade Média. Ali Aliás, re representam a própria essência da insti institui tuiçã ção o univer universitária sitária.. Contra Contra o ideal ideal de uma cultura cultura globa lobal, l, multidisciplinar, enciclopédica (a enkyk nkykllospai spaide deia dos Antigos),2 a universid universidade ade nasceu nasceu para afirma irmarr a necessidade necessidade de aco acompanhar mpanhar as arte artes s lib libera erais - as técnicas de liberda liberdades herdadas das dos Anti Antigos gos e  ju  julgadas insufic ficientes - de outros saberes, especialmente o direi to, to, a medici medicina na e, sobretudo sobretudo,, a teologia. teologia. Esse Esses sa saberes beresjá náo visa visam à totali totalidade dade e náo náo se co compõem mais numa estrutura ha harmon rmonio iosa sa e unitária. unitária. Separa eparam m as discip discipli linas nas em percu percursos rsos existenciais existenciais di di ferentes rentes e inco incompa mpatí tívei veis: s: o juri jurista sta náo náo poderá ser teólog teólogo, e ao teólo teólogo está vedado vedado ser ser jurista. urista. Por Por muito tempo, o gesto esto sobe sobe rano rano por por excelência excelência do estudioso estudioso era era o de reuni reunir em si os sabere beres mais díspares díspares e medir medir sua unidade unidade no sopro de sua consci consciência: ência: o sujeito sujeito do saber ber —a —aquele que diz eu no  no cogito — cogito —sempre sempre prevaleci prevalecia a sobre os limit limites es das discip discipli linas, nas, sendo sendo sempre sempre capa capaz z de ir ir com seu olhar olhar muito muito mais lo longe do que qual qualquer uma dela delas. s. Com Com a univ universid ersida ade, o sujeito sujeito do sabe saberr e do pensame pensamento nto (o eu do cogito) é intima intimado do a fazer fazer coin coincid cidir ir sua subjetividade subjetividade cognitiv cognitiva —se —seu ser intelectual, sua res cogitans— ns —com os limites limites de uma discip discipli lina na ou de um objeto. objeto. Essa Essa limitaçã mitação epistemoló epistemológica ica corresponde a uma limit limitaçã ação o de natureza natureza social ou sociol sociológica ógica.. O nascime nascimento nto da univ univer ersida sidade de

112

não não corre correspo sponde nde ao nascimento de novos novos saberes ou de uma nova organização rganização dos conh conheciment ecimento os, mas ao estabelecimento estabelecimento de uma nova organi Com as universidade universidades s medievais, medievais, anização dos estudios studiosos. Com pela pela pri primeira meira vez, a produção produção e a transmissão dos saberes res são termo técnico técnico para o fruto fruto de uma corpora corporaçã ção: o: universitas é o termo nomea nomear uma corporação. Assim  Assim também, também, pela primeira primeira vez, uma corporaçã corporação o nã não é mais uma associa ssociação ção li ligada a um ofí ofício, cio, a uma meta pol política, a uma orige origem m étnica, étnica, e sim a um saber: saber: elã reúne reúne pessoa pessoas em torno torno do mesmo mesmo saber; saber; trata-se, trata-se, port portanto anto,, de uma corporação epistem epistemo ológ lógica. Conhecer Conhecer é pertencer a uma co corpo ração. Desse sse modo, o ato cognitivo cognitivo é funda fundado do por por um vínculo  ju  jurídico e um pertencimento político, o ideal do bios bios tbeoretik tikos é imediata mediata e necessariamente partil partilhado com os socii. A relaçã relação entre os os dife diferentes rentes objetos objetos de conhecimento conhecimento é assim defin definiida a partir partir da relaç relaçã ão jurí jurídi dica ca e social entre as difere diferentes ntes corporações corporações de estudiosos. studiosos. E os limit limites es cognitiv cognitivos de uma disci discipl pliina são os da autocon utoconsciênci sciência a da corporação: a identi identidade, dade, a reali realidade dade,, a uni uni dade e a autono autonomi mia a epistemoló epistemológ gica icas dessa dessa disci discipl pliina não não passa passam m de efeitos secundá secundário rios s da distin distinçã ção o, da uni unidade dade e do poder poder do estudiosos sos que a contro controlam. lam. A especia especiali lizaçã zação o éa collegium dos estudio tradução epistemoló epistemológ gica de um ideal corporativ corporativist ista a do saber saber- da fundaçã undação o dos estudiosos studiosos em em comuni comunidade dade juridi uridicamente camente fec fecha ha da. da. As As cham chama adas das discip discipli linas nas ou ciência ciências s (no (no plural plural)) não são são mais mais que as sombras proj projeta etada das s pelas pelas corpora corporações univ universitárias.3 ersitárias.3E Ea epistemolo epistemolog gia é tão tão some somente nte o esf esforço - necessa necessariame riamente nte fa fadado ao fra fracasso casso —de traduzir traduzir em termos ci científ entífico icos um sistem sistema a de interdi interdittos cuja cuja origem é puramente social e de de naturez natureza a moral.  As  As coisas e as ideias são muito menos disciplinadas que os ho mens: mens: misturammisturam-se se umas com com as outras outras sem se preocupar preocupar com os

EMANUELE COCCIA 

113

interdit interdito os ou ou com as as eti etiqueta quetas; s; circul circula am li livremente remente sem sem espera sperar a autori utoriz zação ção dos pares; pares; estruturamestruturam-se se seg segundo forma rmas e forças que jamais correspond correspondem em àquel quelas que modelam modelam o corpo socia social. Seria vão esper espera ar o contrário contrário.. Ali liá ás, é essa ssa autono autonomi mia a que que torna torna possíve possível aquilo aquilo que, que, há séculos, séculos, é chama chamado de fil ilosof osofia: ia: uma rela ção com as as ideias ideias ecom com os conheci conhecimento mentos s que não não é mediatiz mediatizada ada por por nenhuma disci discipl pliina ou norma norma, e não não tem outra outra base senão não um desejo sejo ceg cego, desordena desordenado, do, sem discernimento discernimento.. Se a filo filosof sofia ia pode pode reivi reivindi ndicar uma rela relação ção pri priv vilegi egiada com com averdade, verdade, seé esse desejo sejo —e —e não um méto método, do, uma discip discipli lina, na, um protocol protocolo, o, um procedimento procedimento —que —que poderá poderá nos conduz conduzir ir o mais mais perto possível possível da realidade, é porque porque o mundo mundo é o espaço onde onde coisa coisas e ideia ideias estão misturada misturadas s de maneira heterogê heterogênea, nea, dispara disparatada, tada, imprevi imprevisí sí  ve  vel. Uma troca sináptica jaz no próprio espaço acontecimental de um poema poema que está está sendo sendo escrito escrito, de uma brisa brisa,, de uma formiga procurando procurando o cam camiinho nho de casa, de uma guerra guerra que começa começa,, e tudo está ligado a tudo, tudo, sem que haja haja uma unidade unidade superio superiorr à da mist mistura, ura, sem sem que as causas usas e os ef efeito eitos estejam estejam ordenados rdenados se se gundo o critério da homogeneida homogeneidade de form forma al ou ou do isomorfism isomorfismo. o. usivam vamente os fenômenos Náo é ligando entre si exclusi fenômenos que têm têm a mesma mesma natureza ou a mesm mesma a forma (os fenômenos fenômenos fí físicos a ou tros fe fenômenos nômenos físi físicos, cos, os fa fatos sociais a outros outros fa fatos so sociais, etc.) que conseguiremo uiremos compre compreende enderr o mundo mundo. Não é reca recalcando lcando a natureza natureza dessemel dessemelhante hante de seus compo component nentes es que poderemo poderemos apreender preender o que torna torna possível a vida vida de todos. O mundo não não é um espa espaço ço defin definiido pela ordem das das causa causas, mas antes antes pelo clima clima das inf influências, luências, a meteo meteoro rolo log gia da das atmosfe tmosferas. Vida e mundo são apenas apenas nome nomes da mistu mistura ra universa universal, do cli clima, da unidade unidade que que não não compo comporta rta a fusão da da substância e da forma forma.. Compreender Compreender um cl cliima é apreender uma atmosfera tmosfera.

 As  Assim, a planta e sua estrutura podem ser muito me melhor ex plic plica adas das pela cosmol cosmolo ogia do do que pela botânica. botânica. Assim Assim também também,, a antropo antropolo log gia tem muito muito mais a aprender da estrutura de uma flor lor do do que da autoconsci utoconsciência ência li linguísti nguística ca dos sujeito sujeitos s huma humanos nos para compree compreender nder a natureza natureza daquilo daquilo a que se se chama racionali racionali dade. dade. Isso sso porque porque toda toda verdade está ligada gada a toda toda outra utra verdade, verdade, assim como toda toda co coisa está liga ligada a toda outra outra coisa coisa. Essa Essalig ligação, ação, essa conspi conspiraç ração ão uni universal das das ideias, ideias, das verdades verdades e das coi coisas, é, al aliás, aquil aquilo a que chama chamamos mundo mundo:: o que atravessamos e o que que nos atravessa atravessa a cada instante, instante, cada vez que respiramos. Se hecimento tose os conhecimento conhecimentos s querem perma permanecer mundanos, conhe saberes deste te mund ndo, deverã deverão respeitar respeitar sua sua estrutura. No mundo, mundo, tudo está está mis misturado turado com com tudo, tudo, nada está está ontolo ntolog gica icamente mente sepa sepa rado do resto. resto. O mesmo ocorre ocorre com os conhecimento conhecimentos s e com as ideias. No No mar do pensame pensamento, nto, tudo tudo comuni comunica ca com tudo, tudo, cada saber penetra e é penetrado penetrado por todos todos os outros. outros. Todo e qualquer objeto objeto pode pode ser conhecido por toda toda e qual qualquer discip discipli lina; na; todo todo e qualquer conhecimento conhecimento pode dar acesso sso a todo todo e qual qualquer objeto. objeto. No fundo, o verda verdadeiro deiro conhecimento conhecimento do mundo só pode ser ser uma forma de autotro utotroffia especulati especulativ va: em vez de se alimentar alimentar sempre sempre e exclusi exclusiv vamente amente das ideias ideias e das das verdades já sanci sancio onadas nadas por tal tal ou ou qual qual discipl disciplin ina a em suahistóri história a (incluí (incluída da aí a fil ilosof osofia ia), ), em vez vez de querer querer se construi construirr a parti partirr de eleme elemento ntos s cog cognitiv nitivo os já estruturados, struturados, ordenado ordenados, s, estabe stabelecido lecidos, s, o conhecimento conhecimento deveria deveria transf transformar ormar em ideia ideia qualquer matéria, matéria, objeto objeto ou aco acontecimen ntecimen to, to, exatamente como as plantas plantas sã são capazes de transfo transformar em  vi  vida qualquer pedaço de terra, de de ar e de luz. Es Essa seria a for forma mais radical radical da ativi tividade dade especulativ speculativa a, uma cosmolo cosmologia pro proteiforme e liminar, minar, indif ndiferente aos lugares, lugares, às às forma formas, às maneiras como é praticada praticada..

EMANUELE COCCIA 

115

15 Como uma atm atmosfera osfera

 A emergência da fil filosofia fianáo deve ser considerada um acontecime cimento nto histó histórico rico que teve teve lugar de uma uma vez por toda todas. s. Mais que uma discip discipli lina na reconhecível por seu seu objeto, objeto, seu méto método, do, que questões e objetivo objetivos s univer universa salmente lmente partil partilhados hados no espaço e no tempo, a filoso ilosoffia é uma espécie espécie de condi condição ção atmosférica atmosférica que pode surgir surgir subitamente subitamente —em qualquer qualquer lugar e em qualquer qualquer mo momento mento.. Elã Elã pode pode rein reinar ar sobre os co conhecimentos nhecimentos humano humanos s por algum tempo tempo,, mas também desaparecer parecer abr abrupt uptame ament nte, e, por por razõe zões amiúde amiúde misteriosas teriosas,, exatamente como como a suavidade suavidade de um dia dia de primavera primavera ou uma tempestade podem podem desvanecer desvanecer bruscamente. bruscamente. Nessesentisentido, do, a ideia ideia de uma uma histó história ria progres progressiv siva a, ou mesmo smo náo náo li linear, do pensame pensamento nto,, assim como a da existência existência de um arquiv arquivo o, de um um cânone cânone ou de um patrimôni patrimônio o de obras obras ou de textos filo filosóf sóficos, icos, são ilusões: ilusões: há há tão some somente nte uma meteoro meteorolo logia gia do pensame pensamento no sentido ntido originário originário,, aristotéli aristotélico, co, do termo: termo: uma ciência ciência consaconsagrada à longa longa lista lista de fe fenômenos naturais “que se produzem produzem de aco acordo com com leis leis naturai naturais” s”,, mas “em condi condiçõ ções es menos reg regulares que as do elemento elemento primeiro primeiro dos corpos”, corpos”, como como “os ventos e os

116

 A VID A DAS PLANT AS! UM A METAF ÍSICA DA MISTU RA 

tremores de terra”, terra”, ou ou “a queda do rai raio, os fura furacões, cões, as tempesta des”. des”. As ideias eos conceito conceitoss “fil “filosóf osóficos” icos” náo náo sáo conhe conhecimentos cimentos espec especííficos que se sobrepõem sobrepõem a outra outrass forma formass de conheci conhecimento mento ou de ideias, mas mas uma espécie espécie de mo movimento que concerne ao ao elemento elemento próprio próprio da razão razão e do conhecimento conhecimento,, um certo certo cli clima, ma, uma configuração instável e no entanto potente dos conheci mento mentoss atuai atuais, s, assim ssim como o vento vento,, as nuvens e a chuva chuva nã não são elementos elementos que se acrescentam aos que existem existem no mundo mundo, mas simplesmente sua modificação contingente ou a manifestação de suapotênci potência a e de sua infl nfluência uência sobre nós. Do mesmo mesmo modo que uma certa temperatura temperatura,, uma certa certa luz e toda toda nova nova configura configuraçã ção o dos elementos elementos naturais podem podem al alterar erar o aspecto aspecto de de um lugar e decidir sua habitabilidade, assim também todo acontecimento filosóf ilosófico ico modifica modifica a configu configura raçã ção o dos conhecimento conhecimentoss e dos sa sabe be res res de de um contexto contexto histó histórico rico,, paramudar radi radicalmente calmente seu seu modo modo de existência. existência. Trata Trata--se em primeiro primeiro lugar de uma uma evidência evidência epis temoló temológica: gica: a filoso ilosoffia éatmosf tmosférica érica,, pois pois a verdade verdade exi existe ste sempre sempre sob a forma de atmo atmosf sfera era.. É unicamente unicamente em sua sua mist mistura ura co com o resto resto dos elementos elementos que cada cada coisa encontra encontra sua identi identidade: dade: a atmosf tmosfera era é mais mais verdadeira verdadeira que a essênci essência a. Inversa nversamente, mente, se a filosof losofiia prefere prefere a atmosf tmosfera era à essência, essência, é porque porque elã elã é a forma extrema da total totaliidade dos el elemento mentos. s. Nesse Nesse sentido sentido,, a natureza natureza atmosférica do conhecimento filosófico se manifesta em sua for ma e na impossibilidade de reduzi-la a um saber definido por um objeto, objeto, um mé método todo ou ou um esti estilo lo espec específífico ico que excluiri excluiria a outros. Se é impossíve impossível, portanto, portanto, reduzir reduzir a filosof ilosofia ia a um um objeto objeto espe espe cífico, a um domínio de investigação “homogêneo” e unívoco, é porque porque el elã está está em em toda toda parte. parte. Long Longe e de se opor opor às outras outras forma formass de conhecimento conhecimento —a —a física ísica,, a literatura, a inf info ormáti rmática, ca, a arte —,

EMANUELE COCCIA 

117

ela coin coinci cide de co com os li limi mites tes do cognoscí cognoscível vel e do nome nomeá ável. Nada é originariamente f originariamente fil ilosóf osófico, ico, e qualquer qualquer objeto objeto —incl —inclusiv usive e aqueles que náo náo existem existem e nunca nunca poderão poderão existi existirr —po —pode de e deve deve se tornar tornar objeto da filosofia. Da mesma mesma maneira, é estritamente estritamente impossí impossível vel reconhecer qualquer qualquer conti continuidade nuidade estil estilísti ística ca de um livro filosófi ilosófico co aoutro. A filosof ilosofia ia prati pratico cou, u, ao long longo o de sua sua história, história, todos os gêneros neros liteliterários rios disponív disponíveis, eis, do roma romance ao poem poema a, do tra tratado ao ao af aforism orismo, o, do conto conto à fórmula matemá matemáti tica. ca. De De acordo com o costume, costume, toda toda forma simbólica é ipsofacto filo  filosóf sófica ica,, e nenhuma tem o direito de reivin reivindi dicar car uma capacidade superio superiorr de alcançar a verdade; nenhum esti estilo lo de escrit escrita a é mais apro apropriado priado à fil ilosof osofia ia que outro. outro. Desse sse ponto ponto de vista, vista, o fetichi fetichismo smo aca acadêm dêmiico contemporâne contemporâneo o pelo pelo incerto incerto vo volapuque do ensaio com notas notas de rodapé náo náo tem nenhum nenhuma a razão zão de de ser. Um Um fil filme me,, uma escul escultur tura, a, uma canção nção pop, mas também também uma pedrinha, pedrinha, uma nuvem, um co cog gumelo umelo pode pode ser fil  filo osófico com a mesma mesma intensi ntensidade dade que um tratado de geolog logia, a Críti rític ca da razão razãopura ou pura ou um adág dágio pronunci pronunciado ado com a falsa negligê negligênc nciia do dândi. dândi. Impossível, fina finalrnente lrnente,, destila destilar um um mé método único; único; o único méto método do é um amor mor extrema extremamente mente intenso intenso pelo saber, saber, uma paipaixão xão selvage selvagem, bruta bruta e indó indóci cill pelo pelo conhecimento conhecimento sob todas as sua suas form forma as e em todos todos seus objetos. objetos. A fil ilosof osofia ia é o conhecimento conhecimento sob o império império de Eros, o mais mais indi indisci scipl plin ina ado e o mais rude rude de de totodos os deus deuse es. Nunca poderá ser uma discip discipli lina: na: é, ao contrário contrário,, o que o saber humano humano se torna torna uma vez reconheci reconhecido do o fa fato de que não não há nenhuma disci discipl pliina possív possíve el, nem moral moral nem epi epistestemológ mológica. ica. Afirmar irmar o contrário, contrário, vin vincular cular a filosof ilosofia ia a uma série de de que questões já fix fixa adas, das, a problem problema as que lhe seria seriam m próprio próprios, s, signif significa ica

confundiconfundi-la la com com uma doutri doutrina na escolástica.' scolástica.' É por isso isso que uma uma ideia deia nunca poderá se se encont encontra rarr em em arquiv arquivo os: elã elã encarna encarna o pon pon namen no interior de toda to de clivagem de toda tradição, o clinam disci discipl pliina, que permite permite a um saber saber espec específífico ico vi virar rar paradi paradigm gma, a, exemplo xemplo.. É o ideai ideai oposto à atopia atopia socrática: socrática: o pensame pensamento nto filo ilo sófico sófico náo está em nenhuma nenhuma parte, parte, mas por tudo tudo quanto é lado. Como Co mo uma atmosfera tmosfera.

EMANUELE COCCIA 

119

Tive ive a ideia ideia deste deste li livro vro em Kio Kioto, to, durante durante uma  vi  visitaao templo de Fushimi Ina Inari, em março de 2009, com Da Davide vide Stimi timill llii e Shinobu hinobu Is Iso. Mas Mas foi foi pre preciso espera esperar minh minha a estadia de de um ano na Ital Italiian Acade Academy my for Advance dvanced d Studies Studies in Ame America rica,, da Columb Columbia ia Universit University y de Nova Nova York, para para poder levá-la levá-la adiante adiante e dispo disporr do tempo necessá necessário para sua redaçáo çáo. Gostaria de agra agradecer decer a Da David Freedberg Freedberg e Barbara Faedda, Faedda, que me acolheram acolheram cal calorosa rosame ment nte e e, com com atenção tenção e amiz amizade, ade, estabeleceram estabeleceram comigo comigo numerosa rosas s trocas trocas humanas humanas e cientí científfica icas. Sem a conversa e o apo apoio io coti cotidi dianos anos de Fabián Luduena Luduena Roma Romandi ndini ni,, nada nada teria sido possível. possível. Caterina Za Zanfi nfi desem desempenhou penhou um papel de primeira primeira importânci importância a na gênese ênese desse desse liv livro: ro: agradeço-lh deço-lhe e profimdame profimdament nte. e.  A Gui Guido Gig Giglioni devo a descoberta da longa tradição tradição natural naturalista ista no no Renascimento Renascimento e na primeira primeira modernidade. Nora Phil Philiippe leu leu e comentou comentou uma versã versão prel preliiminar minar do manuscrit manuscrito o: sua suas crític críticas as e sug sugestões foram decisi decisivas. vas.

 As  As conversas entre Paris e Nova Yor York com Frédé Frédériqu rique e Aítít-Touati, uati, Emma mmanuel nuel Allo Alloa a, Marcell rcello o Bariso Barison, n, Chi Chiara ara Bott Bottici ici,, Cammy Cammy Brothe Brothers, Barba Barbara ra Carneva Carnevali li,, Dorothée Charles, Charles, Ema Emanuele nuele Clariz Clarizio io,, Michela Coccia, Emanuele Dattilo, Chiara Franceschini, nceschini, Daniela Gandorfer, Donatien Donatien Gra Grau, Peter Goodrich, Camille Henrot, Noreen Khawaja,  Ali  Alice Leroy, Henriette Michaud, Philippe-Ala -Alain Michaud, Christi Christine ne Rebet, bet, Oli O livi vier er Souchard, ouchard, Michele Michele Spanò, Spanò, Just Justin in Steinberg, teinberg, Pe Peter ter Szendy e Lucas Zwirner fora foram fundam fundamentais. entais. Lidia idia Breda apoio poiou e acompanho companhou u o projeto projeto desd desde e o iníci início o, com com a ami amizade e a força de que só só elã elã é capaz capaz agradeçoradeço-lh lhe e inf infinitamente. nitamente. Fin Fina alrnente, lrnente, agrade radeço ço a Renaud Renaud Paquett Paquette e que que el elimino iminou u qualquer resqu resquício ício de tartamudei tartamudeio em meu fra francês ncês e permiti permitiu u ao ao manuscrit manuscrito o respirar. respirar. Este liliv vro é dedicado à memóri memória a de meu meu irmã irmão gêmeo êmeo Matteo: Matteo: foi jun junto to com ele ele e ao lado lado dele que que come comecei cei a respi respira rar. r.

122

 A VIDA DAS PLAN TAS : UM A METAF ÍSICA DA MISTU RA 

Notas

1 . Das plantas, ou da origem origem do nosso nosso mund mu ndo o

1. A única única grande exceção na na modernidade dernidade é a obra-pri bra-prim ma de Gustav Fechner, Na  Nanna oder überdasSeelenleben der Pflanzen, Leipzig  Leipzig, L. Voss Voss, 1848. Diante desse sil silêncio, êncio, com começaa se erguer avoz voz de um pequeno número de pesquisadores eintel ntelectuais ectuais aponto ponto de alguns fa falaremnum plant plant tum.  Elaine Elaine P. Mi Miller, The V egetativ tive Soul: From Phil Philosophy of   Na  Natureto eto Subjectivity in theFeminine, New New York, State Univers University ity of NewYork Press, 2002; Matthew thewHall Hall, Pl  PlantsasPersons: A Philosophical  Bo  Botany, NewYork, State University University of of NewYork Press, 2011; Eduardo Kohn, Ho Kohn, HowForests Think: TowardanA nthropologyBeyondtheHuman, Berkeley, Calif Californi ornia a Universit University y Pre Presss, 2013; Michae Michael Marder, P rder, Pllant Thinking:A Philo hilosophyof of V egetal Life, NewYork, ork, Col Columbi umbia aUniversity Presss, 2013; Id. Id.,, ThePhil hilosopher’s Plant: Plant: An An Intellectual tual He Herbarium arium, New York, Columbi Columbia a Universi University ty Press, 2014 2014;; Jeff Jeffrey rey Nea Nealon,  Pl  Plant Theory: Biopower and and V egetableLife, New York, Col Columbi umbia a Univers Universiity Press, 2015. Com Com raras exceções, esses autores utores se obsti bstinam em buscar na lit literatura puramente f nte fiilosófica  ou ou antropo antropollógica ógica uma verdade sobre as plantas, plantas, sem entrar ntrar em comunicação co com m a reflexã reflexão bot botâ ânica nica contem contemporâ porâneaque, pel pelo contrário contrário,, produzi produziu u notáveis obras-pri obras-prim mas de filosof osofiada natureza. ureza. Paramencio ncionar apenas as que mais memarcaram:  Ag  Agnès Ar Arber, The Natural atural Ph Philosophy of of Plant Fo Form,  Cam Cambridge bridge,

Cambridg bridge Universi University ty Press, 1950; David vid Beerling erling, The Emerald rald  Oxford ord,, Oxf Oxford ordUnivers University ity  Pl  Planet. HowPlants ChangedEarthsHistory, Oxf Plant Know Knows: A Field Guide Guide Press, 2007; Da Daniel Chamovi ovitz, tz, What a Pl NewYork, Scientific cientific Am American/Fa n/ Farrar, Straus & Giroux, Giroux, to the the Senses, New ife of Pla Plants,  Cleve 2012; Erdr Erdred John Henry Henry Corner, The Life Cleveland,  Plant Evo Evolution. An An introduction to the World, World, 1964; Ka Karl J. Nilda Nildas, Pl  Hi  Historyof Li  Life, Chica  Chicago, The Universi University ty of of Chica Chicago Press, 2016; Sergio Stefano tefano Tonz Tonzig, ig, Letturedi biologia vegetale, Mila ilano, no, Mondadori Mondadori,, 1975;  Éloge de la plante. Pour une nouvelle biologie,  Paris, François Hallé, Hallé, Élo rillante ante. Seuil, 1999; Stefa tefano Mancuso e Alessandra Viola ola, Verde brill Sensibi nsibillità e intel ntelligenza nza nel mondo vegetale ale,  Firenze Firenze, Giunti, 2013 13.. O interesse pelas plantas plantas também se torno tornou u central na antropo antropollogia nortenorte-a americana ericana cont contem emporâ porânea a parti rtir da ful fulm minante nte obra obra-prima (centra (centrada, naverdade, emum cogumelo) elo) deAnna Low Lowenhaupt Tsi Tsing, ng,

The TheMus Mushroom at the End of the World: On the Pos Possibility of Life in Capi Capitali talist Ruins,  Prince Princeto ton, n, Prince Princeton ton Universit University y Press, 2015; e dos traba trabalhos hos de Natasha Natasha Myers, que também está preparando um livro livro sobre o assunto. ssunto. Ver especialm specialmente Natasha Myers e Carla Carla Hustak, “Invo “Involuti lutionary onary Momentum: Af Affective Ecologies Ecologies and the Sciences of  Differences: A Jou Journal of Feminist Cultural Plant/ Insect Encounters”, Encounters”, Dif Studies, 23  23 (3), (3), 2012, p. 74-117 74-117.

 Élogedelaplante, op. cit., p. 321. Ao la 2. Françoi nçois s Hall Hallé, é, Élo lado de Karl J. Nikl Nikla as, François nçois Hall Hallé é éo botânico botânico que mais seesforçou para fazer da contem contempla plação da vida das planta plantas um objeto objeto pro propri priam amente metafísico. sico.  Plant Evo Evolution: AnInt Introduction totheHistoryof Li  Life, 3. KarlJ. Niklas, Niklas, Pl op. cit., t., p. VIII. TheA meric rican 4. W. Marshall Da Darley rley, “The Essence of ‘Pla ‘Plantness’”, ntness’”, The vol. 52, no 6, sept. 1990, p. 356: “As anim  Bi  Biology Te Teacher,  vol. animals, als, we identi ntify muc much moreimmediat diate ely with otheranim animals als than withplants. plants. ”  La Li Lib bération animale, 5. Entre Entre as mais célebres, ver ver Peter Singer, La Paris, Payot, coleçã coleção “Petite “Petite Bibli Bibliothè othèqu que Payot”, yot”, 201 2012; 2; e Jonathan onathan Safran Foer, Fa L’Olilivi vie er, 2011. 2011. Mas  Faut-il manger lesanimaux ?, Paris, L’O

124

et a f í s i c a d a m is is t u r a  A VID A DAS p l a n t a s : u m a m et

o debate émuit muito antigo: antigo: ver as duas grandes obras daAnti ntiguidade, guidade, ade  Manger la chair, Paris, Plutarco Ma ris, Riva Rivages, col coleção “Petite “Petite Bibli Bibliothèq othèque  De1’abstinence, 3 vol Ravages”, 2002; e a de Porfí Porfírio, rio, De vol., Paris, ris, Les Belles Lettres Lettres, 1977-1975. Sobre a histó históri ria a do debate, ver Renan Larue,  Le  Le V égétarismeet eet ses ennemis. V ingt-cinq siècles de débats, Paris, ris, PUF, 2015. O debate anim nimalist alista, a, que está fortemente impregnado por por um morali oralismo extremamente superfi rficia cial, pareceesquecer que aheterotrof heterotrofiia pressupõe amatançade outro outros seres vivo vivos s como umadim dimensão natural natural e necessária riade todo todo ser vivo. vivo.

 L'Ouvert. De 1’homme et de 1animal, a ’ nimal,  Paris, 6. Giorgio Agamben, ben,  L'O ris, Riva Rivages, cole coleção “Peti “Petite te Bibl Bibliiothèq othèqueRivag Rivages”, 2006. 7. O debate sobre os direit direitos os das pla planta ntas existe existe de maneira neira bastante minori noritári tária aao menos desdeo célebrecapítul pítulo o XX XXVII VII do li livro deSamuel  Erewhon ou Del Delautrecôtédes montagnes, Paris, Butler, Ere ris, Ga Gallimard, 1981 TheViews of ofan Erewhonian nian Prop Prophe het concerni rningtheRi heRig ghts of  of  (intitulado TheV Vegetable ables), s), até o já já clássico artig artigo de Christo Christopher pher D. Stone, tone, “S “Should hould TreeshaveStanding tanding?Towa TowardLegal Rightsfor forNatural Objec bjects”, ts”,Southern Cali CaliforniaLawRe awReview, 45, 1972, p. 450450-501. 501. Sobre obreessas questões, stões, ver o  Plant-Thinking, útil útil resumo dos debates fi filosófi osóficos em Michael Marder, Pl op. cit.-, t.-, eaposiçã  PlantsasPersons, op. cit. posição de Matthew atthewHall, Hall, Pl 8. W. Marshall Darle rley, “The Essence of ‘Plantne ‘Plantness’”, ss’”, art. art. cit. cit.,, p. 356.  Ve  Ver tambémJ.L. Arbor, “Animal Chauvinism, Plant-R -Re egarding Ethics  ,Australianjournal ofphilosophy, vol. 64, no  An  And TheTorture OfTrees” Aus 3, sept. 1986, p. 335-369. 335-369.

 Élogedelaplante, op. cit., p. 325. 9. François nçois Hallé, Él 10. Sobre a questão dos dos sentidos das plantas plantas,, ver Da Daniel niel Chamovi ovitz, tz, What a Pl Plant Knows, op. cit.-, t.-,  Richa  Plant Se Sensing and Richard rd Ka Karban,  Pl Communication, Chica Chicago, The Universit University y of Chica Chicago Press, 20 2015 15. Cont Contudo udo,, o li limit mite dessas pesquisas reside na obsti obstinação em querer “encont “encontrar” rar” órgãos “aná “análogos” aos que tornam a percepção possív possível el entre entreos anima animais, semseesforçarparaimaginar, ginar, aparti partir das plantas plantas ede

sua morfol orfologi ogia, a, uma outra forma forma possível possível de existênci existência a da perce percepçã pção, umaoutra utra maneira neira de pensar pensar a relação relação entre entre sensação ção e corpo. 11. W. Marsha Marshalll Da Darley, “The Esse Essenceo f‘Plantness’”, Plantness’”, art. art. cit. cit.,, p. 354. 354.  A questão da superfície de exposição ao mundo é central em Gustav Fechner, N Fechner, Na anna oder über das Seelenleben der Pflanzen, op. cit.-, e em François Hallé, Hallé, Él  Élo ogede ede la plante, op. cit. Sobre  Sobre a questão questão da relação com o mundo, mundo, ver o belo belo livro ivro de Mi Michael chael Marder, arder, P  Pllant-lh -lhinkin king, op. cit., a cit., a obra fi filosófi osófica mais prof profunda que que conheço conheço sobre a natureza natureza da  vi  vida vegetal. 2. A extensão do domínio da vida

1. Jul Juliius Sachs, chs, V orle rlesungen über Pflanz flanze en-P n-Physiol siolog ogie, Le  Leipzig, ipzig, Ver Verlag lag Wil Wilhelm Eng Enge elmann, 1882 1882,, p. 733. 733. 2. Anthony nthonyTrew rewavas, vas, “Aspects of Pla Plant Intell Intellige igence nce”, ”, Ann  AnnalsofBotany, 92 (1), (1), 2003, p. 1-20 1-20,, p. 16 para para a cita citação. ção. Ver também sua sua obraobraprima, P prima, Pllant Behaviour and Int Intelligence,  Oxf Oxford ord,, Oxf Oxford ord Univers University ity Press, 2014. 2014. 3. Aristóteles, De Aristóteles, Dea anima 4l4a 25. 4. T.M. T.M. Lenton Lenton,, T.W. T.W. Dahl, S.J. .J. Daine Daines, B.J.W. B.J.W. Mills, Mills, K. Ozaki, Ozaki, M.R. M.R. Saltzm tzman e P. Porada, Porada, “Ea “Earlies rliestt land land plants plants created modern levei leveis of atmospheric oxyg oxygen”, en”, P  Prroceedings of theNat National A cademy of Sciences, 113 (35) 2016, p. 97049704-9709. 3. Das plantas, ou da vida do espírito

1. É por essa essa razão que as plantas plantas são uma impor importtante font fonte e de inspiraçã nspiração o para o design. design. Ver Ver o livro livro de Rena Renato to Bruni, Bruni, Er  Erba Volant.  Imparare Pinnovazione dalle piante,  Turin, Códice Edizioni, 2015. Sobre obre a engenhari engenharia a e a física sica vegetal, etal, ver as obras obras fundam fundamentai entaiss de Karl Karl J. Niklas, Niklas, P  Pllant Biomechanics. An An Eng EngineeringA pproach to Plant  Fo  Forman mand Function, Chicag  Chicago, The University University of of Chicago Chicago Press Press,, 1992; 92; Id., P Id., Pllant A llometry. The Scaling of Form and Process,  Chica Chicag go, The

126

 A VIDA DAS PLAN TAS : UM A METAFÍSIC A DA MISTURA 

Unive University rsity of Chicag Chicago Pre Press, 1994 1994;; Ka Karl J. Niklas Niklas e Hanns-Christ Hanns-Christof of  PlantPhysics, Chica Spatz, Pl  Chicag go, TheUniv University ersity of Chica Chicag go Press, ss, 2012. 2. Sobre obre a noção de semente na fifilosofi osofia da natureza da modernidade dernidade,,  Le Concept de semence dans les  ve  ver o belíssimo lilivro de de Hiro Hi Hirai, LeC théorie oriesdela mati atièreà la la Renais naissance. DeMarsi eMarsilleFicin à Pi Pierre rreGassendi,

Turnout, Bre Brepols, 2005 2005.. 3. Giordano Bruno,  De la causa, principio et uno, Giovanni  Aqu  Aquilecchia (ed.), Tur Turin, Einaudi 19 1973, p. 67-68 -68; tr. fr. in Giordano Bruno, Cause, pr  traduzi duzido do por por Émil Émile e Namer, er, Paris, Paris, príncipe ncipe et unité unité, tra PUF, 1982 1982,, p. 89-91. 89-91. 4 . Por uma filosofia da natureza

1. Pode-se Pode-se obj objetar que que essa náo foi a prime primeira vez. vez. De acordo com a tradição, foi Sócrates o primei primeiro a impor por à fil filosof osofiia que neg negligencias igenciasse se “a nat natureza em sua totalidade alidade [pa [para ra]] se ocupar de questões stões morais orais 2). Foi graça raças a ele que (peri ta ethika)"  (Aristóteles, Me  Metafísica, 987b 2). Platã Platão o teve a força força de “mandar a filosof osofia desce descerr dos céu céus e colocácolocá-lla nas cidades, intro ntroduz duzii-la nas ca casas [pa [para] investi nvestiga gar sobre a vida vida,, os costumes costumes,, o bem e o mal mal” (Cí (Cícero, cero, Tusculane  IV 10). 10). Ver tam também ulanesY, sY, IV  Ac  A cadêmica I, IV, IV, 15. 2. Ve Ver, por por exemplo, plo, Iain Hamilto ilton n Gra Grant, “Eve “Everythingis Prim Primai Germ Germ or Nothi Nothing ngis: The TheDeep Fie Field Log Logic ic of of Nature”, Nature”, Symposium sium: Canadian anadian  Journal ofContinental Philosophy, 19 (1), 2015, p. 106106-12 124. 4. 3. A instauraçã nstauração o do especial especialiismo nas univers universiidade dadess é co construí nstruída da sobre umdisposi disposititivo vo deignorância gnorânciarecípro recíproca ca:: serumespecial especialiista nã não sig signif nifica dispo disporr de mais conheci conhecim mento sobre um assunto, ssunto, mas ter obedeci obedecido do à obrig obrigação ção jurí jurídi dica ca de ignorar ignorar as outras outras discipl discipliinas. nas. 4. Ma Mario rio Untersteiner,  I Sofisti. Testimonianze e Frammenti,  vol. I, Flore Florence nce, La Nuova Nuova Itali talia, 1949 1949,, p. 148, B2. B2.

5.As Asadm admiirávei ráveisstenta tentatitivas vasdaantropol ntropolo ogiaderepatriar triarex-postanatureza no int interio eriorr das ciê ciência ncias huma humanas, esprei espreitando qualquer mov moviimento que perm permitisse tisse humanizánizá-lla de de novo ou socializá-la  parecem parecem nesse sentido sentido a expressã xpressão mais ingênua ngênua do esprit  Poiss emtodas essas rit d’escali alier. Poi tentati entativas, a natureza naturezapermaneceo espaço do não-humano, semque que seja seja especi specifficado cado nem do que o humano humano seria seria o nom nome (com (como ter certeza disso depois depois de Darw Darwin?), nem em que o nãonão-hum humano ano se opor oporiia ao hom homem (a ra razão? o verbo? verbo? o espírito espírito?). ?). O não não hum humano ano é ent então ão apen apena as um novo ovo nome, nome, mais sofi sofistica sticado, para as mais velha velhass ressonânc ressonânciias: “besta “bestas”, s”, “irracional”, “irracional”, “améns”. Pla Platão já já tinha tinha al alertado ertado contra contra essa ssa repartição (Político, 263d):  263d): “Sehá, entre os outros outros anim animais, umqueseja dota dotado de int inteli elig gência, como como parece rece ser o grou grou ou algum outro bicho do mesm mesmo gênero, eseestegrou dist distri ribuí buísse sse os nom nomes como você vocêacaba de fa fazer, ele provavel provavelm mente opor oporiia os grous como como uma espéci spécie e à parte parte aos outros outros anima animais, honrando honrando assim ssim a si mesmo e agrupando todo todo o resto resto,, inclusi nclusivve os hom homens, numa mesma cla classe, sse, e provavel provavelm mente lhes dando o nom nome de bestas.” O pressu pressuposto posto protag protagó órico rico parec parece e info nform rma ar e inspirar nspirar também o mo movimento oposto oposto de assim ssimilação, aquele aquele que se obsti bstina em assimil assimilar os anim animais ao homem homem, em que os atr atriibutos butos conside considerad rados os como especifi especificamente humanos pertenceriam a outras espécies anim animais. Também nesse caso, decidi decidiram ram-se previam previamente os contorno contornoss do humano e seconsi considerou derou o natural co com mo seu resto resto,, ainda ainda que depoi depoiss se negue essa mesma parti partilha dialét dialétiica. Co Com mo então então “nos precavermos cont contra ra todas todas as fa faltas dessegênero” nero”? 6. É um um dos gra grandes ndes ensinam nsinamentos entos da obra de Bruno Bruno Latour, Latour, a part partiir de suas obrasobras-pri prim mas La  (Paris,, La Découverte, couverte, 1989)  La Scienceen action (Paris e No 1991). Sobre a  Nous navons a ’ vonsjamais étémodernes (Paris, La Découverte, 1991 questã stão da da mediação técnica técnica de um pont ponto o de vist vista a também moral, oral, ver o belo lilivro de PeterPeter-Pa Paul Verb Verbe eek, ek, Mo  Moralizing Technology: Un Understanding Chicago, The Univ Unive ersity rsity of Chi Chicago and andDesig signingt ningthe heMorali ralityof of Things, Chicag Press, 2011. 7. Sobre essa questão, questão, ver o clássico de Walt Walter Biem Biemel, LeC  LeCo oncept de  Paris/ Louvain, Vrin/ Vrin/ Nauw Nauwelaerts, laerts, 1950. Sobre monde chez Heidegger, Paris/

a noçáo de mundo em filosofi osofia, ver a obra-pri bra-prim ma de Rémy Brague, La  La Sagessedu monde. Histoire stoirede de 1’expérie rience humaine de 1’unive univers, Par rs, Paris, Fayard, 1999. 8. Jakob von Uexküll, M xküll, Miilieu animal et milieu humain, Paris, Riva Rivages, cole coleção “Bibl “Bibliiothèq othèqueRivag Rivages”, 2010. 5. Folhas

1. Sergio Stefano Tonz Tonziig, Sull Sull’evoluzi uzione biologica. (R (Ruminazioni e masticature), m masticature), manuscrito crito priva ivado (propr. Gi Giova ovanni Tonz Tonzig), ig), p. 18. 2. Trata-se rata-se de uma ideia deia que remonta nta a Goethe Goethe e a seu E eu Es ssai sur la métamorphosede rphosedesplan planttes, S s, Stuttgart, tuttgart, Cott Cotta a, 1831, p. 97: “Que “Quer aplanta planta cresça, floresçaou dê fruto frutos, s, são, no entanto entanto, sempre os mesmos órgãos que realiz alizam a intenção intenção da da Natureza Natureza com com destinações stinações divers diversas e sob formas freq frequentemente muito muito modif odificadas. O mesmo órg órgão que se estendeu sobre o talo talo sob o estado de fo  folha e assumiu ssumiu as mais diversas diversas formas secont contrai rai a seguir num cálice, seampli plia nova novamente em pétalas, se cont contrai rai para produzi produzirr o estame e por por fi fim se dil dilata uma últi última vez parapassarao estadodefrut fruta.” a.”Ver VertambémLorenzOken, Oken, Le  Lehrbuchder   Na  Naturphilosophie, Dri Dritter Theil. Erstesundzweites Stück, Pneumatologie. VomGanzen im imEinzelnen, Frommann, I ann, Ién éna, 1810, p. 72: “Uma folha olha é uma planta planta int inteir eira a com todos todos os sistemas e formações, com as fi fibras, as células, os talos, os nós, os ram ramos, o córtex. córtex.” ” Sobre a histó históri ria a desse debate, ver o clá clássico de Agnès Arber, TheNatural Phil Philosophy of of Plan Plant  Fo  Form, op. cit.-, e seus ensaios ios “The “TheInterpretation tation of of Lea Leaf and Root Root in the  An  Angiosperms”, Bi  Biological Review, vol.  vol. 16, 1941, p. 81-105; 81-105; e“G “Goethe oethe’s Botany”, Chronic nica Botanic Botanica, vol a, vol.. 10, n. 2, p. 6363-126. 126. Ver Ver também o texto texto de H. Uitt Uittiien, “Histoi “Histoire re du problème de la feuill uille”, R e”, Re ecueil des travaux botani tanique ques néerlandai rlandais, s, vol.  vol. 36, n. 2, 1940, p. 460-472. Para uma discussã discussão mais moderna da questão, ver Axi  Axioms and Principles of   Pl  Plant Construction. Proceedingsofa Symposiumhe umheldat theInternation rnational  Bo  Botanical Co Congress, Sydney, Aus Australia, Au A ugust 1981,  R. Sa Sattler ttler (org (org.), Dordrecht, ordrecht, Spring pringer, 1982; Neelim Neelima R. Sinha, “L “Lea eaf De Developm velopment in in

EMANUELE C0CCIA 

129

 An  Angiosperms”, An  A nnual Review Plant Physiology and Molecular Biology, n. 50, 1999, p. 419 419--446; e Hiroka Hirokazu Tsukaya, “Comparative tive Leaf Developm lopment in in Angiospe Angiosperms”, Current Op Opinion in in Pl Plant Bi Bio ology , n. 17, 2014, p. 103-109. Para uma sínte síntese sobre a biol biolo ogia da fol folha ha, ver o belíssim líssimo livro livro de Steven Vogel, The Life   Chicago, The ife of a L eaf  Chicag Universit University y of Chica Chicago Press, 2012. 3.  Ib  Ibid., p. 31. 6. Tiktdãlilr rosede

1. A equipe era composta posta por Edward B. Daeschler, Farish rish A.  Je  Jenkins e Neil H. Shubin. Ver Per Erik Ahlberg eJennifer A. Clack, “Palaeontol ontology: ogy: A Firm Firm Step from fromWater to Land”, Land”, Na 440.7085,  Nature, 440.7085, 2006, p. 747-749 747-749; E.B. Daeschler, N.H. N.H. Shubin e F.A. Jenkins, Jenkins, “A Devonian Tetrapod-li pod-like ke Fish Fish and and the Evolution of the the Tetrapod Body Plan”, Na 440.7085, 2006, p. p. 757757-763; 763; N.H. N.H. Shubin, Shubin, E.B.  Nature440.7085, Daeschler schler e F.A. Jenkins, Jenkins, “The Pectoral Fin of of Tikt the Tikta aalik roseaeand the Origin of of theTetra etrapod Limb”, Limb”, Na  Nature440.7085, 440.7085,2006, 2006, p.764p.764-77 771;Neil H. Shubin, Shubin, YourInner Fis Fish: TheAm eA mazingD azingDiiscoveryofour375375-m milli llion London, Penguin Books, 2009.  ye  y ear-oldAnc Ancestor, London, 2. Stanley L. Mil Miller e Harold rold Clayto Urey, “Org “Organic Compound Synthesis ynthesis on the Prim Primitive tive Earth”, Scie ience,  vol. 130, n. 3370, 1959, p. 245245-251. 251. A experiência xperiência confi onfirmou a tese abioge abiogenética aventada por Oparin e Hal Haldane. 3. A ideia deia da sopa primordi primordial al aparece pela prime primeira vez numa carta de Darwin ao botânico botânico Joseph Joseph D. D. Hooke Hooker de Io Io de fevereiro de 1871, que fa fala de um “pequeno lago quente”, quente”, e reaparece nos escrito scritos s de Oparin e deHaldane, Haldane, que sereferema uma “sopaquente dil diluída” uída” (hot dil dilut ute esoup) como prim primeiro meio da vida vida. Ver VerJohn ohn B.S B.S. Haldane, “T “The he Origin of of Life Life”, Ra 3-10; e Aleksandr  Rationalist Ann Annual, 148, 1929, p. 3-10; I. Opa Oparin, TheOrig Origin ofLife Life, NewYork, Macmil Macmilllan Com Company, 1938. Sobre essa questão, ver Antoni ntonio o La Lazcano, “Histo “Histori rical cal Deve Development of of Origins rigins Research”, Cold Spring SpringF Flarbor Pe Perspective tives in in Bi Biology, 2 (11):

130

 A VID A DAS PIA NTA S: UM A META FÍSICA DA MISTU RA 

a002089doi doi: 10.1101/ cshperspect.a ct.a002089; Iris Iris Fry, TheEmergenceof   Lif  Lifeon Earth: A HistoricalandScientificOverview, NewBrunswick, NJ Rutgers Universi Universitty Press, 2000. 4. E essaa autênti têntica sig signif nificação fil filosóf osófica ica do livro de René Quinto uinton, n,  L Eau de mer en milieu organique. Constancedu edu milieu marin originei commemilieu vit vital des cellule ules, à trave travers la la série rieanim animale ale, Paris, Masson 1904. Verp. V: “Este “Estelivro vai estabelecersucessiva ssivamenteosdois oispontos pontos seguintes: uintes: 1) A vi vida anima nimal, no estado de célula, célula, apareceu nos mares. 2) Através da série rie zool zoológica, a vida anim animal sempre tendeu a manter as células ulas que com compõem põem cada organism nismo num meio marinho rinho,, de sorte que, salvo algumas exceções presentemente negligenciáveis, enciáveis, que, aliás, parecem se referi referirr a espécie cies inf inferio eriores res e degradadas, todo todo orga organism nismo anim animal é umverdadeiro aquário rio marinho marinho,, onde cont contiinuam aviver, viver, nas condições condições aquáticas das orig origens, as células queo const constiituem.” tuem.” 7 . Ao ar ar livre: livre: ontologia da da atmosfe atmosfera ra

1. Sobre essa questão, a bibl bibliiografi ografia é imensa. Ver Ver Patrici Patricia a G. Gensel e Di Dianne Edwards (orgs.) (orgs.),,  Pl  Plants Inv Invade the La Lan nd —Evolutionary  & Environm nvironmental ntal Perspective tives,  s,  New New York, Col Columbia bia Unive niversity rsity Press, 2001; M. Vec Vecoli oli, G. Clém Clément e B. Meyer-Berthau yer-Berthaud (org (orgs.), s.), The Terrestriali strializatio ation Pro Process: Modelling Complex Interactio tions at the  Bi  Biosphere-geosphere Interface, London,  London, The The Geologica ological Society, ociety, 2010; 2010;  Jo  Joseph E. Armstrong, Ho  HowtheEarth TurnedGreen:A Brief3.8-BillionYearHistoryof Pl  Plants, Chicago, The Uni Universit versity y of of Chica Chicago Pre Press, 20 2014 14..  Ve  Ver tambémos manuais de história evolutiva das plantas: entre outros, Kathy thy J. Willis, Willis, TheEvolutio tion of Pla Plants, Oxf  Oxford ord, Oxf Oxford ord Univ Unive ersity rsity Press, 2002, sobretudo tudo os capítulos pítulos II e III; eT.N. .N. Taylor, ylor, E.L. Taylor, ylor, M. Kring Krings, P s, Pa aleobotany: The Biology and Evolution of of Fossil Plants, Burling rlington/ London/ San Die Diego/ New York, ork, Else Elsevie vier/Aca r/ Academic Pre Press, 2009. Entre Entre os estudos mais recentes, ver J.A. Raven, “Com “Comparative tive Physio Physiolo log gy of of Pla Plant and Arthropod Land Land adaptati ptation”, on”, P  Ph hilosophical Transactio tionsof ofthe theRoyal Society ofLo London, B n, B 309, 1985, p. 273-288; 273-288;

Paul Ken Kenrick e Peter R. Crane, Crane, “The Origin rigin and and Early Early Evoluti Evolution on of Pla Plants on Land”, Na (6646), 1997, p. 33-39; 33-39; Martin rtin Gibl Gibliing  Nature, 389 (6646), e Neil Neil Davie vies, “Paleozoi “Paleozoic c Landscapes Shapes by Pla Plants Evol Evoluti ution” on”,,  Na  NatureGe eGeosciences, 3, 2012, 2012, p. 9999-105 105. 2. Com Como escreveuKarl J. J. Nikl Niklas, as, a afirmação da davidavegetal foi foi mais uma invasão do ar do que da terra. Ver sua obra obra magistral gistral TheEvolutionary   Chicago, Univers University of of Chicago Press, 1997.  Biiologyof Pl  B  Plants, Chica 3. R.B. R.B. MacNaug cNaughton, hton, J.-M. Cole, Cole, R.W. R.W. Dalrymple, lrymple, S.J Braddy, D.E.G .E.G.. Briggs, T.D T.D.. Lukie, “First “First Stepson Land: Land: Arthropod ArthropodTrackways in Cambria brian-O n-Ordovi rdovician Eolian Eolian Sandstone, ndstone, Southeastern Onta Ontario, rio, logy, vol. Canada”, Geolo  vol. 30, 2002, 2002, p. 391-394. 4. Simon J. Braddy, “Eurypterid “Eurypterid Palaeoecolog oecology: Palaeobiol obiologica ogical, Ichnologica chnologicall and Comparative tive Evide Evidence nce for a ‘Mass-moult ss-moult--mate’  Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology,  172, hypothesis”,  Pa 2001, p. 115-132. 5. Sobre essaquestão, stão, abibl bibliiografiatambémé imensa. Ver as intui intuiçõ ções es fundamentais de Preston ton E. Cl Cloud, “A “Atmospheric tmospheric and Hydrospheric 729-736; ede Evolution Evolution on the Primiti itive Earth”, Science, 160, 1972, p. 729-736;  Ea arly  HeinrichD. D. Holl Holland, “Early “EarlyProterozoicAtmosphe AtmosphericChange”, nge”,in in E tefan Bengston (org.) (org.),, NewYork, Co Columbia Univers Universiity  Lif  Lifeon Earth, Stefa Press, 1994, p. 237237-244; 244; Id., Id., “The Oxygenation tion of of the Atmosphere  Philosophical Transactions of theRoyal Society: Biological and Ocea Oceans”, Ph 361,,200 2006, 6, p. 903-915 903-915; Id. Id.,, “Why theAtmospherebecame Sciences, vol. 361 Oxygenated: A Proposal Proposal”, Geochim 2009, himica et Cosmochim himica Ac Acta, 73, 2009, xygen. A p. 52415241-52 5255. 55. O belílíss ssimo imo livro livro de de Donal onald E. Canf Canfield, ield, Oxy  Princeton, ton, Prince Princeton ton Univers Universiity Pre Press, 2014,  Fo  F our Billion YearHistory, Prince fornece uma orienta orientação. Para umaexplica explicação do grande acontecime contecimento oxi oxidativo tivo a partir rtir de causas geológica ológicas, ver, entre outros, outros, M. Wi Wille,  J.  J.D. Kr Kramers, T.F. Na Nagler, N. N.J. Be Beukes, S. Schroder, T. Meisel, J.P. Lacassie, ssie, A. A.R. Voeg Voegeli elin, n, “Evi “Evide dence nce for a Gradual Rise of Oxyg Oxygen between 2.6 2.6 and 2.5 2.5 Ga Ga from Mo Isotopes and Re-PG Re-PGE E Signatures in Shales”, Geochim 2007, p. 2417-2435 2417-2435. himica et Cosmochim himica Ac Acta, 71, 2007,

132 132

 A VIDA DAS PLA NTAS : U MA METAFÍSIC A DA MISTUR A 

Paraumaexpli xplicação biol biológica ógica, verentreoutros: T. T.J. Algeo, R.A. R.A. Berner,  J.  J.B. Maynard, S.E. Scheckler, “Late Devonian Oceanic Anoxic Events and Biot Biotiic Crises: Rooted Rooted in the Evol Evolutio ution n of Va Vascul scular Land Plants Plants ?”, GSA Today, 5, 1995, p. 63-66; 63-66; Joseph oseph L. Ki Kirschvinke rschvinke Robert E. Kopp Kopp, “Paleoproter “Pa leoproterozo ozoic ic IceHouses and the Evol Evolutio ution n of of Oxyge Oxygen-m n-medi ediating ting  Philosophical Enzym Enzymes: The TheCase for a La Late te Ori Orig gin of of Photosyste Photosystem II II”, Ph Transactio tion ofthe theRoyal Society, B 363, 2008, p. 27552755-2765. 2765. 6. Ver abibl bibliiografia citada citadana nota anterior. 7. Sobre a histó históri ria a do conceito de atmosfe osfera, ver ver Craig Craig Martin, artin, “T “The he in Hi Historyand Phil Philosophy of ofScience, Inventio nvention n of of Atm Atmosphe osphere”, Studies in  A 52, 2015, p. 44-5 -54 4.  Mondes animaux et monde humain, Paris, 8. Ver Jakob von Uexküll, xküll, Mo Pocket, 2004, 2004, p. 13-15.  Ibid., p. 15. Ve heBiolog ologie, 2a 9. Ib Ver também bémJakob von von Uexkül Uexkülll, TheoretischeB ed., d., Berlin, Berlin, J. J. Spring pringer, 1928, p. 62: “O “O espaço ao redor de decadaanimal é uma bolha bolha desabão no interi nterio or da qual ocorrem ocorremsuas ações.” ões.” tischeBi heBiologie, op. cit., p. 42. 10. Ja Jakob von von Uexküll Uexküll,, Theoretisc  Mondesanimaux et mondehumain, op. cit., p. 29. 11. JJa akob von von Uexküll, Mo  Die Lebenslehre,  Potsda 12. Ja Jakob von von Uexküll Uexküll,,  Die Potsdam, Mül Müller & Kiepenheuer, 1930, p. 134.  Niche 13. F.J. F.J. Odli dling-Smee, K.N. Laland Laland e M.W. M.W. Feldman,  Ni Constructio tion: TheNeglected Process in in Evo Evolutio ution, Princeton, Prince Princeton Universi University ty Press, 2003. A teoria teoria da construção dos nichos deve muito uito aos escritos tos de R.C. R.C. Lewonti ontin, “Org “Organism nism and Envi Environment”, nt”, in H.C. Plotkin (org (org.), Learning, Development and Culture, New New York, Wiley, Wiley, 1982, p. 151-170; Id., Id., “The Organism nism as the Subject and Obj Objec ect of of Evolution”, Scientia,  vol. 118, 1983, p. 6565-82 82;; Id., Id., “Ada “Adaptation”, ptation”, in alectic tical Bi Bio ologist, Richa Richard Levins vins et Richa Richard Lewontin ontin (org (orgs.) s.),, TheDiale Cambridge bridge, Harvard Universi University ty Press, 1985, p. 6565-84. 84. Para uma smand d Env Environment: revisã visão da da questão, ver Sonia nia E. Sultan, ultan, Organisman

 Ecological Development, Nic Niche Construction and A daptation, Oxford Oxford, Oxford xford Universi University ty Press, 2015.

14. Kevin vinN. La Laland, “Extending “ExtendingtheExte ExtendedPhenotype”, B  Biiologyand  Ph  Philosophy, vol. 19, 2004, p. 313313-325 325; K.N. K.N. Laland, J.F. Odling dling-Smee e M.W. Feldman, “Evol “Evolutio utiona nary Consequences of of Niche Niche Construction onstruction  ProceedingsoftheNati Natio onalA cademy  and their their Im Implica plications tions for forEcolog Ecology”, Pr p. 1024 2422-10 10247; K.N. K.N. La Lalan land, J.F. J.F. OdlingOdlingofSciences, vol. 96, 1999, p. Smee e S.F. Gilbe ilbert, rt, “EvoDe “EvoDevo and and Niche Constructi Construction: on: Building Building  Journal ofExperimentalZoology, 310, 2008, p. 549-566. Bridges”, Jo 15- G.G. .G. Brown, C. C. Felle ller, E. Bla Blanchart, P. De Deleporte e S.S. Chernyanskii nskii, “Wit “With Da Darwin, Ea Earthworms turn Intell Intelliigent andbecome  Pedobiologia, vol. 47, 2004, p. 924-93 Human Friends”, Friends”, Pe 924-933. 16. Charles Dar Darwin, The Formatio ation of of Ve V egetable Mould, through the  Ac  A ction of Worms, with Ob Observations on th their Habits,  London, John Murray, 1881, p. 305. 17. Ibid 308-309.  Ibid,, p. 308-309. 18. Ibid  Ibid,, p. 309-310.  Ibid, p. 312. 19. Ibid

20. Kim Sterenly, nly, “Made By Each Other; Organisms and Their Environment”, B 21-36.  BiiologyandPhilosophy, vol. 20, 2005, p. 21-36 21. A literatura sobre a cultura cultura animal se tornou tornou conside considerável. Ver, entre outros, Ga Gavin vin R. Hunt Hunt e Russell D. Gray, “D “Dive iversifica rsificati tion on and Cumulative ulative Evol Evolution ution in New Ca Caledoni ledonia an Crow Tool ool Manufa nufacture”, cture”, 867-874; Ke Kevin N. N.  Pr  Proceedings of the Royal Society,  B 270, 2003, p. 867-874; Laland Laland e Wil William Hoppitt Hoppitt,, “D “Do o Animals have Culture Culture?”, ?”, Evolutionary   An  A nthropology, vol. vol. 12, 2003, p. 150150-159; 159; Ke Kevin N. LalandeBennett G. Galef lef Jr Jr (orgs.), TheQuestio  Cambridge, Harvard tion of An  A nimal Culture, Cambridge Universit University y Press, 2009; Luke Rendell e Hall Whitehea Whitehead, “Culture “Culture in  Be ehaviour and Brain Sciences, vol. 24, 2001, Whales and Dol Dolphins”, phins”, B p. 309-32 324; 4; David vid F. Sherr Sherry e Be Bennett G. Galef Jr, “Social Learning

134

 A VID A DAS PIAN TAS : UM A METAFÍS ICA DA MISTU RA 

without ithout Imita itation”, tion”, An p. 987-989 987-989;  A nimal Be Behaviour,  vol. 40, 1990, p.  An  Andrew Whiten et Carol P. Van Schaik, “T “The Evolution of Animal ‘culture ‘cultures’ and Socia ocial Intellige ntelligence”,  Ph  Philosophical Transactions of the 603-620. Uma introduçã ntrodução importa portante  Ro  Royal Society, B 362, 2007, p. 603-620. e ori original é a de Dominique minique Lestel, Le  Les Origines animales dela culture, Paris, ris, Flam Flammarion rion,, 2001. 22. Ver F.J. .J. Odling dling-Smee, K.N. K.N. Laland e M.W. Feldma ldman,  Ni  Niche Constructio tion, op. cit., t., p. 13; “We call all this second general ral inheritanc ritance system ecolog ological inherita ritanc nce. It comprise prises whate atever legacies of of modif odified natura naturall selectionpressures are are bequeathe athed by ni niche construc onstructingance ngancestral stral organism anisms to the their descendants. Ecolog ological inherit ritanc ancedif differsfrom genetic netic inherit ritanceinseveral ral important rtant respects.” ts.” 23. Kevin N. Laland, Laland, “Ext “Exte ending the Exte Extended Phenot Phenotype ype”, p. 316: “Org “Organism anismsnot only onlyacquire acquiregenesfrom nesfromthe theiranc ancestorsbut butalso alsoan ecolog ological inherita ritanc nce, that is, a legacy of of natura naturall selectionpressures that that have been modif odified by the the nic nicheconstruc onstruction tion of of their genetic or ecolog ological ancestors.  Ecologicalinheritancedoesnotdependon thepresenceofanyenvironm nvironment ntal al repli plicators, ators, but merely rely on the thepersist rsiste ence, between generat rations, ofwhat hatever  physic physical changes are are cause aused by ancestral stral organism anisms in in the local selective environm nvironment nts sof oftheirdescendants. Thusecolog ological inherit ritanc ancemoreclosely  resemble blesthe theinherit ritanc anceofterri rritoryorproperty rtythan thanit itdoestheinherit ritance ofgenes. ” 24. Georgyi F. Ga Gause, TheSt ltimore, ore, Wil Willia liams Strug rugglefor efor Existence, Baltim & Wilki Wilkins, ns, 1934. Para a histó história ria do conceito de nicho, ver Arnaud Pochevil ville, “T “The heEcolog Ecological Niche Niche: Histo History ry and Recent Controve Controversies”, in T. Hearns, rns, P. Hunem Huneman, G. Lecointre Lecointre e M. Silberstein berstein (org (orgs.), s.), pringer,  Ha  Handbook of Ev  Evolutionary Thinkingin theSciences, NewYork, Spring 2015, p. 547-586 547-586. 25. Sobre a noção de inf influência em ecologi ecologia a, ver o artig rtigo clássico de Robert Robert J. Naiman, “A “Ani nim mal Influe nfluence nces on Ecosystem Dynamics”,  vol. 38, 1988, p. 750-752, 750-752, que que reconhece a dif dificuldade de  BiioScience, vol  B limitar mitar a ampli plitude da ação dos seres vivos vivos sobre o meio: eio: “Asageneral

phenomenon, this thisprocessis iscompli plicate atedanddif difficult ulttostudy becausem ausemany  ani animalpopulat populatiioncyclesoccur over longperiods riods (l.e., decades); s); alte alterati rations to the ecosystem are are appare arently ntly subtle subtle over short periods riods (l.e.,  (l.e., increased tree mortali ortality or al altered soil form formati ation); on); and and shifts fts in in biog biogeochemical cycles or sedim diment and soil soil charac haracteristi ristic cs are are not detectable able over short periods (l.e., periods (l.e., y  ye ears). Nevertheless, th thesesu esuccessional pathways often result in a heterogeneous landsc landscapetha apethatt would ould not occur under thedominati nating influe nfluence of of climate ate and and geolog ology alon alone; they require quire the intervention ntion of  of  anim animal activ tivity. ” 26. Ver Ver o célebre ensaio de C.G C.G. Jones, Jones, J. J.H. Lawton ton e M. Shachak, “Orga “Organism nisms as Ecosystem Engineers”, Oikos,  Oikos,  69, 1994, p. 373-386 373-386:: “Ec “Ecosystem engineers are are organism anisms that that direc directly or indi indire rectly tly modulat ulate e the avail availabil ability of of resources (othe (other than than themselves) to othe other species, by  causing ausingphysic sical statec statechangesin in bioti biotic corabioti abiotic cmaterial rials s. Insodoingthey  modify, dify, maintai aintain n andl andlor or create atehabitats. Thedire directprovision sion of of resources byan organism anismto to otherspecies, in theform orm of ofliving vingor dead tiss tissues is is not engineering ring. Rather, it iis sthestu stuffofmostcontemporar poraryecolog ological research,  fo  for exampleplant-herbivorepredator-prey interactions food web studies anddecomposit positionprocesses. ” 27. Charles rlesBonnet, Re  Recherchessurl ’usagede fe  sfeuil illlesdanslesplantes. Etsur  quelquesautre autressuje sujetsre relatifs atifsàl’ l ’histoi histoire redelavégétat tation, G on, Gotti otting ngen/Le n/ Leyd yde, Eli Elie Luzac, 1754, p. 47. Sobre tudo o que vem a seguir, uir, ver Leonard Kollend ollender Nash, Nash,  Pl  Plants an and th the Atm Atmosphere,  Cambridge Cambridge, Harvard Universi University ty Press, 1952; How Howard Ge Gest, “Sun-bea n-beams, Cucumbers, and Purple PurpleBacteria: cteria: Histori Historica cal Miles ilestone tonesin inEa EarlyStudiesof ofPhotosyn Photosynthesis Revisited”, P Revisited”,  Ph hotosynthesis Re Research, 19, 1988, p. 287-308; 287-308; Id., Id., “A ‘Mispla splaced Chapter’ in in the Histo History ry of Photo Photosyn synthes thesiis Research; the Second Publi Publication cation (1796 (1796)) on Pl Plant Processes by Dr Jan Ing Ingenhousz, nhousz, MD, Discovere iscoverer of of Photosynthe Photosynthesis”,  Ph  Photosynthesis Research, 53 1997, p. 6565-72; 72; R. Govindj ovindje ee et H. Gest (org (orgs.), “Celebrati “Celebrating ng the mill millenniumennium-hi histo storical rical hig highlig hlights of phot photosynthe osynthesis research, rch, Part 1”,  Ph  PhotosynthesisResearch, 73,  73, 2001, 2001, p. 1-308; R. Govi Govind ndjee jee, J.T J.T. Bea Beatty, H. Gest (org (orgs.) s.),, “Celebrati “Celebrating ng the the mililllennium —histori —historica cal hig highlig hlights

136

 A VID A DAS PLA NTA S: UM A META FÍSIC A DA MISTU RA 

of photosynthe photosynthesis research, Part Part 2”, P 2”, Ph hotosynthesis Research, 76, 2003, p. 1-46 1-462; Jane Hil Hill, “Ea “Early Pionee Pioneers of Photosyn Photosynthesis Research”, rch”, in  J. Eaton-Rye, B.C. Tripathy, T.D. Sharkey (o (orgs.),  Ph  Photosynthesis:  Pl  PlastidBiology, Energy Conversion and Carbon Metabolism, Dordre  Dordrecht, Springer, 2012 2012,, p. 771 771--800. Sobre a botâ botânica no sécu século XV XVIII, ver o importante portante estudo de François nçois Delaporte, Delaporte, L  Le eSecondRègnedela nature.  Es  Essai sur les questions de végétalitéau XVII XVIIIesiècle, Paris, Flam Flammarion, arion, 1979. Ver tam também a suma magistral gistral de Claude Claude La Lance, R nce, Re espiration et photosynthèse. Histoire stoiree et secrets d’une d’uneéquatio quation, Les n, Les Uli Ulis, ED EDP Sciences, 2013. Para uma intro ntrodução dução às pesquisas atuais, ver Jack Farinea Farineau e  Je  Jean-Fr -François Morot-Gaudry,  La  La Ph Photosynthèse. Processus physiques, molé oléculai ulaire res etphysiol siolog ogiques, V s, Ver ersaililles, les, Editions Editions QUAE, QUAE, 2011. 2011. 28. Jose Joseph ph Priestley, Priestley, “Obs “Obse ervations tions on Dif Different Kind Kinds s of Air”, ir”,  Ph  Philosophical Tr Transactions of the Royal Society of London, 62, 17 1772 72,, p. 147-264, 147-264, aqui p. 166. 29. I 29. Ib bid., p. 168. 30. Ib 30. Ibid id,, p. 232. 31. Ib 31. Ibid id,, p. 193. 32. Jan Jan Ing Ingenhousz, E housz,  Exp xperiments upon Vegetables, Dis Discovering their  Great Po Power of of Purifyi urifying ngthe the Common A ir in in the Sun-Shine, and of  of   Inj  Injuringit in theShadeandat Night, towhich isjoined, a newMethodof   Exa  ExaminingtheA ccurateDegreeof eofSalub Salubrity rity ofthe theA tmosphere, London, Elm Elmsly & Payne, 1779, p. 12. Sobre Ingenhousz, ver Gee Geerdt Magiels,  Fr  FromSu mSunlight to Insight: Jan Jan Ingenhousz, th theDis Discovery ofPhotosynthesis and andSciencein the theLight of of Ec  Ecology, Bruxell  Bruxelles, VUBPre VUBPress, Aca Academic and Scientif cientific Publilishe shers, 2010. 33. I 33. Ib bid., p.  p. 9 34. Ib 34. Ibid., p. 14-16. 35. I 35. Ib bid., p. 14. 36. Ib 36. Ibid., p. 31.

37. Jea Jean Senebier,  Mé  Mémoires physico-chimiques sur l’ l ’influence de la lumièresolai solaire repour pour modif odifierle lesêtre tresdestro troisrègnesdela nature nature, Ge Genève, Barthelemi Chirol Chirol,, 1782. 38. Nicol Nicolas asThéodoredeSaussure, Re  Rechercheschimiquessurla végétation, Paris, chez la laveuveNyon, Nyon, 1804. 39. Jul Juliius Robert Robert von Mayer, yer,  Die  Die organische Bewegung im ihrem  Zusammenhänge mit dem Stoffwechsel. Ein Be Beitrag zur Naturkunde, Heilbro Heilbronn, nn, Drechsel’scheBuchhandlung ndlung, 1845. 40. Ver osestudos pionei pioneiros ros que levaramà compreensão do di dinamismo quími químico da fotossíntese: Robin Robin Hil Hill, “Oxyg “Oxygen Evolved by Isola Isolate ted d Chloroplasts”, Na  Nature, 139, 1937, p. 881881-882; 882; eId., “Oxyg “Oxyge en Produce Produced by Isola Isolated ted Chloroplasts”, Chloroplasts”, P  Prroceedings of the Royal Society Biological Sciences, B , B 127, 1939, p. 192192-210 210. 41. Arthur Lovelock, Lovelock, “G “Ge eophysiolo iolog gy. TheScience cienceof Ga Gaia”, R ”, Re eviewsof  Geophysics, 27, , 27, 1989, p. 215-222, 215-222, aqui p. 216. 216. 42. Sobre a histó históri ria a da noçã noção de simbiose, ver Ol Olivier vier Perru Perru, “Aux orig origines des recherches sur la la symbiose biose vers 18681868-1883”, 1883”,  Re  Revue d’hist histoi oire redessciences, 59 s, 59 (1), (1), 2006, p. 5-27 5-27. Paraa histó históri ria a do conce conceito de sim simbiogê biogênese, ver o estudo de Liya Liya Niko Nikollaevna vna Khak Khakhina, hina, Concepts ofSym fSymbio biogenesis: sis:A Historic ricaland andCri Criti tic cal StudyoftheResearchof of Ru  Russian  Bo  Botanists, NewHaven,Ya YaleUniversit University yPress,1992;eatraduçãodeVi Victor ctor Fet do cláss clássico de Boris Mikhayl khaylovi ovich Koz Kozoo-Pol Polya yansky, Symbiogenesi sis:  A New Principle of Evolution,  Cambridge bridge, Harvard Univ University ersity Press, 2010. Paraas abordag bordagens contemporânea contemporâneas, ver os estudos magistrais gistrais de Lynn Marguli ulis, Symbiosis in Ce Cell Ev Evolutio ution: Mi Microbial robial Communiti unities in theA rchean and and Prote Proterozoi rozoic cEons, 2ae  2a ed., New New York, ork, W. W. H. Fre Freeman, 1993; Id., Id., Symbio biotic ticPlanet: A NewLookAt AtEv Evolution, NewYork, Basic Books, Books, 1998. 43. Sobre este ponto, ponto, ver Allison L. Steiner teiner et alii.,  alii.,  “Pol “Polllen as  At  Atmospheric Cloud Condensation Nuclei”, Geophysic sical Researc arch  Letters, 42, 2015, p. 35963596-3602 3602.

4 4 . C r a i g M a r t in i n , “ T h e I n v e n t io i o n o f A t m o s p h e r e ” , a r t. t. c it it.

45. Ver Filon Filon de Alexandria, D ndria, De e confusione linguarum, 184, II II, Paul Wendland Wendland (ed.) (ed.),,  Ph  Philoni Al A lexandrini Opera qu quae supersunt,  vol. 2, Berlin, Reimer Reimer,, 1897, p. 264 (S.V. (S.V.F. Il 472); Alexand Alexandre deAfrodísias, rodísias, Sur la mixtio tion et la la croissanc ance (De (De mixtio tione),  ),  tra traduzido por Jocelyn Groisa roisard, Paris, Les Belllle es Lettres, 2013. Sobre a questão da mistura,  ve  ver a magnífica monografia de Jocelyn Groisard, Mixis. Lep Leproblème du mélangedansla laphilosophie hiegrecque qued'A ris ristoteà teà Sim Simplic plicius, Pa  Paris, ris, Les Belles Belles Lettres, Lettres, 2016. 46. Eopressuposto ostodaquasetot totalidade alidadedosdebatesatuaissobreorealismo especulativo culativo,, que parecem infeli nfelizmente zmente conhecer exclusiv exclusivam amente os dois dois primeiros conceitos conceitos de mundo, ignorando totalmente totalmente a ideia de mundo undo como mistura. Ver, er, entre outros, Quenti uentin n Meill Meilla assoux, Ap ssoux, Après la fini finitude tude,  Paris, Seuil, 2006; e Markus Ga Gabriel, briel, P  Po ourquoi le le monde n’existepas, Paris, JC JC Lattè ttès, 2014. 47. Alexan Alexandre dredeAfrodísia rodísias,Sur s, Surla mixtio tion et la la croissance(De (Demixtio tione), op. cit., t., p. 66-7. 48. João 48. João Estobeu, Eclogarumphysicarumet ethicarumlibri duo, I, XII, 4 (153.24 (153.24 Wachsmut =S =SVF II II 471). 471). Quando Ge Georges Canguilhem uilhem escreve que “viver “viver é irradiar, rradiar, é  org organizar anizar o meio a parti rtir de um centro de referência ncia que não pode ele própri próprio ser referido referido sem perder sua sua significaçã significação origin riginal” al”,, está paraf rafrasea seando inconscientem inconscientemente ente o conceit conceito o estoico stoico de pneuma  pneuma  (que (que teve vastas ressonâncias no Renascim scimento). ento). Ver Georges Canguil uilhem, L hem, La a Connaissancede ede la vie, Paris, Vrin Vrin,, 2006, p. 188. 8 .0

sop sopro do mundo mundo

1. Manuscri nuscrito to da Dibner Coll Collection, ection, MS. 1031 B, TheDibner bner Libra Library of the History History of of Scie Scienc nce e and Technol Technolog ogy, y, Smithsonia ithsonian n Institution nstitution Libra Libraries, c. 3v: “T “Th hus this this Earth Earth resemble bles a great anim animall all or rat rathe her 

EMANUELE

139

inanim nanimate atevegetabl table e, drawsin inae aethereall all breath athfor itsdayly daylyrefre freshment & vital! fe  ferment & transpiresagain withgrossexhalations. ” 2. Ja James Ephraim Love Lovelock lock e Lynn Margulis, ulis, “Biol “Biologica ogical Modulation dulation of the Earth’sAtmosphe tmosphere”, I ”, Ic carus, 21, 1974, p. 471-489, 471-489, aqui aqui p. 471;  ve  ver também Id. “Atmospheric Homeostasis by and for the Biosphere: theGaia Hypothe Hypothesis”, Tellus, 26, 1974, p. 2-10. 2-10. Sobre ahistó históri ria adatese deGaia, ver adetalhada detalhadaobra de Michael Ruse, Gaia: aia: Scienceona Pagan  Pl  Planet, Chicago, Universit University y of Chica Chicago Pre Press, 2013. 3. Ja James Ephraim Love Lovelock lock e Lynn Marguli rgulis, s, “Biol “Biologica ogicall Modula odulation tion of the Earth’s atmosphere”, re”, art. cit. cit.,, p. 483. 4. Jea Jean-Ba n-Baptiste ptiste deLamarck, H rck, Hy ydrogéologie, ou Recherchessurl’influence quont leseaux surla lasurf surfaceduglobeterre rrestre stre; surle lescausesdel ’existence du bassin sin des mers, deson dépla déplacement et deson transport ransport suc successif ssifsur le les dif différenspoint points s de la la surf surfacedu globe ; enfi nfin sur les changemens que que les corpsvivans vivansexercentsur la natur nature eet l ’état decettesurfac surface, Paris, Paris, Ag Agasseet Maillard, 1802, p. 55. Ib  Ibid., p. 167167-168 168 : “Os “Os detri tritos tos doscorpos vivo vivos s edesuas produções se conso consom mem incessantemente, nte, se defo deformam e no final dei deixam xam de ser reconhecívei cíveis s [. [...]. As As águas pluvi pluviais que molham molham, embebem, lavam e fi filtram, desprendem desses detrito tritos s corpos vivos vivos das molécu oléculas integ ntegrantes de diversos diversos ti tipos, pos, favorece vorecem as alterações que elas sofre sofrem então em sua natureza, natureza, arrastam-nas, carregam-nas e as deposit depositam no estado em que chegaram.” chegaram.” 6. Jea Jean-Bapti n-Baptiste ste de Lamarck,  Mé  Mémoires de physique et d’histoire nature naturelle, établi ablis sur le les bases de rai raisonnement indépendante ndantes de toute théorie orie; avecl’ l’expli plicatio ationde denouvellesconsidérati rationssurla lacausegénérale ale des dissolutio utions; sur la mati atière defeu ; sur la la coule uleur des corps ; sur la la  fo  formation descomposés; sur l’originedes minéraux, etsurl’organisation des corps viv vivans, lusà lapre premiè mièreclassede sede l’ l’Institut nstitut nati national danssesséances ordinai rdinaire res, suivi suivis s de Discoursprononc prononcé à la la Société Phil hilomatique atiquelle 23  fl  floréal an V, Paris, 1797, p. 386.

7. Ver Ver o belíssim belíssimo texto de Jean-Ba n-Baptiste ptiste Fressoz, “Circonv “Circonvenir enir les les circumfusa-. la chimie, chimie, l’hygiénisme l’hygiénisme et la li libéralisation tion des choses environnantes environnantes ( 1750-1850 0-1850) ”, Re  Revued’histoiremoderneet contemporaine, 56 (4), 2009, p. 3939-76 76.. 8. Jean-Ba n-Baptiste ptiste Boussingault e Jean-Ba n-Baptiste ptiste Dumas, E s, Es ssai destatique chimi himiqu que edesêtresorganisé anisés, Par s, Paris, Fortin Fortin Masson, 1842, p. 5-6. 5-6. 9. Vl Vladimir I. Vernadski, dski, TheBiosphere, New TheBiosphere, NewYork, Coper Coperni nicus, cus, 1998, p. 122. Sobre aposiçã posição deVernadski dentro da dahistó históri ria a do pensamento ecológico cológico,, veras primeirasindicaçõesdeJean-Paul n-Paul Deléage, Unehistoire del’ l’écolog ologie, Paris, ris, La Découverte, 1991, cap. IX. IX. 10. Ibid., p. 76. 76. 11. Ib  Ibid., p. 120. 12. Ibid  Ibid,, p. 87. 13. Ib  Ibid., p. 44. Ver tambémp. 47 : “T “Thebiosphe biospherem remay beregarde rdedasa region of oftransform ransformers that that convert cosmic radiat radiatiions int into o activeenergy in in electri trical, al, chemical, al, mechanic hanical, al, thermal and and othe fo  rforms. Radiationsfrom allstarsente nter thebiosphere, but wecatc atchand andperceiveonly nlyan insig nsignifi nific cant part oft ofthetotal; total; this this comes alm almost exclusive usivelyfrom theSun. ” 14. Ib  Ibid., p. 50. 15. Ib  Ibid., p. 57. 16. Hipocrates Hipocrates, Air  Airs, eaux, lieux, traduzido  traduzido por por PierreMaréchaux, Paris, Riva Rivages, col coleção “Peti “Petite te Bibli Bibliothèqu othèque Rivag Rivages”, 1995. 17. Ver Montesquieu, ontesquieu, Del  Del’’esprit des lois, 3e  3e partie, livre livre XIV, cha chap, x, Paris, Flammarion, 1979, vol. vol. I, p. 382: “Foram as dife diferentes ntes necessida sidades nos dif diferentes cli climas que forma formaramas dif diferentes maneiras de viver; viver; e essas dif diferentes maneiras de viver viver forma formaram os dif diferentes tipos tipos de leis. eis.” ” Sobre a histó históri ria a dessa doutri doutrina, na, ver ver Roger Mercier, “L “La a éflexions critiques à L'Esprit des lois", Re Revue théori théorie e des cli climats des R des Ré d’histo histoirelitté ttéraire rairedela Fran France, vol. vol. 58, 1953, p. 1717-37 37 e 15959-175 175.

EMANU EIE C0CCIA  C0CCIA 

141

18. Jo Johann G. Herde Herder, r,  Ide  Ideen zur Philosophie der Geschichte der   Me  Menschheit, in Werke, t Werke, t.. 6, Frankf Frankfurt urt am Main, Deutsche utsche Klassiker ssiker  Ve  Verlag, 1989. 19. Watsuj Watsujii Tetsu Tetsurô, rô, Fûdo, Fûdo, L  Le eMilieu humain, tradu traduzi zido do por porAugusti ustin n Berqu Berque e, Pa Paris, CNRS CNRS Éditi Éditions, ons, 2011. Sobre eie, ve ver Robert Robert N. Bel Bellah, “Japan’ apan’ss Cultural Cultural Identi dentity: ty: Some ome Reflections on the Work Work of of Watsuji tsuji Tetsurô”, TheJournal ofA ofAsianStud Studies, 24,  24, 1965 1965,, p. 573573-594; Augustin ustin Berqu Berque, “Mili “Milieu et logique logique du lieu lieu che chez Watsuj Watsujii”, R ”, Re evuephilosophique deLouvain, ain, 92,  92, 1994 1994,, p. 495-550; 495-550; Gra Graha ham m Mayeda, ayeda, Time, Spaceand and  Et  Ethics in the Philosophy of Watsuji Tetsurô, Kuki Sh Shuzo, and Martin  He  Heidegger, New  NewYork, Routle Routledge, dge, 2006. 2006. 20. 20. Je Jean-Ba n-Bapti ptiste ste Dubos, R bos,  Ré éjlexions critiques sur la la poésie et su sur la la peinture, 1 peinture, 11' parti partie, e, Pari Paris, s, Chez Chez Jea Jean Mariett riette, e, 1719 1719,, p. 205. 205. 21. 21. Edme Guyot (pseudôni (pseudônim mo: Sieur eur de Tym ymo ogue), ue), N  No ouveau système du Mic Microcosmeou Trait raitéde la nature naturede l ’hom homme, La Haye, Haye, M. G. de Mervi ervillle, 1727 1727,, p. 246. 246. 22. 22. Georg Simmel, Simmel, Sociolo ologie. Études sur le lesformes de la la sociali alisatio sation, Pari Paris, PUF PUF 1999 1999,, cap. IX, p. 639. SobreSimmel, verBarba Barbara raCarnev Carnevali, ali, “Aisthesis et esti estim me socia sociale. Simmel et la la dim dimension ension esthétique esthétique de la reconnaissance”, Terrain rrains/ Théorie ries, 4, 2016, URL : http:/ ttp:/ / teth teth.re .revue vues. org/ 686. 23. 23. Peter Peter Sloterdj loterdjiik, Sphères I : Bull Bulles. Microsphérolog rologie, traduzi  traduzido do por Olivier vier Mannoni nnoni,, Paris, Paris, Pa Pauvert, uvert, 2002, p. 52. 52. 24. I 24. Ib bid., p. 51. 51. 25. Gernot Böhme, Böhme, “Atm “Atmosphère as the Fundam Fundamental Concept Concept of of a New Aestheti esthetics”, cs”, Thesis sis El Eleven,  n,  36, 1993 1993,, p. 113113-126, 126, aqui aqui p. 113. Do mesm mesmo autor, autor, ver também também o cl clássico ssico A  Attmosphäre: Essayszur Neuen  Ästhetik,  Frankfurt Frankfurt am am Mai Main, Suhrkam uhrkamp, 1995. 1995. Para um panoram panorama desse sseconce conceito, ito, ver ver Toni Tonino no Grif Griffero, Atm  Atmosphères. Aestheticsof Em  Emotional Spaces, Farnha , Farnham m, Ashg Ashgate, 2014. Para uma uma leitura eitura radical radical do conceito conceito deatmosfe tmosferadoponto ponto devista vistado do dire direiito, to, veraimporta portantíssima ntíssimaobrade

 An  Andréas Philippopoulos-Mihalopoulos, Spatial SpatialJusti ustice: Body, Lawscape,  At  A tmosphère, London,  London, Routl Routled edge, 2015. 26. Léon Daudet, Mé  Mélancholia, Paris, Paris, Bernard Grasset, 1928, p. 32. Sobre Daudet ver Barbara Carnevali, rnevali, “‘Aura’ “‘Aura’ e ‘Am ‘Ambiance biance’ : Léon Léon Da Daudet tra tra 7-141. Proust eBenjam Benjamin”, R n”, Riivistadi Estética, 46, 2006, p. 117-14 27. I 27. Ib bid., p. 16. 28. Ib 28. Ibid., p. 86. 29. Ib 29. Ibid id,, p. 25. 9. Tudo está em tudo

1. Em Em Bu  Bulles. Sphères I, Paris,  Paris, Pluriel, 2011, Peter ter Sloterd loterdiijk utili utiliza za a imagem da imbricaçã bricação recípro recíproca ca (que ele reconh reconhece ece pertencer à “li “linhagem das fi filosofi osofias estoi stoicas da mistura mistura dos corpos”), corpos”), mas prefere se concentrar concentrar na versão teol teológica ógica fornecida por João João Damasceno da perichoresis das trê três pessoas tri trini nitári tárias. as. Essa escolha escolha acarreta muitas uitas consequências. Em prim primeiro lugar, difere diferentemente do que Sloterdij terdijk escreve, amistura misturadiv divinanão temafunç função de“expri “exprimir miraimbricaçã imbricação não hierárqui hierárquica ca e não exclusi exclusiva va das substâncias substâncias na mesma seção de espaço” (Bulles, p. 645 645): ): ao contrári contrário, toda toda a tradição, ição, neopl neopla atônica tônica primeiro, iro, e cristã cristã na sequência, tentará tentará intro ntroduzir duzir uma ordem hierá hierárquica rquica no conceit conceito o de mistur mistura a (Deu (Deus Pai náo está e náo poderá poderá estar no mesmo plano que o espírito espírito). ). Além disso, nas duas tra tradições, trata-se ta-se de limitar mitar a possibi possibillidade da mistura às substâncias espiri spirituais, tuais, de fazer da mistura uma propri proprieda edade que cabe princi principalmente palmente aos espírito espíritos se não aos corpos enquanto tais: a mistura de Sloterdij terdijk é, porta portanto, nto, um espaço puramente antropo ntropollógico ógico (ou (ou teol teológi ógico) co),, afigurade umarelação espiritual espiritual entre sujeitos sujeitos acósmicos e não a fisiol siologia ogia ordinária ordinária de todo ser mundano. undano. Essa também é a razão pela pela qual ele parece ignorar norar ou neglige negligenciar nciar a import mportânci ância a da referência referência anaxagórica. rica. Sobre a recepção do conce conceito de mistura no neopla oplatonismo tonismo e na teol teologia ogia cristã, ver ver as importa portantes pág páginas deJocelyn ocelyn Groysard, M rd, Miixis, op. cit., p.  p. 225-292.

EMANUELE COCCIA 

143

2. Ag Agostinho, Confissões, X, 15-1 5-16. 3. Nesse sentido, sentido, a abordagem schell schellinguiana nguiana também nos parece insufi nsuficiente. ciente. Sobre a filosof losofia ia da natureza de Schell chelling e do idea idealismo alemão, ver o belo belo vol volum ume de lain lain Hamilton ton Gra Grant,  Ph  Philosophy of   London, Bloomsbu Bloomsbury, 2006.  Na  Natureafter Schelling, London, 4. Natasha Myers, “Photo “Photosynthesis”, synthesis”, in in Theoriz rizingt ngthe Contemporary, Cultural ultural A nthropology, http:/ / culanth lanth.org/ fields ieldsights ights/ 790photosynthesis. photosynthesis. 5. Essa também é a tese do belí belíssimo li livro de Christo Christophe phe Bonneui Bonneuill e  Je  Jean-Ba -Baptiste Fressoz, LÉvé  LÉvénement anthropocène. La La Terre, Th Thistoireet uil, 2016. nous, Paris, Seuil 10. Raízes

1. Howard J. Dittme ittmer, “A Quantitativ ntitative e Study Study of the the Roots and Root  A merican Jou Journal of  of  Hai Hairs of of a Winter Winter Rye Plant (Secale cereale)”, le)”, Am  Bo  Botanies, 24, 1937, p. 417-420. 417-420. 2. Ao Ao menos até o fi fim do devoni devoniano, ano, as plantas plantas vasculares parecem ter vivi vivido sem desenvolver nvolver eixos ixos radiculares, ver J.A. Raven et Diane Edwards, “Roots: “Roots: Evo Evollutionary utionary Orig rigins and Biogeochemical Significance”, Jou 401; 1;  Journal of Exp Experimental Botany, 52, 2001, p. 381-40 P.G. P.G. Gensel, M. Kotyk e J.F. Basinger, “M “Morphology orphology of AboveAbove-and BelowBelow-Ground Structures tructures in Early Devonian Devonian (Pragian —Emsian)”, in P.G. P.G. Gensel e D. Edw Edwards (org (orgs.), s.), Pl  Plants invadetheLan Land: Evo Evolutionary   NewYork, ork, Columbi Columbia a University University Press, and andEnvi Environm ronmental ntal Perspective tives, New p. 83-10 83-102; 2; Nuno D. Pires eLia Liam Dola olan, “Morphological “Morphological Evolutio Evolution n in LandPla Plants: NewDesignswith old oldGe Genes”, Ph  Philosophical Transactionsof   Ro  Royal Society, B 367, 2012, p. 508-518, emparticular particular p. 511-512; Paul Kenrick nrick eChristine Christine Strullutrullu-D Derrien, “TheOrigin and Early Evolution of Roots”, Pl Kenrick, “The  PlantPhysiology, 166, 2014, p. 570-580; Paul Ken Origin of Roots”, oots”, in A. Eshel e T. Beeckman (orgs (orgs.), .), Pl  Plant Roots: Th The

144

 A VID A DAS PIA NTA S: UM A METAF ÍSICA DA MISTUR A 

 4aed., London, London, Taylor aylor & Francis, 2013, p. 1-1 1-13 (esse  Hi  Hidden Half, 4aed  vo  volumeé absolutamente decisivo econtém umavasta bibliografia). 3. Gar W. Rothwell e Diane M. Erwin, “The Rhizom Rhizomorph of Paurodendron, Implica plications tions forHomolog ologiesamongtheRooti Rooting ngOrgans ofthe theLycopsida Lycopsida”, Am 86-98; 98; Lia Liam  A mericanJournal o Bo  fBotany, 72, 1985, p. 86Dola olan, “Body Building Building on Land —Morphologica orphological Evoluti Evolution on of Land Land Plants”, Currentopini 4-8. pinio onin inplan plantt biology, 12, 2009, p. 44. A orig rigem dessa imagem é antiquí antiquíssi ssima ma. Sobre obre a questão, ver CariCariMarti rtin Edsm Edsman, “Arbor “Arbor inversa inversa. Heil Heiland, Welt Welt und Mensch ais Him Himmelspfl spflanzen”, in F  Fe estschrift Walter Baetkeda edargebracht zu seinem 85-109; eLucia Luciana 80. Geburtstagam28. Marz 1964, Weimar, 1966, p. 85-109; ti. Lepia epiant nte enelpensie nsiero dei greci, Bari, Repici, Uomini capovolti. ri, Laterza, 2000

.

5. Aristó Aristóteles teles, Dea  II, 4 ; 416 a 2 sq.  Deanima, II ntarium Magnum in A ris ristotelis “De A nim nima” 6. Averr Averrói óis, s, Commentarium  Crawford (ed.), CCA CCAA A vers versio io Latina vol. vol. VI VI, 1, Cambridge bridge, libros, Craw 1953, p. 190.  Dragmaticon (Dragmati aticon Phil hilosophiae 7. Gui Guilllaume de Conches,  Dra ítalo Ronca(ed.) (ed.),, CCCM CCCM 152, Turnout, 6.23. 6.23.4) 4) in Operaomnia, nia, vol. I, ítalo Brepols, p. 259; Alain Alain de Lil Lille,  Lib  Liber in in di distinctionibus dictionum 707-708; 708; A AllexanderNeckam, Den theologicali alium, in MPL 210 c. 707 Denaturis Wright 232; Hugo Hugo Ripeli Ripelin, n, Compendium rerum2 rum2, 152 ed Wrig ndium The Theolog ologicae (ed.),, t. 34, p. 78a. Trata-severdadeiramentedeum V eritatis2, 57, Pais (ed.) lugar comum comumdif difundi undido emtoda todas as forma formas desaber edeescrita: escrita: ver verpor exemplo Cornélio Cornélio aLápide, Commentari ntaria a in inDanie anielemProphaetam tam, cap. IV, v. 6, 6, in Commentari ntaria a in in quatuor quatuor Prophetas Maiores, A pudHenric nricum CCIII, p. 1298; Id Id, Commentari et Comelium Ve V erdussen,  MDCCIII ntaria a in in  cap. VII VIII, in Comment  Ma  Marcum, ca ntar ariiusin evangelia, 2aed., MDCCXVII,  Ve  Veneza, Hieronymi Albritii venedis, p. 461. Quanto a Francis Bacon,  ve  ver No  in Coll  vol. 7, part  Novum Organum, in ollected Works of ofFrancis Bacon, vol. 1, p. 278-279.

8. Ca Carl rl von Linné Linné, Ph  Philosophia Botanica in qua explicanturFundamenta  Bo  Botanica, Viena, Ioannis ThomaeTratt rattner, ner, 1763, p. 97: “planta “planta anim animal inversum veteribus ribusdic dictumfitit”. 9. Charles Charles Da Darwin, L in, La aFacultémotricedans Lesplantes, Paris, Reinwald, 1882, p. 581. Ver Ver também F. Baluska, S. Mancuso, so, D. Vo Volkmann e P.W. P.W. Barlow, “The ‘Root‘Root-bra brain’ Hypothes Hypothesis is of of Charles and Francis ncis Darwin Revival Revival after more than 125 Ye Years”, Pl  PlantSignaling&Behavior, 12, 2009, p. 1121-1127. 10. Ver Anthony AnthonyJ. Trewavas, Pl  Plant BehaviourandInt Intelligence, Oxford, Oxford xford Universi University ty Press, 2014; Stefa tefano Mancuso ncuso e Alessandra ndra Viola ola, Verde bril brillante. Sensibil bilità e intelligenza nza nel mondo vegetal tale,  Florenç Florença, Giunti, iunti, 2013. 11. F. Baluska, S. Lev-Y Lev-Yadun e S. Mancuso, “Swarm Intel Intellligence in Plant Roots”, oots”, Trends in in Ecology and and Evo Evolutio ution, 25, n, 25, 2010 2010,, p. 682682-683 683;; M. Ciszak, D. Comparini Comparini,, B. Mazzolai, zzolai, F. Baluska luska, F.T F.T. Are Arecchi, cchi, T. T.  Vi  Vicsek, et ali alii, SwarmingBe ngBehavior in in Plant Plant Roots, PLOS  PLOS ONE 7 (1): e297 e2 9759 59. doi: 10 10.1371 .1371/ journal.pone.00 l.pone.0029 29759, 2012 2012.. A bibli bibliog ogra rafia sobre o assunto se torno tornou u extrem extremamente vasta, ver ver especialme specialmente nte F. Baluska uska, S. Mancuso, D. Volkma olkmann e P.W. P.W. Barlow rlow, “Root “Root Apices Apices as Pla Plant Comm Command Ce Centres ntres:: The The Unique Unique ‘Brain-l Brain-like’ Status of the Root  Ap  Apex Transition Zone”, Bi  Biologia,  59, 2004, p. 9-17; 9-17; E. Brenner, R. Stahlberg, S. Mancuso, J. J. Vivanco, F. Baluska uska e E. Van Van Volken olkenburg burgh, “Pla “Plant Neurobiol robiology ogy:: An An Inte Integ grated View of Pla Plant Signaling”, Trends of Pl  PlantScience, 11, 2006, p. 413-419; 413-419; F. BaluskaeS. Mancuso, “P “Pllant Neurobiol robiology ogyfromStim timulus Pe Perce rception ption to Ada Adaptive ptive Beha Behavior vior of Pla Plants,  vi  via Integrated Chemical and Electrical Signaling”, Pl  Plant Signaling &  Be  Behavior, 6,  6, 20 2009 09, p. 475475-47 476; 6; A. Alpi Alpi,, N. Am Amrhe rhein, A. A. Bertl, M.R. Bla Blatt, tt, E. Blum Blumwald, F. Cervo Cervone ne, et alii.,  alii.,  “Plant “Plant Neurobi urobiol ology ogy:: No Brain, No Ga Gain?”, Trends in in Pl Plant Sc Science, 12, 2007, p. 13 1355-13 136; 6; E.D. E.D. Brenner, R. Stahlberg tahlberg, S. Mancuso, so, F. Ba Baluskae E. Van Van Volkenburg olkenburgh, “Plant “Plant Neurobi Neurobiol ology: ogy: The The gain is is more than the Name”, Trends in in  Pl  Plant Sciences, 12, 2007, 2007, p. 285-286 285-286;; P. P.W. Barlow rlow, “Re “Reflections lections on

‘Pla ‘Plant Neur Neurobi obiol ology ogy’”, B ”, BiioSystems,  92, 2008, p. 132132-147 147; F. Baluska (org.), P (org.), Pllant-Env Environment Interactions: Fr From Sensory Plant Biology to  Ac  A ctive Plant Behavior,  Berlin/ New York, Spri Springer Verlag, 2009; F. Baluska, S. Mancuso (orgs.) (orgs.),, Signal nallingin ngin Plants, Berlin/ New York, Springe pringer Verlag Verlag, 2009. Ver Ver também o recente manif nifesto de P. Calvo Calvo,, “The Phil Philosophy osophy of Plant Plant Neurobio urobiolo log gy: A Manife nifesto”, Synthèse,  ,  193, 2016, p. 1323-1343. 12. Anthony nthony J. J. Trewavas tenta definir nir um concei conceito náo cerebral de inteli nteligência, opondo-se opondo-se ao que que Vertosick tosick chamou de chauvinism uvinismo cerebral. VerAnthony nthonyJ. Trewavas, vas, Pl  PlantBehaviourandIntelligence, op. cit., p. cit., p. 201 sq.; e sq.; e Id., Id., “Aspects of Pla Plant Intell Intellige igence nce”, An ”, Ann nalsof Bo  Botany, 92,, 2003, p. 1-20; Frank 92 Frank T. Ve Vertosick, TheGenius With Within. Discovering ring Harcourt, 2002. Pa Para theIntelligenceof Ev  EveryLivingTh gThing, NewYork, Harcourt, algumas críti críticas cas (na (na verdade, bastante fra fracas) à propo proposta de Trewavas,  ve  ver en entre ou outros Ri Richard Firn, “Plant Intelligence: An Al Alternative  Vi  Viewpoint", An A nnalsof Bo  Botany, 93, 2003, p. 473473-481; 481; e F. Cvrcková, Cvrcková, H. Lipa LipavskáeV. Zársky, “Pla “Plant Intell ntellige igence: Why, Why Why not or Wher Where e?”,  Pl  Plant Signal Be Behaviour,  4 (5), 2009, p. 39 3944-399 399.. A ideia ideia da Terra como cérebro é um refráo extrem extremamente freque frequente nte nos últi últimos mos te textos xtos de Marshall McLuhan, cLuhan, ver “The Brain and the the Media: dia: The The ‘Western’ Hemisphere”, Jo  Journal ofcommunication, vol. 28, 1978, p. 54-60. 13. Foi Dov Dov Kol Kolller quem observou isso de maneira neira muito explí explícita: cita: "In th this respect, all but veryfetuplants plants are are obli bligate ateamphib hibians, withpart part of their bodypermanently ntly in in the aerial rial environm nvironment and the remaini aining ng part part within thin the thesoil. This structural tural diff diffe erentiat ntiatiion in in plant plants s is based on  fu  function” (Dov Koller, oller, TheRe TheRestle tless Plant, Plant, E  Elliza izabeth Van Van Volke olkenburgh (org.), org.), Cambridge bridge, HarvardUniversi University ty Press, 2011, p 1). Sobreanoção de anfí nfíbio bio onto ontollógico em antropol tropologia, ogia, ver o belíssimo li livro de Eben Kirksey, Em Kirksey, Emergent Ecologies, Durham, Duke Universi University ty Press, 2015; e René ten Bos, “T “Towa owards an Amphibi phibious ous Anthrop Anthropol ology: ogy: Water Water and Peter ter Sloterdij Sloterdijk”, k”, Society an and Space,  27, 2009, p. 73-86. 73-86. Mas nesse caso, assim como no uso uso ortodoxo ortodoxo do conce conceito em bio biologia, a ideia pressuposta é ade umahabitação habitação sucessiva ssiva dedois dois ou vár vários meios.

EMANUELE COCCIA 

147

14. Jul Juliius Sachs, chs, „Über Über Orthotro rthotrope pe und Pla Plagiotro iotrope pe Pflanzente Pflanzenteiile“, 1882,, p. 226-284. 226-284.  Ar  A rbeiten desBotanischen Institutsin Würzburg2, 1882 15. Sobre o gravitro vitropi pism smo, alémdas monog onograf rafias citada citadas de Cham Chamovi ovitz, tz, hungen Karba rban, Koller oller,, ver o cláss clássico ico de Theophil heophil Ciesielski, Ciesielski, Untersuchu über die die A bwärtskrüm ärtskrümmung der Wurzel. Beiträte zur Bio Biologie der  72, p. 1-30 1-30; Peter W. Barlow rlow,, “G “Gravi ravity ty Perception ption in  Pf  Pflanzen 1, 1872, Plants Plants:: A Mul Multipl tipliicity city of of Sys ystem tems D De erived by Evolution? Evolution?”, ”, Pl  Plant, Cell 951-962; R. Chen, E. Rosen e P.H. P.H. and and Env Environment, 18, 1995, p. 951-962; Masson, “Gra “Gravitro vitropism pism in Higher Pla Plants”, Pl  Plant Physiology, 120, 1999,

p. 343-350 343-350;; C. Wolverton, Wolverton, H. I shikaw shikawaeM.L. Evans, “The “TheKineti inetics csof Root Root Gra Gravi vitro tropism: pism: Dua Duall Motors otors and Sensors”, Jo  Journal of Pl  Plant Growth  21, 2002, p. 102102-11 112; 2; R.M. Perrin, Perrin, L.L.-S. Young Young, N. Murthy, Murthy,  Re  Regulation, 21, B.R. Harrison, Y. Wang Wang,, J.L J.L.. Wil Will e P.H. P.H. Mass sson, on, “Gra “Gravi vity ty Signa ignal Transdu ransducti ction on in in Prim Primary Roots”, oots”, Ann 2005, p. 737737-743; 743;  Annalso Bo  fBotany, 96, 2005, Miyo Te Terao Morita, orita, “D “Direc irecti tiona onall Gravity vity Sensingin Gra Gravitropism vitropism”, ”, The 705-720. 720.  An  A nnualReviewo Pl  fPlantBiology, 61, 2010, p. 705ale ou 16. Augusti ugustin n Pyram Pyramus de Candol ndolle, Organographie végétale Détervi rvilllle e 1827 1827,, p. 240. 240.  Description raisonnéede edes Organes desplantes,  Déte  Deanima, II, O motivo otivo já já éaristotélico. Ver Aristóteles, Aristóteles, Dea  II, 4; 4l6a 4l6a 2 sq.\ “Em “Empedocles pedocles náo tinha nha razão quando afi afirmou que os vegetais tais cresce crescem desenvol nvolvendo suasraízes raízesparabai baixo porque porqueessaéadireçã direção paraaqual aTerra é nat naturalme uralment nte e leva levada; da; e que que crescem paracima cimaporque porque o fog fogo sediri dirige geassim.”

17. Thomas Andrew ndrew Knight, “On “On the Direc Directition on of of the Radicle dicle and Germen during during the Vegeta Vegetatition on of Se Seeds”, eds”, Ph  Philosophical Transactions of   99, Lo London, ndon, 1806 1806,, p. 108-120 108-120,, aqui aqui p. 108. Antes ntes the Royal Society, 99, de Knight, Henri-Lo Henri-Louis uis Duha Duhamel de Moncea onceau (que Knig night cita cita) já já tinha nha tentado for fornece necer uma uma expli explicaçã cação o da da razão pela pela qual “g “glandes amonto ntoadas num lugar úmi úmido germinam germinam, eobserva-se observa-seconst consta antem ntemente que, seja qual for aposiçã posição que o acaso fe fez essas glandes to tomarem, rem, toda todas as radículas radículas tendem tendem para o chão [.. [...] e todas as pluma plumas do germe se elevam elevam” (Henri(Henri-Lo Louis uis Duha Duham mel de Monceau, onceau, La  La Physiquede edes arbres,

148

 A VIDA DAS PLAN TAS : UM A METAFÍS ICA DA MISTU RA 

 Paris, où il il est tra traiitéde l’ l’anat anatom omiedesplan planttes et de l’ l’économie végétal tale,  Paris, Guéri uérin n et Delatour, 1758 1758,, p. 137). 18.Jul JuliiusSachs, chs, “ÜberOrthotro Orthotrope peundPla Plagiotrope otropePfl Pflanzente nzenteiile”,art. cit. 19. Charles CharlesDarwin, La  LaFacultémotricedesplantes, op. cit., p. 199e575. tlessPlant, op. cit., t., p. 46. 20. Dov Kolle Koller, r, TheRestle  LaFacultémotricedesplantes, op. cit., p. 200. 21. 21. Charl Charle es Da Darwi rwin, La

22. Fried Friedri rich ch Nie Nietzsche tzsche,  Ain prólog go, §3, §3,  Ainsi pa parlait Zarathoustra,  prólo traduzido traduzido por por Maël Renoua Renouard, rd, Pa Paris, ris, Rivag Rivages, es, cole coleçào “Peti “Petite te Bibl Bibliiothèq othèque ueRivag Rivages”, es”, 2002, p. 33.  DePlantis, 817b 23. 23. Aristót Aristóte eles, De  817b 20-22. 20-22. 1 1 . 0 mais profundo são são os astro tros

1. Klim liment Timiryazen, TheLifeo fe of the Plan Plants. Ten Popular ular Le Lectures, Moscou, oscou, Foreig Foreign Languages Publi Publishing shing House, 1953, 1953, p. 341. 341. Ver the leafas a whole, but the the chlo hloroplast that também p. 188: “It is not the colou olours it green, whic hich serves asa conne onnectinglink between thesun and and al all thing things li living vingupon the theearth. ”  2. Jul  DieorganischeBewegungimZus Zusammenhangmit dem  Julius ius Maye Mayer, r, Dieo Stoffwechsel. Ein Beitrag tragz zur Natur Naturkunde,  Heilbro Heilbronn, nn, Drechsler’se rechsler’sehe

Buchhandlung 1845 1845,, p. 36-37. 36-37.  AinsiparlaitZarathoustra, prólog t., 3. Friedrich Nietzsche, Ain  prólogo, o, § 3, op. cit., p. 3333-34. 34.

4. Desde a proposi proposiçã ção o de Deleuze eleuze e Guatt uattari ari de uma umageofilosofia, esse geocentrism ocentrismo o setornou tornou explí explícito cito.. Ver Gil Gilles les De Deleuze leuze e Féli Félixx Gua Guattari, ttari, Qu’est-c st-ce que la la phil philosophie hie ?,  Paris, Minu  Nihil Minuiit, 1991 1991;; R. Brassie Brassier, r, Nih Unbound. Enli nlightenment and and Ex Extinc tinctio tion,  London, London, Pal Palgrave, rave, 2007;  In the Dust of this Planet. Horror of Philosophy, vol Eugene Thacker, hacker, In 1, Winchester, Winchester, Ze Zero Books, 2011; Ben Ben Woodard, Woodard, On an Ungrounded  Ea  Earth, Towards a Ne New Geophilosophy,  New York, Punctum Punctum Books,

2013. Cont Contra ra essa tendência ncia uma exceção é o belí belíssimo li livro de Peter Szendy, Ka  Kant chez lesextraterrestres. Philophictionscosmopolitiques, Paris, ris, Minuit, nuit, 2011. 5. Edmond Husserl, rl, “L “La aTerre ne se meut pas” (1934), (1934), traduzido por por D. Franck, nck, D. D. Pra Pradelllle e e J.-F. La Lavi vig gne, in in Ph  Philosophie, Paris, Mi Minuit, nuit, 1989, p. 15-16. 6. Ib  Ibid., p. 12. 7. Ib  Ibid., p. 19. 8. Ib  Ibid., p. 23. 9. Ib  Ibid., p. 21. 10. Ib  Ibid., p. 27. 11. Gililles les De Deleuze e Félix Gua Guatta ttari, Qu’estst-ce que la phil philosophie phie?, op. cit., p. cit., p. 82. 12. Nicol Nicola aus Copernicus,  De revolutionibus libri sex,  1.10, in in Gesam amtausg sgabe, H , H..M. Nobis Nobis e B. Sticker (eds.), vol. vol. Il, Hilde Hildeshe sheim, 1984, p. 20. Sobreo signifi significado darevol voluçã ução copernicanaabibli bibliografia éextremamentevasta. Ver Ver entre outros Michel Michel--Pierre PierreLerner, Le  LeMonde des sphères II II. Lafin du cosmos classique assique, Paris, Les Belle elles Lettres, 2008;  Al  Alexandre Koyré, La  LaRévolution astronomique. Co Copernic, Kepler, Borelli, Paris, Les Belle elles Lettres, Lettres, 2016; e Thomas S. Kuhn, L uhn,  La a Révolution copemicienne nne, Pa  Paris, ris, Les Belles Lettres Lettres, 2016. 13. Foi a conclusã conclusão a que chegou Gi Giordano Bruno a parti rtir de Copérnico: “A strorum igitur unum terra rra est, que non minus dig digno alt altoquecaelo comprehendit nditur quia quia quodcunqueex al aliisaliud” (G d” (Giiordano Bruno, Camoerac racensis nsis A crotism rotismus, Opera lat latiine conscripta ripta,,  Napoli Napoli,, F. Fiore Fiorenti ntino, no, 1971, art. LXV LXV). Sobre Bruno e Copérnico, Copérnico, ver ver os belíssi ssimos livros livros de Miguel A. Granada, El  El debatecosmológico en 1588.  Br  Bruno, Brahe, Rothann, Ur Ursus, Roslin, Napoli, poli, Bibliopol Bibliopolis, is, 1996; eSfere e Sfere solideecielofluido uido : momenti nti del dibat dibatttito cosmológ ológico nella seconda metà del Cinquecento, Mil nto, Mila ano, no, Guerini eAssociati, ssociati, 20 2002 02.

14. Para uma perspecti perspectiva va cosmocêntr cosmocêntriica muito muito dif diferente mas extrem extremamente radi radical cal e origin original, al, ver a obra prima prima de Fabiá bián Luduena Luduena Romandini, Má  Más allá dei principio antrópico. Hacia un una filosofia dei Buenos Aire Aires, s, Prome Prometeo Libros, Libros, 2012 [ediçáo [ediçáo brasi brasileira: Outside, Buenos  Pa  Para além doprincípio antrópico. Po Por uma filosofia do Outside. Trad. Leona Leonardo D’Á D’Ávi vila. la. Floria Florianópolis: nópolis: Cultura Cultura e Barbárie, 2013]. Toda a obra de Luduena Luduena pode podeser consi considerada deradaumaespecul especulação sobre sobreo cosm cosmos como espaço abi abiót ótiico. 12. Flores

1. Para uma uma inici iniciaçã ação à biol biolo ogia das planta plantass com fl flor, que é extrem extremam amente complexa, complexa, ver as obras de div divulga ulgação de Peter Peter Bernardt, DC, Island sland lhe Ro Rose’s Kis Kiss: A Natural Hi History of ofFlowers, Washington DC,  A natomyofa Rose: Exploringt ringthe heSecret Press, 1999; 1999; SharmanA. Russel, Russel, An  Lif  Life of Flowers, New York, Perse Perseus Book, 2001; Wil William C. Burg Burger, er,  Fl  Flowers: How They Changedthe World, New York, Prom Prometheus etheus Book,  Reasonfor Flowers: TheirHistory, Culture, 2006; Stephen L. Buchma Buchmann, Re  Bi  Biology, andHow TheyChangeOu eOurLiv Lives, NewYork, Scribner, 2015. 2015. 2. Hans André, “L “La a diff difference rence de nature entre le les plantes et et les ahier dePhil hilosophiedela nature natureTV : vuessur lapsycholog hologie animaux”, Cahie animate, Paris,  Paris, Vri Vrin, n, 1930 1930, p. 26. 3. Équanto nto a esseaspecto que serevelaa insufi insuficiência ciência do lilivro, vro, afora isso muito uito bemdocumentado, deOliver Morton, orton, EatingtheSun: HowPlants  Po  PowerthePlanet, New  NewYork, Harpe Harperr-Col Colllins, 2008. 2008. 4. Sobre obre essaquestão, ver aobra de Edgar Dacqué Dacqué sobre a mor orffologi ologia a idealista,  Natur und Seele. Ein Beitrag zur magischen Weltlehre, München/ ünchen/ Berlin, Berlin, Oldenburg, 1926 1926.. Para Para uma uma perspe perspecti ctiva va mais moderna, ver ver Michele chele Spanò, panò, “Funghi dei dei capi capital tale”, e”, Po  Política esocietà, 5. 2016.

EMANUELE C0CCIA 

É

151

5. Hiérocles, Hi Hiérocles, Hie erocles the Stoic: Ele Elements of Ethics, Fragments, and  Ex  Excerpts, liliaria aria Ramelli (ed.) (ed.),, Ada Adanta, nta, Society of Bibli Biblica cal Lite Literature ture, 2009 p. 5. 6.  Ibid.,  p. 18. Sobre a oikeiosis  oikeiosis  estóica stóica, ver Fra Franz Di Dirlmeier, Di rlmeier,  Die e Oik Oikeiosis-L sis-Lehre Theophrasts, Leipzi ts, Leipzig g, Di Dieterich, 1937; Roberto Radice, Oik Oikeiosis. Ricerchesui fondame ondamento nto de dei pensie nsiero stoic stoico e sulla sua genesi, si, Milano, Milano, Vi Vita ePe Pensier nsiero, o, 2000; Chang-Uh Lee, Oik Oikeiosis. Sto StoischeEth heEthik in naturphi naturphillosophisc hischer Perspektive tive, Freiburg/ Münche ünchen, Alb Alber er Verlag erlag, 2002; Robert Bees, Di s, Die e Oikeiosislehrede eder Stoa. I. I. Re Rekonstruktion ihres  In  Inhaltes, Würzburg  Würzburg, König önigshausen und Neumann, 2004. 7. Sobre a autoi utoincompatibi tibilldia diade, ver ver Simon J. J. Hiscock Hiscock e Stephanie M. Mclnni clnnis, s, “The Diver iversity sity of Selflf- incompatibil tibiliity System ystems in Flow Floweri ering Plants” Plants”,, Pl  Plant Biology, 5, 2003, p. 23-32; 23-32; D. Charlesworth, orth, X. Ve Vekemans, V. Ca Castri stric c e S. Glém Glémin, “Pla “Plant Selfelf-Incompa ncompatibil tibilit ity y Systems: A Molec olecular ular Evo Evolut lutio iona nary Persp Perspec ective”, tive”, N  Ne ewPhytologist, 168, 2005, p. 61-69 61-69. 13. A razão razão é o sexo

1. Sobre a histó históri ria a da noção de gene, ver André Pichot Pichot,, Hi  Histoirede ede la noti notion degène, Pa ne, Paris, ris, Flam Flammarion rion,, 1999. 2. Ja Jan Marek Ma Marci de Kronla ronland, Id nd,  Idearum operatricium id idea si sive hypotyposis et detectio il illius occulta ultae e virtutis, rtutis, quaese quaeseminafaecunda undatt et ex iisdemcorpora organi anicaprod aproducit, Praga, 1635. 3. Peder Soerensen,  Idea medicinae philosophicae continens totius doctrinae rinaeparac paracelsinae sinaeHippocrati raticaeetgalienic nicae, Ba ae, Basil siléia, 1571. 4. Sobre esses problem problemas, ver Walt Walter Pa Pagei, P ei, Pa aracelsus. An introduction to Phi Phillosophical Medic dicine in in the Era ofRenaissance, New York, Karger, 1958; Id., Id., Wil William Harvey's y's Biolog Biological Id Ideas. Selected Aspects and  Hi  Historical Ba Background,  New York, Ka Karger, 1967; e Guido Gi Giglilioni oni,, “Il “Il ‘Tra ‘Tractatus de natura substantia ntiae energetica etica’ di F. Gl Glisson”, An sson”, Ann nali della Fac Facolta di Lettere e Filosofia fia del dell’Universita di Macerata, 24,

152

 A VID A DAS PLA NTA S: UM A META FÍSIC A DA MISTUR A 

1991, p. 137137-17 179; 9; Id., Id., “La teoria dell’i dell’im mmaginazi nazione one nell nell’I’Ide dealism lismo biolo biolog gico di Joha Johanne nness Baptista Van Helmont”, Helmont”, La 1991,,  La Cultura, 29, 1991 p. 110110-14 145; 5; Id. Id. “Conce “Conceptus ptus uteri /Conc / Conce eptuscerebri. rebri. Note Notesull sull’analogia ogia del del conce concepim pimento nella nella teori teoria a del della genera nerazione zione di Wil William Harvey”, Harvey”,  Ri  Rivista di di storia delia filosofia, 1993, p. 7-22.; 7-22.; Id., “Panpsy “Panpsych chism ism  ve  versus Hylozoism: An Interpretation of of so some Seventeenth-Ce -Century Doctrines of of Univ Unive ersal Anima Animati tion”, on”, Acta comeniana, 11, 1995 1995;; e Id.,  Im  Immaginazionee malattià: SaggiosuJan Jan Baptista van Helmont, Milano, FrancoA FrancoAng ngeli eli,, 2000. 2000. 5. Nas palavras de Charl Charles es Dreli Drelincourt ncourt (De conceptio ptione adversaria rsaria 1685, p. 3-4): 3-4): “conceptio ptiofit in uteronatural naturaliissic sicutin in cerebrofit conceptus ção dessa dessaanalogia pode ter lug lugar ar nos dois dois sentidos. ntidos. animalis” . A fundação 6. Éaideia deiade Peder Soerensen, que, que, apropó propósi sitto deseus seus semina escreve: “nec laborio riosam sorte rtem obtinue btinuerunt: sine sine sollicitudi tudine ne defati fatig gatio atione, ratio ratiocinatio natione, dubitat bitatiione, pensum absolvunt, scientia ntia ing ingenita nita vitali tali, ipsa denique nique essentia. ntia. Tale ales scienti ntiae quia quia cogniti nitioni onis s consensum et conscientiz ntizam non habent, dic dicuntur untur non scire ea quaefaciunt aciunt,, et tamen vide videntur ntur scire: operibu ribus enim nim documenta ponunt ponunt divi divina nae escientia" ntia" (Idea  p. 91). 91). medic dicinaephil philosophic ophicae, op. cit, p.

7. “A equivo quivoce enim nim nostra scienti ntia cum illa confertur. rtur. Nos sensibus memorii riis rati ratio onum deduction tionibus et multa ulta solliciitudine tudine praecepta ordinat rdinatae ae coniung oniungentes scientias ntias acquiri quirim mus, illis innata innata est, non veluti accidenti ntia subie subiectis innasc innascuntur; untur; sed est ip ipsa earum arume essentia, ntia, vita vita potestas ideoque vali validius dius agerepotest. Nostra morta orta est, si cum hac Confe Conferat ratur ”  p. 91). 91). (ibid., p.

8. “Ex dic dictis aut autem elucescit, dari dari percepti ptionempriore priorem, generali aliorem et sim simpli pliciorem ea sensuum et consequente nter dari dari percepti ptionem natural naturale em.  Di  Dices, etiamsi haecperceptio non veniat ab anima sensitiva, possetamen ab anim anima vegetati ativa commodededuci. A ristó ristóteles enim nim vide videtur insi insinuare nuare, anim animal prim primo vive vivere vita vitam mplant plantae aedein anim animali alis. Respondeo ut sehabet  fo  forma triticei adformamplantae ex seformandae ita sehabereformam ovi ovi ad formam formam pull pulli inde oriun riundi di;; sed in utrisqueformam inc inchoatam

a perfe rfecta solis gradibus radibus perfe rfectioini tioinis s diffe fferre. [...] Si ergoformam ovi anim animamsensiti nsitivam vaminchoatam atam (quamvis vissit sitpraete praeter usuml umloquendi) ndi) vocari ari plac placuerit, rit, per melicet : sed res eodem redit. dit. Ejus enim nimpercepti ptio nonfuerit sensitiva, tiva, sedtantum tantumnaturalis. turalis. Resaperta estingrano ranotri triti tic ci inquosim simiilter  inest perceptio ptio naturalis, naturalis, qua se satumi satum in plant planta a sui generis risformat, format, sed adsensumnunquam umnunquamaspirat. A tqueade tqueadeo haecpercepti ptio res clare aredisti distinc ncta est a sensu” nsu” (Fra stantiae aee energetic tica,  (Francis ncis Gliss lisson, on, Tractatus de natura substanti  A dLectorem). London, London, 1672 1672,, s. s. p. Ad ptionem natura naturallem null nullo modo posse actionem suam 9. "Dico percepti suspenderea reaut seab obie obiecto oblat oblato o averte rtere; sedperpetuo rpetuo ad ad excitandum appetitum titum natur natural ale em et facult ultate atem motivam otivam recta pergere”  (Fra (Francis t., s.  A dLectorem). Glisson, Tractatus, op. cit.,  s. p. Ad der Nat Naturphilosophie,  3a 10. Lorenz Lorenz Oke Oken, n,  Lehrbuch de 3a ed., Zü Zürich ich, Friedrich Schul Schulthei theiß, ß, 1843 1843,, p. 218. SobreOken ken eabiol biologia ogia româ romântica ntica,, Zugde er Seele:  ve  ver o belo estudo de Sibille Mischer, Der verschlungeneZugd  Na  Natur, Organismus und Entwicklungbe gbei Sc Schelling, St Steffens und Oken,

Würzburg Würzburg, König önigshausen usen & Neumann, Neumann, 1997 1997.. 1 4 . Da autotrofia autotrofia esp especula eculativa tiva

1. A bibli bibliografia sobre sobre a div diviisão disci discipl pliinar nar é imen imensa sa. Ver entre entre outros Jean-Lo n-Louis uis Fabiani, Fabiani, “À quoi quoi sert la not notio ion n de discipl discipliine”, ne”, in st-cequ'une qu'unedisc discipli pline ?, Paris,  J.  J.Boutier, J.-C -C..Passeron eJ. Re Revel, Qu’est-c  Paris, EHESS/ Enquête, 2006, 2006, p. 1111-34; 34; Da Dan Sperbe perber, r, “Why “Why Rethink Rethink Interdisciplinarity?”, www.inte .interd rdiscipl isciplines ines.o .org rg/ medias/ dias/conf confs/ s/a archiv rchive es/ archiv rchive e_3-pdf pdf, 20032003-2005; 2005; Thom Thomas S. Kuhn, uhn, “The Esse Essential ntial Tens Tensiion”, on”, ntial Tension, Chicag in TheEssential  Chicago/ London, The Univers Universiity of Chicag Chicago Pre Pr ess, ss, 1977 1977,, p. 320-339; 320-339; John ohn Horg Horga an, The End of Science. Facing the Limits of of Knowledge in the Tw Twilight of of the Scientifi ntific cAge, Readi  Reading, ng,  Ad  Addison-We -Wesley, 19 1996. 2. VerIlsetraut lsetraut Hadot, Hadot, Artslibéraux etphilosophiedanslapenséeantique. Contribu ntributio tion à l ’histo histoirede l ’éducatio ation et de la culture ulture dans l’ l An  A ’ ntiquité,

Paris, Vrin, Vrin, 2006 2006..

154

 A VIDA DAS PLA NTAS : UM A METAF ÍSICA DA MISTU RA 

3. Nesse Nessesentido, sentido, aestranhaimbricaçã bricação entr entre eo social socialeo epistem epistemológi ológico, co, queaantropol antropologi ogia ada dasciênc ciênciiasacredi acredita tapoderexplica explicarrpelamodernidade e sua sua consti constituição, tuição, é mais modestam modestamente o efe efeito de uma institui nstituição ção —ou melhor, da insti instituição tuição por excel excelência ência que que durante durante sécul culos geriu geriu a administr nistraçã ação dos sabe sabere res. s. Ver Ver Bruno Latour Latour e Steve Wool Woolgar,  Lab  LaboratoryLif Life: TheSocial Construction ofScie Scientifi ntific cFacts, Beverly  Beverly Hil Hills, ls, Sage Publi Publicatio cations, 1979; 1979; e Bruno Lato Latour, ur, “Text “Textes es à 1’appui. Série  An  Anthropologie des Sciences et des techniques”, in La  La Scienceen action, traduzido traduzido do ing ingllês por Mi Michel Biezunski Biezunski e revisa visado pelo auto autor, r, Paris, Paris, La Découverte, 1989. 15. 15 . Como Com o uma atmosf atmosfera era

1. É o pa paradoxo do real realismo smo especulati especulativo vo que, que, embora bora tente tente reafirm rmar ar aexistênc existênciiado real emtoda toda sua suaampli plitude, destitui destituiu u afilosofia osofia de de todo conhecimento conhecimento rea real do mundo mundo para se refug refugiar, mai mais uma uma vez, no páti pátio o fechado dos lilivros, vros, dos temas, dos argum rgumentos trad tradiicion cionais ais sancio sanciona nados dos por um cânone arbitrário rbitrário e cultura culturalmente lmente muit muito o limitado imitado como “propriamente fil filosófi osóficos cos”. ”.

I

Prólogo

09

1 . Da Dass plantas, ou da origem do nosso nosso mund mu ndo o

11

2. A extensão extensão do domínio dom ínio da vida

14

3. Das plantas, ou da vida do espírito

18

4 . Por uma filosofia filosofia da natureza

23

II

Teoria Teoria da folha - A atmosfera do mund mu ndo o

29

5. Folhas

31

6. Tiktaalik Tikt aalik ros roseae eae

35

7 . Ao ar livre livre:: ontologia da atmosfera

41

8 . 0 so sopr pro o do mundo

59

9. Tudo Tud o está stá em tudo tud o

70

III

Teoria Teoria da raiz raiz - A vida dos as astro tross

77

10 . Raíz Raízes es

79

1 1 . 0 mais mais profundo sã são o os as astr tro os

87

IV

Teor Teoria ia da f lo r - A ra razã zão o das das formas

97

1 2 . Flore Floress

99

13 . A ra razã zão o é o se sexo xo

104 10 4

V

Epílogo

111

1 4 . Da autotrofi autotrofia a es espec pecula ulativa tiva

113

15 . Como uma atmo atmosf sfera era

118

ÍNDICE DE IMAGENS!

Prólogo Spinacia olerace oleracea. a. Basella rubra. Blitum Bli tum virgatum. virgatum . Twining, Elizabeth. Illustrations Illustrations o f the Natural Natu ral Order Order of o f Plan Plants ts  vol: 2: t . 1 12 (1855) (185 5) Teoria da folha Spinacia oleracea L. Kirtikar, K.R., Basu, B.D., Indian medicinal m edicinal plants  vol.  vol . 4: t. 798 (191 (1 918) 8) Teoria da raiz Ocimum basilicum L. Rheede tot Drakestein, H.A. van, Hortus Indicus Malabaricus  vol. 10: 10 : t. 90 (1690) (1690 ) Teoria da flor Cichorium Cichorium intybus intybu s L. Spach, E., Histoire naturelle na turelle des des végétaux, végétaux, Atlas t. 81 (1834-1847) Epílogo Manih Ma nihot ot esculenta Crantz Crantz Pohl, Pohl, J.E ., Plantarum Planta rum Brasiliae icones icones et descriptiones descriptiones hactenus ineditae t.24 (1831)

EMANUELE COCCIA 

159

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF