Ellen White e o Plagio

June 5, 2019 | Author: guizeferino | Category: Seventh Day Adventist Church, Psalms, Religious Texts, Bible, Religion And Belief
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Seminário Seminário Adventista Latino-americano Latino- americano de Teologia Instituto Adventista de Ensino do Nordeste

ROUBO LITERÁRIO OU RECURSO DA INSPIRAÇÃO?

Uma Monografia Apresentada em Cumprimento Parcial Às Exigências de classe da Disciplina Doutrina de Orientação Profética Por: Francisco Luis Gomes Pedro Antonio da Paz Neto Vamberto Marinho de A. Junior Novembro de 2001

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................ ............................................................................................................ .................................................... 3 Capítulo I. CONSIDERAÇÕES CONSIDERAÇÕES AO PLÁGIO .................................................... ............................................................................ ........................ 5 Possíveis Plágios........................................................................................................5 Literatura Secular.....................................................................................................10 Ellen White e o Plágio .................................................... ............................................................................................. ......................................... 11 Aspecto Legal do Plágio ................................................. .......................................................................................... ......................................... 13 II. ANALISE ANALISE DAS ACUSAÇÕES ACUSAÇÕES ....................................................... ............................................................................. ...................... 20 Dudbey M. Canright ....................................................... ................................................................................................ ......................................... 20 Walter Walter Rea .................................................... ........................................................................................................... ........................................................... .... 24 Historicidade das Acusações....................................................................................25 III. REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO..........................................................................36 Crise nos Conceitos..................................................................................................36 Revelação e Inspiração.............................................................................................40 Adventistas e Problemas com Inspiração ................................................... ................................................................ ............. 42 Por que Ellen White Usou Fontes Fontes ? ................................................... ......................................................................... ...................... 44 CONCLUSÃO.............................................................................................................49 BIBLIOGRAFIA......................................................... BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................51 ................................................51

INTRODUÇÃO Entre as acusações levantadas pelos críticos de Ellen G. White, a mais recente refere-se ao seu empréstimo literário no preparo e escrita de seus livros. A acusação não é nova, já levantada nos dias de vida da escritora Ellen G. White, porém em 1980, Walter Walter Rea entrou entrou para o grupo grup o dos críticos, após pesquisar, identificar livros usados e levantar dados sobre a dependência literária de Ellen G. White. Cometeu Ellen White, plágio? Quais foram os maiores críticos dela? Como se dá o processo de pesquisa de um profeta? Qual a natureza do processo de revelação/inspiração? Nesta breve pesquisa tentaremos, conduzir o leitor às entrelinhas da acusação de plagiadora, identificando assim, o ponto focal da acusação. No capítulo I, é apresentado exemplos de empréstimos literários usados por escritores canônicos e extra-bíblicos, que segundo uma ótica ocidentalizada do século XXI, pode consistir em possível plágio. Nesta mesma seção é apresentada uma defesa quanto a legalidade dos empréstimos literários de Ellen White de acordos com os direitos autorais vigentes em sua época e hoje. A análise do capítulo II, é dada a história parcial das acusações; conhecer um pouco sobre os dois principais acusadores, acusadores, D. Canright e Walter Rea. E explicando cada evento ocorrido durante estes anos turbulentos.

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Tentaremos no último capitulo, chegar uma conclusão referente a coerente compreensão do processo de revelação/inspiração na Igreja Adventista.

CAPITULO I CONSIDERAÇÕES AO PLÁGIO Antes de tudo é importante que o leitor tenha em mente o conceito de plágio bem definido. Plágio, “é o ato ou efeito de imitar, de apresentar, apresentar, como sua obra de outra pessoa.1 Interessante é uma frase emprestada por Roger, que enfatiza a necessidade que as pessoas sentem umas das outras nos diversos aspectos da vida: “Nenhum homem é uma ilha, nenhum homem se ergue sozinho.”2 Possíveis Plágios

Os escritores da Bíblia, dependeram muitas vezes de recursos diversos para transmitir a mensagem recebida, podendo fazer uso de documentos anteriores ou muitas vezes de relatos orais. 3 Do latim “plagium”, derivado do grego “plágion”. Ver: Antônio Geraldo Cunha, Dicionário Etimológico, 2ª ed (Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira,1989), 611. 1

Roger utiliza as palavras de Donne John e as párafrasea: “Nenhum homem é uma ilha”, para demonstrar sua gratidão por auxílios de outras pessoas na escrita e revisão de sua obra. Roger W. Coon, Um Dom de Luz (São Paulo: Editora Universitária Adventista, 1991), 7. 2

Herbert E. Douglas, Mensageira do Senhor (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 378. 3

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Considerado autor de Gênesis, Moisés provavelmente registrou narrativas de seus pais e anciãos de Israel, que ele havia ouvido. 1 No preparo das leis, Moisés incluiu na lei civil judaica pelo menos dois preceitos do Código de Hamurabi, da Babilônia: o que pune com morte o raptor, e a pena do Talião, o “olho por olho, dente por dente”(Ex 21:16 e Dt 19:21).2 Os livros de Reis 3 é tido como uma compilação de material reunido por um redator, e não uma produção original de um só autor.4 O autor de Crônicas é antes um compilador. E em seu trabalho de pesquisa lançou mão de diversos outros escritos.5 Moisés não precisou de visões para descrever a história do seu nascimento nem para contar as narrativas históricas do Gênesis. Histórias que haviam sido preservadas praticamente sem alteração desde os dias de Abraão. Ver: W. F. Albright, The Biblical Period From Abraham the Ezra (New York: Harper and Row, 1963), 5,7. Citado em Roger W. Coon, Assuntos Contemporâneos em Orientação Profética  Antologia de Artigos e Monografias (ACOP) (São Paulo: Deptº Gráfico do Instituto Adventista de Ensino, 1988), 201. 1

Conferir o código babilônico, itens 14, 196 e 200. Ver: Arnaldo B. Christianini, “Os ‘Plagiários’”, Revista Adventista, Fevereiro de 1984, 13. 2

Os livros de Reis foram originalmente um só. Na Bíblia hebraica, Reis ficou sem dividir até a edição impressa de Daniel Bomberg, 1516-17. Ver: Francis D. Nichol, eds, Seventh–day Adventist Bible Commentary (SDAC), vol 2 (Washington: Review and Herald Publishing Association, 1954), 715. 3

O compilador destes livros tinha um profundo motivo religioso e uma meta muito prática. SDAC , 2:715,717. 4

Segundo Stanley, o compilador além de usar o Pentateuco, os livros de Samuel e Reis, fez referência a aproximadamente doze outros documentos existentes naquela época: 1 Cr 9:1; 29:29; 2 Cr 9:29; 12:15; 13:22; 20:34; 26:22; 27:7; 32:32 e 33:19. Stanley A. Ellisen, Conheça Melhor o Antigo Testamento, 7ª ed (São Paulo: Editora Vida, 1999), 116. 5

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Os Salmos são produções de vários autores, sendo que toda a coleção foi reunida em sua forma final por Esdras, Neemias ou um outro escriba. 1 É feita alusão de outros autores em alguns dos Salmos,2 porém estes autores são incertos, podendo consistir em pseudonímia.3 A unidade do livro de Oséias é imprecisa, devido a impossível reconstrução da relação entre os oráculos pronunciados por Oséias e a forma escrita do livro. 4 Rosângela Rocha, trad. Livros Poéticos (São Paulo: Deptº de Artes Gráficas do Instituto Adventista de Ensino, 1983), 33. 1

A Davi são atribuídos 73 salmos, outros são atribuídos a autores contemporâneos ou que pertenciam a um período um pouco depois e/ ou anterior de Davi: o salmo 90 é atribuído a Moisés, o de número 127 a Salomão, outros doze salmos a Asafe, dez aos descendentes de Coré, um a Hemã o ezraíta. Ver: Gleason L. Archer, Merece Confiança o Antigo Testamento?, 3ª ed. (São Paulo: Editora Vida Nova, 2000), 397. 2

Segundo Garcia Martinez, “ as indicações ou ‘títulos’ colocados no início de cada salmo são dados que pertencem à tradição, não são originais: palavras como ‘Salmo de Davi’, ‘de Asafe’ ou ‘filhos de Coré’, podem significar que estes salmos pertenceram a uma ou a outra coleção antiga, e não foram escritos por uma destas pessoas.” Martinez afirma que tais usos são tradição: “dizer que Davi compôs os salmos, assim como se diz que Salomão compôs a maior parte dos livros sapienciais. Isto é fruto do recurso chamado ‘pseudonímia’, o que significa a atribuição de uma obra ao nome de uma pessoa famosa” Ver: José Maria G. Martinez, Os Salmos (São Paulo: Edições Paulinas, 1998), 18. 3

Em seu livro, Hubbard, afirma que “de modo geral, parece que o livro, tal como o temos, veio de Oséias ou do grupo de seus seguidores imediatos, podendo conter passagens salvíficas que foram acrescidas em uma outra época. Tais passagens são atribuídas a escribas de Judá, que teriam copiado, editado e talvez alterado as palavras originais de Oséias.” Ver: David A. Hubbard, Oséias introdução e comentário (São Paulo: Editora Vida Nova, 1993), 36. 4

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Partindo para o Novo Testamento, há muitos exemplos de empréstimos literários de fontes bíblicas1 e extra bíblicas2, como exemplo temos: o evangelho de Lucas é tirado quase por inteiro de outras fontes (Lc 1:1-4). 3 Passagens mais freqüentemente referidas são as seguintes 4: (1) Mt 1:23, citando IS 7:14; (2) Mt 2:15, citando Os 11:1; (3) Mt 2:18, citando Jr 31:15; (4) Mt 2:23, citando “os profetas”; (5) as várias citações do Novo Testamento de Sl 22 (Mt 27:35,36; Jo 19:24,37; etc); (6) At 2:25-33, citando Sl 16:8-11; (7) 1 Co 9:8-10, citando Dt 25:4; (8) referência de Jesus ao sinal de João (Mt 12:40 referindo-se a Jo 1:17); (9) referência de Paulo a Cristo como o filho de Abraão em Gl 3:16 (citando Gn 22:17,18); e (10) alegoria de Paulo dos dois mandamentos em Gl 4 (citando Gn 21:10). Outros exemplos de supostas distorções do Antigo Testamento, incluem passagens como: (1) citações de Paulo a Hc 2:4 em Rm 1:21; (2) sua cota de Lc 18:5 e Dt 30:12-14 em Rm 10:5-8; (3) a citação de Sl 40:6-8 em Hb 10:5-10; e (4) a citação de Sl 95:11 em Hb 3-4 Um exemplo neotestamentário típico, é “a inscrição sobre a cruz” que aparece nos quatro evangelhos (Mt 27:37; Mc 15:26; Lc 23:38 e Jo 19:19). Para Thompson, as diferenças são essenciais na transmissão da mensagem que o escritor inspirado que compartilhar, sendo uma contribuição positiva do ponto de vista de cada escritor, pois buscam atender as necessidades espirituais do povo. Alden Thompson, Inspiration: hard questions, honest answers (Hagertown: Review and Herald Publisihng Association, 1991), 187,192. 1

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Herbert, 379.

Neste artigo, ao citar este exemplo, Warren Johns, argumenta indagando se pelo fato de Lucas haver feito cópias dos outros evangelhos, é ele menos inspirado que Mateus, Marcos ou João? Ver: ACOP , 97. 3

Richard M. Davidson, “New Testament Use of the Old Testament”,  Journal Adventist Theological Society, vol 5, number 1, Spring 1994, 16. 4

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Paulo na escrita de suas cartas, utilizou-se de matérias extra-bíblicos em sua pesquisa, incorporando três poetas pagãos: Arato, Menandro e Epimênides, em At 17:28, 1Co 15:33 e Tt 1:12.1 At 17:28 “...pois dele também somos geração...”2 1 Co 15:33 “...as más conversações corrompem os bons costumes..”3 Aqui Paulo extraiu de um outro poeta pagão, Menandro.4 Tt 1:12 “...Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventre preguiçosos...” 5 1

Arnaldo B. Chritianini, “Os ‘Plagiários’” Revista Adventista, Fevereiro de

1984, 14. A linha citada foi extraída do poema didático entitulado “Fenômenos”. Paulo cita de Arato, poeta originário de Soli, uma cidade pertencente à própria província de Cilícia, onde o apóstolo nasceu, e da qual Tarso era igualmente uma importante cidade. Arato viveu em cerca de 300 a.C. Este poema foi composto a fim de relatar os fatos principais da ciência astronômica e metereológica, conforme conhecida naquela época. Ver: R. N. Champlin, Ph.D, O Novo Testamento  Interpretado Versículo por Versículo (NTIVV), vol 3, 9ª reimpresão (São Paulo: Editora Candeia, 1995), 377. 2

A expressão completa é um provérbio, encontrado, por exemplo em Menandro, e talvez antigo como Eurípedes. Leon Martins, I Coríntios introdução e comentário, 3ª ed (São Paulo: Editora Vida Nova, 1986), 177. 3

Essa citação foi extraída da comédia de Menandro “Thais” (300 a.C). Menandro foi um autor pagão que expressou rica sabedoria prática; e não é de se estranhar que Paulo tivesse conhecimento. Ver:  NTIVV , 4: 258. 4

Está em foco a pessoa de Epimênides de Cnossos. Foi um sábio grego, do século VI a.C, que alguns consideravam um poeta, e outros um profeta. Também havia quem o reputasse um reformador religioso. De acordo com o parecer de alguns, ele foi um dos sete homens mais sábios da cultura grega. Mais informações sobre o contexto do versículo, Ver: NTIVV , 5: 422. 5

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No caso do livro de Apocalipse, o autor além de fazer uso sem citar diretamente o Antigo Testamento1, ele usa obras pseudepígrafes, sendo algumas extraídas dos livros de Testamento de Levi, I Enoque e Assunção de Moisés, livros do Novo Testamento.2 Literatura Secular

Na literatura secular vários são as semelhanças de pensamento e texto entre autores. Camões em “Os Lusíadas” imitou os moldes estruturais de Eneida, de Virgílio. Outro exemplo: Virgílio, no livro VIII apresenta quatro versos que falam da ação de Enéias, Leucato e Augusto nas chamadas Guerra Actias. E em “Os Lusíadas”, II, 53 Camões praticamente repete esses quatro versos da Eneida. 3 Shakespeare, segundo crítico inglês, Malone, em seu livro Literary Curiosities afirma: “de 6.043 versos, 1.777 são na íntegra de autores precedentes, 2.373 modificados, restando 1.899 do próprio punho de Shakespeare.”4 Um outro exemplo de empréstimo literário bem próximo de nossa realidade, é o nosso Hino Nacional. A canção do Exílio, escrita em 1843, em Coimbra pelo Em um total de 404 versículos, 278 encerram alguma forma de referência ao Antigo Testamento. Muito mais que todos os demais livros do Novo Testamento. J. M. Bentes e R. N . Camplim, Pn. D, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia, vol 1 (São Paulo: Editora Candeia), 217. 1

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Ver exemplos, Ibid., 217.

Acusado injustamente de plagiário, ninguém deixará de ler e admirar Camões por causa dessa semelhança, pois tal procedimento foi lícito. Arnaldo B. Christianini, “Os ‘Plagiários’”, Revista Adventista, Fevereiro de 1984, 13. 3

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Arnaldo B. Christianini, Revista Adventista , Fevereiro de 1984, 13.

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poeta Antônio Gonçalves Dias, relata: “Nossas várzeas têm mais flores; Nossos bosques têm mais vida; Nossa vida mais amores”. Osório Duque Estrada, em 1906 inseriu estes versos na letra do Hino Nacional1: “Teus risonhos lindos campos, têm mais flores; Nossos bosques têm mais vida; Nossa vida em teu seio mais amores”. Ellen White e o Plágio

A acusação de plagiadora, que alguns críticos fazem com referência a Ellen White, não é nova.2 É interessante que aproximadamente 50 anos se passaram entre as primeiras acusações de plágio feitas por Canright e as de Ballenger, e agora outros 50 desde os ataques de Ballenger – justamente o tempo suficiente para morrer uma geração e se levantar outra. 3 Walter Rea, o mais recente crítico de Ellen White, referente ao seu uso de fontes, não apenas acusou-a de plágio 4, ele aprofundou-se na tarefa de identificar as diferentes fontes das quais ele se serviu. 5 1

Arnaldo B. Christianini, Revista Adventista, Fevereiro de 1984, 14.

Acusações de plágio tiveram breve emersão em 1907 ligadas a apostasioa de Kellog, ressurgindo na década de 1930 por E.S Ballenger. Ver:  Newsweek , 19 de Janeiro de 1981.  ACOP , 112. 2

Referindo-se à acusação levantada por Walter Rea em 1980. Warren H. Johns, “Ladra Literárias ou Mensageira de Deus”, ACOP , 111. 3

Segundo Rea, Ellen White plagiou até 80% de seus escritos, e parecia que ela fazia parte de uma conspiração para enganar os leitores quanto a verdadeira fonte de seus escritos. Kenneth L. Woodward e Janet Huck, “A False Prophets?”,  Newsweek , vol XCVII, nº 3, 19 de Janeiro de 1980, 72; e carta de Walter Rea para Ingmar Linden, 2 de Julho de 1980, citado em ACOP , 19 4

Esse estudo demonstrou que Ellen White havia utilizado outras fontes em maior proporção do que se supunha anteriormente. “Ellen G. White e o Uso de Fontes”, Revista Adventista, Junho de 1982, 6. 5

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Tal acusação caiu como um a bomba no meio adventista contemporâneo, por não haverem sido tomadas devidas precauções pelos lideres da Igreja Adventista do Sétimo Dia, quando o problema veio à tona no Concílio de Professores de Bíblia em 19191, ao evitar uma discussão clara e lógica da maneira de como funciona o processo revelação/inspiração. 2 Quando não se deixa claro para as gerações que os profetas realmente mudam com o crescimento pessoal, que os profetas fazem uso outras fontes para imprimir precisão e força às suas mensagens, as mentes rígidas experimentam um despertar assustador quando a verdade é manifesta.3 Antes de partirmos para a defesa legal, é necessário esclarecermos um dos aspectos da vida de Ellen White. Quanto ao seu hábito de leitura, afirma Ron Graybill: A Sra. White obviamente lia muito mais do que comumente imaginávamos. Quando muitas mulheres do século XIX posavam para fotografia, seguravam um livro na mão com o dedo marcando a página que estavam lendo. As fotos mais comuns da Sra. White a mostram com a pena na mão – uma produtora...4 Em 1934 W. C. White, escrevendo para L. E . Froom, fez a seguinte declaração: “Ellen White era uma leitora veloz, e tinha uma memória retentiva”. 5 Neste Concílio o que se questionava não era se Ellen White tinha autoridade, mas o fato da ocorrência de fontes contemporâneas adicionando força literária aos seus escritos. Herbert E. Douglas, 460. 1

2

Ver: capítulo III desta pesquisa acadêmica.

3

Herbert E. Douglas, 461.

4

Ron Graybill, “Ellen White como Leitora e Escritora”,  ACOP , 19-25.

Carta de W. C. White a L. E. Froom, 13 de Dezembro de 1934, citado em: Ellen G. White,  Mensagens Escolhidas , vol 3, 2ªed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1999), 462. 5

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Warren H. Johns afirma que: “a extensão em que Ellen White lia pode ser  julgada pelo tamanho de sua biblioteca pessoal e profissional”1 Quanto ao tempo de sua morte, totalizava mais de 800 volumes.2 Aspecto Legal do Plágio

No século XIX, o plágio era claramente condenado, mas usava-se amplamente a paráfrase,3 e de fato existiam leis sobre direitos autorais e a família White, bem como os adventistas em geral estavam cientes dessas leis. 4 Não era raro que escritores de séculos passados, religiosos ou seculares, fizessem empréstimos literários sem fazer menção do autor, estando ética e legalmente corretos. 5 Na década de 1830, Noah Webster reclamou amargamente de que outros escritores haviam copiado, com algumas alterações, páginas inteiras de seus livros de texto para crianças, com o propósito de destruir o uso das próprias obras de Webster. 6 Warren H. Johns, “Ellen White: Profeta ou Plagiadora? Parte I – Janelas Fechadas ou Portas Abertas?”, ACOP , 94-110. 1

Ver: Libraries, a Bibliography of Ellen G. White’s Private and Office  Libraries (por ocasião de sua morte em 1915). Este Documento está disponível em qualquer um dos Centros de Pesquisa White. Citado por Herbert E. Douglas, 78. 2

3

Ron Graybill, “A Verdade Acerca da ‘Mentira White’”,  ACOP , 137-188.

“Leis Sobre Direitos Autorais e Plágio no Século Passado”, Robert W. Olson, 101 Respostas a Perguntas do Dr. Ford (101 RPDF) (São Paulo: Centro de Pesquisa Ellen G. White) 85-87. 4

5

“Por que Foram Omitidas as Aspas”, (101 RPDF), 87-90.

Noah Webster, “A Brief View... A Few Plagiarisms” (n.p. 183?), 24. Cópias na sala de livros raros da Biblioteca do Congresso Americano.  ACOP , 19-25. 6

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James Edson White, que havia se tornado um editor por conta própria, advertiu seu irmão Willie em 1878, “ser muito cuidadoso para não infringir os direitos autorais. O mundo logo passará a comandar tudo o que puder contra nós, e o que eles permitissem que fosse feito hoje poderá no futuro causar-nos grande dano”. 1 Em 1864, Urias Smith advertiu leitores para que se fizesse justiça, ao fazer devida menção do autor ou da obra.2 A mesma revista através de seu editor, em 1895 definiu o termo “plagiador”, em protesto a alguns dos colaboradores do periódico.3 Para analisar o aspecto legal da acusação de plágio levantada por Rea, foi contratado o jurista Vincent L. Ramik do escritório de Advocacia de Diller, Ramik e Wight, em Washington4 no sentido de esclarecer os aspectos e implicações legais do caso.5 Carta de James Edson White a W. C. White, 24 de Maio de 1878, citada em 101 RPDF , 86. 1

Referiu-se a um poema que havia sido publicado com o devido cabeçalho: “Para a Crise do Mundo”, sendo assinado por Luthera B. Wheaver, mas que na verdade havia sido escrito por Annie R. Smith e publicado na Review, vol 2, de 9 de Dezembro de 1851, pela primeira vez.  Review and Herald , 06 de Setembro de 1864, 120. Citado em 101 RPDF , 85. 2

Desta vez referiu-se a artigos que o periódico estava recebendo como se fossem originais, mas que posteriormente investigados, verificou-se terem sido copiados na integra de outros escritos. Ele exortou para que fossem dados os devidos créditos aos autores. Youth´s Instructor , 02 de Maio de 1895.101 RPDF , 86. 3

4

Herbert E. Douglas, 458.

Entrevista com o Dr. Warren L. Johns, chefe do Departamento Jurídico da Associação Geral da IASD, “A História por Trás Desta Investigação”,  Revista  Adventista, Junho de 1982, 10. 5

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Em seu relatório de 14 de Agosto de 1981, após passar mais de 300 horas pesquisando mais de 1.000 casos relevantes da história legal norte-americana, 1 lendo evidências escriturísticas, ele responde a seis questões. 2 1ª Havia legislação federal sobre Direitos Autorais entre os anos de 1850 e 1915? Diferia substancialmente das leis vigentes em 1981? 2ª O pagamento de Direitos Autorais, por parte dos editores, era uma prática comercial e legal daquela época? 3ª Os acordos de permissão para uso da propriedade literária eram prática comercial corrente? 4ª Havia alguma norma literária que regulamentava o uso de aspas, notas de rodapé e citações bibliográficas em obras que utilizavam material literário de outros autores? 5ª Teria existido alguma lei, entre 1850 e 1915, que pudesse indicar o grau de proteção de um escritor contra a pirataria literária? 6ª Há alguma coisa nas obras de Ellen G. White, que pudesse sugerir pirataria literária (inflação das leis de Direitos Autorais), de acordo com as normas existentes entre 1850 e 1915? 1

Herbert E. Douglas, 458.

2

“Ellen White e o Uso de Fontes”,  Revista Adventista, Junho de 1982, 6-7.

16

Depois de haver investigado, Ramik e seus associados chegaram a uma conclusão inequívoca sobre o uso que Ellen White faz de outras fontes 1:” Ellen G. White não foi uma plagiadora, nem constituiu sua obra infração de direitos autorais”. 2 Dr. Ramik, em seu relatório de 27 páginas, deixa relevante que a definição legal de plágio consiste em cinco itens essenciais 3: 1º Motivo – havia alguma intenção de enganar? 2º Extensão ou Escopo – o autor dependeu muito de uma única fonte? 3º Estilo – o autor fez apenas “alterações simuladas”? 4º Conteúdo – o autor apossou-se de um tema, estrutura ou construção de uma obra anterior? 5º Infração – os lucros resultantes da venda do livro mais antigo foram diminuídas pela venda do novo? A acusação de plágio não pode ser levantada tomando-se apenas um destes cinco itens isoladamente, e no caso de Ellen White, “não descobri da parte dela qualquer tentativa de enganar ou encobrir”. 4 1

120. 2

Warren L. Johns, “Ladra Literária ou Mensageira de Deus?”,  ACOP , 111 Adventist Review,17 de Setembro de 1981. Citado em ACOP ,111.

Esta foi a constatação final de Warren, após sua própria análise do relatório de Ramik. ACOP , 111. 3

Conclusão chegada depois de cuidadoso exame de dezenas de documentos relevantes publicados e não publicados. Ele lista 05 itens que revelam-na como uma escritora eticamente correta.  ACOP, 114-120. 4

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Há pelo menos quatro respostas ao por que de Ellen White ter utilizado-se de empréstimo literários.1 Sentido de ajudá-la a expressar bem o que ela havia visto e ouvido em visão; extraiu detalhes históricos, geográficos, e de outros tipos, não revelados em visão. O Senhor a guiava à descoberta e uso de lindas gemas da verdade na obras de outros autores; utilizou-se de alguns dos escritos doutrinários de seus companheiros de labuta, uma vez que eles haviam desenvolvido seus conceitos doutrinários através de estudo conjunto. Ellen White usou fontes literárias para ampliar ou declarar mais energicamente seus próprios temas transcendentes. 2 Segundo Ramik, Ellen White estava eticamente correta ao usar material de outros, sem declarar publicamente de onde os havia retirado. 3 Ramik declara: “Ellen White usou os escritos de outros, mas a maneira como os usou tornou-os singularmente seus, tanto do ponto de vista ético quanto legal, permanecendo dentro dos limites legais do ‘uso legal’”.4 E procedendo unicamente com as melhores 1

101 RPDF , 94-98.

Suas fontes literárias enriqueceram todas as fases de sua escrita, inclusive os pormenores históricos e geográficos, conceitos teológicos e mesmo percepções em matérias extra - bíblicas como as atividades de Deus, de Satanás e dos anjos. Herbert E. Douglas, 461. 2

Prática normal da época, a troca de empréstimos e paráfrases, sem mencionar autor primário. 101 RPDF, 87. 3

“The Simply Is No Case”, Adventist Review, 17 de Setembro de 1981. Citado como nota de rodapé em Herbert E. Douglas, 463. 4

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intenções e motivos, “A Sra. White modificou, exaltou e aperfeiçoou” 1 de maneira ética e legal, boa parte daquilo que outros haviam escrito. O que há de pior nas acusações de seus críticos é a intenção de pretender avaliar as cópias textuais de outros tempos pelos parâmetros das leis de Direitos Autorais hoje vigentes.2 Em seu parecer jurídico, Ramik concluiu: “Considerando todos os fatos necessários para encontrar uma justa conclusão sobre o tema, declaramos que os escritos de Ellen G. White, definitivamente, não se constituíram em plágio”. 3 Herbert em seu livro, cita os títulos com as mais altas porcentagens de empréstimo conhecido.4 Antes de serem abordados os críticos, é importante esclarecer que o ponto focal, através do qual são tecidas as diversas acusações quanto ao ministério e 1

“Ellen G. White e o Uso de Fontes”,  Revista Adventista, Junho de 1982, 6-

7. Arnaldo B. Christianini “Os ‘Plagiários’”,  Revista Adventista, Fevereiro de 1984, 13-14. 2

3

“Ellen G. White e o Uso de Fontes”, Revista Adventista, Junho de 1982, 7.

Desde 1983, o Patrimônio Literário White tem mantido um projeto constante para documentar trechos nos escritos de Ellen White conhecidos por serem verbalmente dependentes de uma fonte prévia não oriunda de Ellen White nem da Bíblia. Ver Herbert E. Douglas, 463. 4

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autoridade do Dom profético em Ellen White, é o processo revelação/inspiração, 1 que pode ser traduzido nesta pergunta fundamental: “Qual a natureza da inspiração?” 2 Este foi a base do debate No Concílio de Professores de Bíblia em 1919. “Congresso Bíblico em 1919”, cap. 38, Herbert Douglas, 434-441. 1

M. E. Kern foi o autor desta pergunta, no Concílio Bíblico, atingindo assim o âmago da questão debatida por ambos os lados, os que defendiam a inspiração verbal, “conservadores” e os que defendiam a inspiração do pensamento, chamados de “liberais”. Ibid., 436, 439. 2

CAPITULO II ANALISE DAS ACUSAÇÕES Dois ministros adventistas deixaram ser levados pelas dúvidas, e causaram grandes transtornos na fé de muitos. Ao acusarem Ellen White de plágio afetaram toda uma igreja na sua crença. Sabemos, portanto, que defendendo Ellen White das acusações de plágio não a coloca como profetisa mas, assim permanecendo fica por terra a integridade daquela que consideramos como a “mensageira do Senhor.” Por isto analisaremos a vida destes dois principais acusadores de plágio a Ellen White para, verificarmos quem tem integridade moral, cristã.

Dudbey M. Canright

Analisando a história do movimento adventista infelizmente nos deparamos com vários ministros que renunciaram esta causa, tornando-se críticos professos da sua antiga crença.1 Entre estes encontra-se Dudbley M. Canright. Conhecido por suas rápidas mudanças de pensamento, era “alegre, franco, dedicado, possuidor de considerável habilidade; desejo de ser bem sucedido.” 2 Nasceu no dia 22 de setembro de 1840, em Coldwater, Michigam. Cf. Seis marcas dos apostatados em: Nichol, Reason for Our Faith (Takoma Park, Washinton; CD: Review and Herald Publishing, 1947) 427-433. 1

Arthur L. White, “A História de Dois Homens: D. M. Canright e A.G. Daniells” Revista O Ministério Adventista, 1978, 5. 2

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Em 1859, depois de assistir uma série de reuniões conduzidas por Tiago White, uniu-se à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Era então um jovem cheio de energia, vibração e fervor. Dois anos mais tarde, dirigindo-se a Battle Creek, consultou o pastor White sobre as possibilidades de se tornar um ministro.1 Tiago White então lhe pôs a prova, entregou-lhe o material para ele agir no campo missionário, uma Bíblia e alguns diagramas proféticos. Contudo o jovem Canright saiu-se muito bem, então no dia 29 de Maio de 1865, foi ordenado ao ministério Adventista aos 24 anos de idade, pelos pastores White e Loughbough e, foi trabalhar com J N Andrews.2 Começou a participar de debates, e mostrava-se bem persuasivo nas suas idéias, era convincente no que cria, no entanto não era estável nas suas crenças. Em 1869, participou de um debate que com sutileza saiu como vencedor porém, um forte desejo de abandonar a Bíblia e seguir o agnosticismo o tomou e, o pastor Butler presidente da Associação, que estava acompanhando-o, passou a noite reforçando a sua fé, pela manhã já se sentia melhor. 3 Ele morou por um tempo com os White, deve ser por isto que posteriormente ele os acusou de tê-los visto comer presunto na própria casa deles, contudo: Em fins da década de 1850, os White ainda comiam carne suína. Não foi senão depois da visão de Otsego, em junho de 1863 que eles deixaram de Enoch de Oliveira, A Mão de Deus ao Leme (Santo André; SP: Casa Publicadora Brasileira, 1985), 181. 1

2

Ver Arthur White,05.

3

Oliveira, 182.

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comê-la. Entre 1859 e 1863 Canright teria tido muitas oportunidades de ver os White comendo carne de porco.1 Saiu da casa de Tiago White em 1873 e foi, para Califórnia deixando o ministério por achar severa a visão de Ellen White, relatado em Testemonies, vol. O3. Na visão que me foi dada, foi-me mostrada sua vida passada. Vi que desde sua infância o irmão tem sido cheio de confiança própria, voluntarioso, obstinado, e sempre agiu por sua própria cabeça... O irmão aceitou a verdade, amou-a e esta lhe foi de grande ajuda; contudo, não operou transformação necessária para alcançar o perfeito caráter cristão. 2 Depois de vários apelos dos irmãos, voltou ao ministério em 1874. Em 1877 escreveu arquivos na Review and Herald, em defesa do Espirito de Profecia. Em 1878, foi eleito presidente da associação de Ohio. Sofrendo problemas nas cordas vocais freqüentou a Escola de oratória Homil, em Chicago.3 Na Igreja de West Side pregou para 3.000 pessoas, posteriormente afirmou que poderia ser um grande homem, se não fosse a mensagem adventista tão impopular.4 Foi então que Ellen White testemunhou em 15 de Outubro de 1880: Sempre tiveste o desejo do poder da popularidade, e isto é uma das razões de vossa presente situação... Quisestes ser muita coisa, e fizeste uma 1

Hebert E. Douglas, 314.

2

Citado em Oliveira, 183.

3

Conf. Arthur White, 5-6.

Canright disse isto para D. W. Reavis professor do Colégio de Battle Creek, que então replicou: “Dudbley a mensagem fez de você o que é e no dia em que a deixar, voltará ao mesmo lugar onde ela o encontrou.” Ver Oliveira, 184. 4

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ostentação e um ruído no mundo, e em resultado disso, vosso sol certamente se porá em obscuridade. 1 Em 1882, Canright deixou o ministério e foi trabalhar na agricultura, em Otsego, Michigam. 2 Voltou novamente em 1884, desculpou-se a Ellen G. White perante mil pessoas3 (aproximadamente). E em novembro do mesmo ano, declarou na Review and Herald que “jamais retrocederei outro vez... Se recuar novamente estarei perdido”4 Até 1886 D. Canright reconquistou seu espaço, escreveu arquivos e evangelizou. Mas os distúrbios espirituais voltaram a aparecer, sendo advertido por Ellen White no final de 1886. Em 1887, deixou de vez o ministério Adventista, prometendo não acusar o seus amigos adventistas. Logo no dia 8 de Outubro do mesmo ano, fez a primeira acusação pública de plágio a Ellen White.5 E Escreveu um livro contra os Adventistas, “Seventh-day Adventism Renouced” (Adventismo Renunciado). 1

Ellen G. White, Mensagens Escolhidas vol. 2, 163.

Em carta dirigida a um amigo afirmou que jamais retornaria às fileiras do ministério. Com clareza sublinhou que tal atitude se inspirava em uma firme convicção de que as visões da Sra. White eram fabricadas em sua mente e, como tal “não procediam de Deus”. Oliveira, 185. 2

Tal acontecimento deu-se em uma reunião campal, realizada em Jackson, Michigan, em resposta a vários convites que lhe foram dirigidos. Oliveira, 185. 3

4

Citado em Arthur White, 6.

5

Warren H. Jones, “Ladra Literária ou Mensageira de Deus?”  ACOP, 111.

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Uniu-se aos batistas, mas não era feliz naquele ministério. No ano de 1890 atuou como pastor batista na igreja de Grand Rapids, por dois anos e meio. Em 1903 visitou um concilio ministerial e declarou querer voltar mas, já era tarde. Contudo continuou com suas criticas, terminando de escrever um livro contra Ellen G. White. 1 Sofreu um acidente em Janeiro de 1916, na igreja batista e, teve que amputar a perna. Concluiu o livro em 1918, que foi publicado em 1919, ano da sua morte. Em 12 de maio sendo sepultado em Moutain Home, Otsego.2 Walter Rea

Walter Rea nasceu em 1922, tornou-se um ministro adventista atuando como pastor na Igreja de Long Beach ao sul da Califórnia.3 Mas vacilou a sua fé e dedicou-se a atacar a escritora Ellen White acusandoa, de ser uma plagiadora. Em 1865 ainda como pastor, pronunciava declarações defendendo E. White: Ellen White estava familiarizada com os autores contemporâneos nas áreas de seu interesse... Ela usou algumas das idéias deles e de fato usou – muitas vezes sem mencionar o autor original – algumas de suas próprias palavras. Uma vez que o mesmo pode der dito a respeito de quase todo escritor a ela, esta é apenas a aceitação lógica das proposições que já apresentamos, isto é, que a inspiração não é necessariamente original, nem é verbal. 4 1

Arthur White, 6.

2

Padeceu na solidão sem amigos até os batistas lhe faltaram. Ibid., 6-7.

3

Oliveira, 139.

4

Ron Graybill, “Ellen White como leitora e escritora”  ACOP, 19.

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Começou a falar em, entrevistas, palestras, usando os meios possíveis, para dar a impressão de que Ellen G. White queria enganar seus leitores sobre as fontes dos seus escritos, por isto “teve após trinta e seis anos de atividade pastorais as credencias anuladas por um voto tomado pela Comissão Administração da Associação do Sul da Califórnia.”1 Mas já estava decidido escrever um livro intitulado “White Lie” (Mentira White), Onde apresenta as mesmas acusações de Canright, foi publicado em 1982, oito meses após a sua demissão. Historicidade das Acusações Desejamos agora analisar a progressão dos acontecimentos, opinamos ser esta uma ótima forma de mostrar de maneira homogênea todo o desfecho das acusações. O plágio já era conhecido nos tempos de Ellen White.2 No ano de 1864 Urias Simith escreveu um editorial na Review and Herald sobre plágio, como já foi visto. Em 1867 Ellen White faz algumas declarações importantes sobre seus escritos alguns dentro do conceito de saúde, que acabariam sendo usadas por seus acusadores fora do verdadeiro contexto. 1

Oliveira, 140.

2

Ver capitulo I desta pesquisa.

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Eis algumas delas: “Escrevi meus pontos de vista independentemente de livros ou opiniões de outros.”1 Quando se coloca essa declaração no seu devido contexto... Descobre-se que estava falando de seus primeiros escritos sobre saúde. Após seus escrito inicial sobre saúde, diz-nos, no mesmo artigo, que leu os livros de vários reformadores e resolveu publicar partes escolhidas dos mesmos na “Health: or How to Live”. Por que? Ela disse que o fez para demonstrar como o que se lhe havia mostrado em visão também havia sido publicado por outros autores capacitados no assunto. 2 _“Embora dependo do Espírito do Senhor, tanto para escrever meus pontos de vista como para recebê-los, as palavras que emprego para descrever o que vi são minhas.”3 Desta feita Ellen White, estar referindo-se a sua descrição ao cumprimento do vestido que ela contemplou em visão.4 1

Ellen White, Review and Herald, 30 (8 de outubro de 1867), 260.

2

Ron Graybill ed., “A Verdade Acerca da ‘Mentira White’”  ACOP, 146.

3

White, Review and Herald, 30 (8 de outubro de 1867), 260.

A senhora White não estava afirmando originalidade mas sim responsabilidade . A questão a que ela estava respondendo tinha que ver com supostos conflitos entre suas descrições quanto ao cumprimento do Vestido Reformado que ela tinha visto em visão. Em resposta, ela observou que nunca lhe foi dado o cumprimento do vestido em centímetros nem qualquer outro termo que ela tivesse usado para descrever isso. Foi-lhe mostrado o vestido mas foi deixado para descrever seu cumprimento nas palavras que ela própria escolhesse. Foi isto que ela quis dizer com "São as minhas próprias palavras”. Elder Willian Fagal, “Ellen G. White: Prophet Or Plagiarist?”, pesquisa realizada na internet, no site http://www.biblicalperpectives.com dia 15 de Novembro de 2001. 4

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_“Não escrevo um artigo no periódico expressando meramente minhas próprias idéias. É o que Deus tem posto diante de mim em visão dos preciosos raios de luz iluminando desde o trono.”1 Esta declaração foi feita em um longo artigos o qual a uma acusação que Battle Creek lhe fazia, dizendo que sua repreensões à Igreja eram meramente suas próprias opiniões baseadas que havia ouvido. A Sra. White rechaçou esta acusação honesta e decididamente. Afirmou sua profunda convicção de que as mensagens que ela apresentava eram mensagens do céu. Isto não descartava o fato de que ocasionalmente poderiam conter conceitos ou palavras tomadas de suas leituras, mas contudo neste casos, o Espirito Santo era quem a convencia da verdade e valor do que ela lia.2 _“Não tenho o hábito de ler nenhum artigo doutrinal no diário para que minha mente não sofra influencia das idéias e pontos de vistas de nenhuma outra pessoa.”3 Referia-se a um estudo especifico, a lei em Gálatas, onde ela não queria ser influenciada pelos artigos das revistas da época. 4 1

Ellen White, Testemunho for the Church, vol. 5, p.67. Citado em ACOP ,

2

Ron Graybill ed., “A Verdade Acerca da ‘Mentira White’”  ACOP, 147.

147.

Ellen G. White, Mensagens Escolhidas vol. 3 (Tatuí; SP: Casa Publicadora Brasileira, 1987), 63. 3

O contexto desta declaração é uma carta endereçada a E. J. Waggoner e A. T. Jones na qual ela declara que não queria ser influenciada pelas opiniões de qualquer pessoa sobre o significado da lei em Gálatas. Portanto, ela está dizendo que estava consistente evitando artigos doutrinários na revista sobre assuntos particular. Warren Johns “Ladra Literária ou Mensageira de Deus?”,  ACOP, 120. 4

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Em 1870 surgem as primeiras acusações aos escritos de Ellen G. W. da sua coluna de saúde “Health Reformes”, ao descrever esta coluna semanal ela selecionava ao publico material, dando referências e recomendando a leitura de outros autores. Em 1878, no dia 21 de maio Edson White escreveu para seu irmão W. C. White advertindo quanto a autoria dos hinos. “O mundo logo usará tudo que puder dirigir contra nós, e o que agora podem deixar passar pode no futuro prejudicar-nos muito.” 1 Em 1882 Ellen White fez recomendação de um livro para presente de natal na Review, ela disse: “forneçam alguma coisa para se ler durante estas longas noites de inverno... Para os que podem obtê-lo, a História da Reforma de D’Aubigné será tanto interessante quanto útil.”2 Em 22 de fevereiro de 1883 ela recomendou o volume de Conybeare e Howson, livro sobre a vida de Paulo e, no mesmo ano escreveu o livro “Atos dos Apóstolos”. Onde utilizou muito empréstimo de material do livro de Conybeare e Howson. Em 1884 foi publicado O Grande Conflito, onde Ellen White fez uso liberal do livro The Great Controversy Between God and Man de H. L. Hastings (1858). Carta de James Edson White para W. C. White, 21 de maio de 1878.Citado em Graybill “Ellen White como Leitora e Escritora” ACOP, 20. 1

Ellen G. White, “Holiday Gifts,” Review and Herald, vol. 59, nº 50 (26 de dezembro de 1882), 789. Citado em Graybill “Ellen White como Leitora e Escritora”  ACOP , 22. 2

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Contudo, também houve uma recomendação desta obra, por parte de Tiago White na Review and Herald de 28 de abril de 1859. 1 Não parece provável que a Sra. White promovesse estes livros se ela estava ao mesmo tempo extraindo deles e achando que isso era errado. Conquanto a Sra. White extraísse material de vários livros que hoje nos são bastante desconhecidos, os esforços para reconstruir a biblioteca dela revelaram que muitos destes livros eram bastante populares no tempo dela.2 Em novembro de 1886 Canright deixou o ministério Adventista. Em agosto 1887 Ellen White voltou da Europa para os Estados Unidos, no dia 8 de outubro, é pela primeira vez acusada publicamente de plágio pelas palavras de D. Canright no prelo do Michigan Christian Advocate: Ela muitas vezes copia sem mencionar as fontes ou usar aspas, frases ou mesmo parágrafos inteiros, quase palavra por palavra, de outros autores. Isto ela faz numa página após outra. D’Aubigné também era inspirado? 3 O ano de 1889 tendia a ser bem conturbado. Canright publicou uma série de panfletos “Breve Refutação ao Adventismo”, em que fazia acusações bem desenvolvidas de plágio: “uma grande parte de seu último livro, ‘O Grande Conflito’, ela copiou de outros autores sem fazer qualquer menção de referência ou dar qualquer informação de onde obteve aquelas informações de outro autor.4 Por que ele anunciaria o livro...se sua esposa havia baseado a obra The Great Controversy Bettween Chist and His Angels, and Satan And His Angels nele? Novamente, um cuidadoso exame dos dois volumes indica que diferem grandemente em escopo, propósito e conteúdo. Johns, “ParteII, Ladra Literária ou Mensageira de Deus?” ACOP,113. 1

2

Graybill “Ellen White como Leitora e Escritora” ACOP , 22.

Francis D. Nichol, Ellen White and Her Critics (Takoma Park, Washington, D.C: Review and Herald Publishing Association, 1951), 417. 3

4

Johns “Parte II, Ladra Literária ou Mensageira de Deus?”, ACOP, 111.

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Depois Canright foi convidado para participar de uma conferência para debater contra os adventistas e Ellen White que ocorreu em Michigan. Nestas conferências, Canright acusou Ellen White de plagiária, ao que os pastores adventistas Willian Healey e J. N. Loughbororgh responderam, mostrando aonde Canright havia exagerado. Ao fim do debate, os pastores opositores publicaram sua posição no periódico local acusando Ellen White de plagiária.1 Posteriormente ele, Canright publicou um livro contra os adventistas, Seventy-day Adventism Renounced: After an Experience of Twenty-eight Years by a Prominent Minister of that Faith.

No dia 2 de dezembro de 1889 saiu nas páginas do Gings of the Times a, alegação de que o livro Caminho para Cristo foi baseado inteiramente na obra Then Chistians Secret of a happy life de Hannah Whitall Smith. Warren Johns nos revela que: “Um cuidadosos exame mostra muito pouca similaridade exata entre as duas obras; o assunto às vezes é o mesmo, mas cada uma das autoras trata dele diferentemente.”2 O mesmo pode-se dizer do livro de Ellen White Desejado de Todas as Nações que é paralelo ao The Life and Times of Jesus the Messias de Edersheim só que o conteúdo do livro é totalmente diferente.3 O tema geral de Ellen White é o 1

Graybill ed. “A Verdade Acerca da ‘Mentira White’”,  ACOP , 141.

2

Johns “Parte II, Ladra Literária ou Mensageira de Deus?”, Ibid.,113.

Ellen White não tirou sua narrativa de Edersheim (e talvez à de outros escritores do século XX sabre a vida de Cristo), seu tema é diferente – a vida de Cristo à luz do grande conflito entre as forças do bem e do mal. Edersheim e outros estão mais interessados em dar um relato histórico da existência terrestre de Cristo. Ibid., 114. 3

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Grande Conflito entre Cristo e o Mal, o que ocorre são maus olhos empregados a uma simples semelhança.1 Em 1890 uma das editoras de Conybeare e Howson, a T. Y. Crowell Co. enviou uma carta a Review and Herald para averiguações das compras de Sketches from the of Paul ( Apanhados da Vida de Paulo), pela Review para servir de brindes aos assinantes de “Signs of the Times”, não consistindo em uma carta de conteúdo acusativo. Em 2 de maio de 1895 o editor de Youth´s Instrutor reclamou dos plágio dos seus colaboradores. Em 1907, veio a crise panteísta com J. Kellogg e as acusações de plágio misturaram-se marcando um dos períodos mais difíceis para a IASD. Outro que se uniu a Kellogg nas acusações a Ellen White foi Charles B. Stewart. Em 1910 fez-se nova montagem nos tipos de imprensa e foi incluído aspas e referências em alguns casos, na reeditoração de 1888 do livro Grande Conflito onde, Ellen W. foi acusada de não ter citado os autores de alguns dados históricos. Vinte de  junho do mesmo ano W. C. White escreveu para A.G. Daniells: Quando apresentamos a mamãe a questão sobre o que deveríamos fazer no que diz respeito das citações de historiadores e referências aos Um exemplo disto é a semelhança entre o livro “Patriarcas e Profetas” de Ellen White em estrutura com livro “ Old Testament Biblie History” (História Bíblica do Velho Testamento) de Alfred Edersheim. Onde 73 títulos de capítulos em Patriarcas e Profetas, só nove são idênticos a esses no livro de Edersheim, ou só difere pela inclusão ou supressão do artigo “o, a”. além disso, estes nove incluem tais títulos comuns como “A criação,” “A Inundação,” “A Destruição de Sodoma,” “o Matrimônio de Isaque,” “A morte de Saul”. Cf. Staff White Estate, “The Thut About The White Lie”, pesquisa realizada na internet, no site: http://www.egwestate.andrews.edu, no dia 26 de outubro de 2001. 1

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mesmos, ela foi pronta e segura em sua opinião de que deveríamos fazer as devidas menções onde quer que fosse possível.1 Estes e outros casos analisados demonstram que Ellen White não tinha intenção de esconder seus empréstimos literários. Em 1915 W. W. Prescott em carta no dia 6 de abril, acusa W. C. White de reter informações sobre os livro de sua mãe Ellen White. As suas dúvidas era na definição de inspiração, questão analisada na conferência de 1919. 2 No mesmo, D. Canright escreveu um livro contra Ellen White, Life of Mrs. E. G. White. Em 1920 retorna o caso de Conybeare, a sua editora que, respondem a pergunta se eles haviam acusado a Ellen White de plágio: Publicamos “Life and Epitles of the Apostle Paul”, mas este não é um livro com título de propriedade literária e não temos em que nos fundamentar legalmente para proceder contra o livros dos senhores, e não cremos que tenhamos feito alguma vez objeções ou tenhamos reclamado, tal como os senhores nos dizem. 3 Em 1930 outro acusação de plágio, depois de 50 anos por, E. S. Ballenger 4, denunciou os escritos de E. White no seu jornal “The Gathering Call” (O Chamado para Unir)5. Carta de W. C. White a A. G. Daniells, 20 de Junho de 1910. Citado em Olson, 101 Questões do Santuário e de Ellen White (101QSEW) (Instituto Adventista de Ensino, CPEGW), 88. 1

2

Realizado de 01 a 19 Julho. Ver Capitulo 38, Herbert E. Douglas, 434-442.

3

Graybill ed. “A Verdade Acerca da ‘Mentira White’”,  ACOP , 142.

Ex-pastor advenista que tinha jornal publicado bimestralmente. Irmão de A. F. Ballenger, mentor da crise do santuário de 1905. Herbert E. Douglas, 441. 4

Em 1932 e 1933, um membro da White Estate, D. E. Robinson, gastou um total de quatro a cinco horas comparando a obra de Conybeare e Howson com os 5

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Em 1976 Donald L. Numbers1 reacendeu as acusações com o livro, Prophetess of Health: A Study of Ellen G. White (Profetisa da Saúde: Um Estudo de Ellen G. White).2 A década de 1980. Em 23 de novembro aconteceu a primeira declaração de Walter Rea no jornal da Califórnia. Dias depois, falou a tribuna de Chicago: White uma historiadora... escreveu ela em 1867: “Embora eu seja tão dependente do Espirito do Senhor para escrever minhas visões como recebê-las, todavia as palavras que emprego são minhas, a menos que sejam ditas por um anjo” Cita-se então as palavras de Walter Rea “Deparamo-nos então com a escolha de viver a verdade amarga em vez de a doce mentira... Por que ela mentiu? Eu não sei?”. 3 Como já vimos ele utilizava textos fora do seu verdadeiro contexto, não só ela como todos os anteriores pois, Walter Rea não apresentou nada de novo do que Canright havia citado (plagiador). Em 23 de outubro de 1980, o Los Angeles Times cita as palavras acusadoras de Desmond Ford: “Foi Rea que primeiro mencionou os paralelos para mim. Não Sketches from Life of Paul de Ellen White. Ele deixou mais de 1.100 outros livros sem tocar em sua pesquisa. Johns, “Profeta ou Plagiadora?” parte 1- Janela Fechadas ou Portas Abertas?  ACOP, 102. Isso nos mostra a dificuldade nas pesquisas pelo motivo da dificuldade de se encontrar os paralelos. Ex-professor de história da medicina na Universidade de Loma Linda, EUA, e atual professor de história de ciência e da medicina na Universidade de Wisconsin-Madison, EUA. Documento Centro White, SALT-IAENE. 1

Refutado em: Resposta às Criticas de “A Profetisa da Saúde” (São Paulo: Centro de Pesquisa E. G. White, 1981). Cf. Ibidem. 2

3

101 QSEW ,

89.

34

apenas estava sentença após sentença copiada ou parafraseada, como também suas fontes continham erros que ela repetiu.”1 Em 4 de junho de 1981, na Adventist Review, uma explicação do uso de fontes por parte de Ellen White: Foi-lhe dito que na literatura de livros e revistas e revistas religiosas ela encontraria preciosas gemas de verdade expressas em linguagem aceitável, e que lhe seria dada ajuda do Céu para reconhecê-las e separálas do entulho do erro com o qual às vezes estas estariam associadas. 2 A igreja, através de Warren Johns, contratou o advogado católico 3 Vicent L. Ramik, para investigar os escritos de Ellen White. Ao final da sua pesquisa concedeu uma entrevista a Adventist Review no dia 17 de setembro de 1981, aonde inocentou a Sra. White.4 1

101 QSEW , 97.

W. C. White e D. E. Robinson, “Brief Statements Regarding The Writings of Ellen G. White, 1933, p. 5. Publicado como suplemento na Adventist Review, 4 de  junho de 1981. Citado em Johns, “Ladra Literária ou Mensageira de Deus?”,  ACOP, 115. 2

Dois fatos devem ser considerados: 1) Ramik tinha sido criado um católico romano (entretanto não um " católico praticante ") e um dos livros que ele examinou foi, O Grande Conflito— livro que não lisonjeia exatamente àquela Igreja ou o Papa. 2) Ramik admitiu depois em uma entrevista que, ele tinha sido parcial contra Ellen White quando ele entrou no projeto, porque ele tinha lido o trabalho de muitos dos críticos dela como D.M. Canright e até corrigiu o manuscrito da pré-publicação de “White Lie”. Pesquisa na internet, no site http://www.ellen-white.com, no dia 26 de outubro de 2001. 3

Veja a analogia que Ramik usou para esclarecer a situação: “A situação é algo como o construtor que deseja construir uma casa. Há certas unidades básicas, essenciais de materiais de edifício que estão disponível a ele--janelas, portas, tijolos, e assim por diante. Há certos tipos reconhecíveis de texturas e estilos que foram criadas por várias combinações destes materiais diferentes por construtores mais cedo até mesmo. O construtor reúne muitos destes e os usa. Ainda o desígnio da casa, o último aparecimento, a última forma o tamanho, o tato, é todo sem igual ao construtor 4

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Walter Rea publica o livro “White Lie” no ano 1982 e, posteriormente John J. Robertson o refuta com o livro “White Truth”. Desde ano (1980), vários artigos começam a ser publicados pelos periódicos da Igreja Adventista, muitos dos tais foram compilados por, Roger W. Coon no seu livro “Assuntos Contemporâneos em Orientação Profética”, que vem sendo usado por nós nesta pesquisa. Em 1983 o White Estate faz uma estudo dos livros de Ellen White, em busca de todos os paralelos e parafraseados em outros livros, depois de 17 anos de trabalho a conclusão: não menos de dois por centos (2%) de todos os escritos de Ellen White encontram-se paralelos.1 Vimos portanto que numa ótica equilibrada, Ellen G. White agiu de forma ética-legal ao escrever seus livros, e tais acusadores são vítimas de suas próprias concepções distorcidas do processo revelação/inspiração. imediato, contemporâneo. Ele põe o próprio selo dele individualmente no produto final é exclusivamente dele. (E ele não diz, ou precisa dizer: eu adquiri este tijolo aqui, aquela porta lá, esta janela lá, qualquer um!) Eu penso que era aquele modo com o uso de Branco de Ellen de palavras, frases, cláusulas, orações, parágrafos, sim, e até mesmo páginas, das escritas desses que foram antes dela. Ela ficou bem dentro dos limites legais de " uso justo, " e todo o tempo criou algo que era substancialmente maior (e até mesmo mais bonito) que a mera soma das partes de componente. E eu penso que a última tragédia é que os críticos não vêem isto... A linha de fundo é: Isso que realmente conta são as mensagens da Sra. White, não somente os escritos palavras mecânicas, cláusulas, orações - de Sra. White. Teólogos, me sou falado, distinga aqui entre inspiração verbal e inspiração plenária. Muitos dos críticos perderam o barco completamente. E é uma pena, também!” V. Ramik, “Entrevista para Review and Herald”, pesquisa realizada na internet, no site http:www.ehistoricist.com, no dia 5 de outubro de 2001. 1

Ver resultado da pesquisa em: www.whiteestate.org/issues/parallet.html

CAPÍTULO III REVELAÇÃO E INSPIRAÇÃO O presente capítulo tem por objetivo esclarecer os termos Inspiração e Revelação; ver como estes conceitos foram alterados ao longo dos 3 últimos séculos e como esta mudança afetou a interpretação dos Adventistas do Sétimo Dia (A S.D.) no que se refere a estes conceitos, tanto aplicados a Bíblia quanto aos escritos de Ellen G. White (EGW). Primeiramente veremos as mudanças ocorridas através dos séculos. Crise nos Conceitos

Ao longo da história o cristianismo tem passado por alguns debates sobre determinadas doutrinas, como por exemplo : Nos quatro primeiros séculos da era cristã, a atenção da Igreja estava presa a Cristologia; na reforma do século XVI o assunto foi Soteriologia e no século XIX , com raízes nos séculos XVII e XVIII, a doutrina da Revelação e Inspiração . 1 Este debate quanto a doutrina última supracitada, surgiu devido a introdução na Teologia dos pressupostos do pensamento dominante do século XVII, que era o Racionalismo.2 Algumas características desta época , conforme declara o Dr. Enrique Espinosa são: Tinha a razão humana como o critério final para conhecer a verdade humana em qualquer âmbito , a verdade era obtida através da razão; havia aversão ao Amim A. Rodor , Doutrina da revelação e inspiração, em Temas teológicos (Cachoeira, BA, s.d.), 1, 1 CD-Rom. 1

João M. Bentes, Normam R. Champlim , "Crítica da Bíblia", Enciclopédia da  Bíblia, teologia e filosofia (São Paulo: Candeia, 1995), 1: 991. 2

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sobrenaturalismo, toda a explicação dos fatos devia ser natural, 'não há milagres', 'não há intervenção de Deus'; as igrejas cristãs desta época tiveram tendência a ortodoxia (rigidez doutrinária) para combater o racionalismo. 1 Os teólogos então formularam um método de estuda da Bíblia , o método Histórico-Crítico (Alta Crítica), que tinha que ver com o estudo de qualquer coisa fora do próprio texto.2 Algumas perguntas que a Alta Crítica tinha que responder foram expressas por Robert Folkenberg: Que fontes o escritor usou e como ele as usou ou as combinou ? Quais tradições orais formam a base do presente texto ? Quanto de cenário cultural e histórico influenciaram o documento escrito ? Que categorias literárias podem ser identificadas ? Que evidência existe de uma reeditoração do material ? Como o desenvolvimento religioso da comunidade afeta o documento escrito ? 3 De acordo com o pensamento do mesmo autor eles (os pesquisadores da Alta Crítica), estudam o elemento humano da Bíblia, dissecando e analisando-o, como fariam com um antigo texto grego de Homero; esse estudo cresceu nos séculos XIX e XX, Notas em sala de aula, Semana teológica "Pós-Modernismo e escatologia", SALT-IAENE, setembro de 2001. 1

2

Bentes, Champlim, "Crítica da Bíblia" , 1:990.

Robert S. Folkenberg, We Still Believe (Boise, ID: Pacific Press Publishing Association, 1994), 84-85. 3

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e fez com que a Bíblia caísse em descrédito. Assim escreve Folkenberg: Durante todo o restante do século dezenove e no vinte, seus estudos cresceram em hipóteses elaboradas que esculpiram a Bíblia numa colcha de retalhos acolchoada de fontes , especulações , perguntas padrão e virtualmente destruíram a fé na divina inspiração. 1 Todo este cenário levou a uma reação por parte de outros pesquisadores no século XIX (tendo influência até hoje), mas esta reação se deu mais contra o mau uso do termo "crítico" que ,com suas pressuposições humanistas atacavam a fidedignidade e o caráter divino das Escrituras.2 Neste século acima referido houve uma interpretação que tem raízes até hoje entre teólogos; afirmam que o centro da religião é o sentimento, ou seja, revelação não vem de fora, mas de dentro; o foco da religião mudou da Bíblia para o coração do que crê. Neste momento o maior nome é Friedrich Schleiermacher ( 1768-1834 ).3 Pode-se dizer que a Alta Crítica e a linha de pensamento que Schleiermacher está inserido tem um ponto em comum: descartam a Bíblia como um livro revelado. Para os da Alta Crítica a revelação sobrenatural não existia, para o segundo grupo a revelação proposicional (com conceitos de verdade), tal como está na Bíblia, não existe, já que "as Escrituras são meramente um texto humano.... Aceitá-la como a Palavra de Deus é uma perversão idolátrica que deve ser abandonada". 4 1

Folkenberg, We Still Believe, 85.

Ênio R. Mueller, "O método histórico-crítico - uma avaliação" , em  Entendes o que Lês ? Gordon D. Fee, Douglass Stuart ( São Paulo: Vida Nova, 1991), 248. 2

3

Rodor, Doutrina da revelação e inspiração, 11-12, em 1 CD Rom.

Walvertrude Nino, "Inerrância bíblica" (Uma monografia para o "Mestrado em teologia" Instituto Adventista de Ensino, ,março de 1996), 11. 4

39

Ainda há duas explanações : uma Neo-ortodoxa e uma Evangélico- conservadora.1 A abordagem Neo-ortodoxa surgiu no século XX e teve como seus maiores expoentes Martinho Buber (1878-1965), Emílio Brunner (1889-1966)2, Karl Barth e Rudolf  Bultmann (1884-1976) . Para esta interpretação há dois níveis de verdade : o inferior e o superior. No inferior está o texto bíblico falível e com erros, pois é humano ; no superior há um encontro3, este encontro é o que caracteriza a revelação. Sobre isto Dederen confirma : Portanto , quando o escritor bíblico, por exemplo, anuncia a "Palavra do Senhor", ele não está, de fato, comunicando o que Deus lhe revelou, mas sim suas reflexões pessoais do fenômeno da revelação que ele experimentou. Sendo que a revelação, como tal, não resulta em doutrinas, tudo quanto o profeta declara... não é, intrinsecamente, parte da própria revelação. 4 Este conceito tem uma visão antropocêntrica da revelação. A abordagem Evangélico-conservadora tem um conceito tradicional-histórico de revelação-inspiração , para eles a Bíblia é um livro revelado por Deus e com autoridade. Nesta ênfase eles endossam o conceito da inerrância (que a Bíblia não tem erros, nem nos pormenores) e que o Espírito Santo esteve presente na composição da mesma , até na escolha das palavras.5 1

Nino,  "Inerrância bíblica" , 12-13.

Raul Dederen, "Revelação-Inspiração: uma perspectiva adventista do sétimo dia " (Uma monografia para o Instituto Bíblico da Divisão Sul-Americana dos Adventistas do Sétimo Dia, Brasília , DF, 1979), 6-12. 2

3

Nino,12.

4

Dederen, 10.

5

Nino,13.

40

Na próxima parte serão demonstrados os conceitos de revelação e inspiração defendidos tradicionalmente pelos A.S.D.; e também quatro teorias de inspiração, sendo que os A.S.D. apoiam só uma. Revelação e Inspiração

Nesta seção ter-se-á apenas definições e algumas explicações . Revelação: "è o ato divino pelo qual Deus se revela e habilita o profeta a entender alguma coisa ,quer seja doutrina, verdade, alguma coisa que o profeta não poderia por ele mesmo".1 O propósito deste ato é a comunicação de informação. Esta comunicação foi dada de duas formas: 1. Revelação Geral: é a comunicação que é geral a todos. "Muitos vêem canais da auto-revelação de Deus na natureza, na história, no comportamento e consciência do homem". 2 Revelação especial : é necessária porque o pecado obscureceu a percepção do homem, e ele não conseguia ver claramente o testemunho geral. Deus em seu cuidado providenciou um meio pelo qual o ser caído pudesse percebê-lo mais facilmente. Este meio foi uma Revelação Especial na qual, o Homem comunicou-se com Deus, e Deus com ele. Esta revelação especial é a Bíblia e a pessoa de Jesus Cristo. 3 Inspiração : "É o ato divino pelo qual Deus habilita o profeta a perceber e comunicar de forma fidedigna e confiável aquilo que lhe foi revelado". 4 1 2

Rodor, 40, em 1 CD - Rom.  Nisto cremos (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990 ), 15-16.

3

Ibid., 16-17.

4

Rodor; 40; em 1 CD - Rom.

41

Existem algumas teorias de inspiração : 1. Teoria da Inspiração Verbal: Cada palavra da Bíblia foi inspirada ("soprada") por Deus. Esta teoria afirma que cada palavra da Bíblia é inspirada

1

2. Teoria da Inspiração Plenária : A Bíblia em todas as partes é inspirada. Toda a Bíblia é a palavra de Deus.2 3. Teoria da Inspiração Parcial : Umas partes da Bíblia receberam inspiração e outras não. As partes históricas, poéticas, pessoais, e aquelas que não são substancialmente doutrinárias, são humanas, e podem ter erros . A Bíblia não é palavra de Deus, mas contêm a palavra de Deus.3 Teoria da Inspiração Dinâmica : Deus escolheu homens e concedeu a eles pensamentos inspirados e guiou-os no relato da mensagem divina( tanto oral – pronunciamento do profeta sobre a revelação que recebeu, quanto escrita – a Bíblia), mas eles ficaram livres para escolher e usar as suas próprias palavras. 4 Desta última teoria compartilham os A.S.D. ,e devido a distorções nesta compreensão é que tem-se problemas com a Bíblia e os livros de Ellen G. White. Deve - se saber que " os dois propósitos do Espírito Santo, a revelação e a inspiração, encontram-se tão intimamente ligados que é difícil separá-los". 5 Zacarias de A.Severa, Manual de teologia sistemática (Curitiba: A.D. Santos, 1999 ), 29-30. 1

2

Ibid., 30-31.

3

Ibid., 31

4

Ibid., 31-32.

Leo R. Van Dolson, "Revelação e inspiração- como Deus se comunica conosco",  Lição da escola sabatina - aluno (janeiro - março 1999) : 21. 5

42

O Espírito Santo comunicou as informações por alguns métodos , Ele se comunicou por sonhos e visões (Nm. 12:6); falou audivelmente ou por impressões íntimas (I Sm 9:15, 16:7); usou representações simbólicas (Zc 4); visões com instrução oral (II Cr 12 : 1-4; Ap 4 e 5); amostra de eventos que estavam ocorrendo em outro lugar ( Ez 8); mostrou eventos futuros ( Dn 2,7,8,12). Houve também registro histórico, tendo por base experiência pessoais dos escritores canônicos ou registros já existentes (fontes), estes livros por exemplo: Juízes, I Samuel, II Crônicas, os Evangelhos e Atos dos Apóstolos. 1 Adventistas e Problemas com Inspiração

No início da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), já apareceram alguns problemas com relação a compreensão de Revelação e Inspiração. Este caso para falar a verdade vem do tempo do movimento do advento (1831-1844) que teve como seu propulsor um simples fazendeiro chamado Guilherme Miller. Ele (ainda no movimento do advento) tinha a idéia de que a Bíblia não tinha contradições2, e esta idéia passou para o meio adventista sabatista com o fim de defender-se de ataques contra a Bíblia feitos pelos deístas, nessa apologia escreveram-se obras a favor da inerrância 3 Na Conferência Geral de 1883 foi votada uma revisão dos Testemunhos da Sra. EGW4, a qual alguns se opuseram, por crerem na inspiração verbal e como tal, os escritos inspirados não podiam ser aperfeiçoados. Thompson defende: 1

Este parágrafo esta baseado em :  Nisto Cremos, 22.

Alberto Timm, “History of Inspiration in the Seventh-day Adventist Church(1844-1915)”, Journal of the Adventist Theological Society 5 (Spring 1994): 182. 2

3

Ibid., 182-184.

4

Nino, 19.

43

A oposição a revisão dos Testemonies revela que já estava entrincheirada na igreja em 1883-1884 o conceito da inspiração verbal. Ademais a questão da inspiração tornou-se um fator na saída de D. M. Canright do adventismo em 1887, bem como da perda de A. T.Jones e J. H. Kellogg no princípio da década de1900.1 Outro problema nesta mesma época(1883-1915), referia-se a penetração no meio adventista da teoria de Graus de Inspiração, na qual partes bíblicas seriam mais inspiradas que outras, e esta hipótese era também aplicada aos Testemunhos da Sra. White 2, ou seja diziam que tinham partes de suas obras( cartas, livros, artigos, etc.) que não eram inspirados (inclusive o presidente da Associação Geral dos A.S.D., George I. Butler, partilhava desta posição)3, mas EGW a isto se opôs, e uma lição da escola sabatina de 1893 adotou a mesma posição dela.4 Em 1919 foi realizado um Congresso bíblico (1º a 19 de julho) e um Concílio de professores (20/07 a 01/08).5 Que nada mais foi do que uma discussão sobre inspiração. De um lado estavam os que advogavam a inspiração verbal, e do outro os que aceitavam a inspiração dinâmica ou de pensamento.6 Os anos foram passando e o assunto sobre inspiração permaneceu esquecido; até que, a partir da década de 1960, a igreja foi influenciada pela “convulsão teológica” que a cercava. Tudo isto porque alguns eruditos adventistas ao buscarem aprimoramento acadêmico em faculdades liberais, ficaram descomprometidos com a infalibilidade da 1

Thompson, “Questões e Perplexidades sem Fim”, em  ACOP , ed. Coon, 297-303.

2

Timm, 184-185.

3

Ibid., 184.

4

Ibid., 185-186.

5

Herbert E. Douglass, 434.

6

Para mais informações veja: ibid., 434-443.

44

Bíblia e escritos de EGW, 1 mas com o passar do tempo( na década de 1970) os conflitos intensificaram-se porque a igreja envolveu-se com as linhas de pensamento existente. 2 Notem o que Walvertrude informa: “1970 – No cenário mundial agora mais agitado, liberais, neo-ortodoxos e conservadores tentavam as saídas para os dilemas bíblicos.”3 Cada uma dessas linhas com seu próprio método de interpretação e a sua noção peculiar de inspiração e revelação( conforme já visto anteriormente). Alguns adventistas tiveram problema com os escritos de EGW,4 também nesta época. Por que tiveram tais problemas ? Luiz Nunes afirma: O uso do método crítico-histórico no estudo dos escritos de Ellen White levou alguns eruditos a sugerirem: (1) que as visões de Ellen White eram conseqüência de epilepsia; (2) que ela ensinou a teoria errada da porta fechada; (3) que as visões de Ellen White eram resultado da influência da medicina natural da época; (4) que os escritos de Ellen White não têm autoridade doutrinária; (5) que ela é culpada de plágio;(6) que as visões de Ellen White eram fruto da tensão nervosa causada por ambiente social de entusiasmo religioso; e (7) que ela apresentou uma Teologia do medo, resultante de seus problemas de adolescência não resolvidos.5 Esta pesquisa está limitada a responder a acusação de plágio contra EGW. Por que Ellen White Usou Fontes ?

Esta pergunta foi feita por pessoas que compararam os escritos delas com os de outros autores, e devido ao conceito de inspiração que esses indivíduos tinham levaram-nos a acusá-la de plágio. 1

Nunes, 94.

2

Ibid.

3

Nino, 20.

4

Ver: capítulo anterior desta pesquisa.

5

Nunes, 94-95.

45

Se um pesquisador tiver o conceito de inspiração verbal enraizado em suas idéias, ele rejeitará os escritos de EGW que têm textos de outros livros, pois para ele a pessoa inspirada tem que receber as palavras do próprio Deus, e Ellen G White copiou quase que palavra por palavra (outras vezes citava tudo que estava escrito) em algumas partes de seus escritos.1 Consequentemente ele terá que rejeitar a Bíblia, pois há partes que têm algo desta forma. Veja algo do que João(em Apocalipse) e Judas (em seu livro, que leva o seu nome) usam do livro apócrifo de I Enoque: Apocalipse: “A sua cabeça e cabelo eram brancos como alva lã, como neve; os olhos como chama de fogo.”(1:14) I Enoque: “A cor de seu corpo era mais branca que a neve..., e o cabelo de sua cabeça mais branco que a mais branca lã, e seus olhos como os raios do sol.” (106:10; conferir 46:1) Judas: “Enoque [foi] o sétimo depois de Adão.” (verso 14) I Enoque: “A leste do jardim onde os eleitos e justos habitam [foi] onde meu pai [Enoque] foi arrebatado, o sétimo depois de Adão.”2 E o uso que Paulo fez dos livros apócrifos ? 3, De alguns ensinamentos de Jesus Cristo que encontram paralelo em escritos anteriores ? 4 Para estudo mais detalhado ver: Olson, 102-106; Warren Johns, “Janelas fechadas ou portas abertas ?”, em Coon, ACOP, 103-110. 1

2

Tim Crosby, “Inspirado significa original”, em ibid., 337-338.

3

Para maiores informações ver: Douglass, 379; Crosby, 331.

Para mais esclarecimento ver: Crosby, 330; Douglass, 379-380. Tanto um como outro destes autores com base nos escritos da Sra. White defendem que Cristo é a fonte de toda sabedoria, e que sendo assim ao citar um mestre do passado, Ele não o estava copiando, mas sim falando de algo que Ele próprio tinha ajudado os mestres a desenvolver. 4

46

Um outro exemplo de cópia sem dizer a fonte nos escritos bíblicos é o caso de uma parte do livro de II Reis( originalmente os livros de I e II Reis eram uma só obra, mas foi dividida pela 1ª vez em 1516-1517 a. C.; neste mesmo livro o autor diz que utilizou o livro da história de Salomão – I Reis 11:41; e o livro da história de Israel – II Reis 14:28) como salienta Delmer A Johnson: “Em II reis 18:13-19:37 ele copiou textualmente Isaías 36 e 37 sem qualquer referência ao livro de Isaías.” 1 Só isto já bastava para abalar tal pessoa, mas se ela ainda descobrir que grande partes bíblicas são fruto de pesquisa, 2 e não de visões e/ou sonhos ? Este abalo que pode acontecer, já não ocorre com o que considera a Bíblia como apenas um livro humano, por conseguinte ele considerará os escritos de EGW como registros religiosos, como qualquer livro de literatura. Já com os adventistas que possuem uma visão bíblica, tal abalo não chegará, pois eles advogam a teoria da inspiração de pensamento tanto para com a Bíblia, quanto para os Testemunhos de EGW. Sendo assim crêem que Deus dá liberdade ao “escritor” inspirado de usar suas próprias palavras ao escrever aquilo que lhe foi revelado, ou inspirá-lo na seleção de fontes para escrever o que Deus quer que seja comunicado. Isto é visto tanto nos escritores da Bíblia como em EGW. Harold L. Calkins indica: Evidentemente, um aspecto da inspiração abrange a orientação divina na escolha de informações bem fundadas e na rejeição de informações infundadas ou errôneas. Além do que lhe era mostrado em visões e sonhos, Ellen White era guiada por Deus ao Este parágrafo , até esta nota está baseado em: Delmer A Johnson, “As fontes dos escritos inspirados”, Revista Adventista, abril de 1983, 15. 1

2

Ibid., 15-16.

47

escolher e pôr em ordem alguns dos pensamentos e palavras de outras pessoas, que se adaptavam às informações prestadas a ela. 1 Ellen White pode experimentar em seu ministério profético( que durou 70 anos – de 1844, sua primeira visão, a 1915, ano de sua morte) de modelos de inspiração que podem ser vistos no escritores bíblicos( variando de visões/sonhos e indo até pesquisas em outras fontes, além da Bíblia). Aqui serão listados os resumos destes modelos. 2 1. Modelo Visionário: visões ou sonhos. 2. Modelo Testemunhal: o escritor testemunhou as ações descritas pessoalmente ou não. 3. Modelo Histórico: o uso de pesquisa. 4. Modelo Admoestativo: conselhos a pessoas, igrejas, etc. 5. Modelo Epistolar: escrever cartas. 6. Modelo Literário: expressão de sentimentos íntimos. Deus usou EGW do mesmo modo que usou os escritores da Bíblia; inspiração não é sinônimo de originalidade, “Deus não esperava que o escritor bíblico ‘reinventasse a roda.’”3 Uma coisa deduz-se do uso dos métodos de interpretação da Bíblia utilizados pelos teólogos hoje (liberais, neo-ortodoxos ou evangélicos-tradicionais): : é algo perigoso. Tendo o método Histórico-Crítico, duvida-se da revelação/inspiração como é mostrada na Bíblia e defendida nos escritos de EGW, aliás não há algo sobrenatural, só o lado humano e 1

1980, 45.

Harold L. Calkins, “Como ocorre a inspiração”,  Revista Adventista, fevereiro de

2

Estes modelos estão bem desenvolvidos em: Douglass, 412-414.

3

Ibid., 379.

48

cheio de falhas. Aplicando a Teologia do Encontro, a Bíblia não fica sendo um livro inspirado por Deus, mas mera descrição do encontro do profeta com Deus, da mesma maneira o que EGW redigiu é apenas uma literatura religiosa como outra qualquer. Entendendo a Bíblia como a Palavra de Deus, sem erro mesmo nos detalhes, quando percebe-se as discrepâncias periféricas que existem nela, a Bíblia, e nos livros, artigos e cartas preparadas pela Sra. White estarão “se encaminhando para o desapontamento e talvez para a completa perda da fé.”1 Portanto deve-se ter bom senso e respeito ao pesquisar a Bíblia e os materiais da irmã White, pois eles são a voz de deus dizendo aonde devemos ir. 1

Douglas, 470.

CONCLUSÃO Não houve plágio nos escritos de Ellen G. White e sim empréstimo literário, legal e eticamente dentro das leis de direitos autorais. Tal acusação foi habilmente refutada, onde vimos que o profeta pode fazer uso de materiais escritos e não escritos na intenção de transmitir sua mensagem. O conceito de cópia literária, nas leis contemporâneas de Ellen White permitiam-na fazer tais empréstimos. A incompreensão do processo revelação/inspiração é ponto central no qual são tecidas as acusações pelos seus críticos. As acusações feitas a Ellen White não tinham fundamento sólido, sendo muitas apenas distorções, pois ela não tinha intenção de esconder seus empréstimos literários. Foi visto na parte final deste trabalho, que um desvio na compreensão do processo revelação/inspiração levou alguns líderes adventistas (e ex-líderes) a questionar a autenticidade dos escritos de Ellen White e posteriormente acusá-la de plágio; e que o uso do método Crítico-Histórico fez com que se considerasse os Testemunhos, algo meramente humano (portanto sem autoridade), e sendo assim um escrito comum e que tem cópias de muitos livros, mas sem lhes dar o mérito devido. A Igreja Adventista oficialmente aceita o conceito de Inspiração de Pensamento, no qual os homens foram inspirados e não suas palavras; dessa forma quando Ellen White utilizou-se de textos de outros autores, ou simplesmente os

49

50

parafraseou, tal procedimento deu-se à luz do Espirito Santo, para separar o joio do trigo.

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