EDÙN ARA

July 25, 2019 | Author: Ivan Luiz Cerqueira | Category: Relâmpago, Minerais, Natureza, Química, Ciência
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PEDRA DE RAIO...

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EDÙN ARA  –  O  O FILHO DE SÀNGÓ

Se “Religião e Ciência se fundem, mas não  se confundem”,  se faz necessário, adentrar em outras ciências para entender certos fenômenos naturais presente em nossa cultura. Recorremos a“Física dos  Relâmpagos e dos Raios” , para uma melhor compreensão dos diversos aspectos sobre a física envolvida nesse fenômeno que exprimem as forças da natureza, que por milhares de anos assustaram a humanidade. Relâmpago e raios são descargas elétricas com polaridades positivas e negativas. Grande parte da energia de um raio é

transformada em calor, luz, som e ondas de rádio. Apenas uma fração dela é convertida em energia elétrica. Somente 20% dos raios tocam o solo e podem ser divididos em descendentes (nuvem solo) e ascendentes (solo nuvem). A regra cientifica segundo a qual os minerais de origem pouco comum se formam através de processo de longa duração e são, por isso, bens não renováveis, tem uma notável exceção nos fulguritos, popularmente conhecido pelo nome de pedra-de-raio, pedra-de-santabárbara ou pedra-de-corisco, são materiais formados pela fusão de minerais ou rochas  pela ação de um raio. Ao atingir o chão, a altíssima temperatura da descarga elétrica funde o material que encontra e pode, nesse  processo, formar uma nova substancia mineral. É um processo natural e inorgânico, que produz uma substancia sólida, homogênea e de composição química definida. Não tem, é verdade, estrutura cristalina, mas assemelha-se à obsidiana e aos tectitos, justificando-se

 portanto seu estudo junto com os demais minerais. Quando o raio cai sobre a areia e esta é como a imensa maioria das areias, formada de quartzo, surge um mineral chamado lechatelierita. É uma substância fácil de identificar porque ocorre na forma de tubos alongados, com poucos centímetros de diâmetro e algumas dezenas de centímetros de comprimento, de cor clara, rugosos e foscos por fora, mas lisos e brilhantes internamente. Alguns fulguritos chegam a atingir 20 cm de comprimento e diâmetro de 6,2 cm, mas o usual é se encontrar peça menores mesmo porque ela se quebra facilmente. A espessura da parede costuma ter 1 a 5 mm. Os raios e os trovões aparecem com constância nos mitos das civilizações do  passado e obviamente não poderiam estar ausentes em nossa cultura. Na Bahia, os antigos escravos africanos acreditavam que a pedra-de-raio, desprendia-se da atmosfera durante as tempestades, ou seja, são

consideradas pedras trazidas pelos raios, através do poder de Sàngó, cuja força mítica e meteórica a enterraria, ocultandoas na terra a uma profundidade de ‘sete  palmos’, aflorando um palmo por ano até

chegar a superfície e ser encontrada, que a sequestra para sua residência afim de que o lugar seja assim imunizado contra raios, já que é dito popularmente que “um raio não cai no mesmo lugar por duas vezes”. Ela

teria poderes curativos e por isso era utilizada em preparos de remédios para diversas doenças, além de seu conhecido uso na liturgia dos descendentes dos iorubás no Novo Mundo. Um mito iorubá, revela que Em épocas remotas, quando Sàngó Aláfin governou o  poderoso Império de Òyó , reino que representou o modelo de organização e evolução, sem precedentes para sua época. Todas as pessoas eram honestos e tinha  grande respeito e crescimento da  família. Sàngó tinha um filho chamado Edùn Ara , que desde sua infância não gostava de ouvir os versos dos anciãos,

 preferindo se refugir para o campo. Em determinado momento,  Sàngó decide retornar ao Òrun e deixar seu primogênito no comando de seu reinado. A primeira atitude de Edùn Ara ao tomar o controle do Império, foi destituir os Ministros que  seu pai havia nomeado e substituí-los por  seus velhos amigos. Logo uma onda de abusos e corrupções, assolou o reinado. Os habitantes do reino, indignado com a tirania Edùn Ara , decidiram após uma reunião secreta entre chefes locais e antigos sacerdotes, realizar determinados ritos, com a finalidade de que o ocorrido de Òyó chegasse no Reino ao conhecimento das Divindades Supremas do Céu.Olódúmarè ordena que Sàngó se apresente e ouça as suplicas de seu povo.  Indignado com a situação de seu reino, decide convocar seu filho e ouvir deste sua versão. Ciente de sua convocação,  Edùn  Ara ordena os governantes de seu reino que prepare uma sacola com todos os alimentos que se produziam nas terras de Òyó. Com a encomenda em mão,  Edùn

 Ara segue seu caminho em direção ao Òrun. Chegando ao seu destino, depara com seu pai que o relata, tudo o que o povo de seu reino tem reclamado e que não acreditava no ocorrido, porque teria plena confiança em seu filho.  Edùn Ara saca da  sacola os ingredientes e tenta convencer  seu pai que o reino estava em prospera ascendência. Edùn Ara retorna ao Àiyé  e  furioso ordena que retire de todos os habitantes que dele vieram a reclamar, alimentos, bebidas, água, instrumentos agrícolas e que sequem fontes e rios. Não tardou para que a pobreza e a miséria devasta-se o reino. Edùn Ara e  seus amigos estavam aproveitando a opulência sem pensar sobre seus súditos.  Ainda no Òrun , Sàngó se surpreende de  passar tanto tempo e sequer em algum momento ouvir notícias de seu reino, então decide visitá-lo. Chegando ao seu reino Sàngó se surpreende ao ver seu povo em tamanha pobreza. Disfarçado de mendigo, decide então falar com seu filho. Uma vez às portas do palácio, tentou entrar

mas a guarda o impedia, por sua insistência, os soldados empurram Sàngó para a rua, mas ao levantar-se na tentativa de entrar novamente no recinto real, um dos soldados em estado de embriagues com um machado em punho, crava-o na cabeça do rei disfarçado. Sàngó retorna ao Òrun e num estado de fúria incontrolável, através de  seu poder, invoca a força dos trovões e dos raios. Com esse poder  Sàngó decide destruir o palácio, quando de repente ouvi a voz de então ra destruir o palácio, então a voz deOlódúmarè  foi ouvida do infinito, dizendo lembrar que Edùn Ara era seu filho e que o tinha nomeado rei sem consultar  Ifá. As pessoas da cidade, abaladas pela cólera de seu verdadeiro Rei, refletida no estrondo dos trovões, temem em deixar suas casas. Quando  Edùn  Ara ouvi a voz de seu pai se desculpa dizendo que devolveria a prosperidade e a riqueza de seu povo.  Sàngó consciente do erro de ter nomeado seu filho como Rei,  pede desculpas mas diz a Edùn Ara que

não poderia mais continuar a governar seu reino. Sàngó envia um raio que atinge Edùn Ara o transformando em milhares de pedras de raio.

Através da pedra-de-raio  podemos invocar o poder de Sàngó e por meio desta nos conscientizar que o Rei dos Reis não tolera os gananciosos e criminosos. No Odù Òtúrá Òfún, onde encontra-se inserido o mito acima descrito, apresentar-se para um consulente do qual tenha posição de liderança, empresas e organizações, aconselha-se que dirija sua atenção  profissional as áreas das finanças, afim de evitar ser lesado financeiramente por  pessoas de cargos de confiança ou subalternos inescrupulosos. Cuidado com enriquecimento e negócios ilícitos, que certamente o levarão a processos judiciais. Interessante, que a crença nas pedras de raio, encontra-se espalhada pela Europa, Asia, Polinésia, e diversos outros locais do mundo. Profetas, sábios, escribas e feiticeiros os interpretavam como

manifestações divinas, considerados  principalmente como reação de ira contra as atitudes dos homens. Nas mãos de heróis mitológicos e de divindades eram utilizados como lanças, martelos,  bumerangues,flechas ou setas para castigar e perseguir os homens pecadores. Outra crença popular mais antiga considerava a pedra-de-raio um talismã para  proteção pessoal e de residências entre  povos europeus, asiáticos e americanos. A origem de tal superstição está baseada na falsa ideia de que um local não pode ser atingido duas vezes pelo mesmo raio, mas a explicação para a origem destas ideias pode estar relacionada com achados de utensílios e armas de pedra polida de povos mais antigos. Sabe-se que os etruscos e, mais tarde, os romanos da antiguidade usavam a  pedra (pontas de flechas e de martelos) em colares como amuleto. Ficavam à mostra no  pescoço, mas também eram colocadas nas casas e no telhado com o intuito de ficar a salvo dos raios.

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