educacao sexual na escola versus informação

May 5, 2019 | Author: soterocarol | Category: Sexual Intercourse, Family, Sex, Human Sexuality, Love
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EDUCAÇÃO SEXUAL × INFORMAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA1 Teresa Cristina Barbo Siqueira*   Este artigo pretende discutir o papel da família no processo de desenvolvimento do sujeito, demonstrando a necessidade do trabalho de educação sexual na escola. Trata da necessidade de criar um espaço de discussão, diálogo e reflexão sobre sobr e o tema sexualidade - afetividade na comunidade escolar.

Palavras-chave: Sexualidade, Educação, Escola

Quando refletimos sobre a questão da educação sexual a ser dada no lar ou na escola, vemos que essa dicotomia é uma distorção da verdadeira colocação do problema: se falamos em educação sexual e não simplesmente em orientação sexual, remetemos a questão à situação de origem da própria criança, pois a educação, sem dúvida, começa no lar, desde o nascimento da criança. E, além de tudo, sabemos da influência dos momentos que antecedem a gravidez da criança e de fatores socio-econômicos, políticos, culturais que influenciam a sua educação; estes porém não serão discutidos nesta ocasião. Desde o nascimento, as crianças têm condições de sentir sensações agradáveis no corpo, e desta época em diante suas atitudes sexuais estarão em processo de formação. Embora diferente do adulto, o prazer que a criança sente por seu corpo e suas funções é também de natureza sexual. O contato físico da pele com a mãe, as carícias e os afagos que recebe na mais tenra idade fazem parte do seu desenvolvimento da sexualidade 1. As ações possuem um sentido; assim "o que a criança criança imita primeiro não não é alguém, são são as condutas". condutas".2 Ela pode perceber que estas ações podem ser executadas até por ela mesma; a percepção do ambiente agradável entre os pais, o respeito mútuo, a cordialidade, podem ser aprendidos e expressos expressos no respeito respeito para consigo mesma mesma e para com o outro. "A criança compreende, antes de toda elaboração lógica, o sentido humano dos corpos e dos objetos de uso ou o valor significativo da linguagem, porque ela 1

Este texto será publicado na Revista Educativa – Goiâ Goiâni niaa -GO. Dep. Educação, 2003.

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Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Professora no Departamento de Educação da Universidade Católica de Goiás.

ISSN 1415-0492

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criança sabe distinguir um olhar de aceitação, de afeição, ou um olhar zangado, de raiva, sem que antes alguém lhe explique o significado de um ou outro olhar. Sabemos que a criança compreende atitudes que jamais teve possibilidade de tomar. Merleau-Ponty destaca, em A Estrutura do Comportamento ( 1975 ), que a criança, no início de sua vida, vai vendo o mundo pelo olhar do outro. Primeiramente, ela presta atenção às pessoas, depois aos objetos de uso e por último às outras coisas, passando a olhar aquilo que se apresenta à sua frente pelo filtro das palavras. Estas, proferidas pelos outros, auxiliam a criança a dar o sentido às coisas. A criança vai, assim, diante do mundo, adquirindo uma estrutura que guarda em si um estilo, à qual a ajudará a perceber o mundo ao seu redor e a se expressar. A criança só poderá se expressar afetivamente se tiver incorporado um modo estrutural que lhe permita não apenas se movimentar dentro desta estrutura como expressá-la de forma espontânea. Na troca com o outro, vão sendo construídas formas comportamentais, perceptivas e expressivas que se entrelaçam, enriquecem e se transformam na relação com o mundo. Através do contato com a mãe ou substituta, a criança aprende a receber amor; esses primeiros contatos constituem a base do erotismo e da capacidade de viver a intimidade com o outro na sexualidade adulta. "A sexualidade é construída, basicamente, a partir das primeiras experiências afetivas do bebê com a mãe e com o pai ou com quem cuida dele. Seguem-se as relações com à família, amigos, e as influências do meio cultural." 3 Quando a criança chega à escola, ela já traz, em termos do desenvolvimento de sua sexualidade, uma marca familiar e social, isto porque a educação sexual se faz principalmente na vida de todos os dias, através das atitudes daqueles que rodeiam a criança, sobretudo os pais. A família, quer tenha ou não consciência disso, quer queira ou não, desempenha um papel decisivo na educação sexual da criança. A atitude de carinho entre os pais, o respeito mútuo, a maneira de se relacionarem exercerão enorme influência no comportamento sexual de seus filhos. Muitas vezes a criança chega até a escola sem que os pais tenham tido a oportunidade de dialogar com ela sobre questões relativa ao sexo. Isto, porém, não significa que a criança não venha sendo educada do ponto de vista sexual,

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pois o fato mesmo de não perguntar nada, reflete uma forma de educação. Talvez a criança perceba que em casa não há lugar para suas dúvidas e inquietações. De maneira geral o que percebemos é que atribui-se, às vezes, demasiada importância ao aspecto puramente "informativo" da educação sexual. A importância da informação propriamente dita varia de acordo com o grau de desenvolvimento da criança, mas ela não constitui jamais a totalidade, possivelmente nem mesmo o essencial da educação sexual , sobretudo quando dirigida aos muitos jovens. A criança pequena, já muito bem cedo, tem questões a expor e as expõe no tempo devido. Sem dúvida, ela faz caso do que lhe respondem, mas para ela existe, algo mais importante que a resposta: é o próprio fato de lhe responderem, o ato de lhe responderem, a atitude que legitima e lhe autoriza a curiosidade, que leva em conta suas preocupações, que, em suma, aceita o diálogo, pois no início da educação sexual, a criança tem necessidade de diálogo antes de mais nada. Se a criança percebe que os pais ficam embaraçados, reticentes, não demorará a acreditar que ela tocou, sem querer, num assunto tabu, misterioso, perigoso. Provavelmente não perguntará mais, mas nem por isso deixará de pensar no assunto. A informação tem sua importância, não resta dúvida, mas a confiança é bem mais importante. Desde a mais tenra idade, o que se deve evitar é que a sexualidade se torne um tema clandestino. Muitos pais adotam, por inibição ou comodismo, a lei do silêncio ao lidar com o tema sexualidade. Mas antes que os pais falem alguma coisa sobre sexo, o que a criança absorve é o como os pais vivenciam a afetividade e o sexo. O casal vive em harmonia? Demonstra, diante da criança, o amor que sente um pelo outro? As brigas são resolvidas de forma positiva? Há respeito entre eles? Há uma ligação muito estreita entre os aspectos afetivos e sexuais. Quando a criança pequena pergunta: "...De onde vim?" Junto à pergunta objetiva, ela quer saber se é amada, se foi desejada pelos pais. O saber informar naturalmente é importante: a criança faz perguntas objetivas e espera respostas sem rodeios. E muitos adultos ficam, ainda hoje, embaraçados por terem sido questionados sobre o tema. Fazem comparações com plantinhas, animais recém-nascidos... Neste momento não interessa à criança como nascem os animais. O importante é responder objetivamente as 3

perguntas dos filhos, sabendo também se limitar ao que foi perguntado. É diferente de "dar uma aula completa" sobre sexo e depois respirar aliviado: "...Agora já disse tudo, não preciso mais tocar no assunto..." A família é pois responsável pela maturidade sexual dos filhos por sua identificação ao papel feminino ou masculino, bem como sua definição relativa ao sexo. Os pensamentos clandestinos têm tendência a dirigir-se à perversidade, pois avolumam culpabilidade e deformações. Para muitos pais, que vêem a educação sexual tão somente como informação, delegá-la à escola é uma escapada feliz, pois os alivia de suas responsabilidades por um lado e, por outro, sentem-se mais tranqüilos pelo fato de que seus filhos não estarão entregues unicamente às forças ocasionais que os atingem pelas contingências do meio. Se a educação sexual é uma faceta do processo educativo, é evidente que cabe também à escola a ação educativa. Assim como na família deve existir um clima que permita à criança ir colocando seus questionamentos de forma natural e não programada, também a escola (nos primeiros anos de escolaridade) deveria garantir condições de assumir no seu dia-a-dia as questões que as crianças trazem, suas inquietações ou mesmo suas ações, para que elas não sejam remetidas para a clandestinidade. No entanto, conseguir este clima é tarefa a ser conquistada na escola, pois ela é decorrente, de um lado, da própria maneira como a escola está organizada, das relações interpessoais que se desenvolvem entre todos os que nela se encontram e, de outro, da maneira como os professores vivem, aceitam e exprimem a sua própria sexualidade; isto porque lidar com a sexualidade da criança remete o adulto à sua própria sexualidade, à maneira como este tem resolvido para si as questões que lhe são colocadas. Cabe à escola garantir um clima de trabalho com as crianças onde a expressão de sua sexualidade possa aparecer, e não ignorar esta dimensão do ser humano, fazer de conta que não ouvem ou não vêem o que lhe passa ao redor, aquilo que extrapola o conteúdo previsto e programado de suas aulas. Por outro lado, é preciso também garantir aos professores condições de atuação, e para isto eles precisam não só estar informados, mas, sobretudo, ter um momento na dinâmica do funcionamento da escola em que reflitam a própria ação juntamente com seus colegas. Esse grupo de reflexão dá continência à ação 4

do professor e ele percebe que não está só e que pode se enriquecer com a experiência dos outros como também colocar suas ansiedades e preocupações. É muito importante que o professor aceite com naturalidade o imprevisível das situações, usando linguagem clara, simples, sem rodeios, ao alcance da criança, esclarecendo-a, sem se antecipar com informações que a criança não está interessada em obter, respeitando sua maturidade intelectual e emocional. Por outro lado, protelar ou adiar a resposta pode levar a criança a se inibir, censurar-se e não voltar a perguntar, gerando fantasias, desconfiança e insegurança em relação ao adulto. O professor encontra em geral dificuldades para atuar dessa forma. Talvez uma das dúvidas que lhe surja é no que se refere a quanto a criança sabe, ou o que os pais gostariam que ela soubesse. Nestes casos uma boa estratégia é devolver a pergunta à criança. Dessa maneira pode-se ter uma visão clara do tipo de informações que a criança possui, as fantasias e deformações que ela traz, podendo, assim, o professor corrigir essas deformações e responder exatamente o que lhe foi perguntado. É claro que, ao responder as perguntas suscitadas pela curiosidade da criança, o educador corre o risco de se confrontar com os pais, que podem acreditar que ainda é muito cedo para que essa informação seja dada. É importante, nesses casos, o professor ter para si a convicção de que esta é a melhor forma de atuar e que o seu compromisso é para com a criança e o seu desenvolvimento. O professor pode atuar com a classe toda ou com um grupo específico de crianças ou com uma apenas, dependendo do momento e da forma como as questões se apresentam. Vejamos então que questões aparecem com mais freqüência nessa idade, em torno do que gira a curiosidade da criança e com que situações freqüentemente o professor depara dentro ou fora da sala de aula. A DIFERENÇA ENTRE OS SEXOS:

As crianças não aceitam as diferenças de sexo como um fato consumado. Para elas, é um grande mistério que as leva a elaborar explicações fantásticas e receios sobre as diferenças básicas do corpo. É necessário ajudar a criança a 5

esclarecer suas idéias sobre as diferenças anatômicas e, com mensagens simples, deixar claro que o menino tem um pênis pequeno e que, quando crescer, provavelmente, será como o de seu pai e a menina tem uma vagina (o que muitas ignoram até a idade avançada) e quando crescer será mulher como sua mãe. A necessidade de conhecer o próprio corpo e as diferenças entre os sexos levam muitas crianças a se manipularem ou se entregarem a investigações mútuas, geralmente às escondidas dos adultos. Isto não significa que estejam cultivando perversidades, mas sobretudo que estão conhecendo, ou até mesmo estão admiradas, impressionadas e, por vezes, inquietas e apreensivas. As brincadeiras de médico, enfermeira, em geral aparecem legitimando essa necessidade de exploração. Quando a criança tem irmãos, as diferenças entre o sexo são mais facilmente colocadas e compreendidas. No entanto, mesmo nas famílias em que os pais procuram ser o mais claro possível, as crianças podem apresentar idéias fantasiosas e incorreções que necessitam ser retificadas à medida que elas vão se desenvolvendo. Na escola é comum aparecer, nessa época, as brincadeiras de puxar as calças dos meninos ou levantar as saias das meninas, ou mesmo, de um mais ousado se exibir perante a classe. O professor deve aproveitar essas ocasiões para mostrar-lhes que tal brincadeira é uma curiosidade a respeito de como é o corpo do outro, retomando os conhecimentos que as crianças já devem ter sobre as diferenças entre os sexos, colocando, com clareza, os limites adequados a cada situação. Se, até a 1ª série do ensino fundamental, observamos que meninos e meninas se comunicam com relativa facilidade, formam grupos mistos para os trabalhos propostos, o mesmo já não acontece a partir da 2ª série, quando as crianças estão por volta de 8 anos de idade. Aqui os meninos e meninas começam a se separar e vemos os chamados "clubes do bolinha" e "da luluzinha" se delinearem. As meninas, aos olhos dos meninos, são "chatas, choronas, desinteressantes", e estes são "bagunceiros, grosseiros e insuportáveis" para as meninas. As brincadeiras são organizadas separadamente enquanto procuram se assegurar de suas identidades masculinas ou femininas e, ao mesmo tempo, se protegerem de conflitos que poderiam perturbar o equilíbrio sexual que alcançaram. 6

A criança vai descobrindo o que é pertencer a um sexo e não a outro e é no convívio do próprio grupo que vai afirmando sua identidade sexual. BRINCADEIRAS SEXUAIS:

"Cedo descobrimos que podemos brincar com o nosso corpo e ter prazer com isso. Cedo percebemos que há certas zonas do corpo que são socialmente valorizadas e outras não." 4 Desde cedo, as crianças estão sujeitas a ondas de sensações sexuais que se manifestam nas brincadeiras, nos grupinhos que se  juntam para contar piadas, nos palavrões, bem como nos grafismos que circulam entre elas. Essas ações, em geral, carregadas de evidente excitação, demonstram a liberação repentina de fortes impulsos sexuais. Faz parte do crescimento da criança passar por esses momentos; é toda uma aprendizagem que envolve muito trabalho mental consciente e inconsciente por parte da criança para alcançar, mais tarde, a sexualidade adulta. As brincadeiras de "passar a mão" são um exemplo desta situação. São mais freqüentes entre os meninos que se perseguem excitadamente para tocar as nádegas uns dos outros. Essas brincadeiras demonstram uma concepção ainda confusa de sexo onde se percebe que a sexualidade está ainda ligada à fase anal e não genital. Em geral, a brincadeira vai crescendo em excitação entre as crianças, pois de um lado lhe causa satisfação e, de outro, ofensa, e ela não se conforma em ser a última a ser tocada. Precisa passar adiante, o que culmina , muitas vezes, em brigas entre elas. A intervenção do professor, tranqüila mas firme, se faz necessária para pôr fim à brincadeira, colocando para as crianças os limites que elas não estão conseguindo se colocar. Se a situação ocorre em sala de aula, é oportuno discutir com as crianças o respeito pelo outro, relembrando as regras de convivência da classe para assegurar um clima de tranqüilidade no trabalho. Com o transcorrer do desenvolvimento físico e emocional a criança descobre os órgãos genitais e o prazer que lhe dá a manipulação dessas zonas. É comum a criança se auto-estimular na hora de dormir, ou quando está absorta ouvindo histórias, ou assistindo TV... 7

Na escola é comum o professor defrontar com crianças que se manipulam na sala de aula, ou que andam pela classe segurando o pênis. A visão destas cenas, muitas vezes, causa embaraço e insegurança no professor, que não sabe como agir. Nestas situações, o importante é o professor passar a observar diretamente a criança, a fim de perceber se ela se manipula com muita freqüência, se existe algum momento na aula que lhe causa maior ansiedade, ou se a criança apresenta um comportamento compulsivo, que escapa a qualquer possibilidade de controle de sua parte. Se a criança se masturba compulsivamente é sinal de que tem um problema sério e que precisa de ajuda. Nestes casos a escola, através do psicólogo, orientador educacional, ou mesmo do professor, deve comunicar aos pais o que está ocorrendo com a criança. Possivelmente ela necessita de alguma ajuda externa, como a assistência de um psicólogo, para ajudá-la a resolver os conflitos que está vivenciando e que, muitas vezes, a família, por maior boa vontade que tenha, não pode solucionar. Pode ocorrer, também que a criança se masturbe sem ter muita consciência do que está fazendo. Apenas manuseia distraidamente alguma parte do corpo que a excita sexualmente. Nestes casos, cabe ao professor não chamar a atenção para o fato, mas procurar com jeito, solicitá-la e envolvê-la na situação de aula que todas as crianças estão vivendo, pois é muito comum a criança "desligar-se", parecer "estar longe" do que está ocorrendo ao seu redor. Se for tratada naturalmente e sem ansiedade por parte do professor, é provável que a criança continue suas atividades e o fato não seja notado pelo resto da classe. Em resumo, a ação do professor se faz necessária no momento em que as situações aparecem, devendo encarar sempre a manifestação da sexualidade infantil como natural, parte integrante do processo evolutivo da criança. Ao mesmo tempo que permite a expressão da sexualidade, deve saber colocar, com bom senso, os limites necessários à ação educativa. Na 4ª série do ensino fundamental, quando as crianças já têm 10 ou 11 anos de idade, é comum observar-se que, no 1º semestre, aumentam as rivalidades entre meninos/meninas, aguça-se a curiosidade sexual, e, no decorrer do ano, vai-se criando um clima de maior excitabilidade, de agitação, que atinge 8

sua culminância no 2º semestre. Para quem trabalha em escola e está atento à evolução das crianças, é fenômeno sazonal, esperado e produzido na mesma época e com as mesmas características. A menina está vivendo mais de perto a expectativa de sua primeira menstruação, algumas até já ficaram menstruadas, enquanto para os meninos é pouco provável que nessa idade já estejam ocorrendo fenômenos da puberdade. De qualquer forma, os meninos também são afetados pelo desenvolvimento das meninas, e um esclarecimento sobre o que acontece com elas e o que irá acontecer com eles diminui a ansiedade e até mesmo conduz o grupo a um relacionamento mais saudável, de maior cordialidade entre meninos e meninas, que passam a se tratar com menos malícia e menos mistério. "Ações educativas em sexualidade podem ser propiciadas pela família, pela religião, pelos meios de comunicação, pelos amigos ou pela escola. No entanto, essas ações podem ser também deseducativas, pois, em grande parte das vezes, permitem que se perpetuem atitudes repressivas, tabus e desinformações", conforme afirma Santos” 5. Na nossa opinião é importante implantar um projeto de educação sexual, na escola, trabalhado em equipe multidisciplinar onde os vários professores possam esclarecer suas inquietações, dúvidas, anseios. Neste projeto entendemos que o trabalho de orientação sexual "é um processo de intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principalmente nas escolas e envolve o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero." 6 Esse projeto enfoca as dimensões fisiológicas, sociais, psicológicas, éticas e culturais. Nesta perspectiva, "a orientação sexual possibilita a conscientização do indivíduo de maneira ampla, favorecendo sua interação consigo mesmo e com os outros," 7 com o desenvolvimento de suas áreas cognitiva, afetiva e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação . O trabalho de Orientação Sexual que almejamos tem como objetivo ajudar crianças e adolescentes a terem uma visão positiva da sexualidade, a desenvolverem uma comunicação clara nas relações interpessoais, a elaborarem seus próprios valores a partir de um pensamento crítico, a compreenderem o seu

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comportamento e o do outro e a tomarem decisões responsáveis a respeito da vida sexual, agora e no futuro.

NOTAS 1

"A sexualidade não se confunde com instinto, nem com um objeto (parceiro), nem com um objetivo (união dos órgãos genitais no coito). Ela é polimorfa, polivalente, ultrapassa a necessidade fisiológica e tem a ver com a simbolização do desejo, não se reduz aos órgãos genitais (ainda que estes possam ser privilegiados na sexualidade adulta) porque qualquer região do corpo é suscetível de prazer sexual, desde que tenha sido investido de erotismo na vida de alguém, e porque a satisfação sexual pode ser alcançada sem a união genital". Chauí, Marilena, Repressão sexual: essa nossa (des)conhecida , p. 15). 2 Merleau-Ponty,M. Merleau-Ponty à la Sorbonne- rèsumè de cours 1949-1952, p.311. 3 Suplicy, M. et al., Guia de orientação sexual , p.7. 4 Frade, Alice e outros, Educação sexual na escola: guia para professores, formadores e educadores, p. 12. 5 Santos, Claudiene e Bruns, Maria Alves, A educação sexual pede espaço , p.25. 6 Suplicy, M. et al., Guia de orientação sexual , p.6 7 Santos, Claudiene e Bruns, Maria Alves, A educação sexual pede espaço , p.26.

Texto

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. CHAUÍ, Marilena, Repressão sexual:  essa nossa(des)conhecida . São Paulo: Brasiliense, 1992 2. FRADE, Alice e outros, Educação sexual na escola:  guia para professores, formadores e educadores. Lisboa: Texto, 1999. 3. MERLEAU-PONTY, M. A estrutura do comportamento . Trad. De José de Anchieta Corrêa. Belo Horizonte: Interlivros,1975. 4. MERLEAU-PONTY, M. Merleau-Ponty  à la Sorbonne - rèsumè de cours (1949-1952). Grenoble, France: Cynara. 5. SANTOS, Claudiene e B RUNS, Maria Alves. A educação sexual pede espaço . São Paulo: Ômega, 2000. 6. SUPLICY,M. et al ., Guia de orientação sexual . Diretrizes e metodologia. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.

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