Economia Criativa e Empreendedorismo
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Economia Criativa e Empreendedorismo
Economia Criativa e Empreendedorismo Professor Me. Geraldo José Saromenho 1
Economia Criativa e Empreendedorismo
Introdução
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1. Os conceitos da moderna economia
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2. Economia a partir dos anos 1990 e os conceitos de economia criativa
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3. Migração da arte, da cultura, da moda e outras atividades criativas para o campo dos negócios
SUMÁRIO
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4. Cenários ambientais, novos mercados e atividades da economia criativa
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5. Políticas públicas para incentivo das atividades criativas
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6. Coworking e novas formas de organização do trabalho
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7. Empreendedorismo e liderança criativa
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8. Inovação e criação de startups
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9. Gerenciamento estratégico e Business Model Canvas
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10. Questão de nanças, contabilidade e impostos
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Referências bibliográcas
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INTRODUÇÃO Haja criatividade! Essa é a orientação básica para o prossional de marketing nos nos dias de hoje, em um ambiente em que as coisas se transformam em velocidade aceleradíssima e novos desaos surgem a cada momento. Quem quiser garantir seu lugar ao sol tem de criar criar,, inovar, inovar, propor soluções novas para as antigas necessidades e para os novos desejos que surgem. Para criar, haja inteligência! A informação estratégica é a matéria-prima das boas decisões de inovação e sua obtenção é difícil, dada a complexidade trazida pelas forças dinâmicas do ambiente. Nesse contexto, duas perguntas básicas: para onde caminham os negócios? Como podemos inovar, inovar, chegar antes e de modo competitivo? A resposta advém do estudo dos grandes uxos das atividades econômicas. Compreendê-los é fundamental para a atuação produtiva e ecaz na criação de valores e no comando de empresas. Aí está a importância deste módulo de sobre economia criativa e empreendedorismo. Os produtos da economia criativa estão na liderança das mudanças econômicas – o prossional precisa ter um paradigma bem sólido sobre como são eles, quais as premissas que devem ser consideradas na sua criação e gestão, quais são os fatores de sucesso no âmbito dessa nova economia. E o empreendedorismo, sempre chave da prosperidade, é a fonte de geração de valores e riqueza nesse contexto. Quem é o empreendedor da moderna economia criativa, como se desenvolve, como os governos podem ajudá-lo para que cumpra seu papel com mais eciência, como cada um pode desenvolver suas próprias competências empreendedoras? Se você quiser fazer um passeio de d e alto potencial de aprendizagem, vá visitar as periferias das cidades da região do ABC, na Região Metropolitana de São Paulo. Você Você verá muitos prédios de antigas fábricas fechadas ao lado de alguns que se tornaram sedes de organizações de serviços s erviços e comércio – faculdades, empresas de call center , supermercados, empresas de TI. Você vai ver duas economias: a do passado e a do presente. A economia criativa é parte central do novo mundo, enquanto a produção industrial – ainda relevante, evidentemente porque as pessoas precisam comer, vestir, usar eletrodomésticos – perde espaço relativo e em geral não cria mais grandes fortunas. Não é a bola da vez, como se diz. Vamos analisar a economia moderna e aí perceberemos porque os negócios criativos estão comandando as transformações.
1. OS CONCEITOS DA MODERNA ECONOMIA Desde o século XIX, vem se consolidando uma conceituação para explicar as relações entre agentes econômicos. Pelo menos no que diz respeito às questões básicas dos sistemas econômicos já há uma compreensão segura. Vejamos: • O sistema econômico é a estrutura – social, legal, política, institucional – e o conjunto de processos por meio dos quais os agentes econômicos – pessoas, empresas, governos – investem, produzem, realizam transações e trocas de valores.
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• Mercado é o lugar – físico ou virtual – onde as trocas se realizam concretamente, um conjunto de agentes interligados por essas trocas, o sistema de valores que sustenta as relações especícas. Reúne produtores e vendedores que buscam lucro e compradores que buscam satisfação de suas necessidades ou desejos e agentes que dão suporte a tais processos. • Na visão de Adam Smith (1723-1790), considerado o pai da economia moderna, se cada um dos agentes buscar seu próprio interesse, a “mão invisível” do mercado proverá os bens e serviços que necessita. Esse pensador é o representante mais emblemático do liberalismo. A ideia é a de que o sistema econômico deve permitir o funcionamento pleno do mercado com um mínimo de regulação, pois isso tenderá a garantir maior bem-estar para o maior número de pessoas. As economias de países que evoluíram dentro desse ideário são designadas capitalistas, liberais ou economias de mercado – algumas são mais liberais, como os EUA, outras menos, como os países da Europa. • Na visão de Karl Marx (1818-1883), proprietários dos meios de produção estão em conito necessário com os trabalhadores, que, em última instância, são os que efetivamente produzem. A ideia básica é de que, por meio de uma revolução, os trabalhadores assumam os meios de produção e que os resultados dessa sejam distribuídos de modo mais justo para todos. Essa concepção, de modo direto ou indireto, inspirou a maior ou menor intervenção do estado no sistema econômico. O auge da intervenção estatal ocorreu nas nações que implantaram regimes comunistas, como a antiga União Soviética e a China. • O dinheiro é o instrumento concreto de valorização de bens e serviços nas trocas entre os agentes. No passado, havia o escambo e a troca de mercadorias, mas esse meio de permuta deixou de fazer sentido após o surgimento e a consolidação do dinheiro. • Empresas, tal como as conhecemos hoje, são agrupamentos intencionais de recursos humanos, materiais e nanceiros mobilizados para a produção de bens ou serviços e geração de lucro. • Os agentes econômicos poderão atuar: a) como investidores, isto é, aqueles que empregam parte do seu patrimônio em empreendimentos com expectativa de obterem retornos; b) como produtores, isto é, aqueles direta ou indiretamente envolvidos com a criação e produção de bens ou serviços para venda e, consequentemente, lucro; c) como consumidores, isto é, aqueles que compram bens ou serviços para uso próprio ou de terceiros por eles custeados. • Seja no sistema de mercado ou nas economias planejadas, buscou-se ampliar a produção para possibilitar o acesso de bens e serviços ao maior número de pessoas. A indústria exerceu função central nesse processo de ampliação da produção. Canalizando investimentos e agregando recursos humanos, materiais e nanceiros, sob égide da revolução tecnológica e gerencial, ela possibilitou a produção de massa, isto é, de signicativo volume de bens para populações crescentes.
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O sistema econômico mais baseado no mercado, isto é, menos planejado, ao longo do tempo tem reveladose melhor em produzir maior quantidade de bens e serviços a maiores parcelas da população, garantindo, simultaneamente, um ambiente de maior liberdade e democracia. Em decorrência disso, sistemas comunistas consolidados – baseados em forte planejamento central – deram uma guinada rumo à economia de mercado nas últimas décadas. Esse movimento começou com os países do Leste Europeu, componentes da antiga União Soviética, foi seguido pela China e agora, mais recentemente, por Cuba, que deverá tornar-se mais aberta a iniciativas empreendedoras e ao capital e registrar forte crescimento nas próximas décadas. Saiba mais Marx X Adam Smith
A economia sempre está atrelada a valores e a visões do mundo especícas. Os vídeos a seguir mostram um pouco do permanente debate entre capitalismo e comunismo. Comunismo real: https://www.youtube.com/watch?v=VHdR1ASYeFI Crise do capitalismo: https://www.youtube.com/watch?v=ByaAPc_5_Dc É importante ter em mente algumas características relevantes dos sistemas de economia de mercado: • Empreendedores ou empresas estabelecidas são livres para criar produtos e ofertá-los a potenciais consumidores ou clientes; • Há competição para a conquista de maiores grupos de clientes e esta se baseia no oferecimento de melhores condições: melhor preço, melhores serviços, maior qualidade. • Os consumidores ou clientes são livres para buscar os bens que lhes interessam – nas condições que lhes parecem adequadas. • Produtos menos capazes de atender aos interesses dos consumidores ou clientes são substituídos por outros mais adequados. Assim, as empresas e os empreendedores buscam a inovação permanente, como modo de manterem-se vivos e lucrativos. • Nesse processo se dá o que se chamou de “destruição criativa”, que é simplesmente a destruição de tecnologias e produtos menos adequados por outros mais adequados. Destruição criativa
Assista o seguinte vídeo sobre o conceito de destruição criativa elaborado pelo Instituto Millenium: https://www.youtube.com/watch?v=-Tx7-Nw9JjM • No contexto do mercado, tudo tende a virar mercadoria. Quer dizer: o interesse em ganhos leva empresas e empreendedores a buscar novos produtos a oferecer a grupos de consumidores e tiram
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da esfera da produção doméstica ou do estado atividades que antes eram providas de outro modo. Alguns exemplos: • No Brasil, até a década de 1970, era comum as donas de casa terem máquinas de costura. Quase todas sabiam costurar e faziam roupas para a família ou, no mínimo, cuidavam da manutenção da roupas. Hoje, para fazer uma barra de calça, na maioria das vezes recorre-se a prossionais ou estabelecimentos que prestam esse serviço. A atividade saiu da esfera doméstica e passou para a esfera de mercado. A roupa e o serviço de manutenção passaram a mercadorias, produtos colocados à venda. • O mesmo se pode dizer da alimentação. Cozinhar em casa está cada vez menos frequente, à medida que o mercado vai oferecendo opções mais baratas e ecientes – como os restaurantes self-service . Ver: https://www.youtube.com/watch?v=8jAvAQz5UMs Essa questão é de particular interesse para o presente módulo. Os bens criativos e os de entretenimento – música, poesia, teatro, dança, competições, educação, informação – transformaram-se em produtos. O conceito de produto, nos tempos atuais, inclui os serviços: é aquilo que foi produzido para a venda, seja um bem tangível, seja um serviço intangível. O produto tem de atender necessidades e sua qualidade não é absoluta, mas relativa aos interesses dos potenciais consumidores. Assim, muitas vezes, em vez de liderar os consumidores e “puxar” o consumo para cima em termos de padrão de qualidade, muitas vezes o produto amolda-se ao mercado e empobrece culturalmente os consumidores. Qualquer pessoa séria atuando em economia criativa deve ter isso em mente. Se de um lado há o risco evidente de que a força do mercado domina a produção artística e intelectual, com prejuízo para a qualidade intrínseca das criações humanas, de outro, há o incentivo econômico que leva à produção e acesso aos bens culturais. O empreendedor cultural consequente deve considerar seriamente essas questões. Uma crítica severa
Assista ao vídeo a seguir, que mostra o maestro Júlio Medaglia fazendo uma crítica severa a respeito do empobrecimento da música brasileira em prol da eciência mercadológica (lucro, atração de grandes públicos): https://www.youtube.com/watch?v=pXqj1ZeYsIU
2. ECONOMIA A PARTIR DOS ANOS 1990 E OS CONCEITOS DE ECONOMIA CRIATIVA Nos anos 1980, as pessoas começaram a perceber mudanças signicativas em seus trabalhos e na sua vida. Por exemplo, quem trabalhava em uma empresa percebeu que de repente todos começaram a falar em produtividade, resultados e mudança. Lógico que todas essas palavras sempre zeram parte do vocabulário empresarial, mas, naquela década, principalmente a partir da segunda metade, passou-se a falar essas palavras mais e com maior ênfase. Tiveram início mudanças econômicas muito signicativas. Quatro fenômenos que fazem parte desse contexto devem ser discutidos para melhor entendimento da mudança: a globalização, a TI (Tecnologia da Informação), a terceirização e a reengenharia.
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2.1 Globalização A palavra globalização ganhou destaque. Globalização é a ruptura de fronteiras entre os países, com intensicação do uxo de bens e serviços, de capitais, de atividades econômicas entre eles. As nações perceberam que barreiras ao comércio exterior poderiam trazer mais prejuízos do que benefícios a suas empresas e economias e começaram a derrubá-las, ao mesmo tempo em que buscavam acordos de comércio, seja participando em blocos econômicos, seja diretamente. As empresas, principalmente as grandes que já atuavam em diferentes países, passaram a organizar mais globalmente seus negócios – seja nos arranjos produtivos, seja na comercialização, seja nas estruturas nanceiras. O uxo de mercadorias acelerou-se e as empresas mais capazes de oferecer melhores alternativas em termos de produtos e serviços conquistaram maiores parcelas de mercado globalmente, eventualmente suplantando ou até destruindo organizações locais. Mais e mais – da década de 1980 em diante – o mundo se encaixa na ideia de “aldeia global”, introduzida por Marshall McLuhan há mais de quarenta anos. Na atualidade, essa globalização provavelmente chegou à sua plenitude. Empresas e consumidores buscam as melhores alternativas onde quer que estejam. Do lado das empresas, isso pode signicar, por exemplo, a contratação de serviços de call center ou outros no exterior (como se dá no Brasil e Índia) e a criação de produtos montados em diferentes países. No caso dos consumidores, por outro lado, a compra de um bem ou serviço pode ser feita no exterior pela internet, ainda que se trate de itens banais como roupas e até comida. O uxo de bens e serviços chegou a tal ponto que inclui serviços médicos ou dentários, ensino, seguro, loterias etc. No que diz respeito aos investimentos, também as barreiras desaparecem mais e mais. Os grandes investidores, como os fundos de pensão, buscam melhores alternativas onde quer que estejam. As agências de classicação de risco passaram a ter papel de destaque e as principais bolsas de valores tendem a se juntarem. A corrupção registrada na Petrobrás teve repercussão e importância nos EUA porque investidores locais sentiram-se prejudicados e foram à justiça buscar ressarcimento. A globalização reete-se em tudo: na dinâmica da economia, na política, nos negócios, no consumo, nos valores, enm, no dia a dia do cidadão.
2.2 TI - tecnologia da informação Os computadores e, posteriormente, a internet mudaram a face da vida humana – e da economia. Imagine o que era a compensação bancária de cheques antes do advento dos computadores ou o fechamento da folha de pagamento de uma grande empresa! Tudo isso era feito manualmente até por volta dos anos 1960. Com o advento dos computadores, houve redução signicativa do emprego de pessoal nessas atividades, com redução dos custos e aumento da ecácia. Ademais, os computadores permitiram o desenvolvimento acelerado de outras atividades e serviços que seriam inviáveis por processos de trabalho manual. Posteriormente, a internet, que facultou a comunicação entre os computadores, deu agilidade e eciência sem precedentes ao uxo de informações, alterando os processos de trabalho, a comercialização e todos os demais tipos de atividade humana.
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Mais que isso, a internet de certa forma consubstanciou a aldeia global. Qualquer pessoa conectada tem ligações com todo o mundo a qualquer hora. Não havendo esforços sistemáticos e dirigidos para controlála, prática comum dos governos ditatoriais, em princípio todas as pessoas têm informação ampla, eciente, oportuna e pode participar, direta ou indiretamente de processos da aldeia global. Por m, a internet facilitou o acesso a bens e serviços de forma mais adequada e conveniente, libertando o consumidor das eventuais ineciências e restrições do comércio local e colocando a seu dispor uma enormidade de serviços novos.
2.3 Terceirização A terceirização é o processo no qual uma empresa delega parte das suas atividades a outra, com a nalidade de ter ganhos econômicos. A partir da segunda metade dos anos 1980, as empresas perceberam que não deveriam manter sistemas produtivos completos, envolvendo todas as fases do ciclo de produção, pois isso seria arriscado e oneroso, e uma onda de terceirização teve início. Esta usualmente é vantajosa porque reduz o custo de operações, uma vez que elas são delegadas a organizações especializadas e com maior escala, e também reduz o risco, uma vez que diminui os custos xos e o aparato industrial, permitindo ajuste da produção às utuações do mercado. Entendendo isso, vejamos alguns exemplos Digamos que uma empresa use caixas de plástico para embalar seus produtos e consuma 50.000 caixas/ mês. Se ela tiver uma estrutura interna para produzir as caixas, essas poderão custar mais caro do que as compradas de uma empresa especializada que produz 10 milhões de caixa/mês, pois esta poderá comprar o plástico mais barato, organizar a produção com mais eciência e aplicar melhor a tecnologia que desenvolve devido à especialização. No que diz respeito ao risco, o raciocínio é o seguinte: se houver uma utuação do mercado e a empresa começar a vender apenas 40 mil unidades do produto por mês, terá uma unidade de produção de caixas que estará com ociosidade de 20% (10 mil caixas a menos do que a capacidade produtiva). Se ela terceirizar a atividade, a redução do mercado poderia ser repassada imediatamente a seu fornecedor.
Na conuência da globalização com a terceirização surgiram as cadeias de valores internacionais. Produtos nais são resultado de produção ou atividades de agregação de valores em diferentes países. Um mero sanduíche, por exemplo, que um cliente do McDonalds de São Paulo consome inclui serviços prestados por um empreendedor local que adquiriu uma franquia americana. Para produzir seus hambúrgueres, agrega o know-how , a marca e o suporte da franqueada nos EUA e insumos para o lanche que vêm de outras organizações globais (com suporte e fornecimentos internacionais), estas voltadas à produção de refrigerante, pão, batata etc. No que diz respeito a automóveis, computadores, aviões e trens do metrô, as cadeias globais cam ainda mais explícitas e desempenham papéis ainda mais relevantes. Até mesmo as grandes orquestras e as grandes equipes cientícas ou esportivas têm marcas de muitas nacionalidades.
2.4 Reengenharia A reengenharia foi um processo de transformação que as empresas tiveram de fazer para se adequarem aos mercados face a novos padrões de eciência. Com o advento da globalização (padrões mundiais de eciência), da terceirização (redução de custo e risco) e da TI (revolução em custos e ecácia), as empresas tiveram de se adaptar. Isso implicou em redução de seus quadros, revisão de processos, enxugamento de suas hierarquias, abandono de atividades e recomposição de seus sistemas produtivos. Esse processo de 8
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mudança empresarial aconteceu com mais intensidade entre a segunda metade da década de 1980 e os anos 2000. As empresas que emergiram das mudanças tinham níveis de eciência e produtividade inimagináveis para na década de 1980. Com isso, maiores parcelas do mercado tiveram acesso a mais bens e serviços, com maior qualidade. As mudanças todas que se processaram na economia vieram com mudanças igualmente signicativas sobre os valores que se projetam nas atividades econômicas. O que se quer do sistema econômico? Qual é o sentido de produzir mais e mais? A quem os resultados da economia servem e a quem devem servir? No ambiente de crescente informação e democracia que se desenvolveu nas últimas décadas, o nível de vigilância da sociedade e participação cresceram também. Veja o vídeo a seguir: Don Tapscott e a nova economia
Don Tapscott é um executivo, consultor, autor e palestrante canadense de destaque, sempre antenado com as grandes transformações econômicas dos últimos tempos. Assista aos dois vídeos dele a seguir, que falam por si sós: Don Tapscott e a nova economia . Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zJWi_i9_BAM Don Tapscott: quatro princípios para o mundo aberto . Disponível em: https://www.ted.com/talks/don_
tapscott_four_principles_for_the_open_world_1?language=pt-br.
2.5 A economia criativa Nesse contexto de transformação acelerada – na tecnologia, estrutura econômica, comportamento e valores – surge o conceito de economia criativa. Este, com termo cunhado por John Howkins, veio abarcar um conjunto de atividades dependentes do conhecimento e da criação, que na nova economia passaram a ter uma dimensão signicativa. Vejamos a denição do autor. A economia criativa consiste nas transações contidas nesses produtos criativos. Cada transação pode ter dois valores complementares: o valor da propriedade intelectual intangível e o valor do suporte ou plataforma física (se realmente existir algum). Em alguns setores, como software , o valor da propriedade intelectual é mais elevado. Em outros, como artes, o custo unitário do objeto físico é maior (HOWKINS, 2013). A expressão indústria cultural também é usada para descrever esse segmento econômico. Vejamos a denição das ONU (Organização das Nações Unidas) adotada no simpósio Asia-Pacic Creative Communities - a Strategy for the 21st Century (2005), que reuniu membros da Unido (Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial), Banco Mundial, Banco Asiático de Desenvolvimento e Unesco. Atividadeseconômicasque fazemprodutosartísticose criativostangíveisou intangíveise que tenhamum potencial para criação de riqueza e geração de receita por meio da exploração de ativos culturais e produção de bens e serviços (tanto tradicionais quanto contemporâneos) baseados em conhecimento. (UNIDO, 2005, p. 14, tradução nossa).
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As indústrias culturais têm em comum o uso da criatividade, o conhecimento cultural e a propriedade intelectual, a m de manufaturar produtos e prover serviços que tenham signicância social e cultural. Um exemplo típico de bem da indústria criativa é o livro. Se aquilo que o autor escreveu for algo desejável para um número suciente de pessoas, passa a ter um valor comercial. Esse autor negocia os direitos de publicação com uma editora. Esta publica o livro e vende aos clientes. O suporte físico poderá ser o formato brochura, que existe desde que Gutemberg publicou a Bíblia, ou o formato digital, para leitura em tablet ou outro dispositivo. Os produtos criativos de um modo geral são baseados em conhecimento ou criação, usualmente são protegidos por direitos autorais, patentes ou marcas, são bens intangíveis. Howkins (2013) aponta quinze setores da economia criativa: 1. Propaganda 2. Arquitetura 3. Arte 4. Artesanato 5. Design 6. Moda 7. Cinema 8. Música 9. Artes cênicas 10. Editorial 11. P&D (pesquisa e desenvolvimento) 12. Software 13. Brinquedos e jogos 14. TV/rádio 15. Videogame s Essa lista pode ser desdobrada em um número elevado de segmentos. Por exemplo, em arte pode-se incluir a gastronomia, que hoje é uma força presente no dia a dia de todos. Um sem número de iniciativas nessa área impulsiona negócios de todos os tipos: eventos de degustação, food trucks gastronômicos, festivais de comida de rua, restaurant week etc. Em música, incluem-se desde as escolas, os festivais de estudantes 10
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ou prossionais de música até as apresentações orquestrais, concertos ao ar livre, grandes eventos como Rock in Rio etc. Não é pouco. E tudo isso implica em transações nanceiras, geração de renda, circulação de dinheiro, atração de turistas etc. Em 2005, a economia criativa representava, segundo Howkins (2013), um bolo de US$ 2,7 trilhões em termos mundiais – 6,1% da economia global, com tendência a ocupar espaço cada vez maior nas atividades econômicas. Em decorrência da sua dimensão e de seu potencial de geração de renda, produção de bem-estar e até mesmo de transformação social, a economia criativa passou despertar a atenção dos governos, organizações internacionais, instituições da sociedade civil no mundo inteiro, além de atrair um sem número de iniciativas de empresas e empreendedores de todos os portes e orientações. Tomemos o Brasil, por exemplo. Hoje há iniciativas de fomento à economia criativa por parte do governo federal, dos governos estaduais e de governos municipais espalhados por todo o país. Segundo a revista Exame (CALEIRO, 2015), a economia criativa fatura R$ 126 bi ao ano no país, 2,6% do PIB, cresceu 69% de 2004 a 2013 (o dobro da economia), engloba 251 mil empresas e emprega 892,5 mil trabalhadores formais que recebem três vezes mais do que a média nacional.
2.6 Relação com outras mudanças Como a economia criativa relaciona-se com as outras grandes transformações da economia mencionadas acima – a saber, a globalização, a TI, a terceirização e a reengenharia? No contexto da economia, tudo se relaciona com tudo, naturalmente. Por exemplo, a globalização permitiu um intenso trânsito de ideias entre países, facilitando a percepção da importância da economia criativa e a propagação de iniciativas da área. Propiciou também o aumento do uxo turístico, e o turismo traz os consumidores de bens culturais, criando oportunidades para os empreendedores locais. No que diz respeito à TI, a conclusão é óbvia: ela facultou o aparecimento de um sem número de produtos criativos e abriu espaço para divulgação barata e eciente das iniciativas da área. A terceirização levou empresas a concentrarem-se em seus negócios básicos e a abrirem oportunidades para empreendedores culturais que tenham boas ideias para ajudá-las em seus esforços de marketing , desenvolvimento de produtos, melhoria da eciência etc. A necessidade de reengenharia desencadeou um movimento de transformação empresarial que abriu espaço para iniciativas criativas de todos os tipos.
2.7 Dois grandes benefícios Para resumir, poderíamos mencionar que o desenvolvimento acelerado da economia criativa produz dois grandes benefícios principais e facilmente observáveis. O primeiro é a criação de bens que ampliam o bemestar da sociedade no segmento do lazer, qualidade de vida e desenvolvimento humano. O segundo é a óbvia geração de renda: mais empregos e mais oportunidades para os empreendedores. Essas oportunidades vão interessar-nos particularmente no contexto deste módulo. Economia criativa impulsiona o desenvolvimento
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A relação entre a economia criativa e a prosperidade econômica é analisada em vídeo curto de John Newbigin. Assista: https://www.youtube.com/watch?v=Elt35zrQysc.
3. MIGRAÇÃO DA ARTE, DA CULTURA, DA MODA E OUTRAS ATIVIDADES CRIATIVAS PARA O CAMPO DOS NEGÓCIOS Millôr Fernandes, consagrado intelectual, em programa de TV fez uma crítica a Chico Buarque de Hollanda, contra quem usou a seguinte frase: “Eu descono de todo idealista que lucra com seu ideal”. Paralelamente, no mesmo programa, Millôr observou que não costumava dar entrevista à TV porque não havia remuneração para a atividade – e ele, sendo um prossional, deveria receber pelas suas opiniões. Independentemente de ser justa ou não a crítica a Chico Buarque, as colocações de Millôr são representativas de uma questão relevante para esta disciplina. Vejamos: • Há um pressuposto de que, se os ideais estiverem a serviço do lucro, eles não têm valor. Isso vale para toda arte (que necessariamente contém ideais), conhecimento, enm, criação cultural. Há também um pressuposto de que o mercado não pode dominar a cultura, o que seria um inegável mal para a sociedade. • Desde Sócrates (469-399 a.C.) a questão está presente. O lósofo criticava os sostas por cobrarem por seus ensinamentos (REALE, 1993). • Por outro lado, o fato de Millôr defender que sua entrevista deve ser remunerada é a proposição de que a cultura tem valor, inclusive econômico, e que deve ser reconhecido concretamente. • A rigor, não há incoerência nas ideias de Millôr, mas um reexo de uma tensão e da necessidade de estabelecer limites entre cultura e mercado. É uma discussão complexa, porém pode ser simplicada do seguinte modo: a criação cultural (no melhor sentido da palavra) de valor tem de ser autônoma e não pode ser produzida para venda, transformando-se em mercadoria. Entretanto, pode – ou até deve – ser útil, e isso a torna desejável, logo, é capaz de entrar no mercado e transformar-se em bem de consumo. • Cultura e mercado não são irreconciliáveis. Vejamos: Quando, porém, uma obra de arte for encarada apenas em função da fonte de riqueza material que possa vir a constituir mediante a sua venda, não estaremos mais na esfera estética, mas na esfera econômica... Mas, a própria consideração do fato de que o homem não vive somente de pão e que a fruição de uma obra de arte pode ser fonte de alimento espiritual prepara a reconciliação da atividade estética com a atividade econômica, pois, na realidade, elas se entrosam e se prestam mútuo apoio, quando consideradas no mais amplo quadro da concreta vida do espírito humano. (GALEFFI, 1977, p. 72).
• Com o advento da sociedade de consumo, a partir do século XVIII, a “comercialização do lazer” e o “consumo de cultura” passaram a ser parte inseparável do desenvolvimento das economias de
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mercado, como observa Burke (2003): a popularização do livro, do teatro, das óperas, exposições de pintura etc. Saiba mais
Veja a entrevista de Millôr Fernandes na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=vxbYorBgEpE Nem toda criação estética ou intelectual humana tem valor no mercado. Há criações que, por estarem muito além da maioria das pessoas em termos de capacidade de fruição, não atrairão um número suciente de pessoas dispostas a pagar por elas, ou seja, não terão mercado. Entretanto, em decorrência do crescimento populacional e da melhoria dos níveis gerais de escolaridade, desenvolveram-se mercados para a maioria dos bens culturais. Assim, mais e mais produtos da genialidade humana foram também encontrando uma vocação como bens de consumo. Pode-se dizer que há diferentes graus de sosticação nos bens culturais e, consequentemente, diferentes requisitos de capacitação por parte de seus eventuais mercados consumidores. Uma canção country pode ter valor cultural e ao mesmo tempo atrair milhões de pessoas, dada a facilidade de assimilação. Porém, um concerto de piano contemplando peças de O cravo bem temperado , de Bach, terá um público restrito. O mercado de bens culturais engloba hoje todas as expressões criativas, na música, no teatro, no cinema, no artesanato etc. E aí é que houve uma mudança signicativa, pois a criação passou a ter duas dimensões diferentes: a. aos bens que são criados sem nalidade comercial e entram no mercado por terem valor de consumo; b. os bens que são criados com a nalidade de atender a demandas especícas de mercado. Exemplo: • Um compositor erudito, ao criar sua obra, não faz concessão nenhuma para torná-la mais atraente ao público. Ou seja, ao criar, ele não está preocupado com o mercado, não busca satisfazê-lo. Isso não impede, entretanto, que sua obra venha a atrair o mercado, entrando nele como bem de consumo, também. • Por outro lado, um compositor especializado em musicais ou em lmes cria uma obra com vistas a cativar o maior número possível de apreciadores dentro do mercado-alvo. Isso não impede que sua obra tenha valor artístico. Quando há predomínio total dos interesses mercadológicos na criação, qualquer obra torna-se “comercial”, uma mercadoria descartável. No geral, esta depõe contra seus criadores, compromete suas reputações. Igualmente, acaba prestando desserviço ao desenvolvimento humano. O empreendedor cultural tem que desenvolver um nível adequado de consciência sobre isso. Ele não pode propor produtos elitizados a ponto de não encontrarem mercado. Igualmente, não pode banalizar a cultura por meio da promoção de bens de valor duvidoso e propostas com gosto apelativo. Mais adiante voltaremos à questão.
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Da criatividade para os negócios
A criatividade nem sempre leva a um valor de mercado. Vejamos o que disse John Howkins (2013): A criatividade por si só não tem valor econômico. Ela precisa tomar forma, ser plasmada em um produto comercializável se quiser alcançar valor comercial. Isso, por sua vez, precisa de um mercado com vendedores e compradores ativos, algumas diretrizes sobre leis e contratos e algumas convenções sobre o que constitui um negócio razoável. Ao exigir estas condições, não estou querendo deixar implícito que a criatividade fora do mercado seja menos criativa, que apenas que ela não gerou um produto com valor econômico. (HOWKINS, 2013, p. 39).
O autor propôs uma fórmula para descrever a economia criativa, que é a seguinte: EC = PC X T EC - Economia criativa PC - Produtos criativos T - Número de transações
Na economia criativa entram produtos criativos e não criações. Os produtos criativos diferem das criações porque atendem necessidades e são desejados por um grupo de pessoas que estão dispostas a pagar por eles (mercado ). Esses podem se tornar mais atraentes em função de nome, marca, embalagem, preço, características intrínsecas e extrínsecas diversas que podem ser alteradas. Por exemplo: uma coletânea de poesia inglesa medieval pode ser embalada ricamente, agregar comentários de um crítico famoso ou conter a marca de uma editora de renome. Na economia criativa entram produtos que têm um volume de transações satisfatório para gerar lucro – caso contrário, o empreendedor não terá interesse em apostar nele. Quando não é esse o caso, ele poderá ser lançado com patrocínio, o que é uma outra espécie de valor. De qualquer modo, o produto precisa ter rendimento positivo, direto ou indireto. O empreendedor cultural desempenha um papel signicativo ao transformar criação em produto criativo. Ele deve ter uma visão adequada do valor da criação humana – além de uma postura ética apropriada, como já mencionamos – e uma visão apropriada de negócios, um feeling sobre potencial de mercado (na tradução do inglês para nossa linguagem de negócios, feeling equivale a tino comercial). Ele encontrará grandes oportunidades no mercado, não só como promotor de criações culturais de valor, mas também como criador ou incentivador de criações de valor que possam atender nichos especícos de mercado. O preparo desse empreendedor é fundamental e hoje é objeto de interesse de todos os governos.
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Preparando-se para atuar
Deseja atuar como empreendedor cultural? A área pode trazer um mundo de oportunidades. Prepare-se, se tiver interesse. Para isso, leia os dois textos legais indicados a seguir: - Lei dos Direitos Autorais: http://www.direitocom.com/lei-9-6101998-lei-de-direitos-autorais-comentada/ titulo-i-disposicoes-preliminares-do-artigo-01o-ao-06o - Lei da Propriedade Industrial (marcas e patentes): http://www.direitocom.com/lei-da-propriedadeindustrial-comentada
4. CENÁRIOS AMBIENTAIS, NOVOS MERCADOS E ATIVIDADES DA ECONOMIA CRIATIVA No mundo dos negócios, as decisões devem ser precedidas da elaboração de cenários, isto é, da previsão de como fatores internos ou externos deverão afetar a empresa no futuro, isto é, a empresa procura observar o ambiente em que atua e para as suas próprias condições, e então decidir o que deve fazer. Uma das maneiras mais usadas de fazer isso é a chamada análise Swot. É a expressão que se popularizou desde os anos 1960 para indicar uma matriz de análise que contempla quatro elementos fundamentais: strenghts (forças), weaknesses (fraquezas), opportunities (oportunidades) e threats (ameaças). Forças e fraquezas são características de uma empresa que a tornam mais robusta ou mais vulnerável em termos competitivos. São, portanto, características internas. Exemplos: • Forças: a empresa ter uma marca consagrada, um produto com melhor desempenho, uma rede de distribuição eciente. • Fraquezas: a empresa ter um quadro de pessoal desfasado em termos de conhecimento, o produto apresentar uma característica negativa etc. Oportunidades e ameaças, por sua vez, são dados do ambiente que circunda a empresa. Uma fator ambiental que favorece a empresa é uma oportunidade; um fator ambiental que diculta a realização de seus objetivos, por outro lado, é uma ameaça. Exemplos: • Oportunidades: crescimento do mercado em que a empresa está, enfraquecimento de um concorrente, surgimento de uma nova tecnologia que ajudará a divulgar os produtos da empresa. • Ameaças: fortalecimento da concorrência, legislação que restringe as vendas do produto, conturbação política no mercado.
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Os empreendedores e as empresas da economia criativa podem (e devem) construir cenários para ter uma visão mais adequada sobre o que deverão fazer. É mais conveniente começar indagando sobre o ambiente externo: quais são as oportunidades e ameaças podem ser antevistas para o futuro dos negócios dessa área? Depois disso, olha-se para as condições internas: o que temos de forças e fraquezas para atuação na área?
4.1 Cenários, oportunidades e ameaças para os empreendimentos criativos Quando se fala em cenário, pode-se traçar um quadro do ambiente de negócios. Este inclui as principais forças que afetam um negócio, mais ou menos comum a todos os tipos. Vejamos: Todos os tipos de negócio são inuenciados pelas grandes forças ambientais: a economia, a tecnologia, as forças sociais e as forças políticas. Tais forças ambientais poderão trazer oportunidades e ameaças para as organizações e empreendedores. Outros tipos de forças ambientais também os inuenciam, estas mais próximas. São aquelas forças que interagem diretamente em um ambiente mais restrito (o mercado ou ramo de negócios): fornecedores, concorrentes, distribuidores, clientes e outros agentes do ambiente próximo (como nanciadores, formadores de opinião e outros). O quadro a seguir mostra uma organização imersa em seu ambiente: Quadro 1. Ambiente e organização
Vamos usar esse quadro para analisar as tendências dos negócios criativos. São pontos importantes a destacar: 4.1.1 Forças econômicas
Com a evolução natural dos mercados em todo o mundo, cresce o número de pessoas que têm condições de acesso a bens culturais – cinema, teatro, sites de cultura e lazer, viagens etc. Isso abre um mundo de oportunidades para empresas e empreendedores do segmento. Entretanto, há também a emergência de grandes grupos globalizados com alto poder de competição, que poderão concorrer com negócios locais. Isso quer dizer oportunidade para empresas fortes o suciente para competir globalmente e ameaça para aquelas sem tal potencial. A cada tipo de organização se recomenda uma estratégia. As grandes devem 16
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buscar oferecer produtos globais que ultrapassem culturas e fronteiras. As menores, por sua vez, precisam buscar nichos de mercado em que estejam protegidas e fortalecerem-se aí. Exemplo: • A valorização do turismo cultural e a melhoria de renda faz com que turistas de todo o mundo queiram visitar o Peru e conhecer as maravilhas deixadas pelos Incas e outras culturas (até mais antigas) que ali habitaram. Grandes companhias de turismo internacionais devem criar pacotes completos a partir de seus países. Companhias locais, por outro lado, devem buscar serviços suplementares a esses e produtos com toque local, como as caminhadas com guias especializados. 4.1.2 Forças tecnológicas
A internet é o grande veículo da revolução da indústria cultural nas últimas décadas e mais que provavelmente continuará sendo nas próximas. Além de ser ela própria o veículo único e privilegiado para um grande número de bens culturais ( games, sites de entretenimento e redes sociais, por exemplo), ela abre o mundo da divulgação para todos. Entre as oportunidades trazidas pela internet contam-se: parcerias internacionais, informação barata e eciente, divulgação ecaz, promoção além-fronteiras, plataforma para novos produtos etc. Também há ameaças. Por exemplo, a ampla divulgação de preços faz com que aqueles que sejam menos ecazes em custos tenham diculdade de competir. Ou então um site de descontos pode promover restaurantes gourmets a custos baixíssimos, canalizando boa parte da clientela potencial dos restaurantes de uma localidade e tirando clientes dos outros restaurantes gourmets locais. Além da internet, outras grandes transformações tecnológicas estão a caminho, com previsão de profundos impactos nos negócios, em geral, e nos culturais, em particular. Entre elas, podemos citar a realidade virtual, os carros autônomos e conectados, os drones e os robots inteligentes e sensíveis. 4.1.3 Forças sociais
As pessoas apresentam cada vez mais um quadro de valores e comportamentos favoráveis à economia criativa. Desejam conhecer, viajar, conviver, ter experiências gastronômicas, expressar-se artisticamente e fruir de criações, envolver-se em projetos cooperativos etc. Eis aí a força motora maior do crescimento da indústria cultural. Paralelamente, um sem número de novas ideias de bens culturais aparecem em todo o mundo e podem ser imediatamente copiadas, com potencial de geração de receita. Há ainda uma aprovação unânime aos negócios criativos, porque esses estão atrelados diretamente à promoção da qualidade de vida e outros valores relevantes como a preservação, a cooperação, a democracia. Os serviços, parcela signicativa da economia moderna, traduzem-se em mais bem-estar e mais qualidade de vida para todos. Não pode haver ambiente mais favorável ao empreendedor cultural com boas ideias para oferecer a esse crescente mercado.
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4.1.4 Forças políticas
Por m, dentro do ambiente maior, no que diz respeito às forças políticas, igualmente se observa um cenário dos mais positivos. O incentivo à economia criativa e a legislação favorável observa-se em todo o mundo e em todas as instâncias de governo. Como esse é o campo das atividades econômicas em crescimento, limpas (não poluentes), com retornos rápidos e com emprego intensivo de mão de obra, é sensato que os governos deem seu apoio. Também aqui o cenário de oportunidades ca bem estabelecido. 4.1.5 Concorrência
Aqui registram-se fenômenos como o aparecimento de players globais em todas as áreas da cultura: editoras, empresas de espetáculo, organizações de informação e pesquisa, consultorias, escolas, os vários segmentos da música. Ameaça certa para as organizações e empreendedores locais. Por outro lado, a legislação e as ações governamentais tendem a favorecer organizações locais voltadas para bens culturais. Assim é com as leis de incentivo, com as parcerias de proteção e promoção de patrimônio público etc. 4.1.6 Distribuidores
Uma ampla rede de distribuidores de todos os tipos criam oportunidades para empreendedores e empresas em todo o mundo. Um pequeno hotel poderá beneciar-se da ação mercadológica de um grande site de reservas internacional, ao mesmo tempo em que uma grande rede hoteleira tende a ver tais sites como ameaças a seus negócios. Parcerias e alianças estratégicas de todos os tipos criam assim oportunidades e ameaças no mundo dos bens culturais. Um autor brasileiro que deseja escrever um livro em inglês publica-o de forma rápida e ecaz, sem maiores barreiras, na maior livraria do mundo, a Amazon. Preparando-se para atuar
Veja como funciona o self -p ublishing da Amazon. Qualquer autor pode publicar de modo direto e ágil, com chancela de uma grande organização do gênero. Visite o site e analise as condições: https://kdp.amazon. com/signin?language=pt_BR 4.1.7 Clientes
O ser humano tem necessidades a satisfazer, o que é mais ou menos xo. Parte dessas necessidades são naturais e parte advêm da cultura. Elas convertem-se em desejos, que são direcionados a alvos especícos, concretos. Os produtos são objetos concretos de desejo. Popularmente, chamam-se “sonhos de consumo”. Quais são os principais sonhos de consumo do brasileiro? Acerta quem apostou em viajar: o sonho número 1 é viajar para o exterior, o número 2 é viajar internamente, o número 4 é viajar nos ns de semana. No que diz respeito à clientela real e potencial para a economia criativa, as oportunidades são imensas, porque ela reete a maior parte dos sonhos de consumo repetitivo das pessoas: viagens, frequência a restaurantes, estudo, cinema, shows , teatro etc. Com a melhoria geral da renda, as pessoas tenderão a consumir mais e mais tudo isso. Igualmente, a melhoria do nível de informação cria novos desejos. Por exemplo, não basta tomar vinho – o consumidor deseja tomar vinho com informação adequada e, por isso, busca degustações e cursos. Provavelmente, 18
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a única variável que pode afetar negativamente o comportamento do consumidor dos bens culturais é a redução de renda ou do tempo disponível para lazer. Frequentemente, as duas coisas andam juntas. 4.1.8 Outros agentes
Imaginemos um pequeno grupo de artesãos de uma cidade do interior. Suponhamos que eles se juntem e formem uma cooperativa para agregar, uniformizar e comercializar mais ecientemente sua produção. Essa cooperativa terá apoio do banco local? Encontrará portas abertas na mídia, para divulgar-se? Terá apoio de outras instituições, como Sebrae ou Senac? A resposta é um sonoro sim para tudo isso. No que diz respeito a “outros agentes” do ambiente de negócios criativos, o goodwill é a regra: eles despertam simpatia de todos e todos dispõem-se a colaborar com eles (goodwill é um termo em inglês que, em negócios, quer dizer boa vontade em relação a uma organização, predisposição a colaborar com ela). Logo, o empreendedor ou a empresa atuante no segmento conta com uma base social forte para alavancar seus negócios. Quem não estaria propenso a colaborar com a iniciativa de levar ensino de inglês gratuito às comunidades carentes? 4.1.9 Novos mercados, novos produtos
O mundo digital abriu um leque de oportunidades imenso para empresas e empreendedores de todas as áreas, principalmente aqueles dos negócios criativos. Novos segmentos de mercado surgiram, como: • O mercado das pessoas que buscam relacionamento por meio de sites. • O mercado das pessoas que buscam diversão por meio de vídeos gravados por amadores ou prossionais não vinculados à mídia tradicional. • O mercado das pessoas que buscam educação formal ou informal online . • O mercado das pessoas que buscam e partilham receitas online . Novos negócios surgiram para atender a esses mercados ou criaram tais mercados. Alguns desses negócios tornaram-se enormes em curto período de tempo, atingindo dimensões globais, como é o caso do Youtube. Outros, ou por estarem em nichos menores de mercado, ou por não terem vocação para o gigantismo, mantêm-se pequenos, mas úteis e saudáveis. As oportunidades surgiram em todas as áreas, acomodando todos os tipos de empreendedores, principalmente por dois motivos: • A internet facultou a criação de novos produtos, como uma empresa de organização de casamentos. • A internet abriu um caminho baratíssimo e muito eciente de comunicação entre criadores de produtos e mercados potenciais.
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4.1.10 Resolvendo problemas
Os produtos servem para resolver problemas. Com o apoio da internet, empreendedores criativos acharam modos criativos de solucionar problemas. Vejamos dois exemplos: Suporte para violão clássico
O músico e professor Judson Castro, de Goiânia, desenvolveu um suporte de perna para violão clássico que evita que o estudante ou concertista tenha de usar o tradicional suporte para pé. O produto interessa a um número bastante restrito de pessoas, naturalmente, e os interessados o encontrariam com facilidade. Judson colocou um vídeo no Youtube demonstrando o produto e, deste, fez um link para seu site, onde o interessado pode adquiri-lo. Neste, divulga também suas aulas de violão e guitarra. Pesquise os links : • https://www.youtube.com/watch?v=O_derWbjdvo • www.judsoncastro.mus.br Casamento mais organizado
A organização de um casamento é tarefa trabalhosa e difícil – seja na organização e distribuição dos convites, na indicação de presentes, na orientação sobre local e outros detalhes. Um site pode fazer tudo isso e muito mais. O Icasei cobra uma taxa para resolver esse problema. Permite a criação de listas de presentes e dá sugestões, recolhe presentes em dinheiro e repassa aos noivos, distribui convites, controla a lista de convidados e muito mais. Pesquise o link : • https://www.icasei.com.br/ 4.1.11 Diversidade e novos mercados
Além da internet – parcialmente por causa dela – outros fatores contribuíram para o surgimento de novos mercados. Por exemplo, os ambientes democráticos, que se instalaram e oresceram em inúmeros países, como praticamente todos da América do Sul, a partir dos anos 1980 permitiram que as pessoas expressassem mais vigorosamente seus estilos de vida preferidos. Criou-se um ambiente de alta diversidade – na música, na moda, nos comportamentos, nos interesses, nas atitudes. Com isso, surgiram diferentes nichos de necessidades a serem satisfeitas, e novos produtos vieram atendê-las. Alguns exemplos: • Mercado da terceira idade • O mercado de adolescentes • O mercado LGBT • O mercado das pessoas negras
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Fique por dentro Preparando-se para atuar no mercado LGBT
Os novos segmentos de mercado demandam muitos produtos criativos. Por exemplo, a comunidade da terceira idade é propensa à compra de produtos de lazer cultural, como viagens, serviços voltados para a convivência e ocupação etc. O mercado LGBT, por sua vez, tem um público que usualmente dispõe de maior nível de renda discricionária (aquela parte da renda que a pessoa pode usar à sua discrição, isto é, como quiser). Todos os novos segmentos exigem preparo. Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=sotZoprXBsw 4.1.12 Crescimento de renda
As classes C e D experimentaram crescimento de renda em muitos países, incluindo o Brasil, a partir da estabilização da inação e mudanças nas políticas econômicas equivocadas que as assolaram até a década de 1980. Com esse crescimento, um número signicativo de pessoas passaram a ter alguma renda discricionária, o que as levou a interessarem-se por bens culturais como as viagens, os espetáculos, a frequência a restaurantes, educação formal e informal, entre outros. Esse crescimento da renda nas camadas menos privilegiadas da população deverá manter-se como tendência, ainda que fatores conjunturais e episódicos possam trazer alguma perturbação a essa evolução. Tal perspectiva de crescimento abre enorme leque de oportunidades para empresas e empreendedores culturais, pois há elevados níveis de carência reprimidos que se manifestarão em demanda real. Ideias inspiradoras
O livro Empreendedorismo criativo , de Marina Castro (veja referências) apresenta uma lista de empreendimentos criativos, basicamente voltados para serviços de gestão de conhecimento, e traz informação sobre como surgiram as ideias de seus criadores, os problemas com os quais se defrontaram e as alternativas que encontraram. É uma boa leitura, que pode ser combinada com visita aos sites dos empreendimentos: www.inesplorato.com.br http://perestroika.com.br www.mesaecadeira.org http://catarse.me www.webcitizen.com.br www.mandalah.com http://criaglobal.com
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www.box1824.com.br http://sxsw.com 4.1.13 Cenário promissor
Em síntese, quando se olha para a indústria criativa, as perspectivas são de muitas oportunidades e pouquíssimas ameaças para os atuantes no setor. Todos os fatores ambientais são favoráveis. Esse tipo de empreendimento encontra mercados carentes e crescentes, a concorrência não é capaz de criar restrições sérias para nenhum tipo de empresa, há apoio social generalizado, há suporte institucional e governamental em todos os níveis de governo etc.
5. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA INCENTIVO DAS ATIVIDADES CRIATIVAS A Unido, órgão da ONU voltado para o desenvolvimento dos negócios, produziu em 2005 um relatório intitulado Indústria criativa e desenvolvimento das micro e pequenas empresas - uma contribuição para redução da pobreza (UNIDO, 2005). Neste, busca-se estimular as nações a buscarem o desenvolvimento de suas indústrias culturais e oferece um guia de valor sobre como isso pode ser feito. Observa-se aí que a indústria cultural sempre existiu, mas seu desenvolvimento manteve-se limitado até a segunda metade do século XX, seja pela baixa dimensão econômica, seja por haver restrições até mesmo conceituais quanto a seu potencial. Como exemplo temos a crença de que cultura e mercado seriam antagônicos e de que o desenvolvimento da indústria cultural poderia signicar imposição e ameaça à herança cultural das populações. Com o crescimento espontâneo observado por esse segmento e com uma visão mais adequada de que seu desenvolvimento poderia, pelo contrário, signicar melhor preservação, países e organismos internacionais começaram a buscar sua promoção. A promoção eciente da economia criativa, observa o relatório, requer programas governamentais que deverão levar à realização das seguintes atividades fundamentais: • Mapeamento da indústria cultural existente e potencial • Conscientização de agentes governamentais e privados e de beneciários diretos das iniciativas de produção cultural • Estabelecimento de estratégia de desenvolvimento especícas para a área • Identicação de questões políticas relevantes • Estabelecimento dos motivadores (drivers ) que possam ser acionados para a iniciativa na área • Desenvolvimento de recursos humanos • Gestão dos bens do patrimônio
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• Desenvolvimento tecnológico de suporte • Criação de infraestrutura – legal, nanceira, física • Coordenação intersetorial Essa iniciativa da ONU de conscientizar os estados-membros sobre a importância de promover a economia criativa não é algo isolado. É mais um reexo de um sem número de iniciativas similares que vêm ocorrendo por parte de organizações internacionais privadas e governamentais. Por exemplo, há uma resolução (2002/2127) do Parlamento Europeu sobre a indústria cultural e 25 recomendações aos países membros, dentre elas as seguintes: • Identicar ações prioritárias para promoção da indústria cultural. • Estudar medidas para operação com regras mínimas de micro e pequenas empresas culturais, principalmente as operantes em áreas periféricas. • Examinar os efeitos da concentração nos setores de telecomunicações, indústria cultural e mídia para assegurar que organizações independentes não desapareçam e não alterar a diversidade criativa por meio da uniformização na produção e distribuição. • Assegurar que os negócios criativos tenham acesso ao suporte nanceiro e que o setor nanceiro mantenha-se alerta quanto às oportunidades e benefícios de investir na indústria cultural. • Prover nanciamento para as pequenas e médias empresas do setor cultural, principalmente na fase de start-up. • Assegurar-se de que não recaiam obrigações desproporcionais sobre a indústria criativa. • Promoção contínua da criatividade pelo estabelecimento de atividades promocionais, isto é, premiações, festivais, feiras, rotas e itinerários culturais. As iniciativas de apoio de organismos internacionais andam juntas com a ação dos governos. O Reino Unido é um benchmarking nacional na área (benchmarking é uma palavra em inglês que, em negócios, signica organização, processo ou produto modelo, exemplar, que pode ou deve ser copiado e replicado). Com uma adequada percepção da importância da indústria cultural, o país criou mecanismos adequados para promovê-la, principalmente como meio de inclusão e de geração de renda para menos favorecidos na arena econômica, como jovens, negros, minorias étnicas, estudantes e outros grupos que estejam em desvantagem ou risco, como observa o relatório da Unido. A partir de bons cases como o inglês e da divulgação por parte de organizações internacionais, o sucesso na promoção da indústria criativa aconteceu em nos mais diversos países com diferentes graus de desenvolvimento, como Tailândia, Paquistão, Irã e Colômbia.
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Saiba mais
Clusters criativos São denidos como a combinação de produção e distribuição de atividades operacionais dentro de uma estrutura comum capaz de promover criatividade, aplicações de pesquisa e sistemas de distribuição patrocinados por nanciamento público e privado. Também têm sido denidos como a concentração de concorrentes trabalhando juntos ou trabalhadores e instituições diferenciados que compartilham um sistema econômico (UNIDO, 2005). Esse é um dos instrumentos mais fortes e concretos da promoção da indústria criativa, que se disseminou por todo o mundo. No Brasil, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) agrega produtores locais e dá o suporte necessário para que chegar a uma produção cooperada rentável e sustentável. Veja o vídeo e leia o documento que mostram a atuação do Sebrae na indústria criativa: Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=dIU7ctRelzU Documento: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/17d34b0 fadf21eb375cb775f04a9249b/$File/4567.pdf
5.1 O incentivo à economia criativa no Brasil No Brasil, a economia criativa tem sido vista como um segmento privilegiadamente capaz de ajudar o país a resolver seus sérios problemas de inclusão, melhoria de remuneração, emprego e desenvolvimento de pessoal, promoção do turismo e preservação do patrimônio nacional, criação de negócios comunitários, exportação de bens criativos, entre outros atrativos. Multiplicam-se as iniciativas de incentivo, nanciamento, promoção em todas as instâncias do governo, sempre com adesão e apoio de instituições da sociedade civil, como as federações de indústria e comércio, as universidades, ONGs (organizações não governamentais) nacionais e estrangeiras e empresas. Um exemplo é a atuação, no segmento cultural, do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que desde 1995 dá sua devida atenção aos projetos da área, com principal enfoque nas indústrias editorial e audiovisual e na preservação do patrimônio e das bibliotecas. Em relatório que trata do desenvolvimento da instituição no segmento há um exemplo concreto e de grande impacto social: a Fábrica de Espetáculos, parte do complexo do Porto Maravilha no Rio de Janeiro (GORGULHO; GAMA; ZENDRON, 2015). Fábrica de Espetáculos
A Fábrica de Espetáculos, novo equipamento cultural localizado na Região Portuária do Rio de Janeiro, é um dos projetos com grande potencial para promover a revitalização de áreas degradadas e oportunidades de desenvolvimento econômico e social, por meio de projeto de restauro do patrimônio cultural. O equipamento foi concebido tendo em vista as necessidades de reversão do processo de degradação da atual CTP do Theatro Municipal do Rio de Janeiro após 35 anos de existência. 24
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Além da criação de uma nova CTP, com a renovação dos espaços de trabalho e instalação de equipamentos de última geração para as atividades de produção, a m de manter-se como referência nacional de qualidade em produções, o projeto também contempla a criação de uma escola técnica especializada nos ofícios cênicos, denominada Escola de Espetáculos, onde serão ministrados cursos prossionalizantes em ofícios cênicos, com expectativa de capacitação de seiscentas pessoas/ano, suprindo uma demanda reprimida do mercado e favorecendo a futura geração de emprego e renda. Haverá ainda um espaço de visitação pública denominado Parque Temático do Espetáculo, que reunirá várias atividades interativas de acesso público, as quais possibilitarão a visualização das ocinas durante o horário de produção. E, por m, um módulo especial de preservação do centenário acervo museológico do Theatro Municipal, chamado Módulo Memória, que permitirá o acesso ao acervo pelo grande público, com a construção de galerias expositivas dos cenários, gurinos, croquis e maquetes, além do acervo documental histórico, como programas, plantas, partituras e fotos inéditas. Haverá ainda uma área especíca aberta à pesquisa, com acesso público à biblioteca e à midiateca. O projeto conta com importantes parceiros, dentre os quais se destacam o Teatro Alla Scala de Milão, referência internacional na produção de espetáculos cênicos, e a escola de arte e tecnologia Spectaculu, que tem como missão integrar à sociedade o adolescente em situação de risco social por intermédio da arte. A Fábrica de Espetáculos será, assim, uma âncora cultural no processo de revitalização do chamado Porto Maravilha, contribuindo ainda para fortalecer as cadeias produtivas da economia criativa no Rio de Janeiro. (GORGULHO; GAMA; ZENDRON, 2015, p. 121). Um exemplo vindo da área privada é o Mapeamento da indústria criativa no Brasil , produzido pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, 2014). Ele traz uma visão abrangente do segmento que, segundo o documento, fatura R$ 126 bilhões ao ano e 2,6% do PIB, tendo registrado um crescimento de 69,8% na última década e a entrada de 892,5 mil trabalhadores, cuja remuneração varia de 38% da média nacional até quatro vezes esse valor! O mapeamento efetuado pela Firjan é um documento orientador para agentes de políticas públicas, realizadores e promotores da economia cultural no país. É um guia de leitura obrigatório para quem pretende atuar na área. Saiba mais Uma radiograa da indústria criativa nacional
Leitura rápida, produtiva, proveitosa e inspiradora para empreendedores e agentes públicos, o mapa da Firjan está disponível na internet. Nele você encontra os números básicos de todos os segmentos da indústria cultural no país e indicações especícas sobre suas subdivisões, dinâmicas regionais etc. www.rjan.org.br/economiacriativa O mapa da Firjan tem o mérito de trazer casos breves que mostram diferentes ângulos e horizontes da indústria criativa, como o seguinte:
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Caso: indústrias do design em tempo de transformação
O design é utilizado transversalmente no desenvolvimento de produtos, na resolução de problemas sociais e na reconguração de serviços, espaços e cidades. Seu objetivo é despertar desejo e mapear necessidades para desenvolver soluções que gerem signicado e impactem de forma positiva a vida das pessoas, por isso seu caráter estratégico. Por ser uma atividade técnica criativa com foco no usuário, o design vem conquistando cada vez maior relevância, pois, através do entendimento desse usuário, consegue propor respostas às mudanças econômicas, tecnológicas, sociais e demográcas que inuenciam tanto o comportamento do consumidor como remodelam os mecanismos de produção, distribuição e comercialização. Assim, o design agrega não somente beleza mas também, e principalmente, pensa soluções às questões primordiais da evolução do ser humano, como o envelhecimento da população, que requer produtos adaptados; a redução do tamanho das famílias que demanda móveis multifuncionais para espaços menores; a reordenação dos espaços urbanos através de traços mais funcionais de praças, pontos de ônibus ou mesmo cestos de lixo. Para consumidores cada vez mais movidos por preferências individuais de gostos e estilos de vida, o design é capaz de transformar atividades rotineiras, como tomar café, dirigir ou se vestir em experiências únicas. De fato o design é o segmento mais transversal e multidisciplinar dos segmentos criativos e está presente, direta ou indiretamente, na Moda, Arquitetura, TICs, Mídias, Audiovisual, Artes, entre outros. Países com elevados níveis de crescimento e inovação apostam na integração do design com as demais áreas de conhecimento e na alta utilização pela indústria. Não à toa, Coreia do Sul e China estão reorientando sua estratégia de competitividade industrial para a integração do design com outros setores da economia, de forma aumentar o valor agregado de seus produtos e conquistar mercados. As indústrias nestes países adotam o design in house para alcançar produtos geradores de propriedade intelectual, inovadores e desejáveis. Em Seul, capital da Coreia, políticas públicas são pensadas a partir do design, que integra o currículo de escolas do ensino básico. (FIRJAN, 2014, p. 26). Saiba mais Iniciativas concretas de incentivo à cultura
Procult (BNDES): http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Areas_de_Atuacao/Cultura/Cinema/procult.html Lei Rouanet (MinC): http://www.cultura.gov.br/leis/-/asset_publisher/aQ2oBvSJ2nH4/content/lei-rouanet-578538/10895
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Quando se fala em fomento à economia da cultura, fala-se de um conjunto de atividades bastante amplo e complexo. Vejamos: • Inclui agentes públicos e privados. • Pode ter âmbito internacional, regional ou nacional. • No âmbito público nacional, distingue iniciativas dos governos centrais, estados e municípios. • Tomam diferentes formas: verbas governamentais, doações, nanciamentos, parcerias, premiações, patrocínios, promoção. • No universo das organizações privadas, inclui instituições coletivas da sociedade civil (câmaras de comércio e indústria, associações, sindicatos), organizações privadas sem ns lucrativos e empresas. • Podem ter foco na criação cultural (autoria de livro, quadro, escultura, pesquisas acadêmicas ou artísticas) ou nas atividades empreendedoras (por exemplo, empresas produtoras de audiovisuais). Esta amplitude e diversidade observada no universo do apoio à indústria cultural torna difícil apresentar seu quadro geral. Preparando-se para atuar
Criadores e empreendedores da indústria cultural precisam desenvolver a competência para transitar na complexa rede de apoio às atividades da área. Por meio da informação, chega-se às oportunidades. O exercício a seguir ajuda a desenvolver essa competência: Entre na internet e localize: - Um programa de apoio à atividades da economia criativa - âmbito federal - Um programa de apoio à atividade da economia criativa - âmbito estadual - Um programa de apoio à economia criativa - âmbito municipal - Um programa de apoio à economia criativa mantido por instituição coletiva da sociedade civil (associação, sindicato) - Um programa de apoio à economia criativa mantido por organização sem ns lucrativos - Um programa de apoio à economia criativa mantido por empresa
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6. COWORKING E NOVAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Até algumas décadas atrás, as atividades empresariais e produtivas realizavam-se exclusivamente em lugares determinados: ambientes especicamente planejados para isso, controlados e hierarquizados verticalmente. Com o advento da revolução digital, da globalização, das novas ideias de parceria e terceirização, surgiram formas revolucionárias de organizar o trabalho e a produção. De uma economia baseada no modelo da produção industrial que vigorou desde o século XIX, entramos na era da economia baseada na produção em rede. Isso vale na relação das empresas com seus clientes, com outras empresas, com fornecedores, com outros agentes de interesse, com a sociedade de um modo geral. Diz José Pastore (2013, s/p): Na produção em rede, os serviços desempenham um papel crucial no avanço da inovação e da produtividade, em especial os de pesquisa, automação, treinamento e logística. Com isso, consolidase a tendência de se automatizar a parte mais simples do trabalho que é realizada por computadores e robôs. Para os seres humanos, caram as decisões que exigem uma boa capacidade de pensar. No mundo moderno, vence a concorrência quem participa da melhor rede. Nessa corrida, o tempo é crucial. Ganha quem é capaz de captar o tempo futuro na produção presente. É assim que se criam as novidades que conquistam os consumidores e clientes. A eciência do trabalho decorre da integração em uma multiplicidade de atividades interconectadas pelas redes e realizadas em empresas e locais diferentes sob as mais variadas formas de terceirização. Como resultado da crescente eciência das empresas horizontais, os ganhos de produtividade são usados para melhorar a qualidade, diversicar os produtos e reduzir os preços. Os consumidores se beneciam. Nunca o mundo dispôs de tamanha abundância de bens diversicados e de baixo preço como nos dias atuais. Para as empresas isso gera lucro e estimula o investimento, o que é crucial para a geração de novos empregos. Para os trabalhadores estimula a qualicação e a melhoria do salário real. Essa é uma parte do universo do coworking , trabalho colaborativo. A ideia, iniciada com iniciativas como o Linux, a Wikipedia, o Youtube, espalhou-se pelo mundo dos negócios e abriu janelas de oportunidade em todas as áreas, mesmo nos negócios tradicionais. As ideias que estão embutidas aí são colaboração, partilha de recursos, partilhas de resultados ou benefícios do trabalho coletivo, uso da criatividade de todos etc. Dizem Don Tapscott e Anthony Williams, autores de Wikinomics : Devido às profundas mudanças na tecnologia, estamos entrando em uma nova era na qual as pessoas participam na economia como nunca. Esta nova participação chegou a um ponto em que novas formas de colaboração em massa estão mudando a forma como bens e serviços são inventados, produzidos, comercializados e distribuídos em uma base global. Nós chamamos isto de wikinomics (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007). De acordo com os autores, essa nova concepção produtiva está baseada em quatro processos fundamentais: • Abertura : a organização tem de ser aberta, em vez de tentar controlar segredos e processos. Isso quer dizer que as organizações abrem seus sistemas internos para quem quer que se interesse. Ao 28
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fazer isso, permite que outros cheguem e usem coisas da empresa para criar seus próprios produtos e serviços, o que resultará de alguma forma em retorno para a empresa. • Peering ou peer production (parceria ou produção de pares): grandes grupos de pessoal se autoorganizam em grupos para atingir algo de valor. Cada participante trabalha com sua motivação própria e não há ninguém dirigindo o que acontece. Há alguns princípios norteadores para bom funcionamento, mas as estruturas são relativamente simples. • Compartilhamento: empresas inovadoras perceberam a vantagem de disponibilizar suas informações, conhecimento e até recursos ou ativos (propriedade intelectual, por exemplo) como meio de atrair colaboração e força de agentes externos. • Ação global: a ideia é agir localmente, mas pensar globalmente. Pessoas e empresas podem e devem incluir a ideia de chegar a mercados estrangeiros, de conquistar parceiros e clientes naqueles. As barreiras geográcas tendem a atenuar-se signicativamente, seja pela eciência da nova mídia (internet), seja pela conexão global entre os grupos. Observam Tapscott e Williams (2007) que são sete os modelos de negócios da wikinomia: • Peer production : voluntários altamente dispersos trabalhando juntos para produzir alguma coisa de modo colaborativo. Todos contribuem, todos ganham, direta ou indiretamente. Pequenos e grandes juntam-se, assim como cooperam entre si as mais diversas pessoas e organizações. No Tudogostoso , por exemplo, cada um pode publicar sua receita, palpitar nas receitas dos outros, avaliar, usar. Veja: http://www.tudogostoso.com.br/. • Ideagoras : pontos de mercado (principalmente sites ) nos quais empresas listam seus desaos e oferecem recompensa a quem as ajude a solucioná-los. A ideia básica é que, se houver o canal adequado e as pessoas forem convocadas, talentos criativos aparecerão – e isso será muito mais eciente do que contar apenas com recursos internos. Veja exemplos: https://www.itsnoon.net/home https://www.canva.com/. • Prosumers : clientes que ativamente participam na criação de produtos e serviços que desejam comprar. Isso é mais que a customização ou personalização, porque envolve coinovação, coprodução dos produtos que serão consumidos. Novos alexandrinos (nome dado face à biblioteca de Alexandria): bibliotecas ou repositórios de conhecimento nos quais postam-se obras de reconhecido valor e/ou contribuições de novos criadores e as portas mantenham-se abertas a leitores interessados. Isso se aplica a todo tipo de conhecimento, inclusive o cientíco e tecnológico de alto valor. Veja, como exemplo, a Brasiliana: http://www.bbm.usp.br/ • Plataformas participativas: pode ser um serviço de internet, como o Google Maps, ou um aplicativo, como o Waze. Em ambos os casos, os usuários colocam informações sobre trânsito, por exemplo, e isso se converte em um valor para todos. Há plataformas de fotos para uso em publicações, de músicas para uso em vídeos, comunidades de programadores, shopping centers virtuais em que
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pequenos comerciantes implantam suas lojas, plataformas de partilha de informações, enm, há muitos tipos de alternativas na área. • Fábricas globais : por meio de processos de design rápidos e iterativos (processo vai e volta) pode-se ter uma fábrica ou organização de serviço global descentralizada por meio de parcerias. Os parceiros podem ser outras empresas, incluindo as pequenas, ou até produtores domésticos. Há um sem número de experiências na indústria, incluindo a automobilística. Esses sistemas podem ser sustentados por franquias ou licenciamento. Agora, com as impressoras 3D, abrem-se novas janelas de oportunidade. • Local de trabalho wiki . Dizem os autores: Estamos mudando de locais de trabalho fechados e hierárquicos, com relações de emprego rígidas, para redes de capital humano progressivamente mais auto-organizadas, distribuídas e colaborativas, que obtêm conhecimento e recursos de dentro e de fora da empresa. (TAPSCOTT; WILLIAMS, 2007, p. 292).
Um destaque entre os novos mecanismos de empreendimento e realização na nova economia é o conceito de crowdfunding ou nanciamento coletivo ou colaborativo. Crowd em inglês é multidão e funding é nanciamento: o conceito é esse nanciamento por grandes grupos diversicados. Por meio do crowdfunding pode-se obter os recursos necessários para desenvolver um produto, criar um serviço, realizar um evento, estabelecer uma organização etc. Tanto visa pequenos projetos quanto contempla os grandes e mais signicativos. Mais de metade dos projetos de crowdfunding destinam-se a bens da economia criativa (SEDOLA, 2015). Dois exemplos: • A destacada neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que dirige o Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, viu suas verbas de pesquisa desaparecerem de uma hora para outra, dadas as restrições orçamentárias do governo federal. Recorreu ao crowdfunding e conseguiu arrecadar o suciente para continuar operando e desenvolvendo importantes pesquisas em curso (VICTORAZZI, 2015, s/p). • Blocos e escolas de samba do Rio que vêm enfrentando problemas de patrocínio devido às diculdades atuais das empresas têm recorrido ao mecanismo de crowdfunding para captar recursos. Veja alguns dos principais sites de crowdfunding no Brasil: • https://benfeitoria.com/ • https://www.catarse.me/ • www.juntos.com.vc • http://www.kickante.com.br/ • https://www.queremos.com.br/
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Novas ideias todos os dias
Enm, a cada dia surgem novas ideias de suporte à iniciativa empreendedora dentro do novo paradigma que inclui internet, globalização, mudança de padrões culturais, revolução cientíca etc. O empreendedor deve manter-se atento para explorá-las convenientemente. Saiba mais Incubadoras ensinam a ser empresário
Há outros mecanismos de apoio ao empreendedorismo, inclusive o empreendedorismo criativo: as incubadoras. Essas, essencialmente, propiciam conhecimento de gestão e recursos para novos empreendedores. Já bem assentadas em diversas iniciativas no país, as incubadoras são um caminho para um início melhor. Também podem ser ideia de negócio para empreendedores culturais, certo? Dentro dos diferentes ramos da economia criativa, incubadoras destinadas a novos e pequenos podem ser de grande valia. Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=9_WrxfU6UOQ
7. EMPREENDEDORISMO E LIDERANÇA CRIATIVA Nos últimos cinquenta anos, principalmente a partir da obra de Joseph Schumpeter, com seu conceito de destruição criativa, o empreendedorismo passou a ser não só um tema de grande interesse intelectual mas também alvo de programas de governo em todo o mundo. A ideia é simples: pessoas que empreendem, iniciam negócios, são essenciais para renovação e crescimento da economia e para a criação de novos bens e serviços de valor para a sociedade. Hoje o empreendedorismo... • ... é contemplado em todos os programas de governo em praticamente todos os países, inclusive os poucos que ainda podem ser denidos como comunistas. • ... é tópico de interesse e objeto de cursos em todas as grandes universidades. • ... é incentivado e apoiado por organizações privadas ou governamentais de todos os tipos. • ... é foco permanente de interesse na mídia e assunto exclusivo de um sem número de veículos especializados. No Brasil não é diferente. Uma pesquisa rápida no Google com a palavra empreendedorismo e termos correlatos apresenta milhões de páginas. Para se ter uma ideia, o embrião do Sebrae surgiu em 1964, quando o BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, hoje BNDES) criou um programa de nanciamento especíco para esse segmento de empresas. Na época se percebeu que era fundamental dar apoio gerencial a elas para torná-las mais sólidas e capazes de honrar seus empréstimos. Em 1972, o Ministério do Planejamento criou o então Cebrae (Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena Empresa, hoje Sebrae). A instituição está presente em todo
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o país e tem dezenas de programas especícos de apoio, gratuitos ou com custos viáveis para pequenos empreendedores: cursos, consultoria, apoio operacional, informação especializada, pesquisa etc.
7.1 Ser empreendedor Ser empreendedor é tomar a iniciativa e criar negócios. Quais as características que essa pessoa deve ter? Pati (1995) apresenta uma lista, elaborada a partir da leitura de ampla literatura sobre o assunto: • é motivado pelo desejo de realizar; • corre riscos viáveis, possíveis; • tem capacidade de análise; • precisa de liberdade para agir e denir suas metas e os caminhos para atingi-las; • sabe onde quer chegar; • cona em si mesmo; • não depende dos outros para agir; porém, sabe agir em conjunto; • é tenaz, rme e resistente ao enfrentar diculdades; • é otimista, sem perder o contato com a realidade; • é exível sempre que preciso; • administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar; • é corajoso; porém, não é temerário; • sabe postergar a satisfação de suas necessidades; • mantém a automotivação, mesmo em situações difíceis; • aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros; • é capaz de recomeçar, se necessário; • mantém a autoestima, mesmo em situações de fracasso; • tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais; • é capaz de exercer liderança, de motivar e de orientar outras pessoas com relação ao trabalho;
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• é criativo na solução de problemas; • é capaz de delegar; • é capaz de dirigir sua agressividade para a conquista de metas, a solução de problemas e o enfrentamento de diculdades; • usa a própria intuição e a de outras pessoas para escolher os melhores caminhos, corrigir a sua atuação, descobrir lacunas a serem preenchidas no mercado, avaliar a tendência e a variação dos negócios, e para escolher pessoas, sejam elas sócios, fornecedores ou empregados; • procura sempre qualidade; • acredita no trabalho com participação e contribuição social; • tem prazer em realizar o trabalho e em observar o seu próprio crescimento empresarial; • é capaz de administrar bem o tempo; • não busca, exclusivamente, posição ou reconhecimento social; • é independente, seguro e conante na execução de sua atividade prossional; • é capaz de desenvolver os recursos de que necessita e de conseguir as informações de que precisa; • tem desejo de poder, consciente ou inconscientemente. É uma lista bastante grande, mas a verdade é que, na população, encontra-se um número razoável de pessoas com uma boa parte dessas qualidades. Dicilmente alguém reúne todas elas. Há empreendedores de sucesso que não são criativos mas têm alta capacidade de liderança; outros que têm excelente capacidade analítica mas são pouco ambiciosos; ainda outros que destacam-se em capacidade de realização mas têm pouca preocupação com a qualidade. Em vez de se considerar isso como uma barreira para que as pessoas empreendam, deve ser visto como um estímulo: mesmo que não se considerando perfeito para a função, o empreendedor busca o desenvolvimento a partir da sua qualicação atual. O empreendedor, quando não tem uma qualidade essencial para o negócio que pretende fazer, pode: • adquiri-la por meio de estudo; • buscar parceria com alguém que a tenha, por meio de sociedade, contratação ou relação de emprego; • adotar mecanismos que a ajudem a suprir a deciência ou a controlar seus efeitos potencialmente nocivos.
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Essa lista pode ser usada como uma espécie de checklist para pessoas que desejam empreender. Reetindo sobre cada um dos itens, elas poderão identicar seus pontos fortes e fracos para a função empreendedora e buscar um programa de desenvolvimento especíco. Caso Não sabe dizer não
Sílvio iniciou seu próprio negócio de prestação de serviços na área de projetos de fabricação. O processo de trabalho é o seguinte: a partir de uma demanda, vai à empresa, analisa a situação, inteira-se dos objetivos dessa e apresenta uma proposta com cronograma e orçamento. A apresentação sempre suscita negociação e aí reside o problema: o cliente potencial sempre tenta reduzir o preço e interferir no cronograma. O problema é que, diante de solicitações mais rmes e insistentes do cliente, Sílvio reduz o preço e estabelece um cronograma diferente do que desejava seguir, porque ele não sabe dizer não. Então, acaba trabalhando de modo pouco produtivo e com nível de motivação baixo. O que fazer? Na conversa com um colega mais experiente, recebeu a sugestão de postergar a decisão de reduzir preço e mexer no cronograma. Em vez de decidir diante do cliente e sob a inuência da argumentação desse, passou a adotar uma estratégia de dizer alguma coisa assim: – Pode ser, mas preciso estudar o assunto com mais calma, porque não podemos comprometer a qualidade dos resultados. Vou rever todo o processo e volto a falar sobre isso amanhã mesmo. A partir dessa saída elegante, continua a conversar sobre o problema do cliente, os interesses dele, os efeitos benécos que terá com o novo projeto etc. Em síntese, procurará motivar o cliente para fazer o serviço com ele. É um princípio óbvio: quanto maior a percepção de benefício um cliente potencial pode ter, maior sua disposição para aceitar o preço. No dia seguinte, com mais tranquilidade, rmeza e distanciamento – e já contando com mais motivação do cliente – Sílvio então telefona para dizer que é melhor car com o preço e o cronograma propostos para tudo correr bem. Esse é um mecanismo simples que supre a deciência de Sílvio (incapacidade de dizer não ) e seus potenciais efeitos negativos. Com o passar do tempo, aprendeu a dizer não de forma elegante, ecaz, e nem precisou mais recorrer ao mecanismo. Para pensar
É possível aprender? Até que ponto a pessoa pode aprender a ser empreendedora? Quando se olha para diferentes culturas, percebe-se diferenças entre as pessoas quanto à capacidade de empreender. Isso quer dizer que essa variável pode ser desenvolvida pelo aprendizado. É algo que se constata também na prática. Mas há uma boa teoria por trás da ideia de que, sim, pode-se aprender a empreender. A começar por Aristóteles, que disse que somos o que repetidamente fazemos: se queremos ser corajosos, devemos fazer atos de coragem, se queremos ser bom citaredos, devemos tocar a cítara. Hoje sabe-se que as competências 34
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se desenvolvem. É possível adquirir novos conhecimentos, assim como sentimentos e comportamentos mais ecientes, isto é, é possível mudar para melhor o modo de pensar, sentir e agir. O vídeo a seguir é inspirador: https://www.youtube.com/watch?v=HNIa8dRi_7w Empreendedorismo e liderança
O empreendedorismo necessariamente precisa da liderança. O empreendedor terá de ter suciente capacidade de liderança. Esta é a capacidade de conquistar adesão espontânea, isto é, de apresentar um projeto às pessoas e obter seu apoio em um contexto em que elas não sejam obrigadas a dá-lo. Por exemplo, um jovem empreendedor resolve criar um canal no Youtube para postar vídeos sobre determinado assunto de interesse geral. Então, faz uma lista das pessoas que deveriam participar dos vídeos e as busca para propor que o façam. É o primeiro teste: se as pessoas resolverem colaborar, ele conseguirá o conteúdo planejado, se não, sua ideia terá esbarrado no primeiro obstáculo. Muitos outros virão e terão de ser enfrentados. Será preciso realizar e mudar as coisas, e isso se faz com colaboração de outras pessoas. Quem não for capaz de conquistar tal colaboração não realiza nada. Vejamos: o empreendedor precisa... • vender suas ideias, projetos, produtos ou serviços • conseguir sócios ou parceiros para seus empreendimentos • obter nanciamento para seu negócio • obter real cooperação dos eventuais funcionários para que as coisas se realizem, e com eciência • obter apoio social, de grupos maiores, para seus empreendimentos • negociar com fornecedores para obter condições melhores em seus produtos ou serviços • resolver problemas com órgãos de administração pública (por exemplo, obter licenças, apressar tramitação de documentos) Quando o empreendedor não tem capacidade de liderança suciente, mas tem boas ideias e coragem para empreender, o ideal é que se alie a outros que tenham esses talentos. 7.2
Liderança criativa
Novas ideias efetivamente boas, novos projetos que fazem sentido, jeitos diferentes de fazer as coisas que, de fato, resultarão em maior eciência e ecácia: eis algumas das melhores formas de conquistar a adesão espontânea. Se o empreendedor for criativo, ele já tem bons pontos a seu favor.
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Hoje já se percebe com clareza o elo necessário entre empreendedorismo e criatividade da liderança, conforme Melatti et al. (2008, p. 1): Dentre as características acima citadas, a criatividade vem ganhando destaque no campo empresarial e, sobretudo [sic ] nos estudos sobre empreendedorismo. Tanto do ponto de vista do empreendedor como do ponto de vista do indivíduo, a criatividade sempre se fez presente. É interessante observar que o processo de empreender é uma forte relação entre criatividade, indivíduo, inovação e mudança dentro de um ambiente. Dessa forma, a criatividade é considerada como essencial na atividade empreendedora, sendo que sem ela isso não seria possível. O empreendedor é o principal elemento responsável pelo processo de criação de novos valores. Outro aspecto que muitos autores concordam é que tanto para a criação quanto para o desenvolvimento de uma organização, seja ela grande ou pequena, a presença de equipes empreendedoras é fundamental. Sendo assim, é extremamente importante uma boa equipe de trabalho e um líder que crie estruturas favoráveis de trabalho, incentivando a criatividade, a cooperação e a mutualidade.
É fundamental também que o empreendedor consiga formar uma equipe criativa. Esta surge como consequência natural de um clima cooperativo no grupo, onde cada membro se sinta respeitado e ouvido, que haja um estímulo explícito à produção e comunicação de novas ideias e que, igualmente, haja apoio a quem cria, com recompensas para as criações. A criatividade também, evidentemente, pode ser aprendida. A ideia de que decorre do carisma, que ela já vem pronta e imutável no nascimento, já se mostrou inadequada.
7.3 Criatividade – o lado da percepção O mundo está cheio de boas ideias. Abra a pesquisa do Google e você verá que gente de todo tipo, em todos os lugares, está apresentando ideias sobre todas as coisas. São milhares ou milhões de sites “criativos”, de produtos ou serviços “diferenciados”, de ideias que vão revolucionar o modo de viver. O problema é que as outras pessoas nem sempre veem essas boas ideias como boas. Diz Dean Simonton (apud GOLEMAN; KAUFMAN; RAY, 2001, p. 22) destacado professor e autor da área: Um líder bem-sucedido é aquele que consegue persuadir pessoas a modicarem ideias e comportamentos. Um criador bem-sucedido é aquele que oferece às pessoas uma maneira diferente de contemplar o mundo. [...] a criatividade não é algo que esteja inteiramente dentro do indivíduo: ela implica também adesão dos outros. Trata-se de um fato não apenas psicológico, mas também social. A criatividade não é uma coisa que se guarda no armário: ela passa a existir durante o processo de interação com as outras pessoas. (GOLEMAN; KAUFMAN; RAY, 2001, p. 22).
Assim, boas ideias não reconhecidas como tais certamente serão maus produtos. Há na história muitos exemplos de boas ideias que só foram reconhecidas muito tempo depois de seu lançamento. Mas, na maioria das vezes, a rejeição inicial é, pelos menos, um sintoma de que a ideia não é tão boa quanto parece.
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Saiba mais
Muitos produtos e serviços e até pessoas de grande sucesso passaram por esse processo de reconhecimento póstumo. É o que vemos no seguinte artigo da Huffpost Brasil (HALL, 2015): http://www.brasilpost.com.br/2015/01/27/sucesso-trabalho_n_6556306.html Nos dias de hoje se sabe que, embora o potencial de criatividade possa variar, a maioria das pessoas podem ser criativas, mas não o são principalmente devido a bloqueios “aprendidos”. Diz Roger von Oech, um especialista em criatividade: Por que não pensamos em “coisas criativas” com mais frequência? Existem du as razões fundamentais para isso. A primeira é que não é preciso ser criativo para fazer boa parte do que fazemos. Segunda razão por que não pensamos em coisas diferentes com mais frequência. É que a maioria de nós tem uma postura que bloqueia o pensamento no status quo e nos mantém pensando “mais no mesmo”. (OECH, 1995, p. 20).
A criatividade pode e deve ser desenvolvida por quem almeja atuar como empreendedor. Algumas recomendações fundamentais: • Buscar a imersão em uma determinada atividade, conhecê-la sucientemente bem. Usualmente as boas ideias surgem de pessoas que entendem de determinados assuntos. Diz Howard Gardner, da Harvard, um dos mais consagrados pesquisadores de criatividade da atualidade: Ninguém é criativo em tudo – não se pode dizer que alguém seja “criativo”. Pode-se, isto sim, dizer que é criativo em X, quer se trate de literatura, ensino ou administração empresarial. As pessoas são criativas em alguma coisa. (GOLEMAN; KAUFMAN; RAY, 2001, p. 22).
• Fazer o devido esforço, porque, como disse Thomas Edison, “Talento é 1% de inspiração e 99% de transpiração”. Esse esforço, é estudar, estudar, estudar mais ainda, conversar com outras pessoas, reetir sobre o assunto, fazer “ginástica mental” tentando resolver os problemas. • Aprender a usar ferramentas de criatividade, como o brainstoming e outras (DUAILIBI; SIMONSEN, 2000). Criada por Alex F. Osborn em meados do século passado, essa ferramenta mostrou-se ecaz em todas as áreas (embora frequentemente seja usada por gente que não conhece a técnica). • Participar de atividades que estimulem a criatividade: ir a conferências, discutir com conhecedores de determinadas áreas, frequentar sites especícos etc. • Romper os bloqueios pessoais: a falsa ideia de que não se é criativo, o medo de expor-se, a concepção de que se deve estar certo em tudo e que o erro não é um bom caminho etc. • Fazer boas leituras sobre o assunto criatividade.
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Três recomendações: • O site da 3M, empresa que é benchmarking na área: http://www.3minovacao.com.br/ • O livro Um toc na cuca , de Roger von Oech • O livro Criatividade e marketing , de Duailibi e Simonsen. Saiba mais Como aumentar a criatividade, na apresentação de um humorista
Combinar coisas diferentes, tentar soluções não pensadas, aceitar boas ideias de onde quer que venham, abrir-se para elas... tudo isso é meio de ampliar a criatividade. Então, que tal aprender criatividade empresarial com um humorista? Por que não? Veja vídeo: Murilo Gun mostra como desenvolver seu potencial criativo: https://www.youtube.com/watch?v=hGSrEzzEzGw
7.4 O ambiente privilegiado para a criatividade Empreendedores criativos encontraram na TI (tecnologia da informação) e na internet o ambiente certo para começar com pouco dinheiro e erguer negócios milionários. Considere, por exemplo, os seguintes nomes: • Steve Jobs - Apple • Bill Gates - Microsoft • Larry Page e Sergey Brin - Google • Jeff Bezos - Amazon • Mark Zuckerberg - Facebook • Chad Hurley e Steve Chen - Youtube • Elon Musk - Paypal No Brasil também não faltam grandes exemplos: • Romero Rodrigues, Ronaldo Takahashi, Rodrigo Borges e Mário Letelier - Buscapé • Márcio Kumruian - Netshoes • Julio Vasconcellos, Alex Tabor e Emerson Andrade - Peixe Urbano
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Saiba mais Histórias inspiradoras
http://economia.ig.com.br/2015-12-30/20-negocios-da-internet-que-comecaram-do-zero.html Seguramente, as oportunidades vieram e foram exploradas também por milhões de empreendedores anônimos ou pouco conhecidos de todas as áreas e todos os lugares. Milhões de pequenos negócios foram abertos e ajudaram empreendedores a sobreviver longe dos empregos, enriquecendo muitos deles. Entre os negócios viáveis para pequenos empreendedores, a empreendedora de internet Niamh Arthur aponta como mais promissores (nos EUA, mas possivelmente no Brasil também) os seguintes: • Podcasts Com postagem de mensagens de áudio, as “emissoras de rádio” de internet têm conteúdos que podem ser acessados por menu, isto é, a pessoa ouve o que deseja, na hora que quiser. Ganha-se com patrocínios, vendas de produtos próprios, vendas de produtos de convidados ou venda indireta de produtos. Por exemplo, alguém fala sobre temas interessantes e acaba vendendo palestras. Informe-se: http://mundopodcast.com.br/teiacast/ • Blogs São sites informativos dinâmicos de pessoas ou organizações com foco em assuntos especícos e alimentados com regularidade. Estão evoluindo para microblogs e vlogs (videoblogs ). Apresentam opiniões, avaliações ou comentários sobre produtos ou serviços, informações especícas de determinada área e vendem produtos ou serviços ou simplesmente ganham com a propaganda. Empresas como o Google aceitam parceria e “monetizam” os blogs , isto é, colocam propaganda neles, para gerar receita que é partilhada. Informe-se: http://www1.folha.uol.com.br/blogs/ • Venda de conteúdo O interessado pode criar um conteúdo de valor sobre determinado tópico e colocá-lo à venda diretamente ou pode produzir conteúdo para terceiros, como prestador de serviços autônomo. Há sites que compram diversos tipos de conteúdos e outros que servem de plataforma para que os interessados disponibilizem seus conteúdos para o mercado. Há também um vasto campo de negócios que se movimenta em relacionamentos interpessoais entre produtores e consumidores de conteúdo. Empresas compram conteúdos para seus sites , universidades compram conteúdos para seus cursos etc. Informe-se: http://www. mbsdigital.com.br/blog/ganhar-dinheiro-na-internet-atraves-da-venda-de-conteudo-digital/ • Redes sociais Nas redes sociais, uma das maneiras de ganhar dinheiro é a criação de páginas especícas, que podem recomendar ou vender produtos. Há ainda a opção de criar uma rede social especíca própria e captar anunciantes ou patrocinadores. Informe-se:http://www.mulheresempreendedoras. net.br/como-ganhar-dinheiro-nas-redes-sociais/ https://buddypress.org/
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http://marketingdeconteudo.com/ferramentas-para-redes-sociais/ • Coaching de nicho Um prossional que tenha conselhos e orientações de valor a dar em alguma área pode criar um serviço de coaching de nicho, isto é, com um foco bem limitado. Por exemplo, em vez de falar sobre desenvolvimento pessoal, focaliza-se exclusivamente o desenvolvimento da autoestima. O coaching pode ser sustentado por ferramentas como um blog , o Skype, uma pequena rede de partilha de informações entre pessoas que têm o problema. Pode-se ganhar com o serviço ou com produtos acessórios.Informe-se: http://ec-coaching.com.br/servicos/coaching-online-pessoal?gclid=Cj0KEQiA5 dK0BRCr49qDzILe74UBEiQA_6gA-ieWSHeJPQhZXlys5HF_TfqBDadpjxSbEQLLonFMU78aApRx8P8HAQ • Criação de sites Hoje há ferramentas prontas muito baratas ou até gratuitas para se criar sites pessoais ou organizacionais com facilidade e rapidez. Mas, por paradoxal que pareça, uma porcentagem enorme das organizações e prossionais ainda não têm presença na internet ou tem presença muito tímidas. Um dos modos de ganhar dinheiro com a internet é ajudar essas pessoas ou organizações a entrar para o mundo da internet, divulgando seus produtos e serviços. Os requisitos para oferecer esse serviço é ter know-how (ou parceiros que o tenham) de design e produção de conteúdo com as ferramentas já existentes. Há um grande número de agências que fazem isso, algumas bastante competentes, entretanto, esse tipo de atividade sempre permite entrada de novos ofertantes de serviço. Informe-se: www.voxdigital.com.br • Gerenciamento de mídias sociais Um serviço viável é administrar páginas de terceiros em redes sociais. Por exemplo: uma determinada empresa de médio porte não está no Facebook, mas seu produto começa a ser criticado na rede. O que fazer? Não há outra alternativa a não ser criar uma boa página e trabalhar para evitar que más informações se propaguem. Nem sempre, entretanto, as empresas têm recursos especícos para alimentar sua página e recorrem a terceiros para isso. Imagine o potencial, considerando-se que há muitas redes, envolvendo textos, vídeos, fotos. Há muito trabalho a ser feito. Muitas empresas de diferentes portes e prossionais se dedicam a isso, naturalmente, mas o mercado comporta mais iniciativas do gênero. Informe-se: http://www.ddwb.com.br/ http://www.proxxima.com.br/home/social/2014/11/10/6-ferramentaspara-facilitar-o-gerenciamento-das-redes-sociais.html • Vendas online Produtos criativos (pequenas invenções, objetos com design personalizado, artesanato) ou não criativos podem ser comercializados por pequenas empresas de fundo de quintal. Há sites bastante ecientes na promoção de todos os tipos de produto e muita gente ganha dinheiro com pequenos comércios de nicho. O custo de uma loja virtual também é baixíssimo, porque há lojas prontas para todos os bolsos, o que facilita muito esse tipo de comércio. O site Mercado Livre é a grande arena para milhares de pequenos empreendedores brasileiros, que vendem desde suplementos alimentares até caricaturas, objetos retrô, serviços de todos os tipos, imóveis... em síntese: quase tudo. Intermedeia as vendas, oferecendo grande suporte comercial e logístico: pagamento com cartão, garantia de entrega, etc. É só criar e entrar na arena competitiva.
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Informe-se:
http://www.mercadolivre.com.br/ http://www.locaweb.com.br/ Saiba mais Toque pessoal, negócios criativos
Tudo que pode ser transformado em commodity tende a ser encampado por grandes produtores, com grandes estruturas. Por exemplo: a produção de camisetas simples pode ser feita em larga escala por empresas com grandes estruturas, e seu preço tende a ser muito baixo. Os pequenos não podem nem pensar em ramos assim, usualmente, mas podem fazer o que os grandes não podem: dar um toque especial, agregar um valor de trabalho, ao produto feito pelos grandes. O caso mais típico é o das camisetas personalizadas. Veja o vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=DDibpVBBaNY • Franquias online ou virtuais Usualmente o franqueador (quem detém uma marca oferece a franquia) oferece ao franqueado (quem recebe e opera) uma loja virtual ou site personalizado, por meio do qual se farão as vendas de produtos ou serviços, com partilha de resultados. O franqueado usualmente oferece também outros tipos de suporte ou produtos. No Brasil, o sistema é promissor mas uma pesquisa na internet deixa a impressão de que o amadorismo prevalece, com exceções. Porém, já há gente de peso oferecendo alternativas. Informe-se: http://www.macrodistribuidora.com.br/ http://www.rhf.com.br/
7.5 Novos horizontes Aonde vai a tecnologia? Os empreendedores mais antenados com as mudanças costumam ser pioneiros nos negócios, o que quase sempre resulta em grande vantagem estratégica. Daí a pergunta relevante é: quais são as novas tecnologias que virão trazer impacto sobre a vida humana? Tudo o que vai criar maior economia, mais comodidade, mais prazer ou menos dor resultará em novos produtos ou negócios, certamente. Entre as grandes novidades para os próximos anos encontram-se: • O carro conectado e autodirigível As grandes empresas de consultoria (KPMG, por exemplo) já traçaram o cenário para a progressiva introdução do carro conectado e autodirigível, a partir dos próximo cinco anos. Pelas informações já estabelecidas, parece que a evolução da penetração dessa tecnologia será muito mais ágil do que se imagina e em dez anos o mundo das cidades será outro. Há um pressuposto de que o número de carros necessários, no futuro breve, será de apenas 20% do existente hoje. François Guichard, da Comissão Econômica da ONU para a Europa, faz um resumo do assunto no vídeo a seguir: já há empresas de tecnologia (não automobilísticas) adiantadas em suas pesquisas sobre o assunto (como Google), mas as empresas tradicionais do segmento também vêm trabalhando 41
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no carro autodirigível e conectado. Os governos já vêm adequando-se as leis. O tema interessa não só à indústria automobilística propriamente dita, mas a uma série de outros negócios. O carro totalmente autodirigível não estará dominando as ruas antes dos próximos dez anos, na visão de Guichard, mas, como ele próprio admite, há opiniões contrárias. Mesmo pequenos empreendedores encontrarão espaço para atuação no complexo de negócios que os novos veículos criarão. • Drones Em rápida penetração como objeto de entretenimento, o drone vai efetivamente mostrar a que veio com os usos empresariais e prossionais. Já há entrega de pizza com drone (na Índia), entrega de livros (Amazon) e milhares de outros usos. Serão usados como veículos e como coletores de informação, principalmente. • Internet das coisas A sigla IoT (internet of things ) cresce rapidamente no vocabulário da inovação e dos negócios. Ela incluirá desde gadgets vestíveis, com um sem número de funções relacionadas com utilidade pessoal, saúde e entretenimento até casa, móveis e cidades inteligentes. No vídeo a seguir, Craig Wigginton, consultor especializado da Deloitte, fala sobre o potencial de negócios da IoT: 90% das coisas podem ser conectadas e a evolução da tecnologia vai criar um novo campo de negócios no segmento, com valor econômico de US$ 2 trilhões. As aplicações iniciais serão para redução de custo e aumento dos lucros das organizações, segundo o consultor, mas surgirão aplicações de todos os tipos. Veja: https://www.youtube.com/watch?v=pcxjB7AxuZI • Realidade virtual e aumentada Óculos 3D e outros dispositivos de realidade virtual deverão popularizar-se rapidamente a partir deste anos e encontrarão uma série de aplicações nos negócios. A cada nova janela de oportunidade tecnológica surgem milhares de ideais de aplicação em todos os campos. A realidade virtual, por exemplo, está sendo vista como um elemento de apoio de valor no tratamento de fobias. Mas há muitas outras aplicações em todas as áreas, certamente. Informe-se: http://cio.com.br/tecnologia/2015/06/12/a-realidade-virtual-pode-mudar-as-empresas/ • Impressão 3D O que parece como um promissor negócio para empreendedores criativos é a impressão 3D, que faz um sem número de produtos de modo muito mais barato e ecaz. Produtos de alto valor serão substituídos por outros feitos em casa. O processo é antigo (da década de 1980), mas atingiu maturidade ultimamente e, com o barateamento e o desenvolvimento de material, vem disseminando-se rapidamente. A tendência é a indústria começar a entregar produtos nais personalizados com impressão 3D, como aponta Nagib Nassif Filho no vídeo a seguir, que traz orientação geral sobre o assunto. O preço das impressoras vem caindo rapidamente. Informe-se: https://www.youtube.com/watch?v=p2cIrXFEclA Para uma visão geral de novas fronteiras tecnológicas, veja: http://ofuturodascoisas.com/15-tendenciastecnologicas-que-irao-gerar-oportunidades-de-negocios-ate-2020/.
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8. INOVAÇÃO E CRIAÇÃO DE STARTUPS Já vimos que ideia é uma coisa e produto ou serviço colocado à disposição do mercado é outra bem diferente. A ideia é necessária, mas não suciente. Se o empreendedor não for capaz transformá-la em algo de valor para os outros, ela não passará de uma boa ideia que não se concretizou. Da ideia à inovação há um caminho: a inovação é a ideia que se concretizou, que foi capaz de afetar outras pessoas, mudar algo. O empreendedor é a chave de sucesso nesse processo: ele parte da ideia e chega ao oferecimento de produtos ou serviços que melhoram a vida de outras pessoas, o que faz por meio de uma empresa. Podemos descrever o processo assim:
Figura 1. Da ideia ao serviço à sociedade. Fonte: elaborado pelo autor.
Nesse processo, o empreendedor terá de assumir o risco de fracassar e perder dinheiro e muito mais que isso. O fracasso traz perdas nanceiras, sociais, pessoais de várias naturezas. É natural que as pessoas tenham medo de fracassar, pois o fracasso é uma possibilidade real para todos, inclusive para os grandes e poderosos. Todas as grandes empresas, mesmo as líderes vitoriosas, já registraram algum fracasso. É necessário armar-se contra a possibilidade de fracasso, portanto. É aí que entra em cena a administração. O empreendedor muitas vezes tem a ideia, mas é necessário executar um conjunto de funções fundamentais para que ela se concretize e vingue como produto ou serviço: planejar, organizar, dirigir e controlar.
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Figura 2. Ciclo da gestão. Fonte: elaborado pelo professor.
Planejar - Fazer planos, isto é, analisar a situação atual, olhar para o futuro, identicar ameaças e oportunidades, adquirir uma visão clara das próprias forças e fraquezas e, com base nisso tudo, decidir o que fazer, quando e como. Organizar - Colocar as pessoas certas nos lugares certos, denir autoridades e responsabilidades,
estabelecer regras, criar sistemas de comunicação, prover recursos e informações na hora certa para cada parte. Dirigir - Indicar os objetivos e os padrões de trabalho às pessoas, motivá-las a buscá-los, inspirar e
conquistar o entusiasmo delas, dar-lhes apoio. Controlar - Acompanhar tudo para ver se nada de errado ou fora dos objetivos está acontecendo,
resguardar os padrões econômicos, nanceiros, produtivos, éticos, manter a qualidade etc. Tudo isso se realiza com relativa tranquilidade na empresa que já está em operações, mas na fase inicial nem sempre as coisas são tão ordeiras. Frequentemente o empreendedor começa com recursos próprios limitados, tem ele próprio competência limitada, agrega parceiros que também têm suas limitações e as boas ideias que efetivamente dariam frutos morrem por falta de eciência. As estimativas ou estatísticas de fracasso dão conta de que entre 60 a 90% das novas empresas fracassam (mas, nos poucos casos em que há uma instituição de peso dando apoio a elas, isso muda). O candidato a empreendedor, então, deve preparar-se adequadamente. O Sebrae faz estudos sistemáticos sobre fatores de sucesso e fracasso de novas empresas no país. Por que novos negócios fracassam? Por três grupos principais de razões: planejamento inadequado, gestão ineciente e comportamento inadequado do empreendedor. No primeiro grupo surgem as empresas sem qualquer plano e aquelas que vêm à luz com planos falhos, com informações capengas sobre mercado, concorrência, demanda de capital para o negócio. No segundo grupo entram a falta de experiência dos empreendedores, falhas em
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marketing e desenvolvimento de produto ineciente. Por m, no terceiro grupo entram a desatualização,
desinteresse, arrogância e outras questões relacionadas com competência e desempenho. Prepare-se para atuar Manual do Sebrae é um alerta
Quem pretende montar um novo negócio deve ler o relatório de pesquisa do Sebrae sobre fracasso e sucesso com novos empreendimentos. É bom, é grátis, é fácil de ler. Basta ir ao link abaixo: http://www. sebraesp.com.br/arquivos_site/biblioteca/EstudosPesquisas/mortalidade/causa_mortis_2014.pdf Como nas Olimpíadas e na Copa do Mundo, novos padrões de excelência vão sendo estabelecidos a cada ano. O mesmo se dá no mundo dos negócios. Depois do surgimento do McDonalds, não é mais possível que perdure e cresça a lanchonete sem nenhum padrão. O máximo que pode acontecer de bom a ela é car moribunda na condição vegetativa, sem prestar grandes serviços aos clientes e ao próprio empreendedor. O prossionalismo é fundamental desde o começo.
8.1 O que falta ao empreendedor Da ideia até a empresa consolidada há um grande caminho. O que falta ao empreendedor para que ele chegue lá? Frequentemente faltam todos ou algumas das seguintes ingredientes: • Apoio: a pessoa não busca ou não tem capital social para conquistar o apoio certo. • Recursos nanceiros: os negócios iniciados por grandes empresas ou por empreendedores de sucesso usualmente não sofrem com isso e, portanto, têm mais probabilidade de sucesso. • Experiência: na maioria das vezes o empreendedor não é da área de administração e traz consigo outras bagagens que podem ser boas, mas não são sucientes. • Imagem : o banco emprestaria dinheiro a quem ainda não demonstrou sucesso? Dicilmente. • Competência: isto é, a reunião dos conhecimentos, das habilidades e aptidões necessárias a tocar um negócio com sucesso. Alguns conhecem bem o mercado mas são muito ruins em negociações (habilidade), outros podem ser brilhantes vendedores (habilidade), mas não levam jeito com nanças. O sensato é buscar ajuda. Isso deve ser feito com adequada percepção estratégica, evidentemente, mas, é o caminho. Por exemplo, na busca de ajuda, o empreendedor poderá repassar informações relevantes a outros, que se anteciparão a ele e montarão o negócio ou, por inexperiência, poderá entrar em sociedade com gente sem qualicação ética e levar golpes. Portanto, deve-se ter todo cuidado. Algumas fontes de apoio:
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- Sebrae Volta-se não só à informação inicial, qualicação e orientação especíca, mas também a ligações de mercado, incubadoras etc. O Sebrae faz um excelente trabalho em todo o Brasil, ajudando milhares de empreendedores. Informe-se: www.sebrae.com.br • Investidores-anjos Segundo informação da Anjos do Brasil, uma organização sem ns lucrativos criada para aproximar empreendedores de parceiros, O Investidor-Anjo é normalmente um (ex-) empresário/empreendedor ou executivo que já trilhou uma carreira de sucesso, acumulando recursos sucientes para alocar uma parte (normalmente entre 5% a 10% do seu patrimônio) para investir em novas empresas, bem como aplicar sua experiência apoiando a empresa. Importante observar que diferentemente que muitos imaginam, o Investidor-Anjo normalmente não é detentor de grandes fortunas, pois o investimento-anjo para estes seria muito pequeno para ser administrado. Importante observar que o investimento-anjo não é uma atividade lantrópica e/ou com ns puramente sociais. O Investidor-Anjo tem como objetivo aplicar em negócios com alto potencial de retorno, que consequentemente terão um grande impacto positivo para a sociedade através da geração de oportunidades de trabalho e de renda. O termo “anjo” é utilizado pelo fato de não ser um investidor exclusivamente nanceiro que fornece apenas o capital necessário para o negócio, mas por apoiar ao empreendedor, aplicando seus conhecimentos, experiência e rede de relacionamento para orientá-lo e aumentar suas chances de sucesso. (O QUE É, 2013, s/p).
Informe-se: http://www.anjosdobrasil.net/o-que-eacute-um-investidor-anjo.html • Programas governamentais Há programas em diversas áreas do governo que podem oferecer direta ou indiretamente apoio aos novos empreendedores e às pequenas empresas. Veja alguns casos: http://www.fapesp.br/pipe/ http://inei.org.br/noticias/faperj-lanca-programa-para-aceleracao-de-empresas-startups http://www.brasil.gov.br/ciencia-e-tecnologia/2015/10/programa-focado-em-startups-amplia-apoio-anovos-negocios http://startupbrasil.org.br/
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• Organizações e empresas privadas Como a causa do empreendedorismo é bem vista e de valor, há muitas iniciativas privadas de apoio. As incubadoras, mas não só elas, encaixam-se aí. Informe-se: http://www.aintec.com.br/aintec/ibm-expande-programa-de-apoio-para-startups/ http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2012/06/20/veja-lista-das-principais-incubadoras-deempresas-do-pais.htm Prepare-se para atuar Sucesso empreendedor: mais um ângulo de análise
O vídeo a seguir fala sobre sobre liderança empresarial. Inspiração e informação para quem deseja preparar-se adequadamente para atuar. https://www.youtube.com/watch?v=h8hUECLFVuw Um plano para início
O empreendedor precisar ter um plano para iniciar. Na próxima aula isto estará em discussão.
9. GERENCIAMENTO ESTRATÉGICO E BUSINESS MODEL CANVAS Estratégia é um conjunto de decisões que são tomadas com a nalidade de realizar objetivos em uma situação de incerteza e risco. Vem do grego, onde cada cidade-estado tinha o seu estratego, que seria uma
mistura de chefe militar e prefeito dos dias de hoje, aquele que tomava as decisões em nome do parlamento, um executivo general. Estratégia é, então, a “arte do general”. O conceito entrou no mundo empresarial porque também nos mercados há um contexto de competição, de incerteza e de risco e porque buscam-se objetivos dentro deste. Empresas competentes e bem organizadas formulam com precisão suas estratégias, usando modelos derivados da formulação básica que se apresentou no item 4 (cenários ambientais, novos mercados e atividades da economia criativa). A estratégia empresarial é o conjunto das decisões maiores de uma organização: onde investir, como, que produtos oferecer, a que mercados, com que tecnologia? São aquelas decisões que podem levar a empresa à glória ou ao fracasso – arriscadas, grandes, diretamente relacionadas com o futuro da empresa. Gerenciar , por sua vez, é planejar, organizar, dirigir e controlar um conjunto de recursos para que se realizem
os objetivos com máxima eciência (custos menores) e ecácia (realização dos objetivos). Gerenciamento estratégico pode ser denido como planejamento, organização, direção e controle da estratégia empresarial para que se realizem os propósitos fundamentais da empresa com máxima eciência e ecácia.
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Para se tomar as grandes decisões e gerenciar o processo de efetivá-las, é preciso recorrer a modelos. Esses modelos são visões teóricas de encaminhamento de análises e decisões. Podem ser vistos como mapas de ideias ou estruturas intelectuais que facilitam e servem como ferramentas para as análises e decisões, já que essas são complexas, isto é, envolvem muitos fatores. Devem responder a duas questões básicas: • Que decisões devemos tomar? • O que devemos analisar para tomar tais decisões? Nos livros de gestão há muitos modelos que se aplicam a diferentes circunstâncias e funções empresariais: início de uma empresa, projeto de expansão, política de investimentos etc. Saiba mais: Conhecendo mais sobre estratégia e gerenciamento
Os tópicos acima podem ser compreendidos em maior profundidade por meio da leitura de alguns livros. Recomendam-se os seguintes: OLIVEIRA, Djalma Pinho Rebouças de. Planejamento estratégico. São Paulo: Atlas, 2015. CHIAVENATO, Idalberto. Teoria geral da administração. Barueri, SP: Manole, 2014. ROSA, José Antônio; MARÓSTICA, Eduardo. Modelos de negócios, organizações e gestão . São Paulo: Cengage Learning, 2012.
9.1 Um plano para iniciar Novas empresas, as startups às vezes são postas em funcionamento sem que haja um plano mais coerente e eciente orientando esse processo. Isso é: • o empreendedor parte de seu próprio conhecimento do negócio e não se dá ao trabalho de fazer uma pesquisa mais cuidadosa. • baseia-se em intuição ou em “achômetro”. • não pede orientação a especialistas que podem ser facilmente consultados. • opera com o que se chama em inglês de wishful thinking, isto é, pensamento contaminado pelo desejo (pensa que vai acontecer o que deseja). • não faz previsões de gasto adequadas. • não estabelece etapas a serem seguidas para a implantação mais eciente da empresa. 48
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• não avalia restrições legais ou de outras naturezas que poderão ocorrer. Conforme já se viu pelas pesquisas do Sebrae, começar sem plano é um erro que responde por boa parte da alta porcentagem de fracasso que se verica em novos empreendimentos. Vamos apresentar a seguir um modelo de plano de startup , com vistas em pequenos empreendimentos, que pode ser seguido pelo empreendedor. É simples e descomplicado, mas poderá alertar para questões muito relevantes. Não é o único que existe, evidentemente, mas é um modelo fácil de compreender e aplicar. É baseado na seguinte estrutura:
Figura 3. Estrutura de um plano de startup.
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Essa estrutura contempla as análises mais importantes que um empreendedor deve fazer para lançar seu produto e as decisões que deve tomar. Quanto mais cuidadosas e completas são as análises e mais precisas e detalhadas as decisões, mais sólido será o plano. Da forma como se apresenta, a estrutura poderá ser adequada à maioria dos negócios, mas não necessariamente a todos. O interessado deve fazer as adaptações necessárias. Vamos entender cada grupo de análise/decisão. Ideia
Uma ideia de negócio traz uma concepção de valor a oferecer a alguém, por meio de um produto ou serviço. De modo perceptível ou não, quem tem uma ideia de negócio está pensando assim: vou ajudar as pessoas a resolver o problema X ou Y, a obterem prazer do modo A ou B. A ideia inicialmente é vaga e baseada em intuição e imaginação. Após uma análise devida, ela se transformará em um conceito de negócio e este, sim, poderá ser gerenciado. De qualquer modo, a ideia aponta: • Qual é o produto/serviço? • O que ele oferecerá para as pessoas? • Por que é importante ou valoroso? Após a ideia, é necessário fazer um investimento (tempo e dinheiro) para estudá-la. Então, é melhor que se evitem logo aquelas que não têm um mínimo de viabilidade, que logo se revelam inviáveis. O problema é que as pessoas, principalmente as que sonham em ter um negócio próprio, apaixonam-se por suas ideias e perdem o sentido de avaliação objetiva. As seguintes perguntas podem ajudar a fazer uma avaliação inicial um pouco melhor: • O que outras pessoas sensatas e experientes acham da ideia? O interessado pode perguntar isso a pessoas de sua conança. • A ideia pode ser imitada facilmente? Se sim, como protegê-la ou como evitar que a imitação (que usualmente vem logo quando a ideia é boa) não a destrua? • Há restrição de ordem legal para a ideia? • Será que a proposta de valor contida na ideia realmente é do interesse de um mercado sucientemente grande? • As pessoas poderão obter o mesmo tipo de serviço de modo mais barato ou gratuito? (por exemplo: um livro de receitas comuns é inútil porque as pessoas já têm receitas à vontade na internet, gratuitamente).
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Um bom livro de desenvolvimento de produtos pode trazer um checklist de avaliação mais detalhado, que ajudará o empreendedor a reetir um pouco mais sobre sua ideia, antes de entrar em uma pesquisa mais aprofundada.
9.2 Mercado potencial e mercado -alvo Primeiramente, é necessário ver se existe real mercado para a ideia de produto e serviço. Do ponto de vista da criação de produtos ou negócios, no contexto do marketing , mercado pode ser denido como: gente com dinheiro e necessidade. Há um número suciente de pessoas ou empresas com necessidade especica que pode ser atendida pela ideia e elas têm dinheiro para comprar? Eis a questão. Mercado potencial é o mercado que poderá interessar-se pelo produto ou que já consome produtos da concorrência. É importante vericar: • Qual é o tamanho do mercado potencial? Número de pessoas ou empresas que compram, quanto do produto ou serviço compram, valor econômico agregado das compras. • Quais são as características do mercado? - pessoas físicas: idade, sexo, renda, escolaridade, localização etc. - pessoas jurídicas: tipo, porte, localização etc. • Quais as necessidades e desejos do mercado? Por que se necessita desse tipo de produto, como se deseja que ele seja, qual é o grau de satisfação com produtos existentes? • Como é o comportamento do mercado? Como o mercado se comporta na compra, no uso, no manuseio do produto ou em atividades relacionadas com sua aquisição ou consumo? • Outros aspectos relevantes, por exemplo: o que e quem inuencia os compradores? Após conquistar um conhecimento adequado do mercado, o empreendedor fará sua aposta: escolherá um segmento do mercado a atender – este é o mercado-alvo. Mercado-alvo é o mercado que uma empresa propõe-se a servir. Quanto mais denido em termos de renda, idade, sexo, moradia, comportamento e atitudes, melhor, pois, com base nesta denição é que se congurará o produto, os processos de produção e marketing , enm, tudo. São exemplos de escolhas que seguirão a denição do mercado-alvo: • Produto - Design - Características funcionais - Nível de qualidade
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- Tipo • Marketing - Canais de comunicação - Linguagem - Proposta comercial: preço, prazo, formas de nanciamento, serviços agregados
9.3 Análise da concorrência e posicionamento Existe uma concorrência real e uma concorrência potencial. A concorrência real é aquela que já oferece esse tipo de produto ou serviço. A potencial é aquela que poderá vir a oferecê-lo se ele se mostrar interessante. No caso de novos produtos inovadores, é importante sempre pensar sobre quem terá interesse em seguir a empresa, caso o lançamento se mostre atraente. Como disse Philip Kotler, “não devemos nos esquecer de que os pioneiros eram devorados pelos índios”, quer dizer: muitas empresas inovam e são destruídas ou ultrapassadas por outras que se lançam na concorrência logo que percebem que os produtos terão potencial. Há também a concorrência indireta: aquela que oferece outros produtos ou serviços que poderão ser consumidos no lugar do que se pretende lançar. É fundamental avaliar: • Quais são os produtos existentes no mercado, o que têm de bom ou ruim sob a perspectiva do cliente? • Que níveis de preço são praticados? • Quem são os concorrentes reais? Quais são pontos fortes e fracos? Como reagirão à entrada do novo produto no mercado? • Quem são os concorrentes potenciais? Quais são seus pontos fortes e fracos? Como reagirão à entrada do novo produto no mercado? • Quem são os concorrentes indiretos? Quais são seus pontos fortes e fracos? Como reagirão à entrada do novo produto no mercado? • Quais são as principais lacunas deixadas pela concorrência, isto é, o que ela não tem oferecido ao mercado? • Outras questões relevantes em relação à concorrência direta, indireta, real e potencial. Feita essa análise, o empreendedor deverá fazer o seu posicionamento: o que oferecerá em termos de produto, serviços, diferenciais? • Que tipo de empresa quer ser para os clientes?
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• O que de diferente pretende oferecer a eles? • Que oferta básica fará em termos de produtos, preços e serviços? • O que justica a mudança ou adesão dos clientes aos produtos da empresa? • Quais são os objetivos da empresa em relação à concorrência?
9.4 Requisitos de produção e fórmula produtiva Por requisitos de produção entendemos o que é necessário para se produzir um bem físico ou serviço. Basicamente reete o que se faz hoje, isto é, como as outras organizações fazem a produção. Fórmula produtiva , por sua vez, refere-se a como a nova empresa pretende organizar a produção do seu jeito. O que a empresa fará de diferente? O que fará igual? Quanto mais o empreendedor conhecer como se produz hoje, melhor estará para denir como vai produzir. Aí poderão estar as grandes inovações, certamente. O McDonalds, por exemplo, mudou totalmente o conceito de lanchonete. O WalMart, nos EUA, e o Pão de Açúcar, no Brasil, mudaram a forma de distribuir produtos de consumo. A Amazon mudou o modo de se comprar livro. As empresas criativas fazem exatamente isso: mudam a forma de produzir algo. Fazem de tal modo que os novos produtos ou serviços sejam mais ecientes ou mais baratos a ponto de produzir grandes migrações da clientela.
9.5 Requisitos de organização e fórmula organizacional Por requisitos de organização entendemos a forma como as organizações existentes se organizam: quantas pessoas, que funções, que sistemas de controle etc. Fórmula organizacional é o que o empreendedor vai adotar para a sua empresa em particular, em termos de organização. As empresas digitais, por exemplo, caracterizam-se por organizar-se com: • Menos pessoas • Mais tecnologia da informação • Processos mais simples • Participação dos clientes no processo de produção Por exemplo: antigamente os classicados de emprego eram feitos pelos jornais. Estes precisavam ter grandes estruturas para vender, captar e processar pedidos, digitalizar e diagramar textos, imprimir, cobrar, receber etc. Agora, empresas como a Catho e a Manager têm um grupo de pessoas muito mais restrito. As operações são feitas pelo cliente de modo automático, tudo é controlado pelos sistemas. O preço e os custos
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desabam, mas a empresa da nova economia (no caso, os sites ) lucra muito mais do que lucravam as da velha economia (os jornais).
9.6 Requisitos de marketing e fórmula de marketing É necessário analisar a forma usual de fazer marketing do do tipo de produto ou de produtos similares (caso de novidade sem concorrência). Perguntas-chave: Perguntas-chave: • Como é que se divulga, promove e vende esse tipo de produto no mercado? • Como as empresas existentes o fazem? • Quanto gastam com divulgação e vendas? • Que tipo de divulgação parece mais eciente? Depois de pensar adequadamente sobre tudo isso, o empreendedor decide como vai “marketear” seu seu produto: como vai divulgá-lo, promovê-lo e vendê-lo.
9.7 Requisitos de nanciamento e fórmula de nanciamento Por m, se analisam as questões nanceiras. Quanto de dinheiro é necessário para um negócio do tipo desejado? Quem entra com o dinheiro? Qual é a taxa de retorno esperada? Quanto os atuais operantes no ramo ganham? Com base nessas análises, é estabelecida a fórmula de nanciamento do negócio: com que dinheiro, quanto, como será distribuído etc.
9.8 Conceito do negócio Após as análises e decisões, o empreendedor resume em poucas poucas linhas como será o negócio: para quem vai vender, vender, o que, como, com que diferenciais etc. Isso nada mais é que a ideia inicial devidamente elaborada ou detalhada. Quanto maior o nível de detalhe, mais facilidade de implantação. Exemplos: Ideia
Conceito
Casa Ca sa de to tort rtas as
Casa Ca sa de to tort rtas as n nas as de dest stin inad adas as ao pú públ blic icoo cla class ssee A, A, B e C, C, sit situa uada da em bairro nobre com decoração artística, oferecendo cinco tipos de tortas salgadas e dois de tortas doces, com faixa de preço de X a Y etc.
9.9 Plano do negócio Agora pode ser feito o plano do negócio. Esse pode ter a seguinte estrutura estrutura básica:
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Figura 4 . Estrutura do plano. Fonte: elaborado pelo autor.
• Objetivos: o que se pretende atingir? Quando? Exemplos: - Conquistar trezentos clientes xos até o nal de 2016. - Obter superávit a partir do quinto mês de implantação. • Estratégias: o que se fará para atingir cada objetivo? Exemplos: - Oferecer desconto inicial para penetração no mercado. - Estabelecer parceria com escolas privadas de ensino fundamental. • Planos de ação: quem vai fazer? O quê? Quando? - João fará contato com vinte escolas por mês, totalizando cem até maio.
9.10 Orçamento Por m, é necessário colocar números. Disse um prêmio Nobel de Economia: “se torturarmos os números, eles acabam confessando”. confessando”. O orçamento compõe-se de três peças fundamentais:
Figura 5. Sistema orçamentário. Fonte: elaborado pelo autor autor..
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9.10.1 Orçamento de investimento
Indica quanto de dinheiro se colocará no negócio. Para fazê-lo, é fundamental realizar um levantamento preciso de tudo que se vai comprar para implantar o negócio – instalações, móveis, equipamentos, mercadorias e, ainda, o montante de dinheiro que se deve deixar em caixa para sustentá-lo (capital de giro nanceiro). 9.10.2 Orçamento operacional
Contempla uma projeção (pode ser para um ano) das vendas e despesas. É evidente que, em caso de novos negócios inovadores, o empresário não tem uma ideia clara sobre quanto vai vender, vender, mas é necessário colocar algum número estimado, pois isso condicionará as despesas. Em função das vendas projetadas, projetam-se também as despesas. A diferença entre as vendas e as despesas é o lucro ou prejuízo projetado para os meses, na sequência. 9.10.3 Orçamento de caixa
Orçamento de caixa diz respeito à entrada e saída s aída de dinheiro propriamente dito. É diferente das vendas e despesas, que são efetuados em tempo diferente do trânsito do dinheiro, porque há prazos de recebimento e pagamento. O orçamento de caixa é o mais sensível para o pequeno negócio. Pode ser feito para os próximos noventa dias, dia a dia. Com informações obtidas nos orçamentos de investimento e operacional, o empreendedor pode fazer uma planilha de Excel conforme exemplo abaixo: Tabela 1. Exemplo de uxo de caixa diário
Fonte: elaborado pelo autor.
Implantação e gerenciamento estratégico
Depois de implantado o negócio, uma atenção integral será necessária para consolidar e atingir os objetivos para os quais foi criado: servir a uma comunidade de clientes e gerar resultados (dinheiro ou outros) para o criador. O ciclo gerencial deve se mantido com disciplina: planejar, organizar, dirigir e controlar. Aquilo que foi imaginado agora se torna concreto e são necessários ajustes para que tudo caminhe ecientemente. Todo o processo usado na criação do negócio é revisto: a ideia mostrou-se boa? Surgiram novas ideias mais atraentes? O mercado escolhido respondeu positivamente? O produto era isso mesmo que ele queria? E o
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posicionamento, precisa de alteração ou deve ser mantido? E quanto às fórmulas – de produção, organização, marketing , nanciamento? É necessário introduzir alguma mudança?
9.11 O modelo de negócios Canvas Um modelo de criação ou avaliação de novos negócios e revisão de negócios existentes é o chamado Business Model Canvas, criado por Alexander Osterwalder, que em sua tese de doutorado analisou inúmeros modelos e tentou unicar aquilo que seria comum entre eles (OSTERWALDER, 2004). O Canvas é denido no site de Osterwalder (http://alexosterwalder.com/ ): O Modelo de Negócios Canvas é uma ferramenta de gerência e empreendedorismo. Ele permite que você descreva, desenhe, questione, invente e projete seu modelo de negócio. O Canvas busca uma análise do negócio em apenas uma página, concentrando-se naquilo que realmente importa. Essa página, que pode obtida no site de Osterwalder (veja rodapé) trabalha com nove elementos denidores básicos (analíticos e decisórios): A proposta de valor oferecida ao mercado. O(s) segmento(s) de clientes que será visado pela proposta de valor. Os canais de comunicação e distribuição para atingir os clientes e oferecer o valor a eles. As relações estabelecidas com clientes. Os recursos-chave necessários para tornar o modelo de negócios viável. As atividades-chave necessárias para implantar o modelo de negócios. Os associados-chave e sua motivação para participar no modelo de negócios. Os uxos de geração de receita do modelo de negócio (constituindo o modelo de receita). A estrutura de custos resultante do modelo de negócio. É bastante similar ao modelo que já discutimos anteriormente – a ideia, os clientes, os recursos, a forma de fazer marketing etc. Nada obsta que o interessado junte os dois modelos, cando com a melhor parte de cada.
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Quadro 2. Nove pontos de análise em apenas uma página
Fonte: http://alexosterwalder.com/ .
Saiba mais Um vídeo explica bem como funciona o Modelo Canvas.
Veja: https://www.youtube.com/watch?v=Cjkq_jsuFTs
10. QUESTÃO DE FINANÇAS, CONTABILIDADE E IMPOSTOS Qualquer um que crie um novo negócio ou mesmo uma organização sem ns lucrativos terá de ter algumas questões fundamentais em mente: • Todo negócio ou todo serviço à comunidade tem custos. Esses precisam ser cobertos, de algum modo. • Todo negócio ou todo serviço à comunidade tem uma fonte de nanciamento nos investidores, nos negócios ou em colaboradores/doadores nas organizações lantrópicas. • Todo negócio ou todo serviço à comunidade deve dar resultados superiores a seus custos.
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• Se um negócio cronicamente fatura menos do que gasta, gerando prejuízos, o investidor tende a abandoná-lo, certamente, a não ser que esse negócio sirva a alguma causa escusa (por exemplo, lavagem de dinheiro). • Se uma organização lantrópica gasta mais que os benefícios que gera, os doadores vão pensar duas vezes antes de doar. - É fundamental fazer uma boa gestão nanceira para que o negócio produza lucros ou a organização lantrópica preste serviço de maior valor que os recursos que consome. A gestão nanceira pode ser denida como o processo de captar, investir, alocar em atividades e controlar os recursos nanceiros de forma que haja máxima eciência em seu uso. É perfazer o ciclo gerencial com vista à função nanceira: • Planejar - Quais as atividades precisam ser nanciadas? - Como os recursos serão captados? - Como os recursos serão alocados em cada uma das atividades? • Organizar - Procedimentos básicos de recebimento, pagamento, nanciamento - Pessoas responsáveis por essas atividades - Sistemas de cobrança da responsabilidade dessas pessoas • Dirigir - Motivar as pessoas a serem conscientes no uso do dinheiro - Liderá-las para boas práticas de gastos • Controlar - Vericar documentação - Manter o dinheiro protegido contra fraudes - Avaliar o comportamento das pessoas com relação ao dinheiro
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10.1 Contabilidade A contabilidade é a ferramenta imprescindível nesse processo de gestão nanceira. Sem ela não há como fazer nenhuma operação ecientemente. Ela trata do registro dos fatos contábeis, isto é, dos acontecimentos que têm a ver com o nanciamento, custeio, receitas, resultados, distribuição de resultados da organização, de tal maneira que as decisões possam ser orientadas adequadamente e justicadas posteriormente para prestação de contas a acionistas, doadores, governo e outros grupos com interesse na organização. Há dois tipos de contabilidade: • Ocial : aquela que segue padrões denidos por lei. A organização precisa apresentá-la a órgãos governamentais e instituições de vários tipos (bancos, por exemplo). Há um detalhado conjunto de regras a serem seguidas, e o não cumprimento delas pode acarretar problemas legais de diferentes naturezas. A contabilidade deve ser feita por um contador ocial a quem se delega legalmente essa responsabilidade, cuja obrigação é a de fazer tudo conforme a lei e responder pelo cumprimento das normas perante órgãos governamentais. • Gerencial ou decisorial : é aquela que é feita apenas com nalidade de gerenciamento de investimentos, receitas, custos e resultados, com o propósito de servir de matéria-prima para as decisões tomadas na organização. Não precisa de um contador, embora, pelo seu conhecimento especializado em geral, ele é a pessoa mais indicada para fazê-la. Essa contabilidade não precisa ser apresentada a órgãos governamentais ou a bancos e outras instituições do mercado. É interna. As duas contabilidades não se opõem, mas relatam os números diferentemente. A contabilidade ocial, bastante engessada, não dá todas as respostas de que o tomador de decisões precisa. Então, a contabilidade do dia a dia na prática do executivo é a gerencial, feita paralelamente à ocial. O empreendedor não precisa entender de contabilidade ocial. Nada obsta que ele procure aprender, mas é desnecessário e contraproducente, porque há prossionais especializados que fazem a tarefa com mais qualicação e segurança. O empreendedor ou gerente tem de saber só o mínimo para não fazer besteira com o uso dos recursos, mas, aconselhando-se devidamente com o contador, poderá manter-se no bom caminho decisório. Quanto ao entendimento dos fundamentos da contabilidade gerencial ou decisorial, este s im é fundamental para qualquer pessoa que almeja criar e administrar negócios. É preciso saber: • o que é custo, gasto e despesa; • quais são os tipos de custos e como afetam os resultados; • o que é faturamento e o que é receita; • o que é lucro ou prejuízo; • o que é orçamento e como fazer um orçamento básico; 60
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• o que é ponto de equilíbrio. Preparando-se para atuar Entendendo os números
Onde buscar essa informação mínima necessária? A leitura de um bom livro de nanças resolve, mas há também cursos, vídeos e textos de internet mais diretamente relacionados com o assunto. Veja um vídeo que faz parte de uma série excelente, que explica tudo isso. Ele foi feito por uma grande empresa de contabilidade e pode dar uma visão adequada desses conceitos relevantes: https://www.youtube.com/ watch?v=cfUx3br_8Fk Para desempenhar essas funções básicas de gestão nanceira, recorre-se a três sistemas que deverão ser criados e operacionalizados, conforme gura abaixo: • Sistema de custos Descreve, registra e controla todos os custos da empresa, fornecendo base informacional para tomada de decisões de redução, ampliação, investimento etc. Usualmente se divide a empresas em unidades geradoras de lucro (centros de lucros) e unidades geradoras de custos (centros de custos), criam-se os procedimentos de controle e a partir deles são feitos o registro e a comunicação. • Sistema de orçamento Com base nas informações de custos, estabelecem-se os orçamentos, conforme já se mencionou antes: - Orçamento de investimento: quando se vai investir? Em quê? Como? - Orçamento operacional: quais serão as receitas e os custos para os próximos meses (geralmente é anual e acompanha o ano calendário – janeiro a dezembro)? - Orçamento de caixa: entrada e saída de dinheiro. Usualmente é anual, mas pode ter uma peça de previsão diária para até três meses. • Sistema de relatórios Com base nos acontecimentos e atividades reais que trouxeram receitas ou acarretaram custos, apresentam-se relatórios gerais ou especícos. Um relatório geral pode ser, por exemplo, o balancete, que é um balanço mensal ou uma apuração de receita, despesas, lucro ou prejuízo no mês. Um relatório especíco pode ser o dos resultados gerados por um produto especíco: quantas unidades foram vendidas, com que receita total, que custos especícos incidiram aí? É importante mencionar que tudo isso pode ser feito dentro do universo da contabilidade gerencial ou decisorial, sem prejuízo ou conito com a contabilidade ocial.
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Figura 6. Sistema de gestão nanceira. Fonte: elaborado pelo autor.
É importante entender que há momentos diferentes na vida de uma empresa e o sistema de gestão nanceiro deve ser adequado a cada momento. Vejamos: 10.1.1 Empresa pequena ou embrionária
Quando a empresa nasce ou está na sua fase inicial, usualmente tem um faturamento pequeno, emite poucas notas scais, opta pelo sistema tributário do Simples (adiante falaremos), tem um número de contas de gastos pequeno também e o volume de gastos é pouco signicativo. Nesse caso, tudo pode ser controlado de maneira intuitiva por uma pessoa, que consegue visualizar tudo que afeta seus resultados diretamente. Assim, não precisa de grandes sosticações. Com um caderno de anotações e algumas planilhas de Excel, o empreendedor aplicado e zeloso consegue controlar tudo sem maiores problemas. É importante que se alerte para o seguinte: é fácil controlar tudo nessa fase, mas não se pode negligenciar, deixar de fazer as anotações e os acompanhamentos, pois, embora os números sejam baixos, facilmente podem fugir ao controle. É fundamental registrar, no mínimo, o seguinte: • Faturamento diário, semanal, mensal, por tipo de produto/serviço • Recebimentos a serem feitos (decorrentes dos faturamentos) ou a fazer • Custos relacionados com cada item faturamento • Custos administrativos em geral • Pagamentos realizados e a fazer • Lançamentos bancários e situação da conta • Itens em estoque 62
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• Previsões de sobra/necessidade de dinheiro 10.1.2 Empresa em crescimento
À medida que a empresa começa a crescer, principalmente se o crescimento for rápido, há grande risco de que se perca o controle. Já não é mais possível visualizar tudo com facilidade, as contas se multiplicam, os compromissos aumentam e distribuem-se pelo tempo futuro, os custos começam a ganhar complexidade. No caso, é fundamental criar um sistema mais eciente de fazer a gestão nanceira. O empreendedor não pode negligenciar essa questão, precisa investir na criação desse sistema. Isso implica em contratação de consultoria especializada, estabelecimento de padrões e criação da estrutura de gestão na empresa. Atualmente, as empresas de contabilidade já oferecem esse tipo de serviço e algumas delas, além da consultoria, fazem até mesmo a gestão contábil e nanceira da empresa, tirando o empreendedor dessa tarefa que para ele muitas vezes é penosa e difícil. No caso, vale a pena terceirizar a função. 10.1.3 Empresa consolidada
Já se tomaram as medidas necessárias para implantação de um sistema completo e as coisas funcionam adequadamente. É só importante fazer um uso adequado do sistema para tomar boas decisões e manter sempre um estado de alerta para não deixar que o sistema venha a desatualizar-se e perder sua funcionalidade.
10.2 Impostos Usualmente se diz que as pequenas empresas brasileiras são muito assoladas por impostos. Não é verdade. Quem tem uma pequena empresa de serviços com opção pelo simples e rendimento mensal de R$ 10.000,00 provavelmente terá uma condição tributária muito melhor do que teria se fosse assalariado. Com as novas formas e leis de tributação, as coisas tornaram-se mais vantajosas para o empreendedor. Não se pode esquecer de que os impostos e obrigações existem e devem ser contemplados no planejamento da empresa, antes de sua criação. É fundamental saber: • Quando se espera faturar? • Quanto se espera lucrar? A partir dessas duas perguntas básicas e tendo em vista o ramo e as perspectivas da empresa, um bom contador tem condição de aconselhar qual é a forma de empresa mais adequada para o negócio. Há três tipos de sistemas de tributação básicos:
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• Simples Todos os impostos são agregados e paga-se um valor que varia de 4 a 27% sobre faturamento, dependendo da atividade básica da empresa (comércio, indústria e serviços) e volume de faturamento. No caso de empresa de serviço, depende também do tipo de serviço. Na opção pelo simples, o imposto incide sobre o faturamento, independentemente das despesas que a empresa tenha realizado e do lucro que teve. O imposto de renda já está no pacote. • Lucro presumido Nesta opção, cada imposto é cobrado com uma taxa especíca sobre o faturamento (não é agregado como no caso anterior). Os custos da empresa não serão levados em conta e, por consequência, nem seu lucro. O imposto de renda é cobrado sobre faturamento da empresa, com taxa especíca, e não sobre lucro real, que não é apurado sobre resultados da empresa. • Lucro real Receitas e despesas são contabilizadas e apresentadas ao sco. Os impostos estarão aí inclusos nos custos, apura-se o lucro e sobre este incidirá o Imposto de Renda. Os cálculos de impostos são um pouco complexos e requerem orientação especializada. Para a realidade do empreendedor com um pequeno negócio, a opção pelo Simples provavelmente será a mais indicada. Um contador dá orientação inicial com facilidade e acerto. Um aspecto importante a mencionar é que muitas vezes os empreendedores têm aversão a impostos e buscam o caminho da sonegação. Não vale a pena, naturalmente, porque sua empresa cará sempre na marginalidade e, portanto, vulnerável a multas e outras consequências, assim como não poderá beneciar-se de uma série de vantagens que advêm da condição de pessoa jurídica com boa reputação. Igualmente se tem a ideia falsa de que é vantajoso dever ao governo, porque de tempos a tempos há programas de renanciamento de dívidas tributárias. Não é uma boa ideia deixar de pagar impostos face aos percentuais de multa e juros que incidem sobre as dívidas, que se multiplicam rapidamente, deixando o empresário em condição vulnerável. Saiba mais Regimes tributários e opções
Veja o vídeo abaixo, de uma série já conhecida. Fala especicamente sobre a opção pelo Simples e indica outros vídeos que falam sobre as demais opções (lucro presumido e lucro real). https://www.youtube.com/watch?v=m7YdQg81s7M
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10.2.1 Começar de modo certo
É importante que o empreendedor perceba a vantagem de já começar seu empreendimento de modo certo, recolhendo seus impostos regularmente e fazendo tudo dentro da lei. O cenário no Brasil mudou muito nos últimos anos. Desde o m da década de 1990, está em operação o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), que tem as seguintes competências: • Receber, examinar e identicar as ocorrências suspeitas de atividades ilícitas; • Comunicar às autoridades competentes para a instauração dos procedimentos cabíveis nas situações em que o Conselho concluir pela existência, ou fundados indícios, de crimes de “lavagem”, ocultação de bens, direitos e valores, ou de qualquer outro ilícito; • Coordenar e propor mecanismos de cooperação e de troca de informações que viabilizem ações rápidas e ecientes no combate à ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores; • Disciplinar e aplicar penas administrativas. (COMPETÊNCIAS, 2015, s/p). Mais recentemente teve início o Sped (Sistema Público de Escrituração Digital), que é apresentado da seguinte maneira pelo Ministério da Fazenda: Instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, o Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-2010) e constitui-se em mais um avanço na informatização da relação entre o sco e os contribuintes. De modo geral, consiste na modernização da sistemática atual do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos scalizadores, utilizando-se da certicação digital para ns de assinatura dos documentos eletrônicos, garantindo assim a validade jurídica dos mesmos apenas na sua forma digital. - Iniciou-se com três grandes projetos: Escrituração Contábil Digital, Escrituração Fiscal Digital e a NF-e - Ambiente Nacional. Atualmente está em produção o projeto EFD-Contribuições. E em estudo: e-Lalur, EFDSocial e a Central de Balanços. - Representa uma iniciativa integrada das administrações tributárias nas três esferas governamentais: federal, estadual e municipal. - Mantém parceria com 20 instituições, entre órgãos públicos, conselho de classe, associações e entidades civis, na construção conjunta do projeto. - Firma Protocolos de Cooperação com 27 empresas do setor privado, participantes do projeto-piloto, objetivando o desenvolvimento e o disciplinamento dos trabalhos conjuntos. - Possibilita, com as parcerias sco-empresas, planejamento e identicação de soluções antecipadas no cumprimento das obrigações acessórias, em face às exigências a serem requeridas pelas administrações tributárias. 65
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- Faz com que a efetiva participação dos contribuintes na denição dos meios de atendimento às obrigações tributárias acessórias exigidas pela legislação tributária contribua para aprimorar esses mecanismos e conra a esses instrumentos maior grau de legitimidade social. - Estabelece um novo tipo de relacionamento, baseado na transparência mútua, com reexos positivos para toda a sociedade. (APRESENTAÇÃO, 2007, s/p).
Navegar pelos dois sites indicados no rodapé dá uma ideia sobre os sistemas de controle que existem hoje sobre as atividades econômicas das empresas. Há, por m, o amadurecimento da ideia de que a empresa tem de prestar um serviço à sociedade, dentro da lei e de normas adequadas de transparência, lisura, responsabilidade. A sociedade não aceita mais o amadorismo e a esperteza e premia o comportamento ético e responsável. Os grandes escândalos de corrupção registrados nos últimos anos, envolvendo empresas, criou na sociedade um estado de alerta contra todo tipo de desvio na conduta das organizações. Fazendo sua parte para melhorar a sociedade, o empreendedor terá mais força emocional para levar seu negócio avante e colher os frutos do sucesso.
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