Dramaturgia
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Drama no cine...
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SOBRE AS DIFERENÇAS NARRATIVAS ENTRE O CINEMA E A TV Christian H. Pelegrini - UFJF
Narrativa “Devemos considerar narrativa como uma cadeia de eventos em relação de causaefeito ocorrendo no espaço e no tempo” (BORDWELL & THOMPSON, 65) [Narração] é “um discurso fechado que irrealiza uma sequência temporal de acontecimentos” (METZ, 42)
Da Teoria Literária
(E.M.Forster)
Story (História) Eventos inferidos
Eventos explicitamente mostrados
Material nãodiegético adicionado
Plot (trama ou enredo)
Do Formalismo Russo
(U. Eco)
Discurso: é o nível de expressão do enredo (que carrega a fábula). É a manifestação sensível ao narratário (texto literário, cinema, quadrinhos, radionovela, etc)
“O sujet, pelo contrário, é a história como de fato é contada, conforme aparece na superfície, com suas deslocações temporais, saltos para frente e para trás, descrições, digressões, reflexões parentéticas.” “Fabula é o esquema fundamental da narração, é a lógica das ações e a sintaxe dos personagens, o curso de eventos ordenado temporalmente.” Também pode ser história.
No cinema e na TV
Aristóteles (séc. IV a.c), Poética; Drôntas: ação, busca; dran:agir, buscar; Drama: “a imitação de pessoas em ação” Ou, para nossos propósitos,
Drama é a história de alguém que quer alguma coisa, mas tem dificuldade para conseguila.(qualquer livro sobre roteiro...)
O drama e o espectador
O drama oferece catarse, satisfação pelo êxito ou desolação pelo fracasso (ainda que não sejam do espectador); O funcionamento do drama pressupõe um processo de empatia e construção de uma experiência vicária.
Estrutura dramática A forma como as partes da narrativa dramática se organizam é chamada de estrutura dramática. O modelo canônico (desde Aristóteles) é a Estrutura em três atos.
1⁰ ato
2⁰ ato
3⁰ ato
A estrutura dramática implica que cada trecho da narrativa cumpre funções específicas.
Estrutura dramática “O primeiro ato envolve o espectador com os personagens e com a história. O segundo ato o mantém envolvido e aumenta seu comprometimento emocional. O terceiro ato amarra o enredo e leva o envolvimento do espectador a um final satisfatório” (MABLEY & HOWARD, p,54)
A experiência narrativa
No cinema: os fatos, eventos; a luta do personagem que venceu ou perdeu; Na TV: diferente do cinema, a experiência televisual se dá com o universo narrativo (e não com a ação dramática); Os arcos são importantes, mas como pretextos para personagens e universos narrativos.
Fabula e sujet
No cinema, o enredo esgota o que a fabula tem para mostrar; Na TV, um novo enredo revisita a mesma fabula a cada semana. Daí a importância e função, na TV, do PILOTO (voltaremos a isso).
A estrutura dramática no cinema
Cada ato cumpre uma função narrativa; O encadeamento vai proporcionar a catarse.
1⁰ ato
2⁰ ato
3⁰ ato
1⁰ ato Estabelece a premissa dramática da narrativa: “premissa (...)vem a ser, simplesmente, toda a situação já existente quando o protagonista começa a se movimentar em direção a seu objetivo. Isso inclui todos os antecedentes que sejam pertinentes à história. O protagonista, seu desejo em potencial de atingir o objetivo e os obstáculos em potencial (inclusive o antagonista) à obtenção da meta, tudo isso antecede a história que está sendo contada” (MABLEY & HOWARD, P.88)
1⁰ ato
Apresenta os personagens; Estabelece a situação de ordem / estabilidade que vai ser quebrada; Constrói as motivações do personagem para a busca do objetivo dramático; Dá o “tom” da narrativa; É no 1⁰ ato que se inicia a empatia entre espectador e personagem.
1⁰ ato
É o 1⁰ ato que captura o espectador; Todas as cenas devem gravitar em torno da função que o 1⁰ ato tem para a estrutura;
Como no restante da narrativa, as cenas devem seguir uma lógica de necessidade (causa e efeito); O 1⁰ ato termina com o evento que quebra a ordem / estabelece o objetivo.
2⁰ ato
O desenvolvimento do drama (e do arco dramático); Protagonista X Obstáculo = Conflito; “cada parte da história logicamente surge da que veio antes” (WOLFF & COX); Os obstáculos devem crescer gradualmente:
Equacionar os obstáculos (nem forte, nem fraco); Anticlímax;
Os desenvolvimentos devem seguir a relação de causa e efeito, é não sair “do nada”; O 2⁰ ato termina quando o protagonista se vê diante do último obstáculo.
Ato 3 “A essência, na composição dramática, é a transformação do personagem. No final, o personagem não é a mesma pessoa do início. Ele mudou – psicologicamente, quem sabe até fisicamente” (R. Towne apud MABLEY & HOWARD) “O público rejeita bajulação, não gosta de subserviência. O espectador está tão interessado quanto eu em ver um pouco de comportamento verdadeiramente humano. Ele quer se surpreender, quer se deliciar, satisfazer-se. O que não significa necessariamente um final feliz, mas sim algum tipo de encerramento.” (Tom Rickman apud MABLEY & HOWARD)
Ato 3
É o obstáculo final; Deve ser o momento de maior conflito e/ou tensão; Ou alcança o objetivo ou perde de vez; Deve mobilizar elementos apresentados anteriormente; Uma vez resolvida a questão do objetivo, a narrativa acabou;
O drama na TV
A estrutura dramática é atualizada na ficção seriada [televisual], mas de formas diferentes em cada formato e/ou gênero. Categorias herdadas do rádio: serie e serial; Hibridizações a partir da década de 70 (MTM); Ensembles;
Próximo texto (encaminhado via email) SIDENSTRICKER, Iara. “Taxonomia das séries audiovisuais: uma contribuição de roteirista” in BORGES, Gabriela, PUCCI JR, Renato Luis e SOBRINHO, Gilberto Alexandre(Orgs.)Televisão: formas audiovisuais de ficção e documentário (vol. II). SOCINE, Unicamp e Univ. do Algarve, 2012.
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