DOZE MÍSTICOS CRISTÃOS
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DOZE MÍSTICOS MÍSTI COS CRISTÃOS CRI STÃOS – JUAN JUA N MARTÍN VELASCO V ELASCO1 PRÓLOGO A oração tem sua origem além de si mesma. mesma. Alguns dizem que ela se encontra encontra na religião e a definem como religionis actus, a religião posta sem ação; outros, com mais precisão, a consideram como actus fidei, a fé posta em ação, referindo-se mais exatamente à oração cris cristã tã.. Defi Defini nind ndo o com com maio maiorr rigo rigorr a orig origem em imed imedia iata ta da prec prece, e, refe referim rimoo-no noss aqui aqui à experiência pessoal de Deus como manancial que a alimenta, ao solo nutritio do qual lança suas ra!zes. "p. #$. %areceu-me que a ida das grandes figuras da fé, lidas da perspectia da experiência de Deus que elas transmitem, e seus escritos, que com maior ou menor igor a expressam, poderiam colocar diante dos ol&os das pessoas de fé de nossos dias, atrair para nossas consciências, um caudal fresco, copioso de ida teologal, capaz de remediar a secura de ida interior de que padecem muitos cristãos nesta época inclemente para o elemento m!stico ' no sentido mais no(re ' de nossa ida cristã. "p. )$.
I - SÃO PAULO – “POR VENTURA TAMBÉM EU NÃO VI O SENHOR JESUS?” *omo acontece com a imensa maioria dos grandes ouintes, a experiência de %aulo se inicia num momento decisio de sua ida e a diide em duas partes, determinando nela um antes e um depois e transforma transformando ndo radicalmente radicalmente a pessoa. pessoa. %or isso, &+ tantos ecos dessa experiência nos relatos de sua &istria; por isso, deixa uma marca indeléel em sua memria; por isso, o acontecimento se mantém tão io, tão atio em sua consciência. %ara sa(ermos o que aconteceu a aulo naquele momento priilegiado, é necess+rio ler com atenção os três relatos de sua conersão contidos nos Atos dos Apstolos ,/;00,1/# e 02,-/). 02,-/). A aparição aparição s3(ita; s3(ita; o esplendor esplendor que o torna cego; cego; sua queda queda do caalo; caalo; a oz que o interpela, tudo recorda os relatos de teofanias, de manifestaç4es de Deus a seus grandes interlocutores do Antigo 5estamento6 7oisés, os profetas. "pp. //-/0$.
A !" #$% &'(&)*+,*% .#& ()&*/% /&) &'&)*0%% %ara descreer o desenolimento e o progresso da ida de fé, os escritos paulinos utilizam diersas express4es que remetem a outros aspectos da ida, da experiência cristã. cristã. 8 primeiro é 9sa(edoria 9sa(edoria de Deus:, Deus:, quer dizer, primeiro, primeiro, procede de deus "genitio "genitio su(etio$ e, depois e por isso, tem a Deus como fim 3ltimo "genitio o(etio$. esta lin&a, entre o coment+rio de ão Gregrio, que utiliza com fins espirituais os registros do amor e do tema nupcial. ua leitura alegrica interpreta o drama amoroso da relação amado-amada em termos de ausência, deseo, (usca, ferida, encontro, como s!m(olo da erdade do ser &umano e de Deus, de sua relação e de sua união. "p. 0I$.
V*% & M6*/!/ >este texto cl+ssico, coment+rio da ida de 7oisés, narrada na primeira parte do liro ao longo do Jxodo, encontramos a mais perfeita descrição do itiner+rio do crente desde os
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primeiros fatos até a mais estreita união com Deus, enolta nas treas do 7istério. A primeira etapa é a da indispens+el purificação, e est+ representada pelo s!m(olo da sarça ardente. "p. 02$. A passagem pelas +guas do 7ar ?ermel&o ' que naturalmente recordam o (atismo ' dee fazer morrer para o crente todo o 9exército de !cios que l&e fazem guerra6 aareza, dese deseo oss impu impuro ros, s, rapi rapina na,, aid aidad ade, e, orgu orgul& l&o o ...: ...: A tra traes essi sia a pela pelass +gua +guass ' alusã alusão o sacramental ao (atismo e à eucaristia ' recria, além disso, interiormente e sacia a sede dos crentes, fluindo de seu prprio interior, em alusão ao eangel&o de ão =oão. "p. 0#$. %ara se c&egar a Deus é preciso passar pelas treas6 9%orque aquele que se (usca tran transc scen ende de todo todo con& con&ec ecim imen ento to.. %or %or toda todass as part partes es o sepa separa ra,, como como tre treas as,, a incompreensi(ilidade:. %or isso, 7oisés declara que 9ia a Deus nas treas:. "p. 0)$.
C6,issa + o dissera muito antes, referindo-se ao con&ecimento de Deus, em alguns par+grafos admir+eis que incorporam à experiência m!stica a dimensão ética que não fala a nen&um m!stico autêntico. "pp. 0-1B$.
III - SANTO AGOSTINHO – “TARDE VOS AMEI" Ó BELEZA TÃO ANTIGA E TÃO NOVA”8 o( nomes diersos e com diersos aspectos6 sa(edoria e erdade, (eleza e felicidade, Agostin&o, desde sua uentude, não tin&a procurado outra coisa. eus encontros sucessios, com Deus assinalam suas diersas coners4es. A primeira é suscitada pela leitura do Kortensius, de *!cero, e desperta no oem professor de retrica o ardente deseo de Deus so( a forma de sa(edoria. "p. 1I$. A segunda estação de seu itiner+rio é 7ani "7anés ou 7aniqueu$, o profeta mesopotFmico, fundador do manique!smo, que se apresentaa como apstolo de =esus *risto e do %ar+clito prometido do @angel&o. Do materialismo e do dualismo maniqueus Agostin&o se sala pelo contato com a filosofia neoplatLnica que, com sua primazia a(so a(solu luta ta do mund mundo o inte intelilig! g!e el,l, seu seu apre apreço ço pelo pelo seu seu inte interi rior or e sua sua prop propos osta ta de transcendência, 9produz nele um incêndio incr!el:, e o mergul&a num segundo assom(ro que faz nascer sua segunda conersão. 8 pass passo o defin definititi io o ocor ocorre re num num mome moment nto o de ilumi ilumina naçã ção o desp desper erta tada da pela pela leitu leitura ra da @scritura, antes menosprezada. Ao assom(ro sucede aqui a decisão que o lea ao (ati (atissmo e à entra ntrada da num numa comun omunid ida ade que o acom acomp pan&a an&ar+ r+ em seus seus 3ltim ltimo os desa(roc&amentos desa(roc&amentos "*onfiss4es ?MMM$. "pp. 1I-1C$.
>#& $& 6,#& 0& 6,ada maisN A(solutamente nada mais: "olilquios, M, /$. >ão se trata apenas dos dois 9o(etos: da permanente inestigação de Agostin&o; são os dois centros de interesse que motiam a (usca que inundou sua ida; as duas correntes de energia que a mantêm em moimento; os dois plos da tensão que l&e d+ origem. Duas realidades em relação dinFmica e rec!proca. 8 centro origin+rio est+ em Deus, mas sua presença e sua força de atração se exercem no &omem e, por isso, no ser &umano est+ o ponto imediato de partida. "p. 1C$.
O (6,06 & (%)0*% en&uma erdade tão certa e tão manifesta como esta6 que 9esta su(stFncia, esta coisa, esta pessoa que c&amamos ser &umano procura a ida feliz. Eue querem ser felizes é algo que todos êem em seu coração: "De 5rinitate, PM?, /C,0/$. "p. IB$.
O &,6,0)6 &*,*0*65 % 6,&)/6 7*&)0%6)%8
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A criatura &umana é &a(itada pelo deseo-nostalgia de Deus, que é a marca dinFmica de Deus num ser criado como seu interlocutor, capaz de Deus e 9à sua medida:. 7as, precisamente por ser o interlocutor de Deus, o &omem não exerce necessariamente essa tendência, nem ie indefectielmente dirigido para Deus, como a flec&a dirigida ao alo par ao qual foi disparada ou como o ferro é irresistielmente atra!do pelo imã. "p. I/$. 8 pecado se impLs entre a orientação a Deus que imprime na criatura &umana sua ação criadora e a decisão da ontade &umana de nela consentir. %or causa do pecado, o ser &umano luta consigo mesmo e não pode o que mais radicalmente quer, ao passo que consente naquilo que contraria seu mais !ntimo querer. "p. I0$.
IV - SÃO BERNARDO – “ACREDITAI NO >UE 2OI E9PERIMENTADO” @le é moido pelo deseo de oltar às fontes e praticar em toda sua pureza a regra de ão Hento; procuram uma simplicidade maior de ida e uma po(reza mais rigorosa. erão eles os pais da reforma cisterciense. A essa reforma dos monges (rancos se unirão, quinze anos depois, por olta de ///1, um oem da no(reza, Hrenardo de Qonataines. Aps anos de noiciado e alguns outros de monge em *ister, Hernardo é eniado a *lairaux "*laraal$ como a(ade. Desde então, o oem a(ade e os compan&eiros que o segu seguira iram m ão ão impr imprim imir ir no moi moime ment nto o de refo reform rma a recé recémm-in inic icia iado do a marc marca a de uma uma influência decisia."p. I#$. R o pai da ida afetia, da experiência espiritual centrada no amor de Deus. "p. I#$.
A *% **,*F%% ,% 6#0)*,%8 >ão sa(emos sa(emos com certeza certeza os marcos marcos importantes importantes do itiner+rio itiner+rio de Hernardo Hernardo até Deus. R pro+el a decisão do no(re oem de ingressar num mosteiro e no recém-fundado mosteiro de *ister corresponderia a uma experiência de conersão. Dela sa(emos pouco, e os relatos de que dispomos reproduzem os lugares comuns da &agiografia da época. Além disso, o fato de lear consigo ao mosteiro um n3mero consider+el de irmãos compan&eiros lea a pensar numa espécie de conersão coletia que, segundo alguns, era um fenLmeno relatiamente comum naquela época. "p. I)$ A segunda fonte eidente da teologia mon+stica, da doutrina so(re a experiência de Deus em ão Hernardo, é a leitura ass!dua, a meditação, o coment+rio das @scrituras. 8 conte3do, a qualidade de seus escritos, nos faz suspeitar que em seu caso ocorreu a comunicação interior, à qual se referia 8r!genes, da %alara presente na alma e da %alara presente nas @scrituras; e que sua experiência de Deus se alimentou dessa dupla fonte em permanente transazamento e comunicação. "p. I$.
P6,06 & (%)0*% % &'(&)*+,*% & D/8 @ste ponto se situa numa maneira muito particular de entender e ier a condição &umana. Mnsistiu-se com razão no fato de a consciência de pecado ocupar um lugar
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impo import rtan ante te na antr antrop opol olog ogia ia de Hern Hernar ardo do.. 7as 7as não não um luga lugarr cent centra ral.l. A (ase (ase dest desta a antropologia est+ na consciência da no(reza do ser &umano6 9omos criaturas no(res e temos grandeza de alma:. 5emos esta no(reza por sermos imagem de Deus orientada para para serm sermos os seme semel& l&an ante tess a ele; ele; e essa essa imag imagem em cons consis iste te,, fund fundam amen enta talm lmen ente te,, na li(erdade. "p. I$. %Lr-se a camin&o para a experiência exige o c&amado 9socratismo cristão:, quer dizer, o exer exerc! c!ci cio o do 9con 9con&e &ece ce-te -te a ti mesm mesmo: o:,, m+xi m+xima ma à qual qual ão ão Hern Hernar ardo do conc conced ede e tal tal importFncia que a considera 9ca!da do céu:. @ste socratismo é moldado aqui com acentos particulares. >ão consiste no exerc!cio de nen&uma espécie de introspecção, mas na pr+tica da &umildade. @sta implica tanto no con&ecimento da no(reza da alma como no da situação de pecado em que se encontra a criatura &umana. Da! a importFncia e a riqueza de acordes &armLnicos que tem a &umildade na espiritualidade de ão Hernardo, que a c&ama 9o fundamento de todo o edif!cio espiritual:. "pp I-CB$
D% ada de estran&o, pois, que, num momento culminante de sua experiência de Deus, no Alerne, Qrancisco pedisse ao en&or sentir ele mesmo o amor que ele tin&a experimentado ao se imolar por ns. "p. 2C$.
P6)&F%" %7&=)*% & 76#6)8 @m Qrancisco, a po(reza e seu exerc!cio adquirem caracter!sticas singulares. %rimeiro, pelo lugar central que ocupa em sua espiritualida espiritualidade; de; depois, por sua uniersid uniersidade ade e sua radicalidade. @la atinge não s o indi!duo, mas tam(ém a instituição, a congregação por inteiro. Além disso, se refere a todo tipo de riqueza6 à da prpria ontade, à do sa(er e a ciência, à da função que se exerce, até c&egar a exigir a expropriação da prpria po(reza, relatiizada em comparação com o amor e a expropriação de si mesmo. "p. 2#$ A contemplação franciscana se caracteriza, finalmente, por se expressar numa cont!nua confessio laudis, num permanente louor. ?iido como Hem supremo, Deus prooca na pessoa que se encontra com ele uma cascata de emoç4es e sentimentos que fazem nascer a atri(uição por parte do sueito de um sem-n3mero de nomes e propriedades nos quais se concentram todos os alores6 95u és o anto, en&or, Deus 3nico, que operas marail&as; tu és o Qorte, o Grande, tu és o Alt!ssimo...: >a erdade, todas as oraç4es de Qrancisco contêm algo do 7agnificat. "p. 2)$.
S%&6)*% 6/ (6)&/ @xis @xiste tem m form formas as muit muito o mais mais simp simple less de most mostra rarr a coer coerên ênci cia, a, a co-n co-nat atur ural alid idad ade e da espiritualidade franciscana com a espiritualidade cristã. Hasta, por exemplo, o(serar a consonFncia perfeita entre os textos de Qrancisco e as p+ginas que mel&or resumem o esp!rito do eangel&o, como as (em-aenturanças ou a su(lime oração de =esus contida no @angel&o de 7ateus6 9@u os (endigo, %ai, en&or do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos s+(ios e entendidos e as reelastes aos pequeninos:. "p. 2$.
VI - SÃO BOAVENTURA – ITINER4RIO DA ALMA PARA DEUS8 O /$676 6 %$*,um desses camin&os enco encont ntra ramo moss 5ere 5eresa sa de isi isieu euxx e se tié tiéss ssem emos os de desi design gnar ar este este cami camin& n&o, o, o c&amar!amos de camin&o do amor. A atal de /))2, foi decisia para a min&a ocação... deo c&am+-la a noite de min&a conersão. >esta noite (endita, =esus... se dignou tirar-me as fraldas e as perfeiç4es da infFncia. @sse @sse mome moment nto o não não cons constititu tuiu iu numa numa isã isão o do en& en&or or,, simpl imples esme ment nte e ie ieu u uma uma transformação interior na qual perce(ia que a força do Deus que no >atal se manifesta como fraqueza por ns, l&e concedia romper com a infFncia das imperfeiç4es e iniciar seu camin&o até Deus, com uma decisão que nada poder+ deter. A força de Deus a tirou de uma situação que ela mesma recon&ece como infantil, de uma 9infFncia espiritual:. Diante de alguns textos 9Euem for simples en&a a mim: "%r ,I$. 9*omo uma mãe consola um menino, assim eu os consolarei; sereis amamentados, sereis carregados nos (raços, sereis acariciados nos oel&os: "Ms 22, /0-/1$, 5eresa emudece e c&ora em agradecimento agradecimento e amor. @ntrega-se a Deus na total confiança e no a(andono de si mesma em suas mãos. 5ereza não tem como meta de santidade untar méritos6 9deseo ser santa, mas sinto min&a importFnci importFncia a e os peço, peço, Deus meu, que s mesmos mesmos seais min&a santidade: santidade: a centralidade de seus textos é de admirar a m+xima concentração de tudo o que conduz ao despoamento despoamento radical radical de si mesma mesma e a total confiança confiança que o desperta. desperta. *oncentraçã *oncentração o de tudo em Deus como 3nico o(etio de sua intenção e de seu deseo; e concentração de todos os meios para c&egar a Deus no amor, como o camin&o mais curto e mais direto. A insistência no amor como centro e essência do camin&o da infFncia sup4e uma espiritualidade luminosa de constante desfrutar da presença do amado. >os 3ltimos /) meses de ida 5eresa ê sua ida sendo o(scurecida da presença de Deus e denomina esse momento como noite escura, a mais longa de todas as noites. *ontudo esta noite não é um acidente no camin&o da fé, nem uma fase ou etapa super+el, mas um elemento estrutural da mesma, deriado da condição a(solutamente misteriosa de seu termino e da fraqueza das faculdades &umanas de c&egar até o mistério de Deus. ogo, não faltam em sua ida, not+eis experiências de uma escuridão muito intensa, por ocasião das proaç4es que dee de superar para seguir sua ocação religiosa. As experiências de 5eresa, durante grande parte de sua ida, eram espor+dicas. ?in&am pertur(ar pertur(ar momentos momentos em que 9gozaa... 9gozaa... de uma fé tão ia, tão clara, clara, que o pensament pensamento o do céu céu cons constit titu! u!a a toda toda a min& min&a a felic felicid idad ade: e:.. 9e 9e sou( sou(es esse sem m em que que tre treas as esto estou u su(mersa. >ão creio na ida eterna. %arece-me que, depois desta ida mortal, não existe mais nada... tudo desaparece para mim. resta o amor:. Dessa experiência, arias interpretaç4es surgiram6 @la estaria dominada por um ate!smo radical; discutiam se tal experiência pode ser compreendida como uma noa forma de 9noite escura da alma:. %ara essas afirmaç4es simultFneas, coném lem(rar que a morte aparece como fonte de sofrimento e ainda que a noite escura aparece ao mesmo tempo como fonte de uma luz muito especial; em meio ao sofrimento, momentos de uma erdadeira alegria; e por
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3ltimo, lem(ramos que a santa qualifica o seu estado como erdadeira felicidade6 9alegria perfeita para o po(rezin&o e fraco ser:. 9%ermanecer a!, apesar de tudo, e continuar ol&ando fixamente a luz inis!el que se oculta à sua fé:. >a noite escura de 5eresa continua presente a luz e guia que no coração ardia. A interpretação mais fidedigna da noite est+ no prprio centro de sua espiritualidade, na experiência do amor a Deus. 5eresa desco(riu a distancia incomensur+el entre o a(ismo do amor infinito de Deus e a pequenez de seu amor. @ iu que esta desproporção s pode ser salação salação se a pessoa pessoa se arroar arroar dentro dentro deste deste a(ismo, a(ismo, deixando-se deixando-se atrair por ele, até imergir 9no ardente a(ismo desse amor:.
U$% $*//6 %70#)% % 6%65 8 aspecto mais admir+el de 5eresa est+ no fato de que depois de /C anos de clausura, parece ter iido numa secreta comunicação com o esp!rito de seu tempo e com seus mais caracter!sticos representantes e oferecer com sua ida e seus escritos uma resposta às necessidades mais profundas que se expressam neles. 5eresa sentiu desde cedo o deseo de que esse amor fosse amado;sofreu pelas ofensas dos &omens a esse amor e mostrou seu deseo de oferecer-se para que todos os &omens correspondessem ao amor de Deus. eu interesse por um &omem ustiçado por um tr!plice assassinato e suas s3plicas por sua conersão, sua simpatia pela causa das miss4es e sua solidariedade com os que tra(al&am nelas são uma proa clara do esp!rito mission+rio que coloca nela sua ocação ao amor a Deus. A noite da fé em que ai desaparecer no final fi nal de sua ida e sua resposta a ela a lear+ a desco(rir a realidade da descrença e encontrar noas formas de realizar sua missão na terra. Qoi o padecimento padecimento que a conduziu, na situação situação de o(scurecimento o(scurecimento da luz luz com que Deus a &aia presenteado, a ertigem que causaa a experiência dessa ausência de Deus em que adiin&aa imersos os que não acreditaam. A descrição de sua prpria noite a lea a falar, uma ou outra ez, do nada como ameaça às suas mel&ores esperanças. A simpatia que esta experiência sup4e, se traduzir+ em compreensão e compaixão para com os descrentes, recon&ecidos irmãos. 5eresa é, admiraelmente, uma mul&er que est+ passando pela mais densa noite da fé e pede para os descrentes que (ril&e so(re eles uma c&ama que a ela mesma nesses momentos s sere para ceg+-la. 5eresa é o reflexo do Deus que transluz sua existência teologal, sua condição de crente, porque ao centrar a experiência teologal no amor de Deus, oferece a essa época na qual, pelo menos social e culturalmente, Deus parece ter-se ocultado. %or fim, em seu gesto de solidariedade com os descrentes, encarna para nossa geração o mel&or estilo cristão de relação com os contemporFneos, e marca para a Mgrea de nosso tempo o camin&o de uma eangelização erdadeiramente erdadeiramente noa. 9 o amor é digno de fé:.
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9II - DIETRICH BONHOE22ER ) experiência experiência de Deus no mundo adulto adulto e secular
5elogo, Dietric&, por seus escritos e ensino, tornou-se uma das figuras mais releantes da teologia cristã no éculo PP. *ristão radical; &omem atual, sens!el com a cultura da época em que ieu e pela seriedade de seu compromisso ético e a coerência de sua ação com o nazismo, o leou a prisão e a execução em a(ril de /IC. eus escritos constituem um esforço de explicar e salar a complexidade do real, sempre exposto às is4es parciais e unilaterais. @scree uma tese na qual integra a isão teolgica da Mgrea como comunidade dos crentes com a isão sociolgica que desco(re nela uma comunidade o(ser+el de pessoas. Ato e ser, refere-se à reelação como ato que acontece na comunidade que acol&e. acol&e. Defende a ética como realidade ultima da graça e da ustificação. @m suas 3ltimas reflex4es, fala so(re a realidade do mundo e da ida do ser &umano e ainda, so(re o ser cristão no mundo adulto, recon&ecendo a legitimidade da secularização sem a(andonar o Deus que esta além no centro de nossa ida. @sse carisma l&e permite manter em inter-relação permanente seu of!cio de telogo, seu ser cristão e sua condição de &omem de seu tempo e ai, reside sua espiritualidade.
O aturalmente, se a fé é isso, a fé tam(ém é o(ediência, e s da o(ediência se realiza a fé; e ao mesmo tempo s graças à fé é poss!el a o(ediência. 8 c&amado nos ai desco(rindo os redutos em que se esconde um eu que não quer ser desaloado de si mesmo, que não quer deixar de dispor de si mesmo, que não quer o(edecer, e nos ai mostrando a necessidade de a(andonar tais redutos, de romper com esses 9apegos: que impedem a entrega, a fé e a o(ediência ao mesmo tempo.
S&) )&,0& ,#$ $#,6 /%) & %#706 Sesistência e su(missão, a recopilação de cartas escritas de dentro da prisão, constitui a mais importante o(ra de Hon&oeffer. >elas é feita a pergunta6 9Euem é *risto realmente para ns:, ou em outras palaras, 9*risto e o mundo maior de idade:. 5rata-se de com( com(in inar ar o proc proces esso so do mund mundo o para para a sua sua auto autono nomi mia, a, que que con& con&ec ecem emos os como como secularização, com a fé em *risto. 8 fato da secularização se estender ao conunto da sociedade européia e se conerter num elemento da cultura de massas, s aconteceu a partir da proocação de Hon&oeffer e depois de sua morte. As respostas, propun&am dissoler a identidade cristã na cultura moderna, como fazia o cristianismo li(eral, ou negar legitimidade à modernidade e fazer tentatias mais ou menos expl!citas de olta à situação pré-moderna e de ressacralizar a sociedade e a cultura. A proposta de Hon&oeffer é aceitar o fim da religião como incompat!el com o acesso da &umanidade à idade adulta e instaurar um cristianismo ps-religioso. Apresenta uma frmula paradoxal6 9?ier no mundo esti Deus non deretur , ainda que Deus não existisse:, como se Deus não existisse. Qrmula que não significa eliminar Deus do &orizonte da ida, mas 9ier diante e Deus e com Deus, sem Deus:; ier diante do Deus da reelação, sem o Deus de uma religião que o reduz a remédio dos males que escapam à
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explicação e ao poder da criatura &umana. A proposta consiste em ier o cristianismo, não atendendo às nossas necessidades, limitaç4es e sofrimentos a um Deus tapa(uracos, que consistiria na resposta às nossas necessidades, como faz a religiosidade &umana, mas su(metendo-nos à fraqueza do Deus sofredor6 9@le assumiu nossas dores e carre carrego gou u noss nossas as enfe enferm rmid idad ades es:. :.
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