Diversidade de espécies de vespas e abelhas (Hymenoptera) no Município de Rio Branco

November 3, 2018 | Author: Myris M. Silva | Category: Ecology, Biology, Earth & Life Sciences, Natural Environment, Conservation
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Diversidade de espécies de vespas e abelhas (Hymenoptera) no Município de Rio Branco

2 3

Elder Ferreira Morato, Danielle Storck, Francesca Salla, Sa lla, Erivan Nascimento Pereira, Nayara

4

Milhome Cavalcante & Moisés Silveira Lobão

5 6

INTRODUÇÃO

7 8

Estima-se que cerca de 10 % do território do Acre encontra-se atualmente desmatado,

9

porém, mesmo assim, é considerado um dos Estados menos desmatados da Amazônia Legal

10

Brasileira, sendo inclusive, um dos que mais possui áreas protegidas, em relação a sua superfície

11

total (Acre, 2006). Os poucos poucos estudos realizados sobre sobre as comunidades de animais e plantas no

12

Estado indicam a existência de uma grande diversidade, elevado grau de endemismo, além de um

13

grande número de espécies ainda não descritas ou sem uma definição taxonômica (Haffer, 1987;

14

Souza et al., 2003).

15

A área desmatada atualmente na capital Rio Branco é a maior, em relação à dos outros

16

municípios do Estado, devido ao fato de ser este o maior centro comercial e de serviços do Estado,

17

ocupando o primeiro lugar em conversão de florestas em áreas desmatadas (cerca de 2.235 Km2 até

18

o presente) para vários usos (Acre, 2006). Inventários da fauna e flora na região do município são

19

mais numerosos do que em outras partes do Estado. Apesar disso a sua biodiversidade ainda é

20

pouco conhecida (Souza et al., 2003).

21

Os invertebrados constituem um importante grupo faunístico devido aos diferentes

22

aspectos funcionais que eles exercem nos ecossistemas em relação à ciclagem de nutrientes,

23

decomposição, produtividade secundária, fluxo de energia, regulação populacional, polinização e

24

dispersão, além de várias outras interações que mantém com outros organismos (Didham et al.,

25

1996).

26

As abelhas e vespas são insetos que fazem parte da ordem Hymenoptera, a qual possui cerca

27

de 115.000 espécies descritas, e são extremamente variáveis em estrutura, fisiologia e

28

comportamento (LaSalle & Gauld, 1993). A maioria das espécies possui comportamento solitário e

29

são importantes como polinizadores de plantas nativas e cultivadas, predadores, parasitas e

30

dispersores de sementes (LaSalle & Gauld, 1993; Buchmann & Nabhan, 1996). Além disso, as

31

vespas e abelhas podem funcionar como bioindicadores de qualidade ambiental e diversidade de

32

outros grupos de organismos (Brown, 1991). De maneira semelhante ao que ocorre com outros

33

grupos faunísticos, o conhecimento sobre esses insetos no estado do Acre é relativamente escasso e

34

fragmentado. Por exemplo, das 633 espécies de vespas das famílias Crabronidae e Sphecidae que

35

ocorrem no Brasil, apenas 40 foram recentemente listadas para o Acre (Amarante, 2002).

36

Por todas essas razões o estudo desses insetos é de grande relevância não apenas para a sua

37

conservação, mas também para a de vários outros organism o rganismos os a eles associados e para a manutenção

38

de muitos processos e serviços ambientais nos ecossistemas (Brown, 1991; Didham et al., 1996;

39

Kremen & Ricketts, 2000).

40

Dois grupos vêm sendo relativamente bem estudados na região Neotropical: vespas e

41

abelhas que nidificam em cavidades no lenho das plantas vivas e mortas (Krombein, 1967; Morato

42

& Martins, 2006) e abelhas da sub-tribo Euglossina (Roubik & Hanson, 2004). As primeiras

43

também nidificam em cavidades preexistentes na madeira e outros tipos de materiais, constituindo-

44

se em importantes polinizadores e predadores (Morato & Martins, 2006). Já os representantes de

45

Euglossina são conhecidas como abelhas das orquídeas porque são polinizadoras dessas plantas. Os

46

machos destas espécies visitam as flores de orquídeas e outras espécies de plantas floríferas e nelas

47

coletam substâncias perfumadas polinizando-as. Essas substâncias exercem importante papel na

48

reprodução dessas abelhas (Roubik & Hanson, 2004). Os Euglossina são também considerados

49

importantes polinizadores de  Bertholletia excelsa (Lecythidaceae), conhecida popularmente como

50

castanheira e uma espécie muito importante para a economia do Estado do Acre (Wadt et al., 2005)

51

e de outras espécies da mesma família (Mori & Prance, 1987). Muitas espécies de várias outras

52

famílias são também visitadas e polinizadas por essas abelhas (Roubik & Hanson, 2004). Além

53

disso, ambos os grupos vêm sendo também estudados na região de Rio Branco e seu entorno (p. ex.,

54

Moure, 2003; Oliveira & Nemésio, 2003; Urban, 2003; Morato & Martins, 2005; Nemésio &

55

Morato, 2005; Morato & Martins, 2006; Morato, 2007).

56 57

O objetivo deste trabalho foi contribuir para um melhor conhecimento da riqueza e composição de vespas e abelhas do município de Rio Branco e entorno.

58 59

MATERIAL E MÉTODOS

60 61

As amostragens de vespas e abelhas solitárias que nidificam em cavidades preexistentes

62

foram realizadas na Reserva Experimental Catuaba (REC) (1.281 ha; 10º4’40”S e 67º37’35”W)

63

pertencente à Universidade Federal do Acre (UFAC), localizada no município de Senador

64

Guiomard) e no Parque Zoobotânico (PZ) (221 ha; 9º57º21”S e 67º52’22”W) também pertencente à

65

UFAC e localizado na sede do município de Rio Branco. A REC é constituída principalmente por

66

vegetação de floresta tropical de terra firme aberta e o PZ por floresta secundária com diferentes

67

estágios de sucessão ecológica formando for mando um mosaico florestal. 2

68

Na REC as vespas e abelhas foram coletadas por meio de ninhos-armadilha (Krombein,

69

1967) instalados a 1,5 m de altura do chão em 12 áreas de aproximadamente 1 ha (90 x 80 m)

70

localizadas em três regiões diferentes da reserva (Morato & Martins, 2005). Essas armadilhas

71

constituíram-se de peças de madeira de Cedro (Meliaceae) com 25 x 35 x 130 mm, com um canal

72

de 12 cm de profundidade e orifícios de três diâmetros (5; 9,5 e 13 mm). Em cada área foram

73

instalados 20 blocos com nove peças (três de cada diâmetro) separados por uma distância de 30

74

metros. No centro de cada área foi também instalada uma plataforma central contendo 120 ninhos-

75

armadilhas, sendo 60 com as aberturas voltadas para uma direção e os demais com aberturas em

76

direção oposta. Ao todo, foram instalados 300 ninhos-armadilha em cada área e, portanto, 3.600 em

77

toda a REC.

78

Os ninhos-armadilha foram inspecionados quinzenalmente entre junho de 2001 e dezembro

79

de 2002. Aqueles ocupados por ninhos de vespas ou abelhas foram retirados e substituídos por

80

peças vazias. Em seguida, foram levados para a base de apoio aos pesquisadores da REC, para

81

análise e desenvolvimento dos imaturos. A identificação dos adultos foi feita por chaves

82

taxonômicas, comparação com uma coleção de referência do primeiro autor e por taxonomistas de

83

instituições do Brasil e do exterior.

84

A amostragem no PZ seguiu um delineamento de blocos ao acaso (Salla et al., 2007). As

85

coletas foram realizadas através de ninhos-armadilha confeccionados com madeira de quatro

86

 Manilkara amazonica, Sapotaceae), espécies, cumaru (Dipterix odorata, Fabaceae), maçaranduba ( Manilkara

87

samaúma (Ceiba pentandra, Bombacaceae) e algodoeiro ( Ochroma piramidale, Malvaceae). As

88

peças possuiam um canal de 12 cm de profundidade e orifícios com quatro diâmetros diferentes. As

89

com diâmetros de 5; 11 ou 13 mm possuíam dimensões de 30 x 30 x 150 mm e as com 25 mm de

90

diâmetro possuíam dimensões de 40 x 40 x 150 mm e um u m canal também de 12 cm. c m.

91

As cavidades artificiais foram colocadas em doze plataformas eqüidistantes uma das outras

92

5 m, posicionadas em uma estaca ao nível do sub-bosque (1,5 m do solo). Cada plataforma e cada

93

estaca foram confeccionadas com a mesma espécie madeireira dos ninhos-armadilhas assentados.

94

Foram colocadas três repetições para cada espécie madeireira.

95

As aberturas das cavidades artificiais foram colocadas nas quatro direções da plataforma:

96

Norte (N), Sul (S), Leste (L), Oeste Oest e (O). Em cada direção, foram colocadas três repetições para cada

97

tipo de diâmetro adotado. Portanto, em cada plataforma foram instalados 48 ninhos-armadilhas. A

98

distribuição das peças nas direções na plataforma foi feita de forma aleatória, não havendo portanto

99

nenhuma tendenciosidade.

3

100

A inspeção dos ninhos-armadilhas foi realizada mensalmente entre julho de 2005 e maio de

101

2007. Os ninhos fundados nas peças foram levados ao laboratório, descritos e o material colocado

102

em local adequado para a emersão dos adultos, os quais foram então identificados.

103

A amostragem de Euglossina foi realizada no período de dezembro de 2005 a setembro de

104

2006 em 11 fragmentos florestais, nos arredores do Município de Rio Branco (Storck-Tonon et al.,

105

2007): PZ = Parque Zoobotânico (221 ha; 9°57’21”S; 67°52’22”W); 67°52’22”W); CM = Círculo Militar Mil itar (119 ha;

106

9°57’24”S; 67°48’16”W); 67°48’16”W); HOR = Horto Hor to Florestal (60 (6 0 ha; 9°56’41”S; 67°49’45”W); 67°49’45”W); PCM = Parque

107

Chico Mendes (65 ha; 10°2’8”S; 67°47’44”W); CAT = Fazenda Experimental Catuaba (1281 ha;

108

10°4’40”S; 67°37’35”W); HUM = Reserva Humaitá (3665 ha; 9°45’17”S; 67°40’15”W); CPI =

109

Sítio da Comissão Pró-Índio do Acre (6 8 ha; 10°00’29”S; 67°54’6”W); ESF = Escola da Floresta

110

(698 ha; 9°59’58”S; 67°59’14”W); BUJ = Área particular Bujarí (290 ha; 9°49’2”S; 67°58’18”W);

111

APA = Área de Proteção Ambiental (119 ha; 10°1’29”S; 67°48’33”W); SEPI = Secretaria dos

112

Povos Indígenas (0, 83 ha; 9°58’19”S; 67°48’27”W). Adicionalmente foi realizada também uma

113

amostragem com esforço equivalente em uma área no centro da cidade de Rio Branco (CURB; 0,83

114

ha; 9º58’19”S; 67º48’27”W) em local próximo ao estádio José de Melo. A razão para realizar e sta

115

amostragem foi que este é um dos locais mais urbanizados e perturbados do Estado do Acre. As

116

abelhas foram coletadas através da atração e captura de machos em armadilhas e cotonetes contendo

117

iscas odoríferas constituídas por substâncias aromáticas (acetato de benzila, cineol, escatol, eugenol,

118

salicilato de metila e vanilina), as quais foram expostas aproximadamente entre 7:00 e 15:00 horas

119

no interior de cada área estudada. Ao todo, foram realizadas em cada local cerca de duas baterias de

120

coletas, cada uma constituída por três trê s dias de amostragem.

121 122

RESULTADOS E DISCUSSÃO

123

Vespas

124 125

Foram registradas 45 espécies de vespas solitárias predadoras que nidificam em cavidades

126

preexistentes nas áreas de estudo do Parque Zoobotânico e Reserva Experimental Catuaba (tabela

127

1). No PZ foram registradas 11 espécies e na REC, 40. Essa diferença de riqueza provavelmente

128

deveu-se principalmente às diferenças de delineamento delinea mento e esforço amostral.

129 130 131 132 133 4

134 135 136 137 138 139

Tabela 1  –  Espécies de vespas solitárias registradas, entre julho de 2005 e maio de 2007, em uma área de estudo na cidade de Rio Branco (Parque Zoobotânico) e outra no entorno (Reserva Catuaba, município de Senador Guiomard), entre junho de 2001 e dezembro de 2002. Parque Zoobotânico

VESPAS

Reserva Catuaba

EUMENINAE  Ancistroceroides sp.

X X X X X X X X X X

 Monobia angulosa Saussure Pachodynerus brevithorax (Saussure) P. grandis Willink e Roig-Alsina P. guadulpensis (Saussure) P. nasidens (Latreille) Pseudodynerus subapicalis (Fox)  Zethus campanulatus Fox  Z. smithii Saussure  Z. strigosus Saussure

CRABRONIDAE  Liris sp.

X

Pisoxylon xanthosoma Menke Trypoxylon (Trypargilum) anapaike Amarante

X

T. (Trypargilum) aurifrons Shuckard T. (Trypargilum) fugax Fabricius T. (Trypargilum) guassu Amarante T. (Trypargilum) lactitarse Saussure

X

T. (Trypargilum) mojuba Amarante T. (Trypargilum) nitidum F. Smith

X

T. (Trypargilum) rogenhoferi Kohl T. (Trypargilum) surinamense T. (Trypargilum) sp.1

Richards

T. (Trypargilum) sp.2 T. (Trypargilum) sp.3 T. (Trypargilum) sp.4 T. (Trypargilum) sp.5 T. (Trypoxylon) gr. Fabricator 

SPHECIDAE  Ampulex sp. 1  Ampulex sp. 2

X X

 Isodontia costipennis (Spinola)

X X X

Penepodium gorianum (Lepeletier) Penepodium sp. 1 Penepodium sp. 2

X

Podium angustifrons Kohl P. aureosericeum Kohl P. denticulatum F. Smith

X X

P. fumigatum (Perty) Trigonopsis rufiventris (Fabricius)

X X X X X X X X X X X X X X X X X

X X X X

X

POMPILIDAE

5

 Auplopus argentinensis Dreisbach

X X X

 A. lorenzanus (Banks)  A. smithii Dalla Torre  Auplopus sp.

X

Priochilus regius (Fabricius) P. veraepacis (Cameron)

X X

Priochilus sp.

X

RIQUEZA DE ESPÉCIES

11

40

140 141

Essa riqueza, apesar de se referir a apenas dois locais de estudo, é superior à relatada em

142

vários estudos realizados em outros estados do Brasil (São Paulo, Minas Gerais, Amazonas)

143

(Morato & Martins, 2005). É muito maior do que a riqueza registrada recentemente (apenas 4

144

espécies) em um fragmento de floresta de Belo Horizonte, MG (Loyola & Martins, 2006). É

145

também muito superior à obtida em um estudo realizado na Alemanha (5 espécies), e representa 60

146

% da riqueza registrada em um amplo estudo realizado nos Estados Unidos durante 8 anos

147

(Krombein, 1967). Amarante (2002) anteriormente havia assinalado a presença de apenas 40

148

espécies para o Acre. Algumas espécies registradas nesse estudo representam o primeiro registro

149

para o Estado do Acre, por exemplo, Trigonopsis rufiventris (Fabricius). Gêneros assinalados na

150

tabela anterior com a partícula “sp.” rep resentam espécies novas que precisam ser descritas ou que

151

necessitam de revisão taxonômica. Em parte essa situação deve-se ao fato da biota do Acre ser

152

ainda muito pouco estudada (Morato & Martins, 2005). A composição desta fauna também foi

153

peculiar, uma vez que apresentou uma similaridade muito pequena (entre 2,5 a 16 %) de

154

semelhança) em relação a outros estudos supra-citados.

155 156

Abelhas

157

Quanto às espécies de abelhas solitárias foram registradas em ambas as áreas de estudo 30

158

espécies (tabela 2) sendo 5 no PZ e 29 na REC. Em termos absolutos esta riqueza também é

159

superior à maioria maioria relatada em outros locais (Paraná, São Paulo, Bahia, Bahia, Paraíba, Amazonas) do

160

Brasil (Morato & Martins, 2005; Buschini, 2006). É também superior à obtida em um estudo na

161

Alemanha (14 espécies) e no fragmento florestal de Belo Horizonte, MG (7 espécies) (Loyola &

162

Martins, 2006). Considerando o esforço amostral empregado, o valor da riqueza aqui relatado ainda

163

foi superior ao obtido por Krombein (1967) nos Estados Unidos. A semelhança da composição

164

faunística do presente estudo com aquela de outras regiões do Brasil também foi extremamente

165

baixa (entre 0 a 9 %) (Morato & Martins, 2005). Isso também sugere que a fauna de abelhas

166

solitárias da região é mui muito to distinta. 6

167

Algumas espécies novas de abelhas que nidificam em cavidades preexistentes têm sido

168

descritas a partir de exemplares coletados em florestas de Rio Branco e entorno em programas de

169

amostragens realizadas pelo primeiro autor deste trabalho (E.F.M.). Centris (Heterocentris) adunca

170

(Apidae) foi descrita por Moure (2003) e  Anthodioctes guiomardi (Megachilidae) foi descrita por

171

Urban (2003).  A. indescriptus (Dalla Torre, 1890) (Megachilidae), espécie de ocorrência conhecida

172

até recentemente apenas para o Estado do Amazonas no Brasil e Peru, foi também coletada pela

173

equipe do primeiro autor na Reserva Humaitá e representou o primeiro registro para o Estado do

174

Acre (Urban, 2004).

175 176 177 178

Tabela 2  – Espécies de abelhas solitárias registradas, entre julho de 2005 e maio de 2007, em uma área de estudo na cidade de Rio Branco (Parque Zoobotânico) e outra no entorno (Reserva Catuaba, município de Senador Guiomard), entre junho de 2001 e dezembro de 2002. ABELHAS

Parque Zoobotânico

Reserva Catuaba

X

X X X X X X X X X

APIDAE Centris (Hemisiella) dichrootricha (Moure) C. (Hemisiella) merrillae Cockerell C. (Hemisiella) sp. C. (Heterocentris) adunca Moure C. (Heterocentris) analis (Fabricius) C. (Heterocentris) sp.1 C. (Heterocentris) sp.2  Euglossa avicula Dressler  E. modestior Dressler  E. amazonica Dressler Tetrapedia sp.1 Tetrapedia sp.2

X X

X X

MEGACHILIDAE  Anthodioctes lunatus (Smith)  Anthodioctes sp.  Megachile (Austromegachile) orbiculata orbiculata Mitchell  M. (Austromegachile) sp.  M. (Chrysosarus) ruficornis ruficornis  M. (Chrysosarus) sp.  M. (Dactylomegachile) sp.  M. (Moureapis) cfr. benigna  M. (Moureapis) sp.1  M. (Moureapis) sp.2  M. (Neochelynia) paulista (Schrottky)  M. (Pseudocentron) curvipes Smith  M. (Pseudocentron) sp.1  M. (Pseudocentron) sp.2  M. (Ptilosarus) cfr. acerba  M. (Ptilosarus) cfr. Microdontura  M. (Ptilosarus) leucostomella Cockerell  M. (Tylomegachile) orba Schrottky

RIQUE RIQUEZA ZA DE ESP CIES

X X

5

X X X X X X X X X X X X X X X X X X 29

179 7

180 181

Foram registradas 36 espécies de Euglossina para o município de Rio Branco e entorno

182

(tabela 3). Os maiores valores de riqueza foram constatados na REC (27 espécies) e PZ (25) e os

183

menores no CML (17) e no centro urbano de Rio Branco (10). Das espécies coletadas, 8 ainda não

184

haviam sido registradas para o Estado do Acre (Morato, 2001; Nemésio & Morato, 2004; 2005;

185

2006). Portanto, a lista de Euglossina para o estado passa de 46 para 52 espécies.

186

Nos locais de amostragem situados no meio urbano foram coletadas 31 espécies e no meio

187

rural 30. É digno de nota que em pleno centro de Ri Rioo Branco foram fora m registradas 10 espécies, as quais

188

representam cerca de 19 % da riqueza da região. Os fragmentos localizados no meio rural

189

apresentaram entre si maior similaridade (62 %) em relação à composição de espécies do que os

190

fragmentos do meio urbano (52 %). Isso indica que a distribuição das espécies nos últimos deve ser

191

mais heterogênea.

192

 Eulaema nigrita

Lepeletier, uma espécie considerada bioindicadora de áreas impactadas e

193

com pouca cobertura florestal (Nemésio & Morato, 2004; Nemésio & Silveira, 2006; Parra-H &

194

Nates-Parra, 2007; Aguiar & Gaglianone 2008) foi registrada em sua grande maioria em áreas

195

urbanas. No Parque Chico Mendes foi coletado um indivíduo pertencente à espécie  Exaerete

196

dentata

197

Acre.  Exaerete lepeletieri uma espécie nova foi recentemente descrita a partir de exemplares

198

coletados em Rio Branco, incluindo o fragmento florestal urbano do Parque Zoobotânico da UFAC,

199

e arredores (Oliveira & Nemésio, 2003). Resultados como esse, mostram a importância da

200

manutenção de áreas verdes no meio urbano para a conservação co nservação da diversidade dessas abelhas.

(Linnnaeus), que é considerada rara. Este representou o primeiro registro para o Estado do

201 202

8

203 204 205 206 207

Tabela 3 –  3  – Espécies Espécies de abelhas das orquídeas (Euglossina) registradas no município de Rio Branco e entorno entre dezembro de 2005 e setembro de 2006. PZ = Parque Zoobotânico; CML = Círculo Militar; HOR = Horto Florestal; PCM = Parque Chico Mendes; CAT = Fazenda Experimental Catuaba; HUM = Reserva Humaitá; CPI = Sítio da Comissão Pró-Índio do Acre; ESF = Escola da Floresta; BUJ = Área particular Bujarí; APA = Área de Proteção Ambiental Amapá; CURB = centro urbano da cidade de Rio Branco.

Rurais Espécies  Eufriesea flaviventris flaviventris (Friese)  Ef. ornata ornata (Mocsáry)  Ef. pulchra pulchra (Smith)  Ef. superba superba (Hoffmannsegg)  Ef. surinamensis surinamensis (Linnaeus)  Euglossa allosticta Moure  Eg. amazonica amazonica Dressler  Eg. analis analis Westwood  Eg. augaspis augaspis Dressler  Eg. avicula avicula Dressler  Eg. bidentata bidentata Dressler  Eg. cognata cognata Moure  Eg. crassipunctata crassipunctata Moure  Eg. despecta despecta Moure  Eg. gaianii gaianii Dressler  Eg. ignita ignita Smith  Eg. imperialis imperialis Cockerell  Eg. intersecta intersecta Latreille  Eg. iopyrrha iopyrrha Dressler  Eg. magnipes magnipes Dressler  Eg. mixta Friese  Eg. modestior  modestior Dressler  Eg. mourei mourei Dressler  Eg. orellana orellana Roubik  Eg. prasina prasina Dressler  Eg. securigera securigera Dressler (Packar d)  Eulaema bombiformis bombiformis (Packard)

HUM

CAT

(3665,44 ha) (1281,46 ha)

X X

Urbanos

ESF

BUJ

CPI

PZ

CML

HOR

PCM

APA

CURB

(698,48 ha)

(290,11 ha)

(68,93 ha)

(221,57)

(119,13 ha)

(60,88 ha)

(65,65 ha)

(119,73 ha)

(0,83 ha)

X

X

X

X

X X X

X X X X

X

X X

X X

X

X

X

X

X

X X

X X

X

X

X

X

X

X X

X X

X X

X X X

X X X

X X

X X X

X

X X X

X

X X

X X

X X

X X

X X

X

X X X X

X

X

X

X X

X X

X X

X

X

X X X X X X

X

X

X

X X X

X X X

X X

X X

X X X X X

X X X

X X X

X X X X

X

X X

X X X X X X X X X X X

X

X

X

X X X X

X X X X

X X

X

X

X X X X X X

X

X

9

208 209 210 211 212 213 214 215 216

Tabela 3 – Continuação. Rurais Espécies

HUM

CAT

(3665,44 ha) (1281,46 ha)

Urbanos

ESF

BUJ

CPI

PZ

CML

HOR

PCM

APA

CURB

(698,48 ha)

(290,11 ha)

(68,93 ha)

(221,57)

(119,13 ha)

(60,88 ha)

(65,65 ha)

(119,73 ha)

(0,83 ha)

X X X X X

X X X X X

X X X X X

X X X X X

X X

X X X X X

X X X X X

X X X

X

X X X

X

X

X X X

X X X X X X X

25

17

20

21

24

10

 El.cingulata  El.cingulata (Fabricius)  El. meriana meriana (Olivier)  El. mocsaryi mocsaryi (Friese)  El. nigrita Lepeletier  El. pseudocingu pseudocingulata lata (Oliveira)  Exaerete dentata dentata (Linnaeus)  Ex. frontalis frontalis (Guérin-Méneville)  Ex. lepeletieri (Oliveira & Nemésio)  Ex. smaragdina smaragdina (Guérin-Méneville)

X X X X X

X X X X X

X X X X X

X X X

X X X

X X X

X

X X

Riqueza de espécies

23

27

21

20

21

X X

217 218 219 220 221 222

1

208 209 210 211 212 213 214 215 216

Tabela 3 – Continuação. Rurais Espécies

HUM

CAT

(3665,44 ha) (1281,46 ha)

Urbanos

ESF

BUJ

CPI

PZ

CML

HOR

PCM

APA

CURB

(698,48 ha)

(290,11 ha)

(68,93 ha)

(221,57)

(119,13 ha)

(60,88 ha)

(65,65 ha)

(119,73 ha)

(0,83 ha)

X X X X X

X X X X X

X X X X X

X X X X X

X X

X X X X X

X X X X X

X X X

X

X X X

X

X

X X X

X X X X X X X

25

17

20

21

24

10

 El.cingulata  El.cingulata (Fabricius)  El. meriana meriana (Olivier)  El. mocsaryi mocsaryi (Friese)  El. nigrita Lepeletier  El. pseudocingu pseudocingulata lata (Oliveira)  Exaerete dentata dentata (Linnaeus)  Ex. frontalis frontalis (Guérin-Méneville)  Ex. lepeletieri (Oliveira & Nemésio)  Ex. smaragdina smaragdina (Guérin-Méneville)

X X X X X

X X X X X

X X X X X

X X X

X X X

X X X

X

X X

Riqueza de espécies

23

27

21

20

21

X X

217 218 219 220 221 222

1

223 224

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

225 226

Os resultados em relação às vespas e abelhas solitárias mostraram que a riqueza registrada

227

no município de Rio Branco e entorno é elevada e superior à relatada em outras localidades do país.

228

Ela também é constituída por uma fauna mais distinta em relação à sua composição. A ocorrência

229

de espécies que possivelmente são novas para a ciência ou representam o primeiro registro para o

230

Estado, mostraram a necessidade da realização de inventários em escala espacial e temporal mais

231

ampla. Isso demonstrou também a urgência no desenvolvimento de políticas públicas que apóiem e

232

promovam a implantação e manutenção de coleções científicas representativas desses componentes

233

da biodiversidade. Em relação às abelhas das orquídeas, a manutenção de fragmentos florestais

234

urbanos, ainda que pequenos, é uma estratégia muito importante para a sua conservação.

235 236

LITERATURA CITADA

237 238

ACRE. Zoneamento Ecológico-Econômico. Fase II  –  Escala 1: 250.000. Rio Branco, Governo do

239

Estado do Acre, 2006. 354p.

223 224

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

225 226

Os resultados em relação às vespas e abelhas solitárias mostraram que a riqueza registrada

227

no município de Rio Branco e entorno é elevada e superior à relatada em outras localidades do país.

228

Ela também é constituída por uma fauna mais distinta em relação à sua composição. A ocorrência

229

de espécies que possivelmente são novas para a ciência ou representam o primeiro registro para o

230

Estado, mostraram a necessidade da realização de inventários em escala espacial e temporal mais

231

ampla. Isso demonstrou também a urgência no desenvolvimento de políticas públicas que apóiem e

232

promovam a implantação e manutenção de coleções científicas representativas desses componentes

233

da biodiversidade. Em relação às abelhas das orquídeas, a manutenção de fragmentos florestais

234

urbanos, ainda que pequenos, é uma estratégia muito importante para a sua conservação.

235 236

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1

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