Diversidade Cultural 3 Grupo

September 8, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Celso Evaristo Dalton Alexandre Lapissone Fredilerk Omardino Costa Jueta Galhardo Eusebio Loja Isac Pinto Nantaga Laura Beijo José Pedro Chipire Zahir Taria Carama

Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento Licenciatura em Ensino de História com Habilitação em Documentação

Universidade Licungo Quelimane 2021  

 

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Celso Evaristo Dalton Alexandre Lapissone Fredilerk Omardino Costa Jueta Galhardo Eusebio Loja Isac Pinto Nantaga Laura Beijo José Pedro Chipire Zahir Taria Carama

Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento

Trabalho da cadeira de História de Moçambique Séc. XX-XXI, recomendado  pelo docente para efeitos de avaliação. dr. Janotas Nativo

Universidade Licungo  Quelimane 2021 

 

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Índice 1. Introdução................................................................................................................................ 4 1.1.Objectivos.............................................................................................................................. 4 1.2. Gerais ................................................................................................................................... 4 1.3.Especificos ............................................................................................................................ 4 1.4.Metodologia .......................................................................................................................... 4 2.A DIVERSIDADE CULTURAL E NOVOS NOVOS PARADIGMAS DE DESENVOLVIMENTO 5 2.1. Contextualização .................................................................................................................. 5 3.2. Conceitualização .................................................................................................................. 5 3. O Paradigma das Diversidades Div ersidades Culturais em Mo Moçambique çambique .................................................... ............................................. ....... 6 4. Áreas de Estudo da Diversidade Cultural ............................................................................... 7 4.1.Diversidade Cultural e Linguistica .............................................. ........................................................................................ .......................................... 7 4.Hibridização cultural e politca de educação em Moçambique ................................................. 9 5. Conclusão .............................................................................................................................. 15 4. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 16 

 

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1. Introdução O presente trabalho que tem como tema "A diversidade Cultural e novos Paradigmas de Desenvolvimento" iremos abordar em torno do tema nos aspectos relativos: a Conceitualização dos termos, Diversidade Cultural e Educaçã; O paradigma das diversidades culturais culturais em Moçambique; Diversidade Cultural e Linguistica; politca Culturais em Moçambique entre outros aspectos que norteam o tema. O trabalho visa fazer uma abordagem geral e análise de diversos aspectos em torno do tema. 1.1.Objectivos  1.2. Gerais   Compreender a Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento;

1.3.Especificos  

Mencionar quais são os factores que contribuiram para a diversidade cultural e linguistica; em Moçambique;

 

Identificar os paradigma das diversidades culturais;

 

Avaliar as polítcas da educação em Moçambique em torno da grande diversidade cultural e linguistica.

1.4.Metodologia Sendo um trabalho de pesquisa bibliográfica, a sua elaboração esteve assente em três fases: Recolha de bibliografia relacionada com tema: Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento, Tratamento da informação colectada e Compilação e a redacção do trabalho final. O trabalho está dividido da seguinte forma: Introdução, Objectivos, metodologia, conceitualização, desenvolvimento, conclusão e a respectiva bibliografia geral no qual foram retiradas as informações para a construção do desenvolvimento.

 

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2.A DIVERSIDADE CULTURAL E NOVOS PARADIGMAS DE DESENVOLVIMENTO DE SENVOLVIMENTO 2.1. Contextualização 3.2. Conceitualização Para MORATA  (2009:56),  Paradigma é um padrão a ser seguido. Um modelo de ação a ser adoptado em determinadas situações. É uma reunião de princípios, originários de uma teoria ou estudo científico que forma padrões ou modelos a serem seguidos servindo de exemplos para  pesquisas futuras. A diversidade, conforme TAKAHASHI (2006:3), é a característica básica de formas de vida e das manifestações de cultura na terra. Ela pode ser biológica ou linguística. De acordo com o autor citado, há três tipos de diversidade cultural: genética, linguística e cultural propriamente dita. Segundo KEESING (1958) citado por MARCONI & PRESSOTO (2010:23), a cultura é comportamento cultivado, ou seja, a totalidade da experiencia adquirida e acumulada pelo homem e transmitida socialmente, ou ainda, o comportamento adquirido por aprendizado social. A questão da diversidade cultural deve ser discutida em simultâneo com a noção das diferenças. As diferenças culturais podem variar consoante a etnia, a raça, a idade, a religião, o gênero, à região geográfica, visões de mundo, desejos, valores, etc.  Na prespectiva de MARTINS (1994, p. 8) A política educacional não pode receber uma definição acabada, pois, como processo, ela se manifesta em cada momento histórico a partir de um determinado contexto e das relações e ações que os seres humanos estabelecem com as várias esferas sociais. Porém, a política educacional não pode ser compreendida apenas como um processo direcionado  para a produção de valores e para a emancipação humana, dada sua estreita relação com um modelo de sociedade e de Estado.  

 

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3. O Paradigma das Diversidades Culturais em Moçambique Segundo GONÇALVES (2002:119), a formação e a conceitualização da variedade cultural estão ligadas a grande variedade de paradigmas antropológicos. Assim paradigmas Evolucionista e Difusionista, consideraram os povos não ocidentais como primitivos, pertencendo a uma raça e uma cultura inferiores.

Ainda segundo o autor, GONÇALVES (2002:120), as ciências sociais e humanas analisavam a diversidade das culturas e das sociedades em referências à universalidade dos princípios de uma lógica científica, próxima de um racionalismo positivo que associava a cultura ocidental a modelos lineares, fragmentados, hierarquizados e comportamentados, nos quais as contradições eram cuidadosamente dissociadas e as diferenças eram apreendidas como uma aberração e uma condição de inferioridade, para os evolucionistas, como para os difusionistas e alguns funcionalistas mais integristas que reduziam a sociedade ao social.

A cultura era uma espécie de entidade superior e supra-orgânica, não podendo definir-se na sua realidade e no seu modo concreto de ação orgânica ou natural. Para outro lado os paradigmas culturalistas, analisavam a diversidade irredutível das culturas apenas a nível dos traços particulares de comportamento e ao nível da totalidade da chamada  personalidade cultural ou personalidade de base que constituía num conjunto de padrões de comportamentos e apresentados por uma determinada cultura de tal forma que aquele que se conformava a esses padrões comuns a todos desta conformidade, (idem).

 No estudo da variabilidade cultural em Moçambique importa distinguir três (3) níveis de análise: an álise:

1º Nível- refere-se as significações objetivas, ou seja, ao aspecto objetivo da realidade cultural que é objetiva no sentido em que se apresenta como organizada e institucionalizada na estrutura da ordem estabelecida e das atitudes e dos comportamentos quotidianos.

2º Nível- é constituído pelas ligações íntimas dos sistemas de relações que associam os atores individuais e as estruturas coletivas.

 

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3º Nível- é formado pelas estruturas subjacentes aos valores fundamentais duma coletividade ou duma sociedade que confere sentido profundo e único a identidade cultural dessa coletividade ou sociedade e aos fenómenos sociais e culturais.

Para GONÇALVES (2002:121), a diversidade cultural em Moçambique apareceu a partir do momento em que cada grupo social se adequou a um ambiente específico, teve uma história  particular ou conheceu um certo desenvolvimento diferenciado em relação aos outros grupos aparentados ou não nas três (3) regiões do nosso país a mencionar Norte, Centro e Sul., nos diferentes aspetos económicos, políticos, sociais, religiosos e culturais. Mas apesar do paradigma cultural que se verifica nas diferenças e convivência entre grupos étnicos tem-se registado a tolerância étnica, um processo que se manifesta no reconhecimento das diferenças culturais, mas convivendo no mesmo espaço. Uma das características mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade cultural que, por coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica. A sociedade moçambicana é multilingue, pluri-étnica, multi-racial e socialmente estratificada.

4. Áreas de Estudo da Diversidade Cultural Os estudos sobre a diversidade cultural podem ser enquadrados no âmbito dos estudos culturais e pós-coloniais. No entanto, autores como Costa (2006, p. 1-3) consideram que os estudos póscoloniais e os estudos culturais, nos quais se integram os relacionados com a diversidade cultural, multiculturalismo, interculturalidade e a transculturalidade, não podem ser considerados uma matriz teórica, mas apenas uma variedade de contribuições que aparecem como “uma

referência epistemológica crítica às concepções dominantes da modernidade”. (COSA, 2006, p. 1).

4.1.Diversidade Cultural e Linguistica Existem em Moçambique várias formas de organização social, cultural, política e religiosa; há várias crenças, línguas, costumes, tradições e várias formas de educação.  

 

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Segundo DIAS (2002), a língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma língua minoritária que foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a unidade nacional e com o fato de não haver à altura da Independência nenhuma língua que estivesse suficientemente modernizada para ser capaz de veicular a Ciência, a Tecnologia e ser capaz de servir de língua franca em todo o território nacional. A matriz cultural do povo moçambicano é diversificada. A cultura moçambicana foi sempre marcada pela miscigenação cultural que advém das migrações bantu, e do contato que estes vão ter com outras civilizações, sobretudo, árabe e a asiática. A colonização portuguesa, vai trazer influências europeias que vão ser acrescidas pelas culturas de comunidades imigrantes da Índia e da China que se vão fixar em vários pontos de Moçambique. Após a Independência, os moçambicanos vão também adquirir valores culturais, éticos e morais que nos vão ser transmitidos pela política socialista e pelo contato com “cooperantes” russos, cubanos, búlgaros, norte -coreanos, chineses, alemães (RDA).

A cultura socialista vem a ser amplamente difundida nas escolas por meio do Sistema Nacional de Educação que tinha como objetivo formar um “Homem Novo”, que significava “um homem

livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade burguesa e colonial, um homem que assume os valores da sociedade socialista” (MINED, 1985:113).  

Os valores éticos e morais do Socialismo encontravam-se enunciados em princípios do comportamento revolucionário como, por exemplo, a pontualidade; a disciplina e obediência, o asseio e limpeza; o espírito coletivo e de organização, de iniciativa, de sacrifício e de economia; o respeito mútuo, pelo trabalho manual, o respeito pelos símbolos nacionais e pelos responsáveis; a vigilância revolucionária e a prática constante da crítica e autocrítica.

Para COSTA (2018), os valores éticos e morais do Socialismo encontravam-se enunciados em  princípios do comportamento revolucionário como, por exemplo, a pontualidade; a disciplina e obediência, o asseio e limpeza; o espírito coletivo e de organização, de iniciativa, de sacrifício e de economia; o respeito mútuo, pelo trabalho manual, o respeito pelos símbolos nacionais e pelos responsáveis; a vigilância revolucionária e a prática constante da crítica e autocrítica.

 

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Com a queda do socialismo, Moçambique adere às reformas do FMI e do Banco Mundial e passa a defender valores morais completamente contrários ao Socialismo como a supremacia do sector financeiro, a privatização, a desregulamentação do sect sector or financeiro, a desnacionalização das riquezas naturais, integração nos mercados internacionais. Por um lado, sobretudo, as camadas jovens das zonas urbanas, por influência da globalização e da adesão às novas tecnologias de informação e comunicação, promovem mudanças notórias de costumes e hábitos culturais (por exemplo, ao nível do vestuário, da alimentação dos gostos musicais, etc.). Ocorre também a queda de identidades fortes, de grandes ideologias, projetos e utopias; proliferam as dependências às modas, ao consumismo, aos luxos desmedidos, ao esbanjamento, etc. Se, por um lado, o trânsito cultural num mundo transnacional, por meio das novas tecnologias de informação e comunicação (internet, televisão) é muito forte e provoca a desterritorialização de hábitos culturais, por outro lado, tal desterritorialização, contrariamente, ao defendido por vários estudiosos, não vai provocar o desaparecimento das culturas locais, mas provoca uma reafirmação e revalorização das mesmas. Culturalmente, tanto se assumem valores transnacionais, como também se revalorizam as culturas locais. Exaltam-se direitos e liberdades individuais, bem como se preserva o particular e o singular.

4.Hibridização cultural e política de educação em Moçambique  Na prespectiva de d e MICHEL (1977), O SNE, com comoo se depreend depreende, e, tinha como finalidade principal a formação do Homem Novo, concebido como aquele homem liberto do obscurantismo e da superstição provindos da sociedade tradicional-feudal e, igualmente, liberto da mentalidade  burguesa, caracteriza pela colonização mental, entenda-se ppela ela mentalidade servil ao estrangeiro e pela imitação dos comportamentos decadentes da burguesia dos países imperialistas. Como se constata, trata-se de um ensino com um caráter marcadamente ideológico. Com efeito, na compreensão do então poder político, a edificação da sociedade socialista, o objetivo almejado, passava impreterivelmente pela

construção de certa subjetividade, isto é, os

 

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moçambicanos deveriam adquirir a “consciência social” requerida para as transformações revolucionárias. Para GOMES, (1995, p 372), Respondendo ao novo quadro constitucional, a educação tornou-se um direito e dever de todos os cidadãos moçambicanos. O ensino tornou-se obrigatório e gratuito. Ele deixou de ser discriminatório, no sentido de não existir mais diferenciação do ensino em função de grupos sociais de pertença. Surgiu um só sistema, em que o Estado se torna omnipresente, sendo ele quem concebe e implementa a educação escolar. Igualmente há um grande investimento na educação, por exemplo, na expansão da rede escolar, no  providenciamento de material didático. A escola do pós-independência não conseguiu superar totalmente o autoritarismo da escola colonial, levando-a a impor e não propor, discutir, dialogar os valores, as diferentes concepções  políticas, econômicas e culturais. Portanto, tal como no passado colonial, vemos um alinhamento entre o quadro políticoideológico e a educação escolar. A FRELIMO, enquanto força política imbuída de forte  propósito de trans transformação formação social revolucionária, apostou forte e estrategicamente na n a educação, edu cação, sendo que a esta cabia desconstruir o homem domesticado pelos valores coloniais e fazer nascer o homem novo, aquele que não só se encontra livre dos valores implantados pelo colonialismo mas, também o está da “visão idealista” do mundo e dos fenômenos da natureza, vindos da

educação tradicional, da sociedade autenticamente africana. Esta educação do pós-independência combateu o que considerou (sem discutir com a sociedade) de concessões negativas da educação tradicional.

 Na visão de MATE (2010), Ela, assim, não su superou perou totalmente o autoritarismo e preconceito da escola colonial. Ela, identicamente, procurou alienar o indivíduo do seu contexto sociocultural, ao ver as suas práticas culturais como “idealistas” e por isso alvo de combate ideológico. Ao

analisar esta escola, em termos de sua relevância social, é também pessimista. Para ele, as sociedades resultantes da independência dos países africanos em geral e Moçambique em

 

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 particular, na tentativa de implantar sistemas de educação autônomos, não fizeram mais do que resgatar o modelo ocidental de educação com vista a torná-lo acessível à comunidade africana. Segundo DUSSEL (2002, p. 55-77), o ensino em situação de multilinguismo e de multiculturalismo como é o caso de Moçambique convive com várias tensões e enfrenta muitos desafios, sendo de destacar o processo de hibridização cultural, a tensão entre a homogeneização e a diversidade cultural e a tensão entre saberes locais e saberes universais.

A política educacional e a cultural esforçam-se em proteger e valorizar a diversidade cultural. Hoje em dia vários educadores moçambicanos defendem uma educação “diferenciada” na qual a

escola deveria ter o compromisso ético e político de preservar e reafirmar valores, crenças, costumes e formas de organização cultural, social, política e religiosa (considerados saberes locais), sem prejudicar o acesso e a apropriação dos saberes e conhecimentos universais, (idem).

Hoje rejeita-se a tese do “choque de civilizações” e defende -se que a diversidade cultural é um  património tão importante para a humanidade tal como a biodiversidade e que a interculturalidade e o respeito pelas diferenças são as melhores formas de garantir a paz e o desenvolvimento. É claro que tal defesa não vai eliminar a discussão antiga que ainda se mantém entre homogeneização e diversidade cultural.

Os educadores moçambicanos enfrentam o desafio de pensar em concepções e modelos educacionais que tenham em conta a questão da diversidade e do multiculturalismo na educação que se propõem a encontrar formas de convivência na escola entre indivíduos de várias culturas. As propostas de educação multicultural sugerem que a escola deve saber respeitar e considerar as diferenças étnico-culturais, que devem ser promovidas relações fundadas no diálogo, na democracia, no respeito ao outro, (idem).

A educação multicultural traz à discussão também a questão da interculturalidade que pode significar apenas o respeito do “outro”, ou então podemos entender interculturalidade como

 

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sendo a mistura, a mestiçagem das culturas. Para além do multiculturalismo e da interculturalidade, os educadores moçambicanos devem também colocar nas suas agendas as questões da transculturalidade que tem a ver com os elementos universais que estão presentes nas várias culturas. A transculturalidade deve ser seriamente tomada em consideração, pois a cultura urbana moçambicana caracteriza-se por ser culturalmente híbrida, possuindo elementos culturais que se foram fixando sócio e historicamente durante séculos cujas matrizes culturais básicas são a bantu e a portuguesa.

Segundo DUSSEL (2002, p. 55-77), a “hibridação cultural” surgiu como uma forma muito  particular de identidade cultural dos moçambicanos bilingues, falantes da língua portuguesa e língua bantu ou de monolingues em Português. Tal processo teve o seu início com a aprendizagem do Português durante a colonização. Julgamos que o falante de língua portuguesa quer seja monolingue ou bilingue já não possui uma identidade cultural “genuína” e autenticamente africana como os seus ascendentes e antepassados que só falavam a língua bantu. A aprendizagem da língua portuguesa promove o surgimento de um processo de aculturação que integra características culturais do mundo ocidental. O bilinguismo em vez de criar um  biculturalismo, produz uma hibridação cultural. Quer dizer que os falantes não adicionaram a cultura portuguesa à cultura bantu, eles misturaram as duas culturas e criaram uma nova cultura que não é tipicamente portuguesa e que também não é genuinamente bantu. Ela é “híbrida”, pois

 junta de forma muito particular as duas línguas e culturas. É a tal hibridação cultural que caracteriza a cultura urbana moçambicana.

Segundo HALL (2006:87), em tempos de pós-modernidade e num mundo em que as fronteiras entre os países estão dissolvidas, a globalização está a levar ao fortalecimento de identidades locais e à produção de novas identidades. Em que as identidades centradas e fechadas de uma cultura nacional são contestadas e deslocadas e produzem uma variedade de possibilidades e novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais

 

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 plurais e diversas, menos fixas, unificadas u nificadas ou trans-históricas.

Para HALL (2006, p.88), em todo o mundo assiste-se a imersão de identidades culturais que não são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre diferentes posições; que retiram seus recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais; e que são o produto desses complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais comuns num mundo globalizado.

Segundo DUSSEL (2002, p. 55-77), em Moçambique, sobretudo nas zonas urbanas lidamos com uma cultura híbrida que não é, nem tipicamente africana, nem sequer, totalmente, europeia. Ela também não é a justaposição simples de duas culturas, ela tem traços africanos, mas também europeus e ela também é, ao mesmo tempo, uma terceira cultura. A cultura urbana moçambicana encontra-se ao mesmo tempo fora e dentro da cultura ocidental e da cultura autenticamente africana.

De acordo com DIAS (2002), apesar do discurso pedagógico defender uma política de reconhecimento e aceitação da diversidade, das diferenças culturais e do respeito ao outro, as ações, efetivamente, levadas a cabo não foram ainda capazes de criar uma sociedade mais igualitária e livre de preconceitos e estigmatizações étnicas, raciais, religiosas, linguísticas, etc. A grande vitória da nova visão educacional e cultural é que aparentemente a sociedade moçambicana enfrenta a questão das diferenças culturais com menos tabus e subterfúgios. Já se discute com maior abertura as assimetrias regionais, as desigualdades de oportunidades de sexos (questões de gênero) e de classes sociais, a estigmatização de algumas práticas culturais(como os ritos de iniciação, a prática da medicina tradicional, a crença no sobrenatural, etc.), a incorporação do saber local e do conhecimento popular, do senso comum na escola, etc.

Ao tratarmos da diversidade cultural fica difícil separar tal reflexão da questão da desigualdade social, pois temos de reconhecer que as diferenças culturais são, muitas vezes, socialmente

 

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marcadas. Diferentes classes sociais podem exibir traços culturais distintos dependentes da sua situação socioeconómica. A origem regional, étnica e racial, muitas vezes, pode estar associada à condição de classe social, por exemplo, é raro encontrar em Moçambique um mendigo de raça  branca ou indiana. Por exemplo, os indivíduos analfabetos do meio rural possuem uma cultura africana mais ancestral e são mais pobres do que os alfabetizados do meio urbano que possuem valores culturais de carácter mais universal. Ao tratarmos de diversidade cultural é difícil fechar os olhos à discriminação de raça, etnia, gênero, idade, língua, culturas. DIAS (2002) diz que, determinados grupos culturais como, as mulheres, os idosos, os habitantes das zonas rurais estão mais marcados pela pobreza do que os outros grupos que se encaixam melhor no modelo hegemônico. Existem desigualdades de oportunidades para as crianças e  jovens das zonas rurais. Eles estão em desvantagem em relação à alfabetização e à progressão escolar porque há falta de escolas, porque as escolas estão distantes das zonas residenciais, porque a escola não consegue ser suficientemente significativa para as necessidades da sua vida. As crianças ingressam na escola, mas a exclusão de tais crianças realiza-se “por dentro”, pois o direito ao acesso não garante automaticamente o sucesso escolar. 

 

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5. Conclusão Durante a revisão final do trabalho chegamos a concluir diversos aspectos em função do tema em habordagem. A diversidade cultural em Moçambique surge em como um dos enormes desafios da educação no periodo pós independência visto que em Moçambique em torno do grande mosaico cultura, este aspecto surgue como um dos grandes desafios da pedagogia moderna visto que a educação em varias sociedades têm simplismente foco em único idioma denominado de lingua de unidade nacional o faz com que surga a dita exclusão social de algumas sociedades que têm um fraco dominiu da lingua portuguesa.    Neste contexto surge também a questão da formação do homem novo livre dos preconceitos racista baseado nas ideologias socialista.

 

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4. Referências Bibliográficas COSTA, Sérgio. Muito além da diferença: (im)possibilidades de uma teoria social  póscolonial.  Disponível em: . Acesso em: ago. 2018.

DIAS, Hildizina.  As desigualdades sociolinguísticas e o fracasso escolar: em direcção a uma  prática linguístico-escolar libertadora. Maputo: Promédia, 2002. DUSSEL, Inês. “O “O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças?”. d iferenças?”. In:

LOPES, A. C.; MACEDO, E. (org.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez Editora, 2002. GOMES, Miguel. Sistemas de Ensino em Moçambique, presente e passado.Maputo: Editora escolar, 1993. GONÇALVES, António C. Trajectória do pensamento antropológico.  Lisboa, Universidade Aberta, 2002. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&a, 2006. INE/ NELIMO.  Situação linguística de Moçambique.  Dados do II Recenseamento Geral da População e Habitação de 1997. In, FIRMINO, Gregório (org.). Maputo, INE, 2000. MARCONI, Maria de A., PRESOTTO, Zelia Maria N. antropologia: uma introdução. 7ª . edição. São PauloÇ Editora Atlas S.A., 2010. MARTINEZ, Francisco Lerma. Antropologia cultural . 7ª edição, Maputo: Paulinas, 2014. MINED (Ministério da Educação). Sistema Nacional de Educação. Maputo: MINED, 1985. MACHEL, Samora.  Estudemos e Façamos dos Nossos Conhecimentos um Instrumento de  Libertação do Povo, in SILIYA, Carlos (org.), Samora Machel, na Memória de um Povo e do Mundo, Discursos, vol. 01, Maputo, Centro de Pesquisa da Historia da Luta de Libertação  Nacional., p. 155-181. MATE, Geraldo. Qualidade da educação em Moçambique: Colapso ou Desafio? 2013. Disponível em:http://www.recac.org.mz/por/Actividades/Noticias/Qualidade-da-educacao�emMocambique-Colapso-ou-desafio-2. Acesso em: 10 de Julho de 2014. TAKAHASHI, Tadao.  Diversidade cultural e direito à comunicação. Disponível em: . Acesso em: jul. 2018

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