Cidades No Brasil Colonial

June 19, 2024 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Brasil Colonial Paulo Santos Formação de Cidades no Brasil Colonial

Autor e Obra Paulo Santos, historiador e arquiteto, foi professor da Universidade do Brasil, atual UFRJ, onde criou a cadeira de “Arquitetura do Brasil”. Considerado por muitos de sua época e percursor da historiografia da arquitetura e urbanismo brasileiro.

Autor e Obra

- O livro “Formação de Cidades no Brasil Colonial” foi apresentado no V Colóquio LusoBrasileiro, realizado em Coimbra em 1968, e publicado originalmente como separata dos Anais do encontro. - Primeira parte: distinções históricas entre a cidade regular e a cidade informal são revistas e subsidiam a análise das diferenças entre as cidades de colonização hispânica e portuguesa de modo a determinar as peculiaridades e os valores das cidades no Brasil colonial. - Segunda parte: classificação das cidades de acordo com os imperativos que orientaram a sua formação: cidades de afirmação de posse e defesa da costa e cidades do litoral; de conquista do interior; de penetração rumo às fronteiras oeste e sul; do café; da borracha; da indústria; além de outros tipos. Entretanto, apenas a formação do primeiro tipo é analisada.

Tese Os portugueses seriam os primeiros detentores e criadores de cidades ultramarinas que procuraram ser réplicas de cidades de Portugal europeu, com predomínio do traçado irregular. “a relutância do urbanismo ultramarino português em adotar estes sistemas geométricos regulares não me parece [...] simples arcaísmo, mas o resultado de longa e metódica experiência de criação natural das cidades [...], que a cidade orgânica portuguesa, com as suas características medievais, tende para a cidade perfeita, aquela em que cada um dos elementos exerce função natural, sobrepondo-se, assim, às de planta em xadrez ou traçados lineares longitudinais que, frequentemente manifestam incompreensão da cidade como ser vivo, funcional e intelectualmente ativo.” Luís Silveira

Colonização Portuguesa x Colonização Espanhola - Colonização espanhola marcada pela formalidade, enquanto a Portuguesa era marcada pela falta de rigor; - Espanhóis possuiam uma legislação de âmbito geral a ser observada pelos povoadores, as “Leis das Índias”; - Colonização Espanhola: traçados uniformes, não se importando com as especificidades de cada local, formação de paisagens genéricas.

Colonização Portuguesa x Colonização Espanhola - Portugueses baseavam-se nas “Ordenações do Reino”, que se referia mais aos edifícios do que a conduta para formação de cidades; - Tratamento de cada cidade como um caso específico, a partir de seus problemas e limitações; - Desenvolvimento baseado no empirismo e não uma criação a partir de teorizações distantes da realidade; - Cidade orgânica e informal: ordem, método e rigor específicos, assim como valores singulares.

Criação das cidades na América Portuguesa Cidades fundadas, sob determinação régia, com alguns pontos sobre planos de cidades: - Favorecimento para tomada de decisões e planejamento na própria colônia por parte dos governadores. Ex: Salvador- fundação por Tomé de Souza. Rio de Janeiro- Estácio de Sá. Ambas forma fundadas em regiões de maior altitude à moda da cidades medievais.

Planta da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro. DEBRET, 1835.

Planta da ocupação da Cidade do Salvador em 1549.

Criação das cidades na América Portuguesa Cidades de formação espontânea: - Plantas feitas na própria colônia, onde já havia povoamento, enviadas para aprovação na metrópole. Ex: Villa de Portalegre, demarcada por José Xavier Machado Monteiro.

Mapa da nova Villa de Portalegre, Ouvidor José Xavier Machado Monteiro, 1772

Divisão das cidades pelo traçado

- Traçados inteiramente irregulares (ex: Vila Boa de Goiás) - Traçados de relativa regularidade (ex: Vilas de Cuiabá e Manaus) - Traçados inicialmente irregulares e depois adquiriram regularidade (ex: Vila de Barcelos) - Traçados perfeitamente regulares (ex: Vila Bela da Santíssima Trindade; colônias militares e aldeias de índios projetadas pela engenharia militar).

Vila Boa de Goiás - Elevada ao status de vila em 1736; - Escolhido um local com condições naturais favoráveis à construção da vila e próximo à povoados já existentes; - Apesar de demandado pelo Rei, o traçado não foi feito em linhas retas, mas foram demarcados os territórios que receberiam a igreja e o pelourinho; -As ruas são largas assim como os terrenos destinados às casas.

Traçados inteiramente irregulares Vila Boa de Goiás - 1790

Cuiabá - Arraial de Cuiabá existente em 1719, mas apenas em 1818 foi elevado ao status de cidade, tornando-se capital em 1820; - Cidade linear que se desenvolveu às margens do rio, com todas as ruas principais correndo neste mesmo sentido, sendo cortadas por transversais. - O traçado da praça central é harmônico ao restante da cidade, apresentando uma regularidade relativa, apesar de não ser ortogonal.

Traçados de relativa regularidade Cuiabá - 1777

Vila de Barcelos - Povoação criada pelos carmelitas em 1728 próxima ao Rio Negro, onde já existia uma aldeia de índios manaus. - Para a missão, foram construídos inicialmente uma igreja e um hospital, e posteriormente um colégio. - Com o sucesso do plano civilizador, a cidade se desenvolve a partir de uma remodelação urbanística do antigo povoado.

Traçados inicialmente irregulares e depois adquiriram regularidade Vila de Barcelos - 1762

Vila Bela da Santíssima - Carta régia datada de 1746, mas sua criação se deu apenas em 1752; - O engenheiro Francisco da Mota, responsável pelo traçado urbanístico da cidade optou por construir ruas com ângulos retos, fazendo quase um xadrez perfeito, sendo a praça central inteiramente quadrada. - Semelhança com traçados hispânicos, mais comuns na segunda metade do século XVIII com a vinda de engenheiros para o Brasil; - Avanço nos preceitos urbanísticos, porém soluções estereotipadas e estéreis para as cidades.

Traçados perfeitamente regulares Vila Bela de Santíssima Trindade - 1773

Classificação das cidades do Brasil

- Cidades de afirmação de posse e defesa da costa e cidades do litoral em geral; - Cidades de conquista do interior; - Cidades de penetração rumo às fronteiras oeste e sul; - Cidades do café; - Cidades da borracha; -Cidades da indústria.

Vila de Olinda 1630

Feitorias - 1500-1531 - Entrepostos de comércio predominantemente de pau-brasil - Pontos frágeis e móveis

Vilas e Casa- Forte - São Vicente e Piratininga: as duas primeiras vilas do Brasil - Fundador Martim Afonso de Souza - A destruição de uma e a miséria da outra - Casa-forte no Rio de Janeiro

Colina da Vila Piratinga - DEBRET.

Ruínas da Casa Forte do Tempo de Martim Afonso, em São Vicente - 1921

Capitanias Hereditárias e suas Vilas - Falha na defesa do território levou à criação de Capitanias, colonização pela inciativa particular; - São Vicente, Olinda, Vitória; - Muitas não eram cercadas, ruas desalinhadas e casas espalhadas

Olinda - O Recife visto do Alto da Sé Litografia do século XIX

Governo Geral - 1549; - Insucesso das Capitanias; - Povoamento de toda a costa e fundação de cidades: - Salvador: Capital até 1763; - Rio de Janeiro: reconquista da Guanabara; -São Luís, Belém, Fortaleza: defesa contra os franceses e exploração da Amazônia; - Colônia do Sacramento.

Farol de Colônia de Sacramento - 2016

O Forte São Sebastião/ Fortaleza - 1780

Salvador Processo de centralização - Centralização total e afirmação de defesa do território; - Centro militar, administrativo, fazendário, e judiciário; - Capital do Estado do Brasil até 1763; - Aproximação com Lisboa e Porto, por estar situada em um local alto, à moda medieval. - Baluartes nos quatro cantos, cadeia com Casa de Audiência e Câmara, Casa da Fazenda e Alfândega, armazéns e ferraria; - Projetos feitos da Colônia ou enviados do Reino;

Salvador - 1625

Salvador - 1782

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