Didática de ensino da música

June 24, 2019 | Author: Daniel Ferreira | Category: Lição, Pedagogia, Música Clássica, Educação Musical, Escolas
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RELATO DE EXPERIÊNCIA

Didi d i d mi  pi pdi IV: fxõ b pi pi mii m m  d ii m mi The Didactics o Music teaching and Teaching Practices IV: refections on musical practices in a Music teacher education course MARIA CECÍLIA DE ARAUJO RODRIGUES TORRES Proessoraa do Centro Universitário Metodista/IPA/ Proessor Metodista/IPA/ Doutorado em Educação e-mail: [email protected].r RESUMO

AbSTRACT

O texto apresenta algumas reexões de cenas

musicais.

This text presents a numer o reections rom moments in the teaching practices o students rom the Music teacher education course ofered y the Centro Universitário Metodista/ IPA, in the city o Porto Alegre/RS. While ministering the courses on The Didactics o  Music Teaching (2008/II) and Teaching Practices IV (2009/II), an articulation was ormed with the music-teaching practices carried out during the Supervised Internship I course, via dialogue with authors rom the eld o Music Education, including Silvia Soreira, Jusamara Souza, Maura Penna, Maria Cecilia Torres, Guilherme Romanelli, Leila Sugahara and Cecília França, as well as authors rom the eld o Education. These materials were signicant or the socialization o the proposals and or analysis o the musical practices and conceptions o these students and teachers in their work as music educators.

PALAVRAS-CHAVE

KEYWORDS

Didática da música. Práticas pedagógicas. Licenciatura em música.

The Didactics o Music. Teaching Practices. Music teacher education course students.

das práticas pedagógicas de alunos do Curso de Licenciatura em Música do Centro Universitário Metodista/IPA, na cidade de Porto Alegre/RS. Ao ministrar as disciplinas Didática do Ensino da Música (2008/II) e Prática Pedagógica IV (2009/II), organizou-se uma articulação com as práticas pedagógico-musicais desenvolvidas durante a disciplina de Estágio Supervisionado I, por meio do diálogo com autores das áreas da Educação Musical, entre eles Silvia Sobreira, Jusamara Souza,

Maura Penna,

Maria Cecilia Torres,

Guilherme Romanelli, Leila Sugahara e Cecília França, além de autores da área da Educação. Estes materiais oram signifcativos para a socialização das propostas e para a análise das práticas e concepções musicais desses alunos e proessores em sua atuação como educadores

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RELATO DE EXPERIÊNCIA

1 IntroDução Este texto é um relato de experiência que apresenta reexões sore duas disciplinas ministradas no Curso de Licenciatura em Música do Centro Universitário Metodista/IPA, ao longo dos semestres 2008/II e 2009/II, na cidade de Porto Alegre/RS. Como proessora das disciplinas de Didática do Ensino da Música, que ocorre durante o terceiro semestre do Curso, e de Prática Pedagógica IV , oerecida a alunos do quarto semestre, selecionei algumas cenas, temas e atividades musicais desenvolvidos ao longo das mesmas, no sentido de reetir sore as ações dos alunos da perspectiva de uma proessora ormadora.

2 na aula De DIDátIca Do ensIno Da MúsIca Trago alguns pontos e questionamentos que auxiliaram e delinearam a composição e estruturação do Plano de Ensino de Didática do Ensino da Música e, posteriormente, deste relato. Quais tópicos e leituras selecionar para o traalho nesta disciplina, que antecede ao semestre do Estágio I em um Curso de Licenciatura em Música? Este certamente oi meu primeiro desao ao organizar o Plano de Ensino da disciplina, que estreava no currículo novo deste Curso no primeiro semestre de 2009. A partir da ementa da disciplina, organizei os seguintes ojetivos: 1. Situar aspectos da Didática para o ensino de música no campo da Didática geral; 2. Exercitar a oservação de questões relacionadas às práticas e à didática, que emasam as concepções de aulas de música do ensino undamental e médio; 3. Conhecer e analisar parte dos métodos e propostas de Educação Musical adotados no brasil; 4. Organizar planos de aula, executá-los e produzir textos articulando a revisão iliográca com a produção escrita; 5. Promover o contato dos alunos com experiências musicais diversicadas, além da reexão acerca de questões pedagógico-musicais. Preparei o Plano de Ensino a partir destes ojetivos, engloando as atividades, ormas de avaliação e iliograas ásica e complementar. Organizei ainda uma relação de oito textos ásicos para a leitura ao longo do semestre, com o intuito de contemplar dierentes temas, paradigmas e concepções de planejamento, aula e música: 1º) Didactica Magna – Saudações aos leitores (COMENIUS, Jan; 1633-38) 2º) Pedagogia Musical Brasileira no século XX – Introdução (PAZ, Ermelinda; 2000) 3º) Reexões sobre a obrigatoriedade da música em escolas públicas (SObREIRA, Silvia; 2008) 4º) Aula de música: do planejamento e avaliação à prática educativa (HENTSCHKE, Liane e DEL bEN, Luciana; 2003) 5º) Música Popular Brasileira na escola (TORRES, Maria Cecília; 2000) 6º) A ala como recurso na Educação Musical: possibilidades e relações (PENNA, Maura; 2008)

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7º) A aula de música na escola: reexões a partir do lme Mudança de hábito 2: mais loucuras no convento (GONÇALVES, Lilia Neves; 2008) 8º) Desaos para a Educação Musical: ultrapassar oposições e promover diálogo (PENNA, Maura; 2006) Alguns dos textos oram lidos e discutidos em sala de aula, enquanto outros oram recomendados como sugestão de iliograa para emasar a organização de planos de aulas e propostas musicais para os estágios. Destaco que os textos sore a origatoriedade da música nas escolas, sore a ala como recurso e sore o planejamento para aulas de música geraram diversas discussões e questionamentos por parte do grande grupo. A seguir apresento algumas das atividades realizadas durante a disciplina:

2.1 lmb d m  mi d iâi m p   PROPOSTA Descrever a cena de uma aula de música, como aluno ou proessor, destacando aspectos dos conteúdos musicais aordados, assim como das estratégias e metodologias aplicadas. Explicitar se a aula oi individual ou em grupo, se envolveu algum instrumento musical, o conteúdo traalhado e como oi o traalho musical. boa escrita!

Esta proposta está centrada nas narrativas dos alunos a respeito das memórias musicais de aulas das quais participaram como alunos ou proessores, como um momento de reexão sore sua ação e ormação. É um tema que está entrelaçado em nossas vidas, seja através da ormação nos cursos de graduação, seja dentro dos múltiplos espaços de ormação continuada, em uma constante articulação com nossas práticas pedagógico-musicais. No campo da Educação Musical, e envolvendo as lemranças musicais e narrativas iográcas, trago algumas pesquisas como as de barret e Staufer (2009), que discutem aspectos das investigações com narrativas no campo da música, a de Louro (2008), sore narrativas de docentes universitários-proessores de instrumento, e a de Torres (2008), com narrativas de si e memórias musicais de proessoras do ensino undamental. Estes são alguns dos autores que promovem reexões a respeito das memórias e narrativas musicais de alunos e proessores em dierentes espaços e tempos. No campo da Educação, trago dois autores, dentre outros, que desenvolvem pesquisas sore os saeres e a ormação de proessores: Cunha (2002) e Tardi (2002), no que se reere aos estudos que envolvem a reexão dos proessores sore sua ormação e ação, sore o “ser um om proessor” e sore outros aspectos constitutivos da identidade deste prossional, através de narrativas e discursos. Tardi argumenta, em sua ora, dentre vários temas reerentes ao traalho docente, que é importante levar em conta os conhecimentos do cotidiano do proessor em seu traalho – perspectiva tamém discutida no presente relato de experiência.

MARIA CECÍLIA DE ARAUJO RODRIGUES TORRES, Didática de ensino da música e prática pedagógica IV: refexões sobre práticas musicais em um curso de licenciatura em música.

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2.2 o bh m “v-” Outra proposta que levei para esta disciplina oi a de que cada grupo da turma, composta por 42 alunos, traalhasse com um exercício de “trava-língua”aseado em uma letra do alaeto – material retirado do livro Quem lê com pressa, tropeça, de autoria de Elias José (1992). A partir do texto original, os grupos tiveram a tarea de organizar uma proposta pedagógico-musical a ser desenvolvida em sala de aula. Destaco que alguns alunos tiveram dúvidas sore o ojetivo e signicado musical desta proposição, o que certamente oi um desao para mim, pois já havia desenvolvido atividades com trava-língua junto a alunos de um Curso de Pedagogia, mas nunca em um Curso de Licenciatura em Música. Após explicar cada passo da tarea, começamos a organizar dos traalhos. A proposta inicial oi de que cada grupo mantivesse o texto original, explorando a percussão corporal e sons vocais para acompanhamento. Na perspectiva de Souza (2006), transormar textos em música tem larga tradição na área da educação musical. Talvez tenham sido Carl  Orf e Murray Schaer quem denitivamente introduziu de uma orma mais sistemática a necessidade de improvisar e criar música a partir de parlendas como trava-línguas, órmulas de escolhas e mnemônicas, assim como rimas, quadrinhos e ditos populares. Aos textos advindos da literatura oral  oram dados alturas, timbres, ritmos e, assim, as palavras passaram a cantar (SOUZA, 2006, p.9).

Após a apresentação das propostas musicais dos colegas, cada grupo organizou sua atividade por escrito, detalhando as etapas do desenvolvimento do traalho. Esta ase durou quatro aulas e cada dupla ou trio teve 15 minutos para a apresentação de sua atividade, com mais alguns minutos para perguntas e sugestões. Ao nal do seminário, houve um momento de avaliação em que os alunos destacaram diversos aspectos musicais aordados durante o planejamento, tais como ritmo corporal, melodias, células rítmicas, timres diversos, traalho com prosódia, composição, leitura musical, interpretação, improvisação, prática musical em conjunto e escrita musical analógica. As letras escolhidas do livro do “trava-língua” oram as seguintes: A, b, C, D, G, I, J, L, N, T, U, X, Z. Seguem dois exemplos de letras retiradas do livro para a criação e organização da atividade:

Um bode bravo É uma barra E o bode berra E o bode baba Na barba.

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O gaiteiro Garibaldi  Guarda a gaita E gargalha com graça Se vê a graça, da Graça Engraçando toda a praça.

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O material organizado com as propostas do “trava-língua” oi socializado entre os colegas e, posteriormente, utilizado e adaptado por alguns deles nas práticas musicais realizadas durante os estágios supervisionados nas escolas, conorme relatos dos mesmos. Traalhamos ainda com “lengas–lengas” (bEINEKE e FREITAS, 2006), parlendas e provérios populares, uscando ressaltar a musicalidade das palavras nestes textos. Dessa maneira, oi possível dialogar com ideias e undamentos de educadores musicais como Carl Orf, que, por meio do uso de palavras com ritmos e ormatos diversos, uscou transormá-las em música. Em relação a esta temática, destaco o traalho de Penna (2008), intitulado “A ala como recurso na Educação Musical: possiilidades e relações”, o qual oi lido e comentado em sala de aula, desencadeando reexões e questionamentos nos alunos.

3 PrátIca PeDagógIca IV: InícIo Do estágIo I Ao desenvolver esta disciplina no segundo semestre de 2009, tive a intenção de dar continuidade a certos questionamentos dos alunos a respeito das práticas musicais em sala de aula, além de reorganizar as sugestões dos alunos que haviam cursado a disciplina no semestre anterior. A seguir, descrevo e analiso duas propostas realizadas com esta turma, composta por quarenta e um alunos do turno da noite, que renderam muitas reexões, criatividade, planejamentos, leitura e dúvidas. A primeira proposição oi a elaoração de Planos de aulas de música para a escola: entre  planejamentos e práticas pedagógicas , undamentava na perspectiva de destacar a necessidade dos planejamentos, como ressalta Sugahara (2007): Organizar as atividades das aulas de música nem sempre é tarea ácil, dada a diversidade de métodos, estratégias de ensino e abordagens de conteúdos existentes. Então, por onde começar?  Se, por um lado, dar aula sem nenhum planejamento é missão quase impossível, um bom   planejamento pode oerecer ao proessor a segurança necessária para que sua atuação seja eciente, justamente por delimitar o que será desenvolvido em sala de aula. É aí que entra em ação o plano de aula (SUGAHARA, 2007, p.41).

A primeira parte da tarea consistiu na escolha e seleção de uma peça musical para traalhar com os alunos em sala de aula. Após esta etapa do traalho, os alunos se dividiram grupos por interesse, a partir de cinco eixos temáticos: execução vocal; execução vocal e instrumental; execução instrumental; apreciação musical e composição/improvisação. A segunda etapa da atividade teve como ojetivo a organização de um plano de aula contendo ases detalhadas e reerencial teórico coerente para susidiar a atividade prática que seria desenvolvida em sala de aula. Uma das características da proposta oi dar a cada grupo um tempo para conhecer as músicas trazidas pelos colegas, e, juntos, escolherem três delas para traalhar em aula. Cada grupo teve 25 minutos para sua prática e, após as apresentações, houve tempo para avaliação e análise das propostas. Tivemos a ormação de oito grupos e as apresentações aconteceram em orma de Seminário de Práticas pedagógicas.

MARIA CECÍLIA DE ARAUJO RODRIGUES TORRES, Didática de ensino da música e prática pedagógica IV: refexões sobre práticas musicais em um curso de licenciatura em música.

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Dentre o repertório selecionado, listo as seguintes músicas:

Tabela 1 – Musicas listadas

1. Olá (Maurine benson Ozment)

2. Vou-me embora Prenda minha (Folclore do Rio Grande do Sul)

3. Lá no rio do Sul (Renate e Ieda Moura)

4. Bambalalão (Domínio púlico )

5. A pulga (Vinícius de Morais/Toquinho/ Sérgio bardotti)

6. Las manzanas (Ruem Rada)

7. The Lion sleeps tonight  (G.Weiss/H.Pereti/ L.Creatore)

8. Alegria – 9ª. Sinonia de beethoven

9. Tema de auta doce (Giovane Pasqualito)

10.  Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humerto Teixeira)

11. Modinha (Folclore de São Paulo)

12. Sereia (Roda de verso: arranjo Viviane beineke/Sérgio Freitas)

13.   Adeste Fideles (J. Reading: arranjo de Larry Yester)

14. Dó-ré-mi (Richard Rodgers)

15- A galinha do vizinho (Domínio púlico)

16. Cai, cai, balão (Domínio púlico)

Outro tópico que merece destaque é concernente aos procedimentos ou metodologias selecionadospelosalunos, envolvendo desde exercíciosde concentração comosolhos echadosaté a identicação de timres de instrumentos, passando pela execução rítmica da canção com sílaa “ta”; leitura à primeira vista; realização da música em orma de cânone; aquisição de hailidades aurais; divisão das turmas em grupos; atividades com mescla de voz, auta doce e percussão corporal; aquecimento vocal; e improvisação e criação de arranjos para determinada melodia. É importante enatizar a diversidade de propostas musicais que emergiu através das práticas, além do retorno dos colegas por meio de sugestões, complementações e questionamentos. É importante, tamém, ressaltar a diversidade do repertório selecionado, no qual estão inseridas peças do olclore rasileiro e de outros países, além de trilhas sonoras de lmes, peças do repertório clássico ou erudito – como  Alegria, da Nona Sinonia de beethoven – dentre outros estilos e compositores. Um último ponto que ressalto nesta atividade está ligado aos ojetivos organizados pelos grupos, que ocalizam aspectos como: •

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“desenvolver técnicas ásicas e conhecimento de conjunto vocal”; “traalhar com a identicação de instrumentos dentro de uma música”; “apresentar as músicas com um integrante do grupo cantando, outro tocando auta e outro azendo percussão corporal”;

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“vivenciar a experiência de execução instrumental junto ao grande grupo, identicando e avaliando a dinâmica utilizada”; “explorar uma melodia de várias ormas, usando diversos instrumentos”.

Finalizo este tópico ressaltando o entrelaçamento que aconteceu entre os planejamentos e as práticas dos alunos desta disciplina e as ideias de França (2009), nas quais a autora deende que aula de música não é aula de sons. Aula de música é aula de música, com música e por meio da música. Muitos programas de ensino adotam como princípio organizador os conhecidos   parâmetros do som (especialmente altura e duração) [...] Nas minhas visitas e pesquisas em escolas regulares e especializadas tenho observado que, muitas vezes, estímulos poderosos como canções, brinquedos cantados ou histórias são subaproveitados devido àquele modelo de ensino ragmentário (FRANÇA, 2009, p.25).

Analiso que o ponto principal de união destas práticas e reexões oi o azer musical de múltiplas maneiras, em uma mescla de ormas e sentidos que envolvem a musicalidade de dierentes pessoas, em tempos e contextos diversos.

3.1 Vm i im m ? Esta parte do texto trata de um projeto de construção de instrumentos musicais que surgiu durante o semestre através de conversas com os alunos, com o ojetivo azer uma ponte entre o conteúdo das aulas e as práticas musicais nos estágios. Tornou-se concreto a partir da leitura de reexão de dois textos: “Materiais didáticos na aula de música do ensino undamental” (OLIVEIRA, 2007) e “Construção de instrumentos musicais a partir de ojetos do cotidiano “(TORRES, 2000)1. Estes materiais oram instigantes e desencadearam armações como: “Na minha escola não tem nada para traalhar com música”; “Eu z este material com meus alunos” ou “Quais materiais utilizar ou comprar para a aula de música?”. Entre perguntas, dúvidas e materiais levados pelos alunos para ilustrar as práticas musicais realizadas durante os estágios, decidi propor o projeto de construção de instrumentos musicais, a partir de uma cha preenchida e discutida em sala, e da posterior apresentação das etapas de seleção e construção dos mesmos. No que tange ao processo de construção de instrumentos a partir de ojetos do cotidiano, destaco o excerto de Torres (2000) que ressalta que uma proposta como esta: [...] além de estimular a pesquisa sonora, a criatividade, a improvisação musical, a socialização e a oratória, está inserida nos territórios do cotidiano do aluno. A título do material que oi produzido,   pode-se indicar a criação de composições musicais, com a graa de partituras analógicas, a gravação e apresentação das peças em um grande grupo (TORRES, 2000, p.149).

Esta atividade teve a aceitação do grupo composto por quarenta alunos neste semestre, os quais, ao nal, apresentaram seus projetos com as chas, os instrumentos e as possiilidades

Para mais inormações sore a temática da construção de instrumentos musicais, ver “Construindo instrumentos musicais no Curso de Pedagogia: entre chocalhos e ganzás” (TORRES, 2000). 1

MARIA CECÍLIA DE ARAUJO RODRIGUES TORRES, Didática de ensino da música e prática pedagógica IV: refexões sobre práticas musicais em um curso de licenciatura em música.

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sonoras, inclusive com a gravação de improvisações criadas por três alunos a partir de seus instrumentos. Dentre os instrumentos coneccionados, prevaleceram aqueles da amília da percussão rítmica, além de outros de cordas e sopro. Certamente, atividade oportunizou a socialização das ideias dos alunos para o grupo, com perspectivas de inserirem os materiais em suas práticas musicais nas escolas. O exercício explorou a musicalidade de alunos e proessores de muitas maneiras: pela percussão de um tamor ou pandeiro, no soprar da auta de Pan construída de tuos de metal ou no sacudir e tocar nas cordas de um erimau de taquara.

4 aMalgaMar sonorIDaDes e ProPostas: InalIzação O exercício de mesclar o planejamento de aulas de música com a construção de instrumentos musicais, aliado ao traalho com “trava-línguas” e parlendas, oi uma oportunidade para todos nós, proessora e alunos, aprendermos uns com os outros, experimentarmos atividades musicais, cantarmos, gravarmos e reetirmos sore os desaos que envolvem o “ser proessor de música” em dierentes espaços. Uma das propostas das duas disciplinas incluiu a leitura e discussão de textos, como os citados no quadro da Didática do Ensino da Música (vide item 2). A partir destas leituras, emergiram perguntas, dúvidas e questionamentos relacionados às práticas musicais na sala de aula, com destaque para o período dos estágios supervisionados em Música. Cae ressaltar que, ao longo do semestre da disciplina Prática pedagógica IV, organizei uma atividade de escrita reexiva com os alunos a partir de quatro questões: “Qual é a escola ideal?”; “Quem é o aluno ideal? ”; “Qual é o proessor de música ideal? ”; e “Como é a aula de música ideal? ” Meu ojetivo, ao propor estas perguntas a partir do termo “ideal”, oi o de conhecer algumas concepções dos alunos sore a escola, seus alunos, proessores e aulas de música na perspectiva do que imaginam e idealizam e, desta maneira, desencadear estranhamentos e reexões no grupo. Estas questões perpassavam os aspectos constituintes da identidade do proessor de música que atua na escola de educação ásica e estão tamém amalgamadas com os ideais, projetos e concepções de música e aulas de música na escola. Feitas estas considerações, nalizo este texto e destaco que as reexões, avaliações e proposições dos grupos de alunos ao longo das disciplinas – tanto de Didática do Ensino da Música quanto de Prática pedagógica IV , oram undamentais para minhas reexões sore o traalho como proessora ormadora em um Curso de Licenciatura em Música, no constante processo de ensinar-aprender. Acredito que tenham sido, tamém, momentos importantes de reexão e aprendizagem para este grupo de alunos em processo de ormação e de organização de atividades e planejamentos de aula para os estágios supervisionados no campo da Educação Musical.

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