DIDAQUÊ1

Share Embed Donate


Short Description

Download DIDAQUÊ1...

Description

ÍNDICE

INTRODUÇÃO----------------------------INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------3 3 1. CARACTERIZAÇÃOGERAL -----------------------------------------------------------------------------------------------------------4 ---4 2. PROVENIÊNCIA -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------5 ----5 3. AUTORIA, DATA DATA E COMPOSIÇÃO-------------------COMPOSIÇÃO----------------------------------------------------------------5 -----------5 4. O TEXTO E O CÂNON------------------------------CÂNON------------------------------------------------------------------------------------7 --------------7 5. A DIDAQUÊ: SUA IMPORTÂNCIA PARA O CRISTIANISMO--CRISTIANISMO--------------8 -----------8 6. CONTEÚDO----------------------------CONTEÚDO-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------10 ----------10 7. ALGUMAS IDÉIAS ESPECÍFICAS ESPECÍFICAS------------------------------------------------------------------------------------10 ----------10 8. EVIDÊNCIA DE ANTIGUIDADE---------------------ANTIGUIDADE-----------------------------------------------------------------------12 ----------12 9. TESTEMUNHOS ANTIGOS-----ANTIGOS-------------------------------------------------------------------------------------------------12 -----------12 10. CONSIDERAÇÕES CONSIDER AÇÕES IMPORTANTES--------------------IMPORTANTES--------------------------------------------------------------13 --------13 CONCLUSÃO-----------------------------CONCLUSÃO------------------------------------------------------------------------------------------------------------------1 --------------16 6 ANEXO: DIDAQUÊ----------------------------DIDAQUÊ-------------------------------------------------------------------------------------------------------------17 ------17

INTRODUÇÃO

Em 1873 ocorreu a descoberta de um documento que a partir de então revolucionou todo o nosso conhecimento acerca da Igreja Primitiva. Por  ocasião de uma visita à biblioteca do Mosteiro do Santo Sepulcro em Constantinopla

(Estambul),

o

metropolita

de

Nicomédia

monsenhor 

PhiloteoBryennios encontrou um rolo de manuscrito grego datado de cerca de 1056 onde se achava um documento que até aquele momento era conh ecido apenas pela menção que dele fazia a História Eclesiástica de Eusébio: o Didaquê. Publicado em 1883 depois de uma cuidadosa compilação crítica realizada por Harnack, foi o manuscrito posteriormente levado para Jerusalém e deixado na Biblioteca Patriarcal onde desde então temsido constantemente estudado por patrologistas, exegetas e historiadores da igreja cristã .De fato, todas as pesquisas realizadas desde Harnack são unânimes em considerar o Didaquê Didaquê como tendo sido escrita escrita entre 90 e 120 d.C e apontam para as seguintes evidências: não há menção alguma a um cânon neotestamentário, isto é, os evangelhos e as epístolas não citados embora sejam parafraseados com frequência. Este trabalho tem a finalidade de refletir sobre o pensamento cristão da igreja primitiva e sua cultura e religiosidade a partir de idéias colhidas no documento histórico chamado Didaquê.

2

1. CARACTERIZAÇÃOGERAL O termo Didaquê é grego e significa ³ensinamento´. Como titulo refere -se

aos entendimentos do Senhor transmitidos pelos apóstolos. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor  histórico e teológico. O título lembra a referência de Atos 2,42: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos ...´. O livro é um breve manual que fortalece informações sobre a vida

eclesiástica, questões morais e crenças dos antigos cristãos. Estudiosos estimam que são escritos anteriores a de struição do templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. Outros estimam que foi escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto a origem sendo na Palestina ou Síria.Presumivelmente foi escrito antes de 150 D.C. A sua primeira seção contém um código de ética basicamente legalista. A substância dessa seção também se encontra na epístola de Barnabé 18-20. Essa epístola parece ter  sido escrita com base em uma forma mais antiga do Didaquê do que aquela que atualmente possuímos; ou então houve uma fonte comum de ambos esses documentos, e não empréstimo direto. Material extraído do evangelho de Mateus amplia ali os ensinamentos ali expostos. O texto foi mencionado por escritores anti gos, inclusive por Eusébio de

Cesaréia que viveu no século III, em seu livro "História Eclesiástica", mas a descoberta desse manuscrito, na íntegra, em g rego, num códice do século XI (ano 1056).   A segunda seção oferece várias instruções a respeito do batismo, de jejuns, de orações e da ceia do Senhor. Quanto a sua autenticidade, é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda que o título do escrito faça menção aos mesmos; mas estudiosos acreditam na compilação de fontes orais tendo recebido tais ensinos que resultaram na elaboração do mesmo. Também é senso comum que tenha sido escrito por  mais de umapessoa.

3

  A obra ficou esquecida por aproximadamente mil anos. Então foi redescoberta por Briênios, um prelado ortodoxo, em Constantinopla, no ano de 1875. E foi publicada em 1883. O manuscrito descoberto data de 1056.

2. PROVENIÊNCIA

Não é possível determinar onde essa obra foi escrita. Porém, a maioria dos estudiosos prefere pensar na Síria ou Palestina. As referências a montanhas (9.4), fontes e termas (7.2) parecem indicar aquele a Síria ; mas certamente não ficam eliminados certos outros países. 3. AUTORIA, DATAE COMPOSIÇÃO

Essa obra não parece representar uma única composição escrita, e, sim, uma compilação, cujas porções constitutivas derivam-se de diferentes décadas, talvez separadas por cerca de cinqüenta anos. Outros estudiosos pensam que teria sido escrito por um autorministro sagrado de idade avançada, formado na escola de Tiago, o Menor, que teria imigrado para a Síria por ocasião da guerra civil (R. Frangiotti). O documento teria sido colocado na forma presente no máximo até 150, embora pareça provável uma data mais próxima do final do primeiro século. O autor conhece os mandamentos de Jesus porque os parafraseia

constantemente. Por outro lado, no capítulo 2, há menção do Decálogo do qual ele também demonstra conhecimento. Já Did 4.2 parece denotar algum conhecimento da ética paulina pela sua aproximação com I Co 14.33, quando fala da necessidade do neófito estar na companhia dos fiéis. O catálogo de pecados e prevaricações que aparece em Did 5.1 também lembra muito os catálogos paulinos de vícios que aparecem nas past orais. O exemplo de Mateus (28.17) recomenda o tríplice batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. De tudo isso, a conclusão da maioria dos exegetas é de que o Didaquê foi redigida por um judeu recém egresso ao cristianismo o que explica tanto o seu conhecimento do Antigo Testamento quanto da tradição e da éticacristã já que nessa altura ainda não é possível falar de um cânon neotestamentário. Como foi usado esse material e até onde o texto é obra do 4

próprio didaquista é algo que nem mesma pesquisa crítico-textual tem uma resposta precisa: até onde vão as "fontes", diz Vielhauer, e onde fala o próprio didaquista, se existem intervenções de mãos estranhas e até que ponto o texto está intacto é difícil de se decidir decidir em cada caso (obcit, p. 756). Sobre onde foi redigido, é inegável a proximidade de nosso autor com a tradição oriental de maneira que tanto a Síria (Antioquia ou Damasco) ou Péla, onde a comunidade cristã de Jerusalém se refugiou durante e depois da revolta de 66, podem reivindicar para si a honra de ter sido uma delas o local de redação do manuscrito.   A Epístola de Barnabé e o Pastor de Hermas contam com algum material correspondente, podendo refletir uma versão anterior, que desconhecemos.   Alguns especialistas têm falado de uma época tão remota quanto a 60 D.C., mas as interdependências literárias dificilmente apóiam uma data tão antiga. O uso que faz do evangelho de Mateus situa a obra pelo menos no fim do século I D.C. Suas alusões a oficiais eclesiásticos refletem uma data ant es que houvesse muito desenvolvimento eclesiástico. Não há ali qualquer indicação de qualquer episcopado monárquico, nem de lideres religiosos itinerantes, e os profetas continuavam sendo figuras comuns no cristianismo. As praticas em volta da celebração da Ceia do Senhor parecem bastante primitivas. Portanto, essa obra não pode ter sido produzida depois de 150 D.C., podendo ter se originada tão cedo quanto o final do século I D.C. C. Richardson entende que o ³didaquista´ foi mais um compilador do que um autor. Ou seja, ele não escreveu a Didaquê, mas reuniu dois documentos pré-existentes, fazendo algumas adaptações. Ele provavelmente compôs o capítulo final (16).

Os Dois Caminhos (caps. 1-5) representariam uma forma tardia de um

catecismo original no qual o didaquista inseriu em bloco alguns ensinos tipicamente cristãos. Tais ensinos revelam um conhecimento de Mateus e Lucas, e também do Pastor de Hermas (1.5 = Man. 2.4-6) e da Epístola de Barnabé (16.2 = Barn. 4.9).

5

O manual de ordem eclesiástica (caps. 6-15) refletiria o período sub-

apostólico nas igrejas rurais da Síria. Evidências: (a) é claramente dependente do evangelho de Mateus, que provavelmente se originou na Síria; (b) as orações eucarísticas refletem uma região em que o trigo é semeado nas colinas (9.4); (c) a seção batismal pressupõe uma região em que existem termas (7.2); (d) os profetas e mestres lembram a situação de Antioquia (Atos 13.1). A imagem que se obtém dessa fonte é de comunidades rurais que recebem periodicamente a visita dos líderes de algum centro cristão.   A Didaquê propriamente dita deve ter sido composta em Alexandria. Evidências: (a) os Dois Caminhos circulavam ali, pois a Epístola de Barnabé e a Ordem Eclesiástica Apostólica procedem daquela localidade; (b) é possível que Clemente de Alexandria conhecesse a Didaquê; (c) o documento revela uma atitude liberal em relação ao cânon do NT, aparentemente incluindo Barnabé e Hermas, o que aponta para Alexandria; (d) até o quarto século a Didaquê era altamente valorizada no Egito, se ndo quase considerada canônica, e foi mencionada por Atanásio como adequada para a instrução catequética.

4. O TEXTO E O CÂNON O Didaquê tem um original grego. Clemente de Alexandria parece tê -lo

citado em sua obra Miscelâneas (I.20). Eusébio classificou-o entre os nothoi, ou seja, obras espúrias, o que nega a suposta origem apostólica. Atanásio informa-nos que a obra chegou a desfrutar de posição canônica (Epistola Festiva, 39). O livro de Nicéforo intitulado Stichometry (cerca de 850 D.C) analisa a obra como rejeitada. Sua descoberta, em 1056, provocou algumas agitações, mas em longo prazo, não adquiriu qualquer autoridade especial, embora contenham algumas valiosas informações históricas, especialmente no que tange às idéias da antiga igreja cristã. Os manuscritos descobertos por  FiloteuBriênios continuam sendo os exemplares mais notáveis. Há um texto grego variante quase completo nessa obra nas Constituições Apostólicas (século IV D.C), bem como um fragmento do mesmo no Papiro de 6

Oxyrhynchun 1782, também do século IV D.C. Dois manuscritos latinos contêm

uma parte da primeira seção do Didaquê. O primeiro desses manuscritos data do século IX ou X D.C., e o segundo data de XI D.C. Goodspeed pensava que o

segundo

desses

manuscritos,

intitulado

De

DoctrinaApostliorum,

representava a fonte original do Didaquê, mas isso tem sido posto em dúvida por outros eruditos.

5. A DIDAQUÊ: SUA IMPORTÂNCIA PARA O CRISTIANISMO

  A Didaquê, apesar de pequena, representa um manual de iniciação muito importante no cristianismo antigo. Composta de 16 capítulos trata em seus seis primeiros capítulos da necessidade de se conhecer o cristianismo que é diferente do paganismo, do gnosticismo etc. É extremamente importante no ensino que leva a vida e morte eternas. Do 7º ao 10º capítulos, trata do Batismo, Eucaristia, Jejum e Oração; do 11º ao 13º, fala dos pregadores itinerantes. No 14º, sobre a reunião no Dia do Senhor; 15º, sobre a liderança local e fixa (não mais itinerantes); e o 16º, sobre o final dos tempo s, além de algumas exortações. Ela é vista como realmente importante, como vemos nas palavras que vamos transcrever de José Gonçalves Salvador: "É um modesto tratado de cerca de mil palavras. Mas, apesar de pequeno na sua forma, é rico em seu conteúdo. Poucos os escritos entre os não canônicos são tão preciosos quanto este. Ninguém errará se o considerar a mais fina jóia da primitiva literatura cristã apócrifa. Escrito que foi para orientar  na instrução dos catecúmenos, originalmente, e depois também para guia r a Igreja na prática dos seus ritos e instituições, fornece elementos valiosos a quantos queiram conhecer o desenvolvimento da história do Cristianismo naquelas priscas eras." ( O Didaquê ou "o Ensino do Senhor através dos doze  Apóstolos, Imprensa Metodista, p.6). O assunto que nos interessará neste texto está na Didaquê, no Capítulo VII,

que trata do Batismo. Nesse capítulo, vemos que o Batismo só era administrado depois que os outros ensinamentos fossem passados (os outros 6 7

capítulos referentes a doutrina dos dois caminhos). Ele já acontecia em nome da Trindade, e em água corrente, preferencialmente. Se não se tivesse possibilidade de assim ser, deveria ser em água fria ou quente, ou ainda, derramando água três vezes sobre a cabeça do batizando, em nome d a trindade (uma vez para cada pessoa - Pai, Filho e Espírito Santo). Antes do ato batismal, além da instrução (que possivelmente durava, como já dissemos, 3 anos), quem fosse batizar e ser batizado deveriam jejuar, cabendo ao último até dois dias antes do batismo. Além dos envolvidos diretamente, outras pessoas, dependendo das possibilidades, deveriam jejuar. Esse momento de   jejum serviria para auxiliar ao neo -converso a estar alguns momentos com Deus, abrindo mão dessa necessidade de alimento, buscando mai or contato com Deus, afim de entender melhor sua posição de pecador. O batismo era, normalmente, administrado na Páscoa, depois de uma vigília na espera do dia da Ressurreição, onde quem iria ser batizado era inquirido sobre sua fé (cf.   Adoração no Segundo Século, José Carlos de Souza, IN: Simpósio,   Associação de Seminários Teológicos Evangélicos, Aste, São Paulo, julho de 1984). Nesse momento da Igreja Cristã, surge um grande problema: algumas direções tomadas pelo cristianismo eram consideradas heréticas. O que fazer  com relação ao Batismo administrado por quem era considerado herege?  Aceitá-lo ou negá-lo? Tertuliano tinha uma opinião que era quase predominante na época: era nulo (apud. Williston WALKER, História da Igreja Cristão, Juerp/Aste, p. 132). Mas, entre os anos 254 e 257, o Bispo Estevão, de Roma, emite seu juízo, sendo este favorável à aceitação do Batismo executado por  hereges, desde que feito segundo a forma aceita, independente do ministro.   Além da situação dos hereges, se vê outros problema s: dever-se-ia administrar o Batismo a pessoas que eram parentes de quem morreu sem batismo? O apóstolo Paulo fala em sua Primeira Carta aos Coríntios (15.29) que isso não deve acontecer. A tradição cristã inicial dá conta que, após o batismo, a pessoa que era limpa do pecado, deveria abandoná -lo definitivamente. Se voltasse a pecar, o batismo com sangue (o martírio) seria a última saída. Passados alguns anos, essa dimensão se perdeu e, mesmo 8

depois do batismo, se alguém voltasse a pecar, deveria verdadeira mente se arrepender e buscar o perdão de Deus. Vemos nessas situações o surgimento do Batismo, bem como era a sua administração no início. Precisamos, agora, ver no Batismo o seu sentido de Sacramento e de Teologia.

6. CONTEÚDO

. Os dois caminhos (caps.1-6).

1

2. Práticas cúlticas, incluindo o Batismo e a Eucaristia (caps. 7 -10). 3. Regras para os líderes e para as condutas dos negócios eclesiásticos (caps.11-15). 4. Sugestões escatológicas (caps.16).

7. ALGUMAS IDÉIAS ESPECÍFICAS

 A) Os dois caminhos. Este é um material que corresponde a certas porções da epístola de Barnabé (que vide). O tema é um antigo motivo literário. (ver Dt. 33.15 e Jr. 21.8). Manual da comunidade de Didaquê da comunidade de Qunram apresenta algum material semelhante. No Didaquê o contraste central é entre vida e a morte. Nas outras obras citadas é entre luz e trevas. Os textos da epístola de Barnabé e do Didaquê são bastante parecidos para levar os eruditos a pensar que há uma dependência literária. Ou do Dida quêà epistola de Barnabé ou vice-versa. Porém, o mais provável é que ambas as obras tomaram elementos emprestados de alguma fonte comum. Nesse confronto, o Didaquê exibe forte influência do Antigo Testamento, embora também incorpore textos extraídos do evangelho de Mateus ou do evangelho de Lucas. Outros supõem, entretanto, que, nesse caso, o empréstimo foi

9

de um documento ainda mais antigo que os evangelhos, ou então alicerçou-se sobre uma tradição oral. B) A adoração e os ritos são parte importante da instrução catequética. Jejuava-se antes do batismo (7.4); a formula batismal era trinitariana (7.1); era usado água corrente em temperatura normal, e o modo do batismo era por imersão, embora o trecho de 7.3 pareça indicar que afusão ou derramamento também era usado como alternativa. Quanto a Ceia do Senhor era empregado o vocábulo eucaristia (9;1; 10:7; 14). Parece que a refeição de amor e a eucaristia ainda eram celebradas conjuntamente, quando esse documento foi escrito. A eucaristia era servida somente aos que já eram batizados; há uma f orte ênfase sobre as idéias de ações de graça e triunfo no tocante à adoração e a as cerimônias eclesiásticas. C) Conhecimento e santidade são dois itens ressaltados. O asceticismo é combatido, portanto os alimentos sólidos e as bebidas eram considerados dons de Deus. D) Encontramos ali o dia do Senhor como dia em que a eucaristia era celebrada. E) Características gerais da vida cristã, que se esperava da parte dos fieis eram, orações em favor uns dos outros (2.7); o evitar das divisões (4.3); a generosidade (1.5; 13.3,4); a hospitalidade (11.4); a rejeição de alimentos oferecidos a ídolos (6.3); a utilidade de jejum (8.1); a realidade das perseguições e tentações (15). F) Títulos de oficiais eclesiásticos:

apóstolos, profetas,

mestres,

supervisores e diáconos. Os três primeiros desses oficiais eram dados a oficiais itinerantes, o que mostra a recuada data da obra. Servidores e diáconos, entretanto, aparecem como oficiais residentes de uma igreja local. G) A Parousia (que vive) é uma doutrina ressaltada no Didaquê (15.8). A obra da volta de Cristo seria desconhecida (16.1), mas haveria sinais de sua aproximação. Seria anunciada, pelo menos em parte, pelo serviço de certos cristãos, que seguiriam falsos mestres (16.4).  Aparecia uma figura chamada anticristo. A parousia seria precedida por  um sinal visível no firmamento, havia o sonido de uma trombeta; os 10

mortos justos seriam ressuscitados; seguir-se-ia a parousia do   julgamento final. Os cristãos deveriam prepa rar-se para a parousia (16.1). 8. EVIDÊNCIA DE ANTIGUIDADE * O título ³servo de Deus´ aplicado a Jesus. * A simplicidade litúrgica e das orações. * As orações eucarísticas apontam para um período em que a Ceia do

Senhor era ainda uma ceia. * O batismo em água corrente. * Preocupação em distinguir as práticas cristãs dos rituais judaicos (8.1). * Ausência de preocupação com um credo universal. * Nenhuma referência aos livros do Novo Testamento. * Nenhuma referência ao episcopado monárquico. * Ênfase aos ofícios carismáticos e itinerantes: apóstolos e profetas. * Dupla estrutura de bispos e diáconos (ver Fp 1.1). * Outros temas ausentes: virgindade, tendências gnósticas e antignósticas.

9. TESTEMUNHOS ANTIGOS

 As muitas menções de trechos da Didaquê em escritos da igreja antiga atestam a sua importância. Ela deve ter gozado de ampla circulação por algum tempo, sendo aceita pelo menos por uma parte da igreja como um livro digno de ser lido no culto divino. Clemente de Alex andria a cita uma vez como Escritura (graphé). (Strom. I, 20, 100) Vários autores acharam necessário destacar que a Didaquê não possuía caráter canônico. Eusébio de Cesaréia refere -se a ela como um dos livros apócrifos ou espúrios (Hist. Ecles., III, 25, 4 ). Atanásio faz o mesmo, mas declara que ela ainda era usada na instrução catequética (Ep. Fest. 39). O autor da Didascália (início do terceiro século) conhecia toda a 11

Didaquê. Esta serve de base para o 7º livro das Constituições Apostólicas (Síria, quarto século). Os Dois Caminhos (caps. 1-6) são muito semelhantes aos capítulos 18-20 da Epístola de Barnabé (100 -130 AD). É possível que ambos os documentos tenham se baseado em uma fonte comum. Grande parte desse material também aparece na Ordem Eclesiástica Apostólica (quarto século) e na Vida de Schnudi (quinto século).

10. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES

Jesus é mencionado como Servo de Deus. Como diz Harnack: o escrito é realmente, conforme testifica o título, uma exposição dos ensinamentos que provêm de Cristo destinado aos cristãos (...) tal como, de acordo com a opinião do autor, os proclamaram e transmitiram os apóstolos (Vielhauer. Phillip. História da Literatura Cristã Primitiva, p. 748). Eucaristia (do grego  , cujo significado e "reconhecimento",

"ação de graças"), só posteriormente se tornou uma celebração em memória da morte sacrificial e ressurreição deJesus Cristo. Atualmente também e denominada "comunhão", "ceia do Senhor", "santa ceia".Na Didaquê 14:1 não deveria ser transliterado, mas traduzido, pois leva a uma associação com a Eucaristia católica atual, que na realidade e muito diferente com aquilo que era praticadono primeiro século. O autor conhece os mandamentos de Jesus porque os parafraseia

constantemente. Por outro lado, no capítulo 2 , há menção do Decálogo do qual ele também demonstra conhecimento. Já Did 4.2 parece denotar algum conhecimento da ética paulina pela sua aproximação com I Co 14.33, quando fala da necessidade do neófito estar na companhia dos fiéis. O catálogo de pecados e prevaricações que aparece em Did 5.1 também

lembra muito os catálogos paulinos de vícios que aparecem nas pastorais. O exemplo de Mateus (28.17) recomenda o tríplice batismo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. De tudo isso, a conclusão da maioria dos exegetas é de que o Didaquê foi redigido por um judeu recém egresso ao cristianismo o 12

que explica tanto o seu conhecimento do Antigo Testamento quanto da tradição e da éticacristã já que nessa altura ainda não é possível falar de um cânon neotestamentário. Como foi usado esse material e até onde o texto é obra do próprio didaquista é algo que nem mesma pesquisa crítico -textual tem uma resposta precisa: até onde vão as "fontes", diz Vielhauer, e onde fala o próprio didaquista, se existem intervenções de mãos estranhas e até que ponto o texto está intacto é difícil de se decidir decidir em cada caso (obcit, p. 756). Sobre onde foi redigido, é inegável a proximidade de nosso autor com a tradição oriental de maneira que tanto a Síri a (Antioquia ou Damasco) ou Péla, onde a comunidade cristã de Jerusalém se refugiou durante e depois da revolta de 66, podem reivindicar para si a honra de ter sido uma delas o local de redação do manuscrito. O Didaquê começa com a afirmação dos dois caminhos o da vida e o da morte, A exposição do primeiro capítulo é toda parafraseada nos evangelhos, como o amor ao próximo, bênçãos sobre aqueles que amaldiçoam os crentes e oferecer a outra face. Já o refreio dos instintos, que reaparece com maior ênfase em Did 3.3 é possivelmente uma paráfrase paulina. Did 1.5 é clara paráfrase da parábola do Jovem Rico(Mt 19.23 -30, Mc 10.23-31, Lc 18.24-30). O segundo capítulo é repetição do decálogo com prescrições sobre

adultério, roubo, assassinato, necromancia, etc, adi cionado a um preceito sobre a necessidade da proteção da vida da criança: não mate a criança no seio da sua mãe, nem depois que ela tenha nascido(2.2). Como o autor repete esse preceito outra vez em Did 5.2, deduz-se que ele realmente tinha a vida do infante na mais elevada conta ou que, possivelmente, estivessem havendo casos na comunidade. E como no primeiro capítulo, condena a avareza. Parece que os preceitos sobre o desapego aos bens materiais revelam uma tendência da comunidade primitiva para a comunhão dos bens e para uma forma primitiva de comunismo associativo que podem pressupor tanto a idéia de comunidade no sentido de unicidade da igreja, quanto também a esperança pela rápida realização da Parousia, o que lhes motivariam vivercompartilhando tudo em comum, porque o final dos tempos era evidente. Mais paráfrases dos evangelhos como conselhos sobre a mansidão, a paciência e a rejeição dos murmuradores, são apresentadas em uma repetição no cap.3 Em Did 7.1 é recomendado o batismo tríplice em nome do Pa i e do Filho e do Espírito Santo. 13

Se você não tem água corrente, batize em outra água; se não puder batizar em água fria, faça-o em água quente. Nafalta de uma e outra, derrame três vezes água sobre a cabeça em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. A ntes do batismo, tanto aquele que batiza como aquele que vai ser batizado, e se outros puderem também, observem o jejum. Àquele que vai ser batizado, você deverá ordenar jejum de um ou dois dias. (Did 7.2 -4). Em Did 8.2-3 está prescrita não apenas a oração do Pai Nosso (o que prova que a comunidade cristã primitiva praticava e reverenciava a oração de Jesus  já nessa época), como ainda a faziam com assiduidade, pelo menos três vezes ao dia (v.3). As recomendações da Ceia do Senhor são talvez o ponto mais importante do Didaquê. Assim, fica evidenciado que a comunidade cristã praticava nessa época, 3 importantes mandamentos de Jesus: o Amor pelo próximo, o Batismo e a Santa Ceia e ambos eram tidos na mais elevada conta na prática cristã destesdias apóstólicos e pelo que se lê em Did 14.1-2, a Santa Ceia se realizava praticamente em todos os cultos. Futuramente o catolicismo romano a trasnformaria em Eucaristia, e que na sua acepção mais simples e original eram resgatadas pelos reformadores anabatistas, valdenses e e reformadores protestantes. O autor do Didaquê mostra ser pessoa preocupada com a unidade

doutrinária da sua comunidade. Somente são recebidos na comunidade os que ensinarem tudo o que foi dito antes, isto é, a Lei, os profetase o Evangelho. (11.1). A perfeição de vida e de santidade é enaltecida e apontada como fator  determinante para a preparação do crente para o fim (16.2) e como Cristo e Paulo, o didaquista fala dos falsos mestres e profetas que aparecerão no meio do rebanho. (16.3). A menção ao toque da trombeta como um dos sinais do tempo do fim (os outros dois são a abertura dos céus e a ressurreição dos mortos) que aparece em Did 16.6 é umaaparente paráfrase da Sétima Trombeta de Ap 11.15-19. Se for de fato pode ser a primeira menção do livro do Apocalipse na literatura da igreja primitiva. Porém, o autor do Didaquê não crê que todos os mortos serão ressuscitados mas somente os santos estarão com Ele. (16.7).

14

CONCLUSÃO

Vimos neste trabalho que Didaquê significa doutrina, instrução. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor histórico e teológico. Nos escritos da Didaquê, além da catequese e liturgia cristã, o evangelho de Jesus é recomendado. A Didaquê também cita a oração do ³Pai Nosso´ como sendo ³ensinada pelo Senhor´ e finda com a afirmação em consonância com o livro Apocalipse, do Novo Testamento, de que Jesus voltará. Embora não seja propriamente uma confissão de Fé, mas apenas um texto de instrução de vida comunitária e celebração litúrgica, o Didaquê tem importância excepcional na história da igreja por revelar o modo como à comunidade primitiva celebrava a Santa Ceia, além de testemunhar a evolução do ministério sagrado da igreja até chegar à forma que tomou em nossos dias.

15

ANEXO Didaquê: A Instrução dos Doze Apóstolos O CAMINHO DA VIDA E O CAMINHO DA MORTE CAPÍTULO I

1. Existem dois caminhos: o caminho da vida e o caminho da morte. Há uma grande diferença entre os dois. 2. Este é o caminho da vida: primeiro, ame a Deus que o criou; segundo, ame a seu próximo como a si mesmo. Não faça ao outro aquilo que você não quer que façam a você. 3. Este é o ensinamento derivado dessas palavras: bendiga aqueles que o amaldiçoam, reze por seus inimigos e jejue por aqueles que o perseguem. Ora, se você ama aqueles que o amam, que graça você merece? Os pagãos também não fazem o mesmo? Quanto a você, ame aqueles que o odeiam e assim você não terá nenhum inimigo. 4. Não se deixe levar pelo instinto. Se alguém lhe bofeteia na face direita, ofereça-lhe também a outra face e assim você será perfeito. Se alguém o obriga a acompanhá-lo por um quilometro, acompanhe-o por dois. Se alguém lhe tira o manto, ofereça-lhe também a túnica. Se alguém toma alguma coisa que lhe pertence, não a peça de volta porque não é direito. 5. Dê a quem lhe pede e não peças de volta pois o Pai quer que os seus bens sejam dados a todos. Bem-aventurado aquele que dá conforme o mandamento pois será considerado inocente. Ai daquele que recebe: se pede por estar necessitado, será considerado inocente; mas se recebeu sem necessidade, prestará contas do motivo e da finalidade. Será posto na prisão e será interrogado sobre o que fez... e daí não sairá até que devolva o último centavo. 6. Sobre isso também foi dito: que a sua esmola fique suando nas suas mãos até que você saiba para quem a está dando.

16

CAPÍTULO II

1. O segundo mandamento da instrução é: 2. Não mate, não cometa adultério, não corrompa os jovens, não fornique, não roube, não pratique a magia nem a feitiçaria. Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido. 3. Não cobice os bens alheios, não cometa falso juramento, nem preste falso testemunho, não seja maldoso, nem vingativo. 4. Não tenha duplo pensamento ou lin guajar pois o duplo sentido é armadilha fatal. 5. A sua palavra não deve ser em vão, mas comprovada na prática. 6. Não seja avarento, nem ladrão, nem fingido, nem malicioso, nem soberbo. Não planeje o mal contra o seu próximo. 7. Não odeie a ninguém, mas corrija alguns, reze por outros e ame ainda aos outros, mais até do que a si mesmo. CAPÍTULO III

1. Filho, procure evitar tudo aquilo que é mau e tudo que se parece com o mal. 2. Não seja colérico porque a ira conduz à morte. Não seja ciumento também, nem briguento ou violento, pois o homicídio nasce de todas essas coisas. 3. Filho, não cobice as mulheres pois a cobiça leva à fornicação. Evite falar  palavras obscenas e olhar maliciosamente já que os adultérios surgem dessas coisas. 4. Filho, não se aproxime da adivinhação porque ela leva à idolatria. Não pratique encantamentos, astrologia ou purificações, nem queira ver ou ouvir sobre isso, pois disso tudo nasce a idolatria. 5. Filho, não seja mentiroso pois a mentira leva ao roubo. Não persiga o dinheiro nem cobice a fama porque os roubos nascem dessas coisas. 6. Filho, não fale demais pois falar muito leva à blasfêmia. Não seja insolente, nem tenha mente perversa porque as blasfêmias nasce m dessas coisas. 7. Seja manso pois os mansos herdarão a terra. 8. Seja paciente, misericordioso, sem maldade, tranquilo e bondoso. Respeite sempre as palavras que você escutou. 17

9. Não louve a si mesmo, nem se entrege à insolência. Não se junte com os poderosos, mas aproxima dos justos e pobres. 10. Aceite tudo o que acontece contigo como coisa boa e saiba que nada acontece sem a permissão de Deus. CAPÍTULO IV

1. Filho, lembre-se dia e noite daquele que prega a Palavra de Deus para você. Honre-o como se fosse o próprio Senhor, pois Ele está presente onde a soberania do Senhor é anunciada. 2. Procure estar todos os dias na companhia dos fiéis para encontrar  forças em suas palavras. 3. Não provoque divisão. Ao contrário, reconcilia aqueles que brigam entre si. Julgue de forma justa e corrija as culpas sem distinguir as pessoas. 4. Não hesite sobre o que vai acontecer. 5. Não te pareças com aqueles que dão a mão quando precisam e a retiram quando devem dar. 6. Se o trabalho de suas mãos te rendem algo, as ofereça como reparação pelos seus pecados. 7. Não hesite em dar, nem dê reclamando porque, na verdade, você sabe quem realmente pagou sua recompensa. reverência, como à própria imagem de Deus. 11. Deteste toda a hipocrisia e tudo aquilo que não agrada o Senhor. 12. Não viole os mandamentos dos Senhor. Guarde tudo aquilo que você recebeu: não acrescente ou retire nada. 13. Confesse seus pecados na reunião dos fiéis e não comece a orar  estando com má consciência. Este é o caminho da vida.

18

CAPÍTULO V

1. Este é o caminho da morte: primeiro, é mau e cheio de maldições homicídios, adultérios, paixões, fornicações, roubos, idolatria, magias, feitiçarias, rapinas, falsos testemunhos, hipocrisias, coração com duplo sentido, fraudes, orgulho, maldades, arrogân cia, avareza, palavras obscenas, ciúmes, insolência, altivez, ostentação e falta de temor de Deus. 2. Nesse caminho trilham os perseguidores dos justos, os inimigos da verdade, os amantes da mentira, os ignorantes da justiça, os que não desejam o bem nem o justo julgamento, os que não praticam o bem mas o mal. A calma e a paciência estão longe deles. Estes amam as coisas vãs, são ávidos por recompensas, não se compadecem com os pobres, não se importam com os perseguidos, não reconhecem o Criador. São também assassinos de crianças, corruptores da imagem de Deus, desprezam os necessitados, oprimem os aflitos, defendem os ricos,   julgam injustamente os pobres e, finalmente, são pecadores consumados. Filho, afaste-se disso tudo.

CAPÍTULO VI

1. Fique atento para que ninguém o afaste do caminho da instrução, pois quem faz isso ensina coisas que não pertencem a Deus. 2. Você será perfeito se conseguir carregar todo o jugo do Senhor. Se isso não for possível, faça o que puder. 3. A respeito da comida, observe o que puder. Não coma nada do que é sacrificado aos ídolos pois esse culto é destinado a deuses mortos.

A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA CAPÍTULO VII

1. Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Esp írito Santo.

19

2. Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder  batizar com água fria, faça com água quente. 3. Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 4. Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias. 5. CAPÍTULO VIII

1. Os seus jejuns não devem coincidir com os dos hipócritas. Eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana. Porém, você deve jejuar no quarto dia e no dia da preparação. 2. Não reze como os hipócritas, mas como o Senhor ordenou em seu Evangelho. Reze assim: "Pai nosso que estás no céu, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai nossa dívida, assim como também perdoamos os nossos devedores e não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do mal porque teu é o poder e a glória para sempre". 3. Rezem assim três vezes ao dia.

CAPÍTULO IX

1. Celebre a Eucaristia assim: 2. Diga primeiro sobre o cálice: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por causa da santa vinha do teu servo Davi, que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre". 3. Depois diga sobre o pão partido: "Nós te agradecemos, Pai nosso, por  causa da vida e do conhecimento que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre. 4. Da mesma forma como este pão partido havia sido semeado sobre as colinas e depois foi recolhido para se tornar um, assim também seja 20

reunida a tua Igreja desde os confins da terra no teu Reino, porque teu é o poder e a glória, por Jesus Cristo, para sempre". 5. Que ninguém coma nem beba da Eucaristia sem antes ter sido batizado em nome do Senhor pois sobre isso o Senhor disse: "Não dêem as coisas santas aos cães".

CAPÍTULO X

1. Após ser saciado, agradeça assim: 2. "Nós te agradecemos, Pai santo, por teu santo nome que fizeste habitar  em nossos corações e pelo conhecimento, pela fé e imortalidade que nos revelaste através do teu servo Jesus. A ti, glória para sempre. 3. Tu, Senhor onipotente, criaste todas as coisas por causa do teu nome e deste aos homens o prazer do alimento e da bebida, para que te agradeçam. A nós, orém, deste uma comida e uma bebida espirituais e uma vida eterna através do teu servo. 4. Antes de tudo, te agradecemos porque és poderoso. A ti, glória para sempre. 5. Lembra-te, Senhor, da tua Igrreja, livrando-a de todo o mal e aperfeiçoando-a no teu amor. Reúne dos quatro ventos esta Igreja santificada para o teu Reino que lhe preparaste, porque teu é o poder e a glória para sempre. 6. Que a tua graça venha e este mundo passe. Hosana ao Deus de Davi . Venha quem é fiel, converta-se quem é infiel. Maranatha. Amém." 7. Deixe os profetas agradecerem à vontade.

21

A VIDA EM COMUNIDADE CAPÍTULO XI

1. Se vier alguém até você e ensinar tudo o que foi dito anteriormente, deve ser acolhido. 2. Mas se aquele que ensina é perverso e ensinar outra doutrina para te destruir, não lhe dê atenção. No entanto, se ele ensina para estabelecer  a justiça e conhecimento do Senhor, você deve acolhê -lo como se fosse o Senhor. 3. Já quanto aos apóstolos e profetas, faça conforme o princípio do Evangelho. 4. Todo apóstolo que vem até você deve ser recebido como o próprio Senhor. 5. Ele não deve ficar mais que um dia ou, se necessário, mais outro. Se ficar três dias é um falso profeta. 6. Ao partir, o apóstolo não deve levar nada a não ser o pão necessário para chegar ao lugar onde deve parar. Se pedir dinheiro é um falso profeta. 7. Não ponha à prova nem julgue um profeta que fala tudo sob inspiração, pois todo pecado será perdoado, mas esse não será perdoado. 8. Nem todo aquele que fala inspirado é profeta, a não ser que viva como o Senhor. É desse modo que você reconhece o falso e o verdadeiro profeta. 9. Todo profeta que, sob inspiração, manda preparar a mesa não deve comer dela. Caso contrário, é um falso profeta. 10. Todo profeta que ensina a verdade mas não pratica o que ensina é um falso profeta. 11. Todo profeta comprovado e verdadeiro, que age pelo mistério terreno da Igreja, mas que não ensina a fazer como ele faz não deverá ser julgado por você; ele será julgado por Deus. Assim fizeram também os antigos profetas. 12. Se alguém disser sob inspiração: "Dê-me dinheiro" ou qualquer outra coisa, não o escutem. Porém, se ele pedir para dar a outros necessitados, então ninguém o julgue.

22

CAPÍTULO XII

1. Acolha toda aquele que vier em no me do Senhor. Depois, examine para conhecê-lo, pois você tem discernimento para distinguir a esquerda da direita. 2. Se o hóspede estiver de passagem, dê-lhe ajuda no que puder. Entretanto, ele não deve permanecer com você mais que dois ou três dias, se necessário. 3. Se quiser se estabelecer e tiver uma profissão, então que trabalhe para se sustentar. 4. Porém, se ele não tiver profissão, proceda de acordo com a prudência, para que um cristão não viva ociosamente em seu meio. 5. Se ele não aceitar isso, trata-se de um comerciante de Cristo. Tenha cuidado com essa gente!

CAPÍTULO XIII

1. Todo verdadeiro profeta que queira estabelecer -se em seu meio é digno do alimento. 2. Assim também o verdadeiro mestre é digno do seu alimento, como qualquer operário. 3. Assim, tome os primeiros frutos de todos os produtos da vinha e da eira, dos bois e das ovelhas, e os dê aos profetas, pois são eles os seus sumos-sacerdotes. 4. Porém, se você não tiver profetas, dê aos pobres. 5. Se você fizer pão, tome os primeiros e os dê conforme o preceito. 6. Da mesma maneira, ao abrir um recipiente de vinho ou óleo, tome a primeira parte e a dê aos profetas. 7. Tome uma parte de seu dinheiro, da sua roupa e de todas as suas posses, conforme lhe parecer oportuno, e os dê de acordo com o preceito.

23

CAPÍTULO XIV

1. Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter  confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro. 2. Aquele que está brigado com seu companheiro não pode juntar -se antes de se reconciliar, para que o sacrifício oferecido não seja profanado. 3Esse é o sacrifício do qual o Senhor disse: "Em todo lugar e em todo tempo, seja oferecido um sacrifício puro porque sou um grande rei - diz o Senhor - e o meu nome é admirável entre as nações".

CAPÍTULO XV

1. Escolha bispos e diáconos dignos do Senhor. Eles devem ser homens mansos, desprendidos do dinheiro, verazes e provados pois também exercem para vocês o ministério dos profetas e dos mestres. 2. Não os despreze porque eles têm a mesma dignidade que os p rofetas e os mestres. 3. Corrija uns aos outros, não com ódio, mas com paz, como você tem noEvangelho. E ninguém fale com uma pessoa que tenha ofendido o próximo; que essa pessoa não escute uma só palavra sua até que tenha se arrependido. 4. Faça suas orações, esmolas e ações da forma que você tem no Evangelho de nosso Senhor.

O FIM DOS TEMPOS CAPÍTULO XVI

1. Vigie sobre a vida uns dos outros. Não deixe que sua lâmpada se apague, nem afrouxe o cinto dos rins. Fique preparado porque você não sabe a que horas nosso Senhor chegará. 2. Reúna-se com freqüência para que, juntos, procurem o que convém a vocês; porque de nada lhe servirá todo o tempo que viveu a fé se no último instante não estiver perfeito. 24

3. De fato, nos últimos dias se multiplicarão os falsos profetas e os corruptores, as ovelhas se transformarão em lobos e o amor se converterá em ódio. 4. Aumentando a injustiça, os homens se odiarão, se perseguirão e se trairão mutuamente. Então o sedutor do mundo aparecerá, como se fosse o Filho de Deus, e fará sinais e prodígios. A terra será entregue em suas mãos e cometerá crimes como jamais foram cometidos desde o começo do mundo. 5. Então toda criatura humana passará pela prova de fogo e muitos, escandalizados, perecerão. No entanto, aqueles que permanecerem firmes na fé serão salvos por aquele que os outros amaldiçoam. 6. Então aparecerão os sinais da verdade: primeiro, o sinal da abertura no céu; depois, o sinal do toque da trombeta; e, em terceiro, a ressurreição dos mortos. 7. Sim, a ressurreição, mas não de todos, conforme foi dito: "O Senhor virá e todos os santos estarão com ele". 8. Então o mundo assistirá o Senhor chegando sobre as nuvens do céu.

25

View more...

Comments

Copyright ©2017 KUPDF Inc.
SUPPORT KUPDF