Dez Lições sobre Peter Sloterdijk.rtf
Short Description
Download Dez Lições sobre Peter Sloterdijk.rtf...
Description
Paulo Ghiraldelli Jr.
Dez Lições sobre Peter Sloterdijk
2016 Petrópolis ditora !ozes
Su"#rio
Introdução Lição 1. As fases do pensamento sloterdijkiano Lição 2. Contraponto com Zizek e o projeto da da Esferologia Lição . Como nasce a noção de justiça! Lição ". #esson$ncia% #esson$ncia% antropot&cnica antropot&cnica e 'astardia 'astardia Lição (. )ociedade da le*eza e su'jeti*idade Lição + . ,eteronarcisismo a partir de Emerson e -ietzsce Lição /. Thymos *ersus Eros Lição 0. A sociedade do fisco *oluntrio Lição . A li'erdade Lição 13. 4eorias da 5erdade e a contri'uição de 6eter )loterdijk Consideraç7es Consideraç7es finais
6ara a 8ran% muler tam'&m das oras dif9cieis% pela con*ersação so're 6eter )loterdijk% 6ara o 6aulo 8rancisco% pelas o'ser*aç7es cr9ticas. 6ara todos os mem'ros do CE8A% pelas jornadas sloterdijkianas.
$%troduç&o
Em 233+ #icard #ort: e eu t9namos um encontro marcado. Aconteceria Aconteceria no ;rasil% por ocasião do lançamento de um li*ro de ensaios nossos. #ort: esta*a com uma passagem nas mãos% fornecida por um e*ento em ;uenos Aires e% então% como era de seu feitio% sempre sempre muito sol9cito sol9cito e fraterno% fraterno% usaria o *oo para tam'&m estar em )ão 6aulo. 4udo 4udo esta*a 'em arranjado% mas o destino nos atropelou. ames m&dicos para o'ser*ar direito a?uele inc@modo dirio. Logo então ele me escre*eu% a*isandome ?ue os e>ames a*iam detectado um c$ncer inoper*el e incur*el no c&re'ro. 8oi um ano dur9ssimo para ele% para todos nBs seus amigos% at& a sua morte em 233/. #ece'i dele nesse per9odo *rias not9cias% e então uma carta final agradecendo a amizade e tudo ?ue a*ia sido feito por sua o'raD. 5eio o falecimento de ick #ort: e% logo depois% to re*elando o conteFdo da carta ?ue ele a*ia rece'ido do amigo americano. A carta carta rece' rece'ida ida por ,a' ,a'erm ermas as trou>e trou>e uma peculi peculiari aridad dadee propos proposita ital. l. -ela% -ela% #ort: #ort: começa dizendo ?ue sofria da mesma doençaD ?ue a*ia pouco atingido e matado p7e ,a'ermas% #ort: conta ?ue sua fila% numa piada maca'ra% disse ?ue seu c$ncer ad*eio de tanto ler ,eidegger. ,a'ermas tomou a?uilo como ?ue uma forma de a'randar a not9cia do c$ncer. Gas% como conecia 'em #ort:% sa'ia ?ue não foi e>clusi*amente por isso. Creio ?ue ,a'ermas tam'&m sa'ia% claro. ,a'ermas nunca engoliu a filosofia *inda de -ietzsce e ,eidegger% e de certo modo aca*a ?ue o ?ue errida fazia era a morte da filosofia. iferentemente de ,a'ermas% #ort: separa*a de modo forte o ?ue & filosofia e o ?ue & posição pol9tica. -unca *iu nos filBsofos ?ue ,a'ermas toma*a como ad*ersrios outra coisa senão um deslum'rante mundo da refle>ão necessria da filosofia pBsmetaf9sica e% de certo modo% tam'&m pBs positi*ista% o modo de filosofar ?ue% podemos dizer% de*e estar para al&m da morte de eusD anunciada por -ietzsce.
Em meio a esse assunto% me *i interessado pelo curioso te>to de 6eter )loterdijk so're a tal carta rece'ida por ,a'ermas. 1 )loterdijk apana as duas partes centrais citadas por ,a'ermas% a referente a errida e a referente a ,eidegger. )o're este Fltimo ponto% )loterdijk lem'ra o lugar comum ?ue & falar ?ue algu&m pode morrer de doenças da alma% na admissão de ?ue leituras podem afetar o corpo e trazer mol&stias. Admitese a9 ?ue esse tipo de sa'er so're a relação leituraesp9ritocorpo% ?ue tomamos Hs *ezes de modo folclBrico e somente como uma forma de e>pressão% te*e l sua istBria na ?ual foi le*ado a s&rio% mostrando o ?ue seria% na linguagem atual% efeito de uma reação psicosomtica. Assim% ler algo na lina de ,eidegger% ,eidegger% um filBsofo ?ue *i*e sendo acusado de pouco apreço pela democracia li'eral% não seria nada al*issareiro% sB poderia mesmo trazer% para li'erais% algum resultado psicossomtico negati*o. E eis então ?ue se iria morrer da mesma doençaD ?ue atingiu errida. C$ncer! )im% mas um c$ncer pro*ocado por um um tumor nitidamente eideggeriano. eideggeriano. Com tais dados nas mãos% )loterdijk conjectura como seria para errida ou*ir tudo isso. prBprio )loterdijk apro*eita essas conjecturas para então dizer ?ue tudo a9 tem a *er com um sa'er ?ue em tempos pr&anal9ticos seria do campo da mgica% com resultados ?ue oje colocamos no campo da psicossomtica ou neuropsicoimunologia. iz então ?ue% pela *ia da antropologia seria o caso de articular de modo moderno o ?ue% no sa'er *indo de crenças arcaicas% se postula*a como a ine>istJncia da morte natural. 6or tais crenças% cada morte se de*e a um esp9rito maligno ?ue corta o fio da *ida das pessoas de forma ar'itrriaD. Assim% cada morte foi o'ra do mal% uma maldição% um *eneno administradoD K no caso% presentes filosBficos dados por um ?u9mico alemão suspeitoD% dono de uma prtica ?ue% se in*estigada% de*e 'ater l na antiga farmcia f armcia plat@nica. )loterdijk diz ?ue uma tal conclusão do caso% cujo centro & a piada da fila de #ort:% pode soar um pouco pouco surrealistaD e tal*ez at& at& intelectualmente irrespons*elD. irrespons*elD. 4oda*ia% 4oda*ia% ele insiste% o peso para aceitla e le*la a s&rio aparece ao pensarmos ?ue a relação entre leitura e leitor tem a *er com algum processo ?ue nossa linguagem% não H toa% Hs *ezes *ezes relaci relaciona ona ao meta'o meta'olis lismo. mo. A leitur leituraa seria seria então então um ato de ane>aç ane>ação ão%% com conse?uJncias dramticas. 6ara entendermos isso% nessa lina% diz ele% poder9amos lem'rar do aparato organicista e psicossomticoD% ?ue *iria de )celling a 8reud passando por )copenauer% )copenauer% respons*el por circunscre*er transformaç7es de risco geradas atrs das costas do sujeitoD. 8ormarseia então% segundo esse sa'er% algo como r eferenciados a?ui% estão todos em )loterdijk% 1 s comentrios da carta% referenciados
6. er enker im )pukscloM. N'er erridas 4raumdeutung. In Was geschah im 20. Jahrhundert? ;erlin )urkamp 5erlag% 231+ .
?ue depBsitos neuronais para a memBria% sendo sB uma parte represent*el% e a outra parte ficaria permanentemente permanentemente no campo do irrepresent*el% e sendo justamente esta a parte produtora de conse?uJncias conse?uJncias gra*es no comportamento das pessoas. Assim% em uma consideração melorada de uma teoria to>icolBgica psicanal9tica e psicodin$mica% a *ida total espiritual seria um drama meta'Blico sutilD. -ada senão um longo proceso de *enenos e ant9dotos. 4oda essa e>posição de )loterdijk diz muito do ?ue ele pensa so're o modo como de*emos interpretar a *ida umana. , de se le*ar a s&rio a antropologia e% portanto% *er as articulaç7es entre o moderno e o arcaico% os sa'eres mgicos e os sa'eres de nossa mgica moderna% as ciJncias% com isso% seria 'om considerar toda uma interrelação entre as linguagens da religião% da mitologia% dos sonos de outrora% da literatura atual e antiga% das 'iografias e casos particulares istBricos% ?ue podem 'em ser tratados por algu&m ?ue% enfim% al&m disso tudo% conece 'em a istBria da filosofia. E se não se pode fazer isso como no caso de certo procedimento das ciJncias positi*as positi*istas% ?ue colocam entre os sa'eres uma ierar?uia epistemolBgica r9gida% então% de se *er outros meios. ?ue se pode fazer & mesmo um tipo de recorrente reconstrução fantsticaD% algo ?ue% sem medo% a're portas para a'ordagens ?ue soam surrealistas. Afinal% se não fosse assim% ter9amos ?ue simplesmente desconsiderar a piada da fila de #ort:% tomandoa como simples piada. Gas se todo esse sa'er não & e*ocado assim% o ciste da fila de #ort: nem como piada ser*iria. A piada & uma 'oa piada por?ue pode ser le*ada a s&rio% uma esp&cie esp&cie de a*iso j se sa'ia muito ?ue a leitura into>ica% into>ica% e o faz num todo% por isso mesmo reaç7es psicossomticas. sa'er popular so're isso não de*e ser jogado fora% mas posto nas suas transformaç7es% tr ansformaç7es% no ?uanto se atualizou por ciJncia e por ciste no nosso *oca'ulrio atual. Esse modo de fazer filosofia% ?ue tem com errida e #ort: a semelança de tam'&m ser pBsmetaf9sico% difere de am'os por?ue não se trata totalmente do procedimento da desconstrução ou do procedimento da ironia% respecti*amente t9picos de am'os% pois apela efeti*amente para o ?ue se pode camar de surrealismo. Algo ?ue parece uma terceira *ia entre as prticas filosBficas do argelino e do americano% prticas ?ue se parecem por meio da semelança semelança de fam9liaD K irmãos irmãos e primos são iguais iguais de um modo desigual ?ue não conseguimos e>plicar. -ão sa'emos 'em no ?ue se parecem e no ?ue diferem. A reconstrução reconstrução fantsticaD & o procedimento prBprio de )loterdijk%o ?ue le d um carme especial como um filBsofo do s&culo OOI% algu&m ?ue se autointitula um
macroistoriador% um intelectual ?ue diz como se pode fazer% de um modo at& então impe impens nsad ado% o% a filo filoso sofi fiaa em um mund mundoo inte intele lect ctua uall ?ue ?ue j e>pe e>perim rimen ento touu iron ironia ia e desconstrução.
Liç&o 1. 's (ases do pe%sa"e%to sloterdijkia%o
6eter )loterdijk nasceu em 1"/ em Parlsrue% na Alemana. Estudou filosofia e literatura alemã em Guni?ue e ,am'urgo. Completou seu doutorado em 1/+ e este*e na Qndia por algum tempo% onde *i*eu uma e>periJncia ?ue ele prBprio ?ualifica ter sido muito importante no sentido de dei>ar o am'iente pessimista e culpado da Alemana. Em 10 10 pu'l pu'lic icou ou o Crítica da razão cínica % ?ue *endeu 123 mil cBpias sB na Alemana% depois foi traduzido e pu'licado em di*ersos outros pa9ses. Entre 2332 e 2312 fez o programa tele*isi*o mensal Das Philosohy !uartett % junto com seu amigo filBsofo e istoriador #Rdiger )afranski. 6remiado por *rias inst$ncias com onrarias antes oferecidas a filBsofos como Sadamer% ,anna Arendt e ,a'ermas% e tendo uma *asta o'ra% )loterdijk tornouse em 2331 o reitor da =ni*ersidade de Artes e esign de Palsrue. Em seus tra'alos% não dei>a enco'erta a sua filiação intelectual H geração de 1+0. 4oda*ia% esse *9nculo se esta'eleceu com certa dist$ncia tanto das alas mar>istas ?uanto das alas anar?uistas ou de inspiração terrorista. )entese confort*el na compania de -ietzsce% & um reformulador ousad9ssimo ?ue escre*e com ,eidegger contra ,eidegger% mant&mse como um leitor ass9duo de errida e um tra'alador intelectual ?ue% não raro% en*ereda por temas prBprios de 8oucault e pelo apreço da metodologia e disposição intelectual de ,usserl. 6odemos tam'&m notar nele% a?ui e ali% alguma influJncia de )artre. Articula sa'eres de todos os tipos em sua narrati*a% em uma erudição profunda ?ue e>trapola o ?ue comumente se nota at& mesmo nos ?ue culti*am propositalmente um sa'er orizontalmente orizontalmente *asto. =ma das caracter9sticas marcantes da narrati*a de )loterdijk foi notada pelo filBsofo ;runo Latour% ?ue acertou ao dizer ?ue o alemão tem um certo prazer em ler metforas de modo literal. 2 4am'&m tem um prediposição para definir e redefinir certas noç7es% 4oTard a 2 Latour% ;. A Cautious 6rometeus! A 8eT )teps 4oTard
6ilosop: of esign UTit )pecial Attention to 6eter )loterdijkV. In 8iona ,ackne% ar os donos da dial&tica ou do m&todo da refutação socrtico em'as'acados. em'as'acados. Alis% essa situação & recuperada por )loterdijk para lem'rar da paralisia da 4eoria Cr9tica diante de restos do (ynismos. urante as re*oltas estudantis de 1+0+% Adorno foi surpreendido em sala de aula não por um discurso de protesto% mas por uma aluna ?ue a'riu a 'lusa e desnudou os seios. filBsofo não sou'e o ?ue fazer. Claro ?ue esse tipo de atitude% a da aluna% & de *alidade datada. =ma *ez continuada e repetida% gera o pro'lema do (ynismos como & ?ue & dometicado e in*ertido% transformandose em cinismo. Gas% o ?ue importa nesse episBdio% para )loterdijk% & ?ue na?uele momento% sua semelanç semelançaa com a prtica de ionenes ionenes de )inope )inope se fez sentir% sentir% e ele *iu ali os limites da 4eoria Cr9tica. l9der da 4eoria Cr9tica foi empurrado para a?uilo ?ue o senso comum pedia came todos de 'aderneiros% \fascistas *ermelos]% e tudo se resol*e. ra% a 4eoria 4eoria Cr9tica tina de fazer algo melor ?ue isso. -ão fez. fez. -ão tina resposta para o (ynismos. Agiu como o senso comum pedia. Em uma segunda fase do seu itinerrio% )loterdijk deslocase para uma anlise da modernidade j não tão diretametne centrada no Iluminismo. s estudos antropolBgicos crescem de import$ncia para ele. A ideia de ?ue & necessrio dar atenção para alguma coisa como imunidadeD% como uma tarefa e 'usca do omem% se faz sentir em estudos filosBficos e istBricos so're omeopatia. Guito dessa fase est na con*ersa com Carlos li*eira% pu'licada no Ensaios so*re a into+i,ão -oluntria -oluntria % de 1(. -a terceira fase% ?ue englo'a o projeto da trilogia das Es"eras e outros importantes li*ros% li*ros% os processos processos de imunizaçã imunizaçãoo são tomados tomados a partir de um estudo do espaço. espaço. =m retrato mais amplo da modernidade parece ser um ponto de partida para a confecção dos escritos desse per9odo% entre 10 e o momento atual. )loterdijk ?ualifica a formação espacial da modernidadeD como uma descrição ?ue tem por 'ase a ideia de ?ue no processo ci*ilizacional% a e>terioridade su'stitui a interi interiori oridad dadeD. eD. Gas isso% isso% num sentid sentidoo 'em espec9 espec9fic fico o uma uma das carac caracter ter9st 9stica icass essenciais da sBciot&cnica & a reprodução das prestaç7es maternas num meio não maternoD. esse modo% a modernidade est no fato de su'stituirmos maternidade% no sentido lato da e>pressão% por procedimentos t&cnicosD. A mãe% a 'iomecenas% & su'stitu9da por um sistema artificial de mecenatoD. E isso% claro% por?ue os omens são 3 )loterdijk%
6. Crítica da razão cínica . )ão 6aulo Estação Li'erdade% 2312% p. 1((. 4radução do original /riti( der zynischen ernun"t. 5erlag% 10. ernun"t. 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag%
criaturas ?ue dirigem as suas e>igJncias para um meio am'iente orientado para o mimo% um mecenato 'iolBgico ?ue graças aos outros e a uma estrutura de imunidade & capaz de proporcionar rendimentos tanto 'iolBgicos ?uanto sociaisD. A modernidade apre aprese sent ntaa um traç traçoo de comp comple letu tude de%% de aca' aca'am amen ento to%% mas mas tam' tam'&m &m situ situaç aç7e 7ess de preocupação e desesperança. desesperança. 4al*ez 4al*ez fosse o caso de se pensar% pensar% com olar antropolBgico% ?ue todo infantic9dio & perpetrados pelas mãesD% e de como as coisas podem dar errado. Então% podese notar a 'usca pela su'stituição de mecenatos primrios por mecenatos secund secundri rios. os. As mães mães são trocad trocadas as por mães mães su'st su'stitu itutas tas%% as pessoa pessoass por deuse deuses% s% m?uinas e sistemas de solidariedade. Assim% num primeiro momento% a modernidade% diz )loterdijk% & animada animada psicodinamicamente psicodinamicamente pela pela necessidade necessidade de se emancipar emancipar da escassez dos primeiros mecenatos maternaisD. Então% o deus das religi7es de redenção foi o primeiro mecenas secundrioD% mas tam'&m se mostrando como poss9*el de ser su'stitu9do. A modernidade começa pelo conecimento do fato de ?ue eus pode ser su'stitu9doD" )e assim &% então falar da istBria umana & falar das agruras desse processo e% diante da desproteção ?ue se pode notar nessa a*entura% incorporar a função do filBsofo como ?ue nota os espaços ?ue foram postos a?ui e ali para ocuparem funç7es de mecenato% mimo% ou seja% espaços imunitrios. )loterdijk )loterdijk diz ?ue ele d o t9tulo de \m&dico \m&dico da cultura]% cultura]% antecipada antecipadamente mente%% a 6latão% 6latão% o imunologista da era metaf9sicaD% pois foi o primeiro a e>plicar o uni*erso% o cosmos% como uma forma de imunidade. Assim% entende ?ue a ?uestão ?ue se nos coloca & a seguinte como podemos imunizarmonos se j não dispomos de uma forma f orma de proteção ou de solidariedade tão forte como a?uela ?ue 6latão uma *ez camou de \cosmos] ou a?uele ?ue% entre os cristãos% se cama*a \eus]!D ( -esse caso% o filBsofo tornase um animador de lugares especiais% os lugares ?ue se p7e como imunizados. Isso por ?ue o omem e% nesse caso% mais *isi*elmente o omem moderno% & algu&m ?ue se desen*ol*e em um interior ?ue & um espaço de mimos. =m dos ei>os centrais da o'ra mais recente de )loterdijk &% como ele mesmo diz% a 'usca pelas fontes reais dos atos de solidariedade. + 5J 5Js see entã entãoo dian diante te de uma uma 4 )loterdijk%
6. 1 sol e a morte . Lis'oa #elBgio ]gua Editores% 233/% p. 1/". riginal ie )onne und der 4od. 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag% 5erlag% 2331. )empre ?ue poss9*el% darei preferJncia H *ersão em portuguJs dispon9*el. 5 Idem% i'idem% p. 1//. ) loterdijk para 8rank ,artmannn e Plauss 4ascTer 4ascTer pu'licada na re*ista 4elepolis 6 Entre*ista de 6eter )loterdijk 0XjunoX233". ispon9*el em ttpXXTTT.eise.deXtpXartikelX1/X1/(("X1.tml ttpXXTTT.eise.deXtpXartikelX1/X1/(("X1.tml.. , *ersão em inglJs em
transmutação de sua id&ia de filBsofo% pois se toma como uma esp&cie de macro istoriador ?ue ?uer entender como% apesar de nosso indi*idualismo moderno% não caminamos para uma completa desagregação social K uma pergunta ?ue tam'&m foi a de urkeim% e ?ue )loterdijk assume pela *ia de Garcel Gauss% em especial seu estudo clssico so're a ddi*a ou dom. 5emos 5emos nisso um tra'alo ?ue difere dos ?ue seguem os c$nones contempor$neos tão difundidos academicamente% ?ue são dados pelas matrizes da psicanlise e do mar>ismo. 6or causa dessa situação% H primeira *ista seu tra'alo pode parecer conser*ador% conser*ador% uma *ez ?ue não se adapta de imediato ao ?ue tomamos como sa'er da moderna teoria social% a luta de classesD e o inconscienteD. Ao ler )loterdijk% ?uem fica com essa impressão% est errado. Ao contrrio do ?ue pode parecer H primeira *ista% seu te>to nada tem de conser*ador. 67ese como um socialdemocrata ?ue ?uer uma sociedade capaz de ir al&m da manutenção de 'enef9cios por meio da imposição% mas por meio da generosidade das pessoas% não necessarimente da pol9tica do estado. Ao lado disso% )loterdijk & um filBsofo preocupad9ssimo com a li'erdade% cegando mesmo a dizer ?ue tal*ez ela seja importante demais para ser dei>ada nas mãos dos li'erais.
Liç&o 2. )o%trapo%to )o%trapo%t o *o" +izek e o projeto da s(erolo,ia
pensador )la*oj Zizek se diz interessado em comunismo% )loterdijk fala em co imunismo. Zizek e )loterdijk não são cientistas sociais% mas filBsofos. 6or isso mesmo% em adendo Hs suas maneiras de a'ordar fen@menos umanos% suas teorias cont&m algo ?ue pode ser lido como uma esp&cie de proposta. Comunismo de um e coimunismo de outro% portanto% são antes de tudo formulaç7es ?uaseutBpicas 'aseadas no romance do rumo social moderno. / Am'os entendem ?ue & poss9*el falar de uma ^crise da cultura ocidental^. Zizek diz ?ue est ^menos interessado em procurar por _coimunismo_ do ?ue em re*i*er a ideia do *erdadeiro comunismoD. Esse ^*erdadeiro comunismo^ tem a *er% ele diz% mais com )loterdijk% 6. 6. )elected e>aggerations. Galden G alden UGAV 6olit:% 231+% cap. 1. 7 As di*ergJncias apontadas a?ui entre Zizek e )loterdijk tem como 'ase a con*ersa entre eles em entre*ista a -icolas 4ruong% pu'licada no jornal francJs e 3onde% em 20 de maio de 2311. Essa entre*ista est dispon9*el em francJs na Internet e em inglJs no li*ro )loterdijk% 6. 6. 'elected E+aggeration. Cam'ridge 6olit:% 231+% ?ue & *ersão de $usge45hlte 6*ertrei*ungen 6*ertrei*ungen 7899:;2088 7899:;2088V. ;erlim )urkamp 5erlag% 231.
Pafka ?ue com )talin. Ele lem'ra de _ito do cristianismo[ trata se da defesa de uma comunidade igualitria en?uanto um 'om e natural modo de se *i*er. *i*er. Ele diz ^represento uma religião sem eus% um comunismo sem mestres^. 6or sua *ez% )loterdijk fustiga essa tese de Zizek% claro% lem'rando ?ue esse tipo de comunidade faz surgir as conecidas acusaç7es de eresia e o ^Inde>^. E eresia &% desde seu primeiro momento% imposição de seleção% portanto% o fim da igualdade inicial. Claro ?ue% como o prBprio )loterdijk não esconde% sua leitura a respeito do comunismo coloca uma tal ideia antes de tudo como *inculada H pro'lemtica noção de _religião da umanidade_% de #ousseau. 0 )a'emos 'em o ?uanto tal noção% deri*ada da ideia de 5ontade Seral % ser*iu ao 4error francJs e ao 4error leninistaestalinista. Al&m do mais% o sentido de comunidade cristãD% para )loterdijk% est ligada a uma união ?ue se faz pelo medo da morte Ue ?ue 'usca *encJlaV% algo não muito al*issareiro como forma de unir pessoas. medo pro*oca falsa união. )e & para e*ocar força religiosa% )loterdijk prefere *er as coisas por uma Btica ?ue% como ele mesmo diz% introduza ^pragmatismo^ na forma de tomar as crenças. Com isso% ele e>plica sua proposta de um futuro poss9*el no seu *9nculo ao coimunismo. A auto imunização seria um programa perseguido pelos saiens% e teria como componente o ascetismo indi*idual% a 'usca de automeloria pelo e>erc9cio. A prBpria istBria da figura da su'jeti*idade na filosofia e na filosofia social pertenceria a essa mo*imentação prBpria dos saiens. sujeito & um esforçarse% diz )loterdijk. 13 Gas% para entender uma tal perspecti*a% e o ?uanto ela e constru9da a partir de um paradigma ?ue Hs *ezes tem de ser mensurado sem a r&gua ?ue a*alia o projeto e>clusi*amente pol9tico e tradicional
8 comunismo se liga a uma ideia ?ue remete a #ousseau% em )loterdijk% mas isso não tem a *er com a
*ersão da *ulgata conser*adora ?ue liga a religião do omemD% do gene'rino% diretamente H filosofia de Gar>. 9 5ale a pena o leitor consultar a?ui% so're 5ontade Seral #aTls% lasen) lo*en e 'ch5ume U;olas% Slo'os e Espumas V. 12 Em todos os trJs li*ros% a morfologia fornece a Btica geral% sendo ?ue a pergunta 'sica 'sica & antes a de uma neontologia e não a da metaf9sica metaf9sica clssica ou moderna. A pergunta & antes de tudo ^onde estamos se estamos no mundo!^% e não mais ^o ?ue &!^ tal e tal coisa. -esse caso% emerge como central a noção de espaço% não de um ponto de *ista geom&trico ou f9sico% mas fantstico e surreal. primeiro *olume diz respeito Hs microesferas% o terreno da intimidade. )loterdijk dedicase a uma ^ar?ueologia da intimidade^% e 'usca uma resposta para a?uilo ?ue eu recolo de um autor ?ue le & caro% Gartin ;u''er. Este pensador aludiu a uma esp&cie de ^instinto de relação^% 1 ?ue apareceria em nBs ?uando crianças% antes de ?ual?uer ^socia ^socia'il 'ilida idade de^. ^. )e ?ue ?uerem remos os sa'er sa'er disso% disso% então então )loter )loterdij dijkk tem uma respos resposta ta a in*estigação da intimidade segundo uma ginecologia negati*aD ?ue *ai para o interior do Ftero% a construção de uma ontoantropologia fantsticaD e% por fim% a confecção de no*a psicologia% nos entrega a su'jeti*idade não mais como uma cpsula fecada so're um a'itante unitrio% mas% desde sempre% um aparato de resson$ncia de dois polos. )omos 'iunidades formadas no Ftero pela resson$ncia e o termo sonoroD não & H toa entre um A?ui e um Com% ou seja% entre o ?ue con*encionamos% modernamente% de camar de feto e placenta. )egund )egundoo )loter )loterdij dijk% k% esse esse sa'er sa'er a respei respeito to da intimi intimidad dadee se perdeu perdeu.. s modern modernos os desenaram a consciJncia como algo inde*ass*el% solitria% e geraram o indi*9duo com *ida pri*ada% pertencente a uma esp&cie de ^clu'e li'eral^[ fizeram da placenta um pedaço de carne a ser descartado. s antigos% ao contrrio% enterraram as placentas em r*ores para ?ue elas pudessem% pelo *egetal% manter *i*o o parceiro de crescimento da criança[ alimentaramse de placenta para não dei>la fugir da fam9lia[ criaram as 'andeiras Usim% nossas 'andeiras atuaisV a partir de um ca'o ?ue segura*a a placenta do 11 )o're o
conjunto da filosofia de )loterdijk *er Siraldelli pressão e>pressão popular todos os caminos le*am a #omaD. e ?ual?uer lugar se est na periferia de 14 termo clareira%
em ,eidegger% aparece principalmente na Carta so*re o &umanismo % e )loterdijk rep7e essa e>pressão a seu ser*iço na comunicação de 1% ?ue gerou enorme polJmica. , *ersão em portuguJs Begras ara o arue arue humano. )ão 6aulo Estação Li'erdade% 2333.
uma das Br'itas concJntricas% e por isso% todos os caminos são raios geom&tricos ?ue nos transportam ao centro filosBfico e pol9tico. )air desse registro se tornou% então% algo como uma 'lasfJmia esf&ricaD. -egar a esfera em forma de Br'ita% glo'o% era negar o imp&rio e mesmo eus. A antiesfera sempre foi o'ra do dem@nio. Gas% sa'ese muito 'em% um dia *eio a re*olução copernicana. eliocentrismo mostrou ao omem sua condição de recair no a'erto. =ma outra re*olução o fez *oltar se para si mesmo% tentar inter*ir em si mesmo na 'usca de uma poss9*el reconstrução da casa. 5eio o a'rir cad*eres% a no*a anatomia% o operarse K literal e metaforicamente. Gas esse projeto de 'usca de no*o interior para no*a imunidade tomou rumos não mais totalizantes. terceiro *olume mostra como ?ue a formaesfera totalizante se perde% e o ?ue passa a *aler são as pe?uenas c&lulas% ?ue at& podem ter alguma forma esf&rica% mas di*ersas outras% e>agonais etc. conjunto dessas c&lulas são as espumas. Elas são de maior concentração em determinados lugares do tapete da espuma% são menos concentradas em outras. A sociedade moderna e pBsmoderna & não propriamente uma \sociedade de massas]% como se diz% o ?ue en*ol*eria espaços sem respiração% mas uma sociedade de espumas% onde a respiração% a aclimatização% o ar condicionado e% enfim% as paredes finas finas%% cara caract cter eriz izam am a ar?u ar?uite itetu tura ra dos dos gran grande dess cong conglo lome mera rado doss ur'a ur'ano nos. s. nome nome glo'alização% nesse caso% & algo ?ue ola antes de tudo para o passado. moderno e pBsmoderno & espumante. , antes uma guerra de espumasD do ?ue uma glo'alização. s grandes edif9cios e os conjuntos de edif9cios nas grandes cidades mostram 'em isso. -asce a9 a morfologia pol9tica. Essa situação & regida pelo not*el aparecimento de patologia de esferas. 5ale a pena determonos nisso% ainda ?ue de maneira 're*e. anlise da patologia das esferas em uma &poca do reino das espumas centrase em trJs focos politicolBgico% cogniti*o e psicolBgico. -o primeiro campo% de*emos notar ?ue as espumas tendem a ser estruturas ingo*ern*eis com uma inclinação em direção H anar?uia morfolBgica. segundo foco & o dos indi*9duos e associaç7es de sujeitos ?ue não mais produzem ?ual?uer mundo completo em si mesmo[ se tornam então incapazes de se *erem num mundo como um todo% de caracter9sticas ol9ticas% como ocorria na era metaf9sica% j e>pirada% de c9rculos de total inclusão% as monosferas. terceiro foco% o psicolBgico% co're a emergJncia emergJncia dos indi*9duos indi*9duos como singlesD em 'olas ?ue tendem a perder o poder de formar espaços mentais emocionais. , então o encolimento desses
espaços em pontos transplantados para um meio am'iente aleatBrio. Esses singlesD sofrem sofrem de imuno imunode defic ficiJn iJncia cia causad causadaa pela pela deteri deteriora oraçã çãoo de solida solidaried riedade adesD. sD. 6ara 6ara pessoas pri*adas em esferas deficientes ou na falta de esferas% a *ida Ftil tornase uma sentença de confinamento solitrio[ o egos perdem e>tensão% tornamse escassamente ati*os e dei>am de serem participati*os% de modo a apenas olarem o e>terior pelas janelas da m9dia% *endo paisagens paisagens em mo*imento. mo*imento. )loterdijk lem'ra ?ue isso & t9pico de uma aguda cultura de massas cujo mo*imento de imagens tornaa muito mais animada do ?ue a maioria de seus o'ser*adores. Afinal% Afinal% diz ele% a reprodução do animismo anda junto com a modernidadeD. modernidadeD. Esse mundo das espumas% de imunidade deficiente% não est condenado a um tal destino. A *isã *isãoo de )lot )loter erdi dijk jk%% ?ue ?ue não não ca'e ca'e a?ui a?ui deta detal lar ar%% e>p7 e>p7ee como como surg surgem em no*a no*ass imunizaç7es atra*&s de participação na criação de esferas regeneradas. uanto ao diagnBstico de nosso tempo% podese fazer pontes% então% com o projeto de redes de ;runo Latour% com as anlises so're desoneração UcorporalV de Agam'en% com a *isão de 8oucault como *endo o nossos tempos como uma era de Jnfase no espaço e% enfim% a partir de uma perspecti*a ?ue não & anlise da mercadoriaD% com um certo culti*o das imagens como est na sociedade do espetculoD de e'ord. Gas% eu disse pontes% não filiaç7es ou sinonimias. 5oltando% então% Hs diferenças com Zizek 1(% o ?ue se coloca em pauta & a ?uestão da solidariedade. e fato% )loterdijk *J o seu prBprio projeto como uma narrati*a prB>ima ao campo da es?uerda. Ele afirma ?ue o projeto das Es"eras e>amina de onde *em as fontes dos atos reais de solidariedadeD. ?ue ele 'usca & compreender% a fim de e>pandir% e>pandir% a &tica da generosidadeD. Gas a generosidade% como ele a *J% não pode *ir do sentido da religião direcionada para um neocomunismo% como Zizek ad*oga. Esta% para )loterdijk% est infectada do *9rus da omogeneização K o ?ue & afirmado por Zizek em sua desconfiança para com o multiculturalismo K% ?ue tem a *er com a erança da religião do omemD de #ousseau. A generosidade de )loterdik ad*&m do processo de coimunização ?ue percorre o espacial desen*ol*imento umano% e ?ue tem por 'ase a recuperação de uma psicologia enterrada pela modernidade a figura psicolBgica do omem a partir do thymos% o omem desenado não apenas como um conflito entre razã razãoo e pai> pai>ão ão.. A forç forçaa do thymos% ?ue d o orgulo e a identidade% inclusi*e e principalmente a identidade espacial% *indo da audcia de ter guardado algo ?ue tem a 15 -a entre*ista j citada em 1.
*er com o espaço e com o ?ue le apetece neste% & alguma coisa ?ue não tem a *er somente com ressentimento Ucomo Zizek acreditaV% claro% mas e>atamente com 'ra*ura% sentido de cuidado% capacidade de colocar a fFria em fa*or do ?ue se ?uer prese*ar. Essa força tam'&m tem a *er com a automeloria% ou seja% o e>erc9cio intr9nseco H ascese% o aperfeiçoamento cont9nuo do ?ual não escapamos. Afinal% )loterdijk diz on onde
se
proc rocura ura
ome omens ns%%
encon ncontr traamos mos
acro cro'ata 'atasD sD.. 1+
Auto Au tosu supe pera raçã çãoo
e
autoaperfeiçoamento autoaperfeiçoamento são prBprios da ri?ueza do omem. Essa situação de *ida de 'iunidades em ascese so' uma cultura timBtica% ?ue 'usca co imunidades% pode gerar% então% uma cultura da generosidade. 4em tudo para isso. Encaminase para isso. A coimunização & uma 'usca por espaço de ampliação do mimo1/% sempre necessrio ao homo saiens ?ue% enfim% não & fruto e continuidade da falta% mas da a'und$ncia. -a a'und$ncia% ?ue & o ?ue temos na modernidade% como est claro na *isão de Sal'rait de nossa era% nada mais natural ?ue uma cultura de incenti*o H generosidade seja normal de *ingar. ar mais ?ue rece'er e fazer as coisas por doação e orguo de cuidado & mais inteligente e natural% para )loterdijk% ?ue ?ual?uer cultura ?ue 'us?ue o Estado para co'rar impostos crescentes para afirmar ?ue ir fazer o melor.10 -em o Estado de #aTls e nem o mercado de -ozick% mas% sim% o fisco *oluntrio.1 Gas% & claro% isso não ca'e na mente de Zizek% ele mesmo *9tima da ideia de mis&ria do omem em seu nascimento e em seu desen*ol*imento. Ele diz ?ue slo*enos como ele conece'em 'em% e apro*am% a lenda de ?ue um anjo aparece para um fazendeiro e diz ?ue ir le dar duas *acas% e o fazendeiro concorda e fica feliz% mas logo nega ao anjo o direito deste colocar ali as *acas% pois o ser di*ino promete tam'&m dar duas *acas ao *izino.
16 5er
a introdução de )loterdijk% 6. Du mut dein e*en 5ndern. 8rankfurt am Gains )urkamp 5erlag% 233. E>iste E >iste *ersão em inglJs ou must change your li"e . Galden UGAV UGA V 6olit:% 231. A editora Estação Li'erdade comprou os direitos de pu'licação para o portuguJs% e a tradução j foi feita% mas não data de pre*isão para a pu'licação. 17 mimo est presente nos trJs *olumes do projeto das esferas e de*e se associar aos modos da narrati*a da ontoantropologia de sloterdijk% desen*ol*ida no *olume III e% tam'&m% em Ficht gerettet gerettet . 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag% 5erlag% 2331. Essa ontoantropologia est tam'&m em )loterdijk% 6. Was geschah geschah im 20. Jahrhun Jahrhundert? dert? ;erlim )urkamp 5erlag% 231+. Ainda so're o mimo% um cap9tulo especial so're ele% na modernidade% no li*ro Im Yeltinnenraum des Papital. 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag% 233(. , uma *ersão em portuguJs Palcio de Cristal Cristal . Lis'oa #elBgio ]gua% 2330. 5er entre*ista de 233"% reproduzida em )loterdij% 6. 6. )elected e>ageration% op. cit.% p.1(3. 18 5er 6. Gorn und Geit . 8rankfurt am Gain )urkamp 19 Ideia desen*ol*ida com fundamentos em )loterdijk% 6. 5erlag% 233+. , *ersão em portuguJs %ra e temo. )ão 6aulo Estação Li'erdade% 2312.
ra% uma a'ordagem timBtica desmonta completamente essa *isão de Zizek realista pessimista. Alis% digase de passagem% passagem% )loterdijk sa'e 'em ?ue o realismo realismo se imagina a Fnic Fnicaa desc descriç rição ão efet efeti* i*am amen ente te teBr teBric icaa e leg9 leg9ti tima ma do mund mundo% o% 'ase 'asead adoo em uma uma antropologia ?ue ele cama de filiada H Internacional Gisera'ilistaD K uma ironia clara Hs internacionais socialistas do passado.
Liç&o -. )o"o %as*e a %oç&o de justiça
Antes a*ia o cefe do clã% seus filos e suas muleres. Ele era o grande pai% sB dele eram as terras% o melor da comida e as muleres% inclusi*e as ?ue ele prBprio a*ia gerado. )em terra% sem a melor parte da comida e sem muleres% os filos planejaram a morte do pai e assim realizaram. ApBs isso% *eio a culpa% e>piada em torno da construção do totem ?ue% em seguida% logo representou mais ?ue isso ?ue ningu&m mais tena a posse das muleres sB para si% ?ue se pro9'a o incesto. 5eio 5eio a proi'ição ou o ta'u do incesto. 8ezse a lei acima de indi*9duos. Criouse uma regra moral coleti*a% uma possi'ilidade de ci*ilização. Essa narrati*a de 8reud para o nascimento da ci*ilização% a partir da criação do ta'u do incesto% tem seu complemento no indi*9duo por meio do comple>o de dipo. A disputa do filo pela posse da mãe no confronto com o pai o faz se re*oltar contra este% ?ue o amedronta com a possi'ilidade castração. Em determinado momento esse filo realiza% em termos indi*iduais% o passo ?ue o coleti*o deu em torno da ida H lei moral% o ta'u do incesto o amor da mãe & de fato imposs9*el% proi'ido% o ?ue se de*e fazer então & 'uscar outra muler. A regra moral coleti*a &% então% o'edecida% tomada como ^lBgica^% a força do pai agora introjetada psi?uicamente se faz presente. Serase a9 algo como um eu inconsciente acima do eu% um super eu. Algo como ^A lei moral em mim^% sem mina plena consciJncia de desejos ed9picos. =ma ci*ilização p7e assim seus termos iniciais para ser ci*ilização% ou seja% gera um ethos% a possi'ilidade de uma &tica% uma regra de conduta coleti*a% e assim tem conjuntamente o seu indi*9duo t9pico de posse de uma moral% ou seja% o ci*ilizado & uma personalidade adaptada e capaz de *i*er so' regras% uma *ez ?ue sa'e% por si% como o imperati*o moral est em seu peito. #ecolese as garras do desejo% ganase em ci*ilidade. 4udo 4udo tem seu preço. s primBrdios a justiça estão a9 esta'elecidos. esta'elecidos.
-essa istBria não ca'e a solidariedade o elemento pelo ?ual dizemos% a?ui e ali% ?ue nos nos faz faz esta estarr junt juntos os soci social alme ment ntee senã senãoo como como um algo algo e>te e>teri rior or%% ou como como um su'produto da repressão inicial ?ue% tomara% possa gerar su'limação. -ão H toa 8reud falou% portanto% em mal estar da ci*ilizaçãoD. desejo contido e des*iado sempre espreita a ci*ilização em formas di*ersas de psicopatologias fortes ou fracas. Gal estar! Isso não ser*e para a narrati*a de 6eter )loterdijk. A sua est centrada no fio ?ue *ai do 'iomecenato ao mecenato en?uanto generosidade. A mãe funciona como 'iomecenas e depois & su'stitu9da por mecenatos semelantes% at& uma situação% *i*ida agora e ?uiç ampliada% de um mecenato uni*ersalizado. 4udo se inicia na relação feto Ftero% depois fetomãe% depois filosemãe. -um passo posterior% então% as instituiç7es ?ue cuidam de filos% e ?ue se fazem como as mães% se erguem como necessidade social reconecida por todos. mimo & o elemento central dessa resson$ncia da d9ade inicial ?ue de*er perdurar% ?ue ele*a o omem da situação de mimo H de mais mimo. espaço umano tem de ser um espaço de mimo e de imunidade% um no*o Ftero ou um no*o lugar de cuidados maternos. A justiça & isso. Essa esta'ilidade da resson$ncia cont9nua em situação de imunização. A injustiça & ?uando a mãe% em determinado momento istBrico% ou melor% pr&istBrico% começa a ser so'recarregada em *rios sentidos% pela proletarização neol9tica% inclusi*e% então% pelas melores condiç7es ?ue le*am H potencialização potencialização da procriação% e ?ue a faz não conseguir mais oferecer o mesmo mimo necessrio a todos. s filos considerados in*asores% os da ^idade do meio^% ?ue esti*eram H 'eira do a'orto% são os ?ue irão sempre acar ?ue alguma injustiça no mundo. )ão tam'&m os criadores ou moti*adores de utopias% os lugares ideais ?ue se formarão como grandes Fteros e 'raços maternos% e onde o 'iomecenato ceder para a ar?uitetura a função de co'ertura dos mecenas. -esse lugar% o ?ue se cama espaço de imunização *oltar a reinar. -esse am'iente imunizado% como uma na*e espacial ou formas de in*ernada% todos estarão em igual medida confort*eis ou reconfortados. -ão são assim as utopias! 6or essa narrati*a% nenuma morte do pai ou ?uest7es incestuais ou ed9picas são as de ligação com justiça e injustiça. desejo de justiça aparece como uma função prBpria de uma situação de carJncia ?ue% por destino e indicação% tina de não ter ocorrido% as mães não de*eriam ter entrado entrado em colapso. colapso. ^ colapso das das mães neol9ticas^ 23 não de*eria ter ocorrido% mas a estrutura da _re*olução neol9tica_% a forma agrria de *ida% imp@s certa 20 5er )loterdijk% 6.
) urkamp 5erlag% 5erlag% 233". 'h5ume. )pren III. 8rankfurt aim Gain )urkamp
ri?uezaecarJncia% e certa sede pelo ajustamento% pela justiça. Assim se fez a ideia de justiça para al&m de *ingança% como em sentido moderno% e contendo internamente os elementos antes da solidariedade ?ue da opressão. A narrati*a de )loterdijk não & mais rBsea ?ue a de 8reud% & apenas menos composta de 'uracos. rganiza melor o ?ue sa'emos de nBs mesmos. E*ita o ^realismo^ ?ue% não raro% precisa nos fazer todos criminosos para nos fazer umanos merecedores de descrição em teorias. Alis% o realismo aca ?ue & uma teoria por?ue ?ue & realismob ra% trazendo a justiça para a ?uestão da suficiJncia do mimo% )loterdijk não dei>a de incorporar tam'&m a noção de thymos% o lugar psicolBgico antigo no ?ual repousa a fFria pela autoestima. )a'emos o ?uanto a injustiça diz respeito H imagem do orgulo ferido% do desprezo. )loterdijk mostra ?ue a narrati*a de 8reud% se por um lado pode se 'asear em certos conecimentos antropolBgicos *lidos% aca'a por jogar fora uma das narrati*as antigas mais significati*as so're o nascimento da ci*ilização% a de Caim e A'el. o segundo episBdio do enesis. -ele não pai a ser morto% claro. Genos ainda posse de mãe. -esse episBdio o grande crime não & o da in*eja% como em geral se fala% mas o do sentimento de se ter de com'ater contra a injustiça% o 'uraco ?ue se a're entre irmãos pelo mimo do mais poderoso. E poderoso% poderoso% nesse caso% pode ser ser uma figura paterna% a de eus% mas antropologicamente% sa'emos% ningu&m & mais poderoso perante a criança do neol9tico ?ue a mãe 21 K como at& oje sa'emos 'em. -enum juiz umano ?ue'ra laços entre mãe e filo% como se sou'esse 'em% sempre% onde nasce a injustiça.
Liç&o /. esso%%*ia a%tropot3*%i*a e bastardia
As perguntas in*estigati*as 'sicas de )loterdijk% no caso do projeto das Es"eras) são duas. 6rimeira o ?ue significa precisamente \estarnomundo]! )egunda nde estamos ?uando estamos no mundo! , filBsofos do fora% do e>terior% do a'erto. , pensadores como )loterdijk% filBsofos do dentro% do interior% do am'iente fecado. Estar no mundo & estar dentroD. 6ara ele% o omem & um designer de interioresD% desde sempre% e 21 de como passamos de deuses maternos para a figura paterna e% portanto% sa9mos da *erdade imanente Udado pelo local camado FteroV para o transcendente Ucaso do paiV% para o metaf9sico tradicional% judaico cristão% tam'&m uma outra istBria.
comp compre reen endJ dJlo lo & comp compre reen ende derr sua sua dome domest stic icid idad ade% e% sua sua mora morada da%% seu seu am'i am'ien ente te imunolBgico. necessrio a?ui ter em mente a o'ser*ação de ,eidegger de ?ue en?uanto a pedra & sem mundoD e o animal & po're de mundoD% o omem & justamente o construtor de mundosD. omem sB & omem como dom&stico e o am'iente dom&stico & mundo en?uanto mundo do omem. Essas pala*ras% no caso de )loterdijk% *alem ontogeneticamente e filogeneticamente% ou seja% tanto para a istBria do indi*9duo ?uanto da esp&cie. 4omando a istBria do indi*9duo% o ?ue *ale in*estigar & o ?ue regra o interior umano resson$ncia.22 A resson$ncia resson$ncia & o termo ?ue )loterdijk introduz para a sua cr9tica da metaf9sica clssica% tanto antiga ?uanto moderna. Considera pro'lemticas as *is7es su'stancialistas e indi*idualistas.2 Estas são as ?ue descre*em% no ponto de partida% o omem isolado e% então% gastam todo o resto da energia intelectual filosBfica nesse enigma% tentando e>plicar algo como a natureza umana ou coisa semelante. Afinal% de*em e>plicar como como ?ue o prodig prodigios iosoo '9pede '9pedese semp mpena enass cega cega H con*e con*ersa rsação ção e Hs relaç relaç7es 7es de construção de mundos. )loterdijk tam'&m o'ser*a impasse nas *is7es ?ue socializam ou ressocializam o omem por meio da linguagem en?uanto elemento de interação% e>atam e>atamen ente te por?ue por?ue tais tais *is7e *is7ess acres acrescen centam tam o utro utro a'rup a'ruptam tament ente% e% ?ue se assim assim aparecesse não traria nenuma efeti*a alteridade e não poderia e>plicar a interação. esse modo% )loterdijk descarta as escolas oriundas de escartes e as ?ue foram catalisadas em ,a'ermas ou por ,a'ermas. A pala*ra resson$ncia aparece no conte>to da noção de esfera% 'uscando solucionar eXou e*itar esses pro'lemas originalmente metaf9sicos. =ma 'oa descrição dessa sa9da de impasses metaf9sicos% proposta por )loterdijk% pode ser feita le*ando em consideração a frase fr ase de Gartin ;u''er% ?ue diz ?ue as crianças tJm o instinto de tudo transformar em tuD. 2" 4am'&m )loterdijk ad*oga essa esp&cie de socia'ilidade antes de ?ual?uer *ida social. Concorda com Lacan ?ue a *ida ps9?uica sB se e>plica se le*amos em conta o utro% toda*ia% ele não p7e na conta da alteridade somente a sim'ologia e a linguagem% mas toda a situação ?ue esta'elece% antes disso% a 22 Esse tema &
principalmente tratado no )loterdijk% 6. >lasen. )pren I. 8rankfurt am Gain )urkamp
5erlag% 10. 23 5er )loterdijk% 6. 1 sol e a morte . ilogos com ,ansistirem os polos da esfera protetora% imunizadora. A alma nunca & solitria% se tudo corre como o esperado% muito menos so're*i*e num foraD. A modernidade com a sua cultura indi*idualista e isolacionista jamais deu a de*ida import$ncia para as narrati*as so're daimons% anjos e prticas de proteção da placenta capazes de gerar uma cultura de guarda da sim'iose e alteridade do interior da esfera. 6or 6or isso isso sua sua narra narrati ti*a *a%% ?ue ?ue pri* pri*il ileg egia ia a idei ideiaa de clu clu'e 'e li'er li'eral alDD e não não de *ida *ida comunitria% escorrega para descriç7es cartesianas e a'ermasianas. 8unciona a9% digo eu% eu% como como uma uma ideo ideolo logi giaa ?ue ?ue não não nos nos dei> dei>aa *er *er ?ue ?ue somo somoss semp sempre re gJme gJmeos os.. iferentemente% a ontologia de )loterdijk & sempre ontologia do ois% nunca do =m. Assim% com o filBsofo alemão% o pro'lema metaf9sico do omem isolado em 'usca de sua natureza ou então ressocializado magicamente pela linguagem & posto de lado.
)loter )loterdij dijkk faz toda toda essa essa narrat narrati*a i*a por meio meio de instru instrume mento ntoss desc descriti riti*os *os literr literrios ios%% mitolBgicos% antropolBgicos% filosBficos e% principalmente% com o conceito de não o'jeto% do antropBlogo e filBsofo alemão 4omas Gaco. In*enta o ?ue cama de ginecologia negati*aD% para adentrar o Ftero e lidar com nãoo'jetos prBprios de am'iente onde não sujeito. , a9 toda uma in*estigação% em termos da ontogJnese% a respeito do sujeito antes do sujeitoD. 4ratase de uma esp&cie de ar?ueologia da intimi intimidad dadeD. eD. Essa Essa narrat narrati*a i*a & fundam fundament ental al para% para% dep depois ois%% se enten entender der a narrat narrati*a i*a a respeito da sociedade moderna e pBsmoderna% a partir da descrição da su'jeti*idade. 2( A narrati*a da resson$ncia se complementa na a'ordagem de )loterdijk no ?ual surgem as antropot&cnicas. antropot&cnicas. A antropot&cnica & o termo cunado por )loterdijk para se li*rar de 'arreiras criadas pelas di*is7es entre naturezaD e culturaD ou mesmo 'iologiaD e istBriaD% espe especi cial alme ment ntee na sua sua disp dispos osiç ição ão em alia aliarr com com a onto ontogJ gJne nese se uma uma coad coadju ju*a *ante nte filogJnese. Li*randose do folclBrico Elo 6erdido entre o omem e um suposto animal parente do macaco% e utilizandose de uma terminologia de ,eidegger para caminar por trilas ?ue este jamais andaria% ou seja% o campo antropolBgico% )loterdijk pretende criar o ?ue cama de narrati*a antropolBgica fantsticaD. o'jeti*o 'sico% nesse caso% & falar do asein% o sera9% sem se en*ol*er com o ?ue teria sido o tropeço de ,eidegger% pressupor de alguma forma o omem antes de falar dele. -ão nenum omem sem antropot&cnica e não nenuma antropot&cnica sem se fazer en?uanto dispositi*o incessante de criação do omem. Antropot&cnicas são t&cnicas de geração do omem ?ue o fazem e>istir e jamais parar de alterarse. o Ftero conformado na produção de seres de grande ca'eça Usomos sempre parecidos com fetosV H engenaria gen&tica passando por inFmeras t&cnicas de ascese Ureligiosa% atl&tica e intelectualV e pela mão mec$nica K eis a9 as antropot&cnicas. A esfera ressoante &% agora% o am'iente dom&stico do omem en?uanto elemento da filogJnese% e as antropot&cnicas são tudo o ?ue permite a prBpria esfericidade% um am'iente am'iente surreal surreal de desen*ol* desen*ol*iment imentoo do umano. umano. As antropot& antropot&cnica cnicass 'sicas% 'sicas% ?ue 2( s principais li*ros so're esse assunto são 'h5ren %. ;lasen. 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag% 10 e Die 'onne unnd ter Tod . 8rankfurt 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag 5erlag%% 2331. 5ale 5ale a pena% pena% tam'&m% tam'&m% consultar os ensaios so're a mudança de meio do omem% ?ue remete a )Bcrates% e ao cogito sonoro% ?ue remete a uma cr9tica de escartes% no li*ro Welt"remdheit . 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag% 1.
participam da narrati*a filogen&tica% se fazem por ?uatro mecanismos insula,ão% e+clusão cororal % pedamorfose ou neotenia e% por fim% trans"ercl e>clus usão ão corp corpor oral al%% & o ?ue ?ue se cons conseg egue ue ?uan ?uando do o omin9deo toma ciJncia de ?ue a pedra est H mão% e ?ue esta parece solicitar seu lançamento. Ela se faz interposta entre ele prBprio e outro elemento natural. corte% o golpe% a 'atida e tudo ?ue se pode fazer com uma pedra na mão & o ?ue coloca um interposto positi*o entre o omin9deo e a?uilo do ?ual ele não ?uer se apro>imar% do ?ual ?uer escapar. escapar. Gas não se trata a9 de uma fuga simples% mas de um modo de e*itar o contato corporal% sendo ?ue a pedra & o ?ue & poss9*el de ser colocado entre o corpo e o o'jeto. contato com a pedra e>clui o contato com o corpo no trato com as coisas. Entã Então% o% a t&cn t&cnic icaa trans transfo form rmaa o esfo esforç rçoo em so'e so'era rania niaD. D. )lot )loter erdi dijk jk para parafr fras asei eiaa corretamente Yittgenstein os limites dos meus lançamentos são os limites de meu mundoD. Eis ?ue o mundo como meio am'iente est j se desfazendo e se recompondo como mundo propriamente dito Ulugar istBrico e geogrfico do omem criado pelo omemV. omin9deo como lançador% operador e cortador & um ?uase produtor do claroD para usar uma e>pressão de ,eidegger 2+% seguindo de perto )loterdijk. Afinal% o 2+ ,eidegger diz ?ue as plantas e animais estão mergulados no seio de seus am'ientes prBprios% mas nunca estão inseridos li*remente na clareira do ser K e sB esta clareira & \mundo] K% por isso% faltales a linguagem. -ão & por?ue les falta a linguagem ?ue eles são sem mundo. Linguagem não & e>pressão de ser *i*o. Linguagem & ad*ento iluminador*elador do serD. Ela *ela o ser% iluminao. A clareira em si &
golpe preciso pr&forma a fraseD. tiro certeiro & a primeira s9ntese do sujeito UpedraV% cBpula UaçãoV e o'jeto Uanimal ou inimigoVD. corte completo prefigura o ju9zo anal9ticoD. As frases são como mimese de lançamentos% golpes e cortes no espaço dos signos% e delas as afirmaç7es imitam lançamentos% golpes e cortes com J>ito% en?uanto ?ue as negaç7es surjam da o'ser*ação de lançamentos errados% golpes falos e cortes frustradosD. esse modo ?uem não ?uer falar de pedras de*e ser calar so're o omemD. terceiro mecanismo e*oluti*o dnos os efeitos mais misteriosos. -esse campo ocorre a pedamorfose ou a neotenia. -ascem por essa *ia os aspectos ?ue estarão mais relaci relaciona onados dos com a su'jet su'jeti*i i*idad dadee umana umana.. s traço traçoss psico psicolBg lBgico icoss assoc associad iados os aos morfolBgicos e fisiolBgicos se mostram segundo esse mecanismo% ?ue implica em apro*eitarse do espaço de in*ernada% no ?ual j os primeiros instrumentos para impor uma in*ersão da tendJncia H seleçãoD. -o espaço de in*ernada% diz )loterdijk% não não so'r so're* e*i* i*ee o mais mais apto apto no sent sentid idoo da conf confir irma maçã çãoo de atit atitud udes es dian diante te das das circunst$ncias do meio am'iente ?ue são mais duras% senão o mais afortunado no sentid sentidoo da? da?uel uelee ?ue con conse segui guiuu apro*e apro*eita itarr o clima clima e as opo oportu rtunid nidade adess intern internas as da in*ernadaD. u seja% a e*olução umana se produz% em 'oa medida% em um meio grupal ?ue ?ue most mostra ra a tend tendJn Jnci ciaa a rec recom ompe pens nsar ar *ari *ariaç aç7e 7ess este esteti tica came ment ntee fa*o fa*or r*e *eis is e cogniti*amente mais potentesD. A partir da9% o omem se encamina para a 'eleza% concedida como prJmio 'ioest&tico H distinçãoD. A *erticalidade% antes de tudo% & um fruto est&tico. 'elo & a 'Fssola e*oluti*a. -o $m'ito da atuação desses mecanismos% efetuamse as cances do futuro saiens incorporar traços infantis nos adultos da esp&cie K isso & a neotenia. *is9*el ?ue na e*olução do omem uma acentuada entrada de traços fetais% ?ue então se mant&m na aparJncia adulta. Afinal% Afinal% o espaço de in*ernada funciona como um Ftero e>terno% dando oportunidade de so're*ida aos nascidos com caracter9sticas fetais% como o c&re'ro grande na proporção com o corpo% a dilatação do tempo de aprendizagem% ou seja% tudo ?ue força a continuidade da sim'iose pBsnatal com a progenitora transformada em mãe. As ?ualidades do recinto umano ?ue mimetizam o Ftero se estenderam mais o serD. Clareira & ser% & mundo% e a linguagem ?ue *ela o ser% iluminao% & a casa do serD. uando )loterdijk diz ?ue se est produzindo o claro Uno lançamento da pedra ?ue & anlogo H linguagemV% ele est dizendo ?ue est se produzindo o ser% o mundo% pois ao se produzir a linguagem se est produzindo a casa do ser. 6odese *er ,eidegger% G. Carta so*re o &umanismo . Lis'oa Suimarães% 10/% pp. "0+3.
tarde aos adolescentes e aos mem'ros adultos dos grupos% e induziram tam'&m neles tendJncias ao retardamento do aparecimento de formas madurasD. 4al*ez possamos dizer ?ue isso tem a *er com a plasticidade do omem% ?ue & um animal ?ue aprende durante toda a *ida% en?uanto ?ue outros mam9feros encerram rapidamente o per9odo de aprendizagem e se enrijecem. 6or fim% o ?uarto mecanismo & o da transferJncia ou transporte. Esse mecanismo ocorre ?uando os grupos insulados são in*adidos e o local prBprio de produção do elemento omem & de*astado. -essa situação% j completamente istBrica% o omem transfere o ?ue *i*eu de 'om para a no*a situação% mas agora no $m'ito da criação de uma imunologia sim'Blica e psicolBgica. #ecordase das situaç7es anteriores de proteção e d a'er a'ertu tura ra para para o nasc nascim imen ento to das das rel relig igi7 i7es es repa repara rado dora rasD sD.. s meca mecani nism smos os de transferJncia fazem com ?ue ?ualidades do primeiro espaço sejam transportadas para as no*as condiç7es% em geral de emergJncia% de um espaço estrano. )urge então o omem como a?uele ?ue se amolda a no*as situaç7es% aceitando o ?ue não le & campo prBprio. 6or esses ?uatro mecanismos ?ue são as antropot&cnicas 'sicas no campo filogen&tico% o desdo'rar do mundo como mundo interior ocorreu% ocorreu% entre *rias coisas% principalmente pelo acalentar *indo de progenitoras ?ue se transformaram em mães% as autoras das promessas imposs9*eis% as ?uase mentiras do tudo *ai ficar 'emD% ?uando ocorre algo ao 'e'J. Essa & a promessa incorporada e% então% tomada como autopromessa pelo indi indi*9 *9du duo. o. Ela Ela & o ?ue ?ue )lot )loter erdi dijk jk tem tem em mãos mãos para para ela' ela'or orar ar sua sua narr narrat ati* i*aa de naturalização do sujeito. Gas essa promessa tornada autopromessa não seria poss9*el sem ?ue o omem não ti*esse sido a?uele ?ue incorporou seus traços infantis. -ão sB por conta de situaç7es de mal nascimento% ?ue se tornaram prBprias% mas pela imaturidade geral ?ue permanece na nossa condição de umanos adultos. )B imaturos podem tomar a promessa tudo *ai ficar 'emD como alguma coisa ?ue realmente acalenta% e sB ingJnuos poderiam fazer esforços prBprios sa9dos da assunção dessa promessa como como autopromessa. omem & adulto H medida ?ue & eternamente infantil% ou seja% constitu9do como omem segundo um modelo em ?ue traços de infante perduram. )ua condição de sujeito% então% nessa forma de narrati*a em ?ue o sujeito & naturalizado% & efeito de
duplo fator e*oluti*o sua passagem de cria a infante e suas caracter9sticas de infante na sua constituição adulta. Em termos amplos% ser sujeito & ser criança no adulto.2/ ando de lado genealogia% tradição e filiação% ou seja% ?ual?uer mediação% e passou a uma ligação direta com o a'soluto. 8rancisco de Assis não foi o Fnico ?ue decidiu por esse tipo de *ida. Ele apenas foi o ?ue ganou o direito de le*ar adiante o sim'olismo. -a *erdade% de sua &poca para diante% a tarefa de imitator Christi tornouse uma prtica de muitos. s jo*ens rompiam laços familiares e tenta*am se recoler em monast&rios ou mesmo em lugares comuns% Hs *ezes segundo uma decisão laica% para *i*er como imo% tal*ez aos infernos% na *ida mais sem lu>o poss9*el. -ão H toa% con*ersar com os animais podia ser algo 'em *isto. Igualarse com o ?ue nem mesmo umano era. -ão era um sinal de *erdadeira umildade! 8rancisco dei>ou dois ensinamentos ?ue mostram 'em como ?ue ele plantou a semente da su'jeti*idade moderna ou% digamos% do indi*9duo% e isso de modo 'em peculiar. dele o ensinamento de ?ue ?uem a tudo renuncia% tudo rece'ersD. 4am'&m & dele a m>ima tome cuidado com a sua *ida% ela pode ser o Fnico e*angelo ?ue outros irão lerD. primeiro ensinamento & aparentemente um parado>o como posso rece'er se renuncio! )eja l o ?ue eu *ier a ganar% teno de renunciar e% portanto% o ?ue de fato gano! gan o! Gas o gan ganoo & a renFncia. renFncia. Eis a9 o segredo. segredo. na autoanul autoanulação ação ?ue emerge emerge o indi*9 indi*9duo duo na sua imitaç imitação ão de Cristo Cristo%% forman formando do uma perso persona nalid lidade ade no* no*aa e dando dando se?u se?uJn Jnci ciaa a uma uma auto autorre rreal aliz izaç ação ão ?ue% ?ue% por por assi assim m ser ser% forja forja uma uma incu incu'a 'ado dora ra da su'jet su'jeti*i i*idad dadee modern moderna% a% ainda ainda ?ue ?ue%% claro% claro% tal autor autorrea realiz lizaçã açãoo seja seja apenas apenas uma não não realização. segundo ensinamento diz respeito H prtica dessa *ida indi*idual. Ela prBpria% como o ?ue se realiza na parado>al meta de não ter metas pessoais% & a 'oa no*a% ou seja% a mensagem e*ang&lica. e*ang&lica. de*oto & tornado uma esp&cie da?uilo ?ue se tem para mostrar nas cidades. 6or nada apresentar apresentar de especial tornase tudo o ?ue ?ue para se apresentar. apresentar. 8rancisco dizia ?ue o e*angelo de*eria ser pregado em todos os momentos% e de *ez em ?uando em pala*rasD. u seja% o e*angelo pregado era% na *erdade% a *ida. A prtica de*eria su'stituir as preleç7es% em'ora at& essas pudessem ser feitas segundo certas necessidades de momento. -ão H toa% ?uando nos referimos oje a )ão 8rancisco de Assis% o mostramos con*ersando com os ?ue não falam[ são os animais% mas estes dão a entender o ?ue ?uerem pelo comportamento. Animais e franciscanos são o ?ue são por comportamento. )ão para serem lidos por nBs ao o'ser*armos seus compor comportam tament entos. os. 8ranci 8rancisco sco desce desceuu ao m>imo m>imo e se p@s na condi condição ção de anima animal% l%
justamente por um ato de 'astardia. Guitos foram junto com ele% mas fora da Igreja% como laicos e protossujeitos modernos ?ue% por terem contado direto com o 6ai% não forma*am tradição ou no*a genealogia. 4ermina*am ali mesmo% na 4erra% a ligação m9stica com eus% con?uistada graças H formação de um eu cuja caracter9stica era a de não se enaltecer. Isso% de fato% se transformou em uma grande preocupação para a In?uisição% 'em antes da #eforma começar a apontar a sua ca'eça. Gest Gestre re Eck Eckar artt deu deu se?u se?uJn Jnci ciaa a feit feitos os do tipo tipo de 8ran 8ranci cisc sco. o. Intr Introd oduz uziu iu uma uma pro'lemtica agostiniana% a da emergJncia emergJncia do omem interiorD. 6odemos ir do omem e>terior ao omem interior se temos maturidade para tal. 6odemos cuidar de tudo ?ue & e>terior e% por isso mesmo% sa'ermos distinguir nosso eu interior ?ue se li'erta de si mesmo e se *olta para si numa perda ?ue & um gano. mandamento dessa m9stica% se pudesse funcionar em uma parfrase do ?ue *eio depois% com escartes% assim se e>pressaria esapareço% logo souD. )loterdijk toma essa *irada de Eckart como um ind9cio da 'astardia ou% melor dizendo% como a decisão de não criar linagens% *inda de todos ?ue se dei>aram infectar pelo *9rus da imitação de Cristo. 6ois uma repersonalização% repersonalização% desse modo% começa e termina no indi*9duo. -ão a9 *inculação escolar% ensinamento de dinastia% ainda ?ue% diferentes de muitos% Eckart fosse de uma linagem% a dos dominicanos. Gas% tam'&m na?uel na? uelaa &po &poca% ca% a In?uis In?uisiçã içãoo j esta* esta*aa 'em preocu preocupad padaa com essas essas ordens ordens%% a dos franciscanos% a dos dominicanos e outras% todas elas *oltadas para a e>trema po'reza% para a ideia da *ida como e*angelo. como se toda a prtica de ser filo de eus pudesse ser le*ada adiante por outros% fora do campo da prBpria Igreja. ra% sa'emos 'em no ?ue isso isso deu% ?uando ?uando cegaram os tempos de Lutero. Lutero. os tempos de 8rancisco a Eckart% espraiouse uma moti*ação para ?ue muitos se e>citassem com ideia um tanto parado>al de terem terem uma *ida de não não e>citação.
Liç&o 4. So*iedade da le5eza e subjeti5idade
A noção de sociedade da le*eza 2 re?uer atenção. 6ara ser corretamente entendida% de*e *ir aliada H ideia de \insustent*el le*eza do ser]. u seja% nossa sociedade moderna e pBsmoderna & le*e% mas% por isso mesmo% se torna% não raro% sem ar. ar. Cumprimos com nosso destino de *erticalização. )u'imos muito e alcançamos camadas de rarefação. 29 Essa noção desen*ol*ese ao longo
do cap9tulo trJs de )loterdijk% 6. 'h5ume. )pren III. 8rankfurt aim Gain )urkamp 5erlag% 5erlag% 233". Esse cap9tulo & 'ase para nosso tBpico a?ui.
6rocuramos% então% alguma $ncora% algum peso para nos agarrarmos de modo a não *oar a esmo e muito alto. Essa le*eza% em seu rosto duplo% & 'em significati*a no momento ?ue% pelos processos de 'ast 'astar ardi dia% a% form formam amos os o indi indi*9 *9du duoo e a prBp prBpri riaa noçã noçãoo de suje sujeit itoo mode modern rnoo e de su'jeti*idade de nossos tempos. 6or um lado% o sujeito moderno & o empreendedor ?ue se desini'e por meio de elementos racionais contidos em si mesmo% ou solicitados a seus consultores% de modo a ser o ator ?ue *ai da teoria H prtica. -essa ora% ser sujeito &% tam'&m% ser a?uele ?ue tem segundos pensamentos% ?ue ningu&m sa'e direito o ?ue pensa e% então% pode surpreender. surpreender. Guitos camam isso de li'erdade inerente H autonomia do omem% principalmente do omem moderno. 3 Esse mesmo omem moderno% como sujeito% toma a li'erdade como a consciJncia da necessidade. 6or outro lado% a su'jeti*idade moderna & tam'&m a 'usca da desoneração completa% a fuga da sociedade em 'usca de um eu sem mscaras sociais% um eu natural no ?ual o coração sincero tena contido inscriç7es da 'ondade original. ;uscase então a li'erdade no de*aneio% no descompromisso% no completo es?uecimento% na ultra indi*idualização. indi*idualização. 1 sujeito moderno & representado% em )loterdijk% pelos o lu>o e conf confor orto to.. A modernidade e a pBsmodernidade são% de fato% uma situação al*issareira H medida ?ue refaz refaz as in*ern in*ernada adass espec especiai iais s criam criamos os cidad cidades% es% apartam apartament entos% os% pr&dio pr&dioss e toda toda uma 30 5er
o cap9tulo 11% A in*enção da su'jeti*idadeD% em )loterdijk% 6. Palcio de Cristal K K para uma teoria filosBfica da glo'alização. Lis'oa #elBgio ]`gual% 2330. A pu'licação pu'licação original & %m Weltinnenraum des /aital . 8rankfurt aim Gain )urkamp 5erlag% 233(. 5erlag% 2311. , *ersão em inglJs 'tress and 31 5er )loterdijk% 6. 'tre und Areiheit . ;erlin )urkamp 5erlag% 6 olit:%% 231+. "reedom. Galden UGaV 6olit:
ar?uitetura ?ue cega at& mesmo ao condicionamento do ar% criando atmosfera% e ?ue se integra pela comunicação *ia sat&lite ou por redes ?ue dizemos onlineD como sin@nimo de on airD. Estamos nisso a um passo da le*eza como orizonte real. u j na prBpria le*eza. Essa le*eza & um dado sociolBgico% e istoricamente a?uela mostrada na a"luent society de Sal'rait% ?ue )loterdijk segue.
Ftil lem'rar a?ui as conclus7es de Sal'rait. 4rJs elementos se destacam e fazem do nosso mundo um mundo de 'enef9cios e lu>o jamais *isto em duzentos anos o nFmero de oras de tra'alo do mundo todo caiu *ertiginosamente gerando um tempo li*re jamais imaginado para tanta gente[ nas Fltimas d&cadas os jo*ens foram assumidos como como crianç crianças% as% e a prBpri prBpriaa inf$nci inf$nciaa e adole adolescJ scJnc ncia ia se e>p e>pand andira iram m ?ua ?uase se ?ue ?ue se confundindo com a idade adulta% o ?ue proporcionou ao mundo um no*o apreço pela ludicidade% j re?uerida pelo tempo li*re[ por fim% *eio a capacidade de nos li*rarmos do se>o atrelado H natureza% desonerando a muler e transformando a ati*idade se>ual em m?uina porttil de di*ertimento. Integrase o se>o no mecanismo j pedido pela ludici ludicidad dadee e>p e>pand andida ida.. 4oda odass essa essass condi condiç7e ç7es% s% ?ue fazem fazem parte parte da *ida *ida modern modernaa contempor$nea% contempor$nea% são pro*ocadas pela sociedade da supera'und$ncia supera'und$ncia e ao mesmo tempo a caracterizam. Essa sociedade 'aseada na e>pansão da classe m&dia unificou gostos% estilos% comportamento% educação e at& mesmo o tra'alo. A fronteira entre o tra'alo e jogo se perdeu. jogo j não & mais somente o elemento usado% na din$mica de grupo% para educar relaç7es de tra'alo% ele & inerente ao prBprio treinamento do tra'alo e ao prBprio tra'alo. cume disso & a guerra como jogo de *9deo game e o *9deo game como jogo de guerra. -ão distinç7es. Essa & a sociedade do lu>o% da possi'ilidade da mis&ria americanaD se fazer sem apresentar mendigos ocidentais ?ue tenam algo a *er com ?ual?uer caracter9stica dos po'res da `frica. 4ratase da sociedade do descarte% do e>cesso de li>o e at& da camad camadaa e>por e>portaç tação ão do li>oD li>oD U na* na*ios ios cruza cruzando ndo os mares mares por ano anos% s% tentan tentando do acomodar em algum lugar o li>o tB>ico dos pa9ses ricosV ao mesmo tempo em ?ue e>p7e o e>cesso de lu>o. Essa modernidade tem em seu seio a indi*idualização ?ue con*i*e com a sociedade de massas% onde o indi*9duo se *J como mais real ?ue a?uilo ?ue est H sua *olta% onde pais e filos não se distinguem% onde oras de tra'alo e lazer se fundem no lFdicotra'alo. -esse espaço% se não nenum entretenimento imediato H *ista% pode a*er então o se>o solitrio ou *irtual% o ?ue em geral d no mesmo.
sucesso do esporte e outras maneiras de *oltar a ter peso% em 'usca de performance% denota a 'usca de% na le*eza% read?uirir a alguma coisa ?ue nos diga ?ue estamos no real. )e o reino da necessidade desaparece% nBs o recriamos numa fantasia ?ue se faz real por meio de religi7es puniti*as reintroduzidas% pela esportização do mundo% pelo ati*ismo e tarefas de todo tipo ?ue ganem a aparJncia da seriedade de antes Uisto &% pesoV ?uando ac*amos ?ue ?ue tra'al*amos em função de algo seriamente necessrio. necessrio. A introdução de algum peso na le*eza da sociedade & significati*a principalmente na opção de jo*ens ocidentais pelo terrorismo ?ue se diz isl$mico. Em um *9deo ?ue correu o mundo por conta de atentados terroristas em 6aris% em 231(% um jo*em ocidental% con*ertido ao Estado Isl$mico% dirige um carro ?ue arrasta *rios cristãos e outros infi&isD. -o *9deo% ele e>plica antes eu *i*ia pu>ando skates e carrinos de rolimã% agora eu pu>o esses infi&isD. como se dissesse sa9 da *ida fFtil% agora faço algo duro e impono a dureza% *olto a trazer peso ao mundo. ue ningu&m faça pose de Qcarob perimentar o tempo como dilatação interior% uma *ez ?ue não se cega a nada significati*o. )urge o animal sem missão% ?ue precisa então engajarse em algo e se fazer entusiasmado% ainda ?ue artificialmente. necessrio matar o tempo preencido pelo t&dio% mas isso nada & senão mais t&dio infestando toda a e>istJncia. desonerado perde o sentido de e>istJncia% pois tudo ?ue entendia como e>istJncia dependia de algum esforço% algum peso. Assim% o t&dio profundo & a ine>istJncia real realme ment ntee e>is e>iste tent nteD eD.. ome omem m most mostra ras see um A Atla tlass nega negati ti*o *oD% D% a?ue a?uele le ?ue ?ue na e>istJnci e>istJnciaa ine>isten ine>istente te tem ?ue suportar suportar a total falta de peso do uni*ersoD uni*ersoD.. ter?ue ter?ue fazeragora & amputado do mundo. A modernidade & a &poca da e>pansão da ideia de ?ue o dineiro traz para casa% e tam'&m 'ota para fora de casa ou simplesmente faz desaparecer% tudo ?ue antes possu9a identidade fi>a. )loterdijk nos con*ida para *er ?ue essa situação não & de oneração% mas% se comparada com o regime de pertença% uma realidade mais desonerada. -essa passagem para o uni*erso do dineiro% todas as dimens7es essenciais do ser são modificadas por meio da transmissão monetria. , acesso a lugares antes jamais pensados como espaços de nossa fre?uentação% e para tal 'asta nos colocarmos como compradores de t9tulos de transporte% ou como usurios da m9dia[ acesso aos 'ens materiais% se nos colocamos como os usurios de meios de pagamento os mais *ariados[ al&m disso% encontramos mais pessoas se e>ercitamonos nessas duas prticas. Em uma situação pr&moderna% todos esses acessos esta*am restritos a grupos e% no interior desses% não raro% imposs9*el para todos. )lot )loter erdi dijk jk diz diz ?ue ?ue a *ida *ida do merc mercad adoo demo demole le con* con*ic icç7 ç7es es%% os moni monism smos os e as origin originali alidad dades es 'rutas 'rutas%% su'st su'stitu ituind indoo ooss pela pela con consci sciJnc Jncia ia de ?ue e>iste e>istem m sempre sempre
possi'ilidades de escola e sa9das lateraisD. 4al 4al significa% conse?uentemente% conse?uentemente% ?ue as pessoas ficam mais plidas e os o'jetos mais coloridos. Gas os incolores são camados a escoler dentre as coloraç7es. so'erano ?uem decide a cor da estaçãoD. ecidir a cor da estação & a tarefa principal de estilistas. A moda & a derrota do costume% escre*eu Sa'riel 4arde. ra% o regime de monetarização permite e>atamente essa *itBria do efJmero e sazonal% e p7e os estilistas como capitães a respeito do ?ue pode e não pode ser utilizado do arco9ris. )ão os profissionais mais significati*os de fri*olidade s&ria% da arte ?ue transforma o corpo K o'rigando todos H anore>ia K e da competição desporti*a ?ue se instaura de uma *ez por todas como o ?ue de*e preencer o dia. s desfiles de moda são desporto. )ão s&rios não como arte% mas como desporto. -isso se fazem e>erc9cio ?ue precisam ser le*ados por personagens não marcados por di*is7es pr&modernas. -ão H toa os capitães da escola da cor são figuras da apoteose da androgenia. , nisso tudo uma mutação psicossocial. A modificação ontolBgica traz modificaç7es cogniti*as. As identidades fi>as desaparecem ou se tornam o ?ue so'ra para perdedores% e% então% & o construti*ismo ?ue se mostra como o ?ue pode nos dar ideia so're as coisas todas. Como & o construti*ismo! 4udo ?ue encontramos &% logo em seguida% mostrado por nBs mesmos como in*entado% constru9do. constru9do. 4udo 4udo tem algum manual de construção ou uma \pol9tica]. natural perde espaço ou se reordena como parte da cultura. s limites entre o natural e o cultural tendem a desaparecer de *ez. Alis% na prBpria teoria de )loterdijk% isso alude ao ?ue ele cama de antropot&cnicasD. antropot&cnicasD. -ão se trata mais de *er o omem como um ser natural ?ue produz cultura% mas simplesmente como o ?ue & efeito de antropot&cnicasD ?ue não distinguem entre o Ftero e o nãoFtero ou ?ue% na filogJnese% elimina de *ez o mito do elo perdidoD. A parcela da sociedade com algum poder de compra nota nessas condiç7es uma forma de desoneração ?ue resulta da necessidade ?ue se transforma em li'erdade. ra% na *erdade% onde a*ia necessidade% ad*&m o caprico. pectati*as de segurança. 4udo & seguro. E o ?ue não & seguro% então% de*e ganar algum n9*el de segurança. ;om'eiros se tornam o passado no presente. 6ois o presente mesmo pertence aos planos de saFde% medicina pre*enti*a% engenaria gen&tica e as seguradoras e companias de proteção da *ida ci*il proliferam de modo a modificar a noção de futuro. f uturo. impulso H fri*olidade a'arca a todos. Com isso aparece o risco permitido% como se não fosse um riscob s esportes radicais são isso uma no*a forma de a*entura por?ue o risco parece não e>istir. A prBpria guerra & assim tomada. Guitos soldados americanos se acreditam in*enc9*eis% e de certo modo o são mesmo. Em um ?uarto n9*el a su'stituição de uma cultura ?ue ad*ina da formação% da >ildung % por por uma uma no*a no*a cult cultur uraa deso desone nera rada da ?ue ?ue & a da cons consul ulta ta a term termin inai aiss de
informação de todo tipo% inclusi*e j *inte anos ligados em rede mundial de computadores. A pesada pessoa culta% a?uela cuja 'iografia casa*ase com os li*ros ?ue lia% tornase incompreens9*el para os ?ue dizem sa'er algo oje em dia. -ingu&m mais tem e>periJncia% ?ue & algo ?ue onera% sB o ?ue est no $m'ito do descarregarD% e por isso mesmo o mecanismo de acesso e omogeneização rpida do sa'er tem o nome de do4nload . Com isso% como como diz )loerdijk% )loerdijk% perfilase perfilase um regime de cognição cognição pBs pessoal% pBsliterrio% pBsliterrio% pBsacadJmicoD. pBsacadJmicoD. -o ?uinto n9*el do sistema de conforto ?ue reordena o espaço de mimo ocorre a democratização inaudita da facilidade e rapidez para se tornar c&le're por não fazer nada de tão importante% e tam'&m por desaparecer logo em seguida. , uma &poca da glBria dos artistas sem o'rasD.
5er cap9tulo / de 32 5er
6alcio de Cristal% op. cit.
Claro ?ue os no*os desonerados podem se parecer 'r'aros. A infantilização & algo pelo ?ual sempre lutamos% mas ?uando a temos% ela parece ser um pro'lema. , sim algo de 'ar'rie nisso. Gas não tanto% afinal% de*emos sempre lem'rar ?ue Gussolini dizia ?ue o fascismo & o orror H *ida confort*elD.
Liç&o 6 . etero%ar*isis"o a partir de "erso% e 7ietzs*he
-ão raro% ou*imos partidos pol9ticos mencionarem e>press7es como go*erno generosoD ou administração generosaD. 4endemos a felicitar essa presença da pala*ra generosidadeD. generosidadeD. 6or sua *ez% )loterdijk prefere antes indi*9duos generosos ?ue go*ernos ou partidos ?ue se dizem generosos. 6eter )loterdijk & um filBsofo ?ue gostaria de% como um macroistoriador do futuro% l no prB>imo s&culo% poder fazer uma narrati*a da nossa sociedade atual como a?uela ?ue iniciou um processo de apreço pela mentalidade da doação a'andonando assim a mentalidade da imposição e da mes?uinez. A generosidade & um tema *alioso para )loterdijk% e entra para os seus tra'alos forjando um *eio de e>tensi*a originalidade. 4oda*ia% essa orginalidade não significa ?ue a sua in*estigação não dei>e o rastro de autores ?ue le são caros. -esse caso% trJs agrupamentos marcam momentos 'em *is9*eis da sua narrati*a Emerson-ietzsce% -ietzsce;ataille8uku:ama -ietzsce;ataille8uku:ama e Gausserrida. Gausserrida. momento Emerson-ietzsce alimenta uma in*estigação so're as possi'ilidades de uma indi*idualidade autoafirmati*a% tal*ez uma esperança mais ade?uada para o s&culo OOI. momento momento -ietzsce -ietzsce;ata ;ataille8 ille8uku: uku:ama ama diz respeito% respeito% mais propriame propriamente% nte% H asso associ ciaç ação ão entre entre a capa capaci cida dade de de dar dar e o orgu orgul loo *ind *indoo de uma uma psic psicop opol ol9ti 9tica ca redesenada a partir da consideração antes da forças timBticas ?ue das forças erBticas. 6or fim% no programa de uma sociedade ?ue opta pela associação de doadores em detrimento dos isolados% su'missos e su'metidos pagadores do fisco% dse o momento Gauss Gausser errid rida. a. E>plic E>plicoo cada cada um desse desse trJs trJs moment momentos os neste neste cap9t cap9tulo ulo e nos dois dois seguintes.
)loterdijk lem'ra a admiração de -ietzsce pelo filBsofo americano #alp Yaldo Emerson% em especial pela sua doutrina do indi*idualismo autocriati*o e esfuziante.
6rofundamente comprometido com a?uilo ?ue% depois% & tomado por -ietzsce no lema tor torna nate te o ?ue ?ue tu &sD% &sD% Emer Emerso sonn dei> dei>aa clar claroo seu seu prop propBs Bsit itoo no c&le c&le'r 'ree ensa ensaio io AutoconfiançaDU10"1V , um tempo em toda a educação do omem em ?ue ele cega H con*icção de ?ue a in*eja & ignor$ncia[ ?ue a imitação & suic9dio[ ?ue ele de*e tomar a si mesmo para melor% ou para pior% como porção sua[ ?ue em'ora o amplo uni*erso & ceio de 'em% nenum grão nutriti*o pode *ir a ele e>ceto por meio da la'uta e atra*&s da la'uta na?uele pedaço terra ?ue le & dado para ca*ar.D imperati*o do escritor americano & nada outro senão o de ?ue ningu&m mais *iesse a se comportar como seguidor% mas criador. ue ningu&m ?ue ?uisesse ser camado de omem pudesse dei>ar de lado sua tarefa primordial antes de ganar o mercado% de*e se in*e in*ent nt lo lo.. )lot )loted edij ijkk cam camaa -iet -ietzs zsc ce% e% ness nessee sent sentid ido% o% de um designer de tendJnciasD." 4ratase do Emerson europeu. omem ?ue inaugura% no conte>to da *ela Europa% a ati*idade pessoal da generosidade por conta do indi*idualismo da auto afirmação ?ue% na?uilo ?ue tem sucesso% pode apresentarse como um e*angelo% uma *oa no-a% um presente dado em e>cesso% at& H e>austão% aos ?ue o cercam.
Emer Emerso sonn e -iet -ietzs zsc cee amar amaram am suas suas prBp prBpri rias as orig origin inal alid idad ades es.. Cu Cult lti* i*ar aram amn naa aprese apresenta ntando ndoa a como como dou doutrin trinaa e presen presente% te% dd ddi*a i*a.. 8alara 8alaram m da gener generosi osidad dadee e a praticaram. Cumpriram o destino de distanciaremse da massa em um momento de nascimento da sociedade de grandes aglomeraç7es ur'anas. 8orjaram um estilo ?ue parecia ser o ?ue de*eria ser praticado logo depois deles% no s&culo OO e% ainda agora% no OOI. 8izeram uma profissão de f& no nãoressentimento. eram ao mundo o camado li"e;style como o ?ue cada omem de*e ter% o ?ue *emos dominar% at& mesmo para se tornar% infelizmente% o contrrio da originalidade% em nosso s&culo% certamente pela força das coisas coisas contra a força força desses pensadores. pensadores. -o te>to de -ietzsce% como 'em salienta )loterdijk% o ?ue surge como mandamento & este se ?ue se imitar alguma coisa% então% ?ue seja o sol. Assim dei>a sa'ido Zaratustra. 6ois o sol camina para o seu ocaso de um modo generoso. )B d e nada WttpXXTTT.emersoncentral.comXselfreliance.tm. tm. 33Emerson% #. Y. )elfreliance. In Essays. WttpXXTTT.emersoncentral.comXselfreliance. Consultado em 2/X3+X231+. 4radução do autor. \ e*angelo] de -ietzsce. 4rad. 4rad. 8l*io ;reno )ie'eneicler. #io de perimentou sua condição de patrocinador ou doador% sa'e 'em a import$ncia da e>periJncia do filBsofo alemão na prtica da generosidade. generoso produz o
35 Idem% i'idem% p. . 36 Idem% i'idem. 37 Idem% i'idem. 38 Idem% i'idem% pp. /12. 39 Idem% i'idem% p. /(. 40 Idem% i'idem% p. /+.
dissenso% a concorrJncia% e ele & diferente do 'om% do *onzinho% ?ue produz o consenso. E essa generosidade do doador & contagiante ."1 6ara )loterdijk% -ietzsce & um professor da magnanimidade e da generosidade% na medida em ?ue ele contamina o receptor de sua ddi*a com a ideia de uma ri?ueza% cuja a?uisição sB compensa ?uando se tem em *ista a possi'ilidade de dissiplaD. "2 A?ui% como apontado% *ale 'em a metfora do sol. 4odos odos ?ue ?ue lJem lJem -iet -ietzs zsc ce% e% lem' lem'ra ra )lot )loter erdi dijk jk%% sa'e sa'em m 'em 'em ?ue ?ue ele ele e*oc e*ocaa uma uma trans*aloração de *alores% e ?ue di*ide então a istBria em espaço da culpa e espaço da generosidade. -o primeiro espaço fica o *ale das almas ?ue pensam em e>piação e pagamento% e na plan9cie plan9cie estão os ?ue se interessam interessam em doar e ir adiante. )a'endose ou ou não desse crit&rio% o fato & ?ue toda a *ida est para ser *i*ida ou no *ale ou na plan9cie. -a conta de )lorerdijk% -ietzsce foi o autJntico doador H medida ?ue fez seus aforismos segundo um e>posição de sua prBpria *ida% de seus altos e 'ai>os% de suas &poca sadias e não sadias% se a'rindo completamente para os ?ue rece'eram seus dardos e *iram ?ue sB poderiam apro*eitar a doação dissipandoa. -ão o ?ue guardar de -ietzsce. , o ?ue fazer e tornar feito% aca'ado% dissipado% consumido. A doação de -ietzsce & um manual em ?ue cada um escre*e o conteFdo% seguindo a regra da auto meloria. uem rece'e sente *ontade de dar% de es'anjar. Interrompese a mes?uinez. nietzsciano *erdadeiro interrompe de *ez sua *ida en*ol*ida na mes?uinez. A're se para a fran?ueza K por isso seu indi*idualismo & eteronarzismo% culti*ase com penetrante e penetrado% como ressoante. A *ida a9% nesse caso% & algo sem tra*as% como de fato fez o c9nico iBgenes% cuja melor fala foi a?uela de pedir para Ale>andre sair da frente do sol% para ?ue ele pudesse continuar seu 'ano de luz. -enum mes?uino% resguardado% com segundas intenç7es% falaria o ?ue iBgenes falou. Ele e>trapolou% es'an es'anjou jouse se%% patroc patrocino inouu e doo doouu H e>aust e>austão ão.. )loter )loterdij dijkk não dei>a dei>a de lem'ra lem'rarr esse esse parentesco de -ietzsce com a tarefa do c9nico. c9nico ." segundo esses crit&rios ?ue )loterdijk pensa em uma &tica da generosidadeD.
Liç&o 8. 9h:"os 5ersus ros 41 Idem% i'idem% p. /". 42 Idem% i'idem. 43 Idem% i'idem% p. +. 44 Idem% i'idem% p. (0.
""
-a imagem da doação em -ietzsce% o sol aparece como metfora. A doação ?ue )loterdijk 'usca na criação de uma economia nietzsciana% encontra Seorges ;ataille tra'alando tam'&m com o sol% mas de uma maneira inicialmente literal. 6ara construir a sua ecomomia do dispJndio naturalD% ?ue se op7e H tradicional economia da preser*ação% ;ataille começa pela prBpria ligação do planeta com o sol. Este% sa'emos 'em% realmente d a *ida% e com isso es'anja energia% perdea% dissipaa% faz acontecer na sua generosidade. s omens são filos do sol% e mesmo ?ue *i*am falando em poupança% o ?ue fazem de natural & gastar e consumir. Alis% geram e>cendente de modo at& ?ue fcil% e por isso gastam. ;aitaille insiste o sol d sem nunca rece'er os omens sentiram isso muito antes de a astrof9sica ter medido essa incessante prodigalidadeD. "( s omens sou'eram *er o ?uanto isso les da*a cole coleitas itas e a grandeza de tal gesto ser*iu de par$metro par$metro para muita coisa% inclusi*e para o carter di*ino do astro. s ju9zos morais *indos dessa situação foram de dupla ordem. euse *alor H glBria do dispJndio% tomando o sol como par$metro% mas deuse *alor tam'&m H gloria da produção% tomando a natureza ligada H utilidade como par$metro. sentimento moderno preferiu ficar com a segunda% mas jamais o sentimento sentimento arcaico desapareceu. desapareceu. "+ A ideia de ?ue nossas sociedades conecem e praticam o dispJndio% sem ?ue isso se pona como uma anomalia% como & *isto pelo paradigma produti*ista da maioria dos esconomistas% & defendida por ;ataille a partir de uma retomada dos estudos de Garcell Gauss. Este% sa'ese 'em% estudou o fen@meno do otlach% o regime de presentes e de ?ueima de ri?uezas entre cefes tri'ais. ;ataille retoma essa ?uestão. pro'lema & o do dispJndio do e>cendenteD. "/ Eis a ?uestão o ?ue ocorre est no limite da troca% mas% então% o ?ue se troca% se o ?ue um cefe faz & 'rindar o outro com grandes e>i'iç7es de perda! A ddi*a seria insensata% diz ;ataille% se não assumisse um sentido de uma a?uisição. preciso% portanto% ?ue dar se torne aduirir um oder D. D."0 45 ;ataille% S. $ arte maldita. 4rad. emplo% o antropBlogo e economista americano% de lina pragmatista% 4orstein 5e'len% 5e'len% desen*ol*eu a interessante teoria do consumo consp9cuoD% o gasto para demonstrar poder e impressionar. 5ale 5ale a pena lem'rar ?ue esses aspectos% aparentemente negati*os do so'reporse ao outro% não & o ?ue cama a atenção de )loterdijk% mas sim a função de es'anjamento como o ?ue tam'&m pertence claramente H *ida umana% algo na lina da e>u'er$ncia da atuação da *ontade de potJnciaD de -ietzsce% o carter positi*o de ?uem doa% gasta% es'anja% faz a ri?ueza cumprir seu papel ?ue & a de ser consumida. 48 ;ataille% S. p. cit% p. 03.
uem doa e ultrapassa sua doação% ad?uire so're o outro o poder conferido pelo prest9gio% pela ousadia do despreendimento. despreendimento. A destruição dos o'jetos solitariamente criaria uma perda% mas a destruição na presença do outro% em rituais religiosos e o ?ue cria aos olos do outro o poder poder de dar e destruirD. destruirD. ora*ante ele se torna rico por ter feito da ri?ueza ri?ueza o uso desejado desejado na essJncia da ri?ueza ri?ueza & rico por ter ostensi*ame ostensi*amente nte consumido o ?ue & ri?ueza se consumidoD. ependendo do lugar% o ?ue & a d*ida% o ?ue & oferecido no sacrif9cio% pode ser algo Ftil% como escra*os degolados% em outros podem ser 'elas roupas% ou seja% coisas do lu>o% de menos utilidade direta. Gas a essJncia do otlach & o desprendimento. desprendimento. " )loterdijk *J nas o'ser*aç7es so're o es'anjar e o doar os rumos de uma comple>a generosidade ?ue ele apro*eita% então% para inserir em uma teoria psicopol9tica ?ue en*ol*e um consideração so're o t:mos. doar en*ol*e um doador ?ue se identifica com o ?ue faz e% portanto% tem orgulo dessa sua condição de desprendido% ousado% poderoso. Gas onde est% na descrição de nossa psicologia% psicologia% os elementos da identidade! )loterdijk redesco're 8rancis 8uku:ama% em seu 'est seller 1 "im da hist=ria e o Kltimo homem. -este li*ro uma retomada retomada da teoria teoria do reconec reconeciment imentoo de ,egel como fio
condutor do mo*imento istBrico e% nesse conte>to% uma grande consideração para com a *isão da alma tripartite% ?ue en*ol*e o thymos.(3 8uku:ama *olta a ,egel (1 para lem'rar ?ue este ?ualificou o omem como diferente dos animais por conta de arriscar a *ida por ?uesitos aparentemente não necessrios para a prBpria preser*ação da *ida Uuma caracter9stica ?ue -ietzsce retoma% mas e>trapola para todo o cosmos% não sB para o omem (2V. omem ou% melor dizendo% o omem no're% & a?uele ?ue prefere antes perder a *ida do ?ue ser tratado sem dignidade. omem & a?uele ?ue tem autoestima e% então% d um *alor a si mesmo ?ue pode não ser o *alor ?ue o outro le confere e% por isso% faz *aler sua fFria 'rioza contra o outro. 6elo seu 'rio% clama pelo ?ue cama de justiça. uer ?ue a identidade dada por ele a si 49 Idem% i'idem% pp. /(0(. 50 8uku:ama% 8.
1 "im da hist=ria e o Kltimo homem . 4rad. Aul:de )oares #odrigues. #io de almente% não & o amor o mais prB>imo da generosidade esperada por )loterdijk. )ão as forças timBticas ?ue de*em ser in*ocadas. Assim% uma no*a psicopol9tica tem de reencontrar uma no*a antropologia e uma no*a psicologia ?ue descre*a o omem para al&m da *isão dual moderna% e crie seus traços como um ser rico% de grandes potencialidades% capaz de atiçar o thymos para a doação% o patroc9nio% o cuidado e o orgulo desses feitos. o thymos ?ue pode a'rigar o sentido do es'anjamento descrito por ;ataille e o sentido da
generosidade indi*idualizada descrito e praticado por -ietzsce. 4odo cuidado & pouco% no entanto% no entendimento do thymos. 8uku:ama o descre*e 'em ao modo ?ue% ?ue% depois% pode pode ser utilizado por por )lotedijk desejo de reconecime reconecimento nto originado originado do thymos & um fen@meno profundamente parado>al por?ue o thymos & a sede psicolBgica da justiça e do despreendimento% despreendimento% em'ora ao mesmo tempo esteja intimidamente 5ale lem'rar o tra'alo de 54 5ale
ligado
ao
ego9smo.
eu
timBtic tico
e>ige
)anto Agostino em fa*or da umildade. 6ara este% o encontrar com eus seria claramente sentido pelo omem ?uando pudesse ad?uirir a paz *erdadeira% a não agitação da alma% a completude. =ma alma capaz de fazer grandes generosidades poderia muito 'em não ser uma alma tran?uila% em paz% mas apenas um poço de ansiedade por aceitação umana% carente% desejosa de modo enganoso de fazer o engrandecimento do eu por meio de aplausos. -a *erdade% diz Agostino% o correto seria o ani?uilamento do eu orguloso em 'enef9cio da paz do eu não carente% mas completo pela tran?uilidade ?ue% enfim% & o sentimento de encontro com eus. Com essa psicologia articulada por uma teologia em mãos% Agostino conseguiu condenar como pecadores at& mesmo os grandes imperadores romanos ?ue fizeram as meloras o'ras para a população. Eles teriam agido por aplauso. 8oi por essa *ia ?ue Agostino forjou uma parte importante da doutrina cristã da umildade. 6ara ler mais Siraldelli% 6. 6. -otas so're su'jeti*idade em AgostinoD. WttpXXgiraldelli.pro.'rXfilosofiaXagostino su'jeti*idade.tml
reconecimento em razão do seu r=rio sendo do *alor das coisas% tanto por si mesmo ?uanto pelos outros. desejo de reconecime r econecimento nto & uma forma de autoafirmação% uma projeção dos prBprios *alores no mundo e>terior e d origem a sentimento de rai*a ?uando esses *alores não são reconecidos por outras pessoas. -ão garantia ?ue o senso timBtico de justiça de uma pessoa corresponda ao das outras pessoasD(( E>atamente por essa conclus7es & ?ue o thymos gerou entre os pensadores preocupação constante. 6latão ?uis educlo com uma pedagogia especial% para coloclo como corret corretoo coadju coadju*an *ante te da razão. razão. -a entra entrada da da modern modernida idade% de% Ga?uie Ga?uie*al *al procur procurou ou controlar sua atuação dispondo forças timBticas umas contra as outras. -a modernidade li'eral% Locke e ,o''es *isaram e>tiplo do deseno da psicologia umana% traçando o omem apenas como proprietrio de razão e pai>ão. As forças timBticas se tornaram forç forças as da pai> pai>ão ão%% elem elemen ento toss irra irraci cion onai aiss ?ue ?ue de*e de*eria riam m ser ser não não educ educad ados os%% mas mas comandados ou anulados. s primeiros li'erais ingleses *iram as forças timBticas como o orgulo causador das guerras apai>onadas de pr9ncipes ou como causas de padres fanticos ?ue incenti*aram com'ates religiosos% e% assim% esses pensadores modernos procuraram de *ez com'ater toda e ?ual?uer forma de orgulo. 5iram o pecado da megalot:mia ?ue estaria possuindo os setores no'res% e>atamente os setores ?ue a 'urguesia nascente nascente ?ueria ?ueria com'ater. com'ater.
(+
Claro ?ue a tentati*a da pol9tica li'eral na tradição de ,o''esLocke de 'anir da pol9tica o desejo de reconecimento% ou tornlo limitado e impotente% dei>ou in?uietos muitos muitos pen pensad sadore oresD. sD. ra% ra% a soci socieda edade de modern moderna% a% a partir partir desse desse moment momento% o% seria seria constitu9da por a?uilo ?ue C. ). LeTis camou de \omens sem peito]D. (/ =samos essa e>pressão para pessoas sem orgulo e sem coragem para fazer *aler os imperati*os de sua autoestima. izemos fulano de tal não em peito para fazer issoD. thymos da alma desenada pelos gregos fica*a no peito. s \omens sem peito] nasceram dos pac9ficos 'urgueses comerciantes% 'an?ueiros% industriais e todos a?ueles ?ue *iram na sociedade de mercado nascente a necessidade da ca'eça 'ai>a Ftil ao mercado. =ma sociedade como a nossa% diz )loterdijk% de*e ampliar o mimo ?ue & o produtor de omens desde sempre% mas de uma maneira ?ue o associa H paz% por isso mesmo o 55 8uku:ama% 8. p. cit.% p.21(. 56 Idem% i'idem% pp. 22(+. 57 Idem% i'idem% p. 2.
omem de*e anular o sentimento da onra% e caminar na incorporação de uma crescete des*irilização.(0 A *irilidade de*e ser e>tirpada. -o mercado *ale o agrado entre compra comprador dores es e *en *ende dedor dores es.. 'urguJ 'urguJss nutrid nutridoo pela pela 'iolog 'iologia ia ideolB ideolBgic gicaa da auto auto conser*ação se fez sin@nimo de omem. atleta moderno% ao contrrio do omem *iril% & *isi*elmente ermafrodita% diz )loterdijk. ( 6or isso mesmo% ?uando -ietzsce disse ?ue o omem era a*aliador ar e+cellence% e ?ue ?ue pun punaa na ling lingua uage gem m o 'em 'em e mal mal como como a*al a*alia iaç7 ç7es es ?ue ?ue tin tinam am segu segund ndos os pensamentos Usegundas Usegundas intenç7esV% intenç7esV% ele logo foi *isto *isto como preferi*elmente preferi*elmente literrio% não um filBso filBsofo. fo. Gas essa essa auto autoafi afirma rmação ção de -ietzs -ietzsc ceE eEmer merson son nun nunca ca se dissip dissipou ou completamente% apenas se mante*e secundarizada% secundarizada% e & nesse elemento pouco notado ou% se notado% descrito negati*amente% ?ue estão as forças claramente timBticas na ?uais )loterdijk p7e f&% as forças ?ue podem ser traziadas para o centro% acoto*elando a psicopol9tica erBtica. por essa *ia% pela caracter9stica do orgulo do patrocinador e criador ?ue a generosidade pode estar no centro de uma sociedade onde os indi*9duos tenam sua identidade com doadores. rgulos criadores% patrocinadores e facilitadores de redes ?ue promo*am a generosidade antes da imposição injustificada do fisco & o ?ue )loterdijk oferece% então% para al&m da disputa ?ue ele considera como datada. Esse disput disputaa datada datada & a do li'eral li'eralism ismoo -ersu -ersuss socialismoD. Al&m dela% ele p7e a disputa cola'o cola'orac racion ionista ista e compe competiti titi*is *ista ta ao mesmo mesmo tempo% tempo% *indas *indas das ener energia giass timBti timBtica cass da?u da?uel eles es ?ue ?ue ?uer ?uerem em doar doar e faze fazerr de seus seus proj projet etos os os mais mais *ist *istos os%% de mel melor or desempeno.
Liç&o ;. ' so*iedade do (is*o 5olu%t#rio 60
Em um sentido 'em semelante ao de #icard #ort:% para ?uem as redescriç7es de nBs mesmos tem um papel central no ?ue podemos nos tornar% )loterdijk 'usca alertar so're uma fcil *isão dita realista a respeito das pessoas. Admoesta os ?ue se es?uecem ?ue
58 )loterdijk% 6. palcio de cristal. 4rad. Ganuel #esende. Lis'oa #elBgio ]`gua% 2330% pp. 212. A *ersão original )loterdijk% 6. 6. %m Weltnnenraum Weltnnenraum des /aital . 8rankfurt am Gain )urkamp 5erlag% 233(. 5er entre*ista de )loterdijk ao er )piegel U3X3+X233+V. 6odese *Jla em inglJs em )loterdijk% 6. 59 5er 'elected E+aggerations % op. cit.% pp. 1/02. 60 -o ?ue segue neste tBpico% sal*o referJncia espec9fica outra% trato de artigos so're o fisco reunidos em )loterdijk% 6. Die nehmende &and und die ge*ende ge*ende 'eite . ;erlin )urkamp 5erlag% 2313. Indico tam'&m a *ersão em castelano% especialmente organizada pela professora espanola Carla Carmona% especial para o pF'lico não alemão% contendo uma 'oa introdução de sua autoria. )loterdijk% 6. Aiscalidad -oluntaria y resonsa*ilidad ciudadana . 4rad. Isidoro #eguera. Gadri )iruela% 231".
todo enunciado atua como uma conformador de pessoasD ?uem pensa de modo mes?uino so're as pessoas% cedo ou tarde se encontra com o ?ue pensouD. Entendendose capaz de utilizar a redescrição psicolBgica e antropolBgica ?ue le*a em consideração nossas forças timBticas% para coloclas em fa*or de um no*o projeto de generosidade% )loterdijk assim faz se pondo como um erdeiro de Garcel Gauss. -o terceiro *olume do projeto das Es"eras% ele dei>a uma importante sinalização so're o assunto. -a Fltima pgina do do terceiro *olume da trilogia das Es"eras) na criação de uma con*ersa a*aliati*a de todo o projeto% ele p7e trJs personagens em cena. cr9tico literrio% o teBlogo e o marcroistoriador% sendo este Fltimo um ?uase seu duplo. o macro istoriador% istoriador% então% ?uem fala ?ue *J o tra'alo de )loterdijk como erdeiro de Gauss% Gauss% algu&m ?ue ?uis escre*er uma istBria uni*ersal da generosidadeD e a apresentou por meio de um tra'alo mascarado mascarado por uma fenomenologia das ampliaç7es de espaçoD. espaçoD. Essa istBria% então% seria como ?ue uma parfrase de um imperati*o categBricoD de Gauss% ?ue nos diria so're o 'enef9cio dos presentes% das d*idas. +1 A partir dessa *isão de generosidade como implicando a doação% )loterdijk ela'ora os fundamentos pelos ?uais podemos propor um projeto desse tipo% como uma e>periJncia social e pol9tica. -esse caso% toma inicialmente os modos pelos ?uais uma sociedade consegue financiamento financiamento para a sua ma?uinaria pol9tica. Ele cita as guerras de pilagem% os fisco interno do estado a'solutista% o fisco interno de carter social democrata e% por fim% os sistemas de filantropia e criação de fundaç7es. escarta o primeiro% diz ?ue o segundo e o terceiro se fundiram na forma do estado moderno ?ue co'ra impostos sem 'oas justificati*as para tal% e prop7e a ?uarta forma% pela ?ual a*eria o fisco su'jeti*oD%+2 ou seja% algo como um fisco inteligente K o dineiro da filantropia costuma ser um dineiro inteligenteD% afirma )loterdijk + 4ratase de criar uma &tica do darD. Essa &tica & a proposta para se escapar da passi*idade dos indi*9duos atuais% gerado pela aliança entre os ditames do estado a'solutista e alguns gerados por uma peculiar *isão do estado social democrata ou 61 )loterdijk% 6 . 'ch5ume. )pren III.
8rankfurt am Gain% )urkamp 5erlag% 233"% p. 00(. 62 Entre*ista de )loterdijk em Wirtscha"ts4oche U1 de julo de 2331% pp. 22+V. 6odese encontrar *ersão em inglJs em )loterdijk% 6. 'elected E+aggerations . 4rad. Paren Gargolis. Galden UGAV 6olit:% 231+% pp (++"% p. +. 63 Entre*ista para )jord *an 4uinen. Yat does a uman a*e ta e can gi*e aTa:! W ttpsXXTTT.academia.eduX10(1(3XYatoes ttpsXXTTT.academia.eduX10(1(3XYatoesa,uman,a*etat,eCanSi*e a,uman,a*etat,eCanSi*eA ATa: Ta: inter*ieTTit6eter)loterdijk231
mesmo li'eral. estado a'solutista tira% sem mais% de um setor amplo da população% dei>ando uma minoria 'eneficiada. 6or sua *ez% na perspecti*a redistri'uti*a% o estado social democrata ou li'eral carrega consigo um certo ressentimento associado a um idealismo ?ue tem 'ases em #ousseau e ?ue cegou a 6roudnon% ?ue realmente disse ?ue a propriedade & um rou'o UoriginrioV. jo*em Gar> aplaudiu 6roudon por conta desse rousseaunismo. Essa ideia contaminou toda es?uerda moderna. ?ue #ousseau disse so're como surgiu a propriedade% ou seja% so're a maneira de como o primeiro omem ?ue cercou um terreno criou toda uma erança maligna% gerou uma forma de pensar semelante a do pecado original. s impostos passaram a ser leg9timos por meio% então% da ideia do rou'o do rou'o o estado de*e sempre pode tirar dos proprietrio% sem muito e>plicar[ afinal% o omem proprietrio original rou'ou de todos. s ?ue tJm alguma propriedade ou mesmo podem *ir a tJla% de*em ser ta>ados. A ta>ação & uma forma de restituir o ?ue foi inicialmente rou'ado. A es?uerda% diz )loterdijk% se regozija em acreditar ?ue tem uma *isão realista. s realistas são os ?ue discordam da &tica do dar para os ?ue impugnam mina teseD% diz ele% o ?ue se cama sociedade significa unicamente a soma de todas as deserç7es da sociedadeD. )endo assim% pensam os intelectuais desse tipo de es?uerda dentro do ?uadro do Bdio social e% não raro% como um desprezo a toda e ?ual?uer lei do estado de direito li'eral. )loterdijk entende ?ue a ta>ação & um dos fatores mais importantes na criação de dois grandes pro'lemas ou ?uest7es sociais de nossos tempos. primeiro diz respeito H contradição entre a e>istJncia de uma sociedade ?ue deslocou todo tipo de energia em seu fa*or e proporcionou% entre outras coisas% uma ?ueda *ertiginosa das oras de tra'alo de todos em menos de duzentos anos% e a *igJncia de uma disparidade grande ?ue faz com ?ue muitas regi7es fi?uem de fora do campo da a'und$ncia. segundo pro'lema & o de uma passi*idade ?ue se torna contemporaneamente contemporaneamente algo gra*e% inclusi*e e principalmente em sociedades ricas% a'undantes% ?ue gastam e podem gastar de um modo nunca *isto antes% e ?ue p7e ?uantidades enormes de pessoas na condição de se autoalijarem das decis7es so're a'und$ncia. Esse pro'lema da passi*idade &% enfim% o ?ue se traduz em termos de anlise pol9tica como o distanciamento dos cidadãos em relação ao funcionamento do estado e da prBpria *ida pol9tica. Esse clima pode mudar ?uando se nota as formas de doação correntes% j e>istentes% em n9*es materiais% espirituais e comunicacionais. 6odese pensar em dar *azão para elas como uma e>periJncia social mais importante ?ue o imposto% o fisco.
4oda*ia% para propor uma tal e>periJncia% )loterdijk *J necessidade de passar por ,a'ermas e errida% ?ue de certa maneira tJm a *er com o tema. primeiro por ter em seus disc9pulos os ?ue menos entenderam a sua &tica da generosidadeD e a tomaram como um mero retrocesso neoli'eralD. segundo por estudar o tema da generosidade% colocando alguns elementos a serem reconsiderado pelo projeto das Es"eras.+" A tese de errida so're a ddi*a parte classicamente de Garcel Gauss. filBsofo francJs entende ?ue a ddi*a & o imposs9*el. En>erga o trio formado por doador% o'jeto doado e receptor como o ?ue & necessrio para a doação ocorrer e% ao mesmo tempo% como o ?ue a torna imposs9*el. 6ara ele% a doação ocorre se não gera nenuma d9*ida% nenuma necessidade ou re?uisição ipot&tica de uma contradoação% uma reposição. Gas% & e>atamente no momento ?ue o receptor a apana% ?ue a ddi*a se desfaz em uma situação ?ue gera a troca. 6ara errida +(% Gauss teria ?uase perce'ido isso. 6or sua *ez% )loterdijk entende ?ue essa situação não in*alida o seu projeto de generosidade% pois ele não *J a doação presa a esse pensamento de errida ?ue% na sua a*aliação% & idealista metaf9sico. Ele diz ?ue se torna c&tico ?uando & confrontado com a ideia de uma ddi*a UpresenteV incondicionalD. ++ Confessa ter gasto um longo tempo lendo errida% mas entende ?ue esse incondicionalismo & uma esp&cie de ca*alo de 4rBia para a sociologia moderna. )e a ddi*a en?uanto ddi*a% efeti*a% & a ?ue não p7e de nenum lado ?ual?uer o'rigação% isso não conduz a lugar algum. Afinal o ?ue de errado com a e>pectati*a de algo ressoante na ddi*a!D 6ara )loterdijk% toda ddi*a Upresente% doaçãoV implica% de algum modo% a estrutura da trocaD% e a ?uestão & o ?ue ocorreria se a relação entre a ddi*a e a contraddi*a fosse permanecer completamente a'ertaD. )ua argumentação & de ?ue a estrutura da troca não in*alida nada na doação% uma *ez ?ue a doação & sempre uma relação ?ue não esta'elece nenuma simetria sincr@nica. -ão se trata de uma nota promissBria para pagar num 'anco. di*a e contraddi*a estão ligadas uma a outra% e por isso mesmo toda ddi*a de um 'em% tem preço. Contudo% muitas coisas ?ue não tem preço% ainda ?ue precisem ser mantidas% ?ue necessitem ser pagasD. -esses casos% um grande retorno & esperado% mas protelado para a prB>ima
64 de'ate todo
entre )loterdijk e outros% inclusi*e i nclusi*e a'ermasianos% est em )loterdijk% 6. 6. Die 5erlag% 2313. Indico tam'&m a *ersão em nehmende &and und die ge*ende 'eite . ;erlin )urkamp 5erlag% castelano% especialmente organizada pela professora espanola Carla Carmona% especial para o pF'lico não alemão% contendo uma 'oa introdução i ntrodução de sua autoria. )loterdijk% 6. Aiscalidad -oluntaria y resonsa*ilidad resonsa*ilidad ciudadana . 4rad. Isidoro #eguera. Gadri )iruela% 231". 65 errida% 7es &tic &ticas as so'r so'ree essa essa idei ideia[ a[ por por isso isso em sua sua o'ra o'ra mais mais tard tardia ia falo falouu +/ )loterdijk% )loterdijk% 6. 6. Die nehmende &and und die ge*ende 'eite . ;erlin ;erlin )urkamp )urkamp 5erlag% erlag% 2313. Indico tam'&m a *ersão em castelano% especialmente organizada pela professora espanola Carla Carmona% especial para o pF'lico não alemão% contendo uma 'oa introdução de sua autoria. )loterdijk% 6. 6. Aiscalidad -oluntaria y resonsa*ilidad ciudadana . 4rad. Isidoro #eguera. Gadri )iruela% 231".
68 )loterdijk%
6. Die nehmende &and und die ges8*ende ges8*ende 'eite . ;erlin )urkamp 5erlag% 2313
incansa*elmente de ddi*a% presente% perdão% assimilação% amizade% erança e de fen@menos similares. 4odos 4odos esses temas eram deduz9*eis de uma o'ser o'ser*aç *ação ão 'sica 'sica em todo todo autJn autJntic ticoo interc interc$m' $m'io io entre entre pessoas a *antagem de dar & insuper*el. A justiça sB pode ser pensada mais al&m da simetria entre dar e tomar. tomar. -ão pode ser imaginada imaginada sem desiguald desigualdade ade e unilateral unilateralidade idade.. Em conse?uJ conse?uJncia% ncia% \responder] nunca se esgota em de*ol*er um presente rece'ido. A 'oa 'oa \resposta] sB pode manifestarse no seguir dando% com o ?ue se cria de no*o uma relação assim&tricaD.
+
)eguindo essa lina de refle>ão% )loterdijk *olta a denunciar a incapacidade da social democracia de notar as pessoas% ?ue j não são poucas% ?ue sa9ram da letargia e ?ue tJm 'uscado projetos% aliança e cenas em ?ue os ?ue são capazes de dar tJm condiç7es de realizar suas fantasias sociais% sua consciJncia de doadores e seus impulsos timBticos criadores. A social democracia% diz ele% ficou presa tempo demais em uma sem$ntica de uma sociologia \realista] e uma filosofia social comandada pelo ressentimento 'em intencionado. s&culo OOI a'rigar uma uma luta tit$nica entre a razão da generosidadeD generosidadeD e os clculo dos pensamento inferiorD. )e a &tica generosa puder ganar essa luta% isso ocorrer por conta de uma pressão crescente de dependJncias mFtuas dos jogadores glo' glo'ai aiss atua atuand ndoo em sua sua dire direçã ção. o. A soci socied edad adee mund mundia iall ser ser um patc patcT Tor orkk de comunidades timBticas% ou não serD /3 Essa realização se far por a?ueles ?ue j estão nesse afã. Eles & ?ue poderão regenerar a consciJncia da coisa comumD e criar um clima social diferente. )ão os doadores efeti*os em todos os n9*eis da comunidade ?ue em Flti Fltima ma inst inst$n $nci ciaa supo suporta rtam m todo todo o peso peso dos dos cons constr trut utur ures es soci sociai aiss conectados em rede pelo dineiro% conectados em rede pelo sa'er% conectados em rede pela empatia[ são os pe?uenos% m&dios e grandes pagadores de impostos diretos e indiretos% os doadores% os patrocinadores% os ?ue fazem fundaç7es% os ajudantes *oluntrios% os ?ue tra'alam por facilitar a comunicação em red UnetTorkerV% os ?ue dão ideias e todos os cridores conecidos ou desconecidos em todos 69 Idem% i'idem. 70 Idem% i'idem
os $m'i $m'ito tos% s% os ?ue ?ue com com seus seus paga pagame ment ntos os%% impu impuls lsos os e idei ideias as enri?uecem a coisa comumD. /1
A narrati*a da &tica da generosidadeD de )loterdijk comp7e uma filosofia pol9tica para fora da disputa tradicional no das Fltimas d&cadas% na ?ual a justiça social se faz a partir de teorias paradigmaticamente ligada ao li'eralismo de terior% se da*a ao prazer de poder culti*ar seus deuses% falar sua l9ngua% ter especial prtica de usos e costumes. A S8r&cia se *ia li*re H medida ?ue tina longe dela o poderio persa ou de outros imp&rios. E cada cidadeestado grega se *ia li*re se não tina nenuma outra tentando mudar seu modo de *ida. 6or isso% ?uando 6latão foi preso fora de Atenas e *endido como escra*o% foi comprado por um filBsofo epicurista para poder le restituir a sua li'erdade e *oltar para Atenas. u seja% *oltar a ser grego. 8azia parte do ethos grego manter a onra de um cidadão grego e% portanto% encontrandoo degradado no e>terior% restituirle a dignidade% ou seja% sua condição grega K sua li'erdade grega. A sociedade moderna entende a li'erdade de modo outro. 4ratase de uma li'erdade da *ontade en?uanto faculdade umana indi*idual. 8azer o ?ue se ?uer fazer% como 71 Idem% i'idem
indi*9duo% & uma li'erdade mais prB>ima do li*rear'9trio agostiniano e das fileiras cristãs. Isso *eio a calar para o li'eralismo moderno. 4ratase do imp&rio do cidadão li*re por ser% antes de tudo% um indi*9duo li*re% assim% não raro% o ethos pode ser alguma coisa em oposição H moral% e esta sim um campo da li'erdade. A soci socied edad adee amer americ ican anaa pare parece ce ser ser o e>em e>empl ploo mais mais aca' aca'ad adoo da mode modern rnid idad ade% e% especialmente ?uanto H li'erdade. americano não est longe do grego Uou do romanoV ao ?uerer *i*er em um pa9s li*reD% um pa9s sem dominação e>terior% mas ao mesmo tempo toma seu ethos% sua o'rigatoriedade% como sendo o elemento interno ?ue garante ?ue ele possa e>ercer uma li'erdade ?ue o grego não coneceu% ou seja% a *ontade indi indi*i *idu dual al li*re li*re.. Esse Esse culto culto ao indi indi*i *idu dual alis ismo mo%% espe especi cial alme ment ntee dese desen* n*ol ol*i *ido do na sociedade da a'und$nciaD USal'raitV e da le*eza% pode le*ar H prBpria desagregação da sociedade moderna! A sociologia clssica elegeu um tal pro'lema como um de seus principais o'jetos de atenção. urkeim tentou solucionar tal pro'lema ao falar nas *antagens da solidariedade org$nicaD so're a solidariedade mec$nicaD. Ye'er notou a 'urocracia profissional e o cefe carismtico como o ?ue poderia dar unidade ao ?ue camou de separação das esferas de *alorD apBs o fim do prest9gio da capa unificadora da religião. Antes deles% Gar> prop@s como uma solução o socialismo. A sociedade comunista% na ?ual a economia coleti*a poderia li'ertar o omem% de*eria fazJlo senor de seus afazeres e não mais o'jeto de forças de mercado ?ue o estariam escra*izando e ao mesmo tempo impondo a todos uma irracionalidadeD desagregadora. )loter )loterdij dijkk *J essa essa situaç situação ão de outra outra manei maneira% ra% comple completam tament entee no* no*a. a. socied sociedad adee moderna% segundo ele% ca'e dois tipos de li'erdade% ?ue% o'*iamente% demandam dois tipo tiposs de su'j su'jet eti* i*id idad ade. e. =ma =ma das das noç7 noç7es es mode modern rnas as de li'e li'erd rdad adee & a de ,e ,ege gel l a consciJncia das necessidades. ,egel desfez a dualidade li'erdade -ersus necessidadeD assumindo a função da consciJncia como o ?ue entende ?ue li*re & a?uele ?ue sa'e seus limi limite tess post postos os pelo pelo ?ue ?ue são são suas suas nece necess ssid idad ades es%% aind aindaa ?ue ?ue esta esta poss possam am muda mudar r istoricamente% e ?ue de fato assim fazem. utra noção de li'erdade moderna & a de #ousseau. Ele prop7e o afastamento de toda oneração social% das mscaras sociais% e 'usca uma situação de li'erdade na nãoconsciJncia. nãoconsciJncia. e>emplo & a c&le're passagem no lago ;iel% em 1s de-aneios do caminhante solitrio % em ?ue se dei>a le*ar pelos de*aneios. 6odese at& dizer ?ue #ousseau encontrou a li'erdade em uma alteração ontolBgica nãocartesiana% ou seja% no não enso) logo e+isto . )entir a e>istJncia% e sB
ela% no completo de*aneio% sem passado ou presente ou futuro% & o ?ue #ousseau apontou como sendo a *erdadeira li'erdade. Assim% os modernos le*aram isso para o campo da ação egelianos de es?uerda fizeram partidos transformadores e% em certo sentido% at& puderam usar o #ousseau teBrico da 5ontade Seral% para a desgraça da li'erdade[ mas% os rousseau9stas rom$nticos% os da fuga social% foram antes de tudo para o mundo ippie e puramente li'ertrio ?ue para ?ual?uer outra coisa. Gaio de +0 foi o apogeu de prest9gio dessas teses todas no conjunto do ?ue se cama*a então ju*entudeD. )loterdijk tem pouco apreço pela lil'erdade rousseau9sta% se esta aca'a por desem'ocar na 'usca da *ontade geral. -esse caso% ?uando isso ocorre% atri'ui a #ousseau um desen*ol*imento pessoal desrespeitoso com as transiç7es ?ue as esfera 9ntima de*e passar% passar% sa'endo preser*ar o utro ?ue nos & inerente e ?ue pode garantir nossa capacidade de con*i*er 'em com a alteridade e com disposiç7es aleias. 4oda*ia% por outro lado% )lorerdijk não acredita ?ue a li'erdade rousseau9sta tena sempre ?ue desem'ocar numa *ala comum de ?uem retorna H sociedade ou para uma fusão com a -atureza ou uma perda na 5ontade 5ontade Seral. filBs filBsof ofoo alem alemão ão ente entend ndee ?ue ?ue a li'e li'erd rdad adee rous rousse seau auni nian anaa tem% tem% ela ela prBp prBpri ria% a% um componente de reengajamento no mundo. =ma ida para um eu interior em de*aneio% completamente desonerado% & limitado no espaço e no tempo e% não raro% proporciona e>atamente o camado para o campo da oneração. Afinal% ?uanta le*eza suporta o omem! -ão & o t9tulo a insustent*el le*eza do serD uma e>pressão preferida de )loter )loterdij dijk! k! Claro% Claro% por?ue por?ue tal e>p e>pres ressã sãoo & a con condiç dição ão modern moderna. a. ra% ra% & nisso nisso ?ue )loterdijk *J o camado do real como alguma coisa ?ue tem a *er como a maneira ?ue )artre encara a li'erdade ou% melor% o engajamento. engajamento de )artre% como não podia dei>ar de ser% tem uma clara referJncia pol9tica. )loterdijk a toma de um modo mais mais amplo ?ue% em certo sentido% tal*ez at& seja mais fiel ao conceito sartriano ?ue o ?ue & di*ulgado. A c&le're frase de )artre de ?ue o omem est condenado H li'erdadeD e>plica a noção de engajamento. 6ara o e>istencialismo o omem não tem uma natureza para fora da sua prBpria e>istJncia. /2 omem se torna o ?ue &% ou seja% efeti*amente umano% pelas /2 A respeito das teses principais de )artre nunca & demais *oltar para a conferJncia didtica e>istencialismo & um umanismo. 5er )artre% istJncia. 'arco na*ega% ele & uma contigJncia da *ida% não a *ida. )loterdijk diz lando mais de perto% tornase e*idente ?ue o sujeito li'erado nunca fica permanentemente na posição da inacessi'ilidade do real. =ma *ez ?ue ele desco're a sua li'erdade% ele tam'&m desco're uma ?uase ilimitada acessi'ilidade para camadas a partir do real. e*ido H sua sua disp dispon oni' i'ili ilida dade de%% alca alcanç nçad adaa no pico pico da sepa separa raçã çãoo inte interi rior or m>ima% gana a partir de si mesmo o camino de *olta para o o'jeti*o K se não for realizado como no caso de #ousseau% pela neurBtica construção de falso ego. Ele sai para fora do 'arco por meio de uma desesta'i desesta'ilizad lizador or uma e>periJnc e>periJncia ia ines?uec ines?uec9*el% 9*el% e tornase tornase dispon9*el ao mercado de tra'alo do real% para al&m de disposição e
/ )loterdijk & respons*el por uma recente tradução desse li*ro para o alemão. 5er ttpXXgiraldelli.pro.'rXpe?uenoprincipeX
resistJncia. 6enso ?ue esta *irada para autooneração & o ?ue ada nas mãos dos li'erais. /0
Liç&o 10. 9eorias da !erdade e a *o%tribuiç&o de Peter Sloterdijk
-ão algo mais 'anal ?ue a *erdade. *erdade. Ao mesmo tempo% tratase de uma uma pala*ra com a ?ual denominamos nada mais nada menos ?ue eus. eus & a *erdade% dizem os de*otos. Alguns Alguns preferem fazer distinç7es de modo a não comprometer nem a *erdade e nem eus% então usam *erdadeD como alguma coisa de ordem metaf9sica Uou mesmo m9sticaV e dei>am para usar no cotidiano o adjeti*o *erdadeiroD. Esta'elecem traçados paralelos Usendo U sendo então% am'os leg9timosV de duas tendJncias filosBficas aparentemente distintas% a tendJncia metaf9sica e a tendJncia positi*ista% em particular o positi*ismo lBgico ou% de modo mais amplo% a filosofia anal9tica. 6ara esta Fltima sB ca'e falar em *erdade como um ?ualificati*o de enunciados. izse de uma proposição ?ue ela & *erdadeiraD ou & falsaD. ;uscase com isso a desinflação metaf9sica ou ontolBgica da noção de *erdade. e um modo geral a filosofia contempor$nea endossa essa ideia da filosofia anal9tica. ApBs tantas cr9ticas de -ietzsce H *erdade% uma 'oa parte dos filBsofos atuais *J com 'ons olos essa solução dada pela filosofia anal9tica. A discussão discussão entre #icard #ort: e onald a*idson a respeito do tema ilustra 'em isso. #ort: segue -ietzsce e radicaliza r adicaliza as propostas de a*idson% esta'elecendo os usos lingu9sticos ?ue fazemos dos termos & *erdadeD e & *erdadeiroD. / a*idson responde a #ort: afirmando ?ue ele prBprio diz at& menos para poder dizer mais% pois acredita ?ue não podemos se?uer ter uma linguagem sem o termo *erdadeiroD% pois se trata de um conceito primiti*oD. Am'os concordam ?ue a *erdade não se e>plica sem ?ue se caia em c9rculos. uando ?ueremos 77 Idem% i'idem% pp. (/0. 78 Idem% i'idem% pp. (0. 79 Siraldelli perimentamos a sensação de ser um% pois sempre fomos doisemum. A relação nos & inerente. )B se pud&ssemos *i*er fora da esfera% ser9amos um% mas não fazemos isso. Dasein ist designer . )o%siderações =i%ais
)omos d9ades ou 'iunidades% mas a modernidade nos trou>e a perda so're esse sa'er a respeito de nBs mesmos. -os descremos como unidades indi*iduais em um sentido solitrio e su'stancial% a gosto de uma metaf9sica su'stancialista filiada a AristBteles e escartes% ou como seres ?ue precisariam se ressocializar% e isso seria feito por sermos comunicacionais K comunicação esta ?ue% na prtica% parece não dar conta de nos fazer sair do 'uraco indi*idualista. Com isso% criamos uma imagem de nBs mesmos segundo uma estreita perspecti*a psicopol9tica li'eral acr9tica. -esse sentido% nos *emos como seres solitrios no meio de multid7es e% então% aca'am aca'amos os mesmo mesmo acred acredita itando ndo nisso% nisso% e nos re*ol* re*ol*emo emoss procur procurand andoo parce parcerias rias em apetrecos tecnolBgicos ou no consumo sem crit&rios.
)omos timBticos% mas a modernidade nos redesenou como ?uem não pode ter orgulo. )er )er orgu orgul los osoo de cuid cuidar ar de algu alguma ma cois coisaa nos nos faz faz ante antess culp culpad ados os ?ue ?ue pess pessoa oass al*issareiras por promo*er a generosidade. 4ornamose r&plicas de nosso retrato mal feito% ?ue nos reduziu a seres so' o conflito entre razão -ersus pai>ão. A pai>ão% ao englo'ar sensaç7es e sentimentos% & tomada então como necessria% mas ao mesmo tempo% sempre um fato de distFr'io de nossa prBpria ação. -esse sentido% tomamos como como necessrio a umildade como um *irtude ?ue% na prtica% funcio funciona na como como ideolo ideologia gia.. 5i*emos i*emos nos conde condenan nando do por aç7es aç7es ?ue atri'u atri'u9mo 9moss Hs pai>7es% mas ?ue% em outra psicologia% psicologia% poder9amos *er como 'em ca'9*eis% ca'9*eis% como sendo aç7es prBpria do thymos) o campo da ira% da autoestima necessria para a identidade% da 'usca de sadio reconecimento ?ue% enfim% ,egel *iu com a marca distinti*amente umana. )omos seres da ri?ueza. esde o in9cio% tanto do ponto de *ista da ontogJnese UistBria do indi*9duoV ?uanto da filogJnese UistBria da esp&cieV. o ponto de *ista da filogJnese confirmamos nossa ri?ueza pela neotenia. o ponto de *ista da ontogJneses somos os seres ?ue se esforçam para se tornar sujeitos% mas segundo a campo uterino ampliado. -o entanto% na modernidade% essa imagem & reforçada em outro sentido. 4ornamonos 4ornamonos a?ueles ?ue se *eem sempre na po'reza% com poucos recursos% como frgeis cercados num meio de escassez. A modernidade nos mostra ?ue a'rimonos% justamente nessa &poca% para o nosso desiderato seres da ri?ueza *i*endo na sociedade da a'und$ncia e da le*eza. Gas nossa imagem% justamente nesses tempos% & o oposto disso tudo & mis&ria e sofrimento. )omos *9timas da ideologia da Internacional Gisera'ilista. Com isso% temos dificuldade de aceitar ?ue poder9amos gerar uma sociedade ?ue% enfim% j *em funcionando o lugar de coisas menos impostas Uinclusi*e o impostoD% o fiscoV e com apreço maior H li'erdade justamente por?ue estamos numa sociedade onde o tempo de tra'alo foi reduzido e o tra'alo com fardo tam'&m diminui. )omos a sociedade da p9lula% da eletricidade e da penicilina% não sB a era da fome na `fricaD e da guerra ra'eD. Em termos 'em gerais% essas são as conclus7es da compreensão da su'jeti*idade e da modernidade de 6eter )loterdijk% ou ao menos o ?ue se pode tirar da sua filosofia ?uanto H fase da Es"erologia. ra% o ?ue podemos pensar a partir da9! 4al*ez *ala a pena% seguindo essa lina de pensamento% atentarmos para o papel das grandes teorias da modernidade. Em uma sociedade desonerada como a nossa% tam'&m
não são o mar>ismo e a psicanlise Uessas duas teorias ?ue ?uiseram% um dia% se colocarem como a CiJncia das ciJncias% uma esp&cie de metaciJncia não filosBficaV formas de pensamento desonerado ?ue% em um aparente parado>o% precisa repor alguma oneração% alguma necessidade% necessidade% de modo a ontologizar o mundo! A psic psican anl lis isee deso desone nera ra o suje sujeit itoo H medi medida da ?ue ?ue joga joga para para o inco incons nsci cien ente te as responsa'ilidades de pensamentos e atos[ por sua *ez% o mar>imo faz algo semelante ao tirar dos om'ros do sujeito certos atos ?ue le*am ao tropeço% então postos na conta da ideologia% da falsa consciJncia no mundo regido pelo mercado. Inconsciente e falsa consciJncia ou ideologia são elementos de desoneração. -ossa *ida se torna menos culpada ?uando podemos nos agarrar a tais muletas do Iluminismo. -o entanto% o peso social reaparece% ou seja% o estresse & reposto% se notarmos ?ue a psicanlise não dei>a de falar em mal estarD da ci*ilização. esejos des*iados são% sempre% não necessariamente 'em su'limados% e podemos nos fazer todos um pouco frutos de patologias. 6or outro lado% pelo mar>ismo% a *ida social não & rBsea% pois alguma coisa ?ue nos coloca em guerra perp&tua% se pensarmos ?ue a luta de classesD se manifesta de di*ersas formas e domina todo o nosso tempo. Estresse e li'erdade K eis os polo poloss da reon reoner eraç ação ão no desd desdo' o'ra rame ment ntoo da soci socied edad adee da le*e le*eza za%% a soci socied edad adee desonerada moderna. Assim sendo% a filosofia de 6eter )loterdijk gana a a'rangJncia ?ue se espera de uma grande proposta filosBfica% a capacidade de e>plicar o ?ue ocorre e tam'&m como o ?ue ocorre te*e de gerar essas teorias so're o ?ue ocorre. A modernidade & retratada H medida ?ue as teorias so're ela e ?ue nascem dela são tam'&m postas em um ?uadro maior.
View more...
Comments