Desenvolvimento Comunitário e Educação de Adultos

July 5, 2020 | Author: Anonymous | Category: Alfabetização, Economia Social, Desenvolvimento econômico, Humano, Portugal
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Desenvolvimento Comunitário e Educação de Adultos Adultos

Fátima Fonseca Estudante nº 43540 Sociopedagogia e Formação de Adultos

Índice Considerações Iniciais ................................................................................ Pág. 2

1. Conceitos ............................................................................................... Pág. 3 Desenvolvimento Comunitário ......................................................... Pág. 3 Educação de Adultos ........................................................................ Pág. 5

2. Evolução de Educação de Adultos ........................................................... Pág. 7

3. Pressupostos Metodológicos para o Desenvolvimento Comunitário ........ Pág. 15

Considerações Finais ................................................................................ Pág. 17

Bibliografia .............................................................................................. Pág. 18

Sitografia ................................................................................................. Pág. 19

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Considerações Iniciais Este Este trabal trabalho ho surge surge no âmbit âmbitoo da Unida Unidade de Curric Curricul ular ar de So Socio ciope peda dago gogia gia e Formação de Adultos do Curso Superior de Educação Educação Socioprofissional Socioprofissional na Escola Superior de Educação Jean Piaget e visa demonstrar a complementaridade dos conce conceit itos os obje object ctos os de estu estudo do:: Dese Desenvo nvolv lvim iment entoo Comun Comunit itári árioo e Educ Educaçã açãoo de Adultos. O artig artigoo está está divid dividid idoo em três três parte partes, s, send sendoo a prime primeira ira sobre sobre os conc concei eito toss fundamentais para o estudo de Desenvolvimento Comunitário e de Educação de Adultos. A segunda parte aborda a evolução da Educação de Adultos, sendo a terceira parte sobre os pressupostos metodológicos para o Desenvolvimento Comunitário. Para finalizar, finalizar, surgem as considerações considerações finais sobre a pesquisa pesquisa levada a cabo para desenvolver este tema.

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1. Concei Conceitos tos 1.1. Desenvolvimento Comunitário O dicionário da Porto Editora online define “ desenvolver ” como: “ faze fazerr cres cresce cer; r; faze fazerr me medra drar; r; aumen aumenta tar; r; ampli ampliar; ar; incr increm emen enta tar; r; me melh lhora orar; r;   pro propaga pagar; r; expor expor minuci minuciosam osamente ente;; tirar tirar consequ consequênc ências ias de; tirar tirar do invóluc invólucro ro;; desembrulhar; tirar o acanhamento a; crescer; aumentar; progredir; ampliar-se;  perder o acanhamento; ”

Dest Destas as defi defini niçõ ções es,, a qu quee melh melhor or expr exprim imee o sent sentid idoo de dese desenv nvol olvi vime ment ntoo comunitário é “ tirar do invólucro ”. Recorrendo ao exemplo da transformação de uma lagarta em borboleta, pode concluir-se que esse é o processo pelo qual a comunidade se desenvolve. Ao observar o casulo pode verificar-se que ( PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ): 1. a lagarta não é apenas um ser rastejante, pois contém em si a possibilidade de vôo; 2. só a laga lagart rtaa po pode de tran transf sfor orma marr-se se em bo borb rbol olet eta, a, po pois is ela ela é o suje sujeit itoo da transformação; 3. esta transformação leva um tempo que tem que ser completado, pois abrir o casulo para acelerar o processo pode matar a lagarta; 4. sai dali uma borboleta única, cujo colorido e forma não poderia nunca ser  determinado e controlado por outro ser, dando asas à lagarta. Assim e voltando ao processo de desenvolvimento comunitário, a comunidade rompe o seu casulo e abre novas possibilidades possibilidades de ser. ser. Para o bem e para o mal, a sua história, a sua trajectória, os seus significados precedem e configuram cada umaa como um como ser ser ún únic ico. o. A comu comuni nida dade de é suje sujeit itoo do seu seu próp própri rioo proc proces esso so de desenvolvimento. A mudança leva tempo, que é diferente do tempo dos programas e das instituições, e este tempo não pode ser apressado indistintamente, sob pena 3

de matar aquilo que quer produzir. Che Chegando

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desenvolvimento comunitário, é tirar do invólucro, resta-nos definir comunidade. Na li lite terat ratura ura do dese desenv nvol olvim viment entoo comuni comunitá tári rioo o conc concei eito to de comu comuni nida dade de é ambíguo, muito pela quantidade de definições utilizadas para a definir. Mesmo assim e reconhecendo esta pluralidade, Hillary (1950), examinou noventa e quatro definições de comunidade, que na sua maioria continham três pontos coincidentes:  partilha de um espaço físico; relações e laços comuns; e interacção social.  Nos últimos anos, o interesse pelas comunidades tem aumentado, pois estas podem apresentar factores protectores ou factores de risco para os indivíduos. Rappapo Rappaport rt (1977), (1977), entende entende comunidade comunidade como um “  grupo grupo social social que partil partilha ha características e interesses comuns e é percepcionado ou se percepciona como distinto em alguns aspectos da sociedade em geral em que está inserida

”. Para

Duham (1986), a comunidade não se entende unicamente como lugar, mas como um processo interactivo. Segundo Marshall Gordon (1994), o fenómeno comunitário integra um conjunto de ideias associadas ao conceito de comunidade: alto grau de intimidade pessoal; relações relações sociais sociais afectivamente afectivamente alicerçadas; alicerçadas; compromisso compromisso moral; coesão social; continuidade no tempo. Diez et al. (1996), referem nos seus estudos que para que exista uma comunidade é necessário que os seus membros possuam um sentimento de consciência partilhada de uma forma de vida, com referências comuns, um grupo de pessoas com os quais interage e que através destas relações, proporciona uma sensação de estimulação e de acolhimento. O sentimento de pertença ao tecido social, com fortes laços, supõe  por um lado a obtenção de apoio social e por outro a disposição de recursos com os quais pode minimizar os efeitos de situações de stress ao longo das suas vidas. Em suma, desenvolvimento comunitário é o esforço conjunto para melhorar as condições de vida daqueles que constituem uma comunidade tomando em linha de conta a especificidad especificidadee dessa comunidade. comunidade. Distingue-se Distingue-se assim do desenvolvime desenvolvimento nto 4

de uma população em geral, porque procura o desenvolvimento equilibrado e integrado de uma comunidade, com o máximo respeito pelos seus valores próprios e procurando tirar partido da sua riqueza histórica. O conceito de desenvolvimento comunitário surge pouco depois da II Guerra Mundial, que veio provocar em diversos territórios problemas socioeconómicos   para as suas populações. Assim, diversas organizações internacionais, como a ONU, a UNESCO, a FAO e a OMS, consideraram que os povos necessitavam de ser dotados de meios para elevar os níveis de vida das suas comunidades.

1.2. Educação de Adultos Desd Desdee o seu seu nasc nascim imen ento to até até à sua sua mo mort rte, e, o ser ser hu huma mano no vive vive em cons consta tant ntee interacção com o meio ambiente, trocando influências com ele. Educação é toda a influência que o ser humano recebe do ambiente social, durante a sua existência, no sentido de adaptar-se às normas e valores sociais vigentes e aceites. O ser humano, todavia, recebe essas influências, assimila-as de acordo com com suas suas inc incli lina naçõ ções es e pred predis ispo posi siçções ões e enri enriqu quec ecee ou mo modi difi fica ca o seu seu comportamento dentro dos seus próprios padrões pessoais. Os anos 70 trazem novas coordenadas à educação com o aparecimento de novos conceitos de sistemas de educação: a educação formal, informal e não formal. A educ educaçã açãoo forma formall é o sist sistem emaa ti titu tulad ladoo pelo pelo Minis Ministé téri rioo da Educ Educaçã ação, o, que que compreende o sistema educativo institucionalizado cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado – o sistema educativo português começa no préescolar acabando no ensino superior (Universidade). Este sistema depende de uma directriz educacional centralizada como currículo ou orientação curricular (como no caso do pré-escolar). A educação informal é o processo circunstancial que se desenrola no decurso de enco encontr ntros, os, leit leitura urass e acont acontec ecim imen ento toss (medi (media, a, cont contact actos os com com grupos grupos socia sociais is,, actividades de tempos livres e família). A educação não formal é o modelo que abrange técnicas que operam na realidade 5

educacional sem obedecerem a directrizes titulados pelo Ministério de Educação, como por exemplo a educação social. Assim Assim,, a educ educaç ação ão não não forma formall é toda toda a acti activi vida dade de educ educaci acion onal al orga organiz nizad ada, a, sist sistem emáti ática ca,, execu executa tada da fora fora do quad quadro ro do sist sistema ema forma formall para para ofere oferece cerr ti tipos pos seleccionados de ensino a determinados grupos de população, com objectivos explícitos de formação ou de instrução e que não estão directamente dirigidos à  provisão de graus próprios do sistema educativo regular. Segundo Lima (2006) “ a educação educação de adultos caracteriza-s caracteriza-see como uma proposta proposta   pedagógica flexível que considera as diferenças individuais e os conhecimentos informais dos alunos, adquiridos a partir de vivências diárias e no mundo do trabalho ”.

O indivíduo adulto já traz a sua experiência de vida, por isso há uma mudança daquilo que vai ser ensinado com o intuito de torná-lo significativo e atractivo  para cativar o adulto. Segundo Segundo Ribeiro (2001), o tema tema “Educaç “Educação ão de Adultos” Adultos” não nos remete apenas  para uma questão de especificidade etária. A verdade é que nos remete para uma questão de especificidade cultural, já que geralmente o adulto que procura este tipo de educação é um indivíduo em situação de desemprego, é um trabalhador à procura de melhores condições de vida e que luta para superar as condições precárias em que vive. O educador de adultos deve estar preparado para trabalhar com cada tipo de vida inserida na sala de aula. A boa interacção educador-adulto contribui no processo educa educati tivo vo de adul adulto tos, s, pote potenc ncia iando ndo assi assim m o dese desenv nvol olvim vimen ento to do adul adulto to e do educador. Para além disso, o educador deve estar preparado para as diferentes idades que vai encontrar, pois é necessário conseguir juntá-los para formar um grupo de cultura dentro da educação de adultos.

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2. Evolução Evolução de Educação Educação de Adultos Adultos A educação educação de adultos adultos é uma prática tão antiga quanto a história história da raça humana. Pode Po de dize dizerr-se se qu quee a educ educaç ação ão de adul adulto toss exis existe te desd desdee o temp tempoo do doss po povo voss prim primit itiv ivos os,, da reci recita taçã çãoo de mi mito tos, s, evol evolui uind ndoo na proc procla lama maçã çãoo das das leis leis nas nas civilizações civilizações antigas, nas manifestações manifestações desportivas desportivas e culturais culturais na Grécia Antiga e em Roma e todo o tipo de manifestações de cultura popular que têm ocorrido ao longo dos séculos. Há quem defenda que Jesus Cristo terá sido, por excelência, o maior educador de adultos de todos os tempos, uma vez que educava tanto analfabetos, como letrados ou doutores e terá conseguido resultados visíveis ainda hoje. Usando-se de parábolas, Jesus Cristo provocou a reflexão e a acção dos seus seguidores a respeito de princípios dos seus ensinamentos, desafiando assim os apóstolos a reflectir a sua mensagem para poder perceber o seu significado. Outros na antiguidade, antiguidade, como Confúcio na China, Aristótele Aristóteles, s, Sócrates e Platão na Grécia Antiga, Cícero na antiga Roma, também terão sido educadores de adultos. Estes grandes pensadores entendiam educação como um processo de reflexão, em vez vez de recepç recepção ão passi passiva va de cont conteú eúdos dos transm transmit itid idos os.. Assi Assim, m, as suas suas técn técnic icas as educacionais mostravam-se como um desafio à reflexão e procura de respostas  para os problemas colocados. Em Portu Portuga gal, l, a prime primeira ira reform reformaa li liber beral al relat relativ ivaa ao ensi ensino no primá primário rio data data de   Novembro de 1836. Esta inclui a primeira referência legal ao ensino de adultos com a criação de três lições semanais nocturnas destinadas aos adultos que não  pudessem assistir às aulas diurnas. Embora se tenham realizado, realizado, por iniciativa iniciativa oficial, cursos nocturnos e dominicais dominicais  para alfabetização de adultos, durante todo o século XIX coube à iniciativa da soc soc iedad dade

c ivil vil,

nomeadamen amentte

de

núcleos

pollíticos po

espec íf icos,

o

desenvolvimento dessa actividade por todo o país. No final do século XIX ocupou lugar importante o funcionamento das escolas móveis pelo método de João de Deus. 7

Principalmente no último século, nos países mais avançados, no Norte da Europa e na América, a partir dos núcleos ligados à indústria e à agricultura, depois da II Guerra Mundial, começam a surgir os movimentos de educação de adultos. A criação da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em 1848, marca o início de uma nova fase da educação de adultos como movimento à escala mundial. Em Portugal, o esforço educativo da 1ª República (1910 – 1926) incidiu no combate ao analfabetismo. O Decreto de 29 de Março de 1911 atribuía às câmaras municipais o encargo de criar cursos de alfabetização. Em fase de pós-guerra e quando a taxa de analfabetismo rondava os 60%, verificase em Portugal uma campanha mais intensa de modo a corrigir uma situação que coloc colocav avaa o país país no últim últimoo luga lugarr da Uniã Uniãoo Europ Europei eia, a, sendo sendo o anal analfa fabe betis tismo mo reconhecido como o “inimigo do desenvolvimento económico”. Entre 1952 e 1956, teve lugar a Campanha Nacional de Educação de Adultos. Até à segunda guerra mundial, no plano internacional, a educação de adultos era concebida como a extensão da educação formal para todos, sobretudo, para os habitantes das periferias urbanas e zonas rurais. A partir da I Conferência Internacional sobre Educação de Adultos, realizada na Dinamarca (1949), a educação de adultos foi concebida como uma espécie de educação moral. A escola não havia sido capaz de formar o homem para a paz. Por  isso, isso, mo mostr strav ava-s a-see nece necessá ssário rio um umaa educ educaçã açãoo "paral "paralel ela" a",, fora fora da esco escola la,, cujo cujo objectivo seria contribuir para o respeito aos direitos humanos e a construção de uma paz duradoura, que seria uma educação continuada para jovens e adultos, mesmo depois da escola. Na Conf Confer erên ênci ciaa de Else Elseun uner er,, 19 1949 49,, part partic icip ipar aram am 25 país países es,, 20 do doss qu quai aiss repres represen enta tavam vam a Europ Europaa Ocide Ocident ntal al,, Esta Estado doss Unid Unidos os e Cana Canadá dá.. As princi principai paiss  preocupações eram as do mundo pós-guerra: reconstrução nacional e cooperação internacional como fundamento da paz. A educação de adultos foi assim entendida como meio privilegiado para atingir  8

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