Definindo Contracultura - Ken Goffman e Dan Joy

March 13, 2019 | Author: Cibercultural | Category: Anarchism, Human, Democracy, Liberty, Individualism
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Transcrição do segundo capítulo do livro Contracultura Através dos Tempos – Do Mito de Prometeu à Cultura Digital (2004)...

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Transcrição Transcrição do segundo capítulo do livro Contracultura Através dos Tempos – Do Mito de Prometeu à Cultura Digital (2004), de Ken Goffman e Dan Joy , Uma outra forma de excelência humana, tópicos  Definindo contracultura, O que é hip?, “Con “Contr trac acul ultu tura ra” ” ques questi tion onáv ável el,, Prin Princí cípi pios os defi defini nido dore ress da cont contra racu cult ltur ura, a, Características quase universais da contracultura, A contracultura ainda é contra? ( respectivamente as paginas 45 à 58 e 62 à 64 ). (Rio ( Rio de Janeiro: Ediouro 2007)

Capítulo Dois

Uma outra forma de excelência humana  Definindo contracultura

Há um diferente tipo de excelência humana (...) uma concepção de humanidade como tendo sua natureza concedida a ela por outros propósitos que meramente abnegação. (...)  Não é reduzindo à uniformidade tudo o que é individual neles, mas cultivando e  buscando isso (...) que os seres humanos se transformam em um nobre e belo objetivo de contemplação (...) e o que quer que esmague a individualidade é despotismo, qualquer nome que se dê a si mesmo e não importando se afirma estar  cumprindo a vontade de Deus ou as exigências dos homens. John Stuart Mill, Da Individualidade

De certo ponto de vista, a contracultura parece ser um desafio à própria noção de história. Para os que se rebelam contra a tradição, os exploradores que buscam novos territórios conceituais e (em alguns casos) os defensores do Eterno Agora, a história  parece ser, na melhor da hipóteses, exóticas e, na pior, o inimigo.. No final das contas, o 1

conceito ocidental ocidental de história como uma narrativa continuada, definida basicamente por  grandes líderes, estruturas sociais variáveis e as mutáveis fronteiras entre nações-estado nações-estado antagônicas parece que quase explicitamente projetado para nos amarrar a uma visão hegemônica do potencial (muito limitado) da humanidade. Nesse contexto , o registro histórico conspira para nos convencer de que o predomínio de comportamento nãocontracul contracultura turais, is, como conformismo conformismo e autorit autoritaris arismo, mo, é o que define define a humanida humanidade. de. Alguma vezes somos somos tentados tentados a dizer que na verdade, aqueles aqueles que recordam a história são condenados condenados a repeti-la. Mas como a cultura ocidental, e particularmente suas gerações mais jovens, se encaminha rapidamente rapidamente para épocas crescentemente crescentemente não-históricas, o quadro não parece agradável. Para começar , a amnésia histórica descontextualiza descontextualiza situações passageiras no mundo mundo conte contemp mporâ orâneo neo,, produz produzin indo do resul resulta tados dos negat negativ ivos. os. Assim Assim,, podem podemos, os, por  exem exempl plo, o, reag reagin indo do ao ranc rancor or dos dos colo coloni niza zado dore ress (ou (ou ex-c ex-col olon oniz izad ador ores es)) com com incompreensível incompreensível irritação, como se sua falta de passividade passividade fosse um defeito de caráter, uma grosseria inexplicável que algumas vezes atinge o grau da violência. Ou nós (nos Estados Unidos) podemos simplesmente aceitar o senso comum de que nossa naçãoestado é “a terra da liberdade”, sem realmente compreender os direitos em nossa Consti Constitu tuiçã içãoo e nossa nossa Decla Declaraç ração ão de Direi Direitos tos e as forma formass pelas pelas quais quais eles eles foram foram ampliados e reduzidos. No nível da contracultura, encontramos muitos jovens influenciados pelo hedonismo hippie hip pie,, mas mas sem nenhum nenhumaa verdad verdadei eira ra consci consciênc ência ia dos princí princípi pios os filos filosófi óficos cos mais mais  profundos daquele movimento. . E, o que é ainda mais perigoso, eles talvez consumam as plantas sagradas e as substâncias químicas do movimento sem terem as informações  práticas adequadas acerca da segurança , ou sobre integrarem harmoniosamente essas experiências em suas vidas cotidianas. Essa busca da não-historicidade chega mesmo a privar alguns dos movimentos contraculturais jovens de profundidade e humanidade. Ao longo de 1990, a Geração X,/tecnocultura abraçou o culto ao novo. A revista Wired, soando exatamente como o Camara Camarada da Mao duran durante te a vio viole lenta nta Revol Revoluçã uçãoo Cultur Cultural al na China China dos dos anos anos 1960, 1960, celeb celebrav ravaa a rápid rápidaa mudan mudança ça tecnol tecnológi ógica ca como como um “furac “furacão” ão” apaga apagando ndo tod todas as as lembranças. Essa rejeição de todas as coisas passadas teve a sua apoteose naquele glorioso surto de exuberância contracultural conhecido como o movimento rave. Em meados dos anos de 1990, a arma mais devastadora do arsenal dessa cultura era a frase “Era assim a cinco minutos”. Ao ignorarem a história, mesmo a história recente, os contraculturalista do “culto ao novo” se privam de coisas esplêndidas – como as maravilhosas músicas expansoras da mente de John Cage e Iannis Xenakis ou as afirmações intensamente contraculturais de   Beggars Banquet, dos Rolling Stones, ou  Never Mind the bollocks here’s the Sex  Pistols, dos Sex Pistols, ou mesmo o impressionante Premium Millennium Tension, de Tricky que hoje parece ter acontecido há looongos cinco anos. Claro que toda geração gosta de achar que inventou a sua própria cultura rebelde e , como esse livro irá demonstrar, na maioria das vezes ela está certa. O espírito contracultural fundamental fundamental se reinventa perpetuamente de formas imprevisíveis, estilos chocantes e novos modelos. Ainda assim , muitos jovens contraculturalistas do século XXI poderiam lucrar se aprendessem a história de seus antecedentes do final do século XX, e todos nós nos   ben benef efic icia iarí ríam amos os se apre aprend ndês êsse semo moss sobr sobree os mo movi vime ment ntos os cont contra racu cult ltura urais is das das  profundezas do tempo.

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O que é hip?

I walk forty-seven miles of barbed wire/ Use the snake for as necktie Bo Diddley

Pouquíssi Pouquí ssima mass pessoa pessoass têm um umaa defin definiçã içãoo prati pratica ca e adequ adequad adaa para para o que seja seja contracultura, mas têm certeza de que sabem reconhecer uma quando a vêem. Na verdade, quando Theodore Roszak popularizou a expressão em seu livro The Making of  a Counter Culture, de 1969, ele literalmente podia ver quais eram as pessoas que se encai encaixav xavam am em sua concep concepção ção.. Qualq Qualquer uer pessoa pessoa do sexo sexo mascu masculi lino no com cabel cabelos os compridos e, provavelmente, uma barba, vestindo jeans esfarrapados, uma bandana e talvez uma camiseta estampada quase certamente era um contraculturalista. Qualquer  mulher com os cabelos ainda mais longos, vestindo a mesma coisa que o rapaz, ou, opci opcion onal alme ment nte, e, um vest vestid idoo de camp campon ones esa, a, tamb também ém prov provav avel elme ment ntee era era um umaa contraculturalista... Em outras palavras, praticamente todo mundo que naquela época estava na faculdade. Essas pessoas representavam uma síntese do movimento hippie –  dedicado a fazer experiências com drogas que expandiam a consciência e a seguir a onda, e ligado ao movimento da Nova Esquerda/pacifista - , que se dedicava a desafiar a autoridade, autoridade, acabar com o imperialismo imperialismo e a guerra e a um mal definido comunalismo. comunalismo. Do ponto de vista de Roszak, aquela era uma revolta contra a civilização alienante, mecanizada e excessivamente materialista, em prol de uma forma de vida mais natural, intuitiva, intuiti va, harmoniosa e generosa. Mas para outros , como Tim Leary e (em menos grau) os yippies e os diggers , eles estavam se rendendo antecipadamente a um mundo no qual a tecnologia nos libertava da miséria humana e do trabalho alienante, garantindo-nos uma vida de espontâneo e divertido autoconhecimento e, até mesmo, auto-indulgência. Qualquer que seja a visão ( e havia milhares de outras) da contracultura dos filhos do baby boom que escolhamos, podemos estar certos de uma coisa: Newt Gingrich acredita que ela destruiu a América. Claro que características culturais que são inicialmente vistas como desafiadoras, novas ou mesmo revolucionarias podem acabar se revelando rançosas – uma caricatura. Hoje , um cara de cabelos compridos pode muito bem ser um caipira reacionário, e o  Zeitgeist  contracultural hippie foi superado por uma cultura alternativa mais ampla e eclética eclética formada formada por subcult subculturas uras contracul contracultura turalmen lmente te afetadas afetadas.. Punks, Punks, artista artistass de vanguarda, o movimento hip-hop, ativistas antiglobalização e anarquistas Black Bloc, tecnocul tecnocultural turalista istass leit leitores ores de Wired Wired e hackers, hackers, ligados ligados na cultura cultura clubber, clubber, rappers conscientes conscientes , psicodelistas psicodelistas educados, Burning Man, modernos primitivos com implantes e piercings de aço pendurados em cada órgão, habitantes do submundo sexual, pagãos, acadêmicos pós-modernos, funkeiros, adeptos da New Age, riot grrrls*, desertores, freqüenta freqüentadore doress de raves, raves, dreadste dreadsters, rs, zen-budi zen-budistas stas,, gnóstico gnósticos, s, iconocl iconoclasta astass solitári solitários, os, vagabu vagabundo ndos, s, poeta poetass perfor performá mátic ticos, os, gót gótic icos, os, abraç abraçado adores res de árvore árvores, s, li libe berti rtinos nos e libertários – todos algumas vezes definidos (e autodefinidos) como contraculturais. Como se essa lista de supermercado de “doidões” não fosse longa o bastante, alguns grupos grupos tradici tradicional onalista istass – cristão cristãoss fundamen fundamentali talistas stas e grupos grupos judaico judaicoss ortodoxo ortodoxoss –  começaram a se referir a si mesmos como contraculturas. O Webster’s New World Dictionary define contracultura como “uma cultura com um estilo de vida que é oposto à cult cultur uraa domi domina nant nte” e”,, port portan anto to,, não não surp surpre reen ende de que que grup grupos os que que se opõe opõem m  profundamente ao pluralismo, ao aborto, ao racionalismo, à liberdade sexual, à ciência, a auto-indulgência materialista, à liberdade de opinião e a muitos outros aspectos de nossa cultura que são mais ou menos dominantes possam ver s si mesmos como

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contraculturais. De acordo com essa definição, até mesmo muçulmanos praticantes da  jihad que vivem em países ocidentais constituem uma contracultura. * Movimento iniciado na década de 1990 , por zines e bandas femininas, que repudiava o sexismo. (N. do E.)

“Contracultura” é questionável

Embora Embora possam possam ser encontra encontradas das poucas poucas semelhan semelhanças ças entre entre alguns alguns elemento elementoss contra contracul cultu turai raiss e esses esses grupo gruposs fundam fundament entali alista stass , nós rejeit rejeitam amos os a defini definiçã çãoo de contracultura simplesmente como um estilo de vida que difere da cultura dominante. Claramen Claramente te , definiç definição ão de contracu contracultu ltura ra é questionáve questionável,l, mas nós sustentam sustentamos os que, quaisquer que sejam as diferenças, havia uma intenção mútua específica que motivou  praticamente todos os que se definiram em termos contraculturais até os últimos anos. Eles eram todos antiautoritaristas e não-autoritários. Nossa definição é a de que a essência da contracultura como um fenômeno histórico perene é caracterizado pela afirmação do poder individual de criar sua própria vida, mais do que aceitar os ditames das das auto autori rida dade dess soci sociai aiss e conv conven ençõ ções es circ circun unda dant ntes es,, seja sejam m elas elas domi domina nant ntes es ou subculturais. Afirmamos ainda que a liberdade de comunicação é uma característica fundamental fundamental da contracultura, já que o contato afirmativo afirmativo é a chave para liberar o poder  criativo de cada indivíduo. ( Ao longo de todo este livro, faremos afirmações acerca da natureza natureza da contracul contracultura tura.. Reconhec Reconhecemos emos que essas essas observaç observações ões são baseadas baseadas em nossos pontos de vista, e que outras visões são possíveis. Contudo, fazer esse tipo de ressalve para cada uma de nossas afirmações seria algo cansativo tanto para o leitor  quanto para os escritores.) Fenômenos culturais são entidades altamente multifacetadas . Esse fato determina enormes desafios para qualquer esforço de definir e generalizar movimentos culturais. Essas dificuldades são descritas por Roszak no prefácio de The Making of a Counter  Culture: Eu tenho colegas acadêmicos que chegaram a ponto de tentar me convencer de que nunca existiriam coisas como como “o movimento movimento romântico” ou “a Renascença” – não se você começar a vasculhar os microscópicos fenômenos da história. Nesse nível, a tendência é ver apenas diferentes pessoas fazendo muitas coisas diferentes e   pensando muitas coisas diferentes. (...) Certamente seria muito conveniente se esses esses Zeitgeists Zeitgeists teimosamen teimosamente te ectoplásm ectoplásmicos icos fossem fossem movimentos movimentos organizados organizados,, com um quartel-general, uma diretoria e um arquivo de manifestos oficiais. Mas é claro que eles não são. Assim , você é obrigado a abordá-los com uma certa cautela , esperando que a a maior parte das generalizações passe pela peneira, mas sempre torcendo para que a maior parte do que é sólido e valioso permaneça em vez de se  perder.

Os problemas dos quis Roszak se queixa se multiplicam à medida que tentamos defini definirr não apena apenass um úni único co acont acontec ecime imento nto cultu cultural ral,, mas mas tod todaa um umaa categ categori oriaa de acontecimentos culturais históricos. Uma olhada rápida no sumário deste livro pode facilmente causar confusão, dado a ampla ampla gama gama de fenôme fenômenos nos socia sociais is que nós defini definimos mos como como contr contrac acult ultura urais is.. As contra contracul cultu turas ras que escol escolhem hemos os são extrem extremame ament ntee difere diferent ntes es e dispa disparat ratad adas as – por  exemplo: é difícil ver uma relação imediata entre a Idade da Razão, os sufis e os 4

surrealistas. Alguns movimentos são vistos como sendo fundamentalmente espirituais, enquanto outros são conhecidos por suas contribuições artísticas, políticas o u filosófica. Algum Algumas as contra contradi dizem zem as out outras ras em certos certos aspect aspectos. os. Os socrát socrátic icos os int introd roduzi uziram ram o raciocínio dedutivo, enquanto os dadaístas o detonaram. Os libertinos do século XVII debochavam da espiritualidade, enquanto os sufis a buscavam de uma forma algumas vezes libertina. Essa diversidade por vezes contraditória pode levar alguns leitores a concluir que nós  basicamente  basicamente reunimos todos os movimentos culturais e políticos que achamos legais ou interessantes, e chamamos isso de uma história da contracultura. Não é verdade. Os movime movimento ntoss contr contrac acult ultura urais is , não não im impo porta rta quão quão difer diferent entes es uns dos dos out outros ros possam possam  parecer, surgem de diferentes diferentes combinações dos mesmos princípios princípios e valores.

Princípios definidores da contracultura

Os humanos são seres multifacetados multifacetados , teimosamente difíceis de enquadrar, e os tipos contraculturais costumam estar entre os mais difíceis de definir. Ainda assim, existem certos princípios fundamentais , ou metavalores , que distinguem contraculturas da sociedade sociedade hegemônica, bem como de subculturas, minorias étnicas e religiosas e grupos dissidentes não-contraculturais. As características fundamentais da contracultura são três. As contraculturas afirmam a precedência precedência da individualidade individualidade acima de convenções convenções sociais e restrições governamentais. As cont contra racu cult ltur uras as desa desafi fiam am o auto autori rita tari rism smoo de form formaa óbvi óbvia, a, mas mas tamb também ém sutilmente. As contraculturas defendem mudanças individuais e sociais. A individualidade é algo fundamental para a contracultura. De certa forma , nós  poderíamos facilmente ter batizado este trabalho de uma história de livres-pensadores e do livre - pensar. Defender o primado da individualidade implica estimular, encorajar e defender a expressão pessoal , não apenas no sentido de “liberdade de opinião”, mas também no que diz respeito a crenças , aparência pessoal, pessoal, sexualidade e todos os outros aspec aspectos tos da vid vida. a. O espíri espírito to contra contracul cultu tural ral rejei rejeita ta apenas apenas aquel aquelas as expres expressõe sõess de individualidade individualidade que claramente oprimem os outros. Nossa visão de contracultura centrada na individualidade é, reconhecidamente, repleta de risco riscos. s. Muito Muitoss dissi dissiden dentes tes e contr contrac acult ultura urali lista stass passar passaram am a associ associar ar a pala palavra vra individualismo individualismo com avareza, egoísmo , falta de compaixão e à solidão existencial existencial que é fruto da rejeição da comunidade ( ou da rejeição pela comunidade). A individualidade contracul contracultura turall não signifi significa ca puro egoísmo. egoísmo. A indi individu viduali alidade dade contracu contracultu ltural ral é uma   profu profunda nda indi individ vidual ualida idade de,, parti partilh lhada ada.. Ela Ela inclu incluii pessoa pessoass e cult cultura urass que seguem seguem o conselho socrático de “conhece-te a ti mesmo”. Essa distinção traz `a mente uma entrevista que eu (Ken) certa vez li em um jornal jornal nanico com o cineasta cineasta de vanguarda vanguarda Kenneth Anger. Comentando a famosa frase de Aleister Crowley “Faze o que decide ser  o conjunto da lei”, Anger disse (estou parafraseando) parafraseando) que isso não significa que você só deva fazer o que quiser. O objetivo da investigação encantada é encontrar a sua

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“verdadeira motivação” por intermédio de uma auto-exploração profunda e disciplinada. Aquele que procura precisa descobrir qual ´q a sua vontade, antes de fazê-lo. Apesar Apesar dessas dessas definiçõ definições es , nossa nossa interpret interpretação ação da contracu contracultura ltura inegavel inegavelment mentee  permanece um pouco libertária (com “l” minúsculo) . Não iremos discutir aqui se o dire direit itoo de inde indefi fini nida dame ment ntee acum acumul ular ar bens bens pess pessoa oais is e riqu riquez ezaa é um umaa gara garant ntia ia fundamental da liberdade individual ou se, na verdade, é um obstáculo e ela. Mas afirmamos que , da mesma forma que rejeitamos o simples egoísmo, também excluímos de nossa definição o puro comunalismo. As culturas que impedem ou desencorajam o individuo de explorar plenamente plenamente e expressar seu autêntico ser – seja por coerção direta, seja por pressão populista de seus colegas – não podem ser consideradas contraculturais. Portanto, a participação nas contraculturas mais refinadas normalmente não exigem que os indivíduos façam, digam, pensem ou acreditem em algo especifico. Tudo o que é exigido é um compromisso com o processo de eliminar a submissão à autoridade exte extern rnam amen ente te apli aplica cada da e inte intern rnam amen ente te incu inculc lcad ada, a, de mo modo do que que a verd verdad adei eira ra individualidade possa florescer. Outr Outraa cara caract cter erís ísti tica ca bási básica ca das das cont contra racu cult ltur uras as – que que é frut frutoo dire direto to do seu seu individualismo – é que elas desafiam o autoritarismo tanto de forma obvia quanto sutilmente. Algumas contraculturas podem desfiar o explicito controle dos indivíduos  pelo Estado ou por poderes religiosos. Mas todas desafiam o autoritarismo mais sutil exercido por sistemas de crença rígidos, convenções amplamente aceitas , paradigmas estéticos inflexíveis e tabus explicitados ou não. A ampla gama de fenômenos autoritários que as contraculturas desafiam é sugerida  pelo continuum do movimentos contraculturais do Novo Mundo, desde o levante democrático democrático americano até as experiências literárias literárias da Geração Perdida, passando pelo transc transcend endent entali alismo smo da Nova Nova Inglat Inglaterr erra. a. O primei primeiro ro desse dessess episód episódios ios elimi eliminou nou a autoridade do Império Britânico sobre suas colônias. Os transcendentalistas transcendentalistas libertaram a espiritualidade individual da autoridade da religião organizada. E os românticos da Geração Perdida desafiaram a tirania da sintaxe sobre o pensamento, subvertendo as convenções literárias em busca de uma linguagem natural da mente. O humanismo antiautoritario d contracultura é algumas vezes afirmado por intermédio de rebelião explicita e revolução. Mas, diferentemente da maioria dos revolucionários, o revolucionário contraculturalista não quer estabelecer um regime autoritário alternativo no lugar do antigo, e sim buscar crescente liberdade liberdade e fortalecimento fortalecimento democrático para o maior número de pessoas. Alguns Alguns indi indivídu víduos os e grupos grupos contracu contracultur lturalis alistas tas identifi identificam cam a si mesmos mesmos como anarqu anarquist istas. as. Hoje, Hoje, o anarq anarquis uismo mo geral geralme mente nte é associ associado ado a situa situaçõe çõess caóti caóticas cas e violentas violentas , períodos durante os quais quais - na ausência de uma autoridade autoridade – as pessoas se engajam em atividades atividades destruidoras, “ilegais”, que tornam difícil, ou mesmo impossível que a maioria das pessoas consiga o indispensável para viver. Como dizemos, por  exemplo, “O Iraque está em uma situação de anarquia”, sabemos que isso não é bom. A crença comum é de que um anarquista é uma pessoa que defende a “ausência de governo”. Isso geralmente é verdade , mas a expressão “governante” seria mais precisa,  já que pode haver regras aceitas (preferencialmente por consenso) e formas de obrigar  ao cumprimento dessas regras quando absolutamente absolutamente necessário. Os anarquistas acreditam que as pessoas podem viver melhor e organizar suas vidas sem hierarquias ou coerção. Há dezenas de teorias acerca de como esse ideal pode ser  atingido e qual forma ele deveria assumir. O anarquismo é a própria síntese de filosofia  política não-autoritaria. não-autoritaria. A duvida é se ele é factível, particularmente no caso de grandes 6

 populações. Muitos antiautoritaristas acreditam que tentativas idealistas de colocar em  prática o puro anarquismo em larga escala se mostrariam desastrosas simplesmente levariam as massas a clamar por um renovado e forte governo autoritário. A maioria   prefe preferir riria ia lim limit itar ar severa severamen mente te a hiera hierarqu rquia ia e a coerç coerção ão uti utili liza zando ndo meca mecanis nismos mos democráticos e de liberdade civil grandemente ampliados. Outra característica básica de todos os episódios contraculturais contraculturais é um entusiasmo por  mudanças pessoais e sociais. Esse principio pode ser formulado de uma forma quase abstrata, como na descoberta do filósofo taoísta Lao-tsé de que a mudança é a única constante ou na afirmação semelhante do grego Heráclito de que “tudo muda, nada   permanec permanece”. e”. Na contracu contracultu ltura ra taoísta taoísta,, essa sabedoria sabedoria era associa associada da a uma polí política tica anarquista, anarquista, mas basicamente basicamente passiva. Outros contraculturalistas contraculturalistas preferiram incorporar o  principio da mudança a ações concretas em larga escala. No nível individual, os contraculturalistas demonstram mutabilidade : um processo fluido, camaleônico de perpétua transformação na identidade pessoal, nos interesses e nos objetivos almejados. Os contraculturalistas realizam apaixonadamente aquilo que  Nietzsche chamou de “transposição de valores” – uma filosofia e um estilo de vida que implica uma continua transformação , com sistemas de valores, percepções e crenças mutáveis, como um objetivo em si. Nesse ponto , contraculturas ativistas como o radicalismo de 1960 e contraculturas  passivas como o taoísmo têm um ponto em comum. Assim como muitos conhecidos contraculturalistas dos anos 1960 evoluíram por intermédio de uma impressionante série de permutações no estilo, na estética, na política e na filosofia ao longo de alguns  poucos anos , os mais conhecidos representantes do taoísmo e da filosofia zen foram tradi tradicio cional nalmen mente te inescr inescrut utáve áveis is pelos pelos out outros ros em função função de seu comp comport ortame ament ntoo imprevisível e contraditório momento a momento, dia a dia, ano a ano. O apego contracultural à mudança constante é algumas vezes confundido com modismo ou com a aceitação de qualquer  mudança. Especialmente hoje , qualquer  atividade au courant  na mídia e na cultura jovem ( que se estende quase que até a velhice) pode ser descrita como “avançada” – desde se alistar no corpo de Fuzileiros a  participar de pegas nas ruas , participar de disputas íntimas em rede nacional de TV ou acompanhar a banda de rock Phish. Mesmo correndo o risco de parecer óbvio, algumas mudanças , côo uma mudança da democracia para ditadura, ou de uma cultura libertina  para uma cultura matrimonial claramente não são contraculturais contraculturais por natureza. Naturalmente Naturalmente todos os princípios princípios contraculturais básicos são expressos de acordo com  parâmetros estabelecidos pelo momento histórico. Contraculturas históricas especificas repres represent entam am os princ princípi ípios os básic básicos os de contr contracu acult ltura ura em aspira aspiraçã çãoo e rumo, rumo, mas mas a concretização concretização desses princípios no mundo é limitada pela imperfeição humana. De fato, as própri próprias as contra contradiç dições ões e im imper perfei feiçõe çõess humana humanass encon encontra tradas das nesses nesses episó episódio dioss históricos oferecem a esta narrativa várias oportunidades de critica irreverente, dando a ela, espera-se, um cunho mais verdadeiramente verdadeiramente contracultural do que um mero exercício de animação de torcida – ou uma árida enumeração de acontecimentos.

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Características quase universais da contracultura Outras características que se manifestam na maioria das contraculturas abordadas neste neste livro derivam derivam dos princípios princípios definidor definidores es fundamenta fundamentais is que acabamos acabamos de ver. Essas características quase universais da contracultura são: Rupturas e inovações radicais em arte , ciência , espiritualidade, filosofia e estilo de vida. Diversidade. Comunicação verdadeira e aberta e profundo contato interpessoal, bem como generosidade e a partilha democrática dos instrumentos. Perseguição pela cultura hegemônica de subculturas contemporâneas. Exílio ou fuga. As contracultura são movimentos de vanguarda transgressivos. O apego contracultural à mudança e à experimentação inevitavelmente leva à ampliação dos limites da estética e das visões aceitas. Os maiores exemplos de descoberta e criação contracultural como resultado daquele impulso – vistos em conjunto – compõem uma das principais linhas narrativas deste livro. Nós estamos vendo transgressões radicais que mudam a história. As inovações podem ser políticas , espirituais , filosóficas, artísticas ou mesmo difíceis de classificar. Os exemplos vão do estabelecimento do método socrático como  base o pensamento ocidental ocidental às conquistas conquistas estéticas produzidas pelo sufismo (os ( os versos de Rumi, por exemplo, atualmente o maior Best-seller entre os poetas) e os ideais democráticos que hoje merecem rasgados elogios por todo o planeta. Se uma aparente contracultura se parecer com uma monocultura conformista, é porque ela pode ser tanto uma subcultura quanto uma verdadeira contracultura tentando lidar  com a popul populari ariza zação ção de massa massa.. As contra contracul cultur turas as aprese apresent ntam am um umaa excepc excepcio ional nal diversidade, e as subculturas normalmente são definidas por um tipo de conformismo alternativo ou minoritário. Por outro lado , a adesão a um grupo cultural definido será sempre motivada ppor  alguma espécie de comunalidade, mesmo se for uma reunião de pessoas que – como Groucho Marx – não gostariam de participar de nenhum grupo que os aceitasse como membros. Além disso, particularmente na adolescência e na juventude , costuma haver  uma busca de identidade. Os verdadeiros anticonformistas também podem continuar a senti sentirr a necess necessid idade ade de osten ostenta tarr estil estilos os e símbol símbolos os com algum algum toq toque ue altern alternati ativo vo contem contemporâ porâne neo. o. No extrem extremoo oposto oposto , algun algunss contra contracu cult ltura uralis lista tass são facilm facilment entee identificáveis por sua absoluta recusa a admitirem que são contraculturais. Por que eles escolheriam aceitar um rótulo? Eles são esse tipo de contraculturalistas. De qualquer  forma forma , a disti distinçã nçãoo entre entre subcu subcult ltura ura e contra contracul cultu tura ra pode pode ser sutil sutil,, e passí passível vel de discussão. A comunicação aberta – o livre intercâmbio de arte e pensamento entre mentes seme semelh lhan ante tess – é freq freqüe üent ntem emen ente te um im impo port rtan ante te elem elemen ento to de mu mult ltip ipli lica caçã çãoo e comunidades comunidades contraculturais. A comunicação comunicação intelectual é fundamental fundamental para a formação de contracu contracultur lturas. as. Quando Quando um contracu contracultur lturalis alista ta se dispõe dispõe a divulga divulgarr suas suas noções noções heréticas para um ouvinte interessado, é estabelecida uma ligação que pode se tornar a  primeira de uma corrente de uma comunidade comunidade contracultural. O valor que os contraculturalistas contraculturalistas atribuem à comunicação comunicação interpessoal pode ser visto na declaração do sufi Califa Ali Bem Ali: “Um diálogo refinado – Ah! Esse é o 8

verdadeiro Jardim do Éden.” E Ralph Waldo Emerson disse que caminharia cem milhas sob uma tempestade de neve por uma boa conversa. A comunicação emocional intima – a pratica de abrir a alma plenamente – é tão importante quanto a comunicação intelectual na maioria dessas comunidades. Basta recordar como a terna coragem de revelar os mais profundos segredos de alguém estava no cerne do movimento beat, e não apenas nas confissões públicas publicadas de Ginsbe Ginsberg, rg, Keroua Kerouac, c, Diane Diane di Prima Prima e out outros ros.. Antes Antes que suas suas obras obras circul circulas assem sem amplamente, os beats passaram centenas de noites falando intimamente uns com os outros até o amanhecer. amanhecer. O movimento beat, claro, saiu dessa intimidade privada, atraindo a atenção dos meios de comu comunic nicaçã açãoo de massa massa.. De fato fato , a maiori maioriaa das erupçõ erupções es contr contracu acultu lturai raiss foi foi estimulada estimulada pela utilização utilização criativa de qualquer meio de comunicação ou espaço publico disponível. disponível. Sócrates conseguiu alunos discursando discursando nos ginásios públicos públicos e mercados de Atenas. Os trovadores difundiram por toda a Europa um novo conceito de amor  viajando e cantando suas canções. Não teria havido Revolução Americana sem uma incansável panfletagem. Picasso mudou para sempre a percepção visual do mundo utilizando como meio a tela. E os anos 1960 poderiam ter sido um estalinho em vez de uma bomba de fusão se não fosse pela sublime subversão sônica sônica gravada nos sulcos dos discos de vinil de consumo de massa. A maioria dos contraculturalistas acredita em absoluta liberdade para divulgar o conteúdo de suas mentes e de sua imaginação. Não surpreende, portanto, que as contraculturas normalmente sejam submetidas a algum grau de perseguição. Quando uma contracultura nasce, a sociedade encontra estrangeiros em seu meio. Quebra de tabus, tabus, viol violaçã açãoo de normas, normas, desafio desafio a idéias idéias sacrossa sacrossanta ntas: s: o espírito espírito antiauto antiautorita ritario rio ineren inerente te à contra contracul cultur turaa é um umaa ameaç ameaçaa pot potenc encial ial a qualq qualquer uer ordem ordem estabe estabele lecid cida. a.  Normalmente se segue a eliminação. Os tipos de perseguição variam de campanhas oficiais de convencimento do publico,   promovid promovidas as por autorida autoridades des governam governamenta entais, is, ao ostraci ostracismo smo social social e à rejeiçã rejeiçãoo do indivíduo contracultural por seus pares e sua família. O grau em que uma determinada cultu cultura ra foi ou é perseg persegui uida da depen depende de em grande grande medida medida do nível nível em que aquele aquele movimento pratica o ativismo social explicito e do grau de difusão de sua mensagem. Quando a perseguição fracassa na tentativa de esmagar uma contracultura ativa, a cultura cultura dominant dominantee tende tende a assimil assimilá-la á-la , sutilmen sutilmente te enfraquec enfraquecendo endo,, distorce distorcendo ndo ou mesmo algumas vezes invertendo seus memes, tirando deles seu poder subversivo. O forçaa a inco incorp rpor oraç ação ão do disc discur urso so cont contra racu cult ltur ural al em sua sua próp própri riaa establishment  forç  propaganda , ao mesmo tempo em que o poder econômico reduz a arte e a estética contracultural a mercadoria de consumo de massa. Theodore Roszak escreve em The que “é o expe experi rime ment ntoo cult cultur ural al dos dos jove jovens ns que que Maki Making ng of Coun Counte terr Cult Cultur uree que freqüentemente corre maior risco de exploração comercial – e, assim, de ter a força de sua dissensão dissipada”. O filosofo da Nova Esquerda Herbert Marcuse chamou esse  processo de cooptação. cooptação. Por outro lado, mesmo os aspectos mais comercializados do meme contracultural foram profundamente subversivos para os estados totalitários stalinistas que caíram no final dos anos 1980. E mesmo nas relativamente abertas democracias empresariais a cooptação pode sair pela culatra. Terá a comercialização da irreverência antiautoritária  por intermédio da música, da comédia, da animação infantil e de muitos outros meios  produzido uma contracultura ainda mais disseminada e sólida entre muitos dos jovens de hoje, como pode ser visto no ceticismo, na cultura de software livre, no movimento rave e no movimento antiglobalização da Geração X? e pode o espírito contracultural

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sobreviver à febre bélica em uma nação atacada por um inimigo invisível? Estas  perguntas continuam sem resposta. A fuga freqüentemente é uma reação contracultural a essas dificuldades . Mesmo quando não são forçados ao exílio, as contraculturas freqüentemente buscam maior  li libe berd rdad adee para para expl explor orar ar e vive viverr segu segund ndoo seus seus valo valore res, s, afas afasta tand ndoo-se se da cult cultur uraa hegemônica. Essa separação pode implicar isolamento geográfico ou pode ocorrer  segundo mecanismos mais sutis. Como ocorreu com os transcendentalistas transcendentalistas americanos antes deles, muitos membros da contracul contracultura tura jovem jovem dos anos 1960 pegaram pegaram o caminho caminho geográfi geográfico, co, estabel estabelecen ecendo do comuni comunida dades des experi experimen mentai taiss em regiõ regiões es rurai ruraiss remota remotas. s. Os escrit escritore oress e artist artistas as ameri america canos nos da Geraç Geração ão Perdi Perdida da escol escolher heram am o exíli exílioo pleno, pleno, se transf transform ormand andoo em expatriados nos territórios mais sofisticados de Paris e outras regiões européias. Outros contraculturalistas escaparam da cultura hegemônica, continuando a viver no meio dela. Os beats se destacaram da sociedade hiperconformista americana dos anos 1950 por intermédio de um dialeto distintivo, de estilos de vestir atípicos e de uma recusa a participar do joguinho econômico mesmo com o risco da pobreza. (Alguns  podem debochar , dizendo que os principais nomes beat acabaram conseguindo uma situação econômica confortável como fruto de seus escritos e conferencias. Contudo , All Allen Gin Ginsber sbergg foi foi o úni único que cheg hegou a corre orrerr o risc riscoo de ter um umaa rend rendaa verdadeiramente alta, e ele torrou a maior parte do seu dinheiro.) Mas a maioria dos  beats permaneceu nas cidades em vez de pegar o caminho das montanhas. Da mesma forma, as invasões dos punks, as comunas “hippes” urbanas e a ocupação ilegal de armazéns por participantes de raves abriram “zonas autônomas temporárias” – lugares e moment momentos os de autoc autoconc oncedi edida da li liber bertaç tação ão do reino reino das leis leis – no coraç coração ão do poder  poder  hegemônico. A generosidade é outra característica importante e quase universal da contracultura. Abraão abriu sua tenda para alimentar os pobres. O bodisatva zen leva uma vida de trabalho , sem sucumbir à hipocrisia caritativa. Gertrude Stein e Ezra Pound deram apoio a artistas que na Paris do inicio do século XX buscavam superar limites. As contraculturas contraculturas tendem a dar mais valor à humanidade humanidade que à propriedade, e muitas amam acima de tudo abrir mão do que têm. Outras contraculturas exprimem sua generosidade  por intermédio do impulso prometéico de partilhar democraticamente descobertas e intenções tecnológicas , idéias, visões e obras de arte. O famoso  slogam hacker “ A informação quer ser livre” é basicamente basicamente um conceito contracultural contracultural fundamental.

A contracultura ainda é contra? Hoje, a cultura ocidental e mundial e mundial é uma confusão de valores. Mas quem hoje pode negar que – em meio à caótica complexidade desta Nova Desordem Mundial   – cada vez mais indivíduos ampliaram a liberdade individual de não se adequar a convenções e de transmitir suas próprias idéias excêntricas? Antes da popularização da internet e da grande disponibilidade de outras formas de tecnologia de comunicação, a maior maioria ia dos cidad cidadão ãoss ociden ocidenta tais is não não ti tinha nha meios meios adequa adequados dos de se expres expressão são,, o questionamento da autoridade, a mudança constante, a liberdade sexual e a maioria dos outros da contraculturalidade não sejam do gosto da maioria, essas liberdades  são   permitidas e estão disponíveis a um enorme número de cidadãos globais, se não à maioria deles. Talvez a contracultura já não seja contra. 10

Por outro lado, continuamos a experimentar ataques à liberdade. Conservadores culturais estão particularmente alertas contra o sucesso conseguido pela contracultura em afrouxar os laços da população com estruturas de crença rígidas e absolutistas. Os conservadores consideram que esse “relativismo moral” é responsável por um vácuo ético. Eles afirmam que em uma sociedade de massa as pessoas precisam de regras e código códigoss preci precisos sos segund segundoo os quais quais viver viver – prefe preferen rencia cialm lment entee estabe estabele leci cidos dos pela pela autoridade religiosa e reforçados pelo temor de um Deus julgador e punitivo. Eles consideram que a falta de uma ideologia social claramente definida e inflexível é respon responsáv sável el pela pela anomia anomia socia sociall e a decadê decadênc ncia, ia, uso de drogas drogas,, abuso abusoss sexua sexuais, is, gangster gangsterismo ismo e a grosseria grosseria geral geral que hoje reina reina na cultura cultura ocidental ocidental.. Eles culpam os anos 1960. Embora possamos relacionar muitos outros fatores que são igualmente responsáveis por todo esse comportamento perturbado e perturbador que preocupa qualquer um que queira viver em paz e prosperidade, e não apenas os conservadores culturais , não podemos negar que a liberdade desempenha um importante papel em todo esse “caos”. Apesar da aparente adoção da doutrina iluminista da liberdade individual no século XVIII, desde então a maioria das pessoas viveu em sociedades e comunidades que impus im pusera eram m conven convençõe çõess socia sociais is mu muit itoo bem defin definida idass e ofere oferecer ceram am a elas elas papéi papéiss  produtivos para toda a vida. À medida que as convenções, os papéis, as comunidades e as famílias que sustentaram estáveis identidades conformistas ruíram sob o poderoso tufão do desenvolvimento tecnológico,da interpenetração cultural global e da liberdade individual, muitos – talvez a maioria – dos cidadão pós-modernos se descobriram  perdidos. A idéia taoísta de pegar a onda da constante mudança; o método cientifico de  buscar experimentalmente o conhecimento em vez de chegar à certeza; a herança surrealista de transformar o caos em arte e “significado sem sentido” – essas formas de ver e ser no mundo ainda não são compreendidas pela maioria das pessoas que vivem nas terras (relativamente) livres. E mesmo quando elas compreendem intelectualmente, não é fácil viver verdadeiramente verdadeiramente livre. O verdadeiro caminho contracultural é difícil. É incerto se uma maioria pode ser feliz em algum tempo próximo vivendo sem algum tipo de sistema de crença externamente determinado. A libertação da certeza e dos rígidos códigos de comportamento sem dúvida continuará a produzir confusão, inquietação e um comportamento destrutivo em muitos. E no nível da massa, nos Estados Unidos pós-11 de setembro, todo o projeto de espalhar e expandir as fronteiras do não-conformismo e da autonomia se tronou muito mais complexo. Talvez o melhor que a contracultura possa esperar seja perseverar, embor emboraa out outra ra visão visão identi identifiq fique ue oportu oportunid nidade adess para para mu mudan danças ças radica radicais is em meio meio à turbulência. Qualquer que seja o caso, pegue a onda!

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