Darcy Ribeiro - O Povo Brasileiro Apresentação Seminário PENSAMENTO SOCIAL NO BRASIL

March 14, 2023 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Trabalho apresentado a disciplina de Pensamento Social Brasileiro Programa de Pós Graduação em Antropolo Antropologia gia Social Social –   –  PPGAS/UFG  PPGAS/UFG Profº Drº Luis Felipe Hirano

Discentes Dhiogo Gomes Patrick de Oliveira Bruno Filene

 

VIDA •







  Dar Darcy Ribe Ribeir iroo nas nasce ceu u em Mont Montes es Clar Claros os/M /Min inas as Gera Gerais is,, no dia dia 26 de outubro de 1922 e faleceu em Brasília-DF no dia 17 de Fevereiro Fevereiro de 1997.   Foi um antropólogo, escritor e politico brasileiro, conhecido por seu foco em relação aos indígenas e à educação no pais.   Suas ideias ideias de identidade identidade latino-am latino-american ericanaa influenciaram influenciaram vários vários estudiosos estudiosos latino tino--amer ameriican canos post oster eriiore ores. Como Minist nistrro da Educ ducaçã ação no Bras Br asil il,, reali ealizo zou u prof profun unda dass ref efor orma mass que que o levo levou u a ser ser conv convid idad adoo a participar de reformas universitárias no Chile, Peru, Venezuela, México e Uruguai, depois de deixar o Brasil devido à ditadura militar de 1964.   Foi casado com com a etnóloga e antropó antropóloga loga romena romena Berta Gleizer Gleizer Ribeir Ribeiroo até 1974

 

FORMAÇÃO / CARREIR CARREIRA A PROFISSIONAL PROFISSIONAL •



  Foi para Belo Belo Horizo Horizonte nte estudar estudar Medicina Medicina,, porém porém ao cursar cursar discipli disciplinas nas de Ciências Sociais, decidiu-se por estade área. 1946, formou-se antropologia pela Escola de Sociologia e Politica SãoEm Paulo e dedicou seusem primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios do Pantanal, do Brasil Central e da Amazônia (1946-1956).   Notab Notabil iliz izouou-se se fu fund ndam amen ental talme mente nte por por trab trabalh alhos os dese desenv nvol olvi vido doss nas nas ár área eass de educação, sociologia e antropologia, tendo sido, ao lado do amigo a quem admirava, Anísio Teixeira, um dos responsáveis pela criação da Universidade de Brasília, elaborada no início da década de 1960, ficando também na história desta instituição por ter sido seu primeiro reitor. Redigiu o projeto, como funcionário do Serviço de Proteção ao Índio, do Parque Indígena do Xingu, criado em 1961. Também foi o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fl Flum umin inen ense se (UEN (UENF) F).. Publ Public icou ou vári vários os li livr vros os,, vário várioss dele deless sobr sobree os povos povos indígenas.

 







  D Daarcy Ribeiro foi ministro da Educação durante Regime Parl Pa rlam amen enta tari rist staa do Go Gove vern rnoo do pr pres esid iden ente te Jo João ão Go Goul ular artt (1 (188 de setembro de 1962 a 24 de janeiro de 1963) e chefe da Casa Civil entre 18 de junho de 1963 e 31 de março de 1964. Durante a ditadura militar brasileira, como muitos outros intelectuais brasileiros, teve seus direitos políticos cassados e foi obrigado a se exilar, vivendo durante alguns anos no Uruguai.   Durante o primeiro gov governo erno de Leonel Brizola n noo Rio de Janeiro (19831987), Darcy Ribeiro, como vice-governador, criou, planejou e dirigiu a implantação dos Centros Integrados de Ensino Público (CIEP), um projeto pedagógico visionário e revolucionário no Brasil de assistência em temp tempoopara inte integr gral al do a ensino cr cria ianç nças as, , incl inclui ndoo ativ atconcretude ivida idade dess re recr crea eati tiva vass e culturais além formal -uind dando aos projetos idealizados décadas aantes ntes por Anísio.   Na Nass ele eleiç içõe õess de 19 1986 86,, Da Darc rcyy fo foii ca cand ndid idat atoo ao go gove vern rnoo flum flumin inen ense se pelo elo PD PDT T co conc ncoorr rren endo do co com m Fe Fern rnaando Gab abeeira ira (e (en ntão filia iliad do ao PT), Agn Agnald aldoo Ti Timót móteo eo (PDS (PDS)) e Mor Moreir eiraa Franco (PM (PMDB) DB),, mas foi derrotado nas urnas, com a eleição de Moreira.

 





  Foi responsáv responsável el pela criação criação e pelo projeto cultural cultural do Mem Memorial orial da América América Latina, centro cultural, político e de lazer, inaugurado em 18 de março de 1989, no bairro da Barra Funda, em São Paulo, assim como foi responsável pelo projeto de lei que deu origem a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), lei 9394/96 aprovado pelo senado brasileiro.   Exerceu Exerceu o mandato mandato de senador senador pelo Rio Rio de Janeiro Janeiro de 1991 até sua morte em 1997 - anunciada por um lento processo canceroso que comoveu o Brasil. Darcy, sempre polêmico e ardoroso defensor de suas ideias, teve, em sua longa agonia, o reconhecimento reconheci mento e admiração a dmiração até dos adversários.

 

INFLUÊNCIAS •

  As id idei eias as de Dar arcy cy Ri Ribe beir iroo pe pert rten enci ciam am à es esco cola la ev evol olu ucio cioni nissta de so soci cioolog logia e antropologia, antropolo gia, e suas principais inf influências luências eram neoevolucionista Leslie White e Julian Steward, além do arqueólogo marxista V Vere ere Gordon Childe. Ele acreditava que os povos passavam por um "processo civilizatório, começando como caçadores-coletores. Este "processo civilizatório" teria sido marcado por revoluções tecnológicas e, entre elas, Darcy enfatizou as oito mais importantes:

a revolução agrícola a revolução urbana a revolução da irrigação a revolução metalúrgica a revolução pecuária a revolução mercantil a revolução industrial a revolução termonuclear

 

OBRA: ANTROPOLOGIA DA CIVILIZAÇÃO 1. 2. 3. 4. 5.

O pr proce ocesso sso civ civiliz ilizató atório rio –   –  1968  1968 As Américas Américas e a civilização civilização –   –  1969  1969 Os índi índios os e a civiliz civilizaçã açãoo –  1970  1970 Os br bras asile ileir iros os –   –  1972  1972 O dile dilema ma da Améri América ca Latina Latina - 1978

6. O povo Brasil Brasileir eiroo - 1995 •

“Diários Índios”   public publicado ado em 1994, 1994, é seu trabalh trabalhoo etnográf etnográfico ico realiz realizado ado dura du ran nte duas uas expe xpedi diçções ões do SPI SPI entr entree os anos anos de 1949 1949-1 -195 951. 1. Dados ados e in infor forma maçõ ções es dess dessaa pesq pesqui uisa sa etnog etnográ ráfi fica ca cont contri ribu buír íram am para para o antr antrop opól ólogo ogo escre esc rever ver sua Obra Obra “Antropologia   da Civilização”,   que é composta dos seis volumes citados acima.

 

OUTROS APONT APONTAMENTOS AMENTOS •

  Darcy foi influenciado pela análise funcionalista em um primeiro momento e



depois depoi s pe pelo lo mat mater eria iali lism smo o his histó tóric rico o dia dialé léti tico. co.   Teve como orientadores: Herber t Baldus Bacharelado em Ciência Sociais /Ant /A ntro ropo polo logi gia a e Me Mest stra rado do em An Antr trop opol olog ogia ia e Sé Sérg rgio io Bu Buar arqu que e de Ho Hola land nda a.



  Pode Pode se serr co cons nsid ider erad ado o o fund fundad ador or de um uma a an antr trop opol olog ogia ia bras brasil ilei eira ra em embo bora ra mu muit itos os questionem .



  Darc Darcyy es está tá int inter eres essa sado do na rela relaçã ção o do dos s Povos In Indí díge gena nas s e o Es Esta tado do..



  Darcy Darcy ta tamb mbém ém es escr cre eve veu u so sobr bre e ed educ ucaç ação ão e prod produz uziu iu ob obra ras s lit literár erária ias s.





  Su Sua a teoria está ocupada com a história e com o pensamento social brasileiro., sobretudo em dissolver o eurocentrismo e o etnocentrismo impregnado nos sabe sa bere res/ s/ep epis isttem emol olog ogia ias s so sobr bre e o Br Bras asil il e a Am Amér éric ica a La Lati tina na..   Darc Darcyy romp rompe e qua qualqu lquer er teor teoria ia ou ide ideia ia ess essenc encia iali list sta. a.

 

Operários,

1933.

Óleo

sobre

tela.

Tarsila

do

Amaral.

Ilustra a capa da última edição de O povo brasileiro: a formação e o  sentido do Brasil . Ribeiro, Darcy. Darcy. Ed. Global, 2013.

 

O POVO BRASILEIRO: BRASILEIRO: A FORMAÇÃO E O SENTIDO DO BRASIL Introdução: - O livro “O “O Povo  Povo Brasileiro”, Brasileiro”, lançado  lançado em 1995, foi anunciado como a obra-síntese do antropólogo Darcy Ribeiro, que ele levou exatos 30 ano anoss para concluir. Veiculou-se Veiculou-se até qu quee Darcy estaria doente terminal em um CTI, do qual fugiu para refugiar-se em sua casa na praia de Maricá, com o firme propósito de juntar as anotações que se acumulavam ao longo de três décadas e por fim compor o livro. A vontade de terminá-lo era tanta, que acabou dando uma sobrevida a Darcy que estava doente de câncer. câncer. •





“Surgimos  da confluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português “Surgimos da com índios silvícolas e campineiros e com negros africanos, uns e outros aliciados como escravos” escravos”.. (p.19) “(...) “(...) se fundem para dá lugar a um povo novo, um novo modelo de estruturação societária”.. (p.19) societária” “O   que tenham os brasileiros de singular em relação aos portugueses decorre das “O  qualidades diferenciadoras oriundas de suas matrizes indígenas e africanas; (...).” (...).” (p.20)

 

I. O NOVO MUNDO - MATRIZES ÉTNICAS A Ilha Ilha B Bras rasil il “A   cos costa ta atlâ atlânt ntic ica, a, ao long longoo dos dos milê milêni nios os,, foi foi pe perrco corr rrid idaa e ocup oc upad adaa por por inum inumer eráv ávei eiss povo povoss indíg ndígen enas as.. Disp Disput utan ando do os melhores nichos ecológicos , eles se alojavam, desalojavam e realojavam, incessantemente” incessantemente”.. (p.29) “(...) “( ...) o grupelho recém-chegado de além-mar era superagressivo e capaz de atuar destrutivamente de múltiplas formas. Principalmente como uma infecção mortal sobre a população preexistente, debilitando-a debilitando-a até a morte.” morte.” (p.30) “O que “O  que a documentação copiosissima nos conta é a versão do dominador”.. (p.30) dominador” •





 

A Ma Matr triz iz Tup upii •



“Na   escal escalaa da ev evol oluç ução ão cultu cultura ral, l, os povo povoss Tupi davam davam os pr prim imei eiro ross passos passos da revolução agrícola, superando assim a condição paleolítica, tal como ocorrera pela primeira vez, há 10 mil anos, com os povos do velho mundo” mundo”.. (p.31)   Observação:

-   neste tópico Ribe Ribeiro iro está re referind ferindoo ao momento momento que os portugueses portugueses encontraram encontraram os Tupi, ou seja, no descobrimento do Brasil, que o antropólogo vamos conceituar como “achamento achamento””. -   Darcy entende por revolução agrícola entre entre os indígenas do Brasil , a domesticação de

dive diversa rsass plantas plan tas,, sobrevivência refer refere-s e-see sobre sobretudo a grupos mandio mandioca ca que se“já torn tornou fundame funda mental ntal importância para detudo vários indígenas, “já que  queoueladenão precisa ser colhida e estocada, mantendo-se viva na terra por meses” meses”.. (p.31). -   Além da m mandioca, andioca, cultivavam o milho, a batata-doce, o cará, o feijão, o amendoim, o tabaco, a abóbora, o urucu, o algodão, o carauá, cuias e cabaças, as pimentas, o abacaxi, o mamão, a erva-mate, o guaraná, dezenas de arvores frutíferas, como caju, o

pequi O seus autor diz: “faziam, “faziam, para  parae limpando isso, grandes roçados mata, derrubando árvoresetc. com machados de pedra o terreno comnaqueimadas” queimadas”. . (p.32) as

 



“  (...) os Tupi só conseguiram conseguiram estruturar estruturar efêmeras efêmeras confederaç confederações ões regionais regionais que logo desapareceram. A mais importante delas, conhecida como Confederação dos Tamoios, foi ensejada pela aliança com os franceses instalados na baía de Guanabara. Reuniu, de 1563 a 1567, os Tu Tupinambá pinambá do Rio de Janeiro e os Carijó do planalto paulista –  paulista  –  ajudados   ajudados pelos Goitacá e pelos Aimoré da Serra do Mar, que eram da língua Jê  –  para   para fazer fazerem em a guerra guerra aos portugu portuguese esess e aos outros outros grupos indígenas que os apoiavam” apoiavam”.. (p.33)

Observação. Essa guerra foi entre portugueses e franceses, dos calvinistas contra os  jesuítas, os grupos indígenas confederados foram usados pelos europeus e não sabiam exatamente porque estavam lutando. •



  A ant antropo ropofagia fagia dos Povos Tupi: Tupi: “Comiam “Comiam seus  seus prisioneiros de guerra porque, com a rudimentariedade de seu sistema produtivo, um cativo rendia pouco mais do que que cons consum umia ia,, não não exis existi tind ndo, o, port portan anto to,, in ince cent ntiv ivos os para para in inte tegr gráá-lo lo à comunidade como escravo” escravo”.. (p.35) “Muitos outros “Muitos  outros povos indígenas tiveram papel na formação do povo brasileiro. (...) os Paresi, os Bororo, os Xavantes, Guaikuru, os índios cavaleiros”. cavaleiros” . (p.35) os Kayapó, os Kaingang e os Tapuia e os

 

A Lusitanidad Lusitanidadee “Ao  contrário dos povos que aqui encontraram, todos eles estruturados em tribos autônomas, autárquicas e não estratificadas em classes, o enxame de invasores era a presença local avançada de uma vasta e vetusta civilização •

urbana e classista” classista”.. (p.37) Observação: -   Lisboa através do Conselho Ultramarino ditava, previa, previa, planificava, ordenava e provia qualquer decisão relacionada a colônia; - “Outro   coor coorde dena nado dorr pode podero rosí síss ssim imoo er eraa a Igre Igreja ja catól católic ica, a, com com se seu u braç braçoo repressivo, repre ssivo, o Santo Ofício” Ofício”.. (p.38) “Era a “Era  a humanidade mesma que entrava noutra instância de sua existência, na qual se extinguiriam extinguiriam milhares milhares de povos, com suas línguas línguas e culturas culturas próprias próprias e singulares, para dar nascimento às macroetnias maiores e mais abrangente que  jamais se viu” viu”.. (p.39) “O motor “O  motor dessa expansão era o processo civilizatório que deu nascimento a dois Esta Es tado doss naci nacion onai ais: s: Port Portug ugal al e Espa Espanh nha, a, que que acab acabav avam am de cons consti titu tuir ir-s -se, e, superando o fracionamento feudal que sucedera a decadência dos romanos” romanos”.. (p.39) •



 

II. O ENFRENTAMENTO DOS MUNDOS As opostas visões •









“Os   índi índios os perc perceb eber eram am a cheg chegad adaa do eur europ opeu eu com como um acon aconte teci cim mento ento espantoso, só assimilável em sua visão mítica do mundo” mundo”.. (p.42) “Provavelmente seriam “Provavelmente  seriam pessoas generosas, achavam os índios” índios”.. (p.42) “Pouco  mais tarde, essa visão idílica se dissipa. Nos anos seguintes, se anula e “Pouco mais reverte-se no seu seu contrário: índios começam a ver a hecatombe que caíra sobre sobre eles”.. (p.43) eles” “A cristandade “A  cristandade surgia a seus olhos com o mundo do pecado, das enfermidades dolorosas e mortais, da covardia, que se adorava do mundo, tudo conspurcando, tudo apodrecendo” apodrecendo”.. (p.43) “Os recém “Os  recém  –  chegados   chegados eram gente prática, experimentada, sofrida, ciente de suas oriundas do pecado Adão, eterna” predispostos noçãoculpas dos horrores do pecado e da de perdição eterna”. . (45) à virtude, com clara

 



“A branquitude trazia da cárie dental à bexiga, à coqueluche, à tuberculoso e ao “A branquitude sarampo. Desencadeia-se, ali, desde a primeira hora, uma guerra biológica implacável. De um lado, povos peneirados, nos séculos e milênios, por pestes a que sobreviveram e para as quais desenvolveram resistência. Do outro lado, povos indenes, indenes, indefe indefesos, sos, que começavam começavam a morrer morrer aos magotes. magotes. Assim é que a civilização se impõe, primeiro, como uma epidemia de pestes mortais. Depois pela dizimação através de guerras de extermínio e da escravização. Entretanto, es esse sess er eram am tão só os passos passos inicia iniciais is de uma uma es esca cala lada da do calvá calvári rioo das das dore doress inenarráveis do extermínio genocida e etnocida” etnocida”. (p.47)





“Esses   índi índios os cati cativo vos, s, cond conden enad ados os à tris triste tezza mais mais vi vil, l, eram eram ta tam mbém bém os provedores de suas alegrias, sobretudo as mulheres, de sexo bom de fornicar, de braço bom de trabalhar, trabalhar, de ventre fecundo para prenhar” prenhar”. (p.48) “ A vontade mais veemente veemente daque daqueles les heróis d’além d’além-mar -mar era exercer sobre aquela gente vivente como seus duros senhores. Sua vocação era a de autoridade de mando e cutelo sobre bichos e matos a gentes, nas imensidades de terras de que iam se apropriando em nome de Deus e da lei” lei”.. (p.48)

 

Razões desencontradas: “Frente à “Frente  à invasão europeia, os índios defenderam até o limite possível seu modo de ser e de viver viver.. Sobr Sobretudo etudo dep depois ois de perder perderem em as ilusões dos primeiros contatos pacíficos, quando perceberam que a submissão ao invasor invasor rrepr epresent esentava ava sua de desuma sumanizaç nização ão como b bestas estas de carg cargas as “. (p.49) “Em   poucas décadas desapareceram as povoações indígenas que as caravelas do descobrimento encontraram por toda a costa brasileira e os pri primeir meiros os cr croni onista stass con contem templa plaram ram mar maravi avilha lhados dos.. Em seu lug lugar ar •



haviam instalado três tipos novos de povoações. O primeiro e principal, formado pelas concentrações de escravos africanos dos engenhos e dos portos. Outro, Outro, disperso pelos vilarejo vilarejoss e sítios da costa ou pelo peloss campos de criação de gado, formado principalmente por mamelucos e brancos pobr po bres es.. O terc terceir eiroo es este teve ve co cons nsti titu tuíd ídoo pe pelo loss ín índi dios os in inco corp rpor orad ados os à empresa colonial como escravos de outros núcleos ou concentrados nas aldeia ald eias, s, alg alguma umass das qua quais is con conser servar varam am su suaa aut auton onomi omia, a, enq enqua uanto nto outras eram regidas por missionários” missionários”.. (p.53)

 



“Apesar  do projeto jesuítico de colonização do Brasil nascente “Apesar do ter sido formulado sem qualquer escrúpulo humanitário, tal foi a ferocidade da colonização leiga que estalou, algumas décadas

depois, um sério conflito entre os padres da Companhia e os povoadores dos núcleos agrário-mercantis” agrário-mercantis”.. (p.53) Observação: -   Para os jesuít jesuítas as os pouc poucos os índios que rest restaram aram passaram passaram a ser criaturas de Deus e donos originais da terra, com direito a sobrevivência se abandonassem suas heresias para se tornarem membros da Igreja -   Para os colonos (núcleo agrário-mercantil), “os “os índios  índios era um gado humano, cuja natureza, mais próxima de bicho que de gente, só os recomendava à escravidão” escravidão”.. (p.53)

 

O Salvacionismo “Nas   déca década dass do acha achame mento nto,, de desc scob ober erta ta ou inva invasã sãoo do Bras Brasil il,, surgiram descrições cada vez mais minuciosas das novas terras.” terras.”. •







(p.56) “Aqueles   índios, tão diferentes dos europeus, que os viam e os descr des crevi eviam, am, mas ta també mbém m tão sem semelh elhant antes, es, ser seriam iam ele eless também também membros do gênero humano, feito do mesmo barro pelas mãos de Deus, à sua imagem e semelhança? semelhança? Caíra Caíram m na impiedade? T Teria eriam m salvação”? (p.57) salvação”? (p.57) “  A utopia jesuítica esboroou e os inacianos foram expulsos das Américas, entregando, inermes, desvirilizados, os seus catecúmenos ao sacrifício e à escravidão na mão possessa dos colonos” colonos”.. (p.62) “É de “É  de se perguntar, aqui, se não foi o próprio êxito que levou os projetos utópicos de jesuítas e de franciscanos ao fracasso” fracasso”.. (p.62)

 

III O PROCESSO CIVILIZATÓRIO Povos Germinais “O poderio “O  poderio singular que alcançou a civilização Árabe por mais de um milênio de esplendor, seja a expansão ibérica, que criou a primeira civilização universal” universal”.. (p.64) - Em re relaç lação ão ao mund mundoo árabe: árabe: “a “a categoria  categoria de império despótico salvacionista”   nunca nun ca quiseram quiseram convert converter er ninguém ninguém,, gritav gritavam am o jihad, jihad, conquis conquistavam tavam a área área e deixavam o povo viver . Em re relação lação ao mundo mundo ibérico: ibérico: ‘a categoria ‘a categoria de império mercantil sal salvac vacion ionist ista’” a’” –  revolução tecnológica mercantil que deu acesso ao ultramar. OBS: a tecnologia foi inventada pelos árabes, porém, os portugueses foram os primeiros a concatena-la. - Nações germinais –  germinais  –  que  que deram origem a outras variantes da humanidade (Roma, os iberos, os ingleses e russos ). A França, Alemanha e Itália não são nações germinais. •

 

O barroco e o gótico “ Dois estilos de colonização se inauguraram no norte e sul do Novo Mundo. Lá, o gótico altivo de frias gentes nórdica, transladados em •





famílias inteiras para compor a paisagem de que vinham sendo excluídos pela nova agricultura, como excedentes de mão de obra. Para eles, o índio era um detalhe, sujando a paisagem que, para se europeizar,, devia ser livrada dele europeizar deles”. s”. (p.69) “Cá, o barroco das gentes ibéricas, mestiçadas, que se mesclavam com os índios, não lhes reconhecendo direitos queserviço”. não fosse(p.69) o de se multiplicarem em mais braços, postos a seu “Nós, ao contrário, somos a promessa de uma nova civilização civili zação remarcada por singularidades, singularidades, principalmente africanidades. Já por isso, aparecemos a olhos europeus como gentes bizarras, o que, somado àfazer nossa tropicalidade exóticos”. (p.73)índia, chega para aqueles mesmos olhos a nos

 

Atualização histórica “Estamos diante do resultado de um processo civilizatório que, interrompendo a linha evolutiva prévia das populações indígenas brasileiras, depois de subjugá-las, recruta seus remanescentes como mão de obra servil de uma nova sociedade, que já nascia integrada numa etapa mais elevada da evolução sociocultural”. (p.74) -   Base primeira primeira da sociedade brasileira: os engenhos de cana de açúcar. açúcar. -   A base da ssociedade ociedade brasileira organizada a partir dos engenhos possui três planos: 1. Plano adaptativo: as tecnologias com com que se produzem e reproduzem as condições materiais de existência –  existência –  transporte,  transporte, construção civil, guerra, instrumentos de metal e dispositivos mecânicos, mecânicos, o engenho, a produção produção de açúcar, açúcar, a mineração, a navegação, os bens de consumo (inclusive o escravo), o gado, as plantas cultiváveis, tijolos, telhas rodas de carro, pontes e barcos . 2. Plano associativo: associativo: os modos modos de organização organização da vida vida social social e econômic econômicaa - escravatur escravaturaa indígena e africana, outras formas de estruturação social não fundada pelo parentesco, patronato, as elites, estratificação social e capital financeir financeiro. o. 3. Plano ideológico: relativo às formas de comunicação, comunicação, o saber, saber, às crenças, à criação artística e a autoimagem étnica –  étnica –  a  a língua portuguesa, os letrados e eruditos, a Igreja oficial e o Estado e artistas. •

 

II. GESTAÇÃO GESTAÇÃO ÉTNI ÉTNICA CA - CRIA CRIATÓRI TÓRIO O DE GENT GENTE E O Cunhadismo “A   instituição social que possibilitou a formação do povo brasileiro foi o “A cun cu nha hadi dissmo mo,, velho elho us usoo in indí díggen enaa de in inco corp rpoora rarr es esttra ranh nhoos à su suaa comunidade. Consistia em lhes dar uma moça índia como esposa. Assim quee ele a as qu assu sumi miss sse, e, es esta tabe bele lecia cia,, au auto toma mati tica came ment nte, e, mi mill laço laçoss qu quee o aparentavam aparentav am com todos os membros do grupo” grupo”.. (p.81) •





“E, “E, por  por fim, se teveaque passar do de cunhadismo às guerras de captura de escravos, quando necessidade mão de obra indígena se tornou grande demais” demais”.. (p.82) “A função “A  função do cunhadismo na sua nova inserção civilizatória foi fazer surgir a numerosa numerosa camada de gente mestiça que ef efetivamente etivamente ocupou o Brasil. É crível até que a colonização pudesse ser feita através do desenvolvimento dessa prática” prática”.. (p.82)

 

O governo geral •





“Para  preservar seus interesses, ameaçados pelo cunhadismo generalizado, a “Para preservar Coroa portuguesa pôs em execução, em 1532, o regime das donatarias. Quase todos os contemplados vieram tomar posse com a função de povoá-las e fazê-las produzir,, elevando a economia colonial a um novo patamar” produzir patamar”.. (p.86) “O   sistem sistemaa de dona donata tari rias as foi foi impl implan anta tado do mais mais vi vigor gorasa asame mente nte por por Mart Martin in Afonso, trazendo as primeiras cabeças de gado e as primeiras mudas de cana. Não há registro de que tenha trazido negros africanos e os deixado aqui. Mas, como os portugueses viviam cercados de escravos já em Lisboa, é ate improvável que ele e seus capitães não tenham vindo acompanhados dos seus serviçais” serviçais”.. (p.87) “O   donatário era um grão-senhor investido de poderes feudais pelo rei para “O governar sua gleba de trinta léguas de cara. Com o poder político de fundar vi vila lass conc conced eder er sesm sesmaria arias, s, li lice cenc ncia iarr arte artesã sãos os e come comerrcian ciante tes, s, e o pode poderr econômico de explorar diretamente ou através de intermediários suas terras e até com o direito de impor pena capital” capital”.. (p.87)

 

Cativeiro indígena   A escr escravid avidão ão indígen indígenaa predomi predominou nou ao longo de todo primeiro sécu século lo (XVI). Só no século XVII a escravidão negra viria a sobrepujá-la (...)” (...)”.. •

(p.98) Apontamentos: -   No séc século ulo XVII a esc escrav ravidã idãoo ind indíge ígena na sub subsis sistiu tiu nas área áreass pio pionei neiras ras como estoque de escravos baratos utilizáveis para funções auxiliares. lon nos não desfaziam da mão de obra indígen enaas, embora -   Os colo preferissem a mão de obra africana , sobretudo na produção mercantil de exportação. -   Os índi índios os era eram m idea ideais is pa para ra tran transp spor orta tarr ca carg rgas as,, pe pess ssoa oas, s, pr prep epar arar ar alimentos, para a caça e a pesca. Os africanos eram tidos como ágeis, eram bastante aproveitados em atividades que exigiam trabalha braçal mais pesado, tais como: como: no engenho d dee cana de açúcar e na mineração.

 

II. MOINHOS DE GASTAR GENTE Os Brasilíndios “Os brasilíndios “Os  brasilíndios foram chamados de mamelucos pelos jesuítas espanhóis horrorizados com a bruteza e desumanidade dessa gente castigadora de seu gentio materno” materno”.. (p.107)   Mamelucos, refere-se “a “a uma  uma casta de escravos que os árabes tomavam de seus pais para criar e adestrar em suas casas-criatórios, onde desenvolviam o talento que acaso tivessem”.. (p.107) tivessem” •





“Nossos   mame mamelu luco coss ou bras brasil ilín índi dios os fo fora ram, m, na ve verd rdad ade, e, a se seu u pe pesa sarr, he heró róis is civilziadores, serviçaos del-rei, impositores da dominação que os oprimia” oprimia”.. (p.108) Observações: -   Os mamelucos eram meio-índios, eram os rebentos do cunhadismo (a relação relação sexual do branco português com as índias gerava filhos mamelucos). -   Os mam mamelucos elucos foram rrejeitados ejeitados e hostilizados por vários grupos indígenas.

 

Os afro-brasileir afro-brasileiros os “Os negros do Brasil foram trazidos principalmente da costa ocidental africana. (...). Os primeiros, primeiros, das culturas sudanesas, é representado, principalmente , pelos grupos Yoruba –  oruba –  chamado  chamado nagô -, pelos Dahomey –  Dahomey –  designados  designados •

geralmente gegê –  e gegê –   ede pelos comoLeoa, -, além aléda m de muitos representantes recomo presentantes grupos gruFanti-Ashanti pos menores menores de- conhecidos Gâmbia, Serra Leminas oa, Costa Malagueta e Costa do Marfim. O segundo grupo trouxe ao Brasil culturas africanas islamizadas, principalmente os Peuhl, os Mandinga e os Haussa, do Norte da Nigéria, identificados na Bahia como negros malé e no Rio de Janeiro como negros alufá. O terceir terceiroo grupo cultural africano era integrado por tribos Bantu, do grupo congo-angolês, provenientes da área hoje compreendid compreendidaa pela





Angola (p.114) e a Contra Costa, que corresponde ao atual território de Moçambique”. “Concentrando-se “Concentrando -se em grandes massas nas áreas de atividade mercantil mais intensa, onde o índio escasseava cada vez mais, o negro exerc exerceria eria um papel decisivo na formação da sociedade local.” (p.116) “A mais mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e impressa classista”. (p.120)

 

Os Neobrasileiros “Graças à “Graças  à auto-identificação própria e nova que iam assumindo e, também, ao acesso a múltiplas inovações socioculturais e tecnológicas, as comunidades neobrasileiras nascentes se capacitaram a dar dois passos evolutivos. Primeiro, o de abranger maior número de membros do que as aleias indígenas, liberando parcelas crescentes deles das tarefas de subsistência para o exercício das funções especializadas. Segundo, incorp inc orpora orarr todos todos eles eles numa numa só identid identidade ade étnica, étnica, est estrut ruturad uradaa como como um sistem sistemaa socioeconômico integrado na economia mundial” mundial”.. (p.121) Observação: -   Com a formaçã formaçãoo dos neos brasil brasilei eiro ross uma camada superior superior desliga desligada da das tarefas tarefas produtivas emergia em três setores letrados, participantes de certos conteúdos eruditos •

da cultura lusitana: 1. “Uma burocracia “Uma  burocracia colonial comandada por Lisboa, que exercia a função de governo civil e militar” militar”;; 2. “Outra “Outra religiosa,  religiosa, que cumpria o papel de aparato de indoutrinação e catequese dos índios e de controle ideológico da população, sob a regência de Roma” Roma”;; 3. Po Porr ul ultim timo, o, um se seto torr “que “que viabilizava  viabilizava a economia de exportação, representada por agentesseuropeus agente de casasimportadores financeiras financeiras ede deartigos armadores, armadore s, atenta aos inter interesses esses e às ordens dos portos tropicais”. tropicais” . (p.125)

 

Os Brasileiro Brasileiross •

“O  nome Brasil geralmente identificado com o pau-de-tinta é na verdade muito mais antigo. “O nome Vel elha hass cart cartas as e le lend ndas as do ma marr-o -oce cean anoo tr traz azia iam m regi regist stro ross de um umaa ilha ilha Br Bras asil il refe referi rida da provavelmente por pescadores ibéricos que andavam à caça de bacalhau. Mas ele foi quase imediatamente referido à nova terra, ainda que o governo português quisesse lhe dar nomes pios, que não pegaram. Os mapas mais antigos da costa já a registram como “brasileira” “brasileira” e  e os filhos da terra foram, também, desde logo chamados “brasileiros”. “brasileiros” . Entretanto, o uso do nome como gentílico, que um povo atribua a si mesmo, só surgiria muito depois” depois”.. (p.126)







“É  bem provável que o brasileiro comece a surgir e a reconhecer-se a si próprio mais pela “É bem percepção de estranheza que provocava no lusitano do que por sua identificação como membro das comunidades socioculturais novas, porventura também porque desejoso de remarcar sua diferença e superioridade frente aos indígenas” indígenas”.. (p.127) “O  primeiro brasileiro consciente de si foi, talvez, o mameluco, esse brasilíndio mestiço na “O primeiro carn carnee e no espí espíri rito to,, que não não pode podend ndoo iden identi tifi fica carr-s -see co com m os qu quee fora foram m seus seus an ance cest stra rais is americanos –  americanos  –  que  que eles despreza -, nem com os europeus –  europeus  –  que  que o desprezavam -, e sendo objeto de mofa dos reinóis e dos lusonativos, via-se condenado à pretensão de ser o que não era nem existia: o brasileiro.” brasileiro.”. (p.128) “O brasilíndio como o afro-brasileiro existiam numa terra de ninguém, etnicamente falando, e é “O brasilíndio partir dessa carência essencial, para livrar-se da ninguendade de não-índios, não-europeus e não-negros, que eles se vêem forçados a criar a sua própria identidade étnica: a brasileira” brasileira”.. (p.131)

 

O ser e a consciência “Lamentavelmente , , o processo de construção “Lamentavelmente •

da etnia não deixa marcas reconhecíveis senão nos registros de um grupo tão exótico e ambíguo como os letrados. Esses, por duas razões, além de poucos e raros, são fanati fan aticam cament entee iden identifi tificad cados os seja seja com a etni etniaa do colonizador português, seja com sua variante luso- jesuítica”.  jesuítica”. (p.134)

 

III. BAGOS E VENTRES Desindianização Observação: -   Darcy quando se se viu ausente ausente de dados estatísticos para o passado , ele elaborou um conceito “demografia hipotética” para ajudá-lo ajudá -lo pensar o contingente da população brasileira quando da invasão. -   O antropólogo antropólogo acredita acredita que 5 milhões milhões era o total da população população indígena indígena •

brasileira quando da invasão. “Havia , tanto do lado português como do espanhol, uma tendência evidente dos estudiosos para minimizar a população indígena original.” (p.141)

-   Muitos estudiosos viam exageros exageros nas fontes primárias dos cronistas , que viram os índios com seus próprios olhos. -   populações Estes estudiosos também também queriam ocultar o peso do impacto genocida sobre sobre as americanas.

 

O incremento prodigioso “ As grandes façanhas históricas brasileiras foram a conquista de um território continental e a construção de uma população que ultrapassa os 150 milhões. Nenhum desses feitos foi gratuito. Portugal, que viveu mil anos na obsessão de fronteira, temeroso de ser engolido pela Espanha, aqui, desde a primeira hora, tr trat atou ou de marca arcarr e al alar arga garr as ba base sess de su suas as po poss sses es te terr rrit itor oria iais is.. Pl Plan anto tou u fortalezas fortal ezas a mil léguas de qualquer qualquer outr outroo povoado. Manteve Manteve pela guer guerra, ra, por séculos, pontos de fixação de seus lindes, como a Colônia do Sacramento “. (p.149) “A construção “A  construção da população , não se fez como um propósito deliberado, foi resultant res ultante eção de política demográfica demográ fica espontaneís espon taneísta que resultou depo de popu pula laçã o uma de milh mi lhõe õess de trab trabal alha hado dore ress como co mo tao de in incr crem emen ento to de tanto outr outros osa milhões”.. (p.149) milhões” “(...) “(...) a população brasileira se constrói simultaneamente pela dizimação mas atroz e pelo incremento mais prodigioso” prodigioso”.. (p.149) “Utilizando   largam largamen ente te a imen imensa sa disp dispon onib ibil ilid idad adee de ve vent ntre ress de mulher ulheres es •







indígenas escravizadas, miraculoso”. miraculoso” . (p.149) o incremento da população mestiça foi nada menos que

 

Observações: -   Darcy chama atenção para alguns acontecimentos: 1) no começo do século XIX ( março de 1808) –  1808)  –  o  o antropólogo chama de “invasão “invasão portuguesa.  portuguesa. De um dia para outro, quase 20 mil portugueses, fugindo das tropas de Napoleão, aportam à Bahia e ao Rio” Rio”.. (p.157) -   Dom João VI trouxe trouxe consigo o melhor melhor da da burocracia burocracia portuguesa. portuguesa. -   Milh Milhar ares es de port portug ugue uese sess disp disput utar aram am lu luga garres a ta tapa pass nas nas naus naus in ingl gles esas as convocadas para a operação. -   Dife Difere rente nte da Amér Améric icaa Espa Espanh nhola ola que que es esfac facel elava ava em vári vários os naçõ nações es aq aqui ui se manteve a unidade. -   Com a chegada chegada dos burocratas burocratas portugue portugueses ses surgia surgia uma outra classe brasileir brasileiraa “oss nobr “o nobres es”, ”, ou  ou a burguesia  –  eles   eles se apropriaram do que havia de melhor no país, no entanto Darcy acredita que nos ensinaram a gov governar ernar.. “Em 1800, “Em  1800, a população do território t erritório brasileiro recupera seu montante original de 5 milhões. Mas o faz com uma composição invertida. A metade é formada, agora, por “brancos” “brancos” do  do Brasil, predominantemente “p “par ardo dos” s” –  quer   quer dizer dizer, mestiços mestiços e mula mu lato toss -, fala faland ndoo prin princi cipa palm lmen ente te o port portug uguê uêss como como lí líng ngua ua mate matern rna, a, e já completamente integrados à cultura neobrasileira” neobrasileira”. (p.158) •

 

Estoque Negro “O ‘b ‘bra ranc nco’ o’ colonizador  colonizador e seus descendentes aumentavam, século após sécu sé culo lo , nã nãoo pe pelo lo ingr ingres esso so de no novo voss co cont ntin inge gent ntes es eu eurrop opeu eus, s, ma mas, s, •



principalmente, pela multiplicação de mestiços e mulatos. Os negros, por sua vez, cresceram passo a passo com os brancos, mas, ao contrário des este tes, s, só o fizer izeraam pela ela int ntrrodu duçã çãoo an anua uall ma maci ciça ça de en enoorm rmes es contingentes de escravos, destinados tanto a repor os desgastados no trabalho, como aumentar o estoque disponível para atender a novos projetos produtivos”, produtivos”, (p.160)  (p.160) “A   negra-massa, depois de servir aos senhores, provocando às vezes “A ciúmes em que as senhoras lhes mandavam arrancar todos os dentes , caía ca íam m na vida vida de trab trabal alho ho br braç açal al do doss en enge genh nhos os e da dass mi mina nass em igualdade com os homens. Só a essa negra, largada e envelhecida, o negro tinha acesso para produzir crioulos” crioulos”.. (p.163)

 

III. PROCESSO SOCIOCULTURAL 1. Aventura ventura e rotina rotina •   As guerras do Brasil - Critica a ideia de “cordialidade “cordialidade e  e de povo pacífico” pacífico” - Conflitos de toda ordem (étnicos, sociais, econômicos, religiosos, raciais). “A feia verdade” - “O mais assinalável é que nunca são conflitos puros. Cada um se pinta com as cores dos outros.” outros.” (p.127) - Palmares (1695): Escravos x senhores -  Cabanos (1835-1840):  brancos x caboclos e senhores x serviçais (obs: exclusão do componente indígena no termo  “caboclo”)

- Canudos (1893-1897): várias ordens de tensão: classista, raciais e outros, inclusive o religioso - O processo de formação do povo brasileiro: “entrechoque “entrechoque de  de seus contingentes índios, negros e brancos” (p.127).  (“índios” x jesuítas x colonos x colonizadores x negros) - Há conflitos interétnicos antes e durante a colonização. Contudo, a entrada do componente branco europeu, dominador dos demais grupos humanos foi se “configurando “configurando como  como uma macroetnia expansionista” (p.128). “Os Yanomami “Os  Yanomami e as emoções desencontradas que eles provocam entre os que defendem e os que querem desalojá-los são apenas o último episódio dessa guerra secular.” secular. ” (p.128). (Obs: Link com  “O eterno retorno do encontro” de Ailton Ailton Krenak) Krenak)

 

•   A empr empresa esa Brasil Brasil - 4 ordens de ação empresarial: 1. empresa escravista; 2. Empresa comunitária jesuítica; 3. Microempresas de gêneros de subsistência (lucro menor) 4. Núcleo portuário de banqueiros, armadores e comerciantes de importação e exportação (setor parasitário, dominante e mais lucrativo colonial) “Essa “Essa intermediação  intermediação alucinada,dafoieconomia por séculos, o motor mais poderoso da civilização ocidental. Aquele que mais afetou o destino do gênero humano pelo número espantoso de povos e seres que mobilizou, desgastou e transfigurou.” transfigurou.” (p.134). •   Avaliação -  No Tratados da terra e ge gen nte do Bras asiil  (1584),  (1584), O Padre Cardim faz um balanço dos resultados das missões e da colonização. - O extermínio de muitas etnias e das poucas que sobraram em número reduzido de sua população, a  “conversão dos índios em cristãos” e cativos das missões e dos colonizadores  (resistência indígena, do litoral aos sertões) -  Passagens pela Bahia (“Bahia (“Bahia gorda  gorda do recôncavo baiano, tão oposta a Bahia do bode dos sertões Sãofranciscanos”   [p.141]), Pernambuco (“era (“era   maior ainda a suntuosidade [...]” [...]”  [p.142]), Rio de Janeiro (“o encantamento de Cardim com a terra brasílica atinge o auge  [p.143]) e São Paulo (“Diferente (“Diferente é  é o retrato que nos dá São Paulo e suas quatro pobres vilas.” vilas. ” [p.144]. São Vicente; Santos; Itanhaém e Piratininga) Pir atininga) “Podia-se “Podia -se dizer, talvez, que o fracasso maior foi do stalinismo jesuítico, que tentou um socialismo precoce e inviável, e fracassou. Ao contrário, o sucesso foi de seus opositores. Também fracassados, porque não sendo um para si na busca de suas condições de prosperidade, permanece sendo um povo para os outros.” outros. ” (p.145).

 

2. A urbani urbanizaç zação ão caótic caóticaa •   Cidades e vilas - O Brasil “nasceu “nasceu já  já como uma civilização urbana” (p.146) = Separada entre elementos rurais e citadinos, com funções distintas mas que complementavam-se, sendo comandado pela elite erudita das cidades.  p.146]). A primeira de fato, “foi - A primeira é Lisboa (“que (“que não  não conta”[ p.146]). “foi a  a Bahia” no 1º século. Seguida das cidades do Rio de Janeiro e João Pessoa. No 2º século: São Luís, Cabo Frio, Belém e Olinda. No 3º século, “interioriza “interioriza-se -se a vida urbana” (p.146): São Paulo, Mariana em Minas e Oeiras no Piauí. No 5º século a rede explode tomando conta de todo território brasileiro.

- Estrut Estrutura: ura:   burocr burocraci aciaa rea real, l, ativida atividades des ligadas ligadas a vida vida rel religi igiosa osa (igreja (igrejas, s, escola escolass de nív nível el primári primário), o), assistência médica “para “para os  os casos desesperados, resistentes as mezinhas domésticas tradicionais” (p.148); empórios de importação de escravos e manufaturas de exportação do açúcar, depois do ouro Hierarquia social: “O “O crescimento  crescimento dos centros urbanos dá lugar a uma burocracia civil e eclesiástica da mais alta hierarquia e a um comércio autônomo e rico, integrado quase exclusivamente por reinóis”  (p.148). -  Aglomera  Aglomerados dos menor menores es surgiam próximas as áreas de produç produção/ex ão/extração tração ou nos caminhos de transp transporte orte de cargas. desses lugares que alcançaram Santana,Exemplos Campo Grande, Itapecuru-mirim, Caxias,grande Oeiras,expressão: Crato, etc.Campina Grande, Sorocaba, Feira de

 

•   Industrialização e urbanização - Processos complementare complementaress vistos no geral (empregos gerados gerados pela industrial industrializaçã izaçãoo e mão de obra advinda do êxodo rural da população buscando oportunidades). Para Ribeiro não é bem assim, uma análise linear, há fatores externos sobre os dois processos: “No “No século  século XVI, são os carneiros ingleses que expulsam a população do campo.” campo.” (p.149). - No Brasil, monopólio da terra e monocultura promovem a expulsão da população do campo: “A “A população  população urbana salta de 12,8 milhões, em 1940, para 80,5 milhões, em 1980. Agora é de 110,9 milhões.” milhões.” (p.150). - Nenhuma cidade foi preparada para receber tamanho contingente. Consequências: “miserabilização da população urbana e uma pressão enorme na competição por empregos. empregos.”” (p.150). - Tal quad quadro ro de êxod êxodoo rural rural não afet afetou ou si signi gnific ficat ativ ivam amen ente te a produç produção ão agríc agrícola ola pela pela sua sua cres cresce cente nte mecanização

“É um “É  um mistério inexplicável até agora como vive o povaréu do Recife, da Bahia, com aquela trêfega alegria, e, ultimamente, como sobrevivem sem trabalho milhões de paulistas e cariocas.” cariocas.” (p.150). - O poder dos setores elitistas, industrial (interesses estrangeiros), do agronegócio e a falta de querer político em uma resolução dos problemas urbanos pela via da reforma agrária (Cita a UDR no congresso) - Capitalismo de Estado (Vargas) (Vargas) X Abertura econômica econômica (JK)

“A história “A  história nos fez, pelo esforço de nossos antepassados, detentores de um território prodigiosamente rico e de uma massa humana metida no atraso, mas sedenta de modernidade e de progresso, que não podemos entregar ao espontaneísmo do mercado mundial. A tarefa das novas gerações de brasileiros é tomar este país em suas mãos para fazer dele o que há de ser, uma das nações mais progressistas, justas e prosperas da Terra” (p.154).

 

•   Deterioração urbana - Soluções esdrúxulas, mas que estavam ao alcance; a urbanização das favelas, o tráfico de drogas e o crime organizado (“solução”) -   Deculturação: “o normal é uma em procur proc uraa ar arrranca an“o car normal r o se seu, u,nasej semarginália ja de que quem for for. agressividade Nã Nãoo há fam amíl íliia,que ma mascada s mer meum ros acasalamentos eventuais. A vida se assenta numa unidade matricêntrica de mulheres que parem filhos de vários homens. Apesar de toda a miséria, essa heroica mãe defende seus filhos e, ainda que com fome, arranja alguma coisa

para pôr em suas bocas” (p.155). (Obs: Link com Carolina Maria de Jesus) -  A presença evangélica e de religiões afro-brasileiras  (“competição”)  e o Catolicismo (perda de espaço). Salvação de homens do alcoolismo, mulheres da violência dos maridos bêbados e crianças de toda sorte de violência como dos incestos.

 

3. Classe, Classe, cor e preconce preconceito ito •   Classe e poder 1 (classes dominantes).  Dois corpos conflitantes, mas complementares: O patronato (o empresariado que enriquece na exploração econômica). O patriciado (cargos de poder como general, deputado, bispo, líder  sindical entre tantos outros). - O patrício quer ser patrono e o patrono quer ter as glórias de um cargo, mandato. Busca por poderes  políticos e econômicos!

2 (Setores (Setores intermedi intermediários). ários).   Abaix Abaixoo desses desses dois dois corpos: corpos: A) pequen pequenos os oficiai oficiais, s, profiss profissiona ionais is libera liberais, is,  professores, policiais, o baixo-clero e similares. B) bolsão da aristocracia operária com empregos estáveis e o bolsão de pequenos proprietários, arrendatários e gerentes de grandes propriedades rurais. “Todos eles “Todos  eles propensos a prestar homenagem as classes dominantes, procurando tirar disso alguma vantagem” (p.157). - Entre o clero e intelectuais dessa classe é que apareceram insurgentes subversivos a ordem dominante. “Por isso mesmo mais padres foram enforcados que qualquer outra categoria de gente.” gente.” (p.157) 3 A grande massa (classes subalternas e oprimidas): “principalmente “principalmente negros  negros e mulatos, moradores das favelas e periferias da cidade” (p.157). C) minifundistas, assalariados rurais e de fábricas, prestadores de serviços. D) trabalhadores estacionais, empregados domésticos, biscateiros, delinquentes, prostitutas, mendigos. -  As classes mais baixas são forçadas no sistema, mantendo-se as classes dominantes. Aos oprimidos cabe: [...] “romper “romper com  com a estrutura de classes. Desfazer a sociedade para refazê-la” refazê-la” (p.158).

 

•   Distância social - Ricos e pobres se distanciam socialmente e culturalmente cult uralmente (como “povos distintos”): “Ao vigor “Ao  vigor físico, à longevidade, à beleza dos poucos situados no ápice –  ápice  –  como  como expressão do usufruto da riqueza social –  social –  se  se contrapõem a fraqueza, a enfermidade, o envelhecimento precoce, a feiura da imensa maioria –  maioria –  expressão  expressão da penúria em que vivem” vivem”.. “Ao traço “Ao  traço refinado, à inteligência –  inteligência  –   enquanto enquanto reflexo da instrução - , aos costumes patrícios e co cosm smop opol olit itas as do doss do domin minad ador ores es,, co corr rres espo pond ndem em o traç traçoo ru rude de,, o sa sabe berr vu vulg lgar ar,, a ignorância e os hábitos arcaicos dos dominados” (p.159). - Contraste gritante para Ribeiro: “A “A multidão  multidão de uma praia de Copacabana e os moradores de uma favela ou subúrbio carioca, ou mesmo o público em um comício de Natal ou em Campinas, como representações dessas camadas opostas, se configuram ao observador mais desavisado como humanidades distintas.” distintas. ” (p.159). - Para Ribeiro, as classes sociais brasileiras não podem ser representadas por um triângulo (nível superior, um núcleo e uma base). Mas um losango com um ápice muito fino, com poucas  pessoas e um pescoço que vai alargando, alargando, como um fun funil il invertido (p.161):

 

•   Classe e raça -  Somada a distância social que separa e tornam ricos e pobres em opostos está a discriminação pesada sobre “negros, mulatos e índios, sobretudo sob retudo os primeiros. primeiros.”” (p.165). - “A rebeldia negra é menor e menos agressiva do que deveria ser” (p.166). - Os quilombos como formações  protobrasileiras - “Aculturação” “Aculturação” do  do negro na sociedade nacional: “Nela “Nela se  se viu incorporado à força. Ajudou a constituí-la e, nesse esforço, se desfez, mas, ao fim, só nela sabia sa bia viver, viver, em razão de sua total desafricanização” desafricanização” (p.166). - Atualidad Atualidades es da mentalidade escr escravista: avista: os negros como culpados das próprias próp rias desgraças. - Das fazendas para as cidades: “o “o negro  negro urbano veio a ser o que há de mais belo e vigoroso na cultura popular brasileira” brasileira” (p.168)  (p.168)  (carnaval, culto de Iemanjá, capoeira, etc). Ribeiro aponta que o negro aproveita cada oportunidade para mostrar seu valor. - O mulato como mais acessível ao “mundo   dos brancos” brancos”::  Aleijadinho, Machado de Assis, Rui Barbosa, compositor José Maurício, o poeta Cruz e Sousa, o tribuno Luís Gama, os políticos Irmãos Mangabeiras e  Nelson Carneiro, intelectuais como Abdias do Nascimento e Guerreiro Ramos. “O “O mulato  mulato se humaniza no drama de ser dois, que é o de ser ninguém” (p.168). - “O “O enorme  enorme contingente negro e mulato é, talvez, o mais brasileiro dos componentes de nosso povo. O é porque, desafricanizado na mó da escravidão, não sendo índio nativo nem branco reinol, só podia encontrar sua identidade como brasileiro” (p.168) - Prevalece a expectativa assimilacionista: a “morenização morenização””  da sociedade brasileira pela “branquização dos pretos como pela negrização dos brancos” (p.169). - Preconceito de marca: “negro “negro é  é negro retinto, o mulato já é o pardo e como tal meio branco e se a pele é um pouco mais clara, já passa a incorporar a comunidade branca” branca” (p.169).  (p.169).  Obs: ainda há a branquização por  meio da ascensão social segundo Ribeiro. - Conteúdos de tolerância do Apartheid X Racismo assimilacionista:  os exemplos de Pelé, Pixinguinha e Grande Otelo. O assimilacionismo como deslocador dos negros em sua luta especifica, pela fluidez nas relações inter-

raciais.  

4. Assimilação Assimilação ou segregação segregação •

  Raça e cor

- Com base base nos Censos, Censos, Ribeiro Ribeiro aponta fatore fatoress da diminui diminuição ção do contingent contingentee de preto pretoss face ao aum aumento ento de  pardos e brancos: como explicar? - Número Número insignificant insignificantee de mulheres mulheres branca brancass durante, durante, a miscigena miscigenação ção de brancos brancos com  “índias” como fator  de   “ branquização”  da população brasileira “já “já que  que o mestiço de europeu com índio configuram um tipo moreno claro que, aos olhos e à sensibilidade racial de qualquer brasileiro, são puros brancos.” brancos.” (p.173). - Presunção Presunção de que que muitos muitos negros negros tenham se cclassi lassificad ficadoo com comoo pardo - dos Qualidade Quali dade de vi vida da da população população branca branca em rela relação ção as populaçõ populações es negra e indígena indígena (contági (contágios os de doenças doenças europeus)

 



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  Brancos versus negros Possib Possibili ilidad dades es muito muito maiore maioress dos brancos brancos ascendere ascenderem m econom economicam icament entee em relaçã relaçãoo aos negros negros (Os imigrantes brancos) Após Após a aboliç abolição ão o negro se viu compeli compelido do a novas formas formas de explo exploraç ração ão send sendoo somente somente inte integrad gradoo a sociedade na condição de subalterno e subproletário. su bproletário. Citando Citando Florestan Florestan Fernandes, Fernandes, crítica crítica a ideia de “demo “democraci craciaa racial” racial” diante das condições de miséria da população negra: “enquanto “enquanto não  não alcançarmos esse objetivo, não teremos uma democracia racial e tampouco uma democracia. Por um paradoxo da história, o negro converteu-se, em nossa era, na pedra de toque da nossa capacidade de forjar nos trópicos esse suporte da civilização moderna” (1964, [738] p.177) Fora os preconceit preconceitos os de raça ou de cor cor,, “os “os brasileiros  brasileiros tem arraigado preconceito de classe” (p.178). Ribeir Ribeiroo aponta aponta para para uma uma sociedade multirracial no futuro   Imigrantes Contingente importante na formação de conglomerados predominantemente brancos (sul do Brasil) Ribeiro Ribeiro não considera considera que esses esses imigrantes imigrantes imprimiram imprimiram a cultura cultura europeia europeia no Brasil Brasil isolada da brasileira, brasileira, mas que suas origens plasmaram a cultura nacional (com os demais elelementos) com suas contribuições ao “brasileiro” como etnia nacional

 

5. Ordem versus progresso   Anarquia original - Cont Contra rapo pond ndoo o pr proj ojet etoo colo coloni nial al o Bras Brasil il se fez fez no “caráter   anárqui anárquico, co, selvage selvagem m e socialm socialment entee irresponsável da expansão dos núcleos brasileiros.” brasileiros.” (p.184). •

- nova “Nós somos “Nós  somos resultantes embate racionalismo queaoqueria executar na terra um projeto oficialdo, com essedaquele espontaneísmo que burocrático, a ia formando deus-dará, debaixo do poderio e das limitações da ecologia tropical e do despotismo do mercado mundial. mundial.”” (p.184).   Arcaico e moderno - Dese Desejo jo de tra trans nsform formaç ação ão renov renovad adora ora com comoo cara caract cterí eríst stic icaa marc marcan ante te dos po povos vos no novos vos,, entre entre eles eles o  brasileiro. “Não “Não estando  estando atados a um conservadorismo camponês, nem a valores tradicionais de



caráter folclórico, os).apega às formas vida, senão as condiçõesdas sociais que os atam tribal a elas,oua seu pesar.”nada pesar.”  (p.186 Para Ribeiro, é oarcaicas reflexo de principal da deculturação matrizes formadoras do povo brasileiro. - O Brasil Brasil não rompe rompe com a velha velha ordem colonial, colonial, as elites elites se mantém mantém pelo autorita autoritarismo rismo na repressão repressão de de mudanças rumo a uma modernidade que contemple os interesses populares. A   “modernidade”  só chega  para as elites, ex: as primeiras escolas de ensino superior. •

  Transfiguração ransfig uração étnica - “[...] “[...] é o processo através do qual os povos, enquanto entidades culturais, nascem, se transformam e morrem.”” (p.192). 4 dimensões: biótica, ecológica, econômica e psicocultural morrem. - “Comprimida “Comprimida por  por todas essas pressões transformadoras, a cultura popular brasileira tradicional, tornada arcaica, se vai transfigurando em novos moldes. Estes, embora correspondentes ao padrão ‘ocidental’   comu comum m às socie socieda dade dess póspós-in indu dustr stria iais is,, as assu sume mem m no Bras Brasil il quali qualida dade dess pecu peculi liar ares es relacionadas especificidade do processodehistórico nacional. Comonum essas variam regiões, de as áreas culturaisá operam ope ram como estruturas resistência resistência à mudança, esforço de por preservação preservação

suas características  (p.198).  

IV.. OS BRASIS NA HISTÓRIA IV   Brasis - Pelo Pelo va valo lorr lo loca call que vê na hist históri ória, a, Ri Ribe beiro iro,, ponde pondera rando ndo suas suas gene genera rali liza zaçõ ções es,, compõe compõe os cená cenário rioss regionais das “ilhas-Brasil” - “A “A identidade  identidade étnica dos brasileiros se explica tanto pela precocidade da constituição dessa matriz básica da nossa cultura tradicional, como por seu vigor e flexibilidade.” flexibilidade.” (p.203)   Brasil crioulo - Cultura Cultura desenvolvida desenvolvida nas comunidade comunidadess das faixas faixas de terra terra férteis férteis do Nordeste Nordeste sendo sendo o principal principal motor motor a economia de fazenda de açúcar  •



  Brasil caboclo - Cultura amazônica atrelada a exploração das drogas dos sertões (principalmente seringais) seringais)   Brasil sertanejo - Cultura que se funde entre as as regiões agreste do nordeste até o cerrado do Brasil central, firmada na criação de caprinos e de gado, com presenças marcantes das figuras do criador e do vaqueiro. •



  Brasil caipira - Cultur Culturaa da população população composta composta por mamelu mamelucos cos pauli paulista stass primeira primeirame mente nte forjad forjadaa no bandeiran bandeirantism tismoo e escravidão indígena, depois na mineração, mais tarde nas grandes fazendas ddee café e na industrialização   Cultura gaúcha - Cultura Cultura fundada fundada no pastoreio pastoreio nas nas ca campin mpinas as do Sul Sul com com dua duass variante variantes: s: •



1. Matuta Matuta-aç -açori orian ana (bem similar a caipira)

2. Gring Gringoo caip caipira ira (das páreas de colonização de imigração alemã e italiana principalmente)  

V. O DESTINO NACIONAL “O Brasil “O  Brasil foi regido primeiro como uma feitoria escravista, exoticamente tropical, habitada por índios nativos e negros importados” importados”.. (P.447) “Depois,  como um consulado, em que um povo sublusitano, mestiçado de sangues afros e “Depois, como índios, vivia o destino de um proletariado externo dentro de uma possessão estrangeira.” estrangeira. ” (P.447)

“Os “Os interesses aspirações dodim seu jamais foram emperi conta, sóoria se tinh ti nhaa interesses aten atençã çãoo e eas ze zelo lo no at aten endi mento enpovo to dos do s requ requis isit itos os levados de pros prospe rida dade de porque da feit feitor ia exportadora.”” (P.447) exportadora. “Nunca   houv houvee aqui aqui um co conc ncei eito to de povo povo,, engl englob oban ando do todo todoss os trab trabal alha hado dorres e atribuindo‐lhes   direitos. Nem mesmo o direito elementar de trabalhar para nutrir‐se, atribuindo‐lhes vestir‐se e vestir‐se  e morar. mo rar.”” (P.447) “Essa primazia do lucro sobre a necessidade gera um sistema econômico acionado por um ritmo acelerado de produção do que o mercado externo dela exigia, com base numa força de trabalho afundada no atraso, famélica, porque nenhuma atenção se dava à produção e reprodução das suas condições de existência.” existência.” (p.447) “Em   consequ consequênc ência, ia, coex coexist istira iram m sem sempr pree um umaa prospe prosperid ridade ade emp empre resari sarial, al, qu quee às vez vezes es chegava a ser a maior do mundo, e uma penúria generalizada da população local. local.”” (P. 448)

 

Alcancam‐se, assim, paradoxalmente, condições ideais para a transfiguração étnica Alcancam‐se, pelaa desind pel desindiani ianizaç zação ão forçada forçada dos índios índios e pela pela desafr desafrica icaniz nizaçã açãoo do negro negro,, que, que, despojados de sua identidade, se vêem condenados a inventar uma nova etnicidade englobadora de todos eles.” eles.” (P.448)



“O   núcle núcleoo lu luso so,, fo form rmado ado por muito muito pouc poucos os port portug ugue uese sess que aqui aqui en entr trar aram am no primeiro século, e por mulheres mais raras ainda, que aqui vieram ter, olhando a todos os mais desde a altura do seu preconceito de reinóis, da força das suas armas, operacionava sua espoliação econômica, querendo impor a todos sua fôrma étnica e sua cara civilizatória.” civilizatória.” (P.448) “Estava   já maduro quando recebe grandes contingentes de imigrantes europeus e “Estava   japoneses, o que possibilitou ir assimilando todos eles na condição de brasileiros genéricos.”” (P. 449) genéricos. “Ao contrário “Ao  contrário do que sucede com outros países, que guardam dentro do seu corpo contingentes claramente opostos à identificação com adamacroetnia no Brasil, apesar da multiplicidade de origens raciais e étnicas população,nacional, não se encontram tais contingentes esquivos e separatistas dispostos a se organizar em quistos.” quistos.” (P.450)

 

“O que desgarra e separa os brasileiros “O que b rasileiros em componentes opostos é a estratificação de classes.” classes.” (P.450) “Outros intérpretes “Outros  intérpretes de nossas características nacionais vêem os mais variados defeitos e qualidades aos quais atribuem valor causal.” causal.” (P.451) “Para Sérgio “Para  Sérgio Buarque de Holanda seriam características nossas, herdadas dos iberos, a sobranceria hispânica, o desleixo e a plasticidade lusitanas, bem como o espírito aventureiro e o apreço à lealdade de uns e outros e, ainda, seu gosto maior pelo ócio do que pelo negócio. (...) resultaria uma certa frouxidão e anarquismo, a falta de coesão, a desordem, a indisciplina e a indolência. Mas (...) também, certo pendor para o mandonismo, para o autoritarismo e para a tirania.” tirania. ” (P. 451) “Muito pior para nós teria sido, talvez, e Sérgio o reconhece, o contrário de nossos defeitos, tais como, o servilismo, a humildade, a rigidez, o espírito de ordem, o sentido de dever, dever, o gosto pela rotina, a gravidade, a sisudez. sisud ez.”” (P.451) OBS:. Nesta análise sobre a historicidade resultante do caráter nacional, em que di dial alog ogaa co com m Sérg Sérgio io Bu Buar arqu que, e, Dar Darci pont pontua ua que que se seri riaa mais mais “nefasto”   se ta tais is características substituíssem o caráter nacional, visto que tirariam a adaptabilidade, flexibilidade, a originalidade dos indisciplinados etc.

 

“Fala‐se   muito, também, da preguiça brasileira, atribuída tanto ao índi índioo indo indole lent nte, e, co como mo ao ne negr groo fu fujã jãoo e até até às cla class sses es do domi mina nant ntes es viciosas. Tudo isto é duvidoso demais frente ao fato do que aqui se fez.” fez.” (P.452) “A questão que se põe é entender por que eles (Os norte-americanos), “A questão tão pobres e atrasados, rezando em suas igrejas de tábua, sem destaque em qualquer área de criatividade cultural, ascenderam plenamente à civilização industrial, enquanto nós mergulhávamos no atraso.” atraso.” (P.452) “(…) efet “(…) efetiv ivoo fat ator or ca cau usa sall do atr tras aso, o, é o mo modo do de ord rden enaaçã çãoo da sociedade, estruturada contra os interesses da população, desde sempre sangrada para servir a desígnios alheios e opostos aos seus. Não há, nunca houve, aqui um povo livre, regendo seu destino na busca de sua própria prosperidade.” prosperidade.” (P. 452)

 

O CONFRONTO Nós, brasileiros, nesse quadro, somos um povo em ser, impedido de se‐lo se‐lo.. Um povo mestiço na carne no espírito, que aqui a mestiçagem foi crime ou pecado. Nela fomos efeitos e aindajácontinuamos nos fazendo.jamais Essa massa de nati na tivo voss oriu oriund ndos os da mest mestiç içag agem em vi vive veu u por por sécu século loss se sem m cons consci ciên ênci ciaa de si, afundada na rünguendade.”(P rünguendade.”(P.453) .453)



Obs:. “rünguendade rünguendade”” é um neologismo. O prefixo rünguen só foi encontrado em pesquisas do Google em língua Mapuche e significa grunir, rugir, ressoar. “Olhan “Olh ando do‐o ‐os, s, ouvi ouvind ndo‐ o‐os os,,   é fácil perceber que são ão,, de fato, uma nov ovaa romanidade, uma romanidade tardia mas melhor, porque lavada em sangue índio e sangue negro.” negro.” (P.453) “Com  efeito, alguns soldados romanos, acampados na península Ibérica, ali latinizaram povosdade pree‐lusitanos. pre‐lusitanos . O fizeram tão firmemente quedeseus filhos mantiveram manti veram os a latinidade latini a cara, resistindo resisti ndo a séculos sécul os de opressão opressão invasores invaso res nórdicos e sarracenos.” sarracenos.” (P.453)

 

“É  de assinalar que, apesar de feitos pela fusão de matrizes tão diferenciadas, os “É de brasileiros são, hoje, um dos povos mais homogêneos lingüística e culturalmente e também um dos mais integrados socialmente da Terra. Falam uma mesma lí líng ngua ua,, sem dial dialet etos. os. Não Não abri abrigam gam nenh nenhum um cont contin inge gente nte re reiv ivin indi dica cati tivo vo de autonomia, nem se apegam a nenhum passado. Estamos abertos é para o futuro”.(P.454) futuro”.(P.454) “Nosso   destino é nos unificarmos com todos os latino‐americanos latino‐americanos por  por nossa oposição comum ao mesmo antagonista, que é a América anglo‐saxônica, anglo‐saxônica, para  para fundarmos, tal como ocorre na comunidade européia, a Nação Latino‐Americana sonhada Latino‐Americana  sonhada por Bolívar.”(P Bolívar.”(P.454) .454) “Precisa   agora se‐lo no da tecnologia da futura civilização, paranos se faz fazer er uma potênci potêse‐lo nciaa  no econôm ecodomínio nômica ica,, de progr progress essoo auto‐sustentado auto‐sustentado. . Estamos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.” Terra.” (p.454)

 

“Os brasileiros se sabem, se sentem e se comportam como uma só gente, pertencente a uma mesma etnia. Essa unidade não significa porém nenhuma uniformidade. O homem se adaptou ao meio ambiente e criou modos de vida diferentes. A urbanização contribuiu para uniformizar os brasileiros, br asileiros, sem eliminar suas diferenças.  Fala-se todo o mesma país uma mesma Fala-se todo oem país uma língua, só língua. diferenciada porem  sotaques regionais. Mais do que uma simples etnia, o  Brasil é um povo nação, assentado num território  próprio para nele viver seu destino.”

Darcy Ribeiro

 

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