Dança e Gênero

July 5, 2019 | Author: JôChagasAfrojoy | Category: Danças, Gênero, Etnia, raça e gênero, Escolas, Linguagem Corporal
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dança...

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ISBN 978-85978-85-8015-079 8015-079-7 -7 Cadernos PDE

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

Título: DANÇA E GÊNERO NA EDUCAÇÃO FÍSICA Autora: DELCI KREMER Disciplina/Área:

Educação Física

Escola de Implementação do Colégio Estadual Pato Bragado Projeto e sua localização: Município da escola:

Município de Pato Bragado

Núcleo Regional de Educação:

Toledo

Professor Orientador:

Dr. Gustavo André Borges

Instituição de Ensino Superior: UNIOESTE Relação Interdisciplinar: Resumo:

Esta proposta de tem como objetivo implementar a dança criativa nas aulas de Educação Física, pois, essa a prática sempre foi limitada no ambiente escolar. Constituindo-se conteúdo importante e, contribuindo significativamente para o estímulo da livre expressão corporal. Para tanto o professor deverá estar constantemente buscando novas estratégias oportunizando aos alunos a construção e criação de novas possibilidades de representação dentro dos contextos significativos da educação. É através de atividades realizadas por intermédio de dança que podemos explorar e discutir gênero na escola, pois as relações de gênero são uma das questões mais difíceis de mudar na sociedade e, por consequência, na escola, de modo como estão organizadas socialmente, as relações de gênero são uma máquina de produzir desigualdades. Nesse sentido, ao pensarmos em desenvolver o conteúdo da dança, é interessante articula-lo com as relações de gênero, pois o preconceito ou o sexismo sempre estão presentes.

Palavras-chave:

Dança, Gênero, Escola, Educação Física.

Formato do Material Didático:

Unidade Didática

Público:

 Alunos do 6º ano e professores

Dança e Gênero na Educação Física: uma nova maneira de trabalhar o conteúdo

Figura 1. Dançando FONTE: https://www.google.com.br/search?q=imagens+de+dan%C3%A7a&biw=1242&bih=565&tbm=isch&

 A dança é uma das formas mais antigas de representação da cultura de diversos povos (DCE/PR, 2008). Além do mais, a dança se constitui como um conteúdo

estruturante

da

educação

física,

porque

também

contribui

significativamente para o estímulo da livre expressão corporal e diversos movimentos expressivos. A dança permite, através da sua manifestação criativa e independente, expressar sentimentos de alegria, tristeza, surpresa, tensão, medo, etc., incomuns em outras atividades. Contudo, toda vez que se propõe trabalhar o conteúdo dança nas aulas de Educação Física, percebemos que ainda há muita rejeição pelos alunos devido muitas vezes as suas influências socioculturais. A dança é um dos conteúdos mais fortemente estigmatizados ou estereotipados para os rapazes, pois para muitos deles a dança deveria ser praticada apenas pelas meninas. Para eles está reservado o esporte! É nesse momento que as relações de gênero são construídas e reforçadas. Cabe aos alunos e professores de educação física romperem com o próprio

preconceito de que os meninos que dançam podem ter a sua orientação sexual questionada. Se buscarmos a história da dança, encontraremos que ela era praticada fundamentalmente pelos homens e muito mais tarde as mulheres começaram a dançar. Nas tradicionais danças de salão, por exemplo, são os homens que conduzem as mulheres, determinando a direção do movimento e o estilo de dançar.  Através da proposta de aulas coeducativas, pretendemos mostrar que meninos e meninas podem dançar, de forma criativa e livre e, sobretudo, sem que um deles seja o condutor e, o outro, o conduzido. Cada aluno poderá se expressar, sem depender diretamente do outro através da chamada “Dança Criativa”.  Aulas de educação física que introduzem a dança criativa podem contribuir para que professores tenham subsídios para construir aulas coeducativas e que todos possam dançar sem preconceitos.

“E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música”  Friedrich Nietzsche

Figura 2. Expressão Corporal FONTE: https://www.google.com.br/search?q=imagens+de+dan%C3%A7a&biw=1242&bih=565&tb

Qual a dificuldade de se trabalhar dança na escola?  Existem alguns fatores que podem contribuir para que os alunos não dancem na escola. Um deles é a grande diversidade cultural que pode ser expressa através da dança, como por exemplo, os diferentes tipos de linguagem corporal, ritmos, músicas, figurinos outras tradições. Se por um lado a diversidade cultural enriquece os conteúdos de dança nas escolas, por outro, essa mesma diversidade gera muitas dificuldades em serem aprendidas e expressadas. Outro fator que contribui para não introdução do conteúdo dança nas aulas de educação física é que ela é na maioria das vezes “permitida”  apenas para as moças, que podem pratica-las de muitas formas diferentes, mas não pelos rapazes.  A escola é uma instituição patriarcal, portanto práticas corporais em que masculinidade seja alvo de questionamento tem geralmente sido evitada. Quando os meninos dançam ou se expressam na dança de forma livre ou expressiva, são muitas vezes tratados de forma preconceituosa pelos demais. O preconceito é uma atitude “discriminatória" das pessoas ao que lhe parece diferente ou "estranho". No caso dos meninos que dançam, muitas vezes o preconceito de manifesta com palavras ou expressões pejorativas dos colegas. As formas mais comuns de preconceito são o social, o racial e o sexual. Nesse caso, os meninos que dançam sofrem um preconceito sobre a sua orientação sexual.

Qual a dificuldade de se trabalhar dança na escola? 

Figura 4. Grupo de dança FocusCia. FONTE: https://www.google.com.br/search?q=imagens+de+dan%C3%A7a&biw=1242&bih=565&tbm

Portanto, o conteúdo dança nas aulas de educação física oportuniza as crianças e jovens a romperem que a ideia de uma atividade exclusivamente generificada (feminina). Com a dança é possível desenvolver movimentos mais livres e conscientes e expressivos tanto para meninos quanto para meninas. Quanto mais vivências de movimentos ofereceram aos nossos alunos, mais e melhores resultados obteremos e, consequentemente, atingiremos nossos objetivos, que é melhorar a socialização, respeito, cooperação entre eles (BERGE, 1988), além de romper com os preconceitos das relações de gênero.

C omo trabalhar a dança criativa na es cola?

Figura 4. Dança Criativa FONTE: http://1.bp.blogspot.com/NrlzBqdarnU/UQkmeoh4DvI/AAAAAAAATR0/XiABaRglE30/s1600/bienal+sesc+de+dan %C3%A7a.jpg

VAMOS INICIAR A DANÇA CR IATIVA?  Antes de iniciar uma atividade com dança nas aulas de educação física, é importante discutir com os alunos ao que a dança significa para eles. O professor deverá fazer uma avaliação diagnóstica em sala de aula.  A TIVIDA DE 1 – A valiação diagnós tica

Comece perguntando aos seus alunos: A dança é uma atividade que deve ser praticada por quem? Somente para as meninas? Os meninos também podem dançar? Como eles veem a dança? Que tipo de dança os meninos podem realizar e que tipo de dança é permitido apenas às meninas? Discuta com eles as respostas encontradas. Em outro momento vale a pena trabalhar com um filme em sala de aula. A sugestão é apresentar o filme “Billy Elliot” (Daldry, 2000), pois com ele pode ser discutido as relações de gênero dos personagens do filme, além da questão da sexualidade e orientação sexual. Depois faça um painel com os alunos sobre o que

eles entenderam sobre os papéis de género.

E ntão vamos para a prática....  A tividade 2 – C onsc iência corporal

Podemos iniciar a atividade de aquecimento com a música da “Estátua” (Xuxa, Só para baixinhos 4, 2003). Usando esta música estaremos explorando movimentos e posições espontâneos. Em seguida usar a música “Tô de bem com a vida” (Xuxa, Tô de bem com a vida, 1996), para deixar o ambiente animado e os alunos mais a vontade.  A tividade 3 – Socialização

Entregar para cada aluno uma folha de jornal, pedir para eles ficarem espalhados dentro da quadra de voleibol em cima do jornal. Ao som de uma música escolhida pelo professor, eles deverão se deslocar no ritmo da música sem pisar nos jornais distribuídos no chão. Quando a música parar (por iniciativa do professor), eles deverão ficar em cima de um jornal qualquer. Cada vez que a música reiniciar, uma peça de jornal deverá ser retirada do espaço. Todos os alunos continuarão a caminhar ao ritmo da música. A medida que diminuem os jornais no chão, mais alunos deverão ficar em cima do mesmo jornal sem colocar o pé no chão até que a música reinicie. Repetir a atividade até ficar somente um jornal. Sugestão músicas: “Vamos fazer festa” (Tchê Garotos, Atitude, 2007), “Xote da alegria” (Fala Mansa, Essa é pra vocês, 2008), “Roda de viola” (Fundo de quintal, Roda de Samba, 2002), “Abra suas asas” (Frenéticas, Pra salvar a terra, 2003), “Viver” (Gonzaguinha, Caminhos do coração, 1982), “Ciranda de roda” (Alcione, Simplesmente Marrom, 2002).  A tividade 4 – E xpres s ão corporal

Com uma fita, lenço, balão ou um pedaço de tecido (TNT), pedir para os alunos se deslocarem em um determinado espaço (sala, ou quadra), utilizando o material para se movimentar, executando movimentos ritmados com o material.

Procure explorar com eles movimentos em diferentes planos elevados, ou seja, pedir que fiquem na ponta do pé e elevem seus braços para cima explorando o material. em seguida solicitar aos alunos realizarem movimentos em outros planos mais baixos, como na posição semi-agachados. Procure explorar o material, sugerindo aos alunos imitar animais ou elementos da natureza, como ondas, ventos, árvores. Num terceiro momento, explorar movimentos ainda mais baixos, ou, seja, ir até o chão, engatinhar, rolar, rastejar. Nesta atividade pode-se trabalhar de forma individualizada, em duplas, em trios ou grupos maiores. Durante essa atividade entre uma e outra música, parar e pedir para os alunos fazerem uma pose de estátua (individualmente, duplas, trios ou grupos maiores). Nesta atividade use músicas com ritmos diversos. Sugestão de música: “Cold Flame” (Cirque du Soleil, Fith Harmony, 2014).

COMO FAZE R UMA COR E OGR A FIA C OM  A DA NÇ A C R IA TIVA ? Nesta atividade estaremos organizando uma coreografia através de gestos individualizados, no qual cada aluno irá participar da montagem coreográfica para depois ser compartilhada com o grupo maior.  A tividade 5 – C riatividade

Cada aluno deverá pensar diferentes movimentos usando as sílabas do seu próprio nome. Por exemplo, quem se chama Jo-sé, deverá fazer dois movimentos diferentes. Se o nome tiver mais sílabas, A-dri-a-na, terá que apresentar quatro movimentos diferentes, formar um círculo e pedir para que cada aluno faça sua apresentação com seu nome através dos movimentos do corpo.  A tividade 6 – Montag em coreog ráfica

Para essa atividade, sugerimos desenvolve-la com a música “ Alegria” (Cirque du Soleil. Collection, 1998 In: https://www.youtube.com/watch?v=GGXfiyh17uY) . Esta música está dividida em 34 frases, separadas, pela palavra “Alegria” e diferentes momentos instrumentalizados.

Podemos repassar uma frase da música para cada aluno, que deverá dramatiza-la durante a execução da música. De acordo com a quantidade de alunos na turma podemos passar duas ou mais frases para cada aluno. O professor tem a função de organizar o trabalho envolvendo os aspectos da dança criativa, com o espaço que eles irão ocupar, tendo o cuidado para que fique uma coreografia dinâmica que expresse os elementos trabalhados em aulas anteriores. É importante que o professor passe em cada aluno para as orientações e auxiliar caso encontre dificuldades.  A  – Deixar os alunos ouvir a música sugerida para que possam distinguir o ritmo, que eles devem coreografar. Cada aluno pode usar os movimentos que ele criou anteriormente, no exercício de apresentação, ou, inventar outro. B  –  Após cada aluno ter memorizado o seu gesto, soltar a música para que os alunos exercitem os movimentos no ritmo da música, e o professor tem a função de indicar para cada aluno qual é a frase que ele irá dramatizar. C – A música tem vários momentos que usa a palavra “alegria”, neste momento o professor irá explorar dos alunos momentos estáticos, podendo ser, individuais, duplas, trios, conforme a criatividade deles. D – A música também tem quatro momentos que ela é somente instrumentalizada, neste momento é interessante explorar deslocamentos e formação de figuras em grupos maiores (formação de figuras diagonais, triângulos, filas, colunas, círculos, podendo finalizar com uma pirâmide). E  – Esta coreografia poderá ser apresentada de forma individualizada, sendo que cada aluno terá seu momento de apresentação enquanto os demais ficam em formação, ou, quando um aluno está apresentando fique mais a frente dos demais para que todos possam imitar sua coreografia. F – A coreografia estará pronta, para dar mais destaque na apresentação, os alunos poderão usar fantasias diversas.

Referências Bibliográficas

 AUAD, Daniela. Educar meninas e meninos: relação de gênero na escola. São Paulo: Contexto, 2006. BERGE, Yvonne . Viver o seu corpo: por uma pedagogia do movimento. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

BREGELATO, Roseli Aparecida . A Cultura Corporal da dança. São Paulo: Ícone, 2007. CORSINO, Luciano Nascimento ;  AUAD, Daniela. O professor diante das relações de gênero na Educação Física escolar . São Paulo: Cortez, 2012. FAHLBUSCH, Hannelore. Dança Moderna e Contemporânea . Rio de janeiro: Sprint, 1990. MORENO, Montserrat. Como se ensina a ser menina: o sexismo na escola. São Paulo: Moderna, 1999. NANNI, Dionizea. Dança educação: princípios, métodos e técnicas. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Educação Física. Curitiba: SEED, 2008. Sugestões de filmes Se Ela Dança eu Danço . Direção: Anne Fletcher. Produção: Erik Feig. Jennifer

Gibgot. Adam Shankman. Patrick Wachsberger. Distribuição: Europa Filmes, 2006. Vem Dançar . Direção: Liz Friedlander. Edição: Robert Ivison.

Produção: Christopher Godsick, Michelle Grace e Diane. Nabatoff. Distribuição: Play  Arte, 2006. B illy E lliot . Direção: Stephen Daldry. Produtora: Universal Pictures, 2000. Ela Dança, eu Danço 4 :  Direção: Scott Speer. Produção: Jon Chu. Distribuição:

Europa Filmes, 2012.

Sugestões de músicas para as atividades sugeridas

- Vamos fazer festa (Tchê Garotos,  Atitude, 2007); - Xote da alegria (Fala Mansa, Essa é pra vocês, 2008); - Roda de viola (Fundo de Quintal, Roda de Samba, 2002); - Abra suas asas (Frenéticas, Pra salvar a terra, 2003); - Viver (Gonzaguinha, Caminhos do coração, 1982); - Ciranda de roda (Alcione, Simplesmente Marrom, 2002); - Cold Flame (Cirque du Soleil , Fith Harmony , 2014); - Alegria (Cirque du Soleil, Collection, 1998).

Sugestões de sítios da internet sobre dança, gênero e diversidade

http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n53/a05v2153.pdf  http://www.scielo.br/pdf/es/v27n95/a05v2795.pdf  http://pt.wikipedia.org/wiki/Diversidade_cultural http://pt.wikipedia.org/wiki/Patriarcado http://www.significados.com.br/valores/ http://pt.wikipedia.org/wiki/Preconceito http://pt.wikipedia.org/wiki/Vergonha http://pt.wikipedia.org/wiki/Timidez http://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/Classe_social Sugestões de Leitura

CUNHA, Morgada. Universidade,1988.

Aprenda

Dançando.

Porto

Alegre:

Editora

da

FARO, Antônio José. A dança no Brasil e seus construtores. Rio de Janeiro: Fundacen, 1988. FERNANDES, Ciane. O corpo em movimento: o sistema Laban/Bartenieff na formação e pesquisa em artes cênicas. 2. ed. São Paulo: Annablume, 2006. MARQUES, Isabel A. Dançando na Escola. São Paulo: Cortez, 2005. OSSONA, Paulina. A educação pela dança. São Paulo: Summus, 1988. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, v. 20, n. 2, p.71-99, 1995. SOARES, Andressa, Improvisação e dança: conteúdos para a dança na educação física. Florianópolis: UFSC, 1998. VEDERI, Érica Beatriz Lemes Pimentel . Dança na escola. Rio de janeiro: 2000.

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