Da relação com o saber, Bernard Charlot

February 21, 2019 | Author: Regina Maria Silva | Category: Sociology, Learning, Family, Reality, Cognitive Science
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Para o autor, o “fracasso escolar” precisa ser analisado a partir da relação com o saber e a escola, sendo importante ce...

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Relatório de leitura: “Da Relação com o Saber: elementos para uma teoria”, Bernard Charlot

Introdução

Charlo Charlott é movido movido pela pela questã questão o do fracas fracasso so escola escolar, r, o porqu porquê ê de tantos tantos alunos, principalmente das classes populares, terem suas dificuldades atribuídas a esse fenômeno. Para o autor, o “fracasso escolar” precisa ser analisado a partir da relaão com o saber e a escola, sendo importante certo ri!or conceitual e te"rico. #sse tema !eralmente vem apresentado em con$unto com quest%es relacionadas & ori!em social e &s deficiências socioculturais, mas Charlot afirma que o “fracasso escolar” deve ser entendido como ob$eto sociomedi'tico e que para estud'(lo fa)(se necess'ria a construão de um ob$eto de pesquisa. *eremos, também, a relaão com o saber apresentada como ob$eto de pesquisa e a e+plicitaão do conceito de relaão com o saber e suas defini%es. Capítulo  ! “" #racasso escolar”: escolar”: um ob$eto de pes%uisa inencontr&'el inencontr&'el

s ob$eto ob$etoss sociom sociomedi edi'ti 'ticos cos relaci relaciona onam(s m(se e &s pr'tic pr'ticas as que e+plic e+plicam am as e+periências.  “fracasso escolar” não pode ser ne!ado, mas não se confi!ura um fato. #+pressa a reprovaão, a não(aquisião de conhecimentos, em al!uns casos, a inefic'cia do trabalho docente, a desi!ualdade social, e são ob$etos que não podem ser ne!ados, pois e+istem. Contudo, o pesquisador, na sua funão de questionar a realidade que lhe é evide evidenci nciada ada,, descon desconstr str"i, "i, recons reconstr" tr"i,i, descre descreve ve,, apro+i apro+ima(s ma(se e e distan distancia cia(se (se dos ob$etos e fenômenos e, quando possível, retoma os fundamentos, conceitua e teori)a sobre o ob$eto de pesquisa. - o que ele chama de “duplo movimento de imersão no ob$eto e distanciamento te"rico” p. /0 e /12 na construão do ob$eto de pesquisa. Para Charlot, “é o con$unto desses fenômenos, observ'veis, comprovados, que a opinião, a mídia, os docentes a!rupam sob o nome de 3fracasso escolar4” p. /12.  que e+iste são as situa%es decorrentes deste fenômeno5 alunos fracassados e hist"ria de fracasso, que podem ser a!rupadas como situa%es de ausência de al!o, de diferena de posião entre os alunos. Charlot chama a atenão para os aspectos empíricos do “fracasso escolar”, a e+periência vivida pelo aluno nessa situaão, esta sim, podendo constituir(se em ob$eto de pesquisa, a marca da diferena e da falta. 6s e+periências escolares dos

alunos podem ser analisadas a partir da diferena na relaão com o saber e a escola. 7este modo, são diferenciadas duas maneiras de se analisar o “fracasso escolar”5 uma, pela diferena de posi%es, da sociolo!ia da reproduão e outra, adotada por Charlot, sobre a relaão com o saber. Capítulo ( ! Serão a reprodução, a ori)em social e as de#ici*ncias “a causa do #racasso escolar”+

Charlot diferencia a chamada “sociolo!ia da diferena”, parte da sociolo!ia da reproduão, como a que considera o “fracasso” escolar decorrente da ori!em social ou deficiência, com o ob$etivo de e+plic'(lo ou &s suas causas, a e+emplo de 8ourdieu. 9esse caso, a posião ocupada pelo estudante é equivalente & posião social de seus pais, h' a reproduão das diferenas em uma situaão na qual o capital cultural e o habitus das famílias influenciam a posião ocupada na escola. Para compreender a posião da família leva(se em conta a cate!oria socioprofissional do pai mesmo sendo a mãe aquela que mais acompanha o filho em sua escolaridade2 e suas pr'ticas reli!iosas e políticas, o que podemos chamar  de pr'ticas educativas familiares e que podem ainda diferir de filho para filho devido &s suas sin!ularidades. 6pesar da reproduão em herdeiros na transmissão do capital cultural, 8ourdieu entende que, para a posião escolar, é necess'rio trabalho, atividade e pr'ticas para apropriaão de um saber, mais preponderantes do que o pr"prio capital. 9ão se pode, contudo relacionar diretamente fracasso escolar & ori!em social como um critério estatístico. Pode(se di)er que o fracasso escolar tem relaão com a desi!ualdade social, porém, mas não que o primeiro é causado pelo se!undo. “6firmar que a ori!em social é a causa do fracasso escolar é cometer dois erros. Por um lado, si!nifica passar de vari'veis construídas pelo pesquisador as posi%es2 para realidades empíricas desi!nadas como ori!em ou fracasso escolar2. Por outro lado, é interpretar um vínculo, também construído a correlaão2 em termos de causa efetiva, de aão empírica” p. :02.

9a concepão da sociolo!ia da reproduão h' também o conceito de “deficiência sociocultural” que Charlot entende como construão te"rica para compreender o fracasso na aprendi)a!em dos alunos pertencentes &s classes populares. ;uanto & deficiência, h' três teorias5 teoria da privaão < deficiência como falta, teoria do conflito cultural < deficiência como desvanta!em proveniente da família e teoria da deficiência institucional < deficiência como desvanta!em !erada

pela instituião escolar, sendo que as duas =ltimas dialo!am com rela%es e a primeira s" considera o que falta no aluno. 9o entanto, o fato de que crianas de meios populares podem ter sucesso escolar, p%e em cheque tanto a teoria da deficiência como a da ori!em social.  6l!uns professores e+plicam que isso ocorre por causa do “dom”. >' culpabili)aão de docentes ou institui%es, mas não são $ustificativas com comprovaão científica.  6 teoria da deficiência fa) uma leitura “ne!ativa” da realidade ao compreendê(la somente enquanto “falta”. 6 proposta de Charlot de relaão com o saber implica na leitura “positiva” pautada na interpretaão da realidade, com postura epistemol"!ica e metodol"!ica, onde o indivíduo é visto como su$eito apesar de sua condião de dominado.

Capítulo  ! - relação com o saber: conceitos e de#iniç.es

“?m ser vivo não est' situado em um ambiente5 est' em relaão com um meio”

p. @A2. Partindo desse princípio, Charlot compreende a relaão com o saber 

como relaão do indivíduo com si pr"prio, com o outro e com o mundo enquanto con$unto de si!nificados e espao de atividade em um determinado tempo. - uma relaão simb"lica, ativa e temporal. 6 partir dos símbolos, o indivíduo estabelece suas rela%es e apropria(se do mundo, transformando(o. 6 relaão com o saber  compreende essa atividade humana e suas dimens%es5 relaão com o mundo, relaão consi!o e relaão com o outro.  6 relaão com o saber mantém(se a partir do dese$o de aprender, que move a atividade e inclui representa%es de coisas além do pr"prio saber. “9ascer é in!ressar em um mundo onde se é obri!ado a aprender” p. AB2. #ssa necessidade de aprender envolve rela%es com o saber de duas maneiras5 relaão com o saber  enquanto relaão social e relaão com o saber como relaão de saber. 6 relaão de saber situa(se no mbito do aprender, relaão social pautada nas diferenas de saber. Conclusão

 fracasso escolar não e+iste como fato, mas situa%es e fenômenos de fracasso escolar e o caminho apontado por Charlot para sua an'lise é o da relaão com o saber. 7este modo, v'rias disciplinas podem oferecer contribui%es para este estudo5 a psicolo!ia, a sociolo!ia, a filosofia, as ciências da educaão, dentre outras, com seus ob$etos e métodos e seus questionamentos.

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