Da Função Social Do Arquitecto, Um Resumo - Universidade Lusíada Do Porto
November 15, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada do Porto
“da Função Social do Arquitecto” um resumo Octávio Lixa Filgueiras
Filgueiras inicialmente, remete-nos à descrição da natureza humana, sociedade, e sistema em que vivemos. Como seres singulares agimos egocentricamente dentro das regras da sociedade, procurando servir o próximo apenas para obter os resultados provenientes dessa acção que nos interessam. Isto, pode ser ampliado à escala da sociedade, “ “ «casas de crédito» não se instituíram para fomentar a riqueza de qualquer pessoa, ou da própria colectividade” (pág. 23). Assim, Filgueiras concluí, que a sociedade humana funciona juntando o útil ao agradável, e apenas isso a move. A luta “ética e responsabilidade vs sistema motor da sociedade”, protagoniza a evolução do arquitecto na história. Na Idade Média, o arquitecto acentuava, pela mão da religião, a estratificação social. Na igreja este organizava a planta não só pelo significado religioso, mas também pela hierarquia social. A Igreja era a convergência de várias infra-estruturas públicas actuais, centro cívico, tribunal, local de reunião… ela era o único sítio possível de convergir as várias castas e o sítio mais propício para as diferenciar. O arquitecto da época “provinha das massas”, era um homem viajado consequente sábio, a sua escalada social era excepção, apesar de ser mão da separação dos estratos, Filgueiras concluí que este obteve com a justiça a sua enorme projecção social na época. Este arquitecto, “ainda não tem segredos a guardar”, era despreocupado e trabalhava com ética. Mas o final do século XII, trouxe a organização e pactos entre arquitectos. A partir desta época os arquitectos a pouco e pouco, acórdão em não comunicar os seus conhecimentos a outros, fazendo da arquitectura um segredo. Filgueiras acha este momento a primeira queda de nível da classe. Com a chegada do Renascimento a tentativa de juntar o sagrado e o humano, o arquitecto sofreu uma mutação. A arquitectura deixava de ser exclusiva da igreja e surgiu a arquitectura civil, “a arquitectura dos banqueiros”. Nesta nova época,
houve um transporte de valores da arquitectura religiosa para a arquitectura do poder, houve uma divinização do poder. Esta individualização, trouxe o culto do nome e logo, trouxe a assinatura na obra. A arte e arquitectura deixaram o anonimato e passaram a viver com a assinatura. Isto trouxe uma queda no profissionalismo e a fama e os trabalhos pagos passaram a ser a motivação dos arquitectos. A partir deste momento, a assinatura trouxe também a responsabilidade, o arquitecto deixara de desenvolver a sua actividade espontaneamente. A individualização, trouxe uma mudança na arquitectura, o cliente assumia o poder e domava o arquitecto, o ecletismo do renascimento deixava de agradar aos banqueiros, e reclamavam mudança. A ascensão de novas famílias comerciais na sociedade, trouxe novos clientes aos arquitectos sedentos por se mostrar cultos. O arquitecto foi manipulado. Este surge como um ornamentista, toda a criatividade é sugada da arquitectura para a ornamentação. Surge o barroco, o rococó, a funcionalidade é esquecida. Contudo a Revolução Francesa trás ares de mudança, a crise económica implicava processos simples e práticos para o funcionamento da sociedade. Naquela altura surgiram tratados arquitectónicos onde apareceram alguns dos elementos constituintes do funcionalismo moderno. Apesar disso, mais problemas para a classe dos arquitectos estavam para vir, com a revolução surgiram, mais uma vez, novos-ricos, que ajudaram a individualizar ainda mais a sociedade, a divindade estava-se a tornar comum. Assim o snobismo primitivo aparece, desejoso de esquecer o passado recente. O revivalismo mais pastiche que outra coisa aparece, e o arquitecto é outra vez usado pelo poder da forma mais humilhante. Assim o século XIX é estagnação da arquitectura, satisfeita com o passado e catalisadora da arqueologia, estagna na arte avança na tecnologia. Surge o comboio, este exigia estações, pontes, gares, “o fogo pega pega-se à madeira, mas não ao ferro”. O ferro passa a ser produzido industrialmente e uma nova técnica surge. Esta nova técnica desconhecida dos arquitectos, fez surgir os engenheiros, a classe volta a cair.
O século XIX é marcado pelas intervenções urbanísticas de Haussmann, o rasgar de vias para a higienização da cidade, mobilidade das tropas, bem-estar humano, aqui foram feitos grandes avanços na forma de pensar a cidade. Estas intervenções, trazem um novo papel ao arquitecto “Todo arquitecto moderno es urbanista”, agora este cabe resolver os problemas que Haussmann criou, a desumanização da cidade. Deste problema surgiu o movimento moderno e às custas dos mais baixos custos desta arquitectura surgiu um novo cliente para o arquitecto, o poderoso anónimo, este cliente não quer construir um palácio, nem não tão pouco rasgar uma avenida ou praça, ele quer envolver todos os cidadãos na complexidade social e psicológica. Esta nova responsabilidade dignificara a arquitectura e esta beneficiaria pela primeira vez toda a sociedade. Filgueiras acaba concluindo, que a missão do arquitecto é não permitir que o orgulho da torre de Babel se repita, e o homem finalmente poderá unificar-se em um só, sendo este acto da responsabilidade do arquitecto actual. O monumento pode não ser imortal, mas beleza da atitude da pessoa fica para sempre.
Faculdade de Arquitectura e Artes da Universidade Lusíada do Porto
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