Curso Regular Claudia Kozlowski

December 18, 2016 | Author: Flávio | Category: N/A
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APRESENTAÇÃO Bem-vindos à aula demonstrativa de Língua Portuguesa. Por se tratar de uma turma teórica, como praticamente TODOS os concursos exigem essa disciplina (a exceção fica por conta de alguns certames jurídicos), nosso estudo não será dirigido a uma única banca, mas a maior parte delas, de modo que o aluno esteja preparado para prestar qualquer prova e obter um ótimo desempenho. Claro que isso vai depender, principalmente, de sua dedicação, acompanhando as aulas, resolvendo os exercícios de fixação e participando ativamente do fórum. Estaremos sempre à disposição para qualquer esclarecimento. Não tenha inibição em expor suas dúvidas, pois só as tem quem estuda, não é mesmo? Nos exercícios de fixação, o aluno será apresentado às questões de prova das principais bancas examinadoras do país (Cespe/UnB, ESAF, Fundação Carlos Chagas, Vunesp etc.) e terá a oportunidade de conhecer a forma como elas costumam explorar os conceitos da disciplina. Quem acha que estudar Português é “besteira”, que dá pra fazer a prova só com o que já sabe, se esquece que, além do conhecimento, o que a banca busca no candidato é agilidade em resolver a prova. Recebo muitas mensagens com dúvidas sobre como se preparar para um concurso público, especialmente os da área fiscal. Minha resposta costuma ser a mesma. São dois os elementos fundamentais para a preparação de qualquer candidato a concursos públicos: DEDICAÇÃO e HUMILDADE. Normalmente, aquele que chega de “salto alto”, achando que não é preciso estudar a disciplina X ou Y, certamente terá dificuldades exatamente nessa matéria. Quem já está nessa estrada sabe que não são poucos os exemplos de candidato que, na hora da prova, não consegue tempo suficiente para resolver todas as questões e acaba tendo de contar com a sorte. Ou então, erra questões fáceis simplesmente porque perdeu tempo tentando resolver uma questão mais complicada. Quando se trata de prova de Língua Portuguesa, então, textos longos e questões de interpretação complexas são suficientes para arruinar qualquer cronograma de prova e aniquilar a estabilidade emocional do sujeito. A ESAF, por exemplo, procura eliminar o candidato pelo cansaço, com textos longos e complexos. Já a Fundação Carlos Chagas segue um padrão de prova constante, apresentando, como principal

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dificuldade, a falta de indicação de linhas dos longos textos, o que acaba fazendo com que o candidato perca muito tempo brincando de “caçapalavras”, ao procurar a passagem ou palavra mencionada na questão. Saber o conteúdo é fundamental, sem dúvida. Mas também o é saber fazer prova. Por isso, divido a preparação em três fases: “reconhecimento do terreno”, em que o aluno é apresentado às matérias e recolhe o material necessário ao estudo; “fixação do conhecimento”, quando é fundamental fazer muitos exercícios, ler comentários de provas e identificar a metodologia da banca examinadora; e, finalmente, “identificação das necessidades”, em que o candidato, a partir de seu desempenho na etapa anterior, percebe quais as disciplinas ou pontos do programa que necessitam de maior atenção. Nessa última fase, fazer simulados com questões inéditas vai ajudá-lo na fixação do conhecimento e na administração do tempo, fator esse decisivo para sua aprovação Se o seu interesse for específico, ou seja, se estiver se preparando para um determinado concurso, é importantíssimo que faça provas anteriores da instituição responsável por esse certame. Tudo isso, como se nota, envolve dedicação. Não são poucos os obstáculos. Quem, além de estudar, ainda “perde tempo” trabalhando, enfrenta o cansaço e o parco tempo de que dispõe para a família. O “concurseiro profissional”, ou seja, o que se dedica exclusivamente aos estudos, enfrenta o desafio de se organizar, de não perder tempo estudando o que não interessa e, principalmente, de não cair na tentação da internet, da “Sessão da Tarde”, do telefone. Isso sem falar naquela vizinha fofoqueira que fica falando por aí que o sujeito é um vagabundo porque não trabalha...rs... Nadar contra a maré não é fácil. Por isso, estudar em momentos como esses é tarefa árdua aos que se preparam para ocupar um cargo público e é exatamente nesse momento que se define um(a) vencedor(a). Tudo tem o seu tempo – há tempo de descansar (ninguém é de ferro e o repouso ajuda no aproveitamento do estudo, sem dúvida!), mas também deve haver o tempo de estudar – sem ele, não há material, curso ou professor que dê jeito. O diferencial, sem dúvida, é a dedicação do candidato em casa mesmo. E onde entra a tal da humildade? Em saber identificar seus pontos fracos (faz parte da “fase de identificação das necessidades”) e ter a humildade de começar do zero. Posso falar por experiência própria. O meu maior “calo” era Matemática. Sempre odiei essa matéria. Só que, se quisesse garantir minha aprovação, teria de encarar esse desafio. Então, como poderia me aventurar a estudar Matemática Financeira se

tinha dúvidas básicas. O passo se dá de acordo com o tamanho das pernas. O que fiz? Matriculei-me em um curso teórico para Técnico do Tesouro Nacional (por idos de 1996) com o brilhante professor Godinho (RJ). Fui relembrar conceitos fundamentais necessários para, mais adiante, estar apta a encarar pontos mais avançados da disciplina. Gastei toneladas de papel com exercícios (muitas árvores foram derrubadas para que eu me preparasse!!! rs...). Resultado: gabaritei a prova de Matemática Financeira no concurso de 2001! Nosso objetivo é auxiliar os que aqui chegam na busca de um melhor desempenho em Língua Portuguesa. Se alguns pontos iniciais do programa de Português parecerem um tanto quanto “básicos demais”, lembre-se do que falei sobre humildade. Leia, estude, resolva os exercícios de fixação, ou seja DEDIQUE-SE, mesmo que você ache que já sabe tudo. Pode ter certeza de que alguma coisinha você sempre acaba aproveitando. Mais adiante, esse conhecimento pode ser fundamental para aprender outro assunto. Por fim, vire um chato – corrija (mentalmente, se não quiser acumular inimigos) o que escuta e lê por aí, traga para o seu cotidiano as lições que veremos aqui, procure incorporar os conhecimentos de Português ao seu dia-a-dia. Afinal, não é assim que se faz quando se aprende uma língua estrangeira? Desarme-se, livre-se dos traumas que carrega até hoje e receba as lições de coração aberto. Grande abraço a todos e bons estudos. AULA 0 – ORTOGRAFIA E SEMÂNTICA Ortografia é a parte da gramática que estabelece normas para a correta grafia das palavras. Nas palavras de Pasquale Cipro Neto, “não há quem, vez ou outra, não depare com uma dúvida de grafia. É bem verdade que precisamos, em boa parte dos casos, conhecer a etimologia das palavras, mas existe um número considerável de situações em que há sistematização”. O professor afirma também que “quanto mais se lê e quanto mais se escreve, mais se obtém familiaridade com as palavras e sua grafia”. É preciso, também, aceitar de peito aberto que não é demérito desconhecer a grafia de vocábulos pouco usados. Nessas horas, basta consultar um dicionário. Como primeira regra, devemos ter em mente que uma palavra derivada mantém a grafia da palavra primitiva, como acontece com a palavra moçada, derivada de moço, e princesinha, derivada de princesa.

Parece simples, não é? Então, por que tanta gente tem dificuldade em escrever o nome do profissional que cuida do cabelo das pessoas? Alguém arrisca um palpite aí? Vamos seguir o raciocínio de PALAVRA ORIGINÁRIA / PALAVRA DERIVADA. A partir da palavra originária cabelo, formam-se as demais. O conjunto de cabelos da cabeça é chamado de cabeleira (CABEL + -EIRA, sufixo latino que indica, dentre outras coisas, o conjunto ou acúmulo de elementos). O profissional que cuida da cabeleira de alguém é cabeleireiro (CABELEIR + o mesmo sufixo “EIRO”, desta vez indicando o praticante de certo ofício, profissão ou atividade). Agora, dê uma volta no seu bairro e perceba a quantidade de “cabelereiro” ou “cabeleleiro” que há por aí. Um profissional zeloso, na dúvida, escreve “salão de beleza”. Só não deve cometer o deslize de colocar na porta de seu estabelecimento uma placa com os seguintes dizeres: “Corto cabelo e pinto” (como vi em uma mensagem virtual), pois a ambigüidade pode afastar eventuais clientes. Algumas regras ajudam a entender o processo de formação de algumas palavras, mas o que ajuda mesmo a fixar a grafia é a memória visual. Quem tem filho pequeno já percebeu como faz uma criança que acabou de ser alfabetizada: ela tem sede de ler tudo o que passa na sua frente, de out-door a embalagem de biscoito. Vai juntando sílaba por sílaba até identificar a palavra e a ela liga o significado. Com o tempo, nos acostumamos a ler “o conjunto”, a “figura” que a palavra forma. Identificamos a grafia de uma palavra em seu todo, não lemos mais letra por letra, sílaba por sílaba, a não ser que a palavra seja totalmente desconhecida para nós. Você é capaz de ler rapidamente as palavras que já conhece, ao passo que, as demais, precisa ler com mais cuidado. Desafio: leia INEXPUGNABILIDADE. Confesse: você leu “de primeira” ou teve de juntar as letrinhas? Mais outra: INEXTINGUIBILIDADE (essa tive de digitar aos poucos pra não errar... e você, ao ler, pronunciou ou não o u do dígrafo gui ? Viu algum trema ali? Daqui a pouco veremos se você leu certinho...). Por que esse “blá-blá-blá” todo? Para que você não caia nas “pegadinhas” tradicionais de algumas bancas. Elas omitem acentos (especialmente na letra “i”), trocam as letras, colocam uma palavra parecida ou até inventada, desde que com o mesmo som (“subexistir”, no lugar de “subsistir”, em uma questão da ESAF). Ao ler com pressa, o cérebro identifica a palavra correta e seu significado, sem que perceba a alteração feita pelo examinador. Por isso, nas questões em que a banca pede para marcar o número de erros de ortografia, é necessário ler diversas vezes o texto até identificar TODOS os erros. O estudo da ORTOGRAFIA abrange:

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1 - EMPREGO DE LETRAS (s/z; sc/sç/ss; j/g; izar/isar; etc); 2 - ACENTUAÇÃO GRÁFICA; 3 - USO DE OUTROS SINAIS DIACRÍTICOS (principalmente o HÍFEN e o TREMA). EMPREGO DE LETRAS O alfabeto da língua portuguesa compõe-se de 23 letras. Além dessas, existem o K, o W e o Y, que não pertencem ao nosso alfabeto, e só se empregam nos seguintes casos: a) em abreviaturas e como símbolos de uso internacional: Km (quilômetro). b) em palavras estrangeiras, não aportuguesadas: Know-how, show. c) em nomes byroniano.

próprios

estrangeiros

e

seus

derivados:

Byron,

A letra h é usada apenas: a) no início, quando etimológico: herbívoro (derivada de herba = erva). b) nos dígrafos CH, LH, NH: chave, malha, minha. c) no final, em interjeições: ah! ih! d) quando o segundo elemento, iniciado por h, se une ao primeiro (prefixo) por meio de hífen: anti-higiênico. Palavras com prefixo sem hífen perdem o h desonesto, desabitado. A seguir, vamos apresentar alguns empregos específicos de letras, que podem auxiliar o aluno na identificação da grafia correta. O USO DO... ¾ - ês/- esa e - ez/- eza - ês/esa: vocábulo que indica naturalidade, procedência. Exemplos: camponês, holandês, princesa, inglesa, calabresa (Calábria), milanesa (Milão) - ez/eza: substantivos abstratos derivados de adjetivos. Exemplos: acidez (ácido), polidez (polido), moleza (mole). Por isso, a partir de agora, escolha o restaurante a partir do cardápio. Se uma das opções for “pizza CALABREZA”, você poderá ter uma indigestão vocabular!

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¾ - isar/ - izar Nesses casos, segue a regra da PALAVRA ORIGINÁRIA / PALAVRA DERIVADA. Se o vocábulo já apresenta a letra “s”, essa letra é mantida no sufixo. -

isar: pesquisa/pesquisar; improviso/improvisar.

análise/analisar;

paralisia/paralisar;

Se não havia a letra “s” na palavra originária, o sufixo recebe a letra “z”. -

izar: ameno/amenizar; concreto/concretizar.

A única exceção fica por conta da palavra: catequizar, que é derivada de catequese. ¾ s: a) nos sufixos nominais “-OSO(A)” (indicativo de “cheio de”, “relativo a” ou “que provoca algo”) e “-ISA” (gênero feminino): gostoso, apetitoso, afetuoso, papisa, poetisa; b) verbos formados de vocábulos terminados em s, em decorrência da regra “PALAVRA ORIGINÁRIA / PALAVRA DERIVADA”: pesquisa/pesquisar; análise/analisar. c) após ditongo: coisa, deusa. d) nos adjetivos pátrios terminados em ÊS: regra já mencionada no item “a”: inglês, francês. e) nas flexões dos verbos PÔR e QUERER e seus derivados: quiser, pus, quis. f) quando a um verbo com a letra d no infinitivo corresponder um substantivo com som de /z/: iludir/ilusão; defender/defesa; aludir/alusão ¾ x: a) depois de ditongo: feixe, peixe, frouxo. b) geralmente depois da sílaba inicial EN (exceto nos casos em que se aplica a regra “PALAVRA ORIGINÁRIA / PALAVRA DERIVADA” – ver o próximo caso): enxugar, enxovalhar, enxoval, enxofre. c) em palavras de origem indígena ou africana: abacaxi; d) após sílaba inicial me- (exceção: mecha): mexerica, mexer.

¾ ch: após sílaba inicial en- + palavra iniciada por ch: encher (cheio), encharcado (charco) ¾ ç: a) substantivos e verbos relacionados a adjetivos e substantivos que têm “to” no final: direto /direção; exceto /exceção; correto /correção; b) Substantivos e adjetivos relacionados ao verbo TER (e derivados): detenção (deter), retenção (reter), contenção (conter); Esses dois últimos casos nos levam à apresentação da regra do paradigma (que funciona na maior parte das vezes). Na dúvida com relação à grafia de uma palavra que sofreu algum processo de transformação (substantivo derivado de verbo ou substantivo derivado de adjetivo), busque a grafia de outra palavra conhecida sua (que servirá de paradigma), tomando o cuidado de observar se esta sofreu o mesmo processo daquela. Aquilo que aconteceu com uma irá acontecer com a outra também. Veja os exemplos. compreender -> compreensão / pretender -> pretensão permitir -> permissão / emitir -> emissão conceder -> concessão / retroceder -> retrocessão Cuidado!!! EXCEÇÃO é derivado de EXCETUAR – e não de EXCEDER. Deve ser esse o motivo de tanta gente fazer confusão. EMPREGO DO HÍFEN Usa-se o hífen: 1. nas palavras compostas em que os elementos da composição têm acentuação própria e formam uma unidade significativa: guardaroupa, beija-flor, bem-te-vi; 2. com a partícula denotativa eis seguida de pronome pessoal átono: eis-me, eis-vos, eis-nos, ei-lo (com a queda do s); 3. nos adjetivos compostos: surdo-mudo, afro-brasileiro, sino-lusobrasileiro; 4. em vocábulos formados por prefixos que têm acentuação: préhistória, pós-operatório, pró-socialista;

5. com os prefixos do quadro abaixo (mas observe que haverá hífen diante de determinadas letras). Quem estiver se preparando para provas da ESAF, não deve se preocupar com essa tabela de hífen, pois raramente a banca explora esses conhecimentos. É uma questão de “custo-benefício”. Leia a tabela e suas observações, mas não se preocupe em decorá-la. Prefixos

Diante de

Exemplos:

auto,

vogal, h, r e s

auto-escola,

contra, extra, intra, infra, neo, proto, pseudo,

Obs.

Fugindo à regra (ai, ai, ai...), a contra-ordem, palavra extra-oficial, extraordinário escreve-se sem intra-renal, hífen (esta infra-som, foi aglutinação neo-republicano, consagrada pelo uso). protorevolucionário, pseudorevelação,

semi, supra,

semi-selvagem,

ultra

supra-humano, ultra-som

ante,

h, r e s

ante-histórico,

anti,

anti-rábico,

arqui,

ante-sala,

sobre

anti-higiênico, arqui-rabino, sobre-solar, inter-regional, sub-raça

hiper,

her

Super-herói,

super,

hiper-realista,

inter

inter-regional

O prefixo “sobre” apresenta algumas exceções (ai, ai, ai de novo...). Exemplos: sobressair, sobressalto, sobressalente, etc.

Sub

ber

sub-bosque, sub-região

circum,

vogal e h

pan,

circumadjacente, pan-americano,

mal

mal-educado, mal-humorado ad,

R

ad-renal,

ab,

ab-rogar,

sob

sob-roda

além, aquém,

qualquer palavra

além-mar, aquém-mar,

recém,

recém-casado,

sem,

sem-terras,

sota,

soto-capitão,

soto,

ex-aluno

vice, ex(= anterioridade) Observações: a) Nos compostos com o prefixo bem, usa-se hífen quando o segundo elemento tem vida autônoma ou quando a pronúncia assim o exigir. Exemplos: bem-vindo, bem-estar, bem-aventurado, etc. Alguns adjetivos são formados a partir da contração do MAL/BEM com o adjetivo no particípio. A união dos elementos, em alguns casos, é tão nítida que se emprega o hífen; em outros casos, não (bem-humorado, bem-nascido, bem vestido). Em todos esses casos, se o adjetivo estiver precedido do advérbio “mais”, a norma culta não admite a transformação destes em “melhor” ou “pior”, mantendo-os separados (“mais bem”, “mais mal”): “Ele é o mais bem-vestido da seção.”

“Ronaldinho Gaúcho é o jogador mais bem pago da atualidade.” “Os candidatos mais mal preparados são divertimento garantido no horário eleitoral.” No uso coloquial, contudo, notam-se muitos registros dessa contração: “O time que for melhor colocado na competição disputará a Libertadores da América.”. O lingüista Celso Pedro Luft distingue essas duas estruturas em: (1)

mais + bem + particípio;

(2)

mais + [bem+particípio].

No primeiro caso, o advérbio MAIS modifica o advérbio BEM, que, junto com o primeiro, pode modificar o adjetivo participial. Admitem-se, pois, as duas formas. Havendo a contração, os dois advérbios modificam o adjetivo (“casas melhor construídas”); mantendo-os separados, o advérbio “bem” modifica o adjetivo, enquanto que o advérbio “mais” modifica o outro advérbio (“bem”): “casas mais bem construídas”. Já na segunda estrutura, o advérbio BEM forma uma unidade semântica com o particípio, a ponto de, em alguns casos, estarem ligados por hífen. Neste caso, o advérbio MAIS não pode se contrair com o outro advérbio, devendo permanecer fora da locução: “mais bem-humorado”. Infelizmente o uso do hífen não é regular o bastante para nos trazer tranqüilidade. Parece que ouvi alguém gritando do outro lado do computador: “Socorro, Claudia!!! O que eu devo fazer na hora da prova????”. Na prova, todo cuidado é pouco. Primeiramente, observe se o enunciado faz menção a “norma culta”, caso em que devemos manter os vocábulos separados (“mais bem”). Caso negativo, verifique se há outra opção que atenda de forma mais adequada ao que se pede. Só em último caso, considere incorretas construções como “melhor colocado” ou “melhor preparado”. b) O prefixo co é seguido de hífen quando tem o sentido de "a par" ou "juntamente" (ou seja, união) e o segundo elemento tem vida autônoma. Exemplos: co-aluno, co-autor, co-proprietário. c) Quando o não funciona como prefixo, equivalendo a in ou des, ligase ao substantivo por hífen. Entende-se, inclusive, que neste caso o não é um elemento de composição do vocábulo e não um advérbio. Exemplos: não-conformismo, não-pagamento.

d) Em vários casos, a palavra forma, com hífen, uma nova unidade de sentido: Exemplos: dia a dia = locução adverbial que significa “diariamente”: “Ela, dia a dia, conserva a chama da paixão acesa.”; dia-a-dia = cotidiano: “Não é fácil o dia-a-dia da mulher moderna.” Há palavras que, devido ao uso, mantiveram o seu sentido mais comum sem o sinal: ponto de vista, no sentido de “opinião”, originalmente era registrada com hífen (ponto-de-vista). ACENTUAÇÃO GRÁFICA Enquanto que, nos primeiros pontos do estudo da Ortografia (“Emprego de Letras” e “Hífen”), nós não pudemos fugir muito da “decoreba”, agora, em “Acentuação Gráfica”, vamos dar o “pulo do gato”! Será apresentado um esquema que ajuda (e muito!) a identificar qualquer erro na acentuação das palavras. De uma maneira geral, a regra é ACENTUAR O MÍNIMO DE PALAVRAS. Então, acentua-se o que há em menor número. Se buscarmos nos dicionários, bem menor é a quantidade de proparoxítonas. A maior parte das palavras da língua portuguesa é composta de paroxítonas e oxítonas (neste último caso, por exemplo, classificam-se todos os verbos no infinitivo impessoal – fazer, comer, estabelecer, etc.). Por isso, uma das regras de acentuação é: T O D A S AS P R O P A R O X Í T O N A S S Ã O A C E N T U A D A S (como são poucas, põe acento em todas elas). Por sua vez, é pequeno o número de oxítonas que terminam em A / E / O / EM, e seus respectivos plurais. Por isso, essas serão acentuadas. De acordo com essa regra, as oxítonas terminadas por R ficaram de fora e, com isso, todos os verbos no infinitivo impessoal. Mas o que é, afinal, uma sílaba tônica??? É a sílaba da palavra pronunciada com maior intensidade, com mais força. Todas as palavras com duas ou mais sílabas apresentam sílaba tônica e outra(s) átona(s). Já os monossílabos (uma sílaba) podem ser: a) átonos: não possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com pouca intensidade. Normalmente, são pronomes oblíquos (quase todos os monossílabos), preposições e conjunções monossilábicas: o, e, se, a, de.

b) tônicos: possuem acentuação própria, isto é, são pronunciados com muita intensidade: lá, pá, mim, pôs, tu, lã. Os vocábulos átonos NUNCA são acentuados. Já os tônicos podem receber acento ou dispensá-los. Vejamos, agora, os casos em que os vocábulos, sendo tônicos, são acentuados. Vou deixar por sua conta o preenchimento dessas lacunas. Ao fim do material, estão algumas sugestões. a) Monossílabos tônicos - são acentuados os terminados em - A(S), E(S), - O(S). Exemplos:______________________________________. b) Oxítonos - são acentuados os terminados em - A(S), - E(S), - O(S), - EM (-ENS). Exemplos:_____________________________________. c) Paroxítonos - acentuam-se os que NÃO terminam em -A(S), - E(S), - O(S), - EM (- ENS) exceto ditongos crescentes e palavras terminadas em -ôo e -ão Exemplos:______________________________________. d) Proparoxítonos - todos são acentuados. Exemplos:______________________________________. e) Grupos vocálicos : Hiatos - I e U, 2ª vogal tônica após hiato, sozinhos na sílaba ou com -S, desde que não seguidos de -NH ou outra letra, na mesma sílaba, que não o s. Exemplo:______________________________________. Se as vogais forem iguais, não haverá acento. (essa eu quero ver se alguém vai conseguir lembrar um exemplo!) Exemplo:______________________________________. Ditongos - são acentuados os orais abertos tônicos -ÉI, -ÉU, -ÓI: Exemplo:______________________________________. Conserva-se, por clareza gráfica, o acento circunflexo da 3ª pessoa do plural dos verbos LER, CRER, VER e DAR, e seus derivados (lêem, crêem, vêem, dêem).

IMPORTANTE! O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (que foi editado pela Academia Brasileira de Letras e tem força de lei - Lei 5.765/71) inclui os monossílabos na mesma regra dos oxítonos e os vocábulos terminados em ditongo crescente (série, tênue), na regra dos proparoxítonos. Nesse ponto, algumas bancas, como a Fundação Carlos Chagas, já deixaram claro seu posicionamento, a partir de questões de prova, como veremos nos exercícios de fixação. Outras ainda não. Por isso, antes de afirmar que “Cláudia” é paroxítona terminada em ditongo crescente ou é proparoxítona, o candidato deve verificar as demais opções. Para consulta sobre a grafia de qualquer palavra, acesse o sítio da Academia Brasileira de Letras (www.academia.org.br), Vocabulário Ortográfico – Sistema de Buscas. Nessa página, você poderá verificar a existência de qualquer vocábulo da língua portuguesa, sua grafia e a classe gramatical correspondente. Essas lições podem ser resumidas no seguinte esquema. SÃO ACENTUADOS: Proparoxítonos

Paroxítonos

Oxítonos

Monossílabos tônicos

TODAS

NÃO terminados em

Terminados em

Terminados em

A(S)

A(S)

A(S)

E(S)

E(S)

E(S)

O(S)

O(S)

O(S)

EM(ENS)

EM(ENS)

E terminados em: . ditongo crescente; . -ôo; . -ão; Encontros vocálicos: - hiato – as vogais “i” e “u”, como segunda vogal do hiato, sozinhas na sílaba ou acompanhadas da letra “s”, recebem acento agudo. - ditongo aberto – éi, éu ou ói - é só lembrar que, sem o acento, escrevem-se a interjeição ei (“Ei, você aí,...”), o pronome eu e a interjeição oi (“Oi, tudo bem?”).

DICA IMPORTANTÍSSIMA Todas essas regras de acentuação devem ser aplicadas, inclusive, nas formas verbais, quando houver a colocação de pronomes oblíquos. A análise para a acentuação recai exclusivamente na forma verbal. Por exemplo: em “analisá-las-ei”, como tonicidade recai na última sílaba de “analisa”, há necessidade de ser acentuada a vogal para essa indicação. Outro exemplo mais “cabeludo”: contrabandeá-las-íamos (= iríamos contrabandear as mercadorias) - na primeira parte do vocábulo, acentua-se pela mesma regra do exemplo anterior (oxítona terminada em “A”); a segunda parte cai na regra das proparoxítonas; mais um exemplo: distribuí-lo – o “i” fica sozinho na sílaba; logo, é acentuado. Perceba, com esse exemplo, que cada pedacinho do verbo, dividido pela colocação pronominal, deve ser analisado isoladamente, como se houvesse dois vocábulos independentes. ACENTOS DIFERENCIAIS - DE TIMBRE: vogal aberta ou fechada - pôde (pret.perf) / pode (pres.indicativo) - DE INTENSIDADE OU TONICIDADE - vogal átona ou tônica: côa (verbo e substantivo), para diferenciar de coa (contração); pôr (verbo), para diferenciar de por (preposição); pára (verbo), para diferenciar de para (preposição); pêlo (substantivo), para diferenciar de pelo (contração); pélo (do verbo pelar), para diferenciar de pelo (contração); pólo (substantivo), para diferenciar de polo (contração de por+o); pôlo (substantivo = filhote de gavião), para diferenciar de polo (contração de por+o); pêra (substantivo), para diferenciar de pêra (preposição antiga). - DE NÚMERO - Alguns gramáticos classificam o acento circunflexo dos verbos ter e vir (e derivados) na 3ª pessoa do plural (têm, vêm, contêm, entretêm, detêm, retêm etc.) como ACENTO DIFERENCIAL DE NÚMERO. As formas verbais singulares tem e vem são monossílabos tônicos e, por isso, dispensariam a acentuação (a regra é acentuar somente os monossílabos tônicos terminados em A / E / O). A conjugação na 3ª pessoa do singular dos verbos derivados recebe acentuação (detém, contém, entretém etc.) em atendimento à regra dos oxítonos terminados por “EM”. Esses gramáticos consideram, então, que o acento circunflexo (têm, vêm, detêm, contêm, entretêm) serve tão-somente para indicar que o verbo está no plural.

Dessa forma, a regra de acentuação, segundo eles, é: têm (acento diferencial de número) vêm (acento diferencial de número) detém (oxítona terminada em EM) detêm (acento diferencial de número c/c oxítona terminada em EM). TREMA Recebe o trema o U dos grupos QUE, QUI, GUE, GUI quando for pronunciado e átono. Ex.:_________________________________________. Quando o U for tônico, recebe acento agudo. Ex.:________________________________________. Algumas palavras têm o emprego do trema facultativo: Ex.:_________________________________________. CUIDADO: os verbos DISTINGUIR, EXTINGUIR, ADQUIRIR pronúncia do U e por isso são grafados sem trema.

não

registram

a

Você ainda se lembra da INEXTINGUIBILIDADE? Pois é... por ser uma palavra derivada de EXTINGUIR, não leva o sinal de trema e, conseqüentemente, não se registra a pronúncia do “u” do dígrafo “gui”. RESUMO DE TREMA Deve ser usado sempre que se escreverem palavras cujo U do grupo [que, qui, gue, gui] seja átono e pronunciado. Em outros casos, quando o U não é pronunciado (guerra, quinto) ou quando é sempre pronunciado (quadro, longínquo, água, deságuo), não haverá trema. Antes de passarmos para os exercícios de fixação, vamos falar um pouco sobre Semântica, assunto que tem uma grande relação com Ortografia. SEMÂNTICA É o estudo do sentido das palavras de uma língua. Estuda basicamente os seguintes aspectos: sinonímia, paronímia, antonímia, homonímia, polissemia, conotação e denotação.

Sinonímia É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados iguais ou semelhantes - SINÔNIMOS. Ex.: Cômico - engraçado Débil - fraco, frágil Distante - afastado, remoto Antonímia É a relação que se estabelece entre duas palavras ou mais que apresentam significados diferentes, contrários - ANTÔNIMOS. Ex.: economizar / gastar; bem / mal; bom / ruim É nesse ponto – HOMONÍMIA E PARONÍMIA – que verificamos a importância da ortografia – a depender do significado, a grafia da palavra pode ser alterada. Homonímia É a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica HOMÔNIMOS. As homônimas podem ser: Homógrafas heterofônicas (ou homógrafas) - são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Ex.: gosto (substantivo) - gosto (1ª pess. sing. pres. ind. - verbo gostar) Conserto (substantivo) – conserto (1ª pess. sing. pres. ind. - verbo consertar) Homófonas heterográficas (ou homófonas) - são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Ex.: cela (substantivo) - sela (verbo) Cessão (substantivo) – sessão (substantivo) Cerrar (verbo) - serrar (verbo) Homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos) - são as palavras iguais na pronúncia e na escrita. Ex.: cura (verbo) - cura (substantivo) Verão (verbo) - verão (substantivo) Cedo (verbo) - cedo (advérbio)

Paronímia É a relação que se estabelece entre duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, mas são muito parecidas na pronúncia e na escrita - PARÔNIMOS. Ex.: cavaleiro - cavalheiro Absolver - absorver Comprimento cumprimento Abaixo, apresentamos uma relação com alguns parônimos, acompanhados de seus significados.

homônimos

e

A nossa intenção, ao apresentar essa lista, é mostrar as diferentes formas de grafia, a depender do sentido do vocábulo. Não quero ver ninguém decorando a lista na frente do espelho. O aluno deve ter ciência da existência dessas palavras e, na medida do possível, incorporá-las ao seu próprio vocabulário. Esse é o melhor método de memorização. ACENDER: iluminar; por fogo em; ASCENDER: subir; ASCENDENTE).

elevar

(daí:

ASCENSÃO,

ASCENSORISTA,

ACIDENTE: ocorrência casual grave; INCIDENTE: episódio casual sem gravidade, sem importância. AFERIR: conferir ("Ele aferiu o relógio de luz."); AUFERIR: colher, obter ("Ele auferiu bons resultados"). AMORAL: ausência de moral, que ignora um conjunto de princípios; IMORAL: Que é contrário, que desobedece a um conjunto de princípios. ÁREA: dimensão, espaço; ÁRIA: peça musical para uma só voz. ARREAR: colocar arreios em; ARRIAR: abaixar. ACÉTICO: relativo ao vinagre; ASCÉTICO: relativo ao Ascetismo; ASSÉPTICO: relativo à assepsia. BROCHA: prego curto, de cabeça larga e chata; BROXA: tipo de pincel.

CAÇAR: perseguir, capturar a caça; CASSAR: anular. CAICHOLA: cabeça; CAIXOLA: caixa pequena. CEGAR: tirar a visão de; SEGAR: seifar, cortar. CELA: aposento de religiosos ou de prisioneiros; SELA: arreio de cavalo, 3ª p. s., pres. ind., v. selar. CENSO: recenseamento; SENSO: juízo claro. CÉ(P)TICO: que ou quem duvida; SÉ(P)TICO: que causa infecção. CERRAR: fechar; SERRAR: cortar. CERVO: veado; SERVO: servente, escravo. CESTA: utensílio geralmente de palha para se guardar coisas; SESTA: hora de descanso, normalmente após o almoço; SEXTA: ordinal feminino de seis. COMPRIDO: longo; CUMPRIDO: particípio passado do verbo CUMPRIR. COMPRIMENTO: uma das medidas de extensão (largura e altura); CUMPRIMENTO: ato de cumprimentar alguém, saudação, ou de cumprir algo. CONCERTAR: harmonizar, conciliar. CONSERTAR: pôr em boa ordem; dar melhor disposição a; arrumar, arranjar". CONCERTO: apresentação ou obra musical; CONSERTO: ato ou efeito de consertar, reparar algo. CORINGA: tipo de vela que se coloca em algumas embarcações; CURINGA: carta de baralho.

COSER: costurar; COZER: cozinhar. DEFERIMENTO: concessão, atendimento; DIFERIMENTO: adiamento; (Assim também: DEFERIR = CONCEDER; DIFERIR = ADIAR, DIVERGIR) DELATAR: denunciar (delação); DILATAR: retardar, adiar (dilação). DESCRIÇÃO: ato de descrever, tipo de redação, exposição; DISCRIÇÃO: qualidade daquele que é discreto. DESCRIMINAR: inocentar, absolver (DESCRIMINAÇÃO); DISCRIMINAR: distinguir, diferenciar, separar (DISCRIMINAÇÃO). DESMITIFICAR: fazer cessar a mitificação, ou seja, a conversão em mito de alguma coisa ou alguém; DESMISTIFICAR: livrar ou tirar da mistificação, que significa burla, engano, abuso de credulidade. DESPENSA: compartimento para se guardar alimentos; DISPENSA: demissão. DESTRATAR: insultar; DISTRATAR: romper um trato, desfazer um contrato. EMINENTE: que se destaca, excelente, notável; IMINENTE: que está prestes a ocorrer, pendente. EMITIR: expedir, emanar, enunciar, lançar fora de si; IMITIR: fazer entrar, investir. EMPOÇAR: formar poça; EMPOSSAR: dar posse a alguém. ESPECTADOR: aquele que vê, que assiste a alguma coisa; EXPECTADOR: o que está na expectativa de, à espera de algo. ESPIAR: espreitar, olhar; EXPIAR: redimir-se, pagar uma culpa. ESPRIMIDO: particípio do verbo ESPREMER; EXPRIMIDO: particípio do verbo EXPRIMIR (também EXPRESSO).

FLAGRANTE: evidente, fato que se observa no momento em que ocorre; FRAGRANTE: que exala cheiro agradável, aromático (fragrância). FLUIR: correr (líquido), passar (tempo); FRUIR: desfrutar, gozar. INCIPIENTE: iniciante, inexperiente; INSIPIENTE: ignorante. INFLAÇÃO: ato de inflar, aumento de preços; INFRAÇÃO: desobediência, violação, transgressão. INFLIGIR: aplicar ou determinar uma punição, um castigo; INFRINGIR: desobedecer, violar, transgredir. MEAR: dividir ao meio; MIAR: dar mios (voz dos gatos). RATIFICAR: confirmar, corroborar; RETIFICAR: alterar, corrigir. RUÇO: grisalho, desbotado (gíria: "difícil"); RUSSO: relativo à Rússia. SEÇÃO (ou SECÇÃO): parte, divisão, departamento, ato de seccionar; SESSÃO: espaço de tempo, programa; CESSÃO: doação, ato de ceder. SOAR: emitir determinado som; SUAR: transpirar. SORTIR: abastecer, prover; SURTIR: ter como conseqüência, produzir, alcançar efeito. TACHAR: censurar, acusar, botar defeito em; só pode ser empregado em idéias pejorativas; TAXAR: estabelecer um preço, um imposto, tributar; estipular o preço, o valor de algo - acaba, por analogia, significando também "avaliar, julgar". Pode, por isso, ser usado tanto para os atributos bons como para os ruins. VESTIÁRIO: local para trocar de roupa em clubes, colégios, etc; VESTUÁRIO: é o traje, a indumentária, as roupas que usamos.

VULTOSO: de grande vulto, nobre, volumoso; VULTUOSO: sofre de inchaço, especialmente na face e nos lábios. USUÁRIO: o que desfruta o direito de usar alguma coisa; USURÁRIO: o que pratica a usura ou agiotagem. Conotação e Denotação Conotação é o uso da palavra com um significado diferente do original, criado pelo contexto. Ex.: Você tem um coração de pedra. Denotação é o uso da palavra com o seu sentido original. Ex.: Pedra é um corpo duro e sólido, da natureza das rochas. Polissemia É a propriedade que uma mesma palavra tem de apresentar vários significados. Ex.: Ele ocupa um alto posto na empresa. Abasteci meu carro no posto da esquina. ..................................................................................................... Resolva, agora, as questões abaixo. Elas servem tanto para fixar os conceitos como para você observar como as bancas exploram esses conhecimentos. Felizmente, há farto material sobre o assunto e pudemos selecionar 25 questões. O mesmo pode não acontecer com determinados pontos do programa. Nessa parte, você encontrará dois tipos de questão: as reproduzidas na íntegra, caso em que você deverá indicar a letra referente à opção correta; e as adaptadas, em que apenas um ou alguns itens foram selecionados – nesses casos, você deverá analisar a correção gramatical da passagem (item correto ou incorreto). O gabarito está no fim do material. Bons estudos e até a próxima. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1 - (Fundação Carlos Chagas / TRT 24ª Região – Analista Judiciário / 2004)

Todas as palavras estão corretamente grafadas na frase: (A) A obsolecência das instituições constitue um dos grandes desafios dos legisladores, cuja função é reconhecer as solicitações de sua contemporaneidade. (B) Ao se denigrirem as boas reputações, desmoralizam-se os bons valores que devem reger uma sociedade. (C) A banalisação dos atos anti-sociais é um sintoma da doença do nosso tempo, quando a barbárie dissimula-se em rotina. (D) Quando, numa mesma ação, converjem defeitos e méritos, confundimo-nos, na tentativa de discriminá-los. (E)) Os hábitos que medeiam as relações sociais são louváveis, quando eticamente instituídos, e odiosos, quando ensejam privilégios. 2 - (Fundação Carlos Chagas /Assistente de Defesa Agropecuária MA / Março 2004) Há palavras escritas de modo INCORRETO na frase: (A) A expansão da fronteira agrícola no país mobiliza interesses conflitantes entre o necessário aumento da produção e a preservação dos recursos naturais. (B)) A crecente colaboração entre órgãos do governo e entidades privadas pode garantir o hêsito de ações diversas contra doenças na agricultura. (C) Vários cientistas dedicam-se a pesquisar formas eficazes de controlar a disseminação de pragas em lavouras espalhadas por todas as regiões. (D) É essencial, na busca de excelência do agronegócio, a transmissão de conhecimento ao homem do campo, além do uso intensivo de tecnologia. (E) A explosão do contingente populacional em todo o planeta exige produção cada vez maior de alimentos, o que justifica investimentos e pesquisas. 3 - (Fundação Carlos Chagas /TRT 8ª Região – Técnico Judiciário / Dezembro 2004) Há palavras escritas de maneira INCORRETA na frase: (A) Recursos científicos e tecnológicos devem oferecer possibilidade de inserção social à população carente e desassistida das grandes cidades.

(B)) Um regime de crescente colaboração entre governo, instituições privadas e sociedade garantirá o hêsito de diversos programas direcionados a adolecentes mais pobres. (C) Ao atribuir excessivo valor ao consumo de bens supérfluos, a sociedade passa a exigir que as pessoas aparentem poder econômico, mesmo falso. (D) Em várias regiões, o inchaço urbano, resultante do intenso êxodo rural, é responsável pelo crescimento desmedido do número de favelados. (E) Extensas áreas, em todo o mundo, encontram-se ocupadas por populações que vivem em situação de miséria, destituídas dos direitos básicos da cidadania. 4 – (Fundação Carlos Chagas / Analista TRT 23ª.Região / Outubro 2004) A mesma regra que justifica a acentuação no vocábulo início aplica-se em (A) técnica. (B) idéia. (C) possível. (D) jurídica. (E) vários. 5 - (Fundação Carlos Chagas /TRT 3ª Região – Técnico Judiciário / Janeiro 2005) As palavras do texto que recebem acento gráfico pela mesma razão que o justifica nas palavras ofício e idéias, respectivamente, são (A) único e história. (B) salários e Níger. (C) inteligências e notável. (D) período e memória. (E)) agência e heróicas. 6 - (CESPE UnB /PCDF/ 1998) Assinale a opção correta.

(a) Uma mesma regra oriente a acentuação de “lá”, “Tamanduá”, “aí” e “através”. (b) Os vocábulos “notaríamos”, “estirávamos” e “supúnhamos” recebem acento gráfico por serem formas verbais na primeira pessoa do plural. (c) Uma única regra justifica o acento gráfico dos vocábulos “lençóis” e “róseo”. (d) O ditongo nasal /ãw/ pode ser escrito “am”, como em “perturbam”, ou “ão", como em “levarão”: com a primeira grafia escrevem-se sílabas átonas; com a segunda, sílabas tônicas ou átonas, a exemplo do que ocorre em “órfão”. 7 - (Fundação Getúlio Vargas SP/ Fiscal MS/ 2000) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão corretamente acentuadas. (a) juízes, propôr, acórdão (b) ávaro, deságua, caráter (c) papéis, hífen, debênture (d) polícia, gratuíto, saúva 8 - (ESAF / IPEA/ 2004 -adaptada) Em relação ao texto, julgue a assertiva abaixo. a) A palavra “estereótipos” é acentuada pela mesma regra gramatical que exige acento em “metáfora” e em “científica”. 9 - (ESAF / TTN/ 1997 -adaptada) Julgue a correção gramatical dos itens abaixo. I - As palavras “genérica”, “públicos” e “excluídos” são acentuadas com base na mesma regra gramatical. II - Acentuam-se as palavras “precários”, “previdenciárias”, “tributários” porque são paroxítonas terminadas em ditongo crescente. III - Em “A perda de receita fiscal” (l.11), admite-se como língua padrão escrita também a forma erudita “perca”. Está (ão) correto(s): a) I e II, somente.

b) II, somente. c) III, somente. d) II e III, somente. e) todos os itens.

10 - (ESAF / TTN/ 1998 -adaptada) Analise a seguinte afirmação. d) "perca" é uma variante da palavra "perda" na norma culta. 11 - (FUNDEC / TRT RJ / 2003) Assim como os verbos amenizar (linha 3), sinalizar (linha 36) e protagonizar (linha 12), escrevem-se com a letra Z todos os relacionados abaixo, porque são derivados com o sufixo -izar. Numa das relações, entretanto, há um verbo com erro de grafia, pois pelas normas ortográficas deve ser escrito com S. Este verbo encontra-se na opção: A) minimizar / politizar / pulverizar / catequizar; B) amortizar / arborizar / hipnotizar / preconizar; C) avalizar / cotizar / indenizar / exorcizar; D) enfatizar / polemizar / paralizar / arcaizar; E) contemporizar / fiscalizar / sintonizar / entronizar. 12 - (Fundação Carlos Chagas /Procurador BACEN/ Janeiro 2006 adaptada) Julgue os itens: (I) incipiente tem o mesmo significado da palavra análoga insipiente. (II) ganhos mais vultosos – o adjetivo grifado admite a forma variante vultuosos. 13 - (VUNESP/ BACEN/ 1998) Assinale a alternativa em que a palavra grifada escreve-se de acordo com o significado expresso pelo contexto geral da frase. (A) Aqui por estas paragens encantadoras, os bons momentos fluem como as águas cristalinas de um riacho.

(B) Não me parece muito prudente a estadia das meninas, por muito tempo, naquele hotel mais do que suspeito. (C) Era fragrante sua intenção de disputar nas próximas eleições a presidência do clube. (D) Vultuosa soma de dinheiro dói desviada dos cofres públicos, na última campanha municipal. 14 - (CESPE UnB /Câmara dos Deputados / 2002) Julgue o item abaixo. - Na língua portuguesa brasileira atual, a palavra estadia tem seu emprego como uma opção correta para o contexto de estada, pois ambas se equivalem semanticamente, assim como as formas melhora e melhoria, morada e moradia. 15 - (ESAF / AFRF / 2003) Indique o item em que todas as palavras estão corretamente empregadas e grafadas. a) A pirâmide carcerária assegura um contexto em que o poder de infringir punições legais a cidadãos aparece livre de qualquer excesso e violência. b) Nos presídios, os chefes e subchefes não devem ser exatamente nem juízes, nem professores, nem contramestres, nem suboficiais, nem “pais”, porém avocam a si um pouco de tudo isso, num modo de intervenção específico. c) O carcerário, ao homogeinizar o poder legal de punir e o poder técnico de disciplinar, ilide o que possa haver de violento em um e de arbitrário no outro, atenuando os efeitos de revolta que ambos possam suscitar. d) No singular poder de punir, nada mais lembra o antigo poder do soberano iminente que vingava sua autoridade sobre o corpo dos supliciados. e) A existência de uma proibição legal cria em torno dela um campo de práticas ilegais, sob o qual se chega a exercer controle e aferir lucro ilícito, mas que se torna manejável por sua organização em delinqüência. (Itens adaptados de Michel Foucault) 16 – (Fundação Carlos Chagas / Auditor Fiscal Paraíba / 2006)

Nas frases I. O mau julgamento político de suas ações não preocupa os deputados corruptos. Para eles, o mal está na mídia impressa ou televisiva. II. Não há nenhum mau na utilização do Caixa 2. Os recursos não contabilizados não são um mau, porque todos os políticos o utilizam. III. É mau apenas lamentar a atitude dos políticos. O povo poderá puni-los com o voto nas eleições que se aproximam. Nesse momento, como diz o ditado popular, eles estarão em mal lençóis. o emprego dos termos mal e mau está correto APENAS em (A)) I. (B) I e II. (C) II. (D) III. (E) I e III. 17 - (ESAF /AFRF /2002-1 - adaptada) Analise se ambos os períodos estão gramaticalmente corretos. d) O incitamento à discriminação não afasta a possibilidade de cometimento também de injúria, motivada pela discriminação ou qualquer outro crime contra a honra, previsto no CPB ou mesmo na Lei de Imprensa. / O incitamento à descriminação não afasta a possibilidade de cometimento também de injúria, motivado pela descriminação ou quaisquer outro crime contra a honra, previsto no CPB ou mesmo na Lei de Imprensa. 18 - (AFC/CGU 2003/2004) Assinale a opção que corresponde a palavra ou expressão do texto que contraria a prescrição gramatical. No século XX, a arte cinematográfica introduziu um novo conceito de tempo. Não mais o conceito linear, histórico, que perspassa(1) a Bíblia e, também, as pinturas de Fra Angelico ou o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. No filme, predomina a simultaneidade(2). Suprimem-se(3) as barreiras entre tempo e espaço. O tempo adquire caráter espacial, e o espaço, caráter temporal. No filme, o olhar da câmara e do

espectador(4) passa, com toda a liberdade, do presente para o passado e, desse, para o futuro. Não há continuidade ininterrupta(5). (Adaptado de Frei Betto) a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 19 - (CESPE UnB / Câmara dos Deputados / 2002) A maioria dos primeiros textos que foram escritos para descrever terra e homem da nova região levam a assinatura de portugueses. Respondem às próprias perguntas que colocam, umas atrás das outras, em termos de violentas afirmações eurocêntricas. A curiosidade dos primeiros colonizadores é menos uma instigação ao saber do que a repetição das regras de um jogo cujo resultado é previsível. Os nativos eram de carne-e-osso, mas não existiam como seres civilizados, assemelhavamse a animais. Na Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita a el-rei D. Manuel, observam-se melhor as obsessões dos portugueses, intrusos assustados e visitantes temerosos, que desembarcam de inusitadas casas flutuantes, do que as preocupações dos indígenas, descritos como meros espectadores passivos do grande feito e do grande evento que é a cerimônia religiosa da missa, realizada em terra. Não é, pois, por casualidade que a primeira metáfora para descrever a condição do indígena recém-visto é a “tábula rasa”, ou o “papel branco”. Eis uma boa descodificação das metáforas: eles não possuem valores culturais ou religiosos próprios e nós, europeus civilizados, os possuímos; não possuem escrita e eu, português que escrevo, possuo. Mas da tábula rasa e do papel branco trazia o selvagem, ainda dentro do raciocínio etnocêntrico, a inocência e a virtude paradisíacas, indicando que, no futuro, aceitariam de bom grado a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa, estaria ao mesmo tempo impondo os muitos valores que nela circulam em transparência. - A palavra “espectadores” (l.12), em relação à forma expectadores, exemplifica, em língua portuguesa, um dos casos em que há flutuação ortográfica, com formas homônimas que podem se alternar no mesmo contexto e com o mesmo significado.

20 - (ESAF / TCU / 2006 - adaptada) Em relação ao texto, analise as assertivas abaixo. As barreiras regulatórias vão da dificuldade burocrática de abrir um empreendimento ao custo tributário de mantê-lo em funcionamento. No Brasil, representam 11% da muralha antidesenvolvimento e resultam, na maioria das vezes, da mão pesada do Estado – criador de labirintos burocráticos, de onerosa e complexa teia de impostos e de barreiras comerciais. (Adaptado de Revista Veja, 7 de dezembro de 2005.) d) A expressão “mão pesada” (l. 5) está sendo empregada em sentido conotativo. e) A expressão “teia” (l. 6) está empregada em sentido denotativo. 21 - (VUNESP/ BACEN/ 1998) Assinale a alternativa conotativamente.

que

contém

palavras

empregadas

(A) A filosofia desce finalmente da torre de marfim em direção à praça pública. (B) Filosofia se diz de muitas maneiras: um livro de especialista, uma tese de doutorado, um texto didático. (C) Atitudes excêntricas do filósofo acabaram por popularizar suas idéias. (D) O sucesso de debates garante a manutenção dos programas de estudos filosóficos. (E) Passagens dos escritos dos filósofos, apesar de arbitrários, são responsáveis pelo entusiasmo dos debatedores. 22 - (ESAF / IPEA/ 2004 - adaptada) Depois da Independência, o Brasil e os demais países latinoamericanos se transformaram, no século XIX, nos primeiros estados nacionais nascidos fora da Europa. Uma exceção notável, no momento em que alguns países europeus começavam sua segunda e veloz expansão colonial, na África e na Ásia. Naquele momento, entretanto, esses estados eram centros de poder muito frágeis e não tinham capacidade de exercer suas soberanias, dentro e fora dos seus territórios. Além disso, não dispunham de

economias ou mercados nacionais. Por isso, a América Latina ficou marginalizada dentro do sistema interestatal de competição entre as Grandes Potências, e pôde ser transformada em um laboratório de experimentação do "imperialismo de livre-comércio", defendido por Adam Smith, e praticado pela Inglaterra, na primeira metade do século XIX. (Adaptado de José L. Fiori Brasil: Inserção Mundial e Desenvolvimento) Julgue a seguinte afirmação: a) Seria gramaticalmente correta, sem necessidade de outras alterações no texto, a substituição de “latino-americanos” por latinoamericanos. 23 - (ESAF/Analista Comércio Exterior/2002) Entre os males que afligem a sociedade brasileira o contrabando é, sem dúvida, um dos mais sérios, sobretudo porque dele decorrem inúmeros outros. Observa-se, no dia-a-dia, que o contrabando já faz parte da rotina das cidades, tanto nas atividades informais quanto no suprimento da rede formal de comércio, tomando o lugar de produtos legalmente comercializados. Os altos lucros que essas atividades ilícitas proporcionam, aliados ao baixo risco a que estão sujeitas, favorecem e intensificam a formação de verdadeiras quadrilhas, até mesmo com participação de empresas estrangeiras. São organizações de caráter empresarial, estruturadas para promover tais práticas nos mais variados ramos de atividade. (Adaptado de www.unafisco.org.br, 30/10/2000) Com base no texto acima, julgue a afirmação que segue. d) A expressão “dia-a-dia”(l.3) corresponde à idéia de “o viver cotidiano”, e dia a dia corresponde à idéia de passagem do tempo, ou seja, dia após dia. 24 - (ESAF / IPEA/ 2004) Assinale a opção que apresenta erro de morfologia, grafia das palavras ou emprego de vocabulário inadequado. a) É possível gerar desenvolvimento em curto prazo. O ganho real de salários aumenta o consumo. Logo, o comércio cresce e gera empregos. A indústria, reativada, gera mais empregos. Os serviços aumentam e criam empregos. b) Novos empregos geram consumo e, então, está formada a aspiral desenvolvimentista do crescimento sustentado. O reverso da medalha é

que o achatamento salarial representa uma queda brutal na economia do país. c) Uma das estratégias do neoliberalismo é manter alto o nível de desemprego para que os trabalhadores percam, entre outros, o poder de pressão e de negociação, os salários baixem e o lucro das empresas aumente. d) Achatar salários significa concentrar renda. O Brasil é hoje um dos países mais injustos e de maior concentração de renda do mundo. e) O achatamento salarial beneficia fortemente as corporações transnacionais. Elas conseguem pagar cada vez menores salários, lucrar cada vez mais e remeter mais lucros para o exterior, empobrecendo o nosso País dia a dia. (Fernando Siqueira, Para Gerar Emprego e Desenvolvimento) 25 - (ESAF /AFC /2002 - adaptada) Julgue a correção gramatical do segmento abaixo. b) Nem os primeiros merecem inteiramente o epíteto de apocalípticos, pois não são em geral niilistas ou utópicos, nem os últimos fazem juz à designação de integrados, posto que proclamam querer reagir contra o pior da "desordem estabelecida". Agora que você resolveu todas as questões (espero...), veja o gabarito e leia os comentários. Se houver dúvidas, estarei à disposição no fórum. Abraço, bons estudos e até a próxima. Sugestão de exemplos: ACENTUAÇÃO GRÁFICA Monossílabos tônicos terminados em - A(S), - E(S), - O(S): fé, pá, rés, pó, nós Oxítonos terminados em - A(S), - E(S), - O(S), - EM (-ENS): café, chaminé, Pará, dominó, freguês, vintém, também, reféns Paroxítonos que NÃO terminam em - A(S), - E(S), - O(S), - EM (ENS): fácil, caráter, tórax, órgão, bônus, táxi, ímã (note que foneticamente esse vocábulo termina com “am”, o que justifica a acentuação)

Paroxítonos terminados em ditongo crescente: Cláudia, glória, imundície, história, congruência Paroxítonos terminados em ôo: abençôo, vôo, enjôo Paroxítonos terminados em ão: bênção, órfão Proparoxítonos – oxítona, Matemática, crítico Hiatos - I e U, 2ª vogal tônica após hiato, sozinhos na sílaba ou com -S, desde que não seguidos de –NH – viúvo, raízes, veículo, baú, contraí-la, Itaú, faísca, campainha, Raul, ainda, ruim Hiatos - I e U - se as vogais forem iguais, não há acento – sucuuba, xiita, niilismo Ditongos orais abertos tônicos -ÉI, -ÉU, -ÓI – chapéu, apóio, destróis, idéia, réus TREMA Recebe o trema o U dos grupos QUE, QUI, GUE, GUI quando for pronunciado e átono – cinqüenta, lingüiça, averigüei, tranqüilo, qüinqüelíngüe, qüiproquó Quando o U for tônico, recebe acento agudo – argúi, averigúe Algumas palavras têm o emprego do trema facultativo – (todos os derivados de líquido, inclusive este) liquidação/liqüidação; antiguidade/antigüidade; (todos os derivados de sangue) sanguinário/sanguinário; retorquir/retorqüir. GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1–E Os erros de ortografia das demais opções são: (A) obsolescência (com “sc”) e constitui (veremos na aula sobre verbos a forma de conjugação verbal dos verbos terminados em ‘uir’). (B) O vocábulo denegrir é derivado da palavra negro, mantendo a grafia do original, com a letra “e”. (C) O que significa “banalizar”? Tornar algo banal. Perceba que o adjetivo não apresenta a letra “s”, devendo o sufixo formador do verbo ser grafado com a letra “z” (“izar”). O substantivo correspondente guarda a mesma forma do verbo: banalização. Está correta a grafia de “anti-social”. Veja na tabela que “anti” exige o hífen antes de vocábulos iniciados por h, r e s, como “social”.

(D) O verbo convergir, bem como seus derivados convergente, convergência, são grafados com “g”. Essa consoante é mantida na conjugação antes das vogais “e” (convergem) e “i” (convergimos). A alteração gráfica só se dá nas formas irregulares, antes das vogais “a” (convirja) e “o” (convirjo), para que seja mantido o fonema /j/, (como em jarro). 2–B Os erros estão presentes nos vocábulos: crescente (com “sc”) e êxito. Está correta a grafia de “agronegócio” (D), vocábulo formado a partir da união do radical agro (equivalente a “agri”, de “agricultura”) com negócio, assim como acontece em “agronomia, agroindústria, agroecologia”. 3-B Note como as questões se repetem. Mais uma vez, a Fundação Carlos Chagas apresentou erro na ortografia da palavra êxito e omitiu o dígrafo de adolescentes. 4-E Desta vez, a banca deixou claro que segue a mesma linha de classificação da maioria dos gramáticos - apresentou “início” e a ela associou o vocábulo “vários”, segundo o gabarito. Se classificasse esses vocábulos na regra das palavras proparoxítonas (seguindo a posição do V.O.L.P.), a questão seria anulada, pois haveria três respostas igualmente válidas – além de “vários”, também “técnica” e “jurídica”, que, indubitavelmente, são proparoxítonas. Então, ATENÇÃO!!! A partir dessa questão, podemos identificar o posicionamento da banca da FCC para esta polêmica – “início” e “vários” são paroxítonas terminadas em ditongo crescente. Assim, se você estiver se preparando para algum concurso a ser realizado por essa instituição, pode ficar tranqüilo – pelo menos, essa resposta você poderá marcar de olhos fechados. As demais palavras são acentuadas de acordo com as seguintes regras: (A) “técnica” – proparoxítona (B) “idéia” – ditongo aberto (éi) (C) “possível” – paroxítona não terminada em a(s), e(s), o(s) e em(ens)

(D) “jurídica” - proparoxítona 5-E “Ofício” segue a mesma regra de acentuação que “história” (A), “salários” (B), “inteligências” (C), “memória” (D) e “agência” (E). Já “idéias” é acentuado por se tratar de um ditongo aberto (éu/ éi / ói), o mesmo ocorrendo em “heróicas”. Por isso, a resposta é a letra E. As demais palavras são acentuadas de acordo com as seguintes regras: - “único” e “período” – proparoxítonas; - “Níger” e “notável” – paroxítonas não terminadas em a(s), e(s), o(s) e em(ens). 6-D A opção que foi o gabarito da questão é uma verdadeira aula sobre acentuação. Tanto “am” quanto “ão" formam o fonema /ãw/. Os vocábulos terminados por “ão" são oxítonos (coração, paixão), o mesmo não ocorrendo com os que terminam por “am” (cantam, destrancaram). Os primeiros só deixam de ser oxítonos em virtude de acentuação, como ocorre em “órfão”, “acórdão”, por exemplo. Por isso, está correta a afirmação de que as sílabas que registram “am” são átonas (a tonicidade recai em outra sílaba), enquanto que as em que se apresenta a forma “ão" podem ser tônicas (regra) ou átonas (exceção – veja no quadro das paroxítonas). Alguns exemplos facilitam a compreensão deste conceito: acordam (presente do indicativo do verbo acordar – sílaba tônica: “cor”) acórdão (decisão de um colegiado – sílaba tônica: “cór” em virtude do acento agudo, que, se não fosse empregado, formaria “acordão”) acordarão (futuro do presente do indicativo do verbo acordar – sílaba tônica: “rão”) cordão (corrente que se leva no pescoço – sílaba tônica: “dão”) As incorreções das demais opções são: (a) “lá” é monossílabo tônico; “tamanduá” e “através” são oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s) ou em(ens); “aí” recai na regra de acentuação do hiato – a letra “i”, como segunda vogal de um hiato, sozinha na sílaba ou acompanhada da letra “s” recebe acento agudo.

Portanto, não há uma única regra para a acentuação gráfica desses vocábulos. (b) não existe essa regra de acentuação (“formas verbais de primeira pessoa do plural”). Tais vocábulos são acentuados por serem proparoxítonos. (c) “lençóis” recebe o acento agudo por ser um ditongo aberto; já “rósea” é um dos casos de paroxítona terminada em ditongo crescente (ou, segundo o V.O.L.P., proparoxítona). 7-C Estão corretas as formas dos três vocábulos desta opção. “Papéis” recebe acento agudo em decorrência do ditongo aberto “éi”. “Hífen” termina com uma paroxítona não duas formas plurais (sem acento, por ser

“en”, e não “em”, o que justifica o acento por ser terminada em a(s), e(s), o(s) ou em(ens). Já as possíveis são: hífenes (proparoxítona) ou hifens uma paroxítona terminada em “ens”).

Os erros das demais opções são: a) O acento diferencial do verbo pôr não alcança as formas derivadas desse verbo. Assim, está incorreto o emprego do acento circunflexo em propor. Estão corretas as formas: juízes (regra do hiato) e acórdão (paroxítona terminada em “ão”) b) A palavra “avaro” é paroxítona, recaindo a sílaba tônica em “va”. A forma apresentada na questão constitui um erro de pronúncia, chamado “silabada”, como ocorre em formas diferentes de rubrica (rúbrica está errado!), cateter (catéter está errado!) e necropsia (não é necrópsia!!!). Estão corretas: deságua (paroxítona terminada em ditongo crescente) e caráter (paroxítona não terminada em a/e/o/em). d) A palavra “gratuito” forma um ditongo em “ui”. A pronúncia dela se assemelha à de “muito”. Há, nesses casos, uma vogal (u) e uma semivogal (i). A força tônica recai na vogal (gratuito, muito). Por isso, não existe acento agudo na letra “i”. Está correta a acentuação gráfica em: polícia (paroxítona terminada em ditongo crescente) e saúva (regra do hiato). 8 – ITEM CORRETO

Alguém aí achou que não caía esse assunto nas provas da ESAF? Quem pensou assim está redondamente enganado. Os três vocábulos são acentuados por serem proparoxítonas e, como vimos, todas as proparoxítonas recebem acento. 9-B Somente a assertiva II está correta. Os erros dos demais itens são os seguintes: I – Enquanto que “genérica” e “públicos” são proparoxítonas, “excluídos” é acentuado segundo a regra do hiato – letra “i”, como segunda vogal de um hiato, sozinha na sílaba ou acompanhada da letra “s” recebe acento. III – Não há registro formal do substantivo “perca”. Essa forma só é admitida como conjugação do verbo “perder” no modo subjuntivo (“Tomara que você perca pontos.”). 10 – ITEM INCORRETO Como visto na questão anterior, não existe registro dessa forma como substantivo equivalente a “perda”. 11 - D “PARALISAR” deriva de “paralisia”, que já apresenta a letra “s”. As demais palavras apresentam a seguinte origem ou formação: A) minimizar (mínimo) / politizar (política)/ pulverizar (A formação desse verbo deriva da junção do radical latino pulver-, que significa “pó, poeira”, com o sufixo “izar”) / catequizar (catequese – vimos que é a exceção); B) amortizar (que, por incrível que possa ser, deriva de morte) / arborizar (radical latino arbor(i), relativo a árvore, que dá origem a palavras como “arbusto”, acrescido do sufixo “izar”) / hipnotizar (hipnose) / preconizar (conserva a grafia da forma latina praeconizare); C) avalizar (aval) / cotizar (cota) / indenizar (indene, adjetivo que significa “o que não sofreu prejuízo”, acrescido do sufixo “izar”) / exorcizar (equivalente a exorcismar, de exorcismo ou exorcista); D) enfatizar (enfático) / polemizar (polêmica) / arcaizar (arcaico);

E) contemporizar (tempo) / fiscalizar (fiscal) / sintonizar (sintonia) / entronizar (trono). 12 – ITENS INCORRETOS O assunto a partir de agora é “homônimos e parônimos”. Enquanto que “incipiente” (com “c”) significa “iniciante” ou “principiante”, “insipiente” (com “s”) tem o sentido de “ignorante”, “não sapiente” (sapiência é sabedoria). Uma boa dica para memorizar é lembrar que “incipiente” tem a letra “C” de “começo”. A segunda “dupla de parônimos” é vultoso, assim grafado por derivar de vulto, e vultuoso (o que apresenta a face vermelha e os olhos salientes). Assim, não são vocábulos equivalentes. 13 - A O verbo “fluir” quer dizer “correr em estado fluido”, e é exatamente esse o significado apropriado ao contexto. Seu parônimo “fruir” (com “r”) equivale a “gozar”, “desfrutar”, “tirar proveito” ou “possuir”. (B) O registro formal de “estadia” é de permanência de um navio em um porto. O dicionário Aurélio indica, como outra acepção, o mesmo sentido de “estada”, “permanência”, com o seguinte comentário: “Muitos condenam o uso, freqüentíssimo, da palavra nesta última acepção”. (C) O adjetivo “fragrante” deriva de “fragrância” (perfume). No texto, deveria ser empregado o vocábulo “flagrante”, que, na acepção utilizada, significa “evidente, patente, manifesta”. (D) Como se refere a uma soma de grande vulto, o adjetivo adequado seria “vultoso”. O significado de “vultuoso” já foi apresentado na questão anterior. 14 – ITEM CORRETO A banca tomou o cuidado de deixar clara a referência à linguagem atualmente em vigor, ou seja, a forma como se usa nos dias de hoje. Como vimos, é freqüente o uso da palavra estadia no sentido de estada. Apresentamos essa questão para que você perceba como diferentes bancas podem adotar posicionamentos opostos em relação a um mesmo

assunto, o que reforça a necessidade de se fazer provas anteriores da entidade responsável pelo concurso para o qual se prepara o candidato. 15 - B Nessa questão, foi a vez da ESAF testar o conhecimento de alguns parônimos. Estão incorretas: a) INFRINGIR – cometer infração / INFLIGIR (correto) – aplicar uma pena c) Está incorreta a grafia da palavra HOMOGENEIZAR (HOMOGÊNEO + IZAR). Sobe esse processo de formação da palavra, reveja as observações iniciais deste ponto. d) IMINENTE – prestes a acontecer / EMINENTE (correto) – importante e) AFERIR – medir / AUFERIR (correto) – ganhar, obter. 16 - A Essa prova foi aplicada em maio de 2006, ou seja, está fresquinha, fresquinha... Mau – adjetivo antônimo de bom. Mal – advérbio (“Eu dirijo mal”), substantivo (“Não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe.”) ou conjunção (“Mal botou os pés para fora da casa, começou a chover.”). Nos dois primeiros casos, é antônimo de bem. I – “O mau julgamento político...” pode ser substituído por “O bom julgamento político...” – é mesmo um adjetivo e está corretamente empregado. Na seqüência, em “o mal está na mídia...”, está sendo usado o substantivo, tanto que o acompanha um artigo definido masculino. II – As duas ocorrências de “mau” devem ser substituídas pelo substantivo “mal”. Note que em ambas as passagens, o vocábulo vem acompanhado de um determinante – primeiramente um pronome indefinido (nenhum) e, adiante, por um artigo indefinido (um). III – A primeira oração está correta. Responda como ficaria melhor: “isso é bom” ou “isso é bem”? Acredito que você tenha escolhido a primeira forma. Logo, na ordem direta, a oração é “lamentar a atitude dos políticos é MAU.”. Já na seqüência, o vocábulo acompanha o substantivo “lençóis”, indicando se tratar de um adjetivo. Assim, “eles estarão em maus lençóis.”.

d) “Mandato” é a autorização que se concede a alguém para que este represente o outorgante. Não é isso exatamente o que ocorre em uma eleição? Aurélio define mandato como o “poder político outorgado pelo povo a um cidadão, por meio de voto, para que governe a nação, estado ou município, ou o represente nas respectivas assembléias legislativas”. Mas também apresenta a acepção de procuração, missão ou incumbência. Já “mandado de segurança” você já viu em Direito Constitucional, não é mesmo? 17 – ITEM INCORRETO Enquanto que “discriminação”, no texto, significa o ato ou efeito de discriminar, distinguir ou segregar, “descriminação” é o ato ou efeito de “descriminar”, “excluir a criminalidade”. Está correta somente a primeira construção. Além disso, no segundo período o pronome “quaisquer”, que está no plural, acompanha outro pronome e um substantivo no singular, causando prejuízo gramatical. Deve ser substituído por “qualquer”. Curiosidade: qualquer é a única palavra da língua portuguesa que se flexiona no meio, e não no fim, em função de sua formação (qual + quer / quais + quer). 18 - A Aurélio define o verbo perpassar (olha a grafia), como transitivo direto, com o sentido de “postergar, preterir”. Talvez, a intenção da banca tenha sido promover uma “contaminação” desse verbo com outros mais comuns, com o transpassar, ou até com os substantivos perspectiva, perspicácia. A grafia desse vocábulo foi objeto de questão da mesma banca na prova para o MPOG, em 2003. Item (2) registra a forma correta do substantivo derivado de “simultâneo”. Se houvesse dúvida com relação à sua grafia, o candidato poderia buscar uma outra palavra parecida (ou seja, um paradigma) que tivesse passado pelo mesmo processo: IDÔNEO -> IDONEIDADE ESPONTÂNEO -> ESPONTANEIDADE SIMULTÂNEO -> SIMULTANEIDADE

O item (3) explora conceitos de sintaxe de concordância, assunto a ser estudado posteriormente. Por ora, vamos afirmar que essa construção está correta, uma vez que o sujeito da forma verbal é “as barreiras”. Só isso, está bem? Item (4) - “Espectador” é o que vê ou testemunha, enquanto que seu parônimo expectador é o que está na expectativa. O uso daquele vocábulo está certinho de acordo com o contexto. Por fim, está correta a forma “ininterrupta” (item 5), com o prefixo de negação “in” antecedendo o adjetivo correspondente a “interrupção”. 19 – ITEM INCORRETO. Viu só? Novamente foi explorado o emprego dos parônimos expectador e espectador, dessa vez pela CESPE UnB. Relembrando: - “expectador” é o que está em expectativa (esperança fundada em supostos direitos, probabilidades ou promessas, segundo Aurélio). A grafia é idêntica – ambas com a letra “x”. - “espectador” é o que vê ou testemunha. São parônimos e, ao contrário do que se afirma na opção, não podem se alternar sem que haja prejuízo ao texto.

20 – D) ITEM CORRETO E) ITEM INCORRETO Essa é uma das mais recentes provas aplicadas pela ESAF. Continuamos no campo da Semântica, agora falando sobre o sentido das palavras. É bem fácil memorizar: DENOTATIVO, com D de Dicionário, é o sentido literal das palavras. O outro, conotativo, é o sentido figurado. Guarde o significado do primeiro e lembre do outro por lógica – é o oposto daquele. O item d está CORRETO – sentido conotativo. Está sendo usada uma expressão figurada, equivalente a afirmação de que Estado é rígido, extremamente exigente no que se refere aos trâmites na regularização de empresas e manutenção de suas atividades.

Já o item e está ERRADO – “teia”, em sentido denotativo, ou seja, no sentido do “dicionário”, significa emaranhado de fios, trama. No texto, é equivalente a “conjunto”. Por isso, seu emprego também é conotativo. 21 - A Outra banca (desta vez, a VUNESP) a exigir o mesmo conhecimento. Já percebeu como esse ponto é importante, não é? O que se deseja afirmar com a frase da letra A é que a filosofia se tornou popular. Usou-se, assim, a linguagem figurada de “descer da torre de marfim” (privilégio de alguns) “em direção à praça pública” (domínio público). 22 – ITEM INCORRETO Em latino-americano, há dois adjetivos que se unem formando um só. Contudo, houve a manutenção da unidade gráfica e fonética de cada um deles, a partir do emprego do hífen. Nesse caso, como em qualquer adjetivo composto, somente o último elemento varia. Uma característica dos adjetivos pátrios é que o menor deles deve iniciar a construção (anglo-hispânico, sino-coreano). Nesses casos, somente o segundo elemento irá se flexionar em gênero e número com o substantivo correspondente (países latino-americanos / cidades latino-americanas). 23 – ITEM CORRETO “Dia-a-dia”, com hífen, é um substantivo equivalente a cotidiano, enquanto que “dia a dia”, sem hífen, é uma locução adverbial que significa “diariamente”. Percebe-se, assim, a alteração semântica em virtude do emprego desse sinal diacrítico. 24 - B As últimas questões exploram consequentemente, ortografia.

um

pouco

de

vocabulário

e,

Não existe o vocábulo “aspiral”, mas “espiral”, termo empregado conotativamente no texto que, sob aspecto econômico, significa um processo cumulativo em que novos empregos levam a um aumento de

consumo, que, por sua vez, faz aumentar os preços e, conseqüentemente, uma demanda de reajuste salarial, realizando, assim, um processo sob a forma espiral. 25 – ITEM INCORRETO O erro está na grafia do substantivo “jus”, proveniente do latim jus, cujo significado é “direito”. Assim, “fazer jus a algo” equivale a “ser merecedor de algo”. Em tempo: niilista significa o que tudo nega, detém descrença absoluta.

AULA 1 - ESTRUTURA, FORMAÇÃO E CLASSE DAS PALAVRAS Olá, pessoal Algumas questões de provas utilizam a expressão “análise morfossintática” em seus enunciados, o que leva muita gente ao desespero: “Nossa, eu não estudei isso!!!”. Calma, povo! Em nosso estudo de hoje, abordaremos esses conceitos e saberemos que, ao fim do curso, você terá sido apresentado aos elementos que possibilitam essa bendita análise. A gramática se divide basicamente em: FONÉTICA, MORFOLOGIA, SINTAXE, SEMÂNTICA e ESTILÍSTICA. Fonética estuda os sons e fonemas lingüísticos. Neste ponto, estudam-se, inclusive, tonicidade, classificação da palavra segundo a sílaba tônica, encontros vocálicos ou consonantais etc. Parte disso já foi objeto de comentário na aula anterior. Felizmente, não precisamos nos aprofundar, pois somente os aspectos relativos à ortografia costumam fazer parte dos programas de concursos públicos. Morfologia estuda a palavra em si, quer em relação à forma, quer em relação à idéia que ela encerra (classes das palavras, flexões, elementos mórficos, terminação, grafia). Esse é o assunto da aula de hoje. Sintaxe é o estudo da palavra com relação às outras que se acham na mesma oração (concordância, regência, colocação). Semântica estuda os sentidos das palavras (já vimos na aula anterior) e Estilística investiga o sistema expressivo que o idioma apresenta (figuras de estilo, de linguagem etc.). Assim, a análise morfológica considera a palavra, sua formação, sua classe, a possibilidade de emprego, suas flexões, enquanto que a análise sintática trata da relação dessa palavra com as demais numa estrutura oracional. Em suma, uma análise morfossintática aborda todos estes aspectos – a palavra em si e sua relação com as demais da oração. Viu como não é nenhum bicho-de-sete-cabeças??? Na Morfologia, um dos pontos a ser estudado é a estrutura das palavras, isto é, as unidades que as compõem. ESTRUTURA DAS PALAVRAS Recentemente, esse ponto do programa vem sendo explorado em concursos públicos, principalmente pela Fundação Getúlio Vargas. Para conhecer a estrutura das palavras, iremos “dissecá-las”, identificando cada uma de suas pequenas partes. As palavras são constituídas de morfemas, que são unidades mínimas indivisíveis da palavra (equivalem às células do corpo). Esses morfemas apresentam significados, que podem ser de natureza lexical (conceitos e sentidos da língua; léxico é o conjunto de palavras de uma língua, ou seja, vocabulário) ou de natureza gramatical (gênero, número, modo, tempo). Vamos a um exemplo. Na palavra CÉUS, podemos distinguir dois morfemas – o primeiro, que carrega a significação, forma, por si, um vocábulo: céu; o segundo não tem autonomia vocabular, serve para identificar o número: s. Ao primeiro, dá-se

o nome de morfema lexical (significado), e, ao segundo, o nome de morfema gramatical (define o número). Os morfemas podem ser divididos em: - elementos básicos e significativos: raiz, radical e tema; - elementos modificadores de significação: afixos, desinências e vogal temática; - elementos de ligação: vogais ou consoantes, também chamados de infixos. Raiz É o elemento mínimo, primitivo, carregado do núcleo significativo que se conserva através do tempo, comum às palavras cognatas, ou seja, da mesma família. É objeto de estudo da Etimologia, parte da gramática que estuda a origem das palavras. A título de exemplo, as palavras estar (em latim, stare) e constar (em latim, constare) possuem a mesma raiz: “st”. Radical É o elemento comum das palavras cognatas. É responsável pelo significado básico da palavra. Ex.: Em terra, terreno, terreiro, terrinha, enterrar, terrestre e aterrar, o radical comum a todos é terr-. Às vezes, pode sofrer alterações. Ex.: dormir, durmo; querer, quis As palavras que possuem mais de um radical são chamadas de compostas. Ex.: passatempo Ao radical, juntam-se os demais elementos, como desinências, sufixos, prefixos, infixos, vogais temáticas, de forma a compor novas palavras. Nos verbos, o radical é o que resta após eliminar a terminação “AR”, “ER”, “IR”: CANTAR = radical é CANT BEBER = radical é BEB PARTIR = radical é PART A partir da mesma raiz, formam-se vários vocábulos: são cognatos os vocábulos coração, cardíaco, cordial, cardiologista. Uma curiosidade: a expressão de cor, usada em “saber de cor”, é também cognata de “coração”. Isso porque os antigos consideravam o coração como sede não só da sensibilidade (amor), mas também da inteligência. Então “saber de cor” liga-se à idéia de “saber de coração”. Vamos ver alguns exemplos da formação das palavras cognatas. Ao radical CARDI (do grego kardia = coração) podem ligar-se: a) O (vogal de ligação) + LOG (logos = tratado) + IA (sufixo) = CARDIOLOGIA b) O (vogal de ligação) + PAT (path é a raiz de páscho = sofrer) + IA = CARDIOPATIA Afixos

São partículas que se anexam ao radical para formar outras palavras. Existem dois tipos de afixos: Prefixos: colocados antes do radical. Ex.: desleal, ilegal Sufixos: colocados depois do radical. Ex: felizmente, igualdade, confeitaria Infixos Os infixos, também chamados de vogais ou consoantes de ligação, não são significativos e, por isso, não são considerados morfemas. Entram na formação das palavras para facilitar a pronúncia. Ex.: café (radical) + T + eira (sufixo) = cafeteira capim(radical) + Z + al (sufixo) =capinzal rod (radical) + O + via (radical) = rodovia Vogal Temática Vogal Temática (VT) se junta ao radical para receber outros elementos. Pode existir vogal temática tanto em verbos quanto em nomes. Ex.: beber, rosa, sala. Nos nomes, as vogais temáticas podem ser a, e, o. Nos verbos, também são três as vogais temáticas – a, e, i – e estas indicam a conjugação a que pertencem os verbos (1ª, 2ª ou 3ª conjugação, respectivamente). Ex.: partir (PART + I + R) - verbo de 3ª conjugação sonhando (SONH + A + NDO) – verbo de 2ª.conjugação Eu disse “pode existir” porque nem todas as palavras possuem vogal temática. Há formas verbais e nomes sem vogal temática. Isso pode ocorrer nos nomes terminados em consoante (rapaz, fácil) ou em vogal tônica (saci, fé) – casos em que o radical se confunde com o tema (resultado da união do radical com a vogal temática), ou em algumas conjugações verbais. Em resumo, se um nome terminar por outra letra que não o “a”, “e” ou “o”, é chamado de atemático (sem tema). CUIDADO: não confunda vogal temática com desinência, que marca a flexão da palavra. Em palavras que não se flexionam em gênero, esse “a”, “e” ou “o” finais são o tema, e a desinência de gênero é indicada pelo símbolo Ø: desinência gênero

desinência número

radical

VT

sala

sal

a

pinto

pint

o

Ø

livros

livr

o

Ø

s

estudantes

estudant

e

Ø

s

Quando o nome se flexiona, o “a” será desinência de gênero (feminino) e “o”, a desinência no masculino. Esse é o posicionamento de Celso Cunha e Lindley Cintra, em sua obra Nova Gramática do Português Contemporâneo.

radical

desinência gênero

aluno

alun

o

bela

bel

a

algumas

algum

a

menino

menin

o

meninas

menin

a

desinência número

s s

OBSERVAÇÃO: Outros autores apontam como Ø a indicação do gênero masculino, considerando que o morfema “o” seria a vogal temática (menino = radical: menin + VT: o). Em nosso material, adotamos o posicionamento de Cunha e Cintra, por ser majoritário. Acredito serem remotas as chances dessa classificação ser objeto de prova, mas, de qualquer forma, fica registrada a ressalva. Lembramos mais uma vez que algumas formas verbais podem não apresentar vogal temática. Por exemplo: eu mato (1ª.pessoa do singular do presente do indicativo do verbo matar) – “mat” é o radical e “o” é uma desinência. Tema É a união do radical com a vogal temática. Ex.: cantaremos = cant (radical) + a (VT) = canta (tema) mala = mal (radical) + a (VT) = mala Desinências São morfemas colocados no fim das palavras para indicar flexões verbais ou nominais. Podem ser: 1) Nominais: indicam gênero (feminino ou masculino) e número (singular ou plural) dos nomes (substantivos, adjetivos, alguns pronomes e numerais).

GÊNERO NÚMERO

masculino..............

o

feminino................

a

singular.................

Ø (ausência de desinência)

plural....................

s

2) Verbais: existem dois tipos de desinências verbais: desinência modo-temporal (DMT) e desinência número-pessoal (DNP). Seus nomes já dizem tudo, não é? DMT – indica o modo e o tempo (presente do indicativo, pretérito imperfeito do subjuntivo) DNP – indica o número e pessoa (1ª.pessoa do singular, 3ª.pessoa do plural) 2.1) Verbo-nominais (VN): indica as formas nominais dos verbos (infinitivo, gerúndio e particípio). Ex.: beber, correndo, partido TEMPO/MODO/

TEMA

FORMA NOMINAL

RADICAL

VT

DMT

CANTAVA

Pret.Imp.Indicativo

CANT

A

VA

CANTÁVAMOS

Pret.Imp.Indicativo

CANT

A

VA

MOS

COMPRARÍAMOS

Fut.Presente Indic.

COMPR

A

RÍA

MOS

COMPRANDO

Gerúndio

COMPR

A

COMPRAS

Presente Indicativo

COMPR

A

AMASSE

Pret.Imperf.Subj.

AM

A

SSE

AMÁSSEMOS

Pret.Imperf.Subj.

AM

Á

SSE

Exemplos

DNP

VN

NDO S

MOS

PROCESSOS DE FORMAÇÃO DE PALAVRAS Já conhecemos as “partes” das palavras - morfemas. Agora, veremos a maneira como os morfemas se organizam para formar novas palavras. PRIMITIVA Carne

DERIVADA Encarnar Desencarnar Desencarnado Carnívoro

Os principais processos de formação são: Derivação, Composição, Hibridismo, Onomatopéia, Sigla e Abreviação. Os principais são os dois primeiros. 1. Derivação Processo de formar palavras no qual a nova palavra é derivada de outra chamada de primitiva. Os processos de derivação são:

Derivação Prefixal A derivação prefixal é um processo de formar palavras no qual um prefixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva. Ex.: pôr (primitiva) / compor (prefixo + primitiva) / recompor (dois prefixos + primitiva) Derivação Sufixal A derivação sufixal é um processo de formar palavras no qual um sufixo ou mais são acrescentados à palavra primitiva. Ex.: real (primitiva) / realmente (primitiva + sufixo) Derivação Prefixal e Sufixal A derivação prefixal e sufixal existe quando um prefixo e um sufixo são acrescentados à palavra primitiva de forma independente, ou seja, sem a presença de um dos afixos a palavra continua tendo significado. Ex.: deslealmente (prefixo: des + sufixo: -mente) - também existem os vocábulos: desleal / lealmente Alguns autores, todavia, não aceitam essa classificação. Julgam que houve, primeirament, um dos processos para, então, ocorrer o outro. Por exemplo: graça Î desgraça (prefixação) Î desgraçado (sufixação) Derivação Parassintética A derivação parassintética ocorre quando um prefixo e um sufixo são simultaneamente acrescentados à palavra primitiva de forma dependente, ou seja, os dois afixos não podem se separar, devem ser usados ao mesmo tempo, pois sem um deles a palavra não se reveste de nenhum significado. Ex.: anoitecer (prefixo: a + sufixo: -ecer) - não existem “anoite” nem “noitecer”. desperdiçar (prefixo: des + sufixo: -içar) – não existem “desperd(a)” nem “perdiçar”. engordar (prefixo: en + sufixo: -ar) – não existem “engord(a)” nem “gordar”. Maria Nazaré Laroca, no Manual de Morfologia do Português, observa que há uma grande produtividade deste processo de formação das palavras, sobretudo, com bases substantivas: PREFIXO “EN" +

SUBSTANTIVO

+ SUFIXO “AR”

Î DERIVADA

en +

caderno

+ ar

Î encadernar

en +

terra

+ ar

Î enterrar

en +

cabeça

+ ar

Î encabeçar

Derivação Regressiva

Normalmente, as palavras derivadas são maiores que as primitivas. No processo de derivação regressiva ocorre o inverso – a derivada é menor que a primitiva. Ocorre perda vocabular. SARAMPÃO Î SARAMPO

Chama-se deverbal quando, a partir desse processo, um verbo (geralmente indicativo de ação) dá origem a um substantivo abstrato. COMPRAR Î COMPRA

SACAR Î SAQUE

VENDER Î VENDA

COMBATER Î COMBATE

ATACAR Î ATAQUE

CASTIGAR Î CASTIGO

Derivação Imprópria A derivação imprópria, também intitulada de “mudança de classe” ou “conversão”, ocorre quando palavra comumente usada como pertencente a uma classe é usada na função de outra, mantendo inalterada sua forma. “A cerveja que desce redondo.” (originalmente adjetivo, usado como advérbio). Comício monstro (substantivo usado como adjetivo)

2. Composição Consiste na criação de uma nova palavra a partir da junção de dois ou mais radicais (palavra composta). Pode ocorrer de duas formas: - aglutinação - ocorre alteração na forma ou na acentuação dos radicais originários. fidalgo (filho + de +algo)

embora (em + boa + hora)

aguardente (água + ardente)

pernalta (perna + alta)

- justaposição – seu próprio nome já indica o processo. Os radicais são mantidos da forma original, podendo ser ligados diretamente ou por hífen. beija-flor

malmequer

bem-me-quer

segunda-feira

Curiosidade: algumas palavras que, em português, apresentam forma simples, em sua origem eram compostas: aleluia provém do hebraico hallelu Yah (= louvai ao Senhor); oxalá deriva do árabe wa as llâh (= e queira Deus). (Fonte: Cunha, C. e Cintra, L., op.cit., p.108) 3. Hibridismo Consiste na formação de palavras pela junção de radicais de línguas diferentes auto/móvel (grego + latim) 4. Onomatopéia

bio/dança (grego + português)

Consiste na formação de palavras pela imitação de sons e ruídos. pingue-pongue

buá

miau

tiquetaque

zunzum

5. Sigla Consiste na redução de nomes ou expressões empregando a primeira letra ou sílaba de cada palavra. UFMG - Universidade Federal de Minas Gerais IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Uma vez “vulgarizada”, a sigla passa a ser considerada como primitiva, podendo formar derivadas: deputados petistas (PT), empregados celetistas (regidos pela CLT), pacientes aidéticos (portadores de AIDS). 6. Abreviação ou redução Consiste na redução de parte de palavras com objetivo de simplificação. moto (motocicleta)

gel (gelatina)

cine (cinema)

extra (extraordinária).

CLASSES GRAMATICAIS A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) enumera em dez as classes gramaticais: substantivo, adjetivo, artigo, pronome, numeral, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição. Tomamos a liberdade de incluir mais uma, apresentada sem denominação na NGB, mas reconhecida por gramáticos consagrados: palavras denotativas. Para fins didáticos, separamo-las em duas categorias: variáveis e invariáveis: CLASSES DE PALAVRAS VARIÁVEIS

INVARIÁVEIS

Substantivo

Advérbio

Adjetivo

Palavra Denotativa

Artigo

Preposição

Pronome

Conjunção

Numeral

Interjeição

Verbo Cada uma delas será analisada isoladamente.

1. SUBSTANTIVO Palavra com que designamos ou nomeamos os seres em geral. Primitivos

Derivados

Dão origem a outras palavras.

São criados a partir de outras palavras.

Ex.: terra, casa

Ex.: terreiro, aterrar; casebre, casinha

Simples

Compostos

Formados por apenas um radical.

Formados por mais de um radical.

Ex.: cabra, tempo

Ex.: cabra-cega, passatempo

Comuns

Próprios

Designação genérica, referente qualquer ser de uma espécie.

a

Um ser específico da espécie. Ex.: rua Rio de Janeiro, praça Duque de Caxias, Isabela

Ex.: rua, praça, mulher Obs. Os dias da semana, como os meses do ano ou as estações do ano, não são nomes próprios – designam frações do tempo. Concretos

Abstratos

Nomeiam objetos, lugares, pessoas, animais, ou seja, coisas que têm subsistência própria.

Nomeiam ações, estados, sentimentos, qualidades, noções, ou seja, coisas que só existem em função de outras.

Entram nessa espécie os fictícios e coisas hipoteticamente existentes.

Ex.:alegria, tristeza, realização, modo, viagem, colheita, delicadeza, rispidez.

Ex.: Carmem, mesa, urso, fada, Júpiter, mula-sem-cabeça Coletivos Os substantivos coletivos transmitem a noção de plural, embora sejam grafados no singular. Nomeiam um agrupamento de seres da mesma espécie. Ex.: matilha, multidão, rebanho, freguesia. 1.1) Flexão em número Como vimos, os substantivos são palavras variáveis, alterando-se em função do número e do gênero. a) Formação do plural nos substantivos simples - Regra geral: o plural é formado pelo acréscimo da desinência -s. mapa Î mapas

degrau Î degraus

- Substantivos terminados em -ão: a regra é a forma plural -ões, mas também há casos em que formam -ães ou -ãos. Todos os paroxítonos e alguns oxítonos terminados em –ão formam o plural –ãos.

questão Î questões

capitão Î capitães

irmão Î irmãos

órfão Î órfãos

Alguns substantivos apresentam mais de uma forma: anão Î anões, anãos

aldeão Î aldeãos, aldeões, aldeães

charlatão Î charlatões, charlatães; etc. - Substantivos terminados em -r, -z: acréscimo de -es. bar Î bares

raiz Î raízes

gravidez Î gravidezes

vez Î vezes

júnior Î juniores

(estranhou, por quê? Significa mais de uma gestação)

- Substantivos terminados em -s: acréscimo de -es quando forem oxítonos; invariáveis quando não forem oxítonos. país Î países

lápis Î lápis

ônibus Î ônibus

- Substantivos terminados em -l: substitui-se o -l por –is; em alguns poucos casos, acrescenta o –es. anel Î anéis

álcool Î álcoois

mal Î males cônsul Î cônsules

- Substantivos diminutivos: segundo a norma culta, o plural de diminutivos obedece à seguinte regra: do vocábulo original no plural, é retirada a letra “s”, que irá para o fim da palavra, após o sufixo que indica essa flexão em grau. faróis Î faroizinhos

bares Î barezinhos

flores Î florezinhas

b) Formação do plural nos substantivos compostos A flexão de número dos substantivos compostos segue o quadro abaixo: Condição

Varia o .... elemento 1º.

último

todos

nenhum

Exemplos

Substantivo composto sem hífen

X

pontapés, planaltos, aguardentes, vaivéns

Palavras repetidas ou onomatopéias

X

tico-ticos, reco-recos

X

sempre-vivas, vaga-lumes, pára-quedistas, abaixo-assinados guarda-roupas (idéia de “guardar”)

Verbo ou palavra invariável + substantivo ou adjetivo Dois substantivos ou substantivo + adjetivo (qualquer ordem)

X

guardas-noturnos, couves-flores, secretáriosexecutivos

Substantivos compostos ligados por preposição

Pés-de-moleque, copos-de-leite, mulas-sem-cabeça

X

Verbo + advérbio

X

Os fala-mansa

Verbos antônimos

X

Os leva-e-traz

Dois substantivos, quando o 2º. indicar finalidade ou semelhança, limitando o sentido do 1º (flexão predominante). Modernamente, já se aceita a flexão dos dois elementos.

X

Pombos-correio(s), carros-bomba(s), salários-família(s), navios-escola(s), peixes-boi(s)

(X)

1.2) Flexão em gênero Quanto ao gênero, os substantivos podem ser: a) Biformes: possuem duas formas, uma para o feminino e outra para o masculino. Pombo – pomba

príncipe – princesa

ator – atriz

pastor - pastora

b) Uniformes: possuem apenas uma forma para os dois gêneros. Os substantivos uniformes se subdividem em: Epicenos: uma só forma para os dois gêneros, a distinção é feita pelas palavras macho e fêmea. a mosca

a baleia

o besouro

a cobra

o crocodilo

(macho / fêmea)

Comuns de dois gêneros: uma só forma para os dois gêneros, a distinção é feita pelo determinante (artigo, pronome, adjetivo...). a pianista / o pianista

belo colega/ bela colega

o intérprete / a interprete

Sobrecomuns: uma só forma para os dois gêneros, não é possível fazer a distinção pelos determinantes. A distinção pode ser feita pela expressão: do sexo masculino/ do sexo feminino. a pessoa

a criança

o cônjuge

a testemunha

o ídolo (não tem feminino)

* O gênero de alguns substantivos podem causar dúvida: a alface

o champanha

o dó (tanto compaixão como a nota musical)

E “personagem”, afinal? É masculino ou feminino? Modernamente, esse é um dos casos de “comum de dois”, ou seja, aceita o artigo feminino ou masculino: o/a personagem. * Certos substantivos, ao mudar de gênero, mudam também de significado: A cabeça / o cabeça

o caixa / a caixa

o moral (auto-estima)/ a moral (ética)

Para distrair: No filme “Carandiru”, em sua participação “especial”, Rita Caddilac (lembra-se da figura?) cantava uma música cujo refrão era : “É bom para o moral / É bom para o moral...”. Pelo menos, acertou no gênero... rs....

O mesmo acontece em relação ao número de alguns: Féria (renda) x férias (dias de descanso, mesmo que seja só um) Bem (benefício) x bens (riquezas, propriedades) Haver (verbo)

x

haveres (riquezas, bens)

Cuidado com esses: Óculo (uma espécie de luneta – instrumento que permite boa visibilidade à distância) x óculos (lentes encaixadas em uma armação) Já ouvi muita gente boa falando “perdi o meu óculos”...ui!! Nesse sentido, é sempre plural – “Perdi os meus óculos”. Outros são empregados apenas no plural: pêsames

núpcias

víveres

alvíssaras (prêmio ou recompensa)

1.3) Flexão em Grau É a possibilidade de indicar o tamanho do ser que nomeia. Os substantivos podem estar em três graus: normal , aumentativo e diminutivo. As variações de grau podem ser feitas de duas formas: Analítica: acréscimo de um adjetivo: casa pequena/grande, pé pequeno/grande Sintética: acréscimo de um sufixo: casinha, casebre, pezinho, pezão

2. ADJETIVO Palavra variável modificadora de substantivo ou palavra substantivada, exprimindo qualidade, estado ou propriedade. Pode também atribuir uma relação, como tempo (recebimento mensal), proveniência (vinho chileno) etc. A esses dá-se o nome de adjetivos relacionais. Locução adjetiva é uma expressão que equivale a um adjetivo. Geralmente é constituída de preposição e substantivo ou preposição e advérbio. mesa de madeira

casa da frente

Cuidado! Só podemos analisar e classificar os vocábulos a partir do contexto. Por exemplo, doméstica, a princípio, seria um adjetivo. Contudo, em “As domésticas não têm muitos de seus direitos reconhecidos”, essa palavra é um substantivo. Aliás, é muito estreita a relação entre o substantivo e o adjetivo. Muitas vezes, a posição desses elementos na oração implica alteração de sua morfologia.

Por exemplo: negro jogador / jogador negro – no primeiro, “negro” é um substantivo e sua qualidade é “jogador” (assim como em “negro pintor” ou “negro lutador”). Isso se inverte no segundo exemplo, em que “negro” é uma característica do jogador. A palavra-núcleo é o substantivo, e o adjetivo o caracteriza. Essa possibilidade de alteração morfológica e/ou semântica dos adjetivos, em função de sua colocação na frase vem sendo objeto de questões dos mais recentes concursos públicos. Como o adjetivo concorda sempre com o substantivo, sofrerá as mesmas flexões que ele: gênero, número e grau. 2.1) Flexão de Gênero Os adjetivos podem ser: a) Biformes- possuem duas formas, uma para indicar cada gênero. Que garoto bonito! Que garota bonita! b) Uniformes - possuem apenas uma forma para indicar os dois gêneros (feminino e masculino). Muitos deles terminam em ar/or (exemplar, maior), z (audaz, feliz), os paroxítonos terminados em s (simples), l (fácil, infiel), m (comum, virgem) etc. aluno ou aluna: inteligente, capaz, simples, amável, ímpar, ruim

CURIOSIDADE: Alguns adjetivos terminados em “u”, “ês” e “or” não se flexionam em gênero. a mulher hindu

a menina cortês

a remessa anterior

a pior decisão

Nos adjetivos compostos, somente o gênero do último elemento varia. intervenção médico-cirúrgica

sandália azul-clara

literatura latino-americana

Uma característica em relação aos adjetivos pátrios: o menor inicia a locução. acordo nipo-itálico

mercadoria sino-japonesa

2.2) Flexão de Número Os adjetivos simples seguem as mesmas regras dos substantivos simples para flexionarem em número. útil Î úteis

feroz Î ferozes

Adjetivo composto formado por dois adjetivos: só o segundo elemento varia. sapato marrom-escuro Î sapatos marrom-escuros camisa azul-clara Î camisas azul-claras Exceção: azul-marinho e azul-celeste – todos os elementos são adjetivos, mas esses adjetivos não se flexionam. camisas azul-marinho / azul-celeste. OBS: No adjetivo composto surdo-mudo, variam os dois elementos:

surdos-mudos / surda-muda Em relação a esse ponto, veja a assertiva INCORRETA presente em uma questão de prova da ESAF (AFC 2002): “O plural do adjetivo composto “político-institucional” se faz adicionando a desinência de plural aos dois elementos.”. É falsa essa afirmação, pois, como vimos, nesse caso, varia apenas o último elemento: político-institucionais. Adjetivo composto formado por um adjetivo e um substantivo: permanecerá invariável. Uniformes verde-oliva

sofás marrom-café.

Isso também acontece em adjetivos simples indicativos de cores que derivam de substantivos. Vestidos cinza

bonés laranja

carros prata

anéis turquesa

Luiz Antônio Sacconi (em Gramática Básica) destaca que o adjetivo infravermelho é variável (raios infravermelhos), enquanto que ultravioleta é invariável (raios ultravioleta). 2.3) Flexão de Grau A flexão de grau corresponde à variação em intensidade da qualidade expressa pelo adjetivo. a) Grau comparativo Indica que um ser possui uma qualidade igual, inferior ou superior a outro. Este cão é tão feroz quanto aquele. Este cão é menos feroz que aquele. Este cão é mais feroz que aquele. Também, em relação ao mesmo ser, pode determinar se uma qualidade que ele possua é igual, inferior ou superior a outra. Ele é tão inteligente quanto bonito. Ele é mais inteligente que bonito. Ele é menos inteligente que bonito. b) Grau superlativo Absoluto – o ser apresenta elevado grau em certa qualidade Sintético – expresso em uma só palavra. Ex.: Este cão é ferocíssimo. Analítico – formado com mais de uma palavra, normalmente um advérbio (muito, bastante, imensamente) . Ex.: Este cão é muito feroz. Relativo – o ser se sobressai em relação aos demais seres que possuem a mesma qualidade. Superioridade. Ex.: Este cão é o mais feroz do bairro.

Inferioridade. Ex.: Este cão é o menos feroz do bairro Alguns adjetivos possuem formas especiais para o comparativo e o superlativo sintéticos. Observe: Adjetivo

Comparativo

bom

Superlativo absoluto

relativo

melhor

ótimo

o melhor

mau

pior

péssimo

o pior

grande

maior

máximo

o maior

pequeno

menor

mínimo

o menor

Quando se comparam duas qualidades, a proximidade dos adjetivos “bom”, “mau”, “grande” e “pequeno” com “mais” ou “menos” não os transforma em “melhor”, “pior”, “menor” ou “maior”. Ele é mais bom do que bonito. Ele é mais pequeno que gordo.

3. ARTIGO Classe variável que define ou indefine um substantivo. Gosto de brincar dizendo que o artigo é igual a arroz – só serve para acompanhar. Nunca vem isolado ou longe de um substantivo. Pertencem à classe de palavras variáveis, flexionando-se em gênero e número. Podem ser: Definidos: o/a, os/as Indefinidos : um/uma, uns/umas Servem para: - substantivar uma palavra que geralmente é usada como pertencente a outra classe. calça verde (adjetivo) / o verde (substantivo) da camisa não quero (advérbio) / Deu um não (substantivo) como resposta. - evidenciar o gênero do substantivo comum-de-dois. o colega / a colega

o personagem / a personagem

o pianista / a pianista

4. PRONOME É a palavra que acompanha (determina) ou substitui um nome. Ana disse para sua irmã:

- Eu preciso do meu livro de matemática. Você não o encontrou? Ele estava aqui em cima da mesa. 1. sua acompanha “irmã” e se refere a Ana; 2. eu substitui "Ana"; 3. meu acompanha "livro de matemática"; 4. o substitui " livro de matemática"; 5. ele substitui " livro de matemática" Assim, os pronomes podem ser: ADJETIVOS – acompanham o nome, determinando-o – exemplos 1 e 3; SUBSTANTIVOS – substituem o nome – exemplos 2, 4 e 5. Os pronomes também identificam as três pessoas do discurso: - primeira pessoa: a que fala; - segunda pessoa: com quem se fala; - terceira pessoa: de quem se fala. CLASSIFICAÇÃO DOS PRONOMES Os pronomes classificam-se em: pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos, interrogativos e relativos. Como o assunto é muito extenso, por ora apresentamos somente alguns conceitos, deixando para a aula específica o aprofundamento do assunto.

5. NUMERAL Classe que expressa quantidade exata, ordem de sucessão, organização. Os numerais podem ser: 5.1) Cardinais Indicam uma quantidade exata. Ambos, que substitui o cardinal os dois, é numeral e se flexiona em gênero. Os cardinais um, dois e as centenas a partir de duzentos também variam em gênero (uma, duas, trezentas). Já outros cardinais, inclusive o “mil”, são invariáveis. 5.2) Ordinais Indicam uma posição exata e variam em gênero e número segundo

décimo

primeiras

5.3) Multiplicativos São invariáveis quando apresentam valor substantivo.

Ele tem o dobro da idade de sua mulher. Empregados com valor adjetivo, flexionam-se em número e gênero. 5.4) Fracionários Concordam com os cardinais que indicam o número das partes. um quarto

dois décimos

metade

INFORMAÇÕES IMPORTANTES: - Milhão, bilhão (ou bilião), trilhão comportam-se como substantivos e variam em número. - Milhar pode ser precedido por um artigo de gênero masculino: “os milhares de crianças que estiveram aqui...”.

6. VERBO Conceito Palavra variável (pessoa, tempo, número e modo) que exprime uma ação, um estado, um fenômeno. Sua importância no estudo da gramática é tão grande que teremos uma aula dedicada exclusivamente a ele. Passemos, agora, para as classes invariáveis.

7. ADVÉRBIO Classe invariável que expressa circunstâncias. Os advérbios se ligam a verbos, adjetivos, outros advérbios ou até mesmo a orações ou enunciações inteiras. Ele corre tanto. Aquele piloto dirige muito mal.

Ana Hickman é tão alta! Infelizmente, não poderei comparecer.

Tal como foi demonstrado, o problema é grave. São algumas circunstâncias expressas pelos advérbios: Tempo (sempre, amanhã...)

Afirmação (sim, realmente...)

Lugar (aqui, ali...)

Negação (nem, não...)

Modo (amavelmente, rapidamente...)

Dúvida (provavelmente, talvez...)

Intensidade (tão, muito...) Uma característica dos advérbios chamados “nominais” é que eles podem se formar a partir da forma feminina dos adjetivos (quando a possuem) com o acréscimo de “mente”:

rapidamente provisoriamente

corretamente precariamente

adequadamente certamente

Na enumeração de vários advérbios nominais em seqüência, pode-se omitir o sufixo “mente”, mantendo apenas o do último vocábulo. Sua repetição causaria o indesejável efeito de eco: Ela dançava linda, leve, encantadora e brilhantemente. Locução adverbial - Duas ou mais palavras com valor de advérbio. Rubens estava morrendo de medo. (loc.adverbial expressa a circunstância de causa) A bela mulher apareceu na porta. (loc.adverbial expressa a circunstância de lugar) As locuções adverbiais mais comuns são: com certeza, sem dúvida, de longe, de perto, às vezes etc. Sobre o emprego dos advérbios bem e mal, acompanhados de bem e antes de adjetivos particípios, já falamos na aula zero. Prefere-se a não-junção: É um dos jogadores mais bem pagos do mundo. Não há necessidade (nem condição) de decorar listas de advérbios ou locuções adverbiais. Você irá identificar a classe gramatical a partir da relação que a palavra estabelece com as demais. Veja: a palavra meio pode ser advérbio, mas nem sempre o será. Vamos aos exemplos: 1 - "Estava meio atrasada." 2 - "Resolvi dar meia volta." 3 - "O meio universitário era favorável para a disseminação daquelas idéias." Você notou que no exemplo 1, mesmo ao lado de um adjetivo feminino, o vocábulo permaneceu inalterado? Isso comprova que essa palavra é um advérbio – é invariável e modifica um adjetivo. Já a segunda forma se flexionou em gênero, concordando com a palavra “volta” – é um numeral, classe de palavra variável. No exemplo 3, o vocábulo está acompanhado de um artigo, o que o classifica como um substantivo. Também poderia se flexionar: “Os meios acadêmicos...”. Também merecem destaque os advérbios interrogativos: onde, aonde, donde, como, que fazem parte de orações interrogativas e não devem ser confundidos com os pronomes relativos homógrafos. Estes possuem antecedentes aos quais se referem, enquanto que os advérbios interrogativos são “independentes” e se referem a circunstâncias como tempo, modo, causa ou lugar. Podem estar em construção interrogativa direta ou indireta. Não sei como você agüenta esse homem! Aonde você vai? (o verbo ir exige a preposição “a”, que a ele se liga: a + onde)

Quero saber onde você vai almoçar. (quando o verbo exigir a preposição “em”, basta o “onde”.) Donde você veio? (o verbo vir exige a preposição “de”, que se liga ao advérbio: de + onde)

8. PALAVRAS DENOTATIVAS Na língua portuguesa, há algumas palavras e locuções não definidas pela N.G.B. em qualquer das classes de palavras. São as palavras denotativas, que apresentam certa semelhança com os advérbios mas que, devido a algumas características peculiares, com eles não se confundem. A principal característica que as distinguem dos advérbios é o fato de estes se referirem a certos vocábulos (verbos, adjetivos, advérbios), enquanto que as palavras denotativas podem se referir a qualquer vocábulo ou até mesmo a nenhum diretamente. As palavras ou expressões denotativas mais comuns são: - de exclusão – exceto, salvo, apenas etc. Todos, menos Lula, sabiam do mensalão. - de inclusão – até, inclusive, mesmo, também etc. Até Deus duvida disso! - de explicação – isto é, ou melhor, ainda, por exemplo, a saber etc. Este ato é arbitrário, ou seja, não respeita leis ou regras. - de retificação – isto é, ou melhor (a diferença entre esta e a anterior depende do contexto). Eu preciso de dois laudos, ou melhor, de três. - de realce – é que, lá, só, cá, mas etc. Ele lá sabe alguma coisa sobre isso? - de designação – eis. Eis o vencedor da competição. - de situação – então, mas, afinal etc. Mas, afinal, o que você queria?

9. PREPOSIÇÃO Classe invariável que liga termos de uma oração de tal modo que o significado do primeiro (antecedente – termo regente) é explicado ou delimitado pelo segundo (conseqüente - termo regido). Ex.: O professor gosta de trabalhos noturnos. Não há necessidade de trabalharmos à noite.

São exemplos das preposições simples mais comuns, chamadas de essenciais: a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem sob, sobre, trás Algumas palavras, cujo sentido original é de outra classe gramatical, podem ser usadas como preposições – são chamadas de preposições acidentais. Eu a considero como uma irmã.

Você terá que fazer a prova amanhã.

As locuções prepositivas se caracterizam por apresentar, como último vocábulo, uma preposição essencial: Abaixo de

apesar de

graças a

por entre

junto a

embaixo de

10. CONJUNÇÃO Classe invariável que liga orações, às vezes, liga termos coordenados de uma oração. Ex.: Os pais viajaram e estudaram. (liga orações) Os pais viajaram para Orlando e Paris. (liga termos dentro de uma oração) As conjunções podem ser: Coordenadas – relacionam elementos de mesma função gramatical. Subordinadas – ligam duas orações, sendo que uma complementa, determina ou restringe o sentido de outra. Locução conjuntiva Formada por mais de um vocábulo, sendo que, normalmente, o último é uma conjunção. já que

se bem que

a fim de que

11. INTERJEIÇÃO Classe invariável que expressa emoções, sensações, sentimentos ou representa um chamamento. alívio (Ufa!)

dor (Ai!)

satisfação (Viva!)

espanto (Quê!)

chamamento (Oxalá!)

medo (Credo!)

saudação (Alvíssaras!)

Locução interjeitiva é o conjunto de duas ou mais palavras com valor de interjeição. Que horror!

Queira Deus!

Ai de mim!

Na escrita, a interjeição vem acompanhada do sinal de exclamação, com exceção do “Ó” de apelo (“Ó menino, não faça isso”), que não deve ser confundido com “Oh”, de admiração.

Sobre “Vivam os campeões!”, nosso mestre Evanildo Bechara observa, em seu “Lições de Português pela Análise Sintática”, que o emprego quase interjeitivo da oração e a proximidade com a interjeição (invariável, portanto) “Salve os campeões!” levam à forma “Viva os campeões!”, com evidente erro de concordância. Contudo, ressalta o mestre: “Apesar de correr vitoriosa na linguagem coloquial, esta concordância no singular deve ser cuidadosamente evitada na língua padrão”. ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Algumas dessas classes gramaticais merecerão destaque em nossos encontros. Por ora, vamos resolver algumas questões de prova para fixar todos esses conceitos. Abraços e até a próxima. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1 - (FGV / Ministério da Cultura /2006) Assinale a alternativa que não apresente a classificação correta de um dos elementos mórficos do vocábulo deixasse (A) deix- = radical (B) -e = desinência número-pessoal (C) -a = vogal temática verbal (D) deixa = tema (E) -sse = desinência modo-temporal 2 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006) Assinale a alternativa em que um dos elementos mórficos da palavra contribuiu (L.65) não esteja corretamente analisado. (A) contribuiu = prefixo (B) contribuiu = raiz (C) contribuiu = desinência modo-temporal (D) contribuiu = tema (E) contribuiu = vogal temática 3 -(CESGRANRIO / INSPETOR DE POLÍCIA / 2001) Inúmeros, ilícita, impropriedade têm em comum: a) o prefixo negativo; b) a classe gramatical; c) o gênero; d) o número; e) a forma gráfica.

4 - (FUNDEC / TRT 1ª.Região / 2003) Os prefixos das palavras entressafra (linha 15) e internacional são sinônimos. Idêntica relação semântica pode ser depreendida entre os prefixos das palavras: A) anti-higiênico e suboficial; B) co-redator e contra-regra; C) arquiinimigo e hiper-humano; D) vice-diretor e sobreloja; E) ante-histórico e recém-chegado. 5 - (FGV / ALESP / 2002) Assinale a alternativa em que todas as palavras têm prefixo indicativo de negação: A. imoral - imprudente. B. imoral - deslocar. C. aderente - amoral. D. aderente - subterrâneo. 6 - (FGV / Ministério da Cultura /2006) Assinale a alternativa em que o prefixo tenha o mesmo sentido que o de imigrantes. (A) imberbe (B) imergir (C) incréu (D) iníquo (E) inválido 7 - (FGV / ICMS MS /2006) Assinale a alternativa em que a palavra tenha sido formada pelo mesmo processo que entrevejo. (A) joalheria (B) serenidade (C) decodifica (D) acompanhando (E) perfumadas 8 - (FGV / ALESP / 2002) Assinale a alternativa que apresenta um prefixo indicando “posição superior”: A. Transatlântico. B. Perímetro.

C. Epiderme. D. Sublocar. 9 - (FGV / BESC ADVOGADO/ 2004) Assinale a alternativa em que o vocábulo NÃO seja formado pelo mesmo processo que "crescimento" (A) financeiro (B) rentabilidade (C) falta (D) prancheta (E) executáveis 10 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002) Os prefixos das palavras supercomputador e contra-informação são sinônimos, respectivamente, dos prefixos das palavras: A) hiperinflação e megainvestidor; B) politraumatizado e desnecessário; C) ultraleve e hemisfério; D) além-fronteira e endotérmico; E) arquimilionário e antiinflacionário. 11 - (NCE UFRJ / TRE RJ Auxiliar Judiciário / 2001) O vocábulo perdão, presente no texto, tem como plural perdões; o item abaixo em que todos os vocábulos podem fazer o plural do mesmo modo é: a) cidadão, vulcão, capelão; b) escrivão, aldeão, razão; c) capelão, situação, alazão; d) corrimão, cidadão, escrivão; e) vulcão, aldeão, alazão. 12 - (NCE UFRJ / Corregedoria Geral da Justiça RJ ) Hibernação está para inverno, considerados os vários aspectos de sua formação, como: (A) crescimento está para crescer; (B) diminuição está para diminuir; (C) mensal está para mês; (D) liberdade está para livre; (E) animação está para alma.

13 - (NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL/ 2006) A alternativa que mostra inadequação entre cognatos é: (A) terra / aterrorizar; (B) lei / legalizar; (C) acordo / acordar; (D) temor / atemorizar; (E) homem / humanizar. 14 - (NCE UFRJ / CVM / 2005) A relação ERRADA entre verbo e substantivo é: (A) ceder / cessão; (B) estender / extensão; (C) exceder / exceção; (D) ascender / ascensão; (E) pretender / pretensão. 15 - (NCE UFRJ / INPI - ANALISTA MARCAS / 2005) Agrário se refere a campo; o vocábulo abaixo em que esse radical tem significado diferente é: (A) agricultor; (B) agridoce; (C) agrimensor; (D) agreste; (E) agrícola. 16 - (FGV / ICMS MS – TTI / 2006) Assinale a alternativa em que o prefixo tenha valor distinto do de incompetentes. (A) irrespondível (B) agnósticos (C) ateus (D) incorrer (E) inafiançável 17 - (FGV / ICMS MS – Fiscal de Rendas / 2006) Assinale a alternativa em que a palavra tenha sido formada pelo mesmo processo que acompanhamos.

(A) rapidíssimos (B) encanada (C) utilizamos (D) repressão (E) intermediárias 18 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004) No título do artigo “A tal da demanda social”, a classe de palavra de “tal” é: (A) pronome. (B) adjetivo. (C) advérbio. (D) substantivo. (E) preposição. 19 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006) Tal como está organizada, a sociedade gira em torno do mercado, de acordo com um sistema que alguns chamam de "economia de mercado", e outros, de "capitalismo". Até hoje, não surgiu nenhum sistema tão capaz de fazer crescer a economia. As experiências feitas em nome do socialismo não manifestaram força própria suficiente para competir, no plano do crescimento econômico, com o capitalismo. A palavra Tal classifica-se como: (A) adjetivo. (B) advérbio. (C) conjunção. (D) pronome demonstrativo. (E) pronome relativo. 20 - (CESGRANRIO / MPE RO / 2005) Dentre os plurais dos nomes compostos, o único flexionado de modo adequado é: (A) guarda-chuvas. (B) olhos azuis-turquezas. (C) escolas-modelos. (D) surdo-mudos. (E) pores-dos-sóis. 21 - (NCE UFRJ / INPI - ANALISTA MARCAS / 2005) matérias-primas faz plural da mesma forma que:

(A) porta-voz; (B) guarda-comida; (C) bem-te-vi; (D) aluno-mestre; (E) pisca-pisca. 22 - (FGV / Pref.Araçatuba / 2002) O plural dos adjetivos compostos está correto em A. Faltava sempre às segundas-feiras. B. Recebeu dois salários-famílias. C. Houve alguns quebras-quebras na cidade. D. Gostava de sopa de grão-de-bicos. 23 - (FGV / ICMS MS / 2006) Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. No trecho acima, a inversão das palavras grifadas não provocou alteração de sentido. Assinale a alternativa em que a inversão dos termos provoca alteração gramatical e semântica. (A) novos papéis / papéis novos (B) várias idéias / idéias várias (C) lúcidas lembranças / lembranças lúcidas (D) tristes dias / dias tristes (E) poucas oportunidades / oportunidades poucas 24 - (UnB CESPE / Banco do Brasil / 2002) Passa quase despercebido para o mercado que, na guerra dos bancos pela carteira dos brasileiros, o Banco do Brasil S.A. (BB) está mais ativo do que nunca. Foi a casa que mais conquistou novos clientes em 2001, saltando de 10,5 milhões de correntistas pessoa física para 12 milhões. Na área das empresas, o crescimento também foi robusto. Com a criação de uma divisão de corporate, sua carteira empresarial saltou de 767 mil para 900 mil clientes. O BB ainda tem um amplo terreno para conquistar clientes menos endinheirados por intermédio das concessões de crédito. A instituição, mesmo com 24,6% de todos os ativos do sistema financeiro nacional, não tinha agilidade suficiente para fazer isso, por conta do estoque de créditos ruins que a ancora. Depois do ajuste patrimonial, ganhou fôlego. QUESTÃO Acerca de aspectos estruturais e das idéias do texto acima, julgue o seguinte item.

No primeiro parágrafo do texto, as duas ocorrências do advérbio “mais” — intensificando “ativo” (l.3) e “conquistou” (l.3) — comprovam que advérbios podem modificar tanto verbos como adjetivos.

25 - (FGV / BESC ADVOGADO/ 2004) Assinale a alternativa em que o termo grifado seja artigo definido. (A) "...o que os empurra a dar crédito para o setor privado e para as pessoas físicas." (B) "O que se faz?" (C) "O que está ocorrendo é que os interesses que prevaleceram..." (D) "...agora, o que se está fazendo é buscar "acalmar" os que temem perder lucros na fase de transição." (E) "Ou seja, há uma possibilidade, não desprezível, de o país perder, mais uma vez, uma janela de oportunidade." GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1 – B - A forma verbal deixasse não possui desinência número-pessoal: TEMA Radical

Vogal tem.

DEIX

A

DMT

DNP

SSE

Ø

2 – C - O morfema “u” é desinência número-pessoal. TEMA

PREFIXO CON

Radical

Vogal tem.

TRIBU

I

DMT

DNP

Ø

U

À raiz trib unem-se os prefixos que formam os radicais dos verbos: retribuir, contribuir. O mesmo ocorre nos seguintes verbos: •

(raiz = preend) compreender, apreender, repreender;



(raiz = vert) reverter, perverter, inverter, converter;



(raiz = fer) preferir, conferir, deferir, inferir, desferir;

Esse são alguns exemplos de verbos formados a partir da união de prefixos à raiz. 3 – A – Os três vocábulos apresentam prefixos negativos: inúmeros, ilícita, impropriedade.

4 – Os prefixos latinos entre e inter designam “posição intermediária”. Os prefixos gregos da opção C também são sinônimos: arqui e hiper indicam superioridade. a) anti - prefixo grego = oposição / sub - prefixo latino = posição inferior b) co – latino = companhia ou contigüidade / contra – latino = oposição d) vice – latino = em lugar de / sobre – latino = posição superior e) ante – latino = anterioridade / recém – latino = recente 5–A b) i = negação / des = separação c) a em “amoral” = negação / a em “aderente” = separação d) a em “aderente” = separação / sub = posição inferior 6 – B – O prefixo i em ‘imergir’ indica o movimento para dentro (como em imigrar). 7 – E - O vocábulo “entrevejo” passou pelo processo de derivação prefixal, com a colocação do prefixo entre (posição intermediária). A esse mesmo processo se submeteu o vocábulo “perfumadas”, com o prefixo per (movimento através) a) derivação sufixal (jóia + lh + eria) b) originalmente francesa, sofreu derivação sufixal com –eria ou –aria, que indicam “atividade de”, “ramo de negócio”. c) derivação prefixal e sufixal d) derivação parassintética 8 – C – ‘epiderme’ é a camada mais superficial da pele (prefixo grego epi + radical grego derme) a) trans- latino = passar além de. b) peri- grego = em torno de. d) sub- grego = posição abaixo. 9 – C – O vocábulo “falta” é o próprio tema (radical falt + VT a). 10 – E – Os prefixos super, extra, ultra (latinos), mega, hiper e arqui (gregos) são equivalentes e indicam superioridade. Já os prefixos contra-, ob-, o-, des- (latinos) e anti- e para- (gregos) denotam oposição. Os demais apresentam os seguintes significados: - hemi – grego = metade; - poli – grego = muitos; - endo – grego = posição interna; - além – latino = adiante

11 – E - vulcões; aldeões ou aldeães; alazões e alazães. a) cidadãos; vulcões ; capelães. b) escrivães; aldeãos, aldeões ou aldeães; razões. c) capelães; situações; alazões e alazães. d) corrimãos; cidadãos; escrivães. 12 – E - Essa questão exigia bastante percepção do candidato. A dica para solucioná-la estava na expressão “considerados os vários aspectos de sua formação”. Assim como “hibernação” buscou em sua origem latina a forma que significa “inverno” (hiber), a palavra “animação” tem em sua raiz (änima) o sentido de alma. 13 – A - A palavra “aterrorizar” tem relação com “terror” e não ‘terra’. 14 – C – O aluno que se lembrou da aula sobre Ortografia não errou essa questão. No material, mencionamos que “exceção” não deriva de EXCEDER, mas de EXCETUAR. 15 – B - O elemento de composição em “agridoce” é latino e significa “acre, ácido, azedo”. Já em “agricultura”, “agrimensor”, “agreste” e “agrícola” está presente o prefixo “agri”, também latino, que se refere a campo. 16 – D – O prefixo latino “in” em “incorrer” significa “movimento para dentro”. Os demais têm valor de negação. 17 – B - O processo de acompanhamos é o mesmo de encanada – derivação parassintética. a) rapidíssimos - sufixação c) utilizamos - sufixação d) repressão - prefixação e) intermediárias – prefixação e sufixação (mediar Î intermediar Î intermediária) 18 – A – Não nos cansamos de repetir – a análise morfológica de uma palavra só pode ser feita de acordo com o contexto. Na oração “A tal da demanda social”, o vocábulo “tal” está sendo usado para indicar. Por isso, é um pronome demonstrativo. Esse pronome faz parte da expressão “O(a) tal de”, usado na linguagem com desdém. Não confunda com “o tal”, substantivo coloquial brasileiro de dois gêneros usado para designar a pessoa que julga ser mais importante do que é: “Ela se acha o tal”. Veja na próxima questão um outro emprego de “tal”.

19 – B - Muita gente boa, de cara, deve ter marcado "pronome demonstrativo" (D), e não foi à toa que essa questão está nesta posição. Em “Tal como está organizada, a sociedade gira em torno do mercado”, esse "tal" indica MODO - circunstância. Troque por "assim" ou "do modo" e continuará fazendo sentido. Assim, notamos que não é pronome demonstrativo, mas ADVÉRBIO - opção B. 20 – A b) olhos azul-turquesa – note que “turquesa” (com “s”) é um mineral azul ou esverdeado. Como o segundo elemento do adjetivo composto é um substantivo, permanecerá invariável. c) escolas-modelo(s) – atualmente, esta questão estaria sujeita a recursos, pois o enunciado não menciona a norma culta e modernamente já se aceita a flexão dos dois vocábulos, mesmo o segundo indicando finalidade. d) surdos-mudos – os dois se flexionam. e) pores-do-sol – só o primeiro elemento varia. 21 – D - “Matéria-prima” é um substantivo composto formado por um substantivo e um adjetivo. No plural, os dois elementos variam. O mesmo acontece com “alunosmestres”. a) porta-voz Î porta-vozes (verbo + substantivo) b) guarda-comida Î guarda-comidas (idéia de guardar – não varia) c) bem-te-vi Î bem-te-vis e) pisca-pisca Î pisca-piscas

22 – A – Em “segunda-feira”, os dois elementos se flexionam: segundas-feiras (numeral e substantivo). Da mesma forma que a questão 20, esta seria passível de anulação, em virtude da possibilidade de se flexionar os dois elementos do item B – salários-família(s). Assim, haveria duas respostas igualmente válidas – A e B. As demais opções, devidamente corrigidas, seriam: c) Houve alguns quebra-quebras na cidade. d) Gostava de sopa de grãos-de-bico.

23 – B – A mudança da colocação do vocábulo “várias” altera seu aspecto semântico e morfológico. Em “várias idéias”, é um pronome indefinido. Já em “idéias várias”, tem valor adjetivo com o sentido de “variadas”. Não há alteração morfológica nem semântica entre os elementos das opções a, c e d (novos, lúcidas e tristes, que mantêm em qualquer das orações o sentido e a classificação morfológica – adjetivo).

A "pegadinha" do enunciado em relação à opção E é a exigência de alteração SEMÂNTICA E GRAMATICAL: poucas oportunidade (pronome indefinido) e oportunidades poucas (adjetivo) Há alteração gramatical. O Dicionário Eletrônico Aurélio indica as seguintes acepções do vocábulo "pouco": “Adjetivo. 1.Em pequena quantidade; escasso, reduzido. [Superl. abs. sint.: pouquíssimo.] Pronome indefinido. 2.Algo (coisa ou indivíduo) em quantidade ou em grau menor do que o habitual ou o esperado.” Contudo, mesmo que haja alteração gramatical (um é pronome indefinido e o outro, adjetivo), não há alteração semântica. Em qualquer das duas construções, a idéia é que são oportunidades em quantidade pequena ou menor do que o esperado. Por isso, não foi esse o gabarito. Pura maldade! 24 – Item correto – Essa é uma ótima oportunidade de vermos o emprego do advérbio. Com função de intensidade, modifica tanto um adjetivo (“o Banco do Brasil S.A. (BB) está mais ativo do que nunca”) quanto um verbo (“Foi a casa que mais conquistou novos clientes em 2001”). 25 – E – Como vimos, o artigo estará sempre acompanhando um nome. A única ocorrência deste vocábulo é na opção E, em que acompanha o substantivo “país”. a) "...o que os empurra ..." – pronome oblíquo b) "O que se faz?” – pronome demonstrativo junto do pronome interrogativo “que”. c) "O que está ocorrendo..." - pronome demonstrativo junto do pronome interrogativo “que”. d) "...agora, o que se está fazendo é buscar "acalmar" os que temem ..." – pronome demonstrativo (aqueles) ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

AULA 2 - VERBO Olá, amigos Hoje nossa aula vai tratar do “coração” da unidade oracional – o VERBO. Não é à toa que esse assunto vem logo após vermos os processos de formação das palavras e antes de qualquer outro. O verbo também fará parte das próximas aulas – concordância (nominal e verbal), regência (nominal e verbal) e até mesmo crase. Nesta aula, veremos a classificação dos verbos, sua forma de conjugação (que é um calo para muita gente), as flexões que o verbo pode sofrer (número, pessoa, tempo, modo e voz), a relação que os verbos têm em uma estrutura oracional e como manter essa relação harmônica, dentre tantas outras coisas. Bem, essa palavrinha é muito especial. O verbo não tem sintaticamente uma função que lhe seja privativa, pois, como veremos, o substantivo e o adjetivo também podem ser núcleos do predicado (veremos no módulo 10 - Termos da Oração). Sua única função na estrutura oracional é a de participar do predicado. CONSTRUÇÃO DOS VERBOS Todas as formas do verbo se irmanam pelo RADICAL, a parte invariável que lhes dá a base comum de significação. São aceitas as seguintes flexões: de número (singular e plural), pessoa (1ª, 2ª ou 3ª), modo, tempo ou vozes. Celso Cunha identifica uma outra flexão: aspecto, que, em suas palavras, “manifesta o ponto de vista do qual o locutor considera a ação expressa pelo verbo”, por exemplo: pontual (“acabo de chegar”) ou durativa (“fico a esperar”), contínua (“vou andando pelas ruas”) ou descontínua (“voltei a fumar”) etc. Em relação ao processo de formação, como vimos, ao radical junta-se a terminação: vogal temática (define as três conjugações), desinências modo-temporal e númeropessoal. Alguns conceitos são importantes: Formas rizotônicas – o elemento de composição grego riz(o)- significa “raiz”. Assim, nas formas RIZOTÔNICAS, a sílaba tônica (a que fomos apresentados em nosso primeiro encontro) recai no radical. verbo RECLAMAR Î radical RECLAM Î eu reclamo Como a sílaba tônica recai no radical, essa forma chama-se rizotônica. Formas arrizotônicas - quando a sílaba tônica recai fora do radical. Verbo CONSERVAR Î radical CONSERV Î nós conservaremos Como a sílaba tônica recai fora do radical, essa forma chama-se arrizotônica.

CLASSIFICAÇÃO DOS VERBOS Os verbos classificam-se em regulares, irregulares, anômalos, defectivos e abundantes. 1. REGULARES - conservam o mesmo radical.

eu canto, tu cantas, nós cantávamos, eles cantariam, ele cantasse 2. IRREGULARES - apresentam variação no radical ou nas desinências. SABER (eu sei, ele soube)

PERDER (perco)

FAZER (fiz, faço)

Alguns autores consideram que alteração exclusivamente gráfica (PROTEGER – PROTEJO), em função da ortografia, não poderia levar à indicação de irregularidade verbal. Assim, segundo eles, são considerados irregulares somente os verbos que apresentam alteração GRÁFICA E FONÉTICA. Se não houver alteração fonética (como no exemplo: g/j), não se classifica como verbo irregular, sendo chamado por alguns autores de “aparentemente irregular”. 3. ANÔMALO – são verbos irregulares que, por apresentarem profundas variações, recebem classificação autônoma. São só dois: SER e IR. Curiosidade: Esses dois verbos são idênticos na conjugação dos seguintes tempos: pretérito perfeito do indicativo (fui, foste, ...), pretérito mais-que-perfeito do indicativo (fora, foras...), pretérito imperfeito do subjuntivo (fosse, fosses...) e futuro do subjuntivo (for, fores...). Só dá para identificar se está sendo usado um ou outro a partir do contexto. 4. ABUNDANTE - apresentam duas ou três formas em certos tempos, modos, pessoas ou particípio. Por exemplo, no imperativo afirmativo, os verbos terminados em –zer, como o verbo fazer, na 2ª pessoa do singular, aceitam duas formas – faze e faz. 5. DEFECTIVOS - apresentam defeito, ou seja, não se conjugam em todas as formas (tempo, pessoas, modos). Sempre que se falar em defeito verbal, estamos nos referindo à conjugação do PRESENTE DO INDICATIVO e aos tempos dele derivados (Presente do Subjuntivo e Imperativo). O “defeito” existe apenas no presente, não existe no passado nem no futuro. Por isso, mesmo defectivo, o verbo poderá ser conjugado inteiramente nos outros tempos e modos verbais, como, por exemplo, no Pretérito do Perfeito do Indicativo, no Pretérito Imperfeito do Subjuntivo, Futuro do Subjuntivo etc. Há dois tipos de defeitos: 1º) o verbo não possui a 1ª pessoa do singular, apenas. (explodir, abolir, colorir, delinqüir); 2º) o verbo só apresenta as conjugações da 1ª e 2ª pessoas do plural (adequar, reaver). Alguns autores definem como defectivos também os verbos que, de acordo com o seu emprego, só podem ser conjugados nas terceiras pessoas, como URGIR (ter urgência), DOER (no sentido de “sentir dor” - alguma coisa dói) e os unipessoais, que representam vozes de animais ou fenômenos da natureza, quando utilizados no sentido original (sentido denotativo, com “d” de “dicionário”; seu oposto é o sentido conotativo, também chamado de figurado, quando a palavra é usada em um significado diferente do original). FLEXÕES DOS VERBOS NÚMERO Como as outras palavras variáveis, o verbo admite dois números: o singular e o plural. Dizemos que um verbo está no singular quando ele se refere a uma só pessoa ou coisa e, no plural, quando tem por sujeito mais de uma pessoa ou coisa.

PESSOA É a variação de forma que indica a pessoa do discurso a que se refere a ação verbal. 1ª pessoa - aquela que fala. Corresponde aos pronomes pessoais eu (singular) e nós (plural). 2ª pessoa - aquela a quem se fala. Corresponde aos pronomes pessoais tu (singular) e vós (plural). 3ª pessoa - aquela de quem se fala. Corresponde aos pronomes pessoais ele/ela (singular) e eles/elas (plural). MODO, TEMPO e VOZES Essas modalidades de flexão merecem uma análise mais aprofundada. MODOS E TEMPOS VERBAIS A classificação dos verbos nos MODOS VERBAIS depende da relação que o falante tem com aquilo que enuncia – se constata um fato (indicativo); se apresenta uma hipótese, uma suposição (subjuntivo); se faz um pedido ou dá uma ordem (imperativo). Em outras palavras, depende do modo com que enuncia a ação verbal (percebeu? “modo” verbal). São três modos verbais: ƒ INDICATIVO - como sugere o nome, indica um fato real, que pode pertencer ao presente, ao passado ou ao futuro. ƒ

SUBJUNTIVO - enuncia um fato hipotético, duvidoso, provável ou possível.

ƒ

IMPERATIVO - expressa idéias de ordem, pedido, desejo, convite.

Enquanto que o modo INDICATIVO situa o fato no plano da realidade, da certeza, o SUBJUNTIVO coloca o fato no plano do que é provável, hipotético, possível, sem a certeza apresentada pelo modo indicativo. O modo SUBJUNTIVO também é bastante usado com determinadas conjunções (embora, caso, que etc.) Perceba a diferença entre as duas orações abaixo. O sujeito vai à farmácia e diz ao balconista: Eu quero um remédio que acaba com a minha dor de cabeça. Eu quero um remédio que acabe com a minha dor de cabeça. Na primeira, o sujeito já sabe qual é o medicamento que vai pedir e produzir resultado. Já teve dor de cabeça outras vezes e sabe qual o remédio que surte efeito. O fato situase no plano da CERTEZA – modo INDICATIVO. Na segunda, o sujeito não tem certeza de qual medicamento poderia surtir efeito. Certamente está pedindo uma indicação ao balconista. O resultado que o remédio trará (acabar com a dor de cabeça) ainda está no plano da hipótese. Por isso, está no modo SUBJUNTIVO. IMPERATIVO Sobre a conjugação no imperativo, em vez de memorizar várias regras, vamos guardar apenas a exceção. A REGRA: Em se tratando de imperativo, emprega-se o presente do subjuntivo. São conjugados pelo presente do subjuntivo os verbos em todas as pessoas (2ª do singular e do plural, 3ª do singular e do plural e 1ª do plural) no imperativo negativo, e nas 3ª

pessoas (singular e plural) e 1ª pessoa do plural no imperativo afirmativo. Essa é a regra. 1 - Venha para a Caixa você também Î 3ª pessoa do singular (O comercial estava errado e você não vai nem acreditar: uma banca examinadora explorou exatamente esse fato em prova!!! Veremos nos exercícios de fixação.). 2 - Não nos deixeis cair em tentação Î 2ª pessoa do plural (Ao se dirigir ao Pai, usa-se vós.) Agora veremos a exceção, que deve ser memorizada por ser em menor número. A exceção fica por conta das segundas pessoas (tu e vós) no imperativo afirmativo. Nessa conjugação, usa-se o presente do indicativo, sem o “s” final. RESUMO: No imperativo afirmativo, as 2ªs pessoas (singular e plural) buscam a conjugação do presente do indicativo e tiram a letra ‘s’. Todo o restante tem origem no presente do subjuntivo. Exemplo: 1 - “Dize-me com quem andas, que eu te direi quem és.” - A forma “dize” é a redução do presente do indicativo da 2ª pessoa do singular (dizes – [s] = dize). Esse verbo, aliás, é abundante. Aceita as formas “dize” e “diz”, no imperativo afirmativo. 2 – “Fazei de mim um instrumento de vossa paz.” – A forma “fazei” é a conjugação no presente do indicativo da 2ª pessoa do plural (vós fazeis), sem o “s”. Os quadros abaixo resumem as conjugações dos verbos no modo imperativo. IMPERATIVO NEGATIVO

PRESENTE DO SUBJUNTIVO eu fale

-

tu fales

Î

não fales (tu)

ele fale

Î

não fale (você) (*)

nós falemos

Î

não falemos (nós)

vós faleis

Î

não faleis (vós)

eles falem

Î

não falem (vocês) (*)

PRESENTE DO INCATIVO

IMPERATIVO AFIRMATIVO

PRESENTE DO SUBJUNTIVO

eu falo

-

eu fale

fala (tu)

tu fales

tu falas

Î

ele fala

fale (você) (*)

Í

ele fale

nós falamos

falemos (nós)

Í

nós falemos

vós falais eles falam

Î

falai (vós) falem (vocês) (*)

vós faleis Í

eles falem

(*) Como o imperativo é o modo em que se determina ou pede algo à pessoa a quem se dirige (2ª pessoa), as terceiras pessoas se referem a “você / vocês”, e não a eles (3ª pessoa).

Os TEMPOS VERBAIS têm a função de indicar o momento em que são enunciados os fatos. No modo INDICATIVO, os tempos são: ƒ PRESENTE – fato ocorre no momento em que se fala (Ouço ruídos na cozinha.); - fato que é comum de ocorrer (Eu morro de inveja dele. / Chove todos os dias em Belém.); - apresenta um princípio, um conceito ou um dado (Todos os anos, muitas crianças morrem de desnutrição no Brasil.) ƒ PRETÉRITO PERFEITO – fato ocorrido e perfeitamente concluído antes do momento em que se fala (Todos souberam do assassinato de Celso Daniel.) ƒ PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO – denota repetição de um ato ou sua continuidade, com início no passado, chegando ao momento presente, em que falamos (Eu tenho cometido muitos erros na escolha dos meus namorados. / Eu tenho lutado contra vários preconceitos.); ƒ PRETÉRITO IMPERFEITO – fato realizado e não concluído ou que apresenta certa duração (Ele buscava a perfeição antes de morrer./ O tempo corria sem que ninguém notasse.); – indica, entre ações simultâneas, a que ocorria no momento em que sobreveio a outra (Ele andava pela rua quando foi abordado pelos ladrões.); – denota ação passada habitual ou repetida (imperfeito freqüentativo) (Sempre que eu chegava, ela saía do recinto.) ƒ PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO – fato realizado antes de outro fato também no passado (Antes de sua morte, ele pedira o perdão aos filhos.) ƒ PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO – forma mais comum de expressar o fato realizado antes de outro fato também no passado (Antes de sua morte, ele tinha pedido perdão aos filhos.) ƒ FUTURO DO PRESENTE – fato posterior certo de ocorrer no futuro (Doarei todo o material de estudo após a minha aprovação.); – afirmação de valor categórico (De todas as mulheres do mundo, você será a mais bela – o que se afirma é que “certamente você é a mais bela”). ƒ FUTURO DO PRESENTE COMPOSTO – denota futura ocorrência de um fato que se iniciou no presente (Até o próximo ano, terei acumulado quase um milhão de reais em dívidas.)

- indica uma ação futura que estará consumada antes de outra também no futuro (Amanhã, quando você chegar, eu já terei assinado o contrato.) - denota incerteza sobre fatos passados (Terá João sabido da traição?) ƒ FUTURO DO PRETÉRITO – fato posterior a um fato passado (Você me garantiu [FATO PASSADO] que o nosso amor não morreria [FATO FUTURO EM RELAÇÃO AO FATO PASSADO].); – fato não chegou a se realizar (Eu iria à sua casa, mas tive um problema.); – pode denotar incerteza (“Acharam um corpo que seria do chefe do tráfico.”) – hipótese relacionada a uma condição (“Se você tivesse comprado o carro [CONDIÇÃO], não teria perdido o dinheiro no jogo [HIPÓTESE].”) – polidez (“Você poderia me passar o sal?”). ƒ FUTURO DO PRETÉRITO COMPOSTO – o mesmo que o Futuro do Pretérito com relação aos três primeiros aspectos. FORMAS NOMINAIS Denominam-se formas nominais as palavras, de origem verbal, que também podem ser empregadas nas funções próprias de adjetivos, substantivos ou advérbios. São elas: INFINITIVO, GERÚNDIO E PARTICÍPIO. INFINITIVO: Ele precisa pôr os nomes nos livros. (verbo) O pôr-do-sol é lindo nessa época do ano. (substantivo) Causa-me agonia o seu ranger de dentes. (substantivo) Precisamos colocar óleo na porta que está a ranger.(verbo) O infinitivo divide-se em impessoal e pessoal. O infinitivo impessoal não tem sujeito (pessoa) e, por isso, não se flexiona. É usado em sentido genérico (“o ato de”). Amar se aprende amando. Já o infinitivo pessoal tem sujeito e pode flexionar-se ou não. Os casos em que o infinitivo pode, deve ou não pode se flexionar será objeto de estudo na aula sobre CONCORDÂNCIA. GERÚNDIO: O presidente fica persistindo na argumentação de que nada sabia. (verbo) Persistindo os sintomas, o médico deverá ser consultado (advérbio de condição = “Caso persistam os sintomas...”)

PARTICÍPIO: Ele havia lavado o chão da casa antes do temporal. (verbo) O uniforme lavado ficou todo sujo após o vendaval. (adjetivo)

O particípio tem grande importância na construção de LOCUÇÕES VERBAIS. Emprega-se com os auxiliares TER e HAVER para a formação de tempos compostos (“Temos feito grande progresso.”, “Nunca havia visitado este lugar antes.”), com o verbo SER para formar os tempos da voz passiva de ação (“O trabalho foi feito por todos nós.”) e com o verbo ESTAR nos tempos de voz passiva de estado (“Estou chocada com essa notícia.”). No particípio, a maior parte dos verbos só apresenta a forma regular (terminadas por “ado” / “ido”). Contudo, existem algumas exceções: alguns verbos apresentam mais de uma forma: a regular (“ado” / “ido”), usada com os verbos ter e haver (tempo composto) e a irregular, ligada aos verbos ser e estar (voz passiva). Dentre os irregulares, estão: ¾ ACEITAR – (ter/haver) aceitado; (ser/estar) aceito ¾ ELEGER – (ter/haver) elegido; (ser/estar) eleito ¾ ENTREGAR - (ter/haver) entregado; (ser/estar) entregue ¾ IMPRIMIR - (ter/haver) imprimido; (ser/estar) impresso ¾ SALVAR – (ter/haver) salvado; (ser/estar) salvo ¾ SUSPENDIDO – (ter/haver) suspendido; (ser/estar) suspenso Outras curiosidades: •

Apresentam somente a forma irregular do particípio os verbos abrir (aberto), cobrir (coberto), dizer (dito), escrever (escrito), fazer (feito), pôr (posto), ver (visto), vir (vindo) e seus derivados. Observe que, neste último (vir), a forma participial é igual ao gerúndio, o mesmo ocorrendo com os verbos dele derivados (intervir – intervindo). Essa peculiaridade costuma ser objeto de questões de prova.

ƒ

Alguns verbos aceitam ambas as formas (regular e irregular) para qualquer dois verbos auxiliares – ou seja, não tem como errar - com qualquer verbo auxiliar pode-se usar qualquer forma participial. Segundo a maioria dos gramáticos, são quatro os verbos: pagar, pegar, ganhar e gastar (para memorizá-las, imagine a seguinte situação: no dia do pagamento, você ganha o salário e, no supermercado, pega o produto, paga por ele e gasta o dinheiro – gostou do método mnemônico?).

ƒ

O particípio do verbo CHEGAR é um só – o regular CHEGADO. A forma “chego” é a conjugação de 1ª pessoa do singular do presente do indicativo (“Eu chego”). Não existe a forma de particípio irregular para esse verbo. Então: “Eu tinha chegado ao escritório bem cedo.”.

CONJUGAÇÃO VERBAL Para ajudar a resolver questões de conjugação verbal, uma boa dica é a técnica do PARADIGMA. Como funciona isso? Na dúvida com relação à conjugação de determinado verbo regular (geralmente o examinador busca um verbo pouco utilizado no seu dia-a-dia), basta observar a conjugação dos paradigmas clássicos (FALAR – 1ª conjugação, BEBER – 2ª conjugação, PARTIR – 3ª conjugação). Extraia o radical, que é o que sobra do verbo após retirar a terminação “ar”, “er” ou “ir” do infinitivo (exemplo: FAL(AR) = radical FAL-), e empregue as desinências, que são idênticas nos demais verbos regulares de mesma conjugação: Por exemplo: CONSUMAR (verbo regular de 1ª conjug.): Presente do Indicativo: Eu consum.... (???) Presente do Subjuntivo: (que) eu consum... (???) CONSUMIR (verbo regular de 3ª conjug.): Presente do Indicativo: Eu consum.... (???) Presente do Subjuntivo: (que) eu consum... (???) E aí, como você preencheu? Vamos buscar a desinência dos verbos “paradigmas”. Infinitivo

Pres.Indicativo

Pres.Subjuntivo

Falar

Eu falo

(que) eu fale

Consumar

Eu consumo

(que) eu consume

Partir

Eu parto

(que) eu parta

Consumir

Eu consumo (igual)

(que) eu consuma

Se o verbo for irregular, ou seja, apresenta alteração no radical em determinadas conjugações, procure outro verbo, também irregular, de mesma construção. Por exemplo: COMPETIR (3ª conjugação) – Eu comp.... (???) Esse verbo é irregular, ou seja, não mantém o radical nas conjugações. Normalmente não conjugamos esse verbo (pelo menos, não com convicção) fora de uma locução verbal. Mas usamos bastante outro verbo de idêntica estrutura. Já sabe qual é??? REPETIR. Então, como fica a conjugação desse paradigma? Eu repito Î Eu compito E “ADERIR”? Como você conjugaria a primeira pessoa do singular do Presente do Indicativo? Está com dúvida? Busque um paradigma. Aceito sugestões.... Lembrou de algum? Eu conheço um – FERIR. Como fica a conjugação do paradigma? Eu firo Î Eu adiro

A título de exemplo, observe o seguinte item de uma questão de prova da ESAF (TCU/2002): O fato do patrimônio gerar empregos e receitas por meio do turismo não abule o paradoxo de que nativos e visitantes se distanciam do fenômeno cultural tanto quanto pessoas que, longe daquelas paragens, pouco valor atribuem a heranças destituídas de familiaridade. Essa opção está errada. Você percebeu qual é o erro? O que significa “abule”? O contexto indica tratar-se do verbo ABOLIR. Se não tivermos certeza da conjugação desse verbo, vamos fazer o quê??? Buscamos o paradigma. Um verbo que apresenta a mesma forma de conjugação é o verbo ENGOLIR. Na passagem, o verbo “abolir” está na terceira pessoa do singular, no presente do indicativo (“O fato ... não abule...”). O verbo “engolir” ficaria “Ele engole”. Logo, a conjugação correta é abole (“O fato ... não abole...”). IMPORTANTE: Guarde esse dica do PARADIGMA. Ela pode ser de grande valia em uma questão de prova. LOCUÇÕES VERBAIS Sempre que se fala “locução”, significa “mais de uma palavra” formando uma unidade. Assim, em locuções verbais, mais de um verbo (ligados ou não por uma preposição) formam um conjunto. Formam-se locuções verbais em: ƒ

tempos compostos, com os verbos auxiliares TER e HAVER;

ƒ

construções de voz passiva, principalmente com os verbos auxiliares SER e ESTAR;

ƒ

construções com auxiliares modais, que determinam com mais rigor o modo como se realiza – ou deixa de se realizar a ação verbal. Expressam circunstâncias de: início ou fim (comecei a estudar, acabei de acordar), continuidade (vai andando), obrigação (tive de entregar), possibilidade (posso escrever), dúvida (parece gostar), tentativa (procura entender) e outras tantas.

Como num escritório, onde quem manda é o chefe e quem trabalha é o empregado (ou você já viu algum chefe trabalhando???), na locução verbal, quem exerce a função de “chefe” é o verbo principal – ele fica “paradão”, só mandando, e o pobre do auxiliar se flexiona de acordo com as suas ordens. TEMPO COMPOSTO É o tempo constituído por um verbo auxiliar flexionado, seguido do verbo principal no particípio. Forma-se com os auxiliares TER e HAVER. Para simplificar, usamos nos exemplos somente o verbo auxiliar TER.

1) Modo Indicativo TEMPO VERBAL

EXEMPLO

presente perfeito pretérito

simples composto

falo

bebo

parto

falei

bebi

parti

tenho falado

tenho bebido

tenho partido

imperfeito

simples

falava

bebia

partia

mais-que-perfeito

simples

falara

bebera

partira

tinha falado

tinha bebido

tinha partido

falarei

beberei

partirei

terei falado

terei bebido

terei partido

falaria

beberia

partiria

teria falado

teria bebido

teria partido

composto do presente futuro do pretérito

simples composto simples composto

VEJA SÓ: Os tempos PRESENTE e PRETÉRITO IMPERFEITO não se subdividem, ou seja, só apresentam a forma verbal simples. Salvo nos futuros, em que os auxiliares ficam nos tempos correspondentes, os auxiliares dos demais tempos verbais compostos buscam a conjugação do tempo imediatamente anterior (segundo a ordem apresentada no nosso quadro): - no PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO, o auxiliar fica no presente do indicativo: tenho falado - no PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO, o auxiliar fica no pretérito imperfeito do indicativo: tinha falado

2) Modo Subjuntivo TEMPO VERBAL presente pretérito

perfeito composto imperfeito mais-que-perfeito composto

futuro

simples composto

EXEMPLO fale

beba

parta

tenha falado

tenha bebido

tenha partido

falasse

bebesse

partisse

tivesse falado

tivesse bebido

tivesse partido

falar

beber

partir

tiver falado

tiver bebido

tiver partido

No subjuntivo, assim como ocorre no modo indicativo, os tempos PRESENTE e PRETÉRITO IMPERFEITO não se subdividem. Só apresentam a forma simples.

Agora, surgem outros dois tempos compostos – PRETÉRITO PERFEITO COMPOSTO e PRETÉRITO MAIS-QUE-PERFEITO COMPOSTO. . Salvo no caso do futuro composto, em que o auxiliar também se apresenta no futuro do subjuntivo, os auxiliares dos tempos compostos buscam o tempo verbal imediatamente anterior. Ou seja, o raciocínio em relação à conjugação do auxiliar é o mesmo, só os nomes dos tempos verbais se modificam - no pretérito perfeito composto, o auxiliar fica no presente do subjuntivo: tenha falado; - no pretérito mais-que-perfeito composto, o auxiliar fica no pretérito imperfeito do subjuntivo: tivesse falado.

O quadro a seguir visa facilitar a compreensão e memorização das conjugações dos verbos regulares.

Trata-se de um quadro resumo com todas as desinências regulares dos tempos simples.

MODOS INDICATIVO

SUBJUNTIVO

Tempos

Presente

Pret. Imperfeito

Pret. Perfeito

Pret.maisqueperfeito

Futuro do presente

Futuro do pretérito













o as a amos ais am

o es e emos eis em

o es e imos is em

e es e emos eis em

a as a amos ais am

a as a amos ais am

ava avas ava ávamos áveis avam ei aste ou amos astes aram ara aras ara áramos áreis aram arei arás ará aremos areis arão

ia ias ia íamos íeis iam i este eu emos estes eram era eras era êramos êreis eram erei erás erá eremos éreis erão

ia ias ia íamos íeis iam i iste iu imos istes iram ira iras ira íramos íreis iram irei irás irá iremos ireis irã

asse asses asse ássemos ásseis assem

esse esses esse êssemos êsseis essem

isse isses isse íssemos ísseis issem

*****

*****

*****

*****

*****

*****

ar ares ar armos ardes arem

er eres er ermos erdes erem

ir ires ir irmos irdes irem

aria arias aria aríamos aríeis ariam

eria erias eria eríamos eríeis eriam

iria irias iria iríamos iríeis iriam

*****

*****

*****

IMPERATIVO AFIRMATIVO e a e emos ai em

a e a amos ai am

NEGATIVO a e a amos i am

e es e emos eis em

a as a amos ais am

a as a amos ais am

DERIVAÇÃO VERBAL Você já deve ter se deparado com dúvidas como: em “quando eu ..... o professor, passarei o seu recado”, devemos usar “ver” ou “vir”? Para compreendermos a conjugação de alguns verbos, principalmente dos irregulares, é necessário conhecer a formação de alguns tempos derivados. Abaixo, segue um quadro com a indicação das formas primitivas e das derivadas. Salvo algumas poucas exceções (como o verbo SER, SABER e outros), basta que se mantenha o radical das formas primitivas e a ele se acrescentem as desinências correspondentes.

FORMA PRIMITIVA

FORMAS DERIVADAS VERBO VER

presente do indicativo 1ª pessoa do singular

eu vejo

presente do subjuntivo

eu veja tu vejas ele veja nós vejamos vós vejais eles vejam

pret. perfeito do indicativo 3ª pessoa do plural

eles viram

Î

Î

Î

Î

presente do subjuntivo

eu veja tu vejas ele veja nós vejamos vós vejais eles vejam

imperativo negativo

não não não não não

pretérito mais-queperfeito do indicativo

pretérito imperfeito do subjuntivo

veja (tu) vejas (você) vejamos (nós) vejais (vós) vejam (vocês)

eu vira tu viras ele vira nós víramos vós víreis eles viram eu visse tu visses ele visse nós víssemos vós vísseis eles vissem

futuro do subjuntivo Î

eu vir tu vires ele vir nós virmos vós virdes eles virem

VERBO CABER Infinitivo impessoal

caber Î

Futuro do presente do indicativo

caberei caberás caberá caberemos cabereis caberão

Futuro do pretérito do indicativo

caberia caberias caberia caberíamos caberíeis caberiam

Infinito pessoal

Caber Caberes Caber Cabermos Caberdes caberem

Gerúndio

cabendo

Partícipio

Cabido (nos verbos de 2ª.conjugação, a vogal temática passou de “e” para “i”, por influência da vogal temática da 3ª.conjugação - IR)

Agora, experimente com outros verbos irregulares, como os verbos trazer, vir, fazer, pedir, caber e outros. TRAZER –

TRAGO Î TRAGA TROUXERAM Î TROUXERA /TROUXESSE /TROUXER

VIR -

VEJO Î VEJA VIERAM Î VIERA /VIESSE / VIER

FAZER -

FAÇO Î FAÇA FIZERAM Î FIZERA / FIZESSE / FIZER

PEDIR -

PEÇO Î PEÇA

PEDIRAM Î PEDIRA / PEDISSE / PEDIR CABER -

CAIBO Î CAIBA COUBERAM Î COUBERA / COUBESSE / COUBER

CUIDADO COM A CONJUGAÇÃO DE ALGUNS VERBOS!!! VERBOS PERIGOSOS - REQUERER - não é derivado do QUERER. No presente do indicativo: requeiro, requeres, requer... e no presente do subjuntivo: requeira, requeiras, requeira... Os demais tempos seguem o modelo do paradigma BEBER. - PRECAVER-SE - não é derivado do VER. É defectivo. No presente do indicativo, só se conjuga nas 1ª e 2ª pessoas do plural: precavemos, precaveis. Conseqüentemente, por não haver a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, não há presente do subjuntivo. Os demais tempos seguem o modelo do paradigma BEBER. - REAVER - É derivado do HAVER, mas só se conjuga quando houver a letra V na conjugação do “haver”. Assim, no presente do indicativo, só existem as formas da 1ª e 2ª pessoas do plural: reavemos, reaveis. Como não possui a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, não apresenta presente do subjuntivo. No pretérito perfeito, conjuga-se: reouvestes, reouveram

reouve,

reouveste,

reouve,

reouvemos,

- PROVER - Não é derivado do VER, apesar de coincidir na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo e do subjuntivo. Pres.indicativo: provejo, provês, provê,... Pres.subjuntivo: proveja, provejas, proveja,... Pret. perfeito: provi, proveste, proveu, provemos, provestes, proveram - VIGER – É defectivo. Não possui, no pres.indicativo, a 1ª pessoa do singular. Logo, não há Pres.Subjuntivo nem Imperativo. Nas demais, conjuga-se como BEBER. Vamos analisar outras conjugações especiais. 1. VERBOS TERMINADOS EM HIATO: –UIR, exceto no caso dos defectivos (verbos que não possuem todas as formas de conjugação, como ruir), os verbos terminados em –UIR apresentam duas formas de conjugação: 1ª) O paradigma será POSSUIR (o radical é possu) – De acordo com esta regra, classificam-se praticamente todos os verbos com essa terminação. Nas 2ª e 3ª do singular trocam a letra ‘e’ da conjugação regular (como em ‘partir’) pela letra ‘i’. Mantêm as demais conjugações inalteradas em relação à conjugação do verbo paradigma ‘partir’: possuo, possuis, possui, possuímos, possuís, possuem. Dessa forma, conjugam verbos como OBSTRUIR, AFLUIR, INFLUIR, ANUIR, ARGUIR (respeitada a acentuação), CONCLUIR, DISTRIBUIR, INCLUIR 2ª) CONSTRUIR (o radical é constru) e DESTRUIR (o radical é destru)– São verbos abundantes. Além da forma regular de conjugação (igual à do verbo POSSUIR: construo,

construis, construi, construímos, construís, construem), mais comum em Portugal, apresenta também a conjugação irregular, bastante usada no Brasil, em que as 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo formam o ditongo aberto “ói": construo, constróis, constrói, construimos, construís, constroem, da mesma forma que os verbos terminados em -OER. –OER: As 2ª e 3ª pessoas do singular do Presente do Indicativo formam o ditongo aberto ‘ói’. As demais pessoas, em todos os outros tempos verbais seguem o paradigma ‘beber’, respeitadas as devidas acentuações tônicas. Na hora de escolher um exemplo, lembrem que DOER (sentir dor) e SOER (costumar, ter hábito de) são defectivos e só se conjugam nas terceiras pessoas. Exemplos: MOER (o radical é MO-): môo, móis, mói, moemos, moeis, moem –EAR: recebem a letra ‘i’ nas formas rizotônicas (sílaba tônica no radical). Nas demais, segue o paradigma ‘falar’. Exemplo: pentear (radical PENTE-). A sílaba tônica foi sublinhada. Pres.indicativo - penteio, penteia, penteia, penteamos, penteais, penteiam Pres.subjuntivo – penteie, penteies, penteie, penteemos, penteeis, penteiem Pret.perfeito: penteei, penteaste, penteou, penteamos, penteastes, pentearam –IAR: os verbos dessa terminação são regulares, ou seja, seguem a conjugação do paradigma ‘falar’. Exemplos: ADIAR (radical ADI-) – Pres.Indicativo: adio, adias, adia, adiamos, adiais, adiam VARIAR (radical VARI-) - Pres.Indic.: vario, varias, varia, variamos, variais, variam Dessa mesma forma, conjugam-se os verbos ARRIAR, MAQUIAR, VICIAR. Por isso, nada de “VAREIA”, senão “VICEIA”!!! Como vimos, esses verbos são REGULARES. Mas, então, por que será que tanta gente se engana? Porque ocorre uma “contaminação” com os verbos terminados em “EAR”, como “pentear”, apresentado acima. No entanto, há cinco verbos terminados em -IAR que recebem a letra ‘e’ nas formas rizotônicas (formas em que a sílaba tônica recai no radical), como no presente do indicativo e presente do subjuntivo. Suas iniciais formam o anagrama M-A-R-I-O: Mediar (e derivados, como intermediar), Ansiar, Remediar, Incendiar, Odiar Pres.Indicativo: intermedeio, intermedeia, intermedeia, intermediamos, intermediais, intermedeiam Para facilitar, lembre-se da conjugação do verbo ODIAR, o mais comum deles. 2. VERBOS “DERIVADOS” DE ÁGUA – DESAGUAR, ENXAGUAR - mantém a acentuação de água na conjugação. Pres.indicativo: deságuo, deságuas, deságuas, desaguamos, desaguais, deságuam

Pres.subjuntivo: deságüe, deságües, deságüe, desagüemos, desagüeis, deságüem No presente do subjuntivo, como o “u” é pronunciado de forma fraca (átona), recebe o trema. 3. AVERIGUAR, APAZIGUAR - Não seguem a regra dos “derivados” de água. Têm a acentuação tônica nas formas rizotônicas (no radical). O radical de averiguar é [averigu-] e segue o paradigma “falar”, ressalvada a acentuação gráfica (especialmente no Pres.Subjuntivo). Pres.indicativo: averiguo, averiguas, averigua, averiguamos, averiguais, averiguam Pres.subjuntivo: averigúe, averigúes, averigúe, averigüemos, averigüeis, averigúem Antes da vogal “e”, quando o “u” é pronunciado sem intensidade, recebe trema; com intensidade, leva acento agudo. VOZES DO VERBO Voz ativa Sujeito pratica a ação expressa pelo verbo: sujeito agente (ativo). O presidente decretou a reforma econômica. Voz passiva O verbo principal deve ser transitivo direto ou transitivo direto e indireto. Sujeito recebe (sofre) a ação expressa pelo verbo: sujeito paciente (passivo). A voz passiva pode ser: a) Analítica: (análise é uma coisa demorada, longa, comprida...) É construída com verbo auxiliar (ser, estar) + particípio do verbo principal. Por ser “longa” (analítica), possui locução verbal (que pode ser formada com dois ou até mesmo três verbos) e pode apresentar o agente da passiva, elemento que efetivamente pratica a ação verbal. Você notou como essa construção é grande?! Basta comparar com a seguinte – a voz passiva sintética. A reforma econômica foi decretada pelo presidente. b) Sintética: (síntese é uma coisa breve, resumida) É construída com verbo principal + SE (pronome apassivador ou partícula apassivadora). Note que essa construção é tão resumida que emprega somente UM verbo e dispensa o agente da passiva. Decretou-se a reforma econômica. Como veremos na aula de concordância, são muitas as questões de prova que exploram a concordância verbal em voz passiva sintética. Voz reflexiva Construída com o verbo e um pronome reflexivo. O sujeito é agente e paciente ao mesmo tempo. A jovem vaidosa olhava-se no espelho a todo momento. Voz recíproca (destaque feito por Evanildo Bechara)

Construída com verbo e um pronome recíproco. Os sujeitos são agentes e pacientes, ao mesmo tempo. Mãe e filho fitavam-se carinhosamente. TRANSPOSIÇÃO DE VOZES VERBAIS São muitas as questões de provas que abordam a transposição da voz ativa para a passiva, ou vice-versa. Por isso, vamos verificar o procedimento necessário para essa transformação. O termo que exercia a função sintática de objeto direto na voz ativa será o sujeito da voz passiva. No lugar de um verbo (ou uma locução verbal), teremos uma locução verbal com idéia de passividade (inclusão do verbo SER/ESTAR). O elemento que exercia a função de sujeito da voz ativa será, na voz passiva analítica, o agente da passiva. Não há alteração nos demais complementos, como objeto direto, predicativo do objeto ou complementos adverbiais, que continuarão a exercer as mesmas funções. Veja o esquema abaixo:

VOZ ATIVA

O professor

deu

o livro

ao aluno.

SUJEITO

VERBO

OBJETO DIRETO

OBJETO INDIRETO

(AGENTE)

VOZ PASSIVA ANALÍTICA

O livro

foi dado

pelo professor

SUJEITO (PACIENTE)

LOCUÇÃO VERBAL

AGENTE PASSIVA

VOZ PASSIVA SINTÉTICA

O livro

deu-se

-

ao aluno. DA

OBJETO INDIRETO ao aluno.

Na passiva analítica, normalmente o verbo antecede o sujeito, formando: Deu-se o livro ao aluno.

Cuidados que devem ser tomados na transposição: - identificar corretamente o objeto direto da voz ativa, elemento que exercerá a função de sujeito da voz passiva e com o qual o verbo irá concordar; - realizar a concordância verbal corretamente; - manter a conjugação do verbo auxiliar da locução passiva no mesmo tempo e modo do verbo apresentado na voz ativa. Veja, agora, uma questão de prova em que a ESAF explorou brilhantemente esse assunto:

(ESAF / ACE / 2002) Entre os males que afligem a sociedade brasileira o contrabando é, sem dúvida, um dos mais sérios, sobretudo porque dele decorrem inúmeros outros. Observa-se, no dia-a-dia, que o contrabando já faz parte da rotina das cidades, tanto nas atividades informais quanto no suprimento da rede formal de comércio, tomando o lugar de produtos legalmente comercializados. Os altos lucros que essas atividades ilícitas proporcionam, aliados ao baixo risco a que estão sujeitas, favorecem e intensificam a formação de verdadeiras quadrilhas, até mesmo com participação de empresas estrangeiras. São organizações de caráter empresarial, estruturadas para promover tais práticas nos mais variados ramos de atividade. (Adaptado de www.unafisco.org.br, 30/10/2000) c) A estrutura “Observa-se”(l.2) corresponde, semanticamente, a Foi observado. Este item estava INCORRETO, pois o verbo originalmente, na voz passiva pronominal, apresentava-se no presente do indicativo (“Observa-se”), e na voz passiva analítica foi empregado no pretérito perfeito do indicativo (“Foi observado”). Erro na transposição da voz passiva sintética para a analítica, em virtude da alteração do tempo verbal. DIFERENÇA ENTRE VERBOS REFLEXIVOS E VERBOS PRONOMINAIS Os verbos reflexivos indicam que o sujeito ao mesmo tempo pratica e sofre a ação verbal. O pronome exerce a função sintática de complemento verbal (objeto direto ou indireto). Eu me cortei com a faca.

Ele se veste muito bem.

Esses verbos podem ser usados sem o valor reflexivo, com outro objeto que não o pronome: Eu cortei o braço com a faca.

Ele vestiu o seu filho muito bem.

Já os verbos pronominais apresentam o pronome como parte integrante do verbo. Esses verbos não admitem conjugação com outro objeto que não o pronome. Eu me queixei do tratamento que recebi.

Ele sempre se arrepende do que faz.

Os pronomes que acompanham esses verbos não exercem nenhuma função sintática na oração.

CORRELAÇÃO VERBAL CORRELAÇÃO VERBAL consiste na articulação entre as formas verbais no período. Os verbos estabelecem, assim, uma correspondência entre si. Esse tipo de questão, normalmente, o candidato consegue acertar usando o “ouvido”. Observe que alguma coisa parece estar errada na construção: “Se você se acomodasse com a situação, ela se tornará efetiva.”. Isso acontece porque não houve correlação entre a forma verbal da primeira oração (acomodasse) – que indica hipótese, possibilidade - com a da segunda (tornará) – que indica certeza.

A título de curiosidade (e somente com esse propósito – nada de ficar decorando listas), seguem alguns exemplos de construções corretas sob o aspecto de correlação verbal: a) “Exijo que me diga a verdade.” - presente do indicativo + presente do subjuntivo b) “Exigi que me pret.imperf.subjuntivo.

dissesse

c) “Espero que ele tenha pret.perf.comp.subjuntivo. d) “Gostaria que ele perf.comp.subjuntivo

tivesse

a

feito

verdade.” uma

vindo.”



boa



pret.perf.indicativo

prova.”

-

presente

fut.pretérito.ind.+

+

indic.+

pret.mais-que-

e) “Se você quiser o material, eu o trarei.” – futuro do subjuntivo + fut.presente indicativo f) “Se você quisesse o livro, eu o traria.” indicativo

pret.imperf.subj.+ fut.pretérito do

Mais um exemplo de correlação entre os verbos. Veremos na aula sobre concordância os casos em que o verbo haver é impessoal. Um deles: indicação do tempo decorrido. Isso significa que o verbo ficará na terceira pessoa do singular, qualquer que seja o seu complemento (plural ou singular). Esse verbo deve estar em harmonia temporal com os demais do período, isto é, se a estrutura oracional aponta para um fato passado, o verbo haver também deverá ser conjugado no passado. Na edição da revista Veja sobre a morte de Cássia Eller, a manchete foi: “A polícia suspeita que um coquetel de droga, álcool e remédios matou a cantora, que havia dois anos lutava para se livrar da dependência de cocaína” Na época, houve uma enxurrada de perguntas (inclusive para a redação da revista) sobre a correção dessa forma do verbo haver. Está CORRETÍSSIMA! Note que a afirmação se refere a um fato passado (afinal, infelizmente ela já não estava mais viva naquele momento). Assim, o tempo decorrido se encontrava concluído no passado, o que justifica o emprego de “havia”, da mesma forma que a forma “lutava”. Se a afirmação se referisse a um fato ainda atual: “Fulano há dois anos luta para se livrar das drogas.”, todos os verbos se conjugariam no mesmo tempo verbal – presente do indicativo. Vamos às questões de fixação. Mais uma vez, lembramos que são questões aplicadas nos mais diversos concursos públicos do país. Bons estudos a todos. QUESTÕES DE FIXAÇÃO (NCE UFRJ/ADMINISTRADOR PIAUÍ/2006) TEXTO - A SAÚDE E O FUTURO Dráuzio Varella – Reflexões para o futuro Ficaremos sobrecarregados, pagando caro pela ignorância e irresponsabilidade do passado. Acharemos inacreditável não havermos percebido em tempo, por exemplo, que

o vírus da Aids, presente na seringa usada pelo adolescente da periferia para viajar ao paraíso por alguns instantes, infecta as mocinhas da favela, os travestis da cadeia, as garotas da boate, o meninão esperto, a menininha ingênua, o senhor enrustido, a mãe de família e se espalha para a multidão de gente pobre, sem instrução e higiene. Haverá milhões de pessoas com Aids, dependendo de tratamentos caros e assistência permanente. Seus sistemas imunológicos deprimidos se tornarão presas fáceis aos bacilos da tuberculose, que, por via aérea, irão parar nos pulmões dos que passarem por perto, fazendo ressurgir a tuberculose epidêmica do tempo dos nossos avós. Sífilis, hepatite B, herpes, papilomavírus e outras doenças sexualmente transmissíveis atacarão os incautos e darão origem ao avesso da revolução sexual entre os sensatos. No caldo urbano da miséria/sujeira/ignorância crescerão essas pragas modernas e outras imergirão inesperadas. Estará claro, então, que o perigo será muito mais imprevisível do que aquele representado pelas antigas endemias rurais: doença de Chagas, malária, esquistossomose, passíveis de controle com inseticidas, casas de tijolos, água limpa e farta. Assustada, a sociedade brasileira tomará, enfim, consciência do horror que será pôr filhos em um mundo tão inóspito. Nessas condições é provável que se organize para acabar com as causas dessas epidemias urbanas. Modernos hospitais sem fins lucrativos, dirigidos por fundações privadas e mantidos com o esforço e a vigilância das comunidades locais, poderão democratizar o atendimento público. Eficientes programas de prevenção, aplicados em parceria com instituições internacionais, diminuirão o número de pessoas doentes. Então virá a fase em que surgirão novos rebeldes sonhadores, para enfrentar o desafio de estender a revolução dos genes para melhorar a qualidade de vida dos que morarem na periferia das grandes cidades ou na imensidão dos campos brasileiros. 1 - Como o texto tem um tom de profecia, a construção dessas previsões se apóia fundamentalmente: (A) no emprego do futuro do presente; (B) na abordagem de temas ainda desconhecidos; (C) na antevisão de um futuro sombrio; (D) na condenação do atraso social e cultural; (E) na utilização de expressões de dúvida. 2 - (NCE UFRJ / INPI - ANALISTA MARCAS / 2005) “... desses mesmos sentimentos que têm levado o Brasil à beira do abismo,...”; a forma verbal têm levado indica uma ação: (A) que já terminou; (B) anterior a outra ação passada; (C) habitual no passado; (D) iniciada no passado que continua no presente; (E) iniciada no presente que continua no futuro. 3 - (NCE UFRJ / Inspetor de Polícia / 2001) TEXTO - DROGAS: A MÍDIA ESTÁ DENTRO

Eugênio Bucci Há poucos dias, assistindo a um desses debates universitários que a gente pensa que não vão dar em nada, ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça. Ouvi-o de um professor – um professor brilhante, é bom que se diga. Ele se saía muito bem, tecendo considerações críticas sobre o provão. Aliás, o debate era sobre o provão, mas isso não vem ao caso. O que me interessou foi um comentário marginal que ele fez – e o exemplo que escolheu para ilustrar seu comentário. Primeiro, ele disse que a publicidade não pode tudo, ou melhor, que nem todas as atitudes humanas são ditadas pela propaganda. Sim, a tese é óbvia, ninguém discorda disso, mas o mais interessante veio depois. Para corroborar sua constatação, o professor lembrou que muita gente cheira cocaína e, no entanto, não há propaganda de cocaína na TV. Qual a conclusão lógica? Isso mesmo: nem todo hábito de consumo é ditado pela publicidade. A favor da mesma tese, poderíamos dizer que, muitas vezes, a publicidade tenta e não consegue mudar os hábitos do público. Inúmeros esforços publicitários não resultam em nada. Continuemos no campo das substâncias ilícitas. Existem insistentes campanhas antidrogas nos meios de comunicação, algumas um tanto soporíferas, outras mais terroristas, e todas fracassam. Moral da história? Nem que seja para consumir produtos químicos ilegais, ainda somos minimamente livres diante do poder da mídia. Temos alguma autonomia para formar nossas decisões. Tudo certo? Creio que não. Concordo que a mídia não pode tudo, concordo que as pessoas conseguem guardar alguma independência em sua relação com a publicidade, mas acho que o professor cometeu duas impropriedades: anunciou uma tese fácil demais e, para demonstrá-la, escolheu um exemplo ingênuo demais. Embora não vejamos um comercial promovendo explicitamente o consumo de cocaína, ou de maconha, ou de heroína, ou de crack, a verdade é que os meios de comunicação nos bombardeiam, durante 24 horas por dia, com a propaganda não de drogas, mas do efeito das drogas. A publicidade, nesse sentido, não refreia, mas reforça o desejo pelo efeito das drogas. Por favor, não se pode culpar os publicitários por isso – eles, assim como todo mundo, não sabem o que fazem. “A favor da mesma tese, PODERÍAMOS dizer que...”; o uso do futuro do pretérito, nesse segmento, indica: a) uma hipótese; b) uma forma polida de presente; c) uma possibilidade não realizada; d) ação posterior ao tempo em que se fala; e) incerteza sobre fatos passados. 4 - (NCE UFRJ / MPE RJ / 2001) TEXTO - RACISMO O Globo, 13/7/01 A imprensa brasileira vem noticiando uma proposta milionária do Lazio da Itália, que pretende adquirir o passe do zagueiro Juan por 10 milhões de dólares.

Este é o time cuja torcida já agrediu o jogador brasileiro Antonio Carlos, do Roma, e perdeu o mando de campo por incitamento racista em pleno estádio. Aqui fica uma sugestão a este jovem negro, atleta brasileiro de 22 anos, com um brilhante futuro profissional: recuse o convite e não troque o Brasil pela Itália, pois moedas não resgatam a dignidade. Diga não aos xenófobos e racistas. Considerando que a ação de agredir o jogador brasileiro Antonio Carlos ocorreu antes de o Lazio perder o mando do campo, ação também passada, o verbo agredir deveria estar no: a) mais-que-perfeito do indicativo; b) imperfeito do indicativo; c) futuro do pretérito; d) imperfeito do subjuntivo; e) presente do subjuntivo. 5 - (NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL Agente Adm ./2006) TEXTO - Racismo, discriminação, preconceito... Colocando os pingos nos “is” Maria Aparecida da Silva Recentemente assisti ao programa esportivo Cartão Verde, da TV Cultura, no qual se discutia, de maneira tímida, a discriminação racial que um jogador branco do Palmeiras (Paulo Nunes) teria praticado contra dois jogadores negros, Rincón (Corinthians) e Wagner (São Paulo), em momentos distintos. Havia controvérsias quanto à veracidade dos fatos, quanto à sinceridade dos protagonistas, quanto à oportunidade ou oportunismo das denúncias. Mas o que de fato despertou minha atenção foi a relativização do racismo presente no futebol brasileiro. Os cronistas utilizavam a todo tempo a expressão preconceito, quando as situações em foco constituíam, na verdade, práticas de discriminação racial. A autora não afirma com segurança, no primeiro parágrafo, que o jogador Paulo Nunes cometeu um ato discriminatório; o meio lingüístico empregado para relativizar essa afirmação é: (A) a adjetivação de “tímida”, dada à discussão; (B) o emprego do futuro do pretérito composto “teria praticado”; (C) o discurso indireto; (D) a inversão dos termos da frase; (E) a utilização dos parênteses. 6 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002) ESBOÇO DE UMA CASA Casa fria, de apartamento. Paredes muito brancas, de uma aspereza em que não dá gosto passar a mão. Aí moram quatro pessoas, com a criada, sendo que uma das pessoas passa o dia fora, é menina de colégio.

Plantas, só as que podem caber num interior tão longe da terra (estamos em um décimo andar), e apenas corrigem a aridez das janelas. Lá embaixo, a fita interminável de asfalto, onde deslizam automóveis e bicicletas. E ao longo da fita, uma coisa enorme e estranha, a que se convencionou dar o apelido de mar, naturalmente à falta de expressão sintética para tudo o que há nele de salgado, de revoltoso, de boi triste, de cadáveres, de reflexos e de palpitação submarina. Do décimo andar à rua, seria a vertigem, se chegássemos muito à janela, se nos debruçássemos. Mas adquire-se o costume de olhar só para a frente ou mais para cima ainda. Então aparecem montanhas, uma estátua de pedra que é às vezes cortada pelo nevoeiro, casas absurdas dançando - ou imóveis, após a dança - sobre precipícios. Há também um coqueiro irreal, sem nenhum coco, despojado e batido de vento (que se diria um vento bêbedo), no alto do morro, quase ao nível da casa. (ANDRADE, C. Drummond de. Confissões de Minas. In Poesia e Prosa. 5 ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 959.) Na correlação entre os dois verbos sublinhados no trecho “Do décimo andar à rua, seria a vertigem, se chegássemos muito à janela...” (linhas 15-16), o enunciador manifesta uma atitude de: A) certeza, pois sabe que o fato não pode acontecer; B) subjetividade, pois não sabe se o fato tem possibilidade de acontecer; C) dúvida quanto à possibilidade de um fato acontecer, pois não há hipótese de o outro também acontecer; D) certeza quanto à possibilidade de um fato acontecer, na condição de também o outro acontecer; E) descrença sobre a realização do fato, pois está condicionado à realização de outro fato. 7 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) A forma “envoltas”, em “envoltas num cambiante véu de nuvens”, corresponde ao particípio irregular do verbo “envolver”, que também possui a forma “envolvido”. O verbo abaixo que NÃO admite duplo particípio é: (A) morrer; (B) escrever; (C) matar; (D) pegar; (E) eleger. 8 - (NCE UFRJ / MPE RJ / 2001) Noticiando é forma do gerúndio do verbo noticiar; a frase em que a forma verbal destacada pode NÃO estar no gerúndio é: a) As notícias estão chegando da Itália cada vez mais rapidamente; b) Transformando-se o ódio em amor, acabam-se as guerras;

c) Vindo o resultado, os clientes começaram a protestar; d) Os jogadores italianos estão reclamando dos estrangeiros; e) O atleta viajou, completando sua missão.

9 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) O emprego do particípio verbal está errado em A. O menino tinha matado a fome. B. O diretor havia suspendido alguns auxiliares. C. O ônibus tinha chego atrasado. D. As pessoas estavam salvas.

10 - (CETRO / TCM SP / 2006) Milton Friedman, agora com 92 anos de idade, é um daqueles economistas que não pode ser acusado de simpatias esquerdistas. Suas credenciais conservadoras incluem o título de papa do neoliberalismo, ferrenho defensor do mercado livre, republicano, membro do Instituto Hoover e o Prêmio Nobel de Economia de 1985. É com essas qualificações que Friedman tem defendido a polêmica proposta de legalização de todas as drogas. Em entrevista exclusiva à Folha, o economista voltou a sustentar que, se há algo que deve ser eliminado, não são as drogas, mas o programa antidrogas dos EUA. Com base num estudo recém-divulgado pela Universidade Harvard, segundo o qual os EUA economizariam US$ 14 bilhões por ano se a maconha fosse legalizada (menos US$ 7,7 bilhões de despesas com policiamento e mais US$ 6,2 bilhões com impostos), Friedman e outros 499 economistas enviaram a George W. Bush e ao Congresso norteamericano uma carta na qual pedem a liberação dessa droga. Em termos filosóficos, a posição liberal do venerando economista é sustentável. Se acreditamos que a liberdade é um valor a respeitar e cultivar – e cremos nisso –, então a decisão sobre utilizar drogas, desde que tomada conscientemente, deveria ser estritamente pessoal e intransferível. Se o Estado tem algum papel a exercer seria o de regulamentar o comércio e zelar para que as pessoas recebam toda a informação disponível a respeito dos perigos do consumo. (...) Sobre o terceiro parágrafo do texto acima, levando-se em consideração recomendações da gramática normativa tradicional, JULGUE a afirmação que segue.

as

(A) no primeiro período, o termo “venerando” é forma verbal de gerúndio do verbo “venerar” e faz parte, no texto, de uma oração subordinada reduzida de gerúndio. 11 - (ESAF/AFC SFC/2002) Assinale a opção gramaticalmente correta.

a) Sob a ótica de um Estado em particular – a despeito de a “Guerra Fiscal” do ICMS ser prejudicial à nação –, há ganhos a serem obtidos se ouvesse um aumento conjuntural de receita para o Estado. b) Se todos os Estados parassem de conceder incentivos, todos ganhariam; mas se um Estado se abstesse de tal política e os demais continuassem a praticá-la, esse perderia. c) Tendo em vista a análise histórica da “Guerra Fiscal”, alguns autores propuseram uma divisão de períodos que começam com a criação do ICM e chegam até a atualidade. d) No primeiro período, o Governo Central tirou dos Estados a competência de instituir e aumentar alíquotas dos impostos, e ficou estabelecido que couberiam tais atribuições somente ao Senado. e) Pressionado pelas disputas inter-regionais, o Governo Federal interviu no incipiente mecanismo de concessão de incentivos, e, por meio de lei complementar, criou o CONFAZ. (Com base em artigo de André Eduardo da S. Fernandes & Nélio L. Wanderlei)

12 - (NCE UFRJ / ELETROBRÁS - Assistente Técnico Administrativo /2005) “E tantas vezes vim aqui...”; a frase abaixo que apresenta uma forma INADEQUADA do verbo VIR é: (A) Hoje vimos aqui para visitar a velha casa; (B) Amanhã virão outros a visitar a mesma casa antiga; (C) Quando virem outros, a casa não será a mesma; (D) Antigamente vinha muito a esta casa; (E) Eles não têm vindo a esta casa. 13 - (NCE UFRJ / CVM / 2005) “Se ele trabalhar, eu também trabalharei!”; a alternativa que tem uma frase com essa mesma estrutura, mas com forma verbal EQUIVOCADA é: (A) Se ele for, eu também irei; (B) Se ele ver, eu também verei; (C) Se ele quiser, eu também quererei; (D) Se ele requerer, eu também requererei; (E) Se ele couber, eu também caberei. 14 – (NCE UFRJ / CVM / 2005) “Se ele lesse, eu também leria”; a alternativa que apresenta uma frase com essa mesma estrutura, mas com forma verbal EQUIVOCADA é: (A) Se ele trouxesse, eu também traria; (B) Se ele aprovasse, eu também aprovaria;

(C) Se ele pusesse, eu também poria; (D) Se ele viesse, eu também viria; (E) Se ele mantesse, eu também manteria. 15 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005) Do segmento “onde havia estado anteriormente e morara algum tempo”, se quiséssemos substituir a primeira forma verbal sublinhada a fim de que tivesse a mesma forma simples da segunda, deveríamos escrever: (A) estava; (B) estaria; (C) esteve; (D) estivera; (E) tinha estado.

16 - (FCC / TRE AP - Técnico Judiciário/ 2006) Está corretamente flexionada a forma verbal sublinhada na frase: (A) Se alguém propor medidas para economia de energia, que seja ouvido com atenção. (B) Caso uma represa contenhe pouco volume de água, as turbinas da usina desligamse. (C) Seria preciso que refizéssemos os cálculos da energia que estamos gastando. (D) Só damos valor às coisas quando elas já escasseiaram. (E) Se não determos os desperdícios, pagaremos cada vez mais caro por eles. 17 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002) “E agora passemos a outro programa”; se nesta frase empregássemos o verbo PASSEAR em lugar do verbo PASSAR, a forma equivalente seria: a) passeiemos; b) passeamos; c) passeiamos; d) passeemos; e) passeiam. 18 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) O verbo "despedir-se" apresenta erro gráfico em: A. Despedir-se-ão após o jantar. B. Pedem que se despessam logo.

C. Não nos despediriam nessas circunstâncias. D. Despeço-me de todos amanhã. 19 - (Fundação José Pelúcio Ferreira / ICMS RO / 2006) Há erro de conjugação verbal em: a) Nas intervenções, sempre se apunham comentários maliciosos ao meu depoimento. b) Trata-se de uma lei que vigiu na Primeira República e hoje revela-se anacrônica. c) Encontrou-se ontem com a pessoa que delatara à polícia há dois meses. d) Não se pode admitir que o Direito sobresteja o curso dos fatos sociais. e) Disse-me ele que eu às vezes pretiro os limites do bom senso. 20 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004) Marque a opção em que a lacuna pode ser adequadamente preenchida com uma forma simples flexionada do verbo entre parênteses. (A) É provável que muitas empresas _____ com as novas medidas econômicas. (falir) (B) Atualmente, todos se _____ contra as oscilações decorrentes de planos mal sucedidos. (precaver) (C) Nós _____ todos os documentos e contrato perdidos durante a mudança, na semana passada. (reaver) (D) É uma pena que o vice-presidente da empresa _____ por causa de pequenos problemas. (explodir) (E) Os funcionários ficarão mais bem dispostos caso a firma _____ as salas de cores claras. (colorir) 21 - (FUNDEC / TJ MG / 2002) Tendo em conta a flexão verbal, é CORRETO afirmar que as formas PROVÉM, PROVEM, PROVÊEM E PROVÊM referem-se, respectivamente, aos seguintes verbos: a) prover, provir, provar e provir b) provir, provar, prover e provir c) provar, prover, provir e prover d) provir, provar, provir e prover 22 - (FUNDEC / TJ MG / 2002) Assinale a alternativa que complete CORRETAMENTE as lacunas das sentenças abaixo. Caso haja qualquer irregularidade, __________ as eleições. (impugnar) O condenado foi __________________ diante de uma multidão. (decapitar) O governo quer que se _______________ as causas do acidente. (averiguar)

a) impúgno – decaptado – averigüe b) impugno – decapitado – averigúem c) impuguino – decapitado – averígüem d) impugno – decaptado – averigüem.

23 – (NCE UFRJ / INCRA / 2005) Na frase – Vem pra CAIXA você também – há um erro gramatical que já foi bastante comentado; o desvio da norma culta, neste caso, está: (A) no uso de “pra” em lugar de “para”; (B) na grafia em maiúsculas do vocábulo CAIXA; (C) no tratamento íntimo “você” em lugar de “o senhor”; (D) o uso do imperativo, com um tom inadequado de ordem; (E) a mistura de tratamentos.

24 - (FUNDEC / TRT 1ª.Região / 2003) Considere a flexão do verbo sublinhado no trecho "Os trabalhadores se submetem a formas mais ou menos intensas de desvalorização da força de trabalho..." (linhas 12-14) e, em seguida, analise o mesmo verbo flexionado nas frases abaixo. Pode-se afirmar que o referido verbo está flexionado de forma INCORRETA na opção: A) Trabalhador, jamais te submeta a formas mais ou menos intensas de desvalorização da força de trabalho. B) Trabalhadores, não se submetam a formas mais ou menos intensas de desvalorização da força de trabalho. C) Não somos trabalhadores que nos submetamos a formas mais ou menos intensas de desvalorização da força de trabalho. D) Jamais como trabalhador se submetera a formas mais ou menos intensas de desvalorização da força de trabalho. E) Constantemente submetemo-nos a formas mais ou menos intensas de desvalorização da força de trabalho.

25 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006) Passando a fala "Adivinhe" para a forma de tratamento vós, obtém-se: (A) Adivinhais. (B) Adivinhai. (C) Adivinheis. (D) Adivinhei.

(E) Adivinde. 26 - (NCE UFRJ / PCRJ / 2002) Se a forma verbal Tenha estivesse na forma negativa da mesma pessoa do imperativo, sua forma correta seria: a) não tem; b) não tenhas; c) não tende; d) não tenha; e) não tens. 27 - (FGV / ICMS MS – TTI / 2006) Aqui há plantas que dão duas, três safras por ano. Substituindo-se a forma verbal do trecho acima por outra, só não se respeitou a norma culta em: (A) Aqui existem plantas que dão duas, três safras por ano. (B) Aqui deve haver plantas que dão duas, três safras por ano. (C) Aqui podem existir plantas que dão duas, três safras por ano. (D) Aqui há de existir plantas que dão duas, três safras por ano. (E) Aqui pode haver plantas que dão duas, três safras por ano. 28 - (ESAF / ACE / 1998) A diplomacia econômica dos Estados Unidos consagrou a idéia de grandes mercados emergentes (Big Emerging Markets). Países como a China, o Brasil, a Índia, a Coréia do Sul ou a Indonésia, os maiores entre os grandes, reuniram oportunidades e vantagens excepcionais. Deveriam tornarem-se(A) alvos de uma diplomacia econômica ofensiva e insistente cujos(B) objetivos incluiriam a abertura comercial e o aumento do investimento estrangeiro. Entre os grandes, a Índia é dos maiores. Há previsões de crescimento populacional que colocam(C) os indianos à frente(D) dos chineses em um horizonte(E) de 25 anos. (Baseado em Gilson Schwartz, Folha de São Paulo, 8/03/1998) a) A b) B c) C d) D e) E 29 - (FCC / TRE AP - Técnico Judiciário/ 2006) Transpondo-se para a voz passiva a frase Ele gasta dinheiro que nem água, a forma verbal resultante será

(A) será gasta. (B) foi gasta. (C) está sendo gasto. (D) será gasto. (E)) é gasto. 30 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003) Passando-se para a voz ativa e mantendo-se o sentido original, a oração “Com verba do Estado, 18 composições já estão sendo reformadas” (linhas 5-6) deve ter a forma expressa na opção: A) Já estão reformando 18 composições com recursos do tesouro estadual. B) O Estado, com recursos próprios, já está reformando 18 composições. C) Já estão sendo reformadas pelo Estado, com recursos do tesouro, 18 composições. D) 18 composições já estão sendo reformadas com recursos próprios do Estado. E) Através da verba do Estado estão reformando 18 composições.

31 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/PGM RJ/2004) “O martelo de percussão é confundido com um instrumento ameaçador.” Em voz ativa, essa frase do texto seria escrita da seguinte maneira: A) Confunde-se o martelo de percussão com um instrumento ameaçador. B) Um instrumento ameaçador confundiu-se com o martelo de percussão. C) Confundem o martelo de percussão com um instrumento ameaçador. D) Um instrumento ameaçador é confundido com o martelo de percussão. 32 - (NCE UFRJ / Inspetor de Polícia / 2001) “nem todo hábito de consumo é ditado pela publicidade.”; colocando-se esse segmento do texto na voz ativa, temos como forma adequada: a) a publicidade não dita todo hábito de consumo; b) a publicidade dita todo hábito de consumo; c) o hábito de consumo dita a publicidade; d) o hábito de consumo não dita a publicidade; e) nem toda publicidade dita todo hábito de consumo. 33 - (NCE UFRJ / TRE RJ Auxiliar Judiciário / 2001) Na voz passiva, a forma correta da frase “o lenhador quebrou o silêncio” é: a) quebraram o silêncio; b) quebrou-se o silêncio;

c) quebrou-se o silêncio pelo lenhador; d) o silêncio foi quebrado pelo lenhador; e) o silêncio era quebrado pelo lenhador. 34 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) “Se você é assalariado... tem crédito”; a alternativa abaixo que mostra uma concordância INADEQUADA entre os tempos verbais é: (A) Se você fosse assalariado... teria crédito; (B) Se você for assalariado... terá credito; (C) Se você foi assalariado... teve crédito; (D) Se você tivesse sido assalariado... teria tido crédito; (E) Se você seja assalariado... tem crédito. 35 - (NCE UFRJ / CVM / 2005) NÃO há a devida correlação temporal das formas verbais em: (A) Seria conveniente que o time ficasse sem saber quem era o adversário; (B) É conveniente que o time ficaria sem saber quem é o adversário; (C) Era conveniente que o time ficasse sem saber quem foi o adversário; (D) Será conveniente que o time fique sem saber quem é o adversário; (E) Foi conveniente que o time ficasse sem saber quem era o adversário. 36 - (ESAF / AFC SFC / 2000) Assinale a opção em que a correlação entre tempos e modos verbais constitui erro de sintaxe. a) Há pelo menos dois séculos, desde que Adam Smith inaugurou a profissão, os economistas consomem boa parte de seu tempo, enaltecendo os benefícios do livre comércio e pregando a liberdade econômica. b) O mundo perfeito, garantem, é aquele em que não há nenhum tipo de obstáculo ao fluxo de mercadorias, pessoas e idéias. c) Deixada sem amarras, a economia funcionaria de maneira harmoniosa, regida por uma mão invisível que a fazia viver sempre em equilíbrio. d) Presa, seria como uma máquina com areia nas engrenagens, cujo atrito traria desperdício de energia e empobreceria os cidadãos. e) A virada do milênio reservou um paradoxo e tanto para os seguidores do economista escocês. Nunca como agora o mundo aderiu com tanta garra a suas teses. (Adaptado de Exame, 1/11/2000, p.135) 37 - (ESAF/AFT/2006)

No atual estágio da sociedade brasileira, se se deseja um regime democrático, não basta abolir a necessidade de bens básicos. É necessário que o processo produtivo seja capaz de continuar, com eficiência, a produção e a oferta de bens considerados supérfluos. Em se tratando de um compromisso democrático, uma hierarquia de prioridades deve colocar o básico sobre o supérfluo. O que deve servir como incentivo para a proposta de casar democracia, fim da apartação e eficiência econômica em geral é o fato de que o potencial econômico do país permite otimismo quanto à possibilidade de atender todas essas necessidades, dentro de uma estratégia em que o tempo não será muito longo. (Adaptado de Cristovam Buarque, Da modernidade técnica à modernidade ética, p.29) Julgue o item a seguir. - Substituir o conectivo de valor condicional “se” (l.1) por caso, resultando em: caso se. 38 - (CESPE UNB / AGU / 2002) A minha firme convicção é que, se não fizermos todos os dias novos e maiores esforços para tornar o nosso solo perfeitamente livre, se não tivermos sempre presente a idéia de que a escravidão é a causa principal de todos os nossos vícios, defeitos, perigos e fraquezas nacionais, o prazo que ainda tem de duração legal — calculadas todas as influências que lhe estão precipitando o desfecho — será assinalado por sintomas crescentes de dissolução social. Joaquim Nabuco. O abolicionismo. In: Intérpretes do Brasil, v. I. Nova Aguilar, 2000, p. 148-51 (com adaptações). Julgue a assertiva abaixo. - As estruturas condicionais “se não fizermos” (l.1) e “se não tivermos” (l.2) podem ser substituídas, respectivamente, por caso não façamos e caso não tenhamos, sem prejuízo para a correção gramatical do texto. 39 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006) Na frase “O autor do texto pensa que a Terra se tornará inviável”, criada a partir do tema do texto, a correspondência de tempos verbais INADEQUADA correspondente, respectivamente, a pensa e se tornará é: (A) pensou / se tornaria; (B) tinha pensado / se tornaria; (C) pensava / tornará; (D) pensará / se tornará; (E) teria pensado / se tornaria. 40 - (NCE UFRJ / MPE RJ AUXILIAR / 2001) “Se houvesse uma lei que proibisse...”; se, em lugar de SE, escrevêssemos QUANDO, as formas verbais sublinhadas deveriam ser, respectivamente:

a) houver / proíba; b) haver / proibisse; c) haja / proibindo; d) haver / proíba; e) houver / proíbisse.

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1–A A expressão “um tom de profecia”, no enunciado, já dá a “deixa” para a resposta certa. A partir do título da matéria (“Reflexões sobre o futuro”) se verifica que o autor apresentará fatos que poderão ocorrer no futuro. Por isso, o texto se constrói basicamente com verbos no futuro do presente do indicativo, apresentando um certo ar de previsão. 2–D O pretérito perfeito composto (tem levado) retrata fatos iniciados no passado que apresentam duração até o momento presente (o que justifica a conjugação do verbo auxiliar nesse tempo verbal). Essa questão vem afirmar o conceito desse tempo verbal composto. 3–B Precisamos ler o texto para perceber o intuito no emprego do tempo verbal em questão. Em vez do futuro do pretérito, o verbo poderia se apresentar no presente do indicativo: “A favor da mesma tese, PODEMOS dizer que...”. Contudo, o autor optou por uma forma mais educada, polida de se dirigir ao leitor: “PODERÍAMOS”. Perceba que a banca explorou também algumas outras possibilidades de emprego do futuro do pretérito (hipótese, incerteza sobre fatos passados), motivo pelo qual tornouse necessária a transcrição do texto. 4–A O tempo que indica um fato passado ocorrido antes de outro fato também no passado é o pretérito mais-que-perfeito do indicativo. Uma possibilidade de construção do período é: “A torcida do Lazio já agredira (ou a forma composta tinha agredido) o jogador brasileiro Antonio Carlos, do Roma, quando o time perdeu o mando de campo por incitamento racista em pleno estádio”. 5–B Quando não se tem convicção acerca do que será pronunciado, pode-se usar o futuro do pretérito simples ou composto.

Essa foi a forma utilizada pela autora do texto ao empregar: “a discriminação racial que um jogador branco do Palmeiras (Paulo Nunes) teria praticado contra dois jogadores negros”. Note que essa incerteza é confirmada no período seguinte: “Havia controvérsias quanto à veracidade dos fatos, quanto à sinceridade dos protagonistas, quanto à oportunidade ou oportunismo das denúncias.”. Para não afirmar categoricamente a ocorrência de um crime, a autora usa a forma verbal do futuro do pretérito composto e se mantém à margem de qualquer acusação, apenas relatando os fatos. 6–D É sempre bem-vinda a oportunidade de ler Drummond. Nessa questão, a banca foi extremamente inteligente ao jogar com as palavras “certeza” e “condição”. Uma das possibilidades de emprego do futuro do pretérito do indicativo é estabelecer uma hipótese (certeza de ocorrência) relacionada a uma condição (incerteza de ocorrência). Desse modo, estabelece-se a relação entre o modo indicativo e subjuntivo. A “indicação” apresentada no futuro do pretérito (modo indicativo) apresenta uma certa incerteza, haja vista necessidade de a condição se realizar (modo subjuntivo). No trecho “Do décimo andar à rua, seria a vertigem, se chegássemos muito à janela...”, afirma-se que, se chegássemos junto à janela [CONDIÇÃO], teríamos vertigem [HIPÓTESE]. O que define como correta a afirmação do item D (e não a opção E) é a certeza da ocorrência do fato (ter vertigem) uma vez concretizada a condição (chegar junto à janela). 7–B Abordaremos, agora, as formas nominais. Como vimos, alguns verbos possuem mais de uma forma válida para o particípio: regular e irregular. Dentre os verbos apresentados na questão, o único que possui somente uma forma (irregular) é o verbo escrever. Aliás, fizemos menção a ele na nossa aula. As formas participiais dos demais verbos são: - MORRER – morrido (regular) e morto (irregular) - MATAR – matado (regular) e morto (irregular) [CURIOSIDADE: o particípio irregular morto tanto pode se referir ao verbo matar como ao verbo morrer.] - PEGAR – pegado (regular) e pego (irregular) - ELEGER – elegido (regular) e eleito (irregular) Lembrando que os particípios regulares são empregados nos tempos compostos com os verbos TER e HAVER, enquanto que os particípios irregulares são usados nas locuções verbais de voz passiva, com os verbos SER e ESTAR.

Os únicos verbos que admitem emprego indistinto (auxiliares TER, HAVER, SER ou ESTAR) de qualquer forma participial (regular ou irregular) são GANHAR, GASTAR, PEGAR E PAGAR (dois com P e dois com G). 8–C Como vimos em nossa aula, o verbo VIR (e seus derivados) apresentam uma única forma tanto para o gerúndio quanto para o particípio: VINDO (intervindo, convindo, advindo). Por isso, a forma “Vindo o resultado” tanto pode estar no gerúndio como no particípio. Note essa dupla possibilidade a partir da troca do verbo VIR por outro, como o RECEBER: Recebido o resultado, os clientes começaram a protestar. – oração reduzida de particípio Recebendo o resultado, os clientes começaram a protestar. – oração reduzida de gerúndio As demais formas apresentam-se no gerúndio e possuem forma participial distinta: chegando (chegado), transformando (transformado), reclamando (reclamado), completando (completado). 9–C Essa questão é para os que acharam um absurdo nosso comentário sobre a forma do particípio do verbo CHEGAR. Não sei em relação às demais regiões do Brasil, mas aqui no Sul do país é muito comum ouvir: “Ele não tinha chego ainda.”. Tanto isso deve ser comum que a banca da Fundação Getúlio Vargas, uma das melhores do país, explorou esse conceito. Repetimos a lição: o verbo chegar apresenta uma ÚNICA forma de particípio: o regular CHEGADO. Por isso, a forma correta da opção C seria: O ônibus tinha chegado atrasado. 10 – ITEM INCORRETO É verdade que a forma venerando é o particípio do verbo venerar. Contudo, no texto (que transcrevemos apenas parcialmente), esse vocábulo tem valor adjetivo, equivalente a “venerável”, “respeitável”. É por esse motivo que gerúndio, particípio e infinitivo são chamadas FORMAS NOMINAIS. Derivam de verbos, mas podem ser usadas como adjetivos, advérbios ou substantivos. 11 – C A partir de agora, nosso assunto passou a ser CONJUGAÇÃO VERBAL. Está correta a conjugação do verbo PROPOR em “alguns autores propuseram”, pois esse verbo é derivado do verbo PÔR e se conjuga por ele: eles puseram / eles propuseram.

Estão incorretas as formas verbais em: a) “há ganhos a serem obtidos se ouvesse um aumento conjuntural” pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo HAVER.

houvesse,

b) “mas se um Estado se abstesse de tal política” – o verbo ABSTER é derivado do verbo TER e se conjuga como ele: “se tivesse” Î “se abstivesse”. d) “ficou estabelecido que couberiam tais atribuições somente ao Senado” – o verbo CABER se conjuga, no futuro do pretérito do indicativo, caberiam. Aliás, essa é a diferença entre o futuro do subjuntivo (couber) e o infinitivo pessoal (caber): o primeiro deriva da 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (couberam), formando “quando eles couberem”; já o segundo, deriva do infinitivo impessoal: “para eles caberem”. Na maior parte das vezes, especialmente nos verbos regulares, essas formas são grafadas de modo idêntico: “quando eles chegarem” (fut.subjuntivo); “para eles chegarem”(infinitivo pessoal). Em outras, as formas são diferentes: TRAZER (“quando eles trouxerem” / “para eles trazerem”), VER (“quando eles virem” / “para eles verem”), dentre tantas outras. Essa distinção é muito importante, pois muitas vezes, na linguagem do dia-a-dia, nos verbos irregulares, acaba-se trocando uma pela outra. e) “o Governo Federal interviu” – o verbo intervir é derivado do vir e se conjuga como seu paradigma: ele veio / ele interveio. 12 – C Dando seqüência ao estudo das formas verbais primitivas e derivadas, vamos analisar outra questão sobre o tópico. Está em foco, agora, o verbo VIR. A forma verbal da opção C é o futuro do subjuntivo. Como revimos na questão anterior, esse tempo verbal deriva da 3ª.pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo (eles vieram). Assim, a forma correta seria: “Quando vierem outros, a casa não será a mesma.”. Em caso de dúvidas, reveja o quadro de formas primitivas / formas derivadas. A opção “a”, que pode ter deixado muita gente em dúvida, apresenta a 1ª. pessoa do singular do presente do indicativo: “nós vimos”, tempo indicado pelo advérbio “hoje”. Não confundam com o pretérito perfeito desse verbo (viemos). 13 – B O futuro do subjuntivo deriva da 3ª. pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo. Assim, no verbo VER, a forma primitiva será (eles) viram. Por isso, no futuro do subjuntivo, a forma correta é “Se ele vir, eu também verei.”. Veja como estão corretas as demais construções verbais:

FORMA PRIMITIVA

FORMA DERIVADA

3ª.pessoa plural – pret.perfeito

futuro do subjuntivo

IR

ELES FORAM

SE ELE FOR

QUERER

ELES QUISERAM

SE ELE QUISER

REQUERER

ELES REQUERERAM

SE ELE REQUERER

CABER

ELES COUBERAM

SE ELE COUBER

VERBO

14 – E Essa questão é idêntica à anterior. A diferença está no tempo verbal a ser analisado. Agora, será o pretérito imperfeito do subjuntivo. Como vimos, esse tempo também deriva da 3ª. pessoa do plural do pretérito perfeito, assim como o futuro do subjuntivo (visto anteriormente). Então, vamos ao quadro. FORMA PRIMITIVA

FORMA DERIVADA

3ª.pessoa plural – pret.perfeito

pretérito imperfeito do subjuntivo

TRAZER

ELES TROUXERAM

SE ELE TROUXESSE

APROVAR

ELES APROVARAM

SE ELE APROVASSE

PÔR

ELES PUSERAM

SE ELE PUSESSE

VIR

ELES VIERAM

SE ELE VIESSE

MANTER

ELES MANTIVERAM

SE ELE MANTIVESSE

VERBO

15 - D O tempo verbal da locução verbal “havia estado” nada mais é do que o pretérito maisque-perfeito composto, construção em que o verbo auxiliar se conjuga no pretérito imperfeito. Assim, estão em perfeita correlação os verbos das duas orações. O que o examinador sugere, em suma, é que se substitua a forma composta pela simples: estivera. 16 – C Para não errar questões de conjugação verbal, devemos ter em mente sempre a dica do PARADIGMA. Um verbo normalmente se conjuga como um outro parecido. Assim, na dúvida, busque outro verbo (mais comum ao seu linguajar) cuja conjugação você conheça e aplique a desinência no verbo desconhecido. Vamos à prática: a) O verbo PROPOR se conjuga como o verbo PÔR. Assim: “se alguém puser” leva a “se alguém propuser”. b) O verbo CONTER se conjuga como o verbo TER. Por isso: “caso uma represa tenha” leva a “caso uma represa contenha”. d) O verbo ESCASSEAR (que dificilmente usamos) se conjuga como o verbo PASSEAR. Lembre-se de que esses verbos terminados em –EAR só recebem a letra “i” nas formas

rizotônicas, ou seja, quando a sílaba tônica recaia no radical. Bem, então: “elas já passearam” leva a “elas já escassearam”. Note que o radical do verbo ESCASSEAR é ESCASSE-, e a sílaba tônica recai fora do radical (escassearam), não devendo receber a letra ‘i’. e) O verbo DETER se conjuga como o verbo TER (novamente). Assim: “se não tivermos” leva a “se não detivermos”. Viu só como essa regra do paradigma é uma “mão na roda”? 17 – D Já falamos sobre a conjugação dos verbos terminados em –EAR na questão anterior, mas não custa nada repetir. Afinal, esses exercícios são de FIXAÇÃO. As formas rizotônicas (sílaba tônica no radical) dos verbos terminados em –EAR recebem a letra “i”. Por isso: eu passeio, tu passeias, ele passeia, nós passeamos, vós passeais, eles passeiam. Vimos também que o presente do subjuntivo é um tempo verbal que busca o radical da 1ª.pessoa do singular do presente do indicativo. Assim, o radical “passe” de “eu passeio” forma todo o presente do subjuntivo. Não se esqueça de que continua valendo a regra da letra “i” nas formas rizotônicas. A conjugação do verbo PASSEAR no presente do subjuntivo será: passeie / passeie / passeie / passeemos / passeeis / passeiem

18 – B Sabe aquela regrinha do paradigma? Veja só como ela ajuda em questões como essa, de conjugação verbal. O verbo DESPEDIR lembra muito um outro verbo. Com certeza você já adivinhou... o verbo PEDIR. Então, sua conjugação segue a do seu paradigma: “que peçam” leva a “que despeçam”. E olha lá na opção D uma dica dessa forma: o presente do subjuntivo (despeçam) deriva de qual forma mesmo??? Deriva da 1ª. pessoa do singular do presente do indicativo: DESPEÇO. Bela ajuda que a banca deu para que você não errasse essa questão, não é? 19 – B Muita gente nunca deve ter ouvido falar dessa banca examinadora (eu, pelo menos, só a conheci agora). Ela foi a responsável pela prova para o ICMS de Rondônia, recentemente aplicada. Essa questão é o nosso mote para começarmos a falar sobre VERBOS DEFECTIVOS.

Lembrando: esses verbos apresentam defeito, ou seja, não possuem todas as formas de conjugação. Esse defeito só aparece na conjugação do presente do indicativo e nas formas dele derivadas (presente do subjuntivo, imperativo). Na opção B, há erro na conjugação do verbo “viger”, que é defectivo. Este verbo não possui a 1ª. pessoa do singular do presente do indicativo. Nas demais formas, se conjuga como o verbo paradigma BEBER (ele bebeu / ele vigeu). Assim, a forma correta seria: “Trata-se de uma lei que vigeu ...”. As demais formas, que estão CORRETAS, são: a) o pretérito imperfeito do indicativo do verbo APOR, que é derivado do verbo PÔR: “sempre se punham” leva a “sempre se apunham”. Provavelmente você achou HORROROSA essa forma ‘PUNHAM’, talvez até nunca tenha-a usado. Mas está correta e deve fazer parte do seu cotidiano a partir de hoje. Afinal, não é assim que as crianças fazem? Quando elas aprendem uma palavrinha nova, ficam-na usando constantemente. Saia por aí falando “punham” pra lá, “apunham” pra cá... c) A forma “delatara” é o pretérito mais-que-perfeito do verbo DELATAR. d) O verbo “sobrestar”, que, no contexto, apresenta o sentido de “impedir”, “sustar”, “retardar”, é derivado do verbo ESTAR. Assim, “não se pode admitir que o Direito esteja” leva a “não se pode admitir que o Direito sobresteja”. e) Essa opção enganou muita gente. Os que se lembraram da dica do paradigma certamente acertaram. A forma “pretiro”, que causou estranheza a muita gente, é a conjugação do verbo PRETERIR (deixar de lado), que se conjuga como seu paradigma PREFERIR – eu prefiro Î eu pretiro. 20 – C O verbo reaver é conjugado no presente do indicativo nas formas em que o verbo HAVER apresenta a letra “v”. Vejamos, inicialmente, a conjugação do verbo HAVER, no presente do indicativo: Eu hei / tu hás / ele há / nós havemos / vós haveis / eles hão. Assim, o verbo HAVER só apresenta conjugação, no presente do indicativo, nas 1ª. e 2ª.pessoas do plural. O emprego do pronome “nós” na opção C fez com que essa fosse a resposta correta. “Nós reavemos todos os documentos e contrato perdidos durante a mudança...”. Vamos analisar as demais opções: a) O verbo falir é defectivo e, assim como o verbo REAVER, no presente do indicativo, só se conjuga com os pronomes NÓS e VÓS (nós falimos / vós falis). b) O mesmo acontece com o verbo PRECAVER. Só existem as formas “nós nos precavemos” e “vós vos precaveis”. d) O verbo EXPLODIR não possui a 1ª. pessoa do singular do presente do indicativo. Consequentemente, não possui nenhuma das formas do presente do subjuntivo. Assim, não é possível preencher a lacuna dessa opção com a forma simples do verbo, pois seria necessário conjugá-lo no presente do subjuntivo. Para confirmar isso, vamos trocar o verbo EXPLODIR por outro, como ABORRECER-SE: “É uma pena que o vice-presidente da empresa SE ABORREÇA por cauda de pequenos problemas”.

e) O verbo COLORIR também é defectivo, não apresentando a 1ª.pessoa do singular do presente do indicativo. Por isso, não possui também o presente do subjuntivo, tempo em que seria conjugado na construção da opção “e”. Poderia ser substituído por seu correspondente COLORAR, que é regular e apresenta todas as formas verbais, ou mesmo pelo verbo PINTAR: “Os funcionários ficarão mais bem dispostos caso a firma COLORE / PINTE as salas de cores claras”. 21 – B Essa questão deve ter dado um nó na cabeça de muita gente boa. Isso porque explora a conjugação de verbos parecidos – PROVAR, PROVER e PROVIR. Para solucionar essa questão, entra em jogo a maravilhosa dica do paradigma. Vamos começar pelo verbo PROVAR, que é regular e se conjuga como o paradigma FALAR. O radical de FALAR é FAL-, e o de PROVAR é PROV-. A esses radicais, devemos acrescentar a terminação, que é comum nos dois verbos. “Que eles falem” leva a “que eles provem.”, cuja sílaba tônica é “pro”. Assim, a segunda forma do enunciado é do verbo PROVAR. Com isso, já eliminamos as opções A e C (já temos 50% de chances de ganhar o ponto). Agora, vejamos a conjugação do verbo PROVER, cujo significado pode ser: - “tomar providências, providenciar” (O síndico proverá tudo.); - “nomear” (O governo proveu vários cargos.); - “tomar providências”; - a acepção mais comum, “abastecer” (Ele proveu a despensa com o que há de melhor.). Como vimos no tópico “Verbos Perigosos” e de acordo com os significados que esse verbo pode apresentar, vemos que ele não é derivado do verbo VER, apesar de apresentar algumas formas de conjugação idênticas: provejo, provejas, provejas, proverá, proveria etc. Uma dessas formas em que a conjugação de PROVER segue à do VER é na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo: PROVÊEM. A partir dessa resposta, vemos que está correta a opção B. O verbo PROVIR é derivado do verbo VIR e como este se conjuga. Por isso, apresenta duas das formas indicadas no enunciado: PROVÉM (3ª pessoa do singular no presente do indicativo) e PROVÊM (3ª pessoa do plural do presente do indicativo). A primeira pode ter causado surpresa, mas não se esqueça que as palavras oxítonas terminadas em A(s), E(s), O(s) e EM(ens) devem ser acentuadas. Exemplos: PROVÉM, também, mantém, convém. A conjugação do verbo VIR na 3ª.pessoa do singular do presente do indicativo não recebe acento por ser um monossílabo terminado em “EM”. Exemplos: VEM, tem, cem, sem. Já na 3ª pessoa do plural, a regra de acentuação do verbo PROVIR segue o que falamos sobre o ACENTO DIFERENCIAL DE NÚMERO (Aula demonstrativa – pg.14).

Por ser uma palavra oxítona terminada em EM, deve receber acento tanto a forma da 3ª pessoa do singular como a do plural. O que diferencia o plural do singular é que este recebe acento agudo (provém), enquanto aquele recebe o acento circunflexo (provêm). Por isso, o acento desta última costuma ser chamado de diferencial de número. Considero esta uma excelente questão de prova. Parabéns para a banca examinadora. 22 – B 1ª lacuna: O verbo impugnar é regular, devendo o “g” permanecer sempre mudo: eu impugno, tu impugnas, ele impugna etc. Como a forma “impugno” é uma paroxítona terminada em “o”, dispensa acentuação. 2ª lacuna: Primeiramente, cabe esclarecer que não há consoante muda em decapitar. Este verbo apresenta, em sua etimologia, a palavra capita, como na expressão ‘per capita’, que grosso modo significa “por cabeça”. Assim, “decapitar” é literalmente “tirar a cabeça”. É um verbo regular e se conjuga pelo paradigma FALAR: eu decapito (Cuidado, não é “decapto”!!! É paroxítona, ou seja, a sílaba tônica recai no “pi”), tu decapitas, ele decapita etc. Assim, o particípio é decapitado. 3ª lacuna: O verbo averiguar é um daqueles “perigosos”. Por isso, devemos sempre lembrar as regras de formação dos verbos para não errar a conjugação verbal. A construção indica que o verbo da lacuna está no presente do subjuntivo. Este tempo verbal deriva da forma da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo: eu averiguo, em que a sílaba tônica é gu. Como está diante da vogal “o”, dispensa o acento. As formas do presente do subjuntivo são:

eu averigúe tu averigúes ele averigúe nós averigüemos vós averigüeis

Do mesmo modo que a forma original (averiguo), nessas três primeiras pessoas, a sílaba tônica recai no “u”, o que justifica o acento agudo, pois agora está diante da vogal “e”. Nessas duas formas do plural, a força recai no “e”, devendo o “u” ser pronunciado de forma fraca (com trema).

eles averigúem Î A sílaba tônica volta a recair no “u”, o que acaba levando a uma confusão. Note que a proximidade com o “averigüemos” e “averigüeis” acaba levando ao erro de construir a última forma verbal do mesmo modo. Por isso, CUIDADO!!!! A sílaba tônica da 3ª pessoa do plural volta para o “u”, registrando-se o acento agudo. A forma correta é averigúem. 23 – E O assunto agora é conjugação verbal no imperativo.

O objetivo de uma propaganda é se aproximar ao máximo de seu público-alvo. Assim, a comunicação deve ser direta e rápida. Muitas vezes, para se aproximar da linguagem coloquial, passa por cima de certas normas gramaticais. No comercial da Caixa Econômica Federal, houve uma mistura de tratamentos. Ao mesmo tempo em que flexiona o verbo como ‘VEM’, indicando o tratamento de segunda pessoa do singular (no imperativo Î tu vens – “s” = vem tu), usa o pronome VOCÊ, que leva o verbo para a 3ª pessoa (no imperativo Î que ele venha = venha você). Ainda que se alegue uma impropriedade no uso de “pra” em lugar de “para”, essa forma já encontra registro nos mais consagrados dicionários. Além disso, como indica o enunciado, o que mais se comentou em relação ao texto do comercial não foi o uso do “pra”, mas o emprego incorreto do verbo no imperativo. Por isso, a resposta foi letra E. 24 - A Na opção a, houve o emprego do verbo ‘submeter’ no imperativo afirmativo. Como o tratamento usado é de segunda pessoa (te), a regra indica que o verbo deve ser conjugado pelo presente do indicativo, sem a letra “s” (pres.indicativo: tu te submetes Î imperativo: submete [tu]). Assim, a forma correta seria: “Trabalhador, jamais te submete a formas ...”. Certamente, alguém deve estar se perguntando: mas essa construção não está no negativo, o que levaria o verbo para o imperativo negativo e, consequentemente, para a conjugação do presente do subjuntivo? Essa foi uma maldade da banca: o advérbio jamais, ainda que apresente uma idéia negativa, é considerado um advérbio de tempo, equivalente a “em tempo algum”, devendo o verbo ser conjugado no imperativo afirmativo. b) Note que, nesta opção, emprega-se o tratamento de terceira pessoa (não se submetam). Ainda que o tratamento fosse de segunda pessoa, a conjugação do verbo seria no imperativo negativo, em virtude da presença do “não” e seguiria o presente do subjuntivo (“Trabalhadores, não te submetam a formas...”). c) Está correto o emprego do verbo SUBMETER no presente do subjuntivo, já que indica uma situação hipotética (“Não somos trabalhadores que nos submetamos...”). d) O verbo nessa opção está no pretérito mais-que-perfeito do indicativo, indicando a ocorrência de um fato anterior a outro fato também passado. e) Essa questão seria passível de anulação em virtude de uma colocação pronominal indevida. Na aula apropriada (“Pronomes”), veremos que um advérbio antes do verbo sem pausa (como uma vírgula) atrai o pronome. Nessa construção, para que estivesse correta a colocação pronominal, deveria haver uma vírgula após “Constantemente” (“Constantemente, submetemo-nos...”) ou o pronome deveria vir antes do verbo (“Constantemente nos submetemos...”). Como nosso assunto hoje é VERBO, vamos analisar a questão somente sob este aspecto. Quando os pronomes átonos nos e vos são empregados após uma forma verbal terminada em “s”, essa letra cai: submetemo-nos / submetei-vos. Por isso, em relação à forma verbal, está correta a opção. Contudo, Napoleão Mendes de Almeida (Gramática Metódica da Língua Portuguesa) justifica essa opção pela eliminação do “s” como hábito ou facilidade da pronúncia, afirmando que não se pode considerar errada a forma “queixamos-nos”.

Aliás, vamos aproveitar para explorar um pouco mais esse assunto. Quando os pronomes o, a, os, as são empregados após o verbo cuja terminação seja r, s, z, ao pronome é agregada ao pronome a letra L (lo, la, los, las) e o r, s, z ‘caem’. Exemplo: “Comprei o jornal para procurar emprego.” = para procurá-lo. Em relação à acentuação, já comentamos na aula de ortografia que este verbo é entendido como um vocábulo independente, devendo obedecer às regras: procurá = oxítona terminada em “a”.´ Se o pronome dividir o verbo em duas partes, cada parte será analisada, para fins de acentuação, como se um único vocábulo formasse. Exemplo: Nós distribuiríamos o medicamento. Em mesóclise: DISTRIBUIRÍAMOS + O = DISTRIBUIR + O + ÍAMOS A letra “r” cai e o pronome “o” vira “lo” = distribuí-lo-íamos. Agora, vamos à acentuação: No “pedacinho” distribui , a sílaba tônica recai no “i”. Como segunda vogal do hiato, deve ser acentuada = distribuí (com acento agudo no “i”) O outro “pedaço” íamos recebe acento por ser uma proparoxítona. Assim, a forma verbal correta é: distribuí-lo-íamos. Quando o verbo termina de forma nasal (-m, -ão, -õe), aos pronomes o, a, os, as é acrescentada a letra “n”. Exemplo: “Nossos destinos tomaram caminhos diversos.” = TOMARAM + OS = tomaram-nos “Os caridosos dão o pão aos que têm fome.” – DÃO + O = dão-no “Tem calma e põe a tua cabeça no lugar” – PÕE + A = põe-na no lugar (Observe, nesse último exemplo, o emprego do imperativo em construção de segunda pessoa – tu) Mais sobre o assunto será objeto da aula sobre PRONOMES. Vamos, agora, ver mais algumas questões que envolvem conjugação do imperativo para relembrar as regras. 25 – B No imperativo afirmativo, a regra é o emprego do presente do subjuntivo. As únicas exceções (que, por ser em menor número, devem ser memorizadas) ficam por conta das segundas pessoas – TU e VÓS, que buscam a conjugação do presente do indicativo sem a letra “s”. Assim, o verbo ADIVINHAR, na 2ª pessoa do plural (vós) no presente do indicativo é adivinhais. Sem a letra “s”, o imperativo é adivinhai. 26 – D Agora, vamos relembrar a conjugação do imperativo negativo. Essa é mais fácil ainda. Todas seguem a conjugação do presente do subjuntivo.

Por isso, o verbo TER, na 3ª pessoa do singular (Tenha), fica no imperativo negativo: “não tenha”. Não houve alteração pelo fato de o verbo, no imperativo afirmativo, ser conjugado pelo presente do subjuntivo. Só há diferença entre as formas afirmativa e negativa para as segundas pessoas (tu e vós). 27 – D Agora nosso assunto será locução verbal. Em uma locução verbal, pode haver um ou mais verbos auxiliares e só um verbo principal. Quem manda é o principal, mas quem se flexiona é o primeiro (ou único) auxiliar, da maneira como o principal, se estivesse sozinho, faria. Nessa questão, está em análise o verbo HAVER. No sentido de existência, esse verbo é IMPESSOAL, ou seja, não possui sujeito, por isso se mantém na 3ª pessoa do singular. O mesmo não acontece com o seu “primo”, o verbo EXISTIR. Esse verbo possui sujeito e se flexiona. Vamos analisar cada uma das opções para identificar a INCORRETA. A) O sujeito do verbo existir é “plantas”, motivo que levou o verbo a se flexionar no plural: existem. Está certa! B) Agora, o verbo principal é o HAVER. Como ele indica existência, é impessoal e não se flexiona. Ele dá essa ordem ao seu auxiliar, que deve permanecer na 3ª pessoa do singular: “Deve haver plantas”. Certíssima! C) Dessa vez, o verbo principal é o EXISTIR. Então, o verbo auxiliar deverá se flexionar, da mesma forma que o fez o verbo principal na opção A: “Podem existir plantas”. Certa! D) Em “há de existir” temos os dois verbos: HAVER e EXISTIR. Então teremos de ver quem é que manda nessa oração. O verbo haver é auxiliar e só obedece ao verbo EXISTIR. Este se flexiona quando está sozinho. Então é essa a ordem que dá ao seu auxiliar: flexione-se. Em “Aqui há de existir plantas”, há um erro de concordância (o verbo auxiliar da locução está em desacordo com o sujeito “plantas”. A forma correta seria: “Aqui hão de existir plantas”. É essa a resposta. Sobre esse ponto, costumo cantar uma linda canção de Gilberto Gil que exemplifica muito bem a flexão em verbos auxiliares. Ela chama-se “Estrelas”: Há de surgir Uma estrela no céu cada vez que ‘ocê sorrir Há de apagar Uma estrela no céu cada vez que ‘ocê chorar Os verbos principais são “surgir” e “apagar”. “Uma estrela surgirá”, “Uma estrela se apagará”. Como não estão “sozinhos”, mas acompanhados de um verbo auxiliar, formando uma locução verbal, dão essa ordem para seus auxiliares. Logo, “Uma estrela há de surgir” e “Uma estrela há de se apagar”.

Se o sujeito fosse para o plural, seria “Estrelas hão de surgir” e “Estrelas hão de se apagar”, assim como seria “Estrelas surgirão” e “Estrelas se apagarão”. Quando uma locução apresenta mais de um verbo auxiliar (até dois), apenas o primeiro se flexiona, devendo o segundo permanecer em uma forma nominal (normalmente o particípio). Isso ocorre em construções de voz passiva que se originam de tempos compostos na voz ativa. O exemplo elucida a teoria. VOZ ATIVA: Os usineiros têm explorado os trabalhadores. (tempo composto) VOZ PASSIVA: Os trabalhadores têm sido explorados pelos usineiros. E) O verbo principal HAVER faz com que o verbo auxiliar não se flexione: “Pode haver plantas”. Também está certa. 28 - A Como vimos exaustivamente na questão anterior, em uma locução verbal, somente o verbo auxiliar se flexiona, mantendo-se o principal inalterado na forma nominal. Assim, está incorreta a flexão de “tornarem-se”, pois ele é o verbo principal da locução verbal. A forma corrigida seria: “Deveriam tornar-se alvos de uma diplomacia...”. 29 – E Falaremos, agora, sobre transposição de vozes verbais. Primeiro cuidado: Passando da voz ativa para a passiva: identifique o objeto direto da voz ativa, que exercerá a função de sujeito na voz passiva; Passando da voz passiva para a ativa: você deverá identificar o sujeito da voz passiva e colocá-lo na posição de objeto direto da voz ativa; se não houver um agente da passiva, não haverá sujeito na voz passiva, ou seja, será um caso de sujeito indeterminado. O verbo ficará na terceira pessoa do plural, indefinindo o sujeito da ação verbal. Segundo cuidado: manter o verbo no mesmo tempo e modo verbais do original. Nesta questão, a transposição será da voz ativa para a passiva. O sujeito exercerá a função de agente da passiva. O objeto direto será o sujeito da voz passiva. O verbo se tornará uma locução verbal, respeitando-se o tempo e modo originais. Assim, a voz passiva será: “Dinheiro é gasto por ele que nem água.”. 30 – A Agora, a transposição parte da voz passiva para a ativa. Note que não há agente da passiva, o que indica que, na voz ativa, teremos um caso de sujeito indeterminado.

Há duas formas de se construir sujeito indeterminado: 1ª. qualquer que seja a transitividade do verbo, este fica na terceira pessoa do plural; 2ª. verbos que não tenham objeto direto (ou seja, verbos de ligação, intransitivos ou transitivos indiretos), o verbo fica na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome “se”. Como, na voz passiva, o verbo TEM DE SER transitivo direto ou transitivo direto e indireto, ou seja, tem de ter objeto direto, não há possibilidade de se construir, na voz ativa, a segunda forma de sujeito indeterminado. Assim, nos casos em que não há agente da passiva, na voz ativa o verbo ficará na 3ª pessoa do plural, formando o primeiro caso de sujeito indeterminado. Vamos à questão. “Com a verba do Estado, 18 composições já estão sendo reformadas.” 1º PASSO: Identificar o sujeito da voz passiva. O sujeito paciente é 18 composições Î este elemento será o objeto direto da voz ativa. 2º PASSO: Note que são três os verbos na voz passiva: ESTÃO + SENDO + REFORMADAS – dois auxiliares (estão e sendo) e um principal (reformadas). Isso indica que, na voz ativa, haverá DOIS verbos (ESTAR + REFORMAR). O segundo verbo auxiliar (o “do meio”: SENDO) é retirado. Como não há agente da passiva, não haverá um sujeito na voz ativa. O verbo ficará na terceira pessoa do plural. Como se trata de uma locução verbal, isso acontecerá com o verbo auxiliar. Originalmente, o primeiro verbo auxiliar estava no presente do indicativo, forma em que continuará na voz ativa. Feitas essas alterações, a voz ativa seria: “Estão reformando 18 composições com a verba do Estado.”. 31 – C Mais uma vez, vamos treinar a transposição de voz passiva para a voz ativa. VOZ PASSIVA – “O martelo de percussão é confundido com um instrumento ameaçador.” 1º passo: identificar o sujeito paciente – “O martelo de percussão” Î esse será o objeto direto da voz ativa. 2º passo: manter o verbo no mesmo tempo e modo originais: é confundido, o verbo auxiliar está no presente do indicativo. Como não há agente da passiva, na voz ativa, teremos um caso de sujeito indeterminado, devendo o verbo permanecer na terceira pessoa do plural. Assim, a forma na voz ativa será: Confundem o martelo de percussão com um instrumento ameaçador. Alguém parece estar perguntando: e se eu resolvesse colocar o verbo na terceira pessoa do singular acompanhado do pronome SE? Ainda assim não seria um caso de sujeito indeterminado?

A resposta é não. Quando um verbo transitivo direto ou direto e indireto está acompanhado do pronome SE, forma-se a voz passiva pronominal. É isso o que ocorre na opção (A). Em “Confunde-se o martelo de percussão...”, foi mantida a voz passiva, só que da forma pronominal. A expressão “o martelo de percussão” continua a exercer a função de sujeito paciente e o pronome “se” é chamado de pronome apassivador. 32 – A Finalmente, um caso de construção de voz passiva com agente da passiva, para facilitar a nossa vida!!! 1º passo: identificar o sujeito paciente – “nem todo hábito de consumo” Î este elemento será o objeto direto da voz ativa. 2º passo: manter o verbo no mesmo tempo e modo originais Î Em “é ditado”, o verbo auxiliar está no presente do indicativo. O agente da passiva é “pela publicidade”, elemento que será o sujeito da voz ativa. Em virtude do valor negativo do “nem” no início da construção, a voz ativa assim poderia ficar: “A publicidade não dita todo hábito de consumo.”. 33 – D 1º passo: identificar o objeto direto: “o silêncio” Î este será o sujeito da voz passiva. 2º passo: manter o verbo no mesmo tempo e modo originais – “quebrou” está no pretérito perfeito do indicativo. Por isso, a forma correta será: foi quebrado. O sujeito da voz ativa será o agente da voz passiva. Assim, a voz passiva analítica seria: “O silêncio foi quebrado pelo lenhador.”. Se se optasse pela voz passiva pronominal, sairia de cena o agente da passiva e entraria o pronome apassivador: “Quebrou-se o silêncio.”. Voltaremos a falar sobre esse assunto nas aulas sobre “Concordância”. 34 – E Vamos encerrar nosso estudo com CORRELAÇÃO VERBAL. Como dissemos, não há necessidade de se decorar listas e mais listas de relações. Muitas vezes, esse tipo de erro você identifica com o seu ouvido. Veja só esta questão. a) Há uma clara relação entre “fosse” e “teria”. Estão os dois verbos no campo da suposição. b) Agora, ainda no campo da suposição, os fatos se reportam ao futuro: “for” e “terá”. c) Nessa relação, o fato existiu e pertence ao passado. Por isso, os verbos estão respectivamente no pretérito perfeito e pretérito imperfeito do indicativo.

d) Agora, temos uma locução verbal em tempo composto na primeira oração e um tempo composto correspondente na segunda. e) Note que há alguma coisa errada em “Se você seja...”. Essa conjunção não leva o verbo para o subjuntivo, ao contrário de sua “prima”, a conjunção “caso” (“Caso você seja...”). 35 – B Estão em desarmonia os verbos do período. Enquanto que o primeiro situa o fato no campo real (“É conveniente...”), o segundo está no plano da hipótese (“o time ficaria...”). 36 - C Estamos diante de uma correlação inadequada na opção C. A forma “funcionaria” figura no plano da hipótese. Assim, a forma verbal do verbo fazer deve manter essa linha de raciocínio do fato contido em “funcionaria”:“(...) a economia funcionaria de maneira harmoniosa, regida por uma mão invisível que a faria viver sempre em equilíbrio” A forma verbal empregada – fazia - transmite uma idéia de processo não concluído. Indica o que no passado era freqüente ou contínuo, o que não encontra respaldo no contexto. 37 – ITEM INCORRETO Muitas vezes, o modo subjuntivo é uma exigência da construção. Note que a conjunção “se” aceita que o verbo seja conjugado no presente do indicativo: “...se se deseja um regime democrático...”. A partir do momento em que se sugere a troca da conjunção “se” por sua equivalente, a conjunção “caso”, há necessidade de se alterar a conjugação do verbo a ela ligado, levando-o para o presente do subjuntivo: “caso se deseje um regime democrático...”. O que torna incorreta a assertiva é a omissão da necessidade de se alterar a forma verbal. 38 – ITEM CORRETO Ao contrário da questão anterior, dessa vez a banca examinadora já apresenta não só a troca da conjunção, como também a nova forma verbal, do futuro do subjuntivo (se não fizermos/tivermos) para o presente do subjuntivo (caso não façamos/tenhamos). 39 – C Mais uma questão envolvendo correlação verbal. Está incorreta a relação dos verbos da opção C. Enquanto o primeiro apresenta um fato no pretérito imperfeito, indicando um fato de certa duração no passado, o segundo situa-o no campo da realidade futura, como se

esse fato fosse certo de acontecer: “O autor do texto pensava que a Terra se tornará inviável”. A forma mais apropriada seria empregar o segundo verbo no futuro do pretérito, alocando o fato no campo das possibilidades, hipóteses: “O autor do texto pensava que a Terra se tornaria inviável”. Note que essa é a sugestão das opções a, b e e. 40 – A Em “Se houvesse uma lei que proibisse...”, nota-se que essa lei não existe e não se tem certeza se ela existirá um dia. Assim, todos os fatos estão no campo da suposição. Já na opção A, tanto o primeiro verbo (houver) como o segundo (proíba) situam os fatos também como hipóteses, mas desta vez em relação ao futuro, entendendo-se que, no atual momento, tal lei efetivamente não existe, mas pode ser que ela venha a existir. É por isso que está perfeita a relação entre esses dois verbos. Não é possível a construção de “se haver”(b/d) e “se haja”(c). Já a forma “proibisse”, além de apresentar erro de acentuação, não estabelece uma relação adequada com a forma “houver”, que se reporta ao futuro.

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA – PARTE 1 Hoje começaremos a tratar de um dos pontos mais importantes no estudo da Língua Portuguesa de forma geral e especialmente para concursos públicos. Infelizmente, há muitas regras nesse ponto do programa, motivo que nos leva a dividi-lo em duas partes. Sempre que possível, procuraremos facilitar a sua vida, com dicas e métodos de memorização. CONCORDÂNCIA consiste no mecanismo que leva as palavras a adequarem-se umas às outras harmonicamente na construção frasal. “Concordar” significa “estar de acordo com”. Assim, na concordância, tanto nominal quanto verbal, os elementos que compõem a frase devem estar em consonância uns com os outros. Essa concordância poderá ser feita de duas formas: - gramatical ou lógica – segue os padrões gramaticais vigentes; - atrativa ou ideológica – dá ênfase a apenas um dos vários elementos, com valor estilístico. CONCORDÂNCIA VERBAL – variação do verbo, conformando-se ao número e à pessoa do sujeito. CONCORDÂNCIA NOMINAL – adequação entre o substantivo e os elementos que a ele se referem (artigo, pronome, adjetivo). Como muitas questões abordam tanto concordância nominal quanto verbal, tornando-se impossível tratar cada uma delas de forma isolada, para tornar mais didático o nosso estudo, deixamos para a próxima aula a apresentação de questões de fixação. Isso significa que nossa aula de hoje será teórica, com a apresentação de algumas questões de prova somente a título exemplificativo. Mas não se preocupe: na próxima semana, as questões envolverão todo o programa (concordância nominal e verbal) e você poderá praticar bastante. ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: Para estudarmos concordância, devemos ter claros os conceitos e funções de alguns termos da oração. De início, lembramos a distinção entre as CLASSES GRAMATICAIS e FUNÇÕES SINTÁTICAS. Costumo dar o seguinte exemplo: JOÃO é uma única pessoa. No entanto, JOÃO pode exercer uma infinidade de funções na sociedade. Em casa, JOÃO é um pai zeloso e marido exemplar. No condomínio em que mora, JOÃO é o síndico e vizinho atencioso. Em seu trabalho, JOÃO é chefe de setor. Na igreja, é o ORGANISTA. Assim funcionam as palavras. Em analogia a JOÃO, apresentamos um SUBSTANTIVO (classe gramatical, que não se modifica). Esse substantivo (classe gramatical) pode exercer várias funções sintáticas. Pode ser o núcleo do sujeito, o objeto direto, o objeto indireto, o predicativo do sujeito etc. É como se a classe gramatical fosse JOÃO, e as funções sintáticas fossem “pai zeloso”, “marido exemplar”, “síndico”, “chefe”, “organista”, ou seja, a palavra pertence a certa classe gramatical e a função sintática que exerce pode, algumas vezes, variar, a depender da estrutura oracional.

Vamos, agora, relembrar a tabela de classe das palavras variáveis e invariáveis, apresentada na Aula 1. CLASSES DE PALAVRAS VARIÁVEIS Substantivo Adjetivo

INVARIÁVEIS Advérbio Palavra Denotativa

Artigo

Preposição

Pronome

Conjunção

Numeral

Interjeição

Verbo FUNÇÕES SINTÁTICAS Trata-se de uma noção preliminar. O assunto será explorado na aula própria sobre “Termos da Oração”. São termos essenciais da oração: SUJEITO e PREDICADO. SUJEITO: - SIMPLES - possui apenas um núcleo - COMPOSTO - apresenta mais de um núcleo. - OCULTO - é identificado pela desinência verbal (Andei por estradas) ou por estar expresso em oração precedente (O Brasil jogou mal e foi eliminado [o Brasil] da Copa do Mundo pela França). - INDETERMINADO - a ação verbal é atribuída a um ser que não é determinado, ou seja, “alguém” praticou a ação. Só não se pode (ou não se quer) designá-lo. - ORAÇÃO SEM SUJEITO - não existe um ser a quem se possa atribuir a ação verbal. PREDICADO: - VERBAL - Apresenta um verbo que indica uma ação, podendo ser intransitivo, transitivo direto ou indireto. - NOMINAL - Apresenta um verbo de ligação, que indica e possui predicativo do sujeito. - VERBO-NOMINAL - é o predicado que, formado por um verbo intransitivo ou transitivo, atribui uma ação ao sujeito e uma qualidade ao sujeito (Predicativo do Sujeito) ou ao objeto (Predicativo do Objeto). Estão presentes nesse predicado tanto a ação (própria do predicado verbal) como o estado ou a qualidade (que pode ser atribuído ao sujeito ou ao objeto). ELEMENTOS COMPLEMENTARES AO VERBO: - OBJETO DIRETO - é o complemento que se liga ao verbo sem preposição obrigatória. - OBJETO INDIRETO – é o complemento que se liga ao verbo por meio de uma preposição obrigatória. - PREDICATIVO DO SUJEITO - é o termo que, mesmo distante, se refere ao sujeito. Pode estar presente no predicado nominal ou no verbo-nominal. - PREDICATIVO DO OBJETO - é o termo que indica uma qualidade ao objeto, direto ou indireto. Está presente no predicado verbo-nominal.

- AGENTE DA PASSIVA - é o complemento que, na voz passiva com auxiliar, designa o ser que pratica a ação sofrida ou recebida pelo sujeito paciente. ELEMENTOS ACESSÓRIOS - Por ora, só nos interessa um deles. ADJUNTO ADNOMINAL – os elementos vêm junto ao nome para definir ou restringir seu significado. CONCORDÂNCIA NOMINAL. Regra geral A regra geral define que os termos (pronomes, artigos, adjetivos e numerais) que dependem do nome (substantivo) com ele concordam em gênero e número. O que mais nos interessa estudar é a concordância entre ADJETIVOS e SUBSTANTIVOS, por constituírem vários casos de concordância. Os nossos médicos descobriram a cura da doença. Passamos bons momentos juntos. Casos especiais No entanto, alguns casos fogem à regra geral. Vejamos como o adjetivo se comporta em cada um dos casos especiais. O adjetivo (CLASSE GRAMATICAL) pode exercer uma das seguintes funções sintáticas: ADJUNTO ADNOMINAL, PREDICATIVO DO SUJEITO ou PREDICATIVO DO OBJETO. CASO 1: ADJETIVO na função de ADJUNTO ADNOMINAL O nome desta função sintática já ajuda a identificá-la: ADJUNTO ADNOMINAL significa JUNTO AO NOME, ou seja, palavras que vêm junto ao nome complementando, designando ou restringindo o seu significado. 1.1 - ADJETIVO ANTEPOSTO A MAIS DE UM SUBSTANTIVO Adjetivo anteposto ao substantivo na função de adjunto adnominal concorda com o mais próximo. BIZU: Para lembrar, memorize que tudo começa com a letra A: Adjetivo Anteposto na função de Adjunto Adnominal Î concordância Atrativa. Observaram-se boa disciplina, estudo e trabalho. Desfrutei de boas horas e momentos naquele lugar. OBSERVAÇÃO: Se preceder um substantivo como título, prenome, parentesco ou se referir a nomes próprios, inclusive de pessoas ilustres, é empregado SEMPRE no plural. Os irmãos Pedro e Paulo estiveram aqui. Tivemos a presença dos ilustres Celso Cunha e Evanildo Bechara. Ele se referiu aos senhores Magalhães e Peixoto. 1.2 - ADJETIVO POSPOSTO A MAIS DE UM SUBSTANTIVO O adjetivo pode ficar no singular (concorda com o mais próximo – CONCORDÂNCIA ATRATIVA) ou no plural (concorda com todos os elementos – CONCORDÂNCIA GRAMATICAL).

A vontade e a inteligência humana(s). As conquistas e as descobertas portuguesas. Na norma gramatical, quando os substantivos tiverem gêneros diferentes (masculino e feminino), o masculino prevalece. Pode haver 200 substantivos femininos e um masculino, e o adjetivo deverá ir para o masculino (viu como o Português é machista???). O carro, a motocicleta e a bicicleta envenenada(os). O trabalho e as realizações conseguidas(os). Defeitos e virtudes verdadeiros(as). 1.3 – DOIS possibilidades.

OU

MAIS

ADJETIVOS

COM

UM SUBSTANTIVO: há

três

Estudamos a civilização grega e romana. Estudamos a civilização grega e a romana. Estudamos as civilizações grega e romana. Esse conceito já foi objeto de prova da Cespe/UnB. Vejamos. (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) Julgue a assertiva abaixo. 3) Seria igualmente correto substituir o trecho “As políticas fiscal e monetária contribuíram” (R.21-22) por A política fiscal e monetária contribuiu, A política fiscal e a monetária contribuíram ou As políticas fiscais e monetárias contribuíram.

Este item foi considerado CORRETO. Foram apresentadas as três possibilidades de concordância entre um substantivo e mais de um adjetivo. Na primeira, os dois adjetivos se ligam ao substantivo e a concordância verbal se faz no singular. Na segunda forma, individualizou-se cada uma das políticas, levando o verbo para o plural. Na terceira e última construção, apresentou-se o substantivo no plural, flexionando-se o verbo no mesmo número. Todas essas formas estariam corretas. 1.4 - O MESMO ADJETIVO EM RELAÇÃO A MAIS DE UM SUBSTANTIVO - Se estes substantivos forem ou puderem ser considerados SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS ou formarem GRADAÇÃO das idéias enunciadas, o adjetivo só pode permanecer no SINGULAR, concordando com o mais próximo, quer esteja anteposto ou posposto aos substantivos. Ele sempre teve idéia e pensamento fixo naquela mulher. (SINÔNIMOS) Naquele país, há frio e calor intenso. (ANTÔNIMOS) É preciso dedicação ao carinho, amor e paixão alheia. (GRADAÇÃO) - CUIDADO COM O SENTIDO: algumas vezes, o adjetivo só pode estar se referindo a um dos substantivos, caso em que deverá concordar com ele. Comprei no supermercado carne e legume fresco / frescos. – A concordância é facultativa, pois tanto os legumes quanto a carne podem estar frescos.

Comprei no supermercado carne e legume verdes. – Opa! Essa carne deve estar estragada. O adjetivo só pode se referir a “legume”, devendo permanecer no singular: carne e legume verde. Observe, agora, uma ótima questão de (Corregedoria de Justiça do Rio de Janeiro):

prova,

aplicada

pela

NCE/UFRJ

“...respiração e circulação sangüínea.” ; na Nova gramática do português contemporâneo, p. 265, o prof. Celso Cunha diz: “(Quando o adjetivo vem depois dos substantivos), se os substantivos são do mesmo gênero e do singular, o adjetivo toma o gênero dos substantivos e, quanto ao número, vai: para o singular (concordância mais comum) ou para o plural (concordância mais rara).” Assim sendo: (A) o adjetivo sangüínea poderia também aparecer com a forma sangüíneas; (B) o autor preferiu a concordância mais rara à mais comum; (C) o autor do texto cometeu um erro de concordância; (D) razões semânticas fazem que a única forma possível do adjetivo seja sangüínea; (E) a única forma correta do adjetivo é sangüíneas. O gabarito foi a letra D. Não há possibilidade de o adjetivo sangüíneas se referir a respiração, por razões semânticas. Contudo, muitos candidatos, levados pelo enunciado, devem ter marcado a opção A, esquecendo-se do sentido das palavras. 1.5 - Algumas palavras especiais: - MESMO, PRÓPRIO, TAL – como PRONOMES DEMONSTRATIVOS, variam para concordar com o substantivo a que se referem (os pronomes são, regra geral, variáveis). Elas mesmas não sabiam o porquê. O vocábulo MESMO não se flexiona quando apresentar valor adverbial (advérbio pertence à classe de palavras invariáveis), equivalente a realmente, de fato ou à palavra invariável até. Elas não sabem o que fazer mesmo (realmente). Mesmo elas, que eram tão experientes, não sabiam o que fazer.

O vocábulo TAL também pode se apresentar na expressão TAL QUAL, caso em que cada elemento irá concordar com o substantivo ou pronome a que se referir. Ela queria que sua filha fosse tal quais as primas. Eles se comportam tais quais os pais. Eles se comportam tais qual a mãe. Que tal vermos uma questão de prova sobre isso? Vamos lá. (NCE UFRJ / INCRA / 2005) 28 - Assinale a frase com ERRO de concordância da palavra mesmo: (A) A Portuguesa, mesmo derrotada, não cairá para a segunda divisão; (B) Ela mesma arrumou toda a casa; (C) Joana é teimosa mesmo;

(D) As folhas rasgaram-se por si mesmo; (E) Na mesma praça, no mesmo jardim. Você achou o erro? O gabarito foi a letra D. O correto seria “as folhas rasgaram-se por si mesmas”, já que o vocábulo é um pronome demonstrativo e, portanto, variável. Nas demais ocorrências, a palavra “mesmo” é: a) palavra denotativa (ainda que derrotada); logo, invariável. b) um pronome demonstrativo corretamente flexionado, concordando com o pronome pessoal reto. c) esse “mesmo” tem valor adverbial (ela é realmente teimosa) e, por isso, não varia. e) agora, esse pronome está em harmonia com o substantivo “jardim”. - ANEXO, INCLUSO, JUNTO, NENHUM, LESO, OBRIGADO, QUITE: com valor adjetivo, se flexionam em gênero e número de acordo com o termo que modificam. Observação: A locução adverbial em anexo fica invariável. Enviamos anexas as informações / anexos os documentos. Mulheres nenhumas o agradavam. / Eles não são nenhuns santinhos. Estamos quites com você./ Estou quite com você. Vinham inclusas na pasta a carta e a procuração. Elas saem sempre juntas. Aqueles eram crimes de lesa-pátria / de leso-patriotismo / lesas-razões. Vamos bem, obrigados. (gratos, agradecidos) A palavra JUNTO só fica invariável quando faz parte de uma locução prepositiva (preposição faz parte da classe de palavras invariáveis), como junto com / junto a. Por isso, nada de “nós vamos chegar junto”! O correto seria “nós vamos chegar juntos”. Até porque você já deve estar meio “velhinho(a)” para usar gírias como “ela(e) não chega junto” no sentido de “corresponder às expectativas” ou coisas afins...rs... Essa expressão só é admissível na linguagem coloquial vulgar. Nós saímos juntos, almoçamos juntos, mas ele não “chegou junto”. (rs...)

Vamos analisar uma questão de prova: (FUNDEC / TJ MG / 2002 - adaptada) Julgue se a assertiva abaixo está de acordo com a norma culta escrita. II. Após um longo período de dificuldades, estou finalmente quites com todos os meus credores. A construção apresenta erro de concordância nominal. O adjetivo “quite” deve se flexionar de acordo com o nome ou pronome a que se refere, no caso ao pronome pessoal reto eu, identificado a partir da desinência verbal (“estou”), ficando no singular: “...estou finalmente quite com todos os meus credores”.

- SÓ, MEIO, BASTANTE, CARO, BARATO: concordam com o substantivo a que se referem. Se forem usados como advérbios ou palavras denotativas, ficam invariáveis. Eles estavam sós no apartamento (adjetivo - variável) Ele só quer o nosso bem (= apenas – palavra denotativa - invariável) Aquelas roupas estavam baratas/caras.(adjetivos - variáveis) Os gêneros alimentícios permanecem caros/baratos. (adjetivos – variáveis) Os gêneros alimentícios custam caro/barato.(advérbios - invariáveis) Ela estava meio embriagada pelo sucesso. (advérbio - invariável) Suas idéias eram bastante interessantes.(= muito – advérbio – invariável) Compraram duas meias entradas para o espetáculo. (numeral) Enfrentamos bastantes problemas difíceis. (pronome indefinido – variável) A expressão a sós fica SEMPRE invariável, por ser uma locução adverbial. Ela gosta de estar a sós. A expressão por si só se flexiona com o substantivo ou pronome em referência. As notícias, por si sós, não foram suficientes para acalmá-la. Vamos ver outra questão de prova. (FGV / ALESP / 2002) 14. Assinale a alternativa cuja concordância NÃO está de acordo com os padrões cultos: A. Ela está meio cansada. B. Eles estão meio cansados. C. Eles estão meios cansados. D. Ele está meio cansado. Você deve ter considerado esta questão bem mais fácil que as demais. A palavra MEIO, com valor adverbial, permanece INVARIÁVEL. Na dúvida, tente trocar por outro advérbio, como MUITO: “Ela está MUITO cansada”, “Eles estão MUITO cansados”. Viu só? Se não houve alteração com MUITO, também não haverá com MEIO. - MENOS - fica SEMPRE invariável, qualquer que seja a sua classificação (pronome, advérbio). Vieram menos pessoas que o esperado.(pronome indefinido) Coma menos.(advérbio) - MONSTRO, ALERTA, PSEUDO – ficam INVARIÁVEIS. Os soldados estavam alerta.(advérbio) Há no governo alguns pseudo-intelectuais.(elemento de composição) Eles eram criaturas monstro.(formado a partir de derivação imprópria, ou seja, originalmente era um substantivo e foi usado como adjetivo).

Já existe registro no Dicionário Eletrônico Aurélio da palavra alerta com valor adjetivo, caso em que se torna variável. Nada lhes escapa, são homens alertas. Para treinarmos, que tal mais uma questão de prova? Vamos lá. (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) 21. A alternativa correta quanto à concordância nominal é A. A empregada mesmo viu tudo. B. B. Já fiz isso bastante vezes. C. C. Passado a crise, voltaram. D. D. As frutas chegaram meio estragadas. Vamos analisar cada uma das opções: a) O pronome demonstrativo MESMO deve concordar com o nome EMPREGADA. Se você estiver achando estranho, troque o nome por um pronome: “Ela mesma viu tudo”. b) Os vocábulos MUITO e BASTANTE tanto podem ser pronomes indefinidos como advérbios. A diferença está no emprego e na flexão. Os advérbios modificam adjetivos, verbos ou outros advérbios e permanecem invariáveis. Os pronomes indefinidos podem modificar substantivos, concordando com eles em gênero e número. Veja agora a que classe de palavra pertence o vocábulo modificado por “BASTANTE”: “Já fiz isso bastante vezes”. Está modificando o substantivo VEZES. Logo, só pode ser um pronome indefinido e deve se flexionar: bastantes vezes (muitas vezes). c) Pergunto a você: o que passou? Resposta: “a crise”. Então o particípio “passado” deve com este substantivo concordar: “Passada a crise”. d) Como já vimos anteriormente, o vocábulo MEIO pode ter valor adverbial, assim como o MUITO. Na dúvida, troque um pelo outro para verificar se há flexão. Se não houver, confirma-se o emprego como advérbio, e não uma classe de palavras variável: “As frutas chegaram muito estragadas” Î “As frutas chegaram meio estragadas”. Está correta a oração da opção D. 1.6. Um e outro / Nem um nem outro Com essas construções, o substantivo permanece no singular, mas o adjetivo vai para o plural. BIZU: Como os elementos são ligados por elementos aditivos (E, NEM), há apenas um substantivo se referindo a cada um deles (singular), mas o adjetivo se refere a todos (plural). Houve um e outro homem escolhidos para o cargo. O delegado não apurou nem um nem outro crime praticados. Um e outro alimento naturais. Se você estiver achando essa construção feia, espere até chegar a hora de falarmos sobre a concordância verbal nesses casos !!!

1.7

mais / menos

O(S) / A(S)

melhor(es) / pior(es)

possível(eis)

maior(es) / menor(es) qualquer adjetivo O adjetivo “possível” segue o que indica o artigo “o/a/os/as”. Se estiver no plural (os/as), o adjetivo “possível” também se flexiona (possíveis). Se ficar no singular (o/a), assim também fica o adjetivo (possível). BIZU: A expressão “o mais possível” pode ser considerada uma locução adverbial (invariável), equivalente a “muito” ou “bastante”, enquanto que a expressão os mais possíveis poderia ser considerada uma locução adjetiva (variável), equivalente a um superlativo. Conheci mulheres o mais encantadoras possível. (muito encantadoras) Havia mestres os mais inteligentes possíveis. (inteligentíssimos)

1.8. A olhos vistos Essa expressão pode ficar invariável (locução adverbial) ou a palavra visto concordar com o substantivo a que se refere. Ela tem piorado a olhos vistos / a olhos vista.

1.9. Haja vista Essa expressão está sempre certa quando invariável, equivalente a “Veja”. Uma outra possibilidade de construção é com o substantivo vista (INVARIÁVEL SEMPRE!) e o verbo se flexionando de acordo com o substantivo que se segue. Haja vista o resultado. Haja vista / Hajam vista os resultados. Haja vista / Hajam vista as dificuldades por que passamos. Uma terceira forma, apresentada por alguns autores, é INVARIÁVEL com a preposição “a” ou “de”. Haja vista ao resultado. Haja vista do resultado. Não é possível nenhuma construção com “visto”, provavelmente resultante de “contaminação” das expressões “visto que” ou “visto como”. BIZU: Uma boa maneira de lembrar as duas últimas regras é: enquanto no caso 1.8 quem pode se flexionar é VISTO (“a olhos vistos / vista / visto / vistas), no 1.9 essa palavra é INFLEXÍVEL (“haja / hajam vista).

Para encerrar esta parte, vamos resolver mais uma questão de prova.

(BESC ADVOGADO/ 2004) Assinale a alternativa aceitável segundo a norma culta. (A) Ela mesmo quis se apresentar para a diretoria. (B) Há bastante coisas a serem feitas antes da chegada do nosso diretor. (C) Aqueles funcionários são o mais capacitados possível. (D) Eles pediram emprestado a caixa de documentos. (E) Anexo segue os documentos. O gabarito foi a letra C. Note que o adjetivo “possível” segue a flexão do artigo “o” – tudo no singular. Os erros das demais opções são: a) “Ela mesma quis se apresentar para a diretoria.” – o pronome demonstrativo deve concordar com o nome/pronome a que faz referência. b) Agora, o vocábulo “bastante” é um pronome indefinido. Na dúvida, troque por “muito” e veja como ficaria: “Há muitas coisas...” Î “Há bastantes coisas...”. d) O adjetivo “emprestado” deve concordar com o objeto direto “caixa de documentos”, cujo núcleo é representado por caixa. Assim, a forma correta seria: “Eles pediram emprestada a caixa de documentos”. Esse é um dos casos de ADJETIVO na função de PREDICATIVO DO OBJETO, a ser analisado no “Caso 3”, mais adiante. e) O vocábulo “anexo” tem valor adjetivo, devendo concordar com o substantivo correspondente. Além desse erro, houve também um de concordância verbal, já que o sujeito é “os documentos”, mas esse é assunto para a próxima aula. A forma correta seria: “Anexos seguem os documentos”. Caso 2 - ADJETIVO na função de PREDICATIVO DO SUJEITO Em predicados nominais, com verbos de ligação (Eles parecem preocupados. / Elas estão tristes.), ou em predicados verbo-nominais, com verbos indicativos de ação associados a adjetivos que se referem ao sujeito (Eles saíram do escritório preocupados. / Elas passaram a tarde tristes.), temos a função sintática de predicativo do sujeito. Essa função, que pode ser exercida por um substantivo ou um adjetivo, mesmo distante, atribui ao sujeito um estado, condição, característica. Nesses casos, o adjetivo não decide nada sozinho. Ele sempre vai seguir o caminho que o verbo escolher. 2.1. Sujeito composto anteposto: Quando o sujeito composto é apresentado antes do verbo, segue-se a regra geral – o verbo e o adjetivo concordam com o sujeito. O amor e a compreensão humanos estavam mortos.

2.2. Sujeito composto posposto: adjetivo concorda com o verbo. Esta concordância nominal se reporta a uma regra da concordância verbal. Quando o sujeito composto vem após o verbo, fora da ordem direta (ou seja, primeiro vem o predicado e depois o sujeito), o verbo pode concordar com o primeiro elemento do sujeito composto (concordância atrativa) ou com todos eles (concordância gramatical).

O adjetivo seguirá a decisão do verbo. Se o verbo for para o plural, assim se flexionará o adjetivo. Se o verbo realizar a concordância com o primeiro elemento, com ele o adjetivo concordará em gênero e número. Estava morto o amor e a compreensão humana/humanos. Estava morta a compreensão e o amor humano/humanos. Estavam mortos o amor e a compreensão humana/humanos.

2.3. Sujeito não-determinado: se o sujeito se mostra vago, genérico, o adjetivo fica invariável em expressões com “é preciso”, “é bom”, “é necessário” e equivalentes. É proibido entrada de estranhos. Cerveja preta é bom para as lactantes..

2.4. Sujeito determinado: a flexão do adjetivo se torna possível quando, nessas construções, o sujeito está acompanhado de um determinante (numeral, artigo, pronome). É proibida a entrada de estranhos. Esta cerveja é boa para as lactantes.

Caso 3: ADJETIVO na função de PREDICATIVO DO OBJETO: Os verbos que permitem esse tipo de construção são os chamados verbos transobjetivos. Além de serem transitivos diretos, deles se exige mais alguma informação, trazida pelo elemento que exerce a função de predicativo do objeto (transobjetivo = vai além do objeto Î predicativo do objeto). São verbos como julgar, considerar, chamar, encontrar e outros. Não se pode dispensar a informação trazida pelo predicativo do objeto, sob risco de se prejudicar a coerência oracional. O júri considerou o réu.... Você percebeu que ficou faltando alguma coisa? Aquilo que se diz a respeito do réu (o que foi considerado a seu respeito) é o elemento que exerce essa função de predicativo do objeto. Uma boa maneira de se distinguir o adjetivo que exerce a função de adjunto adnominal daquele que exerce a função de predicativo do objeto é substituir o substantivo (objeto direto) por um pronome átono correspondente. Exemplo: a) Contexto: Havia muitos dias que meu cavalo de estimação morrera, mas seu corpo não havia sido encontrado. Até que, um dia, andando pelo campo... encontrei o cavalo morto Î encontrei-o. Quando o adjetivo acompanha o substantivo e todos os dois – substantivo e adjetivo - são substituídos pelo pronome, o adjetivo estará exercendo a função de adjunto adnominal.

b) Contexto: Havia muitos dias que meu cavalo de estimação sumira. Ninguém sabia de seu paradeiro. Até que, um dia, andando pelo campo... encontrei o cavalo morto Î encontrei-o morto. Neste caso, o adjetivo permanece na oração, mesmo após a troca do substantivo pelo pronome. Isso significa que essa informação é necessária para a compreensão pelo leitor/ouvinte. A função exercida pelo adjetivo, neste caso, é a de predicativo do objeto. Agora que o significado da função de predicativo do objeto foi apresentado, voltaremos a falar sobre a concordância nominal com o adjetivo que exerce esta função. É bem simples. Se o adjetivo estiver na função de PREDICATIVO DO OBJETO QUALQUER QUE SEJA SUA POSIÇÃO EM RELAÇÃO AO SUBSTANTIVO (anteposto ou posposto), a única concordância admitida é a gramatical (com todos os elementos). Exemplo: Encontrei o cavalo e a vaca mortos / Encontrei mortos a vaca e o cavalo. 3.1. Objeto simples: adjetivo concorda em gênero e número. Encontrei tristonha a mulher abandonada.

3.2. Objeto composto: adjetivo fica no plural, independentemente de estar anteposto ou posposto. Como sempre, havendo gêneros diferentes, prevalece o masculino (é a vida, fazer o quê???). Encontrei tristonhos a mulher e o rapaz. Você ainda se lembra do comentário à questão de prova ao fim do item 3.2? O mote era a expressão “pedir emprestado”. Então, vamos analisar uma outra questão de prova, desta vez elaborada pela Fundação João Goulart. (PGM RJ/2004) Há má construção gramatical quanto à concordância em: A) Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas alterações psicológicas. B) As internações por si sós já causam certos distúrbios psicológicos aos pacientes. C) Uma e outra hospitalizados. D) Distúrbios hospitalares.

e

alteração alterações

psicológica psicológicos

podem são

afetar

normais

os

pacientes

em

pacientes

O gabarito foi a letra A. Observe um clássico caso de verbo transobjetivo – CONSIDERAR. Eu considero aquele rapaz.... Ficou faltando alguma coisa, não é? O que faltou foi o predicativo do objeto, ou seja, o que se refere àquele rapaz, a consideração que fazemos dele. Na construção “Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas alterações psicológicas”, pergunta-se: o que era inevitável? Resposta: “pequenas alterações psicológicas”.

Como o núcleo do objeto direto é alterações, o adjetivo, na função de predicativo do objeto, deve se flexionar em número plural: “Os médicos consideravam inevitáveis nos pacientes pequenas alterações psicológicas.”. Caso 4: DISTINÇÃO ENTRE MIL, MILHÃO E MILHARES. 4.1) MIL – Quando você preenche um cheque no valor de R$ 1.000,00, tenho certeza de que coloca o “um” antes de “mil”, acertei? Tudo bem que você faça isso para evitar fraudes, mas, na hora da prova, esqueça esse hábito. Neste caso, o numeral vem sozinho (mil reais). A partir de “dois”, o numeral concorda com o substantivo: duas mil mulheres / dois mil homens. 4.2) MILHÃO - O numeral milhão, como os demais numerais, pertence à classe das palavras variáveis. Assim, deverá concordar com a parte inteira do numeral cardinal a ele relacionado. Aquela empresa investiu 1,5 milhão de reais em novos equipamentos. O artigo e o numeral que o antecederem devem concordar com ele, no masculino: Os dois milhões de árvores plantadas agora recobrem toda a área. Veja agora uma questão da prova da ESAF sobre o assunto (AFC STN/2002 adaptada). Um emprego novo na indústria siderúrgica custa 1,4 milhão de reais. No varejo, um único emprego exige o dispêndio de algo em torno de 30.000 reais: o custo do espaço na loja, do balcão e do estoque de mercadorias. Julgue a asserção abaixo em seus aspectos gramaticais. b) À linha 1 seria também correto escrever-se 1,4 milhões de reais. Estaria incorreta a concordância em “1,4 milhões de reais”. Como a parte inteira é representada pelo algarismo ‘1’, o numeral milhão deverá ficar no singular: “1,4 milhão de reais”. 4.3) MILHARES – Pode ser classificado como numeral ou substantivo. De qualquer forma, é MASCULINO, devendo permanecer neste gênero qualquer que seja o seu complemento. Muitos dos milhares de batidas de trânsito são fruto da imprudência.

Como esse assunto já caiu em prova? Vejamos uma questão elaborada pela ESAF. (TCE RN/2000) Nas questões seguintes, marque o item sublinhado que apresenta erro gramatical ou de ortografia. Acredito que a maior parte dos senhores sabe(A) que a Secretaria de Educação é gigantesca; por isso(B) se tem muita dificuldade de gerenciamento. É composta(C) por 1,3 milhões(D) de alunos. Esta quantidade de alunos é maior do que (E) a população de muitas capitais no Brasil. a) A b) B c) C d) D

e) E O gabarito foi a letra D. Como a parte inteira é representado pelo algarismo ‘1’, o numeral milhão, que pertence à classe das palavras variáveis, deverá concordar com ele, ficando no singular – “1,3 milhão de alunos”. Na próxima aula, estudaremos os casos de concordância verbal e teremos uma bateria de questões de prova para a fixação. Até lá.

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA – PARTE 2 Hoje, daremos continuidade ao estudo da sintaxe de concordância, desta vez analisando os casos de concordância verbal. Segundo a regra geral, o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa. Em uma linguagem mais simples, o núcleo do sujeito manda no verbo, mas é a partir do verbo que conseguimos identificar o sujeito. O técnico escalou o time. Os técnicos escalaram os times. Para isso, perguntamos ao verbo quem/o que é o seu sujeito: quem escalou o time? O técnico / os técnicos. As construções dos exemplos acima apresentam sujeito simples (um único núcleo) e dispõem os elementos da oração na ordem direta, ou seja, SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS. Em frases como essas, fica bem fácil identificar o sujeito e seu núcleo e perceber qualquer erro de concordância. Veja como isso caiu em uma das mais recentes provas da ESAF (essa acabou de sair do forno!): (ESAF/AFT/2006) Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro. a) A Primeira Revolução Industrial pode ser entendida como uma guinada de todos os indicadores econômicos ingleses, sobretudo nas duas últimas décadas do século XVIII. b) Tal avanço dos indicadores econômicos tiveram várias razões: a intensificação do Comércio Internacional desde o século XVI, a Revolução Agrícola (e a expulsão de vastos contingentes de campesinos para as cidades), o surgimento de uma indústria têxtil inglesa etc. c) Esses acontecimentos propiciaram o que o historiador Eric Hobsbawm chama de a “partida para o crescimento auto-sustentável”. Por “crescimento auto-sustentável” entende-se: o poder produtivo das sociedades humanas, até então sujeito a variáveis climáticas ou demográficas, tornou-se crescente e constante – livre de epidemias, fomes, pestes ou intempéries, que regularmente ceifavam grandes contingentes de mão-de-obra em quase toda a Europa. d) Contraposto à Idade Média, em que o problema crônico da produção era a falta de homens e mulheres nos campos (e não de terras), o período que se segue à Revolução Industrial é aquele em que o homem começa a tornar-se um pouco mais supérfluo. e) Como explicita Hobsbawm, trata-se de período em que, às grandes massas de desempregados e campesinos desapossados, juntou-se um sistema fabril mecanizado que produzia “em quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não mais depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado”. (Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo.http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/Historico) Será que você acertou??? O gabarito deu como incorreta a construção da opção B. Note que o núcleo do sujeito é avanço (“Tal avanço dos indicadores econômicos...”). Com este elemento, o verbo TER deve concordar. Os demais elementos (“tal”, “dos indicadores econômicos”) só vêm complementar o sentido do núcleo. Normalmente, devido à

proximidade do verbo com vários elementos no plural, não notamos que ele deve permanecer no singular. Para evitar erros como esses (muito comuns nas provas da ESAF), uma boa dica é assinalar o núcleo de alguma forma (sublinhando, envolvendo com um círculo etc). A construção correta seria: “Tal avanço dos indicadores econômicos teve várias razões...”. Esse é um caso de construção na ordem direta (sujeito + verbo + complemento) com apenas um núcleo do sujeito (sujeito simples). Se você achou essa questão complicada, prepare-se, pois pode piorar! Vida de concursando não é essa maravilha aí, não... Normalmente, as construções vêm em ordem invertida e/ou com o sujeito bem distante do verbo, o que dificulta a constatação de um equívoco na concordância. Esse, aliás, é o estilo da ESAF. Entre o núcleo do sujeito e o verbo são dispostos vários elementos em número diverso do apresentado pelo sujeito. Resultado: sem que percebamos, acabamos “contaminados” e aceitamos uma concordância incorreta. Daquela mesma prova, tiramos este outro exemplo de erro de concordância, um pouco mais complicadinho. Resolva a questão e leia o comentário. (ESAF/AFT/2006) Os trechos a seguir constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro de concordância. a) As riquezas geradas eram, de fato, imensas e as condições de vida nas cidades costumavam ser horríveis. Para se ter idéia, alguns recenseamentos ingleses, da década de 1840, relatam que o homem do campo vivia, em média, 50 anos e o da cidade, 30 anos. b) Talvez esses números sejam indicadores da dramaticidade das modificações ocasionadas, na vida de milhões de seres humanos, pela Revolução Industrial. c) Essa dramaticidade que, muitas vezes, nos escapa, mas que podemos entrever, como nos informa Hobsbawm, se levarmos em conta que era comum, nas primeiras décadas dos oitocentos, encontrar trabalhadores citadinos vivendo de forma que seria absolutamente irreconhecível para seus avós ou mesmo para seus pais. d) A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas nas cidades, fazem com que, nas palavras de Hobsbawm, “nada se tornasse mais inevitável” do que o aparecimento dos movimentos operários. e) Aqueles trabalhadores, que viviam em condições insuportáveis, não tinham quaisquer recursos legais, somente alguns rudimentos de proteção pública. (Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo - http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/ Historico)

O gabarito é a letra d. Desta vez, o núcleo do sujeito (fragmentação – núcleo do sujeito na construção “A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais”) está bem distante do verbo (fazer) e, entre eles, elementos no plural – e não são poucos: “das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas nas cidades”. Nada disso interessa! O núcleo do sujeito continua sendo o mesmo – fragmentação – no singular, e com ele deve o verbo concordar: “a fragmentação (...) faz com que...”. LEMBRE-SE DA DICA: em questões como essa, MARQUE o núcleo do sujeito, para não perdê-lo de vista nem da memória.

A seguir, apresentamos alguns casos especiais de concordância verbal que devem ser observados. Caso 1 - Sujeito composto – No sujeito composto, há mais de um núcleo do sujeito. Quando o sujeito composto estiver: 1.a) anteposto ao verbo (SUJEITO + VERBO), o verbo vai para o plural, ou seja, obedece à concordância gramatical – o verbo concorda com os núcleos do sujeito. Como o sujeito (com todos os seus núcleos) já foi apresentado, não resta outra saída a não ser concordar com todos os elementos. O técnico e os jogadores chegaram ontem a São Paulo.

1.b) posposto ao verbo (VERBO + SUJEITO), o verbo pode concordar com o sujeito mais próximo (concordância atrativa) ou ir para o plural, concordando com todos eles (concordância gramatical). O raciocínio dessa concordância é este: como o sujeito ainda não foi apresentado, o verbo pode “garantir” a concordância logo com o primeiro (concordância atrativa) ou “aguardar” a apresentação de todos e com todos eles concordar (concordância gramatical). Chegou(aram) ontem o técnico e os jogadores. Se houver idéia de reciprocidade, obrigatoriamente o verbo vai para o plural; afinal, por ser recíproca, a ação necessita de mais de um agente. Agrediam-se mãe e filha.

1.c) Havendo pronomes pessoais, formado com pessoas diferentes: verbo fica no plural da pessoa predominante (1ª, 2ª ou 3ª), obedecendo à seguinte ordem de preferência: PREVALECE A 1ª PESSOA – VERBO NA 1ª PESSOA DO PLURAL Eu, você e os alunos iremos ao museu.(NÓS) NA AUSÊNCIA DA 1ª PESSOA, PREVALECE A 2ª PESSOA – VERBO NA 2ª PESSOA DO PLURAL: Tu, ela e os peregrinos visitareis o santuário.(VÓS) Nesse segundo caso, modernamente vários autores (Rocha Lima, Sacconi, dentre outros) já aceitam a conjugação na 3ª pessoa do plural, haja vista o desuso das segundas pessoas na linguagem coloquial brasileira. Tu, ela e os peregrinos visitarão o santuário (VOCÊS). Se a oração estiver em ordem inversa (VERBO + SUJEITO COMPOSTO), pode haver a concordância atrativa, ou seja, o verbo pode também concordar com o primeiro elemento: Irá ao museu ela e eu (3ª p.sing.) / Irei ao museu eu e ela (1ª p.singular) OU Iremos ao museu ela e eu/eu e ela (1ª p.plural)

1.d) Com núcleos em correlação (tanto...como; como; não só ... bem como) POLÊMICA À VISTA! Vários autores registram o emprego do verbo concordando com o primeiro. O cientista assim como o médico pesquisa a causa do mal. Esse é o posicionamento do mestre LUIZ ANTÔNIO SACCONI (em Gramática Básica) – Os exemplos dados pelo professor apresentam o segundo elemento isolado por vírgulas, com a flexão somente com o primeiro elemento: Meus amigos, assim como eu, gostam de estudar Português. Eu, bem como meus amigos, gosto de estudar Português. No entanto, também há registros de concordância com todos os elementos. - CELSO CUNHA & LINDLEY CINTRA (em Nova Gramática do Português Contemporâneo) - O posicionamento dos professores Celso Cunha e Lindley Cintra é que, se não houver pausa entre os sujeitos (ou seja, não houver vírgula), o verbo irá para o plural: “Qualquer se persuadirá de que não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.” Os gramáticos ainda destacam o caso de sujeitos ligados por conjunção comparativa. Segundo eles, quando dois sujeitos estão unidos por uma das conjunções comparativas como, assim como, bem como e equivalentes, a concordância depende do valor que atribuímos ao conjunto. O verbo concordará com o primeiro elemento se quisermos destacá-lo: A íris, como a impressão digital, é única em cada pessoa. Nesse caso, a conjunção conserva seu valor comparativo, e o segundo termo vem enunciado entre pausas, indicadas na escrita pelas vírgulas. Se os elementos se adicionam, se complementam, o verbo vai para o plural, seguindo o modelo apresentado nas estruturas correlativas não só... mas também, tanto...como, visto acima. - ROCHA LIMA (em Gramática Normativa da Língua Portuguesa)- O mestre registra a dupla possibilidade de flexão, destacando como preferível a flexão no plural: “Se o sujeito é construído com a presença de uma fórmula correlativa, deve preferir-se o verbo no plural. ‘Assim Saul como Davi, debaixo do seu saial, eram homens de tão grandes espíritos, como logo mostraram suas obras’ (ANTÔNIO VIEIRA)” Segundo o autor, é raro aparecer o verbo no singular: ‘(...) tanto uma, como a outra, suplicava-lhe que esperasse até passar a maior correnteza’.” - EVANILDO BECHARA (em Moderna Gramática Portuguesa)- Também merecem registro as palavras do emérito professor Evanildo Bechara, que apresenta a possibilidade de construir no singular ou no plural, indistintamente: “Se o sujeito composto tem os seus núcleos ligados por série aditiva enfática (não só... mas, tanto...quanto, não só...como, etc.), o verbo concorda com o mais próximo ou vai ao plural (o que é mais comum quando o verbo vem antes do sujeito).

Vamos eliminar esse monstro que apareceu aí: série aditiva enfática. “Série” porque estamos diante, não de uma, mas de várias palavras (não só...mas também, tanto...como, por exemplo). “Aditiva” por apresentar idéia de adição, equivalente à conjunção “e”. Finalmente, “enfática” por enfatizar cada um dos elementos da construção, ou até mais um do que outro, ao contrário do que faria uma mera conjunção “e”, que coloca os dois elementos no mesmo patamar. Compare: “Eu e meu irmão vimos o acidente.” / “Não só eu como também meu irmão vimos o acidente.”. Percebeu a diferença? Parece que ouvi alguém gritar: “Claudia, o que eu faço na hora da prova???”. Resposta: vai depender da banca examinadora. Primeiramente, há as que indicam bibliografia. Se isso acontecer, siga o que diz o gramático indicado. Em outros casos (a maioria, infelizmente), devemos tomar todo cuidado. Vejamos como se comportou a ESAF: (ESAF/Assistente de Chancelaria/2002) As viagens ao exterior e os encontros com figurões estrangeiros constituem, desde o reinado de Dom Pedro II, um trunfo na estratégia das lideranças brasileiras. De fato, as críticas às viagens internacionais do Presidente da República ou de outros dirigentes parecem despropositadas. Tanto o governo como a oposição devem reposicionar os interesses brasileiros num mundo em plena mutação. O problema que se coloca é de outra natureza e se resume numa interrogação pouco formulada na campanha presidencial: quais devem ser os rumos de nossa diplomacia? (Luiz Felipe de Alencastro, Veja, 10/04/2002, com adaptações) d) o conectivo “Tanto...como”(l.4-5) for substituído por Não só ... mas também, o verbo seguinte pode ser empregado no plural, “devem”(l.5), ou no singular, deve. A banca considerou CORRETO este item, ou seja, a partir dessa questão, podemos afirmar que o entendimento da ESAF é que, em séries aditivas enfáticas, o sujeito poderá facultativamente se flexionar no singular ou no plural, com ou sem pausa (vírgula). Precisaríamos analisar como se comportam as demais bancas, mas algumas passam ao largo da discussão e não exploram questões como essa. 1.e) Ligado por COM : verbo concorda com o antecedente do COM ou vai para o plural, entendendo que formam um sujeito composto. O professor, com os alunos, resolveu o problema. O maestro com a orquestra executaram a peça clássica. A opção por uma ou outra flexão é livre, mas não indiferente. Vai depender da ênfase que se queira dar. O plural destaca o conjunto dos elementos, com idéia de “cooperação”, enquanto que o singular enfatiza somente um deles. Se a intenção for realçar apenas um dos núcleos, o verbo concorda com ele. Neste caso, como nos ensina Rocha Lima, o segundo sujeito (ligado pela preposição com) “é posto em plano tão inferior que se degrada à simples condição de um complemento adverbial de companhia”. A vírgula, neste caso, é facultativa. A carta com o documento foi extraviada.

1.f) Ligado por OU: verbo no singular ou plural, dependendo do valor do OU. Se for alternativo, com idéia de exclusão dos demais, o verbo fica no singular. Valdir ou Leão será o goleiro titular. Também permanece no singular se a conjunção “ou” exprimir equivalência, de tal forma que o verbo possa se dirigir a qualquer dos elementos. Um cardeal, ou um papa, enquanto homem, não é mais do que uma pessoa”. (MANUEL BERNARDES) Se o valor da conjunção for aditiva, de modo que a ação possa abranger todos os sujeitos, indistintamente, o verbo vai para o plural. Alegrias ou tristezas fazem parte da vida.(tanto umas como outras) O mesmo acontece quando um dos elementos já se apresenta no plural. O policial ou os populares poderiam ter prendido o perigoso assassino.

1.g) Ligado por NEM: segue o mesmo raciocínio que o caso 1.f (sujeito composto ligado por OU) – verbo pode ficar no plural ou no singular. Nem Paulo nem Maria conquistaram a simpatia de Joana.(valor aditivo) Nem Ciro nem Enéas será eleito presidente.(valor alternativo ou excludente) Nesses dois últimos casos (1.f e 1.g - sujeito composto ligado por OU / NEM), havendo, entre os sujeitos, algum expresso por um pronome reto, devemos seguir a regra 1.c (primazia das pessoas – 1ª. e 2ª): Nem meu primo, nem eu freqüentamos tal sociedade.(1ª p.plural)

1.h) Resumido com pronome indefinido: o verbo concorda com o pronome, que exerce a função de aposto resumitivo. Esse é um caso de concordância especial, em que o verbo concorda, não com o sujeito (todos os elementos), mas com o aposto (pronome indefinido). Jovens, adultos, crianças, ninguém podia acreditar no que acontecia.

1.i) Modificado pelo pronome CADA: quando o pronome indefinido cada é seguido por substantivo ou pronome substantivo, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Cada homem, cada mulher, cada criança ajudava os flagelados.

Caso 2 - Sujeito constituído por: 2.a) Um e outro. O verbo no singular ou plural, indiferentemente. Um e outro médico descobriu(ram) a cura do mal. Nem um nem outro problema propostos foi(ram) resolvido(s). Estude este ponto juntamente com o caso 1.6 da Aula 3 (concordância nominal com um e outro) 2.b) Um ou outro. Em função da presença da conjunção ou, há nessa construção um valor excludente, que leva o verbo para o singular.

Um ou outro candidato será aprovado. 2.c) Nem um nem outro – POLÊMICA À VISTA. A posição majoritária é no sentido de manter o verbo no SINGULAR, como ocorre com “um ou outro”: - EVANILDO BECHARA (em Lições de Português pela Análise Sintática): “Com nem um nem outro continua de rigor o singular para o substantivo e o verbo se porá no singular: Nem uma coisa nem outra é necessária”. - CELSO CUNHA E LINDLEY CINTRA: “As expressões um ou outro e nem um nem outro, empregadas como pronome substantivo ou como pronome adjetivo, exigem normalmente o verbo no singular: Nem um nem outro havia idealizado previamente este encontro.” - ROCHA LIMA: “Também a expressão nem um, nem outro, seguida ou não de substantivo, exige o verbo no singular (só excepcionalmente se encontrará o verbo no plural): Nem um nem outro havia idealizado previamente esse encontro” (pode parecer incrível, mas o mesmo exemplo de TASSO DE OLIVEIRA é apresentado nas duas obras citadas com divergência no emprego do pronome demonstrativo – este / esse). Precisamos, contudo, registrar o posicionamento divergente de DOMINGOS PASCHOAL CEGALLA em Novíssima Gramática da Língua Portuguesa: “Um e outro / Nem um nem outro – o sujeito sendo representado por uma dessas expressões, o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos: Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diálogo (Fernando Namora)/ Nem uma nem outra foto prestavam (ou prestava). Você pode estar se perguntando por que eu citei todas essas posições doutrinárias. A resposta é simples: como nosso curso é amplo, voltado para as diversas bancas examinadoras do país, caberá ao candidato seguir o gramático mencionado na bibliografia. Em provas realizadas por bancas como a FCC, ESAF, que não oferecem indicação bibliográfica, deve seguir a posição majoritária, tomando sempre o cuidado de analisar todas as opções. 2.d) Expressões partitivas ou quantitativas (a maioria de, grande parte de, grande número de), seguidas de nome plural: Em expressões que indicam uma parte de um todo (por isso chamadas de termos ou expressões partitivas), o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (maioria, parte, metade), ficando no singular, ou com o especificador (substantivo que se segue). Assim, pode-se destacar o conjunto (singular) ou os elementos desse conjunto (plural). Neste último caso, realiza-se a concordância ideológica (com a idéia). A maioria dos candidatos conseguiu/conseguiram aprovação.

2.e) Coletivo geral: A idéia é que o substantivo coletivo já exerce a função agregativa, ou seja, contém o valor de conjunto, deixando o verbo no singular. O povo escolherá seu governante em 15 de novembro.

2.f) Expressões que indicam quantidade aproximada (cerca de, perto de, mais de) seguida de numeral: Nesses casos, o verbo concorda com o numeral que acompanha o substantivo. Mais de um jogador foi criticado pela crônica esportiva.

Cerca de dez jogadores participaram da briga. Esse é um dos casos em que o português se afasta completamente da lógica. Enquanto “mais de um jogador” (que indica, no mínimo, dois) mantém o verbo no singular (“mais de um jogador foi criticado”), a expressão “menos de dois” levaria o verbo para o plural (“menos de dois jogadores foram criticados”), mesmo que indique ser UM JOGADOR! Se houver idéia de reciprocidade ou a expressão for repetida, o verbo fica obrigatoriamente no plural. Mais de um torcedor agrediram-se. Mais de um candidato, mais de um fiscal se queixaram da extensão da prova (exemplo de BECHARA em Lições de Português pela Análise Sintática)

Veja uma questão de prova que “brincou” com esse conceito. (NCE UFRJ / BNDES/ 2005) A língua portuguesa e os conhecimentos matemáticos nem sempre estão de acordo. A frase abaixo em que a concordância verbal contraria a lógica matemática é: (A) 50% da torcida brasileira gostaram da seleção; (B) mais de três jornalistas participaram da entrevista; (C) menos de dois turistas deixaram de participar do passeio; (D) são 16 de outubro; (E) participaram do congresso um e outro professor. O gabarito foi letra C. Mesmo que o sujeito apresente a idéia de UM TURISTA (menos de dois só pode ser um!), por concordar com o numeral que acompanha a expressão (“menos de dois turistas”), o verbo deve ser flexionado no plural – “deixaram de participar”. Note que, na opção B, foi respeitada a idéia de plural (mais de três), caso em que o verbo foi para o plural para concordar com o numeral (“três”). Em relação à opção E, vimos que, com a expressão “um e outro”, o verbo tanto pode ir para o plural como ficar no singular (“participou/ participaram um e outro professor”). Os demais casos de concordância serão vistos mais adiante (número percentual e verbo ser). 2.g) Pronomes (indefinidos ou interrogativos) - no singular, seguidos de pronome: verbo no singular, concordando com o pronome. Qual de nós será escolhido? - no plural, seguidos de pronome: o verbo concorda com o pronome pessoal ou vai para a 3ª pessoa do plural. Poucos dentre eles serão chamados pelo Exército. Alguns de nós seremos / serão eleitos.

O que está em jogo é a intenção do autor em incluir, na ação, a figura representada pelo pronome. Compare: Alguns de nós sabem o resultado do jogo. Alguns de nós sabemos o resultado do jogo. Pergunta-se: em qual dos dois casos está clara a inclusão do autor da frase no grupo de pessoas que sabe o resultado do jogo? Resposta: no segundo caso, indicada essa circunstância pela desinência verbal (sabemos). 2.h) Pronome QUEM: A concordância vai depender da classificação da palavra QUEM. Se o verbo ficar na 3ª pessoa do singular, indica-se que a palavra é um pronome indefinido. Se for realizada a concordância com seu antecedente, entende-se que se trata de um pronome relativo, assim como acontece com o pronome relativo QUE (caso 2.i). Sou eu quem pago o seu salário. Sou eu quem paga o seu salário. Nas orações interrogativas iniciadas pelos pronomes QUEM, QUE, O QUE, o verbo SER concorda com o nome ou pronome que vier depois (BECHARA, op.cit.). Quem são os culpados? Que são os sonhos? O que seremos nós sem fé?

2.i) Pronome relativo QUE na função de sujeito: verbo concorda com o antecedente. Não fui a aluna que chegou primeiro. Dos sonhos que me atordoam, esse é o mais recorrente. Pronome relativo é assim chamado por fazer referência a algum outro termo (substantivo, pronome substantivo, oração substantiva) já mencionado anteriormente (ANTECEDENTE). Nas duas passagens, o que é um pronome relativo. O pronome relativo dá início a uma oração que atribui a esse antecedente uma característica, estado ou condição. Por esse motivo, a oração iniciada pelo pronome relativo é uma oração subordinada adjetiva. Assim, concluímos que SEMPRE UM PRONOME RELATIVO DÁ INÍCIO A UMA ORAÇÃO ADJETIVA. Quando esse pronome relativo exerce a função sintática de sujeito da oração adjetiva, para respeitar as regras de concordância, deve-se observar a qual termo o pronome relativo está se referindo, e com ele será feita a concordância verbal. Em outras palavras, é como se o pronome relativo fosse o “CHEFE SUBSTITUTO”. Na oração adjetiva, é o pronome que exerce a função de sujeito, mas a concordância é feita com o elemento que ele substitui na oração (o “CHEFE” de verdade é o antecedente). Assim, funciona como se o pronome relativo dissesse ao verbo: “Olha aqui, você me respeita, pois aqui eu sou o sujeito. No entanto, só estou aqui substituindo

aquele lá. Então, se você quiser saber o que fazer, se vai para o plural ou para o singular, vai perguntar para ele...”. Veja como esse assunto foi tratado em uma questão de prova.

(FCC/TRT 24ª Região/2006) (B) As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central representa um paraíso que não foram feitas para o turismo de massas de visitantes. Este item foi considerado INCORRETO. Há, nessa passagem, dois erros de sintaxe de concordância. Primeiro erro: em “As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central” o núcleo do sujeito é maravilhas. O verbo deve, pois, concordar com ele e ir para o plural – representam (caso clássico). Em seguida, o segundo erro: o pronome exerce a função de sujeito. Como seu antecedente é o substantivo “paraíso”, com ele devem o verbo e o adjetivo da oração adjetiva (foram feitas) ficar em harmonia. Nota-se, aí, o deslize de concordância: a forma correta seria no singular e, no caso do adjetivo, masculino: “As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central representam um paraíso que não foi feito para o turismo de massa de visitantes”. E, já que estamos falando em pronome relativo, vamos tratar de mais dois casos que envolvem esse termo. 2.j) Um dos (...) que: O verbo pode concordar com “um”, permanecendo no singular, ou com o complemento, flexionando-se no plural. Essa faculdade permite que se dê ênfase ao elemento individual (singular) ou aos elementos que compõem o grupo (plural). Ele foi um dos alunos desta classe que resolveu / resolveram o problema. Seu filho foi um dos que chegou / chegaram tarde.

2.l) Com a expressão “o que” – a concordância se faz com o pronome relativo que. O que falta são recursos. O sujeito, nesse caso, não é “recursos”, mas o pronome relativo “que” (a coisa que falta). Já o verbo “ser” respeita as regras mais adiante expostas (caso 5). Vejamos como foi abordado o assunto em prova: (FCC/TCE SP/2005) O que se ...... (SEGUIR) à concentração de renda, do desemprego e da exclusão social são as manifestações violentas dos maiores prejudicados. A concordância do verbo da lacuna deve ser feita com “que” (pronome relativo). Assim, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular, independentemente do número (singular ou plural) do elemento que vem após o verbo “ser” – “O que se segue (...) são as manifestações violentas...”. O verbo que preenche a lacuna fica no singular, pois.

Além da concordância com a expressão “o que”, um dos casos de concordância mais especiais, e que merece o nosso comentário, é com o verbo ser (“... são as manifestações...”). Mais adiante, trataremos da concordância com o verbo SER (caso 5). 2.m) Palavras sinônimas: O verbo concorda com o mais próximo (preferência) ou fica no plural. A Ética ou a Moral preocupa-se com o comportamento humano. A música e a sonoridade sempre nos diz / dizem algo. Observação: Expressando uma gradação, mantém-se o verbo no singular: Um gesto, um olhar, um aperto de mão bastaria. Deste modo, a ênfase recai no último elemento, que representa a série. 2.n) Verbos no infinitivo substantivado: verbo no singular. Estudar e trabalhar engradece o homem. (O fato de...) -

Se vierem determinados ou forem antônimos - verbo no plural. O falar e o escrever caracterizam um sábio. Rir e chorar fazem parte da vida.

2.o) Número percentual - pode concordar com o numeral ou com o termo posposto. 80% da população acreditam (oitenta) / acredita (população) na moeda. Dez por cento das pessoas declaram Imposto de Renda. (A única forma é plural – dez e pessoas) Se vier determinado, vai para o plural. Os 10% mais ricos do Brasil possuem a maior parte da renda. Voltando ao exemplo do caso 2.f: “50% da torcida brasileira gostaram da seleção”, o verbo poderia ir para o plural (como foi apresentado na opção, concordando com o numeral) ou ficar no singular, concordando com o complemento (torcida). Caso 3 - Verbo acompanhado da palavra SE Agora, iremos ver um dos casos mais recorrentes em questões de provas, especialmente da Fundação Carlos Chagas e ESAF – construção de voz passiva pronominal. 3.a) SE = pronome apassivador: verbo concorda com o sujeito paciente. Na aula sobre VERBOS (Aula 2), vimos que, na voz passiva pronominal (ou sintética), o verbo TRANSITIVO DIRETO ou DIRETO E INDIRETO, quando acompanhado do pronome SE, deve concordar com o sujeito paciente (que está sublinhado nos exemplos abaixo). Viam-se ao longe as primeiras casas.

Ofereceu-se um grande prêmio ao vencedor da corrida. Assim, para confirmação dessa passividade, temos de fazer duas perguntas: 1 – O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)? 2 – Existe uma idéia passiva na construção? Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construção de voz passiva e, então, o verbo deverá se flexionar de acordo com o sujeito paciente (mais precisamente com o seu núcleo). Veja uma questão de prova que abordou o assunto. (FCC / TCE SP / Dezembro 2005) Analise a afirmação: (E) Ainda que se vejam as fogueiras e se ouçam os gritos dos manifestantes, não há sinais de medidas que levem à solução da crise social que a tantos vitima.

Este item está CORRETO. Logo no primeiro período, junto ao verbo ver (que é TRANSITIVO DIRETO), há o pronome “se”. Quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver acompanhado do pronome se, podemos estar diante de uma construção de voz passiva. Para confirmarmos essa passividade, teremos de fazer aquelas duas perguntinhas: 1 – Os verbos apresentam transitividade direta (TD) ou direta e indireta (TDI)? SIM (alguém vê / ouve alguma coisa). 2 – Existe uma idéia passiva na construção? SIM, existe idéia passiva (as fogueiras são vistas e os gritos são ouvidos). Como ambas as respostas foram SIM, estamos diante de construções de voz passiva e, então, os verbos deverão se flexionar de acordo com os sujeitos pacientes (mais precisamente com seus núcleos). No primeiro caso, o sujeito está representado por “as fogueiras”, cujo núcleo está no plural (fogueiras). Desse modo, o verbo deverá ficar no plural, como, aliás, se apresentou. Em seguida, o núcleo é gritos, também no plural, tendo sido apresentada a correta flexão verbal. Portanto, essa assertiva apresenta correção gramatical. Temos nessa questão alguns outros exemplos de concordância: com o verbo HAVER (impessoal), a ser estudado a seguir, e, em duas passagens, com o pronome relativo que, recentemente estudado. O pronome relativo exerce a função de sujeito nas duas orações adjetivas (“que levem à solução da crise social” e “que a tantos vitima”). Na primeira, tem por antecedente o substantivo medidas (medidas que levem à solução), o que justifica a flexão verbal no plural. Na segunda, o referente é a palavra crise, deixando o verbo vitimar no singular (crise social que a tantos vitima). Perfeita está a construção.

Você precisa treinar bastante este tipo de questão (concordância com verbos em voz passiva pronominal), pois, especialmente nas provas da FCC e da ESAF, esse tópico é reiteradamente explorado. Vamos, então, analisar um item de questão elaborada pela ESAF. (TCE ES/2001 - adaptada) Na rede esperam-se serviço nota 1000 - ou nada aquém disso. Houve um erro de sintaxe de concordância. O verbo esperar está acompanhado do pronome se. Devemos, então, analisar se forma voz passiva e se a concordância do verbo em relação ao sujeito foi respeitada. Vamos “passo a passo”: 1 – o verbo esperar, na construção, é transitivo direto ou direto e indireto? SIM o verbo esperar é transitivo direto (Alguém espera alguma coisa) 2 – Há idéia passiva na construção? SIM – O serviço nota 1000 é esperado pelo consumidor. Podemos, então, concluir que se trata de uma construção de voz passiva pronominal, devendo o verbo estar de acordo com o sujeito paciente (núcleo = serviço). A construção correta, portanto, seria “Na rede, espera-se serviço nota 1000”). 3.b) SE = índice de indeterminação do sujeito: verbo sempre na 3ª pessoa do singular. Usa-se construção de sujeito indeterminado quando não se sabe - ou não se quer dizer – quem é o agente da ação verbal. Também é usado em orações de sentido genérico, vago. São duas as formas de construção do sujeito indeterminado: Forma 1 - o verbo (exceto transitivo direto ou direto e indireto) permanece na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome se (índice / partícula de indeterminação): Necessitava-se, naqueles dias, de novas esperanças. (verbo transitivo indireto) Estava-se muito feliz com o resultado das provas. (verbo de ligação) Morria-se de tédio nas noites de inverno.(verbo intransitivo) Forma 2 – o verbo (qualquer que seja sua transitividade na construção), sem o pronome, fica na 3ª pessoa do plural: Desviaram dinheiro dos cofres públicos. Bateram na porta. Falaram mal de você. No primeiro caso, a exemplo do que ocorre na voz passiva, o verbo está acompanhado do pronome SE. Você deverá saber se este pronome tem função apassivadora ou indeterminadora do sujeito. A chave desse mistério está na transitividade do verbo. Analise, agora, uma opção de prova, apresentada pela Fundação Carlos Chagas:

(TRE AP – Analista Judiciário / Janeiro 2006) As "operações" a que se aludem nessa crônica referem-se à redução de uma cabeça humana a proporções mínimas.

Um verbo acompanhado do pronome SE pode formar voz passiva (verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos) ou construção de sujeito indeterminado. Já em primeira análise, podemos constatar que o verbo “aludir” não poderia se submeter a uma construção passiva, pois é transitivo indireto: Alguém alude a alguma coisa. Diante dessa impossibilidade, concluímos que se trata de uma construção com sujeito indeterminado, devendo o verbo ficar na 3ª pessoa do singular (Forma 1): “As "operações" a que se alude nessa crônica ...”. Este item estava, pois, INCORRETO. As bancas adoram um verbo transitivo indireto para esse tipo de questão: tratarse de. Veja como recentemente já caiu em uma prova da ESAF: (AFRF/ 2005) Assinale a opção que constituiria, de maneira coerente com a argumentação e gramaticalmente correta, uma possível resposta para a pergunta final do texto. d) Segundo alguns pensadores modernos, não se tratam de projeções utópicas os empreendimentos culturais e sociais que renovam valores modernistas, enriquecendo saberes especializados. Observe que o verbo tratar foi indevidamente flexionado. Ele é um verbo transitivo indireto, regendo a preposição DE. Por fazer parte de uma construção com sujeito indeterminado, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular. A forma correta, portanto, seria “não se trata de projeções utópicas”. Caso 4 - Verbos impessoais São IMPESSOAIS, ou seja, não possuem SUJEITO, os verbos que indicam fenômenos da natureza (Chove lá fora.); verbo HAVER indicando existência (Há muitas pessoas na sala.) ou tempo (Há muito tempo não o vejo.); os verbos FAZER, IR, indicando tempo (Faz muito tempo que não o vejo./ Vai pra dez anos que não o vejo.). Como não possuem sujeito (casos de oração sem sujeito), os verbos ficam “neutros”, na 3ª pessoa do singular. Durante o inverno, nevava muito. Ainda havia muitos candidatos para a Universidade. Ontem fez dez anos que ela se foi. Vai para dez meses que tudo terminou.

Como vimos na aula sobre verbos, deve ser respeitada a correlação entre o verbo impessoal que denota tempo decorrido e o verbo principal da oração correspondente. Há muito tempo ele está sem dormir. (Ele ainda permanece nesse estado)

Havia muito ele não via seu pai. (Tal situação não persiste pertence ao passado. Por isso, ambas construções verbais são conjugadas no pretérito). São inúmeras as questões de prova, especialmente de bancas como FCC, CESGRANRIO, UFRJ, que abordam a concordância com verbos impessoais. Agora, veremos uma dessas questões.

(NCE UFRJ / ADMINISTRADOR PIAUÍ / 2006) 13 - “Haverá milhões de pessoas com Aids”; a alternativa abaixo em que a substituição da forma do verbo haver está gramaticalmente INCORRETA é: (A) deverá haver; (B) poderá haver; (C) poderá existir; (D) existirão; (E) deverão existir.

Dessa vez, a banca explorou a diferença entre os verbos HAVER e EXISTIR, em locuções verbais. Enquanto o verbo EXISTIR possui sujeito, o verbo HAVER é impessoal, e o que se lhe segue exerce a função de complemento verbal. Assim, na oração “Haverá milhões de pessoas com Aids”, a expressão “milhões de pessoas com Aids” é o objeto direto, devendo o verbo, por ser IMPESSOAL, permanecer inalterado na 3ª.pessoa do singular (“Haverá”). As formas das opções (A) e (B) apresentam locuções verbais, em que o verbo HAVER funciona como verbo principal. Essa lição fez parte de nossa aula 2. Nesses casos, o verbo auxiliar (respectivamente DEVER e PODER) devem “seguir” as ordens do principal, mantendo-se inalterados na 3ª.pessoa do singular (deverá haver / poderá haver). As opções (C), (D) e (E) trocam o verbo HAVER pelo verbo EXISTIR. Apesar de semanticamente idênticos, o tratamento a ser dispensados aos verbos é totalmente diferente. O que exercia a função de complemento do verbo HAVER passa a ser o sujeito do verbo EXISTIR. Como a expressão está no plural (“milhões de pessoas”), o verbo EXISTIR irá também para o plural, conforme foi apresentado na opção (D): existirão. O mesmo ocorre em locuções verbais, em que o verbo auxiliar deverá se flexionar: (C) poderão existir e (E) deverão existir. Nota-se, assim, a incorreção do item (C), apontado como gabarito da prova. Caso 5 - Verbo SER Esse é um verbo bastante especial. Para começar, admite a concordância, não só com o sujeito (regra geral), mas também com seu complemento (predicativo do sujeito). Vejamos caso a caso. 5.a) Expressões que indicam tempo, distância, datas, horas: concorda com o predicativo.

Hoje é dia três de outubro, pois ontem foram dois e o amanhã serão quatro. Daqui até o centro são dez quilômetros. É uma hora e quinze minutos.

5.b) Com expressões é muito , é pouco , é bastante , é mais de - quando denotarem idéia de preço, quantidade, medida, o verbo fica no singular. Se vier determinado, irá se flexionar.

Dez feijoadas era muito para ela. Vinte milhões era muito por aquela casa. As dezenas de famílias que pediam socorro eram poucas diante do universo de miseráveis.

5.c) Em predicados nominais - Por estabelecer uma relação entre o sujeito e o seu predicativo, a concordância pode se dar tanto com o primeiro quanto com o segundo elemento. Há, contudo, algumas regras que prevalecem sobre essa faculdade. Algumas dessas regras já foram apresentadas no caso 1.c (pronomes pessoais). Qualquer que seja a sua função sintática (sujeito ou predicativo), prevalece a concordância com o elemento que estiver representado por: 1ª – PRONOME PESSOAL RETO: Todo eu era olhos e coração. (Machado de Assis) 2ª – PESSOA, em detrimento de outro que seja “COISA” (substantivo, pronome substantivo, oração substantiva): Ovídio é muitos poetas ao mesmo tempo, e todos excelentes. (A.F.Castilho). Havendo elementos personativos em ambas as funções (PESSOA x PESSOA), a concordância é facultativa com o sujeito ou com o predicado, a não ser que em um deles haja um pronome pessoal, caso em que prevalece a concordância com este elemento (recai na 1ª regra de prevalência). O homem sempre foi suas idéias. (pessoa x coisa = PESSOA) Santo Antônio era as esperanças da solteirona. (pessoa x coisa = PESSOA) Ele era os meus sonhos. (pronome reto x coisa = PRONOME RETO) O professor sou eu. (coisa x pronome reto = PRONOME RETO) Quando os dois elementos (do sujeito e do predicativo) forem “COISAS” (substantivos, orações substantivas ou pronomes substantivos, como TUDO, NADA, ISSO, AQUILO), a concordância é facultativa, dando-se preferência à concordância com o elemento no plural, por questão de eufonia: A casa era / eram ruínas. O mundo é / são ilusões. O problema era / eram os móveis. Hoje, tudo é / são alegrias eternas. Em resumo, na concordância verbal com o verbo ser, em predicados nominais:



entre PRONOME RETO x COISA/PESSOA – prevalece PRONOME RETO;



entre PESSOA x COISA – prevalece PESSOA;



entre COISA x COISA – concordância facultativa, PREFERÊNCIA para o termo no plural.

Voltemos, agora, ao exemplo apresentado no item 2.l:

(FCC/TCE SP/2005) O que se ...... (SEGUIR) à concentração de renda, do desemprego e da exclusão social são as manifestações violentas dos maiores prejudicados. De um lado, temos uma oração (COISA): “O que se segue à concentração de renda, do desemprego e da exclusão social”. De outro, também COISA: “as manifestações violentas dos maiores prejudicados”. Nesse caso, a concordância é facultativa, dando-se PREFERÊNCIA ao elemento no plural. Essa é a justificativa para a flexão no plural do verbo “ser” na questão. Ele concorda com o predicativo do sujeito por estar no plural – concordância preferencial. 5.d) Com a expressão “é que” – A expressão de realce “é que”, em que os dois elementos se apresentam juntos, é invariável, devendo o verbo concordar com o substantivo ou pronome que a precede, pois são eles efetivamente o seu sujeito. Vamos transcrever a lição e o exemplo apresentados por Celso Cunha e Lindley Cintra, em Nova Gramática do Português Contemporâneo: “A locução é que é invariável e vem sempre colocada entre o sujeito da oração e o verbo a que ele se refere. Assim: ‘José é que trabalhou, mas os irmãos é que se aproveitaram do seu esforço.’.” Por ter mera função de realce, pode ser retirada sem que acarrete prejuízo ao período: “José trabalhou, mas os irmãos se aproveitaram do seu esforço.”. E continuam os professores: “É uma construção fixa, que não deve ser confundida com outra semelhante, mas móvel, em que o verbo ser antecede o sujeito e passa, naturalmente, a concordar com ele e a harmonizar-se com o tempo dos outros verbos. Compare-se, por exemplo, ao anterior o seguinte exemplo: ‘José é que trabalhou, mas foram os irmãos que se aproveitaram do seu esforço.’ Ou este: ‘Foi José que trabalhou, mas os irmãos é que se aproveitaram do seu esforço.’ Assim, quando o “é que” estiver juntinho, não se modifica – é uma expressão denotativa e, portanto, invariável (você ainda se lembra daquele quadro das classes de palavras? Pois estão lá do lado das INVARIÁVEIS as palavras denotativas).

Se a expressão se separar, ficando um dos elementos antes do sujeito, com ele deve o verbo SER concordar (Foi José que trabalhou). 5.e) com pronomes interrogativos QUE/QUEM/O QUE - o verbo SER concorda com o nome/pronome que vem após. Sei que este ponto já foi mencionado no caso 2.i, mas por que não repeti-lo? Quem são os culpados? Quem és tu?

Caso 6 - Verbo DAR Verbo dar (bater e soar) + hora(s): segue a regra geral, concordando com o sujeito. Deram duas horas no relógio do campanário. (sujeito = duas horas; neste caso, o verbo é intransitivo) Deu duas horas o relógio da igreja. (sujeito = o relógio da igreja; o verbo é transitivo direto, com “duas horas” como complemento verbal)

Caso 7 - Sujeito com nome próprio plural 7.a) Topônimos Caso clássico de concordância verbal é com topônimos - nomes próprios que indicam lugares. - com artigo singular ou sem artigo Caso o topônimo não exija o artigo, mesmo sendo representado por um nome no plural, ou esteja acompanhado de artigo no singular, indicando a omissão de um substantivo (rio, município), o verbo ficará na 3ª pessoa do singular. Bruxelas é a capital da Bélgica. Minas Gerais é o estado mais elevado do país, com 57% das terras acima dos 600 metros de altitude (você sabia???). O Amazonas deságua no Atlântico. Minas Gerais exporta minérios. - com artigo plural Os topônimos que estiverem acompanhados de artigos flexionam os verbos e pronomes a ele correspondentes no plural. “Estados Unidos (da América)” é um exemplo de topônimo que SEMPRE vem precedido de artigo definido masculino plural (Eu vou para os Estados Unidos. / Eu morei nos Estados Unidos.). Por conseqüência, quando exerce a função de sujeito, obriga a flexão do verbo no plural. Isso acontece mesmo que esteja representado por sua sigla (EUA), motivo que levou à anulação de uma questão de prova da ESAF (a próxima a ser comentada).

O mesmo acontece com qualquer outro nome precedido de artigo definido (“Os Emirados Árabes Unidos consistem de uma federação de sete emirados localizados no Golfo Pérsico.”). Os Estados Unidos enviaram tropas à zona de conflito.

7.b) Obras O mesmo acontece com qualquer outro nome próprio precedido de artigo definido Os Lusíadas narram as conquistas portuguesas. Se o título da obra estiver entre aspas, o verbo fica no singular. “Grandes Sertões Veredas” é um clássico nacional.

(ESAF/AFC STN/2000) Assinale a opção que apresenta erro de morfologia ou de concordância verbal. a) A diferença entre as taxas de crescimento dos Estados Unidos, do Japão e da Europa, no longo prazo, é um indício do descompasso da economia global. Apesar das alegações européias de que os mercados estão subestimando o euro, a moeda continua flutuando pouco acima de sua mais baixa cotação, 93 centavos de dólar. b) O iene está pouco abaixo de seu pico diante do dólar e permanece próximo de seu teto histórico ante o euro. Com resultados aquém dos desejados, Japão e Europa vêm a exuberância econômica dos Estados Unidos como uma ameaça - o que não é errado. c) Em 98 e 99, a economia dos Estados Unidos cresceu cerca de 4% ao ano, enquanto as três principais economias da zona do euro - Alemanha, França e Itália - atingiram 2%, 3% e 2% ao ano, respectivamente, no período. O Fundo Monetário Internacional prevê que os três países cresçam cerca de 3% este ano. d) Com esse resultado, a Europa não é mais vista como causa de debilidade. Agora o ritmo do crescimento europeu é tão rápido que uma intervenção do Banco Central Europeu - elevando as taxas de juros - é apenas uma questão de tempo. e) Isso deixa o principal fardo da remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do EUA, que precisam reduzir o ritmo de seu crescimento (hoje perto de 6% ao ano). A diferença entre os ciclos econômicos na Europa, Estados Unidos e Japão traz o fantasma da crise mundial.

Inicialmente, a banca apresentou como gabarito a opção B. Em “Japão e Europa vêm a exuberância econômica dos Estados Unidos como uma ameaça”, o que se registrou foi a 3ª pessoa do plural do verbo vir: vêm. Contudo o contexto indica ser, na verdade, o verbo ver (a exuberância é vista pelo Japão e Europa...), cuja flexão apresenta a forma vêem. O que levou à anulação da questão foi o erro no emprego do artigo definido masculino singular antes da sigla EUA (Estados Unidos da América), na passagem da opção e: “Isso deixa o principal fardo da remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do EUA,...”.

Mesmo sob a forma de sigla, o artigo que deveria acompanhá-lo seria o masculino plural (os EUA), já que, como vimos, esse topônimo não só exige a flexão dos seus adjuntos adnominais, como também da forma verbal que o tenha como núcleo do sujeito. Havia, portanto, duas respostas válidas: B e E. Na seqüência, observe que foi respeitada a concordância verbal. O pronome relativo que em : “... remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do EUA, que precisam reduzir o ritmo de seu crescimento ...” tem por antecedente EUA (Estados Unidos da América), levando a locução verbal (“precisam reduzir”) para o plural. Caso 8 – Sujeito oracional Todo cuidado é pouco em construções com sujeito oracional. Primeiramente, é saber diferenciar SUJEITO ORACIONAL de LOCUÇÃO VERBAL. Em locuções verbais, os dois verbos formam um conjunto, em que um deles é o principal (chefe) e o outro é auxilliar (pode até haver mais de um auxiliar, como vimos na aula 2). O verbo auxiliar irá se flexionar, para concordar com o sujeito, na forma que o verbo principal o faria. Quando for o caso de um sujeito oracional, o verbo correspondente deverá permanecer “neutro”, na 3ª pessoa do singular. Os verbos, nesse caso, pertencem a estruturas sintáticas distintas – um é o sujeito (oracional) enquanto que o outro faz parte do predicado. A você compete estudar. Nesse exemplo, o sujeito do verbo COMPETIR (o que compete a você?) é ESTUDAR. Esse sujeito oracional pode se apresentar na forma reduzida (infinitivo) ou desenvolvida (acompanhado de uma conjunção integrante). Parece que ele decidiu o que fazer. E agora: qual é o sujeito do verbo PARECER (o que parece?)? Resposta: “que ele decidiu o que fazer”. Neste caso, o sujeito oracional vem precedido de uma conjunção, designando-se uma oração desenvolvida. Vejamos alguns casos em que este ponto foi abordado. Essa questão é longa, mas vale a pena comentá-la por apresentar diversas formas de sujeito oracional. (FCC /TRT 13ª Região / Dezembro 2005) O verbo entre parênteses deverá ser flexionado, obrigatoriamente, numa forma do plural para preencher corretamente a lacuna da frase: (A) Mesmo que não ...... (caber) a vocês tomar a decisão final, gostaria que discutissem bem esse assunto. (B) Eles sabiam que ...... (urgir) chegarem à pousada, mas não conseguiram evitar o atraso. (C) A nenhum de vocês ...... (competir) decidir quem será o novo líder do grupo. (D) Tais decisões não ....... (valer) a pena tomar assim, de afogadilho. (E) A apenas um dos candidatos ...... (restar) ainda alguns minutos para rever a prova.

O gabarito é a letra E. Esse é um tipo muito comum de questão da Fundação Carlos Chagas. A flexão exigida ora é no plural, ora é no singular. Relembremos que o sujeito apresentado sob a forma oracional leva o verbo correspondente para a 3ª pessoa do singular. Então, vamos às opções: (A) Alguma coisa cabe a alguém. Vamos perguntar, então: o que cabe a vocês? Resposta: “Tomar a decisão final” cabe a vocês. Como o sujeito do verbo caber está sob a forma de oração reduzida de infinitivo (“tomar”), o verbo se conjuga na 3ª pessoa do singular: “Mesmo que não caiba a vocês tomar a decisão final, ...”. (B) Algo urge (é urgente). O que urge? “Chegarem à pousada”. O verbo chegar foi flexionado por estar em correspondência com o pronome pessoal reto já apresentado na oração principal “Eles sabiam”. Se esta oração reduzida do infinitivo (“Chegarem...”) fosse desenvolvida, ou seja, apresentada com uma conjunção, teríamos: “... urge que chegassem à pousada”, o que comprova a flexão do verbo chegar no plural (eles). Assim, também, fica mais evidente a relação do verbo urgir com a oração que exerce a função de sujeito (“chegarem à pousada / que chegassem à pousada”). Novamente, por apresentar sujeito oracional, o verbo da lacuna deve ficar no singular: “Eles sabiam que urge chegarem à pousada...”, equivalente a “Eles sabiam que isso – chegarem à pousada – urge (era urgente)”. (C) O que não compete a nenhum de vocês? “Decidir quem será o novo líder do grupo”. O sujeito oracional exige o verbo competir na 3ª pessoa do singular:“A nenhum de vocês compete decidir...”. (D) Note que, muitas vezes, devemos “ajeitar” a oração, colocando-a na ordem direta, para realizar a análise. Para isso, devemos partir do verbo. Há dois: valer e tomar. A princípio, isso poderia causar confusão e levar a pensar que se trata de uma locução verbal. Mas, veja bem. Quem é o sujeito do primeiro verbo (valer): o que não vale a pena? Tomar tais decisões. Opa! O segundo verbo faz parte do sujeito do primeiro e, portanto, não forma com ele uma locução (cada macaco no seu galho...). Assim, essa oração reduzida de infinitivo (“tomar tais decisões”) é o sujeito do verbo valer: “Tomar tais decisões não vale a pena.”. O verbo, portanto, fica no singular (3ª. pessoa) por ter um sujeito oracional. (E) Esse é o gabarito da questão. O que resta? Alguns minutos. Mais uma vez, o sujeito vem posposto ao verbo, o que poderia levar o candidato a pensar que, em vez de sujeito, seria esse elemento um objeto direto. Não!!! Partindo do verbo “restar”, colocamos a oração na ordem direta: “Alguns minutos ... restam a apenas um dos candidatos.”. Todo cuidado é pouco em construções invertidas como essa. Caso 9 - Verbo PARECER + Verbo no infinitivo Quando possui o significado de “dar a impressão”, seguido de infinitivo, permite duas construções: 1ª – PARECER no plural e INFINITIVO no singular – Nesse caso, estamos diante de um simples caso de LOCUÇÃO VERBAL, em que o verbo auxiliar se flexiona e o principal se mantém em uma forma nominal (infinitivo). Os cientistas pareciam procurar grandes segredos. (locução verbal)

2ª – PARECER no singular e INFINITIVO no plural – Agora, é o caso de sujeito oracional. Como vimos no tópico anterior, o verbo que possui um sujeito oracional (quer desenvolvido ou reduzido de infinitivo) se mantém na 3ª pessoa do singular. Os cientistas parecia procurarem grandes segredos. (sujeito oracional) Fica estranho, não é? Mas nem sempre o que é esquisito está errado. Não confie no seu “bom senso”. O que se afirma nessa construção é que “ALGO (os cientistas procurarem grandes segredos) PARECIA”. Desenvolvida, essa construção seria: Parecia que os cientistas procuravam grandes segredos. Para complicar a sua vida que já não é nem um pouco fácil, a banca pode deslocar o sujeito da oração subordinada para antes do verbo PARECER: Os meninos parecia que queriam sair. Ai,... que coisa feia!!! Mas está CORRETO! Na verdade, o que está registrado aí é “Parecia que os meninos queriam sair”. A construção está certinha. Agora, sinceramente, atire a primeira pedra quem não teve vontade de colocar o verbo PARECER no plural... BIZU: Em qualquer dos casos, somente um dos verbos se flexiona – nunca flexione os dois ao mesmo tempo. Caso 10 - Flexão do infinitivo O infinitivo é uma das três formas nominais do verbo, junto com o gerúndio e o particípio. Isso vimos na aula 2 – Verbos. O infinitivo pode ser IMPESSOAL (não se flexiona em número ou pessoa) ou PESSOAL (possui sujeito e com ele pode concordar, havendo, nesse caso, flexão de número e pessoa). O infinitivo PESSOAL pode se flexionar ou não, a depender da construção. Flexionar quer dizer conjugar em todas as pessoas, por exemplo: vender, venderes, vender, vendermos, venderem. 10.a) casos em que o infinitivo se flexiona obrigatoriamente – SUJEITOS DIFERENTES 1. Quando o sujeito da forma nominal está claramente expresso, ou seja, o infinitivo estiver acompanhado de um pronome pessoal ou de um substantivo – é o único caso de flexão obrigatória. A eleição de 2006 será o momento de os eleitores decidirem por uma renovação do Congresso Nacional. O sujeito do verbo SER é “A eleição de 2006”. Já o sujeito de DECIDIR é “os eleitores”. Como são sujeitos diferentes, a flexão do infinitivo é obrigatória. 2. Quando se deseja indicar o sujeito não expresso a partir da desinência verbal: Está na hora de irmos embora. Observe que, se não houvesse a indicação pela desinência, não ficaria claro quem deveria ir embora (Está na hora de ir embora... quem vai embora????). Nesse caso, a flexão passa a ser obrigatória para definir o sujeito da forma nominal.

10.b) casos de flexão facultativa do infinitivo – SUJEITO DO INFINITIVO É O MESMO DA ORAÇÃO ANTERIOR, OU SEJA, JÁ APARECEU. Quando o sujeito do infinitivo já estiver expresso em outra oração, geralmente na oração principal, a flexão torna-se facultativa. Recomenda-se, inclusive, omitir a flexão para o texto mais enxuto e objetivo, a não ser que exista o risco de ambigüidade, caso em que a flexão será necessária para dissipar qualquer dúvida (como vimos no item 2 acima). De qualquer forma, a flexão do infinitivo, nesses casos, é opcional – pode-se flexionar ou não, a critério do autor.

As mulheres se reuniram para decidir/decidirem a melhor forma de conduta. As trabalhadoras discutiram uma forma de se proteger/protegerem dos abusos no ambiente de trabalho. O ministro convidou os índios para participar/participarem do debate.

Tomando o primeiro exemplo, quem se reuniu e quem iria decidir eram as mesmas pessoas: “as mulheres”. Assim, como o sujeito já se encontrava expresso na oração anterior, a flexão do infinitivo tornou-se facultativa. 10.c) casos de flexão do infinitivo em voz passiva Com relação à flexão do infinitivo passivo, no esquema (INFINITIVO) + PARTICÍPIO, há duas possibilidades:

PREPOSIÇÃO + SER

1 - Quando os sujeitos das orações são distintos e o do infinitivo vem logo após a preposição, a flexão do infinitivo é FACULTATIVA, ou seja, as duas formas – flexionada ou não - estão certas, dando-se preferência à flexão verbal. Essa preferência se dá em virtude da proximidade do particípio. O objetivo é coletar informações mais precisas para ser / serem cruzadas com outros bancos de dados. Indique as providências a ser / serem tomadas. Envio os documentos para ser / serem analisados.

2 - Prefere-se a não-flexão: a) quando o sujeito (plural) das duas orações for o mesmo: Doenças desse tipo levam até cinco anos para ser / serem tratadas. Eles estão para ser / serem expulsos. Saíram sem ser / serem percebidos. Os pedidos levaram dez dias para ser / serem analisados. b) quando se tem um adjetivo antes da preposição: São obras dignas de ser / serem imitadas. Os alimentos estavam prontos para ser / serem comercializados.

As presas pareciam fáceis de ser / serem apanhadas. Apresentamos exercícios simples de ser / serem feitos.

Observe que se trata de PREFERÊNCIA, a depender da ênfase que o autor queira dar. Não podemos tachar de certo ou errado. Ao não flexionar, valoriza-se a ação; com a flexão, dá-se ênfase ao sujeito que a pratica. Muitas vezes, a escolha é feita por questão de eufonia ou de clareza textual. Encerramos com as palavras de Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante (Gramática da Língua Portuguesa, Editora Scipione) de que "o infinitivo constitui um dos casos mais discutidos da língua portuguesa", e "estabelecer regras para o uso de sua forma flexionada, por exemplo, é tarefa difícil", e, "em muitos casos, a opção é meramente estilística". Vamos ver, agora, uma questão de prova da ESAF que tratou desse ponto do estudo. (Auditor RN/2005) Marque a opção que não substitui corretamente o item sublinhado no texto, respeitando-se a ordem em que ocorrem. Na medida em que a dinâmica da acumulação privada e a mobilidade dos capitais já não são controladas pelo Estado através da tributação, os direitos humanos, numa visão jurídico-positiva, encontram-se em fase regressiva. Eles podem até continuar existindo no plano legal, sobrevivendo, em termos formais, aos processos de tributação. Mas não têm mais condições de ser efetivamente implementados no plano real (se é que o foram, integralmente, um dia). a) Considerando que b) por meio c) continuarem d) já não têm e) serem

O erro está na opção C, pois, em uma locução verbal (“podem continuar existindo”), não se admite a flexão do verbo “continuar”, o segundo verbo auxiliar. O único verbo que se flexiona é o primeiro auxiliar (poder). Os demais (segundo auxiliar – CONTINUAR - e verbo principal - EXISTIR) permanecem em uma das formas nominais – infinitivo, gerúndio ou particípio. O que nos interessa nessa questão é sugestão de troca do item e, que está correta. “Mas [os direitos humanos] não têm mais condições de ser efetivamente implementados no plano real.” A troca pelo infinitivo flexionado (serem) é válida, pelos motivos expostos no caso 11.c / 2 / b acima. Como vimos, prefere-se a forma não flexionada, para não tornar o texto repetitivo, mas isso não causaria erro de concordância. Estão corretas, portanto, as duas formas: não têm mais condições de ser implementados ou não têm mais condições de serem implementados. 10.d) Verbos Causativos/ Sensitivos + Pronomes Oblíquos + Infinitivo

Para começar, vamos entender o que são os verbos causativos e sensitivos. CAUSATIVOS indicam causa/conseqüência (fazer, permitir, deixar, mandar) e SENSITIVOS expressam sensações (ouvir, sentir, ver). Quando estes verbos (causativos e sensitivos) estiverem acompanhados de PRONOME PESSOAL OBLÍQUO ÁTONO (que exercem a função de sujeito do verbo no infinitivo que lhe segue), o infinitivo, mesmo pessoal (ou seja, possuindo um sujeito) não deve ser flexionado. Estou falando grego? Então, vamos a um exemplo para compreender. Ouvi os meninos sair/saírem. Mandei os meninos sair/saírem. Quem vai sair? Resposta: os meninos. Nesse tipo de construção, quando, no objeto direto do verbo causativo/sensitivo, houver um substantivo (nome) não há consenso entre os gramáticos: há autores que exigem a flexão obrigatória (saírem), outros que indicam uma faculdade (sair/saírem – tanto faz) e, por fim, os que se recusam a flexionar o infinitivo (sair). Contudo, todos os gramáticos concordam em um aspecto: quando esse substantivo (nome) é representado por um pronome pessoal oblíquo átono (o/ os/ a/ as). Nesse caso, o infinitivo NÃO PODE se flexionar! Ouvi-os sair. Mandei-os sair.

Caso 11 - PODER/DEVER + SE + INFINITIVO + SUBSTANTIVO NO PLURAL Na voz passiva, quando os verbos PODER/DEVER estiverem acompanhados do pronome apassivador SE, de um verbo no infinitivo e, por fim, de um substantivo no plural, há duas formas de análise e, conseqüentemente, de construção. Pod...-se identificar duas formas de contágio. 1ª. POSSIBILIDADE: o verbo PODER forma com o verbo IDENTIFICAR uma locução verbal, em que aquele atua como verbo auxiliar e este, principal. Como acontece em qualquer locução verbal, quem se flexiona é o verbo auxiliar. Observamos, também, que existe um pronome SE acompanhando o verbo auxiliar. Como o verbo principal é TRANSITIVO DIRETO (Alguém identifica alguma coisa), a locução faz parte de uma construção de voz passiva sintética. Quem, então, é o sujeito dessa oração (o que se pode identificar?)? Resposta: duas formas de contágio. O sujeito paciente (voz passiva) está no plural, levando o verbo auxiliar à mesma flexão. A construção correta seria: Podem-se identificar duas formas de contágio. 2ª. POSSIBILIDADE: Agora, o verbo PODER tem como sujeito uma oração reduzida de infinitivo “identificar duas formas de contágio”. Equivale dizer: “É possível identificar duas formas de contágio = ISSO é possível”. Assim, mesmo em construção de voz passiva (o verbo PODER é transitivo direto e a construção apresenta idéia passiva), o verbo PODER permanece na 3ª pessoa do singular por apresentar um SUJEITO ORACIONAL (caso 8). A forma correta seria: Pode-se identificar duas formas de contágio.

Note que ambas as formas verbais (flexionada ou não) estão corretas, mas a análise que se faz de uma é diferente da da outra. Treine a análise com mais um exemplo: 1 - Devem-se manter os animais nas jaulas. – Os animais devem ser mantidos nas jaulas. – construção de voz passiva = verbo auxiliar concorda com o núcleo do sujeito: animais. 2 – Deve-se manter os animais nas jaulas. – Deve-se [manter os animais nas jaulas] - sujeito oracional = verbo na 3ª pessoa do singular.

A ESAF adora questões como essa. Vejamos como o examinador abordou em uma de suas provas. (TCE RN/2000) Marque o item em que um dos dois períodos está gramaticalmente incorreto: c) No gênero das leis federativas, é possível discernir duas espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas. / No gênero das leis federativas, podem-se discernir duas espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas.

Os dois períodos apresentados na opção C estavam CORRETOS. O verbo PODER, no segundo período, está acompanhado do pronome se (“podemse discernir duas espécies bem visíveis”). Vamos analisar a passividade dessa construção. Então, devemos fazer aquelas perguntas (como é, ainda se lembra???): 1- É verbo TD ou TDI? Sim. Se considerarmos que os verbos formam uma locução verbal (“poder discernir”), a transitividade de discernir (verbo principal) é DIRETA, pois significa diferenciar, distinguir, discriminar. 2 – Há idéia passiva? Sim, duas espécies de leis federativas poderão ser discernidas, ou seja, diferenciadas. Então, trata-se de voz passiva pronominal (sintética) e o verbo auxiliar deverá se flexionar de acordo com o núcleo do sujeito paciente – espécies – e ir para o plural – podem-se discernir. A outra possibilidade de análise e construção seria: “pode-se discernir duas espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas.” Neste caso, o sujeito da forma verbal “pode-se” é a oração reduzida de infinitivo “discernir duas espécies...”. São formas igualmente válidas, cada uma com uma análise sintática diferente. CUIDADO COM CERTAS CONJUGAÇÕES Você precisa tomar cuidado especial quando a questão de prova envolver concordância com os verbos derivados dos verbos pôr, ter e vir. Suas formas plurais não apresentam nenhuma distinção fonética em relação às formas singulares.

Vamos lá: para perceber essa coincidência, fale alto, não ligue se a sua vizinha pensar que você enlouqueceu – depois que você passar no concurso, ela vem puxar o seu saco...: DISPÕE/DISPÕEM, MANTÉM/MANTÊM, CONVÉM/CONVÊM... Viu só? Isso pode enganar o seu ouvido direitinho. Por isso, sempre que surgir um verbo com esse tipo de “casca de banana”, sublinhe, circule, desenhe uma caveira, faça qualquer coisa para perceber se a forma verbal está de acordo com o sujeito correspondente. Para encerrarmos nossa aula de hoje, veja só como pode ser maldosa uma questão assim: (ESAF/TRF/2000) Assinale a opção em que há erro gramatical. No Primeiro Reinado, as idéias de justiça fiscal e capacidade de contribuição, que pressupõe(A) que a cada cidadão deva ser cobrado o imposto de acordo com suas possibilidades, simplesmente não existiam, já que(B) não havia legislação coerente que garantisse a defesa desses princípios. Como o clero e os senhores rurais eram livres das obrigações fiscais, os privilégios subsistiam(C). Em face do(D) baixo grau de informação, da falta de instituições independentes e da ausência de liderança, era impossível qualquer manifestação que fosse contrária ao(E) sistema em vigor. a) A b) B c) C d) D e) E

Mais uma vez, temos de observar a qual palavra o pronome relativo que se refere (caso 2.i). Na passagem “que pressupõe”, o relativo que tem como antecedente o substantivo plural idéias (“as idéias de justiça fiscal e capacidade de contribuição, que pressupõe...”). Por isso, o verbo PRESSUPOR deve com esse substantivo no plural concordar – pressupõem. Olhe aí um desses verbos perigosos. Foneticamente, não há diferença entre a forma singular e a plural da conjugação verbal nas terceiras pessoas (pressupõe / pressupõem – notou alguma diferença?). Por isso, todo cuidado é pouco na prova. Dificuldade maior reside quando a questão transcreve um texto e apresenta em somente uma das opções a incorreção gramatical (sem sublinhar, como nessa). Em meio a tantas possibilidades de incorreção, ainda mais com grande distância entre o verbo e o sujeito correspondente, um erro como esse (de concordância) pode passar despercebido aos ouvidos e à retina. Felizmente, chegamos ao fim de nosso encontro de hoje (ufa!!!), mas não sem antes treinarmos os conhecimentos aqui adquiridos. Então, mãos à obra. Resolva as questões extraídas de diversos concursos para, só depois, ver o gabarito e ler os comentários. Grande abraço. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) Texto 4 - PERIGO REAL E IMEDIATO

Vilma Gryzinski – Veja, 12/10/2005 Desde que a era das fotografias espaciais começou, há quarenta anos, uma nova e prodigiosa imagem se formou no arquivo mental da humanidade sobre o que é o planeta no qual vivemos. Do nosso ponto de vista no universo, provavelmente não existe nada que se compare à beleza desta vívida esfera azul, brilhando na imensidão do espaço, água e terra entrelaçadas num abraço eterno, envoltas num cambiante véu de nuvens. (...) As regras de concordância nominal dizem que o adjetivo posposto a dois substantivos concorda com o mais próximo ou com o plural dos dois; no caso de “água e terra entrelaçadas”, a afirmativa correta, entre as que estão abaixo, é: (A) o adjetivo também poderia aparecer na forma “entrelaçada”; (B) a forma “entrelaçados” do adjetivo também estaria correta; (C) se anteposto, a única forma possível do adjetivo seria “entrelaçada”; (D) por coerência lógica, a única forma possível do adjetivo é “entrelaçadas”; (E) o adjetivo refere-se exclusivamente ao substantivo “água”.

2 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006) Assinale a alternativa em que a concordância nominal NÃO é adequada: (A) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatória; (B) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatórios; (C) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção forçadas; (D) A temperatura do Sol obrigava a obrigatório cuidado e proteção; (E) A temperatura do Sol obrigava a obrigatória proteção e cuidado. 3 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006) “A elevação da temperatura no terceiro planeta do sistema solar tornará inviável a sobrevivência de qualquer criatura”; sobre os aspectos da concordância nominal e verbal dessa frase, podemos dizer que: (A) o adjetivo inviável concorda com criatura; (B) a forma verbal tornará concorda com o sujeito posposto; (C) o pronome qualquer é invariável; (D) o numeral terceiro não concorda com o substantivo planeta; (E) no plural, quaisquer criaturas não modificaria a forma do adjetivo inviável. 4 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/PGM RJ/2004) Há má construção gramatical quanto à concordância em: A) Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas alterações psicológicas. B) As internações por si sós já causam certos distúrbios psicológicos aos pacientes. C) Uma e outra alteração psicológica podem afetar os pacientes hospitalizados.

D) Distúrbios e alterações psicológicos são normais em pacientes hospitalares. 5 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) A alternativa correta quanto à concordância nominal é A. A empregada mesmo viu tudo. B. Já fiz isso bastante vezes. C. Passado a crise, voltaram. D. As frutas chegaram meio estragadas. 6 – (ESAF / AFC STN / 2000) Marque o segmento do texto que contém erro de estruturação sintática. a) Se alguém tinha alguma dúvida quanto à retomada do crescimento econômico, os últimos dados divulgados pelo IBGE e pela Confederação Nacional da Indústria se encarregaram de sepultá-las. b) Todos os indicadores disponíveis confirmam uma forte reação na produção industrial brasileira, que começou ainda no ano passado, mas ganhou maior força nos primeiros meses do ano 2000. c) A produção em fevereiro cresceu 16% em comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto as vendas cresceram 18%. d) Em uma perspectiva mais longa, que analisa a produção nos últimos 12 meses, houve um crescimento de 1,4%, invertendo uma seqüência de resultados negativos que se arrastavam desde agosto de 1998. e) Em fevereiro, foram criados 18.000 novos postos no mercado formal, segundo dados do Ministério do Trabalho. (André Lahóz, com adaptações) 7 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002) Assinale o item que está de acordo com as normas gramaticais. a) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido a cerca de 10 dias; b) O fato nada teve a ver com o assalto ocorrido há cerca de 10 dias; c) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido há cerca de 10 dias; d) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido acerca de 10 dias; e) O fato nada teve a ver com o assalto ocorrido acerca de 10 dias. 8 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) Assinale a alternativa errada quanto ao emprego de "acerca de", "há cerca de" e "a cerca de". A. Ficou há cerca de dez passos da esquina. B. Fez uma exposição acerca do impasse. C. Viajou há cerca de uma semana. D. Dirigiu-se a cerca de cem pessoas.

9 - (FCC / ICMS SP / 2006) Considere a seguinte frase: A busca de distinção entre o que é “do bem” e o que é “do mal” traz consigo um dilema (...). O verbo trazer deverá flexionar-se numa forma do plural caso se substitua o elemento sublinhado por (A) O fato de quase todas as pessoas oscilarem entre o bem e o mal (...). (B) A dificuldade de eles distinguirem entre as boas e as más ações (...). (C) Muitas pessoas sabem que tal alternativa, nas diferentes situações, (...). (D) Essa divisão entre o bem e o mal, à medida que se acentua nos indivíduos, (...). (E)) As oscilações que todo indivíduo experimenta entre o bem e o mal (...). 10 - (FGV / MPE AM / 2002) Assinale a alternativa em que ocorre uma concordância verbal INACEITÁVEL em relação à norma culta da língua. (A) Pouco importavam ao cronista a crítica e o elogio. (B) Chegou à editora o texto e uma carta do cronista. (C) Agradava-lhe o ritmo e o estilo do cronista. (D) Obrigavam-me a amizade e o dever de criticar aquele seu texto. (E) Faltava-lhe, naquele dia, fatos para escrever sua crônica. 11 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004) Indique a opção em que a concordância NÃO está de acordo com as regras da norma culta. (A) Gosto de viajar para lugares o mais exóticos possível. (B) Compramos um sofá, uma poltrona e uma mesa antigos. (C) A maioria das pessoas espera conseguir bons empregos. (D) Um dos cientistas que estudam a memória chegou ao Brasil. (E) Mais de um funcionário vão pedir promoção no mês que vem. 12 - (FGV / Agente Tributário Estadual / 2006) No trecho o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem (L.69-70), o verbo foi flexionado corretamente no plural, observando o caso de sujeito composto com núcleos ligados por OU. Assinale a alternativa em que, no mesmo caso, a flexão do verbo não seria possível. (A) Esperávamos que ele ou o irmão viessem nos apanhar. (B) Umidade intensa ou ressecamento excessivo não nos fazem bem. (C) João Carlos ou Pedro se casariam com Marta. (D) O jornal ou a revista podem apresentar detalhadamente a notícia. (E) Podem ser entregues o original do documento ou sua cópia. 13 - (CESGRANRIO / SEAD AM / 2005) Aponte a opção em que se encontra um uso INACEITÁVEL de concordância.

(A) Uma e outra coisa merece nossa atenção. (B) Nem um nem outro candidato conseguiram se destacar. (C) O médico, com sua enfermeira, foi ao Congresso. (D) No relatório da OMS, tinham vários erros de tabela. (E) Os cientistas haviam tido muito cuidado nos experimentos. 14 - (FGV / Ministério da Cultura /2006) Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural... Assinale a alternativa em que, substituindo-se alunos no trecho acima por outra expressão, foi mantida a correção gramatical. (A) Lá, 1,85% ajudaram a criar um centro cultural... (B) Lá, 0,98% ajudou a criar um centro cultural... (C) Lá, a maior parte ajudaram a criar um centro cultural... (D) Lá, tu e teus amigos ajudaram a criar um centro cultural... (E) Lá, dois terços ajudou a criar um centro cultural... 15 - (NCE UFRJ / PCRJ / 2002) Assinale o item que atende aos preceitos da norma culta da língua. a) A maioria dos trabalhadores participaram da sessão de treinamento; b) A maioria dos trabalhadores participou da seção de treinamento; c) A maioria dos trabalhadores participou da cessão de treinamento; d) A maioria dos trabalhadores participaram da secção de treinamento; e) A maioria dos trabalhadores participaram da seção de treinamento. 16 - (FCC / MPE PE/ 2006) Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto: (A) Nem mesmo o mais rigoroso dos dicionários são capazes de definir com precisão o sentido que os homens desejam discernir entre os conceitos fundamentais. (B) Quando se divergem, a filosofia e o direito acabam por criar um espaço de hesitação para os conceitos, que seriam tão desejáveis estabelecer para a ação humana. (C)) Tanta dificuldade enfrentada na definição dos nossos valores essenciais demonstra que não dispomos de convicções absolutas, de princípios realmente duradouros. (D) Tanto a felicidade como a justiça devem de ser discutidos sobre os parâmetros instáveis da nossa consciência, o que torna problemáticos tanto um quanto outro. (E) Não se esperem que nossos valores essenciais possam ser definidos sem controvérsias, pois as mesmas fazem parte da dinâmica que se rege o nosso pensamento. 17 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)

Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção gramaticalmente incorreta. a) A desigualdade na repartição da renda, riqueza e poder é uma marca inalienável do Brasil. b) De acordo com o “Atlas de exclusão social — Os ricos no Brasil” (Cortez, 2004), somente 5 mil famílias chegam a se apropriar de mais de 40% de toda a riqueza nacional, embora o país registre mais de 51 milhões de famílias. c) Se considerarmos somente a parcela da população que se concentram no décimo mais rico, verificam-se que 75% de toda a riqueza contabilizada termina sendo por ela absorvida. d) Em outras palavras, restam 25% da riqueza nacional a ser apropriada por 90% da população brasileira. Esse descalabro em relação à concentração sem limites da riqueza no País não é algo recente. e) Pelo contrário, isso parece ser algo consolidado desde sempre no País, embora desde 1980, com o abandono do projeto de industrialização nacional, tenha avançado no país o ciclo da financeirização da riqueza, com retorno ao modelo primário-exportador de matérias-primas e produtos agropecuários. (Marcio Pochmann) 18 - (ESAF / ATE MS / 2001) Marque o item em que uma das sentenças está gramaticalmente mal formada: É vedado à Administração Tributária: a) exigir tributo não previsto neste Código / exigir tributo que não esteja previsto neste Código. b) aumentar tributo sem que a lei o estabeleça / aumentar tributos sem que a lei os estabeleçam. c) cobrar tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes do início deste Código ou de outra lei que os instituir ou aumentar / cobrar tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes do início deste Código ou de outra lei que os institua ou aumente. d) cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou / cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou. e) Estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino / estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de quaisquer naturezas, em razão de sua procedência ou destino. 19 – (ESAF/Fiscal de Fortaleza/1998) Indique entre os itens sublinhados o que contém erro gramatical ou impropriedade vocabular. Tudo parece indicar, a essa altura, que(A) as repercussões da crise dos países asiáticos sobre a América Latina serão bem menos acentuadas do que(B) se imaginava faz(C) poucos meses. Pouco a pouco, foram-se percebendo(D) que os problemas daquela região são devidos à(E) desorganização de seus sistemas financeiros e a uma especulação imobiliária desenfreada. (Gazeta Mercantil, 21 e 22/2/1998, adaptado) a) A

b) B c) C d) D e) E 20 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) A concordância verbal está correta em A. Precisam-se de muitos técnicos. B. Os Estados Unidos é contrário a essas medidas. C. Neste mês, deve haver muitos feriados. D. Tratavam-se de profissionais competentes. 21 - (NCE UFRJ INCRA/2005) Texto 1 - Internet, telefone e mais de 39 mil terminais de autoatendimento. São muitas as opções para você movimentar a sua conta, efetuar pagamentos, obter crédito, receber benefícios, adquirir produtos e o que mais você precisar. É para isso que o Banco do Brasil investe tanto em tecnologia: para estar o tempo todo com você. (O Globo, 06/10/2005) Se transformarmos as cinco primeiras orações reduzidas de infinitivo em orações desenvolvidas na forma passiva pronominal (com o pronome SE), as formas verbais adequadas serão, respectivamente: (A) movimente – efetue – obtenha – receba – adquira; (B) movimentem – efetuem – obtenham – recebam – adquiram; (C) movimente – efetuem – obtenha – recebam – adquiram; (D) movimentem – efetue – obtenham – receba – adquira; (E) movimente – efetue – obtenha – receba – adquiram.

22 - (FCC/BANCO DO BRASIL/2006) É preciso corrigir a seguinte frase, na qual há um equívoco quanto à concordância verbal: (A) As maravilhas que se dizem a respeito de uma vida bucólica ou primitiva não parecem ter em nada animado o cronista. (B) Não consta, entre as fobias declaradas pelo cronista, a de se sentir distante de alguém a quem o prendam laços afetivos. (C) Não se ouvem apenas os cantos do mar, mas também os sons de insetos e animais que podem representar uma séria ameaça. (D)) Uma das convicções do bem-humorado cronista é a de que usar bermudas longas constituem a maior de suas concessões à vida natural. (E) Fica sugerido que livros, jornais e revistas são, para o cronista, artigos de primeira necessidade, como o são fósforos ou aspirina.

23 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006) Está plenamente atendida a concordância verbal em: (A) Para o amanuense, não teriam havido outras compensações, além das alegrias que lhe proporcionavam a elaboração da linguagem do diário. (B) Entre um computador e um fax ainda existem, nas palavras do autor, muito estímulo para as nossas paixões se manifestarem. (C) As preocupações íntimas, que se costuma traduzir na linguagem pessoal de um diário, pode suscitar o interesse de um grande número de leitores. (D) Ninguém duvide de que possa estar na forma modesta de um diário pessoal as questões subjetivas que a cada um de nós é capaz de afetar. (E)) É nas palavras de um diário que se formaliza a nossa subjetividade, é nelas que se espelham as faces profundas dos nossos desejos. 24 - (FGV / ICMS PB / 2006) De acordo com a norma culta, a concordância verbal está correta APENAS na frase: (A) O autor disse que existe comissões parlamentares válidas e competentes. (B) Haviam perguntas que não foram respondidas durante o interrogatório. (C) Em toda a parte do mundo podem haver políticos corruptos. (D) É necessário reconhecer que algumas atitudes que fere os princípios éticos precisam serem punidas. (E)) Já faz cinco sessões que os deputados não votam nenhuma proposta do governo. 25 - (CESGRANRIO / INSPETOR DE POLÍCIA / 2001) “...não se pode culpar os publicitários por isso – eles, assim como todo mundo, não sabem o que fazem.” Analise o comentário sobre os componentes desse segmento do texto é: a) igualmente correta seria a forma podem culpar . 26 - (TRT 15ª Região – Analista Judiciário / Setembro 2004 _________ as aparências enganosas de exatidão. Preenche-se corretamente a lacuna por: (A) Deve ser evitado (B) Deve serem evitadas (C) Deve ser evitadas (D) Devem ser evitado (E))Devem ser evitadas 27 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006) De fato, os jovens têm motivos para se sentirem inseguros. Começam a vida profissional assombrados pelos altos índices de desemprego. Quase a metade dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem. Além da falta de

experiência, há o despreparo mesmo. Grande parte tem baixa escolaridade. O mercado de trabalho ajuda a perpetuar a desigualdade. Muitos jovens deixam de estudar para trabalhar. Mas a disputa é acirrada também entre os mais bem-preparados. A grande oferta de mão-de-obra resulta em um processo cruel de avaliação, com testes de conhecimentos e de raciocínio lógico, redação, dinâmicas de grupo, entrevistas. E não é só. O jovem deve demonstrar habilidades que muitas vezes nem teve tempo de saber se possui ou de descobrir como adquiri-las. Como o conhecimento hoje fica obsoleto muito rápido, a qualificação e o potencial comportamental é que definem um bom candidato, e não só o preparo técnico. (Adaptado de ISTOÉ 5/10/2005) Julgue a assertiva abaixo. c) Como a expressão “a metade” (l.2) pode ser considerada um sinônimo textual para 50%, a substituição daquela por esta preservaria a coerência textual e a correção gramatical. 28 – (ESAF/ TFC/ 1997) Assinale o item que apresenta concordância incorreta. a) As pessoas se agrupam em função de objetivos comuns em associações, federações, confederações, sindicatos, ONGs, colégios, empresas, sociedades, clubes, conselhos, fundações, institutos, etc. b) Em qualquer uma dessas situações pressupõem-se que os grupos trabalham unidos na defesa de um ideário consubstanciado em estatutos, normas e procedimentos que determinam formas de atuação na sociedade. c) Entre os dez setores que mais geraram empregos no Brasil, em 1996, as entidades sem fins lucrativos despontaram em primeiro lugar.(...) d) Além disso, possuem alto índice de trabalhadores voluntários que disponibilizam seu tempo livre em benefício de toda a sociedade, algo nada desprezível enquanto força mobilizadora. e) A questão é como usar esse poder. Talvez nunca como neste momento a conscientização da necessidade do envolvimento do empresariado na vida da comunidade tenha sido tão importante. (Maria Christina Andrade Vieira, Gazeta Mercantil -14 de agosto de 1997, com adaptações) 29 - (FCC / ANEEL ANALISTA/ 2006) A pichação é uma das expressões mais visíveis da invisibilidade humana. São mais do que rabiscos. São uma forma de estabelecer uma relação de pertencimento com a comunidade – mesmo que por meio da agressão – e, ao mesmo tempo, de dar ao autor um sentido de auto-identidade. (Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 21/01/2006) Sobre esse trecho, analise a assertiva abaixo. II. Nos dois períodos iniciados pela forma verbal “São”, a concordância verbal se faz com o predicativo do sujeito. 30 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006) Apesar das dificuldades, o Programa de Metas foi executado e seus resultados manifestam-se na transformação da estrutura produtiva nacional. O governo

JK, que soube mobilizar com maestria a herança de Vargas e elevar a autoestima do povo brasileiro, realizou-se em condições democráticas, com liberdade de imprensa e tolerância política. A taxa de inflação, que em 1956 foi de 12,5%, no final do governo JK, elevou-se para o patamar de 30,5%. A Nação, por sua vez, obteve um crescimento econômico médio de 8,1% ao ano. Apesar das pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já advogava o “equilíbrio fiscal” e o Estado mínimo para o Brasil, e de setores conservadores da vida brasileira, JK conseguiu elevar o PIB nacional em cerca de 143%. E tudo isto ocorreu em um contexto marcado por um déficit de transações correntes que atingiu 20% das exportações em 1957 e 37% em 1960, o que ampliava a fragilidade externa e fazia declinar a condição de solvência da economia brasileira. No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas. (Rodrigo L. Medeiros, com adaptações) c) Por se tratar de verbo expletivo, “foi” (l.13) pode ser retirado da oração sem prejuízo do sentido e da sintaxe. CONCORDÂNCIA “É QUE”

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1–D A questão já começa com a apresentação de um conceito de concordância nominal. Contudo, por se tratar de caso de reciprocidade (a água e a terra estão laçadas entre si = entrelaçadas), o verbo, necessariamente, irá para o plural. Essa informação é apresentada na opção D. Em relação às demais opções: a) por haver essa idéia de reciprocidade, o adjetivo não poderia ficar no singular; b) os dois substantivos são femininos (água e terra), não havendo a possibilidade de flexionar o adjetivo no masculino; c) por ser recíproco, mesmo anteposto, o adjetivo deverá se flexionar no plural; e) o adjetivo se refere aos dois substantivos. 2–C Vimos que, quando na função de adjunto adnominal posposto aos nomes, existe a faculdade de concordância do adjetivo com o nome mais próximo (concordância atrativa – opção A) ou com o conjunto de substantivos a que se refere (concordância gramatical – opção B) – caso 1.2 da Aula 3. A única forma incorreta é a da letra C. Se for realizada a concordância atrativa, o adjetivo fica no feminino singular para se harmonizar com o substantivo proteção. Se a opção for pela concordância gramatical, por haver um elemento masculino (cuidado), o adjetivo fica no masculino plural (forçados). Não há, pois, possibilidade de o adjetivo ser empregado no feminino plural (opção C). Note que as opções D e E apresentam o adjetivo anteposto na função de adjunto adnominal (caso 1.1 da Aula 3). Neste caso, a única concordância possível é a atrativa (lembre-se da dica: tudo com a letra “a” – adjetivo anteposto na função de adjunto adnominal – concordância atrativa).

Na opção D, o adjetivo concorda com o substantivo cuidado, enquanto que na opção E, o faz com o substantivo proteção. 3–E Agora, o adjetivo está na função de PREDICATIVO DO OBJETO (caso 3 da Aula 3). O verbo tornar é transobjetivo, ou seja, além do objeto direto, ele precisa da informação trazida pelo predicativo do objeto. Vamos analisar cada uma das opções: (A) o adjetivo inviável se refere ao substantivo sobrevivência (a sobrevivência se tornará inviável, e não a criatura). (B) o sujeito de tornará é “a elevação da temperatura”. Essa elevação tornará a sobrevivência inviável. Por isso, está incorreta a informação de que o sujeito está posposto. Na verdade, o sujeito está anteposto ao verbo, na ordem direta. (C) O pronome qualquer é o único caso em que a flexão se realiza no meio do vocábulo, em virtude do processo de sua formação (pronome QUAL + verbo QUER Î pronome QUAIS + QUER = quaisquer). Assim, está incorreta tal afirmação. (D) O numeral terceiro exerce a função sintática de adjunto adnominal ao substantivo planeta, devendo com ele concordar em gênero e número. Lembrese de que numeral é classe de palavra variável (nunca se esqueça da tabelinha, hem?). (E) O objeto direto, que complementa o verbo tornar, é sobrevivência. É com este substantivo que o adjetivo inviável deve concordar em número. A expressão de qualquer criatura exerce a função de complemento do substantivo sobrevivência. Por isso, sua flexão não influencia a alteração do adjetivo – “A elevação da temperatura (...) tornará inviável a sobrevivência de quaisquer criaturas”. Está correta a assertiva. 4–A Citamos essa questão na Aula 3, mas não chegamos a avançar na análise. Esse momento chegou. Mais uma vez, veremos a concordância do adjetivo na função de predicativo do objeto (caso 3). O verbo considerar também é transobjetivo. Seu objeto direto, na construção, é pequenas alterações psicológicas (Os médicos consideravam pequenas alterações psicológicas...). O adjetivo inevitável, por se referir a alterações, deve concordar com esse vocábulo, flexionando-se em número. Assim, a forma correta seria: Os médicos consideravam inevitáveis nos pacientes pequenas alterações psicológicas. Na opção B, foi empregado corretamente o adjetivo “sós”, no plural por se harmonizar com o substantivo internações. Na opção C, temos um exemplo da concordância incorreta com a expressão “uma e outra”. Como vimos, essa construção possibilita a flexão verbal tanto no singular quanto no plural (caso 2.a da Aula 4). O verbo está corretamente flexionado. Contudo, o adjetivo, segundo a norma culta, deveria se flexionar

obrigatoriamente no plural, enquanto que o substantivo ficaria no singular (item 1.6 da Aula 3). Assim, estaria correta a forma: “Uma e outra alteração psicológicas pode/podem afetar os pacientes hospitalizados”. Por esse motivo, a questão seria passível de anulação. 5–D A palavra meio, quando advérbio, se mantém invariável (olha a tabelinha aí, gente!!!). Exercerá a função sintática de adjunto adverbial, ou seja, vem junto de um adjetivo alterando ou delimitando o seu alcance. Na opção A, o pronome demonstrativo mesmo se refere ao substantivo empregada, devendo com ele concordar em gênero e número – A empregada mesma (Ela mesma) viu tudo. Na opção B, o vocábulo bastante é um pronome indefinido adjetivo, devendo se flexionar de acordo com o vocábulo que acompanha, no caso, o substantivo vezes. Na dúvida, troque bastante por muito - Já fiz isso muitas vezes = Já fiz isso bastantes vezes. O pronome modifica um substantivo. Cuidado para não confundir com o advérbio bastante, que é invariável e modifica verbo, adjetivo ou outro advérbio (Corremos bastante./ Eles são bastante altos./ Preciso que você fale bastante alto.) Em relação à opção C, eu lhe pergunto: o que passou? Resposta: a crise. Por isso, o particípio deve concordar com esse substantivo = Passada a crise, voltaram. 6-A Eu pergunto: o que os últimos dados trataram de sepultar? Resposta: alguma dúvida em relação à retomada do crescimento. Note que o pronome átono “as”, presente em “sepultá-las”, se refere à palavra “dúvida”, mencionada na primeira oração. Assim, para que haja concordância entre os termos, o pronome deve estar no singular – “sepultá-la”. Você percebeu que o estilo de prova da ESAF é diferente do das demais bancas já analisadas? Normalmente, as questões dessa banca que envolvem concordância pedem que se assinale o item com erro de natureza gramatical, não indicando o tipo de erro cometido. Assim, você deverá ler com cuidado e analisar todas as relações sintáticas, ou seja, se os pronomes, adjetivos, verbos estão concordando uns com os outros. 7–B Primeiramente, vamos eliminar as opções que apresentam erro na expressão “ter a ver”. Assim como na outra expressão “não ter nada a ver com”, a preposição “a” pode ser substituída pela conjunção “que” – ter que ver / não ter nada que ver. Essas expressões indicam responsabilidade ou envolvimento em relação a um fato. Restam somente duas opções: b e e. Em seguida, temos um mote para estabelecer a diferença entre três expressões muito parecidas: há cerca de / a cerca de / acerca de. Para isso, vamos partir do seguinte exemplo: “Eles saíram de casa há cerca de uma hora em direção à fazenda que fica a cerca de 30 km de São Paulo. Tenho minhas dúvidas acerca do tempo que levarão para chegar lá, já que a estrada está em péssimas condições.”

“CERCA DE” significa “aproximadamente”. Ela consta das duas primeiras expressões (há cerca de uma hora / fica a cerca de 30 km), sendo que, na primeira, percebe-se o emprego do verbo impessoal “haver” na indicação de tempo decorrido (há cerca de). Com relação à segunda (a cerca de), a preposição “a” precede a expressão por indicar distância (“A fazenda fica a 30 km de São Paulo.”). Já a expressão “acerca de” equivale a “sobre” (Tenho dúvidas sobre/ acerca do tempo). Não se pode confundi-las. 8–A Essa questão serve para fixar o conceito apresentado na anterior. Perceba que a construção da opção A se assemelha à do exemplo acima: Ficou a cerca de dez passos da esquina equivale a dizer Ficou a dez passos da esquina. O “cerca de” indica aproximação. Neste caso, antes da expressão, é necessário colocar a preposição a, indicativa de local/distância. Nas demais passagens, houve correção. Na opção B, usou-se adequadamente a locução prepositiva acerca de, que corresponde a sobre. Na assertiva C, como é indicado tempo decorrido, usa-se o verbo HAVER, associado a “cerca de”, apresentando uma idéia aproximada de tempo: há cerca de uma semana. Finalmente, na opção D, novamente a preposição a, exigida pelo verbo DIRIGIRSE, se associa à expressão cerca de (aproximação). 9–E Esse é um caso clássico de concordância verbal. O verbo concorda com o núcleo do sujeito. Em “A busca de distinção entre o que é ‘do bem’ e o que é ‘do mal’ (...)”, o núcleo é o substantivo busca. Em torno dele, estão outros elementos que exercem a função de adjunto adnominal (junto ao nome). Pelo fato de o núcleo ser representado por um substantivo no singular, o verbo trazer permaneceu no mesmo número. A banca sugere uma série de trocas e pede que se identifique em qual delas o verbo teria de ir para o plural. Vamos analisar qual é o núcleo do sujeito em cada uma das opções. A resposta deverá apresentar um substantivo flexionado no plural. (A)

O núcleo é fato (singular);

(B)

O núcleo é dificuldade (singular);

(C)

Dessa vez a banca procurou confundir, apresentando um outro elemento no plural, mas não é “pessoas” o núcleo do sujeito do verbo trazer – ele é o núcleo do verbo saber (Muitas pessoas sabem...). O núcleo do sujeito é alternativa (...sabem que tal alternativa ...) – também singular;

(D)

O núcleo é divisão (singular);

(E)

Agora, sim! O núcleo é oscilações. Não foi à toa que a resposta estava na opção E – provavelmente, a banca esperava que o candidato assinalasse a opção C por engano.

10 – E

Agora, iremos ver casos de concordância verbal com sujeito posposto ao verbo (caso 1.b da Aula 4). Analisaremos cada uma das opções. (A) O sujeito do verbo importar é composto – a crítica e o elogio. Como o sujeito veio após o verbo, haveria a possibilidade de se flexionar o verbo no plural, concordando com todos os elementos do sujeito (concordância gramatical) ou no singular, em harmonia apenas com o mais próximo (concordância atrativa). O autor escolheu a primeira opção. (B) Dessa vez, o autor escolheu a segunda opção – a concordância atrativa – e manteve o verbo no singular, concordando com texto. (C) Novamente, a opção foi pela concordância com o termo mais próximo – ritmo – mantendo o verbo no singular. (D) A flexão do verbo indica a opção pela concordância gramatical, ou seja, com todos os núcleos do sujeito (amizade e dever), enfatizando-se, assim, o conjunto. (E) O erro dessa opção foi que há apenas um núcleo (sujeito simples), que se apresenta no plural (fatos). Assim, não há para o autor a opção de manter o verbo no singular. Obrigatoriamente, o verbo deve concordar com fatos e ir para o plural – Faltavam-lhe, naquele dia, fatos para escrever sua crônica. 11 – E Vimos que a concordância com a expressão “mais de um” deve ser feita com o numeral (caso 2.f da Aula 4). Assim, está incorreta a forma apresentada na opção E. O verbo deveria estar no singular: Mais de um funcionário vai pedir promoção no mês que vem, ainda que semanticamente isso indique ser dois ou mais funcionários. Como vimos, nesse caso, a norma da Língua Portuguesa contraria a lógica. Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários. (A) Na expressão “o mais ... possível” (caso 1.7 da Aula 3), o adjetivo deve se flexionar de acordo com o que fizer o artigo. Como se manteve no singular, também assim deverá ficar o adjetivo. A outra construção possível seria: Gosto de viajar para lugares os mais exóticos possíveis. (B) O adjetivo posposto a mais de um substantivo, na função de adjunto adnominal, pode realizar a concordância gramatical (com todos os elementos) ou a concordância atrativa (com o mais próximo). Assim, a forma apresentada está correta, pois há um elemento masculino, o que leva o adjetivo para o masculino plural na concordância com todos os elementos. Também estaria correta a forma: Compramos um sofá, uma poltrona e uma mesa antiga. Contudo, poderia haver um prejuízo de sentido, levando a entender que somente a mesa seria antiga e os demais, novos. (C) A concordância com termos partitivos (a maioria de, grande parte de – caso 2.d da Aula 4) aceita duas formas de construção – com o núcleo, mantendo-se no singular, ou com o complemento. Nesse caso, optou-se pela primeira forma. A segunda seria “A maioria das pessoas esperam conseguir bons empregos”. (D) Todo cuidado com essa opção. Há duas análises a serem feitas. A primeira envolve a concordância com a expressão “um dos (...) que” (caso 2.j da Aula 4). O verbo tanto pode ficar no singular (concordando

com “um”) ou no plural (concordando com “cientistas”). Nesse caso, o verbo que aceita essa faculdade é o verbo chegar. O verbo estudar envolve a segunda análise. Ele tem como sujeito o pronome relativo que (caso 2.i da Aula 4). Esta é outra análise a ser feita: o verbo que possui como sujeito o pronome relativo deve realizar a concordância com o termo a que esse pronome se refere. No exemplo, o referente do pronome é o substantivo cientistas. Para melhor compreensão, essa construção equivale a: Dos cientistas que estudam a memória, um (dos cientistas) chegou ao Brasil. 12 – C Ótima questão que envolve a concordância com sujeito composto ligado por OU (caso 1.f da Aula 4). Não se pode flexionar o verbo no plural quando os elementos forem mutuamente excludentes, ou seja, a aceitação de um elimina o outro. Nos demais casos, em que os dois elementos podem exercer concomitantemente a ação, aceita-se a flexão verbal no plural. Vamos às opções: (A) Tanto ele quanto o irmão poderiam nos apanhar, não é? Então, essa conjunção pode ter valor aditivo, admitindo-se a flexão verbal no plural. (B) Os dois elementos (umidade intensa e ressecamento excessivo) podem fazer mal, aceitando-se, assim, a forma plural do verbo. (C) Quantas pessoas poderiam se casar com Marta? Ao que me conste, no Brasil, somente uma. Por isso, o verbo só poderia ficar no singular, ou então Marta seria presa por bigamia (rs...). (D) Quantos meios de comunicação poderiam apresentar a notícia em detalhes? Tantos quantos existirem: jornal, revista, telejornal... Por isso, o verbo pode ir para o plural. (E) E se quisermos entregar o original e a cópia: isso é possível? Sim. Então o verbo também pode ir para o plural. 13 – D Outra ótima questão para fixarmos os conceitos de concordância. O erro está no emprego do verbo TER no sentido de existir. No uso coloquial, há vários registros desse uso, inclusive literários (Drummond: “No meio do caminho tinha uma pedra”). Contudo, apesar de não haver menção a norma culta no enunciado, em virtude da correção das demais opções, só nos resta indicar esta como a incorreta. (A) A flexão verbal com a expressão “uma e outra” (caso 2.a da Aula 4)permite que o verbo fique no singular ou no plural. (B) Apesar de polêmico, esse emprego do verbo no plural com a expressão “nem um nem outro” encontra respaldo na lição do mestre Domingos Paschoal Cegalla (caso 2.c). (C) Optou-se por manter o verbo no singular, a exemplo do que vimos no caso 1.e. (E) O verbo haver é um verbo auxiliar na locução “haviam tido”. O verbo principal, que determina a flexão verbal a ser executada pelo auxiliar, é TER. Se estivesse sozinho na construção, esse verbo teria de se flexionar, para concordar

com o sujeito “cientistas” (“Os cientistas tinham muito cuidado...”). Por isso, o verbo haver, na locução verbal, deverá se flexionar no plural – haviam tido. 14 – B A única forma correta é a apresentada na opção B. Como não há um número inteiro percentual (0,98%), associado ao fato de não haver complemento, o verbo só poderá ficar no singular. O que está errado nas demais opções? (A) O número percentual inteiro é 1 (1,85%), e não há complemento. Assim, a única forma de concordância do verbo é no singular (Lá, 1,85% ajudou a criar...). (C) Cuidado com a casca de banana. A expressão “a maior parte” está desacompanhada de complemento. Assim, mais uma vez, o verbo só poderia ficar no singular, concordando com o núcleo “parte”. (D) Apesar de modernamente alguns autores aceitarem que o verbo se flexione na 3ª pessoa do plural (vocês), em função do desuso das segundas pessoas (tu e vós), em função do erro gritante apresentado na opção B, vemos que a banca da Fundação Getúlio Vargas segue as normas do padrão culto formal da língua, exigindo que, nesse caso, o verbo se flexione na 2ª pessoa do plural – Lá, tu e teus amigos (vós) ajudastes a criar... (E) Em números fracionários, a concordância se realiza com o numerador (o raciocínio é parecido com o apresentado para números percentuais). Por isso, como no numerador temos “dois” (dois terços), o verbo deveria ir para o plural: Lá, dois terços ajudaram a criar... 15 – A Com a expressão partitiva “a maioria de”, acompanhada de complemento no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural. Por isso, todas as opções seriam válidas. Por isso, já poderíamos eliminar as opções b, d e e, pois todas apresentam a forma seção (ou sua variante secção) e, se uma delas estivesse certa, as demais também estariam, ocasionando a anulação por múltiplas possibilidades de resposta (é assim que se faz prova, viu? Eliminando as opções inválidas e aumentando, assim, a possibilidade de acerto). O erro, nessa questão, é mais de natureza ortográfica: a diferença entre cessão, sessão e seção. Cessão é o ato espontaneamente).

de

ceder

(A

cessão

dos

direitos

autorais

foi

feita

Seção (antigamente indicada com o “c” mudo – secção – letra ainda mantida em algumas formas, como “seccional”, que também apresenta a forma variante “secional”) – é o ato de cortar. Por isso, indica a parte de um todo, uma divisão, um segmento. Assim, em um departamento (conjunto), há diversas seções (divisões). Sessão é o tempo de duração de algum espetáculo, trabalho, reunião ou assemelhados. No Brasil, usa-se também para indicar cada um dos espetáculos de teatro ou cinema. De volta à questão, se o treinamento se realizou, houve uma sessão (tempo de duração) de treinamento.

16 – C Como se busca o item correto, vamos analisar os erros das demais opções. (A) Tanto o verbo ser quanto o adjetivo capaz deverão permanecer no singular, para concordar com o núcleo do sujeito, representado pelo substantivo oculto dicionário, indicado pela flexão do adjetivo rigoroso (no singular): “Nem mesmo o mais rigoroso dos dicionários é capaz de (...)”. (B) Há problemas graves de estruturação sintática. Isso acaba causando um prejuízo na compreensão da oração. O que seria “desejável”? Acredito que “estabelecer (conceitos) para a ação humana”. Assim, a construção deveria ser, por exemplo: “Quando se divergem, a filosofia e o direito acabam por criar um espaço de hesitação para os conceitos, cujo estabelecimento para a ação humana seria tão desejável”. (D) Essa foi bastante capciosa. Os núcleos do sujeito estão ligados pela expressão “Tanto...como” (caso 1.d). Mesmo que passássemos ao largo da polêmica apresentada em relação à flexão verbal, note que ambos os núcleos estão representados por substantivos femininos (felicidade e justiça). Assim, o adjetivo a eles correspondente só poderia ficar nesse gênero: Tanto a felicidade como a justiça devem ser discutidas... Em relação ao emprego da preposição DE na locução verbal (deve + ser), vejamos o que nos ensina Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa: “Para indicar probabilidade, pode-se inserir a preposição DE na locução formada por DEVER + INFINITIVO, conforme faziam escritores clássicos: O Congresso deve de aprovar o projeto do governo. (...) Não cabe a preposição, quando a idéia é de obrigação, necessidade: Motorista deve dirigir com cuidado. (...) A língua de hoje raramente faz esta distinção. Em geral se diz: O guarda devia estar dormindo. / O cano deve estar entupido.” Assim, como se trata de uma obrigação (e não possibildade), a preposição deve ser retirada. (E) Este é um caso de sujeito oracional. O verbo esperar está acompanhado do pronome SE (Não se esperem...). Como este é um verbo transitivo direto, estamos diante de uma construção de voz passiva. Ocorre que o sujeito paciente está representado por uma oração desenvolvida (“... que nossos valores essenciais possam ser definidos sem controvérsias...”). Por isso, o verbo esperar deve ficar na 3ª pessoa do singular: “Não se espere que...”. 17 – C O verbo verificar está acompanhado de um pronome SE. Como esse verbo é transitivo direto (Alguém verifica alguma coisa) e apresenta idéia passiva, tratase de um pronome apassivador. O verbo, portanto, deve concordar com o sujeito paciente. Contudo, esse sujeito é representado por uma oração: “que 75% de toda a riqueza...”. Assim, o verbo deverá ficar na 3ª pessoa do singular: “(...) verifica-se que (...)”. Já na seqüência, o verbo terminar admite dupla flexão – no plural, concordando com o número percentual (75%) ou no singular, concordando com o complemento (de toda a riqueza). Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários. a) O núcleo do sujeito é desigualdade, o que leva o verbo para o singular – “A desigualdade (...) é uma marca...”.

b) O verbo chegar está corretamente flexionado no plural, em harmonia com famílias. O infinitivo apropriar, por apresentar o mesmo sujeito do verbo da oração anterior, optou por ficar no singular. d) O que resta? Resposta: 25% da riqueza nacional. O verbo se flexionou no plural para concordar com o número percentual (25%). e) O que avançou no país foi o ciclo de financeirização da riqueza. O verbo auxiliar da locução ter + avançado está corretamente no singular. 18 - B O sujeito do verbo estabelecer na segunda passagem do item B é “lei”. Afinal, é a lei que estabelece o aumento de tributos (aproveite para estudar Direito Tributário! Conheço um ótimo professor: Eduardo Corrêa). Na ordem direta, a construção seria: sem que a lei estabeleça. Aliás, o que a lei estabelece: o tributo ou o aumento do tributo? A partir do contexto, entende-se que o aumento do tributo. Por isso, o correto seria empregar o pronome “o”, no masculino singular, pois esse pronome tem valor demonstrativo (sem que a lei estabeleça isso – e o que é isso? Aumentar tributo). Assim, há dois erros de concordância na passagem: um nominal (relação do pronome com o nome) e outro verbal. 19 – D Primeiramente, uma locução verbal (IR + PERCEBER) acompanhada de pronome ‘se’ requer análise: 1- o verbo principal (perceber) é TD ou TDI? Sim. 2- Há idéia passiva? Sim – Algo foi sendo percebido. Conclusão: a construção está na voz passiva. Note, porém, que o sujeito não está expresso na forma de um nome (substantivo), mas de uma oração (subordinada) substantiva. Pergunta-se: o que foi sendo percebido? Resposta: “que os problemas daquela região são...” – o sujeito da forma verbal está representada por uma oração. No caso de sujeito oracional, o verbo DEVE FICAR na 3ª pessoa do singular (“foise percebendo que os problemas daquela região são...”). Veja a correção da flexão verbal de um verbo impessoal no item C – o verbo fazer, ao indicar tempo decorrido, age da mesma forma que o verbo haver – é impessoal (não possui sujeito) e, por isso, fica na 3ª pessoa do singular: faz poucos meses. Está igualmente correta a correlação do verbo fazer com o restante da estrutura, situada no presente (Tudo parece indicar...). Finalmente, cabe comentar a flexão do adjetivo devido em relação ao substantivo a que se refere: problemas – “Os problemas são devidos...”. Não confunda esse adjetivo (que rege a preposição a) com a locução prepositiva devido a, empregada em estruturas como ‘Devido às fortes chuvas, a festa não se realizou.’. Como é uma locução prepositiva, permanece invariável.

Aliás, essa locução teve origem justamente no adjetivo que apresenta base participial (particípio do verbo dever). Como é interessante a ligação que os vocábulos têm uns com os outros, não é? 20 – C Agora, vamos tratar de sujeito indeterminado. Os verbos acompanhados do pronome SE podem formar voz passiva (verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos) ou construção de sujeito indeterminado (verbos intransitivos, transitivos indiretos e verbos de ligação). a) O verbo precisar é transitivo indireto e rege a preposição DE (Alguém precisa de alguma coisa). Acompanhado do pronome, é caso de sujeito indeterminado, devendo o verbo permanecer na 3ª pessoa do singular: Precisa-se de muitos técnicos. b) Vimos que Estados Unidos é um topônimo que leva artigo, pronome, adjetivo e verbo para o plural. Assim, a forma correta seria: Os Estados Unidos são contrários a essas medidas. c) O verbo haver, no sentido de existência, é impessoal (sem sujeito), devendo ficar na 3ª pessoa do singular. Assim, está correta a construção. d) Como as bancas A-DO-RAM esse verbo. O verbo tratar é transitivo indireto e rege a preposição DE. Está acompanhado do índice de indeterminação do sujeito, devendo ficar na 3ª pessoa do singular: Tratava-se de profissionais competentes. 21 – C Essa questão é quase um exame psicotécnico. Vamos aos poucos. O que o examinador quer saber é se, acompanhados do pronome SE, em voz passiva, os verbos devem ou não se flexionar. Para começar, todos os verbos são transitivos diretos, o que possibilita a transposição para a voz passiva. Veja, agora, como a questão era mais simples do que parecia inicialmente: 1ª oração Voz ativa: movimentar a sua conta Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: conta Como o sujeito está no singular, o verbo também deve ficar no singular. Voz passiva analítica: a conta é movimentada Voz passiva sintética (pronominal) = movimente-se a conta Já podemos eliminar as opções B e D. 2ª oração Voz ativa: efetuar pagamentos Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: pagamentos Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.

Voz passiva analítica: pagamentos são efetuados Voz passiva sintética (pronominal) = efetuem-se pagamentos A partir dessa resposta, você já poderia marcar o cartão-resposta. Mesmo assim, vamos analisar as demais orações. 3ª oração Voz ativa: obter crédito Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: crédito Como o sujeito está no singular, o verbo também deve ficar no singular. Voz passiva analítica: crédito é obtido Voz passiva sintética (pronominal) = obtenha-se crédito 4ª oração Voz ativa: receber benefícios Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: benefícios Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural. Voz passiva analítica: benefícios são recebidos Voz passiva sintética (pronominal) = recebam-se benefícios 5ª oração Voz ativa: adquirir produtos Î Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: produtos Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural. Voz passiva analítica: produtos são adquiridos Voz passiva sintética (pronominal) = adquiram-se produtos 22 - D O que constitui “a maior de suas concessões à vida natural”? Resposta: usar bermudas longas. Como o sujeito é oracional (reduzido de infinitivo impessoal), o verbo fica na 3ª pessoa do singular: “Uma das convicções do bem-humorado cronista é a de que usar bermudas longas constitui a maior de suas concessões à vida natural”. Estão corretas as demais opções. Comentaremos algumas das passagens que podem ter sido objeto de dúvidas. (A) O pronome relativo “que” refere-se a “maravilhas”. O verbo dizer é transitivo direto (Alguém diz alguma coisa). Acompanhado do pronome “se”, constrói voz passiva, cujo sujeito é “maravilhas” (“maravilhas são ditas”). Assim, está correta a flexão verbal em “As maravilhas que se dizem a respeito de uma vida bucólica ou primitiva”. Em seguida, retomando o sujeito “as maravilhas”, a locução verbal se flexiona no plural: “não parecem ter em nada animado o cronista”.

(B) A passagem “a quem o prendam laços afetivos” equivale a “laços afetivos prendem-no [o cronista] a quem [alguém]”. Como o sujeito do verbo prender é laços afetivos, está correta a concordância verbal. (C) Mais uma vez, temos ótimos exemplos de construção de voz passiva pronominal. O verbo ouvir é transitivo direto. Acompanhado do pronome “se” (apassivador), deve concordar com o sujeito paciente, quais sejam: “os cantos do mar” e “os sons de insetos e animais”, justificando, assim, a flexão verbal (“Não se ouvem”). Em seguida, o pronome relativo “que” substitui o substantivo “sons” e leva o verbo “poder”, auxiliar da locução “podem representar”, para o plural. (E) Como o sujeito de “Fica sugerido” é uma oração, o verbo está corretamente conjugado na 3ª pessoa do singular (concordância com sujeito oracional – verbo no singular). 23 - E (A) Em uma locução verbal, o verbo auxiliar realiza a flexão que o verbo principal faria se estivesse sozinho. Na locução verbal “teriam havido”, o verbo “haver” (principal) é impessoal, pois apresenta o sentido de “existência”. Por isso, mantémse na 3ª pessoa do singular. Assim, essa flexão deve ser realizada pelo verbo auxiliar “ter”, mantendo no singular – “... não teria havido outras compensações...”. Vimos em nossas aulas que “outras compensações” exerce a função de objeto direto da construção oracional, não interferindo na concordância verbal. (B) Tanto o verbo haver quanto o verbo existir podem indicar existência. A despeito de apresentarem o mesmo significado, possuem estruturas sintáticas distintas. Enquanto que o verbo haver é impessoal (não tem sujeito) e, por isso mesmo, se mantém na 3ª pessoa do singular (o que lhe segue é o complemento verbal), o verbo existir possui sujeito e com este deve realizar a concordância. A partir dessa observação, note que o sujeito de “existir” na construção “Entre um computador e um fax ainda existem (...) muito estímulo” é um elemento que está no singular – “estímulo”. Por isso, o verbo deveria ser conjugado na 3ª pessoa do singular – existe. (C) Nessa questão, verificamos uma técnica muito comuns em bancas examinadoras para “enganar” o candidato em questões de concordância (a ESAF é mestra nisso). Consiste em separar o sujeito do verbo por uma série de elementos, de preferência em um número diferente do que deverá figurar o verbo. Assim, o candidato corre o risco de se esquecer qual era o núcleo do sujeito e não perceber o deslize de correspondência entre o verbo e o sujeito. Vamos sublinhar o que interessa para a análise: “As preocupações íntimas, que se costuma traduzir na linguagem pessoal de um diário, pode suscitar o interesse...” Opa! A locução verbal está no singular enquanto que o sujeito é plural. Questão clássica. Na hora da prova, faça o que eu fiz – sublinhe o sujeito e compare com o verbo. Não tem como errar fazendo isso. (D) Em “Ninguém duvide de que possa estar na forma modesta de um diário pessoal as questões subjetivas que a cada um de nós é capaz de afetar?”, notamse DOIS erros de concordância. Para uma melhor análise, vamos mudar a estrutura oracional.

“Ninguém duvide de que...” – até aí, tudo bem... O sujeito de “possa estar na forma modesta de um diário pessoal” é “as questões subjetivas”. Por isso, o verbo auxiliar da locução deveria ser flexionado no plural – “possam estar (...) as questões subjetivas...”. Por fim, o pronome relativo que inicia a oração adjetiva tem por referente “as questões subjetivas”, levando todos os elementos do predicado para o plural: “as questões subjetivas que são capazes de afetar a cada um de nós”. O complemento do verbo afetar (transitivo direto) recebeu uma preposição (“afetar a cada um de nós”) para evitar a ambigüidade em relação ao elemento que seria o sujeito dessa oração, o pronome relativo. 24 – E O verbo fazer indica um lapso temporal de cinco sessões. Como estamos diante de um caso de verbo impessoal, este deve se manter na 3ª pessoa do singular. O mesmo iria ocorrer com o verbo haver: “Já há cinco sessões que os deputados não votam...”. Está correta, portanto, a estrutura apresentada. Nas opções (A), (B) e (C), o examinador explora os verbos haver e existir. (A) O que existe? Resposta: “comissões parlamentares válidas e competentes”. Como o verbo existir possui sujeito (cujo núcleo é comissões), deve se flexionar no plural: “O autor disse que existem comissões parlamentares...”. (B) Já o verbo haver, no sentido de existência, não possui sujeito – é impessoal e deve se manter na 3ª pessoa do singular: “Havia perguntas que não foram respondidas durante o interrogatório.”. (C) Agora, o verbo haver é o principal de uma locução verbal. A ordem para não se flexionar (o que faria se estivesse sozinho) ele dá ao seu auxiliar (seu “paumandado”): o verbo poder. Assim, a forma correta seria: “Em toda a parte do mundo pode haver políticos corruptos”. (D) “É necessário reconhecer que...” – até aqui estava tudo certo. O verbo ser possui sujeito oracional: reconhecer. O problema surgiu mais adiante: “... reconhecer que algumas atitudes que...” – este pronome relativo, que é o sujeito da oração adjetiva que inicia, possui como referente o substantivo atitudes. Assim o verbo ferir deve com este substantivo concordar: “...algumas atitudes que ferem os princípios éticos”. Por fim, um outro erro: essa atitudes (que ferem os princípios éticos) precisam ser punidas. O verbo ser é o segundo auxiliar de uma locução verbal com três verbos – somente o primeiro verbo auxiliar (precisar) deve se flexionar. Os demais (segundo auxiliar e verbo principal) devem se manter em formas nominais (respectivamente infinitivo impessoal e particípio). 25 – Item CORRETO Como vimos no caso 11, o verbo PODER/DEVER + SE + INFINITIVO + SUBSTANTIVO PLURAL, possibilita duas formas de construção: 1 – não se pode culpar os publicitários – é um caso de sujeito oracional (culpar os publicitários não é possível) 2 – não se podem culpar os publicitários - é um caso de locução verbal de voz passiva: os publicitários não podem ser culpados. Ambas as construções estão corretas.

26 - E Mencionamos anteriormente que uma das possibilidades de análise da construção “PODER/DEVER + SE + INFINITIVO” seria como locução verbal de voz passiva pronominal (sintética). Se o sujeito paciente estiver no plural, o verbo auxiliar deverá ser flexionado: Devem-se evitar as aparências enganosas de exatidão. Nessa questão, o que a banca propõe é a forma de voz passiva analítica em uma construção idêntica. O sujeito, no caso, é “as aparência enganosas de exatidão”. O primeiro verbo auxiliar é “dever”. O segundo auxiliar, por ser voz passiva, seria o verbo ser, no infinitivo impessoal. Assim, na voz passiva analítica, a construção adequada seria: “Devem ser evitadas as aparências enganosas de exatidão.”. 27 – Item INCORRETO Essa questão pegou quem teve preguiça de voltar ao texto para analisar a proposta do examinador. Realmente, tanto a expressão “a metade” quanto “50%” são termos partitivos (indicam a parte de um todo). Contudo, a concordância verbal vai depender também do complemento que foi apresentado em relação à primeira. Vamos deixar a preguiça de lado e ler o segmento em análise: Quase a metade dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem. No fragmento, o verbo ser poderia concordar com metade (singular) ou com desempregados (plural). A partir do momento em que trocamos “metade” por “50%”, tanto o termo partitivo (50%) quanto o complemento (dos desempregados) levaria o verbo para o plural. Assim, não restaria ao verbo outra opção a não ser se flexionar: “Quase 50% dos desempregados (...) são jovens”. Dessa forma, como foi sugerida, a troca acarretaria incorreção gramatical, com erro de concordância verbal. 28 - B Essa opção envolveu dois aspectos estudados: sujeito oracional e flexão de verbos perigosos. Sujeito oracional mantém o verbo na 3ª pessoa do singular – “pressupõe-se que os grupos trabalham...”. Com os verbos derivados de pôr, ter e vir, o cuidado deve mesmo ser redobrado, para não confiar no ouvido, pois não há diferença fonética entre a forma singular e a plural. Essa questão explorou o mesmo verbo da questão comentada no fim da aula, mas de modo inverso. 29 – Item INCORRETO Para constatar a incorreção dessa assertiva, devemos analisar os três primeiros períodos do texto.

A pichação é uma das expressões mais visíveis da invisibilidade humana. – o sujeito é pichação. São mais do que rabiscos. – o sujeito foi retomado – continua sendo pichação. E não poderia ser “expressões”, pois, de acordo com o sentido, o que são rabiscos é a pichação, e não a expressão. Já no predicativo do sujeito, temos um substantivo no plural: rabiscos. Por isso, a flexão se deu, corretamente, no plural: são mais do que rabiscos. São uma forma de estabelecer uma relação de pertencimento com a comunidade (...) – agora, tanto no sujeito (presente na primeira oração e oculto nas demais – pichação), quanto no predicativo do sujeito (forma), os núcleos são substantivos no singular! Devido à aproximação com a oração anterior, houve o deslize de concordância, mantendo o verbo no plural, sem que houvesse justificativa para tal flexão: (a pichação) é uma forma de estabelecer... Por isso, está incorreta a afirmação de que, nos dois períodos iniciados por ‘são’, a concordância se dá com o predicativo. Na terceira oração, o predicativo é singular. 30 – Item INCORRETO A passagem que nos interessa é “No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.”. Estamos diante de um dos casos da expressão de realce “é que”, que vimos no caso 5.d. O examinador sugere a retirada do verbo foi, sob a alegação de que é meramente expletivo (ou seja, de realce). Contudo, se houver a retirada do verbo ser, deve haver também a retirada da conjunção que: “No entanto, (foi) graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados (que) as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.”. A retirada apenas de uma parte da expressão “é que” prejudicaria a coesão e coerência textuais. Grande abraço e até a próxima semana.

SINTAXE DE REGÊNCIA Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA. Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Chamamos de regentes aos termos que pedem complemento e de regidos aos que complementam o sentido dos primeiros. Regente

Regido

COMPREI

-

UMA CASA

DEPENDO

DE

VOCÊ

CRENÇA

EM

DEUS

ÁVIDO

DE

CARINHO

INSISTO

EM

LUTAR

VEJO

-

O MAR

A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou dependência entre os elementos da oração. Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”. Veremos casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo) exige certa preposição ou tem o seu sentido modificado em virtude do emprego de alguma delas. Os complementos servem a nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e a verbos – daí, a regência dividir-se em nominal e verbal. REGÊNCIA NOMINAL – estuda a relação entre um substantivo, um adjetivo ou um advérbio com o termo que complementa o seu significado. REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de acordo com a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da preposição no complemento direto). Nosso estudo terápor base, principalmente, as lições de Celso Pedro Luft presentes nas seguintes obras: - Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003; - Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002. REGÊNCIA NOMINAL Conforme visto anteriormente, a regência nominal estuda a relação entre os nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) e os termos regidos por estes nomes. Essa relação é sempre regida por preposição. Muitos nomes derivados apresentam o mesmo regime dos verbos de que derivam. Assim sendo, o conhecimento do regime de certos verbos permite que se conheça o regime dos nomes cognatos, como o substantivo "obediência", o adjetivo "obediente", e o advérbio "obedientemente", que regem a preposição a, exatamente como ocorre com o verbo "obedecer", que lhes deu origem.

A título de exemplo, segue uma pequena relação de substantivos e adjetivos acompanhados das preposições mais usuais (segundo Celso Luft, op.cit.): Substantivos ƒ

Admiração (a, de, por, para (com), perante)

ƒ

Afeição (a, (com), por)

para

ƒ

Aversão em)

por,

ƒ

Atentado contra)

ƒ

Capacidade para, em)

ƒ

(a,

ƒ

Dúvida (acerca de, de, em, sobre)

(OBS. preposição omissível antes de oração desenvolvida – “Não há dúvida (de) que você é o melhor.”)

ƒ

Medo (a, de)

(OBS. Medo a evita ambigüidades apresentadas por medo de: “medo do inimigo – o inimigo teme ou é temido?”)

(a,

ƒ

Habilidade (de, em, para)

ƒ

Obediência (a, de, para com)

(de,

ƒ

Liberdade (a, para, de)

ƒ

Ojeriza (a, contra, por)

Devoção (a, com, para com, por)

ƒ

Manutenção em)

(de,

ƒ

Respeito (a, com, de, com, para com, por)

Adjetivos ƒ

Acostumado com)

(a,

ƒ

Essencial (a, para, em)

ƒ

Prestes para)

ƒ

Agradável (a, para, de)

ƒ

Fácil (a, para, em, de)

ƒ

Próximo, junto (a, de)

ƒ

Ansioso (de, para, por)

ƒ

Favorável (a, para)

ƒ

ƒ

Hábil (em, para)

Relacionado com)

ƒ

Habituado (a, com)

ƒ

Satisfeito (com, de, em, por)

ƒ

Semelhante (a, em)

ƒ

Sensível (a, para)

ƒ

Sito (em)

(OBS. preposição omissível antes de oração desenvolvida – “Estava ansioso que a aula acabasse.”) ƒ

Ávido (de, por)

ƒ

Capaz (de, para)

ƒ

Compatível entre)

ƒ

(OBS. Habituado com deve ser imitação de acostumado com “Estava habituado com o chão de estrelas ...”) ƒ

Imbuído (de, em)

ƒ

Impróprio para)

Contemporâneo (a, de)

ƒ

ƒ

Contíguo (a, com, entre)

Insensível (a, para, com, para com)

ƒ

Passível (de, a)

ƒ

Contraditório (a, de, com, entre)

ƒ

Diferente entre, por)

(com,

(de,

(a,

de,

(OBS. Passível a empregado como se fosse sujeito a, talvez pela proximidade com passivo a)

(a,

em,

(a,

(OBS: Os verbos que indicam permanência regem preposição em: morar, residir, estar – o mesmo ocorre com os adjetivos correspondentes: sito em; a construção sito a surgiu na língua escrita jornalística e de tabeliões, e não encontra abono na gramática normativa).

Advérbios Os advérbios terminados em mente, via de regra, seguem o regime dos adjetivos de que derivam. Exemplos: análogo (a) - analogamente (a); contrário (a) - contrariamente (a); contraditório (com) - contraditoriamente (com); diferente (de) - diferentemente (de); favorável (a) – favoravelmente (a); relativo (a) - relativamente (a). REGÊNCIA VERBAL E TRANSITIVIDADE O conceito de REGÊNCIA VERBAL passa necessariamente pela definição da TRANSITIVIDADE DO VERBO. Há verbos que bastam por si mesmos – são os verbos INTRANSITIVOS. Outros há que necessitam de informações suplementares, ou seja, do auxílio de uma expressão subsidiária, que se apresenta sob a forma de COMPLEMENTO. Esses são os verbos TRANSITIVOS. Aliás, essa denominação provém do conceito de TRANSITAR/TRÂNSITO. Se esse “trânsito” não encontra obstáculo algum, ele é DIRETO. O “obstáculo” é a preposição. Assim, quando não há preposição necessária (obstáculo), o verbo é TRANSITIVO DIRETO, ou seja, liga-se ao complemento diretamente (OBJETO DIRETO). No caso de a preposição ser obrigatória, o verbo é classificado como TRANSITIVO INDIRETO e o complemento é antecedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Em todo momento, mencionamos “preposição necessária” ou “obrigatória”. Isso porque há casos em que, mesmo sendo dispensável, a preposição é utilizada como recurso estilístico (exemplo 1 abaixo), como, por exemplo, para evitar ambigüidade, ou obrigatoriamente quando o objeto direto vier sob a forma de um pronome oblíquo tônico (exemplo 2). Nesses casos, o complemento é chamado de OBJETO DIRETO PREPOSICIONADO. Exemplo 1 – Matou o caçador ao leão. – Sem a preposição, não saberíamos quem matou quem. Exemplo 2 – Nem ele entende a mim, nem eu a ele. – Os pronomes oblíquos tônicos exigem sempre a preposição, mesmo que exerça a função de objeto direto. Em determinadas construções, alguns verbos, mesmo acompanhados de complemento direto (OBJETO DIRETO), podem requerer um outro complemento, precedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Esses verbos são os chamados TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ou BITRANSITIVOS, já estudados em aulas anteriores. Por fim, há também os que necessitam de uma informação adicional que venha a complementar o sentido ou alcance do objeto (direto ou indireto) já apresentado. Esses são os verbos TRANSOBJETIVOS, apresentados na Aula 2 - VERBOS. Essa “informação complementar” vem sob a forma de PREDICATIVO DO OBJETO. O predicativo do objeto pode estar ligado diretamente ao verbo (O júri considerou o réu inocente) ou por meio de uma preposição (Os médicos consideravam a doença como incurável.)

Podem ser transobjetivos os verbos: chamar, considerar, julgar, reputar, supor, declarar, crer, estimar, tornar, designar, nomear, sagrar, coroar, encontrar, achar, deixar etc. Como já ressaltamos antes, a transitividade de um verbo só pode ser definida na oração, de acordo com os elementos presentes na construção. REGÊNCIA VERBAL E SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS Enquanto que os nomes (regência nominal) exigem uma e/ou outra preposição, não tendo seu significado alterado, alguns verbos, a depender da acepção que se deseje apresentar, podem exigir determinada preposição, aceitar mais de uma ou até mesmo dispensá-la. Ou seja, os substantivos e adjetivos podem reger diversas preposições sem que tenham seu sentido alterado. Já os verbos apresentam sentidos diferentes a depender da preposição que for utilizada. Essa é a diferença significativa entre regência nominal e verbal e é por isso que o estudo da sintaxe de regência verbal é bem mais complexo do que o de regência nominal. Em relação às provas de concursos públicos, o número de questões que envolvem aspectos de regência verbal é infinitamente maior que o de questões sobre regência nominal. Isso você irá perceber nos exercícios de fixação. Há verbos que admitem mais de uma regência sem ter seu sentido alterado. Falar sobre o assunto. Falar do assunto. Falar acerca do assunto. Ele não tarda em chegar. Ele não tarda a chegar. Em algumas construções, a preposição é usada, mais do que para reger, para acrescentar novos matizes de significação aos verbos. Cumpri o dever. / Cumpri com o dever. – O verbo é originalmente transitivo direto (primeiro exemplo). A preposição serve para acentuar a idéia de cuidado, zelo. Fiz que ele fosse aprovado./ Fiz com que ele fosse aprovado. – O verbo fazer é transitivo direto. A preposição emprega valor de dedicação, esforço. Comi o bolo. / Comi do bolo. – Apenas um pedaço do bolo, e não todo ele, foi comido.

COMPLEMENTOS VERBAIS COM REGÊNCIAS DIFERENTES Quando, em uma construção, surgirem dois ou mais verbos com regências diferentes em relação a um mesmo elemento, o rigor gramatical exige que se apresentem os dois objetos distintos. Entrei e saí do quarto com extrema rapidez.– CONSTRUÇÃO CONDENADA O verbo entrar rege a preposição em (entrei no quarto), enquanto que o verbo sair exige a preposição de (saí do quarto). Assim, para que se observe a norma gramatical, devemos colocar cada verbo acompanhado de seu complemento: Entrei do quarto e saí dele com extrema rapidez.

Se a transitividade dos verbos for a mesma, seja direta, seja indireta com a mesma preposição, pode-se apresentar somente um dos elementos. O amigo que muito admiro e estimo veio aqui hoje. O pronome relativo que retoma o substantivo amigo. Tanto o verbo admirar quanto estimar são transitivos diretos. Assim, não há preposição antes do pronome relativo que exerce a função de objeto direto de ambos os verbos. O amigo que muito admiro e me preocupo veio aqui hoje . Essa construção está condenada. Enquanto o verbo admitir é transitivo direto, o verbo preocupar-se exige o complemento regido pela preposição com (Eu me preocupo com o amigo). Assim, para corrigi-la, devemos repetir o pronome relativo, tomando o cuidado em usar, no segundo caso (com preposição), o relativo quem (assunto a ser tratado na aula sobre PRONOMES). O amigo que muito admiro e com quem me preocupo veio aqui hoje. Todavia, alguns autores, para empregar ao texto maior brevidade e concisão, admitem a forma gramaticalmente inadequada. “Não se recorda ou não sabe que perdeu uma carta?” (Machado de Assis) O verbo recordar é transitivo indireto, com a preposição de (alguém se recorda de alguma coisa), ao passo que o verbo saber apresenta emprego transitivo direto (alguém sabe alguma coisa). No entanto, um único complemento (o direto) foi apresentado. Note que essa “simplificação” ocorre também em outras construções: Ele esteve com ela antes e durante o velório. (antes do velório) Ele esteve com ela antes, durante e depois do velório. (durante o velório)

COMPLEMENTOS COMUNS A MAIS DE UM VERBO Se, em uma série de verbos com a mesma regência, apresenta-se um mesmo complemento expresso junto a um deles, pode-se repeti-lo (valorizando cada um dos verbos) ou omiti-lo (dando ênfase ao conjunto de ações). Eu muito os admiro e os respeito. Eu muito os admiro e respeito. Tanto o verbo admirar como o respeitar são transitivos diretos, o que possibilita essa construção. REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS Agora, iremos analisar as possibilidades de sintaxe de regência de alguns verbos. É lógico que nosso objetivo não é esgotar (até porque isso seria impossível), mas simplesmente apresentar. Sempre que surgirem dúvidas, busque o auxílio de um bom dicionário de regência (como o indicado no início de nossa aula).

Em alguns verbos, destacaremos observações feitas por mestres consagrados, como Celso Luft, Evanildo Bechara e outros. Como tudo na língua, a sintaxe de regência também sofre mutações decorrentes do uso. Por isso, serão registradas, também, algumas “inovações sintáticas” ocorridas em certos verbos e ressaltadas por Celso Luft em seu Dicionário Prático. Agradar a) No sentido de acariciar, acarinhar, é transitivo direto. Com as mãos calosas, agradava o filho choroso.

b) No sentido de satisfazer, contentar, é transitivo indireto. Suas palavras agradaram ao público que o ouvia. Por analogia com contentar (transitivo direto), também ocorre a transitividade direta, não obstante impugnação dos puristas: “Essa regência (transitiva direta) se justifica nas acepções contentar e afagar, mimar.” (Celso Luft). Esforça-se mas não consegue agradá-lo. E o que fazer na hora da prova? Analisar as demais opções e procurar identificar o posicionamento da banca – se tradicional (transitividade indireta) ou moderna (direta). De qualquer forma, se houver menção a “norma culta”, segue-se a sintaxe original (agradar a alguém). Aspirar a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto. "Aspirava o cheiro das rosas abertas depois da chuva." (Rachel de Queiroz)

b)No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com preposição A). "E quem mora no beco, só aspira ao beco." (Rachel de Queiroz) Não se diz aspiro-lhe, e sim aspiro a ele(s), a ela(s). Só encontra o amor quem a ele aspira.

Assistir a) No sentido de ver, presenciar, estar presente, é transitivo indireto. Esse objeto indireto deve ser encabeçado pela preposição a, e se for expresso por pronome de 3ª pessoa, exigirá a forma a ele(s), ou a ela(s) (nunca lhe/lhes). Todos assistiam ao espetáculo (a ele). Vimos em nossa aula de verbos que os verbos transitivos apenas indiretos não se constroem na voz passiva porque só o objeto direto da ativa pode transformar-se

no sujeito da passiva. Ainda se lembra disso? Pois é, agora a coisa vai complicar um pouquinho. Na linguagem coloquial, dada sua proximidade com os verbos VER, PRESENCIAR, OBSERVAR (todos eles transitivos diretos), é usual o emprego do verbo ASSISTIR (que, nessa acepção, é transitivo indireto) em voz passiva: A missa foi assistida por milhares de fiéis. De qualquer forma, segundo a linguagem culta formal, deve-se abolir essa construção. Para a prova, mais uma vez recomendamos cuidado: bancas tradicionais exigem os aspectos cultos da gramática, devendo ser respeitada a sintaxe original. Outras mais modernas podem aceitar a forma passiva. O jeito é analisar as opções e agir com bom senso. b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger, servir, é transitivo direto OU indireto (indiferentemente). O médico assiste os doentes. Ele assistiu-lhe (ao doente) na enfermidade. Para lembrar: se for para prestar socorro, não importa a regência – assista o/ao acidentado de qualquer forma. c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto. Não lhe assiste o direito de reclamar.

d) No sentido de morar, constrói-se com preposição EM, sendo intransitivo. Aliás, essa é a sintaxe empregada aos verbos que indicam permanência (morar, residir, estar, situar-se). “Assiste em Lisboa.” (Caldas Aulete, citado por Celso Luft)

Atender a) Quando o complemento for pessoa, é transitivo direto ou indireto O diretor atendeu os/aos alunos. Se a preferência for pelo pronome (e não o substantivo), usa-se somente de forma direta o, a, os, as (e não lhe/lhes): O diretor os atendeu.

b) Quando o complemento for coisa, é transitivo indireto. No entanto, modernamente é aceita também a forma direta para coisa. O governo não atende as/às reivindicações dos grevistas.

Atenda o/ao telefone, por favor. Resumo: Modernamente, aceitam-se a sintaxe direta ou indireta, indistintamente. Se o complemento estiver expresso por um pronome, usa-se a forma direta (o,a, os, as). Chamar a) No sentido de chamar a presença de alguém, é transitivo direto: Eu chamei meu filho e pedi um favor. Ninguém o chamou aqui, seu moço.

b) Na acepção de pedir auxílio ou atenção, é transitivo indireto, com a preposição por. "Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (M. Assis)

c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualificar, admite as seguintes construções: Chamaram-no covarde. Chamaram-no de covarde. Chamaram-lhe covarde. Chamaram-lhe de covarde. Nessa construção, é um verbo transobjetivo, apresentando o complemento verbal (objeto direto ou indireto) e o predicativo do objeto (que pode vir acompanhado de preposição ou não). Esse é o único verbo transobjetivo que apresenta complemento indireto. Todos os demais possuem apenas objetos diretos. Custar a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito aquilo que é difícil, podendo apresentar-se sob a forma de uma oração reduzida de infinitivo, que pode vir precedida da preposição a. Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim.) Custa-me dizer que acendeu um cigarro. Custou-me muito a brigar com Sabina. Como vimos na aula sobre concordância verbal, quando o sujeito é representado por uma oração (sujeito oracional), o verbo permanece na 3ª pessoa do singular. Na linguagem cotidiana, dada a sua proximidade com “demorar” ou “ser difícil”, houve alteração na construção, atribuindo-se valor à pessoa (Custei a entender essa lição, Ele custou a chegar aqui.).

Essa inovação sintática, presente até em registros literários, segundo CEGALLA (Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa), ainda não foi sancionada pelos gramáticos. Para a prova, leve a sintaxe originária: Custou-lhe chegar aqui. Custou-me entender a lição. b) No sentido de causar, acarretar conseqüências, é transitivo direto e indireto. A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. c) No sentido de indicar preço, é intransitivo. Esta casa custou trinta mil dólares.

Informar, Avisar, Comunicar, Cientificar Agora, começamos a conhecer alguns verbos que admitem dupla regência, ou seja, indistintamente direta e indireta para coisa ou pessoa (serão chamados de flexíveis), e outros que apresentam somente uma forma para coisa e outra para pessoa (inflexíveis). Parece que estou falando grego, não é? Vamos, então, partir para os exemplos. Assim, o conceito fica claro. Dentre os verbos flexíveis, podemos destacar: - INFORMAR: Eu posso informar alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa) ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa). O ministro informou o povo sobre as novidades na Economia. O ministro informou as novidades na Economia ao povo. - AVISAR: Avisei o amigo do acidente. / Avisei o acidente ao amigo. Por isso, em construções de voz passiva, tanto a pessoa como a coisa podem exercer a função de sujeito paciente, porque qualquer desses elementos pode ser o objeto direto, indiferentemente: O amigo foi avisado do acidente. O acidente foi avisado ao amigo.

Outros verbos não possuem essa “flexibilidade”. Vamos analisar alguns desses verbos inflexíveis - COMUNICAR: Como o sentido originário desse verbo é “TORNAR ALGO COMUM (enfatiza-se a coisa em detrimento da pessoa). Assim, esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para pessoa = COMUNICAR ALGO A ALGUÉM. Comunicamos ao diretor a decisão do grupo.

Por isso, segundo a norma culta, condena-se a construção de voz passiva em que a pessoa se apresente como sujeito, uma vez que ela exercia a função de objeto indireto da voz ativa. Somente a coisa pode ser o sujeito paciente: A decisão do grupo foi comunicada ao diretor. (e não: O diretor foi comunicado da decisão do grupo)

- CIENTIFICAR: O sentido de CIENTIFICAR é TORNAR ALGUÉM CIENTE (enfatizase a pessoa em detrimento da coisa). Enquanto o verbo comunicar apresenta construção direta para coisa e indireta para pessoa, o verbo cientificar é direto para pessoa e indireto para coisa (Eu cientifiquei o diretor da decisão do grupo.). Agora, para uma melhor compreensão, vamos traçar um paralelo entre COMUNICAR e CIENTIFICAR. COMUNICAR ALGO A ALGUÉM ≠ CIENTIFICAR ALGUÉM DE ALGO Celso Luft observa que às vezes ocorre a inovação sintática cientificar algo a alguém, que atinge também verbos como informar, avisar, certificar. Contudo, em linguagem culta forma, é preferível a sintaxe originária cientificá-lo de. No decorrer dos exercícios de fixação, encontraremos mais alguns verbos de dupla possibilidade de regência. Esquecer Admite três construções diferentes: Esqueci o nome dele. Esqueci-me do nome dele. Esqueceu-me o nome dele. Quando pronominal (esquecer-se), o verbo necessariamente é empregado com complemento indireto (esquecer-se de algo). Se este complemento for oracional, especialmente em orações desenvolvidas (iniciadas pela conjunção que), admite-se a omissão da preposição DE: “Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra” (Drummond). O que nas duas primeiras construções é objeto (direto ou indireto) passa a sujeito na terceira: "O nome dele esqueceu-me" significa que esse nome apagou-se da memória, saiu da lembrança. Essa sintaxe emprega à construção um valor involuntário da ação ocorrida (algo foi esquecido por mim). "Nunca me esqueceu esse fenômeno." (M. Assis) = O fenômeno (sujeito) nunca esqueceu a mim (objeto indireto) Tudo o que acontece com o verbo ESQUECER se repete com o verbo LEMBRAR. Lembrar

a) Com o sentido de trazer à lembrança, evocar, recordar-se, é transitivo direto. Seu penteado lembrava as divas de Hollywood. b) Com sentido de vir à memória, aceita, à semelhança do que ocorre com o verbo esquecer, três modelos de construção: Lembro o acontecimento. Lembro-me do acontecimento. Lembra-me o acontecimento

Implicar a) No sentido de ter implicância com, mostrar má disposição para com alguém, é transitivo indireto. Implicou com os irmãos..

b) No sentido de comprometer-se, enredar-se, envolver-se em situações embaraçosas, é acompanhado de pronome reflexivo e de complemento introduzido pela preposição EM. Atualmente não são poucos os políticos que se implicam em negociatas.

c) No sentido de trazer como conseqüência, acarretar, é transitivo direto. "... um dever que implica desdouro para meu amigo, se eu me esquivar a cumprilo." (C. C. Branco) "...sem que a investida do novo chefe implicasse a menor quebra no movimento político e social." (Latino Coelho) Celso Luft: “Implicar em algo é inovação em relação a implicar algo por influência dos sinônimos redundar, reverter, resultar, importar. Aparentemente brasileirismo. Plenamente consagrado, admitido até pela Gramática Normativa. P.ex.: Tal procedimento implica (em) desdouro (Rocha Lima, Gramática Normativa da Língua Portuguesa, pg. 401)” Em relação a essa inovação, já vejamos uma questão de prova da ESAF:

(AFRF/2002.1) Julgue os períodos abaixo em relação à correção gramatical. b) A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial. / A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que implicam em tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial.

Este item foi considerado CORRETO pela banca.

Na acepção de trazer como conseqüência, acarretar, tradicionalmente o verbo implicar é transitivo direto (“Seu silêncio implicava consentimento.”). Contudo, provavelmente seguindo a doutrina recente, a construção com o verbo transitivo indireto foi tida por correta em ambos os períodos – implicam tratamento / implicam em tratamento. Obedecer É um verbo transitivo indireto, que rege a preposição a. Em relação à possibilidade do emprego dos pronomes oblíquos lhe/lhes no lugar de a ele(s)/ela(s), a maioria esmagadora dos gramáticos se posiciona favoravelmente à troca. Ele não é capaz de obedecer às ordens de seu chefe. Quem lhe desobedecer sofrerá sanções. Mesmo sendo um verbo transitivo indireto, modernamente admite voz passiva, reminiscência do antigo regime transitivo direto. São diversos registros literários dessa possibilidade. Essa observação, inclusive, consta da Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, e é abonada por Celso Luft (“A voz passiva é vista como normal - Alguém é obedecido.”). "A Senhora manda, e é obedecida." (José de Alencar) Em linguagem culta formal, contudo, ainda se recomenda a construção indireta. Para a prova, tome muito cuidado. Algumas bancas são extremamente tradicionais e ficam naquele “feijão com arroz”. Outras já preferem inovar e explorar novos conceitos. O candidato deve procurar identificar o posicionamento da banca e, se isso não for possível, analisar as demais opções antes de tachar a afirmação como certa ou errada. Idêntica é a construção do antônimo desobedecer. Ele não podia mais desobedecer às vontades de Deus.

Vamos ver uma questão de prova: (NCE UFRJ / INCRA / 2005) 25 - Sabemos que só os verbos transitivos diretos admitem a forma passiva; por isso, a alternativa que mostra uma forma adequada de passiva é: (A) O pai do candidato foi comunicado do ocorrido; (B) Os professores são muito obedecidos pelos alunos; (C) O chefe foi substituído pelo novo funcionário; (D) O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros; (E) A peça será acontecida no dia 28 de agosto. O gabarito foi a letra C. Note que a banca da UFRJ não aceitou a forma passiva do verbo OBEDECER (opção B), considerando-a inadequada.

Em relação aos demais verbos: a) o verbo COMUNICAR apresenta como objeto direto a COISA e indireto a PESSOA. Por isso, estaria incorreta a forma passiva de pessoa como sujeito paciente (O pai foi comunicado). c) o verbo SUBSTITUIR é transitivo direto – Uma pessoa substitui outra. Assim, é possível a construção passiva: O chefe foi substituído. Essa foi a resposta certa. d) na acepção de “ser o sucessor”, o verbo SUCEDER constrói-se com objeto indireto: Ele sucedeu ao pai na gestão dos negócios. Contudo, há registros clássicos da transitividade direta do verbo (sintaxe em desuso). Luft registra que “é compreensível certa inclinação por sucedê-lo na linguagem culta formal”, muito comum no português clássico, talvez por influência do verbo substituir. Note que a banca não aceitou a forma direta, considerando incorreta a construção de voz passiva O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros. e) O verbo ACONTECER pode ser INTRANSITIVO (algo acontece) ou TRANSITIVO INDIRETO com a preposição a (algo acontece a alguém). Não há, pois, objeto direto para que se possa construir voz passiva. Pedir Trata-se de um verbo transitivo direto. Somente aceita o complemento regido pela preposição para quando houver subentendida, entre o verbo e a preposição, uma palavra como licença, autorização, permissão. Pedimos que sejam observadas as regras de convivência. Os alunos pediram para sair. (permissão para sair)

Perdoar - Pagar – Agradecer Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e objeto indireto em relação à pessoa. Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem! Agradeci-lhe os presentes. Já paguei as contas a meus credores. Contudo, por influência de verbos do mesmo campo semântico – desculpar alguém / indenizar alguém– surgiu uma nova estrutura: objeto direto para a pessoa (perdoar alguém / pagar alguém), o que levou à possibilidade de construção passiva: Todos foram perdoados pelo rei (o rei perdoou todos). Neste mês, os empregados não serão pagos (a empresa não pagará os empregados).

Preferir O verbo é transitivo direto e indireto (Preferir uma coisa a outra).

"Capitu preferiu tudo ao seminário." (M. Assis) Em virtude da proximidade semântica com querer, desejar (uma coisa mais do que outra), passou a ser comum na linguagem coloquial a forma preferir uma coisa mais do que outra ou preferir muito mais, construções condenadas pelos gramáticos. Para a prova, tenha sempre em mente a sintaxe original: PREFERIR ALGO A OUTRA COISA. Não há impedimento algum para a construção com somente o complemento direto: Prefiro os antigos moldes.

Proceder a) No sentido de ter fundamento é intransitivo. Seu pedido não procede. b) Como portar-se, conduzir-se, é intransitivo também, sempre seguido de adjunto adverbial de modo. Sua esposa procedia brilhantemente em público. b) Na acepção de provir, originar-se, descender, usa-se com preposição de. A língua portuguesa procede do latim. c) Usa-se com preposição a (transitivo indireto) no sentido de dar início, realizar. Proceder-se-á ao início da sessão.

Responder A regência primária apresenta complemento indireto, com a preposição a: Responder às cartas, às perguntas, ao questionário. Contudo, na língua vigente no Brasil, a sintaxe direta para coisa já está consagrada, ainda que repudiada pelos puristas. O verbo, nesse caso, pede objeto direto para coisa e indireto para pessoa (Responder algo a alguém). O objeto indireto pode se apresentar sob a forma de pronome (lhe/lhes). Não irei responder-lhe o pedido de casamento. Respondo as suas cartas.. Essa construção possibilita a voz passiva: As cartas foram respondidas.

Simpatizar O verbo simpatizar não é pronominal. Pede objeto indireto regido da preposição com.

Simpatizei com ela. (correto) Simpatizei-me com ela. (errado) Não simpatizei com ele nem com suas idéias. O verbo antipatizar apresenta o mesmo regime. A classe antipatizou com o novo professor.

Visar a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou alguém, é transitivo direto. Visei o alvo. b) No sentido de pôr o visto em, é transitivo direto. As autoridades visaram o passaporte. c) Na acepção de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de preferência com a preposição a, embora modernamente, devido à aproximação com verbos como buscar, pretender, objetivar (transitivos diretos), se acumulem exemplos com objeto direto. Nela visei, acima de tudo, ao bem da comunidade. O verbo visar já se constrói, nesse sentido, sem a preposição: Essa sociedade não visa lucro. Essa inovação ocorre, principalmente, quando o complemento vem sob a forma nominal de infinitivo. Eles visam alcançar suas metas.

Vamos ver como a ESAF tratou do assunto: (TCU/ 2006) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical. A precariedade dos serviços públicos é responsável por cerca de(1) 8% das barreiras ao crescimento do País. Esse impacto se deve aos(2) efeitos em cascata que as deficiências no setor público causam à economia. No Brasil, esses problemas parecem tão arraigados à rotina nacional que aparentam ser imutáveis. Não são. O Reino Unido está implementando uma reforma que visa o(3) aumento de produtividade e à melhoria da qualidade dos serviços públicos. O primeiro passo aconteceu com o estabelecimento de alguns princípios: • metas nacionais de desempenho, comparação pelo público;

mensuráveis

e

disponíveis

para

• clara definição de responsabilidades entre as entidades públicas; • aumento de flexibilidade, por meio da(4) simplificação de processos e da redução da burocracia;

• oportunidade de escolha por parte do público em relação aos provedores de serviços. A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões de libras. (Adaptado de Revista Veja, n. 49, p.154.) a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5 O gabarito foi a letra c – o verbo visar, no sentido de objetivar, originalmente é transitivo indireto. Assim, em “uma reforma que visa o aumento de produtividade”, devemos inserir a preposição a: visa ao aumento de produtividade. Caso restasse alguma dúvida em relação à possibilidade de se construir sob a forma direta (modernamente aceita), a banca tratou de sepultá-la com a apresentação do outro objeto indireto: “visa (...) à melhoria da qualidade dos serviços públicos”. É assim que se faz prova: diante de uma questão cujo tema é polêmico, você deverá analisar com cuidado todas as possibilidades. Normalmente, bancas consagradas, como a ESAF, procurar fugir desse debate, indicando, de alguma forma, o seu posicionamento. VERBOS DE DESLOCAMENTO X VERBOS DE PERMANÊNCIA Verbos que indicam deslocamento (chegar, ir, voltar, etc.) constroem-se com a preposição a, opondo-se aos que indicam permanência (morar, residir, etc.), que se constroem com a preposição em. Ele chegou ao colégio muito cedo. O presidente veio a São Paulo de avião. Ele mora na rua Virgílio de Resende. Ficarei em casa a noite. Se você ficou pensando naquela clássica expressão ENTREGAMOS À DOMICÍLIO, muito comum nos letreiros de pizzarias, farmácias e afins, vamos entender. Para começar, como veremos na próxima aula, palavras masculinas não podem ser precedidas de “a” com acento grave, pois não apresentam um artigo definido feminino antes de si (afinal de contas, elas são masculinas!!!). Então, não ocorre crase. Em relação à regência do verbo entregar, eu lhe pergunto: a entrega por ser feita a alguém em algum lugar, não é? O complemento que indica a “pessoa que recebe a entrega” é regido da preposição A (Entreguei ao porteiro). Mas “domicílio” não é uma pessoa, e sim um local (expressão de valor adverbial). Por isso, a preposição que

antecede esse vocábulo é EM – Entregamos em qualquer ponto do país (e não a qualquer ponto do país). Por isso, a entrega é feita em domicílio ou no domicílio, e nunca “à domicílio”. E agora, consegui acabar com aquela confusão que a pizzaria causou? Agora, até bateu uma fome. Ainda bem que nossa aula está chegando ao fim. O passo seguinte é resolver as questões de fixação, até mesmo para ver como as bancas examinadoras se posicionam, e estudar, estudar, estudar... Em nossos próximos encontros, voltaremos a este assunto. Falaremos sobre CRASE e, em seguida, PRONOMES, estudando, inclusive, a relação entre sintaxe de regência e pronomes relativos. Bons estudos e até lá. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 01 - (FGV/ALESP/2002) Assinale a alternativa cuja regência está de acordo com o padrão culto: A. Prefiro mais doce a salgado. B. Prefiro mais doce do que salgado. C. Prefiro doce do que salgado. D. Prefiro doce a salgado. 02 - (FGV/Pref.Guarulhos/2001) Assinale a alternativa em que há erro de regência verbal. A. Minha aparência não lhe agradou. B. Esta é a regra que você obedecerá. C. Assiste-lhe sempre esse direito. D. Essa foi a conclusão a que chegamos. 03 - (FGV/ICMS MS – ATI/2006) Em Você se lembra do rosto dela naquele instante?, obedeceu-se às regras de regência verbal. Assinale a alternativa em que isso não tenha ocorrido. (A) Prefiro questões de gramática do que de interpretação. (B) Aspiraram à vaga de piloto da companhia aérea. (C) Os médicos assistiram o paciente. (D) Perdoamos-lhes as dívidas. (E) Pagaram-lhe bem.

04 - (BESC / ADVOGADO/ 2004) Texto II CAPÍTULO III

Do Contrato Estimatório Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa consignada. (Novo Código Civil) Pela leitura do texto II, percebe-se a importância do uso correto dos pronomes oblíquos. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha ocorrido. (A) O chefe encontrou a secretária no corredor e pagou-a ali mesmo. (B) Cabia-lhe o direito de reaver o documento. (C) Os pacientes esperavam que o médico os assistisse com urgência. (D) Ele não lhe perdoou a dívida. (E) Ela lembrava-lhe a boa infância. 05 - (ESAF/AFRF/2003) Julgue a assertiva abaixo em relação aos aspectos gramaticais. e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.

marcou político

06 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003) Sobre a regência do verbo assistir na oração “a Região Metropolitana finalmente assistia ao início de um capítulo bom da novela protagonizada por mais de 3 milhões de pessoas” (linhas 10-13), pode-se afirmar que: A) está correta, porque o verbo foi empregado como transitivo indireto, no sentido de ser do direito; B) é semelhante à regência do verbo amar em frases como “Deve-se amar ao próximo”; C) admite a construção passiva, que seria: “O início de um capítulo bom da novela protagonizada por mais de 3 milhões de pessoas era assistido finalmente pela Região Metropolitana; D) está consoante com a língua escrita padrão, mas divergente dos hábitos da língua falada no Brasil; 07 - (CESGRANRIO / PREF.MANAUS / 2004) Marque a opção em que a regência do verbo NÃO está adequada, conforme a norma culta. (A) O pesquisador agregou-se ao grupo da universidade. (B) O auxiliar inseriu os dados no computador. (C) A criança agradeceu os primos o presente. (D) A situação de crise influiu na decisão do conselho.

(E) Eu entreguei o requerimento ao advogado.

08 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005) Assinale a opção que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza e concisão. (A) A parada o autorizava à cobrar um novo preço; (B) A parada lhe autorizava de cobrar um novo preço; (C) A parada o autorizava de cobrar um novo preço; (D) A parada o autorizava a cobrar um novo preço; (E) A parada lhe autorizava a cobrar um novo preço. 09 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) A alternativa em que o pronome LHE está mal empregado é: (A) Só lhe comuniquei de minha decisão ontem; (B) Não lhe desejo mal; (C) Deste ator só lhe conhecia a foto; (D) Vou apresentar-lhe meu amigo; (E) Atribuímos-lhe uma atitude negativa. 10 - (UnB CESPE/INSS/1998) Quanto à correção da substituição do trecho sublinhado pela forma apresentada em negrito, julgue os itens abaixo. 1. “Já fez sua declaração de imposto de renda? / Já a fez? 2. “Os decretos-leis (...) abanam o rabo negativamente” / Os decretos-leis (...) abanam-lhe negativamente 3. “Mas se tiveres alguma dúvida” / Mas se tiveres ela. 4. “Os decretos-leis tentam barrar um senhor distinto” / Os decretos-leis tentam barrá-lo 5. “Agora é só (...) encheres este formulário-sanfona” / Agora é só (...) o encheres 11 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) Muitos gramáticos condenam o uso de um mesmo complemento referido a verbos de regência diferente, o que ocorre em: (A) entrar e sair de casa; (B) contemplar e pintar a paisagem; (C) ler e memorizar o telefone; (D) conhecer e admirar a obra do artista;

(E) precisar e gostar de boas companhias.

12 - (ESAF/AFC STN/2002) No passado, para garantir o sucesso de um filho ou de uma filha, bastava conseguir que eles tirassem um diploma de curso superior. Uma vez formados, seriam automaticamente chamados de “doutor” e teriam um salário de classe média para o resto da vida. De uns anos para cá, essa fórmula não funciona mais. Quem quiser garantir o futuro dos filhos, além do curso superior, terá de lhes arrumar um capital inicial. Esse capital deverá ser suficiente para o investimento que gerará um emprego para seu filho. Em relação aos aspectos textuais, julgue a asserção abaixo. d) A regência do verbo chamar empregada no texto(l.3) é considerada coloquial. A gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego desse verbo como transitivo direto. 13 - (CESGRANRIO/TRANSPETRO/2006) Por meio de uma carta, os funcionários _______________ aos superiores. Com respeito à regência, a forma verbal que preenche adequadamente a lacuna acima é: (A) chamaram. (B) convidaram. (C) cumprimentaram. (D) pressionaram. (E) responderam. 14 - (FCC / INSS MEDICO / 2006) Empregou-se de acordo com o padrão culto escrito a forma grifada em: (A)) Estava tão atrapalhado, que enviou a carta justamente àquele que nunca poderia tê-la recebido. (B) A atitude desequilibrada daquele jovem foi uma heresia aos idosos que ali estavam sendo homenageados. (C) Informou-lhe de que deveria fechar o contrato até o fim do dia. (D) Recuperou-lhe daquele distúrbio com a competência e dedicação que todos lhe reconhecem. (E) Ele foi investido com uma difícil tarefa de comando, da qual se desincumbiu com grande habilidade. 15 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002)

Como na frase “O nível de complexidade do Deep Fritz reside nas linhas de código que o constituem” (linhas 17-18), também as frases abaixo estão corretas quanto ao emprego do pronome o, menos em uma, em que o correto seria empregar o pronome lhe. Esta frase está na opção: A) Procurei um técnico para cientificá-lo de que havia um problema para resolver. B) Embora o problema fosse de difícil solução, o computador o resolveu. C) Vou procurar o técnico para certificá-lo que o problema já foi resolvido. D) O cientista comentou que a empresa o contratou para resolver problemas complexos. E) A empresa que construiu o computador resolveu doá-lo para um museu. 16 - (ESAF / Analista IRB/2004) Identifique a letra em que uma das frases apresenta erro de regência verbal. a) Atender uma explicação. Atender a um conselho. b) O diretor atendeu aos interessados. O diretor atendeu-os no que foi possível. c) Atender às condições do mercado. Os requerentes foram atendidos pelo juiz. d) Atender o telefone. Atender ao telefone. e) Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença. Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio. 17 - (UnB CESPE/DEFENSOR/2004) Analise a correção da assertiva abaixo. Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação, uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade, religião etc.”, o emprego da preposição que antecede os termos “um país” e “humanidade” é exigido pelas regras de regência segundo as quais está empregado o verbo implicar. 18 - (UnB CESPE / AGU / 2002) A impunidade que daí deriva não está ligada, pois, a diferenças sociais que impliquem que nem todos sejam iguais perante a lei, mas tão-só a que todos se submetem a ela como se vestissem roupas muito maiores que as devidas. A sociedade moderna é democraticamente relaxada. Com base no trecho acima, julgue a assertiva.

Em “a diferenças sociais” (l.1), “a que todos” (l.2) e “a ela” (l.3), as três ocorrências da preposição “a” devem-se à regência da palavra “ligada” (l.1). 19 - (ESAF/TFC SFC/2000) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical Outro mito muito em voga(A) é de que(B) a globalização torna(C) a vida das pessoas muito mais instável. Isso é só parcialmente verdade. As economias estão muito mais competitivas hoje em boa parte do mundo, o que(D) pode passar uma sensação maior de instabilidade. Um recente estudo do Banco Mundial, no entanto, mostra que(E) não há nenhuma evidência de aumento da instabilidade em termos de crescimento de PIB e de consumo privado na América Latina. (Adaptado de Exame, 1/11/2000, p.141) a)

A

b)

B

c)

C

d)

D

e)

E

20 - (ESAF/TRF/2003) Assinale a opção em que o trecho do texto foi transcrito com erro de sintaxe. a) As empresas do setor imobiliário que deixaram de prestar contas das transações realizadas em 2002 vão ser alvo de investigação da Receita Federal. Imobiliárias, construtoras e incorporadoras tinham prazo limitado para entregar a Declaração de Informação sobre Atividades Imobiliárias- Dimob. b) A estimativa é de que metade das empresas não declarou, mas o coordenadorgeral de Fiscalização da Receita acredita que muitas delas ainda vão cumprir a exigência. Até o prazo foram entregues 21.395 declarações, mas nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar. c) O coordenador diz que os dados da Dimob serão confrontados com as informações da declaração das empresas e das pessoas físicas. O coordenador afirma ainda que as informações serão cruzadas com os dados da CPMF, que têm sido instrumento indispensável ao trabalho de fiscalização do órgão. d) Na declaração, as imobiliárias só devem informar as operações realizadas no ano passado. As empresas que não tiveram atividades em 2002 estão desobrigadas de prestar contas. Quem deixou de entregar a declaração no prazo pagará multa mínima de R$ 5 mil por mês-calendário. Em caso de omissão ou informação de dados incorretos ou incompletos, a multa será de 5% sobre o valor da transação. e) Essa declaração foi criada em fevereiro de 2003 para identificar as operações de venda e aluguel de imóveis. A Receita quer saber, por exemplo, a data, o valor da transação e a comissão paga ao corretor. No ano passado, foram fiscalizadas 495 empresas do setor, cujas autuações somaram R$ 1,2 bilhão. (Adaptado de www.receita.fazenda.gov.br, 5/06/2003) 21 - (UnB CESPE / AGU / 2002)

Analise a assertiva a seguir. A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” (R.25) por A minha firme convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências de formalidade da norma culta escrita.

22 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) Analise a proposição abaixo. O verbo “conferem”, em “o BB adotou medidas que conferem maior transparência às decisões internas e às movimentações da empresa no mercado bancário” está empregado no texto com a mesma regência e com sentido equivalente ao que está empregado no seguinte exemplo: Os dados do relatório final do BB conferem com aqueles divulgados pela imprensa no decorrer da semana. 23 - (UnB CESPE/CEF/2006) Julgue o item que se segue. No trecho “que a família ensine a criança, desde pequena, a saber lidar com dinheiro e a se envolver com o controle dos gastos”, o verbo ensinar rege um complemento com preposição e um sem preposição. 24 - (FCC/TCE MA – Analista/2005) ... os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes... O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na frase: (A) ... choveu menos na Amazônia. (B) ... assim como aconteceu no início do século XX. (C)) ... duplicando o impacto sobre o ambiente. (D) ... que se trata de variações médias ao longo de três décadas. (E) ... a atual seca se torna mais relativa. 25 - (FCC/TRT 15ª Região/2004) O Conselho Nacional de Justiça precisará de segmentos setoriais... O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na frase: (A) ... tornando-a mais rápida... (B) ... limita a liberdade dos juízes... (C) ... e pode permitir a influência do Executivo... (D) ... se a aplicação for restrita a matérias tributárias... (E) ... mas valem apenas para os advogados privados...

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 01 – D Como vimos, o verbo preferir, quando se apresenta bitransitivo, ou seja, com complemento direto e indireto, emprega a preposição a junto a este último. Assim, o certo é “prefiro doce a salgado”. O paralelismo sintático deve ser observado. O que é isso? É a relação entre elementos de mesma função, no caso, complementos verbais. Se resolvermos colocar o artigo antes do primeiro elemento, exceto em situações muito particulares, devemos repeti-lo nos demais. Assim, como não houve artigo antes do objeto direto (doce), também não haverá antes do objeto indireto (salgado). Não vai se acostumando com essa molezinha aí, não... essa questão tranqüila só foi colocada no início da bateria de exercícios para dar um refresco. Mais adiante, vamos ver questões “de verdade”. 02 – B O verbo obedecer é transitivo indireto, regendo a preposição a. Por isso, essa preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui o objeto indireto (regra): Esta é a regra a que você obedecerá. Na opção a, temos o verbo agradar. A banca manteve o posicionamento originário e apresentou o verbo, na acepção de contentar, como transitivo indireto, usando o pronome lhe. Supondo que o examinador apresentasse o verbo agradar com complemento direto (agradá-lo), o candidato deveria ler atentamente todas as opções antes de marcar a resposta. Na opção seguinte, a regência estava inquestionavelmente incorreta. O verbo assistir, no sentido de caber razão ou direito, é transitivo indireto (opção c). Finalmente, o verbo chegar, por indicar deslocamento, rege a preposição a. Quem diz “chegar em” não chega a lugar algum. Está correta a construção apresentada na opção e (Nós chegamos a uma conclusão Î a conclusão a que chegamos). 03 – A Essa deve ter sido barbada também. A prova para o ICMS de Mato Grosso do Sul foi aplicada recentemente. Como vimos na questão 01, a regência do verbo preferir, quando bitransitivo, exige a preposição a. Assim, “prefiro questões de gramática a de interpretação”. O verbo aspirar, como desejar, é transitivo indireto, com a preposição a. Está correta a opção b. O verbo assistir, no sentido de prestar assistência, pode ser construído com objeto direto ou indireto. O examinador apresentou a primeira forma. Tanto o verbo perdoar (d) quanto pagar (e), segundo a norma culta, possuem objeto direto de coisa e indireto de pessoa. Assim, também estão corretas as formas “Perdoamos-lhes as dívidas” e “Pagaram-lhe [a ele] bem”.

04 – A Conforme vimos na questão anterior, o verbo pagar, em relação à pessoa, é indireto. Assim, o correto seria “pagou-lhe [ou a ela] ali mesmo”. Na opção b, o sujeito do verbo caber era “o direito de reaver o documento”. Isso cabia a alguém. Foi corretamente empregado o pronome lhe na indicação do objeto indireto de pessoa. Em questões anteriores, já falamos sobre a regência dos verbos assistir (no sentido de prestar assistência) e perdoar. Resta-nos destacar o emprego do pronome pessoal oblíquo com valor possessivo na opção e. Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são usados para representar um nome (substantivo), evitando, assim, sua repetição (mais sobre isso será tratado na aula específica sobre pronomes). No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor possessivo, ou seja, no lugar do “seu/sua” ou “dele/a”. Esse emprego costuma causar muita confusão com a função de objeto indireto, uma vez que o pronome também pode se ligar ao verbo por meio de hífen. Vejamos a diferença. Em “Roubou-lhe a carteira”, o que se quer dizer é que “roubou a sua carteira” ou “roubou a carteira dela”. Esse pronome, na verdade, não está complementando o verbo roubar, mas atribuindo ao substantivo carteira uma característica – a sua propriedade. Assim, sua função não é a de objeto indireto (complemento verbal). Na oração “Ela lembrava-lhe a boa infância”, o complemento verbal (objeto direto) é “a boa infância”, atendendo à sintaxe de regência do verbo lembrar (transitivo direto). Mais uma vez, vemos que a função do pronome oblíquo lhe não é completar o sentido do verbo (como o faria um objeto indireto), mas modificar o substantivo “infância”, como o faria um pronome possessivo sua (Ela lembrava a sua boa infância). Por isso, a função sintática do pronome oblíquo, com valor de possessivo, é a de adjunto adnominal (elemento que vem junto ao nome para definir, alterar ou restringir o significado do nome). Está, portanto, correta a construção. Essa opção deve ter suscitado inúmeras dúvidas, hem? Bem que lhe avisei que a moleza iria acabar... Não se preocupe com esses conceitos sobre pronome. Voltaremos a falar sobre o assunto na aula própria. 05 - Item CORRETO Já que falamos sobre o verbo lembrar, vamos falar agora sobre o seu antônimo. O verbo esquecer-se, como vimos, quando pronominal, é transitivo indireto, regendo a preposição de (Não se esqueça de mim.). Contudo, quando o seu complemento indireto está sob a forma oracional (“que a construção do autoritarismo...”), é possível a elipse (omissão) da preposição. 06 – D

A banca “brincou” com a regência do verbo assistir e o desuso da construção clássica. Na acepção de ver, presenciar, é transitivo indireto com a preposição a. Por isso, não admite voz passiva. No entanto, na linguagem coloquial, a do dia-a-dia, a do botequim, duvido que alguém tenha coragem de dizer: “Saia da minha frente, pois estou assistindo ao jogo”. No mínimo, vão achar que é provocação. 07 – C Ainda que você se lembrasse da polêmica do verbo agradecer (opção c), a banca facilitou a sua vida: apresentou dois complementos diretos. Segundo a norma padrão, a forma adequada seria: A criança agradeceu aos primos o presente (indireto de pessoa, direto de coisa). 08 – D Esse é mais um verbo que apresenta dupla possibilidade de regência: pode-se autorizar alguém a algo (direto de pessoa e indireto de coisa) ou autorizar algo a alguém (direto de coisa e indireto de pessoa). De qualquer forma, a preposição é a, e não “de”. Eliminamos, assim, as opções b e c. Na opção e, a banca sugere dois complementos indiretos: lhe e a cobrar um novo preço, enquanto que na opção a coloca um acento grave antes de um verbo (que não pode ser antecedido de artigo definido feminino – crase é o assunto da próxima aula). Por isso, a única opção correta é mesmo a letra d – “A parada o autorizava (direto de pessoa) a cobrar um novo preço (indireto de coisa)”. 09 – A O verbo comunicar é transitivo direto para coisa e indireto para pessoa (Comunicar algo a alguém). Assim, o erro não está necessariamente no emprego do pronome lhe, mas na colocação de uma preposição antes do objeto direto: Só lhe comuniquei minha decisão ontem. Não há, no Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Pedro Luft, abono para a construção “Comunicar alguém de algo”, só “Comunicar algo a alguém”. Na opção c, há um excelente exemplo do pronome oblíquo com valor possessivo, mencionado na questão 4: Só conhecia a foto do ator = Só conhecia a sua foto / a foto dele = Só lhe conhecia a foto. O pronome não está complementando o verbo, mas se referindo ao nome (foto). Nas demais opções, também está correto o emprego do pronome oblíquo: b) Não desejo mal a ele; d) Vou apresentar meu amigo a ele; e) Atribuímos a ele uma atitude negativa. 10 – C / E / E / C / C Estão incorretas as substituições propostas nos itens 2 e 3:

Item 2 – O verbo abanar é transitivo direto (abanam o rabo). Assim, o pronome que deve ser usado é “o”, e não o “lhe”. Após verbos terminados de forma nasal (com –m, -õe ou –ão, como em abanam), os pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as) recebem a letra n: abanam-no. Essa lição consta do comentário à questão 24 da Aula 2 – Verbo. Se você já a tiver esquecido, volte a estudá-la. Item 3 – Na aula sobre pronomes, iremos tratar do emprego dos pronomes oblíquos. Por ora, iremos nos ater a registrar que os pronomes ele, ela, eles, elas, quando oblíquos, devem estar necessariamente acompanhados de preposição. O correto seria: Mas se a tiveres. 11 – A Essa questão trata do emprego de verbos de regências diferentes em relação a um mesmo complemento. Nesses casos, é recomendável a seguinte construção: entrar em casa e sair dela. As demais opções apresentam verbos de idêntica regência, podendo ser usado apenas um complemento para ambos. 12 - Item INCORRETO. O verbo CHAMAR, na acepção apresentada, é um verbo transobjetivo, ou seja, além do objeto, exige um predicativo do objeto. Ao contrário de todos os demais verbos transobjetivos, o verbo chamar, segundo a norma culta, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto, sem que o seu significado seja alterado. Em suma, com o sentido de apelidar, qualificar, tachar, o complemento verbal do verbo chamar tanto pode ser um objeto direto (Chamou fulano de mesquinho / Chamou-o de mesquinho) quanto um objeto indireto, com a preposição a ou o pronome lhe (Chamou a fulano de mesquinho / Chamou-lhe de mesquinho.). Por sua vez, o termo “mesquinho”, que, no exemplo acima, se refere a “fulano” (objeto direto/indireto), exerce a função de predicativo do objeto (direto/indireto) e pode vir ou não precedido de preposição – Chamou fulano (de) mesquinho / Chamou a fulano (de) mesquinho. Na construção de linha 3, o verbo chamar é transitivo direto e está construído em voz passiva (“seriam automaticamente chamados de ‘doutor’...”). Por isso, são dois os equívocos: 1. afirmar que o verbo chamar, na construção, não seria transitivo direto - ele é transitivo direto, sim, e por isso possibilita a voz passiva; 2. considerar que a norma culta recomenda apenas a forma direta (admitem-se as duas transitividades – direta ou indireta). 13 – E

Agora, o verbo chamar (opção a) significa convocar, solicitar a presença, é transitivo direto. Também apresentam essa transitividade os verbos convidar, cumprimentar e pressionar. Já o verbo responder, como vimos, requer complemento indireto, com a preposição a. Portanto, é o único que pode preencher a lacuna: Por meio da carta, os funcionários responderam aos seus superiores. 14 – A O verbo enviar apresenta, na construção, bitransitividade: objeto direto (a carta) e indireto (àquele). Na aula sobre crase, veremos que o encontro da preposição a (exigida pelo verbo) com o pronome demonstrativo aquele forma crase. Os erros das demais opções são: b) o substantivo heresia rege a preposição contra. Essa é uma das raras questões de regência nominal. c) o verbo informar apresenta dois complementos indiretos – um deles deve ser modificado. Há duas possibilidades: informou-o de que deveria fechar ou informoulhe que deveria fechar. d) O verbo recuperar é pronominal com valor reflexivo: recuperou-se daquele distúrbio. Está correto o emprego do verbo reconhecer, na seqüência: no sentido de assegurar, é transitivo direto e indireto – todos lhe reconhecem a competência e dedicação. 15 – C O verbo certificar é mais um exemplo de dupla possibilidade de regência, assim como informar, avisar: a sintaxe originária é certificar alguém de alguma coisa (direto para pessoa e indireto para coisa); contudo, acabou evoluindo para certificar algo a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa). A banca explorou esse conceito. a) O objeto direto é relativo a pessoa (representado pelo pronome oblíquo o), enquanto que o indireto, referente a coisa (de que havia um problema). b) O verbo resolver é transitivo direto (o computador resolveu o problema). Está correto o emprego do pronome oblíquo o no lugar do nome. c) Agora, ao contrário da opção a, o objeto direto do verbo certificar se referiu a coisa (que o problema já foi resolvido). Assim, referente a pessoa, deve-se empregar o pronome oblíquo lhe (objeto indireto), e não o pronome o. Está incorreta a construção. Essa é a resposta. d) O verbo contratar apresenta objeto direto de pessoa (contratar alguém) e indireto, regido pela preposição para. Está correta a construção. e) O verbo doar apresenta transitividade direta (doar alguma coisa), sendo cabível o pronome oblíquo o.

Em resumo – para objetos diretos, use os pronomes o/a/os/as; para objetos indiretos, use os pronomes lhe/lhes, salvo nos casos em que só se aceitam as formas “a ele(s)/a ela(s)”.

16 - E Essa questão é praticamente uma aula de regência verbal do verbo atender. Todos os exemplos apresentados nas opções da questão foram retirados do livro de Celso Pedro Luft (obra citada no início da aula). Sobre a regência do verbo atender: 1. o verbo será facultativamente transitivo direto ou transitivo indireto (neste caso, regendo a preposição a) nas seguintes acepções: -

no sentido de dar ou prestar atenção – “Atender a um conselho” (opção a),”Atender uma explicação” (opção a), “O diretor atendeu aos interessados” (opção b); Luft ressalta que, se o complemento for um pronome pessoal referente a PESSOA, só se empregam as formas objetivas diretas – “O diretor atendeu os interessados” ou “aos interessados”, mas somente “O diretor atendeu-os.”.

-

na acepção de tomar em consideração, considerar, levar em conta, ter em vista – “Atender às condições do mercado.” (opção c);

-

com sentido de responder – “Atender ao / o telefone (opção d);

2. na acepção de conceder uma audiência , é transitivo direto e, por isso, possibilita a construção na voz passiva – “Os requerentes foram atendidos pelo juiz” (opção c); 3. no sentido de acolher, deferir, tomar em consideração, é transitivo direto – “O diretor atendeu-os no que foi possível” (opção b) ; 4. no sentido de atentar, reparar, é transitivo indireto, podendo reger as preposições a, para, em – “Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença” (opção e). A única forma incorreta é “Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.”. O sentido é o da letra e (atentar, reparar), que, por ser transitivo indireto, não admite construção de voz passiva (“Ninguém se atendeu...”). 17 – Item INCORRETO. O verbo implicar, na acepção de acarretar, é transitivo direto, segundo a norma culta. Esta sintaxe foi respeitada no segmento em comento – “a morte de um idioma implica perda...”. As expressões “a um país” e “à humanidade” são regidos pelo substantivo perda (“perda ... a um país e, inclusive, à humanidade”). Portanto, a assertiva encontra-se INCORRETA. 18 – Item INCORRETO.

Mais uma vez, a banca tenta confundir o candidato. Ainda que não tenha sido objeto da questão, merece destaque o emprego culto do verbo implicar, com a transitividade direta (“diferenças sociais que impliquem que...”). Afirma o examinador que os três elementos indicados (a diferenças sociais, a que todos, a ela) estão sendo regidos pelo adjetivo ligada. Em relação aos dois primeiros, isso é verdade (“não está ligada, pois, a diferenças sociais ..., mas tão-só [ligada] a que todos se submetem...”). Em virtude de o termo regente ser um adjetivo, temos aí um caso de regência nominal. Contudo, o terceiro elemento atua como complemento verbal de submeter: “... todos se submetem a ela [a impunidade] como se vestissem roupas muito maiores que as devidas.”. Ao contrário dos demais, esse é um caso de sintaxe de regência verbal. Por esse motivo, está incorreta a assertiva. 19 - B No período “Outro mito muito em voga é | de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável”, há duas orações, quais sejam: •

“Outro mito muito em voga é de” – oração principal



“que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” – oração subordinada à principal

A preposição “de” (sublinhada acima), que antecede a conjunção “que”, é exigida pelo substantivo “mito” (mito de alguma coisa). Contudo, a ausência da repetição desta palavra ou de sua substituição por um pronome acarretou a falha de coesão textual, acabando por deixar a preposição sozinha, sem termo ao qual pudesse se ligar. Há duas possibilidades de correção e, conseqüentemente, de classificação da oração subordinada: 1ª possibilidade: - “Outro mito muito em voga é o de que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” 1ª oração - “Outro mito muito em voga é o de” - oração principal (o pronome demonstrativo “o” representa o substantivo “mito” e passa a ser o termo regente da preposição de) 2ª oração - “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” oração subordinada completiva nominal (serve de complemento nominal ao substantivo mito) 2ª possibilidade: - “Outro mito muito em voga é que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” 1ª oração - “Outro mito muito em voga é” - oração principal (em relação ao exemplo anterior, foram retirados o pronome demonstrativo o e a preposição de)

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2ª oração – “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” oração subordinada predicativa do sujeito (com a retirada da preposição, essa oração passa a exercer a função de predicativo do sujeito, em um predicado nominal) A expressão “é de que”, apresentada na questão, constitui um erro. Nas duas próximas questões, teremos mais exemplos de construções como essa.

20 - B A exemplo do que vimos na questão anterior, a passagem “A estimativa é de que metade das empresas não declarou” apresenta duas possibilidades de correção: 1 – A estimativa é a de que metade das empresas não declarou. 2 – A estimativa é que metade das empresas não declarou. Outro erro foi na construção “nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar”. Não há justificativa para o emprego da preposição em. Na ordem direta, verificamos que “Cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar” é o sujeito oracional de “constam nos registros da Receita”. Há necessidade, portanto, de retirar a preposição em. Volte, agora, ao exemplo da página 16, em que apresentamos uma questão da última prova para o TCU, aplicada pela ESAF. O item e daquela questão apresenta uma estrutura idêntica à apresentada aqui: A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões de libras. A conjunção indicada pelo item (5) inicia uma oração que serve de predicativo do sujeito (que essas reformas aumentem o PIB do País...). Para completar a série, veremos como o tema foi abordado por outra banca examinadora – UnB CESPE. 21 – Item INCORRETO. Afirma-se que constitui erro a troca de “A minha firme convicção é que” por “A minha firme convicção é a de que”. Como acabamos de ver, ambas as construções estariam corretas. Na primeira, a oração iniciada pela conjunção que exerce a função de predicativo do sujeito (A convicção é ISSO), ao passo que a segunda atua como complemento nominal do pronome demonstrativo (a)que substitui a palavra convicção. Como o examinador afirma que a segunda estaria em desacordo, o item encontrase incorreto. A segunda forma está de acordo com a norma culta padrão.

22 – Item INCORRETO.

A regência de um verbo e seu significado estão interligados. O verbo conferir pode significar: 1. atribuir (A Câmara dos Vereadores conferiu o título de cidadão honorário ao artista.), 2. estar de acordo (Sua versão para o acidente confere com os relatos das testemunhas.), 3. participar de conferência (O médico conferiu com seus colegas.), 4. imprimir, dar (Os auditores conferiram um caráter s à investigação.), etc. Na passagem do texto, o verbo apresenta a primeira acepção (atribuir), devendo ser transitivo direto (O BB adotou medidas que conferem [atribuem] maior transparência às decisões internas...). Em seguida, o examinador afirma que essa forma verbal possui regência e sentido equivalentes ao verbo na segunda acepção (estar de acordo): Os dados ... conferem com aqueles divulgados pela imprensa – caso em que o verbo é transitivo indireto, com a preposição com. Está incorreta tal assertiva. 23 – Item CORRETO. Já afirmamos que a transitividade de um verbo só pode ser identificada a partir de seu emprego. Na passagem “que a família ensine a criança ... a saber lidar com dinheiro”, o verbo ensinar é bitransitivo, ou seja, apresenta simultaneamente um complemento direto (a criança) e outro indireto, antecedido da preposição a (a saber lidar com o dinheiro). Portanto, está correta a afirmação de que, no trecho em destaque, o verbo ensinar rege um complemento com preposição (objeto indireto – a saber lidar com o dinheiro) e outro sem (a criança). Esse verbo é daqueles que admitem dupla possibilidade de regência. A primeira acabamos de ver: ENSINAR ALGUÉM A (VERBO NO INFINITIVO). A segunda forma é ENSINAR ALGO A ALGUÉM. Ambas as construções estariam corretas. 24 - C Os aspectos de regência passam, necessariamente, pela transitividade de um verbo. Isso você já se cansou de saber. O verbo ter, na construção “os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes”, é transitivo direto (objeto direto é “um sistema de braços flutuantes”). O examinador busca nas opções um verbo que apresente o mesmo tipo de complemento. Vamos verificar a transitividade de cada um deles: (A) intransitivo – Em “choveu menos na Amazônia”, a expressão “na Amazônia” apresenta valor circunstancial de lugar – é um advérbio e, portanto, exerce a função sintática de adjunto adverbial (já estamos realizando a análise sintática: um advérbio sempre exerce a função de adjunto adverbial). (B) intransitivo – O mesmo ocorre com a expressão adverbial “no início do século XX”, que apresenta um valor circunstancial de tempo/momento. (C) transitivo direto – O objeto direto é “o impacto sobre o ambiente”. ESSA É A RESPOSTA CERTA!

(D) transitivo indireto – Esse é um emprego clássico de sujeito indeterminado. Como vimos na aula sobre concordância, o sujeito indeterminado se constrói de duas formas: com verbos transitivos indiretos, intransitivos ou de ligação, na 3ª pessoa do singular acompanhado do índice de indeterminação do sujeito “se”; com verbos de qualquer transitividade, na 3ª pessoa do plural (sem o pronome). Foi apresentada a primeira forma: “que se trata de variações médias ao longo de três décadas” (o objeto indireto está sublinhado). (E) Essa foi a opção mais difícil. O verbo tornar, na construção apresentada, além do objeto direto (representado pelo pronome “se”), exige também um outro complemento – o predicativo do objeto direto: “mais relativa”. Esse é um verbo transobjetivo, que requer dois complementos – objeto direto e predicativo do objeto direto. Por apresentar, além do objeto direto, um predicativo do objeto, a construção não é idêntica à do enunciado, que só possui o primeiro. 25 - E O verbo em epígrafe é transitivo indireto (precisará de segmentos setoriais). A construção verbal que apresenta idêntica transitividade é a da letra (E) – valem para os advogados. Vamos analisar a dos demais verbos: (A) transobjetivo – objeto direto: “a”; predicativo do objeto direto: “mais rápida”; (B) transitivo direto – objeto direto: “a liberdade dos juízes”; (C) transitivo direto – objeto direto: “a influência do Executivo”; (D) verbo de ligação – predicativo do sujeito: “restrita”; complemento nominal (liga-se ao adjetivo “restrita”): “a matérias tributárias”. Este elemento é o termo regido de um adjetivo, sendo, portanto, caso de sintaxe de regência nominal. Essa era a pegadinha da questão. Muita gente deve ter marcado essa opção como correta imaginando que o elemento que exerce a função de complemento nominal seria objeto indireto – ledo engano! Não foi à toa que a opção correta era a letra (E).

Aula 6 - CRASE “Bom filho ___ casa torna” A partir desse adágio, costumamos iniciar a aula sobre crase. E aí, como você preencheu a lacuna? Com um “a”? Com dois? Um com acento grave? Afinal, o que é crase? CRASE NÃO É O ACENTO, CRASE É O FENÔMENO! Portanto, rejeitamos a forma “crasear” (arghh....), mesmo já tendo sido registrada nos melhores dicionários e aceita por professores e gramáticos gabaritados. Preferimos usar expressões como “colocar o acento grave, indicativo de crase” ou “ocorre crase (fusão)” - essa última você vai ler bastante no nosso encontro de hoje. Dá-se o nome de crase ao encontro de duas vogais iguais e contíguas. Na língua portuguesa, só se registram com o acento grave os encontros da preposição a com outro a, que poderá ser um artigo definido feminino, um pronome demonstrativo ou um pronome relativo. Ao fim da aula, você verá que esse assunto não é nenhum bicho-de-sete-cabeças. Vamos seguir o nosso método da simplificação – se tivermos várias regras e uma ou outra exceção, o que fica mais fácil memorizar? O que há em menor número. Então, vamos ao caso clássico de crase. Mais adiante, veremos alguns casos especiais. COMO ANALISAR A OCORRÊNCIA DE CRASE? Da mesma forma como você ensina uma criança a atravessar a rua. “Filhinho, você deve olhar para os dois lados!”. Então aplicamos essa lição à análise de crase – devemos olhar para os dois lados. TERMO REGENTE + TERMO REGIDO De um lado, há um termo regente, que pode ou não exigir uma preposição (e, nesta aula, só nos interessa a preposição a). Do outro lado, há um termo regido, que pode aceitar ou não um artigo definido feminino. Nessa posição de “termo regido” também pode existir um pronome demonstrativo a(s), aquele(s), aquela(s) ou aquilo, um pronome relativo a qual/as quais. Se houver o encontro da preposição a com o outro a, OCORRE A CRASE: os dois viram um só “a” e recebem o acento grave (`) para indicar essa fusão: à. Veja o quadro explicativo do caso clássico de crase. ARTIGO DEFINIDO A / AS = à / às A / AS = à / às Preposição A +

PRONOME DEMONSTRATIVO

AQUELE (S) = àquele(s) AQUELA (S) = àquela (s) AQUILO = aquilo

PRONOME RELATIVO

A QUAL / AS QUAIS = à qual / às quais

Voltando ao ditado que encabeça o nosso estudo de hoje, antes de qualquer coisa, ajuda (e muito!) construir a oração na ordem direta (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS): “Bom filho torna ... casa.”. De um lado, o termo regente (verbo tornar, que tem o mesmo sentido e regência do verbo retornar) exige a preposição a (“Alguém torna / retorna a algum lugar.”). Do outro lado, o termo regido é “casa”, no sentido de lar, não recebe o acompanhamento do artigo. Note que você costuma dizer “quando eu for para casa”, “saí de casa” ou “fiquei em casa”, sempre sem o artigo antes da palavra “casa”. Esse vocábulo só aceita artigo quando identificado como a casa de alguém (“Nunca mais piso na casa da minha sogra!”), ou seja, quando a palavra casa estiver DETERMINADA. De volta à análise – de um lado, o termo regente exige a preposição. De outro, o termo regido não aceita o artigo definido. Há, portanto, a ocorrência de apenas um “a” , que é a preposição exigida pelo termo regente, não ocorrendo crase. Por isso, a construção correta é “bom filho a casa torna”, sem acento grave. Em resumo: só haverá crase (fusão) se houver dois “as”, isto é, SIMULTANEAMENTE o termo regente exigir a preposição a e o termo regido: -

for o pronome demonstrativo a(s), aquele(s), aquela(s), aquilo;

-

for o pronome relativo a qual / as quais;

-

admitir

artigo

definido

feminino

(singular

ou

plural):

a(s).

BIZU: Para ter certeza de que a palavra admite o artigo definido feminino, construa uma frase em que essa palavra seja o sujeito e verifique a possibilidade de colocar o artigo antes dela. 1. Eu me dirijo ____ menina. 2. Eu me dirijo ____ esta menina. 3. Eu me dirijo ____ você Resolução: Em todas as orações, o termo regente é o verbo DIRIGIR-SE. Ele exige a preposição a (Alguém se dirige a alguém). Por isso, nas três ocorrências, existe a preposição a. Para que ocorra crase, é necessário haver outro a, que, neste caso, pode ser um artigo definido feminino. Vamos verificar: Exemplo 1: O termo regido é menina. Esta palavra pode, como sujeito, ser precedida de um artigo definido feminino (A menina está linda). Assim, o termo regido admite o artigo definido feminino antes de si. Como o termo regente exige preposição a e o termo regido admite o artigo definido feminino a, ocorre crase. 1.

Eu me dirijo à menina.

Exemplo 2: O termo regido, agora, vem precedido de um pronome demonstrativo: esta menina. Na função de sujeito, a expressão não admite o artigo definido

feminino. Você nunca diria “A esta menina está linda.”. Então, não podemos colocar um artigo definido feminino antes do termo regido. Em virtude disso, não ocorre crase e o “a” não recebe acento grave. 2.

Eu me dirijo a esta menina.

Exemplo 3: Desta vez, a palavra escolhida é “você”. Não seria possível usar o artigo feminino antes desse pronome de tratamento. Como sujeito, duvido que você dissesse “A você está linda hoje”. Como não há artigo, não ocorre crase antes de “você”. 3.

Eu me dirijo a você.

A partir da compreensão desses conceitos, evitamos aquela “decoreba” de listas e mais listas de casos de ocorrência (ou, mais precisamente, de não ocorrência) de crase, como: ƒ

antes de palavra masculina - é lógico que não há crase, uma vez que palavra masculina não admite artigo definido feminino antes de si;

ƒ

antes de verbo - um verbo não pode ser antecedido de artigo definido feminino; mesmo quando substantivado, recebe o artigo masculino e não feminino – “o ranger”, “o regressar”; por isso, não poderia ocorre crase;

ƒ

antes de pronomes em geral - com exceção dos pronomes possessivos (que veremos adiante, nos casos especiais) e de alguns poucos pronomes indefinidos (mesmas, outras), os pronomes não admitem artigo definido feminino antes de si – observe o caso do pronome demonstrativo “essa” no exemplo apresentado;

ƒ

antes de substantivos em sentido vago, genérico - por serem vagos, genéricos, como no exemplo do adágio, esses substantivos não admitem artigo definido feminino;

ƒ

em expressões de palavras repetidas (cara a cara, dia a dia, boca a boca – nesses casos, há apenas uma preposição ligando dois substantivos genéricos que formam uma expressão. Se falta o artigo antes do primeiro elemento, também faltará antes do segundo.

CASOS ESPECIAIS DE EMPREGO DO ACENTO GRAVE Existem alguns casos em que o “a” recebe o acento grave (à) mesmo não havendo esse encontro de dois “as”. Outros de “faculdade” da crase. São os chamados casos especiais. Há acento grave: ¾

em locuções femininas, sejam elas adverbiais (à força, à vista), adjetivas (à fantasia, à toa), conjuntivas (à medida que, à proporção que) ou prepositivas (à espera de, à procura de). Neste ponto, encontramos posições doutrinárias contrárias. Alguns gramáticos consagrados só admitem o acento grave quando houver algum risco de ambigüidade (Recebeu a bala ≠ Recebeu à bala, Ele cheira a gasolina = aspira o combustível ≠ Ele cheira à gasolina = fede a combustível), outros desaconselham em locuções adverbiais de instrumento (escrever a máquina). Contudo, em provas de concursos, já encontramos questões que exigiram

acento grave em locuções adverbiais femininas. Por isso, nada melhor, na hora da prova, do que bom senso. Veja todas as opções antes de indicar “certo ou errado”; ¾

diante de masculino, em que esteja subentendida a expressão “à moda de”, “à maneira de” (“Ele escrevia à Machado de Assis.”, “O artilheiro fez um gol à Romário.”). Cuidado: em “bife a cavalo” ou em “frango a passarinho” não está subentendida essa expressão (não é à maneira do cavalo ou ao modo do passarinho) e, por isso, não leva acento.

Não há acento grave: ¾ palavras genéricas como casa, no sentido de lar (já mencionado no início da aula); terra, contrário de “a bordo” (Tão logo o navio aportou, desci a terra.); ou indicação de distância não determinada. Esse último ponto também é um pouco polêmico. Celso Luft, considerando tratar-se de uma locução adverbial feminina, aceita o acento grave mesmo sem indicação da distância. Em prova, tenha em mente a posição majoritária (sem acento), devendo verificar as demais opções. Pode haver acento grave: ¾ em topônimos (logicamente femininos), ou seja, nomes dos lugares, a depender do emprego do artigo antes deles. Na aula sobre concordância, já falamos sobre isso (caso 7.a da Aula 4 – Concordância parte 2). Se usamos artigo antes do nome, havendo preposição a antes dele, ocorrerá crase. Para ter certeza desse emprego do artigo, uma DICA é empregar o topônimo com o verbo morar. Veja: Bahia – esse lugar aceita artigo (Eu morei na Bahia). Então, por exemplo, com o verbo ir, que rege a preposição a, ocorre crase: Ele foi à Bahia. Brasília – vamos ao teste: Eu morei em Brasília. Então, não usamos artigo antes desse topônimo: Ele foi a Brasília. Quando determinado de alguma outra forma (adjetivo ou locução adjetiva), usa-se artigo e, necessariamente, haverá crase no encontro da preposição a: Ele foi à Brasília do mensalão. Faça o teste agora e preencha a lacuna: Ele foi ___ Roma e não viu o Papa. E aí? Como fica? Para desvendar esse mistério, use o verbo morar: Ele morou em Roma Î não foi usado artigo definido. Então, não há crase: Ele foi a Roma e não viu o Papa. ¾ com nomes próprios (femininos, é claro!)– o emprego do artigo antes de nomes próprios depende de diversos fatores – regionalismo (em alguns lugares, não se usa artigo antes de nomes das pessoas – Fui à casa de Fulana), intimidade que se tem com a pessoa (por isso, em referência a pessoas ilustres, não se emprega o acento, por não se usar artigo definido (Li o livro de Raquel de Queiroz – Eu me refiro a Raquel de Queiroz) Os dois próximos casos especiais são chamados por alguns de “emprego facultativo do acento grave”. Vamos analisá-los para compreender onde reside essa “faculdade”:

¾ pronomes possessivos – esses pronomes admitem o artigo definido antes de si. Se estivesse na função de sujeito, poderíamos empregar o artigo definido ou não: “Minha mesa está suja” ou “A minha mesa está suja”. Por isso, se o termo regente exigir a preposição a e se deseje empregar o pronome possessivo com artigo, haverá crase (preposição a + artigo definido feminino + possessivo = à sua – “Refiro-me à sua professora.”); em se escolhendo não colocar o artigo antes do possessivo, haverá somente a preposição e, por isso, não haverá a ocorrência de crase (preposição a + possessivo = a sua - “Refiro-me a sua professora.”). Não obstante alguns autores chamarem de “um caso facultativo de crase”, o que ocorre, na verdade, é o uso opcional do artigo definido feminino antes do pronome possessivo; No entanto, ocorrendo a omissão do substantivo que acompanha o pronome possessivo, a acentuação é obrigatória! Refiro a/à sua professora [facultativo], e não à minha [obrigatório]. Ele deu instruções a/à sua secretária [facultativo] e à minha [obrigatório]. Alguns gramáticos, como Cegalla e Sacconi, rejeitam o artigo antes de nomes de parentesco precedidos de possessivos. Segundo eles, o correto seria “Refiro-me a minha mãe”. No entanto, já vimos questões de prova em que a banca examinadora não faz essa distinção, tratando os nomes de parentesco do mesmo modo que os demais casos de pronome possessivo – artigo definido facultativo e, conseqüentemente, crase facultativa. Uma dessas questões será comentada em nosso material, ao fim da aula. ¾ com a locução prepositiva “até a” (que é a junção das duas preposições: até + a). Havendo um termo regido que admita o artigo definido (“A entrada de sua casa é ali.”), haverá crase (até a + a = até à – “Andei até à entrada de sua casa.”). Essa locução prepositiva equivale à preposição “até”, que, quando usada na forma simples, não leva à fusão de dois ‘as’, pois só existe um – o artigo (até + a = até a - “Andei até a entrada de sua casa.”). Em resumo, no primeiro exemplo, havia a contração da locução prepositiva ate a com o artigo a (até à); no segundo, o encontro da preposição até com o artigo a (até a). Por isso, alguns falam simplesmente que, com a preposição “até”, a crase é facultativa. Na verdade, o que é facultativo é o uso da locução prepositiva “até a” ou da preposição simples “até” – com a primeira, haverá crase (até à); com segunda, não (até a). Você verá, nos exercícios de fixação, que a maior parte das questões de prova que tratam de crase envolvem o esquema “TERMO REGENTE + TERMO REGIDO” (caso clássico). Nesses casos, nunca se esqueça de olhar para os dois lados antes de resolver uma questão de crase! Você pode ser atropelado pela banca examinadora! (rs...) Então, vamos às questões!

QUESTÕES DE FIXAÇÃO 01 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002) Marque a opção que atende às normas gramaticais vigentes. a) Encaminhei os documentos perdidos as autoridades competentes; b) Encaminhei os documentos perdido as competentes autoridades; c) Encaminhei os documentos perdidos às autoridades competentes; d) Encaminhei os documentos perdidos as competentes autoridades; e) Encaminhei os documentos perdidos a autoridades competente. 02 - (NCE UFRJ / TRE RJ Auxiliar Judiciário / 2001) ....por que enviar à forca....; o acento grave indicativo da crase, nesse caso, marca: a) a união do pronome demonstrativo A com o artigo definido A; b) a contração de A regido pelo verbo com o artigo do substantivo seguinte; c) a presença de um adjunto adverbial; d) a presença de uma locução adverbial com palavra feminina; e) a presença de uma locução prepositiva com palavra feminina. 03 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005) Assinale a opção que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza e concisão. (A) A parada o autorizava à cobrar um novo preço; (B) A parada lhe autorizava de cobrar um novo preço; (C) A parada o autorizava de cobrar um novo preço; (D) A parada o autorizava a cobrar um novo preço; (E) A parada lhe autorizava a cobrar um novo preço. 04 - (ESAF/AFPS/2002) Identifique o item sublinhado que contenha erro de natureza ortográfica ou gramatical, ou impropriedade vocabular. Fala-se(A) com arroubo(B) sobre os inesgotáveis recursos de novas tecnologias, como o vídeo ou a realidade virtual, mas qualquer reflexão à respeito do(C) invariavelmente orbita(D) em torno da matéria-prima(E) desta página – o texto. (Paul Saffo, com adaptações) a) A b) B c) C

d) D e) E 05 - (FCC / AFTE PB / 2006) Em relação aos aspectos gramaticais, julgue a assertiva abaixo: •

Apenas 20% dos deputados estão dispostos à respeitar as conclusões dos relatores dos processos.

06 - (FCC / MPE PE – Técnico/2006) O acesso ...... mercados externos por boa parte dos produtores que passaram ...... usar novas tecnologias, aconteceu devido também ...... qualidade das sementes. As lacunas da frase apresentada estão corretamente preenchidas, respectivamente, por (A) a - à - à (B)) a - a - à (C) à - à - à (D) a - a - a (E) à - a - a 07 - (FCC / TRE PI / 2002) Diga ...... ela que esteja aqui ...... uma hora para conversarmos ...... respeito do projeto. (A) a - a - à (B)) a - à - a (C) à - a - à (D) à - à - a (E) à - à - à 08 - (ESAF/ACE/2002) Marque o item sublinhado que represente impropriedade vocabular, erro gramatical ou ortográfico. A democracia, segundo Aristóteles, é forma de governo. Esse entendimento milenar(A) assim se conservou entre os publicistas(B) romanos e os teólogos da Idade Média. Não discreparam(C) também do juízo aristotélico pensadores políticos do tomo(D) de Montesquieu e Rousseau, presos as heranças(E) clássicas. (Baseado em Paulo Bonavides) a) A b) B

c) C d) D e) E

09 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) O ano de 2001 caracterizou-se por grandes desafios para a economia brasileira, que levaram a mudanças substanciais na formação de expectativas quanto ao desempenho das principais variáveis econômicas. Em relação ao trecho acima, julgue a assertiva. ƒ

O uso do sinal indicativo de crase em “levaram a mudanças” (R.2) é facultativo, porque “mudanças” está no plural.

10 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) A Venezuela, como a Argentina, ainda que de maneira distinta, recebe as duras lições de adaptações malsucedidas ao dilema entre a valorização do interno e a incorporação dos valores externos. A presidência de Hugo Chávez, nos últimos anos, expunha a fratura a que, estruturalmente, está submetida a América Latina, inclusive o Brasil. A tensão entre a administração para os de dentro, especialmente aqueles menos favorecidos pelo modelo de inserção aberta e liberal, e o agrado aos centros internacionais de poder, especialmente àqueles que hegemonizam as relações internacionais do presente, levou ao descompasso social e político a que chegou a Venezuela. Relativamente ao texto e ao assunto nele tratado, julgue o item seguinte. •

O sinal indicativo de crase em “àqueles” indica que ocorre aí uma preposição, a, por exigência do substantivo “agrado”, segundo as regras de regência da norma culta.

11 - (UNB CESPE/CEF/2002) As carteiras Hipotecária e de Cobrança e Pagamentos surgiram em 1934, durante o governo Vargas, quando tiveram início as operações de crédito comercial e consignação. As loterias federais começaram a ser gerenciadas pela CAIXA em 1961, representando um importante passo na execução dos programas sociais do governo, já que parte da arrecadação é destinada à seguridade social, ao Fundo Nacional de Cultura, ao Programa de Crédito Educativo e a entidades de prática esportiva. Considerando o texto acima, julgue o item que se segue. •

Caso se reescrevesse o trecho "a entidades de prática esportiva" (1.10-11) como à entidades de prática desportiva, o período permaneceria de acordo com a norma culta da língua portuguesa.

12 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003)

No enunciado “os serviços essenciais à população” (linhas 41-42), é obrigatório o emprego do acento para marcar a crase. Nas alterações do enunciado feitas abaixo dispensa-se o acento por não haver a crase. Numa das alterações, entretanto, pode-se usar o acento por se tratar de um caso de crase facultativa. Esta alteração está na opção: A) os serviços essenciais a essa população; B) os serviços essenciais a toda e qualquer população; C) os serviços essenciais a uma população ansiosa por melhorias; D) os serviços essenciais a quase toda a população; E) os serviços essenciais a nossa população. 13 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) A alternativa em que o acento grave indicativo da crase é optativo é: (A) Entreguei-o à minha mãe; (B) Entreguei-o àquela mulher; (C) Entreguei-o à elegante atriz; (D) Entreguei-o à polícia; (E) Entreguei-o à mesma funcionária. 14 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / ENGENHEIRO CIVIL / 2004) Dentre as frases abaixo, a que apresenta sinal indicador da crase indevido é: A) Estas teses sobre a ilusão, à primeira vista, nada acrescentam ao que já se lê nos estudos antigos. B) À terapia convencional preferem os médicos novas condutas que combatam as ilusões patológicas. C) Minha experiência revela que à ilusão não se pode combater senão com o tratamento psicológico. D) A referência a doenças mentais ligadas às ilusões marcou o congresso de medicina do mês passado.

15 - (UnB CESPE / Banco do Brasil /2003) Ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis. É também participar no destino da sociedade, votar, ser votado, ter direitos políticos. Os direitos civis e políticos não asseguram a democracia sem os direitos sociais, aqueles que garantem a participação do indivíduo na riqueza coletiva: o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila. Exercer a cidadania plena é ter direitos civis, políticos e sociais. Jaime Pinsky. História da cidadania. (Org. Contexto 2003). Considerando o texto acima e a atualidade brasileira, julgue o item seguinte.



Constitui uma estrutura alternativa e também correta para o primeiro período do texto o trecho Ser cidadão é ter direito a vida, liberdade, propriedade, igualdade perante a lei: é, em resumo, ter direitos civis.

16 - (UnB CESPE/DEFENSOR/2004) Não temos dado muita atenção a uma de nossas mais importantes riquezas nacionais. Trata-se de nosso patrimônio lingüístico. Exatamente as línguas ou idiomas e dialetos falados em nosso país. Qual é a situação atual e importância? Há proteção legal para eles? É o que tentaremos analisar. A respeito da organização do texto acima, julgue o seguinte item. •

Na linha 1, é gramaticalmente opcional o emprego do sinal indicativo de crase em “a”, mas seu uso tornaria o sentido de “atenção” menos genérico e mais especificamente direcionado para “riquezas nacionais” (R.2).

17 - (UnB CESPE/SMF Maceió/2003) FHC recua e tira “superpoderes” da Receita O presidente Fernando Henrique Cardoso alterou ontem o decreto que facilitava o acesso da Receita Federal a dados bancários protegidos por sigilo e desobrigou os bancos de informarem ao órgão as movimentações mensais superiores a R$ 5 mil, no caso de pessoas físicas, e a R$ 10 mil, no caso de empresas. A respeito da organização do texto acima, julgue o seguinte item. •

Na expressão “a dados bancários”, caso o vocábulo “dados” fosse substituído por informações, seria necessário não somente o ajuste na concordância com “bancários” e “protegidos”, na linha 2, mas também o emprego do sinal indicativo de crase no “a” que antecede a expressão.

18 - (FCC/CEAL Advogado/ 2005) Quanto à necessidade ou não do uso do sinal de crase, a frase inteiramente correta é: (A) Reportamo-nos à inexperiência de um cidadão comum quando é candidato a um posto público, mas somos propensos à rejeitar a candidatura de um político profissional. (B) O culto às aparências é um sintoma da vida moderna, uma vez que à elas nos prendemos todos, em nossa vida comum. (C) É a gente que cabe identificar os preconceitos, sobretudo os que afetam àqueles artistas e profissionais que dão graça à nossa vida. (D) Assistimos à exibição descarada de preconceitos, que tantos dissabores causam as pessoas, vítimas próximas ou à distância de nós. (E)) Àqueles que alimentam um preconceito é inútil recomendar desprendimento, pois este se reserva às pessoas generosas. 19 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002)

No trecho “Do décimo andar à rua” (linha 15), foi usado adequadamente o acento indicativo da crase. O mesmo NÃO ocorre na frase: A) Há muito não se assistia à peças com tanto senso crítico com estas. B) Chegando-se à varanda, era possível admirar a paisagem. C) Do Leblon a Ipanema e de Jacarepaguá à Barra, todas as vias expressa estavam engarrafadas. D) O povo referia-se às nossas praias como redutos de esgoto e mau cheiro. E) As ondas dirigiam-se à direita e à esquerda do palanque sobre a areia. 20 – (ESAF/Técnico ANEEL / Abril 2006) Julgue a correção da alteração proposta em relação ao texto abaixo. Não é a violência nem as da economia e muito menos a saúde. A maior preocupação do brasileiro é o trabalho. A conclusão é resultado de uma consulta realizada com 23,5 mil pessoas de 42 países. Num suposto ranking mundial de pessimismo em relação às oportunidades de trabalho, o brasileiro apareceria nas primeiras posições. Na média global, o emprego seguro é citado por 21% dos entrevistados, ficando em segundo lugar entre as preocupações de curto prazo, depois da economia. (Adaptado da Folha de São Paulo, 19 de fevereiro de 2006) ¾

Retirar o artigo definido antes de “oportunidades”(l.4), escrevendo apenas à.

21 - (ESAF/Analista ANEEL/ Abril 2006) Indique a opção que preenche com correção as lacunas numeradas no texto abaixo. A colonização jamais correspondeu, entre nós, ...(1)... necessidades do trabalho; correspondeu sempre, sim, ...(2)... necessidade da produção, ou, mais realmente à necessidade das colheitas, isto é, ...(3)... necessidades de dinheiro pronto e de dinheiro fácil, que é o que sustenta as culturas, nas regiões onde se encontram colonos. No dia em que se abrir guerra ...(4)... ociosidade e se oferecerem garantias ...(5)... gente do campo, afluirá para o trabalho remunerado grande parte da população, hoje mantida ........(6)................... da bondade alheia. (Adaptado de Alberto Torres, “As fontes da vida no Brasil”. Rio, 1915, p. 47) (1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(6)

a)

às

a

às

a

a

a custas da

b)

às

à

as

à

a

às custas da

c)

as

à

as

a

à

a custas da

d)

a

a

às

à

a

a custa da

e)

a

à

às

à

à

à custa da

22 - (FCC/TRT 22ª Região/ 2004) Os dados comprovam que, de janeiro ...... julho deste ano, houve aumento na produção de veículos, em comparação com ...... obtida no ano passado. As montadoras passaram ...... exportar uma parte dessa produção. As lacunas da frase acima devem ser corretamente preenchidas por (A) a - a - a (B) à - à - a (C) à - a - à (D) a - à - a (E) a - à - à 23 - (ESAF/Agente Tributário - Piauí/2001) Assinale a opção que corresponde a erro. Desde o início de janeiro, quando foi sancionada a lei que permite ao(1) Executivo usar os dados da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) nas investigações, o Fisco está apto a(2) ajudar o INSS nas investigações das entidades filantrópicas. As informações sobre a CPMF são enviadas a Receita(3) pelas instituições financeiras trimestralmente. Com esse(4) instrumento, é possível verificar se há distorções muito grandes entre o faturamento da entidade e a sua movimentação financeira. Nos casos em que(5) o programa de informática que faz o cruzamento de dados para o Fisco apontar discrepância, a fiscalização poderá ser iniciada. (Adaptado de Simone Cavalcanti, www.estadao.com.br - 6/2/2001 ) a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 01 – C Para não perder o hábito, a primeira questão é simples. Trata-se de um caso clássico de crase. Olhe para os dois lados: - termo regente: verbo encaminhar (Alguém encaminha algo a alguém) – o verbo é transitivo indireto e rege a preposição a. - termo regido: autoridades competentes – esse elemento aceita o emprego de artigo definido feminino: As autoridades competentes receberam os documentos. De um lado, temos uma preposição a; de outro, o artigo definido feminino plural as: OCORRE CRASE!

A posição do adjetivo “competentes” não iria influenciar nossa análise, pois o termo regido é, nesse caso, o substantivo autoridades. Assim, a construção correta é: Encaminhei os documentos perdidos às autoridades competentes. 02 – B Para começar, ocorre crase a partir da união da PREPOSIÇÃO A com outro elemento, que pode ser o artigo definido feminino a/as, os pronomes demonstrativos a(s)/aquele(s)/aquela(s)/aquilo ou os pronomes relativos a qual/as quais. Não há possibilidade de contração de um pronome demonstrativo com um artigo, como sugere a opção a. Vamos olhar para os dois lados: - termo regente: o verbo enviar, que exige a preposição a (Alguém envia alguma coisa a alguém ou a algum lugar); - termo regido: o substantivo feminino forca, que admite o artigo definido feminino (A forca foi usada para matar Tiradentes). OCORRE CRASE! A justificativa para o emprego do acento grave está indicada na opção b. 03 – D Como vimos na aula anterior, o verbo autorizar é um daqueles que apresentam dupla possibilidade de regência: posso autorizar alguma coisa a alguém ou autorizar alguém a (fazer) alguma coisa (normalmente, um verbo no infinitivo). Então, de acordo com a primeira possibilidade, a construção seria: A parada lhe autorizava (lhe = objeto indireto) cobrar um novo preço (objeto direto sob a forma oracional). Construindo-se da segunda forma, seria: A parada o autorizava (o = objeto direto) a cobrar um novo preço. Vamos, agora, verificar a ocorrência da crase: - termo regente: verbo autorizar, que exige a preposição a; - termo regido: a oração reduzida de infinitivo cobrar um novo preço. Antes de verbo, não podemos empregar um artigo definido feminino. Assim, a única ocorrência de “a” é a preposição exigida pelo termo regente. Não há crase! A construção correta é: A parada o autorizava a cobrar um novo preço. Essa questão foi objeto de comentário na aula anterior. Resolvemos comentá-la também nesse encontro para que você observe uma ocorrência muito comum de erro: acento grave antes de verbo no infinitivo. Isso pode ser observado, também, em expressões como a partir de, locução prepositiva cujo elemento principal é um verbo. Nesse caso, não se coloca acento grave. As locuções prepositivas que recebem acento, independentemente da verificação desse esquema TERMO REGENTE X TERMO REGIDO, são as locuções FEMININAS.

Esse é o nosso próximo assunto. 04 – C Essa questão trata de um dos casos especiais – locuções femininas; sejam elas adverbiais, prepositivas, adjetivas ou conjuntivas, recebem acento grave independentemente do esquema TERMO REGENTE x TERMO REGIDO. Acentuam-se as locuções femininas. A locução prepositiva “a respeito de” tem em seu núcleo um substantivo masculino, não sendo, portanto, acentuada – “a respeito de”. Estão corretos os demais itens, cabendo comentários em relação aos seguintes: (B) arroubo = êxtase, encanto; (D) orbita = conjugação do verbo orbitar = girar (eu orbito, tu orbitas, ele orbita...) – sentido conotativo de girar. Além do erro de crase na locução prepositiva (C), parece que faltou algum elemento regido por ela na seqüência: “mas qualquer reflexão à respeito do (... ? ...) invariavelmente orbita em torno da matéria-prima desta página – o texto”. Perguntase: reflexão a respeito do quê? Ficou faltando algo, causando prejuízo na coesão textual e, por conseqüência, em sua coerência. 05 – Item INCORRETO Esse tipo de erro, como já mencionamos, é muito comum em provas. Antes de verbo, não pode haver crase por inexistir um artigo definido feminino que se contraia com a preposição porventura exigida pelo termo regente. Assim, a única coisa que existe ali é a preposição a, exigência da regência nominal do adjetivo disposto (Alguém está disposto a alguma coisa). 06 – B Agora deve ter ficado bem mais fácil. Vamos analisar cada um das lacunas. 1ª lacuna: - termo regente: acesso (Alguém tem acesso a alguma coisa/algum lugar). A palavra exige a preposição a; - termo regido: mercados externos. Essa expressão não admite um artigo definido feminino. No máximo, masculino plural. Assim, não poderia ocorrer crase – o único “a” é a preposição. O acesso a mercados externos ... 2ª lacuna: - termo regente: verbo auxiliar modal passar. Falei grego? O que é mesmo um verbo auxiliar modal? Bem, um verbo auxiliar faz parte de uma locução verbal (ainda lembra, não é? VERBO AUXILIAR + VERBO PRINCIPAL).

Esse tipo de verbo auxiliar (chamado de modal) emprega ao verbo principal um atributo, como em passar a usar, em que se exprime a mudança de ação (eles passaram a usar novas tecnologias), que não poderia ser alcançado somente com o emprego dos tempos “normais” – presente, passado ou futuro. No meio de uma locução verbal pode haver uma preposição (cheguei a comentar, estou a sair, acabo de saber). Assim, o termo regente (verbo auxiliar de uma locução) exige a preposição a; - termo regido: o verbo principal da mesma locução. Assim, em resumo, no meio de uma locução verbal, só há espaço para uma preposição, pura e simples. Não pode haver um artigo definido que justifique a crase. ... por boa parte dos produtores que passaram a usar novas tecnologias... 3ª lacuna: Voltamos ao caso clássico. - termo regente: a locução prepositiva devido a. A locução prepositiva “devido a” tem origem na forma participial adjetiva do verbo dever (devido). Vamos apertar a tecla SAP: como assim “forma participial adjetiva”? Vimos que o particípio é uma forma nominal que, muitas vezes, exerce a função que seria própria de um adjetivo, lembra? “Roupa lavada (adjetivo / particípio do verbo lavar)”, “cabelo penteado (adjetivo / particípio do verbo pentear)” Na função adjetiva, a palavra “devido” (adjetivo, cuja origem é o particípio do verbo dever) concorda em gênero e número com o substantivo correspondente e rege a preposição a: ƒ

“Sua ausência devida a problemas de saúde foi notada.”

ƒ

“Muitos acidentes devidos à falta de prudência dos motoristas são registrados nas estradas brasileiras.”.

Apesar de condenada por diversos puristas, que acham que essa palavra só deve ser empregada na função adjetiva, a forma prepositiva “devido a” é abonada por ilustres como Celso Luft, sendo constantemente apresentada em questões de prova. Quando usado na locução prepositiva (devido a), o vocábulo “devido” não se flexiona (pertence ao conjunto de palavras invariáveis, lá dos “primórdios” do nosso curso) – “Devido aos problemas de saúde, ela não veio.”, “Muitos acidentes ocorrem devido à falta de prudência dos motoristas.”. A preposição a, que faz parte da locução prepositiva, poderá se contrair ao artigo subseqüente, no esquema “termo regente – termo regido”. Vejamos, então, qual o termo regido: - termo regido: qualidade das sementes. Essa expressão admite o artigo definido antes de si. Se estivesse na posição de sujeito, poderíamos ter, por exemplo: A qualidade das sementes tem trazido bons resultados à safra deste ano. De um lado, então, temos a locução prepositiva devido a, que apresenta em seu corpo a preposição a. De outro lado, temos um vocábulo que admite artigo definido feminino. Pronto! Ocorreu crase!

... aconteceu devido também à qualidade das sementes. A ordem correta é, portanto: a / a / à - opção B. 07 – B Novamente, temos uma questão de lacunas. Nas provas, esse tema pode ser explorado em questões assim ou naquelas em que se exige todo tipo de conhecimento gramatical (concordância, regência, ortografia). 1ª lacuna: - termo regente: o verbo dizer, que, na construção, é bitransitivo (Dizer algo a alguém). Complementam o verbo um objeto direto (a oração que se segue) e um objeto indireto, regido pela preposição a. - termo regido: o pronome pessoal ela. Esse pronome não admite artigo definido feminino antes de si (Ela está linda, e não “A ela está linda”). Assim, a única coisa que vai aparecer antes dele é a preposição, exigida pelo verbo. Diga a ela ... 2ª lacuna: A expressão que será apresentada a seguir tem valor adverbial. Indica o momento em que a pessoa deve estar em algum lugar. Na indicação de hora certa, usa-se preposição. Na dúvida, uma boa saída é a troca do feminino pelo masculino, sempre. Em vez de “uma hora”, vamos colocar “meio-dia”. “Diga a ela que esteja aqui ao meio-dia...” Opa! Se eu empreguei “ao”, já fico sabendo que, antes da expressão adverbial que indica horas, existe um artigo definido. Da mesma forma que uso “ao meio dia” (a+o), posso usar “às duas horas, às dez horas ou à uma hora” (a+a). O que causa certo mal-estar é a proximidade do “a” acentuado com o “uma”. Note, contudo, que esse vocábulo (“uma”) é um numeral, e não um artigo indefinido. Por isso, está certíssima a colocação de um acento grave antes do adjunto adverbial que indica as horas. O mesmo pode acontecer com expressões adverbiais que indicam lugar: “À entrada da sala”. Em alguns casos, além da troca do feminino pelo masculino, dá certo substituir a preposição a (que introduz o advérbio) pela preposição em, ficando aparente o artigo ou pronome que forma crase com a preposição a: À entrada da sala, fui avisada de que não haveria aula Î Na [em +a] entrada da sala ... Àquela hora da madrugada, recebi a notícia Î Naquela [em + aquela] hora da madrugada, ... Diga a ela que esteja aqui à uma hora... 3ª lacuna: como vimos na questão 4, a locução prepositiva a respeito de tem um elemento masculino, não havendo justificativa para sua acentuação. ... para conversarmos a respeito do projeto.

A ordem correta é: a / à / a – opção B. 08 - E Caso clássico. De um lado, o termo regente presos exige a preposição a (“Eles estão presos a alguma coisa”); de outro, o termo regido as heranças admite artigo definido feminino (“As heranças foram apresentadas.”). Ocorre crase da preposição a com o artigo definido feminino plural as: “presos às heranças”. 09 – Item INCORRETO De um lado, o termo regente (verbo levar) exige a preposição. Contudo, na posição de termo regido, temos um substantivo feminino plural (mudanças). Não foi empregado o artigo na construção original devido ao emprego genérico do substantivo (não se determina quais foram essas mudanças). Se houvesse algum artigo antes desse vocábulo, este seria um artigo também no plural (as mudanças), por exigência da sintaxe de concordância. Exatamente por haver um substantivo plural, não existe a menor possibilidade de se empregar somente o acento grave, como sugere o examinador, pois, nesse caso, o artigo seria singular (a+a). 10 – Item CORRETO O primeiro complemento ao substantivo agrado já indica a necessidade de se empregar a preposição a: “o agrado aos centros internacionais de poder”. De um lado, o termo regente agrado exige a preposição a; de outro, há um pronome demonstrativo aquele. Ocorre crase! Portanto, está correta a afirmativa. 11 – Item INCORRETO Verifica-se nessa questão o mesmo erro apresentado na questão 09. Antes de um elemento no plural, pode-se usar um artigo definido também no plural. Por isso, estaria incorreta a construção “à entidades de prática desportiva”. 12 – E Temos, agora, uma ótima oportunidade de observar como se emprega o acento grave com pronomes. De um lado, o termo regente é essenciais, que exige a preposição a (Algo é essencial a alguma coisa). Do outro lado, temos: a) o pronome demonstrativo “essa”. Vamos fazer o teste do sujeito: Essa população está carente. Podemos usar um artigo definido antes do “essa”?

Lógico que não. Então, não há crase! Está certa a opção. Nós estamos procurando um caso facultativo. Assim, essa não é a nossa resposta. b) os pronomes indefinidos “toda e qualquer”. Na função de sujeito: Toda e qualquer população está carente. Podemos usar o artigo? Não. Então o emprego não é facultativo. c) o artigo indefinido “uma”. Se já existe um artigo, por que colocar outro? Só se for para confundir. d) a expressão indefinida “quase toda a população”. Como sujeito: Quase toda a população está carente. Posso usar outro artigo (“A quase toda a população”)? Cruzes!!!! e) um pronome possessivo acompanhado de um substantivo. Como vimos, o emprego do artigo, nesses casos, é opcional. Conseqüentemente, a crase também poderá ocorrer ou não. Essa é a resposta. 13 – A Veremos mais uma questão que aborda o emprego de pronome possessivo. Assim, vamos treinar mais uma vez: fale bem alto: “Meu trauma com Português foi superado!” ou “O meu trauma com Português foi superado” (repita 20 vezes, em voz alta!!!) Viu só? Não só resolvemos um (possível) bloqueio psicológico (que talvez você esteja carregando desde a sua 2ª série do 1º grau), como constatamos que, antes de pronome possessivo, o artigo é facultativo. Agora, vamos resolver a questão. Essa é uma ótima oportunidade de analisarmos, na prática, aquele conceito de “não empregar artigo antes de nome de parentesco”, defendido por alguns autores. Analisando todas as opções da questão, a única em que o emprego do artigo definido feminino poderia ser facultativo seria a opção a: Entreguei-o à minha mãe. A banca da NCE UFRJ considerou válido o emprego de artigo antes de pronome possessivo que acompanha parentesco. É por essas e outras que, em se tratando de pontos doutrinários divergentes, devemos apresentar todas as formas válidas, a fim de possibilitar ao candidato a análise das opções e identificação da resposta válida. Se a banca apresentar referência bibliográfica, siga a linha adotada pelo autor indicado. Caso contrários, leve na manga todos esses conceitos e, na hora, analise as opções. De volta à questão, em todos os casos, o termo regente é o verbo entregar. Alguém entrega alguma coisa a alguém. Então o termo regente (entregar) exige a preposição a. Assim, estão corretas as formas “Entreguei-o a minha mulher” e “Entreguei-o à minha mulher”. Se for dinheiro, então, entregue logo à sua mulher de qualquer jeito, com crase ou sem crase! PRESTE BASTANTE ATENÇÃO quando houver, em construções com pronomes possessivos, mais de um termo regido. Neste caso, devemos respeitar o PARALELISMO SINTÁTICO, ou seja, o que acontecer com um elemento deve acontecer também com todos os demais que exercem a mesma função sintática. Exemplo:

“Preciso pedir dinheiro ..... minha patroa”. Termo regente – pedir – exige preposição a Termo regido – (a) minha patroa – como o emprego do artigo é facultativo, se houver artigo, há crase (pedir dinheiro à minha patroa); se não houver artigo, não há crase (pedir dinheiro a minha patroa). Assim, a lacuna pode ser preenchida com a ou com à. Com dois termos regidos: “Preciso pedir dinheiro ..... minha patroa e ao meu patrão.” – nesse caso, se houve o emprego do artigo antes do segundo elemento (ao meu patrão), deve-se empregar também no outro (à minha patroa), já que ambos exercem a mesma função sintática: “Preciso pedir dinheiro à minha patroa e ao meu patrão”. A lacuna, agora, só poderia ser preenchida com à. Sobre paralelismo sintático, teremos outra questão mais adiante. 14 – C Para acertar essa questão, devemos ter na ponta da língua diversos tópicos já estudados nas aulas anteriores (concordância e regência). O gabarito foi opção c. A pergunta que soluciona o problema é: o que se pode combater? A estrutura PODER + SE + VERBO NO INFINITIVO possibilita duas construções: 1ª. VOZ PASSIVA – Pode-se combater a ilusão. (= A ilusão pode ser combatida). 2ª. SUJEITO ORACIONAL – Pode-se combater a ilusão. (= Combater a ilusão é possível). De qualquer forma, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Assim, na primeira construção, “a ilusão” exerce a função de sujeito, que não deve ser antecedido de preposição, segundo a norma culta. Na segunda, “a ilusão” serve de complemento verbal para o verbo combater. Esse é um complemento direto, dada a transitividade do verbo (Alguém combate alguma coisa - transitivo direto). Não há justificativa para o emprego da preposição qualquer que seja a construção escolhida. Em relação às demais opções: a) a locução adverbial feminina recebe acento grave – à primeira vista. b) o termo regente é o verbo preferir. Como bitransitivo, exige a preposição a antes de seu complemento indireto, que vem representado pela expressão “terapia convencional”. O que se afirma (colocando na ordem direta) é: Os médicos preferem novas condutas (...) às terapias convencionais. Portanto, está correta a construção. d) de um lado, o termo regente é o substantivo referência, que exige a preposição a (Alguém faz referência a alguma coisa). De outro, um substantivo usado em sentido amplo, genérico: doenças mentais. Nesse caso, há apenas um “a”, a preposição, o que impede a acentuação. Está correta a passagem. Em

seguida, outra ocorrência: o termo regente é o adjetivo ligadas, que exige a preposição a. De outro lado, o termo regido é ilusões. Deu-se o encontro dos dois “as”: ligadas às ilusões. Tudo certinho, certinho... 15 – Item CORRETO Essa é uma ótima questão sobre paralelismo sintático, que começamos a estudar na resolução da q.13. O termo regente é direito. Alguém tem direito a alguma coisa. Assim, o substantivo exige a preposição a. Na posição de termos regidos, originalmente o autor determinou cada um deles: a vida, a liberdade, a propriedade, a igualdade perante a lei. O examinador sugere a retirada desses determinantes. Não há problema algum, desde que se retire TODOS os determinantes, como indicou (direito a [só a preposição] vida, liberdade, propriedade, igualdade...). Por isso, está correta tal assertiva. Observe, mais adiante no texto, um outro bom exemplo: “o direito à educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, a uma velhice tranqüila.”. Os termos educação, trabalho, salário justo, saúde estão acompanhados de artigos definidos. Já o substantivo velhice, por ser vago, apresenta um artigo indefinido. De qualquer forma, todos os elementos apresentam-se junto de um determinante – o artigo. 16 – Item INCORRETO O termo regente dar (verbo que faz parte da locução temos dado) apresenta complemento direto (atenção) e indireto (regido pela preposição a). Sugere o examinador que a expressão que se segue perderia seu caráter genérico se estivesse, opcionalmente, antecedida de um a com acento grave. Tudo lindo, maravilhoso, não estivesse o termo regido acompanhado da expressão “uma de nossas mais importantes”.

“riquezas

nacionais”

Quem se ateve a ler a opção sem voltar ao texto deve ter caído direitinho nessa casca de banana. Não é possível o emprego do acento grave por não ser possível o emprego de um artigo definido feminino antes daquela expressão. Mesmo que assim não fosse, ou seja, que não houvesse a expressão, o termo regido seria “riquezas nacionais”, expressão plural que, se fosse o caso, seria acompanhada de um artigo definido plural. 17 – Item INCORRETO O termo regente é o substantivo acesso (Alguém tem acesso a alguma coisa/ algum lugar), que exige a preposição a. A troca sugerida do termo regido, com o emprego do sinal grave, iria alterar o sentido da expressão “dados bancários protegidos por sigilo”, que foi usada de maneira vaga, genérica (não são os dados bancários “X ou Y”, mas quaisquer dados). Essa acentuação indicaria o uso de artigo definido antes do substantivo.

Seria possível, sim, a troca de dados por informações, desde que ajustada a concordância com os adjetivos correspondentes e mantida a preposição (exigida pelo termo regente) sem artigo, para dar à expressão um valor vago: “... que facilitava o acesso da Receita Federal a informações bancárias protegidas por sigilo...”. 18 - E Para confirmar a existência da preposição antes de “aqueles”, é necessário, primeiramente, colocar a oração na ordem direta. Para isso, partimos do verbo ser e, para haver lógica, do adjetivo inútil. O que é inútil? Resposta: “recomendar desprendimento” (sujeito oracional). O verbo “recomendar”, na construção, é transitivo direto e indireto (Recomendar alguma coisa a alguém). O que se recomenda (ou seja, qual é o objeto direto)? Desprendimento. A quem se recomenda desprendimento (qual é o objeto indireto?) Àqueles [a + aqueles] que alimentam um preconceito. Note que o objeto indireto é regido pela preposição a. Na ordem direta, a oração seria: Recomendar desprendimento àqueles que alimentam um preconceito é inútil. Então, seguindo a análise de TERMO REGENTE + TERMO REGIDO, o termo regente, verbo “recomendar”, exige a preposição “a”. O termo regido é o pronome demonstrativo “aqueles”. Houve crase, devendo ser indicado com o acento grave: “Àqueles que alimentam um preconceito é inútil recomendar desprendimento” – construção perfeita. Na seqüência, há outra ocorrência de crase: TERMO REGENTE – verbo “reservar”: Alguém reserva alguma coisa a alguém. Como está acompanhado do pronome “se” apassivador, o pronome “este”, que se refere a “desprendimento”, é o sujeito paciente. Como vimos na aula sobre verbos, o objeto indireto da voz ativa (Fulano reservou alguma coisa a alguém) continua a exercer a mesma função na voz passiva (Alguma coisa foi reservada por Fulano a alguém) – esquema em “Transposição de Vozes Verbais” do tópico “Vozes do Verbo” da aula 2 (pg.17, se não me engano...). Como o termo regente exige a preposição “a” e o termo regido (“pessoas generosas”) admite artigo definido feminino plural, há ocorrência de crase, estando correta a construção: “...este se reserva às pessoas generosas”. Os demais itens apresentam as seguintes incorreções. (A) Dos dois registros de crase, somente o segundo está incorreto. Na primeira ocorrência, o termo regente é o verbo reportar-se, que exige a preposição “a” (Alguém se reporta a alguém/alguma coisa). O termo regido é o substantivo inexperiência, que aceita o artigo definido feminino. Há, portanto, ocorrência de crase, que está devidamente indicada pelo acento grave em “Reportamo-nos à inexperiência de um cidadão...”. Já no segundo registro, o termo regente “propensos” (adjetivo) exige a preposição “a” (Alguém é propenso a alguma coisa). Contudo, o termo regido não admite o artigo definido, pois é um verbo (rejeitar). A construção seria: “somos propensos a rejeitar a candidatura de um político profissional”. (B) A primeira ocorrência de crase está corretamente indicada. O termo regente culto exige a preposição “a”; o termo regido aparências admite o artigo definido feminino plural – há crase: “O culto às aparências”.

Já no segundo, o termo regente, o verbo prender, é transitivo direto (pronominal) e indireto, com a preposição “a” (Alguém se prende a alguma coisa); no entanto, o termo regido é o pronome pessoal elas, que não admite o artigo definido antes de si. Há, portanto, apenas um “a”, que é a preposição – “uma vez que a elas nos prendemos todos, em nossa vida comum”. (C) O termo regente caber é transitivo indireto (Alguma coisa cabe a alguém). A expressão que exerce a função de objeto indireto é “a gente”, que, segundo o contexto, apresenta a acepção equivalente a “nós”; uma vez antecedida da preposição “a”, forma crase. Para a análise, não se deve levar em conta a expressão denotativa “é que”; na ordem direta, a construção seria: “identificar os preconceitos (sujeito) cabe à gente.”. Em seguida, o termo regente, verbo afetar, é transitivo (Alguma coisa afeta alguém). O termo regido é “aqueles artistas e profissionais”: “sobretudo os que afetam aqueles artistas” – crase incorretamente indicada. Finalmente, o termo regente dar é transitivo direto (objeto direto: graça) e indireto (objeto indireto: nossa vida), devendo o complemento indireto ser precedido da preposição “a”. Como o termo regido é iniciado por um pronome possessivo, o emprego de artigo definido feminino é facultativo, podendo ocorrer crase ou não (“profissionais que dão graça a / à nossa vida”). Portanto, está correta a indicação de crase. (D) O termo regente, verbo assistir, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto, exigindo a preposição “a”. O termo regido é “exibição”, que admite artigo definido feminino. Há crase: “Assistimos à exibição descarada de preconceitos...”. Correto emprego do acento grave. O erro está na seqüência: o termo regente, verbo causar, é transitivo direto (coisa) e indireto (pessoa) (Fulano causou alguma coisa a alguém), regendo a preposição “a”; o termo regido é “pessoas”, que admite o artigo definido feminino plural. Houve o registro desse artigo, mas faltou a indicação de crase para registrar a existência da preposição. A forma correta seria: “que tantos dissabores causam às pessoas...”. Por fim, a expressão “à distância”, como vimos, é objeto de bastante polêmica. Vamos relembrar: A maioria dos gramáticos afirma que, sem especificação, a expressão não recebe acento (“Mantenha-se a distância.”). Havendo definição dessa distância, usa-se o acento grave (“Mantenha-se à distância de 10 metros.”). Contudo, a recomendação do professor Celso Luft é acentuá-la sempre, por considerá-la uma locução adverbial feminina. Note que o examinador, nesta questão, não deixou clara a sua posição, ao indicar outro erro de crase antes dessa expressão. Ótimo para o candidato, que não precisaria esquentar a cabeça. Mas, mesmo assim, todo cuidado é pouco. Leve esse conhecimento para a prova e, caso se depare com a polêmica expressão adverbial “a/à distância”, analise as demais opções para afirmar se está certo ou errado o emprego na questão. 19 – A O verbo assistir é transitivo indireto e rege a preposição a. Este é o termo regente. O termo regido é o substantivo peças, que, por estar no plural, deve ser acompanhado de artigo definido feminino plural. Só que esse substantivo está sendo usado de

maneira genérica, dispensando o artigo. Assim, a forma correta seria: “... não se assistia a peças com tanto senso crítico como estas”. Em relação às demais opções, devemos observar. a) O termo regente é chegar, verbo transitivo indireto que, por indicar movimento, rege a preposição a. Como o termo regido é o substantivo varanda, a contração do artigo que o acompanha com a preposição forma “à”. Para nunca mais errar na regência deste verbo, passe a usá-lo corretamente no seu dia-a-dia. Assim que chegar a casa (sem acento, como vimos logo no início), ensine essa lição ao seu filho, seu cônjuge, sua sogra, seu cunhado... seja um chato!!!! Passe a corrigir todo mundo!!! Assim é que se apre(e)nde o conceito...rs... c) Um bom exemplo do emprego de artigo com topônimos. Vamos fazer o teste do morar: Eu moro em Ipanema, em Jacarepaguá ou na Barra. Dos três bairros, o único que admite artigo é o terceiro, motivo pelo qual o “a” foi acentuado. d) O verbo referir-se é transitivo indireto, com a preposição a. O artigo antes de pronomes possessivos é facultativo. O examinador optou por seu emprego. Assim, houve a fusão da preposição a com o artigo definido as = “O povo referia-se às nossas praias...”. e) Os artigos definidos que acompanham os substantivos direita e esquerda se contraíram com a preposição exigida pelo termo regente, o verbo dirigir-se (transitivo indireto, regente da preposição a), formando crase (“...à direita e à esquerda do palanque”). Observe que estas não são locuções adverbiais femininas, como em “Vire à direita / à esquerda” (que também seriam acentuadas). 20 – Item INCORRETO Até que essa questão não foi das piores, não é mesmo? O termo regente é a locução prepositiva “em relação a”. O termo regido é “oportunidades”. Houve crase por ter sido empregado o artigo definido feminino plural antes desse substantivo: as oportunidades. A questão propõe a retirada do artigo. Até aí, tudo certo. O erro está em indicar que a forma passaria a ser “à”. Opa! Você já está careca de saber que “à” é a contração da preposição “a” com o artigo definido singular feminino “a”. Se ele quisesse usar um artigo, não poderia ser, de modo algum, no singular, haja vista que o substantivo correspondente está no plural. A retirada do artigo levaria ao registro de “em relação a oportunidades”, em que só haveria a locução prepositiva e, portanto, apenas um “a”, sem acento grave. 21 - E Essa questão de crase nos dá a oportunidade de falar sobre a expressão “à custa de”, que deve ter derrubado muita gente. Vamos analisar lacuna por lacuna. 1ª lacuna) O termo regente corresponder exige a preposição “a” (Algo corresponde a alguma coisa). O termo regido poderia até admitir o artigo ou ser usado em sentido genérico (correspondeu às / a necessidades do trabalho). Para confirmar essa

possibilidade, vamos construir uma oração em que “necessidade do trabalho” seja o sujeito: “Necessidade do trabalho leva milhares de pessoas à migração” – ou - “A necessidade do trabalho leva...”. Pode haver artigo ou não. Mas de qualquer forma há preposição, exigida pelo termo regente. Eliminamos, assim, a opção “c” (as – só artigo, sem preposição). 2ª lacuna) Esse termo regido possui o mesmo termo regente (correspondeu) que exige a preposição “a”. Dessa vez, o termo regido foi usado em sentido específico (necessidade da produção, ou mais realmente à necessidade das colheitas) – percebeu o “à” antes da segunda ocorrência de “necessidade”? Então, há artigo antes de “necessidade da produção” também, o que provoca crase: “[corresponde] à necessidade da produção”. 3ª lacuna) Essa lacuna dá continuidade à estrutura que teve início em “correspondeu sempre, sim, à necessidade de produção”. Como houve artigo antes de “necessidade da produção”, antes de “necessidade das colheitas”, deve haver também antes de “necessidades de dinheiro pronto e de dinheiro fácil”. Todos esses substantivos encontram-se definidos, o que justifica o emprego do artigo. Em virtude do encontro com a preposição exigida por “correspondeu”, há crase: às necessidades de dinheiro. 4ª lacuna) Agora a palavrao “guerra” (em abrir guerra) requer a preposição “a” (Alguém abre guerra a ou contra algo/alguém). Como “ociosidade” admite artigo, há crase: “No dia em que se abrir guerra à ociosidade...”. 5ª lacuna) O verbo “oferecer” é bitransitivo, ou seja, apresenta complemento direto e indireto. O objeto direto é “garantias” e o objeto indireto “gente do campo”. Como temos uma voz passiva pronominal (presença do pronome apassivador se – se oferecerem garantias = se garantias forem oferecidas), o objeto direto exerce a função de sujeito paciente. Mas nada disso afeta a função de objeto indireto (olha o esquema aí, gente!!!). Em relação a esse segundo complemento, exige-se a preposição “a” (Alguma coisa é oferecida a alguém). Antes de “gente do campo” pode haver artigo definido feminino singular, o que justifica o acento grave: “se oferecem garantias à gente do campo”. 6ª lacuna) Finalmente, chegamos à última lacuna. Trata-se da expressão “à custa de”, que significa “às expensas de”. Cuidado com a confusão que muita gente boa faz: o substantivo “custas” significa “despesas judiciais devidas no processo”. Já o correspondente no singular (custa) tem o sentido de “custo, dispêndio, despesa”. A partir do significado de cada um dos vocábulos, já dá para perceber que a expressão deve ser grafada no singular: “Aquele rapaz vive até hoje à custa do pai”, “Eu não sou homem de viver à custa de mulher”. Se você costumava usar essa expressão no plural, pode começar a mudar hoje mesmo. Como é uma locução feminina, recebe o acento grave. Esse conceito seria suficiente para definir a resposta dessa questão – a única opção que apresenta “à custa de” é a de letra E. 22 - A 1ª lacuna: Para começar, analise uma outra estrutura: “A loja funciona das 10h .... 18h”.

Há um artigo (contraído com a preposição “de”) antes do primeiro elemento (das 10h). Então, deve haver artigo antes do segundo. Como já existe uma preposição “a”, ocorre a fusão: “das 10h às 18h”. A isso se dá o nome de paralelismo sintático (Lembra? O que acontece com um elemento ocorre também com os demais de mesma função sintática). Note, agora, que antes de “janeiro” há somente uma preposição (“de”), não há artigo. Aliás, não daria para ser diferente. Ninguém fala “do janeiro ao dezembro”, não é mesmo??? Pois, se não há artigo antes do primeiro elemento, não pode haver antes dos demais. A relação é “de ... a ...”, somente com preposições. Por isso, não há crase: “de janeiro a julho”. Paralelismo nele! 2ª lacuna: Na expressão “em comparação com” já existe uma preposição (“com”), o que impossibilita a existência da preposição “a”. O que irá preencher a lacuna é o pronome demonstrativo “a”, equivalente a “aquela”, que se refere à palavra “produção” (“houve aumento na produção de veículos, em comparação com [a produção] obtida no ano passado”). Não há dois “as”, somente um - o pronome demonstrativo. Portanto, não há crase: “em comparação com a obtida...”. 3ª lacuna: Em locução verbal, há apenas preposição, sem artigo. Por isso, não há crase: “As montadoras passaram a exportar”. A ordem será: a, a, a – opção (A) 23 - C Essa é para terminarmos o nosso estudo de hoje. Vamos analisar cada um dos termos destacados. 1º) O termo regente permitir exige a preposição a (permitir algo a alguém); o termo regido Executivo admite artigo definido masculino – forma-se “ao” - correto; 2º) O termo regente apto exige a preposição a (“Alguém está apto a alguma coisa.”); o termo regido ajudar é um verbo e não admite artigo definido feminino. Portanto, não ocorre crase: está apto a ajudar - correto; 3º) O termo regente enviar exige a preposição a (“Alguém envia algo a alguém.”); o termo regido Receita admite o artigo definido feminino (“A Receita divulga o último lote de restituição.”). Por isso, ocorre crase: “As informações ... são enviadas à Receita ...” – Esse é o item incorreto. 4º) O pronome demonstrativo está se referindo a alguma informação que já foi dada (pertence ao “passado” do texto), por isso requer a forma “esse”. O emprego de pronomes demonstrativos em relação ao texto (referência anafórica) será objeto de nossa próxima aula (Pronomes). 5º) O pronome relativo que substitui casos. Em uma outra estrutura, teríamos “nesses (= em + esses) casos, o programa ...”. Percebe-se a necessidade do emprego da preposição em, então a forma está correta: “nos casos em que o programa...”. Mas não se preocupe com pronome relativo. Em nosso próximo encontro (que será bem maior que esse de hoje), veremos também esse assunto. Grande abraço e até lá.

PRONOMES Pronome é o vocábulo que, ao pé da letra, “fica no lugar do nome” (chamado de pronome substantivo) ou o determina (pronome adjetivo). Para compreender melhor a função dos pronomes, precisamos saber o conceito de coesão textual, pois essas palavras, assim como os conectivos (conjunção e preposição – a serem estudados na próxima aula), são responsáveis por estabelecer nexo entre as idéias do texto. Coesão textual é a ligação entre os elementos da oração e delas em relação ao texto. A incoerência de um texto muitas vezes se deve à falta de coesão, exatamente porque a leitura fica prejudicada pelo emprego inadequado de pronomes, conjunções ou outros elementos textuais, inclusive a pontuação. Por exemplo, o uso inapropriado de “porquanto” ou de “a ele” pode levar o leitor a uma conclusão diversa da que se pretendia dar, ou até mesmo a nenhuma conclusão (alguns chamam de “ruptura semântica”). Os pronomes exercem um papel decisivo na construção de um texto coeso e coerente, a partir de indicações corretas aos seus elementos. Muitas questões de prova abordam esse conhecimento. Algumas vezes, a banca (especialmente, ESAF e CESPE) faz afirmações sobre as referências textuais e o candidato deve verificar se estão corretas essas indicações. Para isso, a compreensão correta do texto e o domínio do significado de seus elementos são decisivos. DEFINIÇÃO Pronomes são palavras que determinam um substantivo ou ocupam o seu lugar. Daí, a designação pronomes adjetivos ou pronomes substantivos, respectivamente. Servem para, no primeiro caso, acompanhar um substantivo, determinando-lhe a extensão (assim como o faz um adjetivo) e, no segundo, representar o próprio substantivo, ficando em seu lugar. Todo pronome tem uma função sintática, que pode ser própria do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto indireto) ou do adjetivo (adjunto adnominal, predicativo do sujeito, predicativo do objeto). Este produto é importado. (pronome adjetivo / função de adjunto adnominal) Isto é importado. (pronome substantivo / função de sujeito) Os pronomes podem ser interrogativos e relativos. PESSOAIS

pessoais,

possessivos,

demonstrativos,

indefinidos,

¾

representam as três pessoas do discurso - a que fala (1ª pessoa), a com quem se fala (2ª pessoa) e a de quem se fala (3ª pessoa);

¾

dividem-se em retos e oblíquos. Regra geral, os retos exercem a função de sujeito ou de predicativo do sujeito, enquanto que os oblíquos funcionam como complementos (objetos diretos, indiretos ou adjuntos);

¾

os pronomes oblíquos devem obedecer a certas regras de colocação (sintaxe de colocação pronominal), a serem estudadas mais à frente.

DE TRATAMENTO

¾

categoria dos pronomes pessoais que designa a forma de tratamento a ser usada no trato com certas pessoas.

¾

a pessoa com quem se fala pode ser expressa também pelo pronome de tratamento, que leva tanto o verbo quanto os pronomes para a 3ª pessoa;

¾

os únicos pronomes de tratamento que admitem o uso do artigo acompanhando-os são: senhor, senhora, senhorita.

¾

estabelecem relação de posse entre os elementos regente e regido;

¾

como já vimos em aula anterior, há casos em que um pronome pessoal oblíquo é usado com valor possessivo, ponto a ser estudado mais adiante.

¾

indicam a posição dos seres no espaço e no tempo (função dêitica dos pronomes demonstrativos) ou em referência aos elementos do texto (função anafórica ou catafórica);

¾

também podem substituir algum termo, expressão, oração ou idéia, evitando sua repetição, no papel de termos vicários (“Há muito tempo eu planejo sair de férias e vou fazê-lo no meio desse ano.” – fazê-lo = fazer isso = sair de férias, ou “Eu lhe jurei que seria fiel e vou sê-lo” – ser isso – ser fiel – o pronome permanece neutro, sem flexão de gênero ou número, assim como acontece com o “isso”).

INDEFINIDOS

¾

têm sentido vago ou indeterminado.

INTERROGATIVOS

¾

é uma subclasse dos pronomes indefinidos. Muito importante é compreender a distinção entre eles e os pronomes relativos, já que a grafia é a mesma em alguns casos (como, quando, quem etc): os pronomes indefinidos são usados nas interrogações, diretas ou indiretas, enquanto que os pronomes relativos apresentam referência a termos antecedentes – veja mais detalhadamente a seguir.

RELATIVOS

¾

referem-se a um termo anterior chamado antecedente ou referente (substantivo ou pronome substantivo);

¾

sempre dão início a orações subordinadas adjetivas.

POSSESSIVOS

DEMONSTRATIVOS

1 - PESSOAIS 1.1 - CLASSIFICAÇÃO Designam as três pessoas do discurso. Classificam-se em RETOS e OBLÍQUOS.

RETOS: funcionam como sujeito ou predicativo do sujeito. Por isso, Rocha Lima os denomina pronomes subjetivos (no papel de sujeito). Tu não és eu. O fato de ele reconhecer o erro não importa. OBLÍQUOS: funcionam como complemento, motivo pelo qual Rocha Lima os chamou de pronomes objetivos. Vi-o na rua Deu-lhe um bom presente Quero comprá-las Fi-los entrar Nesse último exemplo (Fi-los entrar.) vemos um caso excepcional em que o pronome oblíquo exerce a função sintática de sujeito (do verbo entrar), assunto que será apresentado mais adiante (caso 1.3). QUADRO RESUMO DOS PRONOMES PESSOAIS CASO OBLÍQUO

PLURAL

SINGULAR

PESSOA

CASO RETO

ÁTONO

TÔNICO (sempre com preposição)



EU

ME

MIM, COMIGO



TU

TE

TI, CONTIGO



ELE/ELA

SE, O, A, LHE

SI, ELE*, ELA*



NÓS

NOS

NÓS*, CONOSCO



VÓS

VOS

VÓS*, CONVOSCO



ELES/ELAS

SE, OS, AS, LHES

SI, ELES*, ELAS*

OBSERVAÇÕES: 1:(*) Quando oblíquos, são sempre preposicionados: “Nem ele entende a nós, nem nós a ele.”. A preposição está na frase por força do uso do pronome, sendo o caso de objeto direto preposicionado. Na linguagem coloquial informal, costumam ser usados acompanhados de numerais (Encontrei elas duas.) ou pronome indefinido (Trouxe todas elas.), construção não abonada pela linguagem culta formal (Encontrei-as, as duas. / Trouxe-as todas.). Os oblíquos “nós/vós” podem ser usados acompanhados da preposição com e elementos reforçativos, como os pronomes demonstrativos “MESMOS” ou “PRÓPRIOS”. Ex.: Só podemos contar com nós mesmos. 2: Os pronomes me, te, se, nos, vos podem exercer as funções de objeto direto ou indireto, de acordo com a transitividade do verbo. Uma boa técnica de saber se o pronome está na função de complemento direto ou indireto é trocar o pronome por um NOME, ou seja, por um substantivo: “Ele não me obedece.” – trocamos o “me” por “o pai”: “Ele não obedece ao pai”.

Como o complemento verbal foi antecedido de preposição, o pronome “me” exerce a função de objeto indireto. Não adiantaria nada trocar o “me” por “a mim”, pois, como vimos acima, esse pronome oblíquo sempre será preposicionado. 3: Os pronomes oblíquos podem ser, ainda, reflexivos e recíprocos. Os primeiros, quando o objeto direto ou indireto representa a mesma pessoa ou coisa que o sujeito do verbo; os recíprocos exprimem reciprocidade da oração. Vamos ver como isso já foi objeto de prova? (FCC / TRE PI / 2002) Afinal, os papéis não haviam ficado ......, mas sim ...... . (A)) contigo - com nós mesmos (B) contigo - conosco mesmos (C) com ti - conosco mesmo (D) com tu - conosco mesmos (E) com tu - com nós mesmos Na função de complemento, não se deve usar pronomes retos, como sugerem as opções d e e (“com tu”). A preposição com já faz parte da forma “contigo”, que deve preencher a primeira lacuna. Em seguida, o preposição com antecede o “nós”. Como esse pronome oblíquo está acompanhado de um pronome demonstrativo mesmos, está correta a forma da opção A – contigo / com nós mesmos. 1.2 - RELAÇÃO ENTRE PREPOSIÇÃO E PRONOME As preposições de e em contraem-se com o pronome reto de 3ª pessoa ele(s) e ela(s): A pasta é dele, e nela está o meu livro. Normalmente, após preposição usa-se o pronome oblíquo. Entre mim e ti existe um abismo profundo. Entretanto, se após a preposição, especialmente a preposição para, o pronome estiver como sujeito do verbo no infinitivo, permanece sendo pronome reto e, segundo a norma culta, não poderá se contrair, embora na linguagem coloquial já se admita a contração. Observe os exemplos. 1) Apesar de ela não saber nada, passou no concurso. (quem não sabia nada? Resposta: “ela” – sujeito Î pronome reto) 2) Isto não é trabalho para eu fazer. (quem não vai fazer o trabalho? Resposta: “eu” - sujeito Î pronome reto) 3) Isto não é trabalho para mim.

(O trabalho é para quem? Resposta: “para mim” = complemento nominal Î pronome oblíquo) 4) O milagre de ele existir tinha-se dado naquele momento. (quem existe? Resposta: “ele” - sujeito Î pronome reto) 5) Pouco depois de ela sair, fomos embora. (quem saiu? Resposta: “ela” – sujeito Î pronome reto) Faça agora um teste: Para mim comparecer a essa reunião foi um prazer. Até o corretor ortográfico do Word cai nessa pegadinha. Ele sugere a troca do “mim” pelo “eu”. Será que isso estaria correto? Vejamos. Primeira pergunta: o que foi um prazer? Resposta: “comparecer a essa reunião”. Então, na ordem direta (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO), teríamos: “Comparecer a essa reunião foi um prazer”. Ótimo! Isso (comparecer a essa reunião) foi um prazer para quem? Resposta: “para mim”. Então, complementando a estrutura acima, teríamos: “Comparecer a essa reunião foi um prazer para mim.” O que levou o Word (e muitos alunos) a imaginar um erro (que não existe) foi o deslocamento do complemento nominal para o início do período, causando, assim, a aproximação do “mim” (que atua como complemento nominal de “prazer”) com o verbo “comparecer” (que faz parte do sujeito oracional). Nessa, até o Bill Gates caiu!!! Sorte dele não precisar fazer um concurso público aqui no Brasil....rs.... Veja, agora, como já caiu em prova. (FUNDEC / TJ MG / 2002) Tendo em conta o emprego das formas pronominais "eu" e "mim", assinale a alternativa INCORRETA. a) Toda a conversa entre eles e eu se deu a portas fechadas. b) Seria muito penoso para mim comparecer ao julgamento. c) Quando me aproximei, notei que falavam sobre você e mim. d) Não há diferença entre eu lhes dar a notícia ou qualquer outra pessoa. O gabarito foi letra a. A conversa rolou entre eles e MIM. Após uma preposição (entre), o pronome a ser usado é o oblíquo: MIM. Só se usa pronome reto após preposição quando este pronome exerce a função de sujeito da forma verbal no infinitivo, como na construção da letra d: quem vai dar a notícia? Resposta: “eu ou qualquer outra pessoa”. Como o pronome é o sujeito do verbo dar, está correto o emprego do pronome reto (eu). A opção b apresenta estrutura idêntica à do exemplo que apresentamos.

Muitas vezes, quando o “mim” fica perto de um verbo no infinitivo, muita gente tem cólicas e sai por aí berrando: “mim fazer” quem diz é índio!!! Em parte, tem razão. Mas só em parte, pois é preciso analisar a estrutura para verificar se este “mim” é mesmo o sujeito do verbo no infinitivo, antes de sair por aí condenando a estrutura. Na ordem direta, a construção seria: “Comparecer ao julgamento seria muito penoso para mim.”. O pronome, nesse caso, é complemento nominal ao adjetivo “penoso” (É penoso para quem? Para mim.) e não sujeito de comparecer, que está sendo usado em sentido genérico (verbo impessoal). Note que o verbo continuaria inflexível qualquer que fosse o pronome: Comparecer ao julgamento seria penoso para nós. Isso porque este verbo é impessoal (não tem sujeito) e está sendo usado em sentido amplo (O ato de comparecer). Está perfeita a construção da letra c. Após a preposição “sobre”, foi empregado corretamente o oblíquo “mim” e o pronome de tratamento “você”. 1.3 - PRONOME OBLÍQUO ÁTONO SUJEITO DE UM INFINITIVO CASO 1 - Mandei que ele saísse. CASO 2 - Mandei-o sair. Nos dois casos, o sujeito do verbo mandar é o mesmo e está indicado pela desinência verbal: (eu) mandei. No entanto, apresentam complementos diferentes. Verificamos que o objeto direto do verbo mandar (Eu mandei o quê?) é expresso: - no CASO 1: pela oração que ele saísse. - no CASO 2: pelo pronome seguido de infinitivo o sair. Agora, vamos analisar as orações que exercem a função de complemento do verbo mandar. CASO 1: oração desenvolvida (iniciada pela conjunção “que”) = que ele saísse. Quem vai sair? Resposta: ele. Então, o sujeito de “saísse” é o pronome pessoal reto “ele”. CASO 2: o sair = Quem vai sair? Resposta: o. Esse pronome oblíquo, que representa algum substantivo (menino, rapaz, aluno etc.), é o sujeito do verbo “sair”. Esse é o caso especial de que tratamos logo no início da nossa aula. Geralmente, a função de sujeito é exercida por um pronome pessoal reto, enquanto que cabe aos pronomes oblíquos a função de complemento verbal. Pois essa é a única exceção: VERBOS CAUSATIVOS (mandar, deixar, fazer) ou SENSITIVOS (ver, sentir, ouvir) acompanhados de complemento representado por um pronome oblíquo na função de sujeito e um verbo no infinitivo. Para treinar, vamos analisar a construção da belíssima canção: “Deixe-me ir, preciso andar Vou por aí a procurar Rir pra não chorar Quero assistir ao sol nascer Ver as águas do rio correr Ouvir os pássaros cantar

Eu quero nascer, quero viver.” (Preciso me encontrar, de Candeia)

Quem é o sujeito de “ir”, na primeira estrofe? O pronome oblíquo “me”. Nas passagens “Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar”, vimos que, em relação à concordância do verbo correr/cantar, no infinitivo, quando se apresenta um sujeito nominal (substantivo), não há consenso entre os gramáticos. Uns indicam a flexão verbal obrigatória (Ver as águas dos rios correrem/ Ouvir os pássaros cantarem); outros proíbem a flexão (Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar); há também os que facultam indistintamente essa flexão (Ver as águas dos rios correr/correrem, Ouvir os pássaros cantar / cantarem). Contudo, se no lugar dos nomes estiverem os pronomes oblíquos correspondentes, são unânimes em afirmar que obrigatoriamente o verbo no infinitivo permaneceria sem flexão: “Vê-las correr / Ouvi-los cantar”. Na dúvida, releia o item 10.d da Aula 4 – Concordância – parte 2. É muito comum, na linguagem coloquial, usar o pronome reto no lugar do oblíquo: Mandaram eu sair. Vi ela sair. O curioso é que tal incorreção não se repete quando se constrói uma oração negativa: Não me mandaram sair. Não a vi sair. Para fixar esse conceito, a partir de agora, procure usar a construção correta: Ouvi-o dizer (e não “Ouvi ele dizer”) e afins. Para terminar o ponto, vejamos como a ESAF abordou o tema. (FISCAL MS / 2001) Marque a palavra, a seqüência ou o sinal de pontuação sublinhado, que foi mal empregado. Vivemos um período de adversidade,(A) mas contamos com o apoio de uma política econômica adequada para contorná-lo(B). Prova disso é a atuação do Banco Central no câmbio, que mantêm(C) também os juros sob(D) controle. No passado, víamos os juros subirem(E) de 15% a 45% de uma só vez. (Fernando Xavier Ferreira, adaptado) a) A b) B c) C d) D e) E O gabarito foi a letra C. Na verdade, a questão versava sobre concordância. O sujeito do verbo manter (pronome relativo que) tem como referente o substantivo atuação, devendo ficar no singular. Afinal, é a atuação do Banco Central que mantém os juros sob controle.

Mas, mesmo que a sua interpretação seja de que o pronome relativo se refere a “Banco Central” (“O Banco Central mantém os juros sob controle.”), o verbo continuaria no singular. Na aula sobre concordância, alertamos bastante para as construções com verbos derivados de pôr, ter e vir. Suas formas plurais não apresentam nenhuma distinção fonética em relação às formas singulares (mantém/mantêm, convém/convêm), o que poderia enganar o ouvido do candidato. O mesmo pode ocorrer com outros verbos (compor, propor, contrapor, supor, pressupor). Observe, agora, o item (E) – “No passado, víamos os juros subirem(E)”. Em estruturas como: VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO o verbo no infinito NÃO PODE SE FLEXIONAR, por apresentar como sujeito um pronome (Vi-os sair / Não os deixe fazer isso.). Nessa questão, o verbo sensitivo (ver) vem acompanhado de um substantivo (juros) que é o sujeito de um infinitivo (subirem). Oração reduzida do infinitivo – “Víamos os juros subirem.” Nessas construções, quando o sujeito do infinitivo vem sob a forma de um substantivo (e não um pronome), há divergência doutrinária. Contudo, a banca da ESAF considerou CORRETA a flexão verbal. Como não há consenso, a ESAF tratou de definir o gabarito em outra opção, de modo que, passando ao largo da discussão, não restasse dúvida acerca da resposta correta (apresentou um erro crasso de concordância na opção C). Resumindo: VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO INFINITIVO SEM FLEXÃO

+

PRONOME

OBLÍQUO

+

INFINITIVO

Î

VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + SUBSTANTIVO + INFINITIVO Î O VERBO PODE OU NÃO FLEXIONAR-SE (depende do autor, há divergência doutrinária) = busque nas demais opções a resposta.

1.4 – ALTERAÇÃO GRÁFICA DOS VERBOS EM FUNÇÃO DA COLOCAÇÃO DOS PRONOMES Quando os pronomes átonos o, a, os, as se associam a uma forma verbal, pode haver alterações gráficas nessa última: - verbos terminados em r, s, z – caem essas consoantes e os pronomes são grafados sob as formas lo, la, los, las. Mandaram prender + o = Mandaram prendê-lo - verbos terminados em terminação nasal (ão, õe, am, em) – os pronomes assumem as formas no, na, nos, nas. Sempre que meus pais têm roupas velhas, dão-nas as pobres. 1.5 - PRONOME OBLÍQUO COM VALOR POSSESSIVO

Já falamos sobre Sintaxe de Regência.

isso

nos

comentários

à

questão

4

da

aula

5

-

O pronome oblíquo pode ser usado com sentido possessivo, exercendo a função sintática de ADJUNTO ADNOMINAL. Roubou-lhe a voz, então não pôde mais reclamar. (= Roubou sua voz)

1.6 - COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES DOS PRONOMES ÁTONOS Vamos ver agora construções raríssimas na linguagem moderna. Quando numa mesma oração ocorrem dois pronomes átonos, um na função de objeto direto e outro, objeto indireto, estes pronomes podem combinar-se, observadas as seguintes regras: ¾

o pronome se associa-se aos me, te, nos, vos, lhe(s), e NUNCA aos o(s), a(s).

¾

antepostos, conservam-se separados e, pospostos, ligam-se por hífen.

1) Eu quero paz. Dê-ma Î ma = me (a mim) + a (a paz) = Dê a paz (= a) a mim (= me) 2) Apesar de não receber cartas minhas, envio-lhas sempre. Î lhas = lhe (a ela) + as (as cartas) = Envio as cartas a ela = Envio-lhas. 3) Justiça se lhe faça.

Î se (pronome apassivador = Justiça seja feita / Justiça se faça) + lhe (a ele/ela) = Justiça seja feita a ela. 1.7 - COLOCAÇÃO PRONOMINAL Adoro essa parte da matéria! É o momento em que posso ajudá-lo(a) a nunca mais errar uma questão sobre colocação pronominal. Basta que você estude bem o que será apresentado a seguir. Para começar, precisamos conhecer a terminologia que será usada. Ênclise Î o pronome aparece após o verbo. Próclise Î o pronome surge antes do verbo. Mesóclise Î o pronome é colocado no meio do verbo. Agora, a fim de facilitar a sua vida, resumimos a três todas as regras de colocação pronominal: PRÓCLISE OBRIGATÓRIA / CASOS DE PROIBIÇÃO / EMPREGO FACULTATIVO. REGRA GERAL: ÊNCLISE Segundo a norma culta, a regra é ênclise, ou seja, o pronome após o verbo. Isso tem origem em Portugal, onde essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise (antes do verbo) é mais freqüente, por apresentar maior informalidade. Mas, como devemos abordar os aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando próclise em situações excepcionais.

a) CASOS DE PRÓCLISE OBRIGATÓRIA: ¾

Desde que não haja pausa (normalmente marcada na escrita pela vírgula), as PALAVRAS INVARIÁVEIS atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”, entendemos as que não se flexionam (olhe o quadro da primeira aula!!!): os advérbios; as conjunções; alguns pronomes, como o pronome relativo que, os pronomes indefinidos quanto/como/ninguém, os pronomes demonstrativos isso/aquilo/isto. Ele não se encontrou com a namorada. (advérbio de negação) Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz. (conjunção) Havendo pausa, não ocorre a atração. Aqui se aprende a estudar.(sem pausa, advérbio atrai) Aqui, aprende-se a estudar. (com pausa, recai na regra geral)

¾

ORAÇÕES EXCLAMATIVAS ou que OPTATIVAS – próclise obrigatória.

expressam

desejo,

chamadas

de

“Vou te matar!” “Que Deus o abençoe!” “Macacos me mordam!”

¾

ORAÇÕES SUBORDINADAS “... e é por isso que nele se acentua o pensador político” (oração subordinada adverbial causal) Há pessoas que nos querem bem. (oração subordinada adjetiva restritiva)

Não se preocupe com esses “nomes e sobrenomes” das orações. Tudo isso será objeto de aula específica (Períodos). b) CASOS DE PROIBIÇÃO: ¾ Iniciar período com pronome - a forma correta é: Dá-me um copo d’água (e não “Me dá”), Permita-me fazer uma observação (e não “Me permita”); ¾ Pronome átono após verbo (ênclise) no particípio, no futuro do presente e no futuro do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde que não caia na proibição acima – iniciar período), modifica-se a estrutura (troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome em mesóclise. Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.

(Não havia outra saída. A troca foi necessária por não podermos colocar o pronome após o particípio - “concedida-me” – nem iniciar período com ele – “me concedida” Î esse são dois CASOS DE PROIBIÇÃO). Recolher-me-ei à minha insignificância. (Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei” Î CASOS DE PROIBIÇÃO).

c) EMPREGO FACULTATIVO: ¾

Com o verbo no INFINITIVO, mesmo que haja uma palavra “atrativa”, a colocação do verbo pode ser enclítica (após o verbo) ou proclítica (antes do verbo). Tanto faz, desde que não recaia em um dos casos proibidos (como iniciar período). Para não me colocar em situação ruim, encerrei a conversa. Para não colocar-me em situação ruim, encerrei a conversa.

Assim, com infinitivo está sempre certa a colocação, desde que não caia em um caso de proibição (começar período, por exemplo). CUIDADO!!! NÃO CONFUNDA INFINITIVO COM FUTURO DO SUBJUNTIVO – Na maior parte dos verbos, essas formas são iguais (para comprar = INFINITIVO /quando comprar = FUTURO DO SUBJUNTIVO). Contudo, a regra da colocação pronominal só se aplica ao infinitivo. Se o verbo estiver no futuro do subjuntivo, aplica-se a regra geral. Para ter certeza de que é o infinitivo mesmo e não o futuro do subjuntivo, troque o verbo por um que apresente formas diferentes, como o verbo trazer (para trazer / quando trouxer), fazer (para fazer/ quando fizer), pôr (para pôr/ quando puser), e tire a prova dos noves. Se for infinitivo, pode colocar o pronome antes ou depois, tanto faz. De qualquer jeito, estará certo, mesmo que haja uma palavra atrativa (invariável). Observação importante: quando houver DUAS palavras invariáveis, o pronome poderá ser colocado entre elas. A essa intercalação dá-se o nome de APOSSÍNCLISE. “Para não levar-me a mal, irei apresentar minhas desculpas.” – como vimos, com infinitivo está sempre certa a colocação (caso facultativo), mesmo que haja uma palavra invariável (no caso, são duas – para e não). COLOCAÇÕES IGUALMENTE POSSÍVEIS: (1) “Para não me levar a mal, ...”- O pronome foi atraído pelo advérbio não. (2) “Para me não levar a mal, ...” – O pronome foi atraído pela preposição para.

1.8 - COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM LOCUÇÃO VERBAL Locuções verbais são construções que apresentam um só conceito verbal sob a forma de um verbo auxiliar (ou mais) e um verbo principal. O auxiliar (o primeiro, no caso de mais de um) irá se flexionar, enquanto que o verbo principal ficará em uma das formas nominais: infinitivo, particípio ou gerúndio (assim como os demais auxiliares).

Em relação à colocação pronominal, valem os conceitos já apresentados. 1 – COM INFINITIVO ESTÁ SEMPRE CERTO; 2 – COM GERÚNDIO – ARROZ COM FEIJÃO: REGRA GERAL É ÊNCLISE – HAVENDO PALAVRA INVARIÁVEL, O PRONOME É ATRAÍDO (PRÓCLISE); 3 – COM PARTICÍPIO, A ÊNCLISE (PRONOME APÓS O VERBO) É PROIBIDA. A colocação do pronome será analisada em relação a cada um dos verbos que compõem a locução. COM O VERBO PRINCIPAL NO INFINITIVO 1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR - Eu lhe devo pedir um favor.

Próclise ao verbo auxiliar – CERTO Ainda que a regra seja a ênclise, modernamente não se condena a próclise em estruturas como essa, desde que não recaia em algum caso de proibição (iniciar período, por exemplo).

- Não lhe devo pedir um favor.

Próclise ao verbo auxiliar - CERTO Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA a colocação! Caso de próclise obrigatória.

- Eu devo-lhe pedir um favor.

Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO

- Não devo-lhe pedir um favor.

Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO. O advérbio atrai o pronome, devendo ser empregada a próclise.

2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL - Eu devo lhe pedir um favor.

A norma culta condena a próclise ao verbo principal, ou seja, o pronome “solto” no meio da locução verbal. Na linguagem coloquial, é o mais usado.

- Não devo lhe pedir um favor.

Note que o advérbio está próximo do verbo auxiliar, e não do principal. Este verbo auxiliar atua como uma pausa, reduzindo o “poder” da palavra invariável. Como já mencionamos, a norma culta condena essa colocação “solta” do pronome no meio da locução.

- Eu devo pedir-lhe um favor.

Ênclise em relação ao verbo principal – CERTO. Essa é a construção abonada pela gramática normativa.

Não devo pedir-lhe um favor.

Como já observamos, há uma “distância” entre o advérbio e o verbo principal. Assim, está CORRETA a colocação do pronome após o verbo.

COM O VERBO PRINCIPAL NO GERÚNDIO (igualzinho ao anterior) 1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR Eu lhe estou pedindo perdão.

Próclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não lhe estou pedindo perdão.

Próclise ao verbo auxiliar - CERTO Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA a colocação! Caso de próclise obrigatória.

Eu estou-lhe pedindo perdão.

Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não estou-lhe pedindo perdão.

Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO. O advérbio atrai o pronome, devendo ser empregada a próclise.

2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL Eu estou lhe pedindo perdão.

A norma culta condena a próclise ao verbo principal, ou seja, o pronome “solto” no meio da locução verbal. Na linguagem coloquial, é o mais usado.

Não estou lhe pedindo perdão.

Note que o advérbio está próximo do verbo auxiliar, e não do principal. Este verbo auxiliar atua como uma pausa, reduzindo o “poder” da palavra invariável. Como já mencionamos, a norma culta condena essa colocação “solta” do pronome no meio da locução.

Eu estou pedindo-lhe perdão.

Ênclise em relação ao verbo principal –

CERTO. Essa é a construção gramática normativa. Não estou pedindo-lhe perdão.

abonada

pela

Como já observamos, há uma “distância” entre o advérbio e o verbo principal. Assim, está CORRETA a colocação do pronome após o verbo principal.

COM O VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO 1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR Eu lhe tenho obedecido.

Próclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não lhe tenho obedecido.

Próclise ao verbo auxiliar - CERTO Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA a colocação! Caso de próclise obrigatória.

Eu tenho-lhe obedecido.

Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO

Não tenho-lhe obedecido.

Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO. O advérbio atrai o pronome, devendo ser empregada a próclise.

2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL Eu tenho lhe obedecido.

A norma culta condena a próclise ao verbo principal, ou seja, o pronome “solto” no meio da locução verbal. Na linguagem coloquial, é o mais usado.

Não tenho lhe obedecido.

Note que o advérbio está longe do verbo principal. Este verbo auxiliar atua como uma pausa, reduzindo o “poder” da palavra invariável. Como já mencionamos, a norma culta condena essa colocação “solta” do pronome no meio da locução, construção bastante comum na linguagem coloquial.

Eu tenho obedecido-lhe. (ERRADO!) Não tenho obedecido-lhe. (ERRADO!)

Está INCORRETA a colocação do pronome após o verbo principal, pois ele está no PARTICÍPIO, e pronome após particípio é um dos casos de PROIBIÇÃO.

Veja, agora, como esse assunto já foi abordado em prova. (CESGRANRIO / MPE RO / 2005) Indique a opção em que o pronome oblíquo NÃO está colocado corretamente, de acordo com a norma culta. (A) O professor levou a moto para ser consertada – levou-a. (B) O professor levará a moto para ser consertada – levá-la-á. (C) O professor levaria a moto para ser consertada – a levaria. (D) O professor tinha levado a moto para ser consertada – tinha levado-a. (E) O professor estava levando a moto para ser consertada – a estava levando. A banca apresentou a letra d como o gabarito, e cheia de razão para isso. O pronome está INDEVIDAMENTE após um verbo no PARTICÍPIO, um dos casos de proibição. Veja as demais opções: a) Construção certinha. Como vimos, segundo a norma culta, a regra é a ênclise. Assim, a forma “levou-a” é abonada pela gramática. b) Em “levá-la-á” temos um caso de mesóclise. A forma verbal está no futuro do presente do indicativo. Seria válida também a próclise, uma vez que o pronome não iria iniciar período: “O professor a levará ...”. Aproveite para observar a acentuação dessa forma mesoclítica. Cada segmento é considerado um vocábulo para as regras de acentuação (lá do início do nosso curso, lembra-se ainda?). c) Como o verbo está no futuro do pretérito do indicativo (levaria), o examinador apresentou o pronome proclítico ao verbo. Também estaria correta a forma mesoclítica: O professor levá-la-ia. e) Desta vez, optou-se pela próclise em relação à locução verbal (O professor a estava levando). As demais colocações possíveis seriam: O professor estava-a levando (ênclise ao verbo auxiliar, menos recomendável por formar um eco “va-a”) ou O professor estava levando-a (ênclise ao verbo principal). Como podemos ver, nenhuma das opções apresentou próclise ao verbo principal (aquela do pronome ‘solto’ no meio da locução verbal). 1.9 – PRONOMES DE TRATAMENTO Entre os pronomes pessoais, destacam-se os pronomes de tratamento, que são usados no trato com as pessoas.

O pronome a ser utilizado vai depender da intimidade (você, senhor, senhora) e/ou da cerimônia que se tenha com essa pessoa, de acordo com seu cargo, função, título etc. Esses são pronomes da segunda pessoa do discurso, ou seja, representam a pessoa com quem falamos. Para isso, usamos um pronome de 2ª pessoa (vós) – Vossa Majestade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria etc. Não obstante serem usados ao nos dirigirmos a alguém (2ª pessoa do discurso), esses pronomes de tratamento levam o verbo e os pronomes possessivos à 3ª pessoa: Vossa Excelência tem manifestado sua opinião. Para simplificar, basta lembrar o mais famoso pronome de tratamento: VOCÊ. Tudo o que acontece com VOCÊ vai acontecer com qualquer outro pronome de tratamento. Você sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante? Então, se usássemos “Vossa Senhoria”, a construção seria: Vossa Senhoria sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante? Isso tudo se explica: originalmente, a forma de tratamento era “Vossa Mercê”, que variou para “vosmecê”, dando origem a “você”. Hoje em dia, na linguagem cotidiana, chegamos a abreviar ainda mais: falando, usamos “cê" (‘Cê soube da última?); na escrita, é comum colocarmos “vc”, especialmente em textos coloquiais e da internet. Assim, encolhemos cada vez mais o pobrezinho! Qualquer dia ele some... rs... Quando nos referimos a pessoa de cerimônia (sem nos dirigirmos a ela), o pronome a ser usado passa a ser de 3ª pessoa: Sua Majestade, Sua Excelência, Sua Senhoria etc. Raramente, esse tema é objeto de prova. Vejamos uma dessas raras questões: (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003) Se na festa de inauguração dos trens alguém resolvesse dirigir-se ao Governador do Estado para agradecer a obra realizada, usando uma linguagem correta e adequada, deveria expressar-se de acordo com a forma da opção: A) Senhor Governador, Vossa Excelência tem conhecimento das dificuldades do povo e sabe que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra. B) Senhor Governador, Vossa Excelência tendes conhecimento das dificuldades do povo e sabeis que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra. C) Senhor Governador, Sua Excelência tem conhecimento das dificuldades do povo e sabe que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra. D) Senhor Governador, Sua Excelência tens conhecimento das dificuldades do povo e sabes que todos te são extremamente agradecidos por esta obra. E) Senhor Governador, Vossa Senhoria tem conhecimento das dificuldades do povo e sabe que todos te são extremamente agradecidos por esta obra. Para nos dirigirmos cerimoniosamente a uma autoridade, usamos o pronome de tratamento “Vossa Excelência”. Quem acompanha os debates do Congresso Nacional vê que cortesia e cerimônia se resumem ao emprego do pronome – o teor do discurso e o timbre da voz derrubam qualquer centelha de respeito entre os parlamentares.

De volta à questão, vamos eliminar a opção e, por apresentar a forma “Vossa Senhoria”, que se usa especialmente em ofícios, correspondências e outros tratamentos cerimoniosos a pessoas “comuns”. Vimos que os pronomes de tratamento, apesar de se dirigem às segundas pessoas do discurso (com quem se fala), levam o verbo e os pronomes para a 3ª pessoa (exatamente como faz o pronome “você”). Então, podemos eliminar, também, as opções b e d (que empregam verbos nas segundas pessoas, respectivamente do plural e do singular: tendes/tens). Ao nos dirigirmos à pessoa do Governador (como indica o enunciado), devemos usar o pronome sob a forma de “Vossa Excelência” (pronome de 2ª), como apresentado na opção a (gabarito), e não “Sua Excelência”, utilizado em referência a ele (O Governador chegou à capital. Sua Excelência – ELE - deve permanecer na cidade até sexta-feira – pronome de 3ª pessoa). 2. POSSESSIVOS

PLURAL

SINGULAR

Esses pronomes referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes posse dos elementos possuídos. PESSOA

POSSESSIVOS

1ª – EU

MEU, MINHA, MEUS, MINHAS

2ª – TU

TEU, TUA, TEUS, TUAS

3ª – ELE / ELA / VOCÊ

SEU, SUA, SEUS, SUAS

1ª – NÓS

NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS

2ª – VÓS

VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS

3ª – ELES / ELAS / VOCÊS

SEU, SUA, SEUS, SUAS

Algumas bancas examinadoras exploram bastante a referência textual, solicitando que o candidato indique a qual elemento se refere o pronome possessivo. Muitas vezes, é preciso voltar a ler o texto para identificar a relação entre os vocábulos destacados pelo examinador. O pronome varia em gênero e número de acordo com a coisa possuída. O promotor almoçou em sua casa. Em função do emprego do pronome possessivo “sua” também em relação ao pronome de tratamento “você”, é preciso cuidado para não gerar ambigüidade ao texto. No exemplo acima, de quem era a casa: do promotor ou de você? Para eliminar a confusão, lança-se mão de expressão dele(s)/dela(s). Vimos anteriormente que os pronomes oblíquos podem ser usados com valor possessivo. Trata-se de construção que imprime ao texto elegância. O vento acariciava-lhe os cabelos. (= os seus cabelos / os cabelos dela)

3. DEMONSTRATIVOS Indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso. Essa referência pode ser em relação a um lugar (posição espacial), a um momento (posição temporal) ou aos elementos de um texto (referência textual). 3.1 – FUNÇÕES DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS No quadro a seguir, serão apresentadas as funções dêitica, anafórica e catafórica dos pronomes demonstrativos. O que foi??? Algum problema?? Parece que você levou um susto com essas expressões. Vamos entender o que cada uma delas significa. - FUNÇÃO DÊITICA: é a capacidade de indicar um objeto sem nomeá-lo. Assim, quando dizemos “aquele tempo era maravilhoso!”, o pronome demonstrativo indica o tempo a que me refiro (tempo distante ocorrido no passado – usamos o pronome “aquele” para indicá-lo). - FUNÇÃO ANAFÓRICA e CATAFÓRICA: em relação ao texto, o pronome demonstrativo pode se referir a algum elemento que já surgiu (referência anafórica – passado – para trás) ou que ainda surgirá (referência catafórica – futuro – para a frente). PESSOA

1ª pessoa

2ª pessoa

3ª pessoa

PRONOME

ESTE, ESTA, ISTO

ESSE, ESSA, ISSO

AQUELE, AQUELA, AQUILO

POSIÇÃO ESPACIAL

Perto do falante

Perto do ouvinte

Longe do falante e do ouvinte

Este documento é meu. - O documento está bem próximo do falante (ou mesmo em suas mãos).

Esse documento é meu. - O documento está bem próximo do ouvinte.

Aquele documento que está na mesa é seu? - O documento está distante tanto do falante quanto do ouvinte.

Em referência a um momento presente ou que ainda não passou.

Em referência a um momento passado.

Em referência a tempos distantes, tanto no passado quanto no futuro.

Este ano está sendo proveitoso. – O ano a que se refere está em curso (momento presente).

Essa noite sonhei com ela. – A noite a que se refere já passou (passado próximo).

Naquela oportunidade algo estranho ocorreu.. – Faz-se menção a um momento que ocorreu em um passado remoto.

POSIÇÃO TEMPORAL

REFERÊNCIA TEXTUAL

Em relação ao que se vai enunciar (futuro próximo).

Em relação ao que já foi mencionado anteriormente.

Em relação ao que se encontra mais distante no texto, fazendo distinção entre dois elementos textuais.

O problema é este: ninguém está satisfeito com você. –ainda será mencionado aquilo que é indicado pelo pronome.

Ninguém está satisfeito com você. Esse é o problema – O pronome faz menção ao que já foi apresentado .

João e Mário estudam na UERJ. Este, Física; aquele, Letras. – O pronome “este” (Mário) faz menção ao mais próximo, enquanto que “aquele” (João) se refere ao mais distante.

Em relação às referências textuais, podemos simplificar a sua vida um pouquinho. Veja a seguir um método para memorizar o correto emprego dos pronomes demonstrativos. 3.2 - PRONOMES DEMONSTRATIVOS EM REFERÊNCIAS TEXTUAIS Quando um pronome demonstrativo faz referência a algo já mencionado no texto, ou seja, a algo que está no “paSSado” do texto, deve-se usar ESSE / ESSA / ISSO (com o SS do paSSado). Se a referência ainda vier a ser apresentada (pertence ao fuTuro), usa-se ESTE / ESTA / ISTO (com o T do fuTuro) – gostou dessa dica mnemônica? Modernamente, reduziu-se o rigor no emprego do pronome demonstrativo em referências textuais, inclusive em relação às provas (veremos em seguida). Contudo, em textos formais, deve-se observar o correto emprego dos pronomes demonstrativos. Veja como isso foi explorado em uma questão de prova da ESAF. (TRF 2002.1) Assinale a opção em que uma das duas possibilidades de redação está gramaticalmente incorreta. a) A economia americana sobreviveu a muitos percalços e, até o início da curta e moderada recessão, da qual parece começar a emergir, conheceu nove anos de uma das mais exuberantes expansões de sua história. / A economia americana sobreviveu a muitos percalços e conheceu nove anos de uma das mais exuberantes expansões de sua história até o início da curta e moderada recessão, de que parece começar a emergir. b) O professor Paul Kennedy, figura expressiva da “escola do declínio” na década de 80, confessa ter mudado de posição. Temia o pior em 1985, quando o esforço militar consumia 45% do PIB. / Figura expressiva da “escola do declínio” na década de 80, o professor Paul Kennedy confessa que mudou de posição. Temia o pior em 1985, quando o esforço militar consumia 45% do PIB. c) Pensa hoje que se tornou barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia. / Seu pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia.

d) Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou possam ignorar para sempre alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do mundo. / Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou que alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do mundo possa por eles serem ignorados para sempre. e) Significa apenas reconhecer que a atual configuração do poder mundial está longe do declínio e que um país como os Estados Unidos tem uma extraordinária capacidade para recuperar-se de erros que para outros seriam provavelmente fatais. / Significa apenas o reconhecimento de que a atual configuração do poder mundial está longe do declínio e de que um país como os Estados Unidos tem uma extraordinária capacidade para recuperar-se de erros que para outros seriam provavelmente fatais. (Itens adaptados de Rubens Ricupero)

O gabarito foi a letra d. O segundo segmento apresenta um erro de construção da locução verbal: alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do mundo possa por eles serem ignorados. O sujeito é composto e tem dois núcleos: desequilíbrios e reações. Em uma locução verbal que apresente dois verbos auxiliares (poder + ser + ignorar), o que se flexiona é o primeiro verbo auxiliar (PODER), enquanto que o segundo auxiliar e o verbo principal ficam sob formas nominais (respectivamente, infinitivo e particípio). O correto, portanto, seria “possam ser ignorados”. O que nos interessa, para esta aula de PRONOMES, é observar a opção c. Este item foi considerado CORRETO pela banca da ESAF. Note que, no segundo segmento, o autor usa o pronome demonstrativo esse em referência catafórica (algo que ainda será mencionado – para frente): “Seu pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ...”. Isso, segundo os puristas, seria um erro. Contudo, a banca indicou esse item como correto, reforçando a tese de que se reduziu o rigor gramatical no emprego do pronome demonstrativo em relação aos elementos textuais. E na hora da prova, o que fazer??? Neste caso, o candidato, para indicar a forma incorreta, estava diante de uma forma duvidosa de referência pronominal (em vez de “este” foi empregado “esse”) e de uma locução verbal com construção totalmente inaceitável. Ele deveria ficar com a segunda. Analise todas as opções antes de marcar. 3.3 – CONTRAÇÃO DO PRONOME COM PREPOSIÇÃO Pode ocorrer a contração dos pronomes demonstrativos com as preposições a, de e em. Àquela hora morta da madrugada, todos dormiam. Daquele dia em diante, nunca mais fumei. Ficaremos nesta posição até você chegar. OBSERVAÇÃO: Em expressões de tempo (dia, mês, ano, dia da semana), pode-se omitir a preposição em. Na linguagem formal, recomenda-se manter a preposição.

Vou viajar (n)este ano. (N)esta segunda-feira, será divulgado o resultado do concurso. “(No) Domingo, eu vou ao Maracanã,...”

3.4 OUTROS PRONOMES DEMONSTRATIVOS O pronome o (e flexões - a, os, as) também pode ser demonstrativo e aparecer junto ao relativo que ou da preposição de, equivalendo a aquele(s)/ aquela(s) /aquilo. Fiz o que você mandou. Somos o que podemos ser. Prefiro a da direita. Pode também figurar sozinho, equivalendo a “isto, isso, aquilo”. Ele me pediu para sair da sala, e o fiz. (fiz isso – “sair da sala”) Nesse caso, quando um pronome demonstrativo faz referência a algum elemento do texto, quer antecedente (referência anafórica), quer subseqüente (referência catafórica), lança-se mão de um recurso lingüístico para evitar a repetição de palavras, expressões ou mesmo orações: “Os sem-terra ameaçavam invadir a fazenda e isso aconteceu no último domingo.”. (isso = invadir a fazenda). “Para obter a aprovação em um concurso público, são necessários estes elementos: estudo, dedicação e persistência.” (estes = estudo, dedicação e persistência). Esse pronome demonstrativo (o) pode, inclusive, representar toda a oração: Sua mãe não era fácil, ele mesmo o sabia (= que sua mãe não era fácil). Aparecem ainda como demonstrativos os vocábulos tal, mesmo, próprio e semelhante, quando equivalerem aos casos já citados. Vimos, inclusive, na aula sobre Concordância (Aula 3 – item 1.5) que, como pronomes demonstrativos, essas palavras se flexionam em gênero e número com o substantivo que acompanham. Estamos no mesmo lugar. (NESSE LUGAR) Tal atitude é inaceitável. (ESSA ATITUDE) Lucas errou e doeu-se por semelhante descuido. (ESSE DESCUIDO) Como realce, estes correspondente:

pronomes

também

se

harmonizam

com

o

substantivo

Elas chegaram à conclusão por si próprias, por si mesmas. Não há respaldo para o emprego do vocábulo mesmo (e variantes) no lugar de um substantivo, como se observa atualmente na linguagem coloquial: Para abrir a porta, bata até que a mesma quebre. (Ui! Essa doeu!!) Para evitar esse tipo de construção, sugerem os gramáticos a substituição por pronomes pessoais ou demonstrativos, por um sinônimo ou até mesmo a repetição da

palavra. Tudo menos esse mostrengo (é assim mesmo que se escreve essa palavra – se não acreditar, procure o Aurélio!). Não confunda esse pronome MESMO (demonstrativo) com: a) a palavra denotativa de inclusão mesmo (equivalente a até). Mesmo uma ameba retardada seria capaz de entender aquela lição. (Esse exemplo é uma homenagem ao Godinho – prof. Matemática/RJ!) b) advérbio mesmo, equivalente a “realmente”, “de fato”, “de verdade”. O que ela queria mesmo era me atingir. Uma dica: palavras denotativas e advérbios são INVARIÁVEIS! 4 - INDEFINIDOS Como o próprio nome já indica, referem-se à terceira pessoa com sentido vago ou indeterminado. São exemplos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, vários, demais, tanto, quanto, qualquer, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo, mais, menos, que, quem, (LOCUÇÕES) cada qual, qualquer um, quem quer etc. 4.1 – OBSERVAÇÕES SOBRE ALGUNS PRONOMES INDEFINIDOS ALGUM - O pronome indefinido algum, posposto ao substantivo, assume valor negativo: Problema algum irá me fazer desistir de estudar. (=NENHUM PROBLEMA) Acredite se puder: esse conceito já caiu em prova: (NCE UFRJ / INCRA / 2005) 38 - Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos altera substancialmente o conteúdo semântico do enunciado: (A) Algum valor deve ser dado a este tipo de quadro / A este tipo de quadro, valor algum deve ser dado; (B) São duas estas ofertas especiais / Estas ofertas especiais são duas; (C) Qualidades que são pelos inimigos reconhecidas / Qualidades que são reconhecidas pelos inimigos; (D) É isto que permite ao professor ganhar um melhor salário / Isto é que permite ao professor ganhar um melhor salário; (E) Esta qualidade intelectual pode ser construída aos poucos / Pode esta qualidade intelectual ser construída aos poucos. A resposta foi, logicamente, a letra A. Em “algum problema”, o pronome indica a existência de pelo menos um problema. Já em “problema algum”, o pronome passa a ter valor negativo, indicando a presença de nenhum problema.

DEMAIS - Não confunda o pronome indefinido demais com o advérbio homônimo. Esse vocábulo é indefinido quando equivale a ‘outros’ e se referem a substantivos. Já o advérbio indica intensidade, modificando um verbo (Ele bebe demais), adjetivo (Ele é alto demais) ou um advérbio (Ele fala alto demais). Fiquei com dois cãezinhos. Os demais (= OUTROS) foram vendidos na feira.

QUALQUER – É o único vocábulo da língua portuguesa que se flexiona “no meio” – quaisquer – em virtude do processo de formação (pronome indefinido qual + verbo quer). TODO – Existe diferença entre o emprego desse pronome diretamente ligado ao substantivo e acompanhado de um artigo. Isso só acontece no singular. No primeiro caso, assume valor indefinido: Toda criança tem direito a assistência familiar. (= qualquer criança) No segundo caso, acompanhado de artigo, passa a significar “inteiro”. Toda a criança ficou machucada. (= a criança toda – inteira) Treine agora essa distinção em: TODO LIVRO É INTERESSANTE x TODO O LIVRO É INTERESSANTE Na primeira oração, o autor demonstra prazer na leitura. Acha que qualquer livro (todo livro) é interessante. Já na segunda, ele se refere especificamente a um livro, dizendo que ele é interessante, do começo ao fim (todo o livro). 5 - INTERROGATIVOS Como os pronomes indefinidos (que no fundo também são), referem-se à terceira pessoa de modo vago em interrogações (diretas e indiretas) As diretas exigem uma resposta imediata e terminam com um ponto de interrogação. Já as indiretas se constroem em períodos compostos (normalmente com verbos saber, ver, verificar, ignorar etc.) e não terminam com ponto de interrogação (com ponto final, reticências etc). Quem vai à praia? / Eu não sei o que você tem feito. Cuidado para não confundir certos pronomes indefinidos com pronomes relativos de mesma grafia. Os pronomes indefinidos formam perguntas, mesmo que indiretamente. Não sei quantas velas serão colocadas em seu bolo de aniversário.

Î Quantas velas serão colocadas? Já os pronomes relativos possuem referentes que já foram mencionados. Coloque tantas velas quantas sejam necessárias.

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O pronome relativo quantas se refere a velas. Não poderia ser construída uma oração interrogativa direta, como no exemplo anterior. 6 - RELATIVOS Sem medo de errar, afirmo que a maior parte das questões de prova que tratam de PRONOMES exploram o conhecimento do candidato acerca do emprego dos PRONOMES RELATIVOS. 6.1 - DEFINIÇÃO Os pronomes relativos referem-se a termos antecedentes. Já falamos sobre concordância e regência com pronomes relativos. Agora, veremos quais são esses pronomes e como devem ser empregados na oração subordinada adjetiva que iniciam, especialmente em relação aos seus referentes e ao emprego de preposição. Sempre que abordo “pronomes relativos”, lembro a história da Branca de Neve (é sério!!!) – dos sete anões, seis apresentavam características particulares e fisicamente eram parecidos (pareciam gnomos); somente um deles se destacava dos demais – era completamente diferente (parecia um duende, era mudo) e recebia tratamento especial (dizem que era o preferido da princesa). Agora, vamos fazer uma analogia com os pronomes relativos. Os pronomes que/o qual, onde, quando, quanto, como e quem devem ser usados, cada qual, de acordo com seus próprios referentes, mas, grosso modo, fazem a mesma coisa - referência a um substantivo antecedente. Já “cujo” (o “Dunga” do grupo e, sem dúvida, o predileto das bancas examinadoras) é diferente de todos – liga dois substantivos com “idéia de posse” (coisa que os outros não fazem), flexiona-se em gênero e número com o substantivo subseqüente (coisa que os outros também não fazem – “o qual” varia, mas de acordo com o antecedente). Talvez seja esse o motivo de tanta gente já ter abolido o pobrezinho do seu dia-a-dia (mataram o Dunga, e não é o técnico da nossa seleção – é o pronome CUJO!!!), usando o “que” indevidamente no seu lugar. Não é raro ouvirmos esse erro por aí, inclusive em músicas. Veja um exemplo disso: Eu presto atenção em cores que eu não sei o nome/ Cores de Almodóvar/ Cores de Frida Khalo... cores (Esquadros – Adriana Calcanhoto) O que ela não sabe? O nome das cores. Então, a construção seria: Eu presto atenção em cores cujos nomes não sei. Mas NINGUÉM IA CANTAR ISSO AÍ!!! A música não faria tanto sucesso...rs... Vou passar um “dever de casa” para vocês: quero ver quem encontra uma música cuja letra (gostou dessa?) tenha o pronome CUJO (ou variantes) usado de forma correta. Confesso que não consegui encontrar nenhum exemplo para colocar aqui. Pode ser sertaneja, rock, pop... qualquer uma, desde que use o “cujo” certinho. Vou aguardar as mensagens no fórum. Vamos ver se alguém consegue... Está lançado o desafio!

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6.2 – CARACTERÍSTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS QUE

Pode ser usado com qualquer antecedente, por isso chamado de “pronome relativo universal”. Normalmente é empregado em relação a “coisa”, já que os demais referentes têm pronomes relativos específicos (lugar, quantidade, modo). Aceita somente preposições monossilábicas, exceto sem e sob.

O QUAL

Assim como “que”, pode ser usado com qualquer antecedente. Aceita preposição com duas ou mais sílabas, locuções prepositivas, além de sem e sob (rejeitadas pelo “que”). É usado quando o referente se encontra distante ou para evitar ambigüidade: Visitei a tia do rapaz que sofreu o acidente. Quem se acidentou? O rapaz ou a tia dele? Para evitar a dúvida, uso “o qual” para ele ou “a qual” para ela.

QUEM

Somente usado com antecedente PESSOA. Sempre virá antecedido de preposição – Ele é o rapaz de quem lhe falei.

ONDE

Utilizado quando o referente for lugar, ou qualquer coisa que a isso se assemelhe (livro, jornal, página etc.) – “A gaveta onde guardei o dinheiro foi arrombada.”; pode ser substituído por “em que”.

COMO

Usado com antecedente que indique MODO ou MANEIRA – O jeito como escreve mostra a pessoa que é.

QUANDO

O antecedente dá idéia de TEMPO, também equivalente a “em que” – Época de ouro era aquela, quando todos andavam tranqüilos pelas ruas.

QUANTO

O antecedente dá idéia de QUANTIDADE - normalmente precedido de um pronome indefinido (tudo, tanto(s), todos, todas) – Tenho tudo quanto quero. Leve tantos quanto quiser.

Esses pronomes relativos representam sempre substantivos ou pronomes substantivos nas orações adjetivas que formam. Mais uma vez alertamos para não confundi-los com pronomes interrogativos que idêntica grafia. Estes não têm antecedentes e podem aparecer em orações interrogativas diretas ou indiretas (Quem bateu? / Não sei onde moras/ Quanto custa? / Como farei? / Preciso saber quando estará pronto o almoço. / Que gostaria de saber?). CUJO (e flexões) – o mais especial de todos; liga dois substantivos indicando idéia de posse (entre os substantivos, haveria uma preposição de) – “O rapaz cuja mãe faleceu recentemente procurou por você.” (mãe do rapaz faleceu – rapaz cuja mãe faleceu); concorda com o substantivo subseqüente, flexionando-se em gênero e número, e dispensa o artigo (não existe “cujo o” ou “cuja a”);

DICA: Ao usar o pronome relativo, verifique: 1 – qual deve ser o pronome mais adequado, a depender do antecedente (coisa, pessoa, tempo, modo, lugar...); 2 – se o algum termo na oração adjetiva exige preposição. Para não errar, os conceitos de regência devem estar “vivinhos” em sua memória.

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Exemplo: (1) Este é o livro | que ganhei. Oração principal: Este é o livro Oração subordinada adjetiva: que ganhei - O verbo ganhar é transitivo direto (eu ganhei o livro) e não rege preposição. (2) Este é o livro | a que me referi. Oração principal: Este é o livro Oração subordinada adjetiva: a que me referi – o verbo referir-se é indireto e rege a preposição a (eu me referi ao livro). Por isso, a preposição antecede o pronome relativo, que está no lugar do termo regido – “livro”. (3) Aquele é o professor | por quem eu tenho muita admiração. Oração principal: Aquele é o professor Oração subordinada adjetiva: por quem eu tenho muita admiração – o substantivo admiração rege preposição por, que antecede o pronome relativo que substitui o termo regido – “professor” (eu tenho muita admiração pelo professor). Algumas bancas, como a Fundação Carlos Chagas, se cansam de apresentar questões que envolvem o emprego de preposição (sintaxe de regência) com pronomes relativos. Veremos uma série delas nos exercícios de fixação. Para compreender a “mecânica” da coisa, vamos treinar: (NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL Agente Adm./ 2006) “com a qual ninguém deseja se identificar”; a utilização da preposição COM antes do pronome relativo QUE se deve à regência cobrada pelo verbo IDENTIFICARSE. A alternativa em que houve erro num caso semelhante de regência é: (A) da qual ninguém desejava afastar-se; (B) contra a qual ninguém queria lutar; (C) com a qual ninguém discordava; (D) sem a qual ninguém podia sair; (E) pela qual ninguém escapava. O enunciado já ajuda o candidato. Ele apresenta a regência do verbo identificar-se: Alguém se identifica COM alguma coisa/alguém. O candidato deve marcar o item que apresenta erro no emprego da preposição antes do pronome relativo. Para isso, deverá analisar a regência de cada um dos verbos. A) ninguém desejava afastar-se – O verbo afastar-se (pronominal) rege a preposição de: Alguém se afasta de algum lugar. Por isso, está correto o emprego da preposição antes do pronome relativo “a qual”: da qual ninguém desejava afastar-se. B) contra a qual ninguém queria lutar – Vamos verificar a regência do verbo lutar: Alguém luta contra algo ou alguém. Como devemos usar uma preposição dissílaba, o único pronome relativo cabível é “a qual”. Está certa.

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C) com a qual ninguém discordava. O verbo discordar rege a preposição de, e não “com”. Alguém discorda de alguma coisa. Por isso, está INCORRETA essa construção. Esse é o gabarito. A forma correta seria: da qual ninguém discordava. D) sem a qual ninguém podia sair – Vimos também que, com a preposição sem, não podemos usar o pronome relativo que; assim, está correta a forma apresentada. E) pela qual alguém escapava – Essa era a opção mais difícil. O verbo escapar apresenta as seguintes possibilidades de regência: - escapar a/de: livrar-se – “eu escapei de ser assaltado.”; - escapar a ou escapar-lhe: passar despercebido, ser omitido – “esse assunto escapa à minha memória.”; - escapar (intransitivo): sobreviver – “O carro bateu fortemente, mas eu escapei.”; - escapar por: fugir por algum lugar, indicando direção – o ladrão escapou pelo telhado. Como outra opção (C) apresentou um erro grosseiro de regência (C), não resta dúvida de que o examinador optou pela última construção (escapar por alguma saída = pela qual alguém escapava). Mais uma questão de prova. (FGV / MPE AM / 2002) Assinale a alternativa em que a preposição utilizada antes de cuja NÃO é a correta. (A) Ele é o cronista sobre cuja prosa escrevi alguns artigos. (B) Ele é o cronista de cuja prosa já me pronunciei. (C) Ele é o cronista com cuja prosa mais me entretenho. (D) Ele é o cronista a cuja prosa já fiz reparos. (E) Ele é o cronista por cuja prosa mais me interesso. Agora, vamos botar o preconceito de lado e usar o pronome CUJO (coitadinho...). Entre “cronista” e “prosa” (dois substantivos), há uma relação de subordinação (a prosa do cronista). Então, o pronome adequado é CUJO (... cronista cuja prosa...). Não há diferença alguma em relação ao que já vimos. Identifique a preposição porventura exigida pelo verbo da oração adjetiva e coloque-a antes do pronome relativo, assim como você fez no exemplo anterior. Analisando cada uma das opções: A) Eu escrevi alguns artigos sobre a prosa do cronista = sobre cuja prosa eu escrevi B) Eu já me pronunciei .... a prosa do cronista – bem, no sentido de emitir opinião, o verbo PRONUNCIAR-SE aceita as preposições / locuções prepositivas: •

em - pronunciar-se em algum assunto;



sobre - pronunciar-se sobre algum assunto;



acerca de - pronunciar-se acerca de algum assunto;



a respeito de - pronunciar-se a respeito de algum assunto;

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por - pronunciar-se por alguém (a favor ou contra).

As possibilidades seriam: Eu já me pronunciei sobre/a respeito da/ acerca da/ na prosa do cronista. O verbo não aceita a preposição de. Essa é a opção INCORRETA. C) Eu me entretenho com a prosa do cronista = com cuja prosa eu me entretenho D) Eu já fiz reparos (fazer observação, comentário crítico) à prosa do cronista– (também se admite a preposição sobre) = a cuja prosa eu fiz reparos E) Eu me interesso pela prosa do cronista = por cuja prosa eu me interesso Mais uma questão para treinarmos. (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006) A expressão de que preenche corretamente a lacuna da frase: (A) A privação ...... o autor não se conforma é a de itens como aspirina, fósforos e leituras. (B) O cronista não está nada interessado num tipo de vida ...... muita gente aspira. (C) Há detalhes desagradáveis da vida rústica ...... muita gente parece omitir, no entusiasmo de seus relatos. (D) Muitos leitores partilharão das mesmas fobias ...... o cronista enumerou em seu texto. (E)) Há quem veja como supérfluos os recursos urbanos ...... o cronista se recusa a abrir mão. Essa é a banca campeã nesse assunto. Nessa questão, o examinador procura a opção que deve ser preenchida com DE QUE. Para isso, o verbo da oração adjetiva deve reger a preposição DE. Vamos buscá-lo. A) O autor não se conforma COM a privação – a preposição que antecede o pronome relativo que é COM e não DE. B) Muita gente aspira A um tipo de vida – também não é essa a resposta correta. C) Muita gente parece omitir detalhes desagradáveis da vida rústica – o verbo OMITIR é transitivo direto e não exige nenhuma preposição nesta acepção. D) O cronista enumerou as mesmas fobias – outro verbo transitivo direto. O verbo enumerar se liga diretamente ao seu complemento, dispensando a preposição. E) O cronista se recusa a abrir mão DOS recursos urbanos – Ufa! Até que enfim! Já estava ficando nervosa. Essa expressão (“abrir mão”) exige a preposição DE. É essa a resposta correta. Gabarito: E 6.3 – COM A EXPRESSÁO “O QUE”

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O pronome “que” sempre será um pronome relativo após o pronome demonstrativo “O”. Cuidado com a concordância verbal nesse caso. Por estar se referindo ao demonstrativo (que está no singular), o relativo, na função de sujeito, leva o verbo também para o singular: O que importa para mim são os meus filhos. Análise: •

o = aquilo – pronome demonstrativo



que = pronome relativo



o que importa = Aquilo que importa para mim são os meus filhos.

Mais um exemplo: O que falta são recursos. O sujeito do verbo faltar é o pronome relativo que. O verbo ser concorda com o predicativo do sujeito, que está no plural. Essa possibilidade de concordância foi abordada na aula específica (item 5.c da Aula 4 – Concordância parte 2). Políticos corruptos é o que não falta nesse país. Nessa construção, o sujeito de faltar é novamente o pronome relativo, presente no segmento “o que não falta”. O antecedente do pronome relativo, em todos esses casos, é o pronome demonstrativo “o”. Quando, em vez de sujeito, o pronome relativo é complemento verbal, todo cuidado é pouco com a preposição exigida pelo verbo da oração adjetiva. Preciso saber no que ele pensa. Alguém pensa em alguma coisa. O verbo pensar rege a preposição em. Já o verbo saber, da primeira oração, é transitivo direto (alguém sabe alguma coisa). (eu) preciso saber isso: "aquilo em que ele pensa”. O registro culto formal da construção deveria ser, portanto: Preciso saber o em que ele pensa. Já vamos começar a nos ambientar com a divisão dos períodos. Para visualizar melhor, vamos dividir o período em orações: 1ª oração - Preciso saber o (= isso) 2ª oração - em que ele pensa. (A preposição é exigida pelo verbo pensar; por isso, pertence à segunda oração). Em virtude disso, há erro de regência em construção como esta: O que mais gosto é chocolate. Alguém gosta de alguma coisa. Há necessidade de se empregar a preposição antes do elemento que representa essa “coisa”:

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O de que mais gosto é chocolate. Só que a proximidade do “o” com a preposição “de” acabou formando, na linguagem coloquial: Do que eu mais gosto é (de) chocolate. Essa forma recebe a simpatia de muitos gramáticos, embora não seja endossada pelos puristas. Vamos, agora, analisar uma questão de prova da ESAF. (Analista Comércio Exterior/ 1998) Marque o item sublinhado que apresenta erro gramatical ou impropriedade vocabular. A primeira expedição científica à(A) Amazônia foi feita em 1638 por George Marcgrave, um naturalista alemão. Até o final do século XVII, o que se procuravam(B) eram animais exóticos, dentro da ótica do "estranho mundo novo": peixe que dá choque, aranhas gigantes, mamíferos que vivem submersos nos rios. Nos séculos seguintes, o objetivo passou a ser a coleta do maior número possível de bichos de diferentes espécies. Até os anos 40, os museus estrangeiros pagavam coletores profissionais(C) para levar espécimes(D) da fauna e flora nacionais(E) para suas coleções. O Brasil só assumiu a pesquisa científica na Amazônia há poucas décadas. Agora, a idéia é conhecer para preservar. a)

A

b)

B

c)

C

d)

D

e)

E

O gabarito foi letra B O tema era concordância verbal com construção de voz passiva. Na passagem, podemos observar a forma abordada neste último ponto – pronome demonstrativo “o” acompanhado do pronome relativo “que”. Vamos aproveitar para relembrar um pouco de sintaxe de concordância. Quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver acompanhado do pronome se, todo cuidado é pouco: poderemos estar diante de uma construção de voz passiva. Para confirmação, temos de fazer duas perguntas: 1 – O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)? 2 – Existe uma idéia passiva na construção? Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construção de voz passiva e, então, o verbo deverá se flexionar de acordo com o sujeito paciente. A existência de um objeto direto na transitividade do verbo é necessária pois, como vimos na aula sobre verbos, o objeto direto da construção de voz ativa irá exercer a função essencial de sujeito da voz passiva.

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Na questão de prova ora comentada, “o que se procuravam eram animais exóticos”, temos de fazer duas análises: a primeira, em relação à construção: 1ª pergunta: O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)? Resposta: O verbo procurar é transitivo direto (alguém procura alguma coisa). 2ª pergunta: Existe uma idéia passiva na construção? Resposta: Sim, existe idéia passiva – os animais eram procurados. Conclusão: temos uma construção de voz passiva. A segunda análise versa sobre o antecedente do pronome relativo que. Para isso, vamos separar as orações: Período composto: “o | que se procuravam |eram animais exóticos” 1ª oração: o [pronome demonstrativo = aquilo] eram animais exóticos – ORAÇÃO PRINCIPAL 2ª oração: que se procuravam – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA (lembre-se: pronome relativo sempre inicia uma oração adjetiva!) O pronome que é relativo e tem como antecedente o pronome demonstrativo o. Por isso, o verbo que o segue deverá ficar no singular. Para melhor compreensão, iremos fazer a substituição do pronome relativo QUE pelo termo que substitui, o pronome demonstrativo “o”. Para simplificar ainda mais, em vez de “o”, colocaremos “aquilo”, seu equivalente. “que se procurava” - “aquilo se procurava” = AQUILO era procurado. Viu? O verbo só poderá ficar no singular. Na oração principal (“o eram animais exóticos”), devemos relembrar a concordância do verbo ser. Esse é aquele verbo especial, que admite a concordância tanto com o sujeito quanto com o seu predicativo. De um lado, como sujeito, existe um pronome substantivo demonstrativo o - COISA. De outro lado, na função de predicativo do sujeito, há um substantivo acompanhado de um adjetivo: animais exóticos - COISA. Portanto, tanto de um lado (sujeito) como de outro (predicativo), os elementos são “coisas” (substantivos, pronomes substantivos ou orações substantivas). Assim, a concordância pode se dar com qualquer deles, PREFERENCIALMENTE com o elemento que estiver no PLURAL – “... eram animais exóticos”. Isso justifica a flexão do verbo ser no plural. Por hoje é só. Bons estudos e até a próxima aula. Grande abraço. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 01 – (FUNDEC / TJ MG / 2002)

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Tendo em conta o emprego dos pronomes pessoais oblíquos átonos, assinale a alternativa em que a substituição das expressões sublinhadas nas sentenças abaixo esteja CORRETA. Os fãs cercaram os cantores, Não pôde dar a informação aos repórteres. Não se sabe quando receberão a restituição desses valores. a) cercaram-os – lhes pôde dar – quando a receberão b) os cercaram – pôde lhes dar – quando recebê-la-ão c) cercaram-nos – pôde dar-lhes – quando a receberão d) os cercaram – lhes pôde dar – quando recebê-la-ão 02 - (FCC / AFTE PB / 2006) A frase inteiramente de acordo com a norma culta é: (A) De fato, punições seriam-lhe impostas, caso não se provasse sua inocência em relação às graves denúncias. (B) Os relatórios foram-lhe entregues pelos representantes da bancada ruralista. (C) O povo vota à muito tempo sob a influência das elites e dos chefes partidários. (D) A Câmara dos Deputados ficou meia preocupada com as repercuções das últimas votações nos processos de cassação. (E) Apenas 20% dos deputados estão dispostos à respeitar as conclusões dos relatores dos processos. 03 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / SMG - AGENTE DE POSTURAS / 2005) TEXTO – EMPRESAS ACOMPANHAM O RESTO DA SOCIEDADE Toni Marques À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens que são tatuados – atletas, cantores, modelos e atores – maior é a chance de as sociedades ocidentais passarem a aceitar a tatuagem como um adorno tão corriqueiro quanto brincos em orelhas furadas. Com elas, as orelhas, aconteceu o mesmo. Houve tempo e lugar em que mulher de orelha furada não era digna da atenção das pessoas de bem, dada a relação que tais pessoas estabeleciam entre a mulher e indígenas diversos. Foi assim na Grã-Bretanha, onde tatuagem, desde o século XIX, é símbolo de orgulho imperial, patriótico e religioso. Até a década de 50, lá ainda se discutia se mulher podia ou não furar a orelha, muito embora o povo soubesse que o rei Eduardo VII foi tatuado, assim como seus dois filhos, um deles também monarca. A aceitação da tatuagem nas classes médias do Ocidente se deu a partir do movimento hippie. [....] O mundo corporativo tende a acompanhar o resto da sociedade nessa matéria. Afinal, a estrelinha que Giselle Bundchen tem no pulso não a impediu de se tornar a maior modelo do mundo. Do mesmo modo, o jogador de futebol Beckham tem mais ou menos tantas tatuagens quanto tem zeros no seu salário no Real Madrid. Giselle e Beckham sabem negociar seus talentos respectivos.

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O antecedente do pronome relativo está indicado incorretamente na seguinte alternativa: A) “..dada a relação QUE tais pessoas estabeleciam...” - relação B) “Foi assim na Grã-Bretanha, ONDE tatuagem...” – Grã-Bretanha C) “Afinal, a estrelinha QUE Giselle Bundchen tem no pulso...” - a estrelinha D) “À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens QUE são tatuados...” - a cultura pop

04 - (FEPESE / TCE SC / 2006 - adaptada) Leia o texto abaixo para responder à questão. Meu pai abraçou-me com lágrimas. — Tua mãe não pode viver, disse-me. Com efeito, não era já o reumatismo que a matava, era um cancro no estômago. A infeliz padecia de um modo cru, porque o cancro é indiferente às virtudes do sujeito; quando rói, rói; roer é o seu ofício. Minha irmã Sabina, já então casada com o Cotrim, andava a cair de fadiga. (...) — Meu filho! A dor suspendeu por um pouco as tenazes; um sorriso alumiou o rosto da enferma, sobre o qual a morte batia a asa eterna. Era menos um rosto do que uma caveira: a beleza passara, como um dia brilhante; restavam os ossos, que não emagrecem nunca. Mal poderia conhecê-la; havia oito ou nove anos que nos não víamos. Ajoelhado, ao pé da cama, com as mãos dela entre as minhas, fiquei mudo e quieto, sem ousar falar, porque cada palavra seria um soluço, e nós temíamos avisá-la do fim. Vão temor! Ela sabia que estava prestes a acabar; disse-mo; verificamo-lo na seguinte manhã. Longa foi a agonia, longa e cruel, de uma crueldade minuciosa, fria, repisada, que me encheu de dor e estupefação. Era a primeira vez que eu via morrer alguém. Conhecia a morte de outiva; quando muito, tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver, que acompanhei ao cemitério, ou trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica dos professores de cousas antigas, — a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates, a orgulhosa de Catão. Mas esse duelo do ser e do não ser, a morte em ação, dolorida, contraída, convulsa, sem aparelho político ou filosófico, a morte de uma pessoa amada, essa foi a primeira vez que a pude encarar. Não chorei; lembra-me que não chorei durante o espetáculo: tinha os olhos estúpidos, a garganta presa, a consciência boquiaberta. Quê? uma criatura tão dócil, tão meiga, tão santa, que nunca jamais fizera verter uma lágrima de desgosto, mãe carinhosa, esposa imaculada, era força que morresse assim, trateada, mordida pelo dente tenaz de uma doença sem misericórdia? Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro, incongruente, insano... (Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap. 23, com adaptações) Indique V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, assinale a opção que apresenta a ordem correta. (

)

No trecho “trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica” (ls. 20 e

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21), o pronome enclítico retoma por substituição coesiva o vocábulo “morte” (l. 18). (

)

O trecho “Tua mãe não pode viver, disse-me” (l. 2) está em desacordo com as regras da gramática normativa, pois o não atrairia o pronome me.

(

)

No trecho “tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver” (ls. 18 e 19), o pronome a faz remissão ao vocábulo “morte” (l. 18).

(

)

O pronome no trecho “tudo aquilo me pareceu obscuro” (l. 42) admite mudança de colocação em consonância com as regras da gramática normativa.

a) b) c) d) e)

V V V V V

FVF VFV VVF FFF FFV

05 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / ENGENHEIRO CIVIL / 2004) Reescreve-se em cada alternativa abaixo uma frase do texto mediante inclusão de um pronome pleonástico. A nova redação não é bem sucedida em: A) Um estado emocional patológico pode intensificar ao máximo a tendência às ilusões. A tendência às ilusões, um estado emocional patológico pode intensificá-las ao máximo. B) A emoção tem o poder de transformar ilusoriamente nossas percepções. Nossas percepções, a emoção tem o poder de transformá-las ilusoriamente. C) Diz-se comumente que não há lobos pequenos, todos são enormes. Lobos pequenos, diz-se comumente que não os há, todos são enormes. D) Por si mesma, a ilusão não constitui sintoma de doença mental. Sintoma de doença mental, a ilusão não o constitui por si mesma. 06 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006) O sonho desse amanuense Belmiro vem registrado e desenvolvido em seu diário pessoal, que é a forma pela qual o romance se apresenta: anotações metódicas, datadas, em que o funcionário fala do que lhe ocorreu na repartição, ou na rua, ou nos encontros com os amigos. Mas fala também de seu amor por Carmélia, moça que lhe é inacessível, que ele idealiza a não mais poder, fazendo dela o mito de sua vida. O leitor do romance acompanha nas páginas do diário esse ir e vir entre o sonho e rotina, entre a vida estreita do funcionário tímido e as projeções de sua fantasia romântica. A única compensação real para o amanuense está, de fato, em dar à linguagem de seu diário o capricho da melhor forma possível; seu consolo é a literatura, ainda que na forma modesta das páginas de um caderno pessoal. Do trecho acima transcrito, no período: Mas fala também de seu amor por Carmélia, moça que lhe é inacessível, que ele idealiza a não mais poder, fazendo dela o mito de sua vida. (A)) as duas ocorrências da palavra que têm o mesmo referente da palavra dela.

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(B) as palavras seu e sua referem-se a pessoas distintas. (C) o pronome lhe tem como referência a moça Carmélia. (D) a forma lhe poderia ser desdobrada e substituída por com ele. (E) o segmento que ele idealiza pode ser substituído por que é idealizado. 07 - (ESAF/AFRE MG/2005) O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério do Planejamento, mostra que o serviço público federal também é capaz de oferecer serviços com qualidade de primeiro mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem de forma eficiente, constante e muito bem controlada. (Ilhas de Excelência. ISTOÉ, 2/3/2005, com adaptações) Julgue a assertiva abaixo, em relação aos aspectos textuais. d) A retirada do pronome do termo “tornando-os”(l.8) preserva a correção gramatical e a coerência textual, deixando subentendido o objeto de “referências nacionais”(l.8). 08 - (ESAF/Auditor TCE ES/2001) Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem. Julgue a proposição abaixo, em relação aos elementos do texto. c) Os pronomes possessivos na segunda oração referem-se a “arquivo cronológico”. 09 - (ESAF/TFC SFC/2000) O saber produzido pelo iluminismo não conduzia à emancipação e sim à técnica e ciência moderna que mantêm com seu objeto uma relação ditatorial. Se Kant ainda podia acreditar que a razão humana permitiria emancipar os homens de seus entraves, auxiliando-os a dominar e controlar a natureza externa e interna, temos de reconhecer hoje que essa razão iluminista foi abortada. A razão que hoje se manifesta na ciência e na técnica é uma razão instrumental, repressiva. Enquanto o mito original se transformava em Iluminismo, a natureza se convertia em cega objetividade. Inicialmente a razão instrumental da ciência e técnica positivista tinha sido parte integrante da razão iluminista, mas no decorrer do tempo ela se autonomizou, voltando-se inclusive contra as suas tendências emancipatórias. (B. Freitag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, p. 35, com adaptações)

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Das seguintes expressões retiradas do texto, indique o item em que o elemento da coluna da esquerda faz remissão incorreta às expressões da coluna da direita. a)

seu (l.2) .......... técnica e ciência moderna

b)

seus(l.4) ......... homens

c)

os (l.4) .............homens

d)

ela (l.9) ..........razão instrumental

e)

suas (l.10) .......cega objetividade

10 - (ESAF/MPU/2005) Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto. A _______ intelectual de Nabuco provém de suas ________ e é por isso que nele ______, mais do que o artista, o pensador político. É uma tradição espiritual que ele conserva e eleva a um grau superior, ainda que a______ vocação política se alie ______ sensibilidade artística. (Baseado em Graça Aranha) a)

essência

origens

se acentua

essa

a

b) riqueza

raízes

se acentua

esta

à

c)

influências

marca-se

tal

à

d) qualidade

raízes

acentua-se

esta

a

e)

raízes

acentua-se

essa

à

carreira

vivência

11 - (FCC/TRT 3ª Região – Técnico Judiciário / Janeiro 2005) Em cada um dos segmentos abaixo, a substituição da expressão grifada pelo pronome correspondente está INCORRETA em: (A) para oferecer trabalho = para oferecê-lo. (B) evocar a lembrança de outro colega = evocar-lhe a lembrança. (C) tomaram caminhos paralelos = tomaram-nos. (D) a ocupar boa parte de minha vida = a ocupar-lhe. (E) cativava inteligências e paladares = cativava-os. 12 - (FCC/TCE MA – Analista / Novembro 2005) A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores, ...... cobrem toda a região. ...... evapora rapidamente, causando mais chuva, o que não ocorre em áreas desmatadas, ...... solo é pobre em matéria orgânica. As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por (A) onde - A chuva - que o

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(B) nas quais - Aquela chuva - cujo (C) em que - A água da chuva - que o (D) que elas - Essa chuva - aonde (E)) que - Essa água - cujo 13 - (FCC / INSS MEDICO / 2006) O único segmento grifado que NÃO está empregado em conformidade com o padrão culto escrito é: (A) Não é muito agradável estar com aqueles meus primos, porque eles falam ininterruptamente de si. (B) Esse é o tipo de questão que você terá de resolver com nós mesmos. (C) A fim de não encontrá-lo no consultório, deixei para ir no dia seguinte. (D)) Ele preencheu o formulário de modo inadequado, é onde o coordenador chamou sua atenção. (E) Cabelos cacheados e sedosos moldam-lhe o rosto afilado e claro. 14 - (FCC / TRE PI / 2002) Afianço- ...... que V.Sa ...... grande influência na resolução do problema que submeto a ...... exame. (A)) lhe - terá - seu (B) vos - terá - vosso (C) lhe - tereis - seu (D) vos - tereis - vosso (E) lhe - terá - vosso 15 - (FGV / Ministério da Cultura /2006) Foto dos Sonhos O engenheiro colombiano Joaquín Sarmiento trabalhava em Nova York e se sentia, muitas vezes, solitário. Era mais um daqueles imigrantes nostálgicos. Para ocupar as horas vagas, decidiu aprender fotografia. Estava, nesse momento, descobrindo um novo ângulo para a sua vida, sem volta. A vontade de se aventurar pela América Latina tirando fotos fez com que ele deixasse para sempre a paisagem nova-iorquina, aposentasse sua carreira de engenheiro e transformasse Paraisópolis, uma das maiores favelas paulistanas, em seu cenário cotidiano. "Estou ficando sem dinheiro, mas é uma bela aventura." Depois de três anos nos Estados Unidos, voltou para Bogotá, planejando trabalhar em obras de infra-estrutura. Mudou de idéia. Com 26 anos, percebeu que o hobby que tinha adquirido em Nova York se convertera em paixão. No final de 2004, veio com sua família para duas semanas de férias em São Paulo. "Como sempre tive muito interesse em estudar a

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América Latina, fui ficando." Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis. Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba. "Resolvi registrar esse convívio e, aos poucos, ia me embrenhando na favela para conhecer seus personagens." O que era, inicialmente, para ser um cenário fotográfico virou uma espécie de laboratório pessoal. Joaquín sentiu-se estimulado a dar oficinas de fotografia a jovens e crianças de Paraisópolis. "Descobri mais um ângulo das fotos: o ângulo de ensinar a olhar." Lentamente, naquele espaço, temido por muitos, Joaquín ia se sentindo em casa. "Há um jeito muito similar de acolhimento dos latino-americanos, apesar de toda a violência." Sem saber ainda direito como vai sobreviver – "as reservas que acumulei em Nova York estão indo embora" –, ele planeja as próximas paradas pela América do Sul. Mas, antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil. Até lá, está aproveitando a internet (www.joaquinsarmiento.com) para mostrar algumas das imagens fotográficas que documentam seus trajetos. (Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006)

Desse (L.17) tem valor: (A) anafórico. (B) catafórico. (C) dêitico. (D) adverbial. (E) substantivo. 16 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005) A alternativa que mostra uma construção equivocada é: (A) São locais de que nunca mais nos esquecemos; (B) Li, nas férias, os romances de cujos autores falamos; (C) Aqui estão as músicas cujos autores aprecio; (D) Aqui estão as idéias contra cujos autores me insurgi; (E) Comprei os livros de que tanto gosto de ler. 17 - (NCE UFRJ / BNDES/ 2005) Num pequeno texto distribuído por moradores de um condomínio da Zona Sul do Rio de Janeiro apareciam as seguintes frases: - “os condôminos cujas reclamações o síndico não deu atenção...” - “os itens que não foram discutidos os pontos principais...”

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Sobre essas frases pode-se afirmar, em termos de correção gramatical, o seguinte: (A) as duas frases apresentam perfeita estruturação gramatical; (B) as duas frases apresentam o mesmo tipo de erro gramatical; (C) só a primeira frase apresenta estrutura gramatical inadequada; (D) só a segunda frase apresenta estrutura gramatical inadequada; (E) as duas frases apresentam erros gramaticais de tipos diferentes. 18 - (FCC / ICMS SP / 2006) Nessa compulsória liberdade, de que fala o filósofo (...). Numa nova redação da frase acima, mantém-se corretamente a expressão sublinhada caso se substitua fala o filósofo por (A) se refere o filósofo. (B)) cuida o filósofo. (C) investiga o filósofo. (D) aflige o filósofo. (E) disserta o filósofo. 19 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004) Indique a opção em que somente a palavra “cujo” preenche corretamente a lacuna, de acordo com a norma culta. (A) O escritor _________ estilo eu não gosto vai lançar mais duas obras este ano. (B) A empresa _________ o nome foi decidido em Assembléia vai ser inaugurada amanhã. (C) A professora _________ livro foi reeditado trabalhou em uma universidade estrangeira. (D) A universidade _________ vestibular meu filho se preparou fica no centro da cidade. (E) O rapaz, o _________ pai encontrei, trabalha na minha empresa. 20 – (FCC/TCE SP/ Dezembro 2005) As expressões de que e com que preenchem corretamente, nessa ordem, as lacunas da frase: (A)) O prestígio ...... o texto de Maquiavel desfruta até hoje é merecido, pois é um tratado político ...... muitos têm muito a aprender. (B) As qualidades morais ...... muitos estavam habituados a considerar como tais foram substituídas pelas políticas, no tratado ...... Maquiavel tornou uma obra basilar. (C) Os valores abstratos ...... muita gente costuma cultuar não tinham, para Maquiavel, qualquer aplicação ...... pudesse se valer na análise da política.

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(D) O adjetivo maquiavélico, ...... muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém, ganhou uma acepção ...... costumam discordar os cientistas políticos. (E) A leitura de O Príncipe, ...... muita gente até hoje se entrega, interessa a todos ...... se sintam envolvidos na lógica da política. 21 – (UnB CESPE / Banco do Brasil /2003) Texto II A sociedade brasileira clama por transformações e a esperança tornou-se palavrachave desses novos tempos. A superação dos graves problemas que afligem o povo brasileiro, como a fome e a miséria, é o principal desafio do novo governo. Vencer as desigualdades faz parte de uma estratégia e de um novo modelo de desenvolvimento para o país, que pode dispor, para tanto, da imensa riqueza natural de nossa Nação. A construção de um novo momento histórico é um compromisso que deve estar pautado em todas as ações de governo. Nesse contexto é que afirmamos o direito da sociedade brasileira à informação e à educação. O caminho, portanto, é o da inclusão social, momento em que deve ser construída uma nova cultura embasada nos direitos fundamentais da vida humana, fortalecidos na concepção e na prática de uma nova política social e econômica para o país.

Julgue o item a seguir, relativo ao texto II e ao tema por ele abordado. 1) Na linha 6, o pronome relativo “que” tem como referente “desigualdades” (R.5). 22 – (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2002)

Sabemos hoje que as identidades culturais não são rígidas nem, muito menos, imutáveis. São resultados sempre transitórios e fugazes de processos de identificação. Mesmo as identidades aparentemente mais sólidas, como a de mulher, homem, país africano, país latino-americano ou país europeu, escondem negociações de sentido, jogos de polissemia, choques de temporalidades em constante processo de transformação, responsáveis em última instância pela sucessão de configurações hermenêuticas que de época para época dão corpo e vida a tais identidades. Identidades são, pois, identificações em curso. Sabemos também que as identificações, além de plurais, são dominadas pela obsessão da diferença e pela hierarquia das distinções. Quem pergunta pela sua identidade questiona as referências hegemônicas mas, ao fazê-lo, coloca-se na posição de outro e, simultaneamente, em uma situação de carência e por isso de subordinação. Em relação aos elementos do texto, julgue a seguinte assertiva. •

O emprego do infinitivo verbal na estrutura sintática “ao fazê-lo” (R.13) sofre contração com o pronome pessoal que o completa como objeto direto.

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23 – (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2002) A maioria dos primeiros textos que foram escritos para descrever terra e homem da nova região levam a assinatura de portugueses. Respondem às próprias perguntas que colocam, umas atrás das outras, em termos de violentas afirmações eurocêntricas. A curiosidade dos primeiros colonizadores é menos uma instigação ao saber do que a repetição das regras de um jogo cujo resultado é previsível. Os nativos eram de carne-e-osso, mas não existiam como seres civilizados, assemelhavam-se a animais. Na Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita a el-rei D. Manuel, observam-se melhor as obsessões dos portugueses, intrusos assustados e visitantes temerosos, que desembarcam de inusitadas casas flutuantes, do que as preocupações dos indígenas, descritos como meros espectadores passivos do grande feito e do grande evento que é a cerimônia religiosa da missa, realizada em terra. Não é, pois, por casualidade que a primeira metáfora para descrever a condição do indígena recém-visto é a “tábula rasa”, ou o “papel branco”. Eis uma boa descodificação das metáforas: eles não possuem valores culturais ou religiosos próprios e nós, europeus civilizados, os possuímos; não possuem escrita e eu, português que escrevo, possuo. Mas da tábula rasa e do papel branco trazia o selvagem, ainda dentro do raciocínio etnocêntrico, a inocência e a virtude paradisíacas, indicando que, no futuro, aceitariam de bom grado a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa, estaria ao mesmo tempo impondo os muitos valores que nela circulam em transparência. Em relação aos elementos do texto, julgue a seguinte assertiva. •

Em “impô-los” (R.18), a forma pronominal enclítica estabelece coesão ao referir-se a “valores culturais ou religiosos” (R.14) e “escrita” (R.15).

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 01 – C Em relação aos pronomes, estão em jogo os seguintes aspectos: uso do pronome oblíquo adequado à regência (os/lhes) e colocação pronominal (um dos pontos mais importantes dessa aula). Primeira oração: Os fãs cercaram os cantores. Como o complemento (os cantores) se liga ao verbo de forma DIRETA (objeto direto), o pronome oblíquo adequado seria “os”. Assim, em função da forma nasal com que termina o verbo, o pronome recebe a letra n. Por isso, a oração seria: Os fãs cercaram-nos. Só por essa, já descobrimos a resposta: C Mesmo assim, vamos continuar. Segunda oração: Não pôde dar a informação aos repórteres. Agora, o complemento é INDIRETO, antecedendo-o a preposição a. Por isso, o pronome adequado é “lhes”. Agora, vamos verificar a colocação pronominal. Temos uma locução verbal (PODER + DAR) cujo verbo principal está no infinitivo. Assim, as possibilidades de emprego do pronome são:

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Não lhes pôde dar a informação.



Não pôde dar-lhes a informação.

Vimos que a norma culta condena o pronome “solto” no meio da locução (em próclise ao verbo principal). Da mesma forma, não pode haver ênclise do pronome em relação ao verbo auxiliar (Não pôde-lhes dar) por força da atração que o advérbio “não” exerce, levando à próclise. Estariam corretas, portanto, as formas apresentadas nas opções a, c, d. Só para praticar mais um pouquinho: como ficaria a contração dos pronomes que iriam substituir “a informação” e “aos repórteres”? Resposta: lha (lhe + a) – Não pôde dar-lha ou Não lha pôde dar. Lindo isso, não é??? 3ª oração: Não se sabe quando receberão a restituição desses valores. Como o elemento sublinhado é o objeto direto, o pronome que o substitui é “a”. Cuidado! O verbo está no futuro do presente (receberão). Como vimos, é um caso de proibição a colocação do pronome após particípio, futuro do presente e futuro do pretérito. Por isso, a única possibilidade é a próclise, uma vez que antes do verbo temos uma palavra invariável: quando a receberão. 02 – B Na locução verbal, o pronome está corretamente em ênclise ao verbo auxiliar: foramlhe entregues. O que está errado nas demais opções? a) A forma “seriam” está no futuro do pretérito do indicativo. Assim, o pronome não pode estar enclítico ao verbo. Estariam corretas as seguintes construções: “punições lhe seriam impostas” ou “punições ser-lhe-iam impostas”. c) Agora, o erro é no emprego de crase por não existir contração de preposição com artigo definido feminino. Deve ser empregado o verbo haver na indicação de tempo decorrido: O povo vota há muito tempo sob a influência das elites e dos chefes partidários. d) Agora, temos erros de ortografia. O advérbio meio, que modifica o adjetivo “preocupada”, deve permanecer inalterado. Além desse erro, está errada a grafia da palavra “repercussões”. e) Novamente, colocou-se um acento grave indevidamente. Antes de verbos (já vimos) não há artigo definido feminino. Logo, não pode haver crase: Apenas 20% dos deputados estão dispostos a respeitar as conclusões dos relatores dos processos. 03 - D O pronome relativo se refere a “personagens”. Eles é que serão tatuados, e não a “cultura pop”. 04 – A

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1ª assertiva: VERDADEIRA O pronome oblíquo está sendo usado com valor possessivo, retomando o substantivo morte. Para a análise, transcreve-se parte do texto: Era a primeira vez que eu via morrer alguém. Conhecia a morte de outiva; quando muito, tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver, que acompanhei ao cemitério, ou trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica dos professores de cousas antigas, — a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates, a orgulhosa de Catão. Note a passagem: Conhecia a morte ... tinha-a visto (visto a morte) ... trazia-lhe a idéia embrulhada O verbo trazer é transitivo direto. Seu complemento é “a idéia”. Mas que idéia é essa? É a idéia da morte. Note a relação de subordinação entre os dois substantivos (idéia da morte / sua idéia). O pronome lhe, na verdade, tem esse mesmo valor: trazia a idéia da morte embrulhada. Por isso, está CORRETA a afirmação de que o pronome oblíquo lhe retoma por substituição coesiva o vocábulo “morte” (evitando, assim, sua repetição). 2ª assertiva: FALSA Esse advérbio não é tão poderoso como o examinador sugere. Ele só exerceria influência na posição do pronome no caso de este pertencer à locução “pode viver”, e mesmo assim na posição enclítica ao verbo auxiliar (“não se pode viver”). O que se observa é que o pronome “me” acompanha a forma verbal “disse”, pertencente a outra oração. Assim, está INCORRETA tal assertiva. 3ª assertiva: VERDADEIRA Essa assertiva retoma a análise feita em relação à primeira. Como observamos naquele item, o pronome “a” substitui a palavra morte. 4ª assertiva: FALSA O que acontece quando uma palavra invariável se apresenta próxima de um verbo acompanhado de um pronome (sem pausa)?? A palavra invariável atrai o pronome e obriga a próclise. Na oração “tudo aquilo me pareceu obscuro”, o pronome acompanha o verbo parecer (pareceu-me obscuro). Contudo, a proximidade, não de uma, mas de duas palavras invariáveis leva à colocação do pronome antes do verbo: “tudo aquilo me pareceu...”. Não há outra posição para o pronome que não seja essa. Portanto, está incorreta a afirmação de que poderia haver mudança de colocação deste. 05 – A Ótima questão de prova. Pleonasmo é o emprego de palavras causando uma redundância. Existem dois tipos de pleonasmo: o vicioso, que resulta, muitas vezes, do desconhecimento do significado das palavras (hemorragia de sangue / elo de ligação), devendo ser evitado; e o estilístico, usado para enfatizar os elementos frasais (Ele vive uma vida de nababo). A questão apresenta o segundo, exigindo que se observem as regras gramaticais, especialmente de concordância, em relação aos pronomes envolvidos.

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A) O núcleo do objeto direto é tendência. Assim, o pronome que lhe faz as vezes é o pronome átono “a”. Na substituição, houve um erro de concordância: “um estado emocional patológico pode intensificá-las Î intensificar a tendência às ilusões. Esse foi o gabarito. O certo seria intensificá-la (a tendência). B) No lugar de “percepções” (objeto direto do verbo transformar), foi empregado corretamente o pronome “as”, feito o devido ajuste decorrente do encontro com a forma verbal terminada em “r”: tem o poder de transformá-las Î transformar nossas percepções. C) Como o verbo haver é impessoal (não possui sujeito) e transitivo direto (o que o acompanha é o objeto direto), em substituição a “lobos”, cabe o pronome oblíquo “os”. Diante da proximidade com a palavra invariável “não” (advérbio), ocorreu a próclise: diz-se comumente que não os há Î que não há lobos. Aprofundando a análise, note que, antes do advérbio, há também uma outra palavra invariável: a conjunção que. Assim, havia mais uma possibilidade de colocação pronominal, em que o pronome se posiciona entre duas palavras invariáveis contíguas (isto é, seguidinhas). Não se assuste se esta construção aparecer – está certa: diz-se comumente que os não há. O nome é APOSSÍNCLISE. D) A palavra masculina sintoma (o sintoma) deve ser substituída pelo pronome oblíquo “o”, uma vez que o verbo constituir é transitivo direto. A “pegadinha” dessa opção era o fato de o pronome demonstrativo “mesma” se referir, não a “sintoma”, mas a “ilusão”. A expressão “por si mesma”, no período, equivale a “isoladamente”. Colocando a expressão no início do período, vemos mais claramente essa relação: Por si mesma, a ilusão não o constitui Î não constitui sintoma de doença mental. Por isso, está correta a substituição. 06 - A O substantivo “moça” é o referente do pronome relativo “que” nas duas passagens subseqüentes: “que lhe é inacessível” = “a moça lhe é inacessível” e “que ele idealiza” = “ele idealiza a moça”, bem como o pronome “ela”, contraído com a preposição “de” em “dela” = “fazendo da moça o mito de sua vida.”. Está correta a afirmação da letra A. (B) O pronome possessivo “seu” (“fala também de seu amor por Carmélia”) tem por referente Belmiro, presente no período anterior, assim como o pronome “sua”, em “o mito de sua vida”. Os dois pronomes têm, portanto, o mesmo referente. Vimos que os pronomes possessivos se flexionam em gênero e número para se harmonizarem com seus termos subseqüentes (seu amor / sua vida). (C) A passagem “moça que lhe é inacessível” equivale a “a moça é inacessível a ele (Belmiro)”. Logo, o pronome “lhe” não se refere a “moça”, mas a “ele / Belmiro”. (D) Como vimos no comentário acima, o pronome “lhe” equivale a “a ele” e não “com ele”. (E) Não pode uma estrutura de voz ativa (ele idealiza a moça) ser substituída, sem prejuízo, pela forma passiva “que é idealizado”, uma vez que o objeto direto (que passa a ser o sujeito na voz passiva) é “moça” e não “ele”. Assim, se houvesse a transposição de vozes, a forma passiva seria “que é idealizada” (a moça = adjetivo no feminino).

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07 - Item INCORRETO O segmento objeto de análise é: “De 74 instituições públicas inscritas, 13 foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados, tornando-os referências nacionais.” O pronome pessoal oblíquo faz referência a “seus resultados”. Substituindo os termos, então, a oração seria “tornando seus resultados referências nacionais”, havendo um verbo transobjetivo (tornar) que exige dois complementos: objeto direto (seus resultados) e predicativo do objeto direto (referências nacionais). A supressão sugerida poderia levar a uma ambigüidade indesejada: não se saberia o que foi considerado “referências nacionais”, se as práticas e rotinas de gestão, se as instituições públicas selecionadas, se seus resultados, causando prejuízo à coerência textual. Essa é a função do pronome oblíquo na oração. 08 - Item INCORRETO Como mencionamos, as bancas, especialmente CESPE UnB e ESAF, exigem que o candidato saiba identificar as referências dos pronomes. Na maioria das vezes, é indispensável a compreensão do texto, como nessa questão, com o pronome possessivo seu. A segunda oração é subordinada adjetiva: “as quais manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis”. Tanto “extrato”, como “autógrafo” são elementos que fazem parte dos contratos. O arquivo cronológico dos autógrafos apostos nos contratos e o registro sistemático de seu extrato serão mantidos pelas repartições. Assim, os pronomes possessivos têm por referente “os contratos e seus aditamentos”, da oração principal (“os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas”). 09 - E Em questões como essas, talvez a maior dificuldade esteja na compreensão textual, decisiva para a identificação dos termos referentes. Uma paráfrase para o último período do texto é: “A razão instrumental da ciência e técnica positivista, que antes era parte da razão iluminista, com o tempo se tornou autônoma, indo de encontro às suas próprias tendências emancipatórias.”. Assim, nota-se que tanto o “ela”, da linha 9, quanto o “suas”, da linha 10, têm por referente “razão instrumental”. 10 - A O preenchimento das duas primeiras lacunas não iria nos ajudar a resolver a questão, pois ambas envolvem vocabulário.

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A partir da 3ª lacuna, começamos a desvendar o mistério. T um dos pontos mais incidentes em questões que envolvem pronomes – COLOCAÇÃO PRONOMINAL. A partir da conjunção “e”, logo após a segunda lacuna, há uma oração subordinada adverbial conclusiva: “... é por isso que nele ______ ... o pensador político.”. Não se preocupe por enquanto com essa terminologia. Iremos estudar mais a fundo os períodos compostos. Por ora, basta-nos saber que, em orações subordinadas (como a que temos aí), a próclise é obrigatória. Por isso, a forma que preenche a lacuna é “se acentua”. Há somente duas opções que oferecem essa construção: a e b (já temos 50% de chances de ganhar o ponto!). A quarta lacuna é preenchida por um pronome demonstrativo que se refere um termo mencionado na passagem anterior do texto (a vocação política pertencia ao pensador político, Nabuco). Esse é o uso anafórico do pronome demonstrativo. O pronome, por fazer referência a algo do passado, deve ser usado na forma ESSA: “... ainda que essa vocação política se alie...”. 5ª) O termo regente aliar, na construção, é pronominal (eu me alio, tu te alias, ele se alia) e transitivo indireto, exigindo a preposição a (“Alguém se alia a outrem.”). Deve-se ler todo o período para se verificar qual seria o termo regido. Vamos lá. O segmento é: “É uma tradição espiritual que ele conserva e eleva a um grau superior, ainda que a essa vocação política se alie ____ sensibilidade artística”. Percebe-se que o “a” que a antecede “essa vocação” só pode ser uma preposição, não poderia ser um artigo definido. Quer ver? Vamos colocar a expressão “essa vocação política” como sujeito de uma oração: “Essa vocação política surgiu ainda na adolescência”. Haveria alguma possibilidade de se colocar um ARTIGO DEFINIDO FEMININO antes do pronome “essa” (A essa vocação política surgiu...)? Não! Então, esse “a” que antecede a penúltima lacuna é uma preposição, exigida pelo verbo “aliar-se”. O termo regido, portanto, é essa vocação política. Colocando na ordem direta, a construção seria: “... ainda que a sensibilidade artística se alie a essa vocação política ...” Percebe-se, assim, que “sensibilidade artística” é o sujeito da oração e sujeito não admite ser iniciado por preposição (se existir preposição, ela pertence a outra oração que não a desse sujeito). Conclusão: esse a não é acentuado. A resposta foi a letra a – “essência / origens/ se acentua / essa / a”. 11 – D O que está incorreto na opção (D) é o emprego do pronome “lhe” em substituição ao complemento direto “boa parte da vida”. Como o verbo é transitivo direto, correta estaria a construção: a ocupá-la. Vamos começar pela opção (B). Esse assunto já foi objeto de comentário na questão 04 - emprego do pronome oblíquo com valor possessivo.

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Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são usados para representar um nome (substantivo), evitando, assim, sua repetição. Podem se ligar ao verbo por hífen (ênclise ou mesóclise) ou sem este sinal (próclise), e sua colocação é assunto recorrente em provas de concursos públicos. No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor possessivo. Vamos ao exemplo presente na opção (B), considerada correta. “Evocar a lembrança de outro colega” – a expressão sublinhada tem valor possessivo, equivalente a “sua” (evocar a sua lembrança), ou seja, a lembrança que se tem dele. No lugar da expressão, foi empregado corretamente o pronome oblíquo – evocar-lhe a lembrança. Observe que, mesmo que o substantivo estivesse no plural (lembranças), o pronome permaneceria no singular por estar em correlação com “colega” (Evocar-lhe as lembranças). As demais opções abordam o emprego dos pronomes oblíquos como objetos diretos ou indiretos. Como vimos inúmeras vezes, o pronome “o” (e flexões) só é empregado quando o complemento for direto (sem preposição obrigatória), enquanto que “lhe” (e flexões) é usado em objetos indiretos (com preposição). Quando os pronomes o, a, os, as são empregados após o verbo cuja terminação seja r, s, z, ao pronome é agregada ao pronome a letra L (lo, la, los, las) e o r, s, z ‘caem’. Processo parecido acontece com o pronome oblíquo nos, diferenciando-se apenas no fato de não haver alteração gráfica no pronome, que se mantém “nos” (“Reportamo-nos a V.Sa. no intuito de...”). Exemplo: opção (A) para oferecer trabalho = para oferecê-lo. Em relação à acentuação, já comentamos na aula de ortografia que este verbo é entendido como um vocábulo independente, devendo obedecer às regras: oferecê = oxítona terminada em “e”.´ Se o pronome dividir o verbo em duas partes, cada parte será analisada, para fins de acentuação, como se um único vocábulo formasse. Exemplo: Nós distribuiríamos o medicamento. Em mesóclise: DISTRIBUIRÍAMOS + O = DISTRIBUIR + O + ÍAMOS A letra “r” cai e o pronome “o” vira “lo” = distribui-lo-íamos. Agora, vamos à acentuação: No “pedacinho” distribui , a sílaba tônica recai no “i”. Como segunda vogal do hiato, deve ser acentuada = distribuí (com acento agudo no “i”) O outro “pedaço” - íamos - recebe acento por ser uma proparoxítona. Assim, a forma verbal correta é: distribuí-lo-íamos. Quando o verbo termina de forma nasal (-m, -ão, -õe), aos pronomes o, a, os, as é acrescentada a letra “n”. Exemplo: opção (C) – tomaram caminhos paralelos = TOMARAM + O = tomaramnos. Observe que, fora do contexto, não temos como afirmar se o “nos” em “tomaram-nos” é o pronome oblíquo “os” ou “nos” (“tomaram a nós”). A opção (E) não apresenta maiores dificuldades – no lugar do objeto direto “inteligência e paladares”, colocou-se o pronome oblíquo os, já que um dos elementos é masculino.

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12 - E Algumas lacunas serão preenchidas com pronomes relativos que iniciam orações adjetivas. 1ª lacuna Providências a serem tomadas: 1) escolher qual pronome relativo deve ser empregado; 2) verificar se o pronome relativo deve ser antecedido por alguma preposição requerida pelo verbo da oração adjetiva. A oração adjetiva é: ... cobrem toda a região. Pergunta: o que cobre toda a região? A dica para a resposta está na flexão verbal (cobrem). Resposta: as árvores (mencionada na oração imediatamente anterior). O pronome relativo substitui esse substantivo: As árvores cobrem toda a região. Como o antecedente é “coisa”, podemos usar o pronome relativo “que”. Também percebemos que o pronome relativo exerce a função de SUJEITO do verbo cobrir (... árvores que cobrem toda a região...), não devendo ser usada nenhuma preposição. Assim, a forma que preenche a primeira lacuna é que: “A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores, que cobrem toda a região.” A única opção válida é a letra (E). Levaríamos um segundo para resolver a questão, hem? Na hora da prova, nada de perder tempo. Marcou a opção correta e partiu para a próxima. Como aqui estamos fazendo exercícios, vamos analisar as demais lacunas. 2ª lacuna O que “evapora rapidamente” (verbo no singular)? Resposta: A água da chuva. Essa expressão já foi mencionada na oração anterior e o texto se tornaria repetitivo no caso de apresentá-la novamente. Assim, como elemento de coesão textual, usamos o pronome demonstrativo. Por ter sido apresentada no início do texto, podemos usar “essa água” (com “ss” de paSSado – lembra?) ou “aquela água” (já que está distante no texto, mas não há essa opção). Observe que o que evapora é a água, e não a chuva (fenômeno atmosférico). Neste ponto, entra a análise semântica, ou seja, o sentido que as palavras empregam ao texto/contexto. Quando tratamos de pronomes, o sentido (análise semântica) tem um peso fundamental. É a partir do conceito que conseguimos identificar os elementos a que os pronomes se referem. 3ª lacuna Entre “solo” e “áreas desmatadas” há uma relação de dependência: o solo das áreas desmatadas. Devemos, então, empregar o pronome relativo cujo, que serve para ligar dois substantivos que têm relação de subordinação.

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Como o pronome faz parte do sujeito da oração subordinada adjetiva (“O solo das áreas desmatadas é pobre...”), não devemos colocar preposição alguma: “o que não ocorre em áreas desmatadas, cujo solo é pobre em matéria orgânica”. A ordem será: que / Essa água / cujo. Gabarito: E 13 – D O pronome relativo onde deve ser usado tendo como referente um lugar ou algo que a isso se assemelhe (página, folha etc.). Na oração, não há nenhum referente que justifique esse emprego. A) O pronome oblíquo está sendo usado de modo reflexivo – os primos falam de si mesmos. B) Está perfeita a construção “com nós mesmos”. Veja a observação do “Quadroresumo de Pronomes Pessoais”, à página 3. C) O pronome “o”, em “encontrá-lo”, está corretamente posicionado. Com verbo no infinitivo, a colocação estará sempre certa (desde que não inicie período), mesmo que haja uma palavra invariável. Por isso, são duas as possibilidades: “a fim de não encontrá-lo” e “a fim de não o encontrar”. E) O pronome oblíquo, mais uma vez, está elegantemente usado com valor possessivo. Os cabelos moldam o rosto dela/dele = moldam-lhe o rosto. 14 – A Para nunca errar o emprego de verbos e pronomes com pronomes de tratamento, basta lembrar: tudo o que acontece com você vai acontecer também com os demais pronomes de tratamento (Vossa Senhoria, Vossa Excelência, etc.). Por isso, os pronomes e os verbos serão usados na 3ª pessoa do singular: Afianço-lhe que V.Sa. (você) terá grande influência na resolução do problema que submeto a seu exame. É só pensar como se fosse o pronome você. Não tem erro! 15 – A O pronome faz referência a um encontro mencionado no texto. Por isso, só havia duas possibilidades de resposta: anafórico (referência anterior - para trás) e catafórico (referência posterior - para a frente). Vamos ao texto para identificar que encontro é esse: Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba. O encontro dos ritmos afros e ibéricos, que formaram a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos como samba. Como se refere a um elemento do texto que já havia sido apresentado, houve uma referência anafórica - resposta: A.

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16 – E Voltamos a falar sobre pronomes relativos e regência. Esse será o nosso assunto das próximas questões. O erro da opção E está na análise: o pronome relativo que substitui o substantivo livros. Vamos ver a qual verbo está ligado este substantivo: “tanto gosto de ler”. O verbo ler é transitivo direto (eu gosto de ler livros); por isso, não deve haver nenhuma preposição a anteceder o pronome relativo: Comprei os livros que tanto gosto de ler. Veja as demais opções, que estão corretas. A) O verbo esquecer-se é transitivo indireto e rege a preposição de. Portanto, está correta a construção: “São locais de que nunca mais nos esquecemos”. Se houvesse a retirada do pronome, o verbo seria esquecer e, portanto, transitivo direto. A construção, nesse caso, seria: “São locais que nunca mais esquecemos”. Notou a diferença significativa entre uma forma e outra? B) Há relação de subordinação entre os substantivos romances e autores. Por isso, está correto o emprego do CUJO. Como o verbo da oração adjetiva é “falar”, pode ser usada a preposição de, que irá anteceder o pronome relativo: “Li os romances de cujos autores falamos” (= nós falamos dos autores dos romances). C) Mais uma vez, observamos o correto uso do pronome relativo CUJO. A relação entre autores e músicas permite isso. Como o verbo apreciar é transitivo direto, não há exigência de nenhuma preposição antes do relativo: “Aqui estão as músicas cujos autores aprecio” (= eu aprecio os autores das músicas). D) Parece que o examinador cismou com o CUJO, não é mesmo? Entre idéias e autores, existe uma ligação (as idéias dos autores). Como o verbo insurgir-se rege a preposição contra, esta é colocada antes do pronome relativo: “Aqui estão as idéias contra cujos autores me insurgi” (eu me insurgi contra os autores das idéias – e não contra as idéias dos autores – CUIDADO NA ANÁLISE!). 17 – B Mais uma excelente questão de prova. Aliás, mais do que uma questão, isso é uma sugestão para apre(e)nder os conceitos de nossa língua. Ao entrar em um elevador, ou passar pela portaria de seu prédio, analise a correção gramatical dos avisos colocados pelo síndico (se você for o síndico, saiba desde já que está sendo julgado pelos demais condôminos, hem?). Vamos criticar o panfleto? Complete a frase: “O síndico não deu atenção...” = a alguma coisa A regência exige a preposição a. Pergunta-se: a que o síndico não deu atenção? Resposta: Às reclamações dos condôminos. Notou a relação entre esses dois substantivos? Pois é. Não dá pra acertar sempre, não é? O texto acertou no emprego do CUJO e se esqueceu de colocar a preposição antes desse pronome relativo.

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Depois de corrigida, a oração seria: “os condôminos a cujas reclamações o síndico não deu atenção...”. Na segunda oração, existe também uma relação entre “pontos principais” e “itens”: os pontos principais dos itens (de discussão, provavelmente). Assim, o pronome correto seria cujo. Acho que o pessoal do condomínio ficou com medo de usar duas vezes o CUJO e errar, mas acabou errando ao não colocá-lo. A construção correta seria: “os itens cujos principais pontos não foram discutidos...” Nas duas orações, houve erro no emprego do pronome relativo. Por isso, a resposta correta é B. 18 – B O que o examinador quer é saber qual dos verbos rege a preposição de que antecede o pronome relativo que. a) Alguém se refere a alguma coisa – a que se refere o filósofo. b) Alguém cuida de alguma coisa – de que cuida o filósofo. Oba! Essa é a resposta! c) Alguém investiga alguma coisa (transitivo direto) – que investiga o filósofo. d) Algo aflige alguém (transitivo direto) – que aflige o filósofo (nessa construção, “o filósofo” é o objeto direto, ou seja, ele sofre aflição por causa dessa liberdade). e) Alguém disserta sobre/acerca de alguma coisa – sobre a qual disserta o filósofo (como a preposição é dissílaba, precisaríamos, também, substituir o “que” por “a qual” (a liberdade). 19 – C Nas orações dos itens a, c e d, está correto o emprego de CUJO, pois existe uma relação de subordinação entre os dois substantivos: a) estilo do escritor b) livro da professora c) vestibular da universidade O problema da opção d está na presença de um artigo antes do termo regente “nome”, formando o condenado “cujo o”. Este pronome relativo já se flexiona para concordar com o termo subseqüente. Por isso, constitui erro a presença de um artigo definido. Na opção e, a presença de um artigo antes da lacuna impossibilita o emprego do pronome, eliminando essa opção. Em seguida, vamos analisar a regência dos verbos das orações adjetivas para identificar o que seja transitivo direto e, portanto, dispense preposição, mantendo na lacuna apenas o pronome relativo. a) eu não gosto do estilo do escritor – o verbo gostar exige a preposição de. Assim, a lacuna seria preenchida com de cujo: “O escritor de cujo estilo eu não gosto vai lançar mais duas obras este ano.

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b) esta é a resposta certa. A expressão “livro da professora” exerce a função de sujeito da forma verbal (A professora cujo livro foi reeditado = o livro da professora foi editado), dispensando, assim, qualquer preposição. c) Meu filho se preparou para o vestibular da universidade. Há exigência da presença da preposição para: “A universidade para cujo vestibular meu filho se preparou...”. 20 - A Vamos analisar lacuna por lacuna. (A) “O prestígio ..... o texto de Maquiavel desfruta até hoje” – o verbo desfrutar, na construção, é transitivo indireto com a preposição “de” (Alguém desfruta de alguma coisa); o pronome relativo se refere a “prestígio”. Logo a primeira lacuna deverá ser preenchida com “de que”. Em seguida, na passagem “pois é um tratado político ..... muitos têm muito a aprender”, devemos analisar a transitividade do verbo principal da locução verbal “ter a aprender”. O verbo aprender, por estar acompanhado do advérbio “muito”, apresenta, na construção, a forma transitiva indireta, acompanhado da preposição “com” (da mesma forma que em “Eu aprendi muito com os meus erros”). Como o pronome relativo substitui a expressão “tratado político”, a construção deveria ser: “pois é um tratado político com que muitos têm muito a aprender”. Lacunas: de que / com que - esta é a resposta correta. (B) O verbo “considerar” é transitivo direto. Na oração “Muitos estavam habituados a considerar as qualidades morais” (termo este que será substituído pelo pronome relativo), não há necessidade do emprego de preposição alguma, já que o verbo considerar é transitivo direto. Assim, a primeira lacuna será preenchida somente com o pronome relativo: “As qualidades morais que muitos estavam habituados a considerar como tais...”. Na segunda lacuna, o pronome relativo exerce a função de objeto direto do verbo “tornar”. Este verbo é, na construção, transobjetivo, ou seja, além do objeto direto, requer um predicativo do objeto direto (já falamos sobre isso na Aula 1 – Verbos, questão 31). Após a substituição do pronome relativo pelo substantivo (seu antecedente), a construção seria: “Maquiavel tornou o tratado uma obra basilar”, em que “o tratado” exerce a função de objeto direto e “uma obra basilar”, predicativo do objeto direto. Para deixarmos essa função de objeto direto bastante clara, vamos trocar o substantivo por um pronome oblíquo: “Maquiavel tornou-o uma obra basilar”. Observe que “obra basilar” tem valor adjetivo (atribui uma qualidade) em relação a “tratado”, e com ele não se confunde. O predicativo do objeto é uma função necessária à compreensão. Não haveria nexo se este elemento faltasse ao período: “Maquiavel tornou o tratado ...” – a pergunta provavelmente seria: tornou o tratado o quê? O elemento que completa essa oração exerce a função de predicativo do objeto. Como o objeto direto não requer preposição, na segunda lacuna há somente o pronome relativo: “no tratado que Maquiavel tornou uma obra basilar”. Lacunas: que / que

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(C) “Muita gente costuma cultuar alguma coisa” – o verbo cultuar (principal da locução) é transitivo direto. Assim, na primeira lacuna, há apenas o pronome relativo que se refere a “valores abstratos”: “Os valores abstratos que muita gente costuma cultuar...”. No segundo período, o verbo valer-se exige complemento indireto com a preposição “de” (Alguém pode se valer de alguma coisa). Essa preposição irá anteceder o pronome relativo: “qualquer aplicação de que pudesse se valer na análise da política.”. Lacunas: que / de que (D) O verbo utilizar é transitivo direto – “muitos utilizam o adjetivo maquiavélico”. Não há necessidade de se empregar preposição alguma – “O adjetivo ‘maquiavélico’, que muitos utilizam para denegrir o caráter de alguém...”. Na seqüência, o verbo discordar (verbo principal da locução verbal) é transitivo indireto, com a preposição “de” (Alguém discorda de alguma coisa). Observe que a oração está na ordem invertida: “os cientistas políticos” é sujeito: “... ganhou uma acepção de que costumam discordar os cientistas políticos.” (equivalente a “os cientistas políticos costumam discordar da acepção”). Lacunas: que / de que (E) Alguém se entrega a alguma coisa – o verbo entregar-se (pronominal) é transitivo indireto com a preposição “a”. Esta preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui “a leitura de O Príncipe”: “A leitura de O Príncipe, a que muita gente até hoje se entrega...”. Na seqüência, temos um caso de regência nominal – o adjetivo “envolvidos” exige a preposição “em” (Alguém se sente envolvido em alguma situação). Esse complemento nominal já está representado por “na lógica da política”. Já o pronome relativo exerce a função de sujeito da oração subordinada adjetiva e se refere a “todos”: “todos se sintam envolvidos na lógica da política”. A construção seria: “... interessa a todos que se sintam envolvidos na lógica da política”. Lacunas: a que / que 21 – Item INCORRETO Vamos analisar o segmento em que o pronome relativo em questão aparece. Vencer as desigualdades faz parte de uma estratégia e de um novo modelo de desenvolvimento para o país, que pode dispor, para tanto, da imensa riqueza natural de nossa Nação. O verbo dispor é transitivo indireto (Alguém dispõe de alguma coisa). A primeira dica: a locução verbal está no singular (pode dispor), indicando que o referente também apresenta esse número. Na seqüência, é apresentado o complemento do verbo dispor: “de imensa riqueza natural de nossa Nação”. Pergunta: “quem” dispõe de imensa riqueza natural de nossa nação? Resposta: “O país”, mencionado na oração anterior Î o país pode dispor (para vencer as desigualdades) da imensa riqueza natural de nossa Nação.

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Viu como a compreensão textual é essencial para a solução de questões como essa? Na hora da prova, não tenha preguiça de voltar ao texto. O objetivo da banca é enganá-lo, e você deve estar preparado para vencer esse desafio. 22 – Item CORRETO Finalmente, vemos um caso de pronome oblíquo usado como termo vicário, ou seja, substituindo um termo ou oração mencionada anteriormente. Isso é muito comum com o verbo fazer. O pronome, nesse caso, serve como complemento do verbo, retomando a ação apresentada no período anterior: “Quem pergunta pela sua identidade questiona as referências hegemônicas mas, ao fazê-lo, coloca-se na posição de outro (...).” – ao fazer o quê? Toda a expressão (fazê-lo) se refere a “questiona as referências hegemônicas”. Está correta, portanto, a afirmação de que o pronome exerce a função de objeto direto do verbo fazer. 23 – Item CORRETO Essa é basicamente uma questão de interpretação. Os índios eram considerados pelos portugueses “tábula rasa”, ou seja, desprovidos de valores culturais ou religiosos próprios e sem escrita, tudo o que o português possuía. Acreditavam que eles aceitariam “de bom grado, a voz catequética do missionário jesuíta que, ao impô-los em língua portuguesa”... O que seria imposto em língua portuguesa aos índios? Podemos entender que tanto os valores culturais ou religiosos quanto a própria escrita, elementos que os portugueses possuíam e que iriam impor aos índios. Dessa forma, o pronome retoma, de forma coesa, os elementos textuais anteriormente apresentados. Veja como é importante conhecer a nomenclatura: “forma pronominal enclítica” – essa expressão poderia assustar quem não a conhecesse. Bons estudos e até a próxima aula – Conectivos: Preposição e Conjunção.

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CONECTIVOS – PREPOSIÇÃO E CONJUNÇÃO Olá, pessoal Na aula passada, lancei um desafio – encontrar uma letra de música que contivesse o pronome relativo CUJO usado de forma apropriada. Um herói conseguiu! Parabéns, Rômulo Faria! A letra é da música “A Foto da Capa”, do CD “Paratodos”. Já adivinhou o autor??? Tinha de ser: Chico Buarque!!! Segue a letra para a nossa análise: O retrato do artista quando moço Não é promissora, cândida pintura É a figura do larápio rastaqüera Numa foto que não era para capa Uma pose para câmera tão dura Cujo foco toda lírica solapa Era rala a luz naquele calabouço Do talento a clarabóia se tampara E o poeta que ele sempre se soubera Claramente não mirava algum futuro Via o tira da sinistra que rosnara E o fotógrafo frontal batendo a chapa É uma foto que não era para capa Era a mera contracara, a face obscura O retrato da paúra quando o cara Se prepara para dar a cara a tapa O foco da câmera solapa (destrói ou oculta, esconde) toda lírica (poesia, beleza) em virtude da dureza (rigidez) daquela. A relação de subordinação entre os dois elementos (foco da câmera) abona o emprego do pronome relativo CUJO. Lindo isso, não é? Nossa busca, no entanto, não terminou. Quem encontrar outras letras de música com o pronome CUJO empregado corretamente, pode apresentá-las no fórum ou mandá-las por “e-mail” para mim. Vamos enriquecer nossa aula. Hoje nosso assunto será a função e o emprego dos conectivos – conjunções e preposições. Ao lado dos pronomes, esses elementos são responsáveis por estabelecer o nexo entre os vocábulos de uma oração e entre as orações, períodos e parágrafos em um texto. Serão apresentados os conceitos de um e de outro para, ao fim, exercitarmos com questões de prova que exploram esse conhecimento.

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PREPOSIÇÃO CONCEITO Palavra invariável que, colocada entre duas outras, faz com que uma se torne membro da outra, criando-se um elo de subordinação. Casa da mãe Joana Cadeira de ferro Vida de cão Útil a todos Preciso de ajuda Na aula sobre sintaxe de regência (Aula 5), já vimos essa relação entre subordinante (ou antecedente: casa, cadeira, vida, útil, preciso) e subordinado (ou conseqüente: da mãe Joana, de ferro, de cão, a todos, de ajuda) As preposições não possuem, isoladamente, um significado. Elas atribuem circunstâncias aos elementos a ela ligados. Veja os diversos sentidos que a mesma preposição (com) pode exprimir: Dirija com calma. (modo) Ele cortou-se com a faca. (instrumento) Fomos ao cinema com nossos amigos. (companhia) Aquela escultura foi feita com argila. (matéria) Agora compare a seguinte oração com os exemplos apresentados: Concordo com você. Ao contrário das demais frases, em que a preposição circunstância, nessa, a preposição com foi exigida pelo verbo.

introduz

uma

Assim, ora as preposições são usadas com valor semântico, de modo a exprimir certas circunstâncias aos elementos oracionais (como na função de adjunto adverbial), ora por exigência gramatical, como na função de objeto indireto. CLASSIFICAÇÃO DAS PREPOSIÇÕES As preposições podem ser: ESSENCIAIS – são palavras que, desde sua origem, são usadas como preposição: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás. Todos estão contra a mudança do horário.

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ACIDENTAIS – palavras de outras classes gramaticais que “por acidente” são usadas como preposição: durante, mediante, conforme, segundo, consoante, que. Tenho que sair. Nós os temos como irmãos. Fugiu durante a noite. Veja uma interessante questão de prova que explorou esse conceito de preposição acidental. (ESAF/AFRF/2002.1) O homem é moderno na medida das senhas de que ele é escravo para ter acesso à vida. Não é mais o senhor de seu direito constitucional de ir-evir. A senha é a senhora absoluta. Sem senha, você fica sem seu próprio dinheiro ou até sem a vida. No cofre do hotel, são quatro algarismos; no seu home bank, seis; mas para trabalhar no computador da empresa, você tem que digitar oito vezes, letras e algarismos. A porta do meu carro tem senha; o alarme do seu, também. Cada um de nossos cartões tem senha. Se for sensato, você percebe que sua memória não pode ser ocupada com tanta baboseira inútil. Seus neurônios precisam ter finalidade nobre. Têm que guardar, sim, os bons momentos da vida. Então, desesperado, você descarrega tudo na sua agenda eletrônica, num lugar secreto que só senha abre. Agora só falta descobrir em que lugar secreto você vai guardar a senha do lugar secreto que guarda as senhas. (Alexandre Garcia, Abre-te sésamo, com adaptações) c) Respeitam-se as regras de regência da norma culta ao empregar a preposição de em vez de que na expressão verbal “Têm que” (l.10).

Este item está CORRETO. Uma locução verbal pode apresentar, entre o verbo principal e o auxiliar, uma preposição (acabei de chegar, chego a tremer, acabo de fazer, tenho de aceitar). No meio da locução, no lugar da preposição, foi usada a palavra que: “ter que guardar”. Segundo a norma culta, deveria ser “ter de guardar”. Esse “que” (originalmente uma conjunção), por estar no lugar de uma preposição, recebe o nome de “preposição acidental”. O mesmo acontece em “Eu a tenho como uma irmã”, em que a palavra “como” (pronome, conjunção ou advérbio) está usada no lugar de uma preposição (“Eu a tenho por uma irmã”). Em locuções prepositivas, a última palavra é sempre uma preposição essencial. (abaixo de, acima de, a fim de, junto a, de acordo com, devido a ...). As preposições também podem surgir isoladamente, conhecidas como sintagmas avulsos preposicionados (Com sua licença, por favor). Pode-se entender, todavia, que o antecedente, nesses casos, foi omitido.

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PREPOSIÇÃO EM ADJUNTO ADVERBIAL Vimos na aula passada que pode ocorrer a elipse (omissão) da preposição, especialmente em adjuntos adverbiais de tempo “Neste/Este fim de semana, irei ao litoral”, “Chegarei (no) domingo.”, “A lista dos aprovados sairá (n)esta semana ainda.”. Contudo, se o adjunto adverbial vier sob a forma de oração, há divergência doutrinária. Alguns julgam ser uma questão de conveniência, mas a posição majoritária é pela OBRIGATORIEDADE do emprego da preposição antes do pronome relativo correspondente. Encontramos, inclusive, posicionamento:

uma

questão

de

prova

que

corrobora

esse

(ESAF/AFC STN/2002) Marque o item sublinhado que representa impropriedade vocabular, erro gramatical ou ortográfico. Em vista da crescente conscientização sobre a necessidade de preservar o patrimônio cultural, tem havido muitas discussões sobre a proteção da área do entorno(A) ou do envoltório(B)do bem imóvel tombado. Há, principalmente, divergências quanto à sua(C) dimensão adequada ou ideal e ao momento que(D) passa a ser protegida.(E) (Baseado em Antônio Silveira R. dos Santos) a) A b) B c) C d) D e) E

Na opção D, gabarito da questão, o pronome relativo que (cujo referente é o substantivo momento) cria, na oração adjetiva que inicia, uma estrutura equivalente a “a área passa a ser protegida no momento”. Percebe-se, assim, o valor adverbial da expressão sublinhada, exigindo o emprego da preposição em (em + o = no). Por isso, essa preposição “em” deve anteceder o pronome relativo “que”, que representa a palavra momento – “... momento em que passa a ser protegida.”. Com relação ao item c (correto), a locução “quanto a” uniu-se ao artigo que antecede “sua dimensão”, formando “quanto à sua dimensão”. Como vimos na aula de crase, seria facultativo o emprego do artigo definido antes do possessivo - “(a) sua dimensão” - e, por conseguinte, a acentuação – “quanto a (à) sua dimensão”.

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PREPOSIÇÃO EM COMPLEMENTOS NOMINAIS E VERBAIS A preposição pode anteceder um complemento nominal ou um complemento verbal. Quando esse complemento vem sob a forma oracional, podemos adotar os seguintes posicionamentos. Em relação à omissão da preposição em complementos verbais (objeto indireto oracional), a posição majoritária da doutrina é de aceitar a omissão de preposição antes da conjunção. Veja uma questão de prova em que isso ocorreu: (ESAF/AFRF/2003) Julgue a assertiva abaixo em relação aos aspectos gramaticais. e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência. Este item da questão foi considerado CORRETO. O verbo esquecer-se (OLHA A AULA DE REGÊNCIA AÍ, GENTE!!!) – pronominal – é transitivo indireto, regendo a preposição de (Não se esqueça de mim.). Contudo, como o seu complemento indireto está sob a forma oracional (“que a construção do autoritarismo...”), é possível a elipse (omissão) da preposição. Assim, em determinadas construções verbais (convencer-se, lembrar-se, esquecer-se, assegurar-se, duvidar, concordar, discordar, torcer), a preposição poderia ser omitida no complemento verbal oracional: “Concordamos (com) que todos devem ser aprovados.” “Duvidamos (de) que alguém venda mais barato.” (essa era a propaganda das Casas Sendas, no RJ; alguém aí se lembra disso?).

Então, com objeto indireto oracional, a preposição pode ser omitida. Beleza! Agora, a norma culta prevê que, quando a preposição é exigência de um nome (adjetivo, substantivo abstrato ou advérbio) e o complemento está sob a forma oracional, a preposição deve anteceder a conjunção integrante que dá início ao complemento nominal: “Tenho a convicção de que estamos no caminho certo.” (“Tenho a convicção disso.” - alguém tem convicção de alguma coisa) “Somos favoráveis a que todos sejam nomeados rapidamente” (“Somos favoráveis a isso.” - alguém é favorável a alguma coisa).

Em relação à omissão da preposição em complementos nominais, o assunto é bastante controverso. Há quem defenda a omissão da preposição em complementos nominais sob a forma oracional.

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Celso Luft, em seu Dicionário Prático de Regência Nominal, observa que “é viável a elipse da preposição antes do que” – Exemplo: “Estou certa que me hás de compreender.” (Alguém está certo de alguma coisa = Estou certa de que...) . Algumas bancas já deixaram clara a sua posição. A ESAF, por exemplo, até hoje, sempre considerou um erro a omissão de preposição antes de uma oração que complementa um nome (adjetivo, substantivo, advérbio). Veja uma dessas questões:

(ESAF/AFT/2003) Julgue a correção gramatical da asserção abaixo. c) Na América Latina, por exemplo, “a integração global aumentou ainda mais as desigualdades salariais”, e há uma preocupação generalizada que o processo esteja levando uma maior desigualdade no próprio interior dos países. Essa desigualdade já alcançou os Estados em suas relações assimétricas. Este item foi considerado INCORRETO. O substantivo preocupação, a depender do significado, pode reger diversas preposições ou locuções prepositivas (com, para com, em, etc.). Uma delas é a preposição de: Notei a sua preocupação de todos serem bem atendidos. No segmento “há uma preocupação generalizada que o processo esteja levando...”, faltou o emprego da preposição de antes da conjunção que. Quem tem uma preocupação, tem preocupação de alguma coisa. A forma correta seria: “há uma preocupação generalizada de que o processo esteja levando...”. Houve também outro erro de regência - a omissão da preposição a em “...esteja levando a uma maior desigualdade no próprio interior dos países.”. Contudo, isso não significa que a banca não possa mudar de idéia e, com base na lição de Celso Luft, passe a aceitar um complemento nominal oracional sem a preposição. Por isso, caso apareça uma questão como essa, em que o complemento nominal oracional estiver sem a preposição, tome cuidado: desenhe uma caveira ao lado da opção e continue lendo a questão até o fim. Se não surgir nada “mais errado”, essa deve ser a resposta. MAIS ALGUMAS PECULIARIDADES NO USO DAS PREPOSIÇÕES. Eu sei que já falamos sobre isso na aula passada, mas não custa nada reforçar o ensinamento. De acordo com a norma culta, o sujeito das orações reduzidas de infinitivo deve estar separado da preposição – “Apesar de elas não saberem a matéria, tiveram um bom resultado.”. Modernamente, aceita-se a contração da preposição com o pronome ou artigo do sujeito – “Está na hora da onça beber água.” (exemplo do mestre Evanildo Bechara).

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CUIDADO! Para analisar adequadamente a construção, devemos dispor os termos da oração na ordem direta. Lembra-se da pegadinha em que o Bill Gates caiu? “Para ____ estar aqui é um prazer imenso.” Como é mesmo que se preenche essa lacuna? Com “eu” ou “mim”? Devemos perguntar ao verbo quem é o seu sujeito: o que é um prazer imenso? Resposta: estar aqui. Então, colocando COMPLEMENTO):

os

termos

na

ordem

direta

(SUJEITO



VERBO



“ESTAR AQUI (sujeito) é um prazer para ____ .” Agora ficou mais fácil, não é? Após preposição, coloca-se um pronome oblíquo, desde que esse pronome não seja o sujeito de uma forma verbal. Então, devemos completar com mim. Na ordem original seria “Para mim estar aqui é um prazer imenso.”. Uma vírgula após mim cairia bem, já que iria mostrar que esse pronome não é o sujeito do verbo estar, que, aliás, é impessoal (“Para mim, estar aqui é um prazer.”). Todavia, essa vírgula não é obrigatória (mas isso é outro assunto...). Preencha, agora, as lacunas das seguintes orações: “O amor entre ____ e ____ morreu.” (eu / mim – tu / ti). Como você completaria? Vamos começar identificando o sujeito: quem/o que morreu? Resposta: o amor. Bem, se após preposição, devemos empregar o pronome oblíquo, ficaria “O amor entre mim e ti morreu.”. “Entre ____ pedir e ____ fazeres, há grande distância.” (eu / mim – tu / ti). Como fica agora? Como o pronome que irá ocupar a primeira lacuna será o sujeito do verbo pedir. Quem vai pedir? Resposta: eu. Então, só podemos colocar um pronome reto (é quem exerce as funções de sujeito e de predicativo do sujeito - aula sobre pronomes). O mesmo acontece com o sujeito do verbo fazer. Assim, a forma é “Entre eu pedir e tu fazeres, há grande distância.”. CONJUNÇÃO DEFINIÇÃO São vocábulos de função estritamente gramatical, utilizados para o estabelecimento da relação entre dois termos na mesma oração ou entre duas orações, que formam um período composto. Assim como a preposição, não tem significado nem função sintática. CONCEITOS FUNDAMENTAIS

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1. FRASE – É a unidade mínima de sentido completo na comunicação. Pode ser simples (Fogo!) ou complexa, formada por diversas orações. Pode conter verbo ou não. 2. ORAÇÃO – é a frase (ou elemento frasal) com estrutura que comporta sujeito e predicado. Há verbo, explicito ou oculto. Note a diferença entre frase e oração a partir dos seguintes exemplos: Que mulher insuportável! Aquela mulher é insuportável! Na primeira, a opinião é apresentada de forma direta, sem verbo. Já na segunda, a mesma opinião é apresentada sob uma estrutura oracional (com sujeito e predicado). 3. PERÍODO – é a estrutura composta por uma ou mais orações, dividindose, assim, em período simples e composto. 3.1 - Período Simples – apresenta a oração absoluta. Estou muito feliz. 3.2 - Período Composto – apresenta mais de uma oração, que podem estar em coordenação (independentes) ou em subordinação (uma exerce função sintática na outra – relação de dependência). Por que esta nomenclatura: subordinada e coordenada? Pense bem – são coordenadas estruturas que não dependem uma da outra, ou seja, caminham paralelamente. Já as subordinadas exercem influência uma na outra, ou seja, uma estrutura exerce alguma função sintática (sujeito, objeto direto, objeto indireto etc.) na outra estrutura, estabelecendo, assim, uma relação de subordinação. CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES Oração Absoluta – é a oração que forma um período simples. Há somente uma oração no período. Por isso, é absoluta, vitaminada, poderosa... é única! Orações Coordenadas – são orações independentes entre si. Não exercem função sintática umas nas outras. Por serem equivalentes, uma não é mais importante do que a outra. O que difere é a presença de uma conjunção em uma delas. Por síndeto, temos o conceito de “ligação, junção”. Por isso, chamam-se assindéticas as orações que não são introduzidas por conjunção (assindéticas Î “a” = prefixo de negação, ausência = sem síndeto Î não possuem o elemento de ligação). Conseqüentemente, as que recebem conjunção coordenativa se chamam sindéticas. As conjunções coordenativas podem ser aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas ou explicativas.

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Orações Subordinadas – são orações que, como o nome já diz, se subordinam, ou seja, exercem função sintática em outra oração. Por isso, falamos em oração principal e oração subordinada. A oração subordinada exerce alguma função sintática na oração principal e pode se ligar a ela por meio das conjunções. Essa função sintática pode ser própria de um adjetivo (oração subordinada adjetiva), de um substantivo (oração subordinada substantiva) ou de um advérbio (oração subordinada adverbial): - Adjetivas – do mesmo modo que os adjetivos fazem referência a substantivos (calça clara, roupa velha), os pronomes relativos se referem aos substantivos presentes em orações antecedentes - são os referentes. Por isso, os pronomes relativos dão início a orações subordinadas adjetivas, que podem ser restritivas (restringir o conceito do substantivo) ou explicativas (explicar seu conteúdo, alcance ou conceito). PRONOMES RELATIVOS SEMPRE INICIAM ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS. - Substantivas - As orações subordinadas substantivas (também já vimos) são iniciadas pelas conjunções integrantes. Uma boa dica para identificar uma oração subordinada substantiva (e, conseqüentemente, a conjunção integrante) é substituir a oração iniciada pela conjunção pelo pronome substantivo ISSO. Veja estes exemplos: 1 - “Eu quero | que você me deixe em paz.” – “Eu quero ISSO.” – Então, “que você venha” equivale a um substantivo (Eu quero sossego./Eu quero paz.). É, portanto, uma oração subordinada substantiva. A função sintática exercida pelo substantivo é objeto direto (Alguém quer alguma coisa = Eu quero isso = que você me deixe em paz), e por isso a oração se chama: oração subordinada substantiva objetiva direta. 2 - “É preciso | que você preste bastante atenção.” – “É preciso ISSO.” – “que você preste bastante atenção” é uma oração subordinada substantiva. Como o pronome exerce a função de sujeito (Isso é preciso), a oração se chama: oração subordinada substantiva subjetiva. CONJUNÇÕES INTEGRANTES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS.

SEMPRE

INICIAM

ORAÇÕES

- Adverbiais - Finalmente, as orações subordinadas adverbiais são iniciadas por uma conjunção adverbial, que pode expressar uma das seguintes circunstâncias: causa, comparação, concessão, condição, consecução, conformidade, finalidade, proporcionalidade, temporalidade. CONJUNÇÕES ADVERBIAIS SEMPRE INICIAM ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS Esses conceitos fundamentais foram apresentados para que se compreenda o papel das conjunções, que é o de ligar elementos dentro de uma oração ou ligar orações entre si, formando períodos compostos.

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Não se preocupe com esses “nomes e sobrenomes” das orações. Aguarde a próxima aula, sobre Períodos. EMPREGO DAS CONJUNÇÕES As conjunções podem ser usadas em orações coordenadas (conjunções coordenativas) ou subordinadas (conjunções subordinativas). DICA IMPORTANTE: NÃO SE CLASSIFICA UMA ORAÇÃO SOMENTE PELA CONJUNÇÃO INTRODUZIDA POR ELA. Deve-se observar o valor que essa conjunção emprega ao período para, somente então, classificá-la.

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS: A conjunção que relaciona termos ou orações de idêntica função gramatical tem o nome de COORDENATIVA. O tempo e a maré não esperam por ninguém. Ouvi primeiro e falai por derradeiro.



ADITIVAS – possuem a função de adicionar termos ou orações de mesma função gramatical – e, nem, não só... mas também (séries aditivas enfáticas)



ADVERSATIVAS – estabelecem uma relação de contraste entre os termos ou orações – mas, contudo, todavia, entretanto, no entanto, porém, enquanto



ALTERNATIVAS – unem orações independentes (coordenadas), indicando sucessão de fatos que se negam entre si ou que são mutuamente excludentes (a ocorrência de um exclui a do outro) – ou, ora, nem, quer, seja (repetidos ou não)



CONCLUSIVAS – exprimem conclusão em relação à(s) oração(ões) anterior(es) – pois (no meio da oração subordinada), portanto, logo, por isso, assim, por conseguinte



EXPLICATIVAS – a oração subordinada explica o conteúdo da oração principal – pois (no início da oração subordinada), porque, que, porquanto

CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS: Denominam-se SUBORDINATIVAS as conjunções que ligam duas orações, uma das quais determina ou completa o sentido da outra. Eram três da tarde quando cheguei. (a oração exerce a função de advérbio de momento) Pediram-me que definisse o contexto da tese. (a oração exerce a função de objeto direto do verbo PEDIR – Pediram-me isso.)

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Nas locuções conjuntivas, geralmente a última palavra é que. As conjunções subordinativas dividem-se em: INTEGRANTES e ADVERBIAIS. INTEGRANTES – são apenas duas (graças a Deus!) – que e se . Elas sempre iniciam ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS, ou seja, orações que estão no lugar de um substantivo. Por isso, exercem funções sintáticas próprias dos substantivos – sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, agente da passiva etc. Aproveitando o exemplo já apresentado: Pediram-me que definisse o contexto da tese. O verbo pedir é bitransitivo na oração (Alguém pede alguma coisa a alguém.). Isso significa que o verbo possui um complemento indireto (representado pelo pronome “me”) e um complemento direto (representado pela oração “que definisse o contexto da tese”). Como a oração está no lugar de um substantivo (Pediram-me paciência.), é uma oração subordinada substantiva. ADVERBIAIS – iniciam orações subordinadas adverbiais. As circunstâncias expressas pelas orações podem ser: •

CAUSAIS – a oração exprime causa em relação a outra oração – porque, pois, que, uma vez que, já que, porquanto, desde que, como, visto que, por isso que



COMPARATIVAS – subordinam uma oração a outra por meio de comparação ou confronto de idéias – que, do que (antecedidas por expressões mais, menor, melhor, pior etc.), (tal) qual, assim como , bem como



CONCESSIVAS – apresentam idéias opostas às da oração principal – embora, apesar de, mesmo que, ainda que, posto que, conquanto, mesmo quando, por mais que



CONSECUTIVAS – apresentam a conseqüência para um fato exposto na oração principal – (tanto/tamanho(a)/ tão) que, de sorte que, de modo que, de forma que, de maneira que



CONFORMATIVAS – expressam conformidade em relação ao fato da oração principal – conforme, segundo, consoante, como (no sentido de conforme)



FINAIS – apresentam a finalidade dos atos contidos na oração principal – a fim de (que), para que, porque, que



PROPORCIONAIS – expressam simultaneidade e proporcionalidade dos fatos contidos na oração subordinada em relação aos fatos da oração principal – à proporção que, à medida que, quanto mais (tanto), quanto menos (mais/menos)



TEMPORAIS – indicam o tempo/momento da ocorrência do fato expresso na oração principal – quando, enquanto, logo que, agora que, tão logo, apenas, toda vez que, mal, sempre que

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Para a prova, duas providências são necessárias: - MEMORIZAR o significado de algumas dessas conjunções (especialmente as sublinhadas, que não estão no nosso linguajar cotidiano); - ANALISAR o contexto para identificar a circunstância expressa pela oração subordinada. Não basta memorizar essa lista (aliás, essa providência é infrutífera – memorize apenas as conjunções inusitadas). Útil é compreender as circunstâncias em que devam ser empregadas.

TABELA DAS CONJUNÇÕES ADITIVAS ADVERSATIVAS ALTERNATIVAS COORDENADAS

CONCLUSIVAS EXPLICATIVAS

INTEGRANTES (iniciam orações subordinadas substantivas) SUBORDINADAS

CAUSAIS COMPARATIVAS CONCESSIVAS ADVERBIAIS

CONSECUTIVAS

(iniciam orações subordinadas adverbiais)

CONFORMATIVAS FINAIS PROPORCIONAIS

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TEMPORAIS Vamos ao treino? Bons estudos. QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1 - (NCE UFRJ / ADMINISTRADOR PIAUÍ / 2006) “...[a droga é] usada pelo adolescente da periferia para viajar ao paraíso por alguns instantes”; a alternativa abaixo em que a utilização de um desses vocábulos apresenta o mesmo valor semântico presente nesse segmento destacado do texto é: (A) “se espalha para a multidão de gente pobre”; (B) “o bacilo da tuberculose, que, por via aérea...”; (C) “irá parar nos pulmões dos que passarem por perto”; (D) “é provável que se organize para acabar com as causas”; (E) “dirigidos por fundações privadas”. 2 - (NCE UFRJ / ADMINISTRADOR PIAUÍ / 2006) TEXTO – A SAÚDE E O FUTURO Dráuzio Varella – Reflexões para o futuro Ficaremos sobrecarregados, pagando caro pela ignorância e irresponsabilidade do passado. Acharemos inacreditável não havermos percebido em tempo, por exemplo, que o vírus da Aids, presente na seringa usada pelo adolescente da periferia para viajar ao paraíso por alguns instantes, infecta as mocinhas da favela, os travestis da cadeia, as garotas da boate, o meninão esperto, a menininha ingênua, o senhor enrustido, a mãe de família e se espalha para a multidão de gente pobre, sem instrução e higiene. Haverá milhões de pessoas com Aids, dependendo de tratamentos caros e assistência permanente. Seus sistemas imunológicos deprimidos se tornarão presas fáceis aos bacilos da tuberculose, que, por via aérea, irão parar nos pulmões dos que passarem por perto, fazendo ressurgir a tuberculose epidêmica do tempo dos nossos avós. Sífilis, hepatite B, herpes, papilomavírus e outras doenças sexualmente transmissíveis atacarão os incautos e darão origem ao avesso da revolução sexual entre os sensatos. No caldo urbano da miséria/sujeira/ignorância crescerão essas pragas modernas e outras imergirão inesperadas. Estará claro, então, que o perigo será muito mais imprevisível do que aquele representado pelas antigas endemias rurais: doença de Chagas, malária, esquistossomose, passíveis de controle com inseticidas, casas de tijolos, água limpa e farta. Assustada, a sociedade brasileira tomará, enfim, consciência do horror que será pôr filhos em um mundo tão inóspito. Nessas condições é provável que se organize para acabar com as causas dessas epidemias urbanas. Modernos hospitais sem fins lucrativos, dirigidos por fundações privadas e mantidos com o esforço e a vigilância das comunidades locais, poderão democratizar o atendimento público. Eficientes programas de prevenção, aplicados em parceria com instituições internacionais, diminuirão o número de pessoas doentes.

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Então virá a fase em que surgirão novos rebeldes sonhadores, para enfrentar o desafio de estender a revolução dos genes para melhorar a qualidade de vida dos que morarem na periferia das grandes cidades ou na imensidão dos campos brasileiros. A alternativa em que a preposição destacada tem valor semântico de meio é: (A) “para acabar com as causas dessas epidemias”; (B) “aplicados em parceria com instituições internacionais”; (C) “passíveis de controle com inseticidas”; (D) “mantidos com o esforço e a vigilância das comunidades locais”; (E) “Haverá milhões de pessoas com Aids”. 3 - (NCE UFRJ / INPI - ANALISTA MARCAS / 2005) “... sob novo signo.”; nesse segmento o autor empregou corretamente a preposição sob; o item abaixo em que houve troca entre sob/sobre é: (A) Sob esse aspecto, a economia vai mudar; (B) A economia foi analisada sob vários pontos de vista; (C) A industrialização virá sob um novo governo; (D) O congresso vai discutir sob política econômica; (E) A industrialização foi feita sob pressão de grupos. 4 – (NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL Agente Adm./ 2006) “Havia controvérsias quanto à veracidade dos fatos”; a forma abaixo que ALTERA o sentido original desse segmento do texto é: (A) quanto à veracidade dos fatos, havia controvérsias; (B) em relação à veracidade dos fatos, existiam controvérsias; (C) no que diz respeito à veracidade dos fatos, havia controvérsias; (D) afora a veracidade dos fatos, havia controvérsias; (E) quanto à veracidade dos fatos, controvérsias havia. 5 - (NCE UFRJ / AGER) TEXTO – NÃO Salomão Rabinovich (Psicólogo) A adolescência tem características particulares. São próprias dela a prepotência, a luta pela auto-afirmação, a sensação de que se pode tudo. Mas é sabido que, nessa fase da vida, somos inexperientes, inseguros, mais desatentos e um tanto desengonçados. Os jovens ainda estão em fase de crescimento, e o desenvolvimento biológico ainda não está completo. Por todos esses motivos, não é recomendável dar a carteira de motorista a um menor de 18 anos. O Brasil é campeão mundial de acidentes de carro. O trânsito em nossas grandes cidades é caótico e violento. Os motoristas com idade entre 18 e 25 anos são os

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que mais correm e por isso a incidência de acidentes é maior nessa faixa etária. Desde o início do ano, temos o novo Código de Trânsito Brasileiro que vem sendo criticado por ser rigoroso demais, e é nesse contexto que se deseja dar a carteira de motorista aos maiores de 16 anos. Para quê? Não é possível esperar dois anos para começar a dirigir? Ser contra esse projeto de lei não é ser contra os jovens. Quando um adolescente vota, ele pode até estar fazendo uma escolha errada, mas ainda assim terá aprendido a exercer sua cidadania. Com um voto, porém, ele não vai morrer nem matar – o que pode acontecer se estiver dirigindo um carro. As vítimas, suas famílias e as pessoas que causaram acidentes sabem como é doloroso conviver com isso, principalmente quando um jovem morre ou fica inválido. Para ser contra a carteira de motorista para maiores de 16 anos, basta visitar os hospitais das grandes cidades e ver o estrago que a morte de um adolescente causa. Já temos muitos problemas para resolver em relação ao trânsito e aos jovens brasileiros. Não precisamos de mais esse. O item em que o emprego da preposição em destaque está preso a uma necessidade gramatical e não de sentido é: (A) “...a sensação DE que se pode tudo”; (B) “POR todos esses motivos...”; (C) “DESDE o início do ano...”; (D) “PARA quê?”; (E) “Ser CONTRA esse projeto de lei...”. 6 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006) Podemos ser operados com anestesia, suavizar dores com analgésicos. As duas ocorrências da preposição respectivamente, o sentido de:

com

no

trecho

acima

expressam,

(A) meio e modo. (B) meio e meio. (C) modo e meio. (D) modo e modo. (E) companhia e instrumento.

7 - (NCE UFRJ / Inspetor de Polícia / 2001) “Há poucos dias, assistindo a um desses debates universitários que a gente pensa que não vão dar em nada, ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça.”; o comentário correto sobre esse segmento do texto é: a) os três quês do texto pertencem à idêntica classe gramatical; b) a expressão a gente, por dar idéia de quantidade, deve levar o verbo para o plural; c) a forma verbal vão deveria ser substituída pela forma vai;

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d) a forma verbal vão dar transmite idéia de possibilidade; e) a última oração do texto restringe o sentido do substantivo raciocínio. 8 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002) De olho no que julgam ser a maior oportunidade de negócios nos próximos anos em todo o mundo, as empreiteiras brasileiras articulam a formação de grandes consórcios a fim de disputar com mais chances de vitória as licitações para a ampliação do canal do Panamá. O lobby que o presidente Fernando Henrique Cardoso fez pessoalmente em março, durante visita ao Panamá, é uma clara manifestação de que as empresas brasileiras contam com boas chances de serem escolhidas. Daniel Rittner. “Ampliação do canal do Panamá atrai empreiteiras”. In: Valor Econômico, 3/5/2002, p. A12. Na linha 6, preservam-se o sentido textual e a correção gramatical ao se substituir o pronome relativo “que” por qual, desde que também seja alterada a preposição “de” para da. 9 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006) Curiosamente, no momento em que os marxistas (e, com eles, a esquerda em geral) sublinhavam a significação crucial dos valores, da ética, a direita assumia a centralidade da economia e passava a acreditar que possuía a chave da compreensão correta (e da solução) dos problemas que nos afligem no presente. Assinale a alternativa correta quanto à classe gramatical e função sintática, respectivamente, das ocorrências da palavra QUE grifadas no trecho acima. CLASSE GRAMATICAL

FUNÇÃO SINTÁTICA

(A)

pronome relativo conjunção integrante pronome relativo

adjunto adnominal objeto direto sujeito

(B)

conjunção integrante conjunção subordinativa conjunção integrante

complemento nominal sem função sintática objeto direto

(C)

preposição pronome relativo conjunção integrante

sem função sintática objeto indireto sem função sintática

(D)

conjunção integrante conjunção subordinativa conjunção subordinativa

sem função sintática objeto indireto objeto direto

(E)

pronome relativo conjunção integrante

adjunto adverbial sem função sintática

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pronome relativo

sujeito

10 - (FCC / ICMS SP / 2006) Nem uma nem outra nasceram do acaso, mas são antes produtos de uma disciplina consciente. Já Platão a comparou ao adestramento de cães de raça. A princípio, esse adestramento limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza. Considere as afirmações que seguem sobre o fragmento transcrito, respeitado sempre o contexto. I. A conjunção mas pode ser substituída, sem prejuízo do sentido original, por “entretanto”. II. O advérbio Já introduz a idéia de que mesmo Platão percebera a similaridade que o autor comenta, baseado na comparação feita pelo filósofo entre “cães de raça” e “nobreza”. III. A expressão A princípio leva ao reconhecimento de duas informações distintas na frase, uma das quais está subentendida. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I. (B) II. (C)) III. (D) I e II. (E) II e III. 11 – (FCC / ICMS SP/2006) Escrito há cerca de setenta anos, / conserva a capacidade de atualização das páginas escritas com arte e verdade. Estaria explicitada a relação de sentido entre os dois segmentos destacados no período acima caso iniciasse (A) o primeiro segmento por Uma vez. (B) o primeiro segmento por Porquanto. (C)) o primeiro segmento por Ainda que. (D) o segundo segmento por por isso. (E) o segundo segmento por de tal modo. 12 - (BESC / ADVOGADO/ 2004) Assinale a alternativa em que se tenha usado corretamente o porquê. (A) Os perigos porque passamos fizeram-nos amadurecer. (B) Porque todos vão ficar calados você também vai ficar? (C) Não havia um por quê para a ausência da equipe.

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(D) Sem saber porque, todos ficaram atônitos. (E) Eles não se manifestaram, porquê? 13 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001) Assinale a alternativa correta quanto ao uso de "porque", "porquê", "por que", "por quê". A. Não saiu por que chovia. B. Não sei por que brigamos. C. Respondi por quê tinha certeza. D. Porque você não correu? 14 - (FGV / ICMS MS – ATI / 2006) Perguntei por que ele não tocava mais piano. Assinale a alternativa correta acerca do uso do porquê na frase acima. (A) A forma está correta, pois corresponde à preposição POR + o pronome relativo QUE. (B) A forma está correta, pois é uma conjunção, sendo, nesse caso, sempre grafada como duas palavras. (C) A forma está correta, pois equivale a "por qual razão", caracterizando uma pergunta indireta. (D) A forma está incorreta, pois a forma com duas palavras só se usa em perguntas. O correto seria PORQUE. (E) A forma está incorreta, pois, embora seja grafada com duas palavras, a forma QUE deveria levar acento circunflexo. 15 - (ESAF/TRF/2002.1) Assinale a opção que, ao preencher as lacunas, torna o texto sintaticamente incorreto. ___________ na execução de programas sociais no Nordeste, ______ no desenho das relações entre centros de pesquisa e empresas, um dos maiores problemas sempre foi o de garantir que os recursos cheguem ao seu destino e que sejam usados com inteligência. a) Seja / seja b) Tanto / quanto c) Conquanto/ ou d) Tanto / como e) Quer/ quer 16 - (FGV / ICMS MS – TTI / 2006)

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O brasileiro é como eu ou você. Já não digo como o presidente, pois este nem pecado tem, mas como eu, você ou o vizinho. O povo é bom e honesto. Como demonstrou um programa para auxiliar famílias pobres do interior. Os pobres não receberam a ajuda, que ficou com as famílias remediadas ou ricas mesmo. E, quando alguém que não precisa recusa essa ajuda, a gente dá uma festa e bota no jornal, apesar de ser acontecimento tão trivial. (João Ubaldo Ribeiro. O Globo, 22/05/2005) Em “Como demonstrou um programa para auxiliar famílias pobres do interior.”, a palavra destacada apresenta noção de: (A) causa. (B) comparação. (C) condição. (D) conformidade. (E) modo. 17 - (FGV / Ministério da Cultura /2006) Mudou de idéia. Com 26 anos, percebeu que o hobby que tinha adquirido em Nova York se convertera em paixão. No final de 2004, veio com sua família para duas semanas de férias em São Paulo. "Como sempre tive muito interesse em estudar a América Latina, fui ficando." Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis. (Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006) O vocábulo Como (L.3) introduz idéia de: (A) causa. (B) comparação. (C) concessão. (D) conseqüência. (E) explicação. 18 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003) Fazendo-se a junção de pensamentos expressos nos dois períodos do terceiro parágrafo “nas últimas décadas vem se formando ali um cinturão de miséria (...) _____ a região ostenta índices de desenvolvimento humano tão desesperadores quanto o de alguns dos países mais atrasados da África” (linhas 17-23), com o cuidado de se manter o sentido original, poderiam ser usados os conectivos abaixo relacionados, EXCETO: A) de modo que; B) tal que; C) tanto que; D) posto que;

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E) de sorte que. 19 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006) Somos todos da mesma espécie, mas o que encanta uns horroriza outros. Caso o período acima iniciasse com a frase O que encanta uns horroriza outros, uma consecução coerente e correta seria: (A) dado que somos todos da mesma espécie. (B) embora se tratem todos da mesma espécie. (C) haja vista de que somos todos da mesma espécie. (D)) conquanto sejamos todos da mesma espécie. (E) posto que formos todos da mesma espécie. 20 - (ESAF/TRF/2003) Leia o texto abaixo para responder à questão 07. O panorama da sociedade contemporânea sugere-nos incontáveis abordagens da ética. À medida que a modernidade — ou a pós-modernidade — avança, novas facetas surgem com a metamorfose do espírito humano e sua variedade quase infinita de ações. Mas, falar sobre ética é como tratar da epopéia humana. Na verdade, está mais para odisséia, gênero que descreve navegações acidentadas, lutas e contratempos incessantes, embates de vida e morte, ilusões de falsos valores como cantos de sereias, assédios a pessoas e a propriedades, interesses contraditórios de classes dominantes figuradas pelos deuses, ora hostis ora favoráveis. As aventuras de Ulisses sintetizam e representam o confronto de ideais nobres e de paixões mesquinhas. Não obstante narram-se também feitos de abnegação, laços de fidelidade entre as pessoas e suas terras, lances de racionalidade e emoção, a perseverança na reconquista de valores essenciais. Os mitos clássicos são representações de vicissitudes humanas e situações éticas reais. Em relação ao texto, assinale a opção correta. a) Em “sugere-nos”(l.1) o pronome enclítico exerce a mesma função sintática do “se” em “narram-se”(l.10). b) Ao se substituir “À medida que”(l.2) por À medida em que, preservam-se as relações semânticas originais do período. c) A preposição “com”(l.3) está sendo empregada para conferir a idéia de comparação entre “novas facetas”(ls.2-3) e “metamorfose do espírito humano”(l.3). d) A expressão “Na verdade, está mais para odisséia”(l.4-5) e as informações que se sucedem permitem a inferência de que “epopéia”(l.4) não traria a noção de dificuldades, fracassos. e) O período permaneceria correto se a preposição na expressão “confronto de ideais”(ls.9-10) fosse, sem outras alterações no período, substituída por entre. 21 - (ESAF/TRF/2003)

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A ciência moderna desestruturou saberes tradicionais, e seu paradigma mecanicista, que encara o mundo natural como máquina desmontável, levou a razão humana aos limites da perplexidade, porquanto a fragmentação do conhecimento em pequenos redutos fechados se afasta progressivamente da visão do conjunto. A excessiva especialização das partes subtrai o conhecimento do todo. Daí resulta a dificuldade teórica e prática para que o espírito humano se situe no tempo e no espaço da sua existência concreta. (José de Ávila Aguiar Coimbra, Fronteiras da Ética, SãoPaulo: Senac, 2002) Em relação ao texto, julgue a assertiva abaixo. - Ao se substituir a conjunção “porquanto”(l.3) pela conjunção porque, as relações sintáticas e semânticas do período são mantidas. 22 - (ESAF/Oficial de Chancelaria/2002) Assinale a opção em que uma das duas sugestões não preenche corretamente a lacuna correspondente. A diplomacia defende e projeta no exterior os interesses nacionais, _____1______que ela procura melhorar a inserção internacional do país que representa. ____2____ ela não cria interesses ____3_____pode projetar o que não existe. O país que se encontra por trás da diplomacia é o único elemento _____4________ela pode operar.______5________, a diplomacia só poderá responder adequadamente às transformações do cenário internacional se essas transformações forem, de alguma forma, internalizadas pelo país. (Adaptado de www.mre.gov.br, Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados) a) 1 - da mesma forma / do mesmo modo b) 2 - Entretanto / Todavia c) 3 - nem / tão pouco d) 4 - a partir do qual / com base em que e) 5 - Por isso / Por conseguinte 23 - (ESAF/Gestor Fazendário MG/2005) A economia brasileira apresentou um bom desempenho ano passado, incentivada, principalmente, por anterior queda nos juros e pelo crescimento das vendas do país no exterior. ____(a)___este ano, um desses motores está ausente. ___(b)___ o Banco Central, para combater a inflação, vem elevando seguidamente a taxa básica, hoje situada em 19,25% ao ano. ____(c)____, os juros altos estão contribuindo para frear o crescimento econômico, mas não a inflação._____(d) _____o ganho com a queda da inflação é pequeno, se comparado à perda no crescimento econômico. Não se defende por meio dessa comparação, o aumento da produção a qualquer custo. _____(e)_____o objetivo é expor a atual ineficácia do aumento dos juros sobre a inflação. O outro motor importante para o crescimento de 2004 (as exportações brasileiras), no entanto, continua presente este ano, com ótimo desempenho. (Inflação e crescimento. Opinião.Correio Braziliense, com adaptações)

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Desconsiderando o emprego de letras maiúsculas e minúsculas, assinale a opção que, ao preencher a lacuna, mantém o texto coeso, coerente e gramaticalmente correto. a) Haja vista que b) Apesar de c) Entretanto d) Embora e) Tão pouco 24 - (ESAF/Assistente de Chancelaria/2002) Assinale a opção em que ao menos um dos conectivos propostos para preencher a lacuna provoca incoerência textual ou erro gramatical. O Brasil é um país grande, diversificado _____(a)_____ visto como uma promessa que parece nunca se realizar. O potencial existe, _____(b) _____ há algo bloqueando o Brasil. Acho que é uma combinação de fatores como o sistema político e o modo de trabalhar do cidadão, pouco engajado nos problemas da sociedade, ______(c) _____ é muito freqüente o brasileiro eleger políticos por seu nível de popularidade, sem avaliar seus programas e ações. É um país muito importante para a economia mundial, _____(d) _____ sermos sempre decepcionados. É, ______(e) _____, um desafio delicado entender por que as coisas não acontecem rapidamente no Brasil. (Michel Porter, Veja, 5/12/2001, com adaptações) a) e / mas b) entretanto / mas c) já que / pois d) embora / apesar de e) contudo / portanto GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1–D A preposição para pode assumir, dentre outros, os seguintes valores: - em relação ao espaço, direção: Ele vai para Curitiba. Note que há uma significativa distinção do verbo acompanhado da preposição para em relação ao mesmo verbo acompanhado da preposição a. No primeiro caso, apresenta-se um valor de permanência (Vou para Curitiba = Vou ficar um longo tempo em Curitiba) muito maior do que no segundo (Vou a Curitiba – Vou passar um tempo em Curitiba.). - tempo: Ele deixou o trabalho para segunda-feira. - de finalidade: Ele não responde para não se aborrecer.

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A preposição empregada no segmento do enunciado tem valor adverbial, apontando a finalidade do uso da droga: para “viajar” ao paraíso (note o valor transitório da preposição “a” nessa oração – viajar ao paraíso = “vai, mas volta logo”). O sentido da preposição “para” é a finalidade. Esse mesmo sentido é apresentado na estrutura da opção d: “é provável que se organize para acabar com as causas” (para = a fim de) Já a preposição por pode apresentar os seguintes aspectos (dentre outros): - caminho, percurso: Ele anda pelos campos. - de tempo: Por um minuto, pensei em você. - circunstancial: Ele contou tudo, tim-tim por tim-tim (de modo). Pelas mãos do escultor, surge a obra (de meio). - agente da passiva - A instituição foi administrada por ela no ano passado. Na expressão “por alguns instantes”, há a indicação de tempo. Isso não se repete nas demais opções: - b – pelas vias aéreas (meio); - c – por perto (proximidade). - e - a preposição introduz o agente da passiva: (são) dirigidos por fundações privadas. 2–C Para identificar a construção que indica “meio”, será válida a troca da preposição por pela expressão “por meio de”. Uma opção que poderia suscitar dúvidas seria a de letra d: mantidos com o esforço e a vigilância das comunidades locais. Contudo, a expressão introduzida pela preposição não apresenta os “meios”, como seria em “mantidas com recursos do governo federal = por meio dos recursos”. Ela denota o “apoio” com que os hospitais poderiam contar. Só há uma opção em que aquela troca é possível: c - “passíveis de controle [por meio de] inseticidas”. 3–D Há significativa distinção entre as preposições sob e sobre. A primeira (sob) significa “debaixo de” e pode ser usada em expressões como “sob esse aspecto, sob uma condição, sob o domínio de, sob o governo de” – sempre com a idéia de subordinação. Já a preposição sobre pode exprimir valor de “acima de” (posição), “a respeito de” (assunto), dentre outras acepções. Por isso, o gabarito é a letra d: alguém discute “a respeito de” alguma coisa. Então, a preposição adequada seria sobre: “O congresso vai discutir sobre política econômica”.

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4–D Construída a partir da contração da preposição “a” com o advérbio “fora”, a expressão “afora” (escrita assim mesmo, tudo junto) pode ser classificada como: - um advérbio: “Viajando pelo mundo afora, na cidade que não tem mais fim” (letra de “À Francesa”, de Cláudio Zoli e Antônio Cícero, sucesso de Marina Lima – quem tem cerca de 30 anos certamente se lembra dessa, não é?) - uma preposição, com valor de: ¾

“além de”: Afora os percalços do caminho, encontramos também pessoas ingratas.

¾

“exceto, salvo”: Encontramos dificuldade no caminho, afora neste trecho que foi reformado.

Por isso, está empregada de forma inapropriada na opção d. 5–A As preposições podem ser usadas para apresentar circunstâncias (em adjuntos adverbiais) ou em função de exigências gramaticais (objeto indireto, complemento nominal, agente da passiva). Em “a sensação de que se pode tudo”, a regência do substantivo sensação exige a preposição de. Essa é a resposta. Nas demais ocorrências, a preposição introduz elementos circunstanciais à oração. 6–C Para não errar, tenha em mente que a preposição com atribui circunstância de meio quando puder ser substituída pela expressão “por meio de”. Vamos testar: - “Podemos ser operados por meio de anestesia...” Isso não faz sentido algum! “Com anestesia” é o modo pelo qual o sujeito será operado. Para identificar essa circunstância mais facilmente, imagine um dentista perguntando ao seu cliente: “como o senhor deseja ser tratado, com ou sem anestesia?” – ou seja, “de que modo quer ser tratado?”. - “... suavizar dores por meio de analgésicos” Agora, sim! Os analgésicos serão os meios pelos quais as dores serão suavizadas. Assim, as circunstâncias apresentadas são, respectivamente, de modo e de meio. 7–E

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Agora, iremos tratar da diferença entre PRONOME RELATIVO e CONJUNÇÃO INTEGRANTE. A primeira, já vimos, inicia uma oração subordinada adjetiva. A segunda, uma oração subordinada substantiva. Mas, como fazer essa distinção na oração? Afinal de contas, a palavra QUE pode, dentre outras coisas, ser um pronome relativo (chamado de pronome relativo universal) ou uma conjunção integrante. Será pronome relativo quando tiver um referente, ou seja, um substantivo ou pronome substantivo pertencente à oração anterior ao qual irá se referir (por isso, o termo “referente”). Já como conjunção integrante, não. Por ter valor de substantivo, essa oração pode, regra geral, ser substituída pelo pronome ISSO. Vamos aos exemplos: O rapaz que conheci viajou. Esse período é composto por duas orações. Oração 1: O rapaz viajou (principal) – que rapaz é esse? Oração 2: que conheci (oração subordinada) A palavra que está no lugar do substantivo rapaz (Eu conheci o rapaz). Então, essa palavra é mesmo um pronome relativo. A “oração 2” é uma oração subordinada adjetiva e exerce a função sintática de adjunto adnominal, pois atribui ao substantivo rapaz uma característica (não é qualquer rapaz, mas o “rapaz que conheci”).

Eu reconheço que errei. Esse período também é composto por duas orações. Oração 1: Eu reconheço (principal) Oração 2: que errei. (oração subordinada) A segunda oração poderia ser substituída pelo pronome ISSO: Eu reconheço isso. Essa palavra que é, portanto, uma conjunção integrante e a oração é uma oração subordinada substantiva. Alguém reconhece alguma coisa. No lugar de “alguma coisa”, está a oração. Ela exerce a função sintática de objeto direto da oração principal (Eu reconheço isso = “que errei”). Por isso, é chamada de “oração subordinada substantiva objetiva direta”. Já estamos começando a nos acostumar com essa nomenclatura, que será objeto de estudo do próximo encontro. Vamos, agora, analisar os “quês” que surgiram no enunciado. “Há poucos dias, assistindo a um desses debates universitários que a gente pensa que não vão dar em nada, ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça.”

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Como disse o esquartejador, “vamos por partes” (horrível essa, mas não pude resistir): “... um desses debates universitários que a gente pensa que não vão dar em nada” Vamos substituir o pronome pelo substantivo correspondente e colocar na ordem direta: A gente pensa que esses debates universitários não vão dar em nada. O primeiro “que” está no lugar de “esses debates universitários”. Já o segundo (a gente pensa que...) inicia uma oração que poderia ser substituída pelo pronome isso: A gente pensa ISSO. (Sim, o verbo pensar também pode ser transitivo direto – consulte um bom dicionário de regência verbal, no caso de dúvida). É, então, uma conjunção integrante. 2) “... ouvi um raciocínio que não me saiu mais da cabeça” O que não saiu mais da cabeça? Resposta: um raciocínio. Em seu lugar, foi empregada a palavra que (que não me saiu mais da cabeça). Ela é, portanto, um pronome relativo. Assim, segundo a ordem de aparecimento, os três “quês” são: Pronome relativo / conjunção integrante / pronome relativo. Vamos, agora, analisar as opções: a) ERRADA – eles não pertencem à mesma classe gramatical: o segundo é uma conjunção integrante, enquanto que os outros são pronomes relativos. b) ERRADA – a expressão a gente exige o verbo no singular, mesmo que indique várias pessoas. c) ERRADA – a análise que fizemos já nos permite afirmar que o sujeito da locução verbal “vão dar” é “debates universitários” (A gente pensa que esses debates universitários não vão dar em nada.). d) ERRADA – essa locução verbal equivale a “darão”, com o verbo no futuro do presente indicando fato futuro e certo, e não uma possibilidade (verbo no futuro do pretérito ou no modo subjuntivo). e) CERTA – a oração “que não me saiu mais da cabeça” restringe o alcance da palavra raciocínio. É uma oração subordinada adjetiva restritiva. As orações subordinadas adjetivas podem ser restritivas ou explicativas. Veja o seguinte exemplo: Meu primo que é paulista esteve aqui. Pergunto: quantos primos eu tenho? De acordo com essa oração, certamente mais de um. Não houve pausa entre a primeira oração (meu primo esteve aqui – oração principal) e a oração subordinada adjetiva que se refere a “primo”. Assim, essa oração adjetiva tem

valor RESTRITIVO. De todos os primos que tenho, o que é paulista esteve aqui. O mineiro, não esteve; o baiano também não. Agora, mudo a oração adjetiva, colocando-a entre vírgulas: Meu primo, que é paulista, esteve aqui. Quantos primos eu tenho, segundo essa construção? Só um – o paulista. Isso porque a oração, com pausa, é EXPLICATIVA. Ela poderia ser omitida, afinal a informação é dispensável: meu primo esteve aqui (eu só tenho um e ele é paulista!). Esses conceitos serão abordados novamente em aulas futuras. 8 – Item INCORRETO A banca examinadora tentou enganar você, hem? Sugeriu simplesmente a troca de um “de que” por um “da qual”. Se você não fosse tão esperto(a), teria caído diretinho, não é mesmo? Ainda bem que você voltou ao texto e percebeu que esse “que” não era um pronome relativo, mas uma conjunção. (Foi exatamente isso que aconteceu, não é?!?!?!?!...rs...) Vamos analisar a construção. O lobby que o presidente Fernando Henrique Cardoso fez pessoalmente em março, durante visita ao Panamá, é uma clara manifestação de que as empresas brasileiras contam com boas chances de serem escolhidas. Vamos simplificar: “O lobby (...) é uma clara manifestação DISSO ”. Mas “DISSO” o quê? Resposta: “de que as empresas brasileiras contam com boas chances de serem escolhidas”. Toda a oração complementa o substantivo “manifestação”. Sua função sintática é, portanto, complemento nominal. Como pudemos substituir toda a oração pelo pronome ISSO (conjugado com a preposição “de” formando DISSO), a oração é subordinada substantiva completiva nominal, e a palavra “que” é uma conjunção integrante. A essa altura do campeonato, você já deve ter decifrado o enigma dessa nomenclatura: oração subordinada substantiva completiva nominal. - oração subordinada (exerce função sintática na oração anterior); - substantiva (está no lugar de um substantivo); - completiva nominal (exerce a função sintática de complemento nominal). 9–E Já aprendemos a distinguir um pronome relativo de uma conjunção integrante. Essa questão é uma ótima oportunidade de vermos, também, a função sintática que podem ser exercidas.

Primeira providência - verificar se o "que" se refere a algum termo antecedente (PRONOME RELATIVO) ou inicia uma oração substantiva (que pode ser substituída por "ISSO" - CONJUNÇÃO INTEGRANTE). 1º. "no momento em que" - esse "que" se refere a 'momento' - PRONOME RELATIVO (nesse momento) 2º. "passava a acreditar que possuía a chave" - passava a acreditar NISSO – CONJUNÇÃO INTEGRANTE 3º. "compreensão dos problemas que nos afligem" - "que" se refere a "problemas"- PRONOME RELATIVO (os problemas nos afligem). A ordem é, portanto, pronome relativo / conjunção integrante / pronome relativo. Vamos, agora, às opções - as letras a e e são as únicas que apresentam essa disposição (Já temos 50% de chances de ganhar o ponto!!!). Vamos, agora, analisar a função sintática dos termos. A conjunção integrante não exerce função sintática nenhuma – é só um conectivo (como nos indica o título da aula de hoje). Assim, podemos eliminar também a opção a, que indica a função de objeto direto. Não caia nessa pegadinha!!! Para começar, o verbo acreditar é transitivo indireto – Alguém acredita em alguma coisa. Como o objeto indireto está sob a forma oracional, a preposição pode ser omitida (espero que você ainda se lembre dessa lição, hem????). Só que quem exerce a função de objeto indireto não é a conjunção, mas toda a oração que foi iniciada por ela: “(em) que possuía a chave da compreensão ...”. Os pronomes relativos, sim, exercem funções sintáticas nas orações adjetivas que iniciam: 1º. "no momento em que" - esse "que" se refere a 'momento' - refere-se a uma informação circunstancial (momento) - sua função é ADJUNTO ADVERBIAL. 3º. "compreensão dos problemas que nos afligem" - "que" se refere a "problemas" - os problemas nos afligem - a função é a de SUJEITO. A ordem seria, portanto: adjunto adverbial / sem função sintática / sujeito, confirmando, assim, a resposta: letra e. 10 – C I – A partir deste item, veremos que não se pode afirmar a classificação de uma conjunção sem verificar o valor que ela atribui ao período. Oração 1 = Nem uma nem outra nasceram do acaso Oração 2 = São antes produtos de uma disciplina consciente Note que não há divergência entre as duas orações. Pelo contrário, elas se completam: “não nascem do acaso Î são produtos de uma disciplina consciente”. Assim, o valor da conjunção mas para o período é de ADIÇÃO.

Portanto, essa assertiva está INCORRETA. II – Note que o vocábulo “Já” equivale a “por sua vez”: “Já Platão a comparou ao adestramento de cães de raça” = “Platão, por sua vez, a comparou ao adestramento de cães de raça”. É estabelecida, portanto, uma relação contrária entre as orações – um afirma isso; outro, por sua vez, afirma aquilo. São argumentos que se encontram em direções opostas. Por isso, está INCORRETA a afirmação de que o pensamento do autor se assemelha ao de Platão. III – Existe uma diferença entre a expressão “A princípio” e “Em princípio”. A primeira equivale a “primeiramente”, “em primeiro lugar”. Já a segunda significa “em tese”, dependente de confirmação posterior. Ao afirmar que “a princípio, esse adestramento limitava-se a uma reduzida classe social, a nobreza”, podemos supor que, posteriormente, o “adestramento” se estendeu a outras classes sociais. É essa a informação que está subentendida. Por isso, está CORRETA a afirmação do item III. A partir da próxima questão, vamos analisar o valor de algumas conjunções “cabeludas”. 11 - C As conjunções “uma vez que”, “por isso”, “porquanto”, “de tal modo” atribuem à oração subordinada um valor causal (“por esse motivo”) Contudo, as orações “Escrito há cerca de setenta anos” e “conserva a capacidade de atualização das páginas escritas com arte e verdade” estão em campos semânticos opostos: o primeiro indica antiguidade (“escrito há setenta anos”), enquanto que o segundo, sua atualidade (“conserva a capacidade de atualização”). Em virtude disso, a conjunção que se presta a unir as duas orações é “ainda que”, de valor concessivo, ou seja, liga orações que apresentam idéias contrárias. 12 – B Em vários livros voltados para concursos públicos há listas e mais listas sobre o “porque” e suas formas (separado com acento, separado sem acento, junto com acento, junto sem acento). Primeiro devemos entender o motivo da acentuação do vocábulo.

Quando o pronome ou a conjunção está no início ou no meio do período, normalmente a palavra é átona, chegando, por regionalismo, a ser pronunciada como “porqui”. Todavia, no fim do período, recebe ênfase e passa a ser forte, tônica. É por isso que, nessa posição, recebe o acento circunflexo (por quê). Também é acentuado o substantivo porquê, que, na mudança de classe gramatical, passou a ter uma tonicidade que, na forma de pronome ou conjunção, não tinha. Em resumo: recebe acento circunflexo o vocábulo tônico, quer pronome interrogativo no fim da frase (“Eu preciso saber por quê.”), quer substantivo (“Ele não sabe o porquê da demissão.”). Assim ,em resumo, se for: -

substantivo - (o/um/este)- é junto e com acento: porquê

-

conjunção (explicativa ou causal), é junto, sem acento – porque.

-

pronome relativo (que) acompanhado de preposição (por) - é separado e pode ser substituído por “pelo qual” e flexões: “Há muitas razões por que [pelas quais] tanta gente presta concurso público.” – por que.

-

preposição + pronome interrogativo (em pergunta direta ou indireta), ele é separado e apresenta a idéia de “por qual motivo / por qual razão”: “Não sei por que você não veio.” / “Por que você não veio?” / “Você não veio por quê?” (recebeu acento por ser tônico) – por que.

Usa-se essa forma também como complemento de expressões como eis, daí e em outras em que esteja implícita a palavra “motivo” – “Eis por que (motivo) eu não irei à festa.” / “Estive doente, daí por que (motivo) não fui à festa.” / “Não há por que (motivo) você se aborrecer comigo.”. Vamos, agora, analisar as opções. A) O pronome relativo que substitui o substantivo “perigos”, enquanto que a construção exige a preposição por: “Nós passamos por perigos”. Como é uma preposição + pronome relativo, escrevem-se separadamente: Os perigos por que passamos. B) Cuidado com a pegadinha! O “porque” não é um pronome interrogativo que forme uma oração interrogativa. Essa ordem da oração nos leva a imaginar isso! Na verdade, colocando na ordem direta, a oração interrogativa seria: “Você também vai ficar (calado) porque todos vão ficar calados?”. Ou seja, em virtude de/ pela razão de / pelo motivo de todos ficarem calados, você também ficará? Esse “porque” é uma conjunção causal, devendo ser grafada assim: porque. Por isso, está certa a grafia desse vocábulo. Realmente, essa questão foi muito maldosa!

C) Agora, esse “porquê” é um substantivo. Prova disso é que está acompanhado de um artigo indefinido: um porquê. Assim, deve ser grafado com acento e tudo junto: porquê. D) Nessa oração, está subentendida a palavra “motivo”: “Sem saber por que (motivo), todos ficaram atônitos”. Nesse caso, trata-se de uma preposição acompanhada de um pronome interrogativo, devendo ter a grafia separada – por que. Como o pronome está no fim da oração, recebe também um acento circunflexo por ser tônico: Sem saber por quê, todos ficaram atônitos. E) Temos, aí, uma pergunta. Por isso, o vocábulo deve ser separado, mantendo o acento por ser tônico: Eles não se manifestaram, por quê? Resolva, agora, a próxima, para fixar esses conceitos. 13 – B A) A segunda oração apresenta o motivo pelo qual o sujeito da primeira oração não saiu. Essa é uma conjunção causal, devendo ser grafada como uma única palavra: Não saiu porque chovia Î causa: chovia / conseqüência: não saiu. É muito tênue a linha divisória entre oração subordinada causal e a oração coordenada explicativa. Usando o exemplo acima, note a diferença entre estas duas orações: Não saiu porque chovia. (causal) Não saia, porque está chovendo. (explicativa) Algumas dicas, colhidas aqui e ali, podem ajudar na classificação da oração. Compilei-as aqui e vamos analisá-las, uma a uma: I - na oração explicativa, normalmente há uma pausa, marcada no texto por uma vírgula antes da conjunção (como se observa no segundo exemplo); no entanto, se a oração principal for extensa, também é possível o emprego da vírgula antes da conjunção causal (ou seja, essa dica não ajuda muito...); II - após orações no imperativo, as orações são explicativas (como aconteceu na segunda oração): “Não venha, pois não estarei sozinha.” (Essa dica funciona mesmo!); III - enquanto a oração coordenada explicativa é independente da oração assindética (até mesmo por ser coordenada), a oração subordinada causal exerce a função sintática de adjunto adverbial na oração principal (Esse é o conceito e, por isso, foi mencionado. No fundo, não ajuda muito.); IV - se for possível a troca do “porque” pelo “que”, a oração é explicativa. Comparemos: “Não saiu porque estava chovendo.” – não posso substituir pelo que = é causal. / “Não saia, porque está chovendo.” – posso substituir pelo que (“Não saia, que está chovendo”) Î é explicativa. (Essa dica merece nota 7 – muitas vezes funciona mas pode furar...). Na próxima aula, voltaremos a analisar essa diferença. Por ora, com a aplicação do método IV, confirmamos o valor causal da oração. Não seria possível a troca do “porque” pelo “que”.

Esse “porque” é, portanto, causal. Voltemos às demais opções. B) Está CORRETA a construção. Note que está subentendida a palavra “motivo”: Não sei por que (motivo) brigamos. Assim, escreve-se separadamente. C) Mais uma vez, temos uma conjunção causal. Na segunda oração, apresentase o motivo de não ter respondido (oração principal): Respondi porque tinha certeza. Assim, a palavra deve ser escrita juntinha – porque. D) Essa é uma oração interrogativa direta, devendo estar separado: Por que você não correu? 14 – C Essa é para encerrar essa série de “porquês”. Veja como o examinador exige que o candidato conheça o motivo da grafia, e não saia por aí decorando listas sem sentido. Temos uma pergunta indireta, em que está subentendida a palavra “motivo” ou “razão”. Assim, devemos escrever separadamente: Perguntei por que (motivo/razão) ele não tocava mais piano. 15 - C Enquanto que as sugestões das opções a, b, d e e são conjunções alternativas ou comparativas, a conjunção “conquanto” é concessiva (equivalente a “embora”, “apesar de”), o que prejudicaria a coesão textual. 16 – D Não dá certo decorar – é preciso entender. Veja os diversos valores da conjunção como. Em “O brasileiro é como eu ou você”, o “como” tem valor comparativo. Já no período em destaque, poderia ser substituída pela conjunção “conforme”: “Conforme demonstrou um programa para auxiliar famílias pobres do interior”. Assim, apresenta noção de conformidade – opção d. Veja, agora, a questão seguinte. 17 – A Agora, esse mesmo vocábulo apresenta a seguinte idéia: “Porque sempre tive muito interesse em estudar a América Latina [por esse motivo], fui ficando” O valor da conjunção como é de causa, motivo, razão – conjunção causal.

Note a relação de causa e conseqüência entre as duas orações: Causa Î sempre tive muito interesse em estudar a América Latina Conseqüência Î fui ficando

18 – D “Posto que” é uma das “cabeludas”. Ela é equivalente a “ainda que”, “embora”, “mesmo que”. Esta locução conjuntiva não pode ser usada no sentido de porque, visto que, ou seja, não atribui valor de causa, mas de concessão (idéia contrária). A banca examinadora explorou exatamente essa forma que, na linguagem coloquial, tornou-se comum, sem obter abono da norma culta. Trate logo de sublinhar essa expressão em seu material e guardar na memória – posto que equivale a embora. As demais atribuem à segunda oração um valor consecutivo: CAUSA Formação de um cinturão de miséria

Î

CONJUNÇÃO

CONSEQÜÊNCIA

de modo que

A região ostenta índices de desenvolvimento humano desesperadores

tal que tanto que de sorte que

Î

19 - D A idéia entre as duas orações é contrária. Deve-se usar, portanto, uma conjunção adversativa ou concessiva. Por isso, foi corretamente usada a conjunção conquanto. Ela é parecida com a que vimos anteriormente: porquanto (questão 11) As duas são raramente usadas e poderiam levar a alguma confusão. Então, seus problemas acabaram!!!! Vamos traçar um paralelo entre elas (que são parecidas) para guardar seus significados: Porquanto – por causa de (causal ou explicativa) Conquanto – concessiva Gostou do método de memorização? Ah, não... então, invente o seu! Voltando à análise da questão. O enunciado exige que se observe, também, a correção gramatical da proposta. Estão incorretas as demais sugestões pelos motivos que se seguem.

(A)

A conjunção “dado que” atribui um valor causal à oração (uma vez que, por causa de), quando o que se busca é um valor concessivo ou adverso.

(B)

O erro não está na conjunção, mas na flexão do verbo “tratar” que, acompanhado do pronome “se”, forma sujeito indeterminado: “embora se trate da mesma espécie”.

(C)

Além de ser inapropriado o emprego de “haja vista que” (cujo valor é causal), houve um erro ao acrescentar uma preposição “de” à expressão (haja vista de que ?!?!).

(E)

A conjunção “posto que”, corretamente utilizada por ter caráter concessivo, exige que o verbo seja conjugado no subjuntivo (“posto que sejamos todos da mesma espécie”). Acertou na conjunção (concessiva), mas errou na conjugação verbal.

20 - D Essa questão envolvia diversos assuntos: vocabulário, emprego de pronomes, preposição, conjunção. Enquanto ‘epopéia’ traz somente a idéia de uma luta, ‘odisséia’ indica uma série de dificuldades bem mais complexas do que em uma simples luta. Está correta, portanto, essa afirmação da letra d. As incorreções das demais opções são: a) Em “sugere-nos”, o pronome exerce a função sintática de objeto indireto. Para a análise, não adianta a troca do pronome nos por “a nós”, uma vez que os pronomes ele(s), ela(s), nós e vós, quando oblíquos, são obrigatoriamente precedidos de preposição. Há duas formas de se comprovar a função direta ou indireta dos pronomes me, te, se, nos e vos – trocar o pronome pelo nome (por exemplo: “sugere ao analista incontáveis abordagens da ética”) ou análise da regência do verbo (sugerir alguma coisa a alguém). Assim, verificamos que a função sintática é de objeto indireto. Já o pronome “se” em “narram-se também feitos de abnegação” é apassivador – o verbo narrar é transitivo direto, existe a idéia passiva (feitos são narrados) e está acompanhado do pronome “se”. Portanto, a afirmação está incorreta. b) Não existe a conjunção “à medida em que”; existem as conjunções “à medida que” (proporcional) e “na medida em que” (causal). c) A preposição “com”, na passagem, equivale a “a partir de” – origem: “novas facetas surgem com a/a partir da metamorfose do espírito humano e sua variedade quase infinita de ações.”. e) Se houvesse a troca da preposição de pela preposição entre, seria necessária a retirada da preposição de antes de “paixões mesquinhas” – “representam o confronto entre ideais nobres e de paixões mesquinhas”. Como a opção indica não ser necessária mais nenhuma alteração, está incorreta a proposição. Cuidado em questões como essa. Para que a troca de um elemento por outro seja válida, a banca deve indicar, também, as demais alterações necessárias para que a substituição não incorra em erros gramaticais.

21 - Item CORRETO. Para facilitar a memorização, sugerimos a forma porquanto = por causa. Só que essa conjunção também pode apresentar valor explicativo. Este item está correto, pois a conjunção porquanto, seja com valor causal ou explicativo, é equivalente à conjunção porque. 22 - C Todas as opções são válidas, por estarem adequadamente grafadas e empregadas, exceto a que apresenta o advérbio tampouco, que equivale a “também não” ou “muito menos”. Foi empregado com erro na grafia. “Tão pouco”, combinação do advérbio de intensidade (tão) com o (também) advérbio “pouco”, remete à idéia de “pequena quantidade” – “Nunca comi tão pouco!” ou “Tenho tão pouco interesse em assistir ao ‘Big Brother’ que prefiro estudar Português!”. Não é aceita pela norma culta a colocação da conjunção nem (que significa “e não”) antes desse advérbio (“nem tampouco”), por este já apresentar valor de negação (também não). Vamos aproveitar a “deixa” para tratar de algumas palavras especiais, que podem ser classificadas como advérbios de intensidade, adjetivos ou pronomes indefinidos: bastante, pouco e muito. O que irá nos auxiliar na identificação da classe gramatical é o conceito apresentado na aula de apresentação – se são variáveis ou invariáveis. Como vimos, os advérbios são palavras invariáveis, enquanto que os adjetivos e os pronomes se flexionam em gênero e/ou número. Veja só: ADVÉRBIO (invariável)

ADJETIVO (variável)

PRON.INDEF. (variável)

POUCO

Você tem pouco.

estudado

Não se aborreça com essa coisa pouca (pequena).

Tenho poucos livros desse assunto (em quantidade pequena)

BASTANTE

Você tem bastante.

estudado

Tenho livros bastantes (que bastam / suficientes)

Tenho bastantes livros (em grande quantidade).

MUITO

Você tem muito.

estudado

-

Tenho muitos livros.

23 - C No terceiro período do texto, informa-se que “o Banco Central, para combater a inflação, vem elevando seguidamente a taxa básica” de juros. Na oração seguinte, iniciada pela lacuna (c), afirma-se que os juros altos não estão freando a inflação.

Essas duas afirmações situam-se em campos semânticos opostos: O BC AUMENTA JUROS PARA FREAR A INFLAÇÃO



OS JUROS ALTOS NÃO ESTÃO FREANDO A INFLAÇÃO

Por isso, deve-se empregar uma conjunção adversativa, como “entretanto”. A sugestão apresentada na opção c está CORRETA. As demais opções estão incorretas. a) Nessa lacuna, deve-se empregar uma conjunção de valor adversativo (entretanto, todavia, contudo), e não a locução adverbial “haja vista”, que corresponde a “considerando, tendo em vista”. Sobre a flexão desta expressão, lembramos que o vocábulo “vista” permanece invariável, enquanto que o verbo pode ficar no singular (acompanhado ou não de preposição) ou concordar com o termo subseqüente (“Haja vista os resultados / Haja vista aos resultados / Hajam vista os resultados”). b) A oração iniciada por esta lacuna irá apresentar uma explicação para a afirmação presente no período anterior (“um desses motores está ausente”). Por isso, não pode ser empregada a conjunção “apesar de” – concessiva. Deve-se optar por uma conjunção explicativa: em virtude disso, por isso, assim. d) O emprego da conjunção “embora”, além de causar erro na flexão verbal do verbo ser – “Embora o ganho (...) é pequeno” (correto = seja), prejudicaria a coesão textual em virtude da ausência de uma oração principal. O mais apropriado seria empregar expressões como “além disso”, “ademais”, de forma a introduzirem informações adicionais à passagem anterior. e) Não existe a conjunção “tão pouco” (DE NOVO!!!!), mas o advérbio “tampouco” que equivale a “muito menos”, “menos ainda”, impróprio para a passagem. 24 - D As conjunções embora e apesar de, a despeito de estarem situadas no mesmo campo semântico, levam o verbo a conjugações distintas. Enquanto que a conjunção ‘apesar de’ exige o verbo no infinitivo (sermos), a conjunção ‘embora’ leva a flexão verbal ao subjuntivo (sejamos). Provocou-se, portanto, erro de natureza gramatical (conjugação verbal) o emprego da conjunção “embora”. Em relação às demais opções: a) O valor da conjunção é verificado na construção. No primeiro período do texto, a idéia adversativa (que tanto pode ser apresentada pela conjunção e quanto pela mas) reside na oposição entre os adjetivos “grande” e “diversificado” (adjetivos favoráveis ao Brasil) e o fato desfavorável de ser “uma promessa que parece nunca se realizar”. Assim, essa conjunção e tem valor adversativo, como em: “Ela queria que eu fosse e eu não fui (= mas eu não fui)”. Logo, qualquer das duas conjunções poderia ser empregada nessa lacuna. b) Na segunda lacuna, as duas opções empregam valor adversativo ao período: entretanto / mas.

c) Na terceira, justifica-se o pouco engajamento do cidadão ao fato de ele não avaliar os programas e as ações dos políticos (como essa questão é atual, não é mesmo???) e, com isso, elege-os de acordo com sua popularidade. Assim, tanto pode ser usada a conjunção já que como pois. d) Apesar a importância do país na economia mundial, nós, brasileiros, sempre sofremos decepções (nem me fale nisso...). Esse valor adversativo tanto pode ser apresentado pela conjunção “embora” quanto pela apesar de. O problema foi de conjugação verbal. Já vimos que este item está INCORRETO. e) No último período, pode-se apresentar uma conclusão, com o emprego da conjunção “portanto” ou estabelecer uma idéia contrária ao fato de ser um país tão importante, a partir do emprego da conjunção “contudo”. As duas conjunções seriam válidas. Bons estudos e até a próxima!

PERÍODOS Oi, pessoal Tudo certinho? Estão estudando bastante? Para começar, vamos encerrar as buscas, iniciadas na aula 7, pelas letras de música que contenham o pronome CUJO. O vencedor foi Rômulo Faria. Ele nos trouxe mais uma. Vamos analisá-la: Viagem - João de Aquino e Paulo César Pinheiro Ó, tristeza me desculpe, estou de malas prontas Hoje a poesia veio ao meu encontro, já raiou o dia, vamos viajar Vamos indo de carona Na garupa leve do vento macio Que vem caminhando desde muito longe, lá do fim do mar Vamos visitar a estrela da manhã raiada Que pensei perdida pela madrugada, mas que vai escondida querendo brincar Senta nessa nuvem clara, minha poesia ainda se prepara Traz uma cantiga,vamos espalhando música no ar Olha quantas aves brancas, minha poesia Dançam nossa valsa pelo céu que o dia fez todo bordado de raios de sol Ó, poesia, me ajude,vou colher avencas, lírios, rosas, dálias Pelos campos verdes que você batiza de jardins do céu Mas pode ficar tranqüila, minha poesia Pois nós voltaremos numa estrela guia, num clarão de lua quando serenar Ou talvez até, quem sabe, nós só voltaremos no cavalo baio No alazão da noite, CUJO nome é raio, raio de luar Os dois últimos versos registram o emprego correto do pronome relativo CUJO. O nome do cavalo baio (castanho) é RAIO DE LUAR. A relação entre NOME e CAVALO/ALAZÃO justifica o emprego do pronome. Parabéns, Rômulo, por sua contribuição primorosa. Até agora, fizemos diversas análises em relação aos elementos que compõem uma oração – sintaxe de concordância: harmonia entre verbo e sujeito (concordância verbal) ou entre o nome e os elementos a ele relacionados (concordância nominal); sintaxe de regência: relação entre o verbo (regência verbal) ou adjetivo, advérbio e substantivo (regência nominal) em função de seus complementos.

Para isso, analisamos a estrutura interna da oração. Para essa análise sintática, lançamos mão, muitas vezes, de uma só oração. Isso significa que a análise se realizava em um período simples. A partir da aula de hoje, veremos que, algumas vezes, em vez de um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, temos uma oração que representa esses nomes. Forma-se, assim, o período composto. A aula de hoje certamente lhe parecerá familiar. Muitos dos conceitos já foram apresentados em aulas anteriores. Vamos relembrar alguns deles: Período Simples - É enunciado que possui uma única oração, que se chama oração absoluta. Período Composto - É o período constituído de duas ou mais orações, sabendo-se que cada oração é, obrigatoriamente, estruturada em torno de um verbo. O período composto pode ser formado por COORDENAÇÃO (orações independentes) ou SUBORDINAÇÃO (orações dependentes). I - ORAÇÕES COORDENADAS As orações coordenadas são independentes sintaticamente. Não exercem nenhuma função sintática em relação a outra dentro do período. Quando não são introduzidas por conjunções (conectivos), são classificadas como assindéticas. Vim, vi, venci. Se introduzidas por conjunções (conectivo), classificam-se como sindéticas, recebendo o nome da conjunção que as introduzem. Lembre-se: não se deve classificar uma oração considerando apenas a conjunção que a introduz. Deve-se, sim, analisar o seu sentido na frase para, então, classificar a conjunção/oração. a) Aditivas (e, nem, mas também...) O ministro não pediu demissão e manteve sua posição anterior. b) Adversativa (mas, porém, todavia, contudo, entretanto) O ministro pediu demissão, mas o presidente não a aceitou. c) Explicativas (que, porque, e a palavra pois antes do verbo) Peçam a demissão dos seus assessores, pois eles pouco fazem para o bem do povo. d) Conclusivas (logo, portanto, por conseguinte, por isso, de modo que e a palavra pois no meio ou fim da oração) Os assessores pouco fazem pelo povo; devem, pois, deixar seus cargos. e) Alternativas (ou, ou ... ou, ora ... ora, quer ... quer, seja ... seja, já ... já, talvez ... talvez) O Congresso deve ser soberano, ou perderá a legitimidade.

Pode ocorrer coordenação entre orações que se subordinam à mesma oração principal. Veja o seguinte exemplo: Espero que passe no concurso e que seja o primeiro colocado. As orações “que passe no concurso” e “que seja o primeiro colocado” são orações subordinadas em relação à oração principal “Espero”. No entanto, entre si, são coordenadas, pois estão ligadas por uma conjunção coordenativa aditiva. Nesses casos, pode-se manter apenas a primeira conjunção integrante (Espero que passe no concurso e seja o primeiro colocado). ORAÇÕES INTERCALADAS – Sob essa denominação, incluem-se as orações que, apresentando informações adicionais, geralmente para esclarecimento, não são introduzidas por conjunções coordenativas. - Vá embora! – disse-me ela. Ele, que eu saiba, nunca estudou muito. Boaventura, permita-me o trocadilho, era sujeito de boa sorte. II - ORAÇÕES SUBORDINADAS São orações dependentes sintaticamente de outra. Exercem uma função sintática correspondente ao substantivo, adjetivo ou advérbio, ou seja, esse termo sintático (sujeito, objeto direto, objeto indireto etc.) assume a forma de uma oração. Por isso, há orações principais (em que estão presentes os termos regentes) e subordinadas (termos regidos). Por exemplo: Os credores internacionais esperavam / que o Brasil suspendesse o pagamento dos juros. Nesse exemplo, a segunda oração está subordinada à primeira, pois exerce função sintática de objeto direto do verbo esperar (termo regente presente na oração principal): Os credores internacionais esperavam ISSO - o quê? Resposta: “que o Brasil suspendesse o pagamento dos juros” Essa é um oração subordinada substantiva (está no lugar de um substantivo) que exerce, em relação à oração principal, a função sintática de objeto direto. Seu nome é oração subordinada substantiva objetiva direta.

Meu primo que mora no Rio de Janeiro virá para a festa. Usamos um exemplo parecido com esse na aula passada. Eu pergunto: quantos primos eu tenho?

Resposta: Com certeza, mais de um, pois a oração que se liga de forma adjetiva ao substantivo primo tem valor restritivo, ou seja, de todos os primos que eu tenho, aquele que mora no Rio de Janeiro virá para a festa. A oração subordinada adjetiva “que mora no Rio de Janeiro” exerce a função sintática de adjunto adnominal em relação à oração principal (limita o alcance do substantivo “primo”, designando-lhe uma característica própria: morador do Rio de Janeiro). É, portanto, uma oração subordinada adjetiva restritiva.

Desde que você me ligou, não penso em outra coisa. A oração destacada indica o momento em que o fato expresso na oração principal teve início. Veja que a locução conjuntiva “desde que” apresenta valor temporal, atribuindo à outra oração uma circunstância (de tempo, momento). Essa é, logo, uma oração subordinada adverbial temporal. Vamos analisar, agora, como classificar as orações subordinadas. 1 - ORAÇÕES SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS São aquelas que exercem função sintática própria de um substantivo. SÃO INICIADAS POR CONJUNÇÃO INTEGRANTE. Na identificação dessas orações, apresentamos: - sua condição de subordinada; - sua classe gramatical (substantiva); - e a função sintática que exerce em relação à principal (sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo do sujeito, aposto ou agente da passiva). Assim temos: a) Subjetiva – exerce a função de sujeito em relação ao verbo da principal. É importante / que tenhamos o equilíbrio da balança comercial. É importante ISSO. ISSO = que tenhamos o equilíbrio da balança comercial Î SUJEITO.

Ainda se espera / que o governo mude as normas do imposto de renda. CUIDADO COM A VOZ PASSIVA Î O verbo ESPERAR é transitivo direto e está acompanhado de um pronome SE – APASSIVADOR – com idéia passiva = caso de voz passiva sintética. O que se espera (o que é esperado?)?

Resposta: “que o governo mude...” Î SUJEITO

Ainda era esperado / que a equipe palmeirense se reabilitasse. Agora, temos um caso de voz passiva analítica: Ainda era esperado ISSO. ISSO = que a equipe palmeirense se reabilitasse Î SUJEITO.

Consta / que haverá mudanças na equipe, caso o presidente seja reeleito. O verbo CONSTAR é um dos que, normalmente, apresenta um sujeito oracional. Como vimos, nos casos de sujeito sob a forma oracional, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do singular = CONSTA ISSO (= Isso consta). ISSO = que haverá mudanças na equipe Î SUJEITO. b) Objetiva direta - Função de objeto direto em relação ao verbo da principal. Os contribuintes esperam / que o governo altere as normas do imposto de renda. Os contribuintes esperam ISSO. ISSO = que o governo altere as normas do imposto de renda Î objeto direto do verbo esperar. c) Objetiva indireta - exerce a função de objeto indireto em relação ao verbo da principal. O país necessita de / que se faça uma melhor distribuição de renda. O país necessita dISSO (de + ISSO). ISSO = que se faça uma melhor distribuição de renda Î objeto indireto do verbo necessitar. Lembre-se da lição apresentada na aula sobre Regência!!! Quando um objeto indireto vem sob a forma oracional (oração subordinada substantiva objetiva indireta), a preposição pode ser omitida, sem prejuízo para o período. Vimos naquela oportunidade uma questão de prova que explorou exatamente esse conhecimento. Já em relação à oração que complementa um nome (oração subordinada substantiva completiva nominal – a próxima), não há consenso. Se em uma das opções tiver sido omitida a preposição antes da oração, analise as demais alternativas antes de definir como certo ou errado. d) Completiva nominal - exerce a função sintática de complemento nominal em relação a um substantivo, adjetivo ou advérbio da principal.

O país tem necessidade de / que se faça uma reforma social. O país tem necessidade dISSO (de + ISSO). ISSO = que se faça uma reforma social Î complemento nominal do substantivo necessidade.

O governador era contrário a / que mudassem as regras do jogo. O governador era contrário a ISSO. ISSO = que se mudassem as regras do jogo Î complemento nominal do adjetivo contrário.

Percebia-se / que agia favoravelmente a / que mudassem as regras do jogo. Este é um bom exemplo de período composto por três orações. Vejamos quais são elas: - oração principal: Percebia-se (ISSO) O verbo perceber é transitivo direto e está acompanhado de pronome apassivador. O que era percebido? A resposta a essa pergunta apresenta a segunda oração. Resposta: que agia favoravelmente a Î oração subordinada substantiva subjetiva (sujeito da voz passiva sob a forma oracional, o que justifica a flexão do verbo perceber na 3ª pessoa do singular – PERCEBIA-SE) Só que o complemento nominal ao advérbio favoravelmente está também sob a forma oracional – Agia favoravelmente a quê? (Introduz-se, agora, a terceira oração do período composto) - que mudassem as regras do jogo Î oração subordinada substantiva completiva nominal (complemento nominal ao advérbio favoravelmente). Como a preposição é exigência do advérbio, ela pertence à segunda oração (oração em que o advérbio está presente). Agora, você percebeu como um período composto pode ser bem complexo, não é mesmo? e) Predicativa - exerce a função de predicativo do sujeito em relação à principal. O medo dos empresários era / que sobreviesse uma violenta recessão. O medo dos empresários era ISSO. ISSO = que sobreviesse uma violenta recessão Î predicativo do sujeito. f) Apositiva - exerce a função de aposto em relação a um termo da principal. O receio dos jogadores era esse: / que o técnico não os ouvisse. O receio dos jogadores era esse: ISSO. ISSO = que o técnico não os ouvisse Î aposto.

g) Agente da passiva - exerce a função de agente da passiva em relação à principal. O assunto era explicado por / quem o entendia profundamente. Essa é a única função em que o esquema do ISSO não funciona muito bem, porque, em vez de uma conjunção integrante, é empregado um pronome indefinido. Por isso, o substituímos por outro pronome substantivo – “alguém”. O assunto era explicado por ALGUÉM. ALGUÉM = quem o entendia profundamente Î agente da passiva. 2 - ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS São aquelas que exercem função sintática própria de um adjetivo. SÃO INICIADAS POR PRONOMES RELATIVOS. Seu “nome e sobrenome” será, então: - sua condição de subordinada; - sua classe gramatical (adjetiva); - e o alcance desse adjetivo (restritiva ou explicativa). a) Restritivas - Restringem, limitam o sentido de um termo da oração principal. Não são isoladas por vírgulas. A doença que surgiu nestes últimos anos pode matar muita gente. b) Explicativas - Explicam, generalizam o sentido de um termo da oração principal. São isoladas por vírgulas. As doenças, que são um flagelo da humanidade, já mataram muita gente.

Você notou, assim, que, em relação à pontuação, as orações subordinadas adjetivas podem apresentar dois comportamentos: - VÍRGULA PROIBIDA – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA – Em função de seu caráter restritivo (assim como ocorre com os adjetivos em geral: camisa vermelha, rapaz bonito), não pode haver pausa entre o termo regente e o termo regido. - VÍRGULA OBRIGATÓRIA – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA – Regra geral, os elementos de natureza explicativa se apresentam isolados por vírgulas, em função de seu caráter “acessório”, “dispensável”. Você leu aí em cima algum caso de “vírgula facultativa” em orações adjetivas? Certamente que não.

Esse conceito é importantíssimo para a aula sobre PONTUAÇÃO, pois essa “casca de banana” é muito comum em provas de diversas bancas. 2.1 - FUNÇÃO SINTÁTICA DO PRONOME RELATIVO NA ORAÇÃO ADJETIVA As orações subordinadas adjetivas são introduzidas por pronomes relativos: que, quem, o qual, a qual, cujo, onde, como, quando etc. Enquanto as conjunções são elementos conectivos e, por isso, não exercem função sintática nas orações subordinadas, o mesmo não acontece com os pronomes relativos. Eles substituem um nome (substantivo ou pronome tido como referente). Assim, esses pronomes relativos poderão exercer, na oração subordinada adjetiva, as seguintes funções sintáticas: a) Sujeito Os trabalhadores exigiam aumento salarial. (PERÍODO SIMPLES = oração absoluta) Que trabalhadores eram esses que exigiam aumento salarial? Será formado, assim, um período composto, pois será necessário identificar esses trabalhadores. Os trabalhadores que fizeram greve exigiam aumento salarial. (= Os trabalhadores fizeram greve.) O pronome relativo que substitui, na oração adjetiva, o substantivo trabalhadores. O pronome exerce a função de sujeito dessa oração. CUIDADO: Se a banca perguntar quem é o sujeito da forma verbal fizeram, a sua resposta deverá ser: O PRONOME RELATIVO QUE. Como o pronome se refere ao substantivo “trabalhadores”, muita gente acha, indevidamente, que o substantivo é o sujeito da forma verbal fizeram. ERRADO! São duas as orações: - oração principal: Os trabalhadores exigiam aumento salarial - oração subordinada adjetiva restritiva: que fizeram greve. Agora que sabemos o que é um período composto e como ele se divide, vemos mais claramente que “cada macaco está no seu galho”, ou seja, o substantivo da oração principal “Os trabalhadores exigiam aumento salarial” não poderia exercer função sintática em outra oração, no caso, a oração subordinada adjetiva “que fizeram greve”. No lugar do nome, colocou-se o pronome relativo, que (ESTE SIM) exerce a função sintática de sujeito. Assim, quem é o sujeito da forma verbal fizeram? Resposta: O PRONOME RELATIVO QUE. Ficou claro? Essa é uma pegadinha muito comum em provas, especialmente as da ESAF e da CESPE UnB. Fique esperto(a)!

b) Objeto direto As reivindicações que os trabalhadores faziam preocupavam os empresários. (= Os trabalhadores faziam as reivindicações.) O que os trabalhadores faziam? Pela lógica, iríamos responder: reivindicações. Vamos dividir o período em orações: - oração principal: As reivindicações preocupavam os empresários. - oração subordinada adjetiva restritiva: que os trabalhadores faziam Na oração subordinada adjetiva, no lugar desse substantivo, foi empregado o pronome relativo, que exerce, nessa oração, a função sintática de objeto direto. Então, quem exerce a função sintática de OBJETO DIRETO da forma verbal faziam? Resposta: O PRONOME RELATIVO QUE. c) Objeto indireto O aumento de que todos necessitavam proveria o sustento da casa. (= Todos necessitavam do aumento.) Todos necessitavam de quê? Resposta lógica: De aumento. Na oração subordinada adjetiva, quem faz as vezes de objeto indireto do verbo necessitar é o pronome relativo. - oração principal : O aumento proveria o sustento da casa. - oração subordinada adjetiva restritiva: de que todos necessitavam Note, agora, que o elemento que exige a preposição “de” é o verbo necessitar, da oração adjetiva (Alguém necessita de alguma coisa). Por isso, a preposição pertence à oração subordinada adjetiva e está sublinhada. Muito cuidado na divisão do período em orações: A PREPOSIÇÃO FICA NA ORAÇÃO EM QUE ESTÁ PRESENTE O TERMO REGENTE. d) Complemento nominal O aumento de que todos tinham necessidade proveria o sustento da casa. (= Todos tinham necessidade do aumento.) De que todos tinham necessidade? Resposta lógica: do aumento. No lugar desse nome, foi colocado um pronome relativo, que exerce a função sintática de complemento nominal ao substantivo necessidade. - oração principal: O aumento proveria o sustento da casa - oração subordinada adjetiva restritiva: de que todos tinham necessidade Mais uma vez, quem exige a preposição é um elemento presente na oração subordinada adjetiva (o substantivo necessidade), motivo que nos levou a sublinhar também aquele vocábulo.

e) Predicativo do sujeito O grande mestre que ele sempre foi agradava a todos. Ele sempre foi o grande mestre Î no lugar da expressão sublinhada, foi empregado um pronome relativo. Dividindo o período: - oração principal: O grande mestre agradava a todos. - oração subordinada adjetiva restritiva: que ele sempre foi Então, quem exerce a função de predicativo do sujeito da forma verbal foi ? Resposta: O PRONOME RELATIVO QUE. f) Adjunto adnominal Os peregrinos de cujas contribuições a paróquia dependia retornaram à sua cidade. (= A paróquia dependia das contribuições dos peregrinos.) Entre os substantivos peregrinos e contribuições, existe uma relação de subordinação, o que justifica o emprego do pronome relativo cujo. Essa é uma característica desse pronome relativo (CUJO e flexões). Ele sempre exerce a função sintática de adjunto adnominal, exatamente por estabelecer uma relação entre dois substantivos com idéia ativa (“os peregrinos contribuem” Î a contribuição dos peregrinos Î adjunto adnominal). A diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal será assunto de nossa próxima aula – Termos da Oração. Vamos dividir o período: - oração principal – Os peregrinos retornaram à sua cidade. - oração subordinada adjetiva restritiva – de cujas contribuições a paróquia dependia Vimos anteriormente que, caso um elemento da oração subordinada exija uma preposição, essa será colocada antes do pronome relativo. A paróquia dependia das contribuições dos peregrinos. Como o verbo depender exige a preposição “de”, esta foi empregada antes do pronome relativo “cujo”, que estabelece a relação entre “contribuições” e “peregrinos”. g) Adjunto adverbial Observem o jeitinho como ela se requebra. (= Ela se requebra com jeitinho.)

O pronome relativo como introduz a oração que indica o modo como ela se requebra – essa é uma circunstância (modo) e, portanto, o pronome relativo exerce a função sintática de adjunto adverbial.

BIZU: Os pronomes relativos como e onde, por introduzirem elementos circunstanciais, sempre exercerão na oração adjetiva a função sintática de adjunto adverbial. Já o pronome cujo (e flexões), por estabelecer a ligação entre dois substantivos com idéia ativa, exercerá sempre na oração adjetiva a função de adjunto adnominal.

3 - ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS São aquelas que exercem função sintática própria de advérbio, ou seja, adjunto adverbial em relação à principal. SÃO INICIADAS POR CONJUNÇÃO ADVERBIAL. Agora, toda a oração subordinada exerce, em relação à oração principal, a função sintática de adjunto adverbial. As circunstâncias apresentadas podem ser as seguintes: a) Causal Todos se opuseram a ele porque não concordavam com suas idéias. Apresenta-se, na oração subordinada adverbial causal, o motivo da oposição de todos (presente na oração principal). ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: É importante destacar a diferença entre a oração subordinada adverbial causal e a oração coordenada sindética explicativa, pois muitas das conjunções empregadas em uma e em outra se assemelham. SUBORDINADA CAUSAL X COORDENADA EXPLICATIVA Em alguns momentos, as orações subordinadas adverbiais causais e as orações coordenadas explicativas apresentam semelhanças que podem dificultar sua análise. Porém, um pouco de atenção para os aspectos que vamos assinalar pode ser de grande utilidade. Na primeira, está presente a relação CAUSA x CONSEQÜÊNCIA. Ele pegou a doença porque andava descalço. CAUSAL Î Causa: andava descalço Î Conseqüência: pegou a doença Note, agora, a diferença para o seguinte exemplo: Não ande descalço, porque vai pegar uma doença. EXPLICATIVA Î Ordem: Não ande descalço Î Explicação: vai pegar uma doença Na aula passada, apresentamos uma série de elementos que possibilitam essa distinção. Alguns dão certo; outros, nem tanto. Para relembrar quais são eles, dê uma olhadinha no comentário à questão 13.

Adriano da Gama Kury (em Novas Lições de Análise Sintática) nos indica uma forma que, a princípio, parece ser a melhor de todas. Para que seja causal, a oração subordinada poderia, sem nenhum prejuízo para a coerência, ser trocada por outra oração reduzida de infinitivo e iniciada pela preposição por: Ele pegou a doença porque andava descalço

Ð Ele pegou a doença por andar descalço. Isso não seria possível em uma oração coordenada explicativa. ::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: b) Condicional Se houvesse opiniões contrárias, o acordo seria desfeito. Na oração subordinada adverbial condicional, foi estabelecida a condição para o desfazimento do acordo (oração principal). c) Temporal Assim que chegou a casa, resolveu os problemas. Indica-se, na oração subordinada adverbial temporal, o momento em que serão resolvidos os problemas (oração principal). d) Proporcional Quanto mais obstáculos surgiam, mais ele se superava. A idéia de proporção é apresentada na oração subordinada adverbial proporcional, em associação ao “mais” presente na oração principal. e) Final O pai sempre trabalhou para que os filhos estudassem. A finalidade do trabalho do pai (oração principal) está presente na oração subordinada adverbial final. f) Conformativa Os jogadores procederam segundo o técnico lhes ordenara. Para introduzir a oração subordinada conformativa, poderiam ter sido empregadas as conjunções/locuções conjuntivas conforme, segundo, de acordo com, dentre outras.

g) Consecutiva Suas dívidas eram tantas que vivia nervoso. Apesar de não ser uma regra, costumam ser associados à oração subordinada adverbial consecutiva os pronomes tão, tanto, tal, presentes na oração principal. h) Concessiva Embora enfrentasse dificuldades, procurava manter a calma. Na oração subordinada adverbial concessiva, apresenta-se um fato que, embora contrário ao apresentado na oração principal, não impede que este se realize. i) Comparativa Ele sempre se comportou tal qual um cavalheiro. Apresenta-se, na oração subordinada adverbial comparativa, o segundo elemento de uma comparação. Alguns autores acrescentam mais dois tipos de orações subordinadas adverbiais, não registrados pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB): j) Locativas Fique onde quiser. Equivalem a um adjunto adverbial de lugar. Apresentam-se desenvolvidas sem conjunção, introduzidas por advérbio de lugar onde (combinado ou não com preposição). l) Modais Faça como quiser. Equivalem a um adjunto adverbial de modo. Expressam a maneira como será realizado o fato enunciado na oração principal. III - ORAÇÕES REDUZIDAS Não são introduzidas por conjunção e possuem verbo em uma das formas nominais (infinitivo, particípio ou gerúndio). a) Infinitivo (pessoal ou impessoal) Exemplo 1. Todos sabiam ser impossível a manutenção da política econômica. Todos sabiam ISSO ISSO = ser impossível a manutenção da política econômica.

A oração reduzida de infinitivo está no lugar de um substantivo e exerce a função sintática de objeto direto do verbo saber (da oração principal). Por isso, chama-se: ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA REDUZIDA DE INFINITIVO. Exemplo 2. Seria bom manteres a calma nesse momento. Seria bom ISSO nesse momento. ISSO = manteres a calma A oração reduzida de infinitivo ocupa o lugar de um substantivo e exerce a função sintática de sujeito da oração principal (ISSO seria bom nesse momento). ORAÇÃO SUBORDINADA INFINITIVO.

SUBSTANTIVA

SUBJETIVA

REDUZIDA

DE

b) Gerúndio Exemplo 3. Entrando na sala de aula, foi recebido com frieza. A oração reduzida de gerúndio apresenta o momento em que o sujeito da oração principal foi recebido com frieza. Assim, indica uma circunstância (tempo, momento). É chamada, portanto, de: ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEMPORAL REDUZIDA DE GERÚNDIO. Exemplo 4. Vencendo seus adversários futuros, o clube ganhará o campeonato. Note o valor condicional da oração reduzida de gerúndio: Caso vença seus adversários futuros = Vencendo seus adversários futuros, o clube ganhará o campeonato. A oração subordinada recebe o nome de: ORAÇÃO SUBORDINADA GERÚNDIO.

ADVERBIAL

CONDICIONAL

REDUZIDA

DE

c) Particípio Exemplo 5. Realizado o congresso internacional, percebeu-se a gravidade da moléstia. A oração reduzida de particípio pode atribuir um valor de momento à estrutura: a partir da realização do congresso internacional, percebeu-se a gravidade da moléstia. ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL TEMPORAL REDUZIDA DE PARTICÍPIO.

Exemplo 6. Encontrado o autor dos assaltos, a população ficará aliviada. O tempo verbal da oração principal é decisivo para a identificação da circunstância apresentada pela oração subordinada. Nessa construção, o valor é condicional: Caso seja encontrado o autor dos assaltos, a população ficará aliviada. ORAÇÃO SUBORDINADA PARTICÍPIO.

ADVERBIAL

CONDICIONAL

REDUZIDA

DE

Veja, agora, como pode ser alterada a interpretação se o tempo do verbo da oração principal for também modificado: Exemplo 7. Encontrado o autor dos assaltos, a população ficou aliviada. Agora, a oração subordinada atribui à estrutura um valor causal: Porque foi encontrado o autor dos assaltos, a população ficou aliviada. Por não apresentar uma conjunção, mais do que nunca é necessária a análise da circunstância apresentada pela oração ao período, para que seja realizada sua classificação. Para isso, na maioria das vezes, é necessário voltar ao texto. Não tenha preguiça na hora da prova – muita gente perde um ponto valioso por acreditar somente na memória ou no que a banca argumenta. Volte ao texto quantas vezes forem necessárias! Há pouco tempo, discutia-se muito a estrutura oracional da advertência veiculada pelo Ministério da Saúde nos comerciais de medicamentos. Víamos duas formas de apresentação: Ao persistirem os sintomas, procure um médico. A persistirem os sintomas, procure um médico. Afinal, existe diferença entre a primeira e a segunda construção? A resposta é SIM! Na primeira, o fato de persistirem os sintomas é “quase” certo – só não se sabe o momento em que isso ocorrerá. A oração reduzida de infinitivo, por ter sido iniciada por “ao”, equivale a: Quando persistirem os sintomas / Assim que persistirem os sintomas / Tão logo persistam os sintomas.... Veja como essa construção se assemelha a: Ao entrar em casa, deparou-se com o bandido. O valor temporal da oração subordinada adverbial é bem notório nesse último exemplo. Por isso, na primeira estrutura, a oração subordinada adverbial tem valor temporal.

Já na segunda, há um valor condicional: Caso persistam os sintomas, procure um médico. E aí, como deveria, então, ser veiculada essa advertência: sob a forma temporal (fato futuro e certo) ou condicional (fato futuro e incerto)? Acredito que da segunda maneira, pois o remédio, em princípio, deveria eliminar os sintomas da enfermidade. Caso isso não ocorra, o médico deverá ser consultado – e a gramática também!!! IV - CONCEITO DE ORAÇÃO PRINCIPAL E ORAÇÃO SUBORDINADA Agora que estamos prestes a encerrar nossa aula sobre PERÍODOS, podemos perceber que essa denominação de “oração principal” é bem relativa. Em um período composto, pode haver diversas orações, que, como numa engrenagem, se ligam umas às outras. Assim, pode ser que uma oração subordinada a outra tenha uma terceira oração que se subordine a ela. Em relação a essa terceira, a oração subordinada (a segunda) será considerada uma oração principal. Complicou? Vamos desatar o nó com exemplo.

O livro que me pediu será entregue a quem estiver disposto a recebê-lo.

1ª oração (principal): O livro será entregue a 2ª oração (subordinada adjetiva restritiva em relação ao substantivo livro): que me pediu 3ª oração (subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo): quem estiver disposto a 4ª oração (subordinada substantiva completiva nominal reduzida de infinitivo, em relação ao adjetiva disposto): recebê-lo. A 2ª oração é subordinada à primeira, ou seja, exerce a função sintática de adjunto adnominal ao substantivo presente na oração principal (livro). O mesmo ocorre com a 3ª oração, que é o objeto indireto do verbo da oração principal (entregar). Já a 4ª oração exerce uma função sintática em relação ao elemento presente na 3ª oração. Assim, a 3ª oração, que é subordinada em relação à primeira, é principal em relação à 4ª oração.

Poderíamos, então, resumir os conceitos apresentados na aula de hoje no seguinte esquema:

PERÍODO COMPOSTO - CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES ASSINDÉTICAS - QUANTO AO CONECTIVO SINDÉTICAS COORDENADAS

ADITIVAS ADVERSATIVAS - QUANTO AO VALOR

ALTERNATIVAS CONCLUSIVAS EXPLICATIVAS

SUBORDINADAS

SUBJETIVAS OBJETIVAS DIRETAS OBJETIVAS INDIRETAS SUBSTANTIVAS

PREDICATIVAS COMPLETIVAS NOMINAIS APOSITIVAS AGENTE DA PASSIVA

ADJETIVAS ADVERBIAIS

RESTRITIVAS EXPLICATIVAS CAUSAIS CONDICIONAIS TEMPORAIS PROPORCIONAIS FINAIS CONFORMATIVAS

CONSECUTIVAS CONCESSIVAS COMPARATIVAS LOCATIVAS MODAIS Até a próxima aula! QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006) Essa chave é o instrumento simbólico mais eficiente da ideologia dominante (que, como dizia Marx, é sempre a ideologia das classes dominantes): é ela que insiste em nos convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi tentado e fracassou. A oração que não há alternativa para o capitalismo deve ser corretamente classificada como: (A) oração subordinada substantiva apositiva. (B) oração subordinada substantiva completiva nominal. (C) oração subordinada substantiva objetiva direta. (D) oração subordinada substantiva objetiva indireta. (E) oração subordinada substantiva subjetiva. 2 - (FUNDEC / TJ MG / 2002) Assinale a alternativa em que a oração sublinhada tenha sido CORRETAMENTE analisada. a) Parece que não haverá mudanças no Ministério da Economia. (oração subordinada substantiva subjetiva) b) Como disse o primeiro entrevistado, não há motivo para pânico. (oração subordinada adverbial comparativa) c) A atriz declarou que não sabia como tinha sido furtada. (oração subordinada adverbial comparativa) d) Lembrei-o de que não poderíamos nos atrasar mais. (oração subordinada substantiva objetiva direta) 3 - (FUNDEC / TJ MG / 2002) Assinale a alternativa que apresente análise INCORRETA da oração sublinhada. a) Encerrada a palestra, foram jantar. (oração subordinada adverbial temporal) b) Caso a febre persista, telefone-me. (oração subordinada adverbial condicional)

c) Era verdade que tudo não passara de um engano. (oração principal) d) Quem estuda passa. (oração subordinada adjetiva restritiva) 4 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/ SMF – ANALISTA PLANEJAMENTO / 2005) “Outro estímulo para as empresas de ônibus adotarem o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil.” O segmento em destaque nessa frase não é adequadamente substituído na seguinte alternativa: A) Outro estímulo para que as empresas de ônibus adotem o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil. B) Outro estímulo que incentiva as empresas de ônibus a adotar o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil. C) Outro estímulo de as empresas de ônibus adotarem o gás natural é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil. D) Outro estímulo para a adoção do gás natural pelas empresas de ônibus é a melhoria da rede de distribuição desse combustível no Brasil. 5 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / PGM RJ / 2005) “Quando os filhos saem de casa e entram na universidade ou no trabalho, a interferência dos pais começa a enfraquecer.” Nessa frase do texto, as orações coordenadas mantêm com a principal as seguintes relações semânticas: A) Condição e causalidade. B) Conformidade e condição. C) Temporalidade e causalidade. D) Temporalidade e conformidade. 6 - (FUNDEC / TRT 1ª.Região / 2003) Dentre as mudanças feitas abaixo na oração sublinhada no período “A análise da genealogia das famílias dos cortadores de cana, considerando pelo menos três a quatro gerações, demonstra que a reprodução social deste segmento da força de trabalho se orienta por três perspectivas” (linhas 1-5), aquela em que se alterou o seu sentido original é: A) consideradas pelo menos três a quatro gerações; B) desde que se considerem pelo menos três a quatro gerações; C) quando se consideram pelo menos três a quatro gerações; D) caso sejam consideradas pelo menos três a quatro gerações; E) por serem consideradas pelo menos três a quatro gerações. 7 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/ SMF – ANALISTA PLANEJAMENTO / 2005)

“Além disso, o Brasil firmou um acordo no qual se compromete a comprar parte da produção da Bolívia, aumentando ainda mais a oferta de gás no mercado interno.” Nesse trecho, a oração iniciada no gerúndio expressa valor semântico de: A) conformidade. B) conseqüência. C) condição. D) causa.

8 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002) “Polícia” Vigilância exercida pela autoridade competente para manter a ordem e o bem-estar públicos em todos os ramos dos serviços do Estado e em todas as partes ou localidades; corporação que engloba os órgãos e instituições incumbidos de fazer respeitar essas leis ou regras e de reprimir e perseguir o crime”. (Pequeno dicionário jurídico) “...para manter a ordem e o bem-estar públicos...”; se esta oração reduzida adotasse a forma desenvolvida, sua forma correta seria: a) para que se mantesse a ordem e o bem-estar públicos; b) para que se mantessem a ordem e o bem-estar públicos; c) afim de que se mantenham a ordem e o bem-estar públicos; d) afim de que se mantivessem a ordem e o bem-estar públicos; e) para que se mantivesse a ordem e o bem-estar públicos.

9 - (NCE UFRJ / TRE RJ Auxiliar Judiciário / 2001) Mas, desculpe minha infinita ignorância, por que enviar à forca uma mulher que no julgamento perdoou ao frio assassino do filho? O número de orações neste período do texto é: a) uma; b) duas, c) três; d) quatro; e) cinco. 10 - (FGV / ICMS MS - Fiscal de Rendas / 2006)

Mas ainda não há um programa alternativo maduro que se contraponha à euforia do programa conservador, aplicado por gente que foi de esquerda e aplaudido pela direita. Quantos verbos há no trecho acima? (A) seis (B) cinco (C) quatro (D) três (E) dois 11 – Agora vamos treinar. Divida os períodos e classifique as orações subordinadas substantivas: a) Aprendi que devemos falar a verdade. b) Falta resolver as últimas questões. c) Tenho receio de que fales a verdade. d) Ignoro quem fez a pergunta. e) Convém que tomes alguma atitude. f) A verdade é que ninguém a deseja. g) Avisei-o de que havíamos chegado. h) Alguém deve saber quando ela viaja. i) Este trabalho foi feito por quem entende do assunto. GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1–D Olha aí o que comentamos a respeito da omissão de preposição antes de orações que exercem função sintática de objeto indireto!!! Vamos ter um certo trabalhinho, mas, para compreensão, teremos de dividir o período composto em orações. Vamos lá! é ela que insiste em nos convencer que as desigualdades sociais são naturais, que não há alternativa para o capitalismo, que o socialismo já foi tentado e fracassou. Para começar, notamos a expressão de realce “é que” em “é ela que insiste...”. Vamos eliminá-la: Ela insiste em nos convencer... Já no início, temos duas orações: - Ela insiste em (oração principal) Ela insiste nISSO.

ISSO = nos convencer (oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo – Virgem Maria, isso é um palavrão!!!) Vamos, agora, analisar a segunda oração (que é subordinada em relação à primeira – Ela insiste em – e principal em relação às orações que se seguem). Bem, alguém convence outra pessoa (objeto direto) de alguma coisa (objeto indireto). O complemento indireto do verbo convencer, nessa construção, rege a preposição de. Como esse complemento vem sob a forma oracional, a preposição pode ser omitida, e assim o foi: Ela insiste em nos convencer (de): 1 - que as desigualdades são naturais 2 – que não há alternativa para o capitalismo 3 – que o socialismo já foi tentado e fracassou Como complemento indireto do verbo convencer, temos três orações indicadas acima. Elas, em relação à sua oração principal (nos convencer), são subordinadas e recebem o nome de oração subordinada substantiva objetiva indireta. Entre si, são coordenativa.

orações

coordenadas

assindéticas,

ou

seja,

sem

conjunção

Estruturas como essa, em que os períodos são ligados tanto por coordenação (entre si) e por subordinação (em relação à principal), recebem a designação de período misto, ou seja, composto simultaneamente por coordenação e subordinação. Note que, na terceira oração subordinada substantiva objetiva indireta (ufa!!!), há duas outras orações coordenadas: o socialismo já foi tentado e (o socialismo) fracassou. Ótimo esse treino, não é mesmo?!?!? Felizmente, a escassez de questões pôde ser compensada pela qualidade das que encontramos. 2–A Tradicionalmente, o verbo parecer vem acompanhado de sujeito oracional. Nesse caso, como já vimos por diversas vezes, o verbo fica na 3ª pessoa do singular. Fazendo a análise, poderíamos trocar toda a oração pelo pronome substantivo demonstrativo ISSO: Parece ISSO. ISSO = “que não haverá mudanças no Ministério da Economia”. Pois essa oração exerce a função sintática de sujeito do verbo parecer. Está correta a análise da opção a.

Em relação às demais opções, cabe-nos comentar: b) Como disse o primeiro entrevistado, não há motivo para pânico. A oração em destaque é, sim, uma oração subordinada adverbial. Só que a circunstância que ela apresenta não é de comparação (não podemos decorar listas, lembra?), mas de conformidade. Troquemos, pois, por outra conjunção conformativa: Segundo disse o primeiro entrevistado / Conforme disse o primeiro entrevistado. Viu como fez sentido? Está, portanto, incorreta a análise. c) A atriz declarou que não sabia como tinha sido furtada. Nesse período composto, temos três orações, a saber: Oração principal = A atriz declarou “A atriz declarou ISSO” ISSO = que não sabia (2ª oração) Como a oração pôde ser substituída pelo pronome ISSO, é uma oração subordinada substantiva (e não “adverbial”, como indica o examinador). O verbo declarar é transitivo direto. Seu complemento (objeto direto) está sob a forma oracional. Assim, a oração se chama: oração subordinada substantiva objetiva direta. “que não sabia ISSO” ISSO = como tinha sido furtada (3ª oração) Essa oração que complementa o verbo saber (verbo transitivo direto) também exerce a função sintática de objeto direto. A única diferença é que, em vez de uma conjunção integrante, a oração foi iniciada por um advérbio como. d) Lembrei-o de que não poderíamos nos atrasar mais. Quase que o examinador acerta essa... Lembra-se da aula sobre regência? O verbo LEMBRAR-SE (pronominal) é transitivo indireto e rege a preposição “de”. O mesmo acontece com o verbo ESQUECER-SE. Essa mesma transitividade se aplica tanto com pronome reflexivo, quanto com complemento direto sob a forma de outra pessoa (lembrar alguém de alguma coisa), como apresentado na questão: (eu) lembrei alguém (representado pelo pronome oblíquo “o”) de alguma coisa.. Lembrei-o dISSO. ISSO = que não poderíamos nos atrasar mais (objeto indireto) Trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva indireta. Ainda que a preposição fosse omitida (“Lembrei-o que não poderíamos nos atrasar mais”), não haveria alteração na classificação dessa oração. Só mais um detalhe: a preposição é exigida pelo verbo da oração principal (lembreio de ...). Por isso, não deveria ter sido sublinhada, pois não pertence à oração subordinada, e sim à principal.

3–D a) Encerrada a palestra, foram jantar. Esse é um caso de oração reduzida. A oração reduzida de particípio indica o momento em que o fato expresso na oração principal ocorreu. É, portanto, uma oração subordinada adverbial temporal reduzida de particípio. Houve a omissão dessa última parte. Por isso, devemos analisar todas as opções para verificar a existência de um erro, e não de uma simples omissão como essa. b) Caso a febre persista, telefone-me. A oração subordinada indica uma condição para que o evento expresso na oração principal venha a se efetivar. É, portanto, uma oração subordinada adverbial condicional. Está correta a análise. c) Era verdade que tudo não passara de um engano. A oração em destaque é mesmo a principal do período composto. A outra oração, iniciada pela conjunção integrante, representa o sujeito dessa oração principal: “Era verdade ISSO” = que tudo não passara de um engano. d) Quem estuda passa. A oração sublinhada é o sujeito do verbo passar. Deveremos classificá-la, pois, como uma oração subordinada substantiva subjetiva. Em vez de uma conjunção, foi empregado um pronome indefinido. Por ser o sujeito da oração principal (representada somente pelo verbo: passa), a norma culta condena uma vírgula entre esses elementos. Podemos, também, analisar a oração subordinada substantiva subjetiva. O pronome indefinido “quem” atua como sujeito da forma verbal “estuda”. 4–C A oração em destaque tem valor de finalidade. As opções a, b e d apresentam formas em que esse valor não foi alterado: a) “para que as empresas de ônibus adotem o gás natural” – houve apenas a alteração de oração reduzida de infinitivo para uma oração desenvolvida (com conjunção). b) “que incentiva as empresas de ônibus a adotar o gás natural” – a idéia de finalidade foi mantida. d) “para a adoção do gás natural pelas empresas de ônibus” – houve apenas uma troca do verbo pelo substantivo correspondente, mantendo-se o sentido – no lugar de “as empresas adotarem”, usou-se “a adoção pelas empresas”. Na opção c, a mudança da preposição alterou o valor da construção. Na nova estrutura, poderíamos entender que o estímulo partiu das empresas, e não do governo. A troca, portanto, não seria válida. 5–C Nessa construção, as duas orações subordinadas adverbiais estão coordenadas entre si. Elas apresentam à oração principal duas circunstâncias: tempo e causa.

A partir do momento (temporalidade) em que os filhos saem de casa e entram na universidade ou no trabalho, e também em virtude disso (causalidade), a interferência dos pais começa a enfraquecer. Assim, são apresentadas, simultaneamente, as relações semânticas de tempo (momento) e causa (motivo). 6–E De acordo com o texto, realiza-se uma análise genealógica das famílias dos cortadores de cana, respeitada a condição de serem consideradas pelo menos três a quatro gerações. Por isso, estão corretas as estruturas que mantém o aspecto condicional dessa oração: consideradas (reduzida de particípio), desde que se considerem, quando se consideram, caso sejam consideradas (conjunções condicionais). Já em “por serem consideradas pelo menos três a quatro gerações”, alterou-se o valor de condicional para causal (“em virtude de terem sido consideradas...”). Houve, assim, alteração semântica na estrutura da opção e.

7–B O Brasil firmou um acordo em que se compromete a comprar parte da produção de gás da Bolívia. Esse fato levou a um aumento ainda maior na oferta de gás no mercado interno. Entre esses dois eventos, verifica-se uma relação de CAUSA e CONSEQÜÊNCIA. No segundo período, apresenta-se o reflexo (aumento da oferta de gás no mercado interno) do fato descrito no primeiro (compromisso brasileiro em comprar parte da produção boliviana). Por isso, a oração reduzida de gerúndio, em destaque no enunciado, apresenta valor consecutivo (b – conseqüência). 8–E Serão analisados aspectos de concordância verbal e nominal, conjugação verbal e manutenção dos aspectos semânticos em função da troca de conjunção. Vamos verificar cada uma das opções: a) Em “para que se mantesse a ordem e o bem-estar públicos”, houve erro na conjugação do verbo manter, que segue a conjugação do verbo ter – “para que se tivesse / para que se mantivesse”. b) O mesmo se repetiu nessa opção: “para que se mantessem” deveria ser substituído por “para que se mantivessem”. c) e d) Acertaram na conjugação (as duas formas seriam válidas: a primeira situa o fato no condicional presente – mantenham – e a segunda, no condicional passado – mantivessem), mas erraram na indicação da locução conjuntiva. O vocábulo afim

(juntinho) significa “o que apresenta afinidade” (pessoas afins, vocábulos afins). A locução deve ser escrita “a fim de que”, com o “a fim” separadinho. O sujeito composto do verbo manter está após o verbo. Mesmo sendo uma construção de voz passiva, é possível realizar a concordância somente com o primeiro elemento: a ordem – “para que se mantivesse a ordem e o bem-estar públicos”. Já o adjetivo “públicos”, ao se flexionar no plural, deixou clara sua referência aos dois elementos (ordem e bem-estar).

9–C A palavra “Mas” que inicia o segmento não possui, na estrutura, função sintática nenhuma. É usado, principalmente na linguagem oral, para introduzir falas, apresentar argumentos, ligar idéias (Mas, o que você queria saber?). As orações são: 1 – desculpe minha infinita ignorância – um bom exemplo de oração intercalada, em que o autor interrompe a linha de raciocínio principal para prestar algum esclarecimento ou fazer alguma observação. 2 – por que enviar à forca uma mulher – oração interrogativa (principal) 3 – que no julgamento perdoou ao frio assassino do filho – oração subordinada adjetiva restritiva (em relação ao substantivo “mulher”). São três as orações do período. 10 – B Para a análise, vamos dividir o período em orações, destacando os verbos. O segmento já começa com uma conjunção adversativa: - Mas ainda não há um programa alternativo maduro – oração coordenada sindética adversativa Em seguida, tem início uma oração que restringe o conceito de “programa alternativo maduro”: - que se contraponha à euforia do programa conservador – oração subordinada adjetiva restritiva (em relação ao substantivo programa) Outras orações subordinadas adjetivas reduzidas de particípio se referem à expressão “programa conservador”: - aplicado por gente - aplaudido pela direita Ainda que se considerasse somente o valor adjetivo de tais expressões, não há dúvidas de que seriam adjetivos formados a partir da forma participial dos verbos aplicar e aplaudir, atendendo ao pedido do enunciado (“Quantos verbos há no trecho acima?”).

O substantivo “gente” da oração “aplaudido por gente” foi acompanhado de uma oração subordinada adjetiva restritiva: - que foi de esquerda São, portanto, CINCO verbos: há, contraponha, aplicado, foi e aplaudido. 11 a) Aprendi / que devemos falar a verdade. Aprendi ISSO = que devemos falar a verdade (objeto direto) Oração subordinada substantiva objetiva direta. b) Falta / resolver as últimas questões. Falta ISSO = resolver as últimas questões (SUJEITO) Oração subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo. c) Tenho receio de/ que fales a verdade Tenho receio d ISSO = que fales a verdade (COMPLEMENTO NOMINAL) Oração subordinada substantiva completiva nominal Obs: A preposição pertence à oração principal, por exigência do substantivo RECEIO. d) Ignoro / quem fez a pergunta Ignoro ISSO = quem fez a pergunta (OBJETO DIRETO) Oração subordinada substantiva objetiva direta e) Convém / que tomes alguma atitude. Convém ISSO = que tomes alguma atitude (SUJEITO) Oração subordinada substantiva subjetiva f) A verdade é / que ninguém a deseja. A verdade é ISSO = que ninguém a deseja (PREDICATIVO DO SUJEITO) Oração subordinada substantiva predicativa do sujeito g) Avise-o de / que havíamos chegado. Avise-o dISSO / que havíamos chegado (OBJETO INDIRETO) Oração subordinada substantiva objetiva indireta

h) Alguém deve saber / quando ela viaja. Alguém deve saber ISSO = quando ela viaja. (OBJETO DIRETO) Oração subordinada substantiva objetiva direta i) Este trabalho foi feito por / quem entende do assunto Oração subordinada substantiva agente da passiva Bons estudos e até a próxima!

TERMOS DA ORAÇÃO E ANÁLISE SINTÁTICA Quando buscamos o significado do verbo ANALISAR no Dicionário Aurélio, nos deparamos com a seguinte definição: 1. Decompor (um todo) em suas partes componentes; fazer a análise de.

1

(3)

Esse “análise 1 (3)” indica a terceira acepção do primeiro significado da palavra análise, qual seja: “3. Exame de cada parte de um todo, tendo em vista conhecer sua natureza, suas proporções, suas funções, suas relações, etc.” Pois é exatamente isso que a análise sintática faz em relação à estrutura do período: decompõe, examina e divide o período composto; classifica as orações que constituem o período; e, em cada oração, verifica a função sintática de cada um dos elementos (termos) constitutivos. É como se fossem realizadas duas análises simultaneamente: uma análise “macro” – O PERÍODO COMPOSTO E SUAS ORAÇÕES; e uma análise “micro” – OS TERMOS QUE COMPÕEM CADA ORAÇÃO. Vamos relembrar alguns conceitos apresentados anteriormente: - FRASE – todo enunciado capaz de transmitir uma mensagem. Pode se apresentar sob forma sucinta (Não!) ou complexa (De acordo com a última estimativa, havia mais de cem pessoas no comício.). Em resumo, podemos dizer que, em uma frase, pode haver ou não um verbo. A primeira (sem verbo) não se presta à análise sintática – somente a “frase oracional”, por apresentar estrutura completa. - ORAÇÃO – estrutura que se forma a partir do conjunto SUJEITO + PREDICADO. Como veremos, há casos de inexistência do sujeito (“Oração sem Sujeito”), mas o predicado deve sempre existir. O verbo, algumas vezes, pode estar elíptico, ou seja, foi omitido, mas pode perfeitamente ser subentendido. A oração pode encerrar: a) uma declaração (oração declarativa); b) uma pergunta ou dúvida (oração interrogativa); c) uma ordem, desejo, súplica, pedido (oração imperativa, imprecativa ou optativa, com entoação exclamativa); são optativas as orações que exprimem um desejo intenso (Bons ventos o levem!) e imprecativas, as que expressam uma praga (Maldito seja aquele homem!); d) um estado ou reação emocional (oração exclamativa). - PERÍODO – pode se apresentar como simples (uma oração, apenas) ou composto (duas ou mais orações). Um período se encerra com uma pausa bem definida (ponto, ponto de interrogação, ponto de exclamação, reticências).

Vimos, na aula passada, que um período composto pode ser formado com orações independentes (período composto por coordenação) ou dependentes (período composto por subordinação). Em princípio, cada oração coordenada pode formar um período simples por si – basta, para isso, que se retire a conjunção e se faça a pontuação adequada. Já a oração subordinada exerce função sintática em outra oração, perdendo o sentido se estiver separada desta. ANÁLISE SINTÁTICA E ANÁLISE SEMÂNTICA Na troca de informações e idéias, têm papel fundamental a situação e o contexto. Por situação, entende-se o ambiente físico, cultural e social em que se fala; por contexto, o ambiente lingüístico em que se encontra a oração. Muitas vezes, para realizarmos uma correta análise sintática, precisamos compreender, também com perfeição, o contexto em que a oração está inserida. Por isso, costumamos dizer que a análise sintática deve se realizar em conjunto com a análise semântica (= significado, sentido). Ao construir as orações, o autor (interlocutor ou escritor) deve seguir certos padrões estruturais, de modo que atenda aos requisitos de coesão e coerência. Assim, as estruturas oracionais devem observar alguns preceitos (bastante familiares para você, que chegou a esse ponto do estudo): - associação entre vocábulos de acordo com sua função sintática (sintaxe de regência); - harmonia entre os vocábulos de acordo com os princípios gramaticais (sintaxe de concordância); - ordem dos vocábulos de acordo com sua função sintática e importância para a formulação das idéias (sintaxe de colocação). TERMOS DA ORAÇÃO A partir de agora, iremos realizar aquela “análise micro”, ou seja, examinar os elementos que compõem uma oração. Eles se dividem em ESSENCIAIS, INTEGRANTES e ACESSÓRIOS. 1 - ESSENCIAIS Os termos essenciais da oração são SUJEITO e PREDICADO. O sujeito é o ser sobre o qual se faz uma declaração. Tem seu núcleo (palavra ou termo central, principal) representado por um substantivo ou um pronome substantivo. Em torno deste núcleo, podem estar presentes outros elementos, em funções acessórias. A função de sujeito também pode ser exercida, em um período composto por subordinação, por uma oração subordinada substantiva (estudado à exaustão na aula passada). O predicado é o termo que efetivamente apresenta a mensagem. Ordinariamente, podemos dizer que é o que se declara sobre o sujeito. Com exceção do vocativo

(função a ser analisada à parte), tudo o que não for sujeito, ou não estiver ligado ao núcleo do sujeito, pertence ao predicado. Contudo, nem sempre o sujeito e o predicado vêm expressos. Em “Andei léguas.”, o sujeito é identificado pela desinência verbal (EU andei). Já em “Linda cidade, Rio de Janeiro.”, a forma verbal “é” está subentendida. Elipse é, pois, a omissão em uma frase de um termo facilmente identificável. Chamam-se ELÍPTICAS as orações a que falta um termo essencial, e, conforme o caso, diz-se que o SUJEITO ou o PREDICADO está ELÍPTICO. 1.1

- TIPOS DE SUJEITO

Alguns desses conceitos já foram apresentados na aula sobre Concordância (Aula 3). SIMPLES - Representado por apenas um núcleo. Falaram na sessão todos os oradores inscritos. SUJEITO: Todos os oradores inscritos NÚCLEO DO SUJEITO: oradores Atrás de meus olhos dorme uma lagoa profunda. SUJEITO: Uma lagoa profunda NÚCLEO DO SUJEITO: lagoa O culto dos deuses africanos abrange diferentes ritos. SUJEITO: O culto dos deuses africanos NÚCLEO DO SUJEITO: culto Viajamos cedo. SUJEITO (e NÚCLEO): Nós (elíptico, identificado pela desinência verbal) COMPOSTO - Representado por dois ou mais núcleos. Aplicam-se, neste caso, as regras de concordância verbal já estudadas. Uma lagoa profunda e o céu dormem atrás de meus olhos. SUJEITO: Uma lagoa profunda e o céu NÚCLEOS DO SUJEITO (COMPOSTO): lagoa / céu Dormem / Dorme uma lagoa profunda e o céu atrás de meus olhos. (concordância gramatical e ideológica, respectivamente)

INDETERMINADO – Pode ser representado de duas maneiras: a) verbo na 3ª pessoa do plural. Falaram mal de você.

Bateram na porta. Dizem por aí que tu andas novamente de novo amor, nova paixão, todo contente. b) verbo na 3ª pessoa do singular + SE (índice ou partícula de indeterminação do sujeito). Precisa-se de moças com experiência. Nunca se é feliz. Fala-se muito mas pouco se faz.

ORAÇÃO SEM SUJEITO - Verbos impessoais (= 3ª pessoa do singular) a) Verbos que indicam fenômenos da natureza: Chove muito. Anoiteceu rapidamente. b) Verbo HAVER (com sentido de existir): Nunca houve tantos interessados. Devia haver muitos interessados. c) Verbos com idéia de tempo decorrido: Faz seis meses e sua partida. Vai para dez anos de sua partida. Há três semanas não a vejo. Amanhã vai fazer dez meses de sua partida. d) Verbo SER nas expressões de horas, datas ou distâncias: De um extremo ao outro são dez metros. Era uma hora e vinte.

1.2

- TIPOS DE PREDICADO

O Predicado pode ser classificado de três formas: verbal, nominal e verbo-nominal. VERBAL – Quando o predicado enuncia o que o sujeito faz ou sofre, cabe ao verbo apresentar a informação mais relevante da oração. Assim, o predicado se chama verbal, pois seu núcleo é o verbo. É o único dos três que não contém predicativo. Entraram em campo os atletas.

NOMINAL – Neste predicado, o elemento mais importante está sob a forma de um nome (adjetivo, substantivo, pronome substantivo). O verbo tem a simples função de ligar o sujeito a este nome (palavra ou expressão que encerra a declaração). Por isso, a palavra principal (núcleo) se encontra no predicativo do sujeito e o predicado é chamado de nominal.

Eles estavam contentes.

VERBO-NOMINAL – Simultaneamente, apresenta a ação praticada e o estado referente ao sujeito (predicativo do sujeito) ou ao complemento verbal (predicativo do objeto). Por isso, possui dois núcleos: o verbo e o nome (que exerce a função de predicativo). Os atletas entraram em campo confiantes. (predicativo do sujeito) Achei-a simpática. (predicativo do objeto direto)

PREDICAÇÃO VERBAL – É o modo como o verbo se apresenta no predicado (regência verbal). Como qualquer outra palavra, a classificação de um verbo só pode ser definida na frase. O verbo, a depender do sentido que possua no contexto, pode ser classificado como: a) INTRANSITIVO (I) : O verbo já possui o sentido completo, podendo estar acompanhado de termos acessórios (adjunto adverbial) ou integrantes (predicativo), que venham somente pormenorizar as circunstâncias da ação ou estado. b) TRANSITIVO: Neste caso, o verbo, sem um complemento, tem o seu sentido ou alcance prejudicado. Subdivide-se em: •

DIRETO (TD) – o complemento se liga ao verbo de forma direta, ou seja, sem preposição obrigatória. Dentre os transitivos diretos, devemos destacar os verbos transobjetivos, que são os que exigem uma informação adicional a respeito do objeto direto. Essa informação vem sob a função sintática de predicativo do objeto direto.



INDIRETO (TI) – o complemento se liga ao verbo obrigatoriamente por meio de uma preposição. O único verbo transitivo indireto que pode ser transobjetivo é o verbo CHAMAR (Veja a aula sobre Regência).



DIRETO E INDIRETO (TDI) - também chamado de bitransitivo, apresenta dois complementos, um direto e outro indireto, concomitantemente.

c) DE LIGAÇÃO (VL) – Serve para ligar o predicativo do sujeito (núcleo do predicado nominal) ao sujeito. Seria um erro afirmar que não possui significado, pois, a depender do verbo escolhido, podem ser expressos diversos aspectos: Ele é feliz. Î estado permanente / Ele está feliz. Î estado transitório Ele parece feliz. Î aparência

/ Ele anda feliz. Î estado passageiro

2 – INTEGRANTES O próprio nome já indica a sua função na estrutura oracional. Esses termos integram (ou seja, completam, inteiram) a significação do verbo transitivo ou de um nome. São eles: OBJETO DIRETO, OBJETO INDIRETO, PREDICATIVO (DO SUJEITO e DO OBJETO), COMPLEMENTO NOMINAL E AGENTE DA PASSIVA.

2.1 - OBJETO DIRETO - complemento de um verbo transitivo direto, ou seja, termo que vem ligado ao verbo sem preposição (obrigatória) e indica o ser para o qual se dirige a ação verbal. Vais encontrar o mundo (= Vais encontrá-lo) Admiro a todos. Aguardavam-me desde cedo. O objeto direto preposicionado costuma ser usado: a) com verbos que indicam sentimento: Ama ao próximo com a ti mesmo. b) para evitar ambigüidade: Feriu ao animal o caçador. c) quando vem antecipado, como em alguns provérbios: A homem pobre ninguém roube. d) em associação a pronomes pessoais oblíquos tônicos (mim, si, ti, nós, vós, ele, ela eles, elas), certos pronomes indefinidos e junto ao pronome relativo quem: Depois de várias doses, ele esqueceu a mulher, a filha e até a si. (ESQUECER é TD) O remorso atingiu a todos. (ATINGIR é TD) Ele tem uma mulher a quem considera uma rainha. (CONSIDERAR é TD) e) com o numeral ambos na função de objeto direto: Ele contratou a ambos. (CONTRATAR é TD) f) em certas construções enfáticas, quando se atribui à ação um valor diferente do tradicional: Provou do próprio veneno (PROVAR é TD). Todos ficaram pasmos quando souberam do caso. (SABER é TD). O objeto direto pleonástico é usado quando se quer chamar a atenção para o OBJETO DIRETO que precede o verbo. Também pode ser constituído de um pronome átono e de uma forma pronominal tônica preposicionada. Esse carro, comprei-o hoje. A mim, ninguém me espera em casa.

2.2 - OBJETO INDIRETO - complemento de um verbo transitivo indireto, isto é, o termo que se liga ao verbo por meio de preposição. Não vem precedido de preposição o objeto indireto representado pelos pronomes pessoais oblíquos me, te, lhe, nos vos, lhes e pelo reflexivo se. Ele só pensa na prova. Falou aos filhos.

Como ousas desobedecer-me?

Para saber identificar se esses pronomes (me, te, se, nos, vos, se) exercem a função sintática de objeto direto ou indireto (já que se prestam às duas funções), não podemos simplesmente trocar por “a mim”, pois, como vimos no item 2.1 – d, os pronomes oblíquos tônicos são sempre regidos por preposição. Para resolver esse mistério, basta trocar o pronome por um nome: Como ousas desobedecer-me? Î Como ousa desobedecer a seu pai? A regência do verbo DESOBEDECER exige preposição “a”. O objeto indireto pleonástico tem a mesma função do objeto direto pleonástico: realce. Neste caso, uma das formas é obrigatoriamente um pronome pessoal átono. A outra pode ser um substantivo ou um pronome oblíquo tônico antecedido de preposição. Ao pobre, não lhe devo nada. A mim, ensinou-me tudo.

2.3 - PREDICATIVO 2.3.1 - DO SUJEITO – Termo que, mesmo distante, se refere ao sujeito. Pode ser representado por: a) um substantivo ou expressão substantivada. O boato é um vício detestável. b) um adjetivo ou locução adjetiva. A praia estava deserta. Esta linha é de morte. c) um pronome. O mito é o nada que é tudo. d) um numeral. Nós éramos cinco e brigávamos muito. e) por oração substantiva predicativa. A verdade é que nunca me importei com ele.

Quando se deseja dar ênfase ao predicativo, costuma-se repeti-lo: Feliz, já não o sou mais.

2.3.2 - DO OBJETO – Refere-se ao complemento verbal, que pode ser tanto o objeto direto como o indireto.

O Predicativo do Objeto só aparece em predicado verbo-nominal e pode ser expresso: a) por substantivo: Chamo-me Cláudia. b) por adjetivo: Os moradores do castelo julgavam-no assombrado. O predicativo do objeto pode vir, facultativamente, antecedido de preposição ou do conectivo como: O sujeito explicou porque o tratavam por doutor. Considero-o como meu irmão. Somente com o verbo CHAMAR pode ocorrer o Predicativo do Objeto Indireto: Chamam-lhe de hipócrita por toda a parte. Chamam ao rapaz de hipócrita por toda a parte. Com os demais verbos transobjetivos (crer, eleger, encontrar, estimar, fazer, julgar, nomear, proclamar etc.), ele é sempre PREDICATIVO DO OBJETO DIRETO. 2.4 - COMPLEMENTO NOMINAL - pode completar um substantivo abstrato, um adjetivo ou advérbios (derivados de adjetivos). Vem regido por preposição e o termo preposicionado tem valor paciente. Não é permitida a colocação de cartazes. A decisão foi favorável aos alunos. O deputado discursou favoravelmente ao projeto. Mais adiante, veremos a distinção entre COMPLEMENTO NOMINAL e ADJUNTO ADNOMINAL. 2.5 - AGENTE DA PASSIVA – Termo que exerce a ação verbal na voz passiva. Este complemento é normalmente introduzido pela preposição por. Ela está sendo conquistada por mim.

3 – ACESSÓRIOS São chamados ACESSÓRIOS os termos que se juntam a um nome ou a um verbo para precisar-lhes o significado. Embora tragam um dado novo à oração, não são eles indispensáveis ao entendimento do enunciado. São termos acessórios: ADJUNTO ADNOMINAL, ADJUNTO ADVERBIAL, APOSTO. 3.1 - ADJUNTO ADNOMINAL – É o termo que delimita, especifica a significação do substantivo, qualquer que seja a função deste. O mesmo substantivo pode estar

acompanhado de mais de um adjunto adnominal, ou seja, essa função pode ser exercida por um adjetivo, uma locução adjetiva, um artigo (definido ou indefinido), um pronome adjetivo, um numeral ou até mesmo uma oração adjetiva. Nos exemplos abaixo, são apresentados em negrito os adjuntos adnominais e sublinhados os núcleos (substantivos). Esta segregação social precisa de uma grande volta. Tinha uma memória de prodígio. O mar é um mistério para os sonhadores. A minha dona é a solidão. Venho cumprir uma missão do sacerdócio que abracei.

Adjunto Adnominal x Complemento Nominal A diferença entre as funções sintáticas de ADJUNTO ADNOMINAL e COMPLEMENTO NOMINAL, em alguns casos, é sutil, quando o termo é regido por preposição. Se estiver preso a um ADJETIVO ou a um ADVÉRBIO, será COMPLEMENTO NOMINAL. A sala está cheia de armamento pesado. Discursei favoravelmente ao projeto. Se completar um SUBSTANTIVO CONCRETO, será ADJUNTO ADNOMINAL. A porta de ferro está enferrujada. Quando estiver junto a um SUBSTANTIVO ABSTRATO, é preciso verificar o termo preposicionado. Se o termo for PACIENTE, é um complemento nominal: A construção do prédio foi embargada. A venda de armas foi proibida. Se o termo for AGENTE, é um adjunto adnominal: A conquista dos brasileiros foi reconhecida por todos. A invasão dos soldados foi rápida e eficaz. Essa distinção fica explícita com o exemplo que nos apresenta Adriano da Gama Kury (Novas Lições de Análise Sintática). A lembrança de meu pai alegrou-me. Fora do contexto, não podemos afirmar se o elemento em destaque exerce função ativa (adjunto adnominal) ou passiva (complemento nominal). Se a ação foi praticada pela filha (ela lembrou-se de seu pai e, com isso, alegrou-se), o valor é passivo (o pai foi lembrado – SOFREU A AÇÃO VERBAL) e a expressão exerce função de complemento nominal.

Já se ação foi praticada pelo pai (ele se lembrou, fato que alegrou a filha), o valor da expressão é ativo (o pai lembrou – PRATICOU A AÇÃO VERBAL) e a função exercida pela expressão é adjunto adnominal.

Podemos ilustrar essa distinção com o seguinte gráfico:

- ADJETIVO SUBST. ABSTRATO

- SUBSTANTIVO CONCRETO

- ADVÉRBIO

COMPLEMENTO NOMINAL Com idéia passiva = COMPLEMENTO NOMINAL

ADJUNTO ADNOMINAL Com idéia ativa = ADJUNTO ADNOMINAL

Em resumo: - ADJETIVO, ADVÉRBIO E SUBSTANTIVO ABSTRATO COM IDÉIA PASSIVA Î COMPLEMENTO NOMINAL - SUBSTANTIVO CONCRETO E SUBSTANTIVO ABSTRATO COM IDÉIA ATIVA Î ADJUNTO ADNOMINAL O único elemento da interseção é o SUBSTANTIVO ABSTRATO. Quer um ótimo método de memorização? Então, anote aí: tudo com A = substantivo Abstrato com idéia Ativa Î função de Adjunto Adnominal. 3.2 - Adjunto Adverbial - é, como o nome indica, o termo de valor adverbial que denota alguma circunstância do fato expresso pelo verbo, ou intensifica o sentido deste, de um adjetivo ou de um advérbio. Pode vir expresso por um advérbio, uma locução ou expressão adverbial ou uma oração adverbial. São inúmeras as circunstância atribuídas por um adjunto adverbial. Sem a pretensão de esgotar os exemplos, podemos destacar: a) de causa - Por que não foste ao concerto?

b) de companhia - Vivi com Daniel. c) de dúvida - Talvez Nina tivesse razão. d) de fim - Fazia isso por penitência. e) de instrumento - Dou-te com o chicote! f) de intensidade - Gosto muito de ti. g) de lugar - Levou-os para casa. h) de matéria - Era um adeus com raiva e lágrimas. i) de meio- Viajava de trem por toda a Europa. j) de modo - Vagarosamente, recolhemos os frutos. l) de negação - Não partas cheio de ressentimento. m) de tempo - Ele sentava-se cedo a essa mesa de trabalho e nunca reclamou de sua função. Em um período composto, a função de ADJUNTO ADVERBIAL pode ser exercida por uma ORAÇÃO SUBORDINADA ADVERBIAL, atribuindo-se uma das circunstâncias enumeradas na aula passada (causal, condicional, concessiva, temporal, proporcional final, conformativa, consecutiva, concessiva, comparativa, locativa ou modal). Também merecem destaque os Advérbios Interrogativos: causa (por que), lugar (onde, aonde, donde), de modo (como), de tempo (quando), presentes nas orações interrogativas. Não confunda esses advérbios com os pronomes relativos, que devem se referir a algum termo antecedente. Adjetivos adverbializados são os adjetivos que se usam no lugar do advérbio e, por isso, não variam. Eles falam alto. A cerveja que desce redondo.

3.2.1 - PALAVRAS DENOTATIVAS Segundo a Nomenclatura Gramatical Brasileira, certas palavras, por vezes enquadradas indevidamente entre os advérbios, denotam circunstâncias, sem que, como estes últimos, modifiquem verbo, adjetivo ou outro advérbio. a) INCLUSÃO: até, inclusive, mesmo, também etc. Ele roubou diversas pessoas, até sua mãe. Mesmo os inocentes pagam. b) EXCLUSÃO: apenas, salvo, senão, só, somente etc. Da família só duas prestavam. c) DESIGNAÇÃO: eis Eis os livros de que te falei. d) RETIFICAÇÃO: aliás, isto é, ou melhor etc.

Sinto que ele me escapa, ou melhor, que nunca me pertenceu. Corremos, isto é, voamos até o trabalho. e) EXPLICAÇÃO: por exemplo, a saber, isto é etc. Estivemos nesta casa, isto é, na sala, no quarto.

f) SITUAÇÃO: afinal, então, agora, mas etc. Afinal, o que fazes por aqui? Mas, porque nunca me disse isso? g) REALCE : cá, lá, que, é que, só etc. Eles é que deveriam ter vindo aqui. Eu só queria agradar você. Isso lá é jeito de falar com a sua mãe?

3.3 – APOSTO - é o termo de natureza substantiva que se refere, na maioria das vezes a um substantivo, a um pronome ou a um equivalente, a título de explicação ou de apreciação. O aposto tem o mesmo valor sintático do termo a que se refere e, por meio dele, atribui-se a um substantivo (termo referente) alguma propriedade. Os dois termos designam sempre o mesmo ser, o mesmo objeto, a mesma idéia ou o mesmo fato. Entre o aposto e o termo a que ele se refere há em geral uma pausa, marcada na escrita por uma vírgula. Eles, os pobres desesperados, tinham uma euforia de fantoches. Pode também não haver pausa entre o aposto e a palavra principal, quando esta é um termo genérico, especificado ou individualizado pelo aposto. A cidade de Lisboa é linda. No mês de maio vemos florir o jardim. Estes apostos equivalem a “nomes, títulos”e são chamados de aposto de especificação. Não devem ser confundidos com adjuntos adnominais, que são atributos, termos de natureza adjetiva. O clima de Lisboa é muito agradável nesta época. As festas de maio homenageiam as mães.

Tipos de aposto a) Explicativo: Maria, a estudante, chegou. b) Enumerativo: Comprei dois livros: o de Química e o de Física. c) Resumitivo ou Recapitulativo: Fortunas, prazeres, sossego, nada o satisfazia. d) Distributivo: Eram dois bons alunos um em Português e outro em História.

e) Especificativo: Rio Amazonas / Praça da República f) Em referência a uma oração: Ele não compareceu, o que nos deixou tristes. O aposto não deve ser confundido com o adjetivo que, em função de predicativo, costuma vir separado do substantivo que modifica por uma pausa sensível (geralmente na escrita indicada por vírgula). Veja o seguinte exemplo: A noite vai descendo muda e calma. Esta oração poderia ser enunciada: A noite, muda e calma, vai descendo. Nas duas orações, muda e calma exercem a função sintática de predicativo do sujeito e designam o estado em que se encontrava o agente (noite) ao praticar a ação (descer). Faz parte, portanto, de um predicado verbo-nominal. O adjetivo, usado na sua função própria (como a de predicativo do sujeito), não pode exercer a função de aposto, porque designa uma característica do ser ou da coisa, e não o próprio ser ou a própria coisa, como o aposto o faz. Maria, irmã de Carlos, mudou-se para o Acre. Agora, temos um exemplo de expressão que exerce a função de aposto. “Irmã de Carlos” tem valor substantivo e se refere ao elemento já enunciado (Maria). VOCATIVO À parte do sujeito e do predicado, são termos de entoação exclamativa que, sem estarem subordinados a nenhum outro termo da frase, apenas servem para invocar, chamar ou nomear, com ênfase maior ou menor, a pessoa ou coisa personificada. José, venha falar comigo. Pode ser antecedida por uma interjeição: Evoé, Carlos! Encerramos, aqui, a aula de hoje. Em nossa próxima aula, falaremos sobre PONTUAÇÃO e muitos dos conceitos até então apresentados serão fundamentais para que possamos seguir com firmeza em nosso estudo. Grande abraço e até lá! QUESTÕES DE FIXAÇÃO (FGV / Ministério da Cultura /2006) Foto dos Sonhos O engenheiro colombiano Joaquín Sarmiento trabalhava em Nova York e se sentia, muitas vezes, solitário. Era mais um daqueles imigrantes nostálgicos. Para ocupar as horas vagas, decidiu aprender fotografia. Estava, nesse momento, descobrindo um

novo ângulo para a sua vida, sem volta. A vontade de se aventurar pela América Latina tirando fotos fez com que ele deixasse para sempre a paisagem novaiorquina, aposentasse sua carreira de engenheiro e transformasse Paraisópolis, uma das maiores favelas paulistanas, em seu cenário cotidiano. "Estou ficando sem dinheiro, mas é uma bela aventura." Depois de três anos nos Estados Unidos, voltou para Bogotá, planejando trabalhar em obras de infra-estrutura. Mudou de idéia. Com 26 anos, percebeu que o hobby que tinha adquirido em Nova York se convertera em paixão. No final de 2004, veio com sua família para duas semanas de férias em São Paulo. "Como sempre tive muito interesse em estudar a América Latina, fui ficando." Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis. Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos. Desse encontro nasceu, por exemplo, a estranha mistura dos ritmos e bailados flamencos com o samba. "Resolvi registrar esse convívio e, aos poucos, ia me embrenhando na favela para conhecer seus personagens." O que era, inicialmente, para ser um cenário fotográfico virou uma espécie de laboratório pessoal. Joaquín sentiu-se estimulado a dar oficinas de fotografia a jovens e crianças de Paraisópolis. "Descobri mais um ângulo das fotos: o ângulo de ensinar a olhar." Lentamente, naquele espaço, temido por muitos, Joaquín ia se sentindo em casa. "Há um jeito muito similar de acolhimento dos latino-americanos, apesar de toda a violência." Sem saber ainda direito como vai sobreviver – "as reservas que acumulei em Nova York estão indo embora" –, ele planeja as próximas paradas pela América do Sul. Mas, antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil. Até lá, está aproveitando a internet (www.joaquinsarmiento.com) para mostrar algumas das imagens fotográficas que documentam seus trajetos. (Gilberto Dimenstein. Folha de São Paulo, 12/04/2006) Com base no texto acima, responda às perguntas 1 a 3. 1 - Assinale a alternativa que não exerça a mesma função sintática que as demais. (A) as horas vagas (ls.2-3) (B) muito interesse (l.13) (C) ritmos afros e ibéricos (l.17) (D) como vai sobreviver (l.27) (E) que (l.27) 2 - Assinale a alternativa em que, respectivamente, a função sintática dos termos Paraisópolis (L.6), na vizinha Paraisópolis (L.15) e de Paraisópolis (L.23) esteja corretamente indicada. (A) sujeito – adjunto adnominal – adjunto adnominal (B) objeto direto – adjunto adverbial – adjunto adnominal (C) adjunto adnominal – adjunto adnominal – adjunto adverbial

(D) objeto direto – complemento nominal – adjunto adverbial (E) sujeito – adjunto adverbial – complemento nominal 3 - Assinale a alternativa em que o termo do texto não atribua, para a oração de que faz parte, circunstância temporal. (A) nesse momento (L.3) (B) Depois de três anos nos Estados Unidos (L.9) (C) No final de 2004 (L.12) (D) para duas semanas de férias em São Paulo (Ls.12-13) (E) antes de se despedir (L.29) 4 - (BESC / ADVOGADO/ 2004) Assinale a alternativa em que o termo destacado exerça a mesma função sintática que o termo grifado na seguinte frase: "Os bancos ganharam antes e, sinaliza o governo, vão continuar ganhando.". (A) "Está claro que a redução esperada e projetada da taxa-Selic diminuiu a rentabilidade dos bancos..." (B) "...já que posterga a corrida certa dos bancos em busca da rentabilidade perdida." (C) "E o risco de emprestar é sempre o de não receber." (D) "Buscam-se regras e leis para tornar menos 'paternalista' a decisão dos juízes..." (E) "Ou seja, há uma possibilidade, não desprezível, de o país perder, mais uma vez, uma janela de oportunidade." 5 - (FGV / PREF.GUARULHOS/ 2001) Assinale a alternativa na qual “que” tem a mesma função sintática que em: “A flor que ontem desabrochou já está murcha”. A. Ela tem um quê de mistério. B. Sofreu muito com as chuvas que caíram. C. Veio tão rápido que nos surpreendeu. D. Venha, que ela está aqui. 6 - (NCE UFRJ / TRE RJ Técnico Judiciário Adm/ 2001) “... exige mudança profunda no enfoque da administração dos problemas sociais pelos governos federal, estadual e municipal...” O comentário correto a respeito desse segmento do texto é: a) o termo da administração corresponde a um adjunto adnominal; b) o termo dos problemas sociais corresponde a um objeto indireto;

c) federal, estadual e municipal são apresentados numa ordem crescente de importância; d) o substantivo governos se prende aos adjetivos federal, estadual e municipal; e) o adjetivo profunda se refere aos substantivos mudança e administração.

7 – (FGV/ATE MS/2006 – com adaptação) “Tenho medo de abrir! Vai que evapora!”. Assinale a alternativa que apresente, respectivamente, a correta função sintática de medo e de abrir. (A) adjunto adverbial – objeto indireto (B) predicativo do sujeito – complemento nominal (C) predicativo do sujeito – adjunto adnominal (D) objeto direto – adjunto adnominal (E) objeto direto – complemento nominal 8 - (NCE UFRJ / Eletronorte / 2006) A alternativa em que o elemento sublinhado indica o agente e não o paciente do termo anterior é: (A) “a utilização de qualquer um deles”; (B) “a queima do petróleo”; (C) “inundação de vastas áreas”; (D) “a fauna aquática dos rios”; (E) “construção de barragens”. 9 - (NCE UFRJ / BNDES/ 2005) Os adjetivos mostram qualidades, características ou especificações dos substantivos; a alternativa abaixo em que o termo em negrito NÃO funciona como adjetivo é: (A) difícil aprendizado; (B) sensação de dificuldade; (C) trabalho que é difícil; (D) tarefa dificílima; (E) acesso difícil.

10 - (FGV / ICMS MS – ATI / 2006) Você nunca teve ilusões sobre a humanidade.

O termo destacado no período acima tem a função sintática de: (A) adjunto adnominal. (B) adjunto adverbial. (C) complemento nominal. (D) objeto indireto. (E) predicativo do objeto.

11 - (UnB CESPE / Câmara dos Deputados / 2002 – com adaptação) Nabuco parte para Londres no mês de fevereiro de 1882, permanecendo como correspondente do Jornal do Comércio até 1884. Ele não passará como outrora o tempo londrino na ociosidade. Dedica-se agora ao trabalho e ao estudo. Como vários outros intelectuais do seu tempo, interessados todos pelos problemas sociais e vivendo no exílio, torna-se freqüentador assíduo do Museu Britânico. Reflete e lê acerca de vários assuntos na biblioteca do Museu. O Museu Britânico é fonte de muitas obras importantes das ciências sociais. Ali, Karl Marx escreve O Capital e outros ensaios. Também ali Nabuco absorve as lições que são a base de um dos textos fundamentais das ciências sociais brasileiras. A atividade principal da sua mais recente temporada londrina é a familiarização com a bibliografia a respeito do escravismo colonial. Isso lhe permite escrever um livro da qualidade de O Abolicionismo — a reflexão mais coerente, profunda e completa já feita no Brasil acerca do assunto. Trata-se de um monumento de erudição, pleno de conhecimento de história, política, sociologia, direito e de tudo quanto se refere à escravidão negra. Pelo alto nível do conteúdo e a excelência da forma é um dos livros mais importantes das ciências sociais jamais escritos no Brasil. Ocupa, por isso, um lugar de destaque na bibliografia específica que, na época, era muito restrita. Hoje, mais de cem anos depois da sua primeira edição, quando as ciências sociais se desenvolveram tanto no mundo e no Brasil, o livro ainda é consultado e visto como exemplo, seja pelo volume de informações, seja pelos variados enfoques — alguns extremamente originais —, seja ainda pela forma superior. Por tudo isso é julgado como empresa notável. Bastava a redação de O Abolicionismo para justificar a proveitosa estada de Nabuco por dois anos na Inglaterra. Francisco Iglésias. Idem, p.13 (com adaptações). Analise as proposições a seguir, indicando V para as verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, marque a opção que indica a ordem correta. I - Nas formas verbais “Dedica-se” (l.3) e “torna-se” (l.5), o pronome enclítico exerce funções sintáticas diferentes. II - No trecho “Isso lhe permite escrever” (l.11), o pronome sublinhado exerce a função de objeto indireto e poderia ser substituído pela expressão a ele. a) V – V b) V – F c) F – V

d) F - F 12 – (UnB CESPE/SMF Maceió/2003) A devassa por decreto Não é de hoje que se propaga entre nós fenômeno raro a demandar análise criteriosa. Pode ser resumido em poucas palavras. Enquanto a milenar presunção de inocência acompanha o acusado até sua condenação, ainda que o delito a ele imputado seja dos mais graves e comprometedoras as provas apuradas, a presunção muda de face, embora não se diga, em se tratando de fato envolvendo o fisco; facilmente se aceita como verdadeira a imputação feita a alguém. Suponho que esse fenômeno derive do fato, generalizado, de estabelecer-se sinonímia entre contribuinte e sonegador. Não é preciso dizer que o tributo, entre outras razões, por ser obrigação legal, deve ser satisfeito na forma e no prazo de lei. De resto, as sanções criadas para forçar essa observância chegam a ser draconianas. Se elas fossem pactuadas entre particulares, dificilmente seriam aceitas como lícitas na esfera dos tribunais; em favor do fisco, no entanto, são aceitas sem reparos. Faço a observação apenas para salientar o aparato coercitivo que acompanha o direito, por vezes o suposto direito do erário. Mas, volto a dizer, ultimamente, os excessos “legislados” via de regra por medidas provisórias são chocantes, a começar por sua imoderação; assim, não têm faltado alterações insignes no processo fiscal, a ponto de convertê-lo em simulacro processual. Paulo Brossard. adaptações).

In:

Correio

Braziliense,

22/12/2002.

Coluna

Opinião

(com

Com base no texto acima, julgue a assertiva que se segue. •

Com relação à representação do sujeito da oração, no segmento “em se tratando de fato” (l.5), o sujeito é indeterminado, diferentemente do que ocorre no segmento “estabelecer-se sinonímia” (ls.7-8), em que o sujeito é “sinonímia”.

13 - (CESPE UnB / MPU/ 1996) Maria Berlini não mentira quando dissera que não trabalhava, nem estudava. Mas trabalhara pouco depois de chegada ao Rio, com minguados recursos, que se evaporaram como por encanto. A tentativa de entrar para o teatro fracassara. Havia só promessas. Não era fácil como pensara. Mesmo não tinha a menor experiência. Fora estrela estudantil em Guará. Isso, porém, era menos que nada! Acabado o dinheiro, não podia viver de brisa! Em oito meses, fora sucessivamente chapeleira, caixeira de perfumaria, manicura, para se sustentar. Como chapeleira, não agüentara dois meses, que era duro!, das oito da manhã às oito da noite, e quantas vezes mais, sem tirar a cacunda da labuta. Não era possível! As ambições teatrais não haviam esmorecido, e cadê tempo? Conseguira o lugar de balconista numa perfumaria com ordenado e comissão. Tinha jeito para vender, sabia empurrar mercadoria no freguês. Os cobres melhoravam satisfatoriamente. Mas também lá passara pouco tempo. O horário era praticamente o mesmo, e o trabalho bem mais suave - nunca imaginara que houvesse tantos perfumes e sabonetes neste mundo! Contudo continuava numa prisão. Não nascera para prisões. Mesmo como seria

possível se encarreirar no teatro, amarrada num balcão todo o santo dia? Precisava dar um jeito. Arranjou vaga de manicura numa barbearia, cujo dono ia muito à perfumaria fazer compras e que se engraçara com ela. Dava conta do recado mal e porcamente, mas os homens não são exigentes com um palmo de cara bonita. Funcionava bastante, ganhava gorjetas, conhecera uma matula de gente, era muito convidada para almoços, jantares, danças e passeios, e tinha folgas - uf , tinha folgas! Quando cismava, nem aparecia na barbearia, ia passear, tomar banho de mar, fazer compras, ficava dormindo... O primeiro período do texto é constituído por (A) duas orações coordenadas. somente. (B) duas orações subordinadas, somente. (C) três orações, sendo duas subordinadas e uma coordenada. (D) três orações, sendo duas coordenadas e uma subordinada. (E) quatro orações; entre elas, duas subordinadas e uma coordenada e subordinada, ao mesmo tempo. (CESPE UnB / MPU/ 1996) Com base no texto a seguir, responda às questões 14 e 15. Tal como a chuva caída Fecunda a terra no estio Para fecundar a vida, O trabalho se inventou. Feliz quem pode orgulhoso Dizer: - Nunca fui vadio E se hoje sou venturoso, Devo ao trabalho o que sou. Olavo Bilac, O trabalho.

14 - (CESPE UnB / MPU/ 1996) Considerando a sentença contida nos versos 5 e 6, quanto à morfossintaxe, assinale a opção incorreta. (A) O adjetivo ''orgulhoso'' está exercendo a função de predicativo do objeto. (B) "Feliz'' e "vadio" são adjetivos que exercem as funções de predicativos de seus sujeitos. (C) "Nunca" é um advérbio que atualiza as circunstâncias de tempo e de negação, simultaneamente. (D) Na locução verbal "pode ... Dizer", o primeiro verbo é auxiliar e o segundo é o principal. (E) Reescrevendo a sentença na ordem direta, em discurso indireto, tem-se: Quem

pode dizer orgulhoso que nunca foi vadio é feliz. 15 - (CESPE UnB / MPU/ 1996) Em "E se hoje sou venturoso/ Devo ao trabalho o que sou." (v.7-8), há apenas (A)

duas vezes o sujeito eu.

(B)

um pronome pessoal do caso oblíquo.

(C)

um pronome relativo e um pronome demonstrativo.

(D)

dois predicados verbais.

(E)

três predicados nominais.

16 - (NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL/ 2006) A alternativa em que a construção com o pronome SE é diferente das demais é: (A) “desfez-se o regime de segregação racial”; (B) “solidificou-se a visão de que (....) o homem tinha direito a uma vida digna”; (C) “justificava-se abertamente o direito do marido de bater na mulher”; (D) “Lutou-se pela idéia de que todos os homens merecem a liberdade”; (E) “respeitar-se o sinal vermelho”.

17 - (ESAF/TRF/2006) Assinale a opção correta em relação à função do “se”. Embora a recuperação da confiança tenha sido modesta em setembro, é possível que a tendência positiva se(1) acentue no final do ano, se(2) a queda do juro básico se(3) transferir para o crédito ao consumo e se(4) os salários reais continuarem a se(5) recuperar devido à contenção da inflação, que eleva o poder aquisitivo. (O Estado de S. Paulo, 04/10/2005, Editorial) a) 1 – conjunção condicional b) 2 – pronome reflexivo c) 3 – índice de indeterminação do sujeito d) 4 – conjunção condicional e) 5 – palavra expletiva ou de realce 18 - (CESPE UnB / MPU/ 1996) Analise o emprego dos conectivos que sublinhados no fragmento a seguir: "o impassível gigante que os contemplava com desprezo, imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso, deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito". Assinale a opção correta.

(A) Nas três ocorrências, o que é pronome relativo. (B) Na primeira ocorrência, o que é sujeito da oração seguinte. (C) Na segunda ocorrência, o que é expletivo, podendo ser retirado da sentença sem prejuízo do sentido. (D) Na terceira ocorrência, o que é o objeto direto do verbo deixar. (E) Nas duas últimas ocorrências, o que é conjunção subordinativa integrante, não exercendo função sintática.

GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO 1–C Vamos analisar, uma a uma, a função sintática dos elementos destacados. a) “Para ocupar as horas vagas, decidiu aprender fotografia.” A expressão “as horas vagas” é o complemento do verbo ocupar. Como se liga ao verbo sem preposição, sua função é objeto direto. b) "Como sempre tive muito interesse em estudar a América Latina, fui ficando." Alguém tem alguma coisa. A expressão “muito interesse” exerce a função de complemento do verbo ter. É, pois, seu objeto direto. c) “Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural batizado de "Barracão dos Sonhos", no qual se misturam ritmos afros e ibéricos.” A princípio, poderíamos pensar: o verbo misturar é transitivo direto, o que nos levaria ao erro de considerar “ritmos afro e ibéricos” como objeto direto. Seria um erro, uma vez que o verbo está acompanhado do pronome SE. Vamos, então, analisar o VALOR desse pronome: “se misturam ritmos afros e ibéricos”. Assim, podemos afirmar que “ritmos afros e ibéricos são misturados”. Existe, aí, uma idéia passiva. Trata-se, assim, de uma construção de voz passiva, em que o elemento “ritmos afros e ibéricos” exerce a função sintática de SUJEITO. Essa é a resposta para a questão. É a única opção em que a função sintática difere das demais. Olha a pegadinha aí, gente! Verbos transitivos diretos acompanhados de pronome SE, com idéia passiva, formam VOZ PASSIVA, e o termo que seria o objeto direto da voz ativa exerce a função de SUJEITO da voz passiva. Na dúvida, volte a estudar os pontos sobre VOZ PASSIVA das aulas sobre VERBOS e sobre CONCORDÂNCIA. d) “Sem saber ainda direito como vai sobreviver” Sem saber ISSO Î a oração “como vai sobreviver”, iniciada pelo advérbio “como”, tem a função sintática de complementar o verbo saber. É, portanto, uma oração subordinada substantiva objetiva direta – exerce a função de objeto direto. e) "as reservas que acumulei em Nova York estão indo embora"

Agora, podemos praticar a análise da função sintática exercida por um pronome relativo (item 2.1 da Aula 9 – Períodos). O pronome relativo se refere ao substantivo “reservas”. Trocando o pronome relativo pelo nome correspondente, teríamos: Acumulei as reservas. Assim, fica clara a função sintática exercida pelo pronome – objeto direto do verbo acumular. 2–B O examinador pede que se indique a função sintática das expressões em destaque. “A vontade de se aventurar pela América Latina tirando fotos fez com que ele deixasse para sempre a paisagem nova-iorquina, aposentasse sua carreira de engenheiro e transformasse Paraisópolis, uma das maiores favelas paulistanas, em seu cenário cotidiano.” Na passagem, o verbo transformar Paraisópolis em seu cenário cotidiano”.

é

transobjetivo



“(ele)

transformou

O vocábulo “Paraisópolis” exerce a função de objeto direto, enquanto que “em seu cenário cotidiano” possui a função de complementar esse nome – predicativo do objeto direto. Note a expressão “uma das maiores favelas paulistanas”. A função exercida por essa expressão (que tem valor substantivo) é a de aposto. “Soube então de uma experiência desenvolvida pelo colégio Miguel de Cervantes, criado por espanhóis, na vizinha Paraisópolis.” A expressão “na vizinha Paraisópolis” indica o local em que se localizava o colégio onde tal experiência era desenvolvida – tem valor circunstancial e exerce a função sintática de adjunto adverbial.

Joaquín sentiu-se estimulado a dar oficinas de fotografia a jovens e crianças de Paraisópolis. A expressão “de Paraisópolis”, agora, tem valor adjetivo. Se fosse uma cidade, poderia até ser substituída por um adjetivo correspondente: paraisopolitanas (Nossa! Que coisa feia!). Por isso, a expressão exerce a função de adjunto adnominal. Já em “a favela de Paraisópolis” (isso poderia ter sido explorado pelo examinador. Viu como ele foi bonzinho?), em que o termo exerce a função de aposto especificativo, indicando o nome da favela. As funções sintáticas são, portanto: OBJETO DIRETO, ADJUNTO ADVERBIAL E ADJUNTO ADNOMINAL. 3–D Todas as expressões destacadas apresentam valor circunstancial. Teremos de identificar qual delas não apresenta indicação de tempo, momento.

a) “Estava, nesse momento, descobrindo um novo ângulo para a sua vida, sem volta.” Essa expressão indica o momento em que tal fato (descobrir um novo ângulo para a sua vida) ocorria (fácil essa, não é?). b) “Depois de três anos nos Estados Unidos, voltou para Bogotá, planejando trabalhar em obras de infra-estrutura.” Essa expressão também indica o momento em que o engenheiro voltou para Bogotá. c) “No final de 2004, veio com sua família” Mais uma vez, há indicação de momento. d) “No final de 2004, veio com sua família para duas semanas de férias em São Paulo.” Essa expressão, ao contrário das demais, indica a finalidade da vinda do engenheiro e sua família: gozar férias de duas semanas em São Paulo. Essa é a resposta! e) “Mas, antes de se despedir, pretende fazer uma exposição sobre o seu olhar pelo Brasil.” Quando ele pretende fazer uma exposição sobre seu olhar pelo Brasil? Resposta: “antes de se despedir”, ou seja, antes de ir embora do Brasil. Há, portanto, indicação de momento. 4-C Não seria preciso reproduzir o texto, pois podemos realizar a análise sintática a partir dos segmentos apresentados em cada opção. Em "Os bancos ganharam antes e, sinaliza o governo, vão continuar ganhando.", a expressão em negrito exerce a função sintática de sujeito: “o governo sinaliza”. a) Já em “a redução esperada e projetada da taxa SELIC diminuiu a rentabilidade dos bancos...", o termo em destaque é o objeto direto do verbo diminuir, enquanto que o sujeito está representado por “a redução esperada e projetada da taxa SELIC”, cujo núcleo é redução. b) A expressão “a corrida certa dos bancos” exerce a função sintática de objeto direto do verbo postergar (= adiar). c) Em “o risco de emprestar é sempre o de não receber”, a expressão em relevo exerce a função sintática de sujeito do verbo de ligação “ser”. Essa é a resposta certa. d) O verbo tornar é, na construção, transobjetivo e apresenta, como objeto direto, a expressão “a decisão dos juízes” e, como predicativo do objeto direto, a expressão “menos `paternalista’”. Cuidado! A expressão “regras e leis” exerce a função sintática de SUJEITO da forma verbal transitiva direta “Buscam”, que está acompanhada do pronome apassivador SE (Buscam-se regras e leis = Regras e leis são buscadas).

e) “de o país perder (...) uma janela de oportunidades” – O sujeito do verbo PERDER é “país”. A expressão “uma janela de oportunidades”, por sua vez, exerce a função sintática de OBJETO DIRETO. Note a forma com que a preposição se mantém separada do artigo que acompanha o substantivo “país”, sujeito do verbo PERDER. Essa é a recomendação da norma culta. Contudo, modernamente já se aceita a contração da preposição com o artigo (possibilidade do país perder...). 5-B Vamos dividir o período em orações: “A flor que ontem desabrochou já está murcha.” Oração principal – A flor já está murcha Oração subordinada – que ontem desabrochou A palavra que substitui a palavra flor, presente na oração principal. É, portanto, um pronome relativo, que inicia uma oração subordinada adjetiva. Por não haver pausa (indicada pela vírgula) entre as duas orações, essa é uma oração subordinada adjetiva restritiva. O pronome relativo será trocado pelo nome, para melhor análise de sua função sintática: A flor ontem desabrochou. O pronome relativo, que está no lugar de “a flor”, exerce, portanto, a função sintática de SUJEITO. Vamos procurar uma outra ocorrência do relativo “que” na função de SUJEITO. a) “Ela tem um quê de mistério” – esse “quê” é um substantivo, tanto que está acompanhado de um artigo indefinido (um quê). Esse vocábulo exerce a função sintática de objeto direto do verbo ter. b) São duas as orações que compõem o período composto: Sofreu muito com as chuvas que caíram. Oração principal – Sofreu muito com as chuvas Oração subordinada – que caíram O pronome que substitui a palavra chuvas. Ele também exerce a função sintática de sujeito da oração subordinada adjetiva restritiva (“As chuvas caíram” = “que caíram”). Essa é, portanto, a resposta correta. c) “Veio tão rápido que nos surpreendeu.” Esse período composto por subordinação também possui duas orações: - oração principal – Veio tão rápido - oração subordinada – que nos surpreendeu. Há entre essas duas orações uma relação de causa e conseqüência, sendo essa segunda circunstância apresentada pela oração subordinada. Ela é, pois, uma oração subordinada adverbial consecutiva, e o vocábulo que é uma conjunção adverbial consecutiva.

Note a presença do vocábulo “tão” na oração principal, uma característica desse tipo de construção. d) “Venha, que ela está aqui.” Vimos, em aulas anteriores, que uma das formas de distinguir a conjunção causal da conjunção explicativa é que esta última pode estar em uma construção de verbo no imperativo. Esse é um bom exemplo. Em “Venha, que ela está aqui”, a conjunção explicativa dá início à oração em que se apresenta a justificativa para a ordem presente na primeira oração (Venha). São orações coordenadas, sendo a segunda classificada como “oração coordenada sindética explicativa”. 6–D a) A expressão “da administração” se associa à palavra enfoque, substantivo abstrato derivada do verbo enfocar. Como apresenta idéia passiva (a administração será enfocada), o termo que complementa o substantivo abstrato exerce a função sintática de COMPLEMENTO NOMINAL, e não de adjunto adnominal. b) A expressão “dos problemas sociais” complementa o substantivo abstrato “administração”. Logo, não poderia exercer a função de objeto indireto (complemento verbal). Também há nessa expressão valor passivo (os problemas sociais serão administrados). Assim, a função sintática é, mais uma vez, COMPLEMENTO NOMINAL. c) Não há entre “federal, estadual e municipal” nenhuma “ordem crescente de importância”. Você já deve ter aprendido em Direito Constitucional que não há entre os entes federativos nenhum tipo de subordinação. Por isso, a assertiva está incorreta. d) Exatamente por possuir três adjetivos a ele relacionados, o substantivo governos se flexionou no plural. Essa é a resposta correta. e) O que deve ser profunda? Resposta: a mudança, e não a administração. 7–E Vamos relembrar a diferença entre ADJUNTO ADNOMINAL e COMPLEMENTO NOMINAL, em relação aos termos que complementam substantivos abstratos. SUBSTANTIVOS CONCRETOS E SUBSTANTIVOS ABSTRATOS COM IDÉIA ATIVA = ADJUNTO ADNOMINAL (Lembre-se daquela dica: tudo com A: Substantivo Abstrato com idéia Ativa Î Adjunto Adnominal.) ADJETIVOS, ADVÉRBIOS E SUBSTANTIVOS ABSTRATOS COM IDÉIA PASSIVA = COMPLEMENTO NOMINAL Assim, quando o termo regente for um substantivo abstrato, deve-se analisar o valor que o termo regido apresenta em relação ao termo regente. Se for ativo, a função é de adjunto adnominal (tudo com “a”). Se for passivo, é complemento nominal. Agora, mostraremos mais algumas formas de distinção. 1ª dica: À exceção da preposição DE (que serve às duas funções), os complementos introduzidos por qualquer outra preposição (a, em, por) será um complemento

nominal (chegada ao espaço, resistência em surgir, dedicação ao povo, amor por alguém). 2ª dica: Os complementos que vierem sob a forma verbal são complementos nominais por apresentarem essa idéia passiva. Exemplos: •

“osso duro de roer” = a idéia é “duro de ser roído” – idéia passiva Î complemento nominal



Medo de cair = a idéia é “de sofrer uma queda” – idéia passiva Î complemento nominal



Essa notícia é difícil de acreditar = a idéia é “difícil de ser acreditada” – idéia passiva Î complemento nominal.

Vamos analisar, agora, a questão da prova. O primeiro elemento não deve ter gerado dúvidas. Trata-se de um complemento verbal direto. Assim, a função exercida por “medo”, em “tenho medo” é objeto direto. Teríamos duas opções válidas – d e e (50% de chances!!) O segundo elemento liga-se ao primeiro por meio de preposição (medo de abrir). O termo regente é medo = SUBSTANTIVO ABSTRATO. Precisamos definir se a função do termo regido (“de abrir”) é ativa (adjunto adnominal) ou passiva (complemento nominal). Para isso, verificaremos o valor da expressão no contexto: “Tenho medo de abrir! Vai que evapora!” A idéia é: “Tenho medo de que, sendo aberto, evapore” – idéia passiva (o envelope não vai abrir, mas ser aberto) Î complemento nominal. A vontade de indicar a idéia ativa é grande. Afinal, a lógica induz que o sujeito vai abrir o envelope, ou seja, praticar a ação. Essa tendência se justifica pela proximidade com o verbo de “ter” (ter medo – ação praticada pelo sujeito). Contudo, é preciso fazer a seguinte distinção: o que está relacionado a “abrir” não é o verbo “ter”, mas a idéia da abertura – idéia passiva: o envelope ser aberto. 8–D O examinador busca o termo cujo complemento apresenta idéia ativa, ou seja, aquele cuja função sintática seja a de adjunto adnominal. A resposta é: “a fauna aquática dos rios”. Os rios possuem a fauna aquática. a) “a utilização de qualquer um deles” Î qualquer um deles será utilizado Î idéia passiva b) “a queima do petróleo” Î o petróleo será queimado Î idéia passiva c) “a inundação de vastas áreas” Î vastas áreas serão inundadas Î idéia passiva e) “a construção de barragens” Î as barragens serão construídas Î idéia passiva 9–B

Em “sensação de dificuldade”, a expressão em negrito complementa um substantivo abstrato. Para saber se a função sintática é a de adjunto adnominal ou a de complemento nominal, temos de analisar o valor que ela atribui: “sensação de dificuldade” Î dificuldade é “sentida” Î idéia passiva Î complemento nominal. Todas as demais ocorrências apresentam termos que possuem valor adjetivo (na letra c, temos uma oração subordinada adjetiva restritiva) e exercem a função sintática de adjunto adnominal. 10 – C Como “ilusões” “humanidade”.

é

um

substantivo

abstrato,

devemos

analisar

o

valor

de

É a humanidade que tem ilusões (idéia ativa) ou é sobre ela que você tem ilusões (passiva)? Certamente a segunda opção. Assim, o termo, por complementar um substantivo abstrato com idéia passiva, exerce a função sintática de COMPLEMENTO NOMINAL. 11 – C Para responder à primeira assertiva, devemos analisar o seguinte segmento: Nabuco parte para Londres no mês de fevereiro de 1882, permanecendo como correspondente do Jornal do Comércio até 1884. Ele não passará como outrora o tempo londrino na ociosidade. Dedica-se agora ao trabalho e ao estudo. Como vários outros intelectuais do seu tempo, interessados todos pelos problemas sociais e vivendo no exílio, torna-se freqüentador assíduo do Museu Britânico. Podemos notar que, nas duas ocorrências do pronome “se”, há um valor reflexivo. - “ele se dedica ao trabalho e ao estudo” = ele dedica “a si mesmo” ao trabalho e ao estudo - “ele se torna freqüentador assíduo do Museu Britânico” = ele torna “a si mesmo” freqüentador assíduo do Museu Britânico. Para identificar a função sintática, não basta trocar o ‘SE’ pelo ‘A SI’. Devemos, sim, trocar por um nome. Para isso, precisamos alterar a estrutura oracional: - ele dedica seu tempo ao trabalho e ao estudo. - ele torna seu filho freqüentador assíduo. Nas duas construções, a função é objeto direto, ou seja, complemento verbal sem preposição obrigatória. Por isso, está FALSA a afirmação de que o pronome exerce funções diferentes. Em ambas, a função é a de objeto direto. A segunda proposição está CORRETA. Em “Isso lhe permite escrever”, o verbo permitir apresenta dois complementos: um direto, sob a forma oracional no infinitivo (escrever), e outro indireto, representado pelo pronome oblíquo lhe. Esse pronome poderia ser substituído com correção pela forma “a ele”. 12 – Item CORRETO

O examinador apresentou a distinção entre sujeito indeterminado e construção de voz passiva, ambas as estruturas com o pronome SE. Na primeira, “em se tratando de fato”, temos um dos casos clássicos de indeterminação do sujeito – com verbo transitivo indireto TRATAR-SE DE. São muito comuns questões de prova em que o verbo dessa construção esteja flexionado. Por isso, olho vivo! Apareceu um “tratam-se de”, pode marcar como ERRADA! Por ser sujeito indeterminado, deve o verbo permanecer na 3ª pessoa do singular – “trata-se de”. Já na segunda estrutura, o verbo ESTABELECER é transitivo direto e está acompanhado do pronome SE (apassivador). Por isso, o sujeito dessa forma verbal é SINONÍMIA (“estabelecer-se sinonímia” = sinonímia ser estabelecida). Construção de voz passiva. A proposição está correta. 13 – E Não me diga que você leu esse texto todinho??? Pode me dizer por quê??? Nem sempre passa em um concurso o candidato que sabe mais – passa o que sabe resolver a prova com maior destreza e correção. Saber fazer prova é um dos fatores decisivos para a aprovação e o tempo é um dos inimigos do candidato. Por isso, em uma prova com textos longos (como esse), verifique, em primeiro lugar, se há questões de interpretação (que irão exigir uma leitura atenta). Caso contrário, ou seja, se houver somente questões (ou a maior parte delas) que explorem o aspecto gramatical, muitas vezes ler apenas um trecho ou um parágrafo pode ser suficiente. Primeira providência: identificar o primeiro período do texto. O período se encerra com uma pausa bem marcada (normalmente por um ponto). Assim, o primeiro período do texto é: Maria Berlini não mentira quando dissera que não trabalhava, nem estudava. Vamos “dissecar” esse período em orações: 1ª oração: Maria Berlini não mentira 2ª oração: quando dissera 3ª oração: que não trabalhava 4ª oração: nem estudava .......................................... 1ª oração: oração principal. A ela irá ligar-se a segunda oração, que indica o momento em que tal fato (expresso na principal) ocorre. 2ª oração: oração subordinada adverbial temporal 3ª oração: oração subordinada substantiva objetiva direta. Serve de complemento ao verbo dizer, presente na 2ª oração (que, em relação à 3ª, é considerada principal) – quando dissera ISSO. 4ª oração: oração coordenada sindética aditiva. Esta oração se liga por coordenação à segunda. A conjunção nem tem valor aditivo, equivalendo a “e não”. Esta oração também complementa o sentido do verbo da 2ª oração = dissera: 1) que não trabalhava; 2) nem estudava (= e que não estudava).

Por isso, está certíssima a afirmativa presente na opção e. No período, há duas orações subordinadas (2ª – oração subordinada adverbial temporal; e 3ª – oração subordinada substantiva objetiva direta) e uma coordenada (4ª = oração coordenada sindética aditiva) e, ao mesmo tempo, subordinada (à segunda oração, em que está presente a forma verbal disseram, cujo sentido complementa). Excelente questão de prova! Não é à toa que a banca da CESPE UnB é considerada uma das melhores do Brasil.

14 – A Os versos em análise são: Feliz quem pode orgulhoso Dizer: - Nunca fui vadio Não se assuste com a nomenclatura. “Morfossintaxe” nada mais é do que o estudo das categorias das palavras considerando a morfologia e a sintaxe. Esses conceitos foram apresentados lá na nossa primeira aula. Não me diga que você já os esqueceu??? Não me decepcione assim... Morfologia estuda a palavra em si, quer em relação à forma, quer em relação à idéia que ela encerra (classes das palavras, flexões, elementos mórficos, terminação, grafia). Esse é o assunto da aula de hoje. Sintaxe é o estudo da palavra com relação às outras que se acham na mesma oração (concordância, regência, colocação).

Assim, uma análise morfossintática é a que abrange elementos da palavra em si (classe gramatical, conjugação verbal, ortografia) e de sua relação com as demais na oração (sintaxe de concordância, regência, colocação). Viu como não é nenhum bicho-de-sete-cabeças? O erro está na opção a. Vamos analisar a função sintática exercida pelo adjetivo “orgulhoso”: “Feliz quem pode orgulhoso dizer...” – o adjetivo se refere ao sujeito da forma verbal dizer. Assim, é predicativo, mas do sujeito, representado pelo pronome indefinido quem, expressando a forma como o sujeito (quem) se encontra ao praticar a ação (dizer) Î predicado verbo-nominal. A assertiva está incorreta e é o gabarito da questão. Para a análise do período composto, vamos dividi-lo em suas orações: - Quem pode dizer orgulhoso – oração subordinada substantiva subjetiva (é o sujeito oracional do verbo SER) - que nunca foi vadio – oração subordinada substantiva objetiva direta (iniciada por uma conjunção integrante – quem pode dizer ISSO = que nunca foi vadio –, vem complementar o sentido do verbo dizer de forma direta)

- é feliz – oração principal, formada por um predicado nominal. Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários. B) Da mesma forma que o adjetivo “orgulhoso”, o adjetivo “feliz” também se refere ao pronome indefinido quem, sujeito da oração. Note que é possível subentender o verbo “ser”: “(É) feliz quem pode orgulhoso dizer...”. Na ordem direta, em discurso indireto, a estrutura seria: “Quem pode dizer orgulhoso que nunca foi vadio é feliz.”. Essa foi, inclusive, a assertiva da opção e. Em “Nunca fui vadio”, o adjetivo se refere ao pronome pessoal (oculto) eu, identificado a partir da desinência verbal. Sua função sintática é também a de predicativo do sujeito. Está, portanto, correta tal afirmação. C) Essa afirmação nos dá a chance de analisar a circunstância que o advérbio NUNCA atribui. Esse advérbio atribui, simultaneamente, valores de negação e tempo – equivalente a “em tempo algum”. Está certa a assertiva. D) A locução verbal “pode dizer” foi intercalada pelo adjetivo que, como vimos, exerce a função de predicativo do sujeito (orgulhoso). Para se certificar de que se trata mesmo de uma locução verbal, veja que o verbo principal poderia estar sozinho na oração, sem prejuízo gramatical (apenas havendo alteração semântica): “Feliz quem orgulhoso diz (= pode dizer)...”. E) Está correta a afirmação, como vimos no comentário à opção b. O discurso indireto é o meio pelo qual o autor reproduz o discurso alheio, não como foi dito, mas com suas próprias palavras, usando uma oração subordinada. Isso se verifica na passagem “quem pode dizer que nunca foi vadio”. 15 – C Para começar, vamos dividir o período: 1ª oração – E se hoje sou venturoso 2ª oração – Devo ao trabalho o 3ª oração – que sou. A primeira oração é iniciada pela conjunção “E”, que a coordena com a oração anterior. A conjunção “se” inicia uma oração subordinada condicional. Ela, semanticamente, se repete na expressão que se segue: o que sou. Esta oração (o que sou) exerce a função de objeto direto do verbo dever: Ele deve ISSO (= o que sou = SOU VENTUROSO) ao trabalho. Assim, toda a oração “o que sou” (em que o “o” é pronome demonstrativo) está no lugar de toda a oração “se hoje sou venturoso”. Ele é um termo vicário, ou seja, substitui algo que já foi mencionado anteriormente. Analise, agora, a segunda oração: Eu devo ao trabalho o (= aquilo, isso) O verbo dever tem dois complementos: objeto direto = o / objeto indireto = ao trabalho.

A terceira oração vem restringir o alcance do pronome demonstrativo (objeto direto da oração anterior). Tem valor adjetivo e é iniciada por um pronome relativo que. Feita a análise sintática, vamos às opções. a) Quantas vezes aparece o pronome “eu” (explícito ou subentendido)? TRÊS. “E se hoje (EU) sou venturoso/ (EU) devo ao trabalho o que (EU) sou.” b) Não há registro de emprego de pronome pessoal oblíquo na passagem. c) No segmento “o que sou”, há um pronome demonstrativo (“o” = aquilo) e um pronome relativo (“que”), que retoma esse antecedente, o demonstrativo (= aquilo que sou = sou aquilo). Está correta a afirmação. d) e e) Há, no período, um predicado verbal, cujo núcleo é o verbo dever (Devo ao trabalho o), e dois predicados nominais (“Eu sou venturoso” e “que sou”), cujos núcleos são, respectivamente, venturoso e (cuidado agora!!!) o pronome relativo que. Nessa oração subordinada adjetiva, o pronome relativo, que substitui o pronome demonstrativo “o” (= aquilo), é o elemento que efetivamente exerce a função de predicativo do sujeito. 16 – D O vocábulo “SE” pode ser: - conjunção integrante – inicia uma oração substantiva. Quero saber se você está gostando da aula. = Quero saber ISSO. Î ORAÇÃO SUBORDINADA SUBSTANTIVA OBJETIVA DIRETA (complemento do verbo SABER). - conjunção adverbial - pode apresentar o valor condicional (Se ela dança, eu danço.). Como sabemos, o valor de uma conjunção adverbial só pode ser identificada na construção. - pronome pessoal oblíquo, com valor reflexivo (Ela se cortou com a faca.) ou recíproco (Os namorados se beijavam no cinema.) - parte integrante do verbo – nesses casos, ainda que apresente uma idéia reflexiva, o verbo não existe sem o pronome (Ele se queixa muito da sogra. Muito se arrepende de ter casado.). Não existem os verbos QUEIXAR e ARREPENDER; só QUEIXAR-SE e ARREPENDER-SE. Por isso, o pronome é parte integrante do verbo. - partícula de realce (ou expletiva) – nenhuma função exerce na oração. Tem valor, apenas, de realce, podendo ser retirada sem prejuízo gramatical ou semântico para a oração. Ele se foi embora e levou meu coração. (= Ele foi embora). - partícula apassivadora – presente nas construções de voz passiva sintética (também chamada de voz passiva pronominal). Coisas bonitas se vêem por aqui (= coisas bonitas são vistas). - índice de indeterminação do sujeito – presente nas construções de sujeito indeterminado, em que o verbo (transitivo indireto, intransitivo ou de ligação) fica na 3ª pessoa do singular. Precisa-se de sossego por aqui. Nessa questão, devemos diferenciar os casos em que o pronome é apassivador (verbo TD ou TDI + SE) ou indeterminador do sujeito. A) O verbo desfazer é TRANSITIVO DIRETO (Ele desfez o contrato.). Como está acompanhado do SE, forma voz passiva, em que o sujeito é “o regime de segregação racial”.

B) O verbo solidificar também é TD (Ele solidificou a relação com os clientes.). Está, portanto, em voz passiva = A visão foi solidificada Î solidificou-se a visão. C) O verbo justificar é TD (Ele justificou sua resposta.). É também um pronome apassivador (o direito era justificado = justificava-se o direito). D) Finalmente, um verbo que não é TD. O verbo lutar, na construção, é TRANSITIVO INDIRETO, regendo a preposição por. Assim, o pronome SE tem a função de indeterminar o sujeito da ação verbal. E) O verbo respeitar é TD, e o pronome SE é partícula apassivadora (o sinal vermelho ser respeitado Î respeitar-se o sinal vermelho). 17 - D O pronome “se” é: a) um pronome apassivador. “Acentuar” é um verbo transitivo direto e há idéia passiva – “...é possível que a tendência positiva seja acentuada...”; b) uma conjunção condicional – “se a queda do juro básico se transferir...” equivale a “caso a queda do juro básico se transfira...”; c) um pronome apassivador. “Transferir” é um verbo transitivo direto e há idéia passiva – “se a queda do juro básico for transferida para o crédito ao consumo...”; d) uma conjunção condicional (gabarito da questão) – “se os salários reais continuarem...” equivale a “caso os salários reais continuem...”; e) pronome apassivador. “Recuperar” é um verbo transitivo direto e há idéia passiva - “se os salários reais continuarem a ser recuperados...” . Não poderia ser um pronome reflexivo, pois o sujeito salários é paciente, sofre a ação e, dado o contexto, não poderia agir por conta própria. 18 – B Agora, veremos as classificações do QUE: - conjunção integrante – INICIA UMA ORAÇÃO SUBSTANTIVA – Eu quero que tudo vá pro inferno. Î Eu quero ISSO. A conjunção serve apenas para ligar termos ou orações, não exerce função sintática nenhuma. - pronome relativo – INICIA UMA ORAÇÃO ADJETIVA – Eu quero o prêmio a que tenho direito. Î Eu tenho direito ao prêmio. Nesse caso, o pronome que substitui algum elemento mencionado anteriormente (no caso, a palavra “prêmio”). Pode, assim, exercer qualquer das funções sintáticas estudadas na aula sobre conectivos. - partícula de realce (ou expletiva) – pode vir acompanhada do verbo ser, formando a expressão “é que”. Como também já vimos, pode ser suprimida sem prejuízo gramatical para o período. Nós é que deveríamos reclamar (= Nós deveríamos reclamar.). - conjunção adverbial (coordenativa ou subordinativa) – pode apresentar diversas circunstâncias (causal, consecutiva, comparativa, explicativa, concessiva, final, etc.), a depender do contexto em que seja empregada.

- pronome interrogativo – se vier no fim da oração (tônico), recebe um acento circunflexo (Você tem fome de quê?). - substantivo - com acento circunflexo, equivale a “algo” – Ele tem um “quê” de intelectual. - advérbio – equivalente a “quão”, normalmente usado em interjeições: Que (= Quão) louco eu fui! - preposição acidental – equivalente à preposição “de”. Ele tem que entender isso (= tem de entender). - interjeição - (com acento circunflexo) Quê! Não acredito nisso! São tantas que posso ter me esquecido de alguma. Aguardo sugestões pelo fórum ou e-mail, caso isso tenha ocorrido. Desgraça pouca é bobagem!!! Sabe quantas acepções da palavra “que” (com e sem acento) são registradas pelo Aurélio: “só” quinze! Vamos analisar as ocorrências do “que” no texto da questão. Para isso, teremos de ter em mente o seguinte: se estiver substituindo um antecedente, é pronome relativo; se puder ser substituído (junto com o restante da oração) pelo pronome ISSO, é conjunção integrante. •

“o impassível gigante que os contemplava com desprezo” Î substitui “gigante” (o gigante os contemplava com desprezo) = pronome relativo na função de sujeito do verbo contemplar;



“imperturbável a todos os golpes e a todos os tiros que lhe desfechavam no dorso” Î substitui as palavras “golpes” e “tiros” (desfechavam golpes e tiros no dorso) = pronome relativo na função de objeto direto do verbo desfechar;



“deixando sem um gemido que lhe abrissem as entranhas de granito” Î CUIDADO!!! Esse “que” não substitui “gemido”. Quem dá essa dica é a forma verbal “abrissem”, que, por estar flexionada no plural, indica que não poderia ser um pronome relativo com antecedente no singular (gemido). Ele inicia uma oração. Faça a análise a partir do contexto: “o gigante deixava que lhe abrissem as entranhas de granito sem um gemido” Î O gigante deixava ISSO sem um gemido. Melhor seria que a expressão “sem um gemido” estivesse isolada por vírgulas, por ser adverbial, mas essa pontuação é facultativa, como veremos na próxima aula. Como inicia uma oração que exerce a função sintática de objeto direto (“deixava que lhe abrissem as entranhas”), esse “que” é uma conjunção integrante.

Vamos às opções: a) ERRADA. A terceira ocorrência é uma conjunção integrante, enquanto que as outras duas são pronomes relativos. b) CERTA. Como vimos, o pronome relativo (primeira ocorrência) exerce a função de sujeito do verbo contemplar. c) ERRADA. Não poderíamos retirar esse “que”, pois ele é um pronome relativo que retoma os substantivos “golpes” e “tiros”. d) ERRADA. Essa foi capciosa. O “que”, por ser uma conjunção integrante, não exerce função sintática nenhuma. Serve apenas como conectivo. Quem

exerce a função sintática do verbo deixar é toda a oração iniciada pela conjunção (que lhe abrissem as entranhas de granito). Maldade, hem? e) Somente na última ocorrência, o “que” é uma conjunção integrante. Por hoje é só. Grande abraço e bons estudos.

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