Curso de Tarô Divinatório
February 12, 2017 | Author: Jota Olliveira | Category: N/A
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Curso de
Tarô Divinatório
Fábio Donaire 2012
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“Ter imaginação” é gozar de uma riqueza interior, de um fluxo ininterrupto e espontâneo de imagens. Porém, espontaneidade não quer dizer invenção arbitrária. Etimologicamente, “imaginação” está ligada a imago, “representação, imitação” e com imitor, “imitar, reproduzir”. Excepcionalmente, a etimologia responde tanto às realidades psicológicas como à verdade espiritual. A imaginação imita modelos exemplares - as Imagens – reproduzindo-os, reatualizando-os, repetindo-os infinitamente. Ter imaginação é ver o mundo na sua totalidade; pois as Imagens têm o poder e a missão de mostrar tudo o que permanece refratário ao conceito. Isso explica a desgraça e a ruína do homem a quem “falta imaginação”: ele é cortado da realidade profunda da vida e de sua própria alma.” Mircea Eliade em Imagens e Símbolos – Ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso
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Introdução Ganhei meu primeiro baralho de tarô, uma miniatura dos arcanos maiores que vinha com um manual de leitura, aos nove anos de idade. Alguns anos depois, aos treze, eu já realizava consultas para a vizinhança. Desde então venho me dedicando ao estudo do tarô e das ciências ocultas. Tive muitas experiências, muitas boas e algumas ruins. Rapidamente descobri que nem tudo no mundo esotérico são anjos e luzes coloridas e nem todo mundo, pelo simples fato de se autodenominar esotérico, é um ser iluminado. Entretanto conheci pessoas incríveis também, verdadeiros guias espirituais encarnados, pessoas que devotam sua vida ao bem-estar da humanidade. O tarô, além de muitas possibilidades, é uma ferramenta de conhecimento esotérico. É possível, através do estudo sistemático e contínuo das cartas, chegar àquilo que Éliphas Levi chamou de “O Grande Arcano” do ocultismo. Mas começar o estudo do tarô sob esse ponto de vista pode ser arriscado. O risco maior é o de incorporar ideias mal elaboradas e se orientar por elas, caindo na “zona da ilusão”. Um dos problemas que encontrei – e ainda encontro muito – é o fato de alguns espiritualistas ficarem tão presos ao ponto de vista de determinados autores ou escolas esotéricas que caem facilmente no dogmatismo e na ignorância. Tornam-se cegos de tanto olharem para aquilo que eles creem ser a luz. Por isso escrevi esse curso. Trata-se do primeiro contato com as cartas, um estudo geral de sua história, simbolismo, significado e técnicas divinatórias. É o primeiro passo na jornada do andarilho rumo à totalidade, à reintegração de suas partes negligenciadas e de cujo equilíbrio dinâmico depende a sua entrada nas dimensões mais profundas do ser – a iniciação. Em algum momento da vida paramos. Todas as crenças negativas que temos a respeito de nós mesmos surgem com todo o seu poder de nos destruir. Não somos bons o suficiente, não somos bonitos, não nos casamos ou fizemos um péssimo casamento, somos covardes, não temos dinheiro, há pessoas melhores que nós em todos os aspectos e nossos chefes, professores, pais, maridos, esposas, namorados e amigos não se cansam de apontar nossos defeitos, onde estamos falhando. Neste momento fazemos um pacto. Criamos alguém que gostaríamos de ser ou alguém que gostariam que fôssemos e passamos a viver um personagem, um eu idealizado. Fazemos o pacto de não sermos nós mesmos, de deixarmos de lado nossos sonhos, nossas vontades. “Vendemos nossa alma ao diabo” em troca da imagem de alguém que supomos ser melhor. Passamos a nos colocar em formas que as pessoas nos oferecem, a forma da boa educação, da obediência. Nos vestimos de acordo com o gosto dos outros ou para chamar a atenção deles; enfim, perdemos o contato com a nossa essência, com o nosso eu mais profundo e verdadeiro, e o preço disso é uma vida com algumas conquistas, mas nenhuma felicidade de fato. Existe uma diferença entre aquilo que satisfaz e aquilo que realiza. A satisfação é o alcance de um desejo efêmero, o prazer pelo prazer. Como fazer sexo com um desconhecido, que minutos depois desaparecerá e de quem algumas semanas depois sequer lembraremos. A realização é algo maior, mais profundo, e tem o alcance da alma. É como encontrar o grande amor da sua vida. As coisas que realizam reverberam uma vida inteira, quando acontecem são divisores de águas. No
4 pacto temos algumas satisfações, mas nos comprometemos a nunca termos qualquer realização. A Alma aspira à realização, a personalidade só conhece satisfações. Uma condição fundamental para uma vida mais espiritual é ser guiado pelos seus sonhos, pela sua Alma. Somente quem está conectado com sua essência profunda, quem é capaz de entender e buscar realizações, é capaz dar um salto na evolução. Somos o que somos. Não é o que o passado fez de nós, mas o que estamos fazendo conosco agora o que importa. O passado e o futuro não são reais, não têm substância, só existem em nossas mentes. O passado existe enquanto recordação e o futuro enquanto expectativa. O espiritualista não tem passado nem futuro, tem o que ele é no momento presente, no local que seus pés pisam. Essa realidade, a do aqui e do agora, é onde ele encontra seu eixo, seu poder, sintonizando-se através de seu eu profundo, verdadeiro, seu caminho individual. E é essa a jornada do tarô, o mapa do caminho da conexão da personalidade com o Eu Superior. O tarô clássico, padrão mais popular do baralho, é constituído por setenta e oito cartas chamadas “arcanos 1 ” e divididas em dois grupos. Os arcanos maiores, vinte e duas cartas numeradas de I a XXI em numerais romanos. A carta “O Louco” não tem equivalente numérico. Dos baralhos numerados, nos mais antigos não há número sobre ela. Baseando-se no fato de que no sistema romano de numeração não existe um sinal para representar o zero e “O Louco” não ser numerado, é provável que seja a carta zero. Se fosse a vigésima segunda carta teria sua numeração representada como nas outras. Eu acredito que “O Louco” deva poder caminhar por todo o baralho. Numerá-lo seria limitar sua mobilidade, logo, seu crescimento. Uma segunda questão a respeito dos arcanos maiores é que a ordem das cartas nem sempre foi a mesma. A ordem que adotamos segue o padrão francês. Ainda assim existem variações, como as cartas “A Justiça” que no baralho francês ocupa a posição VIII e “A Força”, a XI carta. (propositalmente trocaremos as ordens dessas cartas em momentos diferentes desse curso para que o leitor se recorde dessa possibilidade). Nos baralhos criados pelos adeptos da Ordem Hermética da Aurora Dourada, essas posições são trocadas, sendo “A Força” a oitava carta e “A Justiça” a décima primeira. Algumas teorias modernas, influenciadas pelas ideias do médico suíço Carl Gustav Jung, afirmam que as vinte e uma cartas dos arcanos maiores representam as vinte e uma etapas do caminho do amadurecimento psíquico e espiritual chamado por Jung de individuação e “O Louco” simboliza o indivíduo que percorre esse caminho. É o andarilho, o peregrino. Em seguida temos os arcanos menores, cinquenta e seis cartas subdivididas em dois grupos e quatro naipes. No primeiro grupo estão as cartas da corte, dezesseis cartas que representam especificamente as pessoas: o rei, 1
A palavra arcano, do latim arcanum, significa mistério. Podemos entender por arcano aquilo que não pode ser compreendido apenas pela mente racional. Para apreender um arcano é necessário usar também o conhecimento adquirido pela prática, pela intuição e pelos sentimentos. O médico e alquimista suíço Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, ou Paracelso, como ficou conhecido, atribuiu essa palavra aos alquimistas. Paracelso foi pioneiro na utilização terapêutica de plantas, minerais e outras substâncias. Partindo do princípio que o universo também está dentro do homem, ele afirmava que as substâncias da natureza podem agir internamente por uma questão de “afinidade” com aquilo que o homem tem dentro de si. Essa idéia não era exatamente nova na época de Paracelso mas foi ele quem mais a utilizou na prática médica.
5 a rainha, o cavaleiro (ou príncipe) e o valete (o pajem ou a princesa). O baralho mais antigo existente, chamado Visconti Cary-Yale, não apenas possuía as rainhas como também as cartas femininas correspondendo aos cavaleiros e pajens, ficando cada naipe com seis figuras da corte, três masculinas e três femininas, totalizando vinte e quatro figuras. O último grupo são as quarenta cartas numeradas de as a dez. Os naipes são paus (bastões), copas (taças), espadas (gládios) e ouros (moedas). Divinatoriamente os arcanos maiores representam as forças mais profundas de uma situação, seus aspectos simbólico e espiritual. As cartas da corte representam as pessoas envolvidas na situação ou personificam aspectos fortes da situação. As cartas numeradas referem-se a fatos mais concretos e a ações, ideias ou sentimentos. Algumas pessoas se acostumam a usar somente os arcanos maiores na leitura, dado que em alguns baralhos os arcanos menores não tem ilustrações que favoreçam a memorização de seus significados. Para superar essa dificuldade aparente os arcanos menores são negligenciados. Na minha opinião isso diminui as possibilidades interpretativas e a riqueza da consulta. Se for uma prática ocasional, não vejo problema nenhum, inclusive também é possível usar somente os arcanos menores. Mas o ideal é que o tarólogo domine as setenta e oito cartas. A função mais comum – e que eu considero a mais importante – em uma leitura de tarô é orientar. Mas além de uma ferramenta de orientação, por que estudar tarô? A evolução espiritual pode ser definida como a mudança do ponto de vista. Evoluir significa sair da perspectiva do ego, limitada, e alinharse ao que temos de melhor, nosso repositório interno de sabedoria, o Eu Superior. Em uma consulta de tarô, esforçando-nos para entender as cartas selecionadas, exercitamos a capacidade que temos de ver a mesma situação sob diferentes pontos de vista. Facilitamos esse deslocamento do centro de nossas vidas para o Eu Superior. A voz da sabedoria interna, a intuição, se torna mais clara e mais fluída. A ciência comprova as diferentes funções dos hemisférios cerebrais, o esquerdo mais lógico e o direito mais holístico e simbólico. Também sabemos que para desenvolver a criatividade, o autoconhecimento e a compreensão das linguagens simbólicas, é necessário tornar o hemisfério direito mais ativo, o que o tarô nos permite com maestria. Em uma consulta desenvolvemos a compreensão do significado individual da carta, de sua relação com as cartas vizinhas e de sua posição no esquema de tiragem. Ou seja, exercitamos a interpretação, a visão do todo e a capacidade de sintetizar. E de uma forma não dogmática. O tarô é uma ferramenta séria que não perdeu seu caráter lúdico. E não existem representantes oficiais dos mistérios do tarô nem qualquer informação institucionalizada. Justamente por isso outra vantagem é a grande quantidade de modelos de baralho existentes, o que possibilita ao tarólogo trabalhar com o que mais lhe agrada. Há algumas décadas era bastante difícil encontrar um baralho de tarô. Hoje existem estilos adaptados a literalmente todos os gostos. Baralhos esotéricos, astrológicos, budistas, eróticos, com heróis de estórias em quadrinhos, baseados no calendário maia e no candomblé, entre milhares de possibilidades. Se isso também permite a criação de baralhos pouco funcionais ou significativos, essa explosão evidencia por outro lado, como disse Gareth Knight, que realmente há no tarô uma resposta às necessidades modernas. O baralho de tarô é fácil de carregar, não é como sair por ai com uma bola de cristal ou um conjunto de
6 instrumentos para a leitura da borra do café. Se considerarmos a qualidade e sua durabilidade, mesmo os baralhos importados acabam sendo acessíveis já que, a não ser no caso de colecionadores, possuir dois ou três baralhos é o suficiente por muitos anos. O nível de complexidade e de profundidade da interpretação é variável e depende do tarólogo. Entretanto, não há consulta mais “certa” ou “errada” e a habilidade de interpretar vai sendo desenvolvida com o tempo, naturalmente. Ninguém está absolutamente pronto e é possível mesmo aos estudiosos mais experientes ampliarem seu nível de compreensão. Seja buscando a previsão de eventos futuros, como ferramenta de autoconhecimento ou como chave dos mistérios da iniciação oculta, o contato com as cartas por si só já nos revela dimensões espirituais da existência, mesmo que em um nível de percepção inacessível à mente consciente. Por isso é possível sua utilização às cartomantes, tarólogos, psicólogos, pedagogos e a quem se dispuser a estudar as cartas e seu simbolismo. Tal como as placas de trânsito que sinalizam o caminho na estrada, o tarô nos fornece uma estrutura para o caminho do desenvolvimento interior. Em uma consulta, o consulente tem o apoio emocional do tarólogo e a possibilidade de escolher a área da vida a respeito da qual deseja ampliar sua percepção. A consulta, por não poder ser repetida, torna-se um evento mágico, único, carregado de significado e poder. Ao sistematizar o estudo do tarô, principalmente através da análise comparada, também nos aprofundamos no entendimento de outras linguagens simbólicas como a astrologia, a alquimia e a cabalá. E por fim, o tarô vem sendo utilizado há séculos por diversas ordens ocultistas, grupos de estudo, místicos, magos e mestres espirituais. Certa vez me disseram que o universo prepara os escolhidos. Eu discordo. Acredito que o universo escolhe os preparados. Dessa forma existe em torno do tarô uma enorme egrégora de Luz e Sabedoria, o estudioso sério se conecta a essa egrégora e se tiver mérito torna-se iniciado nos mistérios dos arcanos. Outro esclarecimento preliminar diz respeito à questão dos símbolos do tarô. A área acadêmica que estuda o significado dos símbolos é a hermenêutica. Ao afirmar que a cor azul significa passividade e que um personagem de uma carta olhando para a direita conecta-se ao futuro, não estou sendo acadêmico. A abordagem hermenêutica do símbolo é diferente buscando, antes, localizá-lo no tempo e no espaço. Qual a sua história? Onde ele já apareceu? Em quais momentos históricos foi mais frequente? Quais religiões, seitas ou grupos ocultistas o consideram importante? Ainda assim, do ponto de vista acadêmico, ao símbolo não pode ser atribuído um significado fixo porque ai ele passaria a ser um sinal. Jung relacionava os símbolos a arquétipos, mas não a significados. Por isso preciso esclarecer que as pretensões desse curso não são acadêmicas. Sou, antes, um ocultista e escrevo para pessoas que buscam experiências espirituais. Tenho o rigor acadêmico com a história do tarô, mas não estou interessado em criar um modelo imutável e definitivo de sua estrutura e funcionamento. Ao descrever as cartas e propor formas de tiragem, os métodos que utilizei foram próprios do ocultismo, do qual não me envergonho. Existe mesmo entre alguns tarólogos atuais o desprezo pelas ciências ocultas. Traçando um paralelo com outra disciplina, a psicologia, devemos nos lembrar de alguns autores de psicologia profunda que se apropriam das percepções de místicos e ocultistas, incorporam essas percepções ao seu corpo de conhecimento e depois colocam o misticismo e o
7 ocultismo em uma posição inferior com relação às suas “próprias” ideias. Não tenho dúvidas que sem o I-Ching, a alquimia e outras ferramentas de trabalho dos ocultistas as obras de C. G. Jung teriam tido outros rumos. E eu ainda considero o tarô mais válido para o homem ocidental que o I-Ching, por exemplo, que está estruturado em uma visão cosmogônica muito distante da cultura na qual estamos inseridos. Se as imagens propostas pelo I-Ching são características do pensamento oriental, o tarô conserva sua universalidade. Eu também estudo Jung, Joseph Campbell, Mircea Eliade e todos os grandes estudiosos da alma e dos mitos que têm algo a contribuir com meu conhecimento sobre o tarô, mas não torno o ocultismo inferior ou superior às disciplinas desses autores. As novas perspectivas da ciência, as descobertas mais recentes da física, as áreas que a psicologia vem desbravando e o próprio método científico, aliás, se aproximam muito mais daquilo que grandes tratados de ocultismo já afirmavam há séculos que do modelo cartesiano-newtoniano no qual alguns acadêmicos, e alguns tarólogos com pretensões acadêmicas, estão “amarrados”. É por todas as razões desse prefácio que considero uma honra poder compartilhar um pouco do que aprendi todos esses anos. Não escrevi esse curso pensando no especialista, no pesquisador experiente. Minha intenção é oferecer bases seguras e comprometidas com o desenvolvimento dos talentos e habilidades de todos aqueles que estão dando seus primeiros passos na estrada que conduz ao crescimento espiritual. Entretanto, meu ponto de vista pode ser diferente do de outros tarólogos tornando o curso, de qualquer forma, uma fonte de informações inéditas a quem se dispuser a lê-lo, especialista ou não.
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1. Onde a História Começa Não existe nenhuma evidência concreta de onde ou porque as cartas do tarô foram criadas. Ao longo de sua história, que começa no fim do século XIV quando aparecem os primeiros registros escritos sobre sua existência, muitas teorias foram propostas. Desde uma criação medieval para entreter um rei louco até a referência ao continente perdido da Atlântida, o fato é que os mistérios que rondam as cartas do tarô existem desde o seu surgimento. Alguns historiadores atribuem a primeira referência escrita às cartas de jogar ao monge dominicano Johannes von Rheinfelden, que em 1377 menciona o aparecimento de um jogo de cartas. O monge cita três baralhos, de 52, 60 e 72 cartas. Outros historiadores veem como a primeira fonte confiável sobre a introdução das cartas na Europa um livro escrito em 1480 pelo historiador Giovanni Covelluzzo, da comuna italiana de Viterbo, no qual o autor afirma que os mouros trouxeram para a Itália, em 1379, um jogo de cartas conhecido como “naib”. Corroborando a origem árabe das cartas, o escritor e mestre sufi Idries Shah sugere que a palavra tarô possa ser uma derivação de “turuq”, palavra árabe usada para se referir às ordens sufis e que significa literalmente “quatro caminhos”. No ano de 1387, em Castela, um dos antigos reinos cristãos da Península Ibérica, o rei João I decreta a proibição de todos os jogos de azar, inclusive os jogos de “naib”. Entretanto, o primeiro conjunto de cartas que pode ser identificado com o atual tarô foi pintado pelo artista Jacquemin Gringonneur à pedido do rei Carlos VI, da França, em 1392. Charles VI reinou de 1380 a 1422. O rei sofria de ataques de loucura e encomendou três baralhos esperando que a distração do jogo de cartas amenizasse seu sofrimento. A maioria dos estudiosos afirma que as cartas que pertenciam à coleção do antiquário e colecionador francês François Roger de Gaignières são hoje erroneamente atribuídas a Gringonneur. Um padre que se dedicou á pesquisa da história das cartas, Claude-Francois Pere Menestrier, declarou em seu texto publicado em 1704 “Os princípios da ciência e da arte dispostos em forma de jogos” que as cartas foram uma invenção de Gringonneur, hipótese atualmente descartada. Quando Bianca Maria Visconti, filha ilegítima de Filippo Maria Visconti, o último governante da casa dos Visconti, nome de uma das importantes famílias da nobreza italiana na Idade Média, tinha seis anos de idade fora prometida em casamento a Francesco I Sforza, que na ocasião tinha trinta anos. Filippo, pai de Bianca, encomendara vários baralhos chamados “trionfi” cujas cartas sobreviventes são hoje as mais antigas conhecidas. Sabemos de ao menos 15 baralhos diferentes, os baralhos Visconti, algumas vezes chamados de Visconti-Sforza por retratarem membros de ambas as casas. Um desses jogos, conhecido por Brera-Brambilla devido a ter sido adquirido pelo colecionador Giovanni Brambilla, provavelmente foi pintado pelo artista Bonifácio Bembo. Outro baralho também atribuído a Bembo e confeccionado por volta de 1466 se tornou conhecido como Cary-Yale por ter sido parte da coleção da família Cary e posteriormente ter sido incorporado ao acervo da Universidade de Yale é tido pela maioria dos estudiosos como o mais antigo existente. Se antiguidade fosse sinônimo de autenticidade, os baralhos atuais deveriam seguir o padrão Cary-Yale, o baralho de oitenta e seis cartas, com vinte e quatro cartas da corte entre os arcanos menores. Além das sessenta e sete cartas restantes do
9 baralho original, dezenove foram recriadas e hoje a empresa U.S.Games System Inc. publica o Cary-Yale Visconti. De todos os baralhos Visconti, o que permaneceu com o maior número de cartas, setenta e quatro, é chamado Pierpont-Morgan Bergamo porque trinta e cinco de suas cartas estão na biblioteca Pierpont-Morgan de Nova York. Esse baralho foi produzido em 1451 aproximadamente. Reza uma lenda que no fim do século XIV o pregador cristão Bernardino de Siena, posteriormente canonizado pela igreja, recebeu um jogador de cartas furioso por suas constantes perdas financeiras. O santo ordenou ao homem que pintasse as iniciais JHS nas cartas, o que foi feito e então o homem não sofreu mais nenhuma derrota. A relação entre a igreja e as cartas sempre foi controversa, em alguns momentos mostrando claramente a estreita ligação entre ambas, outras vezes marcada pelas acusações da igreja, que chegou a afirmar que as cartas foram criadas pelo próprio diabo para afastar os homens do caminho reto. Se pensarmos que o baralho de tarô surge no fim do século XIV e se torna extremamente popular no século XV, imagens que fazem referências a mulheres em posição de destaque, principalmente na carta “A Papisa” que mostra a mulher em uma posição de poder espiritual, realmente não é estranho imaginar o incômodo que as cartas provocaram na igreja medieval. Nessa mesma época surge uma estrutura que se tornaria clássica na confecção do baralho. Essa estrutura nem sempre foi mantida, mas foi aceita pelos ocultistas e posteriormente pelos estudiosos como padrão. Trata-se do baralho de setenta e oito cartas dividido em dois grupos. Um chamado “arcanos maiores” composto por vinte e duas cartas e outro, os “arcanos menores”, formado por quatro grupos chamados naipes com quatorze cartas cada um, totalizando cinquenta e seis cartas. Devemos lembrar que muitos tarôs não mantiveram esse padrão e nem por isso podem ser desqualificados. A tentativa de manter uma norma reflete muitas vezes a necessidade de deter o poder. Se eu sei como as coisas devem ser e se meu modelo for publicamente reconhecido, isso pode legitimar minha autoridade sobre o assunto. No caso do tarô isso deve ser analisado com cuidado. Se por um lado esse modelo não pode ser “padronizado”, por outro nem todo oráculo formado por cartas pode ser chamado de tarô. Existe um problema quando falamos sobre a história do tarô e dos baralhos existentes que é a tentativa que algumas pessoas fazem de ganhar notoriedade sobre um assunto muito comentado mas cujos estudos acadêmicos são pouco difundidos. Dessa forma algumas ideias acabam se tornando “verdades” não pelo que as sustentam mas pela suposta autoridade de quem as profere. Existe um antigo oráculo chinês chamado Kau cim. Esse oráculo é consultado através de varetas que ficam armazenadas em tubos de bambu. Trata-se de uma prática milenar e que originalmente utilizava cerca de cem varetas. Certa vez um autor americano afirmou que o tarô seria uma variação desse oráculo. Tamanha foi a confusão criada a partir disso que hoje nos Estado Unidos os kits de Kau cim são vendidos com setenta e oito varetas, sendo que o tarô nem sempre teve setenta e oito cartas. O que sempre recomendo aos alunos em meus cursos é estudarem, criarem autonomia e jamais defenderem o ponto de vista de um autor sem que eles mesmos tenham estudado o suficiente para sustentar o que o autor afirma.
10 Nenhuma pessoa que realmente entenda de tarô fala sobre sua história em termos definitivos porque quem realmente estuda o assunto sabe que desde sua origem até os desenhos das cartas o tarô é cercado de muitos mistérios e dúvidas. O baralho cuja história veremos agora é o que se tornou popular na mais antiga cidade francesa – Marselha. O baralho de tarô inicialmente teve sua maior popularidade no norte da Itália, entretanto quase desapareceu, sobrevivendo na França e na Suíça. Quando voltou à Itália o tarô já seguia o modelo francês como padrão. Entretanto nem mesmo os baralhos de Marselha eram uniformes, sendo mais populares os produzidos por Jean Noblet (Paris, aproximadamente 1650), Jean Dodal (Lyon, aproximadamente 1701) e Nicolas Conver (Marselha, aproximadamente 1760). Um exemplo que mostra claramente o quanto os próprios baralhos de Marselha não estavam presos a um padrão é o baralho de Jacques Vieville (Paris, aproximadamente 1650). Nesse baralho não há títulos nas cartas, a ordem dos Arcanos Maiores é diferente da estabelecida em Marselha e algumas imagens são substancialmente diferentes como a carta XVI, no padrão marselhês chamada “A Casa de Deus”, que Vieville troca por uma carta sem nome mostrando um pastor sob uma árvore carregada de frutas. Na verdade quem estabelece a “legitimidade” desse modelo é o ocultista francês Papus em seu livro publicado em 1889, “O Tarô dos Boêmios”. Antes do livro de Papus o modelo marselhês era seguido por questão de popularidade e não legitimidade. Papus, que em seu primeiro livro sobre o tarô tacha o uso oracular do baralho como de menor importância diante do ponto de vista ocultista, escreve em 1909 o “Tarô Divinatório”, um manual completo de adivinhação pelas cartas que vinha com um baralho inspirado na criação de outro francês, Eteilla. Se Papus atribuiu ao estilo de Marselha o privilégio de “tarô oficial”, foi o cartomante Paul Marteau que o tornou popular após ter orientado a “recriação” do baralho para a editora Grimaud por volta de 1930, seguindo o padrão de Nicolas Conver. Outro modelo de baralho, diferente do padrão francês, é o tarô de Bolonha. O mais famoso tarô bolonhês foi pintado entre 1660 e 1665 pelo artista Giuseppe Maria Mitelli para a família Bentivoglio de Bolonha. Uma característica do baralho de Mitelli é a ausência dos nomes e dos números das cartas, o que torna bastante difícil colocá-las em alguma ordem. Os baralhos com maior distinção do chamado tarô clássico são os italianos. O tarocchini (Bolonha, Itália) com 62 cartas, o Tarocco Siciliano (Sicília, Itália) com 64 cartas, o Minchiate (Florença, Itália) com 97 cartas sendo 40 arcanos maiores, 4 naipes com 14 cartas cada mais o coringa (O Louco) e o baralho mais citado como variante do tarô, o famoso Mantegna Tarocchi com 50 cartas, 5 séries de 10 cartas cada.
11 2. Do Mundo Primitivo ao Mundo Moderno O pastor protestante Antoine Court de Gébelin publicou em 1781 o oitavo volume de sua obra "O Mundo Primitivo Analisado e Comparado ao Mundo Moderno". Neste volume Gébelin, que também era maçom, inclui um ensaio denominado "Tarô", no qual afirma sem nenhuma evidência histórica que as cartas são uma criação de sacerdotes egípcios e que nelas estaria contido o misterioso "Livro de Toth". Gébelin também afirma que o tarô esteve em Roma, ocultado pelos papas até o século XIV, quando foi levado à França. O autor associa as palavras egípcias tar (caminho) e ro, ros ou rog (real) à palavra tarô, cuja tradução seria “o caminho real da vida”. O conde Mellet, que escreveu um ensaio também incluído por Gébelin em seu livro, faz a associação entre as cartas do tarô e o alfabeto hebraico e seu uso divinatório. A partir dessa obra começa o interesse dos ocultistas pelo baralho. Ainda que a obra de Gébelin não seja reconhecida pelos historiadores modernos como uma fonte confiável de dados históricos, não podemos negar seu mérito em ter popularizado o tarô como um depositório de sabedoria. Gébelin também introduziu teoria de que os ciganos teriam difundido o tarô pela Europa. Sabemos que dificilmente isso seria verdade mas essa tenha sido, talvez, a primeira vez que alguém associa o tarô à divinação e afirma que os ciganos já liam e conheciam as cartas. O ocultista francês Jean-Baptiste Alliette, fascinado com as ideias de Gébelin, escreveu em 1785 um livro chamado "Como entreter a si mesmo usando um jogo de cartas chamado tarô", o primeiro manual de tarô divinatório. Alliette, que se autodenominava Etteilla (seu nome invertido) também se tornou o primeiro ocultista a transformar as consultas ao tarô em uma profissão. Etteilla argumentava que tinha sido apresentado à arte da cartomancia em 1751, bem antes da obra de Gébelin. De fato, onze anos antes de “O Mundo Primitivo...” ele publicara um baralho conhecido como “Pequeno Etteilla” (Rei, Rainha, Valete, ás, dez, nove, oito e sete de cada naipe mais uma carta denominada “Etteilla” perfazendo um total de trinta e três cartas) e um manual de cartomancia descrevendo a adivinhação através do baralho comum. Em 1788 Etteilla criou o primeiro baralho de tarô especificamente ocultista, resultado de comparações com outros sistemas como a astrologia e o estudo dos símbolos. Etteilla foi além de Gébelin sobre a origem egípcia das cartas, afirmando que elas foram criadas por dezessete magos, descendentes de Mercúrio-Thoth, no Templo do Fogo localizado perto de Memphis, exatamente 1828 anos após a criação ou 171 anos após o Dilúvio, que o tarô teria exatamente 2125 anos de idade quando ele publicou seu livro. Entretanto, como Gébelin, Etteilla não tinha nenhuma evidência concreta dessas ideias. O trabalho de Etteilla, que já foi chamado de charlatão por muitos ocultistas, teve mais repercussão que podemos suspeitar. Um exemplo está no “baralho cigano”. Durante muito tempo foi divulgado que Marie-Anne Adelaide Lenormand nasceu em 27 de maio de 1772, na cidade francesa de Alençon. Segundo as pesquisas mais recentes acredita-se que ela tenha nascido em 16 de setembro de 1768. Batizada com o mesmo nome de uma irmã falecida anos antes, desde criança Lenormand fazia previsões. Educada em uma instituição religiosa, ela causava escândalo entre as religiosas por conta de suas previsões, sempre infalíveis. Sua fama levou-a a Paris, onde permaneceu até o começo da
12 Revolução Francesa. Em Paris Lenormand conheceu a cartomante Madame Gilbert, que lhe ensinou a adivinhação através do tarô de Etteilla. Poucos anos depois Lenormand atendia em seu escritório particular celebridades como Jean-Paul Marat, Maximilien de Robespierre e Louis Antoine de Saint-Just. A confiança que a esposa de Napoleão Bonaparte, Joséphine de Beauharnais, depositava em Lenormand fez com que sua fama se espalhasse ainda mais, o que não foi de todo bom, já que o próprio Napoleão ordenara-lhe a prisão em 1803 e em 1809. Entretanto a sibila nunca perdeu sua fama e quando faleceu, aos 71 anos em Paris, deixou uma fortuna considerável. Lenormand não criou nenhum baralho. Ela usava cartas do baralho comum com o significado anotado na parte superior segundo as atribuições de Etteilla, o que deu a ideia para a criação de baralhos cujas ilustrações representassem pictoricamente o significado de cada carta, ideia posteriormente aproveitava por Arthur Edward Waite na criação dos arcanos menores de seu tarô. Muitos baralhos foram desenvolvidos sob o nome “Lenormand”. Na Alemanha um desses baralhos, o Petit Lenormand, que tem 36 cartas e é conhecido no Brasil como “baralho cigano” é quase tão popular quanto o tarô. Por falar em ciganos, quando eu tinha vinte e um anos, resolvi estudar minha árvore genealógica e descobri que meu avô paterno era descendente de ciganos calós franceses que emigraram da França para a Espanha, se estabelecendo em Granada (na minha ascendência, toda proveniente da Espanha, tenho uma feliz mistura de ciganos calós e judeus sefaraditas). Eu já sabia que era descendente de ciganos mas confirmar essa informação despertou em mim um grande interesse pela cultura desse povo. Os ciganos vieram de uma região entre a Índia e o Paquistão e se espalharam pelo mundo. Os calós foram para Portugal, França e Espanha e são o povo cujo estilo é o mais próximo da imagem popular que temos desse povo, coloridos, dançando ao redor da fogueira e lendo a sorte. Nesse ano, 1999, procurei um acampamento e passei alguns meses frequentando as festas, encontros sociais e, principalmente, aprendendo com os mais velhos um pouco da magia e das tradições. A tribo com quem convivi tinha vindo da Espanha. Ao contrário do que alguns ciganos brasileiros afirmam, eles nunca tinham ouvido falar do “baralho cigano” e liam a sorte com o tarô mesmo ou com as cartas do baralho comum. As mulheres exibiam belos exemplares de tarôs franceses que via-se serem bem antigos. Isso, entretanto, não diminuiu o carinho que tenho pelo baralho Lenormand, que inclusive, profissionalmente, foi o primeiro que usei. (Qualquer método deste livro pode ser realizado utilizando-se o baralho Lenormand, cujos significados das cartas estão no apêndice). Os ciganos são reconhecidos em todo o mundo como mestres da cartomancia e detentores de segredos ocultos poderosos. Não sei se hoje em dia as coisas são exatamente assim mas não duvido nem um pouco que uma aura mágica paira sobre o acampamento e muitas coisas no mínimo intrigantes são vivenciadas cotidianamente. O que sinto é que existe uma sabedoria cigana impressa na natureza aguardando as pessoas preparadas, que existem, para acessá-la. No entanto, entre os mais velhos, e mais sábios, não conheci nenhum que gostasse muito do contato com os não-ciganos. O grande ocultista francês Alphonse-Louis Constant, que nasceu em 1810, em Paris teria sido ordenado padre se não tivesse confessado seu amor por uma jovem pouco antes da ordenação. Em 1854 Alphonse publica Dogma e Ritual de Alta Magia, seu primeiro livro sob o pseudônimo que seria
13 mundialmente reconhecido: Éliphas Levi Zahed. Levi, que já tinha publicado muitos livros antes, estrutura essa obra em vinte e dois capítulos, correspondendo-os ao vinte e dois arcanos maiores do tarô. No entanto, pouca informação sobre o tarô propriamente dito é encontrada no livro. Há, é claro, a possibilidade de estabelecer alguma relação entre cada capítulo e o que Levi atribuia à carta correspondente, no entanto, além da grande inspiração que Levi causou em seus sucessores como Jean Baptiste Pitois, que foi seu discípulo direto, Papus, que escolheu seu nome iniciático num texto publicado no prólogo do Dogma e Ritual de Alta Magia, e Aleister Crowley, que acreditava piamente ser a reencarnação do próprio Éliphas Levi, nada de relevante sobre o tarô pode ser encontrado nessa obra. Outro livreto de Levi, Sanctum Regnum publicado postumamente trata especificamente do tarô. Gérard Encausse, um médico e ocultista espanhol educado na França e que adotou o pseudônimo de Papus, foi o autor que escreveu o primeiro livro que sistematiza o estudo esotérico do tarô. “O Tarô dos Boêmios” foi publicado em 1889 com ilustrações do baralho do ocultista suíço Oswald Wirth. Wirth, que era um artista amador, estudou ocultismo com Stanislas de Guaita, de quem foi secretário, e criou em 1889 um baralho inspirado no modelo marselhês no qual incorpora símbolos astrológicos e maçons. Sua intenção era, junto com Stanislas de Guaita, recriar o tarô original que Lévi afirmara ter existido. Papus usou essas imagens em seu livro. Uma confusão que acontece até mesmo fora do Brasil é atribuir as ilustrações de O Tarô dos Boêmios ao artista Jean-Gabriel Goulinat, que na verdade criou as ilustrações de um outro livro de Papus lançado em 1909 chamado “O Tarô Divinatório”. Os desenhos de Goulinat, inspirados nos baralhos de Etteilla e de Paul Christian, mais tarde seriam lançados como baralho. Provavelmente a origem dessa confusão está no fato de edições posteriores de O Tarô dos Boêmios trazerem as ilustrações de Goulinat. Paul Christian foi outro discípulo de Levi. O francês Jean Baptiste Pitois, que ao mudar para Paris se tornou amigo de Charles Nodier, iniciou sua carreira como jornalista e adotou o pseudônimo de Paul Christian, que usava para assinar seus artigos, foi influenciado pelas ideias do amigo Nodier, um escritor da geração romântica interessado em contos obscuros, vampirismo e magia, passando a se interessar pelo ocultismo. Pitois escreveu sobre o tarô, reviu e ampliou a associação das cartas com a astrologia, desenhou um baralho de estilo egípcio e influenciou todos os estudiosos posteriores. Entre as contribuições de Pitois está o fato de ter utilizado o termo arcano, que encontrou nos escritos de Lévi, para se referir às cartas do tarô. Pitois também descreve em seu livro “História e Prática da Magia”, publicado em 1870, uma cerimônia egípcia na qual o candidato à iniciação percorreria uma galeria formada por vinte e dois quadros, onze de cada lado, que corresponderiam aos vinte e dois arcanos maiores. Se essa descrição não convenceu os historiadores, ao menos serviu como uma das fontes para a criação dos rituais daquela que se tornaria a mais influente escola de ocultismo dos séculos XIX e XX: a Ordem Hermética da Aurora Dourada, em inglês Hermetic Order of the Golden Dawn, criada por William Robert Woodman, William Wynn Westcott e Samuel Liddell MacGregor Mathers na Grã-Bretanha no fim do século XIX, e que se tornaria o instituto mais popular de ensinos ocultistas da história. Não vou entrar em detalhes sobre a Ordem, que já possui uma bibliografia bem extensa, para os fins deste livro basta dizer que foi uma Ordem paralela à
14 maçonaria inglesa e que teve como resultado fornecer a estrutura básica que daria origem à quase todas as Ordens posteriores, como exemplo a AMORC (Harvey Spencer Lewis, que fundou a AMORC, foi um ex-membro da Golden Dawn que em uma das várias cisões que a Ordem sofreu aproveitou a oportunidade e fundou a AMORC, clamando para si uma suposta origem egípcia de sua nova ordem, bem ao gosto dos magos da Golden Dawn). Outro legado da Golden Dawn, embora exista um verdadeiro movimento que procura refutar esse fato, é a wicca. Um dos fundadores da Golden Dawn, Samuel Liddell MacGregor Mathers, publica em 1888 um pequeno texto intitulado “O Tarô” no qual descreve as cartas, seu significado divinatório, algumas correspondências simbólicas, métodos de leitura e um método de usar o tarô como jogo comum, de azar. Entretanto, a influência da Golden Dawn sobre o estudo do tarô seria amplamente disseminada a partir de dois de seus membros. Em 1891 Arthur Edward Waite se tornou membro da Golden Dawn. Waite também foi um grande ocultista inglês e foi o co-criador do baralho de tarô mais popular nos países de língua inglesa. A editora Rider foi inaugurada na Grã-Bretanha em 1908, dirigida por William Rider. Sob a supervisão editorial de Ralph Shirley a Rider começou a publicar uma vasta gama de livros esotéricos e em 1909 lançaria seu maior sucesso: o tarô Rider-Waite. O título do baralho deveria incluir o nome de Pamela Colman Smith, a artista, escritora e ilustradora que sob a supervisão de A. E. Waite confeccionou o baralho. Em 1910 o baralho passaria a vir acompanhado de um manual de autoria do próprio Waite chamado “A Chave do Tarô” Um ano depois uma versão revisada do manual chamada “A Chave Pictórica do Tarô” seria lançada. Em 1918 o escritor ocultista americano L. W. de Laurence lançou o mesmo livro sob o nome “A Chave Ilustrada do Tarô” sem atribuir a autoria a Waite. Outro grande “best-seller” da Golden Dawn foi Edward Alexander Crowley, conhecido como Aleister Crowley, a figura mais controversa do ocultismo contemporâneo e que ao mesmo tempo é considerado por alguns o maior ocultista que já existiu. Ele zombava das religiões institucionalizadas, dava declarações polêmicas à imprensa, rompeu com a Ordem Hermética da Aurora Dourada, da qual tornara-se membro em 1898, recebeu mediunicamente um livro sagrado que ditou à uma de suas esposas enquanto viajavam pelo Egito, publicou alguns segredos guardados à sete chaves pelas ordens das quais fez parte e nos deixou um legado de valor incalculável: seu baralho conhecido como Tarô de Thoth. Outro nome que tornou-se importante no estudo do tarô é Paul Foster Case, o ocultista americano do início do século XX que publicou um baralho que, segundo ele, é uma versão corrigida do baralho de Waite. Case foi membro da Golden Dawn e chegou a ser o responsável pelas atividades da ordem na América, porém, após um conflito com Moina Mathers, a esposa de Samuel Liddell MacGregor Mathers, abandonou a ordem e fundou seu próprio grupo. O baralho recebeu o nome do círculo esotérico de Case, Builders of the Adytum, os “Construtores de Adytum”, conhecido como B.O.T.A. O grupo, que permaneceu seguindo a mesma linha de trabalho da Golden Dawn e de outros grupos para-maçônicos, recebeu esse nome porque adytum, do grego adytom, é a palavra latina usada para se referir à parte secreta, inacessível do templo. De fato os membros do B.O.T.A. guardavam os segredos do grupo a sete chaves. Case, que publicou seu tarô em preto e branco permitindo a cada
15 estudante colorir seu próprio baralho, sempre enfatizava a ideia que o baralho deveria ser usado para meditação e não para a leitura da sorte. Entretanto o ocultista publicou um livro sobre tarô com métodos de consulta, alegando que existe diferença entre a leitura da sorte e a divinação. Em 1984 foi publicado em francês, com o prólogo escrito pelo padre católico Hans Urs von Balthasar, um livro de autor anônimo intitulado "Meditações sobre os vinte e dois arcanos maiores do tarô". Quem seria o autor desse livro misterioso que na mesma década serviria de base para os escritos dos primeiros livros de um dos autores mais populares da história, Paulo Coelho? Valentin Arnoldevitch Tomberg nasceu na Rússia, no ano de 1900. Desde cedo um incansável estudioso do misticismo cristão e praticante do catolicismo ortodoxo russo, Tomberg também se interessou por teosofia e pelo hermetismo de G. O. Mebes. Nos anos 20 Tomberg se filiou à Sociedade Antroposófica, da qual seria “convidado a se retirar” em 1940 após ter ocupado posições de liderança dentro do movimento. Mais tarde ele se converteu ao catolicismo romano. Valentin Tomberg escreveu um livro cuja recepção dos leitores, ele acreditava, não deveria ser influenciada pela vida de seu autor e por isso determinou que o livro fosse publicado postumamente sem identificar a autoria. Meditações sobre os 22 arcanos maiores do tarô, escrito em francês e publicado pela primeira vez na França em 1984 (uma edição “vazou” na Holanda quando Tomberg ainda estava vivo, o que causou reprovação por parte do autor), ainda não foi “digerido” pelos leitores ocultistas, trata-se de um livro complexo e recheado de conceitos cuja compreensão, aparentemente simples, demanda anos de estudos e meditação. Muitas pessoas leem o livro e saem com o sentimento de terem entendido, entretanto, há quem afirme que o autor foi um dos últimos responsáveis pelo conhecimento da Ordem dos Templários (sem teorias conspiratórias, Maria Madalena ou Leonardo da Vinci. Tomberg era um erudito, jamais teria se deixado levar por essas coisas) e que o seu livro seria uma segunda bíblia com o conhecimento que permitiria a plena compreensão dos aspectos ocultos da bíblia cristã, uma tarefa nada fácil. Além de um excelente estudo do tarô em seu aspecto ocultista, o livro de Tomberg influenciou muitos autores posteriores como o Dr. Robert A. Powell e o brasileiro Paulo Coelho. Muito do que lemos nos primeiros livros de Paulo Coelho e que o autor atribui a seu mestre pode ser encontrado nos escritos de Tomberg. Outro fato curioso é a aceitação de seu livro pela igreja católica, tendo sido prefaciado por uma das maiores autoridades da igreja no século XX, o cardeal Hans Urs von Balthasar. Em uma foto do Papa João Paulo II vemos os livros de Tomberg sobre sua mesa de trabalho, quem tiver interesse não terá dificuldades para encontrá-las usando um dos maiores “oráculos” que o mundo contemporâneo criou: o Google.
16
Carta “O Louco” do Tarô Gaignières, baralho erroneamente atribuído a Gringonneur
Carta “O Mago” do tarô de Marselha publicado em 1983 pela empresa espanhola Heraclio Fournier. Rico em cores e detalhes, esse baralho é uma releitura da versão do baralho criada pela Casa Grimaud nos anos 30.
“O Louco” do baralho Pierpont-Morgan Bergamo, que pertence ao grupo conhecido por Visconti-Sforza
O tarô suíço recebeu a designação de JJ porque troca as cartas “A Papisa” e “O Papa” por “Juno” e “Júpiter”, respectivamente.
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Ilustração de Jean-Gabriel Goulinat para o livro “O Tarô Divinatório” lançado por Papus em 1909.
Carta do Tarô Egípcio da editora argentina Kier, lançado na versão colorida em 1971. A primeira versão, em preto e branco, foi criada pelo ocultista Jesus Iglesias Janeiro para seu livro La Cabala de Predicción, lançado no início dos anos 50.
18 3. Exercício com os Arcanos Menores Embora haja muita teoria a ser estudada sobre o tarô, esse curso foi planejado tendo em vista quem está dando os primeiros passos na compreensão das cartas. Para evitar o erro que as pessoas cometem ao “decorar” os significados ao invés de entender como esses significados são atribuídos, vamos iniciar o estudo das cartas com um exercício de compreensão dos elementos simbólicos. Um alerta: não devemos jamais confundir imagens e conceitos. Os conceitos são intelectuais e quando chegam a seu limite, ou seja, quando não são mais capazes de abarcar as percepções, surgem as imagens. O limite do conceito é a contradição e as imagens abarcam as contradições. Reproduzo aqui as palavras de Alberto Cousté em seu livro “Tarô ou a máquina de imaginar” sobre a tentação de atribuir às cartas significados fixos ou de ser dogmático: “O oráculo é mutável, como os homens que o interrogam. Se me refiro a alguns deles, é somente porque a sua experiência merece ser tomada em conta como ponto de partida. Assim, as referências a Wirth, Ouspensky ou Marteau não são de forma alguma canônicas, mas sim produto da necessidade de estabelecer um modelo operativo. Sabemos que o tarô não tem um autor; que é fruto de uma soma de indivíduos, da paciência dos séculos. Podemos imaginar que esta proposta se completa no outro extremo da equação: ninguém acabará de ler este livro que ninguém escreveu, porque o olhar de quem o lê torna a escrevê-lo; se as formas são convertidas em palavras durante o curto tempo que dura uma leitura, é somente para encarnar num fantasma o rio imaginário; para usar dessas formas o que elas têm de sensíveis, e em seguida devolvê-las ao silêncio.” (COUSTÉ, A. 1983, p. 91 e 92). Para começar, leia o que significam os números, naipes e cartas da corte. Em seguida, associe cada carta numerada e cada carta da corte a cada naipe. Por exemplo, se os Reis são cartas de atividade, como essa atividade acontece no naipe de copas, que está relacionado aos sentimentos? E o cinco, que é um número que sempre traz resultados desfavoráveis, como atua no naipe de espadas, que é relacionado à luta? Escreva suas próprias associações nos formulários dos arcanos menores. Se preferir, consulte a tabela com as palavras-chave disponibilizadas no Tarô de Thoth, de Aleister Crowley, reproduzida na próxima parte. Quando terminar o exercício compare suas respostas com os significados resumidos dos arcanos menores no fim do livro. Associe ambas as possibilidades, estabeleça um diálogo entre as diferentes perspectivas.
19 4. Pequeno Guia dos Símbolos
Cores Amarelo – estimula as ideias, cor do trabalho espiritual. Anil – purificação, compreensão espiritual, sensibilidade. Azul – passividade, frescor, calma, inércia. Branco – pureza, inocência, consciência, totalidade. Laranja – excitação, vitalidade, sensualidade. Preto – matéria, conservação, discrição, proteção. Verde – equilíbrio, crescimento, renovação, regeneração. Vermelho – atividade, energia, empenho. Representa o espírito ativo que sobrepuja a inércia. Violeta – espiritualidade pura, misticismo.
Formas Círculo – representa a totalidade, o mundo, o ciclo. Crescente – sabedoria, o feminino, receptividade. Cruz – representa a relação com o mundo material. De sofrimento, se o mundo material sobrepujar a inteligência, e de vitória, se a inteligência estiver acima das forças do mundo material. Intersecção entre a linha vertical (masculino, racional, espaço) e a linha horizontal (feminino, intuição, tempo). Também relacionada ao carma. Estrela – plano espiritual. Lemniscata (∞) – integração entre o consciente e o inconsciente. Eternidade. Conexão com o Eu Superior. Ponto – representa a alma. Quadrado – matéria. Os quatro elementos. Estrutura. Limitação. Torre – elevação aos planos superiores. Triângulo – no geral mostra movimento, energia direcionada para um fim. Com o vértice para cima representa a evolução, ascensão. Com o vértice para baixo representa a criação, a concretização.
Direção e posição das figuras Caminhando – movimento, transição. Em pé – atenção, atividade. Olhando para a direita – idealismo, futuro. Olhando para a esquerda – nostalgia, passado, experiência. Olhando para frente – presente, conexão com o centro da alma, enfrentamento. Sentada – descanso, tranquilidade, passividade. (nesse caso observe o Imperador, que está em pé, porém encostado no trono). Suspenso – sem contato com a realidade (como no Enforcado ou nos personagens da Roda da Fortuna). Voando – ser espiritual, que vê a totalidade.
20 Elementos Naipe
Paus (Bastões)
Copas (Taças)
Espadas (Gládios)
Ouros (Moedas)
Fogo
Água
Ar
Terra
Verão
Outono
Primavera
Inverno
Elemento Estação do Ano
Simbolismo
Ousar. A iniciativa e a expressividade. Entusiasmo, espontaneidade, autoritarismo, violência. A transformação, a vitória em meio às adversidades.
Querer. Sensibilidade, a emotividade e a empatia. O instinto. Necessidade de ser fluído, maleável. Receptividade, intuição, indecisão, autoindulgência.
Cartas da Corte
Rei (atividade)
Rainha (receptividade)
Saber. Pensamento racional, a intelectualidade e a sociabilidade. O conhecimento. Os voos, a liberdade. Necessidade de refletir, de se distanciar da situação. Desafios. Mente aberta, poder de comunicação, frieza, falta de senso prático. Cavaleiro ou príncipe (condução, transporte)
Calar. Estabilidade, a praticidade e o contato com a realidade. A rotina. Insensibilidade, avareza. Apoio, alicerce, necessidade de perseverança.
Pajem, Valete ou Princesa (cristalização)
Números XII Ordem celestial, salvação, cura. XI Opostos que não se harmonizam, excesso, transição. X Abundância, manifestação no mundo material. Retorno à unidade. Número
lunar,
os
nove
meses
de
gestação,
a
personalidade,
IX deslocamentos, mulheres, viagens curtas, o mar. VIII Negócios, comércio, habilidades intelectuais, troca, notícias, renovação.
oscilações,
Afeto, beleza, juventude, diversão, mas também conclusões, período de transição que
VII exaure, ordem perfeita, graça, conclusão de ciclo.
Iluminação, crescimento, sucesso, parcerias, prosperidade, a alma humana, consciência
VI do eu. V Crises que fazem crescer, perigo, vitalidade, energia, a quintessência, o ser humano. IV Expansão, fartura, viagens longas, generosidade, mundo manifesto. III Equilíbrio, estabilidade, maturidade, síntese. II Criatividade, imagem refletida, sabedoria, harmonização, rivalidade, eco, sombra. I Novidades, oportunidades, começos, foco. 0 Algo latente, não manifesto, o Ovo Cósmico.
21 Palavras-chave (Crowley) Paus
Copas
Espadas
Ouros
10
Opressão
Saciedade
Riqueza
9
Força
Felicidade Material
8 7 6 5 4 3 2
Rapidez Bravura Vitória Disputa Conclusão Virtude Domínio A Raiz dos Poderes do Fogo
Indolência Deboche Prazer Desapontamento Luxúria Abundância Amor A Raiz dos Poderes da Água
Ruína Desespero e Crueldade Interferência Futilidade Ciência Derrota Trégua Sofrimento Paz A Raiz dos Poderes do Ar
1
Ganho Material Prudência Fracasso Sucesso Material Preocupação Poder Mundano Trabalho Mudança A Raiz dos Poderes da Terra
22
Paus Rei (ou Cavaleiro, segundo Crowley) Rainha Cavaleiro (ou Príncipe) Pajem (Valete ou Princesa) I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
23
Copas Rei (ou Cavaleiro, segundo Crowley) Rainha Cavaleiro (ou Príncipe) Pajem (Valete ou Princesa) I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
24
Espadas Rei (ou Cavaleiro, segundo Crowley) Rainha Cavaleiro (ou Príncipe) Pajem (Valete ou Princesa) I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
25
Ouros Rei (ou Cavaleiro, segundo Crowley) Rainha Cavaleiro (ou Príncipe) Pajem (Valete ou Princesa) I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
26 5. Exercício com os Arcanos Maiores – O Caminho do Andarilho
Em sua viagem em busca de si mesmo o andarilho encontra vinte e duas figuras nas quais vê refletidos aspectos de sua própria alma. Com base nessa ideia, analise os Arcanos Maiores do seu baralho. Primeiro descreva os elementos de cada carta (adereços, cores, números e quaisquer elementos que parecerem importantes. Algumas sugestões serão oferecidas baseandonos no baralho de Marselha Fournier). Depois pesquise em dicionários de símbolos o que cada elemento pode representar e atribua a esses elementos significados de acordo com o conhecimento adquirido. Leve em consideração as cores, formas geométricas e leitura corporal dos personagens. Por exemplo, os elementos que aparecem em pares (duas colunas, dois cavalos, duas pessoas, dois animais etc.) podem ser associados à renovação (Sol, independência, equilíbrio, orgulho. O hemisfério direito do cérebro) e à tradição (Lua, proteção, lealdade familiar, dedicação, fidelidade. O hemisfério esquerdo.) ou à ying e yang.
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I – O Mago
chapéu cinto mesa quadrada quatro objetos
O Mago nos ensina a habilidade técnica, o conhecimento preparatório para a jornada. Também é necessário entender que a descoberta dos objetivos superiores não ocorre quando olhamos apenas para o alto, mas quando captamos o que vem do alto e direcionamos para o mundo material, o palco onde a cena toda acontece. Se a vontade humana foi coroada pela Vontade Divina vemos acontecer aquilo que chamamos de milagre. Momento de comprometer-se, de busca e de trabalho intenso que pode gerar desgaste.
28
II – A Papisa (ou A Sacerdotisa)
coroa cruz duas colunas livro manto véu
Enquanto o conhecimento do mundo objetivo é adquirido, um outro tipo de conhecimento, mais interno, vai sendo gerado. A semente do Mago encontra solo propício nas profundezas da Papisa. É necessário aprender a ser discreto. Aqui ocorre o encontro com o Poder Feminino. A Papisa é uma mulher perfeita não porque se submeteu ao modelo de comportamento socialmente atribuído à mulher, mas porque se conectou com a verdadeira fonte de poder, que é interna. Momento de discernimento e bom senso.
29
III – A Imperatriz
asas cetro coroa escudo grama
Se uma semente encontra solo propício, ela germina e vemos os resultados. A Imperatriz diferencia-se da Papisa por não ser perfeita, entretanto, é uma mulher real, não idealizada. Momento de otimismo e deleite, de não se deixar perturbar, aceitar as limitações da condição humana e colher os primeiros frutos da jornada.
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IV – O Imperador
cetro elmo escudo medalha pernas cruzadas posição da mão trono
Aquilo que foi conquistado traz recursos e poder. Os recursos precisam ser organizados, ainda há muito por fazer. E a ideia de poder precisa ser elaborada para que não se torne tirania. Se o poder for entendido como capacidade de realização, diferente de autoritarismo e hierarquia, é possível caminhar despreocupadamente, pois o sucesso estará garantido. Momento de estabilidade, continuidade e luta por melhorias.
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V – O Papa (ou O Hierofante)
capa colunas coroa cruz luva sinal da mão súditos
Essa elaboração que torna o poder um recurso a serviço do crescimento interior acontece quando temos claro o propósito espiritual mais elevado da jornada. Quando ouvimos nossa voz interior e permitimos a intervenção espiritual de nosso Eu Superior não corremos o risco de nos perder no caminho. O rigor assegura a continuidade da jornada. Momento de disciplina e aprendizado.
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VI – Os Amantes
cupido três pessoas
Manter o centro diante de tantos caminhos aparentemente opostos é o próximo desafio. Nos Amantes não perdemos a inspiração divina adquirida nas cartas anteriores mas aqui precisamos aprender a assumir as consequências de nossas escolhas. Muitas pessoas, justamente pela falta de maturidade em assumir que o que acontece em suas vidas é resultado de decisões passadas, acham que é possível não fazer nenhuma escolha. Vivem em cima do muro. Mas permanecer em cima do muro também é uma escolha – e com as piores consequências possíveis. Momento de se responsabilizar e de compreender a liberdade como condição na qual o amor se realiza.
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VII – O Carro
armadura carruagem cavalos cetro coroa dragonas
Ao nos responsabilizarmos pelo nosso caminho e assumirmos nossa personalidade nos tornamos senhores de nós mesmos. A personalidade orientada pelos desígnios do Eu Superior caminha seguramente, conquistando aos poucos os tesouros da jornada. Momento de triunfo.
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VIII – A Justiça
balança espada touca trança trono
Centrados em nosso Eu Superior, naturalmente deixamos de julgar nossas experiências como boas ou ruins. Entendemos que tudo o que nos acontece é para o nosso crescimento. Para nos mantermos centrados e ao mesmo tempo superarmos os desafios, precisamos segurar a espada do discernimento e a balança da ponderação. Momento de austeridade, integridade e imparcialidade.
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IX – O Eremita
bordão gorro lanterna manto
Uma habilidade esquecida nos dias atuais é a circunspecção, ou seja, olhar atentamente uma situação de todos os lados. Após aprendermos a lição da Justiça é possível se dedicar ao estudo, à observação silenciosa, à clarificação das ideias obscurecidas pelo turbilhão de pensamentos e imagens mentais que caracterizava o estado anterior. Essa é o momento da quietude espiritual, revelação e prudência.
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X – A Roda da Fortuna
roca seres sobrenaturais
Também aprendemos a aceitar aquilo que não pode ser mudado. Existem coisas que não podem ser evitadas porque são as consequências de escolhas anteriores mas que nos servem de objeto de estudo para aprendermos a fazer escolhas mais acertadas no presente que moldarão nosso futuro. Entretanto, absolutamente nada é contínuo. A impermanência caracteriza a existência no mundo material. Momento no qual o êxito depende da aceitação.
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XI – A Força
chapéu leão posicionamento da boca do leão
Aprendemos até aqui que tudo é energia e que o que chamamos de mal é só uma frequência fora da sintonia adequada. Uma energia aparentemente ruim, se estivesse no lugar certo, produziria resultados bons. Assim, ao dominar a frequência de nossas próprias vibrações podemos produzir sucesso ou fracasso. Momento de colocar a sabedoria acima da visão fragmentada, parcial, de mobilizar a coragem e dominar as crenças negativas, medo, raiva, mágoa e tudo aquilo que nos impede de caminhar.
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XII – O Enforcado
Chegamos a um ponto em que descobrimos muitos talentos e habilidades, que podem ser usados para nos aproximarmos de nossas próprias verdades ou para servir aos interesses alheios, correndo o risco de nos sacrificarmos por tiranos, deixar de lado nosso próprio caminho para apoiar interesses escusos e forca formada por tronco com seis mesquinhos de outras pessoas. Essa galhos cortados em cada lado é a questão que O Enforcado propõe. posição das mãos O sacrifício é necessário mas se posição dos pés sacrificar pelo quê? Qual é o preço a ser pago quando deixamos nossos sonhos de lado? De que forma cedemos às pressões do grupo no qual estamos inseridos? Quando é necessário ceder e quando é necessário nos mantermos firmes em nossas próprias verdades? Momento de se questionar e de estabelecer prioridades.
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XIII – A Morte
caveira em decomposição regeneração cor da vegetação pedaços de corpos
No momento seguinte é necessário transformar o aspecto externo da situação mas não a sua essência. A essência é imutável, é o centro imóvel da Roda da Fortuna, e corresponde ao nosso propósito espiritual, à missão de nossa alma. Se o andarilho está ou realmente conectado à sua verdade, o meio será transformado naturalmente para se sintonizar aos seus ideais mais elevados. Aquilo que é supérfluo deixará de existir ou as pessoas frívolas naturalmente se afastarão. Se não há conexão com essa verdade o Universo sinalizará de alguma forma a necessidade de renovação. Momento de abandonar aquilo que não tem mais utilidade ou significado.
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XIV – A Temperança
androginia asas cântaros flor
A transformação pode ser dolorida mas quando é decorrente da busca interior, mobiliza as forças curativas e consoladoras do Cosmo. Na Temperança o andarilho encontra os anjos, seja espiritualmente, seja através de pessoas que se aproximam para compartilhar beleza, bondade e luz. Momento de ponderação, serenidade e cura.
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XV – O Diabo
androginia asas de morcego chapéu escravos espada quebrada pedestal pés
Se no Enforcado o andarilho reconheceu aquilo que o oprime, aqui ele busca em si mesmo onde assume o papel de opressor e em quais circunstâncias seus êxitos são obtidos por meios escusos como a manipulação física ou psicológica das pessoas ao seu redor. Fortalecido por tudo aquilo que aconteceu até agora, o andarilho se vê diante de mais uma prova: a sedução do caminho mais curto ou mais fácil. Às vezes parece mais fácil manipular as pessoas para que façam algo por nós, principalmente quando descobrimos que temos esse poder, no entanto, qual o custo disso? E até que ponto também não somos manipuláveis, nos deixando seduzir por um modelo de felicidade e bem estar artificialmente produzido? Momento de cultivar a liberdade.
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XVI – A Casa de Deus (ou A Torre)
coroa esferas flutuantes janelas habitantes da torre pluma torre
Quando entramos no caminho espiritual tudo aquilo que não for verdadeiro é destruído. As mentiras encontradas em O Diabo consomem energia para que se mantenham em pé. Destruí-las é sinônimo de liberar essa energia que poderá, então, ser utilizada na realização dos nossos propósitos. Momento de destruição de tudo aquilo que é rígido, fixo, inflexível, de cultivar a humildade e de deixar fluir.
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XVII – A Estrela
acácia ânforas de ouro e prata árvores elementos naturais estrelas nudez pássaro (íbis)
Tendo confrontado algumas mentiras e liberado mais recursos, podemos voltar ao caminho original e continuar a peregrinação rumo ao Templo Interior. Estamos agora na sintonia dos seres espirituais mais elevados que, se já nos inspiravam, agora podem ser sentidos de uma forma mais concreta. A nossa missão pode ser confirmada. Momento de esperança.
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XVIII – A Lua
cão crustáceo (lagostim) gotas invertidas (força coagula) lobo piscina torres de vigia
Entretanto, confirmada a missão, mais uma vez nosso discernimento deve ser usado para saber o que faz parte da nossa verdade interna e o que é centrípeta, fantasia. Quanto mais fortalecidos e conscientes, mais claro é para nós aquilo que nos confunde e nos afasta do caminho. Momento de abandonar a superficialidade, a frivolidade e a alienação.
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XIX – O Sol
A compreensão surge esplendorosa. Somos capazes de perceber com muito mais ferramentas que os cinco crianças sentidos. A voz interna é clara. As gotas que caem (força centrífuga, pessoas que se aproximam estão solve) cada vez mais sintonizadas com o que muro há de melhor em nós. O tipo de conflito que nos traz o crescimento é muito mais sutil. Momento de iluminação.
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XX – O Julgamento
anjo saindo das nuvens casal criança ou defunto ressuscitando
Assim uma nova personalidade surge, orientada pelo Eu Superior, refletindo toda a sua luz e sabedoria. Momento de visão, de tocar os mistérios, de libertação e iniciação.
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XXI – O Mundo
androginia baqueta echarpe guirlanda querubins
E nos tornamos inteiros. O andarilho, que foi aprendiz de feiticeiro, cruzou o vale da morte, conversou com anjos e demônios, viu mundos sendo criados e destruídos, agora está em seu eixo, conectado, restaurado. Muito mais que alegre com as pequenas satisfações, agora ele está realizado, pleno, feliz. Momento de integração e de fim de ciclo.
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O Louco (O Bufão ou O Alquimista)
bordão cachorro guizos na gola trouxa
E no fim do caminho ele pode recomeçar a caminhada, mas dessa vez o que trará na trouxa que carrega no ombro lhe tornará maior e mais forte (seus talentos e habilidades). Não será mais o louco alienado da realidade, manipulado pelo mundo, punido por não fazer parte de um sistema que ele sabe ser injusto, mas alguém que se encontrou, o Senhor de seu próprio Universo. O andarilho só percorreu o Caminho Sagrado porque deixou de fazer escolhas baseadas nas crenças negativas adquiridas nas experiências ruins de seu passado. Também não tem medo de enfrentar o desconhecido porque caminha com fé. Momento de se descomprometer e relaxar.
49 6. Aplicação dos Arcanos Maiores Baseando-se no modelo proposto por Oswald Wirth podemos entender como os arcanos maiores se relacionam colocando-os na seguinte disposição: A B
1 I XXII
2 II XXI
3 III XX
4 IV XIX
5 V XVIII
6 VI XVII
7 VII XVI
8 VIII XV
9 IX XIV
10 X XIII
11 XI XII
Forme onze colunas com duas fileiras de cartas conforme a numeração acima e agora compare:
1
O que te move?
A B
Razão, inteligência, bom senso. (O Mago) Fé, descobertas, aventura. (O Louco)
2
De onde vem as suas respostas?
A B
De dentro, da intuição. (A Papisa) De fora, dos sinais que vejo ao meu redor. (O Mundo)
3
O que você busca?
B
Segurança e satisfação através de uma série de conquistas menores. ( A Imperatriz) Correr riscos e realização através de grandes vitórias. (O Julgamento)
A
4
De onde você obtêm recursos?
A B
Do poder que existe dentro de mim. (O Imperador) Do poder que vem do Universo. (O Sol)
5
Para onde você orienta suas ações?
A B
Para o mundo espiritual. (O Papa) Para o mundo material. (A Lua)
6
Você age baseando-se...
A B
No meu livre arbítrio. (Os Amantes) Na minha missão espiritual. (A Estrela)
7
De onde vêm as maiores lições?
A B
Das conquistas. (O Carro) Dos fracassos. (A Torre)
8
Como você organiza seus recursos?
A B
Com lógica, coerência e bom-senso. (A Justiça) Eu sou bagunceiro, mas isso não é um problema. (O Diabo)
Como você recompõe suas forças?
A
9
Ficando sozinho, estudando, meditando. (O Eremita) Saindo com os amigos, me divertindo, celebrando a vida. (A Temperança)
B
A 10
Você muda... B
11
Normalmente você sente que...
A B
Pela dor. Não gosto de mudanças e quando as coisas mudam é por intervenção da vida. (A Roda da Fortuna) Pelo amor. Reconheço facilmente quando algo precisa ser mudado e participo ativamente nas mudanças. (A Morte) Tenho o poder nas mãos. Sou responsável pelo que me acontece. (A Força) Sou capaz de abrir mão de um objetivo por uma causa maior. Além disso, a vida impõe certos limites. (O Enforcado)
50 7. Métodos de Tiragem Se você está dando seus primeiros passos no estudo do tarô, pratique os métodos que achar mais simples primeiro. Quando tiver experimentado todos os métodos, escolha aqueles com os quais você mais sentiu afinidade. Pratique-os bastante antes de ler tarô para outras pessoas. Sempre guarde seu baralho com as cartas na sequência correta, arcanos maiores de I a XXI, deixando o Louco no começo do baralho, depois de O Julgamento, depois de O Mundo ou no fim do baralho, como você preferir. Depois dos arcanos maiores coloque as cartas de paus, copas, espadas e ouros nessa ordem. Em cada naipe coloque rei, rainha, cavaleiro, pajem e as cartas numeradas de ás a dez. O dez sempre fica por último. A última carta será então dez de ouros ou O Louco. Se outra sequencia lhe parecer mais correta, não hesite em adotá-la, mas mantenha uma sequencia. Antes de o consulente entrar na sala de consulta, costumo fazer uma prece de purificação escrita por Hazrat Inayat Khan, um mestre sufi que viveu na Índia no início do século XX, reproduzida abaixo. Se você conhecer outra prece ou outra técnica de limpeza e quiser usar não há problema, mas faça sempre algo para tornar a energia do local mais propícia à consulta, antes do cliente chegar e depois que ele sair. “Amado Senhor, Deus Todo-Poderoso! Através dos raios de sol, Através das ondas do ar, Através da Vida que habita o espaço, Purificai-me e fazei-me reviver, eu oro. Curai meu corpo, meu coração e minha alma. Amém.” Pegue o baralho. Se for usar apenas um grupo, arcanos menores ou maiores, separe-os. Siga os procedimentos iniciais, no meu caso costumo fazer algumas respirações mais lentas, visualizo uma esfera de luz branca sobre a cabeça do consulente e enquanto mentalizo essa esfera faço mentalmente uma prece pedindo inspiração. Em seguida entregue as cartas ao consulente, se no método descrito for ele quem deve embaralhá-las, ou você as embaralha. Siga as instruções do método escolhido. Se a consulta for uma análise geral, sem perguntas específicas, oriente o consulente a não pensar em um problema específico. Do contrário, enquanto embaralha ou corta as cartas, o consulente deve pensar na questão. O consulente deve sempre dizer a questão em voz alta ao tarólogo ou no mínimo dizer a que área da vida se refere – amor, saúde, trabalho, dinheiro etc. Lembre-se que você não está lá para ser testado, mas para servir de ferramenta, auxiliar o consulente a resolver uma questão difícil ou orientá-lo sobre seu momento atual. Mantenha respeito por si mesmo enquanto profissional e exija ser respeitado. As cartas podem ser embaralhadas de duas formas. A primeira é a mais comum, basta fazer como se faz para embaralhar as cartas em um jogo de baralho comum. Na segunda as cartas são colocadas com as faces voltadas para baixo e misturadas com movimentos circulares no sentido anti-horário, usando ambas as mãos. Tomo cuidado com esse segundo método, alguns
51 consulentes já danificaram meu baralho tentando fazer isso. Instruo sempre para misturar com delicadeza. No geral peço ao cliente que corte o maço em dois e coloco a parte inferior sore a outra para reagrupar as cartas. Quando o cliente questiona se deve cortar com a mão esquerda ou direita, digo que tanto faz e observo qual mão ele usa. Pessoas mais racionais tendem usar a mão direita. Pessoas mais intuitivas usam a mão esquerda. Saber isso torna a minha comunicação posterior com o consulente mais fácil. Entre cada pergunta as cartas devem ser embaralhadas e cortadas novamente. A consulta dura entre uma hora e uma hora e meia. Aviso antecipadamente ao consulente que traga suas perguntas já formuladas, escritas ou não, e a consulta se baseará no que ele trouxer. No entanto, alguns consulentes não têm perguntas. Aí uso métodos como a Mandala Astrológica ou O Caminho Cigano, que trazem informações gerais sobre a vida do consulente. Algumas dicas: Ler as cartas sobre um tecido preto ajuda no processo de percepção das mensagens simbólicas. Além disso, a cor preta serve como um escudo energético. Se preferir, guarde seus baralhos em saquinhos de tecido. Eu costumo tirar das caixas somente os que mais uso. A caixa de papelão que acompanha os baralhos os protege melhor de possíveis danos que o saco de tecido. Ser tarólogo é o resultado de um processo que envolve bastante estudo. Não “decore” os significados das cartas e saia por ai lendo tarô pra todo mundo. Além da possibilidade de suscitar ideias equivocadas nas pessoas (podendo inclusive gerar sofrimentos desnecessários ou expectativas ilusórias), a imagem pública que você construirá não será das melhores e por conta disso, se quiser adotar a profissão de tarólogo, certamente terá grandes dificuldades. Nesse caso é melhor ser paciente, estudar o máximo possível e praticar antes com amigos. Só depois se aventure a realizar consultas para pessoas desconhecidas. Fuja das pessoas que leem tarô “por intuição” ou que ouvem “vozes” que falam com elas durante a consulta. Você pode estar diante de um psicopata. As mensagens que surgem através da intuição são bem mais sutis. Além disso, reforço: ler tarô exige estudo, experiência, paciência e bom-senso. Não tenho dúvidas que um tarólogo surgirá em você após meses de estudo e um tarólogo profissional, após anos, não pela capacidade, mas porque há muitas lições a serem aprendidas e sempre haverá mais. Imagine um médico praticando medicina após dois anos de faculdade ou um psicólogo atendendo depois do quinto semestre. Ler tarô para as pessoas exige, além do conhecimento dos símbolos, da estrutura do baralho, dos métodos e técnicas, habilidades comunicativas e uma boa experiência sobre a condição humana. A prática do tarô, por mais incrível que pareça, é relativamente recente no Brasil. Agora que o tarô se tornou amplamente difundido, ainda nos falta o reconhecimento da seriedade e especificidade do baralho. Ainda temos aquela mentalidade de cursos rápidos. Não é possível aprender tarô em um curso rápido, no máximo seremos apresentados às cartas. Não se iluda.
52 Para realizar uma consulta ao tarô não é necessário criar um altar sobre a mesa, pelo contrário, quanto mais elementos estiverem na mesa de consulta, além do baralho, mais interferências haverá no processo. Se você faz parte de algum grupo, ordem ou religião que sugere práticas relacionadas ao tarô, como alguns grupos wiccanos que sugerem colocar símbolos dos quatro elementos sobre a mesa, procure uma forma de manter o equilíbrio entre o ambiente necessário à consulta e suas próprias crenças. Eu não uso incenso, por exemplo. Alguns consulentes são alérgicos, outros simplesmente não gostam. No máximo coloco uma turmalina negra próxima a mim porque, pessoalmente, acredito nas propriedades de proteção dessa pedra. Entretanto, minhas consultas fluem melhor sob pouca iluminação, de preferência sob a luz de velas.
Um Método Cigano de Cortar o Baralho Eu aprendi esse método com uma senhora cigana há duas décadas. Não o utilizo mas compartilho aqui para quem é adepto às práticas ciganas. O consulente corta o maço de cartas em três montes, respectivamente A, B e C. O tarólogo coloca suas mãos sobre o monte A e diz “dos teus segredos eu sei” e o coloca num movimento circular ao lado do monte C. Em seguida repete o processo com a mão sobre o monte C colocando-o na posição inicial do monte A. A sequencia dos montes será então C, B e A. O tarólogo então coloca a mão sobre o primeiro monte, o C, e diz “Jesus, Maria e São José”. Coloca-o em cima do monte do meio, o B, e repete a jaculatória “Jesus, Maria e São José”. Coloca os dois montes sobre o último, o A, e repete mais uma vez a jaculatória. Quando estiver com os três montes na mão, unidos, diz “Jesus de Nazaré”. Logo em seguida coloca as cartas com a face voltada para baixo em suas respectivas posições de acordo com o método escolhido.
53 A Semente Um excelente exercício para se familiarizar com as cartas é, durante setenta e oito dias, tirar uma carta por dia, pela manhã, logo que acordar. Anote em um diário a carta escolhida, leia o significado dela, medite sobre a mensagem e no fim do dia medite mais um instante sobre a relação entre a mensagem da carta e os acontecimentos do dia. Quando for tirar a carta do dia seguinte, retire do baralho as cartas que foram selecionadas nos dias anteriores. Eu aconselho esse exercício não apenas durante os setenta e oito dias, mas durante todos os períodos de grandes transformações, escolhas ou superação de obstáculos.
O Equilíbrio Dinâmico
Significados das Posições: 1 – O aspecto interno da situação 2 – O aspecto da situação relacionado ao meio
Um método aparentemente simples mas de grande valor é embaralhar e cortar o baralho enquanto mentaliza uma questão, juntar as cartas, espalhá-las em forma de leque e escolher duas cartas. Uma revelará os aspectos internos da situação, seu significado e propósito espiritual, enquanto a outra falará do aspecto externo, como a situação se configurou no mundo concreto. O desafio é não separar os aspectos interno e externo mas entender como um é parte do outro, como a vibração energética (interno) cria a situação (externo). Trata-se de um grande exercício, uma forma de ampliar significativamente a consciência de uma situação.
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A Tríade Cósmica
Nesse método é possível entender uma situação mais específica. As três cartas correspondem às qualidades astrológicas: cardinal, fixo e mutável. Também associado às três pontas do tridente de Shiva, aqui vemos o que causou a situação, o que a mantém e qual a melhor maneira de transformá-la. Siga os procedimentos costumeiros, embaralhar e cortar mentalizando a questão e escolher as três cartas. Significados das Posições: 1 – O que deu origem à situação 2 – O que mantém a situação no momento atual 3 – O que poderá transformar a situação
55 Os Quatro Mundos Método baseado na concepção cabalística dos quatro mundos, nos permite entender uma situação em suas quatro dimensões: literal, simbólica, comparada e oculta ou iniciática.
Significados das Posições: 1 – O aspecto espiritual mais elevado, o lado oculto. 2 – Como a situação se relaciona com o meio. O contexto. 3 – O significado simbólico da situação, a lição a ser aprendida. 4 – A situação em sua forma visível, os fatos.
56 O Pentagrama
Um método mais complexo no qual podemos analisar o momento do consulente. Terra se refere ao dinheiro e trabalho, ar aos estudos, atividades intelectuais e dificuldades a serem superadas, água ao amor, família e amigos próximos, fogo ao objetivos e conquistas em geral e éter ao lado espiritual, o centro em torno do qual as outras cartas “giram”.
Significados das Posições: 1 – Éter: a quintessência 2 – Fogo: espiritual, intuição, vontade 3 – Água: emocional, sentimento 4 – Ar: mental, pensamento 5 – Terra: físico, sensação
57 Outra tiragem por cinco cartas Separe os arcanos maiores, embaralhe-os e corte com a mão direita em dois montes (ou o consulente corta, se a consulta for para outra pessoa). O monte que estava por baixo deve ser colocado sobre o outro. Escolha um número de um a vinte e dois (novamente, se a consulta for feita para outra pessoa, o consulente escolhe o número). De cima para baixo, com a face das cartas voltadas para baixo, conte as cartas até achar a que se encontra na posição numérica referente ao número escolhido. Por exemplo, se o número foi cinco, pegue a quinta carta de cima para baixo. Coloque a carta na posição um. Refaça o processo até a quarta carta. Em seguida some os quatro números escolhidos para obter a quinta carta. Se o número for maior que vinte e dois, some seus dígitos. Por exemplo, se o resultado for quarenta e cinco, some quatro mais cinco e o novo número será nove. Coloque a quinta carta na posição indicada. Significados das Posições: 1 – O que favorece, os recursos e habilidades. 2 – O que atrapalha, os pensamentos, sentimentos e ações que dificultam a realização. 3 – O que deve ser feito. 4 – O resultado. 5 – O centro da questão, a partir do qual as outras cartas devem ser interpretadas.
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A Estrela dos Elfos Gosto bastante desse método, que oferece três possibilidades distintas de interpretação. Na primeira podemos fazer a leitura do momento do consulente em diversas áreas de sua vida, conforme descrito no significado das posições. Na segunda, podemos interpretar uma questão específica sob sete aspectos diferentes, também nos orientando pelo significado apresentado. Na terceira podemos fazer a previsão para uma semana toda sendo que cada carta se relacionaria a um dia
Significados das Posições: 1 – Sol: propósito espiritual, criatividade, vida financeira. Domingo. 2 – Lua: capacidade de adaptação, emoções, mudanças, saúde. Segunda-feira 3 – Marte: energia, sexualidade, força de vontade, cirurgias. Terça-feira 4 – Mercúrio: comércio, comunicação, viagens curtas, intelecto. Quarta-feira. 5 – Júpiter: possibilidades de crescimento, expansão, viagens longas, filosofia de vida. Quinta-feira, 6 – Vênus: relacionamentos, prazeres, arte, beleza, afeição. Sexta-feira. 7 – Saturno: problemas relacionados às dívidas, estrutura, limites e lições cármicas, trabalho, o mestre. Sábado.
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Os Sete Chakras Quando a questão do cliente é relacionada à saúde física ou energética imediatamente uso o método de análise dos chakras, que são centros de captação, armazenamento e distribuição de energia dos nossos corpos. A saúde está absolutamente ligada ao equilíbrio e alinhamento dos chakras. Se um chakra está em desarmonia, isso reverberará por todos os outros corpos produzindo a enfermidade. Geralmente o que desequilibra um chakra são nossos pensamentos e sentimentos. Há como harmonizá-los, mas se a origem da desarmonia não for corrigida, ou seja, se não fizermos nossa higiene mental e emocional diárias, será como colocar mais água em um caneco furado.
Significados das Posições: 7 – Transcendência 6 – Inspiração, autoconhecimento 5 – Conhecimento, expressão criativa 4 – Amor 3 – Poder, identidade e individualidade 2 – Prazer, sexualidade 1 – Segurança, sobrevivência
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A Árvore da Vida Outro método de análise geral, dessa vez baseado na Árvore da Vida, da Cabalá. Para extrair o máximo desse método sugiro uma pesquisa mais ampla sobre o conceito de Árvore da Vida e as associações de cada uma de suas esferas. Significados das Posições: 1 – Aspecto superior 2 – Aspectos invisíveis (força) 3 – Aspectos visíveis (forma) 4 – O que favorece, o que precisa ser desenvolvido 5 – O que dificulta, o que precisa ser abandonado 6 – Conquistas ou conselhos 7 – Sentimentos 8 – Pensamentos 9 – Personalidade 10 – Corpo físico
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A Cruz Celta
Significados das Posições: 1 – O presente 2 – As dificuldades atuais 3 – As forças ocultas 4 – O que pode ser visto 5 – As influências do passado 6 – As possibilidades do futuro 7 – O consulente 8 – O meio 9 – O que deve ser feito 10 – Resultado
Existem muitas variações desse método, que nos países de língua inglesa é o mais popular. A que ensino aqui é uma possibilidade mas não a única. O consulente embaralha os arcanos maiores enquanto mentaliza a pergunta, corta o maço em dois e não toca mais no baralho. O tarólogo une os maços colocando o que estava embaixo sobre o outro e dispõe as dez primeiras cartas nas posições indicadas. A primeira percepção geral é a das cartas do círculo e a das cartas da coluna, que se complementam. No geral o círculo representa os aspectos lunares da situação, aquilo que é pessoal, intuitivo. A linha representa o aspecto solar, racional, aquilo que só se realiza ao ser compartilhado. Depois de sentir os dois aspectos, interprete as cartas uma a uma.
62 A Mandala Astrológica
Significados das Posições: 1 – Personalidade 2 – Posses, fontes de renda 3 – Comunicação, irmãos 4 – Lar, família, os pais 5 – Filhos, diversão 6 – Saúde física, trabalho, obrigações 7 – Relacionamentos 8 – Transformações, espiritualidade, sexualidade 9 – Viagens, educação, filosofia de vida 10 – Carreira, reputação, status, aspirações, destino 11 – Amigos, vida social 12 – Limitações, saúde mental, provações
Método baseado nas casas astrológicas, ideal para fazer uma análise geral da vida do consulente. Pode ser realizado somente com os arcanos maiores; com dois círculos concêntricos, um formado pelos arcanos maiores e outro pelos arcanos menores ou pelos arcanos menores (use trinta e seis cartas, retire do baralho os cavaleiros, dois, três, quatro e cinco). Nesse caso faça três círculos concêntricos, usando as trinta e seis cartas, sendo que o círculo mais interno representa o passado, o do meio o presente e o externo o futuro. Se quiser, use o baralho Lenormand, que já possui as trinta e seis cartas (lembre-se que o significado das cartas do baralho Lenormand será dado no apêndice).
63 O Caminho Cigano
Significados das Posições: Linha superior – Passado Linha do meio – Presente Linha inferior – Futuro Coluna 1 – Personalidade Coluna 2 – Amor Coluna 3 – Família Coluna 4 – Amigos Coluna 5 – Saúde Coluna 6 – Trabalho Coluna 7 – Dinheiro
Nesse método você pode usar somente os arcanos maiores, os maiores e menores ou somente os arcanos menores. Nesse caso retire as cartas dos cavaleiros, dois, três, quatro, cinco, seis e sete, deixando o baralho com trinta e duas cartas. Isso pode parecer estranho para algumas pessoas mas entre os ciganos usar os baralhos de trinta e duas ou trinta e seis cartas (nesse caso os sete permanecem) é bem comum. O baralho cigano é, na verdade, o baralho de trinta e seis cartas ilustrado com imagens segundo os significados atribuídos às cartas por Etteilla, o famoso cartomante francês que viveu no século XVIII. Para usar esse método embaralhe as cartas, peça ao consulente que corte o maço em dois, junte-as e coloque vinte e duas cartas na posição indicada.
64 Conclusão “Se uma joia cair no lago, muitas pessoas cairão na água a fim de recuperá-la, agitando-a até que se torne turva. O homem sábio espera que a água se acalme de modo que a joia venha a brilhar naturalmente, por si própria.” Buda Shakyamuni
Se o aluno se reconhecer enquanto indivíduo com níveis de existência além do material, do concreto, se além de corpo, se perceber mente, sentimentos e espírito, se abrindo para a dimensão transpessoal, terá cumprido o objetivo desse curso. A Alma é o grande Mestre, quem somos quando estamos completos, e é ela quem sabe quais caminhos devemos percorrer (arcanos maiores) para alcançar essa totalidade. Os caminhos da Alma nem sempre são fáceis, porém são gratificantes. A personalidade (cartas da corte) é a identidade que assumimos em uma vida. Temos muitas vidas, em todas elas somos a mesma Alma mas em cada vida apenas uma personalidade. A função da personalidade é desenvolver as ferramentas necessárias à nossa existência no mundo concreto (representadas no tarô pelos arcanos menores). É a personalidade, cujo centro é chamado de ego, que nos faz prestar atenção nos dois lados da rua antes de atravessarmos. Sem ego estaríamos desprotegidos. Porém, por ser o responsável pela nossa integridade física, mental e emocional, mas não ser inteiro, não ver o Todo, o ego se esquece de nosso trabalho espiritual. Como uma mãe superprotetora o ego nos distancia constantemente dos caminhos da Alma porque são sempre estranhos à sua natureza. A Alma não é lógica, racional, linear. Seu mecanismo de ação é intuitivo. Enquanto o ego quer explicar com fórmulas matemáticas a Alma é aquela voz interior que faz o peito doer quando algo não vai bem e que nos faz acordar no meio da noite exaltados numa felicidade sem explicação, com o coração aberto, cheio de Amor. A Alma conversa conosco através de símbolos. Quando a personalidade se distancia do caminho da Alma cria-se um conflito que resulta em doença física, mental e emocional. O tarô é uma ferramenta de transformação, que nos aproxima dos desígnios da Alma.
65 Apêndice Resumo dos Significados Divinatórios Arcanos Maiores O Louco – pode se referir a dois tipos de loucura: a loucura santa ou a insanidade. O louco no início do processo perdeu a noção de sua verdade. Suas prioridades são estabelecidas segundo critérios externos às suas próprias intenções, à sua busca. Ele caminha rumo a um precipício e pode cair. Por outro lado, no fim do processo, o louco tem uma forma de perceber e agir que já não são mais compreendidas pelas pessoas ao seu redor porque ele se libertou de modelos prédeterminados. As camadas mais primitivas de sua alma dialogam com ele. Ele se tornou o santo andarilho, o peregrino que faz de sua própria vida um Caminho Sagrado. 1. O Mago – denota recursos, astúcia, magnetismo. O Mago sabe como prender a atenção das pessoas e dependendo de suas intenções pode usar essa habilidade para interferir positivamente ou manipular sua plateia. Quando o Mago se alinha ao Propósito Maior de sua existência, se torna o Mestre. 2. A Sacerdotisa – está relacionada às mudanças, às fases da lua e à sabedoria interior. 3. A Imperatriz – carta da alegria, das coisas belas, do requinte. Também pode indicar frivolidade e desperdício. 4. O Imperador – carta das conquistas e da ambição. 5. O Hierofante – todo tipo de conhecimento, principalmente os que conduzem ao crescimento espiritual, estudos, dedicação, disciplina. 6. Os Amantes – necessidade urgente de fazer uma escolha, amor romântico, inspiração. 7. O Carro – vitória, sucesso, orgulho, presunção. 8. A Força – coragem, controle, magnetismo sexual. 9. O Ermitão – caminho lento, permanente e guiado pela sabedoria interna. 10. A Roda da Fortuna – sorte, predestinação, mudança. 11. A Justiça – equilíbrio, imparcialidade, vitória em disputas. 12. O Enforcado – perda, sofrimento, punição, pagamento de débitos cármicos. 13. A Morte – regeneração, tempo, transformação. 14. A Temperança – união, parcerias, realização. 15. O Diabo – obsessão, cegueira, avareza. 16. A Torre – remoção de obstáculos através de destruição, conflitos, separações. 17. A Estrela – esperança e fé, auxílio espiritual. 18. A Lua – ilusão, ingenuidade, mentiras. 19. O Sol – ganhos, revelações, ascensão, arrogância. 20. O Julgamento – renascimento, uma situação que se configura sem possibilidade de retrocesso, decisões conclusivas. 21. O Mundo – o mundo material, o ambiente, conclusões, síntese.
66 Arcanos Menores Paus
Copas
Ouros
Espadas
Rei
Altivez, impetuosidade, nobreza, autoritarismo.
Inteligência, coragem, habilidade, dominação.
Trabalho, densidade, avareza, ciúmes.
Rainha
Firmeza, magnetismo, obstinação, dominação.
Romantismo e entusiasmo, sedução e manipulação. Imaginação fértil, capacidade de perceber as coisas bonitas da vida, virtuosidade.
Perspicácia, agilidade, crueldade.
Impetuosidade, timidez, charme, melancolia.
Cavaleiro
Generosidade, nobreza, crueldade e preconceito.
Pessoa amável, firme e corajosa. Pode ser impiedosa.
Idealismo, desconfiança, poder de destruição.
Expansão, ganhos, pessoa calma que quando provocada se torna monstruosa.
Dinamismo e inteligência, desejo de vingança e superficialidade. Injustiça por parte do consulente, dominação sobre os outros, opressão. Força, capacidade de recuperação, momento de dúvida sucedido por vitória. Mensagens, acontecimentos rápidos, inesperados, liberdade.
Doçura e beleza, pessoa sonhadora, bondosa, às vezes egoísta.
Jovem forte e sábio.
Generosidade, benevolência, consumismo.
Objetivo alcançado, fruição dos resultados.
Esforços em vão, ruína, derrota, perdas.
Fortuna, riqueza, velhice.
Desejos realizados, sucesso. Críticas por parte das pessoas próximas.
Doenças, dor.
Ganhos, herança, talvez desonestidade.
Mudança de planos, resultados que não satisfazem, instabilidade.
Obstáculos, limitações, obsessão com detalhes que atrapalha.
Minúcia, habilidade, perspicácia, pequenos ganhos.
Instabilidade, risco de vacilação.
Exploração, perda da dignidade.
Trabalho, viagem. Ansiedade sucedida por sucesso.
Prosperidade, nobreza, vaidade.
Perdas, sabotagem, difamação.
Perdas, ansiedade, dívidas.
Valete
Dez
Nove
Oito
Sete
Adversários, coragem, sorte em disputas.
Seis
Ganhos, prazer, trabalho reconhecido.
Cinco
Competição, imprudência, desejo, crueldade.
Promessas não cumpridas, violência, desperdício de energia. Início das conquistas, contenção, ingratidão. Decepções, conflitos em relacionamentos.
Período de recuperação e descanso sucedido por conflitos.
Quatro
Conclusão, descanso, fruição.
Alegrias com algum inconveniente, sucesso temporário.
Três
Riqueza, arrogância, poder.
Celebração, prazer, generosidade.
Discórdia, tristeza, separação.
Dois
Coragem, ousadia, domínio.
Amor, união, homoerotismo.
Paz, solidariedade, fim de conflitos.
Às
Força, energia.
Beleza, fertilidade.
Grande poder, discernimento, justiça.
Ganhos, influência, mas também avareza, preconceito e descontentamento. Débitos pagos, transações comerciais, utopia. Equilíbrio dinâmico, mudança, movimento. Conquistas materiais, poder.
67 Baralho Lenormand Ilustração
Carta do Baralho Comum
01
O Cavaleiro
09 de Copas
02
O Trevo
06 de Ouros
03
O Navio
10 de Espadas
04
A Casa
Rei de Copas
05
As Árvores
07 de Copas
06
As Nuvens
Rei de Paus
07 08 09 10 11
A Serpente O Caixão O Ramalhete A Foice O Chicote
Rainha de Paus 09 de Ouros Rainha de Espadas Valete de Ouros Valete de Paus
12
Os Pássaros
07 de Ouros
13 14
A Criança A Raposa
Valete de Espadas 09 de Paus
15
O Urso
10 de Paus
16 17
A Estrela A Cegonha
06 de Copas Rainha de Copas
18
O Cão
10 de Copas
19 20 21
A Torre O Jardim A Montanha
06 de Espadas 08 de Espadas 08 de Paus
22
O Caminho
Rainha de Ouros
23
Os Ratos
07 de Paus
24 25
O Coração O Anel
Valete de Copas Ás de Paus
26
O Livro
10 de Ouros
27 28 29 30 31 32
A Carta O Homem A Mulher Os Lírios O Sol A Lua
07 de Espadas Ás de Copas Ás de Espadas Rei de Espadas Ás de Ouros 08 de Copas
33
A Chave
08 de Ouros
34
Os Peixes
Rei de Ouros
35
A Âncora
09 de Espadas
36
A Cruz
06 de Paus
Número
Significado Resumido Notícias de um local distante, chegada de pessoas ou novidades que trazem mudanças. Problemas que se convertem em oportunidades, boa sorte, novas chances. Viagens, mudanças. Questões domésticas, assuntos pessoais, imóveis, pequenos empreendimentos. Saúde, energia, vigor. Obstáculos, dúvidas, presença de pessoas com energia estranha. Traição, mentira, ciúmes, decepção. Melancolia, perdas, pessimismo. Abundância, saciedade, contentamento. Acidentes, cirurgias, rompimentos. Violência, discussão, energia sexual., rigor. Comunicação, parcerias, viagens curtas, negociações concretizadas. Sinceridade, imaturidade, simpatia. Deslealdade, armadilhas, sabotagem. Inveja, ciúmes, proteção, entrada de dinheiro. Sucesso, boa sorte, reconhecimento. Mudança de casa, gravidez, melhorias. Os amigos, lealdade, confiança, estabilidade. Elevação, proteção, longa vida. Reunião, atividades públicas. Obstáculos, adversários. Escolhas, decisões importantes, possibilidades. Furtos, doenças sem gravidade, preocupações. Amor, romance, felicidade. Casamento, parcerias, contratos. Novos conhecimentos, mistérios revelados, segredos desvendados, surpresas. Notícias, documentos, diplomas. Um homem. Uma mulher. Satisfação, apoio, promoções. Otimismo, sucesso, felicidade. Emoções, romances, mediunidade. Soluções de problemas, respostas, reviravoltas. Comércio, trabalho, entrada de dinheiro. Segurança, estabilidade, perseverança, determinação. As limitações impostas pelas condições materiais, problemas que impedem o desenrolar de uma situação mas que não podem ser mudados por razões cármicas, aquilo que deve ser aceito com resignação e humildade. O que está escrito no Livro da Vida. Makhtub.
68 Bibliografia BANZHAF, H. Aprenda a consultar el tarot. 1ª. ed. Madrid: Edaf, 1992. CAMPBELL, J. O herói de mil faces. São Paulo: Pensamento, CIRLOT, J. E. Diccionario de símbolos. 2ª. ed. Barcelona: Editorial Labor, 1969. COOPER, D. A. A cabala e a prática do misticismo judaico. 2ª. Reimpressão. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. COUSTÉ, A. Tarô ou a máquina de imaginar. São Paulo: Global Editora, 1983. ELIADE, M. Imagens e símbolos: ensaio sobre o simbolismo mágico-religioso. 1ª. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991 GUÉNON, R. Os símbolos da ciência sagrada. 2ª. ed. São Paulo: Pensamento, 1989. JANSEN, E. R. O livro das imagens hinduístas: deuses, manifestações e seus significados. 1ª. ed. Diever: Binkey Kok, 1995. JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2011. JUNG, C. G.(Conc. e Org.). O homem e seus símbolos. 10ª. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. KASTRUP, A.; ADIB, L. A vida pelo tarot. Rio de Janeiro: Rocco, 2004. TARÔ. São Paulo: Nova Cultural, 1985. (Coleção A Sua Sorte) VON FRANZ, M. L. A individuação nos contos de fada. São Paulo: Paulinas, 1984. WANG, R. O tarô cabalístico. São Paulo: Pensamento. WIRTH, Oswald. The tarot of the magicians. 2ª. Reimpressão. Maine: Samuel Weiser, Inc., 1990.
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