CURSO DE PORTUGUÊS FGV EM PDF - INTERPRETAÇÃO DE TEXTO.pdf

May 20, 2019 | Author: Rafael Garcia | Category: Language Interpretation, Patent, Languages, Philosophical Science, Ciência
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CURSO DE PORTUGUÊS EM PDF

TEORIA E 150 QUESTÕES COMENTADAS

PROFESSOR WANDERSON FEITOZA

SUMÁRIO

2..................................................... Analisando o edital 3.....................................................Compreensão e interpretação de textos 9.....................................................Questões comentadas

1 Alisando o edital

O edital da Fundação Getúlio Vargas traz o seguinte conteúdo programático: Nível Médio: Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero gêner o do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo); interpretação e organização interna. Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos; emprego de tempos e modos dos verbos em português. Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais; processos de formação de palavras; mecanismos de flexão dos nomes e verbos. Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração; processos de coordenação e subordinação; concordância nominal e verbal; transitividade e regência de nomes e verbos; padrões gerais de colocação pronominal no português; mecanismos de coesão textual. Ortografia. Acentuação gráfica. Emprego do sinal indicativo de crase. Pontuação. Estilística: figuras de linguagem. Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo; variação linguística: norma culta. Observação: os itens deste programa serão considerados sob o ponto de vista textual, ou seja, deverão ser estudados sob o ponto de vista de sua participação na estruturação significativa dos textos.

Nível superior: Elementos de construção do texto e seu sentido: gênero do texto (literário e não literário, narrativo, descritivo e argumentativo); interpretação e organização interna. Semântica: sentido e emprego dos vocábulos; campos semânticos; emprego de tempos e modos dos verbos em português. Morfologia: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais; processos de formação de palavras; mecanismos de flexão dos nomes e verbos. Sintaxe: frase, oração e período; termos da oração; processos de coordenação e subordinação; concordância nominal e verbal; transitividade e regência de nomes e verbos; padrões gerais de colocação pronominal no português; mecanismos de coesão textual. Ortografia. Acentuação gráfica. Emprego do sinal indicativo de crase. Pontuação. Estilística: figuras de linguagem. Reescrita de frases: substituição, deslocamento, paralelismo; variação linguística: norma culta. Observação: os itens deste programa serão considerados sob o ponto de vista textual, ou seja, deverão ser estudados sob o ponto de vista de sua participação na estruturação significativa dos textos.

Mas o que quer dizer esse edital? Vamos nos atentar para um trecho em especial: “[...] os itens deste programa serão considerados sob o ponto de vista textual, ou seja, deverão ser estudados sob o ponto de vista de sua participação na estruturação significativa dos textos.”

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2 Isso quer dizer que todas as questões de Língua Portuguesa terão como foco central o texto. As palavras, frases, expressões serão analisadas a partir de sua significação contextual, ou seja; não serão analisadas de forma isolada, serão analisadas de acordo com sua participação semântica no texto. Em resumo, só poderemos dizer o que algo realmente em conformidade com o que o texto nos diz. Exemplo: Uma boa esposa edifica sua casa. Um bom construtor edifica qualquer casa.

Vamos fazer uma análise isolada, primeiramente, dessas duas palavras destacadas. Edificar, segundo o dicionário Aurélio, significa erguer;  levantar; ou construir algo. Casa, segundo o dicionário Aurélio, significa moradia; construção em alvenaria, com distintos formatos ou tamanhos, normalmente térrea ou com dois andares, geralmente destinada à habitação.

Segundo o mesmo dicionário a palavra CASA tem como sinônimo a palavra MORADIA. Mas podemos fazer essa substituição em ambos os casos?

A resposta é NÃO, uma vez que o valor dentro de cada construção ganhou uma acepção diferente, isto é; valores semânticos distintos. No primeiro caso há o sentido de UNIR A FAMÍLIA, já no segundo; o de “CONSTRUIR UMA MORADIA”. Resumindo…. Não devemos ficar presos ao conceito totalmente gramatical, sim ao conceito textual, ao papel dentro do texto, pois somente o texto vai poder te dar a resposta necessária. Em se tratando de FGV, a atenção deve ser redobrada, pois seu Português não é o convencional e ela tem preferência por alguns temas que se repetem prova após prova. A banca não é subjetiva como muitos pensam, é LÓGICA. Atenção ao enunciado, comando da questão é o ponto chave para responder à questão.

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3 Aula I - Compreensão e interpretação de textos

Esse tópico representa mais de 60% de uma prova elaborada pela FGV. É o ponto chave de uma boa prova, o maior carrasco, no que diz respeito à perda de pontos pelos candidatos. Primeiramente vamos observar estas duas questões criadas somente para este curso:

1 . O professor é tão lindo que até o reflexo, quando se olha no espelho, foge com medo. DE ACORDO COM O TEXTO, QUAL A ALTERNATIVA CORRETA:

a) O lente é bonito a ponto de causar medo em sua própria imagem refletida. b) O professor gosta de se olhar no espelho. c) O professor é feio. d) O espelho estava quebrado e) O professor tem medo de si mesmo.

2 . O professor é tão lindo que até o reflexo, quando se olha no espelho, foge com medo.

Infere-se do texto que: a) O lente é bonito a ponto de causar medo em sua própria imagem refletida. b) O professor gosta de se olhar no espelho. c) O professor é feio. d) O espelho estava quebrado e) O professor tem medo de si mesmo.

O gabarito será dado por você no final desta aula!!

Como interpretar textos?

É muito comum, entre os candidatos a um cargo público a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a concursos públicos.

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4 Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder as questões relacionadas a textos. TEXTO é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR). CONTEXTO –  um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação dá-se o nome de CONTEXTO. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande, que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.

Vamos a um exemplo prático... Bem prático mesmo!! Quem assistiu à franquia Crepúsculo? Eu fui obrigado, na época, por minha ex-mulher a assistir o último filme, uma vez que recusei a ir aos 2 anteriores. Dormi na metade do filme e acordei bem na hora em que o lobisomem queria comer o vampiro (muitos risos.... Não levem para o lado da maldade, tenho um amigo lobisomem e um vampiro). Enfim, voltando ao exemplo. Não entendi nada que estava acontecendo ali. Sabem me dizer qual a razão? Exatamente, faltavam-me informações que havia perdido nos filmes anteriores e na metade do último, logo não poderia entender nada do que se passava; não tinha o contexto original. Assim são as provas da FGV, caso você não retorne ao texto para saber de onde aquilo veio, para onde ele te leva e o que significa dentro do texto; fatalmente você errará a questão. O contexto é o encadeamento lógico dos fatos, se um dos elos for quebrado, o significado perderá seu sentido contextual. DICA MAIS QUE IMPORTANTE: SEMPRE VOLTE AO TEXTO, QUANTAS VEZES FOREM NECESSÁRIAS!

Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: 1. IDENTIFICAR  –   é reconhecer os elementos fundamentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o tempo). 2. COMPARAR –  é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto.

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5 3. COMENTAR - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 4. RESUMIR  –   é concentrar as ideias centrais e/ou secundárias em um só parágrafo. 5. PARAFRASEAR –  é reescrever o texto com outras palavras. (Importante: a paráfrase está sempre relacionada a questões de compreensão textual e de reescrita dos segmentos do texto.) CONDIÇÕES BÁSICAS PARA INTERPRETAR a) Conhecimento Histórico  –   literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática; b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; OBSERVAÇÃO –  na semântica (significado das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conotação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de linguagem, entre outros. c) Capacidade de observação e de síntese e d) Capacidade de raciocínio. Todo texto tem elementos EXPLÍCITOS e elementos IMPLÍCITOS. COLOQUE NA SUA CABECINHA QUE SÃO DUAS COIAS DISTINTAS, DUAS COISAS DIFERENTES. E A FGV VAI PERGUNTAR DE VOCÊ ISSO, A BANCA VAI PEDIR PARA VOCÊ IDENTIFICAR ORA O QUE ESTÁ EXPLÍCITO, ORA O QUE ESTÁ IMPLÍCITO. TODAVIA, EM PROVAS BEM RECENTES, TEM PEDIDO PARA APONTAR A ALTERNATIVA QUE NÃO FEZ PARTE DO TEXTO, OU SEJA; ALGO QUE NÃO ESTÁ EXPLÍCITO NEM IMPLÍCITO NA CONSTRUÇÃO TEXTUAL. Quando escrevemos, sempre temos em mente que nosso leitor já possui um certo conhecimento de mundo capaz de compreender algumas coisas sem precisar serem ditas –  isso se chama POSTO OU COMPREENSÃO TEXTUAL; Há textos que exigem de nós reflexão sobre o que é dito por detrás, nas entrelinhas, após análise  –   isso se chama PRESSUPOSTO OU IINTERPRETAÇÃO TEXTUAL; Exemplos: O concurseiro deixou de sair aos sábados para estudar mais. (Pressuposto: o concurseiro saía todos os sábados.) O novo fiscal de rendas continua estudando para concursos. (Pressuposto: o fiscal estudava antes de passar.) A espera dos candidatos pelo gabarito oficial acabou.

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6 (Pressuposto: os candidatos estavam esperando o resultado.) Felizmente, não preciso mais estudar. (Pressuposto: o emissor considera a informação boa)

Após uma hora de prova, metade das pessoas já havia saído. (Pressuposto: algo aconteceu antes do tempo.)

Desafio: [...] Até agora não pudemos saber que haja ouro nem pra nem alguma coisa de metal[...] •

Sabe me dizer qual o pressuposto desse trecho da carta de Caminha? ISSO!!!!! ATÉ AQUELE MOMENTO NA ENCONTRARAM O QUE PROCURAVAM, MAS CONTINUARIAM A BUSCA NA ESPERANÇA DE ENCONTRAR. Mas vamos agora para o ponto chave dessa aula? A diferença entre INTERPRETAR E COMPREENDER. INTERPRETAR x COMPREENDER Na interpretação você vai procurar os elementos implícitos na construção textual, aquilo que ficou subentendido, fora do texto, a intenção do autor a dizer algo, aquilo que alguém quis dizer, algo que é possível deduzir, inferir. E como saber que a banca quer uma resposta interpretativa? O enunciado vai falar pra você! Então se liga que vou te mostrar os tipos de enunciados: INTERPRETAR SIGNIFICA: EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. - TIPOS DE ENUNCIADOS • Através do texto, INFERE -SE que... • É possível DEDUZIR que... • O autor permite CONCLUIR que... • Qual é a INTENÇÃO do autor ao afirmar que... Na compreensão você vai buscar os elementos literais, aquilo que está explícito no texto, escrito, de forma clara, vai buscar o que foi dito pelo autor em gênero. Número e grau, a reposta está dentro do texto.

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7 E como saber que a banca quer uma resposta que está explícita no texto? O enunciado vai falar pra você! Então se liga que vou te mostrar os tipos de enunciados novamente: COMPREENDER SIGNIFICA

INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE REALMENTE ESTÁ ESCRITO. - TIPOS DE ENUNCIADOS: • O texto DIZ que... • É SUGERIDO pelo autor que... • De acordo com o texto, é CORRETA ou ERRADA a afirmação... • O narrador AFIRMA... Agora tenho certeza de que você sabe responder às duas questões lá do início da nossa aula. Exatamente: 1 –  letra A (e nem preciso mais dizer a razão) 2 –   letra C (também não preciso dizer a razão, uma vez que você já é fera na diferença dos estilos de questões) Mas você pensa que acabou?

Não, se liga nestas dicas adiante: ERROS DE INTERPRETAÇÃO –  tudo que você não deve fazer numa prova a) Extrapolação (viagem) Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. b) Redução É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido.

c) Contradição Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendoo tirar conclusões equivocadas e, consequentemente, errando a questão. OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso qualquer, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais.

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8 Agora sim, nossa primeira aula foi concluída…. A seguir vamos à resolução de questões com comentários lógicos e contundentes, para que não reste dúvidas nessa sua cabecinha que pirava com a Fundação Getúlio Vargas.

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9 Aula II –  Questões comentadas

Texto Volta à polêmica sobre patente de remédios Patentes de medicamentos geralmente são reconhecidas pelo prazo de dez anos, de acordo com regras internacionais aceitas por muitos países. Esse prazo inclui a fase final de desenvolvimento dos medicamentos, chamada pipeline no jargão técnico. Muitas vezes, esse período até o lançamento comercial do produto pode levar até quatro anos, de modo que em vários casos o laboratório terá efetivamente cerca de seis anos de proteção exclusiva para obter no mercado o retorno do investimento feito. A partir da perda de validade da patente, o medicamento estará sujeito à concorrência de produtos similares e genéricos que contenham princípios ativos encontrados no original. Por não embutirem os custos de pesquisa e desenvolvimento do produto original, os genéricos e similares podem ser lançados a preços mais baixos do que os dos medicamentos de marca, que, no período de proteção exclusiva, tiveram a oportunidade de conquistar a confiança do consumidor e dos médicos que os prescrevem para seus pacientes. A pesquisa para obtenção de novos medicamentos comprovadamente eficazes envolve somas elevadíssimas. Daí que geralmente as empresas que estão no topo da indústria farmacêutica são grandes grupos internacionais, ficando os laboratórios regionais mais voltados para a produção de genéricos e similares. A necessidade de se remunerar o investimento realizado faz com que, não raramente, os remédios sejam caros em relação à renda da maioria das pessoas, e isso provoca conflitos de toda ordem, em especial nos países menos desenvolvidos, onde se encontram também as maiores parcelas da população que sofrem de doenças endêmicas, causadas por falta de saneamento básico, habitação insalubre, deficiências na alimentação etc. Muitas vezes para reduzir o custo da distribuição de medicamentos nas redes públicas os governos investem em laboratórios estatais, que se financiam com subsídios e verbas oficiais, diferentemente de empresas, que precisam do lucro para se manterem no mercado. Esse conflito chega em alguns momentos ao ponto de quebra de patente por parte dos países que se sentem prejudicados. O Brasil mesmo já recorreu a essa decisão extrema em relação ao coquetel de remédios para tratamento dos pacientes portadores do vírus HIV e dos que sofrem com a AIDS, chegando depois a um entendimento com os laboratórios. O tema da quebra de patente voltou à tona depois que a Corte Superior da Índia não reconheceu como inovação um medicamento para tratamento do câncer que o laboratório suíço Novartis considera evolução do seu remédio original, Glivec. A patente foi reconhecida nos Estados Unidos e em outros 39 países, o que provocou a polêmica.

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10 O Brasil hoje é cauteloso nessa questão. Optou por uma atitude mais pragmática, que tem dado bons resultados e permitido, inclusive, o desenvolvimento de novos medicamentos no país. A quebra de patente não pode ser banalizada. (O Globo, 07/04/2013)

Questão 1 O texto justifica uma série de realidades na área de patentes de medicamentos. Nas alternativas a seguir, o fato e a justificativa apresentada casam perfeitamente, à exceção de uma. Assinale-a. (A) Os preços dos genéricos e similares são mais baixos porque seus fabricantes não gastaram dinheiro em pesquisas. (B) Os genéricos não são tão eficientes em sua utilização porque só apresentam os princípios ativos dos remédios originais. (C) Os remédios são caros, em muitas vezes, em relação à renda da maioria das pessoas nos países menos desenvolvidos. (D) Casos de quebras de patentes provém do conflito entre necessidade social e preços dos medicamentos. (E) Os laboratórios necessitam de lucro na venda de medicamentos a fim de manterem o alto nível da pesquisa. Gabarito letra B

Comentário: Questão de compreensão textual. Ao falar que o texto apresenta uma série de justificativas, significa que fatos foram apresentados e foram justificados no textos, 4 justificativas se referiam a 4 fatos tratados pelo autor, uma apenas não está presente. Exatamente a letra B. Em momento algum, o autor do texto fala sobre a eficiência dos medicamentos, sejam eles genéricos ou de marca. Para responder a essa questão, bastava voltar ao texto e ver que a  justificativa relatada, na letra mencionada, sequer faz parte do texto, explícita ou implicitamente.

Questão 2 O primeiro parágrafo do texto argumenta que “em vários casos o laboratório terá efetivamente cerca de seis anos de proteção exclusiva para obter no mercado o retorno do investimento feito”. Considerando somente o que está escrito no segmento acima, é correto concluir que (A) a proteção exclusiva é indispensável para a manutenção da pesquisa, embora os lucros ultrapassem de muito os investimentos nessa área. (B) os laboratórios não visam ao lucro, mas sim ao retorno dos investimentos feitos nas pesquisas.

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11 (C) o tempo reservado para a venda do produto com proteção exclusiva é suficientemente largo para a obtenção de lucros. (D) o tempo efetivo de venda exclusiva do produto é sempre menor do que o dedicado à sua pesquisa e criação. (E) todos os laboratórios de medicamentos recebem verbas públicas a fim de poderem manter sua qualidade de produção científica. Gabarito letra B

Comentário: Atenção ao enunciado da questão é o “ponto-chave” para responder com êxito a questões da Fundação Getúlio Vargas. Observem o comendo dessa questão: ‘[...]Considerando somente o que está escrito no segmento acima, é correto concluir que’ O comando, através da expressão concluir, pede que você faça uma interpretação, tire uma conclusão, faça uma inferência. Mas, Professor, o texto nos leva a inferir, a interpretar que as grandes indústrias querem lucrar, por isso brigam contra a quebra de patente. COM TODA CERTEZA... Contudo o comando da questão diz para você desprezar o restante do texto e analisar somente o trecho dado por ela nessa questão. Observe: “[...]em vários casos o laboratório terá efetivamente cerca de seis anos de proteção exclusiva para obter no mercado o retorno do investimento feito” Em algum momento se fala que as empresas visam ao lucro? Esse trecho só nos mostra que elas querem apenas o retorno do investimento que fizeram. Logo, seguindo apenas as informações desse trecho pedido pela banca, só podemos concluir que elas não querem o lucro, mas o retorno de seu investimento. Mas.... Se tivesse sido pedido para concluir algo sobre todo o texto, as empresas, certamente, visam ao lucro.;) Texto Derrota da Censura A decisão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de aprovar em caráter conclusivo o projeto que autoriza a divulgação de imagens, escritos e informações biográficas de pessoas públicas pode ser um marco na história da liberdade de expressão no país. Até agora, o Brasil vem caminhando no obscurantismo no tocante à publicação ou filmagem de biografias. O artigo 20 do Código Civil bate de frente com a Constituição, que veta a censura. Só informações avalizadas pelo biografado ou pela sua família podem ser mostradas. É o império da chapa branca, cravado numa sociedade que caminha para o pluralismo, a transparência, a troca de opiniões.

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12 O brasileiro vê estupefato uma biografia de Roberto Carlos sendo recolhida e queimada; biografias de Guimarães Rosa e Raul Seixas sendo proibidas de circular; inúmeros filmes vetados por famílias que se julgam no direito de determinar o que pode ou não pode ser dito sobre qualquer pessoa. Exatamente o que os generais acreditavam poder fazer em relação a jornais, rádios e televisão. [....] O projeto aprovado na CCJ abre caminho para que a sociedade seja amplamente informada sobre seus homens públicos, seus políticos, seus artistas, não apenas através de denúncias, mas também de interpretações. O livro publicado sobre Roberto Carlos era laudatório; o mesmo acontecia com o documentário de Glauber Rocha, também proibido, sobre Di Cavalcanti. [....] A alteração votada abre um leque extraordinário ao desenvolvimento da produção cultural neste país. Mais livros serão escritos, mais filmes serão realizados, mais trajetórias políticas e artísticas serão debatidas. (Nelson Hoineff –  O Globo, 11/04/2013)

Questão 3 “Até agora, o Brasil vem caminhando no obscurantismo no tocante à publicação ou filmagem de biografias. O artigo 20 do Código Civil bate de frente com a Constituição, que veta a censura. Só informações avalizadas pelo biografado ou pela sua família podem ser mostradas. É o império da chapa branca, cravado numa sociedade que caminha para o pluralismo, a transparência, a troca de opiniões”. O trecho sublinhado mostra (A) um ponto de vista apoiado pelo autor do texto. (B) um ponto de vista defendido pelo projeto que foi aprovado na CCJ. (C) um item já abandonado na lei antiga. (D) uma posição criticada pelo autor do texto. (E) um parecer dos países mais desenvolvidos. Gabarito letra B

Comentário: O texto fala sobre a censura nos dias atuais (nesse caso a atualidade do momento da produção textual), fala sobre a autorização da publicação de biografias de pessoas públicas. Essas biografias eram proibidas, até então, sendo somente liberadas com autorização do próprio biografado ou de sua família. Posição criticada claramente pelo autor do texto, o que fica evidente com todo o contexto do primeiro parágrafo: “A decisão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de aprovar em caráter conclusivo o projeto que autoriza a divulgação de imagens, escritos e informações biográficas de pessoas públicas pode ser um marco na história da liberdade de expressão no país. Até agora, o

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13 Brasil vem caminhando no obscurantismo no tocante à publicação ou filmagem de biografias. “~ Texto Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com outros acho que nem se misturam (...) Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data. Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como um filme em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá sentido, princípio, meio e fim, mas como um álbum de retratos, cada um completo em si mesmo, cada um contendo o sentido inteiro. Talvez seja esse o jeito de escrever sobre a alma em cuja memória se encontram as coisas eternas, que permanecem... (Guimarães Rosa. Apud Rubem Alves. Na morada das palavras. Campinas: Papirus, 2003. p. 139)

Questão 4 “Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares.” NÃO está de acordo com o trecho em destaque ou parte dele: (A) Contar é algo difícil por causa da astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. (B) A dificuldade de contar não é por causa dos anos que já se passaram. (C) Embora os anos tenham se passado, contar não é muito dificultoso. (D) A dificuldade de contar existe e está ligada a certos tipos de lembranças. (E) Certas coisas passadas têm a astúcia de fazer balancê, ou seja, de mexerem com a gente. Gabarito letra C

Comentário: Umas das questões mais frequentes da Banca. Pede a reescrita que altera seu sentido original. Mais raramente, é pedido aquele que mantém o sentido original. Ao falar que não está de acordo com o trecho em destaque ou parte dele, quer dizer que em 4 alternativas há reescrita correta do trecho ou de apenas parte dele. No texto é dito que

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14 contar É DIFICULTOSO, contudo na alternativa C, é dito que contar NÃO É DIFICULTOSO, o que torna sua reescrita diferente do que está no texto. Questão 5

Gabarito letra C Comentário: Questão que testa, ao máximo, sua capacidade de observação, de síntese de raciocínio. Observe o que o enunciado de cada assertiva: I  –   A charge critica vários setores da sociedade, inclusive o cidadão comum. Correto: Podemos ver uma crítica aos políticos, à iniciativa privada, à polícia, bandidos e ao homem comum. II  –   As vestimentas dos personagens da charge colaboram essencialmente para a sua identificação. Errado: Façam de conta que não existem as falas dos personagens, que só há as figuras. Você saberia dizer quem é o político, e quem é o empresário? Certamente não, o que contribui essencialmente para a identificação são as falas, não as vestimentas. Como aquele velho ditado: não se julga o livro pela capa. III –   Como a leitura da charge se processa da esquerda para a direita, última fala ganha mais importância que as demais.

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15 Corretíssima: quando você chega ao último personagem que fica à direita, você é obrigado a voltar à primeira fala. Como se fosse dito assim: “A culpa de tudo isso que ocorreu antes é toda minha”. Portanto I e III estão corretos.... ;) Texto Utopias e distopias Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava. A primeira, que deu nome às várias fantasias de um mundo perfeito que viriam depois, foi inventada por sir Thomas Morus em 1516. Dizem que ele se inspirou nas descobertas recentes do Novo Mundo, e mais especificamente do Brasil, para descrever sua sociedade ideal, que significaria um renascimento para a humanidade, livre dos vícios do mundo antigo. Na Utopia de Morus o direito à educação e à saúde seria universal, a diversidade religiosa seria tolerada e a propriedade privada, proibida. O governo seria exercido por um príncipe eleito, que poderia ser substituído se mostrasse alguma tendência para a tirania, e as leis seriam tão simples que dispensariam a existência de advogados. Mas para que tudo isso funcionasse Morus prescrevia dois escravos para cada família, recrutados entre criminosos e prisioneiros de guerra. Além disso, o príncipe deveria ser sempre homem e as mulheres tinham menos direitos que os homens. Morus tirou o nome da sua sociedade perfeita da palavra grega para “lugar nenhum”, o que de saída já significava que ela só poderia existir mesmo na sua imaginação. Platão imaginou uma república idílica em que os governantes seriam filósofos, ou os filósofos governantes. Nem ele nem os outros filósofos gregos da sua época se importavam muito com o fato de viverem numa sociedade escravocrata. Em “Candide”, Voltaire colocou sua sociedade ideal, onde havia muitas escolas mas nenhuma prisão, em El Dorado, mas “Candide” é menos uma visão de um mundo perfeito do que uma sátira da ingenuidade humana. Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas. Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas para guiá-los mesmo sem motorista. Isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um helicóptero em cada garagem. Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia. (Veríssimo, Luiz Fernando. O Globo, 22/12/2013)

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16 Questão 6 Segundo o texto, as utopias (A) só tinham sentido nas antigas sociedades. (B) estão fadadas ao fracasso. (C) faziam parte da mitologia e não da realidade. (D) perturbam a visão da realidade. (E) fazem os homens esquecer seus problemas. Gabarito letra B

Comentário: O negócio é o seguinte: Você está proibido de errar esse tipo de questão. Nem vou perguntar se é uma questão de compreensão ou de interpretação de textos, a tua obrigação agora é saber que é uma questão de compreensão textual, ou seja; a banca perguntou nessa questão dessa prova (uma prova muito gostosa de se responder por sinal) o que está escrito no texto, qual a posição do autor sobre as utopias, o que ele fala sobre utopias. No texto, o tempo inteiro, ele diz que as utopias nunca se concretizam, que sempre terminam antes de começar, em outras palavras “ESTÃO FADADAS AO FRACASSO”. Fato Que fica evidente no trecho “Utopias e distopias Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava[...]”

Questão 7 “Todas as utopias imaginadas até hoje acabaram em distopias, ou tinham na sua origem um defeito que as condenava”. Sobre os componentes dessa primeira frase do texto, assinale a afirmativa correta. (A) “até” indica um ponto limite no espaço. (B) “hoje” se refere ao momento de produção do texto. (C) “sua” se refere a “distopias”. (D) “que” tem por antecedente “origem”. (E) “as” substitui “utopias” e “distopias”. Gabarito letra B

Comentário: Questão bem interessante, testa a capacidade de raciocínio do candidato, aborda uma lógica argumentativa que muitos deixam passar batida. Ao falar “ATÉ HOJE”, o autor do texto se refere a fatos que aconteceram antes da produção do texto e continuaram acontecendo até aquele dia, dia em que ele –  AUTOR - escreveu o texto. Então o hoje a que o escritor se refere é o momento da produção textual, o diz em que ele escreveu o texto.

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17 Questão 8 O dicionário de Antônio Houaiss define “distopia” como “qualquer representação ou descrição de uma organização social caracterizada por condições de vida insuportáveis”. No texto são citados cinco exemplos de utopias: I. a utopia de Tomas Morus; II. a república idílica de Platão; III. a sociedade ideal do “Candide”; IV. a redenção da classe trabalhadora de Marx e Engels; V. a utopia possível do automóvel. As utopias que podem ser consideradas distopias são: (A) apenas as citadas em I e II. (B) apenas as citadas em II e III. (C) apenas as citadas em III e IV. (D) apenas as citadas em IV e V. (E) apenas as citadas em I e III. Gabarito letra D

Comentário: Muito cuidado com o que a banca quer: O que é pedido é o exemplo de utopia que também são distopias, ou seja; podemos ver claramente que não vamos procurar o contrário de utopia no texto, vamos buscar as utopias que se mostram condições de vida insuportáveis. Então vamos atrás de algo real, algo que tenha se concretizado, mas que não seja uma coisa boa, sim algo ruim: “[...]Marx e Engels e outros pensadores previram um futuro redentor em que a emancipação da classe trabalhadora traria igualdade e justiça para todos. O sonho acabou no totalitarismo soviético e na sua demolição. Até John Lennon, na canção “Imagine”, propôs sua utopia, na qual não haveria, entre outros atrasos, violência e religião. Ele mesmo foi vítima da violência, enquanto no mundo todo e cada vez mais as pessoas se entregam a religiões e se matam por elas. Quando surgiu e se popularizou o automóvel anunciou-se uma utopia possível. No futuro previsto os carros ofereceriam transporte rápido e lazer inédito em estradas magnetizadas para guiá-los mesmo sem motorista. Isso se os carros não voassem, ou se não houvesse um helicóptero em cada garagem. Nada disso aconteceu. Foi outra utopia que pifou. Hoje vivemos em meio à sua negação, em engarrafamentos intermináveis, em chacinas nas estradas e num caos que só aumenta, sem solução à vista. Mais uma vez, deu distopia.” Viram como o autor define as utopias de Marx e Angels e a do automóvel, continuam sendo sonhos que não deram certo, por terem se transformado em algo ruim, e lá no fim ele diz: “Mais uma vez deu distopia.”

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18 Questão 9 “O governo seria exercido por um príncipe eleito”. Assinale a alternativa que indica a forma de reescrever-se essa frase do texto que modifica o seu sentido original. (A) Um príncipe eleito exerceria o governo. (B) O governo, esse seria exercido por um príncipe eleito. (C) Eleito, um príncipe exerceria o governo. (D) O governo, um príncipe eleito o exerceria. (E) Quem exercia o governo era um príncipe eleito. Gabarito letra E Comentário: Mais uma vez, a questão que está em todas as provas da temida FGV. Como falei anteriormente, nesse tipo de questão; o que se pede na maioria das vezes é a reescrita que altera o sentido original do texto. Para responder, temos que dar atenção a algo bem simples: O tempo e modo verbal do texto original. Temos o futuro do pretérito composto (Enuncia um fato que poderia ter ocorrido posteriormente a um determinado fato passado), enquanto na letra E, temos o Pretérito Imperfeito do Indicativo. Texto Brasileiro, Homem do Amanhã (Paulo Mendes Campos) Há em nosso povo duas constantes que nos induzem a sustentar que o Brasil é o único país brasileiro de todo o mundo. Brasileiro até demais. Colunas da brasilidade, as duas colunas são: a capacidade de dar um  jeito; a capacidade de adiar. A primeira é ainda escassamente conhecida, e nada compreendida, no Exterior; a segunda, no entanto,  já anda bastante divulgada lá fora, sem que, direta ou sistematicamente, o corpo diplomático contribua para isso. Aquilo que Oscar Wilde e Mark Twain diziam apenas por humorismo (nunca se fazer amanhã aquilo que se pode fazer depois de amanhã), não é no Brasil uma deliberada norma de conduta, uma diretriz fundamental. Não, é mais, é bem mais forte do que qualquer princípio da vontade: é um instinto inelutável, uma força espontânea da estranha e surpreendente raça brasileira. Para o brasileiro, os atos fundamentais da existência são: nascimento, reprodução, procrastinação e morte (esta última, se possível, também adiada). Adiamos em virtude dum verdadeiro e inevitável estímulo inibitório, do mesmo modo que protegemos os olhos com a mão ao surgir na nossa frente um foco luminoso intenso. A coisa deu em reflexo condicionado: proposto qualquer problema a um brasileiro, ele reage de pronto com as palavras: logo à tarde, só à noite; amanhã; segunda-feira; depois do Carnaval; no ano que vem. Adiamos tudo: o bem e o mal, o bom e o mau, que não se confundem, mas tantas vezes se

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19 desemparelham. Adiamos o trabalho, o encontro, o almoço, o telefonema, o dentista, o dentista nos adia, a conversa séria, o pagamento do imposto de renda, as férias, a reforma agrária, o seguro de vida, o exame médico, a visita de pêsames, o conserto do automóvel, o concerto de Beethoven, o túnel para Niterói, a festa de aniversário da criança, as relações com a China, tudo. Até o amor. Só a morte e a promissória são mais ou menos pontuais entre nós. Mesmo assim, há remédio para a promissória: o adiamento bi ou trimestral da reforma, uma instituição sacrossanta no Brasil. Quanto à morte não devem ser esquecidos dois poemas típicos do Romantismo: na Canção do Exílio, Gonçalves Dias roga a Deus não permitir que morra sem que volte para lá, isto é, para cá. Já Álvares de Azevedo tem aquele famoso poema cujo refrão é sintomaticamente brasileiro: “Se eu morresse amanhã!”. Como se vê, nem os românticos aceitavam morrer hoje, postulando a Deus prazos mais confortáveis. Sim, adiamos por força dum incoercível destino nacional, do mesmo modo que, por obra do fado, o francês poupa dinheiro, o inglês confia no Times, o português adora bacalhau, o alemão trabalha com um furor disciplinado, o espanhol se excita com a morte, o japonês esconde o pensamento, o americano escolhe sempre a gravata mais colorida. O brasileiro adia, logo existe. A divulgação dessa nossa capacidade autóctone para a incessante delonga transpõe as fronteiras e o Atlântico. A verdade é que já está nos manuais. Ainda há pouco, lendo um livro francês sobre o Brasil, incluído numa coleção quase didática de viagens, encontrei no fim do volume algumas informações essenciais sobre nós e sobre a nossa terra. Entre poucos endereços de embaixadas e consulados, estatísticas, indicações culinárias, o autor intercalou o seguinte tópico: Palavras Hier: ontem Aujourd’hui: hoje Demain: amanhã A única palavra importante é “amanhã”. Ora, este francês astuto agarrou-nos pela perna. O resto eu adio para a semana que vem.

Questão 10 Sobre a organização desse texto, pode-se afirmar que sua estrutura: (A) se organiza a partir das duas marcas de brasilidade apontadas, embora somente uma delas seja explorada de forma sociologicamente séria; (B) destaca, entre outras, duas marcas do brasileiro moderno, valorizando mesmo os aspectos negativos nelas contidos; (C) cita, no título da crônica, uma marca de nossa brasilidade, que é indicada como a marca exclusiva de nosso modo de ver a vida; (D) alude a duas marcas de brasilidade, mas destaca apenas uma delas, por ser aquela que faz parte de nossos movimentos literários;

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20 (E) concentra atenção numa das duas marcas apontadas inicialmente, atribuindo à outra extensão textual e importância reduzida. Gabarito letra E Podemos ver que o texto se inicia falando de duas marcas da brasilidade, logo depois a primeira citada no texto não é mais abordada pelo autor, ficando suas atenções totalmente voltadas para a marca chamada pelo autor de “A capacidade de adiar ”. Ao dizer que atribuiu à outra extensão textual e importância reduzida, isso quis dizer que não se importou mais com a primeira marca citada, e não se escreveu mais sobre ela. Só se escreveu sobre a capacidade de adiar, só se importou com a capacidade de adiar.

“Então é isto, queridos alunos! Nossa primeira aula termina aqui. Espero, do fundo do meu coração, que eu tenha ajudado a fazer entender os dois temas mais complexos de uma prova de concurso elaborada pela FGV: Compreensão e interpretação textual.”

"Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas."  Sun Tzu

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