Curso De Cuidador De Idosos
Short Description
Download Curso De Cuidador De Idosos...
Description
Queda é uma mudança de posição inesperada, não intencional que faz com que o indivíduo permaneça em um nível inferior, por exemplo, sobre o mobiliário ou no chão. Este evento não é conseqüência de uma paralisia súbita, ataque epilético ou força externa extrema (25). Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem e do tipo de conseqüência advinda do evento. A queda acidental é aquele evento único que dificilmente voltará a se repetir e é decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, em geral pela presença de um fator de risco ambiental danoso, como um piso escorregadio, um degrau sem sinalização ou devido à atitudes de risco como por exemplo,subir em banquinhos. Em contrapartida, a queda recorrente, expressa a presença de fatores etiológicos intrínsecos como doenças crônicas, poli farmácia, distúrbios do equilíbrio corporal, déficits sensoriais, dentre outros. A queda pode ainda ser dividida de acordo com a presença ou não de lesões. As quedas com lesões graves são consideradas aquelas cuja conseqüência é uma fratura, trauma crânio-encefálico ou luxação. Abrasões, cortes, escoriações e hematomas são considerados lesões leves. Há ainda, a classificação de acordo com o tempo de permanência no chão. A queda prolongada no chão é aquela em que o idoso permanece caído por mais de 15 a 20 minutos por incapacidade de levantar-se sem ajuda. Os idosos que são mais predispostos a sofrerem quedas prolongadas são os idosos com 80 anos ou mais, com dificuldade em atividades de vida diária, que têm disfunções em membros inferiores, tomam sedativos e moram sozinhos ou permanecem por longos períodos do dia ou noite desacompanhados. Hoje, busca-se não só identificar o perfil dos idosos mais vulneráveis a cair, como também procura-se distinguir quais terão maior suscetibilidade a sofrerem uma lesão grave decorrente deste evento ou que têm uma maior propensão a experimentarem quedas recorrentes o que aumenta a probabilidade de perda de capacidade funcional, seja ela decorrente de um único evento grave ou da perda de confiança e do senso de auto-eficácia o que com o tempo acaba por provocar uma restrição de atividades e um declínio na mobilidade, expondo este idoso a um maior risco de tornar-se frágil.
Fatores de risco e Causas Há necessidade de se dividir os fatores determinantes de quedas em idosos em dois grupos: Fatores de risco ou fatores predisponentes: são aqueles que impõe aos idosos uma maior chance de experimentarem quedas. O levantamento destes fatores permite a identificação de idosos com maior suscetibilidade a caírem. A estratificação do risco possibilita a implementação de estratégias de prevenção definidas para cada grupo alto, médio e baixo risco. Fatores causais: são aqueles agentes etiológicos presentes na determinação da ocorrência de um evento de queda específico. Constituem-se nas razões que levaram aquele idoso a cair e são potencializados pela presença de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos.
Os fatores de risco são derivados de estudos populacionais tipo caso-controle ou estudos longitudinais. Embora, existam umas séries de questões metodológicas a serem consideradas na análise destes fatores, a aplicabilidade clínica é imediata, no que tange ao fato de que há um aumento significativo do risco com o aumento do número de fatores de risco individuais presentes. Além disso, o levantamento da existência de fatores que possam ser modificados por meio de intervenções específicas é essencial tanto na prevenção de futuros episódios, como também no manejo do processo de reabilitação. O Quadro 1, abaixo, lista os fatores de risco encontrados em estudos populacionais, com idosos da comunidade. Os fatores foram classificados de acordo com peso da sua evidência e se estão relacionados a quedas acidentais, quedas recorrentes ou quedas com lesão (2,5,6,9,11,18,21,27,29,32,35,,37,39,46,51,52,54) O peso da evidência foi construído a partir da freqüência com que o fator aparece nos estudos analisados. Salienta-se que não há uma homogeneidade quanto aos fatores de risco apontados nos estudos. Trata-se apenas de um guia para que se possa valorizar com maior ou menor intensidade determinados fatores. Os fatores de risco considerados de peso alto, ou seja, apontados na maioria dos estudos como fatores determinantes de quedas foram: idade igual ou maior a 75 anos, sexo feminino, presença de declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza muscular e de distúrbios do equilíbrio corporal, marcha ou de mobilidade, história prévia de acidente vascular cerebral, de quedas anteriores e de fraturas, comprometimento na capacidade de realizar atividades de vida diária e o uso de medicações psicotrópicas, em especial os benzodiazepínicos, assim como o uso de várias medicações concomitantes. Dentre estes estudos, destaca-se o realizado no município de São Paulo que aponta que os idosos que caíram de forma recorrente tiveram sua chance aumentada em 1,6 vezes (95% IC 1,00-2,52) por serem viúvos, separados ou desquitados, em 1,5 vezes por não terem o hábito de ler como atividade de lazer (95%IC 1,03-2,37), em 4,6 vezes por terem história de fratura (95% CI 2,23-9,69) e em 2,37 vezes por apresentarem comprometimento em 1 a 3 atividades de vida diária (95% CI 1,49-3,78), em 3,31 vezes a chance por apresentarem dificuldade em 4 ou mais atividades de vida diária (95%CI 1,58-6,93) e em 1,53 vezes a chance por relatarem ter visão ruim ou péssima (95%CI 1,00-2,34) quando comparados aos idosos que tinham boa percepção subjetiva de visão. Este modelo explicou 73% dos eventos (39). Rubenstein e Josephson analisando 16 estudos de idosos vivendo na comunidade e de idosos institucionalizados, apontam um aumento do risco com a presença dos seguintes fatores, por ordem de importância: presença de fraqueza muscular, história de quedas, déficit de marcha e de equilíbrio, uso de dispositivo de auxílio à marcha, déficit visual, artrite, comprometimento em atividades de vida diária, depressão, declínio cognitivo e idade igual ou superior a 80 anos (440. Em uma revisão sistemática de 11 estudos de coorte ou casos-controle a cerca dos fatores de risco para quedas em ambiente hospitalar foram levantados como os mais freqüentes: alteração do estado mental, em especial os estados de confusão e desorientação (9/11), uso de medicações como sedativos, tranqüilizantes e benzodiazepínicos (4/11), limitações de mobilidade, como distúrbios de marcha,
equilíbrio e fraqueza muscular (4/11), história de quedas (4/11), necessidade especial com toalete ou eliminações (4/11), idade avançada (4/11), necessidade de dispositivos de auxílio a mobilidade (3/11) e fraqueza geral, tontura, depressão e tempo maior de hospitalização (2/11). Os fatores de menor relevância foram mês da internação, ter tido três ou mais transferências de unidade, sonolência, abuso de drogas, terapia endovenosa, condições médicas gerais, anemias, condições pós-operatórias, evidência de estado confusional agudo, dentre outros. Os autores concluem que as intervenções a serem priorizadas nos idosos hospitalizados são aquelas direcionadas a identificar e tratar as limitações relacionadas ao estado mental e ás alterações de mobilidade (15). As principais causas de quedas estão dispostas no Quadro 2. Há, no entanto, uma grande dificuldade em estabelecer uma única causa, visto que a etiologia das quedas nos idosos é em geral multifatorial, particularmente nos idosos frágeis. Mas, a busca ativa de causas que levaram o idoso a cair é fundamental para que uma intervenção apropriada seja realizada. Quadro 1- Fatores de risco, classificados de acordo com o peso da evidência, além da classificação de acordo com o tipo de queda.
Fatores Sócio-demográficos Peso da evidência e tipo de queda Sexo feminino Alto (acidentais, recorrentes e com lesões sérias) Idade ≥ 75 anos Alto (acidentais, recorrentes e com lesões sérias)
Ausência de Cônjuge Baixo (recorrentes) Raça Branca Baixo (com lesões sérias) Baixa Renda Baixo (acidentais) Morar só Baixo (com lesões sérias)
Psico-Cognitivos Declínio Cognitivo Alto (acidentais, recorrentes) Depressão Baixo (acidentais) Medo de Cair Baixo (recorrentes)
Condições de saúde/Doenças Crônicas AVC prévio Alto (acidentais, recorrentes) Diabetes Baixo (acidentais) Queixa de Tontura Médio (acidentais e recorrentes) Hipotensão Postural Baixo (recorrentes)
Baixo Índice de massa corpóreo Médio (acidentais, com lesões sérias) Anemia Baixo (com lesões sérias) Insônia Baixo (recorrentes, com lesões sérias) Incontinência ou urgência miccional Médio (recorrentes, com lesões sérias) Artrite/osteoartrose Baixo (acidentais) História prévia de quedas Alto (recorrentes, com lesões sérias) História prévia de fratura Alto (recorrentes, com lesões sérias) Neuropatia Baixo (com lesões sérias)
Funcionalidade Comprometimento em AVD Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias) Necessidade de dispositivo de auxílio a marcha Baixo (acidentais) Inatividade Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)
Comprometimento sensorial Comprometimento visual Moderado (acidentais,recorrentes,com lesões sérias) Equilíbrio corporal, marcha e mobilidade Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)
Distúrbio neuromuscular Fraqueza muscular de MMII Alto (acidentais, recorrentes) Fraqueza muscular de preensão Alto (acidentais, recorrentes, com lesões sérias) Diminuição de reflexos Baixo (acidentais) Dor em joelho ou quadril Baixo (acidentais) Problemas nos pés Baixo (acidentais) Tempo de reação Baixo (com lesões sérias)
Uso de medicações Psicotrópicas :Benzodiazepínicos Alto (recorrentes, com lesões sérias) Bloqueadores de canal de cálcio Baixo (com lesões sérias)
Analgésicos Baixo (com lesões sérias) Número de medicações Alto (recorrentes, com lesões sérias)
Condição médica prévia Hospitalizações Baixo (acidentais) (se alta: fator presente na maioria dos estudos, se moderada: fator presente em boa parte dos estudos, mas não na maioria e se baixa: fator presente em um ou dois estudos apenas) Quadro 2 – Causas de quedas em idosos: resumo de 12 estudos levantados por Rubenstein, Josephson, 2002. Acidentais ou relacionadas ao ambiente Distúrbios do equilíbrio e marcha Fraqueza muscular Tontura e vertigem Artrite Doenças agudas Epilepsia Dor Medicamentos Álcool ―drop attack‖ Confusão ou Delirium
Hipotensão Postural Distúrbios visuais Queda da cama Síncope Para que este levantamento sobre as causas possa ser realizado de forma sistematizada, faz-se necessário identificar todo o contexto, como mecanismo da queda, atividade que estava sendo realizada no momento do evento, hora do dia ou noite, tipo de calçado, local onde ocorreu a queda, e qualquer sinal ou sintoma pré ou pós-evento que possa ter relevância na determinação do mesmo. Aspectos como se houve ou não perda da consciência ou escurecimento da visão podem descartar síncopes. Outros mecanismos envolvidos, como falseamento dos joelhos pode estar relacionado à fraqueza muscular, osteoartrose de joelhos e ao drop attack; a sensação de tontura relacionada à posição da cabeça ou a movimentos do corpo pode estar associada à presença de disfunções vestibulares. O roteiro apresenta as principais perguntas a serem realizadas na investigação do evento de queda. A queda pode ser o reflexo de uma doença aguda como infecção urinária ou respiratória, arritmia cardíaca, acidente vascular encefálico, delirium, dentre outras. A mesma pessoa pode cair em diferentes momentos por várias razões. A queda de causa desconhecida deve ser amplamente investigada até que um fator ou vários fatores seja apontado como agentes etiológicos ou precipitantes do evento.
Nunca, especialmente, nos idosos que caem recorrentemente devê-se assumir como causa aquela relacionada a um evento anterior. A busca sistematizada de fatores causais permite o adequado manejo, previne novos eventos e trata doenças associadas, evitando comorbidades e o escalonamento de incapacidades (26). Roteiro sugerido para investigação do evento de queda: o o
o
o o
o o o o o o o
o
o
o o o
o
o o
Quantas vezes o Sr.(a) caiu no último ano? Houve alguma conseqüência como fratura, luxação, trauma craniano ou escoriação, contusão, corte? Houve necessidade de procurar um médico ou serviço de emergência em um hospital? O Sr. (a) restringiu suas atividades habituais por causa da queda? Se sim, o Sr. (a) o fez por dor, insegurança, medo, dificuldade para andar, dentre outros. Agora vamos falar sobre sua última queda. O Sr. (a) sabe precisar quando ela ocorreu? A queda aconteceu de dia ou de noite? O evento ocorreu após a refeição? Em que lugar aconteceu a queda? Houve perda da consciência? Que movimentos o Sr.(a) estava fazendo no momento da queda? Andando, levantando-se da cadeira, inclinando-se, virando-se, etc. Que atividade o Sr.(a) estava realizando no momento da queda? Tomando banho, andando até o banheiro, voltando para o quarto, subindo no banquinho, calçando o chinelo, descendo do ônibus, dentre outras. Como a queda ocorreu? Desequilibrou-se, os joelhos falsearam, sentiu-se fraco subitamente, sentiu-se tonto ? Que parte do corpo bateu primeiro no chão ou no mobiliário? Estava usando óculos ou aparelho auditivo (quando se aplicar)? Como estava se sentindo antes de cair (na semana prévia)? Houve alguma modificação na sua saúde? Como fraqueza generalizada, cansaço, apatia, falta de ar, problemas de memória, febre, taquicardia, dor no peito, etc. Houve alguma modificação na medicação usada habitualmente? Algum medicamento novo foi introduzido ou retirado? Fez uso de alguma medicação por conta própria? No último ano, o Sr.(a) esteve hospitalizado? O Sr.(a) diria que tem tido maior dificuldade para andar dentro de casa, vestir-se, tomar banho, andar fora de casa, ir ao banheiro em tempo, tomar remédios na hora certa ?
Com o objetivo de facilitar a exclusão de fatores causais foi proposto o algoritmo descrito abaixo como um modelo para tomada de decisão clínica em relação ao diagnóstico. Levar em conta a presença de fatores extrínsecos precipitantes. O crédito do evento a um fator ambiental deve ser vastamente pesquisado. A exclusão de outros fatores intrínsecos pode classificar o evento como tipicamente acidental (38).
Figura 1 - Algoritmo adaptado proposto pela OPAS,2002.
Avaliação do risco para quedas e testes de equilíbrio e marcha Um screening de risco para quedas é um instrumento eficaz na identificação de idosos com maior chance de sofrerem um evento no futuro. Deve ser realizado em todos os idosos admitidos em hospitais, em assistência domiciliar, centro de reabilitação, instituições de longa e curta permanência e em unidades de acompanhamento ambulatorial (15,42,46,50). Nenhum instrumento aplicado de forma isolada é capaz de identificar idosos de risco para quedas, assim como estratificar este risco. Uma combinação de instrumentos em geral contidos na avaliação geriátrico-gerontológica abrangente deve ser utilizada como rastreio para maior vulnerabilidade a quedas.
É consenso que quanto maior o número de fatores de risco presentes maior será a chance de queda. A queixa de dificuldade de equilíbrio e marcha, assim como as histórias prévias de quedas têm sido apontadas como fatores de risco para idosos que vivem na comunidade. Vários testes têm sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar funcionalmente o equilíbrio e a marcha e busca estabelecer parâmetros para identificação de idosos com maior suscetibilidade a cair. Dentre estes, destacam-se: Timed Up & Go Test (PODSIADLO & RICHARDSON (1991), a escala de Equilíbrio de Berg - Berg Functional Balance Scale (BERG et al., 1992), o POMA - – Performance-Oreinted Assessement of Mobility (TINETTI, 1986,1988) o Functional Reach e o Dynamic Gait Index (SHUMWAY-COOK et al. (1997). As escalas de Berg, o POMA e o Dynamic Gait Index são testes funcionais de avaliação do equilíbrio e da marcha que contém um maior número de tarefas motoras e necessitam de um maior treinamento e expertise na sua aplicação. Em geral, são aplicados por fisioterapeutas dentro de um espectro maior de avaliação físico-funcional de idosos. Todos têm sido largamente apontados na literatura internacional como instrumentos válidos na determinação de idosos com maior chance de quedas. O POMA consiste de nove itens como contra-reação ao desequilíbrio aplicado ao esterno, passar de sentado para de pé, virar 360 graus, os quais são categorizados em uma escala de três pontos. A Berg Balance Scale foi desenvolvida para monitorar o desempenho dos idosos quanto à tarefas motoras de equilíbrio em idosos, para identificar indivíduos que se beneficiariam de um encaminhamento para fisioterapia e para prever quedas em idosos da comunidade e institucionalizados (3,4,20). A escala consiste de 14 tarefas, categorizadas numa escala ordinal de cinco pontos, que vai desde 0 - incapaz de realizar a tarefa, até 5 - realiza de forma independente, baseada na qualidade e necessidade de assistência para realizar a tarefa de forma assim como, no tempo para completar a prova. Os escores dos 14 itens são combinados em um escore total que vai de 0 a 56 pontos, com um escore maior relacionado a um melhor desempenho. Os elementos do teste são representativos de atividades do dia a dia como sentar, levantar, inclinar-se à frente, virar-se, dentre outros. BERG et al.,1992 demonstraram que o escore de 45 ou menos foi preditivo de quedas recorrentes em um estudo de meta-análise com 110 sujeitos. O Índice dinâmico da marcha é composto por oito tarefas de deambulação que avaliam velocidade e instabilidade na marcha durante o acelerar e desacelerar, em movimento de rotação e flexo-extensão da cabeça, em movimentos de rotação axial do corpo, em movimentos de ultrapassar e circundar obstáculos e em subir e descer degraus. Uma pontuação de 19 ou menos foi associada a quedas em idosos na comunidade (47). Assim, estratégias compensatórias devem ser elucidadas com objetivo de avaliar se são as mais indicadas para dado paciente no seu contexto funcional diário. Assim, os fisioterapeutas devem perguntar-se se seus pacientes estão utilizando as melhores estratégias dada suas limitações primárias e se uma intervenção terapêutica poderia melhorar os mecanismos de controle postural. O Timed up & go test é bastante simples e não exige nenhuma expertise específica, necessitando apenas de um procedimento sistematizado que consiste em medir o tempo gasto na tarefa de levantar-se de uma cadeira (a partir da posição encostada), andar 3
metros até um demarcador no solo, girar e voltar andando no mesmo percurso, sentadose novamente com as costas apoiadas no encosto da cadeira. a instrução dada é que o idoso execute a tarefa de forma segura e o mais rapidamente possível. Os autores admitiram como tempo normal para a realização da tarefa por adultos saudáveis, um tempo de 10 segundos; considera-se que 11 a 20 segundos sejam os limites normais de tempo para idosos frágeis ou pacientes deficientes; mais de 20 segundos na execução da atividade é considerado um valor indicativo da necessidade de intervenção adequada.
“Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos “Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos
O diagrama acima tem como objetivo nortear as intervenções para idosos vivendo na comunidade. A partir do levantamento da ocorrência de queda no último ano e da suspeita de alterações de marcha ou equilíbrio, é necessária uma avaliação sistematizada por meio de uma avaliação geriátrico-gerontológica abrangente e de avaliações do equilíbrio funcional e da marcha, que em conjunto possam classificar os idosos em função risco de queda. A partir daí, implementa-se intervenções específicas para cada grupo. O monitoramento subseqüente diz respeito não só a ocorrência, a freqüência, a gravidade como também do intervalo entre os eventos.
Se possível, o paciente deve ser despido no quarto e conduzido ao banheiro protegido por um roupão, neste momento, evite fixar os olhos em seu corpo (isto pode constrangê-lo), observe-o sutilmente.
4.1.4. O BANHO PROPRIAMENTE DITO
Oriente-o para iniciar o banho e auxilie-o, se necessário; Não faça por ele. Estimule, oriente, supervisione, auxilie. Apenas nos estágios mais avançados da doença o cuidador deve assumir a responsabilidade de dar o banho; Aproveite a oportunidade para massagear suavemente a sua pele, isto favorece a circulação sanguínea e produz grande conforto; Não utilize buchas de banho, lembre-se que a pele é muito sensível e você pode provocar lesões; Lave a cabeça no mínimo 3 X por semana, utilize xampu neutro, observe se há lesões no couro cabeludo. Mantenha se possível, os cabelos curtos; Observe se há necessidade de cortar as unhas das mãos e dos pés, em caso positivo, posteriormente, corte-as retas com todo cuidado especialmente nos pacientes diabéticos; Após o banho, seque bem o corpo, principalmente as regiões de genitais, articulares (dobra de joelho, cotovelos, axilas) e interdigitais (entre os dedos).
Cuidando da Pele 5. CUIDANDO DA PELE A pele merece atenção especial e o momento do banho é o mais apropriado para se observar a presença de hematomas (manchas roxas), hiperemia (vermelhidão), pruridos (coceiras), assaduras ou qualquer outro tipo de lesão, as quais se tratadas adequadamente e a tempo evitam complicações e previnem a ocorrência de úlceras por pressão (escaras).
Manter a higiene da pele é de suma importância, pois se trata de uma barreira natural de que dispõe o organismo contra infecções, portanto, trabalhe para manter sua integridade; Idosos apresentam fragilidade de vasos capilares, que se rompe com facilidade, causando manchas avermelhadas na pele. Aumente a oferta de alimentos ricos em vitamina C , ela melhora a resistência dos vasos capilares; Ao segurar o paciente pelos braços ou mãos, não exerça demasiada pressão, lembre-se, a sua pele é frágil, e muitas vezes, rompe-se com uma simples pressão; Manter a pele hidratada é de fundamental importância, existem no mercado bons cremes hidratantes, de perfume suave, que umidificam adequadamente, evitando seu ressecamento; Mantenha o paciente hidratado, ofereça líquidos à vontade; Evite a exposição à luz solar após as 9 horas da manhã (10 no horário de verão); Pruridos (coceiras) podem ser causados por vestuário confeccionado com tecidos sintéticos, dê preferência às roupas de algodão ou tecidos antialérgicos; Assaduras podem surgir devido a má higienização ou a longa permanência com fraldas molhadas;
De forma geral preconiza-se que: Todos os idosos devem ser perguntados quanto a ocorrência de qualquer evento no último ano e rastreados quanto ao risco de quedas (13,22,23,44,45,46); Todos os idosos devem ser classificados quanto ao grau do risco para que se possa determinar o nível de intervenção a ser prescrita (39,42,46); Devem-se enumerar todos os fatores de risco presentes e separá-los em modificáveis e não modificáveis (39,36); Deve-se avaliar o equilíbrio e a marcha, usando teste válidos e confiáveis de acordo com a população estudada (21,26,36, 38,45,49); Uma avaliação do evento de queda deve ser desencadeada para a busca sistematizada de fatores etiológicos (21,38); Deve-se atuar de maneira personalizada sobre os fatores de risco modificáveis, estabelecendo intervenções baseadas em evidências; É recomendável que se promovam intervenções multidimensionais. A intervenção isolada tem pouco impacto sobre a diminuição no risco relativo de quedas. Não há comprovação de que exercícios, adequação de medicação, ou adaptação ambiental isoladamente diminuam o risco de queda (13 ,16,22,23, 46,50); Programas multidimensionais bem-sucedidos incluem avaliação e aconselhamento médico e ambiental, mudança na prescrição medicamentosa, exercícios individualizados, treino de transferências posturais e de marcha e, encaminhamento a especialistas de acordo com a necessidade (7,10, 16, 22, 23, 53); Uma vez estabelecido um protocolo de intervenção, é imprescindível monitorar a ocorrência de eventos, sua freqüência e a presença de conseqüências adversas ao menos mensalmente. A melhor forma é utilizar o sistema do tipo calendário (13); Estabelecer medidas educacionais visando à diminuição de comportamentos de risco (42); Ensinar ao paciente como se levantar após uma queda (42); Avaliar, quando necessário, o medo de cair e a percepção de auto-eficácia em atividades do cotidiano (42); Quando o paciente for identificado como sendo de alto risco e possuir um declínio cognitivo, um sistema de vigilância contínua deve ser iniciado com a presença de alarmes sonoros ou de cuidadores em tempo integral. A restrição ou contenção física deve ser evitada(42, 13); As intervenções para prevenção de quedas são mais eficazes se forem direcionadas a idosos de alto risco de cair e que vivem na comunidade. Seis de oito ensaios clínicos que envolveram pessoas com estas características relataram uma significativa redução
no risco relativo de queda. Dois destes ensaios envolveram intervenções multidimensionais, dois envolveram exercícios, um envolveu a redução no uso de medicações psicotrópicas e um relacionou-se com a redução de riscos ambientais por meio da avaliação de uma terapeuta ocupacional (13,) . No entanto, há ainda dificuldades metodológicas que não permitem a adequada comparação entre os estudos. Há estudos apontando que mesmo com intervenções multidimensionais, que variam tremendamente entre os estudos, não se encontrou diferença entre o grupo que sofreu intervenção e o grupo controle quanto ao número cumulativo de quedas, o número médio de quedas e quanto à freqüência das quedas. Encontrou-se uma diferença significante quanto ao intervalo entre os eventos de queda. Em uma meta-análise recente envolvendo 12 estudos, os resultados apontam que houve uma redução de 4% na ocorrência de quedas para os idosos que estavam no grupo de tratamento que receberam várias e diferentes intervenções. Reforçou-se ainda que intervenções isoladas tem um menor impacto na redução das quedas, independentemente da intervenção realizada, e que os programas direcionados para idosos de risco mas, vivendo na comunidade têm maior eficácia do que aqueles direcionados à idosos institucionalizados (22,23). O quadro abaixo enumera intervenções específicas de acordo com evidências existentes na literatura. Quadro 4 – Intervenções recomendadas para tratamento de fatores de risco/ causas de quedas em idosos Fator de risco ou causa presente Fraqueza muscular de MMII Distúrbio de equilíbrio Distúrbios de marcha Déficit visual Déficit auditivo Hipotensão Postural: queda sintomática de 20 mmHg na PA sistólica mensurada entre 1 a 5 minutos após ficar de pé a partir da posição deitada ou sentada Uso de medicações psicotrópicas
Intervenção Programa de fortalecimento muscular de quadríceps e dorsi-flexores de tornozelo. Exercícios excêntricos são recomendados. A eficácia é maior se forem realizados para grupos de idosos de alto risco e se forem supervisionados por fisioterapeuta Treino de equilíbrio em relação à integração das informações sensoriais, ao controle dos limites de estabilidade, ao controle da rotação de tronco e na eficácia das estratégias motoras. Recomenda-se a prática de Tai Chi. Podem ser realizados em casa mas, devem ser monitorados por fisioterapeuta.
Presença de queixa de tontura
Adequação e ou prescrição de dispositivos de auxílio à marcha. O treino de uso adequado é recomendável.
Necessidades específicas nas
Visita regular ao podólogo.
Presença de riscos ambientais
eliminações Distúrbios de comportamento: agitação psicomotora. Confusão mental
Adequação de lentes corretivas. Visita anual ao oftalmologista. Evitar o uso de lentes bifocais.
Acompanhamento cuidadoso do equilíbrio Doença de Parkinson, parkinsonismo, corporal após cirurgia de catarata. acidente vascular encefálico, artrite, neuropatias, demência Prescrição e uso adequados do aparelho de amplificação sonora. Distúrbio de atenção: dificuldade em dupla tarefa: motora e cognitiva Revisão da medicação, elevação da cabeceira da concomitantes cama, orientação de movimentos de MMII antes de se levantar. Rever a necessidade de uso de anti-psicóticos, anti-depressivos e benzodiazepínicos (curta e longa duração). Prescrever um número reduzido de medicações e levantar o uso de medicações sem prescrição médica Modificação ambiental só foi eficaz na redução das quedas quando realizada após avaliação feita por profissional de terapia ocupacional e fornecido as adaptações necessárias. Inquérito sobre tontura. Se presença de quadro de tontura (vertigem, cabeça oca, flutuação, afundamento, etc) encaminhamento ao otoneurologista. Se diagnosticada síndrome vestibular, implementar Reabilitação Vestibular. Evitar ingesta hídrica antes de dormir. Acender luz ao ir ao banheiro durante a noite ou deixar luz noturna acesa. Utilização de fraldas noturnas Realizar reabilitação funcional do assoalho pélvico. Avaliar se há presença de quadro de estado confusional agudo. Adequar o ciclo vigília-sono. Implementar medidas de higiene do sono.
Evitar eventos estressores. Usar terapia de validação. Evitar restrição física ou medicamentosa. Vigilância contínua Manejo farmacológico específico. Fisioterapia especializada. Avaliação específica do desempenho por meio do Timed up & go modificado. Treino de Equilíbrio associado ao treino cognitivo
Transtornos Mentais em Idosos Transtornos Mentais em Idosos A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração pois algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco de desenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos. Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos. Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do quadro apresentado pelo idoso. Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais. Esses fatores de risco incluem: o o o o o o o
Perda de papéis sociais Perda da autonomia Morte de amigos e parentes Saúde em declínio Isolamento social Restrições financeiras Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica, com prejuízo na memória).
Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos
o o o o o o o o o o
Demência Demência tipo Alzheimer Demência vascular Esquizofrenia Transtornos depressivos Transtorno bipolar (do humor) Transtorno delirante Transtornos de ansiedade Transtornos somatoformes Transtornos por uso de álcool e outras substâncias
Demência Demência
Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais freqüente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos. Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência na família, Sexo feminino Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientarse. Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações. As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças inflamatórias. Na maioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas (doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão). As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto as mais comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.
1.2. Demência tipo Alzheimer De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum de demência. É mais freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual e pelo declínio progressivo das funções cognitivas.
A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a linguagem e noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações. As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado. O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis. O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas.
1.3. Demência vascular É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da demência tipo Alzheimer mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenida através da redução de fatores de risco como hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sangüíneo cerebral.
Esquizofrenia Esquizofrenia (esquizofrenia e outras psicoses)
Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a vida. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece. Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico com cautela.
Transtornos depressivos
Transtornos depressivos
A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e ter uma doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários episódios repetidos. Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono especialmente despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite, perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um aspecto importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada sobre as queixas somáticas. Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de síndrome demencial da depressão que pode ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão pode estar associada com uma doença física e com uso de medicamentos.
Transtorno Bipolar (Transtornos do Humor) Transtorno bipolar (transtornos do humor)
Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool. Pode haver um comportamento hostil e desconfiado. Quando um primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 anos, deve-se alertar para uma causa orgânica associada. O tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada pelo médico.
Transtorno Delirante Transtorno delirante
A idade de início ocorre por volta da meia-idade mas pode ocorrer em idosos. Os sintomas são alterações do pensamento mais comumente de natureza persecutória (os pacientes crêem que estão sendo espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo assediados). Podem tornar-se violentos contra seus supostos perseguidores, trancarem-
se em seus aposentos e viverem em reclusão. A natureza dos pensamentos pode ser em relação ao corpo, como acreditar ter uma doença fatal (hipocondria). Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do cônjuge, perda do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias financeiras adversas, doenças médicas que debilitam ou por cirurgia, comprometimento visual e surdez. As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças psiquiátricas que devem ser descartadas como demência tipo Alzheimer, transtornos por uso de álcool, esquizofrenia, transtornos depressivos e transtorno bipolar. Além disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais precoces de um tumor cerebral.
Transtornos de Ansiedade Transtornos de ansiedade
Incluem transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse agudo e de estresse pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias. Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período intermediário da idade adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos. As características são as mesmas das descritas em transtornos de ansiedade em outras faixas etárias. Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um estressor importante. O transtorno de estresse pós-traumático freqüentemente é mais severo nos idosos que em indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos. As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora geralmente seja possível encontrar esses sintomas em pessoas que eram mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas. Tornam-se excessivos em seu desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de manter rotinas. Podem ter compulsões para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos.
Transtornos Somatoformes Transtornos Somatoformes
São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar em papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores psicológicos são grandes contribuidores para o início, a severidade e a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente. A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais freqüente entre 40 e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se dar um enfoque psicológico ou farmacológico.
Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma história de consumo excessivo que começou na idade adulta e apresenta uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, um grande número tem demência causada pelo álcool. A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para garantirem uma noite de sono. A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição.
Depressão Depressão Sinônimos e nomes relacionados: Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda tipos diferenciados de depressão, como depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica, depressão endógena, melancolia, depressão sazonal.
O que é a depressão? Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e
mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente.
Como se desenvolve a depressão? Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível haver clareza sobre quais acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das reações depressivas normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar o evento desencadeador. As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como: o o o
Estresse Estilo de vida Acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família, climatério, crise da meia-idade, entre outros.
Como se diagnostica a depressão? Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim. O mais importante é saber como a pessoa se sente, como ela continua organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento médico eficaz.
O que sente a pessoa deprimida? Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado, desanimado, abatido ou " na fossa ", com " baixo-astral ". Muitas pessoas com depressão, contudo, negam a existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por um sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas médicas que as justifiquem. Pode ocorrer também uma perda de interesse por atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros sociais e prática de esportes. Tais eventos deixam de ser agradáveis. Geralmente o sono e a alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em relação ao sono pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a dormir. São comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro problema físico.
Como é o pensamento da pessoa deprimida?
Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas deprimidas são os de se sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do passado. Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam os indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para tomar decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os efeitos "catastróficos" de suas possíveis decisões erradas.
Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem solitariamente. É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em melhorar naquelas pessoas que não iniciam um tratamento médico adequado.
Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos pessoais Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres podem tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuarse, inclusive com a diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e por convívio social podem fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de ajuda médica.
Como se trata a depressão? O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado à intensidade dos problemas que a doença traz. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas mostrados anteriormente, ou pode haver depressões bem mais graves, prejudicando de forma importante a vida do indivíduo. De qualquer forma, depressões leves ou mais graves necessitam de tratamento médico, geralmente medicamentoso (com medicações antidepressivas), ou psicoterápico, ou a combinação de ambos, de acordo com a intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos.
Doença de Alzheimer 1. Doença de Alzheimer - Dúvidas Freqüentes
1.1. O que é doença de Alzheimer? A doença de Alzheimer é a mais freqüente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem, mudança da personalidade e da capacidade de julgamento. Erroneamente conhecida pela população como ―esclerose‖ ou como o ―velhinho gagá‖ não está relacionada com problemas circulatórios.
1.2. O que é demência? Demência é um grupo de sintomas caracterizado por um declínio progressivo das funções intelectuais, severo o bastante para interferir com as atividades sociais e do cotidiano. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. A segunda causa mais freqüente de demência é a demência por múltiplos infartos cerebrais, uma série de pequenos derrames. A demência pode ocorrer também a partir de outras doenças do sistema nervoso como a doença de Parkinson e a Aids. O que é Demência Senil?
Demência Senil é um termo ultrapassado que foi usado para definir demências que ocorriam em idosos. Quantas pessoas sofrem de doença de Alzheimer? Estima-se no Brasil 1 milhão e 200 mil pessoas. A proporção de pessoas com a doença dobra a cada 5 anos a partir dos 65 anos de idade. Qual é a idade da maioria das pessoas com doença de Alzheimer? Na maioria das pessoas os sintomas iniciam depois dos 60 anos de idade. Cerca de 3% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tem a doença mas quase a metade das que tem 85 ou mais são acometidas. Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um ano depois dos primeiros sintomas que costumam ser leves e confundidos como normais no envelhecimento.
1.3. O que causa a doença de Alzheimer ? Os cientistas ainda não sabem exatamente qual é a causa da doença de Alzheimer. O que se sabe é que a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no interior do cérebro. A idade é o maior fator de risco para a doença. Quanto mais idade maior o risco. Se uma pessoa da minha família tem Alzheimer eu tenho maior risco de ter a doença?
Existem dois tipos de doença de Alzheimer: a doença de Alzheimer familiar que ocorre em adultos jovens e parece ter um caráter hereditário importante e a forma esporádica na qual o fator hereditário não é óbvio. Aproximadamente apenas 5 % da doença de Alzheimer é familiar e 95% esporádica. Na forma familiar da doença de Alzheimer, vários membros de uma mesma geração são afetados. Na forma esporádica a doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de fatores que os cientistas ainda estão tentando determinar. A idade é o fator de risco mais conhecido e importante para a forma esporádica da doença de Alzheimer. Ter um familiar com Alzheimer aumenta o risco duas ou três vezes na forma esporádica mas não há como prever se você irá ter a doença ou não. Fora a genética, que outros fatores contribuem para que a doença se desenvolva?
Se bem que a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja completamente esclarecida, alguns pesquisadores sugerem que traumas cranianos repetidos, especialmente os com perda da consciência no passado, processos inflamatórios cerebrais e o chamado ―stress oxidativo‖ podem estar envolvidos na causa da doença. São os homens ou as mulheres os mais afetados?
Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. Porém, como a expectativa de vida das mulheres é pelo menos 5 anos superior a dos homens não se sabe se o risco está no sexo em si ou no fato das mulheres viverem mais do que os homens. De que modo os traumas cranianos podem contribuir para que a doença de Alzheimer se desenvolva?
Alguns estudos sugerem que a pessoa que sofreu um trauma craniano com perda da consciência no passado, têm duas vezes mais probabilidade de ter a doença, mas outros estudos não confirmaram essa associação. O nível educacional está relacionado com o risco de se ter à doença de Alzheimer?
Pesquisas sugerem que quanto maior o número de anos de educação formal que uma pessoa tem, menor é a chance dela ou dele desenvolver a doença quando for idoso. Alguns estudos sugerem que manter uma atividade intelectual como fazer palavras cruzadas por exemplo pode reduzir a probabilidade de se adquirir a doença de Alzheimer. Qual é a relação entre o alumínio e a doença de Alzheimer?
Uma das mais controvertidas hipóteses veiculada pela mídia é sobre a correlação entre o alumínio e a doença de Alzheimer. Essa suspeita foi originada a partir da constatação de que portadores da doença de Alzheimer possuíam traços de alumínio em seus cérebros. Inúmeros estudos não foram capazes de demonstrar conclusivamente essa correlação. Não se pode afirmar que esse metal desempenhe um papel na gênese da enfermidade. Algumas pessoas, desinformadas ou mal intencionadas, baseiam seus pseudo-
tratamentos, no mínimo duvidosos como a quelação, apoiados nessa equivocada premissa. Quais são os sintomas da doença de Alzheimer?
A doença de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e os sintomas agravam-se à medida que o tempo passa. Mas é também uma doença cujos sintomas, sua gravidade e velocidade variam de pessoa para pessoa. Os sintomas mais comuns são : o o o o o o o o o o
Perda de memória, confusão e desorientação. Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. Alteração da personalidade e do senso crítico. Dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se. Dificuldade em reconhecer familiares e amigos. Dificuldade em tomar decisões. Perder-se em ambientes conhecidos. Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal. Dificuldades com a fala e a comunicação. Movimentos e fala repetitiva.
Perder memória não é normal em nenhuma idade. É comum à medida que vamos envelhecendo. Problemas com a memória podem ser devidos a uma ampla gama de fatores. É normal em qualquer idade esquecer de vez em quando nomes, compromissos ou objetos como chaves, guarda-chuva etc... A causa pode ser: certos medicamentos (calmantes e hipnóticos principalmente), estresse, distração, tristeza, cansaço, problemas de visão ou audição, uso de álcool, uma doença grave ou a tentativa de se lembrar de muitas coisas ao mesmo tempo.
1.4. Como a doença de Alzheimer é diagnosticada? A doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza através do exame microscópico do tecido cerebral por biópsia ou necropsia, para demonstrar a presença das lesões características: as placas neuríticas e os novelos neurofibrilares em certas áreas do cérebro. Os médicos podem fazer o diagnóstico de ―possível‖ ou ―provável‖ doença de Alzheimer. Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao diagnóstico: uma história médica completa, testes para avaliar a memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e concentração e das habilidades em resolver problemas e nível de comunicação. Testes laboratoriais como exames de sangue e urina são usados para excluir outras causas de demência, algumas delas passíveis de serem curadas. Exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, spect e pet, são utilizados para determinar o tipo de demência e/ou avaliar sua gravidade. Qual o nível de certeza do diagnóstico clínico?
Médicos experientes em doença de Alzheimer fazem o diagnóstico correto em cerca de 90% dos casos. Quais as outras doenças que têm sintomas parecidos com a doença de Alzheimer? Tumores cerebrais, derrames, depressão maior, doenças da tireóide, o uso de certos medicamentos, problemas nutricionais, e outras condições podem imitar os sintomas da doença de Alzheimer. O diagnóstico precoce aumenta em muito a chance de se tratar essas doenças com sucesso. Esquecer onde coloquei as chaves, óculos é um processo natural do envelhecimento ou da doença de Alzheimer? A depressão pode comprometer a concentração, causar distúrbios do sono que levam à perda de memória em pessoas não portadoras de doença de Alzheimer. Pessoas nas fases iniciais da doença de Alzheimer freqüentemente apresentam comprometimento da memória. Podem ter dificuldades em lembrar de eventos recentes, de atividades, de pessoas familiares e de objetos. A perda de memória que se associa com a doença de Alzheimer acaba por interferir seriamente na execução das atividades da vida diária. Por que o diagnóstico precoce é tão importante? Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas corretamente, retardando a evolução da doença e assim oferecer uma oportunidade digna para a pessoa portadora da doença de Alzheimer poder inclusive, tomar parte nas decisões que lhe diz respeito , especialmente na fase inicial da enfermidade. Existem fases ou estágios na doença de Alzheimer? Existem 4 fases:
Na fase inicial os sintomas mais importantes são:
perda de memória, confusão e desorientação. ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. alteração da personalidade e do senso crítico. dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se. alguma dificuldade com ações mais complexas como cozinhar, fazer compras, dirigir, telefonar.
Na fase intermediária os sintomas da fase inicial se agravam e também pode ocorrer:
dificuldade em reconhecer familiares e amigos. perder-se em ambientes conhecidos. alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária dificuldades com a fala e a comunicação.
movimentos e fala repetitiva. distúrbios do sono. problemas com ações rotineiras. dependência progressiva. vagância. Início de dificuldades motoras.
Na fase final:
Dependência total. Imobilidade crescente. Incontinência urinária e fecal. Tendência em assumir a posição fetal. Mutismo. Restrito a poltrona ou ao leito. Presença de úlceras por pressão (escaras). Perda progressiva de peso. Infecções urinárias e respiratórias freqüentes. Término da comunicação.
Na fase terminal:
Agravamento dos sintomas da fase final Incontinência dupla Restrito ao leito Posição fetal Mutismo Úlceras por pressão Alimentação enterall Infecções de repetição Morte
A partir do diagnóstico, quanto tempo uma pessoa com doença de Alzheimer tem de vida?
Pessoas com doença de Alzheimer podem viver por muitos anos e freqüentemente morrem de pneumonia. A duração da doença pode ser de 20 anos ou mais. A média de vida varia entre 4 a 8 anos. Por que as pessoas com a doença de Alzheimer costumam morrer de pneumonia?
Realmente a pneumonia é uma das principais causas de morte em pacientes com doença de Alzheimer. O primeiro fator se relaciona com a idade uma vez que na maioria das vezes as pessoas acometidas são idosas.
O sistema imunológico normalmente está comprometido facilitando a ocorrência de infecções, especialmente as respiratórias e urinárias. O estado nutricional e o nível de hidratação também desempenham um papel decisivo . É imperioso que esses pacientes estejam bem nutridos seja com o uso de suplementos ou com medidas dietéticas eficazes. A questão da comunicação se soma a esses fatores uma vez que podem não se queixar de frio,fome, sede etc. Nas fases mais adiantadas o paciente se movimenta menos, os sintomas motores começam a aparecer e a imobilidade propicia a instalação de infecções pulmonares, muitas vezes fatais. Esse fato demonstra a importância dos cuidados gerais uma vez que essa complicação pode ser evitada. Como a doença de Alzheimer é tratada?
Não existe nenhuma droga que garanta a cura, ou que interrompa definitivamente o curso da doença de Alzheimer. Uma parcela dos doentes, especialmente nas fases iniciais e intermediárias, pode se beneficiar de alguns medicamentos específicos. Outros medicamentos podem ajudar a controlar distúrbios de comportamento, insônia, agitação, vagância, ansiedade e depressão. O tratamento correto desses sintomas deixam o paciente e seu cuidador mais tranqüilos e confortáveis. Há ainda uma outra gama de opções de drogas que podem colaborar no retardamento da doença. Várias drogas encontram-se em experiência em laboratórios por todas as partes do mundo. Existe uma vacina contra a doença de Alzheimer?
Não há uma vacina disponível para a doença de Alzheimer. Essa abordagem está sendo investigada e é muito promissora. A vacina estimularia o sistema imunológico para reconhecer, detectar e evitar a formação das placas neuríticas e da deposição de amilóide, substância tóxica para os neurônios. Os antiinflamatórios não hormonais podem tratar a doença de Alzheimer?
Existem fortes evidências de que a doença de Alzheimer está associada com processos inflamatórios cerebrais e que esse tipo de droga pode ajudar. Alguns cientistas defendem a tese de que pessoas com alto risco de desenvolverem a doença poderiam evitar ou no mínimo retardar a evolução utilizando essa estratégia terapêutica. Casos de evolução muito rápida seriam candidatos naturais a esse tipo de abordagem. Os efeitos colaterais são muitos e bastante sérios fazendo com que esses pacientes devam ser acompanhados com muito cuidado e sob estrita supervisão médica.
A reposição hormonal hormonal pode ser usada para tratar a doença de Alzheimer?
Várias pesquisas estão sendo conduzidas no sentido de determinar se a administração de estrógenos retarda a evolução e/ou reduz o risco de se desenvolver a doença. Estudo recente concluiu que a administração de estrógeno em conjunto com progesterona aumentou o risco da doença em duas vezes quando comparada com o grupo que não fez uso da medicação. Existem compostos como as isoflavonas que mimetizam a ação dos hormônios femininos. Parece que, por serem naturais, obtidos através da soja, beneficiam os pacientes sem apresentar os efeitos indesejáveis dos hormônios. Mais estudos precisam ser realizados mas essa não deixa de ser uma opção interessante. O colesterol alto representa algum risco para a doença de Alzheimer?
Recentemente alguns estudos sugerem fortemente a associação de níveis elevados de colesterol com a doença de Alzheimer. Atualmente estão em curso estudos controlados para determinar se essa correlação é verdadeira. Por outro lado, sabe-se que o colesterol sérico elevado é comprovadamente um importante fator de risco para doenças cardiovasculares devendo ser tratado independente dessa possível correlação. É verdade que alguns nutrientes e vitaminas devem ser administradas em conjunto com o tratamento convencional? convencional?
Existem demências relacionadas com níveis baixos de vitaminas do complexo B, especialmente a vitamina B12, B1 e ácido fólico. Estudos recentes demonstraram que pacientes com doença de Alzheimer apresentam níveis elevados de Homocisteína (substância passível de ser quantificada por exame de sangue). Essa substância estaria relacionada com a teoria do ―stress oxidativo‖ e seus níveis podem ser controlados com orientação nutricional e/ou com a administração de folato. Com base nesse mesma teoria, a suplementação de Vitamina C e de Vitamina E pode resultar em neuroproteção. Como o familiar e cuidador (a) pode encontrar informações e ajuda sobre a doença?
A informação correta associada à solidariedade ainda são as armas mais poderosas no enfrentamento dessa grave questão humana e de saúde pública. Um site foi construído exatamente para preencher essa lacuna definitivamente www.alzheimermed.com.br
Artigos de Interesse Estudo aponta que religião é fator preventivo contra depressão em idosos Resultados do estudo realizado pelo Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein com mais de 500 idosos da comunidade judaica, ao longo de um ano,
revelam que a depressão atinge homens e mulheres na mesma proporção, estando presente em 33% dos participantes. Outro dado revela ainda que 41% não possuem esperança. Por outro lado, constatou-se que 80% daqueles que não são deprimidos possuem compromisso com crença ou religião. Iniciado em 2005, o Estudo Epidemiológico da Comunidade Idosa Judaica mapeou e monitorou a saúde da população idosa, com objetivo de analisar os processos e fatores determinantes do envelhecimento da população com mais de 60 anos. A avaliação global da saúde abordou aspectos como qualidade de vida, religiosidade, independência, cognição, depressão, nutrição, atividade física, exame físico com 18 procedimentos (peso, estatura, Índice de Massa Corpórea, entre outros) e mais de 30 exames laboratoriais como colesterol, hemograma e glicemia. Também foram aplicados questionários individuais e em grupo. Os resultados apontaram que idosos deprimidos possuem menor número de amigos nas atividades religiosas, realizam menos práticas religiosas em relação aos não-deprimidos e têm tendência à religiosidade extrínseca (caracterizada por vivência menos espiritualizada). Geralmente, esse hábito é encontrado entre as pessoas que ―herdam‖ sua crença religiosa, não existindo uma relação reflexiva diante do ato de escolha religiosa. Neste caso, a divindade tende a ser olhada como um instrumento de satisfação de desejos impulsivos ou egocêntricos. O estudo constatou que a religiosidade extrínseca está presente em 40% dos idosos deprimidos e em apenas 20% dos idosos não-deprimidos. Por sua vez, a prevalência de religiosidade intrínseca é um aspecto presente em quase 80% dos idosos não-deprimidos. Esse tipo de religiosidade é compreendido como uma vivência mais espiritualizada, que tende a transcender o conforto e a convenção social, em que há uma busca por um aumento do compromisso com a crença ou religião. ―Sabemos que a população em geral está envelhecendo. No entanto, ainda há uma carência de estudos populacionais no Brasil para compreender quem são e quais as necessidades dessas pessoas. Os resultados desse levantamento apontam características epidemiológicas que poderão ser estendidas à população paulistana acima de 60 anos, determinando ações preventivas para o controle das doenças crônicas e também a forma mais adequada de gestão da saúde desse público. Por exemplo, a importância da religiosidade como proteção contra a depressão abre novas possibilidades de atuação‖, afirma o geriatra Fábio Nasri, coordenador do projeto. ―O perfil c ultural homogêneo da amostra também permitirá futuras comparações‖, acrescenta.
Fonte: http://www.hospitalar.com/cientificas/not0097.html
*** 1. A China, os idosos e o desequilíbrio entre os sexos 13/12/2006 Enquanto vive um processo de queda abrupta das taxas de natalidade, a China – o país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes - está envelhecendo: em 2005, a quantidade de chineses com 60 anos ou mais correspondia a 11,3% da população, ou cerca de 147 milhões de pessoas. Em 2010, essa fatia deve aumentar para 12,57% da
população, ou 174 milhões de pessoas. Os números são da Comissão Nacional de População e Planejamento Familiar, responsável pela política do filho único desde a década de 80. Paralelamente a isso, destaca-se uma contradição: a falta de boas condições de vida para os mais velhos, num país em que previdência, para muitos, significa ser sustentado pelo filho – isso somente se ele tiver nascido homem - e o controle de natalidade é rígido e permite apenas um filho por casal, com exceções para determinados casos e regiões. Segundo reportagem do jornal O Globo de julho deste ano, o número de idosos que recebem aposentadoria na China se limita a 48 milhões, de acordo com o governo do país. Essas pessoas se concentram nas grandes cidades. O sistema previdenciário urbano existe somente desde 1997. Os empregadores contribuem com o equivalente a 20% do salário do funcionário, que por sua vez contribui com 8%. Para se aposentar é preciso ter sido contribuinte por pelo menos 15 anos quando atingir a idade mínima, que é de 60 anos para os homens, 55 anos para as mulheres filiadas ao Partido Comunista e 50 para as demais. Pela
tradição,
filho
homem
cuida
dos
pais
idosos
Ao limite de apenas um filho por casal imposto pelo governo chinês, associa-se a questão da grande discrepância entre o número de homens e mulheres que compõem a população chinesa. A proporção varia entre 100 meninas para cada 117 homens e 100 para cada 130, em determinadas regiões da China, segundo o censo realizado no ano de 2000. De acordo com a tradição chinesa, o filho homem cuida dos pais e os sustenta quando eles envelhecem, e por ser mais forte pode também trabalhar na lavoura. Enquanto isso, as meninas, quando se casam, vão embora de casa e não acompanham os pais na velhice. Há ainda a questão do dote: as mulheres historicamente dão um dote para a família dos maridos – o que acaba associando o homem à riqueza e a mulher ao prejuízo para a família. Nas áreas rurais, os casais que têm uma filha podem engravidar novamente, com o objetivo de ver se na segunda vez nasce um menino. Nas áreas que contêm parques industriais, é permitido que casais tenham dois filhos. Em qualquer lugar da China, casais podem engravidar uma segunda vez se tiverem o primeiro filho com algum problema físico ou mental. A regra geral é de apenas um filho, desde 1979. O limite, mesmo quando permitidas as exceções, é sempre de dois filhos por casal. Para evitar o peso que recai sobre os filhos de sustentar os pais idosos por falta de um programa de previdência social eficiente, o governo da cidade de Cantão vem pedindo, de forma inédita, que os casais formados por filhos únicos tenham dois filhos. O objetivo é combater o rápido envelhecimento da população e garantir mão-de-obra para algumas indústrias, que vêm enfrentando uma nunca vista falta de empregados qualificados. Ao mesmo tempo, com a intenção de ajudar os filhos únicos que têm filho a sentir menos o peso de sustentá-lo e ainda ser responsável por seus pais, o Comitê de Planejamento Populacional e da Família de Cantão afirmou também que irá submeter à prefeitura uma proposta de estabelecimento de uma linha de crédito subsidiada para as famílias com dificuldades de criar filhos.
A vontade dos casais de terem um bebê do sexo masculino e a rígida política de controle de natalidade estão relacionados aos abortos freqüentemente cometidos quando os pais descobrem que o feto é do sexo feminino - mesmo sendo ilegais o aborto e as esterilizações forçadas no país. Os médicos da China, apesar de serem proibidos de identificar o sexo do bebê, não estão sujeitos a penalidade legal – apenas administrativa -, pois não há nem mesmo a caracterização legal do que seria um aborto cometido pelo conhecimento prévio do sexo do bebê. Para mudar esse quadro, o Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo (CNP) vem tentando aprovar um projeto de lei que tornaria crime a identificação do sexo do feto. Há grupos, por outro lado, que defendem o direito dos pais de saberem o sexo de seus filhos. Se chegam a ter as filhas, casais não raro as largam na rua ou em orfanatos oficiais, onde se vê pouquíssimos meninos. Além disso, o destino das meninas nascidas pode não ser dos melhores: os cuidados com sua saúde costumam ser mínimos, em relação aos que um garoto receberia – o que parece estar associado aos números da Organização Mundial de Saúde, segundo a qual a mortalidade de crianças abaixo dos cinco anos de idade é de 27 em cada mil entre os meninos e de 36 em cada mil entre as meninas. ***
Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem da Holanda com medo de serem vítimas de eutanásia a pedido da família. São quatro mil casos de eutanásia por ano, sendo um quarto sem aprovação do paciente. O novo asilo na cidade alemã de Bocholt, perto da fronteira com a Holanda, foi ao encontro do desejo de muitos holandeses temerosos de que a própria família autorize a antecipação de sua morte. Eles se sentem seguros na Alemanha, onde a eutanásia tornou-se tabu depois que os nazistas a praticaram em larga escala, na Segunda Guerra Mundial, contra deficientes físicos e mentais e outras pessoas que consideravam indignas de viver. A Holanda, que foi ocupada pelas tropas nazistas, ao contrário, é pioneira em medidas liberais inimagináveis na maior parte do mundo, como a legalização de drogas, prostituição, aborto e eutanásia. O povo holandês foi o primeiro a ter o direito a morte abreviada e assistida por médicos. Mas o medo da eutanásia é grande entre muitos holandeses idosos. Estudo justifica temores – Uma análise feita pela Universidade de Göttingen de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de familiares. Em 41% destes casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14% das vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por eventuais crimes na Justiça.
Os médicos justificaram como motivo principal de 60% dos casos de morte antecipada a falta de perspectiva de melhora dos pacientes, vindo em segundo lugar a incapacidade dos familiares de lidar com a situação (32%). A eutanásia ativa é a causa da morte de quatro mil pessoas por ano na Holanda. Margem para interpretação fatal – A liberalidade da lei holandesa deixa os médicos de mãos livres para praticar a eutanásia de acordo com a sua própria interpretação do texto legal, na opinião de Eugen Brysch, presidente do Movimento Alemão Hospice, que é voltado para assistência a pacientes em fase terminal, sem possibilidades terapêuticas. Para Brysch soa clara a regra pela qual um paciente só pode ser morto com ajuda médica se o seu sofrimento for insuportável e não existir tratamento para o seu caso. Mas na realidade, segundo ele, esta cláusula dá margem a uma interpretação mais liberal da lei. Uma conseqüência imediata das interpretações permitidas foi uma grande perda de confiança de idosos da Holanda na medicina nacional. Por isso, eles procuram com maior freqüência médicos alemães, segundo Inge Kunz, da associação alemã Omega, que também é voltada para assistência a pacientes terminais e suas respectivas famílias. A lei determina que a eutanásia só pode ser permitida por uma comissão constituída por um jurista, um especialista em ética e um médico. Na falta de um tratamento para melhorar a situação do paciente, o médico é obrigado a pedir a opinião de um colega. Mas na prática a realidade é outra, segundo os críticos da eutanásia e o resultado da análise que a Universidade de Göttingen fez de sete mil casos de morte assistida na Holanda. Fonte: http://www.dw-world.de/dw/article/0,2144,1050812,00.html ***
Origem do DIA DO IDOSO - 27 de setembro O Dia Nacional do Idoso foi estabelecido em 1999 pela Comissão de Educação do Senado Federal e serve para refletir a respeito da situação do idoso no País, seus direitos e dificuldades. A população no mundo está ficando cada vez mais velha e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por volta de 2025, pela primeira vez na história, haverá mais idosos do que crianças no planeta. O Brasil, que já foi celebrado como o país dos jovens, tem hoje cerca de 13,5 milhões de idosos, que representam 8% de sua população. Em 20 anos, o País será o sexto no mundo com o maior número de pessoas idosas. O dado serve de alerta para que o governo e a sociedade se preparem para essa nova realidade não tão distante. O avanço da medicina e a melhora na qualidade de vida são as principais razões dessa elevação da expectativa de vida em todo o mundo. Apesar disso, ainda há muita desinformação sobre as particularidades do envelhecimento e o que é pior: muito preconceito e desrespeito em relação às pessoas da terceira idade, principalmente nos
países pobres ou em desenvolvimento. No Brasil, são muitos os problemas enfrentados pelos idosos em seu dia-a-dia: a perda de contato com a força de trabalho, a desvalorização de aposentadorias e pensões, a depressão, o abandono da família, a falta de projetos e de atividades de lazer, além do difícil acesso a planos de saúde são os principais. Segundo pesquisa do IBGE, em 1999, apenas 26,9% do total de idosos no País possui algum plano de saúde, sendo que em algumas regiões como o Nordeste essa taxa ainda cai para 13%. As mulheres são ainda mais afetadas, porque vivem mais tempo e, em geral, com menos recursos e menos escolaridade. Diante desse quadro, o governo brasileiro precisa elaborar, o mais rápido possível, políticas sociais que preparem a sociedade para essa mudança da pirâmide populacional. (Fonte: Jornal A Voz da Serra, de Nova Friburgo-RJ). Em Portugal, o dia do idoso é comemorado no primeiro dia do mês de Outubro. ++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ +++++++++++++ O Dia do Idoso é atualmente comemorado no Brasil no dia 1º de Outubro e tem como objetivo a valorização do idoso. Até o ano de 2006, esta data era celebrada no dia 27 de Setembro, porém, em razão da criação do estatuto do idoso em 1º de Outubro, o dia do idoso foi transferido para esta data de acordo com a lei número 11.433 de 28 de Dezembro de 2006. ***
Campanha da Fraternidade 2003 A possibilidade de chegar aos 100 anos nunca foi tão grande. O progresso está prolongando a vida, mas criando também diversos e grandes desafios: o que fazer com esta Como garantir-lhes Será que vale a pena viver tanto?
legião uma
de
idosos velhice
e
idosas? saudável?
A Campanha da Fraternidade 2003 quer ajudar a sociedade e a Igreja a refletir e a agir para que haja uma real preocupação com a velhice, a etapa mais longa da existência humana, para que seja marcada pela vida, pela dignidade e pela esperança. A VELHICE Ter vida longa sempre foi uma aspiração da humanidade e, viver bem, um direito do ser humano Todos querem viver mais, mas ninguém quer ficar ou ser considerado velho. Todos gostam de serem vistos como novos. Novos no corpo e novos na mente. Novos no coração e com capacidade de amar.
O BRASIL É UM PAÍS JOVEM? O Brasil é caracterizado como um país jovem, no entanto, sua população está mudando de cara. O país está ficando mais velho, e de forma rápida, bem mais veloz do que em outros países. A população com mais de 60 anos aumentou de 4%, em 1940, para 8,6%, em 2000. Hoje, são mais de 15 milhões, sendo que, em 2020, a população com mais de 60 anos atingirá a cifra de 15% (33 milhões, 6 vezes a população da Dinamarca). Causas do envelhecimento da população: • Diminuição da taxa de fecundidade das mulheres que, de uma média de 6 filhos, em 1960, em 1991 já baixava para 2,5 • Aumento da longevidade. No ano de 1980, era de 57,2 anos para o homem e 64,3 para a mulher, enquanto que, em 2000, já era de 64,8 anos para o homem e 72,5 anos para a mulher.
Portanto, em vinte anos, a estimativa de vida aumentou 7,6 anos para o homem e 8,2 anos para a mulher. Outros fatores que influenciam no envelhecimento da população: redução da mortalidade, melhoria de infra-estrutura sanitária, avanços científicos, etc. SITUAÇÃO DOS IDOSOS Que bom, hoje o ser humano vive mais, mas a sociedade ainda não conseguiu atender adequadamente a esta parcela da população. Portanto, embora o aumento da longevidade seja uma conquista da humanidade, o envelhecer com qualidade de vida é um dos grandes desafios da sociedade moderna. Delicada é, de fato, a situação do idoso em nossas famílias e no seio da sociedade de consumo que, com seu espírito de produtividade, rendimento e eficiência, considera um peso a presença do idoso. O envelhecimento da população é um fenômeno mundial. Isso traz importantes repercussões no campo social e econômico. É o que acontece no Brasil, onde a infraestrutura que atende a essa população é precária, no que diz respeito a serviços, programas sociais e de saúde, particularmente para os idosos de baixa renda. O Brasil, que sempre se considerou um país jovem, não se preparou para a realidade de 15 milhões de sexagenários, um em cada dezesseis habitantes. A aposentadoria, conquista que deveria proporcionar um tempo de descanso e de realização de antigos sonhos, para a maioria dos idosos significa uma grave queda do poder aquisitivo, dificultando assim o pagamento do aluguel, da alimentação e dos remédios. Esta situação piora ainda mais quando as famílias se encontram sem condições de cuidar de seus anciãos. CULTO AO CORPO Hoje existe um verdadeiro culto ao corpo. Multiplicam-se assim as academias de ginástica, as cirurgias plásticas, os cosméticos e as drogas que prometem milagres.
A idéia subjacente a essas práticas é a de que a velhice feliz consiste em parecer jovem, o que leva muitos idosos a valorizarem a juventude que possuíram, vivendo do passado e desconhecendo os valores da sua própria velhice que ainda poderia ser repleta de vivências e realizações. Nota-se também que, enquanto a ciência prolonga a vida do ser humano, a sociedade desestimula a participação da população idosa nos processos socioeconômicos e culturais. O mesmo diga-se do desinteresse dos meios de comunicação pela causa dos idosos. A pressão social atua para negar a velhice enquanto tal, valorizando a pessoa que consegue disfarçá- la fisicamente (velhos ―bem conservados‖) e/o u psicologicamente (velhos ―de espírito jovem‖). INCAPACIDADE OU EXPERIÊNCIA? Nesse sentido, são as gerações mais novas que designam aos idosos seu lugar, status e papel. Na sociedade industrializada ocidental, o idoso quase não é ouvido e salienta-se, antes de tudo, a incapacidade mais do que sua experiência. Alega-se que a velhice traz prejuízos à saúde física e mental. Por detrás dessas concepções fica evidente uma visão reducionista da pessoa humana, que só vale pelo que produz, e não pelo que é. Diga-se, porém, que esta discriminação acontece quase que exclusivamente com os mais pobres, pois são inúmeros os casos de dirigentes idosos que se mantêm longamente no poder. Uma vez que o ancião se retira do mundo do trabalho, simultaneamente se afasta daquilo que dá sentido e prestígio nessa sociedade: o processo de produção. Conseqüentemente, ao invés de ser respeitado e valorizado, ele é tratado como criança, pessoa sem incidência efetiva. Trata-se de uma verdadeira conspiração silenciosa contra a velhice. Mas nem sempre é assim, pois, em outros tipos de sociedade, encontramos os papéis inversos: os idosos são honrados por causa de sua rica experiência, tendo assim uma participação importante. Fica claro, portanto, que uma das preocupações em relação aos idosos e à sociedade que envelhecerão deve ser a valorização dos talentos da terceira idade. Valorizando a capacidade que ainda possuem e estimulando seus dons, certamente eles ―envelhecerão vivendo, e não viverão envelhecendo‖. PERIGOS DA VELHICE A velhice, como todas as etapas do desenvolvimento humano traz consigo uma situação de crise existencial. Essa crise se apresenta em três dimensões: • Crise de identidade: necessidade de novas relações consigo mesmo, com as demais pessoas e com o mundo dos valores.
A capacidade de se aceitar, de estar de bem com a vida, é fundamental para uma vida saudável.
• Crise de autonomia: Ser ―dependente‖, receber e não poder dar é, para muitos, uma idéia terrível, uma lição difícil de aprender. • Crise de pertença: necessidade de novas relações com a sociedade. É preciso substituir os papéis sociais que vão se perdendo por outros, adequados ao próprio estado de vida, para não se cair na frustração. Daí a necessidade de estratégias de socialização dos idosos que, pelo fato de não irem mais trabalhar, desfazem-se do relacionamento com uma porção de companheiros.
Às vezes chega a viuvez e a solidão aumenta, já que a comunidade não valoriza mais a sua participação. A este ponto não é de se estranhar que alguns idosos entrem em estado de depressão. UM PRÊMIO! A vida longa é um prêmio. A velhice pode ser um tempo de intenso desenvolvimento social e espiritual. Não há nada que justifique a exclusão dos velhos. Quem envelhece não deseja que sua vida sofra uma contração, pois, apesar das perdas, das dificuldades e dos problemas, o idoso quer viver, contando com a ajuda de sua experiência e ser premiado por ter lutado sempre. Mas isso não é automático. Para pensar a velhice do futuro, é preciso muita criatividade. O tempo do velho deve ser reinventado. Os exemplos não faltam. Basta observar as portas das escolas infantis e das creches. Quem leva as crianças e quem vai buscá-las? Quem as alimenta e cuida delas quando os pais trabalham? Quem vai à feira e ao supermercado? Quem põe seu lar à disposição dos filhos que não têm casa? Mas, lamentavelmente, esse ser disponível, com trabalho e sem salário, quando necessitado, infelizmente e injustamente é considerado um peso. Fonte: Mauri Heerdt
Texto-Base
2003
***
ESPIRITUALIDADE DA TERCEIRA IDADE Esta é uma das áreas mais esquecidas no campo do envelhecimento: uma espiritualidade para os mais anciãos. Se houve grandes progressos na medicina, nutrição, transporte e outros fatores ligados aos idosos, o mesmo não se pode dizer da teologia, da filosofia ou da ética. É preciso explorar melhor as dimensões mais profundas do envelhecimento e oferecerlhe uma espiritualidade que dê sentido à vida humana neste momento mais difícil. Entre as principais características para uma espiritualidade da Terceira Idade, podemos destacar:
A assistência religiosa: Cultivar a religiosidade do idoso é ajudá-lo a descobrir os valores humano-religiosos de sua idade e a viver esse tempo de sua existência na serenidade e na paz que só Deus sabe dar. É ajudá-lo a descobrir que mesmo os sofrimentos podem ser ocasião de crescimento interior, tanto para quem sofre como para os outros. Otimismo e realismo: Encarar a realidade com clareza e coragem. A fé e a esperança nos ensinam a olhar para a frente, para a estrada que ainda temos que percorrer. Contemplação: uma espiritualidade mais plena exige a abertura para a contemplação: saber parar, refletir, encontrar a Deus na oração e na prática da caridade. Celebrar: esta idade pode trazer grandes alegrias, tais como chegar às bodas de ouro, ver os filhos se realizarem, ter velhos amigos. Isso tudo pode se tornar motivo de festa e celebração. Autocompreensão: é fundamental aceitar a própria realidade. Aceitação que não significa resignação, mas aquela atitude e dignidade que vem da consciência esclarecida do processo natural da vida. Relacionar-se: A felicidade dos idosos depende muito do entrelaçamento de relações estabelecidas com o cônjuge, com os filhos e netos e também no interior da sociedade mais ampla: amigos, vizinhos... Conviver é contribuir: Para que a velhice não seja vazia e monótona, é preciso continuar a perseguir ideais que dêem sentido à vida: dedicação a instituições, trabalho social e político, intelectual... O amor é o critério último para o discernimento de toda autêntica espiritualidade, em qualquer idade. Ser um eterno aprendiz: a assimilação de novos conhecimentos, atitudes e hábitos pode ocorrer em qualquer idade. PARA OS AMIGOS DOS ANCIÃOS Já faz muitos anos que nasci. Muitas coisas boas e ruins aconteceram na minha vida, mas não estou cansado de viver! A vida nunca cansa, porque é amor, e o amor não cansa e nem se cansa de amar. Senhor! Não sei quanto tempo tenho ainda para viver, mas tudo aceito como dom precioso de tuas mãos. Quero só o que tu queres, e só desejo o que tu, Senhor, desejas para mim. Senhor! Às vezes sinto que o meu corpo está cada vez mais frágil, mas, de tudo isto, não tenho medo e nem quero ter, porque tu, Senhor, és meu Pastor e nada me falta. Senhor! Se não posso enxergar com os olhos do corpo, que possa ver com os olhos da fé. Se os meus pés não podem mais andar, que eu seja peregrino e missionário no exercício do amor. Se nada posso fazer que exija força, que eu tenha plena confiança na tua bondade. Senhor!
Dai-me a força da esperança para crer no amanhã. Que eu sirva somente de estímulo para todos os que de mim se aproximarem. Que eu seja, com a tua força e a proteção de Maria, um idoso experiente e alegre. Nada de amargura e raiva esteja em mim. Senhor! Dai-me a alegria de ver os jovens realizarem seus ideais, e que eu saiba oferecer-lhes os meus. Que tenha a consciência da minha missão de ser fermento, sal e luz. Que os jovens, olhando para mim, já experiente na vida, possam sentir e descobrir que vale a pena viver, com amor radical, o dom da vida. Senhor! Não estou cansado de viver! Quero viver com alegria! Quando e como Tu quiseres, quero partir deste mundo... Se viver neste mundo é tão bom, sem dúvida será bem melhor viver contigo por toda eternidade. Amém! Frei Patrício Sciadini
A família é o lugar onde os idosos têm o direito de se sentirem em casa. Não permita que eles ―chorem‖ hoje, para que amanhã você venha a amargar um futuro sem sentido. Só o de superar de idade e de mentalidade
amor
os
é
capaz conflitos
PARA REFLETIR 1 - Que lugar ocupam os idosos em nossa família? 2 - Nós escutamos o passado dos idosos? 3 - Admitimos e respeitamos o presente dos idosos? 4 - Atendemos as necessidades dos idosos?
Testamento e Inventário Testamento e Inventário Se nos relacionamos com pessoas e coisas ao longo de nossa vida para formar um patrimônio, com a morte, esse patrimônio será transferido aos nossos herdeiros. Dessa sucessão aos herdeiros cuida o Direito das Sucessões.
No relacionamento das pessoas entre si para celebrar contratos (Direito das Obrigações) e do relacionamento das pessoas com as coisas para adquirir propriedade (Direito Real), formamos um patrimônio, por isso, o Direito Civil é conhecido como o ―direito dos ricos‖. Propriedade e herança são dois direitos que estimulam a capacidade produtiva das pessoas, em benefício direto da família e indireto da sociedade como um todo. Quem vai primeiro se beneficiar com o nosso trabalho será os familiares. A expressão sucessão em direito, ela pode ser tanto inter vivos, como mortis causa. A sucessão inter vivos interessa ao direito obrigacional/contratual. A sucessão que nos interessa agora é a sucessão ―mortis causa‖, ou seja, em decorrência da morte.
Art. 1786 do CC – A sucessão ―mortis causa‖ se dá 1º - por lei ou 2º - por disposição de última vontade. A sucessão por lei é a sucessão legal. A sucessão por disposição de última vontade é a sucessão testamentária. Toda sucessão ou é decorrente da lei ou do testamento, ou então decorrente dos dois. Na sucessão por lei quem determina para quem vão os bens é a lei: 95% das sucessões em nosso país são legais. Já a sucessão testamentária é exceção em nosso costume, se dá por disposição de última vontade = testamento. Todavia, mesmo havendo testamento, a lei vai limitar essa liberdade de testar para resguardar os familiares mais próximos que são os filhos e o cônjuge. Por que a sucessão testamentária é rara? 1°) a gente nunca acha que vai morrer. 2°) Se a gente morre sem testamento, os nossos bens vão para nossos filhos, a quem mais queremos bem, então não precisamos testar. 3°) Pela burocracia, despesa em cartório. Esses 3 (três) argumentos nos levam a desprezar o testamento. Mas há um novo artigo do CC de 2002 que pode aumentar os testamentos, porque agora, o cônjuge herda em igualdade com nossos filhos. Uma coisa é deixar seus bens para os filhos, outra coisa é deixar para os cônjuges em condições de igualdade com os filhos, especialmente nos casamentos desgastados. O tempo irá dizer se agora as pessoas mal casadas vão ter a preocupação de testar para beneficiar os filhos mais do que o cônjuge.
Na sucessão legal, não há testamento ou ele foi anulado, teremos sempre a figura dos herdeiros que são aqueles que sucedem a título universal, porque tanto recebe os créditos como os débitos, até o limite da herança. Na sucessão testamentária, deveremos encontrar herdeiros sucedendo a título universal, mas poderemos encontrar legatários, porque estes sucedem a título singular, ou seja, legatário não responde pelas dívidas do falecido. Com base na cláusula testamentária, se o testador deixa a exemplo 13 do seu patrimônio, ou 10% deste patrimônio para alguém, está testando a título universal, mas se deixa coisas individualizadas, especificadas: casa na praia, colar de diamantes, etc., está testando a título singular. O herdeiro assume a posse logo, já o legatário não assume, só assume no final do processo de inventário, quando se verificar que a herança é solvível, ou seja, pode pagar as dívidas do falecido. Art. 1784 do CC – Destaca-se: a herança transfere-se logo aos herdeiros, o legado não se transfere logo. Se a herança não pagar as dívidas, o legatário não vai receber seu colar de diamantes. É vantagem ser legatário porque não responde pelas dívidas da herança, em compensação só entra na posse após se verificar que a herança é solvível; ressalto que herdeiro só paga as dívidas do falecido dentro dos limites da herança, afinal ninguém herda só dívida. Parágrafo 1° art. 1923 do CC – depende da herança ser solvível. De acordo com a Nova Lei 11.441/2007, altera alguns dispositivos da Lei 5.869/73 do C.P.C, possibilitando a realização de inventário por via administrativa. Abaixo a Lei na íntegra: LEI Nº 11.441, DE 4 DE JANEIRO DE 2007 Altera dispositivos da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, possibilitando a realização de inventário, partilha, separação consensual e divórcio consensual por via administrativa. OPRESIDENTEDAREPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1º Os arts. 982 e 983 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil, passam a vigorar com a seguinte redação:
"Art. 982. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial; se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. Parágrafo único. ―O tabelião somente lavrará a escritura pública se todas as partes interessadas estiverem assistidas por advogado comum ou advogados de cada uma delas, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial." (NR)
"Art. 983. O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta) dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subseqüentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte. Parágrafo único. (Revogado). (NR) Art. 2º O art. 1.031 da Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 1.031. A partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art. 2.015 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas, com observância dos arts. 1.032 a 1.035 desta Lei. ...............................................................................................‖ (NR)
Art. 3º. A Lei nº 5.869, de 1973 - Código de Processo Civil, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 1.124-A: "Art. 1.124-A. A separação consensual e o divórcio consensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento. § 1º A escritura não depende de homologação judicial e constitui título hábil para o registro civil e o registro de imóveis. § 2º O tabelião somente lavrará a escritura se os contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial. § 3º A escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que se declararem pobres sob as penas da lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 5º Revoga-se o parágrafo único do art. 983 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. Brasília, 4 de janeiro de 2007; 186º da Independência e 119º da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Márcio Thomaz Bastos
Dieta para Envelhecer Bem e com Saúde Dieta para envelhecer bem e com saúde por Jocelem Salgado Quando falamos em nutrição de idosos no Brasil temos um cenário desanimador. Segundo dados da limentação equilibrada é Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição undamental para que as (PNSN), estima-se que no nosso país existam essoas envelheçam bem, cerca de 1,3 milhões de idosos com baixo peso, com boa capacidade de gerir sendo que a desnutrição representa, atualmente, sua própria vida de forma mais de 35% nos registros de mortes de idosos nas autônoma, com o mínimo de regiões metropolitanas. limitações físicas e mentais Um estudo desenvolvido na Unicamp confirmou que os idosos não estão se alimentando como deveriam. A pesquisa, resultado da tese da Dra. Glaucia Maria Navarro de Abreu Ruga avaliou os hábitos alimentares de 94 pessoas com idade entre 55 e 83 anos. Os resultados mostraram que dois terços das pessoas não se alimentavam adequadamente e que havia um consumo insuficiente de cálcio, magnésio, zinco, vitamina B6 e ferro. A quantidade média de calorias por dia era de apenas 900, dieta digna de top model, quando o valor recomendado para essa faixa etária é cerca de 1.500 calorias diárias. O estudo mostrou também que o consumo de fibras era muito baixo, o que gerava queixas freqüentes de problemas intestinais. A preferência dos idosos por alimentos industrializados prontos, mais fáceis de preparar, foi considerada a maior responsável pelas carências nutricionais.
Mais idosos De acordo com dados do IBGE, estima-se que em 2050 o número de idosos no Brasil será igual ao número de jovens: as pessoas com mais de 60 anos, que hoje representam cerca de 5% da população, serão 18%, mesma porcentagem dos que terão entre zero e 14 anos. Em pouco mais de quatro décadas, o número de pessoas com 80 anos ou mais chegará a aproximadamente 13,7 milhões. Esses números mostram que o país precisará investir em políticas públicas tanto para criar condições de oferecer atendimento médico adequado a essa população como para divulgar a importância dos hábitos saudáveis para a obtenção de uma qualidade de vida superior. Principalmente porque em outro espectro encontramos também idosos obesos, que ao contrário daqueles avaliados pelo estudo da Unicamp, exageram no consumo de calorias diárias, consomem grandes quantidade de gorduras e açúcares e não praticam nenhuma atividade física. As conseqüências de todo esse desequilíbrio alimentar (falta ou excesso de nutrientes) tem causado um avanço assustador de doenças que debilitam e matam anualmente milhares de brasileiros. De acordo com o relatório "Preventing Chronic Disease : a vital
investment" da Organização Mundial de Saúde, divulgado em outubro de 2005, doenças crônicas não transmissíveis como as cardiovasculares, diabetes, câncer, entre outras, são responsáveis por 72% de todas as mortes no Brasil. Isso equivale a 928 mil mortes/ano de um total de 1.289 milhões de mortes e representa um prejuízo anual de US$ 3 bilhões ao nosso país.
Viver melhor Bons alimentos ajudam a envelhecer melhor. Por isso, é importante ter uma alimentação equilibrada e saudável desde criança para chegar em plena forma à maturidade. Contudo, modificações nos hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos podem trazer também grandes benefícios mesmo para as pessoas que já chegaram à meia-idade e nunca tiveram um estilo de vida saudável. Sempre há tempo para tentar reverter a situação.
Veja algumas dicas para quem quer envelhecer bem e com saúde: - Calorias: a partir dos 55 anos o metabolismo torna-se mais lento e com isso o risco de se perder massa magra (músculos) e ganhar gordura corporal é maior. A necessidade de calorias diminui para homens (cerca de 600 calorias/dia a menos) e mulheres (cerca de 300 calorias/dia a menos). Procure diminuir o consumo de alimentos energéticos e pouco nutritivos, como doces, refrigerantes, alimentos gordurosos, frituras, massas. - Carboidratos: Não exagere, dê preferência aos carboidratos presentes em grãos integrais como trigo integral, aveia, centeio, e leguminosas como a soja e o feijão. O ideal é que os idosos consumam quatro porções diárias: pão integral no café da manhã e no lanche e arroz integral com feijão no almoço e na jantar, por exemplo. - Proteínas: Você não pode deixar faltar proteínas em sua alimentação. Elas ajudam a manter a musculatura e reforçam o sistema imunológico. O ideal é consumir cerca de 0,8 a 1,0g de proteína por quilo de peso ao dia. Assim, uma pessoa que pesa 60 kg, deve consumir algo em torno de 60g de proteínas ao dia. Peixes, aves sem pele, carnes magras, laticínios desnatados, e leguminosas como feijão, soja, grão de bico, ervilhas e lentilhas são as melhores fontes de proteínas para as pessoas de meia idade. A clara do ovo pode ser consumida todos os dias, enquanto que a gema é indicada apenas 3 vezes por semana. No quesito proteínas, uma novidade fica por conta do colágeno hidrolisado, uma proteína que já está disponível no mercado e que promete repor parte do colágeno corporal perdido com o avançar da idade. - Gorduras: Muito cuidado com elas - os idosos têm mais dificuldade que os jovens em se livrar delas. Em quantidades adequadas formam hormônios, enzimas, etc. Em excesso acumulam-se nos tecidos adiposos aumentando o peso, e o que é pior, facilitam a deposição do colesterol nas artérias, causando obstrução e aumentando o risco de infartos. Consuma com moderação gorduras saudáveis como aquelas presentes no azeite de oliva, castanhas, abacate e óleos de peixes marinhos, canola, milho e girassol. - Vitaminas e minerais: Encontrados em todos os alimentos, mas em quantidades excepcionais nas hortaliças e frutas. A menos que haja alguma restrição médica, pode-se comer esses alimentos à vontade. Recomenda-se pelo menos quatro porções de verduras e legumes e três de frutas todos os dias, variando ao longo da semana de forma que
vários tipos de vitaminas e minerais possam ser consumidos. - Água: A necessidade de água aumenta com a idade, até porque os rins nem sempre funcionam tão bem. Tome de sete a oito copos por dia. Você ainda se beneficia com a melhora na digestão e evita prisão de ventre. - Não fique sem comer, nem substitua refeições por chá com torradas ou sanduíches. O ideal é fazer cinco ou seis pequenas refeições equilibradas por dia. - Cuidado com o sal. Com o passar da idade, existe uma menor percepção do sabor salgado, e isso pode fazer com que as pessoas utilizem mais sal na comida do que devem. Um perigo para quem tem pressão alta. A dica é caprichar nas ervas e condimentos naturais, que acentuam o sabor em vez de salgar demais. - Não descuide das fibras na alimentação: a ausência delas colabora com a prisão de ventre, que é freqüente nessa idade. Trocar o pão e o arroz brancos por suas versões integrais, ou fazer um belo prato de mamão com aveia no café da manhã, são jeitos fáceis de aumentar a quantidade de fibras na alimentação. - Lembre-se: A alimentação equilibrada é fundamental para que as pessoas envelheçam bem, com boa capacidade de gerir sua própria vida de forma independente e autônoma, com o mínimo de limitações físicas e mentais. Informações podem ser obtidas no site http://www.hcanc.org.br/dmeds/psiq/psic2.html.
Cuidar do Idoso Doente no Domicílio EXTRATO NA ÍNTEGRA DE ARTIGO CIENTÍFICO CATTANI, R. B.; GIRARDON-PERLINI, N. M. O. - Cuidar do idoso doente no domicílio na voz de cuidadores familiares. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 02, 2004. Disponível em www.fen.ufg.br
"Categoria 1. Ser cuidador familiar: uma opção ou uma obrigação? Definir quem será o cuidador familiar de um idoso doente no domicílio constitui-se numa situação em que a família, na maioria das vezes, necessita reorganizar-se e negociar possibilidades, que incluem identificar, conforme o parentesco, a disponibilidade de tempo e o desejo pessoal, quem poderá assumir essa tarefa. A partir das informações obtidas junto aos colaboradores deste estudo percebemos que o grau de parentesco tem influência decisiva na escolha de quem irá cuidar, ou seja, quanto mais próxima for a relação familiar, mais chances tem esta pessoa de vir a ser a responsável pelo cuidado do idoso, conforme descrito na literatura.
Durante o alongamento, o membro alongado deve estar esticado, mas manter uma pequena folga na articulação é aconselhável para diminuir um pouco a carga sobre os tendões e ligamentos (as articulações não devem ser hiperestendidas). O executante deve respirar profunda e lentamente durante a execução dos exercícios. Se o executante sentir alguma tontura, mesmo que leve, ele deve voltar a respirar naturalmente. Realizar os exercícios seguindo as recomendações acima descritas resultará em um aumento da flexibilidade, e a maneira de progredir no treinamento é sempre tentar alcançar a maior amplitude articular sem que ocorra dor;
Os exercícios de flexibilidade também podem ser utilizados no aquecimento, antes das sessões de treinamento, com a função de preparar o corpo para o exercício. Nesse caso os exercícios devem ser feitos após o corpo já estar aquecido, pois alongar músculos "frios" pode resultar em lesões musculares a articulares. Os exercícios devem ser realizados com apenas uma repetição, e devem durar poucos segundos. Além disso, devem ser escolhidos de acordo com a atividade a ser realizada, pois como o intuito é apenas de preparar o músculo para o exercício, somente devem ser alongados os membros a serem utilizados durante a atividade. Uma outra alternativa é incorporar exercícios dinâmicos multiarticulares durante o aquecimento, pois apesar de não buscar uma amplitude grande de movimento, aquece e alonga levemente um grande número de músculos.
Exercícios para Treinar a Flexibilidade Exercícios para Treinar a Flexibilidade
Isquiotibiais
Este exercício tem por objetivo alongar a musculatura posterior da coxa, sendo que o conjunto dos músculos dessa região também é denominado de isquiotibiais. O executante deve sentar-se em um banco ou outra superfície rígida que lhe permita apoiar toda a perna (como duas cadeiras colocadas lado a lado). Uma das pernas deve então descansar sobre o banco, com a ponta do pé apontando para cima (as costas devem ser mantidas retas). A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé totalmente apoiado no solo. O joelho da perna apoiada no banco deve ser totalmente estendido. Se neste ponto o executante já sentir o alongamento, essa é a posição que deve ser mantida pelo tempo determinado para esse tipo de treinamento. Se o executante não sentir o leve desconforto nessa posição, deve levar o tronco à frente, como se fosse deitá-lo sobre a perna estendida, mantendo sempre as costas retas (a única articulação que se movimenta é o quadril). No caso de o executante ter sofrido uma fratura na cabeça do fêmur, não é seguro levar o corpo à frente neste exercício (a não ser que haja aprovação do médico ou fisioterapeuta responsável). Após manter a posição de 10 a 30 segundos, o executante deve retornar lentamente à posição inicial, terminando uma repetição. Resumo:
Alguns entrevistados referiram que assumiram o cuidado do idoso doente porque entendem ser uma obrigação matrimonial , tanto de esposo como de esposa, pois uma vez casados constitui-se em dever um cuidar do outro até o fim da vida. Atribuem esta responsabilidade ao acordo firmado perante Deus, por ocasião do matrimônio, em que se comprometeram a partilhar alegrias e tristezas, além de estarem juntos na saúde e na doença, conforme pode ser evidenciado nas seguintes manifestações: “A senhora sabe que antigamente a gente, tendo, casado, fez aquele juramento pra Deus e as coisas assim, nas horas boas e nas horas ruins, a gente tem que estar sempre junto, pra cuidar, eu tenho que cuidar, o que eu vou fazer, abandonar não dá”.” (He man)
Esta obrigação também é mencionada por aqueles que tem uma vida em comum, que mesmo não tendo formalizado a sua união de acordo com um ritual religioso ou num contrato civil, sentem-se com o mesmo tipo de responsabilidade. “Penso assim que, que eu tenho que cuidar dele, porque estou junto com ele. É meu companheiro, então tenho que cuidar”. (Shenna)
Em investigação realizada por SILVA (1995) na qual buscou conhecer as relações de gênero e poder entre cuidadoras – mulheres e pacientes acometidos por Acidente Vascular Cerebral (AVC) e que perderam sua independência, constatou que para algumas cuidadoras a ―opção‖ de cuidar é vista como uma obrigação que está embutida no seu papel de esposa, estando relacionado ao projeto de vida do casal, já que o casamento se constitui em um projeto de vida comum que inclui a questão do cuidado pelo outro. Associado ao fato de cuidar como uma função inerente ao casamento, evidencia-se que também existe um componente afetivo que conduz essa atuação e contribui para que um cônjuge cuide do outro: o sentimento de carinho, de gostar do outro, como pode ser percebido nesta fala: “Mas porque, é meu esposo, a gente cuida, é uma pessoa que a gente quer bem, a gente cuida nem que não seja esposa, que seja mãe, cuida, Não há como um porque, não há uma obrigação eu acho, e sim gostar da pessoa. Eu acho que, que mais que obrigação é um dever que a gente tem, um cuidar do outro, tem que ser, quando não der mais, terá que se arrumar uma pessoa mais”. (Sherra) O cuidar se apresenta como uma manifestação de afeto, pois como diria o poeta, ―quem ama, cuida‖, e a concepção popular de amar remete a essa forma de compromisso com o outro. Na língua portuguesa cuidar denota ―aplicar a atenção; o pensament o; ter cuidado com os outros e consigo mesmo; tratar de assistir‖, dentre outros sinônimos (FERREIRA, 1999, p. 589).
Embora a cuidadora refira-se ao afeto como motivação para cuidar, evidencia-se que cuidar de seu esposo também é um dever, mais que uma obrigação, podendo se notar o expressivo traço cultural, no qual sendo esposo, tem que ficar junto e dedicar-se na realização dos cuidados. Assim, podemos depreender que o componente afetivo apresenta-se como um fator importante e influencia na escolha do cuidador, porém este
estará acompanhado de valores impostos pela cultura familiar, ou seja, os direitos, deveres e obrigações dos membros da família. Dever é definido como se ter obrigação ou necessidade de; ser devedor de; aquilo a que se está obrigado por lei, pela moral, pelos costumes, incumbência ou obrigação; sendo que obrigação é definida como dever; imposição; tarefa necessária; compromisso; motivo de reconhecimento; favor; serviço; preceito...(FERREIRA, 1999). Assim, quando o cuidador se refere a seu dever ou a sua obrigação, podemos considerar que este está se referindo a uma obrigação moral determinada, expressa em uma regra de ação, que nesse caso é o cuidar. Culturalmente, a sociedade espera essa atitude dos casais e, segundo KARSCH (1998), para cuidadoras esposas, o ato de cuidar está embutido no seu papel de mulher casada, a partir do compromisso assumido e selado desde o momento do matrimônio. Este compromisso associa-se a valores como responsabilidade e obrigação e o dever como um sentimento natural e subjetivo. Cuidar do companheiro, enquanto puder, enquanto tiver forças, tem uma representação para os cuidadores, no sentido de ser valorizado e reconhecido pelas outras pessoas, por aquilo que faz. De certo modo, há um heroísmo que os torna respeitados perante a sua comunidade, pois estão cumprindo com suas obrigações. Nesse sentido, SOMMERHALDER & NERI (2001) em uma investigação com 15 mulheres cuidadoras principais de idosos de alta dependência identificaram que os benefícios relatados por estas estavam relacionados a crescimento pessoal, senso de auto-realização, senso de significado e senso de reciprocidade. No aspecto social os ganhos relacionaram-se à valorização social, à satisfação pelo cumprimento de normas sociais e benefícios às relações familiares. Também MENDES (1995) reforça a idéia de que os cuidadores entendem a atividade de cuidar como um dever moral decorrente das relações pessoais e familiares inscritas na esfera doméstica, visto que muitos cuidadores não se viam como tais e, a partir do momento que necessitam desempenhar tal papel, o assumem como uma exigência decorrente do viver em família. O dever, entretanto, refere-se a ações impostas por normas sociais. Estas por sua vez, estão inscritas num conjunto de crenças e valores compartilhados entre membros de uma sociedade, sendo que a família é o lugar da transmissão, introjeção e manutenção dos valores. Para os casais, principalmente, os idosos, cuidar de seu companheiro(a) é tido como uma etapa normal e esperada no processo de envelhecer o que, como diz MENDES (1995), faz, muitas vezes, com que ―o cuidador de um idoso doente e dependente seja outro idoso, que por sua vez também pode ter restrições em sua saúde, porém, encontrase em melhores condições, o que os possibilita cuidar‖. Quando o cônjuge não pode desempenhar esse papel ou já é falecido, a responsabilidade responsabilidade pelos cuidados passa a ser uma obrigação filial. Os filhos referem que cuidam porque não há outra alternativa, pois ―mãe é mãe‖. O sentimento para com o idoso é fortuito, cuidam pelo amor que sentem pelo genitor, procurando aceitar seus defeitos, e pelos laços de afeto que os une.
“Olha eu, eu faço, porque isso tem que fazer, ela é minha mãe, tudo, o que eu vou fazer, tem que fazer igual e (...) suportar o que a mãe é”. (S uper-homem) (S uper-homem)
Quando os idosos precisam de ajuda, os filhos adultos costumam assumir o papel de cuidadores, por terem um vínculo afetivo e uma responsabilidade culturalmente definida, conhecida como ―obrigação filial‖ (Bleiszner, apud PAVARINI et al., 2001). Ser cuidador da própria mãe (ou pai) transcende o ato em si, pois resgata o carinho, o amor, as desavenças do cotidiano e possibilita a retribuição de valores, de cuidados e também, de certa forma, o ffato ato de existirem. “Eu (filha) tenho amor por ela, à gente se não fosse ela, a gente não estava no mundo”. (Mulher Maravilha) “É eu cuido, é minha mãe, tenho carinho por ela. É o que eu posso fazer hoje por ela, é -homem) cuidar”. (Super -homem)
Mesmo que esta obrigação seja vista como um fator inerente à condição de filhos, outras figuras se apresentam neste estudo como cuidadoras. A neta, embora não seja filha, sente-se como tal e, portanto, imbui-se da mesma obrigação filial. Ao residir com a avó, passou a cuidá-la diariamente, sentindo-se responsável por ela. Além disso, separada dos pais, por motivos familiares, relata que com o passar do tempo, do carinho e da atenção da avó a considera como a própria mãe. “Se eu fosse escolher eu não ia escolher cuidar dela, aí então como surgiu eu cuidar dela, eu aceitei. Daí fosse uma escolha assim, no meu ver, antes eu não ia querer cuidar de uma pessoa idosa doente, mas surgiu a oportunidade, então eu vim cuidar. Também ficou na minha responsabilidade e eu fiquei aqui então. E eu tenho um carinho de mãe com ela, o carinho que a minha mãe não teve por mim ela teve”. (Bat girl)
A responsabilidade que lhe foi imposta frente às circunstâncias familiares sem possibilidade de optar ou não por tal tarefa, fez com que o cotidiano fosse moldando a relação familiar e a realização dos cuidados para com a idosa doente, na esfera familiar. Tornar-se cuidador de um familiar idoso e dependente no domicílio implica em alguns fatores que levam o cuidador a assumir-se como tal, como, por exemplo, ser o familiar mais próximo e do fato dos outros se desvencilharem do cuidado. cuidado. Também, como cuidadora identifica-se à nora, que cuida da mãe de seu esposo. Ambos residem no mesmo domicílio e, como nestas ocasiões, em que alguém necessita de cuidados no âmbito familiar, alguém tem de executar, a nora, devido às contingências, assumiu esta tarefa. Considerando que o cuidado é culturalmente desempenhado pela figura feminina, a nora o realiza, pois o filho precisa trabalhar e considera esta uma tarefa a ser desempenhada pela mulher. Refere também que realiza um sistema de rodízio com uma das filhas da idosa, quando uma ou outra precisa viajar, porém ainda fala que os outros filhos se desvencilharam do cuidado, então alguém precisa realizálos. “Vou cuidar dela até quando ela precisar de mim, enquanto eu puder, e u cuido. Por isso que enquanto eu puder e tiver saúde eu cuido dela, agora o dia que eu não puder mais, daí as filhas vão ter que assumir ela daí. Por enquanto sou eu que estou
assumindo e vou assumir até enquanto der, pra cuidar dela. Gosto dela, quero bem e tudo e os outros não querem, não tem muita vontade de cuidar, então alguém tem que cuidar”. (Mulher Gato)
A colaboradora explicita que enquanto puder desenvolver os cuidados à sogra irá fazêlos, entretanto quando isto não for possível, enfatiza que as filhas é que deverão assumir os cuidados. De certa forma, sua mensagem deixa transparecer que na sua concepção esta função compete às filhas, e não a ela. O assumir o fato de ser o responsável pelo pelo cuidado não é uma opção, porque em geral, o cuidador não toma a decisão de cuidar, mas esta se define na indisponibilidade de outros possíveis cuidadores para cuidar e, quanto mais o cuidador se envolve, mais os nãocuidadores se desvencilham desvencilham do cuidado (KARSCH, 1998). Assim percebemos que, uma vez assumindo, o cuidado dificilmente é transferível. A aceitação de ser cuidador se dá, geralmente, num processo que pode ser explicado como uma forma de ―impulso‖ inicial e ou de slipping into it (escorregar para dentro) conforme Ungerson (1987), Lewis & Meredith (1988) apud MENDES (1995). Ou seja, em princípio, a pessoa, num ato espontâneo e impulsivo assume o cuidar ou, sem perceber, vai assumindo pequenos cuidados e quando percebe já é o cuidador principal, escorregasse estando completamente comprometido. ―É como se de um lado o cu idador escorregasse cada vez mais para dentro da situação e, de outro, os não - cuidadores deslizassem cada vez mais para fora dela‖ (KARSCH, 1998, p.138).
Categoria 2 : Sendo cuidador familiar de idoso doente no domicílio Sentimentos do cuidador: da gratidão a resignação Desempenhar a tarefa de cuidar do idoso doente e dependente no domicílio deflagra diferentes sentimentos que são vivenciados pelos cuidadores diariamente. Alguns entrevistados relatam que para ser cuidador é imprescindível ter algumas qualidades, que os possibilitem resistir ao cotidiano. Têm que se conformar, ― agüentar” cuidar do idoso, pois não há o que fazer. Segundo eles, qualquer atitude, como abandonar a função, brigar com o idoso e os outros familiares, não mudará a situação de ser cuidador, nem a situação do idoso doente, pois este continuará dependente e possivelmente não haja outra pessoa para assumir o cuidado. Assim, não podendo abdicar de tais responsabilidades, acabam sentindo-se impotentes diante da situação e a aceitam como imutável, resignando-se às circunstâncias. “Em cuidar eu me sinto bem, fazer o quê, estou junto, tenho que cuidar, tenho que agüentar”. (Sherra) [...] Ele está doente, tenho que cuidar. Paciência. E se não tem paciência, e daí?”(Sherra)
Outra colaboradora ainda expressa a ―raiva” ― raiva” como um sentimento passageiro, mas que se faz presente frente ao cuidar. Muitas vezes torna-se incomodada pela condição de ser cuidadora, de ter que cuidar de alguém doente, entretanto, afirma que o sentimento é temporário, efêmero e que com o passar do tempo, na medida do possível, tudo volta ao ―normal‖.
“Me dava raiva assim, mas depois que a raiva passava, daí (...)”. (Tempestade) “Bem, às vezes tem umas resmunguinhas ou outra, mas ela não aceita, às vezes a gente briga por causa de remédio dela e outras coisas, mas é coisinha, assim”. (Bat girl)
O cotidiano do cuidado favorece o surgimento de sentimentos de insatisfação por parte do cuidador e a manifestação do seu descontentamento, entre outros motivos, pode produzir situações de conflito entre ele e o familiar. Refletir sobre estes desencontros desencadeia sentimentos ambíguos para ambos os lados. Ao cuidador o sentimento de compaixão pela dependência do idoso e de desagrado pelas limitações que lhe impõe a condição de cuidador. Ao familiar que está sendo cuidado, a indignação pela dependência e o reconhecimento pela ajuda recebida. Conforme KARSCH (1998), o cuidador não pode ficar pensando nos problemas de relacionamento que poderão surgir no decorrer do cuidado, mas este deve fazer o que tem que ser feito, porque, ao ficar preocupado, não cuida e nem muda a situação. Considerando as motivações que permeiam a tarefa de cuidar, evidencia-se no cuidado uma forma de agradecimento pelas experiências vividas e pelos cuidados e atenção recebidos no passado. A fala abaixo expressa esse sentimento. “Então eu acho que chegou a vez de eu retribuir o que ela fez por mim”. (Batman) “Eu tenho carinho por ela, ela me deu amor. Então agora tenho que cuidar dela, retribuir pra ela”. (Bat girl)
Sentimentos de gratidão são perceptíveis, principalmente, nas relações em que os filhos são cuidadores dos pais. SILVA (1995) em sua pesquisa com cuidadoras de adultos dependentes, analisando a relação mães-filhas, conclui que as filhas ao assumirem os cuidados querem retribuir o que a mãe fez ao longo de suas vidas, especialmente no período em que dependiam dos pais para a sua manutenção. É como se fosse uma espécie de ―retribuição‖ pelos esforços realizados pela mãe ao criá -las.
Sentindo-se inexperiente frente à demanda de cuidados O exercício de cuidar do idoso doente no domicílio é um aprendizado constante, baseado nas necessidades físicas e biológicas e de acordo com o nível de dependência do idoso. Na maioria das vezes se torna difícil, pela inexperiência do cuidador, atender as demandas que vão surgindo no transcorrer do processo do cuidar e que necessitam ser aprendidas no enfrentamento do cotidiano. Atividades que parecem ser simples, para quem já as desenvolve, se tornam árduas para quem nunca precisou enfrentá-las. Assim, o cuidar, que inicialmente abrange atividades simples que se limitam a ajudar na realização de atividades da vida diária, como ajudar no vestir-se ou a servir de apoio para andar na rua, podem, gradativamente, ir se complexificando e exigindo do cuidador conhecimento e habilidades para o exercício do cuidar de acordo com as necessidades físicas do idoso. “Daí, eu tive que aprender como dar banho nela em cima da cama, eu tive que aprender como trocar de roupa nela, os cuidados que tinha que ter pra não dar aquelas feridas no corpo dela, tudo eu tive que aprender”. (Batman)
“Eu tive que aprender a lidar com o oxigênio, com tudo, praticamente. Desde as pequenas coisas”. (Sherra)
Com isso, o processo de tornar-se cuidador é gerado no enfrentamento diário, segundo Mendes (1995), aprendendo a lidar com as necessidades do idoso doente e muitas vezes, tendo que se adaptar a elas. Também, nesse sentido, GIRARDON-PERLINI (2001, p.118) em um estudo com cuidadores familiares principais de pessoas incapacitadas em decorrência de AVC que cuidam no domicílio, identificou que a maioria dos cuidadores referiu ter ―aprendido a cuidar na prática do dia – a – dia, como um autodidata, fazendo, errando e acertando e, em segundo lugar, observando e auxiliando a enfermagem durante a internação, o que reflete também um aprender por si mesmo‖. Os cuidadores descrevem que tiveram que incorporar e desenvolver a cada dia uma nova gama de cuidados, adequando-os às necessidades do idoso que, conforme a dependência vai se apresentando no transcurso da evolução de sua doença, o que torna o cotidiano cansativo e repetitivo. Referem que as noites são mal dormidas, geradas pela preocupação em saber se o idoso está bem, pelo compromisso de administrar medicamentos nos horários corretos e pela repetição de tarefas. ―Em casa tenho que cuidar de noite e dia, durmo um sono e me acordo, pra ir lá atender ele, ver se tá coberto, tapado, dar um remédio (...). E é isso (...). Acordar, levantar, tratar de esquentar uma água”. (Shena) “Eu fui cuidando ele, conforme as necessidades dele e cada vez mais, eu tive que ir fazendo as coisas pra ele, até chegar um ponto assim, que agora eu que dou banho, eu que tenho que ajudar ele a pôr na cadeira, às vezes nem na cadeira não dá pra ir, tem que colocar fralda, então, e (...)”. (Sherra)
Outros colaboradores mencionaram que iniciaram os cuidados conforme as necessidades que o idoso doente apresentava, porém, com o passar do tempo, a dependência do mesmo foi aumentando e a sobrecarga de cuidados também, posto às exigências da evolução da doença. Percebemos que os cuidadores sentem-se sobrecarregados pela demanda de cuidados e, também, por terem que realizar tarefas que até então eram atividades pessoais do idoso, realizadas por eles próprios, como tomar banho e ir ao banheiro e que agora, com o avanço da patologia, tem de ser executada pelo cuidador. Ser cuidador de um idoso doente e dependente seja ele parcial ou total, no âmbito doméstico, como refere MENDES (1995), é uma atividade absorvente que preenche o dia, e às vezes, à noite da pessoa que assume cuidar deste familiar, pois o cotidiano é o espaço do imediato em que os indivíduos devem operar as atividades através do saber prático. As mudanças que se instalam na nova dinâmica de vida do cuidador estão, principalmente, relacionadas a re-acomodação das atividades, com reformulação de horários, preparação de uma alimentação, muitas vezes, diferenciada, administração de medicamentos, estabelecimento de uma rotina para exercícios e atividades de conforto que incluem efetuar a higiene pessoal, pentear o cabelo, escovar os dentes, cortar as unhas, fazer a toalete, vestir, despir, locomover de um lugar para outro, subir escadas, sentar, levantar, deitar, entre outras (MENDES, 1995; KARSCH, 1998).
Assim, ao cuidador familiar é apresentada a necessidade de incorporar a nova realidade ao seu cotidiano, muitas vezes árdua e desgastante, conforme o que o idoso doente apresenta, e conviver com ela.
Sentindo cansaço físico e emocional Associado ao aprendizado constante do cuidar, posto o enfrentamento do cotidiano e a repetição de cuidados para com o idoso doente e dependente no âmbito domiciliar, surge, dentre os entrevistados, manifestações relacionados a cansaço físico e emocional. Cansaço emocional, conforme FREITAS et al. (2002), se caracteriza pela perda progressiva de energia, fadiga e esgotamento emocional. Reflete a situação em que os trabalhadores não podem dar de si no âmbito afetivo. Trata-se de uma diminuição da energia vital, assim como dos recursos emocionais. É uma experiência de desgaste psicológico ocasionado pela assistência cotidiana prestada a usuários que demandam ajuda. Já o cansaço físico pode ser entendido como fraqueza causada por exercício ou doença e ainda por atividades que exige esforço físico, agregado a repetição das mesmas (FERREIRA, 1999). O cuidar diariamente de alguém que apresenta dependência pode significar o desenvolvimento de atividades que envolvem esforço físico para a prestação de alguns cuidados e, também, estar atento à execução de determinados procedimentos que exigem concentração e planejamento antecipado do que será feito, afim da obtenção de resultados satisfatórios no cuidado que tem de ser realizado. Com o tempo vão surgindo características estressantes da atividade de cuidar, o desgaste físico e emocional dos cuidadores. “Que, a cabeça da gente é muita coisa né. É a mesma coisa que a senhora tivesse cansada demais, bem cansada, a senhora não dorme direito e essa canseira na cabeça da gente que vem de certo, essa amoaceira, essa canseira e a gente fica assim’’.( He man)
Como pode ser observado, as noites tornam-se mal dormidas e o acúmulo de preocupações, que envolvem a prática do cuidar fazem com que o cuidador fique ―amoado‖ e sentindo -se ―fraco mentalmente‖, referindo -se ao cansaço emocional causado pelo estresse da responsabilidade de cuidar diariamente do idoso doente. Postos às exigências do cuidar, os colaboradores deste estudo demonstraram que cuidar de um idoso doente no domicílio é uma tarefa cansativa, pois lhes ocupa muito tempo. Além das atividades que envolvem o cuidado ao idoso doente no domicílio, aliam-se a estes os afazeres domésticos que consomem outra parte do tempo, tendo, com isso, que organizar as ações de modo a conseguir dar conta da demanda de todos os trabalhos. “Canso, mas Deus o livre, estou cansad a mesmo. A filha dele diz que está cansada e vai descansar, mas eu tenho que lavar roupa, limpar a casa, fazer a comida (...)”. (Shena)
As atividades relacionadas ao lar, como aponta KARSCH (1998), estão inscritas nas necessidades de tarefas a serem desenvolvidas pelos cuidadores no dia-a-dia, sendo que isto imputa a eles uma jornada de trabalho que, muitas vezes, estende-se ao longo do dia e para a qual não contam com ajuda de outras pessoas. Conciliar as atividades
domésticas com os cuidados pessoais e os cuidados ao idoso dependente exige habilidade na organização do tempo e da execução dos mesmos. Analisando cuidadoras – mulheres de adultos acometidos por AVC, SILVA (1995) constatou que a maioria das cuidadoras admite que sua vida mudou radicalmente após assumir esse papel, pois além das tarefas caseiras aumentarem, o idoso normalmente precisa ser auxiliado nos cuidados pessoais. O cansaço foi o sentimento mais comum entre as cuidadoras, e nos casos em que o paciente tinha incontinência urinária e/ou de fezes, essa situação era mais aguda, pois, na sua maioria, era somente a cuidadora que lidava com a troca de roupas. Também se referindo aos afazeres dos cuidadores, FREITAS et al. (2002) menciona que estes percebem o cuidar como um trabalho solitário e gerador de sobrecarga, principalmente de natureza física, que se expressa em cansaço, insônia e problemas de saúde. Percebe-se que em certas ocasiões os cuidadores se sentem esgotados, sem condições para cuidar, porém como o idoso não pode se autocuidar nem, muitas vezes, colaborar nos cuidados, o cuidador tem de fazer as atividades, superando as próprias dificuldades e limitações. Diante do desgaste pessoal e da dependência do outro, chega a se questionar se o familiar realmente não consegue cooperar nos cuidados, surgindo dai um certo conflito interno e de culpa por estar em dúvida quanto a dependência do outro. Esta constatação pode ser reforçada com a afirmação de FREITAS et al. (2002) de que cuidar não é uma situação linear em que são vivenciados sempre os mesmos sentimentos e por isso existem conflitos e ambivalências. A gente diz que também não está, como é que a gente diz, assim, com muita vontade de fazer isso. Isso cansa, fico nervosa e até a gente não devia ficar, porque ele também não tem culpa, mas a gente pensa, será que ele está tanto assim que, não podia se ajudar um pouco”. (Sherra)
Para SILVA (1995) o esgotamento físico e emocional relatado pelas cuidadoras, está associado a múltiplos fatores. Além das tarefas dos cuidados, sofrem pressão cotidiana decorrentes do próprio estado de saúde do doente, que gera a dependência física e emocional; da falta de ajuda de outros familiares; das dificuldades financeiras para a manutenção da própria família; da ausência de suporte formal por parte do Estado, como por exemplo, atendimento domiciliar médico, de enfermagem, de fisioterapia e medicamentos. Prestar cuidados a um idoso muitas vezes leva o cuidador a reestruturar sua vida, alterando costumes, rotinas, hábitos e até mesmo a natureza de sua relação com o idoso (NERI, 1993). As exigências no cuidar , de acordo com FREITAS et al. (2002), parecem ser mais fortes no início de cada nova atividade, porém o senso de sobrecarga pode se estabilizar ou diminuir ao longo do tempo, em virtude de uma variedade de processos que ocorrem na vida do cuidador, tais como aprender a desempenhar as tarefas, reorganizar-se de acordo com suas disponibilidade e com as demandas ou estabelecer novos níveis de adaptação para comportamentos e estados psicológicos. Além disso, a evolução da doença pode ocasionar mudanças no curso das exigências.
Outro fator a contribuir no desgaste emocional dos cuidadores está relacionado às dificuldades financeiras. Diante da impossibilidade de suprir todas as necessidades que o familiar necessita e que a doença exige, se sentem impotentes e tristes. “É, nessas condições, e de qualquer maneira, eu só me sinto triste às vezes, quando eu não posso alcançar o que ele precisa, que nem sempre eu posso fazer o que ele precisa, tanto financeiro como ... Mais o financeiro, que é difícil, porque ele, é uma doença que requer muito, só alimentação é muito cara e, às vezes tu tem dinheiro, às vezes não tem”. (Tempestade) “Quê, cuidar não é nada vizinha, pior são as dificuldades que a gente tem, por exemplo, pra comprar um remédio, as coisas financeiras e tal, paga isso, aquilo e a gente ganha pouco, dinheiro de aposentado já viu, é pouca coisa, duzentos pila, duzentos e poucos pila, então tudo isso vai acumulando, a gente vai indo”. (He -man)
Quando comparam o ato de cuidar com os gastos para atender as necessidades dos idosos, ponderam que cuidar não é tão oneroso, pois o mais difícil é dar conta dos custos que a doença exige para suprir todas as carências do idoso. Como maioria dos participantes do estudo dependem dos valores recebidos como aposentados da previdência social, referem que o valor recebido pelos benefícios, às vezes, a única fonte de manutenção e sobrevivência, é insuficiente para atender as necessidades básicas do idoso doente e dependente. Assim, diante das limitações financeiras, buscam, primeiramente, suprir as necessidades do idoso, pois os gastos com a doença são ordem prioritária sendo que os gastos domésticos e pessoais podem ser deixados em segundo plano.
Cuidar sentindo a perda de liberdade e sendo solitário Os cuidadores deste estudo além de mencionar o cansaço físico e emocional como fatores desgastantes desencadeados durante o processo de cuidar referem, também, a necessidade de ―abrir mão‖ de atividades que eram praticadas habitualmente, a ntes de se tornarem cuidadores familiares. Ser cuidador de um idoso doente na esfera domiciliar é, na maioria das vezes, ter que negligenciar sua própria vida ou parte dela. A prioridade, neste momento, é cuidar de seu familiar doente, realizar o que ele necessita abdicando de suas próprias vontades. Um dos maiores obstáculos apontados enquanto vivenciam o processo de cuidar é a impossibilidade de sair de casa, passear, pois, de forma geral ficam atrelados à responsabilidade e a preocupação diária com a doença e cuidado do idoso. A pouca realização de atividades de lazer no cotidiano e a limitadas possibilidades de conversar com outras pessoas contribuem para o sentimento de solidão e de perda da liberdade. “Não tenho liberdade, faz anos que eu já não tenho mais a liberdade pra sair, assim passear, a senhora pensa, bá, capaz, saía ali, já tinha que estar em casa de volta. Gente doente em casa é uma coisa ou outra, chega uma pessoa a gente sempre com aquele cuidado, aquela coisa, aquela aflição parece dentro d a gente”. (Heman) “Minha vida é sofrida, porque a gente fica assim sem poder sair, tem que ficar em casa isolada e se eu saio um pouquinho ela está chamando, ela está procurando, se eu vou
sair eu tenho que falar bem com ela, explicar bem pra ela o que eu vou fazer”. (Mulher Maravilha)
Como diz MENDES (1995), existe uma dinâmica no processo de cuidar que é uma relação tensionada onde os sujeitos envolvidos, cuidador e idoso dependente, constroem seus espaços respectivos, dentro dos limites dessa nova relação pessoal. Desse modo, os cuidadores também apontam que a perda da liberdade se desencadeia pelo vínculo e pela dependência que o idoso manifesta, ou seja, quanto mais o doente necessita de cuidados ou se sente sozinho, mais o cuidador tende a ficar ―isolado‖ no domicílio para cuidar deste. Para cuidadoras de um estudo realizado por SILVA (1995), o sentir-se privado do contato nas relações com amigos e parentes é bastante visível, já que a possibilidade de sair de casa é cada vez mais escassa e as visitas são mais esporádicas. Este afastamento das pessoas faz com que as cuidadoras busquem alternativas para o seu próprio suporte emocional que substituem o diálogo com as pessoas, tais como: chorar, rezar ou isolarse. Nesse sentido, MENDES (1995) considera que fatores psicossociais interferem na forma dos sentimentos dos cuidadores serem objetivados no cotidiano do cuidador e do idoso, sendo comum à busca de valores religiosos como suporte para a aceitação deste cotidiano e dos sentimentos que afloram. Os colaboradores manifestaram, ainda, que as condições do idoso são fatores preponderantes na realização de atividades extra-domiciliares. Muitas vezes, para desenvolverem ações voltadas ao lazer, como sair à noite, ou visitar amigos, há necessidade do idoso estar bem, caso contrário, a atenção precisa estar constantemente voltada a este, e o cuidador tem que readequar seus planos. “Às vezes eu não realizo tudo que quero realizar. Às vezes quero sair à noite e não dá, porque tenho que pensar nela, então (...). Tudo depende de como ela está no dia, como ela levanta. Se está bem, ela pode ficar um pouco mais sozinha, senão não dá pra deixar. Tudo depende de como ela está”. (Bat girl) “Então eu digo, às vezes eu tenho vontade de sair, ir numa tia minha, mas não posso, num domingo, ir lá almoçar, mas não posso fazer o que quero, tenho que ficar cuidando da “vó”, ela não pode caminhar muito, então eu fico e é assim”. (Mulher gato)
Cuidar de uma pessoa dependente faz com que o estilo de vida do cuidador seja modificado em função das necessidades do outro. Independente do fato do cuidador ser uma pessoa jovem ou idosa, suas atividades de recreação e convívio social acabam sendo alteradas e dando a este a sensação de não ter autonomia para gerenciar a própria vida e ter de viver em torno do outro. O indivíduo que necessita dos cuidados, por sua vez, ―cobra‖ a presença do cuidador e nem sempre reage favoravelmente às ausências. Como bem explicita MENDES (1995), ―a falta de liberdade e os momentos solitários vivenciados pelos cuidadores fazem com que o cuidador e o idoso se lancem numa relação de busca, querendo (re)montar, (re)fazer, (re)estabilizar uma vida cotidiana nos moldes anteriores, o que já não é mais possível pela demanda dos cuidados e pela
dependência do idoso para com o cuidador‖. cuidador é conflitante, exige tempo para articulações, novos personagens, novas descontinuidade, mas mantém-se articuladas 1995).
O processo de reconstrução da vida do desenhar um novo cotidiano, novas identidades que nascem de uma pela história de cada um (MENDES,
Em meio à solidão de ficar inserida somente no meio domiciliar e não ter liberdade para realizar o que gosta, os participantes deste estudo apontaram que, mesmo com a preocupação de cuidar do idoso doente e isto ser um fator gerador de dificuldades no enfrentamento pessoal, procuram reorganizar suas atividades de rotina e de vida para se sentirem, além de úteis, felizes consigo mesmo. “E agora eu também então estou indo na ginástica ali, de quarta e sexta, é às duas horas e demora uma hora só. É tão pertinho, só que daí eu tenho que deixar ele fechado, ele fica sozinho, às vezes chega gente, não tem nem quem abra a porta, daí ficam batendo, é meio difícil, mas (...)”. (Sherra) “Agora eu estou mais assim, porque ele melhorou, assim mais feliz, ele melhorou, posso sair, vou no baile dos velhos, eu já tava com as pernas meio duras de não treinar as pernas, e agora dá pra eu ir, assim, às vezes”. (Shena)
Diante da tentativa de readequação de suas vidas, os cuidadores principais ainda enfrentam dificuldades, pois na ausência de cuidadores secundários, muitas vezes, o idoso acaba por ficar sozinho no domicílio, enquanto realiza atividades fora de casa, situação esta que gera preocupação ao cuidador. Podemos deduzir que, com o passar do tempo, o cuidador pode redefinir e redesenhar seu papel em relação às tarefas do cotidiano e do cuidado, que mesmo sendo conturbado, permite a ele vislumbrar opções de lazer e descontração. Para não adoecer, é importante que o cuidador perceba que está vivo, que não está doente e precisa continuar a sua vida da melhor forma possível. A necessidade de mostrar ao cuidador a importância do desenvolvimento de atividades físicas e de lazer, de dedicar um tempo a si, para que possa manter sua saúde física e mental, foi apontado por PAVARINI et al. (2001). Esta necessidade está relacionada ao mal - estar e a frustração gerada pelas dificuldades para auto-cuidado, geralmente por falta de tempo, no caso dos cuidadores que, envolvidos no cuidado, muitas vezes, esquecem da sua própria vida. Por outro lado, os cuidadores referem que a reorganização das atividades, a fim de se distraírem, acontece, mais facilmente, quando o idoso melhora seu estado clínico, de debilidade e dependência. Em uma reflexão mais abrangente e mais profunda, MENDES (1995), mostrou em sua pesquisa que o dia-a-dia do cuidador é radicalmente modificado pela doença. De acordo com esta pesquisadora, na relação de cuidar e ser cuidado, velhas relações pessoais são redefinidas, novas atividades, tanto de rotina como de vida e relações psico – sociais são introduzidas no seu cotidiano, e de certa forma, a doença põe em suspensão a vida cotidiana da família. Uma nova vida cotidiana se instala aos poucos reitroduzindo algo do velho cotidiano, no novo."
A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa A Razão dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa Fonte: http://www.idoso.ms.gov.br/artigo.asp?id=76 Núcleo de Informação Governo Popular de Mato Grosso do Sul
do
Idoso
―Rugas no rosto moreno, ondas no lago sereno, vento repentino, ares de menino. Fugas de brigas de rua, luas e luas e luas, repentina paz, meu velho rapaz‖ (Gilberto Gil. O Mar e o Lago, 1996, in Quanta). Durante a Segunda Assembléia Sobre Envelhecimento, em Madri, a ONU divulgou as projeções de uma revolução demográfica: o número de pessoas com mais de 60 anos aumentaria de 600 milhões em 2000 para 2 bilhões em 2050. Nos países em desenvolvimento, espera-se a quadruplicação de idosos no mesmo período. Para melhor enquadrar a questão, mister conceber a sociedade moderna, geometricamente, como retangular, em oposição à anterior e clássica forma piramidal; isto é dizer que em cada década de vida (0-9; 10-19 e assim por diante) há número equivalente de pessoas (Stuart-Hamilton, 2002).
A busca responsável pelo equilíbrio entre tutela e autonomia, prerrogativas e privilégios, juventude e senilidade, direitos e deveres é um desafio jurídico, além de social e ético. A Declaração Política da ONU sobre o envelhecimento, produzida a partir daquele recente encontro em Madri, refere-se já em seu primeiro artigo à meta de promover o desenvolvimento de uma sociedade para todas as idades e, naturalmente, a contribuição das legislações para a formação de um novo paradigma de convivialidade, diante desta nova ordem demográfica, não pode ser desprezada. Os Direitos Humanos, entendidos através de seu caráter universalizante, apreendidos como verdadeiro movimento de globalização íntima, no qual são contemplados e sacralizados apenas necessidades e interesses constantes – ainda que historicamente expansíveis – , porque próprios da humanidade, são a referência legítima à limitação do Poder, inclusive em plano internacional, e se prestam a nortear condutas neste diálogo intercultural e intergeracional. Tais Direitos básicos nascem dos fins humanos, sobretudo daqueles de maior significação. Do ciclo vital nascimento-crescimento-reprodução-morte derivam todos eles, embora com variações aduzidas pelo tempo e pelo espaço. Pacificamente admitidos os direitos à vida, à igualdade, à alimentação, à liberdade (inclusive procriativa, a render, no entanto, ainda calorosos debates acerca, por exemplo, do aborto, da seleção gênica, etc.), impõe-se a nobilitação também do direito ao envelhecer. Assim estabelecidos os direitos, poder-se-ia pensar que o direito da pessoa idosa corresponde ao homem em abstrato, direito, portanto, ―de primeira geração‖. Entretanto, para que finalmente seja ultrapassada a era de direitos noctifloros, que surgem e desaparecem em um único período porque não lhes foram asseverados sobrevivência e respeito no corpo social, deve-se justificar estes valores na demonstração de que ―são apoiados no consenso, o que significa que um valor tanto é mais fundado quanto mais é aceito‖ (BOBBIO, 1992, p.27).
Isto equivale dizer que fundamentação e justificativa estão na imposição da realidade – envelhecida, discriminada. Neste raciocínio – de que reconhecimento e eventual proteção de direitos estão intimamente relacionados a um contexto social determinado – , crê-se que só foi possível cogitar Direitos de categorias (idosos, mulheres ou trabalhadores) ulteriormente a certas mudanças que ensejaram o aparecimento destas categorias. O direito, portanto, é antes social que natural, neste aspecto. Em nossa sociedade, a velhice difere de outras categorias etárias basicamente no que se refere a inúmeras perdas de relacionamentos afetivos (por afastamento ou por morte); profundas modificações familiares (com a ausência dos próprios pais, quiçá do cônjuge, e o surgimento de novas famílias constituídas pelos filhos); dificuldades quanto ao mercado de trabalho ou opção por uma segunda carreira, especialmente sob um sistema coercitivo de aposentadoria e subemprego; batalha contínua contra doenças crônicas e debilidades orgânicas, proximidade da morte, ameaça à sexualidade, à inteligência e à integridade. (FRAIMAN, 1995, p.23). Em 1970, quando Simone de Beauvoir escreveu seu famoso ensaio sobre a velhice, não havia ainda, assim entendida, tal categoria de cidadãos seniores: Em política, o indivíduo conserva durante toda sua vida os mesmos direitos e deveres. O Código Civil não faz qualquer distinção entre um centenário e um quadragenário. Os juristas consideram que, fora os casos patológicos, a responsabilidade penal dos idosos é tão integral quanto a dos jovens. Os velhos não são considerados uma categoria á parte e, por outro lado, isto não lhes agradaria; existem livros, publicações, espetáculos, programas de tevê e de rádio destinados às crianças e aos adolescentes; aos velhos, não. (BEAUVOIR, 1990, p.9). Além do homem em abstrato, senhor dos direitos humanos de liberdade – os quais se consagraram como de ―primeira geração‖ – , ganha então espaço o homem específico, diferenciado quer por sua idade, quer por seu sexo ou sua posição na cadeia de trabalho. O Direito do Idoso, dessa forma, está catalogado como direito social, junto a todos outros direitos chamados de ―segunda geração‖, que exigem ações – e não omissões – do Poder. Obviamente, são também direitos seus – à medida que não perde a humanidade genérica quando envelhece – a vida, a liberdade religiosa, a liberdade de expressão e demais direitos de liberdade negativa e igualdade, mas ao apresentar a condição diferenciada, de idoso, autorizado está a exigir do Estado políticas igualmente especiais que lhe concedam inclusive prerrogativas, privilégios. O envelhecimento é, assim, universal, tanto quanto a infância ou o nascimento. De acordo com a Organização Mundial de Saúde: Em nosso mundo de diversidade e de constantes mudanças, o processo de envelhecimento é uma das poucas coisas que nos unifica e nos define. Nós todos estamos envelhecendo e devemos celebrar este processo natural. Uma vez que os seres humanos precisam envelhecer, este é um assunto que a todos interessa. Não há, contudo, homogeneidade entre os idosos - daí o mapeamento de suas necessidades especiais precisar observar tais dessemelhanças para ser efetivo – recordando, a todo tempo, que pecados podem ser omissivos ou comissivos e ambos podem ser intencionais; a desatenção às necessidades do idoso, igualando-o ao homem adulto em direitos e deveres, ou supondo que a garantia de um caixa preferencial no supermercado é elemento bastante a aplacar qualquer sofrimento, é o mesmo que enterrá-lo vivo, como faziam os dinkas do Sudão (BEAUVOIR, 1990, p.53).
A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos Idosos, Cuidadores e Profissionais de saúde A Aids na Terceira Idade na Perspectiva dos Idosos, Cuidadores e Profissionais de saúde http://www.aidscongress.net/article.php?id_comunicacao=294 Para os Idosos da população em geral, as representações acerca da Aids na terceira idade são: Ancoradas em aspectos fisiológicos e psico-afetivos (externos) Prevenção é concebida como informação aos grupos de risco Risco de Contrair é associado à libertinagem, coragem de ter contato sexual sem prevenção e uso de drogas. Doença de jovem: a pessoa jovem tem a jovialidade (1) falta de cuidado, sobretudo a juventude (1) o adulto é mais aventureiro (5) a moçada quando encontra o rapaz primeira coisa que faz é se entregar a ele (1) é muito preocupante pra os adolescentes (10) o jovem é mais cheio de muitas fantasias (2) essa libertinagem que eles tem (1) é preciso alertar os jovens sobre o sexo (5) Impossibilidade: que as pessoas idosas que saem aos encontros com outras pessoas acho que aquela pessoa é tão... tem tanta coragem (1) o idoso é mais precavido (2) O idoso por si já é um homem retraído (1) é muito difícil a gente achar na terceira idade (13) é tão difícil uma pessoa idosa ter relações sexuais completas (1) idoso não tem ligação com aidético, convivência, não tem sexo, nessa idade eu não quero nem saber (2) Observa-se, portanto, uma subestimação do potencial da infecção nas pessoas idosas e, 11consequentemente, uma vulnerabilidade não percebida, o que constitui em um desafio para uma mudança de concepção da doença para os idosos, que enxergam a contaminação como algo de grande dimensão, mas distante da sua faixa etária por ser o sexo a maior causa de transmissão. Para os Idosos Soropositivos a Aids é representada: - A Aids é vivenciada com constrangimento e associada com a promiscuidade. -O enfrentamento é dado pela religião. - Risco é associado ao sangue, beijo e usuários de droga, prostituição - A Aids é concebida como uma doença contagiosa e fatal, ainda associada às minorias, prevalecendo a crença de que as pessoas são responsáveis pela própria enfermidade. ―Eu me senti até abestalhado. Aí eu falei: ―como é que diabos eu fui buscar essa doença, onde? mas que diabo foi que eu fiz pra merecer isso?!‖... Já fazia 12 ou 13 anos que eu
tive relação com mulher de fora, sabe. Eu estava com essa doença sem saber. Cheguei aqui e foi descoberto essa doença... Sabia nada, sabia nada que diabo era isso não‖ (Suj6);―Eu disse: não, eu não acredito. Eu não acredito porque eu não saio com ninguém.‖ ―Ave maria, é muito difícil. Porque o povo rejeita, né. Rejeita porque fala assim: um homem daquela idade com Aids.‖ (Suj 13)
Na convivência com a Aids destacam-se os seguintes conteúdos: estigma e outras dificuldades decorrentes do contágio, referindo às questões de ordem particular e manifesto de desagrado frente às dificuldades materiais, sociais ou afetivas do dia-a-dia; incapacidade para o trabalho devido aos sintomas e seqüelas de doenças atribuídas à Aids; dificuldades de reintegração social, na comunidade em geral e nos círculos mais íntimos e na família em particular; baixa auto-estima e a culpabilidade; conformismo diante da doença e da morte, decorrente da idade avançada, de crenças religiosas e da transferência do foco da preocupação com a morte para as questões mais concretas da sobrevivência. Em relação aos Cuidadores Domésticos foi observado: - Pouca participação da família na sobrevida do idoso soropositivo - Curta rede de apoio social - O medo do preconceito por parte dos entes queridos - A religião assume o papel confortador, que, diferentemente do esperado, não é atribuído à família. ―...eu mesma assim pessoalmente num era pra ta cuidando dele não, porque ele é ex marido meu. Nós somos separado há dez anos, mas ninguém quis cuidar, só eu mesmo assim...‖ (Sujeito 1).
Acho que depois de ―véi‖ se pegar essa doença é pra morrer, porque existe muitos problemas, doença, né? (Suj. 4) ―É porque assim a família dele fica muito distante. E ele nem tem contato com outras pessoas porque tem gente que não gosta de fazer favor pra ninguém, só gosta de fazer favor por dinheiro, né isso? Enfim, a gente se dá muito bem...‖ (Suj. 3).
A difícil tarefa de encontrar a amostra revela um indício da pouca participação da família na sobrevida do idoso soropositivo corroborado pelos discursos dos próprios pacientes que acabam por levantar questões como a curta rede de apoio social, visto que muitos optam por não contar à família seu estado de soropositividade; o enfrentamento dos pacientes através da religião, sendo a ―fé‖ e ―Deus‖ termos freqüentes nos dis cursos analisados; e finalmente o medo do preconceito por parte dos entes queridos. Tais resultados sugerem que a religião assume o papel confortador, que, diferentemente do esperado, não é atribuído à família. No discurso dos Profissionais de Saúde destacou-se:
- Associação a temáticas negativas, como decepção, preconceito e dificuldades - Via de infecção: procedimentos médicos, tais como transfusões de sangue, e práticas sexuais promíscuas. - Solicitação do teste anti-HIV é solicitado somente mediante sintomatologia característica da doença Aids: ―Se os dias deles já estariam contados, imagina tendo AIDS‖ (Odontóloga 1, 24 anos). ―Eu vejo como um terror (...) é uma decepção‖ (Médica, geriatra, 55 anos). ―Eu vejo muito complicado‖ (Enfermeira 1, 65 anos). Risco:―...promiscuidade, de mudança de parceiro, de infidelidade‖ (Médica, geriatra, 55 anos). ―...através de alguma relação ilícita‖ (Odontóloga 4, 58 anos). ―...procura na rua o que não tem dentro de casa‖ (Odontóloga 2, 51 anos). ―(...) drogas é um negó cio tão distante deles‖ (Fisioterapeuta 6, gerontólogo, 29 anos). ―A maior probabilidade de o idoso se contaminar com a aids, seria meio de internamentos em hospitais, através de transfusões, porque ele não corre tanto risco como os jovens, que está exposto as drogas, a toda variedade de sexualidade que ele pratica, só isso mesmo‖ (Odontólogo 5, 57 anos). Solicitação Exame: ―Eu não solicito porque, não sei. Eu nunca solicitei. A não ser algumas vezes que ela desconfia de alguma coisa do companheiro e me pede para eu solicitar. Porque eu sou muito assim a favor do que o Ministério da Saúde preconiza né. Então ele nunca me orientou a solicitar na rotina‖ (Médica, geriatra, 55 anos).
Evidenciam-se nestes discursos, concepções associadas a estigmas e preconceitos, igualando o conhecimento científico ao senso comum, podendo interferir em suas práticas de atendimento. Entre as representações dos Coordenadores dos Grupos de Convivência destacam-se: - Aids:as mais jovens associam a Aids à necessidade de cuidado,enquanto as mais velhas ao sofrimento e grupo de risco. - A prevenção é colocada como responsabilidade da Saúde Pública. ―...muitos idosos que estão agora indo em busca de amores...o número em homens é maior...‖ (Assistente Social, 53 anos) ―o idos o que gosta de sair, procurar pra sair e satisfazer seus desejos não usam uma prevenção, não conhece a parceira e traz essa doença pra sua própria esposa‖... (Psicóloga, 48 anos) ―a maior vulnerabilidade é com relação ao parceiro...se confia plenamente, acredita que ele jamais vai pular a cerca...de repente pega e transmite para sua companheira‖... (Professora, 38 anos) ―Eu não tenho bem assim aquele conhecimento como é que você pode, eu acho que o risco é no beijo, no assento, no toalete, no exame‖... (Educadora física, 47 anos;―a falta de informação, o pior é isso‖... (Professora aposentada, 67 anos). ―é por transfusão de sangue...(Assistente social, 53 anos), ―eu acho que é na intervenção cirúrgica e na transfusão de sangue‖... (Professora aposentada, 72 anos),(―é através de alguma injeção sabe‖...(Psicóloga, 49 anos)
Se por um lado, há satisfação no desenvolvimento de sua atividade, por outro lado, observam-se um distanciamento em relação à Aids, dificuldade de lidar com o assunto junto aos idosos e também no âmbito pessoal, chegando a negação da doença junto à população da terceira idade. Estes resultados demonstram que os idosos que se deparam com a doença tendem ao isolamento, escondendo o diagnóstico da família, dos vizinhos, no ambiente de trabalho. Não dispõem de grupos de auto-ajuda ou ambulatórios especializados em lidar com a complexa situação de envelhecer com Aids. O medo da discriminação é tão grande que, muitas vezes, o preconceito brota de dentro para fora e os impede de dividir suas angústias. O diagnóstico tardio é uma das principais razões de morte precoce e as interações do coquetel com outros medicamentos já utilizados pelos idosos produzem reações indesejáveis. Com a imunidade enfraquecida, podem morrer em decorrência de qualquer resfriado banal.
Fechar
Aumentanto o Grau de Segurança no Ambiente da Pessoa Idosa Aumentanto o Grau de Segurança no Ambiente da Pessoa Idosa Juliana V. S Zinni Flávia Aparecida Pussi VII Congresso Internacional da UNICASTELO 31 de Outubro de 2003 Profa Dra Kelly Rafael Ribeiro Coqueiro
34.1. MOBÍLIA Obstruir passagem: arrumar os móveis de forma que os caminhos não fiquem obstruídos; evitar corredores atravancados ajuda a mobilidade de pessoas com visão periférica comprometida; Cadeiras, mesas instáveis precisam ser suficientemente estáveis para suportar o peso da pessoa apoiada sobre as bordas de mesa ou encosto e braços das cadeiras, pessoas com comprometimento de equilíbrio usam a mobília como apoio.
34.2. COZINHA Gabinetes Prateleiras muito altas: manter os itens usados freqüentemente ao nível da cintura; Instalar prateleiras e armários a uma altura acessível reduz o risco de cair por causa de tentar alcançar ou subir em escadas ou cadeiras instáveis. Registro de gás botão difícil de ver, assinalar claramente as posições ―ligado‖ e ―desligado‖ nos botões.
Pernas de cadeira mau estado Evitar cadeiras com rodas; consertar pernas frouxas cadeiras resistentes e estáveis não escorregam durante a transferência. Mesa Bambas, instáveis: Instalar mesa com pernas resistentes de boa altura; evitar mesa sobre tripés ou pedestais; Pessoas com comprometimento da marcha freqüentemente usam a mesa como apoio.
34.3. BANHEIRO Banheira com fundo escorregadio: Instalar faixas antiderrapantes ou capacho de borracha; usar chinelos para chuveiro ou cadeiras para banho, evita escorregar na banheira molhada. Suporte de toalha e topo da pia instáveis para uso como suporte ao transferir do vaso sanitário, fixar grades de apoio em pinos na parede próximo ao vaso sanitário ajuda a transferência para os vaso sanitário e dele para outro local. Assento sanitário muito baixo: Usar acento sanitário elevado ajuda a transferência para o vaso sanitário e para fora dele; Drogas rotuladas inadequadamente: Rotular todas as drogas de acordo com a necessidade de uso interno ou externo; manter uma lupa dentro ou próximo ao gabinete; Porta / Fechadura: Evitar fechaduras nas portas do banheiro ou usar apenas as que podem ser abertas dos dois lados da porta, Permite o acesso de outras pessoas no caso de ocorrer uma queda.
34.4. ILUMINAÇÃO Instalar iluminação adequada no topo e na base da escada; luzes noturnas ou faixas adesivas coloridas podem ser usadas para assinalar claramente os degraus Define a localização dos degraus, especialmente para pessoas com comprometimento de visão ou da percepção
Aspectos Clínicos da Demência Senil em Instituições Asilares Aspectos clínicos da demência senil em instituições asilares Milton Luiz Gorzoni; Sueli Luciano Pires
Aspectos clínicos do dementado asilado Infecções Idosos asilados freqüentemente são hospitalizados, favorecendo contato com flora bacteriana intra-hospitalar resistente a antibióticos. O ambiente confinado das instituições asilares facilita a disseminação desse tipo de bactérias a outros internados. Diante disso, deve-se colher culturas, com antibiograma, para melhor caracterização da flora bacteriana intra-asilar ou criar procedimentos semelhantes aos das comissões de controle de infecção intra-hospitalar. Devido à gravidade das doenças existentes e do grau de dependência física e mental em que se encontram, institucionalizados estão
propensos a apresentar infecções, principalmente no tegumento cutâneo, trato urinário e aparelho respiratório. Aconselha-se a promoção de cuidados preventivos para infecções nesses três locais (Yoshikawa, 1989; Bentley et al., 2001; Yoshikawa, 2002; VillasBoas e Ruiz, 2004; Boockvar et al., 2005; Ramroth et al., 2005). O envelhecimento da pele provoca alterações, principalmente em áreas expostas à radiação solar, que a torna mais fina, seca e propensa para a formação de hematomas e soluções de continuidade, notadamente em antebraços e mãos. Recomenda-se o uso regular de sabonetes e cremes hidratantes nesses locais, como prevenção de lesões, que muitas vezes são interpretadas por familiares como sinais de abuso e maus tratos. Dementados apresentam, com freqüência, quadros comportamentais que podem gerar traumas e lesões cutâneas com infecções secundárias. Essas lesões devem ser avaliadas e, se necessário, receberem não apenas tratamento local, como sistêmico. Igualmente é comum o encontro de doenças coadjuvantes à demência senil que provoquem estase e/ou lesões venosas em membros inferiores e favoreçam a formação de erisipelas ou de tromboflebites associadas. Essas circunstâncias exigem cuidados locais e o uso de antibioticoterapia sistêmica, muitas vezes de forma profilática. Constante é a observação da ocorrência de posições semifetais em estágios avançados da demência senil. Isso favorece a formação ou o encontro à admissão asilar de úlceras de pressão. Cuidados locais com as preexistentes ou medidas como mudança periódica de posições viciosas que as favoreçam, podem impedir circunstâncias de sofrimento e reduzir o risco de bacteremias e sepse, nesses asilados. Recomenda-se ainda a vacinação antitetânica, devido ao fato de que as lesões tegumentares, descritas acima, serem potenciais portas de entrada para o Clostridium tetani (Yoshikawa, 1989; Webster, 2001; Yoshikawa, 2002; Strausbaugh et al., 2003; Laube, 2004; Theodosa, 2004). Infecções respiratórias disseminam-se facilmente em comunidades fechadas, como as instituições asilares. Pode-se minimizar esse risco com o emprego regular de vacinas antipneumocócicas e antiinfluenzas, tanto em asilados, como no corpo de funcionários do local. Ocorre, porém, que demências em estágio final associam-se constantemente a broncopneumonias aspirativas recorrentes. Essa relação decorre de quadros de imobilismo crônico e do uso de sondas e cateteres. O agente causador é, habitualmente, a flora bacteriana mista (agentes Gram-negativos, anaeróbios e estafilococos), muitas vezes multirresistente a antibióticos usuais. Geram-se, assim, circunstâncias propícias à sepse e à morte desses dementados. Estima-se que, enquanto idosos sem demência senil apresentem incidência de aproximadamente 90% de sobrevida após 180 dias da hospitalização por pneumonia, dementados em estado avançado têm a sobrevida reduzida para algo em torno de 50% após o mesmo período (Morrison e Siu, 2000; Bentley et al., 2001; Van der Steen et al., 2002; Yoshikawa, 2002; Strausbaugh et al., 2003; Bardenheier et al., 2004; Furman et al., 2004; Boockvar et al., 2005; Janssens, 2005). Deve-se ainda observar que o diagnóstico de tuberculose em idosos, dementados ou não, é pouco lembrado. Freqüente em comunidades fechadas como asilos, tem-se observado aumento no número de casos nessa faixa etária e maior mortalidade devido ao percentual de casos diagnosticados em estágios mais avançados da doença (Chaimowicz, 2001; Ijaz et al., 2002; Strausbaugh et al., 2003).
Desnutrição
Deficiências nutricionais, permanente ou transitoriamente, ocorrem entre 30% a 80% dos idosos asilados. Doenças crônicas e/ou graves alteram as necessidades orgânicas de proteínas e de calorias e podem estar acompanhadas de inapetência, provocadas por elas mesmas ou devido a medicamentos e por barreiras à alimentação, como ausência de auxílio para oferecer as refeições, falta de dentes, dieta de consistência ruim para a deglutição ou monótona ao paladar. Revisão da necessidade de fármacos, como antiinflamatórios não-hormonais e digitálicos soluciona ou minimiza, em muitos casos, quadros de anorexia. Avaliações odontológicas, fonoaudiológicas e nutricionais periódicas contribuem para a prevenção da desnutrição. Indica-se o uso de sondas enterais, quando outras medidas, citadas anteriormente, não forem eficazes ou o paciente não apresente condições de ser alimentado por via oral e esteja desenvolvendo quadro de desnutrição progressiva (Kamel et al., 2000; Sullivan, 2000; Alibhai et al., 2005). Quadros depressivos, nem sempre de fácil diagnóstico quando associados à demência senil, podem, em muitos asilados, justificar baixa ingesta alimentar. O mesmo ocorre em dementados com outros distúrbios comportamentais, como agitação e irritabilidade. Períodos de perambulação e/ou de extrema atividade física associam aumento do consumo energético à baixa oferta calórica nessas alterações comportamentais. A perda de peso aumenta com a gravidade e a progressão da demência senil, particularmente na doença de Alzheimer, servindo como preditora de mortalidade para esses casos (Berkhout et al., 1998; White et al., 1998; Forlenza, 2000; White et al., 2004).
Incontinência urinária Causa freqüente de asilamento e de alta prevalência em idosos institucionalizados, apresenta significativa associação com quadros demenciais. Estima-se que esta prevalência chegue, aos 85 anos de idade, em torno de 43% nas mulheres e de 24% nos homens. O percentual aproxima-se a 84% quando são analisados apenas octogenários asilados. Incontinência urinária pode provocar ou agravar insuficiência renal, infecções urinárias, litíase renal, hematúria, lesões cutâneas, quedas e fraturas. A mortalidade, mesmo em idosos vivendo em comunidade e com graus graves de incontinência urinária, é de mais de 50% em aproximadamente 3,5 anos de evolução do quadro (Hellstorm et al., 1990; Nakanishi et al., 1999; Sthothers e Fenster, 2002; Durrant e Snape, 2003). Nem sempre irreversível, deve-se estar atento a fatores controláveis como delírio, medicamentos tipo diuréticos ou hipnóticos, atrofia vulvar, fecaloma e diabetes melito. Aconselha-se também a avaliação do local onde se encontra o idoso incontinente, para que sejam retirados obstáculos que dificultem sua ida com facilidade ao sanitário. Observa-se ainda e com freqüência incontinência urinária associada a quadros como parkinsonismo ou demência com corpúsculos difusos de Lewy, seqüelas de acidentes vasculares cerebrais ou demências vasculares e hidrocefalia de pressão liquórica normal ou intermitente, situações que, em muitos casos, são passíveis de tratamento e/ou processos de reabilitação miccional (Fowler, 1999; Sthothers e Fenster, 2002; Durrant e Snape, 2003).
35.4. Distúrbios do comportamento
Percentuais entre 40% e 90% de dementados asilados apresentam períodos de depressão, psicose, agressividade ou delírio. Torna-se, assim, comum a prescrição de psicofármacos, com as reações adversas e complicações inerentes ao seu uso. Embora não se relacione ao enfoque principal do presente artigo, a referência a que esses distúrbios são passíveis de tratamento não necessariamente medicamentoso. Deve-se considerar essa opção pela necessidade de mais estudos controlados sobre o uso de psicofármacos em distúrbios comportamentais em dementados (Gorzoni, 1995; Forlenza, 2000; MacDonald et al., 2002; Tamai, 2002; Cummings, 2004).
35.5. Imobilidade Quadros demenciais em estágios mais avançados e psicofármacos são causas significativas de imobilidade em asilados. Circunstâncias que provocam dor, incontinência urinária, distúrbios da força muscular, alterações do equilíbrio e rigidez articular contribuem para sua instalação e progressão. Equipes de reabilitação e de enfermagem adequadamente motivadas e treinadas para a detecção de quadros de imobilidade podem, com boas chances de sucesso, reduzir sua freqüência e impedir quadros decorrentes, como úlceras de pressão e eventos tromboembólicos (MacLennae et al., 1987; Campbell et al., 1990; Berkout et al., 1998; Gordon et al., 1999; Carvalho e Coutinho, 2002; Durrant e Snape, 2003; Toulotte et al., 2003).
Cartilha do Idoso Cartilha do Idoso
Apresentação
"A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida" (Lei 8.842/94 - Política Nacional do Idoso, artigo 3º, inciso I) A PRODIDE - Promotoria de Justiça de Defesa do Idoso e do Portador de Deficiência, órgão integrante do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, oferece ao público a presente Cartilha do Idoso que tem como objetivo divulgar os direitos da pessoa idosa e, sobretudo, ressaltar a responsabilidade do Poder Público, da família e da sociedade em geral no cumprimento das diretrizes da Política Nacional do Idoso, na esperança de alcançarmos sua eficácia.
Introdução O progresso da medicina e o avanço tecnológico trouxeram para a sociedade moderna a possibilidade de maior expectativa de vida. Para o brasileiro, que há poucas décadas convivia com uma média de expectativa de vida de até 40 anos, o avanço da medicina alterou a realidade nacional, elevando essa média para 70 anos. Isso significa dizer que, associado ao fato de que o índice de natalidade brasileiro vem se reduzindo, a população brasileira está ficando mais velha. Os idosos já representam cerca de 9% de nossa população. No Distrito Federal representam 5% da população, ou seja, mais de 100 mil pessoas. A tendência é que, em futuro próximo, o número de idosos seja equivalente ao de jovens. Diante dessa realidade, governo, sociedade e família precisam promover uma ampla conscientização e priorizar a instalação de políticas de reeducação social em relação à pessoa idosa. É fundamental que se criem mecanismos para uma saudável convivência com a velhice, garantindo a dignidade como um bem legitimamente reconhecido a qualquer ser humano e o respeito aos seus direitos não como algo próprio de minoria a ser protegida, mas como verdadeira regra de convívio de gerações. Na implementação dessa política, dentre as atribuições vinculadas ao Estado, o Ministério Público possui a missão constitucional de garantir os direitos da pessoa idosa. O Ministério Público criou a PRODIDE Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos do Idoso e Portadores de Deficiência, com o propósito de cuidar dos direitos coletivos e individuais indisponíveis da pessoa idosa. Daí a iniciativa desta cartilha destinada a divulgar as leis direcionadas aos idosos e mostrar o papel de cada um agente - governo, sociedade, família e o próprio idoso - na efetivação das garantias previstas na legislação, especialmente na Lei n° 8.842, de 1994, que instituiu a Política Nacional do Idoso.
Papel do estado, da sociedade e da família em relação ao idoso Papel do Estado O Estado, ou seja, todos os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios têm a obrigação de assegurar ao idoso todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e o direito à vida.
Atente-se para os seguintes princípios, diretrizes e obrigações do Estado tratados pela Política Nacional do Idoso: - Não discriminação de qualquer natureza ao idoso; - Integração do idoso com os mais jovens, pois o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; - Participação do idoso na formulação, implementação e avaliação das políticas, planos, programas e projetos a serem desenvolvidos; - Priorização do atendimento ao idoso por meio de sua própria família, em detrimento do atendimento asilar, à exceção dos idosos sem condições que garantam sua própria sobrevivência; - Capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de serviços; - Implementação de sistema de informações que permita a divulgação da política, dos serviços oferecidos, dos planos, programas e projetos em cada nível de governo; - Estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento; - Garantia de atendimento prioritário ao idoso nos órgãos públicos e privados prestadores de serviços à população; - Vedação da permanência de portadores de doenças que necessitem de assistência médica ou de enfermagem permanente em instituições asilares de caráter social.
Na área da Assistência Social Assistência Social é o amparo às pessoas necessitadas, sem que estas precisem contribuir financeiramente para receber os benefícios. Constitui obrigação do Estado fazer com que os idosos caminhem com as próprias forças, mediante os seguintes princípios: - Prestação de serviços e desenvolvimento de ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação da família, da sociedade e de entidades governamentais e não-governamentais; - Prestação de atendimento, em regime de internato asilar, ao idoso sem vínculo familiar, abandonado ou sem condições de prover a própria subsistência, de modo a satisfazer as suas necessidades de moradia, alimentação, saúde e convivência social; - Criação de Centros de Convivência: locais destinados à permanência diurna do idoso, onde são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais, associativas e de educação para a cidadania;
- Criação de Centros de Cuidados Diurno: Hospital-Dia e Centro-Dia - locais destinados destinados à permanência diurna do idoso dependente ou que possua deficiência temporária e necessite de assistência médica ou de assistência multiprofissional; - Criação de Casas-Lares: residências, em sistema participativo, cedidas por instituições públicas ou privadas, destinadas a idosos detentores de renda insuficiente para sua manutenção e sem família; - Criação de Oficinas Abrigadas de Trabalho: locais destinados ao desenvolvimento de atividades produtivas para o idoso, proporcionando-lhe oportunidade de elevar sua renda, sendo regidas por normas específicas; - Atendimento domiciliar: serviço prestado ao idoso que vive só e seja dependente, a fim de suprir as suas necessidades necessidades da vida diária. Esse serviço é prestado em seu próprio lar por profissionais da área de saúde ou por pessoas da própria comunidade; - Pagamento do benefício de prestação continuada de um salário-mínimo mensal ao idoso, com idade igual ou superior a 67 anos, que não tenha condições de se manter ou de ser mantido pela família.
Na área da Saúde Saúde não é apenas a ausência de doenças, e sim o estado de completo bem-estar físico, mental e espiritual do homem. "A saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação" - artigo 196 da Constituição Federal. São obrigações dos órgãos de saúde: - Garantir ao idoso a assistência à saúde, nos diversos níveis do Sistema Único de Saúde, mediante programas e medidas profiláticas, além de prioridade no atendimento; - Incluir a Geriatria como especialidade clínica, para efeito de concursos públicos federais, estaduais, municipais, e do Distrito Federal; - Fornecer medicamentos, órteses e próteses necessários à recuperação e reabilitação da saúde do idoso; - Estimular a participação do idoso nas diversas instâncias de controle social do Sistema Único de Saúde; - Desenvolver política de prevenção para que a população envelheça mantendo um bom estado de saúde; - Estimular a permanência do idoso na comunidade, junto à família, desempenhando papel social ativo, com a autonomia e independência que lhe for própria;
- Estimular a criação, na rede de serviços do Sistema Único de Saúde, de Unidades de Cuidados Diurnos (Hospital-Dia, Centro-Dia), de atendimento domiciliar e outros serviços alternativos alternativos para o idoso; - Garantir, no Distrito Federal, cartão facilitador de saúde para o idoso, com o objetivo de tornar mais fácil o atendimento na rede do SUS.
Na área da Educação A educação é direito de todos e dever do Estado, o qual deve se encarregar de adequar currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais destinados ao idoso. Veja algumas obrigações da área de educação: - Inserir nos currículos mínimos, nos diversos níveis do ensino formal, conteúdos voltados para o processo de envelhecimento, de forma a eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto; - Incluir a Gerontologia e a Geriatria como disciplinas curriculares nos cursos superiores; - Desenvolver programas educativos, especialmente nos meios de comunicação, a fim de informar a população sobre o processo de envelhecimento; - Desenvolver programas que adotem modalidades de ensino a distância, adequados às condições do idoso; - Criar universidade aberta para a terceira idade, como meio de universalizar o acesso às diferentes formas do saber, bem como estimular e apoiar a admissão do idoso na universidade, propiciando a integração intergeracional.
Na área de Trabalho e Previdência - Garantir mecanismos que impeçam a discriminação do idoso quanto à sua participação no mercado de trabalho; - Atender prioritariamente o idoso em via de aposentadoria e prestar-lhe esclarecimentos sobre os seus direitos previdenciários, bem como os meios de exercêlos; - Criar e manter programas de preparação para aposentadorias, por meio de assessoramento às entidades de classes, instituições de natureza social, empresas e órgãos públicos, por intermédio das suas respectivas unidades de recursos humanos; - Prestar atendimento preferencial nas áreas do Seguro Social, visando à habilitação e à manutenção dos benefícios, exame médico pericial, inscrição de beneficiários, serviço social e setores de informações; - Prestar atendimento, preferencial nas áreas da arrecadação e fiscalização, visando à prestação de informações e ao cálculo de contribuições individuais; manter programas de preparação para aposentadorias; aposentadorias;
- Encaminhar ao Programa de Reabilitação do INSS o idoso aposentado, exceto por invalidez, que retornar ao trabalho nas atividades abrangidas pelo Regime Geral de Previdência Social, quando acidentado no trabalho.
Nas áreas de Habitação e Urbanismo Nos programas habitacionais devem ser observados os seguintes critérios: - Identificação, na população-alvo destes programas, da população idosa e suas necessidades habitacionais; - Alternativas habitacionais adequadas à população idosa identificada; - Previsão de equipamentos urbanos de uso público que atendam às necessidades da população idosa; - Estabelecimento de diretrizes para que os projetos eliminem barreiras arquitetônicas e urbanas e utilizem tipologias habitacionais adequadas à população idosa identificada; - Criar mecanismos que induzam à eliminação de barreiras arquitetônicas para o idoso, em equipamentos urbanos de uso público; - Garantia, no Distrito Federal, de isenção de IPTU e TLP para imóveis de até 120 m2, ocupados por maiores de 65 anos que ganhem até dois salários-mínimos; - Garantia, no Distrito Federal, de fornecimento de recursos para a construção, junto à moradia da família do idoso, de cômodo que lhe sirva de habitação independente. Viabilizar linhas de crédito visando ao acesso a moradias para o idoso, junto: - Às entidades de crédito habitacional; - Aos Governos Estaduais e do Distrito Federal; - A outras entidades públicas ou privadas relacionadas com os investimentos habitacionais.
Nas áreas da Justiça e da Segurança Pública - Zelar pela aplicação das normas sobre o idoso determinando ações para evitar abusos e lesões a seus direitos; - Garantir tramitação prioritária de processos judiciais que envolvam idosos com idade igual ou superior a 65 anos; - Garantir atendimento prioritário e especializado nos órgãos de segurança pública, especialmente nas delegacias de polícia; - Comunicar às autoridades competentes qualquer abuso contra idoso de que se tenha conhecimento em qualquer atuação profissional;
- Tratar com respeito o idoso vítima de crimes, dando imediata atenção a seus reclamos e apurando com rigor os delitos ainda que sejam considerados de menor potencial ofensivo ou praticados no seio familiar, onde a violência é corriqueira e dissimulada. ―TODO CIDADÃO TEM O DEVER DE DENUN CIAR À AUTORIDADE COMPETENTE QUALQUER FORMA DE NEGLIGÊNCIA OU DESRESPEITO AO IDOSO."
Nas áreas de Cultura, Esporte e Lazer É incentivando e criando programas de esportes, lazer e atividades culturais, que vamos proporcionar melhor qualidade de vida ao idoso, garantindo a sua integração social. São obrigações dessas áreas: - Garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais; - Propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos; - É garantido, no Distrito Federal, ao idoso com mais de 60 anos acesso gratuito no Jardim Botânico e Parques Públicos; - Valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural; - Incentivar os movimentos de idosos a desenvolver atividades culturais; destinar, nos programas habitacionais, unidades em regime de comodato ao idoso, na modalidade de casas-lares; - Incluir nos programas de assistência ao idoso formas de melhoria de condições de habitabilidade e adaptação de moradia, considerando seu estado físico e sua independência de locomoção; - Elaborar critérios que garantam o acesso da pessoa idosa à habitação popular; diminuir barreiras arquitetônicas e urbanas.
Obrigações da área Financeira Fazer incluir nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e Municípios recursos financeiros necessários à implantação das ações previstas na Política Nacional do Idoso.
Na área de Transportes A Lei Distrital nº 2.477/99 que garante a reserva de vagas para idosos nos estacionamentos públicos e privados, já foi devidamente regulamentada. Assim, aquele que tiver mais de 65 anos, for proprietário e condutor do veículo, pode estacionar nas vagas reservadas, se estiver portando o selo do DETRAN, o selo é distribuído gratuitamente pelo DETRAN. É só requerer.
A Constituição Federal determina a gratuidade dos transportes coletivos urbanos aos maiores de 65 anos, bastando a sua carteira de identidade para usufruir esse benefício. O idoso tem direito à reserva de assentos nos veículos de transporte coletivo. Não pode haver nenhum embaraço para que o idoso usufrua o direito de gratuidade no transporte. Qualquer discriminação será punida criminalmente e pode gerar indenização por danos morais.
Papel da Sociedade A sociedade também é responsável pela eficácia da Política Nacional do Idoso. As pessoas devem respeitar os direitos do idoso, independentemente das ações do Governo. É necessário que a sociedade não se acomode. A qualquer evidência de abusos contra idosos, cada um de nós deve cobrar dos responsáveis, particulares ou agentes públicos, imediatas providências para evitá-los ou coibir sua ocorrência.
Como devem agir as empresas O idoso é um cliente como qualquer outro cidadão, um consumidor que gera lucro para a empresa. Assim, oferecer ao idoso o tratamento adequado à sua condição é, antes de mero cumprimento da lei, fundamental para os interesses das empresas.
Dicas úteis para melhorar o atendimento dos idosos - O idoso tem direito ao atendimento preferencial. Atendimento preferencial não significa necessariamente a criação de guichês exclusivos, mas atendimento mais rápido e oferta de condições de conforto, tais como existência de assentos para eventual espera e facilidade de acesso aos prédios e banheiros; - O idoso não pode ser discriminado, qualquer que seja sua idade, no ato de adquirir mercadorias, abrir contas-correntes ou fazer financiamentos; - Para o bom atendimento, as pessoas que lidam com o público devem ser devidamente treinadas e orientadas a respeito dos direitos do idoso, de modo a não causar-lhe nenhuma forma de constrangimento; - Motoristas e cobradores de transportes coletivos devem atender os idosos com a urbanidade e o respeito devidos a qualquer cidadão e não discriminá-los em função da gratuidade a que têm direito, até porque um dia eles também serão idosos e poderão necessitar dos serviços de transportes.
As entidades que desenvolvem programas de asilo deverão adotar os seguintes princípios, de acordo com o estatuto do idoso - Preservação dos vínculos familiares; - Atendimento personalizado e em pequenos grupos; - Manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;
- Participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo; - Observância dos direitos e garantias dos idosos; - Preservação da identidade e oferecimento de ambiente de respeito ao idoso; - Prestar contas, com a devida publicidade, dos recursos públicos e privados recebidos pela entidade.
O dirigente da entidade asilar será responsável por qualquer irregularidade apurada no atendimento ao idoso. Constituem-se ainda obrigações das entidades asilares: - Fornecer vestuário e alimentação suficientes aos idosos atendidos; - Oferecer acomodações apropriadas para visitas; - Proporcionar cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos; - Promover atividades educacionais, esportivas, culturais e de lazer; - Propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças; - Comunicar às autoridades competentes a ocorrência de moléstias infecto-contagiosas; - Providenciar a obtenção dos documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os possuírem; - Fornecer comprovante de depósito dos pertences dos idosos; - Zelar pela preservação dos bens do idoso, respeitando a vontade deste em relação aos seus pertences; - Manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do idoso, responsável, parentes, endereços, cidade, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento; - Comunicar às autoridades competentes qualquer abuso contra idoso, especialmente o abandono por parte de familiares. A atribuição de fiscalizar as entidades asilares cabe ao Conselho do Idoso, ao Ministério Público, a órgãos de saúde pública e a outros previstos em lei.
Papel da família I - Dever de assistência: Os filhos também são obrigados a ajudar na manutenção dos pais necessitados, conforme o previsto no artigo 399 do Código Civil, em seu parágrafo único:
"No caso de pais que, na velhice, carência ou enfermidade, ficaram sem condições de prover seu próprio sustento, principalmente quando se despojaram de bens em favor da prole, cabe, sem perda de tempo e até em caráter provisional, aos filhos maiores e capazes, o dever de ajudá-los e ampará-los, com a obrigação irrenunciável de assisti-los e alimentá-los até o final de suas vidas". A pessoa idosa que necessite dos alimentos deve requerê-los na Justiça, por meio de advogado ou da Defensoria Pública. Outra forma que a pessoa idosa dispõe é procurar a PRODIDE para um possível acordo com os filhos a fim de que estes cumpram sua obrigação de prestar assistência aos pais. Esse acordo é referendado pelo Ministério Público e tem o mesmo valor de uma decisão judicial. Considerando que prestar alimentos aos ascendentes é um dever, há pena para quem: "Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou valetudinário, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo: Pena - detenção de 1 a 4 anos e multa". Trata-se do crime de Abandono Material (art. 244 do Código Penal). II - Administração de bens. A pessoa idosa, não importando a idade, tem o direito de administrar seus próprios bens enquanto não for interditada judicialmente. Quem administrar bens de pessoa idosa, a pedido desta, deve estar ciente de que é crime apropriar-se, indevidamente, total ou parcialmente, desses bens. III - Incapacidade. A pessoa é completamente capaz para os atos da vida civil, a partir de 21 (vinte um anos), sem limite de idade, mesmo que se encontre abrigada em qualquer instituição. Quando se verificar que a pessoa, principalmente idosa, não tem condições de manifestar a sua vontade por qualquer razão física ou mental, é necessário que se promova a interdição. A interdição deve ser requerida ao Juiz, por meio de advogado, pelos parentes. Quando não houver parentes ou estes forem incapazes ou não se interessarem, a interdição será promovida pelo Ministério Público por meio das Promotorias de Justiça de Família, existentes em todas as cidades do Distrito Federal. Ao final do processo, o Juiz nomeará curador que será inteiramente responsável pela pessoa interditada. Nos casos de comprovada incapacidade do idoso apenas para gerir seus bens, o Juiz nomeará curador especial exclusivamente com essa função. Neste caso, o idoso continua com capacidade plena para os demais atos da vida civil. Muitos parentes, mesmo diante da incapacidade do idoso, continuam a administrar seus bens por procuração. Isso não é correto e pode gerar prejuízos para o idoso e sérios transtornos penais e civis para o procurador.
Papel do Idoso Participação e defesa de direitos. O idoso, pessoalmente, ou por meio de associações, deve impor sua presença dentro da sociedade. Nunca deve sentir-se inferior ou incapaz diante das pessoas mais jovens. Sempre que sofrer abusos e sentir que seus direitos não estão sendo respeitados, deve levar o problema às autoridades competentes mesmo que o desrespeito seja praticado por familiares. Quando sentir necessidade de passar procuração para alguém cuidar de seus interesses, deve escolher com bastante critério e exigir que a pessoa escolhida preste contas periodicamente. Se o procurador ou procuradora não estiver cumprindo corretamente sua missão, basta procurar o cartório onde a procuração foi passada e revogá-la. Não fornecer cartão bancário ou senhas para ninguém. Em qualquer circunstância, nunca permitir que o cartão bancário seja retido por outra pessoa em garantia de pagamento de dívidas ou de contribuição para a entidade em que estiver abrigado.
A quem denunciar abusos O idoso ou qualquer pessoa deve denunciar abusos aos orgãos competentes, dentre as quais o Ministério Público, o Conselho do Idoso, as Delegacias de Polícia e mesmo o PROCON, quando se tratar de abusos contra o consumidor.
O papel do Ministério Público Instrumentos de atuação Cabe ao Ministério Público velar pelos direitos da pessoa idosa. No Distrito Federal, por meio da PRODIDE, o Ministério Público atua investigando qualquer notícia de desrespeito ou violação dos direitos do idoso, desde que se trate de direitos coletivos como, por exemplo, o direito de preferência no atendimento; ou se trate de direitos individuais indisponíveis, como o direito a alimentos. Quando o direito reclamado pelo idoso é individual e disponível, ou seja, quando ele pode abrir mão desse direito, a PRODIDE não pode atuar, devendo a pessoa interessada procurar um advogado, a Defensoria Pública ou outros órgãos responsáveis pelo direito reclamado. No caso de reclamação contra órgão federal, como é o caso do INSS, a PRODIDE não pode atuar. Nesses casos, se for direito coletivo ou individual indisponível deve procurar o Ministério Público Federal. Na hipótese de reclamações envolvendo direito coletivo do trabalho, o órgão que pode atuar é o Ministério Público do Trabalho. Nas situações individuais, pode-se reclamar diretamente na Justiça do Trabalho ou nas Delegacias Regionais do Trabalho. Todo cidadão tem o dever de denunciar qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso. Para tanto basta procurar a secretaria da PRODIDE, que funciona no 1º andar do Edifício Sede do MPDFT, na Praça do Buriti, e fazer a reclamação mesmo que verbalmente.
Bibliografia/Links Recomendados Bibliografia/Links Recomendados
Estudos Interdisciplinares do Envelhecimento. Porto Alegre, v.1, p. 77-89, 1999. Scharfstein, Eloísa Adler. A construção da identidade social de uma pessoa idosa através do discurso. Moreira, Marilda Maria da Silva. Trabalho, qualidade de vida e envelhecimento. Hall, Stuart. A Identidade em Questão. MERCADANTE, E. Aspectos antropológicos do envelhecimento. In: PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 1996. p. 73-76. FLECK, J.S., KRAEMER, W.J. Fundamentos do Treinamento de Força Muscular. Editora Artmed, 2ª Edição, São Paulo. 1997. BEST-MARTINI, E., BOTENHAGEN-DIGENOVA, K.A. Exercise for Frail Elders. Human Kinetics, United States of America. 2003. Exercise for Older Adults: ACE’s (American Council on Exercise) Guide for fitness professionals. Human Kinetics, United States of America. 1998. Exercise: A Guide from the National Institute of Aging. Publication Number NIH 99-4258. ROSE, D.J. Fall Proof: A Comprehensive Balance and Mobility Training Program. Human Kinetics, United States of America. 2003. COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA ESPORTIVA – Posicionamento Oficial Exercício e Atividade Física para pessoas idosas. Alexander BH, Rivara FP, Wolf ME. The cost and frequency of hospitalization for fall-related injuries in older adults. Am J Public Helath 1992;82:1020-3. Aoyagi K, Ross PD, Davis JW, Wasnich RD, Hayashi T, Takemoto T. Falls among community-dwelling elderly in Japan. Journal of Bone and Mineral Research 1998; 13(9):1468-1474. Berg KO, Wood-dauphinee SL, Williams JT, Maki B. Measuring Balance in the elderly: validation of na instrument. Can J Public Health 1992; 83:S7-S11.
Berg KO, Maki BE, Williams JL. et al. Clinical and laboratory measures of postural balance in an elderly population. Arch Phys Med Rehabil 1992; 73:1073-1080.
Bergland A, Pettersen AM, Laake K. Falls reported among elderly Norwegians living at home. Physioterapy Res. Int 1998;3(3):164-74.
Campbell AJ, Borrie MJ, Spears GF. Risk factors for falls in a community-based prospective study of people 70 years and older. Journal of Gerontology: Medical Sciences 1989; 44(4):M112-M117. Carter ND, Kannus P, Khan KM. Exercise in the prevention of falls in older people: a systematic literature review examining the rationale and the evidence. Sports Med 2001; 31(6):42738.
Centers for Disease Control and Prevention.CDC Recommendations Regarding Selected Conditions Affecting Women’s Health.MMWR 2000;49(no. RR-2). Chaimowicz F, Ferreira TJXM, Miguel DFA. Uso de mdeicamentos psicoativos e seu relacionamento com quedas em idosos. Rev. Saúde Pública 2000;34(6):631-35. Close J, EllisM, Hooper R, et al. Prevention of Falls in the Elderly trial (PROFET): a randomized contolled trial. Lancet 1999; 353:93-7.
Coutinho ESF, da Silva SD. Uso de medicamentos como fator de risco para fratura grave decorrente de queda em idosos. Cad. Saúde Pública 2002; 18(5):1359-1366. Cumming RG, Thomas M, Szonyi G, et al. Home visits by an occupational therapist for assessment and modification of environmental hazards: a randomized trial of falls prevention. J AM Geriatr Soc 1999;47:1397-402.
Cumming RG. Intervention strategies and risk-factor modification for falls prevention: a review of recent interventions studies. Clinics in Geriatric Medicine 2002;18(2).
Daubney ME, Gulham EG. Lower-Extremety Muscle Force and Blance Performance in Adults Aged 65 years and older. Physical Therapy 1999; 79(12):1177-1185. Evans D, Hodgkinson B, Lambert L, Wood J. Fall risk factors in the hospital setting: a Systematic Review. International Journal of Nursing Practice 2001; 7:38-45.
Feder G, Cryer C, Donovan S, Carter Y. Guidelines for the prevention of falls in people over 65. BMJ 2000; 321(21):1007-11. Gillespie LD, Gillespie WJ, Cumming R, Lamb SE, Rowe BH. Interventions for preventing falls in the Elderly (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 2, 2000. Graafmans WC, Ooms, ME, Hofstee HMA, Bezemer PD, Bouter LM, Lips P. Falls in the elderly: A prospective study of risk factors and risk profiles. Am. J. Epidemiol 1996;143(11):1129-1136. Grisso JA, Schwarz DF, Wolfson V, Polansky M, Lapann K. The impact of falls in an inner-city elderly African-american population. JAGS 1992;40(7):673-78. Harada N, Chiu V, Damron-Rodriguez J et al. Screening for balance and mobility impairment in elederly individuals living in residential care facilities. Physical Therapy 1995; 75:462-69. Hill K, Schwarz J, Flicker L, Carrol S. Falls among healthy, communitydwelling older women: a prospective study of frequency, circunstances, consequences and prediction accuracy. Australian and New Zealand Journal of Public Health 1989;23(1):4148.
Hill-Westmoreland EE, Soeken K, Spellbring AM. A meta-analysis of fall prevention programs for the elderly:how effective aret they? Nurs Res 2002; 51(1):1-8.
Hogan DB, MacDonald FA, Betts J, Bricker S, Delarue B, Hunter M et al. A ramdomized controlled trial of a community-based consultation service to prevent falls. Canadian medical Association Journal 2001; 165(5). Kannus P, Parkkari J, Niemi S, Pasanen M, Palvanen M, Järvinen M, Vuori I. Prevention of Hip Fracture in Elderly People with use of a Hip Protector. The New England Journal of Medicine 2000;343(21):1506-1513. Kellog International Work Group on the Prevention of Falls by the Elderly. The prevention of falls in later life. Dan. Med. Bull 1987;34(4):1-24.
King MB. Evaluating the older person who falls. In: Masdeu JC, Sudarsky L,Wolfson L. Gait disorders of aging: falls and therapeutic strategies, Lippincott-Raven, Philadelphia, 1997, p.297-307. Koski K, Luukinen, Laippala LK. Physiological factors and medications as predictors of injurious falls by eldelry people: a prospective population-based study. Age and Ageing 1996; 25:29-38. Lachman ME, Howland J,Tennstedt S, Jette A, Assmann S,.Peterson EW. Fear of falling and activity restriction: the survey of activities and fear of falling in the elderly (SAFE). Journal of Gerontology:Psychological Sciences 1998;53B(1):P43-P50. Langlois JA, Smith GS, Nelson DE, Sattin RW, Stevens JA, De Vito CA.Dependence in activities of daliy living as a risk factor for fall injury events among older people living in the community. JAGS 1995;43(3):275-78. LaStayo PC, Ewy GA, Pierotti DD, Johns RK, Lindstedt S. The Positive effect of negative Work: increased Muscle Strength and decreased Fall risk in a Frail Elderly Population. Journal of Gerontology: Medical Sciences 2003; 58A(5):419-24.
Legters K. Fear of Falling. Physical Therapy 2002; 82(3):264-272. Leipizig RM, Cumming RG, Tinetti, ME. Drugs and Falls in older people: a systematic review and meta-analysis. Psycotropic drugs. J.A. Geriatr Soc 1999;47:30-9. Lord SR, Ward JA, Williams P. The effect of a 12-month exercise trial on balance, strength, and falls in older women: a randomized controlled trial. J Am Geriatr Soc. 1995; 43:1198-206. Lundin-Olsson NL, Nyberg L, Gustafson Y. Attention, Frailty, and falls: the effect of a manual task on basic mobility. JAGS. 1998;46(6):758-61. Nevitt MC, Cummings SR, Hude ES.Risk factors for injurious falls: a prospective study. Journal of Gerontology:Medical Sciences 1991; 46(5):M164M170. Nevitt MC. Falls in the elderly: risk factors and prevention. In: Masdeu JC, Sudarsky L,Wolfson L. Gait disorders of aging: falls and therapeutic strategies, Lippincott-Raven, Philadelphia, 1997,p.13-36.
A pentazocina é um analgésico narcótico que apresenta maior possibilidade de provocar confusão mental e alucinações, em comparação com outros narcóticos.
14.2. Substâncias Anticoagulantes No idoso, o dipiridamol pode provocar tontura quando o indivíduo se levanta (hipotensão ortostática). Para a maioria das pessoas, essa substância oferece pouca vantagem, em comparação com a aspirina, na prevenção da formação de coágulos sangüíneos. Para a maioria das pessoas, a ticlopidina não é mais eficaz que a aspirina na prevenção de coágulos sangüíneos, sendo consideravelmente mais tóxica. A ticlopidina pode ter utilidade como alternativa para pessoas que não podem tomar aspirina.
14.3. Drogas Antiulcerosas Doses usuais de alguns bloqueadores da histamina (em especial de cimetidina e, até certo ponto, de ranitidina, nizatidina e famotidina) podem causar efeitos adversos, principalmente confusão mental.
14.4. Antidepressivos Em razão de suas fortes propriedades anticolinérgicas e sedativas, a amitriptilina geralmente não é o melhor antidepressivo para pessoas idosas. A doxepina também é um potente anticolinérgico.
14.5. Medicamentos contra Náusea (antieméticos) A trimetobenzamida é uma das drogas menos eficazes contra a náusea e pode provocar efeitos adversos, como movimentos anormais dos braços, das pernas e do corpo.
14.6. Anti-histamínicos Todos os anti-histamínicos de venda livre e muitos de receita obrigatória produzem efeitos anticolinérgicos potentes. As drogas incluem: clorfeniramina, difenidramina, hidroxizina, ciproeptadina, prometazina, tripelenamina, dexclorfeniramina e medicamentos combinados contra resfriado. Mesmo que possam ser úteis no tratamento de reações alérgicas e alergias sazonais, em geral os anti-histamínicos não são apropriados para combater a coriza e outros sintomas de infecção viral. Nos casos em que há necessidade de anti-histamínicos, dá-se preferência aos que não produzem efeitos anticolinérgicos (loratadina e astemizol). Normalmente os medicamentos contra tosse e resfriado que não incluem anti-histamínicos em suas fórmulas são mais seguros para pessoas idosas.
14.7. Anti-hipertensivos A metildopa, isoladamente ou em combinação com outros medicamentos, pode reduzir os batimentos cardíacos e agravar a depressão. O uso de reserpina é arriscado, pois pode induzir à depressão, impotência, sedação e tontura quando a pessoa se levanta.
14.8. Antipsicóticos Embora antipsicóticos como clorpromazina, haloperidol, tioridazina e tiotixeno sejam eficazes no tratamento dos distúrbios psicóticos, não foi estabelecida sua eficácia no tratamento de distúrbios comportamentais associados à demência (como agitação, devaneios, repetição de perguntas, arremesso de objetos e agressão). Freqüentemente essas drogas são tóxicas, provocando sedação, distúrbios do movimento e efeitos colaterais anticolinérgicos. No caso de o uso ser imprescindível, as pessoas idosas devem usar antipsicóticos em doses pequenas. A necessidade do tratamento deve ser freqüentemente reavaliada, e os medicamentos devem ser interrompidos o mais rápido possível.
14.9. Antiespasmódicos Gastrintestinais Antiespasmódicos gastrintestinais, como diciclomina, hiosciamina, propantelina, alcalóides da beladona e clidínio-clordiazepóxido são administrados no tratamento das cólicas e dores estomacais. Essas substâncias são altamente anticolinérgicas, e sua utilidade – em especial nas baixas doses toleradas pelas pessoas idosas – é questionável.
14.10. Drogas Antidiabéticas (hipoglicemiantes) A clorpropamida tem efeitos prolongados, que são exagerados nas pessoas idosas e podem causar longos períodos de baixos níveis de açúcar no sangue (hipoglicemia). Por promover a retenção de água pelo organismo, a clorpropamida também diminui o nível de sódio no sangue. Suplementos de Ferro Doses de sulfato ferroso que excedam 325 miligramas diários não melhoram muito sua absorção e podem causar constipação. Relaxantes Musculares e Antiespasmódicos Quase todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos, como metocarbamol, carisoprodol, oxibutinina, clorzoxazona metaxalona e ciclobenzaprina provocam efeitos colaterais anticolinérgicos, sedação e debilidade. É questionável a utilidade de todos os relaxantes musculares e antiespasmódicos nas baixas doses toleradas pelos idosos.
14.11. Sedativos, Ansiolíticos e Indutores do Sono O meprobamato, além de não oferecer vantagens em relação aos benzodiazepínicos, apresenta muitas desvantagens. Clordiazepóxido, diazepam e flurazepam – benzodiazepínicos utilizados no tratamento da ansiedade e insônia – têm efeitos extremamente prolongados nos idosos (em geral, por mais de 96 horas). Essas drogas, isoladamente ou em combinação com outras, podem causar sonolência prolongada e aumentam o risco de quedas e fraturas. A difenidramina, um anti-histamínico, é o ingrediente ativo em muitos sedativos de venda livre. Mas a difenidramina produz efeitos anticolinérgicos potentes.
Barbitúricos, como o secobarbital e o fenobarbital, produzem mais efeitos adversos que outras drogas utilizadas no tratamento da ansiedade e da insônia. Também interagem com muitas outras substâncias. Em geral, os idosos devem evitar os barbitúricos, exceto para o tratamento de distúrbios convulsivos.
14.12. Anticolinérgico: O Que Isso Significa? A acetilcolina é um dos muitos neurotransmissores do organismo. Neurotransmissor é uma substância química utilizada pelas células nervosas para a intercomunicação e para a comunicação com os músculos e com muitas glândulas. Diz-se que as drogas que bloqueiam a ação do neurotransmissor acetilcolina têm efeitos anticolinérgicos. A maioria dessas substâncias, no entanto, não foi projetada para bloquear a acetilcolina; seus efeitos anticolinérgicos são efeitos colaterais. Pessoas idosas são particularmente sensíveis às drogas com efeitos anticolinérgicos porque, com a idade, diminui tanto a quantidade de acetilcolina no organismo quanto a capacidade orgânica de utilização da acetilcolina existente no corpo. Drogas com efeitos anticolinérgicos podem provocar confusão mental, turvamento da vista, constipação, boca seca, tontura e dificuldade de micção ou perda do controle da bexiga.
Atividade Física 1. Atividade Física Nesta seção, apresentamos conceitos relacionados à atividade física para idosos. O enfoque principal é treinamento de equilíbrio, mas outras capacidades e habilidades também serão abordadas, uma vez que o equilíbrio em seres humanos é dependente de inúmeros fatores. 1. Treinamento do equilíbrio
Fundamentos de treinamento (equilíbrio) Exercícios para treinar o equilíbrio
1. Treinamento de força
Exercícios para treinar a força
1. Treinamento de resistência aeróbia
Fundamentos de treinamento (resistência) Exercícios para treinar a resistência aeróbia
1. Treinamento de flexibilidade
Fundamentos de treinamento (flexibilidade) Exercícios para treinar a flexibilidade
1.1. Fundamentos de treinamento (equilíbrio)
Alguns exercícios utilizados para o treinamento de força dos membros inferiores podem também ser utilizados para o treinamento do equilíbrio. Para tal, pode-se adotar uma seqüência de estágios que desafia com dificuldade progressiva a capacidade de se equilibrar. Os estágios a seguir trazem uma progressão que pode ser facilmente utilizada durante os exercícios de treinamento de força:
Estágio I – apoiar as duas mãos em uma cadeira (ou qualquer outro apoio); Estágio II – apoiar apenas uma mão na cadeira; Estágio III – apoiar apenas um dedo na cadeira; Estágio IV – realizar o exercício sem apoio dos membros superiores; Estágio V – se houver grande estabilidade no estágio IV, os exercícios podem ser realizados sem o apoio das mãos e de olhos fechados. Como neste estágio há um maior risco de instabilidade, é importante haver alguém acompanhando o executante para evitar possíveis acidentes.
No entanto, é essencial ter em mente que, apesar de os exercícios estarem sendo direcionados para o treinamento do equilíbrio, as mesmas precauções tomadas durante o treinamento de força devem ser consideradas antes de se iniciar uma sessão dessa atividade.
É importante treinar todos os grupos musculares principais, evitando treinar o mesmo grupo muscular dois dias consecutivos. Cada repetição deve ser executada da seguinte maneira: 3 segundos para realizar o movimento, 1 segundo mantendo a posição alcançada, e mais 3 segundos para retornar à posição inicial. Antes do treinamento deve ser realizado um aquecimento, que pode consistir em uma caminhada leve e movimentação dos membros utilizados nos exercícios (aproximadamente 10 minutos de duração). A respiração deve se dar normalmente durante a execução dos exercícios. Prender a respiração pode gerar variações na pressão sanguínea, tornando o exercício perigoso para portadores de problemas cardiovasculares. Nos exercícios de elevação do membro inferior, é importante expirar durante o levantamento, e inspirar enquanto o membro volta à posição inicial. As cargas utilizadas devem ser iguais para ambos os lados do corpo. É importante remover os pesos utilizados nos membros inferiores para andar, pois sua utilização durante o andar aumenta o risco de quedas. Quando os pesos não estiverem sendo usados, é importante colocá-los em lugares apropriados, para que não haja o risco de alguém tropeçar neles. Pequena dor muscular e alguma fadiga são normais nos dias seguintes à prática, mas se esses sintomas aparecerem de maneira excessiva, provavelmente a intensidade do treinamento está alta demais. Se houver qualquer dor nas articulações durante a execução dos exercícios (principalmente com relação à utilização de pesos), deve-se para o treino. Se a dor ocorrer apenas em ângulos extremos nas articulações, os exercícios devem ser feitos de maneira a não atingi-los; A amplitude dos movimentos deve ser a maior possível, de maneira que simultaneamente haja alongamento da musculatura oposta àquela realizando o movimento. Essa amplitude deve ser regulada pela flexibilidade de cada um, além de ser feita em limites nos quais não ocorrem dores nas articulações.
As primeiras sessões devem sempre ser realizadas sem carga extra, para que haja um devido aprendizado dos exercícios.
Como o enfoque principal do PEQUI é a prevenção de quedas na população idosa, é interessante disponibilizar exercícios que contribuam para tal de maneira prática, e de fácil entendimento de todos. Mas é também importante fornecer orientação sobre como os exercícios devem ser feitos. A literatura voltada para exercícios em idosos mostra muita coerência no que diz respeito às suas características. A cada sessão, deve ser executado um exercício para cada grupo muscular principal, sendo que as sessões devem ocorrer duas vezes por semana. Cada exercício deve ser executado em séries, sendo que cada série corresponde a um grupo de repetições desenvolvidas de forma contínua, sem interrupções, e, neste caso em particular, devem possuir de 8 a 15 repetições. O número de séries pode variar entre um e três por sessão de treinamento. É importante haver um descanso entre cada série, sendo que a literatura relata que esse tempo deve estar entre 1 min e 3 min (é importante lembrar que esse tempo de descanso corresponde à recuperação do músculo, ou seja, o tempo que ele leva para estar metabolicamente preparado para novamente realizar o exercício; assim, quanto maior a intensidade/ repetições realizadas, maior deverá ser o descanso entre as séries). Cada repetição deve ser feita em aproximadamente 6 segundos, que correspondem a: 3 segundos para realizar o movimento e 3 segundos para retornar à posição inicial (lembrando que é mais válido realizar um exercício lentamente e de maneira correta que realizá-lo rapidamente, o que diminui o controle do movimento, podendo assim não estimular os músculos da maneira adequada para os objetivos do exercício). Os itens apresentados acima são muito simples e práticos. No entanto, decidir a carga utilizada nesse treinamento é um fator importantíssimo para que haja eficiência e segurança durante a sua execução. O controle de carga se dá essencialmente de duas maneiras distintas: pesos anexados ao membro executando o movimento, o número de repetições por série, e o número de séries. Inicialmente, é importante que não haja nenhum peso extra. Além de o peso dos próprios membros já servirem como uma ótima carga inicial, essa ausência de cargas extras permite uma facilidade maior para executar os exercícios, levando assim a um melhor aprendizado e conseqüente aproveitamento dos exercícios. Também é interessante que no início seja executada apenas uma série por exercício, com oito repetições cada. Após ser criada uma intimidade entre o executante e os exercícios, mudam-se as regras para carga, como descrito a seguir. Neste momento, é importante selecionar uma carga mais adequada à pessoa em questão, ficando difícil portanto definir dados de maneira absoluta. O número de repetições que apresenta um ganho interessante na força em idosos está entre 8 e 15. Assim, a carga deve ser escolhida de maneira que, em cada série, o indivíduo consiga realizar de 8 a 15 repetições. Se não for possível realizar 8 repetições, a carga está muito alta, e deve ser diminuída. Se mais de 15 repetições forem alcançadas, significa que a carga está muito baixa, e deve ser aumentada. É importante lembrar que esse número não está relacionado ao momento em que o músculo não mais consegue realizar o movimento, e sim ao momento em que ocorre um grande desconforto em realizar o movimento (devido ao cansaço do músculo). À medida que o treinamento ocorre, a tendência é que cada vez fique mais fácil realizar o número de séries e de repetições estipulados inicialmente.
Como só há ganho de força à medida que o corpo é desafiado, essa maior facilidade em realizar os exercícios deve ser acompanhada por um aumento da carga das sessões de treinamento. Isso pode ocorrer de duas maneiras. O primeiro modo de fazê-lo é simplesmente aumentar o peso levantado, o que pode ser feito também baseado no número de repetições. À medida que ocorre aumento da força, o número de repetições possíveis com uma mesma carga também aumenta. Como uma carga que permita mais de 15 repetições não trará os mesmos benefícios que uma carga que corresponda a um máximo de 8 a 15 repetições, quando um exercício se torna muito fácil de ser executado (sendo possível realizar mais de 15 repetições), o ideal seria ajustar a carga, de maneira que só fosse possível realizar 8 repetições (portanto, deveria haver um aumento de peso). Assim, apenas depois de um grande período de treinamento novamente essa carga permitiria mais de 15 repetições por série, e novamente deveria ser ajustada. A outra alternativa, seria aumentar o número de séries por exercício, o que deve ser feito simultâneo a um pequeno decréscimo na quantidade de pesos utilizada. Mas o número de séries não deve ultrapassar 3 (quando estiverem sendo feitas 3 séries com 15 repetições, a única alternativa é aumentar a carga, sendo que neste caso deve haver uma diminuição no número de séries), e o número de repetições nunca deve ultrapassar 15 ou ficar inferior a 8.
Exercícios para Treinar o Equilíbrio Exercícios para treinar o equilíbrio Nesta seção apresentamos alguns exercícios para treinamento de equilíbrio e esses exercícios podem ser ministrados obedecendo os princípios de treinamento. A idéia é que em cada sessão de treinamento todos os exercícios abaixo devem ser executados. É importante ressaltar que nem todos idosos são capazes de realizar tais movimentos, mas adaptações são possíveis a cada exercício.
Flexão Plantar
Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do tornozelo e da região posterior da perna (panturrilha). O executante deve estar na posição ereta, com os pés totalmente apoiados no chão, segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio (por exemplo o encosto de uma cadeira). O executante deve ficar nas pontas dos pés, o mais alto que puder. Deve levar 3 segundos para subir, permanecer no alto por 1 segundo, e levar mais 3 segundos para voltar à posição inicial. A carga deste exercício pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos. À medida que a força e o equilíbrio aumentarem suficientemente, o executante pode passar a realizar este exercício com uma perna de cada vez (mas é importante o mesmo número de repetições seja realizado para cada perna), mas é importante lembrar que neste caso o aumento de carga é muito grande (só deve ser feito quando realmente a carga estiver muito baixa, mesmo com pesos extras, ao realizar o exercício com as duas pernas simultaneamente). Resumo: 1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio;
2. Lentamente fique nas pontas dos pés, o mais alto que conseguir (expirando); 3. Mantenha a posição um pouco; 4. Lentamente desça os calcanhares até o chão (inspirando).
Flexão de Joelho
Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e da panturrilha. O executante deve manter-se na postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio. O executante deve levar 3 segundos para flexionar o joelho, tirando o pé do chão, de maneira que o tornozelo vá o mais alto possível (como ilustrado na figura). A coxa deve permanecer imóvel durante a execução do exercício, apenas o joelho deve ser flexionado. A volta à posição inicial também deve levar 3 segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5.
Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; Lentamente flexione o joelho até o limite (expirando); Mantenha a posição um pouco; Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando); Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.
Flexão de Quadril
Este exercício tem como objetivo fortalecer os músculos da coxa e do quadril. O executante deve se posicionar atrás ou ao lado de uma cadeira (ou outro apoio qualquer). O movimento de levantar a perna deve levar 3 segundos. A posição deve ser mantida por 1 segundo, e a descida deve levar mais 3 segundos. A maneira de aumentar a carga do exercício é adicionando pesos extras nos tornozelos. Resumo: 1. Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; 2. Lentamente erga seu joelho na direção do peito, sem deixar o tronco descer em direção à coxa (expirando); 3. Mantenha a posição um pouco; 4. Lentamente abaixe a perna até o chão (inspirando); 5. Ao terminar as séries com uma perna, repita com a outra.
Extensão de Quadril
Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região posterior da coxa e da região glútea. O executante deve ficar de 30 a 45 cm afastado de uma cadeira ou mesa (ou outro apoio para os membros superiores), com os pés ligeiramente afastados um do outro. O tronco deve estar inclinado a aproximadamente 45º (na direção do apoio). A perna deve ser erguida para trás sem flexão de joelhos, e este movimento deve levar aproximadamente 3 segundos. Durante a subida é importante não ficar nas pontas dos pés e nem levar o tronco mais à frente. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à posição inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma
repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos. Resumo: 1. Se posicione entre 30 e 45 cm afastado de um apoio para os membros superiores; 2. Incline o corpo à frente e segure no apoio; 3. Lentamente erga a perna (extendida) para trás (expirando); 4. Mantenha a posição um pouco; 5. Lentamente abaixe a perna, voltando à posição inicial (inspirando); 6. Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra.
Elevação Lateral do Membro Inferior
Este exercício serve para fortalecer a musculatura da região lateral da coxa e do quadril. O executante deve manter-se na postura ereta, segurando em um apoio para aumentar o equilíbrio, com os pés ligeiramente afastados. O executante deve levar 3 segundos para elevar lateralmente a perna, sendo que o movimento deve ter um alcance de 15 a 30 cm. O tronco deve permanecer sempre reto, e as duas pernas extendidas. Os pés devem estar apontando para a frente. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e a volta à posição inicial deve levar 3 segundos, terminando então uma repetição do exercício. A carga pode ser aumentada colocando pesos extras nos tornozelos. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5. 6.
Mantenha o corpo ereto, segurando em um apoio para manter o equilíbrio; Lentamente eleve uma perna para o lado, de 15 a 30 cm (expirando); Mantenha a posição um pouco; Lentamente volte à posição inicial (inspirando); Ao terminar a as séries com uma perna, repita com a outra; O tronco e os dois joelhos devem estar extendidos durante toda a execução do exercício. Levantar e sentar sem a utilização das mãos
Este exercício tem por objetivo fortalecer os músculos do abdômen, das costas, do quadril e da coxa. O executante deve sentar-se na metade anterior do assento da cadeira e reclinar seu corpo até os ombros tocarem o encosto. As costas devem estar retas (apesar de o tronco estar reclinado), o que é facilitado colocando um apoio para a região lombar (como exemplificado na figura por um travesseiro). Os joelhos devem estar flexionados, e os pés devem estar com toda a planta em contato com o chão. Usando minimamente os membros inferiores (ou até mesmo sem usá-los, se possível), o executante deve trazer o tronco à frente, desencostando do encosto da cadeira e do apoio lombar. Para trabalhar adequadamente a musculatura abdominal, o tronco deve ser trazido à frente com as costas retas (sem que os ombros se inclinem à frente durante a subida). Partindo então desta posição sentada, com os pés totalmente apoiados no chão, o
executante deve levar 3 segundos para se erguer até a posição ereta (usando minimamente as mãos), e mais 3 segundos para sentar. Durante a subida e a descida do corpo, é importante também manter as costas retas. Neste exercício, uma maneira de aumentar a carga é utilizar cada vez menos as mãos para auxiliar o movimento do corpo. Após estar sentado, o corpo deve novamente ser reclinado até o encosto da cadeira, terminando assim uma repetição do exercício. Resumo: 1. Coloque um travesseiro no encosto de uma cadeira; 2. Sente na metade anterior do assento da cadeira, com os joelhos flexionados e com os pés totalmente apoiados no chão; 3. Recline sobre o travesseiro, permanecendo com o tronco inclinado e com as costas retas; 4. Leve o tronco à frente até ficar sentado com as costas retas, usando minimamente as mãos (inspirando); 5. Levante lentamente, usando minimamente as mãos (expirando); 6. Sente lentamente, usando minimamente as mãos (inspirando); 7. Recline novamente o corpo, apoiando as costas no travesseiro, retornando assim à posição inicial (expirando); 8. Mantenha as costas e os ombros retos durante toda a execução do exercício. Adaptação 1 o exercício também pode ser feito sem a fase de trazer o corpo à frente (correspondendo apenas à segunda e à terceira imagens na figura), mas isso implica em um menor ganho de força nos músculos abdominais, que são extremamente importantes para manter um bom equilíbrio. Adaptação 2: Como nem todos conseguem realizar muitas repetições desse exercício, pode ser necessário adaptá-lo da seguinte maneira: ao invés de o idoso levantar por completo, ele deve somente iniciar o movimento de subida, perdendo assim o contato com a cadeira. A posição alcançada deve ser mantida por 1 segundo, e então o idoso retorna à posição sentada (podendo também reclinar se estiver utilizando um apoio lombar). Dessa maneira, o desgaste do exercício fica reduzido (permitindo assim um maior número de repetições), mas os mesmos músculos são trabalhados. Conforme o idoso ganha força e resistência muscular, essa adaptação deve ser deixada de lado para que ocorram maiores ganhos.
Outros exercícios
Há ainda alguns exercícios que treinam o equilíbrio e podem ser praticados a qualquer hora, em qualquer lugar e quanto for desejado. Mas é importante que haja algum apoio por perto para gerar segurança em uma eventual instabilidade durante sua execução:
Permanecer ereto em apenas um pé (alternando-os), o que pode ser feito durante atividades do cotidiano. Andar com passos bem curtos, de maneira que o pé que executou o passo encosta o calcanhar nos artelhos (dedos do pé) do pé de apoio.
Exercícios para Treinar a Força Exercícios para treinar a força Os exercícios aqui sugeridos correspondem a exercícios de treinamento de força para os membros superiores. Como os exercícios para treinar o equilíbrio são também exercícios para treinamento de força para os membros inferiores, um treinamento completo será alcançado somando os exercícios deste item com os de equilíbrio. Assim, ao realizar seu treinamento de força, simultaneamente a capacidade de manter o equilíbrio também será treinada, tornando assim o treinamento mais simples. É importante lembrar que os mesmos cuidados necessários para o treinamento de força para os membros inferiores também devem ser tomados para o treinamento de força para os membros superiores. Estes cuidados estão descritos em fundamentos de treinamento (equilíbrio). Estes exercícios também podem ser executados em pé, sendo a cadeira apenas um facilitador.
Elevação Lateral dos Membros Superiores
Este exercício serve para fortalecer a musculatura do ombro. O executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com as costas retas (apoiadas no encosto) e os pés totalmente apoiados no chão, separados um do outro na largura dos ombros. O exercício deve se iniciar com os braços relaxados ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para dentro (para o próprio corpo). Os braços então devem ser elevados lateralmente durante 3 segundos, até ficarem paralelos ao solo. A posição deve ser mantida por 1 segundo, e então os braços devem ser abaixados durante 3 segundos, até ficarem extendidos ao lado do corpo novamente (finalizando assim uma repetição). A posição das mãos não varia durante o exercício, tomando como referência o braço. A carga deste exercício pode ser aumentada segurando pesos com as mãos. No caso de a carga estar muito grande, mesmo sem pesos extras, uma estratégia para diminuí-la é fazer uma flexão de cotovelo ao realizar o exercício. Quanto mais longe do corpo está o peso, maior será a força necessária para levantá-lo. Flexionar o cotovelo permite regular a distância da mão ao corpo durante a elevação lateral do membro superior, e, portanto, regular a força necessária para realizar o movimento. Quanto mais flexionado estiver o cotovelo, mais próxima do corpo estará a mão, e menor será a carga do exercício. Um outro ponto importante deste exercício é que ele pode ocasionar dores nos ombros. Ao invés de cessar a atividade, uma alternativa é não elevar os braços tão lateralmente. Quanto mais à frente do corpo forem elevados os braços, menor será a sobrecarga nos ombros, e menor será a carga do exercício. Mas essa adaptação deve ser feita com no máximo com um ângulo de 45º de diferença (à partir desse ângulo o exercício estará mais próximo de uma flexão de ombro, que será descrita mais adiante), e apenas se houver dor durante sua execução. Resumo: 1. 2. 3. 4.
Sente em uma cadeira; Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros; Os braços devem estar extendidos ao lado do corpo; Eleve os braços lateralmente até a altura dos ombros;
5. Mantenha a posição um pouco; 6. Lentamente retorne à posição inicial.
Extensão de Cotovelo
Este exercício tem por objetivo fortalecer o músculo posterior do braço (tríceps). O executante deve estar sentado em uma cadeira, com os pés totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na largura dos ombros. O braço deve ser elevado com o cotovelo flexionado, até que o cotovelo aponte para o teto (como na primeira figura). A mão do braço realizando o movimento deve inicialmente estar próxima ao ombro, com a palma da mão voltada para dentro. O braço deve ser sustentado pela mão do braço oposto, que deve fornecer um apoio logo abaixo do cotovelo (não apoiar na articulação). O cotovelo deve então ser extendido durante 3 segundos, até que fique completamente extendido, de maneira que a mão aponte para o teto. Apenas a articulação do cotovelo deve se movimentar. A posição deve ser mantida por 1 segundo, e então o cotovelo deve ser flexionado (durante 3 segundos), voltando assim à posição inicial (finalizando assim uma repetição). O apoio dado pela mão do braço oposto deve ser mantido durante toda a execução do exercício. Uma maneira de aumentar a carga deste exercício é segurando pesos extras na mão do braço executando o movimento. Resumo: 1. Sente em uma cadeira; 2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro; 3. Levante um braço com o cotovelo flexionado, até este ficar apontando para o teto (e a mão deve estar próxima ao ombro); 4. Apoie a mão do braço oposto logo abaixo do cotovelo para dar suporte para o exercício; 5. Extenda o cotovelo lentamente; 6. Mantenha a posição um pouco; 7. Flexione o cotovelo lentamente, voltando à posição inicial; 8. Repita o exercício com o outro braço após terminar as séries;
Flexão de Cotovelo
Este exercício tem por objetivo fortalecer a musculatura anterior do braço (bíceps) e os músculos do antebraço. O executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com as costas apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na largura dos ombros. O braço deve estar extendido para baixo, ao lado do corpo, com a palma da mão voltada para a frente. O cotovelo deve então ser flexionado, mantendo a posição da mão em relação ao braço ( a articulação do ombro não se mexe, apenas a do cotovelo). Esse movimento deve levar 3 segundos para ser efetuado, e o executante deve tomar cuidado para que seu corpo não se movimente lateralmente durante a flexão de cotovelo. Atingido a flexão máxima, a posição deve ser mantida por 1 segundo, e o cotovelo deve então ser extendido, voltando à posição inicial, em mais 3 segundos (finalizando assim uma repetição). Para aumentar a carga deste exercício, basta segurar um peso extra na mão do braço realizando a flexão. Resumo:
1. Sente em uma cadeira sem braços, apoiando as costas em seu encosto; 2. Mantenha os pés em total contato com o chão e afastados na largura dos ombros; 3. Deixe o braço extendido para baixo, ao lado do corpo, com a palma da mão para a frente; 4. Lentamente flexione o cotovelo, trazendo a mão para perto do peito; 5. Mantenha a posição um pouco; 6. Lentamente extenda o cotovelo, voltando à posição inicial; 7. Repita o exercício com o outro braço após finalizar as séries.
Flexão de Ombro
Este exercício serve para fortalecer a musculatura dos ombros. O executante deve estar sentado em uma cadeira sem braços, com as costas retas apoiadas no encosto da cadeira. Os pés devem estar totalmente apoiados no chão e afastados um do outro na largura dos ombros. Os braços devem, inicialmente, estar estendidos ao lado do corpo, com as palmas da mão voltadas para dentro. Os braços devem então ser levantados para a frente durante 3 segundos, mantendo-os estendidos e girando os punhos para que as mão fiquem voltadas para cima. Quando os braços ficarem paralelos com o chão, a posição deve ser mantida por 1 segundo. O executante deve então descer os braços até a posição inicial, girando novamente os punhos para que as palmas das mãos fiquem voltadas para dentro, o que deve levar mais 3 segundos. Para aumentar a carga deste, basta segurar pesos extras com as mãos. Resumo: 1. Sente em uma cadeira; 2. Mantenha os pés totalmente apoiados no cão, separados na largura do ombro; 3. Posicione os braços entendidos ao lado do corpo, com as palmas das mãos voltadas para dentro; 4. Eleve ambos os braços à sua frente até a altura dos ombros, girando as palmas das mãos para cima; 5. Mantenha a posição um pouco; 6. Lentamente desça os braços até a posição inicial, girando as palmas das mãos para dentro novamente;
Empurrar a Cadeira
Este exercício serve para fortalecer os músculos da parte de trás dos braços (tríceps), das costas, do antebraço e do peito. O executante deve estar sentado em uma cadeira com braços, com o corpo pendendo levemente à frente, com as costas retas (mas sem encostá-las no encosto da cadeira). O executante deve então segurar nos braços da cadeira, alinhando suas mãos e o tronco, ou posicionando-as levemente à frente do tronco. Os pés devem estar posicionados embaixo da cadeira, com os calcanhares levantados, de modo que o peso dos pés esteja distribuído somente sobre os artelhos (dedos do pé) e sobre o a parte anterior do pé. Lentamente, o executante deve levantar seu corpo usando os braços, o mais alto que conseguir, tentando manter a posição em que o corpo se encontrava sentado (com flexão de quadril e de joelho). Mesmo que o executante não consiga se levantar, o esforço necessário para tentar é suficiente para fortalecer progressivamente os músculos em questão. O ideal é que os membros inferiores não sejam utilizados para ajudar o movimento de subida, ou ainda que sejam
utilizados minimamente. A carga deste exercício pode ser aumentada colocando pesos extras sobre as coxas. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5. 6.
Sente em uma cadeira com braços; Incline o corpo ligeiramente à frente, mantendo as costas retas; Segure nos braços da cadeira; Posicione os pés abaixo da cadeira, com o peso sobre os artelhos; Lentamente levante o corpo utilizando apenas os braços (expirando); Lentamente desça os braços até a posição inicial (inspirando).
Fundamentos de Treinamento (Resistência) Fundamentos de Treinamento (Resistência) A capacidade aeróbia consiste, basicamente, na capacidade de absorver, transportar e utilizar o oxigênio do ar para realizar as reações bioquímicas necessárias para gerar a energia que será utilizada durante a atividade física. Essa capacidade corresponde a uma via metabólica específica, e esses mecanismos se tornam mais eficientes quando se pratica atividades de baixa intensidade e longa duração. Uma maneira de quantificar essa capacidade é medindo o VO2max, que corresponde ao consumo máximo de oxigênio durante atividades físicas, ou seja, o quanto do oxigênio a pessoa é capaz de retirar do ar e aproveitar para gerar energia. Assim como qualquer atividade física, o treinamento de resistência aeróbia deve seguir algumas regras, tanto para que o treinamento alcance os objetivos buscados, quanto para preservar a integridade física de quem o está praticando. A resistência aeróbia é uma capacidade que deve ser desenvolvida gradualmente. Para se iniciar um treinamento, um tempo mínimo diário por sessão de treinamento é de 5 minutos. Apesar de este tempo não ser suficiente para trazer os ganhos de um treinamento de resistência aeróbia, começar o treinamento com um baixo nível de esforço e ir aumentando-o gradualmente é especialmente importante para aqueles que estão inativos há muito tempo. A idéia é que com o devido tempo, essa leve atividade se torne uma atividade de dificuldade de moderada a vigorosa, apesar de ainda continuar com um curto tempo de duração (5 minutos). Quando for possível realizar atividades com intensidade de moderada a vigorosa por 5 minutos, é hora de aumentar esse tempo por sessão de treinamento para pelo menos 10 minutos, já que realizar atividades por tempos menores que esses não trará os benefícios cardiovasculares e respiratórios desse tipo de treinamento. O objetivo nesta progressão é que o executante chegue a pelo menos 30 minutos de atividade em cada sessão de treinamento. Uma progressão possível seria aumentar em 5 minutos o tempo de atividade a cada mês, até atingir 30 minutos (ou mais). Dividir esses 30 minutos em três fases de 10 minutos de duração também traz benefícios cardiovasculares e respiratório, sendo uma estratégia interessante para indivíduos com pouca tolerância a atividades com longa duração. Quanto mais leve a atividade, maior deve ser sua duração, e quanto
maior sua intensidade, menor pode ser sua duração. Uma faixa de tempo válida para que os benefícios desse tipo de treinamento sejam alcançados é de 20 a 60 minutos por sessão. Inicialmente, o treinamento aeróbio deve ser feito pelo menos 3 vezes por semana, em dias não consecutivos (se possível). Ao longo dos meses de treinamento, conforme o indivíduo vai ganhando condicionamento, o número de dias de atividade aeróbia por semana deve aumentar progressivamente, até 5 dias por semana. Mas é importante manter em mente que o mínimo necessário para trazer os benefícios desse tipo de treinamento é realizar 3 sessões por semana. A intensidade dos exercícios, para que o maior benefício seja alcançado, deve estar em, uma faixa de 50% a 70% do VO2max. Uma outra maneira de ajustar facilmente essa intensidade é através do controle a freqüência cardíaca. Inicialmente, o indivíduo deve medir sua freqüência cardíaca de repouso (FC rep), que corresponde ao número de vezes que o coração bate por minuto após 10 minutos de inatividade (de preferência, a pessoa deve ficar deitada relaxando durante esse período de tempo). É necessário conhecer também a freqüência cardíaca máxima (FC max), que pode ser quantificada em testes ergométricos, ou ainda estimada subtraindo a idade do indivíduo de 220. É importante medir esse valor através do teste ergométrico, pois através dele é possível detectar problemas cardíacos, além de identificar em qual freqüência cardíaca eles começam a aparecer. Isso torna possível considerar como freqüência cardíaca máxima a freqüência na qual aparecem sintomas de problemas cardíacos, permitindo uma maior segurança no treinamento (que estará sempre abaixo dessa freqüência). A faixa de treinamento deve então ser calculada da seguinte maneira:
Freqüência mínima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.5 + FC rep Freqüência máxima de treinamento: (FC max – FC rep) x 0.7 + FC rep
Dessa maneira, fica assegurando que o indivíduo estará treinando em uma faixa entre 50% e 70% da sua freqüência cardíaca de reserva (FC max – FC rep), sendo essa faixa a zona ideal para o treinamento da capacidade aeróbia. Seguem agora algumas regras de segurança básicas para o treinamento de resistência aeróbia:
As atividades aeróbias não devem fazer o executante respirar tão rapidamente de maneira que seja muito difícil falar durante sua execução. Sua intensidade também não pode causar vertigem e dor no peito (para respirar); O executante deve realizar uma atividade leve antes de iniciar a sessão de treinamento para aquecer e outra para voltar à calma no final da atividade. Um bom exemplo é andar vagarosamente; Exercícios de alongamento devem ser feitos após as atividades, enquanto os músculos ainda estão quentes; Com o aumento da idade, o mecanismo que gera a sede passa a funcionar mais lentamente. Isso pode fazer com que, apesar de um indivíduo precisar de água, ele não sinta sede. O executante deve ter uma preocupação em beber líquidos durante atividades que causem transpiração. Se o indivíduo chegar a sentir sede, significa que seu corpo já está levemente desidratado. Mas é importante atentar que algumas pessoas possuem limitações de ingestão de líquidos (como em
patologias envolvendo o coração e o fígado), e esse controle de ingestão durante a atividade física deve ser feito juntamente com seu médico. Idosos são mais afetados pelo frio e pelo calor que adultos (devido a um sistema termo-regulador menos eficiente), o que pode trazer riscos à saúde. É interess ante que um idosos, ao se exercitar, vistas as roupas em ―camadas‖, de maneira que fique protegido contra o frio, mas se vir a sentir calor seja possível remover algumas peças para regular a temperatura. Antes de aumentar a dificuldade da atividade executada é mais aconselhável aumentar a duração da atividade.
Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia Exercícios para Treinar a Resistência Aeróbia Seguem alguns exemplos de atividades e exercícios de treinamento da resistência aeróbia: Dificuldade moderada:
Nadar Pedalar Andar rapidamente em superfície plana Fazer faxina Jogar golfe a pé Jogar tênis em duplas Jogar voleibol Remar Dançar.
Dificuldade vigorosa:
Subir escadas Andar rapidamente em superfícies íngremes (subidas) Subir superfícies íngremes de bicicleta Jogar tênis Nadar rapidamente Marcha atlética Correr lentamente.
Fundamentos de Treinamento (Flexibilidade) Fundamentos de Treinamento (Flexibilidade)
Exercícios de alongamento muscular têm por objetivo aumentar a flexibilidade, trazendo assim uma maior liberdade de movimentos para executar as tarefas do cotidiano e outras tarefas mais específicas. Assim como qualquer tipo de atividade física, ao treinar a flexibilidade o executante deve atentar para algumas regras, assegurando assim uma maior eficiência do treinamento e uma maior segurança na execução dos exercícios. Os exercícios de alongamento devem ser executados após o término das sessões de treinamento aeróbio ou de treinamento de força para resultarem em ganhos na flexibilidade. No caso de não ser possível realizar esses dois tipos de treinamento, o treinamento de flexibilidade deve ser executado pelo menos duas vezes por semana, podendo chegar a até sete vezes por semana, e as sessões devem durar ao menos 20 minutos cada. Para um iniciante é interessante treinar poucas vezes por semana para ganhar alguma intimidade com os exercícios e para perceber seus limites. Um treinamento visando um grande aumento de flexibilidade deve consistir em sessões diárias de treinamento, ou ainda um número grande de sessões por semana (de 5 a 7). Treinar de duas a três vezes por semana é uma boa maneira de manter a flexibilidade alcançada. É importante ressaltar que exercícios de alongamento não servem para implementar a força ou a resistência aeróbia. Cada exercício de alongamento deve ser feito de 3 a 5 vezes em cada sessão de treinamento. O executante deve chegar à posição desejada lentamente, alcançando a maior amplitude possível sem que haja dor. A posição deve então ser mantida de 10 a 30 segundos, e então o executante deve relaxar e voltar lentamente para uma posição mais confortável (posição inicial), terminando assim uma repetição.
Segurança
Se o executante já sofreu alguma lesão, fratura ou cirurgia nos ossos do quadril (principalmente na articulação coxo-femoral, que corresponde à junção do quadril com o fêmur), é importante consultar um médico antes de executar os exercícios para treinar a flexibilidade dos membros inferiores; Se o executante sofreu fratura da cabeça do fêmur, ele não deve cruzar as pernas em ângulos superiores a 90 graus; Se a sessão de treinamento for realizada separada de outros tipos de treinamento, é importante realizar um leve aquecimento antes de iniciá-la. Isso pode ser feito com alguns minutos de caminhada e movimentação dos membros superiores. Alongar os músculos sem aquecimento prévio pode resultar em alguma lesão; Alongar os músculos não deve resultar em dor, principalmente nas articulações. Se isso ocorrer, provavelmente a amplitude do alongamento está muito grande, e deve ser reduzida; Uma leve sensação de desconforto é normal durante o alongamento (mas não de dor); O alongamento nunca deve ser feito rapidamente ou com "trancos" (alongamento balístico), pois esticar o músculo rapidamente faz com que um mecanismo reflexo seja disparado, e o músculo então se contrai involuntariamente. Além de isso prejudicar a amplitude que poderia ser alcançada com o músculo relaxado, ainda há algum risco de lesão se o alongamento for executado desta maneira;
1. Sente de lado em um banco; 2. Mantenha uma perna esticada sobre o banco; 3. A outra perna deve estar ao lado do banco, com o pé apoiado totalmente no chão; 4. Mantenha as costas retas; 5. Leve o tronco à frente, flexionando o quadril, até sentir o alongamento (não faça esse movimento se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no quadril); 6. Mantenha a posição; 7. Repita com a outra perna.
Isquitibiais (alternativa)
Uma alternativa ao exercício anterior é se posicionar em pé atrás de uma cadeira com os joelhos em extensão. O executante deve segurar o encosto da cadeira com as duas mãos e flexionar o quadril levando o tronco para frente, mantendo as costas retas durante toda a execução do exercício. Quando o corpo estiver paralelo com o solo, a posição deve ser mantida. Após 10-30 s, o executante deve retornar lentamente usando como apoio o encosto da cadeira para subir. Resumo: 1. 2. 3. 4.
Fique em pé atrás de uma cadeira, segurando seu encosto com as duas mãos; Flexione o quadril levando o tronco à frente; As costas devem estar retas durante todo o tempo; Quando o tronco estiver paralelo com o solo, mantenha a posição.
Tríceps Sural (Panturrilha)
Este exercício alonga a musculatura posterior da perna. O executante deve estar em pé, apoiando as duas mãos em uma parede, com os cotovelos estendidos. Mantenha o joelho de uma das pernas levemente flexionado e leve o pé da outra perna atrás (aproximadamente meio metro), mantendo os pés totalmente em contato com o solo (o pé da perna levada atrás deve estar levemente virado para dentro). O executante então deverá sentir o alongamento da musculatura da panturrilha. Se isso não ocorrer, a perna posicionada atrás deve ser ainda mais distanciada da outra, fazendo com que os músculos se alonguem ainda mais. A posição alcançada deve então ser mantida por 10 a 30 segundos. Então o executante deve flexionar levemente o joelho da perna que está atrás (como na segunda figura), e manter novamente a postura alcançada pelo mesmo tempo. Resumo: 1. Fique em pé com ambas as mãos apoiadas em uma parede e com os cotovelos estendidos; 2. Dê um passo de aproximadamente 50 cm para trás com uma das pernas, e mantenha ambos os pés totalmente apoiados no chão; 3. Mantenha a posição; 4. Flexione levemente o joelho da perna que está atrás; 5. Mantenha a posição; 6. Repita com a outra perna.
Tornozelo
Este exercício tem como objetivo alongar a musculatura envolvida na articulação do tornozelo. Deve ser realizado com os pés descalços, já que o calçado limita a movimentação do pé. O executante deve estar sentado na parte anterior do assento de uma cadeira, inclinando o corpo para trás até apoiar o tronco no encosto da cadeira (um travesseiro deve ser utilizado para fornecer apoio lombar, como exemplificado na figura). As pernas devem então ser estendidas ―escorregando‖ os pés para frente ao longo do chão. Mantendo os calcanhares em contato com o chão, o executante deve apontar os artelhos (dedos do pé) para frente até sentir o alongamento na parte anterior do tornozelo. Se nessa posição o executante ainda não sentir o alongamento, ele deve levantar um pouco os pés do chão, permitindo uma maior variação do ângulo do tornozelo. Após manter essa posição, o executante deve agora mover os pés em sua própria direção, sentindo assim o alongamento na região posterior do tornozelo. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Sente-se em uma cadeira; Estenda as pernas à sua frente, mantendo os calcanhares no chão; Flexione os pés, apontando os artelhos para frente; Mantenha a posição; Flexione os pés, apontando os artelhos para trás; Mantenha a posição. Se o alongamento não for sentido, faça com os pés um pouco levantados, sem encostá-los no chão. Tríceps Braquial
Este exercício alonga o músculo da região posterior do braço. O executante deve segurar a ponta de uma toalha com uma das mãos. Deve então levantar o braço que está segurando a toalha, e flexionar o cotovelo de maneira a deixar a toalha cair ao longo das costas. Com a outra mão, deve alcançar, por trás das costas, a ponta da toalha que está sendo segurada pela outra mão. Gradualmente, o executante deve, com a mão posicionada atrás das costas (mais embaixo), tentar alcançar pontos mais altos da toalha, encurtando assim a diferença entre as duas mãos (simultaneamente a mão que estiver em cima vai descer). Quando o alongamento for sentido, a posição deve ser mantida (o limite é o ponto onde as duas mãos se tocam). Após terminar a série, a posição deve ser invertida. Resumo: 1. 2. 3. 4.
Segure a toalha com uma das mãos; Levante o braço e flexione o cotovelo, fazendo a toalha ficar atrás das costas; Com a outra mão, segure a ponta da toalha que está livre; Suba a mão de baixo progressivamente, tentando alcançar o ponto mais alto possível; 5. Inverta a posição.
Pulso
O executante deve empurrar as palmas das mãos um contra a outra,mantendo os cotovelos apontando para baixo. Deve então elevar os cotovelos tentando deixá-los paralelos ao solo (ou o mais próximo disso que sua flexibilidade permitir), mantendo as palmas das mão em total contato uma com a outra. A posição deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então os cotovelos devem ser novamente baixados, terminando assim uma repetição. Resumo: 1. Junte as mãos, tocando uma palma na outra (posição de rezar); 2. Lentamente eleve os cotovelos até ficarem paralelos ao solo, e mantenha as mãos unidas; 3. Mantenha a posição.
Quadríceps
Este exercício tem como objetivo alongar os músculos da parte anterior da coxa, sendo que o conjunto destes músculos é chamado de quadríceps femoral. O executante deve deitar-se de lado no chão (podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto), alinhando os quadris, de maneira que um dos lados esteja posicionado exatamente acima do outro. A cabeça deve ser colocada em cima de um travesseiro, ou pode-se usar a mão como apoio. O joelho da perna posicionada acima deve ser flexionado. O executante deve então alcançar o pé da perna flexionada com a mão, segurando no calcanhar. Se o executante não consegue alcançar o próprio calcanhar com a mão nesta posição, a alternativa é colocar um cinto (ou faixa de pano) em volta do pé, podendo assim segurá-lo a uma maior distância. O executante deve então puxar o pé lentamente, até que o alongamento seja sentido na parte anterior da coxa, mantendo então a posição. Se houver cãibras na parte posterior da coxa durante o exercício, este deve ser parado e a região afetada alongada (podendo ser utilizados os exercícios para alongar os músculos isquiotibiais descritos acima), para mais tarde retomar o alongamento de quadríceps. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5.
Dente-se de lado no chão; Descanse a cabeça em um travesseiro ou na mão; Flexione o joelho da perna de cima; Segure no calcanhar da perna flexionada; Lentamente puxe a perna flexionada até alongar os músculos da parte anterior da coxa; 6. Mantenha a posição; 7. Inverta a posição e repita com a outra perna.
Rotação Dupla de Quadril
Este exercício deve ser evitado se o executante tiver sofrido uma fratura ou cirurgia no quadril, a não ser que o médico responsável concorde com sua execução. Seu objetivo é
alongar os músculos externos (laterais) do quadril e das coxas. O executante deve deitar-se de costas no chão (decúbito dorsal), podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto. Os joelhos devem estar flexionados, e os pés devem ter suas plantas em total contato com o solo. Um travesseiro deve ser usado para apoiar a cabeça, aumentando ainda mais o conforto para executar o exercício. O executante deve então manter os dois ombros em contato com o solo, os joelhos flexionados e unidos um ao outro, e descer lentamente os dois joelhos para um dos lados na maior amplitude possível sem forçá-los. A posição alcançada deve ser mantida por 10 a 30 segundos, e então os joelhos, ainda unidos, devem ser trazidos à posição inicial, e o mesmo exercício deve ser feito para o outro lado. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Não faça esse exercício se tiver sofrido fraturas ou cirurgias no quadril; Dente-se de costas no chão com os joelhos flexionados; Mantenha os ombros em contato com o solo todo o tempo; Mantendo os joelhos unidos, baixe lateralmente as pernas para um dos lados; Mantenha a posição; Volte as pernas para cima; Repita com o outro lado.
Rotação simples de quadril
Este exercício tem por objetivo alongar os músculos da pelve e da região interna (medial) das coxas. O executante deve deitar-se de costas (decúbito dorsal), com os joelhos flexionados, podendo utilizar um colchonete para aumentar o conforto. Deve então descer um dos joelhos lentamente para o lado, mantendo a outra perna e a pelve imóveis. A posição alcançada deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então o executante deve trazer seu joelho de volta à posição inicial. Os ombros devem ser mantidos em contato com o chão durante toda a execução do exercício. Resumo: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.
Deite-se de costas no chão; Flexione os joelhos; Desça um dos joelhos lentamente para o lado; Mantenha a posição; Traga o joelho de volta à posição inicial; Mantenha os ombros em contato com o chão durante todo o exercício; Repita com a outra perna.
Rotação de Ombro
Este exercício alonga a musculatura envolvida na articulação do ombro. O executante deve deitar-se de costas (decúbito dorsal) no solo e colocar um travesseiro para apoiar a cabeça. Também é importante colocar uma almofada embaixo dos joelhos, mantendo-os levemente flexionados (o que serve para diminuir a tensão na coluna vertebral enquanto o indivíduo está deitado). O executante deve então esticar os braços para os lados,
mantendo-os alinhados na altura dos ombros. Os cotovelos devem então ser flexionados, de maneira que as pontas dos dedos devem apontar o teto (os antebraços perdem o contato com o solo, mas os braços devem continuar em contato com ele durante toda a execução do exercício), e os antebraços devem estar paralelos. O executante deve então fazer uma rotação de ombro, lentamente deitando seus antebraços para trás, ao lado da cabeça (mantendo-os paralelos), até sentir alongar o ombro. Se houver qualquer sensação de dor aguda ou de pinçamento no ombro durante a execução deste exercício, ele deve ser parado imediatamente. A posição alcançada deve ser mantida de 10 a 30 segundos, e então o executante deve lentamente levantar os antebraços até a posição inicial e fazer uma rotação de ombro para a frente, tentando levar os antebraços até os lados do corpo (mantendo-os paralelos). Quando o alongamento for sentido, a posição deve ser mantida pelo mesmo tempo. Após o tempo de alongamento, os antebraços devem ser levados até a posição inicial para que o exercício se repita. Resumo: 1. Deite-se de costas no chão com uma almofada embaixo dos joelhos; 2. Estenda os braços para os lados; 3. Flexione os cotovelos até formarem um ângulo reto, com as mãos apontando para o teto; 4. Gire os ombros, tentando posicionar os antebraços ao lado da cabeça; 5. Mantenha a posição; 6. Gire no outro sentido, tentando posicionar os antebraços ao lado do corpo; 7. Mantenha a posição; 8. Mantenha os ombros em contato com o solo durante todo o exercício.
Rotação de Pescoço
Este exercício alonga a musculatura do pescoço. O executante deve deitar-se no chão, apoiando a cabeça em um livro grosso (um colchonete pode ser usado para aumentar o conforto). O exercício consiste em virar a cabeça de um lado para o outro, mantendo a posição de 10 a 20 segundos em cada lado (extremidade do movimento). A cabeça não deve estar pendendo para frente ou para trás durante a execução do exercício, o que torna necessário encontrar um livro com uma espessura ideal para manter a cabeça alinhada com o tronco. Para aumentar o conforto, ainda é aconselhável manter os joelhos flexionados, o que diminui a tensão na região lombar da coluna vertebral. Resumo: 1. Dente-se de costas no chão (decúbito dorsal); 2. Apóie a cabeça em um livro grosso (por exemplo, uma lista telefônica); Vire a cabeça de um lado para o outro, mantendo a posição em cada lado.
Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso
Introdução
Queda é um evento freqüente e limitante, sendo considerado um marcador de fragilidade, morte, institucionalização e de declínio na saúde de idosos (8,18,39). O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade, o que coloca esta síndrome geriátrica como um dos grandes problemas de saúde pública devido ao aumento expressivo do número de idosos na população e à sua maior longevidade, competindo por recursos já escassos e aumentando a demanda por cuidados de longa duração. Diversos fatores de risco e múltiplas causas interagem como agentes determinantes e predisponentes, tanto para quedas acidentais quanto para quedas recorrentes, impondo aos profissionais de saúde, especialmente ao médico o grande desafio de identificar os possíveis fatores de risco modificáveis e tratar os fatores etiológicos e comorbidades presentes (35,45,51). As intervenções mais eficazes baseiam-se na identificação precoce dos idosos com maior chance de sofrerem quedas e particularmente, aqueles que além do risco de queda apresentem também um risco aumentado de sofrem lesões graves decorrentes da mesma (13,23,50). Geralmente, idosos tendem a sub-relatar quedas. Além disso, creditam à idade seus problemas de equilíbrio e marcha, fazendo com que com que estas dificuldades de mobilidade não sejam detectadas, até que uma queda com uma conseqüência grave ocorra. Evitar o evento de queda é considerado hoje uma conduta de boa prática geriátricogerontológica, tanto em hospitais quanto em instituições de longa permanência, sendo considerado um dos indicadores de qualidade de serviços para idosos. Além disso, constitui-se em política pública indispensável, não só porque afeta de maneira desastrosa a vida dos idosos e de suas famílias, como também drena montantes expressivos de recursos econômicos no tratamento de suas conseqüências, como a fratura de quadril (19,42,45).
Cenário do problema Cerca de 30% a 60% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e cerca da metade cai de forma recorrente, variando de acordo com a precisão do monitoramento realizado pelo estudo (39,44). No Brasil cerca de 29% dos idosos caem ao menos uma vez ao ano e 13% caem de forma recorrente, sendo que somente 52% dos idosos não relataram nenhum evento de queda durante um seguimento de dois anos (39). A incidência de quedas em idosos residentes na comunidade varia de 0,2 a 1,6 quedas/por pessoa/por ano, com uma média de aproximadamente 0,7 quedas por ano. Em idosos hospitalizados a média é de 1,4 quedas/por leito/por ano, variando de 0,5 a
2,7 quedas e em idosos institucionalizados a prevalência é consideravelmente maior chegando até 75%, com uma incidência de 0,2 a 3,6 quedas/por leito/por ano devido a maior vulnerabilidade desta população e a maior acurácia nas notificações dos eventos (44). Os acidentes são a quinta causa de morte entre os idosos e as quedas são responsáveis por dois terços destas mortes acidentais. Aproximadamente 75% das mortes decorrentes de quedas nos Estados Unidos ocorrem em 14% da população acima de 65 anos de idade, e o índice de mortalidade aumenta dramaticamente após os 70 anos, principalmente em homens. (8,44,45). A maior suscetibilidade dos idosos a sofrerem lesões decorrentes de uma queda se deve a alta prevalência de comorbidades presentes nesta população, associado ao declínio funcional decorrente do processo de envelhecimento, como o aumento do tempo reação e diminuição da eficácia das estratégias motoras do equilíbrio corporal, fazendo de uma queda leve um evento potencialmente perigoso. Dos que caem a cada ano, entre 5% a 10% dos idosos residentes na comunidade tem como conseqüência lesões severas como fratura, traumatismo craniano e lacerações sérias, que reduzem sua mobilidade e independência, aumentando as chances de morte prematura. Cerca de metade dos idosos hospitalizados por fratura de quadril não recuperam a mobilidade prévia ao evento. (1,8). Cerca de 90% das fraturas de quadril são causadas por quedas e o custo atual estimado do tratamento das fraturas de quadril é da ordem de 10 bilhões de dólares. Entre 1988 e 1996 a taxa de hospitalização por fratura de quadril em mulheres acima de 65 anos nos EUA aumentou 23% (7,8). Além da alta mortalidade, destacam-se ainda como conseqüências relevantes o fato da queda causar restrição de mobilidade, incapacidade funcional, isolamento social, insegurança e medo, detonando um mecanismo cumulativo e em efeito dominó de eventos prejudiciais a saúde e qualidade de vida dos idosos(28,31). Em um estudo populacional multicêntrico, a razão de chance bruta de idosos com dependência em quatro ou mais atividades de vida diária ou prática ter experimentado ao menos uma queda no ano anterior foi 1,9 vez a chance quando comparados aos idosos independentes (43). Entre as pessoas que caíram e foram atendidas em unidades de emergência, cerca de 40% tiveram dor contínua ou incapacidade funcional por dois meses e 16% tiveram queixa de dor por cerca de 7 meses após o evento (19). Um estudo prospectivo de dois anos aponta que 32% dos idosos que caem referem medo de cair novamente e são marcadamente mulheres. Os fatores fortemente associados ao medo de cair novamente são a presença de distúrbios de marcha, um relato de percepção subjetiva de saúde física e mental ruim e condições econômicas desfavoráveis (53).
Definição e classificação
Queda é uma mudança de posição inesperada, não intencional que faz com que o indivíduo permaneça em um nível inferior, por exemplo, sobre o mobiliário ou no chão. Este evento não é conseqüência de uma paralisia súbita, ataque epilético ou força externa extrema (25). Podem ser classificadas a partir da freqüência com que ocorrem e do tipo de conseqüência advinda do evento. A queda acidental é aquele evento único que dificilmente voltará a se repetir e é decorrente de uma causa extrínseca ao indivíduo, em geral pela presença de um fator de risco ambiental danoso, como um piso escorregadio, um degrau sem sinalização ou devido à atitudes de risco como por exemplo,subir em banquinhos. Em contrapartida, a queda recorrente, expressa a presença de fatores etiológicos intrínsecos como doenças crônicas, poli farmácia, distúrbios do equilíbrio corporal, déficits sensoriais, dentre outros. A queda pode ainda ser dividida de acordo com a presença ou não de lesões. As quedas com lesões graves são consideradas aquelas cuja conseqüência é uma fratura, trauma crânio-encefálico ou luxação. Abrasões, cortes, escoriações e hematomas são considerados lesões leves. Há ainda, a classificação de acordo com o tempo de permanência no chão. A queda prolongada no chão é aquela em que o idoso permanece caído por mais de 15 a 20 minutos por incapacidade de levantar-se sem ajuda. Os idosos que são mais predispostos a sofrerem quedas prolongadas são os idosos com 80 anos ou mais, com dificuldade em atividades de vida diária, que têm disfunções em membros inferiores, tomam sedativos e moram sozinhos ou permanecem por longos períodos do dia ou noite desacompanhados. Hoje, busca-se não só identificar o perfil dos idosos mais vulneráveis a cair, como também procura-se distinguir quais terão maior suscetibilidade a sofrerem uma lesão grave decorrente deste evento ou que têm uma maior propensão a experimentarem quedas recorrentes o que aumenta a probabilidade de perda de capacidade funcional, seja ela decorrente de um único evento grave ou da perda de confiança e do senso de auto-eficácia o que com o tempo acaba por provocar uma restrição de atividades e um declínio na mobilidade, expondo este idoso a um maior risco de tornar-se frágil.
Fatores de risco e Causas Há necessidade de se dividir os fatores determinantes de quedas em idosos em dois grupos: Fatores de risco ou fatores predisponentes: são aqueles que impõe aos idosos uma maior chance de experimentarem quedas. O levantamento destes fatores permite a identificação de idosos com maior suscetibilidade a caírem. A estratificação do risco possibilita a implementação de estratégias de prevenção definidas para cada grupo alto, médio e baixo risco. Fatores causais: são aqueles agentes etiológicos presentes na determinação da ocorrência de um evento de queda específico. Constituem-se nas razões que levaram aquele idoso a cair e são potencializados pela presença de fatores de risco intrínsecos e extrínsecos.
Os fatores de risco são derivados de estudos populacionais tipo caso-controle ou estudos longitudinais. Embora, existam umas séries de questões metodológicas a serem consideradas na análise destes fatores, a aplicabilidade clínica é imediata, no que tange ao fato de que há um aumento significativo do risco com o aumento do número de fatores de risco individuais presentes. Além disso, o levantamento da existência de fatores que possam ser modificados por meio de intervenções específicas é essencial tanto na prevenção de futuros episódios, como também no manejo do processo de reabilitação. O Quadro 1, abaixo, lista os fatores de risco encontrados em estudos populacionais, com idosos da comunidade. Os fatores foram classificados de acordo com peso da sua evidência e se estão relacionados a quedas acidentais, quedas recorrentes ou quedas com lesão (2,5,6,9,11,18,21,27,29,32,35,,37,39,46,51,52,54) O peso da evidência foi construído a partir da freqüência com que o fator aparece nos estudos analisados. Salienta-se que não há uma homogeneidade quanto aos fatores de risco apontados nos estudos. Trata-se apenas de um guia para que se possa valorizar com maior ou menor intensidade determinados fatores. Os fatores de risco considerados de peso alto, ou seja, apontados na maioria dos estudos como fatores determinantes de quedas foram: idade igual ou maior a 75 anos, sexo feminino, presença de declínio cognitivo, de inatividade, de fraqueza muscular e de distúrbios do equilíbrio corporal, marcha ou de mobilidade, história prévia de acidente vascular cerebral, de quedas anteriores e de fraturas, comprometimento na capacidade de realizar atividades de vida diária e o uso de medicações psicotrópicas, em especial os benzodiazepínicos, assim como o uso de várias medicações concomitantes. Dentre estes estudos, destaca-se o realizado no município de São Paulo que aponta que os idosos que caíram de forma recorrente tiveram sua chance aumentada em 1,6 vezes (95% IC 1,00-2,52) por serem viúvos, separados ou desquitados, em 1,5 vezes por não terem o hábito de ler como atividade de lazer (95%IC 1,03-2,37), em 4,6 vezes por terem história de fratura (95% CI 2,23-9,69) e em 2,37 vezes por apresentarem comprometimento em 1 a 3 atividades de vida diária (95% CI 1,49-3,78), em 3,31 vezes a chance por apresentarem dificuldade em 4 ou mais atividades de vida diária (95%CI 1,58-6,93) e em 1,53 vezes a chance por relatarem ter visão ruim ou péssima (95%CI 1,00-2,34) quando comparados aos idosos que tinham boa percepção subjetiva de visão. Este modelo explicou 73% dos eventos (39). Rubenstein e Josephson analisando 16 estudos de idosos vivendo na comunidade e de idosos institucionalizados, apontam um aumento do risco com a presença dos seguintes fatores, por ordem de importância: presença de fraqueza muscular, história de quedas, déficit de marcha e de equilíbrio, uso de dispositivo de auxílio à marcha, déficit visual, artrite, comprometimento em atividades de vida diária, depressão, declínio cognitivo e idade igual ou superior a 80 anos (440. Em uma revisão sistemática de 11 estudos de coorte ou casos-controle a cerca dos fatores de risco para quedas em ambiente hospitalar foram levantados como os mais freqüentes: alteração do estado mental, em especial os estados de confusão e desorientação (9/11), uso de medicações como sedativos, tranqüilizantes e benzodiazepínicos (4/11), limitações de mobilidade, como distúrbios de marcha,
equilíbrio e fraqueza muscular (4/11), história de quedas (4/11), necessidade especial com toalete ou eliminações (4/11), idade avançada (4/11), necessidade de dispositivos de auxílio a mobilidade (3/11) e fraqueza geral, tontura, depressão e tempo maior de hospitalização (2/11). Os fatores de menor relevância foram mês da internação, ter tido três ou mais transferências de unidade, sonolência, abuso de drogas, terapia endovenosa, condições médicas gerais, anemias, condições pós-operatórias, evidência de estado confusional agudo, dentre outros. Os autores concluem que as intervenções a serem priorizadas nos idosos hospitalizados são aquelas direcionadas a identificar e tratar as limitações relacionadas ao estado mental e ás alterações de mobilidade (15). As principais causas de quedas estão dispostas no Quadro 2. Há, no entanto, uma grande dificuldade em estabelecer uma única causa, visto que a etiologia das quedas nos idosos é em geral multifatorial, particularmente nos idosos frágeis. Mas, a busca ativa de causas que levaram o idoso a cair é fundamental para que uma intervenção apropriada seja realizada. Quadro 1- Fatores de risco, classificados de acordo com o peso da evidência, além da classificação de acordo com o tipo de queda.
Fatores Sócio-demográficos Peso da evidência e tipo de queda Sexo feminino Alto (acidentais, recorrentes e com lesões sérias) Idade ≥ 75 anos Alto (acidentais, recorrentes e com lesões sérias)
Ausência de Cônjuge Baixo (recorrentes) Raça Branca Baixo (com lesões sérias) Baixa Renda Baixo (acidentais) Morar só Baixo (com lesões sérias)
Psico-Cognitivos Declínio Cognitivo Alto (acidentais, recorrentes) Depressão Baixo (acidentais) Medo de Cair Baixo (recorrentes)
Condições de saúde/Doenças Crônicas AVC prévio Alto (acidentais, recorrentes) Diabetes Baixo (acidentais) Queixa de Tontura Médio (acidentais e recorrentes) Hipotensão Postural Baixo (recorrentes)
Baixo Índice de massa corpóreo Médio (acidentais, com lesões sérias) Anemia Baixo (com lesões sérias) Insônia Baixo (recorrentes, com lesões sérias) Incontinência ou urgência miccional Médio (recorrentes, com lesões sérias) Artrite/osteoartrose Baixo (acidentais) História prévia de quedas Alto (recorrentes, com lesões sérias) História prévia de fratura Alto (recorrentes, com lesões sérias) Neuropatia Baixo (com lesões sérias)
Funcionalidade Comprometimento em AVD Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias) Necessidade de dispositivo de auxílio a marcha Baixo (acidentais) Inatividade Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)
Comprometimento sensorial Comprometimento visual Moderado (acidentais,recorrentes,com lesões sérias) Equilíbrio corporal, marcha e mobilidade Alto (acidentais,recorrentes, com lesões sérias)
Distúrbio neuromuscular Fraqueza muscular de MMII Alto (acidentais, recorrentes) Fraqueza muscular de preensão Alto (acidentais, recorrentes, com lesões sérias) Diminuição de reflexos Baixo (acidentais) Dor em joelho ou quadril Baixo (acidentais) Problemas nos pés Baixo (acidentais) Tempo de reação Baixo (com lesões sérias)
Uso de medicações Psicotrópicas :Benzodiazepínicos Alto (recorrentes, com lesões sérias) Bloqueadores de canal de cálcio Baixo (com lesões sérias)
Analgésicos Baixo (com lesões sérias) Número de medicações Alto (recorrentes, com lesões sérias)
Condição médica prévia Hospitalizações Baixo (acidentais) (se alta: fator presente na maioria dos estudos, se moderada: fator presente em boa parte dos estudos, mas não na maioria e se baixa: fator presente em um ou dois estudos apenas) Quadro 2 – Causas de quedas em idosos: resumo de 12 estudos levantados por Rubenstein, Josephson, 2002. Acidentais ou relacionadas ao ambiente Distúrbios do equilíbrio e marcha Fraqueza muscular Tontura e vertigem Artrite Doenças agudas Epilepsia Dor Medicamentos Álcool ―drop attack‖ Confusão ou Delirium
Hipotensão Postural Distúrbios visuais Queda da cama Síncope Para que este levantamento sobre as causas possa ser realizado de forma sistematizada, faz-se necessário identificar todo o contexto, como mecanismo da queda, atividade que estava sendo realizada no momento do evento, hora do dia ou noite, tipo de calçado, local onde ocorreu a queda, e qualquer sinal ou sintoma pré ou pós-evento que possa ter relevância na determinação do mesmo. Aspectos como se houve ou não perda da consciência ou escurecimento da visão podem descartar síncopes. Outros mecanismos envolvidos, como falseamento dos joelhos pode estar relacionado à fraqueza muscular, osteoartrose de joelhos e ao drop attack; a sensação de tontura relacionada à posição da cabeça ou a movimentos do corpo pode estar associada à presença de disfunções vestibulares. O roteiro apresenta as principais perguntas a serem realizadas na investigação do evento de queda. A queda pode ser o reflexo de uma doença aguda como infecção urinária ou respiratória, arritmia cardíaca, acidente vascular encefálico, delirium, dentre outras. A mesma pessoa pode cair em diferentes momentos por várias razões. A queda de causa desconhecida deve ser amplamente investigada até que um fator ou vários fatores seja apontado como agentes etiológicos ou precipitantes do evento.
Nunca, especialmente, nos idosos que caem recorrentemente devê-se assumir como causa aquela relacionada a um evento anterior. A busca sistematizada de fatores causais permite o adequado manejo, previne novos eventos e trata doenças associadas, evitando comorbidades e o escalonamento de incapacidades (26). Roteiro sugerido para investigação do evento de queda: o o
o
o o
o o o o o o o
o
o
o o o
o
o o
Quantas vezes o Sr.(a) caiu no último ano? Houve alguma conseqüência como fratura, luxação, trauma craniano ou escoriação, contusão, corte? Houve necessidade de procurar um médico ou serviço de emergência em um hospital? O Sr. (a) restringiu suas atividades habituais por causa da queda? Se sim, o Sr. (a) o fez por dor, insegurança, medo, dificuldade para andar, dentre outros. Agora vamos falar sobre sua última queda. O Sr. (a) sabe precisar quando ela ocorreu? A queda aconteceu de dia ou de noite? O evento ocorreu após a refeição? Em que lugar aconteceu a queda? Houve perda da consciência? Que movimentos o Sr.(a) estava fazendo no momento da queda? Andando, levantando-se da cadeira, inclinando-se, virando-se, etc. Que atividade o Sr.(a) estava realizando no momento da queda? Tomando banho, andando até o banheiro, voltando para o quarto, subindo no banquinho, calçando o chinelo, descendo do ônibus, dentre outras. Como a queda ocorreu? Desequilibrou-se, os joelhos falsearam, sentiu-se fraco subitamente, sentiu-se tonto ? Que parte do corpo bateu primeiro no chão ou no mobiliário? Estava usando óculos ou aparelho auditivo (quando se aplicar)? Como estava se sentindo antes de cair (na semana prévia)? Houve alguma modificação na sua saúde? Como fraqueza generalizada, cansaço, apatia, falta de ar, problemas de memória, febre, taquicardia, dor no peito, etc. Houve alguma modificação na medicação usada habitualmente? Algum medicamento novo foi introduzido ou retirado? Fez uso de alguma medicação por conta própria? No último ano, o Sr.(a) esteve hospitalizado? O Sr.(a) diria que tem tido maior dificuldade para andar dentro de casa, vestir-se, tomar banho, andar fora de casa, ir ao banheiro em tempo, tomar remédios na hora certa ?
Com o objetivo de facilitar a exclusão de fatores causais foi proposto o algoritmo descrito abaixo como um modelo para tomada de decisão clínica em relação ao diagnóstico. Levar em conta a presença de fatores extrínsecos precipitantes. O crédito do evento a um fator ambiental deve ser vastamente pesquisado. A exclusão de outros fatores intrínsecos pode classificar o evento como tipicamente acidental (38).
Figura 1 - Algoritmo adaptado proposto pela OPAS,2002.
Avaliação do risco para quedas e testes de equilíbrio e marcha Um screening de risco para quedas é um instrumento eficaz na identificação de idosos com maior chance de sofrerem um evento no futuro. Deve ser realizado em todos os idosos admitidos em hospitais, em assistência domiciliar, centro de reabilitação, instituições de longa e curta permanência e em unidades de acompanhamento ambulatorial (15,42,46,50). Nenhum instrumento aplicado de forma isolada é capaz de identificar idosos de risco para quedas, assim como estratificar este risco. Uma combinação de instrumentos em geral contidos na avaliação geriátrico-gerontológica abrangente deve ser utilizada como rastreio para maior vulnerabilidade a quedas.
É consenso que quanto maior o número de fatores de risco presentes maior será a chance de queda. A queixa de dificuldade de equilíbrio e marcha, assim como as histórias prévias de quedas têm sido apontadas como fatores de risco para idosos que vivem na comunidade. Vários testes têm sido desenvolvidos com o objetivo de avaliar funcionalmente o equilíbrio e a marcha e busca estabelecer parâmetros para identificação de idosos com maior suscetibilidade a cair. Dentre estes, destacam-se: Timed Up & Go Test (PODSIADLO & RICHARDSON (1991), a escala de Equilíbrio de Berg - Berg Functional Balance Scale (BERG et al., 1992), o POMA - – Performance-Oreinted Assessement of Mobility (TINETTI, 1986,1988) o Functional Reach e o Dynamic Gait Index (SHUMWAY-COOK et al. (1997). As escalas de Berg, o POMA e o Dynamic Gait Index são testes funcionais de avaliação do equilíbrio e da marcha que contém um maior número de tarefas motoras e necessitam de um maior treinamento e expertise na sua aplicação. Em geral, são aplicados por fisioterapeutas dentro de um espectro maior de avaliação físico-funcional de idosos. Todos têm sido largamente apontados na literatura internacional como instrumentos válidos na determinação de idosos com maior chance de quedas. O POMA consiste de nove itens como contra-reação ao desequilíbrio aplicado ao esterno, passar de sentado para de pé, virar 360 graus, os quais são categorizados em uma escala de três pontos. A Berg Balance Scale foi desenvolvida para monitorar o desempenho dos idosos quanto à tarefas motoras de equilíbrio em idosos, para identificar indivíduos que se beneficiariam de um encaminhamento para fisioterapia e para prever quedas em idosos da comunidade e institucionalizados (3,4,20). A escala consiste de 14 tarefas, categorizadas numa escala ordinal de cinco pontos, que vai desde 0 - incapaz de realizar a tarefa, até 5 - realiza de forma independente, baseada na qualidade e necessidade de assistência para realizar a tarefa de forma assim como, no tempo para completar a prova. Os escores dos 14 itens são combinados em um escore total que vai de 0 a 56 pontos, com um escore maior relacionado a um melhor desempenho. Os elementos do teste são representativos de atividades do dia a dia como sentar, levantar, inclinar-se à frente, virar-se, dentre outros. BERG et al.,1992 demonstraram que o escore de 45 ou menos foi preditivo de quedas recorrentes em um estudo de meta-análise com 110 sujeitos. O Índice dinâmico da marcha é composto por oito tarefas de deambulação que avaliam velocidade e instabilidade na marcha durante o acelerar e desacelerar, em movimento de rotação e flexo-extensão da cabeça, em movimentos de rotação axial do corpo, em movimentos de ultrapassar e circundar obstáculos e em subir e descer degraus. Uma pontuação de 19 ou menos foi associada a quedas em idosos na comunidade (47). Assim, estratégias compensatórias devem ser elucidadas com objetivo de avaliar se são as mais indicadas para dado paciente no seu contexto funcional diário. Assim, os fisioterapeutas devem perguntar-se se seus pacientes estão utilizando as melhores estratégias dada suas limitações primárias e se uma intervenção terapêutica poderia melhorar os mecanismos de controle postural. O Timed up & go test é bastante simples e não exige nenhuma expertise específica, necessitando apenas de um procedimento sistematizado que consiste em medir o tempo gasto na tarefa de levantar-se de uma cadeira (a partir da posição encostada), andar 3
metros até um demarcador no solo, girar e voltar andando no mesmo percurso, sentadose novamente com as costas apoiadas no encosto da cadeira. a instrução dada é que o idoso execute a tarefa de forma segura e o mais rapidamente possível. Os autores admitiram como tempo normal para a realização da tarefa por adultos saudáveis, um tempo de 10 segundos; considera-se que 11 a 20 segundos sejam os limites normais de tempo para idosos frágeis ou pacientes deficientes; mais de 20 segundos na execução da atividade é considerado um valor indicativo da necessidade de intervenção adequada.
“Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos “Guidelines” para Prevenção de Quedas em Idosos
O diagrama acima tem como objetivo nortear as intervenções para idosos vivendo na comunidade. A partir do levantamento da ocorrência de queda no último ano e da suspeita de alterações de marcha ou equilíbrio, é necessária uma avaliação sistematizada por meio de uma avaliação geriátrico-gerontológica abrangente e de avaliações do equilíbrio funcional e da marcha, que em conjunto possam classificar os idosos em função risco de queda. A partir daí, implementa-se intervenções específicas para cada grupo. O monitoramento subseqüente diz respeito não só a ocorrência, a freqüência, a gravidade como também do intervalo entre os eventos.
De forma geral preconiza-se que: Todos os idosos devem ser perguntados quanto a ocorrência de qualquer evento no último ano e rastreados quanto ao risco de quedas (13,22,23,44,45,46); Todos os idosos devem ser classificados quanto ao grau do risco para que se possa determinar o nível de intervenção a ser prescrita (39,42,46); Devem-se enumerar todos os fatores de risco presentes e separá-los em modificáveis e não modificáveis (39,36); Deve-se avaliar o equilíbrio e a marcha, usando teste válidos e confiáveis de acordo com a população estudada (21,26,36, 38,45,49); Uma avaliação do evento de queda deve ser desencadeada para a busca sistematizada de fatores etiológicos (21,38); Deve-se atuar de maneira personalizada sobre os fatores de risco modificáveis, estabelecendo intervenções baseadas em evidências; É recomendável que se promovam intervenções multidimensionais. A intervenção isolada tem pouco impacto sobre a diminuição no risco relativo de quedas. Não há comprovação de que exercícios, adequação de medicação, ou adaptação ambiental isoladamente diminuam o risco de queda (13 ,16,22,23, 46,50); Programas multidimensionais bem-sucedidos incluem avaliação e aconselhamento médico e ambiental, mudança na prescrição medicamentosa, exercícios individualizados, treino de transferências posturais e de marcha e, encaminhamento a especialistas de acordo com a necessidade (7,10, 16, 22, 23, 53); Uma vez estabelecido um protocolo de intervenção, é imprescindível monitorar a ocorrência de eventos, sua freqüência e a presença de conseqüências adversas ao menos mensalmente. A melhor forma é utilizar o sistema do tipo calendário (13); Estabelecer medidas educacionais visando à diminuição de comportamentos de risco (42); Ensinar ao paciente como se levantar após uma queda (42); Avaliar, quando necessário, o medo de cair e a percepção de auto-eficácia em atividades do cotidiano (42); Quando o paciente for identificado como sendo de alto risco e possuir um declínio cognitivo, um sistema de vigilância contínua deve ser iniciado com a presença de alarmes sonoros ou de cuidadores em tempo integral. A restrição ou contenção física deve ser evitada(42, 13); As intervenções para prevenção de quedas são mais eficazes se forem direcionadas a idosos de alto risco de cair e que vivem na comunidade. Seis de oito ensaios clínicos que envolveram pessoas com estas características relataram uma significativa redução
no risco relativo de queda. Dois destes ensaios envolveram intervenções multidimensionais, dois envolveram exercícios, um envolveu a redução no uso de medicações psicotrópicas e um relacionou-se com a redução de riscos ambientais por meio da avaliação de uma terapeuta ocupacional (13,) . No entanto, há ainda dificuldades metodológicas que não permitem a adequada comparação entre os estudos. Há estudos apontando que mesmo com intervenções multidimensionais, que variam tremendamente entre os estudos, não se encontrou diferença entre o grupo que sofreu intervenção e o grupo controle quanto ao número cumulativo de quedas, o número médio de quedas e quanto à freqüência das quedas. Encontrou-se uma diferença significante quanto ao intervalo entre os eventos de queda. Em uma meta-análise recente envolvendo 12 estudos, os resultados apontam que houve uma redução de 4% na ocorrência de quedas para os idosos que estavam no grupo de tratamento que receberam várias e diferentes intervenções. Reforçou-se ainda que intervenções isoladas tem um menor impacto na redução das quedas, independentemente da intervenção realizada, e que os programas direcionados para idosos de risco mas, vivendo na comunidade têm maior eficácia do que aqueles direcionados à idosos institucionalizados (22,23). O quadro abaixo enumera intervenções específicas de acordo com evidências existentes na literatura. Quadro 4 – Intervenções recomendadas para tratamento de fatores de risco/ causas de quedas em idosos Fator de risco ou causa presente Fraqueza muscular de MMII Distúrbio de equilíbrio Distúrbios de marcha Déficit visual Déficit auditivo Hipotensão Postural: queda sintomática de 20 mmHg na PA sistólica mensurada entre 1 a 5 minutos após ficar de pé a partir da posição deitada ou sentada Uso de medicações psicotrópicas
Intervenção Programa de fortalecimento muscular de quadríceps e dorsi-flexores de tornozelo. Exercícios excêntricos são recomendados. A eficácia é maior se forem realizados para grupos de idosos de alto risco e se forem supervisionados por fisioterapeuta Treino de equilíbrio em relação à integração das informações sensoriais, ao controle dos limites de estabilidade, ao controle da rotação de tronco e na eficácia das estratégias motoras. Recomenda-se a prática de Tai Chi. Podem ser realizados em casa mas, devem ser monitorados por fisioterapeuta.
Presença de queixa de tontura
Adequação e ou prescrição de dispositivos de auxílio à marcha. O treino de uso adequado é recomendável.
Necessidades específicas nas
Visita regular ao podólogo.
Presença de riscos ambientais
eliminações Distúrbios de comportamento: agitação psicomotora. Confusão mental
Adequação de lentes corretivas. Visita anual ao oftalmologista. Evitar o uso de lentes bifocais.
Acompanhamento cuidadoso do equilíbrio Doença de Parkinson, parkinsonismo, corporal após cirurgia de catarata. acidente vascular encefálico, artrite, neuropatias, demência Prescrição e uso adequados do aparelho de amplificação sonora. Distúrbio de atenção: dificuldade em dupla tarefa: motora e cognitiva Revisão da medicação, elevação da cabeceira da concomitantes cama, orientação de movimentos de MMII antes de se levantar. Rever a necessidade de uso de anti-psicóticos, anti-depressivos e benzodiazepínicos (curta e longa duração). Prescrever um número reduzido de medicações e levantar o uso de medicações sem prescrição médica Modificação ambiental só foi eficaz na redução das quedas quando realizada após avaliação feita por profissional de terapia ocupacional e fornecido as adaptações necessárias. Inquérito sobre tontura. Se presença de quadro de tontura (vertigem, cabeça oca, flutuação, afundamento, etc) encaminhamento ao otoneurologista. Se diagnosticada síndrome vestibular, implementar Reabilitação Vestibular. Evitar ingesta hídrica antes de dormir. Acender luz ao ir ao banheiro durante a noite ou deixar luz noturna acesa. Utilização de fraldas noturnas Realizar reabilitação funcional do assoalho pélvico. Avaliar se há presença de quadro de estado confusional agudo. Adequar o ciclo vigília-sono. Implementar medidas de higiene do sono.
Evitar eventos estressores. Usar terapia de validação. Evitar restrição física ou medicamentosa. Vigilância contínua Manejo farmacológico específico. Fisioterapia especializada. Avaliação específica do desempenho por meio do Timed up & go modificado. Treino de Equilíbrio associado ao treino cognitivo
Transtornos Mentais em Idosos Transtornos Mentais em Idosos A velhice é um período normal do ciclo vital caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas. É importante fazer essa consideração pois algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco de desenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos. Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos. Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do quadro apresentado pelo idoso. Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais. Esses fatores de risco incluem: o o o o o o o
Perda de papéis sociais Perda da autonomia Morte de amigos e parentes Saúde em declínio Isolamento social Restrições financeiras Redução do funcionamento cognitivo (capacidade de compreender e pensar de uma forma lógica, com prejuízo na memória).
Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos
o o o o o o o o o o
Demência Demência tipo Alzheimer Demência vascular Esquizofrenia Transtornos depressivos Transtorno bipolar (do humor) Transtorno delirante Transtornos de ansiedade Transtornos somatoformes Transtornos por uso de álcool e outras substâncias
Demência Demência
Demência é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais freqüente. Acomete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos. Os fatores de risco conhecidos para a demência são: Idade avançada História de demência na família, Sexo feminino Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientarse. Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações. As causas de demência incluem lesões e tumores cerebrais, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), álcool, medicamentos, infecções, doenças pulmonares crônicas e doenças inflamatórias. Na maioria das vezes as demências são causadas por doenças degenerativas primárias do sistema nervoso central (SNC) e por doença vascular. Cerca de 10 a 15% dos pacientes com sintomas de demência apresentam condições tratáveis como doenças sistêmicas (doenças cardíacas, renais, endócrinas), deficiências vitamínicas, uso de medicamentos e outras doenças psiquiátricas (depressão). As demências são classificadas em vários tipos de acordo com o quadro clínico, entretanto as mais comuns são demência tipo Alzheimer e demência vascular.
1.2. Demência tipo Alzheimer De todos os pacientes com demência, 50 a 60% têm demência tipo Alzheimer, o tipo mais comum de demência. É mais freqüente em mulheres que em homens. É caracterizada por um início gradual e pelo declínio progressivo das funções cognitivas.
A memória é a função cognitiva mais afetada, mas a linguagem e noção de orientação do indivíduo também são afetadas. Inicialmente, a pessoa pode apresentar uma incapacidade para aprender e evocar novas informações. As alterações do comportamento envolvem depressão, obsessão (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e desconfianças, surtos de raiva com risco de atos violentos. A desorientação leva a pessoa a andar sem rumo podendo ser encontrada longe de casa em uma condição de total confusão. Aparecem também alterações neurológicas como problemas na marcha, na fala, no desempenhar uma função motora e na compreensão do que lhe é falado. O diagnóstico é feito com base na história do paciente e do exame clínico. As técnicas de imagem cerebral como tomografia computadorizada e ressonância magnética podem ser úteis. O tratamento é paliativo e as medicações podem ser úteis para o manejo da agitação e das perturbações comportamentais. Não há prevenção ou cura conhecidas.
1.3. Demência vascular É o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da demência tipo Alzheimer mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenida através da redução de fatores de risco como hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sangüíneo cerebral.
Esquizofrenia Esquizofrenia (esquizofrenia e outras psicoses)
Essa doença começa no final da adolescência ou idade adulta jovem e persiste por toda a vida. Cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece. Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico com cautela.
Transtornos depressivos
Transtornos depressivos
A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e ter uma doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários episódios repetidos. Os sintomas incluem redução da energia e concentração, problemas com o sono especialmente despertar precoce pela manhã e múltiplos despertares, diminuição do apetite, perda de peso e queixas somáticas (como dores pelo corpo). Um aspecto importante no quadro de pessoas idosas é a ênfase aumentada sobre as queixas somáticas. Pode haver dificuldades de memória em idosos deprimidos que é chamado de síndrome demencial da depressão que pode ser confundida com a verdadeira demência. Além disso, a depressão pode estar associada com uma doença física e com uso de medicamentos.
Transtorno Bipolar (Transtornos do Humor) Transtorno bipolar (transtornos do humor)
Os sintomas da mania em idosos são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool. Pode haver um comportamento hostil e desconfiado. Quando um primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 anos, deve-se alertar para uma causa orgânica associada. O tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada pelo médico.
Transtorno Delirante Transtorno delirante
A idade de início ocorre por volta da meia-idade mas pode ocorrer em idosos. Os sintomas são alterações do pensamento mais comumente de natureza persecutória (os pacientes crêem que estão sendo espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo assediados). Podem tornar-se violentos contra seus supostos perseguidores, trancarem-
se em seus aposentos e viverem em reclusão. A natureza dos pensamentos pode ser em relação ao corpo, como acreditar ter uma doença fatal (hipocondria). Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do cônjuge, perda do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias financeiras adversas, doenças médicas que debilitam ou por cirurgia, comprometimento visual e surdez. As alterações do pensamento podem acompanhar outras doenças psiquiátricas que devem ser descartadas como demência tipo Alzheimer, transtornos por uso de álcool, esquizofrenia, transtornos depressivos e transtorno bipolar. Além disso, podem ser secundárias ao uso de medicamentos ou sinais precoces de um tumor cerebral.
Transtornos de Ansiedade Transtornos de ansiedade
Incluem transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse agudo e de estresse pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias. Os transtornos de ansiedade começam no início ou no período intermediário da idade adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos. As características são as mesmas das descritas em transtornos de ansiedade em outras faixas etárias. Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um estressor importante. O transtorno de estresse pós-traumático freqüentemente é mais severo nos idosos que em indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos. As obsessões (pensamento, sentimento, idéia ou sensação intrusiva e persistente) e compulsões (comportamento consciente e repetitivo como contar, verificar ou evitar ou um pensamento que serve para anular uma obsessão) podem aparecer pela primeira vez em idosos, embora geralmente seja possível encontrar esses sintomas em pessoas que eram mais organizadas, perfeccionistas, pontuais e parcimoniosas. Tornam-se excessivos em seu desejo por organização, rituais e necessidade excessiva de manter rotinas. Podem ter compulsões para verificar as coisas repetidamente, tornando-se geralmente inflexíveis e rígidos.
Transtornos Somatoformes Transtornos Somatoformes
São um grupo de transtornos que incluem sintomas físicos (por exemplo dores, náuseas e tonturas) para os quais não pode ser encontrada uma explicação médica adequada e que são suficientemente sérios para causarem um sofrimento emocional ou prejuízo significativo à capacidade do paciente para funcionar em papéis sociais e ocupacionais. Nesses transtornos, os fatores psicológicos são grandes contribuidores para o início, a severidade e a duração dos sintomas. Não são resultado de simulação consciente. A hipocondria é comum em pacientes com mais de 60 anos, embora o seja mais freqüente entre 40 e 50 anos. Exames físicos repetidos são úteis para garantirem aos pacientes que eles não têm uma doença fatal. A queixa é real, a dor é verdadeira e percebida como tal pelo paciente. Ao tratamento, deve-se dar um enfoque psicológico ou farmacológico.
Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias Transtornos por Uso de Álcool e Outras Substâncias Os pacientes idosos com dependência de álcool, geralmente, apresentam uma história de consumo excessivo que começou na idade adulta e apresenta uma doença médica, principalmente doença hepática. Além disso, um grande número tem demência causada pelo álcool. A dependência de substâncias como hipnóticos, ansiolíticos e narcóticos é comum. Os pacientes idosos podem abusar de ansiolíticos para o alívio da ansiedade crônica ou para garantirem uma noite de sono. A apresentação clínica é variada e inclui quedas, confusão mental, fraca higiene pessoal, depressão e desnutrição.
Depressão Depressão Sinônimos e nomes relacionados: Transtorno depressivo, depressão maior, depressão unipolar, incluindo ainda tipos diferenciados de depressão, como depressão grave, depressão psicótica, depressão atípica, depressão endógena, melancolia, depressão sazonal.
O que é a depressão? Depressão é uma doença que se caracteriza por afetar o estado de humor da pessoa, deixando-a com um predomínio anormal de tristeza. Todas as pessoas, homens e
mulheres, de qualquer faixa etária, podem ser atingidas, porém mulheres são duas vezes mais afetadas que os homens. Em crianças e idosos a doença tem características particulares, sendo a sua ocorrência em ambos os grupos também freqüente.
Como se desenvolve a depressão? Na depressão como doença (transtorno depressivo), nem sempre é possível haver clareza sobre quais acontecimentos da vida levaram a pessoa a ficar deprimida, diferentemente das reações depressivas normais e das reações de ajustamento depressivo, nas quais é possível localizar o evento desencadeador. As causas de depressão são múltiplas, de maneira que somadas podem iniciar a doença. Deve-se a questões constitucionais da pessoa, com fatores genéticos e neuroquímicos (neurotransmissores cerebrais) somados a fatores ambientais, sociais e psicológicos, como: o o o
Estresse Estilo de vida Acontecimentos vitais, tais como crises e separações conjugais, morte na família, climatério, crise da meia-idade, entre outros.
Como se diagnostica a depressão? Na depressão a intensidade do sofrimento é intensa, durando a maior parte do dia por pelo menos duas semanas, nem sempre sendo possível saber porque a pessoa está assim. O mais importante é saber como a pessoa se sente, como ela continua organizando a sua vida (trabalho, cuidados domésticos, cuidados pessoais com higiene, alimentação, vestuário) e como ela está se relacionando com outras pessoas, a fim de se diagnosticar a doença e se iniciar um tratamento médico eficaz.
O que sente a pessoa deprimida? Freqüentemente o indivíduo deprimido sente-se triste e desesperançado, desanimado, abatido ou " na fossa ", com " baixo-astral ". Muitas pessoas com depressão, contudo, negam a existência de tais sentimentos, que podem aparecer de outras maneiras, como por um sentimento de raiva persistente, ataques de ira ou tentativas constantes de culpar os outros, ou mesmo ainda com inúmeras dores pelo corpo, sem outras causas médicas que as justifiquem. Pode ocorrer também uma perda de interesse por atividades que antes eram capazes de dar prazer à pessoa, como atividades recreativas, passatempos, encontros sociais e prática de esportes. Tais eventos deixam de ser agradáveis. Geralmente o sono e a alimentação estão também alterados, podendo haver diminuição do apetite, ou mesmo o oposto, seu aumento, havendo perda ou ganho de peso. Em relação ao sono pode ocorrer insônia, com a pessoa tendo dificuldade para começar a dormir, ou acordando no meio da noite ou mesmo mais cedo que o seu habitual, não conseguindo voltar a dormir. São comuns ainda a sensação de diminuição de energia, cansaço e fadiga, injustificáveis por algum outro problema físico.
Como é o pensamento da pessoa deprimida?
Pensamentos que freqüentemente ocorrem com as pessoas deprimidas são os de se sentirem sem valor, culpando-se em demasia, sentindo-se fracassadas até por acontecimentos do passado. Muitas vezes questões comuns do dia-a-dia deixam os indivíduos com tais pensamentos. Muitas pessoas podem ter ainda dificuldade em pensar, sentindo-se com falhas para concentrar-se ou para tomar decisões antes corriqueiras, sentindo-se incapazes de tomá-las ou exagerando os efeitos "catastróficos" de suas possíveis decisões erradas.
Pensamentos de morte ou tentativas de suicídio Freqüentemente a pessoa pode pensar muito em morte, em outras pessoas que já morreram, ou na sua própria morte. Muitas vezes há um desejo suicida, às vezes com tentativas de se matar, achando ser esta a " única saída " ou para " se livrar " do sofrimento, sentimentos estes provocados pela própria depressão, que fazem a pessoa culpar-se, sentir-se inútil ou um peso para os outros. Esse aspecto faz com que a depressão seja uma das principais causas de suicídio, principalmente em pessoas deprimidas que vivem solitariamente. É bom lembrar que a própria tendência a isolar-se é uma conseqüência da depressão, a qual gera um ciclo vicioso depressivo que resulta na perda da esperança em melhorar naquelas pessoas que não iniciam um tratamento médico adequado.
Sentimentos que afetam a vida diária e os relacionamentos pessoais Freqüentemente a depressão pode afetar o dia-a-dia da pessoa. Muitas vezes é difícil iniciar o dia, pelo desânimo e pela tristeza ao acordar. Assim, cuidar das tarefas habituais pode tornar-se um peso: trabalhar, dedicar-se a uma outra pessoa, cuidar de filhos, entre outros afazeres podem tornar-se apenas obrigações penosas, ou mesmo impraticáveis, dependendo da gravidade dos sintomas. Dessa forma, o relacionamento com outras pessoas pode tornar-se prejudicado: dificuldades conjugais podem acentuarse, inclusive com a diminuição do desejo sexual; desinteresse por amizades e por convívio social podem fazer o indivíduo tender a se isolar, até mesmo dificultando a busca de ajuda médica.
Como se trata a depressão? O tratamento médico sempre se faz necessário, sendo o tipo de tratamento relacionado à intensidade dos problemas que a doença traz. Pode haver depressões leves, com poucos aspectos dos problemas mostrados anteriormente, ou pode haver depressões bem mais graves, prejudicando de forma importante a vida do indivíduo. De qualquer forma, depressões leves ou mais graves necessitam de tratamento médico, geralmente medicamentoso (com medicações antidepressivas), ou psicoterápico, ou a combinação de ambos, de acordo com a intensidade da doença e a disponibilidade dos tratamentos.
Doença de Alzheimer 1. Doença de Alzheimer - Dúvidas Freqüentes
1.1. O que é doença de Alzheimer? A doença de Alzheimer é a mais freqüente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem, mudança da personalidade e da capacidade de julgamento. Erroneamente conhecida pela população como ―esclerose‖ ou como o ―velhinho gagá‖ não está relacionada com problemas circulatórios.
1.2. O que é demência? Demência é um grupo de sintomas caracterizado por um declínio progressivo das funções intelectuais, severo o bastante para interferir com as atividades sociais e do cotidiano. A doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência. A segunda causa mais freqüente de demência é a demência por múltiplos infartos cerebrais, uma série de pequenos derrames. A demência pode ocorrer também a partir de outras doenças do sistema nervoso como a doença de Parkinson e a Aids. O que é Demência Senil?
Demência Senil é um termo ultrapassado que foi usado para definir demências que ocorriam em idosos. Quantas pessoas sofrem de doença de Alzheimer? Estima-se no Brasil 1 milhão e 200 mil pessoas. A proporção de pessoas com a doença dobra a cada 5 anos a partir dos 65 anos de idade. Qual é a idade da maioria das pessoas com doença de Alzheimer? Na maioria das pessoas os sintomas iniciam depois dos 60 anos de idade. Cerca de 3% das pessoas com idade entre 65 e 74 anos tem a doença mas quase a metade das que tem 85 ou mais são acometidas. Normalmente o diagnóstico é feito pelo menos um ano depois dos primeiros sintomas que costumam ser leves e confundidos como normais no envelhecimento.
1.3. O que causa a doença de Alzheimer ? Os cientistas ainda não sabem exatamente qual é a causa da doença de Alzheimer. O que se sabe é que a doença desenvolve-se como resultado de uma série de eventos complexos que ocorrem no interior do cérebro. A idade é o maior fator de risco para a doença. Quanto mais idade maior o risco. Se uma pessoa da minha família tem Alzheimer eu tenho maior risco de ter a doença?
Existem dois tipos de doença de Alzheimer: a doença de Alzheimer familiar que ocorre em adultos jovens e parece ter um caráter hereditário importante e a forma esporádica na qual o fator hereditário não é óbvio. Aproximadamente apenas 5 % da doença de Alzheimer é familiar e 95% esporádica. Na forma familiar da doença de Alzheimer, vários membros de uma mesma geração são afetados. Na forma esporádica a doença desenvolve-se a partir de uma grande variedade de fatores que os cientistas ainda estão tentando determinar. A idade é o fator de risco mais conhecido e importante para a forma esporádica da doença de Alzheimer. Ter um familiar com Alzheimer aumenta o risco duas ou três vezes na forma esporádica mas não há como prever se você irá ter a doença ou não. Fora a genética, que outros fatores contribuem para que a doença se desenvolva?
Se bem que a causa da doença de Alzheimer ainda não esteja completamente esclarecida, alguns pesquisadores sugerem que traumas cranianos repetidos, especialmente os com perda da consciência no passado, processos inflamatórios cerebrais e o chamado ―stress oxidativo‖ podem estar envolvidos na causa da doença. São os homens ou as mulheres os mais afetados?
Mais mulheres do que homens têm a doença de Alzheimer. Porém, como a expectativa de vida das mulheres é pelo menos 5 anos superior a dos homens não se sabe se o risco está no sexo em si ou no fato das mulheres viverem mais do que os homens. De que modo os traumas cranianos podem contribuir para que a doença de Alzheimer se desenvolva?
Alguns estudos sugerem que a pessoa que sofreu um trauma craniano com perda da consciência no passado, têm duas vezes mais probabilidade de ter a doença, mas outros estudos não confirmaram essa associação. O nível educacional está relacionado com o risco de se ter à doença de Alzheimer?
Pesquisas sugerem que quanto maior o número de anos de educação formal que uma pessoa tem, menor é a chance dela ou dele desenvolver a doença quando for idoso. Alguns estudos sugerem que manter uma atividade intelectual como fazer palavras cruzadas por exemplo pode reduzir a probabilidade de se adquirir a doença de Alzheimer. Qual é a relação entre o alumínio e a doença de Alzheimer?
Uma das mais controvertidas hipóteses veiculada pela mídia é sobre a correlação entre o alumínio e a doença de Alzheimer. Essa suspeita foi originada a partir da constatação de que portadores da doença de Alzheimer possuíam traços de alumínio em seus cérebros. Inúmeros estudos não foram capazes de demonstrar conclusivamente essa correlação. Não se pode afirmar que esse metal desempenhe um papel na gênese da enfermidade. Algumas pessoas, desinformadas ou mal intencionadas, baseiam seus pseudo-
tratamentos, no mínimo duvidosos como a quelação, apoiados nessa equivocada premissa. Quais são os sintomas da doença de Alzheimer?
A doença de Alzheimer é uma enfermidade progressiva e os sintomas agravam-se à medida que o tempo passa. Mas é também uma doença cujos sintomas, sua gravidade e velocidade variam de pessoa para pessoa. Os sintomas mais comuns são : o o o o o o o o o o
Perda de memória, confusão e desorientação. Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. Alteração da personalidade e do senso crítico. Dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se. Dificuldade em reconhecer familiares e amigos. Dificuldade em tomar decisões. Perder-se em ambientes conhecidos. Alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal. Dificuldades com a fala e a comunicação. Movimentos e fala repetitiva.
Perder memória não é normal em nenhuma idade. É comum à medida que vamos envelhecendo. Problemas com a memória podem ser devidos a uma ampla gama de fatores. É normal em qualquer idade esquecer de vez em quando nomes, compromissos ou objetos como chaves, guarda-chuva etc... A causa pode ser: certos medicamentos (calmantes e hipnóticos principalmente), estresse, distração, tristeza, cansaço, problemas de visão ou audição, uso de álcool, uma doença grave ou a tentativa de se lembrar de muitas coisas ao mesmo tempo.
1.4. Como a doença de Alzheimer é diagnosticada? A doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada com certeza através do exame microscópico do tecido cerebral por biópsia ou necropsia, para demonstrar a presença das lesões características: as placas neuríticas e os novelos neurofibrilares em certas áreas do cérebro. Os médicos podem fazer o diagnóstico de ―possível‖ ou ―provável‖ doença de Alzheimer. Vários instrumentos clínicos são usados para se chegar ao diagnóstico: uma história médica completa, testes para avaliar a memória e o estado mental, avaliação do grau de atenção e concentração e das habilidades em resolver problemas e nível de comunicação. Testes laboratoriais como exames de sangue e urina são usados para excluir outras causas de demência, algumas delas passíveis de serem curadas. Exames de imagem como a tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, spect e pet, são utilizados para determinar o tipo de demência e/ou avaliar sua gravidade. Qual o nível de certeza do diagnóstico clínico?
Médicos experientes em doença de Alzheimer fazem o diagnóstico correto em cerca de 90% dos casos. Quais as outras doenças que têm sintomas parecidos com a doença de Alzheimer? Tumores cerebrais, derrames, depressão maior, doenças da tireóide, o uso de certos medicamentos, problemas nutricionais, e outras condições podem imitar os sintomas da doença de Alzheimer. O diagnóstico precoce aumenta em muito a chance de se tratar essas doenças com sucesso. Esquecer onde coloquei as chaves, óculos é um processo natural do envelhecimento ou da doença de Alzheimer? A depressão pode comprometer a concentração, causar distúrbios do sono que levam à perda de memória em pessoas não portadoras de doença de Alzheimer. Pessoas nas fases iniciais da doença de Alzheimer freqüentemente apresentam comprometimento da memória. Podem ter dificuldades em lembrar de eventos recentes, de atividades, de pessoas familiares e de objetos. A perda de memória que se associa com a doença de Alzheimer acaba por interferir seriamente na execução das atividades da vida diária. Por que o diagnóstico precoce é tão importante? Quanto mais cedo o diagnóstico for feito, maiores serão as chances de tratar os sintomas corretamente, retardando a evolução da doença e assim oferecer uma oportunidade digna para a pessoa portadora da doença de Alzheimer poder inclusive, tomar parte nas decisões que lhe diz respeito , especialmente na fase inicial da enfermidade. Existem fases ou estágios na doença de Alzheimer? Existem 4 fases:
Na fase inicial os sintomas mais importantes são:
perda de memória, confusão e desorientação. ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança. alteração da personalidade e do senso crítico. dificuldades com as atividades da vida diária como alimentar-se e banhar-se. alguma dificuldade com ações mais complexas como cozinhar, fazer compras, dirigir, telefonar.
Na fase intermediária os sintomas da fase inicial se agravam e também pode ocorrer:
dificuldade em reconhecer familiares e amigos. perder-se em ambientes conhecidos. alucinações, inapetência, perda de peso, incontinência urinária dificuldades com a fala e a comunicação.
movimentos e fala repetitiva. distúrbios do sono. problemas com ações rotineiras. dependência progressiva. vagância. Início de dificuldades motoras.
Na fase final:
Dependência total. Imobilidade crescente. Incontinência urinária e fecal. Tendência em assumir a posição fetal. Mutismo. Restrito a poltrona ou ao leito. Presença de úlceras por pressão (escaras). Perda progressiva de peso. Infecções urinárias e respiratórias freqüentes. Término da comunicação.
Na fase terminal:
Agravamento dos sintomas da fase final Incontinência dupla Restrito ao leito Posição fetal Mutismo Úlceras por pressão Alimentação enterall Infecções de repetição Morte
A partir do diagnóstico, quanto tempo uma pessoa com doença de Alzheimer tem de vida?
Pessoas com doença de Alzheimer podem viver por muitos anos e freqüentemente morrem de pneumonia. A duração da doença pode ser de 20 anos ou mais. A média de vida varia entre 4 a 8 anos. Por que as pessoas com a doença de Alzheimer costumam morrer de pneumonia?
Realmente a pneumonia é uma das principais causas de morte em pacientes com doença de Alzheimer. O primeiro fator se relaciona com a idade uma vez que na maioria das vezes as pessoas acometidas são idosas.
O sistema imunológico normalmente está comprometido facilitando a ocorrência de infecções, especialmente as respiratórias e urinárias. O estado nutricional e o nível de hidratação também desempenham um papel decisivo . É imperioso que esses pacientes estejam bem nutridos seja com o uso de suplementos ou com medidas dietéticas eficazes. A questão da comunicação se soma a esses fatores uma vez que podem não se queixar de frio,fome, sede etc. Nas fases mais adiantadas o paciente se movimenta menos, os sintomas motores começam a aparecer e a imobilidade propicia a instalação de infecções pulmonares, muitas vezes fatais. Esse fato demonstra a importância dos cuidados gerais uma vez que essa complicação pode ser evitada. Como a doença de Alzheimer é tratada?
Não existe nenhuma droga que garanta a cura, ou que interrompa definitivamente o curso da doença de Alzheimer. Uma parcela dos doentes, especialmente nas fases iniciais e intermediárias, pode se beneficiar de alguns medicamentos específicos. Outros medicamentos podem ajudar a controlar distúrbios de comportamento, insônia, agitação, vagância, ansiedade e depressão. O tratamento correto desses sintomas deixam o paciente e seu cuidador mais tranqüilos e confortáveis. Há ainda uma outra gama de opções de drogas que podem colaborar no retardamento da doença. Várias drogas encontram-se em experiência em laboratórios por todas as partes do mundo. Existe uma vacina contra a doença de Alzheimer?
Não há uma vacina disponível para a doença de Alzheimer. Essa abordagem está sendo investigada e é muito promissora. A vacina estimularia o sistema imunológico para reconhecer, detectar e evitar a formação das placas neuríticas e da deposição de amilóide, substância tóxica para os neurônios. Os antiinflamatórios não hormonais podem tratar a doença de Alzheimer?
Existem fortes evidências de que a doença de Alzheimer está associada com processos inflamatórios cerebrais e que esse tipo de droga pode ajudar. Alguns cientistas defendem a tese de que pessoas com alto risco de desenvolverem a doença poderiam evitar ou no mínimo retardar a evolução utilizando essa estratégia terapêutica. Casos de evolução muito rápida seriam candidatos naturais a esse tipo de abordagem. Os efeitos colaterais são muitos e bastante sérios fazendo com que esses pacientes devam ser acompanhados com muito cuidado e sob estrita supervisão médica.
A reposição hormonal hormonal pode ser usada para tratar a doença de Alzheimer?
Várias pesquisas estão sendo conduzidas no sentido de determinar se a administração de estrógenos retarda a evolução e/ou reduz o risco de se desenvolver a doença. Estudo recente concluiu que a administração de estrógeno em conjunto com progesterona aumentou o risco da doença em duas vezes quando comparada com o grupo que não fez uso da medicação. Existem compostos como as isoflavonas que mimetizam a ação dos hormônios femininos. Parece que, por serem naturais, obtidos através da soja, beneficiam os pacientes sem apresentar os efeitos indesejáveis dos hormônios. Mais estudos precisam ser realizados mas essa não deixa de ser uma opção interessante. O colesterol alto representa algum risco para a doença de Alzheimer?
Recentemente alguns estudos sugerem fortemente a associação de níveis elevados de colesterol com a doença de Alzheimer. Atualmente estão em curso estudos controlados para determinar se essa correlação é verdadeira. Por outro lado, sabe-se que o colesterol sérico elevado é comprovadamente um importante fator de risco para doenças cardiovasculares devendo ser tratado independente dessa possível correlação. É verdade que alguns nutrientes e vitaminas devem ser administradas em conjunto com o tratamento convencional? convencional?
Existem demências relacionadas com níveis baixos de vitaminas do complexo B, especialmente a vitamina B12, B1 e ácido fólico. Estudos recentes demonstraram que pacientes com doença de Alzheimer apresentam níveis elevados de Homocisteína (substância passível de ser quantificada por exame de sangue). Essa substância estaria relacionada com a teoria do ―stress oxidativo‖ e seus níveis podem ser controlados com orientação nutricional e/ou com a administração de folato. Com base nesse mesma teoria, a suplementação de Vitamina C e de Vitamina E pode resultar em neuroproteção. Como o familiar e cuidador (a) pode encontrar informações e ajuda sobre a doença?
A informação correta associada à solidariedade ainda são as armas mais poderosas no enfrentamento dessa grave questão humana e de saúde pública. Um site foi construído exatamente para preencher essa lacuna definitivamente www.alzheimermed.com.br
Artigos de Interesse Estudo aponta que religião é fator preventivo contra depressão em idosos Resultados do estudo realizado pelo Instituto Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein com mais de 500 idosos da comunidade judaica, ao longo de um ano,
View more...
Comments