Cronicas de Whisky - 6.2

CRÔNICAS DE WHISKY “Textos poéticos retirados de um caderno mofado”

Mateus H. de Oliveira

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Sumário Sobre as Crônicas .......................................................................................................................... 5 Solitude ....................................................................................................................................... 10 Alma de Lobo............................................................................................................................... 12 Nuvole Bianche ........................................................................................................................... 14 Ocupado demais.......................................................................................................................... 16 Sacrifício ...................................................................................................................................... 18 Momentos ................................................................................................................................... 20 Vendavais .................................................................................................................................... 22 Pulsão de morte! ......................................................................................................................... 24 Superego ..................................................................................................................................... 26 Dor e plenitude ........................................................................................................................... 30 Não me surpreendo mais ............................................................................................................ 32 Não sou um cara perfeito............................................................................................................ 34 De mim para mim mesmo ........................................................................................................... 36 Tudo flui, e nada permanece ...................................................................................................... 38 Sobrevivente ............................................................................................................................... 40 Meu novo caminho ..................................................................................................................... 42 Rotineira ...................................................................................................................................... 44 Sem sono ..................................................................................................................................... 46 Fim de tarde ................................................................................................................................ 48 3:00 am........................................................................................................................................ 50 A bendita resistência queimou ................................................................................................... 52 O dia que os lobos se encontraram............................................................................................. 56 Velho amigo ................................................................................................................................ 58 O ciclo sempre se repete............................................................................................................. 60 Cartas para um eu perdido.......................................................................................................... 62 Sede de vencer ............................................................................................................................ 64 Viver significa lutar ...................................................................................................................... 66 Memento Mori ............................................................................................................................ 68 Ano Novo ..................................................................................................................................... 70 A gente se encontra .................................................................................................................... 72

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Vícios cômodos............................................................................................................................ 74 Noites de primavera .................................................................................................................... 76 Relógio anti-horário .................................................................................................................... 83 Doces mentiras............................................................................................................................ 85 Dois lados da mesma Afrodite .................................................................................................... 87 Melhor sozinho ........................................................................................................................... 89 Mais lúcido que ontem................................................................................................................ 91 Loira confusa ............................................................................................................................... 93 Aos pedidos indeferidos .............................................................................................................. 97 Alma de guerreiro ....................................................................................................................... 99 Aos que resistem a escuridão ................................................................................................... 100 Eu do futuro .............................................................................................................................. 101 Até o último fôlego.................................................................................................................... 103 Caixa preta ................................................................................................................................ 104 Ainda há vida ............................................................................................................................. 105 Cético......................................................................................................................................... 106 A velha armadura ...................................................................................................................... 107 No more .................................................................................................................................... 109 Minha renúncia ......................................................................................................................... 111 Outono ...................................................................................................................................... 112 Recomeço .................................................................................................................................. 113 O nevoeiro ................................................................................................................................. 114 A última carta ............................................................................................................................ 115 Oração ....................................................................................................................................... 127 A vida me forjou assim .............................................................................................................. 128 Em perfeito controle ................................................................................................................. 129 Constante evolução ................................................................................................................... 130 O outro lado da moeda ............................................................................................................. 131 A última oração (ano novo) ....................................................................................................... 132

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Sobre as Crônicas Os primeiros textos de Crônicas de Whisky começaram a ser publicados em outubro de 2017, a identidade da obra se dá pela limitação que o próprio instagram estipulava com a quantidade máxima de caracteres, o que forçava o autor a transmitir a essência do texto em poucas palavras, por isto se caracterizou o estilo predominante crônicas. Entretanto, após o sucesso do lançamento com mais de duas mil cópias vendidas, a obra começa a incorporar, explorando mais as possibilidades do livro, o autor acrescenta contos com maior ênfase nos detalhes e fluidez nas histórias.

É importante mencionar que, se você adquiriu essa obra virtualmente, sempre que possível, entre na plataforma e baixe novamente o e-book, pois o autor considera a obra inacabada, isto é, sempre haverá novas crônicas e contos integrados à nova versão da obra.

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Considerações do autor:

É reconfortante saber que por pouco não queimei todos aqueles rabiscos que costumava fazer naquele antigo caderno, vejo que das quatro obras que escrevi, Crônicas de Whisky foi a que mais chamou a atenção dos nossos seguidores, por isso acho importante contar um pouco de como comecei a escrever essa obra. Em 2017 passava por uma das maiores dificuldades da minha vida, negócio falido, devendo dinheiro para os bancos e morando praticamente na rua, resolvi criar um perfil no instagram para escrever algumas coisas como válvula de escape, o que não esperava é que as outras pessoas se identificariam com aquilo e que todo aquele caos que havia vivenciado, seria um diamante bruto a ser lapidado e transformado em pequenos fragmentos com o tempo. Hoje, com vinte e seis anos, dedicando-me cem por cento à escrita, posso dizer que aquele revés me inclinou para a direção certa, e que apesar da bagagem literária, a construção de uma boa obra se dá pela simbiose entre experiência e técnica, embora seja perceptível que alguns textos são de extrema simplicidade, me ocorreu também o pensamento de extinguir alguns deles, mas logo tomei consciência que isto estava para além de mim, visto que o próprio fato dos leitores amarem aqueles textos provava a relevância delas, na mesma clave, compondo Crônicas de Whisky. Quando olho para alguns desses textos vejo o reflexo de um passado conturbado, vejo a imagem de um jovem buscando por alguma tábua de salvação em meio ao mar numa noite tempestiva, e com isso me orgulho de que o pior não tenha acontecido, mas que disso tudo tenha nascido algo muito maior que a própria obra, isto é, a conexão infundida por via dela, autor e leitor. Obrigado pela companhia.

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Assim como as mais nobres bebidas levam tempo para serem incorporadas, Crônicas de Whisky é um resultado de longas das minhas piores noites e um lapso de luz dos meus raros dias de sol.

“Eis que a poesia é mais filosófica e mais nobre do que a história, pois a poesia se refere, de preferência ao universal e a história ao particular” - Aristóteles

Quero dedicar essa breve obra aos meus prezados leitores de longa data, que por muito tempo pedem um amontoado destes textos, quero oferecê-la também a mim mesmo, considerando o fato de que sem elas não haveria como ter escapado das minhas próprias loucuras.

Whisky é a bebida que separa os homens dos meninos. Poderá até soar diferente o gosto marcante, porque ele esquenta sua garganta de um jeito que você não estava acostumado, não é como aquelas bebidas alcóolicas geladinhas, fáceis de embebedar. Whisky vem quente até com gelo e te deixa com calor até mesmo no inverno, seu gosto característico já mostra sua imponência. Você nunca irá derrubar um whisky, porque ele sempre irá te derrubar primeiro.

Então trate de pegar a sua melhor bebida e se acomodar na sua melhor poltrona, essas são as Crônicas de Whisky.

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Solitude Era uma típica noite de inverno, ao sair do trabalho resolvi não voltar pra casa, decidi fugir do habitual, aquilo me parecia agradável, mal sabia que estava prestes a me encontrar. Havia acabado de sair de um longo relacionamento, nada muito conturbado, monótono, estávamos sempre sorrindo, mas pra mim não havia de fato alegria; embora tenha entrado para suprir uma falta, aquilo fora a gota d’água para entender que o problema não estava em minha volta, tampouco nos sorrisos e na qualidade das minhas companhias, não havia entendido que estava conectado aos outros e tudo parecia belo quando todos estavam sorrindo, era uma falsa sensação, pois bastava me ver sozinho que a condição mudava drasticamente. Foi nessa noite escutando Blue Oyster Cult que finalmente entendi o significado de maturidade, o frio daquela pequena cidade serrana estava prestes a apagar a fraca chama que existia em mim, aumentei o volume e pude sentir pela primeira vez alegria mesmo estando a sós, uma mistura de satisfação e gratidão com paz de espírito, o melhor de tudo é que eu não tinha grandes motivos, diferente de antes — quase uma vida buscando a felicidade em rasas companhias — depois disso, vi que bastava uma mudança interior para que tudo em minha volta mudasse, não se trata do que as pessoas dizem, mas sim do que você deixa entrar; não se trata da qualidade das suas amizades, mas sim do quanto você pertence a si mesmo, isso tudo tinha um nome, embora a fonética lembre solidão, solitude é o extremo oposto e você só irá saber quando finalmente se encontrar.

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Alma de Lobo Nem todos gostam de festas, nem todos amam carnaval, alguns preferem ser sozinhos, alguns naõ precisam se encaixar em certos padrões. Ando bem acompanhado pela minha presença e algumas coisas combinam com isso, um Jack Daniel’s, amigos autênticos e mulheres decididas sempre seraõ bem-vindos. Tive que matar alguns sentimentos no decorrer do caminho, ossos do ofício... a vida é mais interessante quando aprendemos a enxergar — tornei-me homem quando aprisionei meu coração e o domei. Recebi vários olhares, um novo universo por trás de cada sorriso. Venho de muitas tempestades, já passei por situações que muitos destes jovens de hoje morreraõ sem conhecer. Com o tempo perde-se o medo da chuva. O termo lobo solitário é muito mal-entendido por aí, evidente! Vivemos em vitrines, tentando ser legais, suficientes e aceitos para validar eu sei lá o que. Autenticidade está em falta, sim! Eu prefiro ser um maldito lobo solitário, do que uma ovelhinha desnorteada tentando se encaixar em um rebanho qualquer.

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Nuvole Bianche Enquanto o domingo naõ acaba decidi estar só com você, desliguei o celular, deixei meu notebook no carro e levei aquele típico vinho, o seu preferido, conversamos sobre coisas aleatórias a noite inteira. Enquanto todos lá fora, agora, frenéticos a mostrar suas conquistas, eu só quero me despir do que há tempos tem me afogado, com as janelas e as portas abertas, o vento entrando e levando não só o meu cansaço, mas panos e mais panos de cortinas pro alto. Só por essa noite quero o seu corpo quente junto ao meu, escutar boas histórias e dar boas gargalhadas, não tenho tanto pra falar, mas sou um bom

ouvinte

e

faço

muitas

coisas

em

silêncio.

E que essa noite de setembro tragam boas histórias, façam parte dos amontoados de momentos que colecionamos, pois o vento sopra, sopra... e como aquela folha seca o nosso tempo se vai, as doze horas mais bem gastas da pacata vida de um homem simples, que preza por companhias completas e nuvole bianche.

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Ocupado demais O que posso dizer, senão tudo aquilo que já sabe? Você chegou em uma péssima fase.

Moça clara, do sorriso de menina.

Minha vida é uma loucura e eu não tenho respostas pra todas as suas perguntas.

Ando sempre ocupado, mas você sabe, sou aquele um por cento que anda na direção oposta de todos os outros.

Minhas ambições não excedem meus valores, tudo o que vivo é intenso, tudo o que faço eu me coloco por inteiro.

Não cheguei onde deveria estar, e você não precisa ficar aqui esperando os ventos mudarem de direção.

Você está livre. E eu, você sabe… estarei ocupado!

Mas às vezes, pensando em você.

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Sacrifício Despertei-me antes mesmo de abrir meus olhos, o matei antes mesmo que pudesse acordar, quando levantei já não era mais o mesmo, sabia exatamente o que deveria fazer, então aquele foi o início de tudo. Depois de três dias sem dormir, as coisas se afunilaram, diziam que eu estava diferente, em silêncio pensava: qual era porra da necessidade de permanecer o mesmo? Pra eles? Tudo! Todos amam ser acomodados, para mim seria melhor uma guilhotina. O ponto é que você sempre será uma boa pessoa se decidir não ser melhor do que eles, você sempre será um cara "humilde" se optar por abaixar essa cabeça para que eles passem, e também sempre será um monstro se mandálos à merda. Claro que tudo sem falar um “A”, você não precisa se dar ao trabalho para que sintam o gosto do próprio fel. Após longos dias de primavera e o cheiro das flores, o verão já não é mais o mesmo, no outono as folhas secam, e o inverno é iminente, eu sempre soube que a morte seria temporária, de tempos em tempos deveria matar algo novamente dentro de mim, mas dessa vez eu não sei o que matar, o anjo da morte está ao meu lado encarando seu relógio de bolso. Definitivamente, hoje não é um dia comum, mas tomei uma decisão para continuar essa caminhada. Meu coração já foi uma casa repleta de pessoas especiais, elas continuam sendo especiais, mas algumas já não permanecem mais em meu coração.

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Momentos Naquela noite fizemos promessas, falamos sobre coisas engraçadas e você contava do seu medo de escuro. Eu olhava desconfiado, um leve sorriso no rosto, com uma cara de quem não queria acreditar, pensando, “como uma mulher tão convicta poderia ter medo de escuro? ”. Deveria existir um jeito de eternizar alguns momentos, você me perguntava como poderíamos ter vivido todo esse tempo longe um do outro, olhando para a lua eu pensava que ela sempre nos conectava em todo esse tempo. Parece tão óbvio e ao mesmo tempo tão difícil saber quando realmente encontramos um amor em nossas vidas, conseguia enxergar os seus olhos brilharem todas as vezes que eu mencionava o seu nome, e eu que nunca acreditei muito no amor, podia sentir a certeza pairar. A neblina e o frio tomaram conta do lugar e de lá não queríamos sair, eu te dei a minha blusa, você disse que amava o cheiro dela e encostou a cabeça sobre meus ombros, em tão pouco tempo eu já lhe tinha por inteira, fizemos planos, contamos histórias até quase amanhecer, por pouco não dormimos ali. Nosso amor não durou a vida inteira, mas durou o tempo bastante para se tornar inesquecível, assim como alguém que conduz um barco, fomos na vida um do outro, para sermos levados para outros amores em outros mares, nos restou apenas gratidão, pelo que foi vivido e ensinado.

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Vendavais O que poderia haver dentro de quatro paredes? Estava só, com grandes monstros aqui dentro. Um homem deve engolir o whisky pelo prazer de senti-lo

queimar,

as

noites

eram

mais

frias

a

cada

dia.

Quando eles cantam sobre amor, dizem como se as estrelas fossem raios de luz, eu devorava Sigmund, Jung, Lacan e Frankl por um propósito, estava em busca de uma explicação, “todo excesso esconde uma falta”.

Já não faz muito tempo em que dei jeito nos vendavais, essa porra nunca dura tempo o bastante, inoportuno descaso com a minha sanidade. Eu tenho mil coisas pra fazer, mas os desejos suprimidos parecem ignorar o recalque, a cada quinze dias a besta fera volta. Sempre que eu a mato, retorno carregando uma nova cicatriz, que se dane! Ninguém me ensinou a ser forte, se não fosse por esse caderno e essa caneta, talvez seria uma bala ou uma coisa pior.

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Pulsão de morte! Os dias comuns são os piores, eu nunca chego sequer ao fim deles sem testar todos os meus limites! Já não sei o que há de errado, por vezes preciso me manter longe dos aceleradores, puxo o freio muito perto do precipício, é como sorrir pra morte. Libertador! Não é tristeza, é o total inverso, algum tipo de adrenalina que me faz sentir vivo, perto do limite, aversão a mesmice. Estive quase pra me entregar a esses canalhas! Acredita? Puta merda! Aqui estou novamente, rindo de toda essa situação. Veja só como tudo está vazio, basta escurecer que todos vão para suas tocas, trabalham, comem e dormem; nesse intervalo procuram algo para se sentirem especiais ou dignos de um céu. Sei que Deus ama as pessoas simples, sei que ama também os que não temem a morte. A minha não tão demasiada imoralidade, às vezes, é o que me salva dos dias comuns.

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Superego Naquele tempo bebíamos demais, jogávamos e nos alegrávamos com as mulheres. Naquele tempo havia diversão nos excessos, sem resquícios de preocupação. “Aquilo me parecia lindo, fumaça e tudo mais”. Em uma destas sextas ferozes e histéricas, eu estava fazendo o que sempre fazia, cartas sobre a mesa, “amigos” e bebidas. A rotina era sempre a mesma, mas algo ali, do lado de fora, me chamava a atenção! Era um homem do outro lado da pista escorado num poste. A iluminação falhava deixando as coisas mais estranhas ainda, tinha a minha estatura e era bem trajado, olhava fixamente como se me conhecesse e soubesse tudo o que estava acontecendo por ali. Com o tempo o meu vigor para aquilo diminuía, a bebida de sempre parecia sem graça, e o lugar aos poucos se esvaziava, ao olhar para pista ali estava ele novamente, parecia me esperar, e desta vez trajava um belo Smoking fosco, com um olhar cansado, seguro e nada contente; sentei onde sempre sentava, peguei o cigarro que sempre fumava, e de longe eu me intrigava! Mas que diabos é isto? Não me parecia um indivíduo adequado para aquele lugar, eu já não suportava continuar naquela posição de mero espectador, no momento em que levantei, a luz que iluminava se apagou de vez, mas continuei e quando cheguei logo perguntei se estava com algum problema. Não consegui ver a sua face, ele indagou:

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— Existe algo além de tudo isso; eu conheço a sua história, estes lugares não

combinam

com

você.

A princípio não entendi, mas aos poucos fui percebendo que seus movimentos e a velha mania de passar os dedos entre barba eram as minhas manias, a linguagem opaca em um tom rouco e cansado me eram familiares, percebendo isto ele completou:

— Sou a parte que te espera do outro lado se fizerdes as escolhas certas, mas isso só lhe servirá se estiver de fato disposto a renunciar o que te mata, se não sacrificar isso, matará a mim, a escolha é sua.

Aquele homem fazia parte de mim, era o meu ideal sucumbindo a barreira da realidade, um homem cuja postura transmitia segurança, e as virtudes lhes eram tantas que o mundo parecia pequeno. Então ali deixei o lugar que sempre sentava, os amigos que eu muito me ostentava,

e

a

fumaça

que

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sempre

me

alegrava.

Pois todo adeus revela um novo eu, e sempre haverá uma grande renúncia por trás de uma grande escolha.

Luz ou escuridão.

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Dor e plenitude Me sinto feliz pelo o que estou me tornando, talvez isso seja o princípio de uma nova fase. Cada um tem o seu próprio tempo, alguns amadurecem cedo, enquanto outros se deixam enganar pelas próprias ilusões, se você começou a entender o seu propósito não se agarre a mesmice. “Há sempre um motivo para agradecer”. Não se deixe abalar por nenhum cretino filha da puta, você sempre terá um motivo para vencer se for capaz de olhar para dentro e enxergar o significado da sua história e das suas cicatrizes. Foi questão de tempo mas eu entendi que os melhores dias são os caóticos, pois de lá são tiradas as melhores lições; os dias de paz e plenitude são substanciados pelos dias de guerra, causa e efeito é a função que eleva o nível do jogo, só assim as coisas mudam, equilibro entre dor e plenitude.

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Não me surpreendo mais Eu conheço todas as suas faces e sei quando você quer apenas sentir que me tem nas mãos; definitivamente não importa quantas vezes você tente, quantas vezes me olhe diferente ou mesmo que seja realmente diferente, eu já dei o xeque mate, só que você não quer soltar as mãos não é mesmo? Me escute garota, o passado não importa, se continuar idealizando ele no futuro chegará em um triste fim. E quando pensar que eu tenho medo de arriscar, repita suas mentiras em voz alta cem vezes, quem sabe assim se convença que eu sou apenas um “medroso”, e que talvez “te ame imensamente”, e quando abrir os olhos para a verdade, estarei longe o bastante para recomeçar e viver uma vida mais simples, onde eu não precise ter que dar parte de mim para não ver você chorar.

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Não sou um cara perfeito Olha, eu não sou o tipo de cara que você irá ver em festas, nem aquele que tenta ser o melhor em uma roda de amigos, não sou dono da face mais bonita, e não tenho um carro importado pra tentar te impressionar.

Não sou o tipo de cara que implora por atenção ou que tenta ser legal em todas as circunstâncias, mas sei que se eu te tocar, não irei tocar apenas a sua pele mas sim a sua alma, e as minhas palavras não serão vazias no intuito de te levar pra cama, mas prometo não trair a mim mesmo quando olhar em seus olhos. E mesmo sabendo que a vida não é um mar de rosas, eu sempre irei te respeitar como mulher; e se por acaso um dia se esquecer do seu valor, eu quero que se envolva em meus braços e que saiba, que aqui sempre será o seu porto seguro.

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De mim para mim mesmo Jamais tente me sabotar, eu te conheço mais que qualquer um, e sim, eu posso ser seu pior inimigo. Todos os dias quando levantar da cama e colocar a ponta dos pés quentes no chão frio da casa, lembre-se de acordar! A nossa maior motivação é a realidade. Seja o último a dormir e o primeiro a acordar. Não aprisione meu temperamento colérico, mantenha-me em equilíbrio mas lembre-se, que a nossa maior habilidade é a capacidade de excluir pessoas da nossa vida. Recompense os leais. Não me dê o luxo de sentir pena de mim mesmo, se algo não deu certo, somos os culpados! Apenas fracos tentam aliviar o peso em suas costas procurando por um culpado. Você̂ nunca estará́ sozinho se tiver a mim, eles dirão que somos sozinhos, mas são eles que precisam estar acompanhados o tempo inteiro; quanto a nós, estar acompanhado de outras pessoas ou não, é só́ mais uma opção.

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Tudo flui, e nada permanece Talvez eu tenha cometido muitos erros, imaturidade e falta de experiência, infelizmente me fizeram dar passos incertos, mas você nunca poderá dizer que aquele eu do passado naõ fora destemido, e se há algo pela qual eu sempre me orgulhei, foi do ímpeto de naõ ter medo das incertezas. Aquilo me fez acertar na mesma proporção dos erros, mas com os erros eu cresci e pode ter certeza, eu aprendo rápido, jamais irei

cair

no

mesmo

erro

duas

vezes.

Fiz poucos amigos, mas nestes eu confio, conheci várias pessoas, já fui um cara vislumbrado com amores cegos, e hoje me encontro nessa, eu simplesmente não sinto nada por ninguém, todo olhar é um convite, mas eu nego antes mesmo de fitar, medo? Trauma? Nada disso, eu apenas vivi uns bons bocados intensos, e o resto perdeu a graça; nunca subestime um homem que aprendeu a controlar seus sentimentos. Naõ sou o mesmo cara de antes. Heráclito uma vez citou:

“Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio”.

E digo que é pelo mesmo motivo que uma pessoa nunca irá entrar na minha vida duas vezes, as águas nunca serão as mesmas, tudo flui, e nada permanece.

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Sobrevivente Já atravessei infernos que poucos sairiam vivos, mas em tudo o quanto empreendi minhas forças, tive o prazer de extrair valiosas lições.

A vida é sim um lugar em que muitos conseguem enxergar motivos para fazer uma linda poesia, e recita-la como se caíssem pétalas de rosas do céu, mas não estou aqui para dizer mentiras e cada suor terá o seu devido preço.

Saiba que em dias maus você terá que pedir conselhos e conversar com seu próprio espelho, o nó preso na garganta te fará varar madrugadas em claro, talvez com isso você saia mais forte e entenda que por mais que os dias bons e maus cheguem, você sempre estará bem se não abandonar a si mesmo.

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Meu novo caminho Que cada cicatriz faça parte deste novo caminho, para lembrar-me que um dia tais passos me levaram ao abismo, pois nada foi em vão, nada! Decidi aceitar meus erros para me levantar mais forte, talvez tenha sido necessário para o amadurecimento. Sim, talvez meu passado apareça em um rosto diferente, com cabelos e olhos de outra cor, então irei discernir, pois estes são os paradoxos da vida, eles nos testam constantemente para saber se de fato aprendemos a

lição.

Lembre-se, que se for para lutar por alguém que seja por você mesmo, a guerra nunca acaba, sobrevive apenas quem conhece os dois lados do jogo. E se um dia encontrar alguém, que ela saiba enxergar seus sonhos e te amar não tanto quanto você, mas quanto a ela mesma, pois nesta simbiose é que se encontra o verdadeiro ato de reconhecer o seu valor e

compartilha-la

ao

outro.

Hoje eu matei um garoto, e foi a mais sensata decisão, posso afirmar com veemência que neste novo ciclo eu demorei, mas aprendi; das piores decisões, eu deixei parte do que me matava em um lugar distante aos ventos do abismo, estou em uma eterna ascensão e nessa nova fase eu sou a minha melhor companhia e também a minha melhor decisão.

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Rotineira Cheguei às 7:00, cansado, desabotoei a camisa e liguei o velho som, enquanto tirava os sapatos me perguntei se isso tudo naõ se tratava de um loop infinito, pois sempre tive um script para dias ruins, enquanto divagava, corpo, mente e espírito encontravam o equilíbrio da situação, e meu velho whisky descia por goela abaixo ao som de Dire Straits. A última nota de Carvalho é predominante na bebida, e a última frase da canção é siga seu caminho; por caminhos distintos devemos saber conciliar o gosto amargo da vida com as nossas destemidas incertezas, sabendo, portanto, que sempre haverá uma curva onde naõ seríamos sequer, capazes de acrescentar um palmo do futuro, esse é o momento em que olho pra cima e percebo que naõ posso enxergar nada além de um forro velho de um pequeno puxado. Olho para o celular, três ligações perdidas. Droga! Eu havia me esquecido, ela vai me entender... mas valeu a pena, por vezes devemos esquecer o outro para que lembremos da nossa essência. Já saõ duas da manhã, enquanto lia Bukowski não vi o tempo passar, mas parei na página 120 onde ele diz sobre o solitário cão com mais poder que dez mil deuses; foi meu último gole, e deitei pensando sobre o abismo que há entre um cão e um deus, talvez seria o mesmo da minha rotina e os meus objetivos, ou caõ ou deus, ambos nunca poderão estar na mesma oração sendo o mesmo sujeito.

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Sem sono Bom… já faz três horas e meia que estou deitado olhando para o teto esperando o sono chegar, dor de cabeça e um feixe de luz amarelo do poste, cortando a janela entre os panos da cortina, até a parede coberta de notas e rabiscos. Sempre há algo a mais, sempre há algo maior para lutar. Um homem não precisa só de tempo, dinheiro e mulheres, ele precisa aprender a encontrar a paz, se não de nada valerá. Os dias mornos são piores que os bons e os ruins, pois os bons viram boas recordações e os ruins te ensinam mais do que qualquer outra coisa neste mundo. Mas os mornos são como uma cerveja servida quente num dia quente; talvez eu esteja escrevendo toda essa baboseira por não saber enxergar as pequenas nuanças da vida e ser um ingrato de merda, no entanto eu tento ser justo e complacente com os que amo. Eu não escrevo para comprar tempo, eu escrevo para encontrar paz, então, só agora eu vou dormir!

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Fim de tarde Cansado do trabalho, sento de frente à janela que imprime a exata visão do poste, fios embaraçados em meio ao sol cor de brasa sumindo na escuridão. Puxo a cadeira de madeira, coloco meus pés sobre a cama e tomo um gole do meu velho e bom Jack... Um livro me parece agradável, mas nem a mais rica poesia seria capaz de decifrar todo esse conjunto de beleza e tristeza presente em um fim de tarde. Já ouvi várias histórias sobre os fins de tarde e a sua correlação com a aflição das mais belas almas, no entanto, prefiro me apossar dessa parte mais rústica, em que tudo me parece um ciclo natural. Existe algo muito genuíno e puro nesses momentos, algo que não enxergo no amanhecer. Me faz achar que talvez a vida seja um eterno fim de tarde, mesmo sabendo que as esperanças se renovam a cada manhã, tudo tem um início, meio e fim. Tiro meu relógio; então me deixo guiar pelo tom de vermelho e laranja, até que tudo se perca na escuridão.

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3:00 am Pensamentos a mil, e com vinte eu prometi concluir todos os meus objetivos antes dos vinte e seis. São uma da madruga, estou aqui em meio a papéis e uma pequena lista de afazeres para o dia seguinte. Quanto você tem abdicado pra chegar do outro lado? Será o suficiente? Pois bem, hoje eu preciso estar de pé às seis. A vida real não é uma imagem com uma frase dizendo tudo aquilo que você gostaria de ouvir! Muito menos um papel de parede com o protagonista de uma série estampado na tela de um celular. Se as nuvens negras se instalarem estaremos todos fodidos, todavia o imprudente festeja o que não conquistou e gasta o que não tem. No fim das contas o louco sou eu, que fala alguns palavrões e te incentiva a levantar essa bunda da cadeira. Não durma! Você ainda não chegou onde deveria estar.

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A bendita resistência queimou Sabe aqueles dias em que você faz mil coisas e chega completamente moído

em

casa?

Hoje

foi

um

desses

dias

por

aqui.

Liguei o chuveiro, água fria! Olhei pra cima, indaguei:

— Era só o que me faltava... Dane-se!

Anestesiado pelo cansaço apenas fui, e com alguns segundos me acostumei. Enquanto a água se tornava cada vez mais conveniente ao meu corpo, fui levado há três ou quatro anos atrás, em um momento muito

difícil

da

minha

vida.

Nessa espécie de flashback eu estava naquele pequeno lugar deitado em cima de uma mesa de sinuca, sim era a minha “casa” um bar que até às duas dava alegria para alguns jovens, e depois das três um lugar vazio que abrigava angustias profundas sobre a existência e a vida de um jovem de vinte anos completamente sem forças pra continuar.

Água gelada em pleno inverno (não tinha chuveiro), um sanduíche de doze reais e noventa e nove centavos (só pra não dormir de barriga vazia), naquele tempo eu senti todo o “peso da vida” nas minhas costas. Nas madrugadas eu conversava com mendigos, de noite com estudantes metidos a salvadores da pátria! Essa fase também me permitiu enxergar os dois lados da moeda! Do filhinho de papai, até o próprio pai que não

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tinha um tostão para comprar uma balinha para o seu pequeno filho.

Hoje eu conquistei tudo aquilo que não imaginava ter, a escrita me trouxe isso! Claro, com a sublime misericórdia e graça divina, sem Deus nada faria sentido.

Voltei para o presente, desliguei o chuveiro, enxuguei e fiquei um bom tempo sentado na cama imaginando se naquela época eu tivesse entregado os pontos, de fato ninguém estaria ali para me levantar.

Porém, como é comum nas horas de grande sofrimento, assim como nas grandes tempestades o abismo se situar entre a crista de duas ondas, eu recuei a ideia de suicídio e passei bruscamente desse desespero e aflição para uma sede ardente de vida! Do que seria válido viver tanto na miséria para morrer agora sem ao menos triunfar sobre a vida? “É preciso infortúnio para escavar certas jazidas misteriosas escondidas dentro de si; é necessário pressão para fazer a pólvora explodir”.

Não sei até onde irei chegar, mas sei o que me tornei e onde quero chegar daqui a alguns anos.

Nunca perca as esperanças, o caos às vezes é necessário para ponderarmos sobre as nossas condutas.

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Tire lições, aprenda e vá além! Há sempre um novo jeito de alcançar seus objetivos.

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O dia que os lobos se encontraram. Por caminhos distintos e objetivos semelhantes, nos encontraremos!

Cada um com suas cicatrizes, Cada um com seus troféus.

Ambos com a mesma consciência: trilhamos nossas estradas, firmes e sozinhos.

Aqui estamos! Por possuir a mesma essência.

Lobos solitários, nem sempre são solitários.

Se encontram sempre! No próximo patamar.

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Velho amigo Quando o inverno chegar naõ se turve, erga o rosto e não pare de caminhar!

Nossas almas lutarão destemidamente sem medo até o primeiro raio de luz.

Então quando tudo passar sentaremos pois, com nossas esposas e filhos em volta de uma aconchegante fogueira, e iremos rir das cicatrizes que nos moldaram até aqui!

Escapamos das garras da morte!

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O ciclo sempre se repete Foi engraçado depois de todo esse tempo em plena solitude você aparecer, o meu passado encarnado em um novo rosto, em um cabelo de outra cor e um sorriso mais inocente. Eu sabia que você era a exata mulher que eu não poderia me envolver, o mais difícil foi aceitar que você não tinha culpa. Pude constatar naquele exato momento em que beijei sua boca, que aquele ciclo se repetia, a porra da vida me testando outra vez. Enxerguei o mesmo olhar que há seis anos atrás eu conheci. Os sentimentos antes sepultados, despertaram pedindo-me pra ficar ao seu lado só mais uma vez, mas a razão sabia muito bem o que deveria ser feito. Então aproveitamos aquele restante da noite da melhor forma possível. Mas no fim eu parti sabendo que não haveria mais volta e você me abraçou na esperança do dia seguinte.

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Cartas para um eu perdido Poderia me dizer onde o seu último riso se perdeu? pois vi um garoto alegre crescer e virar um homem quieto e calado. Em um piscar de olhos poupou a vida somente daqueles que carregam o teu sangue, tu não dormes sem remédios e não queres mais as brincadeiras inocentes. Quando foi que decidiu ser tão só? O teu brilho se esconde ou tu mesmo o matas-te? Eram tantos amigos, de tantas atividades, tantos amores e planos. Já não o vejo no reflexo do espelho. Era uma promessa para todos, mas algo o matou antes mesmo de cumpri-la, deixou que partissem encarando a tua fleuma, só tu sabes o que se passa e o que guardas. Hoje me veio saudades de um cara que se foi, queria só por um dia ver a tua contagiante alegria nos alegrando como há… eu já nem sei quanto tempo mais. Apenas volte.

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Sede de vencer Talvez você naõ seja um grande homem, ou também não seja o melhor dentre eles, mas se no seu coração houver a chama da perseverança, saiba que o céu é o limite. Não tenha medo das noites solitárias e nem do barulho que fazem tentando te parar, eles não sabem o que você passou, só te julgam pelo que você permite que eles vejam. ㅤ Celebro as pequenas conquistas e cada degrau que subi foi uma vitória, tudo que eu aprendi foi lutar, sem descanso e quando me dispus a fazer algo, sempre fiz 3 vezes mais do que todos. ㅤ Vou conquistar tudo o que quero porque eu faço mais e não porque sou o melhor! Vou conquistar porque abri mão de mais coisas do que a maioria! Porque isso é tudo o que existe em mim, a sede de vencer mesmo quando naõ há forças para se levantar. ㅤ E quando seus pés não mais aguentarem caminhar, lembre-se das suas origens e dos filhos da puta que querem te parar.

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Viver significa lutar Algumas armaduras escondem grandes cicatrizes... É impossível após subir vários degraus olhar para trás e enxergar apenas o último… vejo que todos os outros trazem apenas um significado. Viver, significa lutar! Eu não desejo que as lutas cessem! Desejo que as armaduras continuem fortes, e que cada batalha traga um novo aprendizado. Que os dias difíceis tornem-se mais vivos, como um final de semana no litoral. As estradas não serão curtas, mas cada trajeto em torno das montanhas irão nos proteger dos ventos do cume, isso é sabedoria. Coloquem seus capacetes! Afiem as tuas espadas. Espere o melhor, mas preparem-se para o pior. Aqui está mais uma chance de viver! Lutem até o fim!

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Memento Mori Era um dia comum, com uma rotina comum, pessoas e pecados comuns; foi exatamente no fim desse dia que eu tatuei essa frase no meu peito (memento mori)! Já não suportava mais os dias comuns; embora tivesse todas as respostas na minha mente eu precisaria me lembrar de que ninguém me obrigou a isso, de que eu sou o culpado e a vida vale mais do que qualquer moeda.

Talvez viver de forma rotineira seria na verdade um dos piores pecados, seria cuspir no prato e negar a graça presente em cada fôlego de vida.

Memento mori significa: Lembre-se da brevidade da vida! Lembre-se de que tudo é passageiro! É exatamente isso que passa pela minha cabeça todas as vezes que o insolente despertador me acorda... levanto e olho o reflexo dessa frase em meu peito, somente aí eu realmente desperto.

Esse texto obviamente, não é uma apologia a tatuagens, mas uma apologia à vida.

Não banalize o seu tempo, entregue o seu máximo com o pouco que lhe resta, faça o bem com todas as suas forças, dissipe a mentira com a luz da verdade em sua vida. Há pouco tempo para gastar tempo com as coisas fúteis, é tempo de reconhecer e abraçar os que em sua tênue idade “perderam” tanto tempo lhe ensinando o substrato da vida. Então faça tudo isso valer a pena. Cada dia, cada momento.

Lembre-se! Tudo é passageiro. Memento Mori.

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Ano Novo O que seriam as mortes temporárias, senão um longo pavio onde a chama se apaga e acende várias vezes durante a vida? “Hábitos noturnos nos curam até o silêncio do amanhecer”. Olhando para o céu incandescente, e do céu, o que seria a terra em chamas, a esperança ou a destruição? A singularidade do ser me aparta qualquer presunção, tomo o juízo para mim. Confesso, esse ano eu morri várias vezes. Seria melhor atear fogo no pavio dos foguetes? Descolorir o cabelo? Pular sete ondas, ou me enlaçar em beijos doces mais tênues que a fumaça dos lampejos? Foi o que tornou as minhas mortes silenciosas. Confesso, esse ano eu morri várias vezes, mas as vezes que morri mataram em mim as mentiras, e não a esperança.

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A gente se encontra Se você não pode estar aqui, devo me contentar com as lembranças.

Quero que saiba, o teu sorriso foi a mais doce ilusão que eu toquei, nem todo o dinheiro preenche o vazio que você deixou.

Não há mais nada que possa ser feito, os fantasmas do passado tocam a minha alma.

Negociei o meu sangue para comprar todo o tempo do mundo, você se foi e agora o que farei com todo esse tempo?

Enterrei parte de mim, prometo procurar alguma forma útil de me afundar.

A gente se encontra.

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Vícios cômodos Veja só! Novamente você abriu o aplicativo, e anestesiado pelo assunto do momento se sente especial por expressar sua opinião em assuntos nas quais não fazem nenhuma diferença em sua vida, qual é a saga de hoje? Guerra? Política? Big Brother? Entretido no sofá de casa como uma criança assistindo rei leão.

É de manhã, o despertador toca, então você vai cumprir o seu dever social, acreditando que um dia daqui a 30 anos, juntando alguns trocados por mês e depositando em algum tipo de renda variável, você viverá o auge da sua vida, rico, aposentado e tomando alguns estimulantes sexuais para ver se chega lá.

Te aparta do cinismo de Nietzsche, da melancolia de Schopenhauer e do realismo de Bukowski, por medo e incompetência de vencer aqueles vícios cômodos, é mais reconfortante assistir quinze segundos de um vídeo com um maluco em algum podcast, lhe enfiando motivações ao som de Oceans, do que criar vergonha nessa cara e cumprir as promessas que fez para si mesmo no fim do ano.

São seis e cinquenta da manhã! Mais uma vez você foi mais esperto que o despertador, desligou antes de tocar, o sol nasce, e no cume da serra aquele brilho te convida a viver experiências que você irá se orgulhar, mas a rotina te engoliu.

Interesses mútuos, você tenta vencer sem perceber que alguém já lhe furtou, e te tem como vencido, convencido de que um dia o sol vai brilhar pra você.

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Noites de primavera Társio Honório, é um rapaz de vinte e quatro anos, apresentável, personalidade forte e de palavra, filho de pais separados, um advogado e uma costureira, preferiu seguir sua vida emancipado guiando-se pelas suas habilidades e vocações. Em uma noite fria de março ele entra numa cafeteria, pega um expresso sem açúcar, senta e lança um rápido olhar sobre a notificação de uma hora atrás na tela do celular. – Meu bem, estou lhe enviando essa mensagem pois precisamos conversar pessoalmente, lembra daquilo que havíamos falado no domingo? Eu já me decidi. – Droga! – Disse o rapaz! – Mais uma daquelas conversas chatas, onde ela fica sem jeito de terminar, foda-se, é só mais uma. Rapidamente e sem nenhum tipo de consideração o rapaz respondeu. – Eu já sei, dane-se, sabia que ia dar nisso! Boa sorte, você precisa desse tempo, um dia a gente se vê... Ela responde no mesmo tom: – Obrigada por entender, espero ainda ter a sua amizade e comer pizza aos domingos à noite com você, amo a sua companhia, você é incrível, Társio! Ele ri ironicamente, em seguida ignora a mensagem, pega seu copo com café e caminha em direção ao seu pequeno apartamento... chegando, ele abre a geladeira, pega uma Heineken, em seguida um comprimido de Venvanse, duas de Ritalina, ele então abre a cerveja e manda tudo pra dentro! Sentado na poltrona, passa a mão em algum romance e se afoga em letras e abstrações a noite inteira... cinco e cinquenta e quatro da matina ele coloca o livro dissecado na cama, joga uma água na cara para ver o pôr do sol, com aquela

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brisa gelada sobre o rosto e o cheiro de orvalho ele vai longe em seus pensamentos. – Acho que o efeito dos remédios já estão passando... talvez eu tenha caído no mesmo buraco de Shakespeare... eu olho para isso e sinto saudades de coisas que eu nunca vivi, no cume das montanhas o brilho me convida a retomar caminhos que eu já desisti há tempos, droga, tarde demais, tarde demais... A cada dia que passa o jovem Társio se torna mais frio e isolado, a rotina de leituras e trabalhos intelectuais ascensiona sua vida em todos os aspectos, a capacidade de aplicação e diversificação de receitas faz dele um homem seguro financeiramente; sistematicamente, ele paga todas as suas dívidas com dois dias de antecedência. O respeito vem cedo, poucos jovens de vinte e quatro são assim... em torno das cinco ele acorda, toma um banho e vai ao supermercado, chegando lá ele vê de longe... era uma mulher de cabelos castanhos, um metro e setenta, cintura fina e um jeito familiar de se portar. Ele não ficou intrigado por sua bela aparência, se intrigou porque conhecia muito bem aquelas características, e como num flashback seus pensamentos o levaram há nove anos atrás... – Se meu pai descobrir estaremos mortos Társio... – Não se preocupa Helena haha, você confia em mim? – É claro, né?! – Pronto, chegamos. O que achou? – Eu estou sem palavras, parece que você me conhece mais do que eu mesma. Onde conseguiu esse vestido? – Era um vestido azul tão vivo quanto o verão, com algumas estampas, flores amarelas e pequenas folhas verdes...

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– Não se preocupa, pedi pra minha mãe fazer, disse a ela que uma amiga no colégio havia pedido por encomenda, o mais importante é que você gostou, vai ficar lindo em você... – Não precisava ter gasto seu dinheiro com isso! Helena sempre fez questão de ser dona do próprio nariz, nunca de forma rude, mas o equilíbrio perfeito, caráter e um jeito doce de falar. – Respondeu Helena, em seguida lançou um olhar sério, então Társio a beijou, e naquele momento a primeira pontada do medo que abastece as paixões o sacudiu, segurando nos ombros da bela moça disse... – Eu não quero te perder. – A moça complementou... – Não podemos nos perder! E assim como se renovam os ventos, as flores e uma nova geração, o tempo passou, o pai rígido de Helena a levou para outros caminhos, enquanto o jovem Társio desenrolava o enredo de uma história problemática, na qual se resumia naquele exato homem parado na porta do supermercado olhando Helena escolher algumas frutas... Um homem comum talvez entrasse, e a cumprimentasse, mas a personalidade forte de Társio fez com ele relembrasse os detalhes, deu meia volta, e foi para o supermercado de esquina onde pôde fazer suas compras em paz com a sua mente. Voltando para casa, nem duas cápsulas de quetiapina o fizera dormir, pelo contrário, só de raiva o rapaz mandou pra dentro dois goles do velho Whisky, novamente na poltrona, mas de forma mais incisiva, seus pensamentos o levaram para o inferno onde habitam os detalhes, a parte mais sã até tenta recalcar. – É como se o próprio doutor Hyde estivesse aqui, no que exatamente eu me tornei? Não vale a pena ser um cara bom. – A verdade é que os pensamentos

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de Társio sempre o levavam para a caverna mais escura de seus sentimentos, e por mais que ele tentasse tornar a caverna cada vez mais fria e abandonada, mais espinhos cresciam sufocando seus pensamentos... dessa vez levando para o último episódio onde encontrou Helena antes do ocorrido no supermercado. Um sábado estrelado, como os antigos poetas descrevem as noites perfeitas... Alefe, seu melhor amigo acena, Társio vai... – Conseguiu? Alefe responde: – Eu achei um lugar perfeito para vocês dois. – Onde? – Responde Társio, nervoso e apreensivo... – Tem um quartinho ali, fiquei sabendo que é um almoxarifado, deixei a porta escorada com a janela aberta caso você precise cair fora. – Certo, obrigado irmão, estamos quites. Então Társio foi ao encontro da jovem Helena, ela estava perdida e impecável, e quando ele a chamou pelo nome, era possível enxergar o brilho de seus olhos imprimirem a inocência e a certeza de uma grande paixão, ele a tomou nos braços e disse: – Todas as vezes que eu passar por alguma dificuldade na vida, é desse momento que eu quero me lembrar, você é a mulher mais linda dessa festa. Ela respondeu: – Se eu estiver com você, talvez não precise lembrar sempre. Társio a levou para o lugar que havia reservado, e ali mesmo ficaram. Embora fosse uma festa, naquele momento parecia que tudo convergia apenas para os dois, ele a segurou tão forte que aquilo a assustou, e sem jeito 79

ela saiu para o banheiro. Caindo em si, Társio percebeu que havia usado sua força em demasia para segurar Helena, e logo sua preocupação se transformou em arrependimento quando naquela noite ela não mais voltou. Pensou alto: – Certo, isso não passou de uma fantasia, aliás, não será este homem que irá cumprir o papel de entender as mulheres. – Fechou a janela e se foi... A garota aos poucos foi mudando, buscou novas aventuras, conheceu outras bocas... Társio, de sua maneira foi levando a vida, quando viu que não podia ter Helena para si, tomou todas as outras belas mulheres, cinco anos se passaram, cada um com suas aventuras, noites viradas, bebidas e fumaças... embora parecesse divertido, eram apenas vazios, distintos, buscando uma forma de se entorpecer. Társio cansou rápido dessa vida, com vinte já se parecia com um senhor de oitenta, sua única diversão era se afundar em livros e pagar suas dívidas com o dinheiro que ganhava corrigindo TCCs de alguns universitários de direito. Quando a vida lhe enviou o cínico relatório de um romance que se tornara em tragédia, rapidamente arrumou suas coisas, escolheu uma cidade mais fria, e ali decidiu começar um novo capítulo. Deixando pra trás o que estava fora do seu alcance, e aquela foi a atitude mais sábia do jovem Társio, abandonou a Deus o que pertencia ao passado e aproveitou a oportunidade para reinventar-se a sua maneira.

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Relógio anti-horário Repetidamente, a essência vence a aparência, o conjunto retorna à função.

A prostituição começa quando trocamos tinta e papel, por mensagens pouco elevadas, levadas por um falso pássaro azul. Eu não pertenço a este tempo, como pode o indivíduo envelhecer e ao mesmo instante voltar para as virtudes de uma antiga geração? Ser fã de coisas simples — a lenha que granjeia numa fornalha antiga. Grãos secos de café e folhas queimadas de um tabaco incomum.

Os tempos mudaram, ou nasci eu no tempo errado? Me inclino ao apostolado, ou ao vagante solitário? Solidário espírito que caminha em um mundo pobre, que se perde aos horrores de uma falsa geração.

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Doces mentiras O que dizer? Foi nisso que me transformei, um efeito cascata que vai moldando as pedras e todo o bioma do lugar. Deveria me orgulhar? Não, eu já passei dessa fase. Deveria te ensinar uma lição? Já tem muita gente tentando fazer isso. Então que diabos estou fazendo aqui?

Hoje, quando o despertador tocou eu não tive um grande motivo pra levantar, mas mesmo assim tocou, mesmo assim eu levantei e fiz o que deveria fazer. Não existe propósito pra tudo, o prazer morre justamente onde o orgulho do outro nasce, definitivamente e, principalmente nesse país, vive melhor quem não enxerga o que está em cima do seu próprio nariz. A sua grana te engana de forma tão doce, alguma coisa te venceu.

A minha visão é um pouco pessimista, e eu nem preciso me justificar dizendo que isso é realismo, você sabe, que na verdade, somos mestres em mentir para nós mesmos. Embora ande para um lado, tento me manter ocupado pra não enlouquecer, não há nada de errado meu caro, se com ocupado você souber o que estou querendo te dizer.

A cena me comove, é tão lindo ver a forma como mente pra si mesmo, são doces lembranças desencadeando em meras ilusões, um novo plano, novas pessoas e a mesma conclusão. As coisas só mudam quando cortamos o açúcar do café.

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Dois lados da mesma Afrodite Sei que isso te incomoda, poucas palavras, pensamentos contínuos, contidos em uma fisionomia que te atrai. Mas nem tudo se desfaz, quando as prioridades se cumprem no labor de uma noite agitada.

A maioria gosta de balada, as únicas baladas que eu curto estão grifadas em um livro do velho Tolentino. Essa ambiguidade é mais rara que um Royal Flush em um jogo de amadores, os tolos sempre queimam a largada.

A vida não precisa ser assim! — É o que você me diz. Como se pudesse separar o escritor da caneta, ou o semeador do seu plantio. Pra ser sincero, se fosse tão óbvio assim nem aqui eu estaria.

Sei que os outros caras te entediam, não é somente com palavras que se prende a atenção de uma mulher, por isso aqui estamos, a essência nunca muda, existem dois lados da mesma Afrodite. A gente não se engana, lá no fundo sabemos, que o amor é só o desejo de tomar para si o que é bom aos próprios olhos.

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Melhor sozinho Por trilhar meu próprio caminho fui rotulado, indiferente, orgulhoso, arrogante... mas a verdade é que cada um se sente bem de um jeito, nenhum ser humano é igual, juro, eu queria muito me sentir bem junto com dezenas, centenas ou milhares de pessoas, mas sou assim, sou melhor sozinho.

Amizade é importante, mas as pessoas não sabem o que é um amigo. Relacionamento é bom, mas te deixa muito vulnerável, ter um bom emprego parece honroso, mas às vezes apequena teu espírito, como um pássaro de natureza livre que se vê preso em uma gaiola.

Você não precisa ter um grande propósito, se você for capaz de tocar outra alma isso já é um bom motivo para viver, a grandeza das coisas não estão naquilo que demoramos a vida inteira para conquistar, mas naquilo que passamos a vida inteira negando, por medo, falsas certezas e dogmas. O presente é tudo que temos.

Hoje de manhã eu refleti muito sobre esse caminho que estou tomando, embora a personalidade seja um elemento mutável, chega uma certa idade que esse processo fica mais difícil, só nos resta ser útil com aquilo que temos, nisso reside a vocação. Não vale a pena perder tempo pensando em todos os caminhos possíveis, naquilo que já passou, ou naquilo que está por vir, eu sou quem deveria ser e estou exatamente onde deveria estar.

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Mais lúcido que ontem É engraçado como você perde a disposição para certas coisas conforme envelhece. Às vezes observo algumas atitudes e penso: eu já não me encaixo mais nisso! Sabe, foi a época, e foi importante que eu vivesse intensamente aquilo. Isto se encaixa em praticamente todos os âmbitos — aquele tipo de amizade secular onde sempre há um tipo de competição, ou uma necessidade de autoafirmação em forma de supostos atributos e atitudes acima da média. Sinceramente! Aquilo nunca me agradou, mas é tosco imaginar o quão significativo era, depois que você entende que na verdade cada um defende seus próprios interesses, você para com essa idiotice de querer tentar ser algo que não é. Eu não lembro ao certo quando exatamente comecei a ser mais sozinho, mas sei que foi a mais sensata decisão, hoje os verdadeiros podem ser contados nos dedos de uma mão. É preferível conhecer uma pessoa que valha a pena, do que ter uma diferente a cada semana. É triste ver um adulto relembrar essas fases como se fossem o tempo áureo de sua vida, mais triste ainda é ver um que sequer saiu delas, hoje mesmo, se você der uma saída por aí irá encontrar vários quarentões desfilando suas paqueras como troféus, e suas canalhices como se fossem grandes vantagens. Hoje me sinto um pouco mais lúcido! Sou fiel a mim do momento em que acordo, até o momento em que durmo, e os sonhos que tenho nesse intervalo, apenas me lembram que já é hora de acordar.

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Loira confusa [...] na verdade ele não queria estar ali, mas de tanto insistirem, foi. Era um lugarzinho quente onde os mais jovens se encontravam para fazer coisas idiotas. Enquanto seus amigos imploravam por atenção feminina, Jordan, detestava cada minuto do seu tempo perdido ali. Pés sobre a mesa, mãos apoiadas na cabeça, contava as lâmpadas queimadas daquele lugar, como se fosse mil vezes mais interessante do que socializar. “Mas quanto mais buscamos paz, mais atraímos o caos”. Havia um mal-estar entre os outros, a tal garota mais bonita da “festa”, só tinha olhos para o despreocupado rapaz, um de seus amigos resmungou: — É ... parece que temos um campeão! — Você deve estar me zoando, caro Fredo, eu sequer estou em uma competição. — Disse Jordan com um olhar e um sorriso sarcástico… Mike sacou um manual de sedução do bolso, como se fosse o próprio Leone sacando uma Colt Dragon da cintura. — Puta merda! Guarda isso filho. Eu nem acredito que você lê essas merdas. — Continuou Jordan: — Nenhum “jogador” pode ganhar vantagem por meio de uma mudança unilateral dos meios, considerando que os outros participantes não mudem o que está fazendo. Sabem o que eu estou querendo dizer? — Estavam todos vidrados olhando para ele. — Absolutamente nada! Olha a cara do Mike, eu aposto um copo de Jack que ele estava esperando uma estratégia oculta sobre “a lei da atração”. — Vá à merda Jordan! — Disse Mike. 93

— Mas vocês podem fazer o seguinte, já que nenhum é capaz de encarar a loira! Cheguem nas amigas dela, se cada um fizer o que é bom para si e para o grupo, terão mais chances de ser bem-sucedidos. — Aposto que tirou isso de alguma daquelas teorias chatas de matemática que vive estudando. — Retrucou Fredo. — Haha! Na verdade, se chama “The dynamics of governments”, caro Fredo. Não custa nada tentar...

Assim fizeram! Cada um foi se levantando, e foram bem aceitos pelas amigas, pois viviam na sombra da mais bela. De longe, Jordan puxava um riso de satisfação, encarando a loira, confusa por uma suposta rejeição em massa. Mas na verdade, ele só queria provar uma coisa pra si mesmo: Nenhum governo é cem por cento justo, quando induz uma nação a seguir seus próprios interesses. Sob uma estratégia bélica, o oponente sempre será uma loira confusa se o líder for imprevisível, dissuadindo a sua própria nação.

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Aos pedidos indeferidos Naquela mesma noite eu sabia que algo deveria partir, e todas as vezes que eu escutava a voz da minha rouca consciência, ela repetidamente dizia exatamente tudo o que eu não queria ouvir. Sim! Tomei o caminho mais difícil, abri mão de muitos prazeres, mas sei bem o que é melhor pra mim. Os sacrifícios foram parte do processo, mas as noites em claro, o trabalho árduo, de fato, não é algo que deva se esperar de muitos. Por isso, não me importa o que falam, se assim mal falam, eu sempre esperei o pior de todos! Me conhecer foi necessário, vejo sumir as sombras em meio a luz de uma cintilante aurora. Quando se olha para dentro, tudo se faz novo ao lado de fora. Sinto muito aos indeferidos, se aqui estou, uma só coisa significa, ao velho porto, eu não volto mais.

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Alma de guerreiro Foi inevitável! Mexendo em umas “tralhas”, avistei, no fundo do guarda-roupa um caderno velho e manchado, meio amarrado por um elástico, sobrevivendo graças à capa de couro sintético de baixa qualidade. Peguei, e sentado na cama abri sem pressa, caso contrário, só uma boa dose de “celestrat” pra dar jeito na inoportuna alergia... Fotos amareladas, riscos instáveis, uma busca por sentido! No topo era escrito “2013”, foi quando eu entendi que ali estava prestes a começar uma longa conversa com um garoto de 17 anos. Sem pauta, letras tortas e assuntos soltos, frases curtas indicavam uma sede de vencer, em uma das páginas ele me contava:

— Hoje a corrente da bicicleta arrebentou, tive que vim a pé! Embora tenha perdido a aula, foi bom me sentir vivo... a água fria da chuva se misturando ao suor quente de mais um dia de luta. Agradeci e passei na primeira oficina que apareceu. — Abaixo estava escrito: Venci mais um dia! Foi como acender novamente uma chama dentro de mim, em seguida me perguntei: em que ponto da vida eu deixei de ser assim? Nove anos se passaram, e eu que sempre achei que a minha vida fosse uma constante ascendência, me senti tentado a voltar à primeira essência, resgatar aquela gratidão pura e simples de um garoto com alma de guerreiro.

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Aos que resistem a escuridão E se estivermos realmente perdidos? E se isso for apenas as consequências das nossas péssimas escolhas? Enquanto entrava naquelas águas, as ondas me empurravam para o solo como se estivesse tentando me avisar: “Aqui basta, apenas aos que sabem nadar.” Dizem que o fracasso do tolo é tentar medir a profundidade com os próprios pés. Antes que aquilo se tornasse uma mera história do Stephen King eu nadei, nadei até onde pude, até que tudo escurecesse, até que me faltasse o fôlego e o peso das águas me levassem à ruína dos tolos. Novamente, ao sentido contrário das ondas, me vi preso no meio do oceano, um bloco de concreto resistente as mais fortes tempestades, indicando com a sua infinita luz o caminho para os navegantes. O farol cumpre o papel que poucos podem suportar, uma estrutura solitária mas inabalável no ponto mais turbulento do mar, sim! É aqui que eu quero estar, sinalizar o caminho àqueles que estão perdidos e sem forças para continuar.

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Eu do futuro Noite de réveillon de 2032; pensei muito no que iria te escrever, de fato muita coisa mudou… Uma empresa de tecnologia desenvolveu um aplicativo onde podemos mandar apenas 1 mensagem de 2.200 caracteres para um ente há 10 anos atrás, usando apenas o número de celular. Pois aqui estou, se atente ao que irei te dizer!!! Você está no caminho certo! Naquela época mesmo com pouca grana, você decidiu cuidar da sua alimentação e fazer exercícios todos os dias, hoje, dez anos depois, você está muito bem!! Enquanto a maioria dos seus amigos estão muito acima do peso, sua saúde está ótima, muita gente se inspira em você. A melhor coisa que você fez em 2022 foi ter terminado aquele relacionamento e seguido sozinho, eu lembro, foi dolorido, seu mundo desabava todas as noites. Mas agora tudo mudou, em 2026 você conheceu uma pessoa incrível e ela é louca por você, sim! Logo você que sempre foi cético a respeito do amor, agora sabe que tudo é uma questão de tempo e amor próprio. Sabe aquela página do Instagram? Aquela que tem um emblema do tridente, chamada Saillors… leia os textos, absorva cada palavra, aquela página vai moldar a sua mentalidade! No exato momento que você está lendo essa carta, provavelmente esteja passando por uma situação complicada nos negócios, mas não desista! Todo esforço valerá a pena, em 2025 você vai receber uma ótima 101

proposta, e isto vai mudar toda a sua vida financeira. Mas infelizmente nem tudo são flores meu amigo! Devido às regras do aplicativo eu não posso ser totalmente claro com as minhas palavras, tudo o que posso dizer é: Visite mais a sua família, abrace o pai e a mãe, demonstre seus sentimentos, usufrua o máximo do seu tempo com eles. Isso é tudo o que eu tenho a te dizer, meu amigo de dez anos atrás! Lembre-se de uma coisa, eu estou muito orgulhoso de cada passo que você está dando, mesmo sozinho, mesmo sem entender nada, dê o seu melhor! Uma coisa levará à outra e aos poucos tudo fará sentido. Por mais difícil que seja, as adversidades que virão só te fará mais forte — continue. Se não for por você, que seja por nós! Assinado: o seu eu do futuro.

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Até o último fôlego Eu havia me esquecido o quão bom é escutar Pearl Jam após vencer mais um dia. Naquela mesma rotina — o tipo de cara que faz tudo sozinho e se sente muito bem assim. Não tem como escapar disso, a vida simples me faz um bem danado. Como notas que pertencem a uma mesma clave, a harmonia de uma vida está na composição diária paga com próprio suor. Quero as notas de carvalho sempre bem presentes mesmo nos dias ruins; o problema é que nada me para, tão obstinado quanto um cão solitário que se recusa a voltar para a matilha. Quero que tudo continue assim! Eu prometo testar todos os limites, até o meu último fôlego de vida.

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Caixa preta Tentei mostrar as cartas em todas as combinações possíveis, tentei te incluir no meu mundo… não há nada tão simples que não possa se contradizer na medida que os corpos se aproximam. Nada, nada de mim foi feito pra se separar, nada é substituível, não antes que a vida se esvaia. Às vezes a luz que conduz, é a única que sabe viver na escuridão; costumeiro acidente do acaso — nada além de mim. Eu tentei com todas as letras, símbolos e sons, te entregar um pedaço de mim, tanto quanto a lua, tanto quanto o sol, corpos distantes que influenciam os outros, sozinhos em suas funções. Juro, sei como se sente, você tenta não se importar, tenta se proteger contra os fragmentos de uma guerra que nunca acaba, mesmo que nada seja aparente, tudo ressoa como sussurros de um fantasma. Tentando sobreviver a todo esse caos você enfrenta o vento contrário todos os dias, sob o semblante frio existe alguém que luta com todas as forças para que a chama não se apague. Não olhe para o abismo, não olhe para os montes, os espelhos refletem a sua alma — só você pode enxergar o que ninguém vê — eu estarei longe, mas estarei na sua consciência até que tudo se perca na escuridão.

Lembre-se! Eu tentei te mostrar o caminho.

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Ainda há vida Armei mil sentinelas para proteger de mim mesmo, fui condecorado por me reerguer em todas as batalhas, de fato, eu acreditei que não haveria poesia em um céu inflamado por chamas. A iminência do fim me deu certa paz, mas não era o fim, mais uma vez — a valsa triste do caos. Enquanto encarava os comprimidos, me afastei da realidade umas cinco vezes, movimentos automáticos, sistematicamente alternados com a minha obsessão, quarenta e oito horas ligado escrevendo as minhas emoções, no fim? Você nunca mais é o mesmo, no fim, apenas centenas de folhas observadas de longe como se fosse um lixo! Então você nota que nada faz sentido, inclusive sentir, se no fim não passam de um amontoado de papéis. Por dez anos eu me afastei, por um segundo eu traí a mim mesmo, era como se um momento durasse uma eternidade, você nunca leva dez anos pra esquecer um segundo, nem mesmo uma vida, sequer que isso nos abandone mesmo depois da vida. No meu silêncio existe guerra, a bala de uma ponto quarenta ecoa sobre a minha consciência ao som de Frédéric Chopin. É triste saber que isso não terá fim, mas pra minha alegria ainda há vida na ponta dos dedos.

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Cético Certa vez olhei para o céu à noite, e vendo todas aquelas estrelas senti que a minha vida não importava. Você anda pelas ruas, há multidões no trânsito, nas instituições, festas e estádios… há 100 anos nenhum deles existiam, 100 anos depois todos estarão debaixo da terra sendo devorados por vermes. Todas as vezes que olho para esse céu estrelado, sou forçado a ter um pouco mais de humildade. Há 5 bilhões de anos a terra não existia, 1 milhão de anos depois é provável que tudo não passe de poeira espacial. Disseram-me que a paixão eterniza os pequenos momentos; desde a minha tenra idade tenho provado desta doce cicuta, no fim não há quem fique, pessoas são mais passageiras do que a própria vida, elas se vão antes mesmo do último suspiro — trust no one. Tudo importa até que a morte lhe encare, tudo é importante até que você não tenha mais pra onde ir senão ao ponto onde as luzes se apagam, onde nada mais importa, nada mais existe.

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A velha armadura Nascemos inocentes, crescemos cheios de esperanças, amamos incondicionalmente e um dia inevitavelmente quebramos a cara!

Parece até ser um ciclo natural da vida, mas muitos paralisam no processo.

Você foca nos estudos e em fazer grana, canaliza suas forças em outras tarefas e o tempo passa...

Após longos anos você se encontra mais frio que o Alasca, com dinheiro no bolso e uma envergadura intelectual admirável.

O contraditório fluido da vida te leva a caminhos opostos, então você encontra uma pessoa totalmente diferente da estatística, sabendo das suas mazelas mas disposta a te ajudar.

Você trava!

Por impulso repeli, e dá mil desculpas para não ir adiante.

Mas contrariando suas escolhas o Alasca se derrete. _

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Por que será que é tão difícil retirar velhas armaduras?

Medo!

O ser rígido e frio não sabe lidar com sentimentos, como uma espécie de calcanhar de Aquiles ele se torna vulnerável. Mas fato é que nem sempre há armadilhas no caminho.

Por mais idiota que pareça ser, existem pessoas boas.

Fugir por medo de se machucar é covardia!

Não espere por alguém perfeito, espere por algo genuíno.

E talvez você chegue ao fim dessa vida um pouco mais feliz, e com alguém para dividir suas tristezas e alegrias.

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No more O moleque nasce em um orfanato, sonha em ter uma família e faz amigos que substituem a figura de seus parentes. Essa garotada cresce, um dom natural à música, eles formam uma banda.

Charles faz de tudo para fazer grana, ele pensa: Se eu ficar rico serei feliz, pois terei tudo o que nunca tive…

Se esforçando mais do que todos, 10 anos depois a banda fecha uma parceria com uma gravadora renomada, grana garantida, todos se sentem motivados por Charles e conseguem (com muito custo) fechar sua agenda para o primeiro ano, objetivo alcançado — mas e a felicidade? Não encontraste, falta algo…

Claro! Falta sucesso, preciso ser conhecido no mundo inteiro, preciso fazer meu nome e deixar o meu legado! Só assim estarei realizado. Muitos acordos, muito trabalho, mais 10 anos se passaram e a banda tem a primeira música no top 3 das mais tocadas no mundo todo, literalmente uma celebridade, conhecido em todos os lugares, venerado por jovens e adultos — mas e a felicidade? Não encontraste, não é o suficiente…

Como um marinheiro a labutar em alto mar ao soçobro de 109

uma embarcação, ele desesperadamente segura em qualquer tábua de salvação! Mulheres, drogas, experiências, filosofias, religiões… mas o vazio só aumenta, então ele se sente tentado a voltar ao passado, ele descobre que em um lugar longe dos efeitos espaço e tempo existe uma lembrança onde encontra melancólico conforto — o tempo áureo onde corria nas gramas verdes de um orfanato, enquanto a chuva exalava seu petrichor em contato com o solo seco daquele lugar.

Descobriu então, sem mesmo ler Sócrates e Platão que, na verdade, a felicidade é quase inconsciente, e só nos damos conta de que éramos felizes depois que tudo vira passado. Todas as vezes que o ser humano tenta tocar nesse nobre sentimento, ela sucumbe à ruína.

Não há mais sentido para Charles senão voltar à sua essência, viver sem dar muita conta, apenas viver, sentir, dar-se a liberdade que supera a existência. Não mais, o presente é tudo o que tenho!

Disse ele: Não mais.

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Minha renúncia Faça a barba, vista a sua melhor roupa e encha o copo com café! Hoje você não estará com outra pessoa além de si mesmo.

Sei muito bem que se acostumou com essa rotina, sua família acha que você enlouqueceu, seus amigos já não insistem em suas aventuras — a tua renúncia em solitário fardo será recompensado, gota por gota em seu penoso suor.

Esta noite enquanto todos festejam, mais um ou dois tijolos amarram a base de um forte império, cada dia mais forte, cada dia mais distante dos problemas seculares que amedrontam as frágeis almas.

Ao fim desta jornada eu farei como Paulo antes de ser decapitado, como Sócrates em seu banquete antes da cicuta secar tua boca, como Alexandre e todos aqueles que selaram a sua trajetória com o sangue do teu penoso trabalho.

Aquela velha mania de escolher sempre o pior caminho, na verdade, é o que separa os homens dos meninos; faz parte de mim, não existe outro caminho — eu prefiro morrer lutando do que viver entorpecido por uma mera ilusão.

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Outono É como se o dia perdesse todas as suas cores; como a luz que cruza o vidro fosco e parte do seu brilho é deixado para trás — a forma como enxergamos o mundo são apenas reflexos das emoções contidas ou, reprimidas em nossa alma. Um dia cinza, a nossa última conversa. Naquele mesmo lugar onde nos conhecemos, e que tão empolgados conversávamos sem ao menos importar com o horário ou a irreverência daqueles que olhavam. A frieza de ambas as partes fez perder a essência daquilo que com tanta euforia chamávamos de sorte, como a mais fina especiaria esquecida no fundo de um velho depósito — anos após anos se perdendo no silêncio do vazio. O outono chega para todos, para a mais linda flor até a mais bela árvore, não pergunta se há frutos, tampouco se há vida, o tempo age em suma sabedoria, mas às vezes é violência e dor.

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Recomeço Lave teus lençóis e afie tua espada, antes que o cheiro de lavanda suma em teu suor as muralhas encontrarão o teu valente, desperte antes que o primeiro raio apareça, continue até que a relva traga segurança ao teu coração. Repouse teus pensamentos ao continuo ofício, aos sons dos pássaros e aos graves bordões, de soneto em soneto instaura-se a harmonia da razão em seu perfeito controle dos pensamentos. Reunidos lhe esperam, em uma farta mesa, aqueles que pertencem há um só tempo, hão de servir um novo vinho, em uma nova taça. Olhares ingênuos suscitarão a vida em teu sombrio peito. Deixe que o ar purifique teus pulmões, deixe que o momento lave tua alma, deixe que novos olhares te conquiste, deixe que a vida adentre e acenda a chama que há tempos se apagou. Lave, queime, destrua! As velhas vestes do ego, da vaidade e da avareza; é necessário se esvaziar, lavar, irrigar para que volte a crescer. Uma nova folhagem anunciará teus novos frutos, só assim terás a recompensa eterna do teu penoso e merecido trabalho.

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O nevoeiro De tempos em tempos se aproxima. No olhar, o primeiro traço de maldade, transformou a essência pueril em partículas, como um grande nevoeiro, você a enxerga, a sente, mas não a tem… não mais. As tantas paixões, eis a maior mentira de todas, se foi o encanto, as cores — a névoa tornou-se densa e mais fria. Agora não enxergo os outros, tampouco a beleza do horizonte, enxergo apenas a mim. À noite ela se torna bela, se une ao silêncio, ao vento e ao brilho do luar. Quero ater, mas a vulgarizo acendendo um charuto, como se a fumaça e a névoa tivessem a mesma essência, mas não! Água e fogo, bruma e fumaça, virtude e depravação. A luz a traspassa — a escuridão a tem. Não a toco, mesmo sentindo que faça parte de mim. Talvez em minha ínfima e insignificância, seja parte dela, terei com a névoa quando a escuridão chegar.

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A última carta Derike tem 32 anos, é um rapaz alto como um jogador de basquete, sem jeito com esportes e odeia a secularidade. Passou sua infância longe do pai, a maior parte do tempo com a mãe, mas não deixou que a demasiada convivência com ela e suas irmãs o deixasse afeminado, é claro que buscou cedo uma forte figura masculina para imitar, quando notou a iminência do “perigo”, começou a trabalhar em um lugarzinho quente, sujo e cheio de homens. Em sua tenra idade separava metais para vender como sucata. Derike havia terminado um curto relacionamento, não tinha muitas oportunidades, mas era esforçado e sempre conseguia o que queria, tinha um temperamento frio e não era do tipo que implorava com as pessoas, dizia: “Quer ir? Vá! Fiz o possível, não irei perder meu tempo com isso”. E ele realmente não se importava, Derike tinha o dom de esquecer o que quisesse. Não demorou muito para conhecer os limites desse dom ao matricular-se na faculdade, foi atraído por Tereza, assim como as antenas atraem os raios, era uma morena baixa, com olhos alegres e uma beleza singela, sempre acompanhada por duas amigas, parecia estar apagada para os outros homens pois não fazia questão de roupas curtas e maquiagem pesada. Tereza também tinha acabado de sair de um relacionamento de quatro anos, estava “cansada de homens”, em seu íntimo até cogitava a possibilidade de saber como seria uma relação com outra mulher, achava injusto sentir atração por indivíduos tão pueris, seu lado racional sempre notou o cintilante cuidado que elas possuíam consigo e com os outros, achava bonito ver suas amigas se maquiando e se hidratando cuidadosamente com os cremes. Tereza sempre dizia: “acho que tenho mais energia masculina que muitos homens”, e sentia ser menos passiva que as outras, mas esse sentimento entrava em contradição quando pensava: 115

“Se eu encontrasse um homem delicado, não tanto quanto uma mulher, mas cuidadoso, com seu corpo e com suas palavras, com certeza me entregaria por inteira”. Tereza, apesar de tudo, se enjoava rápido do timbre feminino, e tinha certeza que sentiria repulsas ao se deitar com outra mulher. Mas de certo modo ambos se notaram. Quando na faculdade Tereza comentou sobre Derike com Simone, sua amiga: — Ele parece bem inteligente, mas aposto que é um desses brutos que não sabem como tratar uma mulher... Simone passou o olho e disse: — Amiga, ele é tão apagadinho, olha como é magrelo, parece tão desajeitado quanto um gigante brincando com uma criança. — Não seja boba, você nem conhece ele, já sei! Vou pedir uma caneta emprestado... Simone olhou com certo ar de deboche para Tereza, mas Tereza pouco se importava e deixou que a sua “energia masculina” tomasse toda a iniciativa: — Oiii, tudo bem? Meu nome é Tereza, você poderia me emprestar uma caneta? Acho que perdi a minha... Derike ficou surpreso, mas não transpareceu, olhou friamente para a garota, contudo algo naquele singelo semblante o tocou, respondeu: — Olá! Acho que tenho, deixa eu olhar... sim! Pode ser azul? — Tanto faz se for azul ou preta. Desculpa pelo incomodo... Derike pegava as coisas no ar, não era sonso, pegou rápido o interesse e não desperdiçou a chance de estender a conversa. Indagou:

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— Não se preocupe. Já tem um grupo para fazer o trabalho de probabilidade sistêmica? — Na verdade vou fazer com minhas amigas, gostaria de se juntar com a gente? Somos só três... — Pode ser! E naquela noite, na faculdade pública de Brasilia, ambos começaram a conversar. Sua relação era atípica, Tereza não sabia se aquilo era só atração sexual, ou algo a mais, de toda forma ela sabia que precisava de um tempo sozinha para não ter que cometer os mesmos erros do antigo relacionamento, precisava se curar. Dois meses se passaram, se encontravam apenas na faculdade e mantinham conversas mais pessoais pela internet, Derike era calmo e cauteloso, no momento certo a convidou para sair no final de semana para um barzinho sossegado perto do parque das garças, naquela noite eles conversaram, o tempo passava tão depressa que mal viram o bar se esvaziar e os garçons agoniados a encará-los ansiosos para partir. — Bom, acho que se a gente pedir mais uma cerveja aquele garçom não irá conter a vontade de nos insultar... Tereza sorriu, e Derike então percebeu que havia algo ainda mais belo que o brilho daquele olhar. Se sentiu estranho e vulnerável, pela primeira vez após adulto teve medo, não sabia ao certo do que se tratava, aquela garota era o conjunto de elementos atípicos que jamais encontrara em outra mulher, uma contradição. Um lapso de autoconsciência o fez perceber que a felicidade estava naquele exato momento, naqueles milésimos segundos que um dia se reduziriam a meras lembranças...

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Indo para a casa, naquela via meio nublada, a conversa fluía naturalmente, Derike cogitou a possibilidade de chamá-la para assistir um filme, mas recuou essa ideia, não queria vulgariza-la à medida das outras, Tereza era especial, mesmo que aceitasse, ele fazia questão de respeitá-la em seu tempo, não queria ser visto como qualquer um que faz sempre o que todos fazem. Assim o fez e mesmo cansado, mesmo tendo que acordar cedo na manhã seguinte, ficaram até altas horas conversando por mensagem como se fossem dois adolescentes. Os efeitos em Tereza surtiram bons resultados, mas apesar de tudo, era nova, sentia-se na obrigação de aproveitar a vida, lá no fundo ela sabia que acabara de encontrar um homem que seria de fato bom para ela, pensou: “Não posso dar fim nisso sem antes conversar com a minha psicóloga”! No dia seguinte lá estava ela, na salinha limpa e sem cheiro da clínica. — Quanto tempo faz, dona Tereza! O que te trouxe aqui? — Indagou Carmem, a psicóloga. — Aii, as coisas estão acontecendo muito depressa e isso me assusta! — Vamos por partes Tereza, já fazem 2 anos que você não comparece as seções. Você ainda está namorando? — Não! Eu terminei com o Davi recentemente, foi igual você disse, ele é muito manipulador, eu estava cada dia mais dependente dele, e agora que estou quase a esquecê-lo, me aparece Derike, o total oposto de Davi, mas não era para ser assim! Era pra eu estar em festas, com minhas amigas, curtindo minha liberdade e resgatando o meu tempo perdido. — Entendo! E o que te faz achar que Derike é o oposto de Davi? Há quanto tempo você conhece esse novo rapaz? Caindo em si, Tereza abaixou a cabeça e com uma voz baixa disse: 118

— Saímos apenas uma vez, ele é da faculdade! Como sou boba e ingênua. Como se quatro anos não fosse o suficiente, o primeiro macho que me aparece eu caio feito uma patinha. Eu preciso aprender a ser forte sozinha, preciso aprender a andar com minhas próprias pernas. Carmem sabia que Tereza precisaria chegar em suas próprias respostas, compreendeu sua aflição e disse: — As pessoas não são tolas por aquilo que querem, mas por aquilo que fazem, ainda há tempo de viver novas experiências, o que acha? Havia um duplo sentido na pergunta, mas na ânsia de não parecer boba, disse: — É isso! Preciso ficar um tempo sozinha. — Diga-me Tereza, quem é você? Apresente-me, mostra-me suas fotos! Tereza olhou assustada, mas pegou seu celular e abriu alguma das suas fotos no instagram para a psicóloga. — Veja! — Carmem virou o próprio celular para ela. — Essa jovem é você? É assim que quer que as pessoas te aceitem? Tereza era uma morena linda, mas tirava fotos apenas de vestido e com seu longo cabelo batendo na cintura, transparecia muita feminilidade, ela não se reconheceu e disse: — Meu Deus! Eu não me reconheço, ainda parece aquela menina que sofria em um relacionamento abusivo, cheia de traumas, frágil e dependente! — Sim Tereza! Eu poderia pegar o espelho e pedir para fazer as pazes consigo mesma, mas não! É mais que isso, você precisa de mudança. Tereza não falou mais nada sobre aquele assunto pois já estava determina em se tornar uma nova pessoa. Após conversarem sobre outras questões em relação ao pai, Tereza saiu com o pé direito, se sentindo muito mais leve e 119

confiante, empoderada seria a palavra certa! Passou em uma ou duas lojas, comprou uma sandália e um cropped, chegou em casa e apagou todas as suas fotos de vestido, o rosto virgem de produtos ganhou novos traços de cores vivas e brilhos por toda parte, batom vermelho e por fim, decidiu cortar a metade do cabelo, pronto! Pensou Tereza: — Bem melhor assim! A lembrança do dia anterior ainda estava viva em Derike, era incrível como a sua sede de viver aumentava consideravelmente depois de sair com Tereza, já não se limitava somente naquela rotina, todas as suas ações aviam ganhado sentido, tinha um motivo a mais para viver, sem perceber estava deixando de ser aquele cara gelado por dentro. Na noite seguinte entrou na sala e se deparou com uma pessoa completamente diferente, ali estava Tereza, dessa vez com cabelos curtos, maquiagem forte, e muito mais comunicativa, ele entrou e não falou nada, de longe ele ficou observando sem entender muito o que havia acontecido. Pensou: “Borderline? Bipolaridade? Não é possível, não se passaram nem 24 horas e ela parece ser outra pessoa”. Tereza tentou evitá-lo, mas na volta para a sala no intervalo se cruzaram, e ela o cumprimentou como se fossem dois desconhecidos, Derike ficou confuso e sequer conseguiu prestar atenção na aula. Voltando para a casa decidiu ter absoluta certeza da situação, em vez de mandar uma mensagem, ligou! Tereza cogitou ignorar a ligação, mas no último segundo atendeu: — Oii! Quem é? — Olá Tereza, desculpe o horário, aqui é o Derike! Como você está?

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— Ah sim... estou ótima! Que bom que ligou, você por acaso fez a atividade da Simone? — Sim, fiz! — Poderia me passar as respostas, nossa, está uma correria por aqui... De certa forma Tereza queria censurá-lo pois sabia de suas intenções. Derike pegou rápido que algo de fato havia mudado, mas seguiu: — Claro! Te passo quando chegar em casa. Então, estou te ligando para saber se você estará tranquila esse final de semana, pensei em fazer algo aqui em casa mesmo. Embora as atitudes de Tereza demonstrassem o contrário, havia um certo resquício daquela velha menina que diariamente

tentava matar,

imediatamente sentiu que deveria falar o que sentia pessoalmente, por isso, aceitou o convite: — Pode ser! Que horas? — Às 21:00, fica bom para você? — Sim! E mais nenhuma palavra foi trocada até esse dia. Era um sábado chuvoso, Derike começou a fazer coisas que nunca havia feito antes, arriscou até a fazer um macarrão, limpou a casa como nunca antes, cortou seu cabelo e comprou o melhor vinho que podia. Estava nervoso, ele queria impressioná-la mesmo sabendo que poderia estar forçando a barra, pensou: — Não me reconheço! Eu nem sei porque estou fazendo isso. Mas Derike que sempre fora tão pé no chão se deixou aos poucos se levar por aquela doce ilusão, seus pensamentos desencadearam em uma figura que 121

já não existia de Tereza, seus cabelos longos e um vestido verde militar florido, uma vida ao seu lado e os olhos sorridentes recuperando toda a sua vitalidade após um árduo dia de trabalho, seu leve devaneio fora interrompido pela campainha, assustou, pois de fato estava mergulhado em seus pensamentos. Era Tereza, havia chegado mais cedo para não ter que voltar muito tarde: — Oi Derike, nossa, acho que cheguei cedo demais, esqueci de te avisar! — Sem problemas, entre, fique à vontade, irei tomar um banho. — Tudo bem, eu te espero. Enquanto Derike tomava seu banho, Tereza reparou o cuidado com a casa, tudo extremamente organizado, plantas vívidas no canto da janela, o macarrão exalando um cheiro ótimo pela casa inteira, se lembrou dos conselhos de sua mãe, dizia: “Olha Tereza, passe o tempo que for com suas aventuras, mas quando chegar o momento de ter algo sério, escolha um homem que te trate com respeito, carinho e atenção, quando esse momento chegar você se lembrará dessas palavras”. Tereza abaixou a cabeça, e por mais que tentasse disfarçar, estava travando uma guerra interna, estava confusa, pois sentia que qualquer decisão ali tomada seria irreversível, mas era esperta, olhou para uma estante de livros e pensou, já sei! Derike voltou para a cozinha e disse: — Viu! Foi rápido. Caramba, não havia reparado, você está linda. Disse isso para agradá-la, preferira mil vezes a sua antiga aparência. Ela respondeu: — Obrigada, caramba! Está um cheiro maravilhoso aqui né, e aqueles livros? São seus? 122

— Sim! Você gosta de ler? Tereza odiava ler, mas fazia parte do plano pedir um livro emprestado. Ela se levantou, passou rapidamente o olho em alguns e disse: esse! — Eu não acredito que você tem esse livro! É Hamlet? — Sim! Você também gosta de Shakespeare? — Amo! Poderia me emprestar? Prometo que eu te devolvo. — Claro, pode pegar. Então Derike pegou o vinho (um Carnivor), os pratos, os talheres e as taças, levantou a tampa e aquilo estava com uma ótima cara, disse: — Vem, sirva-se moça. Tereza ficou surpresa com toda a dedicação, se sentiu especial, a todo tempo só conseguia lembrar de sua mãe. Enquanto se servia daquele vinho e da macarronada, Derike não conseguia se prender aos detalhes de Tereza, tamanha era a intensidade de sua paixão, ele nunca havia se sentido assim perto de outra pessoa, por um instante pensou estar doente de amor como os jovens cortesãos da obra “sonho de uma noite de verão”, recuou o olhar sobre a moça e se fez de frio, como costumava ser. — Eu nem sei o que dizer. Está incrível, fez tudo isso sozinho? — Sim, não foi difícil, estou acostumado a cozinhar aqui em casa, aliás, este vinho é ótimo, você vai gostar. Os dois se sentaram e por alguns instantes deixaram as coisas rolarem naturalmente, riram, lembraram da professora narcisista que era detestada por toda a faculdade, contaram história mirabolantes e por fim, se esgotou todo o repertório de assuntos. Tereza estava mais sorridente que o normal devido ao vinho, e Derike muito mais descontraído. Se olharam firmemente

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por segundos, então Derike envolveu-a em seus braços e naquele momento eles se entregaram por inteiro, era como se as suas almas se unissem em só corpo, a energia era algo que jamais sentiram antes. Tiravam suas roupas como se já se conhecessem muito antes daquele momento, as expectativas eram superadas na mesma medida em que o tempo se estendia naquela cama. Era mais que um desejo, era a linguagem que excedia as palavras, era a única forma possível de expressarem tudo o que não conseguiam falar devido ao ego. O frenesi passou, enquanto o vento que entrava pela janela refrescava seus corpos quentes, Tereza queria abrir o jogo, mas resolveu tornar as coisas mais difíceis para Derike, ela estava decidida em viver uma vida mais livre, no fundo tinha medo de se entregar a um novo relacionamento. Abraçou o jovem com todas as forças e partiu. Derike notou algo estranho mas amou cada detalhe daquela noite, aquela lembrança foi morrendo aos poucos, na medida em que Tereza fora se distanciando, preferiu o silêncio, para ele aquilo era como torturar um preso sentenciado à morte. Derike alimentava esperança pois sabia que haveria uma outra vez, Tereza precisaria entregar o livro, mas o tempo passava, dias, semanas, meses... um sorriso apertado quando se topavam nos corredores da faculdade, mas nada substancial. A verdade é que Tereza sabia que ele era o homem certo para ela, mas para não perdê-lo, pegou o livro emprestado naquele dia, em sua tola ilusão, haveria um momento em que a vida traria os dois para um novo ponto de partida, neste intervalo, viveria sua vida de solteira, conheceria outras mil bocas, em mil festas com suas amizades passageiras, no momento certo Derike estaria a lhe esperar para finalmente viver uma vida séria ao seu lado. Mas pelo contrário, ele que já tinha dado o “xeque-mate”, seu temperamento ríspido, fora se tornando cada dia mais frio, criou camadas mais fortes que 124

um diamante, aprisionou seus sentimentos como um monstro selvagem e se dedicou inteiramente a si mesmo. Depois de um ano e dois meses, Tereza tentou acessá-lo, nos corredores, através de amigos, mensagens, curtidas, indiretas e nada, Derike terminou doente enclausurado dentro de si, a dor fez com que ele criasse mecanismos de defesa tão fortes, que nem uma guerra seria capaz de apavorá-lo. Ao se deparar com a realidade, Tereza caiu em si, um arrependimento infernal apossou de seu espírito a ponto de nunca mais conseguir sentir algo real por outra pessoa, se rendeu às insistentes investidas do ex, em forma de autopunição decidiu voltar para a gaiola escura de seu antigo relacionamento. Derike se perdeu em si, se tornou excepcionalmente bom em tudo o que se comprometeu a fazer, mas estava oco, era apenas uma casca fria, genialmente capaz e forte no mundo. “E quem não se considera incompleto e insuficiente, não deseja aquilo cuja falta não pode notar”. — Platão Não havia passado e futuro, o único fragmento de um antigo sentimento ficara registrado em sua última carta esquecida na penúltima gaveta do guarda-roupas, dizia: Doce Tereza, eu te matarei no momento em que a tinta da caneta molhar a última pauta desse papel manchado com copo de café. Eu tive que escrever sobre você pois só assim tiro os resquícios que deixaste em mim, depois disso nada poderá entrar, juro perante as paredes, a mim e a Deus, estou fechando todas as lacunas, estou colocando sete trancas em sete celas, mas esta é a última vez que darei vazão aos meus sentimentos. O homem que amou, não amarás, o homem que um dia confiou, não confiarás, o homem fraco e

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vulnerável que um dia fui, morre aqui, juntamente com você, doce Tereza, eu te libertei para que eu pudesse aprisionar a pior parte de mim. Adeus.

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Oração Esta noite enquanto esticava um pouco as pernas sentado na poltrona de casa, me vi tomado por um sentimento bom, algo raro, mas me senti grato por todos os momentos que os fleshs não alcançaram, as boas conversas que só estão guardadas em nossa memória. Enquanto abria a cerveja, escutando Oasis - Don’t go way, eu fiz aquela oração:

Obrigado meu senhor por ter me dado a oportunidade de participar de momentos tão significativos na vida de tantas pessoas, hoje elas não estão mais comigo, mas perderam seu precioso tempo comigo, às vezes se lamentando, às vezes se alegrando, mas eram seu precioso tempo.

Nunca entendi muito bem os possessivos, que em sua doente solidão querem prender as pessoas em sua vida, a beleza de um pássaro está justamente na liberdade, não há como controlar sua próxima parada, ou onde fará seu próximo ninho.

Continuei! Obrigado senhor, por através dessa ínfima consciência ter parte de Tu em mim, caso contrário seria eu apenas mais um desses revoltados que não enxergam beleza na vida.

Sorri. Levantei o copo pra cima e disse: Obrigado! 127

A vida me forjou assim Com o decorrer do tempo entendi que deveria matar meu ego pra fortalecer meu espírito, fortalecer o meu corpo para extinguir os resquícios daquele ser humano fraco que em nada parecia com a minha verdadeira essência.

Escolhi um caminho solitário porque sou melhor assim, decidi ser mais tranquilo, ter companhias completas e o melhor de mim todos os dias. Sem grandes alardes, sem selfies, sem festas ou algo do tipo, cheguei em uma fase que nada disso importa, quero a cada dia avançar um passo a mais em direção às promessas que fiz a mim mesmo.

Não sou uma ilha, mas aprendi a ser seletivo ao extremo! Ao meu lado? Somente os melhores. Nenhum ato é em vão, todas as atitudes são pensadas. A vida me forjou assim, não poderia ser diferente do que sou.

E que nessas poucas palavras você entenda que às vezes temos que matar mil leões em silêncio, carregar em si um exército de troianos para resistir a dor, mas nada disso é em vão, todo sacrifício cria em você uma nova camada, toda dor gera loucura ou lucidez.

Não me arrependo de nada, e se tivesse que voltar atrás, escolheria o mesmo caminho, pois no fim, sou exatamente quem deveria ser e me sinto muito bem assim.

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Em perfeito controle Depois de um tempo notei que não era frieza, acredito que as experiências fizeram de mim um homem mais calmo e observador, talvez um pouco cético, mas longe de ser ausência de sentimentos. Não há mais aquela empolgação, os beijos perderam seu encanto, no início, de fato, achei que algo muito errado tivesse me acometido. Mas foi natural, soltei outras mãos, desvelei-me das multidões, me vi preso, ou livre, em uma outra esfera, a coruscante ideia de alguém que ilumina o próprio caminho. Ao desgarrar das grandes paixões encontrei-me com o amor, mas antes que se tornasse o próprio, fiz desmoronar cada pedaço do antigo império, fortifiquei-me nas rochas e no maciço concreto. Apaguei as lamparinas até que fosse capaz de conduzir meus passos à lucidez de meus próprios pensamentos. Vejo certa paz nascer, em perfeito equilíbrio, com a mesma tranquilidade que se vai o brilho do entardecer. Mas agora que estou no controle, não me assombra a imprevisibilidade empírica, o fogo a queimar não fomento para me aquecer, mas sim para fazer as ríspidas engrenagens desse trem girarem. Agora estou para a realidade como a águia está para as minúcias, mesmo que tudo tenha perdido o brilho, serei fiel até que minhas pálpebras anuncie a chegada do eterno vácuo na escuridão.

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Constante evolução Uma nova sensação para meu arsenal de experiências, talvez essa tenha sido a mais estranha… um reencontro não lhe causar absolutamente nenhuma mudança de espírito, e lembrar que antes aquilo era simplesmente tudo, hoje não

passam

de

dois

“desconhecidos”.

Quatro anos se passaram, é engraçado perceber a ação do tempo em nossas vidas de forma tão singela e libertadora, talvez sejamos como a natureza das canções em suas variadas fases, o amadurecer de uma banda que toca a mesma música há tempos com tanto frenesi, agora em sabedoria acústica e memórias

daquilo

que

a

cada

um

possui

uma

representação.

Moldamos nossos temperamentos, tapamos alguns buracos da estrada, nos tornamos apáticos a certas condutas e quando menos se espera, estamos rindo de uma situação que em tanto nos encolerizava no passado.

Por mais adverso que um ambiente lhe pareça ser, não há o que temer quando já conhecemos a desconfiguração do caos, se tudo o que há é o abundante trabalho, estamos a construir e reconstruir, não há nada — nem mesmo momentos e memórias — que o tempo não faça sumir.

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O outro lado da moeda Bons tempos! Da janela sentíamos o sol a nos convidar para a vida, as plantas cresciam sadias com a melhor qualidade do substrato fértil naquelas terras úmidas. Mas há sempre uma praga que estraga toda a plantação, por mais que você preserve a vida, já não se produz nada puro devido ao veneno extremamente

tóxico.

Eu deixei que a vida sucumbisse o melhor de mim, é difícil voltar a confiar quando todos os que passaram por sua vida lhe empunharam uma adaga pelas costas. Hoje é um novo dia, eu me levanto e com certeza estou mais sozinho. Doce Ofélia, me perguntas por que eu me fecho tanto, por que estou em silêncio à margem de tudo? O meu sorriso é a coisa mais sincera que terá de mim. Quando contarem mentiras a meu respeito, não se esqueça que um dia eu já fui bom pra essa pessoa, mas como todas as outras, ela preferiu o lado pérfido do que a honestidade e a honra. Agora eu prefiro que você deguste a sua doce ilusão, Ofélia! Sem mais perguntas, não me venha novamente com essa conversa de que eu me fecho para o mundo, quando na verdade, vivemos em uma selva de oportunistas. As plantas só bem crescem porque dos mortos surgem os melhores substratos, tudo o que é vivo se alimenta do melhor que um dia se foi. De mim, isso é tudo que terá. Que afoguem cada um em suas próprias ilusões, a realidade sempre me acompanhará e mesmo que um dia a lucidez me deixe, terão imprimido traços tão fortes em mim, que se afastarão como uma placa que sinaliza um perigo iminente, em uma curva letal numa montanha qualquer.

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A última oração (ano novo) Me parece impossível não olhar para trás quando chegamos ao fim de mais um ano, é estranho ver o quanto as coisas mudam, vejo a mesa mais vazia, pessoas significativas perdendo seus significados... estou mais consciente, na medida em que o tempo passa as pessoas ficam mais previsíveis, e eu, a cada

dia

mais

cético.

A minha última oração para esse ano irá começar quando o primeiro foguete explodir, e no momento em que fechar meus olhos quero acreditar que o restante das explosões anunciam a continuidade de uma guerra interna. Vou agradecer em meio ao caos e no fim vou levantar meu copo de whisky na certeza

que

a

guerra

não

é

uma

ilusão.

Nessa nova jornada irei conhecer e perder pessoas, novamente, meu maior ganho será a experiência, meus maiores troféus serão o quão bom pude ser para aqueles que necessitavam, não me vangloriarei, não serei uma vítima como um coitado se faz parecer! Estarei sempre preparado para o pior e jamais, jamais! Jamais irei fazer o bem esperando o mesmo em troca.

Todas as vezes que a vida perder o sentido, serei grato, todas as vezes que minhas forças se forem, encontrarei apoio em Ti. Meus objetivos serão abatidos e enterrados em suas próprias trincheiras, irei vencer novamente, em nome do pai, do filho e do espírito santo, toda honra e toda glória seja dada a Ti.

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Por: Mateus H. de Oliveira

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