January 14, 2017 | Author: Marcos Resende | Category: N/A
CRAIG HILL
Enganado? Eu?
CRAIG HILL
Enganado? Eu?
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Enganado? Eu? Copyright 1986 Craig S. Hill
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro deve ser reproduzida ou transm itida por qualquer meio eletrônico ou mecânico, fotocópia, gravação ou sistema de informação, sem a prévia autorização, por escrito, do editor. Todas as citações bíblicas são extraídas de A Bíblia Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil, 2a ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1996. Título Original: Decieved Who Me? Tradução: Ariane Nishimura Revisão: M urse Bossay Capa: Arte Clube Ia Edição no Brasil: 2000 2a Edição no Brasil: 2001 H645e Hill, Craig S. Enganado? Eu? / Craig Hill ; tradução: Ariane Nishimura - 2.ed. - São Paulo: Bless, 2001. 222p. ; cm. ISBN 85-87244-12-4 (broch.) Tradução de: Decieved who me? 1. Vida Cristã. I.Título CDD: 248.4 Impressão e Acabamento Bless Gráfica e Editora Ltda. Rua Humberto Polízio, 173 - Centro CEP 17580-000 - Pompéia, SP - Brasil Fone: (0**14) 452-2799 E-mail:
[email protected] 01
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À minha esposa Jan, cuja paciência e bondade fizeram com que este livro se tornasse possível. Louvo a Deus pela preciosidade de sua companhia!
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Agradecimento Especial a: Jean Orr, por compartilhar sua vida e seu ensino e transferir muitos dos conceitos básicos expressados neste livro. Greg Carr, Kenneth Copeland, Marylin Hickey, Dave Roberson, Randy S hankle e Dr. Bruce Thom pson, que contribuíram com seus ensinamentos para minha vida e minha compreensão. Sherry Koerting, Rosemary Sandow e Vera Thomas, por gastarem seus dedos digitando e redigitando o manuscrito. Janet Ficany, por editar.
ÍNDICE Enganado? E u ?.................................
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Racionalizando em sua Mente X Compreendendo no seu Espírito........
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Escolha a Vida....................................
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Nossa Verdadeira Imagem em Cristo..
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Manifestações Superficiais da Carne ..
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O Leão, o Urso e a Serpente..............
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O Primeiro Estilo de Operação Carnal
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O Segundo Estilo de Operação Carnal
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O Terceiro Estilo de Operação Carnal .
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O Quarto Estilo de Operação Carnal ...
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Andar no Espírito: Libertação.............
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Prefácio Ao ler o manuscrito deste livro, fiquei muito surpresa, creio que pelo fato de Deus ter trabalhado em minha própria vida através de vários capítulos. Parece que alguns pedaços soltos foram ajuntados e ordenados. Creio que o Espírito Santo ordenou que eu lesse este livro neste momento particular da minha vida. Quantos de nós fomos realmente enganados pela carne e continuamos sendo enganados em algumas áreas? Tomei conhecimento de alguns lugares sutis em que minha carne vencera a batalha pelo comando do Espírito em minha vida. Percebi onde eu falhara com o Corpo de Cristo e fui cegada pela carnalidade em minha vida. Creio que este é um livro excelente para libertar, e recomedo-o a todos os cristãos, especialmente aos líderes. Como líderes, somos os mais enganados pela nossa carne. Certamente, desejamos que o nosso ministério edifique, e somente quando form os libertos é que saberem os como libertar outros. Este é um ótimo livro para libertá-lo. Eu realmente o recomendo. Marilyn Hickey
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Introdução Craig Hill não se tornou um piloto comercial da noite para o dia! Quando era garoto, o seu interesse foi despertado pelas leis da aerodinâmica. Ele progrediu de pipas e aeroplanos para balões, queda livre e planadores. Na sua adolescência, obteve a licença de piloto comercial. Ele dominou as leis do vento, do tempo e da gravidade. Nesses dez anos em que conheço Craig, tenho-o observado estudar, aprender, praticar e finalmente ensinar as leis do espírito (Esdras 7:10). A vida não é evitar a morte! Craig o ensinará como planar enquanto compartilha os princípios da vida espiritual. Seus exemplos verídicos e seu ministério por trás da Cortina de Ferro acrescentam uma dimensão de grande interesse para esta apresentação. Recomendo-o como amigo, irmão em Cristo e mestre da Palavra. Loren Cunninghan
Capítulo 1
Enganado? Eu? Enganado? Eu? Impossível! E pensar que eu estava andando no espírito, enquanto, na realidade, eu estava andando na carne. E pensar que eu estava ministrando a Palavra de Deus, enquanto, na verdade, eu estava m inistrand o de acordo com a m inha própria habilidade natural. E pensar que eu estava confiando em Deus, enquanto, na verdade, eu estava confiando em mim mesmo. E pensar que eu estava andando na sabedoria de Deus, enquanto, na realidade, eu estava andando na sabedoria do homem e, talvez, na sabedoria demoníaca. E pensar que eu era livre, enquanto era escravo. Será que todas essas afirmações sobre mim poderiam ser verdadeiras? Será que eu poderia estar tão enganado a ponto de a minha alma não saber distinguir entre trevas e luz, escravidão e liberdade? Afinal de contas, eu já havia nascido de novo havia 12 anos, eu não era um bebê novo convertido em Cristo. Eu era um cristão maduro, cheio do Espírito Santo, um conselheiro, um mestre da Palavra, era convidado para falar em seminários e em outros países. Essas coisas não podiam ser verdade! Confundir o poder ungido da Palavra du rante a minha pregação com a m anipulação da alma dos ouvintes? Enquanto eu ponderava esses pensamentos naquela noite silenciosa, no meu quarto, na Polônia, quase do outro lado do mundo, não podia acreditar que tinha sido enganado pela minha própria carne. Eu me considerava mais espiritual do que a maioria e imune a tal engano. Pensei: “Será que pode ser verdade?”
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Eu e um pequeno grupo de três conselheiros e mestres da Palavra de Deus fomos convidados para ministrar vários seminários intensivos e um seminário para pastores no sul da Polônia. Estávamos ministrando várias vezes durante o dia e dando aconselhamento nos intervalos havia uma semana e meia. Uma noite, iniciei uma conversa com Jean Orr, uma das pessoas da equipe. Jean era uma mulher de Deus e era grandemente usada pelo Senhor no ensino da Palavra e no aconselhamento. Ela era uma grande amiga. Ao conversarmos n a q u e la n o ite , apó s a re u n iã o , pedi a Jean que me aconselhasse quanto ao meu próprio casamento. Eu me sentia frustrado em meu casamento, pois, aparentemente, minha esposa Jan vivia fechada e deprimida e, conseqüentemente, ela não me a p o ia va e não apo iava o meu m in is té rio . Freqüentemente, ela me transmitia que não se sentia valiosa ou importante e que eu não a amava. Eu sabia que, na verdade, eu era o causador desses sentimentos em Jan, os quais estavam relacionados à forma como eu me relacionava com ela como marido. Mas eu não sabia como ajudá-la a se sentir amada e valiosa para mim. Eu amava Jan e tinha feito tudo o que eu sabia para convencê-la do meu am or. F iquei co n fu so porque, em bora eu me esforçasse, eu não conseguia mudar seus sentimentos. Jean me perguntou se eu realmente gostaria de saber o que o Senhor achava e por que eu não conseguia mudar minha situação matrimonial. Ela mencionou que Deus lhe havia revelado algumas coisas quanto a esse problema, mas ela desejava saber se eu estava disposto a permitir que o Senhor apontasse o erro e me mudasse. Eu disse que estava. Então, Jean com eçou a co m p a rtilh a r com igo os sentimentos que o Senhor lhe havia dado. Ela disse: “Parece que você está acreditando que a maioria das áreas em seu casamento que não está funcionando ou frutificando é culpa de Jan. Você a considera como a causadora dos danos em seu casamento. E, devido a essas percepções, você transmite essa m ensagem a outros e realm ente acredita que está andando no espírito, sendo obediente a Deus e aturando esses
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problemas de uma maneira bem espiritual e madura. Você se considera muito paciente e justo para suportar Jan quando ela se sente infeliz ou deprimida. Mas você também manipula outros para que eles concordem com você: “ Pobre Craig! Ele precisa aturar uma esposa tão infeliz e com tantos problemas! Isso é verdade, não é?” Depois que Jean falou essas coisas, senti que meu estômago revirava, enquanto o Espírito Santo me convencia daquelas palavras. Então, eu respondi: “É verdade.” Jean continuou: “A verdade é que você está andando em orgulho e em justiça própria. Você se sente muito justo por ser tão “amável” com Jan, apesar dos problemas dela. Mas, na realidade, você não está sendo amável. Você não está sendo motivado no seu espírito a suprir as necessidades dela com o amor de Jesus. Você está simplesmente usando a Palavra como uma lei em sua mente para tentar fazer o que você acredita ser “santo” e “espiritual” e o resultado óbvio é a morte. Você não está trazendo luz a Jan.” “Craig, você está muito ocupado em busca dos seus objetivos e projetos. Muitos deles provêm do Senhor, mas você os executa na carne e você estabelece seus objetivos e planos acima de Jan, e ela não se encaixa neles. Você a intimida e continua na busca de suas conquistas e realizações. Ao fazer isso, você a oprime. Constantemente, você transmite que seus projetos, objetivos e outras pessoas são mais importantes do que ela. Você está criando e alimentando a desvalorização e a falta de amor que Jan está sentindo. Os problemas que você considera serem de Jan são sim plesm ente fruto de sua motivação carnal que o leva a alcançar e realizar coisas para você se sentir valorizado, honrado e estimado. Você está forçando, esmagando e desvalorizando sua esposa. Além disso, ao fazer isso, você se sente muito espiritual e justo.” Jean continuou: “Na área do seu casamento, você está andando no poder da sua própria carne e no poder racional da sua própria mente e você não sabe disso. Você acha que está andando no espírito. Essa não é a única área da sua vida na qua l você fa z isso , C ra ig . V ocê ta m b é m fa z isso ,
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inconscientemente, ao ensinar a Palavra.“ “ S abe, C raig, seu e n sin o é m uito bom . É bem organizado e segue uma seqüência. Você tem boas ilustrações para e xp ressa r seus pensam entos. Seu ensino é bem planejado, é apresentado de maneira clara e é cheio de verdades bíblicas. Mas, na maior parte do tempo, não contém um pingo da unção de Deus. Seu ensino é apenas intelectual. Está na sua mente e flui saindo da sua mente humana, passando pelos seus lábios, chegando aos ouvidos das pessoas e ficando por ali, em suas mentes humanas. Ele não vem do seu espírito, não acrescenta nada ao espírito dos outros e não tem unção.” “Seu ensino sai da sua mente para as mentes deles. Os ouvintes o recebem intelectualmente e o armazenam como uma informação bíblica muito interessante, mas suas vidas não são transformadas. Suas mentes não são renovadas pela Palavra porque seu ensino não é ungido. Você está bloqueando a unção com o poder da sua razão natural. Você usa um discurso talentoso e palavras atraentes de sabedoria, mas elas provêm da sabedoria humana. Elas fazem a cruz de Cristo inválida na sua vida e na vida dos ouvintes. Você não confia o seu ensino a Deus, mas na sua habilidade natural de extrair os princípios bíblicos da Palavra e transmiti-los aos outros. Você é muito bom nisso e as pessoas reconhecem isso, e n tre ta n to , as vid a s d e ssa s p e sso a s não são transformadas.Essa sabedoria é humana e não é ungida.” Jean compartilhou certas situações em que eu havia ferido outras pessoas por meio do sarcasmo, da crítica, de observações e do humor irônico. “Craig, você, freqüentem ente, tenta se exaltar ao ressaltar os erros ou a falta de conhecimento dos outros. Freqüentemente, suas piadas e seu humor são feitos às custas das outras pessoas. Algumas vezes você é sarcástico e irônico. Essas coisas não estão edificando as pessoas ao seu redor, pelo contrário, você as está ferindo.” Jean continuou com partilhando que todas aquelas qualidades não procediam do meu espírito nascido de novo,
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mas emanavam do pecado em minha carne, o qual, por meio do engano, havia escravizado minha mente, minha vontade e minhas emoções. Além disso, sem que eu percebesse, aquilo me havia prendido à lei do pecado e da morte. Ao retornar ao silêncio do meu pequeno quarto naquela noite, eu estava emocionalmente devastado. Jean, uma mulher de Deus, simpática e amável, não havia falado aquelas palavras em ju lg a m e n to ou co nd enaçã o, mas com am or e com encorajamento. Porém, uma parte de mim fora profundamente ferida, e eu não queria aceitar tais palavras. Eu sabia que alguns aspectos do que ela havia compartilhado eram verdadeiros. Entretanto, eu achava que nem tudo era verdade em outros aspectos da minha vida, e isso fez com que eu ficasse irado com ela. Depois, enquanto minhas emoções se acalmavam, comecei a orar e pedi ao meu Pai Celeste que me revelasse a verdade. Na medida em que eu esperava no Senhor, aquela convicção interior continuava sussurrando como uma vozinha me dizendo que tudo o que Jean havia dito era verdade, mesmo as partes que eu não conseguia ver e pensava estar certo. O Espírito Santo me disse que aquilo era verdade. E eu perguntei: “Tudo, Senhor?” E ele respondeu: “Tudo isso é verdade.” Quanto mais eu permitia que o Espírito Santo revelasse a verdade sobre mim, maiores eram a convicção e o remorso. Fui levado ao arrependimento. O Senhor me disse que, ao permitir que Ele expusesse o controle da minha própria carne, a verdade me libertaria. Antes disso, eu nem sabia que eu continuava em escravidão. O Senhor me relembrou de que essa era a mesma situação dos judeus, que acreditavam em Jesus, mas não estavam conscientizados de sua própria escravidão ao pecado em sua carne. “Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos
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escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres? Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. ” (João 8:31 -36) Perguntei ao Senhor: “Como posso me libertar de andar no meu próprio orgulho e justiça própria? Quero viver uma vida santa e justa para o Senhor. Eu pensei que estivesse andando em santidade, mas agora vejo que eu estava bem distante disso.” Quando o Senhor me revelou: “Craig, você tenta ser santo. Você anda em sua própria força e poder. Dessa maneira você nunca será santo e justo. Mas ande na Minha santidade. Viva na Minha justiça. O Meu Espírito enche o seu espírito humano, você já é santo no seu espírito, pois Eu (dentro de você) sou santo.” Então, o Senhor trouxe à minha mente um versículo bem conhecido de uma nova maneira. “pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo. ” (1 Pedro 1:15-16) Então, o Senhor me mostrou: “Você é santo, você já é santo em seu espírito humano, porque a Minha plenitude enche o seu espírito. O seu espírito, por ser nascido de novo e ser recriado, está cheio da Minha natureza, que é santidade e justiça. Porque Eu habito no seu espírito e sou santo,você também já é santo no seu espírito. Pare de andar na carne e de tentar ser santo. Ande no espírito e você será santo, pois Eu sou santo no seu espírito.” Quando Deus me revelou isso, senti que havia grande esperança! Eu continuo recebendo entendimento sobre quem Deus planejou que eu fosse espiritualmente, mas o primeiro brilho desse sentimento me deu um novo entendimento de como andar no espírito em liberdade.
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Naquela noite, eu me arrependi de ter andado na carne e de ter confiado em mim mesmo, e não em Deus, e me arrependi de todos os detalhes específicos que o Senhor me revelara por in term édio de Jean. Pedi a Deus que me perdoasse, me purificasse e renovasse a minha mente. Senti-me verdadeiramente livre. Porém, desde então, Deus continua a me dar uma revelação cada vez mais pro funda de como a carne, por meio do engano, toma o controle da alma (mente, desejo e emoções), frustrando os propósitos de Deus para o Seu povo sem que ele saiba. T alvez m u ito s de nós n e g u e m o s isso ou nos encontremos inconscientes disso, mas a verdade é que cada cristão nascido de novo no Senhor Jesus Cristo é enganado em certas áreas de sua vida e caminha na carne achando que está caminhando no espírito. O apóstolo Paulo nos diz na carta aos gálatas que há uma batalha ocorrendo na vida de todo cristão nascido de novo. O inim igo não tem poder ou autoridade, por isso, a sua única arma eficaz é o engano. É apenas por meio do engano que os cristãos renunciam o controle e a autoridade legal do seu espírito nascido de novo à carne. Nenhum cristão consegue andar no espírito e na carne ao mesmo tempo. Um luta contra o outro e o prêmio é o controle da mente, da vontade e das emoções. “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. ” (Gálatas 5:16-17) Ao nascermos de novo, é iniciada uma batalha dentro de nós entre o nosso espírito e a nossa carne. Nos versículos acima, muitas bíblias contêm a primeira letra da palavra espírito em letra maiúscula, dando a conotação de Espírito Santo. Porém, no original grego, é im possível determ inar se ela começa com letra maiúscula ou não. Creio que essa palavra não devia iniciar com letra maiúscula, porque Paulo fala aqui sobre uma batalha entre a carne humana e o espírito humano.
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Depois que nascemos de novo, o Espírito Santo habita em nosso espírito humano e opera nele. Mas, aqui, Paulo disse que podemos obedecer ao nosso espírito ou à nossa carne. O versículo 17 afirma que ambos discordam um do outro e que a nossa carne é o que nos impede de fazer o que o nosso espírito realmente gostaria de fazer: nos motivar para sermos santos. Na realidade, Paulo diz no versícu lo 16 que, se andarmos (se formos “controlados, dirigidos e guiados”) no espírito, é impossível satisfazermos o desejo da carne. Em outras palavras, não podemos ser dirigidos pelo espírito e pela carne ao mesmo tempo. É um ou o outro que nos motiva a qualquer hora, em qualquer área da nossa vida. Entretanto, se desejarmos andar em santidade, tudo o que temos que fazer é aprender a andar no espírito, e não na carne. Porque, ao fazermos isso, nós não satisfaremos o desejo da carne. Assim, a nossa carne, por meio do engano, é a única coisa que pode nos impedir de andar em santidade e de fazer a vontade de Deus. Num domingo de manhã, acordei mais cedo para orar e ler a Bíblia para preparar o estudo da Escola Dominical. Eu iria ensinar. Enquanto orava, coloquei como objetivo andar no espírito naquele dia. Confessei isso com meus lábios. Cri nisso e fui para a igreja com minha esposa e meu filho, cheio de fé, e com minha bateria carregada com a Palavra de Deus. Jan tinha que passar no berçário depois da classe e disse: “ Encontro você depois da classe, lá embaixo, na frente do berçário, para assistirmos ao culto.” Ministrei aula e, quando acabei, me sentia cheio de vida. Desci as escadas e procurei por Jan, mas não a encontrei. Subitamente, me senti um pouco irritado. Decidi guardar meu violão no carro e voltei ao lugar novamente. Ela ainda não estava no lugar combinado. Pensei: “Onde está ela? Está ficando tarde e não encontraremos um bom lugar na igreja. Por que ela não chegou ainda?” F inalm ente, encontrei Jan no corre dor da igreja procurando por mim. Ela havia esperado por mim naquele lugar por algum tempo, mas nos desencontramos. Àquela altura
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minhas emoções haviam capturado minha mente, e eu estava realmente irado. Eu queria gritar com ela e criticá-la por termos que nos sentar em um lugar onde a visão não era muito boa. Subitamente, percebi que não estava andando no espírito e que minha carne estava dominando a minha mente e fazendo com que eu pensasse, falasse e agisse em morte, em vez de vida. Então, o Espírito Santo falou comigo: “Você não está na fé. Você está sendo dominado pela sua carne e você está pecando. Você precisa se arrepender.” Pensei: “Como isso aconteceu tão rápido?” O Espírito Santo também disse: “Você está acreditando numa mentira. Você pensa que tudo isso é culpa da Jan.Você acha que, se ela estivesse onde deveria estar, na hora certa, você não teria andado na carne.” Eu tive que admitir: “É verdade, Pai, isso é verdade. É isso mesmo que eu acho.” E Deus me disse: “ Isso é uma mentira. A verdade é que você próprio se distanciou do espírito (Tiago 1:14-15) e permitiu que sua carne começasse a dominar sua vida. Não culpe sua esposa. Arrependa-se.” Ao reconhecer a verdade, me arrepender e receber o perdão de Deus, toda a ira e a morte em minha alma desapareceram, e eu estava novamente livre para andar no espírito. É a nossa carne que se levanta, prende nossa mente, nossa vontade e nossas emoções e faz com que façamos coisas que antes havíamos determinado não fazer no espírito. Basicamente, Paulo disse: “ Por causa da minha carne, eu faço coisas que não quero fazer, e o que quero fazer eu não faço” (Romanos 7:19). A Bíblia nos diz que o homem é um ser de três partes, fe ito à im agem e à sem e lh a n ça de Deus. Os hom ens projetaram em suas mentes carnais modelos muito diferentes daquilo que são. Alguns dizem que o homem é id, ego e super ego. Alguns dizem que o homem é uma combinação particu lar da matéria com uma forma de energia cósmica dentro de si. Outros consideram o homem um mero animal altamente
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evoluído. Mas Deus diz que o homem é criado à Sua imagem, é um espírito, possui uma alma e possui um corpo. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo." (1 Tessalonicenses 5:23) Somos seres de três partes: espírito, alma e corpo. Muitas vezes nos consideramos mais corpos com mentes e emoções. Muitos se identificam mais com, primeiro, seus corpos, segundo, suas emoções do que com qualquer outra p a rte do nosso ser. G e ra lm e n te nos id e n tific a m o s e acreditamos que somos aquilo que nosso corpo é e achamos que somos o que somos pelas nossas emoções e nossa mente. Nossa primeira identidade é o nosso corpo. Pensamos: “Sou negro.” “Sou branco.” “Sou latino.” “Sou chinês.” “Sou bonito.” “Sou feio.” “Tenho apenas uma perna.” “Sou gordo.” Em segundo lugar, nós nos identificamos com nossas mentes e emoções. Somos espírito. Temos uma mente, e vivem os num corpo. Deus deseja que com ecem os a nos considerar no espírito, e não apenas no corpo. Nosso espírito é aquela parte que é eterna e penetra todo o nosso ser. Gênesis 2:7 registra como Deus soprou o espírito em Adão, que estava cheio da vida eterna do próprio Deus. Aquele era o sopro de Deus. Quando Adão pecou e se rebelou contra Deus, seu espírito se tornou corrupto e contraiu a natureza do pecado, perdendo a sua natureza original e a vida eterna de Deus. Nosso espírito é a parte que nos permite conhecer Deus. Podemos apenas nos relacionar com Deus por meio do nosso espírito. Jesus disse que Deus é espírito e que aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e verdade (João 4:24). Você não pode conhecer a Deus em sua mente, em suas emoções ou em seu corpo, apenas em seu espírito. É o espírito do homem que o difere dos animais. Não creio que os animais tenham espírito. A nossa natureza moral e a nossa consciência residem no espírito. O espírito nos diz
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o que é certo e errado perante Deus, enquanto os animais não têm essa informação. Assim como nosso espírito, nossa alma também é uma parte eterna do nosso ser. Tanto a nossa alma como o nosso e s p írito v iv e rã o e te rn a m e n te . N o ssa a lm a c o n s is te basicamente em mente, vontade e emoções. Assim como o espírito, a alma foi soprada no homem por Deus em Gênesis 2:7. A Bíblia faz uma referência coletiva à alma e ao espírito com o “ c o ra ç ã o ” . N o ssa s a lm a s têm um a h a b ilid a d e surpreendente para monitorar e receber informação tanto do mundo natural como do mundo espiritual. Antes de nascermos de novo, nossas almas foram acostumadas basicamente a receber informações apenas do mundo natural através dos nossos cinco sentidos. Foi a isso que Jesus se referiu em Marcos 8:18 quando Ele perguntou aos discípulos: ‘Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis?” Ele estava dizendo: “Vocês recebem apenas informações dos seus olhos e ouvidos naturais? Vocês não recebem nada no espírito?” A nossa alma pode receber informação dos cinco sentidos físicos e do nosso espírito. Ela pode receber informação espiritual e humana. O nosso corpo é a moradia física do espírito e da alma. O corpo não é eterno, mas temporal, e se decomporá com a m orte. Q uando a B íblia se refere à nossa “ ca rn e ” , ela geralmente fala da natureza do pecado remanescente (o “velho homem” ) que continua residindo em nosso corpo. A nossa carne é corrupta e busca continuamente apenas a sua própria gratificação. Antes de nascermos de novo, todas as três partes, espírito, alma e corpo, estavam em concordância, estavam alinhadas com á natureza do pecado, o que corrompeu todo o nosso ser. As únicas motivações que conhecíamos antes de nascermos de novo eram o egoísmo e a autogratificação. Nosso espírito e nossa carne foram alinhados com a nossa alma visando o alvo do egoísmo. Era impossível agirmos apenas pelo puro motivo do amor incondicional, pois todo o nosso ser estava corrompido pelo pecado. É por isso que Deus
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falou, por intermédio de Isaías, que todas as nossas justiças são como trapos de imundícia perante Deus (Isaías 64:6). An tes de nascermos de novo, não importava quão boas e justas eram as nossas ações ou quão puras as nossas motivações aparentavam ser, a Palavra diz que as nossas motivações procedem da corrupção e eram, de fato, imundas perante Deus. Assim, era impossível agradar a Deus com a nossa própria justiça. Quando nascemos de novo, um milagre maravilhoso acontece dentro de nós. A Palavra diz que passamos da morte para a vida, das trevas para a luz. João nos diz que não nascemos de novo “do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" (João 1:13). Paulo nos diz em 2 Coríntios 5:17: “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” \/ocê pode perguntar: ’’Qual parte de mim é uma nova criatura? Quais são as coisas antigas que passaram? Quais são as coisas novas?” Romanos 6:6-7 nos diz que, ao nascemos de novo, o corpo do pecado é destruído para que fôssem os libertos do pecado. Qual corpo do pecado foi destruído? Sabemos, pelas nossas experiências, que, depois do novo n a s c im e n to , c o n tin u a m o s com o m esm o c o rp o corruptível. O nosso corpo não nasceu de novo. Também sabemos que continuamos com a mesma mente e as mesmas em oçõe s que tín h a m o s antes. Todas as pesso as que nasceram de novo perceberam que aqueles pensamentos pecaminosos não desapareceram totalmente da mente depois do novo nascimento. Isso tem feito com que muitos novos convertidos se preocupem, fiquem com medo e até duvidem da sua salvação. Porém, nem o corpo nem a alma se tornam novas criaturas quando nascemos de novo. É o espírito. Romanos 6:6 fala da natureza do pecado residente em nosso espírito que foi destruída no novo nascim ento. O nosso homem espiritual é a nova criatura. Temos o mesmo cérebro e corpo que tínhamos antes. Romanos 12:2 nos diz que o Espírito
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Santo renovará as nossas mentes para a verdade daquilo que Deus fez em nosso espírito, mas a mente não nasce de novo imediatamente. Assim, a “coisa antiga” que foi destruída é a natureza do pecado em nosso espírito. A coisa nova em nosso espírito é a natureza de Jesus Cristo. A boa notícia é que, no seu espírito, VOCÊ É, AGORA, tudo o que Jesus era e é. O problema é que, a menos que você permita que a Palavra de Deus separe a mente e o espírito, somos freqüentem ente enganados pelos nossos pensam entos e com portamento. Hebreus 4:12 afirma: “ Porque a Palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” Sabem os que o nosso e sp írito é salvo no novo nascimento, mas a nossa alma ainda está no processo de renovação. Muitos cristãos não compreendem isso e crêem que a alma e o espírito são salvos juntos no novo nascimento, ou nem ao menos compreendem a diferença entre alma e espírito. Quando, após o novo nascimento, elas se deparam com o pecado, ficam muito confusas e são forçadas a duvidar da sua salvação ou negar o pecado. Na realidade, uma pessoa que ganha pessoas para Cristo não é uma “ganhadora de almas”, mas uma ganhadora de espíritos. No novo nascimento, a alma apenas inicia o processo de salvação (Tiago 1:21). Louvado seja Deus! A Palavra separa com exatidão a alma do espírito! ‘Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.” (1 João 3:6, 9) Esses versículos seriam motivo de grande condenação se não soubéssemos que eles falam sobre o nosso espírito. Eles nos dizem que o nosso espírito recriado e nascido de
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novo contém a mesma natureza de Deus na forma de semente e, assim, não pode pecar. Tudo que provém do nosso espírito humano renovado é puro, santo, justo e tem a natureza de Deus. É por isso que, por meio da Sua Palavra, Deus ordenou: “Sejam santos, porque Eu sou santo.” Só podemos ser santos porque Ele é Santo em nós. A “santidade” gerada de um espírito não renovado e corrupto é como trapos de imundícia perante Deus. Mas, quando o nosso espírito nasce de novo, ele já se torna santo como Ele é santo. Tudo o que procede do nosso espírito humano nascido de novo é santo, pois o nosso espírito não pode pecar. A ssim , P aulo e scre ve u : “sa b e n d o is to : que fo i crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. ” (Rom anos 6:6-7). Isso quer dizer que agora tem os uma escolha: sermos escravos do pecado ou sermos libertos do pecado. Antes de nascermos de novo, não tínhamos escolha. Tínhamos que pecar. O nosso espírito, mente e corpo estavam corrompidos pelo pecado. Mas, depois que o nosso espírito nasce de novo, temos a escolha de permitir que nossa mente, vontade e emoções sejam dominadas e controladas tanto pelo espírito, do qual procedem a santidade e a natureza de Deus, como pela carne, da qual procedem a natureza do pecado e a natureza de Satanás. Você percebe o que isso significa? Isso significa que você pode ter vitória total em sua vida ao, simplesmente, ren der a sua mente, a sua vontade e as suas emoções ao seu espírito. Se você é um alcoólatra, o alcoolismo está apenas na sua mente e no seu corpo. Não está no seu espírito, mas provém da sua carne e prende a sua alma. Tudo o que você precisa fazer é render esse problema ao seu espírito e você será liberto dessas manifestações pecaminosas da sua carne. “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” (Gálatas 5:16)
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Capítulo 1 - Enganado? Eu?
Então, vemos que, depois que nascemos de novo, o nosso espírito sempre deseja fazer a vontade de Deus, e a nossa carne sempre deseja gratificar a si mesma ao fazer a vontade de Satanás. Os dois lutam entre si pelo controle da alma. Nosso espírito pode reinar em certas áreas da nossa vida, enquanto a nossa carne reina em outras. Paulo nos diz que podemos escolher, por meio de nossa vontade, que é parte da nossa alma, seguir as inclinações da nossa carne ou a direção do nosso espírito. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade, mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça.” (Romanos 6:12-14) Vemos que o pecado não precisa reinar em sua vida, a menos que você permita. O versículo 14 diz que não estamos debaixo da lei, mas da graça, o que significa que há um relacionamento de causa e efeito entre a graça e o domínio do pecado. O oposto também é verdade: quando estou debaixo da lei, o pecado tem domínio sobre mim. Assim, a lei é uma arma básica usada pela nossa carne para ganhar predominância em nossa alma. Romanos 4:14 diz que andar debaixo da lei anula a nossa fé e nos impede de recebermos as promessas que Deus tem para nós. Quando andamos debaixo da lei, nós nos separam os de Cristo e fazemos com que o sangue de Jesus seja ineficaz em nossas vidas. “De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes.” (Gálatas 5:4) Além disso, 1 Coríntios 15:56 nos diz que o poder do pecado está na lei. A letra da lei nunca gera nada além da
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morte, mas o Espírito gera vida. “o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do espirito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica.” (2 Coríntios 3:6) Por que o poder do pecado está na lei? Como a lei atua para gerar a morte? Paulo diz que a lei, em si, é boa e santa. Entretanto, o pecado que opera na lei "me enganou e me matou” (Romanos 7:11). Então, como o pecado me engana? Ele me engana ao permitir que a minha carne prenda a minha alma e me controle. A verdade é que Satanás não possui um poder real sobre a minha vida, pois ele opera somente por meio do engano. Ele não pode tocar o meu espírito regenerado. O único método que Satanás usa para ganhar predominância na minha mente e nas minhas emoções é enganando-me e fazendo com que eu permita que a carne domine a minha alma. Então, como a lei é usada como instrumento de engano para trazer morte à minha alma? De acordo com Romanos 7:22-23, existem três tipos diferentes de leis atuando em mim! “Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.” Primeiro, temos a lei de Deus, com a qual o nosso homem interior (espiritual) se regozija. Segundo, temos a lei do pecado em nossos membros (carne). Terceiro, temos a lei da mente, que luta contra a lei em nossos membros. A lei de Deus é a natureza divina de Jesus Cristo que habita em nosso espírito. Essa é a vontade de Deus, com a qual nosso espírito já está em acordo. A lei em nossos membros é a natureza corrupta do pecado que ainda reside em nossa carne. Essas duas leis lutam constantemente uma contra a outra pelo domínio da nossa mente. Mas qual é a lei da mente? No versículo 23, Paulo diz que a minha carne luta con-
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tra a minha mente e me faz prisioneiro do pecado. Se nossa carne e nossa mente guerreiam entre si, então, podemos usar a lei da mente como arma contra a nossa carne. Contudo, Paulo denomina a mente uma arma ineficaz, pois a carne é capaz de vencer e nos aprisionar ao pecado. C reio que a lei da m ente é q u a lq u e r padrão de pensamento ou comportamento que devemos seguir. Então, implementamos tais padrões em nossa mente como uma lei para lutar contra o pecado. Este padrão pode vir das nossas famílias, am igos, igrejas ou até da Palavra de Deus! Os padrões podem ser certos ou errados. Mas, m esm o os padrões divinos, quando usados como uma lei da mente, fazem com que nossa carne vença, e, então, somos aprisionados pelo pecado. Por quê? Porque, ao tentarmos vencer o pecado, o pecado em nossa carne é mais poderoso do que a lei usada em nossa mente. Por exemplo, compartilhei como minha amiga Jean me a d ve rtiu , a m o ro sa e h o n e s ta m e n te , q u a n to a m inha s observações críticas, sarcásticas e irônicas. Quando o Espírito Santo me convenceu de que isso era verdade, eu disse: “Obrigado, Senhor, por me revelar a verdade sobre a minha pessoa” e eu decidi parar de fazer observações sarcásticas. Durante os dias seguintes, eu me esforcei muito para vigiar meus lábios e minhas palavras. Porém, alguns comentários maldosos escaparam mesmo assim. Percebi que teria que me esforçar mais. Nos próximos dias, eu decidi pesar cada palavra antes de pronunciá-la. Mesmo assim, eu soltava meus comentários sarcásticos e maldosos antes que eu pudesse detê-los. Comecei a ficar desanimado e a me sentir condenado. Comecei a pensar que, talvez, eu não devesse mais falar com ninguém. Senti-me envergonhado perante Deus, pois Ele me havia convencido do pecado desses comentários, mas eu não conseguia refreá-los até que eu os soltasse. Comecei a implorar ao Senhor que tirasse de mim aqueles pensamentos e palavras. Eu não os queria. Pensei: “ Vou ter que me esforçar mais, ter m ais cuidado e falar menos.” Parecia que, quanto mais eu me vigiava,
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mais envergonhado eu ficava perante o Senhor, pois eu não conseguia parar. Comecei a clamar ao Senhor em desespero: “Por favor, me liberte desse pecado!” Mas parecia que Ele não estava me ajudando. Eu fiquei um pouco irritado com Deus e pensei: “Deus, por que o Senhor não me ajuda? Por que continuo pecando e não consigo parar?” Finalmente, o Espírito Santo falou comigo: “Eu já o libertei disso, mas você não está andando na Minha liberdade. O sangue de Jesus foi derramado para libertá-lo, mas você continua permitindo que o pecado o domine.” Eu disse: “Mas, Senhor, estou dando o máximo e não consigo parar.” Imediatamente, Ele disse: “ É exatamente por isso que você não obtém vitória. Você está tentando parar ao usar a minha Palavra como uma lei em sua mente para vigiar seus lábios. Você já foi liberto disso no seu espírito, mas você não está andando no espírito.” Com apenas algumas palavras, o Senhor me revelou que eu tinha tomado o padrão de comportamento que era verdadeiramente Dele em uma lei em minha mente. Então, eu tentei cumprir a lei em obediência a Deus. Entretanto, fiz aquilo no poder da minha própria força e poder. Eu não me apoiei na força de Deus, por isso, fui derrotado pela operação do pecado na minha carne. Quanto mais eu me concentrava no padrão de minha m ente, m ais c o n s c ie n te eu fic a v a da m inha p ró p ria incapacidade de alcançá-lo e da minha condição de pecador. Na essência, quanto mais eu tentava lutar contra o pecado, m ais d e rro ta d o , d e s a n im a d o e c o n v e n c id o da m inha incapacidade de vencer eu ficava. É exatamente assim que o pecado, através da lei da mente, engana as pessoas. Durante aquela batalha, a verdade permanecia a mesma: Jesus em mim era mais poderoso do que a minha carne. Mas eu acreditara que, inconscientemente, o meu pecado era “muito mais forte que Deus” e eu me perguntava como poderia agradá-Lo. Eu achava que não estava obedecendo a Deus porque eu não conseguia obedecer a Ele.
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Todos esses pensamentos que lutavam contra a lei em minha mente eram enganos causados pelo pecado em minha carne. Eu declarara guerra contra o pecado, mas, sem resultados, o pecado reinava e colhia uma colheita de confusão em minha mente e em minhas emoções. Se tais pensamentos eram um engano, qual era a verdade? A verdade era que Deus ainda me amava incondicionalmente. A menos que eu me apoiasse no Seu amor incondicional, eu perderia minhas batalhas e questionaria a razão de Deus não me ajudar. Uma lei na mente, reforçada pela força humana e pela força de vontade, nunca vence o pecado carnal. Nossa esperança está apenas na lei do espírito. Rom anos 7:23 diz que nunca vencemos as batalhas contra o pecado através de leis em nossa mente. Pelo contrário, nós nos iramos e ficamos contra Deus. Por isso, Paulo afirmou audaciosamente que o poder do pecado está na lei (1 Coríntios 15:56). Deus não fica irado nem nos julga. Ele nos ama e está esperando que voltemos, confiemos Nele e comecemos a caminhar no espírito. Ao perceber essas verdades, eu me arrependi por ter me identificado com a minha carne e ter tentado lutar contra o pecado usando a lei em minha mente. Pedi perdão ao Senhor e comecei a confessar a verdade de quem eu era no espírito. Comecei a acreditar que eu, verdadeiramente, tinha a natureza de Jesus Cristo pela rendição da minha mente e dos meus lábios ao espírito. Eu não precisava ter que ficar vigiando cada palavra. Eu não tinha que lutar tanto. Minha mente começou a ser renovada e a voltar-se para a verdade de quem eu era no espírito, e eu comecei a ser moldado à natureza de Jesus Cristo, que já habitava em mim. Com a minha renovação, as minhas palavras refletiam naturalmente o que estava em meu interior. “Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. ” (Tiago 1:21) A Palavra implantada de Deus renova a nossa mente.
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Nossas almas (mente, vontade e emoções) estão no processo de serem salvas ao serem renovadas à verdade de Deus. Usar a Palavra como uma lei em nossa mente para lutar contra o pecado em nossa carne não nos liberta, mas nos engana, fazendo com que pensemos que o nosso pecado tem uma raiz profunda e poderosa. M uitos pastores e conselheiros cristãos, sem entender isso, freqüentem ente tentam ajudar as pessoas a vencer seus “problemas” ao lhes mostrar como estão desobedecendo à Palavra de Deus e ao prescrever princípios bíblicos. Essas pessoas tomam esses princípios bíblicos, os quais compreendem intelectualmente, e tentam aplicá-los como uma lei em suas vidas. Elas ficam desanimadas dizendo: “Já tentei tudo. Nada funciona, nem mesmo Deus ou a Bíblia. Não há esperança de libertação para mim.” Tal aconselhamento apenas tenta modificar a carne com os princípios bíblicos. Deus não deseja que modifiquemos a nossa carne ou a carne da outra pessoa. Ele deseja que a nossa carne morra e que andemos no espírito. "Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. ” (Romanos 8:13) Não seja enganado ao pensar que a sua carne não é tão má. Você não pode permitir que a sua carne domine a sua vida por um minuto. Gálatas 5:9 nos diz: “Um pouco de fermento leveda toda a massa.” Sua carne tentará prender e dominar qualquer área da sua mente que você permitir. A sua carne tem a natureza de Satanás. É a mesma natureza que matou seis milhões de judeus na Alemanha de Hitler e que estupra, mata, mutila, tortura e destrói. Satanás deseja enganá-lo e fazer com que você acredite que a sua carne não é tão ruim assim. Querido amigo, o pecado, qualquer pecado, é abominável. Deus odeia o pecado. Ele odiava isso em Hitler, Ele odeia isso em você e em mim. Se percebermos a verdadeira natureza do pecado em nossa carne e o objetivo do diabo para destruir as nossas vidas,
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começaremos a odiar o pecado também. Deus deseja que odiem os o pecado para que sejam os diligentes em nos arrependermos e andarmos no espírito. Ao odiar o pecado, lembre-se de que você não é o pecado. Você é santo no espírito. Então, não se odeie nem se identifique com o pecado. Odeie o pecado para que você não seja capturado por ele, mas ame a si mesmo de acordo com a verdade do plano que Deus já tem, no seu espírito, para a sua vida. Se alguém o ferir profundamente, talvez ele o acuse falsamente ou difame seu caráter. A ira e o ódio poderão se levantar contra essa pessoa. O Espírito Santo imediatamente lhe trará convicção de que esse ódio é errado e de que você pode se arrepender e tentar amar essa pessoa. Você pode pedir a Deus que retire esse ódio e o substitua pelo amor. Você pode falar em amor. Você pode planejar ter atitudes de amor para com esse indivíduo e praticar isso. Mas nenhuma dessas coisas removerá o ódio do seu coração. Por quê? Porque você continua se identificando com quem as suas emoções e o seu intelecto dizem que você é: uma pessoa cheia de ferida e ódio. Isso não é verdade! A verdade é que você é um ser espiritual recriado com a natureza de Jesus Cristo e Jesus não está cheio de ódio. Clamar a Deus e pedir a Ele que remova o ódio e o s u b s titu a pelo a m o r não é c o n fia r em D eus. Isso é incredulidade. Em vez de crer em Deus e render a sua alma ao seu espírito, você acredita no que o seu intelecto e as suas emoções dizem sobre você mesmo. Será que você, de alguma m aneira m ágica, m udará algo se clam ar a Deus? Se a resposta for não, o que acontece, na maioria das vezes, é que você acabará sentindo que Deus é infiel por não ajudá-lo a se livrar do ódio. Certa vez, uma jovem me disse: “Não acredito mais em Deus. Se Ele realmente fosse Deus, Ele não me deixaria ser vencida pelo pecado. ”Ela havia suplicado e implorado a Deus que a ajudasse, mas Ele não a libertara. Então, ela concluiu que ou ela estava tão fraca e em pecado ao ponto de Deus não ajudá-la ou Deus não existia.
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Para responder àquela dúvida, o Senhor me levou a perguntar se ela havia visto o filme O Mágico de Oz. Eu não acredito nos conceitos passados por esse filme, mas podemos extrair uma analogia muito útil dele. Ela havia visto, então, eu a relembrei de como a saudosa Dorothy havia calçado sapatilhas de rubi que poderiam levá-la rapidamente de volta para casa. Mas isso só poderia acontecer se ela aprendesse a usar o poder das sapatilhas. Da mesma maneira, a Palavra de Deus diz: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Oséias 4:6). Muitas pessoas no Corpo de Cristo estão sendo destruídas e estão morrendo por não saberem quem são em Cristo ou como se apropriarem do poder do sangue de Jesus, que já purificou e limpou seus espíritos. Precisamos saber que usar a Palavra de Deus como uma lei em nossas mentes não nos libertará do ódio, da lascívia sexual, do alcoolismo, da glutonaria, do roubo, da violência fa miliar, do conflito, da ira, do orgulho, do egoísmo ou de qualquer outra área de pecado. Já fomos libertos de todas essas coisas. Simplesmente, precisamos que essa liberdade se manifeste em nossas almas. Outra revelação em Romanos 7 é que, quando um crente peca, o espírito recriado não é corrompido pelo pecado. Apenas a m ente, a vontade, as em oções e o corpo se corrompem. “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. ” (Romanos 7:14-21)
Capítulo 1 - Enganado? Eu?
Quando Paulo diz: “já não sou eu que o faz”, quem é o “eu” a quem ele se refere? É Paulo, o homem espiritual. É o seu espírito. Por isso, o pecado não emana do espírito, mas da sua carne. Ele reconhece a verdade de quem ele realmente é como um homem nascido de novo. Ele não é carne. Ele não é alma. Ele é espírito. Essa é a sua natureza verdadeira. Qualquer outra natureza é algo estranho que capturou sua alma ilegal e ilegitimamente e que não é ele. A verdade sobre quem somos está em nosso espírito, não em nossa carne, mesmo quando a nossa alma está totalmente dominada pela nossa carne. O primeiro passo rumo à liberdade está no reconhecimento dessa verdade. Além disso, o nosso espírito não é corrompido pelo pecado, mesmo que a nossa m ente, vontade , em oções e açõe s possam ser totalmente capturadas pelo pecado. Muitos cristãos sentem que perderam a sua salvação ao pecarem. Mas Paulo diz: “Não, mesmo que a m inha alm a e o meu corpo possam ser corrompidos pelo pecado, ‘eu’, o homem espiritual, continuo puro, justo e santo, pois já não sou mais eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.” Deus deseja que você saiba, querido irmão ou irmã, que entender o pecado não o libertará. Lutar para implementar os princípios bíblicos não o libertará do pecado. Nada o libertará, com excessão do sangue de Jesus Cristo que, literalmente, renova a sua mente e faz com que seu espírito esteja no co n tro le . Se isso não fo s s e v e rd a d e , D eus não te ria d e s p e rd iç a d o o p re c io s o sa n g u e de J e s u s . Ele te ria simplesmente enviado um grupo de psiquiatras altamente treinados, mestres da Palavra ou conselheiros cristãos para nos ensinar como vencer. Isso custaria bem menos. Mas Deus sabia que a única vitória real sobre o pecado provém da milagrosa recriação do espírito humano realizada pelo sangue de Jesus Cristo e da renovação da alma para verdade de quem Ele nos criou para sermos no espírito. Romanos 10:9 nos fala o que precisamos fazer para sermos recipientes daquilo que Jesus fez por nós. Se você ainda não orou para receber Jesus no seu
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coração, você pode fazer a oração abaixo: Querido Deus, confesso que tenho pecado e desejo n a sce r nova m e nte a tra vés do Teu F ilho Jesus. Eu m e arrependo dos meus pecados e peço o Teu perdão. Eu creio no meu coração que Jesus morreu, foi ressussitado da morte e vive hoje. Recria o meu espírito agora, Senhor, pelo poder do sangue derramado de Jesus. Eu confesso que Tu és agora o meu Senhor e eu creio que sou um filho de Deus nascido de novo. Obrigado, Deus, pela minha salvação. No nome de Jesus. Amém. Aceitar a Jesus é o primeiro passo para a liberdade. Ao fazer isso, o seu espírito humano é milagrosamente recriado. Descobrir por meio da Palavra de Deus a maneira de se viver à imagem de Jesus (transform ando a sua personalidade humana para conformar ao seu espírito recriado) é o segundo passo rumo a uma vida de maior satisfação.
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Capítulo 2
Racionalizando em sua Mente x Compreendendo no seu Espírito Terry era uma jovem cristã muito atraente. Ela veio ao meu escritório achando que eu pudesse ajudá-la numa questão de negócios. Ela havia considerado bem todas as opções, mas continuava indecisa e esperava que eu pudesse lhe dar uma palavra do Senhor, ou, pelo menos, um conselho sábio e di vino. Fiquei um pouco inseguro, pois eu não tinha certeza de qual caminho ela deveria seguir. Ela esperava que eu lhe fornecesse uma resposta de Deus, e, se eu falhasse, ela acharia que eu não era muito espiritual. Então, o Espírito Santo me falou: “Arrependa-se do orgulho. Pare de se preocupar com a sua reputação e de tentar descobrir o que falar. Ouça-me no seu espírito, e eu lhe direi como aconselhar.” Eu me arrependi e comecei a permitir que o Senhor falasse ao meu espírito. Primeiro, perguntei a Terry o que o Senhor lhe havia mostrado sobre a situação. Ela disse que havia orado muito, mas Deus não lhe havia mostrado nada. Perguntei se o Senhor fa la va com ela re g u la rm e n te sobre o u tra s áreas. Ela respondeu: “Ultimamente, não.” Então, eu lhe perguntei se ela sabia por que ela não estava ouvindo a Deus. Ela não sabia. O Senhor me havia m ostrado que ela não estava c o m p re e n d e n d o m u ito em seu e s p írito , m as e sta v a raciocinando tudo, inclusive o seu relacionamento com Ele, em sua mente. Eu disse: “Vamos orar e perguntar ao Senhor
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por que você não O tem escutado.” Ao orarmos, a palavra “amargura" pulou do meu espírito para a m inha m ente. P erguntei a Terry se ela esta va amargurada com alguém e se guardava ressentimento contra essa pessoa. Ela não se lembrava de ninguém. Eu disse: “Vamos orar novamente. Dessa vez, abra o seu espírito para escutar Seu Pai Celestial. Ele lhe mostrará qualquer área de amargura.” Logo depois que começamos a orar, Terry começou a chorar. Perguntei-lhe o que havia acontecido. Ela começou a falar sobre um homem com quem noivara havia um ano e meio. Ela o amava muito e achava que ele havia cometido um erro ao romper o relacionamento, o que a feriu profundamente. Deus lhe havia mostrado que ela continuava amarga e irada com esse homem por ele tê-la magoado tanto. O ram os n a va m e n te , e Terry se a rre p e n d e u da amargura e permitiu que o sangue de Jesus começasse a purificá-la e a curá-la. Enquanto estávamos orando, o Senhor falou ao meu espírito: “ Ela se sente da mesma maneira com relação a Mim. Ela está irada e amargurada Comigo também.” Compartilhei isso com Terry e ela começou a chorar novamente enquanto o S enhor a convencia disso. Ela com eçou a compartilhar que, até então, não percebia isso, mas estava irada com Deus. Ela sentia que, se Ele realmente a amasse ou se importasse com ela, Ele já lhe teria providenciado um marido. Ela estava sozinha e desejava desesperadamente um marido. Terry havia sido rejeitada por homens várias vezes no passado. Sem perceber, bem no seu interior, ela culpava Deus por toda a rejeição e pela falta de um marido. Em sua mente, Terry havia formado, bem cedo, uma imagem de si mesma como sendo constantemente rejeitada pelos homens. Quase toda vez que ela conhecia um homem por quem se interessava, ela esperava que ele, no final, a rejeitasse. Essa profecia se cumpriu por si só. O que havia acontecido? Ela havia interpretado experiências baseadas, incorretamente, no conhecimento dos cinco sentidos, o que, conseqüentemente, construiu uma auto-imagem errada.
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Capítulo 2 - Racionalizando x Compreendendo
No seu interior, Terry visualizava Deus da mesma forma. Ela não acreditava que Deus pudesse se preocupar com ela, pois Ele não “supria suas necessidades” . Então, concluiu, tristemente, que Ele a rejeitaria também. Prova disso era o fato de Ele não lhe ter provido um marido. O resultado era que Terry queria confiar em Deus. Mas ela não conseguia, por estar muito irada com Ele e por pensar que Ele não se importava com ela e a rejeitava. Ninguém consegue confiar em uma pessoa com quem esteja irado ou que o tenha machucado. Terry estava clamando que Deus lhe desse um marido, sabedoria e direção, mas ela não estava conseguindo confiar Nele, por acreditar que Ele lhe fora infiel ao abandoná-la. É importante notarmos que todas essas conclusões falsas provinham da interpretação lógica das experiências e das palavras ditas no passado. Quando compartilhei com Terry a verdade sobre a identidade de Deus e do Seu amor por ela, ela começou a receber esse amor. Oramos novamente, e ela se arrependeu por ter acreditado nas mentiras sobre Deus, sobre homens e sobre si mesma. Ao permitir que o seu espírito dom inasse sua mente, ela foi com pletam ente liberta da am argura contra Deus. Eu lhe disse que, por ela estar ressentida contra Deus, ela não conseguia confiar Nele. O que aconteceu foi que a incredulidade a bloqueou, impedindo-a de compreender no espírito e ouvir a Deus. Eu lhe disse que, se ela buscasse Deus e tivesse o objetivo de compreender na esfera espiritual, sem racionalizar em sua mente, o Senhor falaria claramente com ela sobre as decisões nos negócios. Três dias mais tarde, Terry compartilhou que Deus lhe havia dado direção específica e que ela estava tendo um tempo maravilhoso de comunhão com seu Pai. Quando permitimos que nossas mentes usem apenas o raciocínio lógico para interpretar palavras e circunstâncias, somos guiados a conclusões tolas e bloqueamos a nossa capacidade de compreensão espiritual e a intimidade com o Senhor. Terry havia sido enganada ao interpretar palavras e experiências de acordo com sua própria mente natural.
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A nossa mente humana possui a incrível capacidade de monitorar e receber informações, simultaneamente, do mundo natural e do mundo espiritual. Nossa mente e nossas emoções recebem informação natural através dos nossos cinco sentidos (visão, audição, paladar, olfato e tato), enquanto a nossa alma recebe informação do nosso espírito. Assim, quando nascemos, temos dois tipos diferentes de percepção d is p o n ív e is . P o d e m o s tira r c o n c lu s õ e s b a se a d a s no conhecimento, compreendidas no espírito ou provenientes dos cinco sentidos. A partir da nossa infância, o mundo nos treina para nós nos basearmos no conhecimento dos nossos cinco sentidos e nas nossas mentes humanas. Depois que nascemos, nosso Pai Celeste pode falar conosco por meio de nossos espíritos. Entretanto, nossas mentes estão tão programadas para rejeitar a informação espiritual e basear nossas opiniões e atitudes apenas no raciocínio “lógico” que continuamos pensando dessa maneira quando nos tornamos cristãos. No geral, contin uam os com preendendo a nossa id e n tid a d e pessoal baseados nas im agens enraizadas p ro fu n d a m e n te em n o ssa s a lm a s, a d q u irid a s pelo conhecimento dos cinco sentidos e pelo raciocínio humano. Em outras palavras, eu sou o que a minha mente e as minhas emoções dizem que sou. Eu considero a minha pessoa dessa m aneira baseado na in te rp re ta çã o natural das m inhas experiências e das palavras que os outros me dizem. Deus quer que saibamos que os nossos cinco sentidos nem se m p re nos fo rn e c e m a in fo rm a ç ã o c o rre ta . As interpretações e as conclusões da mente fornecidas pelo conhecimento dos cinco sentidos são freqüentemente erradas. Isso é particularmente verdade quando tiramos conclusões so b re a n ossa id e n tid a d e p e sso a l e so b re o n o sso relacionamento com Deus e com outros. Por exemplo, suponhamos que uma menina de quatro anos, que ama muito seu pai, o vê construindo algo na garagem num sábado à tarde. Motivada pelo amor que tem por ele, a menina se aproxima do pai e tenta ajudá-lo ao segurar a tábua
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Capítulo 2 - Racionalizando x Compreendendo
que ele está tentando pregar. Mas o pai, imerso em seu trabalho, não compreende o desejo da filha em ajudar e lhe diz rispidamente: “Vá para dentro brincar. Você não está vendo que o papai está trabalhando?” Nesse ponto, a filha teve uma experiência proveniente da informação dos seus cinco sentidos. Ela vê o olhar na face de seu pai. Ela ouve as palavras que ele lhe dirigiu e ouve o tom da sua voz. Sua mente e suas emoções se empenham em interpretar essas experiências. Baseada na informação que seus olhos, seus ouvidos, seu corpo e suas emoções captaram, ela conclui que: 1) O papai não a ama de verdade, 2) Se ele a ama, o seu trabalho é muito mais importante do que ela, 3) Ela não é uma bênção para ele, pelo contrário, ela é um estorvo, 4) Ela não deve tentar ajudá-lo nas próximas vezes, pois ele não quer ajuda. Essa menina formou em sua alma imagens erradas. Elas não são a verdade e estão baseadas em interpretações erradas feitas pela mente humana através do conhecimento dos cinco sentidos. Contudo, elas se tornam profundamente enraizadas. É muito provável que, quando essa menina crescer, ela continue considerando a si mesma da mesma forma no seu relacionamento com seu marido e com o Senhor. Ela não compreenderá porque Ele não supre as suas necessidades ou porque ela se sente tão indigna de entrar em Sua presença. Para ela, seu marido sempre estará muito ocupado fazendo coisas importantes, enquanto ela não será importante para ele e fará apenas coisas irrelevantes. Tudo isso provém de im agens fa ls a s b a s e a d a s na ra c io n a liz a ç ã o hum an a desenvolvidas na infância. Deus não quer que usemos o raciocínio humano ou o conhecimento dos cinco sentidos para determinar a nossa identidade pessoal ou em nosso relacionamento com Ele e com outros. A Palavra de Deus diz em 1 Coríntios 2:14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.” O nosso raciocínio e as emoções humanas não nos
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levam à verdade de quem somos, de quem Deus é, de quem são os outros ou de como nos relacionamos com eles. “Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação.” (1 Coríntios 1:21) A nossa própria sabedoria humana não nos leva a conhecer a Deus. Podemos saber muitas coisas sobre Deus através da sabedoria hum ana, mas poderem os apenas conhecer a Deus através de nosso espírito nascido de novo. Jesus nos disse em João 4:23 que Deus é um espírito e que aqueles que O adoram devem adorá-Lo em espírito e em verdade. Podemos apenas nos relacionar com nosso Pai através do nosso espírito e devemos nos relacionar com Ele baseados na verdade de quem Ele é como um Espírito e de quem nós somos como espírito. Não estou dizendo que você não precise da informação dos seus cinco sentidos. Para dirigir um carro, você precisa da informação proveniente dos seus cinco sentidos. Se você estiver num cruzamento, você precisa olhar primeiro e ver se o sinal está verde. Porém, você também precisa compreender outras informações no seu espírito. Um exemplo pode ser um carro que, ao virar a esquina sem obedecer os sinais de trânsito, é imperceptível aos seus cinco sentidos. Por que o conhecim ento dos cinco sentidos é tãQ d e s tru tiv o nas á re a s de id e n tid a d e p e sso a l e de relacionamentos? Porque é basicamente através dos cinco sentidos que a nossa carne nos engana, aprisionando nosso mundo da alma. Nossas mentes estão tão programadas para tirar conclusões baseadas no conhecimento dos cinco sentidos que, geralmente, consideramos tolas as informação fornecidas pelo nosso espírito, como Paulo afirma em 1 Coríntios 2:14. O conhecimento dos cinco sentidos é resumido em uma só palavra: carne. Se a sua mente é dominada pela carne, a Palavra diz que você está odiando Deus. “Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito,
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para a vida e paz. Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.” (Romanos 8:6-8) A palavra grega tra d u zid a com o “ in im iza d e ” , no versículo sete, significa “ódio arraigado”. Em outras palavras, a mente estruturada na carne age contra Deus por meio de um ódio arraigado. Quando a sua mente é dominada pela carne, consciente ou inconscientemente, Deus diz que você está odiando-O. Por esta razão, a nossa justiça própria perante Deus é como trapos de imundícia (Isaías 64:6). Entretanto, queremos amar a Deus e determinamos amá-Lo em nosso espírito. Vamos olhar um exemplo da Bíblia. O evangelho de Marcos registra um evento em que Jesus ensinava uma grande multidão em uma casa. Por causa da multidão, quatro homens, que traziam um paralítico para ser curado, não puderam se aproximar de Jesus. Sem hesitarem, eles subiram até o teto e desceram o paralítico ao lado de Jesus. “Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Porque arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?” (Marcos 2:5-9) Essa passagem deixa claro a dife re n ça entre o raciocínio dos escribas em seus corações e a compreensão de Jesus no Seu espírito. Os escribas não compreenderam nada em seus espíritos. Seus espíritos estavam mortos para Deus. Eles apenas sabiam como receber o conhecimento dos cinco sentidos e avaliar de acordo com o poder do raciocínio lógico em suas mentes.
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A palavra grega traduzida como “raciocínio”, nessa passagem, é dialogizomai. Essa é a palavra no grego da qual se deriva no inglês a palavra “diálogo”. Essa palavra é composta de duas outras palavras gregas: 1) dia3, uma preposição que denota um canal de um ato. S ig n ifica “ através ou por instrum entalidade” e 2) lo g iz o m a i, um verbo que significa “avaliar, concluir, raciocinar, considerar, supor, ou calcular” . Ela provém da raiz grega da palavra em inglês “lógica” ou raciocinar e calcular na mente pela lógica. Assim, dialogizomai significa o p ro c e s s o de tira r um a c o n c lu s ã o a tra v é s ou p e la instrumentalidade de avaliar (descobrindo os prós e os contras) ou raciocinando, considerando e calculando a “verdade” na mente através da lógica. Foi assim que os escribas avaliaram a identidade de Jesus, seus ensinos e suas palavras. A avaliação deles os levou a uma conclusão falsa. Em vez de descobrirem a verdade e de serem libertos (João 8:32), eles foram levados ao engano e a uma escravidão ainda maior do pecado em sua carne. Jesus, por outro lado, não “logizom ai"os escribas. Ele não pensou: “ Eles estão me olhando de maneira estranha. O que será que eles estão pensando? Provavelmente, eles não gostam do que eu estou falando. Acho que eles não gostam de mim. Bem, não importa. Sei que estou certo e eles são um bando de hipócritas.” Não! Jesus não raciocinou em sua mente o que as pessoas estavam pensando ou fazendo, ou como elas estavam se relacionando com Ele. A Bíblia diz que Jesus “percebeu em Seu espírito que eles estavam raciocinando em seus corações” . A palavra grega trad uzid a em M arcos 2:8 com o “perceber” é epiginosko. Essa palavra também provém de duas raízes gregas: 1) epi, uma preposição que sig n ifica “ a sobreposição de” e 2) ginosko , um verbo que significa “sa ber, estar consciente de ou perceber” . Em outras palavras, o conhecimento ou a conscientização é sobreposta na mente, mas não provém da racionalização lógica. Então, onde o conhecimento ou a percepção é sobreposta? Marcos 2:8 nos diz que Jesus “epiginosko” ou percebeu no Seu espírito. Jesus
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sabia em Seu espírito o que os escribas estavam pensando porque Deus lhe mostrou. Jesus tirou conclusões corretas sobre si mesmo, sobre o paralítico e sobre os escribas e agiu de acordo com elas. Os escribas, por outro lado, tirara m conclusõe s erradas sobre si mesmos (orgulho, justiça própria), sobre Jesus (blasfem ador) e sobre o paralítico (pecam inoso, doente, adoentado, devido ao pecado e indigno de ser perdoado e curado). Ali estavam homens que desejavam servir a Deus e achavam que estavam fazendo isso. Entretanto, eles estavam sendo enganados pela sua própria carne e estavam , na realidade, odiando a Deus. Freqüentemente, nós, cristãos, fazemos as mesmas coisas que os escribas fizeram. Empregamos o raciocínio humano para interpretar o conhecimento dos cinco sentidos e tiramos conclusões erradas sobre a nossa identidade pessoal, sobre a identidade de Deus, sobre a identidade das pessoas e sobre a verdadeira natureza dos nossos relacionamentos com Deus e com outros. Acabamos odiando a Deus porque, sem que percebamos, nossas mentes são dominadas pela carne. Pensamos que estamos no espírito e que amamos a Deus, mas, por alguma razão, as coisas simplesmente não dão certo. As escrituras dão vários exemplos de pessoas que buscaram honestam ente a verdade, mas cujas m entes estavam tão programadas que não conseguiram compreender a verdade espiritual. Por exemplo, em João 3, Nicodemos buscou Jesus, mas sua mente continuava fazendo com que ele tirasse conclusões tolas. Jesus lhe disse que ele tinha que nascer de novo. Entretanto, Nicodemos não compreendeu no seu espírito e raciocinou em sua mente como uma pessoa poderia entrar novamente no ventre e nascer de novo. Jesus falou que o espírito é como o vento, mas Nicodemos não conseguia entender aquilo também. Por quê? Porque a mente humana não consegue com preender as coisas do espírito Elas precisam ser discernidas espiritualmente. Como a maioria dos cristãos, você, provavelmente,
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discerniu no seu espírito e também raciocinou em sua mente. É possível compreender no espírito por um momento e depois raciocinar na mente sobre diferentes questões. Isso aconteceu com os discípulos de Jesus em Mateus 16. “Ora, tendo os discípulos passado para o outro lado, esqueceram-se de levar pão. E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Eles, porém, discorriam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão. Percebendo-o Jesus, disse: Por que discorreis entre vós, homens de pequena fé, sobre o não terdes pão? Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos tomastes? Nem dos sete pães para os quatro mil e de quantos cestos tomastes? Como não compreendeis que não vos falei a respeito de pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus. Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.” (Mateus 16:5-12) Nessa passagem , Jesus se referiu ao ensino dos fariseus e dos saduceus. Mas seus discípulos, por agirem na carne, pensaram que Jesus deveria estar preocupado porque eles haviam se esquecido de trazer o almoço e Ele estava com fome. Eles chegaram àquela brilhante conclusão dirigidos pela carne através do raciocínio lógico. Eles tinham se esquecido de que a falta de pão não era um problema para Jesus, que, pouco tempo antes, havia multiplicado sete pães e alguns peixinhos para alimentar as multidões. A falta de pão não era problema para Jesus. Mas os discípulos não entenderam a verdade espiritual por não estarem recebendo informações do seu espírito. Eles estavam permitindo que a sua carne dominasse suas mentes e, assim, recebessem informações apenas dos seus cinco sentidos (dos seus estômagos, provavelmente). Entretanto, na próxima parte do capítulo, Pedro recebe em seu espírito algo do Espírito de Deus . “Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles
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responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhes afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está no céus.” (Mateus 16:13-17) Jesus confirmou que a revelação de Pedro sobre a Sua verdadeira identidade não viera do raciocínio carnal, mas do Pai, que está nos céus. Imediatamente, depois disso, Pedro pára de andar no espírito e começa a andar na carne. “Desde esse tempo, começou Jesus Cristo a mostrara seus discípulos que lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressucitado no terceiro dia. E Pedro, chamando-o à parte, começou a reprová-lo, dizendo: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Mas Jesus, voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim das dos homens." (Mateus 16:21 -23) Jesus disse a Pedro que a sua mente havia dominado a sua carne e que ele estava tirando conclusões baseado no interesse do homem, não no de Deus. Jesus notou que Satanás estava operando na carne de Pedro para frustrar os propósitos de Deus. Portanto, Mateus 16 mostra os discípulos andando no raciocínio natural e também de acordo com a revelação. Quando eles com preendiam no espírito, eles recebiam revelações maravilhosas de Deus. Quando raciocinavam na carne, tiravam conclusões ridículas e perdiam sua fé em Deus. Assim, você pode concluir que o pensamento do mundo nos leva a conclusões tolas relacionadas às coisas de Deus. Receber a Palavra de Deus apenas in telectualm en te e racionalizá-la fará com que você acabe tirando as mesmas conclusões tolas. Constantemente, o mundo nos ensina a misturar a ló g ic a com a P a la vra de D eus. O m undo crê que o
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conhecimento e a compreensão trazem liberdade. Além disso, o mundo enxerga as pessoas como se tivessem “problemas p e s s o a is ” , “ d e s o rd e n s e m o c io n a is ” e “ d e s e q u ilíb rio s psicológicos.” A compreensão mundana diz e crê que, se as pessoas compreenderem a raiz desses problemas e lidarem com eles ao mudarem o pensamento ou o comportamento, então, os problemas serão resolvidos. A “carne” cristã não é muito diferente, porque ela crê que, se as pessoas encontrarem os princípios bíblicos que foram quebrados, compreenderem e a p lic a re m e sse s p rin c íp io s b íb lic o s , os p ro b le m a s desaparecerão. Quando os cristãos fazem isso, eles compreendem a Palavra de Deus apenas em suas mentes humanas. Isso sempre resulta em fracasso e frustração. Resumindo, Deus quer que andemos no espírito. Quando paramos de tentar raciocinar a Palavra de Deus e permitimos que ela permeie o nosso espírito, para que a compreendamos em nosso espírito, em vez de filtrá-la por meio de nossa mente carnal, a Palavra se torna espírito e vida e explode dentro de nós. Ao ser estimulada pela Palavra, a vida eterna de Cristo emana em nossos espíritos e a Palavra enche a nossa alma, trazendo vida, paz e liberdade. Jesus disse que as Suas palavras são espírito e vida. Mas, quando Seus ouvintes as recebiam apenas em suas mentes humanas, as mesmas palavras não eram espírito e vida para eles. Da mesma forma, quando Jesus disse aos seus discípulos: “Se comerdes da minha carne e beberdes do meu sangue, terás a vida eterna” , eles não conseguiam com preender essa mensagem em suas mentes humanas. Pelo contrário, eles murmuraram e reclamaram. “Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum. Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? O espírito
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é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. ” (João 6:59-63) Se ganharmos apenas a compreensão intelectual da Palavra, ela não será espírito e vida para nós. É por isso que, freqüentemente, os seminários têm dificuldade de produzir líderes cheios de fé, espírito e vida. Se usarmos o método mundano para com preender a Palavra de Deus, terem os resultados proporcionais a esse método. Paulo expressou isso da seguinte maneira: “Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. ” (1 Coríntios 2:1 -2) Nossa mente pode até conseguir produzir teorias e sistemas brilhantes e bons ensinos da Palavra, mas se tais ensinos procederem do nosso poder natural de raciocínio, subitamente, concluímos que eles nasceram da nossa carne. Não importa quão bons ou brilhantes eles aparentem ser, esses ensinos farão com que vocês e as pessoas que os escutam confiem em si m esm as, e n q u a n to pensam que estão confiando em Deus. Esses pensamentos anulam a cruz de Cristo. Esses são exatamente os pensamentos que minha amiga Jean compartilhou comigo. O resultado? Compreendi que os meus ensinos, freqüentemente, não eram ungidos. Quando Jean ministrou essa verdade a mim, na Polônia, fiquei ofendido e magoado pelas suas palavras. Entretanto, eu sabia o suficiente para crucificar o poder do raciocínio humano na interpretação da informação. Em vez de tentar raciocinar as suas palavras na minha mente humana, decidii pedir ao meu Pai que me desse a revelação no espírito. Esse foi o início do processo de receber algumas das revelações mais profundas da Palavra de Deus e do Espírito que eu já havia recebido em toda a minha vida. Louvado seja o Senhor!
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Palavra ou Cal Durante esse período de convicção na Polônia, o Senhor me mostrou que o meu ensino não era ungido e que, se qualquer pessoa reagisse a ele, isso geralmente acontecia não por causa da convicção do pecado motivado pelo Espírito, mas a algo que vim a denominar de “manipulação da Palavra”. Deus me mostrou que eu havia usado a Palavra para manipu lar as pessoas com a intenção de transformá-las. Eu estava usando a Palavra para tentar convencer as pessoas do pecado para que elas se arrependessem. Eu também usei a Palavra para manipular os crentes a seguirem Jesus. As pessoas que reagiam àquela manipulação não eram verdadeiramente libertas. Elas permitiam que sua carne fosse manipulada pela minha carne, e não havia uma convicção real do Espírito que conduzia ao arrependimento verdadeiro. "Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca.’’ (Tiago 3:14-15) A sabedoria humana, que emana da nossa própria carne e entra em nossa mente, não vem de Deus e desafia a Verdade. Ela não é apenas não espiritual e terrena, mas demoníaca. A nossa própria sabedoria humana não é apenas neutra ou má, nossa alma, quando governada pela carne, torna-se a área em que os espíritos demoníacos adquirem poder. Deus me disse: “Se você continuar a se mover na sua própria habilidade da alma e da sabedoria humana, suas idéias brilhantes e a sua sabedoria não serão apenas ineficazes e tolas, mas terão origem demoníaca e o levarão a uma súbita e enganosa rebelião e desprezo pela Verdade. Os cristãos que utilizam suas mentes humanas para compreender a Palavra acabarão inventando meras doutrinas e idéias de origens demoníacas. Isso não acontece somente
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com os Mórmons, Testemunhas de Jeová ou com a Ciência Cristã. Isso pode acontecer numa igreja nascida de novo e cheia do Espírito, pode acontecer até mesmo em sua igreja. Você já ouviu falar em doutrinas como aquela que declara que Deus não opera mais milagres nos dias de hoje? Ou que os dons do Espírito não são para o presente? Ou: “Se você não falar em línguas, você não nasceu de novo”? Essas doutrinas são ensinadas por pessoas nascidas de novo que estão em igrejas nascidas de novo. Sua origem é demoníaca. As conclusões foram tiradas por cristãos que amavam a Deus, mas que tentaram compreender a Palavra através de suas mentes humanas. E com relação aos pequenos desvios da verdade com o intuito de atingir bons objetivos? E o ministério que embeleza, sempre tão sutilmente, uma história no jornal para que aparente ser mais poderosa e as pessoas sejam motivadas a ofertar mais? O que é isso? É m anipulação m undana. Os fins justificam os meios. D izem os: “Temos m ais din h e iro para e xpa ndir o evangelho e para salvar as pessoas.” Essa é uma sabedoria puramente humana e de origem demoníaca. Entretanto, os cristãos fazem isso todo o tempo. E o ministério que envia uma carta apelativa com as seguintes palavras escritas no envelope: “ Urgente, abra im e d ia ta m e n te ” ou “ E m e rg ê n c ia . C a rte iro , e n tre g u e imediatamente”? Dentro está escrito: “Emergência. Estamos com um déficit de $250.000,00. Precisamos ter essa quantia até (tal e tal data). Se você não contribuir, teremos que cortar alguns de nossos programas ministeriais mais importantes. Dependem os de você. Por favor, envie a m aior quantia possível.” Isso é manipulação da alma com o propósito de gerar dinheiro para o ministério. Esse ministério não está confiando no Espírito de Deus para motivar as pessoas, no espírito, a dar. É uma tentativa de motivar através da culpa ao apelar à carne. F reqüentem ente, tais cartas usam frase s com o: “Estamos contando com você” ou “Dependemos de você”. Se
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um ministério me diz que depende de mim, sei, imediatamente, que ele está com grandes problemas. E o apelo ao orgulho das pessoas para motivá-las a dar? O que você pensa sobre ofertar para exaltar os nomes dos doadores importantes ao alistá-los em placas ou outras técnicas que encorajem doadores em potencial a andar em orgulho? Isso não ajuda um doador a viver no espírito ou a dar no espírito. Essas técnicas são planejadas pela sabedoria humana, e creio que tem uma origem demoníaca. Elas são projetadas pelo pensam ento carnal de pessoas no m inistério para estimular a motivação carnal em doadores em potencial. Essa não é a sabedoria que vem de cima. É a mesma sabedoria na qual Saul caminhou em 1 Samuel 28. Na realidade, é uma rebelião contra Deus. Quando o Espírito me revelou tudo isso, meu espírito ficou profundamente abalado. Jesus me disse: “Quando você filtra a Palavra de Deus através das tradições e doutrinas humanas e da mente humana e, depois, tenta despejá-las em outros, você anula a Palavra.” A sabedoria do homem desnuda a Palavra do seu poder. Se você misturar a compreensão humana, dos cinco sentidos, da Palavra com a Palavra, você a invalida. “invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes." (Marcos 7:13) Se misturarmos a Palavra de Deus com as idéias do homem, desnudamos a Palavra de poder em nossas vidas. Não filtre a Escritura por meio de teorias e doutrinas humanas. Não use a Palavra para manipular outros a cumprirem com “o propósito de Deus” em suas vidas. Receba a Palavra de Deus no espírito e permita que a sua mente seja renovada por ela. Somente assim ela poderá transformar a sua vida e a vida de outras pessoas. Muito daquilo que cham am os de “aconselham ento
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cristão” é, na realidade, manipulação da Palavra. Ele usa a Palavra de Deus na mente natural, de acordo com o raciocínio dos cinco se n tid o s, para m o d ific a r o pe n sa m e n to e o comportamento da pessoa aconselhada. Isso é como pôr bandaid no câncer ou cobrir enormes buracos nas estruturas das paredes com cal. “Visto que andam enganando, sim, enganando o meu povo, dizendo: Paz, quando não há paz, e quando se edifica uma parede, e os profetas a caiam, dize aos que a caiam que ela ruirá. Haverá chuva de inundar: Vós, ó pedras de saraivada, caireis, e tu, vento tempestuoso, irrromperás. Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: Onde está o cal com que a caiastes? Portanto, assim diz o Senhor Deus: Tempestuoso vento farei irromper no meu furor, e chuva de inundar haverá na minha ira, e pedras de saraivada, na minha indignação, para a consumir. Derribarei a parede que caiastes, darei com ela por terra, e o seu fundamento se descobrirá; quando cair, perecereis no meio dela e sabereis que eu sou o Senhor. Assim, cumprirei o meu furor contra a parede e contra os que a caiaram e vos direi: a parede já não existe, nem aqueles que a caiaram. ” (Ezequiel 13:10-15) Deus não quer que usemos nossas teorias ou a Sua Palavra para transformarmos a nossa carne. Ele quer que recebamos a Sua Palavra em nosso espírito, permitindo que ela nos convença de quaisquer áreas de predominância car nal e nos arrependamos. Nosso Pai deseja falar ao nosso espírito. Ele deseja que paremos de nos relacionar com Ele, de O avaliar e de avaliarmos a nós mesmos baseados na interpretação lógica. Quanto mais oramos e lemos a Palavra diariamente, mais o Espírito Santo pode nos mostrar onde estamos vivendo em nossa mente humana. Então, encontramos a libertação, pois podemos nos arrepender e permitir que as nossas mentes sejam renovadas para a verdade do espírito.
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Capítulo 3
Escolha a Vida “Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:2) Duas leis espirituais importantes operam na terra hoje: (1) a lei do pecado e da morte e (2) a lei do espírito da vida em Cristo Jesus. Elas operam sempre e simultaneamente. Nós, crentes nascidos de novo, podemos operar em ambas as leis, a qualquer hora e em qualquer área das nossas vidas. Podemos operar na lei da vida em uma área e podemos operar na lei da morte em outra, mas não podemos operar em ambas as leis na mesma área de nossas vidas ao mesmo tempo. Com a nossa vontade, escolhem os a lei na qual operaremos. A lei da morte opera na nossa carne; a lei da vida, no nosso espírito. A lei que permitirmos dominar a nossa alma é aquela que governará a nossa vida. A lei do espírito da vida em Jesus nos está disponível a qualquer momento, assim como as leis da aerodinâmica estão sempre em vigor, permitindo que os aviões voem. Porém, as leis do pecado e da morte continuam operando na terra e devem ser superadas pela lei do espírito da vida em Jesus. De modo semelhante, a gravidade opera todo o tempo, e é superada pelas leis da aerodinâmica somente quando o piloto decide operar com essas leis. Se o piloto, por qualquer razão, parar de obedecer a essas leis, a gravidade deixa de ser dominada e toma o controle. Isso não acontece porque as leis da aerodinâmica não estão funcionando mais, mas porque o piloto não está mais operando com essas leis. Sem que percebamos, a gravidade começa a governar. Se o piloto tem
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algum conhecim ento sobre aerodinânica ou gravidade é irrelevante, ambas as leis operam da mesma maneira. A lei do pecado e da morte e a lei do espírito da vida em C risto Jesus são m uito sem elh antes às leis física s da gravidade e da aerodinâmica. O que as pessoas conhecem sobre essas leis é irrelevante, pois elas continuam operando da mesma forma. M uitas vezes, nós, cristãos, perm itim os que nós mesmos operemos na lei do pecado e da morte simplesmente pela falta de conhecimento ou por ignorância. Oséias 4:6 diz : “ O meu povo está sendo d e stru íd o porque lhe fa lta o conhecimento.” Quando os cristãos permitem que sua carne domine suas almas, experimentando assim as conseqüências da lei do pecado e da morte, eles, freqüentemente, acham que Deus está punindo-os pela desobediência ou disciplinando-os para moldar Seu caráter neles. Algumas vezes, os cristãos chegam a pensar que Satanás está atacando-os e que é ele quem está trazendo os problemas em suas vidas. É claro que a verdade é que nem Deus nem Satanás fizeram algo específico, mas a lei do pecado e da morte é que está operando. Piloto algum pensaria em desligar os motores do avião d u ra n te um vôo e e sp e ra r que o avião sim p le s m e n te continuasse sua rota ao nível do vôo. Ele não faria isso por saber que é necessário que os motores continuem ligados para criar a força aerodinâmica positiva que supere a força da gravidade. Se um piloto não compreendesse a interação dessas leis, nenhum de nós teria interesse em voar com ele no comando. Se uma pessoa dirigir, intencionalmente, um carro para fora de um penhasco, devido à ignorância sobre gravidade, o c a rro d e s p e n c a rá p e n h a s c o a b a ix o e o m o to ris ta provavelmente ficará gravemente ferido. Seria ridículo se ele declarasse, enquanto se recuperava no hospital: “Deus permitiu que eu me machucasse para me humilhar e me ensinar a confiar mais Nele.” Também seria igualmente ridículo se ele dissesse:
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Capítulo 3 - Escolha a Vida
“Satanás me atacou e fez com que eu me machucasse quando eu me dirigi ao penhasco." Não! Esse homem está simplesmente experimentando as conseqüências naturais de sua ação de acordo com a lei da gravidade, que Deus colocou na terra para o nosso benefício. Da mesma forma, se permitirmos que a nossa carne governe certas áreas das nossas vidas, por meio do pecado, a vontade nos engana e experimentaremos as conseqüências naturais da lei do pecado e da morte. Conheço um empresário cristão muito bem-sucedido. Porém, recentemente, ele teve alguns problemas financeiros, alguns negócios não deram muito certo, e ele contraiu muitas dívidas. Como saída, ele começou um novo negócio e tentou arranjar dinheiro com vários investidores. Mas esse homem não lhes contou os fatos sobre os riscos, pois temia que, se eles tomassem conhecimento sobre os riscos, eles poderiam não investir. Esse homem está com muito medo de falir e está desesperado para fechar o negócio e se salvar financeiramente. Nesta situação, ele não percebe que está operando totalmente na carne. Ele não está confiando em Deus. Cristo não é a sua fonte, pelo contrário, ele está confiando em si mesmo e na sua própria habilidade. Ele está interpretando a informação dos cinco sentidos, de acordo com seu poder de raciocínio humano, e, assim, tira conclusões tolas. O medo está fazendo com que ele engane outras pessoas para que elas o ajudem. Sua mente, sua vontade e suas emoções fo ram dominadas pela sua carne, não pelo seu espírito, e o medo o agarrou de tal forma que ele não consegue ver. Se ele fracassar e acabar falindo, alguns cristãos bem intencionados poderão tentar confortá-lo ao dizer-lhe: “ Deus permitiu esse período de tribulação e teste para humilhá-lo." Mas, ao mesmo tempo que Deus usa as circunstâncias para nos convencer do pecado, Ele não “perm itirá” o colapso fin a n ce iro desse hom em de negócio s. O hom em está simplesmente experimentando as conseqüências naturais de ter permitido que a lei do pecado e da morte opere em sua vida
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por meio do pecado. Deus não permitiu nada. O homem permitiu que a sua carne o dominasse e agora está colhendo as conseqüências. Freqüentemente, Deus é culpado pelas circunstâncias negativas em nossas vidas, quando a culpa deveria ser nossa por termos permitido que a carne tivesse domínio. A lei do pecado e da morte não é nem ao menos algo que Deus designou para operar na terra. Nunca foi parte do Seu plano, pois Ele não opera dessa maneira. A lei do pecado e da morte foi introduzida por Satanás, por meio do pecado de Adão. Antes da rebelião de Adão contra Deus, nenhuma lei do pecado e da morte operava na terra. Deus havia colocado Adão e Eva na terra e lhes dado domínio e governo sobre ela. Não havia pecado, doença, pobreza, culpa ou tormento men tal e e m o c io n a l. D eus nunca p la n e jo u que o hom em experimentasse essas coisas, por isso, tenho certeza de que Deus planejou que Adão e Eva crescessem no Senhor e no conhecimento da Sua criação. Para isso, Deus não achou que fosse necessário usar a doença, os problemas financeiros e a destruição para ensinar os seus caminhos a Adão e Eva e permitir que eles crescessem. Por que, então, muitos cristãos, hoje, acreditam que Deus não é capaz de ensinar Seus filhos sem usar esses métodos? Novamente, Deus nos disse na Sua Palavra que nenhuma dessas coisas aconteceriam entre os Seus filhos no céu. Assim, Deus não é o autor da doença, da pobreza, da opressão, do fracasso ou do to rm e n to emocional e mental. Deus deseja que cresçamos ao andarmos no espírito, não ao experimentarmos as conseqüências da lei do pecado e da morte. Quando Deus colocou Adão no jardim, Ele planejou que Adão O conhecesse e aprendesse, através do espírito, os Seus caminhos. Deus deu ao homem o domínio e o governo sobre a terra e esperou que ele dominasse e governasse a terra em espírito e em perfeita comunhão com Ele. A lei do espírito da vida eterna em Deus dominou e governou a terra naquele tempo.
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Capítulo 3 - Escolha a Vida
Porém, quando Adão pecou e se rebelou contra Deus, ele deu a Satanás o direito do domínio e do governo sobre a terra e Satanás se tornou o deus e o dominador do mundo (João 12:31, 2 Coríntios 4:4). Quando Adão pecou, toda a terra e tudo nela se corrompeu e caiu sob uma maldição (Gênesis 3:14-20, Romanos 8:19-21). Quando Adão entregou a Satanás a autoridade para governar a terra, o homem perdeu a vida eterna que, até então, habitava no seu espírito e na sua alma, e a lei do pecado e da morte tornou-se predominante na terra e nas vidas dos homens. A partir desse tempo, todos os homens nasceram sob uma maldição da lei do pecado e da morte. M uitas das conseqüências dessa m aldição foram alistadas em Deuteronômio 28:15. Esses resultados da lei do pecado e da morte operando na vida de uma pessoa podem ser resumidos e parafraseados da seguinte maneira: “Serás amaldiçoado na cidade, no país, quando entrar e quando sair, amaldiçoado será o seu pão, sua comida, seus filhos, suas colheitas e seu gado. Experimentarás confusão, destruição, pragas, tuberculose, febre, inflam ação, infecção, bolor e e stia g e m . S e rás d e rro ta d o p e lo s seus in im ig o s . E xperim entarás queim aduras, tum ores, câncer, sarnas, eczemas, insanidade, cegueira, confusão, opressão, roubo, adultério, perda de possessões, problem as financeiros, escravidão, dores, cam pos im produtivos, destruição de colheitas por pestes, humilhação. Você será a cauda e não a cabeça (controlado pelas circunstâncias). Experimentarás fome, sede, nudez, pobreza, inimizade na família, atritos, doenças crônicas, depressão, ausência de paz e descanso, medo, desespero da alma, torm ento m ental, problem as emocionais, frustração e desesperança. Esses resultados da maldição do pecado e da morte de Deuteronômio 28 podem ser resumidos como: 1) Derrota (espiritual, da alma e física); 2) Doenças; 3) Pobreza e problemas financeiros e 4) Tormento mental e emocional e aflições. Deus não planejou que você passasse por todas essas coisas na terra.
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É Satanás, o governador deste mundo, quem infiltrou a lei do pecado e da morte na terra através do pecado de Adão e, desde esse tempo, governa os homens na terra de acordo com essa lei da carne corrupta do homem. Há um ladrão que busca roubar, matar e destruir a sua vida, mas esse ladrão não é Jesus. É Satanás. “O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10:10) Em Deuteronômio 30, Deus disse aos filhos de Israel que, por meio da aliança que Ele havia estabelecido com eles através de Moisés, Ele havia providenciado um caminho pelo qual eles poderiam escolher receber a Sua vida e prosperidade e, assim, vencer a lei do pecado e da morte. ‘Vê que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal; se guardares o mandamento que hoje te ordeno, que ames o Senhor, teu Deus, andes nos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, e os seus estatutos, e os seus juízos, então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus, te abençoará na terra à qual passas para possuí-la. Porém, se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido, e te inclinares a outros deuses, e os servires, então, hoje, te declaro que, certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais, passando o Jordão, para a possuíres. Os céus e a terra tomo, hoje, por testemunhas contra ti, que te propus a vida e a morte, e a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tuea tua descendência, amando o Senhor, teu Deus, dando ouvidos à sua voz e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida e a tua longevidade; para que habites na terra que o Senhor, sob juramento, prometeu dar a teus pais, Abraão, Isaque e Jacó.” (Deuteronômio 30:15-20) D ebaixo da nova aliança que Deus estabeleceu conosco, algo muito maior aconteceu. Jesus veio para nos dar vida abundante (João 10:10). A vida abundante não inclui nenhum dos resultados da maldição da lei do pecado e da morte. Nosso Pai Celestial não deseja que nenhum dos
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cristãos nascidos de novo experimente o resultado da lei do pecado e da morte em nossas vidas. "Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro), para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido. ” (Gálatas 3:13-14) Paulo nos diz em Romanos 8:3 que, em Jesus Cristo, Deus condenou o pecado na carne. Se isso é verdade, o que nos faz continuar a experimentar as conseqüências da lei do pecado e da morte depois que nascemos de novo? Romanos 7:11 nos diz que não é o pecado que engana a nossa mente, capturando-a e trazendo m orte à nossa alma. Se Deus condenou o pecado na carne por meio de Jesus, então, não precisamos aceitar em nossas vidas o que Deus condenou. Quando o sangue de Jesus foi derramado, você foi redimido da maldição da lei do pecado e da morte e Jesus estabeleceu uma nova lei, a lei do espírito da vida em Cristo Jesus.Então, depois de nascermos de novo, poderíamos escolher permitir que a nossa carne reinasse e experimentasse a lei do pecado e da morte ou poderíamos deixar que nosso espírito reinasse e fosse liberto da lei do pecado e da morte através da lei do espírito da vida em Cristo Jesus. Podemos escolher entre a vida e a morte. Deus, sem dúvida nenhuma, deseja que andemos na lei do espírito da vida em Jesus. Seu desejo não é que andemos na carne e experimentemos a lei do pecado e da morte. Não é Deus quem nos dirige a essa terrível lei, também não é Ele quem nos “permite” experimentar as conseqüências para “nos ensinar” a andar na lei do espírito da vida em Cristo Jesus. Deus, entretanto, usa cada circunstância negativa e o resultado da lei do pecado e da morte que opera na sua vida para glorificar a Si mesmo e ministrar-lhe o Seu amor, a Sua graça e a Sua sabedoria (Romanos 8:28). Deixe-me dar-lhe um exemplo. Suponhamos que o
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empresário cristão, aquele a quem me referi anteriormente, decida prom over seus negócios entre cristãos. Se esses possíveis investidores buscassem o Senhor, talvez Deus os guiassem diretamente a não investir nesse negócio. E ve ntu alm ente, isso poderia levar o hom em de negócios cristão a um colapso financeiro. Você poderá perguntar: “Deus permitiu que uma circunstância que resultou em problema financeiro afetasse um de Seus filhos?” Nesse caso, sim. Ele permitiu. Entretanto, isso não aconteceu devido ao plano de Deus, mas devido ao homem que criou uma circunstância prejudicial envolvendo outras pessoas. E Deus não podia abençoá-lo. Portanto, as conseqüências decorrentes não aconteceram de acordo com o pláno de Deus para o homem e foram inevitáveis devido a outras pessoas envolvidas. Olhemos mais um exemplo. Suponhamos que um empregado cristão ande na carne no seu trabalho e, em conseqüência disso, destrua muitos relacionamentos, criando hostilidade e desarmonia no trabalho. Talvez seu chefe seja guiado por Deus para demiti-lo em nome da harmonia no negócio. Isso pode resultar em problemas financeiros para esse empregado. Foi Deus quem dirigiu o chefe a tomar essa atitude. Porém , foi a própria carne do em pregado que criou a c irc u n s tâ n c ia que re s u lto u , em ú ltim a a n á lis e , nas conseqüências da lei do pecado e da morte. O desejo de Deus nunca é que experimentemos as conseqüências da lei do pecado e da morte. Embora isso seja, m uitas vezes, inevitável, como aconteceu nos exem plos anteriores, podem os sem pre recorrer a Deus, pedir-Lhe sabedoria e ter a certeza de que o Seu propósito e desejo é nos libertar e nos dar a vitória. Não devemos pensar que o Senhor deseja que perm aneçam os nas circunstâncias e simplesmente as suportemos. Assim, quando o tormento sobrevier sobre as nossas vidas, não devemos dizer: “Deus enviou” ou que isso aconteceu por causa de um propósito divino. Pelo contrário, devemos reconhecer que essas são as conseqüências naturais da lei do p e ca d o e da m o rte que o p e ra em n o ssa s v id a s .
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Conseqüentemente, devemos perguntar a Deus: como essas conseqüências operam por meio de nós? "Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Não vos enganeis, meus amados irmãos. ” (Tiago 1:13-16) É importante que reconheçamos uma distinção clara entre os resultados da lei da vida e da morte. Elas podem ser resumidas no quadro seguinte:
Lei do pecado e da morte
Lei do espírito da vida em Cristo Jesus
Pecado Doenças Pobreza Problemas financeiros e escassez Morte Doenças mentais
Salvação e redenção Vida Eterna Enchimento do Espírito Santo Dons do Espírito Santo Frutos do Espírito Santo Necessidades financeiras supridas Paz e descanso mental e emocional
Se você desenhar uma linha distinta entre os resultados dessas duas leis, você será enganado ao acreditar que a sua experiência da lei do pecado e da morte na sua vida é a vontade de Deus para você. Muitos cristãos estão confusos por não verem as correlações diretas entre as circunstâncias e suas vidas. Eles não compreendem a lei de semear e colher. Sempre existe um tempo entre a hora em que uma semente ruim é semeada e a hora em que a plantação é colhida. Muitas vezes, depois que uma semente é plantada, continuamos a colher durante um longo tempo, mesmo que não tenhamos mais sementes ruins. Se você semeou para a carne durante muitos anos numa certa área da sua vida e, subitamente, pára de semear carnalmente nessa área, você poderá continuar a obter
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uma colheita carnal por um bom tempo. Da mesma forma, se você semear para a sua carne hoje, possivelmente, você não colherá essa colheita por algum tempo. É isso que os cristãos têm grande dificuldade de compreender. Muitas vezes, esperamos colher hoje ou em uma semana aquilo que semeamos ontem e hoje. Algumas vezes as sementes não crescem tão rápido assim. Mas, certamente, você colherá o que semeou. “A/ão vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.” (Gálatas 6:7-8) Se um homem semeia para a carne na área de finanças durante 15 anos da sua vida adulta, e depois percebe que sua atitude era errada e se arrepende, ele pode frustrar-se depois de um mês e questionar a razão pela qual sua situação financeira não mudou desde que começou a semear para o espírito. A razão, sem dúvida nenhuma, é que a semente que ele plantou durante um mês simplesmente não teve tempo para amadurecer e frutificar. Não é a hora de desistir e dizer: “A Palavra não funciona!” Pelo contrário, é a hora de continuar em espírito e esperar pela colheita. O utra área de d ese nte ndim en to com relação às conseqüências da lei do pecado e da morte está relacionada à natureza do engano. Romanos 7:11 nos diz que o pecado na nossa carne nos engana e, dessa forma, gera a morte. Muitas vezes, quando a nossa carne está no controle de uma certa área de nossa vida, somos enganados sem percebermos. Essa é uma pegadinha! A definição do engano é: “não saber sobre algo ou estar incosciente do engano” . Se você soubesse que estava sendo enganado, você não seria mais enganado. Porém, algumas vezes, quando não sabemos que estamos sem eando na carne, acham os injusto ter que colher as conseqüências da lei do pecado e da morte. Muitos cristãos pensam: “ Essa situação pela qual estou
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passando neste momento não pode ser as conseqüências da lei do pecado e da m orte, pois tenho buscado a Deus diligentemente e tenho sido obediente em tudo o que Ele tem me mostrado. O pecado não poderia operar através da minha carne, pois não estou operando de maneira intencional na carne em nenhuma dessas áreas.” Errado! Essa atitude expressa o raciocínio humano car nal (dialogizomai) da mente: a interpretação do conhecimento dos cinco sentidos de acordo com o pensamento mundano e não de acordo com a percepção (epiginosko) no espírito. O pecado enganou essa pessoa em certas áreas e, através disso, está trazendo morte à sua alma nessas áreas. No primeiro capítulo, compartilhei sobre como o Senhor havia me convencido de que eu estava ministrando na carne, de acordo com meu próprio raciocínio carnal. Eu não fazia idéia daquilo, até que o Espírito Santo me revelou isso. Quando Jean falou comigo sobre o meu ministério pela primeira vez, eu não queria acreditar em suas palavras. Minha mente humana me disse: “ Ela deve estar errada.” Mas quando parei de raciocinar em minha mente humana e abri o meu espírito para ouvir o que o Espírito Santo estava dizendo, Ele confirmou a verdade de que ela estava certa. Eu havia sido enganado sem perceber. A carne engana os crentes. Quando você é enganado numa certa área, você não toma conhecimento disso por ter sido enganado. Talvez você tenha visto um comportamento carnal em um parente cristão, como marido ou esposa. Há uma grande possibilidade de essa pessoa estar totalmente inconsciente de que seu comportamento tenha sido motivado e controlado por sua carne. Ela provavelmente pensou que estava agindo no espírito. Mesmo que você aponte o problema, se ela não buscar a verdade de Deus no seu espírito, ela pensará que estava no espírito. Isso acontece porque, nessa área, o pecado atuando na sua carne a enganou. A m a io ria dos c ris tã o s não anda in te n c io n a l e p ro p o sita lm e n te na carne. Seu m arido ou sua esposa provavelmente não acorda de manhã dizendo: “Acho que vou andar na carne no meu relacionamento com minha esposa 65
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(marido).” Ao ministrar em outros países, eu não fazia uma escolha consciente para ministrar na carne. Não, eu estava sendo enganado. Eu não percebi o que estava acontecendo. Da mesma forma, cada crente nascido de novo possui áreas em sua alma em que o pecado que atua na carne o enganou. Ele não sabe que a sua carne está em preeminência e que está sendo enganado sem saber. Assim, ele colherá, ou está colhendo, as conseqüências da lei do pecado e da morte. Assim, quando você colher as conseqüências naturais da lei do pecado e da morte em algumas áreas da sua vida, não use a sua mente humana para tentar descobrir: “Em que área estou na carne?” Não conclua que você não está na carne sim plesm ente porque não consegue descobrir onde está falhando. Se fizer isso, você concluirá que ou Deus enviou esse problema ou permitiu que isso ocorresse para humilhálo, para que, assim, você se submetesse a Ele. Não! Lembrese, Deus opera exclusivamente na lei do espírito da vida em Cristo Jesus. Satanás opera exclusivamente na lei do pecado e da morte. Deus e Satanás não são aliados. O ladrão não é Deus, é Satanás. Quando você experimenta as conseqüências da lei do pecado e da morte em algumas áreas da sua vida e não sabe o porquê, isso deve sinalizar imediatamente que a sua carne está dominando uma área da sua alma e você está sendo enganado sem perceber. Não culpe a Deus ou outras pessoas. Não culpe, nem ao menos, Satanás. É claro que Satanás pode e irá atacá-lo. Mas qualquer poder que ele tiver sobre você poderá vir somente através da lei do pecado e da morte na sua carne. Se você estabeleceu o propósito de viver no espírito e não deixar que a sua carne reine em qualquer área da sua vida, então o diabo poderá operar apenas por meio do engano e das áreas de dom ínio carnal das quais você não tem consciência. Quando você experimenta as conseqüências da lei do pecado e da morte em alguma área, você deve ir imediatamente a Deus e pedir ao Espírito Santo que lhe revele o engano no seu espírito e o convença do pecado (Tiagol :5). Assim, quando
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Deus lhe der a revela ção do pecado, você poderá se arrepender e permitir que o sangue de Jesus o purifique e comece a renovar a sua mente. Se você orou diligentemente e ainda não buscou nada no espírito, seria, provavelmente, importante que você procurasse um conselheiro cristão que o aconselhe à luz da Palavra no espírito. O Espírito Santo pode usar esse conselheiro para ajudá-lo a saber a razão pela qual você não consegue ouvir a voz de Deus no seu espírito e em qual área você tem andado na carne sem perceber. Não tenha medo de se abrir para o Senhor e pedir a Ele que lhe revele o pecado que está operando em sua carne. Deus fala m uito na Sua Palavra sobre o julgam ento e a condenação “do ímpio”. Algumas vezes isso pode fazer com que cristãos nascidos de novo fiquem com medo de Deus e não O busquem para receberem a revelação do pecado. Mas o Seu Pai amoroso deseja que você saiba disso. Se você é nascido de novo, então você “está em Cristo Jesus” e aqueles que estão “em Cristo Jesus” não são “ ímpios”. Eles são “os redimidos” . Deus não julga ou condena aqueles que estão “em Cristo Jesus” . “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8:1) Lembre-se de que Romanos 7 diz que, quando você encontrar o pecado operando em sua vida, não é você quem está pecando, mas é o pecado que habita na sua carne (Romanos 7:17, 20). Deus odeia o pecado em sua vida e você também deve odiá-lo, mas Ele o ama. Não importa que tipo de pecado tenha se levantado e capturado a sua mente, a sua vontade e as suas emoções desde que você nasceu de novo. Saiba disso: você não é mau. O pecado em você é mau, mas você não. Mas não use isso como uma desculpa para continuar no pecado ou ele destruirá a sua vida, o seu relacionamento com o Senhor e com os outros ao seu redor. Ao ler a Palavra, se você for nascido de novo, Deus não quer que você se considere “ ím pio” , mas “ju s to ” e
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“redimido”, pois essa é a verdade de quem você é no espírito. "Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,” (ICoríntios 1:30) Você pode ver que, até agora, em qualquer hora ou em qualquer área da sua vida, você pode andar na lei do espírito da vida em Cristo Jesus ou na lei do pecado e da morte. Quem opera essas leis? Como você escolhe operar na lei da vida em Cristo Jesus ou na lei do pecado e da morte? Romanos 3:25 nos diz que Jesus Cristo se tornou uma propiciação através da nossa fé pelo Seu sangue. "a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos.” (Romanos 3:25) Creio que a lei do espírito da vida em Jesus é ativado pela nossa fé no Seu sangue. Por outro lado, a lei do pecado e da morte opera nas pessoas devido à falta de fé, ou da incredulidade, no sangue de Jesus. Incredulidade é temor. Medo é desconfiança ou falta de confiança. Se você tiver fé no desejo, na sabedoria e na habilidade de alguém de acordo com seus melhores interesses, então você não está com medo dessa pessoa. Por outro lado, se você não confia em alguém, ou crê que, na verdade, ele não tem seus melhores interesses em mente, então você tem medo dele. Assim, o medo é, na realidade, uma fé negativa. A lei da vida opera na fé que temos em Deus e a lei da morte opera no medo que temos de Deus. Sabemos que a lei do pecado e da morte (a lei da morte) é preeminente na terra, a menos que seja substituída pela lei do espírito da vida em Jesus (lei da vida). Se você simplesmente viver a sua vida sem operar na lei da vida, inconscientemente, você estará operando na lei da morte. Não há meio termo. A lei da morte é como a gravidade e a lei da vida, como a aerodinâmica. Se você não fizer nada, a gravidade prevalecerá. Você pode saber tudo sobre aviões.
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Você pode ter muitas horas de experiência de vôo e ser, até mesmo, um instrutor ou professor de aerodinâmica. Você pode se sentar num avião e falar sobre vôos. Mas, até que você ligue os m otores, ace le re e com ece a usar as leis da aerodinâmica, a gravidade prevalecerá. Operar nas leis da aerodinâmica é a única forma de você ser liberto da lei da gravidade. A Bíblia diz que Cristo se fez propiciação por você através da sua fé no sangue Dele (Romanos 3:25). A lei do espírito da vida em Jesus o libertou da lei da morte. É como se disséssemos que a lei da aerodinâmica o tivesse libertado da lei da gravidade. O sangue de Jesus está disponível. Mas Jesus não pode ser uma propiciação para você se você não tiver fé no Seu sangue. A lei da vida não o liberta da lei da morte, a menos que você caminhe na vida. Tecnicamente, você já escolheu a vida quando você nasceu de novo. O seu espírito está cheio de vida, mas a sua álma precisa agora se apropriar dessa vida por meio da sua fé ou confiança em Deus. A fé em Deus opera a lei da vida. O medo de Deus faz com que você continue operando na lei da morte. Se você não confia que Deus pode cuidar de alguma área da sua vida ou se, devido a uma experiência do passado, você crê que Deus lhe foi infiel e não supriu suas necessidades, você não tem fé Nele nessa área. Por quê? Porque você fica com medo de que ele não supra suas necessidades e o machuque. Se, por alguma razão, você se convencer de que, ao entrar no avião, você se espatifará, então será muito difícil para você confiar nas leis da aerodinâmica. Provavelmente, você não se sujeitará a tais leis e a gravidade prevalecerá. Da mesma maneira, a incredulidade enraizada no medo de Deus opera a lei da morte. Sem uma escolha, a lei prevalece por si só. Vamos nos aprofundar nisso um pouco mais. O que opera a fé e o temor? “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircucisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. ” (Gálatas 5:6)
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A fé é operada pelo amor. O recebimento do amor incondicional do Senhor nos permite e nos motiva a confiar essa área a Ele e a exercitar a fé Nele. Não conseguimos confiar no Senhor se houver qualquer área em que não recebemos totalmente o amor Dele e em que duvidamos da Sua fidelidade por nós. Teremos não somente medo da Sua punição, como também medo de que Ele não seja fiel para suprir as nossas necessidades. No primeiro capítulo, compartilhei sobre Terry, uma mulher com dificuldades de ouvir a Deus devido à sua amargura para com Ele. Terry não estava operando na lei da vida na sua área afetiva. Ela não confiava que Deus lhe daria um marido, embora pensasse o contrário. Devido a experiências passadas, ela não confiava no amor de Deus por ela, nem que Ele desejava suprir suas necessidades. Pelo contrário, ela estava com medo de que Ele não quisesse suprir suas necessidades por pensar que Deus havia falhado nessa mesma área no passado. Isso não era verdade, mas por Terry acreditar nisso, ela tinha medo de Deus e não conseguia se aproximar em fé. Assim, ela não conseguia operar na lei da vida. 0 medo opera na carne devido à falta de amor. A falta de amor é, na realidade, o ódio. Não gostamos de pensar dessa maneira, porque isso implica que odiamos a Deus e que Ele nos odeia. Mas Romanos 8:7 nos diz que a nossa carne é inim izade para com Deus. A palavra grega que tra d u z “inimizade” significa “ódio arraigado” . Por isso, quando estamos na carne, estamos, na realidade, odiando a Deus por não recebermos o Seu amor nessa área. Se crermos de todo o nosso coração que Deus deseja nos punir ou que Ele é infiel para conosco em alguma área das nossas vidas, então, não confiamos Nele nessas áreas. A nossa desconfiança no amor de Deus nos mantém em medo. 1 João 4:18 diz que o medo é atormentador, porque cria confusão e uma falta da paz interior. Porém, esse versículo também nos revela o que nos tira o medo: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.
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Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.” (1 João 4:18) O recebimento do amor incondicional de Deus retirará o seu temor, fortelecerá a sua fé Nele e na lei da vida. A razão de a maioria das pessoas andar no medo é porque suas almas foram, com o passar dos anos, profundamente moldadas ao mundo e o mundo está carente do amor de Deus: “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. ” (1 João 2:15-16) Infelizmente, por causa do engano do pecado, existem, em nossas vidas, áreas em que, sem que percebam os, amamos mais o mundo e não permanecemos no amor de Deus. Como resultado, pensamos que confiamos em Deus, mas, na realidade, não confiamos. As forças motivadoras que operam as duas leis podem ser resumidas da seguinte forma:
Lei do pecado e da morte
Lei do Espírito da vida em Crisio Jesus
Morte e confusão Desconfiança e medo Falta do amor de Deus
Vida e paz Confiança e fé para com Deus Recebimento do amor de Deus
O que isso significa? Significa que você pode confiar em Deus numa área e ter medo em outra. Mas você não pode confiar em uma área e ter medo dessa mesma área ao mesmo tempo. Ou você confia totalmente em Deus ou não confia. Pouca confiança, ou a confiança com algumas reservas, é, na verdade, desconfiança. A fé depende da revelação, no espírito, do amor incondicional de Deus pela sua vida. Quando você tiver a certeza do amor de Deus, você terá certeza da
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sua fé. Muitas vezes, as conseqüências da lei do pecado e da morte em nossas vidas podem fazer com que sejamos como um piloto que necessita, desesperadamente, ser liberto da lei da gravidade. Pode ser que ele vá ao aeroporto e converse com outros pilotos sobre como voar. Depois, ele pode se sentar num avião e clam ar a Deus para que ele seja liberto da gravidade, implorando: “Liberte-me e deixe-me voar.” Mas ele continua escravo da gravidade. Finalmente, ele percebe que há uma batalha espiritual e que Satanás está impedindo o vôo. Então, ele repreende o diabo e todos os demônios e exercita a sua autoridade em Cristo sobre eles, mas continua sem voar. Desesperado, o piloto está prestes a desistir. Ele lê Marcos 11:23-24 e percebe que precisa acreditar e receber com antecedência aquilo por que tem orado tanto. Então, ele volta ao avião e declara: “ Em nome de Jesus, recebo a libertação da gravidade. Eu estou voando. Confesso isso. Tomo posse. A Palavra diz que posso voar e, nesse momento, exercito a minha fé para voar.” Mas ele permanece no chão. N enhum a dessas coisas fez com que as leis da aerodinâmica vencessem a lei da gravidade. Então, finalmente, esse piloto pára de raciocinar em sua mente humana e pergunta ao Senhor: “Pai, mostre-me, no espírito, por que eu não fui libertado da gravidade e por que eu não fui capaz de voar.” Então, ele ouve em seu espírito uma voz mansa e calma dizendo: “Ligue os motores, vá até o fim da pista e acelere.” Se o piloto fizer isso, ele operará numa lei física que Deus colocou na terra para o benefício do homem. Você pode discordar: “Sim, mas Deus é soberano. Ele poderia fazer com que o avião voasse sobrenaturalmente.” Isso é verdade. Deus poderia fazê-lo voar sem que os motores fossem ligados. Ele tem poder para fazer isso. Ele poderia fazer isso. Talvez ele tenha feito isso no passado e fará novamente no futuro. Mas essa não é a maneira normal de Deus operar no que se refere ao vôo. Deus estabeleceu provisões para o vôo por meio das leis da aerodinâmica, que
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estão em vigência e atuam consistentemente todas as vezes que as operamos. Semelhantemente, Deus projetou a lei do espírito da vida em Cristo na terra por meio do sangue de Jesus para nos libertar da lei do pecado e da morte. Mesmo se clamarmos para que Deus nos liberte da escravidão, repreenderm os Satanás, pedirm os que outras pessoas orem por nós e confessarm os a Palavra, nenhum a dessas coisas por si mesmas operam a lei da vida. Romanos 3:25 declara que é a fé no sangue de Jesus que opera a lei da vida. Em outras palavras, precisamos descobrir o que a Palavra de Deus diz sobre o que o sangue de Jesus já realizou (passado) por nós. Olhemos um exemplo da Palavra: “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte." (2 Coríntios 12:7-10) Paulo foi afligido pela mensagem de Satanás e estava experimentando as conseqüências da lei do pecado e da morte em algumas áreas em particular da sua vida. Sabemos que Deus não enviou ou permitiu essa aflição, pois Ele não opera na lei do pecado e da morte. Ele não permitiu que o mensageiro de Satanás afligisse Paulo para edificar o seu caráter. Essa mensagem foi designada para a destruição de Paulo, mas o destruidor não é Deus, e sim Satanás. Foi o próprio Paulo quem permitiu que o mensageiro de Satanás o afligisse ao operar na carne. Satanás pode nos afligir somente quando permitimos que a carne reine em alguma área da nossa alma, tanto inconscientemente quanto por meio do engano. No versículo sete, Paulo explica em qual área da sua
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vida o mensageiro de Satanás ganhara controle: o orgulho. Paulo havia recebido uma tremenda revelação de Deu^. Em sua própria mente, sua carne procurou exaltá-lo. A exaltação de si é orgulho. O orgulho emana da carne, não de um espírito nascido de novo. Entretanto, o versículo oito nos diz que Paulo implorou três vezes ao Senhor que o libertasse. Perceba que implorar ao Senhor não libertou Paulo porque ele não estava se apropriando da graça de Deus já presente na provisão feita pelo sangue de Jesus. Implorar ao Senhor três vezes foi como sentar-se num avião e implorar ao Senhor que o libertasse da força da gravidade. O Senhor lhe diria: “Ligue os motores. Use as leis da aerodinâmica já disponíveis para a sua libertação.” Foi isso o que o Senhor disse a Paulo no versículo nove. Ele disse a Paulo: “A minha graça (que já foi manifestada na lei da vida pelo sangue de Jesus) é suficiente para a sua libertação.” Não creio que Deus disse a Paulo que a Sua graça era suficiente para que ele perm anecesse na escravidão satânica. Não! Deus não opera através de Satanás ou da lei do pecado e da morte. Deus e Satanás não estão aliados con tra você. Satanás deseja destruir a sua vida por meio da lei do pecado e da morte, mas Deus deseja lhe dar vitória por meio da lei da vida em Jesus. Acredito que no versículo nove Deus disse a Paulo que a Sua graça pelo sangue de Jesus já tinha sido manifestada para que fosse utilizada. A graça de Deus era suficiente, não para que Paulo suportasse sua derrota, mas para que ele fosse liberto e voltasse a ter vitória no espírito. O Senhor estava dizendo que o Seu poder deveria ser manifestado pelo espírito de Paulo. Para que ele fosse vitorioso, ele deveria permitir que a sua própria força enfraquecesse e morresse, e o poder de Je s u s , no seu e s p írito , fo rta le c e s s e e g a n h a s s e a predominância na sua alma. Resum indo, Paulo não perm itiu que a sua carne ganhasse predominância em uma certa área e, por causa disso, foi afligido por um mensageiro satânico que visava destruir a sua vida. Ele tentou lutar no poder da sua própria
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Capítulo 3 - Escolha a Vida
força. Provavelmente, Paulo usou a verdade de Deus como uma lei em sua mente. Então, ele implorou ao Senhor que o libertasse, mas ele não foi liberto. Finalmente, o Senhor o relembrou que: “Você sempre será derrotado se tentar lutar contra Satanás, contra o pecado na sua própria força e contra a sua própria força de vontade.” Deus disse: “Pare de tentar ser forte e resistir por meio da sua própria força. Permita que a sua carne se torne fraca e morra. Comece a se apropriar do poder do sangue de Cristo, que já habita no seu espírito nascido de novo.” É m uito im portante que aprendam os a buscar no espírito quando Deus revela onde o pecado nos fez prisioneiros por meio da nossa carne. Não podemos permitir que a nossa carne reine em qualquer área, pois Gálatas 5:9 nos adverte que “um pouco de fermento leveda toda a massa” . O que você pode considerar ser uma “pequena área de domínio carnal” pode ser tudo o que Satanás precisa para afligi-lo com algo designado para a sua destruição. Lembre-se de que a natureza do pecado é a natureza do mesmo espírito que organizou a morte de seis milhões de judeus na Segunda Guerra Mundial e motivou Jim Jones e seus seguidores a se suicidarem. Se você perceber o pecado na sua carne dessa maneira, você com eçará a odiá-lo como Deus odeia e a determinar a não permitir que o pecado o domine, mesmo nas menores áreas. Provérbios 9:10 nos revela que o verdadeiro temor do Senhor é o princípio da sabedoria e Provérbios 8:13 diz que o temor do Senhor não é ter medo de Deus, mas é detestar o mal como Deus o detesta. E xiste m duas le is o p o sta s nas q ua is p od em os caminhar: a lei da morte ou a lei da vida em Jesus. Ganhamos a liberdade para escolher a vida de Jesus por meio dos sete passos seguintes: 1) receba a revelação do conhecimento de Deus na área em que a sua carne pode estar operando em supremacia sem que você perceba; 2) receba o amor de Deus nessa área; 3) confie que Ele suprirá as suas necessidades nessa área e dê um passo de fé Nele; 4) arrependa-se do pecado que Ele lhe revelou; 5) receba o perdão de Deus e a
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purificação do sangue de Jesus Cristo (1 João 1:9); 6) reconheça a verdade de quem você é no espírito; 7) estabeleça o propósito de andar no espírito nessa área da sua vida.
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Capítulo 4
Nossa Verdadeira Imagem em Cristo Ken havia se convertido havia alguns anos e sentia que Deus estava cham ando-o para trabalhar no m inistério de m úsica. Ele tin h a um a voz m uito b o n ita e um ta le n to maravilhoso para compor, mas não estava seguro se essa era realmente a vontade de Deus. Em sua mente, ele não achava que sua voz era muito bonita e que não tinha um talento natural para cantar. Na realidade, ele se perguntava se as pessoas realmente gostavam de suas canções e pensava que, na melhor das hipóteses, elas estavam sendo apenas tolerantes, demonstrando um ato de bondade. Enquanto Ken compartilhava seus pensamentos, eu me perguntava de onde ele havia tirado a idéia de que a sua voz não era muito boa. Perguntei-lhe isso e ele me relatou a seguinte história. Na faculdade, Ken interessou-se muito pela música e se inscreveu para ter aulas de canto. Em uma das primeiras aulas, a prefessora pediu a cada aluno que cantasse uma breve composição. Ela faria uma crítica para ajudar os alunos a melhorarem a qualidade de voz. Ken foi o primeiro a se levantar e cantar. Quando terminou, a professora de canto falou um tanto sarcasticam ente: “ Bem, agora todos vocês têm um exemplo de como não cantar.” A professora não percebeu que, ao falar essas palavras, ela estava profetizando a vida de Ken. Ken ouviu aquelas palavras e começou a acreditar nelas. Ele meditou nelas e a sua fé nelas cresceu. Quanto mais ele acreditava e confiava na verdade daquelas palavras, maior era a sua falsa autoimagem produzida por elas. Quando com partilhei que ele
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estava acreditando numa falsa imagem de si mesmo, ele se arrependeu. Ken pediu o perdão do Senhor por ter depositado a sua fé numa “imagem” , em vez de confiar em Deus e naquilo que Ele havia falado sobre o seu ministério. Ao fazer isso, aquela falsa im agem , que havia se transform ado num a fortaleza em sua mente, começou a se dissolver (2 Coríntios 10:3-5). O sangue de Jesus iniciou um processo, na mente de Ken, de purificação e renovação para a verdade. Em essência, ele estava pondo um ponto final nos efeitos da lei do pecado e da morte em sua vida e estava começando a operar na lei da vida em Jesus relacionada ao seu ministério de música. Uma das maneiras básicas do pecado operar na nossa vida para nos enganar é através de imagens falsas a respeito de nós m esm os, de Deus e de o utros. Se cre rm o s e confiarmos numa falsa imagem mental, e acreditarmos que ela seja verdade, então a nossa carne terá livre acesso para operar de acordo com essa imagem. Jesus disse que, quando vocé recebe o conhecimento da verdade real, ela o liberta. As palavras e as experiências em nossas vidas são sementes que podem nos prender em m entiras ou nos libertar em verdade. Quando Deus criou a terra, Ele a criou com uma lei inata segundo a qual cada ser vivo deveria reproduzir sua própria espécie. Vemos em Gênesis 1:11 que cada semente foi criada para gerar fruto da sua própria espécie e a semente da próxima planta estaria no fruto. “E disse: Produza a terra relva, ervas que dêem semente e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele, sobre a terra. E assim se fez.” (Gênesis 1:11) Isso significa que, se você plantar uma semente de maçã, ela não produzirá uma árvore de laranja. Ela produzirá uma árvore de maçã e seu fruto produzirá mais árvores de maçã. Nos versículos 21 até 25 de Gênesis 1, vemos que Deus criou todos os pássaros e animais para também reproduzirem apenas a sua espécie. Da mesma forma, quando nascemos de novo, Deus plantou uma semente em nosso espírito. Qual
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é a natureza dessa semente? “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente." (1 Pedro 1:23) Quem ( e não “o quê”) vive e permanece na Palavra de Deus? João 1 nos diz que no princípio era a Palavra; a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. A Palavra se tornou carne, por isso é evidente que a Palavra de Deus é o Senhor Jesus Cristo. Ele produziu fruto que continha uma semente e foi plantada em nosso espírito quando você nasceu de novo. Essa “semente” é imperecível e incorruptível. Ela se opõe diretamente, por exemplo, à semente humana natural ou ao esperma masculino, que é perecível. Essa sem ente vive apenas por poucos momentos quando exposta ao ar. Muitas coisas podem acontecer com essa semente, fazendo com que morra mesmo após a concepção. Mas a semente de Jesus Cristo em nosso espírito não está suscetível a outros elementos. Ela é pura, imperecível e incorruptível. Essa semente de Cristo no nosso espírito tem toda a plenitude da natureza e das qualidades de Jesus Cristo. E como uma semente, ela pode apenas reproduzir a sua própria espécie. João disse que essa semente não pode produzir pecado: ‘Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. "(1 João 3:9) O nosso homem espiritual não pode pecar depois de ter nascido de novo. Por essa razão, Gálatas 5:16 explica que, se andarmos no espírito, é impossível satisfazermos o desejo da carne (pecado). A verdade de quem você é no espírito é que você é “tudo aquilo” que Jesus era e é. No seu espírito, você tem o poder, o caráter e a autoridade de Jesus Cristo. Isso foi implantado miraculosamente no seu espírito por Deus,
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na forma de semente, quando você nasceu de novo. Paulo denom ina isso de “o grande m istério” , que por anos foi escondido dos gentios. “aos quais Deus quis dar e conhecer qual seja a riqueza da glória deste ministério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória;” (Colossenses 1:27) Quando você nasceu de novo, a natureza do seu homem espiritual foi miraculosamente transformada, mas a sua auto-imagem (na sua mente e emoções) provavelmente p e rm a n e c e u b a s ic a m e n te ig u a l. Você c o n tin u o u se considerand o da m esm a m aneira antiga: por m eio das mesmas imagens que você tinha antes de nascer de novo. Alguns de nós, sem dúvida nenhuma, tivem os m udanças drásticas em certas áreas de nossas vidas quando recebemos Jesus. Essas são as áreas que precisam ser renovadas pela Palavra de Deus. A verdade é que, se você nascer de novo, você é completo em Jesus Cristo. Jesus é suficiente para suprir todas as suas necessidades (Colosensses 2:6-10) Você é sábio, justo, santificado e redimido (1 Coríntios 1:30), (2 Coríntios 5:21). Você tem a mente de Cristo (1 Coríntios 2:16). Você é santo e irrepreensível (Efésios 1:4). Você é uma nova criatura (2 Coríntios 5:17). Você é verdadeiramente santo, porque Jesus é santo em você (1 Pedro 1:16). E ssa é a m a n e ira pela qual D eus d e s e ja que enxerguem os a nós mesmos. Ele não quer que sejamos “conscientes do pecado”. Ele deseja que sejamos “conscientes da justiça” . Não devemos nos identificar com o pecado em nossa carne, mas com a natureza de Jesus em nosso espírito. Isso faz com que a comunhão da nossa fé seja eficaz. “para que a comunhão da tua fé se torne eficiente no pleno conhecimento de todo bem que há em nós, para com Cristo." (Filemom 6)
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Capítulo 4 - Nossa Verdadeira imagem em Cristo
Comprometa-se a se identificar com o espírito, e não com a sua carne. Não concorde com o que o diabo diz sobre você. Comece a concordar com o que Deus diz a seu respeito. Você sabia que você se torna aquilo que você pensa sobre si mesmo? Se você pensar a seu próprio respeito de uma certa maneira e continuar pensando assim, você reforçará uma imagem na sua alma. " Porque, como imagina em sua alma, assim ele é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo. ” (Provérbios 23:7) A sua alma humana é como uma câmera que forma uma imagem daquilo que é focado. Se você focar na sua carne, a sua auto-imagem será, predominantemente, carnal. Se você focar na natureza de Jesus Cristo, no seu espirito, a sua autoimagem, na sua alma, será semelhante à Dele. Algumas vezes, quando explico isso aos crentes, eles dizem: “Você está pedindo que eu minta a meu respeito. Não posso ficar pensando e falando mentiras sobre mim mesmo. Isso é um 'auto-engano,.,, Eu digo: “Não, não é. Isso é começar a depositar fé na verdade de Deus sobre a sua pessoa, e não na sua experiência sobre si mesmo.” Se você depositar mais confiança e segurança nas circunstâncias, no que as pessoas dizem, nas suas emoções e nos seus cinco sentidos, então você será enganado e estará concordando com o diabo a respeito de si mesmo. Você está permitindo que a sua carne determine a sua auto-imagem ao confiar nas circunstâncias temporárias, em vez de confiar na eterna Palavra de Deus. Um dia, uma senhora veio ao meu escritório para se aconselhar quanto a sua depressão crônica. Ela começou a me d ize r: “ Eu sei, isso a co n te c e por causa do meu temperamento em particular, tenho tendência à depressão.” Ela se via como uma pessoa deprimida porque acreditava que estava propensa à depressão devido ao seu temperamento. “Você tem certeza de que é nascida de novo? Jesus é
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o seu Senhor?” Perguntei. Ele respondeu: “Tenho.” Então lhe perguntei: “Qual é o temperamento de Jesus?” Ela disse: “Bem, ele deve ter todas as boas qualidades de cada temperamento.” Perguntei àquela mulher se ela achava que Jesus Cristo foi deprimido. “Não”, ela respondeu. Então compartilhei que ela havia nascido de novo da semente imperecível de Jesus Cristo. “Você tem a natureza Dele, que já habita no seu espírito.” Eu lhe assegurei: “ E essa natureza não tem tendência à depressão.” Eu m ostrei a ela que não precisava descobrir as tendências negativas da sua carne e depois tentar vencê-las. Isso a estava fazendo cada vez mais “consciente da carne" e não “consciente do espírito". Ao fazer isso, a m ulher se identificava com a sua carne e tentava lutar contra ela com a sua própria força de vontade. Ela usou a Palavra de Deus como uma lei na sua mente. Por causa do engano do pecado, das teorias e das doutrinas com as quais essa mulher se identificava, foi difícil para ela enxergar o pecado de ter se identificado com a sua carne. Inconsciente disso, ela não conseguia se arrepender de algo do qual não estava convencida. Ela estava colocando a fé na sua experiência de depressão, não na verdade de quem Deus dizia que ela era no espírito. Resumindo, quando depositamos fé e confiança nas circunstâncias ou nas palavras contrárias à Palavra de Deus, estamos em pecado e somos governados pela nossa carne. Quando os espias de Israel foram à Canaã e retornaram para reportarem o que viram e experimentaram na carne, Deus chamou isso de um relatório ímpio: “Ao cabo de quarenta dias, voltaram de espiara terra, caminharam e vieram a Moisés, e a Arão, e a toda a congregação dos filhos de Israel no deserto de Parã, a Cades; deram-lhes conta, a eles e a toda a congregação, e mostraram-lhes o fruto da terra. Relataram a Moisés e
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disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente, mana leite e mel; este é o fruto dela. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os filhos de Anaque. Os amalequitas habitam na terra do Noguebe; os heteus, os jebuseus e os amorreus habitam na montanha; os cananeus habitam ao pé do mar e pela ribeira do Jordão. Então, Calebe fez catar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela. Porém os homens que com ele tinham subido disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos." (Números 13:25-33) Os dez espias não mentiram. Eles apenas explicaram o que ouviram com seus ouvidos, o que viram com seus olhos e o que experimentaram com suas emoções. Então tiraram uma conclusão usando o raciocínio humano: “Não devemos tom ar a terra, ou serem os destruídos na batalha.” Deus chamou isso de um relatório ímpio. Os outros dois espias viram, ouviram e experimentaram as m esm as co isa s. M as e le s tira ra m um a c o n c lu s ã o totalmente diferente: “Vamos vencer a batalha!” A confiança e a segurança dos dois espias não se baseavam naquilo que viram ou experimentaram. Sua confiança estava naquilo que Deus havia dito. Deus já havia falado ao Seu povo: “Eu lhes darei a terra e a vitória.” O objetivo daquela missão de espionagem não era para que os espias decidissem, por meio do conhecimento dos cinco sentidos, se acreditariam naquilo que Deus já havia dito e se obedeceriam a Ele. A missão era para determinar os detalhes e as logísticas de se mover na Palavra de Deus. Pelo fato de o povo ter decidido d e p o sita r mais
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confiança nas circunstâncias visíveis e no raciocínio humano, eles perderam a entrada na terra. O versículo 33 revela a falsa imagem que os dez espias formaram de si mesmos ao se verem como gafanhotos perto de gigantes. Eles chegaram a pensar que até os inimigos os viram como gafanhotos. Mas os filhos de Enaque, sem dúvida nenhuma, ouviram falar sobre o Deus de Israel e sobre os milagres que Ele havia realizado no Egito. Eles tinham muito medo do povo que lutava no poder de um Deus sobrenatural! Os dez espias não compreenderam a verdade no espírito e concordaram com o que o diabo pensava sobre eles, sobre Deus e sobre os cananeus. Quando acreditamos em alguma coisa relacionada a nós mesmos que seja contrária àquilo que Deus diz no espírito, então, estamos zombando de Deus e concordando com o diabo. Uma ta rd e , um m arido irado, a quem eu havia aconselhado, me telefonou. Eu dera aconselhamento a ele e a sua esposa havia uma semana. Ele me disse que os dias que se seguiram foram os piores do seu casamento. Sua esposa estava muito deprimida e estava tratando-o de forma terrível. Em vez de estarem melhorando, seu casamento se desestabilizava a cada dia. E, para ele, tudo isso estava acontecendo devido ao meu aconselhamento. Ele disse: “Não sei como você pode se apresentar como um conselheiro, e eu nem tenho certeza de que você seja um cristão! A sessão de aconselhamento da semana passada foi o pior exemplo de aconselhamento que eu já vira.” Mas ele concordou em retornar no dia seguinte para continuarmos aquela conversa. Depois que desliguei o telefone, eu me senti devastado. Na manhâ seguinte, enquanto me dirigia para a igreja, para o aconselhamento, eu me questionei se Deus realmente havia me ch a m a d o p a ra se r um c o n s e lh e iro . P e n s e i: “ Provavelmente, sou um conselheiro bem mixuruca. Eu não deveria mais aconselhar ninguém.” Para dizer a verdade, eu me senti um conselheiro fraco e minha auto-estima foi para baixo.
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M ais ta rd e , n a q u e le dia, c o m p a rtilh e i esse s pensamentos com Jean Orr, que era, naquele tempo, a diretora do Centro de Aconselhamento Nova Vida. Jean me perguntou: “As palavras que ele falou sobre você ou as suas emoções sobre essas palavras mudaram a verdade de quem você realmente é em Cristo Jesus?” Pensei sobre aquilo por um momento e disse: “Creio que não. Continuo sendo a mesma pessoa no Senhor. A minha identidade não mudou.” Com essas palavras, subitamente vi como eu havia perm itido que as p alavras daq uele hom em e os m eus sentimentos criassem uma imagem falsa em minha mente sobre mim mesmo como um conselheiro. Arrependi-me de não ter buscado no espírito o que Deus tinha para me dizer sobre mim e por não ter me alinhado com a Sua Palavra. Aconteceu que o homem retornou com uma atitude de muito arrependimento. Ele e sua esposa haviam entrado em um grave desacordo, e, num estado de ira, ele me ligou e me culpou por aquela situação. Perceba que é muito importante impedirmos que as palavras de outros ou que a sua interpretação humana das circunstâncias e experiências criem uma falsa auto-imagem na sua vida. Qualquer auto-imagem contrária à verdade daquilo que Deus diz sobre você no espírito é uma auto-imagem falsa. Por isso, concorde com Deus, e não com a sua carne ou com o diabo. Pensei em como Deus falou a Gideão, em Juizes 6:11 17, para libertar Israel dos midianitas. Gideão discutiu com Deus de acordo com a falsa auto-imagem que tinha de si. Ele disse: “Sou muito jovem e os membros da minha família são ninguém aqui em Israel. Se você quiser usar alguém para libertar Israel, escolha alguém de uma família valente e nobre. Se você quiser usar alguém da minha família, escolha um dos meus irmãos mais velhos, pois não tenho valor e sou incapaz.” M u ito s c re n te s se se n te m a ssim : sem v a lo r e incapazes. Mas isso é uma falsa auto-imagem, não é uma imagem de Deus. Deus continuou a falar a verdade a Gideão
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de forma tão persistente que ele, finalmente, creu naquilo e foi usado poderosamente para derrotar, com apenas 300 homens, um grande exército! Da mesma forma, ter uma consciência de quem Jesus é em você fará com que você derrote até mesmo os piores inimigos espirituais. É interessante comparar a imagem original que Gideão tinha de si mesmo com a auto-imagem que Davi tinha quando ele foi usado por Deus para matar Golias em 1 Samuel 17. A confiança e a segurança de Davi não estavam nele e na sua capacidade, mas em Deus. A sua identidade pessoal estava em quem ele era em Deus, não em quem ele era na carne. Por outro lado, Gideão confiou em si mesmo e não em Deus por não ter a certeza do amor de Deus por ele e por ter medo de Deus. Ele interpretou as circunstâncias como se dissesse: “Deus não é fiel para suprir nossas necessidades.” No início, Gideão não creu em Deus porque a sua identidade estava totalmente relacionada a sua carne, enquanto a identidade de Davi estava totalmente relacionada a Deus. Assim como com Gideão e Davi, Deus não quer que nos identifiquemos com a carne. Ele quer que crucifiquemos a nossa carne e vivamos no nosso espírito (Romanos 8:13). Você sabia que, quando você acredita e coloca a sua fé numa imagem falsa, você está, na realidade, crendo numa imagem esculpida? Pondere nisso: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.” (Êxodo 20:3-4)
Esculpido significa “artificial” ou ‘leito por homem”. Uma imagem esculpida é uma imagem falsa feita pelo homem. O Senhor teve que, freqüentemente, repreender os israelitas por fazerem e adorarem imagens de deuses feitas com madeira, metal e pedra. Isso era idolatria e uma abominação a Deus. Quando você recebe e deposita a sua fé em qualquer imagem falsa em sua mente sobre Deus, ela é uma imagem esculpida,
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como se você tivesse criado uma imagem física. Deus não quer que O adoremos através de imagens esculpidas (feitas por homens, falsas). Será que Ele quer que nos relacionemos com nós mesmos e com outros através dessas imagens? Imagens esculpidas são abomináveis a Deus, e Ele as odeia. Será que não deveríamos sentir o mesmo ao descobrirmos tais coisas em nós mesmos? De onde vem as imagens falsas sobre nós mesmos? Creio que as formas básicas de desenvolvermos falsas autoim agens são através do nosso raciocínio hum ano e da interpretação de duas coisas: (1) palavras que ouvimos; e (2) experiências que temos. Preste atenção em como as palavras criam falsas auto-imagens. Romanos 10:17 declara que “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” . A fé em Cristo vem ao ouvirmos a Palavra de Cristo. Mas também é verdade que a fé em outra pessoa, ou em outra coisa, pode vir ao ouvirmos as palavras de outros. Lembre-se de que as palavras são sementes que produzem frutos de sua própria espécie. Ouvimos palavras das pessoas o dia inteiro, todos os dias. Algumas dessas palavras são verdadeiras, e outras são falsas. Porém, se receberm os a palavra de alguém, relacionada a nossa pessoa, em nossa alma e começarmos a depositar fé nessa palavra e acreditarm os que ela seja verdade, essa palavra formará uma imagem sobre nós em nossas mentes e emoções. Quer seja falsa ou verdadeira, ela se torna verdadeira para nós. Desde nossa infância, as pessoas têm nos alimentado com inform ações a nosso respeito através das palavras. Nossos pais nos diziam quem éramos através das palavras: “Você é uma boa menina” ou “Você é levada” . Sem ter como julgar essas palavras, a maioria das crianças as recebem e crêem no fundo de seus corações nessas coisas que seus pais dizem. Se seus pais lhe disseram que você não era muito in telig ente, provave lm ente, você se considerou m enos inteligente que outros. Provavelmente, você é tão inteligente quanto outros,
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mas porque você tem uma falsa imagem de si mesmo, você se enxerga dessa forma. As palavras que recebemos de outras pessoas são na re a lid a d e “ p ro fe c ia s ” . Se ou virm o s uma palavra, se a aceitamos, se depositamos fé nela e se formamos uma imagem em nossa alma de acordo com ela, ela se cumprirá em nossa vida. Ela é uma profecia. O Senhor nos advertiu na Sua Palavra de receber ou dar profecia. As únicas palavras que devemos receber sobre nós mesmos são aquelas do Espírito de Deus de acordo com o que Ele diz ser verdadeiro sobre nós no espírito. “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam e vos enchem de vãs esperanças; falam as visões do seu coração, não o que vem da boca do Senhor. Dizem continuamente aos que me desprezam: O Senhor disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração dizem: Não virá mal sobre vós. Porque quem esteve no conselho do Senhor, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra e a atendeu?” (Jeremias 23:16-18) Devemos ficar firmes no conselho do Senhor para primeiro ouvirmos e depois vermos (formarmos uma imagem correta) da Sua Palavra. Se alguém lhe disser uma palavra que não esteja de acordo com a Palavra de Deus, não a receba, mesmo se a palavra for de acordo com a sua carne, ou com as circunstâncias. Ela não é a verdade de quem você realmente é. Do mesmo modo, pese, cuidadosamente, as palavras que você fala aos outros, principalmente aos seus filhos, cônjuges ou pais. Você não quer ser um falso profeta concordando com o diabo. Pelo contrário, seja um profeta verdadeiro e concorde com Deus ao plantar as sementes da verdade nas almas daqueles a quem você ama. Uma segunda m aneira de form arm os falsas autoimagens é através da interpretação errada das circunstâncias e das experiências que consideramos com os nossos cinco sentidos e com as emoções. Foi isso o que aconteceu com
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os dez espias em Números 13. Eles interpretaram suas experiências erradamente, de acordo com o raciocínio humano, e tiraram uma conclusão que os levou a terem uma imagem falsa de si mesmos. Eles se consideraram como gafanhotos perto de gigantes. Ao fazerem isso, receberam uma imagem esculpida, em vez da imagem de Deus sobre aquela situação. Ao d e cla ra re m a q u e la m e n tira com seus lá b io s, eles verbalizaram uma falsa profecia sobre sua nação, que no fi nal, trouxe resultados amargos. Uma vez que form am os uma falsa auto-im agem , também formamos uma expectativa sobre as nossas vidas. Você já imaginou por que as coisas só dão erradas com algumas pessoas ou por que pessoas que não são tão ricas, in te lig e n te s ou ta le n to s a s parecem ter uma vida m ais abençoada e satisfatória? Isso acontece porque a primeira pessoa experimenta coisas negativas em sua vida através de imagens falsas e da falsa expectativa que surgem dessas imagens falsas. Cada um de nós opera nas imagens falsas em certas áreas. Porém, ao nos abrirmos ao espírito de Deus e perm itirm os que Ele nos revele essas áreas, podemos derrubá-las por meio do poder do sangue de Jesus e podemos tomar posse delas com a verdade. Em 1863, uma lei federal foi autorgada nos Estados Unidos anulando a escravidão. Essa lei tornou ilegal o ato de um homem possuir outro como propriedade. Em termos da situação legal, no dia seguinte, após a lei ser sancionada, cada escravo nos Estados Unidos era um homem livre. Entretanto, anos mais tarde muitos ainda continuavam vivendo como escravos. Essas pessoas não estavam exercitando seus direitos e a autoridade como homens livres. Elas continuavam sujeitas à escravidão e aos seus senhores brancos. Por quê? Uma razão foi porque algumas autoridades foram injustas e não executaram a lei da maneira apropriada e justa. Mas grande parte deveu-se pelas falsas imagens arraigadas nas mentes dos próprios negros. Eles viviam na condição de escravos desde que nasceram, então, a única identidade pessoal que conheciam era a condição de escravo.
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Suponhamos que um homem negro que tenha sido escravo por toda a sua vida subitamente ouvisse as palavras “Você está livre” e começasse a contemplar essa liberdade. Ele poderia pensar: “Se eu não viver aqui, onde vou viver? Onde vou trabalhar? Como vou sobreviver? E se ninguém me empregar? E se minha família passar necessidade?” Imagine o medo que esse homem teve ao ponderar sobre a liberdade e todas as coisas desconhecidas. Talvez ele concluísse que era mais seguro permanecer como escravo. Muitos fizeram isso. Você pode dizer: “Mas e se o senhor continuar tratando o escravo de forma cruel?” Freqüentemente, os temores das coisas desconhecidas do mundo são tão in te n s a s que esse hom em s im p le s m e n te to le ra um a segurança cruel. As imagens próprias desse homem eram dele como escravo. Tais imagens o mantiveram em escravidão. Essa analogia é sem elhante ao estado de novo nascim ento dos cristãos em certa escravidão de alm a. Romanos 6:6-7 declara que não somos mais escravos do pecado, e sim, libertos dela. Além disso, Romanos 8:2 diz que a lei da vida em Jesus nos libertou (tempo passado) da lei da morte. A principal razão de andarmos na carne é porque o pecado, na nossa carne, nos derrota. É por isso que somos como um escravo liberto de 1865, continuamos a aceitar a escravidão e a crueldade. Por causa da im agem falsa, continuamos a duvidar que podemos ser libertos do diabo ou da nossa carne. Uma vez que ouvimos uma palavra ou interpretamos uma experiência, tem os uma escolha: recebem os essa imagem como algo verdadeiro ou a rejeitamos como algo falso. Se buscarmos o que Deus diz ao espírito e isso for confirmado na Sua Palavra, tiraremos conclusões corretas. Porém, se raciocinarmos em nossas mentes humanas, teremos uma imagem errada. Infelizmente, isso não acaba aí. Uma vez que recebemos uma imagem falsa e a consideramos verdadeira, c o m e ça m o s a c re r n e la . E ssas im a g e n s g eram um a expectativa errada por meio da qual filtram os palavras e experiências. Assim, a validade das nossas falsas imagens
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iniciais são confirmadas. Os anos passam e tais confirmações são profundamente estabelecidas em nossa alma dificultando seu extermínio. Além de essas falsas imagens nos arruinarem, elas ferem o nosso relaciona m en to com Deus. S em pre que operarmos na carne, endurecemos o nosso coração nessa direção. A Bíblia nos diz que, quando fazemos isso, mesmo que inconscientemente, nos excluímos da vida de Deus nessa área. “obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração.” (Efésios4:18) Então, como devemos nos ver? Simplesmente como novas criaturas que somos em nosso espírito nascido de novo. Fazemos isso ao permitir que Deus revele a área em que concordam os com o diabo sobre nós m esm os para que possamos nos arrepender e começar a concordar com Deus. “Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram no vas.” (2 Coríntios 5:16-17) Se você começar a se ver como você é no espírito, você poderá ver os outros da mesma maneira. Paulo disse que você não deve reconhecer homem algum de acordo com a carne. Em outras palavras, “considere cada crente nascido de novo como ele verdadeiramente é no espírito e relacionese com ele dessa form a” . Mesmo quando alguém agir na carne, você não deve reconhecê-lo dessa forma. Não fale com ele ou sobre ele e não pense nele relacionando-o com a carne, pois a Palavra diz que devemos reconhecer o espírito. Se isso é verdade, como você deve considerar um incrédulo? Seu espírito não está redimido e ele continua tendo
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a mesma natureza da sua carne. É óbvio que você não conseguirá vê-lo de acordo com o seu espírito, pois ele não está redimido. O segredo é considerarmos os incrédulos como Jesus considera: “Deleitar-se-á no temor do Senhor; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos;’’ (Isaías: 11:3) Jesus nunca julga ou tira conclusões baseadas nos Seus cinco sentidos. Ao contrário, Jesus sempre vê as pessoas com uma atitude de amor. O amor não vê as pessoas na carne, mas sempre as vê com uma visão redentora. Assim, é dessa forma que devemos ver os outros: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1 Coríntios 2:2) A palavra grega traduzida como “entre”, no versículo acima, na realidade, significa “em, dentro ou sobre”. Paulo estava dizendo que ele havia determinado não saber nada sobre os coríntios, exceto Jesus Cristo, crucificado. Mesmo tendo que repreender os coríntios, Paulo os repreendeu em amor, e recusou-se a considerá-los “de acordo com a carne”. Sua mente lhe dirá imediatamente: “Se você começar a tratar os outros dessa maneira, essas pessoas vão tirar vantagem disso e acabarão pisando em você.” A idéia é que você deve manter suas defesas erguidas contra a carne dos outros ou você será ferido. Sua mente lhe dirá que a melhor maneira de ajudar uma pessoa a mudar é apontando seus problemas para que ela possa se arrepender. Na verdade, essa é a atitude oposta que a Bíblia nos instrui a fazer. Ao apontarmos os defeitos dos outros, nós os identificamos de acordo com a carne e os ajudamos a se identificarem com a sua carne. (Não estou falando sobre uma situação de aconselhamento, mas de um relacionamento.)
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Jesus nos diz que as mudanças das circunstâncias e dos relacionamentos vêm por meio da oração, pedindo ao Pai e crendo e agindo como se já tivéssemos recebido aquilo pelo qual oram os. Esse é o m ecanism o pelo qual as nossas orações são respondidas: “porque em verdade vos afirmo que, se alguém disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar, e não duvidar no seu coração, mas crer que se fará o que diz, assim será com ele. Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco.” (Marcos 11:23-24) Talvez o seu cônjuge ou o seu filho tenham áreas em suas vidas que pareçam insuperáveis para você. Pare de concordar com o diabo sobre as pessoas que ama. Não aceite uma imagem falsa em suas vidas ao se relacionar com elas como se a área problemática continuasse existindo. Mesmo se você vir o problema, não deposite fé nele. Deposite a sua fé em Deus ao crer que você recebeu aquilo pelo qual orou: uma mudança na vida das pessoas que ama. O princípio de Deus é para que você declare as coisas que são verdadeiras, mas que ainda não se manifestaram no natural. Uma pessoa nascida de novo possui toda a plenitude de Jesus C risto no seu espírito, na form a de sem ente. Entretanto, pode ser que essa sem ente ainda não esteja totalmente manifestada na sua alma. Para vermos mudanças na vida de uma pessoa, visualize-a no espírito e declare a existência das coisas que ainda não existem no natural, mas que já estão presentes no sobrenatural, no seu espírito: o caráter de Jesus. “como está escrito: Por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, o Deus que vivifica os mortos e chama à existência as coisas que não existem.” (Romanos 4:17) O m ecanismo pelo qual recebemos a resposta de
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oração é crendo que já a recebemos. Nós a declaramos com a nossa boca e agimos como se ela já existisse. Não fale e declare aquilo que você já possui. Você não precisa disso! D e cla re o que vo cê não te m . Se o seu m a rid o fic a freqüentemente irado, ou se a sua esposa é mal-humorada, não visualize isso e não fale com ele, ou com ela, sobre seus p o n to s n e g a tiv o s . Isso, s im p le sm e n te , fo rta le c e rá as características negativas em você e nele. Por que declarar mais ira ou mau humor? Você já tem ira e mau humor. Mas declare paz, alegria e vida no espírito. A m e lh o r a n a lo g ia que p o d e m o s usa r p a ra compreender esse princípio é o da gravidez. Qualquer hora, depois da concepção, uma mãe pode verdadeiramente dizer: “Tenho um bebê”, mas isso não será fisicamente manifestado em plenitude até o nascimento. Quando declaramos a Palavra de Deus numa circunstância, ou na vida de alguma pessoa, estamos plantando uma semente e a concepção ocorre. Du rante o tempo de gravidez, continuam os acreditando que recebemos aquilo pelo qual oramos. Quando um nascimento ocorre, vemos manifestado no natural aquilo pelo qual oramos. Assim, desejamos que as nossas palavras concordem com a verdade no espírito, não com a manifestação na alma. “porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado. ” (Mateus 12:37) “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto. ” (Provérbios 18:21) Certifique-se de que a sua língua sempre declare vida, e não morte, a outros e sobre os outros. Você só poderá fazer isso ao andar no espírito e ao permitir que a natureza de Jesus Cristo encha a sua alma no seu espírito. Em Mateus 12:34, Jesus disse que a sua boca fala do que está cheio o coração. Se o seu coração estiver cheio de amor e da vida de Jesus Cristo, sua boca automaticamente falará palavras de amor e vida. Se ela estiver cheia da carne e
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de morte, será isso o que ela falará. Não use a Palavra apenas como uma lei, ao tentar controlar as suas palavras com a força de vontade humana. Se você perceber palavras carnais saindo da sua boca sobre alguém, deixe que isso seja uma indicação de que a sua carne está dominando essa área. Pergunte a si mesmo se você está confiando esse relacionamento nas mãos de Deus e busque-0 em oração. Ele o ajudará a com preender na esfera espiritual e a se convencer do pecado na sua carne. Então, você poderá se arrepender e ser purificado pelo sangue, ativando, assim, a lei da vida. Uma vez visitei um casal polonês para pedir-lhes ajuda numa tradução que precisava enviar a amigos na Polônia. Disse a minha esposa Jan: “Volto em uma hora.” Durante a visita, aquele casal soube que eu estava envolvido com aconselhamento cristão, e me pediram que os aconselhasse sobre uma situação em suas vidas. Quase quatro horas depois, telefonei a Jan para avisá-la de que eu estava atrasado e já estava voltando para casa. Mas percebi que ela estava zangada comigo, pois nosso filho de dois anos, Josué, não lhe estava obedecendo e ela sentia que eu deveria estar em casa para ajudá-la. Enquanto eu voltava para casa, sentia-me terrível. Minha alma estava morta e eu não queria voltar para casa. Eu já havia passado por aquilo antes, e, geralmente, quando Jan ficava mal-humorada, seu mau humor durava a noite toda. Sentindome culpado, eu compensaria a minha ofensa ao ocupar-me tomando conta de Josué, ao falar de maneira amorosa, ao fazer o maior número de trabalhos dom ésticos que fosse possível e ao tentar acalmar a carne de Jan. Mas aquilo nunca funcionou, e o nosso relacionamento geralmente esfriava du rante toda a noite. Naquela noite, enquanto voltava para casa, orei em espírito e o Senhor falou comigo: “Comece a declarar em oração a verdade sobre quem Jan é no espírito.” Comecei a orar: “Obrigado, Senhor, por Jan ser redimida da lei do pecado e da morte. Em nome de Jesus Cristo, declaro que ela anda
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no espírito, e não na carne. Obrigada, Senhor, por Jan ser cheia de vida, paz, alegria e perdão.” Então, o Espírito Santo disse: “Você está apenas confessando as palavras. Você continua vendo a sua esposa na carne. Você espera que, quando voltar para casa, ela fique irada a noite toda, pois é isso o que aconteceu no passado. Você continua vendo uma imagem de morte.! O Senhor me mostrou que eu era como um piloto sentado num avião que confessava voar na oração, mas que não ligava os motores para operar a lei da aerodinâmica. Eu me arrependi por ver Jan na carne e por depositar minha confiança naquilo que eu havia ouvido com os meus ouvidos. Decidi ir em frente e crer que eu já havia recebido aquilo pelo qual havia orado. Determinei voltar para casa e, independente das circunstâncias ou das palavras que ela me dissesse, eu reconheceria apenas “Jesus Cristo, crucificado” . Deus me disse: “Aja como se ela estivesse no espírito, mesmo se ela se comportar na carne.” Quando cheguei em casa, Jan continuava frustrada e irada comigo. Deus havia me convencido de que eu havia demorado muito e desonrado Jan por não ter ligado antes. Ao vê-la, primeiro confessei o meu erro e pedi-lhe perdão. Ela disse que havia me perdoado, mas eu continuava sentindo a sua ira. Então, em vez de agradá-la e de alimentar a sua carne, continuei falando com Jan como se ela estivesse dominada pelo seu espírito. (Foi difícil, porque a sua carne incitava a minha!) Porém, eu já tinha determinado não saber nada além de Jesus Cristo no seu espírito. Depois de uns vinte minutos, todo o mau humor de Jan havia desaparecido, e ela havia voltado a andar no espírito. Fiquei muito impressionado, pois toda vez que ela ficava mal humorada, ela demorava a noite toda para se acalmar. Sem dúvida nenhuma, a lei do espírito da vida em Cristo Jesus nos libertou da lei do pecado e da morte. São as imagens falsas que temos de Deus, de nós mesmos e dos outros que nos fazem desviar da lei da vida em Jesus. Muitas vezes ouvi cristãos dizendo que precisamos
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“transferir o conhecimento bíblico que temos na mente para o coração” . Mas não creio que o nosso conhecimento intelectual da Palavra tenha que ser transferido. O que precisamos é que a nossa mente, a nossa vontade e as nossas emoções sejam renovadas pelo poder do Espírito Santo e pelo poder da água purificadora da Palavra (Efésios 5:26), para nos mostrar a verdade de quem já somos no espírito. Nossas almas são o que precisa ser renovado com o conhecim ento da nossa identidade no espírito. Não precisamos que o nosso espírito seja renovado com o entendimento intelectual da Bíblia, mas as nossas mentes devem ser renovadas para a verdade daquilo que Deus já fez em nossos espíritos. Deus não está tentando mudar a nossa identidade no espírito. Ele está apenas tentando nos ajudar a caminhar em nossa verdadeira identidade daquilo que já somos no espírito. Nossos espíritos já foram redimidos, libertos da lei do pecado e da morte e já se tornaram santos, justos e puros. Quando Jesus disse aos judeus: “e conhecerás a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livre s?” (João 8:32-33). Eles não reconheciam sua escravidão devido às imagens falsas pelas quais viam Deus, a si mesmos e o pecado. Para pôr um ponto final nessas imagens e ganhar uma nova imagem, precisamos permitir que o Espírito Santo revele as imagens falsas que temos de nós mesmos, de Deus e dos outros em nossas mentes. Caso contrário, assim como os judeus, permaneceremos em escravidão e não teremos o conhecimento da verdade: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus." (Romanos 12:2) Precisamos perm itir que as nossas mentes sejam renovadas para a verdade no nosso espírito. Quando Deus revela uma imagem falsa, uma fortaleza carnal na sua mente,
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derrube-a por meio do arrependimento e do reconhecimento da verdade de Deus no seu espírito. “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento á obediência de Cristo. ” (2 Coríntios 10:3-5) Ao derrubar as imagens falsas e começar a caminhar na verdadeira identidade do seu espírito, a semente incorruptível da vida, no seu espírito, gerará fruto da sua própria espécie e esse fruto será manifestado em cada área da sua vida.
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Manifestações Superficiais da Carne A nossa carne utiliza quatro instrumentos poderosos para nos manter escravos da lei do pecado e da morte. Esses instrum entos são: 1) julgam ento de raiz de amargura, 2) expectativas falsas provenientes do julgamento, 3) expectativas falsas baseadas na falsa auto-imagem, e 4) manipulação. A raiz de amargura surge do julgamento inicial que uma pessoa tem de outra. Dessa raiz de amargura provém não apenas um, porém, muitos julgamentos subseqüentes. Esses julgamentos de raiz de amargura estão baseados em imagens falsas estabelecidas na alma. Tais imagens nos motivam a caminhar, inconscientemente, na carne, mesmo depois de nascermos de novo. "atentando, diligentemente, porque ninguém seja faltoso, separandose da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;" (Hebreus 12:15) O tipo de julgamento aqui não deve ser confundido com o discernim ento espiritual. O julgam ento de raiz de amargura significa tirar uma conclusão negativa sobre o caráter de outra pessoa, especialmente se ela se relaciona com você. Essas conclusões estão baseadas no valor que você dá à atitude, às palavras e ao comportamento que elas têm com você, o que o faz julgar a pessoa. Porém, a Bíblia nos diz para não julgarmos as pessoas de tal maneira. A Palavra de Deus nos diz para não julgarmos, pois o julgamento é um indicador de que temos ou teremos a mesma
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atitude pela qual julgamos os outros. Você pode dizer: “Se eu julgar um homossexual, vou me tornar um homossexual?” Creio que não, mas você abrirá a sua vida para ser controlada pela sua carne na área mais fraca. O julgamento também tem a habilidade de reproduzir, nas vidas das pessoas ao seu redor, as mesmas atitudes carnais e comportamentos pelos quais você julgou os outros. Quantas mulheres reclamam que seus maridos as tratam como seus pais as trataram? Ou quantos homens reclamam que suas esposas os tratam como suas mães os tratavam? Isso não aconteceu por acidente. Esses maridos e esposas, através do engano do pecado e do julgamento, criaram esses padrões de comportamento ou atitudes em seus cônjuges. O julgamento opera dessa maneira ao criar em você uma imagem falsa de outras pessoas e de si mesmo no relacionamento com elas. Essas imagens falsas são sementes plantadas na alma: elas reproduzem sementes de sua própria espécie de acordo com a lei de semear e colher. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.” (Gálatas 6:7-8) Um aspecto da lei de semear e colher é que você sempre colhe mais do que semeia. Qualquer fazendeiro sabe que, ao semear uma semente, ela vai se transformar em uma planta com m uitos fru to s, cada fru to contend o m uitas sementes novas. Ao julgar essas imagens falsas, formadas em si mesmo e nos outros,elas tornam -se um enfoque emocional na sua alma. Lembre-se, a sua alma é como uma câmera fotográfica que produz na sua vida aquilo que focaliza. O julgam ento foca a alm a, incorretam ente, através das imagens falsas e negativas que resultam uma má colheita de frutos. Tenho um amigo pastor chamado Steve. Ele é usado
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poderosamente por Deus para pregar, ensinar e aconselhar. Entretanto, algum tempo atrás, o Senhor lhe revelou como alguns julgamentos de raiz de amargura estavam diminuindo a eficácia do ministério e destruindo sua vida pessoal e familiar. Steve cresceu num bairro pobre e, para piorar, ele considerava seu pai preguiçoso e tolerante àquela terrível situação. Aparentemente, aquele pai não queria mudar, e Steve o julgava pela sua preguiça e por não tentar mudar a situação da família. Mais tarde, Steve jurou que nunca seria como seu pai, mas esses julgamentos não se limitaram aos problemas do lar. Ele julgava os políticos do governo e a sociedade pela sua insensibilidade às necessidades do povo. Ao crescer, ele se tornou um militante e se uniu a um grupo terrrorista na tentativa de fazer algo pelos americanos pobres. Enquanto estava nesse grupo, pela misericórdia de Deus, Steve nasceu de novo, deixou o grupo e começou a viver uma vida para Jesus Cristo. Porém, esses julgamentos continuaram operando a morte dele, sem que os percebesse ou os consentisse. Os dois julgamentos principais que operavam em Steve estavam relacionados à preguiça e à insensibilidade para com as necessidades dos outros. Porém, desde que havia nascido de novo, em vez de esses julgamentos serem eliminados, muitas outras sementes de julgamento foram reproduzidas e sem eadas. S teve ju lg a va os c ristã o s que co n sid e ra va preguiçosos e m inistérios insensíveis às necessidades do povo. Ao fazer isso, ele, inconsciente e conscientemente, se comparava com outras pessoas e comparava o seu ministério com outros ministérios. É claro que ele sempre achava que era um árduo trabalhador e mais sensível do que qualquer outra pessoa. Essa auto-imagem emanava do orgulho na sua carne, e não da natureza de Cristo no seu espírito. Porém, ele pensava que sua atitude era santa, pois o julgamento o cegava nessa área, então aquele pecado (orgulho) na sua carne o enganava. Isso é o que Jesus quis dizer quando se referiu a uma trave no olho. "Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com
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que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão. ” (Mateus 7:1-5) O problema é que, quando você tem uma trave no seu olho, sem que perceba, você é enganado pelo pecado. Steve pregava, aconselhava e ministrava pessoas de 12 a 14 horas por dia porque não queria ser considerado preguiçoso ou ineficiente. Entretanto, estava sempre atrasado para todos os seus compromissos e raramente voltava para casa no horário que havia prometido voltar. Enquanto seu casamento começava a se deteriorar, a eficácia do seu ministério diminuía. Finalmente, desesperado, ele procurou aconselham ento cristão e ficou surpreso ao descobrir que a maior queixa de sua esposa era que ele era insensível às necessidades dela e às necessidades dos filhos, pois estava sempre tão ocupado com o ministério. A atitude e o comportamento de Steve com os outros se desenvolveram nele e em sua família. O pecado na carne de Steve, operando por meio do julgamento, o havia enganado e levado a fazer da sua família exatamento aquilo que ele desprezava, odiava e julgava nos outros. Além disso, pelo fato de o seu ministério estar enraizado no orgulho, ele havia exaltado a si mesmo ao se comparar com outros a quem via como menos eficazes, preguiçosos e insensíveis. Assim, o seu ministério era bem menos eficaz do que poderia ser, pois ele não estava operando no espírito. Steve era um homem de Deus e profundamente comprometido com os propósitos do Senhor em sua vida. Quando o Espírito de Deus lhe revelou essas coisas, ele se arrependeu e começou a permitir que a Palavra renovasse sua mente e que a verdade o libertasse. Quando julgamos os outros, um mecanismo in terior faz com que decidamos não ser como aquela pessoa a quem julgamos. Essa atitude permite que o pecado na nossa
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carne nos engane e nos torne como a pessoa a quem julgamos, geralmente, em algumas outras áreas de nossas vidas que ainda não enxergamos. É por isso que a Bíblia nos diz para não julgarmos ninguém, nunca, pois suas conseqüências são difíceis de serem suportadas. Outro mecanismo de destruição que opera por meio do julgamento são as expectativas futuras. Esperamos um comportamento semelhante de outras pessoas que consiste de imagens falsas recebidas por meio do julgamento. Hebreus 12:15 nos diz que, através da raiz de amargura, muitas pessoas são contaminadas. Essas expectativas ocorrem da seguinte forma: quando julgamos a pessoa e a maneira como ela se relaciona, formamos uma imagem falsa. Assim, por causa dessa imagem, esperamos que os outros, futuramente, ajam da mesma forma e nos tratem da mesma maneira como a pessoa a quem julgamos nos tratou. Por exemplo, se uma pessoa de uma certa raça agiu cruelm ente com você, você poderá esperar que outras pessoas da mesma raça o tratem da mesma forma cruel. O mundo chama isso de preconceito. A Bíblia simplesmente chama isso de pecado. E se, por exemplo, você julgou o seu pai pela forma como ele o tratou? Se você permanecer nesse julgamento, você poderá esperar que outras pessoas, talvez seu marido, chefe, policial ou, em última análise, Deus, o tratem como o seu pai o tratou. Essa expectativa pode ser vista mais facilmente em um re la c io n a m e n to de c a s a m e n to . Os h o m e n s, freqüentemente, fazem com que as qualidades julgadas em suas mães surjam na vida de suas esposas e as esposas fazem com que as qualidades julgadas em seus pais surjam na vida de seus maridos. C onseqüentem ente, os hom ens tendem a ter as qualidades que julgaram em seus pais, e o mesmo ocorre com as mulheres e suas mães. Você já imaginou por que a sua esposa tem algumas qualidades negativas exatamente iguais às da mãe dela? A razão é que sua esposa julgou a mãe dela
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nessas áreas. Você já imaginou por que o seu marido a trata da mesma maneira que ele trata a mãe dele? É porque ele espera que você aja da mesma maneira que a mãe dele nas áreas que a julgou. Lembra-se de Terry e da sua dificuldade de ouvir a voz de D eus? N a q u e la se ssã o de a c o n s e lh a m e n to , não discutim os o julgam ento que tinha de seus pais, mas o julgamento baseado nos efeitos atuais em sua vida. Imagino que ela tenha julgado o seu pai por tê-la feito se sentir sem importância. Ao crescer, ela esperou que outros homens, que namorasse ou com quem considerasse se casar, a tratassem da mesma forma. Por exemplo, quando começava a namorar um homem, o cenário seria sem elhante ao seguinte: Ela esperava que ele a rejeitasse, pois se achava sem importância e sem valor. Inicialmente, ela se sentia atraída a esse homem por ele honrá-la e considerá-la, como se ela fosse valiosa. Mas ela esperava que, mais cedo ou mais tarde, ele descobrisse a ‘Verdade” de quão sem importância e sem valor ela realmente era e finalmente a rejeitasse. Por causa de sua falsa imagem, Terry interpretava as palavras dos homens, sua linguagem corporal e atitudes de acordo com suas falsas expectativas de rejeição, mesmo que tais pensamentos não fossem verdade. Então, ela começava a agir na defensiva, acusando-os de não se importarem com ela. A essa a ltu ra , os h o m en s fic a v a m c o n fu s o s imaginando o que tinha acontecido para que Terry se sentisse re je ita d a . Com o p a s s a r do te m p o , em q u a lq u e r relacionamento, Terry interpretava erroneamente as palavras e as ações de acordo com as suas falsas expectativas. Eventualmente, os homens ficavam frustrados e incomodados. Até então, eles sentiam apenas amor e consideração por Terry. Mas esse amor se transformava em rejeição. Você consegue ve r com o a se m e n te da m ágoa em Terry o p e ra v a poderosam ente e fazia com que os homens tivessem as mesmas atitudes que ela odiava em seu pai? Por toda sua vida, Terry orou e pediu a Deus que a
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ajudasse num relacionamento e lhe desse um marido. Com a rejeição, ela enxergava Deus por meio da mesma imagem falsa pela qual ela via o homem que namorara. Essa imagem de si e de Deus provinha do julgamento que ela fazia de seu pai. Devido às circunstâncias, ela concluiu (como ela sempre esperou) que Deus não a amava de verdade e que ela não tinha importância e valor para Ele. Para Terry, as circunstâncias m ostravam a verdade de suas expectativas: “ Se Deus realmente me amasse e me valorizasse, Ele me daria um marido. Ele poderia ter me ajudado nesse relacionamento, mas Ele não me ajudou. Então, é óbvio que ele não se importa.” Terry fora enganada pelo pecado baseado em imagens falsas estabelecidas em sua alma através do julgamento ao seu pai. Essa expectativa prejudicou o seu relacionamento com Deus e a impediu de receber um marido e outras coisas boas que o Seu Pai Celeste lhe desejava dar. Então, o julgamento específico que Terry fez de seu pai no passado gerou nela uma expectativa da form a como os homens, no geral, a tratariam no presente e no futuro. Esse é um mecanismo pelo qual muitos são contaminados por um julgamento de raiz de amargura (Hebreus 12:15). Vamos olhar um outro exemplo. Suponhamos que um garoto cresça ao lado de uma mãe obesa e ele a julgue pela obesidade. Agora, suponhamos que uma menina cresça com um pai a quem nunca conseguia agradar. Ele sem pre a criticava, e ela o julgava por isso. Vamos supor que esse jovem e essa moça se casem. No início, tudo funciona bem. Esse homem sentiu-se atraído pela esposa por ela ser bonita e magra, diferente de sua mãe. A jovem mulher sentiu-se atraída por ele porque ele era amoroso, sensível e a agradava. Ele nunca a criticava, pois ela era linda e era tudo o que desejava numa esposa. Nenhum dos dois tinha expectativas conscientes um do outro, mas, inconscientemente, gravadas em suas almas estavam imagens falsas com expectativas provenientes do julgamento. Ele, inconscientemente, esperava que as mulheres fossem gordas. Ela, inconscientemente, esperava que os
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homens fossem críticos. Provavelmente, ele deve ter tido algumas professoras obesas quando pequeno, o que ajudou a confirmar uma imagem, e ela deve ter tido alguns professores e chefes críticos. Após um curto período de casam ento, o m arido começa a notar que sua esposa ganhara alguns quilos desde que se casaram. No seu esforço de ser uma boa esposa e de agradá-lo, ela prepara comidas um pouco mais calóricas do que deveria, o que a impede de manter a forma. Imediatamente, por causa da expectativa e da imagem que tem, ele começa a se alarmar com o fato de sua esposa estar engordando. Na realidade, ela havia ganhado apenas uns dois quilos, mas ele vê apenas o aspecto que não tolerava em uma esposa tornando-se realidade. Então, ele aborda esse assunto da maneira mais delicada possível: “Querida, tenho observado que você ganhou uns quilinhos. Talvez você devesse procurar uma academia.” Esse comentário não é terrível nem crítico, mas devido às expectativas e às imagens da esposa, ela fica extremamente preocupada: “ Ele nunca me criticou antes!" E aquilo que ela não podia tolerar em um marido começa a se tornar realidade. Ela continua pensando naquela crítica e fica preocupada. Então, começa a fazer o que muitas mulheres fazem depois que se casam ou quando ficam nervosas: começa a “beliscar” entre as refeições. Como resultado disso, a esposa ganha mais alguns quilos, o que realmente preocupa o marido. Ele pensa: “Talvez eu não tenha sido muito claro da última vez. Talvez ela não tenha com preendido com o sua boa form a e beleza são importantes para mim.” Então, da maneira mais doce possível, mas um pouco mais enfático, ele expressa sua preocupação com o peso dela. A reação à critica é mais tensão e estresse, o que resulta em comer mais. Logo, por meio das expectativas dele, ele cria uma esposa obesa, e ela, por meio das expectativas dela, gera um marido crítico. Talvez esse casal finalmente descubra que cometeram
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um erro ao se casarem. Cada um pensa: “Meu cônjuge não é realmente a pessoa com quem pensei ter me casado.” Não! A verdade é que eles mudaram um ao outro por meio de suas expectativas de raiz da amargura. Se esse casal se divorciar e se casar com outras pessoas, eles simplesmente iniciarão o processo todo novamente. O ju lg a m e n to de raiz de a m a rg u ra oco rre inevitavelmente com cada um de nós nas áreas pelas quais julgamos outros. É por isso que a Bíblia é tão dura sobre não julgarmos ninguém, especialmente os nossos pais. "Honra a teu pai e a tua mãe, como o Senhor, teu Deus, te ordenou, para que se prolonguem os teus dias e para que te vá bem na terra que o Senhor, teu Deus, te dâ.” (Deuteronômio 5:16) Se você julgar seus pais por qualquer área da vida deles, essa área não prosperará e seus dias não serão prolongados na terra. Você estará constantemente colhendo as conseqüências da lei do pecado e da morte sem saber o porquê. Então, você pode dizer: “Deus está ensinando algo através desse relacionamento” ou “O diabo está me atacando”. Ou você ficará frustrado e irritado, certo de que o seu problema é culpa da outra pessoa. Saiba que, na maioria dos casos, você está retirando esse comportamento de alguém através das suas expectativas. Se você estiver tendo problemas com a maneira pela qual seu cônjuge, chefe, amigos e outros o tratam, talvez isso seja devido ao seu ju lg a m e n to , às falsas im agens e e xpe ctativa s. Provavelmente, inconscientemente, você enxergue Deus da mesma maneira. Talvez você não acredite nisso de imediato, mas a Palavra diz isso e o Espírito Santo lhe mostrará se você estiver aberto a Ele. “Se alguém disser: Amo a Deus e odiara seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê." (1 João 4:20)
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A Escritura diz que, se você julgar uma pessoa, você não a está amando, e sim odiando-a (não há meio termo!). Essa Escritura diz que, da mesma forma, quando você julga, você vê Deus através dessa m esma im agem . Algum aô pessoas ficam surpresas ao descobrir que a maneira como se relacionam e reagem sexualmente com seus parceiros de casamento é igual à maneira como elas os vêem de forma geral e é a mesma imagem através da qual elas vêem Deus. Terry, a moça que me procurou para aconselhamento, odiava seu pai em seu julgamento, e, subseqüentemente, odiava outros homens que namorara. E, em última análise, ela odiava a Deus também, porque o via através da mesma imagem falsa. Você percebe por que julgar outros é tão perigoso? Uma outra forma de expectativas faisas não provém, necessariamente, do julgamento, mas é tão destrutiva quanto ele. Ela provém de imagens falsas em nossa alma que foram depositadas ali por outros meios. Essas expectativas falsas fazem com que consideremos, erroneamente, os outros da mesma maneira como consideramos a nós mesmos. Essa forma de expectativa está intimamente ligada com o julgamento de rate de amargura. Geralmente, elas andam juntas. Por exem plo, Terry queria se casar, mas ela não esperava apenas que o homem que namorasse a tratasse com o seu pai a tratou, ela tam bém esperava que ele a considerasse da mesma maneira como ela se considerava. Por exemplo, se eu acho que tenho um nariz comprido, espero que todos vejam e saibam que tenho um nariz comprido. Se eu âchar que sou menos inteligente que outros, então, quando eu for entrevistado para um emprego, vou crer que a p e sso a que está me e n tre v is ta n d o p e rc e b a imediatamente que me falta inteligência. A verdade é que o entrevistador ainda não formou uma opinião sobre mim e não sabe nada sobre mim. Pelo fato de eu me ver através de uma imagem falsa, me considerar burro, e ter a certeza de que essa pessoa me co n sidera burro, perco a co n fia n ça e conseqüentemente ajo tolamente. Então, a pessoa que está
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me entrevistando percebe que ajo como se fosse burro, forma a opinião de que eu não devo ser muito inteligente e me trata de acordo com essa opinião. Novamente, eu criei o meu mundo para ser compatível com a minha falsa imagem por meio de uma expectativa falsa. Agora, quando o entrevistador me trata como se eu fosse burro, a minha falsa auto-imagem é fortalecida e me confirma que, na verdade, eu não devo ser muito inteligente. Esse é o mecanismo pelo qual a nossa carne opera. As fa ls a s a u to -im a g e n s em nossa alm a fo rm a m um comportamento (portanto, não está presente) proveniente dos outros e que nos confirma a “verdade” de uma imagem falsa na qual acreditamos. Suponhamos que um menininho cresça sem que seus pais o tenham disciplinado da maneira apropriada. Em vez de tomarem atitudes disciplinadoras, os pais apenas gritam e berram e ele co n tin u a d e s o b e d ie n te . Os pais dizem constantemente a ele a a outras pessoas quão malcriado e desobediente ele é. Quando essa criança começa a estudar, no seu primeiro ano, a professora não conhece nenhuma das crianças da sala. Porém, esse garotinho tem uma imagem de si mesmo já incutida na sua alma: "Sou um menino malcriado e indisciplinado." Ele também acredita que todos os outros adultos ao seu redor já saibam e acreditem que ele é assim. No primeiro dia de aula, ele vai para a sua classe e espera que a professora o trate como se ele fosse malcriado e desobediente. Em sua mente, o menino faz com que a p ro fe s s o ra tire c o n c lu s õ e s sobre ele b a se a d a s nos pensamentos que ele tem de si mesmo. Ele age de forma malcriada e desobediente, e, adivinhe... a professora o trata como se ele fosse malcriado e desobediente! Isso confirma a verdade sobre a sua auto-imagem. A verdade é que a carne do menininho formou esse comportamento e fez com que ela lhe confirmasse a própria auto-imagem. Esse é o mecanismo pelo qual a nossa carne manipula a carne dos outros para fazer com que eles nos confirmem a falsa auto-imagem na qual estamos andando.
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As duas expectativas falsas discutidas anteriormente são usadas pelo diabo para manter você e os outros ao seu redor escravos dessas falsas auto-im agens incutidas em nossas mentes e emoções pelo pecado em nossa carne. O primeiro tipo de expectativa falsa é designado basicamente para manter as pessoas ao seu redor escravas das imagens de relacionamentos passados através da visão que você tem delas. Por exemplo, suponhamos que o homem que julgou sua mãe por causa da obesidade subitamente reconhecesse que estava julgando e que estava enxergando sua mãe e sua esposa por m eio da sua carne, e não do seu espírito. Suponhamos que o Senhor também o tenha convencido de que ele estava tentando, através da força e da sabedoria da sua carne, m a n ip u la r sua esposa por m eio de “ doce s sugestões” (crítica) para fazê-la perder peso em vez de vê-la no espírito, chamar à existência aquilo que ainda não exite, crer e receber aquilo pelo qual orou (Romanos 4:17, Marcos 11:24). Suponhamos que ele confesse tudo isso para a sua esposa, se arrependa e comece a caminhar no espírito. Por outro lado, a esposa ainda não enxerga o seu julgamento, sua falsa expectativa e sua falsa imagem. Ela con tinua esperando que o marido a critique, mesmo tendo se arrependido. Essa lei espiritual negativa continuará operando nela na tentativa de fazer com que o marido a critique. Se ele continuar andando no espírito, não conseguirá ser manipulado pela carne. A carne, em uma pessoa, consegue gerar um com portam ento apenas por meio da carne de uma outra pessoa. Porém, por causa da imagem e da expectativa falsas que a esposa tem, ela não perm ite que o marido mude. Insconscientem ente, ela faz o possível para que ele se conforme à sua imagem e a critique. Se o marido permanecer no espírito, ele mudará de qualquer forma, independente de sua esposa vê-lo no espírito ou não. Mas, por não liberá-lo e não vê-lo no espírito, ela não estará ajudando o marido a viver na verdade de quem ele é em
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Cristo. Basicamente, as atitudes carnais da esposa operam sem cessar contra o mesmo desejo do seu coração: ter um marido que não a critique. Essa é a maneira pela qual o primeiro tipo de expectativas falsas opera para m anter as outras pessoas em dois tipos de escravidão: à sua carne e também às imagens falsas que temos delas. O segundo tipo de expectativas falsas nos mantém em escravidão às nossas próprias auto-imagens. Esse mecanismo faz com que outras pessoas nos considerem da mesma maneira pela qual nos consideramos. Uma vez que essa imagem é estabelecida nos outros, eles acreditarão nas imagens falsas sobre nós e não nos liberarão dessas imagens se nos arrependermos mais tarde. Se você acreditar que você é burro, então, através dessas expectativas falsas, você pode convencer o seu chefe de que você é burro. Porém, mais tarde, você pode vir a compreender a verdade de Jesus Cristo (de que você não é burro) no seu espírito. Assim, você se arrepende de caminhar na carne sob o engano no pecado. Entretanto, o seu chefe continua tratando-o como se você fosse burro devido à imagem que tem de você (criada pela sua própria carne). Andar na verdadeira imagem no espírito é muito mais difícil quando os outros o lembram e o tratam de acordo com as imagens falsas que tem de você. Uma quarta área na qual a nossa carne opera é através da m anipulação dos outros com o propósito de alcançar objetivos próprios. Isso significa usar quaisquer métodos ou palavras que a nossa carne considere necessárias para fazer com que a outra pessoa faça o que desejamos. O exemplo mais comum é um marido crente que usa um estudo bíblico sobre submissão (Efésios 5) para convencer a esposa a concordar com ele sobre algum ponto. Talvez a esposa também tente fazer com que o marido faça algo por ela. Por ele ser cabeça dura, ela se afasta sexualmente dele. Imediatamente, o marido lê 1 Coríntios 7 que fala que o corpo da mulher não é dela, mas do marido. Assim, o marido não está amando sua mulher, pelo contrário, está usando a Palavra
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de Deus para manipulá-la. Esse é um exem plo de como cada pessoa usa a manipulação carnal na tentativa de fazer as coisas da sua m aneira. P ro va ve lm e n te , nesse m om ento você e s te ja m a n ip u la n d o alguém ou sendo m anip ula do. Isso e stá acontecendo em uma área da sua vida na qual a sua carne está exercitando o seu domínio, provavelmente, sem que você perceba. Você não pode ser manipulado em nenhuma área onde o seu espírito tem domínio, e o seu espírito não permitirá que você manipule outros porque o seu espírito o leva a confiar em Deus para atingir o seu propósito. A manipulação carnal, como mencionei anteriormente, pode ser muito sutil. Podemos até usar a Palavra de Deus na carne para manipular alguém a dar dinheiro para a igreja, receber a Jesus, ser batizado no Espírito Santo ou arrependerse do pecado. Todas essas coisas são objetivos nobres e correios, mas se não confiarmos em Deus para ungir a Sua Palavra e convencer as pessoas por meio do Espírito Santo, caímos facilmente na armadilha da manipulação carnal. Nos tem pos de Jesus, os escribas e os fariseus constantemente manipulavam Jesus para atingir seus próprios objetivos. Eles estavam sempre preparando uma armadilha na carne para manipulá-Lo a conformar-Se com suas doutrinas e imagens falsas de santidade. Porém, Jesus nunca foi manipulado. Ele sempre reagia no espírito. Um espírito nascido de novo não pode ser manipulado pela carne e não manipula outras pessoas. A manipulação está enraizada na imagem falsa de um Deus infiel e incapaz de suprir as nossas necessidades ou de cumprir os Seus propósitos em nossas vidas. Como conseqüência de não ter recebido o amor de Deus nessa área, e de não confiar em Deus, as nossas mentes, governadas pela carne, elaboram planos para alcançar os objetivos por meio da manipulação. A manipulação pode ser uma coisa muito perigosa. Em 2 Samuel 13:1-19, um jovem, Amnom, destruiu a vida de sua irmã, Tamar, ao manipulá-la a satisfazer suas necessidades e
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ao alcançar os objetivos. Se Deus estiver convencendo-o de que você está manipulando alguém, arrependa-se por não ter confiado Nele e por ter permitido que a sua carne governasse essa área. Se você está sendo manipulado por alguém, arrependa-se por estar vivendo na carne e determine andar no espírito. Lembrese, o seu espírito recriado possui a natureza de Jesus Cristo e não pode ser manipulado por mais ninguém. Esses são alguns dos mecanismos e técnicas que a nossa carne usa para capturar a nossa alma e nos escravizar à lei da morte em nossas vidas e nos relacionamentos com outras pessoas. Tire um tempo para buscar Deus e permita que Ele lhe revele, no espírito, os julgamentos, as expectativas falsas, as imagens falsas e a manipulação. Ao perceber tais coisas, não se desespere, mas regozije-se com a bondade de Deus. Saiba que não é você, mas o pecado na sua carne que opera ilegalmente em você. Arrependa-se, seja purificado pelo sangue e ganhe o entendimento da verdade. Ande no espírito e seja santo porque Ele (em você) é santo.
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Capítulo 6
O Leão, o Urso e a Serpente Talvez, ao ler esses últimos capítulos, você tenha se c o n v e n c id o de um ju lg a m e n to de raiz de a m a rg u ra , manipulação ou outras manifestações de domínio carnal em sua vida. São áreas onde o pecado, na sua carne, o enganou por meio de imagens falsas e o escravizou à lei do pecado e da morte. Porém, essas manifestações de domínio carnal não são sim p le s m e n te e ve n to s is o la d o s e d e sc o n e x o s . O julgam ento, as expectativas falsas e a m anipulação são meramente manifestações superficiais de todo um estilo de operação da sua carne possivelmente presente em sua vida desde a sua infância. O julgamento, as expectativas falsas e a manipulação são simplesmente pontas de um iceberg que, primeiro, nos é visível no espírito. O Senhor não deseja que paremos na ponta do iceberg, mas que revelemos todo um sistema de engano que c a u sa os ju lg a m e n to s , a m a n ip u la ç ã o e o u tra s manifestações superficiais da nossa carne. Isso provém de im a g e n s fa ls a s e n ra iz a d a s a tra v é s das q u a is , inconscientemente, enxergamos a vida durante anos. É verdade que cada uma dessas manifestações da ca rn e deve se r lid a d a in d iv id u a lm e n te p or m eio do arrependimento e da purificação pelo sangue de Jesus. Porém, parar por aí e não se arrepender m ais das m otivações inconscientes por trás delas é semelhante ao ato de espantar os mosquitos da cozinha com a porta aberta enquanto há um latão de lixo exposto ali dentro. Em outras palavras, existem estilos de operação baseados em certas imagens falsas das quais surgem as
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manifestações superficiais e invisíveis da nossa carne. O pecado operando na carne é um inimigo sutil, porém, mortal, que reside dentro de nós ilegalmente e é designado para a nossa destruição. A Palavra de Deus nos dá um quadro muito claro da operação do pecado na nossa carne por intermédio do profeta Amós. O pecado é como uma serpente venenosa que reside secretamente na alma e a contamina. “Como se um homem fugisse de diante do leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando a mão à parede, fosse mordido de uma cobra. ” (Amós 5:19) Posso imaginar um homem bem perto de um leão. Ele sabe que, se ele for pego, perderá a sua vida. O leão o fará em pedacinhos. Ele corre e finalmente consegue escapar do leão. Enquanto recupera o fôlego e contorna uma rocha, ele dá de cara com um urso, que levanta suas patas e ruge. Imagine o desespero desse pobre cam arada ao dar meia volta e novamente correr para se salvar. Finalmente, ele consegue despistar o urso e escapar. Decide voltar para casa, descansar e relaxar, pois tivera aventura o suficiente para apenas um dia. Imagine uma casa do Oriente Médio com paredes em pedra sem reboque e com buracos e fendas entre as pedras. Quando o homem se senta para relaxar e encosta na parede, subitamente, uma cobra venenosa sai de dentro da fenda e pica a sua mão, injetando um veneno mortal. Você já se sentiu como esse pobre homem? Em todas as direções há alguém ou alguma coisa que se opõe a você, que quer roubá-lo, feri-lo e destruí-lo. Enquanto eu buscava o Senhor para compreender essa escritura, Ele me mostrou que os leões e os ursos são pessoas e circunstâncias que colocam uma pressão destrutiva sobre nós. Os leões ou os ursos podem ser coletores de impostos, a Receita Federal, seu chefe, um companheiro de trabalho, o desemprego, a economia, sua esposa, seu marido, seus filhos
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ou a sua saúde. Quaisquer problemas externos que roubam a sua alegria e paz são leões e ursos. Algumas vezes, parece que, assim que você escapa de um problema ou consegue vencer um problema, outro imediatamente se levanta para atormentá-lo. Os leões e os ursos são problemas visíveis que ocupam o seu tempo e gastam a sua energia. Porém, a serpente está escondida na parede do seu coração. Ela não é externa nem visível sem a revelação de Deus. Você sempre acha que, quando os leões e os ursos procuram destruí-lo, esses problemas são desconexos e externos. Eles sobrevêm a você devido às circunstâncias que estão além do seu controle ou devido ao pecado das outras pessoas. Em m u ito s ca so s, e ssa não é a v e rd a d e . Freqüentemente, as cirscuntâncias e os relacionam entos negativos ocorrem devido ao pecado em nossa carne que enganou e capturou a nossa alma. O* pecado na carne é a serpente escondida nas paredes do nosso coração. A serpente se ocupa em envenenar a nossa mente, a nossa vontade e as nossas emoções do lado de dentro, o que cria muitos dos nossos problemas externos (leões e ursos). O problema básico é que, pelo fato de termos sido enganados pela serpente na parede, não vemos a ligação en tre os leões e ursos externos e a operação interna da nossa própria carne. Enquanto o diabo puder manter a nossa atenção centralizada na luta e na fuga dos leões e ursos, nunca veremos a cobra venenosa escondida nas paredes do nosso coração. E o veneno dessa cobra nos engana e cria as situações que parecem ser leões e ursos. Se a sua vida está cheia de leões e ursos, você pode estar certo de que isso não está acontecendo porque Deus não o am a e está p u n in d o -o ou porque S atan ás está orquestrando todos esses problemas. Isso está acontecendo por causa da serpente, da qual você está despercebido, que está escondida no seu coração e está envenenando a sua alma. Mesmo se você não perceber os leões e os ursos em sua vida, há, sem dúvida nenhuma, uma serpente operando
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sutilmente em você, designada para a sua destruição. Como é que o pecado consegue nos enganar e capturar a nossa alma? Isso acontece basicamente por meio das imagens falsas que se estabelecem em nossa alma pelas q u a is m e d im o s e in te rp re ta m o s to d a s as p a la vra s, experiências, e relacionamentos presentes e futuros. Em A m ós, no c a p ítu lo sete, a P a lavra nos dá um m a io r esclarecimento desse processo. “Mostrou-me também isto: eis que o Senhor estava sobre um muro levantado a prumo; e tinha um prumo na mão. O Senhor me disse: Que vês tu, Amós? Respondi: Um prumo. Então, me disse o Senhor: Eis que eu porei um prumo no meio do meu povo de Israel; e jamais passarei por ele." (Amós 7:7-8) Nesse trecho, o Senhor falou a Amós sobre um prumo. O prumo é usado na construção de estruturas verticais, como uma parede, para assegurar que a parede não fique torta. O prumo é um peso de metal pendurado na extremidade de uma corda, que, devido à força da gravidade da terra, sempre pende perfeitamente na vertical. Desde os tem pos antigos, se uma pessoa deseja construir uma parede de tijolos, ela precisa de um prumo comprido bem ao lado da parede para se assegurar de que ela seja construída exatamente na vertical e não penda para nenhum ângulo. Isso não pode ser observado minuciosamente a olho nu. Se um homem tentar construir uma parede apenas a olho nu, sem a ajuda de um prumo, seu muro certamente ficará torto e perderá a integridade estrutural desejada. É por isso que o prumo é algo essencial. O Senhor disse para Amós que Ele colocaria um prumo no meio do Seu povo. Em outras palavras, o Senhor tinha um prumo e desejava medir a verticalidade de uma parede no Seu povo. O que é o prumo e o que é a parede? Creio que o prumo de Deus é a Sua Palavra. Podemos medir se as nossas vidas estão de acordo com a Palavra que é absolutamente reta e imutável. A parede, creio eu, é a alma
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do homem, que é a sede da sua personalidade. Então o Senhor queria medir as almas do Seu povo, de onde manifestavam os pensamentos, sentimentos e as ações, com o seu prumo di vino, a Sua Palavra. A sua alma é semelhante a uma parede vertical que foi construída, tijolo após tijolo, durante a sua vida. Esses tijolos de construção são as palavras e as experiências que formaram as imagens que você tem de si, dos outros e de Deus. Por meio da interpretação humana e lógica das informações dos cinco sentidos, você estabelece, desde cedo, as imagens do prumo pelas quais você medirá e considerará cada experiência nova e estabelecerá as palavras. Assim, certos padrões de p e n s a m e n to s , de e m o çõ e s e de c o m p o rta m e n to são estabelecidos na sua alma bem cedo, de acordo com as imagens do prumo que você tem de si mesmo, de Deus e dos outros e pelas quais você determina a verdade sobre todas as experiências, palavras e relacionamentos. Para construir uma parede vertical de integridade estrutural, é necessário usar o prum o. Se alguém tentar construir uma parede sem a ajuda do prumo, a parede, sem dúvida nenhuma, ficará torta e perderá a integridade estrutural. Porém, a pior situação é construir uma parede usando um prumo defeituoso no qual você deposita toda a sua confiança achando ser um prumo vertical, que, na realidade, não é. Suponhamos que você estivesse construindo a sua parede com a ajuda de um prumo. Um inimigo se aproxima de você e se esconde nos arbustos com um ímã poderoso. Toda vez que você segura o prumo para checar a verticalidade da sua parede, o inimigo aparece com o ímã e atrai sutilmente o peso da linha. Ao continuar a construção da parede, você acredita que ela está reta por causa das medições, mas, na realidade, o prumo está se desviando cada vez mais do centro. É exatamente isso o que ocorre com cada pessoa na terra, ao construir a parede da personalidade de acordo com os prumos das imagens falsas. O inimigo é o diabo. O ímã é o pecado na sua carne (e inicialm ente no seu espírito). Os prumos são as imagens que você tem de si mesmo, de Deus
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e dos outros. Com o passar do tempo, ao se tornar um cristão, o seu espírito é recriado e possui a natureza de Cristo. Mas, em muitas áreas da sua alma, você continua a medir e retirar conclusões sobre experiências, palavras e relacionamentos presentes ao acreditar nas imagens de prumos defeituosos. Na maioria dos casos, devido ao engano do pecado na carne, os cristãos não percebem que m uitos dos seus pensamentos, emoções e ações procedem das imagens de prumos falsos através das quais a carne tem prendido a alma e operado por anos. O estabelecimento e a operação das im agens falsas são o m ecanism o pelo qual a serpente venenosa de Amós 5 contamina a mente, a vontade e as emoções. O inimigo, com o seu ímã, não está lá fora, mas o desvio do centro do prumo é um processo que ocorre dentro das nossas almas (a parede). No capítulo anterior, falei sobre Steve, o homem que havia julgado seu pai por ser preguiçoso e inútil. Ele julgou outras pessoas por serem insensíveis e mais tarde colheu os frutos de tais julgamentos. Esses julgamentos não surgiram do nada, mas foram meramente os tijolos de uma parede construída por meio de uma imagem de um prumo defeituoso. Ao crescer, Steve tinha a sensação de que, não importava o quanto se esforçava, ele nunca conseguia agradar seu pai. Devido à interpretação mental das palavras e das experiências, uma imagem de prumo começou a ser formada, fazendo-o se sentir: “Sou um joão-ninguém nesse mundo. Não importa o que eu faça ou o quanto eu trabalhe, ninguém nota o que eu faço. A sociedade em geral e “o sistem a” estão operando contra mim para me destruir. Mas, se eu trabalhar bastante, eu serei alguém, forçarei uma mudança na sociedade e ganharei a apreciação e a aceitação das pessoas ao meu redor.” D epois que Steve nasceu, ele, in o ce n te m e n te , enxergou Deus através dessa mesma imagem e se relacionou com Ele dessa maneira: “Sou indigno de me aproximar de Deus, pois sou um ninguém. Parece que, não importa o quanto eu trabalhe, eu nunca consigo agradar a Deus. Mas, se eu
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trabalhar bastante para o Senhor, um dia serei reconhecido e apreciado pelos outros ao meu redor e pelo meu Pai Celes tial.” Sem que percebesse, sua imagem tornou-se um prumo pelo qual S te ve m edia as p a la v ra s , e x p e riê n c ia s e relacionam entos. Ele trabalhava para Jesus ensinando, pregando e aconselhando durante 12,14 e algumas vezes 18 horas por dia. Entretanto, ele sempre se sentia indigno perante Deus e depreciado pela sua família e pelos outros. Steve acreditava que as longas horas de trabalho eram prova do seu serviço diligente a Deus e isso lhe trazia uma satisfação de realização. Para ele, a falta de dignidade significava humilhação e qualquer falta de apreciação dos outros era porque eles não compreendiam a importância do ministério e do seu chamado. Com tudo isso, Steve cria sinceramente que estava andando no espírito. A verdade é que ele foi guiado pela sua carne para trabalhar longas horas, pois sentia que, aos olhos de Deus, ele era indigno e rejeitado. No profundo do seu interior, havia uma mentira: “Se você for obediente e justo o suficiente, se você ministrar às pessoas e se seu desempenho for melhor do que o dos outros, você alcançará aprovação e aceitação de Deus.” Essa imagem falsa de si e de Deus era o mecanismo pelo qual a serpente venenosa, que estava em sua carne, estava enganando e aprisionando a sua alma e arruinando o seu ministério e destruindo os relacionamentos da sua família. Steve já agradava a Deus e Deus o aceitava, não da maneira que pensava, mas através daquilo que o sangue de Jesus havia feito. Porém, essa imagem de prumo manteve Steve escravo à sua carne. Ele “tentava agradar a Deus e ganhar apreciação” , por isso, a verdadeira natureza de Jesus Cristo, no seu espírito, não estava liberta para manifestar-se em sua alma. Através do pecado na carne, vemos o mecanismo do engano acontecendo. Steve estava certo de que ele estava andando no espírito. Ele se considerava com prom issado, diligente e até perseguido por causa do nome de Jesus pela
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sua fa m ília e o u tra s pesso as que não d e m o n stra va m apreciação ou aceitação. Na verdade, ele era motivado pela sua carne. Ele não era humilde. Ele não era perseguido por causa do nome de Jesus. Pelo contrário, ele estava apenas colhendo as conseqüências da lei do pecado e da morte que uma serpente destruidora e venenosa, que estava escondida no seu interior, havia semeado. Steve não fazia idéia da verdade até que o Espírito Santo lhe revelou. Ao perceber a verdade, ele se arrependeu e a sua mente começou a ser renovada para a verdade de quem ele já era no espírito. Ele começou a ser liberto. É im p o rta n te re c o n h e c e rm o s que to d o s nós estabelecemos imagens falsas através das quais a nossa carne nos controla e nos motiva. Recebemos essas imagens falsas antes de nascermos de novo e continuamos a recebê-las e a reforçar muitas delas desde o momento em que conhecemos a Jesus. Talvez você tenha crescido em um lar evangélico e não acredite que seja escravo de imagens falsas. Creio que, ao continuarmos, o Espírito Santo lhe revelará laços e formas da operação carnal imperceptíveis em sua vida. O mundo tem uma mensagem poderosa e evidente que, inicialmente, perverte o prumo que está dentro de nós. Cada p e sso a re cebe u, no in te rio r de sua alm a, essa mensagem em um grau ou outro. A mensagem provém de Satanás, o deus deste mundo, e é propagada em todas as áreas da nossa vida pelo sistema do mundo. Essa mensagem é transmitida pelo governo, pela educação, pelo emprego, pela mídia, pelos relacionamentos familiares e até pela igreja. A mensagem básica é que Deus não o ama, honra, estima ou aceita. Juntamente com essa mensagem há outra mensagem de que as outras pessoas também não o amam ou não o aceitam. As pessoas no mundo podem dizer: “Eu não acredito em Deus, por isso, não recebi essa mensagem.” Mas a Bíblia nos diz que cada pessoa nasce com o conhecimento inato de Deus (Romanos 1:18-21), e eu creio que essa é a receita dessa
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imagem falsa que desviou as pessoas de Deus. As pessoas não-cristãs podem admitir terem sentido a rejeição de outras pessoas. Mas no seu interior há uma dúvida ou uma negação do amor de Deus. Essa dúvida do amor de Deus resulta, imediatamente, no surgimento de um temor na alma do homem. O medo opera a lei do pecado e da morte na vida de uma pessoa, como falamos no capítulo três. O medo impede que a pessoa receba o amor de Deus, confie Nele em fé e, assim, caminhe na lei do espírito da vida em Cristo Jesus. Qual é a natureza do medo resultante da dúvida do amor de Deus por nós? O que é esse medo? O autor do livro de Hebreus nos diz que, em última análise, é o medo da morte. “Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o Diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.” (Hebreus 2:14-15) O medo da morte nos mantém em escravidão à nossa carne e ao diabo. O que é a morte? A morte é a ausência da vida. Basicamente, existe um medo no interior de cada pessoa quanto ao término da vida física. Porém, também existe um medo, igualmente forte, da morte da alma. A morte da alma é a perda da vida nas áreas, em particular, das nossas mentes, vontades e emoções. A nossa própria carne, motivada pelo temor, sempre busca a sua própria preservação e sobrevivência. Isso é verdade, independente de ser uma sobrevivência física, men tal ou emocional. O temor de perder a vida ou de não sobreviver em qualquer uma dessas áreas é o pavor da morte do qual Hebreus 2:15 fala: “estavam sujeitos à escravidão por toda a vida”. O medo de não satisfazer uma necessidade emocional é o pavor da morte. Temos medo de perder a nossa vida emocional. Quando um marido fica com medo da reação car nal de sua esposa por estar duas horas atrasado para o jantar,
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ele fica com medo de ouvir as palavras e sentir as emoções que destruirão o seu bem-estar emocional e que trarão morte à sua alma. Quando uma criança fica com medo da punição do seu pai, ela tem e uma m orte em ocional. Q uando um intelectual considera entregar a sua mente a Jesus Cristo, ele teme a morte mental. Ele teme que o seu bem-estar mental seja ameaçado. Quando uma criança ouve do seu professor que é burra e que nunca será bem-sucedida, ela teme a morte da sua identidade pessoal. Ela fica com medo de ser uma pessoa fracassada e sem valor. Nenhum a pessoa pode sobreviver em ocional ou mesmo fisicamente se a sua alma estiver cheia do pavor da morte. Se a morte entrar na alma de uma pessoa, ela será motivada pelo medo dessa morte e fará tudo o que a sua mente carnal achar necessário para livrar-se dessa morte. O medo, certamente, a motivará a fazer isso na carne. A ssim , o m edo é a fo rç a m ais p o d e ro s a , e freqüentemente inconsciente, através da qual a serpente, que está em nosso coração, pode envenenar as nossas almas. Jesus disse em João 10:10 que Ele veio para nos trazer vida abundante. A palavra grega para essa vida trazida por Jesus é zoe. A vida zoe é a vida eterna da qual Deus originalmente soprou o fôlego na vida e na alma de Adão em Gênesis 2:7. Essa é a vida de Deus que entra em nosso espírito e o recria quando nascemos de novo. A vida zoe é a vida que habita o próprio Pai e que foi dada ao Filho (João 5:26). Essa é a vida que João disse que estava em Jesus e era a luz dos homens (João 1:4). A vida zoe é a vida sobrenatural de Deus, que habita nos espíritos nascidos de novo e recarrega constantemente os nossos espíritos enquanto nos mantemos firmes na Palavra e na oração. A vida zoe pode apenas entrar em uma alma através de um espírito nascido de novo. Quando o seu espírito tiver o domínio em sua alma, você anda na lei do espírito da vida e a sua alma se enche da vida zoe. Porém, quando você anda na carne, você separa a sua alma da vida zoe de Deus
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Capítulo 6 - O Leão, o Urso e a Serpente
no seu espírito. Uma outra palavra grega no Novo Testamento, algumas vezes traduzida como vida, é a palavra psuche. Psuche literalmente significa “alma” e é a palavra da qual derivam palavras como psiquê ou psicologia (o estudo do psiquê). Quando a psiquê é traduzida por “vida” na Bíblia, geralmente podemos substituí-la por “alma”, que se refere à alma-vida. Jesus nos diz no evangelho de Marcos: “Quem quiser, pois, salvara sua vida perdê-la-á; e quem perdera vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perdera sua alma?” (Marcos 8:35-37) Vemos nessa passagem que a palavra traduzida por “vida” é, na realidade, a palavra grega psuche, que significa “alma”. Então, Jesus disse que quem buscar salvar a sua própria vida a perderá e quem renunciar a sua alma a Ele será salvo. Jesus não está falando sobre a vida espiritual, sobre a salvação. Ele também não está falando sobre a vida física, mas sobre psuche, a vida da alma. O que poderia fazer com que um homem buscasse salvar a sua própria alma da morte? O medo da morte da alma. Se a sua carne governa a sua alma em uma certa área e você, o homem espiritual, deseja crucificar essa área da carne e submeter-se ao seu espírito, o que ocorrerá em sua alma? A sua carne, é claro, lutará pela sobrevivência. Ela tentará motiválo através do medo da morte para não exterminar a sua vida dela. A sua carne lhe dirá que está lhe dando vida e paz e que, se você cortá-la, você experimentará a morte da alma. A verdade é que sua carne o im pedirá de experim entar a verdadeira vida, a vida zoe de Deus na sua alma. Vamos tomar um exemplo meio exagerado de uma mulher que é escrava do álcool. Através do álcool, ela está em escravidão devido ao medo da morte e retira uma medida de paz e conforto para a alma. Ao pensar em crucificar a sua carne, andar no espírito e confiar que Deus trará paz e conforto para a sua alma, um temor terrível se levanta imediatamente
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d e n tro de si. Sua c a rn e lhe diz que ela m o rre rá emocionalmente. Se ela não beber, se sentirá para baixo, deprimida e com uma enorme ausência de paz e desconforto que ela não será capaz de suportar. Esse é um engano venenoso da serpente, que está no coração. A carne lhe diz que, se essa mulher tentar matá-la e andar no espírito zoe, ela perecerá. É claro que a verdade é justamente o oposto. Se ela matar a carne e andar no espírito zoe, a vida de Deus inundará a sua alma e trará vida, paz, conforto, alegria e amor. Quando a sua carne o motiva, por meio do medo, a buscar o livramento da morte em qualquer área da sua vida, você andará na carne e, assim, se isolará da vida zoe de Deus no seu espírito. No final, você perderá a vida que tanto tentou obter: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. ” (João 6:63) Observe os três versículos que descrevem isso de uma só vez: ‘‘Quem quiser, pois salvara sua vida perdê-la-á; e quem perdera vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-a. " (Marcos 8:35) “e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. ” (Hebreus 2:15) “Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração. ” (Efésios 4:17-18) Se você buscar salvar o seu próprio psuche (alma), você será motivado pelo medo da morte e andará na futilidade da sua mente (carne). Você será excluído da vida zoe de Deus e, como resultado disso, perderá a sua psuche (alma). As nossas almas são salvas apenas quando andamos no espírito, (Romanos 8:13) rendendo o controle carnal, recebendo uma transmissão da Palavra de Deus nas nossas almas (Tiago 1:21) e o Seu amor.
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Como mencionei antes, a dúvida quanto ao amor de Deus dá origem a um temor da morte. Alguns cristãos são motivados pelo tem or da morte física e outros pela morte espiritual (perda da salvação). Entretanto, geralmente essas duas coisas são motivações conscientes de uma pessoa. Cada cristão, a menos que caminhe cem por cento do tempo no espírito, também é motivado pelo temor da morte da alma. Esse temor é geralmente um fator de motivação inconsciente e pode motivar um cristão a não caminhar em fé. O medo da morte na alma se manifesta basicamente em duas áreas, ambas estão enraizadas na dúvida quanto ao amor de Deus. A primeira área está na esfera de nossas identidades pessoas. Para evitarmos a morte emocional, precisamos nos sentir valorizados e importantes. Porém, quando uma pessoa recebe a mensagem de que Deus não a ama e de que o seu valor próprio é prejudicado, ela pensa: “Se Deus não me ama, não me honra e não me estima, então tenho pouco valor. Não sou importante. As outras pessoas tem mais valor e importância do que eu. Eu não sou ninguém.” O valor é determinado pelo amor, pela honra e pela estima. As coisas as quais você ama e honra e nas quais investe enormes quantias de dinheiro e tempo são aquelas que você considera de grande valor. As outras pessoas a quem você ama e estima são muito valiosas para você. O valor máximo no universo é determinado pelo amor e pela honra de Deus. Tudo o que for amado por Deus é valioso. Tudo o que Deus não ama e não honra é de pouco valor. A Bíblia nos diz que Deus tem um grande amor por cada pessoa e, assim, cada pessoa tem grande valor (João 3:16). Essa é a verdade e a base do prumo divino de Deus pelo qual devemos medir todas as palavras, experiências e relacionamentos. A segunda manifestação do temor da morte está na esfera do bem-estar pessoal. Se um homem crê que as suas necessidades não serão supridas e que ele não será cuidado e beneficiado por Deus, ele será motivado por um grande medo. Ele pensará: “Pelo fato de Deus não me amar, Ele não está
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realmente preocupado comigo. Os meus interesses não são importantes para Ele e Ele não é fiel ou digno de confiança para suprir as minhas necessidades, para me proteger e para cuidar de mim. Eu seria um tolo de confiar a minha vida a alguém mais poderoso do que eu, se não estivesse certo de que esse alguém me ama ou de que está interessado no meu bem-estar.” Essas duas manifestações do medo da morte são reações quase instantâneas da dúvida quanto ao amor de Deus. Toda vez que você questionar o amor de Deus, a sua identidade pessoal e o seu bem-estar, ambos enraizados Nele, são s u b ita m e n te p re ju d ic a d o s . O m edo se m a n ife s ta imediatamente nessas duas áreas. Ao duvidar do amor de Deus, você não consegue confiar Nele. Se a sua confiança e a sua fé não estiverem em Deus, você necessita depositá-las em alguém ou em outra coisa, geralmente em si mesmo! Isso sempre produzirá medo, pois Deus é o único que pode ser cem por cento digno de confiança e fiel a você. Se a sua confiança estiver em si mesmo ou em uma outra pessoa, o temor surgirá em sua vida, pois nem você ou a outra pessoa têm a sabedoria e a habilidade de sempre agir de acordo com o que for melhor para você. Somente Deus pode fazer isso. Duvidar do amor de Deus sempre resulta no temor da morte relacionado ao valor pessoal e ao bem-estar, que é a força principal de motivação da carne. Somente o recebimento do amor de Deus pode derrotar o tormento do medo da morte. “A/o amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado noamor.” (1J°ão4:18) A serpente enganou Adão e Eva, ao gerar a dúvida quanto ao amor de Deus e o medo. Em Gênesis 3:1, a serpente questionou Eva quanto à Palavra de Deus: “É assim que Deus disse..."A serpente começou a semear uma semente de dúvida na Palavra de Deus. Nos versículos 4 e 5, ela disse; “É certo
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que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele com erdes se vos abrirão os olhos e, com o Deus, sereis conhecedores do bem e do m al.” Eu creio que a serpente deve ter falado algo parecido com: “Deus não o ama de verdade. Você não tem valor nesse estado atual. Mas você poderia ter um valor bem maior se você saísse da escravidão de Deus. Se você comesse a fruta, você se tornaria como Deus e seria tão sábio e poderoso como Ele. Você não precisaria mais depender Dele. Deus sabe disso e se sente muito ameaçado pelo seu potencial. Ele tem medo de perder o Seu status e a Sua autoridade. Na verdade, essa proteção de Deus é uma form a de enganá-la e m antê-la ignorante.Talvez Ele tenha lhe dito para não comer dessa fruta, mas Ele disse isso apenas para o Seu próprio bem-estar. Deus não está preocupado com você, apenas consigo mesmo. Ele é egoísta.Você o intimida. E Ele o tem enganado ao fazer com que você acredite que não possa atingir todo o seu potencial. Essas regras não estão de acordo com o melhor para o seu bem. Vamos lá, Eva. Acorda! Você confiou em alguém que mentiu para mantê-la em escravidão para que, assim, Ele possa m anter o Seu poder. Coma essa fruta e torne-se semelhante a Deus.” Com essas palavras nos versículos 4 e 5, a serpente fez com que Eva: 1) duvidadasse do amor de Deus por ela, 2) questionasse o seu valor como pessoa e 3) duvidasse da preocupação de Deus pela sua vida e da fidelidade Dele em suprir suas necessidades e agir de acordo com o que fosse melhor para ela. Tenho certeza de que, quando Eva começou a dar ouvidos ao engano da serpente, um sentimento terrível de inferioridade se apossou de seu coração. Aquele a quem ela havia confiado sua vida a tinha traído e mentido com fins egoístas. Provavelm ente,o próxim o passo lógico no seu raciocínio foi: “Se Deus é um impostor e não está preocupado com o meu bem-estar, é m elhor eu tom ar conta de mim mesma, se eu quiser sobreviver fisica e emocionalmente. Eu achei que era preciosa e valiosa, mas agora vejo que não passo
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de uma tola sem valor. Bem, vou ser alguém e vou fazer coisas importantes e dignas de valor. Vou comer a fruta e me tornar tão sábia, poderosa e importante quanto Deus.” Então, Eva comeu a fruta em uma tentativa de exaltarse em soberba para ser igual a Deus e para suprir as suas próprias necessidades. Esse engano e o envenenamento da alma foi o mecanismo pelo qual a serpente estabeleceu na vida de Eva um prumo falso. E ela mediu a Palavra e o seu relacionamento com Deus através disso. A mensagem básica da serpente foi que Deus não a ama. As duas manifestações de temor que acompanham isso, o medo de não ter valor e o medo de não ter as necessidades supridas, são o poder magnético que desvia o prumo do centro e cria uma direção falsa e torta pela qual enxergamos a vida e a personalidade é desenvolvida. Todas as pessoas na terra são continuamente bombardeadas com essa mensagem e afetadas pelo medo, que as acompanha em diferentes graus. Algumas pessoas têm a consciência de serem m otivadas pelo medo, pois freqüentemente se sentem sem valor e sem importância e ficam com m edo de que suas necessidades não sejam supridas. Outras talvez não estejam conscientes disso, mas suas almas são, inconscientemente,motivadas pelo medo. Embora várias pessoas reajam de maneiras diferentes à dúvida quanto ao amor de Deus e aos temores que as acom panham , essa m ensagem é o poder da carne mais evidente e motivador em todo o mundo. Vamos examinar mais detalhada m en te o m edo da m orte relacionado à nossa identidade pessoal. Se você perguntasse a algumas pessoas: “Você sente que o seu trabalho e as suas atividades não são importantes e significativas?” ou “Você se sente sem importância e sem valor?” . Muitos responderiam afirmativamente. Descobri que isso é algo bem peculiar e real nas vidas das esposas de pastores e de importantes líderes espirituais, de homens de negócios e de políticos. Freqüentemente, para essas esposas, seus maridos são muito importantes, mas elas mesmas não se consideram valiosas. Entretanto, isso não se limita apenas
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às mulheres. M uitas p e sso a s c o n s id e ra d a s “ b e m -s u c e d id a s ” espiritualmente, ou nos negócios, ou na política não sentem uma desvalorização consciente. Na realidade, para os outros elas são muito seguras. Porém, a menos que tais pessoas tenham realmente ganhado a compreensão de quem são no espírito, haverá uma imagem de prumo falso relacionada às suas identidades. Foi muito difícil para mim enxergar esse prumo falso em minha vida. Eu não tinha consciência de que duvidasse do amor de Deus por mim. Se alguém me dissesse que eu estava sendo motivado por um medo de não ser adequado, valioso e importante, eu teria rejeitado tal conselho e pensado: “Você não sabe o que está dizendo.” Desde o momento em que eu nasci de novo, senti-me muito confiante em relação à minha identidade em Jesus Cristo. Sempre me considerei muito autoconfiante e bem distante de ter uma baixa auto-imagem ou de me sentir sem valor. Porém, o Senhor começou a me revelar em espírito que a minha carne me havia enganado. Minha alma fora motivada pelo medo da desvalorização e rejeição. O Senhor me revelou isso da seguinte maneira. Eu desejei compartilhar uma visão particular de um ministério que o Senhor havia me dado com Wallace e Marylin Hickey, pastores de nossa igreja. Eu havia compartilhado essa v is ã o com C h ris ty J a m e s, d ire to ra do c e n tro de aconselhamento e ela achou que eu deveria compartilhar isso com os H icheys. Num d o m in g o de m anhã, d u ra n te a inauguração de um novo prédio do ministério, vi Marylin em seu escritório, me aproximei e mencionei que eu e minha esposa gostaríamos de compártilhar algumas coisas com ela e W ally. P erguntei se poderíam os nos en co n tra r e ela respondeu: ‘Tudo bem. Também gostaríamos de compartilhar algo com vocês.” No dia seguinte, quando vi Christy, contei-lhe sobre a conversa com Marylin. Disse-lhe com grande entusiasmo: “Christy, vi Marylin ontem à noite e, glória a Deus, antes que
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pudesse me aproximar dela, ela me disse que ela e Wally tinham algo em seus corações e desejavam com partilhar comigo e com Jan. Ela quer que almocemos juntos alguma hora.” Logo que falei com ela, o Espírito Santo falou ao meu espírito: “Mentiroso. Não foi assim que aconteceu. Arrependase e confesse a verdade para Christy.” Pensei comigo: “Bem, acho que a verdade não foi exatamente essa, mas quem se importa? Christy não vai contratar um detetive particular para descobrir a verdade sobre a conversa. Isso é irrelevante. O que importa é que vamos nos encontrar com Wally e Marylin e compartilhar com eles a visão do ministério. Não importa quem convidou quem.” O Espírito Santo disse: “ Eu me importo. Isso tem importância, porque é uma mentira. É um pecado e você não odeia isso. Para falar a verdade, você nem reconhece que isso seja pecado, e isso me entristece muito.” Ele continuou: “Não é a primeira vez que você mente assim, mas o seu coração está tão endurecido que você não consegue enxergar isso. Agora que você enxerga, você nem ao menos pensa que isso seja mau. Mas isso é mau. É o pecado operando em sua carne e£stá trazendo morte. Ao não se arrepender e ao permitir que isso continue, você está na carne e você está me odiando.” Fui convencido por essas palavras. O arrependimento divino caiu sobre mim. Senti-me terrível por odiar a Deus e por continuar permitindo que a minha carne controlasse a minha alma. Arrependi-me e pedi ao Senhor que me perdoasse. Depois fui até Christy e lhe confessei a mentira e pedi a ela que também me perdoasse. Perguntei ao Senhor: “De onde veio essa mentira? Eu não a p la n e je i com a n te c e d ê n c ia ! Eu não p la n e je i conscientemente mentir para Christy. Aquilo saiu da minha boca antes mesmo de eu pensar. Senhor, de onde surgiu isso?” Deus me mostrou: “A sua vida estava enraizada no orgulho. O orgulho é o desejo de nos exaltarmos acima de outras pessoas e acima da verdade.” Ele também disse: “Você estava em orgulho, você desejava se exaltar para fazer com
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que Christy pensasse que você é tão importante que Wally e Marilyn esião constantemente procurando-o para consultá-lo e para compartilhar os planos deles com você. Você deseja ser altamente estimado e honrado. Portanto, a sua carne decidiu distorcer a verdade para gerar essa honra e estima de Christy.” Eu disse: “Sim, Senhor. Mas por que eu permiti que o orgulho capturasse a minha mente e a minha vontade?” Ele falou: “Foi por causa do medo de não ser aceito e estim ado por Christy. A sua segurança e confiança não estavam em Mim ou na Minha natureza no seu espírito. O que você sempre buscou como forma de autoconfiança e autoestima é simplesmente isso: confiança em si, estima por você próprio, inteligência, criatividade e habilidade na sua própria carne. Você disse que confiava naquilo que é em Cristo. Mas na maioria das áreas da sua vida, a sua confiança está em você e na sua habilidade de ser obediente a Mim, na sua habilidade de ministrar a Minha Palavra aos outros e na sua habilidade de conduzir relacionamentos com outros.” Pelo fato de minha confiança estar em mim mesmo, eu fiquei com medo de aparentar ser insignificante, injusto ou improdutivo, o que causaria uma falta de aceitação e estima. Eu temia todas essas coisas por uma razão: Porque aquela era a maneira como eu verdadeiramente me considerava. “Se você realmente confiasse na verdade de quem você é em Cristo no espírito, você não precisaria operar no orgulho, distorcer a verdade ou mentir para os outros. Bem no fundo do seu interior, você não acredita de verdade que Eu o amo e o estimo. Você não está descansando no Meu amor por você.” Depois que o Senhor me revelou isso, eu me arrependi de ter mentido, e, também, do orgulho, da incredulidade e da m inha fa ls a a u to -im a g e m , que h a via o p e ra d o , inconscientemente, em minha carne durante toda a minha vida. Entretanto, eu nunca havia enxergado isso até que o Senhor o revelasse por meio dessa experiência. No passado, eu usei “a imagem positiva e negativa” , “auto-estim a” e “auto-aceitação” para descrever como os cristãos se vêem. Porém, o Senhor me mostrou que esses
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são os termos importados do mundo e contextualizados no meio cristão. Mas eles não são bíblicos. Eles dissipam na mente uma visão de nós mesmos de acordo com o modelo mundano do homem, e não de acordo com o modelo de Deus. Com base na Palavra, a nossa auto-imagem reside em nossa alma, mas pode emanar da carne ou do espírito. Qualquer imagem própria que proceder do nosso espírito nascido de novo e recriado é correto. Qualquer outra imagem que não estiver de acordo com a verdade de Deus sobre nós é errada e falsa. Durante todos esses anos que era nascido de novo, considerei ter uma boa auto-estima e um alto nível de auto confiança. Por outro lado, pensei que Jan, minha esposa, tivesse uma auto-imagem fraca e pouca autoconfiança. O mundo e a igreja me consideravam mais bem -sucedido e produtivo para Deus do que Jan, e eu também pensava assim. Ela ficava mais deprimida e parecia ter mais problemas do que eu. Pensei: “Se ela apenas confiasse mais no Senhor e tiv e s s e um a a u to -im a g e m m elho r, seus p ro b le m a s desapareceriam . Ela seria bem -sucedida com o eu.” Eu pensava que eu confiava em Deus e Jan não. Finalm ente, o S enhor me m ostrou com o aqu ele pensamento era enganoso. A minha auto-imagen não era melhor ou “mais espiritual” do que a de Jan. Ambas autoim agens em anavam do m esm o lugar: da carne. Eu era considerado vitorioso e Jan era considerada derrotada, mas, na realidade, ambos estávamos sendo governados pela nossa carne. Nenhuma era melhor do que a outra. Ambas eram simplesmente falsas. Posso compartilhar esse testemunho hoje porque eu e Jan nos arrependemos dessas imagens falsas e experimentamos uma grande liberdade enquanto o Espírito Santo renova as nossas mentes para a verdade de quem realmente somos no espírito. Não importa quão “boa” sua auto-imagem seja, se ela estiver enraizada na autoconfiança e nas suas habilidades, ela está enraizada na carne e possui o mesmo nível de
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“bondade” com o todas as suas “ realizações ju sta s” que também procedem da sua carne: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam.” (Isaías 64:6) Jesus disse, em João 3:6: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito, é espírito.” Isso inclui a sua auto-imagem ou a experiência pessoal, mesmo na área da alma. O conceito de uma auto-imagem boa ou fraca, autoestim a, a u to co n fia n ça ou a u to -a ce ita çã o é m undano e contraditório à Palavra de Deus. O Senhor me disse: “ Pare de usar esse conceito e permita que Eu renove a sua mente para a verdade. Você é um ser com o espírito recriado cuja necessidade principal é ter a sua mente, vontade e emoções renovadas para a verdade da sua recriação (2 Coríntios 5:17). Qualquer imagem própria enraizada na süa carne não é boa, nem é fraca: é simplesmente errada. Não importa quão boa possa aparentar, ela foi construída de acordo com um prumo falso. Ela provém da carne e pode apenas reproduzir frutos da sua própria espécie e o fruto da carne (Gálatas 5:19-21). Qualquer imagem de nós mesmos enraizada em nosso espírito nascido de novo é correta. Ela também pode apenas reproduzir frutos de sua espécie e produzir o fruto do espírito em vida (Gálatas 5:22-23). Ao continuarm os exam inando uma imagem falsa, d e s c o b rim o s que n o ssa s re a ç õ e s na c a rn e d ife re m dependendo de termos experimentado, conscientemente, a realidade do medo ou não. Se alguém experimenta conscientemente o sentimento de desvalorização e falta de importância, a imagem falsa através da qual ele enxerga Deus, a si mesmo e os outros é diferente de uma pessoa que experimenta conscientemente o sentimento de ser valioso, estimado e importante. É esse medo que motiva as pessoas a andarem na carne. Por favor, tenha em mente que estamos discutindo os
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prumos falsos da nossa carne. Estamos discutindo a maneira pela qual o pecado em nossa carne nos enganou e capturou as nossas alm as. Q uando você reconhecer alguns dos pensamentos e comportamentos a seguir, lembre-se de que não estamos descrevendo a verdade no espírito sobre você, mas a mentira na sua carne. Assim, não identifique a si mesmo ou qualquer outra pessoa de acordo com essa imagem de prumo falso. Mas, se você reconhecer essas imagens na sua pessoa, arrependa-se e peça ao Espírito Santo que comece a renovar a sua mente para a verdade no seu espírito. A experiência consciente da mensagem: “Não tenho valor porque Deus não me ama” determina basicamente se você se considera ser um alguém ou um ninguém. Se você e x p e rim e n ta r c o n s c ie n te m e n te o s e n tim e n to de desvalorização, você se considerará sem importância, sem valor para contribuir para o Reino ou para a sociedade. Por outro lado, se você não perceber o sentimento consciente da desvalorização, você se verá como uma pessoa importante, com uma valiosa contribuição para o Reino e para a sociedade. A experiência consciente da valorização determina a imagem básica do prumo que você tem de si, de Deus e dos outros. O cristão que experim enta uma d e sva loriza ção consciente sente que, na realidade, não é amado, valorizado e estimado por Deus e pelos outros. Ele sente que nunca foi a p re c ia d o . Ele ta m b é m e s p e ra que os o u tro s não o reconheçam e não o tratem com respeito. Devido à lei de sem ear e co lher no ju lg a m e n to ou na expectativa, ele, freqüentemente, tem experiências que confirmam a “verdade” da sua auto-imagem. Os cristã o s que não expe rim e nta m o m edo da desvalorização consciente sentem que são dignos do amor e da estima de Deus. Conscientemente, eles podem dizer que isso se deve a sua confiança em Jesus, mas no seu interior eles acreditam que isso acontece devido ao seu compromisso, sua obediência a Deus e sua justiça. Eles esperam que os outros os reconheçam e os tratem com respeito por causa da posição que têm no Reino e na sociedade.
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Ambas são falsas auto-im agens, pois nascem da carne, e não do espírito. Porém, o mundo chama a primeira de fraca auto-imagem e a segunda de boa auto-imagem A pessoa que tiver a segunda imagem parece ser mais bem-sucedida do que uma pessoa que tem a primeira imagem, mas a verdade é que o pecado e a morte reinam em ambas. Vamos, agora, examinar a segunda manifestação do medo da morte. Esse é o medo relacionado ao bem-estar da pessoa. É o medo de não ser cuidado ou de não ter as necessidades supridas. Como a primeira manifestação do medo, esse medo pode ser experimentado conscientemente por algumas pessoas e pode motivar outras, sem que estas estejam conscientes. Novamente, antes de o Senhor me mostrar como esse medo me motivava inconscientemente, eu não tinha a mínima idéia da sua operação em minha carne. No mesmo dia em que Deus me convenceu de ter mentido para Christy e do medo de não ser estimado e valorizado, Ele começou a me revelar também a operação inconsciente em mim do medo da morte relacionada com o meu bem-estar emocional. Eu havia marcado reuniões de aconselhamento para o dia todo até às oito horas da noite e disse a Jan que voltaria lá pelas oito e meia, depois do último aconselhamento. Porém, meu último aconselham ento term inou tarde e, ao sair do escritório, me dirigi a uma outra conselheira que começou a compartilhar algo da Palavra que Deus lhe havia mostrado. Ao conversarmos, continuamos recebendo uma nova visão da Palavra naquele assunto em particular. Saí da igreja às nove e quarenta e cinco. Enquanto dirigia o carro, meu espírito estava cheio de entusiasmo sobre a nova revelação e visão que eu havia acabado de receber. Eu estava cantando louvores a Deus enquanto dirigia. Subitamente, me conscientizei de que, enquanto a minha boca estava ocupada cantando louvores a Deus, a minha mente estava pensando naquilo que eu iria dizer a Jan quando chegasse em casa. Surpreendi-me pensando: “Jan ficará brava comigo por eu estar uma hora e meia atrasado. Ela me perguntará sobre a razão
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do meu atraso e eu não quero dizer-lhe que fiquei conversando com outra mulher sobre coisas espirituais. Ela ficará brava porque eu gastei meu tempo limitado com outra mulher. Ela também ficará brava porque eu preferi ministrar e porque eu coloquei o meu prazer acima da família. Seria melhor lhe dizer que o meu último aconselhamento terminou tarde (o que era uma meia verdade: atrasou 10 minutos). Dessa forma ela não ficaria tão brava.” Meu espírito falou à minha mente: “Por que você simplesmente não diz a verdade?” Minha mente respondeu: “Ela ficará realmente brava e isso será desagradável para mim. Eu não quero ter que aturar essa situação desagradável e a acusação. É melhor m odificar a história para suavizar as conseqüências.” O Espírito Santo falou ao meu espírito: “Você está inventando uma mentira novamente. Você não está meramente modificando detalhes insignificantes. Você está inventando uma mentira porque está com medo das conseqüências de contar a verdade. Você não crê que eu posso suprir as suas necessidades emocionais e operar na vida de Jan.” Foi naquele momento em que comecei a reconhecer o medo. Eu quase decidi que preferiria contar uma mentira e evitar, o máximo, a raiva de Jan do que contar a verdade e enfrentar sua raiva. Eu pensei que poderia me arrepender mais tarde. Naquele ponto, percebi o quanto eu temia minha esposa e sua possível reação em ocional. O medo em mim me motivava poderosamente a escolher mentir para encobrir a verdade e a pecar para encobrir a justiça. Toda vez que eu com eçava a pensar em dizer a verdade, eu ficava com um medo emocional enquanto a minha mente considerava as possíveis conseqüências. Eu estava experimentando o medo da morte em minhas emoções. Assim, eu decidi tom ar alguns passos que supririam as m inhas próprias necessidades em ocionais ao mentir, em vez de enfrentar a perspectiva de um tormento e da morte mental e emocional (Hebreus 2:15). Ao experimentar o medo da morte e, pela primeira vez,
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reconhecê-la conscientemente, Deus me disse: “Não lhe dei o espírito de covardia.” Esse medo emanava da minha carne, e não do meu espírito. Ao reconhecer isso, eu me arrependi e permiti que o meu espírito começasse a reinar em minha mente e em minhas emoções. B a s ic a m e n te , o m edo de não te r as m in h a s necessidades supridas havia me enganado, prendido a minha alma e me levado a enxergar Jan na carne, e não no espírito. Assim, eu a havia mantido em escravidão por meio de uma expectativa falsa baseada em experiências passadas. Deus me disse que eu devia me arrepender de ter enxergado minha esposa por meio de expectativas carnais. Eu me arrependi de ter desonrado Jan por não ter cumprido o meu compromisso de horário e lhe pedi perdão logo que cheguei em casa. Jan me perdoou e reagiu no espírito, e toda a conseqüência negativa que eu estava esperando nem mesmo aconteceu. Eu não experimentei o tormento emocional ou a morte, pelo contrário, eu experimentei a vida zoe de Deus. Assim como o primeiro medo relacionado à identidade pessoal, o medo de não ter as necessidades supridas se manifesta de forma diferente, dependendo da consciência que temos dele. A experiência consciente e atual de termos as necessidades supridas ou não determina a consciência do medo de term os as necessidades supridas no futuro. A consciência desse medo determ ina se há esperança de s u c e s s o e v itó ria na vid a ou de fra c a s s o e d e rro ta , independente de a pessoa ser vencedora ou perdedora. O crente que experimenta conscientemente a realidade do medo relacionada ao seu bem-estar pessoal (como Deus não o ama, suas necessidades não são supridas) sente que há pouca esperança de sucesso e vitória na vida. Pelo fato de ele g e ra lm e n te e x p e rim e n ta r s itu a ç õ e s o n d e suas necessidades não são supridas, ele teme que elas também não sejam supridas no futuro, pois Deus “ Não ajudou no passado” . Tal pessoa acha que as desvantagens de ganhar ajuda de Deus é muito grande, por isso ela também desiste. Por o u tro lado, o c ris tã o que não e x p e rim e n ta
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conscientemente a realidade desse medo, espera ter vitória e sucesso na vida. Como ele experimenta ter suas necessidades supridas, ele sente que já ganhou favor e a bênção de Deus ou que, pelo menos, as vantagens de se fazer isso são muito boas. Ele acredita que derrotará o diabo, as circunstâncias negativas e outras pessoas que tentam se levantar contra ele, e, assim, experimenta, em última análise, vitória e sucesso. Ele crê que isso acontece devido a sua confiança em Jesus e a sua autoridade como crente. Mas, na realidade, ele está confiando na sua própria habilidade de ouvir a voz de Deus, de ser obediente a Ele e de ser justo para obter o favor e a bênção Dele. N o va m e n te , am bas as im age ns são fa ls a s por nascerem da carne, e não do espírito. O mundo chama a primeira pessoa de “perdedor” e a segunda, de “vencedor” . A verdade é que, novamente, o pecado e a morte reinam na carne, igualmente, em ambos os casos. Muitas vezes, porque as nossas mentes não estão renovadas nessa área, tentamos motivar as pessoas por meio da pregação, do ensino e do aconselhamento para que elas se arrependam de uma auto-imagem fraca e ganhem uma auto-imagem forte ou para que deixem a auto-imagem de fracasso e derrota e sejam motivadas pelo sucesso e pela vitória. Freqüentemente, tudo o que fazemos é nos esforçar para que as pessoas se “arrependam” de um estilo de andar na carne para outro estilo. O problema é que elas nunca ganham a compreensão da verdade de quem são no espírito. Já identificamos agora os quatro estilos diferentes de andar na carne baseados em quatro auto-imagens diferentes do prumo. Elas são firmadas na experiência consciente do medo da morte com relação à identidade e ao bem -estar pessoal. O cristão pode sentir-se: 1) um ninguém com esperança de vitória, 2) um alguém com esperança de vitória, 3) um ninguém sem esperança de vitória, 4) um alguém sem esperança de vitória. O quadro a seguir representa esses quatro estilos de andar na carne em relação à experiência consciente da
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mensagem de ambas as manifestações do medo.
Experiência do Medo prumo
A auto-imagem do considera-se como um:
Bem-estar Necessidades não supridas Inconsciente Ninguém, esperança-vitória-vencedor Consciente 2. Inconsciente Alguém, esperança-vitória-vencedor 3. Consciente Inconsciente Ninguém, desesperança-derrota-perdedor Consciente 4. Inconsciente Alguém, desesperança-deirota-percledor Identidade Sem valor 1. Consciente
A nossa carne tem duas reações básicas para lidar com as duas manifestações do medo da morte. Essas reações são o orgulho e a rebelião. O orgulho reage devido ao medo de não ser valorizado, enquanto a rebelião reage devido ao medo de as necessidades não serem supridas. Lembra-se dessas reações ao medo em Adão e Eva? O orgulho enfoca e confia em si, em vez de enfocar e confiar em Deus. É a exaltação do ser por meio da falta de confiança em Deus, seja em arrogância ou em autopiedade. Basicamente, o orgulho é a maneira pela qual a nossa carne lida com a auto-imagem e o sentimento de falta de valor e importância. Quando você recebe a mensagem: “Você não é bom e não tem valor, você não é importante”, a sua carne reage imediatamente em orgulho, retirando a sua atenção de Jesus Cristo e focando-a em si mesmo. Isso se manifestará em duas maneiras diferentes, dependendo da experiência consciente do medo da desvalorização. Se você experimentar conscientemente o medo de não ser valioso para Deus, a sua carne o motivará a tentar ganhar o amor e a estima de Deus (obedecer a Deus, sendo íntegro, etc). Mas se você confia em si mesmo e se convence de que é impossível ganhar a estima e a honra de Deus, o orgulho motiva a autopiedade. É o mesmo orgulho de antes, mas enfoca
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o interior em derrota. P or o u tro la do, se vo cê não e x p e rim e n ta r co nscientem ente o m edo da desvalorização, o orgulho motivará a sua carne a crer que você já é digno do amor de Deus. Por quê? Por causa do seu passado, da atual justiça e da sua obediência a Ele. O orgulho o motiva a olhar as suas próprias obras e a confiar em si mesmo. Em ambos os casos, o orgulho faz com que a pessoa confie em si mesma e na sua carne. A segunda manifestação do medo da morte, de que as necessidades não serão supridas, começa a motivar a alma sempre que o amor de Deus por nós for questionado. A reação carnal para esse medo é a rebelião, a oposição ou a fuga de um relacionamento. Se você estiver se relacionando com alguém ou sob a autoridade de uma pessoa em particular, em quem não confia e desconfia de suas intenções, a sua carne, motivada pela autopreservação e pelo medo da morte, não terá qualquer interesse em submeter qualquer área da sua vida a essa pessoa. O seu relacionamento com essa pessoa estará baseado no medo, e a sua única escolha natural será opor-se e prejudicar a autoridade de tal pessoa ou fugir e romper o relacionamento. Isso é rebelião. Q uando duvidam os do am or de Deus por nós e fic a m o s com m edo de que Ele não supra as n ossa s necessidades, então não confiamos que Ele cuidará de nossas vidas. Também não confiamos nas pessoas que Ele colocou como autoridade em nossas vidas. Assim, nos rebelamos con tra Deus e contra outras pessoas. Foi isso o que eu fiz quando planejei contar aquela pequena mentira a Jan sobre o meu atraso. A rebelião pode ser uma oposição à pessoa temida ou à fuga dessa pessoa. Em ambos os casos, ela pode ser uma rebelião aberta e evidente ou, encoberta e sutil. Vimos dois tipos de rebelião nas crianças. Algumas dizem abertamente aos pais: “Não, vão plantar batatas!” Outras dizem : “Sim ” , mas encontram m aneiras sutis de não se submeterem e de minar as intenções dos pais. A rebelião pode manifestar-se pelo menos em quatro
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Capítulo 6 - O Leão, o Urso e a Serpente
maneiras: 1) Oposição aberta, 2) Fuga aberta, 3) Oposição ocultada, 4) Fuga ocultada. Aqui está um exemplo. Quando o professor pede a um estudante que se sente, ele pode: 1) permanecer de pé e dizer “não”, 2) dar de costas e sair da classe, 3) sentar-se, mas permanecer com uma atitude e achar desculpas “legítimas” para ficar em pé, 4) sentar, se fechar em autopiedade e se recusar a se relacionar com o professor. Não é importante saber quais os fatores, além do medo, que d e te rm in a m e ssa s m a n ife s ta ç õ e s de re b e liã o . É n e c e s s á rio a p e n a s c o m p re e n d e r que to d a s e ssa s manifestações são rebelião e estão enraizadas no medo e na dúvida quanto ao amor de Deus. Devemos reconhecê-las e nos arrepender delas. Todas as formas de orgulho e rebelião emanam do pecado em nossa carne, operam por meio de imagens falsas de Deus, de si e dos outros baseadas na dúvida quanto ao amor de Deus e do temor que acompanha essa dúvida e nos motiva inconscientemente. Essa é a serpente na parede das nossas almas nos enganando e nos prendendo por meio das im a g e n s fa ls a s do p ru m o que e s tã o p ro fu n d a m e n te estabelecidas ali. A intensidade do orgulho e da rebelião que opera em nós é diretamente proporcional à intensidade do medo no qual estão ligados, e é representada pela distância que o prumo é desviado do centro. Quando o medo da desvalorização e da insignificância se aprofunda, o orgulho se torna uma força mais forte na carne para com pensar o profundo sentim ento de mágoa. Q uanto mais esse medo se intensifica, devido à circunstância ou à experiência, maior é a possibilidade de essa pessoa tentar mudar os estilos de andar na carne, enquanto o medo m uda de uma m otivação in co n scie n te para uma percepção consciente. N e n h u m a fo rm a de a n d a r na c a rn e d e s c re v e exatamente uma pessoa. Pelo fato de o prumo poder ser posicionado em qualquer lugar entre a posição de total verticalidade e total horizontalidade, dependendo da intensidade
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do medo, há um número indefinido de formas de se andar na carne. Nos próximos capítulos, descreverei quatro maneiras pelas quais podemos considerar quatro estilos distintos, com muitas nuances gradativas entre si. Também é possível que uma pessoa cam inhe no espírito em uma parte de sua vida, e na carne, em outra parte. Ela pode, em um momento, andar na carne de uma maneira em particular, em uma área em particular e, em outro momento, andar de maneiras diferentes, em áreas diferentes da vida, ou ela pode alternar as maneiras em uma área em particular da vida. É improvável que um cristão caminhe cem por cento do tempo em todas as áreas da sua vida na carne, exatamente de acordo com uma das quatro maneiras que descreverei. Esse não é o ponto crucial. Não estou tentando criar uma nova doutrina ou teoria nas quais todos os cristãos que andam na carne devam se encaixar. Ninguém se encaixará exatamente nessas descrições. Porém, ao ler este livro, você poderá pedir ao Senhor que lhe revele, em espírito, as características mais pertinentes da m aneira pela qual a sua própria carne o enganou, prendeu a sua alma e opera inconscientemente em você. Uma vez que você tenha recebido a revelação de um estilo de andar na carne, não continue a identificar-se dessa forma, mas arrependa-se e identifique-se ao seu espírito. As várias características dessas maneiras de operação na carne não são “características negativas de personalidade” , “fraqueza no seu caráter” ou “problemas pessoais”. Pensar dessa maneira faz com que nos identifiquemos com a nossa carne, acreditemos que essa característica seja eu, e que tentemos barrá-la ou superá-la. Essas coisas sempre nos levam a tentar vencer a nossa carne ao usar a Palavra como uma lei em nossa mente. Entretanto, em Romanos 7, Paulo disse claramente que isso não é você. Não se identifique pessoalmente com o pecado na sua carne. Isso é o pecado operando em você, mas não é você. Vamos, resumidamente, recapitular a auto-imagem de cada um dos quatro estilos da operação carnal. No primeiro
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Capítulo 6 - O Leão, o Urso e a Serpente
estilo, é a pessoa operando baseada na crença: “ Não sou importante, não sou amado e sou um ninguém. Mas, posso ser um alguém e ter vitória na minha vida através daquilo que eu faço.” A pessoa que opera no segundo estilo acredita: “Sou importante e valioso. Eu sou um alguém por causa daquilo que sou e daquilo que faço. Posso continuar sendo um alguém ao continuar o que estou fazendo hoje e ao fazer coisas ainda maiores no futuro. Terei vitória em minha vida.” A pessoa que opera na terceira maneira acredita que: “Não sou importante, sou um ninguém. Não posso vencer na vida. Estou condenado a essa vida terrível e sempre serei um ninguém. Não terei vitória. Não há razão para tentar.” A pessoa que opera no quarto estilo crê: “Eu sou um alguém, sou importante e tenho valor. Porém, não tenho vitória agora e não terei porque os outros (talvez Deus) estão contra mim e eu não posso vencer. É injusto e estou condenado a essa vida de derrota.” Saúde, circunstâncias financeira, relacional, profissional e outras não são apenas determ inadas pela carne, mas também ajudam a determinar as maneiras pelas quais os cristãos caminham na carne. Essas circunstâncias estão todas ligadas basicamento ao medo da morte. Conseqüentemente, as pessoas cujas circunstâncias são positivas, geralmente, operam no primeiro e no segundo estilo. As pessoas cujas circunstâncias não são tão boas, geralmente, caminham no terceiro ou quarto estilo. Cada um dos estilos pelos quais caminhamos na carne está enraizado na mentira de que o amor, a estima, o favor e a bênção de Deus chegam até nós b a se ados no nosso desempenho. “Se eu tiver um bom desempenho, Deus me amará e me abençoará.” Cada um desses estilos motiva um crente a confiar inconscientemente na “justiça de obras”. Isso pode ser tão sutil que motiva os cristãos a julgar os outros que andam abertamente em “justiça de obras". Quando menti para Christy sobre a conversa com Marilyn, eu não escolhi fazer aquilo, minha carne capturou a
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minha alma e começou a “tocar a fita” ou a operar no corte que foi estabelecido naquela área da minha alma. Uma vez que a nossa carne começa a operar em um corte em particular, tem os pouco controle sobre nossos pensamentos e comportamento. Então, a carne toca aquilo que foi gravado na fita. Ela já capturou a mente, as emoções e a vontade devido ao engano. Não estam os realm en te conscientes de que a nossa carne nos controla. Porém, quando nos tornamos conscientes disso por meio da revelação do Espírito Santo, podemos nos arrepender e permitir que a Palavra e o san g u e de Jesus pre e n ch a m o co rte de m a n e ira sobrenatural. Ele fará um novo corte de acordo com a verdade de Cristo no espírito. Muitos crentes acreditam que a dureza do coração provém apenas da desobediência proposital. Entretanto, isso não é verdade, e essa crença dificulta que reconheçamos a dureza de coração, pois não estamos conscientes de qualquer desobediência proposital a Deus. Mas, toda vez que operamos na carne, sem que tenhamos consciência do pecado devido ao engano, nós endurecemos o nosso coração. “Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração.” (Efésios 4:17-18)
A dureza do coração ocorre sempre que aceitamos uma mentira no lugar da verdade, acreditamos que estamos no espírito quando estamos na carne ou cremos em algo sobre Deus ou sobre nós mesmos que não esteja de acordo com a verdade, independente de ocorrer por meio da rebelião consciente ou inconscientem ente através do engano. O resultado é igual em ambos os casos. Nossos corações são e n d u re c id o s n e ssa s á re a s, nossa vid a com D eus é interrompida e experimentamos as conseqüências da lei do pecado e da morte.
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Capítulo 6 - O Leão, o Urso e a Serpente
Os cortes em nossa alma são as áreas de dureza do coração. Quando uma falsa imagem é criada, ela forma um padrão de pensamento, sentimento e comportamento (corte) que é moldado e endurecido por cada palavra ou experiência nova vista por meio dessa imagem falsa. O pecado em nossa carne é muito enganoso e muito da dureza do coração provém inconscientemente do engano do pecado em nossa carne. “pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.” (Hebreus 3:13) Marcos 6 registra o incidente de Jesus caminhando sobre a água e indo em direção ao barco no qual os discípulos estavam navegando. No começo, os discípulos estavam com medo, mas depois eles reconheceram Jesus. “E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou (parou para descansar, como se tivesse ficado exausto devido aos seus próprios movimentos). Ficaram entre si atônitos, porque não haviam compreendido o milagre (o ensinamento e o significado do milagre) dos pães; antes, o seu coração estava endurecido (tornaram-se entorpecidos e perderam o poder do entendimento)” (Marcos 6: 51 -52, tradução da Bíblia Amplificada) Os discípulos enxergaram a experiência com Jesus por m eio de im a g e n s de pru m o s fa ls o s , eles não se relacionaram com Jesus de acordo com a verdade de quem Ele era e o que Ele estava fazendo. Conseqüentemente, em vez de serem transformados pela experiência deles com Jesus, seus corações foram meramente endurecidos e eles não fo ram libertos. O grau de dureza do coração em qualquer área em particular é diretamente proporcional ao nível de fé e confiança estabelecidas na mentira. As nossas mentes foram moldadas de acordo com o mundo em muitas áreas por meio do engano do pecado, e os nossos corações foram endurecidos nessas áreas. Nossas alm as necessitam desesperadam ente de
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limpeza e de purificação, e as nossas mentes precisam ser renovadas. Esse processo de transform ação por meio da renovação da mente é mencionado por Paulo em Romanos
12:2. Muitos cristãos estão grandemente frustrados com o Senhor “por causa da ignorância que está dentro deles e de sua dureza de coração” . Freqüentemente, já fizeram tudo o que sabem para se libertarem de uma certa área ou certas circunstâncias negativas. Eles oram, jejuam e clamam a Deus. Eles se arrependem , declaram o sangue e confessam a Palavra, mas as circunstâncias não mudam. Então, eles acabam por concluir que a Palavra não funciona e que Deus não é fiel. Esse é o caso de muitos cristãos que são enganados na fu tilid a d e de su a s m e n te s, o b s c u re c id o s no seu entendimento e excluídos da vida de Deus em certas áreas. Eles não c o n sid e ra m que seus co ra çõ e s possam ser e n d u re c id o s por e sta re m in c o n s c ie n te s de q u a lq u e r desobediência proposital a Deus. Essa é a “ignorância” de Efésios 4:18. Uma maneira de operação carnal, profundamente estabelecida no coração de um crente e confirmada pelas p a la vra s e e x p e riê n c ia s com o p a ssa r do tem po, é o endurecimento do coração, e, freqüentemente, isso não é instantaneamente extirpado e substituído pela verdade. Pelo arrependimento, o poder purificador do sangue de Jesus e a limpeza da água da* Palavra, esses cortes endurecidos da operação carnal podem ser amolecidos, torcidos e moldados e podem ser remodelados de acordo com a verdade no espírito. Louvado seja o Senhor!
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Capítulo 7
O Primeiro Estilo de Operação Carnal Vamos examinar agora as características do primeiro estilo do andar na carne. Esta é a forma caracterizada abaixo:
Experiência do Medo Identidade Sem valor
Bem -estar Necessidades não supridas
1. Consciente
Inconsciente
Experiência do Ser Auto-lmagem do Prumo Ninguém esperança-vitória-vencedor
Ao andar nesse estilo carnal, um crente crê que: “Não sou importante, não sou amado e sou um ninguém. Mas posso me tornar um alguém e ter vitória e sucesso na vida ao servir a Deus.” Para compreender um crente que anda na carne nesse estilo, vamos imaginar um homem chamado Bill. Ele recebeu no fundo de sua alma a mensagem de que Deus não o ama de verdade. Assim , ele se considera sem valor e sem importância. Ele se vê de acordo com essa mensagem e sempre considera os outros mais importantes e abençoados por Deus do que ele. Não importa o status e a posição que tem no mundo ou no Reino de Deus, Bill sempre se sente sem importância e sem valor. Ele sente que não é realmente honrado e estimado pelos outros e por Deus. Depois que conheceu ao Senhor e começou a crescer no seu relacionamento com Deus, Bill
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sempre se sente indigno da graça e da bênção de Deus. Mesmo quando o Senhor derrama uma grande bênção sobre sua vida, ele tem dificuldades de recebê-la. Quando Bill não sente a bênção de Deus, geralmente ele acredita que isso acontece por causa da desvalorização e da incapacidade de agradar a Deus. Porém, algumas vezes Bill fica frustrado e acredita que fez o suficiente para ser digno da bênção de Deus. Entretanto, Deus, de maneira desleal e injusta, “retém” a bênção dele. O medo de não ter as necessidades supridas não é um s e n tim e n to co n scie n te em Bill. C o ntu do, o m edo relacionado ao seu bem-estar pessoal motiva a sua carne sem que esteja consciente. Pelo fato de Bill não sentir medo, ele tem esperança quanto ao futuro. Ele espera ser bem-sucedido e vitorioso na vida porque ele obedece ao Senhor e por causa da capacidade própria de obter favor e bênção de Deus por meio da sua obediência. Por sentir que Deus e as outras pessoas não o valorizam e o estimam de verdade como deveriam, o orgulho o motiva a exaltar-se e a colocar-se em uma posição superior aos olhos de Deus e dos outros. A rebelião opera em Bill de maneira camuflada e oculta, de modo que ele aparente ser humilde e submisso. A operação nesse estilo da carne em particular tem a tendência de afetar a auto-imagem de Bill da seguinte maneira: “Não sou realmente uma pessoa muito valiosa ou importante, mas quero ser e serei. Se eu for submisso e obediente ao Senhor, farei grandes coisas no Reino de Deus e me tornarei uma pessoa valiosa e importante.” Você pode perceber que Bill não reconhece o fato de que ele já é amado e aceito incondicionalmente por Deus, pois o sangue de Jesus Cristo purificou o seu espírito e o fez santo e aceitável no espírito. Bill acreditou na mentira que diz: “ Posso ganhar o amor e a estima de Deus para que isso gere um valor por meio de obras e da obediência.” (Tito 3:5) Andar na carne, dessa maneira em particular, gera em Bill a seguinte percepção: “Ele não me valoriza de verdade.
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Capítulo 7 - Estilos de Operação Carnal
Não importa o quanto eu tente ou o que eu faça, Deus não me reconhece e não me abençoa. Eu desejo ouvi-Lo dizendo: ‘Muito bem, servo bom e fiel’, mas Ele nunca diz isso Na realidade, parece que Deus só abençoa os outros que não são obedientes a Ele. Você acha que todos os meus anos de serviço a Deus valeram alguma coisa, mas Deus parece nunca reconhecer o meu trabalho. Porém, se eu continuar servindoO, Ele re c o n h e c e rá . P elo m enos re c e b e re i a m in h a recompensa no céu.” Para Bill Deus é injusto. Ele está convencido, no seu subconsciente, de que o amor, a aceitação e a bênção de Deus estão prognosticados no desempenho. Deus parece ser injusto porque, não importa o que faça, Bill nunca consegue agradáLo e ser reconhecido pelo trabalho que realizou. Essa é a mentira. Ele enfoca o desempenho, contudo crê que está simplesmente confiando em Deus e sendo obediente a Ele. O fato é que Bill não está confiando em Deus, mas em si mesmo e está sendo conduzido pelo orgulho na sua carne para desempenhar e receber o amor e a aprovação de Deus. Para um c ris tã o que anda n esse e s tilo ca rn a l, geralmente, o seu valor pessoal passa a ser seu emprego ou m inistério. Entretanto, na realidade, ele experim enta um profundo sentimento de desvalorização, desonra e rejeição por Deus e pelos outros. O orgulho se manifesta de maneira visível como se a pessoa se esforçasse para tornar-se importante por meio da sua carreira ou do ministério. Esse crente tem a tendência de considerar as outras autoridades da sua vida e aqueles ao seu redor da mesma maneira que considera Deus. Ele tem uma grande tendência de c o m p a ra r-s e com o u tro s c ris tã o e m a n té m -s e , secretamente, informado do desempenho dos outros e se certifica de estar sempre ganhando. (Provavelmente, ele nunca admitiria isso a ninguém.) Para que ele se sinta bem, ele precisa ter a certeza de que está tendo um desempenho melhor do que o das pessoas ao seu redor, com quem ele, secretamente, compete nas áreas nas quais pode se destacar. Essa pessoa terá a tendência de julgar seus pais por
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não estimá-lo e apreciá-lo. Ela também espera que os outros a desrespeitem, rejeitem e ignorem. Se ela se casar, esperará que seu cônjuge a rejeite e a desonre. Possivelmente, ela competirá até mesmo com a espiritualidade do seu cônjuge ou, o oposto, se exaltando ao rebaixar seu cônjuge para compensar a sua desvalorização interior. Enquanto faz isso, ela espera que todas as pessoas ao seu redor o valorizem e o estimem devido ao seu desempenho e ao seu trabalho, mas as pessoas, raramente, demonstram isso. Quando isso acontece, esse homem fica irritado, mas acredita que deve continuar: “Um dia serei reconhecido e apreciado.” Freqüentemente, ele manipula inconscientemente as pessoas ao seu redor para que elas vejam o seu trabalho e o honrem. Essa pessoa chama a atenção das autoridades em sua vida e tenta ganhar a estima e a aceitação delas ao agradálas através do seu desempenho. Por ela crer que essa seja a maneira de obter o seu valor pessoal, é difícil receber amor, aceitação e estima dos outros, com exceção de obtê-las por merecimento. Pelo fato de o sentim ento de insignificância estar presente de forma consciente, graus e títulos são geralmente im portantes para essa pessoa. A aparência externa pode tam bém ser im portante. Autom óveis, casas, outros bens materiais e a riqueza podem ser importantes, pois essa pessoa acredita que tais coisas provocam a estima e a honra dos outros. Comumente, uma pessoa que anda na carne nesse estilo pode tornar-se viciada em trabalho e negligenciar a sua família, pois, para ela, a aceitação, a estima e a honra provêm do desempenho, e a sua família não o aprecia de qualquer maneira. Muitos pastores e líderes espirituais operam nesse estilo de pensamento e comportamento carnal. Em primeira instância, eles são atraídos para se tornarem pastores e líderes espirituais numa tentativa de fazer alguma coisa importante para Deus e, assim, obterem o Seu amor e favor. Eles não percebem que já têm o amor e a aceitação de Deus devido a
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Capítulo 7 - Estilos de Operação Carnal
um sentimento consciente de ter pouco valor aos Seus olhos. Mulheres que operam nesse estilo têm mais tendência a sofrer de anorexia e de bulimia do que aquelas que andam em outros estilos. Elas se sentem sem valor e focam na aparência como forma de atribuir valor próprio. Elas não estão em total desespero, mas acreditam que podem controlar, por si mesmas, suas circunstâncias e seu corpo físico para serem amadas. Andar nessas mentiras do diabo leva essas mulheres à anorexia e/ou à bulimia. Essas pessoas precisam ganhar nessas áreas de desempenho que escolheram competir. Se elas não atingem o alvo que esperavam atingir, ou se elas são derrotadas por outros, elas devem fazer alguma coisa para conseguir ganhar. Elas precisam tentar mais. No caso da ano rexia, o corpo é o foco. Vamos olhar para um exemplo na Palavra de uma pessoa que vivia no primeiro estilo de vida carnal. “O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo. E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo. Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado. Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. ” (Lucas 15:22-32) Sem dúvida nenhuma, você sabe que esse texto é a parábola de Jesus sobre o filho pródigo. Sendo assim, não vamos nos deter para analisar o filho pródigo, mas o seu irmão 153
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mais velho, que andou no primeiro estilo de comportamento carnal. Jesu s co n to u essa p a rá b o la b a sica m e n te para demonstrar o amor incondicional pelos Seus filhos. Esse amor é revelado pelo pai ao filho mais novo, cujo desempenho foi adm irável. E foi esse ponto que o irmão mais velho não conseguiu entender ou aceitar. Em sua mente, ele nunca foi capaz de receber o amor incondicional do pai. Ele estava convencido de que o amor, a aceitação, a estima e a honra eram, e deveriam ser, condicionais e baseadas na obediência e no desempenho. Nessa parábola, Jesus não fala muito sobre a infância desses dois irm ãos. Mas baseado nos resultad os que percebemos na fase adulta, posso imaginar que esses dois irmãos, provavelmente, competiam muito entre si para obter amor e atenção do pai. Porém, o mais velho precisava vencer sempre. Provavelmente, ele era bom na maioria das coisas que decidia fazer. O mais novo deveria ter sentido que não conseguia competir com seu irmão. Sem dúvida nenhuma, o irmão mais velho era cruel na sua compulsão de ser melhor que seu irmão caçula em tudo para que pudesse obter o amor e a estima do pai. Ambos acreditaram na mentira de que o amor e a aceitação do pai provinham do desem penho. Porém, ao crescer, o mais novo percebeu que, para ganhar o amor e a atenção do pai, ele teria de superar o irmão mais velho, o que era muito difícil. Ele tentou, mas seu irmão aproveitava cada oportunidade para rebaixá-lo e exaltar-se. O irmão mais novo simplesmente passou para o estilo baseado na experiência consciente da morte atual e do temor da morte futura, na esfera da identidade pessoal e do bem-estar. O irmão mais velho sentia-se de pouco valor, pois era direcionado pelo desempenho. Ele acreditava que um dia seu pai notaria e reconheceria a sua obediência. Ele continuou se aproximando do pai na tentativa de obter amor e atenção. Se o pai dissesse: “Trabalhe oito horas no campo” , o irmão mais velho trabalhava dez horas para que a sua diligência
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Capítulo 7 - Estilos de Operação Carnal
fosse reconhecida. Mas, independente do quanto ele se esforçasse ou do que fizesse para demonstrar a sua fidelidade, ele nunca era reconhecido. Então, o irmão mais novo volta para casa depois de gastar a fortuna da família no pecado. O pai o recebe de volta com alegria, reconhecendo-o, banhando-o de am or, h o n ra ndo-o com o um d ig n a tá rio estrangeiro ao oferecer uma grande festa e ao mandar matar um novilho cevado. Para o filho mais velho, que acreditava com todas as suas forças que a estima e a honra deveriam estar baseadas no desempenho, isso foi como se seu pai o tivesse insultado e dado um tapa em seu rosto. A rebelião súbita de rejeitar o amor do pai e confiar na sua p ró p ria c a p a c id a d e de s u p rir suas n e c e s s id a d e s obviamente não funcionou. C o n s tra n g id o ago ra pelo m edo in te n s ific a d o , a esperança de obter sucesso e prestígio havia dissipado para o irmão mais velho. Ele percebeu que estaria condenado ao fracasso e que nunca obteria a estima e a honra do pai, não importava o que fizesse. Portanto, concluiu que continuar tentando seria em vão e passou do estilo um para o estilo três. A súbita rebelião não funcionou, então, enquanto o medo se intensificava, ele perdeu a esperança, passou do estilo um para o estilo três e partiu para uma rebelião mais intensa e visível. Ele se recusou a comparecer ao banquete e se opôs abertamente ao seu pai. Quando o medo se intensifica, assim como aconteceu com esse jovem, a única maneira de a nossa carne operar é através da exaltação própria em orgulho, ou na oposição em rebelião, ou em ambas as formas. Esse jovem fez as duas coisas! Ele foi consumido pela ira e pelo ódio quando seu pai demonstrou honra, amor e estima ao irmão “sem valor”, ou seja, tudo o que ele havia se esforçado para obter em toda a sua vida. Ao rebelar-se, ele se afastou e decidiu que não se relacionaria mais com seu pai. Ele se recusou a entrar no banquete. Mas o pai, que amava o filho, foi à sua procura.
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Esse filho exaltou-se verbalmente na frente do pai e relatou todo o seu trabalho diligente, seus atos de justiça e sua obediência. A primeira palavra proferida ao pai foi: “Olhe” , como se ele dissesse: “Você não percebe? Você está cego? Você atribui honra e estima à prostituição e à embriaguez, em vez de atribuir honra e estima à obediência, à lealdade e ao trabalho diligente.” Você percebe como a serpente no coração desse filho havia estabelecido imagens falsas de prumo que o impediram de receber o amor do Pai? Por causa do medo de não ter nenhum valor de suas necessidades não serem supridas, especialmente da necessidade de sentir-se importante, ele desperdiçou toda a sua vida naquilo que havia tanto desejado: “Aquele que busca salvar a sua vida, perdê-la-á” . Q u a n d o o filh o so u b e que o pai o a m a va in co n d icio n a lm e n te e que esse am or não dependia do desempenho, em vez de aceitar essa verdade, arrepender-se e ser liberto, o filho mudou para um estilo diferente de orgulho e rebelião e justificou -se disso. Ele achou que o prim eiro estilo carnal não havia funcionado, então ele intensificou o orgulho e a rebelião para lidar com a dor e a frustração ao passar para o terceiro estilo. Q uando o estilo do orgulho e da rebelião não funciona, freqüentemente, a nossa carne nos motiva a tentar outro estilo. Pode ser que esse filho tenha contado a outros quão injusto seu pai o tratara. Por causa da serpente escondida na sua carne e da mentira de que o amor e a honra provêm do desempenho, ele teria continuado a se relacionar com Deus, seu patrão, cônjuge, amigos íntimos e outras pessoas da mesma forma como se relacionava com seu pai. Ao seu ver, ele nunca fora apreciado e as pessoas não o valorizavam como deviam valorizar. Para ele, essas pessoas eram “leões” e “ursos” . Enquanto ele não recebesse a revelação divina sobre a serpente e o prumo falso, ele continuaria permitindo que a sua carne o dominasse. Suas necessidades continuariam sem serem supridas, e ele sempre acreditaria que a razão de seus problemas estivesse nas outras pessoas e na maneira como 1S6
Capítulo 7 - Estilos de Operação Cama!
elas o tratavam in justam ente, quando, na verdade, os problemas devem-se ao veneno da serpente em sua alma. Nos capítulos anteriores falei sobre Steve, um pastor, amigo meu, que havia julgado seu pai e outros por o terem tratado de maneira injusta. Steve julgou “o sistema” e outros m inistérios por serem insensíveis às necessidades das pessoas. Ele colheu o fruto daqueles julgam entos em sua própria vida, em sua família e no seu ministério. P o rém , p o d e m o s ve r que e s s e s ju lg a m e n to s procederam do estilo estabelecido no qual sua carne havia operado durante anos. Steve não estava ciente de que a sua carne governava a sua alma desta forma. Na realidade, ele estava operando no mesmo estilo carnal que o irmão mais velho (Lucas 15). Por causa do sentimento consciente da falta de valor, o orgulho operou na carne de Steve para exaltá-lo aos olhos de D eus e aos o lh o s dos o u tro s . Ele ta m b é m , inconscientemente, acreditava que o amor, a estima e a honra eram obtidas no desempenho. Assim, Steve foi levado e guiado pelo medo para trabalhar longas horas no ministério. Ele realmente tornou-se um “ministroholic” para Jesus e cria que, ao fazer isso, estava sendo diligente e obediente ao Senhor. Ele não percebia que não estava sendo motivado para tal obra pelo Espírito de Deus no seu espírito, mas pela sua carne, que buscava obter amor e estima de Deus e dos outros ao seu redor. Freqüentemente, Steve se comprometia com os outros p o rq u e d e s e ja v a a g ra d á -lo s e se r s e n s ív e l às suas necessidades. Algumas vezes ele dizia: “Eu te ligo”, quando sabia que não teria tempo para tal compromisso. A sua carne o enganava a ponto de levá-lo a acreditar que, mais tarde, po dia apenas dizer à pessoa que ele não pôde cumprir com o que havia prometido. Na verdade, ele estava mentindo para as pessoas porque não queria desapontá-las ou não queria dar a aparência de que não se preocupava com elas. Tudo isso provinha de uma imagem falsa de que ele não era estimado e honrado por
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Deus ou pelos outros e de que era sem importância e de pouco valor. A diferença básica entre Steve e o irmão mais velho é que, quando Steve ouviu a verdade sobre a carne estar governando a sua vida de tal maneira, ele não rejeitou a verdade, nem reagiu com mais orgulho e rebelião, nem passou para outro estilo. Pelo contrário, ele recorreu ao seu Pai Ce lestial e pediu-Lhe que lhe revelasse a verdade da questão. Ao orar, o Espírito Santo lhe revelou a operação da serpente no seu interior. Ele se arrependeu, pediu o perdão de Deus e começou a permitir que a sua mente fosse renovada para a verdade. Porém, uma pessoa pode endurecer o seu coração, continuar operando no mesmo estilo e tentar a todo custo obter o amor e a estima por meio das boas obras. Essa pessoa pode escolher “arrepender-se” ao passar para outro estilo de domínio carnal. Ela pode cair na autopiedade e retrair-se ou cair na rebelião aberta do estilo três. Neste caso, ela diria: “Sei quão diligente, obediente e justo tenho sido, e não me importo se Deus ou qualquer outra pessoa reconheça isso. Sei que mereço honra e estima.” Ela se rebelaria contra aqueles que a machucaram ao cortar os relacionamentos e ao se recusar a se relacionar, opondo-se abertamente, ou ao fazer as duas coisas. Quando a pressão negativa ou as circunstâncias se levantam contra a pessoa cuja carne opera no primeiro estilo, ela pode reagir de várias formas e de diferentes maneiras. A forma correta, é claro, é recorrer ao Senhor e pedir-Lhe uma revelação de como a serpente, que está em nossa carne, nos engana e faz com que semeemos algo, cujos resultados podemos estar colhendo hoje. Ao recebermos a revelação, podemos nos arrepender de todo um estilo de operação e começarmos a ser purificados, limpados e curados.
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Capítulo 8
O Segundo Estilo de Operação Carnal Este segundo estilo é caracterizado como:
Experiência do Medo Identidade Sem valor 1. Inconsciente
Bem -estar Necessidades não supridas Inconsciente
Experiência do Ser Auto-lmagem do Prumo Alguém esperança-vitória-vencedor
Ao andar nesse estilo carnal, um crente acredita: “Sou importante e valioso. Sou um alguém, por causa de quem eu sou e do que eu faço. Posso continuar sendo um alguém ao continuar o que estou fazendo agora e ao fazer coisas ainda maiores no futuro. Terei vitória em minha vida e serei um sucesso.” Vamos supor que o cristão que anda nesse segundo estilo se chame “Sue” . Sue recebeu, no profundo de sua alma, a mensagem de que Deus não a ama de verdade, e, assim, sua vida não é importante e suas necessidades não são supridas. Porém, ela não está consciente desses dois tipos de medo que operam nela. Ela crê que é valiosa, digna e importante. Sue diz que isso é por causa de Jesus em sua vida e dá todo o crédito do seu sucesso a Deus. A verdade é que ela se sente valiosa por quem ela é e por aquilo que ela fez ou faz. Sem que percebesse, Sue colocou a confiança e a segurança em si mesma. Entretanto, ela acha que ambas as coisas estão depositadas em Jesus Cristo e que ela confia na Palavra de Deus. Na realidade ela está confiando na sua própria
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Enganado? Eu?
capacidade de compreender a Palavra de Deus. Ela acha que está confiando na revelação de Deus, mas ela está confiando na sua própria capacidade de receber a revelação de Deus. Ela acha que está confiando na justiça de Jesus dentro de si. Ela confia em sua própria capacidade de andar em justiça. Essas coisas parecem ter diferenças sutis, mas são, na realidade, a diferença entre confiar em Deus e confiar em si mesmo. Pelo fato de Sue estar andando no segundo estilo de domínio carnal, ela considera seu relacionamento com Deus da seguinte forma: “ Deus está contente comigo. Deus me honra, me estima e me valoriza. Ele está me abençoando.” Ela crê que Deus a está tratando de maneira justa e declara com seus lábios que Ele a está abençoando devido ao Seu amor e misericórdia. Mas ela realmente crê no seu coração que tudo isso se deve a sua retidão e obediência a Deus. Para as outras pessoas, Sue aparenta ser muito segura e autoconfiante. Ela também acha isso e acha que é confiante e competente. Ela não está consciente do medo de que suas necessidades não sejam supridas, pois, geralmente, suas necessidades são supridas numa medida substancial. Por causa de sua confiança e competência, Sue consegue que suas necessidades sejam supridas. Ela é independente, tem iniciativa e não espera as coisas acontecerem. Ela faz as coisas acontecerem. Na realidade, Sue confunde a criatividade de sua própria mente humana com a direção do Espírito Santo. Como o crente que opera no prim eiro estilo, Sue freqüentemente se compara com outros. Ela também precisa ter a certeza de que é superior aos outros com quem escolheu co m p e tir. P elo fa to de o seu v a lo r com o p e sso a se r determinado em sua mente pelas conquistas, Sue é guiada por sua carne para superar cada área em que escolheu empenhar-se. No geral, ela simplesmente não se empenha para competir ou executar em áreas que ela não esteja certa (antecipadamente) de que possa vencer. Geralmente, a pessoa que opera nesse segundo estilo aparenta ser bem-sucedida aos outros. Ela sempre se mantém
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Capítulo 8 - Estilos de Operação Carnal
distante dos outros e não se abre muito para falar de seus sentimentos verdadeiros. Ela discute visões e projetos com os outros, mas, no geral, não está disposta a colocar-se numa posição vulnerável para que os outros vejam quem ela é de verdade. Ela tem medo de que os outros vejam qualquer área em que ela não seja competente ou confiante, pois precisa sentir-se superior às pessoas ao seu redor para que não experimente o medo da morte da sua identidade pessoal. Geralmente, as pessoas sentem-se intimidadas pelo ar de “confiança e competitividade” que rodeia a pessoa que opera nesse estilo. Esse cristão está sempre muito ocupado executando “a obra do Senhor”. É muito fácil para ele intimidar de imediato as pessoas que, ao seu ver, estão atrapalhando o seu caminho na realização dos “propósitos de Deus” . No geral, essa pessoa é bem insensível às necessidades dos outros, pois ela é guiada para conquistar e está focada no cumprimento dos objetivos. Pelo fato de essa pessoa ser forçada a conquistar e a superar as pessoas, freqüentemente, ela machuca os sentimentos dos outros ao seu redor e faz com que sintam que ela não se importa com eles. Esse cristão pode ser bem crítico aos outros e, freqüentemente, sarcástico. O seu humor geralmente baseiase às custas de alguém. Ele, constantemente, manipula as pessoas e as circunstâncias, especialmente ao rebaixá-las sutilmente por meio do humor, da crítica e do sarcasmo com o propósito de se exaltar. Essa pessoa é, geralmente, otimista e, raramente, deprimida. A pessoa que opera no segundo estilo do controle car nal não sente o medo da desvalorização. Conseqüentemente, o orgulho a m otiva a confia r em si m esm a e nas suas conquistas para gerar para si valor e estima. A rebelião geralmente opera nessa pessoa de maneira pública e aberta. Por sentir-se que é um alguém, se ela for contrariada ou tratada “injustamente” , ela se oporá ou fugirá do relacionamento. No geral, essa pessoa se aproximará das autoridades
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em sua vida por ter a habilidade de agradá-las e obter seu favor e estima por meio de suas realizações. Ela espera que as pessoas a estimem, pois, conscientemente, ela crê que possui valor e é digna de estima e, geralmente, é isso o que as pessoas demonstram. No período em que Jesus viveu na terra, havia um judeu na Palestina que era dominado por esse segundo estilo de operação carnal. Enquanto esse homem crescia, ele era guiado pelo orgulho de superar cada área de suas conquistas. O desejo mais profundo do seu coração era servir a Deus e ser o melhor para o seu Deus. Esse homem se considerava especialmente abençoado, pois ele não era apenas um judeu, um dos escolhidos de Deus, mas ele também era de uma família judia abastada, de uma das tribos de líderes e nascera numa família considerada santa e que guardava a lei. Todas as ordenanças apropriadas da circuncisão, do bar mitzvah e de outros direitos e mandamentos judaicos haviam sido realizadas na família desse homem no tempo certo e da maneira certa. A sua família via que todas as áreas de importância estavam sendo supridas. Esse homem, sem dúvida nenhuma, se sentia muito afortunado de ser da nação escolhida de Deus, de ser de uma tribo líder e de nascer numa família de prestígio que foi treinada para guardar a lei de Deus desde o nascimento. Como se não bastasse, também foi-lhe concedida a cidadania romana. Ele tinha tudo para vencer na vida. E não foi surpresa qu a n d o , ao cre sce r, ele s u p e ro u to d o s os seus contemporâneos. Ele sentia que não era apenas uma pessoa afortunada que tinha tido todas as oportunidades. Ele criou as oportunidades. Esse homem não ficava sentado e esperando que as portas se abrissem para ele, mas ele deu todos os passos necessários e fez com que as portas se abrissem. Ele tornou-se rapidamente um líder fariseu em toda a Judéia, extremamente zeloso por Deus e pela preservação da lei de Deus. Considerando-se superior em todos os aspectos, esse homem se achava mais justo, mais zeloso, mais estudado, mais criativo, mais determinado e ele realizou mais em sua
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Capítulo 8 - Estilos de Operação Carnal
vida do que seus contem porâneos. Se isso não tivesse acontecido, ele teria feito o que fosse necessário para que acontecesse. Depois da ressurreição de Jesus, quando ele tomou conhecimento dos seguidores de Jesus, que promoviam a idéia de que a justiça vinha através da expiação de Jesus, e não por meio da lei judaica, ele determinou, em seu coração, que aniquilaria totalmente tal ensino e as pessoas que o seguiam. Ele acreditava que esse grupo de cristãos estava tentando destruir e afastar as pessoas de tudo o que era bom, justo, santo e precioso. A identidade e o valor pessoal desse homem estavam sendo desafiados pelo ensino dos cristãos, pois, no seu inte rior, ele duvidava do amor de Deus por ele e ele havia acreditado que a sua posição e conquistas lhe traziam o valor, a estima e a honra. Ao ser desafiado pelos seguidores de Jesus, o medo de não ser valorizado e de não ter suas necessidades supridas tornou-se mais intenso. Conseqüentemente, o orgulho e a rebelião se levantaram em grande intensidade enquanto ele buscou exaltar a si mesmo, suas crenças e o seu “grupo” , que era co n tra os cris tã o s . Em re b e liã o , ele se opôs abertamente aos cristãos e jurou exterminá-los. Sem dúvida nenhuma, o Espírito Santo estava falando com esse homem, mesmo durante esse tempo, mas ele não podia escutar Deus por causa da rebelião que operava no seu interior. Finalmente, esse homem nasceu de novo quando conheceu Jesus numa visão, na estrada para Damasco. Ele era o Apóstolo Paulo. No terceiro capítulo dessa carta aos filipenses, ele descreve a sua antiga fé e a confiança em suas própria capacidade, no seu status e conquistas. “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhabem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quando ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível." (Filipenses 3:4-6)
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Nos versículos 7 a 9, Paulo nos diz com o ele se arrependeu de todo esse estilo de operação carnal. Ele considerou as coisas nas quais confiara no passado como lixo. Ele parou de se identificar com sua vida antiga e buscou identificar-se apenas de acordo com a verdade do homem espiritual que Deus havia criado. Ele conheceu e experimentou o amor de Deus por ele e confiou nesse amor. Entretanto, apesar do novo nascimento e da substancial renovação da mente, havia ainda um estilo de operação car nal baseado na velha imagem do prumo falso na qual ele continuou operando de tempo em tempo. A característica básica desse estilo de andar carnal foi a exaltação de si em orgulho, por meio da confiança em si mesmo, nas suas próprias habilidades e no seu status. Em 2 Coríntios 12:7-9 percebemos que essa serpente continuava operando em Paulo e trazendo morte em certas áreas da sua vida. “E, para que não me ensoberbecesse com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, mensageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte. Por causa disto, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo.” (2 Coríntios 12:7-9) Paulo recebeu uma trem enda revelação de Deus. Porém, ele escorregou de volta para o antigo corte, ainda presente no seu coração, que o motivava a acreditar que ele era realmente mais especial do que as outras pessoas para receber tal revelação. Ele começou a crer que essa revelação veio por causa do seu status como Paulo o Apóstolo e pela sua tremenda justiça, obediência a Deus e zelo por Deus. Esse orgulho que Paulo permitiu operar tornou-se a porta pela qual um mensageiro de Satanás tinha acesso e o atormentava. Então, vemos que, embora Paulo tenha cam inhado tanto tem po e de form a tão intensa com o Senhor, ele continuava sujeito a ser enganado pela serpente em sua carne
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Capítulo 8 - Estilos de Operação Carnal
e a se afastar do espírito, permitindo que a sua alma fosse presa e dominada pela sua carne. O prumo falso, o medo e a reação de orgulho contra o medo eram os mesmos que haviam operado nele antes de nascer de novo. O segundo estilo do andar carnal pode, algumas vezes, ser bem sutil, e as pessoas ao redor da pessoa que opera nesse estilo podem não discernir que ela está andando, inconscientemente, na carne. O segundo estilo carnal pode ser, algumas vezes, bem sutil e o fato de uma pessoa andar, inconscientemente, na carne, pode passar despercebido às pessoas que estão ao seu redor. Pode ser que elas mesmas enganaram a si próprias e acham que a outra pessoa está no espirito. Na verdade, grandes líderes espirituais andam nesse estilo e conduzem parte de seus ministérios mais no estilo de domínio carnal do que em quaisquer outros estilos. Quando a pressão negativa é aplicada a um cristão que a nd a n e sse se g u n d o e s tilo c a rn a l, d e ssa fo rm a intensificando o medo, tal pessoa intensificará o orgulho e a rebelião para lidar com o medo e a dor. Porém, ela pode também tentar abandonar esse estilo e tentar qualquer outro dos três estilos. Se tal pessoa continuar acreditando que está certa e é justa, mas, se as circunstâncias, Deus, os outros ou o diabo forem muito poderosos e ela não puder vencê-los, pode ser que ela desista e passe para o quarto estilo. Vamos olhar para um exemplo do Vellho Testamento de uma pessoa que operava no segundo estilo. “Ainda que eu seja justo, a minha boca me condenará; embora seja eu íntegro, ele me terá por culpado. ” (Jó 9:20) Jó declara aqui que ele é justo e Deus é injusto porque Ele condena o íntegro. Com a aflição de Jó o medo foi g ra n d e m e n te in te n s ific a d o e o o rg u lh o e a re b e liã o correspondentes também foram intensificados. Além disso, Jó decidiu que o segundo estilo não era adequado para lidar com a situação e decidiu tentar o quarto estilo. No decorrer de
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quase todo o livro, Jó fala com grande orgulho e rebelião crendo que ele é justo e bom e é um alguém por causa dessas qualidades, mas não consegue vencer e ser bem-sucedido. Sabemos, é claro, que não era Deus, mas Satanás que estava trazendo morte e destruição à vida de Jó. Van Gayle escreveu um livro excelente Jó - A História da Redenção, o qual eu recom endo a q u a lqu er um que tenha questionam entos relacionados a esse assunto. Antes da aflição, creio que o capítulo 29 de Jó nos revela como ele estava andando na carne de acordo com o segundo estilo. Ele achava que era um alguém e que a sua confiança em si mesmo estava produzindo frutos. Jó fora tem porariam ente bem -sucedido e tinha uma esperança e expectativa de continuar bem-sucedido e vitorioso no futuro. Os versículos seguintes do capítulo 29 revelam como Jó costumava enxergar a si mesmo e a sua vida antes da aflição. "Quando fazia resplandecer a sua lâmpada sobre a minha cabeça, quando eu, guiado por sua luz, caminhava pelas trevas; como fui nos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus estava sobre a minha tenda; Ouvindo-me algum ouvido, esse me chamava feliz; vendo-me algum olho, dava testemunho de mim; porque eu livrava os pobres que clamavam e também o órfão que não tinha quem o socorresse. A bênção do que estava a perecer vinha sobre mim, e eu fazia rejubilarse o coração da viúva. Eu me cobria de justiça, e esta me servia de veste; como manto e turbante era a minha eqüidade. Eu me fazia de olhos para o cego e de pés para o coxo. Dos necessitados era pai e até as causas dos desconhecidos eu examinava. Eu quebrava os queixos do iníquo e dos seus dentes lhe fazia eu cair a vitima. Eu dizia: no meu ninho expirarei, multiplicarei os meus dias como a areia. A minha raiz se estenderá até às águas, e o orvalho ficará durante a noite sobre os meus ramos; a minha honra se renovará em mim, e o meu arco se reforçará na minha mão. Os que me ouviam esperavam o meu conselho e guardavam silêncio para ouvi-lo. Havendo eu falado, não replicavam; as minhas palavras caíam sobre eles como orvalho. Esperavam-me como â chuva, abriam a boca como à chuva de primavera. Sorria-me para eles quando não tinham confiança; e a luz do meu rosto não desprezavam. Eu lhes escolhia o caminho, assentava-me como chefe e habitava como rei entre as suas tropas,
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como quem consola os que pranteiam." (Jó 29:3-4,11 -25) Os acusadores de Jó não estavam escarnecendo dele porque Deus havia perdido o controle e estava afligindo-o. Jó estava s im p le s m e n te c o lh e n d o as c o n s e q ü ê n c ia s do julgamento que ele semeou. Ele tratara outros homens como a escória da terra, que nem eram mesmo dignos de viverem com seus cães pastores. Jó estava colhendo os frutos desse julgamento. Ele estava experimentando a morte que sempre ocorre quando andamos na carne. No capítulo 42, Jó, finalmente, recebeu o conhecimento da revelação de Deus e se arrependeu. Durante toda a sua aflição, ele tentou “descobrir” a solução usando o raciocínio lógico humano. Ele interpretou as circunstâncias erradamente e, é claro, tirou conclusões erradas. Finalmente, nos versículos 5 e 6 do capítulo 42, ele recebeu a revelação de Deus. Pela primeira vez, Jó viu a verdadeira imagem de Deus e de si através da revelação no espírito. Antes, ele tinha apenas visto e ouvido Deus por meio de uma imagem falsa da sua mente natural. "Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza." (Jó 42:5-6) Sou bem familiarizado com esse segundo estilo car nal porque o Senhor me mostrou que esse é o estilo por meio do qual o meu pecado em minha carne tem a tendência de operar. No primeiro capítulo, compartilhei uma experiência que tive quando o Senhor começou a lidar comigo sobre minhas críticas a outras pessoas. Aprendi mais tarde que essa não é uma manifestação isolada da minha carne, mas apenas uma manifestação superficial de todo um estilo de vida carnal. As críticas estavam enraizadas no orgulho e operavam em mim sem que eu tivesse consciência. O orgulho era uma reação carnal ao meu medo de não ter valor e, em última análise, de não ser amado por Deus. A mentira que contei a Christy sobre o meu encontro com Marilyn e a mentira que quis contar a Jan sobre o porquê
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do meu atraso foram manifestações superficiais do meu andar carnal e foram resultados do envenenamento da serpente em minha alma. Isso resultou em imagens falsas do prumo que haviam endurecido o meu coração. Essa foi a revelação que o Senhor desvendou por meio de minha amiga Jean, quando estávamos viajando na Polônia. Ao descobrir a forma como eu estava intimidando minha esposa, ensinando a Palavra na minha própria força e sabedoria, criticando outros e, geralmente, operando em muito orgulho, o Senhor começou a desvendar todo esse estilo de operação da minha carne. Q uando reconheci a verdade da m inha ope ração nessas coisas, comecei a pedir ao Senhor que me revelasse como a minha carne havia prendido a minha alma, motivandome a andar na carne e confiando em mim mesmo, enquanto eu pensava que estava confiando em Deus. O Senhor me mostrou que, quando eu era um garotinho, aprendi a não confiar em outras pessoas para suprir minhas necessidades. Decidi que, se eu tivesse que fazer alguma coisa e se meus objetivos tivessem que ser realizados, eu seria a melhor pessoa em quem confiar. Eu decidi que não tinha necessidade de depender de outras pessoas ou de confiar nelas, pois eu era a pessoa mais fidedigna e confiável para alcançar meus objetivos e propósitos, os quais , desde que eu nascera de novo, eu cria que eram os objetivos e propósitos de Deus. O S e nhor me m ostrou que, no orgulho, eu havia re b a ix a d o e m e n o s p re z a d o p e s s o a s que não eram competentes e confiantes nas mesmas áreas nas quais eu era c o n fia n te . P ara que eu não e x p e rim e n ta s s e conscientemente a falta de valor e dignidade, o orgulho me guiou a ser o melhor em tudo o que eu havia escolhido fazer em toda a minha vida. Se eu pudesse ser o melhor, então eu poderia continuar sendo exaltado (no orgulho) aos meus olhos e aos o lh o s dos o u tro s (assim eu p e n sa va ). Conseqüentemente, descobri que, se eu escolhesse fazer coisas exóticas, seria mais fácil competir e ser o melhor. No ginásio, gastei muitas horas treinando para ser um 168
Capitulo 8 - Estilos de Operação Carnal
piloto comercial competente e sobrevoando as Montanhas Rochosas. Ninguém em minha escola sabia, nem ao menos, pilotar um planador, por isso, eu era o melhor. No colegial, eu gastava o meu tempo livre em quedas livres, balões e aviões. Poucos, com a minha idade, podiam competir comigo nessas áreas. O Senhor me revelou que, por toda a minha vida, eu simplesmente evitei lidar com áreas nas quais eu não podia ser o melhor por meio da minha capacidade natural. Eu escolhi atividades exóticas nas quais a competição era menor. Isso foi motivado pelo meu orgulho a pela minha confiança em mim mesmo como uma reação do medo de não ser honrado e estimado e da falta de valor. Fui capaz de criar valor e estima por mim mesmo aos olhos dos outros através das minhas próprias idéias “brilhantes” e das minhas habilidades. Deus me mostrou que, mesmo depois de eu ter nascido de novo, esse mesmo estilo de vida carnal continuou em mim e influenciou o meu andar com o Senhor. Por eu nunca ter realmente aprendido a confiar nos outros e a depender deles, eu pensei que era mais competente e confiável do que qualquer outra pessoa para suprir m inhas necessidades e meus objetivos. Eu também não confiava no Senhor nem dependia Dele. Sempre pensei que confiava Nele, mas o Senhor me m ostrou que eu confiava em meus próprios conceitos e habilidades. Eu ainda escolhia áreas exóticas de ministério (por trá s da C o rtin a de F e rro , e tc .) pa ra que o u tro s se im pressionassem. Não estou dizendo que Deus me mostrou que esse ministério na Europa Oriental, que aprender russo, voar ou qualquer outra atividade dessas era errado. Ele apenas me revelou que a motivação no meu coração emanava do pecado em minha carne, e não da justiça no meu espírito. Essas coisas todas motivavam o meu orgulho e o meu desejo de exaltarme, de ser aceito por Deus e pelos outros através das obras que, na realidade, eram executadas pela criatividade e habilidade da alma. Eu sempre tinha uma medida de sucesso ao fazer essas coisas, e, assim, pensava que era m uito
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espiritual e que “tudo estava bem” . Porém, ao começar a olhar para os resultados e para a eficácia da minha vida e do meu ministério, vi que o fruto atual era bem limitado. Havia confusão e inconsistência. Eu tinha algum sucesso aqui e ali, mas nenhum resultado consistente. O Espírito Santo me mostrou que isso acontecia porque eu não estava dependendo Dele como eu achava, mas estava sendo compelido pelo orgulho para conquistar e estava dependendo da minha própria sabedoria humana. Mesmo quando eu recebia revelação e direção de Deus, eu confiava na minha sabedoria e nas minhas habilidades para executar o plano. “Quem entre vós é sábio e inteligente? Mostre em mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas obras. Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade. Esta não é a sabedoria que desce lá do alto; antes, é terrena, animal e demoníaca. Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura, depois, pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos, imparcial, sem fingimento.” (Tiago 3:13-17) O Espírito Santo chamou a minha atenção para as frase s: “ se n tim e n to fa c c io s o ” e “ sabe doria lá do a lto ” , relacionadas à minha vida cristã. Enquanto o Espírito Santo me convencia dessas coisas, eu me arrependia de cada aspecto, reconheci cada um como pecado, pedi perdão e recebi a purificação pelo sangue de Jesus Cristo. Porém, pelo fato de as imagens falsas serem “cortes” profundos em minha alma, esse estilo de vida carnal não desapareceu instantânea e totalmente. Esses cortes ainda continuam no processo de serem preenchidos e encobertos. A m inha m ente e as m inhas em oções continuam sendo renovadas para a Verdade. Mas, louvado seja o Senhor! Todo esse estilo do caminhar na carne foi-me exposto e eu posso
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Capítulo 8 - Estilos de Operação Carnal
agora andar na luz (1 João 1:7), arrepender-me e ser purificado cada vez que o Espírito Santo me pegar andando em orgulho ou incredulidade. Antes, o engano era tão poderoso que eu nem sabia que estava andando na carne. Agora, estou aberto para receber a revelação de Deus e Ele pode me mostrar quando eu ando na carne. Toda vez que eu a vejo operando, eu me arrependo e me torno cada vez mais livre. Glória a Deus pelo poder redentor do Sangue de Jesus Cristo.
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Capítulo 9
O Terceiro Estilo de Operação Carnal O te rce iro e o qua rto estilo de ope ra ção carnal geralmente desenvolvem-se a partir do primeiro e segundo estilos. Uma pessoa passa do estilo um para o estilo três, ou do estilo dois para o estilo quatro, quando o m edo foi suficientemente intensificado para convencê-la de que ela não consegue vencer e de que ela não conseguirá ser bemsucedida ou vitoriosa. Enquanto nos estilos um e dois a pessoa tem suas necessidades bem supridas, resultando em mais orgulho para obter valor, nos estilos três e quatro a pessoa não tem suas necessidades supridas, perdendo a esperança de vencer e utilizando da rebelião para lidar com o medo. O orgulho e a rebelião sempre operam em níveis que variam em todos os quatro estilos. Quando uma pessoa opera no estilo um e perde a esperança de vitória e de ser valiosa, ela passa para o estilo três. O terceiro modelo é caracterizado abaixo: Experiência do Medo Identidade Sem valor 1. Consciente
Bem -estar Necessidades não supridas Consciente
Experiência do Ser Auto-lmagem do Prumo Ninguém deseperança-derrota-perdedor
Ao andar no terceiro estilo carnal, um crente crê: “Não sou importante, não sou ninguém. Não posso vencer na vida.
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Sou sempre derrotado por Deus, pelo “sistem a”, por mim mesmo, pelos outros , pelo diabo, pelas circunstâncias. Estou condenado a essa vida terrível e sempre serei um ninguém. Nunca vencerei, por isso, não adianta me esforçar.” O crente que anda nesse estilo sente-se condenado a um estilo de vida em particular, pois “a vida é simplesmente assim” . A mente dessa pessoa tem uma habilidade incrível de cria r situaçõ es com duas a lte rn a tiva s negativas. E star condenado em ambos os casos: “Se eu fizer, saio perdendo. Se eu não fizer, saio perdendo.” (Por exemplo, “Se eu não der duro no trabalho, não conseguirei ir bem financeiramente. Se eu continuar trabalhando muito para o patrão, minha esposa se divorciará de mim.”) Vamos chamar o crente que vive no terceiro estilo car nal de “Karen” . Karen vive sob muitos fardos. A vida não é muito prazerosa para ela, mas ela crê que é assim que as coisas são. Esses fardos são a “cruz” que ela suporta para o Senhor. Ela não percebe que essas cargas são simplesmente resultados da morte em sua alma provocada pelo estilo de vida carnal. A imagem falsa em que Karen anda faz com que ela enxergue Deus como se Ele não estivesse satisfeito com ela. Ela não tem apenas a consciência da sua desvalorização, mas está convencida de que, por causa disso, não merece uma vida melhor. Como qualquer pessoa que anda num estilo car nal, ela duvida do amor de Deus e está convencida de que o Seu amor e a Sua estima provêm do desempenho. Pelo fato de ela não ter desempenhado muito bem e de estar convencida de que não consegue desempenhar bem o suficiente para agradar a Deus ou para obter o Seu amor e favor, Karen está certa de que nunca será muito espiritual ou abençoada por Deus. Karen sente-se tão inútil e terrível que chega a sentir que Deus a considera da mesma forma. Ela pensa: “Sou inútil e ruim. Não sou justa ou espiritual. Não mereço ser amada. Deus não poderia me amar. Eu, constantemente, estrago tudo. Tenho certeza de que as circunstâncias negativas em minha vida são resultado da punição de Deus por eu não ser mais
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espiritual e obediente.” Por último, pode ser que Karen pare de tentar se relacionar com o Senhor por achar que: “ Ele nunca me ajudou, então porque continuar tentando?” Satanás opera nesse estilo de pensamento carnal e tem uma oportunidade bem maior de levar uma pessoa ao alcoolismo, ao vício de drogas e ao suicídio do que a qualquer outro estilo. Freqüentemente, as pessoas que vivem nesse estilo tiveram um pai m uito dom inador ou uma mãe que agia, constantemente, de maneira arbitrária e que raramente se agradava dos filhos. Freqüentemente, também, essas pessoas podem ter crescido com um irmão ou irmã que operavam no estilo um ou dois, que eram guiados para conquistar e vencer, geralmente às custas dos irmãos. Em geral, o crente que anda nesse estilo carnal sente que Deus sempre ajuda e abençoa os outros, mas nunca ele mesmo. Ele conclui que Deus não o ama ou, nem mesmo, gosta dele, e não é de espantar que ele não goste de si próprio. Karen se considera sem valor, fraca e um capacho para os outros limparem seus pés. Ela opera na culpa, condenação e, conseqüentemente, na autopiedade. No seu interior há uma ira violenta contra Deus e outras pessoas que a “ rejeitam e magoam” . Sua confiança em si mesma a coloca em grande temor, pois, muitas vezes, ela experimentou a desvalorização, incompetência e incapacidade de suprir as suas próprias necessidades. Karen está muito irada e cheia de acusação contra Deus e outros por causa de sua pobre circunstância. Essa ira está enraizada na rebelião e é um mecanismo carnal para li dar com a culpa e o medo. A maior parte do tempo, ela se considera e se m ostra aos outros como uma vítim a das circunstâncias das outras pessoas e de Deus. Suas emoções são geralmente bem instáveis e ela está sujeita a enfurecerse ou, talvez, em profunda depressão e autopiedade. Karen, freqüentemente, reclama e as pessoas ao seu redor raramente a agradam. Ao identificar-se com a sua carne, Karen enxerga a
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maioria das outras pessoas mais valiosas e importantes do que ela. Ela sente que os outros crentes são mais espirituais e estão mais próximos de Deus. Ela se sente inferior à maioria das pessoas ao seu redor em muitas áreas e recusa-se a competir com elas em qualquer área, pois ela não quer arriscar experimentar outra derrota. Se alguém tentar chamar a sua atenção para competir ou a encoraja a tentar algo novo, ela se afasta e pára ou interrompe o relacionamento. As pessoas acham Karen quieta e reservada. Ela não se abre muito com os outros. Isso é geralmente verdade para aqueles que andam nesse estio carnal, mas há exceções. As pessoas podem, m uitas vezes, aparentar extrovertidas e barulhentas e intimidar os outros com seu humor e piadinhas. Seja qual for o caso, essas pessoas não perm item que ninguém se aproxime delas a fim de que não descubram quão inúteis e desprezíveis realmente são e sejam rejeitadas. Elas temem grandemente serem rejeitadas, se alguém descobrir quem realmente são, assim como elas rejeitam a si mesmas. Essa expectativa de serem rejeitadas é o mesmo mecanismo usado para extrair um tratamento negativo dos outros. Pelo fato de Karen estar faminta por amor e estima, ela, freqüentemente, exige amor e atenção dos outros com quem está desenvolvendo um relacionam ento, mas ela m esma não está disposta a se com prom eter a eles ou, realmente, a se abrir com medo de se machucar. Através das suas atitudes e ações, ela diz para os outros: “Prove que você realmente me ama incondicionalmente e eu me abrirei para você e te am arei tam bém .” Essa exigência de um am or in c o n d ic io n a l dos o u tro s fa z com que eles se sin tam desconfortáveis e se afastem. Ao fazer isso, essas pessoas fic a m com m edo, re a g e m em re b e liã o e fo g e m do relacionamento, confirmando, mais uma vez a Karen, sua expectativa de ser rejeitada e ser uma vítima da crueldade dos outros. Jesus é o único que pode fornecer o amor incondicional a uma pessoa cem por cento do tempo. Buscar nos outros o amor que apenas Deus pode fornecer é uma motivação gerada
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pelo orgulho, uma busca para ganhar respeito, estima e amor dos outros numa tentativa vã de preencher o vazio terrível da desvalorização e do medo existente dentro da alma. A rebelião opera poderosamente em Karen, fazendo com que ela se afaste de Deus, dos outros e fuja de todos os relacionamentos potencialmente dolorosos. Para as pessoas, ela aparenta ser humilde e reservada e na maioria das vezes a rebelião opera nela de uma maneira encoberta. Por sentirse um n in g u é m , K aren se se n te in d ig n a de se a b rir publicamente com qualquer pessoa. Ela também não quer mais saber de ser rebaixada e derrotada, em vez disso, Karen simplesmente se afasta e se distancia dos relacionamentos. Mesmo quando o Senhor tenta, bondosamente, atraí-la para um relacionamento com Ele, o medo é tão intenso que ela geralmente se rebela contra o Senhor e se distancia ainda mais. Karen sente-se condenada até mesmo ao ler a Bíblia. Uma vez, quando deixou de ler a Bíblia por três meses, ela decidiu tentar se levantar mais cedo e fazer o devocional com o Senhor. De alguma forma, ela se sentia culpada por não ter lido a Palavra durante um período tão longo, mas ela decidiu tentar. Ela se levantou e pensou: “Vamos ver. O que eu devo ler? Preciso de algo alegre e encorajador. Já sei, Salmos. Geralmente esse livro é bem encorajador. Vou começar com Salm os 1: ‘Bem aventurado o hom em que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores! Antes o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite’.” Ela pen sa: “A ch o que é p or isso que não sou abençoada. Sou ímpia. Sou uma pecadora e provavelmente uma escarnecedora também. O meu prazer não está na Palavra porque eu não a tenho lido há três meses e não medito nela dia e noite. Não é de admirar que a minha vida esteja essa bagunça. Sou inútil. Deus não consegue amar alguém que nem ao menos lê a Sua Palavra e que, com certeza, não tem prazer nela.” Karen acaba se sentindo deprimida e desencorajada e
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desiste de ler a Bíblia por mais três meses. Ninguém gosta da culpa e da condenação. Na realidade, essa reação é a rebelião operando na carne, reagindo ao medo da morte e, como resultado, criando a morte da alma que ela temia. Isso prova que o orgulho e a rebelião sempre geram a morte da alma. Alguns capítulos atrás, eu falei sobre uma mulher, Terry, que me procurou para aconselhar-se sobre uma decisão profissional, mas descobriu que estava irada com Deus por Ele não lhe ter providenciado um marido. Sem perceber, Terry estava andando na carne de acordo com esse terceiro estilo. Esse modo de operação fez com que ela tivesse a expectativa de conhecer homens, maridos em potencial, que a rejeitassem e rompessem o relacionamento. Pelo fato de ela não perceber que era valiosa e digna de amor, Terry esperava que os outros a considerassem dessa maneira. Na tentativa de conquistar amor e atenção de um homem com quem estivesse se relacionando, ela acabava afugentando-o. Ao viajar por países estrangeiros, aconselhei Larry, uma pessoa que andava nesse estilo. Larry havia nascido de novo havia um ano e, por algum tempo, envolveu-se com o karatê. Por meio do estudo do karatê, Larry abriu a sua alma para ser afligido por um espírito demoníaco que ocasionalm ente o controlava e provocava-lhe uma ira descontrolada. Ele temia que algum dia matasse alguém inconscientemente com essa raiva. Muitas vezes, Larry recebeu oração de libertação, mas esse espírito não o havia deixado. Ao conversarmos, Larry me falou mais sobre sua vida. Ele tinha 19 anos e havia três ou quatro anos morava com sua namorada. Ambos haviam nascido de novo havia quase um ano. Naquele momento, o Espírito Santo confirmou a eles que deveriam se casar. Mas primeiro eles deveriam interromper o relacionamento sexual ilícito até o casamento. Eles estavam convictos daquilo havia oito meses, mas não fizeram nada até um mês antes de nossa conversa. Larry se sentia culpado e envergonhado perante Deus por ter sido tão vagaroso em obedecer a Ele.
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Simultaneamente, Larry havia tentado estudar numa universidade, mas não passou nos testes por apenas três pontos. Pelo fato de não ter entrado na universidade, ele era agora obrigado a servir o exército e logo seria convocado. Além de tudo isso, sua namorada dava indícios de estar grávida. O pobre Larry sentia-se como um homem que estava constantem ente sendo perseguido por leões e ursos. Ele estava certo de que todas as circunstâncias negativas eram a punição de Deus pela sua desobediência. Ele também sentiu que era por isso que Deus não o libertava do espírito demoníaco que o afligia. Certo de que havia perdido a salvação, Larry me perguntou o que precisava fazer para ter o seu nome escrito no Livro da Vida. Sentindo-se sem valor e envergonhado perante o Senhor, Larry não conseguia se aproximar do Senhor por estar certo de que Ele o considerava da mesma forma que ele se considerava. Isso foi confirmado pela ausência da ajuda divina e pelas crescentes circunstâncias negativas. Ao ministrar o amor de Deus a Larry, a verdade de quem ele era no espírito e o poder do sangue de Jesus, ele começou a ter esperança. Então, ele se arrependeu do medo de seu Pai Celestial e pediu que fosse purificado pelo sangue de Jesus. Enquanto estávamos orando, ele teve uma visão literal do sangue de Jesus sendo derramado em cima de sua cabeça, escorrendo pelo seu corpo, até que limpou e purificou cada célula. D e p o is d e ssa v is ã o , L a rry d is s e : “ S in to -m e completamente limpo.” Ele sabia que era santo, justo e puro em seu espírito, por causa do sangue de Jesus. Eu lhe disse: “Você tem autoridade no nome de Jesus para ordenar que o espírito demoníaco saia da sua vida de forma permanente.” Larry ordenou isso e sentiu um tremendo livramento. Eu disse: “ Larry, você pode confiar que o Senhor cuidará do seu bem-estar e ter a certeza de que Deus não criou essas circunstâncias negativas. Se você confiar no S enhor, as c irc u n s tâ n c ia s podem to d a s ser m udadas completamente e você pode ter vitória em cada uma delas.” Três meses mais tarde, tive a oportunidade de ver esse
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jovem novamente. Ele estava estudando na universidade e não fora para o exército. Ele e sua namorada estavam casados e esperavam ansiosamente pelo nascimento de seu primeiro filho. Ele estava completamente livre do espírito demoníaco, que desde a sua libertação não retornara mais. De alguma maneira, é comum que os cristãos que o p e ra m no te rc e iro e s tilo ca rn a l a lte rn e m d ife re n te s manifestações de orgulho e rebelião. Eles balançam de um lado para o outro como um pêndulo, passando da culpa, autopiedade e condenação para a justificação, justiça própria e culpa. Quando eles estão bem emocionalmente, eles operam em orgulho externo (arrogância) e rebelião pública. Quando estão para baixo, operam em orgulho interno (autopiedade) e rebelião escondida. A morte, destruição e problemas continuam em ambos os casos. Mas, quando uma pessoa está “para cim a” , os problem as são considerados “culpa de Deus” . Quando a pessoa está para baixo, o culpado pelos problemas é a própria pessoa. Uma vez eu aconselhei um homem que chegou em meu escritório muito deprimido e desesperado. Harvey estava vivendo em tremenda morte na maioria das áreas da sua alma e tinha um profundo medo de sofrer mais morte. Ele sentiu que Deus estava totalmente contra ele e independente do que fizesse, ele nunca poderia obter o amor e o favor de Deus. Harvey estava perdendo muitas batalhas devido ao pecado escondido em sua vida e sentia-se totalm ente culpado, condenado e sem esperança. Ministrei o amor de Deus e o perdão na vida de Harvey, incluindo a verdade de quem ele era em Cristo, no seu espírito. Ele se arrependeu de confiar em si mesmo, de duvidar do amor de Deus e do medo, do orgulho e da rebelião. Porém, em vez de perm itir que o seu espírito lhe disse sse a verdad e e governasse a sua alm a, H arvey simplesmente mudou as manifestações exteriores de orgulho e re b e liã o e c o n tin u o u a c u lp a r D eus por to d a s as circunstâncias negativas em sua vida. Mas, em vez de se sentir sem valor, Harvey decidiu: “Mereço um tratamento muito
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melhor do que o que Deus tem me dado.” Ele estava orando, lendo a Bíblia e tentando servir a Deus. Ele estava fazendo a sua parte. Mas, até onde Harvey sabia, Deus estava sendo infiel. Qualquer problema era “culpa de Deus”, pois ele, Harvey, era “fiel e justo”. Ao ministrar-lhe, apontei o orgulho e a rebelião que ainda estavam sendo manifestados na sua alma, apenas num estilo diferente. Eu lhe disse: “Você continua andando na carne e permitindo que o orgulho e a rebelião destruam a sua vida.” Então ele passou, imediatamente, para as técnicas carnais anteriores: “Você está certo”, ele reconheceu. “Independente do que eu faça, nunca posso agradar a Deus ou outra pessoa. Eu sempre falho. É por isso que Deus não me abençoa. É tudo minha culpa.” O medo era tão intenso que foi muito difícil para ele liberar o controle da sua alma ao seu espírito. Toda vez que ele pensava que estivesse fazendo isso em arrependimento, ele estava, na verdade, apenas se arrependendo de certas técnicas carnais para lidar com o medo das pessoas. O medo continuava a motivá-lo, e, conseqüentemente, o orgulho e a rebelião ainda governavam a sua alma por meio de outras manifestações diferentes. Quando o medo é intensificado na vida de um crente, se ele não se arrepender e se dirigir a Deus em espírito de fé, freqüentemente, ele pode tentar muitas variações de orgulho e rebelião para lidar com o medo achando que está se arrependendo. Na realidade, ele está apenas mudando as manifestações externas da sua carne. Considere novamente um exemplo da Escritura de uma pessoa que opera nesse terceiro estilo carnal. O irmão do filho pródigo andou no primeiro estilo, enquanto o filho pródigo andou no terceiro. Ambos sentiam, conscientemente, que não tinham valor, mas o irmão mais velho acreditou que ele poderia tornarse valioso ao ganhar o amor e a estima do pai, enquanto o caçula sentiu que não havia mais esperança de ganhar a com petição do seu irmão e, assim, desistiu de continuar tentando.
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A única forma de o irmão mais novo lidar com o medo da morte na sua alma foi fugindo e escapando em rebelião das pessoas e circunstâncias “produtoras de morte”. Ele pediu a sua parte da herança e deixou a cidade. Ele viajou, em rebelião contra o seu pai e irmão, o mais distante possível da sua família e viveu um estilo de vida totalmente diferente do estilo de vida da sua família. Essa rebelião acabou produzindo exatamente aquilo que ele temia: mais morte na sua alma, assim como pobreza e adultério. Quando o filho pródigo finalmente retornou para o seu pai, ele ainda estava cheio de culpa, vergonha e medo. Porém, nessa parábola, Jesus nos dá um ótimo quadro de como Deus realmente enxerga cada um de nós, mas, especialmente, os cristãos que andam na carne de forma explícita. O pai correu para encontrar seu filho quando o avistou. Ele não queria que o filho ficasse constrangido na presença dos outros, então o vestiu com uma túnica cara, sandálias, e com o anel da família, símbolo de autoridade, antes que alguém o visse em seu estado original e deplorável. Esse pai restituiu ao filho toda autoridade familiar e financeira e o honrou com uma grande festa, digna de um dignitário estrangeiro. É dessa forma que nosso Pai Celestial enxerga cada um de nós. Ele anseia e deseja nos honrar, estimar e derramar o Seu amor sobre nós. Ele deseja nos dar vida. Apenas a morte produzida pelo caminhar na carne nos impede de receber essa vida, honra e amor do Senhor. Veja mais um exemplo no Velho Testamento de um homem que andava nesse terceiro estilo de vida carnal. ‘Então, veio o Anjo do Senhor, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o pôr a salvo dos midianitas. Então, o Anjo do senhor lhe apareceu e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valente. Respondeu-lhe Gideão: Ai, senhor meu! Se o Senhor é conosco, porque nos sobreveio tudo isto? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos
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fez o Senhor subir do Egito? Porém, agora, o Senhor nos desamparou e nos entregou nas mãos dos midianitas. Então, se virou o Senhor para ele e disse: Vai nessa tua força e livra Israel da mão dos midianitas; porventura, não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu! Com que livrarei Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu, o menor na casa de meu pai. Tomou-lhe o Senhor: Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem. Ele respondeu: Se, agora, achei mercê diante dos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu, senhor, que me falas. Viu Gideão que era o Anjo do Senhor e disse: Ai de mim, Senhor Deus! Pois vi o Anjo do Senhor face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo! Não temas! Não morrerás! Então, Gideão edificou ali um altar ao Senhor e lhe chamou de O Senhor É Paz. Ainda até ao dia de hoje está o altar em Ofra, que pertence aos abiezritas.” (Juizes 6:11-17,22-24) Nesse tempo, os midianitas estavam oprimindo Israel. G ideão se n tiu -se um ninguém . Ele não co n se guia ver esperança de sucesso ou vitória. Quando o anjo chegou, Gideão estava simplesmente tentando sobreviver ao esconderse dos inimigos na prensa de lagar. Imediatamente, o anjo se dirigiu a Gideão da m aneira como Deus o via. Como um guerreiro valente. Naquela hora, o comportamento de Gideão não era de um guerreiro valente. Gideão estava certo de que Deus não o amava. Se Ele o amasse, por que Ele permitiu que tal calamidade sobreviesse a Israel? (vs 13) Gideão estava cheio do temor da morte física e da alma. Ao olhar totalmente para si para suprir suas próprias necessidades, os olhos de Gideão estavam focados em si mesmo, em autopiedade. Ele disse: “ Mesmo se Deus me amasse e estivesse comigo, eu sou um ninguém. Não posso fazer nada. A minha família é de uma tribo sem importância em Israel. Além disso, minha família é menosprezada e rebaixada, mesmo em nossa própria tribo. Além disso, sou o filho mais novo e sou o menos importante em minha família. Se você quiser libertar Israel, procure um homem melhor, de uma família melhor, de uma tribo melhor. Sou totalmente sem valor e incapaz. Sou um nada.” No início, Gideão não percebeu que era um anjo do
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Senhor que estava falando. Ao descobrir a verdade, no versículo 22, Gideão ficou convencido de que ele morreria. Finalmente, o Senhor conseguiu tirar Gideão do seu engano e das imagens falsas do prumo ao lhe falar constantemente a palavra da verdade. O anjo continuou insistindo: “ Deus o favoreceu. Ele está contigo. Você é um guerreiro valente. Você é valioso e importante. Deus o usará.” Podemos ver como o medo dentro de Gideão foi gerado pelas circunstâncias negativas, imagens falsas do prumo e mentiras sobre Deus e sobre si. Enquanto Gideão focava em si mesmo, na autopiedade, desvalorização e rebelião, o medo o motivava a andar no orgulho. Quando o Senhor encontrouse com Gideão e lhe revelou a Sua vontade para a vida dele, Gideão se rebelou e se opôs a Deus e a Sua vontade. Ao ser motivado pelo medo, no início, Gideão decidiu depositar a sua fé nas imagens falsas do prumo, em vez de depositá-la na verdade que Deus havia declarado. Esse foi o envenenamento da serpente. Glória a Deus! Gideão foi liberto ao ouvir a Palavra do Senhor, depositou fé naquela Palavra e em Deus e experimentou a verdade de quem Deus disse que ele era em vez de experim entar a verdade de quem ele acreditou e experimentou ser anteriormente.
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O Quarto Estilo de Operação Carnal O quarto estilo pelo qual um crente pode andar na carne é caracterizado pelo sentimento da pessoa como um alguém, mas sem a esperança de vitória ou sucesso na vida. Isso ocorre quando ela se convence, através de interpretação errada das palavras e experiências, de que sempre será derrotada pelas forças externas ao seu controle as quais são mais fortes do que ela. Esse quarto estilo carnal é caracterizado da seguinte forma:
Experiência do Medo Identidade Sem valor 1. Inconsciente
Bem -estar Necessidades não supridas Consciente
Experiência do Ser Auto-lmagem do Prumo Alguém deseperança-derrota-perdedor
Ao andar nesse estilo carnal, um crente acredita: “Sou um alguém, sou importante e tenho valor. Mereço ser tratado justa e adequadamente. Entretanto, não estou sendo tratado justamente e constantemente sou enganado e roubado. No momento não estou em vitória e nunca estarei, pois os outros (talvez Deus) estão contra mim e eu não posso vencer. É injusto e estou condenado a uma vida de derrota. Assim, se ‘eles’ (Deus ou outros) não jogarem o jogo justamente, então não jogarei no jogo deles.” O “eles” nesse estilo de pensamento pode ser Deus, pais, chefes, cônjuges ou qualquer um com quem essa pessoa
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tenha um relacionamento. Se as coisas não saíram tão bem como essa pessoa gostaria que saísse, então ela culpa Deus e os outros pelas suas circunstâncias negativas. Ela confia em si mesma e nas suas próprias habilidades e crê que fez todas as coisas necessárias para receber a bênção e a prosperidade de Deus em sua vida. Porém, pelo fato de essas coisas não terem funcionado e de ela não ter recebido a bênção, essa pessoa culpa Deus por Ele ser injusto e inadequado em Seus sentimentos. Vamos chamar essa pessoa de “Ricardo” . Ricardo, como todas as pessoas que andam nos outros estilos carnais, duvida de que Deus o ame e acredita que o amor, a honra e a estima são recompensadas com base no desempenho. Ele acredita que desempenhou mais do que adequadamente e que ele é justo e merece o amor, a honra e a estima de Deus e dos outros. Por estar fazendo o possível para ser vitorioso e, mesmo assim, as circunstâncias não melhorarem, Ricardo sente-se frustrado e irado. O grande temor de morte é gerado em sua vida porque Ricardo se sente à mercê das forças sobre as quais não tem controle. Elas são “muito mais poderosas” do que ele. Ricardo pensa que mesmo a oração, a confissão da Palavra e o nome de Jesus, aparentem ente, não ajudam muito. Assim, um orgulho intenso e a rebelião operam em sua vida para lidar com o medo. Ele vive em grande justificação própria e confia em seu próprio raciocínio e habilidades. Ele está convencido de que ele é certo e está fazendo tudo o que deve fazer. Isso deveria funcionar. Mas não está funcionando. O resultado? Mais medo, pois o orgulho não está funcionando e Ricardo não pode exaltar-se sobre as circunstâncias. Ele se rebela contra qualquer pessoa ou coisa que o culpe pela sua situação negativa, e essa rebelião geralmente é evidente. Ele se oporá diretamente ou fugirá de qualquer pessoa ou circunstância que possam estar criando morte em sua vida. A percepção de Ricardo é de que Deus é uma poderosa autoridade que é injusta e não o trata justamente. Deus não pode ser agradado. Não é possível ganhar o seu favor e a sua
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bênção. Ricardo observa Deus abençoando os outros que são bem menos justos e obedientes, mas Ele nunca o abençoa. Ele crê que Deus é realmente a fonte dos problemas e das circunstâncias negativas em sua vida. Para ele, isso é muito injusto. No seu interior, ele se sente bem frustrado e irado com Deus. A sua carne o motiva a considerar-se justo e digno de valor e estima. Ele crê que tem valor por causa do seu status e do seu desempenho. Ele achou que essa justiça própria está em si e vem de si mesmo por causa de sua obediência e boas obras. Todas as vezes que Ricardo trabalha duro para alcançar um objetivo bom e correto, algumas outras pessoas, ou o próprio Deus (ele pensa), puxam o tapete debaixo dos seus pés para mantê-lo distante de cumprir com o objetivo. Ele não percebe que a verdadeira fonte da sua calamidade é a serpente venenosa que mora no interior do seu coração. Enquanto Ricardo anda em rebelião contra Deus e contra outras pessoas, ele justifica a sua atitude de orgulho por meio da justiça própria. Ao considerar as pessoas ao seu redor da mesma forma que ele considera Deus, Ricardo sente que aqueles com quem ele se relaciona também o tratam in ju s ta m e n te e sem o re s p e ito e a h o n ra d e v id a . Aparentemente, ele é sem pre enganado e roubado pelos outros. Por causa do orgulho e da autojustificação, ele sempre usa a Palavra de Deus como uma lei nas vidas das pessoas ao seu redor (e a lei sempre gera morte). As pessoas com quem ele geralmente reage dessa forma tendem a se afastar dele para evitar a morte emocional da lei. Ricardo, cego, devido ao seu próprio orgulho, acredita que acabou de ministrar a Palavra de Deus. Se outra pessoa não o aceita e o rejeita por fazer esse tipo de coisa, então, ele está “sofrendo e sendo perseguido pelo amor de Cristo e do evangelho”. A verdade é que ele está sofrendo por causa da sua própria carne. Pelo fato de suas necessidades não serem supridas e por se encontrar em grande temor, Ricardo, freqüentemente, estabelece exigências substanciais de compromisso, amor e honra àqueles que estão ao seu redor. Isso faz com que essas
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pessoas fiquem com medo, pois elas não conseguem s u p rir, suficientem ente, as necessidades dele. Elas se afastam. Então, porque Ricardo fracassa em sua tentativa de orgulho e rebelião, ele interpreta essa atitude como um tratamento injusto e uma rejeição cruel. Por julgar as pessoas que o rejeitam, ele espera que a maioria das pessoas o rejeite. A menos que a outra pessoa ande no espírito, Ricardo é capaz de fazer com que as pessoas o rejeitem. Toda vez que alguém ministra a verdade à pessoa que anda nesse quarto estilo, de que ela está andando na carne em orgulho e rebelião, ela pode negar, justificar-se e considerálo como “mais uma pessoa que não o entende”. Outra opção é que R icardo possa verdadeiram ente ver a verdade e concordar com ela, mas trocar as manifestações de orgulho e rebelião pelas de culpa, condenação e autopiedade. Ele pode dizer: “Você está certo. É minha culpa e eu nunca vou servir para nada. Tudo o que faço é machucar os outros e a mim mesmo. Estou certo de que Deus desistiu de mim há muito tempo e é por isso que nada dá certo para mim.” O melhor exemplo bíblico de uma pessoa que anda na carne nesse quarto estilo é Jó durante a sua aflição. Lembrese de que, antes da aflição, Jó andava no segundo estilo car nal. Devido à experiência de aflição e do medo da morte física (física, material, relacional e da alma) Jó passou para o quarto estilo de maior orgulho exterior e rebelião aberta. “Oh! Se a minha queixa, de fato, se pesasse, e contra ela, numa balança, se pusesse a minha miséria, esta, na verdade, pesaria mais que a areia dos mares; por isso é que as minhas palavras foram precipitadas. Porque as flechas do Todo-Poderoso estão em mim cravadas, e o meu espírito sorve o veneno delas; os terrores de Deus se arregimentam contra mim. Isto ainda seria a minha consolação, e saltaria de contente na minha dor, que ele não poupa; porque não tenho negado as palavras do Santo. ” (Jó 6:2-4,10) Jó acreditou na mentira de que Deus o estava afligindo. No versículo 2, ele revelou a sua crença de que a bênção de Deus ou a ira vinham de acordo com o seu desempenho. No
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versículo 10, Jó fala em justiça própria de que ele não rejeitara Deus, mesmo que Deus o tenha afligido (assim pensava e le ). “Ainda que eu seja justo, a minha boca me condenará; embora seja eu íntegro, ele me terá por culpado. Eu sou íntegro, não levo em conta a minha alma, não faço caso da minha vida. Para mim tudo é o mesmo; por isso, digo: tanto destroíele o íntegro como o perverso. Se qualquer flagelo mata subitamente, então, se rirá do desespero do inocente. ” (Jó 9:20-23) Aqui, novamente, Jó declara a sua justiça e o tratamento injusto de Deus. De acordo com Jó, Deus condena o sentimento de culpa e zomba do desespero do inocente. “Porque ele não é homem, como eu, a quem eu responda, vindo juntamente a juízo. Não há entre nós árbitro que ponha a mão sobre nós ambos. Tire ele a sua vara de cima de mim, e não me amedronte o seu terror; então, falarei sem o temer; do contrário, não estaria em mim. Calai-vos perante mim, e falarei eu, e venha sobre mim o que vier." (Jó 9:32-35,13:13) Como Deus é Deus, Jó não consegue discutir com Ele. Jó diz: “Deus é arbitrário e injusto.” Porque Deus é injusto, Jó acredita que ele tem razão em discutir e se rebelar. ‘Então, Jó respondeu: Na verdade, vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria. Também eu tenho entendimento como vós; eu não vos sou inferior, quem não sabe coisas como essas? Eu sou irrisão para os meus amigos; eu, que invocava a Deus, e ele me respondia; o justo e o reto servem de irrisão. ” (Jó 12:1 -4) Jó diz aos seus conselheiros: “ Sou justo e inteligente como vocês, não tentem me aconselhar.” “Calai-vos perante mim, e falarei eu, e venha sobre mim o que vier. Tomarei a minha carne nos meus dentes e porei a vida na minha mão. Eis que me matará, já não tenho esperança; contudo, defenderei o meu procedimento. Também isto será a minha salvação, o fato de o ímpio não vir perante ele. Atentai para as minhas razões e dai 189
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ouvidos à minha exposição. Tenho já bem encaminhada minha causa e estou certo de que serei justificado. Quem há que possa contender comigo? Neste caso, eu me calaria e renderia o espírito. Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meupecado.” (Jó 13:13-19,23) Aqui Jó usa a técnica manipulativa de “abertura e humildade falsa” : “Eis que me matará, já não tenho esperança, contudo, defenderei o meu procedimento.” Quão justo e devoto! Essas palavras soam tão bonitas. Jó deve ter pensado que ele era realmente espiritual para dizer tal coisa. No versículo 23, ele disse: “Senhor, se estou em pecado e rebelião, mostrame.” Mas eu creio que, na verdade, ele estava pensando neste acréscimo: “Mas tenho certeza de que não sou. Sou certinho e Deus terá que descobrir isso logo.” “sabei agora que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou. Eis que clamo: violência! Mas não sou ouvido; grito, socorro! Porém não há justiça. Compadecei-vos de mim, amigos meus, compadecei-vos de mim, porque a mão de Deus me atingiu." (Jó 19:6-7,21) “Cessaram aqueles três homens de respondera Jó no tocante ao se ter ele por justo aos seus próprios olhos. Então, se acendeu a ira de Eliú, filho de Baraquel, o buzita, da família de Rão; acendeu-se a sua ira contra Jó, porque este pretendia ser mais justo do que Deus.” (Jó 32:1*2) Durante esse período, o pobre Jó foi enganado (pela serpente no seu coração) ao acreditar que ele era realmente bom e que Deus estava errado e era injusto. Mas a verdade é que Satanás, e não Deus, o estava afligindo. Por meio do engano e das imagens falsas do prumo que já estavam em Jó, Satanás pôde convencê-lo de que Deus era o inimigo, e não a proteção. A única pessoa que verdadeiramente poderia libertá-lo era aquele a quem Jó estava temendo. Jó duvidou do amor de Deus por ele e não acreditava que Deus se importasse com ele e lhe desejasse o melhor. O medo em Jó era muito intenso e, assim, o orgulho e a rebelião também eram intensos.
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Ele precisava ir até Deus desesperadamente, confiar no Seu amor, arrepender-se da incredulidade, do temor, do orgulho e da rebelião e receber o perdão de Deus. Sem dúvida nenhuma, hoje, por meio do sangue de Jesus, temos uma aliança com Deus que é muito mais eficaz e temos maior poder e autoridade sobre o diabo do que Jó. Mas, naquele tempo, Jó não usufruía do poder que lhe estava disponível. Conseqüentemente, ele foi separado da vida zoe de Deus pelo orgulho e pela rebelião devido à ignorância que provém do endurecimento do coração (Efésios 4:18). Assim como Jó, nós precisamos saber que a nossa luta na vida não é contra Deus, mas contra o pecado em nossa carne que nos engana, e contra o diabo e os espíritos demoníacos. Agora, olhemos para outro exemplo bíblico de uma pessoa que andava no quarto estilo carnal. “Já Samuel era morto, e todo o Israel o tinha chorado e o tinha sepultado em Ramá, que era a sua cidade; Saul havia desterrado os médiuns e os adivinhos. Ajuntaram-se os filisteus e vieram acampar-se em Suném; ajuntou Saul a todo o Israel, e se acamparam em Gilboa. Vendo Saul o acampamento dos filisteus, foi tomado de medo, e muito se estremeceu o seu coração. Consultou Saul ao Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por Urim, nem por profetas. Então, disse Saul aos seus servos: Apontai-me uma mulher que seja médium, para que me encontre com ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Há uma mulher em En-Dor que é médium. Saul disfarçou-se, vestiu outras roupas e se foi, e com ele, dois homens, e, de noite, chegaram ã mulher; e lhe disse: Peçote que me adivinhes pela necromancia e me façais subir aquele que eu te disser. Respondeu-lhe a mulher: Bem sabes o que fez Saul, como eliminou da terra os médiuns e adivinhos; por que, pois, me armas cilada à minha vida, para me matares? Então, Saul lhe jurou pelo Senhor, dizendo: Tão certo como vive o Senhor, nenhum castigo te sobrevirá por isso. Então, lhe disse a mulher: Quem te farei subir? Respondeu ele: Faze-me subir Samuel. Vendo a mulher a Samuel, gritou em alta voz; e a mulher disse a Saul: Por que me enganaste? Pois tu mesmo és Saul. Respondeu-lhe o rei: Não temas; que vês? Então, a mulher respondeu a Saul: Vejo um deus que sobe da terra. Perguntou ele: Como é a sua figura? Respondeu ela: Vem subindo
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um ancião e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra e se prostrou. Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir? Então, disse Saul: Mui angustiado estou, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se desviou de mim e já não me responde, nem pelo ministério dos profetas, nem por sonhos, por isso, te chamei para que me reveles o que devo fazer. Então, disse Samuel: Por que, pois, a mim me perguntas, visto que o Senhor te desamparou e se fez teu inimigo? Porque o Senhor fez para contigo como, por meu intermédio, ele te dissera; tirou o reino da tua mão e o deu ao teu companheiro Davi." (1 Samuel 28: 3-17) Q uando uma pessoa opera na carne em qualquer estilo, ela não pode ouvir a Deus ou receber a revelação em espírito, mas ela sempre acreditará que Deus a deixou, e não que ela deixou Deus. Saul não foi capaz de ouvir a voz de Deus por vários anos. Ele nunca compreendeu o porquê de isso ter acontecido. A intensificação do medo na vida de Saul aumentou com o passar dos anos, e, neste capítulo, nós o vem os passar por um trem endo medo da m orte física. Conseqüentemente, Saul foi motivado pelo pecado em sua carne a se mover em grande orgulho e rebelião. Ao ser incapaz de ouvir a voz de Deus, em vez de Saul Lhe pedir que Ele lhe revelasse em que área ele estava andando na carne e qual era o bloqueio que o impedia de ter comunhão com o Senhor, Saul arquitetou o seu próprio plano (motivado pelo medo, pelo orgulho e pela rebelião) para descobrir a vontade de Deus. Ele decidiu se aliar a uma médium espírita para fazer com que o profeta Samuel ressuscitasse. Saul não confiava em Deus. A sua confiança estava totalmente nos homens, em Samuel e em si mesmo. Pelo fato de Deus não lhe responder diretamente, Saul se sentia, sem dúvida nenhuma, irado, amargurado e frustrado com Deus. Na realidade, Saul sentia-se completamente justificado em fazer o que Deus o havia terminantemente proibido, pois “Deus não está ajudando”. Ele provavelmente pensou: “Deus não está me ajudando. Ele nem ao menos me revelará a Sua vontade. Eu orei. Eu jejuei. Eu O busquei dia e noite. Já fiz tudo o que
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era possível e mesmo assim Ele continua em silêncio. Se eu não conseguir alguma direção, todos seremos destruídos pelos filisteus.” Deus havia falado com os líderes anteriores de Israel, e mesmo com Saul. Quando Deus parou de falar, Saul pensou: “Deus quer que o Seu povo simplesmente morra. Toda essa situação é culpa Dele. Se Ele me apontou como rei de Israel, por que Ele não me dá a orientação para a nação? Se Samuel estivesse vivo! Talvez um médium possa ressuscitá-lo para que ele me fale o que eu devo fazer.” Por causa do grande medo de Saul, ele aplicou a sabedoria humana para obter direção. Entretanto, esse plano acarretava fazer exatamente aquilo que Deus havia proibido! Em rebelião, Saul uniu-se a uma médium espírita para ressuscitar Samuel e, ao fazer isso, usou o tipo de sabedoria de Tiago 3:15, o qual não vem do alto, mas é terrena, ímpia e até mesmo demoníaca. Saul estava em total oposição à verdade. O medo da morte sempre acaba por produzir numa pessoa a mesma coisa que ela teme. Por meio da rebelião de Saul contra Deus, o resultado é mais medo. Saul nunca se arrependeu e, por último, perdeu a sua vida física no dia seguinte ao lu ta r contra os filis te u s . A parte tris te é que Saul, inconscientemente, sentia que Deus o havia condenado ao fracasso e à derrota. Deus havia se retirado da presença de Saul e não lhe falara por vários anos, por isso ele se sentiu apenas uma “vítima inocente” no plano de Deus para dar o reino a Davi. O destino de Saul era morrer nas mãos dos filisteus. Esse é o tipo de raciocínio produzido pelo quarto estilo carnal. Na verdade, Saul poderia ter recebido a revelação de Deus sobre o pecado, se arrepender, recorrer a Deus (e não correr Dele em rebelião) e receber a vida e a paz a qualquer momento. Pode ser que o crente que opera nesse quarto estilo carnal não se rebele contra Deus externa e abertamente. Ele anda em rebelião a Deus, mas ele pode estar fazendo isso totalmente no engano. Ele pode pensar: “Estou servindo a Deus e sendo obediente a Ele” , mas estar arquitetando um plano carnal inspirado em Deus, e em oposição a Ele.
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Anos atrás, um casal vei ao meu escritório buscando um aconselhamento matrimonial. Ambos estavam andando na carne no relacionamento um com o outro. George estava andando de acordo com o quarto estilo e Linda de acordo com o terceiro. George estava tão convencido de que estava certo e sua esposa estava errada que ele não sentia a necessidade de aconselhar-se. Conseqüentemente, eles não vinham às sessões de aconselham ento juntos, mas ele sem pre me telefonava para m arcar os aconselham entos para a sua esposa. Ambos já tinham sido casados antes e carregavam ju lg a m e n to s e e x p e c ta tiv a s c o n s ig o dos ca s a m e n to s anteriores. Os dois operavam em muito medo. Linda tinha consciência dos seus medos. Mas George não reconhecia o medo que operava em sua vida. No início do casamento, nenhum deles estava firme com Deus, mas no decorrer dos onze anos, G eorge cresceu sig n ifica tiva m e n te na área espiritual, Linda não. Quando conheci George e Linda, eles já eram crentes, mas George tinha um conhecimento espiritual bem maior do que sua esposa e realmente se considerava mais espiritual do que ela. Ele lia a Palavra e orava freqüentemente, enquanto ela não. George tinha sofrido abusos verbais severos em seus casamentos anteriores, o que havia afetado gravemente a sua auto-imagem. Assim, ele não se sentiu honrado, estimado ou valorizado nos relacionam entos anteriores. Logo que ele desenvolveu um relacionamento mais íntimo com o Senhor, ele percebeu que ele tinha valor e importância para Deus. Ele decidira que não serviria mais de capacho para que as pessoas pisassem. Ele era digno de honra e estima porque Deus o havia criado assim por meio de Jesus e ele devia ser o cabeça do lar. George acreditava que, ao tomar essa atitude, estava confia ndo no S enhor e tendo uma “ boa au to -im a g e m ” . Anteriormente, ele tinha uma “fraca auto-imagem” e ele sabia que Deus lhe desejava muito mais. A verdade era que ele não estava confiando no Senhor ou andando no espírito. Ele estava
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Capítulo 10 - Estilos de Operação Carnal
andando na carne e confiando em si mesmo como se tivesse um valor inato na sua carne. Ele não estava confiando em Jesus. Motivado inconscientemente pelo medo da morte, o medo de ser rebaixado fisicamente ou agredido verbalmente e de ser magoado, sua carne reagia ao medo em orgulho e rebelião. Para evitar que Linda o magoasse mais, George andava em orgulho, exaltando-se espiritualmente. Ele se sentia extremamente justo, paciente e longânimo para agüentar o medo, a ira e a falta de espiritualidade de sua esposa. Se alguém tentasse chamar-lhe a atenção quanto ao seu orgulho, George enxergava isso como uma forma de rebaixá-lo a um nível de “fraca auto-imagem”. Conseqüentemente, ele resistia a isso veementemente. Esse orgulho fazia com que Linda sentisse mais medo e se afastasse de George ainda mais. Basicamente, o orgulho o motivava a fazer comentários sarcásticos sobre ela. Quando Linda se afastava, ou retaliava irada, ou rebatia com algum com entário m aldoso, G eorge acreditava que ela estava tentando rebaixá-lo novamente e ele se recusava a permitir que isso acontecesse! Ele acreditava que, “em nome da justiça” , estava sendo injustamente perseguido. Com esse ra c io c ín io , G e o rg e me te le fo n a v a pa ra m a rc a r os aconselhamentos para Linda para que, então, ela parasse de tratá-lo injustamente. Inconscientem ente, G eorge não estava reagindo apenas em orgulho, mas em grande rebelião contra sua esposa. Por considerar-se espiritual e considerar Linda não espiritual, ele não sentia que as opiniões ou os pensamentos dela tinham valor. Ele era muito “espiritual e humilde” para admitir isso diretamente, mas sutilmente ele acreditava nisso e comunicava isso a Linda. Conseqüentemente, ele operava independente de Linda e a contrariava em quase todas as suas idéias e planos. Ele continuou muito envolvido na igreja, estudando a Palavra e encorajando sua esposa a ir nos aconselhamentos. Enquanto ele operava quase que totalmente na sabedoria humana e na confiança própria, George pensava que estava no espírito,
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confiando em Deus. Por estarem se aproximando da aposentadoria, George começou a considerar num emprego que pudessem manter durante esse período. Esse negócio estava numa área em que George tinha uma experiência e prática considerável. Ele acreditava com todo o seu coração que o Senhor lhe havia dado a idéia e o plano. Porém , esse negócio exigia o investimento de uma quantia substancial do dinheiro que eles haviam economizado havia anos. Ao compartilhar essa visão com sua e s p o s a , G e o rg e e s p e ra v a que ela fic a s s e entusiasmada como ele. Infelizmente, Linda não ficou nada entusiasmada. Ela temia que eles perdessem todo o dinheiro. Imediatamente, ele presumiu que essa fosse uma reação típica de Linda. Afinal de contas, ela vivia com medo, não era espiritual e não conseguia ouvir a voz de Deus. Ele estava totalmente convencido de que Deus o havia chamado para seguir em frente com aquela visão, pois estava ligado com alguns aspectos do ministério. George disse a sua esposa que pretendia continuar com o plano profissional/ministerial que Deus lhe havia dado, independente de ela concordar ou não. Ele tinha que obedecer a Deus acima dos homens. Mesmo se Linda não conseguisse ouvir a voz de Deus e vencer o seu medo e falta de confiança Nele, George tinha que obedecer ao chamado do Senhor. Essa informação, é claro, só serviu para amedrontar Linda ainda mais. George acreditava que, ao tomar tal posição, ele estava confiando em Deus e obedecendo a Ele. Disposto a sacrificar o seu casamento para cumprir aquela visão, ele disse à esposa: “Não se coloque no meio da minha obediência a Deus.” Na realidade, George não estava confiando em Deus. Ele estava confiando em si mesmo e na sua sabedoria humana para prosseguir com a visão que, particularmente, eu não creio que tenha sido de Deus. Também não foram a falta de espiritualidade ou o medo que fizeram com que Linda resistisse a George, mas foram o tremendo orgulho dele e a rebelião contra ela que lhe provocaram o medo e a motivaram a oporse a ele. A serpente que estava operando no interior havia
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Capítulo 10 - Estilos de Operação Carnal
enganado George, impedindo-o de receber esta revelação de Deus. George, ao ser enganado, estava andando em orgulho, basicamente no quarto estilo. Porém, aparentemente, ele não culpava Deus pela sua situação. Ele culpava sua esposa. Na crença de que estava obedecendo a Deus ao rebelar-se con tra ela, ele estava usando a sua sabedoria humana, andando na carne para cumprir sua visão e rebelando-se contra Deus no processo, assim como fez Saul. Para co m p lica r m ais a situaçã o, G eorge estava “orando” juntamente com vários amigos cristãos que o haviam encorajado a tomar aquela posição com sua esposa. Eles diziam: “Sim, você não pode rejeitar a Deus por causa da sua esposa.” Assim, eles ajudaram a justificar ainda mais a sua posição quanto à Palavra: “Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz.” (1 Coríntios 7:15) George e seus amigos cristãos disseram que Linda estava agindo como uma descrente. Como ela estava agindo como uma não cristã, esse versículo se aplicava à situação e ele estava livre para tratá-la como uma esposa não cristã. Seus amigos o encorajaram a continuar na sua “obediência” ao Senhor quanto aos seus planos em presariais/m inisteriais, independente de sua esposa. Se ela “desistisse de sua obstinação e rebeldia” e o acompanhasse, tudo bem. Mas se ela continuasse agindo como uma não cristã, resistindo-lhe e se afastando dele, então ele não estaria mais sob a obrigação como marido. Ou se ela escolhesse deixá-lo, então, ela estaria livre para ir. Os propósitos de Deus na vida de George eram de revelar como ele havia sido enganado e tratado sua esposa em orgulho e rebelião. Ele poderia se arrepender, permitir que a sua mente começasse a ser renovada para andar no espírito com sua esposa. Isso a ajudaria a se libertar do seu medo e
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ela poderia ouvir a voz do Senhor. Deus desejava que ambos encontrassem unidade com relação àquilo que deveriam fazer. Na realidade, o relacionamento matrimonial tinha uma prioridade muito maior do que o cumprimento dos planos em presariais/m inisteriais de G eorge. Deus desejava que George visse como a sua carne estava governando a sua alma e destruindo o seu casam ento para que ele pudesse se arrepender e andar no espírito no seu relacionamento com sua esposa. Então, em unidade, eles poderiam prosseguir na visão empresarial/ministerial. Porém,ao agir na teimosia e ao intimidar sua esposa por meio de rebelião, George também estava se rebelando contra Deus. Pode ser que o Senhor tenha lhe dado a visão, mas ao tentar cum pri-la na carne, ele estava se rebelando contra Deus e jogando fora a prioridade número 1 de sua vida. Sem perceber isso, George estava agindo na carne, assim como Moisés matou um egípcio e tentou se exaltar como um líder dos israelitas para livrá-los do Egito (Êxodo 2:11-14). Ele havia recebido a visão correta de Deus para tirar Israel da escravidão egípcia. Mas, quando Moisés tentou cumprir essa visão na carne, ele acabou fugindo para salvar sua vida e viver 40 anos no deserto, apascentando ovelhas, antes que a visão se cumprisse. Motivado pelo intenso medo interior, George sentiu que precisava rebaixar Linda. Ele sentiu que a sua visão não se cumpriria, a menos que forçasse que acontecesse. Ele ficou terrivelmente frustrado, pois Linda não mudava e parecia que a situação apenas piorava. A serpente (o pecado na sua carne) havia envenenado tanto a sua alma que ele simplesmente culpava a sua esposa pelas dificuldades, fechando-se e impedindo que o Senhor lhe revelasse o pecado. Ele via sua esposa com o um leão ou urso. Ele não via a serpente escondida na parede do seu coração. Não estou fazendo aqui uma afirm ação sobre a liderança dentro da família. Existem muitos outros livros que abordam esse assunto. Você pode perguntar: “Será que não existem alguns assuntos que são tão im portantes (talvez 198
Capítulo 10- Estilos de Operação Carnal
assuntos na área m oral) que, se você não concordar, é necessário quebrar a unidade ou o relacionamento matrimo nial?” Concordo que haja raros momentos nos quais isso possa ser necessário. Porém, antes que um parceiro de casamento faça isso, é melhor que ele busque diligentemente no Senhor quanto e como a sua própria carne possa ter causado o desacordo entre os parceiros e a reação negativa e se disponha a se arrepender de qualquer pecado que Deus lhe revelar. Antes que um marido ou esposa quebre a unidade com seu cônjuge devido a algum assunto não resolvido, é melhor que ele ou ela e s te ja c e rto de que e ssa q u e s tã o é verdadeiramente uma questão de consciência e mal- entendido e não simplesmente um resultado de sua carnalidade. Caso contrário, eles podem achar que estão sendo obedientes a Deus e sendo perseguidos em nome da justiça, quando, na realidade, estão experimentando as conseqüências naturais da lei do pecado e da morte. A última vez que os vi, Linda estava um pouco mais a favor dos planos empresariais/ministeriais de George. Porém, ele continuava fechado para receber a revelação de Deus s o b re o seu m edo, o seu o rg u lh o e a sua re b e liã o . Conseqüentemente, ele continuava andando na carne na maioria das áreas da sua vida. Então, vemos que os crentes que operam em qualquer estilo carnal podem facilmente andar em rebelião contra Deus por meio de tentativas carnais em obedecer a Ele. Pelo fato de eles não confiarem em Deus e não receberem Sua clara direção, eles continuarão levando em frente planos divinos e usando a sabedoria natural e motivações carnais, resultando, assim, no fracasso e na frustração.
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Capítulo 11
Andar no Espírito: Libertação “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfazeis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a-carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. ” (Gálatas 5:16-17) Se andarmos no espírito, a nossa mente, a nossa vontade e as nossas emoções serão dirigidas pelo nosso espírito nascido de novo. Os últimos cinco capítulos mostraram o pecado em nossa carne como um fator inconsciente de m otivação muito enganoso e poderoso em nossas vidas. Porém, é muito mais importante lembrar que a natureza de Jesus em nosso espírito é muito mais poderosa do que o pecado na nossa carne. Na verdade, o pecado na nossa carne não tem poder algum, exceto se permitirmos a sua atuação por meio do engano. Então, de acordo com Gálatas 5:16-17,0 caminho para a liberdade não é lutar contra o pecado na carne, mas andar no espírito. Nossas tentativas não são direcionadas para evitar de andar na carne. Pelo contrário, devemos seguir a direção do Espírito. Se você tentar evitar de andar na carne, você será, inevitavelmente, tentado a usar a Palavra como uma lei na sua mente e você perderá a batalha. A nossa única identificação deve ser com a verdade de quem somos em Jesus Cristo em nosso espírito. Ao fazer isso, evitaremos as trocas intermináveis de um estilo carnal para outro sem lidar com as imagens falsas do prumo e com o medo. Gálatas 5 alista várias manifestações da carne e as
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rotula como “obras da carne”. Isso inclui: idolatria, lascívia, ódio, inveja, assassinato, adultério, avareza, amargura, roubo, calúnia, conflito, feitiçaria. Essas obras, é claro, emanam do pecado em nossa carne o qual, por sua vez, captura a nossa alm a. C reio que cada uma dessas m anifestações está enraizada no orgulho, na rebelião ou em ambas as coisas. Cada uma delas se origina do desejo de uma pessoa exaltarse a si mesma (orgulho) ou atingir seus objetivos e suprir suas necessidades sem depender de Deus (rebelião). Essas obras da carne se manifestam em nós apenas q u a n d o a n o ssa c a rn e g o v e rn a a n ossa alm a e não perm anecemos no amor de Deus. Assim, a solução para qualquer uma dessas manifestações é receber a revelação sobre as nossas falsas imagens do prumo baseadas na dúvida quanto ao amor de Deus. Essa imagem pode produzir apenas medo, e o medo nos motiva a não confiarmos em Deus ou não permanecermos no Seu amor. O amor de Deus é a chave para entrarmos na plenitude da Sua vida no Espírito: “Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte. ” (1João 3:14) No novo nascimento, nosso espírito passou da morte para a vida. Agora, a nossa alma precisa iniciar uma nova vida ao andar no espírito. Você pode se perguntar: “Como, então, eu realmente ando no espírito? Eu não quero apenas pular de um estilo carnal para outro. Como posso ser liberto do engano para andar no espírito?” Se você estiver fazendo essa pergunta com toda a honestidade, então você já deu o primeiro passo em direção à liberdade. O primeiro passo é perceber que a maior parte do tempo que você pensou que estava andando no espírito, na realidade, você havia sido enganado e estava andando na carne. A simples revelação de que você foi enganado pelo pecado na sua carne lhe permite abrir-se perante Deus para que você receba uma revelação proporcional a esse engano. Agora, Ele pode começar a libertá-lo do engano para andar no
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Capítulo 11 - Andar no Espírito: Libertação
espírito. O Senhor revelou sete passos importantes que tem me ajudado a andar no espírito. Esses passos não são uma fórmula mágica para andar no espírito. Andar no espírito é o que permite que a sua alma seja dirigida e dominada pelo E spírito Santo p o r m eio do seu espírito. Isso gera um relacionamento vital e dinâmico com a pessoa viva de Jesus Cristo. Assim, nenhuma “fórmula de sete passos” irá libertálo, por si só, da escravidão carnal. Apenas o poder de Jesus Cristo, ativado pela sua fé Nele, pode libertá-lo. Senti a direção do Senhor de com partilhar esses sete passos com você apenas como uma motivação para você depositar a sua fé no Deus vivo que o ama, que deseja lhe dar a revelação, que o liberta, que transmite o amor zoe a sua vida e que o faz bemsucedido. Ao ler o resto deste capítulo, por favor, lembre-se de que apenas os princípios e a compreensão não quebrarão o jugo da escravidão na sua alma. A unção de Deus que vem por meio da Sua Palavra é o que quebra o jugo da escravidão (Isaías 10:27). Permita que Deus lhe dê uma revelação pessoal em seu espírito e então seja obediente a Ele.
PASSO UM: Convicção “agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis. Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte." (2 Coríntios 7:9-10) Uma vez que você descobriu estar andando na carne em certas áreas da sua vida, permita que Deus o convença do seu pecado. Tentar arrepender-se sem a convicção do p e ca d o não é bom . Sem a c o n v ic ç ã o do p e ca d o , o arrependimento não trará a vida zoe e a liberdade à sua alma. Nove ou dez meses antes de ministrarmos na Polônia,
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Enganado? Eu?
Jean tentou ministrar sobre o orgulho em minha vida. Pensei sobre aquilo e orei. Mas eu não acreditei que aquilo fosse verdade. Finalmente concluí: “Se Jean enxergou isso, então deve ser verdade.” Então orei e me arrependi do orgulho e pedi o perdão do Senhor. O ponto é que, pelo fato de eu não ter realmente recebido a revelação do Senhor quanto ao pecado e por eu não me sentir convicto disso, eu não fui liberto. Eu continuei no mesmo engano inicial. Somente mais tarde, na Polônia, que eu realmente me abri ao Senhor, permiti que Ele me revelasse o engano e então experimentei a convicção do pecado. A convicção do pecado ocorre quando você se abre ao Senhor e Lhe pede honestamente que Ele lhe revele o pecado que capturou a sua alma (Romanos 7:17-20). Ao abrir-se para o Senhor, p erm ita que Ele o co nve nça de suas obras superficiais e das imagens falsas e pecaminosas do prumo. Permita-Lhe convencê-lo de sua lascívia, ira, ódio, inveja, adultério, avareza, alcoolismo, amargura, roubo, calúnia, briga. Deixe que Ele lhe mostre os julgamentos, a manipulação e as expectativas falsas. Depois peça ao Senhor que lhe mostre o orgulho e a rebelião que têm operado em sua vida. Peça a Deus que lhe convença de qua lqu er medo da falta de importância e de valor para Ele e para os outros. Permita que Ele o convença do medo da infidelidade e da indiferença de Deus quanto às suas necessidades. Deixe que Ele o convença de sua confiança em si mesmo e de acreditar que o amor Dele depende do seu desempenho. O Senhor revelará qualquer falta de confiança no Seu amor. Tudo isso é o pecado do qual você precisa estar consciente e convicto. Antes de abrir-se para o Senhor de tal maneira e Lhe pedir para trazer a convicção do pecado, é muito importante repreender Satanás e os espíritos demoníacos para que eles não falem com você. Você pode fazer isso ao ordenar que, em nome de Jesus, eles fiquem quietos. O objetivo deles é trazer co n d enaçã o e a fliçã o m undana, o que não resulta em arrependimento e vida, mas na morte da alma. Se você sentir
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Capítulo 11 - Andar no Espírito: Libertação
condenação e julgamento, essas coisas não provêm de Deus. Deus o ama e nunca o condena! (Romanos 8:1) Ao achegar-se ao Pai com um coração honesto e pedindo a Ele que lhe convença do pecado, Ele lhe dará uma revelação profunda em espírito do pecado que opera em você. Tal convicção do pecado automaticamente o direcionará ao segundo passo. PASSO DOIS: Arrependa-se do Pecado “Quando te desviares para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos ouvirão atrás de ti uma palavra, dizendo: Este é o caminho, andai por ele. E terás por contaminados a prata que recobre as imagens esculpidas e o ouro que reveste as tuas imagens de fundição; lançá-las-á fora como coisa imunda e a cada uma dirás: Fora daqui!" (Isaías 30:21 -23) “Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo. ” (2 Coríntios 10:3-5) Depois que Deus nos convence do pecado, um pesar divino nos leva ao arrependimento. Então, lidamos com as im a g e n s e s c u lp id a s nas q u a is a n d a m o s e às q u a is renunciamos. Diga a essas imagens falsas do prumo, assim como Isaías falou, “Fora daqui!” (Isaías 30:22). Arrependimento significa “dar a volta”, “ renunciar” e “ m orrer para o pecado na sua carne” . Você precisa se arrepender de tudo aquilo de que Deus o convenceu em cada nível. Por último, você precisa se arrepender por ter depositado a fé e a confiança em imagens falsas do prumo. Elas são as imagens esculpidas que devem ser lançadas fora. As imagens falsas do prumo são mentiras que, na sua mente, se tornaram fortalezas. Você conviveu com essas imagens a maior parte da sua vida. Pode ser que você sinta que uma parte de você está sendo retirada de sua vida. E,
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num certo sentido, isso é verdade. Mas a parte que está sendo retirada é maligna, cancerígena, e está envenenando-o e matando-o. Na verdade, não faz parte de você. Você é quem Jesus criou para ser no espírito. A identidade considerada pelas imagens falsas do prumo é aquela a que você deve renunciar agora por completo e permitir que morra. É uma identidade falsa baseada em mentiras. A sua verdadeira identidade é Jesus Cristo no seu espírito. Assim como já foi dito em 2 Coríntios 10:4, derrube essas fortalezas. Arrependa-se das imagens falsas, do medo, do orgulho e da rebelião. Você pode orar algo mais ou menos assim: “Renuncio à mentira de que Deus não me ama, de que Ele é infiel e de que Ele não cuidará de mim. Pai, confesso que a cre d ite i nessas m e ntiras sobre Ti e sobre mim. Hoje co m p re e n d o que são m e n tira s. A rre p e n d o -m e por te r acreditado nelas. Peço-Te que me perdoes e me purifiques por meio do sangue de Jesus.” Pode ser que, enquanto você estava orando, várias experiências do passado venham à sua mente. Talvez essas experiências a tenham ajudado a criar ou a reforçar uma ou mais imagens falsas do prumo. Descobri que o Espírito Santo nos relembra dessas experiências para que possamos nos arrepender das interpretações erradas das circunstâncias. Se o Senhor lhe trouxe à mente alguma experiência, a p ro v e ite a o p o rtu n id a d e para a rre p e n d e r-s e dessa s interpretações e reações erradas. Essa é uma parte importante para permitir que Deus renove a sua mente para a verdade de quem Ele é e de quem você é. Finalmente, lembre-se de que, se Deus não relembrar nada a você, não tente “criá-los” . Deixe que o Espírito Santo faça a obra. Talvez o Senhor também lhe traga à memória várias pessoas que o tenham magoado no passado, ou que o estejam magoando hoje. Esse é o momento para perdoá-las! Perdoar significa “não mantê-las mais em prestação de contas” . Libereas. Deixe-as ir. Considere-as como se elas não o tivessem ofendido. Somente o engano do pecado na sua carne tentaria convencê-lo de que reter amargura contra alguém é justificável.
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Arrependa-se desse ressentimento e dessa amargura, pois isso é parte da fortaleza na sua alma. Derrube-a. Diga “Fora daqui!” O arrependimento é um instrumento tremendamente poderoso nas mãos de Deus para a cura e a renovação. Porém, por si só, é insuficiente para trazer a liberdade no espírito dentro de nós. Assim, devemos passar para o próximo passo.
PASSO TRÊS: Visão no Espírito “Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a came, e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. ” (2 Coríntios 5:16) “e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo," (2 Coríntios 10:5) Almeje enxergar-se no espírito. Não se identifique mais com a sua carne. Leve cada pensamento relacionado a si próprio cativo à obediência de Cristo. Vimos anteriormente que a alma é como uma câmera que cria a imagem que foca. Dessa forma, você passa a visualizar-se por meio dessas imagens falsas. Agora que você se arrependeu dessas imagens, é necessário criar uma nova auto-imagem na sua alma. Essa imagem está baseada na verdade de quem você é no seu espírito. Esse é o seu enfoque. Se você perceber que ainda está experimentando o pecado na sua carne, não o receba como se fosse parte de você. Ele não é. É o pecado na sua carne. Arrependa-se imediatamente e não visualize a si mesmo na carne. A propósito, não visualize ninguém na carne. Veja cada pessoa como Jesus a vê. (Mesmo aqueles que possam estar magoando-o.) Permita que o amor de Jesus Cristo flua do seu espírito para alcançar a sua alma e as outras pessoas. Esse é o mecanismo pelo qual os outros são curados e entram num
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relacionamento correto com Deus.
PASSO QUATRO: Receba a Verdade “E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. ’’ (2 Coríntios 5:17) “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente” (1 Pedro 1:23) “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32) A) Receba a verdade de quem você é em Jesus Cristo. Reconheça quem você é no espírito. Comece a depositar a sua confiança e a sua fé em quem você é na Palavra de Deus, não na maneira como você se considerava antigamente ou naquilo que as suas emoções dizem ou naquilo que qualquer pessoa diz. B) Receba a verdade de quem Deus realmente é. Esse é o momento de você se aproximar do seu Pai Celeste, que o ama, e de receber o Seu amor incondicional. A dúvida quanto ao Seu amor é o que faz com que as imagens falsas surjam, mas o recebimento do Seu perfeito amor as afugenta. Agora você está livre para substituir, em sua alma, a antiga imagem pela nova imagem de Deus.
PASSO CINCO: Tenha Fé no Sangue de Jesus “sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestara sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriores cometidos,” (Romanos 3:24-25) “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado." (1 João 1:7)
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Deposite fé no poder purificador do sangue de Jesus Cristo. Deus promete que o sangue de Jesus o purifica de todo o pecado! Receba o Seu poder purificador. João 1:7 não diz “purificou”, mas “purifica” . Neste momento! O sangue de Jesus é válido e eficaz para purificá-lo de todo o pecado neste momento. Romanos 3:25 diz que você ativa o poder purificador do sangue de Jesus pela fé. Simplesmente confie em Deus! Creia que Ele é fiel e que o sangue de Jesus o purifica agora. Ao depositar a sua fé no sangue de Jesus, você recebe o perdão e a purificação do pecado na sua alma. O sangue de Jesus purifica e limpa literalmente a região da alma e cura o corpo físico enquanto você recebe a vida zoe de Deus por meio do seu espírito. João 1:1 nos diz que no princípio era o verbo e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus. João 1:14 nos diz que o verbo se fez carne. Sabemos que esse Verbo que se fez carne é Jesus Cristo. Levíticos 17:11 revela que “a vida da carne está no sangue” e que “é o sangue que fará expiação em virtude da vida". João 1:4 diz que “ a vida estava em Jesus e a vida era a luz dos homens” . Como a vida da carne está no sangue, a vida (zoe) do Verbo que se fez carne (Jesus) está no Seu sangue. Como a vida (zoe) que está em Jesus é a luz dos homens, o sangue, que é a vida (zoe), é a luz dos homens. Jesus disse em João 6:63 : “É o espírito que vivifica (zoe)] a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida (zoe).” Quando recebemos a vida zoe de Deus ao andar no espírito, receber a Sua Palavra e depositar fé em Jesus, as nossas almas e corpos recebem o sangue de Jesus para limpar, purificar, curar e libertar. Deposite a sua confiança em Deus e no sangue de Jesus. Ao fazer isso, receba a vida zoe de Deus na sua alma. Anule a lei do pecado e da morte na sua vida e ative a lei do espírito da vida em Jesus.
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PASSO SEIS: Caminhe na Luz “Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:7-9) Sabemos, através do versículo acima, que a “luz” é a Palavra, na vida (zoe) e no sangue de Jesus. Permanecer na Palavra, na vida zoe e no sangue de Jesus é caminhar na Sua luz. Essa não é uma experiência única, mas um processo contínuo. É o processo pelo qual as nossas almas (Tiago 1:21) e a nossa mente são trasformadas (Romanos 12:2). Você pode caminhar na luz constantemente ao repetir os cinco passos anteriores diariam ente. Tenho percebido um processo de transformação em minha própria vida ocorrendo enquanto eu caminho continuamente na luz. Quando reconheci a minha motivação inconsciente para distorcer a verdade com Christy e Jan, fui tomado por uma convicção de medo, orgulho, rebelião, incredulidade, auto confiança e dúvida quanto ao amor de Deus. Eu me arrependi desses pecados, me arrependi por ter agido carnalmente, recebi a verdade, depositei a minha fé no sangue de Jesus e comecei a caminhar na luz. Porém, depois de pouco tempo, eu percebi algumas das mesmas manifestações do pecado operando em mim novamente. Imediatamente, me arrependi e recebi a verdade outra vez. Isso aconteceu várias vezes. Toda vez eu colocava em prática os primeiros cinco passos. Depois de um tempo, percebi que eu estava começando a me conscientizar do pecado, mesmo enquanto a ação estava acontecendo. Cada vez que acontecia isso, eu me arrependia e praticava os outros passos. Não muito tempo depois, percebi que havia ocorrido uma metamorfose significante: comecei a pegar minha mente
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planejando distorcer a verdade, mesmo antes de eu fazer qualquer coisa. Eu pude me arrepender e me revestir da verdade antes de agir baseado numa mentira! Ao desenvolver um hábito de me arrepender do pecado toda vez que eu me conscientizava dele, comecei a notá-lo cada vez m ais cedo. C reio que esse é o processo de “renovação da mente” sobre o qual Paulo falou em Romanos 12:2. Cada vez que eu me arrependia, a minha mente se renovava um pouco mais para a verdade. Eu descrevi a n te rio rm e n te os estilos carnais do pensamento, das emoções e das ações que se estabelecem na alma como cortes profundos. Toda vez que andamos em um desses estilos, aprofundamos e endurecemos mais o corte. Porém, toda vez que nos conscientizamos da motivação do pecado e nos arrependemos, amolecemos e , lentamente, apagamos esses cortes. Enquanto o Espírito Santo continua nos convencendo e nos ensinando a confiar em Deus, nós nos arrependemos e recebemos a verdade, e, assim, os cortes em nossa alm a dim inuem co n sid e ra ve lm e n te . Passo a passo,os cortes são enchidos e remodelados até que são finalmente apagados. Aleluia! E novos cortes são feitos de acordo com a verdade de Deus. Toda vez que você se arrepende, rejeita a mentira e caminha na verdade, você elimina a morte na sua alma com a vida zoe de Deus e permite que o sangue de Jesus purifique e limpe a sua mente, a sua vontade e as suas emoções. Algumas vezes, essa recriação (em áreas específicas da sua alma) é um processo que leva algum tempo. Porém, algumas vezes, a unção de Deus vem sobre nós de forma tão poderosa que a recriação de uma área em particular da nossa alma ocorre instantaneamente. Tenho visto essas mudanças ocorrendo das duas maneiras. Não se surpreenda ou se frustre seja qual for o caso. Simplesmente, seja dirigido pelo Espírito de Deus e continue a caminhar na luz. Uma vez, um homem, a quem eu estava aconselhando, veio no seu horário de aconselhamento sentindo-se muito fru stra d o . Ele estava lidan do com um problem a que o
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acompanhara durante toda a sua vida, relacionado ao seu temperamento. No início, ele pediu-me que eu o aconselhasse sobre os seus freqüentes acessos de ira. Durante a sessão de a c o n s e lh a m e n to da sem ana an te rio r, ele havia se arrependido da ira, do medo, da falta de confiança em Deus e por não receber o amor de Deus. Tudo correu bem durante uns quatro a cinco dias, mas na noite anterior ã nossa sessão, ele havia estourado em ira, falado e feito coisas das quais estava muito arrependido. Quando esse homem retornou ao aconselhamento, ele se sentia frustrado e derrotado, pois acreditava que havia sido completamente liberto da ira e do seu temperamento explosivo. Ao explicar-lhe o processo de renovação da mente e da transformação da alma ao andar na luz, aquele homem to rn o u a te r e sp e ra n ça . O ram os n o va m e n te e ele se arrependeu do pecado e de ter se identificado com a maneira antiga. Esse homem acreditava que era um homem irado. P o rém , ele não era ira d o no seu e s p írito , ela h a via sim plesm ente subm etido sua alma à sua carne. Algum as semanas depois dessa sessão, ele continuou enxergando a si mesmo no espírito. Toda vez que a ira se levantava, ele se arrependia. Ele começou a perceber que, diferente das vezes passadas, ele havia começado a flagrar a ira e arrepender-se antes que ela capturasse a sua alma. Esse homem também descobriu que a ira se levantava cada vez menos enquanto continuava a identificar-se no espírito e a andar na luz. Esse é o processo de crucificar a carne e andar no espírito, que é descrito em Tiago como a “provação da vossa fé que produz perseverança”. “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes." (Tiago 1:2-4)
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Lembre-se, Deus opera na sua vida por meio da lei do espírito da vida (zoe) em Cristo Jesus, não por meio da lei do pecado em sua mente. As provações e os testes não são co n se qüên cias dos problem as fin a n c e iro s , m entais ou em ocionais, do torm ento, do conflito, da calam idade, da destruição ou da morte que Deus lhe envia para testá-lo. Somente a nossa carne faz com que enfrentemos as várias provações e testes. Podemos nos tornar perfeitos e completos, sem necessitar de nada, apenas ao morrer para a nossa carne, andar no espírito e exercitar a fé em Deus e no Seu amor por nós. Se andássemos no espírito cem por cento do tempo com a perfeita confiança em Deus e no Seu amor, teríamos constante vitória em cada circunstância e situação. Não importa como Satanás, os espíritos demoníacos ou outras pessoas nos ataquem, nunca experimentaríamos a morte de nossa alma. Estaríamos sempre fluindo na lei do espírito da vida em Jesus. Seríamos sempre vitoriosos. Por isso, eu acredito que o processo de transformação da alma na verdadeira identidade do espírito é o que gera as provações e os testes. O homem afligido pela ira teve a sua fé testada cada vez que a sua carne se levantava em ira. Cada vez que, por meio do espírito, do arrependimento e da fé, ele crucificava a sua carne, a vida zoe inundava a sua alma e lhe dava vitória. Há outros dois aspectos muito importantes. O primeiro tem a ver com a permanência diária na Palavra de D e u s. Jesus disse que as Suas P alavras são e sp írito e vida (zoe). Caminhamos (João 6:63) na luz ao permanecermos na Palavra de Deus (Bíblia). A vida zoe de Deus, que está repleta do poder purificador, permite que a nossa verdadeira identidade espiritual se manifeste em nossas almas. Tiago 1:21 nos assegura de que a Palavra implantada é capaz de salvar (transformar) a sua alma. Ao ler a Palavra diariamente e permitir que o Espírito de Deus a implante em sua alma, você receberá a vida zoe de Deus. É de vital importância que você leia a Palavra de Deus todos os dias e medite sobre ela. Se você não tiver uma maneira
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pela qual Deus o tenha dirigido a ler a Palavra e meditar sobre ela, peça-Lhe que lhe revele hoje. Existem muitos guias de estudos excelentes. Mas você precisa receber a revelação do Senhor de como Ele deseja que você medite na Sua Palavra. É a b so lu ta m e n te e ssen cial que você gaste um tem po significativo na Palavra de Deus todos os dias. O segundo aspecto importante de andar na lei é um compromisso de orar diariamente em Espírito Santo. “Pois quem fala em outra língua não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espirito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, edificando, exortanto e consolando. O que fala em outra língua a si mesmo se edifica, mas o que profetiza edifica a igreja.” (1 Coríntios 14:2-4) A Palavra nos diz que, quando oramos em espírito, edificamos a nós mesmos. Nós nos edificamos na fé. Somos mantidos no amor de Deus. Falamos com Deus. No nosso espírito, falamos mistérios. Creio que um dos mistérios que falamos está expresso em Colossenses 1:27, que diz: “Cristo em você, esperança da glória” . Quando oramos em espírito, o nosso espirito ora e ultrapassa a nossa mente humana (1 Coríntios 14:14). O resultado é que a nossa alma é edificada na fé. A vida de Jesus Cristo no nosso espírito é liberada em nossa alma quando oramos em espírito. Cristo em você, a esperança da glória, já manifestado no seu espírito, torna-se mais manifestado na sua alma à medida que você submete a sua língua e a sua voz ao seu espírito. Isso é algo do qual a sua carne não tem o controle. Sua mente humana, dominada pela sua carne, pode tentar lhe dizer que você não está realmente orando em espírito. “Você está inventando palavra.” Ela pode lhe dizer que orar em espírito não tem valor algum . Ela lhe dirá toda m entira imaginável para fazer com que você pare de orar em espírito. Isso acontece porque a sua mente carnal não deseja que você submeta a sua língua e a sua voz ao Espírito de Deus no seu espírito. A edificação no espírito é a sua chave para uma alma
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que está mais submissa ao espírito do que à carne. ‘Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos." (Romanos 8:26-27) O Espírito Santo sonda o seu coração (espírito e alma). Ele (o Espírito Santo) sabe quais são os planos de Deus para você. E Paulo diz que o Espírito Santo intercede por você de acordo com a perfeita vontade. O que poderá impedir que você ande na plenitude da vontade de Deus? A resposta é: a sua carne. Porém, o versículo 26 promete que o Espírito Santo o ajuda na fraqueza. Essa palavra fraqueza é a palavra grega asthenia. O Dicionário Descritivo de Palavras Bíblicas define essa palavra como “uma incapacidade de produzir resultados". Por isso, o versículo 26 diz que, quando você ora em espírito, o Espírito Santo o ajuda a superar a incapacidade humana para produzir resultados de acordo com a vontade de Deus. Resumindo tudo isso: O Espírito Santo conhece a vontade de Deus para cada área da sua vida. A sua carne é o impedimento principal para a verdadeira identidade em Cristo da sua alma (já manifestada no seu espírito). Isso o impede de conhecer a vontade de Deus e caminhar nela. O Espírito Santo, conhecendo a vontade de Deus para a sua vida, sonda o seu coração e discerne a sua incapacidade de produzir resultados por causa da sua carne. Ao orar em espírito, o Espírito Santo o dirige a orar orações perfeitas, de acordo com a vontade de Deus. Os impedimentos da sua carne são vencidos e Cristo em você, a esperança da glória, é manifestado na sua alma. É por isso que Paulo o exorta a orar em espírito, por ser uma importante arma ofensiva que derrota os poderes das trevas (Efésios 6:17-18). Na realidade, Paulo acreditava que isso é tão essencial que ele disse para os efésios orarem todo o tempo em espírito!
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Paulo ligava o orar em espírito com a Palavra de Deus. Eu creio que orar em espírito edifica e abre a alma para receber a Palavra. Afinal de contas, a Palavra implantada salva a sua alma (Tiago 1:21). Sem a revelação de Deus no espírito por meio da Sua Palavra, ela não pode ser implantada. Orar em espírito edifica a nossa alma e sensibiliza o espírito para que a alma receba a revelação de Deus por meio da Palavra. Anos atrás, ouvi um estudo científico que correlacionava o crescim ento da vegetação flo re sta l com os sons dos pássaros e de outros animais. Esse estudo revelava que a vegetação crescia muito mais fértil na presença do gorjear dos pássaros e do barulho de outros animais do que em lugares isolados dos sons naturais da floresta. Com bases científicas co m p ro va d a s, foi d e s c o b e rto que certa in te n s id a d e e freqüência sonora tende a causar a abertura dos stomata, ou poros, para que estes recebam os nutrientes que estão naturalmente disponíveis no ambiente da floresta. Os cientistas descobriram que, quando uma vegetação sem elhante foi isolada dos sons naturais, em bora os mesmo nutrientes estivessem à disposição, os poros das plantas não abriram o suficiente para receber os nutrientes no mesmo nível e o crescimento foi consideravelmente menor. De maneira semelhante, creio que orar em espírito estimula a nossa alma a abrir-se para o nosso espírito. Quando lemos a Palavra, depois de orarmos em espírito, a nossa alma recebe uma revelação muito maior de Deus. Dessa forma, a Palavra se torna implantada dentro de nós. Eu experim entei isso pessoalm ente. G eralm ente, recebo uma revelação maior da Palavra quando gasto 45 minutos ou mais orando em espírito. Estabeleça uma hábito diário de orar e meditar na Palavra de Deus. Isso o ajudará a caminhar no espírito. Eu não aconselho a orar exclusivamente em espírito. Paulo nos exorta a orar também da seguinte maneira: “Porque, se eu orarem outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o espírito,
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“Porque, se eu orar em outra língua, o meu espírito ora de fato, mas a minha mente fica infrutífera. Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.” (1 Coríntios 14:14-15)
PASSO SETE: Seja transformado “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” (2 Coríntios 3:17-18) Esse passo não é, na verdade, um passo a ser tomado, mas é o resultado final de se caminhar os outros seis passos. Na medida em que você permite que Deus o convença das áre a s nas q u a is você andou na ca rn e , se a rre p e n d e continuamente, anda na verdade e confia em Deus, as calhas profundas das imagens falsas são naturalmente apagadas e substituídas pelas calhas de acordo com a verdade no espírito. Esse é o processo de renovação da mente. Continue a identificar-se com o seu espírito, e não com a sua carne, e a natureza de Jesus Cristo se manifestará na sua mente, na sua vontade e nas suas emoções. Essa é uma transform ação verdadeira! Você não está sim plesm ente passando de um estilo carnal para outro. Você não é mais motivado pelo medo. Pelo contrário, você está no espírito e recebe o amor incondicional de Deus. Ao fazer isso, você operará na Lei do Espírito da Vida em Cristo Jesus. Assim, você ficará totalmente livre da Lei do Pecado e da Morte. Você começará a enxergar a sua vida de acordo com a verdade da sua identidade em Cristo.
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Romanos 8:2
Lei do Espírito da Vida em Cristo Jesus Recebendo o Amor de Deus Mensagem: Você é amado e aceito incondicionalmente por Cristo e as suas necessidades são supridas por Ele.
Fé 2Coríntios3:17-18 Vida no Espírito
Lei do Pecado e da Morte Dúvida Quanto ao Amor de Deus Mensagem:
Mensagem:
Você não tem valor, desvalorização Deus não suprirá suas necessidades
Medo
Identidade
/
Consciente Ninguém /
/
Orgulho
\ Inconsciente Alguém \
\
Bem-estar
/
Consciente Desesperança Fracasso
/
Orgulho Rebelião
\Inconsciente . Esperança Vitória
\
Rebelião
1. Permita que Deus o convença do seu pecado (ex.:dúvida quanto ao amor de Deus, medo, orgulho, rebelião) (2 Co 7:9-10). 2. Arrependa-se do pecado (Is. 30:21-23,2 Co 10:3-5). 3. Não se considere baseado na carne (2 Co 5:16,10:5). 4. Reconheça e receba a verdade de quem você é em Cristo (2 Co 5:17,1 Pe l:23e Jo8:32). 5. Deposite a fé no sangue de Jesus e receba o perdão e a purificação (Rm 3:25,1 Jo 1:7). 6. Caminhe na luz (1 Jo 1:7-9). 7. Seja transformado assim como a sua mente é renovada para a verdade do amor ed a fidelidade de Deus (Rm. 12:2,2 Co 3:17-18).
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A Visão do Seminário Veredas Antigas
A nossa visão e o nosso propósito é ajudar a retransmitir, na cultura do corpo de Cristo, as proteções que facilitam a transmissão natural da identidade e do destino de Deus às pessoas. Sem elas, o diabo tem transmitido a sua mensagem da desvalorização e da falta de propósito a milhões de pessoas ao redor da terra. Quem Deve Participar?
Qualquer pessoa que deseje uma mudança permanente em sua vida. Muitas vezes, vemos padrões desagradáveis e prejudiciais a nossas vidas, mas não sabemos por que eles estão ali e/ou não os podemos mudar. Esse ministério é designado para identificar as raízes desses padrões e para trazer uma mudança permanente nessas áreas problemáticas. Para maiores informações sobre o Seminário Veredas Antigas ou sobre outros materiais, por favor, entre em contato conosco: Associação Nova Shalom Rua Dr. José de Moura Resende, 211 Caixa Postal 44 CEP 17580-000 Pompéia - SP Telefone: (0XX14) 452-1839 Fax: (0XX14) 452-2041 E-mail:
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Não perca o: Seminário do Family Foundations (Veredas Antigas) O que é:
É um período intensivo de ensino da Palavra de Deus, seguido de compartilhamento, oração e ministração em pequenos grupos. Ao abordarmos os assuntos, os pequenos grupos dão a oportunidade para a ministração na área específica da vida, casamento ou família da pessoa ministrada. Assuntos Abordados Comunicação Reconhecendo os diferentes níveis da comunicação Resolvendo Conflitos O Propósito e o Plano para o Indivíduo e a Família Uma visão geral dos planos e propósitos de Deus para o indivíduo e para a família Identidade e Destino Os 7 Períodos Críticos da Bênção Estilos de Vida 8 Estilos da Vida Adulta Impacto da falta da bênção ou a maldição da identidade Maldições e Bênçãos Liberando a Bênção de Deus Passos Práticos para a Libertação da Maldição Ministração Pessoal
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JL
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maioria dos cristãos deseja andar no Espírito. Quando andamos na
JL carne, fazemos isso devido ao engano. Mas como o engano age em nos
sas vidas? Devido à sua própria natureza, o engano se esconde na pessoa em que opera e age sutilm ente sem que ela perceba. Muitas vezes, as intenções de Deus para as nossas vidas são frustradas pelo inim igo que engana a nossa mente, a nossa vontade e as nossas emoções, fazendo com que andemos nos seus cami nhos e executemos os seus planos. O objetivo deste livro é expor os estilos carnais que estão ocultos e d iri gi-lo ao caminho da liberdade para que você possa andar no Espírito e experi mentar os propósitos e os planos de Deus para a sua vida.
Nesses dez anos em que conheço Craig, tenho-o observado estudar, aprender, praticar e, finalmente, ensinaras leis do espírito (Esdras 7:10). A vida não é evitar a b o rte ! Craig o ensinará como planar enquanto compartilha os princípios da vida espiritual. Seus exemplos verídicos e seu ministério por tráè da Cortina de Ferro acrescentam uma dimensão de grande interesse para esta apresentação. Recomendo-o como amigo, irmão em Cristo e mestre da Palavra. Loren Cunninghan
Sobre o Autor Craig mora em Denver, Colorado, com sua esposa \an e seus dois filhos. Craig e Jan são os líderes do Family Foundations International. Por meio deste ministério, o Seminário Veredas Antigas tem transjjW formado vidas ao redor do mundo. Deus lhe tem dado uma visão singular sobre casamento, família e ---------------- 1----------------- ---------------- relacionamentos e uma capacidade de identificar as raízes originárias do conflito relacional de hábitos compulsivos, da baixa auto-estima, do "workholismo" e dos estilos de vida indesejáveis que são vividos por geração após geração. Por meio de verdades bíblicas e histórias verídicas\oletadas em entrevistas, Qeus tem ungido Craig para penetrar a mente e ministrar restauração 'at'profundezas do coração, transformando ver dadeiramente a vida de muitas pessoas.
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