Corrente 93 No. 2

March 29, 2017 | Author: Fernando Liguori | Category: N/A
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Colegiado da Luz Hermética Fundado a Serviço da A∴A∴

CORRENTE93 No. 02 An V2, in 0° , Luna in 17° An. CXII da Era Thelêmica

Conteúdo Saudação do Sol entrando no Signo de Câncer Os Ritos e Cerimônias de Hormaku O Rito do Carro de Cheth Formas Elementais do Colegiado da Luz Hermética Formas Zodiacais do Colegiado da Luz Hermética Kiblah: A Câmara Iniciática Montando a Kiblah O Templo da Luz Hermética O Templo de Khonsu Jornada Astral no Templo da Luz Hermética de Khonsu A Transmissão da Corrente 93 Colegiado da Luz Hermética

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Care Frateres et Sorores, Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Saudações ao Sol entrando em Câncer, A Filha dos Poderes da Água: o Senhor do Triunfo da Luz. O décimo oitavo Caminho é chamado de Casa da Influência (pela vastidão de cuja abundância é aumentado o influxo de coisas boas sobre as criaturas) e, no meio da investigação, os arcanos e sentidos ocultos que habitam em sua sombra e sobem até ele são arrancados da causa de todas as causas.

O Caminho d’O Carro vai de Geburah a Binah, a Grande Mãe na Árvore da Vida. É o mais elevado e, portanto, o mais profundo Caminho do Pilar da Severidade. É também a terceira iniciação da série O Eremita, Luxúria e O Carro, significando que é uma experiência introdutória ao Supremo Eu Espiritual. Ele é uma iniciação através do Abismo, tendo em vista que, uma vez ultrapassado este, todos os Caminhos que o interceptam são compreendidos. Os quatro caminhos ao lado de A Alta Sacerdotisa são, em conjunto, a experiência do Jardim do Éden, conforme iremos compreender ao considerar o Elemento ligado a cada Caminho: O Carro é da Água (Câncer), Os Amantes é do Ar (Gêmeos), O Imperador é do Fogo (Áries) e O Hierofante é da Terra (Touro). Esses são também os Quatro Rios do Paraíso, que fluem para Tiphereth a partir do Caminho de A Alta Sacerdotisa. O Carro significa um completamento que Waite chamou de uma conquista de todos os planos, significando que O Carro transmite a influência Superior a todos os planos inferiores. Os Trinta e Dois Caminhos de Sabedoria descrevem isto como a Casa da Influência pela vastidão de cuja abundância é aumentado o influxo de coisas boas sobre as criaturas. Aqui o texto

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antigo sugere que, através deste Caminho, pode-se descobrir os segredos dos sentidos ocultos que habitam em sua sombra, significando isto a Suprema Escuridão acima do Abismo. Esta carta sugere uma das mais importantes tendências do pensamento judaico primitivo, a do Merkabah. O Merkabah é o Carro que transporta o Trono. A respeito desta tendência, Gershom Scholem diz: o misticismo judaico primitivo é o misticismo do trono. Sua essência não é a contemplação enlevada da verdadeira natureza de Deus, mas a percepção de seu surgimento no trono, descrito por Ezequiel. Ele declara posteriormente que, enquanto nas épocas mais antigas falava-se em «ascender ao Merkabah», os autores mais recentes discutiam a iluminação como a «descida ao Merkabah», presumivelmente significando uma viagem até as profundezas do Eu Superior. De uma maneira ou de outra, existe a implicação de que o Carro está estacionado, conforme é mostrado nas cartas de Waite, de Crowley e de Marselha, uma ideia apoiada por Case, segundo o qual o número da carta, sete, é tradicionalmente relacionado com o repouso. Isto é um mistério porque, embora O Carro esteja parado, ele se desloca continuamente através dos planos. Na realidade, a única maneira de compreender este relacionamento é através da meditação, embora a Aurora Dourada enfatize que esta carta representa o controle das dualidades na manifestação pelo Supremo Eu Espiritual, deixando claro que O Carro desce do céu, simbolizando a descida do Espírito Santo para a criação manifesta, o influxo de coisas boas sobre as criaturas. Todavia, outro elemento de complexidade deve ser introduzido. Embora O Carro esteja relacionado com o Sol, ele é guiado pela Lua! Além disso, do ponto de vista da Árvore da Vida e da mitologia grega primitiva, o Sol está subordinado à Lua. O Carro segue esta ordem, pois ele é o signo de Câncer, regido pela Lua.

Os Ritos e Cerimônias de Hormaku O Colegiado da Luz Hermética celebra os Ritos de Rá e Nuit nos Equinócios, Solstícios e a cada mês, quando o Sol entra em uma nova casa zodiacal. Nesta Epifania, toda a Ordem é invocada. Nos termos de O Livro da Lei, é uma oportunidade para invocarmos as bênçãos & reverência para o profeta da amável Estrela.1 O profeta é Hadit, o Sagrado Anjo Guardião. Os

1

Liber AL, II:76. 3

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Ritos de Hormarku conduzem o magista ao centro da cruz espaço-temporal. Através da magia de Seth-Hadit essa cruz se torna uma encruzilhada, o portal através do qual o magista se projeta fora do tempo. Seth guarda este portal, enganando o incauto com suas inúmeras formas. Os ciclos do tempo dentro do círculo mágico abrangem a precessão dos equinócios, o ano cósmico, a ascensão e queda de Sírius e o ano solar como visto da Terra. Como os mundos do tempo coexistem com a eternidade, o círculo mágico é uma pedra angular diante do Anjo onde o magista se encontra livre para jornar entre esses mundos. O que se segue é um ritual curto que deve ser executado a cada nova entrada do Sol em uma casa zodiacal. Através deste ritual, o magista irá contemplar a precessão solar e será invadido pelas qualidades e características do Signo Zodiacal invocado em sua psique. Antes de executar este ritual, estude as associações astrológicas e qabalísticas do novo Signo e seu regente planetário, Atu do Tarot de Thoth e Caminho da Árvore da Vida. Escreva uma invocação curta da deidade ou neter egípcio associado detalhando suas particularidades, personalidade e atributos. Para estes rituais, tenha em mãos um maço de cartas do Tarot de Thoth de Aleister Crowley.

Câmara Ritualística para Probacionistas e Neófitos do Colegiado da Luz Hermética.

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O Rito do Carro de Cheth Estágio 1: Preparação Prepare sua câmara ritualística. Tire o Atu VII, O Carro, do maço de cartas e coloque-o de pé no altar. Estágio 2: Abertura da Kiblah De pé, frente ao Norte, assuma a forma divina de Hoor-paar-Kraat e execute o Sinal do Silêncio. Execute o Sinal de Puella e diga: menina, o dragão. Execute o Sinal de Puer e diga: menino, o leão. Execute o Sinal de Vir e diga: homem, o boi. Execute o Sinal de Mulier e diga: a mulher satisfeita. Execute o Sinal de Mater Triunphans e diga: a mãe triunfante. Execute o Sinal de Tifon e diga: Hórus salta três vezes armado do útero de sua mãe. Harpócrates, seu gêmeo está oculto dentro dele. Seth é a sua santa aliança, que ele revelará no grande dia de Maat. Execute o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados e diga: Que os Mestres da Sagrada Egrégora de Thelema e da Grande Fraternidade Universal possam me assistir neste momento, me inspirar com sua sabedoria e me proteger com seu amor, para que com eles eu possa me harmonizar e receber orientações através de minha intuição. Execute o Sinal de Ísis a Mãe das Estrelas e diga: Ó, Grande Nuit! Senhora das Estrelas e do Espaço Infinito. Caminho eternamente sob e em teu corpo na travessia de meu deserto e no descanso de minha Alma. Neste momento, olho em tua direção e invoco Tua presença. AUMGN. Execute o Sinal da Torre de Seth e diga: Ó, Grande Hadit! Tu que és o Centro e o Coração do Sol. Tu que és todo o movimento, ardor e vida em meu corpo, pois tu és o adorador da mais alta Beleza da existência. Neste momento, olho em tua direção e invoco Tua presença. AUMGN. Execute o Sinal do Hórus Vingador e diga: Oh, Grande Hórus, místico Senhor da Cabeça de Falcão, do Silêncio e da Força, cuja nêmes cobre o céu azul noturno. Neste momento, olho em Tua direção e invoco Tua presença AUMGN. Bata no sino: 3-5-3 e proclame: Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade. A Palavra é Thelema. Estágio 3: Ritual do Pentagrama De frente ao Norte, realize o Ritual do Pentagrama (invocando). Estágio 4: Invocação Com a Baqueta ou dedo polegar da mão direita (em figa), trace um círculo com diâmetro de seu braço, bem grande. No centro do círculo, trace o pentagrama de invocação do espírito e invoque: Cheth! Yod! Tav! A Filha dos Poderes da Água, O Senhor do Triunfo da Luz: Não tema fantasma, demônio ou cruz! O Graal é minha Fortaleza contra a maldição do Porque. Estágio 5: Jornada astral Sente-se em seu āsana, execute o Ritual do Yoga Tântrico Hermético e inicie prāṇāyāma (Pausa). Na tela negra na frente de seus olhos fechados, ainda executando prāṇāyāma, visualize a letra Cheth em flama e brilho, crescendo a cada espiração (pausa). Inicie a jornada astral: Visualize o Templo de Mistérios em Malkuth. No Norte desse Templo, duas colunas se erguem: na base da coluna direita veja o símbolo ; na base da coluna esquerda veja o símbolo  (pausa). Entre essas duas colunas, visualize o Atu VII, O Carro, como um portal (pausa).

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Na inspiração, eleve-se no corpo de luz através do Pilar do Meio. Na medida em que passa através da esfera de Levanah em Yesod e Shemesh em Tiphereth, vá adiante até atravessar o limiar prateado de Daath, parando entre Chokmah e Binah. Essa é a dimensão do ājñā-cakra (pausa). Execute o Sinal de Hórus (entrante) astralmente, projetando-se através do ājñā-cakra (pausa). Tendo atravessado esse limiar, você projetou-se para fora de sua estrutura física, para dentro do plano astral, Yetzirah, o macrocosmo. Esse é o momento para iniciar sua jornada com o corpo de luz. Projete-se para dentro do Portal do Carro de Cheth. Abra os olhos e os ouvidos de seu corpo astral para que posas ver e escutar (pausa). Estágio 6: Encerramento Retraia a consciência no ājñā-cakra novamente, retornando através de Daath, Tiphereth e Yesod a Malkuth (pausa). Quando sentir seu corpo na esfera da sensação, abra os olhos, levante-se e execute o Ritual do Pentagrama (banindo). Anote tudo em seu diário mágico. Formas Elementais dos Graus do Colegiado da Luz Hermética Elemento Fogo  Ar  Água  Terra 

Deusa Babalon Ishtar Isa (Ísis) Ashtaroth

Quadrante Sul Norte Oeste Leste

Zodíaco    

Formas Zodiacais do Colegiado da Luz Hermética Signo Áries Touro Gêmeos Câncer Leão Virgem Libra Escorpião Sagitário Capricórnio Aquário Peixes

Símbolo

Deuses Egípcios Hórus Hathor Shu e Tefnut Rá Sekhmet, Bast e Rá Ísis Maat Sokar Nephtis Khem Nuit Anúbis

Direção Leste Sul Oeste Norte

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Kiblah: A Câmara Iniciática É senso comum entre as escolas iniciáticas que a criação de um local em nossa casa para estudos e práticas é altamente benéfica para o desenvolvimento do estudante. Esse local se torna o ponto focal de atração da egrégora (campo de forças de uma determinada ordem ou escola ocultista) e cria uma atmosfera de introspecção que favorece o nosso desligamento das percepções sensoriais. Os benefícios desse lugar reservado para os estudos será sentido por cada sethiano à medida que o utilizar. Na tradição thelêmica, esse ambiente especialmente preparado para nossas práticas chama-se kiblah e é posicionado ao norte geográfico (que será então o leste do thelemita). Caso o leste geográfico não seja possível, crie um leste simbólico, isto é, determine qualquer ponto como sendo o seu leste. A kiblah será, portanto, o local onde a Corrente 93 (o manancial energético da Corrente Theriônica) fluirá para dentro da estrutura psíquica de cada um de nós com maior intensidade. No sistema thelêmico de iniciação, a kiblah faz alusão a Estela da Revelação, através do qual o Equinócio dos Deuses foi revelado ao Profeta e sua Noiva. A Estela da revelação representa, dessa forma, a Aurora Dourada de Thelema e como tal, define o Leste do thelemita. A Estela da Revelação é o monumento funerário de Ankh-f-n-khonsu, um sacerdote Tebano de Mentu que floresceu (de acordo com os estudos modernos) circa 725 a.C. na 25ª Dinastia. Ela aparece bastante nos eventos que levaram à recepção de Liber Legis, como também a Mulher Escarlate, a esposa de Crowley, Rose. Foi a descoberta da Estela no Museu de Boulaq, no Cairo, que (de acordo com as palavras de Crowley) levou à criação do ritual pelo qual Aiwass, o autor de Liber L [Liber AL vel Legis], foi invocado. Ela é chamada de Estela da Revelação em Liber Legis e, de acordo com Crowley, indica uma certa continuidade ou identidade minha com Ankh-f-n-khonsu, cuja Estela é o Elo com a Antigüidade desta Revelação. O comentário de Crowley é de interesse quando considera as observações do Egiptólogo Abd eI Hamid Zayed, que fez a primeira publicação da Estela na literatura arqueológica, em 1968 e.v.:

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A parte anterior da Estela é preenchida por onze linhas de inscrições, a primeira parte das quais é uma versão do [O Livro dos Mortos] cap. 30. Esse capítulo é geralmente gravado sobre uma grande escaravelho. É muito incomum encontrá-lo escrito sobre a Estela. A segunda parte da inscrição é parte do [O Livro dos Mortos] cap. 2 e, na recensão Tebana, foi intitulada: “O capítulo de surgir ao dia e viver após a morte”. Seu objetivo era permitir que a forma astral do falecido visitasse a terra quando quisesse. [ênfase adicionada]

Outras observações de Zayed são de interesse. Ele nota que Estelas pintadas de madeira eram incomuns, uma vez que as Estelas eram geralmente gravadas na pedra. A Estela da Revelação é duplamente incomum pois o seu reverso, geralmente não decorado, é também pintado, com trechos do Livro Mortos, capítulos 2 e 30 (o texto do anverso é do capítulo 91). Em relação às Estelas de madeira pintadas em geral, ele observa que é de se notar que todas elas parecem se originar de Tebas ou de suas vizinhanças, e que seus possuidores eram pessoas ligadas ao culto de Mentu e Amon. Ele também nota que: o ponto mais interessante sobre essas Estelas é a evidência que elas dão sobre as visões religiosas do período. Mais notável ainda é a identificação das formas de Rá-Horakhty [Ra-Hoor-Khuit] com Soker-Osíris. O curador do Museu de Boulaq, M. Brugsch Bey, arrumou uma tradução em Francês do texto Egípcio da Estela nas semanas que precederam a escritura do Liber Legis em 1904 e.v. Crowley traduziu do Francês para o Inglês, em forma de versos, e tinha essa versificação Inglesa dos hieróglifos à mão durante o ditado do Liber Legis. Em dois momentos (Liber Legis I:4, III: 37-38) ele teve oportunidade de usá-la, mas esses versos não aparecem no próprio manuscrito, tendo sido inseridos no texto datilografado, preparado após a recepção do livro: Eu sou o Senhor de Tebas, e eu O inspirado orador-público de Mentu; Para mim desvenda o velado céu, O auto-imolado Ankh-af-na-khonsu Cujas palavras são verdade. Eu invoco, eu saúdo Tua presença, Ó Ra-Hoor-Khuit! Unidade máxima manifestada! Eu reverencio o poder do Teu alento, Supremo e terrível Deus, Que fazes os deuses e a morte Tremer perante Ti: Eu, eu reverencio a ti! Comparece no trono de Ra! Abre os caminhos do Khu! Aclare os caminhos do Ka! Os caminhos do Khabs traspassam Para agitar-me ou tranqüilizar-me! Aum! deixe isto saciar-me! A luz é minha; seus raios consomem a Mim: eu tenho logrado uma secreta porta Para a Casa de Ra e Tum, De Khephra e de Ahathoor. Eu sou Teu Tebano, Ó Mentu, O profeta Ankh-af-na-khonsu!

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Por Bes-na-Maut meu peito eu vibro; Pelo sábio Ta-Nech eu teço meu encanto. Manifeste tua estrela-de-esplendor, Ó Nuit! Ofereça-me o interior de Tua Casa para habitar Ó alada cobra de luz, Hadit! Permaneça comigo, Ra-Hoor-Khuit! Todo Irmão da A∴A∴ é orientado a estabelecer em sua kaaba uma réplica da Estela da Revelação. A kiblah poderá ser permanente ou ser montada a cada vez que se for utilizar, ficando a cargo das conveniências individuais. Rituais thelêmicos como Liber V vel Reguli, A Missa da Fênix e o Rubi Estrela devem ser orientados ao Leste de Thelema, quer dizer, em direção a kiblah. As orientações para montar a kiblah seguem o Ajustamento Thelêmico. Veja O Olho de Hoor: Zero, onde toda essa doutrina é explicada em detalhes. Montando a Kiblah 1. A Estela da Revelação deve ser pendurada na parede, no alto, acima da altura de sua cabeça quando você estiver em pé. 2. Leste: No meio da mesa-altar, O Livro da Lei, se possível posicionado em pé. 3. Um pouco à frente de O Livro da Lei formar um triângulo com a ponta para baixo, com os seguintes elementos: i. à esquerda: uma vela branca – representando a letra Zain (z). ii. à direita, uma taça com água – representando a letra Lamed (l). iii. na ponta do triângulo um bastão de incenso – representando a letra He (h) – incenso preferencial de sândalo vermelho, por auxiliar na expansão da consciência. Uma vez estabelecida a Kiblah nós caminharemos para a construção do Templo da Luz Hermética. O Templo da Luz Hermética O Templo da Luz Hermética é um local de encontro no reino cósmico para todos aqueles que trabalham para seu desenvolvimento espiritual. A meditação do Templo da Luz Hermética nos projeta para o coração da Mente Cósmica, um centro pulsante de vibrações de Luz, Vida, Amor, Liberdade e despertar interior. O magista sabe da importância de um templo material, mas sabe também voltar-se para os reinos internos e edificar um santuário pessoal que é visível aos olhos da alma para ali verdadeiramente servir, adorar e comungar com as consciências iluminadas de todas as eras. A Sabedoria Cósmica habita em nossa consciência interior e quando estudamos e praticamos os princípios e leis que liberam o Sagrado Anjo Guardião e desenvolvem nossa consciência psíquica, tornamo-nos intimamente harmonizados com a Consciência Universal, o que nos propicia uma compreensão mais iluminada e uma capacidade útil de servir a muitos. Conforme nossa consciência interior se expande e se desenvolve, vai levando a nossa parte física a moldar-se ou a vibrar em consonância com ela. E, o que é mais importante, à medida que a consciência interior se desenvolve em compreensão, ela se torna mais harmonizada com o Sagrado Anjo Guardião e atrai para si mesma a prosperidade, a paz, o poder, as bênçãos e as coisas essenciais da vida. 9 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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Portanto, no momento em que nos harmonizamos com o Templo da Luz Hermética (não mais nos concentrando sobre nossos pesares, angústias e necessidades pessoais), mudamos nossa atitude e nos colocamos em uma condição mais universal, enxergando-nos como parte do todo cósmico. A meditação realizada sob a égide do Templo da Luz Hermética traz um sentimento maior de harmonia, paz e o amor sob vontade estará cercando e envolvendo todo nosso ser, e a vida assume nova e maior importância para nós. No antigo Egito, cada templo erigido era um Templo da Luz Hermética que abrigava um determinado aspecto da consciência universal e era um portal energético para a sabedoria. Cada Templo da Luz Hermética auxiliava o estudante em seu processo de autoconhecimento. Cientes deste fato, a SETh trabalha com o Templo da Luz Hermética de Khonsu pelas razões que se seguem. O Templo de Khonsu O Templo de Khonsu era abrigado dentro de um complexo de templos: Mentu, Karnak, Luxor e Mut. Seu eixo norte-sul é uma anomalia quando comparado aos demais templos que eram orientados no sentido leste-oeste. Nos tempos da civilização egípcia, o templo de Khonsu estava conectado ao templo de Karnak por meio de uma alameda de 2 milhas, ladeadas de esfinges. O sagrado Templo de Khonsu foi edificado para refletir a estrutura da forma humana e sua consciência estelar. É o templo do ser humano, pois suas medidas matemáticas precisas refletem o seu corpo, sua criação, seu desenvolvimento espiritual e seu destino. Crowley, na posição de escriba de Aiwass e dos deuses, recebeu o título de Ankh-afna-Khonsu, o nome do sacerdote de Mentu que aparece na Estela da Revelação. Os nomes «ankh» e «khonsu» merecem uma investigação. O ankh é o símbolo universal dos egípcios que representa a ideia de imortalidade. A palavra significa vida e é encontrada em templos e tumbas por todo o Egito, associado à ideia de vida após a morte. Os faraós e deidades do Egito são retratados segurando o ankh, às vezes chamado de crux ansata ou «Cruz com Laço». Khonsu é o nome de um deus criança, consagrado a Lua. Usualmente, ele é retratado como uma múmia, mas com uma mecha de cabelo do lado direito da cabeça, típico das crianças egípcias nos tempos antigos. Isso simboliza a juventude do deus, implicando sua natureza pré-pubescente. Sua mãe é Mut, uma deusa mãe autocriada cujo símbolo é um abutre e um leão. Mut significa «mãe». No Norte do Egito ela foi identificada com Sekhmet e às vezes com a deusa gata Bast. O pai de Khonsu é o deus Amon, o misterioso deus autocriado cuja imagem externa é Rá, daí o nome composto Amon-Rá. Embora Khonsu seja uma deidade lunar às vezes retratado como uma criança, também é considerado um deus com tendências guerreiras na religião egípcia. Acredita-se que ele é o defensor do rei, destruindo seus inimigos removendo seus órgãos internos, os quais ele oferece ao rei como alimento. Essa mitologia estranha deu a Khonsu o epíteto a «placenta do rei» e, de fato, posteriormente ele foi identificado com o parto, da mesma maneira que Seth foi identificado com o aborto. A ideia de Khonsu ser o protetor do rei compartilha elementos comuns com Hórus, que se vingou da morte de seu pai, Osíris. Frequentemente, Khonsu é retratado com a cabeça de um falcão – o que nitidamente relembra Hórus – com um crescente lunar acima, o que o identifica com a Lua, como oposto ao aspecto solar de Hórus. No templo de Karnak, Khonsu 10 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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é retratado como uma serpente com cabeça de carneiro que «fertilizou o ovo cósmico».2 É interessante notar que essa identificação entre Khonsu e o Ovo Cósmico da criação ressoou posteriormente na Visão do Ovo ocorrida na Operação Amalantrah executada por Crowley e alguns assistentes.3 Mas Khonsu como criança que é relevante no AL. Na mitologia egípcia, Khonsu é referido como «Filho da Lua», nome que se tornou o título de uma novela de Aleister Crowley.4 Essa imagem, a de um deus criança, é encontrada nas estátuas e sinetes do deus Harpócrates, uma forma de Hórus mencionada no AL diversas vezes: Vê! isto é revelado por Aiwass, o ministro de Hoor-paar-kraat.5 Quem reverenciou Heru-pa-kraath tem me reverenciado; dificilmente, pois Eu sou o reverenciador.6 A metade da palavra de Heru-ra-ha, chamada Hoorpa-Kraat e Ra-Hoor-Khut.7 Crowley, como «sacerdote de Khonsu», deliberadamente faz uma associação entre o deus criança, que também tem uma natureza marcial, como defensor do rei. No caso do pai de Khonsu – Amon – temos o aspecto do «Deus Oculto» que figura predominantemente nas obras de Kenneth Grant. O ser humano, em sua grande maioria, está adormecido. É feito de carne e sangue, mas sua consciência tem origem nas estrelas. Você é aquilo que pensa, vê, sente e sabe; no entanto, você é muito mais que isso. Você é um ser multidimensional, um Hórus desperto. Você procura por algo fora de você mesmo para lhe dizer quem você é. De agora em diante, é hora de você se voltar para o seu interior e caminhar na direção correta. Tudo o que você precisa já está com você. Você é uma estrela radiante! Há códigos de luz dormentes dentro de seu corpo que, quando ativados, despertam seus potenciais ocultos. Dentro da estrutura cristalina do corpo existe a consciência estelar de tudo que é. A meditação frequente junto ao Templo da Luz Hermética desperta, gradualmente, esses códigos divinos. Ali, você também encontra com outros seres estelares e também que o auxiliam neste processo. Um templo é feito de pedras e pedras registram consciências, vibrações, frequências, conhecimentos e informações. O Templo da Luz Hermética de Khonsu é a encarnação de um reino superior de consciência. Da mesma forma, você também é um templo vivo! Seu corpo tem registros de consciências. Ele está infuso de vibrações, frequências, divindade, despertar e conhecimento. À medida que você interagir com o Templo da Luz Hermética, um processo alquímico ocorre: os cristais dentro das pedras do templo ativam os cristais dos códigos divinos dentro de seu corpo. Meditar no Templo da Luz Hermética de Khonsu é relembrar-se da consciência aquariana, é ativar sua divindade estelar e unificar-se com o que está em cima e com o que está 2

Mitologia Egípcia: Uma Breve Introdução de Amanda Becker. Edições Caras, 2006.

3 A operação ocorreu entre 14 e 16 de junho de 1918. A assistente principal da operação foi Roddie Minor

(18841979), conhecida como Soror Achitha, 555. Este é um número associado à Gnose do Necronomicon pela Qabalah Grega. Kenneth Grant atribui esse número a corrente mágico-espiritual do Necronomicon, daí Corrente 555, da mesma maneira que a Corrente Theriônica é chamada de Corrente 666. Foi nesta operação que a imagem de Lam apareceu pela primeira vez. 4 Moon Child [A Filha da Lua]. 5 AL vel Legis, I: 7. 6 AL vel Legis, II: 8. 7 AL vel Legis, III: 35. Hoor-paar-Kraat e Heru-pa-Kraat são as formas egípcias do Harpócrates grego. Um nome sempre presente também nos rituais de iniciação da Ordem Hermética da Aurora Dourada. 11 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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em baixo. Com isso, põe-se fim ao enraizado hábito da inconsciência e dos hábitos limitantes que minguam nosso sucesso. É uma mudança da dependência exclusiva do intelecto para uma confiança nas novas capacidades sensoriais despertadas. Jornada Astral no Templo da Luz Hermética de Khonsu Estágio 1: Preparação Prepare sua câmara ritualística. Antes de iniciar a meditação, tome um copo de água e lave as mãos, simbolizando a purificação pessoal e a pureza de intenção. Estágio 2: Abertura da Kiblah De pé, frente ao Norte, assuma a forma divina de Hoor-paar-Kraat e execute o Sinal do Silêncio. Execute o Sinal de Puella e diga: menina, o dragão. Execute o Sinal de Puer e diga: menino, o leão. Execute o Sinal de Vir e diga: homem, o boi. Execute o Sinal de Mulier e diga: a mulher satisfeita. Execute o Sinal de Mater Triunphans e diga: a mãe triunfante. Execute o Sinal de Tifon e diga: Hórus salta três vezes armado do útero de sua mãe. Harpócrates, seu gêmeo está oculto dentro dele. Seth é a sua santa aliança, que ele revelará no grande dia de Maat. Execute o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados e diga: Que os Mestres da Sagrada Egrégora de Thelema e da Grande Fraternidade Universal possam me assistir neste momento, me inspirar com sua sabedoria e me proteger com seu amor, para que com eles eu possa me harmonizar e receber orientações através de minha intuição. Execute o Sinal de Ísis a Mãe das Estrelas e diga: Ó, Grande Nuit! Senhora das Estrelas e do Espaço Infinito. Caminho eternamente sob e em teu corpo na travessia de meu deserto e no descanso de minha Alma. Neste momento, olho em tua direção e invoco Tua presença. AUMGN. Execute o Sinal da Torre de Seth e diga: Ó, Grande Hadit! Tu que és o Centro e o Coração do Sol. Tu que és todo o movimento, ardor e vida em meu corpo, pois tu és o adorador da mais alta Beleza da existência. Neste momento, olho em tua direção e invoco Tua presença. AUMGN. Execute o Sinal do Hórus Vingador e diga: Oh, Grande Hórus, místico Senhor da Cabeça de Falcão, do Silêncio e da Força, cuja nêmes cobre o céu azul noturno. Neste momento, olho em Tua direção e invoco Tua presença AUMGN. Bata no sino: 3-5-3 e proclame: Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei. Amor é a lei, amor sob vontade. A Palavra é Thelema. Estágio 3: Ritual do Pentagrama De frente ao Norte, realize o Ritual do Pentagrama (invocando). Estágio 4: Invocação De frente para o Norte assuma o Sinal de Ishtar e pronuncie: Que o portal Norte do Ar, Morada de Nuit, torne o propósito divino em ações e palavras para que minha luz possa despertar a luz de quem de mim se aproximar. Eu sou a intenção divina manifesta no Ar. Caminhe até o quadrante Sul no sentido anti-horário, assuma o Sinal de Tifon e pronuncie: Que o portal Sul do Fogo, Morada de Hadit, faça com que a luz divina penetre em mim e me lembre de quem eu sou para que eu possa lembrar a todos quem são. Eu sou a chama que arde eternamente. Caminhe até o quadrante Leste no sentido anti-horário, assuma o Sinal de Ashtaroth e pronuncie: Que o portal Leste da Terra, Morada de Therion, me faça conhecer a chama cósmica da Vontade divina para que ela possa fluir através de mim. Eu sou a luz que sempre brilhou, desde o princípio. 12 Sociedade de Estudos Thelêmicos

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Caminhe até o quadrante Oeste no sentido anti-horário, assuma o Sinal d Isa e pronuncie: Que o portal Oeste da Água, Morada de Babalon, acenda em mim a chama dourada do amor universal para que eu lembre a todos que o poder da transformação está em nossa capacidade de amar. Eu sou a mão da consciência cósmica carregada de amor divino. Retorne ao centro do círculo, diante do altar e assuma o Sinal de Hórus Vingador e proclame: Que o portal celeste, Morada de Hormaku, faça com que eu me recorde sempre da unidade que há entre mim e todos os seres. Eu sou a respiração que jamais cessará. Que o portal do interior da Terra, Morada de Therion, me faça compreender o propósito desta experiência para que eu possa orientar a todos no amor e na preservação deste planeta que nos acolhe e nos ensina. Eu sou a evolução que jamais termina. Que o portal central da galáxia, Morada de Hormaku, permita que eu me reconecte à Fonte para desfrutar da sabedoria divina e prosseguir no caminho da renovação eterna. Eu sou o Santo Graal do Novo Aeon. Estágio 5: Relaxamento Sente-se em seu āsana frente ao altar e execute algumas respirações profundas, sem reter ou impor ritmo no fluxo da respiração (pausa). Perceba uma névoa azulada com pontos prateados envolvendo a sola de seus pés. Sintaos soltos, relaxados, abandonados. Concentre-se neles. Nada mais deve existir em sua mente, a não ser os pés. Torne-se seus pés. Sinta que a energia que receba da respiração também se dirige a seus pés. Continue relaxando as demais partes do corpo com a nuvem azul-prateada, subindo aos poucos pelas pernas, coxas, genitais, costas até chegar à cabeça (pausa). Sentindo-se relaxado, perceba o centro de sua cabeça, onde se localiza a glândula pineal. Veja-a banhada pela névoa azul-prateada. Não se preocupe com sensações de frescor, calor ou formigamento que possa sentir. Deixe que essa energia se expanda e forme um cone de luz que envolve todo o seu corpo por alguns segundos (pausa). Estágio 6: Jornada Visualize o Templo de Mistérios em Malkuth. No Norte desse Templo, duas colunas se erguem: na base da coluna direita veja o símbolo ; na base da coluna esquerda veja o símbolo  (pausa). Na inspiração, eleve-se no corpo de luz através do Pilar do Meio. Na medida em que passa através da esfera de Levanah em Yesod e Shemesh em Tiphereth, vá adiante até atravessar o limiar prateado de Daath, parando entre Chokmah e Binah. Essa é a dimensão do ājñā-cakra (pausa). Execute o Sinal de Hórus (entrante) astralmente, projetando-se através do ājñā-cakra (pausa). Tendo atravessado esse limiar, você projetou-se para fora de sua estrutura física, para dentro do plano astral, Yetzirah, o macrocosmo. Esse é o momento para iniciar sua jornada com o corpo de luz. Projete a sua consciência e viaje através do portal até à felucca, seu pequeno barco egípcio. Veja-se navegando pelas águas do Nilo até chegar ao Templo da Luz Hermética de Khonsu. Observe que, pouco a pouco, vai anoitecendo (pausa). Você desce do barco e, ao pisar na terra, sente a brisa do Nilo e as pedras frias sob seus pés. Uma linda lua cheia ilumina o céu estrelado. Veja-se caminhando por entre as esfinges que ladeiam o caminho até o pórtico do templo. As esfinges estão iluminadas e seu coração se rejubila por pisar neste solo sagrado. A cada passo, você sente sua conexão com as energias da terra, sob seus pés, e as energias celestes, sobre sua cabeça (pausa). Diante do imenso pórtico, você observa a luz cintilante dos cristais nas pedras que o formam, refletindo as luzes das estrelas. Uma sacerdotisa paramentada com sua túnica vermelha aparece para lhe conduzir para o interior do templo (pausa).

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Ao passar pelo pórtico, você sente que renasce para um novo mundo, você se abre para o contato com seres estelares que são pura luz, puro amor. Seguindo a grande sacerdotisa, você percebe o ambiente à sua volta: as paredes de granito, hieróglifos nelas esculpidos e tochas que iluminam o caminho por onde passam (pausa). Finalmente, chegam diante de um grande portal que tem gravado, em alto relevo, o número 93 (pausa). O portal se abre e a sacerdotisa o convida a entrar. Ao Norte, duas colunas: uma negra à direita e uma branca à esquerda. Um pouco mais atrás, no alto, está um Sol Alado. Do Norte, uma suave luz ilumina o ambiente (pausa). Nas laterais, há vários assentos onde podemos ver uma grande assembleia de mestres e iniciados da Grande Fraternidade Universal (pausa). Você é admitido ao templo e ocupa o seu lugar junto a assembleia de mestres. A sacerdotisa senta-se ao oeste e o portal é fechado (pausa). Ouve-se o som de um gongo. Do Norte ouve-se a voz do Hierofante solicitando que todos se levantem e se dirijam ao centro do templo (pausa). De mãos dadas formando um círculo, em uníssono, todos vibram mentalmente o mantra da Lei 11 vezes: AKADUA TUF UR BI U BI A CHE FU DU DU NER AF AN NUTERU. À medida que a entoação mântrica vai se finalizando, surge, no alto do templo, uma pirâmide cristalina que se estende para bem alto. Através dela é possível ver o corpo de Nuit, o céu noturno enfeitado de estrelas. No ápice desta pirâmide se encontra o poderoso Sigilo da A∴A∴. Ele brilha intensamente. Contemple sua forma, seus raios e as inscrições. Visualize uma luz prateada se irradiando do Sigilo da A∴A∴ e banhando todo seu corpo, energizando seu campo psíquico (pausa). Essa luz desce pelo centro da pirâmide e envolve todo o seu ser, cada célula, cada músculo, cada parte de seu corpo, seu sistema energético, seus corpos sutis, enfim, sua totalidade, por dentro e por fora (pausa). À medida que essa transmissão de energia ocorre, ela vai despertando seus códigos divinos, dando-lhe plena consciência de sua multidimensionalidade, despertando os poderes de sua consciência, ativando sua habilidade de se comunicar com os planos astral e mental, desenvolvendo sua capacidade telepática de se unir com a mente divina, enfim, despertando toda a radiância de seu ser. Pouco a pouco, essa luz se estende e ilumina o infinito em todas as direções. Uma energia curativa, vitalizadora, harmonizadora e inspiradora se propaga. Sinta-se conectado com as Grandes Inteligências Universais que comungam conosco neste sublime momento (pausa). Um grande silêncio se faz. Abra-se para as impressões, inspirações ou instruções que possam chegar até você neste momento (pausa). Estágio 6: Encerramento Quando sentir o que chegou o momento de encerrar a jornada, o som do gongo se faz soar. Envie uma mensagem de gratidão e amor ao planeta, abençoando todos os seres. Saia do templo, fazendo o percurso inverso até chegar ao pórtico. Caminhe pela alameda de esfinges, suba na felucca e vá retornando através das águas do Nilo. Retraia a consciência no ājñā-cakra novamente, retornando através de Daath, Tiphereth e Yesod a Malkuth (pausa). Quando sentir seu corpo na esfera da sensação, abra os olhos, levante-se e execute o Ritual do Pentagrama (banindo). Anote tudo em seu diário mágico. A Transmissão da Corrente 93 Nós dias 18 e 19 de junho, próximo a comemoração do Solstício de Inverno, quatro novos Estudantes da Santa Ordem A∴A∴ foram admitidos ao Grau de Probacionista. Não existe nenhuma Cerimônia de Iniciação ao Grau de Probacionista na A∴A∴, no entanto, o Outer

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College Brasil, linha da A∴A∴ transmitida por Frater ON120, ofereceu a estes quatro estudantes a oportunidade de participarem de uma Cerimônia de Recepção especialmente construída para eles. Ocasionalmente o Outer Cololege Brasil lembra a todos os Irmãos da A∴A∴ a importância no zelo da transmissão da Corrente 93. Essa transmissão começa no momento em que o Estudante assina o Juramento de Probacionista e recebe o Robe. É quando o Superior imediato que está recebendo o novo Probacionista lhe confere o Darśan da Santa Ordem. Essa é uma palavra sânscrita que significa olhar auspicioso. Ao receber o darśan, o Probacionista torna-se imbuído de mérito espiritual para prosseguir em seu ordálio mágico que, como aponta o Livro do Colégio do Espírito Santo ou Liber 185, é desprovido de luz. Esse é um termo técnico que define o período de probação como um prelúdio a iniciação. Portanto, o Probacionista nestas condições ainda não recebeu de seu Superior imediato através da kṛpā todo o influxo energético da Corrente 93, que ocorrerá somente nas próximas duas Cerimônias de Iniciação nos Graus de Neófito e Zelator.

Recepção de Estudantes em um Templo de um Irmão da A∴A∴.

Existem vários tipos de kṛpā. Na A∴A∴, o Superior encarregado da recepção de novos Neófitos confere o ātma-kṛpā, a Consagração do Sagrado Anjo Guardião, que capacita o Neófito a passar pela experiência conhecida como A Visão do Sagrado Anjo Guardião. Existem inúmeras técnicas distintas para que esse processo aconteça e cada Irmão na Santa Ordem é treinado nessas variadas técnicas a fim de aplica-las de maneiras distintas nos Irmãos que um dia estarão sob a sua instrução imediata. A transmissão bem-sucedida da Corrente 93 é quando o Preceptor transfere ao Estudante a Visão da Ordem. Essa visão é o entendimento do universo conferido por O Livro da Lei e os Livros Sagrados de Thelema. O Estudante passa, portanto, a ver e entender o mundo segundo a Corrente transmitida polo O Livro da Lei. Dessa maneira, sob uma perspectiva mais profunda, a Corrente 93 é um fluxo de consciência através do qual o Estudante adquire certa gnose, i.e. uma Visão direta da fonte de transmissão da corrente: Aiwaz. Esse tipo de experiência libera a mente do construto artificial daquilo que corriqueiramente entende-se por realidade. Esse tipo de experiência não acontece por meio de nenhuma instituição religiosa de cunho social e político: Estes são tolos que homens adoram; ambos seus Deuses & seus homens são tolos.8 8

Liber AL, I:11. 15

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O Livro da Lei foi comunicado a Aleister Crowley através de uma Inteligência praterhumana chamada Aiwaz. É o objetivo da magia fazer com que cada um possa entrar em contato individualmente com Aiwaz e outras Inteligência dessa natureza. Ao fundar a A∴A∴, Aleister Crowley se preocupou em perpetuar na Santa Ordem um legado rasacruciano iniciático: a iniciação somente é válida se o Estudante devotar-se completamente a Obra. Um dos aspectos desse trabalho é auxiliar outras pessoas no Caminho da Iniciação. Para fazer isso, o Preceptor deve manter-se em conexão com a fonte da Ordem, caso contrário, ele e seu aluno correm o risco de se tornarem Irmãos Negros.9 A A∴A∴ é uma organização espiritual divididas em três Ordens: Aurora Dourada, que compõe os Graus preliminares, a Rosa Cruz, que compõe os Graus secundários e a Estrela de Prata, que compõe os últimos Graus. Tecnicamente, a A∴A∴ é somente os três últimos Graus da Ordem da Estrela de Prata. Dessa forma, só alguém que já se encontra nesses Graus pode se dizer um Irmão da A∴A∴. Tradicionalmente, a evolução iniciática ocorre na forma de transmissão conhecida como paramparā. Este é um termo sânscrito que significa transmissão ou sucessão iniciática de mestre-discípulo. Isso significa que os membros da Ordem da Aurora Dourada devem estar conectados aos membros da Ordem Rosa Cruz. Estes, por sua vez, devem estar conectados aos membros da Ordem da Estrela de Prata. No entanto, o nome dessas Ordens não representa uma estrutura velha e arcaica de Graus espirituais conferidos por patentes de papel e chancelas de representação. Ao contrário, estes nomes indicam níveis de consciência ou níveis de iniciação. Em outras palavras, os nomes representam metáforas poéticas de determinado fluxo de consciência que a Corrente 93 assume. O acróstico A∴A∴ são as iniciais do nome da Ordem, Astrum Argentum ou como é às vezes chamada, Aster Argos, que significa Estrela de Prata. Este é o nome poético para organizações fundadas sobre uma perspectiva rosacruciana. Crowley escolheu o nome Estrela de Prata a partir do título esotérico do segundo Atu do Tarot, A Sacerdotisa, atribuída ao 13° Caminho da Árvore da Vida. O Caminho da Sacerdotisa da Estrela de Prata conecta Kether, a Coroa, a Tiphereth, o centro de Ruach Elohim, na Árvore da Vida. Este é o Caminho da Inteligência Unificadora ou Inteligência das Unidades no Sepher Yetzirah. Note que o nome em hebraico original é em plural: unidades. Isso chama a atenção para o fato de que a Ordem não tem apenas um nome, mas que ela pode se manifestar sob uma variedade de títulos como por exemplo companhia das estrelas, seguidores do caminho da estrela10 ou companhia do céu. Had! A manifestação de Nuit. O desvelar da companhia do céu. Cada homem e cada mulher é uma estrela. Cada número é infinito; não há diferença.11

THelema geralmente é concebida como um sistema mágico. No entanto, este é um termo perigoso. Muitos são aqueles que constroem certo tipo de culto e apego a persona Aleister Crowley. Como na A∴A∴ o mistério é inimigo da verdade, seus documentos e instruções são públicos. Qualquer um pode comprar as edições do The Equinox para ter acesso a corrente Esse é um termo técnico para indicar a pessoa que acredita que o universo como o conhecemos é a única realidade. Um irmão negro, portanto, pode ser um cientista, mas também um fanático religioso, teólogo ou filósofo. 10 Seguidores do Caminho da Estrela ou shemsu em khabs é o nome egípcio do antigo culto tebano de Ankh-af-naKhonsu transmitido através da Estela da Revelação. Esse título revela uma tradição thelêmica primordial. Ankhaf-na-khonsu não é o nome de uma pessoa, mas um título conferido aos sacerdotes deste culto que significa a vida e a alma da lua. Khonsu incorpora o arquétipo do Logos, Thoth, Hórus ou a fênix da ressurreição, i.e. o Sagrado Anjo Guardião. O Iniciado deve estar preparado diante de Mentu e proclamar sem esmorecer: Eu sou o Senhor de Tebas, o inspirado orador-público de Mentu, o auto-imolado Ankh-af-na-khonsu, cujas palavras são verdade. (Liber AL, III:37). 11 Liber AL, I:1-4. 9

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mágica thelêmica. No entanto, muitos falham nessa tentativa de estabelecer laços definitivos ou conexões verdadeiras e seguras com a corrente, iniciando uma linha de preceptoria amorfa e sem vida. Ambos os casos aqui correm no perigo dos Irmãos Negros em construir em nome de Thelema um culto dos deuses dos homens e O Livro da Lei clareia essa situação: Eu estou em uma secreta palavra quádrupla, a blasfêmia contra todos os deuses dos homens.12 A palavra quádrupla é Faz o que tu queres. Isso significa que Thelema é de uma natureza estritamente espiritual e nesse caminho não se trata de uma doutrina limitada pelo tempo. Thelema significa vontade em grego, não a corrente de vontade individual, mas uma corrente de vontade impessoal identificada em O Livro da Lei como Hadit. A palavra Thelema soma 93 e é por isso que identificamos essa filosofia de vida – ou nível de consciência – como Corrente 93. Este também é o valor de outra palavra grega, ágape, que significa amor, mas não o amor erótico, mas um tipo mais sutil e espiritual de amor. Amor e Vontade são as expressões da Corrente 93. Essas expressões são atemporais porque representam um certo tipo de consciência que pervade todo o universo e existe em todo lugar, não do ponto de vista da percepção cotidiana e condicionada, mas de um ponto de vista desconhecido, pois ela é o Conhecedor, i.e. Hadit: No globo Eu [Hadit] sou, em qualquer lugar, o centro, enquanto Ela [Nuit], a circunferência, é em parte alguma encontrada Entretanto ela deverá ser reconhecida & Eu jamais.13 Uma vez que essa consciência está em toda parte, ela não pode ser confinada a um específico sistema e não pode ser transmitida por carta patente. Thelemita, dessa forma, é aquele que transmite Thelema, uma corrente mágica que liberta o homem do cativeiro de si mesmo através de três eventos iniciáticos em sua jornada: a Iniciação de Neófito, o Conhecimento & a Conversação com o Sagrado Anjo Guardião e o Juramento do Abismo. Estes são os portais de acesso a este fluxo criativo de consciência ou Corrente 93. Colegiado da Luz Hermética O Colegiado da Luz Hermética é a Ordem Externa da SETh, Sociedade de Estudos Thelêmicos. Representa o Seis primeiros Graus da Ordem. A SETh foi estabelecida a Serviço da A∴A∴, constituindo um Colegiado Iniciático formulado para prover treinamento aos Candidatos que aspiram Iniciação na A∴A∴. O trabalho é individual, mas é dada a opção de trabalho coletivo e a formação de Grupos de Estudo, Santuários e Templos. HOMEMDATERRA Colegiado da Luz Hermética

Probacionista 0°=0⌷ O Probacionista é qualquer pessoa adulta, livre, acima de 21 anos que tenha concordado em executar uma prática espiritual diária e sistemática pelo período de um ano, mantendo um diário mágico detalhado sobre a prática. Os Sinais do Probacionista são os de Hórus e Hoorpaar-Kraat. O Probacionista se encontra no Umbral da Ordem e após um ano de período probatório ele pode requerer admissão ao Primeiro Grau de Neófito. Sendo admitido, ele assina o Juramento.

12 13

Liber AL, III:49. Liber AL, II:3-4. 17

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Neófito 1°=10 O Neófito é um Iniciado do Primeiro Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau representa Malkuth na Árvore da Vida e o Elemento Terra. O Sinal de Neófito é o Sinal da Besta ou Baphomet. Currículo do Neófito: 1. Formulação, construção e consagração do Pantáculo da Terra. 2. Ritual Maior do Pentagrama da Terra. 3. Assunção de forma divina da deidade egípcia da Terra. 4. Ritual da Saída do Umbral. 5. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito da Terra. 6. Pathworking: Caminho 32 (Tav). 7. Scrying no Aethyrs 30 (TEX). Zelador 2°=9⌷ O Zelador é um Iniciado do Segundo Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau corresponde a Yesod na Árvore da Vida e o Elemento Ar. O Sinal de Zelador é o Sinal de Lilith-Astaroth. Currículo do Zelador: 1. Formulação, construção e consagração da Adaga do Ar. 2. Ritual Maior do Pentagrama do Ar. 3. Assunção de forma divina da deidade egípcia do Ar. 4. Ritual do Khu Perfeito. 5. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito do Ar. 6. Pathworking: Caminho 31 (Shin) e 30 (Resh). 7. Scrying nos Aethyrs 29 (RII) e 28 (BAG). Prático 3°=8⌷ O Prático é um Iniciado do Terceiro Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau corresponde Hod na Árvore da Vida e o Elemento Água. O Sinal do Prático é o Sinal de Ísis a Mãe das Estrelas. Currículo do Prático: 1. 2. 3. 4.

Formulação, construção e consagração do Cálice da Água. Ritual Maior do Pentagrama da Água. Assunção de forma divina da deidade egípcia da Água. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito da Água. 18

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5. Pathworking: Caminho 29 (Qoph), 28 (Tzaddi) e 27 (pé). 6. Scrying nos Aethyrs 27 (ZAA) e 26 (DES). Filósofo 4°=7⌷ O Filósofo é um Iniciado do Quarto Grau do Colegiado da Luz Hermética. Este Grau equivale Netzach na Árvore da Vida e o Elemento Fogo. O Sinal de Filósofo é o Sinal de Tifon. Currículo do Filósofo: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Devoção a alguma deidade - iṣtā-devatā (bhakti-yoga). Formulação, construção e consagração da Baqueta do Fogo. Ritual Maior do Pentagrama do Fogo. Assunção de forma divina da deidade egípcia do Fogo. Ascensão nos planos obtendo a visão do Espírito do Fogo. Scrying nos Aethyr 25 (UTI).

Dominus Liminis (Senhor do Umbral) O Dominus Liminis é um Iniciado do Quinto Grau do Colegiado da Luz Hermética que está no período probatório para entrar na Segunda Ordem R.R. et A.C. Este Grau corresponde ao Caminho de Pé na Árvore da Vida, conhecido na Ordem como O Portal. O Sinal do Dominus Liminis é o Sinal da Caveira de Ossos Cruzados. Currículo do Dominus Liminis: 1. 2. 3. 4. 5. 6.

Formulação, construção e consagração de um talismã planetário. Ritual Supremo de Invocação do Pentagrama. Ascensão nos planos da Estrela que regula o Sol (signo ascendente). Ritual Enochiano do Elixir da Vida Pathworking: Caminho 26 (Ayin), 25 (Samekh) e 24 (Nun). Scrying no Aethyrs 24 (NIA).

Admissão ao Colegiado da Luz Hermética. Caso tenha interesse em participar da Ordem, envie uma carta em PDF seguindo as instruções: 1. 2. 3.

Faça um breve relato sobre sua busca espiritual. Estudos, práticas e a relevância desse processo na magia e no ocultismo. Faça uma lista de vinte livros que já estudou na área da magia e ocultismo em geral; cite os mais relevantes em sua iniciação e faça uma breve resenha do livro mais importante para você. Na carta, coloque todos os seus dados: endereço (físico e eletrônico), data de nascimento, afiliação, profissão, telefone e anexe uma cópia de seu CPF, RG e comprovante de residência.

Toda a comunicação da Ordem se dá através de documentos em PDF via e-mail e por correio convencional.

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Após o envio de sua aplicação de afiliação, a Ordem irá notificá-lo em cinco ou dez dias, após a avaliação de seu pedido. Se ele atender os nossos requisitos, você será admitido ao período probatório, devendo manter uma prática espiritual sistemática por um período de um ano, com entradas diárias no diário mágico. Sua aplicação de afiliação pode ser enviada por e-mail, em PDF. Caso queira enviar carta via correios, escreva para: a Secretária, Av. Barão do Rio Branco, 3652/14, Passos Juiz de Fora – MG 36025 020 [email protected] Amor é a lei, amor sob vontade. Frater ON120 6°=5⌷ A∴A∴ Imperator

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