Consultoria em Trabalho Social - Unid - I

October 9, 2022 | Author: Anonymous | Category: N/A
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Consultoria em Trabalho Social Autora: Profa. Daniela Emilena Santiago Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudella Nanias

Profa. Karina Dala Pola

 

Professora conteudista: Daniela Emilena Santiago Assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus  de  de Assis/SP. Atualmente é funcionária pública do município de Quatá/ SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de Promoção Social. Exerce também a função de docente e líder junto ao curso de Serviço Social da Universidade Paulista (Unip), campus  de  de Assis/SP. Partindo de sua vinculação à Unip, enquanto docente que atua do curso de Serviço Social no campus  de  de AssisSP, emergiu a oportunidade de seu atrelamento também ao curso de graduação de Serviço Social na modalidade SEI, prestada pela Unip Interativa, o que lhe proporcionou a oportunidade de ministrar aulas de diversas disciplinas nessa modalidade de ensino. Além dessa inserção, também ministrou, na modalidade SEPI, aulas da disciplina Política Social de Saúde  no  no curso de pós-graduação de Gestão em Políticas Sociais, oferecido pela Unip. O vínculo com essa universidade também lhe possibilitou elaborar o presente material.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S2 S235 35cc

Sa Sant ntia iaggo, Da Dani nieela Emil Emileena na.. Consultoria em trabalho social. / Daniela Emilena Santiago. – São Paulo: Editora Sol, 2015. 116 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-013/15, ISSN 1517-9230. 1. Consultoria. 2. Serviço Social. 3. Responsabilidade social. I. Título. CDU 362

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista.

 

Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho

 Vice-R  Vic e-Reito eitorr de de Plan Planeja ejamen mento, to, Adm Admini inistr straçã ação o e Fin Finanç anças as

Profa. Melânia Dalla Torre  Vice-Reitora de Unidades Unidades Universitárias Universitárias

Prof. Dr. Yugo Okida  Vice-Reitor de Pós-Graduação Pós-Graduação e P Pesquisa esquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez  Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli  

Material Didático – EaD

 

Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)

             

Apoio:

   

Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto

     

Revisão:

Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Carla Moro Virgínia Bilatto

 

Sumário Consultoria em Trabalho Social APRESENTAÇÃO .................................. .................................................... .................................... .................................... .................................... .................................... .................................... ..........................7 ........7 INTRODUÇÃO .................................... ...................................................... .................................... .................................... .................................... .................................... .................................... .............................8 ...........8 Unidade I

1 TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL .................................. .................................................... .................................... .................................... .................................... .......................... ........11 11 1.1 O cenário atual e suas incidências na questão social .................................... ...................................................... ....................... ..... 19 1.2 O serviço social, o ambiente organizacional e suas demandas .................................... ......................................... ..... 26 2 AS TENDÊNCIAS NA ÁREA DE GESTÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL ...............32 ............... 32 2.1 O papel do gestor social ................................... ..................................................... .................................... .................................... .................................... .......................... ........37 37 2.2 ferramentasdadedescentralização gestão social .................................. ................ .................................... .................................... .................................... ............................. ...........38 2.3 As A importância na gestão social .................................... .................. .................................... ....................... ..... 38 39 2.4 Rede: alianças e parcerias no intuito intuito de fomentar a gestão ssocial ocial ............................... ...............................39 39 2.5 A gestão social e o serviço social.................................. .................................................... .................................... .................................... ............................. ...........44 44 3 CONSULTORIA.................................. .................................................... .................................... .................................... .................................... .................................... .................................... ....................... ..... 48 3.1 A história da consultoria .................................. .................................................... .................................... .................................... .................................... .......................... ........49 49 3.2 Consultoria como atividade profissional e os tipos de consultoria ................................. .................................50 50 3.3 Características do consultor ................................. ................................................... .................................... .................................... .................................... ...................... 54 4 ASSESSORIA: CONCEITUAÇÃO ............................. ............................................... .................................... .................................... .................................... ................................ ..............57 57 Unidade II

5 O SERVIÇO SOCIAL NA ASSESSORIA E CONSULTORIA .................................. .................................................... ................................... .................64 64 5.1 As possibilidades da atuação profissional na área da assessoria/consultoria assessoria/consultoria ............72 ............ 72 5.2 Espaços de atuação de assessoria/consultoria do serviço social ..................................... .....................................76 76 5.3 Atuação nas universidades ................................................ .................................................................. .................................... .................................... .......................... ........76 76 5.4 Atuação em espaços públicos como os conselhos de direitos e secretarias................78 ................ 78 5.5 Atuação em movimentos sociais .................................... ...................................................... .................................... .................................... .......................... ........80 80 5.6 Atuação em empresas privadas ................................... ..................................................... .................................... .................................... ............................. ...........81 81 5.7 Atuação em organizações não governamentais .................................. .................................................... ................................... .................81 81 6 ESTRATÉGIAS PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DE ASSESSORIA/CONSULTORIA ........................................... ............................................................. .................................... ................................... .................83 83 7PARA RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO UM CONDICIONANTE O TRABALHO COMO ASSESSOR/CONSULTOR DO ASSISTENTE SOCIAL ........ .......................... ...................... 87 7.1 A responsabilidade social nos espaços organizacionais .................................. .................................................... ...................... 92

 

7.1.1 Primeiro setor ..........................................................................................................................................92 7.1.2 Segundo setor – organizações privadas ........................................................................................93 7.1.3 Terceiro setor – ONGs e OCIPs ..........................................................................................................94

7.2 Balanço social .................................. .................................................... .................................... .................................... .................................... .................................... ............................. ...........96 96 7.3 Normas SA 8000: norma de gerenciamento social .................................... ...................................................... .......................... ........97 97 8 RESPONSABILIDADE SOCIAL SOB A ÓTICA DO SERVIÇO SOCIAL .................. .................................... ............................. ...........98 98

 

 APRESENTAÇÃO  APRESENT AÇÃO Os temas Consultoria e Assessoria vêm sendo estudados, refletidos e pesquisados pelo serviço social devido ao crescimento da atuação de profissionais nessa nova área do saber. O estudo e a reflexão decorrem da globalização e do sistema neoliberal. As mudanças no cenário contemporâneo, inclusive tecnológicas, vêm acontecendo paraque o serviço social questões sociais queasdemandam trabalho e, até mesmo,freneticamente. novos espaçosElas de criam atuação devem ser bem estudados pelos profissionais de forma qualificada, como a assessoria e a consultoria. Nesse contexto, o assistente social deve estar qualificado para desempenhar adequadamente sua função e obter resultados positivos, na medida em que se apresenta como consultor/assessor ético e flexível, buscando alternativas de ação em equipe e em rede, rompendo com a caridade e a benevolência. Atuando como consultor/assessor, o assistente social estará fortalecendo a transformação social e rompendo com paradigmas instituídos pelo Estado neoliberal. Estará, ainda, ofertando subsídios aos usuários dos ambientes organizacionais, principalmente do primeiro e do terceiro setor, que são as classes subalternas, para que sejam autocríticos e protagonistas de sua própria história, enrijecendo o método dialético. Iniciaremos o estudo discutindo a relação estabelecida entre a categoria trabalho e o serviço social, compreendendo este como um trabalho socialmente necessário na sociedade contemporânea. Discutiremos a respeito das questões sociais como objeto profissional no cenário atual e suas incidências, isto é, como o mundo globalizado e o sistema neoliberal vêm fomentando a exclusão social e enfraquecendo o Estado, o que amplia a demanda por ações do assistente social. E, nesse contexto, como o profissional de serviço social pode e deve comprometer-se e intervir nessas questões que se apresentam no seu espaço de trabalho, apoiado em projetos ético-políticos que busquem ultrapassar as perspectivas que enfocam apenas as relações pessoais, e enfatizar as demandas reais que vêm a seu encontro. Partindo da compreensão do serviço social como um trabalho, inscrito em um espaço sócioocupacional, vamos discutir sua inserção laboral refletindo sobre o ambiente organizacional e as demandas que são postas à nossa profissão atualmente. Dentre essas demandas, vamos nos aproximar do conceito de gestão, que é uma necessidade também posta ao assistente social. Em seguida, iremos nos aproximar do conceito e da definição de consultoria. No que diz respeito à consultoria, indicaremos também os tipos existentes e o perfil requerido ao profissional que pretende atuar nessa área. Essas informações serão oferecidas para que seja possível uma maior aproximação a nosso objeto de estudo, que é como pontuamos a assessoria e a consultoria. Por fim, vamos apreender os conceitos de consultoria e de assessoria e a relação deles co com m o serviço social. Esse referencial pretende oferecer os subsídios necessários à compreensão da relação estabelecida entre o serviço social e atuação no âmbito da assessoria e da consul consultoria. toria. 7

 

A importância de estudar esse tema decorre dos requisitos que os assistentes sociais apresentam ao desempenhar a função de assessores/consultores, assessores/consultores, pois são profissionais capacitados e conhecedores de política pública social e sabem atuar na mobilização social, dois elementos e lementos fundamentais para se prestar consultoria e assessoria em responsabilidade social. Contudo, vale ressaltar que o profissional de serviço social não é somente um interventor, é também um profissional múltiplo que apresenta flexibilidade para atuar em diversos setores estruturais da sociedade brasileira. O estudo de consultoria e assessoria no serviço social busca fazer com que o acadêmico amadureça teoricamente e avance em sua prática, mesmo que em estágio curricular, provocando novos impulsos na realidade social, e também para lançar luz sobre a necessidade de especialização e compromisso com a profissão. O presente estudo na área da consultoria e da assessoria busca ainda mostrar que o serviço social vem ganhando espaço no mercado de trabalho, especificamente nessa área. Cabe destacar ainda que o caminho que o profissional de serviço social deve trilhar é o do conhecimento científico apoiado em reflexões e instrumentos teórico-metodológicos bem fundamentados, construídos por meio de um projeto ético-político que permita a ocupação de uma ação assistencialista, consolidando transformações sociais para um mundo mais justo a todos. Esse caminho será iluminado pelas discussões presentes neste material, buscando contemplar o objetivo geral desta disciplina, que é: oferecer ferramentas que possibilitem o conhecimento da intervenção profissional, nas diferentes dimensões, visando oportunizar as respostas profissionais demandadas pela sociedade. Possibilitar que os alunos reconheçam a consultoria em serviço social como estratégia e instrumento de trabalho, como disposto no Plano de Ensino. Dessa maneira, será possível capacitá-lo para atuação na área da assessoria e consultoria em serviço social.

INTRODUÇÃO  Veja o texto a seguir: A Social Consultoria é uma empresa atualizada e inovadora, que atua na área organizacional há mais de 15 anos. Contamos com uma equipe multidisciplinar em âmbito nacional com expertise nas questões sociais, previdenciáriass e de clima organiza previdenciária organizacional. cional. Nossa atuação está alinhada aos desafios contemporâneos utilizando-se de ferramentas e estratégias para soluções corporativas eficazes.

Nosso objetivo é prover aos clientes e seus colaboradores instrumentos de melhoria contínua, alinhando as atividades com o desenvolvimento corporativo a fim de promover qualidade de vida, ootimizar timizar a produtividade e lucratividade, favorecendo um excelente clima organizacional. Disponibilizamos aos nossos clientes um moderno sistema gerenciador de atendimentos via web , que possibilitará relatórios quali-quantitativos, com indicadores precisos da utilização dos serviços (SOCIAL, [s.d.]). O texto foi extraído do site   corporativo de uma empresa que há 15 anos presta consultoria e assessoria na área social. Apesar de composta de forma interdisciplinar, como sugere o próprio texto, ela 8

 

conta com maioria de assistentes sociais atuantes. Portanto, representa um espaço sócio-ocupacional que cada vez mais vem sendo ocupado por nossa categoria profissional. Assim, precisamos compreender a assessoria e a consultoria em serviço social como um espaço de trabalho do assistente social na contemporaneidade. Para isso se faz necessário um passo inicial em nosso conhecimento e que se relaciona ao entendimento da categoria trabalho: a relação firmada entre o serviço social edo o trabalho, seja, na é necessário expressão do trabalho assistenteousocial atualidade.entender a assessoria e a consultoria como uma Por ser trabalho, o serviço social também está sujeito a todas as mudanças e alterações que condicionam a classe que vive do trabalho na atualidade. A assessoria e a consultoria precisam também ser compreendidas nesse processo em que as mudanças contemporâneas influenciam nosso mercado de trabalho, nossa práxis e a realidade que nos cerca. Dentre uma série de alterações postas no mercado de trabalho do assistente social, destaca-se a necessidade da atuação como gestor em diversas áreas e espaços. Iniciamos nossas discussões acerca da categoria trabalho para, na sequência, abordarmos também as mudanças atuais no mercado de trabalho de nossa profissão. Assim, poderemos apreender todas as questões que abarcam a prática do assistente social no âmbito da assessoria e da consultoria.

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Unidade I Trabalho e serviço social: a profissão frente às transformações societárias recentes

Prezado aluno, damos início a nossos estudos buscando entender a categoria trabalho e a sua relação com o serviço social. Na sequência, vamos voltar nosso olhar à compreensão sobre o ambiente organizacional no qual o serviço social vem sendo inscrito e as demandas postas à nossa profissão contemporaneamente, como a gestão social.

1 TRABALHO E SERVIÇO SOCIAL Sabemos que o assistente social é um profissional que se ocupa com as relações sociais, entre outras questões profissionais. No caso de nossa profissão, essas relações sociais são entendidas como expressões do atual estágio de desenvolvimento da sociedade capitalista. Atualmente vivemos o estágio monopolista ou imperialista. A seguir, nossas discussões acerca do período que estamos vivendo, com indicações para o desenvolvimento econômico, político e social.  Observação

É fundamental entender o serviço social como trabalho, portanto, inscrito nas relações de trabalho capitalistas.  Vivemos num cenário conturbado, com alterações significativas no quadro político-econômico mundial, que imprimem mudanças rápidas e complexas no mundo do trabalho, decorrentes da globalização, do neoliberalismo, da revolução informacional, da alta tecnologia, entre outros fatores que se originam do panorama cotidiano contemporâneo. Assim, cabe destacar que, de acordo com Netto (2001), atualmente o capitalismo vivencia a fase denominada monopólio. Nessa fase, o capital busca o controle dos mercados para manter elevada a extração do lucro. Em decorrência disso, são comuns as fusões e compras de empresas capitalistas privadas. Esse processo vem assentado no desenvolvimento e na expansão da tecnologia, da informática i nformática e da robótica, sendo que esses “fenômenos” também são meios usados pelo capital com a finalidade de ampliar o lucro. Em virtude dessas mudanças, observamos que há uma ampliação do trabalho morto empreendido pelas tecnologias na informática pelos e na robótica e, consequentemente, a redução do trabalhoe vivo, expresso noassentadas trabalho desempenhado seres humanos. Logo, temos avemos elevação do desemprego uma massa de pessoas que não consegue mais atender às necessidades, muitas vezes de sobrevivência, como a alimentação. Por isso, temos uma ampliação da demanda que é posta ao assistente social. 11

 

Unidade I

 Saiba mais

Por “exército “exército industrial de reserva” nos referimos à população sobrante no capitalismo, ou seja, população que não consegue vender sua força de trabalho. Para Para entender mais, leia: NETTO, J. P. Capitalismo monopolista e serviço social . São Paulo: Cortez, 2001. Essas alterações emergentes ocorrem e interferem diretamente no espaço ocupacional do assistente social, implicando o desaparecimento de algumas funções tradicionais e o surgimento de novos paradigmas. Está se delineando um perfil profissional que ultrapassa as habilidades técnicas requeridas, no qual o assistente social é capaz de diagnosticar, intervir e propor, deixando de ser um mero executor. Tal mudança, somada à competitividade no mercado de trabalho, acaba por produzir duas categorias de profissionais: os qualificados e os sem qualificação para atuação segundo as exigências do mercado. Lembrete

O perfil do assistente social faz menção a uma série de habilidades requeridas a esse profissional frente à demanda que lhe é apresentada atualmente. A primeira categoria refere-se aos profissionais qualificados que são constantemente pressionados para manterem-se capacitados e atualizados, enquanto a segunda categoria permanece longe do mercado de trabalho. Este é estrito e cheio de exigências, dificultando a inserção do profissional desqualificado, deixando-o à margem do mercado, me rcado, ou melhor, do seu espaço de atuação. Não colocamos aqui tal reflexão como uma constatação técnica e teórica, pois esses profissionais sentem no cotidiano e na prática as exigências e as solicitações que os provocam, deixando em evidência a necessidade que têm para adequarem-se, tomarem uma nova postura teórica e capacitarem-se tecnicamente, apoiados num projeto ético-político. Ao nos depararmos com vagas de empregos, a primeira exigência é mão de obra qualificada, o que significa que se buscam profissionais especializados, pois se trata de um mercado que exige um trabalho em quatro mãos, ou seja, quatro perfis em um único profissional: que tenha conhecimento e embasamento científicos e olhar crítico; que se aprofunde nas discussões sobre temas emergenciais e polêmicas da atualidade; que esteja dentro do contexto político, econômico e cultural; e com flexibilidade em buscar alternativas de ação em equipe e em rede. Com essas exigências, a pergunta é: que sinais esse mercado globalizado está colocando aos profissionais de serviço social, entre outros profissionais, num processo contínuo de novas configurações? 12

 

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Esses questionamentos devem ser respondidos pelos profissionais em curto prazo, pois algumas tendências estão se delineando: • a perda de vínculos trabalhistas para uma grande grande parcela da população, com o crescimento de trabalhos terceirizados, temporários e precários; • aempregos estáveis parae sociais. uma pequena e altamente qualificada parcela da população, com acesso direitos trabalhistas São esses os sinais do tempo e do espaço muito concretos que vivenciamos. Desse modo, novas tendências do mercado de trabalho devem ser objeto de reflexão dos assistentes sociais, tendo em vista saber analisar e intervir no foco central das transformações atuais, ou seja, a inter-relação entre empresa e indivíduo. Observação

A precarização do trabalho também afeta os assistentes sociais.  Saiba mais

Para ampliar o conhecimento sobre as mudanças Para mud anças processadas no âmbito do trabalho, recomendamos a leitura do texto: ANTUNES, R. Adeus ao trabalho : ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 2003. O papel mediador em serviço social , Leandro (2011) (2011) aponta é necessáriocompartilhados que os profissionais de Em serviço social busquem novos caminhos e construam novosqueparadigmas com comunidades científicas atendidas num plano estratégico para que as transformações ocorram de maneira eficaz, dando outra face ao serviço social e apresentando práticas inovadoras. Contudo, para isso é necessário:

1. Ter competência na dimensão teórico-técnica e na dimensão política para gerar qualidade. 2. Ser polivalente, ou seja, capaz de lidar simultaneamente com as demandas do mercado me rcado e atuar em rede com as demais políticas sociais. 3. Ser ume profissional capacitado os fatosinternas políticos e econômicos e sobre a rotina de trabalho setores afins,informado bem comoe estar atentosobre às políticas e culturais das instituições ond ondee estão inseridos. 13

 

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4. Ser um profissional articulador, empreendedor e flexível, que saiba atuar em parceria e fazer novas alianças com a rede. 5. Ser um profissional compromissado com os princípios fundamentais éticos norteados pelo Código de Ética Profissional, capaz de partilhar informações, decisões e, assim, incitar formas democráticas na gestão de políticas e programas sociais e empresariais (dependendo da área de atuação profissional). 6. Ser um profissional atento a resultados, evidenciando-os na contribuição de seu trabalho no espaço de atuação, quando destacado na relação custo/benefício. 7. Ser um profissional eficaz que atua multidisciplinarmente e apresenta resultados, competitividade e produtividade tanto para com a instituição, quanto para a população usuária. Trata-se de olhar para essas exigências do mercado de trabalho como algo atingível e possível, pois elas estão sintonizadas com as principais tendências profissionais de organizações da sociedade civil, do poder público, como também das empresas que favorecem profissionais que apresentam aspectos positivos intelectuais, sociais, educacionais, culturais, entre outros. Cada vez mais, as pesquisas comprovam o retorno do investimento em profissionais, em inteligências para elaboração de políticas e diretrizes políticas ou empresariais. Para melhor compreensão, deve-se entender que no mercado de trabalho o assistente social está sujeito a duas determinações históricas: • Estrutural: quando impõe aos profissionais de serviço social condições na divisão de trabalho e técnica, exigindo a prestação de serviço relacionado apenas à reprodução social. Isto é, quando a intervenção do profissional se dá no nível das condições sociais de existência da população p opulação usuária de tais serviços, na qual só se encaminha para programas de transferência de renda e entrega de cestas básicas. É o que pudemos ver nos espaços midiáticos sobre enchentes e deslizamentos de terra no verão de 2011, 2011, no estado do Rio de Janeiro, em que assistentes sociais fizeram cadastros e ofertaram “kits  de  de sobrevivência” aos desabrigados. Isso caracteriza os profissionais como sujeitos “apolíticos” em face da primazia da concentração de riqueza e da rentabilidade que regem a ordem socioeconômica, que os coloca como subalternos no elenco das ocupações em geral em relação à política partidária. • Conjuntural: é quando os profissionais de serviço social ficam sujeitos às oscilações e mudanças no cenário contemporâneo no mundo do trabalho, sendo obrigados a “capacitar-se” de acordo com as normas dos processos de reestruturação produtiva nos mais diversos setores da atividade econômica, em face aos requerimentos da globalização. Faz-se necessário, portanto, que o profissional legitime socialmente a profissão por meio de um processo de qualificação profissional para que conquiste oportunidades no mercado de trabalho. Isso implica permanente negociação com a sociedade para dar visibilidade à profissão e 14

 

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às possibilidades de contribuição ao desenvolvimento social, cultural, econômico e político, não constituindo um processo linear e unidirecional, mas sim envolvendo um esforço dos atores e dos espaços onde atua, no sentido de introduzir, credenciar, credenciar, legitimar e colocar a serviço da sociedade de acordo com o trabalho em quatro mãos. O trabalho do assistente social pode ir de encontro com as dimensões político-ideológicas, político-i deológicas, nas quais há um contraditório jogo de ressaltar relações de os interesses do empregador e do seudepúblico-alvo: as classes subalternas. Cabe quepoder essa entre dimensão política possui o rico potencial promover a transposição da alienação do trabalhador; o assistente social deve refletir sobre as demandas impostas pelo capitalismo neoliberal e, assim, mobilizar seu público-alvo a lutar pelos seus direitos de cidadãos e a serem protagonistas de sua própria história. Iamamoto (2001, p. 20) reitera que o profissional de serviço social deve alterar o direcionamento de seu trabalho, sendo sujeito de sua ação, requalificando o fazer profissional, identificando suas particularidades e descobrindo novas alternativas, pois: um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade dede decifrar a realidade construira propostas de trabalho criativas e capazes preservar e efetivare direitos, partir das demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo.

Para a autora, na atual conjuntura, o serviço social vem sendo tratado como um tipo de trabalho Para especializado que se realiza somente no campo de atuação de processos e nas relações de trabalho: práxis social. E, ainda, aponta que a prática profissional também é vista como condicionante interno e condicionante externo. O primeiro condicionante denominado como interno referese a como o profissional vai desempenhar estratégica e tecnicamente sua ação e sua capacidade de realizar um diagnóstico da realidade. Já o segundo condicionante denominado como externo diz respeito a um conjunto de fatores que independe do profissional, pois se trata das relações de poder institucional, dos recursos que são colocados à disposição para execução dos trabalhos quando empregam os assistentes sociais, as políticas sociais específicas, os objetivos e as demandas do espaço empregador, a questão social da população usuária etc. Em síntese, a prática profissional é vista como a atividade do assistente social na relação com o usuário, os empregadores e os demais profissionais. Devido a esses condicionantes, o assistente social deve focar o trabalho como participante no processo de trabalho, moldando-se em função das condições e relações sociais em que se realiza sua atuação, pois, durante a jornada de trabalho, a ação do assistente social submete-se às exigências impostas de seu empregador durante um tempo conforme as políticas, as diretrizes, os objetivos e os recursos da organização, e é no limite dessas condições que o profissional deve: materializar a autonomia do profissional na condução de suas ações. O assistente social preserva uma condição relativa de independência na definição de prioridades e das formas doe execução de seu trabalho, 15

 

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sendo o controle do exercido sobre sua atividades distinto daquele a que é submetido, por exemplo, um operário na linha de produção  (IAMAMOTO, 2001, p. 95-97).

A autora ainda fomenta que: As diretrizes ditadas pelas políticas sociais públicas empresariais, as relações de poder institucional, as prioridades políticasouestabelecidas pelas instituições, os recursos humanos e financeiros que se possam mobilizar, mobilizar, as pressões sociais etc. — não se afiguram como “condicionante externo” ao trabalho social. Ao contrário, são condições e veículos de sua realização, indispensáveis como elementos constitutivos desse trabalho  (IAMAMOTO, 2001, p. 99-100).

É nessa ótica do condicionante externo, cara às análises correntes da prática prisional, que vem sendo contestada e moldando tanto material quanto socialmente a ação do profissional do assistente social. Para melhor compreensão, cabe aqui dizer que o material (matéria-prima) do trabalho do assistente Para social são as questões sociais em suas múltiplas manifestações sociais – violência doméstica contra pessoas com deficiências e contra co ntra criança e adolescentes, relação de gênero, entre outros –, vivenciadas pelos sujeitos sociais em suas relações diárias e que respondem às ações, pensamentos e sentimentos desses sujeitos e que são abordados pelo profissional de serviço social em diversos recortes, delimitando o objeto de ação do trabalho profissional. Isto é, a questão social em suas variadas expressões é o objeto de trabalho do cotidiano do assistente social (IAMAMOTO, (IAMAMOTO, 2001). Paraa Faleiros (2001, p. 37): Par Questão social é tomada de forma muito genérica, embora seja usada para definir uma particularidade profissional. Se for entendida como sendo as contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por sua vez, contraditório colocá-la como objeto particular de uma profissão determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem tratadas profissionalmente, profissionalm ente, através de estratégias institucionais/relacionais institucionais/relacionais próprias do próprio desenvolvimento das práticas do serviço social. Se forem as manifestações dessas contradições o objeto profissional, é preciso também qualificá-las para não colocar em pauta toda a heterogeneidade de situações que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o serviço social.

Para tanto, definir a questão social como objeto profissional do assistente social não estabelece a especificidade profissional. Contudo, que Faleiros (2001) propõe dessa é qualificar a questão social, o que significa abranger o que compete aooassistente social no âmbito questão, isto é, entrarmos na discussão da expressão dela para não minimizar o espaço de atuação profissional. 16

 

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Nesse sentido, o objeto profissional deve ser inserido na teoria e na prática do serviço social, não sendo entendido de forma isolada, mas dentro do contexto padrão de conexão de forças, pois é esse objeto que define a delegação de poder do sujeito suje ito – seja no campo individual quanto no coletivo – na sua relação de cidadania, de identificação das discriminações, de autonomia. Isso vai ao encontro do (re)pensar como o objeto de serviço social vem sendo colocado e como podemos dar objetividade à atuação profissional. Há nessa questão uma provocação aos profissionais de serviço social para que repensem como reconstruir o objeto profissional com a finalidade de garantir o processo de intervenção e as particularidades de cada situação que se insere no contexto em que atuamos profissionalmente. Observação

“Questão social é o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura [...]” (IAMAMOTO, (IAMAMOTO, 2001, p. 27). Basta ao assistente social ter como suporte instrumentos básicos de trabalho:Isso a linguagem associada à sua formação teórico-metodológica, técnico-profissional e ético-política. porque suas ações e atividades dependem da competência na leitura, do acompanhamento dos processos sociais e do estabelecimento nas relações e vínculos sociais com os sujeitos sociais (equipe, parceiros e públicoalvo). O assistente social é chamado a desempenhar sua função num trabalho coletivo, dispondo de autonomia ética e teórica, cujo produto em suas dimensões materiais e sociais “é fruto do trabalho combinado ou coorporativo, que se forja com o contributo específico das diversas especializações do trabalho” (IAMAMOTO, 2001, p. 107). Fica evidente que essas profundas modificações na técnica e na divisão social do d o trabalho – processo sob a hegemonia do capitalismo econômico – vêm provocando mudanças no perfil profissional exigido pelo mercado de trabalho no que diz respeito às funções e atribuições do profissional de serviço social, alterando suas formas aplicadas de produção e de d e gestão do trabalho. É forte, e ainda recorrente, o hábito histórico de vincular os profissionais do serviço social à ”filantropia”, à ”caridade” e à ”ajuda”. Eles são, muitas vezes, chamados para ”solucionar problemas” e trabalhar nas consequências e não nas causas, sendo colocados à mercê de uma postura pontual e desarticulada com as demais ciências ci ências dos saberes e com os demais profissionais. A desmistificação das funções e atribuições do assistente social ocorrerá se o profissional se posicionar positivamente na relação contemporânea entre a sua atuação e o momento histórico, mostrando sua capacidade de articulação, de saber científico e de respostas criativas em face às demandas existentes existente s no seu cotidiano; também é importante buscar parcerias com os movimentos movimen tos sociais e com de saúde etc. a rede de serviços que atua com políticas sociais de assistência social, de educação,

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Unidade I

Para tanto, o assistente social deve dispor disp or de condições mínim mínimas as de trabalho asseguradas pelas instituições empregadoras, que lhe permita proceder à escuta, reunião, contatos e encaminhamentos necessários para atuação técnico-operativa, em consonância com os artigos 4º e 5º do Código de Ética Profissional, lei que regulamenta a atuação, as competências e a atribuição profissional. É necessário também que garantam recursos materiais e humanos para que o profissional atue na realização de forma competente e efetiva, possibilitando-lhe o exercício dos princípios e do sigilo profissional. Em geral, os profissionais de serviço social são contratados e assalariados, mas sabe-se que há profissionais que atuam na prática de caráter autônomo, legalmente reconhecido como profissional liberal. Contudo, mesmo com o fortalecimento da classe profissional de serviço social, apoiada no Código de Ética Profissional e com a Resolução CFESS nº 418/2001, que dispõe da Tabela Referencial de Honorários do Serviço Social, o salário dos assistentes sociais ainda não é respeitado de acordo com a referida tabela e está bastante inferior ao de outros profissionais, mesmo considerando a nova Lei nº 12.317/2010 12.317/20 10 que estabelece a jornada jor nada de trabalho do assistente social para 30 horas semanais, sem que q ue haja redução salarial. Mesmo com tantas dificuldades, assistentedesocial devePara ser isso, qualificado e ético, atendendo com competência às demandas g eradas peloo mercado geradas trabalho. o profissional deve saber decifrar e trabalhar pautado na ética, na cidadania e na política social, pois, no desenho concreto das solicitações que estão sendo feitas por esse mercado de trabalho exigente e estrito, o profissional poderá traduzi-las na concretização de ações proativas, voltadas para: • consultoria e assessoria aos gerentes nas questões relacionadas à administração pessoal e à implementação das políticas ora em curso; • gestão de serviços sociais; sociais; • implementação de programas com participação da população e/ou de empresas voltadas para: qualidade de vida do trabalhador, potencialização de talentos e protagonismo, ampliação e redimensionamento do sistema de benefícios e incentivos, meio ambiente, responsabilidade social e saúde ocupacional, entre outros. Dessas exigências emergiram novos temas que vêm sendo discutidos e pesquisados, na perspectiva de não apenas atendê-las, mas sim de colocá-las em prática fomentando a atuação profissional no limiar deste novo século. Lembrete

Perfil de profissional requerido: qualificado, que reforce e amplie a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade. 18

 

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1.1 O cenário atual e suas incidências na questão social  Observação

A questão social possui múltiplas formas de expressão. É um fenômeno gerado pelo sistema capitalista. Iniciaremos nossos estudos sobre as diferentes expressões da questão social geradas pelo capitalismo atualmente. atualmente . Para Para isso, precisamos voltar nosso olhar para o desenvolvimento desenvolvime nto econômico em sua fase monopolista. Como sabemos, a partir da década de 1970, o capitalismo assume sua fase monopolista que está assentada no controle dos mercados e também na ampliação do lucro. Uma das modalidades utilizadas para ampliar o lucro é a inserção da tecnologia no processo produtivo. Assim, com as nanotecnologias instaladas sob o signo da informática e da robótica, a mão de obra trabalhista passa a ser supérflua e obrigada a se alojar na exclusão total do mercado de trabalho, forçada à exclusão social. Conforme nos coloca Forrestier (1997, p. 17): No atual modelo econômico que se instala no mundo sob o signo da cibernética, da automatização, das tecnologias revolucionárias revolucionárias,, o trabalha trabalhador dor é supérfluo e está condenado a passar da exclusão social à eliminação. Na era da mundialização, do liberalismo absoluto, na era da globalização e a virtualidade, o trabalho é considerado como conjunto de empregos e assalariados,, é um conceito obsoleto, um parasita sem utilidade, é a falta de assalariados humanidade de um sistema que lucra a partir da vergonha e da humilhação de milhares de desempregados por todo o mundo.

Mesmo que toda a tecnologia tenha vindo para “facilitar” a vida dos trabalhadores, Kurz (1996) acrescenta, retomando a teoria de Marx, que o capitalismo começa a libertar o homem do sofrimento do trabalho, mas o escasso “tempo livre” é hoje um mero prolongamento do “trabalho” por outros meios, como prova a indústria da diversão. Na atualidade, a lógica do “trabalho” apoderou-se das esferas cindidas e insinua-se na cultura, no esporte e até mesmo na intimidade. Significa dizer que essa liberdade é camuflada, pois, se a intenção da tecnologia era “liberar” o trabalhador de seu trabalho para que utilizasse o seu tempo livre para o lazer e a cultura, ele, ao contrário, vem aproveitando esse tempo para trabalhar ainda mais, alienando-se no seu ofício e no uso excessivo das tecnologias existentes. Assim como Karl Marx se posicionou em relação à Kurz (1996) tese para explicitar a nanotecnologia, a cibernética eRevolução a robóticaIndustrial, vêm exercendo com retoma a mesmasuaintensidade o que os que teares exerceram nos proletariados na Revolução Industrial. 19

 

Unidade I

Cabe ressaltar que toda essa globalização é resultado da soma de forças significativas no cenário contemporâneo, segundo Eduardo Fonseca (apud  ROSALEM;  ROSALEM; SANTOS, 2010) conhecidas como: • a terceira revolução tecnológica, que corresponde às tecnologias ligadas a processamento, transmissão e difusão das informações, inteligência artificial, engenharia genética; • aUnião formação de áreas de livre livre comércio e blocos econômicos integrados, integrados, tais como: o Mercosul, a Europeia e o Nafta; • a crescente interligação e interdependência dos mercados mercados físicos e financeiros em escala planetária. Nota-se que o neoliberalismo surge como categoria que altera as dimensões, as funções e as orientações da política social fornecidas pelo Estado, que são bases para a atuação do profissional de serviço social, por exemplo: • Estado-mínimo e privatização: — quebra de monopólios; — desregulamentação; — desqualificação do servidor público; — pressão para abolir estabilidade; — acusação de “corporativismo”. Tais fatores enfraqueceram o Estado em consequência do neoliberalismo e das excessivas privatizações ocorridas na “Era FHC”. FHC”. A política social passou das mãos do Estado para as das ONGs, igrejas, instituições filantrópicas, associações de moradores, fazendo com que ela perdesse seu caráter universal e focasse somente na população que se encontra em vulnerabilidade econômica. Portanto, o principal objetivo do neoliberalismo é maximizar os lucros das empresas privadas, e a esse critério todas as necessidades sociais ficam submetidas em função da economia. Observação

O desenvolvimento econômico capitalista amplia as expressões da questão social na contemporaneidade. À vista do neoliberalismo, o mercado pode tudo e, nesse sentido, torna-se absoluto, não levando em conta que seu jogo livre deixa de garantir a satisfação das necessidades fundamentais de toda a população. Sendo assim, o mercado é incapaz de evitar a destruição de recursos naturais, o desaparecimento de programas de seguridade social, a não construção de moradia pelo Estado, a falta 20

 

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de controle de preços etc. Isso impõe ao cenário atual do “mundo do trabalho” políticas sociais que atingem a classe trabalhadora, como a redução de salários, o aumento dos preços de produtos e serviços básicos (transporte, água, luz, consulta médica), aumentando o desemprego e fomentando a exclusão social.

Observação

Neoliberalismo é uma doutrina econômica que defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo ocorrer em setores imprescindíveis e, ainda assim, num grau mínimo. Dessa forma, o Estado deixa de ser o grande empregador do serviço social devido ao intenso desenvolvimento do terceiro setor. Na década de 1990, o poder público era o maior empregador de profissionais de serviço social. Ainda(federal, hoje esse espaçoe tem a responsabilidade consonância entre asdas trêspolíticas esferas de governo estadual municipal ou distrital) ––deemcolocar a engrenagem de assistência social para funcionar, inclusive o monitoramento e a avaliação do terceiro setor. Contudo, nos dias atuais, os profissionais de serviço social são empregados, em sua maioria, pelo terceiro setor, seguido do Poder Público (assistência social, saúde e Poder Judiciário, formado pelo Ministério Público, Vara da Família, Vara da Infância e da Juventude). Este perdeu espaço por causa do neoliberalismo, modificou suas funções e tornou-se mais um espaço articulador do desenvolvimento social, sustentando-o para garantir o esforço dos cidadãos em se organizarem livremente no espaço público, que se amplia ampli a pelas novas formas atingidas pela participa participação. ção. Assim, o Estado, como promotor do desenvolvimento, acaba por perder espaço para as organizações da sociedade civil que se articulam para além do Estado, formas antes nunca imaginadas de organização e participação social. Essa participação social ganha, nesse sentido, com mais intensidade, o conteúdo político e social, pois, justamente, é o campo da política social que articula e avança para criar novas formas de ampliação ampli ação do espaço de liberdade humana e de democracia.

Saiba mais

A fim de ampliar a reflexão sobre as organizações não governamentais, recomendamos a visita ao site : .

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Unidade I

Como já mencionado, cada vez mais o mercado de trabalho requisita dos profissionais de serviço social amplos conhecimentos na área social (conhecimentos da política pública e conhecimentos científicos). A despeito da relativa especialização que o próprio mercado assegura e que determinados postos de trabalho exigem, há procura de profissionais que saibam planejar e executar atividades e que visem assegurar o processo de melhoria na qualidade de vida da população usuária, bem como garantir o atendimento das necessidades básicas apoiados em um plano de ação ao usuário e dos segmentos que se encontram em vulnerabilidade emderelação crisesapoiado econômicas existentes na sociedade contemporânea. Isso faz com biopsicossocial que o profissional serviçoàssocial, num pprojeto rojeto éticopolítico, demonstre que está capacitado. Mesmo com o processo no qual se encontra a política de assistência social na contemporaneidade, está longe de se esgotarem as possibilidades profissionais de serviço social nos órgãos públicos, pois cada vez mais cresce o número de exigências nas políticas de assistência social e há, ainda, um grande contingente de concursos públicos nas três esferas de governo. Mas qual é o papel reservado às profissões sociais, inclusive ao assistente social no limiar deste novo século? Com tantas conquistas (como o movimento de reconceituação do serviço social e o fortalecimento da política de assistência social enquanto política pública após promulgação da Constituição Federal de 1988), podemos notar que, com o capitalismo neoliberal, a ciência passa de condição de suporte oferecido aos estudos e às ações profissionais para agente direto de acumulação, isto é, passa a ser algo sem utilização. Isso faz com que o progresso científico e tecnológico reduza o trabalho social necessário à produção de riqueza e à sobrevivência da sociedade contemporânea. Entretanto, esse processo capitalista neoliberal existente não acompanha os avanços correspondentes nos planos sociais e éticos e também não assegura a sobrevivência da grande massa populacional que vive em situação de vulnerabilidade biopsicossocial, lançando um número alto de pessoas na contramão da cidadania e dos direitos humanos. No entanto, o serviço social vem enriquecendo desde a implantação da Lei Orgânica de Assistência Social – Lei nº 8.742, em 1993; passando pela implantação do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, em 2005; até os dias atuais com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais em 2009, ora em curso. Vivemos num processo de descentralização e de municipalização. Dessa forma, dos profissionais que atuam na área social destaca-se aqui o assistente social. Ele deve se apresentar como um crítico das condições sociais ao deparar-se, cotidianamente, com os dilemas da exclusão social e suas diversas faces e formas de manifestação, recorrendo ao saber científico na condição de suporte para: refinar sua capacidade de análise; aguçar sua consciência crítico-política; aprimorar seus instrumentos de intervenção técnica e profissional; fortalecer suas alianças e redes sociais; associar seu projeto profissional às lutas amplas pela democratização social, cultural, política e econômica da sociedade; e saber defender-se como um profissional que necessita de espaço adequado para qualificar sua atuação de trabalho.

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 Observação

É fundamental ao assistente social a apreensão de todos os aspectos relacionados ao espaço organizacional onde sua prática é desenvolvida. Chegamos num ponto importante e crucial desta unidade: olhar para os espaços organizacionais (Estado, empresas privadas e organizações não governamentais) de laboração para o assistente social, nos quais vem atuando de forma bastante fortalecida. Contudo, muitos profissionais, ao terminarem a graduação, deixam de olhar para as empresas privadas como um espaço rico de atuação. Como exemplo disso, a área empresarial de recursos humanos vem empregando assistentes sociais, pois se trata de uma área que já se afigurou como um dos maiores setores de comércio, indústria e serviços, e ainda abre espaço para atuação desse profissional. Assim como outros espaços organizacionais de trabalho, a empresa solicita e valoriza profissionais com habilidades e conhecimentos para o planejamento estratégico, conhecimento em marketing  e  e na responsabilidade social e ambiental, para que se desenvolvam atividades de assessoria e consultoria. Observa-se que o mercado de trabalho para os profissionais de serviço social vem crescendo significativamente nos últimos cinco anos. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, esse crescimento é um reflexo da evolução das políticas públicas, principalmente da política de assistência social e da saúde, além de outras leis que surgiram na década de 1990 e que fortaleceram a atuação profissional do assistente social. O impacto que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) fez com que o mercado de trabalho olhasse diferente para oem serviço pois,brasileiro, desde 2005, 20 até 05, com a implementação do SUAS serviço, foram criados todo social, território meados do ano de 2010, cerca descentralizando de 5.142 centros de referência da assistência social (CRAS – proteção social básica) e outros 1.434 centros de referência especializados da assistência social (CREAS – proteção especial social: soci al: média e alta complexidade). Cada espaço emprega dois profissionais de serviço social, segundo o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Há também oferta de empregos nas ONGs que vêm crescendo no Brasil e com a implementação dos centros de atendimento psicossociais (CAPS, que se originam do Sistema Único de Saúde – SUS). Até 2005 havia, segundo dados do CFESS (2006), 84 mil profissionais de serviço social cadastrados nos Conselhos Regionais de Serviço Social e que se encontravam ativamente trabalhando no Brasil. A maioria encontrava-se empregada no setor público,24% no caso 78,16%, dos entrevistados. Destes, 40,97% estavam vinculados a entes municipais e apenas estavam vinculados a instituições estatais, ao passo que apenas 13% atuavam em instituições federais. Os demais profissionais, ou 20%, estavam distribuídos entre instituições privadas e organizações não governamentais. 23

 

Unidade I

Nota-se que a empregabilidade de assistentes sociais em empresas privadas teve um aumento devido à adoção das ações de responsabilidade social, o que vai além de um “modismo”, conforme nos aponta Gomes (2005). É, na verdade, um olhar responsável sobre o social, e o profissional de serviço social qualificado encontra-se pronto para atuar nessa área. Com o crescimento de empregos no mercado de trabalho para os profissionais de serviço social e com toda a mudança que vem ocorrendo, as organizações empresariais – pela modernização organizacional ou pelo processo de reestruturação produtiva decorrente do processo capitalista neoliberal – estão propondo novas formas de produzir trabalhos, estratégias de controle social e produtivo, de gestão dos recursos humanos, participação e de compromisso com seus funcionários, além de se colocarem como empresas “responsáveis socialmente”. socialmente”. Por trazer essas novas oportunidades ao mercado de trabalho, muitas empresas têm sido objeto de estudos e pesquisas sobre o tema responsabilidade social, sob o olhar do serviço social. Novas expressões e xpressões da questão social são vivenciadas no contexto co ntexto empresarial, o que demonstra que os espaços de atuação para profissionais compromissados, éticos e capacitados vislumbram soluções adequadas, desde que se trate de profissionais que vão além do imediatismo e do pragmatismo da organização, que estejam atentos, e adotem estratégias qualificadas, embasadas em pressupostos éticos que orientemsaibam a ação eintervir a postura profissional. O exercício profissional está situado no desempenho das funções, informações referentes aos direitos sociais, elaboração de estudos e de parecer e/ou laudo social, articulação com a rede e parcerias, tendo como base os pressupostos da responsabilidade social e a missão do espaço onde atua. Segundo nos afirma Netto (1996, p. 89): [...] as profissões não são só os resultados de processos macroscópicos. Devem também ser tratadas, tratadas, cada qual, como corpus  teórico  teórico e político que condensam projetos sociais, onde emanam dimensões ideológicas que dão a direção aos mesmos processos sociais.

Significa dizer que o assistente social deve conquistar e avançar no exigente mercado de trabalho, atendendo às exigências para ocupar o espaço organizacional tão cobiçado pelos profissionais graduados em serviço social. Mas só a formação acadêmica não basta, é necessário que o profissional se especialize, aprenda a dialogar com outros saberes e outras profissões, apreendendo novos conhecimentos e tendo reflexões críticas para que possam competir paralelamente com outros profissionais. Koike (1997) aponta que o mercado de trabalho solicita aos assistentes sociais que sejam profissionais críticos, com competência, apoiados em fundamentos teórico-metodológicos, instrumentos técnicooperativos e em projetos ético-políticos, com habilidade, flexibilidade, criatividade e capacidade de mediar, negociar, argumentar e resolver frente às dificuldades que vão se apresentando, além de saber atuar inter e transdisciplinarmente no campo da consultoria. 24

 

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No pensamento do autor, o profissional de serviço social deve ir além da teoria apreendida na graduação; ele deve se especializar, ter conhecimento das questões sociais atuais, seja mundial ou territorial, e conhecimento de línguas estrangeiras e de informática, para que fique em sintonia com as mudanças e se qualifique continuadamente. A ética das profissões não está dissociada do contexto sociocultural e do debate filosófico. A ética profissional guarda uma profunda relação com a ética social e, consequentemente, com os projetos sociais. Não há, portanto, um hiato entre a ética profissional e a ética social, pois seria cindir a própria vida do homem na sua totalidade, isto é, em seus diversos pertencimentos: trabalho, gênero, família, ideologia, cultura, desejos etc. Na verdade, é o “homem inteiro”, na acepção luckacsiana, que participa da cotidianidade. Isso significa que o homem, no processo de produção de sua vida material e cultural, constrói valores que passam a nortear as relações consigo mesmo e com os outros homens, constituindo-se, assim, como sujeito ético no processo de sociabilidade (BRITES; SALES apud  BARROCO,  BARROCO, 2004, p. 9).

Após trazermos um contexto histórico do cenário político e social edesse comoprofissional o serviço social eencontrancontrase inserido nesse cenário, trataremos dos novos espaços da atualidade no limiar deste século e dos séculos futuros. O espaço de trabalho de um profissional de serviço social deve ser trilhado cotidianamente para além da formulação das políticas públicas, da execução das atividades e da gestão dessas políticas; necessita que o assistente social saiba identificar as possíveis mudanças que ocorrem nas instituições e organizações, possíveis e necessárias mediações. Ainda, que saibam fazer uma leitura e análise desse contexto conjunto da realidade que constituem demandas potencializadoras de novas e futuras conquistas e de direitos sociais e, até mesmo, de novos serviços e projetos. Dessa forma, a ação profissional do assistente social pode e deve ser expressa por meio da consultoria e da assessoria em gestão pública e responsabilidade social: na fiscalização, formulação e gestão dos projetos e políticas sociais, sempre em equipe multidisciplinar, interdisciplinar e/ou transdisciplinar, principalmente nos projetos de responsabilidade social. Esses novos desafios, que os profissionais devem encarar de forma bastante amadurecida, somamse à garantia ao cerne do balanço social das organizações em que atuam, para que se fomentem instrumentos, que apresentem resultados e informações infor mações verdadeiras, difundindo os direitos, a cidadania e a responsabilidade social.  Vasconcelos (1998, p. 101) 101) acrescenta: [...] a conjuntur c onjunturaa neoliberal impinge a busca de novas formas de acumulação como garantia de concentração e acumulação de riqueza cada vez maiores, impondo aos intelectuais discordantes dessa direção a necessidade premente da sua crítica radical, e ainda, para os assistentes sociais, a urgência de 25

 

Unidade I

projetar sua ação profissional, tendo em vista uma participação consciente e de qualidade no enfrentamento desse quadro.

Ou como nos coloca Iamamoto (2001), os assistentes sociais atuam na contracorrente do pensamento pe nsamento neoliberal e hegemônico no Estado brasileiro, já que primamos em nossa profissão pela ampliação dos direitos sociais dos segmentos vulnerabilizados pela sociedade capitalista contemporânea, sempre atentos ao disposto no projeto ético-político constituído por nossa categoria.  Saiba mais

Recomendamos a leitura do texto: NETTO, J. P. A construção do projeto ético-político do serviço social. Serviço Social e Saúde : Formação e Trabalho Profissional, 1999. Disponível em: . Acesso em: 29 nov. 2014. 2014.

1.2 O serviço social, o ambiente organizacional e suas demandas Sob as determinações do cenário político, econômico e social na contemporaneidade, as demandas expostas ao Serviço social vem se (re)configurando e dialeticamente se reconstruindo. Essas demandas se apresentam no ambiente laboral e organizacional onde o assistente social é atuante. Frente a esse cenário, as empresas, os órgãos públicos (de acordo com as políticas sociais instituídas) e as ONGs encontram-se preocupadas em fazer uma nova definição e em integrar ao recurso humano do espaço as políticas públicas implementadas e as estratégias da organização para fomentar as ações internas. Nesse escopo, o profissional de serviço social não pode fugir dessas novas exigências, pois é com ele que, muitas vezes, esses espaços contam para (re)pensar o planejamento estratégico e organizacional. Tais demandas na atuação dos assistentes sociais exigem desses profissionais conhecimentos para responder às informações políticas do espaço em que atuam de forma coerente. Eles devem ter competência para executar suas atividades com agilidade e coerência, sempre com reflexões críticas, ofertando à população usuária atendida/acompanhada um ambiente salubre e agradável. Eles também devem se fazer entender por meio de uma comunicação clara e fluente, além de saber trabalhar em equipe para obter êxito, apoiando-se nas metas que o espaço de trabalho oferta em busca de qualidade e produtividade. Nota-se eque as empresas os profissionais órgãos públicos, as ONGs e os eserviços que contratam consultores assessores exigemprivadas, e solicitam com conhecimento com flexibilidade. Cesar (1998, p. 188) acrescenta que: 26

 

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Neste contexto atual, a flexibilidade do trabalho se dá com base na racionalização da produção e na intensificação do ritmo de trabalho que, na ótica das políticas de gestão, convertem-se em objeto das estratégias empresariais para enfrentar o desafio da competitividade no mercado globalizado. Assim, emergem novas formas de consumo da força de trabalho, mediadas pelo uso de novas tecnologias  do trabalho. e pela disseminação de outro éthos  do

Os profissionais de serviço social se defrontam com exigências de uma nova “cultura de trabalho”, principalmente no segundo setor que requisita integração organizada, habilidade na execução das tarefas e trabalho multidisciplinar na efetivação e no trabalho que deve ser executado. Cesar (1998, p. 126) destaca que: O assistente social, pelo reconhecimento do seu trabalho integrado, é requisito para atuar no segundo setor para satisfazer “necessidades humanas”, contribuindo para a formação da sociabilidade do trabalhador de modo a colaborar na formação de um comportamento produtivo compatível com as atuais exigências como das empresas. Essaspromotor exigências o serviço social é considerado c onsiderado instrumento dasugerem adesão doque trabalha trabalhador dor às novas necessidades destas. Para tanto, refuncionalizam suas demandas profissionais sob o “manto” da inovação e da modernização.

Percebemos, segundo o destaque de Cesar (1998), que, mesmo com o impacto tecnológico nas demandas dos profissionais, estes estão indo além do seu espaço institucional; estão exercendo funções de assessoramento às diretorias de empresas privadas e, por po r que não dizer, às diretorias das organizações da sociedade civil, o chamado c hamado terceiro setor. setor. Há ainda assistentes sociais que desempenham atividades “tradicionais”, mas há profissionais que  já vêm atuando pautados no gerenciamento de pessoal, mesmo sem se desvincular da área de recursos recursos humanos das empresas, marcando sua multifuncionalidade e horizontalização de suas atividades, propiciando confiança, aprendizado e crescimento dos funcionários e colaboradores, que são requisitos importantes para essas empresas. Para tanto, exige-se que o profissional seja qualificado e apresente capacitação técnica, Para técnic a, conhecimento de política pública e privada, conhecimento teórico e esteja qualificado e capacitado, pois lidará com informações somadas a tecnologias, para lidar com gerenciamento e estratégias que busquem aumento na qualidade e na produtividade. Fortalecendo a discussão, apoiamo-nos ainda em Cesar (1998, pp.1 .116). 16). Ele defende que q ue os profissionais devem: Trabalhar, dentro de uma visão holística, holístic a, o indivíduo com suas demandas, por meio de programas, projetos em serviços, numa perspectiva de superação de fetiches e aspectos do senso comum que dificultam a compreensão da 27

 

Unidade I

rotina institucional e o enfrentamento das situações nas esferas da vida: família, trabalho e sociedade.

E acrescenta que o assistente social deve: Perceber as alterações no clima social da empresa, que influenciam diretamente no clima organizacional, tendo condições, a partir destas, de propor estratégias que venham a contribuir de forma positiva para o bom clima da organização. As demandas dos assistentes sociais vão além do espaço institucional, pois os profissionais têm exercido funções como a de consultoria e de assessoria aos membros das diretorias (CESAR, 1998, p.117).

É nesse viés que o serviço social deve se encontrar enc ontrar e exercer sua função social, assumindo competências importantes, como gestar estratégias políticas pol íticas e administrativas. Gentilli (1998, p. 139) nos apresenta a seguinte argumentação para fortalecer a discussão em questão: [...] aos profissionais do campo privado, há sinalização para uma posição menos imobilista. Neste, os profissionais acenam para a possibilidade de criação de alternativas de ação que superem as atuais funções práticas da profissão. Os profissionais assinalam a necessidade de se conduzirem com eficiência e eficácia no desempenho de seu papel profissional de problematizar as políticas sociais, não só em função das demandas dos usuários; das questões postas pela conjuntur conjunturaa e pela formação profissional; mas também respondendo a demandas do empregador por controle e disciplina da força de trabalho, no processo produtivo. É inevitável reconhecer que os ditames da mediação social são melhor compreendidos pelos profissionais que atuam no campo empresarial.

Um bom exemplo é a área empresarial de recursos humanos, que exige e acaba por reforçar a produtividade do profissional no processo produtivo, estimulando-o a acreditar e a participar desse processo que reflete suas escolhas e necessidades. Para tanto, o assistente social precisa compreender que, para fomentar sua ação, deve saber dialogar Para com o ambiente organizacional por meio do conhecimento do clima social que, segundo Chiavenato (1995, p. 77), “refere-se ao ambiente interno das organizações onde o serviço social atua e está ligado e relacionado ao grau de motivação de seus participantes”. participantes”. E é denominado por Luz (1996, p. 21) como sendo: “[...] a qualidade ou a propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada pelos membros da organização; influenciando seu comportamento”. comportamento”. Assim, um estado psicológico e social do indivíduo ou grupo ou comunitário vivenciado é determinado pela sua vivência, decorrente da motivação humana de acordo com o ambiente

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organizacional; o mesmo ocorre nos centros dos espaços organizacionais de laboração com seus funcionários. Hall (2004, p. 204) já expõe que: [...] Num ambiente organizacional existem seis tipos de dimensões que são as tecnologias: política, legal, econômica, demográfica, ecológica e cultural [...], porém a dificuldade encontra-se em diferenciá-las e descrevêlas de maneira útil, pois tal dificuldade acontece porque uma dimensão ultrapassa a outra, não possibilitando que saibamos onde uma começa e a outra termina nos ambientes organizacionais, obrigando o profissional a selecionar quais os aspectos relevantes dessas dimensões para análise e tomada de decisão, fazendo com que as organizações criem, inventem ou construam seus próprios ambientes.

Para que essa criação, invenção e construção aconteçam, segundo Hall, as organizações vêm apoiando-se em modelos de escolas “prescritivas” da estratégia, da abordagem, da dependência de recursos e ecologia da população de forma racional. Ao utilizar a decisão estratégica decorrente da análise racional dos ambientes, obteremos inúmeros vieses de informações do ambiente (DAFT; WEICK, 1987), e a própria racionalidade limitará as tomadas de decisão (SIMON, 1970), mesmo que utilizemos dados ambientais objetivos. Isso ocorre porque as organizações são pressionadas pelos ambientes que impõem demandas técnicas e econômicas, tanto na forma cultural quanto na forma social, a fim de se tornarem, segundo DiMaggio e Powel (1983, p. 77): Homogêneas, que se denomina isomorfismo, sendo este entendido como processo que força as organizações a se modificarem e a se harmonizarem às características e condições do ambiente. Resultando tanto em demandas competitivas técnicas, que assumem um pressuposto racional e enfatizam a competição do mercado, mudanças de nicho e medidas de adequação; quanto em demandas institucionais que fazem com que as organizações incorporem aspectos institucionalizados no âmbito da sociedade, promovendo e garantindo legitimidade às suas ações.

Já Scott (2001), num estudo mais recente, considera que as pressões políticas nascem da crise do desemprego, de práticas inovadoras e da redução dos contribuintes que apoiam as práticas tradicionais e usuais. Oliver (1992) aponta e considera que as pressões sociais ocorrem nas organizações quando estas não são agentes proativas da institucionalização e nem pretendem abandonar e rejeitar o tradicionalismo institucional, não aceitando as mudanças que ocorrem nas leis, história e até mesmo nas expectativas societárias, desencorajando ou proibindo uma nova prática institucional. Levando em consideração os apontamentos dos autores, a análise de pressões permite ao profissional do segundo setor, incluindo o do serviço social, a identificar forças que causam essas

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pressões e a formação de um campo. Nesse sentido, devemos, principalmente, para fomentar a ação do assistente social, recorrer aos stakeholders para que se possa identificar as informações corretas e gerar elementos para uma análise mais abrangente que fortalecerá a ação profissional. Observação Stakeholder  

faz menção aos grupos de interesse com os quais a organização se relaciona e que são afetados por suas atividades: funcionários, acionistas, fornecedores, comunidade, governo etc. Recorrendo ao ambiente organizacional, é possível criar um clima. É por isso que o profissional de serviço social deve se direcionar a um novo rumo à prática do assistente social que é: Focar o trabalho profissional como partícipe de processos de trabalho que se organizam conforme as exigências econômicas e sociopolíticas do processo de acumulação, moldando-se em função das condições e relações específicasememque quese se realiza, aso trabalho quais nãodosão idênticas em todos os contextos desenvolve assistente social (IAMAMOTO,, 2001, p. 95). (IAMAMOTO

Portanto, significa dizer que o exercício independe da profissão, mas o serviço social dispõe de autonomia, compromisso com valores e princípios éticos que norteiam a ação profissional, disposto no Código de Ética Profissional, não se engessando ao ambiente e ao clima impostos pela organização em que atua. É necessário, ainda apoiando-se em e m Iamamoto (2001, p. 1114), 14), que o assistente social saiba: Decifrar os determinantes e as múltiplas expressões da questão social, eixo fundante da profissão, é um requisito básico para avançar na direção indicada. [...] Pois, a expressão da questão social é o processo de produção e reprodução da vida social na sociedade burguesa, da totalidade histórica concreta [...], que se orienta no sentido de captar as dimensões econômicas, políticas e ideológicas dos fenômenos que expressa, a questão social [...].

No campo empresarial, além da área de recursos humanos, observa-se a expansão de um novo tipo de ação profissional, conhecida como com o “empresa cidadã” ou “empresa solidária”, que investe eem m projetos sociais comunitários considerados de interesse público. Outro campo de destaque é a gestão social pública que se abre a um conjunto de especializações profissionais e que indica a tendência de se aplicar a qualificação profissional no mercado de trabalho competitivo que exige níveis de aperfeiçoamento na formação acadêmica e profissional.

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São nesses espaços de ambiente e climas ocupacionais que o assistente social se depara com as portas abertas desde que o profissional apresente-se com o perfil descrito acima e venha marcando território em processos organizacionais e na formação política de segmentos diferenciados de trabalhadores. Segundo dados extraídos do site  do  do CFESS, os profissionais vêm atuando em: • realização de consultorias em gestão pública, meio ambiente e/ou responsabilidade social e supervisão técnica; no campo da política pública, movimentos sociais e no campo empresarial; • contribuição na formulação, gestão e avaliação de políticas, progr programas amas e projetos sociais; • atuação na instrução de processos sociais, sentenças, decisões, especialmente no campo social e  jurídico; • realização de estudos socioeconômicos e orientação a indivíduos, grupos, famílias, principalmente nas classes subalternas, impulsionando a mobilização social desses d esses segmentos; • humanos, realização perícia de práticas em vários temas, como: sexualidade, movimento social, direitos social,educativas entre outros; • formulação e desenvolvimento de projetos projetos de pesquisas e de atuação técnica; • realização de atividades na docência acadêmica universitária, universitária, direção, coordenação e supervisão; • participação em orçamentos participativos, conselhos que deliberam e fiscalizam a política pública, capacitam conselheiros de outros saberes, elaboram planos de assistência. Para tanto, é necessário e merece destaque, novamente, que o profissional de serviço social, independente do ambiente organizacional: Realize um trabalho que zele pela qualidade dos serviços prestados e pela abrangência no seu acesso, o que supõe a difusão de informações quanto aos direitos sociais e os meios de sua viabilização [...], pois o assistente social dispõe de relativo poder de interferência de critérios técnico-sociais que regem o acesso do público-alvo aos serviços prestados pelas instituições, organizações organiza ções sociais e privadas (IAMAMOTO (IAMAMOTO,, 2001, p. 145).

Cabe ainda ressaltar que, para fomentar a ação profissional no cenário competitivo do mercado de trabalho, os assistentes sociais devem ser se r comprometidos e capazes de sintonizar sinto nizar com o ritmo das mudanças no cenário social contemporâneo em que tudo que é “sólido desmancha no ar” (IAMAMOTO, 2001, p. 145). Assim, os profissionais devem se inserir como pesquisadores nesse contexto, e investindo em sua formação intelectual e cultural para acompanhar melhor as mudanças que ocorrem, extraindo potenciais propostas de trabalho, transformando-as em “novas” alternativas profissionais.

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Unidade I

2 AS TENDÊNCIAS NA ÁREA DE GESTÃO E A CONTRIBUIÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL A sociedade do século XXI tem sido fortemente marcada pelas desigualdades socioeconômicas e devastada pelo desemprego devido ao cenário neoliberalista. A área social foi a que mais sofreu com esse enorme impacto para defender-se do Estado-mínimo, que seleciona as políticas sociais naturalizadas. Desde então, esse modelo está vigente em nossa sociedade e origina a crise que assola os países desenvolvidos, desde 2008. Uma transição do modelo de Estadomínimo para um Estado interventor é sinalizada como forma de buscar novas formas de acumulação de bens, fazendo com que o Estado mude sua estratégia de ação frente à economia e ao social. Isso conteria os impactos das crescentes crises e, assim, o Estado continuaria a ser vinculado ao sistema capitalista. Para melhor compreensão, retomaremos um pouco da história socioeconômica no Brasil. No final da década de 1970, o neoliberalismo se instalou por aqui e entraram em cena alguns atores sociais. O crescimento gigantesco de instituições privadas e da sociedade civil (ONGs) fez com que elas passassem a intervir no social, desenvolvendo políticas p olíticas sociais nas mais diversificadas expressões da questão social. Já na década de 1980, especificamente em 1988, colocava-se um fim na ditadura militar com a promulgação da Constituição Federal que garante os direitos constitucionais da população brasileira. Contudo, encontrávamo-nos no auge do neoliberalismo e, em contradição, o Estado não atendia às demandas sociais de forma universalista, conforme preconiza a Constituição Federal de 1988: uma contradição! Assim, surgiram cooperativas e associações no final da década de 1980 e início de 1990 para responder às demandas sociais e com a alegação de que o Estado não abrangia totalmente as exigências sociais. O Estado passou a defender o surgimento de organizações da sociedade civil, alegando que dividiria a responsabilidade das demandas sociais com esse setor e que seria o responsável por financiar as intervenções do terceiro setor, o que seria uma terceirização dos serviços públicos. Logo, as empresas privadas passaram a intervir também nas demandas sociais como forma de buscar um perfil mais comunitário, rendendo-lhes credibilidade e visibilidade. Contudo, o Estado deixou de ser o principal princi pal ator nos atendimentos às demandas sociais, que sempre foi e é de sua responsabilidade, e passou a fornecer condições para que as empresas privadas e as organizações não governamentais atuassem de forma complementar às suas ações. Cabe ressaltar que a sociedade civil deve cobrar esse posicionamento do Estado para que ele se responsabilize pelo que é seu dever, caso contrário a população civil estará fortalecendo o sistema neoliberal e perdendo gradativamente os direitos estabelecidos na Constituição Federal de 1988, além de andar na contramão da cidadania. Para entender melhor, há três esferas de intervenção social: o Estado (primeiro setor); iniciativa privada (segundo setor); e organizações não governamentais (terceiro setor). Veja a seguir o quadro

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explicativo que faz uma análise das distinções e semelhanças dessas esferas, de como se compõem os recursos que os sustentam e de como são destinados: Quadro 1 − Análise das distinções distinções e semelhanças das tr três ês esferas de go governo verno

Origem dos recursos

Destinação recursosdos

Esferas de intervenção (setor)

Recursos públicos: originários de impostos, tarifas públicas e multas.

Bem-estar coletivo (serviços de atendimento ao público gratuitamente e gestão)

1º setor

Estado (Poder Público)

Recursos pa particula larres: ffoontes pprriv ivaadas. Neg Negóci cioos vviisam aaoo lu lucro

2º se setor

Empresas ppri rivvadas

Recursos mistos: repasse de verba por meio de cofinanciamento dos recursos públicos para atendimento à demanda e de fontes privadas particulares (serviços de atendimento ao público...). Negócios visam ao lucro.

3º setor

Organizações não governamentais

Idem ao 1º setor

Denominação

Fonte: Santana (2008, p. 28).

Percebe-se, por meio do quadro, que as intervenções na área social diversificaram-se e tornaram-se complexas, comple xas, por isso a gestão social é a “bola da vez” vez”.. O Estado, as empresas e as ONGs vêm intervindo na área social, mas defrontam-se com a falta de conhecimento político, técnico e teórico. Cada esfera realiza a seu modo a intervenção, apresentando interesses antagônicos ao gerir, administrar e efetivar programas, planos e projetos sociais por meio de políticas públicas ou sociais. Independente de quem é o gestor, a gestão do social vem gerindo com o mínimo de recursos e realizando sob a ótica do neoliberalismo mesmo quando se busca metodologias de gestão social. Mas qual o significado de gestão? Gestão é um termo que se derivou da administração e sua finalidade é a de governar as organizações ou parte delas. Envolve, segundo Maximiano (2000), comando (para manter os trabalhadores em atividade), coordenação (para unificar e harmonizar as atividades e esforços dos trabalhadores), controle de recursos organizacionais (para cuidar das atividades realizadas e se elas se encontram de acordo com os planos, além de manter a ordem), planejamento (para traçar planos a médio e a longo prazo) e organização (para montar a estrutura material e humana para realizar o empreendimento que se deseja), sempre priorizando a eficiência e a eficácia dos objetivos estabelecidos. gestãodenão é somente e, umeminstrumento paraa atingir objetivos gerir recurso, ela assume um Acaráter racionalização conjunto com perspectiva social,e envolve a participação eo empowerment  dos  dos sujeitos sociais, foco principal do profissional de serviço social.

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Unidade I

 Observação

“[...] empowerment é o empoderamento, a politização, o fortalecimento do sujeito, individual ou coletivo [...]” (FALEIROS, 1999, p. 63). Conforme vimos anteriormente, a gestão derivou-se da administração, mas é a gestão na perspectiva social que envolve a participação e o fortalecimento dos cidadãos. Portanto, fica claro que o serviço social enquadra-se na gestão social e não na gestão administrativa. A gestão administrativa diz respeito à competitividade, isto é, foca nos lucros e nas produções e utiliza-se do empreendedorismo empresarial, por isso apresenta um caráter de racionalização. Já a gestão social está voltada ao empreendedorismo social, o que significa dizer que está focada na efetividade, eficiência e na eficácia das ações. Observação

Empreendedorismo social é uma ação inovadora que ocorre à medida que se faz uma leitura da realidade local. A partir disso se elaboram alternativas de enfrentamento dos problemas sociais. Trata-se de um negócio social entre a sociedade civil em parceria e envolvimento do governo, das empresas privadas e da comunidade. Fica claro porque, ao realizar uma intervenção, os profissionais devem articular-se em redes e estar atentos às dimensões da gestão: é necessário abranger o técnico-operativo, psicossocial e o caráter político-institucional para não cair no erro de gestão de forma administrativa, em que o foco é o produto e o lucro. Nesse sentido, a gestão social, seja no primeiro setor, no segundo setor ou no terceiro setor, deve pautar-se na busca da emancipação e da autorrealização na vida social, como também na conscientização das potencialidades individuais e/ou coletivas. Segundo Tenório (1998, p. 09), “gestão social é um conjunto de processos sociais e deve ser gerenciada entre os atores, sem caráter burocrático e através da participação social e política”. política”. Paraa melhor entender, apoiamo-nos em Maia (2005, p. 2), que reitera: Par A gestão social é construção histórica e social, constituída da tensão entre projetos societários desenvolvimento em disputa no contexto atual. os Assim, a gestão social de é concebida e viabilizada na totalidade do movimento contraditório contraditório dos projetos societários, por nós concebidos como desenvolvimento do capital e desenvolvimento da cidadania. Essas duas

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referências de desenvolvimento apontam para distintas perspectivas de gestão sociais, que se constroem também nesse movimento contraditório.

Significa dizer que gestão social está fortemente ligada a ações sociais de caráter público, que visam à amplitude da cidadania dos sujeitos sociais, seja em forma de projetos, programas ou planos sociais, em resposta às demandas que surgem para o assistente social. É por meio da gestão social que o assistente social no papel de gestor efetiva o acesso aos bens e serviços sociais disponíveis, apoiados em compromissos ético-políticos. O tema gestão é bastante recente e seu foco são as intervenções organizacionais por meio de ações em vários campos sociais e nas três esferas de intervenção (primeiro, segundo e terceiro setores). O serviço social, desde a década de 1990, segundo Iamamoto (1999, p. 126), vem formulando, avaliando e criando propostas em todos os níveis das políticas sociais e de organizações da sociedade civil. Com isso, construiu um referencial relacionado à gestão, denominado gestão social. Para tanto, o serviço social passou a dialogar com outros saberes da ciência para formular interdisciplinarmente a gestão social sob a ótica do serviço social. Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a interferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas mensagens (BARDIN, 1977, p. 41). Nessa construção, o serviço social desenvolveu dois momentos para o processo de análise, segundo Minayo (2004): 1º − Análise temática: estudo, apropriação refinamento de conteúdos sobre o tema gestão social. 2º − Análise das relações: relacionar os conteúdos apreendidos, partindo para identificações similares sim ilares e diferentes do grande tema e seus subtemas. Maia (2005, p. 12), a partir desses dois elementos de análise, compôs comp ôs um quadro analítico-propositivo.  Veja a seguir, seguir, com as seguintes categorias ou subtemas e respectivas referências.  Valores  (axiologia): princípios referenciais que inspiram e dão direção às construções teórico-

práticas da gestão social. Propósitos  (teleologia): finalidades ou intencionalidades para onde se quer chegar com a gestão

social. Focos  (epistemologia): referências teóricas que dão sustentação à perspectiva explicativa e propositiva da gestão social. Agentes (ontologia): pessoas e organizações que protagonizam o processo da gestão social.

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Unidade I

Locos e metodologia  (praxiologia): o loco delimita o território ou o campo de viabilização da

gestão social. A metodologia constitui-se do caminho, das ideias e dos instrumentos balizadores para a viabilização da gestão social. Quadro 2 − Análise temática Autor

Tenório

Singer

Carvalho

Dowbor

Fischer

Direitos de cidadania e equidade.

Justiça, bem-estar social, desenvolvimento humano e democracia.

Ética da responsabilidade e democracia.

Realizar ações sociais públicas para responder às demandas e necessidades da população.

Transformar o desenvolvimento, atividade econômica como meio e bem-estar social, fim do desenvolvimento.

Gerir processos sociais ou processos de desenvolvimento social, com relações de poder, conflito e aprendizagem.

Ciências Sociais, Ciência política, Economia e Serviço Social.

Economia, Ciências Sociais, Ciências Políticas, Teoria da Administração, Organização, pesquisa Ciência Política, História, Psicologia, Teorias da Educação, social, Administração, teorias Ciências Sociais, do desenvolvimento; Ciência Jurídica, proposta préciência tecnológica; paradigmática, paradigma em -epistemológica e construção. praxilológica.

Projetos, programas e políticas sociais; sociedade; e Estado.

Políticas públicas; Espaço local, Organizações Organizações estatais, empresariais Interorganizações eeredes. e da sociedade civil.

Categoria

 Valores

Democracia, cidadania,  Vida, democracia e convívio, respeito trabalho. e diferenças. Implementar processos sociais para a ação gerencial em vista da democracia e da cidadania.

Desenvolver ações para o enfrentamento às necessidades da população a partir do trabalho e da renda.

Focos

Administração, Administração pública, política e Ciências Sociais.

Economia, administração, política, Ciências Sociais e associativismo, cooperativismo e autogestão.

Locos

Políticas econômicas, ONGs e políticas Governo/Estado e públicas. Organizações de trabalhadores.

Propósitos

Empresários,

Agentes

Trabalhadores da administração pública, população.

Organizações populares; ONGs; universidades e governo.

Sociedade civil/ população usuária; Estado, nas diferentes esferas.

administradores públicos, políticos, ONGs, sindicatos, pesquisadores, movimentos sociais, universidades e representantes comunitários.

Indivíduos, grupos e coletividades, Estado, mercado e sociedade civil.

Processos sociais, Governança política mediações: conflito Gestão em rede, integrada e coerente, e educação,poder, governança, empoderamento, empoderamento planejamentos. Locais articulação entre Processos sociais; Economia solidária dos sujeitos, e transescalares, articulação entre e outras estratégias; parceria, controle, social e econômico, o financiamento. Redes: público e o privado, os atores; Metodologia projetos e açõs individuais e autogestionárias e técnicas de programas sociais, o Estado, o mercado coletivas; organizaçõs políticas públicas. e a sociedade civil, gestão. governança, de aprendizagem; descentralização, intersetorialidade negociação e construção de identidade e transparência. e legitimidade e publicização. efetividade social. Fonte: Maia (2005, p. 12).

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Fica evidente que a gestão social para serviço social, segundo estudo de Maia (2005, p. 15), “é um conjunto de processos sociais com potencial viabilizador do desenvolvimento societário emancipatório e transformador”, pois se funda em formação, práticas e valores da cidadania e da democracia para enfrentar as demandas e garantir os direitos civis e universais preconizados na Constituição de 1988. Ela é um campo fértil de conhecimento interdisciplinar, já que há um diálogo entre saberes científicos. Portanto, compreende-se que o serviço social, como mediador, afirma nessa construção da gestão social a sua práxis, apoiado nas dimensões teórico-metodológicas, técnico-operativas e ético-políticas, que materializam os valores da cidadania e da justiça social.

2.1 O papel do gestor social Desempenhar um papel de gestor social é bem diferente do gestor empresarial. emp resarial. O gestor social prima pela cidadania, participação e acesso dos indivíduos. Para tanto, o assistente social deve ter habilidades técnicas de intervenção, de articulação em rede e negociação; ne gociação; enquanto o gestor empresarial visa apenas ao lucro e à produtividade de sua organização, mesmo quando esses espaços promovem ações sociais. Cabe ressaltar que o gestor social deve compreender e saber realizar uma leitura das questões sociais no contexto socioeconômico e político presente no Ele cenário para que, criativamente, no sentido de transformação social. deve contemporâneo ter liderança e saber atuaraoemgerir, redefaça-o e em equipe de forma descentralizada, pois seu grande desafio é o de produzir resultados para a sociedade, tendo em vista ações que alcancem objetivos para a melhora na qualidade de vida de seus usuários e no espaço organizacional em que atua, apoiado em planejamentos estratégicos e organizacionais para fundamentar sua ação. Para tanto, os gestores precisam de habilidades fundamentais, conforme já citado anteriormente. Elas são: • habilidade técnica: como o próprio nome já diz, o profissional necessita de conhecimento técnico para executar de forma coerente às atividades específicas especí ficas que lhe cabem; • habilidade humana: apresentar liderança e saber atuar em equipe, além de ter aptidão para trabalhar com diversas pessoas, cooperar com outros profissionais, atuar em parceria e saber delegar com ética. Segundo Santana (2008), faz-se necessário considerar cinco tópicos extremamente importantes para desempenhar um papel de gestor social, que são: • possuir agendas sólidas; • saber e estar disposto a compartilhar poder; • ser um facilitador, facilitador, ou melhor, melhor, ser um dirigente-servidor, isto é, aquele que não apresenta respostas, mas, ao realizar um questionamento, iguala-se aos demais de mais profissionais;

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Unidade I

• apresentar a mesma intenção do grupo; • ser um facilitador efetivo no processo de gestão. Observação

O facilitador não fornece respostas, entretanto, questiona com o intuito de diferenciar a participação do grupo e para que o grupo evidencie ideias criativas. Por ser um campo novo e desafiador, a gestão social apresenta alguns entraves que dificultam sua efetivação técnica e política. Um exemplo são os programas sociais ditados pelo primeiro setor, que deixam o terceiro setor à mercê de suas diretrizes, envolvendo muitos atores sociais e organismos, além da burocracia que está presente nos órgãos públicos. Contudo, isso vem sendo constante também no terceiro setor, setor, quando os profissionais necessitam efetivar e fetivar prestações de contas, preencher relatórios de monitoramento e avaliação. Não que esses procedimentos deixam de ser importantes, pois são eles que apontam resultados do trabalho, acumulação de afazeres devido à burocratização dos serviços decorrente da falta deentretanto, um sistemahádeuma informação funcional. Necessita-se, portanto, de mudanças na gestão de políticas sociais, tais como: a efetiva descentralização/municipalização; mais participação popular nos espaços de formulação e fiscalização de políticas públicas, como em conselhos municipais; e parcerias entre o primeiro, segundo e terceiro setores e as associações comunitárias para fomentar a execução de programas, projetos e serviços sociais existentes, potencializando os recursos e as capacidades das instituições e da comunidade local, além de mostrar transparência na gestão.

2.2 As ferramentas de gestão social Para desempenhar uma gestão transparente e coerente se faz necessária a utilização de algumas ferramentas (instrumentos) que auxiliem na função de gestor, cujo desempenho do papel gerencial e político é o responsável pela execução das políticas dos espaços organizacionais. É necessário que o gestor siga uma lógica processual, por meio de etapas de um processo contínuo e permanente: 1º − Conhecer a realidade, que consiste na análise situacional do ambiente, isto é, conhecer a realidade social em que estão inseridos seus atores e sua rede. 2º − Realizar diagnóstico e prognóstico dos indicadores da realidade social e suas influências influênc ias externas e internas. 3º − Decidir sobre a realidade diagnosticada, isto é, procurar alternativas para enfrentar a situação; planejar estrategicamente para buscar alternativas para realizar sua ação; avaliar e decidir sobre os recursos existentes e disponíveis. Nessa etapa, fique atento aos objetivos, metas, metodologia, prazos, indicadores de resultados, avaliação, monitoramento e instituições envolvidas.

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4º − Implementar o que q ue foi planejado, isto é, partir para a ação respeitando os prazos estabelecidos. 5º − Realizar crítica frente ao resultado obtido, no final de cada avaliação (que deve ser feita periodicamente, a critério do que foi planejado) que ocorrerá durante o processo. Nesse tópico, as situações podem mudar se pensarmos nas respostas e informações dos stakeholders , principalmente os externos. Essa crítica fortalecerá as ações já planejadas e/ou fundamentará novas ações. Se o gestor obtiver um norte por meio das ferramentas operacionais, sua ação será transparente e com poucos obstáculos a serem enfrentados, além de solucionar possíveis imprevistos e conflitos que poderão ocorrer. ocorrer.

2.3 A importância da descentralização na gestão social Conforme vimos anteriormente, a descentralização se faz necessária para gestão social, pois oferece transparência no poder decisório do gestor: de decisão, política e de serviços. Vejamos a seguir cada processo. A descentralização no isso, processo de decisão, como o próprio nome diz, ao gestororganizacional autonomia na tomada de decisões. Para ele precisa buscar respostas de acordo comoferece a sua realidade e política para os seguintes questionamentos que deve se fazer: o que o gestor pode decidir? Com que recursos administrativos e políticos o gestor pode contar para realizar bem sua função? Que influências o gestor tem nos processos de decisão em relação aos níveis superiores a si? A descentralização no processo político diz respeito ao poder que influencia as pessoas e é nesse momento que o gestor deve analisar os graus de envolvimento dos sujeitos sociais cidadãos com a comunidade, com a organização/instituição, com a política social e com os o s representantes políticos. Nesse processo, o gestor precisa buscar respostas para as seguintes perguntas: existe algum envolvimento envol vimento dos cidadãos na gestão e como acontece esse envolvimento? envolvimento ? Qual a relação entre os políticos, a comunidade e a unidade descentralizadora? E, por fim, a descentralização no processo de serviços, que diz respeito à prestação de serviços compartilhada entre os setores que compõem a unidade descentralizadora. Nesse processo, o gestor deve se perguntar: que serviços podem prestar à administração? Como se dá a relação entre os internos da organização e os serviços da rede envolvida? A descentralização na gestão se faz importante, pois evita possíveis obstáculos e entraves, além de articular a gestão intersetorialmente e fomentar a participação cidadã.

2.4 Rede: alianças e parcerias no intuito de fomentar a gestão social O serviço social atua em diferentes áreas de intervenção do primeiro, segundo e terceiro setores, tais como: família, pessoa com deficiência, deficiê ncia, idoso, habitação, crianças e adolescentes, saúde, previdência, assistência social e empresas.

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Mesmo que não haja relação direta das ações entre os setores de atuação do assistente social, o público-alvo é o mesmo, ocorrendo, muitas vezes, duplicidade nos atendimentos à população e fragmentação dos recursos e serviços não gerando os resultados esperados pelos profissionais. Essa dificuldade em intervir em rede ainda acontece porque as políticas sociais caminham separadamente e são poucas as iniciativas de profissionais em estabelecer trabalhos em rede, ocorrendo apenas tímidas parcerias institucionais entre o primeiro e o terceiro setores que têm a maior gama de atendimento do mesmo público. O que significa que há uma tentativa em se “montar” uma rede de parcerias nos atendimentos, porém essa rede frágil não estabeleceu ainda uma intersetorialidade entre as diferentes políticas. Um bom exemplo é a rede de serviços de atendimento que atuam com o segmento de crianças e adolescentes, especificamente em situação de rua. Essa atuação ocorre de forma interinstitucional entre ONGs com o Conselho Tutelar, o Ministério Público, a Vara da Infância e da Juventude, a saúde e com a educação, e não de forma intersetorial como deveria ser para obtenção de resultados. Conforme já foi discutido anteriormente, é necessário apontarmos novamente que os novos princípios da gestão edeapolíticas sociais sejam defendidos e inter-relacionados. São eles: efetivação da descentralização municipalização das políticas sociais; a participação cidadã emaespaços de formulação e fiscalização das políticas sociais; e uma parceria fortalecida entre o poder público e as instituições da sociedade civil na execução de programas, projetos e serviços. A concepção de rede entre os espaços organizacionais deve acontecer de forma intersetorial, com alianças e articulada entre organizações, pessoas jurídicas e pessoas físicas. Desse modo ocorrerá uma relação que tenha como finalidade estabelecer a canalização de interesses comuns para resolvê-los. A parceria entre o Estado e as demais organizações é uma demanda elevada e de suma importância no planejamento, seja na operacionalização de bens e serviços, seja na gestão social. As políticas sociais se operacionalizam por meio de diversos programas, projetos e serviços, que podem ser de natureza intersetorial ou setorial e ter abrangência nacional, estadual, municipal, regional e local. Devido a esse caráter, as parcerias (interinstitucional ou intersetorial) são importantes para que a política social se efetive e some forças para obter melhores resultados por meio de alianças. Sposati (2006, p. 33) coloca que a gestão intersetorial: [...] possui limites e possibilidades em sua aplicação [...] e a intersetorialida intersetorialidade de não pode ser considerada antagônica ou substitutiva da setorialidade. A sabedoria reside em combinar setorialidade com a intersetorialidade. 

Segundo a autora, intersetorialidade se faz necessária e é viável nas políticas sociais, mas não pode ser um termo contrário à setorialidade, pois ambas se completam e não se excluem.

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A intersetorialidade tem seus limites e, por isso, necessita de combinações e complementos entre a setorialidade, a territorialização, a democratização, a participação e a intersetorialidade, já que esses elementos somados apresentarão resultados positivos. Cada organização e/ou setor tem sua especificidade, e realizar parcerias e redes entre cada setor, somadas aos complementos, como a participação, a territorialização e a democratização, resulta em intervenções sociais sólidas e amplas, que alcançarão eficiência, efetividade e eficácia nas ações profissionais, além de potencializar políticas, programas, projetos e serviços sociais.  Você deve estar se perguntando: e a atuação em rede rede no segundo setor? O que motiva as empresas ditas ‘cidadãs” e “solidárias” a investir inve stir financeiramente na área social? Para melhor compreensão, devemos sempre pensar que as empresas visam aos lucros e à produtividade. Com as mudanças no cenário socioeconômico e político na contemporaneidade, as empresas vêm sentindo essas rápidas transformações e os impactos que elas causam, o que impulsiona o mundo corporativo e a sociedade civil. Esta cobra dos espaços organizacionais um maior compromisso social por parte das empresas, sejam elas mistas, estatais ou outras, fazendo pensar mais na melhoria dos produtosnaelógica serviços a dar respostas Devido as empresas, para manterem-se na competição do emercado, passaramsociais. a se voltar paraa oisso, social. Austin (2001, p. 23) afirma que: A magnitude e a complexidade de nossos problemas sociais e econômicos estão aumentando, e esses problemas estão sobrejulgando as capacidades institucionais e econômicas das organizações com ou sem fins econômicos de, isoladamente, lidar com eles.

Nesse ponto de vista fica evidente que as desigualdades sociais vêm se exaltando e as demandas sociais por intervenção estimulam as organizações do segundo setor a oferecerem respostas decisivas a essa realidade exaurida. As parcerias e as alianças são uma alternativa positiva para o primeiro, segundo e terceiro setores, como também para a população usuária desses serviços, pois os espaços de organização se interrelacionam cada qual com sua lógica. lógic a. Para isso, é preciso fortalecer a intercomplementação dos recursos e das capacidades entre os espaços organizacionais, enquanto a aliança social estratégica e stratégica caracteriza-se como uma parceria. Segundo Noleto (2000, p. 24): A aliança entre organizações atua de formas independentes diante de uma determinada questão e decide fazê-lo conjuntamente, motivadas pela consciência da magnitude e da complexidade da ação a ser empreendida e, principalmente, pela constatação de que as organizações aliadas compartilham crenças e valores, pontos de vista e interesses que levam a

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Unidade I

ter um posicionamento estratégico comum diante de uma determinada realidade.

Decorrente do cenário competitivo do mercado de trabalho neoliberal, as organizações vão se tornando complexas devido à concorrência sucedida pela pe la globalização, exigindo dos mercados estratégias de sobrevivência; por isso a importância de alternativas de parcerias entre os espaços organizacionais para que juntos encontrem uma solução plausível para essa complexidade.  Voltemos, então, então, um pouco na História para fomentar tal discussão. Desde a década de 1980 até os dias atuais, as organizações vêm investindo no social, financiando ações e executando projetos sociais que denominam de responsabilidade social e/ou preocupação com o meio ambiente. Mesmo que estejam conscientes de que devem atuar no social, cabe ressaltar que há interesses embutidos nessas ações. Segundo Austin (2001), as empresas em parceria procuram gerar benefícios significativos ao investirem em esquemas de cooperação bem-administrados com o objetivo de beneficiar a identidade de sua marca e reputação, bem como reforçar a ideia de que os funcionários devem ter mais compromisso com sua função e cargo para que se revelem oportunidades de negócios e fontes de receita. Nesse sentido, podemos afirmar que, muitas vezes, o propósito do segundo setor se dá: • No aumento da preferência do cliente à empresa. • Com a melhoria na imagem e boa reputação no sentido de gerar marketing   social, além de beneficiar a comunidade para gerar o seu negócio. • Ao promover uma identidade de marca, por meio de suas ações ações no âmbito social, para favorecer favorecer seus produtos. • Ao criar uma “cultura “cultura social” e uma cultura corporativa, corporativa, o que consiste em estimular os valores da empresa, motivando os funcionários a atuarem em equipe para favorecer o seu sucesso. • Ao empregar funcionários que apresentem uma identidade social segundo os valores da empresa empresa e que almejem atuar em lugares que apresentem um caráter de “empresa cidadã” e atue em comunidades. Assim, o retorno que a empresa que investe em cidadania e responsabilidade social em comunidades e no terceiro setor obterá será concreto. Em tempos anteriores, o Estado (primeiro setor) era o maior provedor de recursos financeiros para o terceiro setor. setor. Contudo, esses financiamentos e recursos foram ficando escassos, pois desde a década de 1980 inúmeras ONGs foram criadas , motivadas pelos movimentos sociais que entendem e ntendem a falta ação do Estado para com a grande massa populacional que se encontra em vulnerabilidade psicossocial.

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Como esses espaços da sociedade em crescimento, que atuam “cobrindo” a deficiência do atendimento do Estado (primeiro setor), o segundo setor passou a reconhecer que necessitava ser socialmente responsável. Em parceria com o terceiro setor, passou a financiar projetos e programas, impulsionando as ações desenvolvidas pelo espaço organizacional que realiza com autonomia ações de atendimentos às demandas sociais. Tal parceria fez com que o terceiro setor pudesse: p udesse: • reduzir custos operacionais, operacionais, como serviços serviços,, instalações, aluguel etc.; • aumentar, aumentar, em escala, sua atuação, abrangendo abrangendo outros espaços de atuação: regional e até mesmo nacional; • unir forças com o primeiro e o segundo setores, no sentido de cooperar e atuar em rede, além de reunir confiança, conhecimento ou poder político; • aumentar sua receita, ao realizar captação de recursos para garantir o funcionamento e a sobrevivência da instituição. Enfim, com as parcerias firmadas, o terceiro setor administra e conquista mais credibilidade para atuar de acordo com as demandas sociais que batem em sua porta. Já para o Estado, firmar parcerias e alianças com as empresas privadas e com as organizações não governamentais é uma questão de estratégia, decorrente dos cortes e gastos da área social, podendo dividir responsabilidades e até mesmo diversificar suas ações. Sob a justificativa de falência e insuficiência do primeiro setor para intervir nas demandas da área social, a única saída para o Estado é dividir responsabilidades com o segundo e o terceiro setores. É nesse contexto que Austin (2001, p. 58) aponta que: A sociedade não pode mais olhar para o Estado como sendo o principal solucionador de problemas. A confiança no governo e nos políticos diminuiu e os limites que o Estado tem em intervir foram reconhecidos reconhecidos.. Isso desencadeou uma maciça transferência das funções sociais do nível federal para os níveis locais e do setor público para o setor privado [...]. Realmente, o discurso de insuficiência estatal embasou e fomentou a entrada dos demais setores da área social, ocasionando uma maciça transferência das funções sociais, que, até então, eram exigidas do nível federal, agora se passa para os níveis locais e sob a gerência de empresas e ONGs. [...] À medida que a massa do povo se torna mais complicada e a identidade dos responsáveis menos transparente, a cooperação emerge como um novo mandato.

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Na afirmação anterior fica evidente que o Estado passou a disponibilizar recursos para que os demais setores invistam na área social, descentralizando as demandas sociais e dividindo as pressões dos serviços públicos e universais. Finalizando este tópico de discussão, nota-se que os interesses para firmar parcerias e alianças são inúmeros, mas ressaltamos que eles são necessários para fundamentar os serviços e ampliar as intervenções sociais. Lembrete

A Lei nº 9.790 dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.

2.5 A gestão social e o serviço social social, apostando no A seguir referenciaremos os profissão. teóricos doPara serviço a gestão direcionamento ético-político da tanto,social se fezsobre necessário abordar teóricos de outras áreas do saber para fomentar a ligação entre os saberes e os conhecimentos científicos com a visão crítica do serviço social.

No que diz respeito à visão crítica do serviço social, apoiaremo-nos nas ferramentas técnicooperativas da gestão. A gestão social, no ponto de vista do serviço social, busca uma constante ampliação e efetivação da cidadania. Nesse sentido, citaremos novamente Maia (2005, p. 2), que expõe: Dadas as condições postas e impostas pelo projeto de desenvolvimento hegemônico, reconhecemos que a gestão social, também hegemônica, se constrói fundada nas suas perspectivas, podendo ser facilmente identificada como gestor contra o social. [...] A gestão contra o social apresenta-se como estratégia tecnológica e instrumental, viabilizadora da qualificação, eficiência do trabalho e organizações do campo social, afirmadores do capital e não da cidadania.

Nessa perspectiva, a gestão do social está contra o social, conforme nos coloca Maia, defendendo um projeto societário imposto que tem em suas bases a acumulação de riqueza e o sistema capitalista neoliberal, no qual estamos inseridos e que produz questões sociais do capital versus  trabalho.  trabalho. Com a infiltração do segundo e do terceiro setores na área social, fica subentendido, conforme vimos anteriormente, que o Estado está falido por não “dar conta” das demandas sociais. Esse pensamento pertence à ideologia neoliberal na tentativa de minimizar minimi zar ações estatais de caráter público preconizadas na Constituição Federal de 1988.

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Assim, o Estado-mínimo busca intervir o mínimo possível e difundir ideias e ações de interesse,  justificando o sistema neoliberal. Um bom exemplo disso é a área da saúde e suas ênfases nos planos de saúde como forma de solucionar a precarização da saúde pública, deixando implícito nas entrelinhas que o poder privado (segundo setor) está mais eficaz e apresenta melhor qualidade para gerenciar o público. Essa é mais uma ilusão do neoliberalismo, fazendo com que a população arque duplamente com os custos da saúde: ao pagar os planos de saúde das d as empresas privadas e ao pagar impostos para melhori melhoriaa da saúde pública. Com o retrocesso estatal na área social e a entrada das organizações empresariais e da sociedade civil em cena, Berghin (2005, p. p . 42-43) afirma-nos, resumidamente, que: Os caminhos percorridos até o momento revelam que o ativismo social empresarial tem relação direta com a reestruturação produtiva que vem ocorrendo no país nos últimos 20 anos. Essa reestrutur reestruturação ação tem contribuído para dramatizar dramatizar a questão social, e o setor privado lucrativo tem procurado suas próprias respostas para enfrentar esse crescente “desequilíbrio social”. social”. Essas respostas se ancoram na sua crítica à inoperância do eEstado e das instituições políticas em cumprir responsabilidade social na aposta de uma nova contratualidade contratualidade não baseada nos direitos sociais. As ONGs, por sua vez, contribuem para fragilizar o Estado democrático e, consequentemente, para retirar retirar da arena política e pública os conflitos distributivos e a demanda coletiva por cidadania e igualdade.

Assim, o Estado abre caminhos ao financiar o terceiro setor e conceder incentivos fiscais para as empresas privadas exercerem o “papel cidadão”, descaracterizando os direitos sociais, realizando filantropia e caridade e fazendo com que a população perca seu caráter reivindicatório. Já que o direito tornou-se um favor, ela deixa de cobrar a universalização dos serviços. É somente nesse contexto que o serviço social não vê “com bons olhos” a entrada do terceiro setor na área social, pois com a implementação da LOAS, do Plano Nacional de Assistência Social — nas três esferas do governo —, e com o Sistema Único de Assistência Social, essas organizações vêm se adequando às propostas dessas leis e resoluções e obtendo resultados positivos na área social, apoiadas no fazer do assistente social. Maia (2005, p. 3) afirma que: A gestão do social no desenvolvimento do capital é introduzida especialmente através do denominado terceiro setor, que chega ao Brasil e demais países da América Latina na década de 1990, por influência americana e europeia (LANDIM, 1999). Apesar das diferenças dessas origens, o terceiro setor acaba constituindo-se, no nosso país, em “espaço” de disseminação dos valores e práticas neoliberais [...] desenvolvidas junto às organizações sociais da sociedade civil, ampliadas com a presença de fundações e empresas filantrópicas advindas do campo do mercado.

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Na intervenção do segundo setor na área social, o serviço social hegemônico faz a leitura de que é a “devolução” ao meio social, já que o segundo setor concentra o maior percentual de renda, principalmente as multinacionais e as de grande porte, enquanto na área social concentra-se o menor percentual de renda. Além disso, a hegemonia do serviço social lê da seguinte forma tal situação: as empresas se vestem de manto cidadão para ofuscar a relação de exploração capital versus  trabalho  trabalho que dá origem às questões sociais. Segundo Berghin (2005, p. 31-32): O ativismo empresarial procura assim diluir os conflitos resultantes da relação capital/trabalho e se constituir numa nova estratégia de negócios. As grandes empresas, ganhadoras, da globalização, vêm procurando novas formas de enfrentar os problemas sociais que elas mesmas criam com o intuito de se legitimarem nos territórios em que atuam. E, para realizar esse projeto, sem pôr em risco o processo de acumulação, o segundo setor opera no sentido de tornar a ação estatal falsamente “desnecessária” e trabalham com o intuito de retirar da arena política e pública os conflitos distributivos e a demanda por cidadania e igualdade.

Assim, entende-se que o segundo setor quer descaracterizar a cidadania em busca do enfraquecimento do papel do primeiro setor, o que poderia ocasionar a retirada da agenda pública e política, gerando conflitos procedentes da questão social e afetando a cidadania. Outro fator importante são as políticas sociais que atuam na resolução dos problemas sociais. Cohen e Franco (2007) afirmam que isso não costuma ser muito comum em uma área em que as paixões, as desinformações e o voluntarismo costumam fazer campanhas quando desejam se sobressair sobressair.. O segundo setor agindo assim confunde a população que acredita em boas intenções, sem perceber que os resultados são limitados e escassos, pois na verdade o que visam é ao marketing  social  social do espaço organizacional do primeiro, do segundo e até do terceiro setor, dependendo de quem busca esses resultados. Maia (2005, p. 3) afirma que: Ferramentas ou produtos, tais como projetos, marketing   social, empreendedorismo, responsabilidade social, balanço social, ação voluntária, entre outros serviços oferecidos às comunidades, se não forem bem-trabalhados e gestados socialmente serão apenas serviços que se identificarão como objetos e não como sujeitos agentes desse fazer.

A autora coloca que a gestão do social, conforme acabamos de discutir, é diferente da gestão social, que se compõe como um processo que considera todo o momento histórico-dialético da sociedade. Assim, a gestão social baseia-se nos valores e no enfrentamento das expressões das questões sociais, garantindo os direitos humanos universais, a formação da cidadania e da democracia e viabilizando o desenvolvimento emancipatório e transformador.

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Decorrente de tantas gestões do social, como se efetiva a gestão social? É preciso haver uma pactuação democrática no nível das três esferas de governo (federal, estadual e municipal) e entre sujeitos sociais dos níveis social, político e econômico para fortalecer e democratizar, e uma participação ativa dos cidadãos efetivando a gestão social. Nessa perspectiva de gestão social, o serviço social deve utilizar de sua práxis profissional para mediar o acesso da população aos bens e serviços sociais, direcionando-os para a cidadania pl plena. ena. Maia (2005, p. 16), brilhantemente, aponta que: O serviço social constitui-se em mediação importante para a afirmação da práxis da gestão social, especialmente pelo conjunto de compromissos e referenciais ético-políticos, teórico-metodológicos e técnico-operativos, que objetivam a afirmação dos valores da cidadania, democracia e justiça social, tanto quanto a gestão social. Além disso, os profissionais dessa área acumulam competências e habilidades importantes importantes no sentido de desvelar e atuar junto àdarealidade social e à população, que se constitui na centralidade do processo gestão social.

Isso demonstra que, entre tantas profissões, o serviço social apresenta características para exercer a gestão social compromissada com a amplitude da cidadania, pois é uma profissão baseada em corrente marxista teórico-crítica; atua sob o ponto de vista político de uma ordem societária; é respaldada por um Código de Ética; e é fundamentada em princípios como a cidadania, a igualdade, a liberdade, a  justiça social, a democracia etc. Para Para tanto, o profissional qualificado qualificado de serviço social deve se apoiar nas dimensões teórico-metodológicas, técnico-operativas e ético-políticas que o capacitarão a desempenhar a gestão social. Concluímos que a gestão social para o serviço social deve atender a duas perspectivas: o rico conjunto de instrumentais técnicos e metodológicos para gestar programas, projetos e serviços sociais; e a ferramenta para atuar no sentido de transformar a realidade social, apoiada nos valores éticos, sendo que uma perspectiva deve sempre complementar a outra. Assim, o profissional de serviço social formulará, avaliará, implementará e recriará propostas diferenciadas no cerne da política social, fundamentando o seu objetivo, o direito e a justiça social. Como exemplo, leia o texto a seguir. Assistência Assi stência social de São Gabriel ganha prêmio de ge gestão stão pública

Com o Projeto já realizado pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), “A Socioeducação na Concessão de Benefícios Eventuais”, de autoria de Sonia Monteiro Candeloro, Marianna Ferreira Wormsbecher, Patrícia Aparecida Freitas Brandão, Rosane Moccelin de Arruda e Maria do Socorro Carvalho da Costa, a Secretaria Municipal de Assistência Social de São Gabriel do Oeste que já havia sido premiada com o Troféu Boas

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Práticas em Gestão do Congemas/2014 em nível nacional, foi mais uma vez premiada, desta vez com o 1º lugar na categoria Práticas e Idéias Inovadoras na Gestão Municipal, para municípios entre 15.001 e 35.000 habitantes. A concessão do Prêmio Sul-Mato-Grossense de Gestão Pública tem por objetivo incentivar os servidores públicos estaduais e municipais e a comunidade acadêmica do estado de Mato Grosso do Sul a contribuírem para a modernização da gestão pública, bem como reconhecer práticas e idéias que melhorem a qualidade dos serviços públicos prestados aos cidadãos. Desde a sua primeira edição, o Prêmio Sul-Mato-Grossense de Gestão Pública vem recebendo mais apoio do Governo do Estado e o número de categorias premiadas e do valor do prêmio praticamente dobrou nas últimas três edições, incentivando os participantes às práticas inovadoras de gestão. Para a secretária de assistência social, receber mais esta premiação só vem confirmar que o município de São Gabriel continua sendo referência quando o assunto é uma gestão eficiente e comprometida com a população. “São Gabriel é um município referência em diversas áreas, e esse prêmio veio para confirmar que o governo de gestão participativa trabalha em prol do povo com um trabalho sério, eficiente e comprometido com o bem do cidadão. Nossa equipe está de parabéns mais uma vez, em especial nossas técnicas que idealizaram e ajudam implementar o projeto no município”, salientou a secretária de assistência social, Sonia Candeloro. Fonte: Currales (2014).

Exemplo de aplicação

O texto representa uma intervenção na área da gestão social. Considerando o exemplo, reflita buscando identificar o porquê de tal exemplo adquirir um caráter “social” “social”.. Esperamos que você tenha conseguido apreender o que foi discutido até aqui. Desse modo, será possível colaborar com a compreensão de trabalho aplicada ao serviço social e com as mudanças processadas no mercado de trabalho e nas demandas postas ao assistente social, assim como acerca dos aspectos que abarcam o conceito de gestão e gestão social. Isso nos servirá de embasamento para as discussões que virão no decurso de nossos estudos.

3 CONSULTORIA  Anteriormente, discutimos as questões relacionadas ao trabalho do assistente social, elaborando conceitos que nos permitiram aprender uma série de aspectos relacionados à inserção laboral deste profissional na contemporaneidade. E, dentre esses aspectos, discutimos também as questões relacionadas ao profissional que atua no âmbito da gestão.

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Dando sequência a nossos estudos, convidamos você para nos aproximarmos dos conceitos de consultoria e assessoria. Iniciamos com uma breve retrospectiva histórica sobre o desenvolvimento da prática laboral denominada consultoria.

3.1 A história da consultoria Conforme Jacintho (2004, p. 25), a palavra “consultoria” vem do latim consultare  e quer dizer dar ou receber conselhos ou ser aconselhado por alguém, o que é um hábito antigo do ser humano. Para o autor,, podemos entender a observação que alguns povos faziam dos fenômenos naturais e sua posterior autor indicação de conselhos a serem seguidos como as primeiras ações ligadas à consultoria. Como exemplo das ações primitivas de consultoria, Jacintho (2004) cita a abordagem dos magos chineses que ofereciam conselhos às pessoas, com base na observação cotidiana dos eventos da natureza. Observação

O hábito de oferecer conselhos a terceiros, sustentáculo das ações de consultoria, remonta aos primórdios da civilização. Assim, a consultoria remonta às origens das relações humanas. É ato de conferência para deliberação de qualquer assunto que requeira prudência. Constitui-se na reflexão em busca de uma resposta por meio do mais adequado conselho ou de forma mais complexa, mas menos objetiva, de um parecer. Registros antropológicos definem como traço comum às sociedades humanas o surgimento de indivíduos adotados como guias, que aconselhavam suas comunidades em todas as questões, desde relacionamentos, até ações para caça ou guerra, inclusive aspectos da saúde física e psicológica (JACINTHO, 2004). Dessa forma, podemos concluir que a consultoria deriva da tradição xamânica, que também deu origem aos homens sagrados (sacerdotes). De acordo com Jacintho (2004), na antiga Grécia, os sacerdotes do Oráculo de Delfos proviam consultorias embasadas nas observações sistemáticas e inteligentes dos fenômenos naturais, entendidas naquela época como predições de homens escolhidos pelos deuses e dotados de poderes especiais. Foi nesse ambiente que surgiram os primeiros filósofos e o ideal da busca do conhecimento e do entendimento racional do mundo e da própria humanidade por meio da ciência. Foi somente no início do século XX que a consultoria passou a ganhar os moldes da atividade hoje bem-definida e caracterizada. Especialmente nas décadas de 1940 e 1950 nos Estados Unidos e na Europa Ocidental ocorreram importantes avanços na sistematização do trabalho de consultoria, com vinculação eminentemente técnica e científica aliada à experiência e fundamentada em teorias, mas sempre com foco nas soluções práticas.

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Pode-se concluir que a consultoria constitui-se na transição do conhecimento e da experiência de um homem em prol de um objetivo humano. Essencialmente, é busca constante do saber preparado para o benefício de outrem.

Saiba mais

Para saber mais sobre a história da consultoria, indicamos: HISTÓRIA da consultoria − uma tradição humana. Qualidade Brasil , 16 out. 2012. Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2015.

3.2 Consultoria como atividade profissional e os tipos de consultoria A consultoria pode ser compreendida como o serviço de apoio aos gestores ou proprietários de empresas para auxiliar nas tomadas de decisões estratégicas, comde grande os resultados atuais e futuros da organização. Iniciaremos com as colocações Silva impacto (2013) e,sobre na sequência, nos respaldaremos no disposto por autores como Croco e Guttmann (2005) (2005 ) e Block (1991). O foco da consultoria é definir a melhor alternativa de ação num ambiente de negócios repleto de incertezas, riscos, competição e possibilidades desconhecidas, que representam para os gestores da empresa um problema complexo e de grande importância. imp ortância.  Observação

Existe a consultoria interna e a consultoria externa, que são modalidades de intervenção na área de consultoria. Há vários tipos de consultoria e dentre d entre eles destacamos a consultoria externa e a consultor consultoria ia interna.

Saiba mais

Para ampliar a compreensão sobre os diversos tipos de consultoria, recomendamos: interna de recursos humanos . Rio de Janeiro: V. Consultoria LCMBÁRTOLO, Treinamentos, [s.d.]. Disponível em: . Acesso em: 5 jan. 2015.

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A consultoria é uma atividade de diagnóstico e formulação de ações sobre um determinado assunto ou especialidade, que oferta seu trabalho para qualquer área do conhecimento e deriva de profissões regulamentadas. O consultor está ou não vinculado a uma organização específica. Quando há o vínculo empregatício com a organização em que desempenha sua atividade de consultoria no seu próprio âmbito, temos o consultor interno. Já o consultor externo é a ausência de vínculo empregatício e de exclusividade na prestação de serviços, atuando normalmente como contratado para um objetivo específico, dentro de sua área de atuação. Não é incomum a existência de ambos os tipos de consultoria dentro de uma organização, sendo o consultor interno muitas vezes o ponto de apoio dos projetos de consultoria. De acordo com Silva (2013), o consultor interno faz parte do quadro de funcionários da organização, pertencendo a sua estrutura e sendo orientado por sua cultura e seus valores. Essa atividade possui, como qualquer outra, vantagens e desvantagens. Dentre as vantagens apresentadas por esse tipo de consultor, destacamos o fato de o profissional possuir amplo conhecimento da empresa onde atua como consultor. Ele também possui certo poder informal, que pode facilitar aprática. execução sua atividade. são Entretanto, o consultor temdeo mesmo acesso à atualização Seusdaconhecimentos basicamente teóricos,interno devidonão à falta oportunidades para aplicação desses conhecimentos em diferentes casos e empresas. Dessa forma, possui menos experiência que o consultor autônomo e suas ideias costumam ter menos aceitação nos níveis hierárquicos mais altos e, pelo vínculo empregatício, possui menor liberdade de ação. Esse modelo de consultor surgiu no Brasil, de acordo com Silva (2013), na década de 1990, mas esse formato de intervenção foi transplantado dos Estados Unidos em virtude de um movimento de empresas que procuravam profissionais da área de recursos humanos habilitados para atuar junto aos aspectos da gestão de empresas. objetivo desse tipo dePor consultoria é irdaalém simples mensuração dosé:resultados alcançadoso pelasO ações empreendidas. isso, o foco açãodados consultores internos “[...] descentralizar gerenciamento de pessoas, conferir um aspecto mais estratégico à gestão e, assim, facilitar o alinhamento entre as pessoas e as estratégias da organização” (SILVA, 2013, p. 17 171). 1). O consultor externo é um profissional autônomo ou integrante de uma empresa de consultoria, trabalhando normalmente em equipe com consultores de outras especialidades. Nesse caso, conforme Silva (2013) nos coloca, o profissional não está vinculado à empresa, ou seja, ele não pertence ao quadro de trabalhadores da empresa onde atua, eventualmente, como consultor. Assim como na consultoria interna, há vantagens e desvantagens. No que diz respeito às vantagens, Silva (2013) indica as seguintes: o consultor externo é autônomo, ou seja, não depende de relações firmadas no interior da empresa. Dessa maneira, não tem relação hierárquica com os trabalhadores ou clientes vinculados à empresa e a sua percepção pode ser exposta com maior facilidade e imparcialidade.

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Na figura a seguir, é possível observar uma distinção entre a consultoria interna e a consultoria externa.

Consultor externo

• Autônomo. • Não tem relação hierárquica com o cliente. •• Imparcialidade com o resistências. projeto. Dificilmente enfrenta

Consultor interno

• Funcionário. • Possui hierárquica com o cliente. • Tem objetivos a atingir como funcionário. • Pode enfrentar resistências.

Figura 1 − Diferenças entre consultor interno e eexterno xterno

Croco e Guttmann (2005), por outro lado, nos dizem que podemos dividir a consultoria de quatro formas, de acordo com os seguintes conceitos: • serviço ou produto; • estrutura; • abrangência; • forma de relacionamento adotada. adotada. Segundo Croco e Guttmann (2005) o consultor pode ser interno ou externo, embora seja desnecessária essa separação, queO consultor ambos enfrentarão os mesmos obstáculos para a aceitação e implementação das considerando ações propostas. interno, “quando desempenha seu serviço, lida com a resistência por parte dos executivos, que não dão a devida importância a essa atividade, e com os funcionários da empresa que às vezes consideram-no um ‘intruso’ em seu ambiente de trabalho” (CROCO; GUTTMANN, 2005, p. 12). Este profissional também pode sofrer com a resistência dos executivos devido ao nível hierárquico e por suas sugestões mexerem com a chamada “área de conforto”, o que gera resistência à mudança. Com os níveis mais baixos, pode gerar um sentimento se ntimento de inveja pela posição de consultor, e também pela resistência natural à mudança, criando um clima não colaborativo. Para superar essas dificuldades e para que sua proposta seja aceita por seu cliente, cabe ao consultor dominar d ominar a técnica de persuasão e negociação. É preciso considerarinternos tambémpodem as diferenças apontadas (1991). empresarial Segundo o autor, os consultores agir maissignificantes por imposições postaspor pelaBlock hierarquia ou por uma série de fenômenos que condicionam a prática profissional. Nesse caso, nem sempre os consultores internos são imparciais. Já os consultores c onsultores externos, de acordo com Block (1991), quase não

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irão vivenciar essas situações, ou seja, por não pertencerem ao quadro de funci funcionários onários da empresa não estão condicionados pela hierarquia do espaço de atuação. Assim, o consultor interno i nterno é mais limitado e vulnerável ao apresentar seu diagnóstico e proposta. O consultor interno é favorecido por seu conhecimento dos fatores informais existentes, conhece e convive com as pessoas e o processo, podendo, assim, acompanhar o planejamento e implementação impl ementação das ações; enquanto o consultor externo possui maior experiência e conhecimento adquirido pelo trabalho em diferentes empresas, tem maior aceitação pela alta administração e maior autonomia para criticar os processos existentes na empresa. Podemos categorizar a consultoria de acordo com sua estrutura, que é dividida por fatores como: flexibilidade, metodologia, adequação à realidade do cliente, tempo para contratação e grau de aceitação (BLOCK, 1991). Em primeiro plano, temos a consultoria artesanal: o consultor utiliza ferramentas específicas de acordo com a empresa cliente, ou seja, para cada negócio e espaço há uma solução diferente. A segunda é a chamada consultoria pacote,ounaseja, qualaomesma consultor utiliza a mesma metodologia para diferentes situações em diferentes empresas, receita para organizações diferentes. Outra forma de divisão da consultoria é pela abrangência, ou seja, pela amplitude e profundidade da atividade do consultor. Suas características comuns são: os níveis hierárquicos envolvidos na contratação do consultor, o desenvolvimento e implementação impleme ntação que se vai segui seguirr, o tempo de d e contrato e a resistência encontrada pelo profissional. A consultoria especializada é aquela que atua focando apenas um dos setores da empresa. Embora tenha foco definido, pode influenciar outros departamentos. A contratação ocorre pelo executivo que dirige a área que será atendida pela consultoria e não pelo diretor geral. Já a consultoria total, ao contrário da especializada, inclui vários projetos ou departamentos da empresa, sendo o consultor contratado pelaafetem alta administração, para que atueo. no diagnóstico e implementação de ações para problemas que a organização como um todo. tod A divisão aqui se dá pela forma de relacionamento do consultor com seu cliente e parceiros de profissão. Algumas características são a existência de algum vínculo empregatício, se a atividade pode ser realizada remotamente e se há a necessidade nece ssidade de documentos formais. O consultor associado é aquele que formal ou informalmente está incluído em uma “rede”, onde cada um é especialista em uma determinada área e se complementam, gerando resultados mais eficazes, em menor tempo e mais completos. compl etos. A troca de experiência e conhecimentos entre os consultores é uma das vantagens que resultam em maiores ganhos para os profissionais envolvidos. O consultor autônomo perde esse ganho por trabalhar sozinho, embora possua conhecimentos sobre várias áreas. Normalmente também ministra palestras como forma de aumentar suas possibilidades de contratação.

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Por último, temos o consultor virtual que, de forma remota, faz os diagnósticos e propõe ações voltadas às necessidades informadas pelo cliente. Esse tipo de consultor tem ccrescido rescido consideravelmente em tempos de imenso desenvolvimento tecnológico. Lembrete

O consultor virtual só é possível em decorrência do atual estágio de desenvolvimento capitalista, que é, como vimos, assentado no desenvolvimento tecnológico e na informática.

3.3 Características do consultor Pretendemos destacar aqui quais são as principais características necessárias ao profissional que deseje atuar na área da consultoria. Grande parte dessas colocações aplica-se também para aqueles profissionais que atuam prestando assessoria. Na verdade, vamos apresentar uma série de habilidades que são necessárias ao consultor, ou seja, não há uma receita a seguir, mas sim habilidades e competências que o profissional atuante nessa área precisará desenvolver. Vamos a elas. Observação

O desejo de mudar é fundamental ao profissional que atue como consultor. Uma das primeiras características indicadas por Araujo (1994) para um consultor é o desejo pela mudança, pela necessidade de alteração de uma determinada situação que está posta. Assim, o consultor não pode ser um profissional que se adapta à estagnação, mas sim aquele que busca constantemente promover a mudança como forma de melhorar a qualidade do serviço oferecido. Araujo (1994) aponta que o consultor, quando atua com a mudança, pode assumir três perfis distintos: gerador de mudança, implementador de mudança e adotador de mudança. Quando o consultor atua como gerador de mudança, precisa aprender a converter os problemas identificados em necessidades sentidas para mudar. mudar. Essa conversão deve abarcar todos os envolvidos co com m a ação. Já quando o consultor adota o perfil de implementador da mudança, deverá apenas executar as mudanças propostas no cenário organizacional. E, por fim, ao assumir o perfil de adotador da mudança, é necessário que o profissional pratique a mudança constantemente, mesmo que de forma inconsciente, para que essa intervenção faça parte do cotidiano em que é realizada. Dessa forma, ou seja, proporcionando a mudança e a melhoria das condições laborais de um determinado espaço de trabalho, é necessário que o consultor conquiste a confiança da equipe com a qual irá atuar. Sua capacidade em proporcionar mudanças positivas e alterações significativas será um meio de garantir sua aceitação pela equipe sob a qual a ação irá incidir. Assim, a capacidade de gerar

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mudanças só se operacionaliza se tivermos um profissional competente. competen te. A competência, por sua vez, faz com que o profissional se estabeleça no espaço onde irá atuar. Para a definição das mudanças a serem processadas, o consultor precisa ser também um atento observador, já que precisará identificar todas as informações possíveis a respeito do espaço onde irá exercer sua ação. Araujo (1994) nos coloca que para realizar as mudanças necessárias é fundamental um bom diagnóstico do local onde a ação será desenvolvida. Por meio desse diagnóstico, o consultor poderá então definir a forma que irá realizar a ação ou, melhor dizendo, di zendo, a modalidade de intervenção destinada para atender aos problemas específicos observados. Derivando dessa compreensão, o autor chama nossa atenção para outra característica do consultor, sendo essa o motivo pelo qual o profissional assume também o caráter de “solucionador de problemas” (ARAUJO, 1994, p. 10). Para desempenhar o papel de “solucionador de problemas”, ou então para propor e executar mudanças em uma organização e mesmo para elaborar um diagnóstico de uma realidade observada, de acordo com Araujo (1994), é fundamental ao consultor sensibilidade para identificar aspectos presentes p resentes na realidade, dentre eles os valores que o cliente que o contratou possui. Também é importante, nessa análise, identificar os valores que movem e embasam a sociedade. Essa identificação é fundamental e garante o sucesso do processo da consultoria. Araujo (1994) aponta que, no processo de diagnóstico, o consultor precisa ter habilidade para inserir o cliente na mensuração dos problemas a resolver, permitindo dessa maneira, que, posteriormente, o cliente mostre-se participativo quando desempenhar as ações propostas. O consultor precisa então possuir competência para recorrer às habilidades e competências do cliente para solucionar os problemas identificados. Por isso, o cliente ou o assessorado deverá participar das decisões propostas pelo consultor ou assessor. E mais, os valores dos clientes ou assessorados precisam ser ao menos conhecidos e considerados por parte do assessor e/ou consultor. Araujo (1994) entende que seja necessária uma relação recíproca, de troca de saberes e inform informações ações entre esses dois Assim, segundo o autor, de a hierarquia estabelecida empresas e organizações nãopolos. deve sobrepor-se no processo assessoria ou consultoria.noOinterior parecerdas do profissional precisa ser imparcial, mesmo porque muitas vezes os problemas identificados nas organizações provêm de condutas daqueles que ocupam cargos elevados dentro da empresa e, portanto, estão em elevadas posições hierárquicas. Observação

O consultor pode assumir o papel de consultor de recurso ou de procedimento. Tendo tais colocações arroladas, de acordo com Araujo (1994), podemos inferir que o consultor precisa ser: propositor de mudanças, competente, observador e solucionador de problemas. Além de tais colocações, o autor indica que o consultor pode assumir dois perfis ou dois papéis. Um dos papéis indicados pelo autor é o de consultor de recursos e o outro seria o papel de consultor de procedimentos.

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O consultor de recursos é também conhecido como consultor de conteúdo ou consultor diretivo. Nesse tipo de consultoria, o profissional concede informação técnica, propõe a execução de um serviço momentâneo ou recomenda uma ação. Araujo (1994) nos diz que esse e sse consultor se diferencia por vender um conhecimento, uma informação ou a solução para um problema. Já o consultor de procedimentos, também conhecido como consultor de processo ou consultor não diretivo, atua como um facilitador das mudanças necessárias. De acordo com Araujo (1994), quem define o tipo de perfil a ser adotado pelo consultor, grande parte das vezes, é o cliente que o contrata. Assim, se o desejo do cliente é um consultor de recursos, ele irá buscar o profissional que atenda a suas necessidades. No entanto, é possível que o profissional inicie sua intervenção como um consultor de recursos e, em seguida, assuma uma posição de um consultor de procedimento. Isso irá depender das demandas postas pelo cliente que contratou o profissional. Além dessas indicações, Araujo (1994) sumaria uma série de peculiaridades que o consultor deve apresentar.. Para ele, seriam fundamentais as chamadas habilidade apresentar habilidades: s: “[...] a) intelectuais para solucionar o problema e b) de inter-relacionamento e políticas polí ticas para facilitar a mudança, entre outras” (ARAUJO, 1994, p. 18). Além das habilidades, no entanto, também é necessário que o consultor tenha uma determinada de terminada “personalidade”, com uma série de características. Derivando dessa compreensão a respeito das chamadas características, Araujo (1994) indica quatro grupos que são comuns em consultores de sucesso, reforçando as habilidades que aqueles que desejam atuar como consultores devem buscar potencializar ou desenvolver. Essas características seriam as seguintes: “[...] habilidades de solução e diagnóstico de problemas, habilidades de implementação, habilidades de administração e trabalho de organizações, habilidades de inter-relacionamento e persuasão” (ARAUJO, 1994, p. 23). O autor ainda indica algumas habilidades que são consideradas inatas ou que pod podem em ser desenvolvidas. Aguiar (1994, p. 23-24) nos indica as seguintes: • atributos herdados: herdados: inteligência, criatividade, energia; • características de personalidade: personalidade: estabilidade emocional, orientação para solução de problemas, sabedoria; • atributos que podem ser desenvolvidos: habilidades de comunicação, conhecimento específico, objetividade, versatilidade, profissionalismo. Além desses aspectos, o autor indicou ainda a necessidade de o consultor conseguir atuar de forma imparcial; de assumir uma postura de liderança nas organizações, sobretudo quando se mostrar necessário mudar a perspectiva do cliente que o contratou; e, também, os seguintes atributos: empatia, eficiência, comunicação eficaz e saber ouvir a perspectiva do outro, como necessários ao consultor. Logo, essas seriam as principais informações sobre o perfil que é necessário e esperado e sperado a um consultor consultor..

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4 ASSESSORIA: CONCEITUAÇÃO Conforme o dicionário Michaelis, “assessoria” faz menção a: “Cargo ou funç função ão de assessor; assessorado”. assessorado”. Já o termo “assessor” possui a seguinte definição: “1 Adjunto, ajudante, assistente, auxiliar. 2 Dir Pessoa, versada em Direito, que presta assistência ao juiz leigo. A. de imprensa: aquele que intermedeia as relações entre empresas e instituições e o público”. público”. Podemos, então, conceituar assessoria como atividade prestada por um órgão ou conjunto de pessoas que assessoram um chefe ou uma instituição especializada na coleta de dados técnicos, estatísticos ou científicos sobre uma matéria. Essa assessoria, no entanto, sempre busca identificar aspectos que servem para objeto de intervenção posterior. Assim, a assessoria pode ser prestada por uma empresa de assessoria ou por um assessor independente que possua alta qualificação profissional, experiência nos assuntos envolvidos, conhecimento técnico e habilidade para orientação e para motivar as mudanças. Além dos fatores necessários para desempenhar a assessoria/consultoria, conforme Fonseca (2005), essa atividade engloba etapas, que são: • o assessor, em conjunto com o contratante, faz o reconhecimento mútuo e esclarece superficialmente os problemas que devem ser tratados; • formaliza um contrato de prestação de serviços com o detalhamento do trabalho, que inclui a forma de execução, prazo, preço etc.; • efetua uma avaliação preliminar coletando informações e as analisa; • identifica as soluções que podem ser implementadas e apresenta à diretoria; • planejamento realiza reuniões para oapreciação dosrealizado métodose qual e técnicas utilizadas. Executa o de como trabalho será o prazoque paraserão cada etapa do processo; • coloca em prática as modificações sob orientação e acompanhamento do assessor; • efetua a avaliação e análise dos resultados atingidos com a implantação das modificações. Para ocorrer a contratação de assessoria, de acordo com o autor, há um prazo determinado, necessário para o objetivo proposto. O assessor traz ainda sua experiência acumulada pela prestação de serviço em diversas empresas, atua de maneira imparcial na análise das situações encontradas e se dedica dedica de forma focada nas tarefas mais importantes, identificando problemas e propondo soluções para impulsionar as mudanças necessárias. Nos espaços abertos aos assistentes sociais, as possibilidades, alinhadas ao projeto ético e político, têm norteado o serviço social nas últimas décadas; este diretamente comprometido com a defesa dos direitos humanos e sociais, buscando a construção da cidadania em bases democráticas nos âmbitos da economia, política e da cultura.

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Unidade I

Nas experiências em que assessor e assessorado são assistentes sociais, é propícia a troca de conhecimentos. O primeiro mapeia as rotinas que devem d evem ser implantadas ou abandonadas, e o seg segundo undo facilita o acesso às informações sobre tais processos de trabalho, contribuindo para maior possibilidade de êxito no atendimento às expectativas do prestador e tomador do serviço. Essa unicidade de formação favorece a discussão pela utilização da mesma linguagem e mesma vocação. Um bom exemplo é: Nas experiências em que o assessor é uma empresa privada especializada em assessoria de projetos sociais, as relações podem ser verticais no sentido de que o profissional que presta serviços é visto como o detentor do conhecimento e da responsabilidade específica para a “solução” ou “direção” de determinados eixos do trabalho, sendo que a relação contratua contratuall temporária está centrada no trabalho dos profissionais liberais que a prestam em diferentes instituições e significa a possibilidade de assessorar com base em conhecimentos específicos acumulados por esse profissional (FONSECA, 2005, p. 79).

Lembrete

As habilidades do assessor precisam estar focadas nas informações obtidas sobre o local onde acontecerá a ação. De tal maneira, é possível alcançar as mudanças necessárias para a melhoria do espaço de trabalho, mesmo em projetos de natureza social. Dessa maneira, concluímos nossos esforços no sentido de conceituar a consultoria e a assessoria. Aconsultoria seguir, iremos nos aproximar da relação que há entre o serviço social e a prestação de serviços de e assessoria.  Resumo

Prezado aluno, iniciamos nossas discussões compreendendo a ótica do trabalho na atualidade. Assim, entendemos o serviço social como um trabalho circunscrito da realidade atual e, portanto, sujeito a todas as situações que envolvem o mercado do trabalho. Observamos também as expressões das mudanças ocorridas na sociedade do trabalho. Constatamos a ampliação dos empregos terceirizados, dos subcontratos, dentre outras expressões da precarização. Se por um lado observamos a ampliação das possibilidades de atuação do serviço social na área da assessoria e da consultoria, por outro lado observamos também a redução dos postos de trabalho estáveis em nossa área de atuação.

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A partir dessas mudanças no mercado de trabalho também teremos a colocação de novas demandas para os assistentes sociais, o que acarreta uma qualificação permanente e constante desse profissional. Nesse sentido, a qualificação passa a ser uma requisição necessária à sua inserção e sua manutenção no mercado de trabalho atual. Além da qualificação, enfocamos também acerca de uma série de habilidades que são necessárias ao assistente social na atualidade, como atuar de maneira multidisciplinar, observar os resultados obtidos com sua prática, dentre outros. Vinculada ao perfil que é requisitado ao assistente social, destacamos também a importância de ser observado, cotidianamente, o nosso compromisso éticopolítico, firmado por toda a nossa categoria profissional. Por isso, o mercado de trabalho deve ser entendido como resultado de condições estruturais e conjunturais que influenciam todos to dos os trabalhadores, incluindo os assistentes sociais. soci ais. Agregada a essa noção sobre nossa profissão, também inserimos a discussão sobre a noção de processo de trabalho, aplicando esse conceito à prática do profissional. Assim, identificamos, no trabalho do social, otrabalho objeto de o produto, os instrumentos ouassistente meios e o próprio queintervenção, são noções extremamente relevantes daquilo que entendemos por processo de trabalho. Reforçamos ainda a importância da compreensão de todos os fatores que abarcam o exercício do assistente social nas mais diversas dive rsas áreas de atuação. Para apreensão dessa realidade, é mister entender também acerca de nosso objeto de trabalho, ou seja, acerca das expressões da questão social que se apresentam em nosso cotidiano. Logo, voltamos o nosso olhar para as expressões da questão social, considerando que são sob elas que iremos voltar nossa intervenção cotidiana. Nessa análise, compreendemos as influências doampliar sistemaascapitalista fase monopolista e globalizada no sentido de e xpressõesemdasua expressões questão social. Também estudamos o desenvolvimento do neoliberalismo, uma doutrina econômica, política e ideológica que tende a restringir o papel assumido pelo Estado frente às expressões da questão social. Declinando desse entendimento que buscou situar o serviço social em sua relação com o mercado de trabalho atual, passamos a entender a inserção do profissional no ambiente laboral, no ambiente organizacional e as demandas postas nesse contexto. Abordamos ainda as principais atividades que passam a ser requeridas aos assistentes sociais no espaço público, no espaço privado e junto às organizações não governamentais e das habilidades que são requeridas a esse profissional sempre que ocupa um espaço no mercado de trabalho. Concluímos com a discussão abarcando o conceito de gestão social e as implicações desse fenômeno para a nossa profissão.

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Unidade I

Nessa unidade nos aproximamos da conceituação do que pode ser entendido como consultoria e assessoria. Retomando as origens da consultoria, pudemos observar que nos povos mais antigos era comum a observação dos fenômenos naturais. Partindo disso, eles adotavam conselhos sobre como agir frente às mais diversas situações. A nosso ver, estas seriam as primeiras modalidades de consultoria de que se tem notícia. Essa prática, com o passar dos séculos, foi assumindo novos contornos. Hoje ela figura como uma modalidade de atuação profissional que consiste em uma intervenção na qual o profissional orienta os responsáveis por determinadas empresas na adoção de comportamentos que possam potencializar a produção, melhorando o rendimento do que é esperado espe rado nas diversas esferas organizacionais. Derivando dessa compreensão acerca do que entendemos por consultoria, passamos ao estudo das modalidades de consultoria que existem: consultoria interna e a consultoria externa. Observamos que a consultoria interna acontece quando um trabalhador, vinculado à organização, realiza a avaliação dos aspectos que demandam alteração. Já a consultoria externa efetiva-se sempre que o consultor é um trabalhador que não pertence ao quadro fixo de trabalhadores da empresa ou da instituição que está sendo avaliada. Conforme vimos, o consultor externo tem mais facilidade sob alguns aspectos, já que não tem como referência uma relação hierárquica estabelecida com aqueles que requerem a consultoria. Por outro lado, vimos também que o consultor interno pode apresentar maior facilidade em gerir g erir o processo de consultoria porque tem todas as informações necessárias a respeito do lócus  onde a avaliação do consultor irá se basear. Após a reflexão sobre os conceitos de consultoria e de consultor, passamos ao estudo das principais características que devem ser apresentadas pelo consultor. No sentido posto, observamos que o consultor deve possuir um perfil específico, com determinadas qualidades assim como habilidades e competências que permitirão o pleno exercício de suas funções. Dentre as características indicadas, apontamos a necessidade de atuar em prol das mudanças, a facilidade em elaborar diagnóstico e a capacidade de envolver o cliente recorrendo às habilidades que ele possui para enfrentar os problemas. Observamos ainda que é necessário ao consultor algumas habilidades, dentre as quais se destacam a inteligência e a empatia. Por fim, passamos a entender o que é assessoria, ou seja, observamos que o assessor é um profissional que auxilia, assiste alguém ou uma

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organização com uma dada finalidade. O assessor pode ser uma pessoa física ou então uma empresa, de natureza jurídica. jurídi ca. Com essa unidade pretendemos oferecer respaldo à compreensão do que é consultoria e do que é assessoria, para, assim, oferecer sustentação para nosso próximo estudo.  Exercícios Questão 1. (Enade 2010) O momento conjuntural e as transformações sociais, políticas e econômicas econôm icas

pelas quais passa o Brasil exige dos assistentes sociais intervenções que respondam às demandas das novas configurações societárias. A apropriação do conhecimento das variáveis conjunturais que compõem o planejamento social, dos métodos e das técnicas eficazes constitui instrumento fundamental para que as administrações públicas possam atingir seus objetivos e suas metas elegíveis como prioritárias. Nessa perspectiva, o assistente social que for solicitado a trabalhar com planejamento social deve: I − definir a síntese dos fatos e das necessidades que motivam o plano e a formulação de objetivos. II − prever que é possível resolver os problemas sociais com poucos recursos. III − prever as mudanças legais, institucionais e administrativas indispensáveis para a viabilidade do plano. IV − propor ações que visem atender a demandas clientelistas.  V − propor ações de caráter populista. É correto apenas o que se afirma em: A) I e II. B) I e III. C) II e V. D) III e IV. E) IV e V. Resposta correta: alternativa B.

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Unidade I

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta. Justificativa: a primeira etapa na elaboração de um plano estratégico consiste em reconhecer e enumerar os fatos e as necessidades, isto é, o cenário cenári o que motiva sua construção. A partir de uma visão clara, objetiva e resumida dos fatos e das necessidades, parte-se para o delineamento do plano e dos seus objetivos. II – Afirmativa incorreta. Justificativa: o planejamento permite prever os recursos (pessoas e finanças, por exemplo) necessários para desenvolver a ação social proposta. A quantidade de recursos não é obrigatoriamente baixa, pois a eficácia e a exequibilidade da proposta são prioridades. O assistente social não deve, necessariamente, desenvolver ações com poucos recursos. III – Afirmativa correta. Justificativa: cabe ao profissional que elabora o planejamento estratégico social conhecer a legislação. Com isso, sua capacidade de prever mudanças legais (institucionais e administrativas) pode ser um canal de viabilização e factibilidade do plano. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: pode-se definir clientelismo como a utilização de ferramentas administrativas por um político ou por um partido político visando a ampliar seu eleitorado com o emprego de processos demagógicos ou favoritistas. Atender a quaisquer demandas que não as sociais planejadas resulta em erro do profissional de assistência social. O clientelismo pode ser entendido como uma infração ética do assistente social.  V – Afirmativa incorreta. Justificativa: o populismo é uma forma de governar na qual se utilizam vários recursos administrativos e sociais para obtenção do apoio popular pop ular com objetivos eleitoreiros. Questão 2. Avalie as quatro afirmativas a seguir seguir.. O profissional do Serviço Social deve, em sua

atuação: I – realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de serviço social. II – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta ou indireta, empresas privadas e outras entidades.

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III – promover treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de serviço social. IV – elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública direta ou indireta, empresas, e mpresas, entidades e organizações populares. De acordo com o art. 4º da Lei Le i nº 8.662/93, que regulamenta a profissão, constituem-se com competências petências do assistente social as afirmativas: A) I e II. B) II e IV. C) II e III. D) I e III. E) I e IV. Resolução desta questão na plataforma.

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