Download Conficoes Sexuais de Um Anonimo Russo...
confissões sexuais de um anónimo russo digitalizado e corrigido por: joão estêvão e-mail
[email protected] telemóvel 93_416.22.33 traduzido do francês por teresa curvelo título original confession sexualle d'un russe ousud asa editora colecção pequenos prazeres direcção gráfica da colecção joão machado 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª
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abril de 1993 fevereiro de 1996 setembro de 1996 setembro de 1997 outubro de 1998
depósito legal n - 60632192 isbn 972-41-1199-7 reservados todos os direitos edições asa apartado 4263/4004 porto codex portugal delegação em lisboa av. dr. augusto de castro, lote 110 1900 lisboa - portugal confissão sexual de um russo do sul, nascido por volta de 1870, de boa família, instruído, capaz, como muitos dos seus compatriotas, de análise psicológica, e que redigiu esta confissão em francês em 1912. convém ter presentes estas datas para compreender certas alusões políticas e sociais.
sabendo, através das suas obras, que considera proveitoso para a ciência o conhecimento dos traços biográficos relacionados com o desenvolvimento do instinto em diferentes indivíduos, tanto normais como anormais, ocorreu-me a ideia de lhe fazer chegar às mãos o relato consciencioso da minha própria vida sexual. o relato não será, porventura, muito interessante do ponto de vista científico (não tenho a competência necessária para emitir um juízo), mas terá o mérito de uma exactidão e de uma veracidade absolutas. além disso, é extremamente completo. procurarei evocar as minhas mais ínfimas recordações sobre aspectos de pormenor. creio que, por pudor, a maioria das pessoas instruídas oculta de toda a gente essa parte das suas biografias. não vou seguir o seu exemplo e julgo que a minha experiência, infelizmente infelizmente muito precoce, neste campo, confirma e completa muitas das observações que encontrei dispersas pelos seus livros. pode fazer das minhas notas o uso que entender, naturalmente, e como sempre faz, sem me identificar. sou de raça russa (oriundo do cruzamento de gentes da grande rússia e da pequena rússia). não conheço nenhum caso de morbidez característica característic a nem nos meus antepassados, nem nos meus parentes. os meus avós, do lado paterno e materno, eram pessoas muito saudáveis, psiquicamente psiquicamente muito equilibradas e de grande longevidade. os meus tios e tias eram também de constituição forte e viveram muito tempo. o meu pai e a minha mãe eram filhos de proprietários rurais abastados, foram criados no campo. ambos tiveram uma vida intelectual absorvente. o meu pai era director de um banco e presidente de um conselho provincial electivo (zemstvo), onde travava uma luta entusiasta em prol de ideias avançadas. tal como a minha mãe, tinha opiniões muito radicais e escrevia artigos sobre economia política e sociologia em jornais e revistas. a minha mãe fazia livros de divulgação científic científica a para o povo e para crianças. extremamente absorv absorvidos idos pelas suas lutas sociais (então existentes na rússia sob uma forma diferente da que apresentam hoje), pelos livros e discussões, creio dos que os meus pais negligenciavam um pouco a educação e vigilância filhos. dos oito filhos que tiveram, cinco morreram em tenra idade; dois outros, aos sete e oito anos; de todos, eu fui o único que atingiu a idade adulta. os meus pais foram sempre saudáveis, e a sua morte deveu-se a causas fortuitas. a minha mãe era muito impetuosa, quase violenta; o meu pai era nervoso mas sabia controlar-se. o temperamento de ambos, provavelmente, não era erótico, porque, como vim a descobrir ao chegar à idade adulta, o seu casamento era uma união exemplar; na sua vida não houve sequer uma sombra de uma história amorosa (salvo a que acabou no seu casamento); fidelidade absoluta de ambos os lados, fidelidade que muito surpreendia a sociedade que os rodeava, onde essa virtude dificilmente se encontra (a moral dos "intelectuais" russos era muito livre no campo sexual, ou mesmo dissoluta).
nunca os ouvi falar de assuntos escabrosos. o espírito era idêntico nas famílias dos meus outros parentes, tios e tias. austeridade de hábitos e de conversas, interesses intelectuais intelectuais e políticos. em contradição com as ideias avançadas que todos os meus familiares tinham, havia nalguns deles uma certa vaidade aristocrática, aristocrática , na realidade inocente e destituída de arrogância. porque eram "nobres" no sentido que esta palavra tem na rússia (uma "nobreza" muito menos aristocrática do que a da europa ocidental). passei a minha infância em várias grandes cidades da rússia meridional, sobretudo sobretudo em kiev; no verão íamos para o campo e para a beira-mar. recordo-me de que, até à idade dos seis ou sete anos, embora dormisse no mesmo quarto que as minhas duas irmãs (uma tinha menos dois anos do que eu e a outra, três) e tomasse banho com elas, não reparava que os seus órgãos sexuais eram diferentes dos meus. É bem verdade que só vemos aquilo que nos interessa! (na criança, próxima do animal, o utilitarismo da percepção é talvez, particularmente acentuado; a criança é curiosa, é certo, mas sê-lo-á em virtude de uma curiosidade desinteressada? desinteressad a? tenho dúvidas.) a esse propósito, tenho uma recordação. quando tinha cerca de seis anos (consigo precisar a minha idade por causa de outras recordações conexas), lembrei-me um dia de vestir o meu fato de marujo à minha irmãzita de quatro anos. era num quarto onde havia um bacio onde fui urinar, depois de abrir a braguilha das calças. em seguida, estendi o bacio à minha irmã e disse-lhe para fazer como eu. ela abriu a braguilha, mas, naturalment naturalmente, e, não retirou para fora o membro que eu não sabia não existir nela e molhou as calças. a falta de jeito da minha irmã indignou-me, não percebi sequer porque é que não fizera como eu, e o incidente não me ensinou nada quanto às nossas diferenças anatómicas. outra recordação "urinária", "urinária", mas mais antiga (devia ter à volta de cinco anos): nessa época vivia em nossa casa uma rapariguinha que tinha aproximadamente a minha idade. era, como vim a saber mais tarde, filha de uma prostituta de baixa extracção que, mãe ao morrer, deixara uma (a filha de dois meses: essa jovem. a minha recolheu a criança morte ocorrera numa casa grande, em que tínhamos um andar alugado), mandou-a amamentar e teve a ideia de a educar juntamente com os seus próprios filhos. todavia, o que é interessante para os que acreditam na hereditariedade hereditarieda de dos sentimentos morais, essa criança, embora recebesse exactamente exactamente a mesma educação que nós e ignorasse até que era filha adoptiva, manifestou desde os primeiros anos da sua vida fortes inclinações imorais. nós não sabíamos que ela não era nossa irmã, ela tão-pouco o sabia e para ela a nossa mãe era a sua "mamã", tal como para nós; porque éramos umas crianças muito afectuosas, muito ternas, que nos acaríciávamos incessantemente, gostávamos dela como gostávamos uns dos outros, dávamos-lhe beijos e fazíamos-lhe festas, ao passo que aquele diabrete só pensava em nos fazer mal. quando cresceu, demo-nos conta do seu carácter. acabãmos por ver, por exemplo, que sempre que a ocasião
se oferecia ela praticava uma acção contrária à nossa ética de crianças, mas com uma infalibilidade de lei física. por exemplo, nunca contava o que se tinha passado na nursery na ausência dos adultos sem caluniar os companheiros de brincadeira. tinha a paixão de incitar as outras crianças a fazerem uma maldade para ir em seguida denunciar o autor aos nossos pais. era hábil em gerar a desunião entre os adultos (criadas, etc.) com invenções caluniosas. enquanto nós adorávamos os animais, ela atormentava-os atormentava-o s - até à morte, se pudesse - para depois nos acusar sem qualquer pejo. gostava de dar presentes, mas - sem que jamais esta regra sofresse a minima excepção - era para os tirar logo em seguida e se comprazer com o pranto da vítima. como era fisicamente mais forte e mais inteligente na maldade do que nós, éramos as suas vítimas privilegiadas. batia-nos e não nos atrevíamos a queixar-nos, caluniava-nos e não sabíamos justificar-nos. justificar-no s. roubava-nos continuamente os nossos brinquedos ou destruía-os. muito gulosa, tirava-nos - quando as crianças não estavam a ser vigiadas de perto - a nossa parte das guloseimas. mas, coisa curiosa, apesar de tudo isso não sentíamos a mínima animosidade contra ela e contínuávamos a gostar dela porque era nossa irmã. isto é inexplicável, sem dúvida, pela debilidade mental das crianças que amam, às vezes, as pessoas que as maltratam (pais brutais, por exemplo) por incapacidade de discorrerem sobre os actos. sabíamos apenas que os irmãos se devem amar e obedecíamos a essa regra de ética. com seis anos, essa rapariguita teve a ideia de roubar o dinheiro que a nossa criada escondia na cama. nós, ou seja, eu e as minhas irmãs, também sabíamos que a criada metia o dinheiro debaixo do colchão, mas, para além de a ideia de roubo já ser para nós horrível, não tínhamos o menor interesse em possuir dinheiro, ao passo que a nossa companheira, criada exactamente nas mesmas condições que nós, não lhe faltando nada, tendo os mesmos brinquedos, possuía já o instinto da cupidez! nessa mesma época, parece que terá cometido atentados sexuais sobre nós, mas não tenho qualquer lembrança desse episódio. de resto, as minhas recordações em relação aos primeiros seis anos da minha são muito fragmentárias e incompletas. alarmada comexistência o desenvolvimento precoce das tendências viciosas da filha adoptiva e receando a sua proximidade junto dos seus jovens companheiros, a minha mãe acabou por afastá-la da família. a menina foi confiada a uma das minhas tias, uma solteirona muito caridosa e de ideias filantrópicas. filantrópicas . essa excelente senhora dedicou-se extraordinariamente extraordinari amente à nossa pseudo-irmã, educou-a o melhor que pôde, mas tudo foi inútil. no colégio, olga nunca quis trabalhar; com dezoito anos, tendo abandonado a sua benfeitora, tinha já a profissão da mãe. aos vinte e dois anos, foi mandada para a sibéria por roubo e tentativa de homicídio. se fiz esta digressão um tanto extensa foi por me ter impressionado a opinião de wundt, que na sua Ética defende que a teoria de spencer, segundo a qual as propensões morais podem ser transmitidas hereditariamente, hereditariamente, é pura ficção. julgo que a história de olga parece indicar
precisamente que em algumas crianças se manifestam desde muito cedo certas predisposições morais hereditárias (já que a educação não teve aqui qualquer papel). mas voltemos ao meu relato. recordo-me, pois, que ao brincar uma vez no jardim com as outras três crianças me ocorreu a ideia (porquê, não sei, mas certamente que as sensações sexuais não intervieram de modo algum) de urinar para dentro de uma caixa de fósforos vazia (na rússia, nessa altura, essas caixas eram cilíndricas e assemelhavam-se assemelhavamse a um pequeno copo) e obrigar as minhas irmãs a beber a urina. as três meninas obedeceram docilmente e emborcaram conscienciosamente conscienciosa mente o conteúdo do copo, que eu voltava a encher depois de esvaziado. a pequena olga parecia encontrar nesta incongruência um prazer especial, mas, como a atracção pela denúncia era o traço dominante do seu carácter, apressou-se a correr para casa para ir contar o que se passara à nossa mamã. essa propensão para a denúncia era verdadeiramente inexplicáve inexplicável l nesta criança, até porque os nossos pais procuraram sempre inculcar-nos a mais profunda aversão pela delação, afirmando repetidamente que não há nada pior do que ser denunciante e repreendendo olga sempre que esta pretendia "intrigar". no entanto, a denúncia e a calúnia eram nela uma paixão irresistível. odiava toda a gente e esforçava-se por fazer mal a todos, apesar de à sua volta só encontrar afecto e amor. esta é a realidade, embora se afigure de uma psicologia inverosímil. penso, uma vez mais, que o facto só se pode explicar com uma lamentável hereditariedade. hereditariedade. quando olga foi retirada de nossa casa, a minha mãe, para explicar o motivo, contou-nos uma história fantástica. no entanto, víamos olga (que passara a viver no campo com a minha tia) de longe em longe. sabíamos do roubo cometido pela rapariga porque o esclareceu na nossa presença, mas não lhe atribuímos importância. menos ainda nos impressionaram as suas manipulações dos nossos órgãos sexuais, visto eu ter até esquecido esse episódio, que me foi relatado muito mais tarde. quando, aos dez anos, a minha tia se mudou para a nossa cidade para meter olga no colégio, como aluna externa, tive ocasião de ver frequência a minha ex-companheira e só então soube que com ela maior não era minha irmã verdadeira. com sete anos, já sabia como eram as raparigas, tendo observado a conformação das minhas irmãs, mas era uma coisa que não me interessava em absoluto. foi então que teve lugar um episódio, do qual guardei uma recordação muito nítida, embora não me tenha impressionado sexualmente. sexualmente. tinha eu sete ou oito anos. passávamos o verão numa propriedade à beira do mar negro, numa cidade do cáucaso. tínhamos como vizinhos a família de um general, cujos três filhos (com seis, nove e dez anos) vinham muitas vezes brincar comigo para o imenso jardim que circundava as nossas casas de campo. lembro-me de estar sozinho um dia com o rapazinho de nove anos, serioja (diminutivo de serguei), junto de um muro onde estava desenhado a carvão um homem com um pênis enorme e a seguinte inscrição: "o senhor da p... pontiaguda". já não me lembro do que falávamos; de súbito, serioja perguntou-me: perguntou-me:
- tu fodes as tuas irmãs? - (usou um equivalente russo desta palavra, igualmente grosseiro, ou ainda mais.) - não percebo o que queres dizer -, respondi. - não sei o que isso é. - o quê, não sabes o que quer dizer a palavra foder? mas todos os rapazes sabem. pedi-lhe que me explicasse esse mistério. - foder - disse ele - é quando o rapaz mete a pilínha no pipi da rapariga. achei, cá para mim, que aquilo não fazia qualquer sentido nem tinha interesse algum, mas, por delicadeza, não disse nada e comecei a falar de outra coisa. não pensei mais nessa conversa, que foi uma decepção para a minha curiosidade, mas alguns dias depois, serioja e boria (boris), o mais velho dos três irmãos, disseram-me: - victor, vem connoscofoder a zoé. zoé era uma jovem grega de doze anos, filha do jardineiro do general. conhecendo já o significado da palavra foder e não estando nada interessado num acto que me parecia absurdo, comecei por declinar o convite. mas eles insistiram: - vem lá, imbecil! vais ver como é bom! como sempre tive receio, por temperamento, de ofender alguém e sempre fui educado até à pusilanimidade, segui os dois atrevidos, a quem se vieram juntar o irmão mais novo kolia (nicolas), a pequena zoé em questão, um jovem judeu de oito ou nove anos que se chamava, lembro-me, misha (mikhail), e um rapaz russo de uns dez anos, vânia (ivan). penetrámos nas profundezas do jardim. ali, num pequeno bosque retirado, os rapazes puseram os pênis para fora das calças e começaram a brincar com eles. lembro-me do aspecto que os órgãos tinham e compreendo agora que estavam em erecção. zoé manejava-os com os dedos, introduzia um filamento de erva entre o prepucio e a glande e na uretra. também me quis fazer o mesmo, mas doeu-me e eu protestei. em seguida, deitou-se no chão, arregaçou a saia, afastou as coxas e expôs as suas partes sexuais. com os dedos afastou osvermelha grandes lábios e fiquei surpreendido ao ver queas a vulva era no interior. porque, se já tinha visto partes genitais das minhas irmãs, nunca tinha visto a vulva entreaberta. aquilo causou-me uma impressão desagradável. em seguida, os rapazes deitaram-se sucessivamente, sobre o ventre de zoé, colocando o pênis sobre a vulva. como continuava a não me interessar, não tentei averiguar se tinha havido inmissio penís ou se o contacto era superficial. via apenas os rapazes e a miúda agitarem-se muito, ela por baixo, eles por cima, e cada um dos rapazes prosseguir com o exercício durante bastante tempo, para grande espanto meu. o pequeno kolia fez como os outros. a minha vez chegou. sempre por delicadeza para com os outros, coloquei o meu pênis sobre a vulva da jovem grega, mas ela não ficou satisfeita comigo, chamou-me imbecil e velha pileca (kiliacba), disse que eu não sabia fazer, que a minha pílínha parecia um trapo. tentou ensinar-me afazer melhor, mas não conseguiu e
voltou a repetir que eu era um imbecil. sentia-me muito ferido na minha dignidade, sobretudo por ser tratado por "velha pileca", tanto mais porque tinha consciência de estar a fazer uma coisa tão absurda e insípida por pura cortesia para com os meus companheiros e que não me interessava absolutamente nada neste mundo. de resto, não tinha a mínima suspeita de que tudo aquilo pudesse ser considerado vergonhoso ou imoral. por isso, ao voltar para casa, contei à minha mãe, à frente de todos e com o ar mais tranquilo, mais ingénuo do mundo (não se tratava de modo algum de uma denúncia, porque eu não sabia que "foder" uma menina era repreensível) o que tínhamos estado a fazer. assombro geral, terrível escândalo. o meu pai foi falar com o general, para o alertar para o perigo moral a que os seus filhos se encontravam expostos, sem dúvida devido à convivência com algumas pessoas pouco recomendáveis, como a tal zoé, ou esse misha, ou o vânia, todos eles filhos de famílias reles; o general, porém, ficou furioso ante a ideia de alguém ter podido supor os seus filhos (imaginem só, os filhos de um general!) capazes de fazerem coisas indecentes, afirma que eu menti, injuria o meu pai, que lhe responde com virulência. a desinteligência entre as duas famílias vizinhas é total. foi este o meu primeiro contacto com as coisas sexuais, contacto, aliás, que não me afectou em nada, porque não entendi nada do que presenciara e não experimentei sequer a mínima emoção genésica. foi como se tivesse visto as crianças a esfregarem os narizes uns aos outros. recordo-me que algum tempo depois deste incidente, e de regresso a kiev, a minha tia, que acabara de chegar do campo, conversava com a minha mãe sem saber que eu as escutava. dizia que tinha descoberto que olga, que no campo dormia no terraço por causa do calor estival, tinha sido repetidamente visitada durante a noite por um rapaz de doze anos, filho do cocheiro, que se enfiava na sua cama "para lhe fazer porcarias". depois do escândalo do cáucaso, percebi de que "porcarias" se tratava. ouvi a minha mãe dizer à minha tia: - ah! agora percebo porque é que a olga chegou aqui tão macilenta e olheirenta. concluí que fazer "porcarias" era nocivo à saúde. nessa época, e até aos meus onze anos, era excessivamente pudico. a minha pudicícia não tinha nenhuma base sexual e era, creio, puramente imitativa, mas eu achava uma coisa horrível exibir-se diante de uma pessoa do sexo feminino não apenas nu, mas mesmo em camisa e cuecas. a partir dos sete anos, passei a ter um quarto só para mim e lembro-me (o pavor que senti quando a criada-de-quarto criada-de-qua rto quase me surpreendeu a mudar de camisa. depois disso, certificava-me certificava-me sempre com cuidado se a porta estava bem fechada antes de urinar, de me despir, etc. o que me leva a crer que não havia nisto nada de sexual é o facto de conhecer casos de crianças de quatro e mesmo três anos que experimentaram os mesmos temores pudicos. trata-se de um fenómeno de imitação e de sugestão. as crianças vêem os adultos esconder-se para se despirem, para fazerem as suas necessidades, etc., ouvem os
gritos das senhoras prestes a serem surpreendidas em roupa interior, e concluem que é uma coisa terrível ser-se visto quase ou totalmente despido. as impressões nessa idade são tão profundas, tão tenazes! o meu pai, para me inculcar a coragem física, falava à minha frente com desprezo dos rapazes fracos, medrosos, quase "efeminados". isto deixou em mim uma impressão tão funda que até à idade adulta considerei a debilidade física como a coisa mais vergonhosa, pior do que os piores vícios, e ficava aterrorizado ante a ideia de poder ser um desses "efeminados" de que o meu pai falava, embora fosse, pelo contrário, muito robusto para a minha idade e fisicamente corajoso, ainda que moralmente pusilânime (daí que não hesitasse em me bater com rapazes maiores do que eu, mas não ousasse levantar a voz para reclamar os meus direitos mais evidentes). voltando à questão do pudor, tive nessa época sonhos que se foram perpetuando ao longo de toda a minha vida e ainda hoje perduram. sonhava que me encontrava na rua ou num salão, sem roupa, sem calças ou simplesmente descalço ou sem casaco (ou só com um pé descalço). tentava ocultar esse escândalo e experimentava um sofrimento indizível. como acabo de dizer, ainda hoje tenho esses sonhos e fazem-me sofrer tanto como quando tinha oito ou nove anos! e no entanto, a partir dos doze anos, deixei de experimentar, na vida real, qualquer espécie de sentimento de pudor, e se evitava que me vissem nu era por respeito pelos preceitos públicos e nunca por um sentimento íntimo. uma outra prova da profundidade das marcas subconsciente subconscientes s das impressões infantis, outro sonho horrível, do qual nada me conseguiu libertar, é a visão de estar sentado num banco no colégio (liceu), sem saber a lição e na expectativa de ser interrogado pelo professor. ainda agora tenho esse pesadelo aflitivo pelo menos uma vez por semana. quanto ao sonho de estar parcialmente vestido no meio das pessoas, tenho-o a intervalos de quinze ou vinte dias e é verdadeiramente penoso, fiquei a saber, depois de várias conversas, que muitas pessoas (sobretudo mulheres) têm sonhos angustiantes em que se encontram despidas ou parcialmente desnudadas noemeio das pessoas. quando eraera criança tambémpor sonhava frequentemente frequentement que caía em abismos ou que perseguido animais selvagens e por cães, mas depois de atingir a idade adulta deixei de ter esses sonhos. lembro-me que quando tinha sete ou oito anos (foi depois do caso com os filhos do general), passeava uma vez na rua com as minhas irmãs e a nossa preceptora francesa e um rapazinho do povo (um pequeno mujique) que eu não conhecia me disse apontando para uma das minhas irmãs: - tu fode-la? tinhamos, nessa época, uma preceptora francesa, excelente pessoa, de quem gostávamos muito. dava-me a ler livros franceses, o que eu fazia com paixão, sobretudo se eram livros de viagens ou de aventuras de guerra. só temia mademoiselle pauline quando ela me dava aulas de piano: abominava os exercícios, que consistiam em dedilhar o teclado. também gostávamos muito da nossa
criada-de-quarto e não sei o que preferia ouvir, se as canções criada-de-quarto provençais que mademoiselle pauline cantava, acompanhandoacompanhando-se se ao piano, se os contos de fadas que nos contava a criada pelagie. eu tinha a firme intenção de vir a ser mais tarde um explorador do centro de África, mas queria viajar acompanhado da minha mulher, como bekker, cujas viagens ia lendo. apenas me interrogava com quem devia casar, se com mademoiselle pauline se com pelagie. entendia que para um viajante era mais prático ter uma mulher como pelagie, rapariga do povo, forte e que sabia cozinhar. tinha, porém, mais afeição por mademoiselle pauline e, além disso, ela era mais instruída e a sua conversa mais interessante. era, pois, preferível levá-la comigo, tanto mais que no deserto não havia piano para me atormentar com as escalas. mas uma vez ouvi dizer a alguém que rubinstein costumava viajar com um pequeno piano portátil mudo para não deixar os dedos "enferrujarem" durante durante as viagens. e então tive medo que mademoiselle pauline levasse consigo, em viagem, um piano portátil para me obrigar a fazer os odiosos exercícios. perant perante e esta ideia, toda a minha temeridade de explorador africano me abandonou. isto fez pender o prato da balança a favor de pelagie, a quem declarei solenemente a minha intenção de a tomar como mulher quando fosse grande, para me acompanhar nas minhas explorações africanas, africanas, ao que ela assentiu de boa vontade. naquela época da minha vida, todo eu era afecto em relação às pessoas que me rodeavam. gostava tanto de mademoiselle pauline e das criadas (sobretudo de pelagie) como dos meus pais, mas era principalmente principalment e os soldados que eu adorava. de facto, havia muito próximo de nossa casa um corpo de guarda onde eu contava com inúmeros amigos entre os soldados. por princípio, os meus pais davam aos filhos plena liberdade de movimentos (do mesmo modo que, também por princípio, não nos castigavam nunca. se eu aceitava tarefas desagradáveis como, por exemplo, o estudo de piano, era por delicadeza e fraqueza de vontade e não por coacção exterior). a preceptora tinha de se submeter a este regime, embora o achasse extravagante. saíamos quando queríamos, fazíamos amizades pordiversos nossa conta e risco. assim, relações de amizade com soldados que,estabeleci, aos meus olhos, estavam rodeados de uma auréola de majestade quase divina, sobretudo os de cavalaria, hussardos, dragões. experimentava uma volúpia celestial ao tocar os seus botões de metal, os galões, os capacetes, mas sobretudo as armas. como todos os rapazes, era louco por armas (sabres, espingardas, pistolas) e ficava horas a fio no quartel a mexer nesses objectos que me fascinavam. como teria sido feliz se os meus pais, em lugar de me comprarem comboios e outros brinquedos que pouco me interessavam, me tivessem comprado sabres e espingardas! mas jamais o faziam, provavelmente por princípio, e eu era demasiado tímido para manifestar os meus desejos. os meus pais, internacionalistas e antimilitaristas, antimilitaris tas, ignoravam até que ponto o filho era um adniirador dos "militarões" e um patriota exacerbado! de facto, os soldados iniciaram-me no patriotismo russo, garantindo-me que
o exército russo nunca tinha sido batido nem podia ser vencido por nenhuma força humana, porque um só soldado russo é mais forte do que cinquenta soldados alemães, franceses, ingleses ou turcos. cheguei a perguntar ao meu pai se era verdade. disse-me que não, mas não acreditei. as afirmações do meu amigo hussardo eram mais convincentes, porque emanavam de um homem competente, de um especialista, ao passo que o meu pai era um simples civil. e era tão agradável pertencer a uma nação cujos soldados nunca tinham sido vencidos! o meu pai dizia-me que sebastopol havia sido tomada pelos franceses, mas os meus amigos soldados asseguravam que, pelo contrário, tinham sido os soldados franceses e ingleses que tinham sido derrotados e exterminados diante de sebastopol, o que me parecia muito mais verosímil. durante a guerra russo-turca de 1877-1878, os meus pais (facto, aliás, que eu ignorava na altura) desejavam, por ódio ao governo, a derrota da rússia. eu lia apaixonadamente os jornais e exultava com o relato das vitórias dos meus compatriotas (os reveses nunca eram admitidos pela imprensa russa); enfurecia-me ser ainda um rapazito e não poder alistar-me na tropa para ir combater ao lado dos meus amigos hussardos. os meus heróis de eleição eram os generais gurko e skobeleff. mais ou menos nessa altura (entre os oito e os nove anos), estive quase a tornar-me crente. eu e as minhas duas irmãs tínhamos sido educados fora de qualquer religião, como é o caso de quase todos os filhos de "intelectuais "intelectuais" " na rússia. na europa desconhece-se que as classes cultas da rússia são totalmente irreligiosas e ateias. julga-se a rússia segundo alguns espíritos excepcionais excepcionais, , como toistoi ou dostoievski. o seu misticismo, o seu cristianismo é completamente alheio à sociedade ilustrada, na rússia. e, entre nós, as mulheres são tão pouco querentes quanto os homens. nós, os russos, nem sequer conseguimos compreender como é que as pessoas instruídas, na europa ocidental e sobretudo em inglaterra, se interessam tanto por questões religiosas; surpreende-nos surpreende-no s que ingleses inteligentes, e por vezes eruditos, entrem num templo para ouvir asobanalidades morais e os insípidos lugares comuns de um pregador; hábito inglês de ler a bíblia a toda a hora, de a citar a todo o momento, afigura-se-nos afigura-se-nos uma mania estranha, porque pensamos que há milhares de livros mais instrutivos, mais agradáveis, mais interessantes sob todos os pontos de vista do que a bíblia. do mesmo modo, quando temos conhecimento de que nos países da europa ocidental sábios e filósofos, pensadores sérios, discutem para saber se o sentimento religioso é eterno e se a humanidade poderá alguma vez prescindir dele, não podemos ocultar a nossa surpresa, pois vivemos num meio de onde o sentimento religioso desapareceu sem deixar rasto. como podemos admitir a necessidade e a perenidade da religião se entre nós toda a sociedade instruída, a flor e o escol da nação, um milhão ou mais de indivíduos vive sem sentir a mínima necessidade de credos religiosos? nesta perspectiva, o russo típico não é o excêntrico tolstoi e sim kropotkin, que durante a sua longa
existência meditou sobre uma multitude de coisas, mas jamais sobre deus ou sobre a alma. para ele, a questão religiosa coloca-se ao mesmo nível da astrologia, da quiromancia, etc. na minha família, à semelhança de todas as famílias das nossas relações, não se falava nunca às crianças de deus, (ia vida futura, de jesus cristo. isto afligia a boa pelagie, que quis converter os pequenos pagãos e nos ensinou a religião, o que foi possível sem que os nossos pais o soubessem, porque, embora nos amassem, ocupavam-se muito pouco de nós, como já referi. pelagie não só me explicou os principais dogmas cristãos como me ensinou também orações que eu rezava compungidamente compungidamente. . por fim, decidiu levar-nos, a mim e à mais velha das minhas duas irmãs, à igreja para podermos comungar. na igreja grega (à qual eu pertencia por nascimento), uma vez que na rússia, o baptismo é obrigatório para todas as crianças russas, isto é, nascidas de pais ortodoxos gregos; o estado não considera russos os católicos, os judeus, os maometanos, os protestantes. são simplesmente "súbditos alógenos [ínorocitsil do império], mas não russos. conheço um estudante judeu, súbdito russo, que ficou muito surpreendido quando, num documento oficial francês, lhe foi atribuída a nacionalidade russa. pensou que se tratava de um erro e comentou: - não, eu sou de nacionalidade judia - não compreendendo a resposta do funcionário francês: - em frança, conhecemos a religião judaica, mas não conhecemos a nacionalidade judaica. não há uma idade determinada para a primeira comunhão, esta pode ser administrada desde que a criança esteja baptizada, e entre o povo assim sucede por vezes. mas antes de me levar a comungar, pelagie explicou-me que o sacerdote ia confessar-me. estava, pois, preparado para a confissão, trémulo e conseguindo descobrir pecados bastante insignificantes, suponho. mas, como todos os tímidos, eu tinha um desmedido amor-próprio e a ideia de revelar as minhas pequenas faltas a um estranho assustava-me imenso. pelagie tinha-me ensinado que havia um anjo-da-guarda anjo-da-guarda que me acompanhava e me protegia contra o diabo. recordo-me que, deitado naadormecer minha cama ferro, as luzes apagadas, não conseguia a de pensar no com que iria dizer ao padre. tão depressa decidia ocultar-lhe os meus pecados (por exemplo, ter deitado a língua de fora à minha irmã com uma intenção ofensiva, ou ter-me revelado preguiçoso no estudo das escalas e da gramática francesa que mademoiselle pauline me impunha) - mas, então, dizia a mim mesmo que essa decisão ímpia me era sugerida pelo diabo - como resolvia contar tudo e sentia que estava a obedecer ao anjo guardião. finalmente, o anjo-da-guarda levou a melhor e decidi relevar tudo ao confessor, por muito que custasse ao meu amor-próprio. experimentei um sentimento de puro júbilo e de beatitude e adormeci. no dia seguinte, o coração batia-me com força quando pelagie nos levou à igreja, mas a minha santa decisão era inabalável. qual não foi o meu espanto quando, no acto da confissão, o sacerdote não me interrogou sobre nenhum dos meus pecados,
limitando-se a perguntar-me se eu sabia as orações e o símbolo de niceia, que pelagie me tinha ensinado e que eu recitava mais ou menos, não entendendo, aliás, quase nada (porque na rússia a língua litúrgica é o antigo eslavo, que está para o russo actual como o inglês de beowolf ou de caedmon's para pfrase está para o inglês moderno. daí que as orações que o povo russo reza sejam, para ele, completamente ininteligíveis). em seguida fui comungar sem experimentar qualquer espécie de emoção, interrogando-me apenas por que razão o pão (os ortodoxos gregos comungam com pedacinhos de pão e não com hóstias) e o vinho que eu tomava não sabiam nem a carne nem a sangue. a propósito da confissão, refiro de passagem que os sacerdotes ortodoxos gregos a entendem de forma muito diferente dos padres católicos. de facto, quando mais tarde, já aluno do liceu, era obrigado pelos regulamentos escolares a confessar-me e a comungar todos os anos, o sacerdote nunca perguntou nada sobre os pecados sexuais, nem sequer quando tinha dezassete anos; limitava-se a perguntar se era respeitoso para com os meus professores, se não brigava com os meus camaradas e se estudava consciencio conscienciosamente samente as minhas lições! conheço, de resto, o caso de uma senhora católica convertida à religião ortodoxa grega que se indignava decepcionada e desiludida - com a maneira sumária e "superficial" como os sacerdotes da sua nova religião confessavam! - quase não me interrogou! - dizia. o meu fervor religioso não durou muito tempo. pelagie deixou-nos algum tempo depois da minha comunhão clandestina (que os meus pais ignoravam). a minha inteligência, nessa época da minha vida (entre os oito e os dez anos), fez rápidos progressos. compreendi que os meus pais eram ateus, o que fez com que de súbito eu deixasse de crer, tanto mais que a autoridade intelectual da excelente pelagie, agora ausente, deixara de ser exercida sobre mim, ao passo que os meus sentimentos patriótic patrióticos os e militaristas iam sendo alimentados pelas conversas com os meus amigos soldados, incarnação da força física pela qual o meu próprio pai, sem prever as consequências dos seus discursos, me havia inspirado umaminha profunda veneração. assim, o período místico foi muito breve na vida. com nove anos, perdi as minhas duas irmãs. foram ambas arrebatadas pela difteria, que me atingiu na mesma altura, mas da qual consegui curar-me. durante vários meses, ocultaram-me a sua morte, inventando histórias. histórias. eu começava, porém, a ter já um espírito mais crítico e suspeitava de alguma desgraça. quando finalmente soube a verdade, fiquei triste, mas, estranhamente, não chorei, embora chorasse sempre quando via morrer um cão, um gato, um pássaro ou um rato. talvez isso se devesse ao facto de não ter sofrido um choque moral, por suspeitar já da verdade que me escondiam. algum tempo depois, mademoiselle pauline também nos deixou, o que foi para mim causa de enorme desgosto, como antes a partida de pelagie. a minha mãe deu-me lições para me preparar para o ginásio (colégio ou liceu). o curso do ginásio russo é
constituído por oito cursos, sem contar com um ou dois, ou até três, cursos preparatórios (no meu tempo, só havia um grau preparatório). preparatório) . entra-se no primeiro grau com dez ou onze anos e concluem-se os estudos secundários (se não se tiver de repetir nenhum ano em consequência de más notas nos exames de passagem) com dezoito ou dezanove anos. a aprovação no último exame do ginásio (exame de avaliação de maturidade) abre as portas das universidades e de algumas escolas superiores, como o baccalauréat francês. eu não fiz o curso preparatório, tendo ingressado, após um exame, no primeiro curso do ginásio quando tinha pouco menos de dez anos. a minha mãe ficou surpreendida com as minhas capacidades, das quais não suspeitava. eu tinha uma memória extraordinária, um enorme gosto e facilidade para o cálculo e um imenso amor pela leitura. por outro lado, as minhas composições eram notáveis para a minha idade. não tardei a ganhar fama de menino-prodígio. não ignorava essa fama, o que não contribuiu para aumentar a minha confiança. a confiança em mim mesmo não diminuiu em nada a minha timidez, mas exacerbou o meu amor-próprio, já de si excessivo. os meus pais sentiam-se orgulhosos por verem que eu lia livros sérios, franceses e russos, que outras crianças da minha idade nem sequer conseguiam entender. eu também me sentia orgulhoso. entre os oito anos e meio e os dez, passei dois verões no campo, na propriedade de um dos meus tios. tinha filhos que não conversavam comigo, com excepção de um deles, o mais novo, um rapaz de dezasseis ou dezassete anos, aluno do sexto ano do ginásio. esse adolescente estava, creio, sob a influência de um verdadeiro atordoamento erótico. só pensava em mulheres e só falava de coisas obscenas. só que, como me supunha mais bem informado e mais experiente do que era, não se explicava em pormenor e falava de tal maneira que eu não compreendia o que ele dizia. , contava-me anedotas escandalosas e pornográficas, cujo , sentido me escapava totalmente e que só vim a compreender muito mais tarde. perseguia, na minha presença, as raparigas (criadas, operárias), agarrava-as pela cintura, beijava-as, o que não me excitava nem me interessava. dizia-me, apontando, apontand exemplo, nada, uma operária: - sabes? eu durmo com aquela - o, oupor - já fui para a cama com ela. - eu, porém, desconhecia o significado equívoco da expressão "ir para a cama" e não entendia que prazer ou que interesse podia haver em dormir com uma mulher. Às vezes, durante a noite, saía do quarto, dizendo: - vou para a cama com, umas raparigas - e convidava-me a acompanhá-lo. eu recusava, espantado com essas ideias esquisitas e perguntando , -me se ele não estaria louco. uma vez, preparávamo-nos para tomar banho no rio e estávamos sentados, nus, à beira de água. o meu primo mostrou-me o escroto, dizendo: - vês como é grande? não admira, porque é daqui que vêm as crianças. esta frase deixou-me atónito. como é possível que ele não saiba", pensei eu, "com esta idade, que as mulheres não são iguais aos homens e não têm testículos?" não achei necessário, no
entanto, dissipar essa ignorância. talvez me agradasse saber mais do que um rapaz de dezassete anos. sabia já que as crianças nascem do ventre da mulher; mas pensava que era através de um rasgão, aberto no momento do parto na zona onde fica o umbigo. fora assim que havia compreendido a expressão encontrada nos livros: "a criança, ao nascer, rasga as entranhas da mãe." e, naturalmente, não tinha a mínima suspeita da participação do homem na concepção da criança. sempre que tomávamos banho no rio - às vezes, na companhia dos irmãos mais velhos do meu primo -, as raparigas da aldeia, dos doze aos dezassete ou dezoito anos, vinham observar-nos. contrariamente contrariament e à opinião corrente, pude verificar que as raparigas são muito menos pudicas nas aldeias do que nas cidades. pelo menos na rússia é assim. convém notar que, na rússia, os indivíduos de todas as idades e de ambos os sexos têm o hábito (sobretudo no campo) de se banhar completamente nus no rio e no mar. homens e mulheres formam grupos separados que não tomam banho juntos, mas suficientemente próximos para se poderem observar uns aos outros minuciosamente. era assim na aldeia onde eu passava o verão. mas fora disso, enquanto nós, os rapazes, tomávamos banho, garotas adolescentes e raparigas crescidas vinham ver-nos, como já disse, sem, contudo, se despirem. sentavam-se calmamente calmamente na relva, a uns oito ou dez metros do sítio para onde atirávamos a roupa e esperavam que saíssemos da água. isso não constrangia de modo algum os meus companheiros, antes pelo contrário: dava-lhes prazer, proporcionando-lhe proporcionando-lhes s a ocasião de trocarem com as raparigas algumas palavras mais ou menos atrevidas, mas para mim devido ao pudor de que então era vítima, como já referi - era um verdadeiro suplício. saía de dentro de água, servindo-me de astúcias de índios apaches, escondendo-me atrás das moitas que cresciam na margem do rio e aproveitando o momento em que as raparigas não me prestavam atenção, o que não era muito difícil, porque não era em mim mas sim nos rapazes mais velhos que tinham os olhos cravados. a maioria das vezes bastava-me esperar, mergulhado até ao queixo na água lodosa do rio, que os rapazes se vestissem. altura, as raparigas iam-se embora e eu podia sair da água enessa vestir-me tranquilamente. tranquilament e. mas uma vez, quando o meu primo já estava vestido, duas rapariguinhas execráveis, execráveis, uma de uns quinze anos, a outra de uns doze, teimaram em continuar sentadas, aguardando a minha aparição in naturalibus. ao ver que elas não faziam menção de se retirar, eu não me atrevia a sair e, mergulhado na água até ao pescoço, sentia-me desesperado, vertendo lágrimas amargas que se confundiam com a água que me escorria dos cabelos pela cara abaixo. o meu primo compreendeu finalmente o que se passava e teve uma ideia infernal. voltou a despir-se, entrou no rio, agarrou-me traiçoeiramente traiçoeiramente pelas costas e içou-me para fora de água com os braços estendidos, afastando-me as coxas e mostrando os meus órgãos sexuais às garotas, que riam às gargalhadas, deliciadas. aquela situação fez-me experimentar uma comoção fisica violenta e dolorosa e, durante muito tempo, não consegui
evocar essa cena sem suportar um sofrimento real. e, no entanto, seria um erro estabelecer qualquer relação entre o meu pudor histérico e a vida sexual. no impudor eu não via mais do que um atentado às conveniencias sociais, um insulto à boa educação. sabia que um indivíduo expor-se nu diante de mulheres era uma coisa chocante, vulgar, grosseira, mas do mesmo modo que o era não tirar o chapéu ao entrar numa casa estranha. a exactidão desta explicação é comprovada pelo facto de nos meus sonhos angustiantes me encontrar mais vezes num salão muito simplesmente sem botins do que sem roupa, e no entanto o primeiro pesadelo fazia-me sofrer tanto como o segundo. preferia deixar-me matar a consentir em passear na rua sem chapéu, coisa que os meus jovens companheiros faziam sem o menor constrangimento. e se alguém, à força, me tivesse obrigado a atravessar a cidade sem chapéu, ter-me-ia infligido um suplício tão terrível como se me obrigasse a passear completamente nu. eu estava (e continuo a estar) obcecado por um desmedido amor-próprio e o meu pudor era consequência disso. expor a nudez, tal como estar descalço ou sem chapéu, equivalia a apresentar-se numa situação rídícula, e apenas isso. dizer um palavrão era revelar-se mal-educado. esse estado de alma infantil era talvez devido à influência do meu pai, um perfeito cavalheiro que levava a correcção exterior até à afectação, extremamente extremamente minucioso em tudo o que dissesse respeito aos deveres mundanos. esse apego às convenções, às regras tradicionais da etiqueta na vida exterior era até contraditório com as suas ideias sociais e políticas, ultra-radicais ultra-radicais e ultrademocrát ultrademocráticas. icas. o medo do ridículo (do ponto de vista mundano) acompanhou-me ao longo de toda a vida. e coisa singular, quando hoje recordo de novo alguma inépcia mundana, alguma grosseria que cometi quando era criança (um gesto com o chapéu não correspondido a tempo, um cumprimento ridículo, uma pergunta intempestiva, uma resposta impertinente, uma inconveniência por, distracção, distracção, etc.), sofro com isso como se se tivesse passado ontem e, frequentement frequentemente, e, ao pensar nessas coisas, não consigo sufocar um grito ou um gemido. para minha vergonha, recordações deste me provocam sensações devo mais confessar pungentes que do que os remorsos dasgênero acçõesmais iníquas. no meu caso, as feridas deste tipo jamais cicatrizam, permanecem eternamente abertas, contra elas o tempo é impotente. pois bem, no meu pudor infantil não havia senão elementos deste gênero: o medo (sugerido pelo exemplo e pelas palavras dos adultos) da inconveniência e do ridículo. o banho dos rapazes e das raparigas da aldeia tinha normalmente lugar à mesma hora do dia. aconteceu-me várias vezes ver dois grupos de rapazes e de raparigas, de catorze a dezoito anos, banharem-se no rio a uma vintena de metros de distância um do outro. estavam completamente nus, metidos na água só até aos joelhos, frente a frente, trocando gracejos grosseiros e bombardeando-se bombardeandose com bolas de lodo arrancado do leito do rio. eles atiravam os projécteis de modo a atingirem as partes genitais do outro sexo, o que desencadeava uma tempestade de risos. quando, à
noitinha, tomava o meu banho quente em casa, tinha o cuidado de fechar os postigos sem deixar nenhuma fresta, porque as criadas novas (e eram numerosas em casa do meu tio) observavam pelas janelas os meus primos enquanto eles tomavam banho. cheguei uma vez a surpreender uma conversa de duas delas, que não deixou de me surpreender: - viste ontem o paních (na língua da pequena rússia, o jovem amo) quando estava a tomar banho? - claro que vi! vi aquilo que tem entre as pernas como te estou a ver a ti! até me mijei de prazer! (ya azh stsala víd vissilia!) como me separava sempre uma distância considerável das raparigas que via tomar banho no rio, não conseguia distinguir bem os pormenores da sua nudez: via sobre os seus baixos-ventres triângulos negros, mas não sabia que esses triângulos eram de pêlos. perguntava-me, perguntava-me, pois, se seriam pintados ou se era a cor natural da pele naquele sítio, ou até se se colocavam sobre a vulva (para a ocultarem e por pudor?) pedaços de papel gomado ou de tecido. contudo, sabia que os homens tinham pêlos no púbis, mas, como me sucedia frequentemente, não relacionava as duas informações uma com a outra. como se vê, no campo estava cercado de sensualidade e de grosseria, mas apesar disso continuava a ser completamente inocente. o que se explica pelo facto de eu viver então sobretudo num mundo interior de fantasias e imagens irreais. tão depressa me imaginava no papel de godofredo de bouillon, como no de fernando cortez ou de livingstone. com a cabeça cheia de cruzadas e dos romances de walter scott, pouco observava o mundo real, que me interessava escassamente. escassamente. É certo que quando não lia, me dedicava aos exercícios físicos: equitação, natação, canoagem a remo e à vela, saltava valas, escalava muros, trepava às árvores mais altas e até caçava, não sem êxito com as grandes espingardas do meu tio, pois era suficientemen suficientemente te robusto para as manejar. no entanto, durante todos esses exercícios, eu representava sempre qualquer personagem imaginário. imaginava-me imaginava-me no papel de mungo park, de(mas barth, de speke, de grant, rené caillé ou de gordon cumming raras vezes, porque nãode gostava dele, achava-o demasiado cruel para os animais nobres, como o elefante), ou de jules gérard, o matador de leões! tão depressa pensava em personagens históricos como nos heróis dos romances de mayne reid, júlio verne, fenimore cooper, gabriel ferry, como nos diversos viajantes cujas explorações explorações lia em le tour du monde, uma ilustração francesa que assinávamos. quando matava um corvo ou uma codorniz, para mim era um condor ou uma ave-do-paraíso; quando entrava na minha canoa, embarcava à descoberta da américa ou à conquista de jerusalém; escalar um muro era atravessar as cordilheiras, etc. por outro lado, como não tinha à minha volta companheiros da minha idade, conversava muito pouco e, como diz o poeta francês: "caminhava completamente vivo no meu sonho." quando não entendia o que diziam na minha presença, nunca pedia esclarecimentos, esclareciment os, fosse por timidez fosse por orgulho, e fingia
compreender. por isso, o mistério sexual não se me revelou nessa época. algumas meninas das famílias nobres vizinhas vinham amiúde a casa do meu tio. mas eu não me dignava brincar nem conversar com elas; em primeiro lugar, achava-me demasiado sábio, demasiado importante, e depois desprezava profundamente as rapariguinhas, incapazes de participar nos meus desportos. as damas gostavam de me beijar; isso não tinha nada de estranho, eu era belo como um querubim, rosado e rechonchudo, de cabelos louros encaracolados e grandes olhos azuis. mas detestava essas carícias que, além do mais, não me provocavam qualquer sensação sexual. até aos onze anos e meio nunca tive qualquer emoção genésica nem a menor erecção. tão-pouco os meus sentimentos afectivos tinham algum matiz sexual. gostava das pessoas que me rodeavam, homens e mulheres, mas não me enamorava de ninguém nem tinha afeições exclusivas. deixei o campo para fazer o exame de admissão ao ginásio. o exame foi para mim um triunfo, obtive a nota máxima em tudo e fui felicitado pelos professores. professores. ao entrar para o primeiro ano do ginásio, não tinha ainda completado os dez anos. os meus estudos durante os dois primeiros anos foram brilhantes. nunca tive outra nota que fosse (oou máximo ginásios russos) estive sempre nonão quadro decinco honra, tábua nos de ouro, como se diz ena rússia. É uma placa vermelha com uma moldura dourada, na qual estão inscritos os nomes dos melhores alunos. raramente há mais de um por curso e às vezes nenhum aluno do curso é considerado digno dessa distinção. o aluno que termine os estudos depois de ter estado na tábua de ouro durante o último ou os últimos anos recebe uma medalha de ouro. eu era, naturalmente naturalmente, , aluno externo, mas os meus pais nunca me ajudavam, nem na preparação das lições nem nos exercícios escolares. sentiam-se felizes por ouvirem o director do ginásio dizer que eu era motivo de orgulho para o estabelecimento, estabelecimen to, sobretudo devido às minhas composições, que os professores liam aos alunos das classes mais avançadas para sua edificação e para os envergonhar da sua inferioridade. a minha tradução em prosa latina de uma poesia lermontov intitulada o profeta (eu não conhecia então, como é de evidente, a métrica latina, porque frequentava apenas o segundo grau e foi por essa razão que a tradução foi feita em prosa) foi mostrada ao reitor da universidade, que disse que graças a mim talvez um dia a rússia se pudesse orgulhar de ter um denys lambin, um bentley ou um ruhnken (vim a saber deste elogio mais tarde). e o professor de aritmética chamava-me na brincadeira "o nosso futuro lagrange". ah! como ficaram longe de se concretizar todas essas previsões! eu era estimado pelos meus companheiros porque, fiel aos ensinamentos dos meus pais, nunca os denunciava (virtude muito rara no nosso ginásio. por ordem do governo e para formar futuros súbditosfiéis do tzar, futuros verdadeiros russos, as autoridades escolares tratavam de fomentar entre os alunos o espírito de intriga e de delação através de um esquema, bem montado, de
medidas), porque lhes "soprava" de forma engenhosa quando eram interrogados, porque lhes passava, nos dias de exercício na aula (extemporalia), (extemporalia ), os meus rascunhos, as soluções dos problemas, etc. em suma, era dedicado ao colectivo e, apesar de mimado pelos professores, via neles os opressores dos meus condiscípulos. contudo, porque a minha rebeldia nunca era aberta, conseguia as melhores notas em comportamento. entre os meus camaradas, tinha alguns amigos íntimos. deixava-os beneficiar dos frutos das minhas leituras, contando-lhes o que tinha aprendido nos livros. por outro lado, procurava interessá-los por leituras sérias: história, geografia, astronomia, obras de brehm sobre os animais, de tyndall sobre os fenómenos geológicos e físicos (a minha mãe, justamente, tinha publicado uma adaptação popular das obras de tyndall). consegui que um dos meus amigos compartilhasse totalmente os meus gostos e estávamos muito envaidecidos com a nossa ciência. lembro-me que uma vez nos ocorreu irmos passear para um jardim público, conversando em voz alta para sermos ouvidos pelos adultos e entremeando a nossa conversa de toda a espécie de palavras cultas e difíceis, cujo significado ignorávamo ignorávamos, s, tais como transcendental, subjectivo, objectivo, sintético, atomicidade, parâmetro, evolucionismo, precisão dos termodinâmica termodinâmica, , etc., palavras que havíamos retido naequinócios, memória, tal e qual uns papagaios, ao sabor das nossas múltiplas e confusas leituras. que pena essa conversa notável no jardim público não tenha podido ser estenografada estenografada! ! naquele tempo nunca me aconteceu falar com os meus camaradas de coisas sexuais. o meu amigo mais íntimo (o entusiasta das palavras cultas) era tão inocente quanto eu. quando víamos os cães a copularem na rua, não percebíamos nada desse fenómeno; vendo que não conseguiam despegar-se e ignorando por completo que estavam "pegados" pelos órgãos sexuais, julgávamos tratar-se de uma espécie de doença e tentávamos separar os pobres animais ao pontapé. um dia, perguntei ao meu pai a explicação para essa "enfermidade" e contei-lhe os meus esforços para separar os animais. me deu qualquer explicação, mas disse-me que deixasse não os cães em paz, e assim fiz. quando andava no primeiro ano do ginásio e com pouco mais de dez anos, estive prestes a dar um passo decisivo na via da ??37geschlechtlíce ??37geschlech tlíce au,félrung, como dizem os alemães. tinhamos nessa época uma criada chamada masha (diminutivo de maria). era uma camponesa radiosa, de dezoito ou vinte anos, muito diferente da citadina pelagie. enquanto esta só dava às crianças lições de bondade e de religião, masha empreendeu a minha "educação sexual". nessa altura, todas as tardes me retirava para o meu quarto, onde tinha a minha mesa de trabalho, a fim de preparar as lições, tarefa que despachava rapidamente para depois ler à minha vontade. os meus pais nunca me vinham interromper, mas masha adquiriu o hábito de vir fazer-me companhia depois do chá da tarde. a princípio, a sua companhia agradava-me. ansioso por derramar à minha volta as luzes da ciência, procurava instruir a
criada, explicando-lhe os mistérios da astronomia, expondo-lhe o que sabia de história e de geografia, mostrando-lhe gravuras gravuras, , etc. mas masha tinha pouca inclinação para os conhecimentos enciclopédicos, enciclopédico s, a que preferia certas noções de anatomia è de fisiologia. assim, quando ao falar-lhe de feitos históricos eu mencionava casamentos ou amores, ela proferia alusões e gracejos que eu não entendia. quando lhe mostrava livros de viagens com gravuras representando os selvagens ao naturalibus, ela nunca deixava de pôr o dedo no ponto onde estava representado o pénis de um botocudo ou de um hotentote, rindo alto e acrescentando às vezes: - que pena ser só uma gravura! o mesmo acontecia quando contemplava a reprodução de qualquer estátua antiga, da qual se via a virilidade. apontand apontando o o baixo-ventre de uma qualquer figura mitológica feminina nua, dizia-me: - não desenharam o mais bonito. não gostava de ver a sério? aquelas inconveniências chocavam-me chocavam-me e eu esforçava-me por a interessar por assuntos sérios, mas interrompia-me, dizendo : - como é sábio! 'tão novo e tão sábio! sabe tudo o que há no céu e na 'terra, leu os livros todos. e, contudo, há uma coisa que não sabeeeas que eu sei. não sabe o que fazem à noite, na cama, os senhores senhoras. - que disparate! - respondia eu. - dormem. - ah! nada disso, fazem uma coisa muito mais agradável. À espera de uma nova inconveniênci inconveniência, a, tentava dar outro rumo à conversa, mas masha insistia: - não sabe como se fazem os bebés! - claro que sei! saem da barriga das mulheres. - sim, as mulheres é assim que fazem os filhos. mas os homens, como fazem? - julga que eu sou um imbecil? sei muito bem que os homens não fazem meninos! - está muito enganado! são os homens que fazem os filhos às mulheres. disparate! e,que persuadido de que ela troçava de mim, voltava a falar de outra coisa. mas masha voltava à carga: - tenho que lhe contar o que fazem os senhores e as senhoras quando está a dormir. vou dizer-lhe que dança é que bailam na cama. e o seu papá e a sua mamã também bailam a mesma dança! eu protestava: - em primeiro lugar, o papá e a mamã nunca dormem juntos! (na rússia, na boa sociedade, os quartos do casal são sempre separados; as camas a que no sul da europa chamam de casal são consideradas na rússia uma coisa escandalosa.) - outro engano - prossegue masha. - À noite, o seu papá vai ter com a sua mamã. escute bem, vou-lhe dizer que dança eles dançam. eu zango-me, proíbo masha de continuar e ameaço-a de me ir embora se não se calar. não é por adivinhar o que irá dizer, nada
disso! mas sinto que vai dizer algo indecoroso e ao mesmo tempo calunioso. essa conversa, de que me lembro tão bem, recomeçava todas as tardes e de todas as vezes eu a interrompia, ameaçand ameaçando o ir-me embora. uma das vezes, disse-me masha: - quando estiver a dormir, venho ao pé de si e ato-lhe os testículos - (na rússia, designam-se vulgarmente estes órgãos pela expressão grosseira que significa ovos, yaitsi) - com um cordel e aperto com muita força, com um nó ! e depois, o que é que faz ? não pode fazer nada ! a ideia desse perigo misterioso assustou-me e disse a masha que, para impedir esse ataque, iria fazer queixa aos meus pais. desta vez foi ela que se assustou, pediu-me para não fazer isso e jurou que as suas palavras não passavam de uma brincadeira. - uma brincadeira muito estúpida - respondi. finalmente, uma noite, ela foi mais ousada. enquanto eu lhe mostrava as gravuras infolio da história das cruzadas de michaud, sentado à esquerda da rapariga, por baixo da mesa ela arregaçou as saias (na rússia, as mulheres do povo não usam culotes) e pegando de súbito com a sua mão esquerda na minha mão direita, colocou-a sobre a vulva, ao mesmo tempo que com a mão direita me abria as calças e agarrava com força o meu membro viril. a minha mão, com a qual felpuda começou ea húmida, esfregar o me seuprovocou monte deum vénus, sentiu qualquer coisa que profundo asco. indignado, levantei-me, furtando-me às mãos de masha, e declarei-lhe que ia de imediato falar com o meu pai. ela empalideceu, barrou-me barrou-me a porta e suplicou-me, a chorar ou a fingir que chorava, que não a desgraçasse denunciando-a. eu possuía um carácter demasiado débil para não ceder às suas súplicas e prometi-lhe que nunca falaria a ninguém desse incidente. mas daí para o futuro passei a ter medo de ficar sozinho com masha. mais tarde, disse à minha mãe que era mais agradável preparar as lições no seu gabinete de trabalho, onde ela passava frequentemente a tarde escrevendo as suas brochuras ou tratando da correspondência. o meu pedido foi aceite. quando me encontrava sozinho nesse gabinete, masha não se atrevia a entrar. recordo-me das reflexões que fiz depois dessa história sobre a sensação de veludo que tive ao tocar, contra vontade, o monte de vénus de masha. "porque tem pêlos ali? será uma enfermidade?" (conhecia casos de couro cabeludo, pensava também na grande verruga coberta de grandes pêlos de uma das minhas tias.) mas, coisa curiosa, não relacionei a minha nova experiência com a recordação dos "triângulos negros" das raparigas que vira a tomar banho, nem com o conhecimento que tinha da pilosidade do púbis dos homens adultos. isto mostra bem que podemos possuir conhecimentos que se completam entre si e cuja correlação faria ressaltar de imediato uma verdade nova sem que nos ocorra fazer precisamente essa correlação das duas informações obtidas em circunstâncias circunstância s diferentes. se se tivesse atentado suficientemente suficientemente nesta imperfeição da inteligência humana, talvez se houvesse tratado com menos desprezo o silogismo e hesitado um pouco antes
de afirmar que se trata de uma operação mental que não nos ensina nada de novo. durante uma vida inteira podemos estar de posse, isoladamente, da premissa maior e da premissa menor sem jamais nos ocorrer a conclusão que brotaria da sua reunião silogística. masha deixou de me perseguir com as suas tentativas libidinosas. uma única vez, num domingo em que eu tardava em levantar-me, a minha mãe mandou-a ao meu quarto acordar-me. com o pretexto de me obrigar a levantar de imediato, quis tirar-me o cobertor. travou-se uma luta encarniçada. dei-me perfeitamente conta que masha só queria ver os meus órgãos sexuais e defendi-me com valentia. como eu era muito forte, não conseguiu destapardestapar-me me e após longos e enérgicos esforços, teve de abandonar a partida. não recordo nenhum outro episódio relacionado com as coisas sexuais durante o período dos meus dois primeiros anos de ginásio. para ser completo, posso contar apenas que, quando frequentava o primeiro ano, me impressionara impressionaram m algumas palavras obscenas que se viam por toda a parte, nas ruas, nas paredes, nos bancos dos passeios públicos, etc. ignorava o significado da maior parte dessas expressões e interrogava o meu pai sobre elas. limitou-se a dizer que se tratava de coisas feias escritas por vadios. então, juntamente com o meu amigo (o mesmo com quem, tão ingenuamente, tentara fazer-me passar por dos grande sábio), que era nosso dever apagar essas palavras muros e dosachámos bancos de jardim, quando ninguém nos visse. ??42além dessefidus achates, tinha na aula outros amigos, menos íntimos; de resto, mantinha boas relações com todos os alunos da minha classe, nunca brigava com eles. os que pudessem não sentir por mim especial simpatia eram mantidos à distância pela reputação da minha força física. era sabido que eu tinha desancado vários alunos das duas classes a seguir às nossas, o que me dera uma grande popularidade. passei as férias entre o primeiro e o segundo curso na crimeia, à beira-mar. no ano seguinte, depois de fazer, com o êxito habitual, o exame de transição do segundo para o terceiro grau, e tendo sido, por conseguinte, admitido como aluno do terceiro, fui de férias com os meus pais, desta vez já não para a praia nem para a aldeia do meudo tio, mas sim das imediações de kiev, na margem dniepre, nopara meio uma doscidade bosques. vinham visitar-nos amiúde alguns amigos da família e, entre outros, a minha tia solteira, que trazia consigo olga. esta, no próprio dia da sua chegada, exibiu perante mim, no jardim, as suas partes sexuais, levantando a saia e dizendo : - que calor está hoje! vês, nem sequer vesti as calças! virei-lhe as costas, imperturbável. mas, alguns dias mais tarde, todo o meu equilibrio psíquico se alterou. a casa de campo que ocupávamos tinha sido alugada mobilada. entre os vários móveis deixados para nossa serventia, havia uma estante cheia de livros, na maioria velhos e sem valor. foi para mim um achado; na minha qualidade de sábio em potência e de rato de biblioteca, passava horas a rebuscar as pilhas de velhos alfarrábios, a folheá-los, a lê-los. caíram-me debaixo dos olhos um volumoso tratado sobre o parto e um pequeno manual de doenças
venéreas. nenhum dos livros era ilustrado. o tratado sobre o parto devia conter pranchas extratexto, que faltavam. por curiosidade, meti-me a ler esses livros e de súbito caíram-me as vendas dos olhos. o coito não era descrito explicitamen explicitamente te em nenhum dos livros, mas pude adivinhar em que consistia através do texto. todas as minhas memórias de ordem sexual me afluíram ao espírito, iluminando-se em cadeia. pela primeira vez, apresentavam-se-me apresentavamse-me em simultâneo. recordei a aventura com os filhos do general, na qual nunca pensava, os gracejos obscenos do meu primo e das raparigas da aldeia, a cópula dos cães, o episódio com masha, etc. embora no tratado sobre o parto não se descrevesse o coito, dizia-se que "o espermatozóide do homem penetra na matriz, onde se vai encontrar com o óvulo da mulher e o fecunda" . por outro lado, na brochura sobre as doenças venéreas aconselhava-se aconselhava-se o homem a lavar o pénis depois do coito. estas duas frases deram-me a chave do enigma sexual, embora não estivesse absolutamente absolutamente seguro de ter entendido bem e de não me ter equivocado. li a descrição detalhada dos órgãos sexuais da mulher no tratado sobre o parto (púbis, monte de vénus, clítoris, grandes e pequenos lábios, vagina, etc.), que me emocionou prodigiosamente, prodigiosamen te, provocando-me verdadeiras palpitações cardíacas. a frase relativa ao clítoris, "órgão mulheres: é análogo ao pénis do homemda e voluptuosidade susceptível dosdas mesmos movimentos", perturbou-me especialmente. especialmente. vislumbrei que a vagina era o lugar onde se introduzia o pénis. reli cem vezes as mesmas frases, avidamente. e durante essa leitura tive, pela primeira vez na minha vida, uma erecção. assustou-me um pouco. interroguei-me interroguei-m e se não seria um fenómeno mórbido e perigoso. mas a partir desse momento, sempre que pensava nas coisas de que esses dois livros falavam (o que acontecia com frequência), voltava a produzir-se a erecção, e esse fenómeno inquietava-me. acabava, portanto, de compreender tudo. tinha mais de onze anos e meio. estávamos no mês de junho (as férias grandes escolares, na rússia, vão de 15 de junho a 15 de agosto). mas não tinha a certeza de ter compreendido bem, continuava a ter dúvidas, queriaeram que feitos alguém pela me dissesse explicitamente sim e ou não, os filhos introdução do pénis na se, vagina se as pessoas sérias e respeitáveis faziam as "porcarias" que eu tinha visto fazer aos filhos do general com zoé. porque essa reminiscência que, durante anos, se havia como que apagado por completo da minha memória, sem jamais se me apresentar ao espírito, reaparecia agora em toda a sua pujança, tornando-se obcessiva. ao mesmo tempo, experimentava o desejo intenso de ver os órgãos sexuais da mulher, de os observar bem, de os tocar. parecia-me que o seu contacto devia produzir uma sensação extraordinária. a minha tia encontrava-se então instalada em nossa casa, com olga. os amigos que, da cidade muito próxima, nos vinham visitar, dormiam amiúde em nossa casa. na rússia, a gente é muito hospitaleira (ou, para ser mais exacto, o costume exige que se seja muito hospitaleiro, porque entre nós as boas donas de casa,
no íntimo, ficam furiosas, como ficariam em qualquer outra parte, com os bons amigos que lhes acarretam despesas e que se vêem obrigadas a alojar com o risco de transtornar toda a casa. mas que se há-de fazer? os costumes são tirânicos e mesmo os mais avarentos sentem-se forçados, forçados, entre nós, a dar mostras de uma hospitalidade que, no fundo do coração, mandam para o diabo). havia, pois, quase sempre atravancamentos. os quartos não chegavam, apesar de numerosos. eu dormi muitas vezes num canapé, no salão. na outra extremidade do salão, punham no chão, lado a lado, dois colchões onde dormiam olga, uma criadita de doze ou treze anos chamada glasha (diminutivo de glafira) e um rapazito de oito ou nove anos, chamado kóstia (constantin (constantino), o), filho da nossa cozinheira (podia dormir com a mãe, mas a minha mãe não queria, por causa do marido da cozinheira, que às vezes, embriagado, se punha a bater na criança). esse miúdo era muito experiente em coisas sexuais, como, de resto, as suas duas companheiras nocturnas. antes da minha ??45gescblechtliche aufél rung, não prestava atenção aos três e adormecia antes deles. mas a leitura fortuita modificou-me por completo. tinha um desejo enorme de ver as vulvas das duas raparigas. logo no dia seguinte à minha memorável leitura, muito cedo, antes do nascer do sol, saltei doonde sofáas e três acerquei-me, em bicos de pés, dos colchões criançasdescalço estavam e deitadas. estavam os três completamente nus, sem camisa, e dormiam profundamente, profundamente , enroscados de lado, ??46en chien de fusil, como dizem os franceses, ou seja, em forma de s (ou melhor, de z). glasha estava deitada entre os outros dois. kóstia de frente para ela e ela de costas para olga (zzz). olga tinha uma das mãos entre as pernas, que lhe ocultava por completo as partes sexuais. glasha apertava entre as coxas uma mão do pequeno kóstia, que, assim apoiada na vulva, a ocultava também. e, por último, glasha, adormecida, segurava numa das suas mãos as partes sexuais do rapaz. irritei-me por não conseguir vislumbrar os órgãos sexuais das raparigas, mas a posição de glasha e de kóstia, a dormir, excitou-me imenso nua e tive umadespertar forte erecção. alémsdisso, a visão de glasha devia sentimento sentimentos eróticos. a jovem possuía um tipo delicioso de pequeno-russa: uma opulenta cabeleira castanha-escura, castanha-escura, sobrancelhas negras desenhadas a pincel, longas pestanas negras, os olhos não eram negros, mas sim de um castanho amarelado ou fulvos; de uma tonalidade um pouco mais carregada, mas tão quente como a do xerez envelhecido onde tremula um raio de sol. aqueles olhos enormes e magníficos cintilavam de inteligência, malícia malícia e ironia. as suas formas eram notavelmente desenvolvidas desenvolvidas para a idade (doze ou treze anos). o seu corpo, resplandecente de saúde, era forte e cheio, todo ele em covinhas e refegos sob uma pele fina, acetinada, brilhante, deliciosamente deliciosamente rosada. pela cor e pelas formas roliças e nutridas, esse corpo de criança evocava os nus de boucher. não consegui o meu objectivo, porque não vi aquilo que queria ver, mas pude saciar os olhos nas rotundidades róseas da criadita e,
para não ser surpreendido, voltei a deitar-me no canapé. para me certificar da veracidade das conclusões que havia retirado da minha leitura, não ousava, naturalmente, dirigir-me dirigir-me aos adultos. achava que as duas raparigas deviam estar informadas sobre o assunto. e foi assim que, no dia imediato à madrugada de que acabo de falar, quando me encontrava a sós com olga, me preparava para lhe pedir esclarecimentos quando ela se antecipou, falando-me de glasha e de kóstia. - sabes uma coisa? eles, à noite, fazem cada coisa! depois de nos deitarmos, oiço-os a falar. glasha diz a kóstia: "vá, assim! faz outra vez! mete lá dentro! com mais força. ah, assim não, fazes-me doer, metes demais!" - mas, que quer isso dizer? - perguntei, fingindo não perceber. - o que é que ele mete dentro, e onde? - o quê, não sabes? - perguntou olga. - ele mete-lhe a pilinha na barriga! - isso não é possível, o que estás a dizer. alguma vez a pilinha do rapaz pode entrar no pipi de uma rapariga? - se pode? claro que pode! até o de um homem! - mas o orifício é tão pequeno! - alarga. se quiseres, mostro-te. arregaçou a roupa visão dado sua vulva se destacava, mais escura, sobreeaabrancura resto doque corpo, visão que não me havia perturbado uns dias antes, excitou-me muito desta vez. porque eu detinha agora a chave do mistério sexual. mas as coisas ficaram por aí; alguém que se aproximava fez com que olga baixasse de novo as saias. só pude perguntar-lhe em voz baixa: - mas porque é que se faz isso que tu dizes? e ela respondeu: - os crescidos para terem filhos, os pequenos para se divertirem. tanto dessa vez como no dia seguinte, não tive oportunidade de continuar a conversa. e olga, que acompanhava a minha tia, esteve depois ausente durante vários dias. apesar da confirmação das minhas suposições obtida desse modo, ainda completamente convencido, pois sabia que olganão eraestava uma refinada mentirosa. uma outra conversa, desta vez com glasha, dissipou, porém, definitivamente, as minhas dúvidas. estávamos os dois sozinhos no jardim e não havia ninguém em casa. a alguma distância de nós, o pequeno kóstia estava sentado ao lado de um adolescente de uns quinze anos, filho do jardineiro da casa vizinha, em cima de um muro alto que a separava da nossa. estavam ambos de costas voltadas para nós, com as pernas pendentes para o outro lado do muro. os movimentos que faziam, vistos de trás, não tinham para mim qualquer significado, mas a entendida e finória pequeno-russa começou a rir maliciosament maliciosamente. e. - estás a ver o que eles estão a fazer? - perguntou-me. - acho que não estão a fazer nada - respondi eu. - o quê, não adivinhas o que estão a fazer? estão a puxar o chouriço que têm entre as pernas - disse glasha, a rir.
percebi que se referia ao onanismo, contra o qual o meu pai já me tinha posto de sobreaviso e em relação ao qual mantive durante muito tempo um horror quase místico, imaginando-o, aliás, de uma forma extremamente vaga. mas, decidido a arrancar a glasha o máximo de informações possível, fingi não saber do que se tratava, levando a hipocrisia ao ponto de parecer ignorar a diferença dos sexos. e procedi do seguinte modo: perguntei-lhe porque é que se faziam essas coisas. disse-me que isso dava prazer. e eu então quis saber se ela já tinha experimentado esse prazer. depois de algumas hesitações e de negativas constrangidas, constrangidas , acabou por confessar. intencionalmente, fiz-lhe uma pergunta absurda. perguntei se ela puxava só o pénis ou se também os testículos. a minha simulada ingenuidade fê-la rir perdidamente. - o quê? não sabes que as raparigas não são iguais aos rapazes? e explicou-me que as raparigas tinham entre as pernas uma abertura em vez de um canudo. fiz ar de não acreditar, e então ela convidou-me a entrar em casa (onde não havia ninguém) para me mostrar como era uma rapariga. fomos para um quarto, onde se deitou atravessada numa cama e, arregaçando as saias ao mesmo tempo que afastava as pernas, mostrou-me aquilo que eu ansiava ver. aroliças, visão da longe fenda de aberta e escarlate entre o rosa das coxas me inspirar repugnância, como suave na aventura com zoé, mergulhou-me em êxtase, sem no entanto me despertar o desejo de coito. glasha, porém, começou a explicar-me a razão da diferença dos sexos e a descrever-me o coito, desafiando-me a pô-lo em prática com ela. preso não sei de que escrúpulos, recusei-me, dizendo que "isso não estava certo". - não está certo, porquê? - insistia a jovem. - toda a gente o faz! todas as senhoras fazem isso com os maridos e não só com os maridos; e todos os rapazes o fazem com as amigas; e as alunas do liceu com os colegas; é muito melhor que comer doces. - e retirando com a mão o meu pénis de dentro das calças, acrescentou: - vês como está inchado, quer entrar no meu bolinho. desejando tirar a limpo o fenómeno da erecção, perguntei a glasha: -não é nenhuma doença, este inchaço? - que disparate! incha sempre assim quando quer entrar no bolinho da mulher, senão não podia entrar! glasha, dessa vez, não conseguiu convencer-me a copular com ela; para mim, era já um prazer suficiente olhar e tocar com a mão na sua vulva, e não desejava mais nada. estava satisfeito por ter dissipado todas as minhas dúvidas. voltei a ler as páginas que considerava mais perturbantes do tratado sobre o parto e do manual das doenças venéreas e vi que era absolutamente impossí impossível vel interpretá-las interpretá-la s de modo diferente do que tinha feito na primeira leitura. lia e relia esses livros, experimentando sempre fortes erecções. durante os dias que se seguiram, glasha deixou-me olhar e tocar por diversas vezes os seus órgãos sexuais; ela fazia o mesmo com os meus, mas não lhe permiti que me masturbasse quando
mo propôs. mais tarde fui iniciado na vida sexual de uma forma mais completa, que vou relatar em seguida. entre os conhecidos de kiev que vinham visitar-nos à nossa propriedade havia uma família um tanto equívoca, mas de quem os meus pais não desconfiavam. o chefe da família era um antigo colega de colégio do meu pai, que, depois de o ter perdido de vista desde a juventude, o voltou a encontrar por acaso, nesse mesmo ano, em kiev. esse senhor, depois de toda a sorte de aventuras e desventuras, tornara-se director de uma companhia de teatro dramático, cujos negócios estavam longe de ser brilhantes, e acabara de chegar a kiev depois de ter percorrido toda a rússia, desde o pacífico até ao mar negro. o meu pai considerava o amigo de infância um boémio incorrigível e desregrado, mas com bom coração e, seja como for, inofensivo. ao reencontrar, por mera casualidade, casualidade, o meu pai, esse aventureiro não mais o largou, servindo-se da sua generosidade para lhe pedir favores pecuniários. nesse ponto, não se enganou. a mulher era uma romena, antiga cantora de opereta e até de café-concerto. café-concerto . acompanhavam-na duas jovens: a filha, então com dezoito anos, e uma sobrinha de dezasseis. com uma desenvoltura de boémios, essas quatro pessoas introduziramintroduziram-se se na nossa família e vinham constantemente a (essa nossa é, casa serem convidados, como é, aliás, hábito na jantar rússia. desem facto, uma das principais características características que distinguem a vida doméstica russa da dos europeus do ocidente). perguntar-se-á como é que os meus pais, pessoas extremamente austeras, admitiram na sua intimidade esses indivíduos de passado bastante obscuro, ou até suspeito, e que, além do mais, pertenciam a um mundo completamente diferente. diferente. não é difícil responder. em primeiro lugar, existe na rússia, mesmo na sociedade mais aristocrática do que aquela a que pertenciam os meus pais, uma certa simplicidade de costumes, uma certa familiaridade, um deixa-andar, que a europa ocidental desconhece e que por vezes nos deixa desprecavidos face à intromissão de intrusos. entre nós não existe a rigidez das relações sociais inglesas. mesmo na alta aristocracia russa o espíritoou dealemã. casta nas é muito perceptível nobreza inglesa suasmenos mémoires do tempodo emque quena foi preceptor do actual imperador da rússia (então príncipe herdeiro), o professor francês monsieur lanson conta que na corte de alexandre iii reinava uma tolerância que roçava o desmazelo e que a etiqueta era muito pouco observada. as regras convencionais dificilmente se conciliam com os costumes russos. em segundo lugar, na rússia, as damas, mesmo as mais virtuosas e pertencentes à melhor sociedade, têm ideias muito livres em matéria de moral sexual e não compreendem a severidade existente em relação às fraquezas do seu sexo. uma mãe solteira, na rússia, não tem que baixar os olhos diante de ninguém, é recebida em toda a parte e, se necessário, não sente o menor acanhamento em afirmar que não é casada e tem um filho. conheço o caso de uma mulher solteira que teve quatro filhos de quatro homens
diferentes. esse facto não afectou em nada o seu lugar de professora num liceu estatal de raparigas, onde todas as alunas sabiam da sua situação, que seria considerada escabrosa num outro país. de igual modo, uma mulher que tenha abandonado o marido e viva abertamente com outro homem é recebida em todas as casas, na rússia. as damas russas não só escarnecem do rígido puritanismo das terríveis inglesas, como do decoro hipócrita e mundano das mulheres do continente europeu. daí o facto de a mulher do antigo camarada do meu pai ter sido cantora de café-concerto e de, provavelmente, provavelmente , ter vivido inúmeras aventuras galantes não constituir de modo algum um obstáculo a ser recebida por uma senhora tão respeitável como a minha mãe. o director do teatro e a mulher vinham visitar-nos frequentemente frequentement e na nossa casa de campo. alguns dias depois da minha conversa com glasha, as duas jovens (chamarei minna à filha de madame x, a de dezoito anos, e sophie à de dezasseis, a sobrinha) propuseram-me ir dar um passeio pelos bosques vizinhos com elas e com olga (que voltara a instalar-se em nossa casa com a minha tia). como agora as mulheres me interessavam, aceitei sem vacilar. uma vez no meio da solidão, as duas raparigas imprimiram à conversa um toque erótico. perguntavam-me se estava apaixonado, se namoriscava comnova as raparigas, se as mulheres me interessavam, etc. fiel à minha táctica, simulei uma ignorância e uma ingenuidade totais. olga, que estava presente, explicou, rindo, às raparigas que eu era tão inocente como um recém-nascido e que dessas coisas não entendia nada de nada. decidiram dar-me logo ali a ??53geschlechtliche au.féliirung. num local isolado do bosque, no meio dos arbustos que nos ocultavam, olga deitou-se no chão e minna e sophie fizeram-me ver e tocar com os dedos a sua vulva. explicaram-me as diferentes partes do seu sexo, o clítoris, os pequenos lábios, o orificio urinário, a entrada da vagina, depois descreveram-me o coito e instigaram-me a fazê-lo com olga. enquanto uma das raparigas afastava com os dedos os grandes lábios de olga, a outra dirigia o meu pénis para o vestíbulo. mas o acto não foi bem sucedido, o pénis embatia na carne sem tomar desejada. após várias tentativas infrutíferas, minnaa edirecção sophie mandaram-me deitar de costas e disseram a olga para se agachar em cima de mim, escarranchada nas minhas ancas. guiando manualmente o meu membro, depois de o terem humedecido com saliva, conseguiram fazê-lo penetrar na vagina da rapariga, que já há muito deixara de ser virgem. o deslizar do pénis para a vagina, ao repuxar o prepúcio, pôs a descoberto a glande, provocando-me uma sensação dolorosa que, como pude verificar mais tarde, me fez uma escoriação acompanhada de algumas gotas de sangue. a dor não fez, porém, cessar a erecção. enquanto olga permanecia acocorada sobre mim, mantendo o meu pénis na sua vagina, minna começou a acariciar o clítoris da rapariga, provocando-lhe provocando-lhe o orgasmo. era a primeira vez que presenciava um orgasmo feminino e quase me assustei ao ver os lábios da rapariga ficarem de súbito lívidos, os olhos revirados, a respiração ofegante, ao mesmo tempo que os membros se contraíam
convulsivamente e o rosto mudava de cor. simultaneamente, convulsivamente inclinava a cabeça para o meu ombro, como se quisesse morder-me. por outro lado, esse êxtase era acompanhado pela contracção espasmódica da vulva, que me magoou o colo do pénis. em seguida, as raparigas viraram-nos sem nos separar, com pre- cauções, de maneira a que durante a operação o pénis não sàísse da vagina. deitaram olga de costas, deixando-me estendido sobre o seu ventre, na posição normal de coito. permaneci imóvel, mas uma das raparigas começou a soerguer-me ritmadamente pelas ancas, ensinando-me a fazer os movimentos da cópula. os movimentos eram-me dolorosos, sobretudo sobretudo no momento em que olga teve outro orgasmo com nova contracção dos músculos da vagina. pela minha parte, não houve ejaculação, mas a erecção foi cessando aos poucos. quando me levantei, fiquei assustado ao ver sangue no meu membro e sobretudo ao verificar que a glande estava descoberta e ligeiramente tumefacta. apesar dos esforços, não conseguia cobri-la com o prepúcio e não podia meter o pénis nas calças devido à sensação insuportável que o contacto da glande com a roupa provocava. mas, as raparigas tranquilizaram-me, dizendo que isso ia passar, e limparam-me o membro ensanguentado com um lenço. e com efeito, ao depois de uma hora de com elas, com o pénis exposto ar, tive a meia satisfação deconversa verificar que o prepúcio voltava por si mesmo ao lugar, cobrindo a glande. encaminhámoencaminhámo-nos nos então para casa. minna perguntou-me: - não é bom? É melhor do que a gramática latina. não respondi. sentia remorsos e um sentimento de vergonha. por outro lado, o acto não me tinha dado prazer ou, se o houvera, fora o de uma forte erecção. em contrapartida, tinha experimentado dores muito agudas que esse prazer não conseguia compensar. olga contou-nos que fazia aquilo com kóstia e que copulava com outros rapazes havia anos. naturalmente, obrigaram-me a prometer que não diria nada a ninguém do que acabava de acontecer. recomendação inútil. a vergonha era suficiente para me impedir de falar. o meu primeiro coitomais foi,dolorosas pois, para decepção, e, já não que me causou sensações domim queuma voluptuosas. obstante, atormentava-me atormentava-me o desejo de repetir a experiência. nos dias que se seguiram, arranjei maneira de me encontrar a sós com olga e com glasha e tive com elas coitos mais ou menos completos. uma das vezes fui ter com elas quando dormiam com kóstia, nos colchões armados no salão, e kóstia e eu possuímos as duas alternadamente. alternadament e. experimentava agora mais prazer ou, melhor dizendo, menos sofrimento ao copular, mas os espasmos venéreos da vulva continuavam a magoar-me. eu receava o momento em que, pela expressão do rosto das raparigas, adivinhava a proximidade do paroxismo do prazer supremo para elas. glasha, tal como olga, já não era virgem havia anos. cerca de uma semana após o passeio pelo bosque, minna e sophie levaram-me a kiev. o pretexto foi uma festa de caridade que se ia realizar num jardim público da cidade. do programa da festa fazia
parte uma tômbola para crianças, vários concursos e jogos também para crianças, mas uma parte das diversões destinava-se aos adultos. nessas diversões participavam participavam o pai e a mãe das jovens: ele ia declamar poesia, ela cantar romanças. os meus pais foram convidados mas não quiseram ir e, sem a menor apreensão, deixaram-me ir sozinho com minna e sophie, de cujas paixões não suspeitavam. fomos à festa, que me pareceu extremamente enfadonha. deixando os pais, que ficaram no jardim, as raparigas voltaram comigo para casa muito antes do fim da festa. o sol ainda estava alto no horizonte e as raparigas disseramdisseram-me me que os pais, convidados para outro lado, não regressariam antes do anoitecer. a família estava alojada num hotel, onde ocupava três ou quatro salas. as jovens introduziram-me no seu quarto. primeiro, mostraram-me gravuras de nus, reproduções ordinárias de quadros de ticiano, de rubens, etc., e depois algumas fotografias obscenas, que eu via pela primeira vez na vida. uma dessas fotografias, compradas pelo pai de minna no egipto, representava uma cena de pederastia. achei-a revoltante, nem queria admitir a possibilidade de semelhante coisa. minna e sophie garantiram-me que não era ficção, que era um sport muito difundido entre os homens e que as mulheres também faziam amor e copulavam umas com as outras. nova de estupefacção, novas manifestações deas incredulidade dareacção minha parte. e então as raparigas confirmaram suas palavras com actos. despiram as culotes, estenderam-se num sofá, entrelaçando as pernas e colocando as vulvas uma sobre a outra, e copularam na minha presença. enquanto o acto durou, as duas primas manifestaram as suas sensações voluptuosas através da alteração da cor do rosto, da respiração ofegante, pequenos gritos e gemidos, beijos ardentes entremeados de dentadas ligeiras e, por último, pelas contorsões involuntárias dos corpos. ao contemplá-las, eu fiquei quase tão emocionado quanto elas e tive uma erecção dolorosa devido à sua intensidade. terminado o acto, minna levantou-se. sophie continuava deitada de costas, com as pernas afastadas. reparei que a jovem tinha a vulva lubrificada por um líquido que escorria num fio esbranquiçado e espesso, lenta- mente ao longo do sulco genital e do períneo, que ao cair no veludo puído do sofá deixava uma mancha no tecido. lembrei-me das leituras que fizera no manual das doenças venéreas e julguei tratar-se de uma supuração devida a al- guma enfermidade secreta. disse isso às raparigas, que se puseram a rir e me explicaram que aquela espécie de "suco" escorria sempre dos órgãos sexuais das mulheres quando sentiam prazer nessa parte do corpo. ao ver que as duas raparigas tinham penugem no monte de vénus, compreendi finalmente finalmente que era assim em todas as mulheres adultas. já contei que experimentei uma sensação de repulsa na primeira vez que me aconteceu tocar os pêlos das partes sexuais da mulher (o episódio com a criada masha). essa sensação de nojo desapareceu depois da minha aventura com as duas primas, mas deixou uma marca na minha alma. É assim, pelo menos, que explico o facto de os pêlos do púbis feminino não terem para mim qualquer
atractivo; quanto mais abundantes, tanto mais desagradáveis me são. e quando são demasiado compridos, a sua visão faz cessar em mim a erecção. pelo contrário, a contemplação de um monte de vénus coberto de pêlos pouco espessos e curtos (como se vêem na maior parte das rapariguinhas de catorze ou quinze anos) e que tem, por isso, um aspecto juvenil, excita-me extraordinariamente. extraordinariamente. a impressão é ainda mais forte quando se apresenta coberto apenas por uma leve penugem ou buço, como é o caso de muitas jovens de treze anos. mas o que mais me agrada é um monte de vénus completamente glabro. nesse ponto, partilho o gosto dos orientais e dos antigos gregos. tal apetência, no meu caso, resulta, sem dúvida, do facto de terem sido meninas (olga e glasha) que me fizeram experimentar as primeiras emoções sexuais (intensas, de resto) e de ter sido nelas que contemplei pela primeira vez, com um prurido libidinoso, as partes genitais femininas. entre os orientais, esse gosto talvez tenha causas idênticas. os rapazes permanecem no gineceu, tão impregnado de uma atmosfera voluptuosa, tão cheio de conversas lúbricas, durante bastante tempo (até à idade dos onze, doze e até treze anos, por vezes). visto que a maturidade sexual é precoce nos países quentes, é provável que se entreguem a jogos eróticos com as meninas criadas com eles, ou pelo menos que as vejam nuas. através de uma associação de impressões, o púbis glabro mantém-se para eles um símbolo erótico particularmente particularmen te sugestivo. por outro lado, os jovens muçulmanos casam-se normalmente com a idade de catorze e quinze anos, ou mesmo (nas regiões mais quentes, em África, por exemplo) com treze, e recebem muitas vezes como mulher jovens não ??59núbeis (nalguns países, garotas de dez, nove e oito anos; normalmente, a jovem, ao casar, não tem menos de doze ou onze anos, mas nessa idade, mesmo nos países quentes, tem o púbis glabro). entre os antigos gregos, em que as crianças de ambos os sexos brincavam juntas, nuas, até aos onze ou doze anos, a curiosidade sexual devia despertar muito cedo, tal como sucede, pela mesma razão, segundo as observações de mantegazza, nas margens do la plata ou do uruguai, ou ainda em madagáscar, onde, de acordo com todos os observadores, as relações sexuais têm início entre crianças de seis e sete anos de idade. como resultado dessas recordações eróticas da infância, que, regra geral são decisivas durante o resto da vida, os antigos gregos conservaram o culto da mulher glabra. nos países nórdicos (onde, devido não só ao clima mas também aos hábitos, as raparigas usam culotes com maior frequência, e até culotes fechadas (1) na época, as mulheres usavam culotes até meio da coxa ou até ao joelho. com a profusão de tecido das saias que usavam, essas culotes eram abertos na parte interior das coxas, a fim de permitirem maior comodidade e rapidez na satisfação das necessidades fisiológicas. (n. da r.) (-), de flanela, etc.), os rapazes têm menos oportunidade de ver os órgãos sexuais femininos e talvez por isso o gosto pelo púbis glabro se encontre aí menos difundido. retomo agora a minha narrativa.
logo após o coito homossexual, sophie convidou-me a copular com ela, o que fiz com mais volúpia do que nas vezes anteriores. creio mesmo que dessa vez tive uma espécie de ejaculação (embora, sem dúvida, sem esperma). a contracção da vulva da jovem durante o orgasmo foi-me, no entanto, um pouco dolorosa. pouco depois tentei o coito com minna, mas não consegui, certamente esgotado esgotado pelo esforço precedente! minna pediu-me então para lhe fazer cunnilingus. e coisa estranha, essa prática não só não me causou qualquer repugnância como até encontrei nela de imediato um vivo prazer. durante o resto da tarde, as duas jovens esforçaram-se por completarem a minha educação, explicando-me as diversas subtilezas sexuais, descrevendo-me em pormenor as diferentes ??60figur t,eneris, etc. as duas jovens eram autênticas enciiclopédias enciiclopédia s de conhecimentos eróticos. fizeram-m fizeram-me e a cama no sofá da sala e adormeci antes de os pais regressarem ao hotel. no dia seguinte, acompanharam-me acompanharam-me a casa dos meus pais, que não suspeitavam do tipo de iniciação que eu acabara de receber. ao longo dos dias seguintes, voltei a copular com minna e sophie, com crescente prazer e em três ocasiões diferentes. aproximava-se o fim das férias, uma escassa dezena de dias separava-me com do regresso às aulas. o meu pai possuía propriedade casa senhorial, jardins, etc., a unsuma vinte quilómetros de distância da propriedade do meu tio. era, no entanto, em casa do meu tio e não na propriedade do meu pai que passávamos habitualmente habitualmente o verão, porque a nossa estava alugada. no ano a que me refiro, o meu pai tinha necessidade de se encontrar com o arrendatário da propriedade e como lhe bastavam apenas alguns dias, levou-me como seu companheiro de viagem. instalaram-nos instalaram-no s na nossa casa, onde nos demorámos dez dias, e regressámos a kiev para a reabertura das aulas. durante esse período, aconteceu-me uma nova aventura erótica, que refiro sobretudo porque foi uma das raras circunstâncias em que fui eu a tomar a iniciativa das relações sexuais. eis como o caso se passou. a família do nosso arrendatário era numerosa e divertida. vinham visitá-la amigos e parentes. entre estes havia uma jovem, estudante universitária, universitária, ou kursitska, como se diz em russo, isto é a que segue um curso superior. essa jovem, de uns vinte anos, frequentava o curso superior de história e letras em moscovo. logo após a nossa chegada, o meu primo (o jovem donjuan da aldeia de quem já tive ocasião de falar) veio visitar-nos, vindo a cavalo da aldeia do meu tio. deram-nos, a ele e a mim, um quarto de dormir comum, numa espécie de torreão ou de mezzanino por cima da casa. esse mezzanino possuía dois quartos com entradas independentes que davam para o patamar da escada. todavia, esses quartos comunicavam também por uma porta comum. eu e o meu primo ocupávamos um dos quartos e a estudante dormia no outro. aconteceu-me uma vez acordar a meio da noite. ouvi no quarto ao lado o ruído de beijos e da cama a ranger. o luar entrava pelos vidros da janela e vi que o meu primo não estava na cama, nem no
quarto. como já não era a criança inocente de há dois meses atrás, percebi imediatamente o que se passava. abeirando-me, nas pontas dos pés, da porta que comunicava com o outro quarto, espreitei primeiro pelo buraco da fechadura, convencido que a luz da lua me deixaria ver a cama da rapariga, mas estava colocada de tal modo que não era possível avistá-la assim. encostei então o ouvido à fechadura por onde antes estivera a espreitar. graças ao silêncio da noite rural, percebia todos os sons no quarto ao lado, mesmo os mais abafados. excitava-me ao tentar adivinhar de onde procediam. ouvia não só os beijos, os suspiros, o arquejar das respirações, os gritinhos reprimidos, a dança da cama, mas também ruídos mais íntimos: o contacto dos ventres nus que se entrechocavam, entrechocavam , os estalidos e crepitações produzidos, certamente, pelos movimentos rápidos de vaivém do pénis nas pregas, húmidas de muco e palpitantes de volúpia, da vagina e da vulva. foi assim, pelo menos, que interpretei certos sons que me chegavam aos ouvidos. era como se estivesse a ver com o ouvido: podia seguir a progressão do êxtase carnal até ao momento supremo. até que o ouvido me fez saber que o acto chegara ao fim. percebi um sussurro de vozes. primeiro, conversas banais sobre os acontecimentos acontecimento s do dia. depois o meu primo começou a contar anedotasrisadinhas. pornográficas pornográficas à companheira, vez emvezes quando soltava o coito recomeçou que por de diversas ao longo da noite. vencido pela fadiga e exausto pela excitação sexual, com o pênis em permanente erecção, dores nos testículos e nas virilhas, permanecia de pé junto à porta, sem conseguir decidir-me a voltar para a cama. por fim, ao raiar da manhã, deitei-me e adormeci com dificuldade. acordei bastante tarde, à moda russa. o meu primo estava na sua cama, o que significava que fora durante o meu sono que deixara a vizinha de quarto. não lhe disse nada da minha descoberta. partiu nesse dia, regressando a casa do pai. aproveitando a ocasião em que os adultos dormiam a sesta (na rússia, sobretudo no sul, come-se normalmente às três ou quatro horas da tarde. É a única refeição completa do dia e como é extraordinaria extraordinariamente mente copiosa entorpece o organismo, pelo que a maioria das pessoas sente necessidade de repousar logo a seguir. dormem, pois, uma ou duas horas. mais tarde toma-se o chá, por volta das sete ou oito horas, acompanhado de fatias de pão com manteiga, rodelas de salsichão, carnes frias. Às vezes, serve-se ainda uma ceia à noite. na maior parte das famílias não é hábito diário, mas apenas quando há visitas que ficam até tarde. chega-se a ficar à mesa até às três da manhã, para desespero dos criados que, na rússia, mesmo nas famílias mais liberais e radicais, estão sobrecarregado sobrecarregados s de trabalho como escravos), fiz também, contrariamente aos meus hábitos, uma soneca de duas ou três horas, da qual ninguém se deu conta porque todos fizeram como eu e só nos voltámos a encontrar antes do chá da tarde. fomo-nos deitar muito tarde. sozinho no quarto, escutando os movimentos da minha vizinha que se deitava e lembrando-me da noitada da véspera, fui tomado por uma excitação de tal modo violenta que me impeliu a dar um
passo, cuja audácia não se coadunava de modo algum com o meu feitio, habitualmente tímido. entrei, em camisa, no quarto da estudante e disse-lhe que tinha medo de dormir sozinho, pedindo-lhe que me deixasse dormir na sua cama. depois de um momento de hesitação, ela acedeu. convém não esquecer que eu só tinha onze anos e meio. eu próprio estava surpreendido com o êxito da minha temeridade e não receei levar mais longe a aventura. durante meia hora ou uma hora, não sei exactamente, permaneci imóvel, deitado deitado ao lado da rapariga, o meu corpo roçando o dela, sob a mesma coberta. não dormíamos, nem ela nem eu. finalmente, virando-me e fingindo fazer um movimento involuntário, toquei com a mão o braço da minha companheira de cama. comecei a acariciá-lo docemente. como não houve qualquer protesto, enchi-me de coragem coragem e toquei com o meu pé nu o pé, e depois a barriga da perna, da jovem. pousei a mão sobre o joelho da minha vizinha e, sob a influência de uma excitação cada vez mais forte, trémulo não só de luxúria como também de receio ante a ideia das possíveis consequência consequências s do meu atrevimento, segurei-lhe, por debaixo dos lençóis, numa das mãos e coloquei-a sobre o meu membro erecto. a rapariga retirou a mão vivamente, mas não disse nada e o seu silêncio tranquilizou-me. arrisquei arrisquei-me -me a deslizar a mão por baixooda camisa da jovem, primeiro o ventre, depois monte de vénus. no acariciando-lhe momento em que a minha mão se apoiou sobre este, a rapariga soltou um ligeiro suspiro e afastou as pernas uma da outra. percebi que também ela estava sexualmente excitada. ergui-me, metendo os joelhos entre as coxas da minha companheira e deitei-me sobre o seu ventre, procurando introduzir introduzir o pénis na vagina, o que consegui ao cabo de algumas hesitações e tentativas frustradas. enquanto eu copulava o melhor que podia, ela permanecia imóvel e silenciosa. só os suspiros que soltava de quando em quando e alguns raros movimentos involuntários involuntários que não conseguia reprimir me indicavam que estava a participar. após o acto voltei a deitar-me ao lado dela, sem trocarmos uma palavra. de manhã, quando acordámos, copulámos da mesma maneira, eu activamente e ela calada e de olhos fechados. só que desta vez, aos meus beijos nos seus seios ela respondeu beijando-me na cabeça. silenciosamente, silenciosamente, voltei ao meu quarto para me vestir. durante o dia, tive ocasião de conversar com a estudante de coisas banais. passámos mais duas noites de forma absolutamente idêntica, copulando quase sem trocarmos uma palavra. depois, ela partiu para moscovo e uns dias mais tarde regressei com o meu pai a kiev, onde retomei as aulas no ginásio. o meu terceiro ano no ginásio foi muito diferente dos anos precedentes. vítima de uma excitação erótica constante, fatigado por excessos prematuros, o meu organismo debilitou-se rapidamente rapidamente e tornei-me preguiçoso. nas aulas sofria de sonolências irresistíveis. irresistíveis . nos livros, só me interessavam as páginas eróticas. procurava nos dicionários todas as palavras relacionadas com coisas sexuais. não podia fazer pesquisas semelhantes na bíblia, porque é um livro que não se encontra
praticamente em nenhuma casa russa (nem sequer se encontra na maioria das livrarias), mas enfronhava-me nos romances franceses que os meus pais deixavam ao meu alcance, sobretudo nos de zola, que já estavam em circulação: la curée, l'assomnoir la faute de lábbé mouret, nana, pot-bouille. entre os doze e os treze ou catorze anos, esses romances foram a minha leitura preferida, mas consegui arranjar muitas outras obras francesas naturalistas ou licenciosas, de autores do século xviii, etc. a matéria das aulas deixara de me interessar e enfadava-me. deixei de ser o excelente latinista que fora até então e nem sequer consegui meter o dente no grego, cujo estudo era iniciado no terceiro grau. o meu nome deixara de brilhar no quadro de honra; o meu amigo dos anos anteriores, cuja inocência não sei que escrúpulos me impediram de perturbar com revelações sexuais, ocupou o meu lugar na classificação dos alunos, enquanto eu, de trimestre para trimestre, ia descendo cada vez mais no quadro dos alunos por ordem de méritos. os meus pais não conseguiam entender as causas dessa mudança; nem tão pouco os meus professores. a minha saúde ressentiu-se também, emagrecia, tinha dores de cabeça, náuseas, contraía frequentemente bronquites bronquites e constipações, o que nunca me sucedera antes. as minhas relações de amizade eram agora de preferência comàs rapazes supunha experientesdurante em matéria sexual. quanto minhasque próprias experiências esse período, foram numerosas. por outro lado, a partir dos doze anos tive poluções nocturnas frequentes, acompanhadas de sonhos eróticos. mas sigamos a ordem cronológica. tinha um pouco menos de doze anos quando ingressei no terceiro grau. com a minha tia saíra de kiev, já não via olga e sendo as nossas criadas de quarto de então raparigas de ar sério, não tive relações sexuais durante três ou quatro meses. como não me masturbava, começava a acalmar um pouco. nessa altura, porém, mudámos de casa e fiz uma nova amizade que me voltou a mergulhar num frenesim erótico. tinha então mais de doze anos. os nossos novos vizinhos eram judeus de origem humilde mas que tinham enriquecido e ostentavam um grande luxo. tinham um filho mais ou menos da minha idade, que era aluno do ginásio mas do curso imediatamente anterior anterior ao meu (isto é, do segundo) e uma filha de treze ou catorze anos, que frequentava o liceu feminino. saíamos de manhã à mesma hora para irmos para as aulas. só que eu ia a pé, pois os meus pais não tinham cavalos na cidade, ao passo que os jovens israelitas iam para o ginásio de caleche. os nossos pais não se conheciam, mas os miúdos convidaram-me uma vez, quando nos dirigíamos para as aulas, a subir para a caleche. aceitei o convite e foi assim que nos conhecemos. elias (chamarei assim ao jovem israelita) vinha a minha casa e as suas visitas à tarde tornaram-se frequentes, sob o pretexto de explicações das dificuldades da gramática latina. depois passei a ir eu a casa dele. fiquei estupefacto com o luxo de que viviam rodeados elias e a irmã, sarah. os pais não só os adoravam, mas também, como sucede em muitas famílias judias, tinham pelo trabalho intelectual um respeito quase supersticioso. novos-rico novos-ricos s
ignorantes, admiravam sinceramente sinceramente os filhos que frequentavam o ginásio e aí aprendiam tantas coisas belas e misteriosas. as crianças eram, por conseguinte, os tiranos da casa e gozavam de uma liberdade tão completa quanto a minha, não permitindo que ninguém os importunasse quando se fechavam nos quartos, e recebiam quem muito bem lhes aprouvesse. eu ia vê-los frequentemente, frequentement e, dizendo aos meus pais, que também nunca contrariavam as minhas vontades, que preparávamos juntos as lições. e de facto procurámos fazê-lo de início, mas em breve as nossas relações tomaram outro rumo. sarah era uma criança soberba. rosada e florescente de saúde como glasha, possuía umas feições muito mais finas e um corpo de aspecto mais delicado. tinha magníficos cabelos ruivos, naturalmente encaracolado encaracolados, s, formando como que uma moldura de fogo à volta do seu rosto, um nariz recto e fino, olhos muito negros, dentes pequeninos, lábios ligeiramente grossos e sensuais. no começo houve entre nós uma espécie deflirt. sarah mostrou-me o seu álbum, pedindo-me que escrevesse uns versos. um dia, elias confiou-me que ele e a irmã se divertiam mutuamente "com os seus pipis". como era meu hábito, fiz-me de parvo. na tarde do dia seguinte, na presença do irmão, sarah perguntou-me se eu era realmente ingénuo ao ponto de ignorar a diferença entre os entretanto, dois sexos. prometeu mostrar-me como eram as mulheres e pediu-me, que lhe mostrasse o meu membro, que comparou com o do irmão. este tinha sido circuncidado. sarah examinou com curiosidade o meu prepúcio e, com os dedos, levantou-o sobre a glande. em seguida, deitou-se no sofá e deixou que eu lhe examinasse a vulva. a partir de então, reuníamo-nos os três, à tardinha, para nos divertirmos assim e às vezes (nos domingos, por exemplo) durante o dia. sarah era virgem e era a primeira vez que eu via as partes sexuais de uma virgem e, particularmente, o hímen. como não queria perder a virgindade, sarah não consentia o coito completo, mas apenas o coito superficial, in ore vulvae. Às vezes deitávamo-nos os três de lado, sarah entre nós os dois. enquanto um de nós, com a glande do pénis, lhe roçava o ânus, o outro esfregava-lhe a vulva com o pénis. quando o meu pénis deslizava e pressionava o hímen, sarah, com a mão, afastava do ponto frágil o órgão perigoso. durante o acto, eu gostava de a beijar na boca, húmida e vermelha. nunca me cansava de contemplar os seus órgãos sexuais. representavam para mim nessa altura - e continuam a representar ainda hoje para a minha imaginação, porque a sua imagem está profundamente gravada na minha memória - o ideal da beleza das partes naturais da mulher. o monte de vénus, muito pronunciado, cheio e abaulado, elástico sob a pressão, era sombreado apenas por uma leve penugem dourada, através da qual transparecia a brancura rosada da epiderme, de uma admirável delicadeza. e os espessos lábios maiores, ao entreabrirem-se, deixavam ver as tonalidades mais ricas do vermelho, desde o rosa-pálido até ao carmim e ao escarlate. rosa era o clítoris erguido, cuja firmeza resistia elasticamente ao dedo, e rosa eram também os bordos exteriores dos pequenos lábios, mas o sulco escavado entre eles e que se
prolongava até ao vestíbulo era de um magnífico carmesim sanguinolento. sanguinolento . ao fundo do vestíbulo, divisava-se a sombra misteriosa da entrada nas regiões desconhecidas, mas alargando a abertura via-se o disco carminado do hímen perfurado por dois orifícios minúsculos. húmidos, os inúmeros refegos no interior da abertura genital, graciosa e harmoniosamente harmoniosamente modelados, brilhavam quando os raios de sol ou a luz do candeeiro incidiam sobre eles, realçando ainda mais o esplendor da sua cor vermelha. ainda hoje me basta fechar os olhos para rever mentalmente tudo isso até aos mínimos pormenores. não pude apreciar a completa nudez de sarah, porque nunca a vi nua. ela deitava-se no sofá, completamente vestida, levantava a saia, abria as culotes e, da sua carnação encantadora, só vi a parte inferior do ventre e as faces internas das coxas. no entanto, deixou-me acariciar a nudez dos seios que desabrochavam. aproveitando os ensinamentos ensinamentos que me tinham dado minna e sophie, propus a sarah fazer o cunnilingus. a princípio opôs-se à ideia, mas acabou por ceder às minhas insistências. depois de experimentar, preferia preferia essa diversão ao coitus in ore vulvae. com efeito, era visível que esse método lhe dava mais prazer. bastava observar-lhe o rosto, ver as contorsões do seu corpo, escutar a sua respiração osseu gemidos involuntários soltava. eu via os estremecimentos estremeciment osedo ventre convulso, o que baixo-ventre contorcer-se, a curvatura do monte de vénus que, com espasmos involuntários, involuntários , se furtava à minha boca. enquanto eu chupava, lambia e mordia o clítoris e os pequenos lábios, toda a vulva palpitava, e via o orifício da vagina dilatar-se e contrair-se espasmodicamente. espasmodicame nte. da abertura vaginal escorria um líquido viscoso cada vez mais abundante, que se derramava por toda a parte. durante todo o tempo, a jovem debatia-se freneticamente, agitava os braços no ar com os dedos crispados, ou agarrava os objectos que se encontravam ao seu alcance, o meu ombro, o meu braço ou o braço do irmão, que estava ao pé de nós, ou o pénis dele quando o exibia. tão depressa apertava vigorosamente, quase me sufocando, a minha cabeça entre as suas coxas aveludadas e perfumadas, como se as suas pernas sofressem cãibras, como logo a seguir abria as pernas e as distendia desmesuradam desmesuradamente, ente, como se fosse fender-se em duas, para no momento imediato as erguer no ar, agitando-as e aproximando-as aproximando-a s da cabeça. debatia-se tão violentamente que os seus órgãos sexuais se desprendiam a cada instante da minha boca, que os voltava a abocanhar em seguida. palavras entrecortadas exprimiam também a intensidade do prazer da rapariguinha. o irmão aprendeu a fazer como eu. ela, por sua vez, teve a ideia de lhe excitar com a língua a extremidade do pénis, enquanto o masturbava com a mão. ofereceu-se para fazer o mesmo a mim, mas recusei pelo pânico que me provocavam todas as práticas que se assemelhassem à masturbação directa. contentava-me com o coitus in ore vulvae, não o considerando uma espécie de masturbação. quanto às práticas do cunnilingus, eram-me agradáveis sobretudo sobretudo pela visão do orgasmo agudo da jovem; experimentava também um prazer directo ao manipular intimamente e ao contemplar de tão
perto essas partes secretas, a vulva escarlate, aberta, palpitante, que, com as suas pregas quentes e húmidas, parecia ter, à semelhança de um rosto, uma expressão de doce languidez ou de desejo inflamado. se relato todos estes factos não é pelo prazer da descrição em si, mas sim para analisar com exactidão as minhas sensações. o próprio sabor das mucosas sexuais era muito agradável à minha língua e à minha boca. É essa, aliás, a experiência, que não existe manjar mais saboroso do que essas partes da mulher. o muco segregado pela mulher que goza (jute, que "ressuma" como dizem os franceses) é igualmente muito agradável ao paladar apesar do gosto acre e salino. uma vez recolhi com uma colher de chá o líquido da abertura genital de sarah, depois de a ter masturbado, e sorvi deliciado esse néctar salgado. o odor de urina que sentia ao passar a língua pelas proximidades do meato urinário era-me, pelo contrário, desagradável, embora só se fizesse sentir no início da operação e desaparecesse em seguida, certamente devido à abundância das secreções voluptuosas que dissimulavam os vestígios de urina. as sessões que acabo de descrever não podiam realizar-se com muita frequência. de facto, às vezes alguns colegas vinham visitar-me à tarde e retinham-me em casa. outras vezes, e isso acontecia frequentement e, elias e sarah recebiam emtinham sua casa. ora,frequentemente, eu era de entre os seus amigos o únicovisitas que eles admitido nos seus folguedos sexuais e nada de comprometedor se podia passar na presença de outra pessoa além de mim. finalmente, embora em regra os pais não entrassem nos quartos dos filhos, eles quase nunca se atreviam a divertir-se desse modo desde que não estivessem sozinhos em casa (as criadas não entravam em linha de conta, porque era fácil, se necessário, não lhes abrir a porta). assim, esperavam pelas tardes em que os pais estavam fora. isto fazia com que só nos pudéssemos divertir de vez em quando. foram esses, pois, os prazeres que vivi com os dois jovens judeus durante esse ano escolar. quanto a eles, há muito tempo que se divertiam sexualmente antes de me conhecerem. uma antiga criada-de-quarto havia-os iniciado nos prazeres do amor. enquanto aluno do ginásio, tive outras ligações sexuais. um colega de turma contou-me que copulava com umas estudantes que vinham visitá-lo a sua casa. não tinha os pais em kiev è estava hospedado em casa de uma família que não exercia a menor vigilância. ao sair das aulas, levava as colegas a sua casa, habitualmente quando não havia ninguém. o seu quarto possuía uma entrada independente. aliás, do ponto de vista dos costumes russos, nada havia de escandaloso no facto de as estudantes visitarem, sozinhas ou em grupo, um colega. ninguém tinha nada a objectar. ele conhecera uma dessas jovens ao sair do liceu, ou seja, muito simplesmente na rua. meteu-lhe na mão uma missiva pornográfica com os desenhos adequados e, no dia seguinte, à saída das aulas, ela aceitou ir a casa dele. depois, levou consigo duas das suas companheiras companheiras. . o meu camarada assegurou-me que vários alunos da nossa turma tinham relações do mesmo género. convidou-me a ir a sua casa quando recebia a visita das jovens,
ou seja, logo a seguir às aulas. foi assim que conheci em sua casa três estudantes aproximadamente da nossa idade. depois de alguns beijos e carícias, duas delas deitaram-se de costas, atravessadas na cama, com as nádegas à beira e as pernas afastadas e pendentes. possuímo-las possuímo-las de pé entre as pernas delas. a rapariga com quem eu estava não tinha as partes sexuais tão bonitas como as de sarah; o monte de vénus e os grandes lábios eram menos carnudos e os laivos da fenda genital de um púrpura menos resplandecente. resplandecente. no entanto, foi com uma sensação de felicidade que introduzi o pénis na vagina da rapariga. fiz nessa ocasião uma observação que me excitou. a vagina apertava o meu pénis estreitamente, como uma luva, e por isso o monte de vénus acompanhava o pénis em todos os seus movimentos, elevando-se e descendo com ele. enquanto eu me movimentava, o montículo genital, impelido pelo pénis, dançava loucamente parecendo deslizar em todos os sentidos sobre o osso do púbis. a terceira estudante era virgem e só tolerava o coitus in ore vulvae e o cunnilingus. parece que um outro camarada a desflorou alguns meses mais tarde. tinha uma particularidade: quando, depois de lhe ter chupado o clítoris (muito desenvolvido e alongado), eu o soltava, a extremidade do órgão, em vez de se recolher na abertura agora fechada, a erguer-se como uma verruga, com obstinação, entre oscontinuava grandes lábios escuros, fechados. nas outras raparigas, pelo contrário, a extremidade do clítoris, uma vez libertada, só se erguia entre os grandes lábios cerrados durante breves segundos, para se contrair em seguida, recolhendo-se no fundo do veio genital e ficando invisível. essas relações continuaram, com maior ou menor regularidade, até ao fim do ano escolar. outras colegiais, de púbis glabro ou coberto de penugem, vieram e deixaram-se manipular pelos rapazes. Às vezes reuníamo-nos vários rapazes e raparigas e cada rapaz possuía várias raparigas, uma após outra, enquanto tivesse forças. isto passava-se umas vezes nos quartos dos estudantes, outras em passeios pelos bosques dos arredores de kiev, especialmente numa casa de madeira abandonada no meio da floresta. já disse que nessa época a minha leitura preferida eram os romances franceses. os romances russos não eram suficientemente eróticos para mim. a literatura russa era então muito casta. mas mudou muitíssimo desde essa altura, sobretudo nos últimos anos. no que se refere ao modo de tratar as relações sexuais, a diferença é tão grande (se bem que no sentido inverso) entre a literatura russa de há vinte a trinta anos e a de hoje como entre a literatura inglesa do tempo da rainha ana e a do período compreendido entre 1830 e 1860. hoje em dia, temos escritores que apaixonam o público (archibasheff, por exemplo) e levam a pornografia tão longe quanto os mais libertinos naturalistas e decadentes franceses. franceses. mas não era assim então. a literatura era austera. lia também, com grande excitação e sempre que conseguia arranjá-los, livros ou capítulos de carácter científico sobre a anatomia e a fisiologia dos órgãos sexuais. houve sobretudo uma
leitura que me provocou uma extraordinária emoção erótica. foi um artigo publicado numa revista médica, que me veio parar às mãos em casa de um médico amigo de meu pai. enquanto os adultos conversavam no salão, eu lia febrilmente, no gabinete de trabalho do médico, a revista científica. tratava-se de uma notícia circunstanciada circunstancia da de um processo que deu então muito que falar na rússia. uma jovem excêntrica, filha de um comerciante muito rico, matou com a cumplicidade dos seus companheiros de libertinagem, num lupanar de moscovo, um homem que pertencia, tal como ela, à alta sociedade. essa jovem de menos de vinte anos era homossexual e o móbil do crime foi o ciúme. quis vingar-se por lhe terem roubado uma amante. o processo revelou que essa rica herdeira, que nadava em luxo, tinha o hábito de se disfarçar de homem e de visitar, na companhia de jovens da juventude dourada, os lupanares de moscovo, desde os mais luxuosos aos mais miseráveis. tais são as circunstâncias desse processo, se bem me lembro, porque jamais desde então tive ocasião de ler o que quer que seja sobre esse caso. mas lembro-me com precisão de que na resenha publicada pela revista em questão se fazia a reprodução integral do parecer médico. havia, entre outras coisas, uma descrição das partes sexuais da rapariga, descrição de tal maneira completa que nunca mais tornei a ver nada de semelhante. o mínimo pormenor era indicado quer em termos pitorescos quer com as medidas exactas, em centímetros, milímetros, etc. ao ler aquilo, excitava-me pensar como aquelas medidas tinham sido tiradas, como havia sido medido o comprimento do clítoris, as dimensões dos pequenos lábios nas suas diferentes partes, a profundidade da vagina; imaginava os cientistas a apreciarem os matizes da coloração da vulva em diferentes pontos. . . havia uma frase que me fazia sonhar: "a sensualidade da paciente é denunciada pela grande excitabilidade excitabilidad e dos pequenos lábios e do clítoris, que entram em erecção violenta ao menor contacto." como a jovem já não era virgem, havia pormenores sobre as sensações que experimentava, segundo o seu próprio testemunho, no coito normal ou nas relações homossexuais. numa palavra, essa leitura actuou sobre mim como um poderoso afrodisíaco. efectivamente, devido à minha constituição, é através da efectivamente, imaginação que recebo a mais forte excitação sexual. as imagens mentais têm sobre mim, neste campo, tanta ou mais influência que as imagens físicas. não se trata, porém, de modo algum, de auto-erotismo: auto-erotismo : se me encerrarem dentro de quatro paredes, a obsessão sexual abandona-me rapidamente. a minha imaginação, para funcionar no sentido erótico, tem sempre necessidade de um estímulo exterior: a contemplação dos órgãos sexuais da mulher, a visão de um desenho obsceno, uma leitura pornográfica, uma conversa licenciosa. não me basta ter junto de mim uma mulher bela e apetecível. a contemplação de uma mulher, por mais bela ou fascinante que seja, se estiver vestida com decência e mantiver um ar sério, jamais me desperta o desejo de copular com ela, jamais me provoca uma erecção. para que o apetite erótico desperte em mim, é absolutamente necessário que a mulher se
comporte de maneira provocante, que escute palavras lascivas, que veja partes desnudadas, ou então que esteja sob o efeito de uma leitura erótica, de uma conversa obscena muito recente. as recordações eróticas antigas deixam de me excitar, uma leitura lasciva, em regra, deixa-me frio se não for novidade para mim, isto é, se for datada. porque, ao princípio, as mesmas obscenidades excitam-me mesmo quando as releio várias vezes seguidas, mas ao fim de alguns dias o estímulo enfraquece. assim, posso ficar durante muito tempo num estado de neutralidade sexual absoluta. uma imagem voluptuosa que, por acaso, se apresente de fora (é absolutamente necessário que venha do exterior e não seja engendrada pelo meu próprio espírito) vem, bruscamente, quebrar esse equilíbrio e inflamar-me de ardores carnais. não sei até que ponto estas predisposições psicológicas serão anormais e mórbidas. cabe ao especialista pronunciar-se sobre isso. nunca experimentei verdadeiros sentimentos homossexuais (1) do mesmo modo, tanto as tendências sádicas como as masoquistas, ainda que em ínfimo grau, são para mim subjectivamente incompreensíveis. incompreensív eis. (-) lembro-me, no entanto, que entre os doze e os treze anos a visão de um certo colega de turma da minha idade me provocava uma ligeira excitação sexual. tinha uma pele muito fina, cabelos ondulados e parecia uma era certamente essa aos razão por que a sua proximidade merapariga. era agradável; gostava de lhe beliscar o pescoço levemente roliço e de o enlaçar pela cintura. não pensava nunca no seu sexo, nem na hipótese de relações carnais com ele. nem sequer desejava vê-lo nu, todavia a sua imagem apresentava-se-me por vezes ao espírito em sonhos eróticos; via em sonhos, desnuda, uma parte do seu corpo (não o sexo, mas, por exemplo, os braços ou os ombros), abraçava-o, beijava-o nas faces, e isso acabava sempre em poluções. em toda a minha existência, é a única recordação que tem qualquer ligação com a homossexualidade. aliás, nunca trocámos uma palavra de ternura, nem tivemos qualquer demonstração de amizade especial. creio que a única causa das minhas emoções eróticas foi a finura feminina da epiderme do jovem. os órgãos sexuais de um rapazito são-me indiferentes, os de um homem feito repugnam-me; seria incapaz de lhes tocar com a mão. nos finais desse ano escolar, tive três aventuras com mulheres adultas. uma jovem casada, uma morena bastante bonita, vinha visitar-nos amiúde, sozinha ou com o marido. um dia, a minha mãe encarregou-me de ir devolver a essa dama um livro que esta lhe emprestara. a jovem reteve-me durante bastante tempo em sua casa, conversou comigo sobre literatura e fez-me prometer que voltaria no dia seguinte à tarde para lermos juntos um romance, mas que não diria nada aos meus pais. - o meu marido passa a tarde no clube. eu aborreço-me sozinha e a leitura fatiga-me os olhos. você lê em voz alta e eu oiço. já referi que saía sempre que queria. assim, saí de casa à hora combinada, limitando-me limitando-me a dizer aos meus pais que ia visitar um colega, e dirigi-me a casa da dama. mandou-me sentar junto dela num sofá e pediu-me que lesse um romance de goncourt. ao
chegar a uma passagem erótica, senti-me um pouco perturbado e a voz tremeu-me. nessa altura, a dama interrompeu-me e começou a interrogar-me para se certificar se eu compreendia bem as alusões eróticas. como sempre fazia em situações idênticas, fingi-me ignorante, o que pareceu deixar encantada a minha interlocutora, que brincou docemente com a minha ingenuidade (tinha doze anos e meio), disse-me que já tinha idade para ter um namorico e propôs-me mostrar como eram as mulheres e como se fazia amor. beijou-me na boca, desabotoou-me as calças e agarrou o meu membro erecto. extasiada diante das suas dimensões, afirmando que era muito grande para a minha idade (os meus órgãos sexuais sempre foram, de facto, muito volumosos), beijou-o e disse-me: - tens tu um instrumento tão belo e não sabes usá-lo! vê como está rijo e quente, o que mostra que sem que o dono o saiba ele já deseja a mulher! com semelhante objecto, podes fazer uma mulher feliz. eu simulava não compreender. ela prosseguiu a explicação, descreveu em termos lascivos a cópula, depois levantou a saia e exibiu as pernas nuas e os órgãos sexuais, que me fez apalpar. não usava culotes. semi-reclinada, puxou-me puxou-me para cima de si e, com a mão, introduziu o meu membro na vagina. copulámos muito voluptuosamen voluptuosamente. te. após a função, recomendou-me que feito não falasse ninguém da nossa aventura e acrescentou que tinha aquiloa exclusivamente exclusivament e para meu bem, para me preservar do onanismo e das mulheres de má vida. tivemos depois vários encontros que terminavam sempre na cópula. as duas outras aventuras tiveram lugar com alunas das classes superiores do ginásio, de dezassete e dezoito anos, que também tiveram a ideia caridosa de me "esclarecer sexualmente". encontrava-me de visita em casa de uma delas, falávamos de cavalos e eu fingi ignorar a diferença entre o garanhão e o cavalo castrado. a jovem ficou espantada, perguntou-me perguntou-me se sabia como se fazem os meninos, e vendo a minha ignorância, deitou-me de costas, puxou para fora das calças o meu membro erecto e, erguendo as saias, deitou-se em cima de mim, introduzindo o pénis dentro do seu ventre. depois, fazendo movimentos rápidos com o ventre e as coxas, cavalgou-me até atingir o orgasmo, que quase a fez perder a consciência. enquanto copulava, beijava-me na boca more columbarum: era a primeira vez que eu saboreava esse prazer. recordo-me ainda da sensação do pénis fortemente comprimido e sacudido pelos músculos da vulva da jovem. no momento supremo da posse, o seu rosto assumiu um aspecto cadavérico. não tive ocasião de renovar as relações sexuais com essa jovem. a outra estudante, mais velha, falou-me das coisas sexuais a primeira vez que nos encontrámos a sós. eu fiz-me de parvo, como era meu hábito. descreveu-me as diferenças entre os órgãos sexuais do homem e da mulher, explicou como se realizava o acto sexual e, por insistência minha, mostrou-me as suas partes genitais. não consegui, porém, obter nada dela. dizia que era virgem e não quis deixar-me possuí-la, nem sequer in ore vulvae. permitiu-me, em troca, apalpar-lhe e titilar-lhe a vulva com os
dedos e até introduzir o dedo no vestibulum vulvae, e acariciar-lhe os seios nus. via que tudo isso a excitava, como o provava não só a expressão do seu rosto, mas também o facto de a fenda genital, que eu percorria com o dedo, estar molhada, quente e fremente. voltámos a ver-nos com regularidade para repetir a diversão. e de todas as vezes era obrigado a pedir-lhe com insistência e demoradamente que me mostrasse as partes sexuais. após várias recusas, ela acabava por ceder aos meus pedidos, sentava-se na borda de um móvel qualquer (leito, canapé, arca, cadeira) erguia a saia e afastava as pernas. eu ajoelhava-me para ver melhor e explorava com os dedos a abertura genital. mas ela nunca me deixou alargá-la o suficiente ou introduzir o dedo tão fundo que me permitisse ver ou tocar o hímen. dizia que com um gesto brusco ou desastrado se podia rasgar facilmente a membrana. tão-pouco me deixava masturbá-la verdadeiramente, ou seja, através de uma fricção contínua, admitindo apenas contactos ligeiros, rápidos e intermitentes. em seguida, mandava-me sentar a seu lado e brincava com o meu pénis rígido, sem todavia me masturbar, o que de resto eu também não teria suportado. ao mesmo tempo, eu acariciava-lhe os seios nus e beijávamo-nos na boca. essas práticas não me provocavam ejaculação, mas apenas uma erecção agradável. sempre que deixasse fazer o coito, pelo menos osuplicava-lhe coito in ore vulvae, masme ela nunca consentiu, como nunca consentiu o onanismo bucal ou lingual. chegaram as férias. se me permitiram transitar para o ano seguinte (o quarto), foi graças a uma enorme indulgência da parte dos professores e em memória dos meus êxitos passados. na realidade, completamente absorvido por preocupações eróticas, não tinha trabalhado nada no terceiro ano e as minhas notas tinham sido deploráveis. contudo, o exame de passagem do terceiro para o quarto era exclusivamente escrito e fui salvo pelas cábulas que vieram em meu auxílio juntamente com a indulgência dos examinadores, pelo que obtive, perfas et nefas, a média necessária. passámos as férias na aldeia do meu tio, onde não voltava há dois anos. regressava completamente mudado e com tanta experiência em matéria erótica como um adulto. agora, o meu primo contava obscenidades a alguém que as entendia! e, no meio das inúmeras criadas da casa, das raparigas da quinta e do campo, vi-me mergulhado numa atmosfera verdadeirament verdadeiramente e citérea. não tardei a travar relações com a maior parte dessas raparigas, levado, aliás, pelo meu primo que me facilitava a abordagem. explicou-me que se conseguia tudo dessas robustas viragos em troca de alguns presentes insignificantes: um pacote de ganchos para o cabelo, uma fita barata, um bombom, um bolo, ou até um bocado de açúcar. e, efectivamente efectivamente, , em troca dessas ofertas irrisórias, !"as virgens fortes" da ucrânia deixavam-me olhar e apalpar nas partes mais secretas dos seus corpos. isto acontecia em qualquer lugar, num quarto, num telheiro, num estábulo, atrás de uma meda de feno, entre as moitas. as virgens só se deixavam apalpar; as que já não o eram deixavam-se possuir com a melhor
das boas vontades. com o meu primo e outros rapazes, ia vê-las tomar banho no rio. trocava com elas palavras de duplo sentido. aliás, riam sempre às gargalhadas quando ouviam uma obscenidade. uma vez, atravessávamos com o meu primo uma sala onde uma magnífica rapariga de dezassete ou dezoito anos, verdadeira encarnação da pujança e de saúde, de faces vermelhas como peónias, seios espetados, lavava o soalho dobrada em duas e apoiada nas duas pernas afastadas, maciças como colunas, cuja alvura se entrevia porque tinha as saias arregaçadas acima dos joelhos. sem perder um instante, o meu primo aproximou-se da rapariga por detrás e agarrou-lhe com força, por baixo da saia, o órgão sexual. a rapariga soltou um grito de surpresa, desprendendo-se desprendendose das mãos do agressor, mas sem se zangar e a rir. as raparigas da aldeia estavam habituadas a esses atrevimentos. nas imensas cozinhas do senhor, onde dezenas de criadas e de jornaleiras jantavam ou tomavam o chá na companhia de dezenas de cocheiros, vigilantes, trabalhadores trabalhadores do campo, etc. , e onde, arrastado pelo ardor erótico, eu entrava agora muitas vezes, eram permitidas as mais audaciosas familiaridades. o tom geral das conversas era um bombardeamento de obscenidades, em que os gestos não capitulavam diante das palavras. lembro-me, por exemplo, de um rapazito que dianteperguntando-lhes das raparigas umse tição apagado e carbonizado, de brandia forma fálica, gostariam que os seus amantes possuíssem um órgão assim imponente. nenhuma das raparigas pareceu escandalizada, todas riram até às lágrimas. os nabos, os talos de couve ou de rábano serviam de pretexto para facécias semelhantes. Às vezes, quando uma das raparigas, ocupada com o lume do fogão ou a preparar o samovar colocado no chão, se agachava, um rapaz, num rasgo de humor agarrava-a por trás, encostava-lhe o ventre contra as nádegas (sem expor o membro nem lhe levantar as saias, bem entendido) e simulava os movimentos do coito a retro, dizendo que era um garanhão ou um touro a montar uma égua ou uma vaca. tais comparações não ofendiam a beldade rústica, a quem a brincadeira divertia tanto como ao resto da assistência. já referi que as raparigas e os adolescentes (parubki) tomavam banho completamente nus muito perto uns dos outros. Às vezes os rapazes levavam consigo os cavalos, que banhavam, e presenciei por mais de uma vez um desses banhistas, nu, esfregar o ventre e as partes sexuais na garupa do animal, enquanto mimava os movimentos do coito na presença das raparigas, igualmente nuas, que o apodavam de porco mas a quem esta pantomima divertia enormente. enormente. contaram-me até o caso de um rapaz de dezanove anos que, numa dessas cenas habituais, tinha realmente copulado com uma égua enquanto as raparigas o observavam, insultando-o, insultando-o, mas permanecendo ali até ao fim do acto. na cozinha negra (é esse o nome que se dá na rússia à cozinha onde são preparadas as refeições dos criados ou dos trabalhadores) trabalhadores ) vi muitas vezes jovens a lutarem, à guiza de jogo ou de brincadeira, com raparigas. quando um rapaz conseguia derrubar e deitar por terra uma rapariga, nunca deixava de se deitar de bruços sobre a lutadora vencida (sem, contudo, se
desabotoar) e de imitar, rindo, as posturas e os movimentos da cópula. as crianças que assistiam a essas cenas riam a bandeiras despregadas, compreendo perfeitamente o simbolismo do simulacro. contaram-me que, algumas vezes, por ocasião de banquetes nessa cozinha, nos dias de festa, quando a gente estava excitada pela aguardente distribuída gratuitamente gratuitamente pelo dono da casa ou pelos intendentes (para o camponês russo uma festa não é festa sem abundantes libações de aguardente de cereais), os homens permitiam-se brincadeiras mais canalhas. agarravam inopinadamente e por trás alguma bela rapariga, arrancavam-na do banco onde estava sentada, viravam-na de cabeça para baixo e mantinham-na assim durante algum tempo, com as pernas a espernearem no ar. dado que na rússia as mulheres do povo, como já disse, não usam culotes, todos podiam deliciar-se com a visão dos encantos mais secretos da vítima. e esta não guardava rancor durante muito tempo ao seu verdugo, porque os costumes eram grosseiros. também não faltava o que ver na aldeia. uma vez, ao entrar subitamente com o meu primo numa sala comunal (um lavadouro, creio), vi um jovem cocheiro deitado por terra com uma das nossas criadas. - eh, que estás a fazer? - gritou o meu primo. - copulamos - respondeu cocheiro (usando, naturalmente, uma expressão mais grosseiraoque exprime essa ideia) e continuou tranquilamente tranquilament e a sua tarefa até o meu primo, com pontapés no traseiro, o obrigar a largar a presa e a levantar-se. a criada baixou as saias e saiu sem manifestar a mínima perturbação. soube, por outro lado, que os serões da aldeia (as vetcbetrnitsy, "vésperas" em pequeno-russo) - reuniões vespertinas e nocturnas de raparigas e de rapazes solteiros, durante as quais o belo sexo faz lavores (fia, borda, etc.) e os pretendentes tocam música, cantam ou procuram divertir as damas contando histórias engraçadas - terminavam de uma maneira singular: esperavam que as luzes se apagassem por falta de combustível, algumas vezes ajudando-as a extinguir-se, e depois cada um sentava nos joelhos a vizinha, a quem masturbava enquanto se deixava masturbar por ela na obscuridade. depois cada um regressava a casa satisfeito com o "serão". a rudeza dos costumes rurais pode ser ilustrada por um episódio que faz parte da crónica da nossa aldeia, episódio esse a que não assisti, pois cheguei à povoação algumas semanas mais tarde, mas cuja veracidade posso garantir, uma vez que a coisa se passou pública e, por assim dizer, oficialmente. entre os jovens camponeses havia um rapaz de vinte anos sobre o qual as raparigas puseram a correr o boato de que só tinha um testículo. a zombaria era permanente. mal aparecia numa reunião onde houvesse raparigas, estas afastavam-se dele como se fosse um empestado, gritando-lhe: "o homem só com um testículo!" (odnoyaitso, de odno, um único, e yaitso, testículo). desolado, foi queixar-se de calúnia ao tribunal comunal, o volostnoi sud, constituído por camponeses muitas vezes complrtamente iletrados, pelo que todo o processo se desenrolava verbalmente, podendo no entanto infligir
não apenas pequenas multas e alguns dias de detenção, mas também a fustigação, muito cruel por vezes, e que julgava os pequenos drlitos dos camponeses e os pequenos litígios entre a gente da terra. as decisões deste tribunal improvisado, de simples polícia, não se regiam, de resto, por nenhuma lei escrita. tal como oriente, as pessoas confiavam na inspiração dos juízes, inspiração frequentemente frequentemente influenciada por ofertas sob a forma de baldes (vedro) de aguardente da parte quer dos queixosos quer dos acusados. o volostnoi sud da nossa aldeia tomou a peito o infortúnio do jovem. as raparigas culpadas (para cima de uma vintena) foram chamadas à presença dos juízes, que proferiram a seguinte sentença: cada uma das acusadas devia ser introduzida separadamente, separadamente , e uma de cada vez, na sala comunal onde se encontravam os juízes e o queixoso e, depois de meter a mão nas calças deste e de se ter certificado de que ele tinha dois testículos e não apenas um, receber duas palmadas nas nádegas dadas pelo queixoso. e assim se fez. a sala comunal estava a abarrotar de gente, as raparigas iam sendo introduzidas sucessivamente sucessivament e e depois de as obrigarem a enfiar a mão na braguilha do queixoso, era-lhes perguntado : - ele tem dois testículos ou só um? a - rapariga tem dois.não tinha outro remédio senão responder: em seguida era conduzida junto do chefe do tribunal (volostnoi starshina) que estava sentado num banco, com as costas apoiadas à parede e de frente para o público. mandavam a rapariga baixar-se e deitavam-lhe a cabeça nos joelhos do juiz, como no jogo da mão quente. ao mesmo tempo, arregaçavam-lhe a saia por trás, pondo assim a descoberto, devido à postura da paciente, não apenas as nádegas, mas também entre estas os seus "encantos", como se dizia no século xviii. o traseiro, aliás, estava virado para o público. então, o jovem caluniado aplicava sobre as robustas rotundidades duas sonoras palmadas. foi da própria boca dos actores da comédia que recolhi todos os pormenores. entre a numerosíssima criadagem do meu tio havia uma rapariguita de treze ou catorze anos, chamada yevdoshka (diminutivo de eudoxia), filha de um cocheiro. se eu não tivesse conhecido esse espécime dos costumes rurais, julgaria que as inúmeras figuras de raparigas que nos romances de zola representam a pura animalidade, a pura encarnação do instinto sexual (a mouquette no germinal, etc.), não têm qualquer correspondência correspondênc ia com a realidade e são um simples símbolo poético. mas yevdoshka era sem dúvida um exemplar dessa colecção. a qualquer hora do dia e da noite (salvo talvez durante o sono), não pensava noutra coisa senão no acto sexual. como uma cadela com cio, rondava por toda a parte onde houvesse probabilidades de encontrar um macho isolado e entregava-se indiferentemente indiferentemente a toda a gente, tanto a novos como a velhos. acusavam-na de actos de bestialidade. uma vez, eu e o meu primo encontrámo-la com uma amiga da mesma idade, numa mata cerrada. as duas raparigas arregaçaram as saias e mostraram-nos as vulvas, afastando as
pernas e convidando-nos, por palavras e gestos, ao coito. mas o meu primo disse-me que com yevdoshka podíamos apanhar uma doença e resistimos à tentação. não sei se a apreensão do meu primo era fundada. todos os jovens da aldeia dormiam com yevdoshka e nunca ouvi dizer que tivessem ficado doentes. uma manhã, antes do nascer do sol, o meu primo levou-me a uma sala comunal, uma espécie de telheiro, onde dormiam as jovens operárias. estava-se no pino do verão. como fazia muito calor, as raparigas dormiam simplesmente em camisa sobre umas enxergas estendidas no chão, sem sequer se cobrirem com um lençol. eram umas vinte e dormiam profundamente, como se dorme quando se é jovem, saudável e se esteve entregue durante todo o dia a pesados trabalhos físicos. as camisas da maior parte delas estavam repuxadas ou descompostas, pondo a descoberto as coxas nuas, os ventres nus. algumas estavam deitadas de costas, com as pernas afastadas. podíamos contemplar à vontade as vulvas morenas, a fenda rosada, a penugem do monte de vénus. havia tosões genitais de diferentes colorações. lembro-me de me ter impressionado especialmente um púbis coberto de um velo ruivo ou, melhor dizendo, vermelho. um odor intenso desprendia-se de todos aqueles corpos nus. muito excitados, não ousámos, no entanto acordar ninguém e fomo-nos embora silenciosamente, sem que as raparigas suspeitassem da nossa visita matinal. o meu primo tinha relações sexuais com um grande número de criadas, de trabalhadoras agrícolas, de jovens camponesas. Às vezes, durante a noite, uma jovem criada vinha ter com ele ao quarto, onde estava também a minha cama, sem que a minha presença a incomodasse. buccílica simplicidade de costumes! nessas noites, não conseguia adormecer. escutava os beijos, os estalidos da cama e outros ruídos característicos do coito, várias vezes renovado, as anedotas pornográficas contadas pelo meu primo à rapariga e tentigine rumpebar como diziam os romanos. pela minha parte, como já disse, copulava frequentemente com as raparigas da aldeia e da criadagem : in ore vulvae com as virgens e normalmente com as que já tinham sido desfloradas. essas vigorosas fêmeas, admiravelmente robustas, eram exuberantes de saúde e de vida animal, com as suas faces vermelhas, os enormes traseiros, os seios rijos e fartos, as pernas semelhantes a colunas dóricas, as vulvas musculosas e potentes. aproveitavam a juventude e víamo-las enroladas com os rapazes nas valas, nos celeiros, nas medas de feno, em todos os cantos onde um casal se pudesse abraçar. quando engravidavam recorriam a substâncias abortivas (o uso da cravagem do trigo era conhecido de todas as raparigas) ou provocavam o aborto mecanicamente por velhas peritas nessas manobras. de resto, a opinião não era severa para com as fraquezas da carne. toda a gente sabia, por exemplo, que um viúvo tinha engravidado as duas filhas, uma das quais menor, e o facto não afectou em nada o respeito geral de que gozava. para ser completo, devo dizer que, durante essas férias, houve ainda outra proprietária, casada, nossa vizinha, que achou necessário "esclarecer-me sexualmente" sexualmente" e, acreditando na minha
inocência, me explicou aquilo que eu já sabia há muito tempo e fez amor comigo num quiosque existente no seu jardim. ao regressar a kiev, como aluno do quarto ano do ginásio, tinha um pouco menos de treze anos. do ponto de vista dos estudos, esse ano foi para mim mais desastroso ainda do que o anterior. era incapaz de concentrar a atenção nos livros científicos que, aliás, me interessavam cada vez menos. as minhas notas eram cada vezpais piores, e eu estava entreinsucessos os últimospelo alunos da classe. os meus justificavam os meus facto de ser demasiado novo (entre os treze e os catorze anos) para frequentar o quarto ano. no entanto, vários dos meus camaradas eram da minha idade. seja como for, as minhas notas desse ano e as do exame não me permitiram transitar para o ano seguinte, pelo que tive de o repetir, coisa que antes considerava vergonhosa. foi, pois, repetindo o quarto ano que passei o décimo quarto ano da minha vida, e tinha perto de quinze quando entrei no quinto. não só não tive outro remédio senão repetir também o quinto ano, como não consegui passar nas provas necessárias para ser admitido no sexto ano (tinha então cerca de dezassete anos). uma vez que na rússia não é permitido frequentar três anos seguidos o mesmo ano, tive de abandonar o ginásio. meteram-me numa escola chamada real (ginásio sem latim, nemforma grego), também aí não fui bem sucedido. descobrir descobriram am uma de mas me preparar para um exame que me permitiu ingressar de novo no ginásio clássico (que tem maior importância porque confere mais direitos), no sexto curso. tinha nessa altura dezoito anos. não fui, porém, bem sucedido no exame necessário à passagem para o sétimo ano. estava prestes a fazer os dezanove anos. tentei repetir o sexto ano, mas as notas continuaram a ser tão más que, desanimado, abandonei definitivamente definitivamente o ginásio a meio do curso. estava com dezanove anos e meio. ao longo de todos esses anos, a minha saúde foi bastante má, com interrupções frequentes dos estudos por causa de enfermidades do peito e de nevralgias, o que não contribuía para os êxitos escolares. aos dezassete anos de idade tinha perdido a minha mãe, que teve tardiamente um filho e morreu de febre puerperal, contraída por negligência do médico parteiro, que não se tinha desinfectado convenientemente convenientemente depois de ter ido ver uma doente. a criança morreu também algum tempo depois. a minha vida sexual durante todo esse período foi muito activa (dos treze aos vinte anos). ao regressarmos das férias de que falei mais atrás, mudámos uma vez mais de casa e nunca mais voltei a ver a pequena sarah. retomei, porém, as relações sexuais com estudantes de boa vontade e às vezes dormia com as criadas, quando eram jovens e bonitas. nas férias grandes, quando as passávamos na aldeia, tinha por assim dizer à minha disposição um verdadeiro harém. e, ao cabo e ao resto, sempre encontrei damas dispostas a "esclarecer-me sexualmente". continuava a usar com êxito o método que consistia em simular inocência, ingenuidade absoluta. percebi que era um meio quase infalível para "inflamar" as damas e lhes provocar ideias libidinosas. É assombroso como
lhes agrada dar ensinamentos nessa matéria! todas elas desejam ser a primeira iniciadora. mas, ao mesmo tempo, essas damas sentiam-se, até certo ponto, envergonhadas daquilo que faziam, a julgar pelo facto de todas elas me dizerem que o faziam para meu bem, para me udesviarem do onanismo e das mulheres de má vida". não me deixava enganar pela hipocrisia. a minha experiência leva-me a crer que a inclinação pelas crianças impúbere impúberes s ou pelos adolescentes na entre fase da mulheres do que ospuberdade homens. não é mais rara entre as fingir de inocente não era para mim apenas um meio mais seguro de atingir o meu objectivo. era também uma fonte de prazeres especiais. de facto, experimentava e continuo ainda hoje a experimentar uma intensa voluptuosidade ao ouvir uma mulher, e sobretudo uma jovem, a falar das coisas sexuais. sente-se, com efeito, quando falam disso, que estão eroticamente excitadas, que um frémito lhes percorre as partes genitais. enquanto as mulheres me descreviam, por exemplo, o coito, eu imaginava o seu clítoris em erecção e a vulva que começava a segregar o muco. além disso, as mulheres não falam dessas coisas da mesma maneira que os homens. raras vezes empregam a palavra própria, recorrendo, a maioria das vezes, a circunlóquios circunlóquios, , eufemismos, metáforas, que, pela sua própria natureza, possuem um mais carácter pitoresco, pictórico, sugestivo e excitam muito o pensamento do que os termos técnicos e exactos. sobretudo as raparigas muito novas, que não conhecem o vocabulário erótico técnico (científico ou popular) ou que não se atrevem a usá-lo, vêem-se forçadas a fazer esforços de imaginação para descreverem claramente as coisas, inventam comparações, sugerem imagens impressionant impressionantes, es, perturbam-se e ruborizam-se. e tudo isso é extremamente excitante. cada uma delas conta as coisas à sua maneira, por conseguinte através de imagens novas. ora a novidade das sensações, das imagens, das próprias palavras, é um elemento essencial da acuidade das sensações sexuais. um livro pornográfico monótono monótono deixa de ser excitante ao fim de poucas páginas; não deve contar aventuras semelhantes, nem em termos semelhantes. para mim, como sem dúvida para todas as pessoas de temperamento nervoso, a imaginação constitui o elemento mais importante do prazer sexual. não consigo ter prazer se não imaginar o prazer experimentado pela mulher. ser-me-ia impossível fazer amor com uma mulher adormecida ou desmaiada. e a simples ideia de que uma mulher experimenta uma emoção sexual basta para me fazer gozar (embora esse gozo não chegue até à ejaculação). pelo contrário, a ideia do gozo masculino deixa-me indiferente: as emoções eróticas do homem não despertam em mim qualquer simpatia. as ideias ou (se se quiser) os preconceitos espiritualistas tornam os prazeres sexuais mais agudos e mais variados. foi o que expressou huysmans (ao falar da arte de rops), com certo exagero e grosso modo ao defender que a grande e profunda luxúria não é possível sem o diabo, e o que renan observou com fina subtileza
ao glorificar o cristianismo como mestre de volúpias eróticas mais subtis do que as da antiguidade. disso se esquecem os numerosos autores que fustigam o cristianismo em nome do erotismo triunfante e dos díreitos da carne. a titilação puramente física nas relações sexuais não é nada ou quase nada ao lado da excitação psíquica e do prurido mental. ora o cristianismo veio precisamente exacerbar essa vertente psíquica do prazer carnal; deu livre curso à imaginação sexual e creio novalor homeme civilizado os prazeres sexuais retiram todo que o seu atractivo da imaginação. sem a imaginação, o acto sexual não é nem mais nem menos agradável do que a defecação ou, quando muito, do que beber e comer para as pessoas não gulosas. o pudor feminino constitui um afrodisíaco para o homem, mas só quando se deixa vencer pela volúpia da mesma pessoa. quando estou na cama com uma mulher, o que mais me excita é essa ideia de que se passa algo de paradoxal, de inverosímil. ali está uma mulher que considera como algo de terrível o facto de exibir certas partes do seu corpo; oculta-as de toda a gente, sobretudo dos homens, considera-as vergonhosas, vergonhosas, não se atreve a nomeá-las. . . e no entanto, essa mesma mulher mostra-as agora a um homem, e justamente àquele a quem mais deveria obstinar-se em não mostrar, porque é o homem ela ama, ou aquele que mais a intimida e perturba e que que as contempla comseja, o olhar menos indiferente, mais lascivo; e esse homem não só olha essas partes como também as toca, as manipula, as excita com carícias; e toca-lhes não apenas com a mão, mas com uma parte do corpo igualmente vergonhosa aos olhos da mulher e que esta, por via de regra, tem receio não só de tocar mas também de ver, de nomear, em que nunca deveria pensar (é essa, pelo menos, a regra convencionad convencionada), a), e o contacto não é somente superficial, o homem introduz a sua parte mais vergonhosa na parte mais vergonhosa da mulher. . . e essa violação do pudor é tanto mais picante quanto é passageira. uma hora mais cedo ou uma hora mais tarde, a mulher estava ou estará vestida, ocultará cuidadosamente quase todas as partes do seu corpo e ficará ruborizada ao escutar o nome daquilo que lhe proporcionou tanto prazer. . . como diminuiria o prazer sexual sem todo esse convencionalismo - absurdo na aparência - do pudor feminino! pelas mesmas razões, as secreções voluptuosas da mulher têm para a imaginação o maior valor simbólico ou fetichista. não há nada que me excite tanto como a visão, o contacto ou a simples ideia do muco vulvo-vaginal. porque é o sinal visível e tangível da sensualidade, da volúpia da mulher. a erecção dos órgãos femininos é dificilmente perceptível; em contrapartida, graças ao líquido sexual, existe uma prova evidente e tangível de que a mulher está eroticamente excitada, que tem "sentidos", como dizem os franceses, que é um ser terrestre como nós outros, ou, se é um anjo, é um anjo que às vezes cai. . . com todas as forças da minha imaginação, transporto-me às partes sexuais da mulher, imagino o prazer que ela experimenta e isso decuplica ou centuplica o meu próprio prazer imediato. em tudo isso, intervêm
factores não só sensitivos, mas também morais (ou, se preferirem, imorais), ético-afectivos ético-afectivos e intelectuais. mas retomemos o meu relato. portanto, durante esse período de sete anos (dos treze aos vinte), tive frequentes satisfações sexuais. houve, no entanto, por razões acidentais, períodos de abstinência. nessas ocasiões tinha poluções nocturnas (à razão de uma ou duas por semana). quando nãoabrandavam havia um estímulo exterior, minhas necessidades genésicas e entorpeciam-se entorpeciam -se aas pouco e pouco, sentia a cabeça mais liberta, a energia intelectual e física recrudescia, mas, sob o efeito de uma qualquer excitação fortuita (ao deparar com um livro ou uma gravura pornográfica, um nu feminino, uma conversa com uma dama que se esforçava por me esclarecer sexualmente, etc.), os meus ardores voltavam a despertar e retomava os antigos prazeres extenuantes. não me sentia feliz. por um lado, os constantes fracassos escolares humilhavam-me e desanimavam-me desanimavam-m e profundamente, apesar da bondade com que os meus pais os suportavam. por outro lado, a única coisa à minha volta que me interessava era a mulher e quando não tinha aventuras eróticas aborrecia-me mortalmente. mortalmente. deixei de me dedicar aos exercícios físicos; no campo, só raro caçava e montava a cavalo. os meus camaradas de ginásio, à medida que cresciam, tinham pela uma vivência cada vez mais intelectual. a maioria apaixonava-se política, lia a literatura revolucionária clandestina, aderia às sociedades socialistas secretas, comungavam na religião comunista, anarquista e terrorista. liam livros sérios: spencer, mill, buckle, renan, louis blanc, taine, marx, lasalle, laveleye, proudhon, darwin, hackel, summer maine, morgan, engels, tarde, f.a. lange, buchner, letourneau, etc. (falo dos jovens entre os quinze e os vinte anos.) eu contentava-me em saber os nomes dos autores que eles liam. sempre que tentava ler esses livros, adormecia ao fim de algumas páginas. os meus camaradas discutiam interminavelmente interminavelm ente sobre questões morais, filosóficas, sociais (não sobre questões religiosas porque eram todos ateus e materialistas). materialistas ). essas discussões passavam-me ao lado. não participava nelas. interessavam-me interessavam-me mais os romances, mas quando eram demasiado sérios também me aborreciam. os meus dois estados habituais eram ou a excitação erótica directa ou a prostração melancólica acompanhad acompanhada a de sonolências muitas vezes também elas eróticas. quando recomeçava a trabalhar para o liceu com uma certa energia era durante os intervalos de abstinência sexual. mas, como disse, não duravam muito. nunca me masturbava, porque tinha horror a isso e nem sequer sabia exactamente como é que se fazia. com receio de uma masturbação involuntária, nunca punha as mãos sobre as partes sexuais. mas sentia remorsos devido às minhas inúmeras relações sexuais. para aumentar a minha depressão moral contribuía a necessidade de mentir frequentemente frequentemente aos meus pais para lhes ocultar as minhas escapadelas. À medida que ia crescendo, custava-me cada vez mais mentir. nunca fui uma criança mentirosa, consideravam-me consideravam-me até como excepcionalmente excepcionalme nte verdadeira e, no entanto, enquanto criança
mentia sem o menor constrangimento interior sempre que era preciso ocultar os meus pequenos pecados. o verdadeiro amor pela verdade, a repulsa pela mentira, só os conheci mais crescido. como é falsa a ideia de que a criança é naturalmente verdade verdadeira! ira! como me parece duvidosa a existência de crianças muito pequenas incapazes de mentir! equivale a dizer que há crianças incapazes de julgarem os actos injustamente! lamentave lamentavelmente, lmente, essas ideias falsas encontram-se ainda muito arreigadas, mesmo nos meios instruídos. as minhas aventuras eróticas no longo período a que me refiro não tiveram nada de assinalável. foram do género daquelas que já relatei. eram favorecidas pelo liberalismo dos costumes russos, que leva a que os rapazes e as raparigas gozem de total independência, independência , façam visitas em que ninguém está presente, passeiem sozinhos a seu bel-prazer, entrem em casa a qualquer hora do dia, etc. a nossa liberdade de movimentos era tão completa quanto a dos adultos. Úns aproveitavam-na para fazer política, outros - e era o meu caso - para fazer amor. nunca ia a casas de prostituição, como acontecia com a maioria dos meus camaradas. tinha receio das doenças venéreas e achava as mulheres públicas que via na rua asquerosas. contentava-me, pois, com as estudantes e as "decentes" dedia, boa vontade. uma delas, da minha mãe, aodamas ouvir-me dizer um hipocritamente, que amiga ignorava a diferença dos sexos (tinha eu então um pouco mais ou menos de catorze anos), retirou-se do gabinete de trabalho do marido, onde estávamos sozinhos, para o quarto de dormir ao lado e disse-me para entrar só quando me chamasse. passados alguns minutos, chamou-me, de facto, e dei com ela deitada na cama, completamente nua. depois de me ter deixado contemplar a sua nudez, disse-me para me despir, para me deitar a seu lado, e "ensinou-me" o acto sexual. não corria nenhum risco, aliás, porque não havia ninguém em casa e o marido não podia aparecer naquele momento. tive mais tarde ocasião de copular com essa dama por mais de uma vez. a ligação mais duradoura e mais interessante foi a que tive entre os dezasseis e os dezassete anos com uma rapariga mais velha do que eu apenas alguns meses. era aluna do último ano do ginásio, mas já estava noiva de um estudante que se encontrava preso nessa altura. como membro do partido terrorista socialista-revoluci socialista-revolucionário, onário, aguardava o seu processo havia meses, em prisão preventiva. as acusações contra ele não eram muito graves, e como na rússia, nos processos políticos, os julgamentos são muitas vezes uma mera formalidade, uma comédia, de tal sorte que o acusado está condenado de antemão pelas autoridades superiores, da qual os membros do tribunal militar são apenas os instrumentos passivos, sabia-se de ante-mão que o jovem em questão seria condenado a oito ou dez anos de exílio na sibéria sem trabalhos forçados (na posselenie). a rapariga estava decidida a segui-lo e a casar com ele. defendia também ideias terroristas, às quais me procurava converter. eu ia vê-la amiúde, fingindo interessar-me pelas suas
ideias, que me deixavam completamente impassív impassível, el, mas na realidade atraído por ela eroticamente. não lhe declarei os meus sentimentos, primeiro porque sempre fui tímido e depois porque ela estava comprometida com outro. mas foi ela mesma quem quebrou o gelo de um modo bastante original. naquela época estava em voga entre a juventude das escolas russas um livro, traduzido do inglês. referirei, de passagem, que ainda constantes hoje continua voga, porque os intelectuais russos são muito nasem suas predilecções livrescas (continuam a ler a obra de buckle como se fosse de ontem) e são capazes de se apaixonar ao mesmo tempo pelas opiniões mais antagónicas, por marx e por nietzsche, por bebel e weininger, por tolstoi e bernard shaw, devido não a uma grande abertura de espírito mas sim à falta de clareza nas ideias, à natureza caótica da mentalidade russa e ainda a uma enorme idolatria por todas as celebridades e autoridades intelectuais. do mesmo modo que os indivíduos religiosos encontram sempre maneira de conciliar os textos sagrados mais contraditórios, também os russos acabam sempre por atribuir as mesmas opiniões (as suas próprias) aos homens célebres cujas opiniões são mais divergentes e interpretam nietzsche, por exemplo, no sentido do comunismo revolucionár revolucionário io e da social-democracia social-democracia! ! mas deixemos isso. o livro demiséria, que falava intitulava-se, intitulava-se , creio, elementos de ciência social. prostituição, celibato. o autor, anónimo, afirmava-se doutor em medicina. cria-se, na rússia, que se tratava de um filho do célebre robert owen. essa obra continha noções sobre os fenómenos sexuais e recomendava aos jovens de ambos os sexos que iniciassem cedo o comércio carnal, pondo em prática o neomaltusian neomaltusianismo ismo para evitarem a gravidez. incluía receitas neomaltusianas práticas: o uso da esponja, etc. o livro estava proibido na rússia, mas, tendo sido publicado em russo no estrangeiro, circulava clandestinamente clandestiname nte por toda a parte e a maioria dos estudantes liam-no, às vezes a partir dos treze ou catorze anos, e frequentemente frequentement e punham em prática os seus conselhos. já tinha lido o livro há algum tempo quando o vi em cima da mesa de nádia (chamemos assim à noiva do "niilista"). a jovem vivia em casa de uma tia, mas ocupava um quarto independente onde só os amigos estavam autorizados a entrar. nunca lá entrava nem a tia, nem nenhum dos seus familiares. naturalmente, saía e entrava às horas que entendia. muitas estudantes russas gozam da mesma liberdade em família. nádia perguntou-me se tinha lido o livro. respondi afirmativamente, afirmativamen te, mas acrescentei que, como já tinha sido há muito tempo, gostaria de voltar a lê-lo. emprestou-mo, portanto. quando lho devolvi, iniciou uma conversa sobre as ideias aí expostas. disse-me que a abstinência sexual era condenada tanto pela razão como pela ciência, informou-me que tinha tido relações sexuais com o noivo antes de ser preso, usando os meios preventivos contra a concepção e que presentemente sofria com a abstinência forçada, tinha sonhos eróticos acompanhados de poluções nocturnas que a deixavam muito fatigada.
- repara - acrescentou -, neste preciso momento em que falo contigo destas coisas, experimento uma excitação sexual. - e, depois de meter a mão por baixo da saia, retirou-a mostrando os dedos molhados. - tu também deves sofrer com a tua vida antinatural - (ela julgava que eu vivia na abstinência) abstinência). . quando me perguntou se eu me masturbava e recebeu uma resposta negativa, afirmou que a minha castidade podia ser-me muito prejudicial, levar-me à loucura. - É por isso que tens tão má cara e esse aspecto doentio. finalmente, propôs-me que tivesse relações sexuais com ela, o que, segundo nádia, iria fazer muito bem tanto à sua saúde como à minha. - permaneço moralmente fiel ao meu noivo - afirmou a jovem -, não o vou abandonar e segui-lo-ei até à sibéria, mas entretanto a higiene exige que eu satisfaça as minhas necessidades físicas e o meu futuro marido tem todo o interesse em que a sua mulher esteja de boa saúde. e a ti irá restabelecer-te a saúde e evitar que procures prostitutas. evidentemente, evidentemente , aceitei a proposta. não desejava nada melhor, se bem que por razões muito diferentes das de higiene. nádia pediu-me que corresse os reposteiros das janelas e me virasse costas durante alguns instantes. me deixou virar dede novo, estava na cama, depois de terquando introduzido na vagina, de acordo com as prescrições do autor inglês, uma esponja como preservativo. despi-me por minha vez, fui ter com nádia à cama, e assim começaram os nossos passatempos "higiénicos". nádia tinha um aspecto bastante agradável: cabelos louro-cinza, olhos cinzentos expressivos, feições bastante regulares, com excepção dos lábios demasiado grossos. era bem proporcionada, proporcionada , de estatura média, com nádegas e coxas fortes. os seios, pelo contrário, eram pequenos, as partes sexuais bonitas e frescas, com uma pilosidade moderada, a vagina estreita. nunca tive relações sexuais com uma mulher tão sensual como nádia e que me desse tanto prazer físico. nela, o orgasmo sobrevinha rápida e facilmente e era prolongado, o espasmo venéreo repetia-se a intervalos curtos, manifestando-se com grande intensidade. durante o coito, agitava-se de todas as maneiras possíveis, suspirava, gemia, tinha estertores, soltava exclamações incoerentes e gritos, os membros tinham convulsões e assumiam uma rigidez cataléptica, a vulva contraía-se violentamente e até, no paroxismo do prazer, de forma dolorosa para o meu pénis. o seu rosto assumia então uma expressão de agonia, velado por uma palidez assustadora. Às vezes o paroxismo da volúpia terminava com um ataque de nervos histérico, que nos primeiros tempos me assustava mas que passava depressa. ria histericamente, histericamente, chorava, debatia-se, etc. as secreções voluptuosas de nádia eram muito abundantes, a ponto de alastrarem nos lençóis, deixando grandes manchas; a erecção do clítoris, dos grandes lábios e das demais partes sexuais era perceptível ao tacto, bem como o crescente ardor da vulva congestionada, cujos tecidos se dilatavam ficando mais vermelhos. todo o baixo-ventre tinha movimentos convulsivos.
nádia não era entendida em matéria de erotismo; só conhecia o coito normal na postura vulgar. aproveitando as minhas experiências e as minhas leituras, ensinei-lhe todo o tipo de requintes. dei-lhe a conhecer o beijo more columbarum e o cunnilingus, que lhe agradou extraordinariamente e que acabou por preferir ao coito. eu excitava-a com todo o tipo de manipulações mamárias, clitorianas, anais, vaginais. experimentámos todas as posturas imagináveis coito: por enfim trás, todas ou more "coito" dos gregos, o do coito de pé, asferíno, figuraeoveneris que conseguíamos inventar ou que eu conhecia dos livros ou das gravuras obscenas. copulámos copulámos em cima de todos os móveis (cadeiras, canapés, até em cima de uma mesa, como tínhamos lido no pot-bouílle) e no chão, em cima de um tapete e de almofadas. uma vez, debruçada à janela, com o tronco inclinado para a rua e o resto do corpo oculto pelos reposteiros corridos, deixou que eu a copulasse por trás, more ferarum. quando nos encontrávamos, costumávamos ler primeiro qualquer obra lasciva, os contos de boccacio, por exemplo, ou as produções naturalistas francesa francesas. s. uma das vezes, suficientemente excitados por essas leituras, despimo-nos para fazer amor. guiado pelos livros, ocorreu-me praticar com nádia o coitus inter mammas e irrumatio; enquanto eu trabalhava ospénis seus na órgãos com o a fellatio. boca e a língua, ela tomava o meu bocasexuais e fazia-me tendo sabido por mim que as mulheres introduziam na vagina diversos objectos, pediu-me que a onanizasse introduzindo-lhe velas, chaves, lápis, paus de lacre, etc. disse-lhe que a titilação do orifício uretral devia ser particularmente agradável para as mulheres (tinha-o lido); autorizou-me então a excitar-lhe a uretra com diferentes objectos afiados, por exemplo, alfinetes de cabelo de osso. não sabia absolutamente nada sobre pederastia; expliquei-lh expliquei-lhe e como ocorria o coito entre machos. quando lhe contei que havia indivíduos que gozavam quando lhe introduziam o pénis no ânus, mostrou-se tão interessada que me pediu para praticar com ela o paedicatio. acedi ao seu desejo, mas só consegui consumar o acto com muito custo e após várias tentativas infrutíferas. esse tipo de cópula agradou a nádia, embora de início o acto fosse doloroso. depois, repetimos o paedícatio com bastante frequência. nádia dizia que não se comparava com o coito vaginal, mas era agradável "para variar". a propósito das relações homossexuais, contou-me que uma vez lhe acontecera dormir, não na mesma cama, mas no mesmo quarto, com uma rapariga, filha de um rico negociante de moscovo, e que essa rapariga se havia esgueirado para a cama de nádia, se apoderou dos seus órgãos sexuais e quis deitar-se em cima dela na posição de coito. nádia, sem perceber nada e indignada, expulsou-a da cama, apesar das súplicas da jovem moscovita, que lhe disse que na sua cidade todas as raparigas da sua classe faziam aquilo que ela se recusava a deixar fazer. apesar dessas explicações, nádia pensou que a moscovita era louca e eu fui o primeiro a explicar-lhe que as relações homossexuais eram, com efeito, bastante comuns em certos meios. alguns anos mais tarde,
segundo ouvi dizer, a própria nádia se entregou a essas práticas. se ensinei à minha companheira de cama diferentes refinamentos eróticos não foi unicamente por luxúria, foi também porque muitas vezes me via obrigado a satisfazê-la onanizando-a de diversas maneiras, esgotadas já as forças para a satisfazer através do coito. nádia tinha, efectivamente, um imenso apetite sexual que ultrapassava as minhas capacidades. copulávamos várias vezes durante a noite e por quando vezes acordava-me de noite esgotado, ou de madrugada para repetir o coito. me sentia demasiado satisfazia-a com diferentes manipulações e sobretudo com o cunnilingus, do qual ela gostava especialmente especialmente. . todos esses excessos, segundo creio, não prejudicaram em nada a sua saúde, mas a minha ressentiu-se. o que sobretudo me inquietava era o debilitamento da minha memória; talvez fosse apenas aparente, resultante de os livros me interessarem cada vez menos e da minha incapacidade de fixar a atenção nas matérias estudadas. os meus encontros com nádia eram frequentes. passava a maior parte das noites na sua cama e só regressava a casa de manhã, às vezes apenas para pegar nos livros e ir para o ginásio. o meu pai não podia ignorar que eu levava uma vida desregrada, mas mantinha-se fiel às suas convicções que o impediam de se imiscuir no comportamento dos jovens. lado, andava nessa época excessivamente excessivament e preocupado compor os outro seus assuntos materiais, que lhe corriam mal. recordo-me que às vezes, quando estava deitado com nádia à noite, ouvia através da parede o ruído de um formidável soluço, de entoações histéricas, quase um uivo. nádia explicou-me (soubera-o pelas criadas) que esses acessos verdadeiramente monstruosos de soluços acometiam a sua vizinha do lado, uma jovem polaca, de todas as vezes que gozava durante o coito com o marido. cada um desses ataques durava mais de meia hora. felizmente para nós, a jovem polaca abandonou pouco depois o alojamento. já disse que a própria nádia tinha de vez em quando crises histéricas após um coito (ou uma sessão de cunnilíngus) especialmente voluptuoso; voluptuoso; isso só sucedia, porém, de tempos a tempos. a minha relação com nádia durou cerca de dez meses. após o processo e a condenação do noivo, casou com ele e acompanhou-o até à sibéria. foi condenado a oito anos de exílio, mas, devido a sucessivas comutações comutações da pena, só permaneceu na sibéria três anos e meio, onde viveu, aliás, em liberdade numa cidade bastante agradável. mais tarde regressou à rússia, mas sem nádia, que o havia deixado ao fim de alguns meses de casamento e voltara para kiev havia já bastante tempo com um amante. nádia teve depois muitas aventuras que, de resto, não tinham nenhuma relação com a política. eu estava fortemente ligado a nádia, mas por uma paixão puramente física. prova disso é que quando ela teve de me deixar senti um enorme desgosto porque perdia uma fonte de imenso prazer, mas não senti quaisquer ciúmes por causa do seu casamento. quanto aos seus sentimentos por mim, limitava-se a
dizer-me que lhe era "simpático". depois da sua partida, tive logo outras ligações do mesmo género, isto é, puramente sensuais e sem uma "boa razão". já referi que havia abandonado definitivamente o ginásio aos dezanove anos e meio, devido aos meus insucessos escolares; há que acrescentar um outro motivo, o depauperamento da minha saúde. não antevia nenhum futuro à minha frente, não sabia se estaria algumaentristecido vez em situação ganhar vida.que o meu pai sentia-se muito com de isso e nãoasabia atitude tomar. eu podia ingressar na carreira militar; mas, para além de me ser antipática naquela época, a minha saúde não mo permitia. e na rússia a quem não tiver concluído os estudos secundários todas as outras carreiras "decentes" lhe estão vedadas. uma feliz casualidade apontou-me uma saída. justamente nessa altura, um tio que não víamos havia anos veio a kiev e propôs ao meu pai levar-me para itália e meter-me nos seus negócios. aceitei a proposta com alegria. qualquer oportunidade de deslocação, de viajar, agradava evidentemente à minha melancolia. . . e estava satisfeito por abandonar o meu ambiente habitual, onde sofria a humilhação de me sentir um fracassado. e haverá alguma imaginação jovem sobre a qual o simples nome de itália não exerça um poder mágico? pensava também na tão celebrada das mulheres italianas, nas inúmeras ocasiões de amores beleza fáceis que supunha ir encontrar nesse país da volúpia. a proposta convinha, pois, a toda a gente, pelo que parti com o meu tio para milão. tinha então exactamente vinte anos. ficámos um tanto decepcionados com o clima, porque fomos encontrar em milão um tempo muito frio, com neve e gelo. garantiram-nos, garantiram-nos, porém, que não duraria muito tempo. seguindo o conselho que nos deram, mudámo-nos para as margens do lago de como, onde o inverno se assemelha à primavera. do hotel, dirigíamo-nos frequent frequentemente emente a milão, em dez minutos de barco e uma hora de comboio. o meu tio apresentou-me aos seus correspondentes comerciais, pediu-lhes que me orientassem com os seus conselhos e depois de me ter instalado, de acordo com as suas indicações, em regime de pensão em casa de uma família italiana, regressou à rússia. graças ao meu tio e aos industriais que ele conhecia (como não sabia italiano, falava com eles em francês, língua muito divulgada em milão), obtive autorização para visitar as oficinas, frequentar alguns cursos de sericicultura, etc. foi com verdadeiro prazer que comecei a estudar italiano. desde a minha saída de kiev que vivia na abstinência. as necessidades eróticas faziam-se sentir, mas, contrariament contrariamente e à minha expectativa, não encontrava meios de as satisfazer. vivia com a família de um funcionário italiano, cuja mulher, de origem francesa, era uma pessoa macilenta e seca, sem o menor atractivo sexual para mim e além do mais séria e consagrada exclusivamente aos cuidados da casa e dos filhos. tinha um rapaz e duas raparigas, a mais velha de doze anos. assim, não podia acontecer-me nenhuma aventura amorosa na casa onde vivia. conheci diversas famílias italianas, italianas, mas percebi logo que também ali não
havia nada a esperar. com efeito, em itália, as raparigas não são livres de se movimentar como na rússia, só saem acompanhadas pelas mães, não recebem os cavalheiros sozinhas. . . eu não podia fazer a corte a uma rapariga a não ser por uma "boa razão", o mesmo é dizer, na qualidade de noivo oficial. podia, é verdade, tentar seduzir a jovem às escondidas, o que era, por um lado, materialmente muito difícil e, por outro, revestia-se aqui de uma gravidade não têm as relações dos ilegítimas naitalianos, rússia. como começava aque compreender a natureza costumes semelhante acção repugnava-me moralmente. percebia que nesse país levar uma jovem a ter relações sexuais extramatrimoniais significava realmente "perdê-la", "perdê-la", "desonrá-la", o que não acontece de modo nenhum na rússia, onde sob um regime despótico há uma grande liberdade de costumes. quanto às poucas mulheres casadas que conheci, umas, demasiado velhas para o meu gosto, não me atraíam, outras eram vigiadas de perto pelos maridos; e outras ainda não davam sequer mostrar de encorajar os meus tímidos avanços. "e há quem diga que as italianas são tão apaixonadas!," dizia para comigo, com assombro. devido ao carácter relativamente fechado da família italiana, à autoridade despótica do marido, ao receio dos mexericos da vizinhança, etc., não se deparam com facilidade ocasiões para encontros a sós com mulheres pertencentes à média burguesia italiana. neste meio, o adultério exige uma certa audácia, uma certa habilidade da parte do amante que, em todo o caso, deve desempenhar o papel activo, ofensivo. ora eu era tímido com as mulheres e já não tinha a idade necessária para lhes fazer crer que me esclareciam sexualmente. em suma, com as damas milanesas que conheci (aliás, em escasso número), não consegui encontrar a mínima oportunidade de transgredir o sexto mandamento. essas coisas são sempre fáceis nos romances e nas novelas, mas nem sempre na realidade! não pensava sequer nas prostitutas, com receio de infecções venéreas. quanto às raparigas do povo, operárias, achava que as que já estavam corrompidas eram tão perigosas para a saúde como as prostitutas e, quanto a ser eu próprio a corromper uma jovem inocente, os meus escrúpulos morais não o teriam permitido, mesmo que estivesse disposto a enfrentar todas as consequências mais ou menos desagradáveis que daí poderiam advir para mim: o desespero da vítima, as reclamações justificadas dos pais, etc. por nada no mundo desejava cometer uma má acção e por outro lado achava que qualquer jovem que me fosse possível possuir sem cometer uma má acção poderia estar contaminada. o que me contavam da corrupção que grassava entre as massas operárias milanesas não era de molde a tranquilizar-me. o meio teatral subalterno, tão numeroso em milão - coristas, bailarinas, cantoras de café-concerto café-concerto, , etc. -, que não deixava de ser prostituição, como bem sabia, era precisamente onde as doenças venéreas se encontravam mais disseminadas. talvez tivesse tentado arranjar uma amante chique, uma "rapariga por conta," se os meus recursos materiais mo tivessem permitido. mas o meu orçamento proibia-me em absoluto
recorrer a essa via. por muito que desse voltas à cabeça, não encontrava nenhuma solução. mas o tempo ia passando e eu começava a habituar-me à abstinência. o instinto erótico reprimido, reprimido, em vez de se exacerbar, apaziguava-se, apaziguava-se, o que não deixava de me surpreender. os livros de medicina que tinha lido levavam-me a crer que a minha total abstinência poderia ter terríveis consequências. no entanto, estas não se manifestavam e a minha física parecia restabelecer-se. restabelecerse. também a minha energia moralsaúde parecia renascer, começava a interessar-me de facto pela arte e pelo estudo. assaltavam-me tentações depois de certas leituras, ao ver certas imagens, um bailado, etc., mas como não sabia que seguimento dar à rebeldia da carne, os meus desejos apaziguavam-se apaziguavam-se pouco a pouco. continuava a não me masturbar, embora tivesse poluções nocturnas que me aliviavam e me eram agradáveis. interessava-me cada vez mais pelos assuntos ligados à indústria, pelas aplicações da electricidade, frequentava diversos cursos técnicos. cerca de um ano após a minha chegada a milão, o meu pai anunciou-me que o meu tio tinha falido e a fábrica tinha fechado, pelo que os nossos projectos futuros se desmoronavam. escrevi ao meu pai a informá-lo da minha intenção de permanecer em itália, de tirar o curso de engenharia, e voltei a trabalhar com toda a energia. preparei-me para a licenza ginnasiale e para a licenza liceale, e, tendo conquistado assim o direito de admissão na universidade, mudei-me para turim, onde frequentei na universidade os cursos da secção de ciências matemáticas e físicas. mais tarde, regressei a milão para seguir cursos práticos de física e de química industriais. aos vinte e sete anos era engenheiro. tendo conseguido uma boa situação numa grande empresa de electricidade, não via qualquer justificação para voltar à rússia. de resto, o meu pai deslocava-se a milão, de tempos a tempos, para me ver; estava feliz por a minha vida ter tomado um rumo inteligente e atribuía o facto à influência salutar do ambiente activo da europa ocidental, tão diferente do ambiente mórbido e desequilibrado em que vivem as classes intelectuais na desditosa rússia. vivi numa castidade absoluta dos vinte aos trinta e dois anos. de início, a abstinência era-me penosa, mas depois fui-me habituando e deixei de pensar nas mulheres. em contrapartida, as minhas ocupações e as minhas leituras profissionais, as conversas com gente instruída e inteligente, que não falta em milão, tornavam-me a vida interessante. a minha saúde era agora bastante boa; continuava a ter um peito débil e a ser nervoso, mas a tuberculose já não me ameaçava, como acontecia, na opinião dos médicos, na ocasião em que saí da rússia. as poluções nocturnas iam rareando; ocorriam, ao princípio, uma vez por semana, depois uma vez de quinze em quinze dias, e por último, à volta dos trinta anos, uma vez de vinte em vinte dias ou de mês a mês. eram sempre acompanhadas por imagens dos órgãos sexuais da mulher; normalmente, sonhava que estava a copular e a ejaculação tinha lugar antes da realização do acto. algumas vezes, porém,
consumava em sonhos o acto completo e a ejaculação ocorria no fim. neste caso, experimentava uma maior satisfação. Às vezes acordava antes da ejaculação e tentava adormecer de novo para prolongar a visão voluptuosa, o que nem sempre conseguia. quando assim era, tinha habitualmente uma ejaculação na noite seguinte, sempre acompanhada de imagens voluptuosas. depois de leituras eróticas, tinha poluções fora dos períodos normais. contrariament contrariamente ao que tinha que lido em livros, verifiquei, minha própriaeexperiência, o instinto sexual é tantopela mais estimulado quanto mais e satisfeito for e que se apazigua, se acalma, quando se presta menos atenção aos seus apelos. embora pareça estranho, é indubitavelmente indubitavelmente assim que se passam as coisas. quantas mais vezes se pratica o coito, tanto mais se deseja renová-lo. comprovei-o bem nas minhas relações com nádia. era logo após vários coitos seguidos e esgotantes que o desejo se tornava mais acutilante, mais agudo, à medida que se tornava mais difícil satisfazê-lo. satisfazê-lo. e o coito normal já não satisfaz a imaginação excitada : procura-se toda a sorte de refinamentos, de perversões. nesse aspecto, não sou uma excepção, todos os homens me disseram que tiveram uma experiência idêntica. quando se comeu bem, o apetite desaparece. pelo contrário, quanto mais voluptuoso tiver sido o coito tanto mais depressa desperta o desejo de uma nova satisfação sexual, após a qual o desejo se extingue apenas por breves instantes para recrudescer em seguida com mais força. entre os animais, não deve ser assim. tal é, pois, o poder da imaginação na vida sexual do homem! É um verdadeiro veneno afrodisíaco. não existe qualquer relação entre a intensidade do prurido produzido pela repleção dos vasos espermáticos, bem como pela tendência daí resultante, e a violência infinitamente maior da excitação e do desejo provocados por imagens voluptuosas. ocorre aqui uma associação demasiado íntima e lamentável de funções neurocerebrais distintas que, no interesse do nosso equilíbrio psíquico, e se a nossa estrutura fosse mais perfeita, estariam mais diferenciadas, mais dissociadas umas das outras. mais uma falta de harmonia da natureza! a máquina prodigiosame prodigiosamente nte complexa do cérebro desvia-se parcialmente das suas verdadeiras funções e intervém no jogo dos órgãos, que prescindiria prescindiriam m perfeitamente de uma tão frequente intromissão, a qual traz consigo perturbações, à semelhança desses governos que, à força de intervirem a propósito e a despropósito nas relações entre indivíduos, mais não fazem do que falsear o curso da vida social. a imaginação exerce sobre as funções sexuais um autêntico abuso de poder, extravasa as suas próprias atribuições de utilidade biológica. com efeito, que utilidade pode haver em desejar-se violentamente o prazer venéreo quando se esgotou todo o esperma de que se dispunha e se está à beira do esgotamento? e, no entanto, é muito vulgar, pois se assim não fosse não se cometeriam excessos. É porque observei o papel desmesurado da imaginação no desenvolvimento desenvolvimen to da líbido que me permito ter uma opinião
particular sobre a geschlechtliche aufklarung. sei que estou a proferir uma terrível heresia, um paradoxo que vai contra a opinião da quase totalidade dos meus contemporâneos, e que me insurjo contra todas as autoridades científica científicas, s, mas é-me difícil aceitar que a gescblecbtlic gescblecbtlicbe be aufklarung constitua o meio mais adequado de defender a criança de um erotismo precoce. verifiquei, com efeito, que o despertar do instinto sexual tem com na criança, um ponto de puramente mental. foi frequência, um livro científico que despertou empartida mim, pela primeira vez, o desejo genésico, a libido, e conheço muitos casos análogos. muitas crianças, em lugar de se esgotarem em desejos libidinosos, passariam o tempo a brincar com bonecas ou a jogar ao berlinde, se não lhes tivessem explicado "como se fazem os bebés". como essa menina a que se refere num dos seus livros e que, de certo modo, se onanizou através de sonhos eróticos a partir dos doze anos, idade em que uma senhora casada lhe explicou que "o amante urina dentro da amante". o erotismo pode encontrar-se durante muito tempo em estado latente, potencial, no organismo da criança. a revelação sexual desencadeia esse mecanismo inactivo, põe em jogo a imaginação e a actividade sexual desenvolve-se rapidamente. refiro-me sobretudo ao erotismo anterior à puberdade, porque a partir da puberdade é porventura impossível retardar, pela ignorância, o desenvolvimento da libido (embora tenha algumas dúvidas, ao verificar que nalguns países os jovens mantidos na ignorância sexual permanecem castos durante muito tempo, ao passo que noutros, como a frança e a itália, sabe tudo desde muito cedo e, desde muito cedo também, se entregam a excessos sexuais. mas a questão é complexa, pelo que não insisto). convém não esquecer que imagens e ideias que não têm qualquer efeito erótico sobre o adulto (noções anatómicas e fisiológicas, etc.) podem excitar violentamente uma criança. veja-se nas bibliotecas públicas a que as crianças têm acesso em que estado estão as páginas dos dicionários enciclopédicos relativas aos fenómenos sexuais. não é por amor à ciência que as crianças as lêem com tal paixão! a minha experiência demonstrou-me também que só a actividade da imaginação torna a abstinência difícil. se, devido a qualquer circunstância, circunstância , a imaginação for desviada das coisas sexuais, a excitação puramente física é facilmente reprimida. pela mesma razão, a abstinência é muito mais fácil para um homem virgem do que para o homem que já conhece a mulher : a evocação apresenta a este imagens demasiado vivas e demasiado precisas. em caso algum a importância do przmeiro passo é tão grande como na actividade sexual, que na espécie humana se impregnou prodigiosamente de factores psíquicos. os meus onze anos de castidade foram os mais felizes da minha vida, ou, melhor dizendo, os menos infelizes. porque havia algo que me faltava e só teria sido feliz (quiçá!) se tivesse casado (casado bem, naturalmente). eu aspirava ao matrimónio não tanto para poder satisfazer, sem riscos nem aborrecimento aborrecimentos, s, as minhas necessidades corporais, como para satisfação das minhas carências
afectivas. todavia, não surgia a oportunidade. finalmen finalmente, te, com trinta e um anos, conheci uma jovem italiana de vinte e sete anos, que me convinha, de quem gostei e que também gostou de mim. ficámos noivos passado pouco tempo. mas, devido a circunstâncias materiais, não nos apressámos a celebrar o casamento e sobrevieram então incidentes infelizes que destruíram a minha esperada felicidade. a direcção da minha empresa a nápoles, com colegas, para estudarmos alimandou-me a eventual instalação devários uma central eléctrica e a adução, igualmente hipotética, das forças motrizes cuja fonte se situava nas montanhas vizinhas. era a primeira vez que me encontrava nessa cidade, que suponho ser a mais voluptuosa de toda a europa, incluindo munique, paris e berlim. aí é desenvolvido, abertamente, um imenso tráfico de rapazes e de raparigas muito jovens. entra-se numa loja para comprar qualquer coisa e o comerciante, às vezes de aspecto respeitável, propõe-nos um encontro com uma rapariguinha de doze, dez ou oito anos ! os estrangeiros são abordados na rua pelos proxenetas, que lhes recomendam a mercadoria, e também rapazinhos. famílias que não se encontram na miséria, com uma certa posição, pequenos lojistas, empregados, alfaiates, sapateiros, etc., traficam assim as filhas ainda impúberes. por um preço módico, vinte, trinta ou quarenta francos, é-nos apenas permitido divertirmo-nos divertirmo-nos ou brincar com elas; se se quiser uma desfloração, o preço é mais elevado, umas centenas ou um milhar de francos, consoante o estatuto social da família. se se estiver disposto a pagar esse preço, uma vez por outra pode-se ter essa satisfação, mesmo em famílias aparentemente "bem". se no teatro se admira uma dama elegante, rodeada pela família no camarote, logo o vizinho do lado, ao observar o nosso entusiasmo, se apressa a informar que está disposto a servir de intermediário e arranjar um encontro com a dama em causa por um preço não muito elevado! os napolitanos são uma gente eminentemente prática: fazem dinheiro de tudo, excepto do trabalho. este é uma fonte de rendimento que não lhes diz nada que valha a pena! o grande teatro de san carlos tem um corpo de ballet que actua independentemente independentem ente das óperas. algumas centenas de crianças de ambos os sexos fazem parte dessa companhia de dança, que constitui uma vasta instituição de prostituição infantil. dois ou três dias após a minha chegada a nápoles, um indivíduo colou-se a mim, na piazza carlo, gabando-se de me poder mostrar coisas "verdadeiramente interessantes interessantes". ". - não estou a enganá-lo - dizia -, sou um perfeito gentleman, io sono galantuomo, posso mostrar-lhe coisas que não veria noutro sítio. pode gabar-se de não ter perdido o seu tempo em nápoles e terá um bom tema de conversa com os seus amigos. levo-o a casa de uma família muito honrada, unafamiglia onestissima, gente muito bem, gente dabbene veramente; têm duas filhas novinhas, que poderá ver nuas e tocar, mas sem se deitar com elas, a não ser que faça uma combinação especial com os pais. são rapariguinha rapariguinhas s de quinze e onze anos, lindas como os amores, e o preço é muito
razoável, quarenta francos. não quer? vá lá, trinta e cinco francos, trinta francos e uma gorjeta para mim! em parte movido pela curiosidade de observador de costumes e em parte espicaçado pelo aguilhão carnal no meio daquele ambiente de luxúria, para meu infortúnio cedi à tentação. ~p:subimos ao apartamento daqueles pais ragmáticos. na placa da porta, lia-se: "fulano de tal, avvocato". a ajuizar pela casa e pelo mobiliário, tratava-se deum facto dedesafogo. gente bem, ainda quefazer não de gente de bem. tudo exalava certo a mãe veio a promoção do artigo e subiu o preço, afirmando que o intermediário se tinha equivocado, e chamou as miúdas. a audácia com que me olharam mostrava que estavam longe de ser novatas. isso tranquilizou de algum modo a minha consciência. para a acalmar, dizia para comigo: "não estou a corromper ninguém. se me quiserem acusar de favorecer o tráfico de menores, é exactamente na mesma medida em que qualquer homem que paga a uma prostituta favorece a praga social da prostituição. eu não posso alterar o destino destas rapariguinhas, a não ser provocando um grande escândalo público, e quem sabe se isso teria para elas consequências felizes, felizes, quem sabe também que rumo o caso tomaria para mim, sobretudo numa cidade como nápoles, onde os poderes públicos são frequentemente cúmplices dos criminosos, onde a polícia é manifestamente conivente com os traficantes de carne humana. concedamo-nos, concedamo-nos, pois, um momento de prazer que, ao fim e ao cabo, não faz mal a ninguém! não sou eu quem vai regenerar a babilónia italiana!". deixaram-me deixaram-me só com as duas garotas. tinham, de facto, uma quinze, a outra onze anos e ambas possuíam um belo tipo napolitano: grandes olhos negros, traços finos e correctos e a tez do rosto de um belo tom mate. o corpo era torneado, os órgãos sexuais encantadores, encantadores, "frescos como a boca de uma criança". a mais velha tinha o púbis coberto de um velo ralo e a mais nova tinha precisamente dois pêlos, bastante compridos por sinal. eram ambas virgens, mas a sua experiência erótica era vasta. disseram-me que as visitavam sobretudo ingleses. vim a saber que a prostituição infantil em nápoles era, anteriormente, sustentada sobretudo pelos ingleses, dado que os italianos não possuíam meios suficientes para essa depravação dispendiosa. actualmente, a clientela alemã está em franca expansão, sobretudo no que respeita à pederastia: os rapazinhos de nápoles gozam na alemanha de excelente reputação e o caso krupp deu-lhes publicidade. as duas jovens eram igualmente esclarecidas; deram-me informações sobre a pederastia e o lesbianismo na sua cidade, que elas próprias praticavam entre si e com amigas, tinham assistido a cópulas requintadas (entre outras, ao coito de uma mulher com um cão, de um homem com um pato, ao qual cortou o pescoço durante o acto - era também um inglês; e a coitos múltiplos de várias pessoas, empirâmide), tinham posado para fotografias obscenas, etc. sensuais, mas, facto mais nova em maioreram graumuito do que a mais velha. tinhacurioso, orgasmosaviolentos, o rosto agonizante e secreções abundantes, adorava as conversas,
fotografias e leituras obscenas, exercia os seus talentos eróticos apaixonadamente. apaixonadamente. sempre que eu ia lá a casa, o seu rosto rejubilava de alegria e lembro-me do seu ar profundamente desolado e infeliz quando um dia, por uma questão de economia, disse que me contentava apenas com a mais velha. quando, depois da sessão com esta, saí do quarto, vi a mais nova sentada numa cadeira diante da porta, à escuta, o rosto desmaiado de desgosto, toda ela fremente desejo insaciado. e que alegria um na dia, vez seguinte, quando ade convidei a ela; desatou a dançar. disse-me: - quando oiço falar de homens, não aguento mais, vou para a cozinha !. . - porquê? - perguntei, sem perceber. - ora, para me consolar com o dedo (per ísfogarnzi col ditellino)! confessou também que era de manhã, ao despertar, que experimentava desejos carnais mais intensos. gostava de me beijar o pénis, de moto próprio, e independentem independentemente ente do fellatio. expressava assim o seu amor por esse órgão. nunca se cansava de contemplar os meus folguedos com a irmã. as duas jovens contaram-me que quando tomavam banho no mar praticavam a masturbação recíproca recíproca debaixo de água, com um rapazito seu amigo. eu praticava com as duas raparigas o coitus in ore vulvae (o seu prazer preferido), a masturbação e o onanismo lingual (cunnílingus), (cunnílingus) , que não era novidade para elas; mas foram elas, desgraçadamente, desgraçadamen te, que me ensinaram uma novidade. mal ficámos sozinhos, desapertaram-me as calças e tiraram para fora o meu membro. expandiram-se em exclamações admirativas sobre a sua grossura e comprimento, a mais nova beijou-o e em seguida começaram a masturbar-me com os dedos. embora eu lhes opusesse resistência, procederam tão pronta e rapidamente que conseguiram uma ejaculação ao cabo de meio minuto ou de um quarto de minuto. nunca praticara antes em mim mesmo o onanismo manual, nem permitira que outros o praticassem. não sabia por que mecanismo, por que manipulação dos dedos se conseguia, assim, o orgasmo. a sensação era nova, acre e deliciosa, pareceu-me mais agradável do que a do coito. no entanto, estava assustado, convenc convencido ido de que iriam subitamente desabar sobre mim calamidades de toda a espécie. nesse mesmo encontro, as duas jovens praticaram comigo ofellatio, que não me proporcionou tanto prazer. na noite desse mesmo dia, sozinho na cama, ao rememorar as cenas de volúpia em que acabara de participar, não consegui controlar-me e masturbei-me. foi assim que despertou em mim um vicio que viria a ter consequências funestas. sentia o sangue em brasa como durante os primeiros arroubos das paixões precoces da minha infância. não pude evitar voltar repetidamente a casa das pequenas napolitanas. o coitus in ore vulvae, que tanto lhes agradava, não me deixava satisfeito ; obrigava-as a entregarem-se a práticasme homossexuais, submetia-as ao cunnilingus e só muito frouxamente opunha às suas tentativas de manipulação. após uma luta semi-simulada, elas
saíam vencedoras e entusiasmavam-se entusiasmavam-se ao verem o meu esperma ejaculado a grande distância. de regresso a casa, revivia mentalmente as cenas fogosas que acabara de presenciar e não conseguia evitar masturbar-me de novo. a minha embriaguês sexual aumentava de dia para dia. não tardei a conhecer outras famílias "respeitáveis", onde havia rapariguinhas de dez, onze, doze, treze anos, igualmente virgens e sabedoras como as duas primeiras e que, como nosso primeiro encontro, me propuseram fazer o elas, "69", logo fare no il sessanta nove, utilizando não apenas este termo técnico como muitos outros. contavam-me os seus amores homossexuais, as cenas eróticas a que haviam assistido, etc. não pratiquei com nenhuma delas o coito vaginal. havia também raparigas mais velhas de "boas famílias", entre os dezasseis e os vinte anos, virgens, com noivo e que, certamente para aumentarem o pequeno dote, as mães permitiam que fossem vistas nuas por estranhos, mas sem irem além de umas carícias superficiais, às vezes o "69", mas na maioria dos casos apenas o cunnilingus ou a simples masturbação manual manual. . com uma delas, só era permitido "fare fra le coscie" (coítus inter femora). com efeito, algumas dessas raparigas vieram a casar algum tempo depois, antes da minha partida de nápoles, com funcionários, comerciantes, comerciantes, jovens médicos. estes podiam ignorar tudo, porque os pais tomavam sempre cuidadosas precauções para que o tráfico fosse mantido secreto. de resto, em nápoles, cidade da camorra, ninguém se imiscui na vida do próximo quando esta é turva. pelo contrário, neste campo impera a entreajuda mais comovente, que se limita muitas das vezes a guardar segredo, com a condição de se pagar na mesma moeda. entre outras pessoas, apresentaram-me apresentaramme uma parteira com um imenso repertório de rapariguinhas impúberes. impúberes. como eu não tenho tendências homossexuais, não me interessei pela prostituição masculina em nápoles. uma virgem de dezasseis anos, com quem me era permitido "folgar" (sem coito, naturalmente), tinha no momento do paroxismo genésico flatulências flatulências da vagina, com um ruído semelhante ao dos "ventos" rectais, o que me trouxe à memória os versos de marcial sobre osfatui poppysmata cunni. será que essas flatulências são provocadas pela contracção brusca e violenta da vagina cheia de ar? conheci também, mas demasiado tarde para poder tirar daí partido, uma família excêntrica, muito conhecida em nápoles naquela época. eram as meninas bal... várias irmãs com idades entre os onze e os dezanove anos, órfãs ricas que os tutores deixavam viver a seu bel-prazer (muito provavelmente, com fins interesseiros). interesseiros ). eram todas elas de uma sensualidade desmedida, recebiam cavalheiros elegantes elegantes com quem se entregavam a toda a espécie de requintes sexuais. mesmo a mais nova, a de onze anos, era um gourmet tão fino que jamais se abandonava à luxúria duas vezes seguidas com o mesmo homem; necessitava de permanente variedade e mudança. e a minhamentir-lhe, noiva? envergonhado com minha conduta e não muito querendo escrevia-lh escrevia-lhe e a raramente e em termos frios. magoada com o meu comportamento, passou a escrever-me
também cartas mais secas e menos frequentes. estava, porém, assente que nos casaríamos mal eu regressasse a milão. depois de um longo período de castidade, convertera-me, ou reconvertera-me, reconverterame, num debochado, devido a uma circunstância puramente fortuita como fora essa amaldiçoada viagem a nápoles e o rumo perverso que a minha vida sexual aí tomou. o hábito que aí adquirira de me masturbar tornava-se cada vez mais tirânico. reforçava-se noinúmeras convíviomaneiras. com as jovens, que sabiam diversificar esse prazer de entre outras coisas, ensinaram-me um requinte que eu não conhecia dos livros: provocavam-me o orgasmo e a ejaculação através de carícias bucais nos meus mamilos. (a rapariguinha de doze anos que me fez isso pela primeira vez, com uma consumada habilidade, tinha visto, segundo me contou, um hermafrodita hermafrodita, , e esse fenómeno excitava-a muito. dizia-me que sonhava com isso frequentemente, chegando a atingir o orgasmo.) assustava-me terrivelmente terrivelmente a ideia de me ter transformado num onanista e interrogava-me se, possuindo eu esse vício, tinha o direito moral de me casar. por outro lado, tendo lido nos livros de medicina popular que o coito é o antídoto principal do onanismo, decidi encetar relações normais com uma mulher adulta, na esperança de fazer desaparecer as minhas novas tendências. arranjaram-me uma bela bailarina do san carlo, de uns vinte anos. depois de me ter deixado submergir em volúpias excitantes, o coito normal pareceu-me um tanto insulso, quase insípido. o mais lamentável, porém, é que algumas horas volvidas sobre o coito, e ao evocá-lo, ele se revelava mais voluptuoso na minha imaginação do que havia sido na realidade e não podia evitar masturbar-me de novo enquanto revia mentalmente todos os pormenores do acto realizado. para meu grande desespero, assim sucedeu várias vezes consecutivas. houve, no entanto, um dia em que tive a alegria de gozar o coito normal mais intensamente do que de costume e de não me deixar cair em seguida na masturbação. o mesmo voltou a suceder dois dias depois. julguei ver nisso um indício da minha recuperação psíquica e recomecei a sonhar, deleitado, com o meu próximo casamento. mas a fatalidade perseguia-me. a minha bailarina tinha-me contagiado uma forte blenorragia. fui tratado por médicos napolitanos, provavelmente mal tratado, já que à blenorragia aguda sobreveio uma blenorragia crónica. todos os meus sonhos de felicidade se desmoronavam. desmoronavam. na realidade, ia adiando continuamente continuamente a data do casamento, depois de ter conseguido da companhia de electricidade uma licença para convalescença (sob o pretexto de uma bronquite), o que me permitia permanecer em nápoles. tal facto não deixava de surpreender a minha noiva. de adiamento em adiamento, acabou por me escrever, dizendo que era difícil não ver no meu comportamento o desejo de um rompimento, pedindo-me, no caso de tal suposição estar errada, uma resposta categórica sobre a data em que o casamento se minha realizaria e que data irrevogavelmente, dado que por culpa, ela,fixasse a minhaessa noiva, começava a ser motivo de chacota das pessoas das suas relações, tantas as vezes
que se vira forçada a anunciar-lhe anunciar-lhes s uma vez mais o adiamento da boda. ai de mim! eu não podia fixar uma data definitiva, pois ignorava quando me iria ver livre da minha blenorragia crónica crónica. . assim, respondi de maneira evasiva, o que levou a minha noiva a escrever-me, a desobrigar-me da minha palavra, devolvendo-me as cartas com o pedido de restituição das suas. estava tudo acabado. foi para mim um terrível golpe. a minha vida fracassava. algum tempo depois, nápoles. com alguma dificuldade, consegui, apesar da deixei minha prolongada ausência, retomar o lugar na companhia. tinha absoluta necessidade de o fazer, pois havia gasto todas as minhas economias em nápoles. era agora um homem muito diferente daquele que partira de milão. em primeiro lugar, era um masturbador inveterado. cerca de um ano após o meu regresso de nápoles, quando, segundo as análises médicas, já não havia qualquer vestígio de gonococos nas minhas secreções uretrais, retomei as relações sexuais com mulheres, depois de me ter libertado do medo quase pânico das infecções. não uso preservativos porque penso que afectam o prazer, mas tomo outras precauções (insuficientes, (insuficientes, segundo os médicos) e procuro mulheres que ofereçam uma certa garantia, "cocottes asseadas", se bem que neste caso não haja nunca uma garantia absoluta. daí que tenha contraído novamente uma blenorragia. durante algum tempo, tive uma rapariga por conta. não durou muito, porque dificilmente suporto uma ligação prolongada com mulheres desse género, que me são demasiado repugnantes moralmente. coisa estranha! se presentemente pratico pratico o coito, não é pelo coito em si, que não me satisfaz o suficiente, mas para poder masturbar-me em seguida, excitando a minha imaginação através da evocação do acto, que revejo mentalmente nos mais ínfimos pormenores. por isso, em geral copulo durante o dia e masturbo-me durante a noite, na cama. o coito converteu-se para mim numa espécie de fetiche ou de símbolo de masturbação. funciona como mero excitante ou estimulante da imaginação, tal como uma leitura pornográfica ou uma gravura obscena. em si mesmo, não tem qualquer valor. só o tem enquanto memória, enquanto ideia, que me é efectivamente muito agradável, e nunca na sua concretização. sempre que copulo mais vezes, tenho de me masturbar também mais vezes, na mesma proporção. por outro lado, desenvolveram-se em mim duas paixões nefastas. depois das minhas aventuras em nápoles, em que passeei os olhos por tantos nus infantis, a contemplação dos órgãos sexuais das rapariguinhas excita-me extraordinariamente. extraordinariamente. adquiri, pois, o hábito de vaguear pelos bairros pobres e de espiar as miúdas que descobrem a vulva, ao levantarem as saias para urinarem ou ao brincarem. para me excitar, a menina tem que ter no mínimo seis ou sete anos. mas quanto mais velha for, mais me excito. ao voltar a casa, revivo essas cenas e masturbo-me. tenho observa observado do nos passeios públicos diversos cavalheiros cujo comportamento denuncia a mesma presenciei uma vezeu uma cena que me num deixou atónito e paixão. que não consigo explicar. estava parado passeio de uma rua de milão, não muito afastado de um grupo de
quatro rapariguinhas do povo que brincavam num monte de areia. as duas mais novas deviam ter uns oito anos e as outras dez e onze. eu observava-as havia já algum tempo sem qualquer êxito, porque às vezes é preciso esperar muito para surpreender um movimento que ponha a descoberto as partes ocultas, evitando ao mesmo tempo chamar a atenção das crianças ou dos transeuntes. foi então que uma das garotas se agachou precisamente à minha frente e arrepanhou a saia não paraolhou recolher o ventre vulva. ao fazê-lo paraareia, mim e expondo eu acreditei numae a distracção, num descuido, já raro numa criança daquela idade. o seu gesto, porém, era intencional. porque, alguns minutos volvidos, a mesma rapariguinha voltou ao mesmo sítio, com as três companheiras, e todas elas se agacharam à minha frente, mas desta vez mirando-me e, pousando os dedos sobre o clítoris, começaram a urinar todas ao mesmo tempo. depois endireitaram-se e foram-se embora, a rir. que significava esta cena? as miúdas tinham percebido o que eu procurava e proporcionaram-me o espectáculo para me dar prazer? ou queriam troçar de mim? ou não seria uma espécie de desafio, uma atitude de desprezo face ao depravado que a sua experiência precoce as levava a suspeitar em mim ? ou, ainda, não haveria em tudo aquilo uma segunda intenção, erótica? as crianças sentiam-se molestadas ao verem um estranho a observar as suas brincadeiras e, para o obrigarem a ir-se embora, talvez aquilo não passasse de uma incongruência tão inocente para elas como deitar a língua de fora. . . eu não sabia qual destas explicações era a correcta, mas aquela visão fugidia emocionou-me profundamente e obrigou-me a masturbar-me, masturbar-me, no meu quarto, não sei quantas vezes. foi uma das mais fortes emoções sexuais da minha vida. mais ou menos nessa época, vivi uma outra emoção do mesmo género, igualmente marcante. encontrava-me num water-closet e, através das persianas da janela do pequeno cubículo, via o que se passava no apartamento em frente, separado do water-closet por um pátio estreito. via uma varanda, para onde dava a porta, aberta de par em par, de um quarto. nesse quarto estavam duas crianças pertencentes à classe popular : uma menina que não devia ter mais de três anos e um rapazinho que não teria mais de dois. não estou a inventar nada. o miúdo levantou a camisa, acercando-s acercando-se e da rapariguita, e mostrou-lhe o membro, bastante grande para a idade e semi-erecto. a garota observou o órgão durante algum tempo, com aparente comprazimento, comprazimento, e em seguida levantou a saia e mostrou a vulva ao rapaz. depois, permanecendo de pé, apertou fortemente o corpo do rapazinho contra o seu, esfregando o pénis contra a vulva e fazendo os movimentos do coito. isso durou uns três ou quatro minutos. a seguir, a miúda pegou na mão do rapazinho e conduziu-o para o water-closet, cuja porta dava para a varanda. permaneceram lá fechados durante bastante tempo. eu continuei no meu posto de observação, para ver o desenlace. a menina foi a primeira a sair, deixando a porta a orientação da entrada era tal que eu não conseguia ver oaberta; que fazia o miúdo, que ficara só. passados alguns instantes, entrou no quarto uma mulher do
povo, sem dúvida a mãe, que se dirigiu ao water-closet e obrigou o rapazinho a sair, espancando-o com violência. provavelmente, surpreendera-o surpreenderao a masturbar-se. esta cena, pela sua própria invulgaridade, invulgaridade , excitou-me extraordinari extraordinariamente. amente. quando espiava as rapariguinhas para ver os seus órgãos sexuais, tive ocasião de fazer muitas observações sobre as crianças das classes baixas. pude comprovar que, quando pensam que não estão ser observadas, divertem frequenteme frequentemente nte de maneira menos a inocente do que sese imaginária. entretêm-se muitas vezes a tocar os órgãos sexuais do outro sexo. vi uma vez um rapazito fazer o cunnilíngus a uma miúda; tinham cinco ou seis anos, não mais. o caso passou-se entre os barcos, em terra, num porto de mar. a minha outra paixão doentia, adquirida na mesma época para mim tão nefasta, foi uma espécie de exibicionism exibicionismo. o. a minha bailarina de nápoles disse-me que um dos seus prazeres favoritos era mirar os homens enquanto urinavam nos urinóis públicos. convém não esquecer que, em itália, os urinóis são muitas vezes ao ar livre. de modo que os transeuntes podem ver facilmente o pénis dos homens. - desde que idade te divertes assim? - perguntei-lhe. - desde a infância, de bambina! isso chamou-me a atenção para um facto em que até então não reparara, ou seja, que as raparigas, em itália, ao passarem diante dos urinóis ocupados lhes lançam olhares curiosos. essa ideia excitou a minha imaginação. a partir daí, ao satisfazer as minhas necessidades num urinol público, postava-me de maneira a que o meu membro pudesse ser visto facilmente pelos transeunte transeuntes s (o que era fácil, dada a construção dos mictórios italianos) italianos). . e pude verificar que muitas raparigas espreitavam o espectáculo e o contemplavam avidamente. avidamente. as mulheres de uma certa idade, de um modo geral, não faziam caso. as voyeuses mais apaixonadas são as rapariguinhas entre os doze e os quinze anos. verifiquei que são também as raparigas dessa idade que ficam mais fascinadas ante o espectáculo dos pénis erectos de certos macacos (sobretudo dos cinocéfalos e dos babuínos) nos jardins públicos. há algumas que não se afastam de junto das jaulas durante horas a fio, quer mirando o apêndice vermelho, quer esperando que se exiba em toda a sua glória. mas voltando aos mictórios, reparei que, de um modo geral, as raparigas observam o espectáculo em questão com tanto mais prazer quanto mais baixa é a classe a que pertencem. a grande maioria das jovens das classes superiores. a partir dos dez ou onze anos de idade, viram a cara ao passar diante de um urinol. as raparigas das classes mais baixas, as mais andrajosas, miram o órgão viril com uma insistência cínica, detêm-se para ver melhor, afastam-se a rir e às vezes conversando sobre isso em voz alta. as raparigas do povo, mas não da canalha, espiam o momento favorável, lançam olhares furtivos, quando não se sabem observadas. recorrem muitasmiram vezesatentamente, a artifícios: depois de terem visto o nosso órgão quando caminham em direcção ao
urinol e ao passarem por ele. voltam bruscamente para trás, como se se tivessem esquecido qualquer coisa e miram-no então uma segunda vez. ou então, a meia dúzia de passos do mictório, param diante de uma montra e fingem admirar o que está exposto, observando pelo canto do olho o que realmente lhes interessa. vi uma vez uma rapariguinha de uns doze anos parada talvez durante uma hora diante de um cartaz que anunciava la figlia di jorio de g. d'annunzio, na aparência absorta na leitura do cartaz, mas na realidade devorando com os olhos os pénis dos homens que se sucediam no urinol ao lado. a maioria das vezes, a excitação erótica das jovens voyeuses manifestava-se por sinais inequívocos. via-lhes via-lhes o brilho dos olhos. o rubor ou a palidez do rosto, a tremura dos lábios. essa excitação devia ser ainda mais forte ao verem o meu membro erecto, com a glande a descoberto. uma vez, uma rapariga de catorze anos, pouco mais ou menos, passou diante do urinol onde eu estava, quase me roçando, mas sem ter conseguido ver o meu órgão devido à perspectiva. um pouco mais adiante, virou-se e pôde ver então a minha virilidade, que lhe produziu tamanha impressão que não conseguiu reprimir um grito; com o olhar esgazeado, apertou o peito com a mão esquerda, junto ao coração. É fácil compreender quanto me excitava este novo desporto. de regresso a casa, evocava os rostos emocionados das miúdas e, naturalmente, tudo acabava na masturbação. transportava transportava-me, -me, por assim dizer, para a pele das jovens que observava e imaginava as sensações voluptuosas que elas experimentavam ao verem o meu órgão. aliás, quando as via espiarem outro homem sem ser eu, ficava igualmente emocionado; não sentia qualquer necessidade de desempenhar um papel activo nessa comédia. a única coisa que me interessava era a emoção carnal das raparigas. o facto de ser provocada por mim ou por outro, não tinha a menor importância, preferia até o segundo caso. os meus actos de exibicionismo eram executados com tal prudência que a sua natureza passava despercebida. nunca operava fora dos urinóis e não me detinha ali por tempo demasiado prolongado. todas as prostitutas italianas com quem tive ocasião de conversar sobre o assunto confessaram-me que durante a infância e nos primeiros anos de juventude o espectáculo dos mictórios tinha sido para elas uma fonte abundante de gozo. uma delas contou-me que aos dezoito anos, ainda virgem, lhe sucedera olhar pela janela do apartamento em que vivia e ver o urinol que existia lá em baixo, na rua, e os pénis dos homens que urinavam. dizia então para si mesma: "meu deus, que bom deve ser tocar e manejar aquele peixe cru! que coisa divina deve ser ir para a cama com os homens! (dio, come devéssere buono il toccare ed il maneggiare quello pesce crudo ! cbe cosa divina devéssere íl coricarsi con gli uomini !)" a propósito desse fascínio que exerce sobre a imaginação das raparigas a visão do órgão viril, recordo que uma outra prostituta a emoção violenta que experimentou, por volta dos dezme oucontou onze anos, ao ver o órgão sexual do pai: aquele pedaço de carne não me saía da ideia! (quelpezzo di carne
no si rimuoveve dal mio spirito) - dizia. acrescentou que talvez se tivesse sentido ainda mais emocionada sexualmente ao ver pela primeira vez a penugem do púbis da mãe. essa imagem aparecia-lhe em sonhos e provocava-lhe sempre poluções. todas elas, na infância, se haviam interessado pelas partes sexuais dos rapazes. eu próprio tive ocasião de observar o interesse manifestado pelas rapariguinhas em relação aos órgãos viris. nos arredores de uma pequena costeira de sabão. itália,um vigrupo um homem que tomava no mar acidade lavar o pénis com de jovens entrebanho os dez e os doze anos, mantendo-se a certa distância, observav observava a atentamente a cena. outra vez, também à beira-mar, perto de génova, vi um rapaz de quinze ou dezasseis anos que segurava na mão o pénis em erecção. penso que se masturbava. não longe dele, uma garota de treze ou catorze anos deslizava furtiva e silenciosamente silenciosamen te por entre os rochedos, tentando aproximar-se para ver melhor e lançando miradas inflamadas ao grosso príapo do jovem. este, apercebendo-se da minha presença, meteu-se imediatamente dentro de água e a rapariga escondeu-se atrás das rochas. uma vez, em florença, encontrava-me na sala de mobe da galleria dei uffizzi. uma garota de uns oito anos e, a julgar pela roupa, pertencente às classes populares, entrou na sala e aproximou-se da estátua de um nióbida deitado sobre o dorso. depois de percorrer o olhar em volta e julgando-se sozinha (não me viu, porque me tinha postado atrás de uma estátua), começou a apalpar e a acariciar o pênis de mármore da estátua, beijando-o em seguida. fiz um movimento, ela viu-me, corou e saiu da sala a galope*. todas as prostitutas italianas com quem conversei me confessaram que, desde a mais tenra idade, se haviam divertido sexualmente com rapazitos. brincando, por exemplo, aos médicos e, com o pretexto de examinar o doente, metia-se a mão por baixo das saias ou dentro das calças e tocava-se nos órgãos sexuais dos companheiros ou das companheiras de brincadeiras. ou brincava-se aos casamentos e esta brincadeira ia às vezes longe demais. houve uma romana que me fez o seguinte relato: quando tinha oito ou nove anos, com um companheiro da mesma idade, foi à procura no parque borghese de um canto retirado, com a intenção expressa de realizar um coito completo; as duas crianças tinham-se limitado até então a contactos superficiais, superficiais, mas decidiram realizar o coito verdadeiro com penetração do membro. tinha desejo disso (ne avevo una voglía) - dizia a romana, como se já fosse uma mulher feita. mas, apesar de todos os seus esforços, não puderam fazer nada. o pénis, embora erecto, não conseguia penetrar na vagina - e no entanto, bem nos esforçámos. trabalhámos durante uma hora pelo menos, una oretta almeno! mas, apesar de não termos conseguido, não deixámos por isso de ter prazer. outro exemplo do fascínio que o pênis exerce sobre as rapariguinhas rapariguinhas: presenciei uma vez, à perto de génova, uma mulher do:povo mandar a filha, debeira-mar, onze ou doze anos, lavar um miúdo de dois ou três anos. como a mãe não a estava a vigiar, a
jovem, em vez de fazer o que lhe tinham dito, limitava-se a passar, de baixo para cima e de cima para baixo, com a palma da mão pela parte da frente do corpo da criança, procurando sempre apoiá-la sobre o pênis e o escroto e fazêlos saltar e ressaltar com esse movimento alternado. a coisa durou muito tempo: ao princípio, divertiu a criança, mas depois esta começou a chorar. ninguém prestava atenção, tanto mais que outras crianças que tomavam banho circunstantes com a sua vozearia. contou-me uma ensurdeciam milanesa queos ainda agora pensava com deleite nos seus folguedos, entre os dez e os treze anos, com rapazinhos da mesma idade. esse prazer estava associado sobretudo à recordação dos seus membros viris, "que eram pequenos, mas tão amorosos, quentes, com uma pele tão lisa, e além disso tão duros, duros como ferro. e quando aparecia o esperma nos rapazes e as secreções nas raparigas [la sborratura delle ragazze, do verbo sborrare, soltar a água, ejacular), como ficávamos espantados ao ver aquela coisa esbranquiçada que saía do nosso corpo!" a forma comum das relações sexuais entre crianças era o coitus ín ore vulvae: "esfregávamo-nos", sífregava. algumas vezes, onanizavam-se mutuamente mutuamente com a mão. o cunnilingus não era desconhecido. algumas raparigas chegaram mesmo a ser desfloradas. dos diferentes relatos que as mulheres me fizeram deduzia-se que quase sempre, para realizarem as suas façanhas eróticas, as crianças viam-se obrigadas a sair da cidade e a procurarem um esconderijo nos jardins ou nos bosques dos arredores. isto confirma o que eu disse, ou seja, que a vida no campo é mais propícia aos jogos eróticos das crianças do que a da cidade. na cidade, nem sempre é fácil descobrir um refúgio. disse-me uma cortesã bolonhesa que, com catorze anos e ainda virgem, tinha tido um "noivo". iam passear juntos para os arredores de bolonha, deitavam-se no meio das matas e masturbavam-se mutuamente con furia. e ce ne siamo dato, dellepugnette ! o noivo praticava também com ela o cunnilingus. mas não foi ele quem a desflorou um pouco mais tarde. verifiquei que a maior parte das raparigas entre os catorze e os dezassete ou dezoito anos preferem o coitus in ore vulvae ao coito completo. recentemente, contou-me uma espanhola que se tinha deixado desflorar por um amante, que amava com verdadeiro amor, para lhe fazer a vontade. a partir daquele momento, o amante nunca mais quis copular in ore vulvae. como o coito completo não a satisfazia e tinha a nostalgia das antigas sensações, viu-se obrigada a recorrer a amigos da sua idade ou mais novos do que ela para fazer amor como fazia antes. enganava assim o amante, que continuava a amar sentimentalmente, embora ele já quase não lhe proporcionass proporcionasse e prazer sexual, porque se obstinava a praticar com ela apenas o coito normal. foi só aos dezoito anos que veio a apreciar este último (uma mulher que se dedicava à prostituição desde os quinze anos disse-me que tinha experimentado o primeiro prazer o primeiro símulado, aos vinte e três anos!sexual, a partir de então,orgasrno passou anão ser muito sensual).
uma fina napolitana de dezassete anos, desflorada apenas há poucos meses, disse-me, exuberante de voluptuosidade depois de ter copulado comigo in ore vulvae: - non vale questo meglio di una chiavata ? (isto não é bem melhor que uma "foda" ?) - e para atenuar a crueza da palavra chíavata, acrescentou pudicamente, pudicamente, baixando os olhos : - ... come dicono i napoletani... (como dizem os napolitanos). isso recordou-me o "outre... como você me faria dizer" no tartarin de daudet. a meu pedido, explicou-me a sua preferência: - in una sola seduta hofatto due volte. ciò non mí succede mai chiavando. quando si chíava, non hofatto ancora nemmeno una volta, a durapena comincio di riscaldarmi, ed ecco zick-zack, il benedetto signore ha già sborrato, l'ucellone è uscitofuor della gabbia, ed io rimangofritta. dell áltro modo, al contrario io sborro due, o tre volte príma cbe i áltri abbiafatto. - quer dizer : " numa única sessão vim-me duas vezes. isso nunca me acontece ao foder. quando me fodem, nunca consegui vir-me; mal começo a aquecer e, pronto, zás-pás, o bendito cavalheiro já ejaculou, o pássaro [o membro] sai da gaiola e eu fico a ver navios. da outra maneira, pelo contrário, eu ejaculo duas ou três vezes antes de o meu parceiro se vir". isto recorda-me o que me dizia uma cocotte milanesa, que afirmava gostar muito de copular com os judeus porque ejaculam, devido à circuncisão que lhes endurece a glande e a torna pouco sensível à fricção, menos rapidamente do que os cristãos. - com um cristão - dizia - acontece-me constantemente ficar insatisfeita, porque ele ejacula antes de mim. num único coito com um judeu, eu ejaculo com frequência duas vezes, e a minha segunda ejaculação teria lugar antes da do meu parceiro se eu não retivesse a água para abrir as comportas ao mesmo tempo que ele. a mesma rapariga afirmava que o coitus in ore vulvae a inebriava (mi inebriava). aliás, dizia o mesmo da contemplação de fotografias obscenas. um judeu russo contou-me um episódio que confirma esta teoria. quando era aluno do polytechnicum de zurique, tinha um camarada russo que vivia com uma amante, uma estudante, ou antes, uma pseudo-estudante, pseudo-estuda nte, igualmente russa. uma manhã, muito cedo, o judeu foi procurar o amigo a sua casa. uma voz de mulher disse ao estudante judeu que entrasse; ele entrou, não encontrou o colega, mas, em contrapartida, encontrou a sua amante em camisa. junto da cama por fazer. por um pudor instintivo, o visitante recuou, mas a jovem reteve-o e, ao fim de alguns minutos, estava na cama com ela. a jovem russa disse-lhe que o amante acabara de sair e só voltaria daí a umas horas, e em seguida explicou o seu comportamento. comportamento . contou-lhe que nas suas relações com o estudante russo nunca ficava satisfeita porque ele ejaculava demasiado depressa e terminava a cópula antes que ela própria tivesse tido um orgasmo, uma ejaculação sua nessa manhã, ao copular com ela, excitara-a muito ;por era, devez. resto, a situação normal : através do coito rápido, ele exacerbava até ao mais alto grau o
desejo venéreo da jovem sem a satisfazer. tinha saído, pois, deixando-a insaciada e presa dos mais violentos desejos. estava já prestes a masturbar-se - meio a que raras vezes recorria, porque lhe provocava dores de cabeça -, quando ouviu uma voz de homem e decidiu entregar-se ao primeiro que aparecesse. e ficara muito satisfeita ao ver que era um judeu, pois já tinha observado que o coito com os judeus era mais prolongado do que com os cristãos. À semelhança milanesa, cujas palavras afirmava ter orgasmo àsda vezes em duas ocasiões numarelatei, única cópula com um judeu. várias mulheres me disseram que podiam, se fizessem um esforço, retardar durante o coito o momento do seu orgasmo. já que falo das particularidades que observei entre as cortesãs italianas, acrescentarei acrescentarei ainda que a maior parte me assegurou preferir as relações homossexuais às relações normais com homens. as que não eram jovens afirmavam que essas preferências se encontravam agora muito mais expandidas do que antigamente. havia as que gostavam de rapariguinhas muito novas, o equivalente feminino da pederastia no sentido próprio da palavra. tenho neste momento cerca de quarenta anos. passei os últimos oito ou nove anos submerso nos vapores da luxúria. durante este período, no meio dos prazeres físicos, tenho sido muito infeliz. tive de renunciar à mulher que amava e à esperança de constituir uma família (por um capricho de circunstâncias externas, tive uma existência absurda, apesar de vocacionado - estou convencido para uma tranquila vida monogâmica), contraí doenças venéreas que me fizeram sofrer cruelmente, tanto física como moralmente, tornei-me num masturbador. . . e pensar que, desde a infância, as doenças venéreas e a masturbação eram as coisas que mais temia ! adquiri paixões vergonhosas e ridículas ; o estado geral da minha saúde, quando deixei de ser continente, voltou a agravar-se. tenho o sistema nervoso desequilibrad desequilibrado. o. sofro de insónias frequentes e de pesadelos. o próprio coito passou a ser para mim um estímulo masturbador. sinto desprezo por mim mesmo. a minha vida não tem uma finalidade e perdi todo o interesse pelas coisas sérias. cumpro as minhas funções profissionais com indiferença e é-me cada vez mais penoso realizá-las conscienciosament conscienciosamente. e. um trabalho que antes fazia com facilidade exige hoje de mim um terrível esforço. o futuro apresenta-se-me cada vez mais sombrio. o meu pai morreu há quatro anos, um ano após a nossa viagem juntos a inglaterra, onde sentiu uma viva repulsa ante o amor do público inglês pelos desportos e pela moderação dos "pretensos" radicais ingleses. ao morrer, não me deixou nenhuma herança - a propriedade que tinha há muito que se havia desmoronado sob o peso de hipotecas sobre hipotecas; quanto ao que ganhava com o seu trabalho, gastava-o à medida que o ganhava, aliás de um modo só parcialmente egoísta. nestes últimos anos, tive ocasião de voltar àde rússia por duas vezes. pude verificar kievtão o tráfico rapariguinhas impúberes está hoje emque diaem quase desenvolvido como em nápoles. só que se faz com menos elegância,
porque as bolsas são mais modestas. . . as famílias bem que se ocupam dessas coisas não são uma especialidade da minha cidade. acabei por deixar a itália e por me instalar em espanha, onde consegui uma situação mais vantajosa. mas, o facto de mudar de país não significa que tenha mudado de humor e continuo tão pessimista (no que me diz respeito), tão desgostoso de mim mesmo como antes. assaltam-me ideias de suicídio cada vez mais frequentes. minha saúde a degradar-se, não as para necessidadesasexuais nem, continua por conseguinte, a minha mas tendência a masturbação. ao ler as suas notáveis obras, ocorreu-me a ideia de acrescentar alguns factos aos que foi recolhendo; pensei que talvez alguns dados que eu lhe fornecesse se poderiam revestir de interesse psicológico psicológico para si. creio que a minha vida sexual durante a infância foi deveras extraordinária pela sua intensidade. possivelmente possivelmente não pareceria tanto assim se houvesse um grande número de autobiografias sexuais completas. mas as pessoas têm vergonha de falar dessas coisas. contrariamente à opinião geral, as crianças são muito dadas a segredinhos em relação a certas coisas. estou convencido de que escondem mais aos adultos do que estes às crianças. por outro lado, os adultos esquecem com muita frequência uma parte imensa dos acontecimentos da infância. creio que poucas pessoas terão recordações tão precisas e completas como as minhas no que toca às primeiras impressões sexuais. tenho, porém, uma memória particularmente retentiva no que se refere aos fenómenos eróticos, talvez por sempre me terem interessado profundamente e o meu pensamento me remeter a todo o momento para memórias desse género. procurei ser o mais exacto possível e aí residirá, porventura porventura, , o mérito que o meu relato possa ter. nota do editor francês este longo texto autobiográfico, enviado pelo autor a avelock ellis, foi publicado pelo sexólogo em apêndice ao volume vi da edição francesa dos seus essaís de psycbologie sexuelle, consagrado à psycbologíe de la maternité. no seu prefácio, ellis justificava a apresentação nos seguintes termos: "considerámos de interesse publicar, em apêndice, uma confissão sexual escrita em francês por um russo de aproximadamente quarenta anos, como exemplo de experiências singulares e também como testemunho do mal que pode originar a perda ou a diminuição, em matéria sexual, do autodomínio. autodomínio." " cerca de quarenta anos mais tarde, por ocasião da reedição da obra de ellis, françoise dolto, numa nota preliminar, desenvolvia uma análise mais pormenorizada no caso victor (já que é assim, como ficámos a saber que na página 19, deverão que se chama o afigurado autor do a relato): "as páginas se seguem ter-se ellis dotadas de extremo interesse para que as publicasse
associadas a este volume. interrogo-me se os leitores do princípio deste século viram nelas algo mais do que um documento sociológico certamente exacto e de um poderoso interesse erótico (para quem, como esse jovem, busca o erotismo nos livros científicos). contrariamente contrariamente ao erotismo francês clássico, parece, a julgar por este documento, que se respirava na rússia, nessa época, uma atmosfera salutar, no que se refere aos instintos, bastante breugheliana ouque rabelaisiana (...] a neurose obsessiva de angústia de castração está patente nestas páginas autobiográficas - de modo algum psicanalíticas, psicanalíticas, mas antes behavioristas - é a de um impotente para o amor, com um narcisismo exacerbado e constantemente ameaçado (...] filho de um pai ansioso e de uma mãe sufragista, fixou-se num estilo de defesa passiva masoquista (...] este documento confirma a descoberta da psicanálise de que é antes dos seis anos (no período recalcado pela amnésia infantil) que os primeiros elementos da personalidade e da sexualidade aparecem ligados uns aos outros numa estrutura, neste caso perversa, que, sem psicanálise, permanece fixada. vemos aqui o mecanismo de fracasso ligado à passividade homossexual latente face às mulheres, que busca fortes, perigosas, sedutoras, devoradoras e fonte de perdição do corpo e da alma. . ." todavia, este texto não iria suscitar mais do que um interesse clínico, como atesta, por exemplo, a correspondênci correspondência a trocada entre vladimir nabokov e edmund wilson. 1 dejunho de 1948 wellfleet, mass. caro volodia: envio-te o sartre e a obraprima erótica russa de avelock ellis. . . 10 de junho de 1948 caro bunny, obrigado pelos livros. as agradaram-me enormemente. criança, beneficiou mesmo deparar com raparigas com generosas. . ."
aventuras amorosas do russo são maravilhosamente divertidas. embora assim de uma sorte extraordinária ao reacções tão excepcionalmen excepcionalmente te rápidas e
nabokov faria ainda uma (breve) alusão ao livro em autres rivages. segundo simon karlinsky, o editor da correspondência, "o tema que surge nas últimas páginas da confissão - tem uma ligação evidente com certas passagens de lolita". karlinsky diz ainda que é provável que "a leitura, em junho de 1948, da confissão do perseguidor de jovensao ninfas publicada por avelock ellis tenha servido de estímulo" escritor para escrever o seu livro mais célebre.
este livro foi composto em caracteres garamond por mirasete artes gráficas, lda., lisboa e impresso e acabado na divisão gráfica das edições asa, rua d. afonso henriques, 742 - 4435 rio tinto. isbn 972-41-1199-7 fim