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Como montar um repertório de abertura...
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SUMÁRIO Introdução
O3
I. Escolha seu Repertório de Acordo com seu Estilo de Jogo
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II. Crie uma Base de Dados Específica no Chessbase
07
III. Utilize “Books” de Abertura de Softwares para Montar um “Esqueleto” “Esqueleto” Geral
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IV. Selecione Partidas Modelo das Variantes Variantes do seu Repertório
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V. Selecione Posições Críticas nas Variantes que Você Joga
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VI. Faça Análises Independentes das Posições Críticas Selecionadas
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Considerações Finais
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INTRODUÇÃO O repertório de aberturas de um enxadrista diz muito sobre sua personalidade. Defini-lo não é das tarefas mais fáceis, já que isso implicará na determinação do próprio estilo de jogo, que, na maioria das vezes, o seguirá por toda a vida nos tabuleiros. Renomados grandes mestres são conhecidos justamente pelo seu repertório de aber turas, como por exemplo Bobby Fischer, que abria quase sempre com o Peão Rei e Garry Kasparov, grande especialista na Defesa Najdorf. Outros jogadores não possuem um repertório bem definido, optando por variá-lo a cada partida, em cada torneio, estratégia adotada pelo atual Campeão Mundial Magnus Carlsen. Há, ainda, enxadristas que buscam variar seu repertório dentro de um limite de escolhas previamente estabelecidas, hipótese na qual eu me enquadro. O inegável é que ter um bom repertório de aberturas auxilia na hora da preparação para uma partida. Pensando nisso, neste e-book selecionei 06 (seis) sugestões que ajudarão enxadristas de todos os níveis durante
I. ESCOLHA SEU REPERTÓRIO DE ACORDO COM SEU ESTILO DE JOGO
Enxadristas que aprendem a jogar xadrez desde criança em países de grande tradição têm a facilidade de contar com treinamento especializado desde o início, com um treinador que identifica seu estilo de jogo e recomenda o repertório de aberturas mais adequado. Mas essa não é a realidade brasileira, na qual a maioria dos praticantes da ar te de Caíssa precisam trilhar um caminho de autoconhecimento para descobrirem seu estilo de jogo. É então que a dificuldade surge: Como montar um repertório de aberturas? Inicialmente, é preciso conhecer o estilo de jogo com o qual você tem mais afinidade e isso o ajudará na escolha.
Se você tem um
mais
, você pode escolher aberturas mais agudas, como Sicilianas
abertas (com ambas as cores), Najdorf e Índia do Rei de pretas, dentre outras. Se seu
é
, a opção mais natural seria o Peão Dama ou Abertura Inglesa de brancas, Nimzo-Índia ou Índia da Dama e 1.e4 e5 de pretas.
Já se você possui um
, procure aberturas que são um meio-termo entre as
anteriores, a exemplo da Defesa Francesa de pretas.
Definido o repertório, é hora de pôr a mão na massa e estudá-lo!
II. CRIE UMA BASE DE DADOS ESPECÍFICA NO CHESSBASE
O xadrez moderno está indissociado do computador. Eu diria que é praticamente impossível ter um bom nível prático de jogo estudando apenas por livros, sem a ajuda de programas de computador (o que não exclui de modo algum o estudo da bibliografia clássica). E o Chessbase é uma importante ferramenta no auxílio da sua preparação e, consequentemente, no aperfeiçoamento do seu repertório de aberturas. Portanto, ao definir suas aberturas preferidas, crie uma base de dados no ChessBase específica para análises de suas linhas de abertura. Você pode se aprofundar no tema adquirindo os links para visualização das duas Palestras Online que ministrei sobre o assunto: Como Utilizar o Chessbase I e Como Utilizar o Chessbase II.
III. UTILIZE “BOOKS” DE ABERTURA DE SOFTWARES PARA MONTAR UM “ESQUELETO” GERAL
Os ”books” de abertura de softwares servem para resumir o trabalhoso processo de seleção das variantes mais importantes, uma vez que apresentam um resumo de toda a história das variantes. Com isso, a utilização de “books” de abertura de softwares com Fritz, Houdini etc. para montar um “esqueleto”
geral do seu repertório de aberturas revela-se uma excelente estratégia. Atualmente, também é possível utilizar a colaboração online, feita pelo playchess em integração com o Chessbase, utilizando a opção “live book”. Os detalhes sobre como utilizar essas ferramentas foram revelados nas duas palestras que ministrei sobre a utilização do Chessbase.
IV. SELECIONE PARTIDAS MODELO DAS VARIANTES DO SEU REPERTÓRIO
O estudo dos clássicos é fundamental na preparação de um enxadrista. E isso também vale para o processo de definição e aperfeiçoamento do repertório de aberturas. Portanto, em uma base separada, selecione partidas modelo das variantes do seu repertório. Aqui, como esse trabalho toma bastante tempo, sugiro escolher algum "jogador modelo" para as linhas do seu repertório, concentrando-se, inicialmente, apenas em suas partidas. Exemplo: se você que jogar 1.e4 e5, comece vendo só partidas do Grande Mestre Levon Aronian; se você quer jogar a Najdorf, comece pelas partidas dos lendários Bobby Fischer e Garry Kasparov.
V. SELECIONE POSIÇÕES CRÍTICAS NAS VARIANTES QUE VOCÊ JOGA
Para ter uma preparação de alto nível é preciso ir além das 4 sugestões anteriores e o passo seguinte é selecionar posições críticas nas variantes que você joga. Esta seleção pode ocorrer de várias formas: alguma posição que está muito na moda; uma posição que tem colocado problemas à sua variante; uma posição em que você queira achar alguma novidade etc. Uma vez selecionadas as posições críticas, é hora de analisá-las e o passo a seguir indicará como fazer isso de uma forma otimizada.
VI. FAÇA ANÁLISES INDEPENDENTES DAS POSIÇÕES CRÍTICAS SELECIONADAS
Se você tiver um parceiro de análise, fica mais fácil. Ambos discutem a posição e depois checam as análises com o computador. Mas se você estuda sozinho, utilize esta fórmula (que pode ser usada sempre que você quiser analisar com os programas de análise):
Monte a posição crítica no tabuleiro e, ao mesmo tempo, coloque-a no computador;
Ligue o programa de análise, minimize a tela do ChessBase (para não ficar olhando o que ele sugere) e analise a posição por algum tempo (sugiro 15 minutos). Pode analisar mexendo as peças.
Passado esse tempo de análise individual, verifique as sugestões do computador. Em seguida, minimize a tela novamente e repita a análise individual, analisando as ideias da máquina.
Repita o processo até obter uma análise satisfatória.
Vejamos um exemplo da minha prática:
Olimpíada Istambul - 2012
O temido Gambito Benko (também conhecido como Gambito Volga)! Há uma máxima que diz que a melhor forma de refutar um gambito é aceitá-lo. Quem sou eu para discordar? Considero este sistema o mais incômodo para as pretas, pelo menos no estágio atual da teoria de aberturas.
Esta é uma posição importante para esta abertura. As posições críticas nesse estágio do jogo são conhecidas como "tabiyas". Fiz um estudo bastante completo dessa tabiya antes de enfrentar meu adversário. É preciso ver partidas modelo, estudar os clássicos, checar variantes com o computador. Tudo isso aumenta não apenas seu conhecimento específico de uma determinada posição, mas todas as estratégias típicas de um sistema de jogo, como veremos nessa partida. Em um aspecto mais amplo, o trabalho fará de você um jogador mais forte,
Peões passados devem ser avançados! Este é um lance temático, garantindo o controle da casa b5.
O plano das pretas é jogar Da8 e depois Tc8, c4 ou então romper em e6. 12...Cg4 Esse lance também é temático, mas durante minha preparação concluí que ele é prematuro.
Outro lance importante que só entendi depois de estudar o sistema por horas: a torre pode ser extremamente útil na terceira fila.
Muito otimista. Melhor seria 14...Tc8, que foi jogado recentemente e certamente é o lance mais importante para o futuro desta linha. Dentro da minha metodologia de estudo de aberturas, essa é uma típica Posição Crítica.
Outro lance superficial, deixando as pretas em uma posição muito difícil. 16...d5 17.exd5 exd5 18.Cb5±; 16...c4 17.Cb5 com pequena vantagem.
17...Dc6? 18.Dc4 Te8 19.Cc7+–
18...Cge5 19.Bxe5 Cxe5 20.Cxe5 Bxe5 21.Td3±
20.h3 Cgf6 21.Te7±; 20.De2+–
E agora a vantagem branca já é decisiva. O estudo sistemático das partidas modelo, com análises de computador nas posições críticas, permitiu que eu obtivesse rapidamente vantagem decisiva contra um forte adversário. Ofereço o restante da partida, com breves análises, mas o mais importante já foi dito.
25...Rh8 26.Be5+–; 25...Tf8 26.Ce6 Dxf3+ (26...Tf7 27.Dxf7+) 27.Rxf3 Cd5+ 28.Cxf8 Cxe7 29.Cxd7+–
28.Be7+–
28...Tg8 29.Dxh7+! Cxh7 30.Cf7#
30.Be7! Dxf3+ 31.Rxf3 Ce5+ 32.Rg2 Cxf7 33.Bxf6++–
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A definição de um repertório de aberturas é um processo que, além de otimizar a sua preparação para partidas, o ajudará a compreender melhor seu estilo, o que, certamente, auxiliará na busca por um bom nível prático de jogo. Agora, com seu repertório bem definido e com as técnicas corretas para aperfeiçoá-lo, é hora de encarar o tabuleiro e começar um árduo trabalho. Boa sorte!
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